15
REVISTA MUSICA Fundada em 1990, a REVISTA MUSlCA, e uma publicacao semesrral do Programa de Pos-Craduacao em Musica da Escola de Cornunicacoes e Artes da Universidade de SaoPaulo (ECA/USP). ARevista pu- blica predorninanrernenre artigos originais resultantes de pesquisa cientffica, incluindo rambern outros tipos de conrribuicoes significativas para a area (traducoes, enrrevistas, resenhas). As conrribuicoes devem ser da area de pesquisa em Musica, conrernplando tarnbem as suas diversas interfaces. As resenhas devem ser de livros publicados ha men os de do is anos. As rraducoes devem ser, preferencialmente, de rextos classicos da area. Serao analisados artigos eoutros trabalhos ineditos em porrugues, espanhol, ingles e frances. As submiss6espod em ser encaminhadas em f1uxo continuo atraves do Open Journal System (OJS) Demais inforrnacoes via correio elerronico para: revistappgmus@usp.br . , . revrstamusica The "Revista Musica", is an academic refereed journal, published biannually by the Graduate Program in Musicof the School of Communication and Arts, University ofSaoPaulo (Brazil).Founded in 1990, this journal publishes predominantly original articles, including also other types of significant contribu- tions to the field of research in music (translations, interviews, reviews,scores). The journal is indexed in RILM (Repertoire International de Lirrerature Musicale). We welcome submissions on any aspect of music research in English, Spanish, French and Portuguese. Reviews of books (published noearlier than 2010) are alsowelcome. This journal accepts submissions continuously. Submission guidelines: hrtp:llwww.usp.br/revistamusica Publicacao Semestral do Program a de Pos-Graduacao em Musica Vol. 14 I N°1 I 2014 ISSN 0103-5525 ESCOLA DE COMUNICA<;:6ES E ARTES UNIVERSIDADE DE SAO PAULO Should you have any questions, do nothesitate to contact the editor: revistappgmus@usp.br Fundada en 1990, la REVISTA MUSlCA es una publicaci6n sernesrral del Programa de Posgrado en Musics de la Escuela de Comunicaciones y Arres de la Universidad de Sao Paulo (ECA/USP). La Revista publica principalmente artfculos originales resultanres de invesrigaci6n cientffica, incluyendo rarnbien orros tipos de contribuciones significativas para eI area (traducciones, enrrevistas, resefias). Las contri- buciones deben serdel areade investigaci6n en Miisica, contemplando ram bien sus diversas interfaces. Las resefias deben ser de libros publicados hace menos de dos afios. Las traducciones deben ser, preferen- cialmente, de textos clasicos del area. Seran analizados articulos yotros trabajos inediros en portugues, espafiol, ingles y frances. Las conrribuciones pueden ser encaminados continuamente a rraves del OpenJournal System (OJS). Para mayo res informaciones escribaa: revistappgmus@usp.br

A comparação entre a ópera italiana e a francesa: Raguenet e a irredutibilidade de duas tradições

Embed Size (px)

Citation preview

REVISTA

MUSICA

Fundadaem

1990,aREVISTA

MUSlCA,eumapublicacao

semesrral

doProgram

adePos-C

raduacaoem

Musica

daEscola

deCornunicacoes

eArtes

daUniversidade

deSao

Paulo(EC

A/USP).

ARevista

pu-blica

predorninanrernenreartigos

originaisresultantes

depesquisa

cientffica,incluindo

rambern

outrostipos

deconrribuicoes

significativaspara

aarea

(traducoes,enrrevistas,

resenhas).Asconrribuicoes

devemser

daarea

depesquisa

emMusica,

conrernplandotarnbem

assuas

diversasinterfaces.

Asresenhas

devemser

delivros

publicadoshamenosdedoisanos.

Asrraducoes

devemser,

preferencialmente,

derextos

classicosdaarea.

Seraoanalisados

artigoseoutros

trabalhosineditos

emporrugues,

espanhol,ingles

efrances.

Assubm

iss6espod

emserencam

inhadasem

f1uxocontinuo

atravesdoOpen

JournalSystem

(OJS)

Demais

inforrnacoesvia

correioelerronico

para:revistappgm

[email protected]

.,.

revrstamusica

The"Revista

Musica",

isanacadem

icrefereed

journal,published

biannuallybythe

Graduate

PrograminMusic

ofthe

SchoolofCommunication

andArts,

University

ofSao

Paulo(Brazil).

Foundedin1990,

thisjournal

publishespredom

inantlyoriginal

articles,including

alsoother

typesofsignificant

contribu-tions

tothe

fieldofresearch

inmusic

(translations,interview

s,review

s,scores).The

journalisindexed

inRILM

(Repertoire

InternationaldeLirrerature

Musicale).

Wewelcom

esubm

issionsonany

aspectofmusic

researchinEnglish,

Spanish,French

andPortuguese.

Review

sofbooks

(publishednoearlier

than2010)

arealso

welcom

e.This

journalaccepts

submissions

continuously.Subm

issionguidelines:

hrtp:llwww.usp.br/revistam

usica

PublicacaoSem

estraldoProgram

adePos-G

raduacaoem

Musica

Vol.

14IN°1I2014

ISSN0103-5525

ESCOLA

DECOMUNICA<;:6ES

EARTES

UNIVERSID

ADE

DESAOPAULO

Shouldyou

haveany

questions,donot

hesitatetocontact

theeditor:

revistappgmus@

usp.br

Fundadaen

1990,laREVISTA

MUSlCA

esuna

publicaci6nsernesrral

delProgram

adePosgrado

enMusics

delaEscuela

deComunicaciones

yArres

delaUniversidad

deSao

Paulo(EC

A/USP).

LaRevista

publicaprincipalm

enteartfculos

originalesresultanres

deinvesrigaci6n

cientffica,incluyendo

rarnbienorros

tiposdecontribuciones

significativaspara

eIarea

(traducciones,enrrevistas,

resefias).Las

contri-buciones

debenserdel

areadeinvestigaci6n

enMiisica,

contemplando

rambien

susdiversas

interfaces.Las

resefiasdeben

serdelibros

publicadoshace

menos

dedos

afios.Lastraducciones

debenser,preferen-

cialmente,

detextos

clasicosdel

area.Seran

analizadosarticulos

yotros

trabajosinediros

enportugues,

espafiol,ingles

yfrances.

Lasconrribuciones

puedenserencam

inadoscontinuam

entearraves

delOpen

JournalSystem

(OJS).

Paramayo

resinform

acionesescriba

a:revistappgm

[email protected]

ACOMPARAC;AOENTREA6PER

AITA

LIANAEAFRANCESA

:RAGUENET

EAIRREDUTIB

ILIDADE

DE

DUASTRADIC;OES.

oParalelo

entreltalianos

eFranceses

noque

concernea

Musica

easOperase

frutodeumaviagem

aItalia

realizadapelo

abadeFrancois

Raguenet

(1660-1723),acom

panhandoosobrinho

doCardeal

deBouillon

nosanos

de1697

e1698.

Comotantos

outrosviajantes,

nasmaisdiversas

epocas,0pais

causoumarcante

irnpressaoem

Raguenet,

gerandono

autorgrande

entusiasmopela

arteitaliana,

0que

podeser

depreen-dido

emduas

desuas

publicacoes:Les

Monum

ensdeRom

e,oudescriptions

desplusbeaux

ouvragesdepeinture,

desculpture

etd'architecture,

quisevoyent

aRom

e,etaux

environs,etc.I,e

ojamencionado

Paralele[sic]

desItaliens

etdes

Francoisen

cequi

regardefamusique

etlesopera

(RAGUENET,

1702).oautor

jahavia

escritosobre

outrostemas,

comoahistoria

davida

deCrom

well',

eum

discursosobre

0rnartirio,

queganhou

0prernio

deeloquencia

daAcadem

iaFrancesa'

eele

rambern

elembrado

poroutras

obras",masseu

Paralelotern

fundamental

importancia,

entreoutras

razoes,por

enunciardiversas

questoessobre

armisica

eaopera

queserao

debatidasaolange

detodo

0seculo

XVIII.

Dentro

doespirito

daviagem

aItalia,

podemos

ler0livro

deRaguenet

sobreasoperas

como0registro

deimpressoes

deum

amador,

nosentido

propriodoterm

o.Durante

aleitura,

percebe-se0fasdnio

e0encantam

entopela

operaitaliana,

emtodos

osseus

aspectos:armisica,

oscantores,

avocalidade

propriados

cantoresitalianos,

aorquestracao,

oscenarios,

ouseja,

0conjunro

deelem

entosque

cornpoern0espetaculo,

semseprender

aquesroes

dedefinicao

dogenero

drarnatico(literario

oumusical).

0que

seduz0abade

Raguenet

e0ca-

raterinebriante

doespetaculo",

queseria,

paraosfranceses,

algoque

ultrapassariaoslirnites

dodecoro,

dapolitesse

edo

borngosto

(FADER,2003).

Eepartindo

dopressuposto

doprazer

que0autor

discorresobre

osdoisripos

deopera

porele

I.Amsterda:,

170I.

Publicadonovam

enrecom

modifica~6es

em1765

(RAGUENET,

1765).Sobre

aviagem

,foi

tambern

publicado0livro

L'iducationdujeune

comte

D.B""'''.us

amours

avecEmilit

deTn-

etsesvoyages,selon

usproprts

memoires0/'

sontrecueillis

grandnombre

d'bistoires...etdecouoertes

d'antiquitestr~scurieuses,

accompagnies

tUplus

tUcenttstam

ptsdtsplus

beauxmonum

entdeRom

epar

Mr.

deRaguenet.

Londres:M.

Chasrel,

1765.

2.His/oire

d'Olivier

Crom

wel,Paris,

Chez

C.

Barbin:

1691,reim

pressadiversas

vezes.

3.Discours

[surIe

rneriteerladignite

dumartyre]

quiaremporre

Ieprix

d'eloquence,par

Iejugem

entdel'Academ

iefrancaise,

enl'annee

mil

sixcent

quatre-vingtneuf.

Paris:G.Barbin,

1689.

4.Alern

dasja

mencionadas,

listamosa

seguirosrfrulos

deautoria

deRaguenet:

Histoire

del'Ancien

Testament.

Paris:C.Barbin,

1689(evarias

outrasedicoes):

Hisroire

duVicornte

deTurenne.

Haia:

J.Neaulm

e,evarias

outrosedicoes:

SyroesetMirom

e,

151

histoirepersane.

Paris:

C.

Barbin,

1692.Para

uma

discussaosobre

alguns

aspectosdesua

obra,cf.

Storer

(1945).

5.Aresenha

dolivro,

publicadanas

Mernoires

deTrevoux

(1702,p.345),

insisteque

adescricao

da

reacaodopublico

italiano,

queinterrom

piaosrruisicos

comgriros

eaplausos,

soavacom

o"hiperbolica",

masdeveria

serverdadeira.

Para

urnexernplo

deurn

debatemais

tradicional

sobreumaopera,

veja-

seapolernica

emtorno

daAlceste

deLully

e

Quinault.

Cf.BROOKS;

NORMAN,ZARUCCHI

(1994).

6."Espetaculo

cenico"eatraducao

deEudoro

deSousa

(ARlSTOTELES,

1986,

p.IIO).Valentin

Garda

Yebra

(ARlSTOTELES,

1992,p.145-146)

opta

por"decoracion

del

especraculo",jusrificando

suaopcao

nanora

106(p.

265).

7.Alern

dasja

mencionadas,

listamosa

seguirostftulos

deautoria

deRaguener:

Histoire

de

l'Ancien

Testam

ent.Paris:

C.Barbin,

1689(evarias

ourrasedicoes):

Histoire

du

Vicom

tedeTurenne.

