Escola Naval
Departamento de Formação da Classe de Engenheiros
Navais Ramo de Armas e Electrónica
Sistema de Telemetria Aplicado a uma Plataforma Naval
Aplicação para monitorização em tempo real dos fenómenos
decorrentes do impacto de mísseis
Nuno Alexandre Antunes Martins Pessanha Santos
Mestrado em Ciências Militares Navais
Classe de Engenheiros Navais Ramo de Armas e Electrónica
2010
Sistema de Telemetria Aplicado a uma Plataforma Naval
Aplicação para monitorização em tempo real dos fenómenos
decorrentes do impacto de mísseis
Versão Final
Escola Naval
Departamento de Formação da Classe de
Engenheiros Navais Ramo Armas e Electrónica
Sistema de Telemetria Aplicado a uma Plataforma Naval
Aplicação para monitorização em tempo real dos fenómenos
decorrentes do impacto de mísseis
Nuno Alexandre Antunes Martins Pessanha Santos
Aspirante a Oficial da Classe de Engenheiros Navais
Ramo de Armas e Electrónica
Dissertação Apresentada para Obtenção do Grau de Mestre em
Ciências Militares Navais na especialidade de Engenheiro Naval no
Ramo de Armas e Electrónica
Professor Orientador: Prof. Doutor Victor Lobo
Professor Co-Orientador: Prof. Doutor Custódio Peixeiro
2010
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval vii
AGRADECIMENTOS
A elaboração deste trabalho prolongou-se durante um longo período de tempo, onde
intervieram as mais diferentes pessoas. Estas tiveram diferentes, mas relevantes
contributos. A lista de colaboradores com intervenção neste trabalho é bastante vasta,
pelo que vou relembrar e agradecer-lhes neste espaço, destacando aqueles que foram
fundamentais e me marcaram de alguma forma. Não vou agradecer por ordem de
importância, porque para mim todos foram importantes - todas as peças de um puzzle
são essenciais para o poder terminar.
Do grupo inicial tenho a agradecer ao 2TEN ST-P Bastos Monsanto, que com os seus
largos conhecimentos de electrónica (e não só) me ensinou bastante. Por outro lado, do
2TEN ST-AEL Marques Vieira levo, principalmente, uma lição de vida e de trabalho, a
que devo grande parte da motivação que me levou a chegar até aqui, principalmente
devido à sua enorme experiência que me ensinou bastante. Um sentido muito obrigado a
estes dois camaradas e para o que precisarem cá estarei.
Ao ASPOF EN-AEL Gonçalves Capela, com o qual passei bastante tempo a trabalhar, o
que foi uma experiência enriquecedora.
Devo aqui também agradecer à oficina de máquinas da Escola Naval por todo o apoio
prestado, demonstrando sempre uma enorme prontidão nos trabalhos elaborados.
Queria também agradecer à CAF, nomeadamente, ao CTEN FZ Pinto Conde, STEN FZ
Cançado Tasanis e ao STEN FZ Neves Sobreiro, por todo o apoio que foi prestado para
a elaboração de testes durante o exercício efectuado e pelo acompanhamento prestado.
Ao Prof. Doutor Custódio Peixeiro, agradeço pela sua disponibilidade e acessibilidade,
possibilitando assim conhecer um pouco melhor o Mundo das antenas. Agradeço, ainda,
ao técnico Carlos Brito pela sua disponibilidade e auxílio na elaboração da antena
impressa desenhada.
Por fim, mas não menos importante, queria agradecer ao Prof. Doutor Victor Lobo por
todo o apoio demonstrado, pois abriu-me as portas e deu-me todas as ferramentas que
precisei para trabalhar, sendo também nele que está a origem do tema desta dissertação.
Aqui fica um sentido muito obrigado e votos de enorme sucesso pessoal e profissional.
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval ix
RESUMO
No seu treino operacional a Marinha de Guerra Portuguesa efectua exercícios de disparo
de mísseis do tipo Seasparrow contra navios desmilitarizados. Neste tipo de actividades
detectou-se a necessidade de medir o comportamento estrutural das plataformas
atingidas, sendo os parâmetros de interesse a medir os seguintes: temperatura, pressão
e movimentação em torno dos três eixos axiais nos diversos compartimentos da
plataforma atingida. Contudo também é relevante a obtenção de imagens de vídeo do
impacto e consequente explosão.
Para responder a tal necessidade procurou-se desenvolver um sistema off-the-shelf, com
baixo custo que cumprisse as exigências do cenário em estudo. Devido ao carácter sui
generis do cenário em causa e a constrangimentos operacionais, não se pode recolher os
dados directamente da plataforma, pelo que se decidiu efectuar telemetria utilizando o
protocolo IEEE 802.3 e IEEE 802.11g para possibilitar o envio a longa distância – entre o
navio alvo e o navio de monitorização.
Após adquirir o equipamento necessário para efectuar um sistema de telemetria de baixo
custo, como o conceito não se encontrava muito desenvolvido pela Marinha de Guerra
Portuguesa, foram efectuados diversos testes aos equipamentos adquiridos. Esses testes
consistiram na medição da largura de banda obtida na ligação wireless utilizada, na
aferição do desempenho nos Dataloggers adquiridos, na utilização das cameras
adquiridas, na interligação dos diversos equipamentos, determinando a taxa de
transferência necessária para a sua utilização, e testou-se exaustivamente a ferramenta
Arduino Duemilinove, procurando avaliar se este seria uma alternativa de baixo custo
viável aos Dataloggers Dataq DI-710-EL adquiridos.
Foram, no entanto, adquiridos através dos testes descritos anteriormente e de toda a
revisão teórica dados que possibilitaram aferir se o sistema a desenvolver se enquadrava
no idealizado inicialmente. Assim percebeu-se que a tecnologia eleita cumpre os
requisitos para efectuar telemetria.
Palavras-Chave: Marinha Portuguesa, Escola Naval, Telemetria, Off-the-shelf, Sensores.
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xi
ABSTRACT
In its operational training the Portuguese Navy performs live firing exercises using
Seasparrow missiles against old decommissioned ships. From this kind of activity it was
detected the need to measure the structural behavior of the platforms during the impacts.
The physical parameters of interest are basically pressure, temperature and movement
around the three axial axes in the various compartments in the sinking platform. However
it is also important to obtain video footage of the impact and from the explosion.
To meet this need and fulfill the study scenario requirements a low cost off-the-shelf
system has been developed. Due to the sui generis character of the study scenario and
from operational constrains, it was impossible to collect data directly from the platform. So
it was therefore decided to make telemetry using the IEEE 802.3 and the IEEE 802.11g
protocols to transmit data over long distances – between the target ship and the
monitoring ship.
After the acquisition of the necessary equipment to make a low cost telemetry system
several tests have been made to the equipment, because the concept is not yet very
much developed in the Portuguese Navy. Those tests consisted in the measure of the
required bandwidth in the used wireless connection, in performance measurement in the
acquired data loggers, the use of the acquired cameras, in the interconnection of the
several equipments, measuring the required throughput in its use, and was tested
exhaustively the Arduino Duemilinove tool, in the attempt to assess whether it would be a
reliable and low cost alternative to the acquired Dataq DI-710-EL data logger.
Howevwe, from the described tests and the theorical approach used, it was possible to
show that the developed system is near the idealizaed initially. So it is shown that the
chosen technology fulfill all the requirements to make telemetry.
Keywords: Portuguese Navy, Naval Academy, Telemetry, Off-the-shelf, Sensors.
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xiii
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................... vii
RESUMO .......................................................................................................................... ix
ABSTRACT ...................................................................................................................... xi
ÍNDICE ........................................................................................................................... xiii
LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... xxi
LISTA DE TABELAS .................................................................................................... xxxiii
LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................................. xxxix
LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................................ xli
1. CAPÍTULO I INTRODUÇÃO ...................................................................................... 1
1.1 ENQUADRAMENTO .......................................................................................... 1
1.2. ORGANIZAÇÂO DA TESE ................................................................................. 6
1.2.1. METODOLOGIA UTILIZADA ....................................................................... 6
1.2.2. FASE EXPLORATIVA ................................................................................. 7
1.2.3. FASE ANALÍTICA .......................................................................................11
1.2.4. FASE CONCLUSIVA ..................................................................................15
1.3. CONTRIBUIÇÕES DA TESE .............................................................................16
2. CAPÍTULO II REDES DE SENSORES E AQUISIÇÃO DE DADOS ..........................17
2.1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................17
2.2. REDES DE SENSORES....................................................................................18
2.2.1. CALIBRAÇÃO DE SENSORES ..................................................................21
2.2.2. TIPOS DE ERROS DE MEDIDA.................................................................22
2.2.3. APLICAÇÕES ACTUAIS DAS REDES DE SENSORES EM AMBIENTE
MILITAR ...................................................................................................................24
2.2.4. CONSTITUINTES DE UMA REDE DE SENSORES ...................................27
2.2.5. CARACTERÍSTICAS PRESENTES NAS REDES DE SENSORES ............27
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
xiv Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
2.2.6. ALIMENTAÇÃO DE UMA REDE DE SENSORES ..................................... 29
2.3. RECOLHA DE DADOS ..................................................................................... 30
2.3.1. CONVERSÃO A/D ..................................................................................... 31
2.3.2. GAMA DE VALORES DE ENTRADA E RESOLUÇÃO ............................... 35
2.3.3. ERROS NUM CONVERSOR A/D............................................................... 36
2.3.4. TEOREMA DA AMOSTRAGEM ................................................................. 38
2.4. CONCLUSÕES OU SÍNTESE ........................................................................... 41
3. CAPÍTULO III TELEMETRIA E PROTOCOLOS DE REDE ...................................... 43
3.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 43
3.2. TELEMETRIA.................................................................................................... 43
3.3. MODELO OSI VS MODELO TCP/IP ................................................................. 45
3.3.1. CAMADA DE APLICAÇÃO......................................................................... 46
3.3.2. CAMADA DE TRANSPORTE ..................................................................... 46
3.3.3. CAMADA DE REDE ................................................................................... 47
3.3.4. CAMADA DE LIGAÇÃO ............................................................................. 47
3.3.5. CAMADA FÍSICA ....................................................................................... 48
3.4. IEEE802.3 - ETHERNET ................................................................................... 48
3.4.1. LOGICAL LINK CONTROL (LLC)............................................................... 50
3.4.2. MEDIA ACCESS CONTROL (MAC) ........................................................... 50
3.5. A NORMA IEEE 802.11G .................................................................................. 51
3.5.1. EXISTÊNCIA DE 4 CAMADAS FÍSICAS DISTINTAS ................................ 54
3.5.2. O SUPORTE OBRIGATÓRIO DE UM SHORT PREAMBLE STYLE .......... 57
3.5.3. O ATRIBUTO DE REDE EXTENDED RATE PHYSICALS (ERP)............... 58
3.5.4. ASPECTOS DE INTEROPERABILIDADE .................................................. 59
3.5.5. O MECANISMO CTS-TO-SELF ................................................................. 59
3.5.6. O DÉBITO REAL - IEEE 802.11G .............................................................. 60
3.6. COMO ANALISAR A PERFORMANCE DE UMA REDE ................................... 61
Índice
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xv
3.6.1. INTERFERÊNCIAS EM REDES DE COMPUTADORES ............................63
3.7. SENSORES DE REDE ......................................................................................64
3.8. CONCLUSÕES OU SÍNTESE ...........................................................................66
4. CAPÍTULO IV IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA ....................................................67
4.1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................67
4.2. MATERIAL OFF-THE-SHELF UTILIZADO ........................................................67
4.2.1. ROUTER UTILIZADO .................................................................................68
4.2.2. SENSOR DE TEMPERATURA - TERMOPAR ............................................69
4.2.3. SENSOR DE PRESSÃO ............................................................................71
4.2.4. ACELERÓMETROS ...................................................................................72
4.2.5. DATALOGGER DATAQ DI-710-EL ............................................................74
4.3. FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO ARDUINO ......................................76
4.3.1. ARDUINO – PRINCÍPIOS BÁSICOS ..........................................................77
4.3.2. ARDUINO COMO DATALOGGER .............................................................80
4.3.3. SHIELD ETHERNET ......................................................................................82
4.3.4. DATAQ VS ARDUINO ....................................................................................84
4.4. AGREGADO PLANAR 4X4 DESENHADO, FABRICADO E TESTADO .............84
4.5. ANÁLISE DE UM CASO DE ESTUDO ..............................................................89
4.6. CONCLUSÕES OU SÍNTESE ...........................................................................92
5. CAPÍTULO V TRABALHO DE CAMPO E RESULTADOS ........................................93
5.1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................93
5.2. CARACTERIZAÇÃO DA CURVA DE CONVERSÃO A/D DE UM ARDUINO
DUEMILINOVE ............................................................................................................94
5.2.1. CONDIÇÕES E OBJECTIVOS DOS TESTES ............................................94
5.2.2. DESCRIÇÃO DOS TESTES EFECTUADOS ..............................................95
5.2.3. ESQUEMÁTICO UTILIZADO ......................................................................96
5.2.4. RESULTADOS OBTIDOS ..........................................................................96
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
xvi Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
5.2.5. CONCLUSÕES ........................................................................................ 103
5.3. TESTES DE TELEMETRIA A MÍSSEIS MILAN ............................................... 103
5.3.1. CONDIÇÕES E OBJECTIVOS DOS TESTES ......................................... 105
5.3.2. DESCRIÇÃO DOS TESTES EFECTUADOS ........................................... 105
5.3.3. ESQUEMÁTICO UTILIZADO ................................................................... 105
5.3.4. RESULTADOS OBTIDOS E SUA INTERPRETAÇÃO ............................. 106
5.3.5. CONCLUSÕES ........................................................................................ 116
5.4. MATLAB E ARDUINO – CAPACIDADES DE AQUISIÇÃO ............................. 118
5.4.1. CONDIÇÕES E OBJECTIVOS DOS TESTES ......................................... 119
5.4.2. DESCRIÇÃO DOS TESTES EFECTUADOS ........................................... 119
5.4.3. ESQUEMÁTICO UTILIZADO ................................................................... 121
5.4.4. RESULTADOS OBTIDOS ........................................................................ 122
5.4.5. CONCLUSÕES ........................................................................................ 127
5.5. CÂMARA DE ALTA-VELOCIDADE ................................................................. 127
5.5.1. CONDIÇÕES E OBJECTIVOS DOS TESTES ......................................... 128
5.5.2. DESCRIÇÃO DOS TESTES EFECTUADOS ........................................... 128
5.5.3. ESQUEMÁTICO UTILIZADO ................................................................... 129
5.5.4. RESULTADOS OBTIDOS ........................................................................ 129
5.5.5. CONCLUSÕES ........................................................................................ 136
6. CAPÍTULO VI CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................... 137
6.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 137
6.2. HIPÓTESES E OBJECTIVOS CUMPRIDOS ............................................... 138
6.3. RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES ......................................................... 141
6.4. LIMITAÇÕES E PROBLEMAS ENCONTRADOS ........................................ 142
7. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 145
A APÊNDICE A JORNADAS DO MAR 2008 ............................................................. 151
A.1. ARTIGO SUBMETIDO .................................................................................... 151
Índice
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xvii
