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A ENFERMAGEM NA EDUCAÇÃO PERINATAL Área temática: Saúde Responsável pelo trabalho: Amanda França Monteiro Instituição: Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) Autores: Amanda França Monteiro 1 ; Rívia Rangel Simões 1; Cândida Caniçali Primo 2 ; Franciéle Marabotti Costa Leite 3 ; 1. Discentes do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo. Voluntárias do projeto de Extensão. 2. Enfermeira. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo. Coordenadora do Projeto de Extensão 3. Enfermeira. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo. Sub-coordenadora do Projeto de Extensão. Resumo Introdução: A enfermagem, no período perinatal, deve prover cuidados ao binômio mãe- filho, assim como a família. Objetivos: ensinar as mães os cuidados com o recém nascido, identificar e acompanhar as mulheres que apresentem dificuldades nos cuidados com o recém nascido e na amamentação, instrumentalizar as mulheres e familiares quanto a ações de auto-cuidado que podem ser desenvolvidas no domicílio em relação à mulher e a criança, desenvolver ações conjuntas com outros profissionais de saúde que facilitem e otimizem a realização dos cuidados com a criança e a mulher na maternidade. Metodologia: O projeto de extensão foi realizado na maternidade do Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (HUCAM), no período de março a dezembro de 2010. Este projeto foi desenvolvido em dois momentos: de março a junho, foram realizadas reuniões e grupos de estudos e a partir de julho iniciaram-se os atendimentos individuais às pacientes, no alojamento conjunto da referida maternidade. Resultados: momentos de reflexão e aprendizado sobre a temática: cuidados perinatais e amamentação; 540 atendimentos clínicos à mulher e à criança, proporcionando a inserção dos estudantes no contexto hospitalar, utilizando uma visão de promoção, prevenção e cuidado com a mulher e o recém nascido integrando ensino e serviço. Conclusão: aquisição de novos conhecimentos, como também ampliamos a autoconfiança de ambos os sujeitos do processo - comunidade e acadêmicos de enfermagem. Palavras-chave: Gestantes. Período pós-parto. Educação em Saúde. Introdução

6.3.3. Saúde I

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  • A ENFERMAGEM NA EDUCAO PERINATAL

    rea temtica: Sade

    Responsvel pelo trabalho: Amanda Frana Monteiro

    Instituio: Universidade Federal do Esprito Santo (UFES)

    Autores: Amanda Frana Monteiro1; Rvia Rangel Simes1; Cndida Caniali Primo2;

    Francile Marabotti Costa Leite 3;

    1. Discentes do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Esprito Santo.

    Voluntrias do projeto de Extenso.

    2. Enfermeira. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do

    Esprito Santo. Coordenadora do Projeto de Extenso

    3. Enfermeira. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do

    Esprito Santo. Sub-coordenadora do Projeto de Extenso.

    Resumo

    Introduo: A enfermagem, no perodo perinatal, deve prover cuidados ao binmio me-filho, assim como a famlia. Objetivos: ensinar as mes os cuidados com o recm nascido, identificar e acompanhar as mulheres que apresentem dificuldades nos cuidados com o recm nascido e na amamentao, instrumentalizar as mulheres e familiares quanto a aes de auto-cuidado que podem ser desenvolvidas no domiclio em relao mulher e a criana, desenvolver aes conjuntas com outros profissionais de sade que facilitem e otimizem a realizao dos cuidados com a criana e a mulher na maternidade. Metodologia: O projeto de extenso foi realizado na maternidade do Hospital Universitrio Cassiano Antnio de Moraes (HUCAM), no perodo de maro a dezembro de 2010. Este projeto foi desenvolvido em dois momentos: de maro a junho, foram realizadas reunies e grupos de estudos e a partir de julho iniciaram-se os atendimentos individuais s pacientes, no alojamento conjunto da referida maternidade. Resultados: momentos de reflexo e aprendizado sobre a temtica: cuidados perinatais e amamentao; 540 atendimentos clnicos mulher e criana, proporcionando a insero dos estudantes no contexto hospitalar, utilizando uma viso de promoo, preveno e cuidado com a mulher e o recm nascido integrando ensino e servio. Concluso: aquisio de novos conhecimentos, como tambm ampliamos a autoconfiana de ambos os sujeitos do processo - comunidade e acadmicos de enfermagem.Palavras-chave: Gestantes. Perodo ps-parto. Educao em Sade.

    Introduo

  • A carncia de informaes, ou informaes inadequadas sobre o parto, o medo do

    desconhecido, bem como os cuidados a serem prestados ao recm-nascido nos primeiros

    dias so fatores mais comuns de tenso para purperas, o que influenciam negativamente

    durante todo o processo gestacional. Dessa forma, de competncia da equipe de sade

    acolher a gestante e a famlia, desde o primeiro contato com o servio de sade.

    No perodo perinatal, a enfermagem deve ficar atenta para tambm, interpretar a percepo

    que a gestante tem com relao a sua experincia da maternidade no contexto mais amplo

    (ambiente, famlia, mudanas fsicas, psicolgicas e sociais) por ser essa uma experincia

    nica. O profissional, enfermeiro, no deve impor seus conhecimentos e desconsiderar a

    realidade do cliente; caso isto acontea, as orientaes dadas podero no ser adotadas por

    incompatibilidade com essa realidade. Conhecer as necessidades de aprendizagem das

    gestantes no perodo perinatal considerar a importncia da cliente na determinao de seu

    autocuidado.

    Entendendo essas necessidades, o projeto teve como objetivos: ensinar as mes os

    cuidados com o recm nascido, identificar e acompanhar as mulheres que apresentem

    dificuldades nos cuidados com o recm nascido e na amamentao, instrumentalizar as

    mulheres e familiares quanto a aes de auto-cuidado que podem ser desenvolvidas no

    domiclio em relao mulher e a criana, desenvolver aes conjuntas com outros

    profissionais de sade que facilitem e otimizem a realizao dos cuidados com a criana e

    a mulher na maternidade.

    Material e Metodologia

    O projeto de extenso foi realizado na maternidade do Hospital Universitrio Cassiano

    Antnio de Moraes (HUCAM), localizado no municpio de Vitria, Esprito Santo, que

    referncia no atendimento gestao de alto risco. O perodo de realizao foi de maro a

    dezembro de 2010.

    A fim de capacitar a todos os participantes, organizar e planejar as aes a serem

    desenvolvidas, inicialmente, no perodo de maro a junho, foram realizadas reunies e

    grupos de estudos com as seguintes temticas: amamentao e cuidados perinatais

    mulher e criana. Para apresentao dos temas foram feitas leitura e discusso de artigos

    e dissertaes para embasamento terico do projeto e organizao dos instrumentos

  • metodolgicos que foram utilizados para registro dos atendimentos na maternidade,

    totalizando oito encontros.

    A partir de julho iniciaram-se os atendimentos individuais s pacientes, atravs de visita

    sistemtica dos acadmicos de enfermagem ao alojamento conjunto da maternidade do

    HUCAM, destaca-se que todas as visitas dos acadmicos foram supervisionadas pelo

    coordenador do projeto. Durante esses atendimentos foram realizadas as orientaes s

    gestantes e/ou purperas, acerca dos cuidados com o recm nascido e amamentao, alm

    da identificado as dificuldades na amamentao. Ressalta-se a relevncia de tais atividades

    terem sido desenvolvidas conjuntamente com outros profissionais de sade o que facilitou

    a realizao dos cuidados com a criana e a mulher na maternidade.

    Para o desenvolvimento deste projeto houve a participao da seguinte equipe:

    enfermeiros-professores da instituio de ensino, enfermeiros da instituio hospitalar e

    acadmicos de enfermagem.

    Vale pontuar que todas as atividades desenvolvidas foram registradas em um instrumento

    metodolgico elaborado pela equipe participante.

    Resultados e Discusses

    O grupo de estudo proporcionou aos estudantes momentos de reflexo e aprendizado sobre

    a temtica: cuidados perinatais e amamentao proporcionando oportunidade de expor suas

    dvidas e seus pontos de vista acerca dos temas. Quando aliada a leitura, a extenso

    universitria possibilita e interfere na mudana social na vida de um indivduo, exercendo

    uma valiosa influncia social. O projeto de extenso possibilita a formao de leitores3.

    Dessa forma, observamos que o grupo de estudo atuou no processo de formao dos

    estudantes, incorporando em sua vida profissional futura, novas tecnologias que pudessem

    promover a humanizao do cuidado materno-infantil. Silva4 afirma que, o conhecimento

    deve ultrapassar as salas de aula. A universidade deve socializar o conhecimento,

    estreitando as barreiras existentes entre a comunidade e a academia, indo alm,

    favorecendo o aprendizado tambm pela aplicao, fazendo e praticando.

    Os atendimentos clnicos mulher e criana totalizaram 540, proporcionando a insero

    dos estudantes no contexto hospitalar, utilizando uma viso de promoo, preveno e

    cuidado com a mulher e o recm nascido integrando ensino e servio, pois contavam com a

    superviso das enfermeiras da maternidade como colaboradoras. A Extenso Universitria

  • oferece aos alunos, a possibilidade de colocar em prtica os conhecimentos adquiridos em

    sala de aula. A oportunidade de ensino-aplicao uma maneira bem planejada de preparar

    seus profissionais no apenas com a teoria, mas tambm elaborar estratgias que mostrem

    que o verdadeiro conhecimento s adquirido com a execuo do ensino e da prtica4.

    Verificou-se durante os atendimentos realizados mulher e famlia, a aceitao e

    participao durante todo o processo de orientao acerca dos cuidados com o recm

    nascido, acompanhamento na amamentao e dificuldades nesse processo e na

    instrumentalizao dessas as mulheres e seus familiares quanto a aes de auto-cuidado ao

    binmio me-filho. Esse resultado foi extremamente relevante, uma vez que a experincia

    da mulher tem com a maternidade se apresenta em um contexto mais amplo, desde de

    familiar at psicolgico e social, logo o profissional, de sade, no deve fornecer

    orientaes e cuidados adequados a este momento, fortalecendo o processo do

    autocuidado e vnculo do binmio me-filho.

    O desenvolvimento das aes conjuntas com outros profissionais de sade facilitou os

    cuidados com a criana e a mulher, propiciando o desenvolvimento de atividades de forma

    interdisciplinar, ou seja, a integrao ensino-servio.

    Esse projeto possibilitou o desenvolvimento de pesquisa, o que vai ao encontro de estudo

    que evidencia a extenso universitria como o processo educativo que articula o ensino e a

    pesquisa de forma indissocivel e viabiliza a relao transformadora entre universidade e a

    sociedade5.

