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O esporte não convencional no currículo de ef - eliane pardo e césar vagheti
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O esporte e suas manifestações na atualidade
XXVI Simpósio Nacional de Educação Física Fórum Olímpico Estadual
II Conferência Municipal do Esporte e Lazer 17 a 20 de outubro de 2007 ESEF/UFPEL/PELOTAS/RS
UM ESPORTE NÃO CONVENCIONAL NO MUNDO ACADÊMICO:
SINGULARIDADES HISTÓRICO-CULTURAIS E POSSIBILIDADES DE INCLUSÃO DO ENSINO DO SURFE NA UNIVERSIDADE
César Augusto Otero Vaghetti (Msc./UFPel) & Eliane Ribeiro Pardo (Dra./UFPel)
Resumo
Esse ensaio analítico apresenta as primeiras reflexões resultantes do trabalho de ensino e
pesquisa desenvolvido na disciplina Esportes Radicais em meio aquático, do currículo do
curso de licenciatura e bacharelado em Educação Física da UFPel. A análise foi sendo
realizada na experiência de ministrar a disciplina, e está focada sobre algumas singularidades
emergentes da inclusão dessa prática cultural não convencional no currículo da formação
universitária assinaladas pelos professores da disciplina e autores do ensaio, através de
observações, fotografias, filmagens e depoimentos dos estudantes. As primeiras inferências
aos dados que temos em mãos resultaram na elaboração do programa da disciplina cuja
análise permite assinalar onde as singularidades das práticas radicais do surfe forçaram á
introdução de novos elementos ao programa. Nessa linha, os autores destacam: a utilização da
Revista Fluir como material de consulta, na medida que a bibliografia acadêmica existente
sobre o tema ainda é rara; a elaboração não linear de um roteiro de conteúdos para a
disciplina; a cumplicidade e a disponibilidade corporal dos estudantes, razão do sucesso da
disciplina em termos do aproveitamento avaliado.
1. Inclusões curriculares não convencionais: surfe e Educação Física
Na última quarta-feira à tarde a galera da UFPel veio para a praia do Cassino realizar sua segunda aula de surfe e kite. As aulas, ministradas pelo professor César Vaghetti — "Salada", e com apoio dos amigos Pablo Bech e Vico, mais uma vez tiveram o frio como presença constante, mas o pessoal da UFPel não se intimidou e participou o tempo todo dentro dágua,
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já que a adrenalina aquecia e a emoção de surfar pela primeira vez fazia parte do aprendizado. Neste dia, tinham pessoas que nunca haviam pisado na praia do Cassino e, muito menos, numa prancha de surfe. Por isso mesmo o resultado foi muita alegria e descontração e muitos deles não queriam sair de dentro d água. Após a aula, os aplicados novatos já estavam se programando sobre a próxima vez que iriam vir para a prática. Mahalo!
Jornal Agora, sexta-feira, 22/06/2007. Rio Grande, (RS)
A Universidade Federal de Pelotas tem no seu rol de optativas oferecidas pelo curso de
bacharelado em Educação Física a recém criada disciplina (primeiro semestre de 2007)
"Esportes Radicais em meio aquático: surfe e Kitesurfe". Organizada a partir das idéias de
trânsito disciplinar e de vivência ampliada seu programa contempla conteúdos teóricos e
práticos sobre movimento contracultura, fundamentos técnicos e táticos das modalidades,
treinamento das capacidades físicas envolvidas, educação ambiental, princípios básicos em
metereologia e oceanografia, aspectos históricos, etnográficos e culturais dos esportes
radicais, manuseio dos equipamentos e regras de competição. Ministrada por dois professores
de áreas distintas — Biomecânica e Estudos Culturais —, a disciplina, além de promover o
encontro de diferentes perspectivas, através da união das áreas, possibilita um trabalho de
parceria entre professores dentro da sala de aula.
