Upload
unicamp
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
REVISTA
MUSICA
Fundadaem
1990,aREVISTA
MUSlCA,eumapublicacao
semesrral
doProgram
adePos-C
raduacaoem
Musica
daEscola
deCornunicacoes
eArtes
daUniversidade
deSao
Paulo(EC
A/USP).
ARevista
pu-blica
predorninanrernenreartigos
originaisresultantes
depesquisa
cientffica,incluindo
rambern
outrostipos
deconrribuicoes
significativaspara
aarea
(traducoes,enrrevistas,
resenhas).Asconrribuicoes
devemser
daarea
depesquisa
emMusica,
conrernplandotarnbem
assuas
diversasinterfaces.
Asresenhas
devemser
delivros
publicadoshamenosdedoisanos.
Asrraducoes
devemser,
preferencialmente,
derextos
classicosdaarea.
Seraoanalisados
artigoseoutros
trabalhosineditos
emporrugues,
espanhol,ingles
efrances.
Assubm
iss6espod
emserencam
inhadasem
f1uxocontinuo
atravesdoOpen
JournalSystem
(OJS)
Demais
inforrnacoesvia
correioelerronico
para:revistappgm
.,.
revrstamusica
The"Revista
Musica",
isanacadem
icrefereed
journal,published
biannuallybythe
Graduate
PrograminMusic
ofthe
SchoolofCommunication
andArts,
University
ofSao
Paulo(Brazil).
Foundedin1990,
thisjournal
publishespredom
inantlyoriginal
articles,including
alsoother
typesofsignificant
contribu-tions
tothe
fieldofresearch
inmusic
(translations,interview
s,review
s,scores).The
journalisindexed
inRILM
(Repertoire
InternationaldeLirrerature
Musicale).
Wewelcom
esubm
issionsonany
aspectofmusic
researchinEnglish,
Spanish,French
andPortuguese.
Review
sofbooks
(publishednoearlier
than2010)
arealso
welcom
e.This
journalaccepts
submissions
continuously.Subm
issionguidelines:
hrtp:llwww.usp.br/revistam
usica
PublicacaoSem
estraldoProgram
adePos-G
raduacaoem
Musica
Vol.
14IN°1I2014
ISSN0103-5525
ESCOLA
DECOMUNICA<;:6ES
EARTES
UNIVERSID
ADE
DESAOPAULO
Shouldyou
haveany
questions,donot
hesitatetocontact
theeditor:
revistappgmus@
usp.br
Fundadaen
1990,laREVISTA
MUSlCA
esuna
publicaci6nsernesrral
delProgram
adePosgrado
enMusics
delaEscuela
deComunicaciones
yArres
delaUniversidad
deSao
Paulo(EC
A/USP).
LaRevista
publicaprincipalm
enteartfculos
originalesresultanres
deinvesrigaci6n
cientffica,incluyendo
rarnbienorros
tiposdecontribuciones
significativaspara
eIarea
(traducciones,enrrevistas,
resefias).Las
contri-buciones
debenserdel
areadeinvestigaci6n
enMiisica,
contemplando
rambien
susdiversas
interfaces.Las
resefiasdeben
serdelibros
publicadoshace
menos
dedos
afios.Lastraducciones
debenser,preferen-
cialmente,
detextos
clasicosdel
area.Seran
analizadosarticulos
yotros
trabajosinediros
enportugues,
espafiol,ingles
yfrances.
Lasconrribuciones
puedenserencam
inadoscontinuam
entearraves
delOpen
JournalSystem
(OJS).
Paramayo
resinform
acionesescriba
a:revistappgm
ACOMPARAC;AOENTREA6PER
AITA
LIANAEAFRANCESA
:RAGUENET
EAIRREDUTIB
ILIDADE
DE
DUASTRADIC;OES.
oParalelo
entreltalianos
eFranceses
noque
concernea
Musica
easOperase
frutodeumaviagem
aItalia
realizadapelo
abadeFrancois
Raguenet
(1660-1723),acom
panhandoosobrinho
doCardeal
deBouillon
nosanos
de1697
e1698.
Comotantos
outrosviajantes,
nasmaisdiversas
epocas,0pais
causoumarcante
irnpressaoem
Raguenet,
gerandono
autorgrande
entusiasmopela
arteitaliana,
0que
podeser
depreen-dido
emduas
desuas
publicacoes:Les
Monum
ensdeRom
e,oudescriptions
desplusbeaux
ouvragesdepeinture,
desculpture
etd'architecture,
quisevoyent
aRom
e,etaux
environs,etc.I,e
ojamencionado
Paralele[sic]
desItaliens
etdes
Francoisen
cequi
regardefamusique
etlesopera
(RAGUENET,
1702).oautor
jahavia
escritosobre
outrostemas,
comoahistoria
davida
deCrom
well',
eum
discursosobre
0rnartirio,
queganhou
0prernio
deeloquencia
daAcadem
iaFrancesa'
eele
rambern
elembrado
poroutras
obras",masseu
Paralelotern
fundamental
importancia,
entreoutras
razoes,por
enunciardiversas
questoessobre
armisica
eaopera
queserao
debatidasaolange
detodo
0seculo
XVIII.
Dentro
doespirito
daviagem
aItalia,
podemos
ler0livro
deRaguenet
sobreasoperas
como0registro
deimpressoes
deum
amador,
nosentido
propriodoterm
o.Durante
aleitura,
percebe-se0fasdnio
e0encantam
entopela
operaitaliana,
emtodos
osseus
aspectos:armisica,
oscantores,
avocalidade
propriados
cantoresitalianos,
aorquestracao,
oscenarios,
ouseja,
0conjunro
deelem
entosque
cornpoern0espetaculo,
semseprender
aquesroes
dedefinicao
dogenero
drarnatico(literario
oumusical).
0que
seduz0abade
Raguenet
e0ca-
raterinebriante
doespetaculo",
queseria,
paraosfranceses,
algoque
ultrapassariaoslirnites
dodecoro,
dapolitesse
edo
borngosto
(FADER,2003).
Eepartindo
dopressuposto
doprazer
que0autor
discorresobre
osdoisripos
deopera
porele
I.Amsterda:,
170I.
Publicadonovam
enrecom
modifica~6es
em1765
(RAGUENET,
1765).Sobre
aviagem
,foi
tambern
publicado0livro
L'iducationdujeune
comte
D.B""'''.us
amours
avecEmilit
deTn-
etsesvoyages,selon
usproprts
memoires0/'
sontrecueillis
grandnombre
d'bistoires...etdecouoertes
d'antiquitestr~scurieuses,
accompagnies
tUplus
tUcenttstam
ptsdtsplus
beauxmonum
entdeRom
epar
Mr.
deRaguenet.
Londres:M.
Chasrel,
1765.
2.His/oire
d'Olivier
Crom
wel,Paris,
Chez
C.
Barbin:
1691,reim
pressadiversas
vezes.
3.Discours
[surIe
rneriteerladignite
dumartyre]
quiaremporre
Ieprix
d'eloquence,par
Iejugem
entdel'Academ
iefrancaise,
enl'annee
mil
sixcent
quatre-vingtneuf.
Paris:G.Barbin,
1689.
4.Alern
dasja
mencionadas,
listamosa
seguirosrfrulos
deautoria
deRaguenet:
Histoire
del'Ancien
Testament.
Paris:C.Barbin,
1689(evarias
outrasedicoes):
Hisroire
duVicornte
deTurenne.
Haia:
J.Neaulm
e,evarias
outrosedicoes:
SyroesetMirom
e,
151
histoirepersane.
Paris:
C.
Barbin,
1692.Para
uma
discussaosobre
alguns
aspectosdesua
obra,cf.
Storer
(1945).
5.Aresenha
dolivro,
publicadanas
Mernoires
deTrevoux
(1702,p.345),
insisteque
adescricao
da
reacaodopublico
italiano,
queinterrom
piaosrruisicos
comgriros
eaplausos,
soavacom
o"hiperbolica",
masdeveria
serverdadeira.
Para
urnexernplo
deurn
debatemais
tradicional
sobreumaopera,
veja-
seapolernica
emtorno
daAlceste
deLully
e
Quinault.
Cf.BROOKS;
NORMAN,ZARUCCHI
(1994).
6."Espetaculo
cenico"eatraducao
deEudoro
deSousa
(ARlSTOTELES,
1986,
p.IIO).Valentin
Garda
Yebra
(ARlSTOTELES,
1992,p.145-146)
opta
por"decoracion
del
especraculo",jusrificando
suaopcao
nanora
106(p.
265).
7.Alern
dasja
mencionadas,
listamosa
seguirostftulos
deautoria
deRaguener:
Histoire
de
l'Ancien
Testam
ent.Paris:
C.Barbin,
1689(evarias
ourrasedicoes):
Histoire
du
Vicom
tedeTurenne.
Haia:
J.Neaulm
e,evarias
outras
edicoes,Syroes
erMiram
e,
hisroirepersane.
Paris:
C.
Barbin,
1692.Para
uma
discussaosobre
alguns
aspectosdesua
obra,cf.
Storer
(i945).
8.Alinhagem
queprivilegia
0texto
edesconsidera
osdem
aiselem
entoselongulssim
a
conhecidos:apara
derecern
descobertaopera
italianaeatra-
gedialirica
(tragedielyrique)
francesa.Porsuas
peculiaridades,
trata-sedeurn
textoque
destoadegrande
partedareflexao
sobreopera,
umavez
queRaguenet
enumera
ediscute
aspar-
tesconstitutivas
doespetaculo,
semsedeter
emurn
debateli-
rerarioque
constanremente
apelavapara
aspoeticas
classicas".
Emsua
Poetica,Aristoteles
reconheceaauletica
eacira-
rfsticacom
oartes
irnitarivasetrata,
emalguns
momentos,
da
rmisica
emgeral
comoelem
entoconstitutive
dasrepresenta-
c;oesteatrais.
Nacom
plexapassagem
daPoetica
6,0estagirita,
justamente
nomomento
dedefinir
arragedia,
indicaa"espe-
taculocenico'?
(apsis)com
oparte
constitutivadatragedia,
para
naomais
tratardo
assuntoem
detalhe.Aponta
comopartes
datragedia
0mito,
0carater,
aelocucao
(/exis),0pensam
ento,
oespetaculo
eamelopeia
(melos),
sendoque
em1450b
170
aurordira
que"amelopeia
(rnelos)e0principal
ornamento".
Epossivel
compreender
aquipor
querazao
aposteridade
viu
emArisroteles
apreferencia
pelalexis,
emdetrirnento
daapsiS'.
Mais
adiante,em
1450b18-21,
Aristoreles
afirmaque
0espe-
taculoe0mais
"ernocionanre"(psycagogikan),
lembrando
po-
remque
e"0menos
artfsticoemenos
propriodapoesia",
sem
explicar0porque,
Nessa
brevepassagem
podemos
reconhecer
aquiloque
seraamaior
dificuldade·para
secom
preenderas
operasapartir
doinicio
doseculo
XVII:atensa
relacaoentre
rexto,rmisica
eosdem
aiselem
entosconstitutivos
doespeta-
culo.Aopcao
pelalexis,
emdetrim
entodaapsis,e
urnripo
de
preconceitoteorico
quesera
assumido
pelamaior
partedos
escriroresque
refletiramsabre
aopera,
aqual
setorna,
conse-
quentemente,
urngenero
"rnonstruoso".Deacordo
comessa
visao,tal
monstruosidade
necessitaraderegras
quecorrijam
urndefeito
"essencial"daopera:
apresens;a
darmisica
emredo
oespetaculo
geraproblem
asdas
maisvariadas
ordense,depen-
dendodo
autor,conduziria
arecornendacao
deextincao
do
espetaculoouaproposta
deremediar
algunsdeseus
defeitos.
