Percursos para o prazer da escrita
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- 1. PERCURSOS PARA O PRAZER DA ESCRITA A Feitiaria das Palavras
Autora: Cristina Augusta Almeida ISBN: 972-9380-94-5 Edio:
Instituto de Inovao Educacional, 1996. NDICE: Sumrio
.........................................................................................................
2
Prembulo......................................................................................................
3 Sequncia das experincias
relatadas............................................................
4 Materiais didcticos: instrumento de pilotagem
......................................... 17 Materiais didcticos:
actividades do dossier surpresa ................................
27
- 2. SUMRIO Sequncia das Experincias Relatadas Incutir e
desenvolver o gosto pela escrita A dinmica do texto livre As aulas
de melhoramento de texto O atelier de leitura como incentivo
escrita Organizao democrtica da turma enquanto factor de coeso e
motivao do grupo-turma O trabalho independente como suporte para o
desenvolvimento da expresso escrita A insero dos planos de
recuperao nas aulas de trabalho independente O projecto de escrita
nos enredos dos projectos de trabalho A gesto de um percurso de
escrita no tempo Materiais Didcticos: Instrumentos de Pilotagem
Cdigo de correco de texto Mapas de distribuio de tarefas Plano
Individual de Trabalho Plano de Apoio na Sala de Aula O Projecto
Passo a Passo Apresentao do Projecto Turma Materiais Didcticos:
Seleco de Actividades de Escrita do Dossier Surpresa O ser acabado
de criar Na mquina do tempo A noite das bruxas Se prometeres... O
luar quando bate na relva Os velhos e sbios mandarins Acontecimento
bombstico Era uma vez... Escalada ao Monte Evereste Planeta Terra
em perigo Dirio de bordo Memrias da infncia A feiticeira das
palavras A viagem da semente No fundo do mar... vora Festa no Pao
Real Um passeio de bicicleta Um passeio de balo Um passeio nos
recifes de coral dos mares do sul A moura encantada e sereia
perdida A menina da grinalda A Viagem dos meus sonhos 2
- 3. PREMBULO A sociedade em que vivemos apresenta-se fortemente
vinculada aos meios de comunicao audio-visuais, nos quais a palavra
passa numa infinidade de sons e imagens de tal forma intensos que
quase a dissipam. Os atractivos destes meios de comunicao seduzem
facilmente os jovens que os preferem palavra impressa. Tendo como
referncia esta constatao e transferindo-a para a aula de Lngua
Portuguesa, a motivao para a leitura e para a escrita torna-se
muito rdua, muitas vezes at infrutfera, quando estas actividades so
apresentadas de forma seca e divorciada da vida que os chama,
atractivamente, l fora. Esta breve reflexo ocorre numa altura em
que fundamental encontrar sentidos para a produo e recepo da
escrita, sentidos que os toquem de perto, que lhes digam respeito e
que os seduzam como outras actividades da vida ps-aulas. O relato
que vou partilhar convosco tem por base uma srie de experincias na
sala de aula, desenvolvidas a partir de metodologias activas,
centradas no aluno, cujos objectivos apontam para diversas vias
conducentes motivao para a escrita e, decorrente desta, para a
leitura. Todas estas experincias tm vindo a ser amplamente
utilizadas e testadas; considero que os resultados tm sido muito
positivos e estimulantes, uma vez que o esforo de motivao e seduo
tem encontrado eco em muitos alunos que passaram a integrar estas
duas actividades no seu universo de tempos livres. A leitura no vai
ser, por excelncia, o objecto deste relato, apesar de no poder ser
dissociada da escrita; por esta razo ela tambm considerada, embora
o grande enfoque seja dado escrita, projectada atravs do trabalho
independente e das propostas de projectos de trabalho decorrentes
da traduo do programa de Lngua Portuguesa. As metodologias que
privilegiei ao longo desta experincia assentam claramente na
necessidade de desenvolver atitudes de cooperao e hbitos
democrticos capazes de proporcionar, pela autonomia, o crescimento
do aluno como ser humano que, no caso concreto desta disciplina,
abre perspectivas, entre horizontes imensos, para as produes
escritas. 3
- 4. SEQUNCIA DAS EXPERINCIAS RELATADAS INCUTIR E DESENVOLVER O
GOSTO PELA ESCRITA curioso encontrarmo-nos na escrita, talvez
porque ao escrevermos nos encontramos e encontramos os outros.
Escrever sem receio de censuras Se a escrita se afigura, quase
sempre, como um acto penoso, aborrecido e sem graa, levar os alunos
a escrever, conhecendo de antemo a resistncia que existe escrita,
para de seguida os censurar enumerando tudo o que est mal,
parece-me uma prtica despropositada e cheia de riscos! Da que, as
primeiras vezes que levo os meus alunos escrita, o faa de forma
prudente e elogiosa, na tentativa de os cativar, fazendo-os crer
que so capazes, que tm sempre algo para contar, para partilhar
comigo e com os outros companheiros de palavra. E no dia do
primeiro escrito eu tambm escrevo, porque se o desafio se afigura
to aliciante, eu no poderia deixar de o aceitar! Antes da aula da
escrita h uma intensa preparao, j que faz-los escrever no vazio num
incio de ano lectivo pode ser desastroso e lev-los ao
desinteresse... Mais um texto! Que horror! Esta situao de
desmistificar o acto, ainda penoso, da escrita pode ser apoiada
pelo recurso a pequenos textos que falem da escrita como algo
natural, como meio de comunicar coisas simples, de dar conta de
desejos, planos, vontades, de viajar pelo interior de cada um, de
desabafar os bens e os males da alma... H um excerto de um dos
contos de EVA LUNA de Isabel Allende no qual a autora reflecte
sobre a escrita, a partir de divagaes curtas sobre os vrios tipos
de histrias; este testemunho pode levar os alunos a uma breve
introspeco com o objectivo de se desencadear um debate sobre as
motivaes da escrita. H histrias de toda a espcie. Algumas nascem ao
ser contadas, a sua substncia a linguagem e antes que algum as
ponha em palavras so apenas uma emoo, um capricho da mente, uma
imagem ou uma reminiscncia intangvel. Outras chegam completas, como
mas, e podem repetir-se at ao infinito sem risco de alterar o seu
sentido. Existem umas que so tomadas pela realidade e processadas
pela inspirao, enquanto outras nascem de um instante de inspirao e
se transformam em realidade ao ser contadas. E h histrias secretas
que permanecem ocultas nas sombras da memria, so como organismos
vivos, nascem-lhes razes, tentculos, enchem-se de aderncias e
parasitas e com o tempo transformam-se em matria de pesadelos. Por
vezes, para exorcizar os demnios de uma recordao, necessrio cont-la
como um conto. Aps uma ampla exposio de diferentes opinies, troca
de ideias e sentimentos h, naturalmente, um conjunto de tpicos ou
conceitos sobre o acto de escrever... muito til regist-los na sala
de aula porque desinibem ao tornarem-se de todos e, como por
feitio, criam-se cumplicidades simples mas potencializadoras para o
arranque das actividades da escrita. O primeiro texto que propus
que delineassem tinha como tema Conta uma histria de ti, at porque
a memria estava ainda muito impregnada das ideias decorrentes do
texto de Isabel Allende. Aceitaram o desafio e era bem visvel que
vasculhavam recordaes, tempos longnquos, episdios engraados, ou,
simplesmente se emaranhavam em tramas de realidade e fico... De vez
em quando, levantava os olhos do meu escrito para os observar
debruados 4
- 5. no gigante caldeiro das palavras, mexendo avidamente a poo,
apurando-a... sentia-os absortos, alguns deixavam escapar um ar
sonhador, outros agarravam-se ao papel, uns trocavam palavras com o
companheiro do lado... mas parecia-me que a todos tinha chegado o
aroma contagiante do caldeiro das palavras enfeitiadas. Fiquei
contente, e mais feliz ainda quando tive oportunidade de me
envolver nas palavras dos aprendizes das palavras! De facto, havia
histrias de muitos tipos... estava concebido o embrio para a
cumplicidade entre ns, to favorvel produo de escritos. Na aula
seguinte importante levar os textos lidos e ter um comentrio breve
sobre cada um. E um esforo deveras compensador, uma vez que, depois
das partilhas feitas sobre a escrita, os alunos esperam
ansiosamente as opinies aos seus escritos. Esta aula ento reservada
exposio das minhas ideias, comentrios e sugestes s suas produes.
