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25 Caderno Saúde e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013 A IMPORTÂNCIA DO ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NOS SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA THE IMPORTANCE OF THE WELCOMING WITH RISK CLASSIFICATION IN EMERGENCY SERVICES Daiani Antunes de Oliveira Enfermeira graduada pela Universidade Feevale, Especialização em Urgência e Emergênci a pelo Centro Universitário Internacional Uninter [email protected] Jaciane Pinto Guimarães Psicóloga pela PUCRS, Mestre em Economia Familiar pela Universidade Federal de Viçosa. Docente do Centro Universitário Internacional Uninter. RESUMO O Acolhimento com Classificação de Risco é uma importante ferramenta desenvolvida para promover melhorias na organização dos serviços de emergência, onde os atendimentos são realizados conforme o grau de gravidade apresentado pelo paciente, por riscos de agravamento ou ainda pelo grau de vulnerabilidade dos mesmos. O principal propósito é promover um atendimento mais qualificado, organizado e humanizado, definindo prioridades de acordo com o grau de complexidade apresentado pelos usuários dos serviços de emergência e não pelo antigo sistema, no qual os pacientes eram atendidos por ordem de chegada, podendo acarretar riscos e agravos à saúde deles. O presente estudo teve como objetivo identificar na literatura os benefícios da prática do acolhimento com classificação de risco e demonstrar a relevância do mesmo para os usuários que buscam esses serviços. A pesquisa foi qualitativa e realizada através de uma revisão da literatura dos últimos dez anos, com artigos publicados nas Bases de Dados de Enfermagem (BDEnf), da Literatura Latino- americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Librari Online (SCIELO) e por publicações do Ministério da Saúde. Foram analisados 16 artigos científicos, 01 tese de mestrado e 01 de pós- graduação e 03 cartilhas do Ministério da Saúde, no período de janeiro de 2002 a março de 2012, totalizando 21 itens. O trabalho visou identificar por meio da produção científica de que forma vem sucedendo a prática do acolhimento nos serviços de urgência e emergência. Surgiram no estudo três categorias: relativas à Implantação do Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco, à Superlotação dos serviços de emergência e à Humanização no Acolhimento. Verificam-se como aspectos significativos a atuação conferida a profissionais de saúde, com destaque ao enfermeiro ; a organização dos serviços de emergência por grau de gravidade e não por ordem de chegada e da valorização dos usuários, por meio da escuta qualificada, buscando classificar os atendimentos de forma mais humanizada. A utilização dessa proposta nos serviços de emergência demonstra grande relevância, contudo ainda são muitos os desafios para promover uma assistência de acordo com os ideais das políticas de saúde do SUS. Palavras-chave: Acolhimento. Classificação de Risco. Enfermagem de Emergência.

Acolhimento Com Classificação de Risco Na Emergência

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Acolhimento com classificação de risco na emergência

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    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

    A IMPORTNCIA DO ACOLHIMENTO COM

    CLASSIFICAO DE RISCO NOS SERVIOS DE

    EMERGNCIA

    THE IMPORTANCE OF THE WELCOMING WITH RISK CLASSIFICATION IN EMERGENCY SERVICES

    Daiani Antunes de Oliveira

    Enfermeira graduada pela Universidade Feevale, Especializao em Urgncia e Emergncia pelo Centro Universitrio Internacional Uninter

    [email protected]

    Jaciane Pinto Guimares

    Psicloga pela PUCRS, Mestre em Economia Familiar pela Universidade Federal de Viosa. Docente do Centro

    Universitrio Internacional Uninter.

    RESUMO

    O Acolhimento com Classificao de Risco uma importante ferramenta desenvolvida para promover melhorias na organizao dos servios de emergncia, onde os atendimentos so realizados conforme o grau de gravidade apresentado pelo paciente, por riscos de agravamento ou ainda pelo grau de vulnerabilidade dos mesmos. O principal propsito promover um atendimento mais qualificado, organizado e humanizado, definindo prioridades de acordo com o grau de complexidade apresentado pelos usurios dos servios de emergncia e no pelo antigo sistema, no qual os pacientes eram atendidos por ordem de chegada, podendo acarretar riscos e agravos sade deles. O presente estudo teve como objetivo identificar na literatura os benefcios da prtica do acolhimento com classificao de risco e demonstrar a relevncia do mesmo para os usurios que buscam esses servios. A pesquisa foi qualitativa e realizada atravs de uma reviso da literatura dos ltimos dez anos, com artigos publicados nas Bases de Dados de Enfermagem (BDEnf), da Literatura Latino-americana e do Caribe em Cincias da Sade (LILACS), Scientific Eletronic Librari Online (SCIELO) e por publicaes do Ministrio da Sade. Foram analisados 16 artigos cientficos, 01 tese de mestrado e 01 de ps- graduao e 03 cartilhas do Ministrio da Sade, no perodo de janeiro de 2002 a maro de 2012, totalizando 21 itens. O trabalho visou identificar por meio da produo cientfica de que forma vem sucedendo a prtica do acolhimento nos servios de urgncia e emergncia. Surgiram no estudo trs categorias: relativas Implantao do Acolhimento com Avaliao e Classificao de Risco, Superlotao dos servios de emergncia e Humanizao no Acolhimento. Verificam-se como aspectos significativos a atuao conferida a profissionais de sade, com destaque ao enfermeiro ; a organizao dos servios de emergncia por grau de gravidade e no por ordem de chegada e da valorizao dos usurios, por meio da escuta qualificada, buscando classificar os atendimentos de forma mais humanizada. A utilizao dessa proposta nos servios de emergncia demonstra grande relevncia, contudo ainda so muitos os desafios para promover uma assistncia de acordo com os ideais das polticas de sade do SUS.