NaPoetica
horaciana,outro
textocapital
para0pensa-
mento
sobreapoesia
e0teatro,
encontramos
nosversos
202-
219asnorm
asconcernentes
arnusica,
consideradaurn
dos
elementos
dapoesia
dramatica,
Arecornendacao
principale
quearmisica
semantenha
severaesubm
issaaotexto,
0que,
podemos
depreender,nao
aconteciadefato.
Avisao
horacia-
na,no
querespeita
aouso
darmisica,
enxergaadecadencia
nosespetaculos
emque
amusica
ultrapassouoslimires
que
lheeram
proprios,tendendo
apenasaagradar
0vulgo".
Desse
modo,
jaem
Horacio
encontramos
urnavisao
nostalgicade
urnmomento
deouro,
emque
arrnisica
desempenhava
urn
papeladequado
noconjunto
doesperaculo.
Talsentim
ento
apareceraem
diversasobras
quecriticam
apresens;a
darnu-
sica,sem
preapontando
paraurn
passadoreal
ouimaginario.
Podem
osainda
lembrar
outrasrecom
endac;oeshoracianas,
comoavocacao
nobredo
poeta,aconstante
referenciaaos
dramas
gregos,aenfase
nasquestoes
morais,
0decoro
das
apresentacoeseanecessidade
deumacririca
atenta.Tudo
isso
certamente
cornporaboa
partedas
crfticasfrancesas
eitalianas
sobreopera
nosseculos
XVIIeXVIII.
Comodissem
osanteriorm
ente,Raguenet
pareceescapar
detalabordagem
,jaque
seuIivro
sabemuito
mais
aosrela-
rosdeviagem
doque
aurn
tratadosobre
opera.Contudo,
tantopelos
temas
enunciados,com
opela
polernicaque
se
seguiuapos
apublicacao
dolivro
epela
divulgacaodotexto
emIngles
ealernao,
apequena
obradeRaguenet
podeser
encaradacom
ourn
pontodeinflexao
nalonga
tradicaode
pensamento
sobreaopera'",
Apraposta
inicialsoa
modesta,
emcerto
sentido,ate
mesm
oingenua,
jaque,
aparentemen-
te,0autor
pretendecom
parar,de
umamaneira
queapre-
senracom
oneutra,
amusica
eaopera
dositalianos
edos
franceses,reconhecendo,
desde0inicio,
queem
determina-
dosaspectos,
unslevam
vantagemsobre
osoutras.
Aideia
do"paralelo",
comojaindicava
Fubini
(1991,p.46),
eurn
ecodo
ParalleledesAnciens
etdesModernes
deC.Perrault!',
quetantas
polemicas
suscitounaFranca
nasegunda
metade
doseculo
XVIII2•Dequalquer
modo,
Raguenet
pretende
estabelecercornparacoes
entreosfranceses
eositalianos
e,
aprindpio,
temos
aimpressao
deque
setrata
deumarnera
constatacaodos
fatos.Conrudo,
atravesdodesenvolvim
ento
dotexto,
percebemos
queaquilo
que0autor
teriaadizer
de
positivesobre
aopera
francesadura
rnuitopouco:
apagina
23daedicao
original,0autor
afirma:"Eistudo
0que
pode
serdito
afavor
daFranca,
noque
concerneamusica
eas
operas.Vejam
osagora
0que
podeser
ditoafavor
daItalia
nessasduas
coisas.Apartir
dai,procede
aoexam
edaopera
italiana,justam
entepara
encontrarsuas
vantagensate
0final
dolivro,
quetern
124paginas.
natradi~
oocidental,
justamenre
porque,na
visaodeArist6reles,
0
renodeveria
garantira
qualidadetrigica.
Para
uma
visaodiferente,
querenta
rnostraros"equlvocos"
daposteridade,
cf.SCOTT
(2000).
9.Rostagni,
emseu
comemario
sobre0
trecho,recom
endaalgum
a
cautelaquanto
aenfase
na
degenera~o,
lembrando
que"qui
Or.indulge
piu
chealtrove
allospiriro
delVecchio
Catone
che
aliasantita
deiprim
itivi
cosrumiopponeva
inogni
cosalacorruzione
dei
nuovi"(HORACIO,
[19--
J,p.60-61).
10.Sobre
aimpordincia
do
rexrodeRaguenet
dentro
deurn
contextemaisamplo
dasrelacoes
entrerruisica
efiJosofia,
cf.ToMAs
(2004,p.70-74).
II.PERRAULT(1688-
1697).Tratarem
osdas
relacoesdeRaguenet
comas"modernos"
mais
adianre.
12.NaDefis«
doPaTlZI~Io,
Raguenet
enunciadaram
entesua
posicao,
alinhadocom
osmodem
os.
Cf.RAGUENET
(1705,
p.18).
J!longulssim
a
abibliografia
sobrea
querela,maspara
urnensaio
introdutorioepara
umaselecao
derextos
dapolem
ica,veja-se
FUMAROLI(2001).
l~~~~~~~~~~~~~~~~~~-J"~
..~
152153
13.Cf.BARTHELEM
Y(1990);
KINTZLER
(1986)eKINTZLER(2006).
Imediatam
enteepossfvel
depreenderapreferencia
deRa-
guenetpelos
italianos,0que
comseguranC
?soava
comouma
provocacaoaos
franceses,mesm
oque
estanao
tenhasido
aintencao
primeira
doautor.
Mas,
antesdas
polemicas
susci-tadas,
enecessario
destacaralgum
asdificuldades
quepronta-
mente
semanifestam
naernpreitada.
Aoprocurar
estabele-cer
urnparalelo
entrefranceses
eiralianos,
noque
concerneaopera,
percebemos
que0term
oopera
ternsignificados
rnuitodiferentes
quandoaplicados
asduas
tradicoesde
es-peraculos
teatraiscom
musica,
Certam
entea6pera
france-sa,atragedie
lyrique,muito
deveaopera
italiana,tanto
pe-las
apresentacoesde
esperaculositalianos
naFranca
apartir
dadecada
de1640
13,com
opela
pr6priaorigem
italianade
Lully,
berncom
opor
diversosoutros
elementos
constitutivosdoespetaculo.
Entretanto,
atragedie
lyriqueaproveita
outrastradicoes
francesase,acim
adetudo,
reporta-seaurn
diver-socontexte
social:ela
servepara
enaltecer0rei
efaz
partedeumaserie
deatividades
existentesnacorte
francesa.Jaa
operaitaliana,
especialmenre
aveneziana,
esraligada
ateatros
publicos(abertos
aopublico
pagante),com
diversaspeculiari-
dades.Desse
modo,
percebe-seque,
apesarde0term
oopera
serusado
tantopara
0caso
italianocom
opara
0caso
frances,exisriarn
diversospontos
discordantesque
naoperm
itiriamurn
paralelomuito
claro.omesm
opode
serverificado
emdiversas
palavrasitalianas
quenao
encontramumatraducao
apropriadapara
0frances,
poisnem
sempre
haequivalencia
entreosterm
os,osusos
eastradicoes
musicais.
Naleitura
dodicionario
deSebastien
deBrossard
([1708]),jasenota
apreocupacao
doautor
emestabelecer
aequivalencia
dosterm
osmusicais
nasdiversas
lfnguas(grego,
latim,italiano
efrances),
indicando,contudo,
emprim
eirolugar,
osterm
ositalianos
paradepois
encontrarseus
equivalentesem
frances.Umaprim
eiradificuldade,
nocaso
deRaguenet,
dizrespeito
aclassificacao
dasvozes
france-sas.
Osterm
osdeorigem
italiana(soprano,
contralto,tenor,
barfronoebaixo,
comdistincoes
intermediarias),
naosao
exa-tamente
equivalentesaos
franceses(dessus,
baute-contre,taille,
basse-taille,basse-contre).
Certam
enteaequivalencia
estana
posicaorelativa
dasvozes,
oriundadaprarica
polifonica,em
umaclassificacao
quevai
damais
agudaamais
grave.0pro-
blemaeque
nemaextensao
dasvozes
nem0uso
queelas
tern
nasduas
tradicoestern
umaequivalencia
precisa.0caso
mais
diffcilecertam
ente0do
baute-contre'".Avoz
dehaute-contre
eumavoz
masculina
agudautilizada
nospapeis
principaisdas
operasdeLully
emdiante.
Elae,
emcerta
medida,
correspondenreaotenor
italiano,maslogo
sepercebe
umagrande
diferenca:avoz
detenor,
natradicao
italianadoseculo
XVII,ainda
naoestava
associadaaos
prota-gonistas,
massirn,
aospersonagens
comicos
(masculinos
oufemininos).
Edequalquer
maneira,
comojavisto,
0haute-
-contrenao
eurn
tenor,noque
respeitaaextensao
vocal.No
dicionariodeBrossard,
nemsem
preencontram
osaspistas
necessariaspara
esclarecereste
ponto.Nadefinicao
de"alto",
oautor
indicaque
"encontramos
comfrequencia
[...J,em
larim,Altus,
oucontra-tenor,
ousimples
mente
contra.Quer
dizerhaute-centre"
(BROSSA
RD,[1708],
p.9).Em"mezzo-
-soprano",lemos:
"querdizer
demi-dessus
ouhaute-contre
quevai
muito
alto"(BROSSA
RD,[1708],
p.59).
Assim
,aprin-
cfpio,podem
osentender
0baute-contre
comoumavoz
mas-
culinaque
seassem
elhaaocontralto
ouaomezzo-soprano,
masculino
oufeminino.
Aotratar
davoz
detenor
(taille),Brossard
fazumaclassificacao
dessasvozes,
distinguindohautes
ouprem
ierestailles,
detailles
naturelles,com
munes,
mytoyennes
ousimplesm
entetailles,
alernde
basse-taillesou
secondetailles
econcordants,
estesultirnos
"confundidos"com
obarfrono!".
0pr6prio
Raguenet,
nadefesa
deseu
paralelo,afirm
aque
ositalianos
terntailles,
naverdade,
pensandoem
tenores:
lI11l11,s~~'/1'M
111l.•
r..lk,".,.lIIrs
;u..m
u"U,mrt"J"'tI
cu;"/'-tl'.;Ihs.
14.Emiraliano,
assimcom
oem
porrugues,osnornes
dasvozes
saomasculinos.
Jaem
frances,todos
saofemininos.
Neste
rexro,porem
,optam
ospor
usar0anigo
masculino
antesdos
nomesfranceses.
15.(BROSSA
RD,[1708],
p.l77).(Afigura
aolado
correspondeaessa
Nota
derodape).
"i.Jfr,or..;,,"t1d
$«(1IIIJ"T.;Ius.
154155
16.Trara-se
daopera
LaRinovata
Camilla,
Regina
de'Volsci,
rrnisicadeG.
Bononcini
etexto
deS.
Srampiglia.
Cf.FRANCHI
(1988,p.726).
17."Aquela
dasquatro
partesdamusica
queesta
entre0dessus
e0taille",
Dictionnaire
del'Acadernie
francaise(1694,
p.558).
