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1º REVISÃO DE SILVER SHADOW
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CAPÍTULO 1
SIDNEY
Eu acordei para a escuridão.
Isso não era nenhuma novidade, visto que venho acordando para a escuridão
nos últimos… bem, não sabia quantos dias. Poderia ser semanas ou até
meses. Eu perdi a noção do tempo nesta pequena e gelada cela, com apenas
um duro chão de pedra como cama. Meus captores me mantiveram acordada
ou dormindo, a seu critério, com a ajuda de alguma droga que deixou
impossível a contagem dos dias. Por um tempo, eu tive certeza de que
estavam deslizando-o para mim pela água ou comida, então entrei em greve de
fome. A única coisa que consegui foi uma alimentação forçada – algo que
nunca, nunca quero experimentar novamente – e nenhuma escapatória da
droga. Eu finalmente compreendi que estavam colocando-a através do sistema
de ventilação, e diferentemente da comida, eu não poderia entrar em greve de
ar.
Por um tempo, tive a ideia fantástica de que eu poderia acompanhar o tempo
através do meu ciclo menstrual, a maneira como as mulheres das sociedades
primitivas se sincronizavam pela lua. Meus captores, proponentes de limpeza e
eficiência, tinham até provido produtos de higiene feminina para quando a hora
chegasse. O plano falhou também, entretanto. Sendo abruptamente afastada
das pílulas de controle de natalidade na hora da minha captura resetou todos
os meus hormônios e jogou meu corpo em ciclos irregulares que tornou
impossível medir qualquer coisa, especialmente quando combinado com minha
falta de sono. A única coisa da qual poderia ter certeza era de que não estava
grávida, o que foi um grande alívio. Se eu tivesse o filho de Adrian para me
preocupar, os Alquimistas teriam poder ilimitado sobre mim. Mas era apenas eu
neste corpo e eu poderia aguentar o que quer que me jogassem. Fome, frio.
Não importava. Eu me recusava a deixá-los me quebrar.
“Você pensou sobre os seus pecados, Sydney?”
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A voz metálica e feminina reverberou pela pequena cela, parecendo vir de
todas as direções de uma vez. Eu me puxei até uma posição sentada, puxando
minha áspero túnica para os joelhos. Mais um hábito que qualquer coisa. A
peça sem mangas era fina como um papel e não oferecia calor algum. A única
coisa que provia era um senso de modéstia psicológico. Eles o haviam me
entregado a meio caminho do meu cativeiro, dizendo ser um gesto de
benevolência. Na realidade, eu acho que os Alquimistas apenas não
conseguiriam lidar comigo lá nua, especialmente quando eles viram que não
conseguiriam o que esperavam comigo.
“Eu dormi” eu disse, sufocando um bocejo “Sem tempo para pensar”. A droga
no ar parecia me deixar sempre sonolenta, mas eles também me mandavam
algum estimulante que desse certeza de que eu ficaria acordada quando eles
queriam, não importava o quão cansada eu estivesse. O resultado era que eu
nunca estava completamente descansada – já que essa era sua intenção.
Guerra psicológica funcionava melhor quando a mente estava cansada.
“Você sonhou?” perguntou a voz. “Você sonhou com redenção? Você sonhou
com como seria ver a luz novamente?”
“Você sabe que não.” Eu estava estranhamente falante hoje. Eles me faziam
essas perguntas todo o tempo, e algumas vezes eu apenas ficava em silêncio.
“Mas se você quiser para de me alimentar com aquele sedativo por um tempo,
talvez eu durma realmente e tenha sonhos para que possamos conversar
sobre.
Mais importante, tendo uma noite de verdade que fosse livre das drogas
significava que Adrian seria capaz de me contatar nos meus sonhos e me
ajudar a sair desse buraco do inferno.
Adrian.
Ele era a razão de eu ser capaz de sobreviver nesta prisão.
E ele também era a razão de eu estar aqui em primeiro lugar.
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“Você não precisa do seu subconsciente para lhe dizer o que seu consciente já
sabe.” A voz me disse. “Você está contaminada e impura. Sua alma está
envolta em trevas e você pecou contra o seu próprio tipo.”
Eu suspirei para esta velha retórica, e mudei de posição tentando ficar mais
confortável, embora fosse uma batalha perdida. Meus músculos estavam em
um estado eterno de rigidez há anos já. Não havia nenhum conforto em ser
encontrada nesta situação.
“Deve te entristecer” a voz continuou “saber que você quebrou o coração de
seu pai.”
Essa era uma nova abordagem, uma que me pegou de baixa guarda o
suficiente para responder sem pensar “Meu pai não tem coração.”
“Ele tem, Sydney. Ele tem.” A não ser que estivesse errada, a voz soou um
pouco satisfeita por ter me atingido. “Ele lamenta muito a sua queda.
Especialmente quando você se mostrava uma promessa para nós e nossa luta
contra o mal.”
Eu deslizei mais para que pudesse me encostar à parede rudemente cortada.
“Bem, ele tem uma outra filha que é muito mais promissora agora, então tenho
certeza de que ele irá superar.”
“Você quebrou o coração dela também. Ambos estão mais aflitos do que você
possa imaginar. Não seria bom se você se reconciliasse com eles?”
“Você está me oferecendo esta chance?” Perguntei cautelosamente.
“Nós temos lhe oferecido esta chance desde o começo, Sydney. Apenas diga
as palavras, e iremos começar alegremente seu caminho para a redenção.”
“Você está dizendo que isto não foi parte?”
“Isto foi parte do esforço para te ajudar a limpar sua alma.”
“Certo” eu disse. “Ajudando-me através de fome e humilhação.”
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“Você quer ver sua família ou não? Não seria legal sentar e conversar com
eles?”
Eu não respondi e ao invés tentei entender que jogo estava sendo jogado. A
voz havia me oferecido muitas coisas ao meu cativeiro, a maioria deles objetos
de conforto – calor, cama macia, roupas de verdade. Havia sido oferecida
outras recompensas também, como o colar de cruz que Adrian havia feito para
mim e comida de longe mais substancial e apetitosa que a sopa de aveia com
a qual me deixavam viva. Eles até tentaram me deixar tentada com o último
canalizando aroma de café. Alguém – possivelmente da família que se importa
tanto comigo – deve tê-los dado pistas de minhas preferências.
Mas isso… a chance de ver e falar com as pessoas era algo totalmente novo
junto. Admitidamente, Zoe e meu pai não eram exatamente o topo da minha
lista de quem gostaria de ver agora, mas era o alcance maior daquilo que os
Alquimistas estavam me oferecendo que me interessava: uma vida fora desta
cela.
“O que eu teria que fazer?” Eu perguntei.
“O que você sempre soube que teria que fazer,” respondeu a voz. “Admitir sua
culpa. Confessar seus pecados e admitir que você está pronta para se redimir.”
Eu quase disse, Eu não tenho o que confessar. Foi o que eu disse a eles
centenas de vezes antes disso. Talvez até milhares de vezes. Mas eu ainda
estava intrigada. Encontrar outras pessoas significava que eles teriam que
parar de envenenar o ar… certo? E se eu pudesse escapar disso, poderia
sonhar…
“Eu digo essas palavras, e eu posso ver minha família?”
A voz estava irritantemente condescendente “Não imediatamente, é claro. Terá
que ser merecido. Mas você estará apta a seguir para o próximo estado de sua
recuperação.”
“Reeducação,” eu disse.
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“Seu tom faz parecer algo ruim,” disse a voz “Nós fazemos isso para ajudar
você.”
“Não, obrigada.” Eu disse. “Estou começando a me acostumar com esse lugar.
Uma pena deixa-lo.”
Isso, e eu sabia que reeducação era onde a verdadeira tortura começaria.
Claro, talvez não seja um desafio físico como este, mas era onde eles são mais
afiados no controle da mente. Essas condições difíceis foram configurações,
para que eu me sinta fraca e indefesa, então eu seria suscetível quando eles
tentarem alterar minha mente na reeducação. Para que eu ficasse grata e
agradecesse a eles por isso.
E, no entanto, eu não conseguia afastar esse pensamento mais uma vez, que
se eu saísse daqui, eu poderia estar em uma posição para dormir e sonhar
normalmente de novo. Se eu pudesse fazer contato com Adrian, tudo poderia
mudar. No mínimo, eu saberia que ele estava bem… se eu sobrevivesse a
reeducação em si. Eu poderia fazer suposições para o tipo de manipulação
psicológica que eles tentariam em mim, mas não tinha certeza. Será que eu o
suportaria? Eu poderia manter minha mente intacta, ou se eles me voltariam
contra todos os meus princípios e entes queridos? Esse era o risco de deixar
esta cela. Eu também sabia que os Alquimistas tinham drogas e truques para
fazer seus comandos “grudarem”, por assim dizer, e embora eu provavelmente
estivesse protegida contra eles, graças ao uso habitual de magia antes eu ter
sido presa, o medo de que eu ainda poderia ser vulnerável me assustava. A
única forma certeira que eu conhecia para se proteger contra a compulsão
deles foi através de uma poção que eu tinha feito uma vez e utilizada com
sucesso em um amigo, mas não em mim mesma.
Outras reflexões foram colocados em espera enquanto eu sentia fadiga me
inundar. Aparentemente, essa conversa tinha acabado. Eu sabia o suficiente
agora para não lutar e me estiquei no chão, deixando o sono grosso, sem
sonhos me inundar, enterrando pensamentos de liberdade. Mas antes que a
droga me derrubasse, eu disse o nome dele na minha mente, usando-o como
uma referência para me manter forte.
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Adrian…
Acordei em um tempo indeterminado depois e encontrei comida na minha cela.
Foi o mingau de costume, algum tipo de cereal quente de caixa que
provavelmente foi fortificado com vitaminas e minerais para manter a minha
saúde elevada, tal como era. Chamá-lo de “cereal quente” pode ter sido
generoso, no entanto. “Morna” era mais adequado. Eles tiveram que fazê-lo tão
não apetitosa quanto possível. Sem gosto ou não, eu comia automaticamente,
sabendo que eu precisava manter a minha força para quando eu saísse daqui.
Se eu sair daqui.
O pensamento traidor surgiu antes que eu pudesse impedi-lo. Era um medo
antigo que incomodava nas beiradas, a possibilidade aterrorizante que eles
poderiam me manter aqui para sempre, que eu nunca iria ver qualquer uma
das pessoas que eu amava de novo – sem Adrian, sem Eddie, sem Jill, sem
qualquer um deles. Eu nunca iria praticar magia novamente. Eu nunca leria um
livro de novo. Esse último pensamento particularmente me atingiu forte hoje,
porque tanto quanto sonhar acordada com Adrian me carregava através
dessas horas escuras, eu teria matado para ter algo tão banal quanto um
romance qualquer para ler. Eu teria me contentado com uma revista ou
panfleto. Qualquer coisa que não fosse escuridão e aquela voz.
Seja forte, eu disse a mim mesma. Seja forte para si mesma. Seja forte para
Adrian. Ele faria menos para você?
Não, ele não faria. Onde quer que estivesse, se ele ainda estava em Palm
Springs ou tinha se mudado, eu sabia que Adrian nunca desistiria de mim, e eu
tinha que corresponder. Eu tinha que estar pronta para quando estivermos
juntos. Eu tinha que estar pronta para quando estivermos reunidos.
Centrum permanebit. As palavras latinas brincaram na minha mente,
fortalecendo-me. Traduzido, elas significava, “O centro vai permanecer” e eram
um verso de um poema que Adrian e eu tínhamos lido. Nós somos o centro
agora, pensei. E eu e ele iremos permanecer, não importa o quê.
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Eu terminei minha refeição escassa e em seguida tentei fazer uma lavagem
rápida na pequena pia no canto da cela, sentindo o meu caminho no escuro
para onde existia um pequeno banheiro. Um verdadeiro banho ou ducha estava
fora de questão (embora eles tivessem usado isso como isca antes também), e
eu tive que me limpar diariamente (ou o que eu achava que era diariamente)
com uma toalha áspera e água fria que cheirava a ferrugem. Era humilhante,
sabendo que eles estavam assistindo com suas câmeras de visão noturna,
mas ainda era mais digno do que ficar sujo. Eu não lhes daria essa satisfação.
Eu permaneceria humana, mesmo que isso fosse a própria questão sobre o
que eles estavam me questionando.
Quando eu estava limpa o suficiente, eu me enrolei de volta contra a parede,
os meus dentes batendo enquanto a minha pele molhada tremia no ar frio.
Será que eu nunca ficaria quente de novo?
“Falamos com seu pai e sua irmã, Sydney”, disse a voz. “Eles ficaram tão
tristes em saber que você não queria vê-los. Zoe chorou.”
Internamente, eu estremeci, lamentando que eu tinha participado da última vez.
A voz agora pensava que esta tática familiar teve alguma influência sobre mim.
Como eles poderiam pensar que eu gostaria de me relacionar com as pessoas
que tinham me prendido aqui? A única família que eu talvez poderia querer ver
– minha mãe e minha irmã mais velha – provavelmente não estavam na lista de
visitantes, especialmente se o meu pai tinha começado o seu caminho em seus
processos de divórcio. Esse resultado na verdade era algo que eu teria gostado
de ouvir falar, mas de jeito nenhum eu deixaria escapar isso.
“Você não se arrepende da dor que causou a eles?”, perguntou a voz.
“Eu acho que Zoe e papai devem lamentar a dor que me causaram, “ eu rebati.
“Eles não queriam causar-lhe dor.” A voz estava tentando ser calmante, mas
principalmente eu queria dar um soco em quem estava por trás disso – e eu
não era o tipo de pessoa geralmente dada à violência. “Eles fizeram o que
fizeram para ajudá-la. Isso é tudo o que estamos tentando fazer. Eles
adorariam a chance de falar com você e explicar por si mesmos”.
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“Tenho certeza de que sim”, eu murmurei. “Se você falou com eles mesmo.” Eu
me odiava por me envolver com meus captores. Este foi o máximo que eu tinha
falado com eles há algum tempo. Eles tinham que estar adorando.
“Zoe nos perguntou se estaria tudo bem se ela lhe trouxesse um vanilla latte
sem gordura quando ela visitasse. Dissemos a ela que estaria. Estamos todos
dentro para uma visita civilizada, para que você possa se sentar e realmente
falar, para que sua família e especialmente a sua alma possam se curar.”
Meu coração batia rápido, e não tinha nada a ver com a atração de café. A voz
estava confirmando mais uma vez o que tinha sido sugerido antes. Uma visita
real, sentada, tomando café… que tinha que acontecer fora desta cela. Se
qualquer coisa dessa fantasia fosse mesmo verdade, não havia nenhuma
maneira de que iriam trazer o meu pai e Zoe aqui – não que vê-los fosse o meu
objetivo. Sair daqui era. Eu ainda afirmava que eu poderia ficar aqui para
sempre, que eu poderia aguentar o que lançassem em mim. E eu podia. Mas o
que eu estava realizando? Tudo o que se mostrou foi a minha própria
resistência e rebeldia, e enquanto eu estava orgulhosa dessas coisas, eles não
estavam me deixando mais perto de Adrian. Para chegar ao Adrian, para ter o
resto dos meus amigos… Eu precisava sonhar. Para sonhar, eu precisava ficar
longe desta existência drogada.
E não apenas isso. Se eu fosse a algum lugar que não fosse uma pequena
cela escura, eu talvez poderia ser capaz de trabalhar em magia novamente. Eu
poderia ter uma pista sobre onde no mundo eles tinham me levado. Eu poderia
ser capaz de me libertar.
Mas primeiro eu tinha que sair desta cela. Eu pensei que eu era corajosa em
ficar aqui, mas, de repente, eu me perguntava se sair era o que realmente
testaria minha coragem.
“Você gostaria disso, Sydney?” A menos que eu estivesse enganada, havia
uma ponta de animação na voz – quase uma ânsia – que contrastava com o
tom altivo e arrogante que eu tinha aprendido a me acostumar. Eles nunca
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despertaram tanto interesse de mim. “Gostaria de começar os primeiros passos
para purgar sua alma – e ver a sua família?”
Há quanto tempo eu definhava nesta cela, entrando e saindo de uma
consciência agitada? Quando eu senti o meu torso e braços, eu poderia dizer
que eu tinha perdido uma quantidade considerável de peso, o tipo de perda de
peso que levava semanas. Semanas, meses… Eu não tinha idéia. E enquanto
eu estava aqui, o mundo se estava girando sem mim – um mundo cheio de
pessoas que precisavam de mim.
“ Sydney?”
Não querendo parecer ansiosa demais, eu tentei enrolar. “Como é que eu sei
que posso confiar em você? Que você vai me deixar ver a minha família se
eu… começar esta viagem?”
“Maldade e trapaça não são os nossos caminhos”, disse a voz. “Nós confiamos
na luz e na honestidade.”
Mentirosos, mentirosos, pensei. Eles haviam mentido para mim durante anos,
dizendo-me que boas pessoas eram monstros e tentando ditar a maneira que
eu vivia a minha vida. Mas isso não importava. Eles poderiam manter sua
palavra ou não sobre a minha família.
“Eu teria… uma cama de verdade?” Eu consegui fazer a minha voz engasgar
um pouco. Os Alquimistas tinham me ensinado a ser uma excelente atriz, e
agora eles veriam seu treinamento colocados em ação.
“Sim, Sydney. A cama de verdade, roupas de verdade, comida de verdade. E
as pessoas com quem falar – as pessoas que vão ajudá-la se você só vai
ouvir”.
Essa última parte selou o acordo. Se eu fosse para ser colocada regularmente
em torno de outros, com certeza eles não poderiam continuar drogando no ar.
Como era, eu podia sentir-me ficar especialmente alerta e agitada agora. Eles
estavam injetando aquele estimulante, algo que me faria ansiosa e querer agir
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precipitadamente. Foi um bom truque em uma mente gasta e frágil, e ele
estava funcionando – apenas não como eles tinham esperado.
Por força do hábito, eu coloquei minha mão sobre minha clavícula, tocando
uma cruz que não estava mais lá. Não deixe que eles me mudem, eu orei em
silêncio. Deixe-me manter minha mente. Deixe-me suportar tudo o que há para
vir.
“Sydney?”
“O que eu tenho que fazer?”, perguntei.
“Você sabe o que tem que fazer”, disse a voz. “Você sabe o que você tem de
dizer.”
Movi minhas mãos para o meu coração e minhas próximas palavras internas
não eram uma oração, mas uma mensagem silenciosa para Adrian: Espere por
mim. Seja forte, e eu vou ser forte também. Eu vou lutar para escapar de tudo o
que eles têm reservado. Eu não vou esquecê-lo. Eu nunca vou virar as costas
para você, não importa quais mentiras eu terei de dizer a eles. Nosso centro irá
permanecer.
“ Você sabe o que você tem de dizer”, a voz repetiu. Estava praticamente
salivando.
Limpei a garganta. “Pequei contra a minha própria espécie e deixei minha alma
se tornar corrompida. Estou pronta para ter a escuridão purgada”.
“E quais são os seus pecados?” A voz exigia. “Confesse o que você fez.”
Isso foi mais difícil, mas eu ainda consegui manejar as palavras. Se isso me
levasse para mais perto de Adrian e da liberdade, eu puderia dizer qualquer
coisa.
Eu respirei fundo e disse: “Eu me apaixonei por um vampiro.”
E assim, eu fui cegada pela luz.
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CAPÍTULO 2
ADRIAN
“Não leve isso a mal, mas você está horrível”.
Eu levantei minha cabeça da mesa e abri levemente um olho. Mesmo com os
óculos escuros – do lado de dentro – a luz ainda era demais para o martelar na
minha cabeça. “Sério?” Eu disse. “Existe um jeito certo de ouvir isso?”
Rowena Clark me encarou um olhar imperioso que era tão parecido como
Sydney talvez tivesse dado. Isso me causou um solavanco no meu peito. “Você
pode ouvir isso construtivamente”. O nariz de Rowena se enrugou. “Isso é uma
ressaca, certo? Porque, quero dizer, isso implica que você esteve sóbrio em
algum ponto. E pela fábrica de gin que eu consigo cheirar, eu não tenho tanta
certeza”.
“Estou sóbrio. No geral”. Eu me atrevi a retirar os óculos escuros para dar uma
olhada melhor nela. “Seu cabelo está azul”.
”Azul petróleo”, ela corrigiu, tocando nele conscientemente. “E você o viu dois
dias atrás”.
“Eu vi?” Dois dias atrás deve ter sido nossa última aula de mídia mixada em
Carlton College. Eu mal conseguia me lembrar de duas horas atrás. “Bem. É
possível que eu não estivesse sóbrio nessa ocasião. Mas ficou legal”,
acrescentei, esperando que me poupasse de alguma desaprovação. Não
poupou.
Na verdade, meus dias sóbrios na faculdade eram meio cinquenta por cento
ultimamente. Considerando que apesar de eu estar indo às aulas de todo
modo, eu achava que merecia algum crédito. Quando Sydney partiu – não, foi
levada – eu não queria vir aqui. Eu não queria ir a lugar algum ou fazer
qualquer coisa que não fosse achá-la. Eu me encolhi na minha cama por dias,
esperando e chegando até ela pelo mundo dos sonhos pelo espírito. Só que eu
não conectei. Não importava qual hora do dias eu tentava, eu nunca parecia
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encontrá-la em seu sono. Não fazia sentido algum. Ninguém conseguia ficar
acordado tanto tempo. Pessoas bêbadas eram mais difíceis de se conectarem
já que o álcool diminuíam os efeitos do espírito e bloqueava sua mente, mas de
algum modo eu duvidava que ela e seus captores Alquimistas estavam tendo
festas de coquetel sem parar.
Eu talvez tenha duvidado de mim mesmo e das minhas habilidades,
especialmente depois de ter usado medicação para desligar o espírito por um
tempo. Mas minha magica eventualmente voltou com força total, e eu não tive
dificuldade alguma em alcançar outros em seus sonhos. Talvez eu fosse inepto
em várias outras coisas da vida, mas eu ainda era sem sombras de dúvida o
melhor especialista visitador de sonhos usuário de espírito que conhecia. O
problema era, eu só conhecia poucos outros usuários de espírito, ponto, então
não havia muitos conselhos que eu poderia obter do porquê eu não estava
alcançando Sydney. Todos os vampiros Moroi usam algum tipo de magia
elementar. A maioria se especializa em um dos quatro elementos físicos: terra,
ar, água ou fogo. Pouquíssimos de nós usa espírito, e não há uma boa história
documentada sobre isso como há dos outros elementos. Havia muitas teorias,
mas ninguém sabia com certeza por que eu não alcançava Sydney.
O assistente do meu professou deixou cair uma pilha de papéis grampeados na
minha frente e uma idêntica na frente de Rowena, arrancando-me de meus
pensamentos. “O que é isto?”
“Hm, sua prova final”, disse Rowena, rolando seus olhos. “Deixe-me adivinhar.
Você não se lembra disso também? Ou eu me oferecendo para estudar com
você?”
“Deve ter sido um dia em branco para mim”, eu murmurei, virando
desconfortavelmente as páginas.
A expressão de repreensão de Rowena se transformou para uma de
compaixão, mas qualquer coisa que ela poderia ter tido foi engolida pela ordem
do nosso professor de ficar quieto e trabalhar. Eu encarei a prova e me
perguntei se eu poderia trapacear através disso. Parte do que me arrancou da
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cama e levou de volta à faculdade era saber o quanto educação significava
para Sydney. Ela sempre teve inveja da oportunidade que eu tinha, uma
oportunidade que seu pai controlador babaca negou a ela. Quando eu percebi
que eu não conseguiria achá-la de imediato – e acredite em mim, eu tentei de
vários jeitos mundanos, junto com os mágicos – eu resolvi consigo mesmo que
eu seguiria em frente e fazer o que ela gostaria: terminar esse semestre de
faculdade.
Admito, eu não tenho sido o aluno mais dedicado. Já que a maioria das minhas
aulas era do tipo de arte introdutória, meus professores normalmente ficavam
tranquilos sobre dar créditos desde que você entregasse algo. Isso era sorte
minha porque “algo” era provavelmente a descrição mais legal para algumas
peças horríveis que criei recentemente. Eu sustentei uma nota passável –
raspando – mas essa prova talvez me derrube. Essas questões eram tudo ou
nada, certo ou errado. Eu não poderia apenas enrolar um desenho ou pintura e
esperar por pontos por esforço.
Enquanto eu começava a fazer minhas melhores tentativas em responder as
perguntas sobre desenho de contorno e paisagens desconstruídas, eu senti as
beiradas sombrias da depressão me puxando para baixo. E não era apenas
porque eu iria provavelmente reprovar nessa matéria. Eu também iria falhar
com Sydney e suas altas expectativas para comigo. Mas sério, o que era uma
matéria quando eu já tinha falhado com ela em tantas outras maneiras? Se
nossas posições estivessem trocadas, ela provavelmente já teria me
encontrado por agora. Ela era mais esperta e engenhosa. Ela poderia fazer de
forma extraordinária. Eu não podia nem cuidar do ordinário.
Entreguei a prova uma hora depois e esperei que eu não tivesse desperdiçado
um semestre inteiro no processo. Rowena tinh terminado cedo e estava me
esperando do lado de fora da sala. “Você quer comer alguma coisa?” ela
perguntou. “Por minha conta”.
“Não obrigado. Eu tenho que encontrar meu primo”.
Rowena me fitou com cautela. “Você não está dirigindo, não é?”
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“Estou sóbrio agora, muito obrigado”, eu disse a ela. “Mas se lhe faz sentir
melhor, não, eu vou pegar o ônibus”.
“Então acho que é isso, hein? Último dia de aula”.
Eu acho que era, eu me dei conta. Eu tinha outras duas matérias, mas esta era
a única com ela. “Tenho certeza que iremos nos ver de novo”, eu disse
valentemente.
“Espero que sim”, ela disse, olhos cheios de preocupação. “Você tem o meu
número. Ou pelo menos costumava ter. Estarei por aqui este verão. Ligue para
mim ou Cassie se você quiser sair… ou se tiver alguma coisa que você queria
conversar… eu sei que você teve algumas coisas duras para lidar
ultimamente…”
“Já lidei com coisas mais duras”, menti. Ela não sabia metade, e não tinha
como ela saber, não como uma humana comum. Eu sabia que ela imaginava
que Sydney havia terminado comido, e que tinha me matava ver a pena de
Rowena. Eu mal poderia corrigi-la no entanto. “E eu definitivamente vou entrar
em contato, então é melhor você ficar do lado do seu telefone. Vejo você por
aí, Ro”.
Ela me deu um aceno vago enquanto eu andava em direção à parada de
ônibus mais próxima do campus. Não era assim tão distante, mas eu me
encontrei suando no momento em que eu chegava. Era maio em Palm Springs,
e nossa primavera fugaz estava sendo pisoteada no solo pelo quente e
sufocante verão se aproximando. Pus os óculos de sol de volta enquanto
esperava e tentei ignorar o casal de hipsters fumando ao meu lado. Cigarros,
pelo menos, era um vício que eu não tinha retornado desde que Sydney partiu,
mas era difícil às vezes. Muito difícil.
Para me distrair, abri minha mochila e espiei dentro para uma pequena estátua
de um dragão dourado. Pousei minha mão nas suas costas, sentindo suas
escalas minúsculas. Nenhum artista poderia ter criado um trabalho de arte tão
perfeito porque ele na verdade não era uma escultura. Ele era um dragão de
verdade – bem, uma callistana, para ser preciso, que era um tipo de demônio
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do bem – que Sydney tinha invocado. Ele tinha se conectado a ela e a mim,
mas apenas ela tinha a habilidade de transformá-lo entre suas formas vivas e
petrificadas. Infelizmente para Hopper aqui, ele tinha sido preso neste estado
quando ela foi sequestrada, significando que ele estava aprisionado nisso. De
acordo com a mentora mágica de Sydney, Jackie Terwilliger, Hopper
tecnicamente ainda estava vivo, mas vivendo em uma existência bem
miserável sem comida e atividade. Eu o levava para todos os lugares a que ia e
não sabia se ter contato comigo significava alguma coisa para ele. O que ele
realmente precisava era de Sydney, e eu não poderia culpá-lo. Eu precisava
dela também.
Eu estava dizendo a verdade para Rowena: eu estava sóbrio agora. E isso era
de propósito. A longa viagem de ônibus pela frente me dava a oportunidade
perfeita para procurar Sydney. Mesmo que eu não tentasse mais alcançá-la em
seus sonhos com tanta voracidade como uma vez tinha, eu ainda tentava ficar
sóbrio algumas vezes por dia para procurar. Assim que o ônibus estava se
movendo e eu estava confortável no meu assento, eu convoquei a mágica do
espírito dentro de mim, exaltando brevemente na forma gloriosa que ela me
fazia sentir. Era uma emoção de dois gumes no entanto, uma que estava
temperada com o conhecimento que o espírito devagar iria me levar à
insanidade.
Insanidade é uma palavra tão feia, uma voz na minha cabeça disse. Pense
nisso como obter uma nova visão da realidade.
Eu estremeci. A voz na minha cabeça não era minha consciência ou nada
parecido. Era minha Tia Tatiana morta, antiga rainha dos Moroi. Ou, bem, era o
espírito me fazendo alucinar sua voz. Eu costumava ouvi-la quando meu humor
caía para lugares baixos específicos. Agora, desde que Sydney foi embora,
essa aparição da Tia Tatiana se tornou uma companhia recorrente. O lado
positivo – se você puder olhar para isso dessa forma – era que alguns dos
efeitos colaterais do espírito se tornaram menos frequentes. Era como se a
loucura do espírito tivesse mudado de forma. Era melhor ter conversas mentais
com uma parente morta imaginária do que estar sujeito à mudanças de humor
descontroladamente dramáticas? Eu honestamente não tinha certeza.
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Vá embora, eu falei para ela. Você não é real. Além do mais, está na hora de
procurar por Sydney.
Uma vez que eu tinha me ligado à magia, eu alonguei meus sentidos,
procurando por Sydney – a pessoa que eu conhecia melhor que qualquer um
nesse planeta. Achar alguém dormindo que eu conhecia pouco seria fácil.
Achá-la – se ela estivesse dormindo – não teria sido esforço algum. Mas eu fiz
contato nenhum e eventualmente deixei a mágica ir. Ou ela não estava
dormindo ou ainda estava bloqueada de mim. Derrotado mais uma vez,
encontrei um frasco de vodka na minha mochila e me joguei nela enquanto eu
esperava minha viagem para Vista Azul.
Eu estava satisfeitamente tonto, cortado da minha mágica mas não do meu
coração partido, quando eu cheguei na Escola Preparatória de Amberwood. As
aulas tinham acabado de terminar pela tarde, e alunos em uniformes elegantes
estava se movendo de um lado para o outro entre os prédios, para estudar ou
dar amassos ou qualquer coisa que alunos de ensino médio faziam perto do
final do período. Eu caminhei para o dormitório das garotas e esperei do lado
de fora por Jill Mastrano Dragomir me achar.
Enquanto Rowena apenas supôs o que estava me incomodando, Jill sabia
exatamente quais eram meus problemas. Isto era porque Jill de quinze anos
tinha o “benefício” de ser capaz de ver na minha mente. Ano passado, ela tinha
sido alvo de assassinos querendo destronar sua irmã, quem por acaso era a
rainha dos Moroi e uma grande amiga minha. Tecnicamente, aqueles
assassinos tivera êxito, mas eu trouxe Jill de volta através de mais habilidades
extraordinárias de espírito. Essa façanha de cura me deu uma enorme
baqueada em mim e também forçou um laço psíquico que deixava Jill saber
meus pensamentos e sentimentos. Eu sabia que minha recente crise de
depressão e bebedeira tinham sido duros com ela – apesar que pelo menos a
bebida adormecia a conexão alguns dias. Se Sydney estivesse por perto, ela
teria me repreendido por ter sido egoísta e não pensado nos sentimentos de
Jill. Mas Sydney não estava por perto. O peso da responsabilidade pesava
somente em mim, e eu não era forte o suficiente para suportá-lo, parece.
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Três ônibus de transporte do campus vieram e foram, e Jill não estava em
nenhum deles. Este era nosso usual dia da semana para ficar juntos, e eu fiz
questão para continuar com isso, mesmo que eu não conseguisse continuar
com mais nada. Eu peguei meu telefone e mandei uma mensagem para ela: Ei,
estou aqui. Está tudo bem?
Nenhuma resposta veio, e uma ponta de preocupação começou a percorrer em
mim. Depois da tentativa de assassinato, Jill foi mandada para cá para se
esconder entre humanos em Palm Springs porque o deserto não era um lugar
que nem nosso povo nem os Strigoi – maus, vampiros morto-vivos – gostariam
de estar. Os Alquimistas – uma sociedade secreta de humanos obcecados em
deixar humanos e vampiros longes um do outro – mandaram Sydney como
uma conexão para terem certeza que as coisas ocorressem com suavidade. Os
Alquimistas queriam ter certeza que os Moroi não mergulhassem em uma
guerra civil, e Sydney fez um bom trabalho em ajudar Jill através de todos os
tipos de altos e baixos. Onde Sydney tinha falhado, todavia, era ter se
envolvido romanticamente com um vampiro. Isso meio que foi contra os
procedimentos operacionais dos Alquimistas de humanos e vampiros ficarem
longe um dos outros, e os Alquimistas responderam brutal e eficientemente.
Mesmo depois de Sydney ter ido embora e sua substituta caradura, Maura, ter
chegado, as coisas continuaram relativamente calmas para Jill. Não tem tido
sinal algum de perigo de tipo algum, e nós até tínhamos indícios que ela
poderia retornar à banal sociedade Moroi uma vez que seu período escolar
terminasse no próximo mês. Esse tipo de desaparecimento era fora de sua
personalidade, e quando eu não recebi uma resposta de texto dela, eu mandei
uma para Eddie Castile.
Enquanto Jull e eu éramos Moroi, ele era um dhampir – uma raça nasica da
mistura de sangue humano e vampiro. Sua espécie treinava para serem
nossos defensores, e ele era um dos melhores. Infelizmente, suas formidáveis
habilidades de batalha não foram suficientes quando Sydney o enganou para
se separarem quando os Alquimistas vieram atrás dela. Ela o tinha feito para
salvá-lo, sacrificando a si mesma, e ele não queria superar isso. Essa
humilhação tinha matado a ignição de romance entre ele e Jill porque ele não
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se sentia mais merecedor de uma princesa Moroi. Ele ainda obedientemente
servia como seu guarda-costas, no entanto, e eu sabia que se alguma coisa
tivesse acontecido com ela, ele seria o primeiro a saber.
Mas Eddie não respondeu minha mensagem também, e nem os outros dois
dhampirs que trabalhavam à paisana como seus protetores. Isso era estranho,
mas eu tentei me assegurar que o silêncio de rádio de todos eles
provavelmente significava que eles se distraíram juntos e estavam bem. Jill
aparecia logo.
O sol estava me incomodando de novo, então eu caminhei em volta do prédio e
encontrei outro banco que estava fora do caminho e encoberto pelas palmeiras.
Eu me fiz confortável nele e logo adormeci, ajudado por ter ficado fora até tarde
no bar ontem à noite e por ter terminado meu frasco de vodka. Um murmúrio
de vozes me acordoi mais tarde, e eu vi que o sol tinha se movido
consideravelmente no céu acima de mim. Também acima de mim estavam os
rostos de Jill e Eddie, assim como dos nossos amigos Angeline, Trey, e Neil.
“Hey”, eu resmunguei, tentando me levantar. “Onde vocês estavam?”
“Onde você estava?” Eddie perguntou severamente.
Os olhos verdes da Jill suavizaram quando ela olhou para mim. “Está tudo
bem. Ele esteve aqui o tempo todo. Ele esqueceu. Compreensível já que…
bem, ele está passando por um período duro”.
“Esqueci o quê?” perguntei, olhando desconfortavelmente de rosto a rosto.
“Não importa”, Jill disse evasivamente.
“O que eu esqueci?” eu exclamei.
Angeline Dawes, uma das protetoras dhampir de Jill, provou ser como sempre
a voz sem rédeas. “A exposição de final de período da Jill”.
Eu encarei em branco, e depois tudo voltou para mim. Uma das atividades
extracurriculares de Jill era projeto de moda e clube de costura. Ela começou
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como modelo, mas quando isso provou ser muito público e perigoso para sua
posição, ela recentemente tentou colocar sua mão em projetar atrás das telas –
e descobriu que era muito boa nisso. Ele esteve falando no último mês sobre
um grande show e exibição que seu grupo estava fazendo como seu projeto
final, e era bom vê-la toda animada sobre algo de novo. Eu sabia que ela
estava machucada sobre Sydney também, e com minha depressão transferida
e seu romance arruinado com Eddie, ela vivia sob uma nuvem tão negra
quanto a minha. Este show e a chance de mostrar seu trabalho têm sido um
ponto brilhante para ela – pequeno no grande esquema de coisas, mas
monumentalmente importante na vida de uma garota adolescente que
precisava de alguma normalidade.
E eu estraguei tudo.
Pedaços de conversas voltavam para mim agora, ela me dizendo o dia e a
hora, e eu prometendo que eu viria e a apoiaria. Ela até fez um ponto de me
lembrar na última vez que eu a vi essa semana. Eu anotei o que ela disse e
então saí para celebrar a Terça-feira da Tequila em um bar perto do meu
apartamento. Dizer que seu show escapuliu da minha mente era pouco.
“Droga, desculpe-me, Jailbait. Eu tentei mandar mensagem…” eu levantei meu
telefone para mostrar para eles, exceto que foi meu frasco de vodka que eu
peguei ao invés. Eu rapidamente enfiei de volta na mochila.
“Nós tivemos de desligar nossos telefones durante o show”, Neil explicou. Ele
era o terceiro dhampir no grupo, uma recente adição para Palm Springs. Ele
subiu no meu conceito com o tempo, talvez porque ele estava sofrendo com
seu próprio coração partido. Ele estava de pernas pro ar por uma garota
dhampir que sumiu da face da terra, mas ao contrário de Sydney, o silêncio de
Olive Sinclair era mais capaz de ser de bagagem pessoal e não sequestro
Alquimista.
“Bem… então como foi?” Eu tentei. “Aposto que suas coisas foram incríveis,
certo?”
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Eu me senti incrivelmente estúpido, eu mal conseguia aguentar. Talvez eu não
poderia lugar contra o que os Alquimistas fizeram com Sydney. Talvez eu não
pudesse me preparar para uma prova. Mas pelo amor de deus, eu poderia no
mínimo ter sido capaz de aparecer em um show de moda de uma garota! Tudo
que eu tinha de fazer era aparecer, sentar lá, e aplaudir. Eu falhei até nisso, e o
peso disso estava de repente pesando. Uma névoa negra encheu minha
mente, me puxando para baixo, me fazendo odiar tudo e todos – eu próprio
acima de tudo. Não era mistério que eu não conseguiria salvar Sydney. Eu nem
conseguia cuidar de mim mesmo.
Você não precisa, Tia Tatiana sussurrou na minha mente. Eu vou cuidar de
você.
Uma fagulha de compaixão apareceu nos olhos de Jill quando ela sentiu o
humor negro aparecendo. “Foi ótimo. Não se preocupe – nós vamos lhe
mostrar as fotos. Eles tinham um fotógrafo profissional fazendo tudo, e vai
aparecer online”.
Eu tentei engolir a escuridão e consegui dar um sorriso tenso. “Satisfeito por
ouvir isso. Bem, que tal nós todos sairmos e celebrar então? Jantar por minha
conta”.
O rosto de Jill despencou. “Angeline e eu vamos comer com um grupo de
estudo. Quer dizer, talvez eu possa cancelar. As provas estão a um mês de
distância, então eu sempre posso–”
“Esqueça”, eu disse, ficando de pé. “Alguém nesse laço precisa estar
preparado para provas. Vá se divertir. Eu encontro você depois”.
Ninguém tentou me impedir, mas Trey Juarez logo acompanhou seu passo
com o meu. Ele era talvez o membro mais estranho do nosso ciclo: um humano
que uma vez tinha sido parte de um grupo de caçadores de vampiros. Ele
quebrou laços com eles, tanto por causa que eles eram maníacos e porque ele
se apaixonou – contra toda a razão – por Angeline. Esses dois eram os únicos
no nosso pequeno grupo com alguma semelhança de vida amorosa feliz, e eu
sabia que eles tentavam amenizar para o resto de almas miseráveis nossas.
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“E como exatamente você vai chegar em casa?” perguntou Trey.
“Quem disse que estou indo para casa?” repliquei.
“Eu. Você não tem motivo nenhum para sair e festejar. Você está horrível”.
“Você é a segunda pessoa a me dizer isso hoje”.
“Bem, então, talvez você deveria começar a escutar”, ele disse, me conduzindo
em direção ao estacionamento de estudantes. “Vamos lá, eu dirijo”.
Era uma oferta fácil para ele fazer porque ele era meu colega de casa.
As coisas não começaram desse jeito. Ele era um interno em Amberwood,
vivendo na escola com os outros. Seu ex-grupo, os Guerreiros da Luz, tinha as
mesmas manias que os Alquimistas tinham sobre humanos e vampiros
interagindo. Enquanto os Alquimistas lidavam com isto cobrindo a existência de
vampiros de humanos comuns, os Guerreiros tinham uma abordagem mais
selvagem e caçavam vampiros. Eles alegavam que iam apenas atrás de
Strigoi, mas eles não eram amigos de Moroi ou dhampirs também.
Quando o pai de Trey descobriu sobre Angeline, ele tomou uma abordagem
diferente do pai da Sydney. Ao invés de sequestrar seu filho e fazê-lo
desaparecer sem um rastro, Sr. Juarez simplesmente deserdou Trey e cortou
todos seus financiamentos. Felizmente para Trey, as mensalidades escolares
já estavam pagas até o final do ano escolar. Alojamento e alimentação não
estava, e então o alojamento de Amberwood despejou Trey há alguns meses.
Ele apareceu na entrada da minha porta, oferecendo para pagar aluguel com
seu salário escasso da cafeteria para que ele pudesse terminar o ensino médio
em Amberwood. Eu o recebi e recusei o dinheiro, sabendo que era o que
Sydney teria desejado. A minha única condição tinha sido que eu nunca, nunca
chegasse em casa e o encontrasse se agarrando com Angelina em meu sofá.
“Sou podre”, eu disse, após vários minutos de silêncio desconfortável no nosso
trajeto.
“Isso é algum tipo de piada de vampiro?” perguntou Trey.
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Eu lhe lancei um olhar. “Você sabe o que eu quero dizer. Eu estraguei tudo.
Ninguém pede muito de mim. Não mais. Tudo que eu precisava fazer era me
lembrar de ter ido ao show de moda dela, e eu estraguei.
“Você tem um monte de porcaria acontecendo”, ele disse diplomaticamente.
“Assim como totó mundo. Diabos, olhe para você. Toda a sua família nega sua
existência e fizeram o que podiam para expulsá-lo da escola. Você achou uma
solução alternativa, manteve suas notas e esportes, e conseguiu pegar uma
bolsa de estudos no processo”, eu suspirei. “Enquanto isso, eu talvez tenha
reprovado na matéria de arte introdutória. Em algumas delas, na verdade, se
eu tiver mais provas aparecendo essa semana – o que parece provável. Eu
nem ao menos sei”.
“Sim, mas eu ainda tenho Angeline. E isso compensa aguentar todas as outras
porcarias. Enquanto você…” Trey não conseguiu terminar, e eu vi o flash de
dor em seus traços bronzeados.
Meus amigos aqui em Palm Springs sabiam sobre Sydney e eu. Eles eram os
únicos no mundo Moroi (ou no mundo humano que encobriam o Moroi) que
sabiam sobre nosso relacionamento. Eles se sentiram mal pelo o que
aconteceu pelo meu bem e pelo dela. Eles amavam Sydney também. Não
como eu amava, claro, mas ela era o tipo de pessoa que era leal ao extremo e
inspirava laços profundos em seus amigos.
“Eu sinto falta dela também”, Trey disse suavemente.
“Eu deveria ter feito mais”, eu disse, me remexendo em meu assento.
“Você fez demais. Mais do que eu poderia ter pensado em fazer. E não apenas
entrar em sonhos. Quero dizer, você incomodou o pai dela, pressionou os
Moroi, fez a vida um inferno para aquela garota Maura… você esgotou tudo”.
“Eu sou muito bom em ser irritante”, admiti.
“Você apenas foi de encontro a uma parede, só isso. Eles são apenas muito
bons em manter sua prisão secreta. Mas eles irão falhar, e você estará lá para
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encontrar essa falar. E eu estarei bem ao seu lado. Assim como o resto de
nós”.
A conversa de animação era incomum para ele, mas não me alegrou em nada.
“Eu não sei como eu irei encontrar essa falha”.
Os olhos de Trey se arregalaram. “Marcus”.
Balancei minha cabeça. “Ele esgotou suas pistas também. Eu não tenho o visto
há um mês”.
“Não”. Trey apontou enquanto ele estacionava o carro no meu prédio. “Ali.
Marcus”.
Com certeza. Ali, sentado nas escadas da frente do meu prédio, estava Marcus
Finch, o ex-Alquimista rebelde que tinha encorajado Sydney a pensar por si
própria e que esteve tentando – futilmente – localizá-la para mim. Eu tinha a
porta aberta antes mesmo de Trey parar o carro.
“Ele não estaria aqui pessoalmente se não tivesse novidades”, eu disse
animado. Pulei do carro e corri através da grama, minha letargia anterior
substituída por um novo senso de propósito. Era isso. Marcus tinha
conseguido. Marcus tinha achado respostas.
“O que foi?” eu demandei. “Você a encontrou?”
“Não exatamente”. Marcus ficou de pé e alisou seu cabelo loiro. “Vamos entrar
e conversar”.
Trey estava quase não ansioso quanto eu quando enfiamos Marcus para
dentro da sala de estar. Nós o encaramos com posturas espelhadas, braços
cruzadas sobre nossos peitorais. “Então?” perguntei.
“Consegui uma lista de locais que podem estar sendo usadas como instalações
base de reeducação”, Marcus começou, não parecendo nada entusiasmado
quanto deveria para notícias como essa. Eu apertei seu braço.
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“Isso é maravilhoso! Nós vamos começar a checa-las e–”
“Existem trinta delas”, ele interrompeu brucamente.
Deixei cair minha mão. “Trinta?”
“Trinta”, ele repetiu. “E nós não sabemos exatamente onde elas estão”.
“Mas você disse–”
Marcus levantou uma mão. “Deixe-me explicar tudo primeiro. Então aí você
poderá falar. Essa lista que minhas fontes conseguiram é de cidades nos
Estados Unidos que os Alquimistas estavam patrulhando para reeducação e
alguns outros centros de operação. É de vários anos atrás, e enquanto minhas
fontes confirmam que eles construíram de fato seu centro de reeducação atual
em uma cidade da lista, nós não sabemos com certeza em qual delas eles
acabaram escolhendo – ou mesmo onde nessas localidades eles escolheram.
Há maneiras de descobrir? Claro, e eu conheço pessoas que podem começar
a vasculhar. Mas nós teremos que fazer de uma forma cidade-por-cidade, e
cada uma vai levar um tempo”.
Toda esperança e entusiasmo que eu tinha sentido ao ver Marcus foram
aniquilados e sumiram. “E deixe-me adivinhar: ‘Um tempo’ é alguns dias?”
Ele fez uma careta. “Será caso por caso, dependendo das dificuldades da
procura em cada cidade. Talvez demore alguns dias para riscar uma da lista.
Talvez demore algumas semanas”.
Eu não imaginava que eu poderia me sentir pior do que eu sentia sobre a prova
e Jill, mas aparentemente eu estava errado. Eu me joguei no sofá, derrotado.
“Algumas semanas vezes trinta. Isso poderia ser mais de um ano”.
“A não ser que tenhamos sorte e ela esteja em uma das primeiras cidades em
que procurarmos”. Eu poderia dizer que nem ele achava que isso era possível,
no entanto.
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“Sim, bem, ‘sorte’ não tem sido bem a maneira que eu descreveria como as
coisas têm sido para nós”, eu mencionei. “Não vejo por que isso deveria mudar
agora”.
“É melhor do que nada”, disse Trey. “É a primeira pista real que nós tivemos”.
“Eu preciso encontrar o pai dela”, eu murmurei. “Eu preciso encontrá-lo e
compelir o inferno para fora dele para que ele me diga onde ela está”. Todas as
tentativas de localizar Jared Sage se provaram infrutíferas. Eu tinha
conseguido uma ligação de telefone e fui imediatamente desligado na cara.
Compulsão não funcionava muito bem pelo telefone.
“Mesmo que você conseguisse, ele provavelmente não saberia”, disse Marcus.
“Eles guardam segredos uns dos outros, exatamente pelo propósito de se
proteger contra confissões forçadas”.
“Então aqui estamos”. Eu me levantei e fui em direção à cozinha, pronto para
fazer um drinque. “Presos como estávamos antes. Busque-me daqui a um ano
quando vocês forem capazes de verificar que sua lista era um beco sem
saída”.
“Adrian–” Marcus começou, parecendo mais perdido do que jamais o tinha
visto. Ele normalmente era o garoto propaganda para convencido confiante.
A resposta de Trey era mais pragmática. “Sem mais drinques. Você já teve
muitas hoje, cara”.
“Eu serei o juiz disso”, retruquei. Ao invés de realmente fazer um drinque, eu
acabei apenas pegando duas garrafas de licor aleatórias. Ninguém tentou me
impedir enquanto eu ia para meu quarto e batia a porta.
Antes de eu começar minha festa de um homem só, eu fiz outra tentativa de
alcançar Sydney. Não era fácil já que um pouco da vodka vespertina ainda
estava fazendo efeito, mas eu consegui uma tentativa de alcançar o espírito.
Como sempre, não tinha nada, mas a certeza de Marcus que ela estava nos
Estados Unidos me fez querer tentar. Era início de noite na Costa Leste, e eu
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precisava conferir, somente no caso de ela ter decidido dormir cedo.
Aparentemente não.
Assim quando eu me perdi nas garrafas, desesperadamente precisando
arrancar tudo. Faculdade. Jill. Sydney. Eu não achava que era possível se
sentir tão para baixo, ter minhas emoções tão negras e tão profundas que não
houvesse maneira de elevá-las para qualquer tipo de sentimento construtivo.
Quando as coisas terminaram com Rose, eu imaginei que nenhuma perda
pudesse ser tão terrível. Eu estive enganado. Ela e eu nunca tivemos nada
substancial. O que eu tinha perdido com ela era possibilidade.
Mas com Sydney… com Sydney, eu tinha tudo – e perdi tudo. Amor,
compreensão, respeito. O sentimento que nós dois nos tornamos pessoas
melhores por causa um do outro e que poderíamos aguentar qualquer coisa
desde que estivéssemos juntos. Só que não estávamos mais juntos. Eles nos
arrancaram um do outro, e eu não sabia o que iria acontecer agora.
O centro vai permanecer. Essa era a linha que Sydney tinha pescado de “A
Segunda Vinda”, um poema de William Butler Yeats, para nós. De vez em
quando, no meus momentos mais sombrios, eu me preocupava que as
palavras originais do poema fossem mais adequadas: As coisas irão cair; o
centro não vai permanecer.
Eu bebi até o esquecimento, apenas para acordar no meio da noite com uma
dor de cabeça terrível. Eu me sentia nauseado também, mas quando
cambaleei ao banheiro, nada veio. Eu apenas me sentia miserável. Talvez
fosse por causa da escova de cabelo da Sydney que ainda estava lá, me
relembrando dela. Ou talvez fosse por causa de eu ter pulado o jantar e não
conseguir lembrar a última vez que eu tinha tido sangue também. Sem mistério
de eu estar em condições tão ruins. Minha tolerância a álcool tinha fortalecido
ao longo dos anos que eu raramente me sentia doente por causa disso, então
eu devia ter me ferrado dessa vez. O mais espero teria sido começar a hidratar
e tomar galões de água, mas ao invés, eu dei boas-vindas o comportamento
autodestrutivo. Voltei para o meu quarto para outra bebida e consegui apenas
me fazer sentir pior.
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Minha cabeça e meu estômago se acalmaram perto do amanhecer, e eu
consegui algum tipo de sono irregular de volta a minha própria cama. Isso foi
interrompido algumas horas depois por uma batida na porta. Acho que foi até
suave, mas com os restos remanescentes da minha dor de cabeça, pareceu
mais uma marreta.
“Vá embora”, eu disse, espreitando com os olhos turvos a porta.
Trey meteu sua cabeça para dentro. “Adrian, tem uma pessoa aqui que você
precisa conversar”.
“Eu já ouvi o que Marcus Jovial tinha para falar”, e retruquei. “Eu já cansei
dele”.
A porta se abriu mais, e alguém passou Trey. Mesmo apesar do movimento
fazer minha cabeça girar, eu fui capaz de sentar e dar uma olhada melhor. Eu
senti meu queixo cair e me perguntei se eu estava alucinando. Não teria sido a
primeira vez. Normalmente, eu somente imaginava Tia Tatiana, mas esta
pessoa estava muito viva, bonita enquanto a luz do sol da manhã iluminava
suas esculpidas maçãs do rosto e cabelos loiros. Mas não tinha chance de ela
estar aqui.
“Mãe?” eu murmurei.
“Adrian”. Ela deslizou e se sentou ao meu lado na cama, tocando gentilmente
meu rosto. Sua mão parecia fria contra a milha pele febril. “Adrian, está na hora
de ir para casa”.
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CAPÍTULO 3
SYDNEY
EU PODERIA PERDOAR OS ALQUIMISTAS com suas táticas de ajustar a
visão à luz porque uma vez que eu estava apta a ver razoavelmente bem
novamente, eles me ofereceram um banho.
A parede de minha cela abriu e uma jovem mulher me cumprimentou, parecia
ter 5 anos a mais que eu. Ela estava vestida com o tipo de terno inteligente que
os Alquimistas amam, com seus cabelos negros presos de forma firme em uma
elegante trança francesa. Sua maquiagem era impecável, e ela cheirava a
lavanda.
O lírio dourado em sua bochecha brilhou. Minha visão ainda não estava com
sua total capacidade, mas estando perto dela, fiquei totalmente ciente de meu
atual estado; não tinha tomado um banho de verdade há tempos e que minha
troca de roupa era para pouco mais que um trapo que você usaria para
esfregar o chão.
“Meu nome é Sheridan,” ela disse friamente, não elaborando mais do que isso,
se esse era seu prenome ou sobrenome. Eu me perguntei se talvez ela fosse
uma das pessoas por trás da voz em minha cela. Eu tinha quase certeza de
que eles trabalhavam de forma rotatória, usando algum tipo de programa de
computador para sintetizar a voz e assim, ela soaria sempre como a mesma.
“Eu sou a atual diretora por aqui. Siga-me, por favor.”
Ela se voltou para o corredor em seus saltos de couro e eu a segui sem
palavras, não confiando em mim mesma para dizer algo, ainda. Apesar de que
eu tivesse certa liberdade de me movimentar em minha cela, eu também
possuía certas limitações e não havia feito muitas caminhadas. Meus músculos
rígidos protestaram por conta das mudanças e eu me movimentei lentamente
atrás dela, um agonizante pé descalço por vez. Nós passamos por inúmeras
portas sem marcas pelo caminho e eu me questionei sobre o que elas
possuíam. Mais celas escuras e vozes metálicas? Nada parecia estar marcado
29
como uma saída, o que era a minha preocupação imediata. Não haviam
também janelas ou alguma indicação de como sair desse lugar.
Sheridan chegou ao elevador bem mais rápido que eu e esperou
pacientemente por mim. Quando nós duas estávamos dentro, nós subimos um
andar e emergimos em uma parede estéril similar as outras. Uma porta dava
para o que parecia com um banheiro de academia, com azulejos pelo chão e
chuveiros comunitários. Sheridan apontou para uma tenda que fornecia sabão
e shampoo.
“A água ficará ligada durante cinco minutos, assim que você a abrir,” ela
avisou. “Então, use-a sabiamente. Haverá roupas esperando por você quando
terminar. Eu estarei no corredor.”
Ela saiu do vestiário, de forma a demonstrar uma oferta de privacidade, mas eu
sabia sem dúvidas que eu ainda estava sendo assistida. Eu perdi todas as
ilusões de modéstia a partir do momento em que entrei aqui. Eu comecei a me
despir do trapo quando eu notei um espelho na parede ao meu lado, e mais
importante, quem estava olhando de volta nele.
Eu sabia que eu estava em um estado ruim, mas vendo a realidade disso cara
a cara era uma experiência completamente diferente. A primeira coisa que me
prendeu foi o quanto de peso que eu havia perdido – irônico, considerando
minha obsessão de longa data com permanecer magra. Eu certamente atingi a
meta, atingi e passei totalmente dela. Eu passei de magra a desnutrida e,
parecia mais destacada não somente por conta do jeito que o trapo se
pendurava em meu corpo magro, mas também pela magreza de meu rosto.
Aquele olhar vazio era intensificado pelas sombras escuras embaixo de meus
olhos e pela palidez no resto de mim por conta da falta de sol. Parecia que eu
havia acabado de me recuperar de uma doença com risco de morte.
Meu cabelo estava em um péssimo estado também. Qualquer tipo de trabalho
decente que eu pensei que estava fazendo ao lavar o cabelo no escuro se
comprovou uma piada. Os fios estavam fracos e oleosos, suspensos em tristes
e bagunçados aglomerados. Não havia dúvidas de que eu continuava loira,
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mas a cor de meu cabelo estava bruta, em um estado bem mais escuro, por
conta do suor e da sujeira e, esfregar com uma toalhinha não faria isso tudo
sair. Adrian sempre disse que meu cabelo era como ouro e implicava comigo
dizendo que eu tinha uma auréola. O que ele diria agora?
Adrian não me ama pelo meu cabelo, eu pensei, observando meus olhos. Eles
estavam regulados e castanhos. Ainda os mesmos. Isso é tudo exterior. Minha
alma, minha aura, minha pessoa… essas são imutáveis.
Resolvida, eu comecei a me virar do reflexo quando eu percebi algo mais. Meu
cabelo estava mais longo que a última que eu o vi, pouco maior que 3cm.
Apesar de eu estar ciente de que minhas pernas precisavam ser raspadas, eu
não tinha senso nenhum de como meu cabelo estava, na cela. Agora, eu tentei
lembrar do quão rápido ele crescia. Mais ou menos 1,5cm por mês? Aquilo
sugeria no mínimo dois meses, talvez três se eu colocar na conta a pobre dieta
que tive. O choque foi mais horrível que minha aparência.
Três meses! Faz três meses que eles me pegaram, me drogando no escuro.
O que aconteceu com Adrian? Jill? Eddie? Uma vida poderia ter passado para
eles nestes três meses. Estariam eles seguros e bem? Será que eles ainda
estão em Palm Springs? Um novo pânico cresceu em mim e eu,
ferrenhamente, tentei acalmá-lo. Sim, muito tempo passou, mas eu não poderia
deixar a realidade me afetar. Os alquimistas estavam já estavam fazendo jogos
mentais comigo o suficiente sem que eu os ajude.
Mas ainda sim… Três meses.
Eu me livrei de minhas desculpas esfarrapadas por roupa e entrei na tenda,
fechando a cortina atrás de mim. Quando eu liguei a água e veio água quente,
era tudo o que eu não poderia fazer, abaixar no chão em êxtase. Eu me senti
tão fria pelos últimos três meses e agora aqui estava, todo calor que eu queria.
Bem, não todo calor. Conforme eu ligava a temperatura em uma explosão total,
eu secretamente desejei que eu tivesse uma banheira e assim eu mergulharia
nesse calor. Ainda, esse chuveiro sozinho era glorioso, e eu fechei meus olhos,
suspirando com meu primeiro contentamento experimentado em tanto tempo.
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Então, lembrando-me do aviso de Sheridan, eu abri meus olhos e encontrei o
shampoo. Eu o apliquei três vezes, esperando que fosse o suficiente para tirar
o pior da sujeira. Provavelmente levaria mais alguns banhos para ficar
totalmente limpo novamente. Após isso, eu ensaboei meu corpo com o
sabonete até estar esfoliada e rosada e cheirando vagamente a antisséptico,
então fiquei parada embaixo da água fumegante até que ela desligasse.
Quando saí, eu encontrei roupas dobradas ordenadamente em um banco. Elas
eram uniformes básicos, calças soltas e uma camisa que você veria pessoas
que trabalham hospitais – ou melhor encaixando -, prisioneiros estariam
vestindo. Marrons, claro, já que os alquimistas ainda possuíam seus níveis de
gostos para manter. Eles também me deram meias e um par de sapatos
marrons, eles estavam entre algo como sapatos de viagem e chinelos e eu não
estava surpresa de ver que eles eram exatamente do meu tamanho. Um pente
completava o conjunto de presente, nada extravagante, mas o suficiente para
ter uma aparência limpa. O reflexo que me foi revelado ainda não parecia bom,
exatamente, mas definitivamente tinha melhorado.
“Sentindo-se melhor?” perguntou Sheridan, com um sorriso que não atingia
seus olhos. Qualquer tipo de avanço que eu consegui com minha aparência
pareciam nada perto de sua aparência estilosa, mas me consolei com o
pensamento de que eu ainda tinha respeito próprio e a habilidade de pensar
por mim mesma.
“Sim”, Eu disse. “Obrigada.”
“Você irá querer isso também,” ela disse, me dando um pequeno cartão de
plástico. Tinha meu nome, um código de barras e uma foto de meus dias
melhores. Um pequeno clipe de plástico na parte de trás permitia que eu o
prendesse em meu colarinho.
“Nós estamos tão felizes que você escolheu o caminho da redenção.
Verdadeiramente. Eu espero mais a frente lhe ajudar em sua jornada de volta
para a luz.”
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O elevador nos levou para outro piso e uma nova sala, essa com um tatuador e
uma mesa. Todo e qualquer conforto que eu consegui com o banho quente se
esvaiu. Eles irão me re-tatuar? Claro que iriam. Por que ficar só na tortura física
e psicológica quando você pode adicionar o controle mágico?
“Nós só queremos retocar,” Sheridan explicou, animada. “Já que já faz tempo.”
Fazia menos de um ano, na verdade, mas eu sabia o que ela e os outros
queriam fazer. As tatuagens dos alquimistas continham uma tinta com sangue
de vampiro encantado tecidos com feitiços de compulsão para reforçar a
lealdade. Claro, a minha não havia funcionado. Mágico ou não, compulsão era
basicamente uma sugestão muito forte, uma que poderia ser anulada se o
desejo fosse forte o suficiente. Eles provavelmente iriam redobrar a dose usual
esperando me tornar mais complacente, assim eu aceitaria qualquer retórica
que eles iriam me submeter.
O que eles não sabiam era que eu me preparei em alguns passos para me
proteger contra essa coisa. Antes de ter sido presa, eu criei uma tinta por mim
mesma – uma feita de magia humana, algo igualmente apavorante para os
alquimistas. De todas as informações que eu peguei, aquela mágica anulava
qualquer compulsão que se encontrasse nessa tinta derivada de vampiros. A
parte ruim era a que eu não tive a chance de injetar aquela tinta em minha
tatuagem, para assim eu ter uma camada de proteção extra. O que eu estava
contando agora era a reivindicação de uma bruxa que eu conheci, o fato de eu
praticar mágica poderia me proteger. De acordo com ela, dominar mágica
humana preenchia meu sangue e aquilo poderia reagir contra o sangue
vampiro na tatuagem alquimista. Claro, eu não tive a chance de praticar muitos
feitiços em um confinamento solitário e poderia agora esperar que o que eu já
fiz tenha deixado suas marcas permanentes em mim.
“Seja uma de nós novamente”, Sheridan disse, assim que o tatuador picou a
agulha ao lado de meu rosto. “Renuncie todos os seus pecados e busque a
expiação. Junte-se a nossa batalha para manter os humanos livres da mácula
que são os vampiros e os dhampirs. Eles são criaturas malignas e não
possuem lugar na ordem natural.”
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Eu fiquei tensa e não tinha nada a ver com a perfuração da agulha em minha
pele. E se o que me disseram estivesse errado? E se o uso da mágica não me
protegesse? E se, até agora, aquela tinta estivesse trabalhando em seu curso
pelo meu corpo, usando seu traiçoeiro poder para alterar meus pensamentos?
Esse era um dos meus maiores medos, ter minha mente adulterada. Eu de
repente tive dificuldade de respirar assim que a ideia me incapacitou com o
terror, fazendo com que o tatuador pausasse e me questionasse se eu estava
sentindo dor. Engolindo nada, eu sacudi minha cabeça e deixei que ele
continuasse, tentando esconder meu pânico.
Quando ele terminou, eu não achei que eu estava diferente. Eu ainda amava
Adrian e todos os meus amigos Morois e dhampirs. Aquilo era tudo? Ou será
que a tinta demorava para ter efeito? E se meu treino com mágica não me
protegesse, será que minha força de vontade seria o suficiente para me salvar?
Claro, eu ultrapassei a prévia rodada para retocar, mas será que eu faria
novamente?
Sheridan me escoltou para fora quando o tatuador me liberou, conversando
como se eu estivesse em um SPA e não sujeita a uma tentativa de controle
mental. “Eu sempre me sinto revigorada depois disso, você não?”
Era meio que inacreditável para mim, o fato de ela poder agir tão casualmente,
como se fossemos amigas que saíram para caminhar, quando ela e os outros
haviam me deixado passando fome e quase nua em uma cela escura por
meses. Ela esperava que eu estivesse tão grata pelo banho e pelas roupas
quentes a ponto de perdoar todo o resto? Sim, eu percebi momentos depois,
ela claramente gostaria. Havia uma razoável quantidade de gente que
emergiram daquela escuridão e estavam implorando por tudo e qualquer coisa
para retornar ao seu conforto ordinário.
Conforme nós íamos para outro piso acima, eu percebi que minha cabeça se
sentia mais clara e meus sentidos mais aguçados do que estavam em meses.
Provavelmente por uma boa razão. Eles não estavam me sujeitando ao gás,
não com Sheridan por perto, então esse era como o primeiro ar puro que eu
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respirava nesse tempo todo. Até agora, eu não havia percebido a absurda
diferença que tinha. Adrian poderia provavelmente me encontrar nos sonhos,
mas isso teria que esperar. No mínimo, eu poderia praticar mágica novamente,
agora que meu sistema não estava mais poluído e, esperançosamente, lutar
contra qualquer efeito da tatuagem. Achar um momento sem atenção para
fazer isso parece ser mais fácil de se dizer do que de se fazer, aliás.
O próximo corredor abriu, revelando estreitas camas dentro. Eu continuei
rastreando tudo que passávamos cada piso e sala, procurando por uma forma
de sair que parecia não existir. Sheridan me deixou dentro de um quarto com o
número 8 escrito do lado de fora.
“Eu sempre achei que o número oito era um número de sorte,” ela me disse.
“Rima com ótimo” (eight – great) ela apontou uma das duas camas na sala
para mim. “Essa é a sua”.
Por um momento, eu estava tão inerte com a ideia de ter uma cama para
observar maiores implicações. Não que ela parecesse muito confortável – mas
ainda sim. Estava longe do que era o chão de minha cela, mesmo com o
colchão duro e chapas finas feita de um material igual ao meu antigo trapo. Eu
poderia dormir nessa cama, sem questionamentos. Eu poderia dormir e sonhar
com Adrian…
“Eu tenho uma colega de quarto?” Eu perguntei, finalmente notando a outra
cama. Era difícil de dizer se o quarto já estava ocupado, já que não havia sinais
de utensílios pessoais.
“Sim, seu nome é Emma. Você poderá aprender muito com ela. Nós estamos
muito orgulhosos de seu progresso.” Sheridan saiu da sala, então
aparentemente nós não iríamos nos prolongar. “Vamos lá – você pode
conhecê-la agora. E os outros.”
Um corredor ramificado a partir deste nos levou para o que pareciam salas de
aula vazias. Conforme nós nos avançávamos para o final do corredor, eu fiquei
ciente de algo que meus sentidos entorpecidos não experimentavam já há
algum tempo: o cheiro de comida. Comida verdadeira. Sheridan estava nos
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levando à cafeteria. Uma fome que eu nunca imaginaria que eu tivesse possuiu
meu estômago apertado com uma quase dolorosa pontada. Eu havia me
adaptado tão bem a pobre dieta da prisão que eu levei meu corpo a se privar
do estado considerado normal. Só agora que eu percebi o quanto ansiava por
algo que não fosse cereal morno.
A cafeteria, tal como era, era só uma fração do tamanho da Amberwood.
Possuía cinco mesas, três estavam ocupadas com pessoas vestidas com
largos uniformes iguais ao meu. Essas, pelo que pareciam, eram minhas
colegas prisioneiras, todas com o lírio dourado. Havia doze pessoas, e pelo
que parecia eu era a décima terceira sortuda. Eu me questionei sobre o que
Sheridan poderia pensar disso. Os outros detentos eram de diferentes idades,
sexos e etnias, apesar de achar que todos eram americanos. Em algumas
prisões, fazer com que você se sentisse um forasteiro era parte do processo.
Já que aqui o objetivo era de nos trazer de volta ao campo, eles iriam preferir
nos colocar com aqueles possuíam a mesma cultura e língua – aqueles que
aspiravam ser iguais, se nós assim tentássemos o suficiente. Observando-os,
me perguntei sobre suas histórias, se algum deles poderiam se tornar aliados.
“Essa é Baxter,” disse Sheridan, assentindo em direção a um homem de rosto
severo em branco. Ele estava de pé em frente à uma janela que dava a visão
de cima da área de jantar e presumidamente era dali que a comida vinha. “Sua
comida é deliciosa. Eu sei que você vai amar, E essa é Addison. Ela
supervisiona o almoço e sua aula de artes.”
Não teria ficado claro para mim se Adisson era “ela”, se não fosse pela
introdução. Ela estava na casa de seus quarenta, ou no início dos cinquenta,
vestindo um terno mais formalista e menos estiloso do que o de Sheridan, e
estava parada contra a parede com olhos afiados. Ela mantinha seus cabelos
presos perto de sua cabeça e possuía um rosto fortemente angular, o que
parecia estar em desacordo com o fato dela estar mascando chiclete. O lírio
dourado era seu único ornamento. Ela era de longe a última pessoa que eu
esperaria ter como professora de artes, o que me levou a outra compreensão.
“Eu tenho uma aula de artes?”
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“Sim, é claro,” disse Sheridan. “Criatividade é muito terapêutica para reparar
uma alma.”
Havia um murmúrio leve quando entramos, um que parou completamente
quando os outros nos notaram. Todos os olhares, dos detentos e dos
supervisores, giraram em minha direção. E nenhum deles pareciam amigáveis.
Sheridan limpou a garganta, como se já não fossemos o centro das atenções.
“Pessoal? Nós temos um novo convidado que eu gostaria de apresentar a
vocês. Esta é Sydney. Sydney acabou de sair de seu tempo de reflexão e está
ansiosa para se juntar ao resto vocês em suas jornadas à purificação.”
Demorou um segundo para eu perceber que “tempo de reflexão” deveria ser o
que eles chamam meu solitário confinamento no escuro.
“Eu sei que será difícil para vocês aceita-la,” continuou Sheridan docemente. “E
eu não os culpo. Ela não apenas está muito, muito imersa em escuridão, mas
como também foi tentada da maneira mais profana: através do contato íntimo e
romântico com vampiros. Eu entendo se vocês não quiserem interagir com ela
e arriscarem se macular, mas eu espero que pelo menos a mantenham em
suas preces.” Sheridan virou aquele sorriso mecânico para mim “Eu a verei
mais tarde na hora da comunicação.”
Eu estava nervosa e difícil desde que saíra da cela, mas assim que ela se virou
para sair, pânico e medo de um novo tipo me atingiram. “Espera. O que eu
devo fazer?”
“Como, é claro.” Ela me olhou da cabeça aos pés. “A não ser que esteja
preocupada com o peso. É com você.”
Ela me deixou ali na silenciosa cafeteria, com todos aqueles olhos me
encarando. Eu havia saído de um inferno para outro. Eu nunca havia me
sentindo tão autoconsciente em minha vida, sendo exposta a esses estranhos
e tendo meus segredos revelados. Freneticamente, comecei a pensar em um
curso de ação. Qualquer coisa para me afastar dos olhares e um passo mais
próximo de sair daqui e voltar para Adrian. Coma, Sheridan disse. Como eu
faria isso? Não era como Amberwood, onde a secretaria atribuía aos alunos
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veteranos que ajudassem os novos. Na verdade, Sheridan havia saído de seu
caminho para todos exceto desencoraja-los a me ajudar. Era uma tática
brilhante, eu supus, uma feita para que tentasse desesperadamente pela
aprovação dos outros e talvez ver em alguém como Sheridan como meu único
“amigo”.
Pensar pela lógica dos Alquimistas me acalmou. Lógica e adivinhar quebra-
cabeças era algo com as quais eu poderia lidar. Okay. Se eles queriam eu me
provesse, então que seja. Olhei para longe dos outros detentos e me dirigi
diretamente para a janela, onde o chefe Baxter ainda usava uma careta. Parei
a sua frente com expectativa, esperando ser o suficiente. Não foi.
“Hm, com licença,” eu disse suavemente. “Eu posso…” qual refeição Sheridan
disse que era? Havia perdido a noção do tempo na solitária. “…almoçar?”
Ele grunhiu em resposta e se virou, fazendo algo longe das minhas vistas.
Quando ele voltou para mim, segurava uma bandeja modestamente cheia.
“Obrigada” disse tirando-a dele. Conforme eu fiz, minha mão roço uma de suas
enluvadas. Ele exclamou em surpresa e um olhar de desgosto cruzou suas
feições. Cautelosamente, ele retirou a luva que eu tocara, jogou fora, e colocou
uma nova.
Eu fiquei boquiaberta por um momento, e então me virei com minha bandeja.
Eu nem ao menos tentei me relacionar com os outros e ao invés me sentei em
uma das mesas vazias. Muitos deles continuaram me encarando, mas alguns
voltaram as suas refeições e sussurros. Tentei não pensar no que eles falavam
de mim ao invés me foquei na minha comida. Havia uma pequena porção de
espaguete com molho vermelho parecendo ter vindo de uma lata, uma banana
e um litro de leite de 2 por cento. Antes de vir para cá, nunca teria tocado isso
em minha vida cotidiana. Eu faria um discurso sobre a gordura contida no leite
e sobre como as bananas eram uma das frutas com as maiores taxas de
açúcar. Eu teria questionado a qualidade da carne e os conservantes no molho
vermelho.
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Todas essas manias haviam se esvaído, agora. Isso era comida. Comida
verdadeira. Não aqueles cereais sem sabor e sem consistência. Eu comi a
banana primeiro, quase sem parar para respirar, então tive que me segurar
para não acabar com o leite com um gole. Alguma coisa me dizia que Baxter
não deixava repetir. Eu estava mais cautelosa com o espaguete, apenas
porque a lógica me avisou de que meu estômago não poderia reagir muito bem
à mudança abrupta de dieta. Meu estômago discordou e quis que eu me
empanturrasse e lambesse a bandeja. Após o que eu estive comendo esses
últimos meses, este espaguete parecia ter vindo de algum restaurante gourmet
da Itália. Eu fui salva da tentação de comer tudo quando suaves badaladas
soaram cinco minutos depois. Como se fossem uma pessoa, todos os outros
detentos se levantaram e carregaram suas bandejas para uma grande caixa
monitorada por Addison. Eles limparam os restos de comida da bandeja e as
empilharam ordenadamente em um carrinho perto. Eu corri para fazer o
mesmo e então os segui para fora da cafeteria.
Após a reação de Baxter ao tocar minha mão, eu tentei poupar os detentos o
trabalho de estar próximos de mim e mantive uma distância respeitosa. Nós
nos apertamos no corredor estreito, entretanto, e as manobras de alguns deles
para evitarem se esbarrar em mim não seria cômico em nenhuma
circunstância. Os que não estavam próximos a mim saíram de seus caminhos
para evitar contato visual e fingir que eu não existo. Esses forçados a evitar
contato fixaram olhares frios em mim, e eu fiquei chocada em ouvir um
sussurrar “Vadia”.
Eu me preparei para muitas coisas e eu esperava ser chamada de vários
nomes, mas este me pegou de guarda baixa. Eu estava surpresa o quanto
incomodou.
Eu segui a multidão até uma sala e esperei até que todos estivessem sentados
nas carteiras, para que eu não escolhesse a errada. Quando eu finalmente
escolhi um assento vazio, as duas pessoas mais próximas de mim moveram
suas carteiras para longe. Eles provavelmente eram duas vezes a minha idade,
novamente dando aquela torcida ainda que triste, qualidade cômica. O
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Alquimista de terno liderando a aula ergue os olhos rapidamente de sua mesa
ao ouvir o movimento.
“Elsa, Stuart. Suas carteiras não são ai.”
Mortificados, os dois arrastaram suas carteiras de volta para suas fileiras como
se o amor dos Alquimistas pela ordem superasse o medo do mal. Pelos olhares
que Elsa e Stuart me lançaram, entretanto, era claro que eles estavam agora
adicionando a reprimenda à lista de pecados a qual eu era culpada.
O nome do instrutor era Harrison, novamente me fazendo indagar se era o
primeiro ou o último. Ele era um velho Alquimista com cabelos ralos brancos e
voz anasalada que eu logo aprendi estar aqui para nos ensinar sobre assuntos
correntes. Por um momento, eu me animei, achando que teria algum vislumbre
do mundo lá fora. Logo ficou claro para mim que isso era um olhar altamente
especializado em assuntos correntes.
“O que estamos vendo?” ele perguntou quando uma imagem macabra de duas
garotas com suas gargantas rasgadas apareceu numa tela gigante na frente da
sala. Muitas mãos ergueram-se, e ele escolheu aquele que subiu primeiro.
“Emma?”
“Ataque Strigoi, senhor.”
Eu sabia disso e estava mais interessada em Emma, minha colega de quarto.
Ela tinha a idade próxima da minha e sentou tão anormalmente reta em sua
carteira que eu tinha certeza de que ela teria problemas nas costas mais tarde.
“Duas garotas mortas do lado de fora de uma boate em São Petersburgo,”
Harrison confirmou. “Nenhuma delas tinha vinte ainda.” A imagem mudou para
outra ainda mais macabra, essa de um homem mais velho que obviamente
tivera seu sangue drenado. “Budapest.” Então outra imagem. “Caracas.” Outra
imagem. “Nova Scotia.” Ele desligou o projetor e passou a andar em frente a
sala. “Eu gostaria de dizer essas são do ano passado. Ou até mesmo do mês
passado. Mas temo não ser essa a verdade. Alguém quer arriscar um palpite
de quando elas foram tiradas?”
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A mão de Emma se ergueu. “Semana passada, senhor?”
“Correto, Emma. Estudos mostram que ataques de Strigois não tem diminuído
desde esta época ano passado. Há algumas evidências que podem estar
aumentando. Porque vocês acham isso?”
“Por que os Guardiões não estão caçando-os como deveriam estar?” Essa,
novamente, era Emma. Ai meu Deus, eu pensei, eu divido o quarto com a
Sydney Sage da reeducação.
“Essa é certamente uma teoria,” disse Harrison. “Guardiões estão mais
interessados em proteger os Moroi passivamente a perseguir os Strigois para o
bem de todos nós. Na verdade, quando sugestões foram feitas para
aumentarem seus números recrutando-os mais novos, os Moroi egoisticamente
recusaram. Eles aparentemente têm o suficiente para se considerarem salvos e
não sentem a necessidade de ajudar aos outros.”
Eu tive que morder minha língua. Eu sabia de um fato que não era verdadeiro.
Os Moroi estavam sofrendo baixo números de guardiões porque havia poucos
dhampirs. Dhampirs não podiam se reproduzir com outros dhampirs. Eles
haviam nascido numa época que Moroi e humanos se misturavam livremente,
e agora sua ração continuava através da mistura de Moroi e dhampirs, que
sempre resultava em crianças dhampir. Era um mistério genético até mesmo
para os Alquimistas. Eu sabia pelos meus amigos que a idade dos Guardiões
era um assunto quente no momento, um que a rainha Moroi Vasilisa, era
dedicada a. Ela estava lutando para que os dhampirs mantivessem seu pleno
direito de se tornarem guardiões até que tivesse dezoito anos, não por
egoísmo, mas porque ela achava que eles mereciam a chance de ter sua
adolescência antes de saírem e arriscarem suas vidas.
Eu sabia que agora não era a hora de compartilhar meu pensamento,
entretanto. Mesmo que eles soubessem, ninguém queria ouvir, e eu não
poderia arriscar contar. Eu precisava andar na linha e atuar como se estivesse
a caminho da redenção a fim de conseguir o máximo de privilégios que eu
pudesse, por mais doloroso que fosse ouvir Harrison seguir seu discurso.
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“Outro fator pode ser que os próprios Moroi estão auxiliando a aumentar a
população de Strigoi. Se você perguntar a eles, a maioria irá alegar que eles
não querem nada com os Strigoi. Mas podemos mesmo confiar nisso, quando
eles podem facilmente se transformar nesses monstros vis? É praticamente um
estado de evolução para os Moroi. Eles vivem ‘normalmente’ com crianças e
trabalhos, então quando a idade começa a se aproximar… bem, que
conveniente tomar um pouco mais das vítimas dispostas, ‘alegando’ ter sido
um acidente… e puf!” O número de aspas no ar que Harrison usou enquanto
falava era realmente surpreendente para acompanhar. “Eles se transformam
em Strigoi, imortais e intocáveis. Como não? Morois não são criaturas com
força de vontade, não como os humanos. Como essas criaturas podem resistir
ao desejo de vida eterna?” Harrison balançou a cabeça em uma tristeza
simulada. “Por isso, eu temo, é que a população de Strigoi não tem caído.
Nossos tão chamados aliados não estão exatamente ajudando.”
“Onde está a sua prova?”
