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Seediscussions,stats,andauthorprofilesforthispublicationat:http://www.researchgate.net/publication/261287284
InformaçõesdeReferência:LevantamentoeavaliaçãodeinformaçõesdereferênciaparaoProjeto'Restauraçãode350hadoentornodoreservatóriodoRioCachoeira-Piracaia-SP'
BOOK·JANUARY2011
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40
3AUTHORS,INCLUDING:
AurelioPadovezi
WorldResourcesInstitute
9PUBLICATIONS11CITATIONS
SEEPROFILE
RenatoLima
UniversityofSãoPaulo
25PUBLICATIONS238CITATIONS
SEEPROFILE
Availablefrom:RenatoLima
Retrievedon:13November2015
série água, clima e fl
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VOLUME II
PROJETO CACHOEIRA
INFORMAÇÕES DE REFERÊNCIA
SÉRIE ÁGUA, CLIMA E FLORESTA
expediente
The Nature Conservancy (TNC)SRTVS, Qd.701, Conj.D, Bl.B, Sala 246, Edifício Brasília Design CenterBrasília DF – CEP: 70340-907nature.org/brasil
Diretor regional da TNC para a América LatinaJoe Keenan
Diretor da TNC para o Programa de Conservação da Mata Atlântica e das Savanas Centrais (AFCS) João Campari
Gerente de Agricultura e Áreas Protegidas do AFCSHenrique Garcia dos Santos
Gerente de Serviços Ambientais do AFCSFernando Veiga
Gerente de Marketing do BrasilAlexander Rose
Especialista de Marketing do AFCSMarli Santos
Assistente de Marketing do AFCSGrazielle Dib
Equipe técnica da TNCAnita Diederichsen (Cientista Sênior)Aurélio Padovezi (Coordenador de Restauração Ecológica)Ricardo Viani (Especialista em Restauração Ecológica)
RevisãoAlessandro Mendes (Azimute Comunicação)
Foto da capaRicardo Viani/TNC
Edição de imagensAna Flávia Andrade (Estagiária de Marketing TNC)Ribamar Fonseca (Supernova Design)
Projeto gráfico e editoração eletrônicaMayra Fernandes (Supernova Design)
ExecuçãoTNCCompanhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)
Parceria institucionalPrefeitura de PiracaiaSecretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
Apoio e patrocínioFundação Dow
I43 Informações de Referência: Levantamento e avaliação de informações de referência para o Projeto ‘Restauração de 350 ha do entorno do reservatório do Rio Cachoeira’- Piracicaba- SP/ Alexandre de Almeida, Aurélio Padovezi e Renato A. Ferreira de Lima.- Brasília, DF: The Nature Conservancy do Brasil, 2011.
108 p.-(Série Água, Clima e Floresta, Projeto Cachoeira- v. II-1a edição)
1. Mata Atlântica 2. Levamento de informações de referência 3. Restauração Ecológica
CDD –
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
INFORMAÇÕES DE REFERÊNCIA
SéRIE águA, ClIMA E FlOREStA VOluME II – 1ª EDIÇãO
pROjEtO CAChOEIRA
Levantamento e avaliação de informações de referência para o projeto ‘Restauração de 350 ha do entorno do Reservatório do
Rio Cachoeira – Piracaia (SP)’
AUtOReSAlexandre de Almeida
Aurélio Padovezi Renato A. Ferreira de Lima
ReSpOnSÁVeL tÉCniCOFernando Veiga
COLAbORAdOReSAndrea Garafulic Aguirre
Ariane BortolotteAntonio Marcos Machado de Paula
editORThe Nature Conservancy do Brasil
BRASíLIA – DF
2011
apresentação
Prezados leitores,
A série Água, Clima e Floresta foi elaborada com muita dedicação da equipe técnica da The Nature Conservancy (TNC), parceiros e consultores, unidos em prol de um objetivo em comum: contribuir para a conservação do meio ambiente e o sucesso na execução de
projetos ambientais. Suas publicações visam expor, de forma didática, técnicas, métodos, proce-dimentos e ideias acumulados pela vasta experiência da TNC em projetos de campo, para que a conservação se torne um tema cada vez mais importante no Brasil e no mundo.
Esse segundo volume tem por objetivo apresentar informações de referência de fragmentos florestais do entorno do projeto antes do início dos trabalhos de restauração. Essas informações de referência servem de parâmetro para avaliar se estamos conseguindo recuperar a biodiversidade local pelas atividades de restauração implantadas na área. Esperamos que este estudo repasse o conhecimento adquirido para outras iniciativas do gênero.
O Programa de Conservação da Mata Atlântica e Savanas Centrais agradece a todos que colabora-ram com a elaboração deste valioso registro.
Boa leitura!
joão CampariDiretor do Programa de Conservação da Mata Atlântica e Savanas Centrais
informações de referência . série água, clima e floresta . v. II
18metodologia
14introdução
32resultados
10prefácio
76considerações finais
86anexos
64recomendações para a restauração
82referênciasbibliográficas
O objetivo deste estudo foi levantar informações de referência sobre vegetação, flora, avifauna e hábitats para subsidiar o planejamento e o monitoramento da restauração florestal de
uma área de 350 ha nas margens da represa do rio Cachoeira, Pira-caia (SP). Sugere-se que essas informações sejam utilizadas como base comparativa ao longo do monitoramento das áreas restaura-das, visando avaliar a efetividade da restauração.
Foram selecionados fragmentos florestais com diferentes tamanhos e estados de conservação (fragmentos pouco e muito degradados), nos quais foram levantadas a composição florística e a fitossociolo-gia de espécies arbustivo-arbóreas em duas fases de vida: plântulas (altura até 1m) e adultos (PAP > 15 cm). As plântulas foram ava-liadas em parcelas de 1×1 m, enquanto os adultos foram avaliados em parcelas de 10×20 m. Foram avaliadas também a cobertura do solo por gramíneas exóticas e a presença de espécies exóticas, endêmicas e ameaçadas de extinção.
Nos fragmentos, foram estabelecidos pontos fixos para o inventário das aves, localizados no interior e nas bordas florestais. Também foram obti-das amostras da estrutura do habitat, como densidade do sub-bosque, complexidade vertical da floresta e intensidade luminosa.
Foram levantadas 256 espécies vegetais, das quais oito apresentam algum grau de ameaça de extinção e seis são endêmicas. O uso dessas espécies ameaçadas e endêmicas nas atividades de restau-ração deve ser estimulado, visando aumentar o valor de conserva-ção da área de estudo. Foram encontradas, ainda, nove espécies exóticas, das quais a Tecoma stans deve receber maior atenção devido ao alto potencial de invasão de áreas abertas.
O estudo fitossociológico da vegetação levantou 875 indivíduos adultos pertencentes a 111 espécies arbustivo-arbóreas e 1.466 plântulas de 83 espécies. Foram encontradas, respectivamente, nove e 14 espécies indicadoras entre os adultos e entre as plân-tulas. Essas espécies são características de um ou outro estado
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de conservação e, portanto, podem ter suas populações monitoradas para avaliar o sucesso da restauração. Os resultados de algumas variá-veis quantitativas foram diferentes entre os dois estados de conservação considerados.
A avifauna apresentou 129 espécies de 42 famílias. Nenhuma espécie se encontra em risco de extinção e foram encontradas apenas nove espécies endêmicas do bioma Mata Atlântica. Os resultados mostram que essa comunidade encontra-se empobrecida e descaracterizada, sendo subconjunto de outras comunidades melhor conservadas do estado de São Paulo.
O inventário de aves, realizado por meio de pontos, encontrou 597 indivíduos e 78 espé-cies de 32 famílias. Intervalos de confiança que foram obtidos para aspectos da diversidade de aves, como índice de Shannon-Wiener, uniformidade, riqueza e abundância, foram similares aos de outros trabalhos que utilizaram o mesmo método de amostragens em diversos fragmentos florestais no estado de São Paulo. Aves florestais apresentaram densidade popu-lacional de 6,3 indivíduos por ha.
Não houve diferenças significativas na diversida-de de aves encontradas no interior de fragmen-tos florestais em comparação com as localizadas em suas bordas.
A seleção de espécies de aves indicadoras para o futuro monitoramento foi feita ponderan-do exigências ecológicas e a necessidade de serem aves abundantes e frequentes, tais como,
dentre aves florestais, Basileuterus culicivorus, Basileuterus leucoblepharus, Thamnophilus caerulescens e Chiroxiphia caudata, e entre espécies de bordas e áreas abertas, Cychlarhis gujanensis, Vireo olivaceus, Colaptes campestris, Tolmomyias sulphurescens, Pitangus sulphuratus e Turdus rufiventris.
Em relação ao habitat, amostras de densidade do sub-bosque e de estrutura vertical da floresta foram adequadas e apresentaram correlações significativas com a diversidade de aves, revelan-do que tais características devem ser considera-das na restauração florestal.
A intensidade luminosa incidente no sub--bosque foi a variável menos adequada para caracterizar habitats, pois houve demasiada variação nos resultados obtidos e não houve correlação significativa entre diversidade de aves e intensidade luminosa.
As florestas estudadas apresentam, de forma geral, altura máxima em torno de 20 m, com de-créscimo vertiginoso da complexidade em torno de 10 e 15 m de altura. O sub-bosque foi sempre denso, apresentando, até os 5 m de altura, 80% ou mais de cobertura vegetal.
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Informações de referência são de grande impor-tância, pois auxiliam a definir objetivos plausíveis para a restauração florestal, bem como parâ-
metros para avaliar o sucesso do trabalho. Boas informações de referência são obtidas a partir de múltiplas fontes de informações, passadas e presentes, obtidas em diferentes locais e não somente da seleção de sítios de referência (i.e. fragmentos florestais).
Registros antigos de eventos climáticos, por exem-plo, são boas ferramentas para prever possíveis distúrbios, como geada e tempestades (WHITE; WALKER, 1997). De fato, todo tipo de informação sobre a área de abrangência do projeto é impor-tante para dar subsídios ao bom planejamento e execução das atividades de restauração florestal.
Dentre as mais importantes e comumente avaliadas, estão informações de referência sobre vegetação, flora e fauna. Geralmente, são avaliados parâmetros de estrutura da vegetação (densidade, área basal) e composição, riqueza e diversidade de espécies da flora e fauna. Para as espécies encontradas são le-vantadas informações como dispersão, germinação e/ou crescimento, hábito, guilda ecológica e habitat de ocorrência. Assim, além de listas de espécies, o levantamento de informações de referência fornece parâmetros qualitativos e quantitativos que podem auxiliar a restauração.
Nesse contexto, o presente projeto visa levantar informações de referência para o projeto Restau-ração de 350 ha do entorno do reservatório do rio
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Tabebuia ochracea
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Cachoeira – Piracaia (SP) ‘(o “projeto Cachoeira”)’. Para isso, foram selecionados diferentes fragmentos florestais próximos à área de abrangência do projeto, onde foram levantadas informações sobre vegetação, flora, aves e estrutura de habitats. Os objetivos principais foram: i) identificar parâmetros, indicadores e variáveis que sirvam como informações de referência da flora e da avifauna para carac-terização dos estágios de degradação/conservação identificados na área; e ii) caracterizar os diferentes estágios de conservação/degra-dação identificados na área do Projeto Cachoeira.
dentre as mais importantes e comumente avaliadas, estão informações de referência sobre vegetação, flora e fauna
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A metodologia proposta aqui visa integrar a coleta de informações de referência (vegetação e avi-fauna) e a metodologia do futuro monitoramento,
de modo que o levantamento dessas informações possa servir como uma referência comparável das condições pré-restauração. Dessa forma, a metodologia (e.g. variáveis avaliadas, tamanho e forma da parcela, esforço amostral e disposição das amostras) será basicamente a mesma durante o levantamento de informações de refe-rência nos fragmentos e o monitoramento das atividades de restauração.
2.1 Localização e caracterização geral da área de estudo
A área de estudo corresponde basicamente a um trecho de aproximadamente 350 ha que se estende ao longo da margem direita do rio Cachoeira, município de Piracaia (SP).
As áreas de estudo se restringiram aos fragmentos florestais localizados nas propriedades da Sabesp, sendo quatro dentro dos limites descritos acima e outros dois mais próximos à barragem do reservatório. O reservatório do Cachoeira faz parte do Sistema da Cantareira, que desagua na sub-bacia do rio Atibaia, fazendo parte da bacia do rio Piracicaba.
Quanto ao relevo, a área de Piracaia pertence à porção sul dos planaltos da Serra do Mar, região que serve como divisor d’águas entre as bacias dos rios Paraná e Paraíba, na qual desenvolve-se um relevo de Morros com Serras Restritas1 (CETEC, 2000) com altitudes variando entre
1 Topos arredondados com vertentes retilíneas, por vezes abrup-tas, e com serras e interflúvios restritos.
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800 e 950 m de altitude. Na área de estudo, predominam granitos2 (associa-dos às cristas dos morros) e os charnockitos3 (nas demais porções do terreno) (CETEC, 2000). Outras informações sobre a geologia da região podem ser obtidas em Janasi (1986).
Quanto aos solos, predominam os Podzólicos Vermelho-Amarelos4 Álicos (solos com relação alumínio/bases igual ou maior que 50%), com fertilidade natural baixa/média e geralmente profundos (CETEC, 2000). Os solos da re-gião possuem baixo potencial de utilização agrícola, principalmente devido às propriedades físicas dos solos, suas concentrações de alumínio e relevo montanhoso (IBGE, 1997). Assim, o atual uso do solo na região restringe-se a atividades pastoris (principalmente gado bovino) e silviculturais (eucalipto) para produção de lenha e carvão.
Dados pluviométricos do município de Piracaia indicam uma precipitação anual média de 1.440 mm, com estação seca entre junho e agosto (DAEE/SP, 2008). Contudo, a precipitação pode ser maior na região da represa (mais a leste da cidade), podendo ultrapassar 1.700 mm/ano (CETEC, 2000). A estação seca, mais ou menos definida entre abril e setembro, possui maior intensidade nos meses de julho e agosto (DAEE/SP, 2008).
Não foram encontradas informações sobre os dados de temperatura men-sal, mas a temperatura anual média em Piracaia é de 24ºC. O conjunto das informações indica que o clima da área de estudo é temperado úmido, com inverno seco e verão temperado (Cwb - segundo a classificação climática de Köppen-Geiger).
A vegetação original é Floresta Estacional Semidecidual Montana, considerada por Veloso (1992) como uma formação incomum no sudeste do Brasil, restrita
2 Rocha ígnea plutônica supersaturada composta essencialmente por quartzo e feldspatos.3 Rocha ígnea e/ou metamórfica de alto grau metamórfico, granítica ou granitoide, que se caracteriza por apresentar hiperstênio em sua composição. 4 Solos minerais com horizonte B textural não hidromórfico, bem desenvolvidos, bem drena-dos e ácidos.
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às encostas acima dos 500 m das serras dos Órgãos e da Mantiquei-ra, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Portanto, a área possui uma grande relevância em termos de conservação flo-restal no Brasil. Também se enquadra como uma Área de Tensão Eco-lógica (contato entre tipos de vegetação) devido ao encontro entre a Floresta Ombrófila Densa (FOD) e a Floresta Estacional Semidecidual (FES), havendo predomínio de componentes da FES.
A ocorrência comum de Anadenanthera colubrina na área de estudo é indicadora dessa formação (VELOSO, 1992). Outras espécies arbóreas típicas da formação e que ocorrem na área de estudo são Aspidosperma olivaceum, Cassia ferruginea, Clethra scabra, Connarus regnelii, Jacaranda macrantha, Leucochloron incuriale, Nectandra cf. lanceolata e Vernonia discolor (VELOSO, 1992; LORENZI, 1998, 2002). Alguns componentes da FOD que influenciam a flora local são Bathysa australis e Psychotria suterella. Adicionalmente, a área está próxima também de áreas da Floresta Ombrófila Mista da Serra da Mantiqueira, o que pode ser verifica-do pela presença espontânea de Araucaria angustifolia na área de estudo, além da ocorrência de indivíduos de Ilex paraguariensis e Ilex theezans. Outro aspecto interessante sobre a flora se refere à inserção de alguns componentes de formações savânicas, como Xylopia aromatica e Stryphnodendron adstringens, encontrados exclusivamente nas áreas de borda de estrada.
No que concerne à avifauna, a região encontra-se sobre influência do Centro de Endemismos da Serra do Mar (CRACRAFT, 1985). Sabe-se que o aumento da altitude contribui para maior importância relativa de espécies endêmicas, com o decréscimo na riqueza geral e o aparecimento de aves típicas de áreas elevadas (GOERCK, 1999).
Segundo Metzger et al. (2006), a região sul do Planalto Paulista é uma área de provável importância biológica, mas o conhecimento científico sobre ela foi insuficiente para a priorização em termos de conservação de biodiversidade (MMA, 2000). Admite-se que o estado de São Paulo abrigue aproximadamente 740 espécies de aves (SILVA, 1992), sendo que a riqueza de aves associadas a ambientes florestais no Planalto Paulista seria, antes da devastação florestal, da ordem de 230 espécies (WILLIS, 1979).
Um inventário de aves realizado na Serra da Paranapiacaba, no Parque Estadual Turístico Alto do Ribeira (Petar), mostrou a exis-tência de 217 espécies em quatro estágios de sucessão ecológica (ALLEGRINI, 1997).
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Outro inventário na região sul do Planalto Pau-lista revelou a existência de 198 espécies numa área de 10.870 ha localizada no município de Cotia (SP) (DEVELAY; MARTENSEN, 2006). Contudo, a composição foi mais similar àquelas das áreas de florestas úmidas da Serra do Mar, refletindo menor influência das florestas mais secas (semidecíduas) do interior do estado.
Publicações enfocando comunidades de aves sob influência das características ambientais da região de Piracaia são escassas, destacando-se Silva (1992), que estudou a floresta da Serra do Japi, e Develey e Martensen (2006), com trabalho na Serra da Paranapiacaba. O presen-te trabalho, portanto, poderá preencher uma la-cuna importante para o manejo e conservação da avifauna remanescente no Cantareira, que foi estudada por Graham (1992), que relacio-nou poucas espécies registradas no Parque Estadual da Cantareira, dentro da cidade de São Paulo.
2.2 Critérios para a escolha das áreas de referência
Foram selecionados seis fragmentos florestais na região a ser restaurada, representando amostras das principais fontes de colonização da flora e fauna florestais. A escolha levou em conta os tamanhos dos fragmentos, a distância mínima de cerca de 1 km entre eles (para promover inde-pendência entre amostras) e as vias de acesso pela represa ou por estradas.
Os fragmentos foram subdivididos em duas grandes categorias, de acordo com o estado de conservação e o tamanho. Abaixo, é feita a definição e descrição geral dessas categorias:
• Fragmentos florestais muito degra-dados (Md): são fragmentos geralmente pequenos e isolados que apresentam estado de conservação de regular a ruim. A altura da vegetação raramente ultrapassa os 12 m de al-
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Casearia sylvestris
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tura e o dossel é relativamente mais aberto. No sub-bosque, há geralmente alta densidade de bambus arbustivos nativos (provavelmente Chusquea), o que torna a regeneração de espécies lenhosas menos abundante, criando um sub-bosque mais ralo. Em alguns pontos podem ser observa-das grandes moitas de bambus lenhosos do gênero Guadua (taquaruçú). Uma espécie indicadora dessa situação é a Vernonia diffusa.
