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Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos – SBDG
em parceria com as Faculdades Monteiro Lobato – FATO
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O ESTILO DE LIDERANÇA E O AMBIENTE CORPORATIVO
Aurélio Campos Sobrinho Marcio Cassiano Orn
Tereza Cristina Zanella
RESUMO
O presente trabalho é uma pesquisa bibliográfica sobre como os estilos de
liderança desenvolveram ao longo do tempo e como foram influenciados pela
evolução dos estudos da dinâmica dos grupos. Adicionalmente combinamos os
conceitos de cooperação e competição às praticas de liderança, o que mais
recentemente gerou um novo conceito: A coopetição.
Conceituamos cooperação e competição e sua relação com a natureza
humana. Buscamos também na literatura os conceitos de liderança e as
diversas abordagens e teoria das diferentes escolas que influenciaram as
pratica da liderança até os dias de hoje.
Ao analisarmos as bibliografias que falam do tema concluímos que o elo entre
liderança e dinâmica dos grupos tem hoje uma correlação mais forte, que
fazem com que os conceitos se fundam em uma mesma direção.
ABSTRACT
The present article is a literature review on leadership styles developed over
time and how they were influenced by the evolution of group dynamics studies.
In addition we combine the concepts of cooperation and competition to the
practices of leadership, which recently produced a new concept: The
coopetition.
We conceptualize cooperation and competition and its relation to human nature.
We also looked at the literature the concepts of leadership and the various
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approaches and theories of different schools that influenced the practice of
leadership until the present day.
In reviewing the bibliographies that speak of the subject we conclude that the
link between leadership and group dynamics now has a stronger correlation,
which make the concepts are grounded in the same direction.
INTRODUÇÃO
A qualidade da entrega e o padrão ótimo de relacionamento entre as pessoas
dentro das organizações é consequência de vários fatores entre eles se
destaca o exercício da liderança.
A conduta da liderança é ainda mais importante nos dias de hoje quando os
profissionais não buscam apenas um emprego – eles procuram significado.
A diversidade de gerações, pressão do dia a dia e uma dinâmica de mercado
cada vez mais competitivo exige dos líderes uma capacidade crescente na
influencia do desempenho obtido por sua equipe.
REFERENCIAL TEÓRICO
1. COMPETIÇÃO E COOPERAÇÃO
Hoje em dia é muito comum falar sobre Cooperação em quase todos os
segmentos como por exemplo escolas, empresas e comunidades, enfim, entre
todo tipo de organização.
A palavra cooperação deriva da palavra latina “cooperari” que resulta da junção
de “cum” (com) e “operari” (trabalhar). Ou seja, significa simplesmente
“trabalhar com” ou “fazer juntos”. Buscaremos neste capítulo verificar qual a
verdadeira natureza humana, se cooperativa ou se competitiva.
Acredita-se que é possível alcançar melhores resultados atuando por meio de
parcerias, acordos e ações conjuntas, do que atuando isoladamente.
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Importante ressaltar que outro processo que acontece sempre é a competição.
Esses dois processos, não se opõe, mas sim se compõe. Pelo senso comum,
costuma associar a competição com o jogo e a cooperação como algo sem
graça e sem vantagens.
A Competição e a Cooperação são processos sociais e valores presentes em
diversas áreas, todavia, não representam, nem definem e menos ainda
substituem uma definição única. Elas se interagem e se complementam de
acordo com o contexto.
Quando os indivíduos trabalham juntos, tendo em vista um objetivo comum,
seu comportamento é chamado cooperação; quando disputam espaços e
recursos e se opõem uns em relação a outros, tem-se a competição; algumas
vezes essa disputa evolui para situações de conflito.
Segundo Fábio Brotto (2001, p.27), a cooperação é um processo onde os
objetivos são comuns, as ações são compartilhadas e os resultados são
benéficos para todos, enquanto competição: é um processo onde os objetivos
são mutuamente exclusivos, as ações individualistas e somente alguns se
beneficiam dos resultados.
Ainda conforme Fábio Brotto (2001, p. 105), ”Nesta pedagogia da cooperação,
apenas uma certeza é possível: a certeza de estarmos todos no mesmo jogo...
juntos!” O autor também destaca a importância de uma consciência ética da
cooperação para balizar e situar os propósitos dessa possível nova ciência,
que por sinal, traz “nobres” intenções no cerne do jogo da vida: “com-tato”;
respeito; confiança mútua; liberdade; “re-creação”; diálogo; paz-ciência;
entusiasmo e continuidade.
Fabio Brotto (2001, p.27) faz uma comparação entre cooperação e competição.
Situação Cooperativa Situação Competitiva
Percebem que o atingir de seus objetivos é, em partes, consequência da ação dos outros membros.
Percebem que o atingir de seus objetivos é incompativel com a obtenção dos objetivos dos demais.
São mais sensíveis às solicitações dos outros. São menos sensíveis às solicitações dos outros.
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Ajudam-se mutuamente com frequência. Ajudam-se mutuamente com menor frequência.
Há maior homogeniedade na quantidade de contribuições e participações.
Há menor homogeniedade na quantidade de contribuições e participações
A produtividade em termos qualitativos é maior.
A produtividade em termos qualitativos é menor.
A especialização de atividades é maior. A especialização de atividades é menor.
Quando se trata de uma instituição organizacional, parte de alguns gestores o
maior estímulo à competição do que a cooperação. Muitas vezes vem em
função da cobrança, estresse, metas, entre outras.