18."HAUTE-CONTRE,
altusoucontra;
aparte
darmisica
queperrence
asvozes
dehom
ensmais
agudasoumaisaltas,
por
oposicaoabasse-contre,
queesta
paraasrnaisgraves
oumais
baixas,[...J
Nas
operasitalianas,
estaparte
queeles
chamam
contralto,
ecom
frequenciacantada
pormulheres;
enquanto
osdessus
rnaisagudos
saocornum
entecanrados
porhom
ensdestinados
desdeainfincia
paraesre
uso"(D'ALEMBERT;
DIDEROT,1751-1772,
v,8,p.70-71).
19."Basse-taille
esteve
namoda
duranterodo
0
tempo
emque
Thevenard
permaneceu
noteatro
;
masoscom
positoresde
agorafazem
ospapeis
mais
brilhantespara
haute-
contre.[...J
OSrnagicos,
astiranos,
asamantes
odiadossao
comumenre
basses-tailles;asmulheres
parecemrerdecidido,
naosesabepor
que,que
ohaute-centre
deveser
oamante
favoriro;elas
dizemque
eavoz
do
coracao,sons
masculos
e
fortessem
duvidaalarm
amadelicadeza
delas,0
sentirnento,este
serimaginario
deque
tantose
fala,sem
0definir,
sem0
conhecer,o
OsIralianos
ternTailles
comonos;
eeununca
ouvi,em
nenhum
lugar,urn
mais
belodoque
0do
atorque
fuzia0personagem
deMecio
naopera
Camila,
representadaem
Romano
Teatro
Capranica
em1698
(RAGUENET,1705,
p.135)16.
Aquestao
apenassecom
plicaaopercorrerm
osoutros
di-
cionarioseaEncyclopedic.
0dicionario
daAcadem
iaFran-
cesaindica
apenasaposicao
davoz
nocontraponto'",
Na
Encyclopedic,0term
oaparece
emdiversos
verbetes:napropria
definicao",na
definicaode
basse-taille,indicando
queavoz
dehaute-contre
epreferida
asdernais'",
emverbetes
sobreas
partesdarnusica
esobre
instrumentos
etambern
noverbete
etendue,no
qualeapresentada
aextensao
dessetipo
devoz:
Haute-contre:
clavededonaterceira
linha.Suaexrensao
deveser
desde0doem
baixodaclave
ate0doacim
adela;
0que
perfaz
duasoiravas
inteiras,oudoze
tons(D'ALEMBERT;DIDEROT,
1751-1772,v.6,p.46).
Rousseau,
emseu
dicionariode
rmisica,
indicaaequiva-
lencianocontralto
italiano(que
seriaurn
bas-dessus),classifica
avoz
denao
naturalediz
que0tenor
seria0taille
ouhaute-
-taille",Aconfusao
continuanaparte
musical
daEncyclopedic,
publicadapor
Frarnery
eGinguene,
queretom
amecom
en-
tamosverbetes
deRousseau.
Em"Contralto"
afirmaFrarnery:
Palavra
italianaque
responde11nossa
palavrahaute-contre;
mas
asduas
vozes,contudo,naosao
asmesm
aseseu
diapasao
eassaz
diferente[...J0haute-contre
[...Jeumavoz
deurn
homem
em
todaaextensao
doterm
o,aquem
anatureza
deuumavoz
claraeque
seeleva
facilmente
emdirecao
aoalto"
(FRAMERY;GIN-
GUENE,1791,t.
l,p.315).
Enoverbete
Haute-contre,
nocornentario
deDeMomig-
nyIe-se:
Avoz
dehaure-contre
torna-semais
raraacada
dia[...J;
seu
timbre
nao
e0doalto
oudo
tenor,assim
como0timbre
dovioloncelo
naoe0daviola
nemdas
duascordas
mais
gravesdo
violinoenao
esubstitufvel
pelobas-dessus
dasmulheres
nempe-
lasvozes
dosmusici
[i.e.,castrados]'
cujoefeiro
ecornpletam
enre
diferente(FRAMERY;GINGUENE;
DEMOMIGNY,
1818,
t.2,p.37).
Desse
modo,
ficapatente
aconfusao
dosterm
osque,
na
verdade,reflete
airredutibilidade
deumapratica
aoutra.
Mas0caso
mais
curiosopode
serencontrado
noDictio-
nnairedram
atiquedeJ.-M.B.Clement,
noverbete
sobre
Dumeny,
cantorque
executouosprincipais
papeisdehaute-
-contrede
Lully:
"era0nom
ede
urnatorda
opera,morto
em1715.
[...JElepassou
porhaute-contre,
mas
eraapenas
urntaille
dosmais
agudos"(CLEMENT,
1784).Ouseja,
0
cantorque
criouosprincipais
papeisdo
repertoriofrances,
quelancou
asbases
para0desenvolvim
entodetoda
aope-
rano
pais...nao
seriaurn
haute-contreiAssim
,percebem
os
que0haute-centre
naotern
umaverdadeira
correspondencia
naclassificacao
italiana,sendo
aliasurn
tipode
vozmuito
complexo,
desdesua
definicaoate
seuemprego
hojeem
dia
nasencenacoes
egravay6es
dorepertorio
francesdos
seculos
XVIIeXVIIFI.
Esta
dificuldadedetraducao
doterm
ohaute-contre
pode,
emprincipio,
serestendida
asoutras
vozes,asfamilias
de
instrumentos
(violons,violes,
etc.)easonoridade
dasorques-
tras22•Alern
disso,osdiversos
termos
musicais
relacionadosa
ornamentacao
(trillo,passagio,cadenza,
coloratura),oumesm
o
daspartes
constitutivasdo
espetaculo(aria,
recitativo,ario-
so,etc.)
naotern
correspondenciaexata
nasduas
praticas.Ha
tarnbernaquelas
inexistentesnatradicao
italiana,com
oosba-
les,asentrees
eosdivertissem
ents,de
tamanha
relevanciana
operafrancesa.
Desse
modo,
paraalern
deurn
problema
de
terminologia,
percebem-se
estruturasessencialm
entediferen-
tesepodem
osindagar-nos
sobreapropria
possibilidadede
urnparalelo
entrearnusica
italianaefrancesa,
umavez
queas
condicoessao
taodiferentes.
0objetivo
naoeabsolutam
ente
desmerecer
0texto
deRaguenet,
massim,mostrar
0quao
dis-
tintassao
asduas
tradicoeseque,
partindo-sedeumacom
pa-
racaoentre
coisasdessem
elhantes,umadelas
certarnentesaira
prejudicada.E,se0texto
deRaguenet
seinsere
natradicao
dosparagoni,
ficamais
claraaintencao
dedeterm
inarqual
e
aprarica
superior.
Masquais
elementos
Raguenet
utilizanacornparacao?
0textonaoesistem
atico-nem
ternapreten
saodese-lo
-con-
tudo,logo
aoinicio,
denos
daumalista
deitens
aserem
considerados:
sentimento
pronunciou_se
afavor
doshautes-contre.
Quando
novamente
se
dercredito
aurn
novo
basse-taille,quando
aparecerourro
Thevenard,
esresistem
aruira
porsi
mesm
oeverossim
ilmente
nosservirem
osmais
umavez
dosentim
enro
paraprovar
que0haute-
contrenunca
foiavoz
do
coracao"(D'ALEMBERT;
DIDEROT,1751-1772,
v.2,p.121).
20."HAUTE-CONTRE,
ALTUSOUCONTRA.
Aquela
dasquatro
panes
darmisica
quepertence
asvozes
dehom
ensmais
agudasoumaisaltas,
por
oposicaoabasse-conrre
que
estapara
asmaisgraves
ou
mais
baixas.INarmisica
iraliana,esta
parte,que
elescham
amdecontralto
eque
respondeahaute-
conrre,equase
sempre
cantadapor
bas-dessus,
sejammulheres
oucastrati,
Com
efeito,haute-cen
tre
emvoz
dehom
ensnao
Iinada
natural;enecessario
forS;a-la
paraalcancar
esta
afinacao[diapason);
0que
querque
sefaca,
elatern
sempre
aspereza[aigreur],
erararnente,
jusreza"
(ROUSSEAU,1826,
p.
437).
2LPara
outrasdiscussoes
arespeiro
desseripo
devoz,
cf.CYR(1977)
eZASLAW
(1974).
22.N.Zaslaw
,em
sua
buscadeumadefiniS
;ao
para0term
oorquestra.
lernbra-nosque,
mesrno
naoe;istindo
algocom
~umaorquestra
barroca,
"podefazer
sentidofalar
naorquestra
deLully,
nadeHandel
emLondres,
de
156157
umaorquesrra
romana,
deumaorquesrra
vienenseeassim
pordianre"
(ZASLAW,1988,
p.485).
lssonos
interessadiretarnente,
poisrealca
asdiferencas
entreas
praricasmusicais
francesas(de
Lully)edos
diversosespetaculos
aque
Raguener
assistiunaItalia,
cominsrrum
entacaovariada
ecaracterfsticas
pr6prias.
Mashamuitas
coisasquedevem
serespecificadaspara
talfim:a
linguaitaliana
ealingua
francesa,dasquais
umapode
sermais
favoraveldoque
aoutra
paraarmisica;a
cornposicaodas
pe<;:asdeteatro
queosrmisicospoem
emrmisica;a
qualidadedos
aro-res;ados
instrurnentistas:asdiferentes
especiesdevoz;
0reci-
tativo;asarias;as
sinfonias;oscoros,as
dancas,asmaquinas,
asdecoracoes
etodas
asoutras
coisasque
entramnacornposicao
das6peras
eque
contribuemaperfeicao
doespetaculo,
Poisepreciso
examinar
codasascoisas
emparticular
parabern
julgaraquelas
emque
ositalianos
ouosfranceses
sesobressaem
(RA-
GUENET,
1702,p.3-5).
Note-se
que,nacontinuacao,
0autor
naoadota
asequ-
enciadaproposta
inicial,tratando
simdas
"pecas",ou
seja,dos
libretoseenunciando
prontamente
queasfrancesas
saornuito
superiores.Neste
momento,
tern-seaimpressao
deque
avantagem
dosfranceses
seriainrerrninavel.
Conhecendo-se
atrajetoria
dareflexao
sobreopera
atravesdos
seculos,com
aconstante
preferenciapelos
libretosepela
estruturapoerico-
-literaria,teriam
osacerteza
deque
todacornparacao
jaestaria
decididaapartir
daqui.Isso
porquejustam
enteatradicao
naos6insistiu
naprim
aziadatexis,
comojafoivisto,
mastambern
apontou,com
algunsmomentos
deexcecao,
aobra
deQui-
naultcom
omodelo
inequivocopara
aresolucao
demuiros
dosproblem
asdaopera.
Claro,
naodevem
osesquecer
que,num
primeiro
momento,
ostextos
deQuinault
foramcriticados
pelos"antigos"
da"Querela
dosAntigos
eModernos",
mas
poucotempo
depoissua
obrasetornou
0paradigm
adoborn
libreto.ERaguenet
concordacom
essavisao,
confirmando-a
atravesdeseus
elogiosaolibretista
frances,osquais
saosegui-
dospor
umadura
crfricaaestrutura
doslibretos
italianos.osegundo
elemento
apontadopor
Raguenet
nasua
com-
paracaodiz
respeitoaouso
deurn
tipodevoz:
0baixo
ibasse--contre),
comsua
majestade,
queseria
mais
adequadoade-
terminados
personagens.Novam
enteaqui
0autor
evidencia,atraves
douso
dasvozes,
0quao
diferentessao
astradicoes.
