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Chuteiras Fora de Foco, uma experiência pioneira no curso de Comunicação Social, Jornalismo em Multimeios do DCHII| UNEB Céres Santos 1 RESUMO A execução do Projeto Chuteiras Fora de Foco e seus resultados, trás para o debate, não apenas a importância e ausência do Jornalismo Esportivo do currículo do curso de Comunicação Social, Jornalismo em Multmeios\UNEB,mas também, a necessidade que os\as discentes têm em praticar, em vivenciar o cotidiano do fazer jornalismo. Nesse sentido, este artigo relata a experiência dessa iniciativa, voltada para a cobertura dos jogos da Copa das Confederações\2013, realizados em Salvador\BA e, principalmente, reflexão dos impactos provocados por mega eventos, desnudando, visibilizando a realidade das populações que vivem na capital baiana. Também reflete sobre os legados sociais desses eventos e os resultados do projeto. PALAVRAS-CHAVE – Copa das Confederações, impactos, legados sociais. 1. APRESENTAÇÃO Ao elaborar o Projeto Chuteiras Fora de Foco, minha preocupação principal não foi, apenas, pensar na contribuição da iniciativa para a formação dos\as estudantes do curso de Comunicação Social, Jornalismo em 1

Chuteiras Fora de Foco, uma experiência pioneira no curso de Comunicação Social, Jornalismo em Multimeios do DCHII| UNEB

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Chuteiras Fora de Foco, uma experiência pioneira no cursode Comunicação Social, Jornalismo em Multimeios do DCHII|

UNEB

Céres Santos1

RESUMO

A execução do Projeto Chuteiras Fora de Foco e seusresultados, trás para o debate, não apenas a importância eausência do Jornalismo Esportivo do currículo do curso deComunicação Social, Jornalismo em Multmeios\UNEB,mastambém, a necessidade que os\as discentes têm em praticar,em vivenciar o cotidiano do fazer jornalismo. Nessesentido, este artigo relata a experiência dessa iniciativa,voltada para a cobertura dos jogos da Copa dasConfederações\2013, realizados em Salvador\BA e,principalmente, reflexão dos impactos provocados por megaeventos, desnudando, visibilizando a realidade daspopulações que vivem na capital baiana. Também refletesobre os legados sociais desses eventos e os resultados doprojeto.

PALAVRAS-CHAVE – Copa das Confederações, impactos, legadossociais.

1. APRESENTAÇÃO

Ao elaborar o Projeto Chuteiras Fora de Foco, minha

preocupação principal não foi, apenas, pensar na

contribuição da iniciativa para a formação dos\as

estudantes do curso de Comunicação Social, Jornalismo em

1

Multimeios\UNEB em Jornalismo Esportivo. Eu sabia da

carência dessa disciplina na grade curricular, mas o que,

de fato, me seduzia era pensar na possibilidade de

capacitar um grupo de estudantes para a cobertura dos jogos

da Copa das Confederações, em junho de 2013 em Salvador\BA,

mas desfocar os holofotes do campo da Arena da Fonte Nova e

movimentá-lo para a população soteropolitana e, assim,

poder refletir sobre os impactos dos mega eventos na

sociedade, saber suas reações favoráveis ou não,

identificar ou não processos de exclusão.

Era para esse lugar, o da ação humana, ou produção de

‘matérias de ambiente’, motivadas pela Copa das

Confederações, que imaginei poder interferir, mais

intensamente, na formação dos\as estudantes tensionando e

aproximando. pelo menos, quatro áreas: informação,

comunicação, conhecimento e análise crítica de contextos

(MEDIAÇÕES). Tudo isso, associado à prática das rotinas

produtivas, como produção de pauta, definição de fontes,

enfoque da matéria, foto, redação, revisão, edição,

titulação e postagem. Esses foram os componentes que

poderiam levar o grupo a realizar o gol, ou chutar na trave

Em síntese, o Projeto Chuteiras Fora de Foco previu a

formação de 12 estudantes de jornalismo a partir de uma

carga horária de 190 horas\aula, nas seguintes áreas:

jornalismo esportivo, fotográfico, uso de equipamentos

(câmeras fotográfico e vídeo), produção de texto para

rádio, TV e jornal de matérias esportivas e de ambiente. Na

carga horária já estavam incluídas atividades de campo,

como cobertura de jogos realizados em Juazeiro\BA e

Petrolina\PE. A proposta culminou com a ida da equipe para

Salvador, de 16 a 21 de junho, acompanhada pela coordenação

do projetoi.