    Concluso

    Percebemos que ao valorizarmos o conhecimento popular acerca do puerprio,

    amamentao e cuidados com o recm nascido e lactente da nossa clientela, pudemos

    compreender as vivncias das mulheres e entender os sentimentos contraditrios, os

    diferentes valores e os conhecimentos trazidos pelas mulheres.

    O projeto permitiu no s incorporamos novos conhecimentos, como tambm ampliarmos

    a autoconfiana de ambos os sujeitos do processo - comunidade e acadmicos de

    enfermagem - nos novos saberes produzidos nesta interao. Alm disso, o projeto

    permitiu comunidade, pacientes e diferentes profissionais, conhecer melhor as atividades

    profissionais do enfermeiro, dando maior visibilidade profisso.

  • Referncias

    1. RIOS, C.T.F.; VIEIRA, NFC. Aes educativas no pr-natal: reflexo sobre a

    consulta de enfermagem como um espao para educao em sade. Cincia &

    Sade Coletiva, v..12,(.2). Rio de Janeiro Mar./Apr. 2007.

    2. BARROS SMO, MARIN HF, ABRO ACFV. Enfermagem obsttrica e

    ginecolgica: guia para a prtica assistencial. So Paulo: Roca; 2002.

    3. SILVA, E.T. O jovem, a leitura e a cidadania: h pedras no meio

    desse,caminho?

    acesso em 23 dez 2008.

    4. SILVA, O.D. O que extenso universitria? acesso em

    01set, 2008.

    5. FRUM DE PR-REITORES DE EXTENSO DAS UNIVERSIDADES

    PBLICAS BRASILEIRAS. Plano Nacional de Extenso (1999-2001). Braslia.

    SESU/MEC,1999.

  • CAF COM LETRAS: LITERATURA EM UMA ESTRATGIA SADE DA

    FAMLIA. POR QUE NO?

    REA TEMTICA: Cultura

    Barbara Wehmuth Raulino1

    UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU (FURB)

    Carla Regina Cumiotto2

    RESUMO

    . A partir da experincia em uma Estratgia Sade da Famlia da cidade de Blumenau, atravs de um projeto de extenso da Clnica-Escola de Psicologia da Universidade Regional de Blumenau FURB e posteriormente atravs de estgios curriculares na rea de Educao em Sade com a realizao de um trabalho com grupos semanalmente, verificou-se uma fragilidade no lao social e tambm cultural desta comunidade. Tomando ento, o acesso a cultura como promoo de sade, pensou-se na realizao de eventos culturais envolvendo a comunidade e os profissionais que atuam nesta instituio. Estas atividades tm como objetivos buscar na cultura um dispositivo para proporcionar a integrao entre usurio e profissional e uma aproximao dos profissionais com a comunidade, promoo de sade e qualidade de vida, assim como uma ampliao do lao social e do exerccio da cidadania. Palavras-chave: Cultura. Promoo de sade. Educao em Sade.

    INTRODUO

    A sade considerada na sua complexidade, colocando-se como um bem

    econmico no restrito ao mercado, como forma de vida da sociedade, e direito que se

    afirma enquanto poltica, com as dimenses de garantias de acesso universal, qualidade,

    hierarquizao, conforme estabelece a Constituio da Repblica Federativa do Brasil,

    promulgada em 5 de outubro de 1988.

    Definida por esta Constituio como resultante de inmeros fatores, a sade

    um direito de todos os cidados e um dever do Estado, garantida mediante polticas

    sociais e econmicas que visam reduo dos riscos de adoecer e o acesso universal e

    igualitrio s aes e servios.

    Neste sentido, a sade no se resume a ausncia de doena, pois conforme

    afirma Conte, Plein e Silveira (2009) ter sade poder conviver com as fragilidades

    expressas atravs de diversas formas, entre elas as doenas, caracterizando-se pela

    capacidade de enfrentar diferenas. (p. 131). Assim, a Educao em Sade constitui-se

    1 Acadmica do curso de Psicologia da FURB, membro da Coordenao do Servio Sade Mental da Clnica Escola de Psicologia da FURB e bolsista do Programa PET-Sade Mental/Crack. 2 Mestre em Psicologia Clnica: Concentrao em Psicanlise pela universidade TUIUTI, Professora do Departamento de Psicologia da FURB, membro da Coordenao do Servio Sade Mental da Clnica Escola de Psicologia da FURB, Psicanalista e Membro da APPOA, Tutora do Programa PET-Sade Mental/Crack.

  • em um dos eixos da concepo de Promoo de Sade, tendo como seu compromisso

    principal desenvolver o senso de identidade, autonomia e responsabilidade dos

    indivduos, bem como a solidariedade e a responsabilidade comunitria.

    Na interseo dos campos sade e educao reconhecem-se diferenas, mas

    tambm interesses que so mtuos e que vo de encontro do que essencial para ambos.

    Conforme prope Conte, Plein e Silveira (2009) a criao de condies favorveis

    fala, escuta e ao trabalho de incluso da subjetividade nas aes das instituies

    pblicas de sade.

    Sendo assim, a partir da experincia em uma Estratgia Sade da Famlia da

    cidade de Blumenau, com a realizao de um trabalho com grupos3, atravs de um

    projeto de extenso da Clnica-Escola de Psicologia da FURB, Servio Sade Mental4, e

    posteriormente atravs de estgios curriculares na rea de Educao em Sade, nos

    deparamos com uma fragilidade no lao social e tambm cultural nos sujeitos que

    frequentam essa ESF.

    No incio do trabalho com este grupo, os pacientes encaminhados possuam

    singularidades em comum, tais como: um tratamento medicamentoso sem melhoras

    efetivas, fragilidade em criar laos sociais, um empobrecimento na narrativa e uma

    dificuldade de falar de si e se ver como sujeito. Assim, essas questes remetiam esses

    sujeitos a um sofrimento psquico e social intenso, pois eram sujeitos excludos da

    palavra e do exerccio do exerccio da cidadania, ou seja, excludos do lao social.

    A partir dos avanos no trabalho com grupos no que se refere cidadania, a

    possibilidade da palavra, a diminuio de medicao foi pensado sobre outros

    dispositivos possveis no s para este grupo, mas para a comunidade e profissionais

    desta ESF em geral, pois percebe-se que estes apenas frequentam a unidade para falar

    de doenas.

    Tomando ento, o acesso cultura como promoo de sade, foi realizado um

    evento cultural nesta ESF, tendo como principal objetivo desmistificar a idia de que s

    algumas pessoas podem ter acesso a uma boa literatura e reiterar que os usurios dessa

    ESF podem frequent-la no apenas para tratar a doena, mas para promover sade,

    dessa forma, tendo acesso cultura e informao, conversando com outras pessoas e

    3 A prpria instituio nomeou este grupo como Grupo de Convivncia e ele acontece semanalmente desde outubro/2009. 4 O Servio Sade Mental projeto de extenso da Clnica Escola de Psicologia da FURB que teve incio em 2008 e envolve a participao de profissionais da rea da sade, acadmicos dos mais diversos cursos e estagirios de Psicologia.

  • falando de suas impresses sobre o conto e autor expostos, ou seja, visando a ampliao

    do lao social e cultural.

    Tendo na cultura um dispositivo para proporcionar aos moradores da

    comunidade integrao, promoo de sade e qualidade de vida, assim como uma

    aproximao dos trabalhadores da sade com a comunidade em que atuam.

    METOLOGIA

    No primeiro momento, foi feito um projeto e entregue a ESF e a presidente da

    Associao de Moradores do Bairro. Aps a confirmao destes, foram feitos cartazes

    que foram espalhados pela comunidade, escolha de um conto e autor para a realizao

    do evento e convites individuais para deixar na ESF.

    Foi escolhido um conto de Machado de Assis, Pai contra me, sendo este um

    conto muito provocativo, pois aborda questes muito atuais: preconceito, famlia,

    pobreza, alienao, etc. O autor Machado de Assis (1839-1908) foi escolhido pelo teor

    de seus escritos, ou seja, pela riqueza psicolgica dos personagens e sensibilidade que a

    sua escrita provoca a quem o l. O evento foi nomeado de Caf com Letras, por

    misturar o encontro com a escrita com o acolhimento do caf e com durao de 2h.

    O Grupo de Convivncia foi fundamental na organizao deste evento, ajudando

    nos convites individuais (um marcador de pgina contendo as informaes do evento),

    distribuindo-os, pensando em como organizar o local para o dia, e claro, com

    entusiasmo e expectativa em relao ao avento. Os convites foram ento distribudos

    pelos profissionais da ESF, pelos participantes do grupo e pelas estagirias envolvidas.

    A Associao de moradores foi decorada, e organizada com almofadas

    espalhadas, tapetes e bancos. Colocou-se msica da poca do conto escolhido e garrafas

    de caf foram distribudas pelo espao.

    Cada participante, ao chegar ao local, retirava um trecho do conto j separado

    anteriormente e se acomodava onde achasse melhor. Depois de todos os trechos terem

    sido distribudos, explicou-se a proposta do evento, e deixou que os presentes se

    apresentassem. Assim, cada um lia uma parte do conto, e ao terminar de ler, falava

    sobre o que aquele trecho lhe suscitava, abrindo para as demais pessoas presentes

    falarem.

    Sabe-se que a partir de pontos em comum possvel destacar as singularidades

    de cada sujeito, no sentido em que:

  • (...) vale o registro de que o coletivo tem sentido toda vez que se encontra associado possibilidade de irrupo do desejo de cada sujeito. Assim, mesmo que a causa seja comum, o desejo que anima cada sujeito no engajamento a ela sempre singular. (BROIDE, 2009, p. 55)

    A aposta ento, foi de que a partir de cada recorte do conto, cada um pudesse

    produzir sua prpria reflexo, pois ao se deixar tocar pelo que os outros dizem, cada

    sujeito alterado, e nesse sentido entende-se a sociedade. Pois sabemos desde Freud

    (1921) que as relaes de um indivduo com os pais, com os irmos, com o objeto de

    seu amor, com seu mdico, ou seja, todas as relaes que ele constri so fenmenos

    sociais.

    RESULTADOS E DISCUSSES

    Em torno de 15 pessoas da comunidade participaram, alm dos profissionais da

    ESF e estagirios do local. Os participantes se prenderam ao conto e puderam pensar

    nas questes que o conto provoca e tambm fazer um comparativo das questes da

    poca, que o conto suscita, com as questes atuais.

    Um dos pontos que surgiu logo no incio foi uma comparao com a escravido

    relatada no conto com a escravido que vivemos hoje. Foi aprofundado, falando que

    hoje tambm somos muitas vezes escravos, do marido, do emprego, da cultura, etc. E

    este tipo de escravido pior, pois achamos que somos livres e na verdade no somos.

