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Universidade de São Paulo Escola de Artes, Ciências e Humanidades Em cooperação técnica com a Escola de Administração Fazendária - ESAF A Cidade Constitucional: Capital da República São Paulo 2015

Relatorio suellen

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Universidade de São Paulo

Escola de Artes, Ciências e Humanidades

Em cooperação técnica com a Escola de Administração Fazendária - ESAF

A Cidade Constitucional: Capital da República

São Paulo

2015

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Universidade de São Paulo

Escola de Artes, Ciências e Humanidades

Suellen Sato Ide

N° USP: 7974944

A CIDADE CONSTITUCIONAL: CAPITAL DA REPÚBLICA IX

Relatório apresentado para o cumprimento

da disciplina “A Cidade Constitucional:

Capital da República IX” (ACH 3666) do

curso de Gestão de Políticas públicas.

Prof. Dr. Marcelo Arno Nerling

Prof. Dr. Douglas Roque Andrade

São Paulo

2015

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1. Introdução

O presente relatório tem o objetivo de registrar e descrever as atividades

ocorridas durante a execução da viagem didática à Brasília da disciplina “A Cidade

Constitucional: A Capital da República”, oferecida pela Escola de Artes, Ciências e

Humanidades (EACH-USP), durante o período de 05 a 11 de Setembro. No entanto, não

visa ser apenas um relato frio e técnico, uma vez que os idealizadores deste projeto

continuado – Prof. Dr. Marcelo Nerling e Prof. Dr. Douglas Andrade – sempre ratificam

a ideia de o quão necessário é a transmissão do conhecimento obtido pelos

universitários à sociedade.

Assim, a fim de atender às exigências acadêmicas e de divulgação, esse relatório

foi desenvolvido em duas partes: uma parte de relato de cunho técnico (itens 2.1 e 2.2),

com o cronograma de atividades realizadas e descritas brevemente; e outra, de relato de

cunho informal e pessoal (item 2.3), contendo os conteúdos mais marcantes durante esta

disciplina, incluindo as reflexões pessoais referentes às algumas das palestras.

A experiência proporcionada pela disciplina foi extremamente rica e espera-se

que esse relatório seja exitoso em transmitir e compartilhar a oportunidade da

aprendizagem vivenciada.

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2. A Cidade Constitucional: Capital da República

2.1 A Cidade Constitucional como disciplina de graduação

A “Cidade Constitucional: Capital da República” é uma disciplina oferecida pela

Escola de Artes Ciências e Humanidades (EACH-USP). Apesar de existir preferências

no oferecimento para os alunos dos cursos de Gestão de Políticas Públicas e Educação

Física e Saúde, a turma formada engloba praticamente todos os cursos da EACH, o que

é essencial para a proposta de inovar a extensão, ensino e pesquisa inter e

multidisciplinar. O cerne desta disciplina pode ser expresso em um trecho de Cervantes

“aquele que lê muito e anda muito, vê muito e sabe muito”, uma vez que a viagem

didática permite de fato romper as paredes da sala de aula, quebrar os muros da

universidade, as fronteiras estaduais e ter um contato intenso com a realidade. Vale

destacar também que neste ano, além do convívio entre bacharelandos de diferentes

cursos, as atividades ocorreram conjuntamente com as três universidades –

Universidade de São Paulo, Universidade Estadual de Santa Catarina e Universidade

Federal Rural de Rio de Janeiro – comprovando que, por meio da andragogia, é possível

ocorrer uma verdadeira integração acadêmica entre os discentes.

Após vivenciar essa disciplina, é possível afirmar que a missão proposta de

“facilitar o desenvolvimento da personalidade, o preparo para a cidadania e para o

mundo do trabalho”, foi devidamente cumprida. Vale destacar que esta visão está

alinhada com o artigo 205 da Constituição Federal de 1988:

“Art.205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da

família, será promovida e incentivada com a colaboração da

sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho.”

Por fim, é importante destacar que a disciplina foi contemplada pelo Prêmio de

Educação Fiscal de 2014 e está entre as cinco disciplinas mais procuradas dentro da

USP. Esse fato é de grande importância, pois, além de valorizar os docentes envolvidos,

mostra que apesar de injustiças orçamentárias e financeiras dada à “irmã caçula”, a

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EACH tem um excelente corpo docente e discente capaz de quebrar o tradicionalismo

vigente.

