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Universidade de Lisboa Faculdade de Letras
Departamento de História
A Cavalaria Portuguesa
no Cerco de Sevilha de 1248
Francisco Oliveira Simões
Dissertação de mestrado em História
com especialização em História Medieval
Lisboa
2014
Universidade de Lisboa Faculdade de Letras
Departamento de História
A Cavalaria Portuguesa
no Cerco de Sevilha de 1248
Francisco Oliveira Simões
Dissertação de mestrado em História
com especialização em História Medieval
apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
orientada pela Professora Doutora Manuela Santos Silva
e co-orientada pela Professora Doutora Julieta Araújo
Lisboa
2014
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
1
Índice
Resumo 2
Resumen 3
Palavras-Chave/Palabras Clave 4
Agradecimentos 5
Introdução 6
1 - Conjuntura Peninsular 12
1.1 - Reino de Navarra 13
1.2 - Reino de Aragão 16
1.3 - Reino de Leão 19
1.4 - Reino de Portugal 21
1.5 - Reino de Castela 23
1.6 - Reino de Granada 24
2 - Os Participantes no Cerco de Sevilha de 1248 e as Suas Motivações 26
3 - A Participação Portuguesa no Cerco de Sevilha 31
4 - A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248 34
4.1 - Os Cavaleiros ao Serviço do Infante Afonso 34
4.2 - Os Cavaleiros que Permaneceram em Castela 52
Conclusão 66
Apêndice Documental 69
Anexo I - Genealogias dos Cavaleiros ao Serviço do Infante Afonso 70
Anexo II - Genealogias dos Cavaleiros que Permaneceram em Castela 79
Fontes 86
Bibliografia Geral 88
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
2
Resumo
A Tese de Mestrado que aqui vos apresentamos pretende dar a conhecer o
resultado de uma investigação sobre a migração da cavalaria portuguesa para Castela,
no âmbito do cerco de Sevilha de 1248.
Na introdução gizaremos todas as movimentações e desafios de ambos os
exércitos, tanto por parte dos almóadas, que defendiam Sevilha, como dos castelhanos,
que a tentavam tomar. Descreveremos a Sevilha medieval, explicando a razão de ser
uma cidade tão cobiçada. Será feita uma breve análise sobre a condição do cavaleiro no
panorama castelhano e português.
No primeiro capítulo, referente à Conjuntura Peninsular, traçaremos o panorama
político e social dos vários reinos da Península Ibérica, da primeira metade do século
XIII, explicando os contornos e razões que levaram ao ataque castelhano no Al-
Andaluz, em plena época de reconquista cristã.
O segundo capítulo é referente aos vários participantes deste confronto,
mencionando os aliados de Castela e dos almóadas, procurando explicar as motivações
e ambições das duas frentes de batalha.
No terceiro capítulo o foco será direccionado para os vários tipos de cavaleiros
portugueses, que decidiram combater nesta contenda, salientando as suas razões.
O quarto capítulo é o ponto-chave desta investigação, com a enumeração dos
vários nobres que partiram para a conquista de Sevilha. Todos os cavaleiros são
estudados, para se apurar a sua família e feitos, até ao ano em questão. Fazendo uma
selecção dos que preferiram mudar-se definitivamente para Castela e Leão, e os que
rumaram de novo para Portugal.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
3
Resumen
La Caballería Portuguesa
en lo Asedio de Sevilla de 1248
La Tesis de Máster que aquí os presentamos pretende dar a conocer el resultado
de una investigación sobre la migración de la caballería portuguesa a Castilla, bajo el
asedio de Sevilla de 1248.
En la introducción trazaremos todos los movimientos y retos de ambos ejércitos:
los almohades, que estaban a favor de Sevilla, y los castellanos, que la intentaban tomar.
Describiremos la Sevilla medieval, explicando la razón por qué era tan cotizada. Se hará
un breve análisis sobre la condición del caballero en el ámbito castellano y portugués.
En el primer capítulo, sobre la Coyuntura Peninsular, trazaremos el panorama
político y social de los diversos reinos de la Península Ibérica, desde la primera mitad
del siglo XIII, explicando los contornos y las razones que llevaron al ataque castellano
en Al-Andaluz, en plena época de reconquista cristiana.
El segundo capítulo se refiere a los múltiples participantes en este
enfrentamiento, mencionando a los aliados de Castilla y de los almohades. Buscando
explicar las motivaciones y ambiciones de los dos frentes de batalla.
En el tercer capítulo el enfoque se dirige a los diversos tipos de caballeros
portugueses que decidieron luchar en esta contienda, destacando sus razones.
El cuarto capítulo es el punto clave de esta investigación, con la enumeración de
los varios nobles que partieron a la conquista de Sevilla. Todos los caballeros son
estudiados, para determinar su familia y hechos, hasta el año en cuestión. Haciendo una
selección de aquellos que optaron por mudarse permanentemente a Castilla y León y los
que se dirigieron de nuevo a Portugal.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
4
Palavras-Chave/Palabras Clave
História Medieval - Cavalaria Portuguesa – Almóadas – Reconquista Cristã – Cerco –
Sevilha.
Historia Medieval – Caballería Portuguesa – Almohades – Reconquista Cristiana –
Asedio – Sevilla.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
5
Agradecimentos
É necessário agradecer a várias pessoas, que me ajudaram e aconselharam,
durante toda a investigação, para que a presente Tese de Mestrado visse a luz.
Em primeiro lugar cabe-me agradecer à Professora Doutora Manuela Santos
Silva e à Professora Doutora Julieta Araújo, que desde o início aceitaram o meu convite
para orientar e co-orientar, respectivamente, o presente estudo. Guiado pelos seus sábios
concelhos e inestimável apoio, consegui atingir o objectivo final a que me propus.
Um muito obrigado a todos os professores do Mestrado de História Medieval e
do Curso de Licenciatura de História, por tudo o que me ensinaram, de forma tão
interessante fizeram-me crescer no meio histórico e científico, foi uma honra.
Não poderia esquecer o amigo e historiador que sempre esteve a meu lado em
todo o curso e mestrado, António Carlos Martins Costa. Vejo-o como um mentor que
me ensinou a grandeza da Faculdade de Letras.
Aos historiadores Isabel Raposo Magalhães, Amílcar e Maria do Rosário Baião
Pinto, por me terem dado todo o auxílio na minha pesquisa bibliográfica e documental.
Neste contexto agradeço também ao meu tio Vasco Teles da Gama, que além da
inestimável ajuda, incutiu em mim, ainda em criança, o gosto pela História.
A todos os meus amigos, que sempre estiveram por perto e acompanharam o
meu trabalho, sempre prontos a ajudar como a Ana Margarida Viegas, o Manuel
Gabirra, a Marta Leal da Costa, a Sofia Leal da Costa, o Tiago Almeida Matias, o
António Baião Pinto e o Henrique Sousa de Azevedo. Entre muitos outros, que não teria
espaço para mencionar.
E por fim, queria expressar um agradecimento especial aos meus pais, que
souberam respeitar a minha vocação e deram-me a liberdade para a seguir, fomentando
a minha aprendizagem. Em geral a toda a minha família.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
6
Introdução
Esta investigação, que aqui vos apresentamos, é dedicada ao tema A Cavalaria
Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248, com o objectivo de fazer uma pesquisa
avançada sobre todos os nobres portugueses que estiveram presentes neste decisivo
evento, de extrema importância para a reconquista cristã, no âmbito peninsular.
Como nos refere o rei D. Duarte, no seu afamado Livro da Ensinança de Bem
Cavalgar Toda Sela, o cavaleiro lutava em busca da honra, do proveito e do bom
prazer, que o fazia atingir a fama pretendida entre os seus pares. Segundo ele, não se
deve ser apenas apelidado de cavaleiro, tem de se saber comportar nas justas e no
campo de batalha, para não ostentar esse nome em vão1. Mas na realidade os cavaleiros
procuravam atingir também outros proveitos, como títulos e territórios.
Em todas as cidades peninsulares, eram cavaleiros os que controlavam a sua vida
social e administrativa, constituindo uma das suas mais importantes forças, muitas vezes
aproveitada pelos monarcas em campanhas militares. Tinham por característica a sua
heterogeneidade, pois eram muito distintos uns dos outros, não só devido à mobilidade
característica deste grupo, mas também devido à entrada para a nobreza de homens
enriquecidos, devido ao comércio, ou que ocupavam cargos na administração central.
Mas o grupo mais selecto da nobreza de sangue eram os cavaleiros por linhagem e os
fidalgos, que tomavam este nome após completarem três gerações de nobreza na sua
família, por privilégio régio. Alguns deles, apesar da sua tutela e estatuto, não possuíam
riqueza, vivendo no meio rural, principalmente no norte da Península Ibérica. Outros
cavaleiros, com um estatuto inferior, permaneciam ao lado de nobres de sangue e
linhagem, conseguindo, desta forma, os seus privilégios2.
Sem nunca esquecer as palavras de Pierre Bonassie “O cavalo é a principal
ocupação do nobre”, havendo uma ligação forte entre o cavalo e o homem, apenas
corrompida pela morte3, compreendemos que, sob o estatuto de cavaleiro, se escondiam
diversas condições. Mas durante o século XIII o cavaleiro tinha muito mais despesas, do
que nos séculos anteriores, tendo de suportar o elevado custo da investidura e do
1 DUARTE, Dom, Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela, Lisboa, Livraria Bertrand, 1944, pp –
4-6.
2 QUESADA, Manuel Fernando Ladero, Las Ciudades de la Corona de Castilla en la Baja Edad Media
(Siglos XIII al XV), Madrid, Arca Libros S. L., 1996, pp – 36, 37.
3 BONASSIE, Pierre, La Catalogue du Milieu du X à la fin du XI Siècle. Coissance et Mutations d´une
Société, 2 volumes, Tolouse, Publicatons de l´Université de Tolouse-Le-Mirail, 1975-1976. P – 295.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
7
armamento, que entretanto havia evoluído bastante no seu fabrico e nos materiais
utilizados, gozando de uma maior mobilidade e resistência4. A esta situação, já de si
geradora de segregação, criaram-se, por esta época, entraves para a ascensão do povo à
nobreza através dos actos de cavalaria, como até aí acontecia. Em parte, como resultado
desta limitação crescente à expansão do grupo, a nobreza castelhana tinha aproveitado
entretanto para enriquecer graças às batalhas da reconquista cristã, desenvolvendo
poderes locais nos territórios recentemente tomados5. Esta era, portanto, uma
oportunidade extraordinária de que a cavalaria, não só de Castela mas também dos
reinos vizinhos, tinha interesse em beneficiar.
Durante o século XII distinguiam-se os miles, cavaleiros nobres, dos cabalarius,
cavaleiros vilãos, mas com o tempo ambos os guerreiros seriam tratados por miles6.
Para entendermos esta denominação convém citar as palavras de José Mattoso quando
notou que “(…) miles e cabalarius, que em si mesmos nada dizem quanto à condição
social, pois referem apenas a função guerreira. De facto no caso de o seu uso implicar
por si mesmo superioridade social, teremos de concluir dai uma íntima conexão entre o
serviço militar a cavalo e a nobreza”7.
Sendo o nosso foco geográfico a cidade de Sevilha, parece-nos conveniente
fazer um breve resumo da sua história durante os inícios do século XIII, para
entendermos com mais clareza o sucedido no ano de 1248, data do confronto entre os
castelhanos e os almóadas hafsidas.
4 DUBY, Georges, A Sociedade Cavaleiresca, Lisboa, Editorial Teorema, 1989, pp – 2015, 216.
5 GERBET, Marie-Claude, Las Noblezas Españolas en la Edad Media Siglos XI-XV, Madrid, Alianza
Editorial, 1997. P – 69.
6 MATTOSO, José, Identificação de um País – Ensaio sobre as origens de Portugal, 1096-1325, Volume
I - Oposição, 4ª edição, Lisboa, Editorial Estampa, 1991. P – 115.
FOURQUIN, Guy, Senhorio e Feudalidade na Idade Média, Lisboa, Edições 70, Setembro de 1978. P –
77.
7 MATTOSO, José, Identificação de um País – Ensaio sobre as origens de Portugal, 1096-1325, Volume
I - Oposição, 4ª edição, Lisboa, Editorial Estampa, 1991. P – 115.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
8
Sevilha, ou Isbiliya como era denominada pelos mouros, a par com Badajoz, ou
Batalyaws, eram as duas mais importantes taifas do Al-Andaluz, durante o século XI.
Sevilha tinha erguido uma monumental mesquita8, as muralhas da cidade eram sólidas e
eficazes, quando se viam ameaçadas pelas investidas cristãs9. Ficava a sol nascente de
Niebla e a sol poente de Córdova, rodeada pelo rio Guadalquivir. Tinha uma vasta
plantação de oliveiras, existindo mel em abundância, tal como figos, que muita gente se
deslocava de pontos longínquos para os vir comprar. O solo era arável, coberto com
muita vegetação. Tinha, por isso, óptimas condições para a caça e a pesca. Os prados
eram cultiváveis e húmidos. Existiam ribeiras e canas-de-açúcar. Como nos descreve o
conde D. Pedro na Crónica General de España de 1344, “E el termino de Seuilla es
abondado de mucho bien e a y vn lugar sementado de oliuas que faze el termino muy
fermoso. (…) E Sevilla es buena de pan e de criança; e es buena de caça por mar e por
tierra. E en su termino há muy buenos prados que non se secan en ningun tienpo. E po
eso los ganados dan ay mucha lege; e si todos los ganados de España ay veniesen,
paçeran que lesnon fallesçerian. E a y vna muy buena ribera que (…) muy buenas
cañas de açucar” 10
.
Entre os anos de 1224 e 1229 Sevilha vivera sob um governo almóada, na pessoa
de Abu-l-Ula, até à sua partida para o sultanato de Marrocos, em busca de futuras
conquistas, tendo para esse fim morto o seu irmão Al-Adel, com o auxílio de
mercenários castelhanos.
No ano de 1229 os notáveis muçulmanos de Sevilha começaram a apoiar a causa
de Ibn Hud, um proeminente comandante militar muçulmano, que se tinha oposto aos
almóadas em Múrcia, no ano de 1227. Além disso tinha resistido vitoriosamente aos
ataques cristãos. Por estas razões o rei Fernando III de Leão e Castela fomentou uma
acérrima oposição a este líder, na região do Al-Andaluz e passou a proteger o rei de
Arjona, Muhammad Ibn Al-Ahmar, desde o ano de 1231, dando origem ao futuro
emirado de Granada. O rei de Castela também apoiou a criação de uma taifa
independente em Niebla, onde Mohamed Ibn Mahfud tomou o poder desde 1233. O seu
8 MARQUES, A. H. de Oliveira, História de Portugal Volume I – Das Origens às Revoluções Liberais, 7ª
edição, Lisboa, Palas Editores, Março de 1977. P – 54.
ALBORNOZ, Claudio Sánchez-, La España Musulmana Tomo II, 4ª edição, Madrid, ESPASA-CALPE,
1974. P – 215.
9 COELHO, António R., Portugal na Espanha Árabe Volume I, Lisboa, Seara Nova, Janeiro de 1972, pp
– 89, 90.
10
AFONSO, D. Pedro, Crónica General de España de 1344, Madrid, Editorial Gredos, 1970, pp – 73, 74.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
9
filho, com o mesmo nome, assumiu o trono em 1262, acabando por reforçar o pacto de
vassalagem com o reino de Castela.
Enquanto estes acontecimentos se desenrolavam, os almóadas combatiam em
Marrocos, com a ajuda dos soldados castelhanos, conseguindo edificar uma nova
dinastia em Tunes, a dos Hafsíes, ou Hafsidas, iniciada por Abu Zacaria, em 1229.
Sevilha pertenceu à chefia de Ibn Hud até ao ano da sua morte, em 1238, apesar
de no período entre 1232 a 1234 se ter assistido a uma revolta liderada por Abu Marwan
Al Bajé, numa junção de forças com Ibn Al-Ahmar. No ano de 1238 a cidade de Sevilha
voltou para o governo dos almóadas mas só a partir de 1242 é que começou a ser
dependente do califado de Tunes.
Houve, porém, um muçulmano que manteve tréguas com Fernando III: Abu
Omar Al-Djedd, mais conhecido por Ben Alchad. Este comandante fez a proeza de
conquistar as cidades de Córdova e Jaén, pois estas eram fortemente fortificadas e
defendidas, conhecidas como importantes centros da cultura islâmica no Al-Andaluz.
Mas acabaria por ser derrotado e deposto do governo de Jaén, por um grupo de rebeldes,
que eram antigos colaboradores de Ibn Hud, comandados por Axataf, na primavera de
1246. Pouco tempo antes deste episódio, Abu Omar Al-Djedd tinha cortado os laços de
amizade com Tunes, e estreitado as relações com Castela, ou seja com Fernando III, que
acabariam por ser rompidas após a sua morte, naquele fatídico dia.
Após estes incidentes, Fernando III, virou as suas atenções para a conquista de
Sevilha. Com o auxílio de Ibn Al-Ahmar, aproveitou a fragilidade que a cidade
apresentava naquele momento. Mas mantinha-se a dificuldade em conquistar Sevilha,
devido à sua muralha indestrutível, mesmo com a variedade de armas militares de que
dispunham, sem referir os castelos avançados, que defendiam as linhas fluviais. Os
mouros, por sua vez, pretendiam enfrentar os cristãos em campo aberto, para evitarem
um cerco.
A conquista de Sevilha demoraria dois anos até estar concluída.
Tudo começou no ano de 1246, quando Fernando III saqueou e tomou os
campos de Jerez, Carmona e Aljarafe. Chegou também a conquistar, sem resistência
aparente, Alcala de Guadaira e Marchena, praça que já não estava em mãos castelhanas
desde o ano de 1240. O segundo passo, rumo a Sevilha, deu-se no ano de 1247, quando
se voltou a presenciar um confronto na cidade de Carmona, o qual terminou com a
promessa de a entregar aos cristãos, passados seis meses. Neste mesmo ano conseguiu-
se consolidar o caminho até Córdova, pelo rio de Guadalquivir, com a conquista de
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
10
Tocina, Cantilhana e Alcalá del Rio. Os castelhanos e leoneses conquistaram Sierra de
Mérida, desbravando caminho até ao objectivo final. A cavalaria pertencia
principalmente à Ordem de Santiago11
.
Em Julho de 1247 chegaram galeras, ao comando de Ramon Bonifaz, com
reforços militares, desde nobres cavaleiros até membros de ordens religiosas militares,
vindos da Cantábria, que se posicionaram ao largo da costa de Sevilha, após terem
derrotado uma frota tunisina. Ramon Bonifaz era rico-homem e foi o criador da marinha
real de Castela.
Até Fevereiro de 1248 o cerco não foi muito apertado. Os cristãos fixaram-se e
montaram acampamento em Aznal Farache e Tablada, com a frota posicionada no rio.
Arrasaram Gelves, Triana e Aznal Farache, sob o comando do mestre de Santiago D.
Paio Peres Correia, conhecido em Castela por Pelayo Perez Correa, e os ricos-homens
Rodrigo Flores, Afonso Teles e Fernão Anes.
Muitas batalhas foram protagonizadas por ambas as facções, mas o resultado
quase sempre tendia para a vitória muçulmana, tanto em campo aberto como no rio. Do
lado de Fernando III a questão de perda do contingente militar não era problemática,
uma vez que dispunha sempre de reforços que chegavam regularmente, substituindo as
baixas. No mês de Março do ano de 1248, os cristãos já tinham o acampamento armado
às portas de Sevilha, a controlar as saídas da muralha da cidade; o cerco tinha
começado. Esta movimentação só foi possível devido à chegada do infante Afonso, que
trazia consigo numerosos reforços.
Em Maio do mesmo ano, o almirante Ramon Bonifaz foi derrotado em Triana e
provocou o bloqueio do rio que abastecia Sevilha. O calor do verão ajudou a que os
problemas se agravassem mais no campo dos cristãos que, sem o recurso à água,
estavam mais expostos às doenças, como a febre tifoide, pois faltava-lhes a habituação
às altas temperaturas, como acontecia com os adversários. Esta estratégia, de cortar o
abastecimento de água, tinha sido orquestrada pelos almóadas hafsidas e parece ter dado
o resultado esperado. Chegava a haver cristãos e muçulmanos nasridas que pediam
auxilio aos mouros tunisinos, que se encontravam dentro das muralhas de Sevilha.
11
QUESADA, Miguel Ángel Ladero, Historia de Sevilla - La Ciudad Medieval, 3ª edição, Utrere,
Publicaciones de Universidad de Sevilla, 26 de Abril de 1989, pp – 15-20.
GHEJNE, Anwar G., Historia de España Musulmana, Madrid, Ediciones Catedra, 1980, pp – 85, 86.
BALBÁS, Leopoldo Torres, Ciudades Hispanomusulmanas Tomo I, (SL), Ministerio de Asuntos
Exteriores, Divección General de Relaciones Culturales, Instituto Hispano-Arabe de Cultura, 1971. P –
205.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
11
Só no Outono de 1248 é que se iniciaram as negociações entre os dois exércitos.