    Palavras-chave: Acolhimento. Classificao de Risco. Enfermagem de Emergncia.

  • A importncia do acolhimento com classificao de risco

    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

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    ABSTRACT

    The welcoming with risk classification is an importance tool developed to promote the betterment of

    organization in emergency services. The attendances are performed according to the degree of severity

    presented by the patient, by aggravation risks or even by the patients degree of vulnerability. The main

    purpose is to promote a more qualified, organized and humanized attendance by defining priorities

    according to the degree of complexity presented by the emergency services users, and not by the previous

    system in which patients were seen in the order of their arrival. The previous system could entail risks and

    hazards to the patients health. The goal of this study was to identify in literature the benefits of the

    welcoming with risk classification in emergency services practice and demonstrate its relevance to services

    users. The research was qualitative and carried out through a literature review of the past ten years with

    articles published in Nursing Databases(BDENF) from Latin American Literature and Caribbean Health

    Sciences (LILACS), Scientific Eletronic Librari Online (SCIELO) and by publications of the Ministry of Health.

    16 scientific articles, 01 master's degree thesis, 01 graduate monograph and 03 booklets developed by the

    Ministry of Health were analyzed within the period from January 2002 to March 2012, totaling 21 items. This

    work aimed to identify by means of scientific production how the welcoming with risk classification in

    emergency and urgency services practice has occurred. During research, three categories arose: the first,

    related to the welcoming with risk classification implementation; the second, related to the overcrowding

    in emergency services and the third, related to the humanized welcoming. It is verifiable information certain

    meaningful aspects about the attributed performance to the health care professionals, especially those in the nursing

    area; the emergency services organized according to the degree of severity and not by order of arrival and

    the appreciation of users by means of a qualified listening aiming to classify attendances in a more

    humanized way. The use of this proposal in emergency services demonstrates great relevance. However,

    there are still many challenges in promoting a service in accordance with the ideals of SUS health policies.

    Key words: Welcoming. Risk classification. Emergency nursing.

  • Daiani Antunes de Oliveira e Jaciane Pinto Guimares

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    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

    INTRODUO

    Atualmente h uma maior preocupao em realizar pesquisas sobre os servios

    de emergncia, no s em nosso pas como em todo o mundo. Tal fato deve-se ao

    aumento da demanda pelo pblico nesses servios, acarretando uma superlotao

    dos mesmos, o que demonstra dficits na estruturao da rede assistencial de sade.

    (BITTENCOURT; HORTALE, 2009).

    Os servios de emergncia esto cada vez mais funcionando como porta de

    entrada do sistema de sade, recebendo todos os tipos de pacientes desde os

    realmente graves at os casos mais simples, que poderiam ser resolvidos na ateno

    primria. Alm do mais, esses fatores ainda so agravados por falta de organizao,

    como por exemplo, a falta triagem com classificao de risco, o que determina um

    atendimento por ordem de chegada, ocasionando srias consequncias para a vida

    desses pacientes. (MARQUES; LIMA, 2007).

    Em virtude desse contexto, o Ministrio da Sade principia o processo de

    desenvolvimento de polticas de sade voltadas para melhoria do atendimento

    populao. Iniciam com a criao da Portaria GM/MS n 2.048 de 2002, a qual passa a

    ordenar os atendimentos de urgncia e emergncia, realizando o acolhimento de forma

    qualificada e resolutiva, referenciando de forma adequada os pacientes dentro dos

    sistemas de sade. Tambm descreve sobre a atuao e formao dos profissionais de

    sade que iro atuar nos atendimentos de emergncia. (BRASIL, 2006).

    No ano de 2004 inicia o Programa Nacional de Humanizao (PNH) que visa

    humanizao como poltica das redes do SUS, almejando garantir os princpios do

    mesmo. Uma das diretrizes implementadas foi a de utilizar o acolhimento com avaliao

    e classificao de risco como uma ferramenta para melhorar os atendimentos das

    emergncias. (BRASIL, 2004).

    H uma grande preocupao por parte do Ministrio da Sade em garantir

    uma melhoria na qualidade da assistncia prestada nos servios de emergncia e

    urgncia e para isso desenvolveu cartilhas que detalham melhor sobre o

    acolhimento, que so o Acolhimento com Classificao de Risco no ano de 2004,

  • A importncia do acolhimento com classificao de risco

    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

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    Acolhimento nas Prticas de Sade no ano de 2006 e Acolhimento e Classificao de

    Risco nos Servios de Urgncia desenvolvida no ano de 2009. (BRASIL, 2009).