2.2. O programa da viagem didática

A seguir será dada uma visão geral quanto às atividades realizadas durante a viagem

didática, descrevendo os principais eixos e atividades realizados. Em relação aos relatos,

impressões pessoais e fotografias, serão mais detalhados no item 2.3.

A viagem ocorreu no período de uma semana, entre os dias 5 e 12 de outubro. O

resumo programático a seguir:

05/10 – Sábado:

Saída do expediente de São Paulo, por volta das 19 horas.

06/10 – Domingo:

Tarde:

Chegada à Brasília.

Visita guiada ao Palácio do Planalto.

Visita guiada ao Palácio do Itamaraty.

Chegada ao alojamento oferecido pela ESAF (Escola de Administração

Fazendária).

Noite:

Atividade de nivelamento e primeiras discussões referentes aos temas

“Pátria Educadora”, “Educação Fiscal” e “Sustentabilidade na Cidade

Constitucional” pelo professor Marcelo Arno Nerling, Douglas Andrade

e Sra. Raimunda de Almeida.

07/10 – Segunda: Eixo “Sustentabilidade, pátria educadora e educação fiscal, na

cidade constitucional”.

Manhã:

Visita ao Palácio da Alvorada.

Observação do desfile Cívico-Militar de Sete de Setembro.

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Noite:

Palestra “Programa Nacional de Educação Fiscal” e atividade dinâmica

ministrada no auditório da ESAF pelas professoras Fabiana Feijó de

Oliveira Baptstucci (gerente do programa de Educação Fiscal) e

Raimunda Ferreira de Almeida (diretora-geral adjunta da ESAF).

08/07 – Terça: Eixo “Educação Fiscal e Coesão Social”

Manhã:

“V Seminário USP-ESAF: A Educação Fiscal e a Sustentabilidade no

gasto público”, ministrada no auditório da ESAF.

Ministrantes:

- Fabiana Feijó de Oliveira Baptstucci (gerente do programa de

Educação Fiscal)

- Alexandre Ribeiro Motta (diretor-geral da ESAF)

- Sebastião Ruy Oliveira de Souza (diretoria de eventos e capacitação)

Tarde:

“Seminário USP-Ministério da Saúde”, ministrada na UnB:

Ministrantes:

- Roberta Amorin (analista técnica de Políticas Sociais), sobre a Política

Nacional de Saúde Pública.

- Ângelo D’Agostini Júnior (diretor do departamento de Gestão e da

Regulação do Trabalho em Saúde – DEGERTS), sobre o planejamento

e a provisão de profissionais de Saúde.

- José Santana (representante do Ministério da Saúde, médico

sanitarista), sobre os primeiros resultados do Programa Mais Médicos.

- Micheline Gomes Campos da Luz (representante do MS, da

Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição), sobre o Programa

Saúde na Escola – objetivos, estratégias e componentes.

- Kátia Godoy (representante do MS, da Coordenação Geral de

Alimentação e Nutrição), sobre a Saúde Alimentar e apresentação do

Novo Guia Alimentar para Promoção da Saúde.

- Mariana Freitas (representante do MS), sobre a Violência e Saúde.

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Noite

Palestra ministrada pelo Dr. Antônio Henrique Lindemberg Baltazar, na

Receita Federal, sobre a importância de tributo na manutenção do

Estado.

09/10 – Quarta: Eixo “Sustentabilidade e educação fiscal: a pátria educadora na

cidade constitucional”.

Manhã:

“III Seminário IPEA – USP – A gestão do conhecimento na cidade

constitucional”, ministrada no auditório da ESAF

Ministrantes:

- Paulo Mauger (diretor da Cooperação Tecnológica da ESAF),

sobre a Sustentabilidade da ESAF.

- André Zuvanov (gerente de Planejamento e Projetos

Institucionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA),

sobre a atuação e realização de pesquisas no IPEA.

- Veruska da Silva Costa (gerente do repositório do

Conhecimento do IPEA e coordenadora-adjunta da pesquisa do IPEA),

sobre a importância da inovação na gestão do conhecimento e da

ferramenta “repositório do conhecimento”.