Há grande probabilidade de que seus efeitos repercutam em toda a
organização ocultando a existência de regras explícitas socialmente
construídas e, conseqüentemente a autonomia da equipe.
1.1 Natureza Humana é Cooperativa ou Competitiva
Nos dias de hoje, onde o trabalho tornou-se uma forma de ganhar dinheiro e
garantir a sobrevivência do indivíduo e de sua família, poucos são aqueles que
encontram maneiras de conciliar esta função do trabalho com a sua realização
pessoal. Esta característica leva as pessoas a cada vez mais buscarem seus
objetivos sozinhas, a serem mais individualistas do que seriam se não
houvesse a questão financeira envolvida.
Claude Lévi-Strauss em seu livro Estruturas Elementar do Parentesco (in
Luciano Lannes, 2012, p. 141) diz: “...o homem é um ser biológico ao mesmo
tempo em que é um ser social. Estamos ao mesmo tempo dentro e fora da
natureza e, portanto, como saber até que ponto respondemos a leis naturais e
a partir de quando construímos formas culturais de vida em sociedade? Até
onde somos determinados pelos nossos instintos e a partir de onde criamos
novos comportamentos?”. Sendo assim, deixa de ter sentido qualquer
discussão a respeito da natureza humana, não há um comportamento natural
do homem, um comportamento primitivo ao qual pudéssemos voltar se
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isolássemos as influências sociais e culturais que recebemos. O “natural” do
homem é fruto do meio em que vive. Vários antropólogos classificam a
natureza humana como sendo neutra, sob este aspecto.
Mas ainda assim, acreditamos ser válido apresentar algumas linhas de
pensamento diferentes que encontramos.
1.2 Será a natureza humana competitiva?
Entre a sociedade estar competitiva e o ser humano na sua essência ser
competitivo existe uma diferença muito grande. No entanto, chama a atenção
que normalmente ao se perguntar às pessoas sobre a natureza do ser humano
ser competitiva ou cooperativa, as respostas tendem a afirmar que nossa
natureza é competitiva, por causa principalmente das questões capitalistas,
bélicas e de individualismo que preponderam nos dias de hoje. É quase que
uma crença, crença esta que pode estar embasada na Teoria Evolucionista de
Darwin.
Se transpusermos isto para o campo das relações internacionais,
observaremos que toda a questão da segurança tem por base a necessidade
de defesa do território contra estados rivais e ameaças externas. O ser humano
é um predador nato e somente os mais fortes sobrevivem. Isto leva ao conceito
vigente de que indivíduos e culturas que sobrevivem são mais fortes e,
portanto, superiores a outras. Para E.H.Carr e Reinhold Niebuhr (in Luciano
Lannes, 2012, p. 146) a natureza dos estados reflete a natureza social dos
grupos. Niebuhr defende a posição de que a dinâmica intergrupal sempre
resultará em vencedores e perdedores e que conflitos entre nações tendem a
ser permanentes. Assim, em um mundo onde as relações entre povos estão
baseadas na desconfiança, pois se parte do principio de que o desejo de poder
e ganho pessoal é uma parte indissociável do homem, por permear sua
natureza e de tanto vermos ações que refletem esta crença, as pessoas
também passam a aceitar esta “verdade” e a se resguardar do outro que
representa uma ameaça permanente. Este outro, que é diferente, estranho e
não pertence à minha “tribo”, é considerado um oponente potencial. A rejeição
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dos diferentes e a formação de sociedades homogêneas é uma característica
dos povos que buscam reforçar a identidade nacional e estabelecer nítidas
fronteiras.
Por volta de 1970 a sóciobiologia aparece com uma tentativa de explicar o
comportamento humano em termos de predisposições genéticas. A
sóciobiologia associada a ciência evolucionária reforçam duas proposições à
cerca da natureza humana: egoísmo e dominação, confirmando a propensão
humana para a guerra. Argumentam que a seleção natural favorece os
egoístas aos altruístas e que a xenofobia e o etnocentrismo têm como base
uma antipatia natural do ser humano a todos que sejam diferente dele.
1.3 Será a natureza humana cooperativa?
Em contraponto à corrente que acredita ser nossa natureza competitiva,
existem alguns autores que tentam provar o contrário, que somos cooperativos
em nossa essência. Uma delas é Mary Clark (Luciano Lannes, 2012, p.147).
Ela acredita que “...a natureza humana não é definida por instintos
geneticamente programados, mas sim que buscamos atender a uma série de
necessidades universais”. Segundo ela, nossas necessidades básicas são três:
conexão, autonomia e significado. A necessidade de conexão surgiu quando o
homem percebeu que a vida em grupos sociais estáveis facilitava questões
como a segurança e a obtenção de alimentos. Desta necessidade de conexão
surgiram os comportamentos voltados tanto à cooperação quanto ao
entendimento. Já a necessidade de autonomia vem da necessidade de agirmos
livremente para estabelecermos nossa identidade e compreensão do mundo.
Na medida em que as necessidades de conexão e de autonomia foram
surgindo e consolidando-se, os arranjos sociais também foram tornando-se
cada vez mais complexos. E destes arranjos sociais mais complexos surge
então a terceira necessidade: o significado, a criação de sentido para as
coisas, para a vida, para tudo o que fazemos, para a natureza à nossa volta e
até mesmo para a morte. Esta necessidade de significado começa a construir
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um sistema de crenças e uma cultura. E tudo aquilo que contraria nossas
crenças e nossa cultura pode ser visto como ameaçador e levar a conflitos
entre grupos com sistemas de crenças distintos. Ainda assim, Mary Clark
defende que o ser humano busca atender necessidades legítimas e que
precisamos do outro para suprir estas necessidades.