    O conto tambm levou a uma reflexo sobre a conquista dos direitos das

    mulheres, nos efeitos dessa conquista implicaram e como as mulheres lidam com isso

    hoje. Tiveram algumas divergncias de opinies, e isso deixou a conversa ainda mais

    produtiva, pois assim podemos explorar as duas idias.

    Os participantes tambm se interessaram pela vida do escritor Machado de

    Sendo este tambm um objetivo do trabalho, pois acreditamos que assim possvel

    conhecer outras realidades e imaginar a vida de algum que negro, pobre e sem estudo

    se tornou um grande escritor h tantos anos atrs e participou da Academia Brasileira de

    Letras. Uma das questes que apareceu tambm foi que para ocupar esse lugar preciso

    ser convidado. Sim, pois se somos algo aos olhos de outra pessoa, preciso que outra

    pessoa reconhea em ns aquilo que supostamente imaginamos, ou que nem nos passa

    pela cabea.

  • CONCLUSO

    Apontamos importncia desse momento no sentido de que atravs do conto e

    do que foi construdo entre os presentes possvel imaginar outras realidades para alm

    da qual essa comunidade est inserida. A literatura, poesia, msica, cinema, etc. so

    recursos para que se possa imaginar outras possibilidades de viver. Dessa forma,

    pensamos que:

    A utopia tem aqui uma funo de convite imaginao. Ela permite que os sujeitos possam fazer dos espaos que vivem um lugar. Abre, portanto, lugares para imagens possveis. Todo ato criativo traz em si uma utopia. (SOUSA, 2002, p. 27).

    comum pensar em utopia como algo fora da realidade, porm, aqui apontamos

    necessidade de uma utopia que cumpra funo de despertar e que possa combater as

    mltiplas faces da violncia a qual estamos confrontados, conforme prope Sousa

    (2002), a violncia do dogmatismo, a violncia da hegemonia das formas do senso

    comum que impedem o aparecimento do novo, anestesiando as singularidades, a

    violncia das discusses polticas vazias de atitudes. Atravs do que aqui apontamos,

    afirmamos os efeitos visveis do trabalho proposto, levando em conta os objetivos

    anteriormente planejados.

    REFERNCIAS:

    BROIDE, E. E. Porosidades Clnicas: dilogos entre a psicanlise e a sade coletiva. In: Boletim da Sade/Secretaria da Sade do Rio Grande do Sul; Escola de Sade Pblica, v.23, n.2, Porto Alegre, 2009. CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponvel em http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/dh/volume%20i/constituicao%20federal.htm. Acesso em 15 junho, 2011. CONTE, M.; PLEIN, F. B.; SILVEIRA, M. Sade coletiva, psicanlise e educao permanente em sade. In: Boletim da Sade/Secretaria da Sade do Rio Grande do Sul; Escola de Sade Pblica, v.23, n.2, Porto Alegre, 2009. FREUD, S. (1921) Psicologia de grupo e anlise do ego. In: FREUD, Sigmund. Edio Standard Brasileira das Obras Psicolgicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, v.XVIII. SOUSA, E. L. A. A utopia como ncoras simblicas. Correio da APPOA, Porto Alegre, n. 108 , Nov. 2002.

  • CARAVANA DA SADE: INFORMAO SOBRE SADE BUCAL AO ALCANCE DE TODOS

    Carolina Cunha QUIRINO; Ricardo Rodrigues VAZ; Efignia Ferreira e

    FERREIRA;

    A promoo em sade uma ao integral objetivando a melhoria na qualidade de vida das pessoas e a sade bucal faz parte deste todo. Dentro do Programa em Promoo de Sade, em associao com os Departamentos de Odontologia Restauradora e Odontologia Social e Preventiva da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais destaca-se o projeto, intitulado Caravana da Sade, cujo objetivo a promoo da sade bucal por intermdio de divulgao de informaes e ensinamentos populao da cidade de Belo Horizonte e regio metropolitana. As aes tm como finalidade a conscientizao da populao sobre a importncia da higienizao bucal e o conhecimento das principais doenas bucais, tais como crie, traumatismo dentrio, doena periodontal e cncer bucal. O projeto realiza palestras, atividades ldicas, tais como, teatros e oficinas de mtodos para escovao dental e preveno de doenas bucais, destacando a importncia da visita peridica ao cirurgio-dentista. A Caravana da Sade conta com a parceria do SESC-MG e da TV ALTEROSA visitando bairros de cidades prximas regio metropolitana de Belo Horizonte, atingindo populaes muitas vezes com acesso restrito a servios e produtos para a sade. As orientaes ocorrem para o pblico de todas as faixas etrias, mas com maior participao de crianas entre quatro e doze anos e adultos acima de quarenta anos, sendo que, o projeto recebe um pblico estimado de seiscentas a mil pessoas por evento com distribuio de cerca de mil escovas para higienizao bucal alm de panfletos informativos e cartilhas instrutivas conforme a demanda do evento. So realizados cerca de 10 eventos ao ano, sendo um a cada ultimo sbado ou domingo do ms. O projeto se justifica pela sua relevncia social dentro de duas vertentes: o resultado imediato para a populao por meio de informaes bsicas de controle e preveno de doenas, alm de cuidados simples e eficazes sobre higiene e sade bucal; a possibilidade de contribuir na formao de profissionais e de agentes multiplicadores na difuso dos conceitos. Os alunos participantes do projeto desenvolvem a capacidade crtica na abordagem, informao e cuidados para os mais diversificados pblicos, aprendendo a perceber a realidade da populao com a qual vo trabalhar e adequando as atividades para melhores resultados.

    Palavras chave: promoo de sade, informaes para a populao, projeto, extenso.

  • LGICA DE ACOLHIMENTO: EXISTE UMA?!

    rea Temtica: Sade; Sade Mental

    Responsvel pelo trabalho: Andra Johansson

    Instituio: Universidade Regional de Blumenau (FURB)

    Autores: Andra Johansson1; Camila Stolf Marques Pottes Lins2; Daniela Raquel

    Carl3; Eduarda Renaux4; Gustavo Angeli5; Rafaela Pereira6; Vinicius da Rocha Barros7.

    RESUMO O artigo apresenta a prtica de acolhimento enquanto dispositivo utilizado pelo projeto de extenso Servio de Sade Mental (SSM) da Clnica-Escola de Psicologia da Universidade Regional de Blumenau FURB, no Municpio de Blumenau, SC. Articula a incorporao deste dispositivo com as estratgias referenciadas pelo Ministrio da Sade e com as novas propostas de assistncia oferecidas pelo Sistema nico de Sade (SUS). A partir de critrios que pontuam a demanda de atendimentos, discorre sobre o perfil do pblico atendido, alm de descrever como se deu o surgimento deste dispositivo e quais as metodologias de trabalho instauradas. Problematiza algumas das principais questes que atualmente permeiam este fazer, particularmente a angstia dos acolhedores frente a este novo. Por fim, alia os resultados com as possveis discusses sobre a temtica.

    Palavras-chave: Sade Mental, Clinica-Escola de Psicologia, Acolhimento.

    INTRODUO O acolhimento um dispositivo que faz parte das aes realizadas pelo projeto de

    extenso SSM que ocorre na Clnica-Escola de Psicologia da FURB. Referenciado em uma

    das estratgias propostas pelo Humaniza SUS, o SSM se prope a pensar e trabalhar com a

    escuta. Segundo o Ministrio da Sade (2004), escutar significa, num primeiro momento,

    1 Acadmica de Psicologia (FURB). Membro do corpo tcnico do Servio de Sade Mental. Coordenadora

    da comisso de acolhimento do SSM. 2 Psicloga formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Membro do corpo tcnico do SSM. 3 Psicloga formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Membro do corpo tcnico do SSM. 4 Psicloga formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Ps-Graduanda em Psicanlise:

    Clinica e Polticas Pblicas em Sade Mental pela mesma Universidade. Membro da coordenao do SSM. 5 Acadmico de Psicologia da Universidade Regional de Blumenau (FURB). Membro do corpo tcnico do

    SSM. 6 Psicloga formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Ps-Graduanda em Psicanlise:

    Clinica e Polticas Pblicas em Sade Mental pela mesma Universidade. Membro do corpo tcnico do SSM. 7 Psiclogo formado pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Ps Graduado em Psicologia

    Clnica: Abordagem Psicanaltica pela Pontifcia Universidade Catlica do Paran (PUCPR). Membro do

    corpo tcnico do SSM.

  • acolher toda queixa ou relato do usurio, mesmo que possa parecer no interessar

    diretamente para o diagnstico e tratamento. Mais do que isto, preciso ajud-lo a

    reconstruir os motivos que ocasionaram o seu adoecimento e as correlaes que o usurio

    estabelece entre o que sente e a vida as relaes com seus convivas e desafetos.

    A Poltica Nacional de Humanizao (PNH) do SUS estabelece ligao direta com

    esse conceito, pois surgiu enquanto proposta a fim de implementar os princpios do SUS na

    prtica da assistncia. Conforme o Ministrio da Sade (2009), a operacionalizao dessa

    poltica d-se pela oferta de dispositivos assistenciais, dentre os quais se destaca o

    acolhimento. Por essa via, o acolhimento se faz uma alternativa recepo tradicional,

    destinado a modificar o modo de organizao e funcionamento dos servios de sade.

    O conceito de Acolhimento, portanto, no est restrito recepo da demanda

    espontnea, de modo que s ganha sentido se o entendermos como uma passagem da porta

    de entrada para os processos de produo de sade. Desse modo, diferenciamos o

    Acolhimento da triagem porque o mesmo no se constitui apenas como uma etapa

    burocrtica do processo, mas como ao que deve ocorrer em todos os locais e momentos

    do servio de sade (MINISTRIO DA SADE, 2008, p. 44).

    Este projeto se dispe ao atendimento clnico a pacientes portadores de sofrimento

    psquico grave e estes nos so encaminhados por: Centro de Ateno Psicossocial (CAPS

    II); Centro de Auxilio ao Estudante (CAE FURB); Estratgia Sade da Famlia (ESF)

    Jovino e uma Empresa do municpio que vislumbram no SSM mais um espao possvel

    para a reintegrao desses sujeitos em suas atividades cotidianas (trabalho, lazer, escola),

    assim como resgatar laos sociais que estejam enfraquecidos ou inexistentes, promovendo

    melhor qualidade de vida aos mesmos.