- Almir de Oliveira Júnior (técnico de Planejamento e Pesquisa

na Diretoria de Estudos Políticos do Estado do IPEA), sobre os

resultados da pesquisa feita pelo IPEA e seu uso pelo Governo Federal.

Tarde:

Visita à Catedral de Brasília.

Palestra no Auditório do Banco Central do Brasil ministrada por Rafael

Artur Figueiredo Galeazz (coordenador nacional do Programa CAIXA

Melhores Práticas em Gestão Local), sobre a importância socioambiental

e resultados do Programa CAIXA Melhores Práticas em Gestão Local.

Palestra no Auditório do BCB ministrada por Moisés Aluízio Ferreira

Barbosa Coelho, sobre a Estratégia Nacional de Educação Financeira e

cidadania financeira.

Visita ao Museu de Valores.

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10/10 – Quinta: Eixo “Pátria educadora de direitos humanos e da participação

social na cidade constitucional”.

Manhã:

“VI Seminário USP-UnB – Tributo à Darcy Ribeiro”, na UnB.

Ministrantes:

José Geraldo de Sousa Junior (professor doutor da UnB),

apresentação do Memorial Darcy Ribeiro e introdução ao seminário

“Direito achado na Rua”.

Helga Maria Martins de Paula (doutoranda pela UnB),

apresentação do “Direito achado na Rua” e da abordagem do Direito de

Roberto Lyra.

Geraldo Neto (mestrando pela UnB), sobre os programas de

fomento à Educação em assentamentos agrários.

Argemiro Cardoso Moreira Martins (professor doutor da UnB),

sobre a necessidade da vinculação do Direito e da Democracia, e da

Reforma Política no Brasil.

Tarde:

Roda de Conversa com o Senador Temário Mota de Oliveira (PDT), no

Senado, na Secretaria de Comissão de Direitos Humanos e Legislação

Participativa.

Visita guiada ao Congresso Nacional.

Noite:

Palestra no Ministério da Justiça, ministrada pelo Dr. Beto Vasconcellos

(Secretário Nacional de Justiça), sobre o valor e a importância do jovem

na política partidária e pública; enfrentamento e o combate à corrupção e,

imigração e refúgio.

11/10 – Sexta: Eixo “Pátria Educadora e Sustentabilidade”

Manhã:

Palestra na Câmara dos Deputados, ministrada por Aldo Matos Moreno

(secretário-executivo da Comissão de Legislação Participativa) sobre o

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exercício da Democracia e sobre a transmissão de interesses da

população e a Câmara de Deputados.

Atividade participativa: Oficina de Atuação no Parlamento.

Tarde: Entrega do certificado e retorno do expediente.

12/10 – Sábado

Manhã: Chegada a São Paulo, por volta das 11 horas.

A programação desta disciplina ocorreu de forma intensa, com muito conteúdo

em curto período. No entanto, essa movimentação intensa e o comprometimento de

seguir o roteiro cuidadosamente selecionado foi uma excelente atividade de exercício de

responsabilidade.

A expedição teve a oportunidade de conhecer e conversar com os servidores

públicos dos Poderes Executivo (Representantes dos Ministérios), Legislativo (os

agentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal) e de outros servidores públicos

(professores de universidades públicas, representantes de órgãos como Caixa

Econômica Federal e IPEA). No entanto, devido a imprevistos ocorridos durante a

viagem não foi possível ter contato com o Poder Judiciário.

2.3. Relatos e memórias pessoais da viagem e da aprendizagem

O início desta disciplina foi bastante conturbado para mim. No dia 11 de Agosto,

recebi o e-mail com lista de aprovados para cursas a disciplina e lá estava o meu nome.

Participei da reunião inicial, planejei os meus compromissos para poder viajar

tranquilamente durante uma semana. No dia 3 de Setembro, dois dias antes da viagem,

recebi um e-mail com dizeres: “Lamentamos, mas com corte no orçamento e falta de

espaço físico no ônibus, a sua vaga foi cortada”. Foi terrível, pois antes desta disciplina

de Gestão de Políticas Públicas, sofri também com cortes nas aulas de campo do meu

curso de Gestão Ambiental. Mas, milagrosamente, no dia 4 de Setembro, recebi outro e-

mail, agora com boa notícia: alguns alunos iriam de avião e, assim, surgiram vagas no

ônibus.