O projeto foi executado de novembro de 2012 a agosto de

2013, e desde os seus primeiros dias foi envolto a muitos

problemas e inseguranças que, em vários momentos,

interferiram na motivação da equipe: Chuteiras Fora de Foco

foi um dos 14 projetos aprovados em Edital, Legados da

Copa, financiado pela SECOPA (Secretaria Estadual para

Assuntos da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014) em parceira

com a UNEB, através da PROEX (Pró-reitoria de Extensão).

Orçado em R$ 50 mil o projeto, ainda hoje a divida prevista

com pagamentos de professore\as e coordenação não foi

saldada. E a viagem programada para as cidades do Rio de

Janeiro e Salvador teve que ser limitada a capital baiana.

E o pior: a sua confirmação só ocorreu quatro dias antes da

partida.

Se não bastasse, tive que me deBater com persistentes

barreiras, que não consegui reverter, a negação da FIFA em

credenciar o grupo. Mesmo que no final da viagem, o grupo

tenha assistido a todas as três partidas da Copa das

Confederações realizadas em Salvador, graças ao apoio da

Federal Baiana de Futebol (FBF), o que tratarei mais

adiante, o afastamento das áreas de atuação dos\as

jornalistas esportivos na Arena Fonte Nova provocou

mudanças nos conteúdos das pautas em campo e, também no

humor da equipe. Um sentimento coletivo de desanimo

envolveu o grupo que sabia que a experiência poderia ter

tomado um outro rumo. Apesar desses imprevistos, os saldos

do trabalho demonstram não só a superação mas a capacidade

do grupo em criar novas alternativas que não seriam

propostas e realizadas em um outro cenário.

Nesse caso, recorremos ao artigo de Anderson Gurgel Campos,O Papel do Jornalismo nos Megaeventos Esportivos quando define mega eventos:

... Para uma primeira reflexão sobremegaeventos esportivos, vamos adotar o verbetede mesmo nome, apresentado pelo Atlas do Esporte noBrasil, importante repositório de informaçõessobre esporte6, organizado pelo especialistaLamartine aCosta. No verbete, édito quemegaeventos são aqueles eventos “cuja magnitudeafetam economias inteiras e repercutem na mídiaglobal”7. Por esse raciocínio, que praticamentesintetiza o que sãoessas atividades, podemosentender que os Jogos Olimpícos e Copas doMundo, mais que atividades esportivas, sãoimportantes para as estratégias econômicas egeopolíticas dos países e são maximizados pelaexposição nos meios de comunicação de massa.(pág.2)

1.1. DA SELEÇÃO ÀS OFICINAS

Já no processo de seleção da equipe, pude observar alguns

sinais de aceitação junto aos\as estudantes. Tive que

realizar três etapas até definir o grupo enfrentar até

ameaças de processo judicial.

Um outro momento inicial do projeto foi o de pensar e

escolher os conteúdos das oficinas. Mesmo tendo pouca

intimidade a área esportiva, desde criança gostava de

futebol , basquete, vôlei e tênis. Cheguei a praticar

algumas modalidades do atletismo,e, talvez, por isso, me

inquietava a ausência da disciplina Jornalismo Esportivo da

grade curricular do curso, bem mais do que a não oferta de

disciplinas como os jornalismos Cultural, Político e

Econômico.

Aos poucos fui me aproximando do fazer Jornalismo Esportivo

e constatei a crtica, ainda presente de Paulo Leandro (xxxx

) de que faz pouco tempo que a área esportiva deixou de ser

marginalizada em relação as demais do jornalismo. “Ainda

assim, igualmente como atividade menor dentro da imprensa

brasileira, o esporte foi encontrando seu espaço,

consolidado com a chegada do profissionalismo no futebol em

1933” (idem).