Outros pesquisadores também construíram teorias quanto às necessidades
humanas, dentre eles Maslow com sua conhecida pirâmide de hierarquia de
necessidades e também o psicólogo americano Marshall Rosenberg, que
estudou o Processo de Comunicação Não-Violenta. Ele parte de três
premissas: a de que a natureza básica do ser humano é compassiva; a de que
toda a violência é uma expressão dramática de uma necessidade humana não
atendida e a de que existem necessidades humanas básicas que todos os
seres humanos compartilham. São elas a autonomia, a celebração, a
integridade, a interdependência, o lazer, a comunhão espiritual e as
necessidades físicas. Sob esta ótica, fazer outra pessoa sofrer ou obter prazer
frente ao sofrimento de outrem não compõem nenhuma necessidade legítima
do ser humano, sendo apenas estratégias que criamos para satisfazer outras
necessidades, estas sim reais e legítimas.
Existem vários estudos que demonstram haver uma forte relação entre a
cooperação e a capacidade de assumir a perspectiva emocional de outras
pessoas, isto é, exercitar a empatia. A biopsicologia e a neurociência também
fornecem evidências suficientes para sustentar que o estado compassivo, de
paz interna e externa é muito mais prazeroso para o ser humano que o de
agressão. A neurociência já verificou através do monitoramento da atividade
cerebral que a emoção associada a ajudar outras pessoas, independente de
benefícios pessoais produz no cérebro um dos mais fortes sinais de prazer que
uma pessoa pode sentir.
Por isto, quando satisfazemos nossas necessidades às custas da insatisfação
das necessidades de outras pessoas, provocamos em nós mesmos um
desequilíbrio interior, ligado principalmente à nossa necessidade básica de
interdependência. E isto explica o porquê em nossa sociedade o sentimento de
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incômodo toma conta de um número cada vez maior de pessoas quando
sentem que o que obtiveram é fruto da privação de outras pessoas, o que
confirma a premissa de Marshall acerca da natureza compassiva do ser
humano.
Outro dos grandes nomes da pesquisa sobre comportamento humano é
Margaret Mead (Luciano Lannes, 2012 pág. 157). Ela dedicou sua vida ao
estudo de cultura em diversos aspectos, dos relacionamentos às formas de
organização do trabalho. Fez estudos psicológicos e antropológicos com três
diferentes tribos da Nova Guiné em busca de, dentre outros objetivos,
compreender como as culturas lidavam com os atributos de competição e
cooperação, concluindo que o ser humano ao nascer tem tendência neutra
entre estes atributos. Ela defende que é a estrutura social que determinará se
os membros desta sociedade cooperarão ou competirão entre si. Também
Erich Fromm, analisando trinta culturas primitivas diferentes, concluiu que não
existe uma essência boa ou má, cooperativa ou competitiva no ser humano,
mas o ambiente e a cultura existente na sociedade é que influenciará estes
comportamentos.
Enfim, competição e cooperação constituem aspectos de um mesmo fenômeno
relacional, a depender do contexto e do valor adaptativo a cada tipo de ação.
Ambos comportamentos buscam a consecução de objetivos individuais que
vão sendo constituídos em contextos grupais.
1.4 COOPETIÇÃO
Coopetição é um termo relativamente novo, mas que vem sendo utilizado com
freqüência no mundo da administração. Seus autores entendem que podemos
utilizar a cooperação como uma estratégia para competir melhor. Defendem
que entre parceiros comerciais deveria haver uma relação muito estreita de
interdependência e comprometimento, deixando para trás as relações
exploratórias entre eles.
Desta forma, a coopetição é uma relação de cooperação pontual, limitada no
tempo e no espaço, entre concorrentes, para atingir um objetivo comum
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compartilhado por ambos. Ou seja, é preciso primeiro cooperar para criar valor
real que beneficie a ambos para somente depois competir na divisão do bolo
final. Nem cooperamos por sermos “bonzinhos” ou santos, tampouco devemos
competir com a intenção de “matar” o oponente.
Embora este conceito esteja associado ao campo das relações entre
organizações, cremos que de certa maneira podemos transportá-lo também
para o campo das relações pessoais dentro de grupos ou equipes. Buscamos a
cooperação entre todos a fim de obtermos sempre os melhores resultados que,
conseqüentemente, nos levarão a maior competitividade frente aos
concorrentes. E os indivíduos, ainda que essencialmente cooperativos, em
algum momento competirão pelo reconhecimento e pelo destaque frente aos
outros.
2 LIDERANÇA
A liderança pode ser definida como a capacidade de influenciar um grupo em
direção ao alcance de objetivos. A origem dessa influência pode ser formal,
como a conferida por um cargo em uma organização, entretanto, esta posição
hierárquica não assegura uma liderança eficaz. A liderança não sancionada,
aquela capacidade de influenciar os outros que emerge fora da estrutura formal
hierárquica da organização é igualmente importante. Líderes podem surgir
naturalmente dentro de um grupo. A liderança conquistada desta forma gera
um comprometimento natural, sem imposições.
Os enfoques na conceituação de Liderança:
A liderança tem sido estudada levando em consideração dois aspectos: a sua
dinâmica dentro do grupo e as características pessoais do líder.