A.2. TELEMETRIA UTILIZANDO A NORMA IEEE 802.11G ................................... 152
A.3. APRESENTAÇÃO EFECTUADA JORNADAS DO MAR 2008 NA ESCOLA
NAVAL .................................................................................................................... 172
B APÊNDICE B AFCEA 2009 .................................................................................... 177
B.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 177
B.2. TELEMETRY USING THE IEEE 802.11G STANDARD FOR MONITORING
TARGET SHIPS ..................................................................................................... 178
B.3. APRESENTAÇÃO EFECTUADA NA TECHNET INTERNATIONAL EM
BRUXELAS ............................................................................................................ 197
C APÊNDICE C ELABORAÇÃO E CONSTRUÇÃO DE UM AGREGADO PLANAR 4X4
200
C.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 200
C.2. RELATÓRIO I ................................................................................................. 200
C.3. RELATÓRIO II ................................................................................................ 213
C.4. RELATÓRIO III ............................................................................................... 231
C.5. RELATÓRIO IV ............................................................................................... 241
C.6. ABORDAGEM PRÁTICA À ANTENA ELABORADA ....................................... 252
C.7. APRESENTAÇÃO EFECTUADA .................................................................... 267
C.8. ABSTRACT SUBMETIDO IEEE AP-S/URSI INTERNATIONAL SYMPOSIUM
2010 - TORONTO ................................................................................................... 272
C.9. APRESENTAÇÃO IEEE AP-S/URSI INTERNATIONAL SYMPOSIUM 2010 ... 274
D APÊNDICE D TRABALHO EFECTUADO NO ÂMBITO DO ARDUINO ................... 277
D.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 277
D.2. TUTORIAL ARDUINO ..................................................................................... 278
D.3. APRESENTAÇÃO EFECTUADA .................................................................... 345
D.4. FICHA DE TRABALHO - ARDUINO ................................................................ 351
D.5. SOLUÇÕES FICHA DE TRABALHO - ARDUINO ........................................... 354
D.6. ARTIGO “INTRODUÇÃO AO ARDUINO” ........................................................ 360
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
xviii Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
D.7. ARTIGO “ARDUINO E A AQUISIÇÃO DE DADOS” ........................................ 374
D.8. ARTIGO “CÁLCULO DA FFT RECORRENDO A UM ARDUINO” ................... 379
D.9. CÓDIGO QUE SERVIU DE BASE AO ARTIGO “ARDUINO E A AQUISIÇÃO DE
DADOS” ................................................................................................................. 387
E APÊNDICE E TELEMETRIA EM EXERCÍCIO DE DISPARO DE MÍSSEIS MILAN 392
E.1. RELATÓRIO ELABORADO ............................................................................ 392
E.2. CÓDIGO MATLAB UTILIZADO ....................................................................... 404
E.3. FOTOS DA ELABORAÇÃO E TESTE............................................................. 418
F APÊNDICE F POSTERS APRESENTADOS NA ESCOLA NAVAL FRANCESA .... 421
F.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 421
F.2. TELEMETRY USING THE IEEE802.11G STANDARD, FOR MONITORING
TARGET SHIPS ..................................................................................................... 422
F.3. TELEMETRY THE EFFECTS OF MILAN MISSILES ....................................... 423
F.4. MICROSTRIP ARRAY ANTENNA FOR IEEE802.11G .................................... 424
G APÊNDICE G ESTIMAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE UMA COMUNICAÇÃO
WIRELESS USANDO REDES NEURONAIS ................................................................ 425
G.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 425
G.2. TRABALHO APRESENTADO ........................................................................ 425
G.3. ANEXOS ........................................................................................................ 437
H APÊNDICE H TESTES PRÁTICOS EFECTUADOS .............................................. 455
H.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 455
H.2. TESTE À TAXA DE AMOSTRAGEM AO NÍVEL DO UTILIZADOR ................. 455
H.3. CÓDIGO DE AQUISIÇÃO UTILIZADO – MATLAB E ARDUINO - NA
DETERMINAÇÃO DOS VALORES OBTIDOS ANTERIORMENTE ........................ 459
H.3.1. CÁLCULO DO TEMPO DE AQUISIÇÃO SÉRIE E GUARDAR EM FICHEIRO
DE TEXTO E EXCEL EM MATLAB ........................................................................ 459
H.3.2. CÁLCULO DO TEMPO DE AQUISIÇÃO TCP/IP E GUARDAR EM FICHEIRO
DE TEXTO E EXCEL EM MATLAB ........................................................................ 460
Índice
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xix
H.3.3. CÁLCULO DO TEMPO DE AQUISIÇÃO SÉRIE UTILIZANDO A FUNÇÃO
“FREAD()”, E GUARDAR EM FICHEIRO DE TEXTO E EXCEL EM MATLAB ........ 461
H.3.4. CÁLCULO DO TEMPO DE AQUISIÇÃO TCP/IP UTILIZANDO A FUNÇÃO
“FREAD()”, E GUARDAR EM FICHEIRO DE TEXTO E EXCEL EM MATLAB ........ 462
H.3.5. CÓDIGO DO ARDUINO PARA CÁLCULO DO TEMPO DE AMOSTRAGEM
............................................................................................................................... 463
H.3.6. CÓDIGO DO ARDUINO PARA DETERMINAÇÃO DO TEMPO GASTO NA
INSTRUÇÃO – SERIAL.PRINT .............................................................................. 463
H.3.7. CÓDIGO DO ARDUINO PARA DETERMINAÇÃO DO TEMPO GASTO NA
INSTRUÇÃO – SERIAL.PRINTLN .......................................................................... 464
H.3.8. CÓDIGO DO ARDUINO PARA DETERMINAÇÃO DO TEMPO GASTO NA
INSTRUÇÃO – SERVER.PRINT ............................................................................ 465
H.3.9. AQUISIÇÃO POR MATLAB DOS VALORES ENVIADOS POR SÉRIE (1000
VALORES) E ARMAZENAMENTO EM FICHEIRO EXCEL PARA POSTERIOR
CÁLCULO DA MÉDIA............................................................................................. 466
H.3.10. CÓDIGO DO ARDUINO PARA UTILIZAR EM AQUISIÇÃO SÉRIE COM A
FUNÇÃO “FREAD()” ............................................................................................... 467
H.3.11. CÓDIGO DO ARDUINO PARA UTILIZAR EM AQUISIÇÃO TCP/IP COM A
FUNÇÃO “FREAD()” ............................................................................................... 467
H.4. TESTE AO COMPORTAMENTO DO CONVERSOR A/D ............................... 468
H.4.1. CÓDIGO DO ARDUINO PARA ENVIO DO VALOR DE UM PINO
ANALÓGICO .......................................................................................................... 468
H.4.2. GRÁFICOS DO ERRO ABSOLUTO OBTIDOS PARA DIFERENTES
VALORES DE PRESCALER .................................................................................. 469
H.5. GRÁFICOS OBTIDOS UTILIZANDO O SOFTWARE BITMETER ................... 471
H.5.1. TESTES MILAN ........................................................................................... 471
H.5.2. TESTES CÂMARA DE ALTA VELOCIDADE ................................................ 473
A ANEXO A CHARACTERIZATION AND CALIBRATION OF THE ADC ON AN AVR
478
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xxi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Esquema design do método científico .............................................................. 7
Figura 2 – Representação ideal do sistema final a desenvolver ........................................ 8
Figura 3 – Esquema design fase explorativa ...................................................................11
Figura 4 – Esquema design fase analítica .......................................................................15
Figura 5 – Esquema design fase conclusiva ....................................................................15
Figura 6 – Principio de funcionamento de um transdutor .................................................18
Figura 7 – Leitura e apresentação dos dados provenientes de um sensor num display ...20
Figura 8 – Leitura e conversão A/D dos dados provenientes de um sensor para
armazenamento ou display ..............................................................................................20
Figura 9 – Hierarquia de compreensão e utilidade ...........................................................20
Figura 10 – Introdução de uma modifying input na variação da curva de calibração de um
sensor ..............................................................................................................................21
Figura 11 – Exemplo da fusão de dados provenientes de 3 sensores .............................22
Figura 12 – Analogia de um alvo com a precisão das medidas efectuadas .....................23
Figura 13 – Representação de uma distribuição Gaussiana ............................................23
Figura 14 – Exemplo de um sistema de vigilância oceânica (ocean surveillance) ............25
Figura 15 – Os três Pilares constituintes de uma rede de sensores .................................27
Figura 16 – Exemplos de várias gerações de sensores ...................................................28
Figura 17 – Esquemático da situação operacional ...........................................................29
Figura 18 – Esquemático simplificado da rede de sensores a implementar .....................29
Figura 19 – Diagrama do esquema de um sistema de comunicações (Esquema geral) ..30
Figura 20 – Esquema de blocos de um conversor A/D (ADC) ..........................................32
Figura 21 – Representação de um quantizador uniforme de 3 bits ..................................33
Lista de Figuras
xxii Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 22 – Representação do ruído de entrada de um conversor A/D ........................... 33
Figura 23 – Representação do comportamento ideal de um ADC, face à existência de
ruído de entrada .............................................................................................................. 34
Figura 24 – Representação do comportamento de um conversor A/D mal desenhado ... 34
Figura 25 – Sinal de entrada amostrado com uma taxa de amostragem 2 vezes a sua
frequência ....................................................................................................................... 35
Figura 26 – Sinal de entrada amostrado com uma taxa de amostragem 8 vezes a sua
frequência ....................................................................................................................... 36
Figura 27 – Exemplo de erros de Offset positivos (A) e negativos (B) ............................. 36
Figura 28 – Exemplo de erro em Ganho positivo (A) e negativo (B) ................................ 37
Figura 29 – Exemplo de erros DNL (A) e exemplo de erro INL (B) .................................. 38
Figura 30 – Exemplo de um sinal limitado na sua banda ................................................. 38
Figura 31 – Transformada de Fourier de um sinal amostrado respeitando o teorema da
amostragem .................................................................................................................... 39
Figura 32 – Exemplo de aliasing ..................................................................................... 39
Figura 33 – Exemplo de aliasing numa função do tipo seno ............................................ 40
Figura 34 – Exemplo de filtro passa-baixo (antialiasing filter) aplicado para evitar a
ocorrência de aliasing ..................................................................................................... 40
Figura 35 – Diagrama de blocos para um sistema de telemetria ..................................... 44
Figura 36 – Recriação do esboço original efectuado por Metcalfe do standard de internet
10 Base 5 ........................................................................................................................ 48
Figura 37 – Modelo de referência TCP/IP - Exemplo de Implementação ......................... 48
Figura 38 – Dois exemplos de utilização da norma IEEE 802.3 ....................................... 49
Figura 39 – Relação do modelo OSI com a norma IEEE 802.3 ....................................... 49
Figura 40 – Representação de uma ligação full-duplex ................................................... 50
Figura 41 – Representação de uma ligação half-duplex .................................................. 50
Figura 42 – O espectro de frequências utilizado pela norma IEEE 802.11 ...................... 52
Figura 43 – Frequency Hopping Spread Spectrum (FHSS) ............................................. 52
Lista de Figuras
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xxiii
Figura 44 – Representação do funcionamento do Direct Sequence Spread Spectrum
(DSSS) ............................................................................................................................53
Figura 45 – Uso da técnica CCK para a transmissão do Preâmbulo/Cabeçalho
(Preamble/Header) e para os dados constituintes da comunicação (Payload) ................54
Figura 46 – Uso da técnica OFDM para a transmissão do Preâmbulo/Cabeçalho
(Preamble/Header) e para os dados constituintes da comunicação (Payload) ................55
Figura 47 – Uso da técnica DSSS/PBCC para a transmissão híbrida do
Preâmbulo/Cabeçalho (Preamble/Header) e para os dados constituintes da comunicação
(Payload) .........................................................................................................................55
Figura 48 – Uso da técnica DSSS - OFDM para a transmissão híbrida do
Preâmbulo/Cabeçalho (Preamble/Header) e para os dados constituintes da comunicação
(Payload) .........................................................................................................................55
Figura 49 – Elementos obrigatórios e opcionais da norma IEEE 802.11g ........................55
Figura 50 – Representação das múltiplas portadoras utilizando a técnica de OFDM (A) .56
Figura 51 – Representação das múltiplas portadoras utilizando a técnica de OFDM (B) .56
Figura 52 – Representação da portadora na técnica CCK ...............................................57
Figura 53 – (a) RTS/CTS e (b) CTS-to-self ......................................................................60
Figura 54 – Topologia de rede básica a utilizar ................................................................64
Figura 55 – Sensor com componente para comunicar em rede .......................................65
Figura 56 – Imagem de um router Linksys WRT54GS (versão 7) ....................................69
Figura 57 – Representação do princípio de Seebeck .......................................................69
Figura 58 – Representação do princípio de Seebeck .......................................................70
Figura 59 – Termopar adquirido modelo JQSS-IM15E-300 .............................................70
Figura 60 – Representação da constituição do sensor de temperatura adquirido ............72
Figura 61 – Representação da construção do elemento principal de um sensor capacitivo
........................................................................................................................................73
Figura 62 – Modelo simplificado de um acelerómetro capacitivo .....................................73
Figura 63 – Representação do PGA presente no Datalogger Dataq DI-710-EL ...............74
Figura 64 – Representação do PGA presente no Datalogger Dataq DI-710-EL ...............75
Lista de Figuras
xxiv Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 65 – Datalogger Dataq DI-710-EL ........................................................................ 75
Figura 66 – Representação de um Arduino Duemilinove ................................................. 77
Figura 67 – Representação dos constituintes principais de um Arduino Duemilinove ...... 79
Figura 68 – Representação do funcionamento do Prescaler do microcontrolador
ATmega168 ..................................................................................................................... 81
Figura 69 – Shield Ethernet ............................................................................................. 82
Figura 70 – Chip Ethernet Wiznet 5100 ........................................................................... 83
Figura 71 – Representação do agregado planar 4x4 desenvolvido ................................. 85
Figura 72 – Representação das medições efectuadas em camera anecóica .................. 86
Figura 73 – Agregado de elementos quadrados impressos de 4x4 ................................. 86
Figura 74 – Medição experimental do S11 utilizando um VNA .......................................... 87
Figura 75 – Representação para motivos de estudo do piso de um navio ....................... 89
Figura 76 – Aparato experimental utilizado nos testes de caracterização do conversor A/D
........................................................................................................................................ 96
Figura 77 – Forma de onda utilizada para determinar o erro absoluto ............................. 99
Figura 78 – Forma de onda utilizada para determinar o erro absoluto ............................. 99
Figura 79 – Alvo utilizado durante o exercício de disparo de mísseis MILAN (visto de trás)
...................................................................................................................................... 103
Figura 80 – Alvo utilizado durante o exercício de disparo de mísseis MILAN (visto de lado)
...................................................................................................................................... 104
Figura 81 – Esquema do alvo e disposição dos sensores utilizada ............................... 104
Figura 82 – Míssil MILAN .............................................................................................. 104
Figura 83 – Aparato experimenta MILAN para apenas um equipamento ....................... 106
Figura 84 – Aparato experimental MILAN para mais do que um equipamento .............. 106