Onde ficou decidido que os mouros hafsidas abandonariam a cidade, com os seus
pertences, no espaço de um mês, e que partiriam para Jerez ou Ceuta, como lhes fosse
mais conveniente. Foi assim que a 22 de Dezembro de 1248, Fernando III entrou na
cidade de Sevilha deserta, e a tomou para o reino de Castela. Tornou-a, desde logo,
capital de Castela12
.
Já no reinado de Afonso X um jogral galego da corte, de seu nome Pero da
Ponte, escreveu um poema heroico e factual para lembrar e comemorar a tomada de
Sevilha.
“E desd´ aquel dia que Deus nasceu
nunca tan bel presente recebeu
como del recebeu aquel dia
de S. Clement´, en que conquereu
e en outro tal dia se perdeu
quatrocentos e nov´ anos havia”13
12
FERNÁNDEZ, Luis Suáres, Historia de España – Edad Media, Madrid, Editorial Gredos, Janeiro de
1978, pp – 295, 297.
Primera Crónica General de España Volumen II, Madrid, Editorial Gredos, 1977, pp – 746-767.
BALBÁS, Leopoldo Torres, Ciudades Hispanomusulmanas Tomo I, (SL), Ministerio de Asuntos
Exteriores, Divección General de Relaciones Culturales, Instituto Hispano-Arabe de Cultura, 1971, pp –
162, 163.
13
Cancioneiro do Vaticano, nº 512.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
12
1
Conjuntura
Peninsular (1157 – 1250)
É necessário traçar o pano de fundo desta conquista de Sevilha, e para isso cabe-
nos analisar a conjuntura politica e social peninsular de inícios do século XIII. Apesar
de centrarmos a nossa atenção nos acontecimentos e governantes ibéricos, não podemos
olvidar o resto da cristandade europeia, repleta de momentos marcantes e de homens
célebres do seu tempo. Como é o caso do papa Inocêncio IV ou do seu inimigo
Frederico II. A sétima cruzada tinha sido lançada pelo rei de França Luís IX, que fora
futuramente canonizado. O ocidente fervilhava em confrontos bélicos no âmbito da
reconquista cristã, e o movimento constante da cavalaria era uma prova disso.
Esta conjuntura peninsular revela-nos que a situação entre todos os reinos estava
longe de ser branda, vislumbrando-se confrontos diplomáticos, guerras internas e
sobretudo conflitos de interesses bem marcados pela consanguinidade entre os vários
soberanos. A tomada de posição dos cavaleiros portugueses é-nos também manifestada,
devido à sua saída de Portugal, para rumarem em direcção a Leão e Castela, a fim de
servirem os seus respectivos reis, mesmo que para isso tenham de combater o reino de
onde são provenientes.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
13
1.1. Reino de Navarra
Navarra mantinha negócios com o sul de França. Apesar de fazer fronteira com
três reinos do panorama ibérico, os quais eram Castela, Leão e Aragão, conseguia
estagnar a paz, devido ao respeito que todos nutriam pelo seu rei, Sancho VII, o Forte,
que governou desde 1194 até 1234. O seu longo reinado foi composto por fortes
pressões de Castela, que não via com bons olhos a sua aliança com Inglaterra. João
Sem-Terra aliou-se a Sancho VII, e incentivou os mouros a atacarem os territórios
pertencentes aos castelhanos. Navarra perdeu as terras de Alava e Guipúzcoa. Tentou
expandir o reino para o outro lado da cordilheira, em solo francês, tendo para isso
conquistado Agramunt e Ostabat. Negociava com Baiona e com outros portos da
Gasconha.
Sancho VII foi o fundador de Viana, no ano de 1219, e o ordenador do regime
municipal de Pamplona. É a este rei que se deve o maior número de forais de Navarra.
Desde o ano de 1210 as relações com Castela e Aragão foram amistosas. A
cruzada de Sancho VII no sul de França foi vista com grande admiração e respeito,
pelos seus vizinhos cristãos peninsulares. O infante Fernando de Castela, chegou a
requerer a ajuda de Navarra, para derrubar o governo de Jaime I, em Aragão, durante a
menoridade do recém-coroado rei. Mas Sancho VII não acedeu ao seu pedido, pois
nutria boas relações com Aragão.
O soberano de Navarra retirava-se frequentemente para Tudela. Numa dessas
ocasiões, delineou um projecto para incorporar Navarra nos estados do reino de Aragão.
Assinou um pacto com Jaime I, a 2 de Fevereiro de 1231, onde ficou decidido que, na
eventualidade de Sancho VII não ter filhos, o reino de Navarra passava para a coroa de
Aragão. Este acordo, firmado nos últimos anos de vida de Sancho VII, veio prejudicar
as pretensões do sobrinho Teobaldo, filho da sua irmã D. Branca, casada com o conde
de Champanhe, pois este herdeiro legítimo já tinha, anteriormente, tentado usurpar o
trono do seu tio. Mas os nobres de Navarra não permitiram que Jaime I tomasse o trono
do seu reino, após a morte de Sancho VII, a 7 de Abril de 1234. Começaram por exigir
que os cavaleiros que tinham prestado fidelidade a Jaime I retirassem o seu apoio,
apelando à vinda de Teobaldo, para ocupar o trono, que lhe era devido.
Esta data foi um vexame na história de Navarra, que iniciou em 1234 uma nova
dinastia governada por franceses. Teobaldo I não nutria grande interesse pelo reino de
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
14
Navarra, voltando as suas atenções para o seu condado de Champanhe. Destacou-se,
porém, como um bom poeta.
Teobaldo I esteve fora do seu reino por bastante tempo, tendo regressado no ano
de 1243, para enfrentar graves problemas em solo de Navarra. Debatendo-se entre a
crispação dos nobres da sua corte e os ataques sucessivos de Castela às suas fronteiras.
Navarra era essencialmente um ponto de passagem dos peregrinos no caminho até
Santiago de Compostela14
.
14
FERNÁNDEZ, Luis Suáres, Historia de España – Edad Media, Madrid, Editorial Gredos, Janeiro de
1978, pp – 287-289.
RUCQUOI, Adeline, História Medieval da Península Ibérica, Lisboa, Editorial Estampa, 1995, pp – 191,
192.
ORTIZ, Antonio Domínguez, Historia de España Volumen III – Al-Andalus: Musulmanes y Cristianos
(Siglos VIII-XIII), 1ª edição, Barcelona, Editorial Planeta, Maio de 1989, pp – 396-398.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
15
1.2. Reino de Aragão
Em Aragão, Jaime I, o Conquistador, que já citámos, tinha adoptado uma
política de expansão. Tinha tomado o trono em 1218, sob a regência do conde Sancho,
filho de Ramón Berenguer IV. Desta forma, um concelho de nobres governou, até que o
rei atingisse a idade adulta.
Em 1227 já Jaime começava a preparar a campanha de Maiorca. A conquista,
frente aos muçulmanos, foi difícil. Finalmente, no ano de 1229, Jaime investe sobre a
cidade, conseguindo a sua vitória em 1232. O ano de 1235 ficou marcado pela conquista
de Ibiza. O inicio da tomada de Valência fora realizado também no ano de 1232, altura
em que tinha havido dois conflitos destintos, por terra e por mar. Começou por derrotar
a esquadra naval que vinha de Tunes, em socorro dos mouros de Valência. Em 1238 a
cidade rendeu-se ao poder de Jaime I.
Seguiu-se a conquista de Játiva e de outras praças, no ano de 1245. Jaime
estabeleceu uma aliança de paz com Castela, no âmbito da reconquista cristã, tendo
combatido ao lado dos castelhanos no cerco de Játiva. Estes dois reinos assinaram, em
1244, o tratado de Almizra, que delineava os limites de conquista de cada reino. Outro
tratado foi assinado pelo rei Jaime I, mas desta vez com França. Nele vinha escrito que
o rei Luís IX renunciava aos direitos de posse das terras catalãs, enquanto que o rei de
Aragão também deixaria de ter pretensões a terras francesas, deixando-o confinado
somente aos limites da Península Ibérica15
.
O rei Jaime I pôs fim às pilhagens dos mouros das Baleares aos navios catalães,
no ano de 1229. Com a conquista de Maiorca, o rei de Aragão tomou também a cidadela
muçulmana de Almudaina. Os nobres que receberam palácios islâmicos em Maiorca,
devido a terem tido um papel importante na reconquista da cidade, não converteram a
arquitectura dos edifícios16
.
15
BUSTAMANTE, C. Perez, Compendio de Historia de España, Madrid, Ediciones Atlas, 1963, pp –
155, 156.
ORTIZ, Antonio Domínguez, Historia de España Volumen III – Al-Andalus: Musulmanes y Cristianos
(Siglos VIII-XIII), 1ª edição, Barcelona, Editorial Planeta, Maio de 1989, pp – 386-388.
16
DUBY, Georges, História Artistica da Europa - A Idade Média Tomo II, Lisboa, Quetzal Editores,
1998. P – 192.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
16
1.3. Reino de Leão
O reino de Leão, por seu lado, tinha por norma receber muitos cavaleiros de
Portugal, entre os reinados de Fernando II e do seu filho Afonso IX, que chegaram a
servir na corte leonesa, assim como na castelhana, mas em muito menor número,
geralmente por um curto espaço de tempo. Vinham motivados, principalmente, pelos
confrontos que se faziam sentir em Leão. Fernando II conseguiu atrair cavaleiros leais a
D. Afonso Henriques, a partir do ano de 1157, principalmente de Bragança, devido à
proximidade com Leão, pois fazia fronteira com Zamora e Astorga.
No ano de 1169, devido à derrota portuguesa em Badajoz, alguns nobres
portugueses deixaram de ser fiéis a D. Afonso Henriques, decidindo abandona-lo e
viajar para Leão, em busca de louros e regalias. No ano da morte de D. Afonso
Henriques, e consequente subida ao trono do seu filho D. Sancho I, em 1185, alguns
nobres tiveram desavenças com o novo rei e devido a este facto, deixaram Portugal,
começando a servir o rei de Leão, Fernando II. Este acontecimento era deveras
recorrente no fim da governação de um determinado soberano, vislumbrando-se
querelas entre a antiga nobreza e a nova, assim como conflitos com o novo rei.
Em 1211 deu-se a tomada de poder de D. Afonso II, após a morte do seu pai D.
Sancho I, facto que fez os seus irmãos entrarem em conflito com ele, devido à sua real
legitimidade para assumir o trono. Alguns membros da família real tomaram o partido
da rainha de Leão, D. Teresa, outros nobres lhes seguiram o exemplo, partindo para
Leão em busca de auxílio do rei Afonso IX, a fim de permitir que D. Teresa assumisse
as funções de rainha em Portugal, que eram dela por direito natural.
Afonso IX tinha em grande conta os cavaleiros portugueses, seus aliados,
entregando-lhes altos cargos na corte e benefícios territoriais, depositando neles muita
confiança17
. O rei de Leão pretendia fazer uso da insegurança politica que se sentia em
Portugal, para o conquistar e anexar ao seu reino.
17
MEDINA, Inés Calderón, Cum Magnatibus Regni Mei-La Nobleza y la Monarquia Leonesa Durant los
Reinados de Fernando II y Alfonso IX (1157-1230), Madrid, Consejo Superior de Investigaciones
Cientificas, 2011, pp – 200-202.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
17
1.4. Reino de Portugal
Em Portugal tinha-se assistido a um longo período de crise, que se havia
estendido desde 1190, durante o reinado de D. Sancho I, até 1250, com D. Afonso III.
Houve duas invasões almóadas nos anos de 1190 e 1191, que englobaram toda a região
portuguesa do Tejo em guerra. Estes ataques foram liderados por Abu Yaqub Al-
Mansur, emir de Marrocos. Logo de seguida começaram os grandes surtos de fome e de
catástrofes naturais, que duraram até 1210. Findado este ano, iniciou-se um enorme
confronto com Leão, que gerou alguns conflitos sociais, nas áreas urbanas e rurais,
dando azo a lutas e violência. É nesta altura que se vislumbram contratempos entre o rei
D. Sancho I, a nobreza e os bispos do Porto e de Coimbra.
No ano de 1188, Afonso IX sucede ao seu pai, no trono do reino de Leão. As
relações entre ele e o rei D. Sancho I melhoraram muito, pois Afonso IX era filho de D.
Urraca Afonso, portanto sobrinho de D. Sancho. Portugal apoiou Afonso IX em
conflitos contra os seus rivais, entre eles o seu irmão mais novo, filho do segundo
casamento de Fernando II de Leão. A pacificação e entreajuda destes dois soberanos foi
selada com o casamento de Afonso IX com a sua prima, a filha mais velha de D. Sancho
I, D. Teresa Sanches, com a idade de dezasseis anos. As bodas foram celebradas a 15 de
Fevereiro de 1191, em Guimarães. Foi feita uma aliança entre Leão, Portugal e Aragão,
assinada em Huesca, por volta de Maio de 1191, com o intuito de combater Castela.
O casamento de D. Sancho, com D. Dulce de Aragão, facilitou o pacto com o
reino de Aragão. Apesar destes acordos, as ameaças de guerra sentiram-se em ambos os
reinos, durante o ano de 1196. Só o rei de Aragão Afonso II, pediu aos seus aliados que
estabelecessem de novo a paz. Mas acabaria por morrer pouco tempo depois,
sucedendo-lhe o seu filho Pedro I, que não estava tão empenhado em manter a península
longe de conflitos.
No ano de 1197, D. Sancho conseguiu uma bula papal, que lhe concedia
indulgências iguais às da guerra santa, no âmbito do combate frente a Afonso IX. D.
Sancho saiu vitorioso no início, conquistando Tui e Pontevedra, na fronteira galega. Por
outro lado, Afonso IX aliou-se aos almóadas, e atacava agora Castela, lutando contra o
rei Afonso VIII, que se protegia fortemente, após a pesada derrota em Alarcos, no ano
de 1195. Os seus atritos terminaram com a paz, tendo por resultado o casamento de
Afonso IX com D. Berenguela, filha de Afonso VIII, tornando-se a sua segunda mulher,
em 1197. Por terem um parentesco demasiado chegado e por Afonso IX já estar casado
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
18
com D. Teresa, o papa Inocêncio III ordenou que o rei de Leão se separasse de D.
Berenguela.
D. Sancho prosseguia a sua ofensiva, mas o rei de Leão, que agora estava em
clima de paz com Castela, começou a preparar o seu próximo ataque ao reino de
Portugal, vencendo as batalhas em Pinhel e Ervas Tenras, culminando na morte de
numerosos membros das famílias portuguesas mais nobres, em 1198. Afonso IX cercou
Bragança, enquanto D. Sancho I atacava Ciudad de Rodrigo e foi nesta batalha que
morreram Nuno Fafes e Lopo Fernandes, mestre dos templários. A guerra acabou por
ser inconclusiva. Tui e Pontevedra regressaram para as mãos de Leão. Não se encontra
nenhum testemunho que comprove o prolongamento das hostilidades, depois do ano de
1199.
Já no reinado de D. Afonso II de Portugal se percebe que há sérias discordâncias
entre o monarca e os vários sectores do poder senhorial18
. Neste reinado existia um
grande clima de insegurança, devido à sucessão de D. Sancho I, que fora protagonizada
pelo seu filho mais velho, D. Afonso II. Toda esta situação fora provocada pelo
testamento do falecido rei D. Sancho I, onde ficara decidido que as três infantas, D.
Teresa, D. Sancha e D. Mafalda, adoptariam o título de rainhas e herdariam alguns
castelos no centro de Portugal. Esta crispação com o actual rei, fez com que alguns
membros da corte partissem para outros reinos da península, como é o caso de Leão,
que abraçava todos aqueles que fossem leais à sua rainha. Estávamos, portanto, numa
guerra civil19
.
A morte de D. Afonso II enfraqueceu o sector que, até então, lutava para
fortalecer a monarquia, permitindo durante o reinado de D. Sancho II, o crescimento
acelerado dos poderes locais, até que se instalou um clima de anarquia, dando resultado
num pedido do episcopado ao papa, para destituir do trono o rei vigente. Iniciou-se,
desta forma, mais um período de guerra civil, que culminou na vitória e subsequente
18
MATTOSO, José, História de Portugal – II Volume A Monarquia Feudal (1096-1480), (SL), Editorial
Estampa, 1993, pp – 95, 97, 98.
MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A
Esfera dos Livros, Junho de 2011, pp – 143-145.
19
MEDINA, Inés Calderón, Cum Magnatibus Regni Mei – La Nobleza y la Monarquia Leonesas de
Fernando II y Alfonso IX (1157-1230), Madrid, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 2011. P
– 217.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
19
subida ao trono de D. Afonso III, no ano de 1248, após a morte de D. Sancho II, em
Toledo, no reino de Castela, a 3 de Janeiro desse mesmo ano.
Até ao ano de 1250 é visível uma política de reorganização de poderes, que viria
a terminar a crise iniciada em 119020
. Já no reinado de D. Afonso III, registaram-se
conturbações internas, entre cristãos e muçulmanos, que o rei soube apaziguar, tendo
este monarca contribuído para uma maior homogeneização da população portuguesa.
Este novo rei teve muita importância no desenvolvimento da cidade de Lisboa,
melhorando as suas condições de habitação, tendo para isso adquirido algumas casas e
tendas. O poder real começou a centralizar-se em Lisboa, que de resto apoiava sempre o
seu soberano. Desta forma o sul do reino teve um papel mais preponderante nos
destinos de Portugal. D. Afonso III fez esforços para uma união fortalecida entre o sul e
o norte do país, tornando o poder real mais forte frente aos possíveis avanços da recente
união entre Castela e Leão, celebrada em 123021
. Foi um monarca que deu relevo a
Lisboa como cidade mais importante do reino, centralizando o poder régio nessa cidade.
Como nos descreve o historiador José Augusto Pizarro, que fundamenta as causas para
esta movimentação “Para aí chegarmos foi necessário todo um percurso de
estruturação politica e institucional, ao longo do qual as monarquias se foram
consolidando, a par de um poder régio mais sólido e eficaz, escudado no direito
romano, e que soube aproveitar e sobrepor-se ao sistema feudal”22
. Dá-se portanto uma
ruptura, que, aliás, era comum na época.
20
MATTOSO, José, História de Portugal – II Volume A Monarquia Feudal (1096-1480), (SL), Editorial
Estampa, 1993. P – 95.
HERCULANO, Alexandre, História de Portugal – Desde o Começo da Monarquia até o Fim do Reinado
de D. Afonso III Tomo II, Amadora, Livraria Bertrand, Junho de 1980, pp – 631, 645, 646.
MEDINA, João, História de Portugal – Dos Tempos Pré-históricos aos Nossos Dias Volume III, Lisboa,
Ediclube, 1998, pp - 121-129.
MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A
Esfera dos Livros, Junho de 2011, pp – 149-161.
21
MARQUES, A. H. de Oliveira, História de Portugal Volume I – Das Origens às Revoluções Liberais,
7ª edição, Lisboa, Palas Editores, Março de 1977, pp – 171-173. 22
PIZARRO, José Augusto de Sotto Mayor, D. Dinis, Rio de Mouro, Temas e Debates,
Outubro/Novembro de 2008. P – 29.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
20
1.5. Reino de Castela
Em Castela Fernando III, o Santo, foi proclamado rei, no dia 1 de Junho de
1217, na Igreja de Santa Maria la Mayor, após a morte do seu avô Henrique I, casado
com D. Mafalda de Portugal, filha de D. Sancho I.
A sua mãe D. Berenguela, fora regente de Castela durante alguns meses, até à
sua coroação. D. Berenguela era casada com Afonso IX, rei de Leão; por esta razão
Afonso IX reclamava para si o trono de Castela. O alferes maior de Castela, Alvar
Nuñez de Lara, incentivou o rei de Leão a conquistar Castela. O ataque de Leão deu-se
pela investida no infantado de Valladolid, avançando pelas terras de: Villagarcia; Ureña;
e Castromonte. Até que acampou em Arroyo de la Encomienda, às portas de Valladolid,
a 5 de Junho de 1217.
Afonso IX recusou todas as propostas de paz que lhe foram enviadas, pelos
mensageiros de D. Berenguela. Chegou a cortar a comunicação com as localidades de
Ávila e Segovia. Incapazes de resistir às investidas do rei de Leão, Fernando III e a sua
mãe retiram-se para Burgos, apelando à harmonia entre as coroas. Afonso IX aceitou as
tréguas, celebradas a 11 de Novembro do mesmo ano, pois a conquista do reino de
Castela seria muito difícil de concretizar. Em contrapartida o soberano leonês recebeu
os seguintes territórios: Villalar; San Cebrián; Santervás; Herrera; Belvis; Cubillas; e
Santibáñes. Além destes terrenos ainda recebeu a quantia de onze mil maravedis, que já
anteriormente reclamara ao rei Henrique I, seu sogro.