Porqueseneste
momento.
Raguenet
elogiaavoz
dobaixo
franceseavariedade
dacornbinacao
comdois
sopranos,mais
adiantelembra
queoscastrati
terngrande
versatilidadeeca-
pacidadedeatuacao,
tantoem
papeisfemininos
comomas-
culinos.
23.Para
detalhesdessas
cenas,ct.W
OOD
0981-1982}.
24.Certarnente
aquestao
daestrutura
daopera
iralianadofinal
doseculo
XVIIeinfcio
doXVIII
eroda
mais
complexa.
Paramaisderalhes,
cf.,entre
outros,FREEM
AN
(1968);FABBRI(1990)
eGALLA
RATI
(1984).
Ourro
elemento
louvadonas
operasfrancesas,
masausente
daestrutura
doesperaculo
italiano,sao
oscham
adosdivertis-
sements,
incluindoosvaries
mirneros
musicais:
asentrees
debales,
oscoros,
asgrandes
cenasdetempestade,
desono,
etc.,tao
caracterfsticasdatragedie
lyrique 13•Aqui
e0momenta
emque
setorna
mais
claraadistincao
entreosespetaculos
italia-nos
efranceses.Ja
nofinal
doseculo
XVII,
inicia-senaItalia
umatentativa
de"reform
a"dos
libretos,buscando
umamaior
unidadedeacao
associadaapureza
dogenero
dramatico.
Paratanto,
foramexcluidos
ospersonagens
comicos
dasacoes
se-rias
(0que
jaacontecia
naopera
francesa)ehouve
urndire-
cionamento
paraaestruturacao
daopera
comaalternancia
entrerecitativos
earias 24•
Coros
eoutros
elementos
musicais
tendernadesaparecer
easarias
tornarn-se0centro
musical
dasoperas.
Nocaso
frances,existe
umariqueza
muito
maior
dosmirneros
musicais,
0que
vaiser
constantemente
lernbra-dopor
outras"reform
as"doseculo
XVIII.
Mas,
interessadopor
elementos
propriosdaexecucao
mu-
sical,Raguenet
menciona
igualmente
asdiferencas
dosins-
trumentos,
dainstrum
entacaodas
pec;:as,damaneira
detocar
edecantar,
comosresultados
peculiaresacada
rradicao.Ao
mencionar
asarias
italianas,aponta
seucarater
ousado,0uso
dasdissonancias,
adesobediencia
dasregras,
aocontrario
dosfranceses
quebuscavam
,atraves
dairnitacao
domodelo,
aperfeicao
daform
a.Aqui
entraem
jogoadiscussao
do"ca-
rater"frances
edo
italiano,invocada
paraesclarecer
asdife-
rencasrmiruas.
Etarnbern
seradiscutido
0"carater"
decada
linguaeseus
sons.Esta
eumapreocupacao
queperm
eiaboa
partedodiscurso
sobremusica
vocal,pois
explicitaabusca
deumarelacao
quaseprim
ordialentre
0som
dalingua,
amusica
e0gosto
decada
povo.Alern
disso,0autor
tarnbernprocura
discutirqual
arelacao
mais
adequadaentre
0sentido
daspa-
lavrasearruisica
instrumental.
Podemos,
domesm
omodo,
perceberem
Raguenet
apre-
ocupacaocom
0desem
penhodas
vozes,com
aexpressividade
doscantores
eate
mesm
ocom
questoesrelativas
aduracao
dascarreiras.
Ora,
tudoisso
escapados
interessestradicionais
sobreaopera,
revelandoque
0autor
assumia0espetaculo
emseu
conjuntoeperrnitia-se
dissertarsobre
ele.Aoapontar
asqualidades
dovestuario,
dosdanc;:arinos,
dasencenacoes,
damaravilha
doscenarios
edas
maquinas
-elem
entosdaapsis
158159
25.Para
mais
detalhes,cf.K
LAPER(2005);
SCOTTI;
KLAPER(2005)
eMURATA
(1995).
-Raguenet
toeaem
urnponto
constantemente
esquecidoou
menosprezado
pelosautores,
revelandoaqui
seuencantam
en-topelo
conjuntodo
espetaculo.Amaneira
urntanto
abruptacom
que0autor
encerra0
livroconfirm
aasensacao
deurn
textorelativam
entedescos-
turado,aparentem
ente0fruto
irrefletidodeumaexperiencia
avassaladora.Podem
os,contudo,
perguntar-nos0quanto
Ra-guenet
estavaciente
dasdiversas
polernicasem
tornodaopera
(italianaefrancesa)
naFranca
edeque
maneira
seposicionou
comrelacao
aelas.
Umaprim
eirapergunta
seria:0quanto
seconhecia
derruisica
iraliananaFranca?
Aorigem
italianadaopera
francesa,especialm
enteatraves
dapresens:a
deLully,
italianodenascim
ento,econstanternen-
telembrada,
mas,
decerto
modo,
obscureceapresentacoes
anterioresdo
repertorioitaliano.
Seriapossfvel
tracardiversas
linhagensda
presens:aitaliana
naFranca;
mais
diretamente
interessamaqui
asapresentacoes
quetrouxeram
exemplos
deespetaculos
totalmente
musicados.
JohnS.Pow
elliembra-nos
dapresens:a
dacommedia
dell'arteedas
pastoraisitalianas
commiisica
desdeasegunda
metade
doseculo
XVI(PO
WELL,
2000,p.163-170).
Menciona
igualmente
apresens:a
dafa-
milia
Caccini,
dedezem
brode1604
aabril
de1605,
apre-sentando
pes:asdo
repertorioitaliano
mais
"moderno".
Mas
certamente
0episodic
mais
importance
eachegada
dasope-
rasitalianas
emParis
apartir
defevereiro
de1645,
quandosao
apresentadasobras
deMarco
Marazzoli,
FrancescoSacrati
(dezembro
domesm
oano),
FrancescoCavalli
(fevereirode
1646),Luigi
Rossi
(marco
de1647),
Carlo
Caproli
(abrilde
1654),novam
enteCavalli
emnovem
brode1660,
emfeverei-
rode1662
etambern
aapresentacao
deumaobra
deLoren-
zaniem
setembro
de168J25.
Apartir
desseconfronto
diretocom
0repertorio
italiano,ainda
quealgum
asoperas
tivessemsido
adaptadasou
mesm
ocom
postaspara
ospalcos
parisien-ses,
osfranceses
passamater
materia
concretapara
tratarem
suasreflex6es
sobreaopera.
Desse
primeiro
embate
nasceurn
importante
texto,cujo
objetivoenao
apenascom
entaralguns
"defeitos"das
operasitalianas,
massobretudo
0de
estabelecerosparam
etrospara
urnespetaculo
commusica
emfrances.
Trara-seda
cartade
PierrePerrin,
datadade30
deabril
de1659,
aoSenhor
dellaRovere
(PERRIN,
1981).Catherine
Kinder
insistena
im-
portanciadeste
texto,classificando-o
comoaprim
eiraten-
tativade
umasistem
atizac;:aopoetica
paraaopera
emfran-
ces(KINTZLER
,1986,
p.74).
Inreressa-nosaqui
tambern
ressaltarque
eumarellexao
nascidada
comparacao
com0
espetaculoitaliano,
promovendo
asvirtudes
propriasde
urnespetaculo
emfrances.
Paraalern
daenfase
noque
seriapro-
priamente
frances,despontam
,com
ojasedisse,
areferencia
aItalia
eanecessidade
deultrapassar
0modelo.
Ora,
aorigem
italianadaopera
francesaealgo
que,apesar
deser
claramente
percebido,por
certoincom
odavaosfranceses,
eosargum
en-toS
deRaguenet
afavor
dositalianos
tornaaquestao
aindamais
explicira.Erelativam
enterecente
0interesse
emencontrar
outroselem
entosde
musica
italianapresentes
nacultura
francesa.oartigo
deE.T.Corp,
sobre0exflio
dosStuart
naFranca
eapresenc;:a
dosrmisicos
italianosvindos
deLondres
revelaumafaceta
poucoexplorada
davida
musical
francesa,neste
casoem
Saint-Germain
enLaye
(CORP,
1995),justam
entenos
anosimediatam
enteanteriores
eposteriores
apublicacao
dotexto
deRaguenet.
Domesm
omodo,
urnartigo
deJulie
Anne
Sadiesobre
0fasdnio
dosfranceses
comamusica
italia-narevela
mais
detalhessobre
adifusao
dassonatas
deCorelli
pelaFranca
esua
repercussaoem
compositores
comoElisa-
bethJacquet
deLaGuerre
eFrancois
Couperin,
entreoutros
(SADIE,
1998).AMmdisso,
apresens:a
dearias
elamentos
italianos(cantados
emlfngua
italiana)nas
comedies-balletsde
Lullyeem
obrasdeoutros
compositores,
indicaumapresens:a
constantedeelem
entosdarecente
tradicaoitaliana
deopera
nomundo
dosespetaculos
franceses'".Nao
queremos
comisso
afirmar
queRaguenet
conhecia,por
umaou
outrara-
zao,profundam
ente0que
ocorrianaFranca
(apesarde,
mais
tarde,cirar,
naresposta
aLe
Cerf
deLaVieville,
asobras
deCorelli);
novamente,
0que
importa,
emostrar
quearmisica
italianaera
suficientemente
conhecidaereconhecida
epo-
diaou
naoser
encaradacom
oamatriz
departe
daproducao
francesa.Acontribuicao
deRaguenet
eaquecer
0debate,
aorevelar
0incrfvel
prazerproporcionado
porumaexperiencia
diretacom
amais
novarnusica
iraliana,que
aindanao
haviamarcado
fortepresens:a
naFranca,
0que
0levou
acriticar
diversosaspectos
damusica
francesa.
26.Para
ourrosaspectos
dapresens:a
iraliana,cf.R
OSOW
(2010)e
NESTOLA
(2006).
160161
Podemos,
assim,ver
umagrande
dificuldade,por
partedos
franceses,com
relacaoaincornoda
origemiraliana
datragedie
lyrique(etarnbern
deseu
principalcriador,
Lully)eanecessi-
dadedebuscar
elementos
constitutivosque
separassemaope-
rafrancesa
daitaliana.
Emcerta
medida,
acarta
dePerrin
jaestabelece
0carninho
aser
trilhado;contudo,
acom
paracaocom
aItalia
surgetambern
emoutros
textos,com
vocacoesva-
riadas.0livro
deMenestrier,
DesRepresentations
enMusique
AnciennesetModernes
(1681),procura
estabelecerasorigens
dasrepresentacoes
teatraiscom
rnusica,discorrendo
sobre0
usodamusica
einiciando
suahistoria
narmisica
"doshebreus",
passandopelos
gregos,pelos
cristaos,pelos
chineses.Discute,
comotantos
outros,ospoderes
darmisica
dosgregos
parafi-
nalmente
cornecaratratar
doretorno
darmisica
representativanaItalia
e,posteriormente,
naFranca.