Figura 85 – Leitura de 1 Arduino e 1 Datalogger utilizando o software BitMeter ............ 115
Figura 86 – Leitura de 1 Arduino e 1 Datalogger utilizando o software BitMeter ............ 115
Figura 87 – Esquemático utilizado para os testes ao tempo de conversão A/D e tempo de
envio por série ............................................................................................................... 121
Lista de Figuras
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xxv
Figura 88 – Esquemático utilizado para os testes ao tempo de envio por Ethernet ........ 121
Figura 89 – Representação esquemática das dimensões óptimas do vídeo .................. 128
Figura 90 – Aparato experimental utilizado para testes à camera de alta-velocidade .... 129
Figura 91 – A equipa inicial GEBA constituída por 4 elementos ..................................... 151
Figura 92 – Esquema geral de ligações ......................................................................... 153
Figura 93 – Zona de Fresnel .......................................................................................... 155
Figura 94 – Sinal na placa Intel Pro ............................................................................... 157
Figura 95 – Sinal na placa Intel PRO medido pelo NetStumbler .................................... 157
Figura 96 – Configuração de firmware do router ............................................................ 158
Figura 97 - Configuração de firmware do router ............................................................. 158
Figura 98 – Diagrama de irradiação das antenas Ferimex utilizadas ............................. 160
Figura 99 – Nível médio de sinal router ......................................................................... 162
Figura 100 – Nível de ruído router ................................................................................. 162
Figura 101 – Nível médio de sinal amplificador (com ATT= 6dB) ................................... 163
Figura 102 – SWR da antena 1 ...................................................................................... 163
Figura 103 – SWR da antena 2 ...................................................................................... 163
Figura 104 – Esquema de teste da resposta de antenas ............................................... 164
Figura 105 – Esquema para medição da largura de banda ............................................ 167
Figura 106 – Entrega do prémio em Bruxelas durante a conferência Technet International
...................................................................................................................................... 177
Figura 107 – Durante a 1ª parte da apresentação ......................................................... 177
Figura 108 – Durante a refeição com o Comodoro inglês Robert Howell ....................... 177
Figura 109 – Rectangular Planar Plot simulação 1 ........................................................ 202
Figura 110 – 3D Pattern Plot (A) simulação 1 ................................................................ 203
Figura 111 – 3D Pattern Plot (B) simulação 1 ................................................................ 203
Figura 112 – Rectangular Planar Plot simulação 2 ........................................................ 204
Figura 113 – 3D Pattern Plot (A) simulação 2 ................................................................ 205
Lista de Figuras
xxvi Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 114 – 3D Pattern Plot (B) simulação 2 ................................................................ 205
Figura 115 – Rectangular Planar Plot simulação 3 ........................................................ 206
Figura 116 – 3D Pattern Plot (A) simulação 3 ................................................................ 207
Figura 117 – 3D Pattern Plot (B) simulação 3 ................................................................ 207
Figura 118 – Rectangular Planar Plot simulação 4 ........................................................ 208
Figura 119 – 3D Pattern Plot (A) simulação 4 ................................................................ 209
Figura 120 – 3D Pattern Plot (B) simulação 4 ................................................................ 209
Figura 121 – Rectangular Planar Plot simulação 5 ........................................................ 210
Figura 122 – 3D Pattern Plot (A) simulação 5 ................................................................ 211
Figura 123 – 3D Pattern Plot (B) simulação 5 ................................................................ 211
Figura 124 – Adaptador de ..................................................................................... 214
Figura 125 – Esquema da simulação 1 ......................................................................... 216
Figura 126 – Diagrama do parâmetro S ........................................................................ 217
Figura 127 – Diagrama do parâmetro Z ......................................................................... 217
Figura 128 – Carta de Smith de impedâncias ................................................................ 217
Figura 129 – Diagrama cartesiano representando o ganho e a componente E – theta .. 218
Figura 130 – Diagrama de radiação tridimensional ........................................................ 218
Figura 131 – Esquema da simulação 2 ......................................................................... 219
Figura 132 – Diagrama do parâmetro S ........................................................................ 220
Figura 133 – Diagrama do parâmetro Z ......................................................................... 220
Figura 134 – Carta de Smith de impedâncias ................................................................ 220
Figura 135 – Diagrama cartesiano representando o ganho e a componente E – theta .. 221
Figura 136 – Diagrama de radiação tridimensional ........................................................ 221
Figura 137 – Esquema da simulação 3 ......................................................................... 222
Figura 138 – Diagrama do parâmetro S ........................................................................ 223
Figura 139 – Diagrama do parâmetro Z ......................................................................... 223
Figura 140 – Carta de Smith de impedâncias ................................................................ 223
Lista de Figuras
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xxvii
Figura 141 – Diagrama cartesiano representando o ganho e a componente E – theta .. 224
Figura 142 – Diagrama de radiação tridimensional ........................................................ 224
Figura 143 – Esquema da simulação 4 .......................................................................... 225
Figura 144 – Diagrama do parâmetro S ......................................................................... 226
Figura 145 – Diagrama do parâmetro Z ......................................................................... 226
Figura 146 – Carta de Smith de impedâncias ................................................................ 226
Figura 147 – Diagrama cartesiano representando o ganho e a componente E – theta .. 227
Figura 148 – Diagrama de radiação tridimensional ........................................................ 227
Figura 149 – Esquema da simulação 6 .......................................................................... 228
Figura 150 – Esquema pormenorizado da simulação 6 ................................................. 229
Figura 151 – Diagrama do parâmetro S ......................................................................... 229
Figura 152 – Diagrama do parâmetro Z ......................................................................... 230
Figura 153 – Carta de Smith de impedâncias ................................................................ 230
Figura 154 – Adaptador de ..................................................................................... 232
Figura 155 – Esquema da simulação ............................................................................. 233
Figura 156 – Diagrama do parâmetro S ......................................................................... 234
Figura 157 – Diagrama do parâmetro Z (Re) .................................................................. 234
Figura 158 – Diagrama do parâmetro Z (Im) ................................................................... 234
Figura 159 – Carta de Smith de impedâncias ................................................................ 235
Figura 160 – Diagrama cartesiano representando o ganho e a componente E – theta .. 235
Figura 161 – Diagrama cartesiano representando o ganho e a componente E – Phi ..... 235
Figura 162 – Distribuição de correntes no elemento ...................................................... 236
Figura 163 – Diagrama de radiação tridimensional ( ......................... 236
Figura 164 – Diagrama de radiação tridimensional ( ......................... 236
Figura 165 – Diagrama de radiação tridimensional ( ........................... 237
Figura 166 – Diagrama de radiação tridimensional ( ..................... 237
Figura 167 – Diagrama de radiação tridimensional ( ....................... 237
Lista de Figuras
xxviii Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 168 – Modelo desenhado em AutoCAD (Medidas em ) ............................... 239
Figura 169 – Modelo 3D desenhado em AutoCAD (Ilustrativo) ...................................... 240
Figura 170 – Modelo 3D desenhado em AutoCAD (Ilustrativo) ...................................... 240
Figura 171 – Adaptador de ..................................................................................... 241
Figura 172 – Esquema da simulação ............................................................................ 243
Figura 173 – Diagrama do parâmetro S ........................................................................ 243
Figura 174 – Diagrama do parâmetro Z (Re).................................................................. 244
Figura 175 – Diagrama do parâmetro Z (Im) .................................................................. 244
Figura 176 – Carta de Smith de impedâncias ................................................................ 244
Figura 177 – Diagrama cartesiano representando o ganho e a componente E – theta .. 245
Figura 178 – Diagrama de radiação tridimensional ( ............................ 245
Figura 179 – Diagrama de radiação tridimensional ( .......................... 245
Figura 180 – Diagrama de radiação tridimensional ( ........................ 246
Figura 181 – Diagrama do parâmetro S ........................................................................ 247
Figura 182 – Diagrama do parâmetro Z (Re).................................................................. 247
Figura 183 – Diagrama do parâmetro Z (Im) ................................................................. 247
Figura 184 – Carta de Smith de impedâncias ................................................................ 248
Figura 185 – Diagrama cartesiano representando o ganho e a componente E – theta .. 248
Figura 186 – Diagrama de radiação tridimensional ( ...................... 248
Figura 187 – Diagrama de radiação tridimensional ( ........................ 249
Figura 188 – Diagrama de radiação tridimensional ( .......................... 249
Figura 189 – Diagrama de radiação tridimensional ( ............................ 249
Figura 190 – Modelo desenhado em AutoCAD (Medidas em ) ............................... 251
Figura 191 – Modelo 3D desenhado em AutoCAD (Apenas Ilustrativo) ......................... 252
Figura 192 – Foto durante a limpeza da placa de substrato .......................................... 253
Figura 193 – Foto da estufa utilizada ............................................................................. 253
Figura 194 – Foto da antena elaborada 1 ...................................................................... 254
Lista de Figuras
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xxix
Figura 195 – Verificação da temperatura da estufa ........................................................ 254
Figura 196 – Utilização de um superstrato à base de folhas de papel autocolante ........ 254
Figura 197 – Testes à constante dieléctrica do superstrato feito à base de folhas de papel
autocolante .................................................................................................................... 254
Figura 198 – Antena na camera anecóica ...................................................................... 255
Figura 199 – Durante as medições na camera anecóica do IST .................................... 255
Figura 200 – Esquema da utilização de um superstrato ................................................. 256
Figura 201 – Esquema da utilização de um superstrato feito de folhas de papel
autocolante .................................................................................................................... 257
Figura 202 – Representação da técnica de efectuar um stub ou slot ............................. 260
Figura 203 – Utilização de um superstrato com as mesmas características do substrato
utilizado ......................................................................................................................... 263
Figura 204 – Demonstração da dimensão e ..................................................... 264
Figura 205 – Arduino Duemilinove ................................................................................. 279
Figura 206 – Arduino Mega............................................................................................ 279
Figura 207 – Exemplo de uma montagem utilizando um microprocessador ................... 280
Figura 208 – Exemplo de um microcontrolador com algumas das funcionalidades
possíveis ........................................................................................................................ 281
Figura 209 – Diagrama de blocos de um microcontrolador ATMega168 ........................ 281
Figura 210 – Representação esquemática do Arduino Duemilinove .............................. 283
Figura 211 – Exemplo de sinal PWM ............................................................................. 284
Figura 212 – Representação de um impulso PWM ........................................................ 285
Figura 213 – Imagem da parte superior do site oficial do Arduino .................................. 287
Figura 214 – Imagem da parte superior do site oficial do Arduino. ................................. 288
Figura 215 – – Conteúdo da pasta que contém o Software de desenvolvimento Arduino
...................................................................................................................................... 288
Figura 216 – Esquema de um FTDI ............................................................................... 288
Figura 217 – Software de desenvolvimento Arduino ...................................................... 289
Lista de Figuras
xxx Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 218 – Botão para compilar o Sketch elaborado .................................................. 289
Figura 219 – Botão para efectuar uploading .................................................................. 289
Figura 220 – Esquema da fase de desenvolvimento de uma aplicação - Ciclo de
desenvolvimento ........................................................................................................... 290
Figura 221 – Esquema da fase de desenvolvimento de uma aplicação ......................... 290
Figura 222 – Imagem da parte superior do site oficial do Arduino ................................. 290
Figura 223 – Representação de um servomotor ............................................................ 326
Figura 224 – Representação de um servomotor de posição mais pormenorizada ......... 327
Figura 225 – Representação de uma comunicação série assíncrona ............................ 332
Figura 226 – Representação de uma comunicação série síncrona ............................... 332
Figura 227 – Representação possível de um Hello World utilizando o “Processing” ...... 337
Figura 228 – Alguns exemplos criados utilizando o “Processing” .................................. 337
Figura 229 – Constituintes de um conversor A/D ........................................................... 338
Figura 230 – Exemplo de aliasing ................................................................................. 339
Figura 231 – ADC Prescaler .......................................................................................... 340
Figura 232 – Representação de um triângulo rectângulo .............................................. 353
Figura 233 – Representação esquemática de um Arduino Duemilinove ........................ 353
Figura 234 – Arduino Diecimilia ..................................................................................... 361
Figura 235 – Representação de um Arduino Diecimilia em desenho ............................. 361
Figura 236 – Créditos do software open-source utilizado no Arduino ............................ 363
Figura 237 – Representação do ambiente de desenvolvimento .................................... 364
Figura 238 – Representação da constituição do código ................................................ 364
Figura 239 – Representação das baud rates aceitadas pelo software de desenvolvimento
Arduino .......................................................................................................................... 366
Figura 240 – Representação da ligação de um led aos pinos de entrada de um Arduino
...................................................................................................................................... 368
Figura 241 – Representação da ligação de um LDR a uma breadboard ....................... 370
Figura 242 – Representação de uma ligação física USB ............................................... 372
Lista de Figuras
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xxxi
Figura 243 – Representação do botão serial monitor existente no software de