Aps este debate - chamo-lhe debate porque eles participam falando
das razes que os levaram escolha dos episdios relatados - surge a
necessidade da correco dos escritos, orientada de forma a que todos
possam intervir. No sugeri previamente quaisquer correces, pois
nesta fase do percurso as censuras podem levar ao desencanto.
Partimos, de seguida, em conjunto, para a deteco de algumas falhas
recorrentes em muitos textos. E destacado um aluno para as registar
no quadro medida que, em trabalho de par, vo sendo descobertas
falhas. E assim foram criadas as condies para a negociao de um
cdigo de correco 1 , resultante de um trabalho colectivo de
apreciao de texto. Com o cdigo aceite pela turma, os alunos so
convidados a utiliz-lo no seu texto, assinalando aquelas falhas que
costumam sufocar as ideias num texto. Torna-se importante que este
trabalho seja partilhado com outro aluno: o autor e o revisor
trocam ideias, negoceiam e, muitas vezes, chegam a acordo. Quando
tal no acontece, costumam cha- mar-me ou pedir a colaborao de outro
colega e, com mais umas opinies, possvel dissipar dvidas. muito
importante lembrar-lhes, quando ningum o refere, que aperfeioar um
texto no se limita colocao ou reviso da pontuao, correco ao nvel da
ortografia e anulao das repeties. Este o trabalho de base! Porm
fundamental a reordenao das ideias, pargrafos, frases, o
enriquecimento do texto com palavras mais adequadas, a ampla
utilizao dos adjectivos de forma a tornar o texto em algo pautado
no s pela correco formal, mas fundamentalmente pelo equilbrio, emoo
e beleza. Este trabalho de escultura de texto d resultados
surpreendentes! Muitos so os que dizem: Nem parece o mesmo! Est
bonito! Estas so aulas de intenso trabalho para o professor, pois
somos continuamente solicitados, agarrados, quase afogados no mar
das vozes e nas ondas das palavras! - A autonomia exige horas de
trabalho prvio e apostas fortes a mdio prazo! - Contudo, este
investimento comea, em breve, a fazer despontar nos alunos a
preocupao pela correco formal, pela utilizao de mensagens claras,
pela escolha de um lxico diferente daquele que diariamente utilizam
na comunicao oral entre eles... preocupaes que vo surgindo por
iniciativa prpria! Geralmente so necessrias duas a trs aulas para o
aperfeioamento do primeiro texto, ao fim das quais estamos prontos
para a divulgao dos escritos. E esta uma actividade que requer
muitos cuidados e mimos. H que incentivar, elogiar, buscar em cada
texto algo especial e diferente para mostrar aos outros. Por vezes
h alunos que no querem divulgar os seus escritos para o grande
grupo. E bvio que este desejo respeitado; nestes casos, costumo
referir algo que me tenha agradado, pois apesar do texto no ser
divulgado, mantm-se a necessidade de publicamente ser expressa uma
opinio sobre ele. Ocorre tambm, com 1 Consultar o cdigo de correco
negociado com a turma (Quadro 1). 5
- 6. alguma frequncia, o convite a outros colegas para a leitura
expressiva do texto, o que constitui uma prtica a fomentar, no s
pelos valores da cooperao e partilha, mas tambm pelo encarar da
divulgao como um acto solene, bem preparado e com os seus ritos
prprios. As aulas de divulgao do primeiro escrito so momentos
mgicos, cheios de emoo! So, afinal, a materializao das palavras, a
estreia dos autores, a quase iniciao destes aprendizes de
feiticeiros das palavras. E est criado o ambiente e a motivao para
a produo do texto livre pela expectativa nesta motivao que dou
tanta importncia ao primeiro escrito, pois nele residem as artes e
as manhas para as produes futuras, o feitio que desencanta, l bem
no fundo, as inspiraes adormecidas e as projecta no gosto de
escrever mais e melhor que vai germinando pelo incutir da
auto-confiana. Os escritos devem ser sempre vistos como
potencializadores de novas experincias, de misturas mais mgicas, de
voos mais rasantes criatividade e ao bom desempenho da escrita; da
a importncia de que devem ser revestidos, dai os mimos, da os
estmulos... A interiorizao de hbitos de escrita decorre da
frequncia da sua prtica, associada a situaes de prazer e de reforo
da auto-confiana. Programa de Lngua Portuguesa - Ensino Bsico - 3
Ciclo Esta primeira parte do percurso tem de ser orientada no
sentido de abranger todo o grupo; s depois de todos estarem
minimamente despertos para a prtica da escrita e para as vantagens
decorrentes da sistematicidade das produes, se torna possvel comear
a delinear etapas que permitam a utilizao de metodologias mais
activas, atravs das quais cada aluno procura realizar, de forma
gradualmente mais autnoma, um trajecto de escrita. A autonomia um
processo que se constri lentamente e tentar incuti-la nos alunos
abruptamente, pode deix-los desnorteados e confusos, pensando que
foram abandonados no seu percurso de aprendizagem! exactamente a
situao oposta que pretendo e porque a quero muito alcanar, no posso
correr o risco de a perder, nesta fase delicada de embrio. Por esta
razo, no incio do ano lectivo, os passos so curtos e cuidadosos,
especialmente com alunos que nunca tiveram a oportunidade de ser
agentes das suas aprendizagens, mas receptculos de conhecimentos,
muitas vezes desprovidos de sentidos entendveis para eles. No
domnio da escrita, as produes de carcter livre, ou seja, as que so
realizadas fora do espao aula, sem tema definido, constituem um
desafio criatividade e livre expresso de sentimentos, dvidas,
reflexes pessoais ou simples esquissos de sonhos ou vontades para o
futuro. O tratamento deste gnero de produes um ptimo motivo para
iniciar tarefas pro- motoras de responsabilizao e de autonomia. A
DINMICA DO TEXTO LIVRE necessrio definir a periodicidade das
produes livres. Em regra elaborado um texto por ms, podendo, no
entanto, sempre que os alunos desejarem, apresentar mais textos. So
eleitas comisses de alunos para o trabalho de tratamento dos textos
produzidos ao longo de ano lectivo: em cada ms h um aluno
responsvel pela recepo e organizao dos textos e quatro alunos que
se dedicam apreciao e crtica literria dos mesmos. Os alunos que
integram as comisses, assim como todas as regras de funcionamento
das equipas de trabalho so democraticamente definidas pela turma e
registadas num quadro para afixar na sala de aula; sempre que
surgem dvidas consultam-se os quadros, o que evita complicaes e
perda de tempo til de aula. As equipas devem variar todos os meses,
de modo a que os cargos sejam rotativos, dando oportunidade a um
grande nmero de alunos de se envolverem nas actividades
relacionadas com a escrita. 6
- 7. De um modo mais detalhado, vou passar a explicitar as
tarefas negociadas com as comisses: Recolha de textos Esta tarefa
reveste-se de muita simplicidade, apesar de exigir capacidade de
organizao. O aluno destacado para esta funo recolhe os textos da
turma, em dia previamente estabelecido e aceite por todos, e faz a
distribuio pelos alunos nomeados para a apreciao dos textos desse
ms. Apreciao individual dos textos Num perodo de tempo acordado,
que geralmente de uma semana, - um perodo mais alongado revelou-se
pouco estimulante, quer para os alunos que apreciam os textos que
acabam por se dispersar na sua tarefa, quer para o resto da turma
que espera ansiosamente os comentrios aos seus trabalhos - os
responsveis pela apreciao literria lem os textos e fazem um breve
comentrio numa folha reservada para este efeito; nela registam as
impresses gerais, os aspectos que agradaram ou desagradaram, dvidas
relativas ao contedo, enfim, o seu parecer... Reunio da comisso Os
quatro elementos que apreciaram individualmente um lote de textos
renem-se para debate de opinies. E importante difundir aldeia que
esta comisso funciona como um jri de critica literria que regista
um parecer globalizante e, nesta fase, abrangendo as ideias do
pequeno grupo face s produes do ms, sobre o tema de cada texto,
criatividade, originalidade, correco formal, organizao,
encadeamento das ideias ... ou outros aspectos de interesse para o
grande grupo. Entrega dos textos ao professor O aluno responsvel
pela recolha dos textos recebe-os da comisso, organiza-os
numericamente e entrega-mos para que eu possa tambm apreci-los
segundo os mesmos critrios que a comisso, por um perodo de tempo
semelhante. Comunicao turma dos comentrios, opinies, sugestes... o
momento de tornar pblica a crtica literria! So apontados os
aspectos positivos e negativos, o que deve ser melhorado,
enriquecido e o que a todos surpreendeu. Asseguram a comunicao os
quatro elementos que constituram o jri dos textos e eu, que prefiro
sempre deix-los falar primeiro e conduzir as trocas de opinies
entre autores e crticos. evidente que tambm eu adoro comentar os
escritos, mas espero calmamente a oportunidade de intervir, quando
quero apresentar opinies ou pontos de vista diferentes, apresentar
ideias no abordadas ou elogiar quem no teve qualquer elogio!