Sob o aspecto do grupo, se analisam a sua relação com prestígio e
manutenção de uma determinada posição, de realização de atividades
importantes para o grupo, ou de uma relação emocional entre o líder e o grupo.
Quando o enfoque é o indivíduo o estudo da liderança se fixa em algumas
características pessoais, tais como domínio e agressividade, entre outras.
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Neste segundo caso o que se procura é uma diferenciação de atributos entre
“líderes” e “não líderes”, o foco principal de atenção é a figura do líder. Quando
se analisa as relações entre os membros do grupo, o objetivo do estudo passa
a ser a relação, o comportamento interpessoal entre líder e liderados. Esta
dualidade indica a característica dinâmica da liderança, pois, sem liderados não
há líderes; e enfatiza o cerne do problema como sendo a relação entre as
pessoas.
2.1 ORIGEM DO TERMO LIDERANÇA
A palavra liderar vem do verbo inglês “to lead”, significando conduzir, dirigir,
guiar, comandar, persuadir, encaminhar, encabeçar, capitanear, atravessar. Os
diversos conceitos a ela ligados relacionam-se com os do latim, ducere, que
significa conduzir (no português - duzir, precedido de prefixos), cujo conjunto
semântico influenciou as derivações de to lead. Em 1834, ela é descrita como
“dignidade, função ou posição de guia, de condutor, de chefe” (MIRADOR
INTERNACIONAL, 1987, p. 6790).
2.2 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE LIDERANÇA
Para melhor compreender os desafios do novo líder, é importante analisar a
evolução dos conceitos de liderança no decorrer da história da teoria das
organizações. Ao longo dos anos, os estudos sobre a evolução dos conceitos
de liderança destacam alguns enfoques e tipologias, das mais antigas as mais
recentes, tais como:
� Traços de personalidade.
� Estilos comportamentais.
� Aspectos situacionais ou contingenciais.
� Administração do sentido.
� Ênfase na arquitetura organizacional.
� Baseada na Inteligência Emocional
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2.2.1 Teoria dos traços de personalidade (anos 1920-1940)
As primeiras abordagens da liderança centraram-se na figura dos líderes e na
procura das qualidades comuns a todos eles.
Nessa linha, podem ser consideradas duas teorias: a dos grandes homens e a
dos traços.
2.2.1.1 Teoria dos grandes homens.
Aceitava a ideia de que a liderança era exercida por chefes natos — homens
geniais destinados a exercer profunda influência na sociedade. O poder
encarnava-se em uma reduzida quantidade de pessoas, cuja herança e o
destino as convertiam em líderes.
Ou se tinha ou não se tinha esse dom.
2.2.1.2 Teoria dos traços.
Basicamente semelhante à anterior, enfatizava as qualidades pessoais dos
líderes, que deveriam possuir certas características especiais que os faziam
diferentes das demais pessoas. Segundo Bryman (1992), os líderes já nascem
com alguns atributos físicos (peso e altura), de personalidade (moderação,
ajustamento pessoal, autoestima, autoconfiança, sensibilidade interpessoal e
controle emocional) e habilidades (inteligência, fluência verbal, escolaridade,
conhecimento).
2.2.2 Teorias dos estilos comportamentais (anos 1940-1960)
Dentre as teorias do estilo comportamental destacam-se dois tipos principais.
2.2.2.1 Tipologia de Likert.
Com base em conjuntos de comportamentos, Likert (1961), agrupou os líderes
em estilos de liderança e procurando estabelecer relações entre estes
comportamentos e sua eficácia, classificou a liderança em quatro estilos:
a) Autoritário coercitivo. Líder Autocrático, que organiza e controla tudo o que
ocorre. A comunicação é pequena e o trabalho de grupo é inexistente.
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b) Autoritário benevolente. Ainda autoritário e impositivo, mas menos rígido que
o coercitivo. Já existe alguma consulta e delegação e, também, recompensas.
c) Consultivo. Mais participativo, as tarefas e os objetivos são discutidos
previamente, existe alguma comunicação de baixo para cima e há o
encorajamento do trabalho de grupo.
d) Participativo. Líder Democrático; todos participam na tomada de decisões,
existe boa comunicação em todos os sentidos e atinge-se um bom nível de
motivação.
Os estudos realizados por Likert objetivavam definir os estilos de liderança
mais apropriados ao contexto organizacional, tendo por foco a comprovação de
como, pela inter-relação, orientações comportamentais diferentes afetam
situações de trabalho diversas.
2.2.2.2 Grid de gestão de Blake e Moutom.
Os autores procuraram representar os vários modos de usar a autoridade ao
exercer a liderança por meio do grid gerencial. Graficamente essa
representação possui duas dimensões: uma preocupação com a produção e
outra preocupação com as pessoas (Blake; Mouton, 1980).
A Figura 1 demonstra o grid gerencial com os cinco estilos de liderança
destacados pelos autores. Ao analisá-la, observa-se que o inter-relacionamento
entre as duas dimensões do grid gerencial expressa os estilos de liderança e o
uso de autoridade por um líder.
Alto 9
Orie
nta
ção
pa
ra
pe
ssoa
s
8
7
6
9.9
A Gerência de
Equipe
1.9
A Gerência do clube
Recreativo
5.5
A Gerência do
homem
Organizacional
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13
5
4
3
2
Baixo 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Baixo Orientação para a produção Alto
Figura 1. Grid gerencial
Os cinco estilos básicos de uso de autoridade, propostos por Blake e Mouton,
são definidos a seguir:
Estilo 9,1- Caracteriza o líder que se vale da autoridade para alcançar
resultados.
