Posicionamento do projeto "Jogos Limpos" sobre a Lei Geral da Copa

  • View
    291

  • Download
    0

  • Category

    Sports

Preview:

DESCRIPTION

Documento do projeto "Jogos Limpos" pedindo por uma Lei Geral da Copa justa para todos.

Citation preview

Por uma Lei Geral da Copa que respeite os direitos dos cidadãos brasileiros

O Projeto da Lei Geral da Copa encontra-se, neste momento, em debate no Congresso

Nacional, e as entidades do projeto Jogos Limpos Dentro e Fora dos Estádios signatárias desta

carta apresentam aqui seu posicionamento sobre esse projeto, apontando questões

necessárias para que os investimentos voltados para a realização da Copa do Mundo de 2014

sejam realizados de maneira transparente, respeitando os direitos da população brasileira e

colaborando para a melhoria da qualidade de vida nas cidades onde for realizada.

A sociedade brasileira precisa participar das discussões sobre quais exigências o país deve

aceitar para organizar o evento. E desse debate surgirá o grau de respeito aos interesses da

cidadania. Nunca é demais lembrar que os recursos previstos para a realização da Copa são

predominantemente públicos (98,5% segundo o levantamento do Tribunal de Contas da

União), diferente do que foi prometido quando da aprovação do Brasil como sede do

Campeonato Mundial de Futebol.

O nosso país muito tem feito para a realização da Copa. Além do expressivo investimento

público, há a isenção dos tributos federais para a construção e reformas dos estádios,

garantida pela Lei 12.350 de dezembro de 2010. A aprovação dessa lei é, inclusive, parte das

exigências do acordo que o governo assinou com a FIFA em 2007. O Regime Diferenciado de

Contratações Públicas, conhecido como RDC, ainda que não estivesse entre os pedidos da

organização máxima do futebol para o Brasil, também é uma exceção aberta na nossa

legislação para garantir o comprimento das demandas da FIFA.

Em que pesem as inúmeras possibilidades abertas pela realização da Copa de 2014 no Brasil,

não é possível aceitar que a legislação e direitos da sociedade brasileira sejam desrespeitados

por conta das necessidades de uma entidade privada internacional. Nesse mesmo sentido, é

temeroso que o Estado brasileiro se responsabilize civilmente por danos que a FIFA sofra na

realização da Copa do Mundo.

Reafirmamos, portanto, a necessidade da manutenção das conquistas históricas dos cidadãos,

como é o caso do Código de Defesa do Consumidor, do Estatuto do Idoso e da meia-entrada

para estudantes.

Para tanto, manifestamo-nos pela retirada de cláusulas do projeto de Lei Geral da Copa que

permitam a venda casada (quando uma pessoa para adquirir um produto é obrigada a levar

conjuntamente outro produto na hora da compra) e a comercialização de bebidas alcoólicas

nos estádios, que vão contra os estatutos do Consumidor e Torcedor. Os artigos que limitem o

direito à meia-entrada para estudantes e idosos devem ser igualmente rejeitados, respeitando

o Estatuto do Idoso e as legislações municipais e estaduais que tratam da questão dos

estudantes e da juventude. Em relação ao tema de marcas e patentes, a formulação presente

nas leis de direito autoral e propriedade intelectual atende melhor a sociedade brasileira do

que a formulação presente na Lei Geral da Copa, portanto, somos favoráveis a exclusão dos

artigos que mudem o quadro legal vigente nesse quesito.

Devemos evitar que a Copa seja reduzida a um evento pontual e regida pelo interesse isolado

de uma entidade internacional. O Brasil pode e deve ir além e não se subordinar somente pelo

fato de ter sido escolhido como sede do evento. A Copa pode ser encarada como uma

oportunidade para avançarmos na melhoria da infraestrutura das cidades e da qualidade de

vida dos cidadãos. Não menos importante será a construção de processos e ferramentas que

permitam o envolvimento da população no acompanhamento dos investimentos, ampliando

conquistas históricas de cidadania. A melhoria da auto-estima e a visibilidade proporcionadas

pelo evento ao Brasil podem estar intimamente ligadas à sobriedade e a maneira como o

organizarmos. Se atingirmos este objetivo será um marco e um exemplo para futuros eventos.

Assinam este documento:

Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social - www.ethos.org.br

Amigos Associados de Ribeirão Bonito (Amarribo) - www.amarribo.org.br

Fundação Avina - www.avina.net

Central Única dos Trabalhadores (CUT) - www.cut.org.br

Observatório das Metrópoles - www.observatoriodasmetropoles.net

A Voz do Cidadão – Instituto de Cultura e Cidadania - www.avozdocidadao.com.br

Instituto Brasileiro de Ciências Empresariais (IBCE) – www.ibce.com.br

Movimento Nossa Teresópolis (MNT) - www.nossateresopolis.org.br

Federação Nacional das Entidades dos Servidores dos Tribunais de Contas do Brasil (FENASTC)

- www.fenastc.org.br

Confederação dos Servidores do Poder Legislativo e Tribunais de Contas do Brasil

(CONFELEGIS) - www.confelegis.org.br

Associação dos Servidores da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (ASALERJ) –

www.asalerj.blog.com

Meu Rio – www.meurio.org.br

Para adesões, enviar email para fsaboya@ethos.org.br ou pmalavolta@ethos.org.br

Recommended