    O acolhimento representa uma das diretrizes do Programa Nacional de

    Humanizao (PNH), pois acolher significa prestar um atendimento com qualidade,

    compromisso, dignidade e respeito a todos as pessoas que procuram os servios de

    emergncia. buscar a resolutividade na assistncia prestada, saber direcionar os

    pacientes de acordo com o grau de necessidade, estabelecendo uma articulao com

    outros servios para que seja garantida a continuidade da assistncia quando

    necessrio. (BRASIL, 2004).

    A poltica do acolhimento uma ao tcnico-assistencial que visa mudanas na

    relao profissional - usurio e toda rede social, por meio de medidas que busquem por

    um atendimento mais tico, humanitrio e solidrio, cujo principal objetivo que sejam

    colocados em prtica os princpios do SUS, como equidade, universalidade,

    acessibilidade e integralidade. (FILHO; SOUZA; CASTANHEIRA, 2010).

    Segundo Oliveira e Trindade (2010) o enfermeiro um dos profissionais mais

    indicados para realizar a triagem dos pacientes, pois em sua formao aprende a

    prestar assistncia de uma forma holstica, ou seja, sabendo ver o ser humano como um

    todo, visando atender suas necessidades fsicas, psicolgicas e se necessrio de ordem

    social.

    Compreende-se que o acolhimento com classificao de risco um processo de

    transformaes, de mudanas, que busca modificar as relaes entre

    profissionais de sade e usurios dos servios de emergncia. Tendo por objetivo um

    atendimento mais resolutivo, que saiba identificar e priorizar os atendimentos

    realizados nesse servio, sem deixar de tratar os pacientes de forma digna e

    humanitria. (FEIJ, 2010).

    Logo, o presente estudo tem como objetivo demonstrar a relevncia do

    acolhimento com classificao de risco nos servios de emergncia, demonstrando que

    por meio dessa prtica pode-se desenvolver um atendimento mais qualificado e

    humanizado. Tambm visa evidenciar a importncia do profissional enfermeiro na

    pratica do acolhimento com classificao de risco.

  • Daiani Antunes de Oliveira e Jaciane Pinto Guimares

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    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

    O acolhimento representa uma das diretrizes da Poltica Nacional de

    Humanizao (PNH), pois busca por mudanas no modo de gerir e cuidar da sade,

    visando atender o ser humano como um todo, respeitando sua integridade fsica,

    psquica e moral. Com isso, atendendo os princpios do SUS e ao mesmo tempo

    garantindo o direito sade a todos os cidados brasileiros. (SOLLA, 2005).

    Acolher de acordo com as polticas de sade uma forma de humanizar o

    atendimento, fazer com que os profissionais de sade atendam melhor aos usurios e

    aos outros profissionais que fazem parte da equipe, de uma forma respeitosa, com

    empatia, ou seja, da mesma forma que gostariam ser atendidos. Essa abordagem deve

    ser tica e humana, pois garante um melhor vinculo entre profissional-usurio e

    profissional-profissional. (FILHO; SOUZA; CASTANHEIRA, 2010).

    De acordo com Ramos e Lima (2003) o acolhimento constitui-se em aes tcnico-

    assistenciais para a reorganizao dos servios e mudanas nas relaes entre profissionais

    de sade e usurios, por meio de parmetros ticos, solidrios e humanitrios, que garantam o

    acesso universal com resolutividade no atendimento.

    Outro fator a ser almejado com o acolhimento que o mesmo saiba identificar

    prioridades, atendendo a todos que procuram os servios de sade sem distino, ouvindo seus

    pedidos, escutando seus problemas e sabendo oferecer respostas aos mesmos e quando for

    preciso encaminhar esses pacientes para outros servios, garantindo a continuidade da

    assistncia. (SILVA; ALVES, 2008).

    Carvalho et al (2008) complementam que o acolhimento representa uma reorganizao

    dos servios, cujo principal objetivo a resolutividade e humanizao do atendimento, o qual

    consiga identificar as demandas dos usurios, sabendo direcion-los para um atendimento

    mais adequado e que quando houver necessidade que os encaminhe para outras redes de

    sade, garantindo a continuidade do atendimento.

    Portanto, observa-se que o acolhimento um transformador do processo de trabalho

    nos servios de emergncia por meio da identificao dos problemas e busca de solues dos

    mesmos. O acolhimento representa a investigao das necessidades de sade dos pacientes que

    procuram esses servios, visando solucionar suas necessidades e quanto preciso encaminh-los

    para outros servios da rede assistencial. Tudo isso com foco principal na reorganizao dos

    servios, a fim de garantir o acesso universal e a humanizao do atendimento. (TAKEMOTO;

    SILVA, 2007).

  • A importncia do acolhimento com classificao de risco

    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

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    H uma crescente demanda nos servios de emergncia, pois grande parte da

    populao no tem acesso a um sistema regular de sade, o que contribui para uma

    desorganizao dos mesmos. Grande parte dos atendimentos est relacionada a

    doenas crnicas ou problemas simples que poderiam ser resolvidos em nveis menos

    complexos de ateno, o que acarreta em superlotao dos servios de emergncia,

    dificultando o atendimento dos mesmos. (SCHIROMA; PIRES, 2011).