    MATERIAL E METODOLOGIA Uma vez encaminhado ao SSM, o usurio/paciente ser recebido por um membro

    do grupo de Acolhimento do SSM a porta de entrada para o Servio de Sade Mental ,

    com o objetivo de acolher e trilhar o destino do mesmo. Uma vez que o SSM tem como

    critrio de sua demanda para atendimentos aqueles sujeitos, cujo lao social est

    fragilizado, mediados por intensa medicao, bem como grande reincidncia a internao.

    Nestes casos, o acolhedor se responsabilizar pela escuta e insero do usurio/paciente na

    lgica do Servio, bem como, noticiar Instituio encaminhadora os desdobramentos do

    caso, atravs de devolutivas solicitadas ou quando necessrio.

  • Em situaes opostas, onde o usurio/paciente traz consigo queixas sobre um

    sofrimento que no corresponde s caractersticas que o Servio se prope a atender, o

    membro do grupo de Acolhimento no o deixar a deriva. O encaminhado ser direcionado

    para a lista de espera da Clnica-Escola de Psicologia que por sua vez seguir a sua

    lgica institucional. Ou seja, ser conduzido para um/uma estagirio/estagiria do curso,

    com a coerncia de atendimento estabelecida com seus supervisores de estgio.

    RESULTADOS E DISCUSSES Com o incio dos acolhimentos se fez necessrio a criao de um grupo de

    acolhedores do Servio. Estes integrantes disponibilizam alguns horrios para os

    acolhimentos. Ao acolher, o grupo foi tomado pelo desafio de pensar este dispositivo,

    ampliando assim, as interrogaes, inquietaes e instrumentos para o andamento e

    consolidao desta prtica. Assim, foi criado o grupo de Acolhimento, mediado tambm

    por uma coordenao que foi surgindo na medida em que demandavam aes norteadoras

    para suas interrogaes.

    Estas e outras questes comuns com relao lgica do dispositivo foram se

    desenvolvendo, como por exemplo: Como no se questionar e se angustiar frente um

    dispositivo, onde sua principal funo acolher de forma cuidadosa, delimitando a queixa

    e ainda, num curto espao de tempo, ressoar uma (s) indagao (es) que desperte (m) a

    fala daqueles/daquelas que nos procuram? Como no responder/inverter a demanda que

    muitas vezes nos engata na beleza de uma histria que narrada pelo sujeito acometido?

    Como ignorar o nosso desejo de escutar mais?

    E estas nos remetem a outra necessidade: um espao, para discusso do contedo

    terico/prtico dos acolhimentos. Possibilitando, desta forma, aos acolhedores um lugar

    afvel, que os autorizassem na criao de narrativas relatos dos acolhimentos,

    desdobramentos dos casos. Em outras palavras, alm do estudo referente temtica, abriu-

    se lugar para que cada acolhedor trouxe-se a sua prtica, e deste modo, possibilitaram-se

    recortes e assim, achou-se um fio condutor de cada acolhimento, para que cumprssemos

    com as primeiras necessidades do Servio, a quantidade de encaminhamentos e a

    gravidade do sofrimento e risco social.

    Referente a esse ponto, podemos contar com um grupo de acolhedores, que tambm

    tem o objetivo de acolher e aliviar as angstias que aparecem nesta forma de dispositivo,

    assim como a difcil tarefa do encaminhar o paciente a Outro. Desta forma, apontamos que

    (...) na clnica psicanaltica ningum fica de fora do que ali surge nem o paciente, nem o

  • analista (Cumiotto, 2008, p.19). Em outras palavras, podemos dizer que a implicao

    daquele que atende, tambm ressoa dentro do espao de escuta. Est lgica, tica, de

    pensar, desacomoda o profissional que moralmente apia-se no ilusrio conceito de ajuda.

    Sendo assim, o dispositivo de Acolhimento, compreende tambm a necessidade de

    poder acolher aquele que apresenta um sofrimento intenso, bem como, realizar o Plano

    Singular Teraputico, encaminhando o paciente para atendimento clnico quando

    necessrio, para alm do diagnstico nosogrfico.

    CONCLUSO A partir dos acolhimentos e das questes suscitadas foi-se construindo a partir da

    entrada de cada paciente o seu caminho no SSM, tendo como fio condutor, de que maneira

    este se posicionaria diante de seu sofrimento, quais possveis intervenes que naquele

    momento do tratamento poderiam produzir efeitos, isto , deslocamentos, mudanas de

    narrativa e possibilidades de reconstruo de laos sociais e que estas possam lhe dar outro

    lugar como sujeito do seu desejo. Pensando na intensa fragilidade psquica/social dos casos

    que nos chegam, estamos engajados a sustentar um espao de escuta do sujeito, possibilitar

    a re-insero, o resgate ao lao social e assim, produzir um lugar de vida. (...) E vida, a

    partir de uma tica analtica possibilitar que o sujeito crie narrativas na aposta de libertar-

    se atravs da palavra (; Cumiotto, C; Raulino, B; Renaux, E. 2011, p.126).

    No decorrer do trabalho nos deparamos com situaes em que temos que definir

    qual ser o caminho que determinado paciente ir tomar nos acolhimentos. Ao nos

    dispormos a acolher, estamos diante tambm da escolha do outro que acolhido, e os

    efeitos produzidos no facilitam na direo dos encaminhamentos, visto que em algumas

    situaes necessrio pontuar ao paciente que suas queixas se organizaram, sendo invivel

    neste caso que ele permanea no Servio. Assim, notcias dos efeitos suscitados nos

    acolhimentos concernente ao vnculo que se estabeleceu entre acolhedor e paciente podem

    propiciar e propiciam o endereamento a outros integrantes da equipe que seguiro o

    trabalho na modalidade de atendimento individual, em grupo, em acompanhamento

    teraputico, ou ainda na possibilidade do paciente estar em todos estes dispositivos.

    H tambm os pacientes que ao trabalharem as questes que o trouxeram para o

    SSM, estes perpassados fundamentalmente pela fragilidade dos laos sociais, narrativa

    pobre ou inexistente, se sentem permitidos a ficar somente nos acolhimentos, mesmo

    quando colocados a eles que teriam outras possibilidades a serem significadas e de sua

    escolha seguir adiante. Outros pacientes no suportaram ter na palavra uma forma de re-

  • construo de sua histria e, portanto, estes nos convocam a pensar em outras intervenes

    possveis para os prximos que vierem a ser acolhidos.

    At agora o que podemos dizer do acolhimento que somos um grupo dentro de

    outro, procurando atravs de velhos dispositivos, novos sentidos para os mesmos. O que

    sabemos deste dispositivo quando nos deparamos com ele de ampliao de

    possibilidades. Um dispositivo possvel, diferente da lgica de atendimento, que produz

    seus efeitos; angstias, aos que com ele trabalham, mas que, acima de tudo, atua enquanto

    possvel organizador de talvez futuros pacientes.

    REFERNCIAS BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Ncleo Tcnico da Poltica Nacional de Humanizao. Acolhimento nas prticas de produo de sade/Ministrio da Sade, Secretaria de Ateno Sade, Ncleo Tcnico da Poltica Nacional de Humanizao. 2. ed. Braslia: Ministrio da Sade, 2009.

    BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Acolhimento nas prticas de produo de sade. Braslia: Ministrio da Sade, 2008. BRASIL. Ministrio da Sade, Secretaria-Executiva, Ncleo tcnico da Poltica Nacional de Humanizao. HumanizaSUS: A clnica ampliada. - Braslia: Ministrio da Sade, 2004. CUMIOTTO, C; RAULINO, B; RENAUX, E.O testemunho no trabalho com grupos: A narrativa como efeito de transformao no lao social. IN: ANDRADE, M. R. S. (ORG) Formao em sade: experincias e pesquisas nos cenrios de prtica, orientao terica e pedaggica. Blumenau: Edifurb, 2011. CUMIOTTO, C. R. As entrevistas preliminares e a clnica psicanaltica. In: BACKES, C. A clnica psicanaltica na contemporaneidade. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2008.

  • PROGRAMA DE ATENO PESSOA PORTADORA DE DFICIT DE

    ATENO E HIPERATIVIDADE (PADAH).

    rea temtica: SADE.

    Responsvel pelo trabalho: Cludio Joaquim Paiva Wagner

    Instituio: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO (UPF)

    Nome dos autores: 1. Adriano Teixeira; 2. Adroaldo Bassegio Mallmann; 3. Bruna

    Ohse; 4. Camile Gaperini; 5. Cludio Joaquim Paiva Wagner; 6. Cristina dos Santos

    Ortiz; 7. Danbia Miorando Rossato; 8. Edson Machado Cechin; 9. Emlia Maldaner;

    10. Ellen Antoniolli; 11. Elder Denardin; 12. Emily Ourique; 13. Francieley Benin; 14.

    Isabela Valria Maria; 15. Joo Paulo Bordin; 16. Jlia Noschang; 17. Letcia Romansin

    Rissotto; 18. Maria Clia Rossetto; 19. Tadeu Lampert; 20. Talzamara Duarte; 21.

    Evnia Arajo; 22. Vanessa Dal Pizzol; 23. Vincius Cenci.

    RESUMO:

    O programa Ateno pessoa portadora de Dficit de Ateno e Hiperatividade um

    Projeto de Extenso da Universidade de Passo Fundo que se destina ao estudo,

    pesquisa, preveno e ao tratamento da populao de crianas, adolescentes e adultos

    provenientes de escolas estaduais e municipais com a suspeita de serem portadores de

    Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade (TDAH). A amostra do estudo piloto

    est sendo coletada atravs do encaminhamento de alunos de uma escola estadual e uma

    escola municipal. A equipe que est desenvolvendo este projeto e realizando os

    atendimentos formada por profissionais da rea da psiquiatria, neurologia, psicologia,

    psicopedagogia, informtica e alunos da Faculdade de Medicina, do Curso de Psicologia

    e da Faculdade de Educao. Os objetivos do programa so: criar um centro de

    atendimento s pessoas portadoras de Dficit de Ateno e Hiperatividade (PADAH) no

    municpio, avaliar os alunos encaminhados, elaborar e conduzir projetos de pesquisas

    sobre os resultados do projeto, desenvolver programas de preveno, diagnstico e

    tratamento multidisciplinar para o manejo do transtorno, alm de conceber uma forma

    de participao da comunidade escolar e associaes de pais e mestres no projeto de

    extenso e nas pesquisas. Os resultados parciais do projeto no primeiro semestre de

    2011 apontam para um total de 36 atendimentos de alunos, ainda em fase de avaliao

    por todos os profissionais. Foi realizado um total de 13 seminrios tericos com os

    professores das duas escolas sobre o tema TDAH, com a mdia de participao de 20

    professores.

  • PALAVRAS-CHAVE

    Ateno, Hiperatividade, Impulsividade, Crianas, Adolescentes, Adultos.