desenvolvimento Arduino ............................................................................................... 372
Figura 244 – Representação do da variação do duty cicle de um sinal .......................... 373
Figura 245 – Representação de um shield zigbee e Ethernet ........................................ 374
Figura 246 – Exemplo de um sinal em que ocorreu aliasing .......................................... 375
Figura 247 – Conteúdo do registo ADCSRA .................................................................. 376
Figura 248 – Sistema de aquisição desenvolvido .......................................................... 397
Figura 249 – Esquemático simplificado do exercício realizado ...................................... 397
Figura 250 – – Esquemático simplificado da colocação dos sensores ........................... 397
Figura 251 – Esquemático utilizado na aquisição de imagens da camera de alta-
velocidade ..................................................................................................................... 398
Figura 252 – Esquemático simplificado da colocação das cameras utilizadas ............... 398
Figura 253 – Esquema do sistema de aquisição por wireless ........................................ 399
Figura 254 – Esquema do sistema de aquisição de um PC de registo montado no alvo 400
Figura 255 – Montagem das caixas de protecção .......................................................... 418
Figura 256 – Caixas de protecção construídas e respectivos Arduinos ......................... 418
Figura 257 – Local de disparo dos mísseis MILAN ........................................................ 418
Figura 258 – Efeito de carga focal ................................................................................. 419
Figura 259 – Alvo após impacto ..................................................................................... 419
Figura 260 – Montagem do inversor na viatura de apoio ............................................... 419
Figura 261 – Termopar depois de instalado no alvo ...................................................... 420
Figura 262 – Equipa presente no dia do exercício ......................................................... 420
Figura 263 – Aparato montado no alvo .......................................................................... 420
Figura 264 – Esquemático dos testes ............................................................................ 426
Figura 265 – Representação do firmware DD-WRT e do software BitMeter ................... 427
Figura 266 – Representação dos dados retirados .......................................................... 427
Figura 267 – Testes Efectuados .................................................................................... 428
Lista de Figuras
xxxii Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 268 – Representação de um dos routers utilizado para testes ........................... 428
Figura 269 – Janela inicial do NFTOOL ......................................................................... 431
Figura 270 – Treino da Rede Neuronal ......................................................................... 431
Figura 271 – Exportação do código MatLab .................................................................. 431
Figura 272 – Representação do código Matlab efectuado ............................................. 432
Figura 273 – Interface gráfica desenvolvida .................................................................. 433
Figura 274 – Previsão efectuada ................................................................................... 434
Figura 275 – Previsão efectuada (gráficos de treino) .................................................... 434
Figura 276 – Leitura do Datalogger utilizando o software BitMeter ................................ 471
Figura 277 – Leitura de 3 Arduinos utilizando o software BitMeter ................................ 471
Figura 278 – Leitura da webcam utilizando o software BitMeter .................................... 472
Figura 279 – Leitura de 1 Arduino + 1 Webcam + 1 Datalogger utilizando o software
BitMeter ......................................................................................................................... 472
Figura 280 – Dados obtidos no teste 1 em live utilizando o software BitMeter ............... 473
Figura 281 – Dados obtidos no teste 1 em stream utilizando o software BitMeter ......... 473
Figura 282 – Dados obtidos no teste 2 em live utilizando o software BitMeter ............... 474
Figura 283 – Dados obtidos no teste 2 em stream utilizando o software BitMeter ......... 474
Figura 284 – Dados obtidos no teste 3 em live utilizando o software BitMeter ............... 475
Figura 285 – Dados obtidos no teste 3 em stream utilizando o software BitMeter ......... 475
Figura 286 – Dados obtidos no teste 4 em live utilizando o software BitMeter ............... 476
Figura 287 – Dados obtidos no teste 4 em stream utilizando o software BitMeter ......... 476
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xxxiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Exemplos de sensores típicos e as suas saídas ............................................19
Tabela 2 – Exemplos de aplicações militares ..................................................................25
Tabela 3 – Exemplos de aplicações não militares ............................................................26
Tabela 4 – Características passíveis de configuração numa rede de sensores ...............27
Tabela 5 – Os sensores ontem e hoje .............................................................................28
Tabela 6 – Modelo de referência OSI ..............................................................................45
Tabela 7 – Modelo de referência TCP/IP .........................................................................46
Tabela 8 – Parâmetros das diferentes camadas físicas da norma IEEE802.11g .............58
Tabela 9 – Parâmetros físicos para diferentes cenários de comunicação ........................58
Tabela 10 – Representação da taxa efectiva IEEE 802.11 ..............................................61
Tabela 11 – Material adquirido para a constituição do sistema final .................................68
Tabela 12 – Algumas das características mais relevantes do firmware - DD-WRT ..........68
Tabela 13 – Gama de temperatura e limites de erro nos vários tipos de termopares
existentes ........................................................................................................................70
Tabela 14 – Pacotes obtidos no pedido de identificação e respectiva resposta ...............76
Tabela 15 – Relação entre modelo de Arduino e o microcontrolador utilizado .................78
Tabela 16 – Tabela comparativa entre os três modelos de microcontrolador utilizados ...78
Tabela 17 – Características apresentadas por um Arduino Duemilinove .........................79
Tabela 18 – Conteúdo do registo ADCSRA .....................................................................81
Tabela 19 – Conteúdo do registo ADCSRA .....................................................................81
Tabela 20 – Representação da velocidade de conversão teórica esperada .....................82
Tabela 21 – Inferências que se podem fazer pelas indicações luminosas presentes no
shield Ethernet .................................................................................................................83
Lista de Tabelas
xxxiv Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Tabela 22 – Dataq vs Arduino Duemilinove + shield Ethernet ......................................... 84
Tabela 23 – Vantagens e desvantagens da tecnologia microstrip ................................... 84
Tabela 24 – Requisitos para a antena direccional ........................................................... 85
Tabela 25 – Principais características do agregado (Experimental vs Simulado) ............ 88
Tabela 26 – Valores obtidos para os pinos 5V,3,3V e Vin do Arduino Duemilinove .......... 97
Tabela 27 – Valores do relógio de entrada do conversor A/D obtidos experimentalmente
...................................................................................................................................... 101
Tabela 28 – Resultados obtidos na leitura de 2 Arduinos (em simultâneo) utilizando um
browser ......................................................................................................................... 106
Tabela 29 – Resultados obtidos na leitura de 1 Datalogger utilizando o seu software
proprietário .................................................................................................................... 108
Tabela 30 – Número de canais analógicos máximos em função do protocolo de
transmissão escolhido ................................................................................................... 109
Tabela 31 – Resultados obtidos na leitura de 3 Arduinos utilizando um browser ........... 109
Tabela 32 – Resultados obtidos na leitura de 1 Webcam utilizando o seu software
proprietário .................................................................................................................... 111
Tabela 33 – Resultados obtidos na leitura de 1 Webcam, 1 Datalogger e 1 Arduino ..... 113
Tabela 34 – Resumo dos resultados obtidos experimentalmente .................................. 118
Tabela 35 – Tempos de conversão A/D obtidos experimentalmente ............................. 122
Tabela 36 – Taxas de amostragem obtidas dependendo do valor de prescaler ............ 122
Tabela 37 – Diferença entre a taxa de amostragem obtida experimentalmente. e a
teoricamente esperada .................................................................................................. 122
Tabela 38 – Tempos totais da aquisição e envio com diferentes taxas de amostragem e
baud rates ..................................................................................................................... 124
Tabela 39 – Taxas de amostragem obtidas na leitura e envio de dados por série ......... 124
Tabela 40 – Tempos totais da aquisição e envio por Ethernet....................................... 124
Tabela 41 – Taxas de amostragem obtidas na leitura e envio de dados por Ethernet ... 125
Tabela 42 – Taxas de amostragem obtidas na leitura, envio de dados por série e leitura
Matlab ........................................................................................................................... 125
Lista de Tabelas
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xxxv
Tabela 43 – Taxas de amostragem obtidas na leitura, envio de dados por Ethernet e
leitura Matlab ................................................................................................................. 125
Tabela 44 – Diferenças entre as taxas de amostragem finais por série (115 200) e
Ethernet ......................................................................................................................... 126
Tabela 45 – Resumo dos resultados obtidos ................................................................. 126
Tabela 46 – Configurações utilizadas nos testes efectuados à camera de alta-velocidade
...................................................................................................................................... 129
Tabela 47 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em live na configuração de teste 1
...................................................................................................................................... 130
Tabela 48 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em stream na configuração de teste
1 .................................................................................................................................... 130
Tabela 49 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em live na configuração de teste 2
...................................................................................................................................... 131
Tabela 50 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em stream na configuração de teste
2 .................................................................................................................................... 132
Tabela 51 – Estimativa da taxa de transferência necessária nas condições de teste 1 e 2
...................................................................................................................................... 132
Tabela 52 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em live na configuração de teste 3
...................................................................................................................................... 133
Tabela 53 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em stream na configuração de teste
3 .................................................................................................................................... 133
Tabela 54 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em live na configuração de teste 4
...................................................................................................................................... 134
Tabela 55 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em stream na configuração de teste
4 .................................................................................................................................... 134
Tabela 56 – Estimativa dos dados que iriam circular na rede em 60 minutos no teste 1 e 2
...................................................................................................................................... 135
Tabela 57 – Frequências da norma IEEE 802.11g ......................................................... 159
Tabela 58 – Configurações de antenas ......................................................................... 164
Tabela 59 – Características pretendidas para a antena ................................................. 201
Lista de Tabelas
xxxvi Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Tabela 60 – Dados utilizadas na simulação 1 ................................................................ 202
Tabela 61 – Valores obtidos na simulação 1 ................................................................. 203
Tabela 62 – Dados utilizadas na simulação 2 ................................................................ 204
Tabela 63 – Valores obtidos na simulação 2 ................................................................. 205
Tabela 64 – Dados utilizadas na simulação 3 ................................................................ 206
Tabela 65 – Valores obtidos na simulação 3 ................................................................. 207
Tabela 66 – Dados utilizadas na simulação 4 ................................................................ 208
Tabela 67 – Valores obtidos na simulação 4 ................................................................. 209
Tabela 68 – Dados utilizadas na simulação 5 ................................................................ 210
Tabela 69 – Valores obtidos na simulação 5 ................................................................. 211
Tabela 70 – Parâmetros de dimensionamento .............................................................. 214
Tabela 71 – Valores para efectuar o adaptador de 325 para 50 ............................. 215
Tabela 72 – Valores para efectuar o adaptador de 325 para 100 ........................... 215
Tabela 73 – Valores para efectuar o adaptador de 50 para 100 ............................. 215
Tabela 74 – Valores para efectuar o adaptador de 25 para 100 ............................. 216
Tabela 75 – Parâmetros da simulação 1 ....................................................................... 216
Tabela 76 – Parâmetros da simulação 2 ....................................................................... 219
Tabela 77 – Parâmetros da simulação 3 ....................................................................... 222
Tabela 78 – Parâmetros da simulação 4 ....................................................................... 225
Tabela 79 – Parâmetros da simulação 5 ....................................................................... 228
Tabela 80 – Parâmetros da simulação .......................................................................... 232
Tabela 81 – Valores para efectuar o adaptador de 309 para 100 ........................... 232
Tabela 82 – Valores para efectuar o adaptador de 50 para 150 ............................. 232
Tabela 83 – Valores para efectuar o adaptador de 50 para 100 ............................. 232
Tabela 84 – Valores para efectuar o adaptador de 75 para 100 ............................. 233
Tabela 85 – Parâmetros da simulação 5 ....................................................................... 233
Tabela 86 – Resultados obtidos .................................................................................... 238
Lista de Tabelas
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xxxvii
Tabela 87 – Parâmetros do dimensionamento ............................................................... 241
Tabela 88 – Valores para efectuar o adaptador de 75 para 150 ............................. 242
Tabela 89 – Valores para efectuar o adaptador de 75 para 100 ............................. 242
Tabela 90 – Parâmetros da simulação 1 ........................................................................ 242
Tabela 91 – Parâmetros da simulação 2 ........................................................................ 246
Tabela 92 – Valores obtidos variando a constante dieléctrica de um superstrato de
espessura 0,5 mm ......................................................................................................... 257
Tabela 93 – Valores obtidos variando a constante dieléctrica de um superstrato de
espessura 0,3 mm ......................................................................................................... 258
Tabela 94 – Valores obtidos variando o valor de Ls com Ws = 2 mm .............................. 260
Tabela 95 – Valores obtidos variando o valor de Ls com Ws = 4 mm .............................. 262
Tabela 96 – Quantidade de memória disponível em cada modelo de microcontrolador . 282