    Em virtude desse crescente nmero de atendimentos nos setores de

    emergncia, houve uma maior preocupao por parte dos servios de emergncia no

    Brasil e no mundo, quanto ao uso de alguma metodologia que consiga identificar melhor

    os atendimentos prestados nesses sistemas. Esse movimento atingiu importante

    repercusso, pois se verificou que muitas vezes os atendimentos estavam sendo

    feitos por ordem de chegada ou por excluso e em consequncia nem sempre os casos

    mais graves estavam sendo priorizado, o que pode levar ao agravo da sade desses

    pacientes. (BITTENCOURT; HORTALE, 2009).

    Conforme toda essa problemtica apresentada o Ministrio da Sade busca por

    medidas que visem amenizar esses fatores, buscando solues para os mesmos e para

    isso tem criado alguns dispositivos de trabalho, entre eles o Acolhimento com

    Classificao de Risco. (MARQUES; LIMA, 2007).

    Acolhimento com classificao de risco uma ferramenta de organizao do

    servio de sade cuja finalidade definir prioridades de atendimento pela

    gravidade, por riscos de agravamento do quadro clnico dos pacientes e por maior

    sofrimento ou vulnerabilidade dos mesmos. (BRASIL, 2006).

    Conseguir adotar protocolos com acolhimento e classificao de risco como

    diretriz operacional requer novas atitudes de pensamentos e transformaes nos

    sistemas de sade. Trata-se de questionamentos sobre as relaes clnicas nos servios

    de sade, nos modelos de ateno e gesto das redes assistenciais do pas, as quais

    precisam estar adaptadas para implementao desse sistema classificatrio, o qual visa

    melhorar as condies de atendimento prestado aos usurios que buscam pelos servios

    de emergncia. (BRASIL, 2004).

  • Daiani Antunes de Oliveira e Jaciane Pinto Guimares

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    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

    A classificao de risco um processo dinmico de identificao dos

    pacientes que precisam ser atendimentos imediatamente ou no, seguindo critrios de

    risco, agravos sade ou sofrimento dos mesmos. Esse sistema classificatrio visa por

    aes de ateno e gesto que incentivem um relacionamento de confiana entre

    equipes, usurios e servios de sade. (BRASIL, 2009).

    O acolhimento com classificao de risco se dissemina em todo o pas, no

    apenas pelo fato de organizar os servios de emergncia, mas tambm por fazer que

    seja adotado em outros estabelecimentos de sade tanto intra-hospitalares como

    nas redes de ateno primria, o que comprova ser um modelo que visa a um

    atendimento com mais qualidade. (FILHO; SOUZA; CASTANHEIRA, 2010).

    Para realizao do acolhimento com classificao de risco foi introduzido nos

    servios de emergncia o processo de triagem, objetivando reduzir as superlotaes,

    adequando o atendimento conforme o grau de gravidade, identificando os

    pacientes que precisam ser vistos primeiro e aqueles que possam esperar com

    segurana, sem que haja qualquer risco para o mesmo. (CARVALHO et al, 2008).

    Existem diversas escalas de classificao de risco em todo o mundo, como por

    exemplo, NTS- National Triage Scale (Austrlia), CTAS- Canadian Emergency Depatament

    Triage e Acuity Scale (Canad), MTS- Manchester Triage System (Reino Unido), ESI-

    Emergency Severity Index (Estados Unidos) e MAT- Model Andorra de Triatje (Espanha).

    Todas essas escalas tm o mesmo objetivo, ou seja, de realizar uma triagem adequada,

    definindo prioridades. (ALBINO; GROSSEMAN; RIGGENBACH, 2007).

    No Brasil, o primeiro protocolo de classificao de risco aprovado pelo

    Ministrio da Sade foi a Cartilha de Acolhimento com Avaliao e Classificao de Risco

    em 2004 do PNH, a qual foi disponibilizada para todo o pas, onde foi implantada em

    diversos hospitais, como por exemplo, no GHC (Grupo Hospitalar Conceio)- RS. (FEIJ,

    2010).

    Esse protocolo estabelece fluxos de atendimento e classificao de risco, por

    meio da qualificao das equipes, sistemas de informao para determinar o

    atendimento adequado para cada usurio, visando qualidade da assistncia. Divide-se

    da seguinte maneira quanto rea e nveis de atendimento (BRASIL, 2004):

  • A importncia do acolhimento com classificao de risco

    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

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    rea Vermelha: destinada ao atendimento rpido, ou seja, as emergncias e urgncias. Prioridade zero, atendimento imediato;

    rea Amarela: para o atendimento de pacientes crticos e semicrticos, porm j estabilizados; Prioridade 1, atendimento o mais rpido possvel;

    rea Verde: atende os pacientes no crticos, os menos graves. Prioridade 2, no urgente;

    rea Azul: consultas de baixa e mdia complexidade, atendimento conforme ordem de chegada.