    INTRODUO

    O Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade (TDAH) um transtorno

    neurobiolgico, de origem gentica, persistindo, na maioria dos sujeitos, por toda a

    vida, tendo incio na infncia e comprometendo o funcionamento emocional, social,

    profissional e acadmico de crianas, adolescentes e adultos portadores do transtorno.

    Dependendo dos critrios utilizados, a prevalncia do TDAH na idade escolar varia

    entre 3% a 6% e na idade adulta a prevalncia de 2,5%. O transtorno caracterizado

    pela presena de sintomas de desateno e ou hiperatividade e impulsividade em uma

    intensidade inadequada para a idade ou escolaridade do paciente. At alguns anos atrs

    o TDAH era considerado um transtorno benigno, com o avano do conhecimento,

    constatou-se que ele pode acarretar alguns comprometimentos graves como:

    dificuldades no rendimento escolar, sendo considerada uma das principais causas de

    fracasso nos estudos; dificuldades no relacionamento interpessoal levando ao

    desenvolvimento de baixa autoestima; problemas profissionais como mudanas

    frequentes de trabalho; demisses; nvel de realizao abaixo de suas capacidades; risco

    de desenvolver dependncia qumica; risco aumentado de envolvimento com acidentes,

    em especial, acidentes de trnsito e um risco maior de contrarem outros transtornos

    mentais como depresso, transtornos de ansiedade entre outros. O tratamento adequado

    deve ser multifatorial, incluindo medicamentos, acompanhamento psicolgico,

    orientao familiar e escolar. O projeto destina-se a detectar alunos com TDAH, trat-

    los, orientar os professores, as escolas e os pais no manejo dessa situao.

    MATERIAL E METODOLOGIA

    O programa de extenso se compe de duas reas, uma para crianas e adolescentes e

    outra para adultos, sendo desenvolvido por uma equipe multidisciplinar formada por

    profissionais da rea da psiquiatria, neurologia, psicologia, psicopedagogia, informtica

    e alunos da Faculdade de Medicina, do Curso de Psicologia e da Faculdade de

    Educao. Os procedimentos desenvolvidos so: formas de encaminhamento dos

    professores; agendamento; primeira entrevista; exames de rotina; aplicao de escalas e

    testes psicolgicos; orientaes a pais e professores, ciclo de palestras; criao de um

  • fluxograma e organograma e outras atividades. Os alunos tm como funo estudar o

    TDAH em adolescentes, crianas e adultos, avaliar os alunos sob a superviso dos

    professores e preparar palestras a fim de organizar a Liga de Transtorno de Dficit de

    Ateno e Hiperatividade (forma complementar de estudos na graduao). Os

    profissionais tcnicos- administrativos possuem o papel de receber encaminhamento,

    agendar os pacientes, familiares, agendar avaliaes e organizar o pronturio. Os

    profissionais da 7 Coordenadoria Regional da Educao, Secretaria Municipal de

    Educao, Secretaria Municipal de Sade, Escolas Estaduais e Escolas Municipais so

    colaboradores do projeto, auxiliando na aplicao de questionrios para os professores,

    detectando sinais precoces de TDAH e encaminhando os alunos.

    RESULTADOS E DISCUSSES

    Os resultados parciais no primeiro semestre de 2011 apontam para um total de 36

    atendimentos de alunos, em fase de avaliao por todos os profissionais. Foi realizado

    um total de 13 seminrios tericos sobre o tema TDAH, com a mdia de participao de

    20 professores. Os temas desenvolvidos foram: Definio e conceitos sobre TDAH,

    Etiologia do TDAH, Manifestaes clnicas do TDAH, Diagnstico do TDAH em

    crianas e adolescentes, Diagnstico do TDAH em adultos, Testes psicolgicos e

    TDAH, Aspectos neurolgicos do TDAH, A pedagogia e o TDAH, Manejo na escola

    do TDAH, Tratamento do TDAH em crianas e adolescentes, Tratamento do TDAH em

    adultos, Tratamento Psicolgico do TDAH e Avaliao dos seminrios.

    CONCLUSO

    O programa de Ateno Pessoa Portadora de Dficit de Ateno e Hiperatividade

    proporciona novos conhecimentos aos estudantes que participam do projeto, aos

    professores da rede municipal e estadual, bem como aos pais e aos pacientes atendidos.

    Este conhecimento abrange aspectos do TDAH, avaliao de crianas e adolescentes

    com suas famlias e a vivncia de trabalhar de forma multidisciplinar, alm da

    importncia de estabelecer uma relao de parceira com a comunidade. Outro aspecto a

    ser destacado diz respeito criao da Liga de Transtorno de Dficit de Ateno e

    Hiperatividade, atividade a ser realizada pelos alunos no segundo semestre de 2011com

    a coordenao de um professor, a qual j possui oito seminrios planejados para os

    alunos da Faculdade de Medicina, Curso de Psicologia e Faculdade de Educao. Os

  • temas so: Diagnstico do TDAH: viso geral do TDAH (conceitos), Mitos em relao

    ao TDAH, Abordagem multidisciplinar do TDAH: tratamento farmacolgico,

    psicopedaggico e psicolgico, Como distinguir uma criana ativa de uma hiperativa?,

    A vida afetiva do portador de TDAH, Consequncias do TDAH no tratado, Vdeo com

    depoimentos de pacientes com TDAH e comentrios de profissionais de sade, Amostra

    de um estudo preliminar de pacientes atendidos no programa de ateno pessoa

    portadora de TDAH. Do ponto de vista das escolas envolvidas, foram realizados

    seminrios e os professores vm conseguindo compreender melhor vrios aspectos

    envolvidos com as crianas, adolescentes e adultos portadores de TDAH.

    REFERNCIAS

    BARKLEY, R. A., FISCHER, M., SMALLISCH. L., FLETCHER, K. Young adult

    outcome of hyperatctive children: adaptative functioning in major life activities. Journal

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    ateno/hiperatividade: manual para diagnstico e tratamento. Trad. Ronaldo Cataldo

    Costa. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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    ateno/hiperatividade: atualizao diagnostic e teraputica: caractersticas, avaliao,

    diagnostic e tratamento: um guia de orientao para profissionais. So Paulo: Casa do

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    KNAPP, P.; ROHDE, LA; LYSZKOWSKI, L.; JOHANPETER, J. Terapia cognitive-

    comportamental no transtorno de deficit de ateno/hiperatividade: manual do paciente.

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    KNAPP, P.; ROHDE, LA; LYSZKOWSKI, L.; JOHANPETER, J. Terapia cognitive-

    comportamental no transtorno de deficit de ateno/hiperatividade: manual do terapeuta.

    Porto Alegre: Artmed, 2002.

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    ateno com hiperatividade em crianas, adolescentes e adultos. So Paulo: Lemos

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    ROHDE, L. A. BENCZIK, E. B. Transtorno de dficit de ateno/hiperatividade: o que

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    SABOYA, E., SARAIVA, D., PALMINI, A., LIMA, P., COUTINHO, G. Disfuno

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    SENA, S. S., NETO, O.D. Distrado e a 1000 por hora: guia para familiares, educadores

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  • PROJETO DE EXTENSO AES INTERDISCIPLINARES NO QUIOSQUE

    DA SADE EM SANTOS/SP

    rea Temtica: Sade

    Responsvel pelo trabalho: Camila Chaves Guanabara

    Instituio: Universidade Federal de So Paulo (UNIFESP)

    Nome dos autores: GUANABARA, C.C.; LOPES, R. F.; SIQUEIRA Jr, S.L.B.;

    FONTES, C.C.; NAKAO, F.S.N.; GARCIA, P.R.; BORGES, M.E.; PEREIRA, N.S.;

    KITA, L.S.; OLIVEIRA, D.C.C; SANTANA ABN; VEDOVATO GM; MARTINS,

    P.A.

    Departamento de Cincias da Sade, Instituto de Sade e Sociedade, Universidade

    Federal de So Paulo.

    Resumo

    Introduo: O projeto de extenso promove aes por meio de atividades individuais ou

    em grupo atravs de oficinas, triagem e atendimento individual. Objetivo: Descrever todas

    as atividades realizadas pelo projeto de extenso Aes Interdisciplinares no Quiosque da

    Sade. Metodologia: O projeto possui as seguintes atividades: a triagem que realizada

    atravs da aplicao de um questionrio com dados pessoas e anamnese; o atendimento

    individualizado que composto por questionrios mais especficos como de prontido para

    atividade fsica, anamnese clnica e alimentar; e as oficinas realizadas com dinmicas de

    diversos temas. Concluso: Esse projeto proporciona aos participantes maior

    conhecimento prtico, sendo um diferencial na formao.

    Palavras Chave: Atividade Fsica e Nutrio, Sade, Interdisciplinar.

    Introduo

    Diante da epidemia de obesidade e doenas crnicas no transmissveis, esto

    sendo criadas aes e intervenes para minimizar esses fatores de risco, como por

    exemplo, os projetos de extenses, que atuam nos espaos comunitrios, tendo como

    pressuposto bsico a busca de transformao social e propondo uma troca de saberes entre

    a comunidade acadmica e a sociedade, desmistificando a tradicional ideia de um

    conhecimento que se estende (Freire, 1977).

    O presente projeto de extenso centrado na Estratgia Global em alimentao

    saudvel, atividade fsica e sade (OMS, 2004) prope a realizao de atividades

    interdisciplinares que promovam a sade e qualidade de vida, seja individual ou em grupo,

    atravs das oficinas e triagens. Almeja o projeto alcanar um pblico alvo constitudo de

  • praticantes de atividade fsica na regio da orla da praia de Santos, atualmente adultos e

    idosos que, na maioria das vezes, iniciam a prtica de atividades fsicas sem orientaes

    adequadas, colocando em risco a sade e o bem estar.

    Com objetivo de realizar aes interdisciplinares para promoo da sade, nosso

    projeto conta com a participao de discentes, docentes e tcnico-administrativos dos

    cursos de graduao de Nutrio e Educao Fsica do Campus Baixada Santista. Os

    extensionistas colaboram de forma importante na organizao do conhecimento produzido,

    com a participao, o registro e avaliao de todas as atividades realizadas. Alm disso,

    assumem responsabilidades no preparo das atividades, sendo referidas atividades de grande

    relevncia para sua formao, pois as experincias que os alunos adquirem no projeto

    favorecem a integrao dos contedos vivenciados nas salas de aula aos elementos da

    realidade e do futuro exerccio profissional.