Tabela 97 – Utilização dada pelo Arduino (utilizador) aos diversos tipos de memória ... 283
Tabela 98 – Pinout disponível - Arduino Duemilinove .................................................... 284
Tabela 99 – Modos de configuração da referência analógica ........................................ 286
Tabela 100 – Condições possíveis ................................................................................ 295
Tabela 101 – Condições possíveis do parâmetro “modo” .............................................. 318
Tabela 102 – Conteúdo do registo ADCSRA ................................................................. 340
Tabela 103 – Conteúdo do registo ADCSRA ................................................................. 341
Tabela 104 – Valores possíveis de Clock de entrada no ADC ....................................... 341
Tabela 105 – Valore obtidos na conversão A/D ............................................................. 343
Tabela 106 – Combinações possíveis do registo ADCSRA ........................................... 376
Tabela 107 – Quantidades de memória disponíveis ...................................................... 379
Tabela 108 – Combinações possíveis (Registo ADCSRA)............................................. 382
Tabela 109 – Tempo de conversão A/D obtido .............................................................. 382
Tabela 110 – Taxa de amostragem obtida ..................................................................... 383
Tabela 111 – Tempo total dispendido (Cálculo FFT+ADC) ............................................ 385
Lista de Tabelas
xxxviii Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Tabela 112 – Tempo total dispendido para 6 entradas .................................................. 386
Tabela 113 – Lista de material e respectivo estado após utilização .............................. 403
Tabela 114 – Dados obtidos após calcular a respectiva média ..................................... 430
Tabela 115 – Resultados obtidos na previsão efectuada ............................................... 435
Tabela 116 – Dados utilizados no treino da rede neuronal ............................................ 454
Tabela 117 – Tempo apenas da conversão A/D de acordo com o seu factor de divisão -
Prescaler ....................................................................................................................... 455
Tabela 118 – Tempo de conversão A/D mais o envio através da instrução “Serial.print”
...................................................................................................................................... 456
Tabela 119 – Tempo de conversão A/D mais o envio através da instrução “Serial.println”
...................................................................................................................................... 456
Tabela 120 – Tempo de conversão A/D mais o envio através da instrução “Server.print”
...................................................................................................................................... 456
Tabela 121 – Tempo de conversão A/D + o envio através da instrução “Serial.print” + a
aquisição Matlab ........................................................................................................... 457
Tabela 122 – Tempo de conversão A/D + o envio através da instrução “Serial.println” + a
aquisição Matlab ........................................................................................................... 457
Tabela 123 – Tempo de conversão A/D + o envio através da instrução “Server.print” + a
aquisição Matlab ........................................................................................................... 457
Tabela 124 – Tempo médio da instrução “Server.print” com e sem pedido por um browser
...................................................................................................................................... 458
Tabela 125 – Tempo médio na aquisição por Matlab em série e TCP/IP ...................... 458
Tabela 126 – Tempo médio na instrução “Serial.print” e “Serial.println” - A ................... 458
Tabela 127 – Tempo médio na instrução “Serial.print” e “Serial.println” – B .................. 458
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xxxix
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Saída vs Pressão diferencial .........................................................................72
Gráfico 2 – Coeficiente de reflexão teórico e obtido experimentalmente ..........................87
Gráfico 3 – Coeficiente de reflexão teórico e obtido experimentalmente ..........................88
Gráfico 4 – Coeficiente de reflexão teórico e obtido experimentalmente ..........................89
Gráfico 5 – Representação dos dois primeiros níveis de quantização num conversor A/D
ideal .................................................................................................................................97
Gráfico 6 – Representação gráfica das 100 amostras obtidas com um valor de tensão de
20 mV ..............................................................................................................................97
Gráfico 7 – Representação do erro de offset obtido .........................................................98
Gráfico 8 – Curva de conversão A/D obtida com um factor de prescaler de 2 ............... 100
Gráfico 9 – Comparação da curva de conversão A/D com um factor de prescaler de 2 e a
ideal ............................................................................................................................... 100
Gráfico 10 – Comparação da curva de conversão A/D com um factor de prescaler de 128
e a ideal ......................................................................................................................... 101
Gráfico 11 – Comparação da curva de conversão A/D com um factor de prescaler de 8 e
a ideal ............................................................................................................................ 102
Gráfico 12 – Comparação da curva de conversão A/D com um factor de prescaler de 4 e
a ideal ............................................................................................................................ 102
Gráfico 13 – Nível de sinal recebido .............................................................................. 164
Gráfico 14 – SNR ........................................................................................................... 165
Gráfico 15 – Capacidade do canal ................................................................................. 165
Gráfico 16 – Comparação de SNR entre routers ............................................................ 166
Gráfico 17 – Relação sinal ruído nos routers ................................................................. 168
Gráfico 18 - Nível de sinal recebido ............................................................................... 169
Lista de Gráficos
xl Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Gráfico 19 – Taxa de transferência ............................................................................... 169
Gráfico 20 – Tempos de latência ................................................................................... 170
Gráfico 21 – Coeficiente de reflexão teórico e o obtido experimentalmente................... 255
Gráfico 22 – Gráfico obtido variando a constante dieléctrica de um superstrato de
espessura 0,5 mm ......................................................................................................... 257
Gráfico 23 – Gráfico obtido variando a constante dieléctrica de um superstrato de
espessura 0,3 mm ......................................................................................................... 258
Gráfico 24 – Gráfico obtido variando a constante dieléctrica de um superstrato de
espessura 0,3 mm ......................................................................................................... 259
Gráfico 25 – Valores obtidos com o valor de Ls igual a + 1 mm e – 1 mm com Ws = 2 mm
...................................................................................................................................... 261
Gráfico 26 – Valores obtidos com o valor de Ls igual a + 5 mm e – 5 mm com Ws = 2 mm
...................................................................................................................................... 261
Gráfico 27 – Valores obtidos com o valor de Ls igual a 1 mm e 5 mm com Ws =
4 mm ............................................................................................................................. 262
Gráfico 28 – Variação do parâmetro S11 com a variação do tamanho do stub ............... 263
Gráfico 29 – Relação entre a largura do stub e frequência de ressonância ................... 263
Gráfico 30 – Relação entre o corte efectuado e o parâmetro S11 obtido ........................ 264
Gráfico 31 – Relação entre o corte e a frequência de ressonância ................................ 264
Gráfico 32 – Relação entre o corte e a largura de banda .............................................. 265
Gráfico 33 – Padrão de radiação da antena elaborada.................................................. 265
Gráfico 34 – Ganho Experimental vs Teórico da antena elaborada ............................... 266
Gráfico 35 – Curva de conversão A/D obtida para um factor de prescaler de 2 ............. 469
Gráfico 36 – Curva de conversão A/D obtida para um factor de prescaler de 4 ............. 470
Gráfico 37 – Curva de conversão A/D obtida para um factor de prescaler de 16 ........... 470
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval xli
LISTA DE ABREVIATURAS
et al. (et aliae) : e outros (para pessoas)
e.g. (exempli gratia): por exemplo
etc.(et cetera): e outros (para coisas)
i.e. (id est): i.e.
sui generis único no seu género
“Não se pode ensinar tudo a alguém, pode-se
apenas ajudá-lo a encontrar por si mesmo.”
Galilleu Galilei
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 1
1. CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1.1 ENQUADRAMENTO
No seu plano de actividades operacionais, a Marinha de Guerra Portuguesa (MGP)
participa em exercícios nacionais e internacionais em que é efectuado o disparo de
mísseis contra alvos reais. Durante este tipo de prática podem e devem ser efectuadas
algumas questões, tais como:
O que acontece no interior dos compartimentos durante e após o embate de um
míssil?
Quais as suas implicações nos compartimentos adjacentes ao do impacto?
Em caso da presença humana num compartimento, quais os efeitos que se
podem esperar no corpo humano?
Serão os procedimentos operacionais utilizados, os mais correctos para este tipo
de fenómeno?
Quanto tempo demoraria a propagação dos efeitos provenientes do embate de um
míssil entre os compartimentos adjacentes?
Estas questões, tal como muitas outras que poderiam ser também elaboradas,
demonstram-se de uma grande importância no contexto técnico-militar, não se lhe dando
muitas vezes a devida atenção. Ao ser respondidas, podem trazer enormes benefícios,
revelando informações importantes, quer para o desenvolvimento de conhecimentos no
âmbito da construção naval, mais especificamente no comportamento estrutural dos
navios, quer para o fabricante do armamento conhecer o real poder destrutivo da sua
arma e até mesmo para se conhecer o efeito no corpo humano. Podendo mesmo originar
uma doutrina a ser utilizada para maior segurança das pessoas embarcadas nas
plataformas navais e, assim, contribuir para o desenvolvimento da doutrina naval.
Para encontrar as respostas a estas questões é então necessário conhecer os
fenómenos resultantes do impacto de um míssil numa plataforma naval. Pelo que surge a
necessidade de fazer telemetria, utilizando para esse efeito uma rede de sensores –
sensores de pressão, temperatura, acelerómetros - e efectuar captura de vídeo, que
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
2 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
possibilite a recolha de dados e imagem no interior e exterior do alvo para posterior
análise, bem como a sua transmissão.
Deve-se assegurar que a transmissão de dados é efectuada em tempo real, o que se
apresenta como uma tarefa árdua, devido à situação particular em estudo. Por outro lado,
a análise dos dados não deve ser descuidada, uma vez que é essencial para validar as
conclusões retiradas.
O tema desta dissertação de mestrado surge no seguimento de um pedido da Direcção
de Navios (DN) – Órgão de Direcção Técnica da Marinha – à Escola Naval (EN), onde
solicitou o desenvolvimento do sistema atrás descrito. Mais especificamente, aplicando-o
ao estudo do impacto de disparos de mísseis do tipo Seasparrow1, utilizados pela MGP
contra alvos reais. Existindo assim o interesse actual da MGP no desenvolvimento de um
sistema baseado em telemetria que possa monitorizar os fenómenos decorrentes do
impacto de um míssil numa plataforma naval.
A palavra telemetria, conceito no qual se baseia este estudo, tem origem Grega e resulta
da conjugação da palavra tele (= remota) com a palavra metron (= medida).
Normalmente, é associado à implementação de um sistema que permita fazer o controlo
de parâmetros (metron) de uma forma remota (tele), através de uma tecnologia de
comunicação sem fios. Mas a comunicação de rede sem fios é apenas uma parte de todo
um sistema, não podendo descuidar-se a implementação necessária da rede de sensores
e a posterior análise de todos os dados obtidos.
No âmbito da comunicação sem fios - wireless -, o IEEE2 estabeleceu a norma IEEE
802.11 (Olexa, 2005, p. 7-13), que determina um padrão a seguir neste tipo de rede. Esta
norma encontra-se compilada num standard3 elaborado pelo IEEE, definindo assim todo
o seu conceito de operação e as suas principais características.
Uma das versões disponíveis da norma IEEE 802.11 é designada por IEEE 802.11g4
(Carney, 2002, p.1-3), sendo claro que a letra (neste caso a letra g) define a versão da
norma a considerar. A última destas normas é largamente aplicada a nível mundial, já
1 Seasparrow é um míssil superfície – ar com um alcance máximo de 10 milhas náuticas (≈19 km),
estes equipam as fragatas das classes Vasco da Gama e Bartolomeu Dias pertencentes à Marinha de Guerra Portuguesa.
2IEEE é o acrónimo para Instituto de Engenheiros Electricistas e Electrónicos (Institute of Electrical
and Electronics Engineers), que nos dias de hoje é normalmente referenciada apenas pelo seu acrónimo IEEE. 3 O principal objectivo da elaboração de um standard é permitir que vários equipamentos que
corram o mesmo protocolo possam ser ligados entre si, independentemente do seu fabricante. 4 IEEE 802.11g é a norma utilizada para especificar os requisitos para dispositivos que
possibilitam uma comunicação até 54 Mbps na faixa dos 2,4 GHz.
Capitulo I – Introdução
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 3
que tem enormes potencialidades na aplicação doméstica, podendo esta tecnologia ser
adquirida em qualquer loja comum (o que é sem dúvida um factor muito importante a ter
em conta).
Nos dias de hoje, existe já um draft5 da norma IEEE 802.11n, que permite, teoricamente6,
taxas de transferência de dados aproximadamente 2,6 vezes maiores do que a sua irmã,
a IEEE 802.11g. A IEEE 802.11n, apesar de já comercializada, não está tão largamente
difundida e a sua utilização não é tão usual como a IEEE 802.11g, pelo que para a
realização desta dissertação, se irá considerar esta última norma, de forma a ter um
melhor acesso aos componentes tecnológicos implicados. O que não implica que o
estudo corrente não possa ser também aplicado na utilização da norma IEEE 802.11n,
devendo, apenas, para tal efectuar as devidas adaptações.
A norma IEEE 802.11g pode caracterizar-se nos dias de hoje pela necessidade de um
investimento diminuto (componentes de baixo custo) e pelos seus componentes
tecnológicos estarem constantemente em evolução. A necessidade de conseguir um
desempenho melhor e mais rápido leva à evolução constante deste tipo de normas, bem
como as características da tecnologia disponível no mercado para a sua implementação.
Ao utilizar uma norma para estabelecer um padrão de comunicação entre o hardware e
software disponível no mercado, é possível empregar material de diferentes fabricantes e
proceder mais rapidamente ao upgrade, modificação e/ou reparação dos sistemas a
utilizar para efectuar telemetria. Como norma comercial, a IEEE 802.11g não está
desenhada directamente para aplicação em ambiente bélico, nem terá tido
desenvolvimento visando esse objectivo, tornando-se necessário neste projecto encontrar
a melhor forma de a implementar, dadas as especificidades do fenómeno de estudo.
Como foi referido anteriormente, no desenrolar desta introdução, existem outros factores
a ter em conta, não só a comunicação wireless a efectuar. A criação de uma rede de
sensores, normalmente associada ao conceito de multisensor data fusion7 (Liggins, Hall e
Llinas, 2009, p. 1 e 2), mostra-se de grande importância. Neste conceito é necessário
reunir a informação de variadíssimos tipos de sensores, tendo de saber precisamente a
sua localização, pois para fazer a correcta interpretação dos valores obtidos essa é uma
das condições vitais. Outra condição que se revela de grande importância, é fazer com
5 Ao utilizar a expressão draft espera dar-se uma ideia de algo que ainda está em
desenvolvimento, apesar de se poder encontrar já em utilização. 6 É muito importante ter em consideração que é impossível obter os valores teoricamente
esperados, servindo estes para ter uma ideia da gama de valores que se poderá obter. 7 Multisensor data fusion tem como objectivo efectuar a fusão de dados de variadíssimos
sensores, normalmente com o objectivo de retratar um fenómeno específico.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
4 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
que a arquitectura da localização dos sensores seja fiável, ou seja, é necessário garantir
que a sua arquitectura assenta num modelo robusto e eficaz, fazendo com que os dados
sejam transmitidos de forma eficiente e em tempo real. Por fim, a fiabilidade é o que
devemos procurar não só na localização dos sensores, mas na elaboração global do
sistema em questão.