Mas Alvar Nuñez de Lara não se conformava com a retirada do rei de Leão, por
isso pediu-lhe permissão para atacar os seus rivais, que defendiam o governo do rei
Fernando III, pedido que lhe foi concedido. Os cavaleiros eram Gonçalo Ruiz Girón,
Diego Lopes Dias de Haro e Afonso Teles de Meneses. A batalha entre os cavaleiros
teve um desfecho vitorioso para Alvar Nuñez de Lara. Os nobres castelhanos,
apercebendo-se da derrota, refugiaram-se no castelo de Castreján, perto de Alaejos.
Quando Alvar tenta invadir a fortaleza, acaba por ser morto.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
21
Foi sepultado em Uclés, como era seu desejo. Depois de findado o conflito Afonso IX
estava disposto a negociar novo acordo, que resultaria no pacto de 26 de Agosto de
1218, confirmando as tréguas assinadas no ano anterior23
. As tréguas entre D.
Berenguela e Afonso IX foram renovadas em 1221.
Fernando III, após ter estabelecido a paz com todos os reinos cristãos, iniciou a
reconquista por terras da Andaluzia. A rápida desintegração do império almóada
facilitou esta ofensiva militar, no território muçulmano. No mesmo ano as coroas de
Castela e Aragão aliaram-se, mantendo a paz durante a vida dos dois soberanos. Esta
amizade foi selada através do matrimónio entre Jaime I e uma das filhas de Afonso VIII,
D. Leonor, irmã de D. Berenguela, celebrado a 6 de Fevereiro. Passados oito anos o
casamento foi desfeito, devido à consanguinidade.
A 24 de Setembro do ano de 1230 morreu Afonso IX, e deixa transparecer em
testamento a pretensão de delegar o poder da coroa de Leão às suas duas filhas, fruto do
seu primeiro casamento com D. Teresa de Portugal, D. Sancha e D. Dulce, em vez de
entregar o trono ao seu filho varão, Fernando III. O rei de Castela, sabendo da morte do
seu pai, decide suspender as conquistas na Andaluzia e viajar até Leão, a fim de
reivindicar a coroa. D. Berenguela decidiu negociar com D. Teresa, para assegurar um
acordo que fosse proveitoso para ambas as partes. A solução escolhida foi aceitar a
união das coroas de Leão e Castela, sob o governo de Fernando III. As infantas D.
Sancha e D. Dulce foram favorecidas com altas indeminizações, de trinta mil áureos
anuais, subsidiadas pelo rei de Castela, e alguns castelos. A este pacto de entendimento
deu-se o nome de tratado de Valença.
Os reis Fernando III e D. Sancho II encontraram-se no Sabugal, a 2 de Abril de
1231, para confirmarem os acordos de fronteiras e de amizade, entre os reinos de
Castela e Portugal.
Fernando III conquistou Córdova, a 29 de Junho de 1236, convertendo a sua
grande mesquita numa catedral cristã. Casou com D. Beatriz de Suábia, e após o ter
deixado viúvo, voltou a contrair matrimónio com D. Joana de Ponthieu.
23
FERNÁNDEZ, Luis Suáres, Historia de España – Edad Media, Madrid, Editorial Gredos, Janeiro de
1978, pp – 279, 280.
LOYN, Henry R, Dicionário da Idade Média, (SL), Jorge Zahar Editor, 1990. P – 145.
Primera Crónica General de España Volumen II, Madrid, Editorial Gredos, 1977, pp – 713, 714.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
22
Neste período da reconquista cristã na Andaluzia, os castelhanos deparavam-se
com um grande problema, a fome. Fernando III coordenava o ataque a Sevilha a partir
de Córdova e conseguiu conquistar: Aguilar; Cabra; Osuna; Cazalla; e Morón. O campo
estava livre para a conquista de Sevilha, pois Jaime I tinha ido defender Montpellier,
que se encontrava sobre o ataque de França. Mas em 1242, Diego Lopes de Haro
elevou-se contra o rei de Castela, reclamando a doação de mais territórios, que
acabaram por lhe ser concedidos por Fernando III.
Terminado este incidente, o soberano castelhano ficou doente, tendo-se retirado
para Burgos. Entregou a campanha para a conquista de Múrcia ao seu filho varão, o
infante Afonso, e a cidade foi cedida por antigos apoiantes de Ibn Hud, em 1243, sem
qualquer resistência. Ao contrário desta anexação, outras houve que não foram de tão
fácil conquista, como é o caso da tomada sangrenta das cidades de Lorca, Cartagena e
Mula, que foram palcos de confrontos entre os muçulmanos e as tropas castelhanas,
lideradas pelo mestre de Santiago, D. Paio Peres Correia e Rodrigo González Girón.
Logo a seguir de Castela se apoderar de Múrcia, o exército entrou por Moguente e
Enguera, com a intenção de alcançar e tomar a cidade de Játiva.
Jaime I não gostou das intenções de Fernando III, pois julgava que Játiva lhe
pertencia de pleno direito. Desta forma, o rei de Aragão invadiu Castela, e conquistou
Villena, Sax, Caudete e outras localidades. D. Violante de Hungria, mulher de Jaime I, e
Diego Lopes de Haro, chegaram a um entendimento, prevalecendo a paz, que foi
celebrada a 22 de Maio de 1244, no tratado de Almizra. A fronteira entre Aragão e
Castela foi fixada desde o porto de Biar, no interior, até à costa entre Altea e
Villajayosa. O rei de Aragão retirou-se de Villena e o infante Afonso abandonou as
praças conquistadas. Apesar de tudo, o tratado de Almizra era muito mais favorável
para Castela, a nível territorial24
.
24
FERNÁNDEZ, Luis Suáres, Historia de España – Edad Media, Madrid, Editorial Gredos, Janeiro de
1978, pp – 281-293.
Primera Crónica General de España Volumen II, Madrid, Editorial Gredos, 1977, pp – 722-746.
FERNANDES, Hermenegildo, D. Sancho II, Rio de Mouro, Temas e Debates, Fevereiro de 2010. P –
245-249.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
23
1.6. Reino de Granada
O reino nasrida de Granada, edificado no ano de 1238, pelo descendente de
Sa´ad ben Ubayd Allah, um dos companheiros do profeta, o príncipe Abu Abd Allah
Muhámmad ben Yusuf ben Nasr, mais conhecido por Al-Ahmar Muhammad, ansiava
por construir o seu domínio absoluto sobre a Andaluzia, enquanto os seus
contemporâneos se apoderavam das cidades de relevo. Ibn Hud tomou Múrcia e Ibn
Sa´ad ficou com Valência. Muhammad já era senhor de Guadix e de Baza, mas no ano
de 1232 apoderou-se de Jaén, proclamando-se emir de todo o Al-Andaluz, pois já tinha
herdado os despojos de Ibn Hud. Estabeleceu a capital do seu império em Granada, no
mês de Junho de 1238. Também se reconhecia como rei de Almeria e de Alhama.
O rei de Granada chegou a acolher todos os mouros, foragidos dos territórios
islâmicos, recém-conquistados por Castela. Quando Muhammad I decidiu anexar
Múrcia, já se encontrava sob o olhar de Fernando III, rei de Castela, que decide avançar
tropas para Arjona, Caztalla, Begijar e Carchena, que lhe permitiu acampar em Veiga de
Granada, em Fevereiro de 1245.
Em 1246 Fernando III montou cerco à cidade de Jaén, obrigando Muhammad I a
prestar vassalagem a Castela, com o objectivo de evitar o ataque eminente, e manter
Jaén nas mãos do Islão, mas tal não foi possível. Os esforços foram infrutíferos, tendo a
cidade sido entregue a Fernando III, sob um pacto que Muhammad I assinou com
Castela, onde ficou registada a vassalagem entre os dois monarcas e as suas futuras
linhagens. Tinham o dever de se apoiar a nível militar e político, podendo assistir às
cortes do seu aliado, quando estas fossem convocadas.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
24
No cerco de Sevilha de 1248, quinhentos ginetes, ou seja cavaleiros granadinos,
participaram ao lado dos soldados castelhanos25
.
Os principais objectivos de Muhammad I eram manter relações pacíficas com o
rei Fernando III e ao mesmo tempo com os reis muçulmanos do Magreb e de Ifriqiya.
Em 1248 Granada unia-se a Castela, combatendo os seus aliados, no cerco de Sevilha,
que só se renderiam passados seis meses.
Temos de fazer uma retrospectiva sobre os sucessivos pactos de vassalagem de
Muhammad, para entendermos a política de alianças praticada por este rei. Num acto de
popularidade entre os seus correligionários, Muhammad decide criar laços de
vassalagem com o califa abássida de Bagdade, Al-Mustansir. Mas quando o poder
almóada se consolidou na Península Ibérica, preferiu aliar-se ao rei almóada de
Marraquexe, entre os anos de 1239 e 1242. Quando se deu a morte deste último
soberano, o rei de Granada prestou fidelidade ao dono de Ifriqiya, o rei hafsida de
Tunes, Abu Zacaria. A partir deste momento criou excelentes relações com os
sucessores de Zacaria, sabendo manter o seu vínculo de amizade. De Marraquexe
recebia subsídios e auxilio militar. Devido à concorrência comercial de Ceuta,
Muhammad decide atacar o rei independente de Ceuta, Al-Azafi. Granada tinha o
mercado do linho e da seda, que era disputado também por Ceuta. Al-Ahmar acabaria
por sair derrotada deste conflito, além disso o maior número das embarcações
granadinas tinham sido tomadas por Al-Azafi.
25
FERNÁNDEZ, Luis Suáres, Historia de España – Edad Media, Madrid, Editorial Gredos, Janeiro de
1978, pp – 293, 294.
GHEJNE, Anwar G., Historia de España Musulmana, Madrid, Ediciones Catedra, 1980, pp – 91, 92.
RUCQUOI, Adeline, História Medieval da Península Ibérica, Lisboa, Editorial Estampa, 1995, pp – 200-
201.
QUESADA, Miguel Ángel Ladero, Granada – Historia de Un País Islámico (1232-1571), Madrid,
Editorial Gredos, 1969, pp – 73-77.
BALBÁS, Leopoldo Torres, Ciudades Hispanomusulmanas Tomo I, (SL), Ministerio de Asuntos
Exteriores, Divección General de Relaciones Culturales, Instituto Hispano-Arabe de Cultura, 1971. P –
205.
Primera Crónica General de España Volumen II, Madrid, Editorial Gredos, 1977. P – 746.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
25
Após a queda de Sevilha, às mãos de Fernando III, o reino de Granada era o único
resistente islâmico na Península Ibérica, graças à sua última aliança com o reino cristão
de Castela26
.
26
AIRÉ, Rachel, El Reino Nasri de Granada (1232-1492), Madrid, Editorial MAPRE, 1992, pp – 22, 23.
GHEJNE, Anwar G., Historia de España Musulmana, Madrid, Ediciones Catedra, 1980. P – 92.
RUCQUOI, Adeline, História Medieval da Península Ibérica, Lisboa, Editorial Estampa, 1995, pp – 200-
201.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
26
2
Os Participantes
no Cerco de Sevilha de 1248
e as Suas Motivações
É importante termos uma ideia das várias frentes de combate, tanto do campo de
Castela como da defesa almóada, que permanecia dentro da cidade de Sevilha, agora
fiel ao hafsida Abu Zacaria, rei do emirado de Tunes. Não podemos esquecer as várias
razões que motivaram ambas as facções e as ambições dos seus respectivos aliados.
Castela tinha o apoio militar de Portugal, de Leão, dos mouros nasridas de Granada e de
alguns cavaleiros provenientes de França, sem contar com os inúmeros cavaleiros
itinerantes, que irromperam de vários locais a sul da Europa. Os almóadas hafsidas
contavam apenas com o auxílio de Tunes.
Os mouros almóadas hafsidas participaram na defesa de Sevilha, enquanto os
castelhanos cercavam a cidade. O seu principal objectivo era impor o poder do soberano
de Tunes, Abu Zacaria, nos territórios cristãos.
A permanência muçulmana na Andaluzia baseava-se num sistema de
povoamento defensivo, com fortificações que funcionavam como um todo, divididas
por zonas demarcadas. Normalmente nesta zona, a sul da península, os castelos
islâmicos eram quadrangulares, como é o caso do de Sevilha27
.
Os almóadas eram uma corrente religiosa vinda do Magreb e compartilhavam
muitas semelhanças com os almorávidas. Tinham uma origem berbere e uma forte base
religiosa. O fundador deste movimento foi Muhammad Ibn Tumart, nascido no sul de
Marrocos, no ano de 1084. Deslocou-se para o Al-Andaluz ainda muito novo, para
estudar em Córdova e depois de muitos anos viajou por Alexandria e Bagdad. Quando
regressou ao Al-Andaluz organizou um movimento chamado al-um´minun, ou seja, os
fiéis, para confrontar os almorávidas, que então governavam a Andaluzia, proclamando
a sua justiça, recorrendo à violência. Acabou por morrer em 1130, mas o seu legado
ficou bem presente no sul da Península Ibérica28
.
27
OLIVEIRA, Nuno Villamariz, Castelos Templários em Portugal (1120-1314), 1ª edição, Lisboa,
Ésquilo Edições, 0utubro de 2010. P – 141.
28
GHEJNE, Anwar G., Historia de España Musulmana, Madrid, Ediciones Catedra, 1980, pp – 76-79.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
27
O fascínio dos almóadas pelo território da Andaluzia era tão grande, que levou o
vizir e poeta Ibne Alhimara a proferir as seguintes palavras: “Os seus lugares que
brilham entre as árvores parecem pérolas desirmanadas em leito de esmeraldas”29
.
Esta frase faz todo o sentido, já que os habitantes andaluzes preferiam viver isolados,
longe das cidades e vilas, numa casa pintada de branco, rodeada por campos
cultivados30
. Assim se compreende o interesse dos muçulmanos em permanecer em
território ibérico, pois era fértil e rico na variedade de culturas, ao contrário do solo
árido de Marrocos.
Os muçulmanos nasridas, que governavam o emirado de Granada, procuravam,
acima de tudo, estreitar os laços de amizade, que nutriam com a coroa castelhana, desde
123131
. Desta forma Muhammad Ibn Al-Ahmar decide romper os laços de amizade com
o príncipe de Saragoça Ibn Hud, e aliar-se a Castela, antes do ano de 1238, aquando da
queda e subsequente morte de Ibn Hud, às mãos de Abu Marwan Al Bajé, que tomara
para si a cidade de Sevilha32
.
A nobreza castelhana tinha enriquecido bastante graças às batalhas da
reconquista cristã, desenvolvendo poderes locais nos territórios recentemente tomados33
.
Só esta razão motivaria qualquer cavaleiro castelhano ou leonês. Mas temos de ponderar
outras razões, também elas bastante válidas. Os reinos de Leão e Castela tinham unido
as suas coroas em 1230, na pessoa do rei Fernando III, e as conquistas alcançadas no sul
peninsular eram os primeiros desafios que estes dois reinos enfrentavam juntos. É
verdade que o número de cavaleiros castelhanos era largamente superior ao dos
leoneses, mas isso deve-se à proximidade das fronteiras de Castela com os territórios
islâmicos, pois o seu reino via-se ameaçado pela possibilidade de uma investida
fulgurante dos exércitos muçulmanos. Já o reino de Leão estava mais afastado,
geograficamente, do perigo. Não é de estranhar a fraca presença de galegos neste
conflito.
29
COELHO, António R., Portugal na Espanha Árabe Volume I, Lisboa, Seara Nova, Janeiro de 1972. P -
86. 30
IDEM, Ibidem, pp – 85, 86.
31
Primera Crónica General de España Volumen II, Madrid, Editorial Gredos, 1977. P – 746.
32
COELHO, António R., Portugal na Espanha Árabe Volume III, Lisboa, Seara Nova, Janeiro de 1972,
pp – 124, 125.
33
GERBET, Marie-Claude, Las Noblezas Españolas en la Edad Media Siglos XI-XV, Madrid, Alianza
Editorial, 1997. P – 69.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
28
Após a conquista de Sevilha assiste-se à repovoação da cidade. Para incentivar a
migração do povo castelhano para o território recém-conquistado, o rei Fernando III
oferece bens aos novos habitantes cristãos. Eram raros os moçárabes que ficaram a viver
em Sevilha, sendo até ultrapassados em número pela comunidade judaica. Esta medida
de repovoação foi muito importante tanto para Fernando III como para o seu filho
Afonso X. Apesar disso o número de moradores cristãos era menor que o da população
muçulmana que vivia na cidade antes da reconquista.
Os novos habitantes do vale do Guadalquivir eram sobretudo castelhanos,
catalães e leoneses, estes últimos em menor quantidade, mas também alguns
portugueses e galegos, que escolheram permanecer em Castela, no seguimento da
conquista de Sevilha. A presença acentuada dos portugueses em Sevilha também se
pode explicar devido ao exilio em Castela do rei deposto D. Sancho II, que se fez
acompanhar pelos cavaleiros que apoiavam a sua causa. D. Sancho II acabaria por
morrer fora de Portugal.
Exteriores à fronteira ibérica vieram genoveses e outros povos da Península
Itálica, que se destacaram a nível mercantil em Sevilha. Aqui se vislumbra um facto
curioso no repovoamento cristão da cidade, já que todos os novos habitantes têm uma
função bem delineada, ajudando-se mutuamente com os bens e serviços básicos para a
convivência da população. Sendo assim, entraram na cidade ricos-homens, camponeses,
comerciantes, mercadores, cavaleiros de linhagem, muçulmanos, judeus e outros
habitantes com profissões mais humildes, mas essenciais ao normal funcionamento
daquela comunidade. Este facto advinha de uma estratégia social organizada por uma
Junta de Partidores, criada pelo rei, a fim de se ocupar tanto a cidade como o campo,
que era composta pelo arcebispo de Sevilha, D. Remondo, alguns nobres, Rui Lopes de
Mendoza, Gonçalo Garcia de Torquemada, Pedro Blasco e o oficial do rei Fernão
Servicial.
Alguns cavaleiros franceses participaram na divisão de territórios. Eram
originários da comarca de Ponthieu, e provavelmente tinham vindo combater ao serviço
do rei Fernando III, na conquista de Sevilha, pois contraira o seu segundo matrimónio
com D. Joana de Ponthieu, no ano de 1237. D. Joana era filha dos condes de Ponthieu,
Simão e D. Maria, sendo sobrinha do rei de França, Luís IX. A razão da vinda destes
cavaleiros, poderá prender-se com a defesa da nova rainha de Leão e Castela, sendo esta
dama tão bem-vista na corte do rei Luís IX. Este condado ficava a norte de França. Os
cavaleiros desta zona de França podiam ser “armiger”, ou seja, escudeiros, que
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
29
envergavam este título com alguma superioridade, já que adquiriam um grau de nobreza
ao invés do simples cavaleiro vilão, pois era exclusividade dos bem-nascidos. Também
receberam territórios, aquando da divisão, Afonso de Molina, irmão de Fernando III, o
infante Fadrique, o infante Henrique, o infante Filipe, o infante Sancho e o infante
Manuel. Logo a seguir começaram as doações de terras aos ricos-homens de Castela e
Leão, como Diego Lopes de Haro, senhor de Biscaia. Cada um desses nobres recebeu
um terreno senhorial, com vastos olivais, figueirais e campos cerealíferos. O
repartimento de terras foi descrito no Libro del Repartimiento, redigido já no reinado de
Afonso X, o Sábio.
Durante a restauração da Arquidiocese de Sevilha, o rei Fernando III doou
fundos monetários à Igreja de Sevilha, assim como a vários bispos, clérigos, mosteiros e
outras igrejas. Como forma de agradecimento às ordens de cavalaria do Templo,
Calatrava, Alcántara, San Juan e Santiago, mestrada pelo português D. Paio Peres
Correia, o rei entregou alguns bens patrimoniais, que lhes eram devidos, pela sua eficaz
ajuda militar, como é o caso de castelos. Com esta acção Sevilha estaria mais bem
protegida das possíveis investidas islâmicas.
Duzentos cavaleiros de linhagem, de condição inferir de nobreza, instalaram-se
na cidade juntamente com a sua família. Talvez os benefícios de que gozavam estes
guerreiros se revelassem aliciantes para tornar a sua presença permanente naquela
comunidade. Entre estes destacavam-se a casa própria, vinte arensadas de olival, seis
arensadas de vinha, duas de horta e seis jeiras de terreno para o pão. Em troca os
cavaleiros defenderiam a cidade e os seus habitantes de possíveis ataques34
.
Devemos admitir que o rei Fernando III estava a ser muito generoso, em
fornecer tamanhos benefícios à cavalaria, que serviam de atractivos para os novos
moradores. Era, de facto, necessário ter uma boa defesa da cidade conquistada, não
fossem os almóadas realizar uma resposta à invasão castelhana, sendo, desta forma,
34
MOXÓ, Salvador, Repoblacion y Sociedad en la España Cristiana Medieval, Madrid, Ediciones
Rialp, 1979, pp – 355-362.
Primera Crónica General de España Volumen II, Madrid, Editorial Gredos, 1977, pp – 735, 769, 770.
MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A
Esfera dos Livros, Junho de 2011. P – 171.
FERNANDES, Hermenegildo, D. Sancho II, 1ª edição, Rio de Mouro, Temas e Debates, fevereiro de
2010. P – 338.
DUBY, Georges, A Sociedade Cavaleiresca, Lisboa, Editorial Teorema, 1989, pp – 114, 115.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
30
peremptório investir no braço armado. O cavaleiro dispunha de um papel primordial no
panorama da cidade medieval, como já foi mencionado anteriormente, ainda para mais
se estivermos a falar de uma capital do reino, como é o caso de Sevilha.
Para terminarmos esta descrição sobre as várias frentes de batalha, gostaríamos
de deixar o testemunho poético do historiador e geografo Ibn Said Al-Magribi, que
estudou em Sevilha no século XIII, durante a ocupação almóada. Viveu entre 1214 e
1274.
“A Batalha
Oh Allah! As bandeiras dos cavaleiros pairavam como pássaros em torno dos
inimigos.
As lanças pontuavam o que escreviam as espadas; o pó do combate era a areia que
secava a escrita, e o sangue perfumava-a.”35
Ibn Said Al-Magribi
35
ALBORNOZ, Claudio Sánchez-, La España Musulmana Tomo II, 4ª edição, Madrid, ESPASA-
CALPE, 1974. P – 320.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
31
3
A Participação Portuguesa
no Cerco de Sevilha
A cavalaria que decidiu combater no cerco de Sevilha estava dividida em quatro
grupos: os que acompanharam D. Sancho II no seu exilio em Toledo; aqueles que
estavam integrados nas ordens militares de cavalaria; os cavaleiros itinerantes; e os
cavaleiros que partiram a mando do rei D. Afonso III.
Todos os freires-cavaleiros das ordens militares de cavalaria tinham o dever de
praticar a oração e de combater o infiel36
. Os três valores primordiais das ordens
militares e religiosas eram: castidade; pobreza; e obediência. Para além das suas
obrigações humanitárias, económicas, militares e políticas. As ordens militares de
cavalaria guerreavam em Sevilha, devido à reconquista cristã, combatendo os mouros,
numa cruzada para libertar o território da ocupação islâmica.
O mestre da Ordem do Templo, de Portugal, Castela e Leão, Frei Pedro Gomes
participou no cerco de Sevilha com os cavaleiros templários, mas já anteriormente tinha
redigido uma sentença, a 5 de Maio do mesmo ano, a propor uma demanda da cavalaria
portuguesa em cruzada até à cidade de Sevilha37
.
O mestre de Avis D. Martim Fernandes participou na conquista de Sevilha, com
os cavaleiros referentes à Ordem de Avis. A 15 de Janeiro de 1248 o rei Fernando III
agradece todo o apoio militar de D. Martim Fernandes, concedendo-lhe várias mercês.
O rei de Castela tratava assim a Ordem de Avis como uma corporação autónoma e
independente38
. D. Martim Fernandes era o quinto mestre de Avis. Em virtude do
auxílio prestado pela Ordem de Avis a Castela, no âmbito da reconquista de Sevilha, o
rei Fernando III doou mil maravedis à ordem portuguesa.
36
PERES, Damião, História de Portugal Volume I, 3ª edição, Porto, Portucalense Editora, 1969. P - 73. 37
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 173.
38
Lusitania Sacra Tomo I, Lisboa, Revista do Centro de Estudos de Historia Eclesiastica, 1956. P – 63.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
32
O mestre de Avis chegou a estar presente no arraial de comemoração pela vitória
castelhana na conquista de Sevilha, em finais de 124839
.
A Ordem de Santiago, intitulada na época por Ordem de Uclés, devido a estar
sitiada nessa localidade, que lhes fora doada por Afonso VIII no ano de 1174, era desde
Março de 1242 mestrada pelo português D. Paio Peres Correia. Desde esse ano
combateu na reconquista cristã ao lado de Fernando III, até à sua participação no cerco
de Sevilha. Durante esse período fez, contudo, algumas deslocações a Portugal,
chegando a visitar a corte de D. Sancho II, na Primavera de 1245, em inícios da guerra
civil40
. Conquistou Aljustrel aos mouros, como recompensa a vila foi doada à Ordem de
Santiago, pelo rei D. Sancho II41
.
A Ordem do Hospital, também estava representada no cerco de Sevilha,
nomeadamente através do prior de Portugal. Com estes exemplos percebemos
claramente, que também imperava a ambição de receber alguns benefícios territoriais e
económicos, pelo seu apoio militar a Castela.
A maior parte da nobreza portuguesa provinha de Leão, pois não esqueçamos
que o condado Portucalense pertencia aos territórios deste reino. O cavaleiro devia
sempre cumprir a função de combater sob a alçada de um rei, uma ordem religiosa de
cavalaria ou de um cavaleiro com um grau de nobreza superior ao seu. Os nobres que
combatiam ao serviço do rei recebiam doações em terras ou dinheiro e estavam isentos
de pagar quaisquer tributos, dispondo de um foro privativo; desta forma, não poderiam
ser julgados por juízes comuns. Ainda exerciam poder militar e judicial alargado sobre
os moradores sem nobreza dos seus territórios, tendo o direito de cobrar taxas e
exacções.
39
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 173.
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Nobreza de Portugal e do Brasil Volume I, 2ª edição, Lisboa,
Editorial Enciclopédia, 1984. P – 167.
40
HERCULANO, Alexandre, História de Portugal – Desde o Começo da Monarquia até o Fim do
Reinado de D. Afonso III Tomo II, Amadora, Livraria Bertrand, Junho de 1980, pp – 639, 640.
BENAVIDES, Antonio, Historia de las Órdenes de Caballeria y de las Condecoraciones Españolas
Volumen I, Madrid, Tomás Rey, 1864, pp – 132, 133.
41
PINA, Rui de, Chronica do Muito Alto, e Muito Esclarecido Príncipe D. Sancho II, Quaro Rey de
Portugal, Lisboa, Lisboa Occidental – Oficina Ferreyriana, 1728. P – 23.
BENAVIDES, Antonio, Historia de las Órdenes de Caballeria y de las Condecoraciones Españolas
Volumen I, Madrid, Tomás Rey, 1864, pp – 132, 133.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
33
Não podemos esquecer que os camponeses pagavam direitos pela exploração agrícola,
dentro dos domínios do senhor42
.
Por estas razões alguns nobres partiram para Sevilha para servir o rei Fernando
III, de forma completamente autónoma; designamos estes guerreiros por cavalaria
itinerante.
As razões da sua procura por um conflito, que os pudesse beneficiar, como é o
caso da conquista de Sevilha, são múltiplas. Alguns tinham sérias divergências com o
actual rei de Portugal, outros procuravam uma batalha, onde pudessem libertar o seu
ardor combativo, por outras palavras, exercer o ofício de cavaleiro, ao qual dedicavam
toda a sua existência, para além de outras motivações mais invulgares.
Mas a principal razão para a deslocação dos cavaleiros portugueses para Castela,
no início de 1248, fossem eles ricos-homens, infanções ou nobres de sangue, fora o
exilio de D. Sancho II em Toledo, vendo-se encurralado pelo irmão D. Afonso, durante
a guerra civil, que já durava desde 1245. Os apoiantes de D. Sancho II acompanharam-
no, e após a sua morte, logo em Janeiro desse mesmo ano, preferiram permanecer em
território Castelhano, participando assim no cerco de Sevilha43
. De facto, os aliados de
D. Sancho II não queriam regressar a Portugal, vendo-se confrontados com a
possibilidade de serem governados por um rei ao qual negavam qualquer legitimidade
ao trono.
Ao contrário deste último grupo de cavaleiros, outros havia que deixavam
Portugal, por ordem do rei D. Afonso III, pois este soberano queria manter boas
relações com a coroa castelhana, a fim de evitar que interferissem nas suas pretensões
ao território algarvio.
42
PERES, Damião, História de Portugal Volume I, 3ª edição, Porto, Portucalense Editora, 1969, pp – 71,
74.
MATTOSO, José, Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros – A Nobreza Medieval Portuguesa nos Séculos
XI e XII, Lisboa, Guimarães e C.ª Editores, 1982. P – 151.
43
PINA, Rui de, Chronica do Muito Alto, e Muito Esclarecido Príncipe D. Sancho II, Quaro Rey de
Portugal, Lisboa, Lisboa Occidental – Oficina Ferreyriana, 1728, pp – 20, 21.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
34
4
A Cavalaria Portuguesa
no Cerco de Sevilha de 1248
4.1
Os Cavaleiros ao Serviço
do Infante Afonso
Dois cavaleiros se destacavam entre todos os outros, no comando das operações,
enviados pelo rei português D. Afonso III, para auxiliar o rei de Castela e de Leão,
Fernando III, o Santo. Os seus nomes eram D. Rodrigo de Froiaz, ou Frojas, de
Trastâmara II e D. Pero de Gusmão, os quais trataremos mais a fundo no seguimento
deste capítulo. Estes dois guerreiros cristãos saíram vitoriosos nos confrontos frente ao
comandante dos almóadas tunisinos, Acaçaf, em plena Sevilha árabe. Pondo-se em
defesa do príncipe Afonso, futuro rei de Leão e Castela, acompanhando-o no encontro
com um comandante mouro às portas das muralhas da cidade, pela madrugada, o que
resultou num confronto entre os mouros e a cavalaria portuguesa44
.
Passaremos a descrever os cavaleiros envolvidos nesta pequena emboscada.
O primeiro cavaleiro mencionado pelo conde de Barcelos, D. Pedro, no livro de
linhagens, é D. Paio Soares Correia, filho de D. Soeiro Pais Correia e de D. Urraca
Peres. Era irmão de Dª. Gotarde Soares, que por sua vez casou com o cavaleiro D. Pais
Ramires Carpinteiro45
.
O seu primeiro casamento foi com D. Goutinha Godins de Lanhoso, filha de D.
Goutinho Fafez, o Velho, que ainda era descendente do irmão de Egas Moniz, de seu
nome Mem Moniz, e a sua mãe era D. Goutinha Mendes.
44
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 174.
45
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 107.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
35
Deste casamento resultaram duas filhas D. Ouroana Pais Correia e D. Sancha Pais
Correia46
.
Após a morte da sua mulher, o cavaleiro casou-se pela segunda e última vez,
com D. Maria Gomes da Silva, filha de D. Gomes Pais da Silva e de D. Urraca Nunes.
Era bisneta de D. Guterre Anderete da Silva, que, segundo as fontes, se destacava como
uma família nobre e influente. Era irmã de D. Urraca Gomes da Silva. Desta união
geraram dois filhos, D. Pero Pais Correia e D. Maria Pais de Foanes47
.
Algumas fontes legitimam D. Paio Soares Correia como avô do mestre D. Paio
Peres Correia, o que era improvável, já que estiveram ambos no cerco de 1248, segundo
os livros de linhagens. D. Paio Soares Correia foi um dos mais notáveis cavaleiros do
cerco de Sevilha, segundo frei António Brandão48
.
D. Fernão Pires de Guimarães sobressai nos livros de linhagens, não através
dos feitos, mas sim da sua ilustre família dos Riba de Vizela, originária do período
inicial dos princípios de cavalaria. Para além disso distinguia-se por ter parentesco com
importantes famílias do reino. Desta família descendiam os Cambra e os Sáde49
. Os
Riba de Vizela eram das mais nobres e notáveis linhagens do século XIII português, e
como poderemos ver adiante, participaram activamente na conquista de Sevilha.
Era filho de D. Pedro de Farmariz de Riba de Vizela, no entanto não se sabe o
nome da mãe50
. Teve por irmãos D. Pai Pires de Guimarães e D. Pero Pires de
Guimarães. Casou-se com Dª. Usco Godins de Lanhoso, curiosamente irmã da D.
Goutinha, acima referida. Houve deste casamento dois filhos, de seus nomes: D. Martim
Fernandes de Riba de Vizela, que ocupou o cargo de alferes do rei D. Sancho I, desde
46
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980. P – 82.
47
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 107.
48
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 174. 49
IDEM, Ibidem.
50
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 231.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
36
1203 até ao ano da morte deste soberano, e poderá ter combatido ao lado do pai neste
cerco de 1248; e D. João Fernandes51
.
D. Reimão Viegas de Siqueira, este cavaleiro tem a particularidade invulgar de
ter adoptado o apelido da mãe, apesar de não se conhecer o nome próprio, apenas a
família. O seu pai era D. Estevão Pires Coronel52
. Por irmãos deste casamento tinha D.
Martim Viegas de Siqueira e Dª. Mor Viegas de Siqueira53
. A mãe destes três filhos, da
qual não se conhece o nome, casou uma segunda vez, após a morte do seu cônjuge. De
seu nome D. Vasco Afonso, e dele teve um filho, ao qual deu o nome D. Rui Vasquez.
Este nobre era natural de Labom da terra de Santa Maria e de Ravela de Riba de Paiva.
O segundo casamento desta nobre dama, da família Siqueira, é mal visto pelo conde D.
Pedro de Barcelos54
. O que era bastante normal aos olhos da época.
Apesar de também não se saber o nome da mulher de D. Reimão, apura-se
apenas a sua descendência, nascendo desta união os filhos D. Estevão Raimundo de
Siqueira e D. Maria Raimundo de Siqueira55
.
51
IDEM, Ibidem, pp – 34, 35.
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora
Enciclopédia, 1961. P – 264.
MATTOSO, José, Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros – A Nobreza Medieval Portuguesa nos Séculos
XI e XII, Lisboa, Guimarães e C.ª Editores, 1982, pp – 127, 128.
52
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 174.
53
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P - 468.
54
IDEM, Ibidem. P - 475.
55
IDEM, Ibidem. P – 469.
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora
Enciclopédia, 1961. P – 499.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
37
D. Afonso Pires Ribeiro era genro de D. Reimão Viegas de Siqueira,
anteriormente referido nesta investigação56
. Filho de D. Pedro Nunes Guedeão, que
detinha o cognome peculiar de o Pestanas de Cão. A sua mãe dava pelo nome de D.
Maria Soares. Casou-se com D. Maria Raimundo Siqueira57
.
Foi uma das testemunhas do testamento do rei D. Sancho II, apercebemo-nos,
assim, que detinha um grande relevo na corte deste soberano. Regressa a Portugal e
poderá ter participado no cerco de Faro, de 1249, ao lado de D. Afonso III, apesar de ter
sido apoiante de D. Sancho II até ao ano da sua morte, a 3 de Janeiro de 1248. Desde
este conflito permaneceu o resto da sua vida no reino de Portugal58
.
Uma das famílias onde se constatam mais partidas, para fora de Portugal, é a de
Porto Carreiro, da qual faz parte D. Egas Henriques de Porto Carreiro. Família de
enorme influência em Portugal e Galiza, de onde eram naturais, tal como grande parte
da nobreza portuguesa, e possuíam propriedades.
Os seus tios, D. Pedro Anes de Porto Carreiro e D. Gonçalo Anes de Porto
Carreiro, confirmaram a doação de Aiamonte para a Ordem de Santiago, de Castela,
feita pelo rei D. Sancho II, no ano de 124059
.
Era filho de D. Henrique Fernandes Magro e de D. Ouroana, da qual não se
conhece a família.
Casou-se com D. Teresa Gonçalves de Curveira, que era filha de D. Gonçalo
Viegas de Curveira e de D. Urraca Vasques. Teve dela quatro filhos: D. João Viegas,
famoso por ter sido arcebispo de Braga, seguindo uma vida eclesiástica, o que era
bastante invulgar para um filho varão; D. Gomes Viegas, que ganhou mais tarde o
apelido de Peixoto, conhecido pela sua mestria como cavaleiro; D. Gonçalo Viegas, o
Alfeirão; e D. Ramon Viegas60
.
56
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 174.
57
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980. P – 112.
58
MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A
Esfera dos Livros, Junho de 2011. P – 165. 59
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 174.
60
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 231.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
38
Esta família provém de D. Garcia Afonso, que era rico-homem no reino de Leão.
O seu filho era D. Reimão Garcia de Porto Carreiro, que acompanhou o conde D.
Henrique até ao reino de Portugal, onde estabeleceu a sua família61
.
D. Mem Rodrigues de Tougues era filho de D. Rodrigo de Froiaz de
Trastâmara II. Casou com D. Châmoa Gomes de Pombeiro62
, a qual era filha de D.
Gomes Nunes de Pombeiro e de D. Elvira Peres. Esta união deu origem, posteriormente,
à família Pereira. Nasceu deles, D. Soeiro Mendes Facha.
Após a morte de D. Mem, a sua mulher D. Châmoa casou uma segunda vez com
D. Pai Soares Çapata e tiveram dois filhos, D. Pero Pais, o Alferes, e D. Eixamea Pais63
.
D. Châmoa chegou a ter um filho do rei D. Afonso III, de seu nome D. Fernando
Afonso, mas este morreu às mãos das freiras da Ordem de Uclés, em Évora64
.
D. Ramiro de Quartela era nobre de alta fidalguia que fez muito em prol do
reino de Portugal, como nos delegam as palavras do conde D. Pedro. Foi casado com
uma dama, da qual não se consegue obter o nome, e teve um filho chamado, D. Fernão
Ramires65
. É importante referir que foi o primeiro da família Quartela, ou como nos é
referido pelo frei António Brandão, Quarella66
.
Quando participou no cerco de Sevilha já tinha uma idade avançada. Dele
descendem duas importantes famílias portuguesas, os Furtado e os Cunha, entre
outras67
.
61
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora
Enciclopédia, 1961, pp – 446, 447.
62
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 285.
63
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 270, 271.
64
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980. P – 25.
65
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 56
66
IDEM, Ibidem. P – 304
67
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 174.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
39
D. Pero Novais, o Velho, foi um rico-homem, detentor do castelo de Corveira,
na época de D. Sancho II, como consta no foral de Évora. Os seus descendentes chamar-
se-iam, Novais ou Meira, esta última família tinha um brasão similar ao dos Meireles,
por isso se pensa que fossem primos68
.
Outra fonte mostra-nos que se mudou para a fronteira, tornando-se escudeiro,
para guerrear os mouros, vivendo de uma forma pobre, estabelecido na Riba de Tea,
acabou por ser preso pelos muçulmanos, que o mantiveram em cativeiro. Os
alfaqueques - responsáveis pelos cativos cristãos, na época da reconquista cristã - a
mando do rei de Leão, Afonso IX, pagaram a sua fiança e libertam-no das mãos mouras.
Alfaqueque é uma palavra árabe, que significa emissário. A partir daí, D. Pero Novais
foi entregar os seus préstimos ao rei Afonso IX, a fim de lhe pagar o resgate, que o
salvou.
Após ter combatido ao lado do rei de Leão, voltou para a sua terra de origem, a
Galiza, onde se tornou homem bom, e dedicou-se ao cultivo de milho. Com a escassez
de alimento, que se fazia sentir naquele reino, acabou por ter inúmeros lucros. Casou-se
com D. Maria Soares, e concebeu dela D. Pai Novais, o Velho, que se casou com Dª.
Mor Soares69
.
Foi o primeiro da família Novais70
. Conta-se também que talvez seja pai de D.
Sancha Pires71
. Estas informações vastas e complexas, são explicadas pelo nome vulgar
do cavaleiro, aqui tratado, que deixa latente a sua história mais fidedigna.
Participou no cerco D. Pero Soares Escaldado, neto de D. Nuno Soares, o
Velho, o Prestameira, descendente de D. Arnaldo de Baião, que era cavaleiro ao lado de
D. Gonçalo Mendes da Maia, na época de D. Afonso Henriques72
. Sendo D. Pero
membro das mais antigas linhagens portuguesas, pois os Baião já estavam estabelecidos
neste território desde o século X.
68
IDEM, Ibidem.
69
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 140, 141.
70
IDEM, Ibidem. P – 300.
71
IDEM, Ibidem. P – 103.
72
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 84.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
40
Foi casado com D. Maria Vasques Ramiroa, filha do alcaide de Coimbra, D.
Vasco Pais, e de D. Ermesenda Martins, que era filha de D. Martim Anaia73
. Deste
casamento nasceram: D. João Pires Redondo, cavaleiro que participou no cerco de
Sevilha; D. Pedro Velho; D. Martim Peres Zote; D. Pedro Pires Bravo, nobre que
integrou também o grupo de cavaleiro que partiu à conquista de Sevilha; D. Maria
Bravo; e D. Sancha Peres, que se tornou abadessa de Vairão, destino comum para as
mulheres que não conseguiam contrair matrimónio74
.
D. Pero Soares Escaldado era filho de D. Soeiro Nunes e de D. Teresa Anes de
Penela. Desta união resultaram os seguintes rebentos: D. Pero Soares Escaldado, deram-
lhe este apelido devido a possuir pouca, ou nenhuma, barba; D. Maria Soares; e Dª. Mor
Soares, que casou com D. Pero Novais, o Velho75
.
A mãe de D. Pero, D. Ermezenda, já se tinha casado antes com D. Pero de
Randufez, portanto já era fruto do segundo casamento76
.