Haia:

J.Neaulm

e,evarias

outras

edicoes,Syroes

erMiram

e,

hisroirepersane.

Paris:

C.

Barbin,

1692.Para

uma

discussaosobre

alguns

aspectosdesua

obra,cf.

Storer

(i945).

8.Alinhagem

queprivilegia

0texto

edesconsidera

osdem

aiselem

entoselongulssim

a

conhecidos:apara

derecern

descobertaopera

italianaeatra-

gedialirica

(tragedielyrique)

francesa.Porsuas

peculiaridades,

trata-sedeurn

textoque

destoadegrande

partedareflexao

sobreopera,

umavez

queRaguenet

enumera

ediscute

aspar-

tesconstitutivas

doespetaculo,

semsedeter

emurn

debateli-

rerarioque

constanremente

apelavapara

aspoeticas

classicas".

Emsua

Poetica,Aristoteles

reconheceaauletica

eacira-

rfsticacom

oartes

irnitarivasetrata,

emalguns

momentos,

da

rmisica

emgeral

comoelem

entoconstitutive

dasrepresenta-

c;oesteatrais.

Nacom

plexapassagem

daPoetica

6,0estagirita,

justamente

nomomento

dedefinir

arragedia,

indicaa"espe-

taculocenico'?

(apsis)com

oparte

constitutivadatragedia,

para

naomais

tratardo

assuntoem

detalhe.Aponta

comopartes

datragedia

0mito,

0carater,

aelocucao

(/exis),0pensam

ento,

oespetaculo

eamelopeia

(melos),

sendoque

em1450b

170

aurordira

que"amelopeia

(rnelos)e0principal

ornamento".

Epossivel

compreender

aquipor

querazao

aposteridade

viu

emArisroteles

apreferencia

pelalexis,

emdetrirnento

daapsiS'.

Mais

adiante,em

1450b18-21,

Aristoreles

afirmaque

0espe-

taculoe0mais

"ernocionanre"(psycagogikan),

lembrando

po-

remque

e"0menos

artfsticoemenos

propriodapoesia",

sem

explicar0porque,

Nessa

brevepassagem

podemos

reconhecer

aquiloque

seraamaior

dificuldade·para

secom

preenderas

operasapartir

doinicio

doseculo

XVII:atensa

relacaoentre

rexto,rmisica

eosdem

aiselem

entosconstitutivos

doespeta-

culo.Aopcao

pelalexis,

emdetrim

entodaapsis,e

urnripo

de

preconceitoteorico

quesera

assumido

pelamaior

partedos

escriroresque

refletiramsabre

aopera,

aqual

setorna,

conse-

quentemente,

urngenero

"rnonstruoso".Deacordo

comessa

visao,tal

monstruosidade

necessitaraderegras

quecorrijam

urndefeito

"essencial"daopera:

apresens;a

darmisica

emredo

oespetaculo

geraproblem

asdas

maisvariadas

ordense,depen-

dendodo

autor,conduziria

arecornendacao

deextincao

do

espetaculoouaproposta

deremediar

algunsdeseus

defeitos.

NaPoetica

horaciana,outro

textocapital

para0pensa-

mento

sobreapoesia

e0teatro,

encontramos

nosversos

202-

219asnorm

asconcernentes

arnusica,

consideradaurn

dos

elementos

dapoesia

dramatica,

Arecornendacao

principale

quearmisica

semantenha

severaesubm

issaaotexto,

0que,

podemos

depreender,nao

aconteciadefato.

Avisao

horacia-

na,no

querespeita

aouso

darmisica,

enxergaadecadencia

nosespetaculos

emque

amusica

ultrapassouoslimires

que

lheeram

proprios,tendendo

apenasaagradar

0vulgo".

Desse

modo,

jaem

Horacio

encontramos

urnavisao

nostalgicade

urnmomento

deouro,

emque

arrnisica

desempenhava

urn

papeladequado

noconjunto

doesperaculo.

Talsentim

ento

apareceraem

diversasobras

quecriticam

apresens;a

darnu-

sica,sem

preapontando

paraurn

passadoreal

ouimaginario.

Podem

osainda

lembrar

outrasrecom

endac;oeshoracianas,

comoavocacao

nobredo

poeta,aconstante

referenciaaos

dramas

gregos,aenfase

nasquestoes

morais,

0decoro

das

apresentacoeseanecessidade

deumacririca

atenta.Tudo

isso

certamente

cornporaboa

partedas

crfticasfrancesas

eitalianas

sobreopera

nosseculos

XVIIeXVIII.

Comodissem

osanteriorm

ente,Raguenet

pareceescapar

detalabordagem

,jaque

seuIivro

sabemuito

mais

aosrela-

rosdeviagem

doque

aurn

tratadosobre

opera.Contudo,

tantopelos

temas

enunciados,com

opela

polernicaque

se

seguiuapos

apublicacao

dolivro

epela

divulgacaodotexto

emIngles

ealernao,

apequena

obradeRaguenet

podeser

encaradacom

ourn

pontodeinflexao

nalonga

tradicaode

pensamento

sobreaopera'",

Apraposta

inicialsoa

modesta,

emcerto

sentido,ate

mesm

oingenua,

jaque,

aparentemen-

te,0autor

pretendecom

parar,de

umamaneira

queapre-

senracom

oneutra,

amusica

eaopera

dositalianos

edos

franceses,reconhecendo,

desde0inicio,

queem

determina-

dosaspectos,

unslevam

vantagemsobre

osoutras.

Aideia

do"paralelo",

comojaindicava

Fubini

(1991,p.46),

eurn

ecodo

ParalleledesAnciens

etdesModernes

deC.Perrault!',

quetantas

polemicas

suscitounaFranca

nasegunda

metade

doseculo

XVIII2•Dequalquer

modo,

Raguenet

pretende

estabelecercornparacoes

entreosfranceses

eositalianos

e,

aprindpio,

temos

aimpressao

deque

setrata

deumarnera

constatacaodos

fatos.Conrudo,

atravesdodesenvolvim

ento

dotexto,

percebemos

queaquilo

que0autor

teriaadizer

de

positivesobre

aopera

francesadura

rnuitopouco:

apagina

23daedicao

original,0autor

afirma:"Eistudo

0que

pode

serdito

afavor

daFranca,

noque

concerneamusica

eas

operas.Vejam

osagora

0que

podeser

ditoafavor

daItalia

nessasduas

coisas.Apartir

dai,procede

aoexam

edaopera

italiana,justam

entepara

encontrarsuas

vantagensate

0final

dolivro,

quetern

124paginas.

natradi~

oocidental,

justamenre

porque,na

visaodeArist6reles,

0

renodeveria

garantira

qualidadetrigica.

Para

uma

visaodiferente,

querenta

rnostraros"equlvocos"

daposteridade,

cf.SCOTT

(2000).

9.Rostagni,

emseu

comemario

sobre0

trecho,recom

endaalgum

a

cautelaquanto

aenfase

na

degenera~o,

lembrando

que"qui

Or.indulge

piu

chealtrove

allospiriro

delVecchio

Catone

che

aliasantita

deiprim

itivi

cosrumiopponeva

inogni

cosalacorruzione

dei

nuovi"(HORACIO,

[19--

J,p.60-61).

10.Sobre

aimpordincia

do

rexrodeRaguenet

dentro

deurn

contextemaisamplo

dasrelacoes

entrerruisica

efiJosofia,

cf.ToMAs

(2004,p.70-74).

II.PERRAULT(1688-

1697).Tratarem

osdas

relacoesdeRaguenet

comas"modernos"

mais

adianre.

12.NaDefis«

doPaTlZI~Io,

Raguenet

enunciadaram

entesua

posicao,

alinhadocom

osmodem

os.

Cf.RAGUENET

(1705,

p.18).

J!longulssim

a

abibliografia

sobrea

querela,maspara

urnensaio

introdutorioepara

umaselecao

derextos

dapolem

ica,veja-se

FUMAROLI(2001).

l~~~~~~~~~~~~~~~~~~-J"~

..~

152153

13.Cf.BARTHELEM

Y(1990);

KINTZLER

(1986)eKINTZLER(2006).

Imediatam

enteepossfvel

depreenderapreferencia

deRa-

guenetpelos

italianos,0que

comseguranC

?soava

comouma

provocacaoaos

franceses,mesm

oque

estanao

tenhasido

aintencao

primeira

doautor.

Mas,

antesdas

polemicas

susci-tadas,

enecessario

destacaralgum

asdificuldades

quepronta-

mente

semanifestam

naernpreitada.

Aoprocurar

estabele-cer

urnparalelo

entrefranceses

eiralianos,

noque

concerneaopera,

percebemos

que0term

oopera

ternsignificados

rnuitodiferentes

quandoaplicados

asduas

tradicoesde

es-peraculos

teatraiscom

musica,

Certam

entea6pera

france-sa,atragedie

lyrique,muito

deveaopera

italiana,tanto

pe-las

apresentacoesde

esperaculositalianos

naFranca

apartir

dadecada

de1640

13,com

opela

pr6priaorigem

italianade

Lully,

berncom

opor

diversosoutros

elementos

constitutivosdoespetaculo.

Entretanto,

atragedie

lyriqueaproveita

outrastradicoes

francesase,acim

adetudo,

reporta-seaurn

diver-socontexte

social:ela

servepara

enaltecer0rei

efaz

partedeumaserie

deatividades

existentesnacorte

francesa.Jaa

operaitaliana,

especialmenre

aveneziana,

esraligada

ateatros

publicos(abertos

aopublico

pagante),com

diversaspeculiari-

dades.Desse

modo,

percebe-seque,

apesarde0term

oopera

serusado

tantopara

0caso

italianocom

opara

0caso

frances,exisriarn

diversospontos

discordantesque

naoperm

itiriamurn

paralelomuito

claro.omesm

opode

serverificado

emdiversas

palavrasitalianas

quenao

encontramumatraducao

apropriadapara

0frances,

poisnem

sempre

haequivalencia

entreosterm

os,osusos

eastradicoes

musicais.

Naleitura

dodicionario

deSebastien

deBrossard

([1708]),jasenota

apreocupacao

doautor

emestabelecer

aequivalencia

dosterm

osmusicais

nasdiversas

lfnguas(grego,

latim,italiano

efrances),

indicando,contudo,

emprim

eirolugar,

osterm

ositalianos

paradepois

encontrarseus

equivalentesem

frances.Umaprim

eiradificuldade,

nocaso

deRaguenet,

dizrespeito

aclassificacao

dasvozes

france-sas.

Osterm

osdeorigem

italiana(soprano,

contralto,tenor,

barfronoebaixo,

comdistincoes

intermediarias),

naosao

exa-tamente

equivalentesaos

franceses(dessus,

baute-contre,taille,

basse-taille,basse-contre).

Certam

enteaequivalencia

estana

posicaorelativa

dasvozes,

oriundadaprarica

polifonica,em

umaclassificacao

quevai

damais

agudaamais

grave.0pro-

blemaeque

nemaextensao

dasvozes

nem0uso

queelas

tern

nasduas

tradicoestern

umaequivalencia

precisa.0caso

mais

diffcilecertam

ente0do

baute-contre'".Avoz

dehaute-contre

eumavoz

masculina

agudautilizada

nospapeis

principaisdas

operasdeLully

emdiante.

Elae,

emcerta

medida,

correspondenreaotenor

italiano,maslogo

sepercebe

umagrande

diferenca:avoz

detenor,

natradicao

italianadoseculo

XVII,ainda

naoestava

associadaaos

prota-gonistas,

massirn,

aospersonagens

comicos

(masculinos

oufemininos).

