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ApresentaçãO Para DéCimo Ano, Aula 61 62

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A partir da próxima semana considero que as leituras combinadas estão feitas, podendo vir a fazer alguma tarefa sobre os livros em causa.

Na p. 205 há decerto uma gralha. «Variação e normali-zação linguística» devia ser um título genérico deste capítulo, não se destinaria a encabeçar o parágrafo que se lhe segue.

Toda a matéria na folha 205-206 visa explicar que o português — como qualquer língua — está sujeito a variação. Essa variação, essa mudança, verificamo-la quer diacronicamente (ou seja, analisando diferentes momentos do português),

quer sincronicamente (isto é, verificando que, mesmo num só momento histórico, o português varia em função da origem geográfica do falante, do seu perfil social — cultura, idade — e da situação de comunicação).

O terceiro parágrafo da página define as «variedades situacionais»; o segundo trata das «variedades sociais» (ou sociolectos); o primeiro deveria ter como título «variedades geográficas» (ou dialectos).

Nos restantes parágrafos da p. 205, o que se apresenta são já alguns dos resultados das citadas propriedades (variação e mudança) inerentes a qualquer língua. No quarto parágrafo, mencionam-se as fases históricas do português.

A partir do quinto parágrafo («Variedades do Português») mostram-se três resultados da história do português também muito relacionados com a própria geografia: as variedades (ou variantes) europeia, brasileira (ou sul-americana), africana(s) do português.

No primeiro sketch que vamos ver ficam salientadas as três variantes (ou variedades) do português, mas também a variação dialectal dentro do território do português europeu; o assunto será, portanto, a variação geográfica.

No segundo sketch alude-se à diversidade de registos (ou níveis) e à formalidade ou informalidade do uso da língua, o que já se relaciona quer com a variação social quer com a variação situacional.

Em «Padre que não sabe fazer pronúncia» — série Meireles —, o protagonista é um seminarista que, segundo o padre seu orientador, não consegue ter a pronúncia devida. Deves estar atento às pronúncias que o candidato a padre vai tentando e ir completando o primeiro quadro:

da Beira, da Guarda.

pronúncia das sibilantes: «[ch]o-taque»; 2.ª pessoa do plural: «percebeis»

portuense (nortenho)

ditongações: «t[ua]dos» (todos); bê por vê: «Co[b]ilhã»; léxico: «carago».

alentejano

alongamento das vogais finais: «padriii»;

nasalizações: «v[ã]mos».

brasileiro

supressão do –r final: «dançá» (dançar);

vogais átonas pouco reduzidas: «chap[á]» (chapa);

léxico: «meu chapa».

moçambicano

vogais átonas mais abertas.

inglês do Algarve

paragoge e vogais menos reduzidas: «rêzar[e]» (rezar).

Estas pronúncias — «sotaques» — representam ora as zonas geográficas a que pertencem falantes de língua portuguesa ora, em um caso, a influência que uma diferente língua materna tem sobre a pronúncia do português. Dividamo-las em três tipos:

beirão; portuense; alentejano.

português brasileiro; português de África.

português por inglês do Algarve.

Relativamente ao sketch «Policiês/Português» — série Fonseca —, procura resumir a situação, completando o texto com os termos que ponho. Relanceia também a p. 77. popular / familiar / corrente / cuidado / gíria / variedade regional / escrito / oral / formal / informal

Um polícia parece querer multar um automobilista. Ao descrever a manobra incorrecta efectuada e a sanção que vai aplicar, recorre a um nível de língua cuidado, usando linguagem mais típica do meio escrito (que, em geral, segue um registo formal), do que do meio oral (quase sempre, mais informal).

Ainda por cima, adopta termos que talvez se possam considerar de uma gíria própria, específica dos polícias. Por isso, o automobilista nada percebe.

Um indivíduo que está por ali vem então traduzir o discurso do polícia para um nível de língua corrente e, às vezes, até familiar ou mesmo popular.

Acaba por se perceber que o polícia aceita ser subornado, e fica tudo resolvido.

Diga-se ainda que, pela pronúncia de três palavras («gra[b]e», «indi[b]íduo», «de[rr]espeito»), percebemos que o polícia fala conforme uma determinada variedade regional (ou dialecto), provavelmente a beirã (ou, então, a transmontana).

• foi a mais bela rapariga do seu tempo (ll. 1-2)

• fazia um delicioso bacalhau à Brás• viu nascer o sol todos os dias (l. 4)

• amassou tanto pão que daria para um banquete universal (ll. 4-5)

• criou pessoas e gado (l. 5)• protegeu os bácoros como se

fossem filhos (ll. 5-6)

• contou histórias (ll. 6-7)• foi a trave mestra da casa (l. 7)• teve sete filhos (l. 8)• teve quinze netos

• apesar da vida difícil e afastada do mundo, tem os olhos claros e é alegre (ll. 18-19)

• é inteligente (l. 28)• tem um fogo de adolescência nunca

perdida e a tranquila serenidade dos noventa anos (ll. 38-39)

• não sabe nada do mundo nem procurou saber (ll. 9-11; ll. 23-24)

• usa apenas um vocabulário elementar, construído em torno do pequeno mundo que a rodeia (ll. 10-11; 24-26)

• gosta de aguardente

• tem ódios cujo motivo já esqueceu (ll. 13-14)

• tem um número reduzido de interesses (ll. 15-16, 22-26)

• apesar de pouco ter usufruído do mundo, manifesta pesar por ter de morrer (ll. 36-39)

«O escritor considera que a sua comunicação com a avó se ressentiu de terem recursos (linguísticos) diferentes».

«Trave da tua casa, lume da tua lareira» (ll. 7-8)

‘eras quem coordenava a vida familiar, eras em quem se centrava a família’

metáfora

«O teu riso é como um foguete de cores» (ll. 19-20)

‘o teu riso é muito expressivo e notório’

comparação

«às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha» (ll. 11-13)

‘a uma gama completa de acontecimentos (dos mais globais aos mais circunscritos ou irrelevantes)’

enumeração

Tentando responder à pergunta 6, podemos dizer: «O texto tem, em parte, forma de carta, na medida em que a mensagem está dirigida a um destinatário, explicitado pela 2.ª pessoa. Porém, tal destinatário é fictício (a avó nem sabia ler; e a linguagem usada também não se adequaria a essa situação de comunicação). Na verdade, o texto pertence a um outro género, o da crónica.»

A partir da próxima semana considero que as leituras combinadas estão feitas, podendo vir a fazer alguma tarefa sobre os livros em causa.

Bento Conhé BenjeLargo da filosofia kantiana, n.º 3,1415926 frente4321-234 Ermesinde

Ermesinde, 0 de Dezembro de 2007

Ex.mo SenhorPresidente da Câmara Municipal de

Valongo

Excelência,

Venho, na qualidade de munícipe, dar conhecimento das condições lastimosas em que vive o Sr. Carlos Simões Ribeiro, um valonguense distinto. Este idoso — conta agora # anos —, que ainda exerce o seu ofício de barbeiro e tem a seu cargo um filho deficiente, está em risco de ....

[tal e tal, tal e tal]

Certo de que V. Ex.ª está atento aos interesses e necessidades dos munícipes, apresento os meus melhores cumprimentos.

Subscreve-se respeitosamenteBento Conhé Benje

TPC Nas pp. 334-335 também se trata das

variedades do português; nas pp. 76-79, sobre adequação discursiva,

os capítulos sobre meios e usos oral e escrito, registos formal e

informal são também desta matéria. Vai lendo essas páginas.