A voz dissidente foi um choque para todos no ambiente – especialmente
quando eles viram que havia vindo de mim. Eu queria me bater e retirar as
palavras de volta. Eu mal havia saído da prisão por duas horas! Mas era tarde
demais, e as palavras haviam saído. Meu próprio interesse nos Moroi de lado,
eu não conseguia aguentar quando as pessoas postulavam especulação e
sensacionalismo como fatos. Os Alquimistas deveria saber, tendo me treinado
na arte da lógica.
Todos os olhares caíram em mim novamente, e Harrison veio até a frente da
minha carteira. “É Sydney, correto? Encantador tê-la em sala tão pouco após
sair de seu tempo de reflexão. É especialmente encantador ouvi-la falar tão
cedo a se juntar a nós. A maioria dos novatos espera seu tempo. Agora… você
poderia ter a gentileza de repetir o que acabou de dizer?”
Eu engoli, novamente me odiando por ter falado, mas era tarde demais para
mudar as coisas. “Eu perguntei onde estavam as suas provas, senhor. Seus
pontos são constrangedores e até soam razoáveis, mas se não temos provas
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para sustenta-los, mas não somos mais do que monstros nós mesmos,
espalhando mentiras e propaganda.”
Houve uma inspiração coletiva do restante dos detentos, e Harrison apertou os
olhos. “Eu vejo. Bem, então, você tem alguma explicação sustentada por
‘provas’?” Mais aspas no ar.
Porque, porque, porque eu não podia simplesmente ficar quieta?
“Bem, senhor,” eu comecei suavemente. “Mesmo se houvesse o tanto de
dhampiros guardiões quanto há de Strigois, eles não seriam equilibrados.
Strigoi são quase sempre mais fortes e mais rápidos, e enquanto alguns
dhampirs façam mesmo algumas mortes sozinhas, frequentemente eles
precisam caçar Strigoi em grupos. Quando você olha para a real população
dhampir, você vê que não há comparação a população Strigoi. Dhampiros
excedem em números. Eles não são capazes de se reproduzirem facilmente
como os Moroi e humanos – e Strigoi, se você quiser chamar dessa forma.”
“Bem, do que eu entendo,” disse Harrison, “você é uma expert em reprodução
Moroi. Talvez você pessoalmente esteja interessada em aumentar o número
dos dhampirs você mesma, sim?”
Risadinhas soaram pela sala, e eu me vi corando apesar de mim mesma.
“Essa não era a minha intenção aqui, senhor, de maneira alguma. Só estou
dizendo, se nós vamos analisar criticamente as razões –“
“Sydney,” ele interrompeu, “temo que nós não iremos analisar nada, já que está
óbvio de que você não está totalmente pronto para participar com o resto de
nós.”
Meu coração parou. Não. Não, não, não. Eles não podiam me mandar de volta
para a escuridão, não quando eu havia acabado de sair.
“Senhor –“
“Eu acho,” ele continuou, “que um pouco de purificação pode deixa-la melhor
para participar com o resto de nós.”
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Eu não tinha ideia do que isso significava, mas dois homens corpulentos em
ternos subitamente entraram na sala, que deveria estar sob vigilância. Tentei
outro protesto para Harrison, mas os homens rapidamente me escoltaram para
fora da sala antes que eu pudesse fazer um apelo ao meu instrutor. Então eu
tentei argumentar com os escudeiros ao invés, falando sobre como claramente
ouve um mal entendido e como se eles apenas me dessem uma segunda
chance, resolveríamos isso. Eles se mantiveram quietos e inexpressivos,
entretanto, e meu estômago caiu ao prospecto de ser trancada novamente. Eu
havia sido tão condescendente sobre o que eu via ser jogos mentais com
conforto dos Alquimistas que eu não havia percebido o quanto havia me
tornado dependente deles. O pensamento de ser despida da minha dignidade e
necessidades básicas novamente era quase demais para suportar.
Mas eles apenas me levaram um andar abaixo desta vez, não de volta ao nível
das celas. E a sala a qual eles me levaram era dolorosamente iluminada, com
um grande monitor na frente da sala e uma grande poltrona com algemas.
Sheridan estava perto, parecendo serena como sempre… e ela brandia uma
agulha.
Não era uma agulha de tatuador também. Era uma coisa grande e de
aparência perversa, o tipo que você usa para injeções médicas. “Sydney,” ela
disse docemente, enquanto os homens me prendiam à poltrona. “Que
vergonha eu ter que vê-la tão cedo.”
CAPÍTULO 4
ADRIAN
EU TINHA TANTAS PERGUNTAS para fazer a minha mãe que ficava difícil de
saber por onde começar. Provavelmente a mais importante seria o que ela
estava fazendo aqui, pois pelo que sabia, ela estava cumprindo pena em uma
prisão Moroi por falso testemunho e dificultar a investigação de assassinato.
- Nós teremos mais tempo para falar depois, – ela insistiu. – Agora nós temos
um voo para embarcar. Garoto humano, você pode achar para nós uma mala?
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- Seu nome é Trey, – eu disse. – E ele é meu colega de quarto, não meu criado
particular. – Eu cambaleei para meu armário e puxei a mala. Eu havia trazido
quando estive pela primeira vez em Palm Springs. Minha mãe tomou de mim e
começou a guardar meus pertences no quarto, como se eu tivesse oito anos
novamente.
- Você está indo embora? – Trey perguntou, parecendo mais confuso do que
eu.
- Acho que sim. – Eu pensei um pouco mais, e de repente, parecia realmente
uma ótima ideia. Por que eu continuava aqui, me torturando em um deserto?
Sydney havia ido embora. Jill estava progredindo rapidamente, aprendendo a
me bloquear pelo laço, graças às minhas recentes atitudes extremas. Além
disso, ela estaria partindo no próximo mês também. – Sim, – eu disse mais
confiante. – Eu definitivamente estou indo. Já está pré-pago para o período do
outono. Você pode ficar.
Eu precisava ficar longe desse lugar e das memórias de Sydney. Ela estava em
todos os lugares que olhava, não somente neste apartamento, mas também
em Amberwood e até em Palm Springs de forma geral. Todo lugar me trazia
uma imagem dela, e apesar de não ter desistido de encontrá-la, eu continuaria
a buscar em um lugar que não me causasse tanta dor. Talvez esse fosse o
novo início que eu precisava.
Isso… e minha mãe estava de volta! Eu sentia profundamente sua falta, era
diferente da forma que eu sentia a falta de Sydney, e tive quase nenhum
contato. Minha mãe não queria que eu a procurasse em seus sonhos, e meu
pai não entregaria minhas cartas. Eu estava preocupado sobre como Daniella
Ivashkov sobrevivera em uma prisão, mas vendo-a agora, ela não parecia ter
sido afetada por isso. Ela parecia elegante como sempre, bem vestida e bem
feita, se movendo pela minha sala com aquela autoridade única e confiança
que a definia – e ter interpretado um papel em sua prisão.
- Aqui, – ela disse, me dando algo da cômoda. – Mantenha estes com você.
Você não quer vê-los em sua bagagem.
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Eu olhei para eles e fui saudado por um brilhoso arranjo de diamantes e rubis
organizados em platina. Elas foram um presente de minha tia Tatiana. Ela
havia me dado para “ocasiões especiais”, como se eu tivesse todas as razões
para usar milhares de dólares em minhas mangas. Talvez eu tivesse usado se
eu tivesse ficado na Corte. Sobretudo em Palm Springs, elas foram uma
tentação, tanto que eu as quase penhorei em desespero para conseguir algum
dinheiro. Eu as apertei com força por alguns momentos, deixando as pontas
afiadas entrarem nas minhas palmas, e então as escorreguei para dentro dos
meus bolsos.
Minha mãe terminou minha mala em menos de dez minutos. Quando eu alertei
que ela tinha apenas guardado uma fração dos meus pertences, ela minimizou
minhas preocupações. – Sem tempo. Nós compraremos novas coisas na
Corte.
Então. Nós estávamos indo para Corte. Eu não estava completamente
surpreso. Minha família tinha algumas outras residências ao redor do mundo,
mas a Corte Moroi em Pocono Mountains de Pensilvânia era sua morada
principal. Honestamente, eu não me importava aonde estávamos indo desde
que fosse longe daqui.
Na sala de estar, eu encontrei um alerta guardião nos esperando. Minha mãe o
apresentou como Dale e disse que ele também seria nosso motorista. Eu fiz
uma despedida estranha com Trey, que ainda parecia admirado pelos abruptos
eventos ocorridos. Ele perguntou se eu gostaria de enviar uma mensagem
através dele para Jill e os outros, o que me fez pausar. No fim, balancei minha
cabeça.
- Não precisa.
Jill entenderia por que eu precisava partir, por que eu precisava escapar das
minhas memórias e fracassos. Qualquer coisa que eu dissesse a ela em
palavras pareceria mínimo ao que ela aprendeu com o laço, e ela poderia
contar aos outros ou criar uma ótima história para mim. Eddie pensaria que eu
estava fugindo, mas ficar aqui por três meses me fez ficar mais próximo apenas
da miséria, não da Sydney. Talvez essa mudança de localidade era o que eu
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precisava.
Minha mãe nos reservou assentos de primeira classe para Pensilvânia, com
Dale sentando logo após o corredor. Depois de viver uma vida simples de
estudante por tanto tempo, esse tipo de gasto fez minha mente girar um pouco,
porém quanto mais eu sentava com a minha mãe, mais natural ficava. Uma
aeromoça apareceu oferecendo drinques, mas minha cabeça martelando me
fez abster e ficar com a água. Isso, e eu queria meu juízo comigo para ouvir o
que minha mãe tinha para dizer.
- Eu estou em casa há uma semana -, ela disse, como se ela tivesse ficado
fora em um feriado. – Naturalmente, eu estive ocupada colocando as coisas em
ordem lá, mas você era o primeiro e o mais importante na minha cabeça.
- Como você sabia onde me encontrar? – Perguntei. Minha localização, sendo
ligada a de Jill, era um segredo altamente guardado. Ninguém iria arriscá-la
para me revelar.
Sua testa enrugou. – Eu recebi uma mensagem enigmática. Anônima. Dizia
que você estava “passando por um momento difícil” e precisava de mim. Tinha
seu endereço e instruções rigorosas para não compartilhá-lo, como se você
estivesse conduzindo negócios importantes para a rainha. Um pouco disso
vazou por aí – sobre o trabalho que você esteve fazendo para nos proteger dos
Strigoi. É muito impressionante.
Passando por um momento difícil. Essas eram as palavras que Jill tinha usado
para me defender na última noite sobre eu ter esquecido seu show de moda.
Eu quase grunhi. Ninguém iria arriscar a segurança de Jill para dizer a minha
mãe onde eu estava – exceto a própria Jill.
- Alguém sabe que você está aqui? – Perguntei.
- Claro que não – disse minha mãe, parecendo ofendida. Eu nunca revelaria
segredos tão importantes do futuro dos Moroi. Se existir uma forma de
erradicar os Strigoi, eu farei a minha parte e ajudarei você em seu… apesar, eu
preciso admitir, querido, você parece sim um pouco fora de si.
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Se minha mãe achava que nós estávamos apenas fazendo pesquisas sobre
Strigoi em Palm Springs, então assim será. Ela com esperança não terá razão
alguma para pensar uma segunda vez agora que ela me recuperou.
- “Fora de si” é colocar panos quentes – eu disse a ela.
Ela pousou sua mão sobre a minha. – O que está errado? Você estava lidando
tão bem. Eu soube que você esteve assistindo aulas de novo? E fazendo esse
trabalho para a rainha?
Com isso, eu percebi que eu nunca chequei minhas duas outras matérias. Eu
tive provas finais nelas? Projetos finais? Droga. Eu fiquei tão surpreso com a
chegada da minha mãe e com a chance de escapar que eu me esqueci
completamente de continuar em Carlton. Eu talvez tenha estragado minha
última tentativa de me dar bem na faculdade. O orgulho de sua voz me tocou
no entanto, e eu não suportei dizer a ela essa parte da verdade.
- Sim, eu estive ocupado – eu disse vagamente.
- Então o que está errado? – Ela repetiu.
Eu encontrei seus olhos, vendo a rara compaixão que poucos viam. Antes de
sua prisão, a maioria a via como uma empertigada, aristocrata Daniella
Ivashkov, fria e despreocupada com imagem. Eu a conhecia desse jeito
também, mas nesses raros, brilhantes momentos, eu também a conhecia como
minha mãe. E de repente, eu me encontrei dizendo a verdade… ou pelo menos
uma versão dela.
- Havia… bem, havia uma garota, mãe.
Ela suspirou – Oh, Adrian. Apenas isso?
- Não apenas isso! – Eu exclamei irritado. – Ela era a garota. Aquela que
mudou tudo. Aquela que me mudou.
- Certo, certo – ela disse, tentando me acalmar. – Desculpe. O que aconteceu
com ela?
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Eu tentei arranjar uma maneira de dizer a verdade. – A família dela não me
aprovou.
Agora minha mãe estava brava, assumindo, naturalmente, que eu estava
falando sobre uma garota Moroi. – Isso é ridículo! Você veio de uma das
melhores linhagens Moroi, tanto do lado Tarus quanto Ivashkov. Mesmo a
rainha não poderia pedir uma genealogia. Se a família desta garota tem
problemas com você, então eles são claramente insanos.
Eu quase sorri – bem, nisso nós podemos concordar.
- Então qual é o problema? Se ela é uma adulta – oh, Adrian, por favor me diga
que ela é uma adulta e não uma menor.
- Ela é uma adulta.
Alívio inundou as feições da minha mãe. – Então ela é capaz de fazer suas
próprias decisões e vir até você, independente do que a família dela pensa. E
se ela ficar com eles, então ela não merece seu tempo, e você está melhor
sem ela.
Eu gostaria de dizer a ela que não era assim tão simples, mas ela não reagiu
tão bem quando eu estava envolvido com Rose. Uma dhampir era imperdoável.
Uma humana era inconcebível.
- Eu acho que tem tanto a ver comigo pessoalmente como minha linhagem –
eu disse ao invés.
Minha mãe reclamou em desaprovação. – Bem, veremos se ela aparece.
Quem não gostaria do meu garoto? Enquanto isso, eu gostaria que você não
deixasse essas coisas lhe atingirem tão forte. O que há entre você e garotas,
querido? Por que ou elas significam nada para você ou tudo? É sempre um
extremo?
- Porque eu não faço coisas pelas metades, mãe. Especialmente quando
envolve amor.
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Quando nós pousamos e eu fui capaz de ligar meu celular, eu encontrei uma
mensagem de texto de Jill esperando: Sim, fui eu. Eu sei que você veio para
Palm Spring por minha causa, mas eu imaginei que estava na hora para você
mudar as coisas. Quando eu ouvi de Lissa que sua mãe estava de volta,
imaginei que seria bom para você vê-la, então eu ajudei vocês dois se
acharem. Espero que esteja tudo bem.
Você é a melhor, Jailbait, escrevi de volta.
Sua resposta me fez sorrir: Você não sabe metade. Suas duas outras matérias
requeriam projetos finais, não provas. Trey e eu vasculhamos o apartamento e
encontramos alguns de seus projetos rejeitados para entregar. Não tenho
certeza se você irá passar, mas alguma nota é melhor do que nota alguma.
Vai entender. Jill ficou atrás do que precisava ser feito nas minhas aulas
quando eu não o fiz. Eu comecei e parei vários projetos, então não tinha como
dizer o que ela tinha entregado, mas no meu recente estado, era
provavelmente melhor do que qualquer coisa que eu tivesse tentado de
propósito para essas notas finais. Estava nas mãos do destino agora.
Uma coisa me confundiu, no entanto, enquanto Dale guiava minha mãe e eu
para Corte. Minha mãe mesma disse que ela estava de volta há uma semana.
Jill tinha dado meu endereço para minha mãe, o que certamente criou um
impacto maior com uma visita pessoal, mas tinha sido necessário? Apesar da
localização de Jill ser um segredo, Lissa teria dado certeza de minha mãe ter
uma maneira segura de me ligar assim que ela estivesse livre, se minha mãe
questionasse. Por que ela não o fez? Era como se quase minha mãe estivesse
protelando me contactar, e não foi até Jill chamar sua atenção para os
problemas que eu estava tendo que minha mãe agiu. Com certeza, mesmo se
tudo estivesse bem comigo, minha mãe gostaria de entrar em contato tão
logo… certo?
Ou talvez eu estava pensando demais nas coisas. Eu não poderia duvidar do
amor da minha mãe. Quaisquer que fossem suas falhas, ela ainda se
importava comigo, e vê-la viva e bem me fez perceber como eu estava
50
preocupado com ela enquanto ela estava presa. Sempre que eu tava falar
sobre seu tempo fora, no entanto, ela desviava do assunto.
- Está feito – ela disse simplesmente enquanto dirigíamos para os portões de
segurança da frente da Corte. – Eu cumpri minha sentença, e isso é tudo que
há sobre isso. A única coisa que você precisa saber é que isso me fez reavaliar
minhas prioridades na vida e o que realmente importa. – Ela tocou minha
bochecha gentilmente. – E você está no topo dessas prioridades, meu querido.
A Corte Real Moroi estava arranjada como uma universidade, com vários
antigos prédios góticos situados em vários terrenos. Na verdade, no mundo
humano, sua história de fachada era que era uma instituição acadêmica, uma
privada e de elite que era geralmente deixada quieta. Oficiais do governo e
certos Morois da realeza tinham residências oficiais lá, e também havia
acomodações para visitantes e todos os tipos de serviços para fazer a vida
suportável. Era, de uma forma, sua própria cidade fechada.
Eu esperei que minha mãe nos levasse para o condomínio da nossa família,
mas ao invés, nós acabamos em uma das instalações de alojamento para
hóspedes. – Após viver por conta própria, eu não consegui imaginar que você
gostaria de ficar enfurnado com seu pai e eu – ela explicou. – Nós podemos
trabalhar em algo mais permanente depois, mas enquanto isso, a rainha
autorizou esses arranjos para você.
Eu estava surpreso, mas ela estava certa sobre uma coisa – eu não queria
mesmo meu pai rastreando minhas idas e vindas. Ou ela, da mesma forma.
Não que eu estivesse pretendendo em entrar em várias loucas e doidas
situações. Eu estava aqui para um novo começo, determinado a usar quaisquer
recursos que pudesse para ajudar Sydney. Depois de ela ter saída de sua rota
para me achar, no entanto, eu assumi que minha mãe gostaria de me manter
debaixo de sua chave e fechadura.
Uma atendente da mesa de recepção do prédio me arranjou um quanto, e
minha mãe me abraçou em despedida. – Eu tenho um compromisso para ir,
mas vamos nos encontrar amanhã, certo? Nós temos convidados vindo para o
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jantar. Tenho certeza que seu pai amaria vê-lo. Apareça, e nós nos
atualizaremos. Você vai ficar bem agora, não vai?
- Com certeza – eu disse. Nós perdemos grande parte do dia devido à viagem
e a diferença de horário. – Não há muitos problemas deixados para eu me
meter. Eu provavelmente vou dormir cedo.
Ela me abraçou de novo, e então eu tomei meu caminho para meu quarto, o
que era meio uma suíte de um quarto que você encontraria em qualquer hotel
cinco estrelas. Uma vez que eu depositei minha mala no quarto, eu
imediatamente fiz algumas ligações e comecei a traçar meus planos. Com
esses arranjados, tomei uma ducha rápida (minha primeira do dia) e
prontamente saí mais uma vez. Não era para nenhum tempo selvagem no
entanto.
Claro, alguns poderiam vir a considerar qualquer saída com Rose Hathaway e
Lissa Dragomir um tempo selvagem.Ambas viviam dentro do que era apelidado
de palácio real por aqui, apesar de que, por fora, mantinha a mesma fachada
de universidade. Uma vez dentro, todo aquele peso da história Moroi caía,
pressionando com toda aquela grandeza do Velho Mundo: candelabros de
cristal, cortinas de veludo, pinturas a óleo de antigos monarcas. Os cômodos
da rainha estavam bem atualizadas, porém, sendo atualizadas mais com o seu
próprio gosto do que para seu trabalho. Eu estava simplesmente grato que ela
escolhera cômodos diferentes daqueles que minha tia viveu – e morreu. Já era
surreal o suficiente vir aqui de vez em quando sem aquelas memórias me
perseguindo.
As meninas estavam na sala de estar de Lissa quando cheguei. Lissa estava
sentada de pernas cruzadas, em um sofá rodeado de livros, enquanto Rose
tentava se arrumar de cabeça para baixo em uma poltrona, seus longos e
negros cabelos pendendo e se dispersando pelo chão. Ela saltou ficando em
pé com suas habilidades de dhampir e me recebeu graciosamente em minha
chegada. – Você realmente está aqui. De primeira, pensei que fosse
brincadeira. Achei que você ficaria com Jill.
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- Ela não precisa de mim agora -, eu disse, seguindo para dar um abraço em
Lissa já que ela havia se levantado dos livros. – A escola está acabando e têm
todas aquelas coisas para mantê-la ocupada por agora.
- Conte-me mais, – disse Rose, revirando os olhos para Lissa. – Senhorita Só-
Estudos-Sem-Diversão aqui tem tirado a diversão de tudo.
Lissa sorriu complacentemente para sua melhor amiga. – As provas começam
amanhã.
- As minhas acabaram ainda pouco. – eu disse.
- Como você foi? – Lissa perguntou, recuando.
Eu dei uma olhada em seus livros. – Vamos dizer que eu não me esforcei tanto
quanto você.
- Vê? – grunhiu Rose. Ela se jogou de novo em sua cadeira, braços cruzados.
Eu encontrei minha própria cadeira entre elas e refleti sobre minhas chances
imprecisas de passar nesse semestre. – Eu acho que Lissa está fazendo da
forma certa.
Aos dezoito, Lissa era a rainha mais nova da história dos Moroi, eleita no meio
do caos seguido da morte de minha tia. Ninguém teria duvidado dela por não ir
à universidade ou por simplesmente fazê-la à distância. Lissa, porém, se
manteve fiel aos seus sonhos vitalícios de ir para uma grande universidade e
sentiu aquilo como monarca, agora era duas vezes mais importante para ela ter
uma educação perfeita. Ela estava matriculada em Lehigh University, algumas
horas daqui, e manteve sua média alta enquanto governava uma nação
agitada. Sydney e ela se dariam lindamente bem.
Lissa colocou seus pés em cima da mesa de café e eu usei o espírito para dar
uma breve olhada em sua aura. Estava calorosa e contente, como deve ser,
com linhas de dourado, o que marcava outro usuário de espírito.
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- Então, você irá entender se eu tiver que manter isso curto. Eu tenho que
memorizar algumas datas e lugares antes de ir para cama hoje à noite e
depois, estaremos indo para a escola de manhã cedo. Nós iremos ficar no
campus pelo resto da semana de provas.
- Eu não vou te prender – eu disse – eu só queria te perguntar sobre uma
coisa.
Lissa olhou levemente surpresa, e eu percebi que ela achou que era só uma
chamada social.
- Você não buscou mais informações sobre o que aconteceu com Sydney
Sage?
A leve surpresa se tornou uma surpresa extrema. – Aquilo de novo? –
perguntou Lissa. Soou mais rude do eu sabia que ela pretendia soar. Ninguém
fora do círculo de Palm Springs sabia o que Sydney significava para mim, e
Lissa não tinha nem conexão de amizade com Sydney como alguém como
Rose tinha.
Na verdade, a menção de Sydney trouxe uma carranca para o rosto de Rose. –
Ela ainda está sumida?
Lissa lançou um olhar entre mim e Rose. – Eu não soube de mais nada desde
o dia em que você me perguntou, há alguns meses atrás. Eu fiz investigações.
Eles disseram que ela foi realocada e que a informação era secreta.
- Isso é uma mentira, – eu disse emanando um pouco de raiva. – Eles a
sequestraram e a mandaram para um de seus malditos centros de reeducação!
- Você me disse isso antes, e a não ser que as coisas tenham mudado, você
me disse não ter nenhuma prova disso, – Lissa disse, calmamente. – Sem isso,
eu dificilmente poderia acusá-los de mentirem… e sério, por que eu deveria
questionar o que eles fazem com suas próprias pessoas?
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- Você tem o direito porque o que eles estão fazendo vai contra as regras mais
básicas de decência e de respeito pelos outros. Eles estão a prendendo e a
torturando.
Lissa inclinou sua cabeça. – Novamente, não é algo que eu possa interferir.
Guardiões frequentemente capturam dhampirs que fogem dos treinos e os
punem. E se os alquimistas tentasse ditar como nós fazemos isso? Nós iríamos
dizer o que eu estou dizendo agora: Não está sob nossa jurisdição. Eles têm
suas pessoas, nós temos as nossas. Agora se uma de nossas pessoas
estivesse em perigo por conta deles, então sim eu teria todo o direito de jogar
meu ao redor dos alquimistas.
- Mas você não vai fazer – porque ela é uma humana, – eu disse, sem graça.
Todas as mais altas esperanças que eu teria mantido até chegar aqui estavam
começando a vacilar.
Rose, pelo menos, parecia mais compreensiva. – Eles realmente estão
torturando ela?
- Sim, – eu disse. – Bem, quero dizer, eu não estive em contato com ela ou
com qualquer outra pessoa que falou com ela para dizer exatamente o que eles
têm feito, mas eu conheço alguém que sabe sobre as situações como a dela.
Tristeza – para mim – brilhou nos olhos verde-claros de Lissa, tão similares ao
de Jill. – Adrian, você percebe o quão destorcido isso soa?
Ultraje e raiva queimaram em mim, ambos por conta de meu desamparo e
porque os Alquimistas encheram Lissa com suas mentiras. – Mas é a verdade!
Sydney virou nossa amiga. Ela parou de agir como um alquimista que achava
que nós éramos criaturas do mal. Ela se tornou nossa amiga. Inferno, ela
tratava Jill como se fosse sua irmã – ironicamente, porque a irmã de Sydney foi
a que a traiu. Pergunte ao Eddie. Ele estava lá quando ela foi levada.
- Mas não pelo que aconteceu depois. – terminou Lissa. – Ele não viu se ela foi
levada para ser torturada como você disse. Ele não viu se talvez ela estava
sendo só realocado para outro lugar, um lugar longe de vocês. Talvez esse
55
seja o único “tratamento” que os alquimistas estão dando a ela, se eles acham
que você interferiu em suas ideologias.
- Eles fizeram muito mais que isso – eu rosnei. – eu sinto em minhas vísceras.
- Liss, – Rose começou, incerta. – Deve haver algo que você possa fazer…
A esperança se restaurou em mim. Se Rose estava de acordo, talvez nós
poderíamos juntar os outros para nos ajudar por trás das cenas. – Olhe, – eu
disse. – E se tentássemos uma abordagem diferente? Ao invés de questionar
diretamente os alquimistas novamente, você poderia mandar… eu não sei…
uma equipe de ataque para investigar possíveis localizações de onde ela
poderia estar presa? – Parecia uma ideia brilhante para mim. Marcus tinha
procurado por informações para investigar sua lista, mas talvez nós
poderíamos recrutar os Morois e outros dhampirs.
Rose se iluminou. – Eu ajudaria totalmente com isso. Sydney é minha amiga, e
eu tenho experiência com –
- Não! – Lissa exclamou, se levantando. – Não, vocês dois! Vocês estão
escutando o que estão dizendo? Me pedindo para mandar um “grupo de
ataque” para entrar nas instalações dos Alquimistas? Isso é como se fosse um
ato de guerra! Vocês podem chegar a imaginar como isso soaria se fosse ao
contrário? Se eles mandassem grupos de humanos para nos investigar?
- Considerando suas éticas, – eu disse – eu não me surpreenderia se eles já
tivessem tentado.
- Não, – Lissa repetiu. – Eu não posso fazer mais do que isso, não se isso não
afetar diretamente meu próprio povo. Eu desejaria poder ajudar todos no
mundo – sim, incluindo Sydney. Mas agora, minhas responsabilidades são com
meu próprio povo. Se eu for arriscar, deverá ser por eles.
Eu levantei, cheio de raiva, desapontamento e um monte de outras emoções
que eu não poderia ainda definir. – Eu pensei que você fosse uma líder
diferente. Uma lutadora pelo que era certo.
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- Sim, eu sou, – ela disse, forçando sua calma com uma grande quantidade de
esforço. – E eu estou atualmente lutando mais pela liberdade dos dhampirs,
apoiando os Morois que querem se autodefender e modificando a lei da idade
para que minha própria irmã possa parar de se esconder! Entretanto, eu estou
fazendo isso tudo enquanto vou para a escola e tentando ignorar a facção
irritante que continua demandando minha retirada do poder. E não me pergunte
que tempo eu tenho livre para minha vida pessoal. Isso é o suficiente para te
satisfazer, Adrian?
- Pelo menos você ainda tem uma vida pessoal, – eu murmurei. Eu me
direcionei à porta. – Desculpe interromper seus estudos. Boa sorte com as
provas.
Rose tentou me chamar de volta e acho que ela teria até tentado me seguir,
mas então Lissa chamou seu nome. Ninguém veio atrás de mim, e eu me
deixei sair dos apartamentos reais e voltei pelos corredores sinuosos do
palácio. Fúria e frustração ferviam dentro de mim. Eu estava tão certo que se
eu apelasse à Lissa cara a cara – sóbrio, até! – e explicasse meu caso, ele iria
fazer algo pela Sydney. Eu entenderia se os alquimistas estivessem
bloqueando as tentativas oficiais de Lissa, mas certamente ela poderia ter feito
um grupo de Rose Hathaways para dar umas bisbilhotadas por aí! Lissa me
deixou para baixo, afirmando ser uma templária, mas em última análise,
provando ser tão burocrática quanto qualquer outro político.
Desespero começou a fazer seu caminho por mim, negro e traiçoeiro, me
dizendo que eu era um idiota por ter vindo aqui. Como poderia eu realmente
acreditar que algo iria mudar? Rose parecia que queria ajudar, mas poderia eu
convencê-la de ir por trás de sua melhor amiga? Provavelmente não. Rose
estava presa ao sistema. Eu estava preso em minha incapacidade de ajudar a
Sydney. Eu era tão inútil para ela, inútil para tudo e todos—
- Adrian?
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Eu estava prestes a ir par afora das portas frontais do palácio, quando ouvi
uma voz por trás de mim. Virei-me e vi uma bela garota Moroi com olhos cinza
e enrolados cabelos escuros, vindo até mim.
- Nina?
Seu rosto se transformou em um sorriso assim que se jogou em mim, em um
abraço inesperado. – É mesmo você, – ela disse, feliz. – eu estava preocupada
que você tinha desaparecido. Você não respondeu nenhuma das minhas
mensagens ou chamadas.
- Não leve para o lado pessoal. – eu assegurei, segurando a porta aberta. – eu
andei ignorando todo mundo. – Era verdade. Eu sumi da face da Terra quando
Sydney foi levada.
Aqueles notáveis olhos cinza, me observavam com preocupação. – Está tudo
bem?
- Sim, sim. Quero dizer, não. É complicado.
- Bem, eu tenho tempo, – ela disse conforme entrávamos em uma calorosa
noite de verão. – nós poderíamos pegar um pouco de comida e conversar.
Eu hesitei, incerto se eu queria desabafar. Eu havia conhecido Nina no início
do ano, logo depois que ela havia ajudado sua irmã a se transformar de volta
de ser um Strigoi – poder que nós achávamos que poderia ser uma vacina para
parar os outros de serem transformados a força, sem consentimento. Sua irmã,
Olive, era também o objeto de amor de Neil, se você puder chegar neste tanto.
Os dois haviam se visto algumas vezes e talvez tiveram uma breve tentativa,
contudo quando ela ficou fora de comunicação, ele ansiou por ela, achando
que eles ficariam juntos por anos.
- Eu sou uma boa ouvinte, – disse Nina quando eu não respondi.
Eu dei um sorriso. – Tenho certeza que você é. Eu só não quero te colocar
para baixo.
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- Me botar para baixo? – ela deu uma risada áspera. – Boa sorte.
Primeiramente, o espírito já está fazendo um bom trabalho com isso, então
você tem um competidor a altura. Desde quando eu restaurei Olive, aquilo… eu
não sei… você entende? Aquele tipo de escuridão, neblina pavorosa?
- Yup, – eu disse. – Com certeza.
- Bem, parece que isso é um visitante diário agora, o que torna minha vida
super deleitosa, do jeito que você já conhece. Enquanto isso, após passar por
tudo isso por Olive, ela está passando por um tipo de questionamento de
visões sobre tudo o que aconteceu! Ela de alguma forma, manipula e acaba
terminando os nossos sonhos antes mesmo de eu conseguir falar com ela. Eu
tentaria achá-la, mas Sonya continua insistindo para eu ficar aqui e ajudar na
pesquisa do espírito. Eles me colocaram aqui, em uma acomodação luxuosa,
mas eu não tenho nenhum outro jeito de viver, então eu tenho que trabalhar
meio período em um trabalho de secretariado no palácio. Deixe-me dizer, fazer
“serviço-customizado” para um bando de nobres egoístas? Bem, é como se
fosse o novo círculo do inferno. – ela pausou, lembrando com quem ela estava
falando. – sem ofensas.
Eu ri, talvez seja a primeira vez que eu faço algo tão genuíno nesses tempos. –
Sem problemas, porque eu sei exatamente de quais tipos você está falando.
Se você falar com sua irmã, aliás, você deveria dizer a ela que ela está
quebrando o pobre coração de Neil.
- Anotado, – disse Nina. – Eu acho que ele é uma das coisas que ela está a
contemplar.
- Isso é bom ou ruim? – Perguntei.
- Não tenho ideia, – ela riu.
Eu comecei a rir também, e de repente, eu decidi aceitar a sua oferta. – Okay,
vamos pegar algo para comer… embora honestamente, nas últimas vinte e
quatro horas… eu preferiria beber um drink. Eu suponho que você não
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aceitaria? – era provavelmente uma ideia terrível, mas isso não havia me
parado antes.
Nina pegou minha mão e começou a me puxar pela construção através da
grama. – Graças a deus, – ela disse. – Eu pensei que você nunca iria
perguntar.
CAPÍTULO 5
SIDNEY
POR UM MOMENTO, QUANDO EU VI a seringa de Sheridan, eu pensei que
ela estava optando por uma forma extrema de retocar tatuagem. Como, ao
invés de injetar em minha pele pequenas porções de tinta encantada, ela iria
enfiar em mim uma dose monstruosa para me fazer andar na linha.
Não vai importar, tentei dizer a mim mesma. Uso de mágica me protege, não
importa quão forte a porção que eles usem. As palavras soavam razoáveis,
mas eu apenas não tinha certeza se elas eram verdadeiras.
Como se viu, no entanto, Sheridan tinha algo totalmente diferente na cabeça.
— As coisas pareciam tão promissoras para você depois que nos falamos a
última vez — ela me disse após mergulhar a agulha em meu braço. — Não
consigo acreditar que você não durou uma hora por conta própria.
Eu quase disse — Velhos hábitos são difíceis de morrer —, mas lembrei que
eu precisava agir arrependida se eu quisesse algum tipo de avanço. —
Desculpe—me — eu disse. — Eu apenas escorreguei. Eu irei me desculpar
com Harrison se isso irá…
Um sentimento estranho começou a subir na minha barriga, começando a
princípio como um pequeno desconforto e então aumentando e aumentando
até que era uma completa náusea, daquele tipo que se apoderava de todo seu
corpo. Meu estômago parecia que tinha ondas marítimas nele, e minha cabeça
começou a pulsar. Eu podia sentir minha temperatura subindo também e suor
irrompeu por todos os lugares.
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— Eu vou passar mal — eu disse. Eu queria colocar minha cabeça para baixo,
mas a cadeira me deixou presa no lugar.
— Não — disse Sheridan. — Você não irá. Ainda não. Aproveite o show.
Junto com as restrições de braço, o apoio de cabeça da cadeira também fazia
certeza que eu não pudesse virar minha cabeça, me forçando assim a olhar
estritamente para frente no monitor. Ele ligou, e eu me preparei para imagens
horríveis. O que eu vi ao invés era… Moroi. Alegres Morois. Amigáveis Morois.
Crianças Morois. Morois fazendo coisas comuns, como esportes e comendo
em restaurantes.
Eu estava miserável demais para decifrar essas imagens desorientadoras, no
entanto. Tudo que eu conseguia pensar era sobre como eu gostaria de poder
vomitar. Era aquele tipo de enjoo — do tipo em que você sabe que você se
sentiria melhor se você apenas conseguisse expelir o veneno. Mas de alguma
forma, Sheridan estava certa, eu não conseguia fazer meu corpo vomitar, não
importa o tanto que eu talvez desejasse, e ao invés eu tive de sentar lá
passando tão mal, com a retorcida náusea estragando minhas entranhas.
Ondas de agonia me varreram. Não parecia possível que eu conseguir conter
tanta miséria dentro de mim. Eu grunhi e fechei meus olhos, principalmente
para fazer minha cabeça sentir melhor, mas Sheridan leu outro motivo nisso.
— Não — ela disse. — Esta é uma dica de profissional: Será muito mais fácil
para você se você assistir de espontânea vontade. Nós temos maneiras de
deixar seus olhos abertos. Você não gostará deles.
Eu pisquei de volta lágrimas e foquei de volta para a tela. Apesar do meu
sofrimento, meu cérebro tentou entender por que ela se importava se eu estava
assistindo a figuras de Moroi felizes ou não. O que importava quando meu
corpo sentia como se estivesse virando do avesso?
— Você está tentando… — eu engasguei, e por um momento, eu pensei que
talvez eu tivesse aquele alívio no fim das contas. Não tive. — … criar algum
tipo de resposta Pavloviana.
Era uma técnica clássica de condicionamento. Mostrar—me uma imagem e me
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fazer sentir terrível enquanto eu a olhava, com o objetivo sendo que eu
eventualmente viesse a associar os Moroi — Moroi inofensivos, felizes — com
extremo desconforto e sofrimento.
Havia apenas um problema.
— Vo—você precisa repetir sessões para isto fazer efeito — eu percebi em voz
alta. Uma vez não iria me fazer sentir revulsão instantaneamente para imagens
de Moroi.
O olhar que Sheridan me deu disse bastante sobre o que eu poderia esperar
no futuro.
Meu coração se afundou. Ou talvez fosse meu estômago. Honestamente, com
a forma que minhas entranhas se sentiam no momento, eu não conseguia
distinguir uma parte da outra. Eu não sei por quanto tempo eles me manteram
naquele estado. Talvez uma hora. Eu não conseguia realmente focar em contar
o tempo quando meu objetivo era apenas sobreviver cada onda esmagadora
de vertigem. Depois do que pareceu ser uma eternidade, Sheridan me deu
outra injeção, e a tela ficou preta. Seus capangas desfizeram as amarras, e
alguém me entregou um balde.
Por alguns segundos, eu não tinha entendido. Então, o que quer que estivesse
restringindo meu corpo de encontrar alívio não mais se segurou. Tudo daquele
almoço escasso voltou, e mesmo depois, meu estômago ainda continuava
tentando. Eu fui reduzida a vômitos secos e finalmente apenas engasgando até
eu parar completamente. Foi um longo, doloroso processo, e eu estava além
do ponto de importar que eu tinha vomitado — excessivamente — na frente de
outros. Ainda assim, por mais horrível que tivesse sido, eu ainda me sentia
melhor, agora que eu tinha finalmente conseguido me livrar do que quer que
tivesse causado aquela náusea se remexer e remexer dentro de mim. Um dos
capangas discretamente pegou o balde de mim, e Sheridan me deu a cortesia
de um copo de água, assim como a chance de escovar meus dentes dentro em
uma pequena pia no lado do cômodo. Era ao lado de um armário cheio de
suprimentos médicos, assim como um espelho que me permitiu ver quão
miserável eu parecia.
62
— Bem então — Sheridan disse alegremente. — Parece que você está
preparada para a aula de artes.
Aula de artes? Eu estava pronta para me enrolar que nem uma bola e cair no
sono. Todo o meu corpo estava fraco e tremendo, e meu estômago parecia
como se tivesse sido revirado do avesso. Ninguém parecia notar ou importar
com meu estado debilitado, no entanto, e o capanga me acompanhou para fora
da sala. Sheridan deu tchau com a mão e disse que ela me veria em breve.
Minha escolta me levou escada acima para o andar de salas de aula, para o
que servia como estúdio de arte de detentos. Addison, a severo e andrógena
matrona do refeitório, estava iniciando a aula, dando instruções das tarefas de
hoje, o que parecia ser a continuação de uma pintura de vasilha de frutas. Ao
que parecia uma aula de arte Alquimista teria o projeto mais chato de todos.
Apesar de sua fala, todos os olhos giraram em minha direção quando eu entrei.
A maioria das expressões que eu encontrei era frias. Algumas eram um pouco
presunçosas. Todos sabiam o que tinha acontecido comigo.
Uma coisa legal que eu tinha pescado nesta aula e na anterior foi que na
reeducação, os lugares valorizados eram os mais perto dos professores,
diferente de Amberwood. Isso me permitia escorregar a um cavalete no fundo
da sala. A maioria dos olhos nao conseguiam me seguir até lá a não ser que
eles descaradamente virassem e ignorassem Addison. Ninguém estava
disposto a fazer isso. A maior parte do meu esforço estava focado em
permanecer em pé, e eu apenas a ouvi falar com metade do meu ouvido.
— Alguns de vocês fez um bom progresso ontem. Emma, o seu em particular
está se tornando bonito. Lacey, Stuart, vocês vão precisar recomeçar.
Eu espiei em volta, tentando combinar as pessoas com seus cavaletes, os
quais eu tinha uma visão total de trás. Pensei que talvez minha recente
expurgação tivesse apodrecido meu cérebro, porque os comentários de
Addison não faziam sentido. Mas não, eu tinha certeza que eu tinha acertado
as pessoas. Aquela era Emma, minha alegada colega de quarto, uma garota
que parecia ser da linhagem americana asiática e que vestia seu cabelo preto
63
em um coque muito preso, eu jurava que esticava sua pele. Sua pintura parecia
nada especial para mim e era mal dicernível como fruta. Stuart era uma das
pessoas que tinha empurrado suas carteiras para longe de mim na aula de
Harrison. Ele na verdade parecia possuir algum talento artístico, e eu pensei
que sua pintura era uma das melhores. Demorou um momento para eu
aprender quem era Lacey, e eu descobri quando ela trocou sua tela por uma
nova. Sua pintura não era tão boa quanto a de Stuart, mas era muito melhor do
que a de Emma.
Não é questão de habilidade, eu finalmente compreendi. É sobre precisão. As
pêras de Stuart eram perfeitas, mas ele tinha adicionado algumas a mais do
que tinham na vida real. Ele também tinha alterado a posição das frutas e
pintado uma vasilha azul — o que parecia muito melhor do que a atual marrom
que estava sendo usada. Emma, enquanto criou um trabalho muito mais
rudimentar, tinha o número correto de frutas, tinha as posicionados
perfeitamente, e tinha combinado cada cor exatamente. Os Alquimistas não
queriam criatividade ou embelezamento. Isso era sobre copiar o que você tinha
sido dito para fazer, sem questionamento e sem desvio.
Ninguém fez esforço algum para me ajudar ou aconselhar, então eu fiquei lá
estupidamente por um tempo e tentei entender o que os outros estavam
fazendo. Eu sabia os básicos da pintura com acrílico por estar perto de Adrian
mas não tinha experiência prática própria. Havia um suprimento comunitário de
pincéis e tubos de tinta perto das frutas, então eu fiz meu caminho até lá com
alguns dos outros estudantes e tentei pegar minha cor inicial. Todos me deram
um amplo espaço, e quando eu selecionei e rejeitei uma cor de tinta por não
ser próximo o bastante da combinação, a próxima pessoa que a pegou fez
questão de limpar o tubo antes de levá—la para sua estação. Eu finalmente
retornei para a minha com vários tubos, e enquanto eu não podia falar sobre
minha habilidade de copiar a fruta, eu senti bastante confidente que minhas
cores estava corretas. Eu pelo menos podia jogar essa parte do jogo
Alquimista.
Começar era um trabalho demorado, no entanto. Eu ainda me sentia terrível e
fraca e tive trabalho em até mesmo em espremer um pouco da tinta. Esperava
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que não estivéssemos sendo avaliados em rapidez. Tão logo quando eu estava
finalmente pensando em talvez tentar em colocar o pincel na tela, a porta da
sala se abriu, e Sheridan entrou com um de seus capangas. Cada um estava
segurando uma bandeja cheia de copos, e eu não precisava que ela dissesse
uma palavra porque eu conseguia identificar os conteúdos apenas pelo cheiro.
Café.
— Desculpe pela interrupção — disse Sheridan, usando seu grande sorriso
falso. — Todo mundo tem trabalhado tão duro ultimamente que nós pensamos
em oferecer um pequeno agrado: lattes de baunilha.
Eu engoli e encarei em descrença enquanto os meus companheiros
encarcerados se abundavam em direção a ela e cada um pegou um copo.
Lattes de baunilha. Quantas vezes eu sonhei com eles no cativeiro, quando eu
estive semi—faminta com aquela sopa de aveia morna? Nem mesmo
importava se eles fossem magros ou cheios de açúcar. Eu estive privada de
qualquer coisa como essa por muito tempo, e meu instinto natural era correr
com os outros e pegar um copo.
Mas eu não conseguia. Não após os vômitos que eu acabei de passar. Tanto
meu estômago quanto minha garganta estavam feridos, e eu sabia que se eu
comesse ou bebesse alguma coisa que não fosse água, iria voltar na hora. O
canto de sereia do café era tortura para a minha mente, mas meu pobre,
sensível estômago sabia melhor. Eu não conseguiria lidar nem com a sopa de
aveia agora, muito menos com algo tão ácido como este latte.
— Sydney? — Perguntou Sheridan, fixando aquele sorriso para mim. Ela
levantou sua bandeja. — Há um copo sobrando. — Eu balancei minha cabeça
em silêncio, e ela colocou o copo na mesa de Addison. — Eu vou apenas
deixar aqui no caso de você mudar sua ideia, tudo bem?
Eu não conseguia tirar meus olhos daquele copo e me perguntei o que
Sheridan gostaria mais: me ver sofrendo e privada, ou me ter arriscando tudo e
vomitando na frente dos meus colegas de classe.
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— Favorito seu? — Uma voz baixa perguntou.
Eu tinha tanta certeza que ninguém poderia me perguntar tão diretamente que
eu nem mesmo olhei para o falante de imediato. Com grande esforço, eu
arrastei meu olhar do almejado latte e descobri que era meu vizinho que tinha
falado, um alto, bonito cara que talvez era cinco anos mais velho do que eu.
Ele tinha um corpo magro e usava óculos com armações de arame que davam
um ar intelectual, não que Alquimistas precisassem.
— O que faz você dizer isso? — Perguntei silenciosamente.
Ele sorriu sabiamente. — Porque é isso como sempre é. Quando alguém vai
para sua primeira sessão de vômitos, o resto de nós ganha “recompensas” com
alguma das comidas predileta da pessoa. Desculpe por isto, por sinal. — Ele
pausou para tomar um pouco do latte. — Mas eu não bebia café há séculos.
Eu me encolhi e olhei para longe. — Esbalde—se.
— Pelo menos você resistiu — ele adicionou. — Nem todo mundo resiste.
Addison não gosta do risco de nós derramarmos bebidas quentes aqui, mas ela
gostaria menos se alguém passasse mal em seu estúdio.
Eu olhei para nossa professora, que estava dando avisos para um detento com
cabelos grisalhos. — Ela não parece gostar de várias coisas. Exceto chiclete.
O aroma do café era mais forte do que nunca na sala, ambos sedutor e
repugnante. Tentando desesperadamente bloqueá—lo, eu levantei meu pincel
e estava prestes a tentar algumas uvas quando ouvi um som de desaprovação
ao meu lado. Olhei de volta para o cara, que balançou a cabeça para mim.
— Você vai mesmo começar assim? Vamos lá, talvez você não tenha os
valores de uma boa Alquimista, mas você ainda deveria ter a lógica de uma.
Aqui. — Ele me ofereceu um lápis. — Esboce. Pelo menos comece com
quadrantes para lhe guiar.
— Você não está com receio que eu contamine seu lápis? — As palavras
saíram antes que eu pudesse pará—las.
66
Ele riu.
— Você pode ficar com ele.
Eu voltei para a tela branca e a encarei por vários momentos. Cautelosamente,
eu dividi minha tela em quatro partes e depois fiz o meu melhor para fazer um
grosseiro esboço da vasilha de frutas, prestando cuidadosa atenção em onde
cada peça estava em relação às outras. No meio, eu notei que o cavalete era
muito alto para mim, complicando ainda mais as coisas, mas eu não conseguia
descobrir como ajustá—lo. Percebendo minhas dificuldades, o cara ao meu
lado se debruçou e habilmente abaixou meu cavalete para um altura mais
adequada antes de prosseguir seu próprio trabalho.
— Obrigada — eu disse. A esperançosa tela na minha frente diminuiu qualquer
prazer que eu meio que tinha sentido pelo gesto amigável. Eu tentei esboçar
novamente. — Eu vi meu namorado fazer isso centenas de vezes. Nunca
pensei que eu estaria fazendo isso em um tipo de “terapia” retorcida.
— Seu namorado é um artista?
— Sim — eu disse com cautela, incerta se eu queria engajar neste assunto.
Graças a Sheridan, não era segredo que meu namorado era um Moroi.
O cara deu uma pequena risada de divertimento. — Artístico, hein? Nunca
tinha ouvido essa antes. Normalmente quando eu encontro garotas como você
— que se apaixonaram por caras como eles — tudo que eu sempre ouço é
sobre como eles eram bonitinhos.
— Ele é muito bonito — admiti, curiosa em quantas garotas como eu este cara
encontrou.
Ele balançou sua cabeça em divertimento enquanto ele trabalhava em sua
pintura. — Com certeza. Acho que ele precisaria ser para você arriscar tanto,
hein? Alquimistas nunca se apaixonam por Moroi que não sejam bonitos e
filósofos.
— Eu nunca disse que ele era filósofo.
67
— Ele é um vampiro “muito bonito” que pinta. Você está dizendo que ele não
filosofa?
Senti minhas bochechas corarem um pouco.
— Ele filosofa um pouco. Tudo bem… muito.
Meu vizinho riu de novo, e nós dois pintamos em silêncio por um tempo.
Depois, do nada, ele disse — sou Duncan.
Eu fiquei tão assustada, que minha mão sacudiu, causando minha banana já
muito ruim parecer bem pior. Em mais de três meses, estas foram as primeiras
palavras genuinamente civilizadas que alguém tinha falado para mim. — Eu…
Eu sou Sydney. — Eu disse automaticamente.
— Eu sei — ele falou. — E prazer em conhecê—la, Sydney.
Minha mão começou a tremer, me forçando a assentar meu pincel. Eu tinha
conseguido passar por meses de privação no escuro, suportei as encaradas e
xingamentos dos meus colegas, e de alguma forma sobrevivi a passar mal por
medicamentos sem uma lágrima. Mas este pequeno ato de gentileza, este
bacana e comum gesto entre duas pessoas… bem, quase me quebrou quando
nada mais tinha. Fez cair a ficha como quão longe eu estava de tudo — de
Adrian, meus amigos, segurança, sanidade… tudo tinha partido. Eu estava aqui
nesta prisão fortemente regulamentada de um mundo, onde cada movimento
meu era governado pelas pessoas que queriam modificar a maneira como eu
pensava. E não havia qualquer sinal de quando eu sairia daqui.
— Vamos, vamos — falou Duncan bruscamente. — Sem nada disso. Eles
amam quando você chora.
Eu lutei contra as lágrimas e acenei apressadamente, conforme recuperava
meu pincel. Eu coloquei—o de volta na tela, mal prestando atenção no que eu
fazia. Duncan também continuou a pintar, seus olhos em seu trabalho,
conforme falava mais.
68
— Você provavelmente terá melhorado e poderá comer quando der a hora de
jantar. Mas não se empanturre. Seja inteligente sobre o que você come – e não
se surpreenda se achar outra comida favorita sua no cardápio.
— Eles realmente sabem como insistir em algo, não sabem? – Eu resmunguei.
— Sim. Sim, eles sabem. – Mesmo sem olhá—lo, eu poderia dizer que ele
estava sorrindo, porém sua voz logo se tornou séria novamente. – Você me
lembra de uma pessoa que eu conheci aqui. Ela era minha amiga. Quando os
poderosos chefões perceberam que éramos amigos, ela foi mandada para
longe. Amigos são armaduras, e eles não gostam disso aqui. Você entende o
que eu estou querendo te dizer?
— E—Eu acho que sim, — eu disse.
— Ótimo. Porque eu gostaria que fôssemos amigos.
O badalar sinalizava o som do fim da aula e Duncan começou a coletar suas
coisas. Ele começou a ir para longe e eu me peguei pensando, “qual era o
nome dela? Da sua amiga que foi levada?”
Ele pausou, e um olhar de dor cruzou seu rosto o que e imediatamente eu me
arrependi de perguntar. – Chantal, — ele disse pelo menos, sua voz
meramente um sussurro. – Eu não a vejo faz quase um ano.
Algo em seu tom de voz me fez pensar que ela deveria ser mais que uma
amiga. Mas eu poderia pensar muito sobre quando eu processei o resto do que
ele havia dito.
— Um ano…—Eu olhei novamente. – O que você fez para estar aqui?
Ele simplesmente me deu um sorriso triste. – Não esqueça sobre o que eu te
falei Sydney. Sobre amizades.
Eu não esqueci. Quando ele não falou mais comigo pelo resto do dia e ao invés
disso, comeu junto com os outros brilhantes e risonhos detentos, eu entendi.
Ele não poderia demonstrar nenhum tratamento especial, não quando nossos
rivais e os olhos invisíveis dos alquimistas estavam sempre nos observando.
69
Mas suas palavras queimavam dentro de mim, dando—me forças. Amigos são
armaduras. Eu gostaria que fôssemos amigos. Eu estava presa neste lugar
horrível, cheio de tortura e controle mental… mas eu tinha um amigo – um
amigo – mesmo que ninguém mais soubesse. Era revigorante, e esse
conhecimento me ajudou a seguir para outra aula cheia de propaganda Moroi e
me sustentou quando uma garota tropeçou em mim no corredor com um
sussuro – meretriz de vampiros.
Nossa última aula não era uma aula de modo geral. Era uma sessão chamada
“hora da comunicação,” e acontecia em um lugar que eles chamavam de o
santuário, onde aparentemente cultos de domingo também aconteciam. Eu
tomei nota disso porque eu teria uma forma de marcar o tempo. Era uma bela
sala, com tetos altos e bancos de madeira. Sem janelas, porém.
Aparentemente eles estavam realmente engajados em cortar todo tipo de
forma de fuga – ou talvez isso fosse para simplesmente nos privar de ver o Sol
e o céu de vez em quando.
Uma parede do santuário estava cheia de escrituras, e eu demorei em frente
dela conforme meus companheiros detentos entravam na sala. Aqui, em tijolos
pintados de branco, havia uma gravação, de todos aqueles que passaram por
aqui antes de mim, escrita por suas próprias mãos. Alguns eram pequenas e
iam direto ao ponto: Perdoe—me, eu pequei. Outras, cheias de parágrafos,
detalhando crimes conscientes e como seus autores clamavam por redenção.
Umas estavam assinadas outras, anônimas.
— Nos chamamos aqui de Parede da Verdade, — disse Sheridan, andando até
mim com uma prancheta. – Algumas vezes, as pessoas se sentem melhor
após confessarem seus pecados nela. Talvez você gostaria de tentar?
— Mais tarde, talvez. – Eu disse.
Eu a segui para um círculo de cadeiras, colocados longe dos bancos. Todos
estavam sentados e ela não comentou nada quando meus vizinhos arrastaram
suas cadeiras para alguns centímetros mais longe. Hora da Comunicação,
parecia um tipo de terapia grupal, e Sheridan se engajou em fazer com que o
70
círculo falasse sobre o que todo mundo havia aprendido hoje. Emma foi a
primeira a falar.
— Eu aprendi que apesar de ter progredido em restaurar minha alma, eu ainda
tenho um longo caminho a seguir antes de atingir a perfeição. O pior pecado é
desistir, eu irei seguir até que eu esteja completamente imersa na luz.
Duncan sentado ao lado dela, falou, — eu progredi na arte. Quando nós
começamos a aula hoje, eu não achei que algo bom poderia sair dali. Eu,
porém, estava errado.
Qualquer tentação que poderia ter me dado de sorrir foi cortada rapidamente
quando a garota ao meu lado falou, — eu aprendi hoje o quão grata eu sou em
não ser tão ruim quando alguém como Sydney. Questionar minhas ordens foi
errado, mas pelo menos eu nunca deixei um deles colocar suas mãos profanas
em mim.
Eu estremeci e esperei que Sheridan elogiasse a menina por sua virtude, mas
ao invés disso, Sheridan fixou seus olhos frios na menina. – Você acha que
isso é verdade, Hope? Você acha que tem razão em declarar quem é melhor e
quem é pior entre vocês? Vocês estão todos aqui porque cometeram crimes
graves, não tenham dúvidas disso. Sua insubordinação pode não ter resultado
no mesmo resultado depravado de Sydney, mas se encontra em um lugar tão
escuro quanto. Falhar em obedecer, falhar em atender àqueles que sabem
mais… isso é um pecado em questão e você é tão culpada quanto ela.
Hope estava tão branca, era um questionamento do porquê alguém ainda não
a acusou de ser um Strigoi. – E—Eu não quis—isso é—eu—
— Está bem claro que você não aprendeu o tanto que você pensa que
aprendeu hoje, — disse Sheridan. – Acho que você precisa fazer alguns
aprendizados posteriores. – e através de outro comando invisível, seus
capangas apareceram e transportaram para fora uma protestante Hope. Eu me
senti doente por dentro, e não tinha nada a ver com minha expiação de mais
cedo. Eu me perguntei se ela iria passar pelo mesmo destino, apesar de sua
culpa aqui ser por conta do orgulho, não a defesa de um Moroi.
71
Sheridan se voltou para mim agora. – E você Sydney? O que você aprendeu
hoje?
Todos aqueles olhos se voltaram para mim. – Eu aprendi que eu tenho ainda
muito que aprender.
— De fato você tem, — ela replicou solenemente. – Admitir isso é um grande
passo para a redenção. Você gostaria de compartilhar sua história com os
outros? Você acharia libertador.
Eu hesitei sob o peso daqueles olhares, incerta do que responder e me colocar
em mais problemas. – eu… eu gostaria, — eu comecei, devagar. – mas eu
ainda não acho que esteja preparada. Eu ainda estou muito sobrecarregada
disso tudo.
— Isso é entendível. – ela disse, me fazendo cair em alívio. – Mas uma vez que
você perceber o quanto todos cresceram aqui eu acho que você irá querer
compartilhar. Você não pode superar seus pecados se você os mantiver
trancados em si.
Havia um tom de aviso em sua voz que era impossível de não perceber, e eu
respondi com um solene acenar. Misericordiosamente, após isso, ela se voltou
para outra pessoa, e eu fui poupada. Eu passei o resto da hora escutando eles
tagarelando sobre o quão incrível era o progresso que eles haviam conseguido
comparado à escuridão em suas almas. Eu me perguntei quantos deles diziam
o que queriam dizer e quantos estavam só tentando se livrar dali como eu, e
também pensei: se eles fizeram realmente tamanho progresso, então por que
eles ainda estão aqui?
Após a hora da comunicação, nós fomos dispensados para a janta. Esperando
em linha, eu escutei os outros falando sobre como o frango à parmegiana fora
trocado por fettuccine Alfredo. Eu também escutei alguém falar que fettuccine
Alfredo era a comida preferida de Hope. Quando ela se juntou ao final da fila,
pálida e trêmula – e sendo evitada pelos outros – eu percebi o que havia
acontecido.
72
Frango à parmegiana era minha comida de infância preferida – o que
provavelmente as autoridades souberam pela minha família – e estava
originalmente no cardápio para me punir e punir meu estômago enjoado. O ato
de insubordinação de Hope superou o meu, porém, resultando em uma troca
de jantar de último minuto. Os alquimistas estavam realmente sérios em
reforçar suas questões.
O rosto miserável de Hope confirmava—se conforme ela se sentava sozinha
em uma das mesas vazias e observava sua comida sem tocá—la. Apesar de
estar com muito sal para mim, eu estava pelo menos no ponto onde eu podia
comer alguns dos lados mais suaves e o leite. Assistindo ela então, esquecida
como eu, me abateu profundamente. Mais cedo naquele dia eu havia visto ela
no meio da vida social com os outros. Não ela foi afastada, simplesmente
assim. Vendo uma oportunidade, eu comecei a levantar, pretendendo me unir a
ela. Do outro lado da sala, Duncan, que estava sentado e conversando
prazerosamente com um outro grupo, chamou minha atenção e me deu uma
forte negação com a cabeça. Eu vacilei por alguns instantes e sentei
novamente, me sentindo envergonhada e covarde por não ficar junto com outra
pária.
— Ela não teria te agradecido por isso, — ele murmurou para mim após o
jantar. Nós estávamos na instalação da pequena livraria, com permissão para
escolher um livro para levar para a leitura de cabeceira. Todos os livros eram
de não—ficção, reforçando os princípios dos Alquimistas. – Essas coisas
acontecem, e ela estará junta aos outros amanhã. Você indo até ela poderia ter
chamado a atenção e talvez demorado essa reintegração. Pior, se ela tivesse
agradecido a você, os poderosos chefões poderiam ter percebido e pensado
que as problemáticas estavam se agrupando.
Ele selecionou um livro de forma meio aleatória e saiu antes que eu pudesse
responder. Eu queria perguntá—lo a que ponto eu seria aceita pelos outros –
ou se eu seria algum dia aceita. Claramente todos passaram pelo que passei
em algum momento. E claramente eles se engajaram e entraram no mundo
social dos detentos.
73
De volta ao meu quarto, Emma deixou claro que não haveria avanços com ela.
– Eu estou progredindo bem, — ela disse afetadamente. – Eu não preciso que
você arruíne tudo isso com suas perversões. Não interaja comigo. Nem mesmo
me olhe se você puder fazer isso.
Com isso, ela pegou seu livro e deitou na cama de costas para mim
propositalmente. Eu não ligava, contudo. Não era diferente de nenhuma outra
atitude que eu recebi hoje, e agora eu tenho uma preocupação muito maior em
minha mente. Eu quase não havia me permitido pensar sobre isso até agora.
Tiveram provações e sofrimentos demais para eu superar, mas agora nós
estamos aqui. O final do dia. Uma vez que eu estava de pijamas (idêntico ao
dia da purificação) e já tinha escovado os dentes, eu fui para cama com uma
quase animação constrangida.
Eu iria dormir logo. E eu iria sonhar com Adrian.
A compreensão esteve rodando no fundo da minha mente, me sustentando a
superar meus piores momentos. Foi para isso que eu lutei, o motivo de eu ter
aturado as indignidades de dia. Eu estava fora da cela e livre do gás. Agora eu
poderia dormir normalmente e sonhar com ele, fornecida pela minha ansiedade
que não me manteria acordada.
Conforme percebi, isso não seria um problema. Após de uma hora de leitura, o
badalar soou e as luzes se desligaram automaticamente. Porta do quarto era
uma pequena porta de correr, que não chegava totalmente à parede,
permitindo que um fio de luz em frente que eu estava feliz em ver após meses
de ficar no total escuro. Eu escutei um click, como um parafuso que caiu, que
mantinha a porta trancada no lugar. Eu me aconcheguei nas cobertas, cheia de
animação… e de repente comecei a me sentir cansada. Muito cansada. Um
minuto, eu estava imaginando o que dizer ao Adrian; no outro, eu mal poderia
manter meus olhos abertos.
Eu lutei contra, forçando minha mente a se manter focada, mas era uma
pesada e forte neblina que estava descendo em mim, pesando em mim e
tomando minha mente. Era uma sensação que eu estava já muito familiarizada.
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— Não… – eu tentei dizer. Eu não estava livre do gás. Eles ainda estavam
regulando nosso sono, provavelmente para garantirem que não haja
conivências após a hora. Eu estava exausta demais para pensar sobre. Um
denso sono logo se apossou de mim, me puxando para a escuridão que não
possuía sonhos.
E não havia chances de escapar.
CAPITULO 6
ADRIAN
NINA ERA UMA BOA PARCEIRA PARA BEBER e não era só porque ela
conseguia manter seu licor.
Mesmo quando não estava utilizando ativamente o espírito, ela possuía a
mesma intuição que os usuários de espírito naturalmente possuíam. Ela
rapidamente entendia quando eu queria falar sobre algo e, mais importante que
isso, quando eu não queria. Nós começamos em um bar quieto, e eu estava
feliz de deixá-la fazer o trabalho de falar. Não parecia que ela havia feito
amigos nestes últimos meses na Corte, e com a saída de Olive, Nina teve
poucas chances para desabafar.
- Eu simplesmente não compreendo, – ela disse. – As pessoas quase parecem
ter medo de mim. Quero dizer, elas dizem que não têm, mas eu posso dizer
que sim. Elas me evitam.
- O espírito ainda assusta muita gente, é só isso. E eu posso te dizer isso, após
viver ao redor de Moroi, dhampirs, e humanos, é um fato que as pessoas têm
medo do que elas não podem entender.
Eu enfatizei meu ponto agitando minha bebida. – e a maioria é muito
preguiçosa ou ignorante para procurar sobre.
Nina sorriu, mas ainda parecia melancólica. – Sim, mas todo mundo parece
aceitar Dimitri e Sonya. E eles na verdade, eram Strigoi. Parece que é muito
mais difícil de lidar com a garota que só auxiliou na restauração.
75
- Oh, aconteceram muitas coisas loucas quando aqueles dois foram
inicialmente restaurados, acredite em mim. Mas a reputação galante de Dimitri
e seus atos heroicos logo se sobrepuseram a isso. Então Sonya conseguiu sua
própria fama com toda aquela história de “Vacina de Strigoi’.
- É isso que precisamos fazer? – Nina perguntou. – Será que eu – e Olive –
teremos que fazer boas ações para que assim as pessoas esqueçam nosso
passado?
- Você não deve fazer nada que você não queira fazer, – eu disse
ferrenhamente. – Foi por isso que Olive se foi? Será que era tão difícil de estar
ao redor dos outros?
Nina franziu o cenho e olhou pela parte inferior de seus óculos. Ela estava
bebendo cosmos, bebida com fruta demais para o meu gosto. Eu tomei um
tempo à toa para me perguntar sobre que tipo de bebida Sydney iria beber,
isso se ela alguma vez se permitiu se satisfazer. Algum tipo de coquetel como
esse? Não, eu instantaneamente soube que se Sydney fosse beber alguma
vez, seria vinho, e ela seria uma daquelas pessoas que poderia dizer a você o
ano, a região e os componentes da terra onde as uvas cresceram, baseado em
um pequeno gole. Eu? Teria sorte se conseguisse dizer a diferença entre um
vinho em caixa e um vinho em garrafa. Pensar nela me fez começar a sorrir, e
eu rapidamente escondi, para que Nina não visse e achasse que eu estava
rindo dela.
- EU não sei o porquê Olive se foi, – ela disse por último. – E isso é tão ruim
quanto sua primeira ida. Eu sou sua irmã, eu a trouxe de volta! – Nina
arremessou sua cabeça para cima e lágrimas brilhavam em seus olhos cinza. –
Se tem algo a incomodando, ela deveria vir a mim primeiro. Após tudo o que eu
passei por ela… ela acha que eu não a escutaria? Será que ela não sabe o
quanto eu a amo? Nós compartilhamos do mesmo sangue; essa é uma ligação
que nada, nem ninguém pode quebrar. Eu faria tudo por ela – tudo – se ela só
me pedisse, se ela só confiasse o suficiente em mim para pedir…
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Ela tremeu, e havia um pequeno desequilíbrio na qualidade de sua voz, um que
eu conhecia. Acontecia comigo quando o espírito começava a me fazer sentir
instável.
– Talvez ela sinta que você já tenha feito muito por ela, – eu disse, colocando
gentilmente minha mão sobre a sua. – Você já a alcançou em seus sonhos?
Nina concordou, se acalmando um pouco. – Ela sempre me diz que ela está
bem e que ela só precisa de mais tempo.
- Bem, aqui está. Minha mãe me disse a mesma coisa quando ela estava
presa. Às vezes, as pessoas precisam trabalhar nas coisas por elas mesmas.
-Eu acho que sim,- ela disse. – Mas eu ainda odeio o fato dela estar sozinha.
Eu gostaria que tivesse ido para Neil ou outra pessoa.
- Acho que ele deseja isso também. Mas ele ficará feliz em saber que ela só
está clareando a mente. Ele provavelmente respeita toda aquela coisa de
jornada solidária. – eu terminei minha bebida e vi que a dela estava acabando
também.
- Outra rodada? – ela perguntou.
-Nah. – eu levantei e deixei um pouco de dinheiro sobre a mesa. – Vamos
achar um cenário diferente. Você disse que queria conhecer mais gente, certo?
- Sim… – sua voz ficou cautelosa, conforme ela se levantava junto comigo. –
Você sabe onde encontrar alguma festa ou algo assim?
- Eu sou Adrian Ivashkov, – eu declarei. – As festas me acham.
Isso era um pequeno exagero, já que na verdade eu deveria buscar uma…
mas eu estava certo da minha primeira tentativa. Uma nobre que esteve em
minha sala em Alder, Vanessa Szelsky, costumava sempre dar festas aos
finais de semana, nas acomodações de seus pais na Corte, e eu não tinha
motivos para achar que as coisas haviam mudado em menos de um ano,
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especialmente desde que eu havia escutado que seu pais continuavam
viajando excessivamente.
Vanessa e eu nos pegamos algumas vezes durante esses anos, o suficiente
tanto que ela me respeitava de forma bem favorável, mas não no nível de
poder me evitar ou ficar chateada por invadir sua festa com outra garota.
- Adrian? – ela exclamou, empurrando-se pelo embalado pátio, atrás da casa
de seus pais. – É realmente você?
- Em carne. – Eu beijei a bochecha de Vanessa. – Vanessa, essa é Nina. Nina,
Vanessa.
Vanessa deu a Nina uma rápida inspeção e levantou uma sobrancelha em
surpresa. Vanessa era uma garota da alta sociedade se em algum lugar houver
uma, e apesar dela provavelmente chamar isso de festa “casual”, seu vestido
indubitavelmente veio da coleção de primavera de algum famoso designer. Ter
seus cabelos e maquiagem prontos para esta noite custou provavelmente mais
do que toda a roupa de Nina, que era apropriado para o trabalho de
secretariado, mas era, na melhor das hipóteses, da prateleira de uma loja de
departamento de médio porte. Não me incomodava, no mínimo, mas eu via que
Vanessa estava deliberando. Nina percebeu isso também e apertou suas mãos
nervosamente. Pelo menos, Vanessa deu de ombros e deu a Nina um genuíno
sorriso amigável.
- Prazer em conhecê-la. Qualquer amigo de Adrian é bem vindo aqui –
especialmente a partir do momento que você organizou para que ele saísse. –
Vanessa fez beicinho, coisa que indubitavelmente ela praticara centenas de
vezes em frente ao espelho para fazê-la parecer ainda mais adorável. – Onde
esteve? Você sumiu da face da Terra.
- Negócio ultra secreto do governo, – disse, tentando fazer minha voz soar
sinistra, mas ainda audível, acima da música. – eu gostaria de poder falar para
vocês, senhoritas, um pouco mais, mas quanto menos se sabe, melhor. Para
sua própria proteção.
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Ambas zombaram com isso, mas eu ganhei minhas boas-vindas, e Vanessa
nos acenou para prosseguirmos. – Venham e peguem uma bebida. Sei de
várias pessoas que ficarão felizes em ver você.
Nina inclinou-se na minha direção enquanto caminhávamos através da
multidão – acho que eu talvez fique fora do meu alcance aqui.
Coloquei um braço ao redor dela para conduzi-la depois de um rapaz
balançando seus braços descuidadosamente ao contar uma história maluca. –
Você ficará bem. E sério, estas pessoas são como qualquer outra que você
conhece.
- As pessoas que conheço não comem normalmente camarão nas suas
melhores porcelanas em uma mão enquanto tomam champanhe na outra.
- Tecnicamente – eu disse -, esses são camarões pequenos, não camarões, e
eu tenho certeza que este na verdade é a segunda melhor porcelana da mãe
dela.
Nina rolou seus olhos para mim mas eu não tive a chance de dizer muito mais
à medida que a notícia espalhou que Adrian Ivashkov estava de volta. Nina e
eu encontramos bebidas e arranjamos cadeiras perto de um largo de carpas,
onde pessoas reuniram-se para virem conversar conosco. Alguns eram amigos
que eu tinha festejado regularmente antes de partir para Palm Springs. Muitos
outros eram aqueles atraídos pela fascinação e sigilo do meu longo
desaparecimento. Eu nunca tive muita dificuldade em atrair amigos, mas um
passado misterioso de repente elevou meu estoque mais do que qualquer
coisa que eu poderia ter inventado.
Deixei escapar que Nina era uma usuária de espírito também e não interrompi
os outros de chegarem à conclusão que ela era parte de qualquer negócio
clandestino que eu estivesse envolvido. Eu fiz questão de aprensentá-la
particularmente para alguns das menos enfadonhas crianças da realeza que eu
conhecia, na esperança que ela talvez saísse daqui hoje à noite com alguns
conhecidos sólidos. Enquanto para mim, eu assumi o papel que eu não fazia
há eras e praticamente senti como um rei em meu próprio reino. Uma coisa que
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eu tinha aprendido ao longo dos anos era que confiança tinha um efeito
poderoso nos outros, e se você agisse como se você merecesse atenção
deles, eles acreditariam. Brinquei e flertei de uma forma que não fazia há
meses e fiquei surpreso como facilmente tudo voltou para mim. O ápice dessa
atenção foi inebriante, mas, como qualquer outra coisa, parecia vazio sem
Sydney na minha vida. Logo eu me encontrei cortando o álcool enquanto a
noite prosseguia. Por mais que eu amasse a fuga que as bebidas me traziam,
eu estava determinado a procurar por Sydney de novo antes de ir para cama. E
precisava de sobriedade para isso.
- Olha, olha, vejam quem voltou – uma voz desagradável de repente disse. –
Eu não teria imaginado que você teria coragem para mostrar seu rosto em
público depois da última vez.
Wesley Drozdov, babaca extraordinário, parou diante de mim, flanqueado por
seus lacaios, Lars Zeklos e Brent Badica. E permaneci sentado e fiz um grande
show ao olhar em volta e atrás de mim. – Você está falando com si mesmo? Eu
não vejo um espelho em lugar algum. E sério, sua atuação não foi tão ruim.
Você não deveria ficar tão para baixo por causa de um pequeno
constrangimento como esse.
- Pequeno? – Perguntou Wesley. Ele deu um passo a frente e cerrou seus
punhos, mas eu me recusei a me mover de onde eu estava. Ele deixou sua voz
baixa. – Você sabe o quanto de problema eu me meti? Meu pai teve de
contratar um bando de advogados para tirar daquilo! Ele estava furioso.
Eu botei um olhar de simpatia fingida e falei alto, fazendo-o se retrair. – Eu
também ficaria, se uma garota humana chutasse o traseiro do meu filho. Oh,
espere. Eu quem foi que chutou seu traseiro.
Nós tínhamos atraído um grande público, como estas coisas sempre faziam, e
Vanessa logo veio correndo para perto. – Ei, ei – ela requereu. – O que está
acontecendo?
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- Oh, o de sempre – eu disse, dando a ela um sorriso preguiçoso. –
Recuperando o tempo perdido, rindo de tempos passados. E se eu tiver
aprendido uma coisa, é que Wesley me faz rir e rir.
- Você sabe o que me faz rir? – Wesley retrucou. Ele acenou em direção à
Nina. – Sua acompanhante barata aqui. Eu já a vi antes. Ela é a recepcionista
no escritório de meu pai. Você prometeu que daria a ela um emprego melhor
se ela dormisse com você?
Senti Nina se endurecendo ao meu lado, mas eu não me atrevi deslocar meu
olhar dos caras parados na minha frente. Eles começaram como um incômodo,
mas agora eles estavam acendendo uma raiva sombria, não característica em
mim. Olhar nos olhos de Wesley trouxe de volta todas as memória daquela
noiva com Sydney quando ele e seus capangas planejaram em ganhar
vantagem em cima dela. Pensamentos dos danos que eles pretendiam para ela
misturaram com os medos de todos os perigos desconhecidos que ela talvez
estivesse enfrentando agora.
Tornaram-se um e o mesmo, fazendo meu peito se apertar em raiva e medo.
Destrua-os, Tia Tatiana sussurrou na minha mente. Faça-os pagar.
Tentei ignorá-la e ocultar minhas emoções o melhor que podia. Ainda usando
um sorriso idiota, eu disse
- Por isso, não. Ela está aqui comigo por escolha. Eu sei que isso é
provavelmente um conceito estranho para você, considerando eu histórico com
garotas. Vanessa, acho que Wes estava prestes a contar aquela história
quando você apareceu – sobre o “bando” de advogados que seu pai teve de
contratar para encobrir como ele e sua comitiva aqui tentaram salpicar com
uma humana que era uma convidada da rainha? – Eu fiz um gesto grandioso. –
Por favor, continue. Conte-nos como tudo se resolveu. E se eles deixaram você
ficar com as drogas que você iria usar nela. Talvez venha a calhar com
algumas das moças por aqui, hein?
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Quebrei contato visual com Wesley tempo o suficiente para dar uma piscada
exagerada para um grupo de garotas horrorizadas paradas perto. Eu tinha
certeza que o quê Wesley tinha tentado fazer não era de conhecimento
comum, nem tinha a intenção de ser quando chegou a mim falando sobre seu
passado e advogados de seu pai. Humanos talvez fossem menos nos olhos de
muitos Morois, mas salpicar – o ato de drogar um humano não alimentador e
beber deles contra sua vontade – era um pecado bem feio entre nossa espécie.
Humanos atraentes eram especialmente desejáveis para os cafajestes que
tentavam isso, e Sydney tinha atraído o olhar de Wesley na última visita dela.
Ele e os outros tentaram atacá-la, pensando que eu ajudaria. Eu acabei
atacando-os com um gralho de árvore até os guardas aparecerem no local.
Eu não precisava das arfadas em volta de nós para confirmar que a história
não tinha chegado às notícias locais. O rosto zangado de Wesley me disse
tanto. – Seu filho da mãe…
Ele investiu em mim, mas eu estava esperando isto e tinha o espírito pronto.
Telecinese não era uma habilidade de espírito que eu usava tanto assim, mas
estava bem dentro do meu alcance.
Destrua-o! Destrua-o! Tia Tatiana insistiu.
Optei por algo um pouco menos selvagem. Com um pensamento, e mandei um
daqueles chiques pratos de porcelana que Nina havia comentado voar na
direção do rosto de Wesley. Ele o cortou com força ao lado da cabeça,
despejando nele camarões e alcançando meus dois objetivos de dor e
humilhação.
- Isso é um truque barato de usuário de ar! – Ele rosnou, tentando se mover em
minha direção de novo. O ataque perdeu um pouco de seu impacto já que ele
ainda estava tirando os camarões.
- Que tal isso? – Perguntei. Com um gesto da minha mão, o avanço de Wesley
se interrompeu. Os músculos de seu corpo e rosto esticaram enquanto ele
ordenava seus membros se moverem, mas a energia do espírito os
bloquearam. Teria sido difícil para um usuário de ar dar conta deste tipo de
82
completa imobilidade, e com certeza para diabo não era fácil para mim
também, já que eu estava apenas um pouco sóbrio e estava usando uma
habilidade desconhecida para mim. O efeito que ela gerava valia o esforço,
julgando pelos olhares de admiração nos rostos de todos. Juntei o que
consegui do que restou do espírito para me fazer parecer extra carismático
para aqueles em volta. Era impossível compelir uma multidão, mas o espírito
usado corretamente poderia fazer você muito mais cativante para os outros.
- Da última vez, vocês perguntaram se eu era um grande, mau usuário de
espírito – eu comentei. – A resposta? Sim. E eu realmente não gosto quando
babacas como vocês humilham qualquer garota – humana ou Moroi. Então, se
você quiser se mexer de novo, você primeiro irá se desculpar com a minha
linda amiga aqui. Depois você irá se desculpar com Vanessa por arruinar sua
festa, que estava bastante incrível até vocês aparecerem suas caras nojentas e
desperdiçarem seus camarões.
Era um blefe. Usar telecinece para prender uma pessoa inteira gastava um
montante ridículo de espírito, e eu estava me esgotando. Wesley não sabia
disso, no entanto, e ele estava apavorado em ficar imobilizado.
Por que parar aí? Tia Tatiana exigiu. Pense no que ele fez com Sydney!
Ele não teve sucesso. Eu a lembrei.
Não importa! Ele tentou machucá-la. Ele tem que pagar! Não o congele com
espírito! Use-o para esmagar seu crânio! Ele precisa sofrer! Ele tentou
machucá-la!
Por um momento, suas palavras e aquela tempestade de emoções cresceram
em meu peito ameaçando me sobrepor. Ele tinha tentado machucar Sydney, e
talvez eu não pudesse parar seus sequestradores atuais, mas eu poderia parar
Wesley. Eu poderia fazê-lo pagar, fazê-lo sofrer por apenas pensar em
machucá-la, ter certeza que ele nunca mais fosse capaz…
- Desculpe-me – Wesley disse rápido para Nina. – E para você também,
Vanessa.
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Eu hesitei por um momento, dividido entre o olhar desesperado em seu rosto e
as insistências de Tia Tatiana – insistências que eu parte sombria de mim
secretamente queria ceder. Logo, a decisão foi feita por mim. Eu não
conseguiria segurar por mais tempo se eu quisesse. Meu domínio do espírito
desapareceu, e ele desabou no chão em um monte deselegante. Ele apressou-
se para ficar de pé e rapidamente se afastou, com Brent e Lars o sombreando
como os bajuladores que eles eram. – Isto não acabou – Wesley avisou, se
sentindo corajoso uma vez que ele tinha colocado mais distância entre nós. –
Você se acha intocável, mas você não é.