Interessa-nosdesde
logoaafirrnacao
deque
"cadanacao
ternseu
caraterpara
0canto
epara
amusica,
comopara
amaior
partedas
outrascoisas,
quedependem
dadiferenca
degenio,
deusos
edecostum
es"(ME-
NESTR
IER,1681,
p.107).0
livronao
ternapenas
urncarater
"historico",jaque
tarnbernexam
inaaspartes
constirutivasdo
espetaculo,asnecessidades
deadaptacao
paraarmisica
e,"como
aspec;:asde
teatrocom
postasem
rmisica
saofeitas
mais
para0
prazeredivertim
entodoque
paraainstrucao"
(Idem,P:170),
oautor
assume0maravilhoso
comoelem
entoessencial
paraa
opera.Mas0mais
interessante,noque
respeitaarelacao
coma
Italia,eaextensa
eminuciosa
descricaodoOrfeo
deLuigi
Rossi,
representadonaFranca
em1647
(Idem,P:195-207).
0autor
reconheceque
0ponto
deinliexao
paraasrepresentacoes
emrmisica
nopais
veiodaIralia,
comadaptacoes,
0que
naoparece
constituirurn
problema.
Jaem
Saint-Evrernond,noseu
conhecidoeconstanternen-
tecitado
textosobre
aopera,
aproposta
edeumacrftica
geralaos
espetaculos,mastarnbern
adefalar
dadiferenca
"entrea
maneira
decan
tardos
italianoseados
franceses"(SA
INT-
-EVREMOND,
1684,p.78).
Asseveras
crfticasapresenc;:a
darmisica
edo
maravilhoso,
eacrescentada
umapequena
com-
paracaoentre
osespetaculos
dosdois
paises.Para
cornecar,existe
umaaproxirnacao
entrefranceses
eiralianos,
jaque
paraoautor
"osgregos
faziambelas
tragedias,em
quecantavam
algo,os
italianosefranceses
fazemmas
[vilaines]tragedias,
emque
elescantam
tudo"(Idem,
P:90).
Assim
,ambas
sao
defeituosasenaverdade
cometeram
urnpecado
original,0de
proporespetaculos
inteirarnentecantados.
Mas
Saint-Evre-mond
lembra
igualmente
apouca
estirnaque
ositalianos
ternpelos
espetaculosfranceses
e0desgosto
[degoust]provocado
pelaopera
italiananos
franceses.Iralianos
naocom
preen-dem
0encadeam
entodedancas
edemiisica
dosfranceses
esua
relacaocom
0temadas
operas;franceses
naogostam
douso
deinstrum
entosdas
operasvenezianas
nemdos
longose
tediososrecitativos.
Ecurioso
notarque
0autor
apontaele-
mentos
constitutivosdaopera
francesa(os
divertissements)
econsidera-os
comodefeitos,
justarnente0oposto
doque
faraRaguenet,
poroutros
motivos.
Ha,
naverdade,
emSaint-
-Evrernond,umavelada
criticaaos
librerosde
Quinault
ea
propriaestrutura
daacao,
pois,segundo
0autor,
"pensarnosem
iraumarepresentacao,
ondenada
serepresenta;
queremos
verumacom
edia,onde
naoseencontra
nenhumespirito
decom
edian(Idem
,p.99)27.
Contudo,
umavantagem
dosfranceses
estarianaexecucao
ouno
cantoem
si.Para
Saint-Evremond,
ositalianos
saofal-
sosnaexpressao
poisnao
conhecemcom
justezaosgraus
daspaixoes,
Naverdade,
elesseriam
exageradospara
0gosto
fran-ces
e,citando
umaprovavel
afirrnacaodeLuigi
Rossi,
0autor
dizque
"paratomar
umarmisica
agradavel,seriam
necessariasarias
italianasnaboca
dosfranceses"
(Idem,p.l06).
Tarnbem
amaneira
detocar
osinstrum
entosdos
francesesteria
agradadoaocom
positoritaliano.
0texto
deSaint-Evrem
ond,que
circu-lou
pelaEuropa
efoi
usado,por
exemplo,
porBarthold
Feindem
suacrftica
aopera
naAlemanha
(FEIND,1708),
rambern
constituiaqui
urnaimportante
relacaocom
Raguenet.
Estehavia
preparadoaedicao
deumaselecao
deobras
deSaint-
-Evremont,
publicadapor
Barbin
em1700
28•Fica
claroque
deurn
modo
oudeoutro
Raguenet
conheciaascriticas
deSaint-
-Evrernondaopera.
Com
isso,0Paralelo
deixadeser
apenasorelato
deurn
amador
daopera
italianaepassa
aser
tambern
urnimportanre
instrumento
numalonga
polernicafrancesa.
Apequena
obradeRaguenet
despertouafUria
deoutro
autor:Lecerf
deLa
Vieville
(1674-1707)publica
em1705
suaresposta
asideias
conridasno
Paralelo(LEC
ERF
DELA
VIEV
ILLE,1972).
Aopera
e,mais
umavez,
trazidapara
0
dominic
daspolernicas:
insere-senum
areflexao
especfficaso-
brermisica,
operaeteatro
naFranca.
evocandoaquerela
dos
27.Por
comedia
entenda-seacao
teatral.
28.Nouvelles
CEuvres
meslees
deMonsieur
deSainr-Evrem
ont.Paris:
Claude
Barbin,
1700.0pref:icio
naoeassinado
porRaguenet,
masele
sempre
foimencionado
comoseu
auror,Afirm
amoscornentadores
queos
textospublicados
nolivro
naosao
todosdeautoria
deSaim
-Evremond,
seguindoumaprdtica
depublicacao
defalsas
obras.Cf.
HAYWARD
(1972,p.xviii).
162163
29.journal
desSfaV{IIlS
,Mercure
deFrance
eMemoires
deTreuoux.
antigosedos
modernos,
ascriticas
morais
aosespetaculos,
0
debatesobre
arelacao
texto-rnusica(C£BROOKS,
1994),ascrfticas
contra0absurdo
e0monstruoso
e,finalm
ente,as
inevitaveiscornparacoes
comaItalia.
Emprincfpio,
oupelo
menos
aparenternenre,Raguenet
estavafora
dessasdiscuss6es,
mas
eleearrastado
paradenrro
deurn
grandeprocesso
deataques
edefesas.
0ataque
deLeCerf
delaVieville
pretendeser
minucioso
ecom
portaumaargum
enta~aopesada,
muito
distantedaquela
apresentadapelo
livrode
Raguenet.
Existeumadefesa
doparalelo
(RAGUENET,
1705),que
novamente
ecom
entadopor
LecerfdeLaVieville
(1706).0conjunto
dapolernica
soacom
oumareacao
desproporcionalaproposta
deRaguenet,
lembrando
mais
umarixa
pessoaldo
que0debate
dequest6es
relacionadasarmisica
eaopera.
Peloque
sedepre-
endedo
conjuntodos
textos,LaVieville
naoconhecia
muito
bernarnusica
italianae,por
isso,asinvectivas
contraaopera
italianasoam
urntanto
superficiais.Haumadiscussao
sobreocarater
daslinguas
francesaeitaliana
esuas
repercuss6esna
rmisica;
LaVieville
invocaate
mesm
o0japones
e0arabe,
tentandomostrar
asdesvantagens
dalingua
italiana,Mas
eaofalar
dermisica
italianaque
LaVieville
deixaaparente
suasdificuldades:
elecita
Corelli
comoautor
deoperas,
argumento
queeimediatam
enterevidado
porRaguenet.
Eeste
continuasua
criticapor
todaaDefesa:
alinguagem
deLa
Vieville
eequivocada,
falarsobre
0que
naoseconhece
eurn
dospeca-
dosmais
graves,etc.
NaDefesa
ficaigualm
entepatente
0po-
sicionamento
dosdois
autorescom
relacaoaQuerela
dosAn-
tigosedos
Modem
os,assim
como0conhecim
entodas
obrasdeSaint-Evrernond
quetratam
daopera.
Ouseja,
mesm
oque
aproposta
inicialdolivro
deRaguenet
pudesseaparecer
como
urnretrato
"imparcial"
dasituacao
darnusica
naFranca
ena
Iralia,aleitura
queele
sofreuindicava
urnambiente
belicoso.As
crfricasnos
jomais
parisiensesda
epocatambem
revelamalgum
interessedo
publicoem
tornodo
temadebatidc'".
Aposteridade
tambem
usara0rexto
deRaguenet.
No
tomoIII,
na4aparte
dasQuerelles
Literaires(1761)
doabade
Irail,natenrativa
deconstruir
aorigem
deoutra
querela,desta
vezados
Buf6es,
0auror
escreve:
Antes
queosbuf6es
viessemaParis,
esravamosdivididos
sobrearrnisica
italiana:elasem
eouadivisao
em1704;
0auror
doPa-
ralelodos
Italianosedosfranceses,
noque
concerneamusica
eas
operasjahavia
lanc;:ado0porno
dadisc6rdia.
Estaobra
doabade
Raguenet,
frutodesuas
viagensnaIralia,era
urnelogio
ultrajadodarmisica
dessanac;:ao,urn
triburodereconhecim
entodetodas
ashonras
queele
Iahavia
recebido.Osconservadores
deRoma
ohaviam
condecoradocom
0titulo
decidadao
romano
(IRAIL,
t.III,
p.90-91).
Aoligar
apreferencia
deRaguenet
pelaItalia
ashonrarias
recebidas,0autor
jatoma0partido
darruisica
francesaede
LaVieville,
mas0que
nosinteressa
mais
nestemomenta
edestacar
como,
paraalguns,
Raguenet
estariana
origemda
Querela
dosBuf6es.
Nao
noscabe
aquidiscorrer
sobreesta
disputaque
tantosescritos
gerou"esim,apenas
apontaralgo
curioso.Em
1953,jano
finaldapolernica,
0texto
deRaguenet
erepublicado
postumamente,
destavez
com0titulo
Apaz
daopera
oupa-
raleloimparcial
darnusica
francesaeda
musicaitaliana
(RA-
GUENET,
1973).Aquestao
daimparcialidade
assombra
0
pequenolivro
deRaguenet
desdesua
publicacao.0parecer
deFontenelle
diziaque
0livro
seriamuito
"agradavelaopu-
blico,desde
queelefosse
capazde"equidade",
Talparecer
seraconstantem
entecitado
pelosautores
quesedebrucararn
sobreotexto.
Ora,
comojavimos,
desdemuito
cedo0livro
foilido
comoumaprovocacao
ecertam
enteRaguenet
naoera
nemingenue
nemignorante
comrelacao
asimplicacoes
doque
escreveu.Eanova
publicacaode1753
naoeumamera
reedi-cao
dotexto
comurn
novotitulo,
massim
deurn
textocom
variantessignificativas.
Acom
e<;:arpelo
titulo,anova
versaoparece
responderaLa
Guerredel'Opera,
deJacques
Cazot-
te,publicado
anonimamente
em1753
(CAZOTTE,
1753).otexto
deCazotte
aparececom
oumatentativa
"neutra'de
identificarosdois
ladosda
polernica,0frances
e0italiano,
inclusivecom
acontabilizacao
dos"rnortos
eferidos"
(Idem,
p.24).
Mas
certamente
0novo
titulodo
livrode
Raguenet
assumeurn
caraterconciliatorio
epacificador
da"guerra".