D. Lourenço Fernandes da Cunha era bisneto de D. Guterre, um dos capitães
que veio de Borgonha com o conde D. Henrique, para a reconquista cristã da Península
Ibérica77
. Era filho de D. Fernando Gonçalves da Cunha e de Dª. Mor Randufez.
Casou com D. Sancha Lourenço de Maceira, filha de D. Lourenço Gomes de
Maceira, de quem trataremos adiante. Deste casamento nasceram os seguintes filhos: D.
Egas Lourenço, que não chegou a casar; D. Vasco Lourenço, que casou com D. Teresa
Peres; D. Gomes Lourenço; D. João Lourenço, este filho também não se casou; D.
Martim Lourenço, que casou com D. Sancha Garcia de Pavha; D. Urraca Lourenço,
casou-se com D. Martim Dade, alcaide de Santarém; Dª. Mor Lourenço, que casou com
73
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980. P – 334.
74
IDEM, Ibidem. P – 181.
75
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 479.
76
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 116
77
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 175.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
41
D. Estevão Malha; D. Sancha Lourenço, que se tornou freira de Vairão; e D. Maria
Lourenço, que casou com D. Ourigo da Nóbrega78
.
Outra fonte lança a duvida sobre o verdadeiro nome da mulher de D. Lourenço
Fernandes da Cunha, pondo em alternativa os nomes D. Sancha, ou D. Maria Lourenço
de Maceira79
.
D. Lourenço era senhor do julgado da Taboa. Acabaria por morrer dez anos
depois do cerco de Sevilha, no ano de 125880
.
D. Lourenço Gomes de Maceira era filho de D. Gomes Pires de Maceira,
conde de Pintalho81
. O livro de linhagens afirma que afinal era filho de D. Gomes Pais
de Santo e de D. Maria Pais. Tinha uma irmã chamada D. Loba Gomes, que se chegou a
casar.
D. Lourenço casou e teve os seguintes filhos: D. João Lourenço, que casou com
D. Maria Anes, e nasceram desta união D. Lourenço Faves Carneiro, D. Estevão Anes
Pintalho Pardo, D. Urraca Anes, e D. Maria Acha Anes Maceira; D. Maria Lourenço; e,
por fim, D. Sancha Lourenço, aquela que casou com D. Lourenço Fernandes da
Cunha82
.
78
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980. P – 182.
AZEVEDO, Pedro A./FREIRE, Anselmo Braamcamp, Livro dos Bens de D. João de Portel – Cartulário
do Seculo XIII, 1ª edição, Lisboa, Edições Colibri, Câmara Municipal de Portel, Junho de 2003. P – VIII.
79
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 263.
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Editora
Enciclopédia, 1961, Lisboa, pp – 187, 188.
80 AZEVEDO, Pedro A./FREIRE, Anselmo Braamcamp, Livro dos Bens de D. João de Portel –
Cartulário do Seculo XIII, 1ª edição, Lisboa, Edições Colibri, Câmara Municipal de Portel, Junho de
2003. P – VIII. 81
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 175.
82
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980, pp – 211, 212.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
42
D. Gonçalo Pires de Belmir era filho de D. Pero Hueiriz, ou Aires, de Belmir e
de D. Gontinha Pais. Os seus irmãos eram D. Martim Pires de Belmir e D. Sancha
Pires83
.
Casou com uma dama, da qual se desconhece o nome, e deixaram descendência
D. Soeiro Gonçalves, D. João Gonçalves, D. Fernão Gonçalves, D. Pero Gonçalves, D.
Sancha Gonçalves e D. Maria Gonçalves. Todos os filhos detinham o apelido de
Bravuda, pois possuíam terras nessa localidade84
. D. Gonçalo Pires de Belmir vivia no
couto de Belmir, pois o seu pai era senhor de Belmir, mas o seu irmão mais velho, D.
Martim Pires, é que herdou esse título e terra85
.
D. Estevão Pires de Tavares, os desta família eram considerados bons
cavaleiros, segundo as crónicas de frei António Brandão86
. Foi o primeiro da família
Tavares87
.
Casou com D. Ouroana Esteves da Covilhã, filha do alcaide da Covilhã, D.
Estevão Anes da Covilhã, e de D. Teresa Afonso. Tiveram apenas dois filhos D. Pero
Esteves e D. João Esteves Orvalhus. Do seu primeiro filho teve um neto com o mesmo
nome que o seu, D. Estevão Pires de Tavares II, que casou com D. Maria Pires, filha do
mestre da Ordem de Alcântara, D. Soeiro Pires e de Dª. Giral Pires Maldoada, tendo por
filhos D. Pero Esteves, D. Gonçalo Esteves e D. João Esteves88
.
D. Estevão Mendes Petite, ou da Silva, destacou-se por ser descendente de D.
Paio Guterres da Sylua, ou Silva89
. Era filho de D. Mendo Sanches da Silva e de D.
Maria Soares, e tinha como seus irmãos D. Nuno Mendes Queixada, D. Pero Mendes, o
83
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 100.
84
IDEM, Ibidem. P – 102.
85
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 175.
86
IDEM, Ibidem.
87
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 225.
88
IDEM, Ibidem. P – 152.
89
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 175.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
43
Bel Pastor, e D. Maria Mendes90
. Casou com D. Constança Afonso de Cambra, tendo
por filho, D. Soeiro Petite. Aquando da morte de D. Estevão Mendes Petite, D.
Constança casou pela segunda vez, com D. Rodrigo Sanches. Após a morte desde D.
Rodrigo, D. Constança volta a casar, mas desta vez, com D. Fernão Rodrigues Pacheco,
e tiveram por filhos D. Martim Fernandes Pacheco Batalha e D. João Fernandes
Pacheco91
.
D. Constança Afonso de Cambra era filha de D. Afonso Anes de Cambra e de D.
Urraca Pires Ribeira, ou Ribeiradia92
.
D. Gonçalo Dias Cide, a sua família era a dos Goes, de Anaia da Estrada93
. Era
filho de D. Diogo Gonçalves de Goes94
.
Esteve na batalha de Ourique, com o rei D. Afonso Henriques. E foi D. Gonçalo
que o aconselhou a construir o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, segundo frei
António Brandão95
. O que sabermos ser impossível, já que também participou no cerco
de Sevilha de 1248. Casou com D. Elvira Froiaz, filha de D. Froiaz Vermuu. Tiveram
um filho chamado D. Salvador Gonçalves96
.
D. Pero Fernandes do Vale era descendente de D. Sesmundo, o fundador do
Mosteiro de Oliveira, os seus descendentes foram apelidados, do Vale97
.
90
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980. P – 270.
91
IDEM, Ibidem. P – 113.
92
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 38.
93
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 175.
94
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 241.
95
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 175.
96
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 112.
97
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 175.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
44
Era filho de D. Fernão Gonçalves e de D. Estevainha Martins. D. Pero casou
com D. Maria Pires de Anta, filha de D. Pero Esteves de Anta, da terra de Santa Maria,
e de Dª. Mor Mendes Encairadas. D. Pero e D. Maria tiveram por filhos: D. Rui do
Vale, que se tornou clérigo, pela época em que vivia poderá tratar-se de um segundo
filho, já que o filho varão, geralmente, ocupava um cargo de relevo na sociedade e
dentro da sua família, pois era ele o herdeiro do património dos seus antecessores; D.
Afonso Pires do Vale, que casou com D. Aldonça Rodrigues; e D. Martim Pires do
Vale98
. E teve outra filha, fora do casamento, chamada D. Inês Pires99
.
D. João Pires de Vasconcelos era filho de D. Pero Martins da Torre e de D.
Teresa Soares. Tinha uma irmã chamada D. Sancha Pires100
.
Casou com a condessa D. Maria Soares Coelho, filha de D. Soeiro Viegas
Coelho e de Dª. Mor Mendes, filha, por sua vez, de D. Mem Moniz, que chegou
primeiro à cidade de Santarém, durante a sua conquista cristã101
. Deste casamento
nasceram: D. Rodrigo Anes, que casou com D. Mécia Rodrigues a filha de D. Rui
Vicente de Penela e de Dª. Froilhe Esteves, neta de D. Estevão Soares da Mata; D.
Pedro Anes, que casou com D. Maria Brava, filha de D. Pedro Anes de Porto Carreiro, e
deixaram descendência; D. Estevão Anes, que se tornou bispo de Lisboa; e D. Teresa
Anes, que casou com D. João Fernandes, o Franco, os seus descendentes ficariam
apelidados de Ornelas102
.
D. Pero Martins da Torre era filho de D. Martim Moniz, o famoso cavaleiro que
esteve presente na conquista cristã de Lisboa, acabando por morrer durante esta batalha.
Era neto de D. Moniho Osarez. Entendemos, desta forma, que nos encontramos na
presença de um cavaleiro pertencente à alta nobreza, que se destacava visivelmente dos
restantes guerreiros. Casou com D. Teresa Soares, filha de D. Soeiro Pires Escacha e de
98
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, Lisboa. P – 137.
99
IDEM, Ibidem. P – 31.
100
Portugaliae Monumenta Historica-A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980. P – 43.
101
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 409.
102
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980. P – 136.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
45
Dª. Froilhe Viegas. D. Pero era irmão de D. João Martins Salsa, que tinha casado com
D. Urraca Viegas, concebendo um filho, D. Pedro Anes de Alvelo, primo de D. João
Pires de Vasconcelos103
. D. Gil Martins era co-irmão de D. João, e fora morto por D.
Airas Anes de Freitas.
D. João Pires de Vasconcelos e o seu primo D. Pedro Anes de Alvelo, foram ao
encontro de D. Airas, no Mosteiro de Fonte Arcada, tendo D. João morto o assassino de
D. Gil Martins, na presença do seu primo. Em defesa de D. Airas, dirigiram-se à corte
do rei D. Sancho II, o seu irmão D. Estevão Anes de Freitas e os cavaleiros D. Rui
Fafes, D. Vasco Lourenço e D. Martim Lourenço da Cunha. Chamaram, então, como
testemunha de acusação, D. Pedro Anes de Alvelo, para incriminar o seu primo. D.
Pedro Anes de Alvelo afirmou nada ter a ver com tal homicídio e requereu a presença
de D. João Pires de Vasconcelos, para garantir a sua inocência. D. Sancho II mandou
um aviso para D. João comparecer àquele julgamento, como forma de responder às
acusações que lhe foram feitas. Mas o cavaleiro não apareceu no prazo delineado pelo
rei. Alguns avisos foram chegando a D. João, mas este nunca lhes deu atenção,
acabando por se recusar determinantemente a aparecer no julgamento. Finalmente, após
as contestações dos cavaleiros, que se encontravam indignados com a situação, D.
Sancho II tomou uma decisão. Como o cavaleiro D. João não cumprira a lei, foi lançada
pelo rei a seguinte sentença: “Que aa revelia do dito D. Joham Pirez de Vasconcelos,
porque nons veera aos tempos que lhe foram assinalados, como manda o direito e o
costume dos reis que o dava por feitor, assi como o devia a seer Pedr´Eanes Alvelo, e
que a pena que o dito Pedr´Eanes Alvelo devia haver, que se tornasse a el toda, e que o
dito Pedr´Eanes Alvelo fosse livre e quite”. Após esta sentença, os cavaleiros, que
acusaram D. João Pires de Vasconcelos e D. Pedro Anes de Alvelo, beijaram a mão do
rei D. Sancho II. Esta sentença foi feita em Cabeça de Vide, a uma légua de Alter do
Chão104
.
103
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 57.
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora
Enciclopédia, 1961. P – 49.
104
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 407-409.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
46
D. João tinha fugido de Portugal, rumando para Castela, a fim de se livrar da
sentença por assassinato. Este acto cobarde acabaria por lhe valer o epiteto de o
Tenreiro, que significava fraco ou amedrontado.
D. João fora, porém, um dos maiores fidalgos do seu tempo. Tornou-se o
primeiro senhor da torre dos Vasconcelos, situada na freguesia de Santa Maria dos
Ferreiros, nas terras entre os rios Homem e Cávado105
.
De D. Mem Pais Mogudo de Sandim, o Velho, descenderam os Ervilhães, os
Borbas e os Coresma106
. D. Mem era filho de D. Paio Mogudo de Sandim, o Velho.
Eram seus irmãos D. João Pais, que foi abade de Pombeiro e D. João Pais, que também
foi clérigo, o que era normal nesta época, pois o irmão mais velho herdava os bens dos
seus pais, ocupando a posição de cavaleiro e o seu título, se fosse caso disso, enquanto
os irmãos mais novos se entregaram muitas vezes à vida eclesiástica.
D. Mem casou e teve um filho, D. Martim Mendes Mgudo de Sandim107
.
D. Egas Gomes Barroso Guedeão e D. Gueda Gomes Barroso Guedeão eram
irmãos. Foram os únicos filhos de D. Gomes Mendes Guedeão e de D. Châmoa
Mendes.
D. Egas casou com D. Urraca Vasques de Ambia, filha de D. Vasco Guedelha, e
tiveram quatro filhos: D. Gomes Viegas de Basto; D. Pero Viegas; D. Rui Viegas, que
se tornou clérigo; e D. Urraca Viegas, que se casou com D. Soeiro Reimondo.
D. Egas exercia o ofício de rico-homem nos reinados de D. Sancho II e do seu
irmão D. Afonso III108
. Esta informação faz-nos acreditar que o cavaleiro em questão
tenha tomado o partido de D. Afonso III, durante a guerra civil, terminada a Janeiro de
1248, já que continuou o seu ofício no reinado do soberano vencedor.
105
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora
Enciclopédia, 1961. P – 542.
106
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 176.
107
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 41.
108
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 330.
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora
Enciclopédia, 1961. P – 113.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
47
D. Gueda Gomes Barroso Guedeão casou com D. Urraca Anriques de Porto
Carreiro, filha de D. Anrique Fernandes Magro. Desta união nasceram: D. Fernão
Guedas, que casou com D. Maria Fogaça, e deles nasceu D. Fernão Fernandes
Cogominho, o conhecido honrado cavaleiro do rei D. Afonso III; D. Gil Guedas, que se
casou com D. Maria Fernandes; e D. Alvite Guedas109
.
D. Martim Fernandes de Novais Pimentel era casado com D. Sancha Martins
de Riba de Vizela, filha de D. Martim Fernandes de Riba de Vizela e de D. Estevainha
Soares. D. Sancha já se tinha casado antes com D. Gonçalo Rodrigues de Nomães, e
teve um filho dele, chamado, D. Martim Gonçalves de Nomães. D. Martim Fernandes
de Novais Pimentel, sob a ameaça de roubo das suas propriedades, por parte de D.
Gonçalo Rodrigues Nomães, acaba por o matar e casar-se com a sua mulher D. Sancha.
Desta união conturbada nasceu D. Vasco Martins Pimentel, ilustre cavaleiro, que se
tornaria meirinho de todo o reino de Portugal, tendo partido mais tarde para Castela, ao
lado de outros fidalgos portugueses, com o objectivo de auxiliar o rei Afonso X, na
guerra civil, contra o príncipe herdeiro, futuro Sancho IV110
.
D. Martim Fernandes poderia ser irmão de D. Teresa Fernandes Macinhata111
.
Era pai de D. Sancha Martins, que chegou a casar com Estevão Anes de Freitas112
.
Ou podemos colocar a hipótese de se tratar de D. Martim Fernandes de Riba de
Vizela, filho de D. Fernão Pires de Guimarães e de Dª. Usco Godins de Lanhoso, irmão
de D. João Fernandes, como já referimos anteriormente. Esta família desempenhava um
papel relevante no panorama da nobreza portuguesa, sendo uma das mais influentes.
Casou-se com D. Estevainha Soares da Silva, neta de Pero Pais e filha de D.
Soeiro Pires da Silva e de Dª. Fruilhe Viegas de Lanhoso, juntos geraram os seguintes
filhos: D. Durão Martins, senhor do couto de Barrelas e Fráguas; D. Teresa Martins; D.
Sancha Martins, que casou com D. Gonçalo Rodrigues de Nomães, e após enviuvar
deste fidalgo, casou com D. Martim Fernandes de Novais Pimental, como já referimos;
Dª. Mor Martins, abadessa de Arouca; D. Elvira Martins; e Dª. Mor Martins.
109
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 355, 356.
110
IDEM, Ibidem, pp – 393, 394.
111
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 24.
112
IDEM, Ibidem. P – 135.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
48
D. Martim Fernandes de Riba de Vizela foi alferes do rei D. Sancho I, desde
1203 até ao fim do seu reinado. Chegou a ser governador de Lanhoso, de Vermoim e de
Faria, além de ter sido testemunha do testamento do rei vigente. Era proprietário de
vários territórios em Fafe, Alvaiázere, Almofala e Alapela, tendo esta última localidade
sido por si povoada. Também possuía uma herdade em Fráguas, doada pelo rei D.
Afonso II113
.
A nossa inclinação aponta para que seja D. Martim Fernandes de Riba de Vizela,
devido à sustentação documental mais completa.
D. Rui Nunes das Asturias casou com D. Elvira Gonçalves de Palmeira, e
tiveram por filhos: D. Urraca Rodrigues de Palmeira; D. Gonçalo Rodrigues de
Nomães; D. Pero Rodrigues, dizem que “morreu de amor”, uma forma simples de
explicar a sua morte, tal como acontecia ao determinarem a peste como a causa da perda
de vida; D. Martim Rodrigues, que foi bispo do Porto; e D. Guiomar Rodrigues114
. D.
Elvira Gonçalves de Palmeira era filha de D. Gonçalo Rodrigues de Palmeira e de D.
Sancha Martins, já mencionados anteriormente115
.
D. Hermígio Mendes da Teixeira era neto de D. Egas Fafes, e bisneto de D.
Fafes Luz, o alferes do conde D. Henrique116
. Era senhor de Teixeira, de Gestaçô e da
Quinta de Sequeiras, tinha o cargo de rico-homem no reinado de D. Sancho I117
.
113
IDEM, Ibidem, pp – 34, 35.
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora
Enciclopédia, 1961. P – 264.
MATTOSO, José, Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros – A Nobreza Medieval Portuguesa nos Séculos
XI e XII, Lisboa, Guimarães e C.ª Editores, 1982, pp – 127-129.
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 189, 375.
114
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980. P – 128.
115
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 376.
116
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 176.
117
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora
Enciclopédia, 1961. P – 519.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
49
D. Hermígio era filho de D. Mem Viegas e de D. Teresa Peres, filha de D. Pero
Viegas, Pero Pai, de Riba de Vizela. D. Hermígio casou com D. Maria Pais Novais,
filha de D. Pai Novais e de Dª. Mor Soares. Tiveram os seguintes filhos: D. Lopo
Hermígio da Teixeira; D. Estevão Hermiges da Teixeira; D. Afonso Hermiges da
Teixeira; e D. Estevainha Hermiges, que se casou com D. Pero Rodrigues de Pereira.
Teve outra filha fora do casamento, com o nome, D. Teresa Hermiges da
Teixeira, de Gaança, que casou com D. Pero Afonso Barroso118
.
Passarei a descrever os principais comandantes que fizeram acontecer este
embate entre cristãos e almóadas, às portas da cidade de Sevilha, enfrentando a
emboscada do comandante almóada Acaçaf.
Acaçaf era um grande cavaleiro mouro que garantiu ao infante Afonso de
Castela, que lhe entregaria três torres da cidade de Sevilha, em segredo, combinando
encontrarem-se de madrugada às portas do castelo, com poucos cavaleiros, sem
levantarem suspeitas.
O infante Afonso contou a seu pai, Fernando III, o esquema, e este concordou
com ele desde logo. Muitos o advertiram para que se pudesse tratar de uma armadilha.
D. Rodrigo de Froiaz de Trastâmara colocou o comando da cavalaria às mãos de D.
Pero de Gusmão, para fazerem escolta ao príncipe Afonso, dirigindo-se, para isso, ao rei
Fernando III: “Senhor nom ponhades vosso filho em tamanho perigo, mas outorgade a
D. Pero Gozmam e aos portugueses esta aventuira”. Este pedido foi respondido pelo
rei: “Não vos queria poer em tal aventuira”. D. Rodrigo acaba por insistir: “Quem seus
feitos nom poem aas vezes em aventuira nom acaba o que quer”. E assim partiu na
alvorada, acompanhado por trezentos fidalgos a pé, castelhanos e portugueses, para
além do infante Afonso, de D. Pero de Gusmão e de todos os cavaleiros acima
mencionados.
Acaçaf acabaria por atacar D. Pero de Gusmão, sabendo que ele comandava
aquela emboscada, sendo salvo por D. Rodrigo de Froiaz, que em defesa de D. Pero,
trespassou o ventre de Acaçaf, destruindo órgãos vitais do cavaleiro mouro, o que
culminaria na sua inevitável morte. Acaçaf era um cavaleiro almóada, demasiado alto
118
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 369.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
50
para a época, de tez negra e era casado com a filha do rei Abu Zacaria de Tunece, ou
seja Tunes119
.
