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1 P r o j e t o Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Norte, Nordeste e Mato Grosso e dos Impactos dos Grandes Projetos Federais no Nordeste N o t a T é c n i c a 0 4 Análise do Balanço de Pagamentos do estado e a importância dos APLs no Fluxo de Comércio Rio Grande do Norte www.politicaapls.redesist.ie.ufrj.br www.redesist.ie.ufrj.br

Analise RN

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Falando da economia industrial do RN

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1

Projeto AAnnááll iissee ddoo MMaappeeaammeennttoo ee ddaass PPooll íítt iiccaass ppaarraa

AArrrraannjjooss PPrroodduutt iivvooss LLooccaaiiss nnoo NNoorrttee,, NNoorrddeessttee ee MMaattoo GGrroossssoo ee ddooss IImmppaaccttooss

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Nota Técnica 04

Análise do Balanço de Pagamentos do estado e a importância dos APLs no Fluxo de Comércio

Rio Grande do Norte

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Page 2: Analise RN

2

Projeto

Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Norte, Nordeste e Mato Grosso e dos Impactos dos Grandes Projetos Federais no Nordeste

Nota Técnica 04

ANÁLISE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS DO ESTADO E A IMPORTÂNCIA DOS APLs NO FLUXO DE COMÉRCIO

Rio Grande do Norte

Equipe Estadual

Coordenadora: Valdênia Apolinário

Pesquisadores: Maria Lussieu da Silva

Odair Lopes Garcia

João Matos Filho

Denílson da Silva Araújo

Rosangela dos Santos Alves Pequeno

Estévani Pereira de Oliveira

Yuri César de Lima e Silva

Estagiários: Franciane Alves Cardoso

Equipe de Coordenação do Projeto / RedeSist

Coordenadora: Valdênia Apolinário

Maria Lussieu da Silva Thaís de Miranda Moreira

Page 3: Analise RN

3

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................... 8

1. ESTRUTURA ECONÔMICA DO RN E IMPORTÂNCIA DOS APLS ............................................................ 9

1.1. CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS DO ESTADO ...................................................................................... 9

1.2. MUDANÇAS RECENTES NA COMPOSIÇÃO DA PRODUÇÃO ............................................................................. 11

1.3. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA PRODUÇÃO ..................................................................................................... 13

1.4. A IMPORTÂNCIA DOS APLS NA ECONOMIA ESTADUAL ............................................................................... 16

2. A BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO .................................................................................................... 17

2.1. FLUXOS DE COMÉRCIO........................................................................................................18 2.1.1. Fluxos de comércio interestaduais ..................................................................................................... 17

2.1.2. Fluxos de comércio interestaduais por atividades econômicas .......................................................... 22

2.1.2.1. Fluxos das entradas no Rio Grande do Norte ............................................................................. 22

2.1.2.2. Fluxos das saídas do Rio Grande do Norte ................................................................................ 29

2.1.2.3. Saldo dos fluxos de comércio interestaduais do Rio Grande do Norte ...................................... 35

2.1.2.4. Participação das atividades econômicas no fluxo de comércio interestadual ............................. 40

2.2. FLUXO DE COMÉRCIO INTERNACIONAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE ........................................ 45

2.2.1. Composição da balança comercial em 2006 ...................................................................................... 48

2.3. FLUXO DE COMÉRCIO TOTAL ...................................................................................................................... 52

3. A IMPORTÂNCIA DOS APLS NO FLUXO DE COMÉRCIO DO ESTADO ............................................... 55

3.1. APLS COM ATIVIDADES FORMALIZADAS .................................................................................................... 55

3.1.1. APL da Cadeia produtiva do petróleo e gás do Rio Grande do Norte................................................ 55

3.1.2 – APL têxtil-confecções ...................................................................................................................... 57

3.1.3 – APL da carcinicultura ...................................................................................................................... 59

3.1.4. APL da fruticultura ............................................................................................................................ 61

3.2. APLS COM ATIVIDADES PARCIALMENTE FORMALIZADAS .......................................................................... 63

3.2.1. APL da Apicultura ............................................................................................................................. 64

3.2.2. APL da Mandioca .............................................................................................................................. 70

3.2.3. APL da Cerâmica Estrutural .............................................................................................................. 76

3.2.4. APL da Ovinocaprinocultura ............................................................................................................. 79

3.2.4.1. Principal produto: carne ovina caprina ....................................................................................... 80

3.2.4.2. Segundo produto: leite caprino................................................................................................... 81

3.2.4.3. Principais subprodutos ............................................................................................................... 82

3.2.4.4. Principais insumos utilizados ..................................................................................................... 83

3.2.4.5. Origem dos principais insumos .................................................................................................. 83

3.2.4.6. Despesa média anual com os principais insumos ....................................................................... 83

3.2.4.7. Destino dos principais produtos ................................................................................................. 84

3.2.4.8. Receita anual dos produtores da principal atividade desenvolvida no APL (em R$) ................. 85

3.2.4.9. Renda média anual dos trabalhadores envolvidos na atividade principal do APL (R$) ............. 85

Page 4: Analise RN

4

3.2.4.10. Principais dificuldades para aquisição dos insumos ................................................................. 85

3.2.4.11. Principais dificuldades para comercialização dos produtos ..................................................... 85

3.2.4.12. Estimativa de pessoal ocupado no APL (incluindo todo o ciclo) ............................................. 86

3.2.5. APL da Bovinocultura do Leite ......................................................................................................... 86

3.2.5.1. Principais produtos e subprodutos .............................................................................................. 87

3.2.5.2. Principais insumos utilizados e suas origens .............................................................................. 87

3.2.5.3. Despesa média anual com insumos ............................................................................................ 88

3.2.5.4. Destino dos principais produtos (vendas) ................................................................................... 89

3.2.5.5. Receita média anual dos produtores da principal atividade desenvolvida no APL (em R$): leite

................................................................................................................................................................ 89

3.2.5.6. Renda média anual dos trabalhadores envolvidos na atividade principal do APL (R$) ............. 90

3.2.5.7. Principais dificuldades para aquisição dos insumos ................................................................... 90

3.2.5.8. Principais dificuldades para comercialização dos produtos ....................................................... 90

3.2.5.9. Estimativa de pessoal ocupado no APL (incluindo todo o ciclo) ............................................... 91

3.2.6. APL de Laticínios .............................................................................................................................. 91

3.2.6.1. Principais produtos e subprodutos .............................................................................................. 92

3.2.6.2. Principais insumos utilizados e suas origens .............................................................................. 92

3.2.6.3. Despesa média anual com insumos ............................................................................................ 93

3.2.6.4. Destino dos principais produtos (vendas) ................................................................................... 94

3.2.6.5. Receita média anual dos produtores da principal atividade desenvolvida no APL (em R$): leite

................................................................................................................................................................ 94

3.2.6.6. Renda média anual dos trabalhadores envolvidos na atividade principal do APL (R$) ............. 95

3.2.6.7. Principais dificuldades para aquisição dos insumos ................................................................... 95

3.2.6.8. Principais dificuldades para comercialização dos produtos ....................................................... 95

3.2.6.9. Estimativa de pessoal ocupado no APL (incluindo todo o ciclo) ............................................... 95

3.3. APLS COM ATIVIDADES NÃO-FORMALIZADAS ............................................................................................ 96

3.3.1. APL dos Bordados ............................................................................................................................. 96

3.3.2. APL das Flores e Plantas Ornamentais .............................................................................................. 98

3.3.2.1 Principais produtos e subprodutos ............................................................................................... 99

3.3.2.2. Principais insumos utilizados e suas origens ............................................................................ 100

3.3.2.3. Despesa média anual com insumos .......................................................................................... 101

3.3.2.4. Destino dos principais produtos (vendas) ................................................................................. 101

3.3.2.5. Receita média anual dos produtores da principal atividade desenvolvida no APL (em R$): flores

e folhagens e abacaxi ornamental .......................................................................................................... 102

3.3.2.6. Renda média anual dos trabalhadores envolvidos na atividade principal do APL (R$) ........... 102

3.3.2.7. Principais dificuldades para aquisição dos insumos ................................................................. 102

3.3.2.8. Principais dificuldades para comercialização dos produtos ..................................................... 102

3.3.2.9. Estimativa de pessoal ocupado no APL (incluindo todo o ciclo) ............................................. 103

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................... 104

5. REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................. 106

ANEXO ESTATÍSCO ........................................................................................................................................ 107

Page 5: Analise RN

5

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Distribuição do PIB entre os municípios do Rio Grande do Norte - 2006 .............. 15

Figura 2 - Frente de lavra de Pedrinhas, Ipanguaçu/RN........................................................... 78

Figura 3 - Estoque interacamadado, Pendências/RN................................................................ 79

LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Distribuição do PIB, população e área entre os municípios do RN - 2006 ............ 13

Quadro 2 - Rio Grande do Norte: percentuais e origens dos principais insumos adquiridos

pelo APL da Apicultura no estado (2009) ................................................................................ 66

Quadro 3 - Destino do Mel Produzido no Rio Grande do Norte .............................................. 68

Quadro 4 - Percentuais e Origens dos Principais Insumos Adquiridos pelo APL da Mandioca

no Estado do Rio Grande do Norte (2009) ............................................................................... 73

Quadro 5 - Origem dos Principais Insumos Consumidos Pelo APL da Cerâmica do Rio

Grande do Norte ....................................................................................................................... 77

Quadro 6 - Despesa Média Anual com Insumos no APL da Cerâmica do Rio Grande do Norte

.................................................................................................................................................. 77

Quadro 7 - Destino da Produção do APL da Cerâmica do Rio Grande do Norte .................... 77

Quadro 8 - Percentuais e Origens dos Principais Insumos Adquiridos pelo APL dos Bordados

no estado do Rio Grande do Norte (2009) ................................................................................ 97

Quadro 9 - Destino da Produção do APL de Bordados do Rio Grande do Norte .................... 98

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. 1 - Composição do VAB do estado do Rio Grande do Norte - 2006 ....................... 10

Tabela 2. 1 - Fluxo de comércio do estado do Rio Grande do Norte – 2006 ........................... 20

Tabela 2. 2 - Fluxo de comércio interestadual do estado do Rio Grande do Norte por tipo de

atividade – 2006 ....................................................................................................................... 21

Tabela 2. 3 - Fluxo das entradas, por estado, das principais atividades econômicas e dos APLs

do Rio Grande do Norte – 2006 ............................................................................................... 25

Page 6: Analise RN

6

Tabela 2. 4 - Fluxo das saídas, por estado, das principais atividades econômicas e dos APLs

do Rio Grande do Norte – 2006 ............................................................................................... 32

Tabela 2. 5 - Saldo das transações, por estado, das principais atividades econômicas e APLs

do Rio Grande do Norte – 2006 ............................................................................................... 37

Tabela 2. 6 - Balança comercial internacional das transações do Rio Grande do Norte segundo

suas principais atividades econômicas – 2006 ......................................................................... 49

Tabela 2. 7 - Balança Comercial Total das transações do Rio Grande do Norte segundo suas

principais atividades – 2006 ..................................................................................................... 53

Tabela 3.1. 1 - Resumo da participação do APL têxtil/confecções nos fluxos de comércio do

Rio Grande do Norte – 2006 .................................................................................................... 58

Tabela 3.1. 2 - Expansão da Carcinicultura no Brasil e Rio Grande do Norte nos anos de 2001

a 2005 ....................................................................................................................................... 59

Tabela 3.1. 3 - Resumo da participação do APL da carcinicultura nos fluxos de comércio do

Rio Grande do Norte – 2006 .................................................................................................... 60

Tabela 3.1. 4 - Valor bruto da produção da fruticultura e participação relativa no VBP agrícola

no estado do Rio Grande do Norte de 1985 a 2006 .................................................................. 62

Tabela 3.1. 5 - Resumo da participação do APL da fruticultura nos fluxos de comércio do Rio

Grande do Norte – 2006 ........................................................................................................... 63

Tabela 3.2. 1 - Rio Grande do Norte: produção de mel (2003 – 2006) .................................... 65

Tabela 3.2. 2 - Rio Grande do Norte: exportação de mel em Kg e em valor – US$ FOB (2005

– 2008) ...................................................................................................................................... 67

Tabela 3.2. 3 - Principais Países Produtores: área colhida, produção e rendimento de

mandioca – ano de 2002 ........................................................................................................... 72

Tabela 3.2. 4 - Cultura da Mandioca no Nordeste: área plantada, produção, rendimento e valor

da produção – ano de 2004 ....................................................................................................... 72

Tabela 3.2. 5 - Rio Grande do Norte: cultura da mandioca e os indicadores sociais na área de

estudo ........................................................................................................................................ 75

Tabela 3.2. 6 - Rio Grande do Norte: mão-de-obra na cultura de mandioca na área de estudo

.................................................................................................................................................. 76

Tabela 3.2. 7 - Rio Grande do Norte: evolução dos rebanhos caprino e ovino – (1994 – 2006)

.................................................................................................................................................. 80

Tabela 3.2. 8 - Usinas de beneficiamento de leite caprino no Rio Grande do Norte segundo a

localização e a capacidade utilizada ......................................................................................... 81

Tabela 3.2. 9 - Origem dos principais insumos utilizados no APL da ovinocaprinocultura no

estado do Rio Grande do Norte – 2009 .................................................................................... 83

Page 7: Analise RN

7

Tabela 3.2. 10 - Despesa média com os principais insumos utilizados no APL da

ovinocaprinocultura no estado do Rio Grande do Norte – 2009 .............................................. 84

Tabela 3.2. 11 - Destino dos principais produtos e subprodutos do APL da

ovinocaprinocultura no estado do Rio Grande do Norte .......................................................... 84

Tabela 3.2. 12 - Origem dos principais insumos utilizados na bovinocultura do Rio Grande do

Norte – 2009 ............................................................................................................................. 88

Tabela 3.2. 13 - Despesa anual com os principais insumos utilizados na bovinocultura do Rio

Grande do Norte – 2009 ........................................................................................................... 89

Tabela 3.2. 14 - Destino dos principais produtos da bovinocultura do Rio Grande do Norte –

2009 .......................................................................................................................................... 89

Tabela 3.2. 15 - Receita bruta diária, mensal e anual dos produtores de leite do Rio Grande do

Norte – 2009 ............................................................................................................................. 90

Tabela 3.2. 16 - Relação das usinas de beneficiamento de leite no estado do Rio Grande do

Norte segundo a localização ..................................................................................................... 91

Tabela 3.2. 17 - Origem dos principais insumos utilizados na indústria de laticínios do Rio

Grande do Norte – 2009 ........................................................................................................... 92

Tabela 3.2. 18 - Despesa anual com os principais insumos utilizados na indústria de

lacticínios do Rio Grande do Norte – 2009 .............................................................................. 93

Tabela 3.2. 19 - Destino dos principais produtos da na indústria de lacticínios do Rio Grande

do Norte – 2009 ........................................................................................................................ 94

Tabela 3.3. 1 - Principais produtos do APL de flores e plantas ornamentais do Rio Grande do

Norte – 2009 ........................................................................................................................... 100

Tabela 3.3. 2 - Origem dos principais insumos utilizados no APL das flores e plantas

ornamentais do Rio Grande do Norte – 2009 ......................................................................... 100

Tabela 3.3. 3 - Despesa anual com os principais insumos utilizados no APL das flores e

plantas ornamentais do Rio Grande do Norte – 2009 ............................................................. 101

Tabela 3.3. 4 - Destino dos principais produtos do APL de flores e plantas ornamentais do Rio

Grande do Norte – 2009 ......................................................................................................... 101

Page 8: Analise RN

8

INTRODUÇÃO

Este relatório de pesquisa tem por finalidade atender aos objetivos do Termo de

Referência para o Produto 4 do contrato BNDES/FUNPEC, cujo objetivo é a elaboração e a

análise do balanço de pagamentos do estado do Rio Grande do Norte no ano de 2006,

avaliando a importância dos APLs identificados e apoiados nos fluxos de comércio estadual.

Para atingir esse objetivo e observando as especificações do referido Termo, o

trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro, trata-se da estrutura econômica do Rio

Grande do Norte e da importância relativa dos APLs identificados e apoiados para a economia

do estado. Para tanto, examina-se o comportamento recente da economia potiguar,

comparando seu crescimento com o do país e da região e caracterizando sua estrutura

econômica a partir das suas atividades. Também se estabelece a distribuição espacial da

produção, enfatizando o grau de concentração da riqueza como forma de realçar a importância

dos APLs que têm suas bases nos menores municípios do estado.

No segundo capítulo elabora-se a balança comercial a partir da análise das relações

comerciais interestaduais e internacionais, para compor a síntese das relações comerciais

globais do estado. Para tanto foram examinados os valores das aquisições potiguares nos

demais estados e suas vendas para as demais unidades da federação e estabelecido o saldo

dessas transações, tanto agregadamente quanto por grupos de atividade econômica. Para

compor o quadro mais amplo se estabeleceu o fluxo de entradas e saídas por atividade e por

estado e, finalmente, o saldo dessas relações, destacando-se as atividades dos principais

APLs. Procedimento semelhante foi adotado em relação às relações comerciais locais com o

resto do mundo. Na análise dessas relações manteve-se o foco nas principais atividades

econômicas e aquelas que envolviam os APLs identificados e apoiados, quando possível.

No último capítulo é analisada a participação dos APLs mais representativos,

divididos em três categorias, segundo seu grau de formalização. No caso dos APLS

formalizados, apresenta-se um resumo de sua importância e destaca-se seu peso nos fluxos de

comércio potiguar. Nos demais, utilizou-se pesquisa direta através da qual se procurou

estabelecer a importância econômica e social dessas atividades.

No último item são apresentadas as considerações finais nas quais são destacadas as

principais conclusões do trabalho.

Page 9: Analise RN

9

1. ESTRUTURA ECONÔMICA DO RN E IMPORTÂNCIA DOS APLS

O processo de crescimento recente foi acompanhado por significativas alterações na

estrutura produtiva do Rio Grande do Norte. O atual perfil econômico explica em parte os

resultados dos fluxos de comércio interestadual e internacional. A concentração na produção

da riqueza, por sua vez, ratifica a importância dos APLs identificados e apoiados,

especialmente aqueles localizados nas regiões mais deprimidas do território potiguar.

1.1. Características socioeconômicas do estado

O estado do Rio Grande do Norte possui um território de 52.796,791 km2, o que

corresponde a 0,62% do território nacional e 3,41% do nordestino. Sua extensão supera

somente os estados de Alagoas e Sergipe no Nordeste, sendo que em cerca de 60% do seu

território predomina o clima semi-árido (IDEMA, 2002).

A contagem da população realizada pelo IBGE em 2007 somou 3.014.228 habitantes,

correspondendo a 5,85% da população nordestina e 1,64% da brasileira. Residiam em zonas

urbanas 73,3% dos potiguares, verificando-se elevado grau de concentração na distribuição

entre seus 167 municípios: os dez municípios maiores agregam 52,36% da população total,

sendo que 774.205 indivíduos (25,69% do total) residem na capital; por outro lado, 103

municípios possuem menos de dez mil habitantes e, dentre esses, 51 têm menos de cinco mil

residentes (IBGE, 2008).

A economia potiguar apresentou desempenho bastante satisfatório entre 1985 e 2006:

a taxa geométrica de crescimento da economia local (3,45% aa) foi maior que a brasileira

(2,93% aa) e a nordestina (2,58% aa) entre esses anos1. Considerando o intervalo entre 1996 e

2000, os resultados foram ainda mais favoráveis, com taxas de 5,02% aa, 2,12% aa e 1,96%

aa, respectivamente. No período de 2001 a 2006, apesar da diferença ter diminuído, a

economia norte-rio-grandense (5,92% aa) continuou crescendo mais que a nacional (4,75%

aa) e a regional (4,76% aa).

O PIB do Rio Grande do Norte cresceu 4,8% neste último ano, superando a média

brasileira (4,0%) e atingindo R$ 20.557 milhões. Esse valor corresponde a 0,87% do PIB

nacional, classificando o estado em 18º lugar entre as demais unidades da federação e na 5ª

1 Calculado a partir do PIB a preços de mercado constantes de 2000. Dados disponíveis em www.ipea.gov.br/ipeadata.

Page 10: Analise RN

10

colocação no contexto nordestino. Seu PIB per-capita alcançou R$ 6.754, ficando 12,01%

acima da média regional (R$ 6.029), mas representando apenas 53,23% da média nacional

(R$ 12.688). Esse valor coloca o estado na 3ª posição entre os estados nordestinos e em 22ª

entre as demais unidades da federação (IBGE, 2008a).

A análise da estrutura econômica do Rio Grande do Norte revela que o estado depende

fortemente dos gastos públicos, uma vez que a participação da administração, saúde e

educação públicas e seguridade social (APU) atingiram 25,81% do valor agregado bruto

(VAB) em 2006 (Tab. 1.1), mais que o dobro da registrada pela segunda atividade mais

importante (comércio com 12,73%). Entre as atividades industriais, a indústria extrativa

mineral (10,17%) tem a contribuição mais significativa, seguida da indústria de transformação

(6,97%), construção civil (5,78%) e produção e distribuição de energia elétrica, gás, água e

saneamento básico - SIUP - (2,56%). No setor primário, a pecuária e pesca (3,50%)

suplantaram a importância da agricultura (2,86%), enquanto entre os demais serviços

destacaram-se as atividades imobiliárias (8,29%), transporte, armazenagem e correio (3,73%),

intermediação financeira (3,68%), serviços de informação (3,05%), serviços prestados às

empresas (3,00%) e alojamento e alimentação (2,50%).

Tabela 1.1 - Composição do VAB do estado do Rio Grande do Norte - 2006

ATIVIDADES VA

(R$ MILHÃO) PART.%

NO VA TOTAL AGRICULTURA, SILVICULTURA E EXPL. FLORESTAL 517 2,86

PECUÁRIA E PESCA 631 3,50

INDÚSTRIA EXTRATIVA MINERAL 1.835 10,17

INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO 1.257 6,97

CONSTRUÇÃO CIVIL 1.043 5,78 PROD. E DISTR. DE ELETRICIDADE, GÁS, ÁGUA, ESGOTO E LIMP.URBANA

462 2,56

COMÉRCIO E SERVIÇOS DE MANUT. E REPARAÇÃO 2.297 12,73

SERVIÇO DE ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO 450 2,50

TRANSPORTES, ARMAZENAGEM E CORREIO 674 3,73

SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO 550 3,05

INTERM. FINANCEIRA, SEGUROS E PREV. COMPL. 664 3,68

SERVIÇOS PRESTADOS ÀS FAMÍLIAS E ASSOC. 355 1,97

SERVIÇOS PRESTADOS ÀS EMPRESAS 541 3,00

ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS E ALUGUEL 1.495 8,29

ADMINISTRAÇAO, SAÚDE E EDUCAÇÃO PÚBLICAS 4.657 25,81

SAÚDE E EDUCAÇÃO MERCANTIS 359 1,99

SERVIÇOS DOMÉSTICOS 254 1,41

VALOR ADICIONADO TOTAL 18.042 100.00 Fonte: IBGE/DCN/2008

Page 11: Analise RN

11

1.2. Mudanças recentes na composição da produção

Nos últimos trinta anos a economia norte-rio-grandense passou por profundas

alterações na composição da produção dos diferentes setores, com reflexos na sua estrutura e

na distribuição espacial da produção. A mais importante ocorreu na agricultura, com o virtual

desaparecimento da produção de algodão, historicamente a principal atividade agrícola do

estado. A decadência dessa lavoura começou em meados da década de 1970, acentuando-se

na década de 1980 e passando a ter uma participação marginal no valor da produção e na

ocupação da área plantada a partir da década seguinte. Em meados dos anos 1980, cresce o

peso da produção de frutas, com a expansão e a diversificação das culturas, fazendo com que

sua participação no valor da produção agrícola aumentasse gradativamente e hoje corresponda

a mais de 50,00% do seu valor bruto. O valor da produção agrícola, entretanto, não atinge os

montantes alcançados no período áureo da produção algodoeira, refletindo-se no pequeno

peso que essas atividades têm na formação do PIB do estado nos últimos anos.

Na pecuária a recuperação e melhoria da qualidade dos rebanhos bovinos, a expansão

dos rebanhos ovinos e caprinos e de galináceos e o crescimento da produção dos produtos

derivados da pecuária foram acompanhados pela introdução e expansão da carcinicultura.

Impulsionada no final dos anos 1990, seu crescimento foi explosivo até 2004, quando

problemas comerciais com importadores, incidência de enfermidades e, mais recentemente, a

valorização do real, resultou na diminuição do ritmo de expansão e no redirecionamento da

produção para o mercado interno. Apesar disso, o estado mantém-se como o maior produtor e

exportador nacional de camarão. Na atividade pesqueira, o Rio Grande do Norte também é o

maior exportador nacional de atuns e outras espécies capturadas em alto mar.

Entre as atividades industriais, a principal alteração aconteceu na indústria extrativa.

Ocorrem no estado diversos elementos minerais como o calcário, caulim, feldspato,

pegmatitos, entre muitos outros. Entretanto, a produção de tungstênio e a extração de sal

marinho eram as duas atividades principais desse setor até o início da década de 1980. O

estado era o principal produtor nacional de schellita, cuja extração foi interrompida ao longo

daquela década. Quase que ao mesmo tempo, ocorreu o crescimento das atividades

relacionadas à exploração de petróleo e gás, as quais mais que compensaram, em todos os

aspectos, a interrupção da produção de tungstênio. Mais recentemente, a exploração e

exportação de ferro diversificaram a produção e a pauta de exportação da indústria. Aliada à

retomada da produção de tungstênio essa nova atividade contribuiu para elevar o peso da

indústria extrativa na composição do PIB estadual.

Page 12: Analise RN

12

A indústria de transformação, embora continue baseada na produção de bens de

consumo, sofreu modificação importante na estrutura de capital das empresas. Os grupos

locais, instalados durante a década de 1970 não resistiram à crise econômica dos anos 1980,

sendo substituídos principalmente por grupos nacionais e regionais. Com matrizes localizadas

nos estados do sudeste, as empresas têm unidades espalhadas por diversos estados do

Nordeste e em outras regiões do país. Além disso, a expansão das atividades relacionadas à

produção e processamento do petróleo e gás induziu a diversificação industrial e a atração de

empresas prestadoras de serviços industriais.

Nas atividades comerciais ocorreu fenômeno semelhante ao observado na indústria de

transformação. Na área do comércio varejista de alimentos, somente uma rede de

supermercados local sobreviveu aos anos 1990. Atualmente, todas as grandes redes de

distribuição estão presentes em Natal, que concentra mais de 70% do comércio do estado. No

comércio varejista de eletrodomésticos, as redes locais também sucumbiram, sendo

substituídas por grupos regionais, cujas matrizes estão localizadas nos estados vizinhos.

Nas outras atividades de serviços, a expansão do turismo tem tido reflexos em uma

ampla gama de atividades, extrapolando aquelas que lhe são normalmente associadas. A

construção civil é uma delas, através de investimentos estrangeiros na construção de

equipamentos turísticos e na compra de imóveis, afetando com isso os serviços imobiliários e

financeiros a ela associados.

Apesar das mudanças estruturais observadas o sistema produtivo do estado continua

dependente dos recursos naturais existentes em seu território, das quais resulta a produção de

commodities destinadas aos mercados locais e internacional. As atividades mais dinâmicas da

agricultura, da indústria extrativa – exceção feita aos derivados de petróleo e gás - e parte dos

produtos industrializados, apresentam baixo valor agregado e pouca diferenciação. Com isso a

economia fica fragilizada diante de determinantes macroeconômicos como as taxas de juro e

de câmbio, que determinam a remuneração dos produtores, especialmente da produção

voltada para o mercado externo.

O perfil traçado acima constitui uma referência para o padrão revelado pelos fluxos de

comércio do estado. As relações com as demais unidades da federação são marcadas, no setor

industrial, pelas transações intra-empresas, uma vez que as principais mercadorias

transacionadas são de produtos intermediários. No comércio, as redes regionais, além dos

centros de distribuição localizados em alguns dos estados vizinhos, também se revelam nos

resultados encontrados. Na agropecuária, as transações interestaduais da fruticultura se

destacam o mesmo ocorrendo com a carcinicultura entre as atividades da pecuária e pesca. No

Page 13: Analise RN

13

comércio internacional a inserção potiguar ocorre através da exportação de produtos

agropecuários, especialmente frutas in natura, camarão e peixes e suas importações são

marcadas pelas compras de máquinas, equipamentos e peças para o setor têxtil e do petróleo,

produtos químicos e outros insumos para a indústria e a agricultura.

1.3. Distribuição espacial da produção

Uma conseqüência do processo de transformação da economia local foi o

deslocamento da distribuição espacial da produção da riqueza e o conseqüente aumento da sua

concentração. Um resumo dos resultados, relacionando a participação dos municípios no PIB,

suas áreas e populações está no quadro 1.

A contribuição agregada para o PIB estadual dos 139 municípios que integram as

faixas de 1 a 3 do quadro era de apenas 20,36%. A participação individual variava entre

0,039% e 0,492% do PIB e o PIB per capita anual médio dessas unidades ficava entre R$

1.731 e R$ 2.440, o que correspondia a 43,18% e 60,87%, respectivamente, da média

potiguar. Entretanto, eles abrigavam 35,56% da população em 2007 e ocupam 65,95% da área

do estado.

FAIXAS

PARTICIPAÇÃO NO PIB %

PIB PER

CAPITA

(R$)

NO DE

MUNICI- PIOS

MÉDIA POPUL.

(NO

HAB.)

PART. NO

TOTAL DA

POP. %

ÁREA MÉDIA (KM 2)

PART. ÁREA

(%) LIMITE DO GRUPO

ACUMU- LADA INF. SUP.

1 0,039 0,098 3,95 3,95 1.731 58 4.212 8,11 153 16,62 2 0,100 0,194 6,98 10,93 1.805 50 8.281 13,74 283 26,59 3 0,201 0,492 9,43 20,36 2.440 31 13.355 13,73 391 22,74 4 0,502 0,913 9,74 30,10 3.140 15 22.154 11,02 608 17,01 5 1,037 1,609 6,32 36,42 3.020 5 44.862 7,44 892 8,37 6 2,010 2,923 12,06 48,50 6.333 5 40.783 6,77 431 4,05 7 5,884 5,88 54,39 3.649 1 172.723 5,73 127 0,52 8 10,619 10,62 65,00 4.853 1 234.392 7,78 2.109 3,95 9 35,011 35,01 100,00 4.844 1 774.205 25,69 170 0,32

Fonte: CONAC/DPE/PIB Contagem da População 2007/IBGE. Elaboração Própria

Quadro 1 - Distribuição do PIB, população e área entre os municípios do RN - 2006

A quarta faixa concentra 15 municípios, com população média acima de vinte mil

habitantes e cuja área média é 74% maior que a da faixa três, fazendo com que ocupem

17,01% do total do estado. A contribuição desse grupo para o PIB potiguar varia entre 0,5% e

1,0% e sua participação agregada (9,74%) é praticamente a mesma que a observada no grupo

anterior, que abrange mais que o dobro de municípios. Sua maior densidade populacional

torna o PIB per capita anual médio do grupo (R$ 3.140) igual a 78,32% da média estadual.

Page 14: Analise RN

14

Na quinta faixa estão cinco municípios cuja população os caracteriza como de porte

médio para os padrões norte-rio-grandenses, concentrando 7,44% da população. A área média

do grupo correspondendo a 8,37% da área estadual. As respectivas participações no PIB ficam

entre 1,00% e 1,61%, com a participação agregada alcançando 6,34% e o PIB per capita

médio representando 75,32% da média estadual.

A sexta faixa também comporta cinco municípios com população média semelhante à

da faixa anterior, porém ocupando área muito menor e com peso relativo no PIB entre 2% e

3%. A contribuição agregada para o produto interno é quase o dobro dos cinco municípios

representados na quinta faixa e seu PIB per capita ultrapassa em 57,96% a média estadual.

Dos cinco municípios, dois estão localizados na região metropolitana de Natal (São Gonçalo

do Amarante e Macaíba) e os outros três pertencem à Zona Litoral Norte (Areia Branca,

Macau e Guamaré).

Nas três últimas faixas estão os maiores municípios potiguares. Parnamirim, o terceiro

mais populoso, concentrava 5,88% do PIB estadual, em 0,52% de sua área. Apesar de sua

contribuição para formação do PIB ser elevada, a alta densidade populacional faz com que o

seu PIB per capita corresponda a 91,01% da média estadual.

Mossoró é o município mais extenso abarcando 3,95% da área total do estado. Sua

população só é menor que a da capital (7,78% do total) assim como sua participação no PIB

(10,62%) o que torna seu PIB por habitante 21,03% maior que a média potiguar. Finalmente,

a capital do estado abriga um quarto da população, responde por 35,01% do PIB em apenas

0,32% do território. Seu PIB per capita, entretanto, é menor que o de Mossoró, ultrapassando

em 20,81% a média estadual. Assim, esses três municípios concentram 52,52% do PIB

estadual, 39,19% da população em apenas 4,77% de sua área.

Mais do que a concentração espacial do PIB, deve-se atentar para sua composição,

uma vez que os gastos da administração pública correspondem a parte significativa do seu

valor, assim como o consumo de energia elétrica, água e os gastos com telecomunicações2.

A figura 1 mostra que os menores municípios, com participação abaixo de 0,5% no

PIB, distribuem-se por todas as regiões. A Zona Litoral Norte e o oeste concentram número

relativamente maior de municípios com participação acima de 1,00%. Neles concentram-se as

principais atividades da fruticultura, da exploração, produção e refino de petróleo e gás e da

carcinicultura.

2 Em 2006, em 57 municípios as despesas do governo (APU) representavam entre 61% e 50% do PIB; em 48 deles esse peso ficava entre 49% e 40%. As despesas com os serviços industriais de utilidade pública (SIUP) são computados na categoria indústria na estimativa do PIB enquanto os de telecomunicações são contabilizados nos serviços.

Page 15: Analise RN

15

Figura 1 - Distribuição do PIB entre os municípios do Rio Grande do Norte - 2006

Page 16: Analise RN

16

Considerando as atividades mais dinâmicas da economia potiguar e os investimentos previstos,

especialmente os relacionados às atividades de exploração e refino de petróleo e gás, a concentração da

distribuição espacial da produção deverá se acentuar nos próximos anos. Com isso, a importância da

implementação e expansão de atividades que geram ocupação e renda nas demais regiões do estado

assumem importância ainda maior.

1.4. A importância dos APLs na economia estadual

A importância dos APLs identificados e apoiados para a economia estadual, dada sua

diversidade e níveis de organização e formalização, transcende os aspectos meramente econômicos.

As atividades da cadeia produtiva do petróleo, gás e energia é o que apresenta, sem dúvida, o

maior significado do ponto de vista econômico. Segundo a Pesquisa Industrial Anual por Empresa

(PIA-Empresa) de 2007 o valor da transformação industrial (VTI) da indústria extrativa (R$ 1.591.057

mil) correspondia a 52,6% do VTI industrial agregado, sendo que deste total R$ 1.291.750 mil foram

obtidos nas atividades na extração de petróleo e serviços relacionados. A indução à adoção de

inovações em processos e organizacional adotado no desenvolvimento de fornecedores locais também

se reflete no aumento da eficiência dos prestadores de serviços às empresas líderes nas atividades de

prospecção, exploração e refino de petróleo. Com isso, eleva-se a aquisição local de mercadorias e

serviços, ampliando o efeito multiplicador na economia interna.

Os APLs da indústria de transformação identificados e apoiados – cerâmica estrutural da região

do Apodi-Assu, telha cerâmica do Seridó, tecelagem do Seridó, água mineral da grande Natal e de

móveis de Natal e sua região metropolitana -, embora formalizadas, têm impacto menor. Os três

primeiros, entretanto, têm importância local significativa, pois estão distribuídos em municípios com

participação decrescente na composição do PIB estadual.

Os APLs relacionados às atividades agropecuárias têm diferentes graus de organização e

formalização, como é o caso da bovinocultura de leite e de corte e a caprinocultura. As atividades da

apicultura têm características específicas tanto na organização da produção quanto na forma de

comercialização de seus produtos.

Finalmente, há APLs cujo grau de formalização, do ponto de vista do registro do emprego e do

rendimento, é ainda mais precário, embora sejam importantes na geração de ocupação e renda nos

municípios em que estão localizados ou representem a introdução de novas atividades econômicas no

estado. Esses são os casos dos APLs de bordados do Seridó e da produção de flores. As atividades

mais expressivas, do ponto de vista da geração de produto e emprego serão analisados no capitulo 3 do

presente relatório.

Page 17: Analise RN

17

2. A BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO

A Balança Comercial de um estado (BCE) compreende suas operações de compra e venda de

bens e serviços com os outros estados da federação (OE) e com o resto do mundo (RM).

Esquematicamente pode ser representada por:

ET = EOE + MRM

ST = VOE + XRM

SBCE = ST – ET

Onde:

ET = Entradas Totais, corresponde à soma das compras de B&S de outros estados (EOE) e às

importações do resto do mundo (MRM);

ST = Saídas Totais corresponde à soma das vendas de B&S para outros estados (VOE) e às

exportações para o resto do mundo (XRM).

SBCE = Saldo da balança comercial do Estado, que será positivo caso ST > ET.

Como as fontes de informação para os fluxos de comércio interestadual e internacional são

distintas, assim como os graus de desagregação e o tratamento estatístico dos dados, a BC será tratada

em três etapas. Primeiramente serão examinados os fluxos de comércio interestaduais, posteriormente

as relações comerciais internacionais e, finalmente, serão agregados para se obter o resultado global

das relações comerciais do estado. Em cada uma dessas etapas são destacadas as principais atividades

produtivas nos fluxos de comércio e a participação dos APLs identificados e apoiados nesses fluxos,

quando possível.

2.1. Fluxos de comércio 2.1.1. Fluxos de comércio interestaduais

As informações prestadas pelos contribuintes à Secretaria de Estado da Tributação (SET) são as

principais fontes para a análise do fluxo de comércio interestadual. Entre as diferentes fontes

disponíveis, há três em que são declarados ou captados dados sobre suas transações interestaduais3:

I) A Guia de Informação das Operações e Prestações Interestaduais (GI/ICMS), que possui,

entre outras, informações sobre o valor contábil, isto é, do valor das compras e vendas do contribuinte,

assim como das respectivas origens e destinos;

3 Dos dados cadastrais dos contribuintes constam a identificação da empresa, seu endereço e ramo de atividade, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), versão 2.0.

Page 18: Analise RN

18

II) A Guia de Informação Mensal (GIM), que contém informações sobre as operações intra-

estadual e interestaduais realizadas pelos contribuintes, sendo que estas últimas são agregadas, não

discriminando a origem das compras e o destino das vendas de mercadorias e serviços. Nela também

são registradas as importações e exportações realizadas com o resto do mundo;

III) A terceira fonte é constituída pela captação das entradas e saída (DETNOT), através do

registro das notas fiscais nos postos de fiscalização nas divisas do estado.

A GI/ICMS foi criada especificamente para captar as informações sobre o fluxo de comércio

interestadual. Entretanto, a análise dos dados revelou alto grau de inconsistência, especialmente nas

vendas informadas pelas empresas locais4. A GIM, por sua vez, não explicita o estado de origem e o de

destino das mercadorias. Finalmente, a captação das informações pelo DETNOT apresenta o

inconveniente de somente registrar a movimentação de mercadorias realizadas por vias terrestres e nas

rotas em que há postos de fiscalização5.

A comparação dos valores das entradas e saídas constantes nessas três fontes revelou que os

registrados através da GIM eram os mais elevados. As entradas somaram cerca de R$ 10,9 bilhões e as

saídas R$ 6,9 bilhões. Os valores registrados pela GI foram menores nas compras (-18,73%)

relativamente às registradas na GIM, mas principalmente nas saídas (-94,79%). O sistema de

fronteiras, por sua vez, registrou pequena diferença nas entradas (-5,02%) e, maior, nas saídas (-

34,85%), quando comparadas à primeira fonte. Entretanto, somando-se às informações desta última

fonte os registros referentes às atividades relativas ao petróleo e gás obtidas através da GIM, a

diferença nas entradas passa a ser positiva (9,24%) e reduzida a -21,88% nas saídas6.

Dada a deficiência incontornável apresentada pela GIM no que diz respeito à origem e destino

das transações e a sub-notificação das saídas registradas na GI, optou-se por utilizar os dados do

sistema de divisas. Os dados foram agregados nos seguintes níveis:

a) O movimento de entrada e saída no Estado foi classificado por tipo de atividade segundo a

Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0) e estado de origem e destino;

b) Os dados básicos foram organizados pelo valor absoluto das transações de entrada e saída,

pelos respectivos estados de origem e destino e agregados pela atividade ao nível de grupo (três

dígitos da CNAE 2.0);

4 O número de declarantes das saídas correspondia somente a 40% dos que declararam entradas interestaduais. 5Equívocos na classificação das empresas ou mudança na natureza de suas atividades, não acompanhadas de alteração no cadastro e reclassificação da CNAE é dificuldade comum a todas as fontes. Entretanto, esses casos não afetam os resultados de forma significativa. 6 Essas diferenças são semelhantes às encontradas pesquisa realizada com dados de 2005 (Garcia, 2006), quando foram registradas -4,11% nas entradas e de +30,95% nas saídas. As informações sobre as transações da indústria petrolífera não são captadas corretamente pela fonte de dados utilizadas devido ao fato de que grande parte de seus produtos é transportada através de dutos ou por via marítima.