Edequalquer

maneira,

comojavisto,

0haute-

-contrenao

eurn

tenor,noque

respeitaaextensao

vocal.No

dicionariodeBrossard,

nemsem

preencontram

osaspistas

necessariaspara

esclarecereste

ponto.Nadefinicao

de"alto",

oautor

indicaque

"encontramos

comfrequencia

[...J,em

larim,Altus,

oucontra-tenor,

ousimples

mente

contra.Quer

dizerhaute-centre"

(BROSSA

RD,[1708],

p.9).Em"mezzo-

-soprano",lemos:

"querdizer

demi-dessus

ouhaute-contre

quevai

muito

alto"(BROSSA

RD,[1708],

p.59).

Assim

,aprin-

cfpio,podem

osentender

0baute-contre

comoumavoz

mas-

culinaque

seassem

elhaaocontralto

ouaomezzo-soprano,

masculino

oufeminino.

Aotratar

davoz

detenor

(taille),Brossard

fazumaclassificacao

dessasvozes,

distinguindohautes

ouprem

ierestailles,

detailles

naturelles,com

munes,

mytoyennes

ousimplesm

entetailles,

alernde

basse-taillesou

secondetailles

econcordants,

estesultirnos

"confundidos"com

obarfrono!".

0pr6prio

Raguenet,

nadefesa

deseu

paralelo,afirm

aque

ositalianos

terntailles,

naverdade,

pensandoem

tenores:

lI11l11,s~~'/1'M

111l.•

r..lk,".,.lIIrs

;u..m

u"U,mrt"J"'tI

cu;"/'-tl'.;Ihs.

14.Emiraliano,

assimcom

oem

porrugues,osnornes

dasvozes

saomasculinos.

Jaem

frances,todos

saofemininos.

Neste

rexro,porem

,optam

ospor

usar0anigo

masculino

antesdos

nomesfranceses.

15.(BROSSA

RD,[1708],

p.l77).(Afigura

aolado

correspondeaessa

Nota

derodape).

"i.Jfr,or..;,,"t1d

$«(1IIIJ"T.;Ius.

154155

16.Trara-se

daopera

LaRinovata

Camilla,

Regina

de'Volsci,

rrnisicadeG.

Bononcini

etexto

deS.

Srampiglia.

Cf.FRANCHI

(1988,p.726).

17."Aquela

dasquatro

partesdamusica

queesta

entre0dessus

e0taille",

Dictionnaire

del'Acadernie

francaise(1694,

p.558).

18."HAUTE-CONTRE,

altusoucontra;

aparte

darmisica

queperrence

asvozes

dehom

ensmais

agudasoumaisaltas,

por

oposicaoabasse-contre,

queesta

paraasrnaisgraves

oumais

baixas,[...J

Nas

operasitalianas,

estaparte

queeles

chamam

contralto,

ecom

frequenciacantada

pormulheres;

enquanto

osdessus

rnaisagudos

saocornum

entecanrados

porhom

ensdestinados

desdeainfincia

paraesre

uso"(D'ALEMBERT;

DIDEROT,1751-1772,

v,8,p.70-71).

19."Basse-taille

esteve

namoda

duranterodo

0

tempo

emque

Thevenard

permaneceu

noteatro

;

masoscom

positoresde

agorafazem

ospapeis

mais

brilhantespara

haute-

contre.[...J

OSrnagicos,

astiranos,

asamantes

odiadossao

comumenre

basses-tailles;asmulheres

parecemrerdecidido,

naosesabepor

que,que

ohaute-centre

deveser

oamante

favoriro;elas

dizemque

eavoz

do

coracao,sons

masculos

e

fortessem

duvidaalarm

amadelicadeza

delas,0

sentirnento,este

serimaginario

deque

tantose

fala,sem

0definir,

sem0

conhecer,o

OsIralianos

ternTailles

comonos;

eeununca

ouvi,em

nenhum

lugar,urn

mais

belodoque

0do

atorque

fuzia0personagem

deMecio

naopera

Camila,

representadaem

Romano

Teatro

Capranica

em1698

(RAGUENET,1705,

p.135)16.

Aquestao

apenassecom

plicaaopercorrerm

osoutros

di-

cionarioseaEncyclopedic.

0dicionario

daAcadem

iaFran-

cesaindica

apenasaposicao

davoz

nocontraponto'",

Na

Encyclopedic,0term

oaparece

emdiversos

verbetes:napropria

definicao",na

definicaode

basse-taille,indicando

queavoz

dehaute-contre

epreferida

asdernais'",

emverbetes

sobreas

partesdarnusica

esobre

instrumentos

etambern

noverbete

etendue,no

qualeapresentada

aextensao

dessetipo

devoz:

Haute-contre:

clavededonaterceira

linha.Suaexrensao

deveser

desde0doem

baixodaclave

ate0doacim

adela;

0que

perfaz

duasoiravas

inteiras,oudoze

tons(D'ALEMBERT;DIDEROT,

1751-1772,v.6,p.46).

Rousseau,

emseu

dicionariode

rmisica,

indicaaequiva-

lencianocontralto

italiano(que

seriaurn

bas-dessus),classifica

avoz

denao

naturalediz

que0tenor

seria0taille

ouhaute-

-taille",Aconfusao

continuanaparte

musical

daEncyclopedic,

publicadapor

Frarnery

eGinguene,

queretom

amecom

en-

tamosverbetes

deRousseau.

Em"Contralto"

afirmaFrarnery:

Palavra

italianaque

responde11nossa

palavrahaute-contre;

mas

asduas

vozes,contudo,naosao

asmesm

aseseu

diapasao

eassaz

diferente[...J0haute-contre

[...Jeumavoz

deurn

homem

em

todaaextensao

doterm

o,aquem

anatureza

deuumavoz

claraeque

seeleva

facilmente

emdirecao

aoalto"

(FRAMERY;GIN-

GUENE,1791,t.

l,p.315).

Enoverbete

Haute-contre,

nocornentario

deDeMomig-

nyIe-se:

Avoz

dehaure-contre

torna-semais

raraacada

dia[...J;

seu

timbre

nao

e0doalto

oudo

tenor,assim

como0timbre

dovioloncelo

naoe0daviola

nemdas

duascordas

mais

gravesdo

violinoenao

esubstitufvel

pelobas-dessus

dasmulheres

nempe-

lasvozes

dosmusici

[i.e.,castrados]'

cujoefeiro

ecornpletam

enre

diferente(FRAMERY;GINGUENE;

DEMOMIGNY,

1818,

t.2,p.37).

Desse

modo,

ficapatente

aconfusao

dosterm

osque,

na

verdade,reflete

airredutibilidade

deumapratica

aoutra.

Mas0caso

mais

curiosopode

serencontrado

noDictio-

nnairedram

atiquedeJ.-M.B.Clement,

noverbete

sobre

Dumeny,

cantorque

executouosprincipais

papeisdehaute-

-contrede

Lully:

"era0nom

ede

urnatorda

opera,morto

em1715.

[...JElepassou

porhaute-contre,

mas

eraapenas

urntaille

dosmais

agudos"(CLEMENT,

1784).Ouseja,

0

cantorque

criouosprincipais

papeisdo

repertoriofrances,

quelancou

asbases

para0desenvolvim

entodetoda

aope-

rano

pais...nao

seriaurn

haute-contreiAssim

,percebem

os

que0haute-centre

naotern

umaverdadeira

correspondencia

naclassificacao

italiana,sendo

aliasurn

tipode

vozmuito

complexo,

desdesua

definicaoate

seuemprego

hojeem

dia

nasencenacoes

egravay6es

dorepertorio

francesdos

seculos

XVIIeXVIIFI.

Esta

dificuldadedetraducao

doterm

ohaute-contre

pode,

emprincipio,

serestendida

asoutras

vozes,asfamilias

de

instrumentos

(violons,violes,

etc.)easonoridade

dasorques-

tras22•Alern

disso,osdiversos

termos

musicais

relacionadosa

ornamentacao

(trillo,passagio,cadenza,

coloratura),oumesm

o

daspartes

constitutivasdo

espetaculo(aria,

recitativo,ario-

so,etc.)

naotern

correspondenciaexata

nasduas

praticas.Ha

tarnbernaquelas

inexistentesnatradicao

italiana,com

oosba-

les,asentrees

eosdivertissem

ents,de

tamanha

relevanciana

operafrancesa.

Desse

modo,

paraalern

deurn

problema

de

terminologia,

percebem-se

estruturasessencialm

entediferen-

tesepodem

osindagar-nos

sobreapropria

possibilidadede

urnparalelo

entrearnusica

italianaefrancesa,

umavez

queas

condicoessao

taodiferentes.

0objetivo

naoeabsolutam

ente

desmerecer

0texto

deRaguenet,

massim,mostrar

0quao

dis-

tintassao

asduas

tradicoeseque,

partindo-sedeumacom

pa-

racaoentre

coisasdessem

elhantes,umadelas

certarnentesaira

prejudicada.E,se0texto

deRaguenet

seinsere

natradicao

dosparagoni,

ficamais

claraaintencao

dedeterm

inarqual

e

aprarica

superior.

Masquais

elementos

Raguenet

utilizanacornparacao?

0textonaoesistem

atico-nem

ternapreten

saodese-lo

-con-

tudo,logo

aoinicio,

denos

daumalista

deitens

aserem

considerados:

sentimento

pronunciou_se

afavor

doshautes-contre.

Quando

novamente

se

dercredito

aurn

novo

basse-taille,quando

aparecerourro

Thevenard,

esresistem

aruira

porsi

mesm

oeverossim

ilmente

nosservirem

osmais

umavez

dosentim

enro

paraprovar

que0haute-

contrenunca

foiavoz

do

coracao"(D'ALEMBERT;

DIDEROT,1751-1772,

v.2,p.121).

20."HAUTE-CONTRE,

ALTUSOUCONTRA.

Aquela

dasquatro

panes

darmisica

quepertence

asvozes

dehom

ensmais

agudasoumaisaltas,

por

oposicaoabasse-conrre

que

estapara

asmaisgraves

ou

mais

baixas.INarmisica

iraliana,esta

parte,que

elescham

amdecontralto

eque

respondeahaute-

conrre,equase

sempre

cantadapor

bas-dessus,

sejammulheres

oucastrati,

Com

efeito,haute-cen

tre

emvoz

dehom

ensnao

Iinada

natural;enecessario

forS;a-la

paraalcancar

esta

afinacao[diapason);

0que

querque

sefaca,

elatern

sempre

aspereza[aigreur],

erararnente,

jusreza"

(ROUSSEAU,1826,

p.

437).

2LPara

outrasdiscussoes

arespeiro

desseripo

devoz,

cf.CYR(1977)

eZASLAW

(1974).

22.N.Zaslaw

,em

sua

buscadeumadefiniS

;ao

para0term

oorquestra.

lernbra-nosque,

mesrno

naoe;istindo

algocom

~umaorquestra

barroca,

"podefazer

sentidofalar

naorquestra

deLully,

nadeHandel

emLondres,

de

156157

umaorquesrra

romana,

deumaorquesrra

vienenseeassim

pordianre"

(ZASLAW,1988,

p.485).

lssonos

interessadiretarnente,

poisrealca

asdiferencas

entreas

praricasmusicais

francesas(de

Lully)edos

diversosespetaculos

aque

Raguener

assistiunaItalia,

cominsrrum

entacaovariada

ecaracterfsticas

pr6prias.

Mashamuitas

coisasquedevem

serespecificadaspara

talfim:a

linguaitaliana

ealingua

francesa,dasquais

umapode

sermais

favoraveldoque

aoutra

paraarmisica;a

cornposicaodas

pe<;:asdeteatro

queosrmisicospoem

emrmisica;a

qualidadedos

aro-res;ados

instrurnentistas:asdiferentes

especiesdevoz;

0reci-

tativo;asarias;as

sinfonias;oscoros,as

dancas,asmaquinas,

asdecoracoes

etodas

asoutras

coisasque

entramnacornposicao

das6peras

eque

contribuemaperfeicao

doespetaculo,

Poisepreciso

examinar

codasascoisas

emparticular

parabern

julgaraquelas

emque

ositalianos

ouosfranceses

sesobressaem

(RA-

GUENET,

1702,p.3-5).