    Tambm h outra ferramenta adotada pelo Ministrio da Sade que a Cartilha

    de Acolhimento e Classificao de Risco nos Servios de Urgncia, no ano de 2009, cujo

    principal objetivo o de reafirmar as polticas do humaniza SUS com a finalidade de

    consolidar as redes assistenciais e fortalecer o vnculo entre usurios, profissionais de

    sade e gestores. Tambm com finalidade humanitria e acolhedora, segue a

    mesma classificao da cartilha de 2004. (BRASIL, 2009).

    Outro mtodo adotado no Brasil e reconhecido pelo Ministrio da Sade o

    protocolo de Manchester, que tambm realiza a triagem com classificao de risco aos

    pacientes que procuram os servios de emergncia. A classificao feita por indicao

    clnica e por cor, cada cor determina um tempo mximo para realizao do atendimento,

    o qual vai do zero - atendimento imediato ao no urgente, com tempo mximo de 240

    minutos. (SHIROMA; PIRES, 2011).

    Todo esse processo de acolhimento com classificao de risco tem como

    principal objetivo identificar as reais necessidades dos usurios, visando resolver seus

    problemas, por meio de um atendimento qualificado e humanizado. (SILVA; ALVES,

    2008).

    Compreende-se que a classificao de risco um instrumento que serve para

    vrios fatores, como organizao da fila de espera, priorizar o atendimento de

    acordo com grau de gravidade e no por ordem de chegada. Alm disso, visa

    garantir um atendimento rpido nos casos mais crticos, melhorar as condies de

    trabalho da equipe de emergncia, atender as exigncias dos usurios de forma que os

    mesmos sintam-se mais satisfeitos e realizar o servio de referncia quando preciso, de

    forma que seja garantida a continuidade da assistncia. (NASCIMENTO et al, 2011).

  • Daiani Antunes de Oliveira e Jaciane Pinto Guimares

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    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

    O enfermeiro est cada vez mais em destaque, pois conquista seu espao em

    diversas reas da sade, o que contribui para um maior reconhecimento e valorizao

    desse profissional, que evidenciado no s no contexto nacional como no

    internacional. Alm disso, assume um papel cada vez mais importante e decisivo para

    uma melhor identificao das necessidades do cuidado aos pacientes que buscam pelos

    servios de sade. (BACKES et al, 2012).

    A triagem com classificao de risco aplicada na maioria das emergncias do

    Brasil e do mundo, especialmente nos hospitais de pases mais desenvolvidos, como por

    exemplo, nos Estados Unidos que desde a dcada de 80 realiza essa prtica como

    forma de ser acreditado pelos programas governamentais. (ALBINO; GROSSEMAN;

    RIGGENBACH, 2007).

    O mesmo autor complementa que o processo de triagem realizado por

    enfermeiros em quase todo o mundo, aps a realizao de um treinamento especfico.

    Em muitos pases, o servio de triagem era realizado por mdicos, contudo foi

    identificado que o enfermeiro o profissional mais indicado para esse atendimento

    inicial que tm por finalidade verificar quais pacientes precisam ser atendidos

    primeiramente e quais podem esperar em segurana.

    O enfermeiro deve realizar o primeiro contato com o paciente com a finalidade

    de verificar prioridades de assistncia sade, por meio de um conjunto de observao

    do mesmo, atravs de uma viso holstica, ou seja, saber ouvir as queixas que o levaram

    a procurar esse servio sejam elas fsicas, psquicas ou sociais. (OLIVEIRA; TRINDADE,

    2010).

    Godoy (2010) complementa que por meio da escuta ativa das queixas dos

    pacientes pode-se construir uma relao de vnculo, uma troca de saberes,

    facilitando a interao entre profissionais de sade e pacientes, construindo um servio

    tcnico assistencial com maior capacidade, resolutividade e qualidade.

    Outro fator importante que demonstra que o enfermeiro o profissional mais

    indicado para o servio de triagem pelo fato de suas caractersticas generalistas, que

    o permitem coordenar a equipe de enfermagem, responsabilizar-se pela sua unidade de

    atuao, melhorar os processos de classificao de risco, encaminhando o paciente para

  • A importncia do acolhimento com classificao de risco

    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

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    a rea clnica mais adequada para seu quadro clnico.

    Alm do mais consegue supervisionar o fluxo de pacientes, tem autonomia

    sobre sua equipe, capacitando a mesma por meio da Educao Continuada; tambm

    exerce esprito de liderana, o que promove um melhor andamento dos servios de

    triagem. (OLIVEIRA; TRINDADE, 2010).

    Logo, verifica-se que o profissional enfermeiro assume importante papel na

    triagem com classificao de risco, pois contribui para um melhor funcionamento do

    servio de emergncia, via ordenao do atendimento de acordo com o grau de

    gravidade do paciente e no por ordem de chegada, o que agiliza os processos, reduz o

    tempo de espera nas filas, acarretando uma maior satisfao dos usurios dos servios de

    emergncia.

    O estudo desenvolvido foi uma reviso bibliogrfica dos ltimos dez anos. O

    mesmo visou buscar na literatura sobre a importncia do acolhimento com classificao

    de risco para os servios de emergncia e demonstrar os benefcios que o mesmo

    promove para um atendimento mais qualificado e humanizado.