Ninguém tem dúvidas de que, pelo menos na mídia impressa, a

editoria de Esportes está entre as mais lidas, mas no meio

acadêmico, a bibliografia é pequena, assim como a oferta de

cursos de graduação que oferecem essa disciplina. Menor

ainda a oferta de cursos de pós-graduação. Esse contexto,

por si só, já é tema de uma oficina com carga horária de 20

horas. Afinal, como se formam, por exemplo, locutores,

comentaristas e repórteres esportivos¿

Herodoto Barbeiro e Patrícia Rangel (2006) vão afirmar, na

introdução do livro que:

... Jornalismo é jornalismo, seja eleesportivo, político, econômico,social. Pode ser propagado emtelevisão, rádio, jornal, revista ouinternet. Não importa. A essência

não muda porque sua natureza é únicae está intimamente ligada às regrasda ética e ao interesse público (pág.13).

A afirmativa está correta, mas o Jornalismo Esportivo,

assim como o político, o cultural e de economia, tem suas

especificidades muitas alicerçadas em suas próprias

trajetórias históricas dentro do Jornalismo brasileiro. O

fazer jornalismo esportivo segue as mesmas técnicas das

rotinas produtivas de outras editorias. No entanto, exige

do repórter um maior conhecimento de várias modalidades

esportivas, intimidade com várias tecnologias e redes

sociais e, muita ética. Afinal é na área esportiva, em

especial no futebol onde se registra uma sequência de

denúncias de atos de corrupção, vide as manchetes sobre os

dirigentes da FIFA.

Outras inquietações latentes no momento de definir os

conteúdos das oficinas de Jornalismo Esportivo referiam-se

a legislações, como o Estatuto do torcedor, a linguagem

esportiva e ao uso de termos técnicos. No jornalismo

Esportivo não basta saber as posições e papéis de um

jogador de futebol em campo – atacante, centro-avante,

armador, beque, por exemplo – dominar as expressões

“concluir uma ação ofensiva”, “deu uma bicada’, “cama-de-

gato”, “chuveirinho”. É preciso saber a trajetória

profissional de cada jogador nessas posições e os

contextos, os momentos em que em uma partida faz uma das

jogadas citadas acima.

A experiência de Paulo Leandro, que ministrou as oficinas

ajudou na montagem da Ementa que ficou assim: Histórico do

jornalismo esportivo, no Brasil e no Mundo, normas de

redação e produção de textos para jornalismo esportivo.

Termos técnico; cobertura de jogos de futebol. Entrevistas

coletivas, entrevistas com jogadores e técnicos.

Para as oficinas de Fotojornalismo Esportivo, ministradas

por Márcia Guena, as preocupações eram de que os conteúdos

dessem a equipe um certo domínio dos aspectos técnicos da

fotografia esportiva, no caso, o futebol. Esta oficina

precisava contemplar aspectos técnicos do futebol e

questões aparentemente mais simples, como observar os

pontos que os fotógrafos ocupam nos estádios e a análise

técnica das fotos publicadas em jornais e revistas

especializadas. Nesse caso a Ementa destacou aspectos

técnicos que envolvem o fotojornalismo esportivo, análise

de publicações esportivas e, ainda, realizou saídas

fotográficas. A equipe fez a cobertura de três jogos:

Juazeirense x Vitória, Juazeiro x Bahia, ambos realizados

no estádio xxx (BA) e do time do Zico, no estádio, em

Petrolina (PE). Essas atividades práticas foram

transdiciplinares: envolveram a maioria das oficinas:

jornalismo esportivo, fotojornalismo e produção de matérias

esportivas prata TV, rádio e jornal.

A Oficina de fotografia ministrada para o projeto Chuteiras

Fora de Foco tevo como principal objetivo permitir que os

alunos desenvolvessem uma técnica acurada de cobertura de

eventos esportivos e do seu entorno. Assim, procuramos

despertar espírito crítico sobre a cobertura fotográfica

esportiva; descondicionar o olhar com relação às

possibilidades de um evento esportivo contemplando o seu

entorno.

Ao longo da oficina trabalhamos o panorama da fotografia

esportiva no Brasil, em particular de futebol, a partir das

coberturas realizadas por publicações impressas. Um dos

autores trabalhados foi Evandro Teixeira, fotógrafo que já

cobriu diversos eventos esportivos, como olimpíadas e copas

do mundo.

Realizamos uma revisão das técnicas básicas de fotografia,

priorizando o controle manual. Para isso, utilizamos como

principal referência HEDGECOE (1996). Desta parte da

oficina também fez parte a cobertura de jogos em Juazeiro.

