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A Formação dos Professores de Ciências
e as Tecnologias da Informação e
Comunicação
JAQUELINE DA SILVA LIMA FERNANDES
A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES
DE CIÊNCIAS E AS TECNOLOGIAS
DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Jaqueline da Silva Lima Fernandes Carmem Lúcia Costa Amaral
A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES
DE CIÊNCIAS E AS TECNOLOGIAS
DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Universidade Cruzeiro Do Sul
2014
© 2013
Universidade Cruzeiro do Sul
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
Reitor da Universidade Cruzeiro do Sul – Profa. Dra. Sueli Cristina Marquesi
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
Pró-Reitor – Prof. Dr. Danilo Antonio Duarte
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
Coordenação – Profa. Dra. Edda Curi
Banca examinadora
Profa. Dra. Edda Curi
Profa. Dra. Celi Aparecida Espasandin Lopes
Profa. Dra. Maria Tereza Carneiro Soares
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
F399f
Fernandes, Jaqueline da Silva Lima.
A formação dos professores de ciências e as tecnologias da
informação e comunicação / Jaqueline da Silva Lima Fernandes. -- São Paulo: Universidade Cruzeiro do Sul, 2014.
14 p. : il. Produto educacional (Mestrado em ensino de Ciências e
Matemática). 1. Ensino de ciências 2. Formação de professores - Ciências 3.
Tecnologia da informação e comunicação (TIC) 4. Ambiente virtiual de aprendizagem 5. Encontro nacional de educação em ciências (ENPEC). I. Título II. Série.
CDU: 504
Sumário
1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................................... 5
2 O PRODUTO ........................................................................................................................... 7
3 ORIENTAÇÕES AO PROFESSOR ................................................................................... 12
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 13
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 14
Jaqueline Silva L. Fernandes
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
1 APRESENTAÇÃO
Este produto foi construído a partir da dissertação intitulada “A Formação
dos Professores de Ciências e as Tecnologias da Informação e Comunicação:
Um Panorama das Produções dos Encontros Nacionais de Educação em
Ciências (ENPEC)” defendida no ano de 2014, cujo objetivo foi investigar como
a temática formação de professores e Tecnologias da Informação e
Comunicação (TICs) está sendo discutida nos ENPEC. Esses encontros foram
escolhidos devido a sua importância como espaço de socialização de
pesquisas realizadas na área de Ciências, em especial, para os alunos do
programa de pós-graduação em Ensino de Ciência e Matemática da nossa
Universidade.
E como professora de Biologia há vários anos, venho observando que
ao longo desse tempo os alunos estão mudando, pois quando comecei a dar
aulas qualquer novidade dentro do conteúdo provocava, muitas vezes, um
enorme encantamento. Hoje parece que esse encanto desapareceu; o que vejo
é uma geração que não se prende a uma só informação e "zapeiam" entre o
que sabem (ou o que pensam saber) e o que o professor pretende ensinar.
Assim, como professores temos um enorme desafio diante de nós:
Como envolver o nosso aluno? O que fazer para encantá-lo em salas de aula
cheias? O que fazer quando o aluno está ali, mas “zapeando” por outros
lugares? Tendo em vista que temos uma grande quantidade de estratégias
didáticas e ferramentas à nossa disposição, temos que ir à sua busca para
tentar minimizar esses desafios. Entre essas ferramentas estão as TICs.
Entretanto, para que possamos utilizá-las em nossas salas de aulas é
necessário que estejamos preparados para isso, ou seja, é necessário que
durante nossa formação inicial, nossos professores também utilizem suas
ferramentas e nos preparem para unir o universo científico com o tecnológico;
ou que continuemos a nos preparar por meio de uma formação continuada,
seja de forma presencial ou on-line.
Para o professor, a utilização das TICs, embora seja muito interessante,
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
o tira da zona de conforto, afinal é bem mais fácil planejar uma aula de acordo
com nossa perspectiva, pautada nos antigos paradigmas estabelecidos na
nossa formação inicial. A utilização das TICs nas atividades pedagógicas leva à
necessidade de desenvolver novas habilidades e competências, como por
exemplo, programar adequadamente o uso dos recursos encontrados nessas
tecnologias e criar um ambiente de aprendizagem colaborativa, pois como
descreve Calixto e Santos (2011), o seu simples uso não é garantia de
melhoria ou sucesso das atividades de ensino.