D. Rodrigo de Froiaz de Trastâmara II era filho de D. Froia Bermudes de
Trastâmara II120
. A sua família detinha um enorme prestígio entre todos os reinos
ibéricos, que, aliás, se constata através dos cargos que este nobre ocupava.
D. Rodrigo casou com D. Urraca Rodrigues de Castro, irmã de D. Fernão
Rodrigues de Castro, que eram filhos de D. Rodrigo Fernandes, o Calvo, e da condessa
D. Estevainha Pires. D. Urraca casou uma segunda vez com D. Alvar Rodrigues de
Gusmão121
. Tiveram como filhos: D. Gonçalo Rodrigues de Palmeira, que detinha este
apelido por ser senhor do couto de Palmeira; D. Mem Rodrigues de Tougues; e D.
Elvira Rodrigues122
.
D. Rodrigo de Froiaz fez muitos serviços à coroa castelhana de Fernando III, o
Santo, conquistando Sevilha em 1248, entre outras batalhas frente aos mouros, no
âmbito da reconquista cristã. Partiu para França e pôs-se ao serviço da coroa francesa, a
pedido do rei Luís IX, que sabendo da sua coragem e fidalguia, como nos conta o conde
de Barcelos, integrou-o no seu conselho, tendo-o em muito boa conta. Durante esta
presença no reino de França, D. Rodrigo tenta casar com a condessa D. Guilhelmata, de
Frandes, que possuía muitos terrenos, mas nunca chegaram a contrair matrimónio.
Durante o cerco de Sevilha, quarenta cavaleiros mouros cercaram a tenda do
prior da Ordem do Hospital, e saquearam todas as cabeças de gado, que serviam de
alimento para os combatentes. O prior pediu auxílio a D. Rodrigo de Froiaz, que exigiu
armas e cavalos, para perseguir os inimigos. Os cavaleiros que acompanharam D.
Rodrigo nesta perseguição foram D. Pero Mendes de Azevedo, D. Paio Peres Correia,
mestre da Ordem de Santiago, D. Diego Lopes de Biscaia e o infante Afonso. Para além
dos muitos ricos-homens portugueses e castelhanos.
119 IDEM, Ibidem, pp – 232, 233.
LAVANHA, João Baptista, Nobiliario de D. Pedro, Conde de Barcelos, Hijo del Rey D. Dionis de
Portugal, Roma, Estevan Paolinio, 1 de Janeiro de 1640. P – 53.
120
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 306.
121
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 165.
122
IDEM, Ibidem, pp – 235, 236.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
51
Combateram duzentos e sessenta mouros, mas venceram e recuperaram o gado que lhes
fora furtado, apesar da trágica morte de D. Pero Mendes de Azevedo, que lutou com
valentia123
.
D. Pero de Gusmão foi casado com D. Urraca Afonso, filha bastarda de Afonso
IX, rei de Leão, e irmã de D. Martim Afonso. Foi casada pela primeira vez com D.
Garcia Pereira de Aragão. Não houve descendência de D. Pero de Gusmão124
.
Sabe-se que um ramo da família Gusmão estabeleceu-se em Sevilha, após a
conquista da mesma, deixando uma vasta descendência, que constituiu o maior senhorio
da baixa Andaluzia125
.
123
IDEM, Ibidem, pp – 230-232.
LAVANHA, João Baptista, Nobiliario de D. Pedro, Conde de Barcelos, Hijo del Rey D. Dionis de
Portugal, Estevan Paolinio, 1 de Janeiro de 1640, Roma, PP – 49-52.
Primeira Crónica General de España Volume II, Madrid, Editorial Gredos, 1977. P – 757.
124
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 299.
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 293.
125
MOXÓ, Salvador, Repoblacion y Sociedad en la España Cristiana Medieval, Madrid, Ediciones
Rialp, 1979. P – 360.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
52
4.2
Os Cavaleiros que
Permaneceram em Castela
Após o cerco de Sevilha, alguns cavaleiros portugueses decidiram permanecer
no reino de Castela, motivados pelos benefícios que receberam, das mãos do rei
Fernando III e do seu filho infante Afonso, pela vitória de 1248126
.
Durante o século XIII deu-se um avanço significativo, correspondente à doação
de territórios, recém-conquistados pelos cristãos aos muçulmanos, havendo, no ano de
1253, uma distribuição ordenada das casas e herdades, por aqueles que participaram no
conflito em questão, tendo em conta o seu mérito e estatuto social. Este sistema foi
utilizado na reconquista cristã do sul da Península Ibérica, nas cidades de Palma de
Maiorca, Valência e Sevilha, entre muitas outras localidades127
.
Descreveremos os cavaleiros que decidiram prolongar a sua vida em Castela,
após findado o conflito de 1248, tentando compreender as razões que os levaram a
tomar tal acto. Apesar das suas motivações serem legítimas é importante realçar que o
conceito de fronteiras e nacionalidade nada tem a ver com o dos dias de hoje; sendo
assim, era normal existirem estes movimentos migratórios acentuados, mesmo que o
nobre levasse consigo uma família numerosa.
O infante D. Pedro, era o segundo filho rapaz do rei D. Sancho I e de D. Dulce,
filha do rei de Aragão. D. Pedro Sanches tinha vários irmãos: D. Teresa, que casou com
o rei de Leão, Afonso IX; D. Sancha, que entrou para o Mosteiro de Lorvão; D.
Constança; D. Afonso Sanches, futuro rei D. Afonso II de Portugal; D. Fernando
Sanches, que se tornou conde da Flandres, por casamento com D. Joana da Flandres; D.
Henrique Sanches; D. Raimundo, que morreu em criança; D. Mafalda, que foi rainha de
Castela, por casamento com Henrique I; D. Branca, que está sepultada no Mosteiro de
Santa Cruz de Coimbra; e D. Berengária, casada com o rei da Dinamarca, Valdemar
II128
.
126
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 177.
127
CORTÁZAR, A. Garcia de, História Rural Medieval, Lisboa, Editorial Estampa, 1996, pp – 68, 69.
128
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 127.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
53
Com a morte do seu pai em 1211, D. Pedro rumou para Leão, juntamente com o
seu irmão D. Martim Sanches, prestando vassalagem ao rei Afonso IX. Os dois irmãos
ocuparam os principais cargos palatinos, os mais importantes do reino de Leão. D.
Martim estabeleceu-se na corte com a sua amante D. Maria Aires de Fornelos. Outros
cavaleiros portugueses seguiram o exemplo dos príncipes, arranjando casamentos com
nobres damas de Leão, como forma de consolidar a sua presença naquele reino.
D. Pedro, a quem D. Sancho I doou, em testamento, uma avultada quantia de
dinheiro, em maravedis do tesouro real, abandonou logo Portugal, após a morte do seu
pai e nos primeiros dias de confronto entre D. Afonso II, D. Teresa, D. Sancha e D.
Mafalda. Pediu, entretanto, o auxílio do rei Afonso IX, para que ajudasse a sua mulher
D. Teresa, na altura rainha de Leão, a tomar o trono. Acabou por vir atacar D. Afonso
II, ao comando de um exército leonês, em favor das suas irmãs D. Teresa, D. Sancha e
D. Mafalda, no ano de 1212.
D. Pedro foi o principal instigador deste conflito, provavelmente com a ambição
de tomar o trono ao seu irmão. As tréguas acabaram por ser seladas a 11 de Novembro
do mesmo ano, na cidade de Coimbra. A paz definitiva entre Leão e Portugal, só seria
assinada a 24 de Junho de 1223, já no reinado do jovem D. Sancho II, curiosamente no
mesmo ano do regresso de Marrocos de D. Pedro Sanches, que ambicionava derrubar o
sobrinho e usurpar a coroa129
.
Por um período de tempo serviu na corte de Marrocos, ao lado do imperador dos
mouros. Depois regressou para Leão, integrando, novamente, a corte. Participou na
conquista de Mérida, possivelmente como capitão general de todo o exército, já que só
lhe foi atribuída esta vitória, no livro de Noa de Santa Cruz: “Dedit dominus villam que
vocatur Merida Donno Alfonso Regi Legionensi, per manum Infantis Donni Petri Filis
Regis Doni Sancii Primi Portugallie, e Regine Donne Dulcie”130
. Por indústria do
infante D. Pedro, filho do rei D. Sancho primeiro de Portugal, e da rainha D. Dulce, deu
ao D. Afonso rei de Leão a cidade de Mérida. No seguimento desta conquista, partiu
129
MEDINA, Inés Calderón, Cum Magnatibus Regni Mei-La Nobleza y la Monarquia Leonesa Durant
los Reinados de Fernando II y Alfonso IX (1157-1230), Madrid, Consejo Superior de Investigaciones
Cientificas, 2011, pp – 230-240.
As Gavetas da Torre do Tombo Volume I, Lisboa, Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, 1960. P –
1.
130
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 177.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
54
para o reino de Aragão, no ano de 1230, em auxílio do rei Jaime I, no combate frente
aos mouros. D. Dulce, sua mãe, era irmã do rei de Aragão, Afonso II, avô de Jaime I, o
Conquistador, ou seja, D. Pedro era tio de Jaime I e era primo irmão do seu pai, e
anterior rei, Pedro II, que morreu em França, no ano de 1213.
D. Pedro casou, no ano de 1229, com D. Aurembiasse de Urgel, filha de
Armengol Cáde de Vigel, senhor de Valladolid, em Castela, do condado de Urgel e de
outras terras da Galiza, que ficaram para D. Pedro, sob testamento, após a morte da
mulher. Recebeu o senhorio de Malhorca, por se ter destacado entre os nobres que
participaram na conquista desta cidade, tomada no ano de 1231. Entrou no cerco de
Sevilha, onde foi recompensado na repartição de territórios.
Chegou a estar presente na aclamação ao trono de D. Afonso III. Após a morte
da sua irmã, a rainha D. Mafalda, D. Pedro recebeu, por testamento, pedras preciosas e
outros objectos de igual valor. Permaneceria em Malhorca até ao fim dos seus dias.
D. Pedro foi o fundador do Templo da Sé Maior de Malhorca, como comprovam
as armas de Portugal lá gravadas131
. Foi D. Pedro que mandou trazer as cabeças dos
mártires de Marrocos, a Afonso Pires de Arganil, que foram depositadas no Mosteiro de
Santa Cruz de Coimbra132
.
D. Pedro tornou-se no nobre mais proeminente de Leão, tendo sobre o seu
domínio a maior posse de territórios, entre todos os cavaleiros leoneses133
De Miguel de Arões nada se sabe, apenas que participou no cerco. O único
pertencente a esta família que há registos é D. Martim Gil de Arões, que testemunhou o
testamento de D. Sancho II, em Castela134
. Estava portanto na corte do rei Fernando III,
na época da conquista de Sevilha.
D. Vasco Gil, D. Manrique Gil, D. João Gil e D. Martim Gil de Soverosa
eram irmãos. Os dois primeiros eram filhos de D. Gil Vasques de Soverosa e de D.
131
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 177.
132
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 127.
133
MEDINA, Inés Calderón, Cum Magnatibus Regni Mei-La Nobleza y la Monarquia Leonesa Durant
los Reinados de Fernando II y Alfonso IX (1157-1230), Madrid, Consejo Superior de Investigaciones
Cientificas, 2011, pp – 239, 240.
134
MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A
Esfera dos Livros, Junho de 2011. P – 165.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
55
Sancha Gonçalves de Orvaneja, ou Orvaneza, fruto do seu segundo casamento, do qual
ainda nasceu D. Guiomar Gil135
.
D. Gil Vasques já se tinha casado anteriormente, com D. Maria Aires de
Fornelos, que era manceba do rei D. Sancho I, e tiveram por filhos D. Martim Gil de
Soverosa e D. Teresa Gil, que teve dois filhos e duas filhas do rei de Leão, os quais
eram: D. Martim Afonso, que casou com D. Maria Mendes, filha de D. Mem Gonçalves
de Sousa; D. Sancha Afonso; D. Maria Afonso, que casou com D. Pero de Gusmão,
anteriormente referido nesta investigação; e D. Urraca Afonso.
Posteriormente casou com D. Maria Gonçalves Giroa, e tiveram os seguintes
filhos: D. João Gil de Soverosa, de quem trataremos adiante; D. Fernão Gil; D. Gonçalo
Gil; D. Sancha Gil; e D. Dordia Gil. D. Gil Vasques de Soverosa morreu em
Pombeiro136
. Os Soverosa descendiam de D. Gomes do Sobrado, e do seu filho Fernão
Cativo137
.
D. Vasco Gil de Soverosa casou com Dª. Froilhe Fernandes Cheira de Riba de
Vizela, filha de D. Gil Vasques de Riba de Vizela138
. Teve dois filhos deste casamento:
D. Gil Vasques, que morreu na lide de Gouveia, era casado com D. Aldonça Anes; D.
Elvira Vasques; e D. Sancha Vasques, que por sua vez casou com D. Fernão Fernandes
Pão Centeo, e nasceu dessa união, João Fernandes Pão Centeo139
.
135
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Academia das Ciências, 1980, Lisboa. P – 293.
136
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Academia das
Ciências, 1980, Lisboa, pp – 28, 29.
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Editora
Enciclopédia, 1961, Lisboa. P – 513.
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Academia das Ciências, 1980, Lisboa, pp – 292, 293.
137
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Imprensa Nacional- Casa da Moeda,
1976, Lisboa, Fl – 177, 178. 138
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Academia das
Ciências, 1980, Lisboa. P – 364.
139
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 192, 299.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
56
D. Vasco Gil era dapifer, ou seja mordomo do rei, de D. Sancho I, entre os anos
de 1208 e 1211140
. É considerado um dos trovadores mais antigos de Portugal, tendo-
nos chegado quinze poesias da sua autoria. Foi armado cavaleiro pela Ordem do
Hospital. Durante a guerra civil, em terras portuguesas, apoiou D. Sancho II. Neste
âmbito, foi capturado e preso em Leiria, como consequência de uma derrota no campo
de batalha, no ano de 1238, pois a instabilidade politica já se fazia sentir antes de 1245.
Em 1245 parte para Castela, pondo-se ao serviço de Fernando III. Permaneceu em
Sevilha após a sua conquista, pois fora agraciado com territórios no repartimento da
cidade de Sevilha. Há indícios de que tenha regressado a Portugal em 1255141
.
D. Manrique Gil de Soverosa não deixou descendência, é a única informação
que se sabe, para além de ter continuado a sua vida em Castela142
.
D. Martim Gil de Soverosa, era tenente de Riba-Minho. Venceu a batalha do
Porto, ao lado de D. Rodrigo Sanches, filho do rei D. Sancho I, que morreu nessa
contenda, no ano de 1245. E acompanhou o rei D. Sancho II no seu exilio em Toledo,
pois era rico-homem e valido na corte portuguesa, tendo sido uma das testemunhas no
testamento do soberano. Recebeu terras no repartimento do território conquistado na
tomada de Sevilha, apesar disso não temos a certeza que tenha integrado a cavalaria que
participou no cerco de 1248. Casou com D. Inês Fernandes de Castro, que era filha de
D. Fernão Guterres de Castro e de Dª. Milia Enegues de Mendoça, e desta união
nasceram D. Teresa Martins, que foi casada com D. Rodrigo Anes Telo, ou segundo
outras fontes, com D. Martim Pires da Maia, e D. Sancha Martins, que morreu ainda
muito nova143
.
140
MATTOSO, José, Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros – A Nobreza Medieval Portuguesa nos
Séculos XI e XII, Lisboa, Guimarães e C.ª Editores, 1982. P – 130.
141
NEMÉSIO, Vitorino, A Poesia dos Trovadores – Antologio, Amadora, Livraria Bertrand, (SD). P –
48.
ALVAR, Carlos/BELTRÁN, Vicente, Antologia de la Poesia Gallego-Portuguesa, 1ª edição, Madrid,
1985. P – 190.
142
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 299.
143
VENTURA, Leontina/Oliveira, António Resende de, Chancelaria de D. Afonso III: Livro I – Volume
I, Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, Novembro de 2006. P – 367.
MATTOSO, José, Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros – A Nobreza Medieval Portuguesa nos Séculos
XI e XII, Lisboa, Guimarães e C.ª Editores, 1982. P – 124.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
57
D. João Gil de Soverosa casou com D. Constança Gil Riba de Vizela, e deles
nasceu Martim Anes Tio, mas não deixou descendência144
.
D. João Pires Redondo e seu filho D. Gonçalo Anes Redondo permaneceram
em Castela. D. João Pires Redondo era filho de D. Pero Soares Escaldado e de D. Maria
Vasques Ramiroa. Contraiu matrimónio com Dª. Mor Peres, que fora casada
anteriormente com Vicente Peres de Uljeses e deste casamento resultaram: D. Gonçalo
Anes; João Anes; Rodrigo Anes; Martim Anes; D. Beatriz Anes; D. Teresa Anes
Redonda, que casou com D. Pero Pires Homem, de quem falaremos mais adiante; D.
Constança Anes; e Dª. Froilhe Anes. D. Gonçalo Anes Redondo casou duas vezes. O
primeiro casamento foi com D Teresa Esteves de Freitas, e não deixou descendência
desta mulher. Do segundo casamento, com D. Urraca Fernandes de Andrade, filha de
Fernão Pires de Andrade, nasceram: Martim Redondo, que casou com D. Leonor
Rodrigues, mas morreu na Beira sem deixar continuidade à família; Nuno Gonçalves;
Álvaro Gonçalves de Sequeira; Dª. Mor Gonçalves; e D. Maria Gonçalves145
.
Pero Telo também participou e prolongou a sua vida por Castela, mas mais nada
se sabe.
D. Pero Pires Bravo era filho de D. Pero Soares Escaldado e de D. Maria
Vasques Ramiroa146
, como já foi mencionado no capítulo anterior.
LAVANHA, João Baptista, Nobiliario de D. Pedro, Conde de Barcelos, Hijo del Rey D. Dionis de
Portugal, Roma, Estevan Paolinio, 1 de Janeiro de 1640. P – 147.
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980, pp – 28, 29.
144
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 255.
145
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 386.
146
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980. P – 334.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
58
Tinha como irmãos: D. João Pires Redondo, que também integrou o grupo de
cavaleiros que combateram em Sevilha; D. Pedro Velho; D. Martim Peres Zote; D.
Maria Bravo; e D. Sancha Peres, que se tornou abadessa de Vairão147
.
D. Rui Martins de Nomães era filho de D. Martim Gonçalves de Nomães e de
Dª. Mor Soares, que era anteriormente casada com D. Martim Peres de Belmir. Desta
união nasceram D. Gonçalo Martins de Nomães e D. Rui Martins de Nomães. Casou
com D. Beatriz Anes Redondo, filha de D. João Pires Redondo, e tiveram como filhos
D. Joana Rodrigues e D. Maria Rodrigues148
.
Paio Correia casou com D. Teresa, ou Maria, Mendes de Melo, filha de D.
Afonso Correia, e tiveram dois filhos D. Afonso Correia e D. Sancha Correia149
.
Da vida de Rui Martins nada se sabe, devido ao seu nome demasiado comum
para a época.
D. Gonçalo Anes Porto Carreiro era filho de João Henriques de Porto Carreiro
e de Dª. Mor Viegas Coronel, filha de D. Egas Peres Coronel, tendo os seguintes filhos:
D. Fernão Anes, deão de Braga; D. Pero Anes Melhor; D. Martim Anes; D. Gonçalo
Anes; e D. Lourenço Anes150
.
D. Gonçalo casou com D. Teresa Gil Feijó, filha de Gil Pires Feijó e de D. Inês
Soares, tendo-se casado antes com Huer Nunes. Do casamento entre D. Gonçalo e D.
Teresa nasceram Fernão Gonçalves, que casou com D. Maria Martins, e Dª. Mor
Gonçalves, casada com Pai Soares de Paiva, que se fingiu de morto para a matar151
.
147
IDEM, Ibidem. P – 181.
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 479, 480, 483.
148
IDEM, Ibidem, pp – 376, 377.
149
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980. P – 74.
150
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 14.
151
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 414.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
59
Fazia parte do grupo de nobres que testemunhou o testamento do rei D. Sancho
II, pois era seu apoiante, tendo-o defendido na guerra civil frente ao seu irmão D.
Afonso III, então conde de Boulogne-sur-Mer 152
.
Existe uma referência a um cavaleiro chamado Gonçalo Anes, devido à falta do
nome de família, não conseguimos desvendar quem seja.
Vasco Gomes era filho de Gomes Garcia, e irmão de Gonçalo Gomes, arcebispo
de Toledo. Casou com D. Aldora Lopes, após a morte de Vasco Gomes, casou com D.
Fernando Afonso de Santiago, filho do rei de Leão, Afonso IX, e de uma moura de
Salamanca. Deste casamento surgiu D. João Fernandes153
.
D. Egas Martins de Ataíde era filho de Martim Viegas e de D. Maria Giraldes,
e irmão de Pero Martins de Podentes, João Martins Barroso e D. Maria Martins154
.
D. Egas não casou, mas teve bastardos de D. Maria Martins de Travanca, os
quais eram Gonçalo Viegas de Ataíde, Lourenço Viegas de Ataíde e frei Martim
Viegas, frade pregador155
.