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E então, no dia 5 de Setembro, a expedição com 1 hora e meia de atraso (devido

a problemas de trem), saiu da EACH-USP rumo à Brasília. Foi uma longa viagem de

aproximadamente 18 horas, com paradas mais ou menos a cada 3 horas.

No dia 06, Após a última parada em Cristalina (GO), finalmente chegamos.

Inevitavelmente, a primeira coisa que se nota é o clima incrivelmente quente e

seco.Depois as ruas em ótimas condiçõeso mas com poucos semáforos. A primeira

parada em Brasília foi em frente ao Congresso Nacional para caminharmos até o Palácio

do Planalto.

Na parada em Cristalina (GO), foi

possível sentir o clima seco e

quente. Eu observei também as

árvores baixas com galhos

retorcidos, característica do

cerrado.

Palácio do Planalto, a sede do Poder

Executivo da República Federativa do

Brasil. Foi uma grande emoção estar

de pé onde o rumo do meu país é

determinado. As colunas icônicas do

palácio foram projetadas por Oscar

Niemeyer, e os jardins, pelo

paisagista Roberto Burle Marx.

Na segunda foto, uma garça tentando

fisgar carpas que habitam o espelho

d’água.

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A minha primeira atividade em Brasília foi a visita pelo Palácio do Planalto.

Visitamos o primeiro andar, onde há a recepção, a portaria e o comitê de imprensa; o

segundo andar, onde há os salões Leste, Oeste, Nobre, sala de reuniões, etc; e

finalmente o terceiro andar, onde pude ver o gabinete presidencial.

Sala de Reuniões do Palácio do Planalto. No gabinete presidencial

Visão interna do gabinete. Para mim foi

difícil acreditar que eu estava em um dos

lugares mais importantes da política

nacional.

Dentre há muitas obras de arte, esta em

especial chamou a minha atenção. A obra

“Cintas”, de Haroldo Barros (1972), disposto

no Salão Nobre. Inicialmente a intenção do

artista era a obra ser interativa, com os

visitantes movendo as peças livremente. Mas,

infelizmente, o desejo do artista não se

realizou, sendo proibido que a obra seja

tocada pelos visitantes.

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Após a visita ao Planalto, fomos ao Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das

Relações Exteriores do Brasil. Assim como o Palácio do Planalto, o Itamaraty foi

projetado pelo Niemeyer.

Adentrando ao Palácio, a primeira coisa que me impressionou foi a escada

helicoidal e o jardim interno. Não possuo nenhum conhecimento arquitetônico e nem de

paisagismo, mas senti que aquilo era obra de um verdadeiro artista. O guia explicou ao

grupo que no segundo andar as fotos são proibidas por questão de segurança, exceto

uma parte do jardim. Visitei locais importantíssimos como Sala dos Tratados e Sala dos

Arcos, repletos de obras de arte e objetos históricos.

À direita, uma foto tirada durante a caminhada até

chegar ao Itamaraty. À esquerda, fotos da parte

externa do Itamaraty. É um dos meus palácios

preferidos, com pequenos jardins sob o espelho

d’água.

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A direta, duas fotos da escada helicoidaidal e à

esquerda, o jardim interno.

Na foto abaixo, a foto oficial com os participantes

da disciplina, na escada helicoidal. É interessante

notar como a expressão do monumento muda com

a presença ou não de pessoas.

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Após a visita ao Itamaraty, finalmente fomos ao alojamento da ESAF (Escola de

Administração Fazendária). Para cada quarto ficaram entre duas ou três pessoas

(homens e mulheres separados), e no meu quarto tive a oportunidade de conhecer a

Dani e a Bia, ambas do curso de Gestão de Políticas Públicas.

Depois de um breve descanso e um bom jantar, tivemos a primeira atividade

acadêmica no auditório. Foi uma atividade bem tranquila, com os professores das três

universidades participantes da Cidade Constitucional – Universidade de São Paulo,

Universidade Estadual de Santa Catarina e Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro – se apresentando, palavras de boas vindas da Sra. Raimunda de Almeida. Neste

encontro, foi discutida também a importância da Política Nacional de Educação Fiscal,

sobre o direito obrigação do cidadão e sobre a significância da disciplina Cidade

Constitucional. Apesar de as discussões serem leves e com duração relativamente curta,

tive momentos de importante reflexão quanto à questão da educação fiscal, que é, pela

definição encontrada no portal virtual do Ministério da Fazenda, “um processo que visa

a construção de uma consciência voltada ao exercício da cidadania”, com o objetivo de

“propiciar participação do cidadão no funcionamento e aperfeiçoamento dos

instrumentos de controles social e fiscal do Estado”. Após esta breve atividade, pude

refletir um pouco sobre o que é exercer plenamente a cidadania brasileira, que não é

somente exigir que os direitos sejam garantidos, mas também cumprir os deveres tais

como exigir do Estado o cumprimento das legislações, fiscalizar o governo, entre

outros.