• Fragmentos florestais pouco degradados (PD): fragmentos florestais pequenos e médios com estágios de regeneração de médio a avançado. Pelo tamanho relativamente maior, possuem estados de conservação regulares ou bons. O dossel é mais contínuo, com alturas que variam entre 12 e 16 m de altura. Há intensa regeneração de espécies arbustivas e arbóreas com indivíduos distribuídos nos mais diferentes diâmetros. No sub-bosque desses fragmentos, é característica a presença de espécies arbustivas, como Molline-dia elegans, Psychotria vellosiana e Allophylus guaraniticus. Geralmente, não há trechos com alta dominância de bambus ou lianas agressivas.
Os fragmentos, denominados áreas de 1 a 6, foram utilizados neste estudo como repetições espaciais dessas duas categorias, como será descrito a seguir. Assim, foram selecionados três fragmentos muito degradados e três pouco degradados. Trilhas, parcelas e pontos de amostragem foram estabelecidos no interior e nas bordas dos fragmentos, permitindo registros de espécies florestais, de borda e do ambiente aberto (pastagens), para que os inventários de flora e fauna fossem representativos do atual estado de conservação da biodiversidade. Isso permite inferências ecológicas a partir de resultados quantitativos no âmbito das comuni-dades, das populações que forem mais abundantes e frequentes na amostragem e de aspectos da estrutura dos ambientes.
2.3 Levantamento da vegetação e flora
Em cada fragmento, foi feita uma descrição geral e qualitativa da vegetação, além de fotografias. Foram anotados diversos aspectos, como formação flores-tal; estrutura da vegetação; presença de espécies exóticas, invasoras, epífitos e lianas; influências humanas; e efeito de borda, entre outros. Adicionalmente, em quatro dos seis fragmentos usados como áreas de referência, foi feito o levantamento da flora e estrutura da vegetação, como descrito a seguir.
Em cada um dos quatro fragmentos selecionados foram instaladas seis parcelas de 10x20 m (200 m2 – Figura 1), num total de 24 parcelas (2 estados de con-servação x 2 fragmentos x 6 parcelas de 200 m2 = 4.800 m2). Dentro de cada fragmento, as parcelas foram dispostas sistematicamente, ao longo de trilhas. Procurou-se manter uma distância mínima de 20 m entre as parcelas. Buscou-se ainda avaliar o maior número de situações possíveis (áreas planas e inclinadas, secas e úmidas, próximas e distantes da borda) visando abranger a heterogenei-dade ambiental existente.
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Dentro de cada parcela de 10x20 m foram avaliados todos os indivíduos arbus-tivo-arbóreos com perímetro à altura do peito (PAP do fuste a 1,3 m do solo) ≥ 15 cm. Para cada indivíduo foi anotada a identificação botânica da espécie, PAP e altura total. O PAP foi avaliado com uma precisão de 0,5 cm e a altura total, de 0,5 m. Os indivíduos regenerantes (indivíduos arbustivo-arbóreos < 1 m de altura) foram contados e identificados em quatro subparcelas de 1 m2 (4 m2 por parcela), localizadas sempre nos quatro cantos da parcela (10x20 m) (Figura 1).
Figura 1 (Métodos – Vegetação). Procedimento para instalação das parcelas para avaliação de indivíduos adultos (acima à esquerda); mensuração de perímetro de indivíduos de dossel: Cedro-rosa (Cedrela fissilis - acima à direita) e Pau-jacaré (Piptadenia gonoacantha – meio à esquerda); procedimento para avaliação dos indivíduos regenerantes nas subparcelas de 1 m2 (meio à direita); e detalhes da contagem e identificação dos indivíduos regenerantes de Camboatã (Cupania vernalis), Pau-jacaré (P. gonoacantha – ambos abaixo à esquerda) e Jacarandá-ferro (Machaerium nyctitans – abaixo à direita).
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Também foram avaliadas gramíneas exóticas e espécies arbustivo-arbóreas regenerantes. As gramíneas exóticas (e.g. Brachiaria spp.) foram avaliadas indiretamente por meio de sua cobertu-ra do solo, utilizando o método de interceptação em linha (line intercept) em duas linhas paralelas de 20 m de comprimento cada (total de 40 m por parcela). Em cada linha, o comprimento da projeção das partes vegetativas das gramíneas exóticas foi anotado com uma precisão de 5 cm.
Com caráter complementar ao estudo quantita-tivo da vegetação, foi realizado um levantamento florístico rápido nas mesmas trilhas dos fragmen-tos selecionados para caracterizar melhor a flora arbustivo-arbórea local (WALTER; GUARINO, 2006). Devido ao curto período de tempo dispo-nível para as atividades de campo, o levantamen-to não pôde ser feito de maneira exaustiva, ou seja, certamente existem mais espécies que não foram registradas durante as amostragens.
Espécies de fácil reconhecimento em campo foram apenas anotadas, enquanto as demais foram cole-tadas para posterior identificação em livros e com-parações em herbário. A classificação em famílias adotada para este estudo seguiu o Angiosperm Phylogeny Group – APG, versão II (APG, 2003). Todo material foi coletado e herborizado com o uso de técnicas convencionais, como tesoura de poda ou tesoura de poda alta, prensas, jornal, papelão e
estufa elétrica. Os materiais reprodutivos serão enviados ao herbário da Sabesp, com duplica-tas enviadas ao herbário ESA (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, USP/Esalq, Piracicaba-SP). Foram consultados os seguintes especialistas: Rubens L.G. Coelho (Sapindaceae), Fiorella F. Mazine-Capelo (Myrtaceae), Marcelo P. Ferreira (Rubiaceae) e Flávio M. Alves (Lauraceae).
Para cada espécie foram agregadas informações sobre grupo sucessional, síndrome de dispersão e fenologia. As espécies foram ordenadas nos seguintes grupos sucessionais: Pioneiro (Pi), Secundário inicial (Si), Clímax (Cl) e Não classi-ficadas (Nc). Espécies também foram divididas em espécies de preenchimento e espécies de diversidade (NAVE; RODRIGUES, 2007). O mesmo foi feito para as síndromes de dispersão (anemocoria, autocoria e zoocoria) e fenologia (períodos de floração e frutificação). Foram obtidas informações sobre a ameaça de extinção das espécies nas listas internacional (IUCN, 2006), nacional (BIODIVERSITAS, 2007) e esta-dual (SMA-SP, 2004) de espécies ameaçadas.
Adicionalmente, foram indicadas a ocorrência e a localização aproximada de matrizes de espécies arbustivo-arbóreas de rápido cresci-mento e disseminação para orientar a coleta de sementes de espécies com potencial de uso nas atividades de restauração.
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Resevatório do Cachoeira. Piracaia (SP)
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2.3.1 Análise dos dados
Uma lista de espécies da flora local foi produzida e para cada espécie foram anotados o hábito e o ambiente de ocorrência (fragmentos muito degradados, pouco degradados ou beira de estrada/pasto abandonado). Essa lista foi obtida unindo as informações dos levantamentos fitossocioló-gicos (adultos + regenerantes) e florístico expedito.
A partir dos dados fitossociológicos de ambos os grupos (adultos + rege-nerantes), foi realizada a análise de espécies indicadoras (Indicator Species Analysis – ISA) (DUFRENE; LEGENDRE, 1997) para identificar espécies indicadoras dos estados de conservação (teste de Monte Carlo executado com 10 mil repetições aleatórias com o uso do programa PcOrd versão 4.10) (MCCUNE; MEFFORD, 1999). Essa análise baseia-se na abundância e na frequência das espécies e busca identificar quais possuem ocorrência preferencial em algum tipo de ambiente, no caso, fragmentos com diferen-tes estados de conservação.
A análise Multiple Response Permutation Procedure (MRPP) avalia a diferença da composição de duas comunidades diferentes e foi executada com o índice de Sørensen e a abundância relativa das espécies.
Além da riqueza observada de espécies, foi estimado o número máximo de espécies (diversidade alfa) e seu respectivo intervalo de confiança (α = 5%) para cada estado de conservação, usando o estimador não paramétrico Ja-ckknife 1 (análises executadas com 5 mil repetições aleatórias pelo programa EstimateS versão 7.5) (COLWELL, 2005). Assim, além das espécies coleta-das dentro das parcelas durante o trabalho de campo, fez-se uma estimativa do número total de espécies existentes nos fragmentos visitados, incluídas as não recrutadas na amostragem, o que fornece uma estimativa mais real da riqueza de espécies em cada estado de conservação.
foram indicadas a ocorrência e a localização aproximada de matrizes de espécies arbustivo- arbóreas de rápido crescimento e disseminação para orientar a coleta de sementes de espécies com potencial de uso nas atividades de restauração
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Também foram calculadas médias e intervalos de confiança do número de espécies por parcela em cada estado de conservação, além da riqueza e do índice de diversidade de Simpson (MAGURRAN, 1988). Essas análises foram executadas com 5 mil repetições aleatórias pelo programa EcoSim versão 7 (GOTELLI; ENTSMINGER, 2001).
Quanto à estrutura da vegetação, foram avaliadas a densidade absoluta (ind.ha-1), a altura média (m) e o volume estimado de madeira (m3.ha-1), calculado pela multiplicação entre a área basal e a altura total de cada indivíduo. A área basal foi estimada com a fórmula do círculo (AB = π.raio2). Para os indivíduos regenerantes, a densidade foi o único parâmetro de estrutura obtido (dados de diâmetros e altura não foram obtidos).
O índice de Valor das Espécies (FEEST, 2006) foi computado como uma avaliação qualitativa da composição florística e conduzido com base na presença de espécies ameaçadas de extinção. Para obter o índice, a cada indivíduo foi atribuído um valor de importância de acordo com a categoria de ameaça de extinção (Não ameaçada = 0; Quase em perigo = 1; Vulnerável = 2; Em perigo = 3; Criti-camente em perigo = 4). Esses valores foram somados para cada parcela e calculou-se a média e o desvio padrão para cada estado de conservação. Um procedimento parecido foi empregado para avaliar a percentagem de cobertura do solo por gramíneas exóticas.
Dessas análises foram extraídos valores médios, sumarizados em duas tabelas: uma para o estrato arbóreo (> 15 cm de PAP) e outra para os indivíduos arbustivo-arbóreos regenerantes (altura < 1 m). Tais tabelas servirão como referência básica para o futuro monitora-mento das atividades de restauração.
2.4 Avifauna
2.4.1 Inventário por meio de observações em pontos fixos e trajetos
Foram estabelecidos em cada área de três a seis pontos fixos para inventário das assembleias de aves. Tais pontos foram dispostos ao longo de trilhas a pelo menos 200 m de distância uns dos outros. Como as áreas 1 e 2 são fragmentos florestais muito pequenos, não foi possível estabelecer mais que três pontos em cada uma delas. Em contrapartida, mais pontos foram estabelecidos nas outras áreas.
O inventário em pontos fixos foi realizado entre os dias 19 e 24 de novembro de 2009, totalizando 16,4 horas de inventários. O esforço
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foi distribuído em 29 pontos estabelecidos em bordas florestais (10h) e 20 pontos no interior da floresta (6h40min).
As extremidades das trilhas foram georreferen-ciadas e os pontos foram marcados em árvores com tinta branca e fita plástica amarela e preta. Em cada ponto foram estabelecidas duas ou três bandas, delimitando um circulo de 20 m ao redor do centro de observação (BIBBY et al., 1993), o que possibilita cálculos de densidade.
Em cada ponto de observação foram coletados dados sobre a estrutura vertical e a densidade do sub-bosque, conforme será descrito abaixo.Durante o reconhecimento da área, instalação de pontos e deslocamentos foi possível registrar espécies de aves, o que resultou em um levanta-mento mais completo da riqueza.
Os registros de aves foram realizados utilizando literatura especializada, binóculo (8x30), grava-dor comum e/ou digital para playback e identifi-cação posterior. Nomes populares e científicos apresentados nesta relação seguem a Lista das Aves do Brasil de 2007 do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Observações ocorreram do amanhecer até às 11h e entre 15h e 18h.Espécies de aves foram checadas quanto ao estado de conservação nas listas do estado de São Paulo e do Brasil de espécies ameaçadas, bem como na lista da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
2.4.2 Análise do inventário de aves
Os aspectos analisados da diversidade alfa foram: riqueza (R), índice de Shannon-Wiener (H’) e uniformidade (J’). Segundo Magurran (1989), o nível alfa de amostragem é a medida do habitat ou ambiente, podendo ser obtido por meio de amostras pontuais (repetições dos ambientes), e neste trabalho foi contemplado pelas médias dos valores de diversidade (H’, J’, R) obtidos nas amostras pontuais.
Zé P
aiva
27
Diferenças significativas entre médias de parâmetros e variá-veis foram avaliadas pela análise de variância não paramétrica, comparando amostragens realizadas no interior e nas bordas dos fragmentos.
A diversidade entre os fragmentos foi analisada com técnicas de agrupamentos com índice de similaridade de Jaccard (cc) por meio de matrizes em modo Q. As espécies foram os descritores e as repetições de ambientes foram os objetos não definidos a priori. Os valores de distância sumarizados no dendrograma de similari-dade são positivos, sendo que os altos índices denotam similari-dade. Agrupamentos foram criados por meio da média aritmética não ponderada (‘group average clutering’: UPGMA).
Curvas de rarefação (WILLOT, 2001) foram elaboradas para expres-sar a diversidade e indicar a suficiência de amostragem das obser-vações. Foram calculadas com mil repetições aleatórias, gerando intervalos de confiança com percentual de 95% de significância.
Como medida de abundância relativa para populações de aves, utilizou-se o índice Pontual de Abundância (IPA), que indica a abundância de cada espécie em função de seu coeficiente de detectabilidade (conspicuidade), por meio do número de contatos visuais e/ou auditivos e do número total de amostras efetuadas no ambiente em questão.
IPA = Ni Na
Em que, Ni = número de contatos da espécie ‘i’;Na = número total de amostras
Para representar a frequência de ocorrência de espécies foi calculado o índice de Ocorrência Pontual, que indica o recruta-mento em função da distribuição espacial das aves na floresta.
FOP = Npi Na
Em que, Npi = número de pontos em que a espécie ‘i’ foi recrutada;Na = número total de amostras
O cálculo da densidade de aves foi realizado segundo Bibby et al. (1993):
di = ln (n/n2) * [n/m (πr2)] * 10.000
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Em que,Di = densidade da espécie i em indivíduos contatados/amostra (ha-1),n = n1 + n2 = número total de contatos da espécie ‘i’,n1 = número de contatos da espécie ‘i’ dentro do raio r,n2 = número de contatos da espécie ‘i’ além do raio r, m = número total de amostras, r = raio limite entre as duas bandas (0 a 25, 0 a ∞) em metros.
Análise de poder e suficiência de amostragem foram reali-zadas para aves florestais com objetivo de calcular o esforço de amostragem necessário para estabelecer um programa de monitoramento com no mínimo 90% de probabilidade de detectar de 5% ou 10% de alteração populacional.
Para tanto, foram utilizadas a média e o desvio padrão resultantes desse inventário e teste monocaudal do programa G3 Power (FAUL et al., 2007). A análise foi realizada com foco no futuro uso do teste ‘t’ pareado para amostras dependentes, de maneira que comparações de mudanças populacionais nos mesmos locais, antes e depois da restauração, sejam detectadas.
Associações entre os parâmetros estruturais da vegetação com a diversidade das assembleias de aves foram verificadas pelas correlações de Spearman, em que a diversidade de aves foi a variável.
Julio
Ces
ar C
osta
Megaschops choliba
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3.1 Descrição dos fragmentos estudados
Após a seleção dos fragmentos, cada um foi visitado, fotografado e descrito de acordo com vários aspectos da estrutura e da composição de espécies, tanto da flora quanto da fauna. Procurou-se descrever
parâmetros básicos, como altura da vegetação, espécies dominantes, estado de conservação e presença de espécies exóticas, entre outros. A localização das áreas, obtida por GPS, é fornecida pela Tabela 1.
Área 1 (A1): Fragmento próximo à cabeceira do rio Cachoeira, que recobre encos-tas íngremes a suaves (Figura 2). O acesso pode ser feito por barco ou por carro em um caminho em más condições. Cercado pela represa e por áreas de pasto, o frag-mento possui estado de conservação que vai do ruim (trecho próximo ao início da trilha) ao regular e um estágio médio de regeneração. Há presença de três estratos verticais (herbáceo, subdossel e dossel), com altura do dossel variando entre 10 e 14 m, sendo relativamente aberto. Além de indivíduos nas classes de diâmetro à 1,3 m (DAP) menores (DAP médio ± Desvio Padrão = 35,7 ± 23,4 cm), alguns indivíduos de Anadenanthera colubrina e Cassia ferruginea ultrapassaram 50 cm de DAP e tiveram alturas próximas a 20 m. Espécies arbóreas comuns foram Cupania vernalis, Piptadenia gonoacantha, Nectandra leucantha e Vernonia diffusa.
O sub-bosque possui média densidade de indivíduos (em especial Mollinedia elegans e Eugenia hyemalis) e há poucas ervas florestais no estrato herbáceo. As epífitas também são pouco abundantes. As lianas lenhosas, por sua vez, são mais abundantes e, por vezes, formam emaranhados de difícil transposição. O mesmo pode ser dito a respeito de uma espécie de bambu arbustivo nativo (provavelmen-te do gênero Chusquea). Contudo, foram encontradas moitas bem desenvolvidas de taquaruçú (Guadua cf. tagoara), uma espécie nativa com alto potencial invasivo. A serapilheira é contínua e bem desenvolvida, principalmente nos trechos menos íngremes. Dentro do fragmento não foram registradas nenhuma espécie exótica ou qualquer intervenção humana, além de uma trilha paralela à margem da represa.
tabela 1 Coordenadas geográficas dos fragmentos florestais estudados em Piracaia, SP
Fragmento Coordenadas geográficas (UTM) Erro (m)
A1 23K 0371455; 7454948 21
A2 23K 0370138; 7455091 10
A3 23K 0365049; 7451225 19
A4 23K 0369093; 7455613 21
A5 23K 0364758; 7450838 32
A6 23K 0367864; 7454759 20
32
informações de referência . série água, clima e floresta . v. II
Área 2 (A2): Fragmento que recobre uma encosta relativamente íngreme, estendendo-se da estrada até as margens da represa (Figura 2). Possui fácil acesso por barco ou carro. Delimitado por estrada ao norte, represa ao sul e áreas de pastagem ao leste e ao oeste. Possui um estado de conservação geral ruim, com alguns pequenos trechos regulares (é o fragmento mais degradado). O estado de regeneração é médio, com dossel variando entre 10 e 12 m de altura, relativamente aberto. Em geral, o diâmetro dos indivíduos arbóreos não ultrapassou 50 cm (DAP médio ± Desvio padrão = 37,4 ± 24,8 cm), exceto por apenas um indivíduo de Anadenanthera colubrina, que obteve o maior diâmetro encontrado em todos os fragmentos estudados (DAP = 73 cm). Indivíduos arbóreos comuns foram Aegiphila sellowiana, Croton floribundus, Cupania vernalis e Vernonia diffusa.
Apresenta três estratos verticais, com notável dominância de bambus arbustivos, que parecem comprometer a regeneração do fragmento. Também foram encontradas moitas bem desenvolvidas de Guadua cf. tagoara, um bambu lenhoso. As epífitas e lianas lenhosas foram pouco comuns. A serapilheira é contínua e desenvolvida. Além da proximidade da estrada, foi constatada a invasão do fragmento por gado a oeste e fogo a leste. Há também uma trilha bem definida que leva à beira da represa, provavelmente usada por moradores locais. Não foram regis-tradas quaisquer espécies exóticas no interior do fragmento.