    Nesse contexto e na perspectiva da extenso universitria como um processo

    educativo, cultural e cientfico, articulado com o ensino e a pesquisa de forma

    indissocivel, temos como objetivo desenvolver aes interdisciplinares de promoo da

    sade com enfoque no incentivo de uma alimentao saudvel e na prtica de atividade

    fsica pela populao de Santos. Especificamente, pretende avaliar o estado nutricional e as

    condies fsicas, desenvolver o conhecimento de prticas sobre alimentao saudvel e

    fornecer o apoio tcnico para o treinamento esportivo com qualidade. Ento, o objetivo do

    trabalho descrever e refletir sobre a experincia do projeto de extenso Aes

    Interdisciplinares no Quiosque da Sade.

    Materiais e mtodos

    Breve histrico

    O projeto teve incio no ano de 2009, partindo da experincia adquirida no projeto

    de extenso Parceiros da Bola, que tinha por objetivo a promoo de sade de crianas

    que jogavam futebol por meio de um projeto social da regio noroeste da cidade de Santos.

    Dessa forma, em uma juno de desejos - o de promover o maior nmero de atividades

    benficas possveis para a comunidade, bem como a vontade de participao da

    comunidade acadmica em aes interdisciplinares de Nutrio e Atividade Fsica que

    foi inaugurado o Programa de Extenso Quiosque da Sade, coordenado pelo Prof.

    Sionaldo Ferreira, do curso de Educao Fsica.

    Em janeiro de 2010, houve o primeiro contato com o pblico por meio da busca

    ativa na regio da orla da praia de Santos, com a estratgia de montagem de uma tenda na

  • rea externa do Parque Municipal Roberto Santini (Emissrio Submarino), local de grande

    circulao de adultos e idosos praticantes de atividade fsica. As atividades do projeto

    aconteciam em dois perodos da semana: segundas-feiras no perodo da tarde (14h s 17h),

    e quintas-feiras no perodo da manh (8h s 12h).

    Triagem do pblico

    As triagens constituem atividades de avaliao inicial (screening para participao

    no Projeto), que acontecem a cada incio de ano letivo, sendo divulgadas no Dirio Oficial

    do Municpio. Esta avaliao composta por sete componentes principais: (1) dados de

    pessoais; (2) antecedentes clnicos e histria atual de doenas (problemas de sade e

    utilizao de medicamentos/suplementos alimentares); (3) questionrio sobre prontido

    para atividade fsica (Physical Activity Readiness Questionnaire PAR-Q, verso 2002);

    (4) dados sobre atividade fsica habitual; (5) dados sobre alimentao habitual (mudanas

    alimentares atuais, orientao tcnica, prticas alimentares antes, durante e depois do

    exerccio, e relativas hidratao); (6) dados antropomtricos e estimativa de composio

    corporal (peso, estatura, circunferncia abdominal, quatro dobras cutneas

    triciptal/biciptal/subescapular/suprailaca); (7) disponibilidade e interesse em participar das

    atividades individuais e em grupo. Ao final da avaliao, os resultados so apresentados

    (entrega de folheto com programao das atividades), e os indivduos so convidados a

    participar, preferencialmente, das oficinas educativas em grupo. Aps os dois dias de

    avaliao, formada uma lista de interesse para os atendimentos individuais e,

    posteriormente, os extensionistas entram em contato para o agendamento.

    Atendimento individualizado

    Os atendimentos individualizados tm como foco a manuteno do estado

    nutricional adequado, promoo da alimentao saudvel e a prtica segura de atividade

    fsica ou esportiva. O contato com os participantes realizado por telefone, seguindo uma

    lista da triagem, programando-se um atendimento para cada dia da semana de

    funcionamento do Projeto.

    Os responsveis pelo atendimento so acadmicos de Nutrio e Educao Fsica,

    com o apoio de profissionais (ps-graduandos e tcnico-administrativos), alm da

    superviso pelos docentes. Desta forma, recebem o usurio na sala, apresentam a proposta,

    bem como a dinmica de atendimento. Isso ocorre com toda a equipe envolvida na

  • atividade, usando jaleco e sentada em cadeiras dispostas em formato de crculo, juntamente

    com o usurio.

    A ficha do primeiro atendimento composta pelos seguintes domnios: dados

    pessoais de identificao; questionrio sobre prontido para atividade fsica (Physical

    Activity Readiness Questionnaire PAR-Q, verso 2002); anamnese clnica; avaliao da

    prtica de atividade fsica/esportiva (atual e habitual; Questionrio IPAQ - verso curta);

    anamnese alimentar; avaliao fsica.

    Aps o atendimento, o caso brevemente discutido pela equipe sob a perspectiva

    interdisciplinar, gerando um material de retorno no qual so oferecidas orientaes

    nutricionais e informaes relativas prtica de atividade fsica, sob superviso tcnica e

    docente.

    Oficinas educativas

    As oficinas so atividades educativas realizadas semanalmente, com durao mdia

    de uma hora. Os eixos temticos so: promoo da alimentao saudvel, vivncias

    culinrias, incentivo prtica segura de atividades fsicas. Os temas so definidos nas

    reunies interdisciplinares; a partir disso a equipe elabora um plano de ao contendo

    objetivos da oficina (gerais e educativos), contedo programtico, metodologia, recursos

    necessrios e formas de avaliao.

    As oficinas so conduzidas de forma dinmica, participativa, baseada na

    problematizao da realidade e na troca de saberes entre os participantes. Ao final do

    encontro, realizada uma avaliao do grupo de usurios. Ao trmino da oficina, a equipe

    realiza uma breve discusso para a avaliao formativa da atividade, e sugestes para a

    realizao da segunda atividade. Todas as atividades apresentam registro fotogrfico e

    escrito.

    Discusso

    Para os estudantes de nutrio e educao de fsica, o projeto de extenso promove

    a aproximao da teoria a prtica por meio do desenvolvimento de atividades que os

    proporcionem liberdade de treinar, desenvolver o pensamento e estratgias em conjunto,

    pautando-se sempre pelos fundamentos da literatura cientfica. Deste modo, o aluno

    adquire conhecimentos no vivenciados em sala de aula atravs da interdicisplinaridade e

    uma maior autonomia perante as aes realizadas com a populao.

  • Os futuros nutricionistas colocam em prtica contedos da rea nutricional como

    planejamentos dietticos, avaliao diettica do estado nutricional e aplicao do

    recordatrio 24H.

    Em relao aos alunos de educao fsica, estes colocam em prtica a aplicao de

    anamenese e elaborao de um plano de treinamento com exerccios especficos para a

    promoo e preveno da sade.

    Os cursos, em conjunto, aplicam a avaliao antropomtrica como clculo do IMC,

    dobras cutneas e circunferncias.

    Concluso

    As experincias adquiridas da troca de informaes com a populao e as

    atividades exercidas proporcionam um maior conhecimento prtico e segurana para

    futuramente exercer sua profisso.

    O modo como realizado o trabalho visa o estabelecimento de um vnculo entre a

    comunidade acadmica e a populao, resultando em uma maior adeso ao projeto pelos

    usurios, com o estes participando de mais de uma atividade.

    Bibliografia

    FAZENDA CA. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. So Paulo: Edies

    Loyola; 1999. [ Links ]

    FREIRE, P. Extenso ou comunicao? 13. ed. So Paulo: Paz & Terra, 1977.

    MINISTRIO DA SADE. Secretaria de Vigilncia em Sade. Departamento de Anlise

    de Situao de Sade. Guia Metodolgico de Avaliao e Definio de Indicadores

    Doenas Crnicas No Transmissveis e Rede Carmen. Braslia: Ministrio da Sade,

    2007.

    WHO. World Health Organization. World Health Report 2010. Global Status Report on

    Noncommunicable Diseases 2010. Geneva: WHO, 2010. Disponvel em:

    .

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  • PROJETO OVERDENTURES: IMPACTO NA MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DO EDENTADO

    MANDIBULAR rea temtica: Sade Responsvel pelo trabalho: Ana Karoline ADELRIO Instituio: Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FOUFMG) Autores: Ana Karoline ADELRIO1; rica Leite VIANA1; Maria Carmem Fonseca Serpa CARVALHO2; Srgio Carvalho COSTA2; Mauro Henrique Nogueira Guimares ABREU2; Jos Augusto Csar DISCACCIATI2*. 1 Aluna de graduao. Faculdade de Odontologia. Universidade Federal Minas Gerais 2 Professor Doutor. Faculdade de Odontologia. Universidade Federal de Minas Gerais * Coordenador do projeto

    RESUMO A reabilitao oral de pacientes edntulos totais ainda um dos grandes desafios da

    Odontologia moderna, em virtude do contnuo processo de reabsoro alveolar. Esta

    condio pode comprometer a reteno e a estabilidade das prteses totais removveis

    (PTR), principalmente em mandbulas, gerando desconforto e baixa eficincia

    mastigatria. Uma modalidade de tratamento bastante utilizada para esses pacientes a

    instalao de implantes osseointegrveis como suporte para prteses totais fixas ou

    removveis, as chamadas sobredentaduras ou overdentures, em ingls. O objetivo desse

    trabalho apresentar o Projeto Overdentures, projeto de extenso com capacidade de

    estreitar laos com ensino e pesquisa, e com grande impacto na formao dos alunos.

    Desenvolvido dentro das instalaes da FOUFMG, os pacientes atendidos so

    encaminhados via SUS e admitidos de acordo com a indicao precisa do caso. Os

    atendimentos odontolgicos so prestados semanalmente, em ambiente ambulatorial, sob

    superviso dos professores responsveis, seguindo um protocolo clnico de atendimento

    bem definido. A satisfao pessoal dos pacientes atendidos no projeto tem sido constatada

    em todos os casos atendidos, observada a partir dos relatos aps a concluso dos

    tratamentos. O principal aspecto apontado pelos pacientes o aumento da estabilidade e da

    reteno da prtese, com conseqente melhoria da eficincia mastigatria. Os objetivos

    traados pelos idealizadores do Projeto Overdentures tm sido plenamente alcanados,

    tendo em vista que a atuao dinmica e interdisciplinar proporciona uma articulao entre

    as reas de ensino, pesquisa e produo de conhecimento, gerando um alto impacto na

    formao acadmica dos alunos participantes e grandes benefcios aos pacientes atendidos.

    PALAVRAS-CHAVE: Prtese total inferior, Implante dentrio, Qualidade de vida.

  • INTRODUO

    O edentulismo representa uma das piores situaes encontradas na clnica diria,

    acarretando na diminuio da capacidade mastigatria, comprometimento da esttica e

    tambm da fonao. Com isso, contribui para a reduo da qualidade de vida e da auto-

    estima das pessoas (BARBATO et al.2007).