De Rui Martins de Lumães não se conseguiu tirar nenhuma informação.
D. Gonçalo Anes de Aguiar, ou do Vinhal, o Velho, nasceu no primeiro terço
do século XIII, era o primeiro filho de D. João Gomes do Vinhal e de D. Maria Pires de
Aguiar. Foi o quarto senhor do Vinhal e o primeiro senhor de Aguiar. Tinha como
irmãos D. Lourenço do Vinhal, D. Fernão Arias do Vinhal, D. Pedro Gomes do Vinhal
e D. Nuno Martins do Vinhal.
D. Gonçalo Anes do Vinhal, participou como rico-homem na reconquista de
Múrcia, ao lado do infante Afonso de Castela. Pertenceu à Ordem de Santiago e fez-lhe
muitos préstimos. Mais tarde serviu os reis de Portugal, D. Afonso III e seu filho D.
Dinis. D. Gonçalo casou com D. Berengária, ou Beringuela, de Córdova, uma dama de
Aragão. Deste casamento nasceu um filho, que seguiu a vida eclesiástica, tornando-se
padre, infelizmente desconhece-se o seu nome. Pensa-se que D. Gonçalo tenha partido
152
MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A
Esfera dos Livros, Junho de 2011. P – 165.
153
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980. P – 206.
154
IDEM, Ibidem. P – 44.
155
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 49.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
60
em 1240, de Portugal para Castela, mais concretamente Toledo, apesar de não se
saberem quais foram as razões, mas julga-se que tenham sido desentendimentos com o
rei D. Sancho II156
.
D. Gonçalo Anes pertencia à velha nobreza. Em 1253, após o cerco de Sevilha,
participou no repatriamento do território recém-conquistado, tornou-se rico-homem na
corte do reino de Castela, chegando a servir três reis distintos, D. Sancho II, Fernando
III e Afonso X, de quem era intimo. Também possuía terras em Córdova, tendo sobre o
seu dominio um enorme senhorio, que fora transformado em morgadio no ano de 1275.
O seu papel foi de grande relevo na reconquista cristã do sul ibérico. Para além de
exercer a condição de cavaleiro era também trovador. Hoje conhecemos dezassete
poemas seus, entre cantigas de amigo e de maldizer157
. Para provar o seu talento na
escrita lírica temos uma cantiga de amigo da sua autoria.
“Quand´ eu subi nas torres sobe-lo mar
e vi onde soia a bafordar
o meu amig´, amigas, tan gran pesar
ouve´ eu enton por ele non coraçon,
quand´ eu vi estes outros per i andar,
que a morrer ouvera por el enton.
Quand´ eu catei das torres derredor
e non vi meu amigo e meu senhor,
que oj´ el por mi vive tan sen sabor,
ouve´ eu enton tal coita no coraçon,
quando me nembrei d´el e do seu amor,
que a morrer ouvera por el enton.
156
IDEM, Ibidem. P – 122.
SANCHEZ, Antonia Viñez, El Trovador Gonçal´Eanes Dovinhal – Estudio Histórico y Edición, Santiago
de Compostela, Universidade de Santiago de Compostela, 2004, pp – 15-20.
157
IDEM, Ibidem, pp – 11-13, 25.
NEMÉSIO, Vitorino, A Poesia dos Trovadores – Antologio, Amadora, Livraria Bertrand, (SD). P – 120.
ALVAR, Carlos/BELTRÁN, Vicente, Antologia de la Poesia Gallego-Portuguesa, 1ª edição, Madrid,
1985. P – 176.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
61
Quand´ eu vi esta cinta que m´el leixou,
chorando com gran coita, e me nembrou
a corda da camisa que m´el filhou,
ouv´ i por el tal coita no coraçon,
pois me nembra fremosa u m´enmentou,
que a morrer ouvera por el enton.
Nunca molher tal coita ouv´ a sofrer
com´ eu, quando me nembra o gran prazer
que lh´ eu fiz, u mi a cinta veio a cinger;
creceu-me tal coita eno coraçon
quand´ eu sobi nas torres po´lo veer,
que a morrer ouvera por el enton.”158
A partir do poema podemos compreender o desenvolvimento literário desde
nobre cavaleiro, que fora instruído desde cedo, aprendendo a escrever e a cultivar-se.
Esta componente de aprendizagem é típica de uma nobreza urbana, que se centrava nas
grandes cidades.
D. Gonçalo acabaria por morrer em batalha frente aos mouros de Granada, no
decorrer de uma revolta, entre os seus aliados, no ano de 1280159
. É irónico pensar que
este cavaleiro lutou lado a lado com os mouros nasridas, mas o seu fim chegou às
mesmas mãos daqueles que o apoiaram no passado.
Rui Garcia de Paiva, ou Panha era o primeiro filho de D. Garcia Fernandes de
Paiva, ou de Portugal, e de D. Tareja Pires de Gondim, descendente por varonia da casa
de Baião, de Egas Gosendes e de D. Arnaldo160
.
158
NEMÉSIO, Vitorino, A Poesia dos Trovadores – Antologio, Amadora, Livraria Bertrand, (SD), pp –
120, 121.
159
IDEM, Ibidem. P – 120.
ALVAR, Carlos/BELTRÁN, Vicente, Antologia de la Poesia Gallego-Portuguesa, 1ª edição, Madrid,
1985. P – 176.
160
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 178.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
62
Era irmão de D. Sancha Garcia, casada com Martim Lourenço da Cunha161
. Rui Garcia
é portanto descendente da antiga nobreza, que já se encontrava estabelecida no condado
Portucalense, antes da chegada do conde D. Henrique, sendo a família dos Baião uma
das casas mais antigas de Portugal. O seu primeiro casamento foi com D. Constança
Anes Redonda, filha de D. João Pires Redondo e de Dª. Maior Pires de Pereira, que já
tinha sido casada anteriormente, com D. João Durães. A segunda união foi com D.
Berengueira Aires de Gosende, filha de D. Airas Nunes e de D. Sancha Pires de Vide162
.
D. Berengueira era dama da rainha Santa Isabel. Foi fundadora do Mosteiro de
Almoster de freiras da Ordem de S. Bernardo. Não houve filhos de nenhum dos
casamentos, apesar de ter adoptado, com D. Berengueira, uma filha de nome D. Joana
Rodrigues, que morreu sem deixar descendência163
.
Lopo Hermiges da Teixeira era o primeiro filho de D. Hermígio Mendes da
Teixeira e de D. Maria Pais, filha de Pai Novaes e de Dª. Mor Soares. Teve os seguintes
irmãos Estevão Hermiges, Afonso Hermiges e D. Estevainha Hermiges, que se casou
com Pero Rodrigues de Pereira. Lopo Hermiges da Teixeira casou com D. Ouroana
Pires de Pereira, e desta união surgiram D. Maria Lopes e D. Martim Lopes164
. Era o
terceiro neto por varonia do alferes do conde D. Henrique, D. Fafes Luz. Por esta razão,
era de uma família muito nobre do reino de Portugal165
.
Lourenço Pais de Alvarenga era descendente, por linha masculina legitima, de
Egas Moniz, por seu filho Moço Viegas. Por outro lado descendia dos Sousa, dos Riba
de Vizela e de outras importantes famílias portuguesas. E estamos, portanto, a falar de
um membro das mais antigas linhagens do reino166
.
161
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia
das Ciências, 1980. P – 56.
162
IDEM, Ibidem, pp – 147, 341.
163
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 178.
164
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 369, 371.
165
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 178.
166
IDEM, Ibidem.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
63
Os seus pais eram Paio Viegas de Alvarenga Curvo e D. Teresa Anes, filha de
D. João Fernandes de Riba de Vizela e de D. Maria Soares, que tiveram por filhos Pero
Pais Curvo, Lourenço Pais de Alvarenga e D. Sancha Pais.
Casou com D. Mafalda Pires Portugal, filha de D. Pero Fernandes de Portugal e
de Dª. Froilhe Rodrigues de Pereira. Lourenço e D. Mafalda tiveram uma filha, D.
Lourença, que se tornou freira em Arouca, só deixando a vida clerical quando se casou
com Afonso Pires Rendamor, deixando filhos que perlongassem a sua família167
.
Não existem informações referentes a Durão Flores para além do que nos é
mencionado por Frei António Brandão, ao constatar o estabelecimento do cavaleiro em
Sevilha, após a conquista daquela cidade168
.
D. Gonçalo Nunes, pensa-se que seja, de Lara Menaia era filho do conde D.
Nuno Gonçalves de Avalos, que se conta ter presenciado a visita de um anjo, enviado
por Deus, para lhe satisfazer os desejos. D. Nuno pediu a salvação da alma e a defesa do
solar dos Lara, e assim fora cumprido, através do que nos conta o conde D. Pedro. D.
Gonçalo Nunes casou com D. Tareja Gonçalves, filha do conde D. Gonçalo da Maia,
deles nasceu o conde D. Nuno Gonçalves, que chamaram o Corvo de Andaluz, devido à
sua crueldade contra os inimigos mouros, no sul da Península Ibérica. O conde D. Nuno
Gonçalves casou com D. Ermesenda Gonçalves, filha de D. Gonçalo Trestamires da
Maia169
.
D. Fernão Rodrigues Pacheco, já foi referido anteriormente, no parágrafo
referente a D. Estevão Mendes Petite. Era filho de Rui Pires Ferreira e de D. Teresa
Pires de Cambra.
D. Fernão foi o primeiro a utilizar o apelido Pacheco, era senhor de Ferreira e
alcaide de Celorico da Beira, cujo castelo defendeu aquando do cerco de D. Afonso III,
no âmbito da guerra civil, pois este cavaleiro era rico-homem muito estimado na corte
167
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 56, 127, 149.
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora
Enciclopédia, 1961, pp – 48, 49.
168
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 178. 169
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P - 149.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
64
de D. Sancho II170
. Casou com D. Constança Afonso de Cambra, naquele que foi o
terceiro matrimónio da sua consorte171
.
Gomes Anes, talvez, Correia, era o segundo filho de João Correia e de D. Elvira
Gonçalves Taveira, e irmão de Gonçalo Anes, casado com D. Aldara Anes, e D. Tareja
Anes, casada com Nuno Pires de Barbosa. Gomes Anes Correia não deixou
descendência172
.
Fernão Daires do Vinhal não deixou descendência, é o pouco que se sabe sobre
este cavaleiro173
. Poderá tratar-se do irmão de D. Gonçalo Anes de Aguiar, ou do
Vinhal.
D. Pedro Pires Homem era a alcunha de D. Pedro Pires de Pereira, que foi
segundo senhor de Lajeosa e Gestosa. Era também proprietário de fazendas em Touro,
Vila Boa, Alfaiates, Muacha, Nespereira, Ribacoa, Servilhe, Gelo, Telada e Casal de
Outeiro. Destacava-se como um grande proprietário entre a nobreza portuguesa. Os seus
pais eram D. Pedro Rodrigues de Pereira e D. Maria Peres Gravel, ou da Veiga, filha de
D. Pero Peres Gravel e D. Ouroana Pais Correia. Era irmão de: D. Pero Rodrigues; D.
Gonçalo Peres Pereira, grão comendador da Ordem do Hospital, nos reinos hispânicos;
D. Martim Peres; Dª. Mor Peres; D. Elvira Peres; D. Ouroana Peres; D. Teresa Peres; e
D. Maria Peres, monja de Arouca.
Casou com D. Teresa Anes Redonda, filha de D. João Pires Redondo e de D.
Gotinha Soares de Melro. Tiveram os seguintes filhos: D. Estevão Peres Froião; D.
Martim Peres Froião; D. Sancho Peres, bispo do Porto, escolhendo o caminho clerical,
como era apanágio dos filhos mais novos; D. Maria Peres; Dª. Mor Peres; e D. Inês
Peres, monja de Arouca. D. Pedro Pires Homem morreu no dia 18 de Junho de 1269.
170
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora
Enciclopédia, 1961, pp – 410, 411.
PINA, Rui de, Chronica do Muito Alto, e Muito Esclarecido Príncipe D. Sancho II, Quaro Rey de
Portugal, Lisboa, Lisboa Occidental – Oficina Ferreyriana, 1728. P – 15.
171
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 38.
172
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P - 110.
173
BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da
Moeda, 1976. Fl – 178.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
65
Neste mesmo ano todos os filhos se juntaram em Alfaiates, para fazerem as partilhas
dos territórios e bens do seu pai174
.
174
ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora
Enciclopédia, 1961. P – 276.
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 381, 382.
Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv
Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.
Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 119, 155.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
66
Conclusão
O estudo que aqui vos apresentámos intenta demonstrar-vos que entre 1246 e
1248 houve uma migração acentuada da cavalaria portuguesa para o reino de Castela.
Este acontecimento era vulgar na Idade Média, devido à instabilidade de fronteiras e à
não existência do conceito de estado ou nação, que só viria a tomar forma no século
XVI.
As fontes de que dispúnhamos eram demasiado escassas, mas apesar disso
conseguimos cumprir o objectivo a que nos propusemos, o de desvendar quais os
cavaleiros que partiram para Sevilha no decisivo ano de 1248, e com maiores
dificuldades, os motivos que levaram a tal mobilização.
As razões que levaram a esta movimentação prendem-se, sobretudo, com o
exilio de D. Sancho II em Toledo, na corte do rei de Castela, Fernando III, que arrastaria
consigo a nobreza que tomou o seu partido na guerra civil frente ao irmão D. Afonso,
mas também se deve à procura de confrontos, por parte da cavalaria portuguesa, que
ansiava por libertar o seu ardor combativo e, acima de tudo, ter alguns benefícios, como
terras e títulos, sendo a conquista de Sevilha uma oportunidade de os conseguir.
Sevilha encontrava-se, no ano de 1248, chefiada pelos almóadas, controlados
pelo emirado de Tunes, onde imperava a dinastia dos Hafsidas, na pessoa de Abu
Zacaria. Castela e Leão precisavam de um aliado muçulmano, que gorasse as intenções
dos habitantes almóadas da cidade de Sevilha, tendo, desta forma, o rei Fernando III
estreitado os laços de amizade com o rei nasrida de Arjona, Muhammad Ibn Al-Ahmar,
no ano de 1231. Além desta importante união de poderes, que protegia o reino de
Granada dos intentos expansionistas da cristandade, Fernando III contou também com o
auxílio de alguns cavaleiros franceses, originários do condado de Ponthieu, devido ao
seu matrimónio com a filha do conde Simão de Ponthieu e sobrinha do rei Luís IX. Para
além de vários nobres, que se deslocaram de diversos pontos do sul da Europa.
No ano de 1248 Portugal terminava, definitivamente, a guerra civil, iniciada em
1245, com a morte do rei D. Sancho II, no dia 3 de Janeiro desse mesmo ano. A partir
daqui assumiria o trono o rei D. Afonso III, virando as suas atenções para o Algarve, à
espera de o conquistar, antes que os castelhanos lá chegassem, pois Fernando III
investia cada vez mais no Al-Andaluz, com as conquistas de Córdova e Carmona, que
se destacavam como importantes cidades. Esse ataque a sul de Portugal só viria a
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
67
acontecer no ano de 1249, apesar da rejeição em combater, por parte de alguns
cavaleiros portugueses, que permaneceram em Castela, após o cerco de Sevilha,
fixando-se, assim, nas terras que lhes foram doadas pelo rei de Castela, devido aos
serviços prestados à coroa, no decorrer da conquista.
Existem quatro grupos distintos de cavaleiros portugueses que combateram no
cerco de Sevilha de 1248, sejam eles nobres ou simplesmente ricos-homens, apesar de
nos focarmos, principalmente, nos primeiros.
Havia aqueles que acompanharam o rei D. Sancho II para Toledo, aquando do
seu exilio, que vendo este rei morto, preferiram continuar a viver em Castela, pondo-se
ao serviço do rei Fernando III, em vez de regressarem a Portugal, onde reinava um
soberano de quem discordavam a legitimidade.
Cavaleiros integrados nas ordens militares de cavalaria, tanto portuguesas como
castelhanas, pois alguns portugueses operavam a sua actividade de guerreiro no seio de
ordens inexistentes em Portugal, como a Ordem de Alcântara. A Ordem de Avis
compromete-se também a assistir militarmente o rei castelhano, sob a chefia do mestre
D. Martim Fernandes. Estes órgãos religiosos de cavalaria apoiavam esta contenda no
âmbito da reconquista cristã frente aos muçulmanos, combatendo numa nova cruzada,
apesar de terem lucrado bastante financeiramente e a nível territorial, nas doações do rei
Fernando III, o Santo.
A cavalaria itinerante que de maneira autónoma partia para Castela, estava
motivada por variadas razões: devido a desentendimentos com o novo rei de Portugal; a
falta de batalhas no seu território, levando-os a procurar outro destino, onde pudessem
exercer o ofício ao qual dedicavam a sua existência; ou, pura e simplesmente, as
melhores condições de vida, tirando proveito de doações em terras, feitas no
repartimento do território conquistado.
E finalmente, os cavaleiros que partiram para Sevilha sob as ordens do actual rei
de Portugal, D. Afonso III, cumprindo o objectivo do apoio militar português ao rei de
Leão e Castela.
Muitas vezes os cavaleiros preferiam permanecer em Castela ou Leão, como nos
foi possível constatar. Normalmente, a mudança de reino era-lhes proveitosa, devido aos
territórios que conseguiam ganhar e à possibilidade de confrontos futuros naquelas
regiões, garantindo-lhes a estabilidade almejada. A maior parte da nobreza que se
deslocou até Sevilha era pertencente a casas antigas, que fundaram Portugal ao lado de
D. Afonso Henriques. Vislumbramos, desta forma, o desaparecimento de alguns ramos
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
68
dessas famílias, que abandonaram o território, geralmente para regressarem às suas
localidades de origem, como é o caso dos Porto Carreiro, que provêm da Galiza.
Esta investigação permitiu-nos entender como funcionava a vida, nem sempre
fácil, do cavaleiro português da baixa Idade Média, que devido a contratempos sociais e
económicos decide abandonar o seu reino, e por vezes o seu soberano, para embarcar
numa demanda por uma vida mais de acordo com os seus deveres e obrigações. Pelos
olhos de cada cavaleiro, que participou neste cerco, ficamos a conhecer a rota e os
destinos de uma nobreza conturbada em Portugal, numa eterna procura pela salvação, a
justiça, o compromisso e pelo seu próprio benefício.
Esperamos que este trabalho traga à luz alguns nomes, que foram desaparecendo
da historiografia portuguesa, apesar do estudo meticuloso e alargado de José Augusto
Pizarro e de José Mattoso, sendo mais mencionados pelos historiadores espanhóis,
como Inés Calderón Medina.
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
69
Apêndice
Documental
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
70
Anexo I
Genealogias
dos Cavaleiros ao Serviço
do Infante Afonso
D. Paio Soares Correia.
Pai – D. Soeiro Pais Correia
Mãe - D. Urraca Peres
Irmã – D. Gotarde Soares cc D. Pais Ramires Carpinteiro.
1º Casamento – D. Goutinha Godins de Lanhoso
Pai – D. Goutinho Fafes, o Velho
Mãe – D. Goutinha Mendes
Filhos – 1 - D. Ouroana Pais Correia
2 – D. Sancha Pais Correia
2º Casamento – D. Maria Gomes da Silva
Pai – D. Gomes Pais da Silva
Mãe – D. Urraca Nunes
Irmã – D. Urraca Gomes da Silva
Filhos – 1 – D. Pero Pais Correia
2 – D. Maria Pais Foanes
D. Fernão Pires de Guimarães
Pai - Pedro de Farmariz de Riba de Vizela
Mãe -?
Irmãos – 1 – D. Pai Pires de Guimarães
2 – D. Pero Pires de Guimarães
Casamento – D. Usco Godins de Lanhoso
Pai – D. Goutinho Fafes o Velho
Mãe – D. Goutinha Mendes
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
71
Irmã – D. Goutinha Godins de Lanhoso
Filhos – 1 - D. Martim Fernandes de Riba de Vizela, alferes do rei D. Sancho I
2 – D. João Fernandes
D. Reimão Viegas de Siqueira
Pai – D. Estevão Pires Coronel
Mãe - ?
2º Casamento - D. Vasco Afonso
Filho – D. Rui Vasques
Irmãos – 1 - D. Martim Viegas de Siqueira
2 – D. Mor Viegas de Siqueira
Casamento - ?
Filhos – 1 – D. Estevão Raimundo de Siqueira
2 – D. Maria Raimunda de Siqueira
D. Afonso Pires Ribeiro
Pai - D. Pedro Nunes Guedeão, o Pestanas de Cão
Mãe - D. Maria Soares
Casamento - D. Maria Raimunda Siqueira
Pai - D. Reimão Viegas de Siqueira
Mãe - ?
