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A difícil implantação do liberalismo em Portugal O triunfo dos liberais e a consequente aprovação da Constituição de 1822 não agradou a alguns sectores da sociedade portuguesa, particularmente à Nobreza e ao Clero, que viram muitos dos seus anteriores privilégios retirados. Desejosos de voltar aos tempos absolutistas, protagonizaram uma oposição aos liberais, liderados por D. Miguel (filho segundo de D. João VI), e defenderam o regresso ao Absolutismo, levando a cabo revoltas para tentar repor este regime político: a Vila Francada (1823) e a Abrilada (1824). Derrotado, D. Miguel acabaria por ser exilado para a Áustria. Contudo, toda a situação se veio a agudizar com a morte de D. João VI. Foi então que D. Pedro, Imperador do Brasil, foi declarado rei de Portugal com o título de D. Pedro IV. Não querendo abandonar o Brasil, D. Pedro abdicou do trono em favor da sua filha, D. Maria da Glória. No entanto, esta tinha ainda sete anos, ficando então como regente do reino o seu tio, D. Miguel (que regressou do exílio), até à maioridade da jovem princesa. Ao mesmo tempo, D. Pedro outorgou e jurou a Carta Constitucional (18261, que vinha substituir a Constituição de 1822. A Carta procurava ser uma solução de equilíbrio entre liberais e absolutistas e, por isso, era mais moderada do que a Constituição, reforçando os poderes do rei (poder executivo), retirando assim a supremacia ao poder legislativo. A aprovação da Carta Constitucional criou divisões no seio dos liberais: uns eram a favor deste novo documento, os chamados cartistas: outros, os vintistas, desejavam o regresso da Constituição de 1822. Mas voltemos a D. Miguel. D. Pedro exigiu que o seu irmão aceitasse as suas condições, nomeadamente o juramento da Carta Constitucional, o que o novo regente se comprometeu fazer. Contudo logo em 1826, D. Miguel voltou atrás com a sua palavra e fez-se aclamar rei absoluto, passando a perseguir, de forma violenta todos os defensores do liberalismo, tendo muitos deles se refugiado nos Açores e em Londres. Era o inicio da guerra civil entre liberais e absolutistas neste período conturbado da História de Portugal, conhecido por vintismo. Doc. 15 Guerra civil entre liberais e absolutistas (caricatura da época).

A difícil implantação do liberalismo em portugal

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A difícil implantação do liberalismo em Portugal

O triunfo dos liberais e a consequente aprovação da Constituição de 1822 não agradou a

alguns sectores da sociedade portuguesa, particularmente à Nobreza e ao Clero, que viram muitos

dos seus anteriores privilégios retirados.

Desejosos de voltar aos tempos absolutistas, protagonizaram uma oposição aos liberais, liderados

por D. Miguel (filho segundo de D. João VI), e defenderam o regresso ao Absolutismo, levando a cabo

revoltas para tentar repor este regime político: a Vila Francada (1823) e a Abrilada (1824). Derrotado,

D. Miguel acabaria por ser exilado para a Áustria.

Contudo, toda a situação se veio a agudizar com a morte de D. João VI. Foi então que D. Pedro,

Imperador do Brasil, foi declarado rei de Portugal com o título de D. Pedro IV.

Não querendo abandonar o Brasil, D. Pedro abdicou do trono em favor da sua filha, D. Maria da

Glória. No entanto, esta tinha ainda sete anos, ficando então como regente do reino o seu tio, D.

Miguel (que regressou do exílio), até à maioridade da jovem princesa.

Ao mesmo tempo, D. Pedro outorgou e jurou a Carta Constitucional (18261, que vinha

substituir a Constituição de 1822. A Carta procurava ser uma solução de equilíbrio entre liberais e

absolutistas e, por isso, era mais moderada do que a Constituição, reforçando os poderes do rei

(poder executivo), retirando assim a supremacia ao poder legislativo.

A aprovação da Carta Constitucional criou divisões no seio dos liberais: uns eram a favor deste novo

documento, os chamados cartistas: outros, os vintistas, desejavam o regresso da Constituição de 1822.

Mas voltemos a D. Miguel. D. Pedro exigiu que o seu irmão aceitasse as suas condições,

nomeadamente o juramento da Carta Constitucional, o que o novo regente se comprometeu fazer.

Contudo logo em 1826, D. Miguel voltou atrás com a sua palavra e fez-se aclamar rei absoluto,

passando a perseguir, de forma violenta todos os defensores do liberalismo, tendo muitos deles se

refugiado nos Açores e em Londres.

Era o inicio da guerra civil entre liberais e absolutistas neste período conturbado da História de Portugal,

conhecido por vintismo.

Doc. 15 Guerra civil entre liberais e absolutistas (caricatura da época).