Área 3 (A3): Este fragmento encontra-se na encosta de uma colina, en-tre a estrada vicinal e a represa. Trata-se de uma floresta em estágio médio de regeneração, apresentando sub-bosque denso, grande complexidade na estrutura vertical e dossel variando entre 10 e 15 m, havendo emer-gentes de até 20 m. Os maiores indivíduos arbóreos são notavelmente espécies típicas de regeneração secundária, como Piptadenia gonoacan-tha, Anadenanthera colubrina, Alchornea glandulosa e Luehea divaricata, sendo um dos fragmentos em estudo melhor conservados.
Foram encontradas duas trilhas seguindo as vertentes da colina: des-cendo à direita, a floresta encontra-se em melhor estado de conserva-ção, com sub-bosque menos denso, maior altura das árvores e menor profusão de lianas, que apresentavam maior DAP e eram lenhosas. Na vertente esquerda, o efeito de borda foi nitidamente mais pronunciado. A densidade do sub-bosque foi mais alta, o dossel foi mais baixo (até 15 m) e houve maior abundância de lianas, formando intricados emaranhados, principalmente ao nível do subdossel. Descendo a vertente direita, foram observados alguns fornos antigos de produção de carvão e uma arma-dilha de ferro para captura de mamíferos de porte médio, também bem antiga e desativada.
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Práticas religiosas de candomblé, conhecidas como macumbas, foram registradas em três círculos formados na vegetação, na parte mais alta da colina e junto à estrada. A prática desses ritos pode provocar incêndios, pois a floresta apresenta densa e contínua camada de serapi-lheira recobrindo o solo.
Bambus e taquaras em abundância, caracte-rísticos na maioria dos demais fragmentos, não foram observados, sendo tal fato um aspecto positivo em termos de conservação, pois tais plantas tornam o sub-bosque excessivamente denso, comprometendo o estabelecimento de diversas aves e de arbustos florestais. Não foram observadas espécies exóticas invasoras, tampouco a dominância de alguma espécie botânica nativa em particular.
Área 4 (A4): Fragmento que faz limites com o reservatório e se estende sobre um terreno relativamente íngreme até próximo ao topo do morro mais alto da área de estudo (Figura 2). O acesso é feito por barco. O fragmento é composto por um mosaico de situações que vão desde florestas secundárias em estágio de regeneração inicial sob a linha de transmissão até estágios avançados que cobrem as verten-tes mais íngremes e protegidas. O estado de conservação, por sua vez, vai do regular ao bom, dependendo do trecho considerado. Em geral, possui um dossel que varia entre alturas de 15 e 17 m e alguns indivíduos que ultrapassam 50 cm de DAP (e.g. Piptadenia gonoacantha; Figura 2). Há intensa regeneração de espécies arbustivas e arbóreas, com indivíduos distribuídos nos mais diferentes diâmetros (DAP médio ± Desvio padrão = 33,6 ± 20,8 cm).
Possui três estratos verticais claros, sendo o sub-dossel relativamente denso e dominado por Piper spp. nas áreas mais jovens e pelos arbustos Molli-nedia elegans, Psychotria vellosiana e Allophylus guaraniticus nas áreas mais avançadas. Não há
grande riqueza de ervas no estrato herbáceo e a presença de epífitas é reduzida, especialmente nos trechos mais jovens. Alguns trechos do sub--bosque apresentam densos emaranhados de lianas lenhosas.
A presença de taquaras está restrita a um rancho localizado próximo à represa, onde foi provavelmente introduzida; no interior da floresta, há apenas bambus arbustivos nativos. A camada de serapilheira é contínua e es-pessa. Espécies exóticas encontradas foram Citrus aurantium L. (limão-cravo), Hedychium coronarium J. König. (lírio-do-brejo) e Eu-calyptus sp. (eucalipto). Além do uso recreati-vo (rancho de pesca) e da linha de transmis-são, há evidências da entrada de bovinos em alguns trechos do fragmento.
Área 5 (A5 – barragem): Esta área equi-vale a um fragmento pequeno em estágio médio de regeneração, com pronunciado efeito de borda potencializado pela ocorrência de clareiras causadas por quedas de árvores. Localiza-se ao lado da barragem da represa, havendo grandes eucaliptais junto da borda neste trecho. O dossel desta floresta atingiu até 18 m de altura e tanto a complexidade vertical como a densidade do sub-bosque apresen-taram valores médios. A floresta encontra-se em estágio médio de regeneração, mas pode ser considerada uma das mais degradadas se comparada às outras. Foram espécies comuns do dossel: Piptadenia gonoacantha, Anadenan-thera colubrina, Alchornea glandulosa e Luehea divaricata.
Foi notável neste fragmento a ocorrência de diversas trilhas, a presença de gado e os regis-tros de bugio Alouata fusca e de jacu Penelope obscura. As trilhas podem estar sendo utilizadas para a caça furtiva, enquanto que o gado bovino pastoreia no sub-bosque, provocando danos à regeneração da floresta.
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O bugio Alouata fusca é um primata de porte médio, herbívoro e ameaçado de extinção no estado de São Paulo. Foram observados apenas três indivíduos junto aos eucaliptais.
A jacupemba Penelope obscura é uma espécie que recebe grande pressão de caça, devido ao seu porte avantajado, há-bitos gregários e dieta frugívora, aspectos que facilitam abates enquanto o bando se alimenta em árvores frutíferas. Esses regis-tros indicam que espécies relativamente vulneráveis e sensíveis ainda habitam a região.
Figura 2 (áreas de referência). Vista externa das áreas 2 e 1 (A2 e A1), usadas como referência de fragmentos muito degradados, ambos às margens da represa (acima à esquerda e à direita, respectivamente); vista geral externa (meio à esquerda) e interna (meio à direita) da área 4 (A4), usado como referência de fragmentos pouco degradados; vista geral externa (abaixo à esquerda) da área 6 (A6), o fragmento pouco degradado; no detalhe da vista interna da A6 (abaixo à direita), presença de estratificação vertical evidente e grande número de regenerantes arbustivo-arbóreos no sub-bosque.
Ren
ato
Lim
a
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Área 6 (A6): fragmento faz limites com o reservatório próximo ao chamado desemboque do canal que é cortado por uma estrada vicinal e por linhas de transmissão. Se considerados os trechos de ambos os lados da estrada, este é o maior fragmento avaliado na área de estudo (Figura 2). Pode ser acessado tanto pela estrada quanto por barco. O trecho pertence à Sabesp e apresenta estágios médios e avançados de regeneração. A altura do dossel, geralmente fechado, varia entre 12 e 15 m, com indivíduos maiores atingindo diâmetros de até 50 cm (DAP médio ± Desvio padrão = 37,8 ± 25,1 cm).
Existem três estratos verticais definidos, com sub-bosque e estra-to herbáceo densos e diversificados. Há presença de samambaias arborescentes (i.e. Cyathea delgadii), e epífitas e lianas lenhosas são pouco frequentes. Não foram encontrados trechos com alta dominân-cia de bambus ou lianas agressivas. A camada de serapilheira é con-tínua e bem desenvolvida. Espécies exóticas de plantas encontradas foram Citrus aurantium L. (limão-cravo), Psidium guajava L. (goiaba), Hedychium coronarium J. König (lírio-do-brejo) e Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl. (nêspera), das quais apenas as duas primeiras foram relativamente comuns. Quanto aos impactos humanos, além da rede elétrica, foram encontrados vestígios de corte seletivo e de caça. Nos trechos mais próximos à estrada também foi encontrado lixo.
3.2 Vegetação e flora
3.2.1 Flora local
Durante as atividades de campo, foi encontrado um total de 217 espécies de plantas (incluindo exóticas) para a área de estudo. Até o término da elaboração deste relatório, duas espécies não tiveram sua identificação determinada, sete permaneceram ao nível de família e 18 de gênero. Por outro lado, 180 espécies tiveram sua identificação completa (83%) e 10 permaneceram com identificação a confirmar. Além das espécies encontradas durante este estudo, há outras espécies coletadas na região (municípios de Piracaia e Joanópolis5) que não foram encontradas no local. São 39 espécies arbustivo--arbóreas, cuja inclusão na flora local eleva a riqueza local a um total de 256 espécies no mínimo (Anexo 1). Essas espécies corresponderam a 190 árvores, 43 arbustos, 12 subarbustos, cinco arbustos lianescentes e duas ervas (cinco espécies permanecerem sem classificação).
5 Busca realizada em 05 de novembro de 2008 na base de dado speciesLink, restrita aos municípios referidos acima e considerando apenas os espécimes identificados por especialistas botânicos. Disponível em: <http://splink.cria.org.br/centralized_search?criaLANG=pt>.
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Foi encontrado um total de 57 famílias botâ-nicas, das quais as mais ricas em número de espécies (> 5 espécies) foram: Fabaceae (34 espécies), Myrtaceae (25), Lauraceae (17), Me-lastomataceae (15), Rubiaceae (13), Asteraceae, Malvaceae (11), Euphorbiaceae e Solanaceae (9). Essas famílias representaram juntas 56% de todas as espécies listadas na área de estudo.
Quanto às síndromes de dispersão, foi encontra-do um total de 172 espécies zoocóricas (67%), 58 anemocóricas (22%) e duas autocóricas (9%). Outras quatro espécies permaneceram sem a classificação de suas síndromes.
Das 217 espécies, 76 (35%) foram amostradas apenas durante os levantamentos florísticos ex-peditos, mostrando ser uma maneira efetiva de complementar a lista de espécies de ocorrência local. Das 141 espécies amostradas durante o levantamento da estrutura e da diversidade da vegetação (descrito em detalhes abaixo), 58
foram encontradas apenas no estrato arbóreo e outras 31, apenas entre os regenerantes. Das espécies encontradas apenas entre os regene-rantes, 18 foram arbustos e subarbustos e 13 foram encontradas somente nesse estrato da ve-getação, dentre elas Alseis floribunda, Bunchosia fluminensis, Guarea macrophylla, Machaerium cf. stiptatum, Myrciaria floribunda, Ocotea cf. diospyrifolia e Sebastiana brasiliensis.
Além dessas espécies que compõem a flora local, fazem parte da flora regional espécies citadas nos estudos realizados em municípios próximos, na mesma formação vegetacional e em cotas altitudinais semelhantes. São eles: Meira-Neto et al. (1989), Rodrigues et al. (1989), Silva (1989), Gandolfi et al. (1995) e Yamamoto et al. (2005). As espécies citadas nesses estudos, portanto, podem ser conside-radas integralmente como espécies passíveis de serem utilizadas durante o processo de restauração na área de estudo.
Scott Warren
Reservatório do Cachoeira. Piracaia (SP)
37
3.2.2 Espécies de particular interesse (ameaçadas de extinção, endêmicas e exóticas)
Algumas espécies encontradas na área de estudo merecem destaque. São exemplos as oito espécies sob algum grau de ameaça de extinção e as outras sete que estão classificadas como quase em pe-rigo de extinção (QP - Tabela 2). Todas essas espécies possuem valor particular num contexto mais amplo que o local e, portanto, sugere-se fortemente que o processo de restauração use essas espécies durante o plantio ou que planeje suas atividades para que essas espécies possam colonizar as áreas restauradas. Algumas delas certamente não serão encontradas em viveiros. Contudo, para projetos no estado de São Paulo, ao menos cinco espécies dessa lista devem ser utilizadas, buscando atender à Resolução SMA 08, de 07 de março de 2007, que exige o uso de 5% de espécies regionais enquadradas em alguma das categorias de ameaça (EX, CR, EP ou VU) nos plantios.
Assim, no caso de um plantio de 80 espécies nativas (mínimo exigido pela legislação do estado de São Paulo em plantios maiores que um hectare), deve se usar um mínimo de quatro espécies ameaçadas (sugestões de quais poderiam ser essas quatro espécies são feitas na Tabela 2). Contudo, a legislação vigente se refere a espécies nativas da vegetação regional, ou seja, a uma flora que vai além da flora local integrante deste estudo. Assim, outras espécies ameaçadas da flora regional podem ser consideradas na escolha das espécies ameaçadas utilizadas. Por outro lado, é interessante dar preferência às espécies locais enquadradas como QP, apesar de a legislação não exigir o uso de espécies nessa classe de ameaça.
Outras espécies de particular interesse são as espécies com ende-mismo regional, ou seja, aquelas que possuem uma distribuição ge-ográfica restrita a uma dada região. Seis espécies endêmicas regionais foram encontradas, boa parte delas espécies típicas de FES Montana, uma formação rara e restrita às serras dos Órgãos e da Mantiqueira, nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo (Tabela 3). Essas espécies, portanto, devem receber atenção ao longo do processo de restauração ecológica.
38
tabela 2 Lista de espécies ameaçadas e quase ameaçadas de extinção encon-tradas durante o levantamento florístico em Piracaia (SP) e suas respectivas clas-ses de ameaça. Asteriscos indicam espécies prioritárias para o uso nas atividades de reflorestamento.
Família Espécie Mundial Nacional Estadual
APOCYNACEAE Aspidosperma cf. quirandy* EP
AQUIFOLIACEAE Ilex paraguariensis QP
ARAUCARIACEAE Araucaria angustifolia* CR EP CR
FABACEAE Copaifera langsdorffii QP
FABACEAE Machaerium nyctitans* EP
FABACEAE Machaerium villosum* VU
FABACEAE Swartzia acutifolia QP
LAURACEAE Nectandra leucantha QP
LAURACEAE Ocotea nectandrifolia* VU
MELIACEAE Cedrela fissilis* EP
MYRTACEAE Campomanesia sessiliflora* CR
PROTEACEAE Roupala brasiliensis* VU
RUBIACEAE Rudgea gardenioides QP
SAPINDACEAE Cupania ludowigii QP
SOLANACEAE Solanum pseudoquina QP
URTICACEAE Cecropia hololeuca QP
Legenda: QP = Quase em perigo; VU = Vulnerável; EP = Em perigo; CR = Criticamente em perigo.
Além das espécies ameaçadas e endêmicas, ocorrem na área de estudo algumas espécies arbustivo-arbóreas cujas características de dispersão, germinação e/ou crescimento lhes dão alto potencial para uso em atividades de restauração (Tabela 4). São espécies cujos indivíduos adultos podem ser facilmente encontrados ao longo dos pastos e bordas de estrada na área de estudo, o que facilita a coleta de sementes para a produção de mudas.
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tabela 3 Lista das espécies endêmicas regionais encontradas durante o levanta-mento realizado em Piracaia, SP.
Família Espécie Distribuição Vegetação
CELASTRACEAE Maytenus salicifolia MG, RJ e SP Floresta Atlântica
CONNARACEAE Connarus regnelii MG, RJ e SP FES Montana
FABACEAE Leucochloron incuriale MG, SP e PR FES Montana
LAURACEAE Cinnamomum stenophyllum MG e SP FES Montana
RUBIACEAE Rudgea gardenioides MG, RJ e SP FES Montana
VOCHYSIACEAE Vochysia magnifica MG e SP FES Montana
Outras espécies que merecem atenção particular são as espécies exóticas e inva-soras. Além das espécies de gramíneas e ciperáceas exóticas (avaliadas abaixo), a Tabela 5 apresenta as espécies arbóreas exóticas (i.e., espécies cuja distribuição original não abrange a região estudada) encontradas na área de estudo. Assim, ao menos nove espécies arbóreas exóticas ocorreram nas bordas ou no interior dos fragmentos estudados.
Boa parte delas é considerada atualmente como espécies subespontâneas, ou seja, espécies que, apesar de introduzidas, são capazes de manter-se independente da ação humana. São exemplos a goiabeira Psidium guajava, o limão-cravo Citrus aurantium (Figura 3) e a nespereira Eriobotrya japonica. A maioria dessas espécies ocorreu em baixas densidades e possui capacidade de propagação relativamente pequena (Tabela 5). Outras espécies, contudo, devem receber atenção especial devido ao alto potencial de invadir áreas abertas e de se tornar um impeditivo às atividades de restauração e aos processos sucessionais da floresta. As duas espé-cies mais importantes nesse sentido são: ipê-de-jardim Tecoma stans; e espécies de pinho Pinus spp. Ambas produzem grande quantidade de sementes, que são dispersas pelo vento e geralmente possuem alta capacidade germinativa. Apesar de Pinus spp. ter sido encontrada basicamente em beiras de estrada, Tecoma stans foi observada formando densos aglomerados (Figura 3). Ambas devem ter seu controle inicial previsto durante o processo de restauração, conforme exigido pela legislação pertinente (Resolução SMA 8, de 2007).
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Apesar de não se tratarem de espécies exóticas, duas espécies devem receber atenção durante o processo de restauração devido ao seu potencial de propagação. Uma é a lobeira Solanum lyco-carpum, que pode ser utilizada no processo de restauração, mas que pode formar densos aglome-rados monoespecíficos como o observado na área de estudo (Figura 3). Assim, a espécie poderá ser tanto uma facilitadora do processo de restauração como uma eficiente competidora, fato que deve ser avaliado mediante um estudo particular. Outra espécie que pode se tornar um problema é o bambu lenhoso Guadua cf. tagoara (Figura 3), que, apesar de nativo e de não se estabelecer em áreas de pastagem, possui grande capacidade de invadir clareiras da floresta e de impedir o curso natural de regeneração da floresta por longos períodos de tempo (GRISCOM; ASHTON, 2006; LIMA et al., 2007).
tabela 4 Espécies arbustivo-arbóreas de rápido crescimento indicadas para a restauração, bem como suas respectivas síndromes de dispersão (SD) e locais de ocorrência (ver texto para descrição e localização dos fragmentos A1 a A6). A ocorrência da espécie em um determinado fragmento é indicada por ‘+’ e a ocorrência comum é indicada por ‘++’. Legenda: Ane = Anemocoria; Zoo = Zoocoria; Auto = Autocoria; BE = Beira de estrada e pastos.
Família Espécie SDLocalização
A1 A2 A4 A5 A6 BE
ASTERACEAE Baccharis dracunculifolia Ane ++
ASTERACEAE Vernonia diffusa Ane + ++ +
ASTERACEAE Vernonia ferruginea Ane ++
ANACARDIACEAE Schinus terebenthifolia Zoo + + + + +
ARECACEAE Acrocomia aculeata Zoo +
ARECACEAE Syagrus romanzoffiana Zoo + + ++ + + +
ASTERACEAE Piptocarpha axillaris Ane ++ + +
BORAGINACEAE Cordia trichotoma Ane + + + +
CANNABACEAE Trema micrantha Zoo + + + + +
CLETHRACEAE Clethra scabra Zoo + +
EUPHORBIACEAE Alchornea glandulosa Zoo + + ++ + + +
EUPHORBIACEAE Croton floribundus Zoo + ++ + + + +
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Família Espécie SDLocalização
A1 A2 A4 A5 A6 BE
EUPHORBIACEAE Croton urucurana Zoo +
FABACEAE Inga sessilis Zoo + + +
FABACEAE Machaerium hirtum Ane + + + +
FABACEAE Machaerium nyctitans Ane + + + + +
FABACEAE Machaerium villosum Ane ++ + +
FABACEAE Piptadenia gonoacantha Auto ++ + ++ ++ ++
LAMIACEAE Aegiphila sellowiana Zoo + + +
MALVACEAE Luehea grandiflora Ane + + + + +
MELASTOMATACEAE Tibouchina stenocarpa Ane + + ++ +
MELIACEAE Cabralea canjerana Zoo + + + + + +
MYRSINACEAE Rapanea ferruginea Zoo + + + + + +
MYRSINACEAE Rapanea umbellata Zoo + + +
SIPARUNACEAE Siparuna cujabana Zoo + + + + +
SOLANACEAE Solanum lycocarpum Zoo ++
SOLANACEAE Solanum variabile Zoo ++
URTICACEAE Boehmeria caudata Auto +
VERBENACEAE Aloysia virgata Zoo + + ++
tabela 5 Lista de espécies exóticas encontradas ao redor e no interior dos fragmentos florestais estudados em Piracaia, SP.