0proprio
editoranonirno
dapublicacao
dizrratar-se
deurn
ex-trato
daobra
original,considerada
porele
de"esrilo
difuso"e"pouco
correto",necessitando
assimdeumaretifica~ao
ede
notas,que
tornariam0texto
mais
neutroouequanirne.
Nelas,
oeditor
fazumaespecie
dedefesa
darnusica
francesa,citando
porerncornpositores
quedespontaram
depoisdapublicacao
originaldaobra
deRaguenet.
Asadicoes
aotexto
iniciamna
30.Para
0conjum
ode
tarosdapolem
ica,veja-se
LAUNAY(1972).
Paraa
discussaodealguns
dosropicos
mais
significarivosdagrande
querela,cf.
FABIANO
(2005).
164165
31.0rexto
aparecedividido
emtees
cartas(IX,
XlIeXV).C[MARPURG
(1760,I,p.
65-71,89-94
e113-118).
32.Para
umaprofundam
entododebate
sobre0gostO
emrmisica
nomundo
deIfngua
alema,
cfPAOLIELLO
(2011).
33.Detalhes
sobreaopera
emHamburgo
podemserencontrados
emCARPEN
A(2007)
ena
bibliografiaalicontida.
34.Para
umadiscussao
sobrecom
oaproposta
decriacio
deumarmisica
"ale-rna"rorna-se
uma
propostadecriacao
deumarrnisica
"universal",cf.
SPONHEUER
(2002).
pagina35,
tarnbemcom
consideracoessobre
aopera
earmisi-
cafrancesas,
comoque
completando
0que
Raguenet
jahavia
ditosobre
elas,indicando
outroscam
inhospara
aperfeicoara
operafrancesa.
Outro
fatorrelevante
paraacornpreensao
daimportancia
dotexto
deRaguenet
esua
difusaoem
ingleseem
alernao.Na
Inglaterra,0texto
foipublicado
juntamente
comurn
discursosobre
amaneira
demelhorar
aopera
nopais
(RAGUENET,
1946).Sepensarm
osque,
naInglaterra
doinfcio
doseculo
XVIII,
aopera
italianajasetornava
urnespetaculo
degrande
difusao,aomesm
otempo
conhece-seadesconfianca
comque
foirecebida
emdeterm
inadosmeios,
especialmente
naspubli-
cacoesdeJoseph
Addison
eRichard
Steele(C£NEUFELD
T,2004
eFAUST,
2007).Percebe-se,
napublicacao
inglesa,a
tentativade
usar0texto
deRaguenet
paradefender
aopera
italiana,mesm
ocom
ascrfricas
quejaexistiam
dentrodopro-
priotexro
frances.0discurso
queacom
panhaatraducao
fazumapequena
historiadas
apresentacoesdeopera
italiananos
palcosingleses,
comgrande
enfasenaCamilla
deBononcini,
etern
comoobjetivo
principalmelhorar
essetipo
deespetaculo.
Esseuso
dolivro
deRaguenet
pareceser
umaconstante,
mes-
monas
publicacoesalernas.
NaAlemanha,
0texto
apareceem
duastraducoes
diferen-tes:
noCritica
Musica
(1722)deMattheson
(2003)enoKri-
tischeBriefe
iiberdiTonkunst
deMarpurg".
Nocaso
deMat-
rheson,que
apresenta0texto
originalfrances
emparalelo
comsua
traducaocom
entada,fica
claroque
0interesse
maior
estaem
destacarasqualidades
deambas
astradicoes
nomundo
daopera,
com0proposito
deencontrar
urntipo
deespetaculo
comrmisica
quecom
binasseasvirtudes
decada
umadelas.
Atarefa
certamente
naoefaci!,
masfaz
partedaquilo
quepassou
aser
conhecidocom
ogouts
reunis32•Achegada
daopera
nosterritories
delingua
alernaeumalonga
hist6riadeadaptacoes,
deusos
derradicoes
diversas,decensura
religiosaepolftica,
etambern
deexperirnentacoes.
0lugar
privilegiadodelas
foicertam
ente0Theater
amGansem
arktdeHarnburgo'",
ondeatuaram
R.Kaiser,
0jovem
G.F.H
andele0proprio
Marthe-
son.Para
algunsteoricos
delingua
alerna,asexperirnenracoes
nodom
inicdaopera'",
comacornbinacao
doque
seriamos
melhores
elementos
"italianos"e"franceses"
doespetaculo
re-riafundam
entalimportancia
emdirecao
aurn
esperaculo"ale-
mao".
0texto
deRaguenet
forneceriaentao
criteriospara
estaselecao
eassum
iriaurn
papeldeguia
paraaempreitada.
Jaem
Marpurg,
anova
traduc;:aodo
textodo
autorfrances
aparecedentro
decartas
queprocuram
responderaquestoes
sobre0
gostodos
francesesedos
italianos,mastam
berncom
omanei-
radeescolher
0melhor.
Marpurg
jainicia
ironicamente
seuscornentarios
aoafirm
arque
"sefalasse
apartir
demeu
senti-mento,
diriaque
gostariade
ouvirurn
francesfalar
sobrea
rnusica,maspreferiria
ouvirumarnusica
italiana[...]"(M
AR-
PURG,1760,
p.65).ouso
dotexto
deRaguenet
soacom
otendencioso,
jaque
Marpurg,
pelomenos
noque
dizrespeito
amusics,
preferea
italiana.Restaria
entaoaos
francesesapenas
falarsobre
rmi-
sica.Einteressante
lembrar
rambern
queMarpurg
promete
publicaracarta
deRousseau
sobrearruisica
francesa,que,
comosesabe,
praticarnenredestroi
qualquerpossibilidade
deexistencia
deumaboa
rmisica
naFranca,
segundoospara-
metros
doautor
deGenebra".
Comoseve,
naAlemanha
aParalelo
eutilizado
emumanova
cruzada:seaparentem
enteotexto
etrazido
comcerta
"neutralidade"para
0debate
sobrernusica
emlingua
alerna,nao
ediflcil
perceberumapredilecao
pelarmisica
italiana,ainda
queosfranceses
aparec;:amcom
osuperiores
naconstrucao
doslibretos.
Paralelos,cornparacoes
easdiffceis
relacoescom
aItalia
saotern
asrecorrentes
nasteorias
artisticasfrancesas.
0paralelo
deRaguenet
tendeaconsolidar
deterrninadasvis6es
sobreduas
rradicoesdistintas
deopera.
Eumaatitude
classificatoria,de
modo
aordenar
acornpreensao
sobre0mundo.
Menestrier
jahavia
tentadodefinir
0"carater
musical"
dasnacoes
e,segun-
doanom
enclaturaalerna
dametade
doseculo
XVIII,
seriamestabelecidos
osdiversos
estilosnacionais.
Jano
seculoXVII,
Saint-Evrernondmencionava
umacitacao
latinacorrente
nomundo
frances,que
seracitada
porLaVieville
epor
Rague-
netem
suadefesa:
Hispanus
flet,dolet
ltalus,Germanus
boat,Flander
ululat,etsolus
Gallus
cantat(SA
INT-EV
REMOND,
1684,p.105)36.V
ariantessao
conhecidas,inclusive
como
anedoras,associando
cadanacao
aurn
cararereposteriorm
en-te,com
osesabe,
aoclim
a,aogenio,
aogosto
eatantos
outrosfatores.
Nomundo
dapratica
musical
naFranca,
tambern
hadiversos
exemplos,
taiscom
oasarias
italianasnas
operas,ou
osturcos,
italianoseespanhois
noBUl'guesFidalgo
deMoliere
35.Aocom
entarnovas
publicacoesnaFranca
em1754,
Marpurg
destacaapolem
icaem
tornoda
Carra
sobrearruisica
francesadeRousseau
eindica
Raguenet
eLeCerf
delaVieville
como0inicio
daoposicio
entreasduas
partes.Cf.MARPURG
(1970,I,p.146-147).
36."0
espanholchora,
0
iralianolamenta,
0alem
aomuge,
0f1am
engouiva
esom
ente0frances
canta",
166167
eLully,
ouainda
0Concert
desNations
deCouperin,
emque
asdiferencas
erammusicalm
enterepresentadas.
Mas,
comobern
sepode
vernas
diversaspolernicas
france-sas
emtorno
daopera
durante0seculo
XVIII,
areferencia
aItalia
econstante
edifkil.
Comovimos,
paraalguns
Raguenet
estarianaorigem
daQuerela
dosBufoes:
paradAlembert,
aocom
parar0efeito
produzidopelo
Paralelocom
aCarta
sabreamdsica
francesadeRousseau,
0pequeno
textodeRaguenet
aparececom
oalgo
mais
moderado.
Alias,
emseu
LaLiberti
defaMusique,
d'Alembert
assumeigualm
enteurn
tomrno-
deradona
polernicaeesta
mais
preocupadoem
relacionara
rmisica
eoscostum
esetarnbem
discutirainevitavel
compa-
racaocom
ositalianos:
"Haumaespecie
defaralidade,
nesteseculo,
ligadaao
quenos
vernda
Italia.Todos
ospresentes,
bonsou
maus,
queela
nosquer
dar,sao
paranos
urnproble-
ma"(D'ALEM
BERT,
1759,p.393).
oautor
tarnberncom
para,mede,
pesaasdiferencas,
criti-caaopera
emsua
essenciaereafirm
aasuperioridade
datrage-
diarecitada.
Mascom
relacaoaos
iralianos,escreve:
Rafael
naofezdissertacoes,
masquadros.
Emrnusica,
nosescre-
vemoseositalianos
executam.Asduas
nacoes,neste
aspecto,sao
aimagem
dosdois
arquiretosque
seapresentaram
aosate-
niensespara
urnmonum
entoque
aRepublica
queriaconstruir.
Urnfalou
porurn
longotempo
e,muito
eloquentemente,
sobresua
arte;0outro,
depoisde0terescutado,
pranunciouapenas
estaspalavras:
tudo0que
eledisse,
eu0farei
(D'ALEM
BERT,
p.462).
Nocontexto,
issovaleria
comourn
chamado
aosfrance-
sespara
realizarboas
obras,pois,
aocontrario
deRousseau,
d'Alembert
acreditavana
possibilidadeda
existenciadeuma
rmisica
francesa.Masareferencia
aItalia
continuasendo
com-
plexa,mesm
ono
seculoXIX.Delacroix,
aoescrever
sobrea
vidadePoussin,
afirmaque
ele"teria
libertadonosso
paisdes-
saeterna
efrequentem
entecega
devocaoarudo
0que
edaIta-
lia",queixando-se
daconstante
dependencia(DELA
CROIX,
1988,p.239).
Ainsatisfacao
dosfranceses
mascara
urnoutro
aspectodas
polernicasedos
embates:
se,aparentem
ente,0
mundo
teorico
iraliano,em
geral,nao
deuatenc;:ao
aopera
francesa,diversos
cornposirorestiveram
propostasdereform
a
daopera
italianainspirados
nomodelo
frances:N.Jom
melli,
T.Traetta,C.W.Gluck
eate0proprio
Mozart
emseu
Idome-
neo.Alern,
eclaro,
domodelo
deRacine
paratantos
libretosetambem
0interesse
porQuinault,
porparte
dositalianos.