Estilo 1,9 - Caracteriza o líder que faz do ambiente de trabalho sua principal
preocupação.
Estilo 1,1 — Preocupação mínima com a produção e com as pessoas
caracteriza o líder que desempenha uma gerência empobrecida.
Estilo 5,5 — Preocupação com a produção e com as pessoas no trabalho
dentro do pressuposto do homem organizacional.
Estilo 9,9 A máxima preocupação com a produção e com as pessoas
caracteriza o líder que vê no trabalho em equipe a única forma de alcançar
resultados, estimulando assim a máxima participação e interação entre seus
subordinados na busca de objetivos comuns.
9.1
A autoridade
obediência
1.1
A Gerência
empobrecida
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Os estilos citados são considerados puros; contudo, outras combinações
podem ser exploradas ao longo da escala apresentada no gráfico.
Após o desenvolvimento das teorias comportamentais surgem as abordagens
relacionadas às teorias contingenciais.
2.2.3 Teorias dos aspectos situacionais ou contingenciais (1960-1980)
Segundo as teorias contingenciais, a liderança é um fenômeno que depende do
líder, dos liderados (do grupo) e da situação organizacional. Esse enfoque
busca determinar o comportamento que o líder deve assumir para atingir o
maior grau de eficácia em cada situação. Dois modelos se destacam.
2.2.3.1 Modelo contingencial ou do comportamento de Fielder.
Esse modelo foi elaborado a partir da identificação do modelo de liderança e da
personalidade do líder por meio do LPC (Least Prefered Coworker-
companheiro de trabalho menos preferido) e da definição da situação. Para
Fielder (1967), três fatores situacionais determinam a eficácia da liderança.
■ Relações líder-membro, ou seja, o grau de segurança, confiança e
respeito que os subordinados têm por seu líder.
■ Situação da tarefa, que pode ser estruturada ou desestruturada.
■ Poder da posição, isto é, o grau de influência que o líder tem sobre as
variáveis de poder.
Cada uma dessas variáveis recebe uma avaliação (boa/má, alta/baixa e
forte/fraca, respectivamente). São então geradas oito combinações com as
diferentes variáveis e avaliações e, finalmente, combinam-se os estilos de
liderança com a situação em que o líder se encontra.
Como conclusão da pesquisa, identifica-se que os líderes orientados para a
tarefa costumam ter melhor desempenho em situações muito favoráveis ou
muito desfavoráveis e que líderes orientados para relacionamentos costumam
se sair melhor em situações moderadamente favoráveis. Segundo Fielder, o
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aspecto mais relevante dessa teoria é que a eficácia da liderança depende
tanto da situação em que o grupo se encontra quanto do líder.
2.2.3.2 Um Modelo Normativo de Liderança
Numa tentativa de compatibilizar teoria e prática, Vroom e Yetton (1973)
elaboraram um “modelo normativo de liderança” para utilização prática na
tomada de decisões mais efetivas. Os autores usam uma “árvore de decisão”
para relacionar a situação ao estilo de liderança adequado. O líder responde a
cada pergunta na árvore de decisão até que encontre o estilo apropriado que
deve ser usado naquela situação, desde que atenda aos critérios de qualidade,
aceitação e tempo disponível.
O modelo revisto atual de Vroom e Yetton apresenta cinco estilos de liderança,
sete dimensões de situações, quatorze tipos de problemas e sete regras de
decisão. As situações são diagnosticadas através de respostas sim-não a sete
perguntas. Os problemas são identificados pelas respostas não. As situações
referem-se a dois aspectos de conseqüências dos problemas: como afetam a
qualidade e aceitação de uma decisão e como afetam o grau de participação
do grupo.
Nessa abordagem de processo decisório, os estilos adequados de liderança
em confronto com o tipo de problema e situação, indicados na Figura 2, são
descritos pelos autores como segue.
Estilo I
Você resolve o problema ou toma a decisão sozinho, usando as informações
disponíveis na ocasião.
Estilo II
Você obtém as informações de seu(s) subordinado(s) e decide sozinho a
solução do problema. Você pode contar ou não a seus subordinados qual o
problema ao pedir-lhes as informações. O papel dos subordinados é o de
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apenas prover as informações necessárias, e não de elaborar ou avaliar
soluções alternativas.
Figura 2. Estilos de Liderança e o Tipo de Problema/Situação
Estilo III
Você compartilha o problema com subordinados relevantes individualmente,
solicitando suas idéias e sugestões, sem reuni-los como um grupo. Então, você
toma a decisão que pode ou não refletir a influência de seus subordinados.
Estilo IV
Você compartilha o problema com seus subordinados como grupo, obtendo
suas idéias e sugestões coletivamente. Então, você toma a decisão que pode
ou não refletir a influência de seus subordinados.
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Estilo V
Você compartilha o problema com seus subordinados como grupo. Juntos
vocês elaboram e avaliam alternativas e procuram atingir consenso quanto à
solução. Seu papel é praticamente o de “presidente da mesa”. Você não tenta
influenciar o grupo para adotar a “sua” solução e dispõe-se a aceitar e
implementar qualquer solução decidida por consenso do grupo todo.2.2.3.3
Modelo Situacional de Hersey e Blanchard
(quatro estilos de liderança). Hersey e Blanchard definem liderança como o
processo de influenciar as atividades de um indivíduo ou de um grupo. O
modelo elaborado por eles mostra a necessidade de resiliência do líder,
considerando esta como a qualidade que permite a um líder confrontar seu
comportamento a uma situação enfrentada, ou seja, modificar seu estilo e
forma de atuarão a cada situação para conseguir a melhor produtividade e a
mais rápida evolução dos subordinados (Hersey; Blanchard, 1986). A escolha
da forma de atuação e do estilo comportamental mais adequado depende da
avaliação da maturidade profissional e psicológica do líder e dos liderados.
a) Maturidade profissional: corresponde à existência de competência técnica e
de experiência adquiridas e aplicadas na realização de um trabalho.