Você mostrou fraqueza a ele, Tia Tatiana me disse.
- Saia – ordenou Vanessa. Ele deu um aceno em direção a dois de seus
maiores amigos homens, que estavam mais do que felizes em ajudar Wesley
em direção à porta. – E não pensem nunca mais em voltar para qualquer uma
de minhas festas de novo.
Pelo murmúrio dos outros, Wesley e seus comparsas não iriam ser bem-vindos
em festa alguma por um longo, longo tempo. Mas eu? De repente, eu era ainda
mais uma estrela do que já era. Não apenas eu estava envolto de segredos,
mas eu também tinha usado o ainda pouco compreendo poder do espírito para
colocar um aspirante a mulherengo em seu lugar. As garotas na festa amaram
isso. Até mesmo os rapazes gostaram. E ganhei mais convites e amigos do
que jamais tive em minha vida – e isso queria dizer algo.
Mas eu também estava exausto. O sol estava ameaçando surgir no horizonte,
e eu ainda estava no horário humano. Recebi os bons desejos com a muita
humildade que consegui e tentei fazer meu caminho para a porta, prometendo
a cada pessoa que eu faria questão de sair com eles depois. Aqui, Nina se
intrometeu para me ajudar, me conduzindo através da multidão, assim como eu
a guiei mais cedo, e dando dicas sobre negócios oficiais que eu supostamente
tinha que lidar.
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- O único negócio que eu quero ter agora é com o meu travesseiro – eu disse a
ela com um bocejo, uma vez que tínhamos nos livrado da casa de Szelsky. –
Estou quase morto em meus pés.
- Aquela foi uma mágica da pesada que você fez – ela me contou. – Eu quase
nem notei que você havia parado de beber. Restrição bastante impressionante.
- Se eu tivesse como, eu viveria em um constante estado de alcoolismo – eu
admiti. – Mas eu tento ficar sóbrio algumas vezes por dia. É… É difícil explicar,
e eu não posso na verdade, mas tem algo que eu preciso fazer que necessita
do meu juízo e espírito. Coincidiu de dar sorte hoje à noite que Wesley fez sua
aparição naquela hora. Eu não teria sido tão impressionante se eu tivesse que
dar conta de uma luta de braço.
Nina sorriu. – Eu tenho fé em você. Aposto que você teria sido incrível.
- Obrigado. Desculpe pelo o que ele disse a você.
- Tudo bem – ela disse encolhendo os ombros. – Estou acostumada.
- Mas isso não quer dizer que você precisa gostar – falei.
Alguma coisa vulnerável em seus olhos me disseram que eu tinha acertado
algo, que aqueles comentários a marcaram profundamente. – Sim… Quer
dizer, normalmente não dizem coisas assim tão explicitamente, mas eu tenho
visto essa atitude em pessoas que eu tenho que lidar no trabalho. Entretanto
você estava certo sobre a festa. Alguns deles não eram tão ruins quanto eu
imaginava. – Sua voz de repente se tornou tímida. – E obrigada… obrigada por
me defender.
Suas palavras e minha pequena vitória sobre Wesley me deram mais auto-
determinação do que tive em semanas. Meu humor, que esteve se afundando
em escuridão e auto-aversão por tanto tempo, levantou dramaticamente. Eu
não era imprestável no fim das contas. Talvez eu não estive sendo capaz de
encontrar Sydney ainda, mas eu ainda era capaz de pequenas coisas. Eu não
poderia desistir da luta ainda. Quem sabe? Talvez hoje minha sorte iria mudar.
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Eu mal poderia esperar em acompanhar Nina de volta a sua casa para que eu
pudesse voltar para a minha e procurar por Sydney.
Quando voltei, no entanto, estava claro que minha sorte continuaria a mesma
nesse quesito. Sem Sydney. Aquele inebriante humor desabou, mas ao menos
eu estava tão exausto que eu tive pouco tempo para me repreender por causa
do fracasso. Caí no sono prontamente logo em seguida e dormi até quase à
metade do outro dia vampiresco enquanto meu corpo continuava descobrindo
em qual programação eu estava.
Quando eu acordei, meu telefone tinha uma mensagem de minha mãe, me
lembrando do jantar mais tarde. Quando eu chequei a caixa de voz no telefone
da minha suíte, eu descobri cerca de um milhão de mensagens dos meus
novos “amigos”. O número do meu telefone celular não era amplamente
conhecido, mas um monte de festeiros tinha dado um jeito de descobrir em
qual prédio de visitantes eu estava e mandou mensagens por esse meio. Eu
tinha oportunidades sociais por meses.
Mas hoje, eu tinha apenas uma que importava. Do meus pais. Eu não me
importava muito com o meu pai, mas minha mãe tinha saído de seu caminho
para me resgatar. Minha mãe tinha saído de seu caminho por mim em tantas
coisas, sério, e eu devia isso a ela para ser respeitável na frente de seus
amigos hoje à noite. Permaneci sóbrio por todo o dia e fiz coisas monótonas
como lavar roupa ao invés de ir atrás de qualquer convite que eu tinha –
incluindo um que tinha vindo da Nina. Por mais que eu gostasse dela, e por
mais que eu me divertisse com ela, uma voz interior me disse que era mais
sábio manter minha distância.
Apareci no condomínio dos meus pais dez minutos antes do jantar começar,
usando um terno recém-passado e as abotoaduras da Tia Tatiana, e fui
recebido pelo meu pai na sua grosseria habitual. – Bem, Adrian, eu assumo
que qualquer negócio a rainha tenha lhe trazido para cá, deve ser importante.
O comentário me pegou de surpresa até que minha mãe entrou apressada na
sala, parecendo elegante em uma seda verde esmeralda. – Agora, Nathan,
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querido, não tente arrancar segredos de estado dele. – Ele descansou uma
mão em meu braço e deu uma pequena, controlada risada. – Ele esteve em
cima de mim sobre isso desde que a rainha me permitiu acompanhá-lo de volta
a seus negócio aqui. Eu disse a ele que eu queria apenas me atualizar, mas
ele tem certeza que eu sei de coisas que ele não sabe.
Eu finalmente me toquei e lancei a ela um olhar agradecido quando sua
atenção estava em outro lugar. Minha mãe não havia contado a ele que ela
tinha me encontrado em um estupor alcoólico na Califórnia e me salvou de mim
mesmo e de uma espiral descendente. Ela o tinha deixado pensar que era
apenas um gesto materno impulsivo viajar comigo e ainda tinha usado isso
como uma oportunidade para melhorar minha reputação. Eu não tinha
necessariamente a necessidade de esconder meus comportamentos
vergonhosos do meu pai, mas eu tinha de admitir, a vida era certamente mais
fácil quando ele não os tinha esfregando na minha cara. Dizer que ele estava
orgulhoso de mim talvez fosse forçar demais, mas ele certamente parecia
satisfeito por enquanto, e isso foi o suficiente para fazer a noite ser passavel.
Os convidados do jantar eram outros da realeza que eu havia encontrado
algumas vezes através dos anos, pessoas sobre as quais eu conhecia pouco,
exceto que meus pais estavam preocupados em impressioná-los. Minha mãe,
que eu tinha certeza que nunca havia cozinhado ela mesma uma refeição em
sua vida, inspecionou cada detalhe na atuação do chefe deles, garantindo que
cada prato fosse perfeito, seja que estivesse de acordo com o vinho servido ou
simplesmente como fosse posicionado no prato. Depois de um dia de bom
comportamento (e tendo procurado pela Sydney logo antes de vir para cá), eu
me permiti uma amostra de um pouco do vinho, e mesmo que eu pudesse
identificar corretamente a região ou o tipo de solo, eu podia dizer que meus
pais não estavam economizando.
Logo eu aprendi por quê: Este era a primeira tentativa real dos meus pais de
voltar à sociedade desde o retorno da minha mãe da prisão. Ninguém os tinha
convidado para lugar algum desde que ela tinha voltado, então meus pais
estavam fazendo o gesto de abertura, pretendendo mostrar para o mundo da
realiza real Moroi que Nathan e Daniella Ivashkov eram companhias dignas.
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Isso estendia a mim da mesma forma, já que meus pais saíram de seus
caminhos para sempre trazerem à tona o “negócio importante” que eu
alegadamente estava. Meu relacionamento com Jill e seu isolamento eram
segredos – nem mesmo meus pais sabiam destes detalhes – mas o trabalho
de Sonya com a vacina era conhecido, e todo mundo estava curioso para
aprender mais.
Eu expliquei o melhor que podia, usando termos leigos e evitando segredos de
estado. Todos pareciam impressionados, principalmente meus pais, mas fiquei
agradecido quando a atenção saiu de mim. O jantar ocorreu com algumas
conversas políticas, que eu achei levemente interessante, e conversas de
sociedade, que eu não achei nada interessante. Isso nunca tinha sido coisa
minha, mesmo antes dos eventos que mudam a vida em Palm Springs. Eu não
me importava com pontos de golfe ou promoções de trabalho ou futuros
encontros formais. Ainda consciente de meu papel, eu sorri educadamente por
todo o momento e me contentei a apenas tomar mais do excelente vinho. Pela
hora que o último convidado partiu, eu podia dizer que nós ganhamos eles com
sucesso e que Daniella Ivashkov seria bem-vinda de volta à sociedade da
realeza que ela almejava.
- Bem – ela disse com um suspiro, se afundando em uma das formais
namoradeiras recém-estofadas da sala de estar. – Eu me atrevo a falar que foi
um sucesso.
- Você fez bem, Adrian – me pai adicionou. Isso era um grande elogio, vindo
dele. – Nós temos um pouco menos de problemas para nos preocupar por
agora.
Eu terminei o vinho do porto que havia sido servido com a sobremesa. – Eu
não diria que não ser convidado para o chá anual de verão de Charlene Badica
constitui um “problema”, mas se eu puder ajudar, fico satisfeito.
- Ambos ajudaram a consertar o dano que você causou para esta família.
Vamos esperar que isso continue. – Ele se levantou e espreguiçou. – Estou
indo para meu quarto. Verei vocês dois pela manhã.
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Ele já havia ido por uns trinta segundos quando o impacto total de suas
palavras penetraram em meu cérebro encharcado de vinho. – Quarto dele?
Não é seu quarto também?
Minha mãe, ainda parecendo linda depois dessa longa noite, elegantemente
cruzou suas mãos em seu colo. – Na verdade, querido, eu estou dormindo em
seu antigo quarto agora.
- Meu…- e lutei para juntar algum sentido. – Espere. É por isso que você me
mandou para a casa de hóspedes? Pensei que você disse que precisava do
meu próprio espaço.
- Ambos, de verdade. Você precisava de seu próprio espaço. E quanto ao
outro… bem, desde o meu retorno, seu pai e eu decidimos que as coisas
corriam muito mais suave se cada um de nós vivesse sua própria vida aqui…
debaixo de um mesmo teto.
Seu tom era tão fácil e agradável que quase fez ser difícil pegar a gravidade da
situação. – O que isso significa? Vocês vão estão se divorciando? Vocês estão
separados?
Ela juntou as sobrancelhas – oh, Adrian, essas são palavras tão feias. Além do
mais, pessoas como nós não se divorciam.
- E pessoas casadas não dormem em quartos separados – eu argumentei. –
De quem foi essa ideia?
- Foi mútua – disse. – Seu pai desaprova o que eu fiz, e o constrangimento que
causou para todos nós. Ele decidiu que ele não pode perdoar isso, e
honestamente, eu não me importo em dormir por conta própria.
Eu estava boquiaberto – então se divorcie, e fique por conta própria de
verdade! Porque se ele não pode perdoá-la por agir impulsivamente para salvar
seu próprio filho… bem, eu nunca fui casado, mas isso não parece ser o
protocolo de um bom marido. Assim não é a forma que você trata alguém que
você ame. E eu não sei como você consegue amar alguém que a trate assim.
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- Querido, – ela disse com uma pequena risada – amor não tem nada a ver
com isso.
- Tem tudo a ver com isso! – Eu exclamei. Eu prontamente baixei minha voz,
temendo que eu sem querer trouxesse meu pai de volta, e eu não estava
totalmente pronto para isso. – Por que outro motivo se casar, ou permanecer
casado, se não por amor?
- É muito complicado – ela disse naquele tipo de tom que ela usava comigo
quando criança. – Há o status para considerar. Não pareceria certo se nós
separássemos. Isso, e… bem, todas as minhas finanças então entrelaçadas
com a de seu pai. Tivemos papéis elaborados quando casamos, e vamos
colocar dessa maneira: se ele e eu nos divorciarmos, eu não teria como me
sustentar.
Eu pulei de pé – eu irei sustentá-la então.
Ela encontrou meu olhar ao mesmo nível – com o quê, querido? Com suas
aulas de arte? Eu sei que a rainha não lhe paga por sua ajuda… embora Deus
sabe que ela deveria.
- Eu vou arranjar algum trabalho. Qualquer trabalho. Nós talvez não tenhamos
muito com o que começar, mas você teria pelo menos seu respeito próprio!
Você não precisa ficar aqui, amarrada com o dinheiro e julgamento dele,
fingindo que isto é amor!
- Não há fingimento. Isto é o mais próximo de amor que você pode conseguir
no casamento.
- Não acredito nisso – eu disse a ela. – Eu sei o que é o amor, mãe. Eu tive
amor que queima em cada fibra do meu ser, que me puxa a ser uma pessoa
melhor e me fortalece em cada momento do dia. Se você tivesse tido algo
assim, você se seguraria nele em cada pedaço da força que você possui.
- Você só pensa isso porque você é jovem, e você não conhece nada melhor –
ela estava tão odiosamente calma, que quase me fez mais chateado. – Você
acha que amor é um relacionamento imprudente com uma dhampir, só porque
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é excitante. Ou você está se referindo à garota que você estava se lamentando
no avião? Onde ela está? Se o seu amor é tão consumidor e pode triunfar
sobre qualquer coisa, por que vocês não estão juntos?
Boa pergunta, disse Tia Tatiana.
- Porque… não é assim tão fácil – eu disse a minha mãe com os dentes
cerrados.
- Não é assim tão fácil porque não é real – ela respondeu. – Pessoas jovens
confundem paixão com “verdadeiro amor” quando não existe tal coisa. Amor
entre uma mãe e seu filho? Sim, isso é real. Mas alguma ilusão romântica que
conquista tudo? Não se engane. Seus amigos, que tiveram romances tão
grandes, eventualmente irão ver a verdade. Esta garota sua, onde quer que
esteja, não vai voltar. Pare de perseguir um sonho e foque em alguém que
você possa construir uma vida estável junto. Isso o que o seu pai e eu fizemos.
Isso o que nós sempre fizemos… e me atrevo a dizer que deu certo para nós.
- Sempre? – Perguntei em voz baixa – você sempre viveu esta fraude?
- Bem – ela admitiu -, algumas partes do nosso casamento foram mais…
amigáveis que outras. Mas nós sempre fomos pragmáticos quanto a isso.
- Você tem sido fria e superficial quanto a isso – eu disse. – Você me disse
quando saiu da prisão, que compreendia as coisas que importavam.
Aparentemente não, se você está desejando continuar com essa farsa, com um
homem que não a respeita, por imagem e dinheiro! Nenhuma segurança
recompensa isso. E eu me recuso a acreditar que isto é o melhor que qualquer
um pode esperar de amor. Há mais sobre isto do que isso. Eu terei mais do
que isso.
Os olhos de minha mãe quase pareceram tristes quando me encontraram –
então onde está está, querido? Cadê sua garota?
Eu não tinha uma boa resposta para ela. Tudo que eu sabia era que eu não
poderia mais suportar ficar ali. Eu disparei para fora do condomínio, surpreso
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por sentir as pontadas de lágrimas em meus olhos. Eu nunca imaginei meus
pais como tipos carinhosos, românticos, mas eu acreditava que haveria ainda
algum tipo de forte afeição ao invés de, ou talvez por causa de, suas
personalidades fortes. Ser contado que era uma farsa, que todo amor era uma
farsa, não poderia ter vindo em hora pior. Eu não acreditava nisso, claro. Eu
sabia que havia amor verdadeiro lá fora. Eu havia vivido isso em primeira
mão… mas as palavras da minha mãe penetraram porque eu estava vulnerável
no momento, porque não importava o quão popular eu fosse na Côrte ou quão
boas minhas intenções fossem, eu ainda não estava perto em encontrar
Sydney. Minha cérebro não acreditou na minha mãe, mas meu coração, tão
cheio de medo e dúvidas, preocupou que houvesse verdade nas palavras dela,
e aquele sombrio, melancólico puxão do espírito fez as coisas piores. Fez eu
duvidar de mim mesmo. Talvez eu nunca fosse encontrar Sydney. Talvez eu
nunca fosse encontrar amor. Talvez desejar muito algo não fosse o bastante
para fazê-lo acontecer.
O tempo havia esfriado do lado de fora, e um vento prometeu chuva. Eu pausei
na minha caminhada e tentei alcançar Sydney, mas o vinho do jantar encobriu
meus poderes. Eu desisti e peguei meu celular ao invés, optando por maneiras
mais simples de comunicação. Nina atendeu no segundo toque.
- Ei – ela disse. – Quando eu não ouvi sobre você, pensei… Bem, deixa para
lá. Como está tudo?
- Está melhor. Você quer fazer algo hoje à noite?
- Claro. O que você tem em mente?
- Não importa – eu disse. – Você pode escolher. Eu tenho um milhão de
convites. Nós podemos ir a festas a noite toda.
- Você não precisa de um descanso em algum ponto? – Ela provocou, não
sabendo o quão perto estava em atingir um nervo. – Pensei que você tivesse
dito que tentaria ficar sóbrio de vez em quando.
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- Pensei em minha mãe, presa em um casamento sem amor. Pensei em mim,
preso sem opções. E pensei em Sydney, que estava simplesmente presa. Era
tudo excessivo, muito para mim para fazer qualquer coisa a respeito.
- Não hoje à noite – eu disse a Nina. – Não hoje à noite.
Capítulo 7
Sydney
Demorou quase uma semana para os outros detentos pararem de mover
suas mesas para longe de mim ou se encolherem se acontecesse de tocarmos.
Eles ainda não estavam nada perto de serem amigáveis comigo, mas Duncan
jurou que eu estava fazendo progressos extraordinários.
— Eu já vi levar semanas ou mesmo meses para chegar a esse ponto —
ele me disse na aula de artes um dia. — Em breve, você será convidada para
sentar com os garotos legais no almoço.
— Você poderia me convidar — salientei.
Ele sorriu enquanto retocava uma folha no projeto natureza-morta de
hoje: replicar a samambaia que vivia na mesa de Addison.
— Você conhece as regras, criança. Outra pessoa além de mim tem que
chegar a você. Aguente firme. Alguém irá entrar em problemas em breve, e
então sua hora vai chegar. Jonah se complica bastante. Assim como Hope.
Você verá.
Desde aquele primeiro dia, Duncan tinha restringindo basicamente
nossas interações sociais para esta aula, além de ocasionais piadinhas nos
corredores se ninguém estava perto o bastante para escutar.
Consequentemente, eu me encontrei ansiando pela hora da arte. Era o único
tempo que alguém falava comigo como se eu fosse uma pessoa de verdade.
Os outros detentos me ignoravam durante todo o dia, e meus instrutores, tanto
na aula como fora dela eles me faziam lembrar a pecadora que era. A amizade
de Duncan me mantinha um foco, me relembrando que havia esperança além
deste lugar. Ele ainda era cauteloso, mesmo nesta aula, com sua conversa.
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Apesar de ele raramente mencionar Chantal, a amiga — que eu secretamente
acreditava que tinha sido mais que uma amiga — que os Alquimistas haviam
levado embora, eu poderia dizer que sua perda o assombrava. Ele papeava e
sorria com os outros durante as refeições, mas fazia questão de não conversar
com uma pessoa excessivamente lá ou nas aulas. Acho que ele estava com
medo de arriscar qualquer um para a cólera dos Alquimistas, mesmo um
conhecido casual.
— Você é muito bom nisto — eu disse, notando os detalhes de suas
folhas. — Isso veio de estar aqui há muito tempo?
— Nah, eu costumava pintar como hobby antes de vir para cá. Eu odeio
essa porcaria de natureza-morta, no entanto — ele pausou para encarar sua
samambaia. — Eu mataria para apenas pintar livremente algo abstrato. Eu
amaria pintar o céu. Quem eu estou enganando? Eu amaria ver o céu. Eu
nunca pintei muitas cenas de ao ar-livre quando eu estava atribuído em
Manhattan. Achava que era bom demais para isso e deveria me guardar para
algum pôr-do-sol do Arizona.
— Manhattan? Uau. Isso é muito intenso.
— Intenso – ele concordou. – E cheio e alto e barulhento. Eu odiava… e
agora eu faria qualquer coisa para voltar para lá. Lá onde você e seu namorado
filósofo devem acabar.
— Nós sempre conversamos sobre ir a algum lugar como Roma – eu
falei.
Duncan zombou. — Roma. Por que lidar com a barreira linguística
quando você pode ter tudo que você quiser nos EUA? Vocês podem ter um
apartamento incompleto que você trabalhará em dois empregos para pagar e
você assiste a aulas em qualquer coisa imaginável e ele sai com os amigos
artistas desempregados dele em Bushwick. Voltam para casa à noite para
comer comida coreana com seus vizinhos excêntricos, então fazem amor no
colchão puído de vocês no chão. No outro dia, tudo começa de novo — ele
voltou a pintar.
— Não é uma forma ruim de viver.
— Não é ruim mesmo — eu disse, sorrindo apesar de tudo. Eu poderia
sentir esse sorriso desaparecer quando uma dor emboscou em meu coração
ao pensar em qualquer futuro com Adrian.
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O que Duncan havia descrito era tão bom quanto qualquer “plano de
fuga” que Adrian e eu costumávamos imaginar… e, neste momento, tão
impossível quanto. — Duncan… o que você quis dizer quando falou que você
faria qualquer coisa para voltar para lá?
— Não – ele alertou.
— Não o quê?
— Você sabe o quê. Eu estava apenas usando uma expressão.
— Sim – comecei — mas se existisse uma maneira que você pudesse
sair daqui e…
— Não há – ele falou bruscamente.
— Você não é a primeira a sugerir isto. Você não será a última. E se eu
puder ajudar, você não será jogada de volta à solitária por fazer algo estúpido.
Eu já disse a você, não há saída.
Eu pensei muito cuidadosamente em como proceder. No último ano, ele
provavelmente tinha visto outros tentarem fugir daqui e, julgando pela sua
reação, assistiu a eles todos falharem. Eu tinha perguntado a ele sobre saídas
diversas vezes, e como eu, ele nunca descobriu onde eles estavam. E
precisava encontrar uma abordagem diferente e angariar informações que
talvez no encaminhasse à liberdade.
— Você poderia responder apenas duas coisas para mim? – Perguntei
enfim – Sem ser sobre saídas?
— Se eu puder – ele falou com cuidado, ainda não fazendo contato
visual.
— Você sabe onde nós estamos?
— Não – ele disse prontamente. — Ninguém sabe, o que é parte do
plano deles. A única coisa que eu tenho certeza é que cada andar que sempre
vamos é subterrâneo. Isso é o porquê de não haver janelas ou saídas óbvias.
— Você sabe como eles injetam o gás aqui? Não aja como se você não
soubesse o que eu quero dizer — adicionei, vendo-o começar a fazer careta.
— Você deve ter notado quando você estava preso na solitária. E eles estão
usando agora para nos derrubar à noite e nos manter agitados e paranóicos
quando estamos acordados.
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— Eles não precisam de qualquer droga para isto – ele mencionou. —
Nós mesmos fazemos um bom trabalho em espalhar essa paranóia por conta
própria.
— Não se esquive. Você sabe ou não de onde o gás vem?
— Vamos lá, só porque uma samambaia é uma planta vascular não
significa que esteja produzindo dióxido de carbono de maneira diferente – ele
interrompeu. – Eu fiquei surpresa, tanto pela estranha mudança de assunto
quanto pelo leve aumento de sua voz. — Todas as reações químicas na
fotossíntese básica ainda estão lá. É apenas uma questão de usar esporos ao
invés de sementes.
Eu estava muito perdida para responder de prontidão, e então eu vi o
que ele já tinha visto: Emma estava parada perto de nós, procurando uma
gaveta de lápis coloridos. E estava claro que ela estava escutando.
Eu engoli e tentei falar uma sequencia de palavras juntas. — Eu não
estava discutindo isso. E estava apenas mencionando o registro fóssil diz sobre
megafilos e microfilos. Você é quem começou a ficar encucado com
fotossíntese.
Emma achou o que ele precisava e saiu de perto, fazendo meus joelhos
quase cederem de baixo de mim. — Oh meu deus – eu disse, uma vez que ela
estava longe de escutar.
— Isso – disse Duncan, — é por que você precisa ser mais cuidadosa.
A aula acabou, e eu passei o resto do dia esperando nervosamente
Emma me entregar para alguma autoridade, que iria me arrastar para a
purificação* ou, pior, voltar para a escuridão. De todas as pessoas para nos
escutar! Os outros detentos poderiam não estar sociáveis comigo ainda, mas
eu já tinha sido capaz de observar que eram os melhores ou piores candidatos
como aliados. E Emma? Ela era a pior. Algum dos outros poderiam
ocasionalmente escorregar, meio como Hope naquele primeiro dia, fazendo um
comentário caprichoso que os levavam a problema. Mas minha sempre-boa
colega de quarto nunca, jamais desviava de sua retórica Alquimista perfeita. Na
verdade, ela saía de seu caminho para delatar outros que não seguiam a linha.
Eu honestamente não conseguia compreender por que ela ainda estava aqui.
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Mas ninguém veio por mim. Emma não fez mais do que olhar meu
caminho, e eu ousei ter a esperança de que a única coisa que ela ouviu foi a
desculpa apressada de fotossíntese do Duncan.
A hora da comunhão se aproximou e todos entramos em fila na capela.
Alguns sentaram nas cadeiras dobradiças enquanto outros vagavam pelo
cômodo como eu. Ontem tinha sido domingo, e no lugar de fazer comunhão,
nós nos juntávamos aqui nos bancos da igreja, juntos com todos nossos
instrutores, enquanto um hierofante* vinha e nos dava um serviço de igreja
genuíno e rezava por nossas almas. Era a única parte de nossa rotina que
mudava. Caso ao contrário, nós tínhamos as mesmas aulas nos fins de
semana como tínhamos no meio de semana. Mas aquele único serviço
fortificador, não por causa de sua mensagem, mas porque era outra maneira
de marcar o tempo. Cada pedaço de informação que eu poderia ter neste lugar
poderia apenas ser usado para me ajudar… eu esperava.
*Tipo de Sacerdote.
Era por isso que eu lia a Parede da Verdade cada dia antes de nossa
reunião. Havia uma história aqui de detidos que vieram antes de mim, e eu
ansiava aprender algo. Na maioria, tudo que eu encontrava era o mesmo tipo
de mensagens, e hoje não era exceção. Eu pequei contra meu povo e me
arrependo imensamente. Por favor, me leve de volta ao rebanho. A única
salvação é a salvação humana. Outra mensagem se lia: Por favor, deixe-me
sair. Vendo Sheridan entrar na sala, eu estava prestes a me juntar aos outros
quando eu notei algo no canto do meu olho. Era em uma região da parede que
eu ainda não havia chegado, em letra rabiscada:
Carly, desculpe-me. – K. D.
Eu senti meu queixo cair. Era possível… poderia realmente ser…
enquanto mais eu encarava aquilo, mais eu tinha certeza do que eu estava
vendo: uma desculpa para minha irmã Carly, de Keith Darnell, o cara que a
estuprou. Eu imagino que poderia ser uma Carly diferente e outro alguém com
as mesmas iniciais… mas meu instinto me disse o contrário. E sabia que Keith
havia estado na reeducação. Seus crimes tinham sido de uma natureza bem
diferente dos meus, e ele também havia sido liberado recentemente –
recentemente sendo mais de cinco meses atrás. Ele também tinha quase
ficado como um zumbi no tempo que ele tinha saído daqui. Era surreal pensar
que ele havia andado por esses mesmos corredores, ido às mesmas aulas,
97
suportado as mesmas sessões de purificação. Era até mesmo mais
perturbador imaginar se eu ficaria como ele quando saísse daqui.
— Sydney? – Perguntou Sheridan agradavelmente. — Você não vai se
juntar a nós?
Corando, eu percebi que eu era a única não sentada e corri para me
juntar aos outros. — Desculpe – murmurei.
— A Parede da Verdade pode ser um lugar muito inspirador – disse
Sheridan. — Você encontrou algo que falou com sua alma?
Pensei com muito cuidado antes de responder e então decidi que a
verdade não me machucaria. Também talvez pudesse ajudar, já que Sheridan
estava sempre tentando me fazer falar. — No geral, eu fiquei surpresa – eu
disse. — Reconheci o nome de alguém que eu conhecia… alguém que estava
aqui antes de mim.
— Esta pessoa ajudou a corrompê-la? — Lacey perguntou em
curiosidade inocente. Era uma das poucas vezes que alguém demonstrou
interesse semi-pessoal em mim.
— Não exatamente – disse. — Eu fui na verdade a pessoa que o
reportou, que o mandou para cá. — Todo mundo pareceu interessado, então
eu continuei. — Ele estava em negócios com um Moroi, um velho, senil Moroi,
e tirando seu sangue. Ele disse ao Moroi que estava sendo usado para
propósitos curativos, mas ele, o cara que eu conhecia, estava na verdade
vendendo o sangue para um tatuador local que por sua vez estava usando-o
para vender tatuagens que melhoram o desempenho para alunos humanos de
ensino médio. O sangue na tinta os faria melhor em coisas, especialmente
esportes, mas havia efeitos colaterais perigosos.
— Seu amigo sabia? – Perguntou Hope. — Que estava machucando
humanos?
— Ele não era meu amigo – eu disse afiada. — Mesmo antes de isto
começar. E sim, ele sabia. Ele não se importava, no entanto. Tudo que ele
estava focado era nos lucros que ele estava fazendo.
Os outros detidos estavam arrebatados, talvez porque eles nunca
haviam me ouvido falar tanto ou talvez porque eles nunca haviam escutado de
um escândalo como este. — Aposto que o Moroi sabia – disse Stuart
98
sombriamente. — Aposto que ele sabia de tudo, em que as tatuagens estavam
sendo usadas e o quanto eram perigosas. Ele provavelmente estava apenas
fingindo em ser senil.
A velha Sydney, quer dizer, a Sydney que esteve aqui no seu primeiro
dia, teria sido rápida em defender Clarence e sua inocência no esquema de
Keith. Esta Sydney, que tinha visto detidos serem punidos por comentários
menores e tinha suportado duas sessões de purificação esta semana, sabia
melhor. — Não era meu trabalho julgar o comportamento do Moroi – eu disse.
— Eles farão o que suas naturezas os mandarem fazer. Mas eu sabia que
nenhum humano deveria sujeitar outros humanos para os perigos que meu
associado estava. Era por isso que eu tinha que entregá-lo.
Para meu espanto, uma rodada de acenos me encontrou, e até Sheridan
me olhou com aprovação. Então, ela falou. — Esta é uma visão muito sábia,
Sydney. E ainda algo deve ter dado terrivelmente errado se você não aprendeu
lição alguma desse incidente e acabou aqui você mesma.
Todos aqueles olhos giraram dela para mim, e por um momento, eu não
conseguia respirar. Eu discutia sobre Adrian ocasionalmente com Duncan, mas
isto era diferente. Duncan não julgava ou despedaçava meu romance. Como
eu poderia trazer à tona algo tão precioso e poderoso para mim na frente deste
grupo, que iriam insultar e fazê-lo parecer sujo? O que eu tive com Adrian foi
lindo. Eu não queria expô-lo para ser pisoteado aqui.
E ainda, como eu não poderia? Se eu não desse algo a eles, se eu não
jogasse seus jogos… então quanto tempo eu ficaria aqui? Um ano, ou mais,
como Duncan? Eu havia dito a mim mesma, de volta naquela cela escura, que
eu diria qualquer coisa para me tirar daqui. Eu tinha que fazer isso valer.
Mentiras ditas aqui não iriam importar se elas me levassem de volta a Adrian.
— Eu deixei minha guarda baixar – eu disse simplesmente. — Minha
tarefa me tinha trabalhando entre vários Moroi, e eu parei de pensar neles
como as criaturas que são. Acho que depois do meu associado, as linhas de
bem e mal ficaram borradas para mim.
Eu me preparei para Sheridan começar a me atormentar por mais
detalhes íntimos do que aconteceu, mas foi outra garota, uma chamada
Amelia, que falou algo totalmente inesperado.
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— Isso quase faz sentido – ela disse. — Digo, eu não teria levado para,
hm, extremos que você fez, mas se você esteve por perto de um humano
corrupto, poderia talvez fazer você perder sua fé no nosso povo e
erroneamente se virar para os Moroi.
Outro rapaz que eu raramente conversava, Devin, acenou em
concordância. — Alguns deles podem quase parecer enganosamente legais.
Sheridan franziu as sobrancelhas levemente, e eu pensei que esses dois
talvez entrassem em problema por comentários semi-favoráveis aos Morois.
Ela aparentemente decidiu deixar passar ao favor do progresso que eu fiz hoje.
— É muito fácil ficar confuso, especialmente quando você está fora em uma
tarefa por si mesmo e coisas tomam um rumo inesperado. O importante é
lembrar é que nós temos uma infra-estrutura inteira pronta para ajudá-lo. Se
você tem questões sobre o certo e errado, não se vire para um Moroi. Vire-se
para nós, e nós lhe diremos o que é certo.
Porque o céu nos perdoe se um de nós pensar por nós mesmos, eu
pensei amargamente. Fui poupada de mais questionamentos românticos
quando Sheridan voltou sua atenção aos outros para ouvir qual tipo de
esclarecimento eles tiveram esse dia. Não apenas eu estava fora da reta, eu
aparentemente ganhei pontos com Sheridan e, como eu vi quando o chegou o
horário de jantar, com alguns dos meus colegas detidos.
Quando eu peguei minha bandeja com Baxter e iniciei minha caminhada
em direção a uma mesa vazia, Amelia me acenou para a dela com um curto
sinal de cabeça. E sentei ao lado dela, e apesar de ninguém ter realmente
conversado comigo durante a refeição, ninguém me mandou embora ou me
censurou. Eu comi em silêncio, e captei tudo que eu ouvia ao meu redor. A
maioria de suas conversas era as típicas que eu ouvia no refeitório de
Amberwood, comentários sobre o dia de escola ou colegas de quarto que
roncavam. Mas me deu mais e mais compreensão de suas personalidades, e
eu de novo comecei a calcular quem poderia ser um aliado.
Duncan esteve sentado com outros em outra mesa, mas quando nós
passamos ao lado de outro saindo do refeitório, ele murmurou — Viu? Eu disse
a você que você estava fazendo progresso. Agora não estrague tudo.
Eu quase sorri, mas aprendi minha lição mais cedo hoje sobre ficar
muito confortável. Então eu continuei o que eu esperava ser uma aparência
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solene e diligente no meu rosto enquanto íamos em desordem para a biblioteca
para encolher nossas escolhas chatas de leitura para a noite. Eu acabei na
sessão de história, esperando por algo um pouco mais interessante do que eu
tinha visto recentemente. Histórias Alquimistas ainda eram cheias de lições
sobre moral e bons comportamentos, mas pelo menos essas lições não eram
diretamente explícitas para os leitores, como a maioria dos outros livros de
auto-ajuda era. Eu estava em dúvida entre dois contos medievais diferentes
quando alguém se ajoelhou ao meu lado.
— Por que você quis saber sobre o gás? — Perguntou uma voz quieta.
Eu me virei. Era Emma.
— Eu não sei sobre o que você está falando — falei levemente. — Você
quis dizer em artes hoje? Duncan e eu estávamos discutindo samambaias.
— Uh-huh – ela puxou um livro da era renascentista e folheou as
páginas. — Eu não dirijo uma palavra a você no nosso quarto, você sabe. Está
sob vigilância. Mas se você quer minha ajuda agora, você tem cerca de
sessenta segundos.
— Por que você me ajudaria? – Eu questionei — Assumindo que eu
mesmo queira? Você está tentando armando para mim em algo para que você
consiga ser vista melhor?
Ela bufou. — Se eu quisesse “armar para você em algo”, eu teria feito
eras atrás no nosso quarto, gravado em vídeo. Quarenta e cinco segundos. Por
que você quer saber sobre o gás?
Ansiedade me inundou enquanto eu me desesperava sobre o que fazer.
Nas minhas avaliações sobre quem poderia ser um aliado, Emma nunca tinha
aparecido. E ainda, aqui estava ela, oferecendo o mais perto de insubordinação
que alguém, até mesmo meu amigo Duncan, tinha mostrado até agora. Isso fez
tudo parecer mais provável que eu estava sendo enganada, mas parte de mim
não conseguia resistir a oportunidade.
— O gás nos prende aqui tanto quanto os guardas e paredes — eu disse
por fim. — E apenas quero entender. — Com esperança, isso não era tão
incriminador.
Emma escorregou o livro de volta e selecionou outro diário, este com
enfeites extravagantes. — Os controles estão em uma oficina que está no
mesmo andar da sessão de purificação. Cada quarto também tem um pequeno
101
cano sendo alimentado por esse sistema. E logo atrás do painel de ventilação
perto do teto.
— Como você sabe? — Perguntei.
— Eu cruzei com alguns rapazes do conserto fazendo manutenção em
um quarto vazio uma vez.
— Então seria mais fácil bloquear quarto-por-quarto do que no nível de
controle — murmurei.
Ela balançou sua cabeça. — Não quando está bem na linha com as
câmeras nos quartos. Os guardas estariam sobre você antes mesmo de você
retirar o painel. No qual você precisaria de uma chave de fenda.
Ela começou a colocar seu livro de volta, e eu o peguei dela. Tintas
cintilantes decoravam a capa, e o canto de cada capítulo estava coberto com
um pedaço de metal achatado. Eu percorri meus dedos sobre um. — Chave de
fenda plana? – Perguntei, medindo a grossura do canto metálico. Se eu
conseguisse arrancar, seria uma boa ferramenta para retirar um parafuso.
Um lento sorriso espalhou sobre o rosto de Emma. — Na realidade, sim.
Você ganha pontos de criatividade, eu lhe darei isso. – Ela me estudou por
mais uns momentos. — Por que você quer bloquear o gás? Parece que você
tem vários outros problemas maiores, você sabe, o maior deles que você esteja
presa aqui.
— Você me diga algo primeiro – eu disse, ainda sem certeza se Emma
era parte de uma grande operação que iria me colocar em um problema ainda
maior. — Você era como a criança propaganda para o comportamento modelo
Alquimista. O que você fez para vir para cá?
Ela hesitou antes de responder. — Eu mandei para longe alguns
guardiões que tinha sido atribuídos para ajudar meu grupo Alquimista em Kiev.
Havia alguns Moroi que eu conhecia que eu achava que precisavam de mais
proteção do que nós.
— Eu vejo onde isso iria chatear os poderes-constituídos – admiti. —
Mas parece que há coisas priores, especialmente como quão boa você tem
sido. Por que você ainda está aqui?
Seu sorriso convencido mudou para algo mais amargo — Porque minha
irmã não está. Ela passou por tudo isso também, recebeu alta, e depois foi
102
mais desonesta do que antes. Ninguém sabe onde ela está, e agora, não
importa quantos avanços eu dê, eles estão garantindo que não façam o mesmo
erro duas vezes em me deixar ir embora tão cedo. Mau sangue na nossa
família, eu acho.
Isso com certeza explicaria as coisas. Ela parecia sincera também, mas
ela também era uma Alquimista, e nós éramos bons em enganar os outros.
Outra pergunta surgiu na minha cabeça enquanto meus olhos cruzaram a sala
onde Duncan e alguns outros vasculhavam a sessão de sociologia. — Porque
Duncan está aqui tanto tempo? Ele parece estar em bom comportamento.
Sangue ruim na família também?
Emma seguiu meu olhar. — Meu chute? Comportamento bom demais.
— Isso é mesmo possível? – Perguntei, chocada.
Ela deu de ombros. — Ele é tão dócil, acho que eles estão preocupados
que ele não seja capaz em se impor a influência de vampiros, mesmo que ele
quisesse. Então eles estão com medo de deixá-lo sair ainda. Mas eles não
querem que ele tenha muita coragem porque esse tipo vai contra o
procedimento de operação aqui. Eu acho que ele quer ser mais corajoso… mas
algo o impede, digo, mais do que as coisas normais nos impedindo.
Chantal, pensei. Isso era o que o segurava. Ele tinha coragem o
bastante para ser meu amigo, mas as palavras de Emma explicaram por que
ele era tão cuidados mesmo nisso. Perder Chantal deixou sua marca e o fez
temeroso a fazer qualquer outra coisa. Esperando que eu não estivesse
fazendo um terrível erro, respirei fundo e volta para Emma.
— Se o gás estiver desligado, eu posso mandar uma mensagem para
fora. Isso é tudo que eu posso contar a você.
Suas sobrancelhas subiram com isso. — Você tem certeza? Hoje?
— Absoluta. — eu disse. Adrian estaria procurando por mim nos sonhos.
Ele apenas precisava de uma janela de sono natural.
— Espere um minuto. — Emma disse após um pouco mais de
pensamento.
Ela se levantou e caminhou para o outro lado da sala, para onde Amelia
estava pesquisando. Elas conversaram até a melodia de sinos tocar,
sinalizando que era hora de retornarmos para nossos quartos. Emma
103
apressou-se de volta para mim. — Confira este livro – ela disse, acenando para
o diário enfeitado. – E não diga uma palavra para uma vez que saiamos por
aquela porta. Volte para nosso quarto, conte até sessenta, e depois mergulhe
de cabeça em qualquer coisa que você precisar fazer com aquela ventilação.
— Mas e sobre a câmera…
— Você está por conta própria agora. — Ela disse, e partiu sem uma
palavra a mais.
Fiquei boquiaberta por um tempo e depois me apressei para me juntar
aos outros que estavam assinando os livros para o bibliotecário. Enquanto eu
saía com eles, tentei parecer natural e não como meu coração estivesse
martelando meu peito. Emma estava falando sério? Ou isso era a última
armação? O que ela poderia ter feito em uma conversa que de repente faria
ficar tudo bem bloquear o sistema de ventilação? Porque quando voltamos
para nosso quarto, eu podia ver a pequena câmera preta que nos vigiava
estava apontada diretamente para o rumo da ventilação em questão. Qualquer
um o abrindo seria facilmente visto.
Teria de ser uma armação, mas Emma tinha sido clara em sua
linguagem corporal que ela não teria nenhuma interação a mais comigo
enquanto nos preparávamos para deitar. Contei silenciosamente e sabia que
ela também tinha contado porque quando eu cheguei a sessenta, ela me jogou
um olhar afiado, cheio de significado.
Há maneiras mais fáceis de armar para mim, pensei. Maneiras mais
fáceis com consequências piores.
Engoli seco, e empurrei minha cama para a parede e a usei para subir,
então eu teria acesso mais fácil para o painel de ventilação. E arranquei um
canto de página de metal do livro, e a avaliação de Emma estava correta. Sua
espessura era certa como uma chave de fenda plana. Claro, não era nem perto
ergonomicamente fácil de usá-lo como uma chave de fenda, mas após um
pouco de tempo, e finalmente consegui afrouxar os quatros cantos do painel o
suficiente para retirá-lo. Meus nervos e mãos tremendo não estavam ajudando
a acelerar o processo, e eu não tinha menor ideia quanto tempo eu ainda tinha
para fazer isso, ou se Emma iria me alertar quando o tempo acabasse.
Dentro, encontrei um poço de ventilação comum. Era pequeno demais
para engatinhar, então não haveria nenhuma fuga digna de filme desse jeito.
104
Como ela havia me dito, um pequeno cano estava anexado ao lado da
ventilação, abrindo logo atrás das grelhas do painel para alimentar o ar para
dentro do nosso quarto quando a luz se apagasse. Agora eu precisava
bloquear o cano. E alcancei debaixo da cama, onde eu tinha colocado uma
velha meia recuperada do nosso cesto de roupa suja mais cedo. Eu não deixei
de lado que os Alquimistas fizessem um inventário de nossas roupas
regularmente, mas eu também sabia que quando isto era apanhado, era
prontamente jogado em um cesto de roupas maior. Se eles notassem uma
meia perdida, eles não saberiam do quarto de quem teria vindo. E com certeza
até mesmo secadoras Alquimistas comiam meias de vez em quando.
Eu enfiei a meia no cano o melhor que eu pude, esperando que fosse
suficiente para manter o pior do gás longe. Atrás de mim, baixinho, escutei
Emma murmurar — Rápido. — Minhas mãos escorregavam com suor, e
parafusei o painel de volta no lugar e mal lembrei de mover minha cama antes
de afundar nela com meu livro. Toda a tentativa durou menos do que cinco
minutos, mas foi o suficiente?
Emma estava fixada em seu livro e nem mesmo olhou em minha
direção, mas eu percebi o vislumbre de um sorriso em seus lábios. Isso era um
triunfo em me ajudar a alcançar meu objetivo? Ou ela estava se vangloriando
em ter me enganado em cometer sérias insubordinações na câmera?
Se eu tinha sido pega, ninguém veio até mim naquela noite. Nossa hora
de leitura acabou, e logo depois, as luzes se apagaram e eu ouvi o clique
familiar das portas automaticamente se trancando. Eu me aconcheguei na
minha esparsa cama feita e esperei por outra coisa que tinha sido se tornado
familiar nessa última semana: a sonolência induzida artificialmente trazida pelo
gás. Não tinha chegado.
Não tinha chegado.
Eu mal poderia acreditar. Nós tínhamos conseguido! Eu consegui parar
o gás de entrar no meu quarto. A parte irônica era, eu poderia usar um pouco
de ajuda para conseguir dormir porque eu estava tão animada para falar com
Adrian que eu não conseguir me acalmar. Era como Noite de Natal. E deitei no
escuro pelo o que parecia ser duas horas antes da exaustão natural ganhar e
me colocar para dormir. Meu corpo estava em um estado perpétuo de fadiga
por aqui, tanto por estresse mental e pelo fato que o sono que nos era dado era
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pouco adequado. Dormi profundamente até a melodia de sinos para acordar, e
foi então quando eu me dei conta da horrível verdade.
Não houve sonho algum. Adrian não tinha vindo.
CAPÍTULO 8
Adrian
Eu não queria que as coisas estivessem tão fora do controle.
Minhas intenções tinham sido boas quando cheguei ao tribunal, mas depois de
ter falhado com Lissa e então ficar sabendo sobre meus pais, algo estalou
dentro de mim. Atirei-me de volta para minha antiga vida com uma vingança,
perdendo toda a aparência de responsabilidade. Tentei dizer a mim mesmo
que eu estava tentando me divertir um pouco e encontrar uma maneira de
relaxar, enquanto eu estava na Corte. Às vezes dizia que era para ajudar Nina.
Talvez essa desculpa tivesse funcionado nos primeiros dias, mas depois de
uma semana de quase folia e festas sem parar, isso quase ofereceu
timidamente um protesto a ela quando fui buscá-la uma noite.
— Vamos ficar. — ela disse. — Nós vamos pegar leve e assistir a um filme. Ou
jogar cartas. Qualquer coisa que você quiser.
Apesar de suas palavras, ela ainda estava vestida para sair e estava muito
bonita com um vestido 'pervinca' que fez com que seus olhos parecem que era
de um dom de cinza luminoso. Gesticulei para ela.
— E perder isso? Vamos lá, eu pensei que você queria conhecer novas
pessoas.
— Eu quero, disse ela. — Na verdade, nós estamos começando a ver as
mesmas pessoas de novo e de novo. Elas estão em todas, e elas já me viram
com esse vestido.
— É esse o problema? — Perguntei. — Eu vou emprestar-lhe dinheiro para
você comprar outro.
106
Ela balançou a cabeça. — Eu não posso nem te pagar de volta por este.
Depois de descobrir sobre a mentira que meus pais estavam vivendo, eu fiquei
tentado a fazer uma declaração recusando a grande mesada que meu pai
depositava em minha conta. Eu não tinha as mesmas contas aqui do que em
Palm Springs, e gostava da ideia de mostrar a Natan Ivashkov que ele não
podia comprar todos na família. Mas quando Nina casualmente comentou que
ela se sentia mal vestida em algumas festas da realeza que íamos, eu decidi
usar o dinheiro do meu pai para financiar o guarda-roupa de uma secretaria e
seria tão irritante quanto. Na verdade, ele não sabia disso ainda, mas eu tive
uma satisfação pessoal com isso.
Nina só tinha aceitado o acordo por que falei que era um empréstimo, mas ela
foi pega de surpresa quando viu os valores que eu estava jogando ao redor.
Uma pequena voz de razão me avisou que eu estava em perigo de cair em
alguns dos maus hábitos que eu tinha em alguns momentos quando eu ficava
para baixo em Palm Springs, mas silenciou-o. Afinal de contas, eu ia ficar mais
rico do que meu pai em breve, e mais todo mundo estava derramando minhas
bebidas de graça nos dias de hoje de qualquer maneira.
— Bem, isso parece ótimo, eu disse. — Seria uma vergonha deixar essa
beleza a distancia a não ser que haja outro problema?
—Não, ela disse, corando com as minhas palavras. — Ela me olhou, e eu tinha
a sensação de que estava lendo minha aura. Ela suspirou e disse — Vamos
"Ela não pode manter-se com você", disse a tia Tatiana quando nós
caminhamos pela fundamentação do Tribunal. O sol causava sombras para
alongar a nossa volta. “Mas também, que garota poderia?” Sydney poderia
manter-se comigo, pensei. Não no sentido de festa. Quero dizer... Na vida.
Essas palavras trouxeram aquela terrível dor que nenhuma quantidade de folia
poderia afugentar. Sydney.
Sem ela, eu simplesmente sentia-me como se estivesse atravessado
movimentos da vida, criando uma existência triste agarrando-me pela minha
incapacidade de encontrá-la. Tudo o que eu podia fazer era sonhar e fazer
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pesquisas. Eu ainda não tinha procurado por ela esta noite e me perguntei se
talvez eu devesse cancelar com Nina só para manter uma breve sobriedade.
"É muito cedo” avisou tia Tatiana. “Verifique mais tarde. Nenhum ser humano
estaria dormindo ainda nos Estados Unidos. Além disso, você quer que ela
volte?"
Ela tinha um ponto sobre o horário. A questão era que eu tinha perdido bons
momentos para verificar Sydney durante toda a semana, e isso estava
começando a me incomodar. Mas ela também estava certa sobre ela voltar: a
terrível, profunda escuridão que ameaçava consumir todo o meu mundo. Minha
depressão tinha sido ruim em Palm Springs depois do desaparecimento de
Sydney ela só piorou aqui depois da minha incapacidade de obter a ajuda de
Lissa. Eu sabia que meu ex-psiquiatra e mesmo Sydney provavelmente iam
dizer-me que era um sinal para voltar com a medicação, mas como eu poderia
voltar, e não ser capaz de usar o espírito para ajudá-la? Evidentemente, eu não
era de muito uso agora, mas eu ainda me recusava a deixar a magia ir. E
assim, um aumento nas calmantes maravilhas do álcool ajudou a silenciar
algumas delas, mas eu continuava a confiar em conselhos do fantasma de tia
Tatiana — ela era uma presença, que se tornou desconcertante mais
frequentes na semana passada. Eu sabia que ela não era real e que o meu
psiquiatra teria muito a dizer sobre ela também, mas seu delírio parecia ser a
criação de um muro entre o pior da minha depressão e minha sanidade. Pelo
menos ela me tirava da cama todas as manhãs.
A Festa daquela noite estava sendo oferecida por um cara da corte que eu não
sabia muito bem quem ele era, mas ele parecia satisfeito que eu tivesse
aparecido e nos recebeu com um aceno amigável.
Nina tinha se tornado a minha sombra aceita nestes eventos, e as pessoas que
queriam entrar em boa comigo aproximavam-se de Nina, era a maneira de ficar
na boa comigo. Quase todas as festas nesta época do ano eram realizadas ao
ar livre, se o tempo permitisse. Fomos educados a partir de uma idade tão
precoce a ficar dentro de casa e se esconder dos Strigoi que, se uma
oportunidade ao ar livre apresentado de um local seguro como a corte
dificilmente poderia recusar a oportunidade. Um Senhor chegou para tornar
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esta festa particularmente memorável, com todos os tipos de novidades para
divertir e entreter. Um dos meus favoritos era uma fonte gigante em uma mesa,
atirando champanhe dentro das profundezas da base de vidro, uma matriz de
luzes coloridas brilhava através do espumante líquido.
Enchi copos para Nina e para, admirando as luzes como eles passaram por
uma curva de cores.
—Adrian — ela disse suavemente. — Olha lá, do outro lado da piscina.
Eu segui seu olhar e viu Wesley Drozdov beber de um copo de Martini e
punhos erguidos encarando-me. Era uma espécie de surpresa vê-lo. Ele fez-se
visivelmente escasso desde a nossa última corrida, e eu me perguntei se ele
tinha aparecido esta noite pensando que eu não estaria em uma festa onde eu
não sabia que o anfitrião bem era um lixo, tia Tatiana murmurou na minha
cabeça. "Ele não merece um nome real."
— Você está vendo a aura dele? — acrescentou Nina. — Ele nos odeia.
Eu já tinha aceitado uns drinks de um garçom que passou no nosso caminho e
não estava na melhor posição para ler auras. Eu não tinha nenhuma razão
para duvidar de Nina e então eu ri com a preocupação em sua voz. —Não se
preocupe — disse a ela
— Ele não vai começar nada? — ela me perguntou
Wesley pousou o copo vazio e escorregou para as sombras, para meu alívio.
Eu não queria que tia Tatiana começasse a discursar sobre ele novamente.
Nina ainda parecia desconfortável. "Nunca deixe ele ter em paz."
Entreguei-lhe um copo. — Quando é que isso aconteceu, com você ao meu
lado? Eu perguntei galantemente. — Eu tenho sempre você para cuidar das
minhas costas.
Seu rosto se iluminou, muito mais do que eu teria esperado de tal comentário
superficial. Mas se a fazia feliz, eu estava feliz. Talvez eu não pudesse resolver
tudo na minha vida, mas Nina era uma boa garota que merecia coisas boas
depois de tudo que ela passou. Isso, e ter ela por perto nessas festas fazia eu
109
me sentir um pouco menos patético. Beber sozinho era triste. Beber com um
companheiro poderia tecnicamente ser justificada como interação social.
Nós passamos por nossa rotina habitual de beber. Eu cheguei com ideias
sobre a definição de limites para mim, mas logo perdi o controle. Só posso
supor que foi o que me levou a responder a minha ligação assim que meu
telefone tocou. Normalmente, eu verificava a exibição antes mesmo de
considerar responder, mas esta noite nem sequer me ocorreu.
— Alô?
— Adrian?
Eu estremeci. — Oi, mãe.
Nina saiu discretamente se afastado, e eu tentei mudar para um local mais
tranquilo. Minha mãe era uma das principais razões que eu verificava minhas
ligações nos dias de hoje, uma vez que ela estava me ligando quase sem parar
desde a nossa briga pós-jantar. Agora não havia como escapar fácil.
— Onde está você, querido? Eu mal posso ouvi-lo.
— Eu estou em uma festa — eu disse a ela. —Eu não posso falar muito — Isso
não era exatamente verdade, já que poucos na multidão estavam prestando
atenção em mim naquele momento, e Nina tinha encontrado um grupo para
conversar perto da piscina.
—Isso não vai demorar muito. — A menos que eu estivesse enganado, havia
uma ponta de nervosismo em sua voz. —Eu não sei se você recebeu minhas
mensagens. ...
Ela diminuiu significativamente, talvez esperando eu fornecer uma razão
reconfortante para ignorá-la durante toda a semana.
— Eu recebi, disse.
— Ah — disse ela. — Bem, então, como você sabe, eu não estou feliz com a
maneira que deixamos as coisas. Eu sinto sua falta, Adrian. Passei muito
tempo pensando em você enquanto eu estava fora, e uma das coisas que eu
110
mais queria era estar com você quando eu estivesse de volta.
Eu senti uma faísca de raiva com isso, lembrando que ela não queria falar
comigo na prisão quando eu tinha visitando a em sonhos. Eu mantive esse
sentimento para mim mesmo e deixei-a continuar.
— Eu gostaria que nós tentássemos de novo, só você e eu. Talvez um almoço
tranquilo, para que eu possa explicar as coisas melhor. Eu quero que você que
você me entenda
— Você ainda está vivendo com ele? — Eu interrompi. — Você ainda está
tendo o dinheiro dele?
— Adrian...
— Você esta? Eu empurrei.
— Sim, mas como eu disse...
— Então, eu entendo perfeitamente. Você não precisa explicar nada.
Eu esperava desculpas ou bajulação, o que eu vinha recebendo uma boa
quantidade em seu correio de voz muitas mensagens e quase poderia recitar a
mim mesmo. Por isso, foi um pouco de surpresa quando ela atirou de volta:
— E você, Adrian? Eu vejo as contas. Eu vejo que ele ainda está enviando o
dinheiro.
"Ela está te chamando de hipócrita", tia Tatiana sussurrou para mim, havia
veneno em sua voz." Você vai para deixá-la ir embora com isso?"
—Não é a mesma coisa — eu disse, sentindo-se tanto irritado e envergonhado.
— Eu estou dando a minha distância.
— Está mesmo? — O Tom da minha mãe implicava que ela não acreditava
nem por um segundo.
—Sim — eu disse
Minha réplica com raiva foi interrompida por um grito e um respingo.. Olhei para
onde eu tinha visto Nina pela última vez.
111
Algumas brincadeiras haviam irrompido no grupo que ela estava ela e um
casal foi surgindo para fora da piscina, tossindo e tentando limpar a água para
fora de seus olhos.
— Eu tenho que ir, mãe — eu disse. —Obrigado por ligar, mas até que você
obtenha algum auto-respeito, eu não estou interessado.
Eu sabia que era mau, e eu não queria dar-lhe uma chance de responder,
desliguei o celular e corri para a piscina. Eu estendi a mão para Nina quando
ela se esquivou de uma bandeja de copos de doses flutuantes e tentou subir.
—Você está bem?
— Sim, sim, tudo bem. Os cachos que tinham estado tão bonitos mais cedo
agora pendurado ao redor do rosto em escuros aglomerados gotejando. —
Gostaria de poder dizer o mesmo para este vestido.
Os garçons se apressaram a frente com toalhas, e eu levei uma para Nina. —
Ele vai secar.
Ela me deu um sorriso irônico enquanto envolvia a toalha em torno de si
mesma.
—Você não costuma lavar roupa não é? Veja. Isto é de seda. Não da para
misturar bem com o cloro e Deus sabe o que mais estava naquela piscina.
As palavras de minha mãe ainda estavam frescas na minha mente
—Nós vamos obter-lhe algumas roupas novas.
—Adrian, eu não posso continuar a aceitar o seu dinheiro. É doce, e eu sou
grata por isso, na verdade. Mas eu tenho que ganhar do meu jeito.
Uma mistura de sentimentos inundadas por mim. O primeiro foi o orgulho. Ali
estava ela, incorporando exatamente o que eu tinha acabado de ser castigando
pela minha mãe sobre. Por outro lado, não havia como negar que, enquanto
Nina foi admirável tentando fazer as coisas por conta própria, eu era o hipócrita
que minha mãe tinha insinuado.
Essa humilhação queimou através de mim, agarrada pela frustração que eu já
112
sentia sobre ser incapaz de ajudar a Sydney.
—Você vai ganhar o seu próprio — eu disse com decisão. — Nós dois vamos.
Venha.
Peguei a mão de Nina e levei-a para fora do pátio lotado, chamando pouca
atenção, minha decisão foi de impulso. Caminhamos até quase do lado oposto
do Tribunal, longe das residências reais passamos tanto tempo aqui, entre
muito mais modestas moradias, eu andava com passos largos. Parei e bati
com força na porta. Nina, ainda envolta da toalha, se mexeu desconfortável ao
meu lado.
—Adrian, onde estamos? — Ela perguntou. —Você não percebe...
Suas palavras foram cortadas quando a porta se abriu, revelando Sonya Karp.
Ela uma vez tinha sido uma professora do ensino médio de biologia e um
Strigoi (embora não ao mesmo tempo). Agora, ela era Moroi mais uma vez e
um usuário do espírito como Nina e eu. Seu cabelo vermelho estava
desgrenhado do sono, e foi ai que Notei o pijama, eu tive um momento de
hesitação. O sol não estava muito alto ainda, mas o céu ao leste estava
definitivamente mais roxo do que o preto. Tempo Moroi
—Adrian, Nina. — disse Sonya, por meio de saudação. Ela era extremamente
calma, considerando as circunstâncias. —Vocês dois estão bem?
—Eu... Sim. — De repente me senti uma espécie de idiota, mas, em seguida,
empurrei esses sentimentos de lado. Nós já estávamos aqui. Eu poderia muito
bem fazer o meu show. — Precisamos falar com você sobre algo. Mas se já é
tarde demais... Franzi a minha testa, tentando analisar o tempo através de meu
cérebro de ex-viciado em bebida. Não havia nenhuma razão para ela estar na
cama. — Você está em uma programação humana?
— Estou no horário de Mikhail — respondeu ela, referindo-se ao marido
dhampir. — Ele está trabalhando em algumas mudanças ímpares, então eu
ajustei meu sono em conformidade. Ela pegou na toalha de Nina e se afastou
da porta. —Não adianta se estressar com isso agora. Entrem.
Apesar do apartamento ter uma cozinha que minha suíte não tinha, o restante
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do espaço era bem menor que o que eu normalmente tinha. Sonya e MIkahil
decoraram as coisas bem e certamente deram ao espaço um ar aconchegante,
mas ainda me incomodava o fato de uma visita real como eu recebesse
acomodações mais luxuosas acomodações que um guardião que trabalha
tanto e estava constantemente arriscando sua vida. Ou pior, eu sabia que essa
era uma das maiores casas de guardiões, já que Mikhail era casado. Guardiões
solteiros viviam em lugares pouco maiores que alojamentos.
— Vocês querem alguma coisa para beber? — Perguntou Sonya, apontando
para nós para se sentar à mesa da cozinha.
— Água, disse Nina rapidamente.
Sonya trouxe dois copos e, em seguida, sentou-se diante de nós. — Agora —
ela disse. — O que é tão importante?
Eu apontei para Nina. — Ela está ajudando-a com o seu trabalho da vacina,
certo? Ela gasta seu tempo com isso, mas não recebe pagamento. Isso não
está certo.
Nina corou, agora que ela percebeu que se tratava. — Adrian, é isso não é
grande coisa.
—Não é? — eu insisti. — Nina e eu fazemos muito por você com sua pesquisa
de espírito, mas não vismos qualquer remuneração.
Sonya arqueou uma sobrancelha. — Eu não tinha percebido que era parte de
suas necessidades. Eu pensei que você estivesse feliz por estar trabalhando
contra os Strigoi por uma questão de fazer o bem.
— Estamos — disse Nina, ainda parecendo mortificada.
— Mas — eu acrescentei —você não pode pedir-nos para dar tempo de nossas
agendas e vidas enquanto esperamos para encontrar uma maneira de
sobreviver e pagar as contas. Você quer nossa ajuda com isso? Então nos
contrate um pelotão de espírito em tempo integral.
Eu fiz uma careta, não gostando do jeito que saiu. — Ou uma equipe de sonho
do espírito. Eu não sei. Só estou dizendo que, se você quiser fazer isso direito,
114
dê-nos uma remuneração justa, certificando-se de obter a melhor ajuda
disponível. Nina tem que fazer malabarismos entre seu trabalho de escritório e
ainda ajudá-la por fora.
O olhar de Sonya repousava sobre Nina, que se contorcia e parecia ainda mais
desconfortável. — Eu reconheço que você trabalha muitas horas, e eu me sinto
mal por estar pedindo extra de você.
Sonya virou-se para mim e olhou claramente menos simpático. —Mas lembre-
me de novo o que exatamente é que você está fazendo estes dias, Adrian?
"Que ousadia", disse a tia Tatiana.
— Bem — eu disse obstinadamente: — Eu poderia estar ajudando a produzir
em massa sua vacina, se você me contratar em tempo integral.
Sonya deu uma risada pequena e seco. — Eu adoraria, mas há dois pequenos
problemas. Um deles é que eu não estou em produção em massa de nada.
—Você não está? — eu perguntei. Olhei rapidamente para Nina, que parecia
muito envergonhado para me ver. — Mas eu pensei que fosse sua prioridade.
— É — disse Sonya. —Mas, infelizmente, replicando o espírito no sangue de
Neil está se provando muito difícil. O espírito não parece estar ligado ao
sangue de uma forma estável, e eu me preocupo que vai desaparecer durante
um tempo suficientemente longo para que possamos decifrar seus segredos.
Tendo usuários de espírito a postos para aconselhar-me é muito útil, sem
dúvida. Mas resolver isso também requer um fundo de biologia e a
compreensão de sangue a nível celular, e infelizmente, só há uma pessoa que
eu conheço que atende a essa exigência. E esse usuário espírito não foi capaz
de resolver isso ainda.
Levei um momento para perceber que Sonya estava falando de si mesma. Eu
sabia que Nina tinha ajudado Sonya, mas era novidade para mim e para Nina
também, que seu projeto estava parado. Tínhamos feito tais grandes avanços
na criação de uma vacina contra os Strigoi para Neil que foi enlouquecedor
pensar que estávamos agora em uma posição onde não podia tirar o máximo
proveito disso.
115
— Qual é o segundo problema? — Eu perguntei, lembrando sua declaração
mais cedo.
— O segundo problema, disse Sonya, — é que eu não estou em posição de lhe
pagar. Acredite em mim, eu adoraria, uma “equipe do sonho do espirito"
dedicada a esta tarefa, mas eu nem sequer sou paga por isso. A rainha e o
conselho tem dinheiro e bolsas para a pesquisa científica, despesas com
suprimentos e viagens. Mas, como para qualquer outra compensação? Não
recebo mais do que você. Embora... Pode ser uma ideia a considerar. Se o
conselho realmente quer esse trabalho para avançar, eles devem se assegurar
que queles que mais lhe convenham que sejam capazes de dedicar totalmente
o seu tempo e recursos.
Sonya parecia sincera sobre isso, eu me senti idiota mais uma vez. Eu venho
aqui pedir dinheiro como se ela fosse algum mestre tesoureiro, Mesmo no auge
do álcool, eu poderia reconhecer o idiota que eu tinha sido.
— Sonya, eu sinto muito — eu disse.
"Ivashkovs não se desculpam!" estalou a tia Tatiana.
— Não deveria — disse Sonya. — esse é um pedido razoável.
— Eu não fui razoável na forma como eu pedi isso, disse rispidamente.
"Você quer parar de fazer isso?" perguntou a tia Tatiana.
Niva, apesar de ainda perturbada por toda a atenção trazida a ela, sem saber,
tomou o lado de minha tia imaginária e descansou sua mão gentilmente em
meu braço. — Você não sabia. E você estava fazendo isso por mim.
— Eu realmente ia perguntar — Sonya acrescentou, olhando entre nós.—
Quem sabe? Talvez uma “equipe dos sonhos" possa ajudar a por as coisas em
movimento. Eu estava esperando as aulas terminarem em Amberwood, para
que pudéssemos ter Neil aqui com Jill. Eu esperava que tê-lo em pessoa aqui
poderia iluminar a situação.
— Talvez se Neil voltar, Olive também volte — disse Nina. Todo este encontro
com Sonya claramente incomodava, mas o pensamento de Olive animou um
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pouco.
— Talvez — eu disse, não me sentido tão confiante com base em tudo o que
eu ouvi recentemente de Nina. — Você seria um atrativo maior do que um cara
que mal conhece.
— Ela se apaixonou por ele muito profundamente — disse Nina brincando com
as bordas de sua toalha por um momento e, em seguida, olhou para cima para
encontrar meus olhos. — Apaixonar-se por alguém pode fazer você fazer
coisas que de maneira relativa você não poderia.
Eu fiz uma careta enquanto eu estudava-a mais de perto e percebei que ela
estava tremendo. — Meu Deus, eu disse, envergonhado do meu próprio
esquecimento. — Você deve estar congelando.
A temperatura do lado de fora, estava agradável, não era tão sufocante como
tinha sido no início da semana, mas fazer essa longa caminhada de uma festa
com um vestido encharcado não poderia ter sido divertido. Olhei para Sonya.
—Você tem alguma coisa que ela possa usar?
Nina ficou vermelha. —Eu estou bem. Não tem problema
— É claro, interrompeu Sonya, levantando-se. Ela acenou para Nina ir com ela.
— Eu tenho algumas coisas que você pode esperimentar.
Nina a seguiu relutantemente para fora da sala. Sonya voltou um minuto depois
e me voltou à mesa — Ela está trocando de roupa agora.
Eu balancei a cabeça, minha mente ainda em nossa conversa anterior. — Eu
espero que ela não fique muito decepcionada se Olive não voltar para a Corte.
Acho que Olive tem muito para processa depois de, bem, você entende.
— Eu entendo, disse Sonya solenemente. — Mas, para ser sincera, eu não
estou preocupada com Olive deixando Nina para baixo. — Eu estava pouco
sóbrio, apenas o suficiente para me dar uma dor de cabeça e, aparentemente,
não o suficiente para limpar a minha mente. —O que você quer dizer?
Sonya suspirou. — Isso é o que eu temia. Você não tem ideia do que a menina
é louca por você, não é?
117
— Quem você quer dizer... Nina? — Eu balancei minha cabeça. — Não, ela
não é. Somos apenas amigos.
— Vocês passam uma enorme quantidade de tempo juntos. E sempre que ela
e eu nos encontramos para o trabalho, você é tudo o que ela fala.
— Não tenho nenhum interesse por ela — eu disse com firmeza. — Não dessa
maneira, pelo menos.
Sonya me deu um daqueles olhares sabendo que ela se destacou — Eu nunca
disse que você tinha. Na verdade, é perfeitamente claro para mim que não.
Mas ela não está ciente disso. E é cruel de você levá-la a diante.
— Eu não estou levando! — Eu protestei. — Acabamos de sair.
— Ela me disse que você comprou suas roupas.
— É um empréstimo, eu disse com firmeza. — Porque ela não tem o suficiente
para viver.
— Ela estava indo muito bem até que você começou a empurrá-la para o
turbilhão da vida social real
Sonya me olhou diretamente nos olhos. —Olha, você quer o meu conselho? Se
você se preocupa com ela, você deve recuar. Sem perceber, você está
enviando suas mensagens confusas e, eventualmente, ela vai ficar mal quando
ela finalmente perceber que o que ela estava esperando não é real. Seria difícil
para qualquer um, mas você de todas as pessoas sabem quão frágeis usuários
de espírito podemos ser.
— Bem, na verdade, eu não quero o seu conselho, e eu não vou recuar,
porque eu não estou fazendo nada de errado. Nina é uma garota inteligente.
Ela sabe que nós somos apenas amigos e gosta do que nós temos. Dizer-me
para desistir dela é meio prematuro.
— Desistir dela? — Sonya riu — É o termo de um viciado. Para que
exatamente que você a está usando? Ou, mais importante, eu deveria
perguntar: O que ou quem que ela está substituindo?
118
— Nada. Ninguém. Pare de me dar o terceiro grau! O que há de errado comigo
que não posso ter uma amiga?
Nina voltou, vestindo um moletom emprestado de Sonya e uma camiseta, e
encerrou a conversa.
Alheia à tensão que ela entrou, Nina foi efusiva com suas graças a Sonya e fez
mais algumas indagações sobre o estado vacinal. Enquanto falavam, minha
mente vagava, e eu me perguntava se eu tinha inadvertidamente mentindo
para Sonya.
Não sobre nada romântico com Nina e eu. Não havia ninguém que eu pudesse
imaginar comigo além de Sydney. Mas quando saímos de Sonya e eu andei
com de Nina volta ao seu lugar, eu me encontrei perguntando sobre a outra
parte do comentário de Sonya.
O que ou quem é que ela está substituindo?
Não houve substituição de Sydney, é claro. Não havia ninguém como ela no
mundo, ninguém que poderia até mesmo se comparar com ela no meu
coração. No entanto, quando Sonya tinha sugerido que eu deveria me afastar
de Nina, a principio entrei em pânico, tinha corrido pela minha cabeça que eu
estaria sozinho novamente. porque enquanto a tristeza, medo e raiva
dominavam minhas emoções, na esteira do desaparecimento de Sydney, eu
não podia negar que a solidão tinha estado lá também.
Minha relação com Sydney havia curado parte de mim, um pedaço da minha
alma que se sentiu à deriva no mundo. Quando ela desapareceu, eu perdi essa
corda e flutuou solta mais uma vez.
Nina, apesar de não substituir Sydney romanticamente, certamente tinha feito
muito para mim. Não que eu estivese exibindo exatamente o comportamento
modelo nos dias de hoje. Mas Nina deu-me alguém para conversar, que não
vivia dentro da minha cabeça e, pelo menos, desde alguma regularidade ao
meu estilo de vida festas. Pegá-la e levá-la em casa a tempo a cada noite
assegurada eu não estava funcionando completamente mal. E além do prazer
de punir secretamente meu pai por gastar seu dinheiro com ela, eu também
119
tinha satisfação em cuidar de alguém. Isso me fez sentir um pouco menos
inútil. Eu não poderia encontrar Sydney, mas por Deus, eu poderia certificar-se
de Nina estava vestido para a vida noturna real.
Mas Sonya disse, que eu estava me aproveitando de Nina no processo?
Eu ponderei isso como chegamos a porta da casa de Nina. Nina destrancou a
porta e então se virou para mim. O sol estava definitivamente bom até agora,
iluminando o rosto com as cores do amanhecer.
— Bem, obrigado, como sempre, por um momento interessante — disse ela
com uma pequena risada. — E obrigado por aquilo que você tentou fazer com
Sonya. Você realmente não precisava. Mas obrigada. — Ela estava torcendo
as mãos, um hábito nervoso dela que eu tinha notado antes.
Dei de ombros. —Você ouviu o que ela disse. Talvez algo possa vir de bom de
qualquer maneira.
— Talvez — Um momento de silêncio pairou entre nós antes que ela
perguntou: — Bem... Mesmo horário amanhã?
Eu hesitei, me perguntando se eu estava criando uma situação insalubre para
mim. Querendo saber se eu estava criando para ela também.
"Você vai deixar Sonya ditar a sua vida?” perguntou a tia Tatiana. “O que ela
sabe?"
Eu senti um surto de raiva dentro de mim. Sonya estava exagerando. O que
havia de errado comigo ter uma amiga? O que havia de errado comigo ter
alguém com quem falar? Eu era esperado para viver em isolamento, apenas
Sydney porque tinha ido embora? E, além disso, Nina era muito intuitiva para
abrigar qualquer sentimento por mim. Ela tinha seus próprios problemas e não
estava indo para obter todas as ideias malucas sobre nós.
"Mesmo horário", eu assegurei a ela.
CAPÍTULO 9
SYDNEY
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COMO PODERIA ADRIAN NÃO vim até a mim? Era possível que
tivesse bastante gás para bagunçar com o meu sistema, afinal? Eu sabia que
não havia como ele desistir de mim. Ele tinha que estar procurando. Se ele não
tivesse vindo aos meus sonhos, naquela noite, havia uma boa razão. O
problema era que ele não veio na noite depois disso. Ou na seguinte.
As coisas pioraram quando Emma havia me parado na manhã depois
que eu havia desativado o gás, querendo saber se eu tinha tido alguma sorte
em obter a ajuda externa que eu tinha prometido. Ela havia sido acompanhada
por Amelia, que, eu soube, que havia sido minha distração. Nossos quartos
eram aparentemente monitorados a partir de um centro de controle com muitas
telas. Após as instruções de Emma, Amelia tinha encenado uma discussão
com o seu colega de quarto, dizendo coisas comprometedoras que foram
captados pela equipe de vigilância. Amelia foi sobretudo incontrolável, e eles
me disseram que havia ocupado toda a atenção dos observadores das salas
diante das câmeras de modo que eles perderam a minha pequena
performance.
— Eu precisava de um grande bloqueio de sono para meu plano de
trabalho. —Eu tinha dito, depois de explicar que eu não tinha sido bem
sucedido. — Levei um tempo para adormecer ontem à noite talvez por isso, foi
muito curto. Vai funcionar melhor esta noite.
Tanto Amelia quanto Emma pareciam desapontadas, mas igualmente
esperançosas. Eles acreditaram em mim. Elas mal me conheciam, mas ambas
estavam convencidas de eu tivesse uma maneira de ajudá-las. Isso tinha sido
há cinco dias. Agora, seus olhares de esperança foram embora — e
substituídos por outros de hostilidade.
Eu não sabia o que havia de errado. Eu não sabia por que Adrian não
estava vindo. Pânico aumentava em mim, que algo havia acontecido com ele e
que ele era incapaz de andar mais nos sonhos. Talvez ele ainda estava usando
sua medicação... mas não, eu estava certa de que ele teria feito um esforço
para tentar me encontrar. Era possível que as pílulas tinham causado danos
121
permanentes à sua capacidade de usar o espírito? Eu não poderia ponderar
por muito tempo porque a minha vida na re-educação tinha tomado um rumo
definido para o pior.
Emma e principalmente Amelia, que tinha sido enviado para a
purificação por suas distrações, sentiu-se tocada. Elas não contaram a mais
ninguém o que tinha acontecido, para não se incriminarem, mas deu a
entender por meio de sinais sutis do grupo que eu estava de fora. Eles
ignoraram as minhas súplicas de que a ajuda viria, e logo me vi comendo
sozinha no refeitório. Outros que tinham começado a se aquecer em seus
comportamentos distantes retomaram os velhos hábitos com fúria, e tudo o que
fiz foi analisado cuidadosamente e reportado para a nossa supervisora — que
me enviou a purificação mais duas vezes naquela semana.
Apenas Duncan permaneceu meu amigo, em seu caminho, mas até isso
foi um pouco contaminado.
— Eu te avisei. — disse ele na aula de arte um dia. — Eu avisei para
não estragar as coisas. Eu não sei o que você fez, mas você definitivamente
desfez todo o seu progresso.
— Eu tive que — Eu disse. — Eu tive que dar uma chance a algo, algo
que eu sei que vai valer à pena.
— Você fez? — Perguntou ele, infelizmente, em uma voz que dizia que
ele tinha visto tentativas similares inúmeras vezes.
— Sim. — eu disse ferozmente. — Vai valer à pena.
Ele me deu um sorriso amigável e voltou para sua pintura, mas eu
poderia dizer que ele acreditava que eu estava mentindo. O pior era que eu
não sabia se ele estava certo. Todo o tempo, eu tinha esperança de que eu iria
ligar para Adrian no mundo dos sonhos. Eu não entendia por que ainda não
havia acontecido, mas eu nunca duvidei por um momento que ele estava lá
fora, e ainda me amava e procurava por mim. Se algo estava realmente
interferindo com os nossos sonhos, eu tinha certeza de que iria encontrar uma
outra maneira de chegar até mim.
122
Uma semana depois de eu ter desativado o gás, o status quo re-
educação foi abalado quando uma recém-chegada se juntou a nós.
— Isso é uma boa notícia para você. — Duncan disse-me no corredor.
—Mudaram de atenção para ela durante algum tempo, por isso não fique muito
amigável.
Isso foi um conselho difícil de seguir, especialmente quando a vi sentada
sozinha em uma mesa do refeitório para o café. Um olhar de advertência de
Duncan com relutância me enviou a minha própria mesa, onde eu me sentia
tola e covarde por deixar tanto a nova garota e a mim sofrer ostracismo. O
nome dela era Renee, e ela parecia ter a minha idade, se não um ano mais ou
menos mais jovem. Ela também parecia ser alguém que eu poderia me unir
com bastante facilidade, já que, como eu, ela foi mandada para a purificação
durante a nossa primeira aula por ter respondido o professor.
Ao contrário de mim, no entanto, Renee voltou mais tarde pálida e
doente, mas não intimidada. De certa forma, eu admirei isso. Ela ainda estava
desgastada por seu tempo na solitária, mas carregava uma faísca rebelde em
seus olhos que mostraram força promissora e coragem. Aqui está alguém que
eu posso me aliar, pensei. Quando eu comentei isso com Duncan na aula de
arte, ele foi rápido para me punir.
— Ainda não. — Ele murmurou. — Ela é muito nova, muito evidente. E
ela não está fazendo as coisas mais fáceis para si mesma.
Ele tinha um ponto. Embora ela aparentemente aprendeu o suficiente
para não falar abertamente de volta mais, ela não fez qualquer tentativa de
olhar arrependida ou agir como se ela tivesse qualquer intenção de adquirir o
que os alquimistas estavam vendendo. Ela parecia exaltar em sua exclusão
dos outros, ignorando-me quando eu ousadamente oferecia um sorriso
amigável nos corredores. Ela sentou-se emburrada através de nossas aulas,
olhando com raiva e desafio a estudantes e professores igualmente.
— Eu estou meio que surpreso que ela já saiu do tempo de reflexão —
acrescentou Duncan. — Alguém estragou.
123
— É por isso que ela precisa de um amigo mais do que nunca — eu
insisti. — Ela precisa de alguém para dizer-lhe: 'Olha, não há problema em se
sentir desta forma, mas você tem que se calar por um tempo.’ Caso contrário,
eles vão mandá-la de volta.
Ele balançou a cabeça em advertência.
— Não faça isso. Não se meta nisso, especialmente porque a sua
chegada significa que você vai subir em breve. Além disso, eles não vão
mandá-la de volta para sua cela.
Havia uma nota ameaçadora em sua voz que ele não explicou, e contra
o meu melhor julgamento, eu mantive distância pelo resto do dia. Quando
amanheceu — ainda sem nenhum contato de Adrian — resolvi sentar com
Renee e não ceder à pressão dos pares. Esse plano foi adiado quando um dos
companheiros de mesa regulares de Duncan me convidou para unir a eles.