Acompanhamos duas partidas, quando os alunos puderem

exercitar diferentes estilos, priorizando as fotos

congeladas, no caso dos jogos e executando pautas

fotográficas determinadas voltadas para o comércio de

ambulantes, para a torcida e segurança durante os jogos,

entre outros aspectos. Certamente esse foi um dos

exercícios mais importantes, pois representaram uma

cobertura jornalística em tempo real.

Ao retornar à sala de aula, avaliamos o trabalho realizado

através da crítica às imagens produzidas, quando tivemos a

oportunidade de reajustar o exercício fotográfico para um

evento esportivo, que requer agilidade e bastante atenção

na execução das imagens no tempo exigido.

Para pensar a produção de pautas voltadas para o entorno da

copa das Confederações trabalhamos com autores que pensam a

desconstrução do olhar, como André Rouillé e Villem

Flusser. Esses autores permitem pensar a fotografia como

uma composição autoral, possível de existir fora dos

clichês, muitas vezes determinado pelas fotos pousadas. A

cobertura de rua em um evento dessa magnitude exigia um

olhar atento e descondicionado. Para isso, também

revisitamos os grandes fotógrafos do século XX no Brasil e

no mundo, utilizando o site da Agencia Magnum de fotografia

e o livro Labirintos e Identidades, de Rubens Fernandes, no

qual traça a trajetória dos fotojornalistas brasileiros dos

anos 40 aos anos 90.

O resultado da oficina foi bastante positivo. O grupo

conseguiu realizar coberturas factuais dos jogos e treinos,

mas, de forma preponderante, construiu imagens

fotojornalísticas para reportagens sobre temas diversos do

entorno da copa. Deve-se dar particular atenção aos

ensaios, através dos quais puderam explorar a fotografia

autoral estética e tecnicamente falando.

As demais oficinas, como produção de matérias esportivas

(texto e imagem) para tv, rádio e jornal, ministradas por

Fabíola Moura, também seguiram essa lógica que associava o

conteúdo teórico e técnico com a prática. As oficinas

ministradas por Luiz Adolfo, por exemplo, foram mais

técnicas e focaram o uso de equipamentos, câmeras

fotográficas e vídeo, para o jornalismo esportivo tendo

como referência os equipamentos disponibilizados pelo

curso.

Já Gislane Moreira foi responsável por ministrar as

oficinas de Língua Espanhola. A proposta era de que em um

evento internacional a equipe de estudantes pudesse fazer

entrevistas com turistas internacionais. Nesse sentido, o

grupo teve uma carga horária de 40 horas e recebeu

conteúdos de elementos básicos da conversação em Língua

Espanhola direcionados ao universo do Jornalismo Esportivo.

Também coube a mesma professora e a mim, ministras as

oficinas de Seminários Temáticos. A proposta era ampliar a

criticidade do grupo com relação aos impactos sociais da

Copa das Confederações em Salvador, assim como o padrão

internacional dos eventos promovidos pela FIFA. Vários

temas foram elencados, associando os legados sociais do

evento, com saúde, segurança pública, mobilidade,

acessibilidade aos jogos, habitação, moradores de rua,

geração de emprego e renda, entre outros.

Para realizar as 190 horas aulas do projeto foi preciso

montar um criterioso cronograma. Afinal elas ocorreram

simultaneamente ás aulas regulares da equipe nos meses de

abril, maio e junho de 2013. A maioria aos sábados e

domingos e em duas ou três noites durante a semana.

Felizmente, todo o grupo manteve-se ativo e presente. O

desanimo ocorreu sim, pelos motivos já expostos nesse

artigo.

2. ENTRADA EM CAMPO

Para além do desgaste natural da equipe para entrar em

campo, a coordenação precisou dialogar tanto com a PROEX\

Uneb, direção do DCH III\UNEB, Secopa, como outros setores

institucionais e, mesmo assim, não consegui o

credenciamento da equipe e nem consegui ter a certeza de

que a grande entrada da equipe em campo para a cobertura

dos jogos da Copa das Confederações. Essa incerteza, causou

alguns estragos no projeto que previa a produção e

divulgação de matérias antes e durante a realização do

evento, nos mídias locais e da grande imprensa baiana e

nacional. A equipe tinha receio de, até mesmo postá-la no

blog criado pelo projeto.