Devido à importância do uso das TICs no nosso universo escolar,
achamos importante construir como produto educacional um texto que ajude o
professor a refletir sobre essas tecnologias e sua utilização na sua formação
inicial e continuada.
Jaqueline Silva L. Fernandes
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
2. PRODUTO
Iniciamos esse texto com algumas inquietações e com um olhar sobre este
“novo aluno” que temos em nossas salas de aula, atualmente: Quem é esse
aluno? Como ele se comporta? Sendo o sujeito que tem autonomia no seu
processo de conhecimento, em uma sociedade em constante mudança, o que
esperamos dele na escola e na sociedade, enquanto indivíduo e cidadão?
Para o professor que possui uma visão empirista do ensino, esse aluno é
um recipiente vazio de conhecimentos técnicos e científicos. Esta visão
remonta às bases positivistas da Educação, que acredita na neutralidade dos
indivíduos e na sublimação da ciência como verdade absoluta.
Nessa visão empirista, o professor cultua a reprodução precisa de
conteúdo, a obediência às regras e o respeito pela hierarquia social. Esse
professor não valoriza a construção individual de conhecimentos dos seus
alunos, os quais também carregam consigo uma carga cultural que os fazem
obedecer às regras e aceitar essa reprodução de conteúdo acriticamente
(BAZZO, 1998).
Nela, o professor espera que o aluno assuma uma atitude atenta, bem-
comportada, que faça as perguntas certas na hora certa; enfim, que siga os
padrões sociais esperados pela comunidade dos professores. Desta forma, o
professor tem de exigir de seus alunos comportamentos que ele próprio
identifica como adequados, porém já não mais em consonância com as
exigências da nova sociedade. Aulas expositivas silenciosas, bem organizadas,
que permitam a atuação neutra dos indivíduos dela participantes, por exemplo,
afiguram-se como mais proveitosas, porque permitem transmitir, de acordo
com essa visão, mais e melhor o conteúdo. As possíveis perturbações que
poderiam quebrar a sequência da transmissão do conteúdo ficam assim
afastadas, garantindo um fluir lógico da reprodução dos conhecimentos já
estabelecidos.
Nesse modelo de ensino, o não entendimento pode ser encarado como
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
falta de atenção por parte do aluno, ou como uma deficiência da lógica da
transmissão do conhecimento, mas jamais como relativo a aspectos que
estejam vinculados essencialmente com a própria constituição do
conhecimento. Desse modo, quando o conteúdo não é entendido, o professor
repete-o com o intuito de que com isso o aluno fixe na sua memória a
mensagem a ser transmitida. Em alguns casos, o professor muda a forma de
explicar o conteúdo, na esperança de que, desta vez, a nova forma de
abordagem seja autoexplicativa.
Para que seja mudado esse cenário é necessária uma mudança na
postura do professor. E para isso é necessário que este retome os estudos em
cursos de formação continuada com objetivo de melhorar o fazer pedagógico, e
passe a atuar como um mediador na construção do conhecimento do aluno.
É importante que o professor reveja sua relação com o aluno, uma vez
que esta influencia no processo de aprendizagem. O professor necessita
manter um diálogo aberto com seus alunos, respeitando-os não somente como
construtores de conhecimentos, mas também como indivíduos. Silveira (s/d)
recomenda ao professor:
Respeito à diferença do aluno, sua realidade e a diversidade dos sujeitos em formação, pois compreender e saber fazer esta leitura poderia evitar equívocos graves na condução dos trabalhos didáticos em sala de aula;
Conteúdos adequados ao tempo cultural do aluno para que este jovem pode se apropriar de saberes fundamentais a sua inserção ativa na família, na sociedade, no mundo do trabalho, como pessoa, como cidadão e como profissional; Uma formação que possibilite ao jovem desenvolver suas competências e habilidades instrumentais, humanas e políticas; uma formação que reconheça nele sua identidade como sujeito de cultura. (SILVEIRA, s/d, p.1)
Para isso é importante que o professor desenvolva diversos saberes que
lhe permitam superar uma série de ideias pré-concebidas sobre a atividade
docente, pois segundo Vasconcelos (apud ZANON, OLIVEIRA E QUEIROZ,
2009) ministrar aulas envolve o domínio de competências específicas, além do
domínio do conteúdo, como a competência pedagógica, que deve ser
Jaqueline Silva L. Fernandes
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
aprendida e desenvolvida e não ser considerada um dom.