Compreende experiência em trabalhos anteriores idênticos, conhecimentos
profissionais, qualidades e habilidades necessárias para a execução de
determinada tarefa - simplificando, é o saber fazer.
b) Maturidade psicológica: pressupõe disponibilidade e vontade de assumir
responsabilidades inerentes à execução de tarefas na busca de alcançar
objetivos definidos - simplificando, é o querer assumir e fazer.
Considerando-se as definições de maturidade profissional e psicológica,
podemos distinguir quatro níveis de maturidade geral do liderado, quer se trate
de um indivíduo ou de um grupo.
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M 1— Maturidade baixa.
A pessoa ou o grupo apresenta baixa competência técnica e experiência
profissional, assim como pouca disponibilidade e vontade de assumir
responsabilidades. Os colaboradores terão necessidade de receber indicações
precisas sobre o trabalho a ser executado e também sobre métodos, normas e
procedimentos mais adequados.
M 2 — Maturidade média/baixa.
A pessoa ou o grupo apresenta baixa competência técnica e experiência
profissional, mas mostra disponibilidade e vontade de assumir
responsabilidades. Os colaboradores, por não terem a competência e a
experiência, têm necessidade de desenvolvimento, treinamento e supervisão
próxima do líder.
M 3 — Maturidade média/alta.
A pessoa ou o grupo apresenta boa competência técnica e experiência
profissional, mas com baixa autoconfiança; não mostra vontade de assumir
responsabilidades. Os colaboradores são muito capazes para executar, mas
não demonstram determinação para fazê-lo por falta de motivação e/ou
segurança e de encorajamento. O líder deve estar junto.
M 4 - Maturidade alta.
A pessoa ou o grupo apresenta boa competência técnica e experiência
profissional, além de muita disponibilidade e vontade de assumir
responsabilidades. Os colaboradores são autônomos e estão aptos a
estabelecer objetivos e definir métodos. Têm necessidade apenas de que as
linhas gerais de referência sejam estabelecidas e que os limites sejam
claramente determinados. O líder não precisa, nem deve estar próximo e
presente.
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Ao considerar a forma de atuação e as necessidades, os estilos
comportamentais e de liderança, segundo Hersey e Blanchard, podem ser
classificados em quatro categorias (ver Figura 2).
Fig. 2, estilos do líder (Hersey, Blanchard)
Estilo diretivo.
O líder planifica a maior parte dos trabalhos e toma a maioria das decisões. Ele
espera que os colaboradores façam o que lhes foi determinado. A comunicação
flui numa só direção: do líder para colaboradores. O líder supervisiona e
controla o progresso.
Estilo Persuasivo.
É o líder quem toma as decisões e estabelece o plano, mas o faz após
conversar com os colaboradores e levar em consideração as sugestões dadas.
A comunicação é em dois sentidos: o líder informa e escuta. Existe uma
interação social e o líder reserva um tempo para escutar e compreender os
problemas dos colaboradores e tentar ajudar a resolver. Ele dá suporte e
encoraja com feedbacks positivos e trata as pessoas com respeito e igualdade.
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Estilo participativo.
O líder comunica o que espera, tanto em relação ao resultado como aos
métodos. Ele encoraja os colaboradores a planificar e estruturar o trabalho em
função do direcionamento geral estabelecido bem como os apoia e incentiva na
resolução de problemas e interage com muita frequência, seja para assuntos
profissionais ou pessoais.
Estilo delegador.
O líder fornece apenas definições gerais sobre o trabalho a ser feito, permitindo
que os colaboradores montem a estrutura e definam a forma de trabalho. O
líderiInterage raramente e só o faz para comunicar objetivos e metas, para
fazer controles informais ou quando é solicitado pelos colaboradores. Deixa
que eles tomem a maior parte das decisões e façam a escolha das melhores
alternativas para atingir os objetivos. Dá o mínimo de feedback, encorajamento
e apoio, a não ser que haja solicitação dos colaboradores.
Com base no nível de maturidade de cada indivíduo ou do grupo e nos estilos
de liderança, o líder deve conformar sua atuação ao modelo mais adequado
para cada caso e situação, como, por exemplo:
■ Para o nível de maturidade M 1, baixa, o estilo mais adequado a ser adotado
é o diretivo.
■ Para o nível de maturidade M 2, média/baixa, o estilo mais adequado é o
persuasivo.
■ Para o nível de maturidade M 3, média/alta o estilo mais indicado é o
participativo.
■ Para o nível de maturidade M 4, alta, o estilo mais adequado a ser adotado é
o delegador.
Os excessos conduzem a desvios. Por exemplo, um estilo diretivo pode se
tornar um autoritário, um persuasivo evoluir para um manipulador, um
participativo se tornar “louco por reuniões” e um delegador pode se transformar
em um “passador de problemas”.
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Outro ponto importante a ser observado é que a maturidade geral de um
indivíduo ou de um grupo pode mudar em projetos ou tarefas diferentes.