Note-se

que,nacontinuacao,

0autor

naoadota

asequ-

enciadaproposta

inicial,tratando

simdas

"pecas",ou

seja,dos

libretoseenunciando

prontamente

queasfrancesas

saornuito

superiores.Neste

momento,

tern-seaimpressao

deque

avantagem

dosfranceses

seriainrerrninavel.

Conhecendo-se

atrajetoria

dareflexao

sobreopera

atravesdos

seculos,com

aconstante

preferenciapelos

libretosepela

estruturapoerico-

-literaria,teriam

osacerteza

deque

todacornparacao

jaestaria

decididaapartir

daqui.Isso

porquejustam

enteatradicao

naos6insistiu

naprim

aziadatexis,

comojafoivisto,

mastambern

apontou,com

algunsmomentos

deexcecao,

aobra

deQui-

naultcom

omodelo

inequivocopara

aresolucao

demuiros

dosproblem

asdaopera.

Claro,

naodevem

osesquecer

que,num

primeiro

momento,

ostextos

deQuinault

foramcriticados

pelos"antigos"

da"Querela

dosAntigos

eModernos",

mas

poucotempo

depoissua

obrasetornou

0paradigm

adoborn

libreto.ERaguenet

concordacom

essavisao,

confirmando-a

atravesdeseus

elogiosaolibretista

frances,osquais

saosegui-

dospor

umadura

crfricaaestrutura

doslibretos

italianos.osegundo

elemento

apontadopor

Raguenet

nasua

com-

paracaodiz

respeitoaouso

deurn

tipodevoz:

0baixo

ibasse--contre),

comsua

majestade,

queseria

mais

adequadoade-

terminados

personagens.Novam

enteaqui

0autor

evidencia,atraves

douso

dasvozes,

0quao

diferentessao

astradicoes.

Porqueseneste

momento.

Raguenet

elogiaavoz

dobaixo

franceseavariedade

dacornbinacao

comdois

sopranos,mais

adiantelembra

queoscastrati

terngrande

versatilidadeeca-

pacidadedeatuacao,

tantoem

papeisfemininos

comomas-

culinos.

23.Para

detalhesdessas

cenas,ct.W

OOD

0981-1982}.

24.Certarnente

aquestao

daestrutura

daopera

iralianadofinal

doseculo

XVIIeinfcio

doXVIII

eroda

mais

complexa.

Paramaisderalhes,

cf.,entre

outros,FREEM

AN

(1968);FABBRI(1990)

eGALLA

RATI

(1984).

Ourro

elemento

louvadonas

operasfrancesas,

masausente

daestrutura

doesperaculo

italiano,sao

oscham

adosdivertis-

sements,

incluindoosvaries

mirneros

musicais:

asentrees

debales,

oscoros,

asgrandes

cenasdetempestade,

desono,

etc.,tao

caracterfsticasdatragedie

lyrique 13•Aqui

e0momenta

emque

setorna

mais

claraadistincao

entreosespetaculos

italia-nos

efranceses.Ja

nofinal

doseculo

XVII,

inicia-senaItalia

umatentativa

de"reform

a"dos

libretos,buscando

umamaior

unidadedeacao

associadaapureza

dogenero

dramatico.

Paratanto,

foramexcluidos

ospersonagens

comicos

dasacoes

se-rias

(0que

jaacontecia

naopera

francesa)ehouve

urndire-

cionamento

paraaestruturacao

daopera

comaalternancia

entrerecitativos

earias 24•

Coros

eoutros

elementos

musicais

tendernadesaparecer

easarias

tornarn-se0centro

musical

dasoperas.

Nocaso

frances,existe

umariqueza

muito

maior

dosmirneros

musicais,

0que

vaiser

constantemente

lernbra-dopor

outras"reform

as"doseculo

XVIII.

Mas,

interessadopor

elementos

propriosdaexecucao

mu-

sical,Raguenet

menciona

igualmente

asdiferencas

dosins-

trumentos,

dainstrum

entacaodas

pec;:as,damaneira

detocar

edecantar,

comosresultados

peculiaresacada

rradicao.Ao

mencionar

asarias

italianas,aponta

seucarater

ousado,0uso

dasdissonancias,

adesobediencia

dasregras,

aocontrario

dosfranceses

quebuscavam

,atraves

dairnitacao

domodelo,

aperfeicao

daform

a.Aqui

entraem

jogoadiscussao

do"ca-

rater"frances

edo

italiano,invocada

paraesclarecer

asdife-

rencasrmiruas.

Etarnbern

seradiscutido

0"carater"

decada

linguaeseus

sons.Esta

eumapreocupacao

queperm

eiaboa

partedodiscurso

sobremusica

vocal,pois

explicitaabusca

deumarelacao

quaseprim

ordialentre

0som

dalingua,

amusica

e0gosto

decada

povo.Alern

disso,0autor

tarnbernprocura

discutirqual

arelacao

mais

adequadaentre

0sentido

daspa-

lavrasearruisica

instrumental.

Podemos,

domesm

omodo,

perceberem

Raguenet

apre-

ocupacaocom

0desem

penhodas

vozes,com

aexpressividade

doscantores

eate

mesm

ocom

questoesrelativas

aduracao

dascarreiras.

Ora,

tudoisso

escapados

interessestradicionais

sobreaopera,

revelandoque

0autor

assumia0espetaculo

emseu

conjuntoeperrnitia-se

dissertarsobre

ele.Aoapontar

asqualidades

dovestuario,

dosdanc;:arinos,

dasencenacoes,

damaravilha

doscenarios

edas

maquinas

-elem

entosdaapsis

158159

25.Para

mais

detalhes,cf.K

LAPER(2005);

SCOTTI;

KLAPER(2005)

eMURATA

(1995).

-Raguenet

toeaem

urnponto

constantemente

esquecidoou

menosprezado

pelosautores,

revelandoaqui

seuencantam

en-topelo

conjuntodo

espetaculo.Amaneira

urntanto

abruptacom

que0autor

encerra0

livroconfirm

aasensacao

deurn

textorelativam

entedescos-

turado,aparentem

ente0fruto

irrefletidodeumaexperiencia

avassaladora.Podem

os,contudo,

perguntar-nos0quanto

Ra-guenet

estavaciente

dasdiversas

polernicasem

tornodaopera

(italianaefrancesa)

naFranca

edeque

maneira

seposicionou

comrelacao

aelas.

Umaprim

eirapergunta

seria:0quanto

seconhecia

derruisica

iraliananaFranca?

Aorigem

italianadaopera

francesa,especialm

enteatraves

dapresens:a

deLully,

italianodenascim

ento,econstanternen-

telembrada,

mas,

decerto

modo,

obscureceapresentacoes

anterioresdo

repertorioitaliano.

Seriapossfvel

tracardiversas

linhagensda

presens:aitaliana

naFranca;

mais

diretamente

interessamaqui

asapresentacoes

quetrouxeram

exemplos

deespetaculos

totalmente

musicados.

JohnS.Pow

elliembra-nos

dapresens:a

dacommedia

dell'arteedas

pastoraisitalianas

commiisica

desdeasegunda

metade

doseculo

XVI(PO

WELL,

2000,p.163-170).

Menciona

igualmente

apresens:a

dafa-

milia

Caccini,

dedezem

brode1604

aabril

de1605,

apre-sentando

pes:asdo

repertorioitaliano

mais

"moderno".

Mas

certamente

0episodic

mais

importance

eachegada

dasope-

rasitalianas

emParis

apartir

defevereiro

de1645,

quandosao

apresentadasobras

deMarco

Marazzoli,

FrancescoSacrati

(dezembro

domesm

oano),

FrancescoCavalli

(fevereirode

1646),Luigi

Rossi

(marco

de1647),

Carlo

Caproli

(abrilde

1654),novam

enteCavalli

emnovem

brode1660,

emfeverei-

rode1662

etambern

aapresentacao

deumaobra

deLoren-

zaniem

setembro

de168J25.

Apartir

desseconfronto

diretocom

0repertorio

italiano,ainda

quealgum

asoperas

tivessemsido

adaptadasou

mesm

ocom

postaspara

ospalcos

parisien-ses,

osfranceses

passamater

materia

concretapara

tratarem

suasreflex6es

sobreaopera.

Desse

primeiro

embate

nasceurn

importante

texto,cujo

objetivoenao

apenascom

entaralguns

"defeitos"das

operasitalianas,

massobretudo

0de

estabelecerosparam

etrospara

urnespetaculo

commusica

emfrances.

Trara-seda

cartade

PierrePerrin,

datadade30

deabril

de1659,

aoSenhor

dellaRovere

(PERRIN,

1981).Catherine

Kinder

insistena

im-

portanciadeste

texto,classificando-o

comoaprim

eiraten-

tativade

umasistem

atizac;:aopoetica

paraaopera

emfran-

ces(KINTZLER

,1986,

p.74).

Inreressa-nosaqui

tambern

ressaltarque

eumarellexao

nascidada

comparacao

com0

espetaculoitaliano,

promovendo

asvirtudes

propriasde

urnespetaculo

emfrances.

Paraalern

daenfase

noque

seriapro-

priamente

frances,despontam

,com

ojasedisse,

areferencia

aItalia

eanecessidade

deultrapassar

0modelo.

Ora,

aorigem

italianadaopera

francesaealgo

que,apesar

deser

claramente

percebido,por

certoincom

odavaosfranceses,

eosargum

en-toS

deRaguenet

afavor

dositalianos

tornaaquestao

aindamais

explicira.Erelativam

enterecente

0interesse

emencontrar

outroselem

entosde

musica

italianapresentes

nacultura

francesa.oartigo

deE.T.Corp,

sobre0exflio

dosStuart

naFranca

eapresenc;:a

dosrmisicos

italianosvindos

deLondres

revelaumafaceta

poucoexplorada

davida

musical

francesa,neste

casoem

Saint-Germain

enLaye

(CORP,

1995),justam

entenos

anosimediatam

enteanteriores

eposteriores

apublicacao

dotexto

deRaguenet.

Domesm

omodo,

urnartigo

deJulie

Anne

Sadiesobre

0fasdnio

dosfranceses

comamusica

italia-narevela

mais

detalhessobre

adifusao

dassonatas

deCorelli

pelaFranca

esua

repercussaoem

compositores

comoElisa-

bethJacquet

deLaGuerre

eFrancois

Couperin,

entreoutros

(SADIE,

1998).AMmdisso,

apresens:a

dearias

elamentos

italianos(cantados

emlfngua

italiana)nas

comedies-balletsde

Lullyeem

obrasdeoutros

compositores,

indicaumapresens:a

constantedeelem

entosdarecente

tradicaoitaliana

deopera

nomundo

dosespetaculos

franceses'".Nao

queremos

comisso

afirmar

queRaguenet

conhecia,por

umaou

outrara-

zao,profundam

ente0que

ocorrianaFranca

(apesarde,

mais

tarde,cirar,

naresposta

aLe

Cerf

deLaVieville,

asobras

deCorelli);

novamente,

0que

importa,

emostrar

quearmisica

italianaera

suficientemente

conhecidaereconhecida

epo-

diaou

naoser

encaradacom

oamatriz

departe

daproducao

francesa.Acontribuicao

deRaguenet

eaquecer

0debate,

aorevelar

0incrfvel

prazerproporcionado

porumaexperiencia

diretacom

amais

novarnusica

iraliana,que

aindanao

haviamarcado

fortepresens:a

naFranca,

0que

0levou

acriticar

diversosaspectos

damusica

francesa.