    A reabilitao oral de pacientes edntulos totais ainda um dos grandes desafios da

    Odontologia moderna, tendo em vista a grande perda ssea que ocorre em virtude do

    contnuo processo de reabsoro alveolar, principalmente em mandbulas. Essa condio

    pode comprometer significativamente a reteno e a estabilidade das prteses totais

    removveis (PTR), gerando desconforto, insegurana, baixa eficincia mastigatria e

    dificuldade na pronncia de algumas palavras (JIMNEZ-LPEZ, 2000).

    Uma modalidade de tratamento muito utilizada para esses pacientes a instalao

    de implantes osseointegrveis como suporte para prteses totais fixas hbridas, conhecidas

    como Prteses de Toronto (ZARB,1990) ou PROTOCOLO DE BRNEMARK

    (BRNEMARK et al, 1977). Entretanto, uma alternativa atraente tem sido a utilizao de

    sobredentaduras ou overdentures, em ingls, prteses removveis retidas por razes

    remanescentes ou implantes. Comparadas com as prteses totais fixas sobre implantes, a

    overdentures apresentam maior simplicidade de execuo, menor custo e permitem a

    remoo pelo prprio paciente, o que facilita a higienizao e o controle da parafuno.

    A Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FOUFMG)

    uma das referncias no atendimento da populao encaminhada pelo Sistema nico de

    Sade (SUS) em Belo Horizonte, no que se refere confeco e insero de PTR. Dispe

    de uma disciplina especfica para atendimento a pacientes edentados totais, cujo contedo

    obrigatrio na grade curricular do curso de graduao. No entanto, no oferecida ao

    paciente a possibilidade de instalao de implantes, o que poderia melhorar muito a

    condio de reteno e estabilidade de sua PTR inferior. Diante desta deficincia curricular

    e assistencial, foi idealizado e criado um projeto de extenso destinado exclusivamente a

    oferecer, a baixo custo, a instalao de implantes como suporte para PTR mandibulares,

    procedimento ainda no coberto pelo SUS. Esse fato denota a relevncia do projeto para a

    comunidade assistida e para a formao acadmica dos alunos participantes.

    O objetivo desse trabalho apresentar comunidade acadmica o Projeto

    Overdentures, projeto de extenso assistencial terico/prtico, voltado a alunos do curso de

    graduao e pacientes da FOUFMG, portadores de PTR mandibular ou com indicao para

  • tal, projeto esse com capacidade de estreitar laos entre extenso, ensino e pesquisa, com

    grande impacto na formao do aluno, com caractersticas interdisciplinares, com

    satisfatria relao dialgica com a comunidade assistida, que amplia as oportunidades de

    prestao de servio, estudo, aprendizado, produo de conhecimento e divulgao

    cientfica de resultados.

    METODOLOGIA

    O Projeto de Extenso Overdentures desenvolvido dentro das instalaes da

    FOUFMG, e mantm parceria com a disciplina de Prtese Total Removvel e com os

    Projetos de Extenso em Prtese Total Imediata e em Cirurgia Oral Menor, promovendo

    um carter de interdisciplinaridade, relevante para a formao dos alunos e docentes

    participantes.

    SELEO DE ALUNOS

    Semestralmente, so selecionados doze alunos que estejam cursando o oitavo

    perodo na FOUFMG. O processo seletivo consiste em anlise curricular e entrevista,

    sendo critrios importantes o interesse pela rea de prtese e implante, a disponibilidade de

    horrios, o compromisso com a promoo de sade da populao e o interesse na

    divulgao cientfica de resultados. Previamente ao incio dos trabalhos clnicos, so

    ministradas aulas tericas a fim de se repassar aos alunos a filosofia de trabalho a ser

    seguida e o protocolo de atendimento clnico.

    SELEO DE PACIENTES

    Os pacientes atendidos no Projeto Overdentures so encaminhados via SUS,

    admitidos de acordo com a indicao precisa do caso e com o nmero de vagas

    disponveis. Passam inicialmente pela disciplina de Prtese Total ou pelo Projeto Prtese

    Total Imediata, dependendo de sua condio inicial, onde todos os procedimentos para

    confeco de suas PTR mandibulares sero conduzidos. No entanto, os alunos do Projeto

    participam de todo o planejamento.

    PROTOCOLO CLNICO DE ATENDIMENTO

    Os atendimentos odontolgicos so prestados semanalmente, em ambiente

    ambulatorial, sob superviso dos professores responsveis pelo projeto. Inicialmente

    realizada pelos alunos participantes a ficha clnica de cada paciente, sendo obtidos dados

    relativos identificao, uso de algum aparelho prottico, presena de alteraes

    sistmicas, aspectos psicolgicos, exame intra-oral, extra-oral e solicitao de exames

    radiogrficos. De posse de todos os dados clnicos estabelecido um diagnstico e um

  • plano de tratamento, levando-se em considerao as condies necessrias para a insero

    de implantes osseointegrveis.

    SEQUNCIA DE ATENDIMENTO

    1- Anamnese e exame objetivo

    2- Exames complementares, normalmente radiografia panormica

    3- Diagnstico, levantamento de necessidades, planejamento

    4- Coleta do termo de consentimento livre esclarecido e de dados utilizando o questionrio

    Oral Health Impact Profile (OHIP-14) (SLADE 1997).

    5- Documentao fotogrfica

    6- Atendimento

    - Nesse momento, a PTR mandibular j dever estar pronta

    - Exodontias e acerto sseo na regio mentoniana, se assim o caso exigir

    - Instalao de dois implantes

    - Caso haja boa estabilidade primria, com mnimo de 40N, captura da prtese com a

    utilizao de 2 munhes bola e 2 cpsulas oring.

    - Acabamento e ajuste

    - Finalizao

    - Controle posterior com 3, 7, 15 e 30 dias.

    - Reembasamento, caso necessrio

    - Coleta de informaes utilizando o mesmo questionrio inicial (OHIP-14)

    - Tabulao e anlise dos dados

    INFRA-ESTRUTURA DE ATENDIMENTO

    Os materiais odontolgicos utilizados so fornecidos pela instituio, que cede

    tambm um funcionrio para auxiliar na separao e fornecimento de tais materiais, alm

    do espao fsico para as aulas tericas e prticas.

    VINCULAO COM A PESQUISA

    A casustica do projeto possibilita a coleta de dados para avaliao do impacto da

    incorporao de implantes e overdentures na melhoria da qualidade de vida da comunidade

    assistida. Com a finalidade de avaliar quantitativamente este impacto, est sendo aplicada a

    forma simplificada do questionrio do Oral Health Impact Profile (OHIP-14), antes e aps

    a instalao das prteses. Inicialmente, o questionrio serve como um instrumento que

    permite indicar o quanto a qualidade de vida afetada pela condio de sade bucal

    apresentada pelo paciente. Posteriormente, avalia-se se a instalao da overdenture

  • melhorou essa qualidade. Os dados coletados tm sido analisados, visando sua divulgao

    em revistas e eventos cientficos.

    RESULTADOS E DISCUSSES

    Tendo em vista que a reabilitao oral por meio de prteses implanto-retidas no

    oferecida aos usurios do SUS, o projeto overdentures possui a relevncia de oferecer a

    estes usurios sobredentaduras com qualidade e baixo custo, garantindo uma maior

    reteno das prteses inferiores e atendendo aos requisitos mastigatrios, estticos e

    fonticos. Simultaneamente, fornece aos alunos de graduao a oportunidade de manter

    contato com essa modalidade teraputica. A satisfao pessoal dos pacientes atendidos no

    projeto tem sido constatada em todos os casos de reabilitao oral utilizando overdentures

    implanto-retidas. Os principais aspectos apontados pelos pacientes so a melhoria da

    eficincia mastigatria, o aumento da reteno e da estabilidade da prtese e os aspectos

    estticos. Assim, as overdentures implanto-retidas tm se mostrado uma boa soluo para

    diversas limitaes funcionais e estticas das prteses totais removveis. Diversos estudos

    apontam que a reabilitao oral com prteses implanto-retidas pode superar a maioria das

    limitaes apresentadas pelas prteses totais convencionais, proporcionando melhoria

    significativa na sade bucal e geral, na satisfao pessoal, na qualidade de vida e na auto-

    estima dos pacientes.

    CONCLUSO

    Os objetivos iniciais traados pelos idealizadores do Projeto Overdentures tm sido

    satisfatoriamente alcanados, tendo em vista que a atuao dinmica e interdisciplinar do

    projeto proporciona uma articulao entre as reas de ensino, pesquisa e produo de

    conhecimento, gerando um alto impacto para a formao acadmica dos alunos

    participantes. Diante da deficincia na grade curricular do curso de Odontologia da

    FOUFMG, em no fornecer aos seus alunos modalidades de tratamento envolvendo a

    instalao de implantes e confeco de prteses implanto retidas, conclui-se que o Projeto

    Overdentures vem desempenhando satisfatoriamente a sua misso, tanto para os alunos de

    graduao participantes, quanto para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes

    assistidos.

    REFERNCIAS

    BARBATO, P.R; NAGANO, H.C.M; ZANCHET, F.N.; BOING, A.F.; PERES, M.A. Perdas dentrias e fatores sociais, demogrficos e de servios associados em adultos brasileiros: uma anlise dos dados do Estudo Epidemiolgico Nacional (Projeto SB Brasil

  • 2002-2003). Cadernos de Sade Pblica, Rio de Janeiro, v.23, n.8, p. 1803-1814, ago. 2007. BRNEMARK, P.I.; HANSSON, B.O.; ADELL, R.; BREINE, U.; LINDSTRM, J.; HALLN, O.; OHMAN, A. Osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw: experience from a 10-year period. Scand J Plast Reconstr Surg Suppl., v.16, p.1-132, 1977. JIMNEZ-LPEZ, V. Reabilitao Bucal em Prtese sobre Implantes. So Paulo: Quintessence, 2000. SLADE, G.D. Derivation and validation of a short-form oral health impact profile. Community Dent Oral Epidemiol, v. 25, p. 284-90,1997. ZARB, G.A.; SCHMITT, A. The longitudinal clinical effectiveness of osseointegrated dental implants. The Toronto study. Part II: the prosthetic results. The Journal of Prosthetic Dentistry, v. 64, p. 53-61, jul. 1990.

  • VIVNCIAS EM UM SERVIO DE NEFROLOGIA: UM OLHAR DA

    PSICOLOGIA1

    rea Temtica - Sade

    Responsvel pelo trabalho QUINTANA, Alberto Manuel.

    Instituio - Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

    Autores

    MARTINS, Bruna Maria Corazza2; QUINTANA, Alberto Manuel3; WEISSHEIMER,

    Taiane Klein dos Santos4.