Pessoas podem ser competentes e disponíveis em uma situação, mas
incompetentes e não disponíveis em outras, porque não conhecem a tarefa ou
não se sentem seguras.
A única forma para evitar os erros e excessos é estar atento e aberto à opinião
de terceiros que tenham liberdade de avaliar uma atuação. O mesmo líder, com
o mesmo grupo, terá, portanto, de se adaptar e utilizar modelos e estilos
diferentes de acordo com cada situação, cada tarefa, cada momento e assim
por diante.
2.2.3.4 Teoria do caminho-objetivo {path-goal) de House e Hollander.
No enfoque contingencial surge mais uma teoria que ressalta a importância do
liderado como um reduto motivacional no processo da liderança. House (1971)
e Hollander (1979) consideram a importância da variável motivação nos
estudos situacionais. A teoria do caminho-objetivo propõe que os subordinados
farão aquilo que os líderes desejarem, caso duas condições sejam cumpridas:
primeiro, os líderes devem assegurar que os subordinados compreendam
como atingir os objetivos do líder; segundo, devem prever que, nesse
processo, os subordinados consigam atingir os seus próprios objetivos
pessoais. A tarefa do líder é, então, diagnosticar a função do ambiente e
selecionar aqueles comportamentos que assegurem motivação máxima para
que os subordinados atinjam os objetivos organizacionais, Os subordinados se
sentirão cada vez mais motivados com o comportamento do líder à medida que
esse mesmo comportamento, de forma objetiva, comprovar ser uma
contribuição decisiva em favor do atendimento das expectativas desses
liderados.
2.2.4 Teoria da gestão do sentido (anos 1990)
A base é o conceito do “sentido da motivação”. As razões da motivação são
características intrínsecas que dependem de valores e de desejos egoístas e
pessoais. O líder deve mobilizar as pessoas a usarem suas motivações
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intrínsecas para fazer aquilo em que acreditam ou o que precisa ser feito. Ele
deve buscar atender às necessidades e ao significado do trabalho, tais como
aprendizado, autor realização, orgulho, competência e sentir-se útil às pessoas
e à comunidade. O trabalho significa muito mais que uma troca econômica. O
líder eficaz é aquele capaz de ajudar os liderados a identificarem suas próprias
necessidades e de conduzi-los à satisfação. A principal função do líder é levar
os outros a liderarem a si mesmos, ou seja, desenvolver auto liderança.
2.2.5 Teorias com ênfase na arquitetura organizacional (anos 1990)
Essas abordagens, como a de Nadler e Tushman (1994), trazem de novo o
papel que as organizações têm no processo de liderança. O papel do líder
contemporâneo parece relativizado em prol de novas estruturas
organizacionais. A liderança está muito mais relacionada a características
particulares da organização, à sua arquitetura, à estrutura formal, ao projeto de
práticas de trabalho, à natureza da organização informal, ao estilo de operação,
aos processos de seleção e desenvolvimento de pessoal. Normas e valores - e
não regras e supervisão direta - proporcionarão a coesão necessária ao
estabelecimento de uma direção e coordenação ativas. A liderança deverá ser
mais e mais compartilhada, os líderes do futuro terão de conhecer
profundamente a arte de formação de equipes e de trabalhar com grupos
abertos. No futuro, as vitórias, em vez de partirem de heróis individuais, virão
de equipes que compartilham recursos e aprendem a deixar de lado a ambição
pessoal em prol do grupo (Reinach 2009), que só acontecem quando o espírito
de cooperação prevalece
Enfim, para se definir as características e competências da liderança não é
suficiente apenas detectar a existência de dom, talento, habilidades, know how
e conhecimentos. O ato de liderar no trabalho implica interações sociais em
que cada elemento faz parte das características e competências. Preferências
por estilos comportamentais também precisam ser considerados. Liderar é um
processo social e dinâmico. O grupo, o mercado, os investidores, o momento
econômico, a situação, tudo precisa ser incluído e considerado.
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2.2.6 A LIDERANÇA BASEADA NA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
O psicólogo norte-americano, Daniel Goleman, desenvolveu uma pesquisa em
conjunto com a empresa de consultoria Hay/McBer para estabelecer uma
relação da liderança com o uso da inteligência emocional. Foram entrevistados
3.871 executivos de uma amostra com 20.000 executivos de todo o mundo
durante três anos, com o objetivo de identificar quais os comportamentos e
seus efeitos no clima corporativo, entendendo que esse conjunto de
características levavam a resultados positivos.
A pesquisa apontou seis estilos de liderança diferentes. Cada um possui
componentes distintos da inteligência emocional e, consequentemente, afetam
de forma muito específica a atmosfera de trabalho e a performance financeira
do grupo:
O Líder que Determina o Ritmo
Estabelece modelos de excelência e se aplicam a profissionais e equipes auto
dirigidas.
Frase característica: “Faça como eu faço, agora”.
É recomendado para: Grupos qualificados, motivado e se quer resultados
rápidos.
Não é recomendado para: Uso generalizado por sobrecarregar os membros da
equipe e limitar o surgimento da inovação.
O Líder Autoritário
Direciona o grupo para uma visão comum e objetivos finais. Deixando o como
fazer a cargo de cada indivíduo.
Frase característica: “Venha comigo”.
É recomendado para: Grupo que necessitam de uma nova visão decorrente de
mudanças no ambiente. Ela inspira um espírito empreendedor e entusiasmo
pela missão.
Não é recomendado para: Grupo de experts que sabe mais do que o líder.