26.Para

ourrosaspectos

dapresens:a

iraliana,cf.R

OSOW

(2010)e

NESTOLA

(2006).

160161

Podemos,

assim,ver

umagrande

dificuldade,por

partedos

franceses,com

relacaoaincornoda

origemiraliana

datragedie

lyrique(etarnbern

deseu

principalcriador,

Lully)eanecessi-

dadedebuscar

elementos

constitutivosque

separassemaope-

rafrancesa

daitaliana.

Emcerta

medida,

acarta

dePerrin

jaestabelece

0carninho

aser

trilhado;contudo,

acom

paracaocom

aItalia

surgetambern

emoutros

textos,com

vocacoesva-

riadas.0livro

deMenestrier,

DesRepresentations

enMusique

AnciennesetModernes

(1681),procura

estabelecerasorigens

dasrepresentacoes

teatraiscom

rnusica,discorrendo

sobre0

usodamusica

einiciando

suahistoria

narmisica

"doshebreus",

passandopelos

gregos,pelos

cristaos,pelos

chineses.Discute,

comotantos

outros,ospoderes

darmisica

dosgregos

parafi-

nalmente

cornecaratratar

doretorno

darmisica

representativanaItalia

e,posteriormente,

naFranca.

Interessa-nosdesde

logoaafirrnacao

deque

"cadanacao

ternseu

caraterpara

0canto

epara

amusica,

comopara

amaior

partedas

outrascoisas,

quedependem

dadiferenca

degenio,

deusos

edecostum

es"(ME-

NESTR

IER,1681,

p.107).0

livronao

ternapenas

urncarater

"historico",jaque

tarnbernexam

inaaspartes

constirutivasdo

espetaculo,asnecessidades

deadaptacao

paraarmisica

e,"como

aspec;:asde

teatrocom

postasem

rmisica

saofeitas

mais

para0

prazeredivertim

entodoque

paraainstrucao"

(Idem,P:170),

oautor

assume0maravilhoso

comoelem

entoessencial

paraa

opera.Mas0mais

interessante,noque

respeitaarelacao

coma

Italia,eaextensa

eminuciosa

descricaodoOrfeo

deLuigi

Rossi,

representadonaFranca

em1647

(Idem,P:195-207).

0autor

reconheceque

0ponto

deinliexao

paraasrepresentacoes

emrmisica

nopais

veiodaIralia,

comadaptacoes,

0que

naoparece

constituirurn

problema.

Jaem

Saint-Evrernond,noseu

conhecidoeconstanternen-

tecitado

textosobre

aopera,

aproposta

edeumacrftica

geralaos

espetaculos,mastarnbern

adefalar

dadiferenca

"entrea

maneira

decan

tardos

italianoseados

franceses"(SA

INT-

-EVREMOND,

1684,p.78).

Asseveras

crfticasapresenc;:a

darmisica

edo

maravilhoso,

eacrescentada

umapequena

com-

paracaoentre

osespetaculos

dosdois

paises.Para

cornecar,existe

umaaproxirnacao

entrefranceses

eiralianos,

jaque

paraoautor

"osgregos

faziambelas

tragedias,em

quecantavam

algo,os

italianosefranceses

fazemmas

[vilaines]tragedias,

emque

elescantam

tudo"(Idem,

P:90).

Assim

,ambas

sao

defeituosasenaverdade

cometeram

urnpecado

original,0de

proporespetaculos

inteirarnentecantados.

Mas

Saint-Evre-mond

lembra

igualmente

apouca

estirnaque

ositalianos

ternpelos

espetaculosfranceses

e0desgosto

[degoust]provocado

pelaopera

italiananos

franceses.Iralianos

naocom

preen-dem

0encadeam

entodedancas

edemiisica

dosfranceses

esua

relacaocom

0temadas

operas;franceses

naogostam

douso

deinstrum

entosdas

operasvenezianas

nemdos

longose

tediososrecitativos.

Ecurioso

notarque

0autor

apontaele-

mentos

constitutivosdaopera

francesa(os

divertissements)

econsidera-os

comodefeitos,

justarnente0oposto

doque

faraRaguenet,

poroutros

motivos.

Ha,

naverdade,

emSaint-

-Evrernond,umavelada

criticaaos

librerosde

Quinault

ea

propriaestrutura

daacao,

pois,segundo

0autor,

"pensarnosem

iraumarepresentacao,

ondenada

serepresenta;

queremos

verumacom

edia,onde

naoseencontra

nenhumespirito

decom

edian(Idem

,p.99)27.

Contudo,

umavantagem

dosfranceses

estarianaexecucao

ouno

cantoem

si.Para

Saint-Evremond,

ositalianos

saofal-

sosnaexpressao

poisnao

conhecemcom

justezaosgraus

daspaixoes,

Naverdade,

elesseriam

exageradospara

0gosto

fran-ces

e,citando

umaprovavel

afirrnacaodeLuigi

Rossi,

0autor

dizque

"paratomar

umarmisica

agradavel,seriam

necessariasarias

italianasnaboca

dosfranceses"

(Idem,p.l06).

Tarnbem

amaneira

detocar

osinstrum

entosdos

francesesteria

agradadoaocom

positoritaliano.

0texto

deSaint-Evrem

ond,que

circu-lou

pelaEuropa

efoi

usado,por

exemplo,

porBarthold

Feindem

suacrftica

aopera

naAlemanha

(FEIND,1708),

rambern

constituiaqui

urnaimportante

relacaocom

Raguenet.

Estehavia

preparadoaedicao

deumaselecao

deobras

deSaint-

-Evremont,

publicadapor

Barbin

em1700

28•Fica

claroque

deurn

modo

oudeoutro

Raguenet

conheciaascriticas

deSaint-

-Evrernondaopera.

Com

isso,0Paralelo

deixadeser

apenasorelato

deurn

amador

daopera

italianaepassa

aser

tambern

urnimportanre

instrumento

numalonga

polernicafrancesa.

Apequena

obradeRaguenet

despertouafUria

deoutro

autor:Lecerf

deLa

Vieville

(1674-1707)publica

em1705

suaresposta

asideias

conridasno

Paralelo(LEC

ERF

DELA

VIEV

ILLE,1972).

Aopera

e,mais

umavez,

trazidapara

0

dominic

daspolernicas:

insere-senum

areflexao

especfficaso-

brermisica,

operaeteatro

naFranca.

evocandoaquerela

dos

27.Por

comedia

entenda-seacao

teatral.

28.Nouvelles

CEuvres

meslees

deMonsieur

deSainr-Evrem

ont.Paris:

Claude

Barbin,

1700.0pref:icio

naoeassinado

porRaguenet,

masele

sempre

foimencionado

comoseu

auror,Afirm

amoscornentadores

queos

textospublicados

nolivro

naosao

todosdeautoria

deSaim

-Evremond,

seguindoumaprdtica

depublicacao

defalsas

obras.Cf.

HAYWARD

(1972,p.xviii).

162163

29.journal

desSfaV{IIlS

,Mercure

deFrance

eMemoires

deTreuoux.

antigosedos

modernos,

ascriticas

morais

aosespetaculos,

0

debatesobre

arelacao

texto-rnusica(C£BROOKS,

1994),ascrfticas

contra0absurdo

e0monstruoso

e,finalm

ente,as

inevitaveiscornparacoes

comaItalia.

Emprincfpio,

oupelo

menos

aparenternenre,Raguenet

estavafora

dessasdiscuss6es,

mas

eleearrastado

paradenrro

deurn

grandeprocesso

deataques

edefesas.

0ataque

deLeCerf

delaVieville

pretendeser

minucioso

ecom

portaumaargum

enta~aopesada,

muito

distantedaquela

apresentadapelo

livrode

Raguenet.

Existeumadefesa

doparalelo

(RAGUENET,

1705),que

novamente

ecom

entadopor

LecerfdeLaVieville

(1706).0conjunto

dapolernica

soacom

oumareacao

desproporcionalaproposta

deRaguenet,

lembrando

mais

umarixa

pessoaldo

que0debate

dequest6es

relacionadasarmisica

eaopera.

Peloque

sedepre-

endedo

conjuntodos

textos,LaVieville

naoconhecia

muito

bernarnusica

italianae,por

isso,asinvectivas

contraaopera

italianasoam

urntanto

superficiais.Haumadiscussao

sobreocarater

daslinguas

francesaeitaliana

esuas

repercuss6esna

rmisica;

LaVieville

invocaate

mesm

o0japones

e0arabe,

tentandomostrar

asdesvantagens

dalingua

italiana,Mas

eaofalar

dermisica

italianaque

LaVieville

deixaaparente

suasdificuldades:

elecita

Corelli

comoautor

deoperas,

argumento

queeimediatam

enterevidado

porRaguenet.

Eeste

continuasua

criticapor

todaaDefesa:

alinguagem

deLa

Vieville

eequivocada,

falarsobre

0que

naoseconhece

eurn

dospeca-

dosmais

graves,etc.

NaDefesa

ficaigualm

entepatente

0po-

sicionamento

dosdois

autorescom

relacaoaQuerela

dosAn-

tigosedos

Modem

os,assim

como0conhecim

entodas

obrasdeSaint-Evrernond

quetratam

daopera.

Ouseja,

mesm

oque

aproposta

inicialdolivro

deRaguenet

pudesseaparecer

como

urnretrato

"imparcial"

dasituacao

darnusica

naFranca

ena

Iralia,aleitura

queele

sofreuindicava

urnambiente

belicoso.As

crfricasnos

jomais

parisiensesda

epocatambem

revelamalgum

interessedo

publicoem

tornodo

temadebatidc'".

Aposteridade

tambem

usara0rexto

deRaguenet.

No

tomoIII,

na4aparte

dasQuerelles

Literaires(1761)

doabade

Irail,natenrativa

deconstruir

aorigem

deoutra

querela,desta

vezados

Buf6es,

0auror

escreve:

Antes

queosbuf6es

viessemaParis,

esravamosdivididos

sobrearrnisica

italiana:elasem

eouadivisao

em1704;

0auror

doPa-

ralelodos

Italianosedosfranceses,

noque

concerneamusica

eas

operasjahavia

lanc;:ado0porno

dadisc6rdia.

Estaobra

doabade

Raguenet,

frutodesuas

viagensnaIralia,era

urnelogio

ultrajadodarmisica

dessanac;:ao,urn

triburodereconhecim

entodetodas

ashonras

queele

Iahavia

recebido.Osconservadores

deRoma

ohaviam

condecoradocom

0titulo

decidadao

romano

(IRAIL,

t.III,

p.90-91).

Aoligar

apreferencia

deRaguenet

pelaItalia

ashonrarias

recebidas,0autor

jatoma0partido

darruisica

francesaede

LaVieville,

mas0que

nosinteressa

mais

nestemomenta

edestacar

como,

paraalguns,

Raguenet

estariana

origemda

Querela

dosBuf6es.

Nao

noscabe

aquidiscorrer

sobreesta

disputaque

tantosescritos

gerou"esim,apenas

apontaralgo

curioso.Em

1953,jano

finaldapolernica,

0texto

deRaguenet

erepublicado

postumamente,

destavez

com0titulo

Apaz

daopera

oupa-

raleloimparcial

darnusica

francesaeda

musicaitaliana

(RA-

GUENET,

1973).Aquestao

daimparcialidade

assombra

0

pequenolivro

deRaguenet

desdesua

publicacao.0parecer

deFontenelle

diziaque

0livro

seriamuito

"agradavelaopu-

blico,desde

queelefosse

capazde"equidade",

Talparecer

seraconstantem

entecitado

pelosautores

quesedebrucararn

sobreotexto.