Page 19: Analise RN

19

c) O saldo do comércio interestadual foi obtido pela subtração do valor das entradas em relação às

saídas, por atividade econômica e por estados.

Dos valores correspondentes ao total das entradas e das saídas foram excluídos: aqueles que

eram evidentemente incoerentes, os que não especificavam o estado de origem ou de destino, os que se

referiam às operações internas ao estado e os valores correspondentes ao comércio internacional.

Os resultados obtidos mostram que a soma das entradas de mercadorias no Rio Grande do

Norte em 2006 atingiu R$ 10.402 milhões, enquanto as saídas chegaram a R$ 4.111 milhões, gerando

um déficit de R$ 6.292 milhões (Tabela 2.1)7. A diferença entre a participação das entradas e saídas no

fluxo total do comércio revela que o Estado é importador líquido, constituindo-se em mercado para os

fornecedores de outros estados nos diferentes setores econômicos8.

Há um alto grau de concentração nos fluxos de entrada e saída. As regiões Nordeste (46,01%) e

Sudeste (38,42%) são as principais fornecedoras do Rio Grande do Norte, seguidas pelo Sul (8,30%),

Centro-Oeste (3,55%) e Norte (3,72%). Cerca de 63,00% do total das compras estão concentradas em

cinco estados: São Paulo é o principal fornecedor, sendo responsável por 26,80% das compras, seguido

por quatro estados nordestinos: Pernambuco (18,53%), Ceará (10,57%), Paraíba (8,09%) e Bahia

(5,49%).

A produção estadual é endereçada principalmente para o Nordeste (53,07%), seguido do

Sudeste (36,55%), Sul (4,33%), Norte (4,36%) e Centro-Oeste (2,73%). São Paulo é o principal

destino da produção local (26,72%), seguido de Pernambuco (16,09%), Ceará (14,00%), Paraíba

(9,45%) e Bahia (5,21%).

O saldo negativo da balança comercial (R$ 6.291.625 mil) foi registrado principalmente no

comércio com São Paulo (R$1.689.687 mil), Pernambuco (R$ 1.265.715 mil), Ceará (R$ 5293.697

mil), Minas Gerais (R$ 460.404 mil), Paraíba (R$ 452.663 mil) e Bahia (R$ 357.236 mil). Agregados,

concentraram mais de 75% do total do déficit.

Os pequenos saldos positivos nas relações comerciais internas com cinco estados concentram-

se na região Norte – Rondônia (R$ 8.159 mil), Acre (R$ 2.006 mil) Roraima (R$ 1.618 mil) e Amapá

(R$ 3.654 mil) -, e com o Piauí (R$ 38.189 mil) e Sergipe (R$ 6.454 mil) no Nordeste.

7 No trabalho de Garcia (2006), a soma das entradas de mercadorias no Rio Grande do Norte atingiu R$ 9,32 bilhões, enquanto as saídas chegaram a R$ 3,89 bilhões, gerando um déficit de R$ 5,43 bilhões. O grau de concentração nas regiões e estados captados aqui repetem o comportamento verificado no referido estudo. 8 A inclusão das atividades relativas à extração, produção de petróleo e gás e seus derivados modificaria significativamente o resultado, uma vez as compras aumentariam cerca de R$ 592 milhões e as saídas R$ 2,970 bilhões, reduzindo o déficit estadual para R$ 3,914 bilhões.

Page 20: Analise RN

20

Tabela 2. 1 - Fluxo de comércio do estado do Rio Grande do Norte – 2006

ESTADOS ENTRADAS

(R$ MIL) (E)

PART. NO TOTAL DAS ENTRADAS

(%)

SAÍDAS (R$ MIL)

(S)

PART. SAÍDAS

(%)

SALDO (R$ MIL)

(S-E)

PART. SALDO

(%)

NORTE 386.942 3,72 134.902 3,28 -252.040 4,01 RO 864 0,01 9.024 0,22 8.159 -0,13

AC 13 0,00 2.019 0,05 2.006 -0,03

AM 169.666 1,63 26.019 0,63 -143.647 2,28

RR 83 0,00 1.701 0,04 1.618 -0,03

PA 170.781 1,64 85.212 2,07 -85.569 1,36

AP 127 0,00 3.782 0,09 3.654 -0,06

TO 45.408 0,44 7.147 0,17 -38.261 0,61

NORDESTE 4.785.980 46,01 2.181.750 53,07 -2.604.230 41,39 MA 85.288 0,82 77.964 1,90 -7.325 0,12

PI 34.786 0,33 72.975 1,78 38.189 -0,61

CE 1.099.013 10,57 575.316 14,00 -523.697 8,32

PB 841.197 8,09 388.534 9,45 -452.663 7,19

PE 1.927.049 18,53 661.334 16,09 -1.265.715 20,12

AL 147.480 1,42 105.242 2,56 -42.238 0,67

SE 79.777 0,77 86.232 2,10 6.455 -0,10

BA 571.388 5,49 214.153 5,21 -357.236 5,68

SUDESTE 3.997.102 38,42 1.502.617 36,55 -2.494.484 39,65 MG 622.758 5,99 162.354 3,95 -460.404 7,32

ES 152.634 1,47 47.722 1,16 -104.912 1,67

RJ 433.690 4,17 194.208 4,72 -239.482 3,81

SP 2.788.020 26,80 1.098.333 26,72 -1.689.687 26,86

SUL 863.078 8,30 179.299 4,36 -683.779 10,87 PR 296.971 2,85 71.812 1,75 -225.159 3,58

SC 251.626 2,42 67.204 1,63 -184.422 2,93

RS 314.481 3,02 40.283 0,98 -274.198 4,36

CENTRO-OESTE 369.269 3,55 112.178 2,73 -257.092 4,09 MS 22.954 0,22 16.176 0,39 -6.778 0,11

MT 71.898 0,69 24.173 0,59 -47.725 0,76

GO 233.230 2,24 54.823 1,33 -178.407 2,84

DF 41.187 0,40 17.005 0,41 -24.182 0,38

BRASIL 10.402.370 100,00 4.110.746 100,00 -6.291.625 100,00 Fonte: SET/DETNOT. Elaboração própria

A composição das entradas agregadas por grupos de atividades revela que o comércio,

isoladamente, respondeu por 62,63% das compras do estado (Tab. 2.2)9. Observa-se que as demais

atividades de serviços são pouco significativas, uma vez que o objeto de suas transações são

“intangíveis” e, portanto, não captados completamente pela base de dados utilizada.

9 Aqui deve ser esclarecido um aspecto importante sobre a natureza dos dados utilizados: nas atividades de comércio estão classificadas tanto aquelas destinadas ao consumidor final – através do comércio atacadista e varejista de bens de consumo (durável ou não) – quanto as que comercializam insumos para as demais atividades econômicas. Por exemplo, a compra de insumos para as atividades agropecuárias podem ser realizadas diretamente pela empresa - e assim ficará registrada como uma “entrada” dessa atividade -, ou por um comerciante local. A venda para a empresa agropecuária não será registrada como “entrada” na agropecuária posto que é uma transação interna.

Page 21: Analise RN

21

Tabela 2. 2 - Fluxo de comércio interestadual do estado do Rio Grande do Norte por tipo de atividade – 2006

SETORES E ATIVIDADES

ENTRADAS (R$ MIL)

(E)

PART. NAS ENTRADAS

(%)

SAÍDAS (R$ MIL

(S)

PART. NAS

SAÍDAS (%)

SALDO (R$ MIL

(S-E)

PART. SALDO

(%)

AGRICULTURA, PECUÁRIA, PROD. FLORESTAL, PESCA E AQÜICULTURA

178.841 1,72 108.660 2,64 -70.181 1,12

INDÚSTRIA EXTRATIVA 627.846 6,04 571.992 13,91 -55.853 0,89

INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO 1.953.025 18,77 2.382.069 57,95 429.043 -6,82

ELETRICIDADE E GÁS 382.252 3,67 13.333 0,32 -368.919 5,86

ÁGUA, ESGOTO, ATIV. DE GESTÃO DE RESÍDUOS E DESCONTAMINAÇÃO

26.479 0,25 1.518 0,04 -24.960 0,40

CONSTRUÇÃO 270.401 2,60 38.218 0,93 -232.184 3,69

COMÉRCIO; REP. DE VEÍC. AUTOMOTORES E MOTOC.

6.514.794 62,63 912.166 22,19 -5.602.628 89,05

TRANSPORTE, ARMAZENAGEM E CORREIO

62.719 0,60 16.029 0,39 -46.690 0,74

ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO 39.058 0,38 1.022 0,02 -38.036 0,60 INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 106.002 1,02 11.928 0,29 -94.074 1,50 ATIV. FINANCEIRAS, DE SEGUROS E SERV. RELAC.

171 0,00 0,00 0,00 -171 0,00

ATIV. IMOBILIÁRIAS 640 0,01 6 0,00 -634 0,01 ATIV. PROFISSIONAIS, CIENT. E TÉCNICO

23.426 0,23 8.318 0,20 -15.107 0,24

ATIV. ADMINISTRATIVAS. E SERV. COMPLEMENTARES

23.477 0,23 6.026 0,15 -17.452 0,28

ADM. PÚBLICA, DEFESA E SEGURIDADE SOCIAL

669 0,01 0 0,00 -669 0,01

EDUCAÇÃO 1.181 0,01 64 0,00 -1.116 0,02 SAÚDE HUMANA E SERV. SOCIAIS 4.246 0,04 273 0,01 -3.973 0,06 ARTES, CULT, ESPORTE E RECR. 1.193 0,01 27 0,00 -1.166 0,02

OUTRAS ATIV. DE SERVIÇOS 19.778 0,19 11.481 0,28 -8.297 0,13

NÃO IDENTIFICADOS 166.172 1,60 27.616 0,67 -138.556 2,20

TOTAL GERAL 10.402.370 100,00 4.110.746 100,00 -6.291.625 100,00 Fonte: SET/DETNOT. Elaboração própria

As atividades industriais, agregadamente, responderam por mais de 31% do total das entradas

em 2006, sendo que a indústria de transformação (18,77%) foi a mais significativa, seguida da

indústria extrativa (6,04%), do SIUP (3,67%) e da construção civil (2,60%). Finalmente, a

agropecuária respondeu por pequena parte do total das entradas (1,72%).

A indústria respondeu por 73,15% das vendas potiguares para outros estados em 2006, sendo

que a indústria de transformação foi responsável 57,95% do total, seguida da indústria extrativa

mineral (13,91%). Os outros dois grupos, pela própria natureza de suas atividades, registraram um

pequeno volume de saídas. O comércio respondeu por 22,19% das vendas totais. Finalmente, o setor

agropecuário, com 2,64%, completou o total das saídas.

Page 22: Analise RN

22

O saldo das transações comerciais por vias internas revela que somente a indústria de

transformação (R$ 429.043 mil) apresentou resultado positivo. O comércio respondeu por 89,05% do

déficit, seguido do SIUP (6,26%), da construção (3,69%), da agropecuária (1,12%) e da indústria

extrativa mineral (0,89%).

2.1.2. Fluxos de comércio interestaduais por atividades econômicas

Restringindo os fluxos de comércio às atividades da agropecuária, produção florestal,

aqüicultura e pesca, à indústria extrativa mineral e de transformação e às atividades do comércio, o

valor total das compras estaduais passa a ser de R$ 9.274.506 mil, das vendas R$ 3.974.887 mil e o

saldo negativo R$ 5.299.619 mil. A exclusão das demais atividades não altera a relação dos principais

parceiros comerciais interestaduais do Rio Grande do Norte e o grau de concentração, uma vez que

seus sete principais parceiros concentram 78,82% do total das compras e 80,00% das vendas ao estado.

São Paulo concentrava 24,87% das entradas e 26,99% das saídas, seguido por Pernambuco

(19,14% e 15,74%, respectivamente), Ceará (10,44% e 14,05%), Paraíba (8,62% e 9,61%), Bahia

(5,84% e 5,22%), Minas Gerais (5,82% e 4,00%) e, finalmente, entre os mais expressivos, o Rio de

Janeiro com participação em 4,09% das entradas e 4,39% das vendas potiguares. Do total das compras

norte-rio-grandenses 69,88% destinaram-se ao comércio, 27,03% à indústria e apenas 2,29% à

agropecuária e pesca. As vendas, por sua vez, tiveram na indústria (74,32%) a principal fonte, seguida

do comércio (22,95%) e da agropecuária e pesca (2,73%).

2.1.2.1. Fluxos das entradas no Rio Grande do Norte

A análise da composição dos fluxos comerciais interestaduais sugere os graus de

complementaridade e integração entre suas economias10. Seguindo a ordem de importância relativa nas

relações interestaduais (Tab. 2.3), verifica-se que as vendas de São Paulo, no total de R$ 2.306.823

mil, se distribuíram entre o comércio (71,68% do total), a indústria (26,72%) e a agropecuária (1,60%).

A participação do estado no atendimento à demanda dos setores econômicos potiguares foi de 17,33%

na agropecuária, 23,89% na indústria e 25,51% no comércio.

As compras das empresas do setor agropecuário, de pesca e aqüicultura das empresas paulistas,

incluindo aquelas realizadas através do comércio de produtos para essas atividades, tiveram como

10 Nas tabelas correspondentes aos fluxos de entrada e saídas as atividades de impressão e reprodução de gravações, fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, metalurgia, fabricação de veículos automotores, reboques, fabricação de outros equipamentos de transporte, fabricação de equipamentos de informática, etc, fabricação de máquinas e aparelhos elétricos e fabricação de produtos de madeira foram agregados em outras atividades industriais. Também foram suprimidos os estados cujos valores de vendas para Rio Grande do Norte foram inferiores a R$ 10 milhões (Acre, Roraima e Rondônia) em 2006.

Page 23: Analise RN

23

principal destino a agricultura (68,79% do total), especialmente as lavouras temporárias (45,03%) e,

entre elas, a cultura de melão (20,89%)11. As lavouras permanentes foram destino de 18,71% das

entradas, dos quais a de banana respondeu por 14,87%. As atividades da pecuária demandaram 19,85%

do total destinado ao setor e as empresas de aqüicultura e pesca responderam por 11,19%, concentrada

principalmente na carcinicultura (9,63%).

As empresas de extração de petróleo e gás foram responsáveis por 29,92% do total das

aquisições da indústria local junto às empresas de São Paulo, concentrada principalmente nas

atividades de extração de petróleo e gás e nos serviços relacionados (26,28%). A indústria de

transformação, complementarmente, respondeu por 74,07% sendo que a fabricação local de produtos

têxteis, com 20,10% do total, foi o principal destino das mercadorias, sobressaindo a fabricação de

linhas de costura e de bordar, a fabricação de outros produtos têxteis e a tecelagem de fios e fibras

naturais, exceto algodão. A confecção de artigos de vestuário e acessórios também tem peso

expressivo nas compras (13,86%), sendo preponderante o segmento de confecção de roupas sob

medida. A fabricação de produtos alimentícios (13,07%) e a fabricação de produtos de borracha e de

material plástico (9,40%) também têm participação significativa.

A composição das compras do Rio Grande do Norte mostra que no comércio 23,00% do total

corresponderam à aquisições das empresas que comercializam veículos e peças, 19,05% no comércio

atacadista de produtos não-alimentares – com predominância de instrumentos e materiais para uso

médico, cirúrgico e medicamentos e drogas de uso humano -, 17,71% do comércio varejista de

produtos novos não especificados anteriormente (onde 77,50% corresponde à compra de artigos de

vestuário e acessórios). As empresas atacadistas não especializadas, com predominância de alimentos

foram receptoras de 8,09% do total das compras realizadas no mercado paulista, sendo que os

hipermercados, supermercados, mercadinhos, foram os destinatários de 84,50% dessa categoria.

O estado de Pernambuco é o principal fornecedor do Rio Grande do Norte para as atividades

agropecuárias com vendas atingindo R$ 52.037 mil, respondendo por 24,48% do total das compras do

setor. Para o setor industrial, entretanto, sua contribuição é quase a metade da paulista (12,73%) com

vendas no valor de R$ 328.654 mil e no comércio o valor das vendas atingiu R$ 1.394.139 mil, o que

corresponde a 21,51% do total das entradas.

As vendas pernambucanas para a agropecuária destinaram-se principalmente à agricultura

(46,26%), seguido da aqüicultura e pesca (31,47%) e pela pecuária (21,50%). Na agricultura os

principais destinos são as lavouras temporárias (31,43%), onde se destaca a cultura do melão com

9,56% do total; as culturas permanentes respondem por 12,65%, sendo que a produção de banana

11 A participação nos fluxos de entrada e saída são resultado da análise das planilhas com os dados desagregados ao nível das atividades.

Page 24: Analise RN

24

absorveu 5,51% do total. Na pecuária somente a avicultura tem destaque relativo (7,33%) enquanto a

carcinicultura responde por 28,30% do total das entradas do grupo.

No setor industrial a indústria extrativa mineral potiguar adquire 6,93% das vendas

pernambucanas, divididas entre a indústria de minerais não-metálicos (3,59%) e extração e produção

de petróleo e gás (3,21%). Na indústria de transformação (93,07% do total), os principais destaques

são a fabricação de alimentos (31,24%), fabricação de produtos de borracha e plástico (13,47%),

fabricação de produtos têxteis (12,98%), fabricação de bebidas (12,06%) e produção de artigos do

vestuário (5,51%).

Finalmente as aquisições do comércio em Pernambuco são efetuadas principalmente pelo

comércio varejista não especificado (31,53% do total), onde predominam os hipermercados,

supermercados e mercadinhos; o comércio atacadista especializado em produtos alimentícios e bebidas

(16,72%) e o comércio atacadista não especializado (12,12%), onde desponta o comércio com

predominância de produtos alimentícios.

A participação do Ceará nas aquisições da agropecuária norte-rio-grandense (22,13%) é

semelhante à de Pernambuco, assim como ocorre com a indústria (12,25%), mas é muito menor no

comércio (9,33%). Na agropecuária, os R$ 47.030 mil estão divididos entre as atividades agrícolas

(63,71%), onde predomina as compras das lavouras permanentes (37,54%), especialmente a cultura de

banana (29,52%); nas lavouras temporárias (25,77%), a cultura de melão é o principal destino das

mercadorias (24,36%). A pecuária absorve 14,44% do total e as atividades de pesca e aqüicultura

concentram os outros 21,73%, com a carcinicultura absorvendo 15,65% do valor das entradas.

A indústria foi destino de R$ 316.256 mil das vendas cearenses para o Rio Grande do Norte.

Desse total, 13,37% foram para a indústria extrativa, sendo que a exploração de petróleo e gás e seus

serviços de apoio concentraram 11,75% desse montante. A indústria de transformação absorveu

86,63% do total, com grande concentração na fabricação de produtos têxteis (49,57%), artigos de

vestuário e acessórios (15,33%) e na fabricação de produtos alimentícios (12,25%).

No comércio com o Ceará, (R$ 604.725 mil) 26,75% destinaram-se ao comércio atacadista

especializados em produtos alimentícios, bebidas e fumo, 16,85% ao comércio varejista de produtos

novos, principalmente vestuário e acessórios, 9,93% no comércio de equipamentos de informática,

eletroeletrônicos e artigos de uso doméstico, 9,27% no comércio varejista de produtos farmacêuticos e

6,52% no comércio atacadista não especializado, onde predominam os hipermercados e supermercados

(5,24%).

Page 25: Analise RN

25

Tabela 2. 3 - Fluxo das entradas, por estado, das principais atividades econômicas e dos APLs do Rio Grande do Norte – 2006

(R$ MIL) ATIVIDADES AL AM BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RS SC SE SP TO TOTAL

AGRICOPECUÁRIA, PROD. FLORESTAL, PESCA E AQUIC. 8.201 15 7.571 47.030 295 1.105 5.415 459 5.572 631 611 2.892 17.844 52.037 7.807 4.918 2.535 4.985 2.425 1.271 36.837 2.100 212.555

AGRICULTURA, PECUÁRIA E SERV. RELAC.

7.987 9 6.863 36.811 295 1.068 5.147 451 5.490 631 611 2.808 7.046 35.662 4.777 4.452 2.412 3.691 988 1.210 32.714 2.100 163.223

AGRICULTURA 6.440 1 1.616 29.964 14 517 341 155 1.891 490 124 122 2.730 24.070 87 2.189 1.820 2.947 421 582 25.339 0 101.863

Com. de produtos agrícolas 5 0 4 74 0 1 90 0 15 0 0 0 7 212 0 17 11 183 36 21 888 0 1.563

PRODUÇÃO DE LAVOURAS TEMPORÁRIAS

5.338 0 1.148 12.121 14 1 216 23 1.723 308 122 89 2.351 16.357 81 1.779 1.672 699 259 531 16.588 0 61.420

Fruticultura 1.508 0 204 11.457 0 0 26 0 640 10 2 38 335 4.976 19 476 1.312 451 91 197 7.695 0 29.435

Cultivo de melão 1.508 0 204 11.457 0 0 26 0 640 10 2 38 335 4.976 19 476 1.312 451 91 197 7.695 0 29.435

Outros 3.830 0 944 664 14 1 190 23 1.083 298 120 51 2.016 11.381 62 1.303 360 249 168 334 8.892 0 31.985

HOTICULTURA E FLORICULT 167 1 12 83 0 15 3 0 40 0 0 1 16 282 5 64 33 31 85 9 760 0 1.607

Com. de sementes, flores, etc 167 1 12 76 0 8 3 0 37 0 0 1 12 275 5 56 33 30 85 8 737 0 1.545

PRODUÇÃO DE LAVOURAS PERMANENTES

832 0 452 17.653 0 501 33 104 109 9 2 32 357 6.585 0 325 104 1.948 41 22 6.893 0 36.002

Fruticultura 691 0 272 16.578 0 500 22 104 107 9 2 32 262 5.467 0 317 94 1.877 37 22 6.624 0 33.017

Cultivo de banana 250 0 83 13.883 0 0 2 68 35 9 0 28 2 2.866 0 224 84 889 35 0 5.478 0 23.936

Cultivo de caju 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11 22 0 35

Cultivo de côco da baía 0 0 6 135 0 0 0 0 0 0 0 0 182 748 0 0 0 0 1 10 78 0 1.161

Cultivo de mamão 402 0 112 1.058 0 500 2 0 70 0 0 0 24 901 0 76 3 32 0 0 767 0 3.949

Cultivo de manga 38 0 71 1.501 0 0 18 36 3 0 2 4 54 951 0 16 6 956 0 0 279 0 3.936

Outros 141 0 180 1.074 0 0 11 0 2 0 0 0 95 1.118 0 8 10 71 4 0 269 0 2.984

PRODUÇÃO DE SEMENTES E MUDAS

98 0 0 33 0 0 0 28 4 174 0 0 0 635 0 3 0 87 0 0 210 0 1.273

PECUÁRIA 1.517 8 5.200 6.792 281 546 4.804 295 3.540 141 486 2.686 4.228 11.194 4.682 2.257 592 655 565 628 7.312 2.100 60.511

Com de animais, alim e med. vet. 1.328 5 1.952 2.956 108 546 802 282 2.508 8 33 2.355 2.392 5.794 428 1.781 431 411 511 341 4.754 880 30.606

Bovinocultura de corte 50 0 49 24 0 0 32 0 0 8 15 127 15 644 147 15 0 0 0 0 183 924 2.233

Bovinocultura de leite 21 0 169 235 0 0 0 0 16 0 6 108 5 88 132 3 0 0 0 20 56 0 860

Caprinovinocultura 0 0 224 24 0 0 1 0 2 3 29 0 10 37 280 0 0 2 0 0 58 22 690

Avicultura 32 3 2.720 3.533 173 0 3.865 14 930 116 395 95 1.451 3.812 3.524 458 161 243 54 260 2.131 274 24.245

Apicultura 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 2

Outros 88 0 86 20 0 0 103 0 84 5 8 0 355 818 171 0 0 0 0 8 128 0 1.875

ATIV. APOIO À AGRICOPECUÁRIA 30 0 46 54 0 5 2 0 59 0 0 0 87 397 9 6 0 89 1 0 63 0 849

PESCA E AQÜICULTURA 214 6 708 10.219 0 36 268 9 81 0 0 84 10.799 16.376 3.029 466 124 1.294 1.437 60 4.124 0 49.331

Aqüicultura e carcinicultura 180 6 663 7.358 0 0 221 9 81 0 0 53 10.226 14.727 3.029 446 34 1.289 1.305 60 3.548 0 43.235

Outros 33 0 45 2.861 0 36 47 0 0 0 0 31 573 1.649 0 20 90 5 132 0 576 0 6.097

continua

Page 26: Analise RN

26

continuação

ATIVIDADES AL AM BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RS SC SE SP TO TOTAL

INDÚSTRIA 36.549 6.349 218.866 316.256 6.841 89.732 36.221 21.475 219.975 7.106 53.358 35.973 212.782 328.654 12.100 48.274 161.746 41.921 57.629 32.867 616.460 19.680 2.580.871

INDÚSTRIAS EXTRATIVAS 9.013 4.067 85.322 42.289 15 9.728 3.654 327 71.614 9 141 162 6.912 22.781 58 7.641 135.464 9.727 19.583 20.395 178.915 0 627.846

EXTR. DE PETRÓLEO E GÁS NAT. 7.220 94 68.195 13.152 7 7.749 677 241 68.272 9 0 79 1.852 10.680 0 3.127 88.443 9.012 9.804 11.114 160.096 0 459.823

EXTR. MINERAIS METÁLICOS 0 0 0 25 0 0 12 0 845 0 0 0 2 50 0 0 7 0 35 0 277 0 1.252

EXTR. MIN. NÃO-METÁLICOS 77 5 2.291 5.117 3 416 2.824 86 2.306 0 141 78 4.452 11.804 58 4.472 473 457 9.744 29 16.642 0 61.479

Extração e refino de sal 51 3 1.897 4.775 3 2 2.824 81 1.546 0 141 77 2.069 11.228 56 4.428 236 389 9.744 4 14.969 0 54.530

Outros 26 2 395 342 0 414 0 5 759 0 0 1 2.382 576 2 44 236 67 0 25 1.673 0 6.949

ATIV. DE APOIO À EXTR.MINERAIS

1.716 3.969 14.836 23.996 5 1.562 140 0 191 0 0 5 606 248 0 40 46.541 258 0 9.253 1.901 0 105.292

IND. DE TRANSFORMAÇÃO 27.537 2.282 133.544 273.966 6.826 80.005 32.567 21.148 148.361 7.097 53.217 35.810 205.870 305.873 12.041 40.633 26.282 32.194 38.046 12.471 437.544 19.680 1.953.025

FABR. DE PROD. ALIMENTÍCIOS 7.079 194 34.528 38.736 1.640 68.032 7.244 15.854 81.446 421 2.940 30.901 37.764 102.687 7.047 15.822 2.317 2.691 8.183 1.501 80.583 18.832 566.444

FABR. DE BEBIDAS 2.928 1.498 3.837 4.273 49 28 5.835 250 3.196 49 33 100 24.568 39.650 53 457 121 1.872 1.147 25 6.521 0 96.494

FABR. DE PROD. TÊXTEIS 8.676 17 61.419 156.753 4.845 5.695 14.039 2.425 48.315 2.123 47.059 81 82.541 42.671 3.735 7.257 10.957 3.555 8.427 3.348 123.932 0 637.867

CONFEC. DE ART. VESTUÁRIO E ACESS.

1.998 13 2.339 48.471 2 2.337 803 144 9.598 4.441 154 532 14.951 18.102 610 1.921 2.215 2.153 15.077 1.334 85.428 1 212.627

Textil / Confecções 7.705 5 42.447 145.690 4.952 5.077 14.808 1.154 43.410 1.984 47.120 2.392 55.062 38.255 1.946 7.690 6.837 1.518 3.796 1.064 93.382 901 527.197

Outros 2.309 18 21.784 15.065 1 1.473 48 1.554 9.934 330 13 157 30.526 12.075 2.498 1.979 4.631 2.563 6.219 3.057 40.627 0 156.865

PREP.DE COUROS E FABR. DE ART. DE COURO, ETC.

44 16 609 2.354 47 93 72 8 356 16 28 177 30.834 2.445 11 335 309 14.368 293 12 18.428 9 70.873

FABR. DE CELULOSE, PAPEL ETC. 73 0 207 2.623 0 10 6 145 19 0 0 0 443 2.122 0 1.541 284 37 111 18 3.074 0 10.712

FABR. DE PROD. DER.PETRÓLEO E DE BIOCOMB.

2.907 0 1.947 813 0 9 3.488 0 433 0 0 39 431 11.228 0 195 2.951 422 198 2.973 7.355 0 35.390

FABR. DE PROD. QUÍMICOS 704 40 2.466 2.772 72 304 741 271 937 7 0 2.051 3.013 12.622 231 827 842 1.029 436 90 15.264 829 45.549

FABR.PROD. BORRACHA E DE MAT. PLÁSTICO

2.820 175 21.206 6.609 4 620 16 7 1.112 17 2.999 56 2.529 44.267 8 8.248 2.345 1.806 1.723 15 57.955 0 154.542

FABR. DE PROD. DE MINERAIS NÃO-METÁL.

86 1 545 4.246 0 2.248 51 1.706 1.334 7 0 78 7.395 12.967 32 749 1.020 1.779 987 548 8.612 10 44.402

FABR. DE PROD. DE METAL 2 21 1.878 675 2 1 5 1 60 0 0 15 73 6.011 1 166 43 54 221 5 3.411 0 12.644

FABR. DE MÁQUINAS E EQUIP. 0 1 790 766 0 42 0 0 142 0 0 0 84 1.404 0 94 130 70 94 246 7.515 0 11.380

FABR. DE MÓVEIS 52 14 319 2.138 0 122 25 198 535 15 3 585 468 3.243 252 1.797 127 1.517 607 52 4.216 0 16.285

MANUT., REPAR. E INSTAL. DE MÁQ. E EQUIP.

5 7 500 276 164 14 10 1 189 0 1 58 193 939 2 469 428 77 150 2.275 6.384 0 12.146

OUTRAS ATIV. INDUSTRIAIS 148 31 410 2.373 3 38 84 137 407 2 0 1.135 547 4.365 60 205 1.487 718 280 12 5.240 0 17.681

COMÉRCIO 94.109 159.136 314.965 604.725 32.148 54.665 185.269 62.548 314.630 14.725 17.597 128.976 568.568 1.394.139 10.943 198.033 214.833 229.634 167.202 36.557 1.653.526 23.213 6.481.080

COM. DE VEÍCULOS 121 109.563 96.256 20.213 812 10.993 41.467 198 146.759 350 275 124 9.803 54.492 775 69.877 44.933 82.216 3.861 396 380.349 3 1.073.854

COM. POR ATACADO 76.348 12.453 60.402 258.573 19.896 19.572 97.949 38.911 87.732 3.376 12.799 84.244 238.277 557.593 6.057 56.150 87.186 60.821 41.058 18.478 581.873 13.420 2.433.313

COM. VAREJISTA 17.640 37.120 158.307 325.939 11.440 24.100 45.853 23.439 80.139 10.998 4.524 44.607 320.488 782.054 4.110 72.006 82.714 86.597 122.283 17.683 691.304 9.790 2.973.913

TOTAL GERAL 138.860 165.500 541.403 968.010 39.284 145.502 226.904 84.482 540.176 22.462 71.566 167.840 799.194 1.774.830 30.849 251.224 379.114 276.540 227.256 70.694 2.306.823 44.993 9.274.506

Fonte: SET/Elaboração própria.

Page 27: Analise RN

27

O estado da Paraíba tem uma participação equilibrada nas vendas para os três setores da

economia potiguar: participa com 8,40% das entradas da agropecuária, 8,24% da indústria e 8,77% do

comércio. Na agropecuária, cujo volume de vendas atingiu R$ 17.844 mil, as vendas estão mais

concentradas nas atividades da pesca e aqüicultura (60,52%), dos quais 57,31% são adquiridos pela

aqüicultura. A agricultura participou com apenas 15,30% das aquisições, sendo que as lavouras

temporárias foram responsáveis por 13,17% e as culturas permanentes por 2,00% do total. A pecuária

consumiu 23,69% do total, sendo que o comércio atacadista de animais vivos, alimentos e

medicamentos veterinários foram os principais compradores (13,40%), seguidos da avicultura (8,13%).

As aquisições da indústria potiguar no mercado paraibano somaram R$ 212.782 mil, quase que

totalmente concentrados na indústria de transformação (96,75%). As atividades de fabricação de

produtos têxteis (38,79%), onde se destacam os segmentos de tecelagem de fios de algodão (20,84%) e

a fabricação de artigos têxteis para uso doméstico (8,13%) foram os principais demandantes. A

fabricação produtos alimentares (17,75%), preparação de couros e fabricação de artigos de couro

(14,49%), a fabricação de bebidas (11,55%) e fabricação de artigos de vestuário (7,03%) completam a

lista das indústrias mais relevantes.

As compras do comércio potiguar no mercado paraibano somaram R$ 568.569 mil em 2006,

dos quais a maior parte foi direcionada ao segmento local de varejo (56,37%). Essa característica torna

as compras do estado vizinho diversificadas, sendo o principal componente o comércio varejista de

combustíveis (16,63%), seguido do comércio varejista não especializado - hipermercados,

supermercados – (14,56%), comércio atacadista em geral, com predominância de produtos

alimentícios (11,59%), comércio varejista de equipamentos de informática e comunicação,

equipamentos e artigos de uso doméstico (9,99%), comércio atacadista especializado em produtos

alimentícios, bebidas e fumo (9,64%), entre outros.

As aquisições potiguares no estado da Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro têm perfis

semelhantes. As compras no mercado baiano somaram R$ 541.403 mil, quase que totalmente

concentrados nas compras da indústria (40,43%) e do comércio (58,18%). Com isso a participação

baiana na demanda dos setores locais foi de 3,56% do total da agropecuária, 8,48% da indústria e

4,86% do comércio. Nas atividades industriais, a indústria extrativa adquiriu 38,98% do total, sendo

que as atividades de exploração de petróleo e gás e os serviços relacionados somaram 37,94%. Na

indústria de transformação (61,02% do total), a fabricação de produtos têxteis (28,06%), de produtos

alimentícios (15,78%) e a de produtos de borracha e plástico (9,69%) concentram as transações.

No comércio, 29,15% das transações envolvem o de automóveis e peças, seguido do comércio

varejista de equipamentos de informática e comunicação, equipamentos e artigos de uso doméstico

Page 28: Analise RN

28

(24,53%) e do comércio varejista não especializado (hipermercados, supermercados, etc), com 11,24%

do total.

As aquisições realizadas pelas empresas locais no estado de Minas Gerais somaram R$

540.176 mil, sendo a indústria responsável por 40,72% do total e o comércio por 58,25%, restando

uma participação marginal da agropecuária (1,03%). Assim, a participação daquele estado nas compras

da agropecuária potiguar foi de 2,62%, para a indústria de 8,52% e 4,85% do comércio. Entre as

atividades industriais, a indústria extrativa respondeu por 32,56% do total, concentradas quase que

totalmente nas atividades de exploração de petróleo e gás (31,04%). Na indústria de transformação

(67,44% do total), a fabricação de produtos alimentícios contribuiu com 37,03% e a fabricação de

produtos têxteis com 21,96%.

No comércio, as aquisições no mercado mineiro estão concentradas no comércio e reparação de

veículos automotores (40,18% do total), no comércio atacadista de consumo não alimentar (11,32%),

comércio varejista de produtos não especificados anteriormente (6,70%) e comércio varejista

especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,30%).

As aquisições realizadas no Rio de Janeiro somaram R$ 379.114 mil, sendo que para a

indústria foram destinados 42,66%, ao comércio 56,67% e para a agropecuária apenas 0,67%. A

participação do estado no atendimento à demanda desses setores foi de 1,19% nas necessidades da

agropecuária, 6,27% da indústria e 3,31% do comércio. Entre as atividades industriais, a indústria

extrativa mineral, especialmente nas atividades de extração de petróleo e gás e nos serviços a ela

relacionados, concentrou 83,75% das aquisições, complementada por 16,25% destinados à indústria de

transformação. Nesta última, somente a fabricação de produtos têxteis (6,77%) se destaca,

distribuindo-se o restante pelas demais atividades da indústria.

O comércio atingiu R$ 212.833 mil, sendo o comércio e reparação de veículos (18,22%), o

comércio atacadista de produtos não alimentares (16,64%) e o comércio varejista de produtos não

especificados anteriormente (16,50%), especialmente no comércio de artigos de vestuário (13,58% do

total do grupo).

Apesar da contribuição pouco significativa no contexto geral, as especificidades das transações

com alguns estados merecem destaque por estarem intimamente relacionado com as bases produtivas

locais. Na região Norte, os estados de Tocantins e Pará são importantes fontes de abastecimento para a

bovinicultura de corte e de leite do estado, respondendo por 37,37% do total das entradas dessas

atividades. No estado do Amazonas, as aquisições estão baseadas principalmente na atividade de

comércio e reparação de veículos, que responde por 68,85% do total das vendas, sendo que o comércio

varejista de motos, peças e partes responderam por 66,27% desse total.

Page 29: Analise RN

29

2.1.2.2. Fluxos das saídas do Rio Grande do Norte

As compras das empresas de São Paulo no Rio Grande do Norte (Tab. 2.4) somaram R$

1.072.955 mil, concentradas principalmente na indústria para onde se destinaram R$ 1.004.077 mil

(93,58% do total), seguida pelo comércio (4,32%) e a agropecuária (2,10%). As saídas para o estado

representaram 20,71% do total das vendas da agropecuária potiguar, 33,99% das vendas da indústria,

sendo que para a indústria de transformação isoladamente a participação paulista correspondeu a

38,17% do total. No comércio, entretanto, a participação restringiu-se a 5,08% das vendas das

empresas potiguares.

Nas vendas do setor agropecuário, 86,35% correspondeu às saídas da agricultura,

especialmente das culturas temporárias, onde o melão respondeu por 73,57% do total. As culturas

permanentes venderam 12,04% do total, sendo que o coco-da-baia respondeu por 6,95% e a banana

por 3,84%. A pecuária tem uma participação insignificante (0,26%) no total das transações da

agropecuária, enquanto a aqüicultura e pesca respondeu por 13,39% das vendas, sendo que a

carcinicultura teve a maior participação (9,52%).

A indústria extrativa foi responsável por 9,46% do total das vendas a São Paulo, sendo que a

produção e refino de sal marinho foi seu principal item, com participação de 8,49%. A indústria de

transformação respondeu por 90,54% do total, sendo que a fabricação de produtos têxteis foi,

isoladamente, a principal exportadora para o estado (47,09%) e nesse segmento industrial as mesmas

atividades que foram as principais compradoras de produtos paulistas são as que se destacam como

vendedoras: fabricação de linhas de costura e bordado, tecelagem de fibras naturais, exceto algodão. A

exceção corresponde à venda de produtos têxteis de uso doméstico. A confecção de artigos de

vestuário também se destaca com 17,73% do total das saídas industriais, sendo que a confecção de

peças para vestuário participa com quase 90% desse total. A fabricação de produtos de borracha e

material plástico também tem peso expressivo (13,54%), especialmente a fabricação de embalagens de

plástico. Finalmente, a produção de couro e artefatos de couro participou com 7,54% do total.

As compras das empresas de comércio no mercado local (R$ 46.375 mil) foram distribuídas

entre o comércio de vestuário e acessórios (18,41%), de produtos de extração mineral (17,81%),

comércio atacadista de frutas, verduras e raízes (7,44%) e de produtos não alimentares, principalmente

medicamentos e drogas de uso humano (6,41%).

A importância do estado de São Paulo como centro consumidor e distribuidor de produtos para

outros estados o torna o principal demandante de muitas atividades importantes da economia do Rio

Grande do Norte. Entre os produtos agrícolas, as compras paulistas responderam por 60,68% do total

da venda interestadual de melão, 23,28% das de banana e 34,88% de coco-da-baía. No setor industrial,

Page 30: Analise RN

30

o mercado paulista foi destino de 90,54% das vendas da indústria de transformação, sendo responsável

pela demanda de 48,52% da fabricação de produtos têxteis, 61,35% dos artigos de vestuário, 53,58%

dos artigos de couro e 56,33% dos produtos de borracha e material plástico.

As vendas para o estado de Pernambuco somaram R$ 625.662 mil, sendo distribuídas entre a

agropecuária (3,84%), a indústria (61,43%) e o comércio (34,73%). A participação nas vendas setoriais

norte-rio-grandense foi de 22,14% da agropecuária, 13,01% da indústria e 23,28% do comércio.

A similaridade das atividades agropecuárias entre os dois estados restringem a possibilidade de

comércio, fazendo com que a participação da agricultura nas vendas para Pernambuco seja de apenas

11,40% e as da pecuária a 6,28%. A concentração de 81,64% nas atividades de aqüicultura e pesca são

compostas principalmente pelo comércio de pescado de água salgada (57,06%), complementado pelas

atividades da aqüicultura.

No setor industrial, a indústria extrativa mineral foi o destino de 9,02% das vendas potiguares,

enquanto a indústria de transformação concentrou 90,98% do total. Nesta última, a produção de artigos

têxteis (31,34%), a fabricação de alimentos (30,10%) e a fabricação de produtos de borracha (9,96%)

somaram mais de 70,00% do total.

No comércio, os R$ 217.292 mil foram distribuídos entre o comércio atacadista de vestuário

(36,56%), comércio atacadista de produtos alimentares, bebidas e fumo (28,84%), comércio atacadista

especializado em outros produtos (16,70%) e comércio atacadista de produtos não alimentares

(6,09%).