Fiquei ali, hesitante, segurando minha bandeja quando olhei entre Renee e
mesas de Duncan. Ir a ela parecia a coisa certa a fazer, mas como eu podia
recusar a primeira chance de ligação com os demais que eu tive em um
tempo? Resistindo meus melhores instintos, eu fui para a mesa de Duncan,
jurando que eu resolveria as coisas com Renee mais tarde. Mais tarde, nunca
veio.
Aparentemente, depois de um dia deixando o ressentimento ferver
dentro dela, Renee não aguentou mais saiu rapidamente durante o terceiro
período em um discurso sobre a propaganda de mente fechada do nosso
instrutor. A segurança arrastou para fora, e eu senti uma onda de compaixão
que ela teve de suportar a purificação por dois dias consecutivos tão próxima
da solitária. Duncan encontrou meus olhos quando ela foi conduzida para fora
da sala, com um eu te avisei em seu rosto.
Quando a hora do almoço chegou, eu esperava uma mudança de última
hora para o menu para refletir um dos alimentos favoritos de Renee e adicionar
insulto à lesão de sua punição. O menu publicado mostrou a mesma coisa que
foi listado nesta manhã, no entanto, e eu perguntei se ela tinha ficado fora do
124
gancho ou simplesmente teve a infeliz sorte de já ter tiras de frango como um
de seus alimentos favoritos.
Mas quando Renee entrou no refeitório, muito tempo depois do resto de
nós que estávamos sentados e comendo, eu esqueci tudo sobre o menu. Foi-
se aquele brilho desafiador nos olhos dela. Não havia brilho neles enquanto ela
olhava em volta, confusa, parecendo que ela nunca tinha visto essa sala, muito
menos qualquer refeitório, antes. Sua expressão facial estava igualmente sem
graça, praticamente de queixo caído. Ela ficou simplesmente na soleira, sem
fazer tentativas para entrar ou de conseguir comida, e ninguém se preocupou
em ajudá-la.
Ao meu lado, uma detenta chamada Elsa prendeu a respiração.
— Eu pensei que isso poderia acontecer.
— O quê? — Eu perguntei, totalmente perdida. — Foi uma má
purificação?
— Pior ainda, disse Elsa. — Re-tatuado.
Lembrei-me de minhas próprias experiências, perguntando como isso
poderia ser pior, já que estávamos todos retardados em algum ponto aqui.
— Ela não foi re-tatuada já quando ela saiu da solitária?
— Um padrão de re-tatuagem — disse outro dos meus colegas de mesa,
um cara chamado Jonas. — Obviamente, isso não foi suficiente, talvez um
pouco demais. Isso acontece às vezes. Eles recebem a mensagem, mas
deixam com um tipo de confusão e esquecimento a respeito da vida normal por
um tempo.
Um sentimento de horror se apoderou de mim. Isso era o que eu temia,
porque eu já tinha trabalhado para criar uma tinta mágica que iria combater os
efeitos da coerção dos Alquimistas. Eu já tinha visto aquele olhar sem vida
antes, em Keith. Quando ele tinha sido recentemente saído da re-educação.
Pelo menos por esse ponto, no entanto, Keith tinha sido capaz de lidar com as
funções diárias de vida. Será que ele inicialmente se que limpou? Era horrível
125
de se ver. Ainda mais terrível era o fato de que ninguém mostrou qualquer sinal
de ajudá-la.
Eu estava fora do meu assento em um flash, ignorando a ingestão
aguda da respiração de Duncan atrás de mim. Corri até Renee e peguei seu
braço, guiando-a para dentro da sala.
—Entre — eu disse, focalizando nela de modo que eu não teria que ver
que eu tinha a atenção de cada uma das pessoas na sala. — Você não quer
comer alguma coisa?
O olhar de Renee olhou fixamente para frente por alguns segundos e
então lentamente se virou para mim. — Eu não sei. Você acha que eu deveria?
— Você está com fome? — eu perguntei.
Um pequeno vinco apareceu entre as sobrancelhas. — Você acha que
eu devo? Se você não pensa assim...
Eu guiei-a até a janela de Baxter. — Eu acho que você deve ser o que
você quer ser — eu disse com firmeza. Ela não disse nada para o chef quando
chegou a ele, e como de costume, ele não veio, então foi em mim. — Renee
precisa almoçar.
Baxter não respondeu imediatamente, e eu quase perguntei se ele não
podia agir a não ser que ela pedisse especificamente alimentos. Se assim for,
podemos estar parados aqui por um tempo. Mas depois de mais alguns
momentos de indecisão, ele se virou e começou a fazer-se uma bandeja de
tiras de frango. Eu a empurrei para uma mesa vazia e puxei uma cadeira para
ela, gesticulando para que ela se sentasse. Ela parecia responder bem a um
comando como este, mesmo não dito, mas não fez nenhuma tentativa de fazer
nada por conta própria quando sentei-me à sua frente.
— Você pode comer, se quiser — eu disse. Quando isso provocou nada,
eu mudei de redação. — Coma seu frango, Renée.
‘ Ela obedientemente pegou o frango para comer e começou a trabalhar
seu caminho através da badeja, enquanto eu observava com um senso
126
crescente de pavor. Pavor... e raiva. Os alquimistas realmente pensam que
esta foi uma alternativa melhor que questionar a autoridade? Mesmo se o mais
forte dos efeitos diminuísse com o tempo, ainda era revoltante que eles
poderiam fazer isso com outro ser humano. Quando eu descobri que eu estava
protegida da reeducação, eu pensei que estava em casa livre disso. E era
verdade: Eu estava. Mas todos à minha volta, sendo eles amigos ou inimigos,
estavam em risco se os Alquimistas forem em frente com a reeducação. Não
importa se o efeito mais extremo era uma raridade. Mesmo se isso só
aconteceu uma vez, há muito tempo.
— Beba seu leite — Eu ordenei quando percebi que ela terminara seu
frango e estava encarando o prato novamente. Ela estava na metade da caixa
quando o sinal tocou. — Hora de ir Renee. Este som significa que temos que ir
a outro lugar.
Ela se levantou junto comigo, eu olhei pra cima ao ver dois capangas do
Sheridan se aproximando — Você precisa vir conosco. — Um deles me disse.
Comecei a segui-los, e vi a expressão de desamparada de Renee.
Ignorando a insistência de minha escolta, eu voltei a ela e disse: — Siga os
outros e faça o que eles fazem. Vê onde eles estão colocando suas bandejas?
Faça isso e em seguida vá com eles para a próxima aula. — Um dos guardas
puxou meu braço e eu resisti até ver Renee acenar e se juntar aos outros com
a sua bandeja. Só aí eu deixei que eles me levassem, e eles não pareciam
nada satisfeitos com o meu ato de desafio.
Eles me levaram até o elevador e descemos um andar, até piso onde
havia o local de purificação. Eu me perguntei se não terminar meu próprio
almoço faria essa experiência mais ou menos desagradável. Para minha
surpresa, passamos pela porta de costume e continuamos até o final do
corredor, onde eu tinha estado. Passamos por armários marcados
respectivamente como cozinha, material de escritório e seguimos em direção
as portas que estavam ameaçadoramente desmarcadas. Foi para uma delas
que me levaram.
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Esta nova sala parecia com umas das usuais de purificação, tirando as
cadeiras que tinham braços estranhos. Eram diferentes das que eu estava
acostumada, mas ainda tinham restrições, e era isso que importava. Talvez
esse fosse o novo modelo atualizado de onde eles tiravam seus instrumentos
de tortura. Sheridan estava esperando por nós na sala, segurando um pequeno
controle remoto. Os guardas me amarraram na cadeira e com um aceno de
cabeça dela, nos deixaram sozinhos.
— Ora, olá Sydney — ela disse — Tenho que dizer que estou
desapontada de te ver encrencada.
— Você minha senhora? Estive na purificação algumas vezes essa
semana — Eu respondi, pensando em como os outros vinham me incriminando
recentemente.
Sheridan fez um gesto de desprezo com a mão. — Isso? Nós duas
sabemos que são apenas os outros jogando joguinhos. Você está lidando com
tudo muito bem até agora.
Uma faísca da minha raiva de mais cedo estava voltando. Sheridan e as
outras autoridades estavam bem conscientes de que quando alguém realmente
saía da linha e de quando era encurralada. E eles não se importavam.
Engoli minha raiva e coloquei uma cara educada. — O que exatamente
eu fiz dessa vez, minha senhora?
— Você entende o que aconteceu com Renee hoje, Sydney?
— Eu ouvi que ela foi reeducada. — Eu disse com cuidado.
— Os outros te disseram isso.
— Sim.
— E eles também te disseram para não ajudá-la quando ela voltou?
Eu hesitei. — Não exatamente, mas deixaram claro com suas ações que
eles não iriam.
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— E você não achou que deveria ter seguido sua liderança? — Ela
perguntou.
— Perdoe-me senhora – eu disse — mas eu pensei que o meu dever
era seguir suas ordens e não a dos meu colegas residentes. Já que nem você
ou qualquer outro instrutor me disse para não ajudar Renee, eu não acho que
estava fazendo algo de errado. Na verdade, eu pensei que agir com compaixão
para com outra humana era algo certo. Desculpas se não entendi.
Ela me examinou por um longo tempo e eu encontrei o seu olhar sem
piscar. — Você diz todas as coisas certas, mas eu me preocupo se você
realmente quer dizer isso. Bem então, vamos começar.
Com um simples toque no botão, uma tela veio mostrando um quadro
típico de Morois felizes.
— O que você vê Sydney?
Eu fiz uma careta ao perceber que ela tinha esquecido de me injetar com
a droga indutora de náusea. E eu não iria lembrá-la disso. — Morois, minha
senhora.
— Errado. Você vê criaturas do mal.
Eu não sabia como responder a isso, então não disse nada.
— Você vê criaturas do mal. — Ela repetiu.
Esse novo rumo dos acontecimentos me deixou sem saber como
proceder. — Eu não sei, talvez eles sejam. Eu teria que saber mais sobre
esses morois em particular.
— Você não precisa saber mais nada exceto o que eu lhe disse. Eles
são criaturas do mal.
— Se você diz, senhora. — Eu disse cautelosamente.
A face dela permaneceu tranquila. — Eu preciso que você diga. Repita
depois de mim: ‘Eu vejo criaturas do mal’
129
Eu olhei para os Morois na imagem. Ela mostrava duas garotas
parecidas, perto da minha idade, poderiam ser irmãs. Elas estavam sorrindo,
segurando sorvetes. Nada sobre elas parecia maligno, a menos que diabete
em crianças fosse considerado maligno. Enquanto eu refletia sobre isso, o
apoio de braço à minha direita clicou, revelando um compartimento que foi
preenchido com um líquido claro.
— O que é isso? — Eu perguntei.
— Você vê criaturas do mal? — Sheridan disse ao invés de responder.
Devo ter levado muito tempo para responder e Sheridan apertou um
botão no controle remoto. As restrições que seguravam meu braço no lugar
começaram a se mover levando meu braço pra baixo, e pararam apenas
quando meu braço roçou no líquido e em seguida começou a levantá-lo de
novo.
Roçar, no entanto, era mais do que necessário. Gritei de dor e surpresa
enquanto meu braço queimava onde tinha tocado no liquido. Seja qual for a
química presente nele, fez com que sentisse como se eu tivesse acabado de
tocar numa panela de água fervendo, queimando minha carne exposta. Uma
vez que meu braço estava longe do líquido, a dor começou a diminuir
lentamente.
— Bem então — disse Sheridan, muito docemente, mesmo depois do
que havia feito. — Diga que vê criaturas do mal.
Ela nem sequer me deu uma chance se responder e repetiu o mesmo
procedimento, deixando meu braço um pouco mais no liquido dessa vez.
Apesar disso, eu estava mais preparada dessa vez e consegui morder o lábio
para me impedir de gritar. A dor ainda estava lá e eu exalei de alívio quando
ela levantou meu braço e me permitiu uma pequena recuperação.
Foi de curta duração e ela disse logo depois. — Agora diga...
Eu não lhe dei a chance de terminar. — Eu vejo criaturas do mal. — eu
respondi rapidamente.
130
O triunfo iluminou suas feições. — Excelente. Agora vamos tentar um
diferente. —Uma nova imagem apareceu, de um grupo de alunos morois. — O
que você vê?
Eu era uma rápida aprendiz. — Eu vejo criaturas do mal – eu disse
prontamente. Era ridículo, é claro. Não havia nada de mal sobre estes Morois
ou as imagens seguintes que ela então começou a me mostrar. Eu tinha jurado
para mim mesma na solitária que eu jogaria quaisquer jogos que me tirassem
daqui, e se dizer essa mentira era necessário, a fim de compensar ajudando
Renee, eu ficaria feliz em fazê-lo. Um casal Moroi, mais filhos, um homem
velho... Sheridan passou rosto após rosto, e eu respondi de acordo. “Eu vejo as
criaturas do mal. Eu vejo as criaturas do mal. Vejo-“ As palavras congelaram na
minha boca quando eu olhei para mais dois Morois. Dois Morois que eu
conhecia.
Adrian e Jill.
Eu não fazia ideia de onde ela havia conseguido aquela foto, e não me
importava. Meu coração deu um pulo quando eu olhei para aqueles rostos
sorridentes, os rostos que eu amava tanto e tinha perdido tão terrivelmente. Eu
imaginava seus rostos incontáveis vezes, mas não estava substituindo a
imagem real. Prestei atenção em cada detalhe, a forma como a luz batia no
cabelo de Adrian, a forma que os lábios de Jill se curvaram num sorriso tímido.
Eu tive que engolir uma onda de emoção que brotava de dentro de mim. Talvez
Sheridan estava tentando me punir, mostrando a imagem, mas saiu como uma
recompensa, até que ela falou de novo.
— O que você vê, Sydney?
Eu abri minha boca, pronta para repetir aquela frase, mas eu não podia
fazer isso. Olhando para aqueles rostos amados, seus olhos brilhando de
felicidade... eu não podia fazer isso. Mesmo dizendo a mim mesmo que era
mentira, eu não poderia condenar Adrian e Jill. Sheridan não perdeu tempo em
agir. O dispositivo baixou meu braço para o líquido, mais baixo do que antes,
de modo que meu braço estava imerso na metade do caminho. O choque me
pegou de surpresa, e foi agravado por ela deixando meu braço lá ainda mais
131
do que antes. Seja qual for o ácido que estava naquela mistura, queimou minha
pele, deixando todos os nervos em chamas. Eu gritei de dor, e mesmo depois
de ela levantou meu braço, eu ainda gemia com a dor que permanecia.
— O que você vê, Sydney?
Eu pisquei as lágrimas de dor pra fora de meus olhos e foquei em Adrian
e Jill. Apenas diga, eu disse a mim mesma. Você precisa sair daqui. Você
precisa voltar pra eles. Ao mesmo tempo eu me perguntei, É assim que
começa? É como me tornarei igual a Keith? Será comigo dizendo que está tudo
bem em dizer aquilo, desde que eu saiba que é uma mentira usada para evitar
a dor? Será que essa mentira eventualmente se tornaria verdade?
No meu silêncio, Sheridan abaixou meu braço novamente, mergulhando
ainda mais do que antes. — Diga – ela disse com a voz desprovida de qualquer
emoção humana. — Diga-me o que vê.
Um gemido baixo de dor escapou dos meus lábios, mas foi isso.
Internamente, eu tentei dar a mim mesmo uma conversa de vitalidade: Eu não
vou dizer isso. Eu não vou trair Adrian e Jill, mesmo com palavras vazias. Eu
pensei que se eu pudesse suportar a dor um pouco mais, ela me daria um
alívio como antes, mas em vez disso Sheridan baixou meu braço ainda mais
para que ele ficasse completamente imerso no líquido. Eu gritei quando eu
senti minha pele cauterizar. Olhando para baixo, eu esperava ver a minha
carne descascando, mas meu braço e mão apenas estavam levemente cor-de-
rosa. O que quer que era este composto, foi projetado para se sentir como que
estivesse causando mais danos do que realmente estava.
— Diga-me o que você vê, Sydney. Diga-me e eu acabarei com isso.
Eu tentei lutar contra a dor, mas era impossível quando eu sentia que
estava sendo queimada viva.
— Diga-me o que vê, Sydney.
A dor continuou quanto mais meu braço ficava submerso e, por fim,
sentindo-me como uma traidora, eu encontrei os olhos daqueles que eu amava,
e soltei. — Eu vejo criaturas do mal.
132
— Eu não ouvi direito. — Respondeu ela calmamente. — Diga mais
alto.
— Eu vejo criaturas do mal. — Eu gritei.
Ela tocou o controle remoto, e meu braço foi levantado e liberado de sua
tortura. Comecei a suspirar de alívio, e, de repente, sem uma palavra de aviso,
ela molhou meu braço novamente. Eu gritei com a dor, que durou cerca de dez
segundos mais até que ela trouxe meu braço pra cima novamente.
— O que você esta fazendo? — Eu exclamei — Eu pensei que você
tinha dito...
— Esse é o problema. — Ela interrompeu. Através de algum comando
silencioso, seus capangas retornaram e começaram a desabotoar minhas
amarras. —Você pensou. Assim como você pensou que estava tudo bem
ajudar a Renée. A única coisa que você precisa fazer é o que você disse. Você
entendeu?
Eu olhei para o meu braço, que estava um rosa escuro com raiva, mas
de maneira nenhuma mostrei a verdadeira extensão do que eu tinha acabado
de sofrer. Eu, então, olhei de volta para Adrian e Jill, sentindo-me culpada por
minha fraqueza. — Sim, senhora.
— Excelente. — disse Sheridan, colocando o controle remoto para
baixo. — Então, vamos para sua próxima aula?
CAPITULO 10
ADRIAN
- ADRIAN ?
Abri os olhos e olhei para o rosto de uma menina que eu não sabia quem era.
Ambos estávamos completamente vestidos, de modo que, pelo menos, era um
sinal promissor.
Vendo a expressão confusa no meu rosto, ela me deu um sorriso irônico.
- Eu sou Ada, você caiu aqui na noite passada, mas você tem que ir agora
antes que meus pais cheguem em casa.
133
Eu consegui sentar e vi que eu estava deitado em um chão de madeira, o que
explicava a dor em minhas costas e cabeça. Olhando em volta, vi alguns outros
foliões no mesmo estado, levantando-se e se dirigindo para a porta. Enquanto
eu estava no meu caminho, Ada se levantou e foi expulsar o próximo
convidado da noite indesejável.
- Obrigado por me deixar ficar - eu disse a ela. "Grande festa".
Pelo menos eu achava que tinha sido, se eu não tivesse batido no chão. Uma
garrafa vazia de vermute estava perto de onde eu tinha dormido, mas eu não
sabia se era minha ou não. Eu esperava que não, ficar bêbado com vermute
seria apenas triste. As duas últimas semanas foram um borrão de decadência e
deboche, mas esta foi à primeira vez que eu realmente fiquei mais em algum
lugar.
Normalmente, Nina conseguia fazer com que eu voltasse para minha casa, e
por um momento, eu me senti mal que ela não estivesse aqui para cuidar de
mim novamente. Então, lembrei-me vagamente que era segunda-feira agora, e
ela não queria ficar fora até tarde antes de sua semana de trabalho começar.
Pareciam ser seis horas da manhã quando eu pisei para fora da casa, e o
nascer do sol foi impiedoso com a minha ressaca, havia poucas pessoas na
rua, para o horário vampiro era muito tarde da noite, as pessoas estariam indo
para a cama nas próximas horas, mesmo os guardiões tinham patrulha a essa
hora do dia, eu vi um casal deles andando como eu, então, eu marchei de volta
para a ala de hóspedes, um deles fez meia volta quando me viu;
- Adrian?
Eu pensei que a minha reputação havia me precedido, e então eu reparei que
era Dimitri;
- Bom dia, ou algo assim.
- Parece que você já esteve melhor - ele observou - estou terminando o meu
turno, você gostaria de ir tomar café da manhã comigo?
Eu considerei sem me lembrar, quando foi minha última refeição sólida;
- Meu estômago está muito vazio e eu não sei como ele vai reagir à isso.
- O fato de você estar inseguro significa que você realmente precisa de comida
- disse ele - pelo menos segundo a minha experiência.
134
Fiquei imaginando o quanto de experiência que ele teve nesses assuntos, eu
realmente não sei o que ele faz em seu tempo livre, talvez houvesse mais
vodka russa sendo consumida do que era do meu conhecimento. Eu sempre
achei que sempre que ele não estava trabalhando, ele e Rose estariam sempre
em treinamento ou o que quer que eles façam de preliminares.
- Tem certeza de que você não quer ir para casa ficar com Rose? Espera, ela
está de volta? Elas não estavam em Leight?
- Eles voltaram a uma semana - disse Dimitri pacientemente, - Vamos lá, minha
conta.
Eu o acompanhei porque na verdade, era difícil dizer não a Dimitri Belikov
sobre qualquer coisa. Além disso, eu estava processando a notícia de que eu
tinha perdido bastante tempo para que Rose e Lissa estivessem de volta á
tanto tempo.
- Eu não posso pagar mesmo, ou bem - acrescentei amargamente, - Meu pai
pode, já que é o único caminho em que minha mãe e eu podemos
aparentemente sobreviver.
A expressão de Dimitri ficou neutra enquanto caminhávamos para um edifício
com uma série de restaurantes, a maioria dos quais não estavam abertos
ainda.
- É por isso que você está vivendo em um poço de desespero desde que você
voltou a morar aqui?
- Eu gosto disso como uma opção de vida - disse a ele, - E como você sabe o
que tenho passado ou o que estou fazendo?
- Ouvi dizer por aí, disse ele misteriosamente.
O restaurante que ele nos levou estava repleto de guardiões que
provavelmente haviam terminado o seu turno, fazendo com que o restaurante
seja o lugar mais seguro no momento levando em consideração os seus
números.
- O que eu faço é da minha conta – disse com veemência
- É claro que sim, esse não foi o seu estilo por algum tempo, estou surpreso de
vê-lo voltar.
O restaurante tinha um buffet de café da manhã e apesar de que minha mãe
teria desmaiado com a ideia de se servir a si mesma, peguei um prato e segui
135
Dimitri em linha depois que pegamos nossas bandejas, nos sentamos numa
mesa de canto, ele não tocou em sua comida, ao invés disso, se inclinou em
minha direção com um olhar de negócios e disse.
- Você é melhor do que isso Adrian. Seja qual for o motivo, você é melhor do
que isso, não se engane em pensar de que você é mais fraco do que você é.
Era tão parecido com o que Sidney tinha me dito no passado que,
momentaneamente me pegou de surpresa, então, minha raiva voltou.
- É por isso que você me convidou para vir aqui, para me dar um sermão? Não
aja como se soubesse algo sobre mim, não somos tão amigos assim.
Esse comentário pareceu surpreendê-lo.
- Isso é muito ruim, eu esperava que nós fôssemos, eu esperava que eu
soubesse quem você é de verdade.
- Você não sabe. - Eu disse empurrando a bandeja de lado - ninguém sabe -
só Sidney, pensei, e ela tinha vergonha de mim.
- Existem muitas pessoas que se preocupam com você - Dimitri ainda
aparentava estar calmo - Não se afaste delas.
- Como eles se afastaram de mim? - Eu disse, pensando na recusa de Lissa
em me ajudar - Eu tentei pedir ajuda, mas me foi recusado! Ninguém pode me
ajudar. - Levantei-me abruptamente.
-Eu não estou mais com fome, obrigado pela lição.
Eu deixei minha bandeja intocada e sai, ele não me segui, o que me deixou
feliz, pois ele provavelmente poderia literalmente me arrastar para trás sem
nenhum esforço.
Deixando de lado a raiva e a humilhação, suas palavras doeram e se nivelaram
a um julgamento que eu dei para mim mesmo, mas porque me fizeram
novamente me lembrar de Sydney, que tinha sempre me dito que eu era muito
mais.
Bem, eu tinha feito um bom trabalho para mostrar que ela estava errada, eu
falhei com ela, as palavras de Dimitri me acompanharam até em casa, mesmo
que ele não soubesse disso.
Voltei para o meu quarto e tomei algumas doses de vodka antes de cair na
minha cama e cair quase que instantaneamente no sono.
136
Eu sonhei com Sydney, não um sonho de magia do espírito como eu esperava,
apenas um sonho normal, sonhei com o seu riso exasperado e divertido do
jeito que ela diria “Oh Adrian”, quando eu tivesse feito algo ridículo.
Eu sonhei com a luz solar transformando seu cabelo em ouro fundido e
trazendo o reflexo de âmbar em seus olhos, e o mais doce de tudo, eu sonhava
com os seus braços em torno de mim e seus lábios pressionados aos meus, de
uma forma que eles poderiam encher meu corpo de desejo e meu coração de
mais amor do que eu jamais pensei poder sentir.
Meu estado de sono e vigília se misturou e de repente havia braços em torno
de minha cintura e macios lábios me beijando, eu correspondi na mesma
moeda com fervor, eu me sentia sozinho por tanto tempo que me sentia
perdido a deriva não apenas no mundo, mas dentro de minha mente. Tendo
Sydney aqui na cama comigo me deixou aterrado e me trouxe de volta para
mim de uma forma que eu não achei possível, eu poderia enfrentar as
tempestades de meu mundo, a loucura da minha família, tudo isso poderia ser
suportado agora que Sydney estava aqui, exceto que ela não estava. Sydney
se foi, sendo mantida muito longe de mim, o que significava que, não era ela
que estava com os braços em volta de mim, ou os lábios que eu beijava,
lutando com a névoa sonolenta abri os olhos e tentei entender o que se
passava ao meu redor, as persianas filtravam a maior parte dos raios do sol da
manhã, mas eu consegui ver o suficiente para perceber que a menina na cama
comigo tinha os cabelos pretos e não de ouro e os olhos cinzentos e não
marrom, “Nina”, eu a empurrei suavemente e fugi para tão longe dela quanto
eu podia do outro lado da cama, divertimento passou em seus olhos e ela riu
de minha surpresa.
- Você estava esperando outra pessoa? Espere, não responda.
- Não, mas o que você está fazendo aqui? Pisquei ao redor do quarto escuro. -
Como você chegou até aqui?
- Você me deu uma chave para emergências, não se lembra?
Eu não me lembrava, mas também não me surpreendeu, ela parecia
desapontada que eu demonstrava ter feito algo em um impulso bêbado.
- Eu fiquei preocupada quando eu não vi você está manha então, eu vim até
aqui no meu horário de almoço. Eu tive um turno da noite estranho.
137
- Agredir não é o mesmo que verificação.
- Agredir é uma espécie de exagero. Ela repreendeu, - Especialmente quando
foi você quem chegou até mim quando me sentei ao seu lado na cama.
- Eu fiz? Mais uma vez, eu não poderia dizer que eu estava totalmente
surpreso. - Bem, eu sinto muito, eu não sabia o que eu estava fazendo, eu
estava sonhando.
- Você parecia saber o que você estava fazendo comigo. Ela estendeu a mão. -
Você estava sonhando com ela?
- Quem?
- Você sabe quem, ela, a garota que te atormenta, não negue. - Ela ordenou
vendo-me prestes a protestar. – Você acha que eu não sei dizer? Oh Adrian.
Foi chocante ouvi-la dizer isso, depois que eu havia acabado de sonhar com
Sydney me dizendo aquelas palavras, Nina acariciou minhas bochechas
levemente.
- Eu poderia dizer que, assim que você voltou para a corte, alguém havia
quebrado o seu coração, eu odiava vê-lo no caminho que você esta, isso me
consome.
Eu balancei minha cabeça, mas não removi a sua mão.
- Você não entende, há muito mais sobre isso do que você sabe.
- Eu sei que ela não está aqui e que você se sente miserável, mas - ela
atravessou a cama vindo ficar ao meu lado e se inclinou sobre mim de modo
que seus negros cabelos formavam uma cortina ao nosso redor - Eu me senti
atraída por você desde o momento em que nos conhecemos, deixe-me fazer
você se sentir melhor.
Ela se inclinou para me beijar e, eu levantei a mão para detê-la.
- Não, eu não posso.
- Por quê? Será que ela vai voltar?
A voz de Nina não soou cruel e não foi certamente um desafio, eu encontrei-me
olhando para longe.
- Eu... Eu não sei.
- Então por que lutar contra isso? Ela perguntou suplicante, - Eu sei que você
gosta de mim, e mais importante, eu sei que você me entende, ninguém mais
138
sabe o que é ser lançado ao redor nas ondas do espírito e suportar o que nós
fazemos, será que isso não vale alguma coisa, apenas pra ter alguém por perto
para que você não se sinta sozinho?
Ela tentou me beijar de novo, e dessa vez eu não a impedi, em grande parte
porque era difícil argumentar sobre o seu ponto.
Eu certamente não gostava dela como eu amava Sydney, mas consegui fazer
com que isso ficasse no passado, ela não me julga pelo que eu fiz, ou tentava
me convencer a encontrar melhores maneiras para lidar com o meu desespero,
e sim, ela tinha razão, foi bom não estar só, de repente as palavras de minha
mãe me atingiram como um tapa na cara, “Pare de perseguir um sonho e se
concentre em alguém que você pode construir uma vida estável, isso é o que
eu e seu pai fizemos.”
Era isso o que eu estava fazendo com Nina? Construindo um relacionamento
estável com alguém que compartilha meus vícios e necessidade de fuga, mas
que eu em última análise não amava?
Certamente seria fácil, Nina fez questão de deixar claro isso, podemos passar
a vida inteira juntos, solidarizando sobre o quão difícil era para ser um usuário
de espírito, indo para uma festa após outra, na esperança de adiar a escuridão
um pouco mais, seria uma vida agradável, estável, como a minha mãe havia
dito, mas, eu nunca iria tentar melhorar a mim mesmo, eu nunca alcançaria a
grandeza, da forma que Sydney me fez sentir que eu poderia.
E eu nunca mais me sentiria eufórico consumido pelo amor a cada momento
em que eu estava com Sydney, sim, isso é o que significa estar vivo.
“Seria fácil” - sussurrou tia Tatiana, inconstante como de costume,- ela está
aqui, use-a, faça a dor desaparecer, sua outra garota está longe, mas você tem
o direito de um presente para você, basta dizer que sim.”
- Não - eu disse.
Eu quebrei o beijo e Nina se levantou, desta vez verificando que ela estivesse
fora de alcance, eu tinha sido um tolo, um fraco, preguiçoso, eu havia deixado
a minha depressão sobre os meus pais tirar o melhor de mim, eu não tinha
simplesmente acabado de desistir de Sydney e me perder nesta vida
decadente de festas na corte e prazeres porque era muita fácil lidar com ambos
139
do que ficar tentando encontrar Sydney, e permanecer forte quando as opções
pareciam impossíveis.
- Nina, me desculpe, mas eu não posso fazer isso, – colocando mais força em
minhas palavras possível. Me desculpe se eu te levei a isso, mas não vai mais
acontecer, eu gosto de sair com você, mais eu não vou sentir nada mais por
você do que eu sinto no momento, e seu eu não fizer isso, não seria bom para
nenhum de nós, sinto muito, nós nunca teríamos um futuro juntos.
Foi um pouco exagerado, ela se encolheu, e eu percebi tarde demais que
talvez eu devesse ter arrumando uma maneira mais delicada de expressar os
meus sentimentos, especialmente sabendo como os usuários de espírito eram
sensíveis, seu sorriso desapareceu e ela recuou como se eu a tivesse atingido,
piscando para conter as lágrimas, ela levantou-se da cama com toda a
dignidade que conseguiu reunir.
- Estou vendo - disse ela. Houve um tremor em sua voz, e ela estava fazendo
aquela coisa de torcer as mãos na medida em que as suas próprias unhas
estavam cavando em sua carne. - Bem, eu sinto muito por desperdiçar o seu
tempo, essas duas últimas semanas eu deveria saber que a ajuda de um
conhecido não seria bom o suficiente para o senhor Adrian Ivashkov.
Agora eu estremeci
- Nina, não é nada disso, e eu realmente gosto de ter você como uma amiga,
se você apenas me deixar explicar...
- Não se preocupe - ela virou as costas para mim e se dirigiu para a porta do
quarto. - Eu não quero usar mais do seu tempo e, além disso, eu preciso
encontrar algo para comer antes que o meu horário de almoço termine.
Desculpe, eu acordei você, fico feliz que você esteja bem.
- Nina - eu tentei, mas ela se foi antes que eu pudesse dizer mais alguma
coisa. Sua saída aconteceu ao mesmo tempo em que soou uma batida na
porta da frente, eu afundei na cama me sentindo um lixo, tanto físico quanto
mentalmente, eu não tinha a intenção de que as coisas fossem acabar assim
com ela, eu não tinha a intenção de um monte de coisas que aconteceram,
esse estado esmagador de minha vida ameaçava me engolir, e eu tive que
lutar contra a vontade de ir tomar uma bebida.
- Não - eu disse, - Eu estou cansado disso.
140
Então, eu iria para abruptamente. Eu estava iludindo a mim mesmo (mais do
que o habitual), pensado que eu poderia beber esporadicamente ao longo do
dia, se, eu verificar Sydney de vez em quando, falando nisso, quando foi à
última vez que eu realmente havia verificado ela durante o horário da noite para
os humanos?
Quando ela havia sido levada, eu procurei por ela sem parar, mas
recentemente, era uma tentativa tímida depois que eu acordei de ressaca, pela
escuridão que estava lá fora, era mais provável que ela estivesse dormindo, se
ela estivesse nos Estados Unidos.
Geralmente nesse horário, eu estaria pegando minha primeira bebida em
alguma festa, deixei-me ficar desleixado, desanimado com o meu fracasso e as
distrações da vida real, eu não iria cometer esse erro novamente, eu precisava
me manter sóbrio e cheio de espírito, para que eu pudesse verificar
regularmente ao longo do dia, não importava quantas vezes eu houvesse
falhado, um dia, em algum momento, eu a pegaria.
Apesar da minha dor de cabeça batendo, eu entrei no transe necessário para
exaltar o espírito e chegar até ela, nada, e isso estava bem, apesar de tudo, eu
escorreguei de volta para mim, prometendo tentar novamente mais tarde.
Eu entrei no chuveiro e me lavei da festa anterior. Quando eu sai, descobri que
meu estômago estava um pouco melhor do que antes e comi uma rosquinha,
sobra do que eu tinha levado para casa no dia anterior, ou talvez um dia antes
disso, ela estava velha mas mesmo assim ela fez o truque.
Enquanto eu mastigava eu fiz uma lista mental do que eu iria fazer, que não
incluía ir a festas à noite. Desculpas foram à primeira coisa em minha lista,
junto com Nina, e eu também precisava consertar as coisas com Dimitri, depois
da maneira idiota com a qual eu agi com ele, eu precisava também falar com
minha mãe, só porque ela desistiu de si mesma, não era motivo para eu
desistir, eu começaria com ela primeiro já que não nos falamos a algum tempo.
No entanto, antes eu precisava passar em um alimentador, uma vez que
sangue ajudaria a limpar minha mente.
Eu estava quase na porta da frente, quando decidi procurar Sydney de novo,
talvez no momento procurar seja excessivo, mas eu tinha que manter a prática
enquanto estava sóbrio, é importante que eu crie novos padrões se eu queria
141
mudar minha vida, fechei os olhos e respirei fundo, gavinhas de espírito se
atiraram para fora de mim para alcançar Sydney como tantas vezes fez, só que
dessa vez, elas se conectaram, eu fiquei pasmo, passou-se tanto tempo desde
que eu consegui uma conexão bem sucedida, que eu quase não sabia o que
fazer, eu não tinha um plano do que fazer, pois eu havia feito no piloto
automático, fazendo esforço sem esperar resultado.
Enquanto o mundo brilhava ao nosso redor e eu pude senti-la se materializar,
eu rapidamente convoquei nosso velho local de encontro, o Villa Getty em
Malibu.
Colunas e jardins apareceram em torno de nós, cercando o ponto central do
museu, uma enorme piscina e uma fonte, Sydney apareceu do outro lado do
mesmo, por um momento eu poderia apenas olhar, através da água para ela
certo de que eu estava imaginando isso. Eu poderia ter alucinações em um
sonho que eu tinha criado? Certamente, era muito cedo para quaisquer loucos
sintomas de abstinência de álcool.
- Adrian?
A voz dela era baixa, quase perdida no gotejamento de água da fonte, mas o
poder do efeito que fez em mim foi monumental, eu já tinha ouvido a palavra
“pusilânime” antes, mas nunca tinha vivido até agora, meus músculos não
conseguiam me sustentar e houve um inchaço no meu peito, resultado de um
emaranhado de emoções que eu não poderia sequer começar a descrever.
Amor, alegria, alívio, incredulidade, todas as emoções misturadas que eu havia
sentido nos últimos meses, tudo isso junto, bem como, desespero, medo,
tristeza, espalhou-se para fora de meu coração e eu senti se formar lágrimas
em meus olhos, não era possível que uma pessoa pudesse fazer você sentir
tantas emoções ao mesmo tempo, que uma pessoa pudesse desencadear um
universo de sentimentos, simplesmente com o som de seu nome.
Eu sabia que eles estavam errados, todos eles, minha mãe, meu pai, Nina,
qualquer um que tenha dito que o amor simplesmente pode ser construído em
metas compartilhadas, só que jamais haviam experimentado como, eu nunca
experimentei nada parecido com o que eu tive com Sydney, eu não podia
acreditar que eu quase tinha perdido isso através da minha própria ignorância,
142
até que eu olhei em seus olhos agora e percebi a vida vazia que eu estava
vivendo.
- Sydney...
Levaria muito tempo para eu caminhar ao redor da fonte, eu pulei na borda e
na piscina e fui caminhando pela água em sua direção, eu teria feito isso
mesmo que eu não estivesse usando roupas no sonho, o desconforto físico
não importava, apenas ficar com ela, todo o meu mundo, toda a minha
existência, tornou-se centrado em torno dela, a viagem durou segundos, mas
senti como se eu tivesse viajado para ela durante anos. Eu alcancei o outro
lado e saíram gotas de água sobre as pedras iluminadas pelo sol, eu hesitei
apenas um momento e então passei meus braços em torno dela, meio
esperando que ela fosse desaparecer no ar. Mas ela era real, real e sólida, e
todo o seu corpo estremeceu com um soluço reprimido quando ela enterrou
seu rosto contra meu peito.
- Oh Adrian, onde você esteve?
Não era um castigo, simplesmente uma expressão de seu próprio desejo e
medo. Ela não poderia ter sabido sobre os demônios que eu havia enfrentado
nas últimas duas semanas ou quão perto eu tinha faltado a essa oportunidade.
Eu segurei seu rosto em minhas mãos e olhei para aqueles olhos castanhos
que eu amava tanto, olhos que agora brilhavam com lágrimas não derramadas.
- Sinto muito, eu sussurrei. - Eu sinto muito. Olhei por um longo tempo, - Mas
eu não conseguia alcançá-la, e então eu - eu reduzi a velocidade, eu sei que
não deveria ter, você não teria, Deus, Sydney, eu sinto muito. Se eu tivesse
tentado mais e mais...
- Não - não, ela disse suavemente, passando a mão pelo meu cabelo. - Não
havia nada que você poderia ter feito, e não até recentemente. Eles regulam o
nosso sono aqui com algum tipo de gás. Eu tenho estado drogada demais para
o espírito conseguir chegar a mim. - Ela começou a tremer, eu estava com
tanto medo de eu nunca alcançá-lo, com tanto medo de que ei nunca
encontrasse uma saída.
- Sshh, você me encontrou agora, tudo vai ficar bem, onde você está?
Uma transformação notável ocorreu, ela olhou como se ela não quisesse nada
mais do que para me abraçar e chorar para fora todo o medo e frustração que
143
ela tinha experimentado ao longo dos últimos meses. Eu sabia, por que eu
meio que me senti da mesma forma. Mas não importa os seus próprios
desejos, não importa o que o inferno que ela sofreu, ela ainda continua a ser a
mais forte, a mulher mais incrível que eu conheci. Diante dos meus olhos,
empurrou todos os medos e inseguranças de lado, ignorando a parte dela que
só queria o conforto em meus braços.
Ela se tornou a Sydney sábia que eu conheci, eficiente, forte, competente.
Pronta para fazer as escolhas difíceis, a fim de realizar o que precisava ser
feito.
- Certo, ela disse. Ela fez uma pausa para enxugar as lágrimas de seus olhos.
- Posso não ter muito tempo para conversar, eu não sei quanto tempo eu estive
dormindo, E... eu não sei onde eu estou. Eu não vi uma janela desde que fui
presa e, estamos sendo mantidos no subsolo.
- Quem somos nós? Perguntei.
- Há doze outras - er, treze pessoas agora, nós somos alquimistas que ficaram
em apuros. Eles foram reprogramados para diferentes graus, alguns estão
apenas brincando, estou certa disso, mas é difícil dizer, nós conseguimos um
grande problema por pisar fora da linha.
- Que tipo de problema? Eu perguntei embora eu tenha bebido até todas as
suas características desde que ela apareceu, só agora eu fiz uma pausa para
realmente estudá-la, ela estava em algum tipo de roupa cáqui horrível, e seu
cabelo dourado parecia maior do que antes, tanto o rosto e corpo também
parecia mais finos mas eu estava incerto o quão preciso era. A menos que o
usuário de espírito especificamente pudesse alterar a aparência da outra
pessoa, essa pessoa geralmente apareceria no sonho como uma mistura do
que ele ou ela se parecia com a realidade e como essa pessoa percebia de si
mesma. Muitas vezes, os dois não eram os mesmos. Eu fiz uma nota mental
para perguntar a ela sobre sua condição física depois.
- Não importa, disse ela bruscamente - Eu estou bem, e eu tenho certeza que
existem outros como eu, eles são apenas muito medrosos para agir, outros
foram totalmente reprogramados, no entanto, eles são como Keith, estão...
seus olhos se arregalaram. - Keith. É isso.
144
- Keith, - eu repeti em silêncio, eu ainda estava preso a sua evasão sobre a
obtenção de "um grande problema" e não vi onde seu ex-colega idiota se
encaixaria nesta história.
- Ele esteve aqui, muito antes de mim, no mesmo estabelecimento. - Ela
agarrou minha manga em sua excitação.
- Eles têm essa parede onde as pessoas escrevem confissões, e ele escreveu
um - bem, um pedido de desculpas, na verdade, para minha irmã Carly, a
questão é que ele estava aqui, e nós sabemos que ele saiu, talvez ele saiba
onde a unidade é, ele teve que ir para fora quando saiu, certo?
- Você não disse que ele estava realmente fora de si, embora? - Perguntei. -
Será que ele ainda vai ter o bom senso de falar com a gente?
Sua expressão escureceu.
- Sim, ele parecia mais do que fora dele, isso é o que acontece quando você
está fresco após ganhar uma reaplicação da tinta, mas na maioria dos casos, o
pior desaparece ao longo do tempo, e mesmo que as pessoas ainda estejam
em conformidade, devem, eventualmente, perder um pouco desse poder sobre
o cérebro, ele pode ter algumas respostas, se você puder encontrá-lo.
- Encontrá-lo pode ser mais fácil dizer do que fazer- eu murmurei, pensando
nas dificuldades que eu tinha de localizar o pai de Sydney e Zoe.
- Os alquimistas não são muito próximos sobre seus agentes e atribuições.
- Marcus pode ajudá-lo - disse ela decisivamente. - E não precisam ser assim,
ele pode, ele tem recursos, eu sei que vocês podem colocar de lado suas
diferenças e trabalharem juntos.
Eu fiz uma careta com a menção de seu nome, e ela entendeu errado, não
percebendo que Marcus e eu tínhamos estado em contato extensivamente
desde o seu desaparecimento, principalmente, eu me lembrei, que ele também
era outra pessoa que eu não me dava exatamente bem, mas isso não era
problema dela.
- Vamos fazer funcionar, eu assegurei a ela. - Além disso, ele tem essa lista
que...
Sua imagem começou desaparecer diante de meus olhos, quando o mundo
real a chamou de volta.
- Hora de acordar - ela disse com tristeza.
145
Agarrei-a, mas ela estava perdendo substância, pânico me encheu, havia
tantas coisas que eu ainda queria perguntar a ela, mas eu tinha apenas alguns
segundos para usar.
- Vou falar com o Marcus, e eu vou encontrá-la novamente, este é o seu
horário de sono habitual?
- Sim, Eu te amo.
- Eu também te amo.
Eu não sei se ela me ouviu, porque de repente eu estava sozinho no jardim,
com os salpicos da fonte atrás de mim e Malibu com o sol brilhando por toda
parte. Olhei para onde ela havia estado a alguns momentos e, em seguida,
deixei o sonho se dissolver, voltando para minha suíte no alojamento de
hóspedes. Eu ainda estava na porta da frente, onde eu estava prestes a ir ver
minha mãe. Mas agora, tudo mudou, eu tinha feito contato com Sydney, eu
tinha visto o rosto dela, e ela estava bem, relativamente falando, é claro.
Pensando em minha mãe, trouxe uma pontada no meu coração, mas eu não
poderia ir com ela, eu não queria deixar as coisas mal com ela, ou com Nina,
Dimitri, Rose e Lissa. Mas nenhum deles poderiam me ajudar muito bem agora.
Eles teriam que esperar, era hora de eu voltar para as pessoas que poderiam
me ajudar a encontrar Sydney.
Peguei meu celular e comecei a olhar para os preços de passagem para Palm
Springs.
CAPÍTULO 11
SYDNEY
Ser arrancada de Adrian estava sendo agonizante, mas ainda acordei com um
sentimento renovado de esperança, sentindo-me ainda mais otimista do que
quando eu tinha desativado o gás. Vi Emma me dar uma segunda olhada
quando estávamos nos preparando para o dia, então meu rosto devia estar
indicando meus pensamentos. Eu rapidamente tentei corrigir isso e parecer
suave. Ela não se atreveu a dizer nada para mim enquanto estávamos sob
vigilância do nosso quarto, mas eu podia ver a curiosidade queimando em seus
146
olhos. Quando estávamos no salão lotado com os outros, no caminho para o
café da manhã, senti que estava com o passo ao lado dela.
- Eu fiz isso. - Murmurei. – Consegui enviar uma mensagem para fora.
Era um sinal das coisas sobrenaturais que nos ocupamos e ela não pediu para
especificá-los. Ela me aceitou a minha palavra e focou em questões mais
prementes. - Então, a ajuda está a caminho? Algun cavaleiro de armadura
brilhante vai vir salvar todos nós?
- Não exatamente. - Eu admiti. - Especialmente porque eu não sei onde
estamos ... não é?
Ela deu um suspiro de frustração e revirou os olhos. - O que você acha? Nós
compartilhamos um quarto. Eu tenho a minha própria janela privada? - Com
isso, ela se apressou para se juntar a Amelia e alguns outros.
Eu não estava completamente surpresa que Emma não soubesse onde ficava
a unidade. Duncan também não. Isso era um segredo nenhum detento parecia
capaz de descobrir, mas que eu precisaria solucionar se fizesse contato com
adrian - não, quando eu fizesse contato com o Adrian.
A atitude brusca de Emma não doía tanto quanto nenhuma outra, mas porque
alguma atenção tinha sido tirada de mim, graças a uma agitação nos detentos
veteranos. Um cara chamado Jonah, que tinha mais ou menos a idade de
Duncan, tinha escorregado em nossa aula de história e ficou muito mais com
suas opiniões recentemente - muito mais do que eu falei em meu primeiro dia.
Ele tinha ganhado uma viagem para a punição e desaprovação óbvia de
nossos superiores. Alguns dos outros detentos também começaram a excluí-lo,
mas Duncan e aqueles à sua mesa ainda estavam incluindo ele.
Recentemente, eu tinha sido autorizada a sentar-me com eles e aprender a
história toda.
- Eu estraguei tudo -. Jonah murmurou, para que um dos supervisores da
cafeteria ouvisse. - Eu estava indo tão bem. Eu poderia ter saído daqui! Mas
Harrison me deixou tão louco quando ele começou com os chamados fatos
históricos sobre dhampirs e....
147
- Silêncio - disse Duncan. Ele tinha um sorriso fácil no rosto, sem dúvida, para
o benefício daqueles nos observando. - Não se fixe nisso. Eles podem dizer.
Você vai piorar as coisas. Sorria.
- Como eu posso sorrir? - perguntou Jonah. - Eu sei o que está por vir. Eu vou
ser como Renee. Eles estão indo para re-tatuar minha tatuagem com a
compulsão mais forte! Eles vão tentar me forçar a mudar minha mente de
qualquer maneira!
- Você não sabe disso. - Disse Duncan. Sua expressão, no entanto, o traiu.
- E nem sempre isso acontece. - Acrescentou Elsa. Ela era uma dos que
tinham se afastado de mim em meu primeiro dia, mas desde aquele evento
aprendi que ela não é tão ruim- tinha medo, como todos tinham. - Ninguém de
nós estaria aqui se isso sempre acontecesse. Você pode lutar contra isso.
Jonah parecia cético. - Depende de quão pesado eles irão me dosar.
Pensei em Keith e em sua capacidade de resposta, era como um autômato
quando o vi pela última vez. Pelo que eu sabia, isso só poderia ser realizado
aqui por alguma condição bastante severa, assim como uma tinta fortemente
compelida como a que utilizaram em Renee, uma tinta com uma enorme
compulsão para re-tatuar. Fez-se silêncio na mesa, e lutava com uma decisão.
Duncan tinha dito que minha aceitação com o grupo precisava andar em
passos de bebê e que, apesar de que estava tudo bem para eu sentar com
eles agora, que seria melhor se eu ficasse quieta por um tempo e não agir
como se tivesse muitas opiniões ou uma atitude errada. Isso foi provavelmente
um bom conselho, mas de repente eu me vi falando de qualquer maneira.
- Eu posso ser capaz de ajudá-lo, disse eu. O olhar de Jonas me
subestimando.
- Como? - perguntou ele.
- Ela está brincando. - Disse Duncan, uma nota de advertência em sua voz. -
Não é, Sydney?
148
Apreciei a sua ajuda, mas o medo no rosto de Jonas era muito forte. Se eu
pudesse impedi-lo de tornar-se outro Keith, eu o faria. Você tem certeza? uma
voz interior me perguntou. Você realmente fez progressos com Adrian. Você
precisa ficar quieta agora, até que ele fale com Marcus. Por que arriscar tudo
pra ajudar outra pessoa?
Era uma pergunta válida, mas eu sabia a resposta imediatamente: porque era a
coisa certa a fazer.
- Eu não estou brincando. - Eu disse com firmeza. Duncan suspirou de
desânimo, mas me deixou continuar. - Eu posso fazer um composto que vai
lutar contra os efeitos da compulsão.
O rosto de Jonah caiu um pouco.
- Quase acredito em você. O que eu não acredito, nem por um instante,
é que eles vão te dar acesso ao banco de substâncias químicas Alquimista.
- Eu não preciso deles. Eu só preciso - meus olhos caíram sobre o centro da
mesa - daquele saleiro. Especificamente, o sal. Você acha que eu poderia
pegar aquilo sem que eles percebam?
Os outros pareciam incrédulos, mas a Elsa jogou junto. - Sim ... mas eu acho
que eles irão perceber que está faltando depois e vão chegar a fazer
perguntas.
Ela provavelmente estava certa. Com a eficiência dos Alquimistas, eles
provavelmente contam cada par de talheres depois que saímos. Um saleiro
faltando pode fazê-los pensar que estávamos fabricando armas de plástico ou
algo assim. Eu casualmente deslizei meu guardanapo em direção ao centro da
mesa e, em seguida, peguei o saleiro. Quando peguei meus ovos mexidos,
levantei o sal a cima da bandeja e ele escorregou de minha mão caindo na
mesa, derramando sal em meu guardanapo.
- Oops. - Eu disse, tentando rapidamente remontar o saleiro. – A tampa estava
solta. - Eu balancei meu guardanapo como se estivesse limpando a mesa, mas
na realidade, dobrei o guardanapo enquanto trabalhava, fazendo uma pequena
bolsa de puro sal. Então, deslizei de volta ao lado da minha bandeja. Seria fácil
149
o suficiente para guardar o guardanapo enquanto saíamos. Normalmente, eles
eram jogados fora com as bandejas. Ninguém iria contá-los.
- Habilmente feito. - Disse Duncan, que ainda parecia não aprovar. - Isso é tudo
o que você precisa?
- Principalmente. - Eu disse. Eu não era próxima o suficiente de qualquer um
deles para revelar que estaria usando magia para o resto dos ingredientes-
chave.
- Seria melhor se eu tivesse alguns dos compostos que entram na tinta, mas
injetar -lhe uma solução salina - depois de já ter tratado este sal deve funcionar
muito bem. - Assim que as palavras saíram da minha boca, vi um outro
problema e gemi. - Eu não tenho nada para poder injetar. - Sal pode ser uma
mercadoria comum, mas agulhas geralmente não ficaram por aí ao nosso
alcance.
- Você precisa de uma pistola de tatuagem? , perguntou Jonas.
Eu especulei, com base no que eu sabia do processo de tatuagem Alquimista e
minhas próprias experiências. -Isso seria ótimo. Uma tatuagem completa com
tinta sólida daria proteção permanente. Mas devemos ser capazes de obter
proteção fina de curto prazo de uma seringa médica básica - como eles fazem
para copiar e re-tatuar.
Duncan arqueou uma sobrancelha. - Curto prazo?
- Ele vai negar tudo o que eles o fizerem no futuro próximo. - Eu disse, me
sentindo confiante, mesmo com uma solução improvisada. - Como,alguns
meses, pelo menos. Mas, para a proteção durante toda a vida, você acabará
por ter de ser re-tatuado novamente.
- Vou levar meses. - Disse Jonas.
Era difícil manter o desespero fora do meu rosto.
- Sim, mas eu não posso fazer nada sem uma agulha adequada. Essa é a
única coisa que não se pode improvisar aqui. Eu ... eu sinto muito. Eu estava
muito animada com este plano.
150
- Como o inferno. - Ele respondeu. - Há uma abundância de agulhas na sala de
tortura. Elas estão no armário ao lado da pia. Eu só eu conseguir que me
enviem pra lá que eu roubo uma.
Ao lado dele, Lacey zombou. - Se você agir de novo tão cedo, eles não vão te
enviar para a tortura. Você vai ser re-tatuado, ou pior.- Essa ameaça pairou
pesadamente no ar por um momento. - Eu farei isso. - Ela declarou. - Vou fazer
algo na próxima aula.
- Não. - eu disse rapidamente. - Eu faço isso. Vou pegar a agulha diretamente
dessa forma. Vai poupar tempo na hora de vocês me entregarem a agulha,
para o caso de enviar Jonah para re-tatuagem, mais cedo ou mais tarde. – O
meu ponto era verdadeiro, mas grande parte da minha motivação era que eu
não ia deixar ninguém ser enviado para tortura, isso estava fora de meus
planos. Amelia ainda olhou para mim quando fizemos contato com os olhos. Eu
não arriscaria ter mais nenhum inimigo. A tortura era miserável, mas acabou
sendo, até agora, não eficaz, considerando que meu primeiro impulso quando
vi Adrian na noite passada foi beijá-lo, e não vomitar.
O resto dos meus companheiros de mesa pensavam que era um ato heróico,
especialmente Jonah. Outros, como Duncan, pensavam que eu estava à beira
de cometer um enorme erro, mas nenhum deles iria intervir.
- Obrigado. - Disse Jonas. - Quero dizer. Te devo uma.
- Estamos juntos nessa. - Eu disse simplesmente.
Esse sentimento levou alguns deles a ficarem surpresos, mas os sinos que
sinalizavam o fim do café da manhã impediram qualquer possível conversa. Eu
contrabandeei com sucesso o meu sal para fora e coloquei em meu sapato
quando cheguei na minha próxima aula, com o pretexto de que eu estava
ajustando minha meia. Enquanto os outros sentaram em seus lugares, eu
decidi que era melhor fazer com que este plano fosse o mais breve possível.
Eu não deixaria Lacey fazer o trabalho para mim, mas eu usei-a agora como
cúmplice quando ela se sentou em uma mesa próxima.
151
- Olha, Lacey. - Eu disse, como se estivéssemos continuando uma conversa do
refeitório. - Eu não estou dizendo que você está errada ... apenas equivocada.
Até o Strigoi serem erradicados, não há nada de errado em ser civilizado, em
relação aos Moroi.
Para seu crédito, ela pegou rapidamente e jogou junto. - Você não estava
falando de ser civilizada. Você estava falando sobre ser amigável. E todos nós
sabemos que é uma área perigosa com você e sua história.
Coloquei um olhar ofendido. - Então você está dizendo que não é mesmo bom
ter uma refeição casual com um deles?
- Se não for para negócios, então não.
- Você está sendo completamente irracional! - Exclamei. Kennedy, nosso
instrutor, olhou para cima de sua mesa para as vozes. - Senhoras, há algum
problema?
Lacey apontou acusadoramente. - Sydney está tentando me convencer de que
está tudo bem para sair com Moroi de uma maneira pessoal fora do trabalho.
- Eu nunca disse pessoal! Só estou dizendo que, se você está em uma missão
e for obrigado a ter um contato, qual é o mal em começar com um jantar ou
um filme?
- Isso leva a problemas, esse é o porquê você precisa desenhar uma
linha e manter as coisas em preto e branco.
- Só se você é estúpido o suficiente para pensar que eles são tão perigosos
como os Strigoi. Eu sei como é caminhar nessa área cinzenta. - Retorqui.
Este foi um ponto particularmente convincente que Lacey tinha criado, porque
ontem, Kennedy estava usando as metáforas de áreas cinza, preto e branco.
Ela tentou se interpor, mas eu não iria deixá-la e continuei vociferando com
Lacey. Dez minutos mais tarde, encontrei-me sendo conduzida para a sala de
tortura. Sheridan olhou um pouco surpresa ao me ver.
- Um pouco mais cedo, não é? - ela pediu. - Você estava indo tão bem esta
semana.
152
- Eles sempre se desviam. - Comentou um de seus assistentes.
Ela concordou com a cabeça e fez um gesto para eu ir para a cadeira. - Você
sabe o que fazer.
Eu sabia. Era tão terrível como sempre foi - talvez um pouco mais já que o café
estava tão fresco em minha barriga. Quando eu fui capaz de colocar tudo para
fora após a tortura, eles me mandaram para a pia para escovar os dentes. As
escovas de dente descartáveis estavam ao lado do gabinete das seringas.
Liguei a água e fingi cuspir de novo, depois de dar uma olhada para trás. Os
outros não estavam me olhando diretamente, presumivelmente porque não
acho que havia muito que eu pudesse fazer naquela pequena sala. Comecei a
chegar para a escova de dente, pensando em abrir o armário no mesmo
movimento.
Havia apenas um problema, e eu tinha apenas uma fração de segundo para
resolvê-lo. Como eu conseguiria sair com a seringa? Meu uniforme não tinha
bolsos. A seringa estava em um invólucro de plástico e tinha uma tampa sobre
a agulha, para que eu pudesse, teoricamente, colocá-la em minha meia ou até
mesmo no meu sutiã sem ferimentos. Mas muito movimento poderia atrair a
atenção.
A comoção na porta me assustou e assustou os outros, e todos nós viramos
para ver outros dois seguranças escoltando alguém: Duncan.
Ele fez um breve contato visual comigo e, em seguida, começou a se debater. -
Vamos, eu só estava brincando! Foi uma brincadeira, pelo amor de Deus. -
Eles tentaram arrastá-lo para a cadeira de restrição, e ele cravou os pés dentro
- Eu sinto muito, eu nunca vou fazer isso de novo! Por favor, não me obrigue a
fazer isso. Faz séculos.
Percebi então que não foi por acaso que ele estava lá quando eu estava
terminando. Duncan tinha cronometrado qualquer "brincadeira" que ele tinha
feito para que ele fosse descartado e pudesse fazer uma comoção por aqui -
uma comoção que eu estava perdendo por olhar estupidamente. Rapidamente,
eu estendi a mão e peguei uma escova de dentes e uma seringa, colocando a
última debaixo da minha meia, enquanto os outros estavam ocupados com
153
Duncan. Eu, então, comecei a escovar os dentes e agi como se um amigo não
estivesse prestes a suportar algo terrível para me ajudar.
Duncan foi amarrado na cadeira na hora que eu tomava distância. Sheridan
sacudiu a cabeça, exasperada. - Que manhã.
Quando fui para junto do resto dos detentos em nossa próxima aula, vi Jonah e
alguns dos outros da nossa mesa de pequeno-almoço lançando-me furtivos
olhares curiosos. Eu dei um breve aceno de cabeça, indicando o sucesso, e
depois falei com eles mais tarde, quando estávamos saindo da classe. - Ainda
não está pronto, mas eu tenho o que eu preciso.
- Eu não quero apressá-la. - Ele sussurrou de volta, mantendo os olhos fixos à
frente. - Mas eu ouvi Addison dizer a Harrison que com todas as ações
"agitadas" aqui ultimamente, eles devem considerar talvez, tomar 'medidas
drásticas' em breve.
- Anotado. - Eu disse.
Duncan apareceu para nossa próxima aula, Vivendo com Consciência e Moral ,
usando os sinais reveladores de tortura recente. Ele olhou devidamente
contrito, mas eu soube toda a história dele no caminho para o almoço mais
tarde.
- O que aconteceu com não fazer nada estúpido? - Perguntei.
- Ei, eu não fiz nada de estúpido. Parei de fazer algo estúpido. De jeito
nenhum você poderia ter roubado aquela seringa sem ser notada. Eu te salvei.
Agora eu ouvi que eles estão servindo manicotti para o almoço - meu favorito. -
Ele deu um suspiro fraco. - Seja bem-vinda.
- O que foi que você disse para Lacey que deixou você em apuros? - Perguntei.
Ele quase sorriu, em seguida, lembrou-se que havia sempre os olhos ao redor.
- Bem, você tinha acabado de ter a sua pequena briga, por isso continuei sobre
ela e disse que talvez ela não deveria ser tão baixa sobre a idéia de obter
encontros pessoais com Moroi. Que talvez um pouco de "tempo pessoal" iria
fazê-la menos tensa.
154
Eu tinha que tentar não rir. - Ela não sabia que você estava atuando, certo?
- Provavelmente sim. Você e eu a mantivemos fora da tortura hoje. Ei, onde
você vai?
Nós tínhamos quase alcançado a cafeteria, mas eu tinha começado a me virar.
- O único lugar que uma garota pode ter alguma privacidade. Vou me juntar a
você em breve.
Eu entrei em uma sala próxima, que continha banheiros. Eu tinha o direito de
visitá-los em meu horário de almoço, desde que eu não relaxasse e chamasse
a atenção de ninguém. Enquanto havia câmeras na área principal do banheiro
(eu acho que eles estavam com medo que alguém pudesse quebrar um
espelho e usá-lo como uma arma), as baias individuais ofereciam uma das
poucas áreas privadas na instalação. Eu fechei a porta e trabalhei rapidamente,
sabendo que tinha pouco tempo.
Fazia meses que eu tinha usado a magia, mas fiquei surpresa com o quão
naturalmente e rapidamente ela voltou para mim. Peguei meu precioso pacote
de sal e cuidadosamente derramei dentro do compartimento principal da
seringa, dando-me um recipiente de armazenamento muito melhor do que
quando comecei o processo mágico. Primeiro foi a terra. Eu propositadamente
toquei o vaso de plantas do meu professor em nossa última aula, pegando
sujeira em meus dedos. A partir disso, eu era capaz de invocar a essência da
terra, murmurando as palavras que tiravam seu poder e o enviava para o sal.
Uma onda de alegria tomou conta de mim quando a magia tomou conta, e eu
quase engasguei. Eu não tinha percebido o quanto eu tinha perdido ou como
vivi sem eu sentí-la e usá-la. Foi especialmente notável, depois de viver em um
lugar infernal assim.
Convoquei o ar que estava próximo, o que também foi fácil, visto que o ar
estava em todos os lugares. A água também foi fácil, já que eu tinha um
banheiro bem em frente de mim, e eu não tinha quaisquer preocupações de
saneamento desde que eu só estava ligando as propriedades mágicas e não
usando toda a água real no composto ainda. Fogo provou ser o mais difícil,
visto que os Alquimistas não deixam exatamente fósforos ao nosso alcance.
155
Isso não foi nenhuma surpresa, já que, tanto quanto eu poderia dizer, este
lugar tinha um enorme risco de incêndio. Não havia nenhuma fonte de fácil
acesso para o fogo elementar, então eu tive que criar o meu próprio.
Ms. Terwilliger me treinou com feitiços de Bola de fogo, e eu tive um excelente
controle sobre eles. Com poucas palavras sussurradas, chamei o feitiço,
convocando apenas uma centelha de chama na palma da minha mão, apenas
o suficiente para ser visto. Sua essência, porém, era forte o suficiente, para eu
puxar seu poder elementar para o resto do composto de sal. Uma vez que isso
foi feito, eu fiz a mini-bola de fogo desaparecer.
Ocultando cuidadosamente a seringa em uma das mãos, eu liberei o banheiro
e saí de lá.
Quando eu lavei minhas mãos, fiquei surpresa quando me senti um pouco
tonta. Estar fora de prática tinha seu preço, especialmente ter que convocar
fogo ao invés de apenas tirá-lo do ambiente. Ainda assim, a sensação de
cansaço foi deixada de lado pela sensação ótima inebriante que o uso da
magia trazia.O encantamento era um lembrete de que eu não era impotente,
que eu tinha a capacidade de ajudar alguém e estragar os planos dos
Alquimistas. Essa foi uma alta em seu próprio direito.
Quando cheguei ao refeitório e me aproximei da mesa de Duncan com a minha
bandeja, todo mundo parecia estar alegre, conversando fácil. Uma vez que me
sentei, eu podia sentir a tensão silenciosa entre eles. Eles continuaram falando
sobre algum tópico anterior da história, embora eu pudesse dizer nenhum deles
estava realmente prestando atenção. Por fim, sorrindo como se nós fossemos
apenas crianças em uma escola regular e com preocupações comuns, Jonah
disse: "Addison me disse, enquanto eu estava andando por aqui, para pular a
aula de arte. Ela disse que Sheridan ia me encontrar fora do quarto. "
Uma nuvem caiu sobre nós com o subcontexto. - Eles não vão perder tempo. -
Murmurou Lacey. Seus olhos desviaram-se para mim. - Será que as falcatruas
desta manhã funcionaram?
- Mais ou menos. - Eu disse, lançando a minha voz baixa enquanto eu
levantava meus manicotti. Meu estômago não eestava tão ruim quanto o de
156
Duncan, mas eu ainda decidi ficar com os acompanhamentos mais suaves. -
Eu tenho a seringa. O sal está pronto. Eu simplesmente não tenho uma fonte
de água purificada para misturar à solução. Também seria melhor se nós
pudéssemos ferver o sal dentro da água - acrescentei. - Mas uma mexida
rápida deve fazer isso, se pudermos obter a água. Os professores sempre têm
garrafas de água. Talvez a gente possa roubar de alguns deles.
- Não há tempo. - Disse Jonah. – Me dê a seringa. Vou enchê-la com água de
torneira no banheiro se alguém me bloquear na câmara.
Eu estremeci. - Você tem que injetar isso em sua pele. Você não quer que seja
a água da torneira.
- Ela é potável. - Ele respondeu. - E não pode ser pior do que com o que eles
estão pensando em me injetar. Eu vou me arriscar.
Meu senso de limpeza ainda resistiu. - Eu gostaria que tivéssemos mais tempo.
- Nós não temos. - Ele disse sem rodeios. - Você já fez muito, e eu sou grato.
Agora é a minha vez de assumir os riscos. Me dê a seringa quando formos sair
daqui. Existe alguma coisa especial que eu preciso fazer com ele? Além do
óbvio?
Eu balancei minha cabeça, ainda frustrada, mas sabendo que ele estava certo.
- Injetar pequenas quantidades em sua tatuagem, assim como eles fazem re-
tatuando. Você não tem que ser preciso. Haverá o suficiente em seu sistema
para negar o que estará em sua tinta de compulsão.
- O que tem na sua solução? - Perguntou Elsa.
- Não responda. - Advertiu Duncan. - Quanto menos souber, melhor para todos
nós, especialmente para Sydney.
Quando a refeição terminou, os nossos companheiros de mesa
propositadamente se aglomeraram ao redor de Jonah e eu, enquanto
esperávamos para colocar de volta nossas bandejas, permitindo-me passar da
seringa para ele. Depois disso, estava literalmente fora das minhas mãos. Eu
157
tinha que confiar que Jonah encontraria uma maneira de misturar a solução
com água por conta própria e injetar em si mesmo antes de virem buscá-lo.
O resto do dia se arrastou, especialmente na classe de arte. Ele não apareceu,
e a preocupação me encheu enquanto eu me perguntava como estava sendo a
lavagem cerebral que ele estava suportando. Duncan, que tinha tratado isso
como uma piada e disse-me várias vezes o quão tola eu era, compartilhou da
minha tensão.
- Jonah é um cara bom. - Disse ele. - Eu realmente espero que o seu plano
funcione. Eu vi o que eles podem fazer para as pessoas. Alguns voltam pra cá
bem mal.
Lembrando o longo tempo de estadia de Duncan aqui, fui atingida por uma
revelação surpreendente. - Alguma vez você conheceu um cara chamado Keith
aqui? Com um olho só?
A expressão de Duncan escureceu. - Sim, eu o conheci. Nós não éramos tão
próximos quando ele estava aqui. Ele era um daqueles ... aqueles que voltaram
bem mal.
Nós passamos um tempo refletindo , e Jonah retornou. Ele parecia intimidado e
não disse nada quando a nossa habitual sessão seguiu seu curso. Sheridan o
deixou sozinho,e em vez disso veio para perto do resto de nós, que estávamos
quase deprimidos, nossos humores escurecidos pelo conhecimento do que
tinha acontecido com ele. Eu quase esperava que ela iria forçá-lo a falar para
que eu pudesse ter uma noção de onde ele estava, mas ela deve ter decidido
que ele tinha passado por muito hoje. Ele simplesmente sentou e ouviu com os
olhos vidrados, sua expressão mudando pouco. Meu coração se afundou.
Quando a sessão terminou, e nós fomos dispensados para o jantar, a sua
atitude não mudou. Duncan ordenou-lhe para se sentar na nossa mesa, como
eu fiz quando Renee tinha retornado. Jonah não disse nada enquanto o resto
de nós conversava sobre coisas que não nos preocupava, todos nós muito
nervosos para perguntar o que estava verdadeiramente em nossas mentes.
Este comportamento foi bem em linha com o que aconteceu depois de uma
dose bem grande de re-tatuagem com compulsão. A questão era, Jonah estava
158
fingindo ou não? Se ele estava, interagir com ele poderia chamar a atenção
para ele. Se não, ele poderia muito bem nos reportar.
O jantar estava quieto em nossa mesa, e Duncan terminou sua sobremesa, um
crumble de cereja que parecia que tinha sido feito no microondas. - Esse foi
realmente o melhor que provei, considerando o que eu esperava. - Ele
comentou mais para si mesmo do que para nós.
- Sabe o que mais é melhor do que o esperado?
Todos nós olhamos para cima, surpresos ao ouvir Jonah pela primeira vez
desde a sua re-tatuação.O sino soou, sinalizando o fim do jantar e estimulando
um levantamento coletivo de todos na sala. Jonah estava bem, com bandeja na
mão.
-Eu. - Ele disse com uma voz suave. - Eu me sinto ótimo. Nem um pouco
diferente. - Ele me deu um sorriso que se foi tão rápido quanto veio. - Você
salvou a minha vida, Sydney. Obrigado. - Ele passou por mim para se juntar a
fila das latas de lixo, deixando-me boquiaberta.
Acompanhei alguns momentos depois, ainda atordoada. Ele não disse nada
para mim pelo resto da noite, mas eu tinha visto aquele brilho em seus olhos
quando ele sorriu. Ele ainda estava lá. Sua personalidade e mente estavam
intactas. Eles não tinham conseguido, e a minha fórmula tinha o ajudado a se
proteger. Essa percepção ficou comigo o resto da noite, me fortalecendo.
Durante meses, meus captores tinham marcado vitória após vitória sobre mim,
fazendo-me sentir como se eu nunca pudesse lutar contra eles e ganhar. Hoje
à noite, eu ganhei. Foi uma pequena vitória, mas era real, e eu tinha
conseguido.
Eu estava tão orgulhosa da minha própria astúcia, que eu não estava
prestando atenção em muito mais quando cheguei pronta para a cama mais
tarde. Eu estava no banheiro das meninas, com algumas outras, ainda me
dando tapinhas nas costas. Eu estava muito alheia para ver ou fazer qualquer
defesa, quando Emma me colocou em um canto da parede. Por um momento,
eu não podia acreditar que ela tivesse a ousadia de fazê-lo sob vigilância.
Então, eu percebi que ela tinha me posicionado sob a câmera, fora de sua
159
vista. Amelia e um par de seus outros amigos começaram a falar alto, abafando
a voz baixa e ameaçadora de Emma enquanto ela me manteve presa no canto
e se inclinou para frente.
- Jonah foi re-tatuado hoje. - Disse ela. - Da pior forma, do jeito que faz
pessoas esquecerem até seu próprio nome. E ainda assim as pessoas estão
dizendo que isso não o afetou. E dizem também que é por causa de algo que
você fez para ele.
- Eu não sei o que você está falando. - Eu respondi. - Ele parecia fora do ar
para mim.
Ela me empurrou com mais força do que eu achava que ela fosse capaz, uma
vez que ela era menor do que eu.
- Você fez ou você não fez algo para ele?
Eu olhei. - Por quê? Para você me denunciar e sair mais cedo por bom
comportamento?
- Não. - disse ela. - Porque eu quero que você faça isso comigo também.
CAPITULO 12
ADRIAN
Tinham se passado apenas algumas semanas, mas eu senti como se tivesse
sido afastado de Palm Springs por meses. Eu não tinha ideia do que esperar
quando entrei no meu apartamento e me perguntei se eu gostaria de encontrar
Angeline morando com Trey, eu deveria ter sabido melhor, no entanto. Por toda
a sua arrogância, Trey reprimiu quando a situação ficou crítica, e eu encontrei-
o sentado na sala de estar com livros espalhados ao seu redor. Era tão Sydney
que por um momento, a emoção ameaçou me superar. Então, a minha nova
determinação tomou conta, e eu empurrei qualquer sentimento de distração de
lado.
160
Trey olhou para cima, onde eu estava com minha mala levantada.
- Você está de volta, né? Como foi o período de férias?
- Esclarecedor, eu disse, eu tenho uma pista sobre Sydney, todo mundo está a
caminho.
Seus olhos se arregalaram.
- Você o quê?
Eu não tive a chance de responder, porque eu já estava no meio do corredor,
indo em direção do meu antigo quarto. Quando entrei, vi que Trey tinha tomado
posse, o que eu deveria supor ser seu direito, à luz da minha partida abrupta.
Com um encolher de ombros, eu carreguei minha mala de volta para a sala e
atirei-a no canto. Fiquei feliz de ter um lugar no sofá, por agora, isso se eu
acabasse ficando aqui. Eu realmente não sabia onde a busca de Sydney me
levaria ou quanto tempo eu estaria circulando aqui.
Dez minutos depois, uma batida na porta anunciou a chegada de Jill, Eddie,
Angeline, e Neil. Eles me rodearam ao mesmo tempo com abraços, mesmo o
estoico Neil, embora Jill não se segurando por mais tempo.
- Eu tenho estado tão preocupada com você.
Disse ela, olhando para mim com os olhos brilhando.
- Tudo na Corte era tão louco, eu só podia seguir metade do que acontecia.
- E agora está feito. - Eu disse com firmeza. - E agora nós temos uma
vantagem sobre Sydney.
- Você falou. - Trey comentou. - Mas você realmente não elaborou.
- Isso é porque eu...
Antes que eu pudesse dizer mais, outra batida soou. Abri a porta para deixar
Marcus entrar, eu estava tão feliz de ver ele que eu o surpreendi com um
abraço também.
161
- Bem na hora, - eu disse.
Ele tinha sido o único mais complicado de contatar, eu o chamei assim que eu
reservei minha passagem de volta para cá e fiquei aliviado ao descobrir que ele
ainda estava na Califórnia, em seu antigo esconderijo em Santa Barbara.
Quando eu disse a ele o que eu tinha descoberto, ele prometeu voltar e me
encontrar após minha chegada, era o início da noite, e a extensa viagem tinha
sido um dia desgastante, mas eu encontrei-me estranhamente energizado, era
isso, estávamos todos juntos, as pessoas que amavam Sydney, e nós
estávamos indo para fazer isso acontecer.
- Você pode esclarecer tudo para o resto de nós agora?
Trey exigiu, uma vez que estávamos todos sentados em círculo na sala de
estar.
- Onde está Sydney? Ela está bem?
- Eu não sei, e eu não sei. - Eu admiti.
- Quero dizer, ela estava bem o suficiente para falar comigo em um sonho, mas
ela não sabia muito sobre o que estava acontecendo naquele lugar. Ela ainda
se parecia com ela própria, apesar de tudo.
Marcus balançou a cabeça em aprovação.
- Ela tem força de vontade, isso vai levá-la longe, a questão é, se isso se tornar
muito perceptível, eles vão tentar fazer algo sobre isso, ela tem um caminho
perigoso a percorrer.
- Ela tem um longo tempo agora.
Eu disse, pensando em seu tempo aqui em Palm Springs, quando ela lutava
com a sua amizade conosco e com a doutrina que os outros estavam iriam se
alimentar dela. Ela finalmente escolheu um lado para se sustentar, e agora ela
estava pagando por isso.
- Ela não sabe onde ela está, mas, ela sabe que Keith estava no mesmo lugar,
por isso, agora, ele se tornou a nossa maior vantagem.
162
- Um muito difícil de encontrar. - disse Marcus, ele encostou-se no sofá e
suspirou.
- Na verdade, eu só fui capaz de fazer um par de convites, mas ele ainda está
mais escondido do que o habitual para os Alquimistas. Eles assistem seus
agentes “reformados” bem de perto e não querem que ele se exponha muito
ainda. Ele provavelmente está trancado atrás de uma mesa.
Uma nuvem escura de desânimo começou a pesar em cima de mim, e eu
empurrei-a de lado.
- Mas você pode continuar a procurar.
Marcus assentiu.
- Claro. Eu também perguntei a alguns dos meus outros contatos que estavam
em reeducação, se eles se lembram de quaisquer detalhes sobre quando eles
saíram, mas até agora, não houve êxito. A maioria deles estiveram lá há muito
tempo. Keith é o mais recente que conhecemos, por isso espero que a sua
memória seja melhor. Estou pedindo para minhas fontes procurá-lo. Algo pode
aparecer em poucos dias. Mas, enquanto isso, eu tenho uma vantagem
absurda que nos possa dar resultados mais rápidos, eu sei onde Carly Sage
está.
Eddie fez uma careta.
- Você acha que ela sabe onde Sydney está? Quer dizer, eu não sei muito
sobre ela, mas eu pensei que ela estava bastante distante dos assuntos dos
Alquimistas.
- Ela está.
Eu disse, adivinhando onde Marcus estava indo.
- Mas Keith tem uma, uh, conexão com ela.
Eu disse a Marcus sobre a nota que Sydney tinha visto, sobre Keith dizendo a
Carly que estava arrependido, eu não tinha dito sobre os detalhes sórdidos de
seu passado, apenas que ele tinha feito algo muito terrível para ela.
163
- Você acha que ele poderia ter entrado em contato com ela?
- Eu não sei, honestamente, - disse Marcus. - Eu nunca conheci nenhum deles.
Mas eu sei que colocam na jogada culpa e autoestima. Se Keith sente como se
tivesse sido injusto com ela, talvez ele tenha estendido a mão quando ele
estava livre.
- Seria a primeira coisa decente que ele já fez.
Murmurou Jill sombriamente, através seu vínculo comigo, ela sabia o que ele
tinha feito para Carly.
- Eu percebi que não faria mal verificá-la, - disse Marcus.
- Especialmente porque temos que esperar mais algum contato com Keith, ela
está bem perto. Ela é uma estudante da Universidade Estadual do Arizona.
Ele me deu um sorriso irônico.
- Pronto para uma viagem?
- Absolutamente, podemos sair agora.
Eu quase estava ali mesmo, mas ele me acenou para baixo.
- Eu prefiro ir na parte da manhã, tanto para o dia e para que você possa falar
com Sydney novamente esta noite. Veja se você pode obter algo dela e o que
podemos usar para fazer com que Carly venha a confiar em nós. Eu tenho que
imaginar se, um par de caras estranhos aparecerem perguntando sobre a sua
irmã e a organização da sua família que você jurou segredo sobre e, você não
é tão próxima.
Eu relaxei um pouco.
- Isso é um bom plano. E enquanto não tiver mais gás drogando-a, devemos
estar em sincronia agora. Baseado em quando ela foi acordada, eu acho que
ela estava nesse fuso horário. Eu posso estar errado, no entanto. Quem sabe
que programa essas aberrações usam?
- Provavelmente um típico humano, mesmo eles estando no subsolo.
164
Marcus revirou os olhos.
- Deus me livre que o que recebem em qualquer coisa deles possa parecer
remotamente vampírica.
Neil se inclinou para frente.
- Espere um momento. Você disse gás?
Agora que havia um plano provisório no local para encontrar Carly Sage, eu era
capaz de me acalmar um pouco e dizer aos outros, exatamente o que eu sabia.
Meu sonho com Sydney tinha sido curto, mas falei o que pude de detalhes,
incluindo a forma como ela foi drogada e suas referências vagas à punição.
Angeline apoiou a cabeça no ombro de Trey.
- É melhor eles não a estarem machucando, caso contrário, eu vou machucá-
los quando eu os pegar.
- Todos nós?
Perguntou Marcus divertido.
Eddie tinha uma expressão feroz mini-Dimitri.