Concludas estas tarefas so eleitos os trs melhores textos do ms,
podendo ser acompanhados por outros que, eventualmente, revelem
grande originalidade, interesse ou surpreendam por qualquer motivo
interessante. Procede-se ento ao aperfeioamento dos textos, de
preferncia em trabalho de par. Quando a nossa relao comea a
permitir a persuaso, revela-se de grande utilidade juntar alunos
com dificuldades na escrita com outros que possuam j um bom ou
razovel domnio da palavra escrita; nestes casos de cooperao 7
- 8. h resultados muito expressivos que mostram claramente as
vantagens desta partilha das palavras. E o ciclo fica completo
quando se divulgam turma os melhores trabalhos atravs de uma
leitura expressiva e so afixados na sala de aula. No atribuda uma
classificao aos textos, o que se tornaria redundante; no entanto,
estes trabalhos so de uma importncia extraordinria para se aferir
os progressos da escrita e todos se tornam rapidamente conscientes
do valor destas produes para se aperfeioarem nesta arte que, de
texto em texto, os torna mais vidos das palavras! E a apresentao
turma das nossas opinies, comentrios e sugestes era uma conversa
agradvel ... Comecei a notar que os interessava imenso! Da vez
seguinte todos aguardavam, expectantes, as nossas palavras s
palavras deles ... So palavras enredadas de emoes e sorrisos que no
vou esquecer. AS AULAS DE MELHORAMENTO DE TEXTO Como j referi
anteriormente, as aulas de melhoramento de texto so muito
importantes na reciclagem dos escritos. evidente que, por vezes,
esta actividade no muito bem vista, especialmente por aqueles
alunos que acham que os seus escritos esto j maduros e que nada os
far melhorar. Nestas ocasies costumo referir que os mais
prestigiados autores refazem os seus textos e que, nem sempre, as
primeiras boas ideias que nos ocorrem so expressas com a fidelidade
que merecem ou com o cuidado que julgmos ter tido. Opto por me
sentar com os mais renitentes para lev-los a descobrir formas mais
eficazes de expressar determinadas ideias. Com este tipo de
aconselhamento tem sido possvel, em muitos casos, uma reconverso
reescrita. No caso destes alunos imprescindvel tornar bem claro que
o trabalho de aperfeioamento dos textos deve ser mais empreendido
ao nvel de uma maior preciso e rigor na escolha das palavras e no
apenas simples correco das estruturas frsicas ou da pontuao. Quanto
aos alunos com mais dificuldades, e como j havia defendido antes, a
partilha que o trabalho de par permite com um elemento da turma
mais vocacionado para a escrita, tem-se afigurado muito til. Porm,
h ainda os casos que, numa fase inicial, se recusam a esta
actividade. Com estes, pacientemente, o par de trabalho sou eu! E a
recuperao dos textos comea a tomar forma... lentamente; acredito
que um certo gosto pela escrita pode bem vir a caminho! ... Este
acreditar fundamenta-se no facto de os sentir animados; este o
primeiro sinal! Depois tento que estes alunos, muito gradualmente,
adquiram alguma confiana que, estou certa, lhes trar o gosto e o
desafio pela autonomia. E tem acontecido j, que ao dirigir-me, mais
tarde, a esses alunos oua, com incontida alegria: Hoje vou tentar
sozinho! Ou os veja, encantada, junto de outros colegas a trabalhar
os textos! H alunos que optam por reescrever o texto noutra folha,
outros preferem, na aula, fazer as alteraes no original, com cor
diferente. No imponho regras rgidas; acho que cada aluno ou cada
par deve gerir o seu trabalho. Apenas peo aos alunos com mais
dificuldades que passem o texto de novo como trabalho de casa, por
lhes ser mais til. E quase sempre, numa das aulas seguintes, me
entregam o trabalho pedido. No final da actividade levo para casa
os textos que no tive oportunidade de acompanhar na aula para rever
o trabalho desenvolvido. Aps esta tarefa de reciclagem,
aperfeioamento ou enriquecimento os textos ficam prontos para serem
divulgados turma. Os trabalhos previamente escolhidos pela comisso
de apreciao costumam ser dactilografados ou processados em
computador. Esta actividade deve ser implementada mesmo
relativamente aos textos no escolhidos, uma vez que facilita imenso
no s a consulta e apresentao dos textos, como tambm a escolha final
para o livro do melhor texto 8
- 9. livre de cada aluno. O ATELIER DE LEITURA COMO INCENTIVO
ESCRITA As aulas reservadas ao atelier de leitura eram pautadas, no
incio do ano lectivo, pela desorganizao e falatrio normal da
entrega, recolha e requisio de livros. Comecei a aperceber-me que a
continuar assim, o atelier estava condenado a uma mera troca de
livros, propcia confuso e s intensas e interminveis conversas sobre
tudo... excepto sobre as leituras! At que, numa manh de optimismo e
entusiasmo, me ocorreu que os escritos deles poderiam ajudar a
salvar o meu atelier na altura ningum ligava ao atelier a no ser os
responsveis pelo desenvolvimento da actividade e eu, guardi da sala
da confuso! E num mpeto de desespero e esperana ainda no aprendi a
zangar-me a srio! sugeri-lhes que aps a entrega e levantamento de
livros que tinha de passar a ser rpida e eficaz, falssemos dos
textos deles, dos antigos e dos prximos, das ideias que iam
fermentando ou que, simplesmente, lssemos os textos favoritos das
comisses, alguns sugeridos por mim ou por outros alunos e que
partilhssemos as ideias mais brilhantes ou as falhas mais atrozes.
Neste momento a censura (!!!) j no era vista como tal e at ajudava
a quebrar inibies, quando ainda as havia! E foi muito divertido!
Comemos a recolher ideias para as aulas de aperfeioamento de texto,
para escritos embrionrios rapidamente foi eleito um secretrio para
as anotar, pois tudo o que vinha a lume poderia ser aproveitado
para a reciclagem ou produo de textos. Noutros ateliers, quando
havia matria de divulgao falvamos dos livros novos do atelier, de
novas publicaes ou de artigos interessantes da imprensa; eles
faziam os pedidos para as novas aquisies e convenciam-me a comprar
determinados livros que gostariam de ler - Os Marginais; Biografia
de Jim Morrison; Dirios de Adrian Mole... E eu aproveitava a ocasio
da persuaso e sugeria-lhes que lessem alguns livros que, at ento,
haviam permanecido na penumbra do armrio. Lia-lhes pequenos
excertos dos esquecidos e levava outros que me tinham agradado,
escolhendo sempre aqueles passos que eu sabia que despertariam o
interesse a alguns alunos. Enfim, falvamos da escrita dos outros e
da deles. Dvamos a conhecer fichas de leitura, trocvamos impresses
para o preenchimento de outras... e, sem doer e sem imposies ou
gritos, conseguimos conversar sobre escritas e leituras. Foi bom!