As compras do Ceará no Rio Grande do Norte somaram R$ 558.610 mil, distribuídas entre a

agropecuária (3,45%), indústria (68,59%) e comércio (27,96%), representando uma participação de

17,73%, 12,97% e 17,12%, respectivamente, nas vendas totais dos respectivos setores.

Na agropecuária, as vendas da agricultura somaram 33,34% do total, sendo 22,89% originárias

das lavouras temporárias (17,89% de melão) e 10,20% das lavouras permanentes (com 5,94%

representado pela venda de bananas). A pecuária teve uma pequena participação no total das vendas

(3,56%), enquanto a pesca e aqüicultura concentraram 62,91% do total. Nesta última atividade a

aqüicultura respondeu por 36,30% e a pesca por 26,60%.

Nas compras cearenses da indústria potiguar, a extrativa somou 26,92%, sendo que 24,88%

oriundos da extração de petróleo e gás e serviços relacionados. Na indústria de transformação

(73,08%), ocorreu grande diversificação, sendo que a fabricação de produtos alimentícios (25,92%),

produtos têxteis (14,22%), produção de minerais não-metálicos (9,19%), bebidas (8,11%) e fabricação

de produtos de borracha e de material plástico (5,75%) foram os mais representativos.

Page 31: Analise RN

31

As vendas do comércio potiguar para o mercado cearense concentraram-se no comércio

varejista de artigos de vestuário (34,40%), comércio atacadista de produtos alimentícios, bebidas e

fumo (32,36%) e comércio atacadista especializado em outros produtos (13,75%).

O total das vendas do Rio Grande do Norte para o estado da Paraíba somou R$ 381.929 mil

em 2006, sendo que a demanda do setor industrial representou 61,00% do total, seguido das empresas

do comércio (36,48%) e da agropecuária (2,52%). A participação paraibana no total das vendas

setoriais do estado foi de 8,86% na agropecuária, 7,89% da indústria e 15,27% do comércio.

As vendas da agropecuária foram relativamente pequenas na agricultura (9,70%) e muito mais

expressivas na pecuária (30,35%), quase que exclusivamente da produção da avicultura potiguar12. Na

pesca e aqüicultura ocorreu a maior concentração (58,89%) sendo que 52,59% correspondeu a vendas

da carcinicultura.

Na demanda paraibana pelos produtos industriais potiguares 26,56% correspondeu à indústria

extrativa, quase que totalmente na extração e produção de petróleo e gás. Na indústria de

transformação, que canalizou os 73,44% restantes, a fabricação de alimentos (25,89%), de produtos

têxteis (17,51%), a produção de produtos de petróleo e biocombustíveis (7,57%) e a preparação de

couro e produção de artigos de couro (5,92%) apresentaram as participações mais expressivas.

No comércio preponderaram as vendas do comércio atacadista de produtos de consumo não

alimentar (28,33% do total), onde o comércio atacadista de instrumentos e materiais para uso médico,

cirúrgico e hospitalar representou 18,59%; no comércio atacadista especializado em outros produtos

(22,39%), no qual o comércio de álcool e combustíveis derivados do petróleo representou 13,34% e o

comércio de gás liquefeito de petróleo 8,05%. Finalmente as vendas do comércio varejista de artigos

de vestuário e acessórios agregaram 26,57% à demanda total.

12 As compras do estado da Paraíba representaram 55, 41% do total das vendas de ovos do Rio Grande do Norte em 2006.

Page 32: Analise RN

32

Tabela 2. 4 - Fluxo das saídas, por estado, das principais atividades econômicas e dos APLs do Rio Grande do Norte – 2006

(R$ MIL)

ATIVIDADE AL AM BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RS SC SE SP TO TOTAL

AGRICOPECUÁRIA, PROD. FLORESTAL, PESCA E AQUIC.

834 193 2.905 19.270 1.744 1.108 1.431 938 1.986 752 138 480 9.627 24.056 191 2.373 14.740 1.713 668 941 22.503 0 108.660

AGRICULTURA, PECUÁRIA E SERVIÇOS RELACIONADOS

206 174 1.151 7.148 1.166 923 1.424 897 1.931 717 121 241 3.957 4.417 28 1.602 3.236 971 107 172 19.490 0 50.148

AGRICULTURA 173 174 635 6.425 1.166 922 1.364 897 1.923 717 100 241 934 2.742 16 1.569 3.236 971 106 140 19.432 0 43.950

PRODUÇÃO DE LAVOURAS TEMPORÁRIAS 10 174 181 4.411 505 517 723 96 998 629 99 210 129 883 0 728 2.346 437 50 59 16.719 0 29.958

Fruticultura 2 174 181 3.448 505 484 717 31 901 74 99 210 38 471 0 722 2.305 242 12 59 16.556 0 27.282

Cultivo de melão 2 174 181 3.448 505 484 717 31 901 74 99 210 38 471 0 722 2.305 242 12 59 16.556 0 27.282

Outros 8 0 0 963 0 34 6 66 97 555 0 0 91 413 0 6 41 195 38 0 163 0 2.676

HOTICULTURA E FLORICULTURA 0 0 0 34 0 0 0 0 0 0 0 0 10 12 0 0 0 0 0 0 3 0 59

PRODUÇÃO DE LAVOURAS PERMANENTES 163 0 453 1.966 648 405 640 285 799 88 1 13 795 1.847 12 829 890 533 57 81 2.710 0 13.232

Fruticultura 16 0 413 1.209 648 393 640 285 795 88 1 13 191 419 12 769 885 399 13 76 2.587 0 9.868

Cultivo De Banana 0 0 314 1.146 0 109 22 24 153 10 0 11 17 30 11 31 471 383 11 74 864 0 3.681

Cultivo De Caju 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3

Cultivo De Coco-Da-Baía 16 0 63 1 1 47 619 227 583 78 1 2 109 45 1 723 381 2 2 1 1.563 0 4.482

Cultivo De Mamão 0 0 15 2 647 237 0 34 59 0 0 0 39 265 0 15 29 13 0 0 159 0 1.515

Cultivo De Manga 0 0 22 58 0 0 0 0 0 0 0 0 26 79 0 0 3 0 0 0 0 0 187

Outros 146 0 40 757 0 12 0 0 4 0 0 0 604 1.428 0 60 5 134 44 5 123 0 3.364

PRODUÇÃO DE SEMENTES E MUDAS CERTIFICADAS

0 0 0 14 12 0 0 515 126 0 0 18 0 0 4 12 0 1 0 0 0 0 702

PECUÁRIA 30 0 514 685 0 0 60 0 8 0 20 0 2.922 1.510 13 33 0 0 0 29 58 0 5.883

Bovinocultura de corte 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Bovinocultura de leite 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Caprinovinocultura 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 4

Avicultura 30 0 514 685 0 0 60 0 8 0 20 0 2.919 1.508 13 33 0 0 0 29 33 0 5.854

Apicultura 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 25 0 25

Outros 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

ATIVIDADES DE APOIO À AGRICULTURA E À PECUÁRIA; ATIVIDADES DE PÓS-COLHEITA

4 0 2 38 0 0 0 0 0 0 0 0 102 164 0 0 0 0 0 4 0 0 314

PESCA E AQÜICULTURA 627 19 1.754 12.122 579 186 7 41 55 35 17 239 5.670 19.639 163 771 11.504 742 561 768 3.013 0 58.512

Aqüicultura e carcinicultura 627 19 1.626 6.996 576 162 6 41 55 35 17 225 5.063 5.912 163 702 11.022 742 528 536 2.143 0 37.196

Outros 0 0 128 5.127 2 24 0 0 0 0 0 14 607 13.727 0 69 482 0 34 233 869 0 21.316

continua

Page 33: Analise RN

33

continuação

ATIVIDADE AL AM BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RS SC SE SP TO TOTAL

INDÚSTRIA 58.118 22.607 108.380 383.141 12.413 37.271 44.337 44.355 139.056 12.024 19.988 36.661 232.979 384.314 48.353 60.395 141.511 33.551 63.807 47.223 1.004.077 5.572 2.954.061

INDÚSTRIAS EXTRATIVAS 12.454 3.473 39.909 103.155 2.355 15.615 23.242 3.954 38.655 6.017 13.651 7.895 61.884 34.674 2.276 9.661 49.962 6.536 14.189 17.517 94.943 3.788 571.992

EXTR. DE PETRÓLEO E GÁS NAT. 6.911 660 14.365 61.552 4 3.594 36 14 1.209 0 0 71 52.031 8.308 3 304 12.278 264 283 6.358 5.012 0 173.312

EXTR. MINERAIS METÁLICOS 6 0 5 4 2 3 6 0 20 0 0 0 387 5.866 0 0 0 0 0 0 4.278 0 10.577

EXTR. MIN. NÃO-METÁLICOS 1.974 2.736 12.477 7.832 2.349 11.893 23.200 3.941 37.402 6.017 13.651 7.786 9.466 18.806 2.273 9.356 11.653 6.264 13.790 2.653 85.223 3.788 300.661

Extração e refino de sal 1.892 2.736 12.171 5.686 2.349 5.649 22.151 3.799 37.034 6.017 13.651 7.779 2.328 13.224 2.259 9.107 11.614 5.999 10.350 2.247 80.378 3.788 268.338

Outros 82 0 306 2.146 0 6.243 1.049 142 369 0 0 7 7.138 5.581 14 250 39 265 3.440 406 4.844 0 32.323

ATIV. DE APOIO À EXTR.MINERAIS 3.562 77 13.061 33.767 1 125 0 0 23 0 0 38 0 1.695 0 0 26.030 9 116 8.506 431 0 87.443

IND. DE TRANSFORMAÇÃO 45.664 19.134 68.471 279.986 10.058 21.656 21.095 40.401 100.402 6.007 6.337 28.765 171.095 349.640 46.077 50.734 91.549 27.015 49.618 29.706 909.134 1.784 2.382.069

FABR. DE PROD. ALIMENTÍCIOS 22.534 2.341 30.085 99.329 2.971 6.226 827 22.959 10.037 591 261 13.014 60.329 115.676 36.248 2.283 12.990 960 716 6.717 36.323 35 484.913

FABR. DE BEBIDAS 189 1 140 31.058 2 0 63 505 22 3 14 2 2.252 3.472 498 8 16 229 116 82 240 0 38.938

FABR. DE PROD. TÊXTEIS 7.167 5.369 12.228 54.476 4.572 11.382 12.127 3.740 64.916 3.083 3.193 5.336 40.787 120.444 3.646 31.527 41.909 18.956 40.284 12.459 472.797 919 974.427

CONFEC. DE ART. VESTUÁRIO E ACESS. 1.551 7.066 5.356 8.715 1.239 2.724 5.577 1.630 12.644 2.209 2.394 2.969 6.362 10.309 1.207 7.258 16.094 5.654 6.682 1.799 178.041 687 290.222

Textil / Confecções 1.867 7.172 9.665 49.713 3.985 10.742 14.778 1.363 61.229 3.734 2.002 2.499 40.820 99.728 1.886 32.689 28.603 10.794 41.744 11.930 495.310 667 934.671

Outros 6.850 5.264 7.919 13.478 1.825 3.364 2.925 4.007 16.331 1.559 3.585 5.806 6.329 31.025 2.967 6.096 29.400 13.816 5.222 2.328 155.527 939 329.978

PREP.DE COUROS E FABR. DE ART. DE COURO, ETC. 1.685 1.191 5.022 4.247 166 174 76 1.348 10.408 73 69 3.409 13.797 4.833 991 245 16.020 585 169 795 75.660 13 141.220

FABR. DE CELULOSE, PAPEL ETC. 7 0 182 6.919 1 15 0 141 69 0 3 115 3.315 2.498 30 67 127 16 21 521 534 0 14.585

FABR. DE PROD. DER.PETRÓLEO E DE BIOCOMB. 102 0 918 9.286 0 0 529 722 84 0 0 129 17.635 32.239 9 33 148 0 33 29 780 0 62.676

FABR. DE PROD. QUÍMICOS 1.382 145 3.275 6.072 33 2 53 260 48 6 0 786 3.559 6.088 323 625 1.450 222 44 1.063 4.030 53 30.030

FABR.PROD. BORRACHA E DE MAT. PLÁSTICO 2.420 1.112 6.549 22.017 954 892 1.776 2.406 1.563 0 364 916 10.740 38.264 1.717 8.644 1.691 268 1.427 1.354 135.980 53 241.411

FABR. DE PROD. DE MINERAIS NÃO-METÁL. 7.733 1.699 2.568 35.227 14 37 20 5.619 86 0 2 173 8.031 12.276 782 37 116 76 46 1.960 325 16 76.848

FABR. DE PROD. DE METAL 34 2 551 644 29 13 17 126 24 0 36 1.017 74 317 2 0 84 7 8 376 597 3 3.962

FABR. DE MÁQUINAS E EQUIP. 178 4 458 292 0 0 0 6 143 0 0 124 264 447 35 0 196 9 47 450 368 0 3.030

FABR. DE MÓVEIS 186 0 70 691 0 0 17 5 26 0 1 1 2.367 1.025 1 0 4 3 1 177 40 0 4.616

MANUT., REPAR. E INSTAL. DE MÁQ. E EQUIP. 10 0 27 58 76 1 1 11 11 0 0 3 94 240 4 7 22 0 22 1.090 3.168 0 4.846

OUTRAS ATIV. INDUSTRIAIS 486 202 1.042 956 2 190 12 923 321 41 0 770 1.490 1.510 584 2 683 28 1 835 251 3 10.345

COMÉRCIO 41.264 1.256 96.204 156.199 2.457 7.630 8.287 31.691 18.141 3.057 3.285 46.616 139.323 217.292 23.301 6.836 18.271 2.519 1.992 36.708 46.375 1.435 912.166

COM. DE VEÍCULOS 203 178 830 911 6 22 224 28 996 0 0 1 1.545 2.982 265 789 498 164 8 319 2.737 5 12.712

COM. POR ATACADO 12.286 899 14.766 83.453 2.080 7.258 7.938 4.422 16.255 2.980 3.199 7.078 85.071 114.725 1.981 5.568 14.952 1.641 1.300 8.021 25.395 1.388 424.621

COM. VAREJISTA 28.775 178 80.608 71.836 370 350 125 27.240 890 78 86 39.537 52.707 99.586 21.056 479 2.821 714 684 28.368 18.243 42 474.833

TOTAL GERAL 100.215 24.055 207.489 558.610 16.614 46.009 54.055 76.984 159.184 15.833 23.410 83.756 381.929 625.662 71.846 69.604 174.522 37.783 66.467 84.871 1.072.955 7.007 3.974.887

Fonte: SET/Elaboração própria.

Page 34: Analise RN

34

As compras da Bahia somaram R$ 207.489 mil, sendo que a indústria potiguar (52,23%) foi a

principal fornecedora, seguido do comércio (46,37%), com uma participação marginal da agropecuária

(1,40%). A participação baiana na demanda setorial da economia potiguar foi de 2,67% na

agropecuária, 3,67% na indústria e 10,55% nas atividades do comércio.

As vendas da agropecuária norte-rio-grandense para o mercado baiano estiveram concentradas

na pesca e aqüicultura (60,38% do total), sendo que a aqüicultura representou 55,97% desse valor. A

agricultura participou com 21,84%, sendo 6,24% das culturas de melão, enquanto as culturas

permanentes responderam por 15,60%, sobressaindo-se a cultura de banana (10,80%). Finalmente, os

17,70% da pecuária foram provenientes das vendas da avicultura.

Nas atividades industriais, a indústria extrativa mineral forneceu 36,82% do total da demanda,

sendo distribuída entre as atividades de exploração de petróleo e gás e serviços relacionados (25,30%)

e de extração e refino de sal marinho (11,23%). Na indústria de transformação (63,18%), sobressaíram

as atividades da fabricação de produtos alimentícios (27,76%), produtos têxteis (11,28%), fabricação

de produtos de borracha e de material plástico (6,04%), vestuário (4,94%) e artigos de couro (4,63%).

O comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios respondeu por 78,34% do total das vendas

para o estado da Bahia em 2006.

As saídas para o estado do Rio de Janeiro somaram R$ 174.522 mil, distribuídos entre a

agropecuária (8,45%), a indústria (81,08%) e o comércio (10,40%), representando uma participação

relativa nos respectivos setores de 13,57%, 4,71% e 2,00%.

Na agropecuária as atividades de pesca e aqüicultura responderam por 78,05% do total,

especialmente concentrada na carcinicultura (74,78%). A agricultura participou com 21,95%, divididas

entre as culturas temporárias (15,92%), quase que exclusivamente com a venda de melão (15,64%); as

culturas permanentes contribuíram com 6,04%, principalmente com as culturas de banana (3,19%) e de

coco-da-baia (2,59%).

As saídas da indústria extrativa corresponderam a 35,31% do total, com a extração de petróleo

e gás e os serviços relacionados, representando 27,07%. Na indústria de transformação (64,69%) a

fabricação de produtos têxteis (29,62%), de confecção de artigos de vestuário (11,37%), preparação e

produção de artigos de couro (11,32%) e a fabricação de produtos alimentícios (9,18%) foram os

principais fornecedores do Rio de Janeiro.

Entre as atividades do comércio, o atacadista especializado em outros produtos (29,82%), de

produtos não alimentares (24,12%) e especializado em alimentos, bebida e fumo (22,83%), foram os

mais importantes nas vendas potiguares.

Page 35: Analise RN

35

Finalmente, as empresas do estado de Minas Gerais adquiriram R$ 181.141 mil da economia

do Rio Grande do Norte em 2006, concentradas principalmente na indústria (87,36%), seguida do

comércio (11,40%) e da agricultura (1,83%). A participação desse estado no total das saídas é muito

pequena, representando apenas 1,83% do total das vendas da agropecuária, 4,71% da indústria e 1,99%

do comércio.

Na agropecuária a agricultura concentrou 96,81% da demanda, sendo que as culturas

temporárias responderam por 50,26%, cabendo ao melão 45,36% do total. As culturas permanentes,

por sua vez participaram com 40,22%, concentradas principalmente no coco-da-baia (29,34%) e na

banana (7,72%).

Na indústria, a extrativa mineral respondeu por 27,80% das vendas à Minas Gerais, quase que

totalmente na produção e refino de sal marinho (26,63%). Na indústria de transformação (72,20%), a

indústria têxtil respondeu por 46,68% do movimento, a confecção de artigos de vestuário por 9,09%, a

produção de artigos de couro por 7,49% e a fabricação de produtos alimentícios por 7,22%.

Nas atividades do comércio, o comércio atacadista de produtos de extração mineral (exceto

combustíveis) respondeu por 54,09% do total das saídas, enquanto o comércio atacadista de

medicamentos e drogas de uso humano por outros 24,14%.

2.1.2.3. Saldo dos fluxos de comércio interestaduais do Rio Grande do Norte

O saldo da balança comercial do Rio Grande do Norte com seus principais parceiros comerciais

(Tab. 2.5) foi negativo em R$ 1.233.867 mil com o estado de São Paulo, devido aos resultados

negativos do comércio (R$ 1.607.150 mil) e da agropecuária (R$ 14.335 mil), compensados

parcialmente pelo superávit das transações das atividades industriais (R$ 387.618 mil). A indústria

extrativa mineral, entretanto apresentou resultado negativo de R$ 83.972 mil, devido às atividades de

extração de petróleo e gás (-R$ 155.084 mil), compensados em parte pela extração de minerais não-

metálicos (R$ 68.580 mil). O resultado positivo da indústria de transformação (R$ 471.590 mil) foi

obtido principalmente pelo saldo das transações da fabricação de produtos têxteis (R$ 348.865 mil), de

confecção de artigos de vestuário (R$ 92.613 mil), fabricação de produtos de borracha e material

plástico (R$ 78.024 mil) e fabricação de artefatos de couro (R$ 57.232 mil).

O saldo das transações com o estado de Pernambuco tem um perfil parecido com o paulista: o

resultado negativo de R$ 1.149.168 mil foi causado pelo déficit do comércio (-R$ 1.176.487 mil)

somado ao da agropecuária (-R$ 27.981 mil). Nas relações comerciais do setor industrial o resultado

também foi positivo (R$ 55.660 mil), proporcionados pela soma da indústria extrativa mineral (R$

11.893 mil) e da indústria de transformação (R$ 43.767 mil). Na primeira, as atividades relativas à

Page 36: Analise RN

36

extração de petróleo e gás e seus serviços apresentou resultado negativo em (-R$ 2.371 mil),

compensado pelo resultado positivo das atividades da indústria extrativa de minerais não-metálicos

(R$ 7.002 mil). Na indústria de transformação, o saldo positivo foi resultado principalmente da

fabricação de produtos têxteis (R$ 77.774 mil), produção de produtos derivados de petróleo e

biocombustíveis (R$ 21.012 mil), fabricação de produtos alimentícios (R$ 12.989 mil), preparação de

couro e fabricação de artigos de couro (R$ 2.388 mil). Os destaques negativos da indústria foram a

fabricação de bebidas (-R$ 36.178 mil) e confecções (-R$ 7.793 mil).

O saldo negativo observado nas relações comerciais com o estado do Ceará (-R$ 409.400 mil)

também foi motivado pelo déficit nas relações do comércio (-R$ 448.526 mil) e com a agropecuária (-

R$ 27.759 mil). O saldo positivo nas transações da indústria (R$ 66.885 mil), que compensaram

parcialmente o déficit dos demais setores deveu-se ao superávit da indústria extrativa (R$ 60.886 mil),

obtido principalmente devido à extração de petróleo e gás (R$ 48.400) e serviços relacionados (R$

9.772 mil). O pequeno saldo da indústria de transformação (R$ 6.019 mil) foi fruto de um grande

déficit apresentado nas relações da fabricação de produtos têxteis (-R$ 102.277 mil) e de confecções

de artigos do vestuário (-R$ 39.756 mil), compensados principalmente pelos resultados positivos da

fabricação de produtos alimentícios (R$ 60.593 mil), fabricação de produtos de minerais não-metálicos

(R$ 30.981 mil), fabricação de bebidas (R$ 26.785 mil), fabricação de artigos de borracha e de

material plástico (R$ 15.408 mil) e produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (R$ 8.473 mil).

O resultado negativo das transações comerciais com a Paraíba (-R$ 417.265 mil) também

ocorreu devido ao déficit nas atividades comerciais (-R$ 429.245 mil) e da agropecuária (-R$ 8.217

mil). Também aqui as relações industriais compensaram em parte os resultados negativos desses dois

setores (R$ 20.197 mil), devido ao superávit da indústria extrativa (R$ 54.972 mil) e o déficit

registrado no saldo da indústria de transformação (-R$ 34.775 mil). Esse resultado negativo foi

resultado dos déficits observados principalmente na fabricação de produtos têxteis (-R$ 41.754 mil),

preparação e fabricação de artigos de couro (-R$ 17.037 mil) e confecções de artigos de vestuário (-R$

8.589 mil), enquanto os superávits mais significativos foram obtidos na fabricação de produtos

alimentícios (R$ 22.565 mil), de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (R$ 17.204 mil), de

produtos de borracha e de material plástico (R$ 8.210 mil) e fabricação de móveis (R$ 1.899 mil).

Page 37: Analise RN

37

Tabela 2. 5 - Saldo das transações, por estado, das principais atividades econômicas e APLs do Rio Grande do Norte – 2006 (R$ MIL)

ATIVIDADE AL AM BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RS SC SE SP TO TOTAL

AGROPECUÁRIA, PESCA E AQÜICULTURA

-7.368 178 -4.666 -27.759 1.449 4 -3.984 479 -3.585 121 -473 -2.412 -8.217 -27.981 -7.615 -2.545 12.205 -3.272 -1.757 -330 -14.335 -2.100 -103.895

AGROPECUÁRIA, SERV. RELACIONADOS

-7.781 165 -5.712 -29.663 871 -146 -3.723 446 -3.559 86 -490 -2.567 -3.088 -31.245 -4.749 -2.850 824 -2.720 -881 -1.038 -13.224 -2.100 -113.076

AGRICULTURA -6.267 173 -982 -23.540 1.151 405 1.022 742 32 227 -24 119 -1.796 -21.328 -71 -620 1.416 -1.976 -315 -442 -5.907 0 -57.913

PROD DAS LAVOURAS TEMPORÁRIAS

-5.328 174 -967 -7.710 491 517 508 74 -725 321 -23 122 -2.222 -15.474 -81 -1.051 674 -262 -210 -472 131 0 -31.462

Fruticultura -1.506 174 -23 -8.009 505 484 691 31 262 64 98 172 -297 -4.505 -19 247 992 -208 -79 -138 8.860 0 -2.153

Cultivo De Melão -1.506 174 -23 -8.009 505 484 691 31 262 64 98 172 -297 -4.505 -19 247 992 -208 -79 -138 8.860 0 -2.153

Outros -3.821 0 -944 299 -14 33 -183 43 -986 257 -120 -51 -1.925 -10.968 -62 -1.298 -319 -54 -131 -334 -8.729 0 -29.309

HORTICULTURA E FLORICULTURA

-167 -1 -12 -49 0 -15 -3 0 -40 0 0 -1 -6 -270 -5 -64 -33 -31 -85 -9 -757 0 -1.548

PROD. DE LAVOURAS PERMANENTES

-670 0 1 -15.687 648 -96 607 181 690 80 -1 -19 438 -4.738 11 504 786 -1.415 16 59 -4.183 0 -22.770

Fruticultura -675 0 141 -15.369 648 -107 618 181 687 80 -1 -19 -71 -5.048 12 452 791 -1.478 -24 54 -4.038 0 -23.150

Cultivo De Banana -250 0 231 -12.737 0 109 20 -45 118 1 0 -17 14 -2.835 11 -193 387 -506 -24 74 -4.614 0 -20.255

Cultivo De Caju 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -11 -22 0 -33

Cultivo De Coco-Da-Baía 16 0 57 -134 1 46 619 227 583 78 1 2 -73 -703 1 723 381 2 0 -9 1.485 0 3.321

Cultivo De Mamão -402 0 -97 -1.056 647 -263 -2 34 -11 0 0 0 16 -637 0 -61 26 -19 0 0 -608 0 -2.434

Cultivo De Manga -38 0 -50 -1.443 0 0 -18 -36 -3 0 -2 -4 -28 -872 0 -16 -3 -956 0 0 -279 0 -3.748

Outros 5 0 -140 -318 0 12 -11 0 3 0 0 0 509 310 0 52 -5 63 39 5 -146 0 380

Prod. de sementes e mudas certificadas

-98 0 0 -20 12 0 0 488 121 -174 0 18 0 -635 4 9 0 -86 0 0 -210 0 -571

PECUÁRIA -1.488 -8 -4.686 -6.107 -281 -546 -4.744 -295 -3.532 -141 -466 -2.686 -1.307 -9.684 -4.669 -2.224 -592 -655 -565 -600 -7.254 -2.100 -54.628

Bovinocultura de corte -50 0 -49 -24 0 0 -32 0 0 -8 -15 -127 -15 -644 -147 -15 0 0 0 0 -183 -924 -2.233

Bovinocultura de leite -21 0 -169 -235 0 0 0 0 -16 0 -6 -108 -5 -88 -132 -3 0 0 0 -20 -56 0 -860

Caprinovinocultura 0 0 -224 -24 0 0 -1 0 -2 -3 -29 0 -8 -35 -280 0 0 -2 0 0 -58 -22 -686

Avicultura -2 -3 -2.206 -2.848 -173 0 -3.805 -14 -922 -116 -375 -95 1.468 -2.304 -3.511 -425 -161 -243 -54 -232 -2.098 -274 -18.391

Apicultura 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1 0 0 0 0 0 0 24 0 23

Outros -88 0 -86 -20 0 0 -103 0 -84 -5 -8 0 -355 -818 -171 0 0 0 0 -8 -128 0 -1.875

Ativ. De apoio à agricultura e a pecuária

-26 0 -44 -16 0 -5 -2 0 -59 0 0 0 14 -233 -9 -6 0 -89 -1 4 -63 0 -535

PESCA E AQÜICULTURA 414 13 1.046 1.904 579 149 -261 32 -26 35 17 155 -5.129 3.264 -2.866 305 11.380 -552 -876 708 -1.111 0 9.181

Aqüicultura e carcinicultura 447 13 963 -362 576 162 -214 32 -26 35 17 172 -5.164 -8.815 -2.866 256 10.988 -547 -778 475 -1.404 0 -6.038

Outros -33 0 83 2.266 2 -12 -46 0 0 0 0 -18 35 12.078 0 49 392 -5 -99 233 294 0 15.219

continua

Page 38: Analise RN

38

continuação

ATIVIDADE AL AM BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RS SC SE SP TO TOTAL

INDÚSTRIA 21.568 16.258 -110.486 66.885 5.572 -52.462 8.117 22.881 -80.918 4.918 -33.370 688 20.197 55.660 36.253 12.121 -20.236 -8.370 6.178 14.356 387.618 -14.108 373.190

IND. EXTRATIVAS 3.441 -594 -45.413 60.866 2.341 5.887 19.588 3.627 -32.959 6.008 13.509 7.733 54.972 11.893 2.218 2.020 -85.502 -3.191 -5.394 -2.879 -83.972 3.788 -55.853

EXTR. DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL

-309 566 -53.830 48.400 -3 -4.155 -641 -228 -67.063 -9 0 -8 50.178 -2.371 3 -2.823 -76.165 -8.748 -9.521 -4.755 -155.084 0 -286.510

EXTR. DE MINERAIS METÁLICOS

6 0 5 -21 2 3 -6 0 -825 0 0 0 385 5.815 0 0 -6 0 -35 0 4.001 0 9.325

EXTR. DE MINERAIS NÃO-METÁLICOS

1.898 2.731 10.186 2.715 2.346 11.476 20.376 3.855 35.097 6.017 13.509 7.708 5.015 7.002 2.215 4.884 11.180 5.807 4.046 2.624 68.581 3.788 239.181

Extr. e refino de sal 1.841 2.733 10.274 911 2.346 5.647 19.326 3.718 35.487 6.017 13.509 7.702 259 1.997 2.203 4.678 11.378 5.609 606 2.243 65.410 3.788 213.808

Outros 57 -2 -88 1.804 0 5.830 1.049 137 -391 0 0 6 4.756 5.005 12 206 -198 198 3.440 381 3.171 0 25.374

ATIV. DE APOIO À EXTR. DE MINERAIS

1.846 -3.892 -1.775 9.772 -4 -1.437 -140 0 -167 0 0 33 -606 1.447 0 -40 -20.511 -250 116 -747 -1.470 0 -17.849

IND. DE TRANSFORMAÇÃO 18.127 16.852 -65.073 6.019 3.231 -58.349 -11.472 19.253 -47.960 -1.090 -46.879 -7.045 -34.775 43.767 34.035 10.101 65.266 -5.179 11.572 17.235 471.590 -17.896 429.043

FABR. DE PROD. ALIMENTÍCI

15.455 2.147 -4.443 60.593 1.332 -61.806 -6.416 7.104 -71.409 171 -2.679 -17.887 22.565 12.989 29.201 -13.539 10.672 -1.731 -7.467 5.216 -44.260 -18.796 -81.531

FABR. DE BEBIDAS -2.739 -1.497 -3.697 26.785 -47 -28 -5.772 255 -3.174 -46 -18 -98 -22.316 -36.178 444 -449 -105 -1.643 -1.030 57 -6.281 0 -57.556

FABR. DE PROD. TÊXTEIS -1.509 5.353 -49.191 -102.277 -273 5.687 -1.912 1.315 16.602 960 -43.866 5.255 -41.754 77.774 -89 24.270 30.952 15.401 31.856 9.111 348.865 919 336.560

CONF DE ART. DO VESTUÁRIO E ACES

-447 7.053 3.017 -39.756 1.237 387 4.774 1.486 3.045 -2.232 2.240 2.438 -8.589 -7.793 598 5.337 13.879 3.501 -8.395 464 92.613 687 77.596

Textil / Confecções -6.497 7.160 -32.309 -140.446 -861 4.183 -15 348 13.250 -2.500 -45.198 2.044 -26.147 51.030 40 25.490 20.062 7.650 24.459 10.305 326.578 667 241.042

Outros 4.541 5.246 -13.866 -1.588 1.824 1.891 2.877 2.453 6.397 1.229 3.571 5.649 -24.197 18.950 468 4.117 24.769 11.253 -998 -730 114.900 939 173.114

PREP. COUROS E FABR. ARTEF. DE COURO, ETC.

1.641 1.175 4.412 1.894 119 81 4 1.341 10.053 57 41 3.232 -17.037 2.388 980 -90 15.710 -13.783 -124 783 57.232 4 70.347

FABR. DE CELULOSE, PAPEL ETC.

-66 0 -26 4.297 1 5 -6 -5 51 0 3 115 2.871 377 30 -1.474 -156 -21 -90 502 -2.540 0 3.873

FABR. DE PROD. DER.PETRÓLEO E DE BIOCOMB.

-2.805 0 -1.029 8.473 0 -9 -2.959 722 -349 0 0 90 17.204 21.012 9 -162 -2.803 -422 -165 -2.944 -6.575 0 27.286

FABR. DE PROD. QUÍMICOS 678 105 808 3.301 -39 -302 -688 -11 -890 -1 0 -1.266 546 -6.534 91 -203 607 -806 -392 972 -11.234 -776 -15.518

FABR.PROD. BORRACHA E DE MAT. PLÁSTICO

-399 937 -14.657 15.408 951 272 1.760 2.399 451 -17 -2.635 860 8.210 -6.003 1.709 395 -654 -1.538 -296 1.339 78.024 53 86.868

FABR. DE PROD. DE MINERAIS NÃO-METÁL.

7.647 1.699 2.023 30.981 14 -2.211 -31 3.913 -1.249 -7 2 95 636 -690 750 -712 -904 -1.703 -941 1.412 -8.288 7 32.447

FABR. DE PROD. DE METAL 32 -19 -1.327 -31 26 12 13 125 -36 0 36 1.002 1 -5.694 2 -166 41 -47 -213 370 -2.814 3 -8.682

FABR. DE MÁQUINAS E EQUIP.

178 4 -332 -474 0 -42 0 6 1 0 0 124 180 -957 35 -94 65 -61 -48 204 -7.147 0 -8.350

FABR. DE MÓVEIS 134 -14 -249 -1.447 0 -122 -9 -193 -508 -15 -1 -584 1.899 -2.217 -251 -1.797 -123 -1.514 -606 125 -4.175 0 -11.668

MANUT., REPAR. E INSTAL. DE MÁQ. E EQUIP.

5 -6 -473 -218 -88 -13 -9 9 -179 0 -1 -55 -99 -698 3 -461 -406 -77 -127 -1.185 -3.216 0 -7.300

OUTRAS ATIV. INDUSTRIAIS 322 -83 90 -1.507 -2 -259 -221 786 -368 40 0 -365 908 -4.008 525 -754 -1.510 -737 -392 806 -8.616 3 -15.328

COMÉRCIO -52.845 -157.880 -218.761 -448.526 -29.691 -47.034 -176.982 -30.857 -296.489 -11.667 -14.313 -82.360 -429.245 -1.176.847 12.359 -191.196 -196.562 -227.115 -165.210 151 -1.607.150 -21.779 -5.568.914

COM. E REP. DE VEÍCULOS AUT. MOTOC.

82 -109.385 -95.426 -19.302 -806 -10.971 -41.243 -170 -145.763 -350 -275 -124 -8.258 -51.511 -511 -69.087 -44.435 -82.052 -3.852 -78 -377.612 2 -1.061.142

COM. POR ATACADO -64.063 -11.553 -45.636 -175.120 -17.816 -12.314 -90.011 -34.489 -71.477 -397 -9.599 -77.166 -153.206 -442.868 -4.076 -50.581 -72.235 -59.179 -39.759 -10.457 -556.478 -12.032 -2.008.692

COM. VAREJISTA 11.135 -36.943 -77.699 -254.103 -11.069 -23.750 -45.728 3.801 -79.249 -10.920 -4.438 -5.070 -267.781 -682.468 16.945 -71.528 -79.892 -85.884 -121.599 10.685 -673.061 -9.749 -2.499.080

TOTAL -38.645 -141.444 -333.914 -409.400 -22.670 -99.492 -172.849 -7.498 -380.993 -6.629 -48.156 -84.084 -417.265 -1.149.168 40.996 -181.620 -204.593 -238.757 -160.789 14.177 -1.233.867 -37.986 -5.299.619

Fonte: SET/Elaboração própria

Page 39: Analise RN

39

As transações com o estado da Bahia foram negativas nos três setores econômicos:

agropecuária (-R$ 4.666 mil), indústria (-R$ 110.486 mil) e comércio (-R$ 218.761 mil), resultando no

déficit total de R$ 333.914 mil. No caso da indústria, tanto a indústria extrativa (-R$ 45.413 mil)

quanto a de transformação (-R$ 65.073 mil) mostraram-se deficitárias. As atividades relacionadas à

extração de petróleo e gás e atividades de apoio, somadas, apresentaram saldo negativo de R$ 55.605

mil, parcialmente compensadas pela extração de minerais não-metálicos (R$ 10.186 mil). Na indústria

de transformação a fabricação de produtos têxteis (-R$ 49.191 mil), seguida da fabricação de produtos

alimentícios (-R$ 4.443 mil), bebidas (-R$ 3.697 mil), fabricação de produtos de borracha e material

plástico (-R$ 1.327 mil) e fabricação de derivados de petróleo e biocombustíveis (-R$ 1.029 mil),

tiveram seus resultados negativos parcialmente compensados pelas atividades de fabricação de

produtos de couro (R$ 4.412 mil), fabricação de artigos de vestuário (R$ 3.017 mil) e de produtos de

minerais não-metálicos (R$ 2.023 mil).

O resultado negativo das transações com o estado de Minas Gerais (-R$ 380.993 mil) também

resultaram de déficits registrados nos três setores: comércio (-R$ 296.489 mil), indústria (-R$ 80.918

mil) e agropecuária (-R$ 3.586 mil). A exploração e produção de petróleo e gás e suas atividades foi a

principal fonte dos resultados negativos (-R$ 67.230 mil), compensados em parte pelo resultado

positivo da extração de minerais não-metálicos (R$ 35.091 mil) resultando em R$ 32.959 mil de

déficit da indústria extrativa. Na indústria de transformação o resultado negativo de R$ 47.960 mil foi

causado pelo déficit na fabricação de produtos alimentícios (-R$ 71.409 mil) e de bebidas (-R$ 3.174

mil), parcialmente compensadas pela fabricação de produtos têxteis (R$ 16.602 mil), de preparação e

fabricação de artigos de couro (R$ 10.053 mil) e de confecções (R$ 3.045 mil). No comércio, o

principal responsável pelo déficit foi o comércio e reparação de veículos (-R$ 145.763).

Finalmente, no saldo das transações com o estado do Rio de Janeiro (-R$ 204.593 mil) o

comércio também foi a principal fonte do déficit (-R$ 196.562 mil), seguida da indústria (-R$ 20.236

mil) e com pequeno resultado positivo da agropecuária (R$ 12.205 mil). A indústria extrativa

apresentou expressivo resultado negativo (-R$ 85.502 mil), devido ao déficit de R$ 76.165 mil na

extração de petróleo e gás e de R$ 20.511 mil nas atividades de apoio à indústria extrativa,

compensado parcialmente pelo resultado positivo de R$ 11.180 mil em minerais não-metálicos. A

indústria de transformação apresentou resultado positivo (R$ 65.266 mil) devido aos resultados da

fabricação de produtos têxteis (R$ 30.952 mil), preparação e fabricação de artigos de couro (R$ 15.710

mil), fabricação de artigos do vestuário (R$ 13.879 mil) e fabricação de produtos alimentícios (R$

10.672 mil).

Page 40: Analise RN

40

2.1.2.4. Participação das atividades econômicas no fluxo de comércio interestadual

A participação desproporcional do comércio nas transações interestaduais do Rio Grande do

Norte causa um desvio significativo na avaliação do peso relativo das demais atividades econômicas

nos fluxos de entrada e saída e nos respectivos saldos. Assim, neste item avalia-se a contribuição

individual das atividades em relação ao resultado total dos fluxos do estado e ao seu próprio grupo. Os

resultados estão baseados na inspeção dos dados desagregados ao nível de atividades e interpretados a

partir do conhecimento tácito dos pesquisadores.

As atividades da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aqüicultura, inclusive as

atividades de comércio e a prestação de serviços a elas relacionados, denominadas aqui como setor

primário, responderam por 2,29% (R$ 212.555 mil) do total das entradas do estado, 2,73% (R$

108.660 mil) das saídas e 1,33% do saldo negativo (-R$ 103.895 mil) das transações interestaduais.

Nesse grupo encontram-se atividades com diferentes formas e graus de inserção no mercado local,

nacional e internacional.

As atividades da agricultura foram responsáveis por 1,09% do total das entradas no estado (R$

101.863 mil) e por 47,92% do setor primário; sua participação nas saídas totais (1,09% ou R$ 43.950

mil) correspondeu a 40,45% do total das vendas, resultando em saldo negativo de R$ 57.913 mil que

corresponde a 1,09% do déficit total do estado e 51,22% do total da agropecuária.

Nesse grupo, as lavouras temporárias (-R$ 31.462) responderam por 57,40% do saldo negativo

da agricultura, provocado principalmente por outras culturas temporárias, na qual se destaca a cultura

de cana-de-açúcar. Entre as culturas permanentes, o déficit de R$ 22.770 mil (39,32% da agricultura)

foi provocado pela fruticultura (- R$ 23.150 mil), em parte compensada por outras culturas (R$ 380

mil.). Entre os produtos da fruticultura apenas o coco-da-baía apresentou resultado positivo (R$ 3.321

mil) nas relações interestaduais. Assim, o déficit das culturas de frutas foi responsável por apenas

0,48% do déficit total do estado e por 46,69% do déficit da agricultura.