- Você não acha que você está sozinho, não é?
Eu tentei não sorrir.
- Eu acho que a escola ainda está em sessão e que a sua primeira prioridade é
Jailbait.
- Só mais uma semana ou mais, - disse Jill. - E nós estamos apenas fazendo
os exames finais agora, você deve levar um dos dhampirs, dois deles, na
verdade. Angeline pode ficar comigo.
- Hey, - exclamou Angeline. - Como é que eu não consigo ir chutar um traseiro
Alquimista?
- Porque você é a única de nós que não tenha realmente terminado o ensino
médio.
165
Eddie disse a ela.
- Mas todos vocês são designados para proteger Jill. - Eu apontei. - E você vai
ficar com ela, pelo menos por agora, Marcus e eu não precisamos de guarda-
costas para ir visitar algumas crianças festejando.
Conflito passou pelo rosto de Eddie.
- Mas o que acontece depois disso? E quando você encontrar onde Sydney
está?
Eu conseguia adivinhar suas preocupações. Ele estava despedaçado. Sua
missão e seu coração estavam ligados a Jill, mas Sydney era sua amiga
também, e ele ainda se sentia culpado por sua perda, em primeiro lugar.
- Nós não sabemos quando isso vai acontecer, a escola pode ter terminado em
seguida, e todos nós vamos estar de volta ao Tribunal de Justiça.
Eu dei um tapinha em seu ombro.
- Vamos nos preocupar com Carly e até mesmo Keith e, quando chegarmos à
fase seguinte ... bem, nós vamos descobrir o que fazer.
Eddie não parecia feliz com isso, mas realmente, não houve nenhum resultado
que ele teria feito. Se ele viesse conosco amanhã, ele seria comido pela culpa
por ter abandonado Jill. Nenhuma parte desta situação ia ser fácil para ele.
Marcus saiu mais cedo, uma vez que ele e eu tivemos nossos arranjos
acertados para a viagem a Tempe. Os outros demoraram, querendo saber e
compartilhar o que tinha acontecido ao longo das últimas semanas. Eu contei
os detalhes sobre a minha descida em decadência na corte, vergonha de
deixá-los saber que eu quase perdi Sydney.
Só Jill sabia a verdade, e ela nunca me deixaria desistir. Ela, no entanto, sabia
ter algo mais.
- Hey, Trey, - disse ela, com os olhos cheios de malícia. - Talvez você devesse
dar a Adrian a peça muito importante do correio.
166
Um sorriso iluminou o rosto de Trey em concordância quando ele levantou-se e
correu para a cozinha. Quando ele voltou, ele entregou um envelope de
tamanho comercial que tinha sido aberto. Era de Carlton College, dirigido a
mim.
- Você abriu minha correspondência?- Exclamei.
- Eu disse para ele. - Jill disse, como se ela tivesse algum tipo de autorização. -
Confira.
Intrigado, eu levantei um único pedaço de papel e me vi olhando para o meu
primeiro boletim da faculdade.
Ainda mais surpreendente do que isso, eu vi que eu tinha passado em todas as
minhas aulas. C, C, B e essa última me fez levantar uma sobrancelha.
- Como diabos eu tirei um B em óleos? O que você entregou para o meu
projeto final?
Perguntei-lhes, incrédulo.
- Eu escolhi isso, - disse Trey orgulhosamente. - Foi uma pintura que você tinha
encostado no canto, o tipo de coisa estranha amarelo e roxo parecidos nuvens.
Um nó se formou na minha garganta.
- A aura de Sydney, - murmurei. Coloquei o cartão de notas para baixo e
abracei Jill e Trey. - Vocês me salvaram, eu não teria passado sem vocês.
- Você salvou a você, - Jill murmurou em meu ouvido.
- E agora você está indo para salvá-la.
Ela e os outros foram embora logo em seguida, com o toque de recolher de
Amberwood próximo. Neil permaneceu depois que o resto tinha saído pela
porta e caminhou de volta para mim.
- Adrian, - disse ele, incapaz de olhar em meus olhos. - Eu não creio que Olive
esteve na Corte, ela estava?
Eu tinha simpatia por todos no amor, e meu coração se penalizou por ele.
167
- Não, mas Nina estava. Olive está fora de contato com ela também, mas Nina
tem verificado em sonhos, e Olive está bem. Ela só quer um tempo sozinha
para pensar sobre as coisas, não deve ser fácil ter voltado de ser um Strigoi.
Alívio inundou os traços angulosos de Neil.
- Sério? Isso é ótimo. Quero dizer... não é ótimo que ela esteja perturbada, mas
eu pensei que era alguma coisa a ver comigo. Nós tínhamos começado tão
bem, ficamos em contato... então, nada.
- Não, - eu assegurei a ele. - Olive disse que Nina está cortando a todos. Dê-
lhe tempo. Ela aparecerá logo mais. Pelo que eu vi rapidamente, ela estava
muito louca por você.
Neil realmente ficou vermelho com isso, e eu, rindo, o mandei se juntar aos
outros. Trey retornou para sua lição de casa, e eu comecei a sonhos regulares
para tentar encontrar Sydney dormindo. Em um ponto, Trey ofereceu para me
dar o quarto dos fundos, mas eu disse a ele que estaria me desligando de
qualquer maneira. Melhor para ele estar descansado para exames e suas
perspectivas de bolsas de estudo.
Isso acabou me deixando sozinho na sala de estar, e por volta da meia-noite,
eu finalmente me conectei com Sydney, nós nos encontramos no Getty Villa, e
eu a puxei para os meus braços, não percebendo plenamente até aquele
momento o medo que eu tinha sentido ter sido aquele encontro no sonho da
noite anterior apenas um acaso.
- Antes de eu começar a beijar você e esquecer as coisas razoavelmente, diga-
me quanto tempo você ficará dormindo.
Ela descansou a cabeça dourada no meu peito.
- Eu não sei. Menos de uma hora.
- Hmm.
Escovei aquele cabelo bonito enquanto pensava nos números.
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- Eu pensei que você estava na hora do Pacífico, com base em quando você
acordou. Isso teria sido em torno de, oh, cinco horas aqui. Mas isso não é
muito sono. Seis horas. Talvez sete.
- Na verdade, isso é perfeito para eles, - disse ela. - É uma das coisas que eles
fazem para nos manter na borda, nos deixar dormir o suficiente para funcionar,
mas nunca bastante para nos sentirmos descansados o suficiente. Nos deixa
agitados, mais suscetíveis ao que nos fazem e dizem.
Eu quase deixei esse comentário pra lá, mas as palavras me saíram.
- O que quer dizer 'uma das coisas? - Eu perguntei a ela - O que mais eles
fazem?
- Não importa, - disse ela. - Temos outro.
- Isso não importa, - eu insisti, inclinando-me para mais perto dela, eu tentei
trazer isso antes, e ela continuou fugindo do assunto. - Você mesma disse que
esse lugar empurrou Keith para a borda, e eu vejo a forma como Marcus se
parece sempre que ele fala sobre reeducação.
- Um pouco de privação de sono não é nada.
Ela disse, ainda não diretamente abordando o que eu queria.
- O que mais eles estão fazendo?
Eu exigi.
Fogo passou brevemente em seus olhos.
- O que você faria se eu lhe dissesse - se vai fazer você trabalhar mais para me
encontrar?
- Eu já estou.
- Exatamente, - ela interrompeu - Portanto, não precisa adicionar a suas
preocupações, especialmente quando já tem um curto tempo.
Nós ficamos ali num impasse, tensos por um momento. Nós raramente
tínhamos brigado antes dela ser levada, e era particularmente estranho estar
169
fazendo isso agora, à luz de tudo o que havia acontecido. E o que ela estava
passando na reeducação não importava, mas eu odiava vê-la tão chateada
agora.
Ela também estava certa sobre a nossa falta de tempo, de modo que com
relutância eu concordei e troquei de assunto, dizendo-lhe, sobre o meu plano
para visitar Carly com Marcus.
- Isso não é uma má ideia, mesmo que Keith não possa alcançá-la, Carly tem
uma família Alquimista e pode ser capaz de encontrar algo para você.
Sydney ainda estava me segurando enquanto ela falava, e embora eu
certamente não tivesse nenhum problema com isso, eu não conseguia afastar
a sensação de ansiedade que irradiava em torno dela, como se ela estivesse
literalmente com medo de me soltar. Ela estava com uma cara brava, mas
esses bastardos tinham feito alguma coisa com ela, e eu os odiava por isso. Eu
estava tenso enquanto esperava.
- Tem alguma coisa que podemos dizer a ela para que ela saiba de que falei
com você?
Perguntei.
Sydney considerou alguns instantes e depois sorriu.
- Pergunte a ela se a faculdade ainda fez seu conjunto em adotar a filosofia de
Cícero sobre a vida.
- Tudo bem, - eu disse, - não fazia sentido para mim, mas então esse era o
ponto.
- E perguntarei a ela... - O sorriso de Sydney desapareceu.
- Pergunte a ela se ela sabe como está Zoe. Se ela está bem.
- Eu vou, - eu prometi espantado que Sydney pudesse se importar tanto com
uma irmã que a tinha traído.
- Mas agora, o que acontece com você? Não há nada que você possa me dizer
sobre a sua vida naquele lugar? Eu me preocupo com você.
170
Sua ansiedade aumentou e eu me preocupei que ela ficasse triste de novo,
mas ela aparentemente decidiu dar-me alguma coisa.
- Eu estou bem ... realmente. E talvez eu tenha até ajudado alguém. Eu meio
que consegui alguns itens dos quais a tinta mágica das misturas são usados
para proteger alguém de controle da mente Alquimista.
Eu me afastei um pouco para que eu pudesse olha-la nos olhos.
- Você usou magia na reeducação alquimista? Você não estava apenas
dizendo que você pode ficar em apuros por sair de linha?
- Eu não serei apanhada. - Disse ela ferozmente. - E realmente pude ajudar
alguém.
Eu puxei-a para mim de novo.
- Preocupe-se em ajudar a si mesma.
- Você soa como Duncan.
- Duncan? - Eu perguntei com ciúmes.
Ela sorriu.
- Não precisa se preocupar. Ele é só um amigo, mas ele sempre me alerta
sobre ficar longe de problemas. Eu não consigo parar, no entanto. Se eu puder
ajudar essas pessoas, você sabe que eu vou.
Eu estava à beira de lembrá-la das muitas conversas que tinha tido comigo
sobre a utilização do espírito, como eu sempre insisti que o risco para mim
valeu a pena, se eu pudesse fazer o bem para os outros. Sydney tinha
constantemente argumentado que eu tinha que cuidar de mim mesmo, porque
se eu não tivesse cuidado, eu não seria capaz de ajudar ninguém.
Mas eu não tive a oportunidade de dar um sermão nela agora porque ela
inesperadamente me puxou para mais perto, apertando seu abraço e
trancando nossos lábios. O calor me inundou, juntamente com um desejo tão
real e tão forte como se eu estivesse no mundo desperto. Ela arrastou seus
171
lábios na minha bochecha e, em seguida, para o meu pescoço, dando-me um
breve momento para falar.
- Não é justo me distrair, - murmurei.
- Você quer que eu pare? - Ela perguntou.
Como se eu pudesse pensar sobre isso.
- Claro que não.
Nossos lábios se encontraram novamente em outro beijo faminto, e eu mal tive
presença de espírito suficiente para mudar nosso cenário do pátio ensolarado
para um quarto em uma pousada de montanha. Sydney parou de novo, rindo
baixinho quando ela reconheceu a cena.
- Boa memória, - brincou ela. - Voltar para a primeira vez. Você até mesmo fez
nevar lá fora.
Eu a coloquei de volta na cama suntuosa.
- Ei, Adrian Ivashkov oferece serviço completo.
- E uma garantia de devolução do dinheiro?
- Eu não sei, - eu disse a ela. - Ninguém nunca ficou desapontado.
Seu riso se dissolveu em mais beijos, e com um último toque de modelagem do
sonho, eu transformei sua roupa em um vestido preto e marrom que eu a vi
usar uma vez e que lhe caia perfeitamente. Sua beleza me surpreendeu tanto
agora como até então, e eu passei a mão ao longo de sua cintura, vindo a
parar na curva de seu quadril. Suas próprias mãos, que tinham sido enroladas
no meu pescoço, agora viajaram para baixo e puxaram a minha camisa com
uma coragem que eu nunca teria imaginado quando nos conhecemos. O toque
de seus dedos em meu peito era delicado e ainda conseguiu transmitir uma
energia e urgência que enviou ondas de choque através de mim. Algo me disse
que a paixão que ardia nela foi impulsionada por mais do que apenas a nossa
atração habitual, havia uma necessidade dentro dela, uma necessidade
nascida de meses de desespero e isolamento. Eu inclinei a cabeça para trás
172
para que eu pudesse melhor beijar seu pescoço, enredando a minha mão livre
em seu cabelo. Ela fez um pequeno suspiro de prazer e surpresa, quando eu
rocei sua pele com meus dentes, mas eu tive o cuidado de não fazer mais que
fazer apenas isso, provocação.
Lentamente, provocativamente, passei a mão em seu quadril subindo pelo seu
corpo, amando o jeito que ela sentiu e reagiu ao meu toque. Eu finalmente fiz
meu caminho para o zíper em suas costas e tentei puxá-lo para baixo, algo que
era mais difícil com uma mão do que eu esperava.
Ela abriu os olhos para me olhar com tanto divertimento e desejo.
- Você pode apenas sonhar com o vestido desapareça.
- Onde está a diversão nisso?
Eu voltei, sentindo-me triunfante que o zíper abriu. Enfiei-o todo o caminho e
comecei a puxar o vestido.
- Oh, Adrian, - ela respirou. - Você não tem ideia do quanto...
Eu não precisava perguntar o que a cortou. Eu podia sentir o jeito que ela
estava perdendo substância sob minhas mãos: ela estava sendo acordada.
- Não vá.
Eu disse a ela inutilmente. Foi menos sobre a realização física de um medo
profundo. Eu não poderia dar voz para: Eu tenho medo, se você deixar, eu
nunca vou vê-la novamente. Eu poderia dizer olhando em seu rosto, no
entanto, que ela sabia sobre os meus medos.
- Nós estaremos juntos em breve. Na vida real. O centro vai permanecer.
Ela estava ficando translúcida diante dos meus olhos.
- Durma um pouco. Vá encontrar Carly e Keith.
- Eu vou. E então eu vou encontrar você, eu juro.
Ela quase foi embora, e eu só podia ver a lágrimas brilhando em seus olhos.
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- Eu sei que você vai. Eu acredito em você. Eu sempre acredito.
- Eu te amo.
- Eu também te amo.
Eu acordei no sofá, sentindo um vazio e insatisfação que foi além do desejo
físico. Eu precisava de seu coração e mente, tanto quanto seu corpo. Eu
precisava dela e sua falta causou uma dor no meu peito enquanto eu
adormecia. Então, ela tinha ido embora. Como eu pude, eu passei meus braços
firmemente em torno de mim mesmo, fingindo que era Sydney e segurei.
Marcus apareceu bem cedo na manhã seguinte, ficando a nossa viagem para
fora com um bom início com uma exceção. Tivemos um pequeno
desentendimento em qual carro usar.
- O seu provavelmente é roubado, - eu disse.
Ele revirou os olhos.
- Não é roubado, e é um Prius.
- Ainda mais uma razão para não irmos com ele.
- Podemos chegar a Tempe sem sequer parar para a gasolina, ao contrário do
seu.
- Vale a pena as paradas extras para ir em grande estilo, - argumentei volta.
- Vale a pena o atraso extra para obter respostas que podem ajudar a Sydney?
Esse era o seu trunfo e ele sabia disso.
- Tudo bem, - eu resmunguei. - Nós vamos levar o seu carro manco, mas
extremamente eficiente em termos de combustível.
Apesar do nosso rochoso passado, como quando eu tinha tentado dar um soco
na primeira vez que nos encontramos, Marcus e eu tínhamos um carro muito
bom para ASU. Ele não esperava muito de conversa, o que estava bem por
mim já que, a maioria dos meus pensamentos estavam em Sydney. De vez em
quando, Marcus recebia chamadas de um de seus contatos, perseguindo
174
alguma pista que fazia parte de seus negócios clandestinos. Alguns eram sobre
Sydney e Keith; alguns eram sobre outras pessoas e missões e tudo parecia
muito importante quando você só estava ouvindo metade da conversa.
- Você tem todos os tipos de coisas acontecendo, - eu comentei quando
cruzamos a fronteira do Arizona. - Significa muito que você leve tempo para
ajudar Sydney. Parece que ela não é a única a contar com você.
Ele sorriu para isso.
- Sydney é especial. Eu não acho que ela pode saber quantas pessoas ela
ajudou com a tinta que ela fez. É enorme que eles saibam que os Alquimistas
não podem corromper suas mentes, pelo menos através da tatuagem. Eu devo
isso a ela para ajudá-la para que, e...
- E o que? - Eu perguntei, vendo sua expressão escurecer.
- Sempre que alguém faz algo incrível, como ela fez, e fica preso, como ela
está, eu sempre acho que poderia ter sido eu. Ao me ajudar, eu os vejo como
servir o tempo que eu provavelmente mereço.
- Sydney não vê isso dessa forma, - disse ele, lembrando-me o quão maluco é
a pretensão dela em ajudar seus companheiros de prisão.
- Ela está feliz em fazê-lo, acha que é sua própria conta e risco.
- Eu sei, - disse ele. - E isso me faz muito mais feliz em ajudar.
Chegamos à universidade no meio da tarde. Era no meio do dia acadêmico,
mas eles também estavam sendo executados no período de verão, por isso
não tinham tantas pessoas pelo campus.
O contato de Marcus lhe tinha dito que Carly atenderia durante todo o ano e foi
em direção a um dormitório misto. Ninguém nos parou durante o dia, e fomos
capazes de ir para a direita até a porta, que estava coberta de cartazes de
várias bandas e comícios. Depois de conhecer Zoe, eu não poderia nem
começar a dizer como a terceira irmã seria, mas eu tinha formado ideias vagas
de alguém calmo e manso, pensando no que eu faria sobre como Carly não
denunciar Keith ou deixar Sydney fazê-lo também.
175
A menina que atendeu não era o que eu esperava. Ela era alta e atlética, com
o cabelo cortado curto e um pouco de argola no nariz modelo granada.
Mas ela tinha o cabelo e cor dos olhos de Sydney, bem como suficiente
semelhança de família para me informar que tinha encontrado a pessoa certa.
Ela usava um sorriso que esmaeceu um pouco quando ela fez uma dupla
checada em mim. Ela pode não ser a Alquimista família, mas ela sabia
identificar um Moroi quando vê um.
- Seja o que for, eu não quero estar envolvida. - Disse ela.
- Trata-se de Sydney. - Disse Marcus.
- E ela disse para lhe perguntar se a faculdade fez você querer assumir a
filosofia de Cícero sobre a vida. - Acrescentei para ajudar.
As sobrancelhas de Carly subiram quando ela ouviu isso, e depois de um
momento, ela suspirou e abriu a porta para nos deixar entrar.
Duas outras meninas, olhando que se parecessem calouras a julgar pela idade,
sentaram-se em seu lugar, e ela lhes deu um olhar de desculpas.
- Ei, eu tenho que cuidar de algo bem rápido. Podemos terminar o
planejamento esta noite?
Quando as meninas se levantaram e se despediram, Marcus se inclinou para
mim e sussurrou:
- Você tem certeza que você tem a frase secreta de Sydney certa? Cícero foi
mais um estadista que um filósofo. Não que ele não teve alguns bons
momentos.
Dei de ombros.
- Isso é o que ela disse. E Carly nos deixou entrar, não é?
Uma vez que as meninas tinham ido embora, Carly se sentou na beira da cama
e chamou-nos para encontrar lugares no chão.
176
- Ok. Então, a que devo o prazer de uma visita de um Moroi e um cara que não
é um alquimista, mas tem uma tatuagem muito estranha?
- Nós precisamos de sua ajuda para localizar Sydney.
Eu disse, não encontrando nenhuma necessidade de perder tempo.
Carly inclinou a cabeça em surpresa com isso.
- Ela está desaparecida?
Marcus e eu trocamos olhares.
- Você ouviu falar dela recentemente? - Perguntou.
- Não, não em muito tempo, na verdade. Mas isso não é inédito. Papai
costumava desaparecer por um tempo também. É parte do trabalho. Ele disse
a todos nós que ela está apenas envolvida em algo secreto muito importante.
Quando nem Marcus e nem eu respondi, ela olhou para nós dois.
- Isso não é verdade? Ela está bem?
- Ela está bem.
Disse Marcus lentamente, e eu poderia dizer que ele estava escolhendo as
palavras com cuidado.
- Mas ela não está em missão. Ela ficou em apuros por algo, e nós estamos
tentando chegar até ela antes que o problema fique ainda pior.
Carly lhe lançou um olhar feroz.
- Não precisa adoçar as coisas, eu sei o que significa ficar em apuros com os
alquimistas. Eles a trancaram em algum lugar, não é? Como fizeram com
Keith?
- Você já falou com ele? – Exclamei. - Em pessoa?
Seu rosto ficou cheio de desgosto.
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- Em pessoa e por e-mail. Ele apareceu do nada, como vocês fizeram, em
março passado, com esta grande e triste história sobre como ele estava
arrependido e como ele precisava do meu perdão para seguir em frente e como
devia entregá-lo às autoridades.
- Espere um momento. - Eu disse. - Keith disse para você entregar ele? E você
fez?
- Não.
Ela cruzou os braços e colocou uma expressão satisfeita em seu rosto, o que
parecia estar em desacordo com o tema.
- E ele não me contou muito quanto suplicou. Ele estava com medo que ele
seria mandado de volta para a reeducação alquimista um dia e parecia pensar
que ele estaria mais seguro em uma prisão regular. Então, eu disse que não.
Agora, ele pode viver em constante medo, apenas como eu costumava fazer.
Foi um toque tão bizarro da lógica, eu realmente não sabia o que responder.
Marcus olhou perplexo, e eu me lembrei que ele não sabia de toda a história.
- Ela e Keith tiveram um... problema.
Eu disse, esperando para encobrir as coisas.
Carly olhou Marcus diretamente nos olhos.
- Keith me estuprou enquanto estávamos fora em um encontro e me fez pensar
que eu o tinha levado a isso para que eu não contasse a alguém, eles
pensariam que a culpa foi minha. Convenci-me de que também e o deixei me
comer. A única pessoa para quem eu disse foi Sydney, e estava sobre sigilo
absoluto. Levei anos para perceber o quão idiota eu tinha sido. Agora eu tenho
certeza de que outras meninas não vão passar por isso.
Ela assentiu com a cabeça em direção aos cartazes em suas paredes, e só
agora eu percebi que eles estavam todos inseridos de informações sobre
cultura antiestupro.
178
- Se eu puder salvar mesmo que uma pessoa de passar por esse tipo de
vergonha e insegurança, bem, eu sinto como se eu tivesse vivido o propósito
de minha vida.
Marcus, que não é facilmente surpreendido, parecia completamente
boquiaberto quando ele olhou para ela. Eu já tinha visto muitas meninas caírem
a seus pés, mas esta foi a primeira vez que eu tinha visto ele babar em uma.
- É incrível que você foi capaz de fazer isso. - Disse ele. - É muito corajoso.
Como foi divertido vê-lo apaixonado, tivemos que permanecer na pista. Eu bati
meus dedos na frente do seu rosto.
- Foco. - Voltei para Carly.
- Mas você ainda não vai ligar para Keith agora?
Ela balançou a cabeça.
- Parece loucura, eu sei, mas ele sofre mais desta forma. Ele queria que eu o
fizesse, estava quase em lágrimas quando eu disse que não faria. Eu não me
importo com ele, apesar de tudo. Eu me preocupo com Sydney. Diga-me o que
posso fazer para ajudá-la e parar o que quer que esses canalhas tenham feito.
- Você sabe uma maneira de nos ajudar a encontrar Keith?
Eu perguntei.
- Eu posso fazer melhor do que isso.
Disse ela, enquanto pegava o telefone do bolso, o girou e, entregou-nos.
- Será que isso funciona?
Eu peguei e vi o nome de Keith, juntamente com um número de telefone e
endereço em Boise, Idaho, de todos os lugares.
- Boise? - Eu perguntei. - Ele não sofreu o suficiente?
Marcus olhou por cima do ombro e sorriu.
179
- Há um centro de pesquisa Alquimista lá. É exatamente o tipo de lugar que eu
esperaria que ele estivesse trabalhando, nenhum trabalho de campo real ou
situações perigosas. Tem certeza que ele ainda está aí?
Carly revirou os olhos.
- Positivo. Ele me envia e-mails a cada mês, pedindo perdão e dizendo-me
para entrar em contato se eu mudar de ideia. Se ele se mudou, estou certa de
que ele me avisaria uma centena de vezes.
Marcus copiou a informação em seu próprio telefone e entregou o dela de
volta.
- Eu não acho que devemos dar-lhe o benefício de um aviso antes de falar
com ele. Você está pronto para cair na estrada?
Minha geografia não era tão grande, mas eu sabia que era uma distância
muito maior do que a que tínhamos acabado de fazer.
- Contanto que possamos comprar lanches antes de irmos.
- Encontrá-lo realmente vai ajudar Sydney? - Carly perguntou com uma
expressão grave em seu rosto.
A expressão de Marcus suavizou quando ele olhou para ela, mas eu não sabia
se era por causa de sua paixão ou porque ele tinha uma má notícia.
- Não sabemos ao certo, mas espero que sim. Achamos que Keith foi preso no
mesmo local que Sydney. Se pudermos descobrir onde é, podemos ir e trazê-la
de volta.
Carly empalideceu.
- O mesmo lugar... quer dizer o lugar que é tão ruim, que Keith prefere ser
enviado para a cadeia do que correr o risco de voltar?
- Nós vamos trazê-la de volta. - Disse Marcus galantemente. - Eu juro.
- Eu quero ajudar. - Ela insistiu.
- Você já fez.
180
Ele levantou seu telefone.
- Este endereço pode ter feito isso. Você não precisa se arriscar mais.
Carly bateu os pés, os punhos cerrados ao lado do corpo, em desafio. A
semelhança entre ela e Sydney foi particularmente notável naquele momento.
- Ela é minha irmã! É claro que eu preciso me arriscar. Você acha que ela iria
fazer menos por mim?
Senti um nó na garganta.
- Você está certa, ela não faria isso. Mas, no momento, ainda estamos apenas
recolhendo informações. Se conseguirmos uma liderança clara, você pode
ajudar, nós vamos deixar você saber.
- Assim é melhor.
Ela resmungou.
- Aqui, eu vou te dar meu número de telefone.
- Vou levar isso, - disse Marcus rapidamente.
Enquanto ele pegava a informação, eu lhe disse:
- Por enquanto, a melhor coisa que você pode fazer é não dizer a ninguém,
especialmente, qualquer um com quem você está relacionada, que estivemos
aqui.
Ela zombou.
- Eu suponho que você quer dizer meu pai e Zoe? Não há problema. Eles
quase nunca me verificam, especialmente desde o divórcio.
- Então, é definitivo? - Eu perguntei.
Eu estava pensando, mas Sydney e eu não tivemos exatamente uma
oportunidade para falar em nosso sonho.
- É definitivo. - O rosto de Carly ficou sombrio. - Eu fiz o meu melhor para
ajudar no caso de custódia para nossa mãe, mas, no final, a ‘evidência’ do
181
papai era muito substancial. Eu me perguntei por que Sydney não testemunhou
para ambos os lados, agora eu sei. Se ela teve problemas com essas pessoas,
provavelmente nem mesmo o pai poderia tirá-la do gancho.
Obviamente, Carly não sabia o quão importante o papel do seu pai tinha sido
em colocar Sydney em apuros, e eu não estava prestes a incitar mais revolta
na família, dizendo-lhe a verdade.
- Sydney teria ido lá, se pudesse. - Eu assegurei-lhe. - Eu sei que ela realmente
queria apoiar a sua mãe.
Carly assentiu.
- Eu gostaria que ela pudesse ter ido, quer dizer, eu entendo por que os
Alquimistas fazem o que fazem, mas às vezes... eu não sei. É como se eles
fossem perder de vista no quadro geral, agora que Zoe está com o pai todo o
tempo, eu me preocupo que, só vai piorar para ela. Pelo menos com Sydney,
nas últimas vezes que falei com ela, ela parecia estar ficando mais perspectiva
de vida. Eu não sei o que estava acontecendo, mas ela parecia mais
equilibrada, mais feliz, eu esperava que ela pudesse fazer o mesmo para Zoe,
mas eu acho que não é possível tão já.
Eu não sei o que estava acontecendo, mas ela parecia mais equilibrada, mais
feliz, as palavras de Carly desencadearam uma mistura de emoções, e eu não
poderia reunir uma resposta. Essa mudança que ela tinha observado tinha sido
minha. Carly pensou que tinha sido para melhor, e eu gostava de pensar assim
também, mas não havia como negá-lo, também era o que tinha colocado
Sydney em apuros. À medida que nos aproximamos da porta, prontos para a
próxima etapa da nossa viagem, Marcus fez uma pausa e olhou para ela.
Eu pensei que ele ia me pedir para sair, mas ele disse.
- O que há com a citação de Cícero? Estudei um monte de história romana e
nunca ouvi nada sobre sua filosofia de vida.
Carly sorriu.
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- Nosso gato da família se chamava Cícero. Sydney e eu costumávamos
brincar que ele descobriu que a vida era realmente tudo sobre: comer, dormir e
tomar banho. Ela estava tão triste sobre ela não ir para a faculdade também, e
eu tentei minimizar isso, dizendo-lhe que eu provavelmente não iria aprender
nada melhor do que Cícero me ensinou. Quando você mencionou isso, eu
sabia que você era legal.
Talvez fosse a semelhança de família que apareceu no sorriso de Carly
novamente ou apenas a menção de saudade da faculdade de Sydney, mas eu
senti uma dor em mim começando na superfície que eu não sentia há algum
tempo. Vá embora, eu disse a ela. Lamente por Sydney depois. Concentre-se
agora em a ter de volta.
Marcus apertou a mão de Carly, segurando-a um pouco mais do que ele
provavelmente precisava.
- Obrigado novamente por sua ajuda. - Disse ele. - Nós não vamos deixar você
para baixo.
- Esqueça de mim. - Disse ela. - Não deixe Sydney para baixo.
CAPÍTULO 13
Sydney
Sal encantado na reeducação era certamente mais complicado de fazer do que
quando eu era uma mulher livre, mas não era impossível. Foi apenas um
processo lento e de difícil controle, contrabandeando pequenas quantidades de
sal e em seguida ficando em momentos privados no banheiro para infundi-lo
com elementos. O que provou ser mais difícil foi conseguir as seringas.
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- Alguém está na sala de expurgo quase todos os dias, ou é por causa da
rotina, ou fizeram algo. – Emma falou, quando eu disse a ela que seria a parte
mais difícil de pegar. – Vamos apenas torcer para que quem esteja lá dentro
possa pegar uma seringa para você.
- Mesmo que eles sejam capazes de fazer isso com sucesso, os supervisores
vão, eventualmente, perceber que muitas seringas estão sumindo. – eu
apontei. – E eu não tenho certeza se quero todos nisso.
Ela balançou a cabeça.
- Eu não sou estúpida. Só estou selecionando pessoas que eu sei que
podemos confiar. Outros que dão mais valor a suas mentes mais do que a te
denunciar. Todos sabem que algo aconteceu com Jonah. Eles vão manter seu
segredo para ter a mesma chance de conseguir essa proteção para eles
mesmos.
- Isso realmente não me faz sentir melhor. – eu resmunguei. Meu último
encontro com Adrian tinha me deixando sentindo otimista para o futuro, mas
isso não significava que o presente não era cheio de complicações. – E isso
não resolve a questão da seringa. – estávamos quase na nossa próxima aula,
ou seja, essa conversa estava prestes a acabar.
- Pena que não pode reutiliza-las. – ela meditou
Eu fiz uma careta.
- Ugh. Isso já é anti-higiênico o suficiente, não ter acesso a água purificada.
- O que precisamos é de livre acesso a esses armários de abastecimento. Você
sabe onde eles estão.
- Sim. – eu disse, concordando. – Só há o pequeno problema de eu nunca ser
capaz de chegar até eles novamente com a enorme segurança por aqui.
Ela deu de ombros e sorriu.
- Eu não disse que era um plano perfeito.
- Não é nenhum tipo de plano.
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Mas a sugestão agitou em minha mente enquanto eu me movimentava para a
educação Alquimista do dia. Ter conversado com Adrian havia levantado meu
espirito, assim sabendo que ele estaria falando com Carly em breve. Eu
esperava desesperadamente que Keith lhes daria alguma vantagem sobre
onde eu estava. A partir daí eu não sabia exatamente como eles iriam me tirar,
mas eu já estava imaginando libertar os outros daqui comigo. Se eu puder
enviá-los para o mundo livre do controle da mente seria um trabalho bem feito.
Eu revirei as palavras de Emma na minha cabeça, tentando resolver o
emaranhado de problemas diante de mim. O que eu realmente precisava era
de acesso irrestrito ao andar dos armários de abastecimento, os que Sheridan
tinha me feito organizar. Para chegar até eles, eu precisaria me mover sem ser
vista, o que não era fácil, mas era na verdade mais fácil do que sair do meu
quarto, em primeiro lugar. Essas fechaduras noturnas foram um enorme
problema.
Embora Emma – e alguns outros – me observassem ansiosamente durante o
dia todo e fossem os mais ansiosos por resultados, foi com Duncan que eu
finalmente toquei no assunto na aula de artes. Ele nunca falou extensivamente
sobre seu passado, mas eu recolhi algumas coisas que eram importantes para
ele. A misteriosa Chantal era uma delas, é claro, e ele ocasionalmente expunha
em atividades artísticas antes de vir aqui. Uma coisa que ele não falou muito foi
sobre eu ter pegado seu talento especial para dispositivos mecânicos. Alguém
teve problema no cavalete em uma aula e Duncan era sempre a pessoa para
ajustá-los. Eu mesma o observei ajudando nossos instrutores, como quando o
projetor de Harrison parou de funcionar.
- Você sabe como as fechaduras de nossas portas funcionam? – eu perguntei
nesse dia. Natureza morta tinha ido embora por agora, embora Duncan tivesse
me assegurado que era uma atribuição popular e estaria de volta. Agora nós
estávamos na tediosa tarefa de moldar tigelas de barro à mão.
- Elas trancam. – disse sem rodeios – Elas impedem que as portas abram.
Tentei não revirar os olhos.
- Eu sei disso. Quero dizer, você sabe como fazer -
185
- Sim, sim, eu sei o que você quer dizer. – ele interrompeu. – E isso não é algo
que você deva se preocupar. Você já está jogando um jogo bastante perigoso.
Eu olhei em volta, mas ninguém estava nos ouvindo enquanto trabalhávamos
na nossa mesa.
- Não é um jogo! – eu assobiei. – Isso é sério. Eu posso impedir os outros da
lavagem cerebral. Como eu fiz por Jonah.
- E ser enviada de volta ao tempo de reflexão no processo. – uma pequena
carranca entre suas sobrancelhas era o único sinal exterior de seu conforto. –
Eu não posso lidar com outro amigo desaparecendo, Sydney.
Eu tive que ter um momento para piscar para afastar as lágrimas enquanto me
lembrava de que ele havia sido meu primeiro aliado aqui, me oferecendo
amizade por causa do que ele gostava sobre mim e não por causa do que eu
potencialmente poderia fazer por ele.
- Eu não vou desaparecer. – eu disse, assumindo um tom mais gentil. – Mas eu
preciso sair do meu quarto uma noite. Hoje à noite, de preferência. É
importante. Eu posso ajudar um monte de gente.
Sua tigela, assim como sua pintura, foi quase perfeita. Eu estava
começando a me perguntar se isso era alguma habilidade inerente ou
simplesmente o resultado de estar aqui por muito tempo.
- As fechaduras são ligadas a um sistema central a cada noite. – disse ele, por
fim. – É, na verdade, apenas um parafuso simples atirando para fora da porta e
para parede. É delicado. Se há um obstáculo, ele não vai funcionar.
- Será que irá alertar o sistema central de que há um problema? – eu perguntei.
- A não ser que eles o mudaram ano passado. Há cerca de oito meses, a porta
de alguém deu defeito e eles nunca souberam. Eles descobriram que um dos
caras na sala tentou encontrar uma saída.
Isso foi útil, mas também perigoso.
- Será que eles consertaram?
186
- Essa porta em particular? Sim. Mas, tanto quanto eu sei o parafuso ainda é
delicado. Não importa muito, mesmo que a vigilância não pegue alguém
tentando bloqueá-lo, as câmeras na sala detectariam. – Duncan me lançou um
olhar aflito. – Por favor, me diga que você não está indo tentar realmente
escapar.
- Eu vou ficar aqui... Por agora. – Olhei para baixo e toquei levemente o crachá
de identificação preso na minha camisa. Um pouco mais fino que um cartão de
crédito. – Algo como isso funcionaria muito bem para bloquear o parafuso.
- Muito bem. – ele concordou. – Mas lembre-se que há uma pequena abertura
entre a porta e a parede, mesmo quando está fechada. Você não pode apenas
colocar o cartão lá.
- Eu preciso de algum tipo de cola para mantê-lo lá. – quebrei a cabeça
tentando me lembrar quando foi a última vez que havia visto cola por aqui. Eu
não tinha. Mas, meus olhos pousaram sobre a mesa de Addison, eu encontrei
algo ainda melhor. – Chiclete iria funcionar. Eu nem preciso usar meu cartão...
eu poderia usar apenas um amontoado de chiclete no lançamento do parafuso,
não poderia?
Duncan riu em despeito a si mesmo.
- Juvenil, mas sim, você poderia.
- Vá pedir ajuda para ela em alguma coisa. – eu disse, inspirada. – Vou roubar
o chiclete enquanto você fala com ela.
- Sydney. – ele apontou para minha tigela e depois para a dele. – Qual de nós
dois você acha que precisa legitimamente pedir-lhe ajuda?
Olhei para elas, observando que a sua tigela poderia ir direto para o forno
enquanto a metade da minha estava desabando sobre si mesma.
- Você não aprova meu plano. Eu não posso pedir para você roubar o chiclete.
- Eu não aprovo planos ilógicos. – disse ele. – E é muito mais lógico você ir
pedir ajuda. Além disso, eu preciso de outro pote de agulha. Esse é sem graça.
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- Todos são sem graça. – eu o lembrei. Mesmo para o bem da causa da arte
terapêutica, os Alquimistas não deixaram nada que pudessem ser usados
como arma. – Mas eu vou perguntar.
Addison sempre pareceu irritada ao ser perguntada, mas, ao mesmo tempo, eu
poderia dizer que ela manteve o controle para quem lhe pediu ajuda. Eu era
uma das poucas, em geral, que sofria grandes dores antes de procurar
assistência de nossos superiores, e eu sabia que alguns deles viam isso de
contatarmos com eles como sinal de quebrarmos nossa resistência. Enquanto
eu falava com ela, vi Duncan se mover em direção a sua mesa com o canto do
meu olho. Eu quase parei de respirar, aterrorizada que ela se virasse e o visse.
Mas ela não o fez, e cinco minutos depois, quando eu e ele voltamos a nossa
mesa, ele secretamente me deslizou duas tiras de chiclete.
- Use-o com sabedoria. – alertou. – Ou pelo menos não fazer algo
completamente estúpido hoje à noite. Por favor, me diga que você tem um
plano para não ser pega quando estiver fora do seu quarto. Você sabe que há
câmeras nos corredores.
- Eu tenho um plano. – eu disse, hesitante. – Mas eu não posso te dizer.
- Ei, isso é bom o suficiente para mim.
Apesar da minha ansiedade sobre a minha tarefa difícil, eu ainda estava me
sentindo triunfante sobre esta pequena vitória. Eu estava andando dispersa e
totalmente despreparada para ser derrubada quando Sheridan virou-se para
mim na comunhão e disse:
- Sydney, não há algo que você gostaria de nos contar?
Eu congelei e podia jurar que meu coração pulou algumas batidas. Meus
olhos dispararam ao redor do círculo de rostos me observando enquanto eu me
perguntava qual deles tinha me traído.
- Perdão, minha senhora?
- Você tem estado conosco há algum tempo. – explicou ela. – Ainda que você
tenha falado muito pouco sobre seu passado. Todos os dias os outros se
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abrem sobre si mesmos, mas você mantem para si. Isso não é realmente justo,
não é?
Eu queria dizer a ela que era realmente nenhum de seus negócios, mas
eu sabia que deveria ser grata por não estar sendo culpada por crimes
imediatos.
- O que você gostaria de saber, senhora?
- Porque você não nos diz porquê está aqui?
- Eu... – meu atrevimento anterior secou. Meu planejamento mestre de sair do
quarto por sabotar o bloqueio para que eu pudesse, então, criar proteção
mágica para os meus companheiros detidos não me intimidou quase tanto
quanto os olhares examinadores. Não importa o quão amigável eu tinha
chegado com alguns deles. Eu não queria compartilhar minha história.
Mas você tem que jogar o jogo, Sydney, eu me lembrei. Não importa o que
você faça, contanto que você ganhe no final.
Concentrei-me de volta em Sheridan.
- Quebrei algumas das regras fundamentais dos alquimistas. Eu fui contra
nossas regras básicas.
- Como? – ela solicitou.
Eu tomei uma respiração profunda.
- Porque eu me envolvi romanticamente com um Moroi.
Meu olhar ficou em Sheridan. Eu estava com medo de olhar para os
outros, porque apesar de estamos aqui por todos os tipos de rebeldia, havia ao
redor diferentes graus de pecado e o meu era bastante extremo.
- Por que? – Sheridan perguntou
Eu fiz uma careta.
- Senhora?
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- Porque você se envolveu romanticamente com uma criatura tão suja? Isso
não só vai contras as crenças Alquimistas. Isso vai contra as regras da
natureza. Porque você faria isso?
Meu coração tinha uma resposta pronta, mas eu não deixei ela cruzar os
meus lábios. Porque ele é maravilhoso, sensível e engraçado. Porque nós
trazemos para fora o que há de melhor em cada um e somos pessoas
melhores por causa do nosso amor. Porque quando estamos juntos, eu sinto
como se compreendesse o meu lugar no mundo.
- Eu não sei exatamente. – eu disse, tentando encontrar uma resposta crível
que ela queria ouvir. – Porque eu pensei que estava apaixonada.
- Por um deles? – ela perguntou. O tom da sua voz quando ela disse deles me
fez querer dar um tapa nela.
- Ele não parece ser um deles. – eu disse, retrucando. – Ele parecia muito
gentil e muito charmoso. Ele foi... é muito bom em compulsão. Eu não sei se
isso é parte do que aconteceu comigo. Talvez eu estivesse apenas fraca.
- Você não sente vergonha? – ela incitou. – Você não se sente suja e usada?
Mesmo se você se formar aqui, você acha que alguém do seu próprio tipo iria
querer tocá-la depois de ter sido usada desse jeito?
Isso me pegou de surpresa, por um momento, pois isso ecoou tão
próximo os temores de Carly quando uma vez havia justificado porque ela não
podia contar a ninguém sobre o que Keith havia feito para ela. Eu deveria ter
dado alguma resposta contrita, mas em vez disso eu respondi Sheridan com
uma variação do que eu falei a Carly.
- Eu espero que com o próximo que eu estiver me veja e me valorize pela
pessoa que eu sou por dentro. Nenhuma das outras coisas importa.
A expressão de Sheridan se tornou piedosa.
- Eu acho que você nunca vai encontrar alguém assim.
Eu já encontrei, eu pensei. E ele está vindo para me tirar daqui e para longe de
você.
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Em voz alta, eu disse simplesmente:
- Eu não sei, senhora. – admitir sua própria ignorância sempre foi uma aposta
segura por aqui.
- Bem. – ela disse. – Vamos esperar que você esteja menos delirante sobre
vampiros, como você está sobre si mesma ser maculada. Como você se sente
sobre ele agora?
Eu sabia que não devia sequer respirar a verdade sobre isso.
- Ele me traiu. – eu disse simplesmente. – Ele deveria me encontrar na noite
que eu fui trazida para cá, e ele não apareceu. Eu estava enganada.
Era uma mentira que nenhum deles poderia discordar. De fato, nenhum
alquimista realmente sabia o que eu estava fazendo na noite em que eu fui
capturada. Deixe-os pensar que tinham impedido algum encontro com Adrian e
eu, ajudando a me transformar contra ele.
- Isso é o que eles fazem, Sydney. – disse Sheridan, parecendo muito
satisfeita. – Eles enganam.
Quando eles se foram, notei alguns dos meus companheiros detidos –
alguns dos quais eu pensei ter feito alguns avanços – me evitando fisicamente
como tinham feito nos primeiros dias.
- O que é isso? – eu murmurei para Emma, que estava andando perto de mim.
- Sheridan ajudou a lembrá-los de como você está contaminada. – ela explicou.
Meu coração se afundou um pouco enquanto eu olhava atrás deles.
- Será que eles realmente acreditam nisso? Eu pensei que alguns deles...
Eu não consegui terminar, mas Emma sabia meus pensamentos.
- Estavam apenas brincando juntos de sobreviver aqui? Alguns estão, mas
mesmo que não tenham sido reprogramados, eles aprenderam o suficiente
para sobreviver aqui. E parte da sobrevivência é se orientar claramente sobre
pessoas que vão levá-lo em apuros. Você passou dos limites, não, você
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pisoteou, e mesmo que eles achem que o que você fez é bom, eles não podem
deixar que Sheridan e os outros pensem que sim.
- O que você acha? – eu perguntei.
Ela me deu um sorriso apertado.
- Eu acho que você e sua tinta são uma boa precaução no caso deles tentarem
mexer com minha mente. Mas eu também vou manter minha distância. Até
logo.
Ela correu, e eu passei o resto do dia formulando meu plano, desejando que
fosse mais sólido do que era. Quando eu estava no banheiro naquela noite, eu
coloquei uma das tiras de chiclete de Addison na boca, mastiguei até reunir um
resultado bastante pegajoso. Eu guardei na minha mão quando saí e então
coloquei minha mão na porta do quarto quando entrei, bem em cima do lugar
onde o parafuso encaixava. Eu esperava que o sistema fosse tão melindroso
como Duncan havia dito e que um tivesse sido suficiente. Eu quase havia
gastado tudo, mas pensei que o segundo poderia ser útil no futuro. Enfiei-o na
minha meia.
Mais tarde, quando as luzes se apagaram, eu ouvi um clique na porta, mas não
sabia se tinha sido bem sucedido. Arrastei-me para fora da cama e
timidamente me aproximei da fenda de luz, esperando e garantindo que
ninguém estava lá fora. Eles não estavam. Cautelosamente, eu tentei deslizar a
porta para ter uma abertura... e consegui. O parafuso não funcionou! Exalei
uma respiração profunda e me preparei para a próxima parte da tarefa: sair
invisível.
Eu tinha usado feitiços de invisibilidade, no passado, uma vez invadindo uma
instalação alquimista, o que parecia irônico na minha atual situação. Eles não
eram fáceis, caso contrário – como Ms. Terwilliger notou – todo mundo iria usá-
los. A melhor cobertura necessitaria uma grande quantidade de componentes
mágicos e um amuleto. Mesmo assim, o feitiço seria facilmente descoberto se
alguém soubesse e olhasse para você. Eu não tinha nada para me ajudar aqui,
apenas o conhecimento de um pequeno feitiço e meu próprio poder. Ele duraria
30 minutos no máximo e era suscetível a qualquer um procurando por mim ou
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que me olhasse diretamente nos olhos. No entanto, ele iria me proteger das
câmeras, e minha grande aposta era que as salas estariam desertas àquela
hora da noite, quando os nossos mestres pensavam que estávamos todos
presos e drogados.
Eu não sabia que tipo de mudanças os alquimistas haviam feito, mas eu tive
que assumir que o pessoal iria descansar só mais tarde. Então eu me sentei na
cama por meia hora, esperando então que todo mundo teria resolvido que era
uma noite tranquila. Antes de voltar para a porta, coloquei travesseiros debaixo
das cobertas. Entre isso e a quase escuridão, eu esperava que não seria muito
óbvio que a cama estivesse vazia e que ninguém estivesse olhando as telas de
vigilância. Na porta, eu murmurei o encantamento o mais silenciosamente que
pude, não querendo mostrar a Emma não querendo apresentar à Emma a
minha verdade. Significado e foco eram mais importantes do que o volume, e
eu senti outra onda emocionante, claro, era o poder através de mim, assim que
terminei de falar. O feitiço deu certo, como deveria, e agora o tempo estava
passando. Depois de mais uma vez ter certeza de que não havia ninguém no
corredor eu lentamente abri a porta, apenas o suficiente para deslizar através,
em seguida, fechá-la. Essa foi uma das outras partes difíceis do feitiço de
invisibilidade: só porque você estava invisível, não significava que suas ações
também seriam. Alguém vendo uma porta abrindo sozinha só iria me entregar,
tanto como esbarrar em uma pessoa, então eu tinha que ter certeza que todos
os meus movimentos eram pequenos e cautelosos, atraindo o mínimo de
atenção possível.
O corredor dos dormitórios estava vazio, apenas com as câmeras sentinelas, e
corri em direção ao nexo onde os corredores se cruzavam. Lá, eu encontrei o
primeiro alquimista de guarda, um homem de rosto duro. Eu nunca o tinha visto
antes, e estava digitando no telefone enquanto estava parado em um local que
pudesse supervisionar todos os corredores. Ele nem olhou para cima quando
me movi em silêncio e lentamente perto dele, indo para o corredor que levava
aos elevadores. E ainda foi incrível para mim que a única saída do andar não
levava para fora em caso de emergência, mas suponho que os alquimistas
sentiam que era melhor arriscar nossas vidas do que nos dar mais pontos de
fuga.
193
Quando cheguei aos elevadores, percebi que eles tomaram precauções lá
também – precauções que eu deixei escapar completamente da minha mente.
Você não poderia acionar o botão do elevador sem primeiro digitalizar seu
cartão de identificação. Eu tinha visto nossos alquimistas carcereiros fazendo
isso muitas vezes, mas eu tinha deixado de fora do meu plano. O elevador era
inacessível para mim, assim como a escada de acesso ao lado controlada de
forma semelhante. Caso contrário, nós, os detentos teríamos constantemente
tentado usá-los. Enquanto eu estava olhando, tentando encontrar uma solução
alternativa, um ding indicou a chegada de um elevador e que as portas
estavam prestes a se abrir. Eu apressadamente dei um passo para o lado e
fora da vista direta. Um momento depois o elevador se abriu e Sheridan saiu.
Sem hesitar, eu deslizei por trás enquanto as portas ainda estavam abertas,
rezando para que o elevador ainda funcionasse a partir da última leitura do
cartão de identificação. Se não, eu poderia ficar presa dentro dele por um longo
tempo. A sorte estava comigo, e o botão para o andar que eu desejava se
iluminou quando o apertei. Eu desci um andar e as portas se abriram para um
corredor vazio. Corri para fora e tentei não pensar em como iria usar o elevador
novamente.
Lembrava onde os armários de abastecimento estavam, mas quando cheguei
neles descobri algo que eu não havia notado antes: eles também precisavam
de um cartão-chave para abri-los. Sheridan deve ter desbloqueado eles fora
das nossas vistas, mas agora eu estava sem sorte. O tempo do meu feitiço
estava se esvaindo, e eu estava chegando a lugar nenhum. Infelizmente, eu
aceitei que provavelmente teria que voltar para meu quarto e tentar novamente
amanhã com um plano melhor. Pelo menos eu ainda tinha um segundo
chiclete.
Risos chamaram minha atenção para a sala de suprimentos médicos, e eu vi
dois alquimistas dando a volta no corredor e vindo em minha direção. Em
pânico, eu me achatei contra a parede. Não havia cantos próximos em que eu
pudesse me esconder. Se a sorte estava do meu lado, a dupla não iria passar
por mim. E se fizessem, eu teria que olhar para baixo esperando me salvar do
contato ocular e ser detectada. Pelo que eu sabia, podia não ser o suficiente.
194
Os dois pararam em frente à sala de operações e eu comecei a respirar um
suspiro de alivio até que uma ideia veio a mim e eu percebi que poderia estar
perdendo uma oportunidade de ouro. Eu corri em direção à sala em que
entraram e só consegui fazê-lo antes que a porta – uma automática – se
fechasse. Eu congelei e prendi a respiração, apavorada que alguém pudesse
me notar, mas os dois alquimistas não se viraram em nenhum momento. A
única pessoa que estava lá era um rapaz entediado com fones de ouvido, que
estava comendo um iogurte perto de uma parede cheia de monitores. A maioria
dos monitores estavam vazios, e eu percebi que eram os monitores dos nossos
quartos. Os outros monitores só mostravam salas e mais salas, a maioria das
quais estavam vazias.
Mesas e computadores enchiam a sala, e eu vagava ao redor, mais uma vez
atingindo uma sensação de deja vú para o tempo que eu tinha realizado
atividades semelhantes em uma instalação alquimista. Só que então eu tinha
mais confiança no feitiço da invisibilidade. Ainda sentindo determinada eu
procurei em volta até que eu encontrei o que eu esperava encontrar. O cara
comendo iogurte havia tirado o paletó e colocado sobre uma cadeira. Preso ao
bolso do paletó estava seu crachá de identificação. Eu não tinha ideia se
alguns funcionários tinham mais acessos que outros, mas, pelo menos, isso me
faria voltar para o elevador antes do meu feitiço acabar. Eu peguei o cartão do
bolso do paletó enquanto ele estava de costas para mim e coloquei no cós da
minha calça. Eu pensei, no começo, quando vi os fones de ouvido que ele
estava monitorando a vigilância com som, mas estando perto dele, eu percebi
que ele estava realmente escutando algum tipo de banda de metal. Eu imaginei
como isso seria para seus superiores.
Independente disso foi uma boa noticia para mim, como o fato de que as duas
pessoas que eu segui estivessem debruçadas sobre alguns computadores e
conversando em voz alta. Eu tinha certeza que eu poderia escorregar para
fora, e ninguém realmente notar a abertura da porta. Antes que eu pudesse
fazer meu caminho de volta, eu vi algo novo que me fez hesitar e depois
caminhar em direção oposta. Foi um painel touchscreen na parede rotulado
controle de sedação. Leituras atuais indicavam que o sistema estava em
configuração noturna, e todas as regiões onde os detentos ficavam estavam
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listados: quartos, salas, refeitório e salas de aula. Todos os quartos foram
rotulados de 27 por cento, com o resto das salas em 0 por cento.
Os níveis de gás, eu percebi. Quando eu estava isolada eu tinha a impressão
de que eles controlavam minha cela manualmente, o que fazia sentido, uma
vez que iriam me nocautear instantaneamente se a conversa não fosse da
vontade deles. Nesta tela, no entanto, ficou claro que os detentos regulares
foram modulados por um sistema central, automático no encanamento no nível
correto para nos manter dormindo a cada noite. Três opções na parte inferior
da tela touchscreen sugeriam que havia ocasionalmente uma necessidade de
intervenção manual: CANCELAR – PARAR TODOS OS SISTEMAS,
RESETAR, E PROTOCOLO DE EMERGÊNCIA – TODAS AS REGIÕES 42
POR CENTO.
Por um momento, era simplesmente o número que era impressionante. Se o
normal era 27 por cento de sedativo nos enviou em um sono pesado, o que
faria a concentração de 42 por cento? Eu soube logo instantaneamente. Muito
sedativo nos derrubava em um piscar de olhos. Não iriamos cair em sono
pesado. Nós desmaiaríamos onde estávamos e praticamente entraríamos em
coma, o que faria ser muito útil se houvesse qualquer tipo de fuga em massa.
Eu não sabia como exatamente Adrian e Marcus iriam me tirar daqui quando
me encontrasse, mas eu sabia que isso poderia causar algumas torções graves
no plano. A desativação do gás no meu quarto não iria ser suficiente. Eu
precisaria desativá-lo no andar inteiro, o que não era pouca coisa. Desligá-lo
aqui seria inútil já que um toque na tela iria ativá-lo novamente. Em algum lugar
devia ter um sistema mais mecânico que eu poderia interferir.
Isso não era um problema que eu poderia me concentrar esta noite. Com um
último olhar demorado para o painel, eu saí correndo pela porta sem ser
notada, como eu esperava. A partir daí, foi uma viagem apressada para a sala
de abastecimento. Como todas as outras portas que eu encontrei, eu a abri tão
pouco quanto possível, permitindo-me escorregar para dentro e reunir tudo o
que eu precisava, onde não havia vigilância. Eu logo tinha duas garrafas de
água purificada colocadas em minha cintura e uma dúzia de seringas lacradas
escondidas em minhas meias e sutiã. Não era exatamente confortável, mas eu
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precisava manter tudo sob a minha roupa para ser coberto pelo feitiço. Minha
surpresa foi ter achado condimentos armazenados na sala: ketchup, mostarda
e sal. Eu tinha planejado contrabandear para fora pequenas quantidades
durante a semana, mas um pote roubado do armário resolvia o problema.
Carregando meus itens roubados, eu fiz meu caminho de volta para o elevador.
Tendo em vista em como era relaxada a vigilância noturna na sala de controle,
eu já não estava tão preocupada com eles percebendo pequenas aberturas
nas portas na tela. Quando eu cheguei ao andar dos dormitórios dos detentos,
o guarda das mensagens de texto veio andando pelo corredor quando ouviu o
elevador e não viu ninguém saindo. Eu me pressionei contra a parede,
congelada e olhando para baixo quando ele passou por mim. Ele parou a
poucos metros de distância de mim e olhou para o elevador com uma careta
enquanto eu prendia a respiração. Mesmo se ele não fizer contato visual, meu
feitiço estava em sua etapa final.
Depois de alguns segundos de agonia, ele finalmente deu de ombros e voltou
para seu posto. Eu me movi para passar por ele, misericordiosamente
despercebida e, finalmente, consegui voltar para o meu quarto, onde quase
desmoronei de alivio. Lá, eu cuidadosamente escondi todo o meu contrabando
no bolso formado entre o meu colchão e o lençol. Eles nos faziam mudar nossa
própria roupa de cama uma vez por semana, e tínhamos feito isso há dois dias.
Isso significava que eu tinha cinco dias para usar todas as minhas fontes antes
de correr o risco de alguém perceber seringas caindo para fora do meu lençol
no dia da lavanderia.
Fraca e aliviada, finalmente me arrastei para minhas cobertas. Apesar de me
sentir cansada fisicamente, minha mente estava agitada e acordada pelo
trabalho de detetive de hoje à noite. Demorei para cair no sono, e eu sabia que
Adrian se preocuparia.
Com certeza, quando eu materializei no pátio do Getty Villa, eu o vi andando
para lá e para cá. Ele se virou abruptamente para mim quando eu disse o nome
dele.
197
- Graças a Deus, Sydney. – ele veio correndo e me segurou em seus braços. –
Você não tem ideia de como fiquei preocupado quando você não estava aqui
na hora habitual.
- Desculpe. – eu disse, segurando-o com força. – Eu tinha algumas coisas para
fazer.
Ele se afastou e me deu um olhar compreensivo.
- Que tipo de coisas?
- Oh, você sabe, do tipo que envolve o uso de arrombamento, invasão e magia.
- Sydney. – ele gemeu. – Estamos chegando mais perto de encontrar você.
Você precisa ir devagar. Você sabe quão perigoso sair perambulando nessas
suas “missões”?
- Eu sei. – eu disse, pensando no painel de controle de gás. – E você não vai
ficar feliz quando eu te disser que eu terei que fazer novamente em breve.
Capítulo 14
Adrian
Eu queria acreditar na Sydney quando ela me disse que tinha tudo sob
controle, mas era difícil, especialmente quando ela continuou a ficar vaga sobre
os detalhes do que exatamente ela estava fazendo na reeducação. Ao invés de
me preocupar, eu tentei focar os aspectos positivos,sobre como eu era capaz
de falar com ela sobre tudo ostensivamente, apesar de seu sigilo sobre a re-
educação, ela parecia estar saudável e bem.
Tia Tatiana, às vezes minha auxiliar e às vezes de advogada do diabo, não
deixou assim tão fácil.
“Quem sabe o que está fazendo com ela? ela disse na minha mente. Ela
poderia estar sofrendo agora, gritando pra você ajudá-la, e aqui está você.”
“A Sydney está bem, respondi com firmeza. Obviamente não está em
condições ideais, mas ela é forte.
198
Tia Tatiana foi implacável. “Então, isso é o que ela quer que você pense,
quando secretamente, ela deseja que você vá até ela.”
A raiva acendeu em mim - e culpa. “Estou tentando! Eu estaria lá agora se eu
pudesse. Não me faça sentir pior do que eu já me estou.”
- Adrian?
Foi Marcus, falando em voz alta. Ele olhou para mim por cima da mesa de uma
lanchonete, me puxando para fora da minha conversa imaginária.
- Onde está você? Ele perguntou. - Eu disse que o seu nome três vezes.
- Desculpe, só estou cansado. Eu menti.
Ele balançou a cabeça, acreditando em minha desculpa. - Você está pronto
para ir, então?
Nós pegamos um jantar rápido depois de falar com Carly e agora estávamos
prontos para retomar a viagem para Boise.
Era uma estrada maior do que nós poderíamos fazer naquele dia, então
acabamos passando a noite nos arredores de Las Vegas, em um motel simples
que não chegava nem perto da diversão dos clubes de Strip que eu geralmente
frequentava quando estava na área. Eu quase não se importava, no entanto.
Minha preocupação agora era passar um bom tempo e encontrar um lugar
decente para dormir onde eu poderia fazer contato com Sydney. Na manhã
seguinte, após essas metas serem cumpridas, Marcus e eu estávamos de volta
na estrada, fora do Estado das batatas.
-Estado das joias, Marcus corrigiu quando ele me ouviu chamar assim no
nosso carro.
-O que?
- Idaho é o estado das joias, e não o Estado das batatas.
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-Você tem certeza? Eu perguntei, sem tentar esconder meu ceticismo. - Eu
ouvi sobre as batatas de Idaho o tempo todo. Ninguém nunca fala, 'Uau, meu
anel de noivado tem um diamante raro de Idaho nele.
Um sorriso brincava em seus lábios enquanto ele mantinha os olhos na
estrada.
- Certeza absoluta, disse ele.
Eu não era masoquista o suficiente para discutir trivialidades aleatórias com um
ex-Alquimista, mas quando nós cruzamos a fronteira para Idaho e comecei a
ver placas que diziam FAMOSAS BATATAS, eu me senti muito confiante sobre
quem tinha razão sobre este tema.
Falando sobre joias me lembrou que eu ainda estava transportando as
abotoaduras da tia Tatiana –no bolso da minha calça jeans. Eu tinha colocado
ali originalmente para que não se perdesse no avião, mas agora eu estava
brincando com o perigo de um tipo diferente, andando por aí com uma fortuna
que poderia facilmente cair se eu fosse descuidado. Eu peguei um agora,
admirando a forma como a luz do sol ficava sobre os diamantes e rubis.
Tolice ou não, tê-los comigo me fez sentir com sorte, como se eu tivesse a
própria tia Tatiana me ajudando,quer dizer, a real tia Tatiana. Não a meu algoz
fantasma.
Marcus e eu chegamos à Boise na hora do jantar, e fomos ao endereço que
Carly tinha nos dado. Era um complexo de apartamentos modestos, e o
apartamento de Keith era no primeiro andar e tinha sua própria varanda
pequena, que nós usamos quando ninguém atendeu a porta. A escuridão e a
falta de movimento no interior, sugeriu que ele, na verdade, estava fora e não
estava apenas se escondendo de nós. Foi uma noite agradável de verão,
200
agradável tanto para os Moroi quanto para os humanos, mas eu me preocupei
quanto tempo ficaríamos lá fora.
-Como sabemos que ele não está trabalhando no turno da noite? Perguntei ao
Marcus.
Marcus apoiou os pés no parapeito da varanda.
-Porque ele é um alquimista que ficou em apuros por quebrar as regras e pisar
fora da linha.Se ele era um alquimista que ficou tão fascinado com vampiros,
que estava em perigo de colaborar com Strigoi, eles lhe dariam um turno
noturno para ficar de olho nele. Mas por insubordinação geral? Ele está,
provavelmente, num turno de oito às cinco, apenas para lembrá-lo como é a
vida humana e para salvar aqueles turnos noturnos para os riscos reais.
Marcus mostrou que estava certo, dez minutos depois, quando um Kia Sorrento
parou no estacionamento, e Keith veio caminhando em direção ao
apartamento. Quando avistou-nos, especificamente eu , ele ficou paralisado e
visivelmente pálido.
-Não. Não, disse ele. -Você não podem estar aqui. Meu Deus. E se for tarde
demais? E se alguém já viu você?
Ele olhou em volta freneticamente, como se a espera de que uma equipe
Alquimista SWAT saltasse em volta dele.
-Relaxe, Keith, eu disse, ficando de pé. - Nós só queremos conversar.
201
Ele balançou a cabeça com veemência.
-Eu não posso. Eu não posso falar com o seu tipo, a não ser que se trate de
negócios. E eu não tenho permissão para realmente fazer o negócio com o seu
tipo até que eu—
-É sobre Carly Sage, eu interrompi.
Isso fez com que ele divagasse um pouco. Ele olhou para nós por vários
momentos, a ponderação estava clara em todas as suas características.
-Tudo bem, disse ele, por fim. - Vocês podem entrar.
Nervoso, Keith se adiantou e abriu a porta, continuando a lançar olhares
ansiosos, tanto a nós e ao resto do estacionamento. Uma vez que estávamos
dentro, ele abaixou todas as cortinas e, em seguida se afastou para longe de
nós o máximo possível, os braços cruzados defensivamente sobre o peito.
-O que está acontecendo?, perguntou ele. - Quem é esse cara? Carly está
bem?
-Este é o meu amigo, uh, John. Eu disse, percebendo que eu provavelmente
não deveria citar o nome de um dos renegados mais procurados dos
alquimistas. Como era, ele tinha colocado em algum tipo de maquiagem para
cobrir sua tatuagem índigo .
202
-E Carly está totalmente bem. Nós a vimos ontem.
O comportamento de Keith suavizou um pouco.
-Você ... você viu? Ela está bem?
-Muito bem, disse Marcus. -Foi ela quem nos deu o seu endereço. Ela queria
que vir falar com você.
-E-Ela queria?
Os olhos de Keith se arregalaram de surpresa, o que foi realmente um pouco
assustador, já que um dos seus olhos era de vidro.
- A Sydney está desaparecida Eu disse a ele. - Carly quer que você nos ajude
a encontrá-la.
Keith pareceu genuinamente surpreso ao ouvir isso, então sua expressão ficou
novamente cautelosa .
-Desaparecida onde?
-Ela está na re-educação , eu disse sem rodeios.
-Não, ele gemeu. -Não. Eu sabia que não deveria ter deixado você entrar. Eu
não posso ter nada a ver com isso. Eu não posso ter nada a ver com ela, não
se ela está lá.
Ele fechou os olhos e caiu no chão.
-Oh, Deus. Eles vão descobrir que você estava aqui e me mandar de volta.
203
-Ninguém vai saber. Eu disse, esperando que isso fosse verdade. Até aquele
momento, eu nunca pensei que eu iria sentir pena de Keith.
-Nós só precisamos saber onde Sydney está. Ela está no mesmo lugar que
você estava. Onde fica esse lugar?
Ele abriu os olhos e conseguiu algum tipo de risada engasgada.
-Você acha que eles nos disseram? Elas não nos deixam nem ver o sol! Temos
sorte de obter luz de qualquer tipo.
Eu fiz uma careta.
-O que você quer dizer?
Um olhar assombrado cruzou características de Keith.
-É o que acontece quando você está em isolamento.
-Sydney não está em isolamento. Disse eu, não inteiramente prestando
atenção. -Ela está com outras pessoas.
-Esse é o seu próprio tipo de tortura, disse ele amargamente. Você aprende
muito rapidamente o que fazer e não fazer para tornar sua vida mais fácil.
204
Eu tinha uma espécie de coceira para obter mais detalhes, mas Marcus nos
colocou de volta aos trilhos.
-Ok, eu entendo que eles não iriam lhe dizer onde você estava, mas você saiu
eventualmente. Você tinha que sair daquele lugar para chegar até aqui.
-Sim. De olhos vendados, disse Keith. - Eu não podia ver nada até que eu
estava muito longe de lá. E não me peça para medir distâncias, porque eu não
tenho ideia. Eu estava em diferentes carros e aviões. Eu... perdi o controle
depois de um tempo. E, honestamente, voltar para aquele lugar era a última
coisa em minha mente, então eu realmente não estava prestando atenção.
-Mas você estava consciente, Marcus lembrou. -Você não pode ver, mas você
teve o seus outros sentidos. Você se lembra de alguma coisa?Barulhos?
Cheiros?
Keith começou a balançar a cabeça, mas então eu vi um de flash de lembrança
nos seus olhos. Ele manteve sua boca fechada, a cautela de antes
retornando.
-Eu não sei se Carly um dia vai perdoá-lo, mesmo se você nos ajudar, eu disse
calmamente. - Mas eu sei que de fato ela não vai te perdoar se você está
guardando informações que podem ajudar a irmã dela.
Keith olhou como se eu tivesse batido nele.
205
-Eu tentei de tudo, ele murmurou. - Eu implorei. Eu implorei. Eu até fiquei de
joelhos.
Eu percebi que ele estava falando de Carly agora, não da re-educação.
- Por quê? Eu perguntei, apesar de mim mesmo.
- Por que você se importa agora em ganhar o perdão dela? Onde estava a sua
consciência de todos aqueles anos atrás? ou qualquer um dos anos desde
então?
- A Re-educação fez isso. Disse ele, olhando para seus pés.
- Eu nunca me senti tão indefeso, tão desesperançoso na minha vida como eu
fiquei lá. Para estar completamente sob o poder de alguém, sem ninguém a
quem pedir ajuda, porque você os machucou ... eu percebi que era exatamente
o que eu tinha feito para Carly. Isso paira sobre mim todos os dias.
Mais uma vez, eu me senti mal por ele, embora eu não tivesse nenhuma
simpatia por ele sobre o que ele tinha feito com ela. Até eu fui rejeitado por
meninas, e quando isso aconteceu, eu espanei meu ego e segui em frente. Eu
nunca pensei em fazer o que ele fez. Ele devia saber que estava errado antes
que os Alquimistas o colocassem em algum campo de controle da mente. Era
tudo entre ele e Carly agora, e apesar dele parecer verdadeiramente
arrependido, ela estaria bem dentro de seus direitos, se ela deixasse ele sofrer
pelo o resto de sua vida.
206
Continuar falando sobre aquilo provavelmente não ia me ajudar com a minha
tarefa aqui, então eu gentilmente disse:
-Cabe a ela agora. Mas eu sei que ela vai ser gratos se você pode nos oferecer
tudo o que possa para ajudar a Sydney. Qualquer detalhe que você se lembra
de quando você saiu de reeducação.
Um longo silêncio caiu, o que parecia pesar sobre Keith quase tanto como a
nossa persuasão. Finalmente, ele respirou fundo.
- Estava quente lá fora, disse ele. Mais quente do que eu esperava. Mesmo no
meio do dia. Eu saí no final de novembro e achei que seria frio. Mas não foi.
Era quase como se eu ainda estivesse em Palm Springs.
Engoli em seco, e Marcus me deu um olhar penetrante antes que eu pudesse
chegar a alguma terrível conclusão.
-Ela não está lá. Palm Springs não está na lista. Ele se virou para Keith.
-Mas quando você diz que era assim, quer dizer que era um calor seco?Como
no deserto ? Não tropical ou úmido?
A sobrancelha de Keith estava franzida.
-Seco. Com certeza.
-Quão quente estava? pressionou Marcus. - Qual era a temperatura?
207
-Eu realmente não tinha um termômetro para olhar!. Exclamou Keith, ficando
frustrado.
Marcus ficou igualmente impaciente.
-Então dê um palpite. Trinta e oito graus?
-Não ...não isso. Mas quente para novembro, pelo menos para mim. Eu cresci
em Boston. Mais como ... eu não sei. Uns trinta , eu acho.
Minha atenção estava em Marcus agora. Eu esperava secretamente que de
repente ele dissesse: "Aha!" E tivesse todas as respostas. Ele não fez isso,
mas ele pelo menos olhou como se isso fosse informação útil.
- Lembra de mais alguma coisa?, Perguntou ele.
-É só isso, disse Keith vagarosamente - Será que vocês podem ir? Eu venho
tentando esquecer aquele lugar. Eu não quero voltar para ajudar alguém a
tentar encontrá-lo.
Eu encontrei os olhos de Marcus, e ele concordou.
-Esperemos que isto seja suficiente, disse ele.
Agradecemos Keith e caminhamos para a porta. Considerando sua insistência
em nos deixar, eu tive uma espécie de surpresa quando ele de repente disse:
208
- Espere. Só mais uma coisa.
-Sim? Eu perguntei esperando que ele tinha mais um fato útil sobre re-
educação para compartilhar.
- Se você ver a Carly novamente ... diga a ela que eu realmente sinto muito.
- Você ainda quer que ela te entregue para a polícia?, Perguntei.
Keith estava com aquele olhar distante novamente.
-Poderia ser melhor. Certamente melhor do que voltar para lá.Talvez ainda
melhor do que isso.
Ele fez um gesto em torno dele.
-Tecnicamente, eu sou livre, mas eles estão sempre observando,sempre
esperando eu estragar tudo. Isto não é como eu imaginei a minha vida.
Quando Marcus e eu entramos em seu carro, eu não poderia deixar de fazer
uma observação.
- Dois meses. Ele só esteve por dois meses. E olhe para ele.
- Isso é o que aquele lugar faz com você, disse Marcus severamente.
209
-Sim, mas Sydney está lá há mais do dobro desse tempo.
Estas palavras ficaram fortemente entre nós, por alguns momentos, e eu tive a
sensação de que Marcus estava tentando proteger os meus sentimentos.
-Ela parecia que estava derrotada?, Perguntou.
-Não
- Ela é mais forte do que Keith.
Meu coração se afundou um pouco.
-E também, provavelmente, por isso que ela ainda está lá.
Quando ele não respondeu, eu tentei encontrar um tópico mais otimista.
-Alguma coisa dessa foi útil pra você? A coisa do calor seco?
-Acho que sim. Aqui. Vamos trocar.
Ele abriu a porta do lado do motorista.
-Você dirige, assim podemos ganhar algumas horas.Eu tenho chamadas a
fazer.
210
Eu troquei de lugar com ele, mas ainda não pude deixar de perguntar:
- Você tem certeza que é uma boa idéia? talvez devêssemos ficar parados até
que descobrirmos onde ela está. Nós poderíamos estar indo na direção errada.
- Não se o que Keith disse é verdade. Ela não pode estar em Palm Springs,
mas ela está definitivamente ao sul de nós.
Ele pegou seu telefone enquanto dirigíamos em direção à I-84.
-Estudei esta lista de possíveis locais de re-educação muito, eu praticamente
memorizei. Não há muitos lugares nos Estados Unidos que tem trinta graus
em novembro.
-Há toneladas, argumentei, sentindo-se como se estivéssemos tendo a
discussão Estado das batatas de novo.
- Hawaii,Califórnia, Flórida, Texas. Estávamos em Las Vegas, e estava um
forno!
Ele balançou a cabeça.
-A maioria desses não tem calor seco. Eles têm temperaturas amenas e chuva
no inverno. E um monte lugares de alta altitude secos do deserto, com climas
semelhantes Las Vegas não são tão quentes em novembro. Do que eu posso
dizer a partir dessa lista e das informações de Keith, se eu estiver certo ela
211
esta neste fuso horário ...bem, eu acho que existem apenas dois possíveis
lugares. Uma é em Death Valley. O outro é em Tucson.
Eu quase saí da estrada com a surpresa.
-Califórnia e Arizona? Os dois estados que estávamos nas últimas vinte e
quatro horas?
-Eles são grandes Estados, disse ele ironicamente. - Mas, sim, esses são os
lugares.
Minha mente girava. Qualquer um desses dois lugares ficava a menos de um
dia de carro de Palm Springs. Não era possível que ela estivesse estado tão
próxima o tempo todo, que eu tinha sofrido como eu tinha falta dela, e só tinha
horas entre nós foi! Marcus começou a discar o telefone, mas depois pareceu
notar o minha expressão aflita.
- Ei, está tudo bem, disse ele. - Você não poderia saber.
- Isso é verdade? perguntou a tia Tatiana na minha mente. - Ela estava tão
perto! Todo esse tempo. Você poderia ter praticamente estender a mão e
encostar nela.
Eu não precisava de sua censura. Eu já estava fazendo muito isso. A sensação
de mal estar, o peso da culpa e desespero resolvido dentro de mim. Tão perto!
Sydney tinha estado tão perto, e eu tinha falhado com ela ... como eu tinha
falhado
212
em tudo. ...
- Eu deveria saber, eu sussurrei. - De alguma forma, eu deveria ter sentido isso
aqui. Eu bati no meu peito. - Deveria ter sabido que ela estava por perto.
Marcus suspirou.
- Primeiro de tudo, coloque as duas mãos no volante. Em segundo lugar, eu
vou lhe dar crédito por ser um vampiro com poderes mágicos fenomenais, mas
nem você tem esse tipo de sexto sentido.
Suas palavras não fizeram nenhuma rachadura na nuvem de desespero
agarrando-se em mim.
-Não se trata de mágica. É sobre ela e eu. Se os alquimistas ficaram mexidos o
suficiente para mantê-la tão perto como uma espécie estranha de tortura
adicional, eu deveria ter percebido isso. Você não entende.
Marcus, como Jackie Terwilliger, foi um das pessoas que nunca tinham sido
informadas sobre o que estava acontecendo entre eu e Sydney mas tinham
praticamente descoberto.
- Não houve qualquer estranha tortura adicional, ele insistiu. - É uma triste e
irônica coincidência. Os Alquimistas tem um centro de reeducação neste país,
e acontece que ele fica a apenas algumas horas de onde ela foi levada. Pelo
que Keith e os outros disseram, no entanto, poderia muito bem ser anos-luz de
distância de onde ela foi levada. Nós ainda temos muito trabalho a fazer,
mesmo que nós tenhamos diminuído as localizações. Agora, você pode se
concentrar na estrada, ou eu preciso para assumir?
213
-Faça o que tem que fazer, disse-lhe friamente.
Eu fiquei quieto enquanto ele fazia suas chamadas para seus agentes
sombrios pedindo-lhes para deixar tudo o que estavam trabalhando, a fim de
verificar se a instalação era em Tucson ou Death Valley. Ele também colocou
as antenas para fora para descobrir todo o possível sobre a instalação em si,
para nos ajudar com o nosso resgate, e ele ainda fez alguns pedidos
desconcertantes de armas tranquilizantes e "outros materiais correlatos."
Enquanto isso a depressão escura e debilitante rodava dentro de mim, assim
como a condenação da tia Tatiana.
Quando Marcus finalmente terminou sua última chamada, ele explicou-me que
a maioria de sua equipe de logística não viria até ele ter uma pista sobre o
local.
-Uma vez que tivermos um lugar concreto, podemos desenterrar velhos
registros. Mesmo os Alquimistas não podem construir um lugar invisível. Ele vai
ser disfarçado, é claro, mas deve ter escapado algum documento público se
soubermos o que procurar. Eu tenho algumas pessoas no interior também, que
vão ser capazes de ajudar, uma vez que tivermos um melhor parâmetro de
busca.
Eu confirmei com a cabeça e finalmente consegui me livrar do meu desespero
substituindo-o por outra coisa: a raiva. Não apenas raiva. Fúria. Fúria de quem
tinha feito isso para Sydney. Este tipo de reconhecimento era coisa do Marcus.
A minha, seria explodir as portas e tirar a Sydney daquele inferno. É assim
que eu iria fazer isso funcionar.
214
- Sim, sussurrou tia Tatiana. - Vamos fazê-los pagar pelo que eles fizeram.
-Quanto tempo até que eles descubram qual é o lugar?, Perguntei. - Antes
você disse que poderia demorar mais ou menos uma ou duas semanas.
- Isso foi quando estávamos adivinhando cegamente. Sabendo que é
definitivamente um deles ajuda muito. Se for Death Valley, podemos descobrir
muito rapidamente. Não há um monte por aí. Tucson poderia demorar um
pouco mais, uma vez que tem mais de uma cidade grande – e um deserto
remoto-- para esconder as coisas. Eu tenho pessoas que trabalham em ambos
os lugares. Talvez tenhamos sorte.
Paramos durante a noite ao norte de Nevada, e conseguimos um quarto em um
hotel ao lado de um dos muitos cassinos tão onipresentes nesse Estado. Não
era um lugar de luxo, mas se mostrou bastante decente, especialmente por
estar em uma cidade sem nome. Tivemos a Tv a cabo e internet, também um
mini-bar que eu queria muito atacar. continuar me mantendo sóbrio como tinha
feito após a corte tem sido brutal mas a minha vontade de permanecer no
controle de ambos: meu cérebro e meus poderes por Sydney permanecia forte.
Uma vez que estávamos deitados , eu mandei uma mensagem para Jill, e em
pouco tempo, tivemos uma chamada de vídeo com a turma em Palm Springs
no laptop do Marcus.
-Você achou Sydney?, Perguntou Eddie imediatamente.
Jill sabia todos detalhes do dia por causa do vínculo, mas ainda não tinha tido
a oportunidade de informar aos outros.
215
-Estamos à beira de conseguir sua localização, disse Marcus. - E isso não é
muito longe de vocês. Death Valley ou Tucson. Estamos esperando a
confirmação.
Nossos amigos compartilharam da minha surpresa ao perceber que Sydney
tinha estado tão perto o tempo todo.
-Deixe a gente saber assim que você descobrir, e nós estaremos lá, exclamou
Angeline.