Todos nos sentamos bem e j no dvamos pelo passar do tempo, a no ser
quando a campainha punha termo a todas estas partilhas. A ORGANIZAO
DEMOCRTICA DA TURMA ENQUANTO FACTOR DE COESO E DE MOTIVAO DO GRUPO
O ponto de partida para a motivao e desenvolvimento do gosto pela
escrita foi, como se depreende da leitura dos captulos iniciais, o
debate alargado turma, imprescindvel ao estabelecimento democrtico
de regras de funcionamento do grupo nas diferentes actividades. A
eleio dos responsveis por todos os cargos realizada aps a definio e
aceitao das regras elaboradas por todos 2 . Esta etapa de
estabelecimento de princpios de funcionamento e de diviso de
tarefas constitui um passo determinante na organizao colectiva do
grupo, do espao e das actividades a realizarem em cada perodo,
apoiadas numa planificao partilhada e assumida por todos. da
partilha de decises a tomar que surge, de forma espontnea, o
respeito pelas 2 Consultar quadros do mapa de distribuio de tarefas
em anexo (Quadros 2A a 2F) 9
- 10. regras, uma vez que estas foram traadas por todos para
todos. Com o decorrer do tempo comeo a sentir que esta forma de
envolvimento activo no grupo incute neles, claramente,
potencialidades geradoras de um crescimento humano enquanto cidados
inseridos na micro- sociedade que a aula. No tenho dvidas que este
crescimento assenta numa forte aposta no desenvolvimento pessoal e
social de cada um que se concretiza nas mltiplas interaces que so
estabelecidas a vrios nveis, no apenas no mbito da sala de aula,
como tambm nos ambientes que a circundam. No ser, decerto,
exagerado acreditar que este crescimento humano ultrapasse os muros
da Escola e se passe a consumar no conjunto das suas vivncias. O
TRABALHO INDEPENDENTE COMO SUPORTE PARA O DESENVOLVIMENTO DA
EXPRESSO ESCRITA As actividades de trabalho independente tm como
objectivos fundamentais desenvolver nos alunos hbitos de autonomia,
livre escolha e planificao das actividades a realizar. Este tipo de
metodologia activa proporciona-lhes o contacto com diversos
dossiers temticos que, por um lado, abarcam os domnios contemplados
no programa de Lngua Portuguesa e, por outro, pela sua diversidade
de propostas, conseguem ir ao encontro das di- ferentes
expectativas e gostos de todos os elementos. Esto ao dispor dos
alunos, nos dias pr-determinados pela turma, seis dossiers com
actividades de trabalho independente: Dossier de escrita expressiva
e ldica Dossier de actividades de enriquecimento vocabular Dossier
de actividades de ortografia - baseadas nas falhas mais recorrentes
neste mbito Dois dossiers de actividades de funcionamento da lngua
- o primeiro inclui actividades de resoluo mais fcil e o segundo
aponta para actividades com um maior grau de dificuldade Dossier
surpresa A deciso da existncia de dois dossiers de funcionamento da
lngua decorreu da diversidade de conhecimentos nesta rea. Assim,
torna-se mais fcil contemplar as necessidades de todo o grupo. Uma
vez que este trabalho tem por base o despertar para as paixes pela
escrita, vou, neste relato, dedicar mais ateno aos dossiers que
remetem para este domnio: Escrita expressiva e ldica e Dossier
Surpresa. Ambos propem actividades que, de forma divertida, os
levam escrita, como se de mltiplos jogos de palavras se tratasse -
Escrever jogar com as palavras! - H vrios convites escrita,
formulados em jeito de desafios, enigmas ou propostas tentadoras
que abrangem temas variadssimos, como se pode verificar pela
leitura das propostas de trabalho 3 que constituem uma srie de
materiais para trabalho independente no domnio da escrita. Produo
de textos narrativos, partindo de histrias truncadas no inicio ou
no fim; de uma ou vrias imagens, de ttulos que refiram situaes
inverosmeis, entre outras. Produo de textos poticos, partindo de
acrsticos, jogos de palavras ou associaes sugeridas pela mancha de
tinta. O dossier surpresa despertou grande entusiasmo, como era de
prever pelo ttulo que lhe atribu. Predominam, igualmente, desafios
para a escrita, mais engenhosos e inesperados, intercalados por
outras actividades que, embora de forma disfarada, os levam ao
enorme 3 Consultar plano individual de trabalho em anexo (Quadros
3A a 3B) 10
- 11. caldeiro das palavras envoltas em poes e feitios! Com estes
dossiers consegui mais uns aprendizes de feiticeiros das palavras e
as misturas mgicas foram aventuras para os meus olhos vidos dos
enredos encantados das palavras que me conduziram por labirintos
fascinantes de ideias inesperadas, cheias de emoo e talento. Estas
actividades so escolhidas e planeadas pelos alunos com a ajuda de
um Plano Individual de Trabalho, distribudo nos segundo e terceiro
perodos lectivos. Em cada sesso dedicada livre escolha de
actividades, os alunos programam e registam as tarefas que se
comprometem a realizar e, sempre que as concluem, auto-avaliam-nas
informalmente com a marcao de um crculo na quadrcula correspondente
actividade e dia de realizao, utilizando a cor verde quando as
tarefas foram realizadas com sucesso e sem dificuldades de relevo,
ou a encarnada se surgiram dificuldades impossibilitadoras da
realizao da tarefa. Esta situao ocorreu poucas vezes, pois nestes
casos os alunos costumam chamar-me para obterem informaes ou
esclarecerem dvidas. Acontece tambm, embora sem uma ocorrncia
significativa, casos em que os alunos se desinteressam pela
actividade que escolheram desenvolver. Nunca os foro a concluir
essa actividade, pois faz-lo seria contrariar os princpios deste
trabalho independente. natural que esta situao possa ter lugar e
discuti-la com a turma pode ser muito eficaz! Torna-se importante
que os alunos tomem conscincia das escolhas que fazem, no sentido
de verificarem previamente se a tarefa que seleccionaram vai ou no
ao encontro do que esperavam inicialmente. Esta uma maneira de
tirar partido de uma situao que, partida, pode parecer negativa,
transformando-a num tema de discusso que os levar, da vez seguinte,
a um maior critrio na escolha das actividades. A INSERO E
DESENVOLVIMENTO DOS PLANOS DE RECUPERAO NAS AULAS DE TRABALHO
INDEPENDENTE Sendo o trabalho independente uma metodologia
concebida para o desenvolvimento da autonomia, o professor passa a
ter disponibilidade para se dedicar mais activamente aos alunos que
carecem de um apoio mais individualizado que lhes faculte
possibilidades de resoluo das dificuldades que sentem. interessante
referir que o plano de recuperao traado pelo aluno, aps uma reflexo
sobre as suas dificuldades, em colaborao com os colegas que
partilham a mesma situao e com a minha ajuda, sempre que
solicitada. A necessidade de serem os prprios alunos a detectarem
as suas dificuldades, reside na concepo de uma auto-avaliao dos
processos de aprendizagem em fases anteriores do seu percurso e das
falhas que geraram. ento preenchido o quadro das dificuldades
sentidas no momento e delineadas, sempre a partir dos alunos,
tarefas capazes de os ajudar na recuperao das lacunas registadas 4
. Este plano assume a solenidade de um compromisso de trabalho. So
eles os primeiros a admitir que s trabalhando conseguiro
ultrapassar as dificuldades! bom ouvir falar assim! E as tarefas
que cada um, neste grupo de trabalho, definiu vo ser realizadas nas
aulas de trabalho independente, recorrendo aos dossiers onde se
encontram actividades concebidas ou escolhidas para irem ao