Novam
ente,as<om
paracoesservern
comourn
repertoriodas
vantagensdas
duastradicoes
quepoderao
serescolhidas
peloscom
positorescom
0intuito
decriar
espetaculosque
atendes-sem
aoutros
anseios.otexto
deRaguenet
emcerta
medida
ultrapassou0que
emprindpio
eraumaproposta
modesta:
comparar
duastra-
dicoes,mostrar
asvantagens
decada
urna,na
Mica
deurn
escritorque
seencantou
pelaItalia.
0autor,
jano
textoem
quetratava
dosmonum
entosde
Roma,
diziabuscar
uma
maneira
distintapara
seaproxim
ardas
obrasdearte
naque-lacidade:
emprim
eirolugar,
procuravaumadescricao
que"pintasse
mais
aoespfrito
doque
aosolhos",
fazendoseu
lei-tor
"verRoma,
semapropria
Rorna":
emsegundo,
pretendiadeixar
delado
as"descricoes
superficiais,em
termos
vagose
gerais",entrando
noespfrito
dosartistas;
porfim,para
atingirseu
objetivo,dizia
naoconhecer
nenhumguia
oumodelo,
jaque
asdescricoes
dePlinio
edeoutros
antigos,mastambern
dosmodernos
queseguiram
seuspassos,
naopoderiam
servirde
modelo
(RAGUENET,
1765,Preface).
Emcerto
modo,
omesm
oocorreu
aotratar
daopera.
Aenfase
noespetaculo
comourn
todo,ainda
quereconhecesse
airnportancia
fun-dam
entaldo
libreto,levando
emconsideracao
oscenarios,
asvestim
entas,0carater
dasvozes
doscantores
eassim
pordiante,
destoavado
discursogeral
sobreopera.
Apreocupa-
c;:aocomaactio
soacom
oumaexcecao
nostratados
eescritos
sobreosesperaculos,
emgeral,
esobre
aquelescom
rmisica,
emparticular.
Outro
exemplo
podeser
encontradono
livrodeGrimarest
(1707),que
tinha,contudo,
umaproposta
rnais
espedfica.Ele
discorresobre
0recitativo
naleitura,
naacao
publica,nadeclarnacao
teatralenaopera.
Nesta
ultima,
afir-rna
0auror:
Enecessario
considerararmisica
vocalem
relacaoaornusico
queacornpoe,
aoator
queacanta
eapessoa
queaescuta.
Aciencia
e0gosto
saonecessaries
aquem
cornpoe;quem
cantaprecisa
dearte,
deciencia
edediscernim
ento;e0que
escutadeve
tertodas
essaspartespara
julgaracenadam
ente(GRlMA-
REST,
1707,p.198).
168169
Adiscussao
sobreaactio
ocorredentro
doslimires
daReto-
rica,e,apesar
denorrnariva
eem
certosentido
conservadora,tarnbern
evidenciaumapreocupacao
comarepresenracao.
Eessa
eumadas
grandes
preocupacoesdeRaguenet.
Serfam
ostentados
atransform
araatitude
delecom
relacaoaos
espeta-culos
comrmisica
numaespecie
depoetica
daopera,
masisso
estariafora
doescopo
deseu
pequenolivro.
Alguns
autores
classificaramRaguenet
de"sensualisra",
oucom
oalguern
queapresenta
a"ernocao
deurn
diletante",em
cerrosentido
mi-
nirnizandoaimportancia
dolivro.
Discussoes
posterioresque
tentaramdealgum
modo
criarpreceptivas
paraaopera
dei-xaram
delado
todososelem
entosque
fascinaramRaguenet
esomente
umateorizacao
rnuitoposterior,
criandoraizes
me-
todologicaspara
apesquisa
sobreopera,
abriucam
inhospara
umaabordagem
rnaisampla
doespetaculo
comourn
todo,e
naosom
entedarmisica
edolibreto.
REFERtNClAS.
D'ALEMBERT,Jean
LeRond.
Delaliberte
delamusique.
In:Melanges
delitterarure,
d"histoire,etde
philosophie,
Nouvelle
edition,tome4.Amsterda:
Zacharie
Chatelain,
p.379-462,
1759.
D'ALEMBERT,Jean
LeRond;
DIDEROT,D.(Org.)
En-
cyclopedic,oudictionnaire
raisonnedes
sciences,des
artset
desmetiers.
Paris:
Chez
Briasson,
David
l'aine,LeBreton,
Durand,
1751-1772.Disponfvel
em-ehttp.z/portail.atilf.fr/
encyclopedie/».Acesso
em:30/12/2012.
ARIST6TELES.
Poetica.
Traducao,
Prefacio,
Inrroducao,Cornentarios
eApendices
deEudoro
deSouza.
Lisboa:
Irn-prensa
Nacional
-Casa
daMoeda,
FCSHdaUniversidade
Nova
deLisboa,
1986.
ARIST6TELES.
Poetica
deAristoteles.
Ed.trilingiie
deV.
Garda
Yebra,
Madri:
Gredos,
1992.
BARTHELEMY,Maurice.
Metam
orphosesdeI'Opera
fran-cais
ausiecle
desLumieres.
Aries:
Acres
Sud,
1990.
BROOKS,William
.Mistrust
andMisconception:
Music
andLiterature
inSeventeenth
andEighteenth-C
enturyFrance.
In:ActaMusicologica,B
asileia,v.66,n.1,P:
22-30,Jan.-Jun.
1994.
BROOKS,William
;NORMAN,
Buford;
ZARUCCHI,
Jeanne,M.Philippe
Quinault
-Alceste.
Suivi
deLaQue-
relled'Alceste.
Anciens
etmodernes
avant1680.
Paris:
Droz,
1994.
BROSSARD,Sebastien
de.Dictionnaire
deMusique
conte-nant
uneexplication
desTermesGrecs,
Latins,
Italienset
Francais,
lesplus
usitezdans
laMusique.
3'edicao.
Arnsterda:
E.Roger,
[1708].
CARPENA,Lucia
B.Caracterizacao
euso
dafouta
docenas
operasdeReinhard
Keiser
(1674-1739).530
paginas.Tese
(Doutorado
emMusics),
UNICAMp,Campinas,
2007.
CAZOTTE,Jacques.
LaGuerre
del'Opera.
Lettre
ecritea
unedam
eenprovince,
parquelqu'un
quin'est
did'un
Coin,
nidel'autre.
S.n.t.,
1753.Disponfvel
em-chttp.z/catalogue.
bnf.fr/ark:/12148/cb33410021n>.Acesso
em:30/11/2012.
CLEMENT,Jean-M
arieBernard.
Dumeni.
In:Bibliotheque
desTheatres.
Dictionnaire
dramatique,
t.III,
Paris,
chezla
Veuve
Duchesne,
p.171,
1784.
CORP,Edward
T.TheExiled
Court
ofJam
esIIand
James
III:ACentre
ofItalian
Music
inFrance,
1689-1712.In:Jour-
nalofthe
RoyalMusic
Association,Londres,
v.120,
n.2,p.
216-231,1995.
CYR,Mary.
Onperform
ing18th-C
enturyHaute-C
onrreRoles.
In:The
Musical
Times,EastSussex,v.
118,n.1610,
p.291-295,
Abr.
1977.
DELACROIX,Eugene.
LePoussin.
In:Ecritssur
l'Art,Paris,
Librairie
Seguier,
p.209-255,
1988.
Dictionnaire
del'Acadernie
rrancaise.Paris:
Jean-Baptiste
Coignard,
1694.
FABIANO,Andrea
(Org.).
La"Querelle
desBouffons"
danslavieculturelle
frans;aiseduXVIII'
siecle,Paris:
CNRS,2005.
FABBRI,Paolo.IIS
ecoloCanrante.
Peruna
storiadel
librettod'opera
nelSeicento.
Bolonha:
IIMulino,
1990.
170171
FADER,Don.
The
Honnete
hommeasMusic
Critic:
Taste,
Rhetoric,
andPolitesse
inthe
17th-Century
French
Reception
ofItalian
Music.
In:JournalofM
usicology,Berkeley
(CA),
v.20,
n.1,p.
3-44,2003.
FAUST,Veronica.
'Music
haslearn'd
thediscords
ofthe
state':TheCulturalP
oliticsofBritish
Opposition
toItalian
Opera,
1706-1711..In:
TheHaverford
Journal,Haverford
(PA),v.3,
n.1,p.
4-39,Abr.2007.
FEIND,Barthold.
Gedancken
vonder
Opera.
S.l.:Honrich
Brum
mer,
1708.
FRAMERY,Nicolas
Etienne;
GINGUENE,
Pierre
Louis.
Encyclopedic
Merhodique
publieepar
MM.Framery
etGin-
guene.Paris:
chezPanckoucke,
1791.
FRAMERY,Nicolas
Etienne;
GINGUENE,
Pierre
Louis;
DEMOMIGNY,Jerom
e-Joseph.Encyclopedie
rnethodique.Musique,
publieepar
MM.Frarnery,
Ginguene
etDeMomig-
ny.Paris:
chezMme.Veuve
Agasse,
1818.
FRANCHI,
Saverio.
Drammaturgia
Romana.
Repertorio
Bibliografico
Cronologico
deiTesti
drarnrnaticipubblicati
a
Romaenel
Lazio,
secoloXVII.
Roma:Edizioni
diStoria
eLetteratura,
1988.
FREEMAN,Robert.
Aposrolo
Zeno's
Reform
ofthe
Libret-
to.In:Journal
ofthe
American
Musicological
Society,Berkeley
(CA),vol.
21,n.3,p.321-341,
Autum
n,1968.
FUBINI,Enrico.
GliEnciclopedisti
elamusica
-nuova
edi-zione.
Turim
:Piccola
Biblioteca
Einaudi,
1991.
FUMAROLI,Marc.
Lesabeilles
etlesaraignees.
In:LaQue-
relledes
Anciens
etdes
Modernes
-XVIIe_X
VIIIe
siecles.Pa-
ris:Gallim
ard,2001.
GALLARATI,Paolo.
Musica
eMaschera.
IIlibretto
iralianodel
Sertecenro.
Turim
:EDT/M
usica,1984.
GRIMAREST,jean
-LeonorLeGallois
de.Traite
durecirarif
danslalecture,
dansl'action
publique,dans
ladeclam
ation,et
danslechant:
avecuntraite
desaccens,
deIaquantire,
&dela
ponctuation.Paris:
chezJaques
LeFevre
etPierre
Ribou,
1707.
172
HAYWARD,John
Davy
(Org.).
TheLetters
ofSaint-E
vre-
mond.
Nova
York:
Benjam
inBlom,1972.
HoRAcIO.
DeArtePoetica
Liber.
Testo
ecom
mento
diA.
Rostagni.
Turim
:Chantore,
[19--].
IRAIL,SimonAugustin.
Querelles
Lirteraires
ouMemoires
pourservir
al'histoire
desRevolutions
delaRepublique
desLettres,
depuisHomere
jusqu'anos
jours.Paris:
Chez
Du-
rand,1761.
KINTZLER,Catherine.
DelaPastorale
alaTragedie
Iyrique:
quelqueselem
entsd'un
systernepoetique,
In:Revue
deMusi-
cologie,Paris,
v.72,n.l,
p.67-96,
1986.
KINTZLER,Catherine.
Poetique
deI'opera:
DeCorneille
aRousseau.
Paris:
Minerve,
2006.
KLAPER,Michael.
Vom
Dram
aper
musica
zurComedic
emmusique:
DiePariser
Adaptation
derOper
Xerse(Minatol
Cavalli).