Dominar o conteúdo de sua disciplina também é importante porque é por
meio dela que o professor desenvolve as habilidades e competências
relacionadas à aprendizagem e seus processos. Para Nóvoa (1995) embora a
aquisição de conhecimento acerca dessas habilidades e competências a partir
de modelos existentes na literatura faça parte do processo de construção
profissional, isso não será suficiente se não possibilitar ao professor relacioná-
la com seu conhecimento prático construído no cotidiano da sala de aula.
O professor deve também ter a concepção de aprendizagem como
construção de conhecimento. Para isso é importante, segundo Borga (2012)
que o professor:
a) reconheça a existência das concepções espontâneas e a dificuldade de substituí-las por conceitos científicos;
b) saiba que os alunos aprendem significativamente construindo conhecimentos;
c) aproxime a aprendizagem da Ciência ao trabalho cientifico;
d) proponha a aprendizagem a partir de situações problemas de interesse dos alunos;
e) conheça o caráter social da construção dos conhecimentos científicos (grupos cooperativos);
f) conheça a importância dos aspectos afetivos e motivacionais, a importância do ambiente escolar e do seu compromisso pessoal com o progresso dos alunos. (BORGA, 2012, p.19-20)
Além disso, o professor deve estar sempre atualizado com pesquisa
científica para inovar seu fazer pedagógico, pois como descreve Gil-Pérez e
Carvalho (2011) a falta de conhecimento científico constitui a principal
dificuldade para que o professor se envolva em atividades inovadoras, entre
elas, as que envolvem as TICs.
Ao realizar a pesquisa que teve como resultado esse produto,
percebemos nos trabalhos apresentados no ENPEC que, em geral, os
professores utilizam as TICs como espaço para reflexão sobre a própria
prática; como ambientes para aprofundamento dos conteúdos e como espaço
Jaqueline Silva L. Fernandes
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para sua qualificação.
A reflexão sobre a própria prática deve ser uma constante na vida diária
de um professor, pois essa reflexão pode auxiliá-lo a procurar novas
estratégias e metodologias que o auxiliarão na aprendizagem do seu aluno.
Entretanto, para isso é necessário que essa responsabilidade seja discutida ou
na sua formação inicial ou na continuada, para evitar repetir modelos
ultrapassados.
Entre essas estratégias temos as TICs, que o levam a desenvolver
competências e habilidades para a organização de seu trabalho. Entretanto,
nossa pesquisa deixou evidente que, embora o professor ainda resista na sua
utilização em sala de aula, em geral, ele busca nas TICs um espaço para sua
qualificação.
Os professores participam de cursos que envolvem utilização de
softwares, internet, chats, objetos de aprendizagem, construção de blogs e de
web vídeos. Ao término de seus cursos de qualificação, os professores, que
em muitos casos também são licenciados, destacam pontos positivos e
negativos. Entre os pontos positivos, a interatividade e praticidade foram as
mais citadas. Em contraponto, em alguns momentos eles descreveram o
excesso de atividades e de informações, dificultando, assim, a utilização
desses recursos.
Os professores/alunos descreveram que não se sentiam preparados
para realizar uma transposição didática da utilização das TICs para suas salas
de aula. Muitas vezes os professores são considerados culpados pela lenta
inserção das TICs no seu fazer pedagógico. Para reverter esse quadro é
importante que estes prestem atenção às boas práticas disponíveis na rede,
procure material de apoio e navegue pela web para descobrir as contribuições
dessa ferramenta, pois eles já não podem fechar os olhos e ficarem alienados
frente aos desafios apresentados pela "nova sociedade tecnológica".