A comunicação entre o hardware de recolha de dados (Datalogger), que vai possibilitar
adquirir os dados provenientes dos sensores, e o módulo de envio vai ser efectuada
utilizando o protocolo IEEE 802.3 (Ethernet). Esta norma permite teoricamente taxas de
transferência de dados de aproximadamente 100 Mbps, havendo já a Gigabit Ethernet
que permite taxas de transferência de aproximadamente 1 Gbps (Edwards e Bramante,
2009, p. 249). Este último protocolo vai ser utilizado apenas para transmissão de imagens
de vídeo, utilizando uma camera de alta velocidade.
Uma das dificuldades de implementação de uma rede de sensores, utilizando um
protocolo de rede, prende-se com a escolha da melhor arquitectura a utilizar. Podem no
entanto surgir também outras dificuldades como: a redundância a utilizar, os gastos
energéticos da rede, o número de pacotes perdidos, erros nos pacotes enviados na rede
entre muitos outros factores a ter em conta. Estes devem ser abordados tendo em conta
o objectivo final do sistema e situação particular a que se destinam, devendo garantir um
rendimento mínimo aceitável.
Como o afundamento de plataformas navais utilizando mísseis – cenário de aplicação do
sistema a elaborar – não é comum em telemetria, existe a necessidade de conseguir
determinar a gama de valores que se pretende medir e, por consequência, qual o tipo de
sensor indicado para o espectro de valores a observar, pois um sensor adequado para
uma gama muito grande de valores não possibilita uma grande resolução a pequenas
variações. Para retratar um fenómeno com algum rigor é necessário ter uma resolução
mínima, tendo em conta o caso específico em estudo. Assim esta questão terá de ser
respondida ao longo deste trabalho em virtude de definir a gama de operação dos
sensores em função do valor máximo a medir e da resolução pretendida. Pelo que será
necessário recorrer à Direcção de Navios e, por conseguinte, a alguns especialistas em
armamento para saber que valores esperar e, assim, construir um sistema mais
adequado. Ou seja, quanto mais adaptado ao nosso cenário de estudo melhor em termos
de qualidade dos dados obtidos.
Após uma breve descrição do sistema pretendido para o cenário em causa, da
importância das redes de sensores, da importância da análise dos dados e de ter a noção
Capitulo I – Introdução
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 5
dos valores esperados (temperatura, pressão entre outros), é importante também referir
que o objectivo deste trabalho é construir um sistema de custo reduzido (normalmente
designado por off-the-shelf8), devendo demonstrar-se uma solução robusta, capaz de
efectuar a recolha dos dados em tempo real e de forma fiável. Posteriormente, e após o
seu correcto planeamento e construção, não poderá haver lugar a falhas e dever-se-á
submeter o sistema a diversas condições de teste, com vista a aferir o seu
comportamento em situações reais.
No sentido de responder da melhor forma à solicitação da DN, a problemática descrita
anteriormente deu origem a duas teses de mestrado complementares. Uma delas
centrou-se na configuração do sistema de transmissão de dados via wireless e a
segunda, que aqui se apresenta, centrou-se na configuração do sistema de aquisição de
dados através do protocolo IEEE 802.3 e correspondente envio por wireless utilizando o
protocolo IEEE 802.11g.
Finalmente, deve referir-se que com vista a melhor cumprir os objectivos delineados,
seguiu-se neste estudo um método científico dividido em três fases – explorativa,
analítica e conclusiva. Na primeira fase estruturou-se o projecto, definindo os limites do
problema em estudo, as questões de investigação, os objectivos, os conhecimentos e as
competências a adquirir, as hipóteses a estudar para se conseguir um maior rendimento
do sistema construído e as metodologias a seguir. Na segunda fase, efectuou-se a
revisão do estado da arte, que permitiu fundamentar a escolha dos equipamentos a
adquirir, bem como a interpretação dos resultados dos seus testes. Após adquirir
sensores, camera de alta-velocidade, camera IP e equipamento de aquisição de dados,
estes foram testados de forma a garantir que se adaptariam da melhor forma aos
requisitos exigidos pela especificidade do cenário no qual o sistema se viria a aplicar. Na
terceira e última fase, procedeu-se à confirmação das hipóteses, verificação dos
objectivos alcançados ao cruzar os resultados dos testes com os conhecimentos
adquiridos, culminando nas conclusões e recomendações finais.
8 Nome atribuído ao material - hardware ou software - já desenvolvido e com venda livre ao
público em qualquer loja física ou virtual (e.g. loja na internet).
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
6 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
1.2. ORGANIZAÇÂO DA TESE
Esta tese está organizada em seis capítulos distintos, que procuram evidenciar todo o
trabalho que foi elaborado acerca desta temática.
No capítulo I além de ser efectuado um enquadramento ao tema de estudo é delineada a
linha de acção deste estudo, referindo assim as diversas fases que foram seguidas neste
estudo.
No capítulo II é efectuada uma revisão do estado da arte sobre redes de sensores e
sobre aquisição de dados, dando especial ênfase aos tipos de erros existentes nos sinais
adquiridos por sensores e aos erros introduzidos pelo conversor A/D. Neste capítulo é
também dedicado um sucapítulo ao teorema de amostragem, subcapítulo este que se
demonstra de enorme importância no cenário e estudo.
No capítulo III é efectuada uma revisão do estado da arte sobre o conceito de telemetria
e sobre os protocolos de rede utilizados (IEEE 802.3 e IEEE 802.11g), proporcionando
assim uma base teórica para compreender o seu funcionamento. Neste capítulo também
é dedicado um subcapítulo às formas de analisar a performance de uma rede,
proporcionando assim uma base teórica a algumas das ferramentas utilizadas nos testes
efectuados.
O capítulo IV é totalmente dedicado ao material utilizado, especificando assim os seus
princípios de funcionamento. Neste capítulo também são explicadas as modificações
efectuadas ao material adquirido e algumas das características mais importantes de cada
equipamento.
No capítulo V são abordados os testes efectuados para quantificar qual a performance
apresentada pelos diversos constituintes do sistema, procurando juntamente com a
informação que se encontra em apêndice chegar às conclusões que se encontram
descritas no capítulo VI e último. Neste último capítulo é efectuada uma conclusão a todo
o trabalho desenvolvido, indicando também as limitações encontradas e algumas
sugestões para trabalho futuro.
1.2.1. METODOLOGIA UTILIZADA
O problema central deste estudo baseia-se na necessidade de efectuar telemetria, de
forma a conhecer os fenómenos que ocorrem durante o afundamento de uma plataforma
naval quando atingida por mísseis do tipo Seasparrow. Assim definiu-se um método
Capitulo I – Introdução
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 7
científico que garantisse a maior fiabilidade e conclusões válidas, estruturado de forma a
elaborar um sistema off-the-shelf de baixo custo com o maior rendimento possível, que
seja capaz de transmitir dados no contexto em estudo.
O método científico utilizado divide-se em três fases diferentes tendo cada uma delas
uma diferente função no estudo (Sarmento, 2008, p. 7-9.) A primeira fase designou-se
como explorativa, no seu âmbito definiu-se o problema em estudo, as questões de
investigação, os objectivos, os conhecimentos e competências a adquirir, as hipóteses a
estudar para se conseguir um maior rendimento do sistema construído e as metodologias
a seguir nas diferentes fases do estudo. Na segunda fase - fase analítica -, procedeu-se à
recolha de dados, através de uma metodologia de investigação explorativa no que
concerne aos fundamentos teóricos e com uma metodologia de investigação
demonstrativa, que permite o desenvolvimento de um sistema através do
desenvolvimento de técnicas, ferramentas e materiais mais adequados. Na terceira fase,
a fase final, designada por conclusiva, procedeu-se à confirmação das hipóteses,
verificação dos objectivos alcançados que culminaram nas conclusões e recomendações.
Figura 1 – Esquema design do método científico
1.2.2. FASE EXPLORATIVA
Nesta fase, como já foi referido estruturou-se a questão em estudo nesta dissertação de
mestrado, definindo o problema, as questões relevantes e os objectivos. Foram, ainda,
definidos os conhecimentos e competências a adquirir, bem como as hipóteses a
considerar (Sarmento, 2008, p. 7).
Fase Explorativa
Fase Analítica
Fase Conclusiva
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
8 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Este estudo surge na sequência de uma solicitação de um órgão técnico da Marinha -
Direcção de Navios - à Escola Naval, onde sugeria o desenvolvimento de um sistema
capaz de efectuar telemetria para recolha de dados durante o afundamento de uma
plataforma militar naval quando atingida por mísseis Seasparrow, que permitisse
conhecer os fenómenos que surgem no interior do navio, em termos de variação da
temperatura, pressão e movimentação em torno dos eixos axiais sofrida pela plataforma
naval.
Assim esta temática deu origem a dois estudos, uma vez que o sistema se basearia na
aquisição de dados através de sensores e a sua transmissão por wireless - com a
configuração visível na Figura 2. Um dos estudos centralizou-se no sistema de
transmissão de dados através de comunicação wireless a grandes distâncias e o estudo
que aqui se apresenta desenvolveu a configuração do sistema de aquisição de dados
adequado ao contexto do estudo - sensores de temperatura, pressão e acelerómetros,
camera de alta velocidade, webcams e equipamento de aquisição de dados -, que
permitisse através de equipamentos off-the-shelf de baixo custo construir um sistema
com elevado rendimento.
Sensores
Sensores
Sensores
Câmara
Datalogger
Router Router
Wireless Bridge Link
Computador
Navio Alvo Navio de Monitorização
Redundância
Figura 2 – Representação ideal do sistema final a desenvolver
Assim, para responder ao objectivo principal desta dissertação de mestrado foram
colocadas diversas questões, entre elas:
Qual a possibilidade de efectuar telemetria no afundamento de uma plataforma
naval, utilizando equipamento off-the-shelf?
Quais serão os parâmetros a medir?
Capitulo I – Introdução
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 9
Qual a tecnologia a utilizar nas ligações entre Datalogger e módulo wireless?
Qual a melhor tecnologia e protocolo a utilizar na ligação wireless?
Qual o equipamento de aquisição de dados com a melhor qualidade preço?
O equipamento de aquisição adquirido tem uma taxa de amostragem
suficientemente elevada para retratar o fenómeno em estudo?
Qual o material a adquirir para o sistema - sensores, camera de alta velocidade,
equipamento de aquisição de dados - tendo em vista as condições sui generis?
Estes permitem teoricamente retratar o fenómeno com exactidão?
Será que a sua temperatura de operação do sistema se enquadra no fenómeno a
monitorizar?
Qual o comportamento do Arduino Duemilinove como conversor A/D?
Qual a taxa de transferência necessária para o envio de dados provenientes de
equipamento de aquisição de dados?
Quantos equipamentos poderão estar ligados em simultâneo, tendo em vista a
utilização de um protocolo IEEE 802.3 e transmissão por wireless – IEEE 802.11g
– numa fase final?
Existe largura de banda suficiente à distância operacional considerada
(aproximadamente de 6 milhas náuticas) para a transferência de imagens pelas
cameras adquiridas – camera de alta-velocidade e webcams?
Deverá existir uma redundância à transmissão wireless, alimentação dos
equipamentos e ligações entre equipamentos (topologia de rede redundante)?
Baseando esta análise em valores reais o material adquirido é adequado às
condições sui generis do fenómeno a registar?
Definiu-se, ainda, os conhecimentos e competências a adquirir para responder da melhor
forma aos objectivos definidos anteriormente:
Fundamentos teóricos sobre redes de sensores;
Erros na resposta proveniente de sensores;
Importância da calibração de sensores;
Aplicações actuais das redes de sensores em ambiente militar;
Constituintes e características habituais de uma rede de sensores;
Necessidades de operação mais comuns em redes de sensores;
Fundamentos de conversão de analógico para digital (conversão A/D);
Gama de valores de entrada/resolução de um conversor A/D;
Erros associados à conversão de analógico para digital;
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
10 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Conceito de taxa de amostragem e teorema da amostragem;
Conceito básico de telemetria;
Análise do protocolo IEEE802.3 e IEEE 802.11g;
Formas de analisar eficazmente a performance de uma rede, nomeadamente o
uso de software apropriado para o efeito;
Utilização de sensores em rede;
Conhecimentos teóricos e práticos sobre os sensores e hardware de aquisição a
adquirir para o sistema de aquisição de dados;
Conhecimentos de programação em linguagem Matlab, nomeadamente na
aquisição de dados utilizando comunicação série e TCP/IP;
Conhecimentos de programação e operação com a placa de desenvolvimento
Arduino.
Na revisão do estado da arte - no âmbito dos tópicos anteriores - de forma a retirar
conclusões válidas, definiu-se uma metodologia qualitativa, onde se pretende conhecer o
processo, através de análise documental de registos organizacionais, relatórios,
normativos, estudos e outras publicações (Sarmento, 2008, p. 5). Podendo assim
construir uma base teórica que sustente as hipóteses, que de seguida se apresentam.
Nesta fase inicial de estruturação, definiram-se hipóteses a validar através de testes aos
equipamentos adquiridos, recorrendo a uma metodologia demonstrativa, foi possível
verificar se o sistema de aquisição de dados escolhido se adequa ao cenário em questão,
através da exploração das ferramentas e materiais a utilizar:
Utilização de Arduino em substituição do Datalogger Dataq DI -710-EL, como
ferramenta de aquisição de dados provenientes dos sensores, considerando a
dicotomia qualidade/preço;
Determinar quais as larguras de banda dos equipamentos adquiridos -
equipamentos de aquisição e cameras -, de forma a garantir que a largura de
banda máxima das ligações Ethernet e wireless a utilizar não são excedidas,
comprometendo assim o sistema;
Definir se a utilização do software de aquisição de dados Matlab se adequa à
situação de estudo;
Determinar se é possível efectuar comunicação a 6 milhas náuticas com o
equipamento adquirido;
Determinar como a posição relativa entre as duas antenas adquiridas pode
influenciar a transmissão;
Capitulo I – Introdução
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 11
Utilização do sistema desenvolvido num cenário real, ou seja, analisar a
performance do sistema desenvolvido num caso real.