D. Egas Henriques de Porto Carreiro
Pai – D. Henrique Fernandes Magro
Mãe – D. Ouroana
Casamento – D. Teresa Gonçalves de Curveira
Pai – D. Gonçalo Viegas de Curveira
Mãe – D. Urraca Vasques
Filhos – 1 – D. João Viegas
2 – D. Gomes Viegas Peixoto
3 – D. Gonçalo Viegas o Alfeirão
4 – D. Ramon Viegas
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
72
D. Mem Rodrigues de Tougues
Pai – D. Rodrigo de Froiaz de Trastâmara II, o Bom
Mãe - D. Urraca Rodrigues de Castro
Casamento – D. Châmoa Gomes de Pombeiro
2º Casamento – D. Pai Soares Çapata
Filhos – 1 - D. Pero Pais o Alferes
2 – D. Eixamea Pais
Pai – D. Gomes Nunes de Pombeiro
Mãe – D. Elvira Peres
Filho – D. Soeiro Mendes Facha
Filho Bastardo de D. Afonso III – D. Fernando Afonso
D. Ramiro Quartela
Casamento - ?
Filho – D. Fernão Ramires
D. Pero Novais, o Velho
Casamento – D. Mor Soares
Filho – D. Pai Novais o Velho cc D. Mor Soares
D. Pero Soares Escaldado
Pai – D. Soeiro Nunes
Mãe – D. Teresa Anes de Penela
1º Casamento – D. Pero de Randufez
Irmãos – 1 - D. Maria Soares
2 – D. Mor Soares cc D. Pero Novais o Velho
Casamento – D. Maria Vasques Ramiroa
Pai – D. Vasco Pais, alcaide de Coimbra
Mãe – D. Ermezenda Martins
Filhos – 1 – D. João Pires Redondo
2 – D. Pedro Velho
3 – D. Martim Peres Zote
4 – D. Pero Pires Bravo
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
73
5 – D. Maria Bravo
6 – D. Sancha Peres, abadessa de Vairão
D. Lourenço Fernandes da Cunha
Pai - D. Fernando Gonçalves da Cunha
Mãe - D. Mor Randufez
Casamento - D. Sancha, ou D. Maria, Lourenço de Maceira
Pai - D. Lourenço Gomes de Maceira
Mãe – ?
Filhos – 1 - D. Egas Lourenço
2 - D. Vasco Lourenço cc D. Teresa Peres
3 - D. Gomes Lourenço
4 - D. João Lourenço
5 - D. Martim Lourenço cc D. Sancha Garcia de Pavha
6 - D. Urraca Lourenço cc D. Martim Dade, alcaide de Santarém
7 - D. Mor Lourenço cc D. Estevão Malha
8 - D. Sancha Lourenço, freira de Vairão
9 - D. Maria Lourenço cc D. Ourigo da Nóbrega
D. Lourenço Gomes de Maceira
Pai - D. Gomes Pires de Maceira, conde de Pintalho, ou D. Gomes Pais de Santo
Mãe - D. Maria Pais
Irmã - D. Loba Gomes
Casamento - ?
Filhos – 1 - D. João Lourenço cc D. Maria Anes
1.1 - D. Lourenço Faves Carneiro
1.2 - D. Estevão Anes Pintalho Pardo
1.3 - D. Urraca Anes
1.4 - D. Maria Acha Anes Maceira
2 - D. Maria Lourenço
3 - D. Sancha Lourenço cc D. Lourenço Fernandes da Cunha
D. Gonçalo Pires de Belmir
Pai - D. Pero Hueiriz, ou Aires, de Belmir
Mãe - D. Goutinha Pais
Irmãos – 1 - D. Martim Pires de Belmir
2 - D. Sancha Pires
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
74
Casamento - ?
Filhos – 1 - D. Soeiro Gonçalves Bravuda
2 - D. João Gonçalves Bravuda
3 - D. Fernão Gonçalves Bravuda
4 - D. Pero Gonçalves Bravuda
5 - D. Sancha Gonçalves Bravuda
6 - D. Maria Gonçalves Bravuda
D. Estevão Pires de Tavares
Casamento - D. Ouroana Esteves da Covilhã
Pai - D. Estevão Anes da Covilhã, alcaide da Covilhã
Mãe - D. Teresa Afonso
Filhos – 1 - D. Pero Esteves
1.1 - D. Estevão Pires de Tavares II cc D. Maria Pires
1.1.1 - D. Pero Esteves
1.1.2 - D. Gonçalo Esteves
1.1.3 - D. João Esteves
2 - D. João Esteves Orvalhus
D. Estevão Mendes Petite, ou Silva
Pai - D. Mendo Sanches da Silva
Mãe – D. Maria Soares
Irmãos – 1 - D. Nuno Mendes Queixada
2 - D. Pero Mendes o Bel Pastor
3 - D. Maria Mendes
Casamento - D. Constança Afonso de Cambra
2º Casamento - D. Rodrigo Sanches
3º Casamento - D. Fernão Rodrigues Pacheco
Filhos – 1 - D. Martim Fernandes Pacheco Batalha
2 - D. João Fernandes Pacheco
Pai - D. Afonso Anes de Cambra
Mãe - D. Urraca Pires Ribeira, ou Ribeiradia
Filho - D. Soeiro Petite
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
75
D. Gonçalo Dias Cide
Pai - D. Diogo Gonçalves de Goes
Mãe - ?
Casamento – D. Elvira Froiaz
Pai - D. Froiaz Vermuu
Mãe - ?
Filho - D. Salvador Gonçalves
D. Pero Fernandes do Vale
Pai - D. Fernão Gonçalves
Mãe - D. Estevainha Martins
Casamento - D. Maria Pires de Anta
Pai - D. Pero Esteves de Anta
Mãe - D. Mor Mendes de Encairadas
Filhos – 1 - D. Rui do Vale
2 - D. Afonso Pires do Vale cc D. Aldonça Rodriguez
3 - D. Martim Pires do Vale
Filha fora do Casamento - D. Inês Pires
D. João Pires de Vasconcelos
Pai - D. Pero Martins da Torre
Mãe - D. Teresa Soares
Irmã - D. Sancha Pires
Casamento - Condessa D. Maria Soares Coelho
Pai - D. Soeiro Viegas Coelho
Mãe - D. Mor Mendes
Filhos – 1 - D. Rodrigo Anes cc D. Mécia Rodrigues
2 - D. Pedro Anes cc D. Maria Brava
3 - D. Estevão Anes, bispo de Lisboa;
4 - D. Teresa Anes cc D. João Fernandes o Franco
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
76
D. Mem Pais Mogudo de Sandim o Velho
Pai - D. Paio Mogudo de Sandim o Velho
Mãe - ?
Irmãos – 1 - D. João Pais, abade de Pombeiro
2 - D. João Pais, clérigo.
Casamento - ?
Filho - D. Martim Mendes Mgudo de Sandim
D. Egas Gomes Barroso Guedeão
Pai - D. Gomes Mendes Guedeão
Mãe - D. Châmoa Mendes
Irmão - D. Gueda Gomes Barroso Guedeão
Casamento - D. Urraca Vasquez de Ambia
Pai - D. Vasco Guedelha
Mãe - ?
Filhos – 1 - D. Gomes Viegas de Basto
2 - D. Pero Viegas
3 - D. Rui Viegas clérigo
4 - D. Urraca Viegas cc D. Soeiro Reimondo
D. Gueda Gomes Barroso Guedeão
Pai - D. Gomes Mendes Guedeão
Mãe - D. Châmoa Mendes
Irmão - D. Egas Gomes Barroso Guedeão
Casamento - D. Urraca Anriques de Porto Carreiro
Pai - D. Anrique Fernandes Magro
Filhos – 1 - D. Fernão Guedas cc D. Maria Fogaça
1.1 - D. Fernão Fernandes Cogominho
2 - D. Gil Guedas cc D. Maria Fernandes
3 - D. Alvite Guedas
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
77
D. Martim Fernandes de Novais Pimentel
Irmã - D. Teresa Fernandes Macinhata
Casamento - D. Sancha Martins de Riba de Vizela
1º Casamento - D. Gonçalo Rodrigues Nomães
Filho - D. Martim Gonçalves de Nomães
Pai - D. Martim Fernandes de Riba de Vizela
Mãe - D. Estevainha Soares
Filho - D. Vasco Martins Pimentel
Filha fora do Casamento - D. Sancha Martins cc Estevão Anes de Freitas
D. Martim Fernandes de Riba de Vizela
Pai - D. Fernão Pires de Guimarães
Mãe - D. Usco Godins de Lanhoso
Irmão - D. João Fernandes
Casamento - D. Estevainha Soares da Silva
Pai - D. Soeiro Pires da Silva
Mãe - Dª. Fruilhe Viegas de Lanhoso
Filhos – 1 - D. Durão Martins, senhor dos coutos de Barrelas e Fráguas
2 - D. Teresa Martins cc D. Martim Pires da Maia
3 - D. Sancha Martins cc D. Gonçalo Rodrigues de Nomães/ D. Martim
Fernandes de Novais
4 - Dª. Mor Martins, abadessa de Arouca
5 - D. Elvira Martins
6 - Dª. Mor Martins
D. Rui Nunes das Astúrias
Casamento - D. Elvira Gonçalves de Palmeira
Pai - D. Gonçalo Rodrigues de Palmeira
Mãe - D. Sancha Martins
Filhos – 1 - D. Urraca Rodrigues de Palmeira
2 - D. Gonçalo Rodrigues de Nomães
3 - D. Pero Rodrigues
4 - D. Martim Rodrigues, bispo do Porto
5 - D. Guiomar Rodrigues
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
78
D. Hermígio Mendes da Teixeira
Pai - D. Mem Viegas
Mãe - D. Teresa Peres, filha de D. Pero Viegas
Casamento - D. Maria Pais Novais
Pai - D. Pai Novais
Mãe - Dª. Mor Soares.
Filhos – 1 - D. Lopo Hermígio da Teixeira
2 - D. Estevão Hermiges da Teixeira
3 - D. Afonso Hermiges da Teixeira
4 - D. Estevainha Hermiges cc D. Pero Rodrigues de Pereira
Filha Fora do Casamento - D. Teresa Hermiges da Teixeira, de Gaança, cc D. Pero
Afonso Barroso
D. Rodrigo de Froiaz de Trastâmara II
Pai - D. Froia Bermudes de Trastâmara II
Mãe - ?
Casamento - D. Urraca Rodrigues de Castro
2º Casamento - D. Alvar Rodrigues de Gusmão
Pai - D. Rodrigo Fernandes, o Calvo
Mãe - Condessa D. Estevainha Pires.
Irmão - D. Fernão Rodriguez de Castro
Filhos – 1 - D. Gonçalo Rodrigues de Palmeira, senhor do Couto de Palmeira
2 - D. Mem Rodrigues de Tougues
3 - D. Elvira Rodrigues
4 - D. Rodrigo de Froiaz
D. Pero de Gusmão
Casamento - D. Urraca Afonso
1º Casamento - D. Garcia Pereira de Aragão
Pai - Afonso IX, rei de Leão
Mãe - ?
Irmão - D. Martim Afonso
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
79
Anexo II
Genealogias dos Cavaleiros
que Permaneceram em Castela
Infante D. Pedro Sanches
Pai - D. Sancho I
Mãe - D. Dulce, infanta de Aragão
Irmãos – 1 - D. Teresa, rainha de Leão
2 - D. Sancha, que entrou para o Mosteiro de Lorvão
3 - D. Constança
4 - D. Afonso Sanches, futuro rei D. Afonso II de Portugal
5 - D. Fernando Sanches, Conde da Flandres
6 - D. Henrique Sanches
7 - D. Raimundo, que morreu em criança
8 - D. Mafalda, rainha de Castela
9 - D. Branca, que está sepultada no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra
10 - D. Berengária, rainha da Dinamarca.
Casamento - D. Aurembiasse
Pai - Armengol Cáde de Vigel, Senhor de Valladolid
Mãe - ?
D. Vasco Gil de Soverosa
Pai - D. Gil Vasques de Soverosa
Mãe - D. Sancha Gonçalves de Orvaneja
Irmãos – 1 - D. Manrique Gil
2 - D. Guiomar Gil
Casamento – Dª. Froilhe Fernandes Cheira de Riba de Vizela
Pai - D. Gil Vasques de Riba de Vizela
Mãe - ?
Filhos – 1 - D. Gil Vasques cc D. Aldonça Anes
2 - D. Elvira Vasques
3 - D. Sancha Vasques cc D. Fernão Fernandes Pão Centeo
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
80
D. Manrique Gil de Soverosa
Pai - D. Gil Vasques de Soverosa
Mãe - D. Sancha Gonçalves de Orvaneja
Irmãos – 1 - D. Vasco Gil
2 - D. Guiomar Gil
D. Martim Gil de Soverosa, o Bom
Pai – D. Gil Vasques de Soverosa
Mãe - D. Maria Aires de Fornelos
Irmãos – 1 - D. Teresa Gil
Casamento – D. Inês Fernandes de Castro
Pai – Fernão Guterres de Castro
Mãe – D. Milia Enegues de Mendoça
Filhas – 1 - D. Teresa Martins cc Rodrigo Anes Telo, ou com D. Martim Pires da Maia
2 - D. Sancha Fernandes
D. João Gil de Soverosa
Pai - D. Gil Vasques de Soverosa
Mãe - D. Maria Gonçalves Giroa
Irmãos – 1 - D. Fernão Gil
2 - D. Gonçalo Gil
3 - D. Sancha Gil
4 - Dª. Dordia Gil
Casamento - D. Constança Gil Riba de Vizela
Filho - Martim Anes Tio
D. João Pires Redondo
Pai - D. Pero Soares Escaldado
Mãe - D. Maria Vasques Ramiroa
Irmãos - 1 - D. Pedro Velho
2 - D. Martim Peres Zote
3 - D. Pero Pires Bravo
4 - D. Maria Bravo
5 - D. Sancha Peres, abadessa de Vairão
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
81
Casamento - Dª. Mor Peres
1º Casamento - Vicente Peres de Uljeses
Filhos – 1 - D. Gonçalo Anes;
2 - João Anes
3 - Rodrigo Anes
4 - Martim Anes
5 - D. Beatriz Anes
6 - D. Teresa Anes
7 - D. Constança Anes
8 – Dª. Froilhe Anes
D. Gonçalo Anes Redondo
Pai - D. João Pires Redondo
Mãe - Dª. Mor Peres
1º Casamento - D. Teresa Esteves de Freitas
2º Casamento - D. Urraca Fernandes de Andrade
Pai - Fernão Pires de Andrade
Mãe - ?
Filhos – 1 - Martim Redondo cc D. Leonor Rodrigues
2 - Nuno Gonçalves
3 - Álvaro Gonçalves de Sequeira
4 - Dª. Mor Gonçalves
5 - D. Maria Gonçalves
D. Pero Pires Bravo
Pai - D. Pero Soares Escaldado
Mãe - D. Maria Vasques Ramiroa
Irmãos – 1 - D. João Pires Redondo
2 - D. Pedro Velho
3 - D. Martim Peres Zote
4 - D. Maria Bravo
5 - D. Sancha Peres, abadessa de Vairão
D. Rui Martins de Nomães
Pai - D. Martim Gonçalves de Nomães
Mãe - Dª. Mor Soares
1º Casamento - D. Martim Peres de Belmir
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
82
Irmão - D. Gonçalo Martins de Nomães
Casamento - D. Beatriz Anes Redondo
Pai - D. João Pires Redondo
Mãe - ?
Filhas - 1 - D. Joana Rodrigues
2 - D. Maria Rodrigues
Paio Correia
Casamento - D. Teresa, ou Maria, Mendes de Melo
Pai - D. Afonso Correia
Mãe - ?
Filhos – 1 - D. Afonso Correia
2 - D. Sancha Correia
D. Gonçalo Anes Porto Carreiro
Pai - João Henriques de Porto Carreiro
Mãe – Dª. Mor Viegas Coronel
Irmãos – 1 - D. Fernão Eanes, deão de Braga
2 - D. Pero Anes Melhor;
3 - D. Martim Anes
4 - D. Lourenço Anes
Casamento - D. Teresa Gil Feijó
1º Casamento - Huer Nunes
Pai - Gil Pires Feijó
Mãe - D. Inês Soares
Filhos – 1 - Fernão Gonçalves cc D. Maria Martins
2 - Dª. Mor Gonçalves cc Pai Soares de Paiva
Vasco Gomes
Pai - Gomes Garcia
Mãe - ?
Irmão - Gonçalo Gomes, Arcebispo de Toledo
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
83
Casamento - D. Aldora Lopes
2º Casamento - D. Fernando Afonso de Santiago, filho do rei de Leão, Afonso IX
Filho - D. João Fernandes
D. Egas Martins de Ataíde
Pai - Martim Viegas
Mãe - D. Maria Giraldes
Irmãos – 1 - Pero Martins de Podentes
2 - João Martins Barroso
3 - D. Maria Martins
União não Matrimonial - D. Maria Martins de Travanca
Filhos – 1 - Gonçalo Viegas de Ataíde
2 - Lourenço Viegas de Ataíde
3 - Frei Martim Viegas, frade pregador
D. Gonçalo Anes de Aguiar, ou do Vinhal, o Velho
Pai - D. João Gomes do Vinhal
Mãe - D. Maria Pires de Aguiar
Irmãos – 1 - D. Martim Anes do Vinhal
2 - D. Lourenço do Vinhal.
Casamento - D. Berengária, ou Beringuela, de Córdova
Filho - seguiu a vida eclesiástica, tornando-se padre, mas desconhecesse o nome
Rui Garcia de Paiva, ou Panha
Pai - D. Garcia Fernandes de Paiva, ou de Portugal
Mãe - D. Tareja Pires de Gondim
Irmã - D. Sancha Garcia cc Martim Lourenço da Cunha
1º Casamento - D. Constança Anes Redonda
1º Casamento - D. João Durães
Pai - D. João Pires Redondo
Mãe – Dª. Maior Pires de Pereira
2º Casamento - D. Berengueira Aires de Gosende
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
84
Pai - D. Airas Nunes
Mãe - D. Sancha Pires de Vide
Filha Adoptiva - D. Joana Rodrigues
Lopo Hermiges da Teixeira
Pai - D. Hermígio Mendes da Teixeira
Mãe - D. Maria Pais
Irmãos – 1 - Estevão Hermiges
2 - Afonso Hermiges
3 - D. Estevainha Hermiges cc Pero Rodrigues de Pereira
Casamento - D. Ouroana Pires de Pereira
Filhos – 1 - D. Maria Lopes
2 - D. Martim Lopes
Lourenço Pais de Alvarenga
Pai – Paio Viegas de Alvarenga Curvo
Mãe - D. Teresa Anes
Irmãos – 1 - Pero Pais Curvo
2 - D. Sancha Pais
Casamento - D. Mafalda Pires Portugal
Pai - D. Pero Fernandes de Portugal
Mãe – Dª. Froilhe Rodrigues de Pereira
Filha - D. Lourença, freira, em Arouca, só deixando a vida clerical, quando se casou
com Afonso Pires Rendamor, deixando filhos que perlongassem a sua família
D. Gonçalo Nunes de Lara Menaia
Pai - conde D. Nuno Gonçalves de Avalos
Mãe - ?
Casamento - D. Teresa Gonçalves
Pai - Conde D. Gonçalo da Maia
Mãe - ?
Filho - Conde D. Nuno Gonçalves, o Corvo de Andaluz cc D. Ermesenda Gonçalves
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
85
D. Fernão Rodrigues Pacheco
Pai – Rui Pires Ferreira
Mãe – D. Teresa Pires de Cambra
Casamento – D. Constança Afonso de Cambra
1º Casamento – D. Estevão Mendes Petite, ou Silva.
2º Casamento - D. Rodrigo Sanches
Pai - D. Afonso Anes de Cambra
Mãe - D. Urraca Pires Ribeira, ou Ribeiradia
Filhos – 1 - D. Martim Fernandes Pacheco Batalha
2 - D. João Fernandes Pacheco
Gomes Anes Correia
Pai - João Correia
Mãe - D. Elvira Gonçalves Taveira
Irmãos – 1 - Gonçalo Anes cc D. Aldara Anes
2 - D. Tareja Anes cc Nuno Pires de Barbo
D. Pedro Pires Homem
Pai - D. Pedro Rodrigues de Pereira
Mãe - D. Maria Peres Gravel, ou da Veiga
Irmãos - 1 - D. Pero Rodrigues
2 - D. Gonçalo Peres Pereira, grão comendador da Ordem do Hospital
3 - D. Martim Peres
4 - Dª. Mor Peres
5 - D. Elvira Peres
6 - D. Ouroana Peres
7 - D. Teresa Peres
8 - D. Maria Peres, monja de Arouca
Casamento - D. Teresa Anes Redonda
Pai - D. João Pires Redondo
Mãe - D. Gotinha Soares de Melro
Filhos - 1 - D. Estevão Peres Froião
2 - D. Martim Peres Froião
3 - D. Sancho Peres, bispo do Porto
4 - D. Maria Peres
5 – Dª. Mor Peres
6 - D. Inês Peres, monja de Arouca
A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248
86
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Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad
Quintvmdecincvm ivssv Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume
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