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O Líder que Agrega
Ideal para criar vínculos emocionais gerando um ambiente de união e
pertencimento à empresa.
Frase característica: “As pessoas vêm em primeiro lugar”.
É recomendado para: Momentos de stress, ou quando houver um trauma ou o
grupo precisar recuperar a confiança.
Não é recomendado para: Ser usado exclusivamente, pois leva à falta de
direção e diminui o desempenho.
O Líder que Treina
Prepara as pessoas para novos desafios.
Frase característica: ”Tente fazer isso”.
É recomendado para: O líder auxiliar as pessoas da equipe a se desenvolver
em qualidades que as ajudarão.
Não é recomendado para: Grupo rebeldes, que não mostram disposição para
a mudaça ou aprendizado.
O Líder Coercitivo
Se necessita de ação rápida e imediata.
Frase característica: “Faça o que eu digo”.
É recomendado para: Situações de crise, emergências e para controlar um
problema em que todas as opções falharam.
Não é recomendado para: A maioria das situações, pois afastam as pessoas
restringe a flexibilidade e inovação.
O Líder Democrático
Desenvolve soluções de forma participativa.
Frase característica: “O que você acha?”.
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É recomendado para: Situações que o líder precisa que a equipe aceite sua
decisão, plano ou objetivo ou precisa de novas ideias.
Não é recomendado para: Situações de emergência ou quando não há
informação suficiente.
A pesquisa concluiu que os líderes com os melhores resultados fazem uso de
vários estilos dependendo da situação e necessidades especificas de cada
uma delas. Segundo Goleman, com a prática, gestores podem, ainda, adaptar
esses comportamentos para produzir resultados mais efetivos, transformando a
arte da liderança em ciência.
2.3 CONTEXTUALIZANDO AS ESCOLAS DE LIDERANÇA.
As primeiras escolas de liderança tratavam os conceitos de cooperação e
competição de forma claramente distintas e em lados opostos, ou seja, o bom
líder é autoritário define e manda realizar, assim por muitos séculos o conceito
de líder estava relacionado a fatores genéticos que não eram replicáveis.
A primeira visualização de que a liderança podia ser flexibilizada surge no
século XVIII com os déspotas esclarecidos que procuraram dar um caráter
mais científica à forma de exercer a liderança, mas mantendo sua
característica autoritária e de baixo para cima. Gradativamente a necessidade
de mais lideranças, principalmente após a revolução industrial é que começa
um desprendimento da liderança nata, mas ainda com fortes traços de
autoritarismo o conceito de feitor é levado para dentro das fabricas.
A partir do século XIX é que o processo começa a considerar as pessoas e sua
capacidade de realizar quando se percebem mais motivadas.
Mas somente nos meados do século 20 é que as novas escolas de liderança
estabelecem um paralelo definitivo entre liderança e os conceitos de dinâmica
de grupos e com os de competição e cooperação.
Nos anos 60 surgem as primeiras teorias sobre a necessidade de vários estilos
de liderança para garantir a eficácia dos resultados e esses estilos se
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vinculariam a partir dai fortemente com os conceitos de cooperação e
competição.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sem dúvida o amadurecimento dos conceitos de grupos e o entendimento de
sua dinâmica trazem mais informação sobre sua importância e facilitam seu
manejo em especial para os grupos de trabalho dentro das organizações.
As estruturas se tornam mais enxutas e com isso surge a necessidade de
equipes mais unidas e polivalentes, e portanto mais cooperativas, trabalhando
com maior pressão tanto pelo numero reduzido de pessoas como pela
exigência de resultados cada vez maiores. Essa forma de organizar as áreas
representa um passo decisivo para a valorização mais plena das competências
de cada indivíduo, pois se antes podíamos contar com um funcionário para
cada grupo de tarefa hoje temos que contar com colaboradores com múltiplas
aptidões e sem dúvida equipes mais unidas e coesas para de forma sinérgica
realizarem o volume de trabalho necessário para atender as expectativas de
suas organizações.
Se no passado o líder era aquele que conduzia o grupo, sabia o que era
necessário fazer e como fazer, atualmente o bom líder é o que sabe explorar
as potencialidades do grupo e de seus membros tornando-os mais eficazes no
enfrentamento das situações que se apresentam.
Constatamos que à medida que a liderança evolui em sua pratica, aumenta a
sua aderência aos conceitos de dinâmica dos grupos, tirando o peso que a
influencia de sua autoridade tem sobre os resultados.
Desta forma a conclusão que chegamos mostra que o exercício da liderança
está interligado com o desenvolvimento da ciência da dinâmica dos grupos.
Fica hoje mais importante desenvolver a maturidade de uma equipe do que
entender as características de um líder.
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A evolução das escolas de liderança vem provocando uma quebra de
paradigma quanto aos conceitos de cooperação e competição. Até
recentemente eram antagônicos e identificados como os extremos de um range
que media a forma de exercer a liderança. Hoje e cada dia mais se fundem,
gerando uma nova maneira dos indivíduos se relacionarem em grupos.
Começa-se a estudar o conceito de coopetição, que mostra uma nova forma de
utilizá-los e que quebra a dicotomia entre eles.
Embora cooperação e competição continuem presentes como fatores
motivacionais, cederam espaço para um ambiente de coopetição, que pede
grupo com alto grau de maturidade e tendem a efetivar equipes mais
autogeridas, autossustentáveis e que alcancem melhores níveis de resultados.
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NADLER E TUSHMAN, Arquitetura Organizacional. Rio de Janeiro Campus 1994
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