Por um momento, tudo que eu queria era tê-los todos em minha volta. Mas
algumas realidades me atingiram— como saber que Sydney nunca me
perdoaria se sua missão original falhasse. Na tela do laptop , Jill fez uma careta
quando sentiu meus pensamentos.
- Não. eu disse. -Vocês ainda estão em semana de provas. E Jill não sair em
nenhuma aventura maluca. Sua vida ainda está em perigo.
-Só tem mais dois dias de exames, ela protestou. - E eu estou praticamente
fora de perigo. Você não ouviu quando você foi à Corte? Lissa espera uma
votação dentro de um mês para reescrever a lei sobre como um monarca
precisa de um membro da família vivo. Uma vez que isso mudar e eu não
importar mais , ela vai me levar de volta. Eu só vou ficar no programa de verão
da Amberwood até que seja resolvido.
Eu não tinha ouvido falar disso , provavelmente, porque o meu tempo na corte
tinha sido gasto em uma névoa de embriaguez.
216
-Você sempre vai ser importante, Jailbait. E você mesma disse , que a lei não
foi aprovada ainda. Você ainda é a chave para o trono, e você não vai deixar o
porto seguro que todos trabalharam tão duro para criar. E não peça para os
dhampirs irem, eu acrescentei, lembrando-se de como ela tinha usado esse
argumento em nosso último encontro. - Você precisa da proteção deles.
-Eu não sou um damphir, disse Trey. -E não estou sob nenhuma ordem. Diga-
me para onde ir, e eu estarei lá.
Eu hesitei, mas depois balancei a cabeça lentamente. Ele estava certo. Ele
não tinha as mesmas obrigações que os outros, e ele era bom em uma luta.
Angeline deu-lhe um soco no braço que parecia doloroso, mas provavelmente
só o encantou mais.
-Não é justo, disse ela. - Eu quero ajudar.
-Todos nós queremos, disse Neil.
-Você pode ficar com um dhampir, disse Jill com calma. -Eu vou ficar bem com
dois, especialmente se eu ficar no campus durante todo o tempo. Pegue o
Eddie.
Ele se virou para ela com surpresa. - Você não ... quer minha proteção?
O sorriso que ela lhe deu era muito majestoso, quase um espelho de algo que
eu já tinha visto Lissa fazer.
217
-É claro que quero . Não há ninguém que eu confie mais do que em você. Mas
você precisa fazer isso. E você sabe que ele é um dos melhores, Adrian.
Eu duvido que qualquer um deles, nem mesmo Eddie, percebeu a magnitude
do que Jill estava oferecendo. Eu não podia ler a mente dela, mas eu a
conhecia bem o suficiente para entender que ela queria muito ser parte de
qualquer missão que salvasse Sydney. Eu também sabia que ela percebeu que
ninguém ia deixar isso acontecer. Ao invés de insistir, ela estava gastando sua
energia para me fazer aceitar Eddie ... não só porque ele era habilidoso mas
porque suas palavras eram absolutamente verdadeiras: Ele precisava fazer
isso. Eu o tinha observado desde que Sydney foi capturada e vi o quanto ele se
puniu de uma forma diferente da que eu sofri. Meus sentimentos sobre a perda
de Sydney eram todas sobre solidão e se sentir impotente para encontrá-la.
Os dele eram sobre a culpa, ele ainda se sentia
responsável por ela ser levada em primeiro lugar. Ela o enganou, sacrificando-
se para salvá-lo, e ele não conseguia superar isso. Jill, sempre mais sensata
do que ninguém lhe dava crédito, entendeu que salvar Sydney poderia muito
bem ser a única coisa que iria deixar Eddie se sentir redimido. Jill entendia
porque ela era atenta e sábia.
E também porque o amava.
Porém Eddie não percebeu isso, e principalmente se sentiu em conflito.
-Eu estaria quebrando as minhas ordens ... minha promessa de te proteger.
- Estou te liberando delas, disse ela. - E eu tenho esse direito, tanto porque
essas promessas são para mim e porque eu sou parte da família governante.
Como princesa, eu estou pedindo para você ir e salvar Sydney. E, em seguida,
volte para mim.
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Eu nunca tinha ouvido Jill invocar seu status real, e muito menos o seu título
como princesa. Esse foi todo ponto do quórum de família. Se alguma coisa
acontecesse com o monarca governante e se uma emergência acontecesse
que o Conselho Moroi não pudesse lidar, um dos membros da família do ex-
monarca poderia ser governador interino até que um novo monarca fosse
eleito. Essa lei não tinha sido invocada quando a tia Tatiana tinha morrido. O
Conselho tinha conseguido coisas, mas para manter o governo funcionando
sem problemas, mas nas leis antigas ainda era necessário um membro da
família vivo, só por precaução .
Eddie olhou para ela com adoração enquanto ela falava, não totalmente
agarrado a ideia que ela estava falando com ele como alguém que o amava e
não realmente como uma princesa comandante. Mas funcionou.
- Eu vou, disse ele pra ela. -Vou trazê-la de volta. E então eu vou voltar para te
proteger, eu juro.
Marcus, não entendendo totalmente o drama dentro do drama, assentiu.
-Eu estou bem com isso. Eu nunca negaria um dhampir ou dois lutando do
meu lado.
O "ou dois" fez Angeline e Neil olhar esperançosos, e eu rapidamente acabei
com seus sonhos.
219
-Vocês ficam com Jill. Não deixe sua guarda baixar, e não tenha ideias
malucas sobre trazê-la para que todos vocês possam ajudar. O fato de que
esta lei pode estar acabando também pode significar que seus inimigos estão
redobrando
seus esforços para chegar até ela enquanto ela ainda é importante.
Isso acalmou todos eles, e Neil e Angeline balançaram a cabeça em uma
aceitação sombria. O telefone de Marcus tocou, e ele se afastou para atender.
Enquanto ele conversava com um de seus contatos, Trey disse:
- Oh, hey. Eu tenho que falar pra você: Uma garota parou ontem procurando
por você e Sydney
-Nós dois? Eu perguntei, surpresa. Não havia muitas pessoas que nos tratados
como um nós.
-Ela parecia interessada principalmente em Sydney, mas teria aceitado você
também. Ela era humana acrescentou, adivinhando a minha próxima pergunta.
-Loira. De óculos. Ninguém que eu já tinha visto.
Não conseguia pensar em ninguém. A única humana que podia ter interesse
em Sydney e eu era Rowena, e ela tinha o cabelo azul (última vez que eu
soube), sem mencionar o meu número de telefone, se ela realmente precisava
entrar em contato. -Ela não disse mais nada?, Perguntei. - Por que ela
procurava por nós? Quem era ela?
220
-Não. Ela apenas disse que era uma velha amiga que queria falar com vocês.
Quando eu lhe disse que não sabia onde você estava, ela parecia tão
decepcionada que eu me ofereci para passar uma mensagem, se eu soubesse
de vocês. Ela disse que não, usou o banheiro e saiu sem dizer quase
nenhuma palavra.
-Nenhuma tatuagem de lírio? Eu perguntei incisivamente.
Trey zombou. - Você acha que eu não olhei? Eu teria notado, com certeza. Se
ela tinha uma, estava encoberta.
Eu não tinha respostas sobre o visitante misterioso, e o retorno de Marcus logo
puxou minha mente em outro lugar. Excitação praticamente irradiava pra fora
dele.
-Lembra quando eu disse que podíamos ter sorte?, Perguntou. -Nós tivemos.
Death Valley. Eu tenho a confirmação. Quer dizer, a localização real dentro
dessa área ainda tem que ser verificada, mas parece que nós já sabemos para
onde estamos indo amanhã.
- Trey e eu vamos encontrá-lo lá, disse Eddie rapidamente.
- Você pode terminar seus exames, Marcus disse. -Vai demorar alguns dias
para planejar e obter toda a nossa inteligência. Como eu disse, nós temos que
encontrar o lugar, e ainda descobrir como entrar nele.
221
“Death Valleye” . Menos de cinco horas de Palm Springs. Eu sabia que Marcus
estava certo, e que realmente não havia nenhuma maneira que eu poderia
saber que Sydney estava lá, mas ainda era uma coisa difícil de aceitar. “Tão
perto”, eu pensei. Tão perto esse tempo todo. Igualmente enlouquecedor foi
que, embora este tenha sido um enorme salto na informações para nós, ainda
não tínhamos poder para agir ainda. O melhor que podíamos fazer era terminar
de coordenar com Eddie e Trey antes do toque de recolher de Amberwood
dividir os rapazes e meninas para a noite. quando eu finalmente desconectei,
Marcus fez mais um par de chamadas e, em seguida, abafou um bocejo.
-Eu tenho que descansar um pouco, disse ele, dirigindo-se para uma das
camas de casal no quarto.
- Assista a TV se quiser. Eu posso dormir em qualquer tipo de situação. Eu
aprendi a tirar proveito de dormir em duras condições quando elas
aparecerem.
Eu não duvidava disso depois dos seus anos em fuga, mas eu ainda deixei
volume desligado e só vi as fotos enquanto eu estava esparramado na minha
própria cama e tentei fazer contato com Sydney. Esperei até a hora que ela
normalmente ía dormir, mas não consegui alcançá-la, provavelmente porque
ela estava fazendo qualquer outra tarefa secreta que ela queria fazer hoje à
noite. A TV sem som acabou por ser muito chata, e eu quase adormecei duas
vezes antes de encontrar um canal que tinha legendas. Eu assisti esse canal
uma boa parte da noite, lutando contra o sono enquanto eu continuei fazendo
verificações periódicas de Sydney. A última coisa que eu lembrava era um talk
show por volta das quatro da manhã ...
... E então eu estava acordando com a luz do sol entrando no quarto, enquanto
Marcus saía do banheiro.
222
- Bom dia, disse ele. - Pronto para cair na estrada?
-Eu... Olhei em volta estupidamente, tentando juntar o que tinha acontecido.
-Adormeci.
Ele levantou uma sobrancelha.
-Antes de falar com a Sydney?
- Sim, mas eu quero dizer, não foi por falta de tentativa. ... Eu tentei uma dúzia
de vezes me conectar com ela.Não funcionou.
-Talvez ela tenha ido para a cama tarde, disse ele.
-Depois de quatro? Mesmo com a tarefa secreta da noite anterior, eu
finalmente consegui me conectar com ela antes das uma. - Eu estou
preocupado que ela nunca vai dormir.
-Isso é um problema?
- Na verdade, não, eu disse. - Pelo menos, se foi por escolha, porque ela
estava fazendo suas tarefas. O que seria um problema é se ela estava
dormindo ... e tivesse bloqueada de mim novamente.
Capítulo 15
Sydney
O tempo não me permitia encantar todas as seringas de uma vez, sendo que
só podia fazer em meus escassos momentos de privacidade. Consegui cinco
no início e os reparti com Emma e os poucos escolhidos que Emma pensava
que podíamos confiar.
223
Me senti animada depois de que Adrian me disse que havia conseguido a
direção de Keith graças a Carly, e não podia esperar para falar com ele a noite
sobre os novos progressos. Saber que ele e Marcus estavam avançando em
seus objetivos me transmitiu uma urgência de lidar com a situação “protocolo
de emergência” tão logo quanto fosse possível. Igualmente urgente era saber
que haveria maiores avanços se meu crachá de identificação roubado ainda
estivesse funcionando. Pelo que sabia, uma vez que alguém informava que
havia perdido, os Alquimistas o desativariam, e sabotar todo o sistema seria
difícil se eu nem sequer podia usar o elevador. Tinha que agir com rapidez.
Emma se mostrou impressionada ao escutar que havia estado na sala de
operações, mas tinha pouca ajuda para oferecer com o problema maior.
— Os controles do gás não estavam lá?
— Os controles estavam – eu disse – Incluindo o poder para deixar a todos
inconscientes de uma vez, em qualquer momento ou em qualquer lugar. Mas
necessito acesso aos lugares mais básicos: como desde onde vem o gás em
primeiro lugar. O lugar onde entra pelos tubos do sistema de ventilação.
Ela negou com a cabeça, desanimada por não poder ajudar.
— Não tenho ideia. Não conheço ninguém que tenha.
Eu sim, e levantei o tema com Duncan mais tarde na aula de arte. Enquanto
Emma ficava perplexa com minhas perguntas, Duncan estava surpreendido.
— Não, Sydney, pare. Isto é uma loucura. É muito ruim que tenha desabilitado
no seu quarto! Em todo o andar? É loucura!
Enquanto estávamos trabalhando em tigelas de argila, nossa tarefa agora era
fazer um conjunto idêntico deles, o que concordava completamente com a
ideologia Alquimista.
— O que é uma loucura é que só com um botão eles podem nos nocautear em
questão de segundos.
224
— E? — ele perguntou — Só o fariam se houvesse uma revolta ou algo.
Ninguém é tão estúpido. — Quando não disse nada, seus olhos se ampliaram
— Sydney!
— O quê? Está dizendo, que quer ficar aqui para sempre? — Exigi.
Ele negou com a cabeça.
— Só siga o jogo e poderá sair. É muito mais fácil e muito menos problemático
que organizar alguma travessura desastrosa.
— Sair como você fez? — Minha réplica o fez suspirar, mas só me senti um
pouco mal.
— Eu sairia se pudesse. — murmurou
Não acredito — eu disse — Você tem estado aqui por muito tempo,
deveria conhecer o jogo melhor que ninguém. Deveria ser capaz de dizer e
fazer exatamente o que se necessita para conseguir seu bilhete de saída, mas
em vez disso, faz exatamente o que necessita para continuar aqui! Tem medo
de fazer algo.
Um brilho de ira que eu jamais tinha visto brilhou em seus olhos.
— Algo sobre o que? Que exatamente espera que eu faça, Sydney? O que tem
aí fora para mim? Não existe nenhuma segurança. Sempre seguem os
Alquimistas reeducados. Para não ser enviado de volta para cá, teria que
empurrar para o lado toda a minha moralidade sobre os Morois e vigiar
constantemente minhas costas para ocultar meus verdadeiros sentimentos.
Não existe vitória para nós. Estamos fodidos. Nascemos em um sistema com o
qual não estamos de acordo, e no qual estamos presos. Aqui, lá fora, não
importa. Não tem nada para a gente.
— O que diz de Chantal? — perguntei em voz baixa — Não está lá fora?
Sua mãos que estavam trabalhando tão habilmente com a argila vacilaram e
caíram ao seu lado.
225
— Não sei onde ela está. Talvez ela esteja na reeducação em algum outro
país. Talvez preferiu suicidar-se a viver numa mentira. Talvez teve um castigo
pior. Você acha que os confinamentos solitários e os chatos projetos de arte
são as únicas armas que tem? Há coisas piores que podem nos fazer. Coisas
piores que a purificação e o desdém público. Ser corajoso soa muito bem na
teoria, mas vem com um preço.
— Chantal era corajosa, não? E por isso tem medo. — A dor em seu rosto era
tão intensa que quis abraçá-lo... mas ao mesmo tempo queria sacudi-lo pela
sua covardia. — Está com tanto medo de agir. De acabar como ela!
Suspirando, voltou a trabalhar em sua tigela.
— Você não entende.
— Então me ajude a entendê-lo.
Ele ficou em silencio.
— Bem – soltei – Eu vou decifrar o sistema de controle de gás sozinha e não te
incomodarei mais. Suponho que deveria seguir adiante e jogar isso fora.
Me abaixei como se tivesse caído algo e rapidamente trasferi uma seringa com
tampa do meu sapato ao seu, cobrindo cuidadosamente com a perna da calça
antes que alguém me visse.
— Que é isso? — ele disse entredentes.
A última das minhas seringas com a solução que repele a tinta. Havia
guardado esta para você, mas estará mais feliz sem usá-la. De resto, talvez
deveria simplesmente ir e pedir um retoque extra forte, assim não teria que
pensar por você mesmo nunca mais.
O sino do alarme soou ao final da aula, e me virei para ir, deixando-o
boquiaberto. Essa noite, enquanto me preparava no banheiro para ir para a
cama, fui capaz de encantar umas poucas seringas a mais que levei
escondidas de volta para o quarto. Também fiz o truque do chiclete de novo,
colocando no lugar na porta para desativar o bloqueio depois que todas as
luzes se apagassem. Podia não saber exatamente onde estavam os controles
226
principais do gás, mas baseada nas explorações que eu havia feito, podia fazer
algumas conjecturas. Emma se deu conta quando peguei o chiclete ao lado da
porta e disse com um sussurro:
— Você está certa sobre isso?
Dei a ela um aceno brusco e me acomodei em minha cama com um livro para
nosso tempo de leitura prescrita. Mais tarde, quando as luzes se apagaram,
esperei outra vez o tempo suficiente para que os Alquimistas de guarda
fizessem suas alterações antes de me colocar em ação. Arrumei minha cama e
meu travesseiro, murmurei um feitiço de invisibilidade, e coloquei a
identificação roubada na minha camisa antes de passar silenciosamente
através da porta aberta. No corredor me encontrei na mesma situação de
antes: pouca atividade e o mesmo guarda encostado no anexo do corredor.
Caminhei com lentidão até o elevador e as escadas, passando minha
identificação na segunda porta. Seu painel de segurança se tornou verde, e dei
um suspiro de alívio por ter acesso. Ainda que a porta da escada não tenha
sido totalmente silenciosa, fui capaz de abri-la com cuidado e deslizei através
dela mais silenciosamente que quando usei o elevador com seu barulho
delator. Só tinha que ser cuidadosa e abrir a quantidade mínima necessária
para passar. Uma vez na escada, me dei conta que algo que eu havia
observado no elevador. Não havia forma de subir. O único lugar para ir era a
para baixo.
“Como saímos daqui?” Me perguntei pela enésima vez. Era uma pergunta que
havia estado dando voltas desde que cheguei aqui.
Tínhamos que ter entrado de alguma maneira, e obviamente, os Alquimistas
que trabalhavam aqui conseguiam entrar em sair. Duncan havia me explicado
que tinham suas próprias habitações em outro lugar e viviam ali durante seus
turnos de meses de duração até que era feita a mudança de pessoal. Como
acontecia? Era um enigma para mais adiante, sem dúvida, e por agora eu me
foquei em ir para a sala de operações e depuração.
Revisei todas as portas que pude e não encontrei nada que coincidisse com o
tipo de sala de máquinas que eu esperava. Consciente do tempo, eu voltei para
227
a escadaria e reforcei o feitiço de invisibilidade, conseguindo uma meia hora
extra. Não seria capaz de fazer isso toda a noite, não com a energia que
requeria, mas pelo menos me permitiria comprovar o seguinte piso abaixo.
Eu não tinha estado nesse piso em quase três semanas, e por um momento,
eu fiquei congelada quando saí no corredor. Este era o lugar onde estava
minha cela, onde haviam me mantido na escuridão durante três meses. Eu não
havia pensado muito nisso desde que me uni aos outros, mas agora, enquanto
permanecia em pé e olhando as portas idênticas, tudo voltou a mim. Estremeci
pela memória de tão fria quanto eu tinha estado, de tão contraídos meus
músculos estavam por ter dormido nesse chão duro. A memória daquela
escuridão era congelante, e me surpreendi como aquela pequena fresta de luz
que havia em meu quarto atual fazia diferença. Eu precisei de um aumento da
minha força de vontade para me desfazer das velhas recordações e caminhar
para o corredor, recordando meu objetivo.
Não me havia dado conta disto quando me soltaram, mas cada porta estava
marcada com a letra R e um número. Era o R de reflexão? Havia vinte delas no
total, mas não tinha nenhuma indicação se estavam ocupadas. Não me atrevi a
passar meu crachá de identificação e tentar abrir uma. Algum instinto visceral
me disse que para entrar só alguém com uma autorização de alto nível poderia
abri-las, e se estivessem monitoradas, qualquer raio de luz seria mostrado no
instante numa câmera de vigilância. Então, eu simplesmente passei diante de
todas elas, apesar de me sentir doente por dentro porque outros poderiam
estar só alguns poucos metros sofrendo como eu sofri.
Uma vez que evitei essas habitações, eu comecei a ficar diante de portas
duplas etiquetadas como CONTROLE DE REFLEXÃO. Muitas portas de salas
administrativas e de operações tinham janelas de vidro, mas esta não oferecia
nenhuma indicação do que poderia estar por trás dela. Estava duvidando se
deveria passar meu crachá e entrar quando as portas se abriram de repente, e
dois Alquimistas saíram de dentro. Rapidamente me afastei da linha de visão, e
por sorte foram para a direção oposta num ritmo acelerado. As pesadas portas
se fecharam muito rapidamente para que eu conseguisse entrar, mas consegui
uma boa visão do interior antes de fechar com um clang.
228
Vários Alquimistas estavam sentados em pequenas cabines de costas para
mim, olhando monitores escuros e com fones. Grandes microfones estavam
incorporados em seus escritórios junto a um painel de controle que não pude
ler. Esse era o lugar onde se controlava os detentos nas solitárias, eu me dei
conta. Cada detento deveria ter sempre um vigilante, com esse microfone
mascarando as vozes e o painel permitia ter controle do gás e das luzes. Eu
suspeitava que trocavam de pessoal, e aqui estava prova. Eu não tive tempo
de conseguir uma visão completa, especialmente com a parte bloqueada da
minha linha de visão, mas havia visto pelo menos cinco observadores.
O que também vi, com absoluta certeza, era um sinal de saída. Estava do lado
oposto da sala, mais além dos observadores e dos monitores, mas não havia
duvida quanto aquelas brilhantes e vermelhas letras. Meu coração acelerou.
Havia um jeito, esta era a forma de entrar e sair! Durante uns segundos, me
perguntei quão fácil seria me deslizar para dentro e sair rapidamente deste
lugar. Não tão fácil, admiti. Por um lado, esta não era uma sala fácil para me
infiltrar. Essas portas não permitiam correr a toda velocidade para entrar e sair
e faziam barulho suficiente quando se abriam, de forma que alguém
provavelmente notaria se abrissem sozinhas. Inclusive sem os Alquimistas
monitorando diretamente, alguns guardas estavam sentados muito perto para
meu conforto.
Também era pouco provável que ninguém poderia simplesmente “caminhar
para fora” pela saída. Eu não me surpreenderia se houvesse guardas de
verdade, mais leitores magnéticos e provavelmente códigos numéricos para
sair e entrar. Para piorar, os Alquimistas haviam estabelecido um risco de
incêndio considerável ao ter poucas saídas. Se a segurança dos detentos lhes
pareciam tão importantes que estavam dispostos a correr esse risco,
certamente não iam deixar a saída exposta.
Ainda assim, era difícil me afastar da porta, sabendo o que estava por trás
dela. Logo, eu disse para mim mesma. Logo. Uma exploração adicional do
corredor não mostrou nada mais que tivesse relevância, e eu me dirigi logo
para a escadaria. Enquanto saia, a porta se abriu e Sheridan saiu.
Imediatamente me encostei contra a parede, desviando meus olhos para baixo.
229
Em minha periferia a vi hesitar, como se estivesse buscando algo, e logo
começou a caminhar de novo. Quando passou por mim, levantei a cabeça e vi
como continuou pelo corredor, quase num ritmo relaxado. Por fim, chegou ao
final, parou ali um momento, e logo voltou para a sala de controle,
desaparecendo. Me apressei para a escadaria antes que ela voltasse, tomando
a última opção possível: para baixo, até o último nível.
Os elevadores não iam além deste nível e as escadarias também terminavam
aqui. Este era o único nível que eu nunca estive, e não podia imaginar o que
passava aqui em baixo. O que mais restava para fazerem? As portas que
encontrei não ofereciam nenhuma resposta. Pareciam idênticas as do tempo
de reflexão, e quase me perguntei se simplesmente encontraria outro conjunto
de celas de confinamento solitário. Sem dúvida, estas estavam etiquetadas
com a letra P e números, e não encontrei nenhuma sala de controle
correspondente para saber o que essa letra representava. O que encontrei
foram três portas etiquetadas: MECANICA 1, MECANICA 2 e MECANICA 3.
Atrás delas eu pude ouvir um zumbido de geradores e outros equipamentos.
Não tinha leitores magnéticos e sim uma chave mecânica comum.
Procurando em meu cérebro, eu lembrei de um feitiço de chave que havia
copiado uma vez para a Sra Terwilliger, que abria uma fechadura simples.
Murmurei as palavras em latim, invocando a magia dentro de mim, esperando
que não houvesse nada incomum nessa fechadura. O poder surgiu através de
mim, e um momento depois, ouvi um clique. Uma tontura veio brevemente e a
ignorei quando comecei minha exploração, desbloqueando as outras portas
quando necessário.
A primeira porta revelou uma sala com uma caldeira e outras máquinas de
climatização, mas nada que eu esperava como os controles de gás. A segunda
sala foi onde eu encontrei o ouro. Junto com um gerador e alguns sistemas de
encanamento, descobri um enorme tanque etiquetado com uma fórmula
química que para mim era muito parecida a um sedativo. Quatro tubos se
alimentavam dele, cada um marcado com um número de um andar. Cada um
230
também tinha uma válvula manual que se poderia ajustar. Todas elas estavam
nesse momento em posição de “ligado”.
Não vi nenhum sinal de que houvesse algum tipo de sensor para alertar
alterações nesse nível. Correndo o risco, virei à válvula do andar dos detentos
para “desligado”. Nenhum alarme ou luz se apagou. Encorajada, quase
considerei desligar as outras, mas logo me dei conta de que estaria expondo o
que havia feito. Talvez não houvesse sensores aqui, mas os Alquimistas se
dariam conta de imediato se o gás não funcionasse no nível das celas de
confinamento solitário. Ali controlavam o gás manualmente e eram capazes de
observar os resultados imediatos. Desligar o gás no nível dos detentos poderia
afetar o sono nesse momento, e não seria imediatamente óbvio para os
Alquimistas. Poderia não ser perceptível para os detentos. Não nos deixavam
ter oito horas de sono de todo modo; era pouco provável que alguém tivesse
muitos problemas para dormir a noite toda.
Foi uma decisão difícil de tomar, abandonar os detentos no tempo de reflexão,
mas não havia nada que pudesse fazer por eles neste momento. O status quo
tinha que continuar para eles, e eu precisava do gás desligado no meu piso por
tanto tempo quanto pudesse conseguir. A julgar pelo tamanho do tanque,
provavelmente passava um tempo sem recargas, mas eventualmente alguém
viria realizar uma revisão de manutenção e descobriria a válvula. Essa era a
linha de tempo que eu deveria me preocupar.
Na mesma sala, descobri outro tanque com uma fórmula química que, não
estava exatamente segura, mas apostava que era a substância diferente, uma
que ocasionalmente sentia em minha cela e me deixava nervosa e paranoica.
Não era usada com a mesma frequência que o sedativo, mas também fechei
essa válvula no meu andar, apenas no caso. Não precisávamos de nenhum
incentivo extra pra suspeitar uns dos outros.
Com aquele trabalho concluído, corri para fora e ignorei minha curiosidade
sobre o terceiro quarto mecânico e as portas marcadas com P. Eu realizei essa
231
noite meu objetivo e precisava voltar para meu quarto antes que meu feitiço
passasse. Isso, e eu sabia que Adrian se preocuparia se eu aparecesse tarde
demais. Tomei as escadas de volta até o detento nível de vida e espreito pela
janela da porta antes de abri-la. Não havia ninguém a vista. Abri uma fenda, de
forma a não atrair a atenção das câmeras e denunciar minha saída e...
... corri diretamente em Sheridan.
Ela estava propositalmente escondida na reentrância na parede feita pelas
portas do elevador, fora do alcance visual quando eu olhei através da janela.
Eu estive procurando por pessoas que se deslocavam propositalmente em
seus turnos — não alguém procurando por mim. E ela esta claramente
procurando por mim — ou alguém como eu. Fizemos contato visual, e não
havia dúvida no reconhecimento em seu rosto. O feitiço acabou.
— Sydney. — Ela exclamou.
Aquela foi a última coisa ouvi antes de eu ver algo que parecia com uma
agulha em sua mão. Então, eu senti uma pontada de dor e tudo ficou escuro.
Quando eu acordei, tudo estava escuro. Pelo tempo de uma batida de coração,
eu achei que estava de volta a minha cela solitária. Mas não, esta era diferente.
Não havia piso de pedra bruta aqui e eu ainda estava sem limpeza. Em vez
disso, eu estava deitada em uma mesa de metal frio, com meus braços, pernas
e cabeça retidos.
— Bem, Sydney. — Uma voz familiar disse. — Sinto muito te ver aqui.
— Eu sei que é você, Sheridan. — Eu disse, com os dentes cerrados. Dei um
puxão em minhas amarras para ver se havia algum resultado. Não tive sorte.
— Você não tem que se esconder no escuro.
Uma pequena caixinha de luz na cela se ligou, iluminando apenas o
suficienpara para que eu pudesse ver seu lindo, mas cruel rosto.
— A escuridão não é para isso. Você está na escuridão porque sua alma está
envolvida pelas trevas. Você não merece a luz.
— Então porque estou aqui, e não de volta em minha cela?
232
— A cela era para você refletir sobre seus pecados e ver os caminhos errados
que você tomou. — Ela disse. — Você fez um bom show, mas claramente não
aprendeu nada. Sua chance de reflexão e arrependimento passou. Isso, e nós
precisamos de algumas respostas sobre as suas atividades recentes. — Ela
levantou minha identidade roubada. — Quando e como você conseguiu isso?
— Eu encontrei no chão. — eu disse prontamente. — Vocês deveriam ser mais
cuidadosos.
Sheridan deu um suspiro dramático. — Não minta para mim, Sydney. Eu não
gosto disso. Agora, vamos tentar novamente. De onde tirou esse cartão?
— Eu já lhe disse.
A dor de repente se espalhou por cada parte de meu corpo. Era uma estranha
misturas de coisas, rastejando por toda minha pele e transformando minhas
terminações nervosas em chamas. Se você pudesse de alguma forma
combinar o desconforto de choques elétricos, picadas de abelha e cortes de
papel, se sentiria mais ou menos com o que eu estava experimentando. Durou
apenas alguns segundos, mas me vi gritando de dor.
A luz em Sheridan estava desligada, nos mergulhado na escuridão, mas
quando ela falou novamente, ficou claro que ela não havia se movido.
— Essa foi a configuração mais baixa e somente uma amostra nisso. Por
favor, não me faça fazer isso de novo. Eu quero saber como conseguiu a
carteira de identidade e o que você estava procurando.
Desta vez, não menti para ela. Eu simplesmente permaneci em silêncio. A dor
voltou com a mesma intensidade, mas durando por muito mais tempo desta
vez. Eu não podia formar qualquer pensamento coerente com o que estava
acontecendo. Cada detalhe do meu ser estava também estava fixado na
terrível agonia excruciante. Uma das coisas que eu amava em ser íntima de
Adrian — além do óbvio, como ele ser extremamente sexy e saber o que fazia
— era que provava um raro momento onde meu cérebro sempre pensante
conseguia um tempo de descanso, me permitindo sentir a experiência física em
minhas mãos. Isso era o que estava acontecendo agora, exceto que a
233
experiência física que eu estava tendo agora era muito mais distante do que eu
tive com Adrian. Meu cérebro não conseguia pensar em nada. Tudo nele era
definido no meu corpo e na dor que ele sentia.
Eu tinha lágrimas nos olhos quando a dor parou, e mal ouvi Sheridan
despejando suas perguntas novamente. Ela também acrescentou mais
algumas como "como você evitou a detecção?" ou "como é que você sai do
seu quarto?". Eu mal tive tempo de responder, mesmo se eu quisesse, antes
que a dor voltasse. Quando terminou uma eternidade depois, ela voltou para
mim com mais perguntas. Em seguida, o ciclo se repetiu.
Durante uma das pausas breves, consegui formular pensamentos coerentes o
suficiente para entender seu processo. Ela estava jogando perguntas diferentes
para mim, na esperança que eu estaria tão mergulhada e desejosa de uma
ruptura para a dor que eu deixaria escapar e responderia alguma coisa —
qualquer coisa. Isso provavelmente não importa para eles, em primeiro lugar.
Me fazer começar a falar era seu principal objetivo e eu tenho a impressão de
que os prisioneiros em minha situação não deixavam de falar até suas
barreiras se romperem. Deve haver um forte desejo de contar tudo para fazer
com que a dor fosse embora. Eu estava sentindo certamente esse desejo
agora, e eu tive que morder meu lábio para não dizer a ela o que ela queria. Eu
tentei concentrar minha mente nos rostos daqueles que eu amo, Adrian e meus
amigos. Isso funcionou um pouco durante as pausas, mas uma vez que a
tortura começou novamente, nenhum pensamento ou imagem poderia ficar em
minha mente.
— Vou ficar doente. — Eu disse em um momento.
Eu não sabia quanto tempo tinha sido. Segundos, horas, dias. Sheridan não
parecia acreditar em mim até que eu realmente comecei a tossir e vomitar.
Esta era uma forma diferente de ficar doente do que a purificação, que foi
induzida por medicamentos. Esta foi a resposta do meu corpo para mais do
que no poderia lidar fisicamente. Alguém veio a mim do lado oposto da sala
dela e desfez o suficiente das minhas amarras para me inclinar um pouco,
onde eu engasguei com estava no meu estômago. Eu não sabia se eles eram
rápidos o suficiente para ter um recipiente para pegar e realmente não
234
importava. Esse foi o problema. Como o pior do vômito, eu mal conseguia
distinguir Sheridan falando baixinho com alguém do outro lado da sala.
— Vá buscar um "assistente" para nos ajudar — Disse ela.
Uma voz masculina soou cética. — Não há amor entre qualquer um deles.
— Eu vi o tipo dela. Ela não vai desistir de si mesma, ela pode, por outra
pessoa.
O som de uma porta indicou que seu colega saiu, e como eu estava re-contido
e trapos limpo, suas palavras desencadearam uma realização terrível. Alguém
me traiu! Sheridan olhava especificamente para mim, era como o feitiço foi
desvendado. Eu tinha sido tola em pensar que a tinta feita de sal criaria algum
tipo de laço entre eu e os outros. A única vantagem disso foi que eu tinha
desativado o gás, como planejado, mas agora que custo isso iria ter?
Isso foi o mais longe que eu poderia especular porque a tortura começou de
novo — e incrivelmente pior. Eu não fiquei doente, talvez porque meu corpo
não conseguiu reunir esforços, mas eu não conseguia impedir que meus gritos
enchessem a sala. Eu me odiava por estar mostrando a eles essa fraqueza,
por admitir que eles estavam recebendo isso de mim... mas era tudo que eu
podia fazer para não dizer-lhes todos os segredos durante as pausas. Eu não
vou falar, eu jurei. Se eu for até o final com isso, eu vou fazer com que eles
saibam que não são tão poderosos quanto eles pensam.
— Por que você nos fazer continuar fazendo isso, Sydney? — Sheridan
perguntou naquele seu tom de zombaria. — Eu não gosto disso mais do que
você.
— Eu sinceramente duvido disso. — Eu disse ofegante.
— E eu que pensei que você estava fazendo um progresso. Eu estava quase
pronta para recompensá-la por seu bom comportamento. Talvez uma visita de
sua família. Talvez isso.
O pequeno holofote apareceu nela novamente, e algo em sua mão brilhava.
Era a minha cruz, a pequena de madeira um Adrian tinha feito para mim,
235
pintado com brilhos. Eles tentaram me subornar com isso quando cheguei,
como se um objeto material era tudo o que seria necessário para me quebrar.
Vê-lo agora me faz sentir uma dor no peito — apesar de que poderia ter sido,
possivelmente, um efeito colateral da tortura — e meus olhos estavam
borrados de lágrimas de tristeza agora, não de dor.
— Você poderia tê-lo agora — ela disse simpática — Você poderia tê-lo, e nós
poderíamos parar a dor. Tudo que você precisa fazer é nos dizer o que
queremos saber. É realmente uma bela peça. — Ela ergueu-a com admiração
e então, para meu horror completo e absoluto, ela a colocou em torno de seu
próprio pescoço. — Se você não quiser, eu poderia muito bem ficar com ele.
Eu quase disse a ela que foi feita por um vampiro, mas me preocupei que isso
poderia fazer com que ela o destruísse. Então eu fiquei em silêncio, deixando
que minha raiva permanecesse dentro de mim, pelo menos até a tortura
começar novamente, e só agonia fervia dentro de mim.
Eu havia perdido a noção do tempo novamente até que seu colega retornou.
Isso trouxe um alívio da dor, e alguns novos focos de luz apareceram, incluindo
um brilhando desconfortavelmente na minha cara. A luz também revelou que o
homem não tinha voltado sozinho.
— Olha, Sydney — disse Sheridan. — Trouxemos um amigo.
O homem arrastou alguém até minha mesa. Emma. Eu quase a acusei de
traição ali. Afinal de contas, ela era a candidata perfeita. Tinha crimes de sua
irmã para compensar para além de seus próprios. Ela já havia conseguido a
tinta de sal de mim e já não tinha nada a perder me entregando, especialmente
se ela poderia convencê-los de sua própria inocência. Ela também foi a única
pessoa que sabia com certeza que eu estava perambulando por fora com
facilidade na noite passada.
E, no entanto... havia um terror nos olhos dela que me impediu de fazer
qualquer acusação. Talvez ela foi o traidor mais provável, mas havia uma
236
chance que ela não fosse, eu não poderia insinuar que ela poderia estar a par
de nenhum dos meus planos.
— Quem disse que ela é minha amiga? — Eu perguntei ao invés.
— Bem, ela está prestes a compartilhar a sua experiência — disse Sheridan. —
Se isso não é uma base para a amizade, eu não sei o que é. — Ela deu um
breve aceno de cabeça, e Emma foi arrastada para fora da minha linha de
visão. Outro assistente veio para minha frente, ajudando-me a sentar-se de
modo que eu teria uma visão melhor do que estava acontecendo: eles estavam
amarrando Emma em uma mesa como a minha.
— P-por favor. — ela gaguejou, tão indefesa em suas lutas como eu tinha sido.
— Eu não sei de nada. Eu não sei do que se trata.
— Ela está certa — Eu disse. — Ela não sabe de nada. Você está
desperdiçando seu tempo.
— Não me importa o que ela sabe. — disse Sheridan alegremente. — Nós
ainda queremos saber o que você sabe. E se os métodos de persuasão que
usamos em você não funcionam, talvez você estará mais próximo de vê-los
nos outros.
— Persuasão — eu disse com desgosto. — Isso é o que o P nas portas
representa. Estamos no nível mais baixo.
— Na verdade, — disse Sheridan. — você passeou muito na noite passada, a
julgar por todas as portas que você usou com aquele cartão. Diga-nos por que
você fez isso e como você não apareceu em qualquer câmera, ou então...
Ela deu mais um aceno de cabeça, e na fração de segundo antes de Emma
começou a gritar, eu entendi o que tinha acontecido. Ela não tinha me traído.
Ninguém tinha. Eu estraguei tudo por conta própria. Eu estava preocupada com
o fato do dono do cartão ter se dado falta dele, o relatando e desativando. Sem
dúvida, ele havia relatado, mas ao invés de desativá-lo, eles esperaram para
ver se alguém iria usá-lo. Seu sistema teria registrado cada instância que havia
sido scaneada. Eu tinha sido uma idiota, deixando a trilha perfeita para eles
seguirem, com apenas a magia invisibilidade me salvando da captura imediata.
237
Eu espero verificado lugares suficientes para obscurecer as minhas intenções,
especialmente desde os quartos mecânicos não tinham exigido acesso ao
cartão. As chances eram boas, ninguém sabia o que eu tinha puxado para fora.
Mas isso não ia salvar Emma de ser submetida a mesma tortura eu tinha sido.
Minha pele se arrepiou, observando que a dor naufragando em seu corpo, e eu
me senti mal de uma forma totalmente nova.
— Ela é uma inocente nisso! — Exclamei quando deram uma pausa. — Quão
doente você tem que ser para fazer isso?
Sheridan riu. — Ninguém é realmente inocente, pelo menos não por aqui. Mas
se você acreditar que ela é, que o torna muito mais triste que você está
deixando-a sofrer assim.
Olhei para Emma e me senti rasgada com a indecisão. Como eu poderia
desistir de todos os meus planos? E, no entanto, como eu poderia deixar isso
continuar? Minha deliberação foi lida como desafio, e eles retomaram o
procedimento. Eu não poderia lidar com o olhar, e quando a próxima
oportunidade surgiu, eu soltei.
— O que você acha que eu estava fazendo? Eu estava procurando o caminho
para fora!
Sheridan ergueu a mão para deter o invisível torturador que exercia os
controles.
— Você teve sucesso?
— Você acha que eu estaria aqui se eu tivesse? — Eu rebati. — A única coisa
que eu vi foi em sua sala de controle de reflexão, e você tem aquilo muito bem
guardado.
— Como é que você se move sem ser vista? — Ela exigiu.
— Eu evitei as suas câmeras — eu disse.
238
Ao aceno de Sheridan, Emma foi submetida a mais dor, seu corpo se
debatendo como uma boneca de pano enquanto tentava lidar com as ondas de
agonia que percorriam sobre ela.
— Eu respondi! — Eu exclamei.
— Você mentiu. — Sheridan friamente. — Não há nenhuma maneira que você
poderia ter evitado todas elas. Ninguém notou nada na câmera no momento,
mas depois de extensa revisão, encontramos um pequeno clipe que mostra o
que parece ser uma porta de escada se abrindo sozinha. Nós quase perdemos
e só notei em replays posteriores. Explique.
Eu fiquei em silêncio, pensando que eu poderia suportar assistir Emma ser
torturada novamente. Mas eu não podia. Não quando era por causa de minhas
ações. Seus gritos pareciam preencher todas as partes do quarto, e ela resistia
contra as restrições em um esforço desesperado para aliviar a dor. Eu tentava
argumentar com a mim mesma que os gritos viriam e viriam, e que isso era
apenas um desconforto temporário, que Emma sabia no que estava se
metendo quando ela começou a me ajudar. Certamente o bem maior valia a
pena o sofrimento de uma pessoa? Essa lógica fria quase me convenceu até
que eu finalmente vi lágrimas escorrendo de seus olhos. Eu quebrei.
— Magia! — Eu gritei, tentando me fazer ouvir acima de seus gritos. — Eu fiz
isso com a magia. — Sheridan sinalizou para a tortura de parar e olhou para
mim com expectativa.
— Eu me mudei com a magia. Magia Humana. E se você acha que torturá-la
vai me fazer dizer mais sobre isso, você está errada. Você pode torturá-la e
todos os outros neste lugar, e eu não vou dizer mais uma palavra. Falar sobre
isso envolve pessoas do lado de fora, e ao lado deles, as pessoas aqui não
significam nada.
Foi uma espécie de blefe. Eu não sabia se eu poderia realmente ser contra a
tortura em massa dos outros detidos, mas Sheridan ou acreditou em mim ou
tinha preocupações maiores.
— Eu não achava que ia acontecer de novo. — ela murmurou.
239
— Isso sempre acontece. Eventualmente. — disse seu colega. Ele apontou um
dos assistentes na escuridão para a frente a Emma. — Leve-a para cima e
volta para seu andar. Não há como dizer que tipo de propaganda prejudicial foi
espalhada. Nós vamos ter que fazer um retoque de tinta em massa.
Meu coração se afundou. Eu só tinha chegado a cerca de metade dos detidos!
O resto da tinta ainda estava escondida na minha cama.
— Eu não converti ninguém se é com isso que você está preocupado. — eu
disse.
— Eu te disse, não há inocentes aqui. — disse Sheridan. — Leve Emma de
volta ao seu andar, e coloque Sydney de volta na mesa.
— Eu já lhe disse tudo o que eu vou dizer a você — eu protestei assim que os
assistentes se adiantaram. Emma foi arrastada. — Sua tortura não funcionou
em mim antes.
Sheridan deu uma risada baixa e gutural, e todas as luzes se apagaram
novamente.
— Oh, Sydney. Agora que eu sei o que você é, eu não me sinto mal em
realmente aumentar a intensidade. Não sabemos tudo sobre usuários de magia
humanos, mas há uma coisa que aprendi ao longo dos anos: eles são
notavelmente resistentes. Então, vamos começar.
CAPÍTULO 16
ADRIAN
Quando uma segunda noite passou sem contato da Sydney, eu sabia
que alguma coisa tinha dado errado. Eu podia ver que Marcus também estava
preocupado, mas ele tentou seu melhor para me tranquilizar.
— Veja, ela disse que havia gás no quarto dela que os nocauteou,
certo? Talvez os Alquimistas descobriram e concertaram de novo. Ela viveu
240
assim por três meses e não teve problema – Quero dizer, não mais que o usual
que o problema da reeducação.
— Talvez, — eu disse — Mas mesmo se isso for verdade, você não
acha que eles iriam se perguntar por que isso estava quebrado a principio? Ela
poderia ser punida pela associação.
O telefone de Marcus tocou antes que ele pudesse me responder, e eu
acenei para ele atender. Ele esteve no telefone quase sem parar desde que
nós chegamos de Death Valley, sempre coordenando com algum agente ou
outra pessoa. Nós chegamos na área ontem, descobrindo que não havia
nenhum lugar para ficar em Death Valley, o que na verdade fez sentido. Nossa
base de operação então se transformou num motel numa cidade decadente a
15 milhas de distancia do parque estadual. Não havia nenhum restaurante,
então nós conseguíamos nossa comida de uma loja de conveniência do outro
lado da rua, loja esta que era administrada por uma gentil mulher que se
chamava Mavis, que constantemente se preocupava comigo por causa
aparência. “Você precisa de mais sol, querido”, ela continuava me dizendo.
O que você precisa é sangue, tia Tatiana comentou naquele momento.
Não dela, com certeza. Nós temos padrões. Ela estava certa em sua primeira
indagação. Fazia dias desde que eu tinha bebido sangue na Corte e apesar de
eu conseguir ficar mais alguns dias antes de notar algum desconforto físico,
esse era um problema que eventualmente precisaria ser remediado.
Assim que Marcus estava ao celular eu dei uma olhada na janela do
nosso quarto e observei a loja de conveniência na rua principal bem como o
posto de gasolina. Para os padrões do motel, esta era a melhor vista do local.
Para minha surpresa, um carro familiar subitamente apareceu no
estacionamento do motel, sua cor ensolarada como um contrastando
brilhantemente com essa cidade apagada. Sem dizer uma palavra a Marcus,
eu saí do nosso quarto e desci as escadas.
Eddie e Trey estavam saindo do meu Mustang quando eu pisei fora do
motel. Mesmo sendo tão cedo o calor estava aumentando consideravelmente,
criando brilhantes miragens no asfalto.
241
— Sobreviveram aos exames? — Eu perguntei.
— Pela segunda vez na minha vida, sim — disse Eddie.
— Na verdade, eles ainda estão acontecendo hoje — disse Trey. — Mas
a Sra. T. deu um jeito com os outros professores para que nós terminássemos
nossos testes amanhã. Ela mandou isso para quando tivermos a Sydney de
volta.
Eu aceitei uma pequena mala que estava cheia de itens de bruxaria —
ervas, amuletos e um livro que não significava nada para mim, mas
provavelmente significaria para Sydney. Quando tivermos a Sydney de volta.
Trey falou com tanta convicção, e eu esperava que fosse verdade. Estas
últimas duas noites de silêncio foram bem cruéis para mim.
— E eu trouxe isso — disse Eddie, com um sorriso torto. Ele me
entregou Hopper, que eu havia deixado no apartamento ainda imortalizado em
ouro. Eu toquei suas escamas bem entalhadas e depois coloquei o pequeno
dragão na mala com os outros itens mágicos. — Alguma novidade sobre a
Sydney?
Eu acenei para frente. — Vamos subir para o QG e vamos sair desse
calor.
242
Marcus já estava fora do telefone quando retornamos ao quarto, e ele
nos recebeu amigavelmente. — Acabei de confirmar que temos três caras – na
verdade, um é mulher – vindo nos ajudar amanhã. Dois deles estiveram em
reeducação. Eles não tinham ideia que era aqui, claro, mas como você pode
imaginar, eles guardam rancor. Eles têm algum conhecimento de como é
planta interna, embora não tanto quanto eu gostaria. No meio tempo, nós
finalmente temos conhecimento da área externa. Se vocês puderem acreditar,
eles na verdade se passam por um prédio de pesquisa no deserto. Eles
também estão fora do parque, provavelmente a 12 milhas de onde estamos
agora. Na verdade, essa é a cidade mais perto deles. Eu não ficaria surpreso
se Alquimistas fizessem uma parada aqui para abastecer seus carros na ida
para o trabalho.
Tudo isso eram boas informações, mas algo parecia faltar quando Eddie
perguntou. — Vocês têm alguma notícia de Sydney?
O rosto de Marcus, que até agora parecia inabalável, caiu mais uma vez.
— Não. Nós estivemos fora de contato por duas noites.
— Nós não precisamos fazer contato para surpreendê-los, não? —
Perguntou Trey. — Nós podemos simplesmente aparecer e tirá-la de lá.
— Claro — Marcus concordou — Porém seria legal ter um contato lá
dentro para que isso ocorra bem.
Eu me joguei em uma das camas, que fez barulho devido ao meu peso.
— E seria legal somente saber se ela está bem.
— Que pena que não temos ninguém a quem recorrer — disse Eddie —
Você não tem nenhuma pista de outro prisioneiro lá?
Marcus balançou sua cabeça enquanto explicava o que sabia, e o velho
e familiar desespero começou a urgir em mim. Imergir na sobriedade e usar o
espírito diariamente era uma combinação mortal para minhas abruptas
mudanças de humor, e eu estive lutando contra isso constantemente. O último
desaparecimento de Sydney destruiu qualquer controle que eu tive até o
momento. Seria uma maravilha se minha sanidade durasse até que a
resgatássemos. Sanidade é superestimada, meu querido, eu ouvi Tia Tatiana
243
dizer. Eu apertei meus olhos fechados. Vá embora, eu silenciosamente disse a
ela. Eu preciso escutá-los.
Pra que? Ela perguntou.
Eu preciso me focar. Eu preciso entrar em contato com Sydney para ter
certeza que ela está bem e conseguir informações do que acontece lá dentro.
Sua garota humana já te deu informações, o fantasma da tia Tatiana
disse. Você apenas não deu atenção.
Eu subitamente abri meus olhos. — Duncan — eu disse em voz alta.
Meus três amigos olharam-me perplexos.
— Você está bem? — Perguntou Eddie, que tinha ocasionalmente visto
algo dos meus piores lados.
— Duncan. — Eu repeti. — Uma das vezes que eu conversei com
Sydney, ela mencionou um amigo que ela fez lá que se chamava Duncan,
alguém que esteve lá por um tempo. Se nós conseguirmos descobrir seu nome
ou uma foto... será o suficiente para eu formar um laço de sonho. Assumindo
que o gás está desligado para ele também. — Eu não havia sido muito claro
acerca da logística do que a Sydney havia desabilitado. — De qualquer forma,
não é um nome comum. Você pode fazer algo?
Marcus franziu o cenho. — Talvez... dependendo de quanto se refere ao
“tempo”, um dos ex prisioneiros que se juntará a gente amanhã poderá até
conhecê-lo.
— Então chamem-no. — Eu disse gravemente. — Agora.
— Se Sydney não está em contato por que o gás está novamente
fazendo efeito, você não conseguirá pegá-lo também. — Avisou Marcus.
Eu levantei minhas mãos ao alto em exasperação. — Que outra escolha
nós temos?
244
Eu podia dizer que ele pensou que seria um tiro arriscado, mas alguns
telefonemas mais cedo nos deram resultados de um dos seus caras — o que
era uma garota.
— Ela disse que quando ela esteve presa ano passado, existia um cara
chamado Duncan Mortimer lá. — Marcus nos disse pouco tempo depois. Ele já
estava no seu laptop, escrevendo ao mesmo tempo que falava. — Não há
garantias que é o mesmo cara, mas as chances parecem boas. Mortimer é um
nome bem conhecido. Eu me pergunto...
Ele não elaborou sobre o que estava pensando e rapidamente achou um
arquivo sobre Duncan, incluindo uma foto e algumas breves estatísticas. A
maioria dos usuários de espírito não seriam capazes de formar um laço de
sonho com pessoas que nunca conheceram, e novamente eu senti aquele
ocasional momento de orgulho por ser capaz de fazer algo que era valioso.
Quando eu estava satisfeito que eu tinha todos os dados que precisava sobre
ele, nós trocamos de funções e gastamos o resto do dia debruçando-nos sobre
a informação que Marcus compartilhou sobre a instalação. Eu não tinha a
mente tão tática quanto os outros tinham, porém eu tinha o considerável poder
de espírito do meu lado e poderia assim ser hábil para aconselhar sobre o
quando o poder poderia ser útil.
Quando a noite — e o que eu tinha denominado “horário de dormir de
reeducação” — chegou, primeiramente eu tentei entrar em contato com
Sydney, mas não obtive sorte. Isso nos pôs no plano B, e eu puxei Marcus para
dentro do sonho. Ele havia ido dormir mais cedo exatamente por essa razão.
Como o mestre do nosso plano de invasão, seria essencial que ele falasse com
Duncan. Marcus materializou-se na fonte do Getty Villa, examinando seus
braços e mãos como se ele nunca houvesse os visto antes.
— Isso nunca fica velho. — Ele ressaltou. — Você tem certeza que pode
puxar esse cara para dentro?
— Só há um jeito de ter certeza.
245
Eu gastei o dia memorizando a foto de Duncan e agora eu convoquei
essa imagem na minha mente enquanto usava o espírito para chegar a ele por
meio do mundo dos sonhos, junto com o pouco que eu sabia sobre ele.
Duncan Mortimer, 26 anos, originalmente de Akron, dormindo a 12
milhas daqui. Mais e mais, eu repetia o mantra improvisado e concentrava-me
em seu rosto. Nada aconteceu imediatamente, e primeiramente, eu duvidava
das minhas próprias habilidades antes de aceitar que provavelmente ele havia
somente sido bloqueado assim como Sydney. Então, momentos depois uma
terceira pessoa se materializou com a gente.
Alto e esguio, seu rosto era definitivamente o rosto que eu havia visto na
foto. Isso e ele estava vestindo aquela mesma roupa amarelada horrível que a
Sydney costumava aparecer. Ele olhou ao redor com aquela típica expressão
de dúvida que a maioria das pessoas tem quando eu as convoco pela primeira
vez, quando elas ainda não se deram conta de que este não é um sonho
comum.
— Huh, - disse ele. - Faz um tempo desde que eu sonhei.
— Este não é um sonho, — disse eu, caminhando em direção a ele. —
Pelo menos, não do tipo que você está pensando. Eu o criei pelo espírito.
Adrian Ivashkov. — Eu estendi minha mão para ele. — Estou aqui para falar
com você sobre Sydney Sage.
A expressão de Duncan ainda parecia um pouco divertida, como se isso
fosse tudo um truque estranho de seu subconsciente, quando minhas palavras
finalmente foram absorvidas.
— Oh, cara. Você é ele. O namorado vampiro fofo e pensativo.
— Ela disse que eu era fofo e pensativo? — Eu perguntei. — Não
importa. Por que não posso alcançá-la? Onde ela está?
— Algum lugar que eu nunca conheci ninguém que voltou dele, — disse
ele sombriamente. — Um lugar que eu nunca soube realmente que existiu até
que Emma viu.
246
— Quem é Emma? — Perguntou Marcus, se juntando a nós.
Duncan olhou um pouco surpreso ao ver outra pessoa aqui, mas depois
pareceu entender como parte desta experiência ímpar.
— Colega de quarto de Sydney. Ex-companheira de quarto, já que
Sydney tem novas acomodações.
Eu estava à beira de um milhão de mais perguntas e, em seguida, decidi
ir direto à fonte.
— Pode você imaginá-la? Esta menina Emma? Como, visualizá-la na
sua cabeça e pensar em tudo o que você sabe sobre ela.
— Tudo bem... — disse ele, com uma pequena carranca surgindo entre
as suas sobrancelhas.
Se alguém que eu tinha trazido um sonho podia imaginar alguém que eu
nunca conheci, eu poderia usar o espírito para alcaçar e usar essa visualização
como a âncora para trazer a nova pessoa. Não foi mais difícil do que puxar
alguém que eu nunca conheci, desde que o foco mental do sujeito estava em
destaque. O de Duncan estava porque alguns momentos mais tarde, uma
menina magra nessas mesmas calças cáqui apareceu ao lado dele. Nós
rapidamente a atualizamos, explicando que tipo de sonho que ela estava, que
parecia enervá-la mais do que a ele. Mesmo Alquimistas liberais tinham
problemas com magia de vampiro. Mas rapidamente sua curiosidade venceu.
— É assim que Sydney fez isso — disse Emma. — Ela estava em
contato com você através do espírito. É por isso ela precisava do gás
desligado.
— Ele deve estar desligado para todos nós, se eu estou aqui — disse
Duncan. — Eu não achei que ela poderia fazê-lo.
Emma assentiu tristemente. — É onde ela estava na noite em que foi
capturada. Quer dizer, eu não acho que ela estava lá. Quando eu a vi, eles não
pareciam saber o que ela estava fazendo.
247
— Ok, crianças, — eu disse. — Vocês precisam voltar na conversa
agora e dar muito mais detalhes.
Entre os dois, eles contaram uma história sobre como Sydney vinha
fazendo tinta anti-Alquimista às escondidas e, em seguida, expandiu suas
operações para desligar um sistema de emergência que pode tornar todo o
lugar inconsciente. Eu poderia dizer que Marcus havia aprovado essa
estratégia, mas mesmo ele parecia horrorizado quando Emma disse-nos que o
custo foi de Sydney ser pega.
— Foi horrível, — disse Emma com um estremecimento, empalidecendo.
— Eu não sei como eles fizeram isso. Deve ter sido colocado dentro da mesa.
Eu também não sei como Sydney não apenas confessou quando eles fizeram
isso com ela. Eu teria confessado tudo, mas ela ficou de boca fechada... pelo
menos até que ela os viu fazer isso para mim. Ela lhes disse que estava
usando magia. Isso me salvou... e a deixou com problemas ainda maiores.
Meu coração afundou. — Porque é assim que ela é. Você não sabe
onde ela está agora?
— Ainda nesse quarto nível, eu acho — disse Emma. — A menos que
eles a colocaram de volta na solitária.
Marcus suspirou. — Bem, pelo menos isso que responde para que
esses níveis são usados. — Ele olhou para os prisioneiros, avaliando-os antes
de entregar a bomba. — Estamos tentando resgatá-la logo. Todos vocês, na
verdade.
A diferença na resposta foi notável. Emma se iluminou. Duncan ergueu
as mãos em desgosto e afastou-se. — Duncan, — exclamou ela. — Volte.
Ele parou e se virou. — Por quê? Eu não quero ouvir isso. É inútil.
— Você ainda nem ouviu o plano — disse Marcus, quase parecendo
ferido.
248
— Não importa, — disse Duncan. — Você não pode entrar lá. Você não
pode nos tirar. Mesmo se você puder, o que acontece depois? Para onde
vamos? Você não acha que eles vão nos procurar?
— Eu sei que vão — respondeu Marcus calmamente. — E eu vou ter
certeza que vocês estarão escondidos.
Duncan ainda parecia cético, mas Emma estava claramente a bordo. —
O que você precisa de nós?
— O máximo de detalhes sobre o interior que vocês conseguirem nos
dar — disse Marcus. — De preferência onde a porta principal leva. Ninguém
que esteve lá já viu a saída.
— Sydney viu — disse Emma. — Eu ouvi. É no andar com as celas de
solitária, na sala de controle. Ela fez parecer que havia muitas pessoas lá,
contudo.
— Eu imagino, — disse Marcus. — se essa é a sua única forma de
entrar e sair. Esse lugar deve parecer que tem risco de incêndio.
— Ele tem, — concordou Duncan, quase com relutância. — Por isso que
há tantas sprinklers e alarmes de incêndio no lugar.
— Alguma vez realmente ocorreu um incêndio? — Perguntei. Eu queria
participar do plano, mas estava tendo um mau momento superando a idéia de
Sydney presa e torturada em algum lugar. — Houve algum motivo para
evacuar vocês?
Emma olhou para Duncan para uma resposta. Ele balançou a cabeça. —
Não. Acho que houve um incêndio no cozinha uma vez, há alguns anos, mas
eles agiram muito rapidamente para terminá-lo. Ele teria que ser bastante sério
para tirar todos nós daqui.
Eu podia ver as rodas na cabeça Marcus girando. — Há alguma maneira
de você iniciar um incêndio? Ter acesso a algo inflamável? — Ele questionou.
— Sydney poderia queimar todo aquele lugar se se ela estivesse livre —
eu murmurei.
249
— Eles tem muito trabalho para minimizar a nossa exposição a coisas
inflamáveis — disse Emma. Algo pequeno mudou na expressão de Duncan, e
ela percebeu isso também. — O quê, você sabe algo que eu não sei?
Ele deu de ombros. — Não importa.
— Sim, importa! — Ela marchou até ele e bateu no peito dele com os
punhos. — Se você sabe algo que pode ajudá-los, conte-nos! Pare de ser um
covarde. Ouse ter esperança de que pode haver uma maneira de sair daqui!
Se você não tivesse tido tanto medo de ajudar Sydney a encontrar aqueles
controles do gás, talvez ela não teria sido pega!
Duncan se encolheu como se tivesse sido atingido no rosto. — Não
havia nada que eu poderia ter feito! Eles já estavam em cima dela.
— Então, faça o que ela fez que valer a pena — chorou Emma. — Você
realmente quer viver o resto de sua vida assim? Porque eu não. Eu quero sair.
Eu não me importo de estar em fuga. É melhor do que viver em que a
existência preso. Você deveria se sentir da mesma maneira.
— Você não acha que eu me sinto? — Ele respondeu, irritado.
Ela ergueu as mãos. — Honestamente? Não. Tudo o que vejo é que
você é muito fraco, mesmo para nossos captores.
Ele deu uma risada áspera. — Você acha que é por isso que eu estou
lá?
— Você nunca sai da linha. Porque mais eles teriam que mantê-lo lá por
tanto tempo? — Ela exigiu.
Ele não respondeu, mas Marcus respondeu. — Porque ele é filho de
Gordon e Sheila Mortimer
Os olhos de Emma se arregalaram levemente. — Sério?
— Quem? — Eu perguntei, me sentindo perdido.
— Eu percebi que quando eu li o seu nome completo — continuou
Marcus. — Eles são líderes Alquimistas muito poderosos, Adrian.
250
— Dos que não podem arriscar o resto do mundo saber que seu filho
quebrou as regras para ajudar alguns Moroi, enquanto ele estava em missão —
acrescentou Duncan amargamente. Ele virou-se para Emma. — Por isso que
eu tenho sido mantido aqui tanto tempo e eles vão continuar me segurando.
Mesmo que eu seja o preso mais bem-comportado de lá, meus pais não podem
arriscar a vergonha do passado de seu filho voltar para assombrá-los.
— Então, não os deixe ganhar! — Exclamou Emma. — Lute de volta.
Não deixe que eles o deixem de lado assim. Ajude-nos com isso. Por si
mesmo. Por Chantal, quando você encontrá-la.
O nome não significava nada para mim, mas acertou Duncan em cheio.
— Não há nenhuma maneira de encontrá-la — disse ele com tristeza.
— Eu posso encontrá-la — interrompeu Marcus. — Quem quer que ela
seja, eu tenho contatos em todo o mundo - muitos deles vinculados aos
alquimistas. Pode demorar um pouco, mas vamos encontrá-la. Nós
encontramos Sydney, não?
Duncan ainda parecia incerto, e Emma apertou sua mão. — Por favor,
Duncan. Faça isso. Se arrisque. Comece a viver. Não deixe-os tirar tudo de
você.
Duncan fechou os olhos e tomou algumas respirações, se acalmando.
Apesar de do quão ansioso eu estava para salvar Sydney, eu não pude deixar
de sentir um pouco de pena dele. Alquimistas, mesmo aqueles imbecis como
Keith, eram geralmente pessoas brilhantes e competentes. Duncan, sem
dúvida, tinha sido igualmente capaz e provavelmente ainda era. Foi terrível que
pessoas como ele podiam estar desgastados assim, e eu rezei pra que
chegassemos a Sydney antes que fosse tarde demais.
— Sim — ele disse finalmente, abrindo os olhos. — Sim, eu sei como
começar um incêndio.
Passamos o resto da noite fazendo planos com eles. Marcus e os
prisioneiros puderam dormir o tempo todo, mas eu estava exausto quando o
sonho acabou, pouco antes do nascer do sol. Meu corpo tinha estado acordado
251
a noite toda, e meus olhos, quando os vi no espelho, estavam vermelhos
suficiente para ser Strigoi. Eddie e Trey tinha dormido e estavam ansiosos para
ouvir o que havia acontecido durante a noite.
— Durma um pouco — Marcus me disse. — Eu vou deixá-los
informados durante o café e fazer alguns ajustes com o outros. Isso vai
acontecer hoje.
Eu deitei na cama barata depois que os três sairam, certo de que eu
nunca dormiria estando tão perto de libertar Sydney. Foi tudo que minha mente
podia pensar. Meu corpo sabia melhor, no entanto, e senti como se apenas
minutos tivessem se passado quando Marcus me acordou mais tarde.
— Levante-se e brilhe — disse ele. — A cavalaria está aqui.
Apertei os olhos contra a luz da tarde e acenei com a cabeça durante as
introduções com o grupo de Marcus, um trio chamado Sheila, Grif, e Wayne.
Eles tinham feito consideráveis planos enquanto eu dormia, me deixando
descansar o máximo de tempo possível. Marcus me acordou para apressar as
coisas com os recém-chegados, me deixando melhor explicar o meu papel
para eles, enquanto eu, por outro lado, ficava por dentro dos pequenos ajustes
que haviam sido feitos durante todo o dia. Não havia muitos, embora mais
detalhes certamente tinham sido finalizados, e a equipe de Marcus tinha feito
um bom reconhecimento ao redor do local. Depois que tudo foi discutido,
pegamos a estrada, e eu tive que aceitar a impossível realidade que eu estava
indo finalmente atrás de Sydney.
Entre os meus amigos e recrutas de Marcus, tivemos uma verdadeira
caravana. Ele fez com que um de seus caras trouxesse uma van, com o plano
sendo que ela seria usada para a maior parte dos detidos. Depois de ver a
resistência de Duncan, eu me questionava se nós poderíamos até mesmo
conseguir que viessem conosco, mas Emma assegurou-nos que podíamos.
Quando Sydney tinha sido pega, Emma tinha encontrado o resto da tinta de sal
em seu quarto e usado para comprar a lealdade de alguns dos outros detentos.
— Eles vão fazer o que dissermos, — ela me disse com um sorriso afetado. —
E eles vão se assegurar de que todo resto faz também.
252
À uma milha da instalação, a nossa caravana foi dividida em duas.
Marcus, no meu carro, e seu associados na van foram para um local que
poderiam estacionar no lado de fora do perímetro do estabelecimento, onde,
então, se aproximariam a pé. Eddie, Trey, e eu estávamos indo direto para a
porta da frente dos Alquimistas, com lírios dourados em nossos rostos que
Sheila tinha meticulosamente pintados em nós para parecer indistinguível da
tatuagem real. Esta parte do plano tinha sido um pouco controversa, já que
Marcus teria sido a escolha ideal para entrar e brincar de ser um Alquimista. No
entanto, seu rosto era tão amplamente conhecido que não podíamos arriscar, e
eu não tinha a capacidade mágica de alterar tanto a sua e a minha aparência.
Talvez, se eu só precisasse parecer como um Moroi que não se assemelhasse
a Adrian Ivashkov, eu poderia ter obscurecido nós dois, mas eu tive que mudar
completamente a minha raça. Sob nenhuma condições normais qualquer Moroi
iria a um edifício re-educação.
Estávamos no Prius de Marcus ( “É uma coisa totalmente Alquimista
para dirigir”, ele nos garantiu) e dirigiu em linha reta até a calçada a um posto
de controle ocupado por um cara em uma cabine. Ele verificou os falsos IDs
Alquimista que Marcus tinha tinha feito para nós e, em seguida, acenou-nos
para que passasemos. Isso foi tudo conforme o planejado. Marcus tinha nos
explicado que um guarda do portão não encontraria uma combinação
eletronica de nossos IDs para qualquer coisa em seu banco de dados. Isso ia
vir quando nós realmente entrassemos no prédio.
— Você realmente não pode imaginar o déjà vu que eu estou sentindo
agora, — comentou Eddie, assim que estacionamos em um lote. Tinha um
punhado de outros veículos eficientes e com baixo consumo de gasolina. —
Isso é estranhamente semelhante a quando Rose, Lissa, e eu invamos a prisão
e tiramos Victor Dashkov de lá, é meio inquietante.
— A diferença é que ele era um criminoso frio que merecia seu destino,
— Eu disse. — O que nós estamos estamos fazendo agora está do lado da
justiça, resgatando os necessitados.
— Oh, eu sei, — disse ele. — Eu só estou pensando como essa fuga
teve alguns percalços, e nós só resgatamos uma pessoa, não uma dúzia.
253
— Isso quase torna mais fácil, — disse Trey alegremente. — Quero
dizer, é tudo ou nada. Você não tem que confiar na mesma sutileza que você
teria resgatando apenas uma pessoa. Estamos arrombando esse lugar inteiro.
— É com isso que eu estou preocupado — disse Eddie.
O hall de entrada da frente da suposta unidade de pesquisa do deserto
certamente parecia impressionante e científico. Toda a arquitetura era de vidro
e metal, com fotos emolduradas de paisagens de areia que eram supostamente
a chave para a função do lugar. Uma porta de vidro levava para a esquerda,
para uma ala onde os informantes de Marcus tinha nos dito que era onde os
Alquimistas que trabalhavam no local viviam. Uma jovem mulher estava
sentada na recepção, com uma mais sinistra porta mais sem identificação atrás
dela que tinha sido nos informado ser a única entrada para o covil re-educação.
Ela olhou para a nossa entrada, assustado.
— Meu Deus, — disse ela. — Eu nem sequer vi vocês entrando nas
câmeras de segurança.
— Desculpe por isso, — eu disse, escorrendo carisma induzido pelo
espírito. — Espero que não tenhamos lhe assustado.
Um dos homens joviais de Marcus tinha estado na área mais cedo e
encontrou uma maneira de fazer as câmaras exteriores ficar dando voltas nas
filmagens, escondendo assim a chegada de todos. Isso foi bom para mim, já
que meu disfarce de espírito não iria se manter na câmera, e bom para Marcus,
cuja figura nem sequer estava tentando esconder.
— Não, nem um pouco. — A garota sorriu para nós, mostrando-me que
a minha ilusão estava se mantendo. — O que posso fazer para vocês?
— Estamos aqui para ver Grace Sheridan, — eu disse, levantando o
meu ID. Eddie e Trey fizeram o mesmo. Conseguir o primeiro nome de
Sheridan tinha sido outra jóia adquirida de Duncan.
As sobrancelhas da recepcionista se uniram enquanto ela pegava
nossos IDs para digitalizar.
— Não me informaram de qualquer compromisso, deixe me ligar para
ela.
254
Sua murmurada conversa telefônica foi como esperávamos, como sua
surpresa quando ela digitalizou nossos IDs e seu computador disse a ela que
não existiamos.
— Nosso departamento é um pouco, como direi isso, clandestino, —
explicou Trey. — Não há nenhum registro de nós, porque nós geralmente não
gostamos de anunciar o que investigamos. No entanto, sabemos que houve
uma ocorrência aqui e que a senhorita Sheridan tem estado no centro do caso.
A recepcionista transmitiu essa mensagem enigmática através do
telefone e desligou alguns momentos mais tarde. — Ela vai ver vocês. Por esta
porta, por favor.
Eu passei, sem certeza do que esperar. Das histórias, arame farpado e
correntes nas paredes não teria me surpreendido. Os alquimistas mantinham o
estilo “negócios” no primeiro andar, no entanto, a sala que entramos parecia
muito em linha com o estilo do lobby, com uma exceção.
Seis homens estavam de guarda na sala, alinhados estrategicamente
em torno de duas portas: um elevador e uma escada. Os homens usavam
ternos e tinham lírios dourados em suas bochechas e estavam entre os
maiores e mais corpulentos que eu já tinha visto entre os Alquimistas. Seu
departamento de RH deve ter pesquisado extensivamente para encontrar os
mais musculosos espécimes em seu conjunto genético. Mais intimidante de
tudo, no entanto, foi que cada homem visivelmente tinha uma arma de verdade
— uma arma que pode matar, e não o leve e pouco tranquilizante com que
Marcus secretamente tinha armado Trey e Eddie. Marcus tinha dito que a
repercussão já seria grande o suficiente sem nós deixarmos mortes para trás e
também nos preocupando com inocentes se ferindo no combate. (Não era
preciso dizer que ninguém tinha sugerido me dar uma arma).
Eu mantive um sorriso calmo no rosto, como se fosse totalmente normal
para mim ver um monte de caras armados lá para impedir que um grupo de
prisioneiros esfarrapados escapem ou pensem livremente. O elevador soou, e
uma jovem mulher inteligentemente vestida saiu. Ela era bonita de uma
maneira que dizia que atravessaria um punhal no seu coração e ainda
255
continuaria sorrindo o tempo todo. Ela manteve o sorriso enquanto eram feitas
as apresentações.
— Receio que vocês me pegaram de surpresa aqui, — disse ela. Ela se
inclinou um pouco para ler o minha etiqueta de identificação. — Eu não estava
esperando por vocês. Eu nem estava ciente de que havia um Departamento de
Ocultismo e Transgressões Secretas.
— OTS não faz muitas aparições, certamente não muitas em público, —
eu disse com firmeza. — Mas quando um desastre desta magnitude chega em
minha mesa, não temos escolha a não ser intervir.
— Desastre? — perguntou Sheridan. — Isso é meio que um exagero.
Nós temos as coisas sob controle.
— Você está dizendo que um de seus detentos não usou recursos
mágicos ilícitos para escapar de seu controle e conduzir os assuntos que você
ainda não entendeu plenamente? — Eu exigi. — Eu não chamaria isso sob
controle.
Ela corou. Sério, eu merecia um Oscar por isso. — Como você sabe
disso?
— Nós temos olhos e ouvidos que você não pode sequer sonhar — Eu
disse a ela. — Agora. Você vai cooperar com nossa investigação, ou eu preciso
para chamar ambos nossos superiores?
Sheridan vacilou e, em seguida, lançou um olhar consciente para os
guardas estóicos. — Vamos falar aqui, — ela disse, apontando-nos para o que
parecia ser um pequeno escritório ao lado da sala. Seguimos, e fechou a porta,
assim que estávamos todos dentro — Olha, eu não sei quem está dizendo a
você histórias, mas nós realmente tenho tudo bem em..
O som agudo de um alarme de incêndio no canto do quarto a cortou.
Isso foi seguido por um som crepitante, e uma voz de repente veio um pequeno
walkie-talkie ligado a seu cinto. — Sheridan? aqui é Kendall. Temos uma
situação.
256
Sheridan levantou o walkie-talkie. — Sim, eu posso ouvir os alarmes.
Onde está?
— Múltiplos locais no nível dois.
Sheridan estremeceu com a palavra "múltiplos". — Quão grande eles
são? —Ela gritou de volta. — Os sprinklers deve ser capaz de contê-los. — Ela
olhou para o teto e ficou surpresa. — O seu está ligado? Eles devem ser iniciar
conjuntamente para vários incêndios. Este lugar devia estar debaixo de água.
— Não, nada veio ainda, — respondeu a voz. — Será que devemos
esperar? Ou você quer que a gente evacue?
Sheridan olhou fixamente para o seu walkie-talkie em descrença e
depois de volta para o sprinkler inativo no teto. Duncan tinha dito que havia
poucas situações que realmente os levaria a evacuar o instalação inteira, por
isso trabalhamos muito para criar uma. Aparentemente, sua professora de arte
estava lutando contra o hábito de fumar e, junto com um enorme estoque de
chiclete, ela mantinha cigarros e fósforos em sua mesa.
Entre aquilo e um suprimento de removedor de tinta, ele fez arranjos
com outros detentos para começar incêndios simultaneamente no andar em
que viviam. Isso era perigoso o suficiente nessas condições, mas um dos
camaradas de Marcus tinha encontrado o controle exterior do sistema de água
da instalação e tinha sabotado-o para atrasar o a ativação dos sprinklers.
O walkie-talkie estalou novamente. — Sheridan, está ouvindo? Você
quer que a gente evacue? — Ficou claro desde o rosto de Sheridan que ela
nunca, jamais esperava tomar uma decisão como esta. Após um alguns
segundos, ela finalmente respondeu. — Sim, você tem a minha autorização.
Evacue. — Ela nos deu uma breve olhar enquanto se lançou para a porta.
— Com licença, temos uma emergência.
Na outra sala, os guardas estavam em alerta máximo devido gritaria dos
alarmes de incêndio. — Temos um código Laranja, — ela gritou para eles. —
Estejam prontos. Vocês dois guiem os detentos de lá para detenção. O resto
de vocês, mantenham suas armas em punho, e prestem atenção para... — O
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walkie-talkie soou novamente, desta vez com uma voz masculina. — Sheridan,
você está aí?
Ela franziu o cenho. — Kendall?
— Não, aqui é Baxter. Alguma coisa está errada. Os detentos estão
ficando no controle... resistindo as nossas ordens — Sheridan empalideceu. —
Faça o centro de controle iniciar o gás para apagá-los. Derrube todos. Nós
vamos obter máscaras e enviar as pessoas para baixo para retirá-los e..
— Já tentamos! O sistema parece estar desativado.
— Desativado? — Exclamou Sheridan. — Isso é...
A porta que leva do lobby de repente se abriu, e Marcus e seus
companheiros invadiram, empunhando aquelas pequenas armas de dardo.
Elas podiam não ser tão letais quanto as armas reais, mas elas ainda eram
eficazes, especialmente quando combinadas com o elemento surpresa. Eddie
e Trey empunharam as deles em um flash, e em poucos segundos, os guardas
foram Alquimista cairam como resultado. Apenas dois deles conseguiram atirar,
tiros que foram longe antes de cairem devidos os tranquilizantes. Marcus
empurrou uma recepcionista apavorada para dentro da sala e avaliou a
situação. Ele ordenou que Grif e Wayne amontoassem os corpos inconscientes
no escritório enquanto Sheila montava guarda sobre Sheridan e a
recepcionista. Eu deixei cair meu disfarce de espírito, e as duas mulheres
Alquimistas se engasgaram ao perceber que tinha sido sociáveis com um
Moroi. Esse choque aumentou quando Sheridan fez uma dupla análise e
percebeu quem era Marcus.
— Você! — Ela cuspiu.
Ela não teve chance de elaborar. Momentos depois, a porta da escada
se abriu, e foi aí que o verdadeiro caos começou. Uma mistura de detentos
vestidos de caqui veio ao lado de pessoal Alquimista mais formalmente vestido.
Alguns dos detidos parecia assustado e sem vontade de estar lá e foram
literalmente sendo arrastados pelos seus colegas, lembrando-me de como
Emma tinha dito que ia ter certeza de que todos sairiam. Marcus iniciou
258
rapidamente um sistema que era o oposto do que tinha Sheridan pretendido a
evacuação: detentos e Alquimistas foram divididos enquanto eles surgiam, com
o último muito chocado grupo sendo colocados sob forte vigilância. Eu assistia
a tudo ansiosamente, minha mandíbula apertada tão fortemente que estava
começando a doer. Ninguém que eu conhecia estava com o grupo inicial
chegando, mas isso foi de se esperar. Quando eles começaram a diminuir,
meu nervosismo realmente aumentou.
É isso, pensei. A qualquer momento, Sydney vai sair com Emma e
Duncan.
E, então, Emma e Duncan surgiram... sem Sydney.
— Que diabos?, — Eu exclamei. — Onde ela está? Vocês disseram que
iriam pegá-la!
— Nós tentamos, — chorou Emma. Ela jogou quatro cartões de
identificação no chão. — Nenhum desses abriu as portas no quarto andar. Eles
não devem ter acesso... embora eu tenha visto alguns deles indo para aquele
andar no passado.
Me virei para Sheridan em um acesso de raiva. — Por que as portas do
quarto andar não abrem? — Eu gritei. — Quem tem acesso?
Sheridan deu um passo se afastando de mim. — Esses são nossos
prisioneiros mais perigosos, — disse ela, reunindo toda dignidade que pôde. —
O sistema automaticamente bloqueia eles em um caso como esse. O cartão
normal tem seu acesso desativado. Eles são perigosos demais para deixar
escapar.
A implicação plena de suas palavras me bateu. — Então, vocês
simplesmente os deixam lá para morrer? Que tipo de bastardos doentes vocês
são?
Seus olhos estavam arregalados de medo, mas se isso era por causa da
minha indignação ou sua própria consciência, Eu não poderia dizer. — É um
risco que corremos, é um risco que meu próprio povo corre. Dois deles são
presos lá também, um com cada prisioneiro.
259
— Vocês são ainda mais do que eu pensava, — resmungou Marcus. —
O ID de alguém deve funcionar. O seu funciona? — Quando ela assentiu com
relutância, ele arrancou de sua jaqueta. — Os sprinklers devem ser ligados.
Assim que ligarem, vamos descer e pegá-los. É improvável que ocorra a
propagação do fogo naquele andar, mas as escadas vão ser...
— Uh, Marcus, — disse Grif, inquieto — Os sprinklers já deveriam estar
ligados agora. Eu não defini o atraso por tanto tempo.
Marcus ficou boquiaberto. — Que diabos você está dizendo? Você
sabotou eles permanentemente?
— Não intencionalmente! Só deveria ser longo o suficiente para instigar
a investigação.
— Então, vá lá e olhe de novo! — gritou Marcus. — E traga o guarda do
portão de com você. — Grif apressou-se para fora.
Eu tinha ouvido o suficiente. Mais do que suficiente. Sydney estava lá
embaixo, presa em uma sala enquanto um incêndio se alastrava três andares
acima dela e poderia estar a caminho. Eu caminhei até Marcus e tomei ID de
Sheridan dele antes de me voltar para ela.
— Quantos estão lá embaixo? Você disse que dois presos e dois do
pessoal. Alguém mais?