Família Espécie Nome popular Invasibilidade
BIGNONIACEAE Tecoma stans ipê-de-jardim muito alta
LAURACEAE Persea americana abacateiro baixa
MYRTACEAE Eucalyptus sp. eucalipto baixa
MYRTACEAE Psidium guajava goiabeira média
PINACEAE Pinus cf. elliottii pinheiro alta
RHAMNACEAE Hovenia dulcis uva japonesa baixa
ROSACEAE Eriobotrya japonica nespereira baixa
RUBIACEAE Coffea arabica café baixa
RUTACEAE Citrus aurantium limão-cravo média
...continuação
42
Figura 3 (Espécies de particular interesse). A espécie pioneira lobeira (Solanum lycocarpum), comum nos pastos e beiras de estrada, no detalhe do ramo florido (acima à esquerda) e vista geral de um adensamento puro da espécie (acima à direita), espécie com alto potencial para o uso na restauração da área; a espécies exótica e invasora de pastagens ipê-de-jardim (Tecoma stans) no detalhe do ramo florido (meio à esquerda) e vista geral de um adensamento puro da espécie (meio à direita), que poderá representar uma ameaça ao processo de restauração; o limão-cravo (Citrus aurantium - abaixo à esquerda), espécie exótica relativamente frequente no sub-bosque da área 6, contudo, sem maiores ameaças ao processo de regeneração natural da floresta; houve a presença de moitas de Guadua cf. tagoara em áreas de clareira no interior dos fragmentos muito degrada-dos, como na área 1 (abaixo à direita).
Ren
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3.2.3 Estrutura e diversidade da vegetação local
3.2.3.1 estrato arbóreoDurante o levantamento do estrato arbóreo dos fragmentos estudados, foram instaladas 24 parcelas de 20x20 m (total de 4.800 m2, 2.400 m2 por estado de conservação), nas quais foram levantados 875 indivíduos com DAP > 5 cm pertencentes a 111 espécies arbustivo--arbóreas (Tabela 6). Esses valores resultam em uma densidade geral média (± desvio padrão) de 1.823 ± 560 indivíduos arbóreos por ha, ou seja, 36,5 ± 11,2 indivíduos por parcela (200 m2). Da mesma maneira, obteve-se uma dominância absoluta total (i.e. área basal por área) de 29,7 ± 10,3 m2.ha-1. Quanto ao volume estimado de madeira, a média obtida foi de 344,5 ± 153.4 m3.ha-1 (ver métodos para detalhes do cálculo de volume de madeira).
De uma maneira geral, todos os parâmetros de estrutura foram maiores nos fragmentos menos degradados (Tabela 6). Ou seja, os fragmentos pouco degradados (PD) foram mais densos e apresentaram indivíduos com maior área basal e altura total em comparação aos fragmentos muito degradados (MD). Contudo, essa dife-
rença foi estatisticamente significativa apenas quanto à densidade e altura média. Quanto à área basal e ao volume de madeira (ambos indicadores de biomassa), a diferença não foi estatisticamente significativa.
Quanto à composição, os estados de conserva-ção foram significativamente diferentes entre si (MRPP: A= 0,0492; P < 0,000), ou seja, houve diferença na composição das comunidades entre os dois estados. As espécies mais impor-tantes em relação à densidade de cada estado de conservação são apresentadas na Tabela 6. Quatro e cinco espécies indicadoras foram detectadas para os estados de conserva-ção muito e pouco degradado, respectivamente (Tabela 6). Como indicado abaixo (item Reco-mendações para a restauração), essas espécies podem ser usadas como indicadores da eficiên-cia das futuras atividades de restauração.
Quanto à riqueza de espécies, ambos os esta-dos de conservação não diferiram na riqueza observada total ou por parcela (Tabela 6). Con-tudo, os fragmentos muito degradados tiveram um número máximo de espécies maior do que os pouco degradados (estimador de riqueza máxima Jackknife 1). Isso provavelmente acon-
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teceu devido aos fragmentos muito degradados possuírem uma heterogeneidade ambiental maior que os pouco degra-dados (e.g. áreas de borda, grandes clareiras, áreas fechadas etc.). De qualquer forma, a restauração deverá ser capaz de reintroduzir uma riqueza total de 89 (pd) a 108 espécies arbustivo-arbóreas (Md).
Quanto à diversidade de espécies (índice inverso de Simp-son), entretanto, os fragmentos pouco degradados foram mais diversos (alfa = 5%). A restauração deverá ser capaz de restabelecer um índice de diversidade de Simpson ≥ 23,26 (Md) e ≥ 28,38 (pd).
Baseado na ocorrência de espécies ameaçadas de extinção calculou-se o índice de Valor de Espécie (Tabela 6), que atribui pesos às espécies de acordo com sua categoria de ameaça de extinção (ver metodologia para mais detalhes so-bre essa análise). Assim, a análise fornece informações sobre a vegetação a partir do valor de conservação das espécies ocorrentes em cada estado de conservação. O índice foi sig-nificativamente diferente entre os dois estados de conserva-ção, sendo bem menor no ambiente muito degradado. Assim, em um primeiro momento, a restauração deverá ser capaz de restabelecer um índice médio de, no mínimo, 1,3 para se tornar semelhante aos fragmentos muito degradados. E para chegar ao valor ideal obtido nos fragmentos pouco degradados, o valor médio do índice deverá ser de, no mínimo, 5,4.
a análise fornece informações so-bre a vegetação a partir do valor de conservação das espécies ocorrentes em cada estado de conservação
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3.2.3.2 RegenerantesForam instaladas 88 parcelas de 1x1 m (total de 88 m2 – 8 parcelas não foram instaladas no estado de conservação pouco degradado devido à ausência de barco para o transporte até o fragmento) dentro das quais foi levantado um total de 1.466 plântulas de espécies arbustivo-arbóreas (indivíduos com altura < 1 m) perten-centes a 83 espécies.
Encontrou-se densidade geral média de 16,7 ± 13,2 plântulas por m2. Entretanto, a densidade de plântulas no ambiente pouco degradado (PD) foi bem maior, sendo em média quase três vezes maior que os fragmentos muito degradados (MD - Tabela 7). Essa diferença se deu provavelmente devido à cobertura de bambus arbustivos nativos, que foi sempre maior nos ambientes muito degradados. Dessa forma, a restauração deverá ser capaz de restabelecer uma densidade ini-cial mínima de 7 plântulas por m2 (Md) e, em seguida, uma densidade de 21 plântulas por m2 (pd).
Quanto à composição de espécies, as espécies mais abundantes em cada um dos ambientes são apresentadas na Tabela 7. Para que a restauração seja bem sucedida, essas espécies deverão estar presentes entre os regenerantes nas áreas restauradas. Isso talvez ocorra apenas em médio e longo prazos, mas a presença dessas espécies dominantes na regeneração das áreas restauradas é indicadora de sucesso da restauração. Da mesma maneira, estão listadas na Tabela 7 as 14 espécies indicadoras, separadas entre os estados de conservação. Elas servirão como populações indicadoras de qual estado de conservação as áreas restauradas estão e/ou se elas estão caminhando para reconstruir sistemas próximos aos originais, ao menos em relação à composição do banco de plântulas.
Apesar de o número médio de espécies por parcela não ter diferido estatisticamente entre os estados de conservação, os ambientes muito degradados mais uma vez apresentaram maior riqueza média e máxima de espécies. Esse resultado também se deve à maior heterogeneidade ambiental encontrada nos fragmentos mais degra-dados. Assim, a riqueza de plântulas arbustivo-arbóreas deverá ser igual ou maior a 63 e 87 espécies para os ambientes pouco e muito degradados, respectivamente. Em termos de riqueza observada por parcela, os valores de referência citados acima cor-respondem a uma riqueza mínima de quatro espécies de plântulas arbustivo-arbóreas por m2.
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Quanto à diversidade de espécies (índice inverso de Simpson), os ambientes pouco degradados também foram bem diversos. Des-sa forma, os valores mínimos de referência para a diversidade de espécies nos ambientes pouco e muito degradados são 5,9 e 15,9, respectivamente.
3.2.4 gramíneas exóticas
Quanto à percentagem de cobertura do solo por gramíneas exóticas invasoras (e.g. Brachiara spp.), os resultados estão sumarizados na Tabela 8. Observa-se que os valores obtidos foram sempre baixos (< 3%), mesmo nos fragmentos muito degradados. Como esperado, o valor de cobertura máximo obtido foi encontrado em uma parcela de um fragmento muito degradado (2,73%, ou seja, 2,73 cm cobertos por gramíneas em um metro linear). Contudo, essa parcela esteve bem próxima à borda do fragmento. O ambiente muito degradado apresentou média ligeiramente maior, porém, não foi estatisticamente diferente do pouco degradado.
Tais resultados são referências bastante desafiadoras para o processo de restauração, visto que a cobertura do solo por gramíneas exóti-cas em áreas degradadas comumente ultrapassa os 90%. Assim, na tentativa de restaurar sistemas próximos aos encontrados nos fragmen-tos florestais locais, o objetivo ideal da restauração será promover valores de cobertura por gramíneas exóticas menores que 1%, que representa o limite superior do intervalo de confiança do am-biente mais degradado (Tabela 8). Esse valor é apenas uma referência e certamente a floresta pode restabelecer seus processos sucessionais básicos com valores maiores de cobertura. Por outro lado, esse valor talvez só seja atingido a médio e longo prazos, quando a estrutura da floresta for capaz de proporcionar sombra contínua no solo da floresta.
tabela 8 Resumos dos resultados de percentagem de cobertura do solo por gramíneas exóticas
ParâmetroMuito
degradado (%)Pouco
degradado (%)Geral (%)
Média ± Desvio padrão
0,50 ± 0,91 0,34 ± 0,41 0,42 ± 0,69
Intervalo de confiança (95%)
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Valor máximo 2,73 1,05 2,73
49
3.3 Avifauna
3.3.1 Inventário de aves
Ao todo, foram registradas 129 espécies de aves de 42 famílias, sendo que a maioria, composta por 81 espécies, habita áreas abertas, antró-picas e/ou bordas florestais, enquanto que 34 espécies são típicas das florestas remanescen-tes, 12 são aquáticas ou associadas a ambientes palustres e apenas quatro são aves de espaço aéreo (Anexo 2).
Nenhuma espécie se encontra em alguma categoria de risco de extinção, considerando âmbitos estadual, nacional e internacional. Po-rém, o pica-pau-rei Campephilus robustus, que foi observado uma vez, em casal, na área 1, foi recentemente retirado da categoria Ameaçada de Extinção no estado de São Paulo. Trata-se do maior pica-pau brasileiro e é uma espécie endê-mica, rara e exigente quanto a recursos flores-tais. O jacu-guaçu Penelope obscura também já foi considerado ameaçado no estado e trata-se de um importante dispersor de sementes que recebe grande pressão de caça. Essas espécies devem receber atenção durante os trabalhos de monitoramento e restauração.
Nove espécies endêmicas do bioma Mata Atlân-tica foram registradas, atribuindo valor de con-servação aos fragmentos estudados (Anexo 2).
Com exceção do tiê-negro Tachyphonus coronatus, todas essas espécies são florestais e a maioria foi rara ou ausente na amostragem quantitativa (Tabela 9), com exceção do tangará-dançarino Chiroxiphia caudata, uma das espécies mais abundantes, e do sebinho Todirostrum polioce-phalum, de abundância intermediária. Como esta pesquisa pode ser considerada uma amostragem rápida, maior esforço de levanta-mento revelaria mais espécies de aves, contudo, como já salientado na caracterização geral da avifauna, florestas montanas apresentam menor riqueza de espécies. Além disso, como os fragmentos estudados possuem áreas insufi-cientes para manter grande número de espécies exigentes em recursos, já era previsível que esta pesquisa resultasse em um menor valor de riqueza em comparação com Silva (1992) e De-veley e Martensen (2006), que tiveram maiores esforços de amostragem (ver capítulo 2.1).
Tais trabalhos, assim como este inventário, não constataram a presença de espécies típicas da Mata Atlântica e mais exigentes em recursos ambientais, como o tropeiro Lipaugus lanioides e o araçari Selenidera maculirostris e, ainda, cinegéticas, como o macuco Tinamus solitarius e a jacutinga Pipile jacutinga, sugerindo possíveis extinções locais de populações dessas espécies, que foram registradas por Allegrini (1997) no Parque Estadual Turístico Alto do Ribeira (Petar), na Serra da Paranapiacaba.
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50
Formas endêmicas e características de florestas melhor conservadas, como bacurau-tesoura-grande Macropsalis forcipata, picapau-dourado Piculus auru-lentus, choquinha-carijó Drymophila malura, fruxu Ne-opelma chrysolophum, borralha Mackenziaena severa e pavó Pyroderus scutatus, ocorreram nos estudos de Silva (1992), Develey e Martensen (2006), mas não foram registradas em Piracaia, indicando menor integridade ambiental.
A pobreza de espécies endêmicas e/ou típicas de flo-restas bem conservadas, a ausência de espécies amea-çadas e o fato de a grande maioria das espécies ocorrer tanto nas florestas úmidas do litoral como nas matas se-cas do interior mostram que a comunidade encontra-se empobrecida e descaracterizada, sendo subconjunto de outras comunidades do estado de São Paulo, sobretudo em relação ao Petar (ALLEGRINI, 1997).
Apenas três exceções: jacu-guaçu Penelope obscura e ticotico-do-mato Arremon flavirostris, que são espécies típicas das formações litorâneas, e o beija-flor Phae-thornis pretei, que é mais comum no interior do estado, não permitem afirmar se a comunidade de aves seria mais similar às áreas úmidas litorâneas ou às áreas mais secas do interior paulistano.
O inventário realizado por meio de pontos recrutou 78 espécies de 32 famílias. Essas espécies inven-tariadas encontram-se na Tabela 9, que apresenta valores de abundância e frequência das popula-ções de cada espécie.
nenhuma espécie se encontra em alguma categoria de risco de extinção, considerando âmbitos estadual, nacional e internacional
51
O inventário revelou baixa similaridade em composição específica, comparando-se amostras de fragmentos, como pode ser observado no dendrograma do índice de Jaccard (Figura 2).
O maior valor de similaridade foi da ordem de 54% entre as áreas 3 e 6. As maiores similaridades ocorreram entre os fragmentos A3, A5 e A6. As áreas mais dissimilares foram a 1 e a 2, que são fragmentos peque-nos, mais degradados e que receberam apenas seis e três contagens pontuais, respectivamente. As outras áreas receberam sete ou nove contagens pontuais, assim, maiores esforços podem ter definido os agrupamentos de Jaccard em primeira escala, refletindo também o tamanho das áreas, pois áreas maiores possibilitam o estabelecimento de mais pontos de inventário e também comportam maior número de espécies e contingentes populacionais. Além de a amostragem ter sido pequena, baixos contingentes populacionais de aves florestais na escala da paisagem explicam a dissimilaridade de espécies entre fragmentos.
A curva de rarefação de toda a amostragem apresenta leve tendência à inflexão ao eixo ‘x’ e, assim como o intervalo de confiança, sugere que seria necessário maior esforço para que o inventário fosse mais representativo, fato que se verifica mais claramente para inventários no interior da floresta e em bordas florestais, por serem amostras parciais do total.
Tais resultados são comuns em amostragens rápidas como esta, particularmente porque o método de inventário em pontos, por ter resultados mais acurados, é mais seletivo em recrutamentos, exigindo maior esforço, por exemplo, em relação a amostragens em trajetos irregulares, mas menor esforço em comparação com inventários usando redes ornitológicas.
O teste de Kruskal-Wallis foi utilizado verificando diferenças signi-ficativas na riqueza de espécies, índice de Shannon-Wiener e na Uniformidade. Tais análises de variância sugeriram que não houve diferenças significativas na diversidade de aves, considerando resulta-dos obtidos no interior de fragmentos florestais em comparação com aqueles obtidos em suas bordas.
Esse resultado da análise de variância da riqueza foi semelhante ao obtido pelas curvas de rarefação, pois ocorreram sobreposições de intervalos de confiança nas curvas das amostragens em bordas e de interior. Tais análises sugerem que a composição de aves que utilizam as bordas florestais seja tão complexa quanto a de que utilizam o interior dos fragmentos no que tange aos aspectos investigados de estrutura comunitária.
52
As variáveis, riqueza de espécies e número de indivíduos oscilaram consideravelmente na amostragem, de acordo com intervalos de confiança da Tabela 10. Assim, as melhores informações de referência sobre a diversidade de aves são os intervalos de confiança dos parâ-metros: índice de Shannon e de Uniformidade, embora a amostragem da riqueza também seja adequada e importante, devido ao baixo coeficiente de variação.
tabela 9 Aves recrutadas no inventário em pontos-fixos, sendo: n - número de indivíduos, IPA – índice Pontual de Abundância e FOP – Frequência de Ocorrência em Pontos de Amostragem.