encontro das necessidades especficas para a recuperao destes
alunos. O acompanhamento mais pessoal que precisam -lhes dado,
enquanto os outros colegas da turma desenvolvem as tarefas que
escolheram. Por vezes, alguns alunos que cumprem o plano de
recuperao gostam de se lanar nos desafios dos dossiers de escrita
anteriormente referidos, facto que apoio de bom grado, pois 4
Consultar o plano de apoio na sala de aula (Quadro 4). 11
- 12. embora sejam tarefas que, geralmente, exigem competncias de
escrita mais alargadas, estes alunos no so privados de as
realizar... bem pelo contrrio! Para tal, contam com o meu apoio e,
s vezes, com o incentivo e a ajuda de outros colegas. O plano de
recuperao no pode passar apenas pelas actividades definidas para as
aulas de trabalho independente, quando as lacunas de alguns alunos
se revelam muito ao nvel da aquisio de conhecimentos ou competncias
bsicas. O trabalho de casa uma opo que fazemos frequentemente, para
a realizao de pequenos escritos de carcter livre ou orientado,
interpretao de textos ou resoluo de actividades de enriquecimento
vocabular, ortografia ou seces do funcionamento da lngua, capazes
de os ajudar a colmatar lacunas especficas. A atitude de contnuo
investimento nestes alunos revela-se muito compensadora;
baseando-me em dados relativos a este ano lectivo, a grande parte
dos alunos que cumpriu o plano de recuperao no segundo perodo,
conseguiu alcanar os objectivos a que se props. Quanto aos outros,
apenas sete casos num total de quatro turmas, continuam o plano no
terceiro perodo, com boas perspectivas de virem a conseguir atingir
os objectivos traados para eles. O PROJECTO DE ESCRITA NOS ENREDOS
DOS PROJECTOS DE TRABALHO A traduo do programa de Lngua Portuguesa
em propostas para projectos de trabalho um instrumento precioso
para a apresentao dos diversos contedos aos alunos, vertidos em
variadssimas opes para a apropriao desses contedos de forma
autnoma, e por livre escolha. Os alunos dispem de um lote de
propostas, atravs das quais vo envolver-se activa- mente na
construo dos saberes para que apontam as diferentes propostas. No
caso do programa de Lngua Portuguesa muito interessante constatar
que qualquer proposta de trabalho no parcelar ou seccionada, pois
os vrios domnios que integram o programa no podem, enquanto
propostas para projectos, ser tratados de forma estanque, mas
trabalhados sempre de forma interactiva. Ao escolher um projecto de
trabalho, os alunos vo ser os agentes das suas aprendizagens, uma
vez que so eles quem selecciona, pesquisa e investiga, nos vrios
materiais que acompanham cada proposta, os caminhos, as pistas, as
solues para a execuo do projecto. A livre escolha um factor
extremamente motivador, pois possibilita que cada aluno realize o
projecto que mais tem a ver consigo, logo, o que mais lhe
interessa. No tempo reservado ao desenvolvimento dos projectos
tempos definidos por cada grupo em funo das tarefas que vo
desempenhar - h todo um trabalho de planificao da actividade,
sempre apoiado por fichas de organizao e calendarizao do projecto,
passo a passo. Estes instrumentos de orientao facilitam os
trabalhos e, simultaneamente, responsabilizam-nos, pois h datas por
eles definidas para a concluso dos trabalhos e respectiva
apresentao turma. 5 e 6 Tal como no trabalho independente, so os
alunos os agentes de todo o processo, logo os responsveis pelo
cumprimento dos compromissos que estabelecem perante si prprios, o
grupo de trabalho e o professor. Eles assumem a inteira gesto do
tempo das aulas dedicadas aos projectos, ao trabalho independente,
ou ao plano de recuperao, no caso dos alunos que o desenvolvem, que
se concretiza nestas metodologias de trabalho. E, mais uma vez, a
escrita elevada ao papel de fio condutor neste relato. H inmeras 5
Consultar O projecto passo a passo (Quadro 5) 6 Consultar
Apresentao do projecto de trabalho turma (Quadro 6). 12
- 13. propostas de projectos que se materializam pela escrita,
domnio j bem acarinhado pela grande maioria dos alunos. De entre as
propostas destaco as que mais tm a ver directamente com a produo e
divulgao de escritos: Recolher e divulgar produes do patrimnio
literrio oral Organizar e editar o livro com os melhores textos
livres da turma Produzir guies de leitura para obras do atelier
Produzir actividades ldicas para obras de leitura recreativa ou
orientada Fazer o jornal de turma Produzir um texto dramtico e
encen-lo Transformar um texto narrativo em texto dramtico Elaborar
a biografia da turma Integrar a equipa de redaco para apoio ao
jornal da Escola Como tem acontecido em anos anteriores, a preparao
da edio dos melhores textos livres de cada aluno um dos projectos
que mais claramente divulga os objectivos de todos estes percursos
para o prazer da escrita. a etapa final de todo um longo processo
iniciado no comeo do ano lectivo e que decorre no terceiro perodo.
Nesta altura j os alunos esto bem familiarizados com os seus
escritos e com muitos dos escritos dos colegas. A conscincia
colectiva das produes escritas d-lhes conhecimentos sobre os
diversos modos de representar o real ou o imaginrio, sobre os
estilos de escrita, os temas dominantes preocupaes, angstias,
desabafos, descobertas e alegrias num percurso colectivo de
crescimento e enriquecimento do grupo, feito atravs da partilha das
palavras que arrastaram consigo vivncias e mundos to diferentes e,
por vezes, to paralelos. O grupo que assegura este projecto sempre
constitudo por cinco ou seis elementos fixos e outros que se
voluntarizam, quando j realizaram os seus projectos, para com este
grupo colaborar. Este um projecto que exige uma grande concentrao
de esforos, o que explica o envolvimento de mais alunos do que
noutros projectos. H tambm uma grande diversidade de tarefas e,
tratando-se do livro de todos, natural e muito compensador para
mim, o interesse de tantos elementos da turma. Este relato no
ficaria completo se o projecto de edio do livro dos textos dos
alunos no fosse descrito com mais pormenor, j que nele se
concretiza a razo deste meu projecto de relato. Ainda numa fase
inicial do projecto de trabalho de edio surge, quase
imperceptivelmente, a necessidade da escolha dos melhores
testemunhos do percurso de escrita para a preparao da edio que
integrar o texto eleito por cada aluno. Nem sempre a seleco fcil -
o que , sem dvida, um ptimo indcio! - facto que vai desencadear uma
srie de discusses interessantes sobre os escritos. Apoio, com muito
agrado, estes debates acesos, pois so o resultado de um intenso
trabalho, e no seria justo abandon-los escolha quando surgem
dvidas, nesta fase final do processo. Apesar deste projecto ser
desenvolvido por um grupo de trabalho, momentos surgem em que,
espontaneamente, toda a turma se envolve... so, afinal, os textos
deles, fruto de um longo percurso de aprendizagem das palavras e do
gosto por elas. Quando, finalmente, os textos esto seleccionados, o
grupo subdivide-se em pequenas equipas, cuja funo processar os
textos, paginar, arranjar graficamente, fazer acordos com os rgos
de gesto para fornecimento do papel e disponibilizao dos servios de
reprografia, produzir o prefcio que pode ser um texto colectivo
onde se d conta dos aspectos mais empolgantes e mais difceis da
actividade e do modo como decorreu o processo; elaborar o ndice,
conceber a capa e a contra capa, enfim, inmeras tarefas variadas!