Figura 3 – Esquema design fase explorativa
1.2.3. FASE ANALÍTICA
Nesta segunda fase do estudo, designada como analítica, concretizou-se o definido na
fase anterior, no que concerne à revisão do estado da arte e à confirmação das hipóteses
através de testes aos equipamentos escolhidos com base nas competências adquiridas
durante a revisão do estado da arte (Sarmento, 2008, p. 7 e 8).
Após a concretização da revisão do estado da arte e já com competências adquiridas,
procedeu-se à escolha da tecnologia, do material e das ferramentas necessárias para
concretizar o sistema de aquisição de dados. Escolheram-se então as tecnologias
wireless - IEEE 802.11g - para transmissão de dados a longas distâncias e Ethernet -
IEEE 802.3 - para aquisição de dados a partir dos sensores, camera de alta velocidade,
equipamentos de aquisição de dados – Arduino e Datalogger e software de aquisição de
dados. Assim baseou-se a escolha na contraposição entre os parâmetros presentes nas
características técnicas e os que se sabiam necessários para o sistema de aquisição de
dados funcionar no contexto.
A tecnologia wireless, aqui escolhida para a transmissão de dados a uma longa distância,
ou seja, navio monitorizado e estação de monitorização deve a sua selecção ao facto de
estar largamente difundida nas utilizações domésticas e ser comercializada a baixo custo.
Por sua vez, a tecnologia Ethernet foi escolhida para a transmissão dos dados para a
unidade de transmissão devido à sua elevada interoperabilidade com a tecnologia
wireless escolhida, o seu baixo custo e grande flexibilidade de utilização nos vários
contextos.
Fase Explorativa
Problema
Questões Relevantes
Objectivos
Conhecimentos a Adquirir
Metodologias a Utilizar nas Fases Seguintes
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
12 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
No que concerne aos equipamentos de aquisição de dados, optou-se por adquirir dois
diferentes – com preços e parâmetros técnicos distintos. Assim, adquiriu-se o Arduino
Duemilinove e o Datalogger Dataq DI-710-EL, cujos custos de aquisição são bastante
díspares, bem como as suas taxas de amostragem, quantidade de entradas analógicas
entre outros parâmetros. Contudo ambos partilham contextos como o facto de conseguir
uma ligação Ethernet - IEEE.802.3, sendo que no Arduino Duemilinove ainda é
necessário recorrer a um shield Ethernet (Ver subcapítulo 4.3.3.), com vista a dar-lhe esta
potencialidade. Embora se soubesse à partida que o Datalogger adquirido possuía
características técnicas que se adaptavam mais ao sistema pretendido, o seu preço
elevado punha em causa o objectivo de construir um sistema de baixo custo. Pelo que se
adquiriu também o Arduino, com características técnicas mais modestas, mas que em
termos monetários era bastante mais apetecível, baixando grandemente o custo geral do
sistema. Perante esta dualidade entre equipamentos, foi necessário realizar testes que
permitissem assegurar que o equipamento escolhido fosse o mais viável no que concerne
à relação qualidade/preço e garantisse o rendimento necessário.
Por final, escolheram-se os sensores a utilizar, bem como a camera de alta-velocidade e
cameras IP (webcams). Dos disponíveis no mercado, optou-se por aqueles que com base
nas suas características técnicas permitissem medir temperatura e pressão, filmar e
quantificar a movimentação em torno dos três eixos axiais dos fenómenos espectáveis na
situação específica do estudo, tendo em conta a relação entre a gama de valores
mensuráveis pelos respectivos sensores e o seu custo.
Seguidamente, de forma a garantir que a performance do material adquirido correspondia
às suas especificações técnicas e para definir parâmetros não quantificados, optou-se
por efectuar testes, que permitiram também responder às hipóteses colocadas na fase
anterior.
Para a aquisição e tratamento da informação durante os testes, foi necessário encontrar
dois softwares distintos. Para a análise do tráfego de rede, consideraram-se dois
softwares do tipo packet sniffer: Wireshark e OmniPeek (ver subcapítulo 3.6.). Contudo
devido à sua capacidade de elaborar relatórios estatísticos, autonomamente, sobre os
dados recolhidos, permitindo uma mais fácil análise através de gráficos e tabelas, foi
utilizado maioritariamente o software OmniPeek. Por sua vez, para possibilitar algum
tratamento da informação foi escolhido o software BitMeter, devido à sua capacidade
para elaborar de forma gráfica relatórios estatísticos de parâmetros da rede,
nomeadamente, sobre os parâmetros de download e upload utilizados durante a ligação.
Capitulo I – Introdução
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 13
Procurou-se também efectuar testes para decidir entre a utilização do Datalogger ou do
Arduino, o que permitiu através dos valores encontrados verificar se o Arduino pode
substituir o Datalogger adquirido, como solução mais em conta monetariamente.
1.2.3.1. 1º TESTE
Efectuar a caracterização da curva de conversão A/D de um Arduino Duemilinove,
segundo a metodologia definida no subcapítulo 5.2. Este teste procura assim demonstrar
e quantificar experimentalmente os erros existentes na conversão A/D, podendo estes
influenciar a fiabilidade dos resultados.
1.2.3.2. 2º TESTE
Determinar a taxa de transferência necessária para a camera IP e dos equipamentos de
aquisição – Arduino e Datalogger – durante a aquisição de dados provenientes de
sensores, de forma a garantir que a taxa de transferência máxima teórica do protocolo
IEEE 802.3 e IEEE 802.11g não é excedida, comprometendo o sistema – subcapítulo 5.3.
1.2.3.3. 3º TESTE
Este teste consistiu na determinação da taxa de amostragem de um Arduino Duemilinove
(transmissão de dados por série e Ethernet) recorrendo ao software de aquisição Matlab.
De modo a definir o mais adequado aos parâmetros necessários para o melhor
rendimento do sistema, segundo a metodologia apresentada no subcapítulo 5.4.
No que concerne ao software utilizado, escolheu-se, à partida, como ferramenta de
trabalho o Matlab. Já que se revela um software de aquisição com grande capacidade de
processamento matemático e com maior afinidade com o utilizador. Assim, no sentido de
comprovar a sua adequabilidade, realizaram-se também testes.
Este teste permite, de acordo com o descrito no subcapítulo 5.4. Definir a taxa de
amostragem ao nível do utilizador, i.e., o tempo gasto na aquisição de dados, no envio e
na leitura dos mesmos por um computador portátil.
1.2.3.4. 4º TESTE
Este teste consistiu na determinação da largura de banda utilizada pela camera de alta-
velocidade, tentando assim aferir qual seria a necessária e como as modificações nos
seus parâmetros de operação afectam esta variável – subcapítulo 5.5.
Este teste teve lugar na carreira de tiro da Escola Naval, tendo como objectivo secundário
filmar com sucesso o disparo de um atirador.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
14 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
1.2.3.5. 5º TESTE
Este teste consistiu em testes ao alcance da antena Omnidireccional adquirida na Base
aérea do Montijo e recorrendo a embarcações da Escola Naval, verificando assim se esta
tinha o alcance e a largura de banda pretendidos – apêndices A e B.
1.2.3.6. 6º TESTE
Este teste consistiu em medir os parâmetros de saída dos routers adquiridos (e.g.
potência transmitida) e o coeficiente de reflexão das antenas omnidireccionais adquiridas
recorrendo a aparelhos de medição da GOAME9 – apêndices A e B.
1.2.3.7. 7º TESTE
Este teste consistiu na montagem de um sistema de telemetria durante um exercício de
disparo de mísseis MILAN, procurando assim comprovar a possibilidade de utilização de
um sistema de telemetria com material off-the-shelf – apêndice E.
1.2.3.8. 8º TESTE
Este teste consistiu na elaboração de uma rede neuronal que possibilitasse aferir como a
posição relativa entre as antenas provenientes dos routers podia influenciar o
comportamento da ligação wireless – apêndice G. Este estudo é importante pois no
cenário de estudo ambas as plataformas estão sujeitas às condições de mar existentes,
ou seja, procurou-se assim quantificar como os balanços existentes influenciam os
parâmetros de comunicação.
Finalmente, procedeu-se à interpretação dos resultados experimentais verificados nos
testes descritos anteriormente. Pôde concluir-se então que com a execução destes testes
se garantiu neste estudo uma melhor interpretação do rendimento do sistema, tendo em
conta o fenómeno a medir e o material utilizado, conseguindo identificar falhas
possibilitando uma maior compreensão do sistema. Procurou-se também interpretar o
funcionamento da camera de alta-velocidade verificando se a mesma se adequaria à
velocidade a que o impacto do míssil se verifica.
9 Grupo Oficinal de Apoio ao Material Electrónico, divisão técnica pertencente ao Arsenal do
Alfeite.
Capitulo I – Introdução
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 15
Figura 4 – Esquema design fase analítica
1.2.4. FASE CONCLUSIVA
Nesta última fase, confrontou-se os conhecimentos e competências adquiridos durante a
revisão do estado da arte com os resultados dos testes práticos efectuados. Assim,
através da discussão dos resultados, confirmaram-se as hipóteses colocadas na fase
explorativa e verificaram-se os objectivos alcançados, dando então origem às conclusões
e recomendações deste estudo, bem como a sugestões para futuras investigações
(Sarmento, 2008, p. 8).
Figura 5 – Esquema design fase conclusiva
Fase Analítica
Revisão do Estado da Arte
Escolha de material e software a utilizar
no sistema e nos testes a efectuar
Testes com Material Adquirido
Confronto entre conhecimentos adquiridos e resultados dos testes
Confirmação das hipóteses
Verificar Objectivos Alcançados
Conclusões e Recomendações
Fase Conclusiva
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
16 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
1.3. CONTRIBUIÇÕES DA TESE
O trabalho efectuado procurou colmatar, como foi referido anteriormente, uma
necessidade da Marinha de Guerra Portuguesa. Esta levou a que fossem aplicadas
ferramentas já existentes, mas não directamente vocacionadas para aplicação neste tipo
de problemas.
A principal contribuição da tese foi a interligação de equipamento de baixo custo
disponível comercialmente em lojas de e.g. centros comerciais, configurando-o e
adaptando-o para que seja possível efectuar a monitorização do impacto de mísseis em
plataformas navais. Nas situações em que o equipamento adquirido não apresentava o
rendimento esperado, e a obtenção de outro equivalente mas com capacidades
superiores se tornava bastante dispendiosa enveredou-se pela elaboração própria (e.g.
antena microstrip desenhada e fabricada).
O desenvolvimento deste trabalho contribuiu também para a divulgação do nome da
Escola Naval através das participações em conferências e colóquios, em que foi exposto
o trabalho desenvolvido nesta área.
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 17
2. CAPÍTULO II
REDES DE SENSORES E AQUISIÇÃO DE DADOS
2.1. INTRODUÇÃO
Nos dias que correm, em que vivemos claramente numa era de informação, os dados são
adquiridos e tratados muitas vezes em tempo real. Este tipo de tratamento de dados
reveste-se de grande importância, sendo impulsionado pelo enorme avanço tecnológico
na capacidade de processamento de dados existente actualmente.
Deste avançar tecnológico surgiu a famosa lei de Moore, através da qual o presidente da
Intel Corporation10, Gordon Moore, fez uma previsão sobre a evolução do poder de
computação presente nos chips produzidos pela sua empresa em 1965. Esta previsão,
que veio a confirmar-se, afirmava que este iria aumentar em 100% a cada 18 meses pelo
mesmo custo. Curiosamente, essa tendência ainda se verifica nos dias de hoje (Bell,
Gray e Szalay, 2006, p. 1).
A grande facilidade de aquisição e montagem de sensores verificada nos dias de hoje e
os preços bastante aceitáveis destes, faz com que exista a possibilidade de efectuar um
estudo prático neste tipo de temáticas. Esta análise prática permite fazer um estudo mais
fiável do seu desempenho, pois contempla variáveis externas que muitas vezes não se
conseguem modelar matematicamente com a exactidão necessária.
Nos próximos subcapítulos vão ser abordados temas relacionados com as redes de
sensores – calibração, tipos de erros, aplicações actuais, constituintes, características e
sobrevivência – e temas relacionados com a recolha de dados – conversão de analógico
para digital, gama de valores de entrada e resolução, erros e uma abordagem ao teorema
da amostragem.
10
Integrated Electronic Corporation é uma empresa multinacional de origem Americana, normalmente designada apenas por Intel.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
18 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
2.2. REDES DE SENSORES
Em Agosto de 1999, a revista Business Week11, apelidou a tecnologia das redes de
sensores (Networked sensor technology) como sendo uma das vinte e uma tecnologias
mais importantes para o século XXI (Week, 1999, p. 78-167). Numa fase em que a
mudança de século levou a inúmeras reflexões, possibilitando assim uma nova imagem
sobre o futuro tecnológico.
Num Mundo que se caracteriza cada vez mais pela vontade de fazer com que exista uma
capacidade de resposta autónoma por parte dos sistemas electrónicos (procurando dotar
os sistema com inteligência), fazendo com que estes sintam os estímulos externos
provenientes do Mundo exterior - sensores - e actuem em conformidade. Mas mais do
que obter valores provenientes de sensores, geralmente resultantes de grandezas cuja
medição se baseia em variações de tensão ou corrente, deve-se prezar a qualidade de
informação obtida a partir dos dados. Desta preocupação surge a expressão garbage in,
garbage out - atribuída a George Fuechsel, pertencente à IBM12 (Smith, 2010) -, que
traduz o que muitas vezes acontece no tratamento de dados, i.e., se os dados que se
estão a tratar são lixo, então também a informação resultante será lixo sem qualquer
fiabilidade
Para melhor conceber as diferentes fases deste estudo, é importante definir o que é um
sensor, fazendo a distinção concreta entre transdutor e sensor, pois são conceitos
relevantes e muitas vezes omitidos. Um sensor permite converter um sinal - normalmente
designado por estímulo13 -, numa saída eléctrica, ou seja, num sinal analógico ou digital.
Enquanto um transdutor (Figura 6) permite converter de um tipo de energia para outro
(Wilson, 2005, p. 16).