Ela fez uma contagem rápida dos Alquimistas encurralados. — Todo o
m-meu pessoal está aqui, — ela gaguejou.
— Estamos todos aqui também, — disse Emma. — Mais seis que
tiramos do andar das solitárias. Checamos cada cela.
— Certo, — eu disse. Eu corri até a porta da escada e a abri. Embora
não fosse exatamente esfumaçado, houve uma leve névoa no ar que não era
um bom sinal para o progresso do fogo.
— Estou indo para o último andar. Quem vem comigo?
260
Senti imediatamente Eddie ao meu lado. — Você tem mesmo que
perguntar?
CAPITULO 17
SIDNEY
Levei um tempo para perceber que o alarme de incêndio estava tocando. No
início, eu pensei que era um novo tipo de tortura.
Ao contrário do tempo de reflexão, quando os Alquimistas exibiam seu poder e
nos colocavam para dormir de acordo com sua vontade, aqueles que
comandam o tão conhecido pavimento de persuasão tinha uma grande
habilidade em nos manter acordados. A parte estudiosa em mim, que
vagamente lembrava-se de ler artigos sobre técnicas de interrogatório e tortura,
entendeu isso. Quanto mais privado de sono você fosse, seria mais provável
de você falar algo que não quer. Na reflexão, e mesmo vivendo com os outros
presos, nunca me senti totalmente descansada, mas o que eu experimentei
agora estava em um nível completamente diferente.
Quando eu não estava sendo torturada e questionada com as mesmas
perguntas várias vezes, era submetida a ofuscantes luzes e ruídos irritantes
para se certificarem de que eu não poderia ter qualquer tipo de descanso real.
Não houve necessidade de gás que me evitava de sonhar; Nunca cheguei
perto o suficiente da 1REM para que sonhar fosse um problema. Logo perdi a
noção do tempo novamente, e até mesmo as refeições irregulares (mais como
mingau morno) e tempo para o banheiro não ajudaram com isso.
Na verdade permaneci notavelmente resistente apesar de quão excruciante a
experiência era. Permaneci com a minha história de que estava procurando
uma maneira de sair na noite em que fui pega, e me recusei a dizer-lhes
quaisquer detalhes sobre o por quanto tempo estava praticando magia ou
quem havia me ensinado. Não parece provável que eles iriam fazer qualquer
1 O R.E.M., ou Movimento rápido os olhos é a fase do sono na qual ocorrem na maioria dos
sonhos mais vívidos. Durante esta fase, os olhos movem-se rapidamente e a atividade cerebral a nível dos neurónios é similar à que se passa, nas horas em que se está acordado.
261
coisa contra a Sra. Terwilliger, mas não havia nenhuma maneira que poderia
dar uma chance a isso. Eu os deixaria me rasgar em duas antes que eu
dissesse o nome dela a eles.
Quando o alarme soou uma pequena luz estroboscópica no canto do quarto
acendeu, e me empurrou para fora de um frágil estado de cochilo que estava
desfrutando. Aqueles momentos eram raros, e estava triste por ver o fim,
especialmente desde que eu sabia o que provavelmente estava por vir. Tirando
a luz do alarme, o quarto estava um breu, então eu não tinha ideia de quantas
pessoas estavam lá, até que ouvi um homem falando em um telefone ou rádio.
Seu nome era Grayson, e ele tinha sido um companheiro constante nas
sessões de interrogatório e nas execuções de torturas quando Sheridan não
estava fazendo isso pessoalmente.
- Olá? - Disse. - Este é Grayson em P2. Tem alguém aí? É este um exercício?
Se houve alguma resposta, não consegui ouvir. Depois de mais algumas
tentativas, ouvi-o perto da porta, como se ele estivesse tentando abri-la.
- Alguma coisa não está indo de acordo com os planos Alquimistas? - eu
perguntei.
Eu não tinha certeza se ele me ouviu falar acima do ruído, especialmente
desde que eu não poderia realmente colocar muito de volume na minha voz já
que estava fraca. Porém quando ele falou de novo, estava ao meu lado.
- Silêncio – ordenou. – Faça suas orações para que nós consigamos realmente
sair daqui. Não que eu acredite que suas oração farão alguma diferença.
A tensão em sua voz me disse mais do que suas palavras, e me esforcei para
concentrar meu cérebro cansado e avaliar o que estava acontecendo. O que
quer que estava acontecendo, isso definitivamente não fazia parte de qualquer
plano, e os Alquimistas odiavam quando os seus planos davam errado. A
pergunta era: Isso era alguma vantagem pra mim ou não? As coisas eram tão
regimentadas na reeducação que levaria algo extraordinário para
realmente tirá-los do foco... e Adrian era a pessoa mais extraordinária que eu
conhecia.
Depois de mais alguma tentativas frustradas de Grayson para falar com o
mundo exterior, eu me atrevi a falar novamente.
- É realmente um incêndio?
262
Algumas poucas luzes irritantes ligaram, uma iluminando ele, e outra brilhando
em meus olhos.
- Muito provavelmente. E se assim for, muito provavelmente morreremos nele. -
disse ele.
Eu podia ver o suor em sua testa, e havia uma ponta de desconforto em sua
voz, apesar da frieza. Percebendo minha intenção e que eu tinha percebido a
sua fraqueza, ele fez uma careta.
-Quem sabe? Talvez no fogo, a sua alma vai finalmente ser purificada de sua-"
Um clique na porta precedeu a sua abertura, e Grayson virou em surpresa,
misericordiosamente terminando seu discurso. Eu não podia ver seu rosto, mas
meio que desejei que eu pudesse ver, quando ouvi uma voz familiar dizer:
- Sydney?
Meu coração pulou, e uma esperança que eu não sentia há anos me encheu
de novo.
- Adrian?
Imediatamente, minha esperança diminuiu. Suspeitas nascidas de semanas
vivendo sob paranoia surgiram. Isso era um truque. Tinha que ser um truque.
Eu tinha perdido o contato com Adrian. Ele não poderia ter me encontrado
nesse meio tempo. Ele não poderia ter irrompido aqui. Este era,
provavelmente, o mais recente em uma longa linha de truques alquimista para
tentar mexer com a minha mente... Mas, quando ouvi sua voz de novo, tinha
certeza de que era ele.
- O que diabos você fez com ela?
Eu queria vê-lo, mas as barreiras não permitiam isso. O que eu vi foi Grayson
puxar o que parecia uma arma do seu lado e mirar o alvo. Isso foi o máximo
que ele pode fazer já que sua arma literalmente voou de sua mão e caiu do
outro lado da sala. Ele ficou boquiaberto, sem acreditar.
– O que é –
Alguém que se parecia muito com Eddie veio da escuridão do quarto,
derrubando Grayson no chão. Eles sairam da minha linha de visão, e, de
repente, minha visão foi preenchida com a mais bela imagem que eu poderia
ter esperado: Adrian.
263
Por alguns segundos, a dúvida me atormentou novamente, isso era apenas
mais um engano na parte dos Alquimistas. Mas não, lá estava ele diante de
mim. Adrian. Meu Adrian, olhando para baixo, com seus penetrantes olhos
verdes. Eu senti uma dor no meu peito, e a emoção momentaneamente me
venceu. Adrian. Adrian estava aqui, e eu me atrapalhei para encontrar algo
para dizer, alguma maneira de transmitir todo o amor e esperança e medo que
havia construído dentro de mim nesses últimos meses.
- Você está com um terno? - Eu consegui dizer, finalmente, a minha voz
falhando. - Você não tinha que se vestir para mim.
- Calada, Sage. - disse ele. - Eu vou fazer as hilariantes piadas durante este
ousado resgate.
Seus olhos, calorosos e cheios de amor, seguraram os meus por um momento,
e pensei que eu iria derreter. Em seguida, eles se estreitaram
com determinação e ele se focou sobre as várias amarras me segurando.
-O que em nome de Deus é isso? Algo da Idade Média? Será que precisa de
uma chave?
Enquanto isso, no fundo, Eddie e Grayson continuaram lutando na sala.
- Eu nunca os vi usar um. - disse a Adrian.
Demorou algumas tentativas, mas finalmente descobriu como desfazer a
amarra. Uma vez que ele tinha a manha, logo desfez as outras, e eu estava
livre. Adrian cuidadosamente me ajudou a sentar bem a tempo de ver Eddie
derrubar Grayson no chão em um dos holofotes. Eddie apontou uma arma para
a parte de trás de sua cabeça, o que me surpreendeu no início, mas, mesmo
na falta de iluminação, eu poderia dizer que havia algo incomum sobre a arma.
- Levante-se, disse Eddie, erguendo a vítima. - Devagar. E coloque as mãos na
cabeça.
-Eu prefiro morrer de uma morte dolorosa ao ser o prisioneiro de uma criatura
do mal do inferno! - Respondeu Grayson, embora ele tenha obedecido.
-Fique tranquilo, não vamos levá-lo preso – disse Adrian. – Estamos te
salvando, seu imbecil, para que você pode ir se juntar ao resto dos seus
colegas idiotas.
Eddie olhou ao redor. – Será que há qualquer tipo de amarra para ele por aqui?
264
– Eu tenho certeza disso – eu disse. Eu comecei a sair da mesa, mas uma
onda de vertigem me acertou. Virei-me para Adrian. – Verifique os lados da
sala. É aí que os suprimentos ficam.
Adrian correu para olhar e primeiro encontrou algo igualmente útil: um de
controle mestre que ligou luzes por toda a sala. Isso me fez apertar os olhos
depois de tanto tempo no escuro, mas o aumento de visibilidade logo lhe
permitiu encontrar prateleiras cheias de suprimentos, incluindo algmeas
descartáveis que ele usou em Grayson. Vários produtos químicos e controles
também estavam nas prateleiras, junto com cadeiras e óculos de visão noturna
e de proteção para que outros alquimistas pudessem assistir ao show de
tortura quando as luzes estivessem apagadas. Aquilo me enojava, e tive que
virar meu rosto.
- Você pode andar? Adrian me perguntou.
- Eventualmente, eu disse.
Ele deslizou um braço em volta de mim, e as minhas pernas ameaçaram ceder.
Sua força, tanto física como mentalmente, me fortaleceu, e eu era capaz de
fazer um progresso lento para fora do quarto com a sua ajuda. Eddie andava
na frente, andando com Grayson em um ritmo ativo. Quando chegamos os
salões, que também tinha alarmes, mas nenhum sinal de fogo, Eddie virou-se
para o prisioneiro.
- Qual é o outro quarto ocupado?
Quando Grayson não respondeu, Eddie olhou diretamente para seu rosto. –
Vamos lá! Estamos tentando salvar seu colega aqui.
- Eu prefiro morrer do que abandonar o meu dever ou pedir a sua ajuda, rosnou
Grayson.
Eddie suspirou e entregou a Adrian sua arma.
-Mantenha-a apontada para ele enquanto eu verifico os quartos.
Eu tinha certeza que Adrian nunca tinha usado qualquer tipo de arma em sua
vida, mas ele conseguiu parecer convincente enquanto a manteve apontada
para Grayson. Debrucei-me contra a parede e vi Eddie passar um crachá de
identificação em cada porta, abri-la e olhar para dentro. Em sua terceira
tentativa, eu o vi precipitar-se em um quarto. Eu não podia ver o que
aconteceu, mas podia ouvir os sons de briga.
265
Adrian olhou para mim, uma carranca vincando a testa quando ele avaliou
minha aparência desgastada mais de perto. Seja qual for os progressos que fiz
depois de deixar a solitária, provavelmente diminuíram com meu atual cativeiro.
-Você não me disse a verdade. Todas as vezes que eu perguntei o
que estavam fazendo para você.
-Eu não estava mentindo, eu disse, desviando os olhos.
- Você simplesmente não me contou – disse ele. - Quando foi a última vez que
você comeu?
Fui poupada de dar uma resposta quando Eddie saiu com outro Alquimista na
mira de uma arma. Desta vez, Eddie definitivamente tinha uma arma de
verdade, então eu assumi que ele desarmou o cara na sala.
- Amarre esse cara, - Eddie disse para Adrian - e vai liberar a menina lá dentro
já que você é um profissional nessas prisões. Eu não consegui entender o que
fazer para desamarrá-la.
Eu dei um aceno encorajador para Adrian, que parecia relutante em me deixar.
Após amarrar a segunda Alquimista, Adrian desapareceu dentro do quarto.
Olhei para Eddie.
-Você tem certeza que não há um incêndio? Os alarmes ainda estão tocando.
-Oh, sim, disse Eddie, - há definitivamente um incêndio. Nós apenas estamos
contando que ele não chegue até nós já que é alguns andares acima. Pelo
menos era.
Fiquei com suas palavras na minha cabeça, certificando-me que realmente
tinha entendido e que não foi um mal-entendido em minhas péssimas
condições. Eu tinha realmente certeza que podia sentir o cheiro de fumaça,
mas não tinha certeza se isso era apenas a minha imaginação. Um minuto
depois, Adrian saiu da sala apoiando uma menina um pouco mais velha que
eu, vestida com as mesmas roupas que as minhas. Meu primeiro pensamento
quando eu a vi foi: Eu pareço tão ruim? Não, eu decidi, não havia alguma
maneira. Eu estava parecendo muito mal, eu sabia, mas o jeito que ela estava
me disse que ela esteve aqui por muito tempo, mais tempo do que eu estive.
Seu rosto estava magro e pálido sob o que parecia ser uma pele normalmente
bronzeada. Suas roupas eram de um tamanho muito grande para ela, dando a
impressão que tinha perdido um peso considerável desde a primeira vez que
foram usadas, seu cabelo estava bagunçado e precisava de cuidados
266
completos e um corte novo. Ela me lembrou de como eu parecia quando sai da
solitária, apenas dez vezes pior. Não tinha estado neste nível por muito tempo
mas eu tinha desfrutado o benefício da alimentação e do sono pelas ultimas
semanas.
Compaixão brilhou no rosto de Eddie, e então sua natureza endurecida
assumiu.
- Vamos. Você consegue ajudar os dois?
Eu me ajeitei na parede e acenei para Adrian.
- Ajude ela. Eu posso andar, só que lentamente.
Adrian parecia incerto, mas ficou claro essa outra garota precisava dele mais
do que eu. Eu caminhava ao lado dela, enquanto nosso estranho grupo se
movia pelo corredor e encontrei-me tentando tranquilizá-la sobre a situação da
qual eu não sabia nada.
-Está tudo bem, eu disse. - Tudo vai ficar bem. Nós vamos tirar você daqui.
Qual o seu nome?
Seus olhos escuros olharam fixamente à frente, e eu me perguntei se ela tinha
me escutado. Talvez ela tivesse sobrevivido estando submetida a tortura por
tanto tempo e desligado as vozes humanas.
-Ch-Chantal, disse ela.
Sua voz era quase um sussurro, e eu não teria sido capaz de ouvi-la sobre o
alarme, se eu não tivesse me inclinado para perto dela.
-Chantal... Engoli em seco. – Eu acho que eu te conheço. Quer dizer, eu sei
sobre você. Conheco Duncan. Ele é meu amigo.
Uma pequena faísca, quase imperceptível, de vida apareceu em seus olhos.
- Duncan? Duncan está aqui?
- Sim, ele está esperando por nós.
Olhei interrogativamente para Adrian enquanto eu falava, e ele balançou a
cabeça em confirmação, me encorajando.
-Você vai vê-lo em breve. Ele vai ficar muito feliz em vê-la. Ele sentiu muito
sua falta. Ele não tinha ideia de que você estava aqui o tempo todo.
Um arrepio percorreu-me em minhas próprias palavras. Este tempo todo.
Duncan tinha dito que os Alquimistas tinham a levado para longe um ano atrás.
Ela tinha estado na área de persuasão todo esse tempo? Isso era horrível. Não
me surpreende que ela esteja desse jeito. E, o fato de que ela tinha sobrevivido
267
a isso e ainda demonstrava ser ameaça o suficiente para estar trancada falava
muito sobre ela. Talvez ambas, ela e eu, deveríamos nos sentir lisonjeadas por
fazer parte deste grupo “exclusivo”.
Eddie nos levou para a escada, e tudo parecia claro até que abriu a porta e
entrou no andar da solitária. Uma parede de fumaça nos atingiu, grossa e
nociva, bloqueando o caminho entre nós e o centro de controle que mantinha a
saída. Ele fez uma careta.
- Eu não esperava que ele se espalhasse por aqui tão rápido especialmente se
não está na escada.
Nenhum de nós falou imediatamente, sem saber o que fazer. Foi uma surpresa
quando Chantal foi a primeira a comentar.
- É a maneira que a ventilação foi feita – ela murmurou. - Onde está o fogo?
- Na “área de lazer”, disse Adrian.
Ela franziu a testa em pensamento e parecia estar surgindo cada vez mais a
vida na medida que os segundos passavam.
- Então é, provavelmente, apenas fumaça. Claro ... eu não deveria dizer
'apenas'. Muitas vezes as pessoas pensam erroneamente que apenas o fogo
em si é perigoso, quando a fumaça se prova igualmente letal.
-Você realmente é uma alquimista – disse Adrian – com um sorriso irônico. Ele
foi cortado quando a fumaça chegou mais perto e ele começou a tossir.
Eu dei um passo para a frente, ainda instável em meus pés, mas sem vontade
de fazer menos do que o que os meus amigos tinham fez por mim hoje. Não
muito tempo atrás, eu tinha trabalhado em feitiços de invisibilidade e
elementais básicos... mas isso tinha sido depois de algumas semanas de
repouso moderado e boa alimentação. Eu poderia fazer o que eu queria
fazer agora, depois de estar em tal estado fisicamente danificada? E mais uma
vez, eu não tinha componentes para me ajudar com a magia. Era somente
minhas palavras e minha vontade. Pensei no meu trabalho convocando o ar
para minha tatuagem de sal, e o chamei para levar a fumaça para longe de
nós. Uma brisa muito, muito fraca saiu e lentamente começou a empurrar a
fumaça para longe de nós. Foi um processo trabalhoso, já que não me atrevi a
convocar algo mais forte, para que não alimentasse um fogo invisível neste
andar. Também foi muito mais desgastante do que eu esperava. Mesmo antes
268
de eu estar no meio do caminho minhas pernas começaram a tremer e tive que
usar minha outra mão para me apoiar contra a parede. Os dois alquimistas me
olharam com nojo, e provavelmente teriam feito o sinal contra o mal se suas
mãos não estivessem atadas.
Por fim, a fumaça foi empurrado para trás, abrindo o nosso caminho para a
sala de controle. Adrian ignorou meus apelos que eu estava bem e me segurou
com um braço, enquanto continuava apoiando Chantal com o outro. Eddie
parecia que queria ajudar, mas não se atreveu a baixar a guarda com os dois
alquimistas presos. Ele ordenou-lhes para o quarto e, em seguida, para a
misteriosa porta que eu tinha vislumbrado na minha investigação a noite. Outra
escada nos levou para cima... e eu vi a luz do sol pela primeira vez em quatro
meses.
Estava tão atordoada que parei de andar, fazendo o pobre Adrian tropeçar. Em
seu outro lado, os olhos de Chantal ficaram igualmente atordoados quando ela
olhou para o sol através de uma pequena janela na sala. Ouro e laranja
sugeriram que estava perto do pôr do sol.
- Lindo- murmurei.
- Concordo- Adrian disse, e vi que seus olhos estavam em mim.
Dei a ele um sorriso, desejando poder dizer mais, mas a sala estava muito
cheia de preocupações. Como toda a equipe de reeducação dos Alquimistas
encolhidos em um canto com Marcus, Trey e outro cara junto com eles.
- Onde estão todos? – Perguntou Eddie.
- Onde está o Duncan? – Perguntou Chantal.
- Eu pedi a Sheila levá-los para o esconderijo – disse Marcus. - Pensei que
seria melhor tirá-los daqui.- Ele me mostrou seu sorriso de estrela de cinema. –
Prazer em vê-la na vida real, Sidney.
Apesar de seu sorriso ensolarado, peguei um brilho fugaz de raiva em seus
olhos. Como Adrian, ele também tinha notado a minha suja aparência.
- Esconderijo? – Assobiou Sheridan. Eu não a tinha notado imediatamente. -
Você realmente acha que existe algum lugar seguro, que você pode ir onde
nós não...
Suas ameaças foram interrompidas quando a Chantal gritou de repente se
afastando de Adrian e tentando atacar Sheridan.
269
- Você! – Gritou Chantal. - Você fez isso comigo! Sempre foi você, não importa
quem estava fazendo. Era você dando as ordens!
Houve uma natureza animalesca desesperada em sua voz, e eu senti
um pontada no meu peito enquanto eu me perguntei se eu poderia ter tomado
o mesmo caminho se eu tivesse sido trancada por tanto tempo.
Seu ataque não foi muito longe, já que os outros Alquimistas se fecharam em
torno de Sheridan. Corri para a frente, ainda fraca, e tentei puxar Chantal de
volta tão delicadamente que pude.
-Acabou – eu disse. – Deixe isso ir.
- Você sabe o que ela fez!
O ódio e a dor no rosto de Chantal eram como um espelho de minhas mais
profundas emoções que tranquei, mas ainda teria que soltar.
-Você sabe o monstro que ela é!
-Nós não somos os monstros neste mundo – sibilou Sheridan. - Nós estamos
lutando contra eles, e você traiu sua própria espécie.
Chantal se lançou de novo, e desta vez, Adrian me ajudou.
- Acabou – eu insisti. - Ela não pode mais ferir você.
- É isso que você pensa Sydney? – Um sorriso de escárnio marcando as
características encantadoras de Sheridan. - Você realmente acha que você
pode se afastar de tudo isso? Não há nenhum lugar que você possa ir. Não há
lugar que nenhum de vocês pode ir, mas especialmente você, Sydney. A culpa
é sua, e nenhum Alquimista vai descansar enquanto não tenha caçado
você e...
Mais uma vez, o seu momento dramático foi interrompido, desta vez pelo
silenciar dos alarmes de incêndio e o extintor de incêndio sendo ligado.
- Bem, bem – disse Marcus, com a água encharcando a todos. - Eu acho que
Grif conseguiu fazê-los funcionar.
- Devemos sair daqui, disse o ex-Alquimista que eu não conhecia. - Mesmo que
os seus reforços estejam a quilômetros de distância, as chances são boas que
alguém chame alguém.
Marcus assentiu com a cabeça.
- Vamos apenas nos certificar de ter contido este lote.
- Aqui – disse Adrian. Ele esvaziou o bolso do paletó de uma dúzia de algemas.
- Eu pensei que algumas extras poderiam vir a calhar.
270
Trey e Marcus algemaram todos os Alquimistas, e Marcus recolheu todas
as armas que pôde encontrar.
-De jeito nenhum vou deixar isto aqui. Vamos levá-las e destruí-las.
Ele supervisionou a obra de sua equipe e acenou com a cabeça, satisfeito.
- Vamos pegar a estrada.
Virei-me para seguir, mas a voz de Sheridan me parou.
- Não há outro lugar que você pode ir – Ela falou. - Você não pode
simplesmente fugir disso!
Olhei para trás, mas antes que eu pudesse responder algo pequeno chamou
minha atenção. Na briga com Chantal, os dois primeiros botões da camisa de
Sheridan tinham se desfeito. Eu avancei e estendi minha mão em sua direção,
fazendo-a recuar. Sem dúvida ela achou que eu iria lançar um feitiço nela. Mas
ao invés disso, eu retirei o colar de Adrian de seu pescoço.
- ISSO, eu disse, é meu.
- Você não merece isso, ela sibilou. – E não pense que isso acabou. Você
acabou de substituir Marcus Finch como o Alquimista mais procurado.
Não respondi e rapidamente coloquei a cruz em meu pescoço. Com isso, me
virei e segui meus amigos para fora, sem hesitar.
Pôr do sol ou não, ele estava muito quente do lado de fora, e as nossas roupas
molhadas, de repente, tornaram-se uma bênção.
-Onde nós estamos? Eu perguntei.
- Death Valley2, disse Marcus. - Você não pode dizer os Alquimistas não tem
dom para o dramático.
- Isso, ou a terra era barata, eu disse.
Trey me surpreendeu por de repente me dar um abraço de urso.
- Você não tem idéia do quanto eu senti sua falta, Melbourne.
Eu senti meus olhos se encherem de lágrimas.
-Eu senti sua falta também. Obrigada... Obrigada por isso. Eu não sei como
recompensá-lo.
- A recompensa não é necessária. - Ele franziu a testa quando me examinou. -
Exceto talvez descansar e comer alguma coisa.
2 Death Valley está localizado na Califórnia, a leste. Mais informações no site:
http://www.usa.com/death-valley-ca.htm
271
Outro abraço veio e Marcus ocupou seu lugar.
- Overachiever3- Marcus disse sorrindo para mim- me substituindo na lista
deles.
Eu sorri de volta, escondendo o quanto as palavras de Sheridan tinham
realmente mexido comigo.
- Obrigado, Marcus. Sinto muito pelo que eu disse que você só falava e não
agia. – Fiz um gesto que abrangia nosso redor. - Isso... Isso foi uma gigante
ação.
- Sim, bem, você foi mais do que somente uma pequena inspiração para mim e
para os outros, disse ele. - E, provavelmente, para muita gente que tiramos
deste lugar também.
Eddie ficou em último, e enquanto nos olhávamos, as lágrimas que estavam
nos meus olhos finalmente derramaram.
- Eddie, eu sinto muito por mentir para você naquela noite.
Ele balançou a cabeça e me puxou para ele. Ouvi lágrimas sufocarem sua voz.
- Me desculpe, eu não pude detê-los. Perdoe-me por não ter sido proteção o
suficiente.
- Oh, Eddie, eu disse, fungando. - Você é a melhor proteção. Ninguém poderia
ter um guardião melhor do que você. Ou um amigo melhor.
Até Marcus pareceu tocado.
- Pessoal, eu odeio dizer isso, mas precisamos sair daqui. Nós podemos rir e
chorar no ponto de encontro.
Limpei meus olhos e dei um último abraço rápido em Eddie.
- Faça-me um favor. – Eu disse a ele. - Volte para Jill.
- É claro – disse ele. - Eu vou assim que todo mundo estiver seguro. Ela é o
meu dever.
- Eu não quero que volte para ela por causa de sua atribuição. Volte para ela
porque a ama.
Seu queixo quase caiu. Não acho que alguém já tenha falado com ele assim,
mas depois do que passei gentilezas e “dançar” ao redor da verdade, de
repente, parecia um desperdício de um valioso tempo. Andei para me juntar a
Adrian e um homem chamado Grif levantou um conjunto de chaves.
3 Não há uma tradução equivalente para Overachiever, mas seria uma pessoa que com seu
próprio desempenho superou todas as expectativas.
272
- Trouxe o Mustang enquanto estava fora. Quem está dirigindo-o?
- Nós estamos. – eu disse, surpreendendo a todos. Peguei as chaves dele. –
Isto é... Você tem outro carro?
- Um Prius4, disse Adrian tristemente.
Fiz um cálculo mental, verificando se todos eles se encaixavam, e em seguida,
coloquei no rosto o que eu esperava ser um sorriso apaixonado.
- Está tudo bem se Adrian e eu formos separados e encontrar vocês no ponto
de encontro? Eu... Eu gostaria de algum tempo sozinha com ele.
- Não terá espaço para esticar as pernas naquilo, - exclamou Trey. Porém
quando ele me olhou, sua expressão se suavizou. – Mas longe de mim ficar no
caminho do amor verdadeiro. Sofrerei por sua causa, Melbourne. Como
sempre.
Adrian tirou uma mala do Prius e, em seguida, entregou as chaves para
Marcus. Em troca, Marcus me deu algo inesperado.
- Tinha isto feito para você faz algum tempo. – ele explicou. – Pegue agora, só
para o caso de precisar. Irei arrumar alguns para os outros detentos.
Ele me meu duas carteiras de motorista. Uma era a minha original de Utah que
mal usei em Palm Springs enquanto vivia como Sidney Melrose. Estava
maravilhada que ele tinha conseguido uma cópia dela. Mas não era tão
surpreendente quanto a segunda, uma carteira falsa de Maryland com o mais
inesperado nome falso.
- Sério? – perguntei. – Misty Steele?
Marcus encolheu os ombros.
- Foi ideia do Adrian,
- É excelente5. Insistiu Adrian.
Dei um rápido abraço a Marcus, em agradecimento. Uma coisa que
aprendemos com os alquimistas era que, quando tínhamos que nos misturar
com o mundo moderno, a identificação é essencial. Falsas identidades
realmente boas são difíceis de conseguir. Contudo o trabalho na carteira de
motorista de Misty Steele foi impecável. Ele e os outros se amontoaram no
4 Prius é um carro da Toyota. Veja no site: http://www.toyota.com.br/cars/new_cars/prius/
5 Na tradução a expressão usada é badass, que traduzindo literalmente seria “É foda”, mas
acho que “excelente” ficou melhor nesse caso.
273
carro, Eddie me deu um último sorriso de despedida e quase me engasguei de
novo.
- Nunca pensei que fosse ver Castile a beira de lágrimas. – disse Adrian
quando começava a ir para o Mustang. – Isso realmente mexeu com ele.
Inferno, isso mexeu com todos nós, mas principalmente com ele. Ele nunca se
perdoou por te deixar escapar.
- Vamos esperar que ele possa. – eu disse, conectando meu sinto de
segurança. – Porque isso está prestes a acontecer novamente. Nós não iremos
encontra-los na casa segura.
Capítulo 19
Sydney
Eu comi e comi, e foi maravilhoso. Eu não pensei que seria capaz disso
tão cedo, mas depois de uma boa noite de descanso, meu corpo parecia
começar a aceitar o que eu precisava. Hopper compartilhou do meu café da
manhã gigante, claro, e eu estava satisfeita de ver que ele também parecia
melhor.
Eu coloquei uma das opções de camiseta coloridas do Adrian (verde
azulado dessa vez) e debati ir até o cassino animá-lo. Eu sabia que ele gostaria
de me ver sair, mas quando paro para pensar em descer as escadas e encarar
a multidão, tem algo tenso dentro de mim. Eu anseio reentrar no mundo
normal, só não estou pronta para algumas coisas. Já foi suficiente ligar os
noticiários e ouvir notícias sobre grandes eventos que aconteceram enquanto
eu estava na reeducação. Jornalistas falando sobre eles como se fosse do
senso comum de todos – o que provavelmente era, se você não tivesse tido
quatro meses da sua vida retirados.
Eu tornei me manter atualizada do mundo moderno meu novo objetivo, e
depois de empacotar tudo, me sentei no sofá com Hopper, enquanto ele
também ponderou sobre nosso próximo passo. Depois disso, nós teríamos que
continuar nos mudando, e por mais que eu odiasse admitir, nossa nova tarefa
teria que ser trocar o Mustang por algo menos notável. A partir disso, tivemos
274
que fazer a mesma escolha que os Moroi sempre fazem na elaboração de
estratégias sobre a melhor maneira de ficar longe de Strigoi: ir a algum lugar
densamente povoado ou totalmente deserto? Cada um tem seus prós e
contras. Uma batida na porta me fez pular.
Imediatamente, meus olhos correram para a maçaneta, verificando que
o sinal de “Não perturbe” tinha sumido. Nós penduramos fora na noite passada.
Eu congelei e esperei para ver se quem bateu reconheceria seu erro e iria
embora. Alguns momentos depois, outra batida, dessa vez com “Camareira”.
Essa selou. Serviço de quarto bateria, apesar do sinal, se você tivesse um
pedido, mas as camareiras do hotel nunca batiam. Nervosa, eu rastejei até a
porta fechada e ousei dar uma olhada no olho mágico. Uma jovem se
destacou, sorrindo agradavelmente e vestindo um uniforme do hotel. Ela
certamente parecia inócua, e eu me perguntava talvez se nosso sinal tivesse
caído.
Então, alguma coisa na minha visão periférica me chamou a atenção.
Uma sombra do lado dela – que não pertencia à ela. Ela se mexeu um pouco e
eu percebi que não havia outra pessoa em pé perto dela, fora da visão do olho
mágico. Talvez mais de uma pessoa. Silenciosamente, eu me afastei e
murmurei o feitiço que transformou Hopper em uma estátua antes de colocá-lo
dentro da sacola que guardava nossas compras. Pendurei a sacola da Senhora
Terwilliger sobre meu ombro e comecei a avaliar minhas rotas de fuga. A janela
do quarto não era grande o suficiente para que eu saísse por ela. A sala de
estar tinha uma pequena porta de vidro que se abriu para uma varanda de
Juliet... no terceiro andar.
Eu pisei pra fora e examinei minhas opções. Não eram muitas. O nosso
quarto tinha vista para o estacionamento e não havia nada no chão para
amaciar minha queda. Diretamente embaixo da nossa varanda tinha outra, e eu
me perguntei se eu estava fisicamente pronta para a subida. Seis meses atrás,
eu teria dito que sim. Agora, eu não tinha tanta certeza. Antes que eu pudesse
decidir, um grande SUV preto surgiu e dois homens de óculos de sol saíram,
colocando-se de maneira que pudessem me ver. Eu mal podia perceber um
fone de ouvido em um deles, e ele parecia estar falando em voz baixa.
275
Ele devia falando com o grupo que estava do lado de fora do meu
quarto, porque de repente a batida tomou uma intensidade maior. Eles também
desistiram de tentar fingir ser camareiras.
— Sydney, nós sabemos que você está aí dentro. Não torne isso mais
difícil do que já está. — Isso foi seguido pelo som de um cartão escorregando
na fechadura, mas quando eles tentaram abrir a porta, a corrente impediu. Eu
dei um passo para dentro e vi um olho aparecer na rachadura formada pela
cadeia. — Você não tem nenhum lugar para ir, Sydney.
— Diga a seus homens lá fora que eles vão querer sair bem rápido do
seu carro! — Eu gritei para eles.
Voltei à varada e peguei um dos amuletos que a Senhora Terwilliger
tinha me dado. Como a maioria do trabalho foi para a criação do amuleto, foi
necessário apenas um pequeno feitiço para ativá-lo. Eu falei as palavras e
atirei-o para o SUV, seguido de um feitiço de ar secundário que impulsionou o
amuleto o mais longe do que poderia por conta própria. Se eles perceberam o
perigo iminente ou tinha ouvido algo de seus colegas, os homens de óculos de
sol fugiram, mergulhando no chão enquanto o SUV explodia. Abaixei bem,
estremecendo com o calor e feliz que não havia mais ninguém lá fora que
poderia ter sido ferido.
Uma vez que a explosão inicial passou, eu não perdi tempo em me
levantar e subir até a borda da varanda. Os bares e os arabescos forneceram
muita ajuda e pontos de apoio, e eu não tive dificuldade em me agarrar lá fora.
Foi quando eu tentei descer e me jogar na varanda vizinha que os resultados
de quatro meses das mínimas atividades físicas apareceram. Minha força
superior do corpo estava longe de ser o que já foi, e de repente se tornou
esmagador me segurar lá e me balançar para outro balcão. Eu consegui descer
o máximo que eu pude, enquanto minhas mãos seguravam as partes inferiores
da varanda e meus pés pendiam a apenas alguns centímetros a partir do outro
corrimão. Tocar seria fácil caso eu caísse. Cair para dentro – ao invés de para
fora – não seria. Os músculos dos meus braços gritavam, e meu aperto
começou a escorregar.
276
— Sydney!
Eu reconheci a voz de Adrian, mas não conseguia vê-lo. Eu só
conseguia afirmar que ele estava em algum lugar atrás de mim, possivelmente
perto do SUV.
— Solte! — Ele gritou.
— Eu vou cair! — Eu respondi de volta.
— Não, você não vai!
Eu me soltei, e por meio segundo, não havia nada que me impedisse de
cair no chão. Então, uma força invisível me empurrou com força nas costas e
eu fui caindo sobre a borda da varanda, desajeitadamente, mas com
segurança. Eu estava confusa com o que havia me salvo, até que eu virei para
Adrian, onde ele estava no estacionamento há uma distância saudável do SUV
em chamas. Os alquimistas com óculos de sol iam em direção a ele, e ele
fixou seu olhar sobre eles, derrubando-os com uma parede invisível de poder,
assim como ele usou em mim. Estremeci com esse tipo de trabalho
telecinético, sabendo que ele usou uma quantidade enorme de espírito e que
ele não poderia fazer isso o dia todo.
— A porta está aberta? — Ele chamou.
Eu tentei e acenei com a cabeça.
— Me encontre no lugar que eu esqueci de ir ontem à noite! Vai!
Os alquimistas estavam começando a alcançá-lo, e ele saiu do
estacionamento, correndo atrás do carro em chamas. Sirenes soaram ao longe,
e os curiosos começaram a sair. Eu me apressei dentro do quarto de hotel no
qual aterrei, aliviada ao ver que estava desocupado. Cortei caminho por ele, e
saí para um corredor no segundo andar e ponderei meu próximo passo. Me
encontre no lugar que esqueci de ir ontem à noite.
Fazia sentido não ir para o carro. Os alquimistas, sem dúvida, tinham
demarcado. Mas o que ele quis dizer? Um momento depois, eu soube. De um
lado, o corredor me levou a uma saída de emergência. Do outro lado, as
277
escadas e o elevador levavam para o lobby e o cassino. Eu tentei pensar como
uma Alquimista e fui para as escadas até o lobby. Uma saída obscura seria
monitorada com certeza.
Escada abaixo, no andar principal, eu encontrei caos, o que era
justamente o que eu precisava. Todo mundo ouviu o carro lá fora, mas
ninguém sabia o que tinha acontecido exatamente. Algumas pessoas estavam
tentando evacuar a área, enquanto outras, escutando que o fogo estava lá fora,
queriam ficar dentro. A segurança do hotel parecia pensar no que fazer, até
que um guarda finalmente decidiu que seria mais seguro deixar as pessoas
saírem pelo lado oposto de onde a SUV pegava fogo. Eu rapidamente me
juntei as pessoas reunidas e tentei determinar se havia algum Alquimista lá. Eu
não tinha nenhuma ideia de quem eles eram, se eles estavam em uniformes do
hotel ou roupas normais. Meu maior indício de que alguém estava seguro era
se eles passavam por mim, muito mais preocupados com eles mesmos do que
eu.
Eu quase cheguei a porta quando eu fiz contato visual com um homem
em uma camisa tropical que definitivamente estava mais interessado em mim.
Ele começou a empurrar as pessoas em seu caminho até mim, e eu tive a sorte
de um guarda de segurança estar no caminho, supervisionando a evacuação.
— Meu quarto fica em frente à SUV que queimou. — Eu disse ao
guarda. — E eu vi aquele homem lá, logo antes de acontecer!
Uma reclamação como essa poderia normalmente ser desprezada,
principalmente porque eu acho que detalhes do que acabou de acontecer ainda
estavam tão frescos que mencionar especificamente a SUV teria uma baixa
credibilidade. Mas, o guarda era jovem e tinha o olhar ansioso de alguém que
queria se destacar. Ele passou por mim, bloqueando o homem na camiseta
havaiana, que estava a apenas algumas pessoas de mim.
— Senhor — Disse o guarda. — Eu posso falar com você?
O homem, impaciente e fixo em mim, cometeu o erro de tentar passar
pelo guarda, que o empurrou de volta e começou a chamar reforço.
278
— Me largue! — Gritou o Alquimista. — Eu preciso passar!
— Senhor, abaixe-se no chão!
Eu não continuei por perto para ver o que acontecia. Deixei-os brigando
e finalmente escapei pela porta. Lá, outro guarda bem-intencionado estava
tentando manter os evacuados em um grupo organizado. Eu ignorei-o e
imediatamente me separei dos outros, tentando me orientar. Nós saímos perto
da frente do hotel, e através de uma avenida movimentada, eu podia ver o
Shopping no qual Adrian esteve noite passada. Eu comecei a correr até ele,
desejando que estivéssemos em uma cidade muito mais movimentada – como
Las Vegas – onde eu teria uma multidão na qual pudesse me perder. Como
era, eu era muito visível, e logo ouvi os gritos. Olhando para trás, eu vi mais
duas pessoas com óculos de sol vindo atrás de mim. Eu estava mais exausta
da minha subida do que eu esperava, e esse tipo de exaustão física se traduzia
na dificuldade em usar magia.
Eu estava me aproximando de uma faixa de pedestres que me levaria ao
Shopping, e passei a diminuir. Freneticamente, eu me perguntava o que diabos
eles realmente esperavam fazer. Nós estávamos em público, em plena luz do
dia. Será que eles pensavam que podiam me agarrar na rua? Sim, eu percebi,
isso era exatamente o que eles fariam, e eles achariam um modo de justificar
isso depois e explicar para as testemunhas. Eles fazem isso o tempo todo com
fenômenos sobrenaturais. O quão difícil seria com uma abdução humana?
O farol mudou, e eu corri pela rua, me movendo o mais rápido que meus
músculos fora de forma me levariam. Mas não era o suficiente. Os Alquimistas
estavam ganhando. Eu alcancei o estacionamento do Shopping e fui direto a
loja de departamento de onde minhas roupas vieram. Sem olhar para trás para
ver o quão perto meus perseguidores estavam, corri em linha reta em um
corredor de artigos de papelaria e murmurei um feitiço fraco de invisibilidade.
Senti a mágica se estabilizar ao meu redor, então me apressei em outro
corredor, caso eles tenham visto meu destino original. Ninguém veio atrás de
mim imediatamente, então dei uma volta por outros corredores para finalmente
fazer um círculo e ter uma vantagem na entrada da loja. Um dos Alquimistas
estava parado na porta, então eu assumi que o outro estava procurando pela
279
loja. Com eles procurando ativamente e esperando me ver, o feitiço não duraria
muito se nossos caminhos se cruzassem. Tinha um outro e mais poderoso
amuleto de invisibilidade na minha mochila, mas eu odiaria desperdiçá-lo
quando eu estava tão perto de encontrar com o Adrian. Eu teria que achar
outro caminho fora daqui — sem correr até o Alquimista que estava vagueando
— ou distrair o que estava na porta.
Continuamente abaixando e olhando tudo ao meu redor, eu
ziguezagueei em direção a uma exposição de trajes de banho que pareciam
ser feitos de materiais muito inflamáveis. Começar um incêndio não seria um
problema para mim. Eu poderia fazer uma bola de fogo dormindo. O problema
era que eu não queria atrair atenção de imediato. Assim que o meu fogo foi
notado, toda atenção — inclusive a dos Alquimistas — iriam levar para aquele
caminho, que era o que eu queria. Mas eu precisava estar bem longe de lá
quando acontecesse.
Eu fechei meus olhos e convoquei a menor das faíscas em minhas
mãos. Foi difícil impedir que crescesse porque o meu trabalho com a Sra.
Terwilliger focava em fazer a maior e pior bola de fogo imaginável. Essa,
entretanto, precisava de apenas uns gravetos, como eu teria feito na
reeducação. Uma vez que eu tinha a faísca estável, eu a mandei no topo de
uma sunga cor de caqui – por fora ao principio – e ela se acumulou tão rápido
quanto era possível, agachando perto de alguns carrinhos. Embora eu pudesse
ver linhas de fumaça, o maiô não chegou a pegar fogo o mais rápido que eu
esperava, e esperei longos momentos até que as pessoas percebessem. O
Alquimista na porta se segurou em sua posição, e então, para meu horror, eu vi
o segundo se aproximando, obviamente sem saber que estava sendo levado
diretamente a mim. Eu estava tentando descobrir como sair dessa linha do seu
ponto de vista quando alguém gritou, e finalmente verdadeiras chamas saíram
do material barato.
O Alquimista veio em minha direção, parou e encarou o fogo enquanto o
que estava na porta ficava boquiaberto também. Com suas atenções
desviadas, eu fui capaz de deslizar por eles e correr por três lojas do shopping
até uma farmácia. Lá fora, um ônibus de turismo em marcha lenta escrito LAS
280
VEGAS estava carregando idosos e, na minha presa, eu corri para um deles.
Ele piscou surpreso assim que fizemos contato visual. Eu devo ter aparecido
do nada pra ele, mas como acontece várias vezes quando os humanos
encontram o inexplicável, ele balançou a cabeça e voltou a entrar no ônibus.
Fui direto aos fundos da loja, dentro da farmácia, e encontrei Adrian no
corredor dos contraceptivos, como eu sabia que faria.
— Espero que você tenha pego algo bom — eu disse.
— Graças a Deus — ele respirou, me envolvendo em um grande abraço.
— Eu odiei deixá-la, mas pensei que nossas chances seriam melhores se nós
nos separássemos primeiro. Eu sabia que você era inteligente o suficiente para
vir para cá
— Para o lugar que você esqueceu de ir noite passada? — Eu perguntei
com um sorriso. — É, eu percebi isso, mas eu tive um pouco de dificuldade.
Eles estão na loja de departamentos… que também vai ser visitada por um
caminhão dos bombeiros, eu penso. Eu gostaria de ter conseguido algo menos
óbvio.
— Não pode ser pior do que eu — ele disse. — Quando eu ouvi a
explosão no cassino, eu usei o espírito para jogar um monte de Alquimistas ao
redor para conseguir sair. Eu não acho que era óbvio que eu fui o único
responsável, mas esses lugares são cheios de câmeras que agora estão tendo
algumas filmagens muito questionáveis.
— Na verdade, — Eu disse — os Alquimistas provavelmente
desabilitaram todas as câmeras ou as colocaram em um loop antes de infiltrar
o lugar. Eles não gostariam de ter suas atividades gravadas mais do que as
suas.
Adrian pareceu aliviado. — Bom, isso é algo. Mas agora, qual é o plano?
Deveríamos ligar para o Marcus por ajuda?
— Não. — Eu disse. — Eu não quero ele voltando aqui e se arriscando
quando esta cidade está infestada de Alquimistas.
— Como você acha que eles nos rastrearam? O carro?
281
Eu suspirei, me sentindo tola sobre algo que tinha me ocorrido antes.
— Honestamente, eu estou achando que eles tinham olhos e ouvidos
em todas as cidades perto do centro de reeducação, no caso de algo assim
acontecer. Eles, provavelmente, colocaram nossas descrições por aí, e alguém
reportou. Talvez um funcionário de um hotel. Eu deveria ter considerado isso e
ido muito mais longe antes de nós pararmos para a noite. Isso é minha culpa.
— Os únicos que tem culpa são os loucos que trancam as pessoas em
celas escuras em Death Valley — disse Adrian — Então pare de se torturar
Sage, e use este lindo cérebro que eu conheço e amo.
Eu engoli e balancei a cabeça, me preparando. — Ok. Nós precisamos
sair dessa cidade rápido, e eu acho que sei como.
— Será que isso envolve roubar um carro? — Perguntou ele,
esperançoso. — Eu desaprovo, por questões morais, mas Rose e Dimitri já
fizeram muitas vezes, e é meio que foda.
Eu peguei sua mão e o levei para fora da loja. — Meu plano é muito
menos durão.
Nós saímos e, com certeza, tinha um caminhão de bombeiros e uma
crescente multidão abaixo na rua do shopping. Sem esperar para ver se havia
Alquimistas na multidão, eu me apressei e dei um passo para o ônibus de
turismo que tinha acabado de terminar o carregamento. O motorista olhou para
nós com cautela.
— Vocês não estão nesse grupo — disse ele.
Adrian olhou de volta para os lugares no ônibus, observando todos os
cabelos brancos e cinzas.
— Muito observador — ele murmurou.
Eu cutuquei ele. —Teve sorte no Cassino mais cedo?
Adrian entendeu a dica e tirou sua carteira.
— Gostaríamos de nos juntar a esse grupo. — ele declarou.
282
O motorista balançou a cabeça.
— Não é assim que funciona. Isso tudo é organizado através de uma
empresa de turismo, que então contrata o meu chefe — Seus olhos se
arregalaram quando Adrian entregou algumas notas de cem dólares. Após um
momento de hesitação, o motorista pegou-as e enfiou no bolso do casaco. —
Vamos lá. Acho que ainda tem alguns lugares na parte de trás.
Os clientes regulares do ônibus nos encararam com espanto à medida
que passávamos por eles e nos acomodávamos nos últimos assentos.
Momentos depois, a porta se fechou e o motorista dirigiu para fora do
estacionamento. Adrian passou um braço em volta de mim e suspirou feliz.
— Ah, eu mal posso esperar para contar para nossos filhos sobre isso.
‘Hey, querida, você se lembra quando subornamos um ônibus de turismo idoso
indo para Las Vegas?”
Eu ri. — Grande romance lá. Tenho certeza que eles ficarão
impressionados.
A diversão ficou em seu rosto, mas foi tingida por tristeza.
— Na verdade, depois do que eu observei em casamentos
recentemente, esse é o grande romance.
— Do que você está falando?
O último sorriso em seu rosto desapareceu.
— Nada que valha a pena ser dito. Vamos apenas dizer que eu descobri
que o casamento dos meus pais é uma farsa, e minha mãe está bem vivendo
com um homem que pensa mal dela, enquanto ele continue pagando suas
contas.
— Adrian, — exclamei, descansando minha mão sobre a sua — Por que
você não me contou nada disso?
Seu sorriso voltou, porém dessa vez era irônico.
— Bom, eu meio que tinha algumas outras coisas para me preocupar.
283
Ele se inclinou e me beijou na testa, mas suas palavras trouxeram à tona
algo que eu mantive na ponta da minha mente: meus próprios pais.
— Você viu a Carly, — eu comecei. — você sabe o que aconteceu com
a minha família?
O caminho para Las Vegas foi mais uma hora e meia, e Adrian
recapitulou o que ele aprendeu sobre minha família e o divórcio. Meu coração
se afundou. Eu não estava inteiramente surpresa de ouvir que meu pai ganhou
a custódia de Zoe, apesar de ter esperança de que minha mãe pudesse
prevalecer.
— Isso não significa que ela é uma causa perdida — eu disse para
Adrian, tentando me convencer tanto quanto ele. — A Zoe ainda pode se
libertar disso tudo.
— Ela pode — ele concordou, mas eu poderia dizer que ele não
acreditava nisso.
Quando chegamos em Las Vegas, nós aprendemos que o ônibus estava
levando seus ocupantes para o Tropicana. Desembarcamos em frente ao hotel,
onde a guia de passeio da empresa estava esperando para suas funções e a
próxima etapa da viagem. Ela olhou assustada quando saímos, e Adrian
acenou para ela amavelmente enquanto passávamos, como se fosse
totalmente normal estarmos lá. Ela estava atordoada demais para dizer ou
fazer algo para nos impedir. Infelizmente, nós então descobrimos que tínhamos
alguém esperando por nós também.
— Adrian — eu disse, em advertência.
Ele seguiu meu olhar para onde um homem e uma mulher estavam em
pé junto a porta do hotel, olhando diretamente para nós.
— Filho da puta. — Adrian disse, chegando a um impasse.
Eu quase esperava uma repetição do que nós deixamos para trás, com
aqueles Alquimistas atrás de nós. Em vez disso, a mulher tocou o braço de
outro homem que estava de costas para nós. Ele virou, revelando ser um
284
segurança. Ela disse algo para ele e apontou para nós. Imediatamente, ele
andou a passos largos, com dois Alqumistas no reboque. Olhei em volta,
tentando ver se poderíamos correr para algum lugar, ou pelo menos pegar um
táxi.
— São eles — a mulher dizia. — Eu disse a você.
— Com licença — disse o guarda — Eu preciso trazê-los para dentro e
fazer algumas perguntas. Eu entendo que vocês possam estar envolvidos em
algo do interesse das autoridades.
— Adrian — eu disse, com os dentes cerrados. — Nós não podemos ir
com eles.
Eu sabia como essas coisas funcionavam. Se nós acabássemos na
polícia ou sob a custódia do hotel, os Alquimistas iriam simplesmente trabalhar
com uma papelada mágica e nos fazer ser entregues para eles. Adrian fez o
guarda olhar diretamente em seus olhos.
— Deve ter ocorrido algum engano — disse Adrian amigavelmente. Isso
foi quente, e a qualidade tão doce de sua voz me atraiu. — Estamos aqui
apenas para passar um bom tempo, gastar muito dinheiro no cassino. Esses
dois são os que estão causando problemas. Eles estão tentando distraí-lo do
que eles realmente estão fazendo.
A testa do guarda franziu com a compulsão derramada sobre ele. Eu
tremi, tanto impressionada e um pouco inquieta com o quão poderoso Adrian é.
Os Alquimistas perceberam o que estava acontecendo também.
— Ele está mentindo — O homem retrucou. — Prendam-nos e tragam-
nos. Vamos ajudar a contê-los!
— Prendam-nos? Sério? — perguntou Adrian — Eu sabia que vocês
estavam na Idade Média. Eu só não tinha percebido que vocês ainda estavam
tentando viver nela!
Ele concentrou sua energia de volta no guarda.
285
— Nos deixe ir. Esse é o nosso táxi que acabou de chegar. E não deixe
eles nos parar.
— Claro — disse o guarda.
Adrian me guiou em direção a um taxi que, de fato, tinha acabado de
chegar. Os Alquimistas tentaram vir atrás de nós, mas o guarda, ainda sob a
influência de Adrian, bloqueou o caminho deles. O cara na verdade chegou ao
ponto de dar um soco no guarda, permitindo que sua colega se apressasse
para o táxi. Nesse tempo, Adrian e eu já tínhamos entrado, e ele bateu e
trancou a porta, enquanto ela batia na janela.
— Dirija — ele disse ao motorista. – Agora.
O motorista parecia mais do que um pouco assustado com a mulher
batendo no seu táxi, especialmente quando o Alquimista homem se juntou a
ela.
— Vá! — Eu insisti.
O motorista pisou no acelerador. — Para onde?
Por um momento, nenhum de nós falou. Então eu disse:
— Para o Witching Hour.
Adrian me deu um olhar afiado. — Você tem certeza que é uma boa
ideia? — Ele perguntou, em uma voz baixa, enquanto o motorista entrava no
trânsito. – Os Moroi cooperam com os Alquimistas.
— Eu estou jogando um palpite.
Vendo seu olhar surpreso, eu disse:
— Bem, é Las Vegas.
O taxi nos levou rua abaixo, e eu alertei Adrian:
— Provavelmente terão um ou dois Alquimistas esperando por nós. Não
procure por eles ou aja como se você tivesse visto um deles. Só ande em linha
286
reta para dentro do banheiro. Eu farei o mesmo. Quando você sair, não me
espere. Vá jogar cartas ou algo do tipo. Eu te encontrarei.
Isso trouxe uma carranca em seu rosto, mas ele não discutiu e assim
que pagamos o táxi, saímos. O Witching Hour não era um lugar para onde eu
iria, mas era muito bem conhecido nos círculos Alquimistas. Foi um cassino e
hotel Moroi, e apesar da abundância de humanos, os donos deixavam uma
quantidade boa de coisas que supriria a necessidade dos Moroi. Nós andamos
e entramos, e um carregador Moroi educadamente segurou a porta aberta para
nós. Dentro, era como qualquer outro estabelecimento em Las Vegas: um
conjunto de luzes e ruídos e emoções a longo alcance. Adrian seguiu as
ordens perfeitamente, indo direto para o banheiro ao lado do lobby. Eu entrei
no banheiro feminino e entrei em uma cabine.
Lá, eu tirei o amuleto de invisibilidade da Sra. Terwilliger e coloquei em
volta do meu pescoço, lançando o feitiço para ativá-lo. Mesmo com o amuleto
para ajudar, ele ainda exigia uma grande quantidade de poder, mas os
resultados eram igualmente poderosos. Ele iria durar muito mais do que os que
eu lançava na reeducação, e agora eu podia olhar as pessoas nos olhos. Só
aqueles que sabiam que Sydney Sage estava ali, invisível, bem em sua frente,
seriam capazes de ver através do feitiço de magia. Com a minha camuflagem
no lugar, eu saí do banheiro, esperando outra pessoa abrir a porta primeiro.
Lá fora, Adrian estava saindo do banheiro masculino. Eu parei atrás dele
quando ele pediu uma bebida no bar e, em seguida, procurou uma mesa de
pôquer. A bebida não tinha álcool, mas tinha sangue, o que era um bônus
adicional dessa parada porque eu sabia que ele não tinha nenhum sangue há
um tempo. Uma vez que ele estava sentado e cuidado, eu sussurrei em seu
ouvido:
— Não se vire. Eu estou aqui com você, invisível. Se você olhar para
mim, irá provavelmente quebrar o feitiço. Acene se você entendeu.
Ele acenou. Eu olhei em volta e voltei a ele.
287
— Eu acho que vi um Alquimista no quarto até agora, te observando.
Continue jogando algumas rodadas. Ninguém irá pegá-lo ainda. Eu não ficaria
surpresa se mais um ou dois aparecessem em breve.
Eu dei um rápido passeio, notei que a segurança e os escritórios
gerenciais ficavam no primeiro andar, e então retornei ao Adrian. Eu continuei
monitorando o ambiente, parando ocasionalmente para apreciar ele jogando.
Ele era muito bom nisso, me fazendo feliz pelo fato de nunca ter cedido aos
seus pedidos de Strip pôquer. Na verdade eu era boa nisso também, mas meu
jogo vinha das análises estatísticas. Isso não podia se comparar com a
habilidade de ler a verdade em outros jogadores. A segunda Alquimista logo
apareceu no andar dos jogos.
— Ok — eu murmurei para o Adrian — Termine essa mão e então vá
pegar um quarto. Pegue com seu próprio nome, tudo bem, e tenha certeza que
você repita o número do quarto alto. Em seguida, vá para ele. Eles irão te
seguir. Quando o fizerem, não hesite em entrar em uma luta barulhenta e
vistosa com eles, - mas certifique-se de atacar primeiro. Eu cuidarei do resto. E
quando as autoridades te perguntarem, certifique-se também de fazer uma
grande cena sobre quem você é e como injustiçado é.
Ele obedeceu, e com cuidado eu o segui para a mesa da frente, ficando
fora da sua linha de visão. Os Alquimistas também o seguiram, pairando ao
seu alcance de voz. Quando chegou sua chave do quarto, ele disse:
— Quarto 707, hein? Parece um número de sorte.
Os dois Alquimistas trocaram olhares e se dirigiram para o elevador.
Adrian pegou o próximo para cima. Quanto a mim, eu fiquei fora do caminho no
corredor do primeiro andar e peguei um telefone, me certificando de que
ninguém via o telefone pairando no ar. Eu disquei para a segurança.
— Por favor, ajude! — Eu exclamei. — Tem um homem sendo atacado
no corredor do sétimo andar!
Depois disso, eu tive que esperar para ver se meu joguinho tinha sido
comprado. Voltei para onde eu tinha visto a segurança e esperei por lá. Dez
288
minutos depois, quatro guardas da segurança do hotel desceram escadas
abaixo com o Adrian e os dois Alquimistas. O grupo entrou no escritório da
segurança e eu escorrei atrás deles, tomando o cuidado de ficar fora da linha
de visão de Adrian. Nós logo fomos acompanhados pelo gerente.
— O que está acontecendo? — Ele perguntou.
Um guarda começou a falar, mas Adrian interrompeu-o.
— Eu vou dizer o que aconteceu! Eu estava cuidando das minhas coisas
quando estes dois — ele apontou para cada um dos Alquimistas — vieram em
mim sem nenhuma razão! Você tem alguma ideia de quem eu sou? Eu sou
Adrian Ivashkov! Talvez você já tenha ouvido falar, tardiamente, da minha tia, a
majestade real Rainha Tatiana Ivashkov? E talvez você conheça uma das
minhas melhores amigas, a atual rainha?
Isso chamou a atenção do gerente, e ele olhou para os Alquimistas. Era
claro que ele sabia quem e o que eles eram.
— Nós não vemos muitos de vocês por aqui.
— Este homem é um criminoso — protestou um dos Alquimistas. — Ele
e uma garota humana destruíram uma de nossas instalações! É nosso direito
pegá-los!
— Eles? — Perguntou o gerente. — Eu só vejo um.
— Ela está aqui em algum lugar — insistiu o outro Alquimista.
Um dos guardas gesticulou para um grande monitor.
— Nós temos as filmagens do cassino, senhor. Lorde Ivashkov estava
sozinho.
Ele rodou uma cena de Adrian na mesa de pôquer, e eu rezei para que
ninguém pensasse em chegar as filmagens de nós entrando.
— E aqui está o ataque.
289
Uma nova filmagem mostrou os dois Alquimistas esperando no sétimo
andar quando Adrian saiu do elevador. Eles claramente deram o primeiro
movimento, tentando agarrar e subjugar ele com uma arma tranquilizadora.
Adrian lutou bravamente, não só com espírito – o que eu esperava – mas na
verdade socando um deles. Wolfe teria ficado tão feliz. Outros hospedes
saíram de seus quartos e, logo que os guardas chegaram, tudo cessou.
— Isso é inaceitável — disse o gerente bravo. — Você não pode andar
pelo meu hotel e tentar assaltar um Moroi. Eu não ligo pra quem você é. Você
não tem o direito de fazer isso conosco.
— Ele é culpado de todos os tipos de crimes — o primeiro Alquimista
disse. — Você não tem o direito de nos impedir de levá-lo para
questionamento.
— Onde está sua prova? — Perguntou o gerente. – E onde está sua
garota misteriosa? Você claramente cometeu um erro.
Ele virou para os guardas.
— Escolte-os para fora.
— Eles têm me seguido o dia inteiro — disse Adrian. — Como nós
sabemos que eles não voltarão?
— Ninguém irá intimidar nossos cidadãos — rosnou o gerente. — Alerte
o resto da sua equipe. Vasculhe esse lugar para todo sinal de Alquimistas,
assim como a periferia e os túneis. Remova qualquer um deles da nossa
propriedade e coloque em uma chamada para a Corte. Você estará a salvo o
tanto que continuar aqui, Lorde Ivashkov.
— Obrigada — disse Adrian solenemente.
Ele se levantou.
— Se isso foi concluído, eu estou indo para o meu quarto fazer minhas
próprias ligações para a Corte.
290
Os Alquimistas que protestavam foram levados para fora, e o gerente
orientou Adrian para fora, oferecendo todo o tipo de desculpas e compensação
para o que aconteceu. Quando Adrian finalmente estava sozinho no elevador,
fui para trás dele e falei:
— Não se vire novamente. Nós precisamos que eu fique fora da câmera.
— Tudo ocorreu de acordo com o plano? — Ele perguntou.
— E ainda mais.
Ele segurou a porta do quarto aberta por um tempo extra para que eu
passasse. Uma vez fechada, eu parei em frente a ele e disse:
— Aqui estou.
Ele me envolveu em um abraço gigante que tirou meus pés do chão.
— Isso — Ele disse — foi brilhante! Como você sabia o que
aconteceria?
— Eu não sabia — eu disse. — Não com certeza.
Ele me abaixou e se sentou no sofá.
— Mas eu me senti muito confiante de que a gestão Moroi não iria deixar
um de vocês sem uma prova — o que os Alquimistas não teriam. Marcus deve
ter desativado as câmeras em Death Valley. Os Alquimistas só poderiam
acusá-lo com base em testemunhas, e eu sabia que isso não se sustentaria
aqui. Funcionários Alquimistas teriam que enviar queixas formais com a rainha.
Eu... bom, essa é uma história diferente. Eles poderiam me entregar. Os Moroi
não têm motivos para me proteger – daí a invisibilidade.
Adrian sentou do meu lado e beijou minha bochecha.
— Eu já disse isso antes, e direi de novo: Você é um gênio, Sage. Eu
continuo achando novas razões para te amar, e eu não achava que isso fosse
possível.
— Eu não sou nenhum gênio. — eu disse, caindo de volta para o banco.
291
Lágrimas se formaram nos meus olhos, e eu odiei isso. Eu odiava que
os Alquimistas fizeram isso comigo. Eu nunca tinha sido tão emocional antes!
Eu era toda sobre lógica quando problemas surgiam, não lágrimas, e agora eu
só queria me enrolar feito uma bola e chorar. O estresse da reeducação e
agora estava me consumindo.
— Eu deveria ter deixado nós irmos com Marcus. Eu não sei se nós
podemos superar os Alquimistas! Você acha que eu sou inteligente, mas onde
você acha que eu aprendi isso tudo? Você vê o alcance do que eles podem
fazer? Eles tinham agentes esperando por nós lá foram em cidades vizinhas a
Death Valley. Então eles devem ter visto nós entrando naquele ônibus,
descoberto onde estávamos indo, e encontrado a gente no Tropicana. Os
Alquimistas ou tinham rastreado a placa do táxi aqui, ou eles tinham agentes
esperando aqui, uma vez que é um lugar provável para irmos.
Eu encontrei o olhar de Adrian com firmeza.
— Como nós vamos superar isso? Como nós fugimos de um grupo que
tem olhos e ouvidos em todos os lugares? Quem pode nos proteger? Nós não
podemos usar a invisibilidade e a compulsão pelo resto das nossas vidas! Nós
não podemos nos esconder nesse hotel para sempre!
Eu sabia que eu estava histérica e a calma de Adrian me empurrava
para essa familiaridade.
— Eu acho que eu tenho uma ideia — ele disse. — Uma ideia que nos
dará uma forte proteção... mas eu não sei como você se sentirá em relação a
isso.
— Eu estou aberta a tudo — assegurei-o.
Ele hesitou por um momento e deu um aceno decisivo. Então, para
minha surpresa total e absoluta ele ficou de joelhos diante de mim e segurou
minhas mãos nas dele.
— Sydney Katherine Sage, — ele disse, seus olhos verdes cheios de
amor e sinceridade. — Você daria a honra a um melancólico e vagabundo
Moroi de se tornar sua esposa?
292
CAPÍTULO 20
ADRIAN
Eu esperava muitas reações diferentes à minha proposta. Chorar não
era um delas.
— Ok — Eu disse cautelosamente. — Provavelmente isso teria sido
melhor com um anel, certo?
Ela balançou a cabeça, furiosamente enxugando as lágrimas dos seus
olhos. — Não, não... foi ótimo. Quer dizer, eu apenas não sei. Eu não sei por
que estou chorando. Eu não sei o que há de errado comigo.
Eu sabia o que estava errado. Ela estava trancada por quatro meses, a
maioria deles havia sido no escuro, submetida à tortura psicológica e fisíca, e
teve que dizer que tudo o que ela acreditava era errado e distorcido — que ela
estava errada e distorcida. Acrescente a isso ao estresse da fuga — de várias
fugas — que nós tivemos que passar, e não era de admirar que ela estava
quebrando. Mesmo a mais forte pessoa teria dificuldade em se recuperar. Ela
precisava de um tempo, tempo para se curar mentalmente e fisicamente, e
aqueles malditos Alquimistas não dariam isso a ela.
— Tudo bem, vá em frente. — Disse ela, poucos momentos depois. Eu
podia vê-la endurecer, trabalhando duro para deixar de lado todas essas
emoções, porque ela achava que isso era o que significava ser forte. Eu queria
dizer a ela que a força não se tratava de esconder seus sentimentos, que
estava tudo bem por ela se sentir assim depois do que ela tinha passado. —
Me explique como ser uma noiva de dezenove anos de idade vai resolver
nossos problemas.
Eu fiquei de joelhos. — Eu sei que não era parte de seu plano — eu
disse. — Ainda não, pelo menos. Eu sei. Idealmente, você estaria indo para a
faculdade agora, com o casamento na estrada.
293
Ela assentiu com a cabeça. — Você está certo. E não é por falta de
amor por você, acredite. Eu não posso nem imaginar se casar com ninguém.
Mas ainda somos tão jovens.
— Eu sei. — Eu apertei as mãos dela com mais força. — Aqui está o
que eu penso, no entanto. Pensei nisso quando você disse que sabia que o
Moroi iriam me proteger como um dos seus próprios. Se nos casarmos, se
você for minha esposa, os Morois terão que protegê-la também.
As palavras anteriores de Sydney me lembraram de algo que Lissa tinha
dito, quando eu lhe pedira para ajudar a Sydney: Se alguém do meu próprio
povo estiver em perigo por causa deles, então sim, eu tenho todo o direito de ir
contra os Alquimistas. Eu não tinha dúvida de que eu estaria seguro se eu
fosse correndo de volta para a Corte. Lissa iria me proteger, mesmo que eu
não fosse um bom amigo. Sydney estava certa de que ela não poderia esperar
tais garantias, e até mesmo o gerente do hotel havia insinuado isso. Mas se ela
fosse a Sra. Ivashkov...
Sydney franziu as sobrancelhas. — Você está pensando em como uma
pessoa recebe a cidadania quando se casa com alguém de um país diferente.
Eu não acho que funciona dessa maneira com os Moroi e os seres humanos.
Eu não me torno automaticamente uma Moroi me casando com você. O seu
povo não vai me aceitar como um deles. Seu povo vai pirar.
— É verdade — Eu admiti. — Mas isso não significa que vou deixar a
minha esposa ser punida. Vamos para a Corte e casamos. — Ela não
respondeu de imediato, e o silêncio me enervou. Comecei a me preocupar e
encontrar outros problemas, aqueles que não tinham nada a ver com a lógica
questionável do meu plano. — Mas, se você não tem certeza sobre nós...
Ela se concentrou de novo em mim. — Oh, Adrian, não. Não é isso.
Quero dizer, é como eu disse, eu nunca esperei me casar tão jovem, mas eu
não consigo imaginar passar a minha vida com alguém além de você, imaginei
que isso iria acontecer um dia. Isso é apenas uma espécie de choque. E
também pense em como seria a nossa vida se nós pedíssemos refúgio aos
294
Moroi, isso significa que teremos que ficar na Corte para sempre? Eu nunca
vou poder ver minha família de novo?
Isso me pegou de surpresa. As maiores complicações que eu tinha
previsto eram as reações dos meus familiares e outros, digo, como Nina. Isso
seria um problema sim, mas o que eu e Sydney estávamos enfrentando agora
era muito importante. Eu estava preparado para lidar com qualquer reação que
meu povo pudesse apresentar, mas eu sinceramente não tinha pensado o
suficiente para considerar o lado de Sydney. Eu não tinha respostas fáceis para
essa pergunta, mas respondi com confiança, como achei que eu fiz:
— Por um curto prazo. Quer dizer, eu não sei quanto tempo é esse
'curto prazo', mas, eventualmente isso vai passar, e nós vamos ser livres para
irmos onde quisermos e ver quem a gente quiser ver.
Sua expressão irônica me dizia que ela não acreditava. — Como você
sabe disso?
— Eu apenas sei. E eu acredito que não importa as condições em que
estamos, nós estaremos bem enquanto estivermos juntos.
— Tudo bem — disse ela depois de deliberar mais um pouco. — Só
mais uma coisa. Deixando de lado a coisa toda de conseguir um refúgio com
os Morois, você acha que nós somos fortes o suficiente para isso? O
casamento não é apenas um pedaço de papel.
Levantei-me e sentei-me ao lado dela. — Eu sei que não é. — Eu disse.
— E eu sei que seria difícil, por todos os tipos de razões. Mas eu acho que nós
podemos lidar com o que vier no nosso caminho, contanto que continuemos
amando um ao outro como nos amamos. — Pensei nos meus pais e no
casamento de fachada deles. Isso parecia ser mais uma piada do que algo
precipitado Sydney e eu poderíamos fazer.
— Como é que você propõe que vamos sair daqui, então? — Ela
perguntou. —Tenho certeza que este hotel tem uma capela para casamentos,
mas de nenhum jeito nós poderíamos casar aqui.
295
— Não — eu concordei. Nenhum ministro Moroi iria abençoar esta
união. —Agora, nenhum alquimista está próximo a esse local, temos uma
pequena janela para sair. Nós podemos apenas ir até a Corte e... O que tem de
errado?
Ela estava começando a chorar novamente.
— Nada, nada — disse ela. — É só que ... não. Deixa pra lá.
— Me fala — insisti.
— É só que... — Ela suspirou. — Qualquer outro plano que eu tinha saiu
pela janela. Faculdade, minha família... E agora adiantando meu casamento
por vários anos. E com isso, até mesmo o casamento mudou. Sempre pensei
que quando isso acontecesse, nós teríamos nossos amigos lá, um vestido, o
negócio inteiro. Sei que nada disso importa, e eu quero dizer isso: eu com
prazer me casaria com você em uma camisa azul-petróleo. É só que é tudo tão
diferente. Eu só preciso de um minuto para me adaptar a todas essas
mudanças.
Eu acariciei o rosto dela. — Não, você não precisa. Não sobre isso, pelo
menos. Dê-me um segundo.
Eu me levantei e peguei meu celular, olhando para algumas coisas,
enquanto ela me olhava com curiosidade. Em poucos minutos, eu tinha um
plano. Eu só esperava que não causasse mais problemas do que resolvesse.
— Ok, vamos sair agora, enquanto os Alquimistas estão bloqueados
deste hotel. Eles vão eventualmente encontrar um jeito de voltar, apenas com
as tatuagens cobertas de maquiagem. Você tem mais amuletos de
invisibilidade?
Ela balançou a cabeça. — Eu posso lançar um feitiço de invisibilidade
menos potente... mas não vai funcionar bem em um lugar lotado como este.
Muitas pessoas para se esbarrar.
296
— Eu vou nos cobrir, então. Vamos. — Eu estendi minha mão. — Temos
que sair daqui agora.
Quando descemos as escadas, eu coloquei uma onda de espírito ao
nosso redor que nos fazia esquecíveis e distorcia as nossas feições para
qualquer um que chegasse perto demais. Eu sabia que estava funcionando
quando passamos por um dos guardas que tinha me trazido mais cedo e ele
não me deu uma segunda olhada. Não funcionaria em ninguém que estivesse
à distância, apesar de tudo. Eu não poderia afetar mentes tão longe, e foi por
isso que estávamos agindo agora, antes que os Alquimistas conseguissem
colocar espiões ao redor. Levei Sydney para baixo através dos túneis
subterrâneos que existiam debaixo do Witching Hour que chegavam até
determinados pontos do Strip. Havia um número de saídas, e eu não duvido
que os alquimistas logo teriam todas elas monitoradas. Eu só esperava que
estivéssemos à frente deles e que a saída que eu escolhi ainda não havia sido
monitorada.
Quando saímos, estávamos em um grande hotel na Strip. Nenhum de
nós viu qualquer sinal de que estávamos sendo seguidos, então eu relaxei o
espírito enquanto nós caminhávamos através do estabelecimento. Passei
pouco tempo lá e simplesmente fui direto para o ponto de táxi. Pegamos um
carro e logo estávamos em nosso caminho para o cartório mais próximo que
nos daria uma licença de casamento. Tivemos sorte pelo tempo estar ao nosso
lado, e nós chegamos a encontrar uma fila pequena, provavelmente graças ao
fato de ser uma tarde de semana. Nós oferecemos as nossas identidades
quando chegou a nossa vez, e eu dei um sorriso a Sydney enquanto o
funcionário processava nossa papelada.
— Vai se casar como você mesma, hein? Não como senhorita Steele?
— Isso seria mais seguro, absolutamente — Disse ela com um sorriso
irônico. — Mas se nós vamos tentar pedir asilo aos Morois, precisamos que
isso seja tão legal quanto possível. Você vai se casar com Sydney Sage, você
querendo ou não.
Eu beijei sua testa.
297
— É a única coisa que eu quero.
Nenhum Alquimista nos interrompeu durante esta missão, o que eu
tomei como um bom sinal. Uma vez com nossa licença, nós pegamos um táxi
de volta para a Strip, para outro hotel, desta vez ao lado de um enorme
complexo subterrâneo comercial. Eu verifiquei novamente o endereço no meu
telefone e, em seguida, guiei Sydney para o lugar que eu olhei mais cedo: um
negócio cujo único propósito era para preparar as pessoas para casamentos
rápidos em Vegas. A parte em que entramos estava cheio de vestidos de
noiva, e além dele, eu podia ver uma área de salão. A consultora saiu assim
que entramos.
— Vocês parecem um casal feliz — disse ela.
Eu me perguntei se isso era verdade, pois nós dois estávamos muito
tensos por estarmos sendo seguidos. — Como posso ajudá-los?
— Nós vamos nos casar — declarei. — E você tem duas horas para dar
a ela tudo o que ela quer e o que ela precisa para se preparar.
Até mesmo Sydney pareceu assustada com isso. — Adrian... — Ela
começou, nervosa.
— Vocês fazem cabelo e maquiagem aqui? — Eu perguntei, apontando
para o salão de beleza. — Leve-a lá e também ajude-a a encontrar um vestido.
Um bom vestido, e não apenas qualquer um deles. — Eu balancei a cabeça em
direção a um cabide próximo a onde estávamos, que estava escrito
PECHINCHA DE VESTIDOS.
— Adrian... — disse Sydney novamente.
— Vou precisar de um smoking também — Eu disse. Peguei um pedaço
de papel do bolso e tirei a caneta que a consultora de vendas estava
segurando. — Aqui estão as minhas medidas. Pegue um que combine com ela.
Eu confio em seu julgamento. E então qualquer outra coisa que ela quiser.
298
— Você está indo embora? — Perguntou Sydney em uma súbita
percepção.
— Eu tenho algumas coisas para fazer. Mas eu vou estar de volta em
duas horas. — Ela e a consultora ainda pareciam pasmas. — Ah — disse eu.
— Eu acho que nós precisamos conversar sobre dinheiro. Que bobagem a
minha.
Eu peguei a caneta novamente e escrevi um montante — um montante
muito grande — próximo às minhas medidas.
— Será que isso cobre tudo?
Sydney engasgou quando ela viu. A consultora simplesmente levantou
uma sobrancelha.
— Sim, senhor. Consideravelmente. Eu não suponho que você
realmente tem algum desse dinheiro em mãos?
— Não — eu disse. — Mas eu não preciso disso. Eu tenho uma cara
honesta, e você confia que eu vou pagar minhas contas.
Eu usei o máximo da minha compulsão, e depois de um momento de
hesitação, a consultora concordou em aceitação. O irônico é que eu poderia ter
o compelido o suficiente para ela nos dar tudo de graça. Eu sabia que Sydney
nunca me perdoaria por começar o nosso casamento com esse tipo de
decepção, sem mencionar que seria provável que a pobre mulher fosse
demitida. Beijei Sydney na bochecha. — Divirta-se. Eu estarei de volta em
breve.
Sydney correu atrás de mim e pegou meu braço. — Adrian, o que você
vai fazer? Mesmo você não pode ganhar esse tanto de dinheiro em duas horas.
Beijei-a novamente. — Eu vou fazer o seu sonho se tornar realidade,
Sage. Tenha fé. E se os Alquimistas aparecerem... — Seria um infortúnio, e
parecia pouco provável, mas nós tínhamos que estar preparados. — Faça o
299
que tiver que fazer para escapar. Nos Encontraremos em um sonho ou através
de Marcus.
— Tenha cuidado — Disse ela, ainda parecendo compreensivelmente
preocupada.
— Sempre — menti.
Eu fui para fora, de volta ao complexo comercial, tentando esconder o
quão desconfortável eu me sentia. A coisa mais segura e inteligente teria sido
usar esta janela para escapar de Vegas e se casar em algum outro lugar, mas,
além do fato desta cidade ter sido construída em torno de casamentos rápidos,
eu realmente me importava e queria realizar um de seus sonhos. Eu só
esperava que não nos colocasse em problemas no final. Meu telefone soou
com uma mensagem de texto, e eu olhei para baixo, esperando algum aviso de
sinistro de Marcus. Em vez disso, eu vi uma mensagem de Jill:
“Esta é a coisa mais romântica que eu já vi. Eu me sinto como se eu
estivesse assistindo a um filme feito para a TV.”
“Obrigado” Eu escrevi de volta. “Alguma dica?”
“Não, você está indo muito bem. Eddie está furioso que vocês partiram.
Talvez isso faça ele se sentir melhor.”
Foi um alívio saber que ele estava de volta ao lado dela, e nenhum dano
tinha sido feito por pedir-lhe para ir ao salvamento. Eu escrevi:
“Mantenha isso em segredo por enquanto. Então esteja pronta para as
consequências. Logo que eu possa nos tirar daqui.”
“Eu poderia ser capaz de ajudar com essa parte” ela respondeu.
Eu não via como ela podia, mas ela não enviou nenhuma mensagem, e
eu logo eu me perdi em minhas outras tarefas. Não demorou muito tempo para
chegar ao meu destino: uma loja de jóias que tanto comprava quanto vendia
itens. Ela não era exatamente decadente nem era uma casa de penhores
decente, mas seu princípio de funcionamento era semelhante. Essa era Las
300
Vegas, depois de tudo. Um velho de cabelos brancos me cumprimentou
quando entrei, perguntando como ele poderia ajudar. Com uma respiração
profunda, eu fiz o impensável e tirei uma das abotoaduras da tia Tatiana.
— O que você pode me dar por isso?
Ele prendeu a respiração quando ele pegou e olhou-a com um óculos de
joalheiro.
Como você pôde fazer isso comigo? gritou a tia Tatiana. Como você
pode jogar fora as minhas jóias?
Eu não vou jogá-los fora, eu disse a ela. Isto é importante. Isso é para o
futuro.
Um futuro com uma humana!
Um futuro com a mulher que eu amo, eu respondi. Eu te amo, tia
Tatiana, mas você se foi. Sydney está aqui, e meu lugar é com ela. Estas
abotoaduras não fazem bem a ninguém apenas ficando por aí.
O Fantasma da tia Tatiana ainda estava indignada. Você está me
traindo!
Eu me senti um pouco mal por dentro, mas ainda estava decidido. Uma
vez, eu tinha tomado um rubi destas abotoaduras e dei para uma casa de
penhores com a intenção de comprá-lo de volta. Eu tinha pego de volta — por
pouco — e aquela experiência tinha sido mais do que um pouco traumática.
Agora, não havia como voltar atrás. Eu não só estava desistindo das
abotoaduras, eu estava as renunciando por completo. Com as nossas
limitações de tempo, eu não seria capaz de ganhar o suficiente e voltar aqui
para comprá-lo de volta. Este foi o meu sacrifício pelo sonho da Sydney.
O preço que ele deu foi baixo, é claro, e nós discutimos várias quantias.