No dia seguinte (7), acordamos muito cedo: às 4h45. Saímos para ir ao Palácio

da Alvorada, local designado como a residência oficial do(a) Presidente do Brasil.

Uma foto tirada em frente ao Palácio

da Alvorada, situado às margens do

Lago Paranoá. O conjunto da cor do

céu e do palácio antes do nascer do Sol

foi uma das paisagens mais belas que

vi durante toda a viagem.

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Deixando o Palácio da Alvorada, seguimos para a Esplanada dos Ministérios

para assistirmos ao Desfile Cívico-Militar. O evento é realizado todo ano, em

comemoração ao dia sete de setembro, dia da Independência do Brasil. Ficamos na

arquibancada verde, e após o pronunciamento da Presidenta Dilma Rousseff, o desfile

teve o seu início. Preciso relatar que, apesar de ter ficado maravilhada com o desfile,

senti um estranhamento ao ver os estudantes marchando. A marcha é um símbolo

militar, não civil; portanto, os civis não deveriam marchar... Apesar de ser um ‘pequeno

detalhe’, acredito é necessário ponderar essa diferença.

Os estudantes marchando, no início

do desfile.

As bombeiras marchando.

Após o desfile, tivemos um tempo livre. Fui até a Praça dos Três Poderes, um

local muito amplo que dá a visão dos monumentos que representam os três poderes: o

Palácio do Planalto (Executivo), o Congresso Nacional (Legislativo) e o Supremo

Tribunal Federal (Legislativo).

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Retornando à ESAF, tivemos um tempo livre para descanso. A palestra da noite

foi ministrada por Fabiana Feijó. Ela nos explicou e apresentou o tema da “Educação

Fiscal” e função do tributo. Apesar de ter pouca familiaridade com o tema, a Fabiana se

expressou de forma didática, com as músicas “Babylon” (Zeca Baleiro), “Chega”

(Gabriel o Pensador), “Hino da Cidadania” (Camargo de Maio & Tijolo) e “Eu sou

Cidadão” (Josilson Lobo). Durante a palestra, tivemos também uma dinâmica bem

interessante. Foram formados grupos misturando alunos das três universidades para

respondermos às perguntas sobre a tributação. Foi um momento de integração rica, pois

juntou pessoas não só de diferentes cursos, mas de diferentes universidades, o que não é

comum em disciplinas tradicionais.

No dia seguinte, terça-feira (8), tivemos uma ‘bateria’ de seminários. Foi um dia

muito intenso. De manhã, demos continuidade à aprendizagem sobre a Educação Fiscal

e à Política Nacional de Educação Fiscal, conhecemos também as pessoas que são

essenciais na ESAF (detalhes no item 2.2, resumo programático).

À esquerda, com a “cabeça” de Juscelino

Kubitscheck.

À direita, o mastro da Praça dos Três Poderes, com a

bandeira do Brasil.

O Sr. Alexandre Motta em seu discurso

comentou sobre o “espírito de servidor público”,

lamentando a situação atual de a profissão ser

visto apenas como uma garantia de estabilidade

financeira. O servidor deveria de ser aquele que

está disposto e comprometido a ‘servir’ ou que

está a ‘serviço’ das pessoas.

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À tarde, fomos até a UnB para o seminário USP-Ministério da Saúde. Dentre as

seis palestras ministradas, a que mais me interessou foi sobre a Saúde Alimentar. Kátia

Godoy, membro da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição, nos apresentou

como o hábito alimentar pode prevenir as doenças crônicas como a obesidade, diabete,

hipertensão, entre outras. O que mais me chamou a atenção nesta palestra foi o Guia

Alimentar que tem uma linguagem fácil, com recomendações alimentares visando à

prevenção e promoção da saúde, as orientações quanto à escolha e preparo do alimento

no dia a dia.