Apesar das incertezas conseguimos montar um amplo roteiro

de pautas em um contexto de novidades, como o crescimento

singular das manifestações populares ocorridas em todo o

país no mês de junho de 2013, registrando violências

policiais também singulares, momento em que a mídia

internacional centrava sua atenção a realização da copa das

Confederações no Brasil, a exclusão da Arena Fonte Nova das

baianas do acarajé e dos tradicionais vendedores

ambulantes, por conta do padrão FIFA, a proibição do que

seria o símbolo do evento, as caxirolas de Carlinhos Brown,

entre outras matérias.

Mesmo nesse clima de suspense, a equipe agendou várias

outras entrevistas, entre elas com integrante da equipe da

Nigéria, uma das seleções que jogou em Salvador, com

profissionais responsáveis pelos esquemas de receptivo aos\

as turistas, de saúde, transporte e com lideranças de

vários segmentos dos movimentos sociais. A equipe precisa

estar preparada para o melhor e o pior. Finalmente, quatro

dias antes do dia da viagem, 16 de junho, veio a

confirmação.

O desanimo desapareceu, apesar do grupo saber que não teria

acesso aos três jogos da Copa das confederações na Arena

Fonte Nova. Com malas e equipamentos em mãos e muita

expectativa, o grupo chegou a Salvador para viver uma

experiência, cujos resultados serão destacados a seguir.

3. ROTINAS PRODUTIVAS E RESULTADOS

Instalada em hotel localizado próximo ao Campo Grande, a

equipe fez de seus quatros, salas de redação. A rotina era:

pela manhã, reunião de pauta, definição das matérias e

equipes que iriam a campo para entrevistar, filmar e

fotografar. De volta para o almoço no hotel, as matérias

eram redigidas, as imagens selecionadas pelos\as

estudantes. Já a coordenação, fazia revisão, titulava,

postava no blog e divulgava para as mídias do Sertão do São

Francisco, baianas e nacional. A tarde, a mesma rotina. Ao

final de seis dias de trabalho conseguimos a seguinte

produção:

PRODUÇÃO TOTALPRODUÇÃO TOTALMatérias (texto, rádio e Matérias (texto, rádio e tv)tv)Equipe 51 Coordenação 14

65 Produção de um making offFotografia Fotografia Ensaios fotográficos 5 Todas as 65 matérias com fotos

Dados extraídos do relatório final do

projeto

CLIPPAGEM (impressos e internet)

Março 1Abril 1Maio 7Junho 21

TVWeb tv\UNEB 2

TV São Francisco 1TV Grande Rio - 1

RádioPrograma Panorama – Petrolina-FM 1

Ponte das Cidades - Ponte FM 1

Um outro resultado, que causou um impacto positivo junto a

equipe foi o acesso de leitores\as ao blog: 

Países (15) de acesso ao blog Alemanha – 21

Argentina

Austrália Brasil - 5.071

Estados Unidos – 1831 França - 19 Holanda - 10

Japão Moçambique Polônia

Portugal - 17 Reino Unido - 09 Rússia – 260

Suíça Ucrânia – 4º - 53

Total de acessos : 7.675 (até 27.8)- Cinco mil só na semana da Cobertura)

Período: junho a agosto\2013 Fonte; Relatório Final do Projeto

3.1. FORMAÇÃO DA EQUIPE E ENTRADA NOS JOGOS NA ARENA FONTE NOVA

A equipe selecionada foi formada pelos seguintes

estudantes: Adeilton Gonçalves da Silva Jr., Alexandre

Borges Cavalcante, Alieny Aparecida da Silva, Carlos

Humberto Félix de Souza; Eriskarine Barbosa do

Nascimento ; Jacqueline Santos da Silva; Lícia Lara Dantas

Barros, Maria Akemi Yamakawa, Patrícia Laís de Souza

Gonçalves, Paulo César Pedroza Marques, Raiane Barbosa de

Sousa e Uilson Viana de Sousa. Alguns\mas já tinham alguma

experiência em jornalismo Esportivo, como Alieny, Maria

Akemi, pois estagiavam no blog de Carlos Humberto, um ex-

jogador de futebol de Juazeiro e ativo e reconhecido

profissional na área do jornalismo Esportivo.