Em grupos onde parte dos alunos possuem ou conhecem algum com
computador, tudo 13
- 14. se torna mais fcil. Porm, quando tal no acontece,
encaminho-os para os computadores da escola em perodos de no
utilizao da sala de informtica; geralmente aparecem colaboradores
que prestam ao grupo ajudas de considervel valor. Como esta etapa
demorada, convm que o grupo a inicie em princpios de Maio para que
o finalizar do processo se realize com calma e seja um prazer para
todos. E quando, finalmente, o livro a realidade que cerca o grupo
e a turma, tendo deixado l na penumbra os sonhos que o
materializaram, o entusiasmo reina nos editores e em todos os
autores, nas aulas e fora delas! A GESTO DE UM PERCURSO DE ESCRITA
NO TEMPO Partindo das quatro horas semanais da disciplina de Lngua
Portuguesa no 3 Ciclo e do estabelecimento de actividades fixas
para os diferentes dias de semana, toma-se possvel articular as
actividades descritas anteriormente de modo a dar cumprimento ao
programa. Uma vez que o domnio da escrita possibilita o tratamento
de todos os outros domnios - ouvir, falar, ler e funcionamento da
lngua que atravessa todos eles - em sistema de inter-
relacionamento, a opo por um percurso de escrita no redutora: todos
os domnios so abrangidos e desenvolvidos a partir da escrita. muito
importante criar uma rotina de tarefas a curto prazo. Assim, os
alunos sabem e esperam as actividades e conseguem orientar-se no
tempo. til haver um registo mensal da planificao das tarefas na
parede da sala de aula, registo que feito por um aluno designado
para o efeito no incio de cada ms. Apresento para consulta o mapa
da gesto do tempo do ms de Maro 7 . Estes mapas tm um carcter
flexvel e so formulados no incio de cada ms, de acordo com a
programao conjunta. H actividades que se mantm ao longo do ano
lectivo - Produo de texto livre, apreciao, melhoramento e divulgao
dos textos livres que ocorre mensalmente, em datas previamente
acordadas pelo grupo; atelier de leitura que ocorre quinzenalmente
numa aula de duas horas; actividades de trabalho independente que
se reali- zam semanalmente numa aula de uma hora, projectos de
trabalho que so levados a cabo quinzenalmente, alternando com o
atelier de leitura e, eventualmente, nos dias de trabalho
independente; - esta uma opo que os alunos podem fazer, sempre que
tenham projectos em fase de concluso, ou que comuniquem ao
professor a sua deciso. - Os alunos em programa de apoio educativo,
sob orientao do professor, desenvolvem actividades pro- postas nos
dossiers de trabalho independente ou outras que surjam a propsito e
que vo de encontro das suas necessidades especficas nos dias
destinados ao trabalho independente - (uma vez por semana). Para
alm destas actividades de realizao fixa, os trabalhos para avaliao
directa, como testes, fichas de leitura, apresentao de obras de
leitura recreativa ou outros so calendarizados tambm em conjunto.
No sou partidria de avaliaes surpresa, uma vez que tal prtica no se
enquadra no esprito de equipa e na relao de companheirismo que
fomento nas aulas. Alm deste aspecto, muito importante que os
alunos saibam de antemo as datas destinadas aos momentos de avaliao
para que possam dedicar mais tempo s matrias e expor as suas dvidas
atempadamente. Os projectos de rea-escola so desenvolvidos pelos
grupos de alunos que optem por tais projectos e realizam-se nas
aulas de trabalho independente e ou nas aulas dos projectos de
trabalho. As actividades relacionadas com rea-escola no so
desenvolvidas por toda a turma em simultneo. Os sub-projectos so
apresentados integrados nos projectos de trabalho e apenas
trabalham neles os alunos interessados em desenvolver essas
temticas. Gostaria de sublinhar o carcter participado da gesto do
tempo como alicerce da organizao democrtica da turma. Aos alunos
devem ser propiciadas condies que lhes 7 Consultar mapa de gesto do
tempo (Quadro 7). 14
- 15. permitam ser intervenientes activos no processo educativo e
que lhes mostrem claramente que eles so a razo de ser da planificao
e da calendarizao das actividades; as suas opes e projectos so, de
facto, aspectos de relevo na gesto do tempo. Aparentemente, as
aulas dedicadas s matrias introduzidas pelo professor parecem
escassas. No entanto, no tenho sentido necessidade de alargar o
tempo dedicado s aulas conduzidas exclusivamente por mim. Estas
ocorrem semanalmente, numa aula de uma hora. Sempre que se torna
necessrio, por razes que se prendem com os contedos programticos,
ocupo uma das horas do atelier de leitura, dos projectos ou a hora
do trabalho independente. Esta situao no deve ocorrer com muita
regularidade, uma vez que se os tempos referidos forem
continuamente ocupados pelo professor, os alunos dificilmente
encararo aquelas aulas como deles e dos seus trabalhos. Um factor
coadjuvante na opo por uma hora semanal a concepo em espiral do
programa de Lngua Portuguesa do 3 Ciclo. Muitos dos contedos no
necessitam de ser introduzidos, mas retomados; tais contedos s sero
realmente apreendidos quando passarem a integrar as prticas dos
alunos, e a escrita o ambiente ideal para a consolidao dos contedos
programticos. A aposta numa grande diversidade de propostas de
trabalho s pode resultar e tornar-se vivel se forem dadas aos
alunos oportunidades de livre escolha. No concebvel continuar num
sistema de aula para todos em todos os tempos lectivos de uma
disciplina uma vez que todos os alunos so diferentes, tm gostos e
necessidades diferentes. A nica forma de conciliar tanta
diversidade proporcionar espaos de escolha de actividades, nos
quais cada aluno vai encontrar, decerto, algo que se coaduna com a
sua forma de estar, com as suas dvidas, com as suas necessida- des.
certo que as aulas orientadas pelo professor so necessrias e, por
essa razo, as preservo e fao delas espaos de partilha e divulgao de
contedos novos, de comunicao turma ou de propostas ao grande grupo.
Porm urgente conciliar as aulas do professor e do manual com as
aulas em que os alunos so construtores dos seus saberes. A motivao
dos alunos passa necessariamente pela diversidade de propostas que
lhes so oferecidas. S possvel gerir um percurso de escrita no tempo
de um ano lectivo quando as actividades sugeridas propiciam e
potencializam a escrita, e quando so realizadas de forma continuada
e com carcter sistemtico. A gesto de tempo apresentada s pode ser
encarada como modelo de consulta, uma vez que cada turma e cada
professor so nicos, assim como as suas opes e as suas estratgias de
gesto de tempo. O FECHAR DE UM CICLO Enfeitiar com as palavras e
lan-las ao solo de cada um Foram muitas as etapas conquistadas com
passos pequeninos que nem sempre rumaram firmes e decididos ao
objectivo final; momentos houve de. desnimo, cansao, quase
frustrao, mas a vontade prevaleceu e contagiou tudo e todos,
arrastando as indecises e os impasses na voragem imparvel das
palavras que queriam sair rua. Acredito que se cumpriu o desgnio
que todos nos propusemos alcanar: a partilha das horas das palavras
enredadas pelos seus prprios feitios que graas a eles e a muitos
outros encantaram, difundiram e desenvolveram o gosto pelas
palavras escritas, talvez j despidas de feitios... porque deixaram
a penumbra dos desejos e tornaram-se reais... E foi assim, palavra
a palavra, ideia a ideia, que o gosto pela escrita foi germinando.
Ao princpio o solo era rido, quase estril, imerso nas incertezas
que o impossibilitavam de vir a dar fruto. Mas com palavras o solo
foi preparado, arado com vontades tmidas que foram pouco a pouco
envolvidas de fora e confiana, permitindo que a semente, outrora
frgil e desprotegida, se arreigasse ao solo enfeitiado e sequioso
de ser envolto pelos desejos 15
- 16. secretos de sentir nele as razes da semente. L ficou,
rodeada de sonhos, aconchegada de ideias, para tempos depois
despontar... j no apenas uma semente enfeitiada pelo aconchego do
solo, cheia de palavras amalgamadas, mas um universo delas criado,
somente espera de ser colhido e partilhado por outros semeadores ou
feiticeiros! 16
- 17. MATERIAIS DIDCTICOS: INSTRUMENTO DE PILOTAGEM CDIGO DE
CORRECO NEGOCIADO COM UMA TURMA pontuao * falha ortogrfica //
pargrafo ~ palavra ou expresso mal escolhida C. V. concordncia
verbal M. V. modo verbal T. V. tempo verbal Rep. repetio de
palavras ou ideias 17
- 18. LNGUA PORTUGUESA Mapa de distribuio de tarefas Responsveis
Recolha de textos e organizao do dossier de textos livres
Responsveis Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Maro Abril
Maio Junho Comisso de apreciao e crtica dos textos livres Outubro
Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Maro Abril Maio Junho 18
- 19. Atelier de Leitura 1 Perodo 2 Perodo 3 Perodo Bibliotecrios
Tesoureiro Animadores Verificao de estado de conservao dos livros
do atelier 2 e 3 Perodos Superviso e arrumao da sala Outubro
Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Maro Abril Maio Junho
Distribuio e arrumao dos dossiers T.I. 2 e 3 perodos 19
- 20. PLANO INDIVIDUAL DE TRABALHO LNGUA PORTUGUESA 2. PERODO
Nome..............................................................