Após o seminário na UnB seguimos para a Receita Federal para uma palestra com

Dr. Lindemberg.

Acredito que este momento foi muito importante, como o professor Nerling e

Dr. Lindemberg comentaram, pelo fato de um órgão como a Receita Federal abrir as

portas para a sociedade. De fato, pessoalmente, eu sempre achei os órgãos

governamentais muito fechados para os cidadãos, com muita burocracia de forma a

dificultar que pessoas comuns adentrassem neles.

A palestra foi muito interessante, o Dr. Lindemberg explicou sobre o início da

discussão sobre os direitos e valores se deram na nossa sociedade, dando uma

perspectiva histórica. Ele também lançou um questionário: por que é necessária a

tributação? Ela é necessariamente ruim? Se não existir a tributação como o Estado iria

conseguir os recursos financeiros necessários para manter o Estado e a sua função? Dá

para se tributar mais?

Para estes questionários, uma colega do curso de Gestão de Políticas respondeu

uma questão, apontando sobre a não tributação sobre as terras nas áreas rurais. Isso me

Foto tirada durante a palestra o auditório

cedido pela Universidade de Brasília.

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possibilitou fazer ligações com as discussões que tive sobre as grandes propriedades

rurais e questões socioambientais que ela acarreta. Pude fazer também uma reflexão

sobre as frequentes comparações do Brasil com outros países tidos como primeiro

mundo. Seria verdade que os países de primeiro mundo não se tributam como no Brasil?

Reclamamos tanto em relação aos tributos sobre o consumo, mas o consumo em si pode

ser um medidor de qualidade de vida? Não deveria de existir consideração sobre a atual

sociedade ultraconsumista, que tem causado impactos irreversíveis ao meio ambiente e

também à vida humana?

Foi muito bom ter este tipo de discussão e reflexão, pois foi um aprendizado

precioso, tanto como uma gestora ambiental quanto como uma cidadã.

No dia seguinte, quarta-feira (9), tivemos mais um seminário na ESAF pela

manhã. O tema central foi a Gestão do Conhecimento, ministrada com os representantes

da IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).

Dr. Lindemberg à esquerda e o professor

Nerling à direita.

Uma foto tirada após a palestra

Foto tirada durante o Seminário USP-

IPEA

Teve também a presença do Sr. Mauger,

mostrando sobre como a ESAF vem se alinhando

com a questão ambiental e sustentabilidade.

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Após o seminário, visitamos a Catedral Metropolitana de Nossa Senhora

Aparecida ou simplesmente Catedral de Brasília. Algumas das fotos tiradas no local a

seguir:

Depois da visita à Catedral, fomos ao prédio da Caixa Econômica Federal.

Entrando lá, me deparei com maravilhosos vitrais inenarráveis. Cada vitral representa

um estado do país, alguns dos vitrais nas fotos abaixo:

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Após apreciar os vitrais, começamos com mais um ciclo de seminários no

auditório do Banco Central do Brasil. Foi interessante tomar conhecimento sobre os

programas como “Programa CAIXA Melhores Práticas em Gestão Local” e os

instrumentos que visam a Educação Financeira, tal como a Estratégia Nacional de

Educação Financeira e cidadania financeira.

Por fim, visitamos o Museu de Valores, onde pude ver cédulas de vários países.

Particularmente, achei curioso o fato de que os países que foram colonizadores terem

representações simbólicas de animais locais com figuras tipicamente eurocêntricas.

Foto tirada durante o seminário Na entrada do Museu de Valores

Cédulas com representações de povos nativos. Simplesmente incrível.

Page 21: Relatorio suellen

No penúltimo dia, quinta-feira (9), tivemos o “VI Seminário USP-UnB – Tributo

à Darcy Ribeiro”, no auditório da Fundação Darcy Ribeiro, carinhosamente chamada de

“Beijódromo”.

O tema central foi sobre o “Direito achado na Rua”. O que mais me interessou

foi sobre a fundação da UnB, e também porque o auditório se chama “Beijódromo”, que

foi em homenagem ao Darcy Ribeiro (importantíssimo antropólogo, famoso também

pelo documentário “Povos Brasileiros”).