Foi, inclusive essa experiência que abriu algumas portas ao

Projeto Chuteiras Fora de Foco junto a FBF e a família do

jogador da seleção brasileira Daniel Alves. Da FBF a equipe

recebeu os ingressos para assistir a dois jogos da Copa das

Confederações. Já os ingressos à primeira partida foram

dados pela SECOPA, no dia do jogo entre as seleções da

Nigéria e Uruguai. Por sua vez, os pais de Daniel Alves

conseguiram que equipe assistisse ao treino da seleção no

Brasil no estádio Metropolitano de Pituaçu Professor

Roberto Santos e fizesse entrevistas e intercâmbio com

jornalistas das mídias nacional e internacional.

A exemplo das rotinas das redações de jornalismos, algumas

pautas agendadas não foram concluídas, como a entrevista

com o músico Carlinhos Brown e com o radialista esportivo

mais antigo da Bahia, Zé Ataíde. Novas pautas surgiram, a

exemplo da denuncia formulada em entrevista do projeto com

o Comitê Popular da Copa 2014\Bahia, sobre a retirada de

mendigos das ruas de Salvador, por funcionários da

Prefeitura municipal da capital baiana e que levou o

Ministério Público a visitar o local onde essas pessoas

foram abrigadas.

Outras pautas, como a cobertura da concentração das

manifestações populares realizadas em Salvador, em dois

dias de jogos na Arena Fonte Nova, a favor do passe livre,

contra a PEC 37 e os gastos do Governo brasileiro com as

obras de novas arenas em todas as capitais que acolheram

partidas da Copa das Confederações e a viagem no trem do

Subúrbio de Salvador, para a coleta de dados sobre a

ausência dos\as tradicionais torcedores baianos\as dos

jogos da FIFA, causaram certo receio da equipe. Mas ambas

foram feitas e contribuíram para contextualizar, trazer

novos elementos a realidade, fazendo o grupo refletir sobre

os impactos do mega evento e seus legados a sociedade.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final do projeto a coordenação teve vários encontros com

a equipe para avaliar a execução do Chuteiras Fora de Foco.

Ela foi unânime em afirmar que a iniciativa foi

extremamente importante para a sua formação pessoal e

profissional, destacando o impacto provocado na vida da

maioria dos\as integrantes, jovens estudantes, oriundos de

pequenas cidades nordestinas.

Também destacou que a práxis propiciada pelo projeto

permitiu a vivência do fazer jornalismo esportivo, embora o

grupo ainda se sentisse fragilizada para a produção de

matérias de cobertura de jogos.

A dinâmica da rotina produtiva foi alvo de críticas do

grupo pois a coordenação não conseguiu dar conta das

tarefas de revisão, titulação e postagem da produção diária

e, ainda acompanhar o grupo na produção das matérias.

Os dados dos acessos ao blog superaram as expectativas da

equipe.

Já a coordenação, resolveu dar continuidade ao projeto a

partir da elaboração de dois projetos de extensão. Um para

continuar atualizando o site com matérias esportivas,

produzidas por uma reduzida equipe e pela equipe do

Chuteiras, além de promover encontros de estudos. O outro

será para a formação de uma nova equipe para a cobertura da

Copa do mundo, de 2014, com o mesmo formado do que ora se

encerra, incluindo mais uma cidade de atuação, a do rio de

Janeiro.

i

1.1. DA SELEÇÃO ÀS OFICINAS

Já no processo de seleção da equipe, pude observar alguns sinais

de aceitação junto aos\as estudantes. Tive que realizar três

etapas até definir o grupo enfrentar até ameaças de processo

judicial.

Um outro momento inicial do projeto foi o de pensar e escolher os

conteúdos das oficinas. Mesmo tendo pouca intimidade a área

esportiva, desde criança gostava de futebol , basquete, vôlei e

tênis. Cheguei a praticar algumas modalidades do atletismo,e,

talvez, por isso, me inquietava a ausência da disciplina

Jornalismo Esportivo da grade curricular do curso, bem mais do

que a não oferta de disciplinas como os jornalismos Cultural,

Político e Econômico.

Aos poucos fui me aproximando do fazer Jornalismo Esportivo e

constatei a crtica, ainda presente de Paulo Leandro (xxxx ) de que

faz pouco tempo que a área esportiva deixou de ser marginalizada

em relação as demais do jornalismo. “Ainda assim, igualmente como

atividade menor dentro da imprensa brasileira, o esporte foi

encontrando seu espaço, consolidado com a chegada do

profissionalismo no futebol em 1933” (idem).