Nome do Táxon n IPA FOP
Tinamidae (GRAY, 1840)
Crypturellus obsoletus (TEMMINCK, 1815) 1 0,2 0,02
Crypturellus tataupa (TEMMINCK, 1815) 3 0,6 0,04
Cracidae (RAFINESQUE, 1815)
Penelope obscura (TEMMINCK, 1815) 2 0,4 0,02
Phalacrocoracidae (REICHENBACH, 1849)
Phalacrocorax brasilianus (GMELIN, 1789) 14 0,28 0,1
Ardeidae (LEACH, 1820)
Nycticorax nycticorax (LINNAEUS, 1758) 2 0,4 0,02
Ardea alba (LINNAEUS, 1758) 1 0,2 0,02
Accipitridae (VIGORS, 1824)
Rupornis magnirostris (GMELIN, 1788) 8 0,16 0,12
Falconidae (LEACH, 1820)
Milvago chimachima (VIEILLOT, 1816) 9 0,18 0,16
Herpetotheres cachinnans (LINNAEUS, 1758) 2 0,4 0,02
Rallidae (RAFINESQUE, 1815)
Aramides saracura (SPIX, 1825) 2 0,4 0,02
Cariamidae (BONAPARTE, 1850)
Cariama cristata (LINNAEUS, 1766) 7 0,14 0,1
Charadriidae (LEACH, 1820)
Vanellus chilensis (MOLINA, 1782) 1 0,2 0,02
Columbidae (LEACH, 1820)
Patagioenas picazuro (TEMMINCK, 1813) 10 0,2 0,12
53
Nome do Táxon n IPA FOP
Patagioenas cayennensis (BONNATERRE, 1792) 2 0,4 0,04
Leptotila verreauxi (BONAPARTE, 1855) 9 0,18 0,16
Leptotila rufaxilla (RICHARD; BERNARD, 1792) 1 0,2 0,02
Psittacidae (RAFINESQUE, 1815)
Aratinga leucophthalma (MÜLLER, 1776) 19 0,38 0,14
Brotogeris chiriri (VIEILLOT, 1818) 6 0,12 0,06
Cuculidae (LEACH, 1820)
Piaya cayana (LINNAEUS, 1766) 8 0,16 0,14
Guira guira (GMELIN, 1788) 1 0,2 0,02
Tapera naevia (LINNAEUS, 1766) 1 0,2 0,02
Trochilidae (VIGORS, 1825)
Thalurania glaucopis (GMELIN, 1788) 4 0,8 0,08
Alcedinidae (RAFINESQUE, 1815)
Megaceryle torquata (LINNAEUS, 1766) 2 0,4 0,04
Picidae (LEACH, 1820)
Picumnus temminckii (LAFRESNAYE, 1845) 10 0,2 0,16
Melanerpes candidus (OTTO, 1796) 1 0,2 0,02
Veniliornis spilogaster (WAGLER, 1827) 6 0,12 0,12
Colaptes campestris (VIEILLOT, 1818) 19 0,38 0,28
Dryocopus lineatus (LINNAEUS, 1766) 4 0,8 0,08
Campephilus robustus (LICHTENSTEIN, 1818) 2 0,4 0,02
Thamnophilidae (SWAINSON, 1824)
Thamnophilus caerulescens (VIEILLOT, 1816) 36 0,72 0,5
Conopophagidae (SCLATER; SALVIN, 1873)
Conopophaga lineata (WIED, 1831) 7 0,14 0,1
Furnariidae (GRAY, 1840)
Furnarius rufus (GMELIN, 1788) 2 0,4 0,02
Synallaxis ruficapilla (VIEILLOT, 1819) 1 0,2 0,02
Synallaxis spixi (SCLATER, 1856) 5 0,1 0,1
Automolus leucophthalmus (WIED, 1821) 5 0,1 0,08
...continuação
54
Nome do Táxon n IPA FOP
Tyrannidae (VIGORS, 1825)
Mionectes rufiventris (CABANIS, 1846) 3 0,6 0,04
Leptopogon amaurocephalus (TSCHUDI, 1846) 2 0,4 0,02
Poecilotriccus plumbeiceps (LAFRESNAYE, 1846) 5 0,1 0,1
Todirostrum poliocephalum (WIED, 1831) 12 0,24 0,2
Todirostrum cinereum (LINNAEUS, 1766) 1 0,2 0,02
Camptostoma obsoletum (TEMMINCK, 1824) 6 0,12 0,12
Tolmomyias sulphurescens (SPIX, 1825) 13 0,26 0,22
Platyrinchus mystaceus (VIEILLOT, 1818) 5 0,1 0,1
Lathrotriccus euleri (CABANIS, 1868) 11 0,22 0,16
Pitangus sulphuratus (LINNAEUS, 1766) 16 0,32 0,28
Myiodynastes maculatus (MÜLLER, 1776) 4 0,8 0,06
Megarynchus pitangua (LINNAEUS, 1766) 2 0,4 0,02
Tyrannus melancholicus (VIEILLOT, 1819) 1 0,2 0,02
Myiarchus swainsoni (CABANIS; HEINE, 1859) 10 0,2 0,14
Myiarchus ferox (GMELIN, 1789) 2 0,4 0,04
Pipridae (RAFINESQUE, 1815)
Chiroxiphia caudata (SHAW; NODDER, 1793) 16 0,32 0,24
Tityridae (GRAY, 1840)
Pachyramphus polychopterus (VIEILLOT, 1818) 6 0,12 0,12
Vireonidae (SWAINSON, 1837)
Cyclarhis gujanensis (GMELIN, 1789) 53 1,6 0,76
Vireo olivaceus (LINNAEUS, 1766) 49 0,98 0,76
Corvidae (LEACH, 1820)
Cyanocorax cristatellus (TEMMINCK, 1823) 3 0,6 0,06
Troglodytidae (SWAINSON, 1831)
Troglodytes musculus (NAUMANN, 1823) 4 0,8 0,08
Turdidae (RAFINESQUE, 1815)
Turdus rufiventris (VIEILLOT, 1818) 11 0,22 0,22
Turdus leucomelas (VIEILLOT, 1818) 8 0,16 0,14
...continuação
55
Nome do Táxon n IPA FOP
Turdus amaurochalinus (CABANIS, 1850) 8 0,16 0,16
Mimidae (BONAPARTE, 1853)
Mimus saturninus (LICHTENSTEIN, 1823) 1 0,2 0,02
Thraupidae (CABANIS, 1847)
Trichothraupis melanops (VIEILLOT, 1818) 2 0,4 0,02
Tachyphonus coronatus (VIEILLOT, 1822) 11 0,22 0,2
Thraupis sayaca (LINNAEUS, 1766) 8 0,16 0,16
Tangara cayana (LINNAEUS, 1766) 9 0,18 0,16
Conirostrum speciosum (TEMMINCK, 1824) 2 0,4 0,02
Emberizidae (VIGORS, 1825)
Zonotrichia capensis (MÜLLER, 1776) 5 0,1 0,1
Ammodramus humeralis (BOSC, 1792) 3 0,6 0,06
Emberizoides herbicola (VIEILLOT, 1817) 2 0,4 0,04
Volatinia jacarina (LINNAEUS, 1766) 1 0,2 0,02
Arremon semitorquatus (SWAINSON, 1838) 3 0,6 0,02
Cardinalidae (RIDGWAY, 1901)
Saltator similis (D`ORBIGNY; LAFRESNAYE, 1837) 9 0,18 0,16
Parulidae (WETMORE et al., 1947)
Parula pitiayumi (VIEILLOT, 1817) 2 0,4 0,04
Basileuterus culicivorus (DEPPE, 1830) 42 0,84 0,52
Basileuterus leucoblepharus (VIEILLOT, 1817) 25 0,5 0,42
Icteridae (VIGORS, 1825)
Gnorimopsar chopi (VIEILLOT, 1819) 1 0,2 0,02
Pseudoleistes guirahuro (VIEILLOT, 1819) 2 0,4 0,04
Fringillidae (LEACH, 1820)
Carduelis magellanica (VIEILLOT, 1805) 1 0,2 0,02
Euphonia chlorotica (LINNAEUS, 1766) 4 0,8 0,08
...continuação
56
Estimativas de densidade para aves florestais são raras no Brasil. Apenas Allegrini (1997) conseguiu valores apropriados, pois realizou uma grande amostragem, essencial para obter um número suficiente de registros de aves dentro da área do cálculo de densidade.
Neste estudo, utilizando raio de 20 m a partir de cada ponto de amostragem, foi possível obter, ao todo, apenas 48 registros numa área de 6,28 ha inventa-riados. A densidade obtida para a comunidade foi de 6,3 indivíduos por ha. Apenas para o pula-pula-co-roado Basileuterus culicivorus, que foi a espécie com maior número de registros (n = 8) dentro do raio de 20 m, foi possível calcular a densidade populacional (1,4 indivíduos por ha), mas é importante considerar que oito registros é um número insuficiente para estimativas acuradas. Allegrini (1997) obteve em es-tádios de regeneração florestal densidades de 0,68; 1,86 e 3,82 índivíduos por ha dessa espécie, que são números próximos do valor presente.
As densidades totais obtidas pelo citado autor para suas comunidades não podem ser comparadas à densidade total deste trabalho, pois sua amostragem foi maior e os valores obtidos, muito superiores, pois foram calculados acumulativamente, não havendo resultados parciais.
Computando resultados da amostragem em todos os fragmentos florestais, foram obtidos os seguintes va-lores para a diversidade: 78 espécies, 597 indivíduos, índice de Shannon-Wiener de 3,78, uniformidade de 0,86 e índice de abundância pontual de 11,94. Os pre-sentes resultados são similares aos de outros trabalhos que utilizaram o mesmo método de amostragens em diversos fragmentos florestais no estado de São Paulo (VIELLIARD, 2000) e podem ser utilizados como infor-mações de referência para restauração florestal.
Aur
élio
Pad
ovez
i/TN
C
Estrada do entorno do reservatório do Cachoeira. Piracaia (SP)
57
tabela 10 Componentes quantitativos da diversidade de aves inventariadas em pontos fixos; sendo: n – número de indivíduos, H’ – índice de Shannon-Wiener, J’ – uniformidade.
Fragmento Riqueza n H’ J’
Área 1 32 69 3.2 0.92
Área 2 38 63 3.48 0.95
Área 3 46 181 3.36 0.87
Área 5 36 124 3.22 0.9
Área 6 45 161 3.49 0.91
Média aritmética 39,4 119,6 3,35 0.9100
Variância 35,8 28,2 0,019 0,0009
Desvio padrão 59,8 53,1 0.137 0,0292
Erro padrão 26,8 23,7 0,061 0,0130
Coeficiente de variação
15,19% 44,38% 4,11% 3,20%
Intervalo de con-fiança
39,4 ± 52,4
119,6 ± 30,76
3,35 ± 0,12
0,91 ± 0,02
Durante as próximas décadas, os valores de estruturas popula-cionais acima apresentados devem ser comparados apenas aos resultados obtidos nas áreas em restauração ao longo do monito-ramento e não devem ser interpretados como condições ideais do sucesso da restauração, cujos valores deverão estar bem aquém dos atuais nos próximos dez a vinte anos pelo menos.
Estimativas do esforço de amostragem e do poder analítico pude-ram ser calculadas para aves insetívoras florestais, uma categoria ecológica adequada para ser utilizada com indicadora do sucesso da restauração florestal por meio do monitoramento.
Em análises objetivando detectar alterações populacionais de 5% com testes ‘t’ pareados para amostras dependentes (nos mesmos locais de monitoramento, antes e depois da restauração), foram utilizadas 25 espécies, 228 indivíduos, amostragem em 50 pontos, média de 91,2 aves e desvio padrão de 106,23.
Resultados indicam que para obter-se nível alfa de 0,01 e poder de 0,8 deverão ser realizadas 43 amostras. Para nível alfa de 0,05 e poder de 0,81 deverão ser amostrados 27 pontos fixos.
58
Esses resultados podem orientar a primeira campanha de campo de monitoramento a ser realizada exatamente nas áreas degradadas que serão restauradas. Como garantia, sugere-se que sejam realizadas novamente cerca de 50 amostras e, então, de posse desses resultados, é que novas análises de tamanho e poder orien-tariam o monitoramento de forma mais efetiva.
Sugere-se também que tais estimativas sejam realizadas para algumas espécies em particular, visando detectar oscilações de tamanho po-pulacional. A seleção dessas espécies foi feita ponderando exigências ecológicas associadas ao ambiente florestal e à necessidade de serem aves abundantes e frequentes, com capacidade de colonizar as áreas a serem restauradas. Con-templando essas características, dentre as dez espécies florestais mais abundantes e frequentes, devem ser monitoradas flutuações populacionais do pula-pula-coroado Basileuterus culicivorus, pula-pula-assoviador Basileuterus leucoblepharus, choca-da-mata Thamnophilus caerulescens e tangará-dançarino Chiroxiphia caudata.
As demais espécies que foram registradas com maior abundância e frequência na amostragem têm hábitos mais generalistas, ocorrendo em bordas florestais, áreas abertas e/ou antrópi-cas e deverão estar entre as primeiras aves a colonizar áreas restauradas: gente-de-fora--vem Cychlarhis gujanensis, juruviara Vireo olivaceus, pica-pau-do-campo Colaptes campestris, bico-chato-orelhudo Tolmomyias sulphurescens, bem-te-vi Pitangus sulphuratus e sabiá-laranjeira Turdus rufiventris. Apesar da plasticidade ambiental que possuem, popula-ções dessas espécies também devem ser utili-zadas como indicadoras da sucessão ecológica nas áreas restauradas e devem receber análises de tamanho da amostra e poder de análise.
Outras categorias ecológicas e bioindicadores em potencial são os insetívoros florestais e as aves onívoras dispersoras de sementes. A primeira
categoria é sensível aos impactos da fragmenta-ção florestal e tem sofrido declínios populacionais e extinções locais. Na maioria, são habitantes do sub-bosque, cuja presença denota relativa integridade biológica dos fragmentos, pois essas aves se restringem muito às áreas florestais.
Outras aves florestais que podem ser indi-cadoras da recomposição biótica das áreas restauradas são o ticotico-do-mato Arremon semitorquatus, uma espécie que em Piracaia se encontra no limite mais interiorano da sua área de ocorrência; o tangará-dançarino Chiroxyphia caudata; a juriti Leptotila verreauxi; a pomba-galega Patagioenas cayennensis e o beija-flor-de-fronte-violeta Thalurania glaucopis.
As aves dispersoras de sementes devem rece-ber atenção no monitoramento porque disper-sarão espécies botânicas da região dentro das áreas de restauração e vice-versa, evidenciando possíveis funções ecológicas da restauração.Ao todo, foram registradas 25 espécies de insetívoros florestais (Anexo 2), havendo 20 es-pécies mais abundantes, apresentadas na Tabela 11. A maioria das aves dispersoras de sementes pertence à categoria onívoros: frugívoros e insetívoros, com 29 espécies na região, sendo que 19 espécies reconhecidamente dispersoras se encontram na Tabela 12, com destaque para aquelas que utilizam poleiros implantados, uma técnica de restauração florestal.
Chama atenção a escassez de espécies polini-zadoras da família dos beija-flores (Throchilidae), pois apenas cinco espécies foram registradas. Somente o beija-flor-de-fronte-violeta Thalurania glaucopis foi registrado na amostragem quanti-tativa e, além disso, foi a única espécie florestal de Throchilidae. A sensibilidade das espécies florestais de beija-flores à fragmentação é reco-nhecida na literatura, e esforços de restauração devem incluir espécies botânicas atrativas como medida de enriquecimento de habitat para essas importantíssimas aves polinizadoras.
59
Houve correlações de Spearman significativas entre diversidade de aves e aspectos da estrutura do habitat, como densidade do sub-bosque e complexidade vertical da floresta. Entre diversidade de aves e densidade do sub-bosque, foi obtido p = 0,009; r = 0,26; e t = 26,48 (com 93 pares de dados). Entre diversidade de aves e comple-xidade vertical da floresta, obteve-se p = 0,009; r = 0,26; e t = 26,37 (com 93 pares de dados). Não houve associação significativa entre diversidade de aves e intensidade luminosa ao nível do sub-bosque, tampouco com a riqueza de espécies arbóreas, densidade ou área basal das árvores.
Essas informações são importantes, pois mostram a importância de as medidas de restauração visarem restabelecer as condições estruturais do habitat mais associadas à avifauna, cujas características serão apresentadas abaixo. tabela 11 Aves florestais insetívoras e potenciais bioindicadoras de áreas restauradas
Nome do Táxon Nome em Português English Name
Picumnus temminckii pica-pau-anão-de-coleira Ochre-collared Piculet
Veniliornis spilogaster picapauzinho-verde-carijó White-spotted Woodpecker
Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca Lineated Woodpecker
Campephilus robustus pica-pau-rei Robust Woodpecker
Thamnophilus caerulescens choca-da-mata Variable Antshrike
Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde Olivaceous Woodcreeper
Xiphorhynchus fuscus arapaçu-rajado Lesser Woodcreeper
Conopophaga lineata chupa-dente Rufous Gnateater
Synallaxis ruficapilla pichororé Rufous-capped Spinetail
Automolus leucophthalmus
barranqueiro-de-olho-branco White-eyed Foliage-gleaner
Mionectes rufiventris abre-asa-de-cabeça-cinza Gray-hooded Flycatcher
Leptopogon amaurocephalus
cabeçudo Sepia-capped Flycatcher
Poecilotriccus plumbeiceps
tororó Ochre-faced Tody-Flycatcher
Todirostrum poliocephalum
teque-teque Yellow-lored Tody-Flycatcher
Tolmomyias sulphurescens
bico-chato-de-orelha-preta Yellow-olive Flycatcher
Platyrinchus mystaceus patinho White-throated Spadebill
Lathrotriccus euleri enferrujado Euler’s Flycatcher
Trichothraupis melanops tiê-de-topete Black-goggled Tanager
Basileuterus culicivorus pula-pula Golden-crowned Warbler
Basileuterus leucoblepharus pula-pula-assobiador White-browed Warbler
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Medidas de restauração devem consorciar espécies botânicas que propiciem grande variação vertical na floresta, possibilitando o estabelecimento de espécies com hábitos especializados de forrageamento, como aves escaladoras de galhos e troncos (Picidae, Dendrocolaptidae, Xenops spp.), aves insetívoras que buscam suas presas em aglomerados de folhas mortas suspensas na floresta (Philidor spp) e outras que capturam insetos em voo (fly-catching) no interior florestal (Tyrannidae).
Contudo, como será visto a seguir, a demasiada densidade do sub-bosque, que é típica em estágios iniciais e médios de regeneração, deve ser evitada na restau-ração ecológica, pois representa uma limitação às espécies que possuem hábitos mais especializados de alimentação (Thiollay 1997).
tabela 12 Aves onívoras dispersoras de sementes
Nome do Táxon Nome em Português English Name
Penelope obscura jacuaçu Dusky-legged Guan
Ramphastos toco tucanuçu * Toco Toucan
Camptostoma obsoletum risadinha *Southern
Beardless-Tyrannulet
Pitangus sulphuratus bem-te-vi * Great Kiskadee
Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado * Streaked Flycatcher
Megarynchus pitangua neinei * Boat-billed Flycatcher
Tyrannus melancholicus suiriri * Tropical Kingbird
Myiarchus swainsoni irré * Swainson’s Flycatcher
Myiarchus ferox maria-cavaleira * Short-crested Flycatcher
Chiroxiphia caudata tangará Blue Manakin
Pachyramphus polychopterus
caneleiro-preto White-winged Becard
Turdus rufiventris sabiá-laranjeira Rufous-bellied Thrush
Turdus leucomelas sabiá-barranco Pale-breasted Thrush
Turdus amaurochalinus sabiá-poca Creamy-bellied Thrush
Tachyphonus coronatus tiê-preto Ruby-crowned Tanager
Thraupis sayaca sanhaçu-cinzento Sayaca Tanager
Tangara cayana saíra-amarela Burnished-buff Tanager
Saltator similis trinca-ferro-verdadeiro Green-winged Saltator
Euphonia chlorotica fim-fim Purple-throated Euphonia
* utilizam poleiros artificiais em áreas abertas
61
Neste item, são feitas considerações e recomendações às atividades de restau-ração a serem desenvolvidas às margens
do reservatório do Cachoeira, com base nas informações de referência sobre vegetação, flora e avifauna. Para os mais diferentes aspectos são estabelecidos valores de referência que po-dem ser vistos como metas para a restauração, assumindo os fragmentos do entorno como parâmetros que se pretende atingir para consi-derar a restauração como bem-sucedida. Cabe ressaltar, contudo, que esses são apenas valores de referência e que obtê-los por meio das ati-vidades de restauração pode levar muitos anos (e.g. cobertura do solo por gramíneas exóticas). Adicionalmente, o tempo necessário para atingir cada um deles pode ser diferente (e.g. densida-de vs. área basal). Portanto, durante o monitora-mento, eles devem ser vistos como indicativos de que a restauração foi capaz ou está a caminho de formar florestas com estrutura e diversidade semelhantes às condições locais.