Deve ser ressaltado que as transações captadas pela base de dados utilizada restringem-se

praticamente às culturas “comerciais”, uma vez que a produção de alimentos é quase que totalmente

comercializada no próprio estado. Além disso, as culturas comerciais consomem a maior parte dos

insumos utilizados na agricultura, dado o estágio tecnológico e a forma de produção de alimentos no

estado. Portanto, é possível creditar a quase totalidade do déficit agrícola ao segmento de produção de

frutas e de cana-de-açúcar que, como se viu anteriormente, representam mais da metade do valor da

produção do estado. O resultado negativo apresentado pela agricultura nas transações interestaduais

deverá ser revertido quando consideradas as transações internacionais, uma vez que a produção das

Page 41: Analise RN

41

principais lavouras (melão, banana, castanha de caju, parte do mamão e da manga) são destinadas ao

mercado internacional.

A pecuária respondeu por 0,67% do total das compras (R$ 60.511 mil) do Rio Grande do Norte

e por 37,07% do total da agropecuária. Suas vendas somaram apenas R$ 5.883 mil, representando

0,15% do total das saídas e 5,45% das vendas da agropecuária. O saldo negativo (R$ 54.628 mil)

contribuiu com 1,03% do déficit total e 52,58% do setor primário. É evidente a diferença de perfil das

atividades da pecuária em relação à agricultura, especialmente quando se verifica o pequeno valor de

suas vendas interestaduais. A classificação de risco desconhecido para a febre aftosa no estado

restringia as transações interestaduais, resultando na inexistência de registros de saída para a

bovinocultura e valores muito baixos na caprinovinocultura. Na composição das despesas do setor,

metade de suas aquisições (R$ 30.606 mil) corresponde à compra de animais vivos, mas especialmente

de alimentos e medicamentos veterinários no comércio local.

As compras da avicultura (R$ 24.245 milhões) responderam por 14,85% do total das entradas

da agropecuária e por 40,07% do total de aquisições da pecuária. Suas vendas representaram 11,73%

da agropecuária e 100,00% da pecuária, sendo, portanto, a única atividade do segmento cujas

transações ultrapassam os limites do estado, principalmente pela venda de ovos. O saldo de suas

transações, entretanto, é negativo (-R$ 18.391 mil), colaborando em 16,26% para o déficit da

agropecuária e 33,67% do total da pecuária. A análise dos dados correspondentes às entradas revela

que do total das compras destinadas à atividade, 42,5% destinaram-se às empresas produtoras de ovos,

27,44% aos criadores de frango para corte e 16,5% para as empresas especializadas em pintos de um

dia. Tal distribuição sugere que o principal componente do déficit dessa atividade é a compra de

insumos para a criação e, mais especificamente, de ração.

As atividades de pesca e aqüicultura adquiriram R$ 49.331 mil dos demais estados, o que

representou 0,53% das compras totais e 23,21% das atividades do setor primário. Sua composição

revela que a aqüicultura respondeu por 87,64% do total, cabendo à pesca os 14,10% restantes. As

vendas totais (R$ 58.512 mil) tiveram participação mais significativa (1,47%) em relação ao total e ao

setor (53,85%), sendo que a pesca respondeu por 36,43% e a aqüicultura por 63,57% do valor vendido.

O resultado positivo dessas atividades (R$ 9.181 mil) foi, portanto, a soma do saldo negativo (-R$

6.038 mil) da carcinicultura e o resultado positivo (R$ 15.219 mil) nas transações com produtos da

pesca de peixes de água salgada.

O superávit da aqüicultura e pesca deverá se tornar mais expressivo com a incorporação dos

resultados do comércio internacional, uma vez que grande parte da produção de camarão e da pesca

em alto mar tem como destino o mercado internacional. Quanto ao conteúdo das entradas, o fato do

Rio Grande do Norte ser auto-suficiente em todos os elos da cadeia produtiva da carcinicultura, com

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42

exceção da produção de ração, sugere que as entradas sejam constituídas pela compra de alimentos

para a criação de camarão em viveiros.

A indústria, agregando as atividades extrativas e de transformação, adquiriu dos demais estados

da federação R$ 2.580.871 mil em 2006, correspondendo a 27,82% do total das compras do estado. A

indústria extrativa, com aquisições no valor de R$ 627.846 mil, contribuiu com 6,77% do total e

24,33% da indústria, enquanto a indústria de transformação (R$ 1.953.025 mil) participou com 21,06%

do total e 75,67% da indústria. As vendas da indústria somaram R$ 2.954.061 mil, representando

74,32% do total das saídas do estado. A indústria extrativa, com vendas de R$ 571.992 mil, colaborou

com 14,39% do total e 19,36% da indústria. A indústria de transformação (R$ 2.382.069 mil), por sua

vez, respondeu por 59,93% do total e 80,64% das saídas da indústria.

O superávit da indústria (R$ 373.190 mil) nas transações interestaduais reduziu o déficit total

do estado. A indústria extrativa mineral, entretanto, apresentou resultado negativo de R$ 55.853 mil,

participando com 1,05% do déficit estadual. O resultado negativo dessa indústria deveu-se à

exploração de petróleo e gás natural e dos serviços a ela relacionados (-R$ 303.999 mil),

correspondente a 5,74% do total do estado. Esse resultado, entretanto, deve ser visto com reservas

devido às características da base de dados utilizada.

As atividades da extrativa de minerais não-metálicos (saldo positivo de R$ 239.181 mil),

especialmente a produção e refino de sal marinho (R$ 213.808 mil), contribuíram de forma decisiva

para a redução do déficit da indústria. A extração de sal, pela natureza de seu processo produtivo, torna

o valor das saídas (R$ 268.338 mil) proporcionalmente muito maior que o das entradas (R$ 54.530

mil), resultando no elevado saldo comercial.

As atividades da indústria de transformação foram altamente positivas (R$ 429.043 mil),

especialmente devido ao resultado da fabricação de produtos têxteis (R$ 336.560 mil), confecção de

artigos do vestuário (R$ 77.596 mil), preparação de couro e fabricação de artefatos de couro (R$

70.347 mil), fabricação de coque, de produtos derivados de petróleo e de biocombustíveis (R$ 27.286

mil), fabricação de produtos de borracha e de material plástico (R$ 86.868 mil) e fabricação de

produtos de minerais não-metálicos (R$ 32.447 mil). A fabricação de produtos alimentícios (-R$

81.531) e de bebidas (-R$ 57.556 mil) e a fabricação de produtos químicos (-R$ 15.518 mil) foram os

destaques negativos da indústria de transformação.

As principais empresas dedicadas à fabricação de produtos têxteis instaladas no Rio Grande do

Norte, como dito anteriormente, são unidades pertencentes a grupos nacionais que possuem filiais

espalhadas por vários estados da região e no sul/sudeste do país. As maiores são integradas,

incorporando desde o beneficiamento das fibras até a produção e o acabamento de tecidos. Há também

um número razoável de empresas dedicadas à produção de tecidos de malha e ao acabamento de fios e

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43

tecidos. Isso explica a composição das entradas e saídas observadas através do resultado dos diferentes

segmentos da indústria. O valor das entradas totais (R$ 637.867 mil) correspondeu a 6,88% das

compras totais do estado e a 32,66% da indústria de transformação, enquanto que as saídas, no valor de

R$ 974.427 mil representaram 24,51% e 40,91%, respectivamente. Os segmentos que mais

contribuíram para o saldo positivo da indústria foram a fabricação de artefatos têxteis para uso

doméstico (46,95%), a fabricação de linhas para costurar e bordar (32,76%) e a tecelagem de fibras

têxteis naturais, exceto algodão (17,67%).

A indústria de confecção adquiriu R$ 212.627 mil (2,29% do total e 10,89% da indústria de

transformação) enquanto as saídas somaram R$ 290.222 mil (7,30% e 12,18%, respectivamente). Os

principais segmentos na constituição do saldo positivo foram os de confecção de peças de vestuário

sob medida (65,09%) e fabricação de artigos do vestuário, produtos em malharia e tricotagem

(16,59%).

A preparação de couros e fabricação de artefatos de couro efetuou aquisições no valor de R$

70.873 mil, correspondendo à pequena participação nas entradas totais (0,76%) e da indústria (3,63%).

Sua participação nas saídas (R$ 141.220 mil), entretanto, foi mais significativa (3,55% e 14,49%).

Nessa indústria o segmento de fabricação de calçados de materiais não especificados anteriormente

responde pela quase totalidade das entradas, saídas e, conseqüentemente, pelo saldo positivo.

As entradas da indústria de fabricação de derivados de petróleo e de biocombustíveis registrou

entradas de R$ 35.390 mil, contribuindo com 0,38% do total e 1,81% das aquisições da indústria de

transformação. As saídas (R$ 62.676 mil) representaram 1,58% do total das vendas do estado e 2,63%

da indústria de transformação. Entre as atividades dessa indústria destaca-se a produção de álcool,

comercializado principalmente com os estados vizinhos, como registrados no item anterior.

O peso das compras da fabricação de produtos de borracha e de material plástico (R$ 154.542

mil) foi de 1,67% no total do estado e de 7,91% na indústria de transformação. Suas vendas (R$

241.411 mil) representaram 6,07% das vendas totais e 10,13% da indústria de transformação. A

fabricação de laminados planos e tubulares de material plástico e a fabricação de embalagens de

material plástico são os principais produtos desse segmento.

Finalmente, entre os resultados positivos mais expressivos da indústria de transformação, a

fabricação de produtos de minerais não metálicos adquiriu R$ 44.402 mil (0,48% do total e 2,27% das

entradas da indústria de transformação) e vendeu R$ 76.848 mil (1,93% e 3,23%, respectivamente). A

fabricação de cimento, de artefatos de cerâmica e barro cozido para uso na construção e a fabricação

de cal e gesso são as principais atividades dessa indústria no estado.

Page 44: Analise RN

44

O maior saldo negativo nos fluxos de comércio da indústria de transformação foi registrado na

fabricação de produtos alimentícios. O peso dessa indústria é significativo nas compras (R$ 566.444

mil) do estado, correspondendo a 6,11% do total e a 29,00% da indústria de transformação. O valor

das saídas também é elevado (R$ 484.913 mil), participando com 12,20% do total e 20,36% da

indústria. Entre seus segmentos as principais contribuições para o resultado negativo vieram de

atividades cujo foco é principalmente o mercado interno, como a torrefação e moagem de café, a

fabricação de massas alimentícias, abate de animais e fabricação de produtos de carne e a fabricação

de alimentos para animais. Entretanto, alguns segmentos apresentaram resultados positivos: a

fabricação de alimentos e pratos prontos, de açúcar em bruto, moagem de trigo e fabricação de

derivados e a preservação de peixes, crustáceos e moluscos.

O saldo negativo da indústria de bebidas derivou de um total de entradas no valor de R$ 96.494

mil (1,04% do total e 4,94% da indústria de transformação) e de vendas que atingiram R$ 38.938 mil

(0,93% e 1,63%, respectivamente), provocado principalmente pelo segmento de fabricação de cervejas

e chopes. Finalmente, a indústria de produtos químicos registrou um valor de R$ 45.549 mil de

aquisições (0,49% do total e 2,33% da indústria de transformação) e saídas de R$ 30.030 mil (0,76% e

1,26%, respectivamente). Quase a totalidade dos segmentos dessa indústria apresenta resultados

negativos, principalmente a fabricação de sabões e detergentes sintéticos, de tintas, vernizes, esmaltes

e lacas, de produtos químicos orgânicos e de cosméticos, perfumes e produtos de higiene pessoal.

Os fluxos de transações das atividades de comércio, como salientado anteriormente, foram os

principais determinantes do resultado negativo da balança comercial do estado. O valor total das

aquisições atingiu R$ 6.481.080 mil, representando 69,80% do total das compras do estado, enquanto

as vendas somaram apenas R$ 912.166 mil, 4,32% do total das saídas registradas em 2006. Esse

resultado confirma o fato de que as atividades comerciais estão restritas quase que exclusivamente ao

mercado estadual.

Na composição das atividades comerciais, o comércio e reparação de veículos automotores,

com entradas no valor de R$ 1.073.854 mil representaram 16,57% do total de suas compras, enquanto

as vendas alcançaram R$ 12.712 mil, apenas 5,90% do total das saídas do comércio. Os comércios

atacadistas e varejistas apresentaram quadros semelhantes. O primeiro adquiriu R$ 2.433.313 mil

(37,54% do total) e vendeu R$ 424.621 mil (54,76% do comércio) gerando um déficit de R$ 2.008.692

mil. O comércio varejista, por sua vez adquiriu R$ 2.973.913 mil (45,89%) e vendeu R$ 474.833 mil,

com déficit de R$ 2.499.080 mil.

O maior peso nas aquisições do comércio atacadista foram os dos segmentos especializados em

alimentos, bebidas e fumo, com 37,67% do total do comércio atacadista, seguido pelo comércio

atacadista não especializado (23,95%), concentrado no segmento com predominância em produtos

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45

alimentares, o comércio atacadista de consumo não alimentar (23,09%), o comércio especializado em

outros produtos (6,60%) e o comércio atacadista de máquinas e equipamentos agropecuários (6,45%).

No comércio varejista, as aquisições foram concentradas principalmente no comércio de produtos

novos não especificados anteriormente com 29,25% do segmento, no qual predominou os artigos de

vestuário e acessórios (17,41%), o comércio varejista não especializado, onde se concentram as

compras dos hipermercados, supermercados e mercadinhos (28,40%). Os produtos de informática,

comunicação e equipamentos eletroeletrônicos e de uso doméstico (17,96%) - onde os

eletrodomésticos (6,67%), móveis (4,86%) e informática e suprimentos (3,37%) são os principais

segmentos -, e o comércio varejista de materiais de construção (10,15%).

As vendas do comércio varejista estão concentradas no comércio de artigos do vestuário

(83,73%). No comércio atacadista há um grau maior de diversificação: o comércio especializado em

outros produtos detém 37,83% do total das vendas, sendo predominante o comércio atacadista de

produtos de extração mineral, exceto combustíveis (15,03%), o de gás liquefeito de petróleo (7,55%) e

o de produtos químicos e petroquímicos não especificados (6,47%). O atacadista especializado em

produtos alimentícios, bebidas e fumo (34,30%) e o de produtos não alimentares (19,77%), completam

os mais significativos.

2.2. Fluxo de comércio internacional do estado do Rio Grande do Norte

Para atingir o objetivo principal - estabelecer o valor total dos fluxos de comércio e estabelecer

o saldo da balança comercial global do estado -, depois de examinados os fluxos interestaduais, resta

analisar os fluxos de comércio internacional.

Primeiramente foram examinados os fluxos de exportações e importações do Rio Grande do

Norte no período recente, estabelecendo-se seu peso em relação às exportações nordestina e nacional,

assim como as alterações na composição das pautas nesse período como forma de avaliar o grau de

aderência entre a estrutura econômica estadual e o conteúdo das exportações e importações. Assim,

primeiramente contextualiza-se a balança comercial do estado e depois se analisa o conteúdo dos

fluxos, por atividade, no ano de 2006.

O fluxo do comércio estadual com o resto do mundo (RM) é registrado na balança comercial,

onde as exportações (XRM) e importações (MRM) são contabilizadas. Os dados relativos a esses fluxos

foram obtidos no sitio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC)

(www.mdic.gov.br), através do sistema Aliceweb13. Foram extraídos os valores, em US$, no conceito

FOB, das mercadorias exportadas e importadas pelo estado e, com eles, determinado o saldo da

13 Os dados para todo o período analisado estão disponíveis no endereço http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/.

Page 46: Analise RN

46

balança comercial. Também foram obtidos os resultados da balança comercial brasileira e nordestina

no período recente. Os dados correspondentes a essas últimas compõem parte do anexo estatístico do

relatório.

Refletindo o tamanho da economia local e sua pauta de exportação, constituída por

commodities de baixo valor agregado, constata-se que a participação do estado no valor total das

exportações brasileira é pequena. Recuando à década passada, verifica-se que em 1990 a participação

potiguar nas exportações do país foi de 0,28%, praticamente a mesma observada em 2006 (0,27%).

Nesse período, a participação do estado não apresentou tendência definida. Entre esses limites, a

menor participação ocorreu em 1995 (0,17%) e a maior em 2004 (0,59%). Em relação ao Nordeste,

entretanto, o estado apresentou um relativo crescimento, passando de 2,93% no primeiro ano da série

para 3,20% no último, com pico de 7,14% em 2004.14

No fluxo de importações, composto em grande parte por insumos para a indústria de alimentos

e máquinas e equipamentos, observou-se comportamento um pouco diferente. Embora com peso ainda

menos expressivo que o registrado nas importações, pode-se observar ligeiro crescimento na

participação, elevando-se de 0,11% do total importado pelo país em 1990, para 0,14%, em 2006, com

pico de 0,35% em 2003.

Pode-se concluir, portanto que a evolução da balança comercial do estado, considerando seu

peso na balança comercial brasileira, foi satisfatória: a taxa geométrica média de crescimento das

exportações locais entre os anos de 1990 e 2006 foi de 8,8% a.a., enquanto a média nacional foi de

9,9% a.a. As importações locais, por outro lado, cresceram mais que as do país (11,1% a.a. e 9,1% a.a.,

respectivamente). Com isso, o crescimento do saldo norte-rio-grandense (7,8% a.a.) foi menor que o

brasileiro (9,1% a.a.). Em relação ao Nordeste, entretanto, os resultados foram mais expressivos, uma

vez que a taxa média geométrica de crescimento regional foi de 8,2% a.a. nas exportações e de 11,1%

a.a. nas importações, refletindo em crescimento de 3,4% a.a. no saldo comercial.

O exame do valor corrente das relações comerciais do estado com o resto do mundo revela

expressivo crescimento entre 1990 e 2006. As exportações cresceram 318,93% no período, passando

de US$ 88.800 mil para US$ 372.011 mil. As importações, por sua vez, cresceram 495,96%,

aumentando de US$ 21.889 mil para US$ 130.450 mil. Como resultado, o saldo da balança comercial

também cresceu (261,02%), passando de US$ 66.911 mil para US$ 241.560 mil. Considerando os

valores de pico, verifica-se que o maior valor das exportações ocorreu em 2004 (US$ 573.603 mil) e o

das importações em 2003 (US$ 168.563 mil), enquanto o maior saldo ocorreu em 2004 (US$ 434.117),

como conseqüência da expansão das exportações naquele ano.

14 O desempenho acima da média histórica das exportações no ano de 2004 se deveu a exportação elevada de petróleo bruto registrada naquele ano.

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47

A composição da pauta de exportação do estado alterou-se significativamente quando

observamos um período de tempo mais amplo, acompanhando as mudanças ocorridas na sua estrutura

econômica. Em meados dos anos 1980 os produtos mais exportados concentravam-se, pelo peso na

pauta, nos seguintes grupos: peixes e crustáceos; frutas, cascas de cítricos e melões; algodão e

gorduras, óleos, ceras, animais e vegetais. Nos anos 1990, mais da metade da pauta exportadora

concentrou-se basicamente em dois segmentos: frutas, cascas de cítricos e melões e açúcares e

produtos de confeitaria. Os demais produtos presentes na pauta eram: peles e couros; peixes e

crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos; o algodão; o sal, enxofre, terras e pedras, gesso,

cal e cimento; as gorduras, óleos e ceras animais ou vegetais.

A partir de 2000, os produtos de maior peso nas exportações passaram a ser as frutas, cascas de

cítricos e de melões; combustíveis minerais, óleos minerais, ceras minerais; peixes e crustáceos,

moluscos e outros invertebrados aquáticos; açúcares e produtos de confeitaria; vestuários e seus

acessórios de malha; sal, enxofre, terras e pedras, gesso, cal e cimento; bebidas, líquidos alcoólicos e

vinagres; gorduras, óleos e ceras animais ou vegetais; e outros artefatos têxteis confeccionados.

Neste último período o segmento mais expressivo da pauta foi a fruticultura, com participação

média de 29,7%. Em seguida, estão os peixes e crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos

com uma participação média de 21,5%; os combustíveis, óleos e ceras minerais com 15,7%; os

açúcares e produtos de confeitaria com 9,6%; vestuário e seus acessórios de malha com 8,9%; sal,

enxofre, terras e pedras, gesso, cal e cimento com 3,8%; as bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres com

1,5%; as gorduras, óleos e ceras animais ou vegetais com 1,3%; e, artefatos têxteis confeccionados

sortidos com 1,0%. Os demais produtos tiveram uma participação média de menos de 1,0% e

representavam cerca de 4,7% do total dos produtos exportados do estado.

A pauta de importações do Rio Grande do Norte, nos primeiros anos da presente década revela

um grau de diversificação maior que o apresentado pelas exportações. Na sua composição observa-se o

predomínio das compras das indústrias têxtil e de vestuário, representado pelas aquisições de máquinas

e equipamentos (registradas na seção de reatores nucleares, caldeiras, máquinas etc.) e na importação

de algodão, filamentos e fibras sintéticas. Considerando que a parte mais significativa da importação

de máquinas e equipamentos destinou-se aos investimentos nessas indústrias, a participação da soma

do valor das importações dessas mercadorias variou de 42,3% do total das importações em 2000, com

pico de 54,2% em 2004, caindo para 39,95% em 2006.

Considerando a participação média do período, os demais setores de destaque na importação do

estado foram: máquinas, aparelhos e material elétricos (13,9%); cereais (13,3%); material de plástico e

suas obras (8,4%); instrumentos e aparelhos de ópticas, fotografias (5,3%); papel e cartão, obras de

pastas de celulose, de papel, etc. (3,9%); obras de ferro fundido, ferro ou aço (2,4%) e os produtos da

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indústria de moagem, malte, amidos (1,2%). Os demais produtos importados apresentaram níveis de

participação menor que 1,0% e juntos somaram uma participação média de 12,5%.

Se a composição da pauta balança comercial das relações com o resto do mundo refletiu as

mudanças ocorridas na estrutura econômica do estado, os impactos das mudanças na política

econômica podem ser inferidos através da observação do comportamento das exportações e

importações ao longo desse período. Em ambos os lados da balança, a política cambial provocou

oscilações significativas. No início da década de 1990, a balança comercial do estado, assim como

ocorreu em nível nacional, sofreu o impacto da abertura comercial. No período de 1995 a 1997, a

implantação do Plano Real, baseado na “âncora” cambial, reduziu a expansão das exportações e

induziu o aumento das importações, provocando o único período em que o saldo da balança comercial

do estado foi negativo. Entre 1998 e 2004 há um aumento gradativo do valor das exportações,

enquanto as importações crescem a taxas menores. Finalmente, nos dois últimos anos, verificou-se

redução do valor das exportações e o crescimento das importações. Como a pauta de exportações do

estado, baseada em commodities agrícolas e em produtos industrializados de consumo, tem como

principal determinante da competitividade o preço, a taxa de câmbio é fundamental em sua formação.

2.2.1. Composição da balança comercial em 2006

Para estabelecer o saldo da participação no comércio internacional das principais atividades

econômicas e dos APLs identificados e apoiados foram adotados alguns procedimentos para

estabelecer a origem das exportações e o setor demandante das importações sobre as mercadorias da

pauta registrada no ano de 2006.

As informações do comércio internacional são classificadas através da Nomenclatura Comum

do Mercosul (NCM), e para transformá-las nas atividades segundo os códigos da CNAE 2.0 foi

aplicado o tradutor15 apropriado. Os valores em dólares (US$ FOB) foram convertidos em reais pelo

valor do câmbio médio do ano de 200616. Esse procedimento permite que se conheçam as atividades

que originaram as exportações. Para identificar os setores demandantes das importações, entretanto,

utilizou-se a descrição das mercadorias, informações obtidas em outras fontes e também se recorreu a

consultores especializados para imputar os valores às respectivas atividades. Entretanto, não foi

15O tradutor está disponível em http://www.ibge.gov.br/concla/pub/ArquivosAtualizacao/NCM2007XCNAE(1.0e2.0) XProd(2006e2007)XBEC.xls. 16 A taxa de câmbio R$/US$ média do ano de 2006, para venda, foi de R$ 2,1761, disponível em www.ipea.gov.br/ipeadata.

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49

possível determinar o destino de cerca de 20,0% das importações. Essas mercadorias, então, foram

classificadas conforme o código CNAE 2.0 da indústria de origem17.

Convertido em reais, o valor das exportações potiguares somaram R$ 809.532 mil em 2006. A

agropecuária, produção florestal, pesca e aqüicultura foram, conjuntamente, responsáveis por 56,57%

do total exportado em 2006 e o setor industrial por 43,43%. Na agropecuária a agricultura respondeu

por 39,01% do total, praticamente devido à fruticultura que respondeu por 38,92% do valor total das

exportações. Apesar do melão continuar sendo o principal item da pauta de exportação (15,62%) há

uma significativa diversificação dos itens exportados, composta por mais oito tipos de frutas.

Entretanto, agregando-se o valor das exportações de melão, da castanha de caju (12,25%) e da banana

(6,61%) têm-se 88,90% do valor total das exportações.

Tabela 2. 6 - Balança comercial internacional das transações do Rio Grande do Norte segundo suas principais atividades econômicas – 2006

(R$ MIL)

SEÇÕES/GUPOS E ATIVIDADES

EXPOR- TAÇÕES

PART. (%)

IMPORTA- ÇÕES

PART. (%)

SALDO PART.

(%) AGROPECUÁRIA, PROD FLORESTAL, PESCA E

AQÜICULTURA 457.941 56,57 20.837 7,23 437.104 83,87 AGRICULTURA 315.836 39,01 0,00 0,00 315.836 60,60 FRUTICULTURA 315.056 38,92 20.837 7,23 294.219 56,45 Melões frescos 126.469 15,62 0 0,00 126.469 24,27 Castanha de caju 99.155 12,25 0 0,00 99.155 19,03 Bananas frescas ou secas 53.496 6,61 0 0,00 53.496 10,26 Mamões (papais) frescos 13.912 1,72 0 0,00 13.912 2,67 Melancias frescas 11.759 1,45 0 0,00 11.759 2,26 Mangas frescas ou secas 8.704 1,08 0 0,00 8.704 1,67 Abacaxis frescos ou secos 658 0,08 0 0,00 658 0,13 Uvas frescas 135 0,02 0 0,00 135 0,03 Cocos frescos 106 0,01 0 0,00 106 0,02 Outros cocos secos 59 0,01 0 0,00 59 0,01 Outras frutas frescas 7 0 0 0,00 7 0,00 Frutas diversas 597 0,07 0 0,00 597 0,11 HORTICULTURA 787 0,1 0 0,00 787 0,15 PECUÁRIA 8.995 1,11 0 0,00 8.995 1,73 Outros prod. de animais, impróprios p/ alimentação humana 7.620 0,94

0 0,00 7.620 1,46

Mel natural 1.375 0,17 0 0,00 1.375 0,26 PRODUÇÃO FLORESTAL 3.381 0,42 0 0,00 3.381 0,65 Outras matérias vegetais para cestaria ou espartaria 7 0 0 0,00 7 0,00 Ceras vegetais 3.374 0,42 0 0,00 3.374 0,65 PESCA E AQUICULTURA (INCLUSIVE BENEF.) 129.729 16,03 0 0,00 129.729 24,89

Peixes “in natura” 17.070 2,11 0 0,00 17.070 3,28

Peixes beneficiados 4.697 0,58 0 0,00 4.697 0,90

Camarões 95.440 11,79 0 0,00 95.440 18,31

Outros crustáceos 12.522 1,55 0 0,00 12.522 2,40

continua

17 A maior parte das importações pôde ser identificada claramente. As que estão classificadas pela indústria de origem foram interpretadas como a demanda local por mercadorias produzidas nas respectivas indústrias.

Page 50: Analise RN

50

continuação

INDÚSTRIA 351.557 43,43 267.534 92,77 84,023 16,12

INDÚSTRIAS EXTRATIVAS 92.326 11,40 4.498 1,56 87.828 16,85

EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 60.785 7,51 1.265 0,44 59.520 11,42

Óleos brutos de petróleo 60.785 7,51 0 0,00 60.785 11,66

EXTRAÇÃO DE MINERAIS METÁLICOS 1.638 0,20 2.739 0,95 -1.101 -0,21

EXTRAÇÃO DE MINERAIS NÃO-METÁLICOS 29.903 3,69 494 0,17 29.409 5,64

Extração e refino de sal marinho e sal-gema 21.263 2,63 0 0,00 21.263 4,08

Sal marinho a granel 21.071 2,60 0 0,00 21.071 4,04

Sal de mesa 160 0,02 0 0,00 160 0,03

Outros tipos de sal, cloreto de sódio puro 32 0,00 0 0,00 32 0,01

INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO 259.231 32,02 263.036 91,21 25.469 -0,73

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS 97.999 12,11 30.154 10,46 67.845 13,02

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS TÊXTEIS 45.113 5,57 84.635 29,35 -39.522 -7,58

CONF. DE ARTIGOS DO VESTUÁRIO E ACESSÓ 16.653 2,06 2.469 0,86 14.184 2,72

PREP. DE COUROS E FABR. DE ARTEF. COURO, ETC 165 0,05 0 0,00 165 0,03

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DE MADEIRA 241 0,03 0 0,00 241 0,05

FABR. DE PROD DERIV. DO PETR. E DE BIOCOMB. 83.150 10,27 0 0,00 83.150 15,95

Álcool etílico não desnaturado 52.242 6,45 0 0,00 52.242 10,02

Combustíveis e lubrificante para aeronaves 30.908 3,82 0 0,00 30.908 5,93

FABRICAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS 1.137 0,14 43.155 14,97 -42.018 -8,06

FABR. DE PROD. DE BORRACHA E DE MAT. PLÁST. 13.116 1,62 22.487 7,80 -9.371 -1,80

FABRICAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 770 0,10 20.715 7,18 -19.945 -3,83 FABR. DE PROD. DE METAL, EXCETO MÁQ. E EQUIP. 20 - 2.782 0,96 -2.762 -0,53

METALURGIA 0 - 5.840 2,03 -5.840 -1,12 FABR. EQUIP. INFORMÁTICA, PROD. ELETRON. E ÓPTIC. 5 - 13.686 4,75 -13.681 -2,63 FAB. DE MAQ., APARELHOS E MATERIAIS ELÉTRICOS 5 - 5.165 1,79 -5.160 -0,99

FABR. DE OUTROS EQUIP. DE TRANSPORTE 2 - 2.674 0,93 -2.672 -0,51

OUTROS PRODUTOS INDUSTRIAIS 886 0,11 0 0,00 886 0,17

PRODUTOS DIVERSOS 2 - 33.772 11,71 -33.770 -4,75 TOTAL GERAL 809.532 100,00 288.371 100,00 500.883 100,00

Fonte: MDIC/Aliceweb. Elaboração própria

A pecuária respondeu por apenas 1,11% do total das exportações, dividida entre outros

produtos animais impróprios para o consumo humano (0,94%) e a exportação de mel de abelha (0,17%

do total). Na produção florestal, a exportação de ceras vegetais respondeu por 0,42% das exportações

totais. A pesca e aqüicultura responderam por 16,03% do valor total das exportações do estado, sendo

que os camarões responderam por 11,79%, outros crustáceos por 1,55% e os peixes “in natura”

(2,11%) e os peixes beneficiados (0,58%) complementaram a pauta.

As exportações da indústria extrativa (11,40%) estiveram concentradas nas exportações de

óleos brutos de petróleo (7,51%), na extração de minerais metálicos (0,20%) quase que totalmente

devido à exportação de tungstênio. A extração de minerais não-metálicos respondeu por 3,69% do

total, com destaque para a exportação de sal em diferentes formas (2,63%).

Page 51: Analise RN

51

Na indústria de transformação (32,02% do total) a fabricação de produtos alimentícios tem a

maior participação (12,11%). Nessa indústria os destaques foram as exportações de açúcar (6,10%) e

de balas e artigos de confeitaria (5,41%). A fabricação de produtos derivados de petróleo e de

biocombustíveis (10,27%) vem em seguida, composta basicamente pela exportação de álcool (6,45%)

e de combustíveis e lubrificantes para aeronaves e embarcações (3,82%), utilizadas no abastecimento

de vôos internacionais e embarcações pesqueiras.

A exportação de produtos têxteis (5,57%) foi composta principalmente por tecidos de fios de

algodão (2,58%), artigos têxteis de uso doméstico (1,72%) e tecidos de malha de algodão (0,69%),

entre uma variedade de outros artigos têxteis. A indústria de confecção respondeu por 2,06% do total,

composta basicamente pela exportação de camisetas “T-shirt” (2,00%). Finalmente, a exportação de

produtos de borracha e de material plástico respondeu por 1,62% do total, constituída totalmente pela

exportação de laminados planos e tubulares de material plástico.

As importações somaram R$ 288.371 mil e em sua composição o setor primário responde por

apenas 7,23% do total, restando para a indústria 92,77% e cerca de 11,71% de destino não

identificado. As importações do setor primário podem ser imputadas basicamente à fruticultura uma

vez que corresponde à importação anual de caixas de papelão para a embalagem das frutas (4,95% do

total das importações), assim como a importação de adubos e máquinas e equipamentos.

O valor das importações da indústria extrativa (1,56% do total), pode estar sub-dimensionado,

uma vez que se adotou o critério de computar para as atividades de extração de petróleo e gás somente

as mercadorias em cuja denominação constava explicitamente essa destinação. Nesse caso, as

importações são constituídas principalmente por tubos de aço, equipamentos, máquinas e partes de

máquinas para as atividades de extração e transporte de petróleo e gás através de oleodutos e

gasodutos. Na extração de minerais metálicos foram imputadas as importações de máquinas e

explosivos, provavelmente utilizados nessas atividades.

À indústria de transformação foi atribuída a maior parte do valor das importações. A fabricação

de produtos têxteis (29,35%) foi o principal importador isolado, devido à importação de algodão

(15,81% do total das importações), complementado pela importação de máquinas e equipamentos e,

em menor proporção, pela importação de fibras, fios e filamentos sintéticos. À fabricação de produtos

químicos (14,97%) foram imputadas as importações de produtos químicos, máquinas e equipamentos.

A importação de trigo e de milho foram os principais elementos que resultaram em 10,46% do total

das importações para a fabricação de produtos alimentares.

As importações atribuídas à indústria de maquinas e equipamentos (7,18% do total),

correspondeu à importação dessas mercadorias, cujo destino não foi possível definir com maior

Page 52: Analise RN

52

precisão, mas revela a demanda da indústria potiguar. O mesmo ocorre com as importações de

equipamentos de informática, máquinas e aparelhos elétricos e outros equipamentos de transporte.

2.3. Fluxo de comércio total do estado do Rio Grande do Norte

A inclusão das relações comerciais com o resto do mundo aumentou o valor das vendas

potiguares para R$ 4.784.419 mil, tornando-a 20,36% mais elevada. As entradas, por sua vez,

atingiram o valor de R$ 9.562.877 mil, crescendo 3,11%. Com isso o saldo negativo foi reduzido para

R$ 4.778.458 mil, caindo 9,83%.

As atividades da agropecuária, como previsto, tornaram-se positivas em R$ 181.924 mil,

devido às exportações da agricultura, especialmente as relativas à fruticultura, que com um saldo

positivo de R$ 255.597 mil, mais que compensaram os resultados negativos da pecuária (-R$ 45.633

mil). Todas as lavouras da fruticultura apresentaram superávit. Na aqüicultura o saldo positivo

aumentou especialmente devido as exportações da carcinicultura, enquanto a pesca, por não ter

registrado importações, aumentou ainda mais seu superávit.

O saldo positivo da indústria cresceu 22,51%. O saldo líquido positivo das relações

internacionais da indústria extrativa mineral acrescentou R$ 87.828 mil ao saldo total, revertendo seu

déficit comercial interestadual. Na indústria de transformação o superávit comercial total tornou-se

menor que o verificado nas transações interestaduais devido ao seu pequeno déficit nas transações

internacionais. Finalmente, o déficit das atividades de comércio permaneceu o mesmo observado nas

relações interestaduais porque não foram imputados a elas valores referentes às relações comerciais

internacionais.

As exportações representaram 16,92% do valor total das vendas do Rio Grande do Norte,

enquanto as importações contribuíram com apenas 3,02% do total de suas compras, isto é, o impacto

no total das saídas é muito mais significativo que no total das entradas. Além disso, a pauta das

exportações revela que para as atividades agrícolas e para a carcinicultura e pesca o mercado

internacional é fundamental para sua sobrevivência. Ao estar baseada em commodities agrícolas e

industriais, o desempenho da balança comercial fica bastante dependente de fatores naturais, como as

condições climáticas, e da política econômica. No primeiro caso, as enchentes provocadas pelas

chuvas nos anos de 2008 e 2009 provocaram perdas consideráveis para atividades como a produção de

banana e a criação de camarão. No segundo, a valorização constante do real frente ao dólar tem

provocado redução significativa na margem de lucro dos produtores locais, aproximando-se do ponto

crítico de sua sustentação. Alguns desses efeitos serão abordados no exame da importância dos APLs,

mas adiante.

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53

Tabela 2. 7 - Balança Comercial total das transações do Rio Grande do Norte segundo suas principais atividades – 2006 (R$ MIL)

ATIVIDADE SAÍDAS PART.

% EXPORT. PART.

% TOTAL SAÍDAS

ENTRA DAS

PART. % IMPORT.