O que mais foi importante para mim durante a palestra, foi a frase “Política se

faz na rua, com corpo”. Isso me fez refletir sobre a atuação política de nós mesmos, que

no meu caso, se limita muito, faltando em concretude, por ser uma pessoa que não é

ativa em “corpo” nas discussões políticas.

Área interna do Beijódromo Visão externa do Bejódromo

Durante o seminário

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A tarde, fomos ao Congresso Nacional. Conseguimos entrar no prédio após

muito estresse devido a demora para a liberação da entrada da turma. Na sala da

Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa), o Senador Telmário Mota

nos recebeu. O encontro com ele foi muito legal, pois me importo muito com as

questões indígenas e ele é um dos poucos políticos que viveu em comunidade indígena.

O Senador comentou sobre assuntos importantes como a atual crise brasileira, mas o

que mais me marcou foi a postura muito franca do Senador ao ser questionado sobre o

posicionamento das mulheres na política, por uma das colegas de obstetrícia.

Na CLP, esperando a chegada Senador Telmário

do Senador.

A atividade final do longo dia, de longos ciclos de seminário, foi uma palestra

com o secretário nacional da justiça, Beto Vasconcelos. Os temas que foram abordadas

foi : o valor e a importância do jovem na política partidária e pública; enfrentamento e o

combate à corrupção e, imigração e refúgio. No entanto, a minha concentração já estava

muito esgotada e não pude aproveitar ao máximo esta única oportunidade. Mas o que

mais absorvi foi sobre a transparência política, com a ajuda da internet. Como a

informação era usada e transmitida há 15 anos? A informação era disponível como hoje

é? O atual governo é muito mais corrupto ou a sociedade não tinha informação sobre

isso? Estas reflexões precisam ser feitas. Mas mesmo tendo as informações, sem ter a

sociedade atenta para que as informações sejam efetivamente utilizadas, de nada

adianta, assim como pilhas de livros não lidos. Mais uma vez, a palestra me fez refletir

sobre o quanto é importante que o cidadão cumpra o seu ônus como cidadão.

Page 23: Relatorio suellen

No Ministério da Justiça

No último dia em Brasília, sexta-feira (10), visitamos mais uma vez ao

Congresso Nacional, para a nossa última atividade. Desta vez, sem nenhum estresse

para entrar, fomos recebidos por Aldo Matos, secretário executivo da Comissão

Legislativa Participativa (CLP). O secretário deu uma breve introdução sobre a

Democracia e a Democracia Representativa, e depois, explicou como a CLP funciona.

Fiquei surpresa ao saber que a votação e o abaixo assinado não eram as únicas

oportunidades dadas à sociedade para participar da criação de leis (a quem interessa,

todas as informações do processo, bem como cartilhas e outros materiais estão dispostas

no portal virtual da Câmara dos Deputados, na página da CLP).

Por fim, realizamos a dinâmica, com a orientação dos assessores e gestores

(Gisele, Edson, Áurea, e Marcelo). A dinâmica consistia em simular o dia a dia de um

parlamentar. Foi uma experiência muito divertida, e ao mesmo tempo muito tensa, pois

os temas eram bastante polêmicos: descriminalização do uso da maconha, redução da

maioridade penal, volta da CPMF e ‘semi privatização’ das universidades pública.

Após a última atividade, visitamos a Torre de Rádio, e finalmente para ESAF.

Page 24: Relatorio suellen

3.Considerações finais

“Você tem vontade de Constituição?” essa foi a primeira pergunta lançada da

disciplina. Depois de muitas reflexões ao longo da viagem, digo que sim, eu tenho

vontade Constituição. Mas para isso, preciso saber os meus deveres de cidadão, e não só

saber, executá-lo. Essa foi a minha principal conclusão que tirei ao final da disciplina.

Como aluna do curso de Gestão Ambiental, tive alguns contatos com os “assuntos

políticos”, mas de forma muito limitada. Essa disciplina mudou a forma como acho que

devo tratar a Política na minha vida, mas não só isso, do prazer de discutir

saudavelmente a política com os colegas.

Agradeço profundamente todos os envolvidos que possibilitaram a realização

desta disciplina, principalmente aos professores Marcelo Nerling e Douglas Andrade.

Fotos tiradas durante a última atividade, na

CLP.