    A pesquisa realizada foi uma abordagem qualitativa, exploratria, com base em

    materiais j elaborados, como livros e artigos. Este tipo de pesquisa permite ao

    investigador uma cobertura de fenmenos muito mais ampla do que aquela que poderia

    ser pesquisada diretamente, pois utiliza contribuies de diversificados autores sobre

    determinado assunto. Alm disso, permite aprimoramento do conhecimento e tambm

    melhor reflexo sobre o tema proposto. (GIL, 2002).

    Conforme Polit, Beck e Hungler (2004) o estudo sobre enfermagem apresenta

    como base sistemtica a investigao, a qual utiliza artifcios que visem responder

    questes ou resolver problemas, almejando um melhor domnio sobre os assuntos na

    rea de enfermagem.

    A metodologia utilizada teve base na literatura dos ltimos 10 anos, ou seja, no

    perodo de 2002 a 2012, por meio das seguintes bases de dados: Bases de Dados de

    Enfermagem (BDEnf), da Literatura Latino-americana e do Caribe em Cincias da Sade

    (LILACS) e da Scintific Eletronic Library Online (SCIELO). Tambm foram utilizadas

    produes literrias do Ministrio da Sade, como portarias e manuais que relatam sobre

    o Acolhimento com Classificao de Risco e quanto prtica da humanizao nos

  • Daiani Antunes de Oliveira e Jaciane Pinto Guimares

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    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

    servios de emergncia.

    A pesquisa realizada apresentou os seguintes descritores: acolhimento,

    classificao de risco e enfermagem na emergncia. Foram utilizados para o

    desenvolvimento do artigo 01 dissertao de mestrado e 01 dissertao de ps-

    graduao, 16 artigos e 03 manuais do Ministrio da Sade, totalizando 21 itens

    bibliogrficos, alm de 02 livros que relatavam sobre a metodologia utilizada.

    Como critrios de incluso para o material selecionado foram utilizados

    publicaes dos ltimos dez anos, que estivessem em portugus, disponveis

    gratuitamente nas bases de dados on-line e que apresentassem ideias claras, objetivas e

    condizentes com o tema selecionado.

    Os critrios de excluso foram publicaes que no apresentassem as

    caractersticas propostas nos critrios de incluso.

    ANLISE E DISCUSSO

    Aps realizao da leitura do material selecionado, com base na metodologia

    aplicada, foi possvel identificar alguns fatores mais relevantes nas publicaes

    analisadas como, por exemplo: aspectos relativos Implantao do Acolhimento

    com Avaliao e Classificao de Risco, as Emergncias como porta de entrada do

    sistema de sade, ocasionando uma superlotao e a Importncia da Prtica da

    Humanizao no Acolhimento.

    Ao realizar anlise do material pesquisado pode-se verificar grande nfase

    quanto Implantao do Acolhimento com Classificao de Risco nos servios de

    emergncias do pas.

    A realizao do acolhimento com classificao de risco uma prtica de grande

    importncia para a melhoria do atendimento das emergncias, pois sem a adoo

    dessa ferramenta, podem-se observar grandes transtornos nesses servios, falta de

    organizao, mau gerenciamento e usurios descontentes, podendo acarretar at

    maiores agravos sade dessa populao. (CARVALHO et al, 2008).

  • A importncia do acolhimento com classificao de risco

    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

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    Quando h opo por outros mtodos de triagem, como por exemplo, a

    triagem administrativa com encaminhamento para diferentes servios, sem ao

    menos realizar um atendimento primrio ou a prtica da escuta qualificada, pode-se

    acarretar em uma prtica de excluso social. Isso sucede, pois se escolhe quem vai ser

    atendido, o que gera desacordo ao que diz os princpios do SUS e no que consta na

    Constituio Federal que sade direito de todos e dever do estado. (BRASIL,

    2009). Outro fator observado quando algumas emergncias optam pela questo

    burocrtica na triagem, ou seja, por ordem de chegada, no realizando uma

    avaliao mais detalhada ou triagem qualificada dos pacientes, sem verificar os riscos,

    agravos ou grau de sofrimento dos mesmos. Esses fatores podem ocasionar falta de

    competncia tcnica nessas emergncias, profissionais sem estimulo, ou pouco

    humanitrios, que primam apenas pela capacidade tcnica o que promove a baixa

    qualidade do atendimento prestado. (NASCIMENTO et al; 2011).

    Em virtude de todos esses problemas encontrados em algumas emergncias o

    Ministrio da Sade vem adotando medidas como a implantao de cartilhas de

    acolhimento com classificao de risco que visam por melhorias nesse processo de

    sade. Alm do mais, visam transformar o modelo de ateno sade nas emergncias,

    por meio da valorizao dos pacientes que procuram por esses servios e da equipe

    multiprofissional, visando a um atendimento mais solidrio, fortalecimento do vnculo

    entre profissionais e pacientes, promovendo melhorias na assistncia desses servios.

    (BAGGIO; CALLEGARO; ERDMANN, 2008).