O conhecimento dos esportes radicais em meio aquático é distribuído em dezessete
encontros de três horas semanais, sendo quatro deles — as saídas de campo — realizados na
praia do Cassino, em Rio Grande (aulas de surfe) e na praia do Laranjal, em Pelotas
(Kitesurfe). O saber socializado e produzido nas aulas é abordado a partir de um triplo
aspecto: seu caráter promissor para o futuro profissional de Educação Física (escolinhas,
gestão, turismo, treinamento, profissionalização, curso superior, lazer); o forte elemento
formador, de caráter transgressor, presente na filosofia radical que sustenta essas práticas —
elas encerram um modo singular de estar na vida; de enfrentar desafios, de criar novos valores
e novos modos de relação homem/natureza; sua capacidade de ampliação da memória
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corporal dos estudantes, pela experimentação motora de novas ofertas, despertando-os para o
melhor entendimento dos conhecimentos adquiridos em outras disciplinas.
Cercado por regras e limitações, o universo institucional esportivo na maioria das
vezes pauta-se pelos valores numéricos definidos no placar. Entretanto, existem modalidades
"esportivas" que fogem deste padrão. Pociello apud Padiglione (1995) aponta a presença de
esportes não convencionais no cenário esportivo contemporâneo, que tem como
características a individualidade, a ausência de regras e a presença do risco e da aventura
durante a prática. O surfe pode ser incluído neste conjunto de esportes não convencionais,
onde a imprevisibilidade do ambiente de prática, caracterizada pelas constantes
transformações do oceano e a valorização do perigo, são peculiaridades evidentes.
O que torna radical determinado comportamento social como a prática de um esporte,
por exemplo, como o surfe? — é a pergunta em torno da qual giram os conteúdos
programáticos, desenvolvidos no interior de um quadro conceitual micropolítico (Deleuze e
Guattari, 1992), onde a formação universitária é vista como um vasto e rico campo de
produção subjetiva. A experiência vivenciada na disciplina é organizada como um campo
empírico de modo a permitir aos professores visualizar, diagnosticar, registrar e, finalmente,
analisar as diversas maneiras pelas quais as capacidades dos estudantes vão sendo
experimentadas e transformadas no interior do dispositivo. Essa experimentação, orientada
filosoficamente para a constituição estética de Si (Foucault, 1984), irá auxiliar o estudante a
compor um estilo próprio de enfrentar seus medos, de construir seus argumentos, suas
retóricas, suas performances corporais, suas exposições e disputas no mercado de trabalho e
fundamentalmente, na vida.
O trabalho conjunto vem sendo uma experiência produtiva tanto do ponto de vista
docente quanto discente. Ele rompe também, de certa forma, a prática docente convencional e
transforma-se num amplo, complexo e rico campo empírico para novas investigações
acadêmicas da área.
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2. Singularidades culturais: o feeling do surfe, a paisagem radical
Já foi dito que ondas são como telas brancas, á espera de linhas traçadas pelo artista... Apesar de tudo, a vida continua em Nias; depois de tsunami; pôr-do-sol em Bawa; chegar ao paraíso é mais difícil do que parece... (Paul Kennedy, jornalista, Revista Fluir, junho/2006, ano 23, número 6, edição 248).
O surfe foi introduzido na Califórnia, entre as décadas de 20 e 30, era visto como um
esporte marginalizado, que contribuía para a desvalorização da cultura e dos bons conceitos.
Os surfistas a partir daí ganharam o sinônimo de marginais, de vagabundos, passaram a não se
importar com qualquer regra estabelecida pela sociedade, criaram seus próprios conceitos e
valores.
Em 1953, um êxodo de surfistas da Califórnia para o Havaí marcou profundamente a
história do esporte. Motivados por uma foto encontrada em um jornal, de uma onda de nove
metros em uma praia no Havaí, vários surfistas viajaram para o arquipélago havaiano em
busca de novas emoções, ou seja, em busca de novas, diferentes e maiores ondas (Peralta
2004). Estes comportamentos tem, como pano de fundo o mar, o oceano, um adversário sem
rosto, selvagem, no qual o indivíduo pode se encontrar consigo mesmo para um
autoconhecimento.
Essa eterna busca pela onda perfeita marca culturalmente a história do surfe. Ela faz
oscilar a existência individual entre a segurança e a vulnerabilidade, o risco e a garantia, o
atalho e o caminho traçado, justamente por isso: porque nada é garantido.