    1 Trabalho referente ao Projeto de extenso: Apoio psicolgico aos pacientes do servio de

    Nefrologia do Hospital Universitrio de Santa Maria.2 Acadmica do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),

    Santa Maria, RS, Brasil.3 Doutor em antropologia, professor adjunto do curso de Psicologia UFSM, Santa Maria,

    RS, Brasil.4 Psicloga, mestranda em Psicologia UFSM, Santa Maria, RS, Brasil.

    Resumo

    As doenas crnicas vm recebendo grande ateno dos profissionais da sade, em

    decorrncia de sua alta mortalidade. Dentre essas doenas, est a Insuficincia Renal

    Crnica (IRC) que se caracteriza pelo comprometimento lento e irreversvel das funes

    renais. Os pacientes portadores da doena se veem em novas condies de vida, ligados s

    mquinas de hemodilise e cheios de sentimentos ambguos: culpa e negao da doena,

    esperana e f em alcanar o transplante e a cura. Nesse sentido, como h o

    comprometimento de aspectos biolgicos, psicolgicos e sociais do paciente, percebeu-se a

    importncia do acompanhamento psicolgico a esses sujeitos em um hospital do interior do

    RS. O projeto implantado no local visa possibilitar aos pacientes um momento de escuta e

    ao teraputica, a fim de que eles possam falar de suas expectativas, angstias e questes.

    Para tanto, o setting teraputico acontece beira leitos, ou na prpria enfermaria. Percebe-se,

    atravs de resultados parciais, que o espao de escuta significativo aos pacientes, pois

    eles podem falar de suas vidas, no apenas dos aspectos da doena. Angstias, medos e

    perdas so compartilhados com a extensionista nos atendimentos, por vezes, emocionados

    dos pacientes, lhes gerando alvio e certa segurana por no estarem sozinhos. O projeto

  • est em andamento, mas j traz evidncias importantes compreenso da totalidade dos

    pacientes, bem como importncia de novos trabalhos frente a essa realidade.

    Palavras-Chave: Nefrologia; Apoio psicolgico; Qualidade de vida.

    Introduo

    Para que o conhecimento seja realmente vlido, uma boa prtica em extenso

    precisa estar atrelada pesquisa e ao ensino. Na medida em que um consolida e d base ao

    outro, se evidencia a importncia das pesquisas que foram feitas acerca da Insuficincia

    Renal Crnica, no intuito de co-relacionar a teoria encontrada com os dados da realidade.

    As doenas crnicas so as principais causas de morte no mundo, segundo o recm

    lanado Relatrio Global sobre Doenas No-Transmissveis da Organizao Mundial da

    Sade. Em decorrncia disso, tm recebido grande enfoque dos profissionais de sade,

    uma vez que representam altos ndices de mortalidade na populao mundial (Santos e

    Sebastini, 2010; Martins e Cesarino, 2005). Entre essas doenas est a Insuficincia Renal

    Crnica (IRC), considerada uma condio sem alternativas de melhoras rpidas, resultante

    do comprometimento das funes renais de modo lento e irreversvel. No Brasil, estima-se

    que, segundo o Censo de Dilise (SBN, 2010), 92.091 mil brasileiros se encontram em

    tratamento dialtico. Tal possibilidade de tratamento trouxe a maior sobrevida aos

    pacientes, entretanto, outras questes tambm emergem durante esse processo.

    A vivncia, de alguns pacientes portadores da doena crnica renal, percebida

    como uma ruptura na vida, bem como por uma nova condio ligada mquina, uma nova

    identidade corporal e uma possibilidade, por vezes angustiante, de se realizar o transplante

    renal (Quintana e Muller, 2006). Ainda, os pacientes trazem sentimentos de culpa, negao

    e no aceitao da doena, perda da autonomia, esperana e f em Deus para atingir a

    cura, hemodilise como garantia de vida e, ao mesmo como, aprisionamento (Lima e

    Gualda, 2001). Nesse sentido, comprometem-se tanto os aspectos fsicos e biolgicos,

    como as questes psicolgicas, familiares e sociais do paciente crnico renal.

    Assim, percebeu-se a necessidade de uma interveno psicolgica junto aos

    pacientes do servio de Nefrologia do Hospital Universitrio de Santa Maria (HUSM). A

    equipe de enfermagem do local solicitou auxlio ao Departamento de Psicologia da UFSM,

    com a preocupao de propiciar um ambiente mais saudvel aos pacientes que utilizam

    esse servio. Com isso, o presente projeto de extenso visa proporcionar um espao de

    escuta e ao teraputica, a fim de que os pacientes tenham um momento em que possam

    falar de suas necessidades, angstias, fantasias e expectativas quanto doena e seu

  • tratamento. Trabalhando as questes de ansiedade, auto-estima, expectativas e perdas

    sofridas pelos pacientes crnicos renais, h a possibilidade de melhoria da qualidade de

    vida deles no somente durante o tratamento, ou na estadia dentro do hospital, mas tambm

    na continuidade de suas vidas e no enfretamento das situaes durante todo esse processo.

    Material e Metodologia

    O referido projeto acontece no Hospital Universitrio de Santa Maria (HUSM), no

    Setor da Nefrologia. Conta, como recursos humanos, com a acadmica de Psicologia da

    UFSM e bolsista FIEX, Bruna M. C. Martins; a co-orientadora e mestranda em Psicologia

    da Sade da UFSM, Taiane K. S. Weissheimer; e o orientador e professor adjunto, chefe

    do departamento de Psicologia da UFSM, Dr. Alberto M. Quintana.

    As atividades desempenhadas pela bolsista so: acompanhamento dos pacientes

    internados na unidade, atendimento psicolgico dos pacientes encaminhados pela equipe,

    apoio psicolgico aos familiares dos pacientes, integrao multidisciplinar com a equipe de

    enfermagem, etc. O setting teraputico do psiclogo hospitalar, como bem fala Angerami-

    Camon (2010), diferente do conhecido na clnica analtico-tradicional. Os atendimentos,

    na maioria das vezes, se adequam a condio de sade do paciente, ocorrendo na beira dos

    leitos, ou na prpria enfermaria. So individuais e s acontecem, na medida em que os

    pacientes o desejam, bem como nos momentos propcios, em que eles no esto recebendo

    cuidados mdicos, ou passando por determinados procedimentos.

    Resultados e Discusses

    Acredita-se que, atravs da correlao entre teoria e prtica, torna-se possvel

    avaliar, de forma parcial, o trabalho proposto e executado. Percebe-se atravs das falas, as

    quais foram retiradas de um dirio de campo da extensionista variados sentimentos e

    diferentes percepes a cerca da doena. Os nomes dos pacientes foram trocados por

    cdigos assim descritos: letra alfabtica e sexo. Exemplo: (X., feminino).

    O espao possibilitado escuta visto pelos pacientes como algo significativo,

    como um momento de ateno exclusiva a eles. A necessidade de apoio, de olhar e de

    escuta fica evidente, pensando-se na situao difcil de doena que eles enfrentam:

    Ai, muito bom ter algum com quem conversar, pra desabafar. Eu falo bastante. muito importante tu ter vindo aqui. Eu fico muito sozinha. bom poder falar (A., feminino).Eu sei que a fora t dentro de mim, mas tu pode me ajudar, pode ser uma muleta, um ombro pra me dar fora (B. masculino, referindo-se extensionista).

  • Nesse sentido, a realizao da hemodilise e as implicaes que tal tratamento gera

    na vida dos pacientes so exaltadas. Como em Quintana e Muller (2006), o sentimento de

    estar ligado mquina para poder sobreviver vivenciado de forma penosa, difcil e, por

    vezes, percebido como ausncia de vida:

    s vezes muito difcil seguir a hemodilise, parece que mais fcil morrer, desistir. Porque muito difcil, uma luta sempre. uma luta, sempre (C., masculino).Fazer hemodilise como estar numa priso. No vida, tu s se mantm, no tem vida (D.,masculino).Antes eu nem podia visita o meu irmo. Tinha que fazer a hemodilise 3x por semana.No dava pra viaja, tudo que ia faze tinha que pensa na hemodilise.(E.,feminino).

    Os pacientes em tratamento trazem os aspectos negativos da doena, as limitaes

    dirias de sua rotina, as mudanas no trabalho, as dificuldades nos relacionamentos. Em

    contrapartida, os pacientes transplantados que chegam aos leitos, exaltam sentimentos

    totalmente diferentes. Em suas falas, assim como nas observadas por Lima e Gualda

    (2001), se percebe a esperana para conseguir o transplante, a f em Deus, e o

    agradecimento a ele pela ddiva de ter lhes possibilitado viver de novo:

    Eu agradeo todos os dias, porque como nasce de novo, n? Agradeo pela vida maravilhosa que eu tenho, por todas as conquistas, por tudo. Porque eu s peo sade, tendo sade a gente vive bem. (E.,feminino, recm transplantada)Mas a gente fica muito feliz com o transplante. A gente sempre espera, acredita, at que o patro velho (referindo-se a Deus) nos d essa chance. Tem que acreditar. (F.,masculino, recm transplantado).

    Os aspectos importantes advindos da doena vm sendo levantados durante os

    atendimentos, e se percebe a diminuio da ansiedade nos pacientes, a melhor

    compreenso dos procedimentos, a adeso ao tratamento, a exaltao dos aspectos

    positivos frente doena, o que nos leva a crer que o espao de escuta est sendo

    consolidado e vem possibilitando benefcios aos pacientes.

    Concluso

    O projeto est em andamento, nesse sentido, os resultados apresentados e discutidos

    so parciais, baseados na experincia vivenciada pela extensionista at o momento. O

    ganho acadmico evidente, na medida em que se percebe quo importante o

    acompanhamento psicolgico aos pacientes portadores de doenas crnicas. Nesse sentido,

    mais pesquisas e mais intervenes podem ser pensadas, visando maior compreenso dos

  • sentimentos e das percepes dos pacientes sob a doena renal, bem como dos prprios

    profissionais quanto ao entendimento e manejo dos doentes crnicos.

    A partir da interao e da relao estabelecida com os pacientes, percebe-se que o

    sofrimento psquico trazido na literatura, de fato relatado nos atendimentos, por vezes,

    bastante emocionados dos pacientes. Ao falarem, nota-se que algum tipo de alvio lhes

    gerado, que se sentem menos sozinhos e podem contar com algum para dividir as

    dificuldades e as angstias que lhes acometem. Assim, sentindo-se mais seguros, podem

    lidar melhor as restries e perdas em funo da doena, com as intervenes mdicas

    necessrias durante o tratamento, bem como se angustiar menos frente realizao do

    tratamento e frente possibilidade de concretizao do transplante renal.

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    8.pdf2 Acadmica do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),Santa Maria, RS, Brasil.