Tínhamos quase chegado a um preço (embora fosse ainda menor do que o
preço de uma abotoadura) quando eu fiz o meu próximo movimento e tirei a
segunda abotoadura.
301
— Dê-me essa quantia — eu disse. — E eu vou te oferecer este
negócio. Eu quero essas pedras colocadas em uma aliança fina de ouro
branco. Então eu preciso de duas simples alianças. Você mantém a platina
como pagamento. Vale muito mais a pena do que aquilo que você estará me
dando em troca. Oh, e eu preciso dele feito em uma hora.
Nós discutimos mais alguns detalhes, mas ele sabia que estava fazendo
um bom negócio e queria muito fechá-lo. Nós finalmente resolvemos, e ele me
mostrou uma variedade de alianças. Eu não tinha muito tempo e escolhi um
engajamento com estilo simples que iria segurar um diamante retangular com
rubis retangulares menores em cada lado. Eu tinha planejado apenas alianças
simples, mas ele me mostrou um conjunto de alianças que combinavam, de
ouro branco com pequenos rubis espalhados em todo o anel, que me atraiu.
Eles pareciam como uma homenagem às abotoaduras que haviam sido
sacrificadas em nome deste esquema louco. Eu assinei tudo, levei meu
dinheiro, e lembrei-lhe que ele tinha uma hora.
A partir daí, eu fui para um cassino mais próximo — com salas de
pôquer milionária — com uma ligação muito importante feita ao longo do
caminho. Jogar com esse tipo de dinheiro foi um pouco difícil, especialmente
sabendo que eu tinha tão pouco tempo e que tanto estava dependendo nele.
Se eu perdesse, não haveria tempo para ganhá-lo de volta, e um monte de
planos iria por água a baixo. Mantive a calma e me recusei a entrar em pânico,
eu tratei isso como um jogo casual e contei com o meu truque habitual de
leitura de auras. Os jogadores aqui não eram diferentes dos outros que eu
tinha jogado contra, eu disse a mim mesmo. Eles estavam apenas fazendo
apostas muito maiores.
Uma hora mais tarde, eu deixei a mesa com o suficiente para cobrir
todas as despesas do casamento, e também uma viagem de saída de Las
Vegas. Voltei até o joalheiro, que cumpriu o que ele prometeu. Eu embolsei os
anéis e fiz outro telefonema enquanto eu fazia duas paradas: uma na farmácia
e uma na Loja de vinhos. Com um suspiro de alívio, eu percebi que tinha
concluído a última das minhas tarefas, além do casamento em si. Eu voltei para
a loja de noivas, espantado ao descobrir que eu estava bem no horário.
302
As últimas duas horas tinham sido tão frenéticas, produzindo tanta
ansiedade, que eu senti como se meu mundo tivesse sido colocado em avanço
rápido, com tudo tendo a necessidade de ser feito agora agora agora. E assim,
era mais do que um pouco surreal quando entrei na loja e vi Sydney...
... E tempo que eu conhecia de repente congelou.
Eu tinha dito sério quando falei a ela para conseguir tudo o que queria.
Eu não me importava. Ela realmente poderia ter aparecido no altar em uma
camiseta azul-petróleo, e eu teria casado com ela, com o coração cheio de
amor. Dito isto, eu tinha algumas ideias de que tipo de vestido que ela iria usar.
Algo modesto, com mangas longas de renda, foi o meu maior palpite. Ou talvez
um daqueles tipos simples, com uma de manga curta que não tivesse nenhum
enfeite extra. Ela era Sydney, depois de tudo. Eu esperava o pragmatismo
dela.
O que eu não esperava era o velho glamour de Hollywood. O vestido
estava em volta dela confortavelmente, mostrando um corpo que em nada
parecia muito magro, com dobras de organza e com enfeites de cristal frisado.
Apenas abaixo de seus quadris, ele se alargava em um estilo sereia numa
explosão de tule, que também foi decorado com enfeites dispersos. Apenas
uma alça de renda e cristal delicado descansava em seu ombro; o outro ombro
estava nu. Seu cabelo, com o seu novo comprimento extra, tinha sido preso em
um coque simples, com um pente de cristal segurando-o no lugar na parte de
trás de sua cabeça, com um enorme véu longo, arrastando com ele. Vibrantes
brincos pendentes eram sua única jóia, e algum maquiador magistral tinha
coberto todos os sinais de sua recente fadiga e de seu lírio dourado sem fazer
com que parecesse excessivo. Estava perfeito. Ela era perfeita. Radiante.
Gloriosa. Uma visão.
— Eu sinto que eu deveria ficar de joelhos de novo — Eu disse em voz
baixa.
Ela me deu um sorriso nervoso e passou a mão sobre o brilhante
vestido.
303
— Apenas me diga que você pode pagar tudo isso, porque eu poderia
voltar atrás no que eu disse sobre casar com a camiseta.
— Eu posso pagá-lo — Eu disse, ainda impressionado com sua beleza.
Ela me deu um pequeno empurrão. — Então é melhor você se vestir.
A consultora estava feliz em me mostrar a um quarto para me vestir, e
ficou mais feliz ainda quando viu o meu dinheiro. O smoking que tinham
escolhido era clássico e elegante, trespassado e preto. A consultora se
certificou que eu queria comprá-lo, em vez de alugá-lo, e eu a tranquilizei que
eu queria. Alugar teria exigido um cartão de crédito, e eu queria usar o meu tão
pouco quanto possível, uma vez que isso fornecia uma pista. Quanto mais eu
pudesse pagar em dinheiro, melhor.
Os olhos de Sydney brilharam quando eu saí do vestiário. Senti-me
insignificante ao lado de seu brilhantismo, mas ela me assegurou que eu
parecia incrível. A consultora me ajudou a fixar uma peônia branca no meu
paletó, e notei que Sydney estava carregando um pequeno buquê de rosas em
uma das mãos. Na outra mão, ela segurava os dois sacos que estávamos
carregando desde que chegamos à Nevada, e agora eu tinham mais a
acrescentar à coleção. Nós conseguimos colocar tudo em um saco só antes de
sair da loja, e ela deu ao saco da loja de vinhos um olhar intrigado.
— O que é isso?
— Para nossa lua de mel — Eu disse.
— Eu percebi que o saco de farmácia era para isso — Ela comentou.
— Isso também — Eu prometi.
Nós terminamos o último do nosso pagamento e, em seguida, saímos de
mãos dadas, completando o último pedaço da nossa jornada a pé. Nosso
destino era o Firenze, um novo hotel com um tema italiano que era ligado a um
complexo comercial. Eu poderia dizer que Sydney fez uma pequena caminhada
autoconsciente através das multidões em sua elegância de casamento, mas
304
não era de forma alguma uma visão incomum em Las Vegas. As pessoas
sorriram quando passamos e muitos nos felicitaram. Isso, talvez, atraiu mais
atenção do que nós queríamos, mas eu meio que gostava de fingir que todas
as pessoas que passaram foram convidados presentes no nosso casamento.
Isso, e eu tinha um pouco de orgulho em mostrar a noiva linda ao meu lado.
Assim que chegamos à entrada da Firenze, uma nova mensagem de Jill
chegou. Eu a li e encontrei um grande sorriso se espalhando pelo meu rosto.
— O que é isso? — Perguntou Sydney
— Espere para ver — eu disse. — Acabamos de receber um grande
presente de casamento.
O Firenze, como a maioria dos grandes resorts de Las Vegas, tinha uma
seção de capelas de casamento, e eu levei Sydney através do casino. Um
homem de aparência nervosa em um uniforme hotel passava pelo corredor e
parou quando nos viu.
— Você é Adrian? — Perguntou.
— Tenho certeza que sou.
Ele pareceu aliviado. — Ok, você tem 10 minutos para entrar e sair
antes que eu esteja em grandes problemas. Há uma grande festa que tem essa
sala reservada, e eles vão começar a aparecer em breve.
— Esse é todo o tempo que precisamos — eu disse a ele, entregando
uma pilha de dinheiro.
— Por aqui — disse ele, nos acenando uma porta escrita CAPELA
TOSCANO. Ele a abriu para nós.
Sydney me deu um olhar espantado. — Você subornou nossa entrada
em um casamento?
305
— Os bons lugares precisam ser reservados com antecedência, mesmo
em Las Vegas. — Fiz um gesto para dentro. — Esta foi a única maneira que eu
poderia levá-la para a Itália.
Ela entrou e riu, olhando em volta com prazer. A capela era pequena,
projetada para armazenar cerca de cinquenta pessoas, e foi pintada com uma
ideia americana de grandeza italiana. Murais nas paredes representavam
campos de uvas, enquanto o teto abobadado estava coberto de anjos. Uma
abundância de detalhes dourados por toda a sala questionava bom gosto, mas
eu poderia dizer pelos seus olhos brilhantes que não importava.
Na parte da frente da sala havia um pódio enfeitado com flores. Um
ministro estava atrás dele, com um dos fotógrafos do hotel pairando nas
proximidades. Eu lhes devia dinheiro. O cara que ia nos deixar entrar trabalhou
para reservar a recepção de casamento, e eu basicamente tive que fazer uma
rápida ligação hoje cedo, prometendo fazer com que este caso ilícito valesse a
pena se ele pudesse obter um quarto e o pessoal adequado. Deixamos nossas
malas em um banco vazio e começamos a nos aproximar do ministro quando
eu lembrei de algo.
— Oh, espere. Você precisa disso primeiro.
Eu peguei a mão dela e coloquei o anel de noivado feito recentemente.
Sydney prendeu a respiração com a peça brilhante, e então ela olhou para
mim, alarmada, finalmente percebendo de onde o financiamento para esta
aventura tinha vindo.
— Adrian, estas pedras eram da sua tia.
Levei-a para frente. — E agora elas são suas.
O ministro sabia sobre as nossas limitações de tempo e manteve o
serviço bastante básico, principalmente falando sobre o que era legalmente
exigido, no estado de Nevada. Ele adicionou uma parte que era de sua própria
autoria, palavras que ardiam em mim se repetiram no meu cérebro mais tarde,
quando eu coloquei o pequeno círculo brilhante de rubis no dedo da Sydney:
306
— Até agora, vocês sempre viveram sua vida sozinhos. Toda decisão
que vocês tomaram foram para vocês, como seres individuais. Agora, e para o
resto de seus dias, suas vidas estarão ligadas uma a outra. Toda decisão que
vocês fizerem vai ser para ambos. O que um faz afeta o outro. Vocês são uma
família, uma equipe... inseparáveis e inquebráveis.
Eram palavras poderosas para alguém como eu escutar, alguém que
havia vivido uma muito egoísta existência. Mas quando eu encontrei os olhos
brilhando de Sydney e vi a esperança e a alegria que irradiava deles, eu as
senti em mim. Eu estava pronto para dar esse passo altruísta com ela, saber
que tudo o que faremos daqui para frente era sobre nós dois e, eventualmente,
à nossa família. Esta foi a decisão mais importante que eu tinha feito na minha
vida e... a que me fez mais feliz.
Quando os votos foram ditos e os anéis estavam colocados, o ministro
nos declarou marido e mulher. Eu puxei Sydney para mim e a beijei, cheio de
amor e de vida e a felicidade que nos preparava o futuro. Quando finalmente
nos separamos, o ministro acrescentou:
— Estou muito satisfeito em apresentar ao mundo Adrian e Sydney
Ivashkov.
O sorriso de Sydney ficou um pouco irônico para isso, e eu não pude
deixar de gemer. — Oh, não. O quê?
Ela riu. — Nada, nada. Eu sempre pensei que eu iria manter o meu
próprio nome. Ou, pelo menos, que juntaria com um hífen.
— Realmente, mulher? — Eu disse. — Você me diz isso agora? Me
deve outro beijo por isso.
Eu a puxei de volta para mim e na verdade ganhei dois beijos. Nós
assinamos a papelada com o ministro, e então eu paguei pelos bônus do
fotógrafo. Eu também comprei o cartão de memória da câmera do fotógrafo ali
mesmo, apesar de seus protestos sobre como ele normalmente carregava as
fotos e nos enviava para visualização online.
307
— Não temos tempo — eu disse, agitando o mágico maço de dinheiro.
Era quase tão bom quanto compulsão.
Com tudo feito, reunimos nossas coisas e dissemos adeus a nossa
pequena fatia da Itália.
— O que vamos fazer agora? — Perguntou Sydney, enquanto nos
movíamos em direção à porta, de mãos dadas.
— Agora nós sairemos daqui, e acredite em mim, nós vamos sair em
grande estilo.
O cara das reservas segurou a porta aberta para nós, mais do que
aliviado que sua pequena aventura tinha acabado. Eu agradeci-lhe de novo e
saí para o corredor principal...
... Onde um grupo de alquimistas estava esperando por nós.
CAPÍTULO 21
SYDNEY
Uma força invisível de repente fez os Alquimistas voarem contra as
paredes, e eu não tive que perguntar para saber que foi obra de Adrian. Senti
sua mão nas minhas costas, me empurrando para frente.
— Venha.
Nós corremos pelo corredor, sem olhar para trás, ambos sabendo que
os Alquimistas não iriam ficar para trás por muito tempo.
— Nós apenas temos que chegar à Lagoa Azul — ele me disse.
— É uma piscina aqui, ou algo assim? — Perguntei. Meu vestido e meus
sapatos tornavam mais difícil de manter o passo, e ele pegou na minha mão
para me levar junto.
— É um novo hotel. Na extremidade sul da Strip.
— Extremo sul... — Eu visualizei o meu mapa mental de Las Vegas
Boulevard. — Isso fica a pelo menos um quilômetro e meio ou mais longe!
308
— Desculpe — disse ele. — Não havia nada a ser feito. Seguimos
parâmetros bem específicos, e esse foi um dos poucos lugares que cabiam em
nosso orçamento.
Eu não pedi uma elaboração enquanto saíamos para o salão de jogos.
Normalmente, eu agradeceria por entrar em uma área congestionada em que
pudéssemos nos camuflar, mas Adrian e eu não nos misturávamos vestindo
nossos elegantes trajes de casamento. O fato de que estávamos correndo
furiosamente entre a multidão e esbarrando nas pessoas meio que nos fez se
destacar muito.
— Desculpe — Eu disse, quando Adrian acidentalmente esbarrou em
uma garçonete que levava uma bandeja de bebidas. Elas derramaram em
algumas pessoas muito surpreendidas em uma mesa de blackjack, mas não
havia tempo para mais desculpas ou reparações. Um rápido olhar para trás não
revelou os Alquimistas, mas eu podia ver sinais de comoção na multidão,
fazendo-me pensar que nossos perseguidores estavam quase ao nosso
encalço.
Esse andar do cassino era como um labirinto para mim, mas Adrian
parecia ter um senso de orientação. Pouco tempo depois, saímos pela porta da
frente, na unidade circular da Firenze, que estava repleta de todos os tipos
diferentes de caos. A noite tinha caído, e o número de pessoas que se
deslocavam para dentro e em torno de nós tinha aumentado significativamente,
enquanto os caçadores de prazer saíam para jogar, para shows, e outras
diversões. Os alquimistas não estavam nos seguindo ainda, e nós dois
olhamos ao redor para o nosso próximo passo.
— Onde estão os táxis? — Exclamou Adrian.
Um grande grupo de mulheres jovens, vestidas para impressionar,
estava perto de nós. Uma delas usava uma faixa de "futura noiva" e uma tiara
de Strass, e a vibração em torno delas sugeriu que já tinham tomado mais de
uma bebida em sua honra esta noite. Elas fizeram “Ohhh” e “Ahhh” quando nos
viram.
— Estamos à espera de um táxi também — Disse a menina mais
próxima de mim. Ela deu uma risadinha. — Alguns deles, na verdade.
— Vocês estão em algum tipo de problema? — Perguntou a outra.
309
— Sim — eu disse, pensando rapidamente. — Nós fugimos, e meu pai
não aprova. Ele e algumas pessoas da minha família estão bem atrás de nós,
tentando nos alcançar para conseguir uma anulação.
Isso não estava tão longe da verdade, e elas engasgaram e exclamaram
em desespero. Adrian varreu seu olhar sobre todas elas e disse com uma voz
doce:
— Seria ótimo se vocês pudessem nos deixar pegar esse próximo táxi.
— Eu olhei para cima e vi um táxi amarelo se aproximando de onde
estávamos.
Compulsão em massa era difícil, mas beber tinha feito este grupo ter
uma fraca força de vontade. E, honestamente, elas poderiam ter ajudado de
qualquer forma em nome do romance. Elas começaram a tagarelar sobre o
amor verdadeiro, e a futura noiva acenou em direção ao táxi.
— Pegue esse, pegue esse!
Enquanto Adrian e eu entrávamos, os Alquimistas apareceram de portas
de vidro e as abriram.
— Hey! — Eu disse para as meninas, acenando com o meu buquê. —
Vão praticando mais cedo! — Eu atirei o buquê na direção a elas, com o
objetivo de que o buquê fosse em direção a porta, indo direto para os
Alquimistas. As meninas gritavam em delírio, se transformando em um pacote
raivoso enquanto todas elas foram atrás do buquê e colidiram direto com
nossos perseguidores assustados. Eu não vi como isso acabou, porque nessa
hora eu estava no carro, e Adrian estava dando ordens para irmos ao Lagoa
Azul. O táxi começou a andar.
— Vamos esperar que isso seja tão simples quanto conseguir uma
carona pela rua — disse Adrian severamente. — Como é que eles nos
encontraram?
— É difícil dizer. Pode ter sido tão simples quanto seus olhos e ouvidos
nos avistando em algum lugar. — Eu suspirei em desânimo. — A culpa é
minha. Se eu não tivesse sido tão boba sobre um casamento "de verdade",
estaríamos fora da cidade há muito tempo.
Ele passou o braço em volta de mim. — De jeito nenhum — disse ele. —
Eu estou feliz que fizemos isso. Eles levaram muito de nós já. Eles não podem
tirar o dia de hoje de nós também.
310
— No mínimo — eu disse com ironia — Eu deveria ter esperado algo
como isso acontecer e ter escolhido um vestido que fosse mais fácil para me
mover. Este estilo sereia não tem muita mobilidade na perna, mas aquela
senhora garantiu-me que se o entrelaçasse corretamente na parte de trás,
poderia fazer parecer que eu tenho mais silhueta do que eu tenho.
— Sua silhueta parece muito boa de onde estou sentado — disse ele,
correndo os dedos ao longo das contas na minha alça de ombro.
Eu sorri para ele e, em seguida, olhei em volta, quando eu notei algo.
— Por que não estamos em movimento?
O motorista fez um gesto irritado em seu parabrisa.
— Típico esta hora da noite. Todo mundo vai à algum lugar. Vocês
crianças não estão tentando chegar a um compromisso na capela, estão?
— Já fomos — disse Adrian.
— Isso é bom — disse o motorista, que avançou para a frente. Eu vi
seus olhos olharem para o espelho retrovisor. — Porque vocês podem ter que
esperar aqui mais um pouco. A única maneira de contornar tudo isso é em uma
motocicleta, como aqueles loucos.
Adrian e eu olhávamos para trás. Tudo o que eu podia ver no início era
um mar de faróis na estrada lotada, mas, em seguida, um pouco mais atrás, vi
quatro faróis individuais em movimento e tecendo dentro e ao redor dos carros
que estavam parados ou em marcha lenta. Adrian, com sua visão superior à
minha à noite, fez uma careta.
— Sydney, eu tenho um mau pressentimento sobre isso.
— Precisamos sair — Eu disse de forma decisiva. — Agora.
Adrian não me questionou e simplesmente entregou o dinheiro para
cobrir a nossa tarifa atual, para o espanto do motorista.
— Você está louco? Você está no meio de um milhão de carros!
Isso ficou evidente quando saímos e tentamos atravessar para o lado
mais próximo da estrada. Buzinas soaram para nós enquanto nós corríamos
por toda Las Vegas Boulevard, mas pelo menos a maioria dos carros estava
parada, por isso, não estávamos correndo muito risco. Na verdade, os únicos
veículos que pareciam estar chegando a algum lugar eram as quatro
motocicletas. Mantiveram-se em movimento em sua trajetória mais cedo,
simplesmente tentando ir mais abaixo na estrada, e eu pensei que talvez nós
311
tínhamos os enganado. Mas então, quando chegamos ao meio-fio e nos
aproximamos da calçada, eu vi uma das motocicletas virar bruscamente em
nossa direção. Os outros logo o seguiriam.
A calçada estava cheia de gente, e como a estrada, ninguém parecia
estar se movendo.
— Eles não vão massacrar um grupo de pedestres com suas bicicletas,
vão? — perguntou Adrian enquanto corríamos no meio da multidão o mais
rápido que podíamos.
— Provavelmente não — eu disse — mas eles provavelmente vão nos
alcançar bem rápido uma vez que ficarem a pé. E eles não terão escrúpulos
quando abandonarem as motocicletas. — Paramos enquanto um grupo de
turistas com câmeras se recusavam a se separar, obrigando-nos a fazer um
grande círculo em torno deles. — Por que todo mundo está ao redor?
— Porque nós estamos na frente do Bellagio — disse Adrian, olhando
para um amplo hotel. — Provavelmente está quase na hora de suas fontes se
iluminarem. Tenho certeza de que há um bonde ou monotrilho aqui que nos
levará ao Strip se pudermos alcançá-lo.
— Melhor que correr — eu disse. Eu estava plenamente consciente de
que não só o meu vestido, mas também meus sapatos estavam retardando
nosso ritmo. Pelo menos eu tive o bom senso de recusar os sapatos de salto
alto “de morrer” de treze centímetros que inicialmente tinha recomendado a
consultora, mas mesmo estes pequenos saltos estavam beliscando e
começando a cobrar seu preço.
Adrian e eu fizemos o nosso caminho até a porta principal do Bellagio,
uma jornada complicada por causa das multidões entusiasmadas, que
cresciam à medida que nos aproximávamos das fontes. Tivemos que
consideravelmente dar a volta por eles estavam para fazer qualquer tipo de
progresso, o que também nos tirava do caminho mais rápido para a porta. Nós
tínhamos acabado de chegar do lado mais afastado das fontes quando eu olhei
para trás e vi o quarteto correndo em nossa direção, muito mais insensíveis
com quem eles estavam esbarrando do que nós.
— Eu não sabia que os Alquimistas tinham esses tipos de recrutas —
comentou Adrian.
— Às vezes eles terceirizam as forças extras de segurança para...
312
Minhas palavras foram cortadas por exclamações de prazer enquanto as
fontes de repente saltaram para a vida. Riachos de água dispararam centenas
de centímetros no ar, e as barras de "Viva Las Vegas" de abertura soaram.
Adrian começou a correr novamente, mas eu segurei-o de volta.
— Espere aí — eu disse.
Os alquimistas tinham feito seu caminho o mais próximo possível das
fontes, o que escandalizou quem estava esperando por um tempo. O quarteto
olhou em volta, usando o lugar com claridade para procurarem por nós. Fiz
contato visual com um, e ele gesticulou para seus colegas na minha direção.
Chamei minha magia, com base em longas horas de prática canalizando os
elementos, invoquei a essência da água perto de nós. Os Alquimistas só
conseguiram dar alguns passos em nossa direção, quando eu fiz uma das
correntes da fonte de curvar-se, quase como um braço, na direção deles.
Minha extensa prática elementar me fez chegar a um elemento puro
mais fácil do que poderia ter sido, mas eu não era usuária de água Moroi. Meu
controle da corrente de água era desleixado, inadvertidamente espirrando água
nas pessoas que estavam em um raio de seis metros dos alquimistas. Eu cerrei
os dentes e usei toda a minha magia e energia para dar à corrente de água o
máximo de solidez que eu poderia dar, enquanto a corrente se arrastava na
direção dos Alquimistas. Ela se envolveu em torno dos quatro e os levantou no
ar, provocando gritos de espanto e um monte de flashes de câmera. Neste
ponto, o feito tinha sido demais para as minhas forças, mas já tinha feito o que
eu precisava. Eu tinha os alquimistas sobre a fonte do lago neste ponto, e eu
liberei a magia que por sua vez, os tirou de sua suspensão. Eles caíram na
água com um esguicho.
— Wow — disse alguém perto de mim. — Eles não tinham isso no show
da última vez que estive aqui!
Enquanto Adrian e eu continuávamos nossa corrida para o hotel, a ex-
Alquimista em mim não poderia deixar de estremecer com a exibição pública
do sobrenatural que eu tinha acabado de fazer, especialmente com tantos
dispositivos de gravação em mão. Isso ia contra todos os princípios que eu
tinha sido ensinada sobre esconder o mundo paranormal das pessoas comuns,
e eu tentei me consolar com o conhecimento de que pelo menos ninguém seria
confiável para identificar exatamente como a fonte fez o que tinha feito. E se os
313
alquimistas estavam realmente preocupados com a reação do público, não
tinha dúvida de que iriam encontrar um jeito para distorcê-la no noticiário.
Chegamos ao Bellagio sem complicações, e eu só tive um momento
para admirar o bonito vidro de flores do salão, enquanto Adrian pedia a um
trabalhador informações de como chegar à estação de bonde. A estrada era
simples, mas era necessário sair do hotel novamente. Não nos atrevemos a
andar devagar e fizemos a viagem em um trote médio, o que em si foi notável.
Tudo que os Alquimistas tinham que fazer quando finalmente saíssem da água,
era perguntar se alguém tinha visto uma noiva e um noivo correndo por aí. Eu
só podia esperar que a segurança iria detê-los e que já tivesse um bonde na
estação quando chegássemos.
Não tinha, mas só tivemos que esperar cinco minutos, e ninguém
apareceu nesse tempo. Subimos a bordo e desabamos em um par de lugares,
nós estávamos exaustos.
— Recupere o fôlego — disse Adrian. — Estamos indo para o fim da
linha.
Eu balancei a cabeça, cansada tanto por causa da corrida quanto pelo
intenso uso de magia. Eu cruzei as pernas e tirei um dos meus sapatos para
que eu pudesse massagear meus pés doloridos. Uma mulher sentada à minha
frente com tênis azuis vibrantes, estudou meus sapatos admiração.
— Eles são maravilhosos — disse ela.
— Qual é o tamanho que você usa? — Eu perguntei.
— Trinta e cinco.
— Eu também. Você quer trocar?
Os olhos dela se arregalaram. — Você está falando sério?
— Eu preciso de algo azul para completar o look. — Eu levantei um
sapato branco, brilhante com os enfeites de cristal. — Eles são Kate Spade.
Sua amiga deu uma cotovelada nela. — Faça isso! — disse ela em um
sussurro.
Um pouco mais tarde, eu estava calçando sapatos novos. Eles não
podiam me salvar das bolhas que eu já tinha feito, mas quando chegamos a
nossa parada e eu fiquei em pé, meus pés certamente me agradeceram pela
mudança de apoio. O tule na parte inferior do vestido caiu sobre eles, e
ninguém sabia sobre o que estava por baixo. Nenhum perseguidor nos
314
esperava quando saímos do bonde, e andamos vagarosamente quase um
quarteirão até o Lagoa Azul. Eu me diverti com uma fantasia de cinco minutos
que estávamos aqui para a nossa lua de mel, para apreciar a vista, como
qualquer outro casal normal. Esse devaneio agradável foi quebrado quando
entramos no lobby do Lagoa Azul e vi uma mulher uniformizada contra uma
parede. Quando ela nos viu, ela imediatamente se endireitou e falou em um
fone de ouvido.
— Ela está pedindo reforços — Eu disse, notando que ela só nos
observava, mas não se movia. — Eles tiveram toda a tarde para colocar
espiões em cada grande hotel aqui enquanto eu fazia compras.
Adrian não se intimidou. — Ignore. Estamos livres agora. Eles nunca vão
conseguir número suficiente de pessoas aqui a tempo para conseguirem nos
parar. — Ele foi direto para a recepção e perguntou:
— Desculpe-me, você poderia nos orientar para o seu heliporto?
Eu estava quase tão surpresa quanto o recepcionista ao ouvir essas
palavras.
— Você tem autorização para acessá-lo? É em uma área muito segura,
geralmente não abre para os hóspedes do hotel. — Ele nos olhou mais em
dúvida. — Vocês estão pelo menos hospedados?
— Não — disse Adrian. — Mas estamos esperando, huh, uma carona lá
em cima. Deve haver um helicóptero vindo da Academia Olga de Dobrova, a
qualquer momento. — Essa foi outra surpresa. Olga Dobrova era uma pequena
e recente uma escola Moroi da fronteira ao norte da Califórnia e Nevada.
O recepcionista digitou algo em seu computador.
— Quais são os seus nomes? — Dissemos a ele, e negou com a
cabeça. — Desculpe. Vocês não estão na lista autorizada a ir até lá.
— Você pode pelo menos dizer-nos se ele está chegando? — Exclamou
Adrian. —Somos a razão por ele estar aqui!
O homem sacudiu a cabeça. — Sinto muito, não posso ajudá-lo a menos
que você obtenha autorização. Agora, vocês podem ir...
Adrian olhou fixamente para ele. — Não, você vai...
— Ele disse que não pode ajudar vocês.
Um homem com uma camisa do Elvis estava diante Adrian, seguido por
uma mulher vestida do mesmo jeito e um grupo de crianças. Eles começaram a
315
falar imediatamente, correndo para contar uma história de aflição sobre como o
ar condicionado não funcionava. Saímos do caminho com desânimo, e notei
que a Alquimista que estava nos vigiando não estava lá.
— O que está acontecendo? — Perguntei.
— O melhor plano de fuga está dando errado — Adrian murmurou. —
Este foi o presente de casamento de Jill: o nosso plano de fuga para fora de
Vegas. Ela convenceu Lissa de que eu estava em grande perigo e conseguiu
que ela enviasse um helicóptero aqui para nos levar de volta para Dobrova e
depois pegaríamos um de seus aviões particulares para voltar a Corte. Uma
viagem longa por causa de todo o reabastecimento, mas gostaria de evitar
lugares públicos e não haveria possibilidade de esbarrarmos com os
Alquimistas. Jill disse que o helicóptero estava para vir aqui, mas eu acho que
ninguém percebeu que para a gente chegar até ele, era preciso resolver
algumas papeladas por aqui.
Embora ele continuasse usando o "nós", eu me perguntava se Lissa
sabia que eu estava com ele ou se Jill tinha simplesmente convencido Lissa a
utilizar os recursos reais baseado em uma história-ainda que verdadeira, sobre
a segurança de Adrian.
Adrian logo se recuperou. — Ok. Sem problemas. Temos dinheiro e
compulsão. Assim que o Elvis e sua família forem embora, nós vamos voltar
para aquele cara e... — Seus olhos percorreram o lobby, após vários
funcionários cumprindo suas funções. — Risque isso. Nós não precisamos
dele. Alguém por aqui vai rachar e nos dizer o caminho para o heliporto. Não
importa se o hotel não acha que nós deveríamos estar lá. Se nós estivermos lá
e o helicóptero nos levar, isso é tudo que importa.
Dois funcionários ficaram completamente perdidos quando ele
perguntou, mas um porteiro de folga hesitou tempo suficiente para Adrian
entrar e aproveitar a oportunidade.
— Você não tem que fazer nada — Adrian assegurou. — Só nos dizer
onde ele está, e há uma centena de dólares em dinheiro para você.
O homem hesitou e depois abanou a cabeça.
— Você nunca vai chegar ao heliponto. Sem o cartão correto de acesso,
o elevador não vai até aquele nível na Torre Starlight, e quase ninguém tem.
Mas...
316
— Sim? — Perguntou Adrian. Ele não estava exatamente usando
compulsão, mas ele certamente parecia muito atraente. Ou talvez eu só estava
sendo tendenciosa.
— Com uma chave comum de hóspede, vocês poderão ir para o topo da
Torre Aurora. De lá, desçam e vão pelo corredor oeste, e há uma porta que vai
para o telhado. Nesse ponto, vocês teoricamente poderiam atravessar pela
ponte de manutenção e subir a escada até o heliporto. — Ele olhou para o meu
vestido com ceticismo. — Teoricamente.
— Teoricamente é bom o suficiente para nós. — disse Adrian. — Mas
nós não somos hóspedes. Vou te dar mais cem se você puder nos dar a chave
de acesso.
— Fácil — disse o rapaz. — Mas eu não consigo um que desbloqueie a
porta de acesso ao telhado.
— Nós vamos lidar com isso — eu disse, esperando que isso fosse
verdade.
O porteiro se manteve fiel à sua palavra, e poucos minutos depois, ele
nos forneceu um cartão de acesso de hóspede. Adrian deu-lhe o dinheiro, e
fomos para o elevador da Torre Aurora.
— Quanto dinheiro que nos resta? — Perguntei.
— Não muito — Adrian admitiu. — Duzentos. Mas uma vez que
estivermos no vôo de volta a Corte, isso não importa.
As orientações e o cartão funcionaram bem, e em pouco tempo, nós nos
encontramos na porta que dava para o telhado. Era uma pesada porta de vidro,
dividida verticalmente com dois painéis de vidro, e que tinha um cartaz que
dizia que um alarme soaria, se ela for aberta sem aviso.
— Se é aberta — eu murmurei. — Eu me pergunto o que vai acontecer
se nós removermos um painel de vidro? Deveríamos ser capazes de passar.
— Você está pensando em quebrá-lo? — Perguntou Adrian. — Hopper
está na forma de estátua, certo? Talvez pudéssemos esmagá-lo no vidro.
— Eu tinha uma solução mais elegante em mente.
Entre as fontes de Ms. Terwilliger, eu encontrei uma pequena bolsa de
ervas amargas com cheiro. Eu as polvilhei no painel inferior de vidro e, em
seguida, verifiquei um feitiço no livro que ela forneceu. Depois de ter sido
forçada a exercer tanta magia improvisada, um feitiço padrão com
317
componentes parecia quase luxuoso. Acenei minhas mãos sobre o vidro e
gritei palavras gregas. Momentos depois, o vidro no painel começou a derreter
como gelo, escorrendo até formar uma poça no chão. A poça logo se
solidificou, mas a metade inferior da porta estava agora aberta e exposta ao ar
exterior. O melhor de tudo, nenhum alarme disparou.
— Não há dúvida — disse Adrian. — Eu definitivamente me casei com
alguém superior.
Cada um de nós passou pela abertura e atravessamos o telhado, que
estava cheio de aberturas de ventilação e vários sinais de manutenção. A
passarela que ligava esta torre para a Starlight, felizmente, era sólida e estável,
mas a escada na lateral do prédio era uma questão muito mais intimidante. Ela
exigia subir três andares, o que não era uma enorme distância em um hotel
que tinha vinte andares, mas estar em um vestido, certamente complicava
tudo, não importa o quão seguros eram os meus sapatos.
Qualquer medo que eu pudesse ter sentido foi embora assim que
reconhecemos o barulho revelador de um helicóptero nas proximidades.
Trocamos olhares excitados.
— Você primeiro — disse Adrian enquanto estávamos na parte inferior
da escada e ele pegou a bolsa de mim. — Se algo acontecer, eu vou usar o
espírito para te manter lá em cima.
Eu neguei com a cabeça.
— Não, você primeiro. Haverá guardas no helicóptero. Será melhor se
eles virem um Moroi primeiro. Eu devo ser capaz de chamar a mágica do ar o
suficiente para me ajudar se eu escorregar.
— Deve? — Ele perguntou incisivamente.
— Não planejo escorregar.
Adrian me beijou e começou a subir. O vento se agitava em torno de
mim enquanto eu observava com a respiração pesada, cada parte de mim
estava tensa, enquanto ele fazia a minuciosa jornada um passo de cada vez.
Mas ele não escorregou ou pareceu vacilar nem um pouco. Depois do que
pareceu uma eternidade, ele chegou no topo e manteve-se firme no telhado
superior. Ele acenou para mim e, em seguida, deu alguns passos, e isso o
deixou fora da minha vista. O barulho do helicóptero tinha ficado mais alto, e eu
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esperei que ele estivesse lá esclarecendo as coisas com os guardiões
Dobrova.
Depois foi a minha vez. Meus sapatos novos tinham boa aderência, e as
limitações do vestido não importavam tanto, desde que os degraus da escada
fossem próximos e fossem fácil de se sustentar. A escada não foi feita para ser
um empecilho. Ela estava lá para trabalhadores de manutenção, projetada para
ser tão fácil para eles quanto possível. Minhas dificuldades vieram de outras
coisas, como a forma como o meu vestido e véu foram jogados ao vento e à
desorientação que eu tive quando cometi o erro de olhar para o lado. Las
Vegas se estendia abaixo de mim, em uma exibição noturna de luzes brilhante
que era tão deslumbrante quanto aterrorizante quando eu percebi o quão longe
ela estava abaixo de mim.
Mas eu também não escorreguei, e depois do que pareceu três horas,
eu estava fazendo meu caminho para o telhado também, e consegui meu
primeiro vislumbre do heliporto e a pista de aterrissagem.
E foi aí que as coisas deram errado.
Tinha um helicóptero, sim, mas ele não poderia pousar porque dois
alquimistas ou subcontratados dos Alquimistas, estavam bloqueando o
heliporto. Mais dois alquimistas estavam mais perto de mim, com armas
apontadas na minha direção. Isso realmente não foi o que fez meu sangue
congelar, no entanto. O que fez o meu coração querer saltar do meu peito foi a
visão de Adrian - no lado oposto do telhado de onde o Alquimistas estavam
apontando as armas para mim - de joelhos. Tinha uma arma apontada para ele
também, tão perto que quase tocava sua cabeça...
...e era Sheridan que estava segurando.
— Estou decepcionada — ela disse, tendo que gritar para ser ouvida
sobre o barulho do helicóptero. O vento gerado pela rotação das lâminas
incomodava a todos. — Se eu fosse você, eu já estaria há dez estados de
distância. Em vez disso, acho que apenas algumas horas de onde eu vi pela
última vez tempo. Em vez disso, eu te encontrei a apenas algumas horas de
onde eu a vi pela última vez.
Eu não conseguia formular uma resposta, ou mesmo qualquer
pensamento coerente de imediato. Tudo que em que eu podia me fixar era a
vista de Adrian, com a arma ao lado de sua cabeça. Nenhuma tortura que eu
319
tinha enfrentado nestes últimos meses estava perto do terror que eu sentia ao
pensar em perdê-lo. Tudo pelo que eu tinha lutado, cada desafio, cada vitória...
tudo isso seria em vão, se algo acontecesse com ele. Sem ele, eu não teria tido
a coragem de me tornar a pessoa que eu era. Sem ele, eu não teria percebido
o que realmente era viver e amar a vida. Centrum permanebit. Ele era o meu
centro, e não existe nada que eu não faria, nada que eu não desistisse, para
mantê-lo seguro.
Quando encontrei seus olhos, eu sabia que ele sentia exatamente a
mesma coisa.
Em meu silêncio, Sheridan continuou seus insultos. — Eu admito, a coisa toda do
casamento em Vegas ganha pontos pelo romance. Temo que você também ganhe
pontos por estupidez, especialmente por colocar em sua licença seus nomes reais.
Foram monitorados os escritórios do governo local como medida de precaução,
mas eu realmente não achei que você fosse se entregar assim. Reservar uma
capela fora dos registros foi muito inteligente, apesar de tudo. Nós tínhamos que
ligar para quase todos eles na cidade, alegando ter um "presente de casamento
surpresa para vocês”. Eles quase disseram que não sabiam de nada no Firenze,
em seguida, um de seus coordenadores se lembrou que um colega de trabalho
falou com o seu "marido" lá.
— Deixe-o ir! — Eu gritei. — Você veio aqui por mim, não por ele.
— Claro — respondeu ela. Seu rosto parecia mais medonho do que
bonito no estranho jogo de iluminação e sombras daqui, provocada por uma
mistura dos holofotes do helicóptero e das luzes menores incorporadas no telhado.
— Ande e se renda à um dos meus agentes, e eu vou deixá-lo ir.
— A aura dela está cheia de mentiras, Sydney — Adrian gritou. Sheridan
pressionou mais a arma contra ele e ordenou-lhe que se calasse.
Eu sabia que mentir era parte de sua natureza, mas era difícil dizer se
ela estava mentindo sobre machucá-lo. Havia sérias consequências por matar
qualquer Moroi desse jeito, ainda mais um da realeza, especialmente quando tinha
testemunhas. Na porta do helicóptero pairando, eu podia ver uma escura e
musculosa figura, sem dúvida era algum guardião da Academia Olga Dobrova.
Devia ser difícil para ele para saber o que estava acontecendo aqui embaixo, mas
eu não tinha dúvida de que se ele fizesse, estaria lutando ao meu lado para salvar
Adrian.
320
Eu não me importaria em ter um recurso assim, mas o guardião não
estava em condições de ajudar de uma maneira que eu pudesse ter certeza que
não acabaria machucando Adrian se Sheridan fosse rápida no gatilho. Havia
muitas incógnitas agora, e eu precisava tomar o controle da situação rapidamente.
Mais magia elementar irrompeu em mim, e eu misturei o que eu sabia da
magia bola de fogo com alguma improvisação própria. A parede de fogo irrompeu a
partir do solo, espalhando-se até se formar um retângulo enorme e em torno dos
dois Alquimistas que estavam impedindo a aterrissagem. A quantidade de magia
necessária para invocá-la, ainda mais para sustentá-la, era impressionante, e eu
lutei para manter meu rosto frio e esconder toda a tensão.
— O que você está fazendo? — Exclamou Sheridan.
— Oferecendo-lhe um acordo — Eu disse. — Me dê Adrian, e você pode
ter de volta seus quatro agentes. Vivos.
Sheridan não se moveu - nem moveu sua arma - mas havia um medo
definitivo em seu rosto enquanto seus olhos disparavam para os Alquimistas
presos no fogo. Eles ficaram ainda mais apavorados e já não apontavam suas
armas. Na verdade, eles tinham se aproximado um do outro tentando se manter
longe do fogo. Os da pista de aterrissagem se perderam em seu medo movendo-se
até que estivessem quase encostando nas costas um do outro. Isso me permitiu
estreitar o cerco e liberar a pista, embora o helicóptero não tentaria uma
aterrissagem com as chamas ainda relativamente próximas.
— Eles conhecem os riscos — Sheridan falou de volta. — Eles preferem
morrer a deixar a escuridão triunfar. Eles estão preparados.
— E você? — Eu exigi. — Você está preparada para assistir a isto?
Com um movimento rápido da minha mão, o círculo de fogo ficou cada
vez menor, forçando os Alquimistas a se amontoarem. O círculo menor me
ajudava, mas ainda era dolorosamente difícil manter o fogo no seu nível atual,
mantendo-o perto o suficiente para que os Alquimistas sentissem o calor, mas que
não fossem prejudicados de verdade. Seus gritos de horror fizeram meu estômago
revirar. Isso trouxe de volta muitas memórias do que eu tinha suportado na
reeducação. Durante quatro meses, a minha vida estava cheia de medo e
intimidação. Eu estava tão, tão cansada disso. Eu queria que acabasse. Eu queria
estar em paz. Eu não queria machucar essas pessoas. Eu nem sequer queria
321
assustá-los. Sheridan tinha me empurrado para este ponto, e eu a odiava por isso,
a odiava por me fazer agir como esse tipo de pessoa violenta.
E, possivelmente, por me tornar essa pessoa violenta.
— Mate eles, e eu vou matá-lo — ela me disse.
— E então não haverá nada para me impedir de dirigir o fogo na sua
direção — Eu retruquei. — Em todos os cenários, eu saio daqui livre. Você está
disposta a escolher o que resulta em você e seus colegas queimados vivos?
— Você não faria isso — disse ela, mas mesmo com todo o barulho e
caos ao nosso redor, eu podia sentir a sua incerteza.
— Não faria? — Eu não poderia levar as chamas para mais perto dos
Alquimistas presos sem lhes causar ferimentos, mas eu era capaz de fazer as
paredes de chamas se elevarem mais. Os olhos de Sheridan se arregalaram, e me
custou muito agir como se eu não ouvisse ou me importasse com os gritos
lamentáveis dos que estavam presos lá dentro.
— Teste-me, Sheridan! Teste-me e veja do que eu sou capaz! Veja o
que eu não faria por ele!
Com outro movimento de minha mão, as paredes de fogo se elevaram
uma vez mais provocando novos gritos. O esforço deste tipo de magia me deixava
tonta, mas eu mantive meu olhar fixo e duro enquanto eu olhava para Sheridan. Ela
acreditava que eu era uma vilã de coração escuro que tinha virado as costas para
humanidade. Ela também acreditava que eu estava profundamente, loucamente
apaixonada por um vampiro e que eu faria qualquer coisa por ele. Só um desses
era verdade, mas eu precisava convencê-la de ambos.
— Teste-me! — Eu gritei novamente.
— Tudo bem, acalme-se, Sydney. — Sheridan olhou entre mim e os
outros Alquimistas, dos quais apenas sua prisão de fogo era visível. — O que você
quer que eu faça? — Ela gritou por fim.
— Dê a arma para Adrian — disse eu.
A tensão ficou incrivelmente espessa ao nosso redor enquanto ela
considerava isso. Eu estava prestes a perder o meu controle na magia e estava
preocupada que a sua indecisão revelaria meu blefe. Mas, finalmente, ela abaixou
a arma de sua cabeça e entregou a ele. Ele pegou a arma e não perdeu tempo
correndo ao meu lado, com o rosto pálido e preocupado.
322
— Mantenha a arma apontada para ela — eu disse a ele. Para ela, eu
disse: — Quando eu acabar com o fogo, ordene que coloquem suas armas no chão
e que coloquem as mãos sobre suas cabeças.
Com um alívio que quase me fez desmaiar, eu liberei a magia. As
paredes de fogo desapareceram, e Sheridan gritou imediatamente os comandos
que eu tinha dado a ela. Os Alquimistas obedeceram, e uma vez que eles estavam
desarmados, eu pedi para que fossem para o outro lado do telhado onde ela
estava. Longe de todos nós, o helicóptero finalmente estava tentando pousar,
agora que o fogo tinha acabado.
— Todos vocês, deitem-se no chão — eu disse à Sheridan e aos outros
alquimistas. — E ninguém sequer pense em se mover até que o helicóptero esteja
muito longe. Vamos, Adrian.
Eu e ele lentamente fizemos nosso caminho através do telhado para o
helicóptero, inclinando-nos de uma forma que conseguíamos observar os
Alquimistas. Adrian admiravelmente manteve a arma apontada em sua direção,
mesmo que eu estava certa de que não havia nenhuma chance que ele pudesse
realmente atingir alguém com precisão, mesmo se ele quisesse. Um guardião que
eu não conhecia estava ao lado de porta do helicóptero, olhando
compreensivelmente confuso.
— Estou contente de ver você — Adrian disse a ele.
— Ainda bem que pude ajudar — disse o outro homem inquieto. Ele
olhou para os Alquimistas no terreno. — Ainda que eu sinta que eu deveria ter feito
mais. O que está acontecendo?
— Não se preocupe, você está fazendo muito — disse Adrian. —
Podemos ir agora?
O guardião apontou para o helicóptero. — Depois de você, Senhor
Ivashkov. — Ele hesitou. — Você é Adrian Ivashkov, certo?
— Claro que sou — disse Adrian. Ele chamou-me para a frente. — E
esta é a minha esposa.
323
CAPÍTULO 22
Adrian
EU NÃO ACHO QUE Sydney ou eu realmente relaxamos até que
estávamos no jato particular de Olga Dobrova horas mais tarde, já no ar e a
caminho para a Corte, do outro lado do país. Nós fomos avisados que
teríamos que parar para reabastecer, afinal era um avião pequeno, mas eu
não estava preocupado. Eles o fazem em lugares discretos, e, além disso,
os alquimistas não ousariam atacar um avião Moroi sob ordens da realeza.
Dois guardiões estavam voando de volta conosco, mas, além disso,
tínhamos o jato para nós mesmos.
Os guardiões se sentaram na parte mais a frente do avião, enquanto eu
ocupei um assento confortável na parte de trás, com meus pés escorados
em uma mesa larga. Sydney tinha desaparecido dentro do banheiro logo
após a decolagem, com o objetivo de arrumar seu cabelo após o helicóptero
e o vento terem o desgrenhado. É o dia do meu casamento – ela tinha me
explicado. – eu preciso de alguma dignidade.
Quando ela ressurgiu, eu vi que ela tinha conseguido arrumar o penteado
de um modo bem próximo ao que os estilistas tinham feito não que eu me
importasse. Eu achei que ela estava linda com o cabelo selvagem e varrido
pelo vento. Os guardiões acenaram educadamente enquanto ela passava
ambos claramente tensos e incertos sobre a presença dela. Ninguém tinha
os informado que eu estava trazendo uma noiva humana de volta comigo, e
estava claro que mesmo que seu treinamento os tinha preparado para
varias situações medonhas, essa não era algo no qual eles tinham
experiência.
Eu afaguei meu colo enquanto ela se aproximava.
- Venha aqui, Srª Ivashkov.
324
Ela revirou os olhos.
- Você sabe como eu me sinto sobre isso. – avisou.
Mas para o meu prazer, ela realmente sentou no meu colo, talvez apenas
porque um recém-desperto Hopper tinha se enrolado e caído no sono na
cadeira oposta a minha na mesa. Eu pus um braço ao redor de sua fina
cintura e ergui minha aquisição da loja de vinhos com a outra mão.
-Olhe o que eu abri para celebrarmos – eu disse - Champagne.
Sydney espiou o rótulo.
-Aqui diz um espumante a base de uva da Califórnia.
- Quase isso – eu disse
ele estalou quando eu abri a cortiça.
- e o cara da loja me deu essas taças para champagne de plástico de graça.
Ele também falou algo sobre um bouquet cítrico e uma colheita tardia. Eu
não entendi tudo, mas pareceu comemorativo para mim.
- Álcool entorpece mágica Moroi e humana – Ela avisou.
- E este ainda é o dia do nosso casamento - rebati – Sem contar que esse é
provavelmente o único momento que teremos para fazer isso, uma vez que
ao chegarmos na Corte, devemos estar alerta… Não que eu espere nada
como o que acabamos de passar. Comparado aquilo, a vida na Corte será
uma brisa.
Eu previ outro protesto, mas para a minha surpresa, ela aceitou e deixou
que eu servisse duas taças para nós, o que eu habilmente fiz enquanto a
325
mantinha em meu colo. Eu ofereci um pouco aos guardiões, o que apenas
fez com que eles parecessem mais desconfortáveis do que antes.
- Sabe – Sydney disse após um pequeno gole – Eu meio que consigo sentir
o cítrico aqui. Bem fraco. Como um toque de laranja. E é mais doce do que
eu esperava, mas faz sentido já que é de uma colheita tardia. Uvas retém
mais açúcar quando ficam mais tempo na videira.
-Eu sabia. – Eu disse triunfante – Eu sabia que seria isso que isso
aconteceria se algum dia eu te fizesse beber.
Ela pendeu a cabeça, intrigada.
-Como assim?
-Não importa.
Eu rocei um beijo sobre seus lábios, finalmente ousando acreditar que essa
linda e corajosa mulher realmente era a minha esposa. Seu rosto estava
adorável no brilho do interior do jato, e eu esperei que eu pudesse lembrar
exatamente como ela parecia, nesse momento, para o resto da minha vida.
-Huh. Veja isso.
-Veja o que? – ela perguntou.
Eu toquei a bochecha dela. A maior parte de sua maquiagem tinha se
mantido intacta, mas um pouco da cobertura na sua tatuagem tinha saído,
mostrando partes do lírio.
-Está ficando prateada. – eu disse.
-Está? - Ela parecia espantada. – A do Marcus mudou, mas levou anos
após ele a ter selado.
326
-Não mudou completamente – eu disse – Ainda é predominantemente
dourada. Mas definitivamente a prata está começando a parecer aqui e ali.
Pequenas sombras sobre o dourado.
Eu tracei meus dedos descendo por seu pescoço, em direção ao seu
requintado ombro nu.
-É lindo. Não se preocupe.
-Não estou preocupada, só surpresa.
-Talvez tudo que você tenha feito recentemente tenha acelerado o
processo.
-Talvez. Concordou.
Ela tomou outro sorvo e se deitou sobre mim com um suspiro satisfeito.
– Eu não suponho que quando chegarmos na Corte, eles nos deixarão a
sós e nos deixarão ter nossa noite de núpcias em alguma suíte de lua de
mel bem cara?
Eu encolhi os ombros, sem querer preocupá-la.
-Nós provavelmente teremos que responder algumas perguntas
entediantes, e será tudo. Mais um motivo para aproveitar a vida agora.
-Eu estou bem com entediante – Ela disse com seus olhos castanhos
perdidos – Eu gostaria de paz por um tempo. Sem drama. Sem situações
de vida ou morte. Eu estou tão cansada disso tudo, Adrian. Talvez eles não
me tenham destruído, mas os alquimistas definitivamente me exauriram
com a reeducação. Estou cansada de dor e violência. Eu quero ajudar a
parar isso com os outros… Mas primeiro eu preciso de uma pausa para
mim mesma.
327
-Teremos isso.
Meu coração doeu por ela enquanto eu pensava sobre todos aqueles
momentos horríveis no topo do hotel, quando ela enfrentou Sheridan, para
lá nesse vestido brilhante dominando as chamas como algum tipo de deusa
da vingança. Ela tinha sido linda e terrível de se ver, exatamente o que ela
precisava para fazer Sheridan se curvar. Apenas eu entendi o que aquilo
tinha custado para Sydney ter se colocado naquela posição, e se eu
pudesse evitar, ela nunca mais teria que enfrentar algo como aquilo.
-Estou orgulhosa de você – Ela adicionou inesperadamente. – Você usou
tanto espirito durante isso tudo e ainda conseguiu se manter no controle.
Isso não significa que eu aprovo isso virando um hábito, mas você
realmente mostrou que você pode controlar isso sem nenhum dos efeitos
colaterais terríveis.
Sim, concordou Tia Tatiana. Com certeza conseguimos.
Indecisão queimou dentro de mim. Eu pretendia contar tudo para Sydney
ela era minha esposa, afinal – mas admitir que eu estava sendo
atormentado por uma criação da minha imaginação era demais. Além do
mais, uma vez que tudo isso estivesse resolvido, eu encontraria uma
maneira de me livrar da Tia Tatiana, e nada disso iria importar.
Boa sorte com isso. – ela sussurrou na minha mente.
Para Sydney eu disse:
– Apenas parte da nossa nova vida. Como eu disse, tudo vai ser bem mais
fácil daqui para frente.
Eu recolhi nossas taças, mas ao invés de causar uma comemoração
selvagem, a bebida extra apenas se adicionou aquele cansaço severo para
nós dois. Nós tínhamos nos drenado mentalmente, fisicamente e
328
magicamente hoje e ambos, eventualmente, cochilamos com ela ainda
curvada em meu colo e sua cabeça descansando em meu ombro. Suas
ultimas palavras antes de dormir foram:
- Eu queria ainda ter meu bouquet.
-Você fez a noite de alguma garota, - Eu disse à ela, abafando um bocejo. -
E eu te comprarei Peônias em cada aniversário, pelo resto das nossas
vidas.
A próxima coisa que eu me lembro, foi um dos desconfortáveis guardiões
nos acordando e o jato estava em terra firme. Espiando pela janela eu vi
que tínhamos pousado na Corte, um privilégio de poucos. A maioria dos
visitantes pousava em algum aeroporto nas proximidades ou alugava um
carro em um dos maiores, como em Philadelphia. Era o preço de ser
assunto da rainha, eu supus. Eu também notei que parecia ser por volta do
meio-dia, que era a hora que maioria dos Morois em horário vampiro
estavam adormecidos. Eu esperava que isso significasse que nós
realmente iriamos para algum quarto por um tempo até todos estiverem
acordados. Estávamos sem sorte.
Nós fomos escoltados imediatamente, direto do avião para o palácio, onde
nos falaram que Lissa “e outros” queriam falar conosco imediatamente. Nós
nem mesmo tivemos chance de trocar de roupa, e mesmo que eu nunca me
cansasse de Sydney naquele vestido maravilhoso, eu sabia que ambos
estávamos abertos à ideia de vestir jeans e camisetas a qualquer momento.
Se isso não seria uma opção, então, eu decidi que iria com o que eu
poderia. Eu tirei minha gravata borboleta e coloquei de volta meu terno.
-Vamos fazer isso, - Eu disse para os guardiões esperando.
Nós fomos levados para um cômodo do palácio que eu não ia comumente,
já que a maioria dos meus encontros com Lissa – e, no passado, minha tia
– foram de modo casual. A sala que íamos agora era usada para ocasiões
329
muito mais formais, quando Lissa de fato tinha que ter reuniões de estado e
tratar de assuntos da realeza. Tinha até mesmo um trono para ela se sentar
– embora um bem modesto e feito de carvalho com nenhum detalhe extra.
Suas roupas eram boas, mas não glamorosas, e a única indicação de seu
titulo era uma pequena tiara posicionada no seu cabelo solto. Guardiões
silenciosos cercavam as paredes do salão, mas eu não prestei mais
atenção neles do que na decoração. Eu estava muito mais interessado
naqueles com que Lissa estava falando: uma diversidade de pessoas
ambas sentadas ou em pé, todos parecendo irritadas, como se estivessem
esperando por algo. Por nós, eu percebi. Rose, Dimitri e Christian estavam
lá, o que não era nenhuma surpresa. Lissa não estaria sem seus
confidentes, especialmente quando o assunto era eu.
Marie Conta, uma Moroi antiga que era uma conselheira de natureza mais
oficial, também estava por perto. Ela ficou com Lissa e a ajudava em meio a
sua função controversa, então fazia sentido Marie vir para algo como isso.
Não era nem tão inesperado ver meus pais em algo como isso. O que me
fez hesitar – e Sydney também, julgando pelo aperto da mão dela na minha
– era que já havia alquimistas lá. Não apenas quaisquer alquimistas: Eram
o pai de Sydney sua irmã Zoe, e um cara que me levou um momento para
reconhecer. Era Ian. Um cara que tinha tido uma queda daquelas pela
Sydney.
Essa era a bagunça para a qual caminhávamos, inteiramente embonecados
com as elegantes roupas do nosso casamento. Eu fui responsável por todo
tipo de travessuras na minha vida, mas essa era primeira vez que eu rendi
uma sala inteira sem falar. Olhos se arregalaram. Mandíbulas caíram. Até
mesmo alguns dos inexpressivos guardiões estendidos pelas paredes
pareciam chocados.
-Não falem todos de um vez - eu disse.
O pai de Sydney ficou de pé, o rosto vermelho de raiva.
330
-O que no mundo é essa abominação?
Lissa, apenas um pouco mais delicada, perguntou.
-Adrian, isso é algum tipo de brincadeira?
-O que é uma brincadeira é acordar todos por isso – eu disse levianamente
– Eu digo eu sei que vocês estão todos animados em nos ver, mas não era
necessário…
-Eu exijo que você a entregue em nossa custódia imediatamente –
exclamou o pai de Sydney – Para que possamos parar essa farsa antes que
vá longe demais. Nós assumiremos daqui.
-O Sr. Sage diz que Sydney cometeu crimes terríveis entre os Alquimistas –
disse Lissa – Eles alegam que você também o fez, Adrian, mas eles
estavam dispostos a ignorar isso se nós entregarmos ela, já que você é um
dos meus súditos.
Eu mantive minha posição.
-O único crime que cometemos foi tirar ela e um punhado de outros pobres
miseráveis daquele show de horrores em versão de Centro de Reabilitação.
– Um que eles estavam para abandoná-la para queimar. E você sabe por
quais crimes ela e os outros tinham cometido? Tratado Dhampirs e Moroi
como pessoas. Imagine só.
-De acordo com eles – Lissa falou calmamente – Sydney tentou queimar
alguns de seu próprio povo na noite passada.
-Era um blefe. – afirmei – Eles ainda estão vivos, não estão?
331
-Isso é irrelevante – contra argumentou Ian. Ele ficou sentado, e ao julgar
pela sua proximidade com Zoe, parecia que ele mudou sua atenção de uma
irmã Sage para outra. – Não cabe a vocês julgar nosso povo. Nós lidaremos
com isso.
Era isso, o momento em que eu iria detonar a bomba neles.
-Bem, ai que está, Vossa Majestade. Sydney é um de seus súditos, agora
que ela é minha esposa. Você disse que não me entregaria a eles porque
eu estou sob a sua proteção, certo? Você está dizendo que abandonaria
minha esposa por menos que isso?
Aquilo levou a sala de volta para o silêncio de novo até Lissa encontrar sua
voz.
-Adrian … Então esse é o motivo para isso?
Ela apontou de Sydney para mim em nossas roupas formais quando disse
isso mas não conseguiu articular nada mais preciso.
-Porque você fez, um, isso? Você acha que isso fará dela uma cidadã Moroi
ou algo assim? Não é assim que isso funciona. Não mesmo. Eu sei que
você se importa com ela…
-Me importo com ela? – eu exclamei.
Então eu percebi que nenhum deles tinha realmente entendido. Todo esse
tempo que eu tinha irritado Lissa para ajudar Sydney pelo últimos meses,
Mas Lissa tinha assumido que tinham sido pela minha amizade para com
Sydney. E agora, ela e os outros da Corte pensaram que era apenas
alguma tentativa maluca que eu tentei para ter o que eu queria. Apenas os
Alquimistas tinha uma dica da sinceridade dos meus sentimentos, mas eles
eram retorcidos e errados aos seus olhos.
332
-Lissa, eu amo ela. Eu não casei com ela como algum tipo de jogo! Eu casei
com ela porque eu a amo e quero passar o resto da minha vida com ela. E
eu esperava que, como minha soberana, você me apoiasse para proteger a
mim e os meus amados – especialmente desde que eu acho que eles não
tenham nenhuma prova real dos crimes que estamos sendo acusados.
Você me disse no ultimo mês que você não poderia se arriscar por ninguém
além de seus súditos, eu sei que ela não é tecnicamente sua súdita ou
Moroi, mas eu sou, e se as promessas que você fez para mim, como um de
seu povo, realmente significa algo, elas iram se estender a ela. Nós somos
casados. Ela é minha família agora. Nós estamos ligados pelo resto das
nossas vidas, e se você está para deixar eles a levarem, você pode me dar
o mesmo tratamento a partir de agora.
Lissa pareceu pega de surpresa, mas Jared Sage – Meu sogro agora, eu
me dei conta – demonstrou nada além de desprezo.
- Isso é ridículo. Humanos e Moroi não podem se casar. Esse é o nosso
modo, assim como é o de vocês. Isso nem é um casamento verdadeiro.
-É de acordo com o estado de Nevada – eu disse alegremente – Nós temos
a papelada para provar. Nos dê um laptop, e poderemos todos ver as fotos
do casamento juntos.
A expressão de Rose era difícil de se ler. Eu tinha certeza que ela estava
chocada por esses novos acontecimentos como todos os outros, mas algo
me disse que ela tinha tomado uma atitude similar ao dos nossos amigos de
Palm Springs: aceitação e suporte.
- Liss – ela disse – Deixe-os ficar. Não entregue Sydney.
Marie Conta, em pé perto do trono de Lissa, se curvou e murou algo no
ouvido da Rainha. Ao julgar pela expressão de Marie, eu achava que era
exatamente o oposto do que Rose tinha defendido. Dessa vez, Ian se pôs
em seus pés.
333
-Essa não é uma decisão que você deve fazer! – Ele disse incredulamente
– O destino de Sydney Sage não esta em suas mãos. Você não tem
nenhum direito de…
-Ivashkov – Sydney o interrompeu. Era a primeira vez que ela tinha falado
desde que entramos na sala.
Ian virou sua expressão ultrajada do trono para ela.
-Perdão?
-Ivashkov – ela repetiu, seu rosto a imagem da serenidade. Apenas eu
poderia falar, pelo suor de sua mão, que ela estava ansiosa. Os Alquimistas
tinham jogado baixo com ela ao mandar esses três.
-Meu nome é Sydney Ivashkov agora, Ian.
-O inferno que é! – Exclamou o pai dela, o rosto repleto de fúria. – EU estou
cansado dessa maluquice. Eu a tirarei para fora daqui eu mesmo, se isso
for o necessário para salvar a alma dela dessa imundice.
Lançou-se em direção a Sydney e eu, e num piscar de olhos, Dimitri voou e
colocou-se entre nós.
-Sr. Sage – ele disse calmamente – Ninguém vai retirar ninguém para fora
daqui, a não ser que a sua majestade, a rainha, comande.
Todos os olhos foram em direção a Lissa. Seu rosto estava imponente e
composto. Nós tínhamos a colocado em uma posição que nenhum outro
monarca Moroi provavelmente nunca esteve. Eu me senti um pouco mal
sobre isso, vendo isso como seu amigo, mas eu mantive a minha posição.
-Eu quis dizer cada palavra dos meus votos matrimoniais e farei de tudo
para manter Sydney segura.
334
- Adrian Ivashkov é meu súdito – Lissa finalmente falou – E como tal, ele é
beneficiado com todos os direitos e privilégios dessa posição. Sua esposa
vem aqui em busca de refúgio – e eu estou garantindo isso a ela. Eles
estão ambos sob a minha proteção agora, e enquanto eles estiverem na
Corte, você não tem jurisdição nenhuma sobre eles. Eu não irei os liberar
em sua custódia, especialmente levando em conta que eu não vi nenhum
evidência real de seus crimes alegados.
- O crime deles é este em pé bem na sua frente, sem nenhuma vergonha –
exclamou Ian.
O pai de Sydney claramente concordava.
-Isso é um ultraje. Se você fizer isso, terá que lidar com a irá da
organização Alquimista! Você acha que pode se livrar de metade das coisas
que se livram agora? Nós encobrimos tudo por vocês! Sem nós vocês não
são nada. Como vocês acham que iriam existir nessa sociedade sem nós
para ajudar? Se você não tiverem a nós…
-Então o mundo inteiro iria saber que vampiros existem – Sydney falou
friamente – Você deixaria isso acontecer, pai? Você não está preocupado
com outros humanos fracos que podem vir a cair em seus truques se os
Alquimistas não os ajudarem a se esconderem?
A expressão do pai dela ficou ainda mais escura, e ele parecia querer falar
inúmeras coisas para ela. Ao invés disso, ele tomou uma respiração
profunda e se virou para Lissa. Os Alquimistas têm sido aliados muito
poderosos para você. Não queira saber que tipo de inimigos nós podemos
ser.
-Obrigada por seu conselho – Lissa parecia destemida, mas eu vi sua aura
vacilar. – Glen? – ela preguntou, direcionando sua atenção para um dos
guardiões na porta. – Você e seu pessoal poderia garantir que o Sr. Sage e
os outros fossem escoltados para fora da Corte apropriadamente?
335
O guardião fez-lhe uma reverência e, em seguida, caminhou para frente,
acenando cinco outros guardiões para se juntarem a ele.
-Claro, Vossa Majestade.
Os guardiões guiaram os contrariados Alquimistas para fora da sala, e
mesmo assim nós continuamos a ouvir eles fazendo ameaças até que
estivessem bem longe no corredor. Pelo menos dois deles. Zoe não disse
uma só palavra o tempo todo e tinha simplesmente observado a irmã com
seus amplos e inquietos olhos. Se Zoe se sentia culpada pelo seu papel na
ida de Sydney para a reeducação ou era apenas o choque para com esses
novos acontecimentos, eu não saberia dizer. Do meu lado, Sydney estava
tremendo. Não poderia ter sido fácil para ela ver a família ser arrastada para
fora de lá daquele jeito. Ainda segurando sua mão, eu dei um passo à frente
antes que o silêncio ficasse ainda mais desagradável.
-Obrigada, Lissa. Você não sabe o quanto…
Lissa levantou sua mão para me parar, mão que ela também usou para
massagear sua testa, como se ela estivesse com dor de cabeça.
-Não, Adrian. Você não tem ideia do tamanho do problema que isso pode
me gerar. Eu estou feliz, de verdade. Mas por hoje, eu estou cansada de
conversas. Eu preciso dormir para refletir sobre isso e as consequências.
Nós iremos te arrumar um lugar para ficar e…
-Espere um momento – Alguém me ajude, meu próprio pai se pronunciou
agora, e pela sua expressão, é um feito que ele não estivesse apoiando
Jared Sage há alguns minutos atrás. – Você está dizendo que vai deixar
esse… esse… suposto casamento passar assim? Que você o considera
real?
Lissa, que parecia realmente exausta, acenou.
336
-Parece muito real para eles, Lord Ivashkov, e isso é o suficiente para mim.
-Eu achei que você estava apenas atuando para levar aqueles alquimistas
para fora daqui! Não há condição de que você possa considerar isso um
casamento legítimo. Nenhum Moroi civilizado chegou tão baixo quanto…
Meu pai conteve suas próprias palavras enquanto olhava rapidamente para
Sydney e eu. Ele correu em direção a nós com uma velocidade que os
guardiões devem ter admirado e teve a audácia de agarrar a mão esquerda
de Sydney.
-Eu conheço isso! Era da sua tia! Como se atreve! Você teve a coragem –
a audácia – de colocar relíquias de uma rainha na mão dessa… dessa…
Alimentadora!
Eu retirei Sydney de perto dele.
-Pai, - eu disse calmamente, - Eu sempre tive como regra de vida não me
meter em brigas com crianças, animais fofos, ou velhos ignorantes. Eu irei,
entretanto, fazer uma exceção por você caso toque ou insulte minha esposa
outra vez.
- Nathan, - Minha mãe disse, indo para o seu lado. – Ela é nossa nora
agora. Mostre algum respeito.
Agora meu pai virou sua fúria para ela.
-Eu não farei isso! Isso é absurdo, para não falar ultrajante. Isso é…
-O que o nosso filho quer - minha mãe disse – e eu o apoiarei.
Eu olhei nos olhos dela e senti um inchaço no peito. Eu nunca tinha
consertado as coisas com ela após nossa discussão. Eu nem mesmo tentei
ligar ou mandar mensagens. Não foi por desleixo, foi minha preocupação
337
com Sydney, mas olhando para ela agora, eu estava surpreso de ver algo
que não tinha visto antes: desafio.
-Por Deus, Daniella – meu pai grunhiu – não acrescente mais um erro para
a sua já grande lista. Agora se quer voltar comigo para casa essa noite,
fique quieta e…
Não – ela disse, interrompendo ele de novo. – Eu, na verdade, não quero ir
para casa com você, essa noite ou nenhuma outra.
-Você não tem ideia do que está dizendo – ele chiou – ou quais serão as
consequências.
-Na verdade, Nathan, eu as entendo perfeitamente.
Eu me virei para Lissa, que parecia mais do que um pouco surpresa com o
novo drama que se formava.
- Vossa majestade – eu disse. – você mencionou um lugar para ficar para
mim e minha noiva. Algum modo que arrumar um para a minha mãe
também?
Lissa pode ter se preocupado com as consequências das suas atitudes com
os Alquimistas, mas ela não tinha os mesmos medos com meu pai.
-Sim, - ela disse. – Eu tenho certeza que isso pode ser providenciado.
Quando nós finalmente saímos, uma pequena multidão tinha se juntado do
lado de fora do palácio. As fofocas tinham se espalhado no curto tempo que
estivemos lá, e curiosos tinham aparecido, apesar da hora avançada. As
roupas do casamento atingiram multidões, e eu podia ver o choque e a
descrença em seus rostos – em Nina inclusive. Eu não esperava que ela
estivesse lá. Como com a minha mãe, eu não tinha falado com ela desde
que tinha deixado a Corte, era óbvio que nada poderia ter preparando-a
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para a visão da minha noiva humana. Ela parecia tão arrasada, que eu me
preocupei se ela não desmaiaria. Suas mãos estavam apertadas
firmemente juntas, e enquanto passávamos, eu tive a impressão de ter visto
sangue nelas aonde ela tinha arranhado.
Não muito longe dela estava Wesley Drozdov, e ele, diferente de todos os
outros, não parecia chocado. Ele parecia preocupantemente malicioso na
verdade.
Dificilmente, eu me lembrei o que eu tinha dito a Sydney no avião, como as
coisas seriam mais fáceis a partir de agora.
A vida na Corte será uma brisa, Eu disse.Com angustia, eu me perguntei se
eu não teria mentido sem saber para Sydney, e estava feliz quando ela,
minha mãe, e eu ultrapassamos os curiosos.
Rose e Dimitri escoltaram a nós três até a casa de hospedes e tiveram tato
o suficiente para não nos encherem de perguntas – Mas eu podia ver Rose
se corroendo para faze-las. Ela admiravelmente manteve seu autocontrole
até Sydney se sentar no lobby da ala de hóspedes enquanto eu fazia o
cheking. O dedo do pé de um dos sapatos azuis espiou debaixo de seu
vestido, e Rose não se conteve.
-Esses sapatos são de arrasar, - Ela declarou – Tem alguma história por
trás?
Sydney sorriu para ela.
- Há várias histórias.
Amanhã Rose – eu disse – Nos dê o resto da noite de descanso, e lhe
daremos a versão completa amanhã. E de extra te dou a chance de nos dar
um presente de casamento. Não temos nenhuma lista, mas realmente
poderíamos achar um uso para chá chinês e um liquidificador.
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-Lorde Ivashkov? – a atendente ao balcão perguntou, parecendo
embaraçada por ter nos interrompido. – Receio que temos poucos quartos
disponíveis, entre as renovações e um grupo turístico da Bulgária. Não
temos dois quarto separados, mas nós temos uma suíte família que
abrigaria seu grupo inteiro.
Eu olhei entre Sydney e minha mãe, ambas pareciam estar mantendo seus
rostos extremamente neutros.
- Bem, nós somos família agora.
Rose e Dimitri se despediram de nós uma vez que tudo estava organizado,
e nós três fizemos nosso caminho para a suíte que nos fora designada. Eu
destranquei a porta e, em um impulso, peguei Sydney nos meus braços e a
carreguei para dentro.
Eu sei que ainda não é tecnicamente nossa casa de verdade – eu disse –
mas com tantas irregularidades que tivemos no nosso casamento, eu sinto
como se precisassem manter algumas tradições.
-Certamente. – Sydney riu.
Eu a abaixei cuidadosamente, e minha mãe sorriu educadamente. Ela pode
ter ficado do meu lado e apostado em nós, mas eu a conhecia o suficiente
pra entender que levaria algum tempo para acolher uma nora humana.
-Obrigada, Mãe – eu disse, puxando-a para um abraço.
-Eu achei que tinha aprendido minhas lições na prisão, - ela disse – Mas só
após você ter partido que eu realmente e verdadeiramente absorvi isso.
Não posso falar que essa é minha situação ideal, mas eu prefiro ter esse
tipo de vida com você do que não o ter de modo algum – ou ao meu amor
próprio.
340
Eu a soltei do abraço.
-Eu estou orgulhoso de você. Nós faremos isso funcionar. Você vai ver. Isso
será ótimo e nós seremos uma grande família feliz.
As duas mulheres da minha vida pareciam incertas daquilo, mas ambas
pareciam convictas do seu amor por mim, e por agora, isso teria que ser o
suficiente. Minha mãe logo percebeu que podia esconder seu desconforto
encontrando coisas para criticar sobre nossas acomodações, que eram tão
luxuosas quanto as minhas últimas, só que maiores. Deixei-a fazendo isso e
estava mais do que aliviado por finalmente conseguir um pouco de
privacidade com Sydney.
Ela sentou na nossa cama e chutou os sapatos azuis para longe.
-Não sei que parte desse dia parece mais irreal.
Eu sentei ao seu lado.
-Esse é o ponto. É tudo real, especialmente a parte mais importante: você e
eu, juntos para sempre, nosso casamento reconhecido aos olhos humanos
e Morois.
-Mas não alegremente. – o sorriso dela desapareceu – Metade da minha
família não quer me ver nunca mais. E a outra metade que quer… bem, eu
posso não ser capaz de vê-las novamente.
-Você irá – eu disse – Eu me assegurarei disso.
Eu estava agindo com mais confiança do que eu sentia, e eu sabia que ela
sabia disso. Ela tinha se separado de sua família – de sua espécie – por
mim, e mesmo que eu ainda não pudesse dizer o que ela iria enfrentar, eu
orei silenciosamente para que eu fosse capaz de ajuda-la em tudo o que
fosse possível.
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-Você estava certo, - ela me puxou para mais perto – Sobre termos
proteção. Mesmo com todas as complicações, você fez tudo funcionar.
-Nós fizemos funcionar, e todas as complicações não iram durar. Por
enquanto, nós podemos sentar e aproveitar as recompensas. – Eu falei
galantemente, sem dar voz a alguns medos que eu tinha. Depois de ter
visto as reações do pai dela, do meu pai, e até de Wesley, eu tinha um
sentimento inquietante que nós não iríamos ter a paz que ela tanto queria
tão cedo. Eu me recusei a demonstrar isso, entretanto. Pelo menos não
hoje à noite.
-E eu tenho todo o tipo de recompensa em mente. A não ser que você
queira dormir.
Ela laçou seus braços em volta do meu pescoço e roçou seus lábios contra
os meus.
-Depende. Você parou na farmácia, durante a sua ida a adega?
-Parei lá? Inferno, eu comprei o lugar todo, Sydney. Eu não terei repetições
da última vez.
Ela riu e deixou-me colocá-la de costas na cama, onde eu comecei o
emocionante, embora um pouco frustrante, processo de tentar descobrir
como tirar aquele vestido elaborado. E o esforço acabou por valer a pena,
no entanto, e quando adormecemos nos braços um do outro muito mais
tarde, nus, exceto para os nossas alianças, eu sabia que tinha valido a pena
todo o esforço. Todas as provas e provações que tinha experimentado
levaram a este momento, este momento perfeito. Nós estávamos
exatamente onde nós fomos feitos para estar. Eu fui acordado horas mais
tarde por uma batida na porta e a gentil voz da minha mãe:
-Adrian? Vocês tem visita.
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Sydney se agitou em meus braços, parecendo linda e feliz enquanto a luz
no fim de tarde entrava pelas persianas, iluminando suas feições. Ela
estava tão maravilhosa e sexy que eu estava tentado a fingir não ter
escutado minha mãe, quando uma segunda batida, mais forte, soou.
-Adrian? Sydney? É Rose. Nós temos que conversar.
Aquilo acordou Sydney e eliminou qualquer manhã romântica que eu
poderia ter imaginado. Nós nos vestimos e eventualmente fomos para a
sala de estar da suíte. Lá minha mãe estava sentada com ambos, Rose e
Dimitri. Eu quase zoei Rose por não ter sido capaz de esperar para ouvir
histórias sobre nossas excitantes… Então eu vi seu rosto.
-O que houve? – eu perguntei.
Ela e Dimitri trocaram olhares.
-Jill desapareceu.
-O que você quer dizer com Jill desapareceu? – eu exigi – Ela está na
escola. Eu recebi uma mensagem dela ontem. Ela quem organizou nossa
viagem.
-E ela tinha todos os seus guardiões. – Sydney adicionou. – Eddie voltou,
certo?
Rose confirmou.
Todos os três Dhampir estavam no campus. Angeline estava até mesmo no
quarto quando ela foi levada.
-Espera… A Angeline viu acontecer? – Perguntei.
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-Não. – Disse Dimitri. – Isso é o mais estranho. Angeline foi para cama com
Jill no quarto… e quando acordou ela tinha sumido.
-Ela não ouviu ou viu nada. Jill apenas desapareceu como mágica. - Rose
estalou os dedos para dar efeito. – Angeline se sente péssima.
Senti um aperto no meu peito, e o quarto cambaleou. Jill… desaparecida?
Isso não era possível. Não depois de tudo que eu fiz por ela. Eu a trouxe de
volta a vida! Isso não poderia estar acontecendo. Houve algum erro. Eddie
não teria deixado isso acontecer.
Viu? Perguntou Tia Tatiana. Eu disse que não haveria paz para você. De
um jeito ou de outro, sempre terá algo para te atormentar. Bom que você
tem a mim para te ajudar.
Sydney desmoronou sobre uma cadeira, mãos entrelaçadas em seu colo.
-Angeline se sente péssima? Eu me sinto péssima! Jill era minha principal
responsabilidade, toda a razão para eu estar lá! Se eu não tivesse…
-Nem começe - Eu me adiantei, colocando meu braço sobre seus ombros.
Isso era tanto para me confortar quanto à ela. – Você não a abandonou.
Você foi levada. Isso não é culpa sua de maneira nenhuma.
Eu me virei de costas para os outros, tentando desesperadamente achar
um sentido para isso. Se eu pensasse logicamente, eu não entraria em
pânico.
-Nós temos que encontra-la. Vocês tem alguma pista?
Ainda não, mas temos pessoal revirando cada canto daquele lugar como
loucos, a procura de algo.
Rose suspirou de desânimo.
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-Ela estava à um mês de voltar para casa.
-Bem, nós iremos ajudar. – Eu disse. – Nos arrume um vôo para lá.
Sydney acenou ansiosa.
-Vocês estão malucos? – Perguntou Rose. – Não respondam. Olha, vocês
não vão a lugar nenhum. Não há nada que vocês possam fazer lá por
agora.
-Além de que, a proteção pela qual vocês lutaram tanto na noite passada
não se estende para fora da Corte – Dimitri nos lembrou. – Vocês precisam
ficar aqui – para a sua própria proteção – Até estarmos mais preparados.
Isso, e nós não precisamos de nenhuma atenção desnecessária indo atrás
de Jill.
Ele olhou para minha mão.
-Isso significa, Lady Ivashkov, que o que você acabou de ouvir não pode
sair desse quarto. Ninguém pode saber que Jill desapareceu, porque
enquanto ela estiver desaparecida não podemos provar se ela está viva ou
morta. E não podemos provar isso…
-Então vocês não podem provar que a Rainha tem um parente vivo. –
Sydney terminou.
Eu não tinha sido rápido o suficiente para pensar tão à frente. Eu ainda
estava parado em Jill – Jill, minha doce e generosa Jill – ter desaparecido
sem rastros. Agora, eu repentinamente compreendi as outras
consequências.
-A votação ainda não aconteceu – eu murmurei. – A votação para mudar a
lei.
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Exato. – Disse Rose, sua expressão sombria. – E se a noticia do
desaparecimento de Jill se espalhar, Lissa pode perder o trono.
FIM
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