Escura, isolada, maldosa. Recifes, águas geladas e profundas, ventos noroestes, tempestades do sudeste, correntes estupidamente geladas, focas e elefantes marinhos e coisas ainda mais selvagens que costumam jantar os tais elefantes, como tubarões brancos de 5 metros de comprimento, que ocasionalmente catam um naco de algum surfista distraído. E os animais não são o único risco: é comum ver em Maverick´s surfistas que caem e são
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tragados por muitos minutos debaixo dágua, para de repente serem encurralados junto às pontiagudas rochas (Revista Fluir)
O mar dessa perspectiva é uma reserva selvagem de sentidos. Um mundo, ao mesmo
tempo propício e perigoso onde o homem, para estar à altura, procura demonstrar coragem,
capacidade de adaptabilidade, legitimidade, humildade, jubilação em existir.
Na sociedade atual segundo Breton (2007) o indivíduo é constantemente chamado a
demonstrar sua legitimidade, onde importa provar em si mesmo o valor da existência.
Portanto, o enfrentamento das ondas, no surfe, é, para quem o pratica, não apenas uma
maneira de reagir contra uma sociedade protetora, bélica, excludente, mas também um espaço
rico de criação de um estilo, forjado no enfrentamento e caracterizado por uma ética resultante
da liberdade de escolhas e de caminhos.
— O que é que vale realmente? O que é real pai? — perguntou minha filha, e
respondi: "As sensações, as percepções, os amores, os sentimentos, as dores, ou seja, as
vivências que formatam chapeiam a nossa alma". Essas são reais. Essas permanecem e são
levadas por nós para sempre. Essas podem ou não ser levadas por nós para sempre. Essas
podem ou não ser vividas. Depende de cada animal".
Assim, a viagem dos surfistas californianos para o Havaí em busca de melhores ondas
exemplifica a efervescência, e o feeling desta modalidade: a busca pela aventura, pelo
desconhecido, a procura dos limites, o encontro com a condição concreta de não ter volta uma
vez tomada uma decisão. O surfista é, portanto, um nômade por natureza, não mede esforços
para procurar o que para ele significa não um simples esporte, mas um estado de espírito, uma
maneira própria de escolher viver.
O surfe preenche totalmente a vida, ás vezes até demais. E transformá-lo em modo de
vida não dá certo, pois há uma contradição aí. Nunca moraria na praia porque, se morasse não
teria me tornado médico. Em tudo o que faço tento ser pleno, sou totalmente médico,
totalmente pró-reitor, totalmente surfista, totalmente o que for (Revista Fluir).
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3. Singularidades históricas: o deslize sobre as ondas, a paisagem radical
Certamente, mergulhar no surfe para compreender a força transformadora de sua
filosofia implica vasculhar na história dessa prática cultural acontecimentos singulares que a
tornam radical.
Um deles, por exemplo, é quanto a sua suposta origem. Existem algumas controvérsias
a respeito do seu nascimento. Alguns relatos apontam seu surgimento entre os antigos reis
havaianos, outros afirmam que os peruanos, por várias gerações já cavalgavam nas ondas em
seus caballos de totora1. Entretanto a história mais popular é a de que um experiente
navegador do século XIX, James Cook, durante uma viagem que fez à Polinésia, ilhas
localizadas ao sul do oceano Pacífico, observou que o povo local deslizava sobre as ondas. A
maioria dos habitantes daquela região segundo Vaghetti (2003) dependia do mar para a sua
sobrevivência, desta forma diariamente se atiravam ao mar com seus barcos e quando
voltavam da pesca, deslizavam sobre as ondas para chegar mais rápido a terra firme. Alguns
pescadores, após retirar a pesca dos barcos, ainda retornavam ao mar somente para brincar
sobre as ondas, proporcionando, desta forma uma grande euforia e alegria entre as
civilizações da região.
Alguns anos mais tarde CooK, iria observar a mesma manifestação nas ilhas do
arquipélago Havaiano e no Peru. Tentando entender como as diferentes culturas são levadas
de um local para o outro, o navegador formulou a hipótese de que os antigos povos na
Polinésia, através da navegação, teriam levado seus costumes e hábitos para a região do Peru.
Entretanto a hipótese não foi aceita, pois as cartas náuticas indicavam que qualquer tentativa
de se chegar ao oeste da América do Sul seria frustrada, devido às correntes e ventos
característicos, os quais levariam as embarcações para diferentes pontos e nunca para a região
do Peru. O navegador percebeu que esta manifestação cultural acontecera também no Peru,
1 Antigas canoas feitas de palha utilizadas até hoje para a pesca, no Peru (Leal 1993).
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independente do tipo de colonização e que não teve propriamente um início, visto que estas
civilizações já poderiam estar praticando o surfe por muitos anos antes de suas observações.