Ric
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Via
ni/T
NC
Plantio de mudas. Projeto Cachoeira. Piracaia (SP)
64
informações de referência . série água, clima e floresta . v. II
Mesmo assim, é importante destacar que o principal objetivo da restauração pode não ser (ou talvez não seja) restabelecer parâmetros encontrados em fragmentos próximos, ou seja, ‘copiar’ a estrutura, composição e riqueza de fragmentos. Apesar da importância do estabe-lecimento de valores de referência para moni-torar o sucesso das atividades de restauração (RUIZ JAEN; AIDE, 2005), o atual objetivo da resturação é restabelecer os processos ecológicos básicos capazes de estimular a sucessão natural e recuperar a capacidade de a floresta se manter no tempo (PARKER, 1997; PARKER; PICKETT, 1999). Dentro desse objetivo, assume-se a restauração como um processo aberto e não previsível, que pode resultar em comunidades funcionais bastante distintas entre si, distintas inclusive dos pró-prios fragmentos usados como referência.
4.1 Vegetação e flora
Como ilustrado em itens anteriores (itens 3.2.3 e 3.2.4), houve uma diferenciação significativa entre os estados de conservação Muito De-grado (MD) e Pouco Degradado (PD). Nesses casos, os valores de referência obtidos para MD podem ser considerados como valores ou referências parciais que antecedem a referên-cia final (PD). Os valores encontrados para os parâmetros avaliados em cada um dos estados de conservação podem ser encontrados nas Tabelas 6 (estrato arbóreo) e 7 (regeneran-tes). Para facilitar a avaliação de sucesso da restauração, são resumidos a seguir os valores mínimos de referência (i.e. limites inferiores dos intervalos de confiança) para o estado de conservação com menor valor médio do res-pectivo parâmetro (no caso de diferença sig-nificativa entre MD e PD) ou para o valor total (no caso de não haver diferença significativa entre os estados). Esses valores são colocados como sugestões de metas para a restauração, que deverá obter:
6565
• Densidade mínima de 1.315 indivíduos.ha-1 (adultos) e 7 indivíduos.m-2 (plântulas);
• Área basal mínima de 25 m2.ha-1 (adultos);• Volume de madeira mínimo de 280 m3.ha-1 (adultos);• Indivíduos com uma altura total média maior que 7,7 m por parcela
(adultos).• Riqueza total mínima de 89 (adultos) e 63 espécies arbustivo-arbóre-
as (plântulas); • Diversidade mínima (índice inverso de Simpson) de 23,26 (adultos) e
5,9 (plântulas);• índice de Valor de Espécie mínimo de 1,3 (adultos);• Percentagem de cobertura do solo por gramíneas exóticas inferior a 1%.
Quanto à composição, as espécies mais importantes encontradas nos dois estados de conservação devem ser reintroduzidas pela restauração, seja por meio do plantio direto, seja com técnicas alternativas, como o transplante de plântulas ou o banco de sementes do solo. Essas espécies são: Cupania vernalis, Myrcia splendens, Piptadenia gonoacantha, Croton floribundus, Vernonia diffusa, Alchornea glandulosa, Luehea divaricata, Solanum pseudoquina, Piptadenia paniculata, Lonchocarpus muehlber-gianus e Cabralea canjerana. Esse é o conjunto de espécies que melhor caracteriza as comunidades arbóreas estudadas, e sua presença nas áreas restauradas, portanto, pode ser usada como um dos indicativos da eficiência das atividades de restauração. Vale destacar que, como as áreas que receberão as atividades de restauração (e.g. pastos abandona-dos) e os fragmentos florestais possuem ambientes com condições muito diferentes, essas espécies devem estar presentes, mas não necessaria-mente devem apresentar a mesma importância nas áreas restauradas. Outras espécies que por outros motivos também são recomendadas para a restauração estão apresentada na Tabela 17. Além dessas espécies, a escolha final de quais serão utilizadas na restauração deve estar basea-da nas exigências legais existentes no estado de São Paulo (Resolução SMA 08 de 2007), principalmente no que diz respeito à riqueza total de espécies por projeto de restauração (mín. 80) e à proporção de espécies ameaçadas (mín. 5%) e zoocóricas (mín. 20 e máx. 40%).
Foram identificadas nove espécies arbóreas indicadoras dos dois estados de conservação avaliados: Anadenanthera colubrina, Eugenia hyemalis, Piptadenia paniculata e Vernonia diffusa (MD); e Cabralea canjerana, Cedrela fissilis, Machaerium villosum, Rapanea guianensis e Tabernaemontana hystrix (PD). Essas espécies podem ser monitoradas em particular, pois servirão como indicadores de que o processo de restauração está sendo eficiente ao restabelecer as espécies localmente mais importantes. Esse monitoramento deve incluir a presença de indi-víduos das espécies indicadoras nas áreas restauradas e pode também
66
avaliar variações de tamanhos populacionais. A análise distinta entre espécies indicadoras de fragmentos MD e PD pode ser usada ainda como uma ferramenta extra para avaliar, em ter-mos florísticos, em que estágio a restauração se encontra, assumindo que o estado de conserva-ção MD irá se desenvolver para um estado PD.
As análises de espécies mais importantes e de espécies indicadoras podem ser feitas entre os indivíduos regenerantes (<1 m de altura). Além de incluir plântulas de espécies de menor porte presentes no sub-bosque dos fragmentos, o monitoramento dos regenerantes pode ser usa-do para avaliar a recuperação do potencial de autorregeneração dos ambientes restaurados. Nesse sentido, a ‘saúde’ do estrato regeneran-te pode indicar uma garantia de manutenção da floresta restaurada. Contudo, deve-se ter cuidado ao comparar diretamente a composição, diversidade e estrutura dos estratos arbóreo e regenerante, visto que há diferenças naturais entre os dois estratos da floresta (e.g. espécies com portes diferentes, estratégias de regene-ração diferentes e espécies correspondentes a momentos sucessionais distintos da floresta).
o monitoramen-to deve incluir a presença de indivíduos das espécies indica-doras nas áreas restauradas e pode também avaliar variações de tamanhos populacionais
Aur
élio
Pad
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i/TN
C
Área do entorno do Projeto Cachoeira. Piracaia (SP)
67
4.2 Fauna
Um dos processos ecológicos mais importantes no auxílio à recupera-ção de áreas degradadas e à manutenção dos ecossistemas naturais é a dispersão de sementes por animais (zoocoria), pois cerca de 50% a 90% das espécies de árvores nas florestas tropicais são dispersas por animais (HOWE; SMALLWOOD, 1982).
Estudos recentes têm demonstrado que aves e morcegos são os principais dis-persores de sementes em florestas tropicais, contribuindo para a recomposição da vegetação em trechos degradados (HEITHAUS, 1982).
Em restauração florestal, a grande vantagem de se utilizar plantas dispersas por animais é que esses agentes dispersores não apenas garantem a disseminação dessas plantas na área, mas também adicionam diversas outras espécies de plantas importantes para o processo de regeneração, cujas sementes são veiculadas em fezes e que não foram incluídas no plantio, quase sempre por serem desconhecidas quanto ao seu uso pela fauna (SILVA, 2003).
A utilização de sementes de frutos consumidos pela fauna em restauração florestal contempla dois importantes fatores de sucesso, que são a utilização de: i) elevada riqueza de espécies de plantas e ii) variabilidade genética local. Tal procedimento potencializa o processo de sucessão vegetal nas áreas restauradas, favorecendo a disseminação natural de espécies botânicas comprovadamente utilizadas e impor-tantes para a fauna silvestre, garantindo estrutura e função às áreas restauradas.
A Tabela 17 apresenta espécies arbóreas da flora regional recomendadas para a restauração, considerando a atratividade para a fauna. Sugere-se que essas espécies arbóreas sejam plantadas utilizando sementes coletadas na região, mas é importante enfatizar a ausência de constatações de que a fauna utilize tais recursos em Piracaia.
Os presentes resultados mostram que a comunidade de aves estudada encontra-se empobrecida e descaracterizada, sendo subconjunto de outras comunidades do estado de São Paulo, havendo notável ausência de espé-cies de aves florestais, como as grandes frugívoras de copa e beija-flores.
Sabe-se que, embora espécies botânicas consigam permanecer em frag-mentos, a fauna dispersora, polinizadora ou predadora pode ter se extingui-do ou estar em tão baixa densidade que as interações fauna e flora podem estar ecologicamente comprometidas. A ineficiência de muitas áreas de restauração em atrair e manter a fauna florestal é muito comum. Obviamen-te, a ausência de fauna compromete o restabelecimento e a propagação das espécies de plantas florestais nessas áreas de restauração.
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Plantio de restauração florestal no entorno do Reservatório do Cachoeira. Piracaia (SP)
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Assim, é interessante utilizar espécies botânicas que sejam comprovadamente utilizadas pela fauna local, garantindo interações ecológicas efetivas nas áreas restauradas. Para tanto, é necessária uma avaliação regional da utilização da flora pela fauna.
Sugere-se que, nesse trabalho, fezes e pelotas alimentares regurgitadas sejam obtidas por meio de técnicas especializadas de manejo de fauna, possibilitando a identificação das espécies animais e vegetais que se interagem de fato na região.
Sementes obtidas seriam separadas por morfoespécie, parte delas seria fixada em álcool 70% para identificação e outra parte seria destinada à germinação. Quan-do as sementes forem identificadas, fração delas seria tombada num Banco de Germoplasma.
Informações seriam organizadas em banco de dados correlacionado (espécie ani-mal, indivíduo marcado, amostra de alimentos, espécies botânicas, coordenadas geográficas, tombamento das sementes no Banco de Germoplasma).
Geralmente, caracteres taxonômicos úteis para identificação das plantas até o nível de espécie não são muito digeridos (FLEMING, 1988). Sementes pode-riam ser identificadas por comparação do material das pelotas alimentares com plantas frutificando na área. Identificadas ou não, sementes seriam utilizadas para orientar a busca das plantas matrizes e a distribuição de coletores de sementes embaixo das matrizes.
Coletores seriam verificados e esvaziados periodicamente. As coletas de semen-tes obtidas seriam individualizadas por planta matriz e acondicionadas com um código de referência.
Após seleção manual, as melhores sementes advindas dos coletores teriam dois destinos: i) 80% seriam utilizadas em experimento de germinação em viveiro e, depois, em forma de mudas, seriam plantadas na restauração florestal; ii) 20% das sementes seriam utilizadas para identificação, sendo posteriormente tombadas no Banco de Germoplasma (câmara fria), com número de tombo associado a cada coleta, a cada planta matriz e a cada lote de mudas produzidas.
Essas investigações teriam duração de dois anos, com coletas mensais, con-templando a fenologia das plantas nas quatro estações sazonais, resultando em informações valiosas para a continuidade do trabalho de restauração florestal e garantindo interações ecológicas efetivas nas áreas restauradas.
Investigações e o trabalho de coleta de sementes podem ser associados e/ou resultantes do monitoramento de aves e morcegos com redes-neblina que se su-gere proceder, no qual seriam coletadas fezes e regurgitados desses organismos.
70
tabela 13 Lista das espécies arbóreas da flora regional recomendadas para a restauração das margens do Reservatório do Cachoeira em Piracaia, SP. Espécies com dispersão, germinação e/ou crescimento favoráveis à restauração possuem aspectos desejáveis associados a dispersão, germinação e/ou crescimento.
Família Espécie Motivo
ANACARDIACEAE Schinus terebenthifoliaDispersão, germinação e/ou cresci-mento favoráveis; atrativa para aves
pequenas e mamíferos
ANACARDIACEAE Tapirira guianensis Atrativa para aves
ANACARDIACEAE Tapirira obtusa Atrativa para aves
ANACARDIACEAE Xylopia aromatica Atrativa para aves
APOCYNACEAEAspidosperma cf.
quirandyAmeaçadas (ou quase) de extinção
ARAUCARIACEAE Araucaria angustifoliaAmeaçadas (ou quase) de extinção;
atrativa para aves e mamíferos
ARECACEAE Acrocomia aculeataDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis; atrativa para aves e mamíferos
ARECACEAE Syagrus romanzoffianaDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis; atrativa para aves e mamíferos
ASTERACEAEBaccharis dracuncu-
lifoliaDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
ASTERACEAE Piptocarpha axillarisDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
ASTERACEAE Vernonia diffusaDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
ASTERACEAE Vernonia ferrugineaDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
BORAGINACEAE Cordia sellowianaDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis; atrativa para aves e mamíferos
BORAGINACEAE Cordia trichotomaDispersão, germinação e/ou cresci-mento favoráveis; atrativa para aves
CANNABACEAE Trema micranthaDispersão, germinação e/ou cresci-mento favoráveis; atrativa para aves
pequenas
CELASTRACEAE Maytenus salicifolia Espécie endêmica regional
CLETHRACEAE Clethra scabraDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
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Família Espécie Motivo
CONNARACEAE Connarus regnelii Espécie endêmica regional
ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum deciduum Atrativa para aves
EUPHORBIACEAE Alchornea glandulosaDispersão, germinação e/ou cresci-mento favoráveis; atrativa para aves
EUPHORBIACEAE Croton floribundusDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
EUPHORBIACEAE Croton urucuranaDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis; atrativa para peixes
EUPHORBIACEAE Manihot cf. jolyana Atrativa para mamíferos
FABACEAE Copaifera langsdorffiiAmeaçadas (ou quase) de extinção;
atrativa para aves
FABACEAE Inga sessilisDispersão, germinação e/ou cresci-mento favoráveis; atrativa para aves,
mamíferos e peixes
FABACEAE Leucochloron incuriale Espécie endêmica regional
FABACEAE Machaerium hirtumDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
FABACEAE Machaerium nyctitansAmeaçadas (ou quase) de extinção; Dispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
FABACEAE Machaerium villosumAmeaçadas (ou quase) de extinção; Dispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
FABACEAE Piptadenia gonoacanthaDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
LAMIACEAE Aegiphila sellowiana Dispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
LAMIACEAE Vitex polygama Atrativa para aves, mamíferos e peixes
LAURACEAE Ocotea nectandrifolia Ameaçadas (ou quase) de extinção
LECYTHIDACEAE Cariniana estrellensisAtrativa para caxinguelê
(Guerlinguetus spp)
MALVACEAE Luehea grandifloraDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
MALVACEAEPseudobombax
grandifoliumAtrativa para morcegos
MELASTOMATACEAE Miconia spp. Atrativa para aves
...continuação
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Família Espécie Motivo
MELASTOMATACEAE Tibouchina stenocarpaDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
MELIACEAE Cabralea canjeranaDispersão, germinação e/ou cresci-mento favoráveis; atrativa para aves
médias a grandes
MELIACEAE Cedrela fissilisAmeaçadas (ou quase) de extinção;
atrativa para caxinguelê (Guerlinguetus spp)
MORACEAE Ficus spp. Atrativa para aves
MYRSINACEAE Rapanea ferrugineaDispersão, germinação e/ou cresci-mento favoráveis; atrativa para aves
MYRSINACEAE Rapanea spp. Atrativa para aves
MYRSINACEAE Rapanea umbellataDispersão, germinação e/ou cresci-mento favoráveis; atrativa para aves
MYRTACEAE Campomanesia spp. Atrativa para aves e mamíferos
MYRTACEAE Eugenia spp. Atrativa para aves
PROTEACEAE Roupala brasiliensis Ameaçadas (ou quase) de extinção
ROSACEAE Prunus myrtifolia Atrativa para aves
SIPARUNACEAE Siparuna cujabanaDispersão, germinação e/ou cresci-mento favoráveis; atrativa para aves
SOLANACEAE Solanum lycocarpumDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis; atrativa para mamífe-ros médios e grandes
SOLANACEAESolanum
pseudoquinaAmeaçadas (ou quase) de extinção
SOLANACEAE Solanum variabileDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
URTICACEAE Boehmeria caudataDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
URTICACEAE Cecropia glaziovi Atrativa para aves e morcegos
URTICACEAE Cecropia hololeucaAmeaçadas (ou quase) de extinção;
atrativa para aves e morcegos
VERBENACEAE Aloysia virgataDispersão, germinação e/ou cresci-
mento favoráveis
VOCHYSIACEAE Vochysia magnificaEspécie endêmica regional; atrativa
para aves
...continuação
73
Ao término das avaliações, algumas considerações finais sobre os métodos de levantamento de informações de
referência devem ser feitas. De maneira geral, o projeto foi bem-sucedido e os métodos em-pregados se mostraram eficientes ao levantar informações de referência de qualidade. Como produtos importantes, a execução do projeto proveu (i) descrições detalhadas dos fragmen-tos florestais próximos, (ii) listas representativas da flora e avifauna local (com hábitos, guildas ecológicas, ameaça de extinção e endemismo), (iii) parâmetros quantitativos de referência e a variação aceitável associada a eles (estrutura, riqueza e diversidade de espécies) e (iv) identi-ficação de espécies indicadoras das classes de fragmentos estudados. Com esses produtos, é possível planejar e executar com qualidade as atividades de restauração, bem como auxiliar seu monitoramento. Assim, trabalhos dessa natureza fornecem informações claras e obje-tivas à restauração e devem ser estimulados, principalmente se o objetivo do projeto é atingir a certificação dentro dos padrões de clima, co-munidade e biodiversidade (Climate, Communi-ty & Biodiversity Standards – CCBA 2008).
Contudo, a avaliação da experiência de Piracaia indica que alguns pontos podem ser melhora-dos. Os critérios de classificação dos fragmentos
o projeto foi bem-sucedido e os métodos empregados se mostraram eficientes ao levantar infor-mações de referência de qualidade
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Cariama cristata
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informações de referência . série água, clima e floresta . v. II
florestais escolhidos (estratificação da amostra-gem) não provaram ser totalmente adequados, visto que um mesmo fragmento apresentou diferentes estados de conservação. Mesmo após uma visita de campo prévia, o problema só foi detectado durante as atividades de campo, quando todo o delineamento já estava montado. Esse aspecto foi especialmente importante du-rante a amostragem da avifauna, pois o tamanho dos fragmentos muito degradados proporcionou transectos amostrais bem menores e geralmente com mais efeito de borda. Talvez, outras infor-mações possam ser usadas como critérios mais objetivos de estratificação, como tamanho e formato do fragmento, histórico de perturbação e estágio sucessional.
Para a avaliação da vegetação, o número de fragmentos e o esforço amostral (24 parcelas de 20x20 m = 4.800 m2) se mostraram suficientes para os parâmetros de estrutura da vegetação (nível de precisão de ± 5 indivíduos). Quanto à composição florística, o levantamento dentro das parcelas, associado aos levantamentos expedi-tos nas bordas e interior dos fragmentos, tam-bém foi adequado. Contudo, é possível que o tamanho amostral não tenha sido suficiente para a avaliação da riqueza de espécies e para a de-tecção das espécies indicadoras, que depende diretamente da abundância e da frequência das
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espécies nas parcelas. Essa última análise, adicionalmente, depende diretamente do critério adotado para a subdivisão dos fragmentos, que, como dito acima, talvez não tenha sido tão adequado. Uma alter-nativa é aumentar o número de fragmentos pequenos para que haja uma igualdade em área entre as classes escolhidas.
Para a avifauna, o esforço amostral foi suficiente para: i) gerar uma relação preliminar e representativa da riqueza de espécies; ii) avaliar a abundância relativa das espécies florestais; iii) gerar estimadores da estrutura populacional das aves e dos seus habitats (estrutura flores-tal); iv) gerar estimativas para o tamanho das futuras amostragens de monitoramento; e v) avaliar graus de associações entre aspectos da estrutura florestal e diversidade de aves.