    O acolhimento com classificao de risco visa melhorar o acesso aos servios de

    sade por meio de mudanas. Essas transformaes visam melhorias nas relaes

    entre profissionais e pacientes quanto forma de atend-los, por meio de uma escuta

    qualificada e classificao de acordo com o grau de risco dos mesmos e tambm por

    uma maior integrao entre os membros da equipe, alm de disponibilizar um

    atendimento com maior responsabilidade e segurana. (BRASIL, 2009).

    Assim, implantao do acolhimento com classificao de risco propicia maior

    acessibilidade aos servios de emergncia, prioriza os casos mais graves, sendo

    resolutivo quando a situao exige. Essa metodologia promove menor agravo sade

    dos usurios, pois facilita a classificao e orientao do fluxo de pacientes, onde o mais

  • Daiani Antunes de Oliveira e Jaciane Pinto Guimares

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    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

    grave priorizado em relao ao menos grave, alm disso, a triagem realizada por

    profissionais de enfermagem de nvel superior, que tem como base consensos

    estabelecidos em conjunto com a equipe mdica, os quais visam por uma melhor

    avaliao da gravidade ou o potencial de risco daquele paciente. Ento esses

    protocolos promovem uma melhor reorganizao dos servios de emergncias, cujo

    principal objetivo o de garantir os princpios do SUS de Universalidade, Resolutividade

    e Humanizao do atendimento prestado. (NASCIMENTO et al, 2011).

    Grande parte dos servios de emergncias sofre com o problema das

    superlotaes e grandes filas, e isso um fenmeno que acomete no s o nosso pas,

    mas o mundo todo. Esses fatores esto relacionados com o aumento da violncia

    urbana, com a maior expectativa de vida da populao, o que est diretamente

    relacionado ao elevado ndice de doenas crnicas e tambm pela demanda de

    pacientes acometidos por problemas menos graves, os quais poderiam ser resolvidos na

    ateno primria. (MARQUES; LIMA, 2007).

    Outro fato observado nesses setores a total ocupao dos leitos das

    emergncias, pela falta de leitos nas unidades hospitalares, ou CTI (Centro de

    Tratamento Intensivo), ou ainda para outras instituies especializadas. H um nmero

    elevado de pacientes acamados nos corredores das emergncias, deitados em macas,

    cadeiras de rodas, o tempo de espera para serem atendidos superior a uma hora, o

    que propicia grande presso para novos atendimentos, alm de acarretar maior

    tenso na equipe assistencial. Esses fatores demonstram o baixo desempenho dos

    servios de sade e a falta de polticas que melhorem essa situao. (BITTENCOURT;

    HORTALE, 2009).

    O excedente nas emergncias ocorre devido aos usurios considerarem

    esses setores como uma fcil porta de entrada, pois oferecem maiores recursos,

    como consultas, exames laboratoriais, remdios, exames de imagem, entre outros,

    sendo que na ateno primria, ofertado apenas o atendimento mdico ou de

    enfermagem. (SOLLA, 2005).

    Tambm se verifica que grande parte dos atendimentos no so casos agudos,

    mas sim crnicos, ou seja, atendimentos eletivos, o que descaracteriza os servios de

  • A importncia do acolhimento com classificao de risco

    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

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    emergncia, que visam ao atendimento de casos graves, onde h risco de vida. A

    procura por esses servios de forma errnea compromete o andamento das unidades de

    emergncias e isso acontece principalmente por falta de uma maior orientao da

    populao e pela insuficiente estruturao das redes de ateno bsica.

    Outro fator importante a ser considerado para reduo das superlotaes nas

    emergncias estaria relacionado a um maior conhecimento do pblico alvo que procura

    esses servios, para assim poderia realizar-se um planejamento de aes em sade. Isso

    sucederia atravs da utilizao dessas informaes como ferramentas para uma gesto

    do perfil epidemiolgico, onde seriam organizados os servios de referncia e contra

    referncia, cujo objetivo principal diminuir as superlotaes desses servios. (SILVA et

    al, 2007).

    Logo se verifica que para solucionar essa problemtica necessrio

    melhorias nas polticas pblicas, uma ateno bsica mais resolutiva, tomada de deciso

    dos gestores para buscar por alternativas que visem reduzir esses ndices e proporcionar

    uma melhor qualidade da assistncia desses pacientes. E tambm proporcionar uma

    maior satisfao por parte das equipes assistenciais que praticam o atendimento, para

    que estejam menos sobrecarregadas e consequentemente consigam desempenhar

    melhor suas atividades, um servio de referencia e contra referencia mais organizado e

    principalmente maior comprometimento e responsabilidade dos administradores das

    polticas de sade nas urgncias e emergncias. (BITTENCOURT; HORTALE, 2009).

    A prtica do Acolhimento com Humanizao representa uma das diretrizes da

    Poltica Nacional de Humanizao (PNH), implementada pelo Ministrio da Sade em

    2004, que almeja a um melhor atendimento da populao que procura por servios de

    sade, cujo principal objetivo atender aos princpios do SUS. (BRASIL, 2004).