Ora,

comojavimos,

desdemuito

cedo0livro

foilido

comoumaprovocacao

ecertam

enteRaguenet

naoera

nemingenue

nemignorante

comrelacao

asimplicacoes

doque

escreveu.Eanova

publicacaode1753

naoeumamera

reedi-cao

dotexto

comurn

novotitulo,

massim

deurn

textocom

variantessignificativas.

Acom

e<;:arpelo

titulo,anova

versaoparece

responderaLa

Guerredel'Opera,

deJacques

Cazot-

te,publicado

anonimamente

em1753

(CAZOTTE,

1753).otexto

deCazotte

aparececom

oumatentativa

"neutra'de

identificarosdois

ladosda

polernica,0frances

e0italiano,

inclusivecom

acontabilizacao

dos"rnortos

eferidos"

(Idem,

p.24).

Mas

certamente

0novo

titulodo

livrode

Raguenet

assumeurn

caraterconciliatorio

epacificador

da"guerra".

0proprio

editoranonirno

dapublicacao

dizrratar-se

deurn

ex-trato

daobra

original,considerada

porele

de"esrilo

difuso"e"pouco

correto",necessitando

assimdeumaretifica~ao

ede

notas,que

tornariam0texto

mais

neutroouequanirne.

Nelas,

oeditor

fazumaespecie

dedefesa

darnusica

francesa,citando

porerncornpositores

quedespontaram

depoisdapublicacao

originaldaobra

deRaguenet.

Asadicoes

aotexto

iniciamna

30.Para

0conjum

ode

tarosdapolem

ica,veja-se

LAUNAY(1972).

Paraa

discussaodealguns

dosropicos

mais

significarivosdagrande

querela,cf.

FABIANO

(2005).

164165

31.0rexto

aparecedividido

emtees

cartas(IX,

XlIeXV).C[MARPURG

(1760,I,p.

65-71,89-94

e113-118).

32.Para

umaprofundam

entododebate

sobre0gostO

emrmisica

nomundo

deIfngua

alema,

cfPAOLIELLO

(2011).

33.Detalhes

sobreaopera

emHamburgo

podemserencontrados

emCARPEN

A(2007)

ena

bibliografiaalicontida.

34.Para

umadiscussao

sobrecom

oaproposta

decriacio

deumarmisica

"ale-rna"rorna-se

uma

propostadecriacao

deumarrnisica

"universal",cf.

SPONHEUER

(2002).

pagina35,

tarnbemcom

consideracoessobre

aopera

earmisi-

cafrancesas,

comoque

completando

0que

Raguenet

jahavia

ditosobre

elas,indicando

outroscam

inhospara

aperfeicoara

operafrancesa.

Outro

fatorrelevante

paraacornpreensao

daimportancia

dotexto

deRaguenet

esua

difusaoem

ingleseem

alernao.Na

Inglaterra,0texto

foipublicado

juntamente

comurn

discursosobre

amaneira

demelhorar

aopera

nopais

(RAGUENET,

1946).Sepensarm

osque,

naInglaterra

doinfcio

doseculo

XVIII,

aopera

italianajasetornava

urnespetaculo

degrande

difusao,aomesm

otempo

conhece-seadesconfianca

comque

foirecebida

emdeterm

inadosmeios,

especialmente

naspubli-

cacoesdeJoseph

Addison

eRichard

Steele(C£NEUFELD

T,2004

eFAUST,

2007).Percebe-se,

napublicacao

inglesa,a

tentativade

usar0texto

deRaguenet

paradefender

aopera

italiana,mesm

ocom

ascrfricas

quejaexistiam

dentrodopro-

priotexro

frances.0discurso

queacom

panhaatraducao

fazumapequena

historiadas

apresentacoesdeopera

italiananos

palcosingleses,

comgrande

enfasenaCamilla

deBononcini,

etern

comoobjetivo

principalmelhorar

essetipo

deespetaculo.

Esseuso

dolivro

deRaguenet

pareceser

umaconstante,

mes-

monas

publicacoesalernas.

NaAlemanha,

0texto

apareceem

duastraducoes

diferen-tes:

noCritica

Musica

(1722)deMattheson

(2003)enoKri-

tischeBriefe

iiberdiTonkunst

deMarpurg".

Nocaso

deMat-

rheson,que

apresenta0texto

originalfrances

emparalelo

comsua

traducaocom

entada,fica

claroque

0interesse

maior

estaem

destacarasqualidades

deambas

astradicoes

nomundo

daopera,

com0proposito

deencontrar

urntipo

deespetaculo

comrmisica

quecom

binasseasvirtudes

decada

umadelas.

Atarefa

certamente

naoefaci!,

masfaz

partedaquilo

quepassou

aser

conhecidocom

ogouts

reunis32•Achegada

daopera

nosterritories

delingua

alernaeumalonga

hist6riadeadaptacoes,

deusos

derradicoes

diversas,decensura

religiosaepolftica,

etambern

deexperirnentacoes.

0lugar

privilegiadodelas

foicertam

ente0Theater

amGansem

arktdeHarnburgo'",

ondeatuaram

R.Kaiser,

0jovem

G.F.H

andele0proprio

Marthe-

son.Para

algunsteoricos

delingua

alerna,asexperirnenracoes

nodom

inicdaopera'",

comacornbinacao

doque

seriamos

melhores

elementos

"italianos"e"franceses"

doespetaculo

re-riafundam

entalimportancia

emdirecao

aurn

esperaculo"ale-

mao".

0texto

deRaguenet

forneceriaentao

criteriospara

estaselecao

eassum

iriaurn

papeldeguia

paraaempreitada.

Jaem

Marpurg,

anova

traduc;:aodo

textodo

autorfrances

aparecedentro

decartas

queprocuram

responderaquestoes

sobre0

gostodos

francesesedos

italianos,mastam

berncom

omanei-

radeescolher

0melhor.

Marpurg

jainicia

ironicamente

seuscornentarios

aoafirm

arque

"sefalasse

apartir

demeu

senti-mento,

diriaque

gostariade

ouvirurn

francesfalar

sobrea

rnusica,maspreferiria

ouvirumarnusica

italiana[...]"(M

AR-

PURG,1760,

p.65).ouso

dotexto

deRaguenet

soacom

otendencioso,

jaque

Marpurg,

pelomenos

noque

dizrespeito

amusics,

preferea

italiana.Restaria

entaoaos

francesesapenas

falarsobre

rmi-

sica.Einteressante

lembrar

rambern

queMarpurg

promete

publicaracarta

deRousseau

sobrearruisica

francesa,que,

comosesabe,

praticarnenredestroi

qualquerpossibilidade

deexistencia

deumaboa

rmisica

naFranca,

segundoospara-

metros

doautor

deGenebra".

Comoseve,

naAlemanha

aParalelo

eutilizado

emumanova

cruzada:seaparentem

enteotexto

etrazido

comcerta

"neutralidade"para

0debate

sobrernusica

emlingua

alerna,nao

ediflcil

perceberumapredilecao

pelarmisica

italiana,ainda

queosfranceses

aparec;:amcom

osuperiores

naconstrucao

doslibretos.

Paralelos,cornparacoes

easdiffceis

relacoescom

aItalia

saotern

asrecorrentes

nasteorias

artisticasfrancesas.

0paralelo

deRaguenet

tendeaconsolidar

deterrninadasvis6es

sobreduas

rradicoesdistintas

deopera.

Eumaatitude

classificatoria,de

modo

aordenar

acornpreensao

sobre0mundo.

Menestrier

jahavia

tentadodefinir

0"carater

musical"

dasnacoes

e,segun-

doanom

enclaturaalerna

dametade

doseculo

XVIII,

seriamestabelecidos

osdiversos

estilosnacionais.

Jano

seculoXVII,

Saint-Evrernondmencionava

umacitacao

latinacorrente

nomundo

frances,que

seracitada

porLaVieville

epor

Rague-

netem

suadefesa:

Hispanus

flet,dolet

ltalus,Germanus

boat,Flander

ululat,etsolus

Gallus

cantat(SA

INT-EV

REMOND,

1684,p.105)36.V

ariantessao

conhecidas,inclusive

como

anedoras,associando

cadanacao

aurn

cararereposteriorm

en-te,com

osesabe,

aoclim

a,aogenio,

aogosto

eatantos

outrosfatores.

Nomundo

dapratica

musical

naFranca,

tambern

hadiversos

exemplos,

taiscom

oasarias

italianasnas

operas,ou

osturcos,

italianoseespanhois

noBUl'guesFidalgo

deMoliere

35.Aocom

entarnovas

publicacoesnaFranca

em1754,

Marpurg

destacaapolem

icaem

tornoda

Carra

sobrearruisica

francesadeRousseau

eindica

Raguenet

eLeCerf

delaVieville

como0inicio

daoposicio

entreasduas

partes.Cf.MARPURG

(1970,I,p.146-147).

36."0

espanholchora,

0

iralianolamenta,

0alem

aomuge,

0f1am

engouiva

esom

ente0frances

canta",

166167

eLully,

ouainda

0Concert

desNations

deCouperin,

emque

asdiferencas

erammusicalm

enterepresentadas.

Mas,

comobern

sepode

vernas

diversaspolernicas

france-sas

emtorno

daopera

durante0seculo

XVIII,

areferencia

aItalia

econstante

edifkil.

Comovimos,

paraalguns

Raguenet

estarianaorigem

daQuerela

dosBufoes:

paradAlembert,

aocom

parar0efeito

produzidopelo

Paralelocom

aCarta

sabreamdsica

francesadeRousseau,

0pequeno

textodeRaguenet

aparececom

oalgo

mais

moderado.

Alias,

emseu

LaLiberti

defaMusique,

d'Alembert

assumeigualm

enteurn

tomrno-

deradona

polernicaeesta

mais

preocupadoem

relacionara

rmisica

eoscostum

esetarnbem

discutirainevitavel

compa-

racaocom

ositalianos:

"Haumaespecie

defaralidade,

nesteseculo,

ligadaao

quenos

vernda

Italia.Todos

ospresentes,

bonsou

maus,

queela

nosquer

dar,sao

paranos

urnproble-

ma"(D'ALEM

BERT,

1759,p.393).

oautor

tarnberncom

para,mede,

pesaasdiferencas,

criti-caaopera

emsua

essenciaereafirm

aasuperioridade

datrage-

diarecitada.

Mascom

relacaoaos

iralianos,escreve:

Rafael

naofezdissertacoes,

masquadros.

Emrnusica,

nosescre-

vemoseositalianos

executam.Asduas

nacoes,neste

aspecto,sao

aimagem

dosdois

arquiretosque

seapresentaram

aosate-

niensespara

urnmonum

entoque

aRepublica

queriaconstruir.

Urnfalou

porurn

longotempo

e,muito

eloquentemente,

sobresua

arte;0outro,

depoisde0terescutado,

pranunciouapenas

estaspalavras:

tudo0que

eledisse,

eu0farei

(D'ALEM

BERT,

p.462).

Nocontexto,

issovaleria

comourn

chamado

aosfrance-

sespara

realizarboas

obras,pois,

aocontrario

deRousseau,

d'Alembert

acreditavana

possibilidadeda

existenciadeuma

rmisica

francesa.Masareferencia

aItalia

continuasendo

com-

plexa,mesm

ono

seculoXIX.Delacroix,

aoescrever

sobrea

vidadePoussin,

afirmaque

ele"teria

libertadonosso

paisdes-

saeterna

efrequentem

entecega

devocaoarudo

0que

edaIta-

lia",queixando-se

daconstante

dependencia(DELA

CROIX,

1988,p.239).