N. ......................... Turma.................... Proponho-me
desenvolver as seguintes tarefas: Janeiro Fevereiro Maro/Abril 24
31 7 14 21 7 14 21 28 4 Resolver uma ficha Dificuldades ortogrficas
Produzir um texto livre suplementar Aperfeioar um texto (prprio ou
de outro aluno) Fazer uma ficha de funcionamento da lngua Ler um
conto e preencher a ficha de leitura Realizar uma tarefa Escrita
expressiva e ldica Fazer uma actividade surpresa Apoio a colegas
Outros trabalhos 20
- 21. PLANO INDIVIDUAL DE TRABALHO LNGUA PORTUGUESA 3 PERODO
Nome..............................................................
N. ......................... Turma.................... Proponho-me
desenvolver as seguintes tarefas: Maio Junho 2 4 9 14 21 7 8 13
Projectos de trabalho Escrita expressiva e ldica Questes de
ortografia Melhoramento de texto Actividade surpresa Enriquecimento
vocabular Apoio a colegas ou a grupos Outros trabalhos 21
- 22. Auto-avaliao do plano de trabalho: Opinio da professora:
22
- 23. PROGRAMA DE APOIO EDUCATIVO LNGUA PORTUGUESA 2. PERODO
Nome..............................................................
N. ......................... Turma.................... Sinto
dificuldades em: O que vou fazer para recuperar? Dificuldades que
senti ao cumprir as tarefas: Progredi nos seguintes aspectos:
Opinio da professora: 23
- 24. O PROJECTO PASSO A PASSO Queremos fazer: Precisamos de:
Planificao do projecto: O projecto em auto-anlise: Aspectos
positivos Aspectos negativos Dificuldades Aprendemos com este
projecto a: Opinio da professora: 24
- 25. Apresentao do Projecto de Trabalho Turma 1. O nosso grupo
prev ter a comunicao pronta em ____/____/____. 2. Cada elemento do
grupo assume as tarefas a seguir designadas, no dia da comunicao:
Comunicao oral Apresentao de cartazes Explicao de acetatos
Dramatizao Distribuio de material Apresentao de um convidado Outras
tarefas 3. Organizao das intervenes: 1.
_____________________________ _________________________________ 2.
_____________________________ _________________________________ 3.
_____________________________ _________________________________ 4.
_____________________________ _________________________________ 4.
O grupo deve organizar um pequeno questionrio para distribuir turma
aps a comunicao a fim de verificar se os colegas aperceberam e se
gostaram ou no. N.B. Reunam-se atempadamente com a professora para
lhe explicarem como vo organizar a vossa comunicao e mostrarem os
materiais que vo utilizar. 25
- 26. Aula de 1 hora Aula de 2 horas Aula de 3 horas 2 de Maro
Projectos de Trabalho 7 de Maro 9 de Maro 10 de Maro Trabalho
Independente Atelier de Leitura As categorias da narrativa Programa
de Apoio Educativo Comentrio aos textos livres de aplicadas ao
conto A Estrela Fevereiro Divulgao Melhoramento de texto 14 de Maro
16 de Maro 17 de Maro Trabalho Independente Projectos de Trabalho
rea- Classes de Palavras Programa de Apoio Educativo Escola
Sistematizao a partir do conto A Estrela 21 de Maro 23 de Maro 24
de Maro Trabalho Independente Atelier de Leitura Produo de texto
orientado a Programa de Apoio Educativo Animao do Atelier com
partir da parte final do conto A leitura expressiva de textos
Estrela poticos relativos Primavera 28 de Maro 30 de Maro 31 de
Maro Trabalho Independente Projectos de Trabalho Entrega e
comentrio aos textos rea-Escola rea-Escola orientados Programa de
Apoio Educativo Melhoramento de texto 26
- 27. MATERIAIS DIDCTICOS: ACTIVIDADES DO DOSSIER SURPRESA O SER
ACABADO DE CRIAR (trabalho de par) Actividades: 1. Escrever, num
papel, sem que o outro veja, 4 partes do corpo de animais e/ou do
ser humano. 2. Revelar ao outro o que cada um indicou. 3. Desenhar,
rapidamente, um ser constitudo pelas oito partes. 4. Elaborar a
ficha pessoal do ser acabado de criar, seguindo os tpicos: a) Nome
e) Habitat b) Idade f) Hbitos alimentares c) Peso g) Hbitos sociais
d) Altura h) Voz 5. Produzir uma histria fantstica, na qual o ser
que criaram seja a personagem principal. S preciso imaginao e
fantasia! NA MQUINA DO TEMPO No sofisticado laboratrio de um
cientista prestigiado, a mais querida inveno de todos os tempos
estava prestes a ser inaugurada... s faltava algum com a coragem
necessria para l dentro se instalar, escolher a poca pretendida
e... carregar no boto mgico da partida. Actividade: Aceitas ser o
primeiro passageiro? claro que sim! No esperava outra resposta! S
te peo uma coisa: regista tudo o que sentires, vires e ouvires.
Quero ser a primeira a saber os pormenores dessa to arriscada
aventura! Realmente, s tu!!! 27
- 28. A NOITE DAS BRUXAS Todos os anos, na noite de 31 de
Outubro, celebra-se o magnfico reino de todas as bruxas e
feiticeiras, duendes e fantasmas, almas perdidas e magos
encantados... Todas as estranhas figuras que povoam o nosso
imaginrio fantstico saem, alvoraadas, para viver essa noite de
todas as loucuras e extravagncias. Actividade: Este ano vou
oferecer-te um convite para essa festa fantstica, onde tudo pode
acontecer! Vai preparado! Estas criaturas vivem um ano inteiro numa
nica noite. Sei que te vais divertir muito. Depois, quanto te
recompuseres das enormes surpresas que esta noite te reserva,
espero avidamente que me contes as tuas impresses. SE PROMETERES...
Se prometeres no dizer nada a ningum em toda a tua vida. Prometo.
Ningum saber, nem num milho de anos. Marc Twain, Tom Sawyer
Actividade: Produz um texto narrativo, cujas primeiras linhas so as
que acima transcrevi. No te esqueas que tem de se tratar de um
enorme segredo ... e de uma imensa promessa. Bom trabalho! 28
- 29. O LUAR QUANDO BATE NA RELVA O luar quando bate na relva No
sei que cousa me lembra Lembra-me a voz da criada velha Contando-me
contos de fadas. E de como Nossa Senhora vestida de mendiga Andava
noite nas estradas Socorrendo as crianas maltratadas... Se eu j no
posso crer que verdade, Para que bate o luar na relva? Fernando
Pessoa - Obra Potica Actividades: 1. Faz um levantamento de
adjectivos para a palavra luar. 2. O que te lembra o luar? 3. E
agora um desafio!... Faz um poema com as ideias que recolheste! OS
VELHOS E SBIOS MANDARINS H muitas e muitas centenas de anos, os
velhos e sbios mandarins da China estiveram quase, a ir lua. - E
por que no foram? - perguntam vocs, certamente admirados. Isso j
vamos saber pela histria que aqui trago para contar. Actividade:
Estou espera da histria prometida dos velhos e sbios mandarins da
China que estiveram quase, quase a ir lua... E que me disseram que
te tinham contado a histria e eu estou cheia de curiosidade...