In:Acta
musicologica,
Basileia,
v.77,
p.229-256,
2005.
LAUNAY,Denise
(Org.).
LaQuerelle
desBouffons.
Textes
depam
phletsavec
introduction,com
mentaires
etindex.
Ge-
nebra:Minkoff,
1973.
LECERFDELAVIEVILLEDEFRESNEUSE,Jean.-L
au-
rentLart
dedecrier
cequ'on
n'entendpoint,
ouLemedecin
musicien:
expositiondelamauvaise
foid'un
extraitduJour-
naldeParis.
Bruxelas
:Chez
Francois
Foppens,
auSaint-E
s-prit,
1706.
LECERFDELAVIEVILLE
DEFRESNEUSE,Jean.-
-Laurent.
Comparaison
delamusique
italienneetdelamu-
siquefrancaise,
ou,enexam
inantendetail
lesavantages
desspectacles,
etIemerire
descom
positionsdes
deuxnations,
on
montre
quellessont
lesvrayes
beautezdelamusique
parJ.L.Lecerf
delaVieville
deFresneuse.
Bruxelas:F.F
oppens1704;
1705.Genebra:
Minkoff
Reprint,
1972.
MARPURG,Friedrich
Wilhelm
.Kritische
Briefe
tiberdie
Tonkust,
mitkleinen
Clavierstticken
undSingoden,
Bedim
:
F.WBirnstiel,
1760.
MARPURG,
Friedrich
Wilhelm
,Historisch-kritische
Beytra-
gezur
Aufnahm
eder
Musik
[1754-1778],Hildesheim
:Olms
Verlag,
1970.
MATTHESON,
Johann.Der
musicalischen
Parallele
red.
bilinguealernao-frances],
Erster
Abriss.,
August
1722.In
MATTHESON,
].,Critica
Musica
[1722-1725],Laaber:
Laaber-V
erlag,2003.
Memoires
pourl'Histoire
desSciences
&des
beauxArts.
Trevoux:
Chez
Estienne
Ganeau,
Ago.
1702.
MENESTRIER,
Claude.-F
ranc;:ois.Des
Representations
en
MusiqueA
nciennesetModernes.
Paris:
ReneeeC
uignard,1681.
MURATA,
Margaret.
Why
theFirst
Opera
Given
inParis
Wasn't
Roman.
In:Cambridge
OperaJournal,
Cambridge,
v.
7,n.2.,
p.87-105,
JuI.1995.
NESTOLA,
Barbara.
Lessources
Iitterairesdes
airsde
cour
enitalien.
In:DUROSOIR,
Georgie
(Org.).
Poesie,
Musique
etSociete.
L'air
decour
enFrance
auXVIIIe
siecle.Bruxelas:
Mardaga,
p.109-121,2006.
NEUFELDT,
Tim.Italian
Pastoral
Opera
andPastoral
Poli-
ticsinEngland,
1705-1712.In:
Discourses
inMusic,
v.5,n.
2,2004.
Dispon{vel
em<httpv/w
ww.discourses.ca/vonzaz.
htmb-.
Acesso
em:30/11/2012.
PAOLIELLO,
Noara
deO.OsConcertouvertures
deGeorg
PhilippTelem
ann:um
estudodos
GostosReunidos
segundoas
preceptivassetecentistasde
EstiloeGosto.
171pag.
Dissertacao
(Mestrado
emMusica),
Universidade
deSaoPaulo,
SaoPau-
10,2011.
PERRAULT,Charles.
Parallele
desAnciens
etdes
Modernes.
Paris:
chezJean
Baptiste
Coignard,
1688-1697.
PERRIN,Pierre.
Lettre
ecriteaMonsieur
I'archevequedeTu-
rin.In:
OSTHOFF,
Wolfgang.
ETALLI.
Quellentexte
zur
Konzeption
dereuropaischen
Oper
im17.
Jahrhundert.Kas-
sel,Basileia,
Londres:
Barenreiter.
p.105-111,
1981.
POWELL,John
S.Music
andTheatre
inFrance
1600-1680.
Oxford:
Oxford
University
Press,
p.163-170,2000.
174
RAGUENET,
Franc;:ois.
AComparison
Between
theFrench
andItalian
Musick
andOperas.
Translated
fromthe
French;
With
someRemarks
towhich
isadded
ACritical
Discourse
uponOpera's
inEngland,
andaMeans
proposedfor
their
Improvem
ent.Londres:
Printed
forWilliam
Lewis,
1709.In:
TheMusical
Quarterly,
Oxford,
v.32,
n.3,P:411-436,
Jul.
1946.
RAGUENET,
Francois,
Defense
duparallele
desitaliens
et
desfrancais,
encequi
regardelamusique
&les
Opera.
Paris:
Chez
laveuve
deClaude
Barbin,
1705.
RAGUENET,
Francois.
Observations
nouvellessur
lesouvra-
gesdepeinture,
desculpture
etd'architecture
quisevoyent
aRome,&aux
environs:pour
servirdesuite
auxMernoires
desvoyages
etrecherches
ducom
tedeB***a
Romepar
M.de
Raguenet.
Londres:
Moyse
Chastel,
1765.
RAGUENET,
Francois,
LaPaix
deL'Opera,
ouParallele
im-
partialde
laMusique
Francaise
etde
laMusique
italienne.
Amsterda,
1753.In:
LAUNAY,Denise
(Org.).
LaQuerelle
des
Bouffons.
Textes
depam
phletsavec
introduction,cornm
en-
tairesetindex.
V.1.Genebra:
Minkoff,
p.513-552,
1973.
RAGUENET,
Francois.
Paralele
[sic]des
Italiensetdes
Fran-
coisencequi
regardelamusique
etlesopera.
Paris:
JeanMo-
reau,1702.
ROUSSEAU,
Jean-Jacques.Haute
Contre.
In:ROUSSEAU,
Jean-Jacques.Dictionnaire
deMusique.
In:CEuvres
Comple-
tesdeJ.-J.Rousseau.
Paris:
Dalibon,
p.437,
1826.
ROSOW,Lois
The
Descending
Minor
Tetrachord
inFrance:
anEmblem
Expanded.
In:THOMPSON,
Shirley
(Org.)
New
Perspectives
onMarc-A
ntoineCharpentier.
Surrey:
Ash-
gate,p.63-88,2010.
SADIE,Julie
Anne,
Devils
andArchangels:
The
French
Fas-
cinationwith
ultramontane
music.
In:MEMED,
Orhan.
(Org.).
Francois
Couperin
-Nouveaux
Regards.
Actes
des
Rencontres
deVillecroze,
4au7octobre
1995,sous
ladirec-
tiond'Huguette
Dreyfus,
Academ
ieMusicale
deVillecroze.
Paris:
Klincksieck,
p.149-162,
1998.
175
SAINT-EVREMOND,
Charles
deM.deSaint-D
enis,Sei-
gneurde.
SurlesOpera.
In:CEuvres
Meslees,
t,XI,Paris:
C.
Barbin,
p.77-119,
1684.
SCOTT,Gregory.
ThePoetics
ofPerform
ance:TheNecessi-
tyofSpectacle,
Music
andDance
inAristotelian
Tragedy.
In:KEMAL,Salim
;GASKELL,Ivan
(Org.).
Perform
anceand
Authenticity
inthe
Arts.
Cambridge:
Cambridge
University
Press,
p.15-48,2000.
SCOTTI,
Alba;
KLAPER,Michael.
Dieitalienische
Oper
zwischen
Rom
undParis:L'Orfeo
(1647)von
Francesco
Buti
undLuigi
Rossi.
In:Archiv
vonMusikwissentchaJt,
Stuttgart,
Jahrgang62,
Heft
4,p.251-266,
2005.
SPONHEUER,B.Reconstructing
IdealTypes
ofthe
"Ger-
man"
inMusic.
In:APPELGATE,c.
POTTER,
P.(Org.).
Music
&German
National
Identity.Chicago
eLondres:
Uni-
versityofChicago
Press,
p.36-58,
2002.
STORER,Mary
Elizabeth.
Abbe
Francois
Raguenet:
Deist,
Historian,
Music
andArtCritic.
In:The
RomanicReview,
Nova
York,
n.36,
P:283-296,
Dez,
1945.
ToMAs,
Lia.Musica
eFilosofia
-esretica
musical.
SaoPau-
lo:Irrnaos
Vitale,
2004.
WOOD,Caroline.
Orchestra
andSpectacle
inthe
tragedieen
musique1673-1715:
oracle,sommeiland
tempete.In:
Proceed-ings
oftheRoyalM
usicalAssociation,
Oxford,
v.108,
p.25-46,
1981-1982.
ZASLAW,Neal.T
heenigm
aofthe
Haute-C
ontre.InThe
Musi-
calTimes,EastSussex,v.115,
n.1581,
p.939-941,
Nov.
1974.
ZASLAW,Neal.
When
isanOrchestra
notanOrchestra?
In:
EarlyMusic,
Oxford,
v.16,
n.4,p.483-495,
Nov.
1988.
176
PARALELOENTREITALIANO
SEFRANCESES
NOQUECONCERNEAMUSICAEAs
6PERAS.
PARIS,JEAN
MOREAU,1702
FrancoisRaguenet
Aprovacao
doSr.deFontenelle',
daAcadem
iaFrancesa.
Li,por
ordemdoSr.Chanceler,
0presente
rnanuscritoe
acreditoque
aimpressao
seramuito
agradavelaopublico,
desdeque
eleseja
capazdeequidade.
Paris,
25dejaneiro
de1702.
Privilegio
doRei.[...]
Paralelo
entreItalianos
eFranceses
noque
concernea
Miisica
eaOpera.
Hanum
erosascoisas
emque
osfranceses
superamosita-
lianos,noque
concernearmisica;
ehanum
erosasoutras,
emque
ositalianos
ternvantagem
sobreosfranceses,
detalmodo
queeunao
poderiaresolver-m
eaexarnina-las
emdetalhe,
senao
estivessepersuadido
deque
eabsolutam
entenecessario
entrarnaquestao
parafazer
urnparalelo
justoeproceder
aurn
julgamento
exatodeumasedeoutras.
Asoperas
saoasmaioresobras
demusica
quetern
os0cos-
tumedeouvir:
saocom
unsaos
italianosefranceses;
enelas
queuns
eoutros
mais
seesforcaram
parafazer
brilharseu
genio.Eispor
quesera
sobreessa
especiedeobras
quefarei
correrprincipalm
ente0paralelo.
Mashamuiras
coisasque
devemserespecificadas
paratalfim:alingua
italianaealin-
guafrancesa,
dasquais
umapode
sermais
favoraveldoque
aoutra
paraarmisica;
acornposicao
daspec;:asde
teatroque
osmiisicos
poemem
musica;
aqualidade
dosatores;
adosinstrum
entistas,asdiferenres
especiesdevoz;
0recitativo;
asarias;
assinfonias;
oscoros,
asdancas,
asrnaquinas,
asde-
coracoesetodas
asoutras
coisasque
entramnacom
posicaodas
operaseque
contribuernaperfeic;:aodo
espetaculo.Poise
177
I.Bernard
deFonrenelle
(1657-1757),lirerato,
filosofo,grande
difusor
dasideias
deseu
[empo.
Foimembro
dediversas
academias
ciemificas
e
IiterariasdaFranca
ede
outrospafses.
Tornou-se
membro
daAcadem
i«Francaise
em1691.