Ainsatisfacao

dosfranceses

mascara

urnoutro

aspectodas

polernicasedos

embates:

se,aparentem

ente,0

mundo

teorico

iraliano,em

geral,nao

deuatenc;:ao

aopera

francesa,diversos

cornposirorestiveram

propostasdereform

a

daopera

italianainspirados

nomodelo

frances:N.Jom

melli,

T.Traetta,C.W.Gluck

eate0proprio

Mozart

emseu

Idome-

neo.Alern,

eclaro,

domodelo

deRacine

paratantos

libretosetambem

0interesse

porQuinault,

porparte

dositalianos.

Novam

ente,as<om

paracoesservern

comourn

repertoriodas

vantagensdas

duastradicoes

quepoderao

serescolhidas

peloscom

positorescom

0intuito

decriar

espetaculosque

atendes-sem

aoutros

anseios.otexto

deRaguenet

emcerta

medida

ultrapassou0que

emprindpio

eraumaproposta

modesta:

comparar

duastra-

dicoes,mostrar

asvantagens

decada

urna,na

Mica

deurn

escritorque

seencantou

pelaItalia.

0autor,

jano

textoem

quetratava

dosmonum

entosde

Roma,

diziabuscar

uma

maneira

distintapara

seaproxim

ardas

obrasdearte

naque-lacidade:

emprim

eirolugar,

procuravaumadescricao

que"pintasse

mais

aoespfrito

doque

aosolhos",

fazendoseu

lei-tor

"verRoma,

semapropria

Rorna":

emsegundo,

pretendiadeixar

delado

as"descricoes

superficiais,em

termos

vagose

gerais",entrando

noespfrito

dosartistas;

porfim,para

atingirseu

objetivo,dizia

naoconhecer

nenhumguia

oumodelo,

jaque

asdescricoes

dePlinio

edeoutros

antigos,mastambern

dosmodernos

queseguiram

seuspassos,

naopoderiam

servirde

modelo

(RAGUENET,

1765,Preface).

Emcerto

modo,

omesm

oocorreu

aotratar

daopera.

Aenfase

noespetaculo

comourn

todo,ainda

quereconhecesse

airnportancia

fun-dam

entaldo

libreto,levando

emconsideracao

oscenarios,

asvestim

entas,0carater

dasvozes

doscantores

eassim

pordiante,

destoavado

discursogeral

sobreopera.

Apreocupa-

c;:aocomaactio

soacom

oumaexcecao

nostratados

eescritos

sobreosesperaculos,

emgeral,

esobre

aquelescom

rmisica,

emparticular.

Outro

exemplo

podeser

encontradono

livrodeGrimarest

(1707),que

tinha,contudo,

umaproposta

rnais

espedfica.Ele

discorresobre

0recitativo

naleitura,

naacao

publica,nadeclarnacao

teatralenaopera.

Nesta

ultima,

afir-rna

0auror:

Enecessario

considerararmisica

vocalem

relacaoaornusico

queacornpoe,

aoator

queacanta

eapessoa

queaescuta.

Aciencia

e0gosto

saonecessaries

aquem

cornpoe;quem

cantaprecisa

dearte,

deciencia

edediscernim

ento;e0que

escutadeve

tertodas

essaspartespara

julgaracenadam

ente(GRlMA-

REST,

1707,p.198).

168169

Adiscussao

sobreaactio

ocorredentro

doslimires

daReto-

rica,e,apesar

denorrnariva

eem

certosentido

conservadora,tarnbern

evidenciaumapreocupacao

comarepresenracao.

Eessa

eumadas

grandes

preocupacoesdeRaguenet.

Serfam

ostentados

atransform

araatitude

delecom

relacaoaos

espeta-culos

comrmisica

numaespecie

depoetica

daopera,

masisso

estariafora

doescopo

deseu

pequenolivro.

Alguns

autores

classificaramRaguenet

de"sensualisra",

oucom

oalguern

queapresenta

a"ernocao

deurn

diletante",em

cerrosentido

mi-

nirnizandoaimportancia

dolivro.

Discussoes

posterioresque

tentaramdealgum

modo

criarpreceptivas

paraaopera

dei-xaram

delado

todososelem

entosque

fascinaramRaguenet

esomente

umateorizacao

rnuitoposterior,

criandoraizes

me-

todologicaspara

apesquisa

sobreopera,

abriucam

inhospara

umaabordagem

rnaisampla

doespetaculo

comourn

todo,e

naosom

entedarmisica

edolibreto.

REFERtNClAS.

D'ALEMBERT,Jean

LeRond.

Delaliberte

delamusique.

In:Melanges

delitterarure,

d"histoire,etde

philosophie,

Nouvelle

edition,tome4.Amsterda:

Zacharie

Chatelain,

p.379-462,

1759.

D'ALEMBERT,Jean

LeRond;

DIDEROT,D.(Org.)

En-

cyclopedic,oudictionnaire

raisonnedes

sciences,des

artset

desmetiers.

Paris:

Chez

Briasson,

David

l'aine,LeBreton,

Durand,

1751-1772.Disponfvel

em-ehttp.z/portail.atilf.fr/

encyclopedie/».Acesso

em:30/12/2012.

ARIST6TELES.

Poetica.

Traducao,

Prefacio,

Inrroducao,Cornentarios

eApendices

deEudoro

deSouza.

Lisboa:

Irn-prensa

Nacional

-Casa

daMoeda,

FCSHdaUniversidade

Nova

deLisboa,

1986.

ARIST6TELES.

Poetica

deAristoteles.

Ed.trilingiie

deV.

Garda

Yebra,

Madri:

Gredos,

1992.

BARTHELEMY,Maurice.

Metam

orphosesdeI'Opera

fran-cais

ausiecle

desLumieres.

Aries:

Acres

Sud,

1990.

BROOKS,William

.Mistrust

andMisconception:

Music

andLiterature

inSeventeenth

andEighteenth-C

enturyFrance.

In:ActaMusicologica,B

asileia,v.66,n.1,P:

22-30,Jan.-Jun.

1994.

BROOKS,William

;NORMAN,

Buford;

ZARUCCHI,

Jeanne,M.Philippe

Quinault

-Alceste.

Suivi

deLaQue-

relled'Alceste.

Anciens

etmodernes

avant1680.

Paris:

Droz,

1994.

BROSSARD,Sebastien

de.Dictionnaire

deMusique

conte-nant

uneexplication

desTermesGrecs,

Latins,

Italienset

Francais,

lesplus

usitezdans

laMusique.

3'edicao.

Arnsterda:

E.Roger,

[1708].

CARPENA,Lucia

B.Caracterizacao

euso

dafouta

docenas

operasdeReinhard

Keiser

(1674-1739).530

paginas.Tese

(Doutorado

emMusics),

UNICAMp,Campinas,

2007.

CAZOTTE,Jacques.

LaGuerre

del'Opera.

Lettre

ecritea

unedam

eenprovince,

parquelqu'un

quin'est

did'un

Coin,

nidel'autre.

S.n.t.,

1753.Disponfvel

em-chttp.z/catalogue.

bnf.fr/ark:/12148/cb33410021n>.Acesso

em:30/11/2012.

CLEMENT,Jean-M

arieBernard.

Dumeni.

In:Bibliotheque

desTheatres.

Dictionnaire

dramatique,

t.III,

Paris,

chezla

Veuve

Duchesne,

p.171,

1784.

CORP,Edward

T.TheExiled

Court

ofJam

esIIand

James

III:ACentre

ofItalian

Music

inFrance,

1689-1712.In:Jour-

nalofthe

RoyalMusic

Association,Londres,

v.120,

n.2,p.

216-231,1995.

CYR,Mary.

Onperform

ing18th-C

enturyHaute-C

onrreRoles.

In:The

Musical

Times,EastSussex,v.

118,n.1610,

p.291-295,

Abr.

1977.

DELACROIX,Eugene.

LePoussin.

In:Ecritssur

l'Art,Paris,

Librairie

Seguier,

p.209-255,

1988.

Dictionnaire

del'Acadernie

rrancaise.Paris:

Jean-Baptiste

Coignard,

1694.

FABIANO,Andrea

(Org.).

La"Querelle

desBouffons"

danslavieculturelle

frans;aiseduXVIII'

siecle,Paris:

CNRS,2005.

FABBRI,Paolo.IIS

ecoloCanrante.

Peruna

storiadel

librettod'opera

nelSeicento.

Bolonha:

IIMulino,

1990.

170171

FADER,Don.

The

Honnete

hommeasMusic

Critic:

Taste,

Rhetoric,

andPolitesse

inthe

17th-Century

French

Reception

ofItalian

Music.

In:JournalofM

usicology,Berkeley

(CA),

v.20,

n.1,p.

3-44,2003.

FAUST,Veronica.

'Music

haslearn'd

thediscords

ofthe

state':TheCulturalP

oliticsofBritish

Opposition

toItalian

Opera,

1706-1711..In:

TheHaverford

Journal,Haverford

(PA),v.3,

n.1,p.

4-39,Abr.2007.

FEIND,Barthold.

Gedancken

vonder

Opera.

S.l.:Honrich

Brum

mer,

1708.

FRAMERY,Nicolas

Etienne;

GINGUENE,

Pierre

Louis.

Encyclopedic

Merhodique

publieepar

MM.Framery

etGin-

guene.Paris:

chezPanckoucke,

1791.

FRAMERY,Nicolas

Etienne;

GINGUENE,

Pierre

Louis;

DEMOMIGNY,Jerom

e-Joseph.Encyclopedie

rnethodique.Musique,

publieepar

MM.Frarnery,

Ginguene

etDeMomig-

ny.Paris:

chezMme.Veuve

Agasse,

1818.

FRANCHI,

Saverio.

Drammaturgia

Romana.

Repertorio

Bibliografico

Cronologico

deiTesti

drarnrnaticipubblicati

a

Romaenel

Lazio,

secoloXVII.

Roma:Edizioni

diStoria

eLetteratura,

1988.

FREEMAN,Robert.

Aposrolo

Zeno's

Reform

ofthe

Libret-

to.In:Journal

ofthe

American

Musicological

Society,Berkeley

(CA),vol.

21,n.3,p.321-341,

Autum

n,1968.

FUBINI,Enrico.

GliEnciclopedisti

elamusica

-nuova

edi-zione.

Turim

:Piccola

Biblioteca

Einaudi,

1991.

FUMAROLI,Marc.

Lesabeilles

etlesaraignees.

In:LaQue-

relledes

Anciens

etdes

Modernes

-XVIIe_X

VIIIe

siecles.Pa-

ris:Gallim

ard,2001.

GALLARATI,Paolo.

Musica

eMaschera.

IIlibretto

iralianodel

Sertecenro.

Turim

:EDT/M

usica,1984.

GRIMAREST,jean

-LeonorLeGallois

de.Traite

durecirarif

danslalecture,

dansl'action

publique,dans

ladeclam

ation,et

danslechant:

avecuntraite

desaccens,

deIaquantire,

&dela

ponctuation.Paris:

chezJaques

LeFevre

etPierre

Ribou,

1707.

172

HAYWARD,John

Davy

(Org.).

TheLetters

ofSaint-E

vre-

mond.

Nova

York:

Benjam

inBlom,1972.

HoRAcIO.

DeArtePoetica

Liber.

Testo

ecom

mento

diA.

Rostagni.

Turim

:Chantore,

[19--].

IRAIL,SimonAugustin.

Querelles

Lirteraires

ouMemoires

pourservir

al'histoire

desRevolutions

delaRepublique

desLettres,

depuisHomere

jusqu'anos

jours.Paris:

Chez

Du-

rand,1761.

KINTZLER,Catherine.

DelaPastorale

alaTragedie

Iyrique:

quelqueselem

entsd'un

systernepoetique,

In:Revue

deMusi-

cologie,Paris,

v.72,n.l,

p.67-96,

1986.