Ninguém tem dúvidas de que, pelo menos na mídia impressa, a

editoria de Esportes está entre as mais lidas, mas no meio

acadêmico, a bibliografia é pequena, assim como a oferta de cursos

de graduação que oferecem essa disciplina. Menor ainda a oferta de

cursos de pós-graduação. Esse contexto, por si só, já é tema de

uma oficina com carga horária de 20 horas. Afinal, como se formam,

por exemplo, locutores, comentaristas e repórteres esportivos¿

Herodoto Barbeiro e Patrícia Rangel (2006) vão afirmar, na

introdução do livro que:

... Jornalismo é jornalismo, seja eleesportivo, político, econômico, social. Podeser propagado em televisão, rádio, jornal,revista ou internet. Não importa. A essêncianão muda porque sua natureza é única e estáintimamente ligada às regras da ética e aointeresse público (pág. 13).

A afirmativa está correta, mas o Jornalismo Esportivo, assim como

o político, o cultural e de economia, tem suas especificidades

muitas alicerçadas em suas próprias trajetórias históricas dentro

do Jornalismo brasileiro. O fazer jornalismo esportivo segue as

mesmas técnicas das rotinas produtivas de outras editorias. No

entanto, exige do repórter um maior conhecimento de várias

modalidades esportivas, intimidade com várias tecnologias e redes

sociais e, muita ética. Afinal é na área esportiva, em especial no

futebol onde se registra uma sequência de denúncias de atos de

corrupção, vide as manchetes sobre os dirigentes da FIFA.

Outras inquietações latentes no momento de definir os conteúdos

das oficinas de Jornalismo Esportivo referiam-se a legislações,

como o Estatuto do torcedor, a linguagem esportiva e ao uso de

termos técnicos. No jornalismo Esportivo não basta saber as

posições e papéis de um jogador de futebol em campo – atacante,

centro-avante, armador, beque, por exemplo – dominar as expressões

“concluir uma ação ofensiva”, “deu uma bicada’, “cama-de-gato”,

“chuveirinho”. É preciso saber a trajetória profissional de cada

jogador nessas posições e os contextos, os momentos em que em uma

partida faz uma das jogadas citadas acima.

A experiência de Paulo Leandro, que ministrou as oficinas ajudou

na montagem da Ementa que ficou assim: Histórico do jornalismo

esportivo, no Brasil e no Mundo, normas de redação e produção de

textos para jornalismo esportivo. Termos técnico; cobertura de

jogos de futebol. Entrevistas coletivas, entrevistas com jogadores

e técnicos.

Para as oficinas de Fotojornalismo Esportivo, ministradas por

Márcia Guena, as preocupações eram de que os conteúdos dessem a

equipe um certo domínio dos aspectos técnicos da fotografia

esportiva, no caso, o futebol. Esta oficina precisava contemplar

aspectos técnicos do futebol e questões aparentemente mais

simples, como observar os pontos que os fotógrafos ocupam nos

estádios e a análise técnica das fotos publicadas em jornais e

revistas especializadas. Nesse caso a Ementa destacou aspectos

técnicos que envolvem o fotojornalismo esportivo, análise de

publicações esportivas e, ainda, realizou saídas fotográficas. A

equipe fez a cobertura de três jogos: Juazeirense x Vitória,

Juazeiro x Bahia, ambos realizados no estádio xxx (BA) e do time

do Zico, no estádio, em Petrolina (PE). Essas atividades práticas

foram transdiciplinares: envolveram a maioria das oficinas:

jornalismo esportivo, fotojornalismo e produção de matérias

esportivas prata TV, rádio e jornal.

A Oficina de fotografia ministrada para o projeto Chuteiras Fora

de Foco tevo como principal objetivo permitir que os alunos

desenvolvessem uma técnica acurada de cobertura de eventos

esportivos e do seu entorno. Assim, procuramos despertar espírito

crítico sobre a cobertura fotográfica esportiva; descondicionar o

olhar com relação às possibilidades de um evento esportivo

contemplando o seu entorno.

Ao longo da oficina trabalhamos o panorama da fotografia esportiva

no Brasil, em particular de futebol, a partir das coberturas

realizadas por publicações impressas. Um dos autores trabalhados

foi Evandro Teixeira, fotógrafo que já cobriu diversos eventos

esportivos, como olimpíadas e copas do mundo.