PART. %

TOTAL ENTRADAS SALDO

AGROPECUÁRIA, PROD. FLORESTAL, PESCA E AQUIC. 108.660 2,73 457.941 56,57 566.601 212.555 2,29 20.837 7,34 233.392 333.209

AGRICULTURA, PECUÁRIA E SERVIÇOS RELAC. 50.148 1,26 315.836 39,01 365.984 163.223 1,76 20.837 7,34 184.060 181.924

AGRICULTURA 43.950 1,11 306.841 37,90 350.791 101.863 1,10 20.837 7,34 122.700 228.091

Fruticultura 37.150 0,97 301.736 37,27 338.886 62.452 0,67 20.837 7,34 83.289 255.597

Cultivo de melão 27.282 0,69 126.469 15,62 153.751 29.435 0,32 0 0,00 29.435 124.316

Cultivo de Banana 3.681 0,09 53.496 6,61 57.177 23.936 0,26 0 0,00 23.936 33.241

Cultivo de Caju 3 0,00 99.155 12,25 99.158 35 0,00 0 0,00 35 99.123

Cultivo de Coco-Da-Baía 4.482 0,11 59 0,01 4.482 1.161 0,01 0 0,00 1.161 3.321

Cultivo de Mamão 1.515 0,04 13.912 1,72 15.427 3.949 0,04 0 0,00 3.949 11.478

Cultivo de Manga 187 0,00 8.704 1,08 8.891 3.936 0,04 0 0,00 3.936 4.955

PECUÁRIA 5.883 0,15 8.995 1,11 14.878 60.511 0,65 0 0,00 60.511 -45.633

Bovinocultura de corte 0 0,00 0 0 0 2.233 0,02 0 0,00 2.233 -2.233

Bovinocultura de leite 0 0,00 0 0 0 860 0,01 0 0,00 860 -860

Caprinovinocultura 4 0,00 0 0 4 690 0,01 0 0,00 690 -686

Avicultura 5.854 0,15 0 0 5.854 24.245 0,26 0 0,00 24.245 -18.391

Apicultura 25 0,00 1.375 0,17 1.400 2 0,00 0 0,00 2 1.398

Outros 0 0,00 0 0 0 1.875 0,02 0 0,00 1.875 -1.875

Atividades de apoio à agricultura e à pecuária 314 0,01 0 0 314 849 0,01 0 0,00 849 -535

PESCA E AQÜICULTURA 58.512 1,47 129.729 16,03 188.241 49.331 0,53 0 0,00 49.331 138.910

Aqüicultura e carcinicultura 37.196 0,94 107.962 13,34 145.158 43.235 0,47 0 0,00 43.235 101.923

Outros 21.316 0,54 21.767 2,69 43.084 6.097 0,07 0 0,00 6.097 36.986

INDÚSTRIA 2.954.061 74,32 351.557 43,43 3.305.618 2.580.871 27,83 267.534 92,77 2.848.405 457.213

INDÚSTRIAS EXTRATIVAS 571.992 14,39 92.326 11,4 664.318 627.846 6,77 4.498 1,56 632.344 31.974

EXTR. DE PETRÓLEO E GÁS NAT. 173.312 4,36 60.785 7,51 234.097 459.823 4,96 1.265 0,44 461.088 -226.991

EXTR. MINERAIS METÁLICOS 10.577 0,27 1.638 0,2 12.215 1.252 0,01 2.739 0,95 3.991 8.224

EXTR. MIN. NÃO-METÁLICOS 300.661 7,56 29.903 3,69 330.564 61.479 0,66 494 0,17 61.973 268.591

Extração e refino de sal 268.338 6,75 21.263 2,63 289.601 54.530 0,59 0 0,00 54.530 235.071

Outros 32.323 0,81 0 0 32.323 6.949 0,07 0 0,00 6.949 25.374

ATIV. DE APOIO À EXTR. MINERAIS 87.443 2,20 0 0 87.443 105.292 1,14 0,00 105.292 -17.849

continua

Page 54: Analise RN

54

continuação

ATIVIDADE SAÍDAS PART. %

EXPORT. PART. %

TOTAL SAÍDAS

ENTRA DAS

PART. %

IMPORT. PART. %

TOTAL DAS ENTRADAS

SALDO

IND. DE TRANSFORMAÇÃO 2.382.069 59,93 259.231 32,02 2.641.300 1.953.025 21,06 263.036 91,21 2.216.061 425.239

FABR. DE PROD. ALIMENTÍCIOS 484.913 12,20 97.999 12,11 582.912 566.444 6,11 30.154 10,46 596.598 -13.686

FABR. DE BEBIDAS 38.938 0,98 0 0 38.938 96.494 1,04 0 0,00 96.494 -57.556

FABR. DE PROD. TÊXTEIS 974.427 24,51 45.113 5,57 1.019.540 637.867 6,88 84.635 29,35 722.502 297.038

CONFEC. DE ART. VESTUÁRIO E ACESS. 290.222 7,30 16.653 2,06 306.875 212.627 2,29 2.469 0,86 215.096 91.779

Textil / Confecções 934.671 23,51 61.766 7,63 996.437 527.197 5,68 87.104 30,21 614.301 382.136

Outros 329.978 8,30 0 0 329.978 156.865 1,69 0 0,00 156.865 173.113

PREP.DE COUROS E FABR. DE ART. DE COURO, ETC. 141.220 3,55 165 0,05 141.385 70.873 0,76 0 0,00 70.873 70.512

FABR. DE CELULOSE, PAPEL ETC. 14.585 0,37 0 0 14.585 10.712 0,12 0 0,00 10.712 3.873

FABR. DE PROD. DER. PETRÓLEO E DE BIOCOMB. 62.676 1,58 83.150 10,27 145.826 35.390 0,38 0 0,00 35.390 110.436

FABR. DE PROD. QUÍMICOS 30.030 0,76 1.137 0,14 31.167 45.549 0,49 43.155 14,97 88.704 -57.537

FABR.PROD. BORRACHA E DE MAT. PLÁSTICO 241.411 6,07 13.116 1,62 254.527 154.542 1,67 22.487 7,80 177.029 77.498

FABR. DE PROD. DE MINERAIS NÃO-METÁL. 76.848 1,93 0 0 76.848 44.402 0,48 0 0,00 44.402 32.446

FABR. DE PROD. DE METAL 3.962 0,10 20 0 3.982 12.644 0,14 2.782 0,96 15.426 -11.444

FABR. DE MÁQUINAS E EQUIP. 3.030 0,08 770 0,1 3.800 11.380 0,12 20.715 7,18 32.095 -28.295

FABR. DE MÓVEIS 4.616 0,12 0 0 4.616 16.285 0,18 0 0,00 16.285 -11.669

MANUT., REPAR. E INSTAL. DE MÁQ. E EQUIP. 4.846 0,12 0 0 4.846 12.146 0,13 0 0,00 12.146 -7.300

OUTRAS ATIV. INDUSTRIAIS 10.345 0,26 0 0 10.345 17.681 0,19 33.772 11,71 51.453 -41.108

COMÉRCIO 912.166 22,95 0 0,00 912.166 6.481.080 69,88 0 0,00 6.481.080 -5.568.914

COM. DE VEÍCULOS 12.712 0,32 0 0,00 12.712 1.073.854 11,58 0 0,00 1.073.854 -1.061.142

COM. POR ATACADO 424.621 10,68 0 0,00 424.621 2.433.313 26,24 0 0,00 2.433.313 -2.008.692

COM. VAREJISTA 474.833 11,95 0 0,00 474.833 2.973.913 32,07 0 0,00 2.973.913 -2.499.080

TOTAL GERAL 3.974.887 100,00 809.532 0,00 4.784.419 9.274.506 100,00 288.371 0,00 9.562.877 -4.778.458 Fonte: SET/RN/MDIC. Elaboração própria

Page 55: Analise RN

55

3. A IMPORTÂNCIA DOS APLs NO FLUXO DE COMÉRCIO DO E STADO

Os APLs identificados e apoiados no Rio Grande do Norte revelam diferentes graus de

formalização do ponto de vista das relações de trabalho e a forma de organização do próprio APL. Por

esta razão, neste capítulo optou-se por dividir a análise da importância dos mesmos em relação aos

fluxos de comércio em três níveis segundo os graus de formalização: formalizados, parcialmente

formalizados e, finalmente, aqueles que têm pouca ou nenhuma formalização ou são incipientes,

representando a introdução novas atividades produtivas no estado. Entre os APLs identificados e

apoiados foram selecionados aqueles que têm maior representatividade do ponto de vista econômico,

da área de abrangência e, também, do ponto de vista social, segundo os levantamentos realizados nas

Notas Técnicas anteriores.

3.1. APLs com atividades formalizadas

A importância dos APLs formalizados no fluxo de comércio do estado foi destacada quando do

exame das relações econômicas interestaduais e internacionais realizadas no item anterior,

apresentando-se aqui um resumo desses resultados juntamente com uma descrição das atividades dos

APLs.

3.1.1. APL da Cadeia produtiva do petróleo e gás do Rio Grande do Norte

As atividades do principal APL do estado do ponto de vista econômico, como citado

anteriormente, inclui somente resultados parciais, sendo que a dificuldade para determinar os valores

das transações interestaduais da exploração, produção e industrialização do petróleo e gás reside em

dois aspectos principais. Primeiro, porque grande parte das transações são intra-empresa, uma vez que

o principal produtor internaliza grande parte das operações realizadas em diferentes pontos do

território potiguar e parte do cearense. Cada movimentação de mercadoria entre poços e reservatórios e

destes para as unidades de produção, realizados através de caminhões ou oleodutos e gasodutos, são

contabilizados, resultando em um sistema complexo de registros que impediu a obtenção de

informações com grau aceitável de confiabilidade. Em segundo, mas não menos limitante, como

somente uma empresa centraliza quase grande parte das operações, esbarra-se na questão do sigilo

fiscal, impedindo acesso a informações mais detalhadas.

A importância das atividades dessa cadeia produtiva pode ser inferida indiretamente, a começar

por sua importância na geração de emprego e valor adicionado na economia estadual. Segundo a

edição da Pesquisa Industrial Anual por Empresa (PIA-Empresa) de 2007, a indústria extrativa mineral

empregava 9.521 trabalhadores (13,46% do total da indústria), sendo que destes, 4.924 se ocupavam

Page 56: Analise RN

56

das atividades de extração de petróleo, gás e serviços relacionados. Entretanto, o valor da

transformação industrial (VTI) da indústria extrativa (R$ 1.591.057 mil) correspondia a 52,6% do VTI

industrial, sendo que deste total R$ 1.291.750 mil foram obtidos nas atividades na extração de petróleo

e serviços relacionados18.

Esses resultados devem ser muito mais elevados atualmente, uma vez que foram implantados

novos elos da cadeia produtiva do setor no estado, principalmente a produção de combustíveis como o

querosene de aviação e óleo diesel. Recentemente foi assinado convênio para a implantação de uma

unidade de produção de gasolina, que tornará o estado praticamente auto-suficiente em relação ao

consumo de combustíveis. Com a implantação desta unidade, o Rio Grande do Norte terá uma

refinaria instalada no município de Guamaré. Além disso, entrou em operação a unidade termelétrica

de Assu, que consome parte do gás produzido no estado e produz energia elétrica e vapor d’água que

será utilizado na revitalização da produção de petróleo em poços maduros.

Uma dos aspectos importantes para a competitividade de um arranjo tem presença expressiva

nessa cadeia produtiva. A indução à adoção de inovações provocada pelo processo de desenvolvimento

de fornecedores locais se reflete no aumento da eficiência dos prestadores de serviços às empresas

líderes nas atividades de prospecção, exploração e refino de petróleo e gás, tendo resultado na

certificação de número significativo de empresas locais. Com isso, a aquisição de mercadorias e

serviços de empresas potiguares previsto para o ano de 2009 é de R$ 500.000 mil, ampliando o efeito

multiplicador na economia do estado. A adoção das boas práticas inovativas também aumenta a

eficiência da economia como um todo e tende a espraiar-se por outros segmentos produtivos através da

imitação ou pelo próprio processo de concorrência.

O processo de cooperação também envolve as instituições de ensino e pesquisa estaduais. No

ensino, ocorreu a implantação de cursos especializados nas atividades produtivas da cadeia,

envolvendo o ensino de graduação, pós-graduação lato sensu, mestrado e doutorado. A oportunidade

de acesso aos recursos do Fundo Nacional do Petróleo – do qual a Universidade Federal do Rio

Grande do Norte é uma das principais beneficiárias – permitiu inclusive a expansão de instalações

físicas, modernização de laboratórios e sustentação de grupos de pesquisa. Estes grupos contam com a

participação de diversos departamentos da UFRN e têm projetos voltados para as atividades da cadeia

produtiva do petróleo e gás. Além da UFRN, a Universidade Potiguar (UNP), a Universidade Estadual

do Rio Grande do Norte (UERN) e o Instituto Federal de Educação e Tecnologia do Rio Grande do

Norte (IFRN) participam de redes de pesquisa e ensino nessa área.

18 Os empregos e o VTI gerados nas atividades de fabricação de coque, refino de petróleo e de produção de álcool, não estão disponíveis devido ao sigilo devido ao pequeno número de informantes.

Page 57: Analise RN

57

Além da contribuição direta e indireta às receitas tributárias, o estado e seus municípios,

principalmente aqueles nos quais se desenvolvem as atividades de exploração de petróleo e gás, são

beneficiados pela transferência de royalties sobre a exploração mineral. Devido sua condição de maior

produtor de petróleo em terra e sua participação na exploração marítima, o Rio Grande do Norte foi o

terceiro maior recebedor dessas transferências no país em 2008, cabendo-lhe 5% do total distribuídos

aos estados e 7% do que foi destinado aos municípios (FSP, 2009).

Por fim, deve-se mencionar a colaboração nas obras de infra-estrutura para melhorar as

condições de transporte dos insumos que beneficiam a economia de forma generalizada e também os

diferentes convênios firmados com o estado e as prefeituras tendo em vista a formação de mão-de-

obra, assistência social, apoio ao turismo e à cultura, entre outras áreas.

Mesmo com as limitações apresentadas acima, observa-se que as vendas interestaduais das

atividades relacionadas à extração de petróleo e gás natural representaram 4,36% (R$ 173.312 mil) do

total do estado e suas exportações atingiram 7,51% (R$ 60.785 mil). Suas compras, entretanto,

atingiram 4,96% (R$ 459.823 mil) do total interestadual e 0,44% das importações (R$ 1.265 mil),

resultando no déficit de R$ 226.991 mil, ou 4,75% do total do estado.19

3.1.2 – APL têxtil-confecções

O estado do Rio Grande do Norte tem tradição no setor têxtil. A grande produção de algodão

levou a elaboração de um programa estadual para a promoção da integração de suas atividades na

década de 1970, através do qual se pretendia internalizar os elos da cadeia produtiva. Predominava a

idéia de que a qualidade do algodão arbóreo (mocó) cultivado em grande escala no estado seria um

diferencial capaz de atrair investimentos privados para sua industrialização. Na década de 1970 e no

início dos anos 1980 várias empresas se implantaram no estado utilizando os incentivos fiscais da

antiga Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Grande parte dessas empresas

sucumbiu à crise econômica que ocorreu no país ao longo da década de 1980 e início dos anos 1990,

sendo substituídas por uma nova geração de empresas de capital nacional que têm unidades

implantadas na região e no sul e sudeste do país.

Considerando os dados da PIA-Empresa de 2007, no universo de empresas com mais de trinta

empregados, foram contabilizadas 98 unidades dedicadas à fabricação de produtos têxteis e 210

unidades voltadas para a fabricação de artigos de vestuário e acessórios no Rio Grande do Norte. A

indústria têxtil ocupava 9.639 trabalhadores e a de confecções outros 15.857. No total dos

trabalhadores da indústria, a têxtil participava com 13,62% e a de confecções com 22,41%.

19 Entretanto, esses resultados seriam revertidos se fossem considerados os valores R$ 592 milhões nas entradas e R$ 2,970 bilhões nas saídas obtidos através da GIM, conforme destacado anteriormente.

Page 58: Analise RN

58

Considerando somente a indústria de transformação, esses percentuais se elevam para 15,74% e

25,90%, respectivamente. Assim, o setor responde por 41,64% dos empregos formais gerados na

indústria de transformação. A contribuição ao VTI, quando considerado o valor total da indústria,

entretanto, é relativamente pequeno (7,23% e 8,17%, respectivamente) devido à elevada participação

da indústria extrativa mineral, como visto anteriormente. Considerando a indústria de transformação, a

contribuição da indústria têxtil na formação do VTI é de 21,64% e da indústria de confecções de

14,17%, agregando, portanto, 35,81% ao total da indústria.

Em ambas as indústrias estão presentes quase todos os elos da cadeia produtiva, o que explica a

distribuição das entradas e saídas verificadas no exame dos fluxos comerciais no capítulo anterior.

Além disso, o estado é sede de um grande grupo nacional que incorpora vários segmentos da indústria

têxtil, de confecções e uma cadeia nacional de lojas com unidades distribuídas em todos os estados.

Conforme o procedimento adotado anteriormente, onde se assumiu que as transações

internacionais foram realizadas por empresas do setor têxtil que pertencem ao APL, a tabela abaixo

resume a importância do arranjo nos fluxos de comércio interestaduais e com o resto do mundo.

Tabela 3.1. 1 - Resumo da participação do APL têxtil/confecções nos fluxos de comércio do Rio Grande do Norte – 2006

(R$ MIL)

ATIVIDADES VENDAS COMPRAS SALDO

NÍVEIS INTER ESTAD.

PART.

%

EXPOR TAÇÃ

O

PART.

% TOTAL

PART.

%

INTER ESTAD.

PART.

%

IMPOR TAÇÃ

O

PART.

% TOTAL

PART.

% VALOR

PART.

% TEXTIL/ CONFECÇÕES 934.671 61.766 996.437 527.197 87.104 614.301 382.136 TOTAL IND. TRANSF.

2.382.069 39,24 259.231 23,83

2.641.300 37,73

1.953.025 26,99 263.036 33,11

2.216.061 27,72 454.513 84,08

TOTAL INDÚSTRIA 2.954.06

1 31,64 361.557 17,08 3.315.61

8 30,05 2.580.87

1 20,43 267.534 32,56 2.848.40

5 21,57 496.488 76,97

TOTAL RN 3.974.88

7 23,51 809.532 7,63 4.784.41

9 20,83 9.274.50

6 5,68 288.371 30,21 9.562.87

7 6,42 -

4.778.458 8,00 Fonte: Tab. 2.7. Elaboração própria

O APL têxtil/confecções foi responsável por 39,24% do total das saídas interestaduais da

indústria de transformação, 31,64% das vendas da indústria e 23,51% do total do estado. Sua

participação nas exportações também foi significativa: 23,83% do valor total exportado pela indústria

de transformação, 17,08% do total da indústria e 7,63% do total potiguar. Assim, o APL respondeu por

37,73% das vendas globais da indústria de transformação, 30,05% do total da indústria e 20,83% do

total global do estado.

Sua participação nas compras foi relativamente menor quando se considera as operações

interestaduais: 26,99% do total adquirido pela indústria de transformação, 20,43% do total da indústria

e apenas 5,68% das aquisições internas do estado. Nas importações, a participação relativa é maior que

as observadas nas exportações: as aquisições internacionais do APL responderam por 33,11% do valor

Page 59: Analise RN

59

total das importações da indústria de transformação, 32,56% da indústria e 30,21% do total potiguar.20

Assim, considerando o total das aquisições, a participação relativa do APL foi de 27,72% do total da

indústria de transformação, 21,57% da indústria e 6,42% do total estadual.

O déficit internacional não reverteu o saldo positivo gerado pelo APL, que atingiu R$ 382.136

mil em 2006, representando 84,08% do saldo global positivo da indústria de transformação e 76,97%

da indústria. O resultado positivo reduziu em 7,42% o déficit comercial global do estado. O peso que o

APL apresenta nos fluxos de comércio examinados, portanto, corresponde à sua importância na

economia e, particularmente, na indústria potiguar.

3.1.3 – APL da carcinicultura

A atividade de cultivo de camarão em viveiros no país teve início no Rio Grande do Norte na

década de 1970, mas só se firmou comercialmente a partir do final da década de 1990. Desde então as

empresas potiguares passaram a dominar a tecnologia em toda cadeia produtiva, gerando capacidade

produtiva que tornou o estado auto-suficiente na criação de larvas, pós-larva, criação de camarão e

beneficiamento da produção. O período de crescimento mais intenso do cultivo ocorreu na presente

década, quando a área dedicada à produção passou de 2.024 ha em 2001, para 11.435 ha em 2005

(crescimento de 465%). Impulsionada pela demanda externa, a taxa de câmbio favorável e as

condições propícias para o desenvolvimento da atividade, a produção aumentou de 9.061 mil toneladas

em 2001, para 37.473 mil toneladas em 2003.

Tabela 3.1. 2 - Expansão da Carcinicultura no Brasil e Rio Grande do Norte nos anos de 2001 a 2005

Parâmetros/Ano 2001 2002 2003 2004 2005

BR RN BR RN BR RN BR RN BR RN Área em produção (ha) 8.500 2.024 11.119 3.591 14.824 5.402 16.598 6.281 16.000 11.435 Produção (mil ton) 40.000 9.061 60.128 18.500 90.190 37.473 75.904 30.807 41.947 15.961* Produção (mil US$) 129.042 28.883 174.939 47.494 244.543 71.100 218.716 82.566 165.955 63.224 Fonte: Compilado da CONAB, FIERN e ABCC *2005, contabilizada somente a produção exportada

A imposição de barreira comercial para as exportações de algumas empresas impostas pelos

Estados Unidos, o aumento da concorrência de outros países produtores, o surgimento de

enfermidades, a queda do preço internacional e a taxa de câmbio desfavorável, provocaram redução na

produção a partir de 2004, apesar da expansão da área cultivada. Os problemas relativos ao mercado

internacional foram compensados parcialmente pelo desenvolvimento de canais de comercialização

para atender o mercado nacional, intensificada especialmente a partir de 2006.

20 Deve-se destacar que a importação de algodão respondem por 16,4% do total das importações estaduais em 2006, o que se repete, com graus de intensidade diferente, nos seis anos.

Page 60: Analise RN

60

A estrutura produtiva da atividade, segundo levantamento realizado em 2003, comportava 591

produtores, dos quais 413 eram pequenos com propriedades de até 10 ha, 152 eram classificados como

médios (entre 11 ha e 99 ha) e 26 eram grandes produtores (propriedades acima de 100 ha). Alguns

destes últimos são empresas que dominam todo o ciclo produtivo, fornecendo pós-larvas para os

pequenos e médios produtores.

Os produtores estão distribuídos por quase todos os municípios do litoral, embora os maiores

estejam concentrados principalmente nos municípios do Litoral Norte. O valor adicionado da

carcinicultura transformou-a na principal atividade econômica dos pequenos municípios do litoral

potiguar, contribuindo de forma significativa para a geração de emprego e renda. Entre os problemas

enfrentados pelos produtores, conseguir e manter o licenciamento ambiental constitui um dos

principais obstáculos para a ampliação e a continuidade da produção.

A carcinicultura respondeu por 63,57% do valor total das vendas (R$ 37.196 mil) interestaduais

das atividades da aqüicultura e pesca e por 34,23% do total do setor primário. Entretanto, o valor das

exportações (R$ 107.962 mil) foram 190,00% maiores que as vendas internas, correspondendo a

83,22% do valor gerado pelas exportações de camarões, peixes e outros crustáceos realizadas em 2006.

Considerando o setor primário, as exportações de camarão representaram 23,58% do total exportado

pelos setor primário e por 13,34% das exportações potiguares. Assim 77,11% das vendas globais da

pesca e aqüicultura foi resultado da produção de camarão, proporção que cai para 25,62% quando se

considera o setor primário e 3,03% das vendas totais do estado.

Tabela 3.1. 3 - Resumo da participação do APL da carcinicultura nos fluxos de comércio do Rio Grande do Norte – 2006

(R$ MIL)

ATIVIDADES VENDAS COMPRAS SALDO

NÍVEIS INTER ESTAD.

PART. %

EXPOR TAÇÃO

PART. %

TOTAL PART. %

INTER ESTAD

PART. %

IMPOR TAÇÃO

PART. %

TOTAL PART. %

SALDO PART. %

CARCINICULTURA 37.196 - 107.962 - 145.158 - 43.235 - 0 - 43.235 - 101.923 - TOTAL DA PESCA E AQUICULTURA 58.512 63,57 129.729 83,22 188.241 77,11 49.331 87,64 0 0,00 49.331 87,64 138.910 73,37

TOTAL SETOR PRIM. 108.660 34,23 457.941 23,58 566.601 25,62 212.555 20,34 20.837 0,00 233.392 18,52 333.209 30,59

TOTAL RN 3.974.887 0,94 809.532 13,34 4.784.419 3,03 9.274.506 0,47 288.371 0,00 9.562.877 0,45 -4.778.458 -2,13 Fonte: Tab. 2.7. Elaboração própria

As compras interestaduais dos carcinicultores corresponderam a 87,64% do total do grupo, mas

apenas 20,34% do setor primário e 0,47% das compras internas do Rio Grande do Norte. Como não

foram imputados valores relativos a importações, a participação da atividade no total das entradas do

setor primário foi de 18,52% e de 0,45% do valor total.

O saldo positivo da carcinicultura representou 73,37% do total alcançado pelas atividades da

aqüicultura e pesca, 30,59% do setor primário e contribuiu para reduzir em 2,12% o déficit das

transações comerciais globais do Rio Grande do Norte.

Page 61: Analise RN

61

3.1.4. APL da fruticultura

Parte das lavouras de frutas é tradicional e importante na composição do valor agregado da

agricultura do estado, como é o caso do coco-da-baia e do caju. Algumas delas foram introduzidas há

algumas décadas, especialmente através da Fazenda Mossoró Agro Industrial SA – MAISA – que se

tornou um modelo de exploração para os recursos do semi-árido nordestino. Outras culturas foram

gradativamente sendo introduzidas e ganhando espaço, se estruturando em torno da produção de quatro

propriedades, inclusive a citada acima.

Com a crise, as incertezas da economia do final dos anos 1990, especialmente a mudança do

regime cambial, essas quatro propriedades saíram do mercado, dando lugar a um grande número de

pequenos proprietários que absorveram a tecnologia de produção irrigada. Além disso, a fruticultura

recebeu o aporte de capital internacional, especialmente para a produção de melão e para o cultivo de

banana, produzida com foco no mercado internacional. Assim, a estrutura de mercado conta hoje com

grandes empresas e um número elevado de pequenos produtores. Alguns assentamentos rurais, com a

assistência de organizações não-governamentais, também têm exportado frutas para o mercado

europeu.

O APL da fruticultura conta com a colaboração de pesquisadores, especialmente os da

Universidade Federal do Semi-Árido (UFERSA), para estudos fito-sanitários e de produtividade. Os

atores do arranjo também organizam uma grande feira anual internacional para exposição e realização

de negócios com importadores. Pela própria natureza de suas atividades, a fruticultura é grande

geradora de empregos nos principais municípios em que ela se desenvolve, especialmente no Vale do

Apodi-Assu, na região oeste do estado.

A crescente importância da fruticultura para a economia agrícola do estado pode ser avaliada

através dos dados da Tabela 3.1.4. Verifica-se que a contribuição das oito principais culturas de frutas

na geração do valor bruto da produção (VBP) do setor agrícola cresceu significativamente entre 1985 e

2006. Essas oito culturas respondiam por 72% do valor total da produção de frutas em 1985 e por mais

de 90% a partir de 1988. Na composição do valor da produção da fruticultura, as culturas mais

tradicionais perderam espaço, inclusive com redução no valor absoluto da produção. Entre as culturas

que aumentaram seu peso relativo está o melão – cuja participação chegou a mais de 40% em 1995 e

1998, e se mantém como responsável por cerca de um terço do valor total dessas culturas. As culturas

de abacaxi, banana e melancia aumentaram significativamente seu peso no VBP nos últimos anos,

enquanto as produções de mamão e manga mantiveram suas participações relativamente estáveis.

Como resultado do avanço e da diversificação da produção e da redução do VBP das demais culturas,

o peso da fruticultura na formação do VBP da produção agrícola atingiu cerca de 55% nos quatro

últimos anos da série.

Page 62: Analise RN

62

Tabela 3.1. 4 - Valor bruto da produção21 da fruticultura e participação relativa no VBP agrícola no estado do Rio Grande do Norte de 1985 a 2006

ANOS ABACAXI R$ MIL

PART. %

MELÃO R$ MIL

PART. %

BANANA R$ MIL

PART. %

CASTANHA DE CAJU R$ MIL

PART. %

COCO BAIA

R$ MIL

PART. %

1985 5.839 2,95 7.729 3,91 19.177 9,70 0 0,00 93.545 47,29

1986 13.109 5,52 7.890 3,32 33.513 14,11 0 0,00 60.574 25,50

1987 45.410 16,07 11.412 4,04 34.639 12,26 0 0,00 70.601 24,99

1988 61.052 16,29 10.049 2,68 29.296 7,82 111.387 29,72 125.175 33,40

1989 90.224 13,94 99.962 15,44 113.877 17,59 120.823 18,66 103.427 15,98

1990 32.403 14,16 39.001 17,04 29.932 13,08 59.437 25,97 26.866 11,74

1991 34.474 9,41 46.545 12,70 34.807 9,50 124.707 34,03 68.426 18,67

1992 52.280 13,14 53.720 13,50 49.112 12,34 74.254 18,66 100.665 25,30

1993 39.930 13,35 82.339 27,53 26.593 8,89 16.428 5,49 85.258 28,51

1994 92.965 19,68 89.165 18,87 32.438 6,87 46.061 9,75 148.024 31,33

1995 41.438 12,26 152.205 45,03 21.958 6,50 37.666 11,14 46.765 13,84

1996 68.871 25,57 66.287 24,62 23.448 8,71 39.241 14,57 38.208 14,19

1997 49.400 19,18 65.418 25,39 31.147 12,09 31.149 12,09 48.322 18,76

1998 31.709 11,64 124.359 45,66 30.546 11,22 16.610 6,10 44.657 16,40

1999 25.672 11,08 72.665 31,37 28.955 12,50 30.804 13,30 44.566 19,24

2000 38.157 18,07 51.722 24,49 27.538 13,04 39.077 18,50 24.971 11,82

2001 25.402 11,82 62.996 29,31 50.137 23,32 19.101 8,89 22.862 10,64

2002 41.193 11,16 172.604 46,77 54.904 14,88 29.928 8,11 20.694 5,61

2003 42.985 10,91 151.375 38,40 47.848 12,14 32.500 8,25 36.979 9,38

2004 46.567 11,19 153.556 36,89 53.809 12,93 48.905 11,75 31.292 7,52

2005 44.106 12,81 103.676 30,10 50.298 14,60 50.748 14,73 29.781 8,65

2006 59.759 14,67 138.366 33,97 48.431 11,89 52.430 12,87 30.152 7,40

TOTAIS PARTIC. TOTAL

% ANOS MAMÃO R$ MIL

PART. %

MANGA R$ MIL

PART. %

MELAN CIA

R$ MIL

PART. %

PRINC. FRUTAS R$ MIL

OUTRAS FRUTAS R$ MIL

TOTAL FRUT. R$ MIL

TOTAL AGRIC. R$ MIL

1985 2.194 1,11 12.487 6,31 1.162 0,59 140.970 10.502 197.792 1.151.501 17,18

1986 5.375 2,26 19.988 8,41 1.871 0,79 140.449 18.002 237.535 1.059.269 22,42

1987 5.521 1,95 14.080 4,98 1.024 0,36 181.663 12.093 282.521 1.252.628 22,55

1988 4.118 1,10 11.672 3,11 2.731 0,73 352.750 9.684 374.727 1.625.818 23,05

1989 9.829 1,52 51.122 7,9 3.999 0,62 589.264 49.133 647.368 3.837.821 16,87

1990 2.180 0,95 14.918 6,52 2.067 0,90 204.737 12.928 228.847 709.524 32,25

1991 1.919 0,52 18.172 4,96 2.036 0,56 329.050 16.181 366.464 1.247.821 29,37

1992 7.223 1,82 22.316 5,61 2.170 0,55 359.571 20.324 397.881 1.016.438 39,14

1993 10.724 3,59 14.886 4,98 1.721 0,58 276.158 12.893 299.094 618.479 48,36

1994 8.112 1,72 20.771 4,40 6.349 1,34 437.536 18.777 472.485 1.074.637 43,97

1995 4.632 1,37 12.166 3,60 2.126 0,63 316.831 10.171 338.002 713.894 47,35

1996 2.179 0,81 12.054 4,48 1.532 0,57 250.288 10.058 269.293 636.277 42,32

1997 2.332 0,91 11.678 4,53 2.308 0,90 239.446 9.681 257.606 580.473 44,38

1998 2.812 1,03 10.600 3,89 1.484 0,54 261.294 8.602 272.331 509.459 53,45

1999 5.321 2,30 9.636 4,16 3.742 1,62 217.618 7.637 231.648 395.302 58,60

2000 5.168 2,45 8.636 4,09 3.724 1,76 195.271 6.636 211.188 419.110 50,39

2001 7.900 3,67 3.166 1,47 17.093 7,95 191.564 1.165 214.963 345.720 62,18

2002 9.962 2,70 13.880 3,76 14.400 3,90 343.165 11.878 369.038 628.330 58,73

2003 10.075 2,56 26.431 6,71 35.079 8,90 348.192 24.428 394.175 708.213 55,66

2004 11.383 2,73 24.449 5,87 32.030 7,69 369.961 22.445 416.309 730.008 57,03

2005 11.904 3,46 21.282 6,18 19.106 5,55 311.794 19.277 344.414 625.455 55,07

2006 14.103 3,46 18.588 4,56 27.205 6,68 361.829 16.582 407.300 730.653 55,74 Fonte:IBGE/Produção Agrícola Municipal, vários anos. Elaboração própria.

As atividades do APL da fruticultura, considerando agregadamente as principais lavouras,

responderam por 84,53% do total das vendas interestaduais da agricultura e 95,42% do total das suas

21 Os valores foram atualizados pelo IGP-DI de dezembro de 2006.

Page 63: Analise RN

63

exportações. O peso relativo da fruticultura também é relevante quando se considera o total da

atividade agropecuária, respondendo por 74,08% das vendas interestaduais e 38,26% das compras.

Considerando as exportações, o valor das vendas da fruticultura em relação à agropecuária atinge

65,81% e com as importações suas compras globais correspondem a 45,25% das aquisições. Mesmo

imputando a ela o valor de todas as aquisições internas e das importações da agricultura, seu saldo nas

transações comerciais (R$ 255.597 mil) colabora para reduzir em 5,35% do saldo negativo das

transações comerciais do estado.

Tabela 3.1. 5 - Resumo da participação do APL da fruticultura nos fluxos de comércio do Rio Grande do Norte – 2006

(R$ MIL)

ATIVIDADES VENDAS COMPRAS TOTAL

NÍVEIS INTER ESTAD

PART. %

EXPOR TAÇÃO

PART. %

TOTAL PART.

% INTER ESTAD

PART. %

IMPOR TAÇÃO

PART. %

TOTAL PART.

% SALDO

PART. %

FRUTICULTURA 37.150 301.736 338.886 62.452 20.837 83.289 255.597 TOTAL DA AGRICULTURA 43.950 84,53 315.836 95,42 359.786 94,19 101.863 61,31 20.837 100 122.700 67,88 237.086 107,81 TOTAL DA AGROPECUÁRIA 50.148 74,08 457.941 65,81 508.089 66,70 163.223 38,26 20.837 100 184.060 45,25 344.866 74,11

TOTAL RN 3.974.887 0,93 809.532 37,23 4.784.419 7,08 9.274.506 0,67 288.371 7,22 9.562.877 0,87 -4.778.458 -5,35 Fonte: Tab. 2.7. Elaboração própria

A importância do mercado externo para a fruticultura está expressa no fato de que o valor das

exportações foi mais que sete vezes maior que o valor das transações internas, tornando essa atividade

muito vulnerável à valorização cambial.22 Além disso, as dificuldades do setor foram agravadas pela

ocorrência de intensas chuvas em 2008 e 2009, com o alagamento de muitas plantações, especialmente

das fazendas de banana. A falta de infra-estrutura portuária no terminal salineiro de Areia Branca e no

porto de Natal faz com que parte das exportações seja embarcada pelo porto do Ceará, aumentado os

custos de transporte e reduzindo a competitividade e a margem de lucros dos produtores.

3.2. APLs com atividades parcialmente formalizadas

Os APLs considerados parcialmente formalizados devido seu estágio de organização e

formalização das relações de trabalho foram aqui relatados devido sua importância econômica e social

envolvem quatro ligados à atividades agropecuárias – apicultura, mandiocultura, ovinocaprinocultura e

bovinocultura – e duas pertencentes à indústria de transformação – cerâmica estrutural e laticínios.

A descrição de suas atividades e sua importância para a economia e sociedade local foi obtida

por meio do levantamento de informações em fontes primárias - principalmente através de entrevistas

22 Em 2009, a maior empresa exportadora de melão, responsável por 25% das exportações anuais, encerrou suas atividades, provocando o desemprego de aproximadamente 3.000 trabalhadores.

Page 64: Analise RN

64

com produtores e técnicos envolvidos diretamente com essas atividades -, e em dados estatísticos de

fontes secundárias.

3.2.1. APL da Apicultura

A apicultura no Rio Grande do Norte é uma atividade econômica em pleno processo de

consolidação, dados os esforços conjunto de vários órgãos23 que vêm, nos últimos anos24, trabalhando

em parceria na perspectiva de torná-la uma importante possibilidade de criação de novas ocupações e

geração de renda. A atividade tornou-se de grande importância, sobretudo por estar localizada em 32

municípios do interior do estado onde a carência de ocupação e renda tem se constituído em um sério

problema de reprodução dos agentes sociais menos abastados.

Apesar do crescimento da atividade apícola no estado do Rio Grande do Norte ainda é

preponderante nos pioneiros e recentes produtores a prevalência de formas indevidas de confecção e

instalação dos apiários, do manejo25 no ato da extração dos produtos (mel e cera), nas formas de

acondicionamento dos produtos antes e durante a venda, além de problemas especificamente de cunho

econômico como o transporte e a comercialização, que em boa medida estão sendo resolvidos por

parte dos produtores do estado organizados no APL.

O fato é que, como as demais atividades agropecuárias que foram desenvolvidas no estado, a

apicultura foi iniciada através de ensinamentos que foram repassados de um produtor a outro, isto é, de

forma exclusivamente empírica sem nenhum zelo pelo aprendizado técnico-científico quanto às novas

técnicas de instalações de apiários, de produção e comercialização dos principais produtos derivados,

sem levar em conta a menor informação científica e de fácil acesso quanto às formas de manuseio das

matérias-primas, etc.

O resultado da improvisação no processo de instalação de apiários e de distorção na aplicação

dos novos métodos produtivos e das recentes tecnologias apícolas tem sido um produto de baixo valor

agregado e de limitadas chances de conquistar boa parte dos mercados local, regional e até mesmo

internacional26.

23 Dentre outros, os órgãos voltados para o desenvolvimento da apicultura são: a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio Grande do Norte (SEDEC), o Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas do Rio Grande do Norte (SEBRAE-RN), a Universidade Federal do Semi-Árido (UFERSA) e o Ministério da Ciência e Tecnologia, além de diversas Associações de produtores locais. 24 A rigor pode-se afirmar que a atividade apícola do Rio Grande do Norte, de forma planejada, data da década de 1970 quando por iniciativa do Projeto POLONORDESTE foram dados os primeiros passos. Na década de 1980 a atividade foi intensificada na região de João Câmara com o advento do Projeto Sertanejo. 25 Sobre as novas técnicas de manejo ver documento do Ministério da Ciência e Tecnologia, 2004, conforme exposto nas referências bibliográficas e Santana/SENAR (2004). 26 Em muitos casos, a extração do mel por métodos primitivos realizadas pelos meleiros ocorre de forma predatória através da derrubada de árvores e da queima dos enxames (matando muitas abelhas). O mel em alguns casos ainda é espremido

Page 65: Analise RN

65

No Rio Grande do Norte o crescimento da atividade apícola vem ocorrendo de forma bastante

desconcentrada pelo território do estado, ocorrência esta que deve ser observada como um fenômeno

positivo, dado que se bem assessorada pode resultar em ganhos econômicos, ao contribuir para a

criação de ocupações e geração de renda por diversas municipalidades; e, sobretudo sociais, dado o

fato de que contribui para fixar parte dos contingentes do interior em sua região de origem.

No estado, a atividade apícola encontra-se em pleno processo de desenvolvimento nas

seguintes regiões: Alto Oeste27, na Chapada do Apodi (Seridó) e em Mato Grande28. Em sua totalidade

a atividade envolve um contingente de 3.500 apicultores que criaram 10.500 empregos diretos. Apesar

da existência de muitos problemas, como abordados anteriormente, é patente que a atividade cresceu

significativamente nos últimos quatro anos. Pode-se observar, com o apoio da Tabela que segue, que

entre 2003 e 2006 a produção de mel do estado cresceu 189,5%.

Tabela 3.2. 1 - Rio Grande do Norte: produção de mel (2003 – 2006) Ano Produção (t)

2003 345,4

2004 550,0

2005 700,0

2006 1.000,0 Fonte: IBGE

De acordo com a avaliação de algumas entidades que atuam nas atividades de assessoria à

qualificação dos pequenos produtores rurais do estado do Rio Grande do Norte, como é o caso do

SEBRAE/RN e a EMATER/RN, a atividade apícola deve ser estimulada dado que o próprio estado é

beneficiado por seus fatores climáticos (sol em significativa parte do ano), por possuir uma vegetação

com grande quantidade de florada, números apreciáveis de apicultores e de meleiros, além de um

crescente aproveitamento das abelhas como agentes polinizadores de outras culturas agrícolas do

estado como: manga, melão e caju, contribuindo, assim, para o aumento da produção de tais culturas e,

conseqüentemente, para o aumento da florada o que se constitui em um ciclo virtuoso de criação,

manutenção e expansão de ambas as culturas.

Deve ser observado que não se trata apenas do produto principal, o mel. Agregar valor ao mel

é, sobretudo, criar as condições objetivas para o surgimento de outros produtos derivados do mesmo

como, por exemplo: pólen, própolis, apitoxina e geléia real, de alta aceitação pelo mercado consumidor

com as mãos sem proteção alguma para o produtor e para o consumidor, dado o grande índice de impurezas que o produto retém (VEIT/SEBRAE, 2003). 27 No Alto Oeste e no Vale do Assú a apicultura pode ser encontrada nos seguintes municípios: Assú, Afonso Bezerra, Apodi, Areia Branca, Baraúnas, Caraúbas, Encanto, Felipe Guerra, Francisco Dantas, Governador Dix-Sept Rosado, Grossos, Ipanguaçu, Itaú, Janduís, João dias, Lucrécia, Luís Gomes, Marcelino Vieira, Martins, Messias Targino, Mossoró, Pau dos Ferros, Portalegre, Rafael Godeiro, Rodolfo Fernandes, Tibau, São Miguel, Serra do Mel, Severiano Melo, Umarizal, Upanema e Carnaubais. 28 Em conjunto as regiões onde ocorre a apicultura respondem por 60% do território do estado do Rio Grande do Norte.

Page 66: Analise RN

66

regional, nacional e mesmo exterior. Estes produtos derivados do mel, em boa medida, já são

produzidos pelas principais organizações produtoras do estado, comprovando que o APL do mel no

Rio Grande do Norte encontra-se, desde os anos de 1980 (mas, sobretudo, a partir dos anos 1990) em

pleno processo de transformação, como já mencionado anteriormente.

Este APL envolve muitas pequenas comunidades produtivas, que se organizaram na

perspectiva de consolidação econômica, social e política das mesmas. Desta forma, tal arranjo tem

permitido a existência de pequenos agrupamentos produzindo para além do auto-consumo, o que vem

resultando em uma maior inserção destes nos mercados capitalistas. Assim, criam determinado nicho

de desenvolvimento com sustentabilidade, dado que desenvolvem um mecanismo de ação mútua que

beneficia todas as localidades onde ocorrem produtores minimamente organizados.

No caso específico da apicultura potiguar, é significativo o peso da aquisição dos insumos

adquiridos no próprio APL. O quadro que segue demonstra os nove insumos consumidos pelo APL da

Apicultura/RN. Aproximadamente 56,0% dos insumos básicos necessários ao desenvolvimento da

atividade foram adquiridos no próprio APL, tais como: cera (100%), arame (100%), garfo

desoperculador (100%), rótulos (100%), indumentária (10%). O restante é adquirido fora do estado,

mas dentro do país. Destacam-se como fornecedores de insumos dentro da região Nordeste os estados

do Ceará, do Piauí e o de Pernambuco. Fora da região vem tendo destaque os estados de Santa

Catarina e Paraná. Adverte-se que, embora as estatísticas oficiais ainda não tenham capturado, segundo

pesquisa de campo juntos aos atores que atuam no APL da apicultura, o estado de São Paulo tem

fornecido significativo montante de insumos à produção de mel potiguar.