KINTZLER,Catherine.

Poetique

deI'opera:

DeCorneille

aRousseau.

Paris:

Minerve,

2006.

KLAPER,Michael.

Vom

Dram

aper

musica

zurComedic

emmusique:

DiePariser

Adaptation

derOper

Xerse(Minatol

Cavalli).

In:Acta

musicologica,

Basileia,

v.77,

p.229-256,

2005.

LAUNAY,Denise

(Org.).

LaQuerelle

desBouffons.

Textes

depam

phletsavec

introduction,com

mentaires

etindex.

Ge-

nebra:Minkoff,

1973.

LECERFDELAVIEVILLEDEFRESNEUSE,Jean.-L

au-

rentLart

dedecrier

cequ'on

n'entendpoint,

ouLemedecin

musicien:

expositiondelamauvaise

foid'un

extraitduJour-

naldeParis.

Bruxelas

:Chez

Francois

Foppens,

auSaint-E

s-prit,

1706.

LECERFDELAVIEVILLE

DEFRESNEUSE,Jean.-

-Laurent.

Comparaison

delamusique

italienneetdelamu-

siquefrancaise,

ou,enexam

inantendetail

lesavantages

desspectacles,

etIemerire

descom

positionsdes

deuxnations,

on

montre

quellessont

lesvrayes

beautezdelamusique

parJ.L.Lecerf

delaVieville

deFresneuse.

Bruxelas:F.F

oppens1704;

1705.Genebra:

Minkoff

Reprint,

1972.

MARPURG,Friedrich

Wilhelm

.Kritische

Briefe

tiberdie

Tonkust,

mitkleinen

Clavierstticken

undSingoden,

Bedim

:

F.WBirnstiel,

1760.

MARPURG,

Friedrich

Wilhelm

,Historisch-kritische

Beytra-

gezur

Aufnahm

eder

Musik

[1754-1778],Hildesheim

:Olms

Verlag,

1970.

MATTHESON,

Johann.Der

musicalischen

Parallele

red.

bilinguealernao-frances],

Erster

Abriss.,

August

1722.In

MATTHESON,

].,Critica

Musica

[1722-1725],Laaber:

Laaber-V

erlag,2003.

Memoires

pourl'Histoire

desSciences

&des

beauxArts.

Trevoux:

Chez

Estienne

Ganeau,

Ago.

1702.

MENESTRIER,

Claude.-F

ranc;:ois.Des

Representations

en

MusiqueA

nciennesetModernes.

Paris:

ReneeeC

uignard,1681.

MURATA,

Margaret.

Why

theFirst

Opera

Given

inParis

Wasn't

Roman.

In:Cambridge

OperaJournal,

Cambridge,

v.

7,n.2.,

p.87-105,

JuI.1995.

NESTOLA,

Barbara.

Lessources

Iitterairesdes

airsde

cour

enitalien.

In:DUROSOIR,

Georgie

(Org.).

Poesie,

Musique

etSociete.

L'air

decour

enFrance

auXVIIIe

siecle.Bruxelas:

Mardaga,

p.109-121,2006.

NEUFELDT,

Tim.Italian

Pastoral

Opera

andPastoral

Poli-

ticsinEngland,

1705-1712.In:

Discourses

inMusic,

v.5,n.

2,2004.

Dispon{vel

em<httpv/w

ww.discourses.ca/vonzaz.

htmb-.

Acesso

em:30/11/2012.

PAOLIELLO,

Noara

deO.OsConcertouvertures

deGeorg

PhilippTelem

ann:um

estudodos

GostosReunidos

segundoas

preceptivassetecentistasde

EstiloeGosto.

171pag.

Dissertacao

(Mestrado

emMusica),

Universidade

deSaoPaulo,

SaoPau-

10,2011.

PERRAULT,Charles.

Parallele

desAnciens

etdes

Modernes.

Paris:

chezJean

Baptiste

Coignard,

1688-1697.

PERRIN,Pierre.

Lettre

ecriteaMonsieur

I'archevequedeTu-

rin.In:

OSTHOFF,

Wolfgang.

ETALLI.

Quellentexte

zur

Konzeption

dereuropaischen

Oper

im17.

Jahrhundert.Kas-

sel,Basileia,

Londres:

Barenreiter.

p.105-111,

1981.

POWELL,John

S.Music

andTheatre

inFrance

1600-1680.

Oxford:

Oxford

University

Press,

p.163-170,2000.

174

RAGUENET,

Franc;:ois.

AComparison

Between

theFrench

andItalian

Musick

andOperas.

Translated

fromthe

French;

With

someRemarks

towhich

isadded

ACritical

Discourse

uponOpera's

inEngland,

andaMeans

proposedfor

their

Improvem

ent.Londres:

Printed

forWilliam

Lewis,

1709.In:

TheMusical

Quarterly,

Oxford,

v.32,

n.3,P:411-436,

Jul.

1946.

RAGUENET,

Francois,

Defense

duparallele

desitaliens

et

desfrancais,

encequi

regardelamusique

&les

Opera.

Paris:

Chez

laveuve

deClaude

Barbin,

1705.

RAGUENET,

Francois.

Observations

nouvellessur

lesouvra-

gesdepeinture,

desculpture

etd'architecture

quisevoyent

aRome,&aux

environs:pour

servirdesuite

auxMernoires

desvoyages

etrecherches

ducom

tedeB***a

Romepar

M.de

Raguenet.

Londres:

Moyse

Chastel,

1765.

RAGUENET,

Francois,

LaPaix

deL'Opera,

ouParallele

im-

partialde

laMusique

Francaise

etde

laMusique

italienne.

Amsterda,

1753.In:

LAUNAY,Denise

(Org.).

LaQuerelle

des

Bouffons.

Textes

depam

phletsavec

introduction,cornm

en-

tairesetindex.

V.1.Genebra:

Minkoff,

p.513-552,

1973.

RAGUENET,

Francois.

Paralele

[sic]des

Italiensetdes

Fran-

coisencequi

regardelamusique

etlesopera.

Paris:

JeanMo-

reau,1702.

ROUSSEAU,

Jean-Jacques.Haute

Contre.

In:ROUSSEAU,

Jean-Jacques.Dictionnaire

deMusique.

In:CEuvres

Comple-

tesdeJ.-J.Rousseau.

Paris:

Dalibon,

p.437,

1826.

ROSOW,Lois

The

Descending

Minor

Tetrachord

inFrance:

anEmblem

Expanded.

In:THOMPSON,

Shirley

(Org.)

New

Perspectives

onMarc-A

ntoineCharpentier.

Surrey:

Ash-

gate,p.63-88,2010.

SADIE,Julie

Anne,

Devils

andArchangels:

The

French

Fas-

cinationwith

ultramontane

music.

In:MEMED,

Orhan.

(Org.).

Francois

Couperin

-Nouveaux

Regards.

Actes

des

Rencontres

deVillecroze,

4au7octobre

1995,sous

ladirec-

tiond'Huguette

Dreyfus,

Academ

ieMusicale

deVillecroze.

Paris:

Klincksieck,

p.149-162,

1998.

175

SAINT-EVREMOND,

Charles

deM.deSaint-D

enis,Sei-

gneurde.

SurlesOpera.

In:CEuvres

Meslees,

t,XI,Paris:

C.

Barbin,

p.77-119,

1684.

SCOTT,Gregory.

ThePoetics

ofPerform

ance:TheNecessi-

tyofSpectacle,

Music

andDance

inAristotelian

Tragedy.

In:KEMAL,Salim

;GASKELL,Ivan

(Org.).

Perform

anceand

Authenticity

inthe

Arts.

Cambridge:

Cambridge

University

Press,

p.15-48,2000.

SCOTTI,

Alba;

KLAPER,Michael.

Dieitalienische

Oper

zwischen

Rom

undParis:L'Orfeo

(1647)von

Francesco

Buti

undLuigi

Rossi.

In:Archiv

vonMusikwissentchaJt,

Stuttgart,

Jahrgang62,

Heft

4,p.251-266,

2005.

SPONHEUER,B.Reconstructing

IdealTypes

ofthe

"Ger-

man"

inMusic.

In:APPELGATE,c.

POTTER,

P.(Org.).

Music

&German

National

Identity.Chicago

eLondres:

Uni-

versityofChicago

Press,

p.36-58,

2002.

STORER,Mary

Elizabeth.

Abbe

Francois

Raguenet:

Deist,

Historian,

Music

andArtCritic.

In:The

RomanicReview,

Nova

York,

n.36,

P:283-296,

Dez,

1945.

ToMAs,

Lia.Musica

eFilosofia

-esretica

musical.

SaoPau-

lo:Irrnaos

Vitale,

2004.

WOOD,Caroline.

Orchestra

andSpectacle

inthe

tragedieen

musique1673-1715:

oracle,sommeiland

tempete.In:

Proceed-ings

oftheRoyalM

usicalAssociation,

Oxford,

v.108,

p.25-46,

1981-1982.

ZASLAW,Neal.T

heenigm

aofthe

Haute-C

ontre.InThe

Musi-

calTimes,EastSussex,v.115,

n.1581,

p.939-941,

Nov.

1974.

ZASLAW,Neal.

When

isanOrchestra

notanOrchestra?

In:

EarlyMusic,

Oxford,

v.16,

n.4,p.483-495,

Nov.

1988.

176

PARALELOENTREITALIANO

SEFRANCESES

NOQUECONCERNEAMUSICAEAs

6PERAS.

PARIS,JEAN

MOREAU,1702

FrancoisRaguenet

Aprovacao

doSr.deFontenelle',

daAcadem

iaFrancesa.

Li,por

ordemdoSr.Chanceler,

0presente

rnanuscritoe

acreditoque

aimpressao

seramuito

agradavelaopublico,

desdeque

eleseja

capazdeequidade.

Paris,

25dejaneiro

de1702.

Privilegio

doRei.[...]

Paralelo

entreItalianos

eFranceses

noque

concernea

Miisica

eaOpera.

Hanum

erosascoisas

emque

osfranceses

superamosita-

lianos,noque

concernearmisica;

ehanum

erosasoutras,

emque

ositalianos

ternvantagem

sobreosfranceses,

detalmodo

queeunao

poderiaresolver-m

eaexarnina-las

emdetalhe,

senao

estivessepersuadido

deque

eabsolutam

entenecessario

entrarnaquestao

parafazer

urnparalelo

justoeproceder

aurn

julgamento

exatodeumasedeoutras.

Asoperas

saoasmaioresobras

demusica

quetern

os0cos-

tumedeouvir:

saocom

unsaos

italianosefranceses;

enelas

queuns

eoutros

mais

seesforcaram

parafazer

brilharseu

genio.Eispor

quesera

sobreessa

especiedeobras

quefarei

correrprincipalm

ente0paralelo.

Mashamuiras

coisasque

devemserespecificadas

paratalfim:alingua

italianaealin-

guafrancesa,

dasquais

umapode

sermais

favoraveldoque

aoutra

paraarmisica;

acornposicao

daspec;:asde

teatroque

osmiisicos

poemem

musica;

aqualidade

dosatores;

adosinstrum

entistas,asdiferenres

especiesdevoz;

0recitativo;

asarias;

assinfonias;

oscoros,

asdancas,

asrnaquinas,

asde-

coracoesetodas

asoutras

coisasque

entramnacom

posicaodas

operaseque

contribuernaperfeic;:aodo

espetaculo.Poise

177

I.Bernard

deFonrenelle

(1657-1757),lirerato,

filosofo,grande

difusor

dasideias

deseu

[empo.

Foimembro

dediversas

academias

ciemificas

e

IiterariasdaFranca

ede

outrospafses.

Tornou-se

membro

daAcadem

i«Francaise

em1691.