O esporte ganhou popularidade quando um havaiano chamado Duke Paoa Kahinu
Mocoe Kahanamoku, campeão olímpico de natação e que praticava o surfe, divulgou o
esporte pelos locais do mundo por onde viajou através dos campeonatos de natação.
Atualmente no Havaí acontecem campeonatos de surfe em ondas gigantes somente para
celebrar a memória deste corajoso surfista que apresentou ao mundo a cultura havaiana.
A influência da cultura havaiana e polinésia pode ser vista nas camisas floridas
vendidas em qualquer loja, da indústria surfe e nos quiosques a beira-mar, comumente
construídos, nas praias ao redor do mundo. Em contrapartida o aspecto mais marcante a ser
assinalado nesse esporte é exatamente o comportamento dos indivíduos que o praticam.
Apesar da forte influência dos havaianos é na Califórnia que o surfe ganha uma conotação
rebelde de contracultura e de estilo de vida. A popularidade do esporte, durante a década de
50, incendeia a vida de alguns jovens que motivados pela emoção de deslizar nas ondas, criam
um estilo, um modo de viver e mobilizam suas vidas em função do surfe. A devoção a este
novo esporte girava em torno de tudo que se referia à água, desta forma suas vidas foram
redirecionadas, objetivando sempre o contato com o mar e a procura de praias e de ondas.
Esta nova maneira de viver a vida se opunha aos valores vigentes, nada mais tinha interesse a
não ser a eterna procura por ondas. O surfe, portanto não era algo que se fazia, mas algo em
que o indivíduo se tornara.
4. Singularidades da formação: a praia é minha aula
O homem e a natureza sempre mediram suas forças através dos séculos — seja por meio de tempestades, vulcões ou terremotos. Mas até onde vai esta incansável batalha que transforma mortais em heróis, e temidos fenômenos
em estudos acadêmicos? (Revista Fluir)
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Até o presente momento a profissão de Educação Física, passados dez anos de sua
regulamentação, não constituiu para seus profissionais um mercado de trabalho legítimo e
sólido, se comparado ao status social de mercados dos cursos de Engenharia, Medicina ou
Direito. O futuro profissional, bacharel em formação, diante desse quadro, por um lado vê-se,
de certa forma, perante um futuro incerto, recheado de incertezas e de inseguranças, um futuro
ainda por fazer e por outro lado, constata que parte das ações necessárias para a mudança
desse estado de coisas encontra-se também nas suas próprias ações perante a profissão que
escolheu. O conteúdo trabalhado na disciplina engloba entre outras coisas este paradoxo, o da
escolha profissional, da formação e do mercado de trabalho.
"As vésperas de completar meus 21 anos, eu não tinha planos a longo prazo. Meu pai um oftalmologista bem sucedido, queria me preparar para cuidar dos olhos dos seus cinco mil clientes. Mas eu estava no auge do meu próprio processo de aprendizado em lidar com mares grandes e situações limites" (Ricardo Bocão, Revista Fluir v19, n10, 2004).
A escolha pela profissão de Educação Física, é uma decisão radical, pois o estudante
esta diante de uma grande incerteza do futuro, da mesma forma quando o surfista optou pelo
prazer do esporte e deixou para trás uma vida garantida, ele assim o fez pelo sentimento do
prazer, pois sabia desta maneira ele realmente seria capaz de encontrar-se consigo mesmo.
O surfe, influenciador de todas as modalidades esportivas que utilizam pranchas, vem
ao longo dos anos, ditando regras, modas, costumes e interferindo na cultura dos povos ao
redor do mundo. Paralelo a estes acontecimentos o esporte se tornou hoje uma modalidade
altamente competitiva, com um nível técnico elevado, onde os atletas de surfe possuem
padrões de condicionamento físico idêntico ao de atletas profissionais de outras modalidades,
como maratonistas e nadadores (Lowdon e Lowdon, 1988). Parte considerável do sucesso
dessa modalidade encontra-se na força criadora de sua filosofia, na beleza estética de suas
performances, geradoras de "belas imagens", na radicalidade de seus embates.