INSUMOS %

Adquirido no APL

% Adquirido fora do APL, mas no RN

% Adquirido fora do RN, mas no BR

% Adquirido fora do país

Colméias 100% (CE e PI) Coletor de pólen 100%(CE, SC e PR) Cera 100% Arame 100% Garfo desoperculador 100% - mesa desoperculadora - centrífuga - decantador - peneira

80% (PI) e 20% (SC) 80% (PI) e 20% (SC) 80% (PI) e 20% (SC) 80% (PI) e 20% (SC)

Embalagens 50% (Natal) 50% (PE) Rótulos 100%

Indumentária 10% 70% (SC)

e 20% (CE)

Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN, aplicado junto ao SEBRAE/RN, Unidade de Mossoró, 2009.

Quadro 2 - Rio Grande do Norte: percentuais e origens dos principais insumos adquiridos pelo APL da Apicultura no estado (2009)

De acordo com Valdemar Belchior Filho, Gestor do Projeto APIS-RN, significativa parte das

despesas com insumos ocorrem exatamente no primeiro ano, com exceção apenas da cera que tem de

Page 67: Analise RN

67

ser trocada a cada ano. Acrescentou que o Banco do Nordeste tem um custeio para atividade apícola

que leva em consideração o valor de R$ 34,00 por colméia. Como se trata de pequenos produtores, que

em média têm entre 30 e 40 colméias, pode-se inferir que a despesa média anual de um apicultor esteja

no intervalo entre R$ 1.020,00 a R$ 1.360,00 ao ano.

Ainda há certa dificuldade na aquisição dos principais insumos utilizados na atividade apícola

potiguar. No estado são poucas as indústrias que suprem as demandas do setor - apenas uma indústria

de embalagem em Natal, mas não é especializada em tipos específicos de embalagem para o mel. No

que tange as indumentárias, as informações obtidas confirmam que existem apenas algumas pessoas

que as confeccionam, porém de forma artesanal. Da mesma forma são confeccionadas as colméias.

Apesar dessas dificuldades, há iniciativas no sentido de solucionar algumas deficiências quanto à

maior oferta de determinados insumos. O Centro Tecnológico de Apicultura já está produzindo a cera

e abelhas rainhas selecionadas, além de pesquisas com enxameação e análises de mel.

Quanto à comercialização pode-se afirmar que não existem grandes problemas, ao menos em

relação ao mel, apesar de existir algumas barreiras que dificultam a colocação dos produtos

fracionados nas grandes redes de supermercados devido, sobretudo, aos custos das gôndolas e a

manutenção de pessoal para reposição. No que tange a maior inserção do mel no mercado nacional e

internacional, o maior problema é a pequena quantidade produzida que inviabiliza atender os grandes

contratos de compras típicos desses mercados29.

No início dos anos 2000, mais especificamente entre 2001 e 2004, o Rio Grande do Norte não

figurava entre os estados exportadores de mel tais como: São Paulo, Santa Catarina, Piauí, Ceará e

Paraná. Todavia, como pode ser observado na Tabela que segue, entre o ano de 2005 e ano de 2008

exportou 1.985.598 kg de mel obtendo um faturamento de US$ 3.662.429.

Tabela 3.2. 2 - Rio Grande do Norte: exportação de mel em Kg e em valor – US$ FOB 2005 – 2008

Ano Produção (Kg) Valor (US$ FOB)

2005 40.040 50.450

2006 438.749 631.863

2007 554.975 865.547

2008 951.834 2.114.569

TOTAL 1.985.598 3.662.429 Fonte: Lira et.al. (2007), com exceção dos valores em dólares.

Quanto ao seu destino, o mel, principal produto da atividade apícola potiguar, tem no próprio

estado o maior percentual de sua demanda, sendo que 10% é demandado no próprio APL e 50% tem

29 Para 33,3% dos apicultores do estado o grande problema do APL do mel está relacionado ao baixo volume da produção; para 26,6% a dificuldade está em atender às normas técnicas exigidas pelo Ministério da Agricultura; para 13,3% ainda existe muito desconhecimento dos procedimentos administrativos (racionalidade empresarial); e 13,3% identificaram como grande dificuldade a falta de maior imbricamento produtivo e comercial com os parceiros nacionais (VILELA et.al., 2002).

Page 68: Analise RN

68

como destino o município de Natal. Com o auxílio das informações contidas no Quadro que segue

pode-se afirmar que 40,0% do mel produzido no Rio Grande do Norte tem como destino outros

estados, tais como: Santa Catarina, São Paulo, Ceará e Piauí. Estes estados servem como exemplo da

importância da atividade apícola do estado do Rio Grande do Norte, isto é, comprovam que a mesma

tem criado e motivado externalidades econômicas para além do APL da Apicultura potiguar.

PRODUTOS % de vendas no

APL % vendido fora do APL, mas no RN

% vendido fora do RN, mas no BR % fora do país

Mel 10% 50% Natal para

exportação 40% para SC, SP, CE,

PI, -

Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN, aplicado junto ao SEBRAE/RN, Unidade de Mossoró, 2009.

Quadro 3 - Destino do Mel Produzido no Rio Grande do Norte

As informações quantitativas do referido quadro indicam mudanças substanciais do destino da

produção apícola do estado, dado que Vilela (2002) et. al. em pesquisa realizada no ano de 2002,

constatou que 50,8% da produção de mel havia sido comercializada no mercado local, isto é, na

própria região produtora; 13,5% fora direcionado para o mercado estadual; 10,2% para o mercado

regional; e apenas 5,4% no mercado nacional.

Vilela (2002) et. al. observou que a apicultura potiguar é composta preponderantemente por

produtores familiares. Sua pesquisa revelou que 38,5% da mão-de-obra ocupada na atividade é

composta por membros da própria família, sem remuneração, o que evidencia o grande peso da

apicultura no que tange a fixação do homem em sua região de origem. A pesquisa ainda constatou que

26,2% da mão-de-obra ocupada na apicultura advêm de troca de serviços entre membros das

Associações envolvidas com a referida atividade econômica e apenas 8,6% dos membros das famílias

percebem algum tipo de remuneração, o que incorre em aproximadamente cerca de 74% dos membros

das famílias envolvidos com a atividade apícola do estado. Conclui que aproximadamente “15% são

assalariados temporários ou eventuais, e 4,8% assalariados permanentes30” (VILELA/SEBRAE-RN,

et.al., 2002).

Em boa medida o apicultor obtém renda da seguinte forma: venda para EMATER do kg de mel

por R$ 7,00 em média, para a CONAB por R$ 5,00 e de porta a porta por R$ 10,00. Por ser uma

mercadoria nobre no que tange às suas diversas propriedades (alimentar e medicinal) e por ser o mel

basicamente um produto orgânico seu mercado vem se expandindo a cada ano.

Desta forma, pode-se afirmar que as novas iniciativas para ampliar essa atividade econômica no

Rio Grande do Norte devem levar em consideração o apoio/promoção deste APL, o que requer

30 De acordo com a referida pesquisa até o ano de 2002 apenas 20,3% dos entrevistados nas principais regiões produtoras de mel do estado consideravam a apicultura como atividade econômica principal. Esse fato comprova a ainda incipiente situação econômica da atividade apícola potiguar, em que pese o fato de que a mesma encontre-se em pleno desenvolvimento, como demonstrado anteriormente.

Page 69: Analise RN

69

permanente assessoria técnica e científica voltada para o seu circuito produtivo bem como para o da

circulação (nas logísticas de distribuição e venda) somadas à criação de linhas específicas de crédito ao

produtor familiar, levando em conta sua particular forma de organização econômica.

Neste sentido, as autoridades governamentais, por meios de seus sistemas de créditos aos

pequenos produtores rurais devem observar o aspecto social que encerra esse tipo de atividade rural,

uma vez que no estado a mesma é responsável pela ocupação de cerca de 10.000 pessoas que

desenvolvem algum tipo de atividade no APL da Apicultura potiguar31.

Por fim, apesar da persistência de alguns problemas represados no APL da Apicultura potiguar,

é possível afirmar que este arranjo goza de uma estrutura operacional bem alicerçada. Esta estrutura,

do ponto de vista institucional, conta com o empenho de uma Cooperativa de Apicultores com poderes

de atuação em todo o estado e de várias Associações de Apicultores distribuída pelas principais

localidades produtoras de mel. Do governo do estado conta com isenção fiscal desde 2003, com um

vasto número de instituições habilitadas a conceder assistência técnica e assessoria econômica – como

EMATER-RN (através de seus 71 escritórios estaduais), o SEBRAE-RN, o Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), dentre outras.

Ademais, do ponto de vista da estrutura física pode-se acrescentar que a atividade apícola

norte-rio-grandense conta com 55 Casas de Mel preparadas para auxiliar no processo de extração e

beneficiamento, de 02 unidades técnicas demonstrativas e de 01 entreposto de recepção de mel, com

sede em Mossoró, que possibilita a exportação direta do mel para o exterior. A função desse

entreposto, que foi uma iniciativa privada, é bastante importante dado que prima pela alta qualidade do

produto e pelas logísticas de abastecimento do mercado nacional e internacional.

O governo do estado vem somando esforços no sentido de ampliar a infra-estrutura produtiva

potiguar através da construção do que se convencionou chamar de Centro Tecnológico Temático da

Apicultura do Rio Grande do Norte32 que pretende fazer do estado uma referência no setor da

apicultura. O montante da inversão no Centro é de 1 milhão e 53 mil reais. O mesmo será erigido no

município de Mossoró, mais precisamente na Fazenda Experimental Rafael Fernandes, pertencente à

UFERSA.

31 Os produtores de mel do estado do Rio Grande do Norte ainda preservam postura empresarial um tanto acanhada no que tange ao planejamento quanto os montantes de inversões produtivas. Poucos utilizam as formas tradicionais de financiamento à produção. Na referida pesquisa realizada por Vilela (et. al., 2002) apenas 14,7% dos produtores entrevistados no estado utilizavam o financiamento bancário; 22,1% se beneficiaram com algum tipo de doação e cerca de 51% utilizaram seus próprios recursos para gerir a atividade apícola. 32 O Centro Tecnológico Temático da Apicultura do Rio Grande do Norte é uma parceria da Secretaria do Desenvolvimento Econômico – SEDEC, SEBRAE/RN, UFERSA – Universidade Federal do Semi-Árido e Ministério de Ciência e Tecnologia, e tem como objetivo capacitar produtores e produzir abelhas-rainha para abastecer os apiários locais e de todo o Nordeste.

Page 70: Analise RN

70

Dadas essas iniciativas pode-se concluir que o APL da Apicultura tende a passar por

significativas mudanças que beneficiarão, sobretudo, os municípios do interior do estado, assegurando

aos mesmos oportunidades para a geração de ocupação e renda.

3.2.2. APL da Mandioca

A mandioca é uma das tuberosas mais conhecidas do país. Quando os europeus aqui aportaram

– com exceção apenas das áreas frias – se depararam com as plantações de mandiocas por toda parte

do território, dado que a mesma já fazia parte da dieta da população nativa. Outros produtos que

também se encontram largamente incorporados à alimentação da população nacional podem ser

derivados da mandioca, tais como: a farinha, a fécula, a goma, a glicose e a própria raiz.

A importância da mandioca no Rio Grande do Norte perpassa os aspectos prazerosos da

gastronomia local. Trata-se de uma tuberosa de forte resistência às intempéries climáticas do semi-

árido estadual, isto é, à escassez de água e à baixíssima fertilidade natural do solo33, além de ter grande

tolerância às pragas. Por esta razão, o incentivo ao desenvolvimento desse tipo de cultura agrícola faz-

se necessário não apenas porque a mesma é de fácil manejo, alta resistência e de grande adaptabilidade

às diversas topografias e fertilidades das áreas agrícolas potiguares, mas, sobretudo, devido ser fonte

de proteína e, portanto, de sobrevivência das populações dos municípios mais pobres do estado34.

É também uma cultura que pode ser completamente assimilada pelo micro empresário nas

etapas de produção, do transporte, da comercialização e até mesmo no processamento. Ao pequeno e

médio produtor estão incumbidas as tarefas de agregar valor ao produto e, principalmente, aos

subprodutos da mandioca. A fécula e a glicose, por exemplo, extraídas do amido da mandioca, são

produtos cuja demanda encontra-se em expansão e suas produções podem ser assumidas pelos

produtores mais organizados35.

No estado, trata-se, portanto, de reorganizar a forma de produção da mandioca. Essa

reorganização passa necessariamente por um trabalho de orientação das comunidades produtivas,

através, a priori, da informação das vantagens de se produzir de forma integrada o referido produto. O

fato é que muitos esforços despendidos na produção da mandioca não têm resultado em ganhos

econômicos. Reverter esse quadro é possível desde que as comunidades produtivas36 criem

mecanismos de auto-ajuda desde a produção até a comercialização da mandioca, o que exige a adoção

de uma nova forma de atuar sobre aquelas etapas econômicas: concentrar o resultado das diversas

33 Adverte-se para o fato de que mais de 90% do território potiguar está localizado no semi-árido (CLEMENTINO, 1995). 34 A mandioca tem destaque entre as tuberosas devido seu alto teor de minerais, fósforos, potássios e vitaminas tiamina, riboflavianas e ácido ascórbico. (SEBRAE-RN, 2006) 35 Hoje a fécula é largamente utilizada nos seguintes ramos industriais: papel, têxtil, alimentos, etc. (SEBRAE-RN, 2006) 36 A mandioca é cultivada em noventa e nove municípios do Rio Grande do Norte pertencentes às Mesorregiões Agreste Potiguar, Leste Potiguar e Central Potiguar (SEBRAE-RN, 2006).

Page 71: Analise RN

71

produções dispersas pelas localidades, trocar informações sobre as novas técnicas de cultivo da

tuberosa, de armazenamento, de aproveitamento nas diversas etapas de processamento, etc., garante

aos produtores melhores condições de inserção no mercado. Isto é, explorar as vantagens advindas dos

arranjos produtivos locais (cooperação, aprendizado, inovação) possibilita eivar as localidades

produtoras de mandioca de potencialidades de criação e manutenção de ocupação e renda capazes de

suportar, por maior período, os movimentos cíclicos negativos tanto da produção (oferta) quanto dos

mercados (demanda).

No Rio Grande do Norte, o SEBRAE/RN juntamente com a EMATER/RN tem efetuado um

trabalho bastante significativo com o propósito de criação de um complexo mandioqueiro “como

centro aglutinador e de consolidação de muitas comunidades rurais que nasceram e se desenvolvem

sob forte influência das casas-de-farinha, promovendo sua própria história na permanente luta pela

qualidade de vida de sua gente” (SEBRAE, 2006, p.19). Tais aspectos figuram como umas das

vantagens do enfoque em APLs, na medida em que as interações entre os atores desenvolvam de ações

que recuperem a identidade de um determinado agrupamento, que possibilite sua estruturação ou sua

reestruturação econômica e social, que condicione maior sinergia entre os atores organizados em

determinada produção para que o resultado do trabalho seja melhor absorvido pela totalidade do grupo

social inserido neste sistema produtivo.

Pode-se afirmar que a mandioca é uma cultura de bastante significado social nos países mais

pobres. Esta é uma das razões que fortalece a importância de sua dinamização no Brasil.

Aproximadamente 65% da produção mundial de mandioca concentra-se na Nigéria, no Brasil, na

Tailândia, no Congo, na Indonésia e em Gana (SEBRAE/RN, 2006). Nestes países estão localizadas

exatamente nas áreas mais pobres, inclusive onde a agricultura insiste em se rebelar contra as

necessidades mais urgentes daquelas populações. Como pode ser observado na Tabela que segue,

dentre os maiores produtores, o Brasil ocupava a segunda colocação no ano de 2002. Manteve a média

de 23 milhões de toneladas de raiz até o ano de 2005, com destaque para a região Nordeste, com

participação de 35,9% e da região Norte com 25,2% da produção nacional37.

37 Apesar dos grandes incentivos às lavouras de mercado (como as frutíferas), de 1998 a 2005 a produção nacional de mandioca cresceu 23% (SEBRAE-RN, 2006).

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72

Tabela 3.2. 3 - Principais Países Produtores: área colhida, produção e rendimento de mandioca 2002

Países Área Colhida

(mil t) Produção

(mil t) Rendimento

(t/ha) Nigéria 3.150 33.563 10,65

Brasil 1.687 23.108 13,69

Tailândia 1.030 17.330 16,83

Indonésia 1.290 16.180 12,54

Congo 1.839 14.929 8,11

Gana 726 8.965 12,34

Mundo 16.907 180.076 10,65 Fonte: Lorenzi, 2003. Tabela extraída de SEBRAE/RN, 2006.

No Brasil os maiores produtores de mandioca são os estados do Pará, Bahia e Paraná.

Conforme as informações da Tabela seguinte, no Nordeste o estado do Rio Grande do Norte ocupava a

terceira colocação no que tange a área plantada, produção e produtividade no ano de 2004. Neste ano,

o Rio Grande do Norte produziu 591 mil toneladas de mandioca sendo que 57,1% do plantio estava

concentrado na mesorregião do Agreste Potiguar, 30,2% no Leste Potiguar e 12,2% na mesorregião

Central Potiguar. Para o conjunto dessas três mesorregiões, o SEBRAE/RN (2006, p. 36) detectou que

“61% dos produtores são proprietários de terras; 13% são assentados da reforma agrária; 10%

arrendatários; e 4% exploram terras comunitárias”.

Tabela 3.2. 4 - Cultura da Mandioca no Nordeste: área plantada, produção, rendimento e valor da produção – ano de 2004

Nordeste Área Plantada

(ha) Produção

(t) Rendimento

(t/ha) Valor da Produção

(R$ mil) Maranhão 173.045 1.339.992 7,8 198.111 Piauí 40.840 430.306 10,5 53.997 Ceará 81.043 754.575 9,3 113.932 Rio Grande do Norte 53.434 591.065 11 83.085 Paraíba 28.957 258.636 8,9 42.233 Pernambuco 49.608 543.405 11 96.859 Alagoas 19.200 272.599 14,2 36.789 Sergipe 32.030 470.516 14,7 63.053 Bahia 345.700 4.160.358 12 916.327

Fonte: IBGE/SIDRA. Dados extraídos de SEBRAE/RN, 2006. Tabela adaptada pelo Grupo de Pesquisa de APLs da UFRN/DEPEC.

Nas três mesorregiões anteriormente abordadas, a cultura da mandioca ocorre consorciada com

vários outros gêneros agrícolas relacionados diretamente com a necessidade de alimentação dos atores

que produzem a mandioca para o mercado. Os consórcios mais comuns são com a batata doce, com o

feijão, com o milho além de reservarem espaços para hortas e pequenas criações. Este sistema

produtivo tem fortalecido a reprodução da família e amenizado os gastos monetários com o item

alimentação. Mais uma vez destaca-se a importância da mandioca como cultura de enraizamento do

homem rural em sua região de origem, pois ela permite o consórcio com diversas culturas agrícolas,

sem perder a capacidade produtiva.

Page 73: Analise RN

73

Conforme exposto no Quadro que segue, a produção de mandioca e de seus derivados mobiliza

a demanda de vários insumos tais como: a raiz de mandioca, o adubo orgânico (esterco bovino,

sobretudo), adubo químico, o corante, as especiarias, os condimentos (utilizados na preparação de

farofas). Quanto às raízes e ao adubo orgânico 100% são adquiridos no próprio APL. O adubo químico

e as embalagens são provenientes em sua totalidade de fora do APL mas adquiridos nos principais

centros comerciais do estado, como Natal e Mossoró. Já os insumos como corantes, especiarias e os

condimentos são provenientes de outros estados do Brasil, sobretudo de São Paulo onde está

concentrado o mais moderno pólo da indústria de alimentação do país.

De acordo com informações fornecidas pelo SEBRAE/RN (Unidade de Mossoró) através de

questionário, para cada hectare de mandioca plantada tem-se a seguinte despesa anual com insumos:

• raiz (adubação, plantio e “limpa”) – R$ 500,00;

• adubo orgânico – R$ 120,00;

• adubo químico (saco de 50 kg) – R$ 55,00;

• corante – R$ 10,00;

• especiarias por kg – R$ 0,04;

• condimentos por kg – R$ 0,04;

• embalagem por unidade – 0,06;

INSUMOS % Adquirido no

APL % Adquirido fora do

APL, mas no RN % Adquirido fora do RN, mas no BR

% Adquirido fora do país

Raiz de Mandioca 100 - - -

Adubo Orgânico 100 - - -

Adubo Químico - 100 - -

Corante - - 100 -

Especiarias - - 100 -

Condimentos - - 100 -

Embalagens - 100 - - Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN, aplicado junto ao SEBRAE/RN, Unidade de Mossoró, 2009.

Quadro 4 - Percentuais e Origens dos Principais Insumos Adquiridos pelo APL da Mandioca no Estado do Rio Grande do Norte - 2009

Ou seja, os insumos que levam os agricultores a incorrerem em maiores gastos anuais são

aqueles produzidos no próprio APL ou fora deste, porém dentro do estado, o que pode ser

compreendido como um fator positivo dado que cria irradiações econômicas nas áreas que estão

envolvidas com a produção da mandioca.

Deve-se registrar que a farinha, a farofa e a fécula são os principais produtos derivados da

mandioca, que em sua totalidade são vendidos fora do APL, mas dentro do estado do Rio Grande do

Norte. Estes produtos têm mercados na maioria dos municípios do estado, notadamente nos centros

Page 74: Analise RN

74

comerciais já consolidados como Natal, Mossoró, Assú, Pau dos ferros, etc. A farinha, produto que se

sobressai dentre os demais – ao menos enquanto ainda não foi disseminada a produção da fécula –, tem

resultado numa receita média anual em torno de R$ 120.000,00 para a totalidade das casas de farinha

com produção mensal de 40 toneladas do produto. A mandioca tem como resultado uma significativa

renda média mensal aos seus trabalhadores. Esta renda hoje é de aproximadamente R$ 550,00.

Ainda deve ser observado que embora haja diversificação no tamanho do cultivo (área utilizada

com a mandioca), pode-se afirmar que em média ela está compreendida entre 1ha e 5 ha, o que hoje

equivale a cerca de 55% da área plantada nas mesorregiões onde ocorre de forma mais acentuada a

mandioca. Apenas 29% da área plantada diz respeito a sítios com mais de 5 ha disponibilizados para o

cultivo da tuberosa. Esses produtores estão “completamente” voltados para os mercados. Já aqueles

que produzem numa faixa de terra de menos de 1 ha não encontram condições de inserção no mercado.

Estes perfazem cerca de 16% dos produtores. Esse percentual é significativamente alto e devem ser

criadas as condições para que os mesmos incorporem todas as possibilidades de aumento de suas

produções, já existentes no próprio APL, para que sejam inseridos no sistema produtivo do mesmo.

Como enfatizado acima a mandioca ocorre com expressividade em regiões carentes de

fertilidade e carentes de toda forma de reprodução econômica e social. Esta comprovação pode ser

observada na Tabela a seguir onde estão expostos alguns indicadores sociais dos principais municípios

produtores de mandioca no estado do Rio Grande do Norte. Observe-se que ainda são muito precárias

as condições sociais devido, sobretudo, os altos índices de analfabetismo e de desigualdade de renda.

Há muitos limites para serem superados. A terra ainda está significativamente concentrada, o

que impede a ampliação dos plantios da mandioca com maior inserção de contingentes populacionais

nos núcleos rurais do estado; ainda é muito baixa a propriedade dos instrumentos básicos de produção,

tais como: carroças, pulverizadores e capinadeiras38; faltam recursos financeiros para inserção de

tecnologias apropriadas ao aumento da produtividade (desde o plantio às diversas fases do

processamento e embalagem); cerca de 33% dos produtores das mesorregiões do estado onde ocorre a

mandioca não dispõem de energia elétrica; vícios culturais quanto ao plantio ainda constituem grande

obstáculo ao atual processo de transformação pela qual passa a cultura no estado. Falta raiz em

determinada época do ano, faltam empresas fabricantes de máquinas e equipamentos, etc.

38 Nas mesorregiões do Agreste Potiguar, Central Potiguar e Leste Potiguar 48% dos produtores não possuem esses instrumentos que viabilizam a produção da mandioca.

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Tabela 3.2. 5 - Rio Grande do Norte: cultura da mandioca e os indicadores sociais na área de estudo

Municípios Área (ha) 2004

Produção (t) 2004

Índices Ano de 2000 Analfabetos

Idade ≥ 15 anos 2000 (%) GINI

(1) IDH (2)

Tenente Laurentino 1.200 12.000 0,56 0,628 29,53 São Vicente 150 1.500 0,58 0,613 30,87 Lagoa Nova 2.200 20.900 0,62 0,62 36,59 Cerro Corá 1.200 12.000 0,57 0,592 38,27 Bodó 1.700 17.000 0,59 0,595 40,1 Pureza 650 5.850 0,56 0,577 35,5 Touros 2.000 18.000 0,61 0,595 38,57 Macaíba 3.400 40.800 0,57 0,665 30,55 Nísia Floresta 1.200 12.000 0,59 0,666 27,86 São Jose do Mipibú 650 5.850 0,55 0,671 32,33 Ceará - Mirim 1.400 11.200 0,58 0,646 31,26 Santo Antônio 441 4.110 0,66 0,655 40,42 Lagoa D'Anta 3.000 54.000 0,62 0,601 41,49 Brejinho 2.010 22.100 0,57 0,625 41,71 Monte Alegre 650 7.800 0,59 0,645 38,34 Vera Cruz 2.200 26.400 0,61 0,607 43,49 Lagoa de Pedra 1.000 9.000 0,62 0,594 43,88 Serrinha 2.500 30.000 0,67 0,598 44,17 Lagoa Salgada 1.800 28.800 0,59 0,598 44,84 Boa Saúde 2.500 50.000 0,61 0,596 43,06 Poço Branco 700 5.600 0,51 0,606 40,05 João Câmara 2.500 20.000 0,62 0,639 38,43 Total Nos Municípios 35.051 414.910 - - - Rio Grande do Norte 53.484 591.059 0,67 0,71 23,85 Brasil (3) S.I S.I S.I 0,77 12,94 Fonte: Anuário Estatístico 2004, IDEMA. Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD/IPEA, 2000, p 31. (1) Trata-se de um índice de desigualdade de renda que varia de zero a um. Quanto maior o índice maior a desigualdade. (2) Índice de desenvolvimento Humano (IDH) Indicador realizado pela ONU/PNUD, indo de zero a um. Quanto mais próximo a um mostra a possibilidade da sociedade poder usufruir coletivamente do maior grau de desenvolvimento do potencial de capacidade humana. (S.I) Sem informação.

Parte desses limites pode ser resolvida com a instalação da fábrica de fécula e glicose no

município de Vera Cruz. Inicialmente a empresa (Amidos Agroindustrial Ltda.) irá operar com

capacidade para moer cerca de 200 toneladas de raízes ao dia mobilizando 51 municípios produtores

de mandioca num raio de aproximadamente 50 km. Estima-se que a referida indústria criará 60 mil

empregos e mobilizará mais 12.000 nas áreas agrícolas produtores da tuberosa (SEBRAE/RN, 2006).

Porém, atualmente, numa pesquisa realizada em 22 municípios do estado que representam

cerca de 65,5% da área plantada e responsável por 70,2% da produção de raiz de mandioca, foi

constatado que existem aproximadamente 606 pessoas ocupadas das quais mais de 89% são homens e

aproximadamente 11% mulheres. Observe-se que 54% das ocupações masculinas são temporárias e

cerca de 43% são compostas por membros da família, o que de certa forma expõe o baixo grau de

empresariamento da atividade no estado.

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76

Tabela 3.2. 6 - Rio Grande do Norte: mão-de-obra na cultura de mandioca na área de estudo Pessoas Ocupadas Número de Homens Número de Mulheres

Fixo/Permanente 11 0

Familiares 234 65

Temporários 294 0

Terceirizados 2 0

TOTAL* 541 65 Fonte: SEBRAE/RN, 2005, p. 41. *Na Tabela original não consta a linha do total.

Apesar desses importantes sinais de melhoria e de progresso do APL da mandioca no Rio

Grande do Norte, deve-se ficar atento para o fato de que para resolver os principais problemas da

cultura da mandioca no curto prazo faz-se necessário “encontrar mecanismos que assegurem preços

remuneradores à atividade e que viabilizem, de forma sustentável, a modernização do setor, com

reflexos diretos na ampliação da área cultivada, melhorias nos coeficientes de produtividade e renda

dos agricultores” (SEBRAE/RN, 2006).

Ainda de acordo com o SEBRAE/RN, embora os agricultores na maioria dos municípios

produtores de mandioca estejam receptivos à introdução de novas técnicas produtivas e de novas

tecnologias, continuam reticentes quanto à melhoria dos preços pagos aos produtores – sobretudo os

pequenos produtores familiares – e quanto à falta de crédito diferenciado à produção e ao

financiamento da compra de insumos.

3.2.3. APL da Cerâmica Estrutural

No Rio Grande do Norte existem cerca de 159 cerâmicas em atividade, localizadas em 39

municípios diferentes. A produção de cerâmica do estado encontra-se, portanto, distribuída

geograficamente em três pólos: o da grande Natal, o do Seridó e o do Baixo Assú39 (Carvalho et al.,

2001). Nestes pólos são produzidos tijolos de oito furos, lajotas e telhas coloniais, todos na cor

vermelha, um processo que envolve cinco fases: a da extração da matéria-prima, o de estocagem da

produção, o de extrusão, secagem e queima.

Na fase de produção são utilizados os seguintes insumos: argila, lenha e fornos. Como

registrado no Quadro a seguir, os maiores percentuais dos referidos insumos são adquiridos no interior

do próprio APL, sendo complementada a demanda pela oferta do estado da Paraíba – de onde provêm

39 O Pólo do Baixo Assú possui 35 empresas que se encontram distribuídas entre cinco municípios (Itajá, Pendências, Ipanguaçu, Assú e Alto dos Rodrigues).

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77

cerca de 20% da argila e 30% da lenha consumida no APL da Cerâmica potiguar –, e de São Paulo –

que fornece 40% dos fornos utilizados.

INSUMOS % Adquirido no

APL

% Adquirido fora do APL, mas

no RN

% Adquirido fora do RN, mas

no BR

% Adquirido fora do país

Argila 80% 0,0% 20% (PB) 0,0%

Fornos 60% 0,0% 40% (SP) 0,0%

Lenha 70% 0,0% 30% (PB) 0,0% Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN, aplicado junto a FUNCERN-IFRN, Natal, 2009.

Quadro 5 - Origem dos Principais Insumos Consumidos Pelo APL da Cerâmica do Rio Grande do Norte

Tais insumos resultam numa despesa média anual de cerca de R$ 4.595.532,00, onde

aproximadamente cerca de 84% diz respeito a aquisição de lenha e aproximadamente 9 e 8%,

respectivamente, a fornos e argilas.

Insumos Despesa média anual (em R$)

Argila 350.000,00

Fornos 400.000,00

Lenha 3.845.532,00

Total 4.595.532,00 Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN, aplicado junto a FUNCERN-IFRN, Natal, 2009.

Quadro 6 - Despesa Média Anual com Insumos no APL da Cerâmica do Rio Grande do Norte

Quanto ao destino da produção do APL da Cerâmica potiguar, percebe-se que 50% das telhas

coloniais são vendidas dentro da região do próprio APL; 30% são destinadas ao mercado da capital; e

20% tem como destino outros estados da Região, tais como: Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Em

relação aos tijolos, apenas 10% são negociados no APL. O maior percentual, 60%, é destinado aos

estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Assim como no caso das telhas, 30% da produção

de tijolos e de lajotas tem o mercado da cidade de Natal como principal demandante.

PRODUTOS % de vendas no APL

% vendido fora do APL, mas no RN

% vendido fora do RN, mas no BR % fora do país

Telhas Coloniais 50% 30% (Natal) 20% (Paraíba,

Pernambuco e Alagoas) 0,0%

Tijolos 10% 30% (Natal) 60% (Paraíba,

Pernambuco, Alagoas e Sergipe)

0,0%

Lajotas 40% 30% em todo RN 30% em todo NE 0,0%

Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN, aplicado junto a FUNCERN. Natal, 2009. Quadro 7 - Destino da Produção do APL da Cerâmica do Rio Grande do Norte

No que concerne à produção de lajotas, observe-se que o percentual que é vendido dentro do

próprio APL é significativamente alto, 40%. Os demais estados do Nordeste são responsáveis pela

compra de 30%, dos quais os maiores compradores são os estados da Paraíba e Pernambuco.

Page 78: Analise RN

78

A receita média anual dos produtores da principal atividade desenvolvida no APL é de R$

72.000.000,00, e a renda média mensal dos trabalhadores envolvidos na atividade é de R$ 1.100,00, o

que expressa que a atividade remunera bem, conforme entrevista junto a FUNCERN. Considerando

todas as atividades do APL da Cerâmica, pode-se afirmar ainda que, atualmente, cerca de 5.496

pessoas encontram-se ocupadas na mesma.

A produção de cerâmica do estado do Rio Grande do Norte embora tenha passado por várias

crises, resistiu bem aos períodos difíceis, dado, sobretudo, o baixo custo do insumo argila40, situação,

aliás, que deve ser modificada devido à tendência de aumento do preço da terra na referida região.

Especificamente na região do Baixo-Assú os sítios de cerâmicas (jazidas) são

significativamente grandes41 e abrangem a bacia do Rio Assú. De acordo com Carvalho, (2005, p. 9) as

35 empresas que operam no pólo do Baixo-Assú “geram 1.332 empregos diretos e produzem

mensalmente 17.949.000 peças, entre telhas coloniais (45%), tijolos de 8 furos (46%) e lajotas (9%)42.

Para atingir essa produção, foram consumidas 43.290 t de argila e 31.309 m3 (estéreos) de lenha”.

Ou seja, é um tipo de atividade completamente predatória ao meio ambiente, pois para a

obtenção do produto final são utilizados, em mais de 90% das diferentes fases pela qual passa os

produtos deste APL, recursos naturais não-renováveis, geralmente explorados na própria região do

APL.

As Figuras 2 e 3 ilustram apenas um exemplo do resultado da produção da cerâmica no estado

do Rio Grande do Norte.

Fonte: CARVALHO, 2005, p.4

Figura 2 - Frente de lavra de Pedrinhas, Ipanguaçu/RN

40 Quanto à abundância e os baixos custos do insumo argila, notadamente na região do Baixo-Assú, ver especificamente os argumentos de Carvalho (2005). 41 Os depósitos chegam a atingir uma profundidade de 2 metros (CARVALHO, 2005). 42 Esses indicadores correspondem a um mês de produção.

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79

Fonte: CARVALHO, 2005, p.4

Figura 3 - Estoque interacamadado, Pendências/RN

Todavia, no processo de queima são utilizados muitos quilos de carvão mineral e, em muitos

casos, são usadas as incipientes reservas naturais (pequenas e escassas matas nativas) que resistem em

alguns municípios produtores de cerâmica com o propósito de diminuir os custos de produção. Como

colocado acima, é surpreendente o percentual dos gastos (média anual) com a aquisição do insumo

lenha, 84%43. Ou seja, são utilizados na produção da cerâmica vermelha um grande arsenal de matéria-

prima não-renovável. Esse parece se constituir no principal gargalo deste APL atualmente.

3.2.4. APL da Ovinocaprinocultura44

A ovinocaprinocultura caracterizou-se, desde os primórdios da colonização do semi-árido

nordestino, até a década de 1970, como uma atividade menos importante, comparativamente à pecuária

bovina, historicamente considerada fonte essencial de carne e de força animal no interior da fazenda

produtora de algodão para os mercados europeu e norte-americano. Não obstante, a carne e as vísceras

dos caprinos e ovinos foram e continuam sendo iguarias muito apreciadas na culinária sertaneja.

Com a intensificação do processo de urbanização, a partir dos anos 70, os hábitos alimentares

sertanejos foram sendo progressivamente transferidos para os centros urbanos, e, em particular, para as

cidades de maior porte. Em apenas três décadas a população urbana do Rio Grande do Norte passou de

25% para 75% da população total, o que representou um aumento sem precedentes na demanda por

alimentos, e, em particular por carne e leite, em um estado tipicamente importador desses produtos.

43 Em muitos casos “a lenha é comprada de terceiros, que, por sua vez, a adquire de agricultores e proprietários de terra da região. A cada dia, os pontos de desmate ficam mais distantes o que encarece continuamente esse insumo. O custo médio atual no pátio da empresa é de aproximadamente R$ 9,00/m3. O custo ambiental é enorme, em razão das grandes áreas que são desmatadas para abastecer esse pólo” (CARVALHO, 2005, p. 9). 44 Elaborado com base em entrevista realizada com o engenheiro agrônomo Fernando Viana Nobre, consultor do SEBRAE; em pesquisas bibliográfica e documental; e, em informações fornecidas pelo empresário Abelírio Rocha e comprovadas em visitas a fazendas especializadas localizadas nos municípios de Ceará Mirim, do próprio Abelírio, e em Macaíba, pertencente ao senhor Chiquinho Alves.

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80

A resposta a esse aumento de demanda pode ser observada no rápido crescimento dos rebanhos

de ovinos e caprinos. A qualidade genética do rebanho também melhorou. O Governo do Rio Grande

do Norte importou animais puro sangue para cruzamento com as raças locais; desenvolveu campanhas

educativas sobre o valor alimentar da carne e do leite caprino e ovino, particularmente no que se refere

aos seus baixos teores de colesterol e triglicerídeos; realizou ações de assistência técnica e pesquisa,

voltadas para o manejo, a alimentação e a sanidade; e, distribuiu núcleos de animais melhorados com

os criadores para devolução com as crias. Como conseqüência, o efetivo de ovinos e caprinos passou

de 500 mil para aproximadamente 1 milhão de cabeças nos últimos dez anos.

Tabela 3.2. 7 - Rio Grande do Norte: evolução dos rebanhos caprino e ovino – (1994 – 2006)

Anos Efetivo (número de cabeças)

Ovino Caprino Total 1994 260.749 245.098 505.847 1995 289.986 288.340 578.326 1996 388.749 231.608 620.357 1997 391.089 226.241 666.271 1998 342.618 275.182 617.800 1999 361.387 295.798 657.185 2000 389.706 325.031 714.737 2001 399.457 333.314 732.771 2002 433.562 372.571 806.133 2003 462.279 406.108 868.387 2004 489.862 428.278 918.140 2005 490.310 439.400 929.710 2006 512.161 407.931 920.091

Fonte: Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte.

O APL da ovinocaprinocultura do Rio Grande do Norte envolve, hoje, cinco etapas

fundamentais: a) produção agropecuária, onde se destaca o principal produto e os respectivos

subprodutos; b) fornecimento de insumos e bens de produção; c) processamento e a transformação; d)

distribuição e consumo; e, e) serviços de apoio, cuja caracterização é feita a seguir.

3.2.4.1. Principal produto: carne ovina caprina

O principal produto da ovinocaprinocultura no estado do Rio Grande do Norte é a carne, obtida

de animais com 8 a 10 quilos de peso de carcaça, sendo comercializada em supermercados, mercados

públicos, feiras livres e açougues, em menor proporção, ao preço médio de R$ 10,00 por quilo.

O preço acima referido, que em geral é válido para a maior parte da carne comercializada, não

é representativo dos chamados cordeiros nobres, assim conhecidos os animais precoces, resultantes de

cruzamentos com reprodutores de raças puras de origem, criados em fazendas especializadas, em

regime de pastoreio rotativo e semi-confinamento, combinado com ração balanceada e suplementação

mineral. Tais animais são abatidos com 120 dias, ao contrário da idade média de abate no Rio Grande

do Norte, que ultrapassa um ano de idade. Por esta razão a carne é tenra, saborosa e muito apreciada

Page 81: Analise RN

81

nos restaurantes típicos de Natal. Neste caso, os preços médios praticados nos supermercados situam-

se em torno de R$ 20,0045.

3.2.4.2. Segundo produto: leite caprino

Como foi dito anteriormente, o leite caprino tem uma grande importância no consumo das

unidades familiares de produção, inclusive como dieta especial para crianças, nutrizes e alérgicos.

Todavia, o seu consumo pela população em geral ainda é restrito, comparativamente ao leite bovino.

No entanto, o desenvolvimento de campanhas educativas sobre o valor dietético do leite

caprino e os seus baixos teores de colesterol e gorduras saturadas, e, principalmente, as perspectivas de

crescimento do mercado institucional – resultantes de programas de distribuição de leite e de

alimentação escolar, e, mais recentemente, da aprovação da Lei da Agricultura Familiar46 –, abrem

perspectivas de mercado para a ovinocaprinocultura no Nordeste brasileiro e no Rio Grande do Norte

em particular.

Tabela 3.2. 8 - Usinas de beneficiamento de leite caprino no Rio Grande do Norte segundo a localização e a capacidade utilizada

Nome da Usina Indicadores

Localização (município)

Leite recebido/d Número de produtores

Média diária (l/produtor)

Municípios produtores

COOPASA Angicos 5.600 313 17,8 28 LACOL São José do Seridó 3.100 130 23,8 13 ILA Apodi 1.250 26 48,0 6 LEITE SERTÃO Mossoró 500 25 20,0 2 CERSEL Currais Novos 17 1 17,0 1 TOTAL/MÉDIA 5 10.467 495 21,1 50 Fonte: NOBRE, Fernando Viana; AMARAL, Alexandre Magno Martins do; PINHEIRO, Kaynara Pryscilla. A caprinovinocultura do Rio Grande do Norte: aspectos mercadológicos na grande Natal. Natal/RN, 2007.

De acordo com pesquisa realizada em 2007 por um grupo de consultores contratados pelo

SEBRAE, no Rio Grande do Norte já existem cinco usinas de beneficiamento de leite caprino, com um

volume médio de 10,4 mil litros de leite pasteurizados diariamente.