    A Humanizao direcionada para os servios de emergncia promove muitos

    benefcios para maior satisfao dos pacientes e dos profissionais que atuam nesses

    servios. Humanizar significa uma proposta de escuta qualificada, dilogo,

    estabelecimento do vnculo afetivo, visando a um processo de reciprocidade, de

    compromisso, um conjunto de benefcios que quando somados s prticas tecnolgicas

    podem aprimorar ainda mais o conhecimento e a qualidade do atendimento. (FALK et al,

    2010).

  • Daiani Antunes de Oliveira e Jaciane Pinto Guimares

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    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

    Realizar acolhimento humanizado significa assumir uma postura tica, eficaz,

    capaz de compartilhar saberes, problemas, anseios e necessidades daquele

    paciente que procura pelo servio de emergncia. Assim, essa prtica difere-se da

    triagem, pois no se trata apenas de uma etapa do processo assistencial, mas sim uma

    metodologia que visa promover um atendimento mais qualificado em todos os servios

    de sade. (FILHO; SOUZA; CASTANHEIRA, 2010).

    Sendo assim, compreende-se que a poltica de humanizao no acolhimento

    tem como principais objetivos estabelecer uma relao entre profissionais de sade,

    pacientes e entre os prprios profissionais um relao interpessoal de tica,

    respeito, profissionalismo, empatia, enfim todos esses itens visam o foco principal que

    o atendimento humanizado a todos os pacientes que procuram pelos servios de

    sade. (FALK et al, 2010).

    CONSIDERAOES FINAIS

    A prtica do Acolhimento com Classificao de Risco demonstrou grande

    importncia, pois se trata de um processo dinmico de identificao e priorizao do

    atendimento, o qual visa discernir os casos crticos que necessitam de atendimento

    imediato dos no crticos. Esse mtodo promove benefcios, porque modifica o

    antigo sistema, onde os pacientes eram atendidos por ordem de chegada e no de

    prioridades. (OLIVEIRA; TRINDADE, 2010).

    Observa-se uma grande preocupao por parte do Ministrio da Sade em

    realizar medidas que tenham como objetivo melhoria dos servios de emergncia.

    Dentre estas podemos citar o desenvolvimento do Programa Nacional de Humanizao

    (PNH), que apresenta como ferramenta a realizao do acolhimento com classificao

    de risco, cujo foco principal o atendimento humanizado. Outra meta do Ministrio da

    Sade a de priorizar a qualidade na assistncia, a participao integrada dos gestores,

    profissionais de sade e usurios que procuram por esses servios. (BRASIL, 2004).

    Tambm se compreende que a triagem com classificao de risco nos servios

  • A importncia do acolhimento com classificao de risco

    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

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    de emergncia visa reunir caractersticas de valorizao do ser humano com

    qualificao da assistncia. A classificao de risco fundamenta-se em protocolos

    internacionais como o de Manchester que objetiva estabelecer padres para o

    atendimento nas emergncias, portanto modifica os modelos tradicionais de triagem.

    (SHIROMA; PIRES, 2011).

    Outro fator importante observado sobre as polticas de acolhimento com

    classificao de risco que as mesmas visam desenvolver um servio de triagem pelo

    grau de necessidade do paciente, no qual os mais graves sero atendidos

    prioritariamente, propiciando maior agilidade no atendimento, alm de reduzir riscos

    para a sade dos pacientes que procuram por esses servios. (TAKEMOTO; SILVA, 2007).

    Alm disso, verificou-se que o enfermeiro o profissional mais indicado para

    realizao da triagem com classificao de risco no s no Brasil como em muitos

    outros pases, pois apresenta qualidades tcnicas, generalistas que o permitem facilitar

    os processos, promover o atendimento rpido por prioridades de risco, facilitando os

    processos e melhorando a qualidade dos atendimentos, alm de reduzir agravos

    para os pacientes.

    Contudo compreende-se que esse modelo de transformaes nos servios de

    triagem das emergncias, cuja finalidade de reorganizar o sistema de atendimento,

    tendo como prioridade a assistncia humanizada ainda algo no to fcil de ser

    conseguido. Isso ocorre, pois todo esse processo de mudanas depende de muitos

    fatores como condies estruturais dos servios, equipes de sade capacitada, polticas

    adequadas de referncia e contra referencia que garantam a continuidade do

    atendimento, gestores competentes e responsveis, logo se verifica que so muitas as

    caractersticas necessrias para o desenvolvimento de um sistema de sade mais

    organizado. (SHIROMA; PIRES, 2011).

    Sendo assim, entende-se que os servios de emergncia so a porta de entrada

    de um grande nmero de usurios que muitas vezes a identificam como uma forma

    de resoluo rpida de seus problemas, essa demanda crescente torna- se cada vez mais

    complexa, alm de superlotar as emergncias.

  • Daiani Antunes de Oliveira e Jaciane Pinto Guimares

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    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

    Para resolver essa problemtica preciso maior comprometimento dos

    gestores em sade, de um sistema pblico mais organizado, de uma rede assistencial

    mais organizada que garanta a continuidade de assistncia em outros servios de

    sade. Contudo verifica-se que todo esse processo ainda um grande desafio

    para a sociedade, o que acarreta muitos problemas nos servios de emergncia.

  • A importncia do acolhimento com classificao de risco

    Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013

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