O futuro monitoramento da restauração deve, além de enfocar as-pectos utilizados neste trabalho, avaliar a recuperação de processos ecológicos. Avaliações sobre produção e chuva de sementes, intera-ções planta-polinizador e planta-herbívoros são alguns exemplos que podem dar grandes contribuições nesse sentido.
Os recursos humanos utilizados para levantamento e análise dessas informações de referência foram de aproximadamente 30 diárias (incluindo trabalho em campo, herbário, laboratório e relatório, divididas em dois profissionais graduados) para a vegetação e flora e 30 diárias para a avifauna. Assim, para o cálculo do custo total do projeto, devem ser multiplicados os valores das diárias dos profissio-nais e adicionados os gastos com material de consumo, hospedagem, transporte, alimentação, encargos e tributos, bem como de possíveis visitas prévias à área de estudo. Apesar de representar uma estimati-va grosseira do custo de execução do projeto (os valores certamente irão variar de região para região), eles servem como base para avaliar previamente o custo-benefício de sua realização.
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Margem do reservatório do Cachoeira em processo de restauração. Piracaia (SP)
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83
Anexo 1
Lista final de espécies da flora vascular ocorrentes na região de estudo (Piracaia e Joanópolis, SP). Legenda: MD = Fragmentos florestais muito degradados, PD = Fragmentos florestais pouco degra-dados, BE = Beira de estrada e pastos. Espécies sobrescritas com ‘ex’ significam que a espécie é exótica. Espécies sobrescritas com ‘sp’ indicam as espécies encontradas apenas para Joanópolis.
Família, espécie e autoria Nome popular Hábito MD PD BE
ACANTHACEAE
Justicia cf. carnea Lindl. Jacobínia/justícia subarb + +
ANACARDIACEAE
Schinus molleoides Vell.sp Aroeira-branca arv
Schinus terebenthifolia Raddiaroeira-pimenteira/
aroeira mansaarv + + +
Tapirira guianensis Aubl. Fruto-de-pombo arv +
Tapirira obtusa (Benth.) J. D. Mitch.sp Jobo/pau-pombo arv
ANNONACEAE
Guatteria australis A. St.-Hil. Cortiça arv +
Rollinia emarginata Schltdl.sp Araticum-do-mato arv
Rollinia sp. arv + +
Rollinia sylvatica (A. St.-Hil.) Mart.Araticum/embiriça/
cortiça-amarelaarv + +
Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Pimenta-de-macaco arv +
APOCYNACEAE
Asclepias curassavica L. Cega-homem herb +
Aspidosperma australe Müll. Arg.sp Guatambu/peroba-tambu
arv
Aspidosperma cf. quirandy Hassl. Perobinha arv + +
Aspidosperma cylindrocarpon Müll. Arg.sp Peroba-poca arv
Aspidosperma olivaceum Müll. Arg. Guatambu-peroba arv + +
Tabernaemontana hystrix Steud. Leiteira arv + +
AQUIFOLIACEAE
Ilex paraguariensis A. St.-Hil.Erva-mate/mate/
congonhaarv +
Ilex theezans Mart. ex Reissek Caúna/orelha de mico arv +
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informações de referência . série água, clima e floresta . v. II
Família, espécie e autoria Nome popular Hábito MD PD BE
ARAUCARIACEAE
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze
Pinheiro-do-paraná arv + +
ARECACEAE
Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. Ex Mart.
Macaúba arv +
Bactris setosa Mart. Tucum arb +
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman.
Jerivá arv + + +
ASTERACEAE
Baccharis caprariaefolia DC.sp Vassourão arb
Baccharis dracunculifolia DC. Alecrim-do-campo arb ++
Eupatorium vauthierianum DC.sp arb
Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera
Candeia/cambará arv +
Indeterminada 1 arb +
Indeterminada 2 arb + ++
Indeterminada 3 subarb +
Piptocarpha axillaris (Less.) Baker Cambará arv + + +
Vernonia diffusa Less. arv + +
Vernonia ferruginea Less. arv ++
Vernonia macrophylla Less. arb +
BIGNONIACEAE
Jacaranda macranthera Cham. Carobão arv + +
Jacaranda micrantha Cham. Caroba arv + +
Sparattosperma leucanthum (Vell.) K. Schum.
Caroba branca arv + +
Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. Ipê-amarelo arv +
Tecoma stans L. Kunth.ex Ipê-de-jardim arv ++
BORAGINACEAE
Cordia sellowiana Cham. Louro/chá-de-bugre arv +
Cordia trichotoma (Vell.) Arrab.ex Steud
Louro-pardo arv + + +
...continuação
87
Família, espécie e autoria Nome popular Hábito MD PD BE
BURSERACEAE
Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand
Almacegueira/breu/almesca
arv +
CAMPANULACEAE
Siphocampylus macropodus (Thunb.) G. Don
herb +
CANNABACEAE
Celtis iguanae (Jack.) Sargent. Joá-mirim/jameri arbesc +
Trema micrantha (L.) BlumeGrandiúva/pau-pólvora
arv + + +
CELASTRACEAE
Maytenus aquifolia Mart. Espinheira-santa arv + +
Maytenus evonymoides Reissek. Laranjinha arb + +
Maytenus robusta Reissek Cafezinho-do-mato arv +
Maytenus salicifolia Reissek Cafezinho arv + +
Maytenus sp. arv +
CLETHRACEAE
Clethra scabra Pers. Vassourão arv + +
CLUSIACEAE
Tovomitopsis paniculata (Spreng.) Planch. & Trianasp arv
COMMELINACEAE
Dichorisandra sp. subarb +
CONNARACEAE
Connarus regnelii G. Schellenb. Camboatã-da-serra arv +
CYATHEACEAE
Cyathea delgadii Sternb. arb + +
ELAEOCARPACEAE
Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. Sapopema arv +
ERYTHROXYLACEAE
Erythroxylum deciduum A St.-Hill.Cocão/
baga-de-pombaarv + +
...continuação
88
...continuação
Família, espécie e autoria Nome popular Hábito MD PD BE
EUPHORBIACEAE
Alchornea glandulosa Poepp. Caixeta/tapiá arv + + +
Croton floribundus Spreng. Capixingui arv + + +
Croton urucurana Baill. Sangra-d’água arv +
Manihot cf. jolyana Cruz Mandioca-do-mato arv + +
Sapium glandulosum (L.) Morong Leiteiro arv + +
Sebastiania brasiliensis (L.) Spreng. Leiteiro/tajuvinha arv +
Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. & Downs.
Branquinho arv +
Sebastiania klotzschiana (Müll. Arg.) Müll. Arg.sp Branquinho arv
Tetrorchidium rubrivenium Poepp. & Endl.
Canemuçu/embirão/peloteira
arv +
FABACEAE
Abarema sp. arv +
Acacia polyphylla DC. Monjoleiro arv +
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan.
Angico-branco arv + +
Andira anthelmia (Vell.) J.F.Macbr.Angelim-pedra/
angelim-do-campoarv + +
Bauhinia forficata Link. Pata de vaca arv + +
Bauhinia guianensis Aubl. Pata de vaca arv/lian +
Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC.
Canafistula/ chuva-de-ouro
arv + +
Copaifera langsdorffii Desf. Copaíba arv + +
Dahlstedtia pentaphylla (Taub.) Burkartsp arv
Dalbergia frutescens (Vell.) Britton arv/lian +
Erythrina mulungu Mart.Mulungu/sapatinho
de judeuarv +
Inga sellowiana Benth.sp arv
Inga sessilis (Vell.) Mart. Ingá-ferradura arv + +
Inga vera subsp. affinis Willd.sp Ingá-banana/ingá do brejo
arv
89
Família, espécie e autoria Nome popular Hábito MD PD BE
Leucochloron incuriale (Vell.) Barne-by & J.W. Grimes
Chico-pires arv + +
Lonchocarpus campestris DC. Angelim-bravo arv +
Lonchocarpus muehlbergianus Hassl.Rabo-de-macaco/
guaianãarv + ++
Machaerium brasiliense Vog.sp Pau-sangue/jacaran-da-bico de pato
arv
Machaerium cf. stiptatum (DC.) Vogel
Sapuva arv +
Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld Jacaranda-de-espinho arv + + +
Machaerium nyctitans (Vell.) Benth.Guaximbé/
bico-de-patoarv + + +
Machaerium vestitum VogelCateretê/
jacarandá-brancoarv + +
Machaerium villosum VogelJacarandá-do-mato/jacarandá-paulista
arv + +
Mimosa scabrella Benth.sp Bracatinga arv
Myroxylum peruiferum L.F.Óleo-de-cabreúva/
cabreúvaarv +
Ormosia arborea (Vell.) Harms Olho-de-cabra arv +
Ormosia fastigiata Tul.sp arv
Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr.
Pau-jacaré arv + + ++
Piptadenia paniculata Benth. arv + +
Platymiscium floribundum VogelJacarandá-vermelho/
sacambuarv + +
Senna macranthera (Collad.) H.S. Irwin & Barnebysp Manduirana/pau-fava arv
Senna pendula (Humb. & Bonpl. ex Willd.) H.S. Irwin & Barneby
arb +
Stryphnodendron obovatum Benth. arv +
Swartzia acutifolia VogelCaroba/
sangue-de-burroarv + +
INDETERMINADA
Indeterminada 1 arv +
Indeterminada 2 subarb + +
...continuação
90
...continuação
Família, espécie e autoria Nome popular Hábito MD PD BE
LAMIACEAE
Aegiphila sellowiana Cham. Tamanqueira arv + + +
Vitex polygama Cham. Tarumã/Maria preta arv + +
LAURACEAE
Aniba cf. firmula (Nees & Mart.) MezCanela-de-cheiro/
canel-sassafrásarv +
Cinnamomum stenophyllum (Meisn.) Vattimo-Gilsp Canela-vassoura arv
Cryptocarya aschersoniana MezCanela-pururuca/
canela brancaarv + +
Cryptocarya moschata NeesSP Canela-fogo/ canela-pururuca
arv
Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F. Macbr.
Canela cheirosa/canela-frade
arv + +
Nectandra lanceolata NeesCanela amarela/canela branca
arv +
Nectandra oppositifolia Nees Canela-ferrugem arv + +
Ocotea bicolor Vattimo-Gil arv +
Ocotea cf. diospyrifolia (Meisn.) Mez Canela-louro arv +
Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez Canela-sassafrás arv + +
Ocotea dispersa (Nees) Mez Canela-cedro arb +
Ocotea lanata (Nees) Mez arv + +
Ocotea nectandrifolia Mez arv +
Ocotea puberula (Rich.) NeesCanela-gosmenta/
canela-guaicáarv + +
Ocotea velutina (Nees) Rohwer Canela-amarela arv + +
Persea americana Mill.ex Abacate arv +
LECYTHIDACEAE
Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze Jequitibá-branco arv + +
LOGANIACEAE
Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. Salta-martim arbesc +
MALPIGHIACEAE
Bunchosia fluminensis Griseb. arv +
91
...continuação
Família, espécie e autoria Nome popular Hábito MD PD BE
MALVACEAE
Apeiba tibourbou Aubl.Pau-jangada/
pente-de-macacoarv +
Ceiba speciosa A St.-Hill. Paineira-rosa arv +
Eriotheca candolleana (K.Schum) A. Robyns.
Catuaba arv +
Helicteres brevispira A.St.-Hil.sp arv
Heliocarpus popayanensis Kunthsp arv
Indeterminada 1 subarb + +
Indeterminada 2 arb +
Luehea divaricata Mart. Açoita-cavalo-miúdo arv + +
Luehea grandiflora Mart. & Zucc. Açoita-cavalo arv + + +
Pavonia sp. subarb + + +
Pseudobombax grandifolium (Cav.) A. Robyns.
Embiruçu arv + +
MELASTOMATACEAE
Indeterminada arb +
Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin
Jacatirão/casca de arroz
arv + +
Miconia inconspicua Miq. arb +
Miconia latecrenata (DC.) Naud. arb +
Miconia ligustroides (DC.) Naudinsp arv
Miconia pusilliflora (DC.) Triana arv +
Miconia sellowiana Naud. Fruta-de-tiriva arv +
Miconia sp.1 arv +
Miconia sp.2 arv + +
Ossaea meridionalis D’ El Rei. arb +
Ossaea sanguinea Cogn.sp arv
Ossaea sp. arb +
Tibouchina fothergillae (DC.) Cogn. arb +
Tibouchina mutabilis (Vell.) Cogn. Quaresmeira arv + +
Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn. arv + + +
92
...continuação
Família, espécie e autoria Nome popular Hábito MD PD BE
MELIACEAE
Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Cedro-canjerana arv + + +
Cedrela fissilis Vell. Cedro arv + +
Cedrela odorata L.sp Cedro/cedro-do-brejo arv
Guarea macrophylla (Vell.) T.D. Penn. Marinheiro arv +
MONIMIACEAE
Mollinedia elegans Tul. arb + +
MORACEAE
Brosimum guianensis (Aubl.) Huber Leiteira-vermelha arv +
Ficus insipida Wild. Figueira-do-brejo arv + +
Ficus luschnatiana (Miq.) Miq. Figueira-branca arv + + +
Maclura tinctoria (L.) D.Don ex Steud.
Amora-branca/tatajuba
arv + +
Sorocea bonplandii (Baill.) W. Burg., Lanj. & Wess. Bo.
Canxim arv + +
MYRSINACEAE
Rapanea balansae Mez arv
Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez
Capororoca arv + + +
Rapanea gardneriana (A. DC.) Mez Capororoca arv +
Rapanea guianensis Aubl. arv +
Rapanea umbellata (Mart.) Mez Capororoca arv + +
MYRTACEAE
Calyptranthes clusiifolia (Miq) O.Berg Guamirim/araçarana arv + +
Calyptranthes concinna DC.sp Guamirim arv
Campomanesia cf. neriifolia (O. Berg) Nied.
Guabiroba-branca arv +
Campomanesia guaviroba (DC.) Kiaersk.
Guabiroba arv + +
Campomanesia guazumifolia (Cam-bess.) O. Berg.
Araçá-do-mato/sete--capas
arv + +
Campomanesia sessiliflora (O. Berg) Mattossp arv
93
...continuação
Família, espécie e autoria Nome popular Hábito MD PD BE
Campomanesia sp. - + +
Eucalyptus sp.ex arv +
Eugenia hyemalis Cambess. Guamirim arb +
Eugenia involucrata DC.sp Cerejeira arv
Eugenia sp.Guamirim/
pitanga-pretaarv + +
Eugenia speciosa Cambess.sp arv
Eugenia sphenophylla O. Berg arb + +
Myrcia hebepetala DC. arv + +
Myrcia multiflora (Lam.) DC.sp arv
Myrcia rufula Miq.sp arv
Myrcia sp.1 arv +
Myrcia sp.2 - +
Myrcia sp.3 - +
Myrcia splendens (Sw.) DC. Lanceira arv + +
Myrcia tomentosa (Aubl.) DC.sp Goiaba-brava arv
Myrciaria floribunda (West ex Willd.) O. Berg
arv +
Myrciaria sp. - +
Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrumsp
Craveiro-do-mato/louro-cravo
arv
Psidium guajava L.ex Goiaba arv + +
NYCTAGINACEAE
Guapira opposita (Vell.) ReitzMaria mole/ Maria faceira
arv + +
PENTAPHYLLACACEAE
Ternstroemia brasiliensis Cambess.sp arv
PERACEAE
Pera glabrata (Schott) Baill. Sapateiro arv + +
PINACEAE
Pinus cf. elliottii Engelm.ex Pinho-americano arv +
94
...continuação
Família, espécie e autoria Nome popular Hábito MD PD BE
PIPERACEAE
Piper aduncun L. Erva-de-jaboti arb + + +
Piper amplum Kunth arb + + +
Piper arboreum Aubl. Pimenta arb +
Piper glabratum Kunthsp arb
Piper martiana Miq. arb + +
POACEAE
Guadua cf. tagoara (Nees) Kunth Taquaruçu arb +
POLYGONACEAE
Coccoloba glaziovii Lindau Bolo-de-folha arv +
PROTEACEAE
Roupala brasiliensis Klotzsch Carne-de-vaca arv +
RHAMNACEAE
Hovenia dulcis Thunb.ex arv +
Rhamnus sphaerosperma Sw. Canjica arv +
ROSACEAE
Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl.ex Nespereira arv +
Prunus myrtifolia (L.) Urb. Pessegueiro-bravo arv +
Rubus rosifolius Smith. Amora silvestre arbesc + + +
RUBIACEAE
Alseis floribunda Schott Quina-de São Paulo arv +
Amaioua intermedia Mart.Café-de-bugre/
carvoeiroarv +
Bathysa australis (A. St.-Hil.) Benth. & Hook. f.
Macuqueiro/fumão arv + +
Chomelia obtusa Cham. & Schltdl.sp arb
Chomelia sp. arb + +
Coffea arabica L.ex Café arb +
Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum.
Quina/quina-branca/murta-do-mato
arv +
Guettarda viburnoides Cham. & Schltdl. Veludo/angada arv + +
95
Família, espécie e autoria Nome popular Hábito MD PD BE
Psychotria carthagenensis Jacq. arb +
Psychotria sp. subarb + +
Psychotria suterella Müll. Arg.Bolinha-roxa/árvore
de beija florarv +
Psychotria vellosiana Benth. Pasta-d’anta arb + +
Rudgea gardenioides (Cham.) Müll. Arg.
arv +
RUTACEAE
Citrus aurantium L.ex Laranja arv +
Esenbeckia grandiflora Mart.Guaxupita/
pau-de-cutiaarv +
Zanthoxylum rhoifolium Lam.Mamica-de-porca/mamica-de-cadela
arv + +
Zanthoxylum caribaeum Lam.sp Mamiqueira-fedorenta arv
Zanthoxylum petiolare A. St.-Hil. & Tul.sp arv
SALICACEAE
Casearia gossypiosperma Briq. Pau-de-espeto arv + +
Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga arv + +
Prockia crucis P. Browne.Guaçatunguinha/
marmeladinhaarb + +
SAPINDACEAE
Allophylus guaraniticus (A.St.-Hil.) Radlk.
Baga-de-morcego arb + +
Cupania ludowigii Somner & Ferruci arv +
Cupania vernalis Cambess. Camboatã arv + +
Matayba juglandifolia (Cambess.) Radlk.
Caxuá-branca arv + +
SAPOTACEAE
Chrysophyllum marginatum Radlk. Aguaí arv +
Indeterminada arv +
SCROPHULARIACEAE
Buddleia brasiliensis Jacq. subarb +
...continuação
96
...continuação
Família, espécie e autoria Nome popular Hábito MD PD BE
SIPARUNACEAE
Siparuna cujabana A.DC. Cidreira-da-mata arb + + +
SOLANACEAE
Cestrum amictum Schltdl. arb + +
Cestrum intermedium Sendtn.sp arb
Cestrum sendtnerianum Mart. arb +
Solanum conccinum Schott ex Sendt. arb +
Solanum lycocarpum A St.-Hill. Lobeira arv ++
Solanum pseudoquina A. St.-Hil. Fumeiro arv + +
Solanum sanctaecatharinea Dunal arv +
Solanum sp. arv +
Solanum variabile Mart. Jurubeba arv ++
URTICACEAE
Boehmeria caudata Sw.Folha-de-santana/
urtiga-mansa arb +
Cecropia glaziovi Snethlage Embaúba-vermelha arv + +
Cecropia hololeuca Miq. Embaúba-prateada arv + +
Phenax sp. subarb +
Urera baccifera (L.) Gaudich. Urtigão arb +
VERBENACEAE
Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) Juss. Lixeira arv + ++
Lantana fucata Lindl.sp arb
Lantana trifolia L. Erva-de-grilo arb +
Verbena hirta Spreng. subarb +
VIOLACEAE
Hybanthus atropurpureus (A.St.-Hil.) Taub.