As informações obtidas nas entrevistas realizadas para elaboração deste trabalho dão conta de

que os dados coletados em 2007 já foram ampliados em virtude do aumento das cotas do programa

estadual do leite. Por outro lado, a Lei da Agricultura Familiar por certo contribuirá para novo

aumento na utilização da capacidade instalada das usinas de beneficiamento de leite caprino.

45 Informações fornecidas pelo empresário Abelírio Rocha e comprovadas em visitas a fazendas especializadas localizadas nos municípios de Ceará Mirim, do próprio Abelírio, e em Macaíba, pertencente ao senhor Chiquinho Alves. 46 Lei 11.947, de 16 de junho de 2009 que determina, dentre outras providências, que as prefeituras municipais adquiram até 30% dos gêneros alimentícios destinados à alimentação escolar com recursos repassados pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), diretamente a agricultores familiares e empreendedores rurais familiares no valor de até R$ 9 mil por ano.

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No entanto, o leite caprino ainda é quase todo comercializado com os programas

governamentais sob a forma de leite pasteurizado, o que indica a necessidade de estabelecer estratégias

de diversificação a partir da própria experiência de outros tipos de unidades de processamento

existentes no estado, entre os quais se incluem: sorvetes, no município de Lajes; rapadura e doces em

Mossoró; queijos em Apodi; e, sabonete no município de Natal. Todavia, é bom ter em mente que a

Lei da Agricultura Familiar estabelece, no seu artigo 18, que os preços sejam compatíveis com o

mercado e atendam às exigências de controle de qualidade estabelecidas nas normas que regulam a

matéria, o que nem sempre é observado nessas unidades.

3.2.4.3. Principais subprodutos

Os principais subprodutos da ovinocaprinocultura são as vísceras, que representam 30 a 40%

do peso da carcaça, a pele e os pés. As vísceras são muito demandadas, apreciadas e consumidas sob a

forma de buchada – iguaria típica da gastronomia nordestina-, atingindo um preço médio semelhante

ao da carne.

A pele é toda vendida para outros estados, principalmente o Ceará e a Paraíba, ao preço médio

de R$ 6,00 por quilo, já que não existe curtume ou indústrias de beneficiamento da pele em

funcionamento no Rio Grande do Norte. A tradicional indústria de beneficiamento de peles existente

no estado, a J. Motta Indústria e Comércio S.A., entrou em processo de falência há cerca de dois anos,

após mais de 40 anos de funcionamento. A INPELE, que atuava no município de São Gonçalo do

Amarante, também está paralisada. O BNDES financiou uma grande planta agroindustrial integrada, a

SOCABRITO, no município de Angicos, composta pelos áreas de produção, frigorífico e curtume, no

valor de R$ 11 milhões, porém até hoje não entrou em funcionamento.

Curiosamente, a principal causa registrada para este diagnóstico da indústria de peles local é a

pequena oferta de matéria-prima, que não chegava a 10% da demanda dessas indústrias. A segunda

causa mais citada são os defeitos nas peles, decorrentes da incidência de pragas e cicatrizes provocadas

por arames de cercas, espinhos da vegetação xerófila e da própria esfola, que não é feita segundo os

padrões estabelecidos pela indústria. Enquanto isto, as pequenas unidades artesanais de curtimento de

peles de longa história no estado, sequer foram estudadas ou avaliadas quanto ao seu potencial de

expansão e aperfeiçoamento.

Por que em alguns estados da região Nordeste existe unidades de beneficiamento e indústrias

de calçados, bolsas e artefatos de couro em funcionamento e no Rio Grande do Norte não? Se as peles

de caprinos e ovinos são tão demandadas pela alta moda dos países europeus, por que o Rio Grande do

Norte continua sendo um mero vendedor de peles para os vizinhos estados do Ceará e da Paraíba? Não

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foram encontradas, pela equipe de pesquisa, respostas convincentes para essas questões, por isto

recomendam-se futuras pesquisas nesta temática.

3.2.4.4. Principais insumos utilizados

Os principais insumos utilizados no APL da ovinocaprinocultura são os seguintes: ração

industrializada, milho em palha ou em grão, sorgo, farelo de vagem de algaroba, mistura mineral,

vacinas, defensivos e medicamentos.

3.2.4.5. Origem dos principais insumos

Como mostra a Tabela abaixo, os insumos não industrializados utilizados na ração dos ovinos e

caprinos, como milho, sorgo e algaroba, são adquiridos no próprio APL, com exceção de 20% do

sorgo, que são adquiridos fora do APL, mas no estado do Rio Grande do Norte, e, 20% do milho, que

são adquiridos nos estados de Goiás e Mato Grosso.

Os insumos industrializados compostos por ração, mistura mineral, vacinas, defensivos e

medicamentos, são todos adquiridos fora do APL e do Rio Grande do Norte, sendo originados dos

estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Pernambuco. Entretanto, o somatório dos custos anuais

desses insumos é menor do que aqueles referentes aos insumos adquiridos no próprio APL.

Tabela 3.2. 9 - Origem dos principais insumos utilizados no APL da ovinocaprinocultura no estado do Rio Grande do Norte – 2009

Tipo de insumo

Origem dos Insumos

% adquirido no APL

% adquirido fora do APL, mas no

RN

% adquirido fora do APL, mas no Brasil

% adquirido fora do APL, e fora do

país Ração industrializada - - 100** - Milho 80 - 20*** - Sorgo 80 20* - - Algaroba 100 - - - Mistura mineral - - 100** - Vacinas - - 100** - Defensivos - - 100** - Medicamentos - - 100** - Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN, Pesquisa Direta, Natal/RN, agosto/2009. *Ceará Mirim, João Câmara e Touros, **São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Paraná,***Goiás e Mato Grosso.

3.2.4.6. Despesa média anual com os principais insumos

A despesa média anual com os principais insumos utilizados no APL foi estimada em R$ 10,8

milhões anuais, com base em REBOUÇAS (2007, p. 35), e em entrevista realizada com o engenheiro

agrônomo Fernando Viana Nobre, consultor do SEBRAE.

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Tabela 3.2. 10 - Despesa média com os principais insumos utilizados no APL da ovinocaprinocultura no estado do Rio Grande do Norte – 2009

Tipo de insumo Despesa média anual

(R$ 1,00) Milho com palha** 1.680.000,00 Sorgo** 672.000,00 Farelo de vagem de algaroba** 1.008.000,00 Mistura mineral 3.240.000,00 Vacinas 1.000.000,00 Defensivos 1.400.000,00 Medicamentos 1.350.000,00 SUBTOTAL 10.350.000,00 Ração industrializada* 517.500,00 TOTAL 10.867.500,00 Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN. Pesquisa direta. Natal, agosto/2009. *Estimado em 5% do valor dos demais ingredientes constantes da Tabela 4.

Admitiu-se que 40% do rebanho caprino e ovino (1.000.000 x 0,40 = 400.000 cabeças),

consumiria, em média, 1 kg desses concentrados por dia, composta pela seguinte mistura: 50% de

milho com palha, ao preço de R$ 0,12; 30% de farelo de vagem de algaroba, ao preço de R$ 0,06; e,

20% de sorgo, ao preço de R$ 0,30/kg.

Nessas condições, um quilo de ração/animal/dia, custa R$ 0,14. Logo, a despesa média anual

estimada é de: R$ 0,14/dia x 360 dias x 400.000 cabeças = R$ 3.360.000,00. Ou seja: milho com palha

= 3.360.000 x 0,50 = 1.680.000,00; farelo de algaroba = 3.360.000 x 0,30 = 1.008.000,00; sorgo =

3.360.000 x 0,20 = 672.000,00, conforme especificado a seguir.

3.2.4.7. Destino dos principais produtos

Como foi visto anteriormente, os principais produtos do APL da ovinocaprinocultura são a carne

e o leite caprino, seguido pelos subprodutos menos importantes, isto é, a pele e as vísceras.

Como pode ser observado a partir da tabela que segue, a maior parte dos principais produtos e

subprodutos é vendida dentro do próprio APL, com exceção da pele, que é totalmente vendida fora do

APL e do Rio Grande do Norte, inclusive fora do país, já que, como foi dito anteriormente, no Rio

Grande do Norte não mais existem unidades de beneficiamento de peles de caprinos, pelas razões que

já foram analisadas.

Tabela 3.2. 11 - Destino dos principais produtos e subprodutos do APL da ovinocaprinocultura no estado do Rio Grande do Norte

Produtos % de vendas do APL % vendido no APL,

mas no RN % vendido fora do RN, mas no Brasil

% vendido fora do país

Carne 60 40 - - Leite 70 30 - - Pele - - 30 70 Vísceras 70 30 - - Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN. Pesquisa direta. Natal, agosto/2009.

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3.2.4.8. Receita anual dos produtores da principal atividade desenvolvida no APL (em R$)

Pesquisa coordenada pelo entrevistado classificou o rebanho de ovinos e caprinos em três

estratos. O estrato I, com 160 cabeças, sendo 87 caprinos e 73 ovinos; o estrato II, com 173 cabeças,

sendo 102 caprinos e 71 ovinos; e, o estrato III, 517 cabeças, sendo 288 caprinos e 229 ovinos.

O cálculo da receita anual dos produtores partiu de uma taxa média de desfrute de 40%, um

peso médio de 10 quilos de carcaça e um preço médio pago ao criador de R$ 5,60, resultando na

seguinte receita bruta:

a) Estrato I: 160 (cabeças) x 0,40 (desfrute) x 10,00 (peso) x 5,60 (preço/quilo) = R$ 3.584,00 por

ano;

b) Estrato II: 173 (cabeças) x 0,40 (desfrute) x 10,00 (peso) x 5,60 (preço/quilo) = R$ 3.875 por

ano;

c) Estrato III: 517 (cabeças) x 0,40 (desfrute) x 10,00 (peso) x 5,60 (preço/quilo) = R$ 11.580,00

por ano.

3.2.4.9. Renda média anual dos trabalhadores envolvidos na atividade principal do APL (R$)

Os cuidados com os caprinos e ovinos nos dois estratos menores são desenvolvidos pela própria

família. Somente no estrato maior são contratados trabalhadores, ao custo de um salário mínimo

mensal.

3.2.4.10. Principais dificuldades para aquisição dos insumos

Não há dificuldade quanto à existência de insumos. Eles podem ser encontrados em qualquer

município do Rio Grande do Norte. A dificuldade é a receita da ovinocultura que é baixa diante dos

preços dos insumos.

3.2.4.11. Principais dificuldades para comercialização dos produtos

As principais dificuldades estão relacionadas com a qualidade, a quantidade e a regularidade na

oferta dos produtos. A demanda insatisfeita é imensa. Porém, a qualidade da carne nas feiras,

supermercados, açougues e restaurantes é bastante variável. Os animais são abatidos com idade

avançada, o que impossibilita a oferta de carne tenra e saborosa, como é o caso dos cordeiros precoces

já comercializados no Rio Grande do Norte, porém em pequena quantidade.

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3.2.4.12. Estimativa de pessoal ocupado no APL (incluindo todo o ciclo)

Para fazer esta estimativa, o entrevistado admitiu a relação de 1 trabalhador – familiar ou

contratado – para cada 200 cabeças. Considerando a existência de 1 milhão de cabeças, o número total

é, portanto, de 5.000 empregos em todo o APL da ovinocaprinocultura no estado do Rio Grande do

Norte.

3.2.5. APL da Bovinocultura do Leite47

O APL da bovinocultura do leite no estado do Rio Grande do Norte está composto por quatro

tipos de agentes econômicos: i) os criadores; ii) os fornecedores de leite; iii) as usinas de

beneficiamento de leite; iv) e, os fornecedores de insumos, máquinas e equipamentos agropecuários.

Os criadores são numerosos, bastante heterogêneos, estão distribuídos em praticamente todo o

território estadual e são em geral classificados segundo distintos critérios, entre os quais se incluem:

grau de eficiência; destino da produção (auto-consumo ou mercado); quantidade de leite produzido; e,

se são agricultores familiares ou não.

Agricultor familiar é hoje o conceito oficial utilizado pelo Ministério do Desenvolvimento

Agrário (MDA) e pelos Bancos Oficiais para caracterizar a parcela dos agricultores/criadores que

trabalham essencialmente com a força de trabalho familiar, e, a partir deste critério, definir o acesso

aos programas de crédito e de comercialização.

No caso do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), são considerados familiares aqueles

criadores que ordenham até 100 litros de leite por dia. Considerando este critério, os agricultores

familiares são também os principais responsáveis pela produção de leite no Rio Grande do Norte48, já

que cerca de 18 mil agricultores familiares têm na produção de leite a sua principal atividade.

Os fornecedores de leite são constituídos pelos próprios criadores, que entregam o leite

diretamente nas usinas (empresas ou cooperativas), ou por intermediários, que compram o leite dos

criadores e o revendem para as usinas de beneficiamento. Estudo realizado por Mineiro (2007)49,

mostra que dos 1.322 fornecedores de leite para essas usinas, 4,4% (58) entregam mais de 500 litros de

leite por dia e são responsáveis por 40% da entrega de todo o leite comercializado; 79,8% (1.055)

entregam até 100 litros e são responsáveis por 25%; e, 15,8% (209), entregam os 35% restantes.

47 Elaborado com base em entrevista com o engenheiro agrônomo Fernando Viana Nobre, professor aposentado da UFRN, e atual consultor do SEBRAE/RN, no dia 10 de agosto de 2009, e, em entrevista e visita anteriormente feitas à Indústria de Leite Babi, localizada no município de Brejinho, de propriedade do empresário Rinaldo Belarmino. 48 Estudo realizado pela FAO/INCRA (2000), estima que os agricultores familiares do Nordeste representam 88,3% do total, dos quais 22,1% têm na pecuária bovina leiteira uma das suas atividades principais. Pode-se afirmar, com base nesse raciocínio, que quase 18 mil estabelecimentos do Rio Grande do Norte têm na bovinocultura leiteira uma das suas atividades principais. 49 MINEIRO, Fernando. Perfil dos fornecedores de leite no Rio Grande do Norte. Natal, 2005.

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As usinas de beneficiamento de leite, constituídas por 26 empresas privadas ou cooperativas,

estão distribuídas em todo o território estadual. Essas usinas são todas fornecedoras do Programa de

Leite do Governo do Estado, que adquire e distribui diariamente cerca de 140 mil litros de leite para

crianças, nutrizes e idosos, selecionados segundo sua comprovada situação de extrema pobreza.

Finalmente, os fornecedores de insumos para a pecuária são constituídos por cooperativas ou

empresas privadas que estão distribuídas em todas as regiões do estado. Embora não haja dificuldade

para encontrar insumos para a pecuária, é importante salientar que a maioria das fábricas produtoras

desses insumos localiza-se em outras unidades da federação, em especial, São Paulo, Minas Gerais e

Paraná, o que representa evasão de divisas para esses estados.

3.2.5.1. Principais produtos e subprodutos

O principal produto da bovinocultura leiteira do estado do Rio Grande do Norte é o leite,

seguidos dos subprodutos queijo e manteiga, de uma maneira geral fabricados no próprio

estabelecimento de forma artesanal. O leite é consumido in natura ou vendido para as usinas

(empresas ou cooperativas) que fazem a pasteurização de uma parte, transformando o restante em

diversos subprodutos, entre os quais se incluem queijo, iogurte, bebida láctea, manteiga e requeijão

cremoso, como será descrito mais adiante no APL de Laticínios.

3.2.5.2. Principais insumos utilizados e suas origens

Os principais insumos utilizados na bovinocultura do Rio Grande do Norte são ração pronta

(industrializada), raiz de mandioca, farelo de soja, farelo de algodão, farelo de trigo, milho, mistura

mineral, vacinas, defensivos e medicamentos, verificando-se que esta atividade é muito dependente

dos insumos produzidos em outros estados.

Como mostra a Tabela abaixo, o único produto adquirido no APL da bovinocultura do Rio

Grande do Norte é a raiz de mandioca, que é largamente utilizada na ração das vacas leiteiras. Vem em

seguida uma pequena proporção do milho (10%), que é adquirida fora do APL, mas no Rio Grande do

Norte. Os demais insumos são adquiridos pelos produtores no próprio APL, porém são todos

produzidos em outros estados, como São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Pernambuco.

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Tabela 3.2. 12 - Origem dos principais insumos utilizados na bovinocultura do Rio Grande do Norte – 2009

Insumos % adquirido no

APL % Adquirido fora do

APL, mas no RN % Adquirido fora do

RN, mas no BR % Adquirido fora do

país

Ração pronta - - 100 -

Raiz de mandioca 80 20* - -

Farelo de soja - - 100 -

Farelo de algodão - - 100 -

Farelo de trigo - - 100 -

Milho - 10 90 -

Mistura mineral - - 100 -

Vacinas - - 100 -

Defensivos - - 100 -

Medicamentos - - 100 - Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN. Pesquisa direta, agosto/2009. *Tenente Laurentino, Cerro Cora, Lagoa Nova, São Miguel, Martins, Luiz Gomes, **São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná.

3.2.5.3. Despesa média anual com insumos

Para estimar as despesas com ração e demais insumos foram adotadas estimativas a partir da

experiência e de pesquisas realizadas pelo entrevistado, considerando os seguintes parâmetros:

a) rebanho de 300.000 vacas ordenhadas, consumindo 3 quilos de ração por dia, durante 180

dias do ano, o que resultou em um consumo total de 162.000.000 quilos;

b) consumo dos reprodutores e bezerros corresponde a 20% do total consumido pelas vacas

ordenhadas, ou seja, 32.400.000 quilos.

c) consumo total de ração igual a 162.000.000 + 32.400.000 = 194.400.000 quilos x R$

0,80/quilo = 155.520.000,00;

d) ração pronta igual a 10% do valor do consumo total, ou seja, 155.520.000 x 0,10 =

15.552.000,00; o farelo de soja, 20%, isto é, 155.520.000,00 x 0,20 = 31.104.000; o farelo

de algodão, também 20%; o farelo de trigo 10%; e, o milho, 40% do valor total;

e) consumo médio de mistura mineral de 50 gramas por animal dia x 360 dias x 1 milhão de

cabeças x R$ 2,00/kg = 36.000.000,00;

f) 2 vacinações/ano x R$ 1,00 x 1.000.000 cabeças = R$ 2.000.000,00;

g) aplicação de defensivos uma vez por ano x R$ 3,00 por cabeça x 1.000.000 = R$

3.000.000,00;

h) uso de medicamentos na base de R$ 5,00 por cabeça por ano x 1.000.000,00 = R$

5.000.000,00.

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Tabela 3.2. 13 - Despesa anual com os principais insumos utilizados na bovinocultura do Rio Grande do Norte – 2009

Tipo de insumo Despesa média anual (R$ 1,00) Ração pronta 15.520.000,00

Raiz de mandioca 9.000.000,00

Farelo de soja 31.104.000,00

Farelo de algodão 31.104.000,00

Farelo de trigo 15.552.000,00

Milho 62.208.000,00

Mistura mineral 36.000.000,00

Vacinas 2.000.000,00

Defensivos 3.000.000,00

Medicamentos 5.000.000,00

TOTAL 211.144.000,00 Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN. Pesquisa direta, agosto/2009.

3.2.5.4. Destino dos principais produtos (vendas)

O leite “in natura” é o principal produto da bovinocultura leiteira do Rio Grande do Norte,

seguido dos subprodutos queijo e manteiga, como explicado anteriormente. Esses produtos são

comercializados no próprio APL e nos demais municípios do Rio Grande do Norte.

Tabela 3.2. 14 - Destino dos principais produtos da bovinocultura do Rio Grande do Norte – 2009

Produtos % de vendas no

APL % vendido fora do APL, mas no RN

% vendido fora do RN, mas no BR

% fora do país

Leite 50 50 - -

Queijo artesanal 50 50 - -

Manteiga 50 30 - - Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN. Pesquisa direta, agosto/2009.

3.2.5.5. Receita média anual dos produtores da principal atividade desenvolvida no APL: leite

A receita média anual por produtor foi calculada com base nos seguintes parâmetros fornecidos

pelo entrevistado: produção média diária de leite segundo o tipo de produtor (520, 100 e 20 litros,

respectivamente, para grandes, médios e pequenos); e, preço médio do leite no mercado institucional

(R$ 0,70/litro).

A receita média anual dos grandes produtores foi de R$ 131.040,00; a dos médios, de R$

25.200,00; e a dos pequenos criadores, de R$ 5.040,00, o que indica uma baixa receita dos

estabelecimentos que se restringem à produção de leite fluido, sem nenhuma integração industrial.

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Tabela 3.2. 15 - Receita bruta diária, mensal e anual dos produtores de leite do Rio Grande do Norte – 2009

Indicadores Indicadores segundo o tamanho do produtor

Grande Médio Pequeno Produção diária de leite 520 100 20 Receita diária/produtor (preço de R$ 0,70/l)

364,00 70,00 14,00

Receita média mensal/produtor (R$) 10.920,00 2.100,00 420,00 Receita média anual/produtor (R$) 131.040,00 25.200,00 5.040,00 Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN. Pesquisa direta, agosto/2009.

3.2.5.6. Renda média anual dos trabalhadores envolvidos na atividade principal do APL (R$)

Os cuidados com o manejo do gado leiteiro no estrato pequeno é desenvolvido pela própria

família; no estrato médio, pela família, complementada com um trabalhador assalariado; e, no estrato

grande, exclusivamente com trabalho assalariado, na base de dois trabalhadores permanentes,

acrescidos de trabalhadores temporários nas épocas de plantio e tratos culturais de forrageiras. A renda

média mensal de um trabalhador de campo é de um salário mínimo, enquanto o gerente recebe dois

salários mínimos mensais.

3.2.5.7. Principais dificuldades para aquisição dos insumos

Para o entrevistado, não há dificuldade quanto à compra de insumos. Todos os insumos podem ser

encontrados na maioria dos municípios do Rio Grande do Norte. A dificuldade é a receita da

bovinocultura leiteira que é baixa diante dos preços dos insumos que, apesar de serem adquiridos no

próprio APL e nos demais municípios do Rio Grande do Norte, são na sua maioria produzidos fora do

Rio Grande do Norte.

3.2.5.8. Principais dificuldades para comercialização dos produtos

As principais dificuldades estão relacionadas com a qualidade, a quantidade e a regularidade na

oferta dos produtos. Há mercado, porém existem sérias denúncias quanto à qualidade do leite tipo C.

Como dito anteriormente, pesquisa realizada pelo SEBRAE/RN identificou problemas tanto na esfera

da produção, quanto nas etapas de transporte e industrialização do leite, entre os quais se incluem

ausência de práticas higiênicas na ordenha e denúncias de contaminação com água oxigenada e soro.

Além desta pesquisa, estes fatos também foram levantados na chamada CPI do Leite.

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3.2.5.9. Estimativa de pessoal ocupado no APL

Para fazer esta estimativa do pessoal ocupado em todo o ciclo produtivo, o entrevistado admitiu

a relação de 1 trabalhador – familiar ou contratado – para cada 60 cabeças de bovinos. Considerando a

existência de um milhão de cabeças, o número total é, portanto, de aproximadamente 16.000 empregos

gerados no processo de produção e 4.000 empregos indiretos, totalizando 20.000 empregos em todo no

APL da bovinocultura no estado do Rio Grande do Norte.

3.2.6. APL de Laticínios50

O APL dos laticínios está composto por 26 usinas de beneficiamento de leite, cuja capacidade

instalada corresponde a 513 mil litros por dia, portanto muito superior à quantidade de leite total

registrada pelo IBGE, que é de aproximadamente 300 mil litros diários. No início da década de 1980

existiam apenas duas usinas de beneficiamento de leite em todo o Rio Grande do Norte.

Tabela 3.2. 16 - Relação das usinas de beneficiamento de leite no estado do Rio Grande do Norte segundo a localização

Denominação Município Capacidade (litros/dia)

Instalada Cota diária Lacticínio Santa Luzia (Leite Sertanejo) Pau dos Ferros 20.000 7.800 Indústria de Laticínio Apodi (leite Ila) Apodi 10.000 6.000 Maria Aparecida Gurgel (Leite S. Terezinha) Campo Grande 15.000 7.000 L. S. Laticínios (Leite Sertão) Jardim de Piranhas 5.000 2.000 APASA (Leite Cabugi) Angicos 30.000 7.500 Laticínio São Pedro (Leite Marina) Pedro Avelino 20.000 15.000 Coop. de Assentam. Lg. Nova (Leite Lanila) Riachuelo 15.000 4.000 Bom Jesus Agropecuária (Leite Cacau) Bom Jesus 20.000 6.000 Nilton Pessoa de Paula Agropec (Leite Saúde) São Gonçalo do Amarante 40.000 8.000 Cem Ind. e Comércio Agropec (Leite Cem) São Gonçalo do Amarante 10.000 4.500 Agropecuária Natal (Leite Natal) Macaíba 10.000 5.500 Agroindústria Triunfo (Leite Triunfo) Monte Alegre 5.000 4.000 Laticínio Leite Bom (Leite Bom) Nízia Floresta 10.000 7.000 Maila Macedônia Agroindustrial (Leite Babi) Brejinho 15.000 6.000 Laticínio Xodó (Leite Xodó) Santo Antonio 20.000 9.000 Gilson Andrade de Pessoa (Leite Chaparral) Natal 15.000 5.000 Ind. Laticínios Boa Saúde Ltda. (ILBASA) Tangará 10.000 4.000 Cooperativa Agrícola Mista de Tenente Ananias Tenente Ananias 10.000 1.600 Masterl Latic. Namorados Ltda. (L. Masterleite) Currais Novos 3.000 2.500 Cersel (Leite Santana) Currais Novos 75.000 40.000 Mossoró Leite e Derivados (Leite Nobre) Mossoró 20.000 4.000 Indústria de Laticínios Ltda. (Leite Nutrivida) Mossoró 10.000 2.000 Laticínio Seridó (Leite Seridó) Caicó 45.000 19.000 Laticínio Natal (Leite Clan) Natal 60.000 6.000 Laticínio Caicó (Leite Caicó) São José do Seridó 10.000 6.000 João Francisco Chaves São Francisco do Oeste 10.000 3.300 Total - 513.000 192.700

Fonte: SEBRAE/RN, 2002; SETHAS, 2007.

50 Elaborado com base em entrevista concedida pelo senhor André Luiz dos Santos, da Indústria de Lacticínios Chaparral, e em visita anteriormente feita à Indústria de Leite Babi, localizada no município de Brejinho, de propriedade do empresário Rinaldo Belarmino.

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Este fato inusitado – existência de capacidade instalada quase duas vezes superior à quantidade

total do leite produzido no estado – está relacionado com a existência do Programa do Leite, que vem

sendo financiado pelo Governo do Estado há mais de duas décadas. Ao distribuir 167 mil litros de leite

diariamente para crianças, nutrizes e idosos pertencentes a famílias pobres, o governo do estado

garante, por outro lado, uma demanda institucional que tem estimulado o crescimento da bovinocultura

e das usinas de beneficiamento de leite.

3.2.6.1. Principais produtos e subprodutos

O principal produto do APL dos laticínios no estado do Rio Grande do Norte é o leite

pasteurizado, que é vendido para dois tipos de mercados: i) o mercado institucional, garantido pelo

Programa do Leite do Governo do Estado, e pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA-

leite), do Governo Federal, os quais, juntos, adquirem um total de 167 mil litros por dia; ii) o mercado

privado e o auto-consumo, os quais, juntos, consomem os 133 mil litros restantes. Os principais

subprodutos são os diversos tipos de queijo, iogurte, bebida láctea, coalhada e requeijão cremoso.

3.2.6.2. Principais insumos utilizados e suas origens

Os principais insumos utilizados na indústria de laticínios, além do leite são os seguintes: polpa

de fruta, estabilizante, amido, fermento, embalagem, corante, aroma, açúcar e adoçante, cujas origens

são especificadas a seguir.

Tabela 3.2. 17 - Origem dos principais insumos utilizados na indústria de laticínios do Rio Grande do Norte – 2009

Insumos % Adquirido no

APL % Adquirido fora do

APL, mas no RN % Adquirido fora do

RN, mas no BR % Adquirido fora do

país

Leite 90 - 10* -

Polpa de frutas 20 - 80** -

Estabilizante 60 - 40*** -

Amido 60 40*** -

Fermento 100 - - -

Embalagem 5 - 95**** -

Corante 100 - - -

Aroma 70 - 30*****

Açúcar 100 - - -

Adoçante 100 - - - Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN. Pesquisa direta, agosto/2009.

*Ceará, Paraíba e Pernambuco. **Rio Grande do Sul e São Paulo (morango, ameixa, framboesa, abacaxi, açaí). ***Minas Gerais. **** Bahia e São Paulo. *****Pernambuco.

Para o entrevistado, as únicas polpas de frutas adquiridas no Rio Grande do Norte são: graviola

(100%), e abacaxi (parcialmente). O abacaxi comprado de outros estados tem melhor qualidade. Os

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consumidores locais, na opinião do entrevistado, não valorizam as frutas regionais por considerar a

qualidade dessas frutas inferior às polpas de frutas compradas em outros estados.

3.2.6.3. Despesa média anual com insumos

Na ausência de dados relativos à despesa anual com os principais insumos consumidos no APL

de Laticínios no estado do Rio Grande do Norte, foram adotados os seguintes critérios:

a) despesa anual com aquisição do principal insumo, que é o leite “in natura” – tomou-se o

somatório das cotas diárias das usinas de beneficiamento, multiplicou-se por 360 dias e,

em seguida, pelo preço médio do litro de leite, que é de R$ 0,70, isto é: 197.700 litros x

360 dias x R$ 0,70 = 48.560.400,00;

b) polpa de frutas para adição no iogurte – tomando por base o trabalho realizado por Nobre;

Amaral; Pinheiro (2007), admitiu-se que 10 das 26 usinas de beneficiamento utilizam

polpa de frutas, numa média de 300 quilos por mês, ao preço médio de R$ 3,00, isto é: 10

usinas x 300 quilos por mês x 12 meses x R$ 3,00 por quilo = 108.000,00;

c) estabilizante – 10 usinas x 7.000 quilos/usina/ano x R$ 15,00 = R$ 1.050.000,00;

d) amido – estimado pelo entrevistado em R$ 108.000,00/usina/ano, portanto, R$

1.080.000,00 por ano, considerando 10 usinas;

e) fermento – custo médio de 24.000,00 por usina, ou seja, R$ 240.000,00 para dez usinas;

f) embalagem – estimada em R$ 300.000,00/usina/ano, portanto, R$ R$ 3.000.000,00 por

ano, considerando dez usinas;

g) corante – estimado em R$ 9.000,00/usina/ano, portanto, R$ 90.000,00 para dez usinas;

h) aroma – estimado em R$ 9,900,00/usina/ano, portanto, R$ 99.000,00 para dez usinas;

i) açúcar – estimado em R$ 69.300,00/usina/ano, portanto, R$ 690.300,00 para dez usinas;

j) adoçante – estimado em R$ 1.000,00/usina/ano, portanto, R$ 10.000,00 para dez usinas.

Tabela 3.2. 18 - Despesa anual com os principais insumos utilizados na indústria de lacticínios do

Rio Grande do Norte – 2009 Insumos Despesa média anual (em R$)

Leite 48.560.400,00 Polpa de frutas 108.000,00 Estabilizante 1.050.000,00 Amido 1.080.000,00 Fermento 240.000,00 Embalagem 3.000.000,00 Corante 90.000,00 Aroma 99.000,00 Açúcar 690.300,00 Adoçante 10.000,00 TOTAL 54.927.700,00 Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN, Pesquisa direta, agosto/2009.

Page 94: Analise RN

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3.2.6.4. Destino dos principais produtos

O leite pasteurizado é o principal produto da indústria de laticínios do Rio Grande do Norte,

seguindo-se, em ordem de importância, os diversos tipos de queijo, iogurtes, coalhada e bebida láctea.

Todos esses produtos são comercializados no próprio APL e nos demais municípios do Rio Grande do

Norte.

O principal comprador do leite pasteurizado tipo C é o Governo do Estado, que através do

Programa do Leite, financiado com recursos dos orçamentos estadual e federal, adquire e distribui

diariamente 145 mil litros para famílias pobres, o que representa aproximadamente 50% de todo o leite

produzido no estado.

Apesar da sua importância para a alimentação de crianças, nutrizes e idosos, a gestão do

Programa e a qualidade do produto distribuído pelo Governo do Estado, o leite tipo C, têm sido

seriamente questionadas. No primeiro caso, o arranjo institucional adotado privilegia as usinas, que

recebem R$ 1,15 por litro, enquanto os produtores que entregam o produto aos intermediários ficam

com apenas R$ 0,50 por litro de leite.

Quanto à qualidade do produto, pesquisa realizada pelo SEBRAE/RN identificou problemas

tanto na esfera da produção, quanto nas etapas de transporte e industrialização do leite, entre os quais

se incluem ausência de práticas higiênicas na ordenha e denúncias de contaminação do leite com água

oxigenada e soro.

Tabela 3.2. 19 - Destino dos principais produtos da na indústria de lacticínios do Rio Grande do Norte – 2009

Produtos % de vendas no APL

% vendido fora do APL, mas no RN

% vendido fora do RN, mas no BR % fora do país

Leite pasteurizado 50 50 - -

Queijo industrializado 50 50 - -

Bebida láctea 10 90 - -

Coalhada 10 90 - -

Iogurte 10 90 - - Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN, Pesquisa direta, agosto/2009.

3.2.6.5. Receita média anual dos produtores da principal atividade desenvolvida no APL: leite

Para o cálculo da receita média anual dos produtores da principal atividade, que é o leite

pasteurizado, tomou-se como base o somatório das cotas diárias das usinas, multiplicou-se por 360

dias, e, em seguido pelo preço recebido por litro de leite, ou seja: 197.700 x 360 dias x R$ 1,15/litro de

leite, o que resulta numa receita bruta total de R$ 81.847.800,00.

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3.2.6.6. Renda média anual dos trabalhadores envolvidos na atividade principal do APL (R$)

A atividade principal do APL de laticínios envolve um grande e diversificado número de

trabalhadores, entre os quais se incluem pessoal técnico e administrativo tais como especialista em

laticínios, laboratorista, contador, gerente, vendedores, motoristas, além de pessoal de escritório,

almoxarifado e limpeza.

Um laticínio com capacidade instalada de 15 mil litros/dia requer pelo menos 30 funcionários

distribuídos nas ocupações acima referidas. O salário mensal de um técnico em laticínios com curso

superior e especialização na área é aproximadamente de R$ 4 mil; um gerente geral, R$ 5 mil; 1

laboratorista, R$ 1 mil. Os salários do restante do pessoal está em torno de R$ 700,00.

3.2.6.7. Principais dificuldades para aquisição dos insumos

Para o entrevistado, não há dificuldade quanto à existência de insumos. Todos os insumos

demandados pelos laticínios podem ser encontrados no Rio Grande do Norte. No entanto, com exceção

de leite “in natura” e açúcar, a maior parte dos demais insumos é produzida fora do Rio Grande do

Norte.

3.2.6.8. Principais dificuldades para comercialização dos produtos

As principais dificuldades estão relacionadas com a concorrência, pois existem muitas usinas

de beneficiamento de leite no estado que puxam o preço para baixo. Esta situação se agrava quando se

tem denúncias de adição de água e soro no leite, o que prejudica os produtores que produzem com

qualidade e regularidade.

Há mercado, porém existem sérias denúncias quanto à qualidade do leite tipo C. Como dito

anteriormente, pesquisa realizada pelo SEBRAE/RN identificou problemas tanto na esfera da

produção, quanto nas etapas de transporte e industrialização do leite, entre os quais se incluem

ausência de práticas higiênicas na ordenha e denúncias de contaminação com água oxigenada e soro.

3.2.6.9. Estimativa de pessoal ocupado no APL (incluindo todo o ciclo)

A estimativa feita pelo entrevistado é de 30 pessoas para um laticínio com capacidade instalada

de 15 mil litros por dia, tal como especificado no subitem 3.2.7.6.

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96

3.3. APLs com atividades não-formalizadas

Entre os APLs identificados e apoiados dois se destacam. O APL de bordados do Seridó é

constituído por uma atividade tradicional daquela região, que emprega grande número de produtores

domésticos, muitos dos quais organizados na forma de cooperativas. Esse arranjo, inclusive, foi foco

de apoio institucional através de políticas públicas e pelo SEBRAE. O segundo, dedicado à produção

de flores e plantas ornamentais representa uma atividade inovadora no estado, apresentando uma forma

incipiente de organização.

3.3.1. APL dos Bordados

O bordado do estado do Rio Grande do Norte se transformou em uma mercadoria nobre,

moderna e de mercado consolidado dentro e fora do território potiguar. A atividade tendeu a se

desenvolver nos municípios onde o emprego formal é escasso e boa parte da população busca as

ocupações informais como complemento de renda familiar51. No Seridó potiguar, notadamente no

município de Caicó, o bordado vem tendo relevo entre as ocupações artesanais. A boa qualidade

artística do bordado do referido município somado a possibilidade de manutenção de uma oferta capaz

de atender às exigências do mercado regional e nacional já renderam proeminência da atividade em

âmbito nacional.

No ano de 2005, por exemplo, a Associação das Bordadeiras do Seridó ganhou a licitação

federal para fornecimento de várias peças52 ao Ministério das Relações Exteriores. Deve ser registrado

que a referida Associação passou por uma rigorosa seleção onde estavam presentes fornecedores de

altíssima qualidade e produtividade como os bordados dos estados do Ceará, de Sergipe, de Alagoas e

do Maranhão. Esse sucesso não seria possível se algumas iniciativas no âmbito do estado do Rio

Grande do Norte não tivessem sido colocadas em prática. Neste sentido, deve-se registrar que mais

uma vez o trabalho do SEBRAE/RN foi de grande valia dado que atua no Seridó há aproximadamente

uma década, qualificando, prestando assessoria na criação de novos produtos – através de seu projeto

denominado de Projeto SEBRAE de Artesanato – e criando, inclusive, uma Oficina de Design para

manter a capacitação no que tange a criação de novas tendências mercadológicas.

A Oficina de Design fortalece o APL dos Bordados no Seridó uma vez que é um locus

catalisador de novos conhecimentos e técnicas na área dos bordados e costura em geral, mas também é

51 Hoje, de acordo com os depoimentos de vários segmentos produtores de bordados e confecções esta atividade vem deixando de ser apenas para complementação de renda na região para ser a principal fonte de sustento da família dos artesãos e artesãs. (O Mossoroense, 2003, p.1) 52 Foram 800 peças das quais se destacaram: jogos Americanos (222 unidades), panos de bandeja (100 unidades) e guardanapos (400 unidades). Este contrato rendeu a Associação das Bordadeiras do Seridó a quantia de R$ 11.000,00. (Diário de Natal, 2005)

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um laboratório de criação e inovação. Nessa Oficina são criadas peças que combinam as tendências

modernas da moda às matérias-primas mais rústicas do Seridó como, por exemplo, as casas e os fios

de algodão cru e pedrarias encontradas na região, o que vem fortalecer outras atividades secundárias

pertencentes ao APL dos Bordados ou que estão no seu raio geográfico. Ou seja, a atividade dos

bordados irradia internamente outras produções – notadamente a produção de algodão – que deixaram

de ser importantes há muitas décadas na região, contribuindo para a ampliação de novas ocupações e

geração de renda na circunscrição do referido APL53.

No APL dos bordados, dentre vários outros produtos tem destaque os seguintes: vestuário,

produtos de cama, mesa e banho, enxoval de bebê, etc. Para a produção de tais produtos são utilizados

como insumos linhas, agulhas, máquinas de costura, tecidos variados – principalmente linho –,

bastidores, tesouras, papel manteiga, carbono, fita métrica, plásticos para embalagens, fios de algodão

e pedraria. Com as informações contidas no Quadro que segue pode-se identificar a origem de boa

parte dos insumos consumidos pelo APL dos Bordados do Rio Grande do Norte. Percebe-se que com

exceção de máquinas de costuras e de tecidos – que contam com parte da oferta dos estados de São

Paulo e de Goiás, respectivamente – os demais insumos elencados no referido Quadro são adquiridos

dentro do próprio APL e no estado do Rio Grande do Norte, notadamente, em Natal.

INSUMOS % Adquirido no

APL % Adquirido fora do

APL, mas no RN % Adquirido fora do

RN, mas no BR % Adquirido fora

do país

Linhas 70% 30% (Natal) 0,0% 0,0%

Agulhas 100% 0,0% 0,0% 0,0%

Máquinas de Costura 50% 20% (Natal) 30% (São Paulo) 0,0%

Tecidos 40% 30% (Natal) 30% (Goiás) 0,0%

Bastidores 100% 0,0% 0,0% 0,0%

Tesoura 100% 0,0% 0,0% 0,0%

Papel manteiga 100% 0,0% 0,0% 0,0%

Carbono 100% 0,0% 0,0% 0,0%

Fita métrica 100% 0,0% 0,0% 0,0%

Plástico para embalagem 100% 0,0% 0,0% 0,0% Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN, aplicado junto FUNCERN-IFRN, Natal, 2009.

Quadro 8 - Percentuais e Origens dos Principais Insumos Adquiridos pelo APL dos Bordados no estado do Rio Grande do Norte (2009)

Quanto ao destino do resultado da produção do APL dos Bordados do Rio Grande do Norte

surpreende que 10% da produção de vestuário e de cama, mesa e banho tenham como destino o

mercado internacional, nele a Europa. Esse dado é de grande importância, pois avaliza a qualidade do

artesanato potiguar dado que o mercado europeu é extremamente exigente, sobretudo no que diz

respeito a artigos de costura e bordados, uma vez que a Europa é uma das maiores referências de moda 53 Sobre a importância da incorporação de materiais rústicos às modernas técnicas de bordados ver em especial a reportagem do Jornal O Mossoroense (2003), conforme citado nas referências bibliográficas.