Atualmente vivemos cercados pela tecnologia, o que deveria levar o
professor a um constante aperfeiçoamento e, para isso, também as escolas
devem proporcionar momentos para que este professor possa aprimorar-se e
Jaqueline Silva L. Fernandes
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utilizar seus recursos na sala de aula.
A utilização das TICs em sala de aula é desafiadora ao professor, mas
sabemos que é um processo que se constrói gradativamente, com formação
inicial de qualidade e com formação continuada, tempo para investigação e
pesquisa, com produção e interação com o aluno.
Jaqueline Silva L. Fernandes
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3 ORIENTAÇÕES AO PROFESSOR
Recomendamos que o professor, ao utilizar as TICs em sua prática
pedagógica, leia esse produto e reflita sobre o uso adequado dessas
tecnologias, pois, caso contrário, sua utilização, como descrevemos nesse
produto, não trará benefícios para a aprendizagem do aluno.
A utilização das TICs pode proporcionar possibilidades de ensino e
aprendizagem, além de pesquisa e divulgação de conhecimentos.
Jaqueline Silva L. Fernandes
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relação entre a formação de professores e as TICs nos leva a uma
reflexão ampla sobre como fazer uso dessas ferramentas para auxiliar o
professor no seu cotidiano. Embora existam cursos para qualificar o professor e
ele esteja buscando novos conhecimentos por meio das TICs, esta formação
ainda não atingiu seu ideal.
Sabemos que esta formação deve estar intrínseca ao Educador. No
entanto queremos aqui ressaltar a sua importância, pois é relevante que este
professor, com sua formação tradicional, como um aluno contemporâneo, faça
da sua formação continuada um momento a mais para alcançar seu aluno
(geração Y) que nasceu “dentro” das TICs.
Este novo professor deve acreditar que agora não é mais o detentor do
conhecimento e sim um mediador. Torna-se necessário repensar as bases
epistemológicas e metodológicas da Educação. E qual será o grande desafio
hoje para promover a qualificação que essa sociedade contemporânea espera?
São inúmeros os percalços da Educação, mas acreditamos que uma formação
inicial e continuada que leve para os educandos os avanços da ciência talvez
tire a Educação desse poço profundo onde se encontra atualmente.
Atualmente, ainda não conseguimos transformar nossa formação inicial
de forma atender à necessidade de nosso aluno da geração Y. Ainda são
necessárias discussões sobre formação de professores e investimentos das
Secretarias da Educação com oferecimento de bolsas, cursos on-line,
formação continuada em ATPCs, entre outros. Acredito que estes
investimentos são de fundamental relevância para a autonomia dos
professores que participam dessas formações constantemente, alcançando
assim o desenvolvimento de competências pedagógicas e o uso de novas
metodologias voltadas para um novo ambiente de aprendizagem.
Jaqueline Silva L. Fernandes
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Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
REFERÊNCIAS
BAZZO, W. A. Ciência, Tecnologia e Sociedade e o contexto da educação
tecnológica. 1998. Florianópolis: editora da UFSC. Disponível em:
http://www.oei.es/salactsi/bazzo00.htm. Acesso em: fev. 2014.
BORGA, M. Formação de professores de Ciências: tendências e
inovações, 2012.
Disponível em: http://pt.slideshare.net/margareteborga/apresentao-formao-de-
professores. Acesso em: mar. 2014.
CALIXTO, C. D.; SANTOS, J. C. C. As TICs na formação de professores:
exclusão ou inclusão docente? 2011. Disponível em
http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2742079. Acesso em: mai. 2014.
GIL-PÉREZ, D., CARVALHO, A. M. P. Formação de professores de
ciências: tendências e inovações. São Paulo: Cortez, 2011.
SILVEIRA, R. L. B. L. Competências e Habilidades Pedagógicas. Revista
Iberoamericana de Educación.
Disponível em: http://www.rieoei.org/deloslectores/490Barros.pdf. Acesso em:
mar. 2014.
NÓVOA, A. (Coord.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote,
1995.
ZANON, D. A. V.; OLIVEIRA, J. R. S.; QUEIROZ, S. L. O “saber” e o “saber
fazer” necessários à atividade docente no ensino superior: visões de alunos de
pós-graduação em química. Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, v.
11 n. 1, p. 1-20, 2009.