Realizamos uma revisão das técnicas básicas de fotografia,

priorizando o controle manual. Para isso, utilizamos como

principal referência HEDGECOE (1996). Desta parte da oficina

também fez parte a cobertura de jogos em Juazeiro. Acompanhamos

duas partidas, quando os alunos puderem exercitar diferentes

estilos, priorizando as fotos congeladas, no caso dos jogos e

executando pautas fotográficas determinadas voltadas para o

comércio de ambulantes, para a torcida e segurança durante os

jogos, entre outros aspectos. Certamente esse foi um dos

exercícios mais importantes, pois representaram uma cobertura

jornalística em tempo real.

Ao retornar à sala de aula, avaliamos o trabalho realizado através

da crítica às imagens produzidas, quando tivemos a oportunidade de

reajustar o exercício fotográfico para um evento esportivo, que

requer agilidade e bastante atenção na execução das imagens no

tempo exigido.

Para pensar a produção de pautas voltadas para o entorno da copa

das Confederações trabalhamos com autores que pensam a

desconstrução do olhar, como André Rouillé e Villem Flusser. Esses

autores permitem pensar a fotografia como uma composição autoral,

possível de existir fora dos clichês, muitas vezes determinado

pelas fotos pousadas. A cobertura de rua em um evento dessa

magnitude exigia um olhar atento e descondicionado. Para isso,

também revisitamos os grandes fotógrafos do século XX no Brasil e

no mundo, utilizando o site da Agencia Magnum de fotografia e o

livro Labirintos e Identidades, de Rubens Fernandes, no qual traça

a trajetória dos fotojornalistas brasileiros dos anos 40 aos anos

90.

O resultado da oficina foi bastante positivo. O grupo conseguiu

realizar coberturas factuais dos jogos e treinos, mas, de forma

preponderante, construiu imagens fotojornalísticas para

reportagens sobre temas diversos do entorno da copa. Deve-se dar

particular atenção aos ensaios, através dos quais puderam explorar

a fotografia autoral estética e tecnicamente falando.

As demais oficinas, como produção de matérias esportivas (texto e

imagem) para tv, rádio e jornal, ministradas por Fabíola Moura,

também seguiram essa lógica que associava o conteúdo teórico e

técnico com a prática. As oficinas ministradas por Luiz Adolfo,

por exemplo, foram mais técnicas e focaram o uso de equipamentos,

câmeras fotográficas e vídeo, para o jornalismo esportivo tendo

como referência os equipamentos disponibilizados pelo curso.

Já Gislane Moreira foi responsável por ministrar as oficinas de

Língua Espanhola. A proposta era de que em um evento internacional

a equipe de estudantes pudesse fazer entrevistas com turistas

internacionais. Nesse sentido, o grupo teve uma carga horária de

40 horas e recebeu conteúdos de elementos básicos da conversação

em Língua Espanhola direcionados ao universo do Jornalismo

Esportivo.

Também coube a mesma professora e a mim, ministras as oficinas de

Seminários Temáticos. A proposta era ampliar a criticidade do

grupo com relação aos impactos sociais da Copa das Confederações

em Salvador, assim como o padrão internacional dos eventos

promovidos pela FIFA. Vários temas foram elencados, associando os

legados sociais do evento, com saúde, segurança pública,

mobilidade, acessibilidade aos jogos, habitação, moradores de rua,

geração de emprego e renda, entre outros.

Para realizar as 190 horas aulas do projeto foi preciso montar um

criterioso cronograma. Afinal elas ocorreram simultaneamente ás

aulas regulares da equipe nos meses de abril, maio e junho de

2013. A maioria aos sábados e domingos e em duas ou três noites

durante a semana. Felizmente, todo o grupo manteve-se ativo e

presente. O desanimo ocorreu sim, pelos motivos já expostos nesse

artigo.

Referencial:

HEDGECOE, John. Guia completo de fotografia. São Paulo, Martins Fontes,1996.

FERNANDES JÚNIOR, Rubens. . Labirinto e identidades: panorama da fotografia no Brasil.

São Paulo: Cosac & Naify: Centro Universitário Maria Antonia da USP, 2003. 229 P.

ROUILLÉ, André. A fotografia: entre o documento e arte

contemporânea. São Paulo, Editora SENAC, 2010

SOUSA, Jorge Pedro. Fotojornalismo. Uma introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa. Porto, 2002.