Ganha-saia/purga-de-veado
subarb + +
Hybanthus cf. bigibbosus (A.St.-Hil.) Hassl.
subarb +
VOCHYSIACEAE
Vochysia magnifica Warm.Cinzeiro/caixeta/pau-de-tucano
arv + +
97
Anexo 2
Relação preliminar de aves registradas na área de estudo. Legenda: Uso de habitat: F = florestal; BA = bordas florestais e/ou áreas abertas; A = aquáticos e/ou palustre; EA = espaço aéreo. Dieta: OGI = onívoro: granívoro e insetívoro; OGF = onívoro: granívoro e filtrador; OFI = onívoro: frugí-voro e insetívoro; OFC = onívoro: frugívoro e carnívoro; I = insetívoro; C = carnívoro; N = necrófago; G = granívoro; H = herbívoro; IF = insetívoro florestal; NI = nectarívoro e insetívoro. Conservação: * espécie endêmica da Mata Atlântica.
Nome do TáxonNome em Português
English Name Habitat Dieta
Tinamidae (GRAY, 1840)
Crypturellus obsoletus (TEMMINCK, 1815) inhambuguaçu Brown Tinamou F OGI
Crypturellus tataupa (TEMMINCK, 1815) inhambu-chintã Tataupa Tinamou F OGI
Nothura maculosa (TEMMINCK, 1815) codorna-amarela Spotted Nothura BA OGI
Anatidae (LEACH, 1820)
Amazonetta brasiliensis (GMELIN, 1789) pé-vermelho Brazilian Teal A OGF
Cracidae Rafinesque, 1815
Penelope obscura (TEMMINCK, 1815) jacuaçu Dusky-legged Guan F OFI
Phalacrocoracidae (RAFINESQUE, 1815)
Phalacrocorax brasilianus (GMELIN, 1789)
biguáNeotropic Cormorant
A C
Ardeidae (LEACH, 1820)
Nycticorax nycticorax (LINNAEUS, 1758) savacuBlack-crowned Night-Heron
A C
Bubulcus ibis (LINNAEUS, 1758) garça-vaqueira Cattle Egret BA C
Ardea alba (LINNAEUS, 1758)garça-branca-
grandeGreat Egret A C
Egretta thula (MOLINA, 1782)garça-branca-
pequenaSnowy Egret A C
Cathartidae (LAFRESNAYE, 1839)
Cathartes aura (LINNAEUS, 1758)urubu-de-cabe-
ça-vermelhaTurkey Vulture EA N
Coragyps atratus (BECHSTEIN, 1793)urubu-de-cabe-
ça-pretaBlack Vulture EA N
Accipitridae (VIGORS, 1824)
Elanus leucurus (VIEILLOT, 1818) gavião-peneira White-tailed Kite BA C
Rupornis magnirostris (GMELIN, 1788) gavião-carijó Roadside Hawk BA C
98
Nome do TáxonNome em Português
English Name Habitat Dieta
Buteo albicaudatus (VIEILLOT, 1816)gavião-de-rabo-
-brancoWhite-tailed Hawk BA C
Falconidae (LEACH, 1820)
Caracara plancus (MILLER, 1777) caracará Southern Caracara BA C
Milvago chimachima (VIEILLOT, 1816) carrapateiroYellow-headed
CaracaraBA C
Herpetotheres cachinnans (LINNAEUS, 1758)
acauã Laughing Falcon BA C
Aramidae (BONAPARTE, 1852)
Aramus guarauna (LINNAEUS, 1766) carão Limpkin A C
Rallidae (RAFINESQUE, 1815)
Aramides saracura (SPIX, 1825) saracura-do-matoSlaty-breasted
Wood-RailA C
Pardirallus nigricans (VIEILLOT, 1819) saracura-sanã Blackish Rail A C
Porzana albicollis (VIEILLOT, 1819) sanã-carijó Ash-throated Crake A C
Cariamidae (BONAPARTE, 1850)
Cariama cristata (LINNAEUS, 1766) seriema Red-legged Seriema BA C
Charadriidae (LEACH, 1820)
Vanellus chilensis (MOLINA, 1782) quero-quero Southern Lapwing BA I
Columbidae (LEACH, 1820)
Columbina talpacoti (TEMMINCK, 1811) rolinha-roxaRuddy Ground-
DoveBA OGI
Patagioenas picazuro (TEMMINCK, 1813) pombão Picazuro Pigeon BA OGI
Patagioenas cayennensis (BONNATERRE, 1792)
pomba-galega Pale-vented Pigeon F OGI
Zenaida auriculata (DES MURS, 1847) pomba-de-bando Eared Dove BA OGI
Leptotila verreauxi (BONAPARTE, 1855) juriti-pupu White-tipped Dove F OFI
Leptotila rufaxilla (RICHARD & BERNARD, 1792)
juriti-gemedeira Gray-fronted Dove F OFI
Psittacidae (RAFINESQUE, 1815)
Aratinga leucophthalma (MÜLLER, 1776)
periquitão- maracanã
White-eyed Parakeet
BA H
...continuação
99
...continuação
Nome do TáxonNome em Português
English Name Habitat Dieta
Brotogeris chiriri (VIEILLOT, 1818)periquito-de-
encontro-amareloYellow-chevroned
ParakeetBA H
Cuculidae (LEACH, 1820)
Piaya cayana (LINNAEUS, 1766) alma-de-gato Squirrel Cuckoo BA I
Crotophaga ani (LINNAEUS, 1758) anu-preto Smooth-billed Ani BA I
Guira guira (GMELIN, 1788) anu-branco Guira Cuckoo BA I
Tapera naevia (LINNAEUS, 1766) saci Striped Cuckoo BA I
Strigidae (LEACH, 1820)
Megascops choliba (VIEILLOT, 1817)corujinha-do-
matoTropical Screech-
OwlBA I
Caprimulgidae (VIGORS, 1825)
Nyctidromus albicollis (GMELIN, 1789) bacurau Pauraque BA I
Caprimulgus parvulus (GOULD, 1837) bacurau-chintã Little Nightjar BA I
Trochilidae (VIGORS, 1825)
Phaethornis pretrei (LESSON & DELATTRE, 1839)
rabo-branco- acanelado
Planalto Hermit BA NI
Eupetomena macroura (GMELIN, 1788) beija-flor-tesouraSwallow-tailed Hummingbird
BA NI
Thalurania glaucopis (GMELIN, 1788)beija-flor-de-
fronte-violeta *Violet-capped Woodnymph
F NI
Aphantochroa cirrochloris (VIEILLOT, 1818) beija-flor-cinzaSombre Hummin-
gbirdBA NI
Leucochloris albicollis (VIEILLOT, 1818)beija-flor-de- papo-branco
White-throated Hummingbird
BA NI
Alcedinidae (RAFINESQUE, 1815)
Megaceryle torquata (LINNAEUS, 1766)martim-pescador-
grandeRinged Kingfisher A C
Chloroceryle amazona (LATHAM, 1790)martim-pescador-
verdeAmazon Kingfisher A C
Bucconidae (HORSFIELD, 1821)
Nystalus chacuru (VIEILLOT, 1816) joão-boboWhite-eared
PuffbirdBA I
Ramphastidae (VIGORS, 1825)
Ramphastos toco (MÜLLER, 1776) tucanuçu Toco Toucan BA OFC
100
...continuação
Nome do TáxonNome em Português
English Name Habitat Dieta
Picidae (LEACH, 1820)
Picumnus temminckii (LAFRESNAYE, 1845)pica-pau-anão-
de-coleiraOchre-collared
PiculetF IF
Melanerpes candidus (OTTO, 1796)birro, pica-pau-
brancoWhite Woodpecker BA OFI
Veniliornis spilogaster (WAGLER, 1827)picapauzinho- verde-carijó
White-spotted Woodpecker
F IF
Colaptes campestris (VIEILLOT, 1818)pica-pau-do-
campoCampo Flicker BA I
Celeus flavescens (GMELIN, 1788)pica-pau-de-
cabeça-amarelaBlond-crested Woodpecker
F IF
Dryocopus lineatus (LINNAEUS, 1766)pica-pau-de- banda-branca
Lineated Woodpecker
F IF
Campephilus robustus (LICHTENSTEIN, 1818)
pica-pau-rei * Robust Woodpecker F IF
Thamnophilidae (SWAINSON, 1824)
Thamnophilus caerulescens (VIEILLOT, 1816) choca-da-mata Variable Antshrike F IF
Thamnophilus ruficapillus (VIEILLOT, 1816)choca-de-cha-péu-vermelho
Rufous-capped Antshrike
BA I
Pyriglena leucoptera (VIEILLOT, 1818)papa-taoca-do-
sul *White-shouldered
Fire-eyeF IF
Dendrocolaptidae (GRAY, 1840)
Sittasomus griseicapillus (VIEILLOT, 1818) arapaçu-verdeOlivaceous
WoodcreeperF IF
Xiphorhynchus fuscus (VIEILLOT, 1818) arapaçu-rajado * Lesser Woodcreeper F IF
Conopophagidae (SCLATER; SALVIN, 1873)
Conopophaga lineata (WIED, 1831) chupa-dente Rufous Gnateater F IF
Furnariidae (GRAY, 1840)
Furnarius rufus (GMELIN, 1788) joão-de-barro Rufous Hornero BA I
Synallaxis ruficapilla (VIEILLOT, 1819) pichororé *Rufous-capped
SpinetailF IF
Synallaxis albescens (TEMMINCK, 1823) uí-piPale-breasted
SpinetailBA I
Synallaxis spixi (SCLATER, 1856) joão-teneném Spix’s Spinetail BA I
101
...continuação
Nome do TáxonNome em Português
English Name Habitat Dieta
Syndactyla rufosuperciliata (LAFRESNAYE, 1832)
trepador-quieteBuff-browed
Foliage-gleanerF IF
Automolus leucophthalmus (WIED, 1821)barranqueiro-de-
olho-brancoWhite-eyed
Foliage-gleanerF IF
Lochmias nematura (LICHTENSTEIN, 1823) joão-porcaSharp-tailed
StreamcreeperF IF
Xenops rutilans (TEMMINCK, 1821) bico-virado-carijó Streaked Xenops F IF
Tyrannidae (VIGOR, 1825)
Mionectes rufiventris (CABANIS, 1846)abre-asa-de-
cabeça-cinza *Gray-hooded
FlycatcherF IF
Leptopogon amaurocephalus (TSCHUDI, 1846)
cabeçudoSepia-capped
FlycatcherF IF
Poecilotriccus plumbeiceps (LAFRESNAYE, 1846)
tororóOchre-faced
Tody-FlycatcherF IF
Todirostrum poliocephalum (WIED, 1831) teque-teque *Yellow-lored
Tody-FlycatcherF IF
Todirostrum cinereum (LINNAEUS, 1766) ferreirinho-relógioCommon
Tody-FlycatcherBA I
Elaenia flavogaster (THUNBERG, 1822)guaracava-de- barriga-amarela
Yellow-bellied Elaenia
BA OFI
Camptostoma obsoletum (TEMMINCK, 1824)
risadinhaSouthern Beardless-
TyrannuletBA OFI
Tolmomyias sulphurescens (SPIX, 1825)bico-chato-de-
orelha-pretaYellow-olive Flycatcher
F IF
Platyrinchus mystaceus (VIEILLOT, 1818) patinhoWhite-throated
SpadebillF IF
Myiophobus fasciatus (MÜLLER, 1776)
filipeBran-colored
FlycatcherBA OFI
Lathrotriccus euleri (CABANIS, 1868) enferrujado Euler’s Flycatcher F IF
Knipolegus lophotes (BOIE, 1828)maria-preta-de-
penachoCrested Black-Tyrant BA I
Xolmis velatus (LICHTENSTEIN, 1823) noivinha-brancaWhite-rumped
MonjitaBA I
Fluvicola nengeta (LINNAEUS, 1766)lavadeira-masca-
radaMasked
Water-TyrantBA I
102
...continuação
Nome do TáxonNome em Português
English Name Habitat Dieta
Arundinicola leucocephala (LINNAEUS, 1764)
freirinhaWhite-headed Marsh-Tyrant
A I
Machetornis rixosa (VIEILLOT, 1819) suiriri-cavaleiro Cattle Tyrant BA I
Myiozetetes similis (SPIX, 1825)bentevizinho- de-penacho-
vermelhoSocial Flycatcher BA OFI
Pitangus sulphuratus (LINNAEUS, 1766) bem-te-vi Great Kiskadee BA OFI
Myiodynastes maculatus (MÜLLER, 1776) bem-te-vi-rajado Streaked Flycatcher BA OFI
Megarynchus pitangua (LINNAEUS, 1766) neineiBoat-billed Flycatcher
BA OFI
Empidonomus varius (VIEILLOT, 1818) peiticaVariegated Flycatcher
BA OFI
Tyrannus melancholicus (VIEILLOT, 1819) suiriri Tropical Kingbird BA OFI
Tyrannus savana (VIEILLOT, 1808) tesourinhaFork-tailed Flycatcher
BA OFI
Myiarchus swainsoni (CABANIS; HEINE, 1859)
irréSwainson’s Flycatcher
BA OFI
Myiarchus ferox (GMELIN, 1789) maria-cavaleiraShort-crested
FlycatcherBA OFI
Pipridae (RAFINESQUE, 1815)
Chiroxiphia caudata (SHAW; NODDER, 1793)
tangará-dançarino* Blue Manakin F OFI
Tityridae (GRAY, 1840)
Pachyramphus polychopterus (VIEILLOT, 1818)
caneleiro-pretoWhite-winged
BecardBA OFI
Vireonidae (SWAINSON, 1837)
Cyclarhis gujanensis (GMELIN, 1789) pitiguariRufous-browed Peppershrike
BA I
Vireo olivaceus (LINNAEUS, 1766) juruviara Red-eyed Vireo BA I
Corvidae (LEACH, 1820)
Cyanocorax cristatellus (TEMMINCK, 1823) gralha-do-campo Curl-crested Jay BA OFI
Hirundinidae (RAFINESQUE, 1815)
Pygochelidon cyanoleuca (VIEILLOT, 1817)andorinha-peque-
na-de-casaBlue-and-white
SwallowEA I
103
...continuação
Nome do TáxonNome em Português
English Name Habitat Dieta
Stelgidopteryx ruficollis (VIEILLOT, 1817)andorinha-serra-
doraSouthern Rough- winged Swallow
EA I
Troglodytidae (SWAINSON, 1831)
Troglodytes musculus (NAUMANN, 1823) corruíraSouthern
House-WrenBA I
Turdidae (RAFINESQUE, 1815)
Turdus rufiventris (VIEILLOT, 1818) sabiá-laranjeiraRufous-bellied
ThrushBA OFI
Turdus leucomelas (VIEILLOT, 1818) sabiá-barrancoPale-breasted
ThrushBA OFI
Turdus amaurochalinus (CABANIS, 1850) sabiá-pocaCreamy-bellied
ThrushBA OFI
Mimidae (BONAPARTE, 1853)
Mimus saturninus (LICHTENSTEIN, 1823) sabiá-do-campoChalk-browed Mockingbird
BA I
Coerebidae (D’ORBIGNY; LAFRESNAYE, 1838)
Coereba flaveola (LINNAEUS, 1758) cambacica Bananaquit BA NI
Thraupidae (CABANIS, 1847)
Trichothraupis melanops (VIEILLOT, 1818) tiê-de-topeteBlack-goggled
TanagerF IF
Tachyphonus coronatus (VIEILLOT, 1822) tiê-pretoRuby-crowned
TanagerBA OFI
Ramphocelus carbo (PALLAS, 1764) pipira-vermelhaSilver-beaked
TanagerBA OFI
Thraupis sayaca (LINNAEUS, 1766) sanhaçu-cinzento Sayaca Tanager BA OFI
Tangara cayana (LINNAEUS, 1766) saíra-amarelaBurnished-buff
TanagerBA OFI
Conirostrum speciosum (TEMMINCK, 1824)
figuinha-de-rabo-castanho
Chestnut-vented Conebill
BA OFI
Emberizidae (VIGORS, 1825)
Zonotrichia capensis (MÜLLER,1776)
tico-ticoRufous-collared
SparrowBA OGI
Ammodramus humeralis (BOSC, 1792)tico-tico-do-
campoGrassland Sparrow BA OGI
104
...continuação
Nome do TáxonNome em Português
English Name Habitat Dieta
Sicalis luteola (SPARRMAN, 1789) tipioGrassland
Yellow-FinchBA OGI
Emberizoides herbicola (VIEILLOT, 1817)canário-do-
campoWedge-tailed Grass-Finch
BA OGI
Volatinia jacarina (LINNAEUS, 1766) tiziuBlue-black Grassquit
BA OGI
Sporophila lineola (LINNAEUS, 1758) bigodinho Lined Seedeater BA OGI
Sporophila caerulescens (VIEILLOT, 1823) coleirinhoDouble-collared
SeedeaterBA OGI
Arremon semitorquatus (SWAINSON, 1838)
tico-tico-do-matoHalf-collared
SparrowF OGI
Cardinalidae (RIDGWAY, 1901)
Saltator similis (D’ORBIGNY; LAFRESNAYE 1837)
trinca-ferro- verdadeiro
Green-winged Saltator
BA OFI
Parulidae (WETMORE et al., 1947)
Parula pitiayumi (VIEILLOT, 1817) mariquita Tropical Parula BA I
Geothlypis aequinoctialis (GMELIN, 1789) pia-cobraMasked
YellowthroatBA I
Basileuterus culicivorus (DEPPE, 1830) pula-pulaGolden-crowned
WarblerF IF
Basileuterus leucoblepharus (VIEILLOT, 1817)
pula-pula-asso-biador
White-browed Warbler
F IF
Icteridae (VIGORS, 1825)
Gnorimopsar chopi (VIEILLOT, 1819) graúna Chopi Blackbird BA OGI
Pseudoleistes guirahuro (VIEILLOT, 1819) chopim-do-brejoYellow-rumped
MarshbirdBA OGI
Fringillidae (LEACH, 1820)
Carduelis magellanica (VIEILLOT, 1805) pintassilgo Hooded Siskin BA OGI
Euphonia chlorotica (LINNAEUS, 1766) fim-fimPurple-throated
EuphoniaBA OFI
105
Anexo 3
Lista de siglas
CR Criticamente em perigo de extinção
DAPDiâmetro do fuste à altura do peito (1,3 m acima do nível
do solo)
EP Em perigo de extinção
Esalq Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
EX Extinto na natureza
FES Floresta Estacional Semidecidual
FOD Floresta Ombrófila Densa
GPS Global Positioning System
IbamaInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IUCN União Internacional de Conservação da Natureza
NT Provavelmente ameaçada de extinção
QP Quase em perigo de extinção
PAP Perímetro à altura do peito (1,3 m acima do nível do solo)
SabespCompanhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo
SMA Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
TNC The Nature Conservancy
Unicamp Universidade Estadual de Campinas
USP Universidade de São Paulo
VU Vulnerável à extinção
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