Partilha-a comigo! ACONTECIMENTO BOMBSTICO Actividade: Um grande,
inesperado e inslito caso ocorreu nesta escola... Imagina-o cheio
de pormenores e detalhes quase inexplicveis! E tu vais ser o
implacvel detective cuja misso descobrir o estranho caso! Mune-te
de todas as manhas, de todas as bagagens, de todas as percias... Um
detective do teu gabarito no pode deixar por terra to importante
investigao. Conto contigo! 29
- 30. ERA UMA VEZ... Era uma vez um cavaleiro determinado, um
castelo assombrado, uma bruxa assustada, uma princesa aprisionada,
um bando de piratas mal barbados, um navio afundado, um tesouro
nunca achado. Era uma vez uma histria de encantar! Actividade:
Agora a tua vez de engendrar uma histria mgica cheia de duendes e
bosques encantados, de esconderijos, mares, marinheiros, tesouros e
piratas. Tens em ti o dom da imaginao e vais faz-lo melhor do que
alguma vez imaginaste ser capaz! ESCALADA AO MONTE EVERESTE So
precisos rios de energia fsica e muita determinao para uma aventura
desta natureza! Tambm necessrio um bom equipamento para te
protegeres dos rigores do frio e um bloco de notas para registares
os pormenores desta aventura cheia de aco e emoo! Actividade: Agora
que regressaste e cumpriste a tua aventura imaginria, s te falta
reunir as notas que recolheste e orden-las para resumires a tua
escalada ao Monte Evereste. PLANETA TERRA EM PERIGO J no novidade
nenhuma para ningum. A terra est mergulhada em ondas de poluio que
vo devastando tudo o que encontram. O grande problema que as solues
implicam uma viragem radical no modo de pensar das pessoas, o que
no possvel num curto espao de tempo! E a Terra est a morrer aos
poucos. Actividade: Faz um texto em que apelas conscincia das
pessoas de todo o planeta para que parem de destruir o nico local
que temos para viver. Arranja um slogan e at podes fazer um cartaz!
30
- 31. DIRIO DE BORDO Nave espacial Voyager Esta uma misso
invulgar. A nave espacial Voyager deixou a rbita terrestre para
seguir a rota de um estranho chamamento... Subitamente as
profundezas do espao foram iluminadas por uma esteira de luz que
encaminha magicamente a Voyager para alm das galxias conhe- cidas.
Tu ias a bordo da Voyager quando aconteceu o estranho chamamento
que conduziu a nave para o abismo do desconhecido. Proponho-te que
faas o dirio de bordo, se a inspirao te ajudar. Se achares que um
dirio implica muita informao, podes optar por uma pgina do dirio
para que eu possa imaginar as sensaes que viveste. Bom trabalho!
MEMRIAS DE INFNCIA Actividade: Vou dar-te as primeiras linhas de
uma histria e, a partir da situao exposta, vais inventar o que
falta: o desenvolvimento da narrativa e o seu desfecho. Um rudo
agradvel acordava-me todas as manhs: o av Markus batia um ovo na
chvena. Regalada, eu cruzava os braos, debaixo da cabea, esticava o
corpo at s pontas dos ps e escutava... P.S. Estou curiosssima para
ver at onde foi a tua imaginao.. A FEITICEIRA DAS PALAVRAS H muitos
e muitos anos, em terras envoltas de nevoeiro e magia, encontrei
uma estranha criatura que dizia ser a feiticeira das palavras.
Viajava eu num veleiro rumo a Inglaterra quando... Actividade: No
sto poeirento da velha casa da minha tia-av encontrei uma folha
amarelecida dentro de um dirio de viagem, onde estavam escritas
aquelas misteriosas palavras. No consegui encontrar o resto desta
histria, mas o incio promete aventuras fantsticas e diferentes.
Continua viagem naquele veleiro para poderes contar os segredos da
feiticeira das palavras! 31
- 32. A VIAGEM DA SEMENTE Actividade: Serias capaz de viver a
aventura de uma semente, como se a tua vida se transferisse para a
vida dela? Este um desafio que apela tua imensa criatividade e fars
decerto uma viagem cheia de alegria e pormenores inesperados pela
mo da semente que vai germinar. Conta a aventura da semente como s
tu sabers contar! NO FUNDO DO MAR Actividade: Pensa neste reino
desconhecido e d-o a conhecer pela mo da tua imaginao. Fala das
suas espcies, das suas grutas e corais, da areia fina, dos seus
mistrios... Ou, se preferires, imagina uma grande aventura nesse
espao imenso! Que mistrios revelaro as tuas palavras? Quero tanto
conhecer o fundo do mar! VORA J te apercebeste do grande privilgio
que viver nesta cidade lindssima, patrimnio mundial da humanidade?
Actividade: Produz um texto narrativo ou potico sobre esta cidade
encantadora, rodeada de vastas plancies douradas que a cercam com
ternura. O cenrio espectacular e tu podes tirar o maior partido da
beleza que te rodeia para contares como sentes este lugar ao sul.
32
- 33. FESTA NO PAO REAL Estamos a 20 de Abril de 1585, dia em que
recebeste o convite para a festa real de 15 de Maio no Palcio de D.
Manuel, o mais importante acontecimento da corte. Actividade:
Conta-me como foi, desde os preparativos festa. No te esqueas de
viajar no tempo, pois a tua narrao dever ser fiel poca. P.S. No
havia luz elctrica, nem automveis, nem lojas de pronto-a-vestir,
sapatarias ou cabeleireiros. Imagina-te nesse tempo. Vai ser muito
divertido! UM PASSEIO DE BICICLETA to bom, nas manhs frescas da
Primavera chamar os amigos, pegar na bicicleta e partir campo fora
com uma merenda num cesto e tantos desejos de aventura! Actividade:
Vive um desses dias de lazer e prazer no campo, na companhia de
quem mais gostas e conta-me como foi. Podes chegar bem tarde... o
limite a meia-noite! UM PASSEIO DE BALO J imaginaste o que ser
passear de balo sobre as lindssimas plancies alentejanas?! E ver
castelos envolvidos por searas ondulantes... Deve ser uma
experincia inesquecvel! Actividade: De facto a nossa imaginao pode
levar-nos a todas as experincias, tempos e locais. Desta vez a
imaginao voa de balo contigo! Quero muito saber as aventuras que
viveste em balo!!! 33
- 34. UM PASSEIO NOS RECIFES DE CORAL DOS MARES DO SUL Que ttulo
to sugestivo! Pensaro aqueles que adoram e sonham viajar por todo o
mundo para viver experincias mirabolantes!... Actividade: Se gostas
de viajar, se gostas de mar, se gostas de imaginar s pegar num
papel e comear ajuntar as palavras de sonho que fios faro viajar
pelos recifes de coral dos mares do sul. A MOURA ENCANTADA E A
SEREIA PERDIDA Actividade: Achas que serias capaz de inventar uma
histria apenas pela sugesto do ttulo que te dou? um desafio
agradvel, pois vais ter toda a liberdade para imaginar enredos e
aventuras! A MENINA DA GRINALDA E a menina ri. Senta-se de novo
debaixo de uma laranjeira. Tem ainda uma grinalda de flores brancas
nos cabelos negros. E o livro est fechado sobre o avental de
flores. O livro de poemas. Actividade: Quem seria esta menina
misteriosa? Por que se riu ela? Quem lhe teria oferecido a grinalda
de flores brancas? Por que razo est o livro fechado? Porqu um livro
de poemas? Contaram-me que a conhecias bem e que tinhas histrias da
menina para contar. Gostarias de partilhar uma dessas histrias
comigo? Ou, simplesmente, revelar os enigmas atrs apontados? Fica
espera! 34
- 35. A VIAGEM DOS MEUS SONHOS Actividade: Podes levantar-te,
dirigir-te ao mapa mundi que est pendurado na nossa sala e escolher
o itinerrio para o lugar ou lugares que mais gostasses de visitar.
Depois faz um esquema do teu roteiro e regressa tua mesa de
trabalho, onde os sonhos te aguardam para partires carregado de
palavras e imaginao. Boa Viagem! P.S. S quero de presente as tuas
palavras. 35