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A carreira profissional é uma escolha, tal como aquela do indivíduo que opta por
desvendar segredos e mistérios do mar. Desta forma o homem, produtor de sua própria
identidade, é submetido à aprovação desta sociedade, e para conquistar um lugar no tecido
social, ele mapeia seus limites, tenta ultrapassá-los, de modo a constituir um estilo diante de
uma sociedade massificadora e excessivamente protetora, de modo a justificar sua existência.
Quando um estudante faz sua escolha, ele opta pelo prazer de trabalhar com o corpo, pelo
corpo e, portanto sabe que no mar das adversidades vai enfrentar dificuldades características
da profissão. Conforme discursa Costa (2000), o aparecimento de esportes que tem como
características o risco e a aventura produzem uma ruptura com as práticas esportivas
convencionais, e desta forma tem uma relação íntima com a sociedade atual, no que se refere
á incerteza política, econômica, social e cultural, fazendo o indivíduo perceber o risco e a
conviver com ele como o resultado das múltiplas contingências sociais.
Seguindo a análise, é possível perguntar ainda quais aspectos é possível destacar nas
práticas do surfe que o tornam uma prática esportiva radical no sentido de nos oferecer um
excelente espaço para analisarmos a formação profissional em termos de suas demandas e
ofertas disciplinares, dos desafios colocados pelo mercado de trabalho ao currículo de
formação, das demandas consumidoras produzidas pela Indústria Cultural em torno das
práticas do surfe no mundo inteiro.
Um esporte não convencional, forçou a construção de um programa diferente, talvez
pela sua diversidade cultural, talvez por ser uma mistura de prática corporal, esporte e arte. A
ausência de literatura específica citada por Brasil et al. (2001), sobre os fenômenos do esporte
competição, também forçou a utilização de um material não científico, trabalhado em sala de
aula. A revista Fluir, por exemplo, é uma revista que tem como objetivo, divulgar fotos, fazer
a cobertura de eventos esportivos e, de certo modo, revelar a essência do surfe, o felling,
entretanto este tipo de revista, empírica, não científica, possibilitou um imenso trabalho em
sala de aula.
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Desta forma este pesquisa teve como objetivo fazer um ensaio sobre as possibilidades
de ensino, na universidade, de esportes não convencionais, os limites deste universo, que se
estendem do próprio esporte competição, possibilitando todo um trabalho relacionado com
treinamento desportivo, passando pelos aspectos culturais que modelam o caráter dos
indivíduos até a contextualização histórica desta modalidade.
O filhote de golfinho realiza entre várias brincadeiras, o surfe, pois faz parte de seu desenvolvimento motor, enquanto filhote (Spinelli, Nascimento e Yamamoto, 2002).
5. Referências Bibliográficas
1. BRASIL, F. K., ANDRADE, D. R., OLIVEIRA L. C., RIBEIRO M. A., MATSUDO V. K. R. Freqüência Cardíaca e Tempo de Movimento durante o Surfe Recreacional - Estudo Piloto. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. v.9: p. 65-75; 2001.
2. COSTA V. L. M. Esportes de aventura e risco na montanha: um mergulho no imaginário. São Paulo: Manole, 2000.
3. LEAL, L. Breve Histórico do Surf. Jornal Noticiondas. Florianópolis, 15 jun. 1993.
4. LE BRETON, D. Aqueles que vão para o mar: o risco e o mar. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. v.28, n.3, p.9-19, 2007.
5. LOWDON, B. J.; LOWDON, M. Competitive surfing: A dedicated approach. Victoria: Mouvement Publications, 1988.
6. PADIGLIONE, V. Diversidad y pluralidad en el escenario desportivo. Educación Fisica y Desportes. v. 41, p. 30-35, 1995.
7. PERALTA, S. Riding Giants. (Fime): forever films; 2004.
8. SPINELLI, L. H. P., NASCIMENTO, L. F., YAMAMOTO, M. E. Identificação e descrição da brincadeira em uma espécie pouco estudada, o boto cinza (Sotalia fluviatilis), em seu ambiente natural. Estudos de Psicologia. v. 7: p.165-171;2002.
9. VAGHETTI, C. A. O. Estudo do tempo de reação simples em surfistas com diferentes níveis de habilidade. Dissertação de mestrado apresentada ao programa de pós-graduação
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em Ciências do Movimento Humano da Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil, para a obtenção do título de mestre. 2003.