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do mundo. Outro dado que desperta interesse é o fato de que cerca de 50% da produção de enxoval de

bebê e 30% da produção de vestuário são demandados dentro do próprio APL.

PRODUTOS % de vendas no

APL % vendido fora do APL, mas no RN

% vendido fora do RN, mas no BR

% fora do país

Vestuário 30% 30% (Natal) 30% (DF e SP) 10% (Europa)

Cama, mesa e banho 20% 40% (Natal) 30% (DF e SP) 10% (Europa)

Enxoval de Bebê 50% 30% (Natal) 20% (SP) 0,00 Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN, aplicado junto FUNCERN-IFT/RN, Natal, 2009.

Quadro 9 - Destino da Produção do APL de Bordados do Rio Grande do Norte

O bordado, principal atividade econômica do APL, gera uma renda anual em torno de R$

600.000,00 o que perfaz uma quantia média de R$ 50.000,00 ao mês. A renda média mensal dos

trabalhadores envolvidos nessa atividade é de aproximadamente três salários mínimos, segundo a

FUNCERN.

Não se tem muita dificuldade para adquirir os insumos, exceto no que diz respeito a alguns

tipos de máquinas de costura que são adquiridas fora do estado. Todavia, ainda há grandes pontos de

estrangulamento que impedem maior desenvolvimento do APL dos bordados. A ausência de uma

articulação maior entre os produtores e outros setores que possibilitem o crescimento conjunto através

de troca de informações, convênios, treinamentos empresariais e técnicos, tem sido apontada como

problemas que precisam ser superados. Ademais, os artesãos reclamam da falta de um local apropriado

para a exposição desses produtos na cidade, seguindo o exemplo de capitais nordestinas que possuem

mercados de artesanato que funcionam o ano inteiro.

Também, apesar do excelente trabalho desempenhado pelo SEBRAE/RN em todo o APL, ainda

é grande a carência de mão-de-obra qualificada para confecções de muitos tipos de peças e seus

respectivos bordados. Faz-se necessário ainda uma política de preço pago por peça. Em que pese a

existência de todos esses problemas, é fato que os bordados da região do Seridó já têm uma boa

aceitação no mercado (estadual, nacional e internacional). Atualmente a atividade mantêm cerca de

3.773 postos de trabalho.

3.3.2. APL das Flores e Plantas Ornamentais54

O mercado de flores e plantas ornamentais do Rio Grande do Norte está concentrado em Natal

e é composto por dois tipos de produtos bastante diferenciados: i) flores de clima temperado, cuja

demanda é satisfeita com produtos importados do município de Holambra, no estado de São Paulo, e,

54 Elaborado com base em entrevista concedida pelo Engenheiro Agrônomo Gilberto de Menezes Lira, ex-presidente da Potyflores, empresário rural e um dos principais produtores de flores e plantas ornamentais no estado do Rio Grande do Norte. Além disto, o trabalho foi baseado em visitas de campo anteriormente feitas às áreas de produção nos municípios listados.

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dos micro-climas serranos de Gravatá, no estado de Pernambuco, e Baturité, no estado do Ceará; e, ii)

flores tropicais, produzidas no Rio Grande do Norte, cuja área cultivada, estimada em 30 hectares, se

concentra em municípios da costa litorânea e da Grande Natal, entre os quais se incluem Ceará Mirim,

Extremoz, Macaíba, Monte Alegre, Brejinho, Nízia Floresta, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e

São José de Mipibú.

Apesar da pequena área e do caráter ainda incipiente do APL, a área cultivada e a produção de

flores e plantas tropicais têm crescido em todos os estados do Nordeste, embora este crescimento,

inclusive das exportações, seja maior nos estados do Ceará e de Pernambuco. Como conseqüência, a

atividade ganhou visibilidade, vem se consolidando como um arranjo produtivo local e tem sido objeto

de programas de assistência técnica e comercialização implementados pelos governos federal e

estadual.

No caso do Rio Grande do Norte, os principais avanços ocorridos no arranjo foram a criação da

Cooperativa dos Produtores de Plantas e Flores Tropicais (Potyflores), em 2003; a cessão de um

espaço permanente nas dependências da CEASA/RN (“Espaço Nísia Floresta”), para permitir o

funcionamento da cooperativa e a realização das vendas; a constituição de parceria entre o

SEBRAE/RN e a EMATER, para prestação de assistência técnica à produção e apoio à

comercialização; e, como conseqüência, a profissionalização dos produtores e a ampliação da área

cultivada, da produção, da produtividade e do acesso aos mercados.

Todavia, o pequeno volume de produção, a falta de regularidade no fluxo de comercialização,

além da inexistência de uma política específica de crédito para o APL, cria um círculo vicioso que

precisa ser rompido para que os produtores ampliem o acesso ao mercado nacional, realizem um

processo regular de exportações e possam contribuir, de forma mais efetiva, para a consolidação deste

APL no Rio Grande do Norte.

No estágio atual, as principais organizações dos produtores são a Potyflores, que conta com 30

sócios, e a Associação de Produtores de Abacaxi Ornamental, que conta com 06 sócios. Entre as

principais flores produzidas nos 30 hectares existentes no estado55, encontram-se helicônias, alpinas,

bastão do imperador e abacaxi ornamental, sendo que este último é o único que está sendo exportado.

3.3.2.1 Principais produtos e subprodutos

Os principais produtos deste APL são mudas e arranjos de flores e folhagens tropicais, entre os

quais se incluem a helicônia bihai, que é, de longe, a flor mais comercializada, com 60% da área total,

55 Informação obtida na entrevista com o Engenheiro Agrônomo Gilberto de Menezes Lira em 24/08/2009.

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100

seguida de outros tipos de helicônia, bastão do imperador, alpínias e abacaxi ornamental. Quando bem

cuidadas, as flores e folhagens tropicais ostentam uma rara beleza exótica que pode ser apreciada tanto

nas suas cores vivas e brilhantes quanto nas suas variadas formas.

Tabela 3.3. 1 - Principais produtos do APL de flores e plantas ornamentais do Rio Grande do Norte – 2009

Espécies Área cultivada

Absoluto (ha) Relativa (%) Helicônia bihai 18,0 60,0 Helicônia x rauliniana 3,0 10,0 Helicônia 3,0 10,0 Bastão do imperador 2,4 8,0 Alpínia rosa (Bastão rosa) 0,8 2,5 Alpínia vermelha 0,7 2,5 Alpínia purpurata 0,6 2,0 Adrian 0,6 2,0 Alan carle 0,3 1,0 Abacaxi ornamental 0,3 1,0 Golden Torch 0,3 1,0 Total 30,0 100,0 Fonte: Casal (2005, p. 8); pesquisa direta, agosto/2009.

3.3.2.2. Principais insumos utilizados e suas origens

Para que possam manifestar toda a sua beleza e exuberância, as flores e plantas ornamentais

tropicais necessitam de solos ricos e bem drenados, com altos teores de matéria orgânica e de

nutrientes minerais. Apesar de bem drenados, os solos dos municípios onde se concentra a produção de

flores e plantas ornamentais do Rio Grande do Norte possuem textura arenosa e são pobres em matéria

orgânica e em nutrientes minerais. Por esta razão, requerem a incorporação de elevadas quantidades de

adubo orgânico e de fertilizantes químicos, além de agrotóxicos, como pode ser observado na Tabela

abaixo.

Tabela 3.3. 2 - Origem dos principais insumos utilizados no APL das flores e plantas ornamentais do Rio Grande do Norte – 2009

Insumos % Adquirido no

APL % Adquirido fora do

APL, mas no RN % Adquirido fora do

RN, mas no BR) % Adquirido fora do

país Fertilizantes químicos - - 100** - Adubo orgânico 20 80* - - Sementes - - 100** - Mudas 80 - 20*** - Inseticidas - - 100** - Fungicidas - - 100** - Nematicidas - - 100** - Energia 100 - - - Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN. Pesquisa direta, agosto/2009. * Mossoró, Nova Cruz, Santo Antônio e Região do Seridó. ** São Paulo. *** Ceará, Pernambuco e Alagoas.

Como pode ser observado, com exceção do adubo orgânico e das mudas, os demais insumos,

principalmente os industrializados, são integralmente adquiridos em São Paulo pelos revendedores

Page 101: Analise RN

101

locais. Por esta razão, não há problema na aquisição desses insumos pelos produtores, pois eles são

facilmente encontrados em Natal e na maioria dos municípios produtores. O que ocorre, de fato, é uma

grande evasão de divisas para São Paulo, o que prejudica a dinamização das economias locais.

3.3.2.3. Despesa média anual com insumos

Na ausência de dados relativos à despesa anual com os principais insumos consumidos no APL

das flores e plantas ornamentais no estado do Rio Grande do Norte, foram adotados os parâmetros e

calculados os valores para a área de 30 hectares cultivados com flores e plantas ornamentais, conforme

especificados na Tabela que segue:

Tabela 3.3. 3 - Despesa anual com os principais insumos utilizados no APL das flores e plantas ornamentais do Rio Grande do Norte – 2009

Insumos Despesa média anual (em R$) Fertilizantes químicos: 300 quilos/ha, ao preço médio de R$ 0,80/ha (30 ha x 300 kg x R$ 0,80)

7.200,00

Adubo orgânico: 2 carradas/ha, ao preço médio de R$ 700,00/ha (30 ha x 2 carradas x R$ 700,00)

42.000,00

Inseticidas: 2 litros/ha, ao preço médio de R$ 30,00/l (30 ha x 2 l x R$ 30,00)

1.800,00

Fungicidas: 2 litros/ha, ao preço médio de R$ 30,00/l (30 ha x 2 l x R$ 30,00)

1.800,00

Nematicidas: 2 litros/ha, ao preço médio de R$ 30,00/l (30 ha x 2 l x R$ 30,00)

1.800,00

Energia (estimado em R$ 100,00 por produtor) 3.000,00 Subtotal 57.600,00 Outros (10% do subtotal) 5.760,00 Total 63.360,00 Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN. Pesquisa direta, agosto/2009.

3.3.2.4. Destino dos principais produtos (vendas)

Tomado no conjunto, os principais produtos comercializados neste APL são as flores e

folhagens tropicais, que conforme já mencionado, incluem a helicônia bihai (60%), seguida de outros

tipos de helicônia e de bastão do imperador. O abacaxi ornamental vem em seguida, com apenas 5%

comercializado no APL, sendo o restante totalmente exportado.

Tabela 3.3. 4 - Destino dos principais produtos do APL de flores e plantas ornamentais do Rio Grande do Norte – 2009

Produtos % de vendas no

APL % vendido fora do APL, mas no RN

% vendido fora do RN, mas no BR % fora do país

Flores e folhagens 95* 5 - - Abacaxi ornamental 5 - - 95** Fonte: Questionário Elaborado pela Equipe/RN. Pesquisa direta, agosto/2009.

* Considerando Natal incluído na área do APL, ** Países europeus.

Page 102: Analise RN

102

3.3.2.5. Receita média anual dos produtores da principal atividade desenvolvida no APL: flores e folhagens e abacaxi ornamental

O entrevistado não informou este item. Todavia, informou que a atividade é muito rentável.

Um hectare de helicônia, bem cuidado, pode ter uma receita bruta de R$ 400 mil por ano.

3.3.2.6. Renda média anual dos trabalhadores envolvidos na atividade principal do APL (R$)

Com exceção dos gerentes, que recebem em torno de dois salários mínimos, os demais

trabalhadores recebem apenas um salário mínimo por mês, portanto R$ 6.045,00 por ano (R$ 465 x 13

meses).

3.3.2.7. Principais dificuldades para aquisição dos insumos

Para o entrevistado, não há dificuldade quanto à existência de insumos. Todos os insumos

demandados pelo APL podem ser encontrados no Rio Grande do Norte. No entanto, todos os produtos

químicos, adubos e defensivos, são adquiridos por distribuidores locais em São Paulo.

A principal dificuldade é a falta de financiamento que leve em consideração as especificidades

do APL. Tem financiamento para tudo, menos para o custeio, investimento e comercialização dos

produtos que compõem o arranjo. Segundo o entrevistado, os bancos necessitam encarar a flor como

uma atividade para comercialização.

A falta de conhecimento reduz a credibilidade da atividade. Os gestores do crédito rural não

acreditam na produção de flores e plantas ornamentais como um negócio rentável. Existe um

laboratório de biotecnologia, porém foi feito com recursos próprios.

3.3.2.8. Principais dificuldades para comercialização dos produtos

As principais dificuldades para comercialização dos produtos são de três ordens, segundo o

entrevistado:

i. Quantidade: não tem quantidade suficiente para atender a demanda interna, e menos

ainda as exportações. Há uma grande demanda insatisfeita, tanto no mercado interno

quanto externo;

ii. Qualidade – há problema de qualidade, principalmente no que se relaciona a manchas e

necroses resultantes de ataques de pragas, incidência de doenças e manuseio

inadequado;

Page 103: Analise RN

103

iii. Periodicidade – não há regularidade da produção, nem sincronia da oferta com o

comportamento da demanda, que varia ao longo do ano e apresenta momentos de pico,

como em datas especiais, como dia dos namorados e das mães, demandas dos buffets,

época natalina e eventos festivos e culturais.

Plantar flores, para o entrevistado, é para quem tem conhecimento da atividade, gosta de

estudar, aplicar os conhecimentos adquiridos e em constante aperfeiçoamento e ganhar dinheiro. A

atividade deve ser feita com alta tecnologia, para produzir um produto consistente e que agüente

prateleira. A Potyflores já chegou a colocar no lixo até 80% do material recebido.

Ademais, é necessário criar uma visão, uma marca das flores tropicais; desenvolver marketing;

e, sobretudo, melhorar e manter a qualidade do produto em elevado padrão. Mesmo assim, o que está

acontecendo é que a mercadoria não está atendendo a demanda, o que é difícil justificar para o

consumidor.

Outro desafio identificado pelo entrevistado é a falta profissionalismo no cultivo. A Potyflores

é formada por gente que tem outras atividades e dedica pouco tempo ao cultivo de flores e folhagens

ornamentais, quando deveria ser o contrário. Os cursos do SEBRAE são importantes, mas são

repetitivos. Não seguem uma lógica de formar o produtor em todas as etapas do ciclo de produção,

comercialização, logística, embalagem, comercialização interna e exportação. Em síntese, no APL das

flores e plantas ornamentais do Rio Grande do Norte, tem diversos desafios a serem superados para

garantir a sua sustentabilidade, a exemplo da “falta profissionalismo”.

3.3.2.9. Estimativa de pessoal ocupado no APL (incluindo todo o ciclo)

A estimativa feita pelo entrevistado é de 3 pessoas por hectare, o que resulta em 90 empregos

permanentes na produção, além de 05 funcionários, que têm contrato indeterminado de trabalho com a

Potyflores.

Page 104: Analise RN

104

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estado do Rio Grande do Norte, apesar do desempenho satisfatório de sua economia nos

últimos anos continua sendo parte muito pequena da economia nacional: em 2006, seu PIBpm

correspondia somente a 0,87% do PIB nacional. Sua economia, como foi observado, tem uma grande

dependência dos gastos do governo, que constituem mais de um quarto de seu PIB. Na sua estrutura

econômica preponderam atividades que dependem da dotação de recursos naturais, tanto do ponto de

vista climático, como de solos e de minerais.

O tamanho da economia (cerca de 20,5 bilhões em 2006) condiciona a disponibilidade de

capitais para o desenvolvimento de atividades produtivas. A maior parte das empresas aqui instaladas

tem origem em capitais nacionais, com algumas empresas internacionais operando na produção de

frutas e na exploração de petróleo e gás natural.

No comércio está a principal fonte do déficit da balança comercial do estado. Em boa medida,

as despesas do governo, transformadas em renda, constituem uma fonte de demanda que, frente a uma

oferta deficiente, é suprida pelo comércio, que se abastece nos centros produtores ou distribuidores da

região nordeste e em outros estados. Os principais ramos dedicados ao comércio varejista destinam-se

a suprir a demanda local de bens de consumo duráveis e não-duráveis, através de redes de distribuição

cujas bases estão estabelecidas em seus estados de origem ou através de centrais de distribuição

constituídos através de políticas de incentivos locais. O comércio atacadista, por sua vez, também se

abastece principalmente nos estados vizinhos, mas tem como foco o suprimento do comércio potiguar.

Os ramos de comércio que têm inserção regional e nacional são preponderantemente aqueles que

comercializam produtos oriundos das atividades em que o estado é mais competitivo, como a produção

de frutas, pesca, carcinicultura, sal, entre outros.

A inserção da indústria, por sua vez, mostra-se moldada pelas transações com matérias-primas

e bens de consumo intermediários, especialmente de origem têxtil e de confecções na indústria de

transformação. Na indústria extrativa, embora os fluxos de comércio do segmento de petróleo e gás

estejam subavaliados, destaca-se a produção e comercialização do sal marinho, elemento do qual o

estado é responsável por mais de 90% da produção nacional.

Algumas observações pontuais emergem dos resultados observados. A relevância de São Paulo

nas relações comerciais com o estado era esperada. Entretanto, não é possível determinar, com os

dados disponíveis, sua importância como centro distribuidor dos produtos adquiridos no estado, como

pode ser observado nas compras da agricultura, especialmente da fruticultura. As vendas de alguns

produtos para o Ceará, Paraíba e Pernambuco, por sua vez, sugerem que as deficiências de transporte

Page 105: Analise RN

105

(ou a proximidades dos portos), tornam esses estados pontos de saída das mercadorias produzidas no

Rio Grande do Norte.

A participação do estado de Pernambuco no comércio com o Rio Grande do Norte reflete sua

condição de grande centro regional de distribuição, especialmente quando se considera sua

participação no fornecimento de mercadorias para as redes locais de hipermercados, supermercados e

mercadinhos. Em parte, isso é resultado de política específica visando dotar o estado de grandes

centros de distribuição em diferentes áreas de comércio. Com os outros estados da região, como dito

anteriormente, é possível identificar a influência das matrizes das redes locais de distribuição.

A concentração espacial da produção, exposta no primeiro capítulo, e a importância dos APLs

no processo de geração de ocupação e renda, apesar de não ter sido abordada na análise de todos os

APLs identificados e apoiados, pode ser inferida dos resultados daqueles com menor grau de

formalização. Afinal, as atividades dos APLs identificados e apoiados reportados no trabalho anterior

estão presentes em mais de cento e cinqüenta municípios do Rio Grande do Norte.

Os resultados dos fluxos de comércio do estado indicam a possibilidade de adensamento das

cadeias produtivas de diferentes atividades, especialmente na agropecuária e na carcinicultura. Nas

atividades industriais a definição das oportunidades de investimento com esse propósito deveria

considerar a complementariedade entre as estruturas produtivas dos estados vizinhos, uma vez que em

muitos casos a escala de produção pode constituir uma barreira quando considerada a demanda local.

A determinação dessas possibilidades envolve a realização de estudos adicionais para estimar a

demanda local/regional e avaliar a viabilidade desses investimentos.

Page 106: Analise RN

106

5. Referências

BACHA, Carlos José Caetano. Economia e política agrícola no Brasil. São Paulo: ATLAS, 2004.

BANCO DO NORDESTE/ESCRITÓRIO TÉCNICO DE ESTUDOS ECONÔMICOS DO NORDESTE. Floricultura: caracterização e mercado. Série Documentos do ETENE, n. 16. Fortaleza: Banco do Nordeste, 2007.

CASAL, Guilhermo Mace. Identificación de potencialidades para la produción de flores em comunidades del estado de Rio Grande do Norte. Natal: IICA, 2005.

CASSIOLATO, José Eduardo; LASTRES, Helena M. M.; STALLIVIERI, Fabio (org.). Arranjos produtivos locais: uma alternativa para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: UFRJ/BNDES/RedeSist. 2006.

FSP. Governo deixa royalty do pré-sal para depois. Caderno Dinheiro, p.B6 05/09/2009

GARCIA, O.L. Fluxos de comércio por vias internas do Rio Grande do Norte 2005. 66 p. Disponível em WWW.set.rn.gov.br/arrecadação/publicações.

GUANZIROLI, Carlos Enrique; CARDIM, Sílvia Elizabeth de C. S. (coord). O novo retrato da agricultura familiar: o Brasil redescoberto. Brasília: FAO/INCRA, 2000.

IBGE. Contagem da população 2007. Rio de Janeiro. 2007

_____ Produto interno dos municípios 2003 – 2006. Contas Nacionais no 26. Rio de Janeiro, 2008

_____Pesquisa industrial. Vol. 26 2007 no 1 Empresa. Rio de Janeiro, 2009.

IDEMA. Perfil do estado do Rio Grande do Norte. Natal.2002.

MENDES, Judas Tadeu Grassi; PADILHA JUNIOR, João Batista. Agronegócio: uma abordagem econômica.São Paulo: Prentice Hall, 2007.

MINEIRO, Fernando. Perfil dos fornecedores de leite no Rio Grande do Norte. Natal, 2005.

NOBRE, Fernando Viana; AMARAL, Alexandre Magno Martins do; PINHEIRO, Kaynara Pryscilla. A caprinovinocultura do Rio Grande do Norte: aspectos mercadológicos na grande Natal. Natal/RN, 2007.

PROCÓPIO, Orlando Cláudio. Caprifeiras aumentarão faturamento na área. Tribuna do Norte, 28 jun. 2009.

REBOUÇAS, Gesiane Moura Neves. Farelo de vagem de algaroba na alimentação de ovinos Santa Inês. 2007. 48 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Federal do Sudoeste da Bahia, Itapetinga, 2007.

Page 107: Analise RN

107

ANEXO ESTATÍSCO

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108

Tabela A1 -Taxa média geométrica de crescimento do PIBpm - 1985 a 2006 PERÍODO BR NE RN

85-06 2,93 2,58 3,45 86-90 1,24 -1,01 0,75 91-95 3,58 2,42 1,77 96-00 2,12 1,96 5,02 01-06 4,75 4,76 5,92

Fonte: IpeaData, Elaboração própria

Tabela A2 – Entradas do Rio Grande do Norte por setor de atividade e estados - 2006

ESTADOS SETOR

PRIMÁRIO (R$)

PART. %

SETOR SECUNDÁRIO

(R$) PART. %

SETOR TERCIÁRIO

(R$)

PART. %

TOTAL DAS ENTRADAS

(R$)

PART. %

NORTE 1.764.231 0,99 64.462.122 1,98 320.715.556 4,61 386.941.909 3,72

AC 0 0,00 3.673 0,00 9.032 0,00 12.705 0,00

AM 8.675 0,00 6.634.415 0,20 163.022.788 2,34 169.665.879 1,63

AP 0 0,00 6.531 0,00 120.770 0,00 127.302 0,00

PA 535.778 0,30 38.055.277 1,17 132.189.695 1,90 170.780.750 1,64

RO 0 0,00 24.800 0,00 839.624 0,01 864.423 0,01

RR 0 0,00 24.372 0,00 58.564 0,00 82.936 0,00

TO 1.219.778 0,68 19.713.053 0,60 24.475.082 0,35 45.407.913 0,44

NORDESTE 125.871.004 70,38 1.391.343.764 42,68 3.268.765.011 46,94 4.785.979.778 46,01

AL 6.701.310 3,75 39.207.544 1,20 101.571.509 1,46 147.480.364 1,42

BA 5.603.468 3,13 235.355.968 7,22 330.429.003 4,75 571.388.439 5,49

CE 43.923.825 24,56 417.902.652 12,82 637.186.951 9,15 1.099.013.428 10,57

MA 177.294 0,10 21.586.981 0,66 63.524.136 0,91 85.288.410 0,82

PB 15.434.637 8,63 232.702.095 7,14 593.059.808 8,52 841.196.541 8,09

PE 45.756.252 25,58 391.634.887 12,01 1.489.658.062 21,39 1.927.049.200 18,53

PI 7.373.057 4,12 13.001.526 0,40 14.411.495 0,21 34.786.078 0,33

SE 901.160 0,50 39.952.111 1,23 38.924.047 0,56 79.777.318 0,77

SUDESTE 36.079.553 20,17 1.488.851.798 45,67 2.472.170.258 35,50 3.997.101.609 38,42

ES 549.211 0,31 92.997.624 2,85 59.086.849 0,85 152.633.684 1,47

MG 3.010.744 1,68 253.884.364 7,79 365.862.909 5,25 622.758.018 5,99

RJ 2.060.965 1,15 185.030.185 5,68 246.598.699 3,54 433.689.849 4,17

SP 30.458.633 17,03 956.939.625 29,35 1.800.621.801 25,86 2.788.020.059 26,80

SUL 9.219.074 5,15 209.689.554 6,43 644.168.997 9,25 863.077.625 8,30

PR 3.063.646 1,71 72.445.953 2,22 221.461.015 3,18 296.970.614 2,85

RS 4.361.606 2,44 58.789.099 1,80 251.330.242 3,61 314.480.948 3,02

SC 1.793.822 1,00 78.454.502 2,41 171.377.739 2,46 251.626.063 2,42

CENTRO-OESTE 5.906.995 3,30 105.655.858 3,24 257.706.588 3,70 369.269.441 3,55

DF 186.952 0,10 8.016.741 0,25 32.983.267 0,47 41.186.961 0,40

GO 4.519.599 2,53 37.100.001 1,14 191.610.654 2,75 233.230.253 2,24

MS 623.132 0,35 7.170.213 0,22 15.160.586 0,22 22.953.930 0,22

MT 577.313 0,32 53.368.902 1,64 17.952.082 0,26 71.898.297 0,69

BRASIL 178.840.857 100,00 3.260.003.095 100,00 6.963.526.411 100,00 10.402.370.363 100,00 Fonte: SET/Elaboração própria

Page 109: Analise RN

109

Tabela A3 – Saídas do Rio Grande do Norte por setor de atividade e estados - 2006

ESTADOS SETOR

PRIMÁRIO (R$)

PART. %

SETOR SECUNDÁRIO

(R$)

PART. %

SETOR TERCIÁRIO

(R$)

PART. %

TOTAL DAS SAÍDAS

(R$)

PART. %

NORTE 740.843 0,68 79.151.327 2,63 55.010.232 5,53 134.902.402 3,28

AC 0 0,00 1.765.699 0,06 252.956 0,03 2.018.655 0,05

AM 193.009 0,18 22.844.201 0,76 2.982.124 0,30 26.019.333 0,63

AP 25.700 0,02 3.476.740 0,12 279.148 0,03 3.781.588 0,09

PA 479.727 0,44 36.783.350 1,22 47.948.546 4,82 85.211.623 2,07

RO 42.407 0,04 7.104.622 0,24 1.876.495 0,19 9.023.524 0,22

RR 0 0,00 1.599.510 0,05 101.492 0,01 1.701.002 0,04

TO 0 0,00 5.577.205 0,19 1.569.472 0,16 7.146.677 0,17

NORDESTE 58.762.077 54,08 1.341.078.564 44,60 781.908.872 78,59 2.181.749.513 53,07

AL 833.548 0,77 58.652.276 1,95 45.756.372 4,60 105.242.197 2,56

BA 2.904.967 2,67 111.658.494 3,71 99.589.049 10,01 214.152.509 5,21

CE 19.270.416 17,73 392.701.375 13,06 163.344.551 16,42 575.316.342 14,00

MA 938.199 0,86 44.397.936 1,48 32.627.444 3,28 77.963.579 1,90

PB 9.627.170 8,86 236.265.350 7,86 142.641.052 14,34 388.533.572 9,45

PE 24.055.760 22,14 401.224.137 13,34 236.053.996 23,73 661.333.893 16,09

PI 191.435 0,18 48.508.521 1,61 24.275.543 2,44 72.975.499 1,78

SE 940.581 0,87 47.670.476 1,59 37.620.865 3,78 86.231.922 2,10

SUDESTE 40.337.552 37,12 1.338.231.071 44,50 124.048.677 12,47 1.502.617.300 36,55

ES 1.108.351 1,02 37.472.850 1,25 9.140.932 0,92 47.722.133 1,16

MG 1.986.496 1,83 140.563.734 4,67 19.803.487 1,99 162.353.717 3,95

RJ 14.740.086 13,57 148.673.783 4,94 30.794.375 3,10 194.208.244 4,72

SP 22.502.619 20,71 1.011.520.704 33,64 64.309.882 6,46 1.098.333.206 26,72

SUL 4.754.379 4,38 159.409.873 5,30 15.134.591 1,52 179.298.843 4,36

PR 2.373.341 2,18 60.714.944 2,02 8.723.828 0,88 71.812.113 1,75

RS 1.713.048 1,58 34.632.019 1,15 3.937.523 0,40 40.282.590 0,98

SC 667.990 0,61 64.062.910 2,13 2.473.240 0,25 67.204.140 1,63

CENTRO-OESTE 4.064.716 3,74 89.258.790 2,97 18.854.057 1,89 112.177.563 2,73

DF 1.744.175 1,61 12.416.592 0,41 2.844.070 0,29 17.004.836 0,41

GO 1.430.907 1,32 44.581.946 1,48 8.810.209 0,89 54.823.062 1,33

MS 752.086 0,69 12.027.225 0,40 3.396.952 0,34 16.176.263 0,39

MT 137.548 0,13 20.233.027 0,67 3.802.826 0,38 24.173.401 0,59

BRASIL 108.659.567 100,00 3.007.129.624 100,00 994.956.429 100,00 4.110.745.620 100,00 Fonte: SET/Elaboração própria

Page 110: Analise RN

110

Tabela A4 – Saldo do Rio Grande do Norte por setor de atividade e estados - 2006

ESTADOS SETOR

PRIMÁRIO (R$)

SETOR SECUNDÁRIO

(R$)

SETOR TERCIÁRIO

(R$)

TOTAL DO SALDO

(R$) NORTE -1.023.388 14.689.205 -265.705.324 -252.039.507

AC 0 1.762.026 243.924 2.005.950 AM 184.333 16.209.785 -160.040.665 -143.646.546 AP 25.700 3.470.209 158.378 3.654.287 PA -56.050 -1.271.928 -84.241.149 -85.569.127 RO 42.407 7.079.822 1.036.871 8.159.100 RR 0 1.575.138 42.927 1.618.066 TO -1.219.778 -14.135.847 -22.905.611 -38.261.236

NORDESTE -67.108.927 -50.265.200 -2.486.856.139 -2.604.230.266 AL -5.867.762 19.444.732 -55.815.137 -42.238.167 BA -2.698.501 -123.697.474 -230.839.954 -357.235.929 CE -24.653.409 -25.201.277 -473.842.400 -523.697.086 MA 760.905 22.810.955 -30.896.691 -7.324.831 PB -5.807.467 3.563.255 -450.418.756 -452.662.969 PE -21.700.492 9.589.250 -1.253.604.066 -1.265.715.308 PI -7.181.622 35.506.995 9.864.048 38.189.421 SE 39.421 7.718.365 -1.303.183 6.454.604

SUDESTE 4.257.999 -150.620.727 -2.348.121.581 -2.494.484.310 ES 559.139 -55.524.774 -49.945.917 -104.911.551 MG -1.024.248 -113.320.630 -346.059.423 -460.404.301 RJ 12.679.121 -36.356.402 -215.804.324 -239.481.605 SP -7.956.014 54.581.079 -1.736.311.918 -1.689.686.853

SUL -4.464.695 -50.279.681 -629.034.406 -683.778.782 PR -690.305 -11.731.009 -212.737.187 -225.158.501 RS -2.648.558 -24.157.080 -247.392.719 -274.198.358 SC -1.125.832 -14.391.592 -168.904.500 -184.421.923

CENTRO-OESTE -1.842.279 -16.397.067 -238.852.532 -257.091.878 DF 1.557.223 4.399.850 -30.139.198 -24.182.124 GO -3.088.692 7.481.944 -182.800.444 -178.407.191 MS 128.955 4.857.012 -11.763.634 -6.777.667 MT -439.765 -33.135.874 -14.149.256 -47.724.896

BRASIL -70.181.290 -252.873.471 -5.968.569.982 -6.291.624.743 Fonte: SET/Elaboração própria

Page 111: Analise RN

111

Tabela A5 – Evolução da balança comercial internacional do Rio Grande do Norte 1990 – 2006 (Em US$ 1.000)

Anos Exportações (A) Importações (B) Saldo (A – B)

US$ (FOB) Var. Anual (%)

US$ (FOB) Var. Anual (%)

US$ (FOB)

1990 88.800 25,65 21.889 8,44 66.911 1991 80.189 -9,70 6.826 -68,82 73.363 1992 72.934 -9,05 11.117 62,86 61.817 1993 81.288 11,45 16.736 50,54 64.552 1994 86.729 7,60 59.185 -45,87 27.544 1995 79.228 -8,65 81.621 37,91 -2.392 1996 94.876 19,75 101.543 24,41 -6.667 1997 93.536 -1,41 125.408 23,50 -31.872 1998 101.748 8,78 88.512 -29,42 13.236 1999 115.473 13,49 84.236 -4,83 31.238 2000 149.392 29,37 70.181 -16,68 79.211 2001 187.585 25,57 88.688 26,37 98.897 2002 223.602 19,20 115.543 30,28 108.059 2003 310.446 38,84 168.563 45,89 141.883 2004 573.603 84,77 139.486 -17,25 434.117 2005 413.317 -27,94 110.335 -20,90 302.982 2006 372.011 -9,99 130.450 18,23 241.560 Fonte: MDIC/SECEX – Secretaria de Comércio Exterior. Balança Comercial Brasileira por Regiões e Estados.

Tabela A6 – Brasil, Região Nordeste e Rio Grande do Norte: participação do Rio Grande do Norte nas exportações e nas importações (1990 – 2006)

(%) Anos Exportações (A) Importações (B)

RN/BR RN/NE RN/BR RN/NE 1990 0,28 2,93 0,11 1,5 1991 0,25 2,80 0,03 0,4 1992 0,20 2,40 0,05 0,8 1993 0,21 2,70 0,07 0,9 1994 0,20 2,48 0,18 2,4 1995 0,17 1,87 0,16 2,3 1996 0,20 2,46 0,19 2,5 1997 0,18 2,36 0,21 2,8 1998 0,20 2,73 0,15 2,3 1999 0,24 3,44 0,17 2,4 2000 0,27 3,71 0,13 1,5 2001 0,32 4,48 0,16 1,7 2002 0,37 4,81 0,24 2,5 2003 0,42 5,08 0,35 3,9 2004 0,59 7,14 0,22 2,5 2005 0,35 3,92 0,15 1,7 2006 0,27 3,20 0,14 1,5

Fonte: MDIC/SECEX – Secretaria de Comércio Exterior. Balança Comercial Brasileira por Regiões e Estados.

Page 112: Analise RN

112

Tabela A7 – Rio Grande do Norte: participação dos principais produtos na pauta de exportação do estado (2000 – 2006)

(%) Seção Produtos 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

03 Peixes e crustáceos,moluscos e outros Invertebrados aquáticos

15,4 22,9 30,3 28,81 17,9 19,0 16,0

08 Frutas,cascas de cítricos e de melões

32,7 29,7 27,7 29,10 18,0 31,9 38,8

15 Gorduras, óleos e ceras animais ou vegetais,etc.

1,2 2,2 1,8 1,50 0,9 1,3 0,4

17 Açúcares e produtos de confeitaria

11,3 14,3 9,5 7,99 4,5 7,9 12,0

22 Bebidas,líquidos alcoólicos e vinagres

0,3 0,1 0,2 1,27 0,8 1,0 6,5

25 Sal,enxofre,terras e pedras,gesso,cal e cimento

6,0 5,7 4,1 2,63 1,5 3,0 3,6

27 Combustíveis minerais,óleos minerais,etc. ceras minerais

0,0 0,0 10,8 18,99 49,5 23,4 7,5

52 Algodão 1,8 2,6 2,1 2,52 1,9 3,0 2,7

61 Vestuário e seus acessórios de malha

24,7 16,7 9,5 4,25 2,0 2,8 2,0

63 Outros artefatos têxteis confeccionados,sortidos,etc.

0,5 0,6 0,1 0,78 0,9 1,8 2,2

Demais Produtos 6,1 5,2 3,9 2,2 2,1 4,9 8,3 TOTAL 100 100 100 100 100 100 100

Fonte: Alice Web, MDIC/SECEX – Secretaria de Comércio Exterior. Balança Comercial Brasileira por Regiões e Estados.

Tabela A8 – Rio Grande do Norte: participação dos principais produtos na pauta de importação do estado (2000 – 2006)

Page 113: Analise RN

113

(%) Seção Produtos 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

10 Cereais 14,8 15,5 15,7 10,7 15,0 10,5 11,0

11 Produtos da indústria de moagem, malte, amidos, etc. 4,9 3,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

27 Combustíveis minerais, óleos minerais, etc. ceras minerais 1,2 0,5 0,2 0,2 0,2 0,2 0,0

30 Produtos farmacêuticos 1,0 0,7 0,3 0,3 0,4 0,3 0,7 31 Adubos ou fertilizantes 0,7 0,0 0,3 0,8 1,1 1,9 1,6

32 Extratos tanantes e tintoriais, taninos e derivados, etc. 0,1 0,3 0,1 0,4 1,3 1,9 2,2

39 Plásticos e suas obras 3,0 5,1 2,2 2,8 9,0 18,2 18,4

48 Papel e cartão, obras de pasta de celulose, de papel, etc. 5,3 3,0 3,2 2,3 3,1 5,0 5,2

52 Algodão 14,6 7,3 3,7 3,5 10,9 2,9 16,4

54 Filamentos sintéticos ou artificiais 3,8 3,5 3,2 1,3 1,3 1,8 1,2

55 Fibras sintéticas ou artificiais, descontinuas 1,5 1,9 1,5 0,6 1,3 1,2 1,2

73 Obras de ferro fundido, ferro ou aço 2,8 2,4 0,6 0,5 1,2 5,2 4,0

84 Reatores nucleares, caldeiras, máquinas, etc., mecânicos 22,4 29,4 23,1 16,6 40,7 35,8 21,1

85 Máquinas, aparelhos e material elétricos, suas partes, etc. 5,1 8,0 29,8 46,2 2,9 1,5 4,0

90 Instrumentos e aparelhos de óptica, fotografia, etc. 10,7 10,3 3,7 4,3 2,6 2,1 3,5

Demais Produtos 8,2 8,3 12,3 9,5 8,9 11,6 9,6 TOTAL 100 100 100 100 100 100 100

Fonte: Alice Web, MDIC/SECEX – Secretaria de Comércio Exterior. Balança Comercial Brasileira por Regiões e Estados.

Page 114: Analise RN

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Tabela A9 – Rio Grande do Norte: valor dos principais produtos da pauta de importação do estado – 2006

Setor Econômico Descrição do Produto Valor US$(FOB)

Part. no Total (%)

Fabricação de produtos têxteis Algodão simplesmente debulhado, não cardado nem penteado

20.626.745 15,8

Cereais Trigo (exceto trigo duro ou para semeadura), e trigo c/ centeio

12.946.464 9,9

Fabricação de celulose, papel e produtos de papel

Caixas de papel ou cartão, ondulados (canelados)

6.451.123 4,9

Fabricação de produtos de borracha e de material plástico

Outras chapas de polímeros de etileno, n/reforçadas, etc.

5.611.038 4,3

Fabricação de produtos químicos

Copolímero de etileno/ácido acrílico, em formas primárias

4.520.109 3,5

Fabricação de produtos químicos

Polietileno linear, densidade <0.94, em forma primária

3.430.087 2,6

Fabricação de produtos químicos

Polietileno sem carga, densidade 0.94, em forma primária

2.845.497 2,2

Fabricação de produtos químicos

Polipropileno sem carga, em forma primária

2.190.155 1,7

Fabricação de máquinas e equipamentos

Torneiras e outros dispositivos para canalizações, etc.

1.961.636 1,5

Fabricação de máquinas e equipamentos

Eletrobombas submersíveis 1.894.517 1,5

Fabricação de máquinas e equipamentos

Máquinas de moldar a vácuo poliestireno expand/polipropileno

1.692.577 1,3

Fabricação de máquinas e equipamentos

Outras máquinas e aparelhos mecânicos com função própria

1.653.875 1,3

Fabricação de produtos químicos

Corante índigo blue, segundo colour índex 73000

1.563.410 1,2

Fabricação de máquinas e equipamentos

Outras bobinadeiras de matéria têxtil, com atador automático

1.561.626 1,2

Fabricação de máquinas e equipamentos

Máquinas para enfestar ou cortar tecidos, automáticas

1.519.682 1,2

Fabricação de produtos têxteis Fio de alta tenacidade, de náilon (poliamida alifática)

1.344.421 1,0

Fabricação de produtos químicos

Copolímero etileno/acetato vinila, em outras formas primárias

1.254.431 1,0

Fabricação de produtos de borracha e de material plástico

Outros sacos, bolsas e cartuchos, de polímeros de etileno

1.233.625 0,9

Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos

Outros condutores elétricos para tensão >1000 V

1.207.160 0,9

Fabricação de produtos de borracha e de material plástico

Outras chapas, etc. polímeros propileno, sem suporte, não reforçados, etc.

1.202.723 0,9

Demais Produtos 53.739.516 41,2 TOTAL DAS IMPORTAÇÕES 130.450.417 100,0

Fonte: Alice Web, MDIC/SECEX – Secretaria de Comércio Exterior. Balança Comercial Brasileira por Regiões e Estados.