Muitas vezes, o sensor está associado à ideia de que é o dispositivo que realmente sente
o Mundo exterior e dá um sinal de resposta. Por outro lado, o significado de transdutor
está associado a algo que converte energia – um sinal de entrada – noutra forma distinta
passível de ser medida (Hansman, 1999, p. 25).
Figura 6 – Principio de funcionamento de um transdutor Fonte: Adaptado de Lewis (2004, p. 9).
11
Business Week é uma revista publicada pela editora McGraw-Hill, tendo efectuado a sua primeira publicação em 1929. 12
Internacional Business Machines normalmente conhecida pelo seu acrónimo IBM. 13
Estímulo designa uma mudança/variação de uma propriedade física.
Sinal detectável Quantidade a medir Transdutor
Capitulo II – Redes de sensores e Aquisição de dados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 19
Os sensores podem ser classificados de variadíssimas maneiras. Numa perspectiva de
condicionamento de sinal14 (signal conditioning), podemos defini-los como activos ou
passivos. Um sensor activo necessita de uma corrente ou tensão externa para poder
operar, adicionando energia ao ambiente em que se efectua a medição, originando assim
a respectiva medição. É exemplo de um sensor activo um radar, que envia ondas
electromagnéticas, ou um sonar, que envia ondas acústicas. Por outro lado os sensores
passivos, normalmente designados na literatura por self-generating sensors, geram a sua
própria energia de operação, removendo assim a energia necessária para a sua
operação da grandeza medida (Wilson, 2005, p.16; Hansman, 1999, p. 27). Uma síntese
de sensores típicos e o seu output comum pode ser analisado através da seguinte tabela:
Propriedade a medir Sensor Activo/Passivo Resultado (output)
Temperatura
Termopar Passivo Tensão
Silício Activo Tensão/Corrente
RTD15
Activo Resistência
Termístor16
Activo Resistência
Força/Pressão
Extensómetro17
Activo Resistência
Piezoeléctricos Passivo Tensão
Acelerómetro Activo Capacitância
Posição LVDT18
Activo Tensão AC
Intensidade da luz Fotodíodo Passivo Corrente
Tabela 1 – Exemplos de sensores típicos e as suas saídas Fonte: Adaptado de Wilson (2005, p. 17).
O sinal de saída, proveniente de um sensor deve ser mostrado, por exemplo, num
indicador - display. Este deverá apresentar uma escala conveniente, que permita uma
leitura fácil por parte do utilizador (Figura 7).
Outro método paralelo a este (Figura 8), em que surge a necessidade de guardar os
dados para, por exemplo, posterior visualização ou tratamento, implica a necessidade de
uma conversão dos sinais analógicos para digitais. Esta conversão pode ser efectuada
recorrendo e.g. a um computador que permita guardar, visualizar ou enviar os dados em
formato digital para e.g. outra unidade que efectue o seu processamento.
14
Expressão utilizada para designar o tratamento de sinais analógicos, sendo o tratamento mais comum a conversão A/D (conversão de um sinal analógico para digital). 15
Resistance temperature detectors são sensores que variam a sua resistência, conforme as variações de temperatura existentes. 16
Termístor é um semicondutor sensível a variações de temperatura. 17
Extensómetro é utilizado para medir deformações em corpos, devido a variações na sua resistência causadas pela sua própria deformação. 18
Um sensor linear variable differential transformer é utilizado para medição do deslocamento linear.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
20 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 7 – Leitura e apresentação dos dados provenientes de um sensor num display Fonte: Adaptado de Hansman (1999, p. 26).
Figura 8 – Leitura e conversão A/D dos dados provenientes de um sensor para armazenamento ou display
Fonte: Adaptado de Hansman (1999, p. 26).
Existem inferências que apenas se podem fazer recorrendo a informação proveniente de
múltiplas origens, surgindo assim o conceito de multisensor data fusion (MSDF) (Liggins,
Hall e Llinas, 2009, p. 1). Este conceito refere-se a uma combinação de dados
provenientes de múltiplos sensores – que podem ser iguais ou de tipos distintos –, de
dados introduzidos por humanos ou, por exemplo, de dados provenientes da internet,
sendo a fusão de informação caracterizada pela correcta combinação e interpretação
desses dados.
Para melhorar a percepção da importância do cruzamento de informação pode-se
constatar o exemplo das Fragatas da Classe Bartolomeu Dias que possuem dois
anemómetros, um em cada bordo. Através do cruzamento da informação disponibilizada
por estes dois anemómetros é possível obter dados mais fiáveis acerca da direcção e
intensidade do vento, podendo assim diminuir a influência das superstruturas do navio no
resultado final obtido.
Quanto mais dados provenientes de diversos sensores forem utilizados, se os soubermos
interpretar e cruzar, vamos conseguir obter informação mais rigorosa e, acima de tudo,
retirar daí conhecimento (Figura 9).
Figura 9 – Hierarquia de compreensão e utilidade Fonte: Adaptado de Navega (2002, p. 3).
Display Processo Físico
Medição Sinal variável Grandeza física a medir
Mensurando
Sensor
Grandeza Física a medir
Sensor
Sinal analógico
Amplificador
Sinal analógico
Amplificado Conversor A/D
Memória Saída
Conhecimento
Informação
Dados
Capitulo II – Redes de sensores e Aquisição de dados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 21
2.2.1. CALIBRAÇÃO DE SENSORES
A calibração de sensores é definida como a relação entre o parâmetro físico de entrada e
o parâmetro físico de saída. Assim, o processo de calibração baseia-se em providenciar
uma entrada bem conhecida ao sistema de aquisição e verificar qual a saída respectiva
(Hansman, 1999, p. 27).
A calibração é utilizada para obter dados provenientes de sensores com o menor erro
possível. Não devem haver erros e.g. de 10 ºC, se pretendemos medir variações de
centésimas de grau Célsius. O erro pode ser definido como a diferença entre o valor
medido e o valor real da variável a medir, e pode ser representado pela seguinte equação
(Dieck, 1999, p. 62):
E = Vm – Vr (1)
Onde E: Erro medido; Vm: Valor obtido pela medição efectuada e Vr: Valor real.
Os tipos de variáveis que podem influenciar um sensor em dois tipos distintos (Hansman,
1999, p. 27):
Interfering Input (Interferência de entrada);
Modifying Input (Modificação da relação entre a entrada e a saída).
O ruído branco19 (white noise) é um exemplo de interferência de entrada o que vai fazer
com que exista uma modificação na grandeza medida, adicionando assim uma
interferência no sinal de entrada. Um exemplo de uma grandeza considerada como
modifying input é a temperatura, que influencia a própria calibração efectuada ao sensor.
Ao variar este tipo de parâmetro (Figura 10), mesmo mantendo a entrada constante,
verifica-se uma alteração na variável de saída, pois a curva de calibração vai ser
altamente influenciada por este parâmetro (Hansman, 1999, p. 28).
Figura 10 – Introdução de uma modifying input na variação da curva de calibração de um sensor
Fonte: Adaptado de Hansman (1999, p.28).
19
Ruído branco é caracterizado por ter uma densidade de energia igual em todo o espectro de frequência.
Sinal de saída (s)
tempo (t)
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
22 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
O cruzamento de dados de várias fontes pode originar informação fiável. No entanto se
estes são pouco precisos e de variação desconhecida pode(Hall e Llinas, 1998, p. 2), o
conhecimento da variação média esperada, ou mesmo da variação máxima, pode ser
informação útil para calibrar os respectivos sensores, diminuindo assim o erro nas
medições obtidas.
Figura 11 – Exemplo da fusão de dados provenientes de 3 sensores Fonte: Adaptado de Hansman (1999, p. 31).
Deve-se também ter em conta que os dados apenas podem ser cruzados, directamente,
como raw data20, se forem dados proporcionais. Isto é, não se pode combinar dados com
proporções diferentes, sem previamente os tratar através de métodos matemáticos (Hall
e Llinas, 1998, p. 8).
2.2.2. TIPOS DE ERROS DE MEDIDA
Os tipos de erros existentes na aquisição de dados provenientes de sensores podem ser
separados em dois tipos distintos (Hansman, 1999, p. 29):
Erros sistemáticos (systematic error);
Erros aleatórios (random error).
O erro sistemático pode ter a sua origem em variadíssimos factores, sendo o principal a
variação de uma modifying input (conceito já introduzido anteriormente). Este erro é
associado geralmente a uma calibração deficiente do sensor, com origem numa variação
de temperatura de operação.
Outra forma passível de originar um erro sistemático é através de um processo
denominado na literatura como invasividade (invasiveness) (Hansman, 1999, p. 29). A
interacção entre a grandeza a medir e o aparelho de medição faz com que exista um erro
20
Representam dados que não foram alvo de qualquer tratamento matemático, normalmente designados por dados em bruto.
Medição
Sensor 1
Sensor 2
Sensor 3
Fusão dos
dados
provenientes
dos sensores
Capitulo II – Redes de sensores e Aquisição de dados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 23
na medição. Um exemplo de invasividade dado por Hansman (1999, p. 29) é a medição
de um pequeno volume de líquido a uma baixa temperatura com um termómetro quente,
existindo claramente uma transferência de energia para o líquido resultando numa
medição imprecisa (com a variável medida a ser influenciada pelo sensor).
Figura 12 – Analogia de um alvo com a precisão das medidas efectuadas Fonte: Adaptado de Hansman (1999, p. 29).
É preciso ter em consideração que erros sistemáticos também podem ser introduzidos
por observadores humanos, sendo um exemplo deste tipo de erros os erros de
paralaxe21. Os erros sistemáticos encontram-se representados na Figura 12 - A através
da distância das medições efectuadas ao centro do alvo, sendo os erros aleatórios
representados também, na Figura 12 - B.
O erro aleatório é, muitas vezes, referido como ruído, sendo este ruído de uma forma
muito simplificada, sinal que não transporta nenhuma informação útil misturado com o
sinal de entrada pretendido. Este erro se for aleatório é frequentemente caracterizado por
apresentar uma distribuição Gaussiana (Figura 13) (Hansman, 1999, p. 30). A sua
precisão é normalmente quantificada pelo desvio padrão22 ao considerar uma grande
quantidade de medições efectuadas, estando 68% das medições compreendidas em ,
95% em e 99,7% em
.
Figura 13 – Representação de uma distribuição Gaussiana Fonte: Hansman (1999, p. 30).
21
Erro de leitura normalmente associado à má colocação do operador em relação à escala de medida. 22
É a medida mais comum da dispersão estatística, pertencendo a um ramo designado estatística descritiva. Este ramo da estatística é normalmente caracterizado por aplicar variadíssimas técnicas para conseguir descrever um conjunto concreto de dados.
A B
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
24 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
2.2.3. APLICAÇÕES ACTUAIS DAS REDES DE SENSORES
EM AMBIENTE MILITAR
Ao longo dos tempos muitas aplicações foram criadas e utilizadas com vista a suprimir
necessidades existentes. Durante a guerra fria, foi utilizado um sistema de vigilância
acústica (SOSUS23), em que foram utilizados uma série de hidrofones24 para detectar e
seguir submarinos soviéticos. Com o avançar dos anos outros sistemas mais evoluídos
foram surgindo, sendo o SOSUS actualmente utilizado para monitorizar eventos no
oceano (e.g. sons de actividade animal). Também no decurso da guerra fria foram
utilizadas redes de radares aéreos (uma rede de sensores aéreos), com vista a defender
os Estados Unidos da América (EUA) e o Canadá de possíveis ataques (Chong e Kumar,
2003, p.1248).
Seguiram-se, em meados de 1980, vários programas de desenvolvimento, impulsionados
pelo Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA), que tivera como principal
objectivo a criação de Distributed Sensor Networks (DSN). O final verificou-se em 2003
durante o desenvolvimento do projecto Sensor Information Technology (SensIT) ao longo
deste projecto foram desenvolvidas novas técnicas de comunicação em redes num
cenário de guerra. As necessidades actuais de transferência de dados de vídeo e voz são
cada vez maiores, e as técnicas de comunicação são mais fiáveis. Foram também
aperfeiçoados os métodos para extrair informação útil, fiável e atempada dos dados
adquiridos (Chong e Kumar, 2003, p.1248-1250).
As aplicações das redes de sensores podem ser divididas consoante a sua aplicação.
Aplicações puramente militares, segurança de infra-estruturas, segurança de tráfego
aéreo, vigilância do tráfego aéreo, videovigilância, automação industrial, robótica,
monitorização do ambiente que nos rodeia, controlo de infra-estruturas, medicina, etc.
(Chong e Kumar, 2003, p.1247). As principais vantagens das redes de sensores nos dias
de hoje centram-se no seu baixo custo e facilidades de implementação.
Algumas das suas aplicações prendem-se com o guiamento de mísseis, controlo de
veículos não tripulados (e.g. o UAV25), efectuar condition monitoring26 a armas e
23
SOSUS é o acrónimo de SOund SUrveillance System. 24
É um transdutor de som para um sinal de tensão ou corrente, podendo ser utilizado na água ou noutros líquidos. Este permite assim a escuta de sons propagados num fluido. 25
UAV é um acrónimo de Unmanned Aerial Vehicle. 26
Efectuar a monitorização contínua de parâmetros de funcionamento, com vista a acompanhar e prever eventuais falhas existentes no sistema monitorizado.
Capitulo II – Redes de sensores e Aquisição de dados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 25
máquinas (e.g. o projecto MecPAB27 que se encontra a ser desenvolvido actualmente na
Escola Naval). Os exemplos acima enumerados correspondem apenas a alguns
exemplos das inúmeras aplicações possíveis, sendo na realidade as suas aplicações
aplicadas a mais campos (Liggins, Hall e Llinas, 2009, p. 6).
Alguns exemplos de aplicações militares podem ser retirados, mais pormenorizadamente,
da análise da tabela seguinte:
Aplicação Variáveis a observar Plataforma sensor
Vigilância Oceânica
Sinais Electromagnéticos Sinais Acústicos
Relacionadas com energia nuclear Entre outros
Navios Aviões
Submarinos Meios terrestres
Defesa anti-aérea Radiações electromagnéticas Aviões Navios
Meios terrestres
Vigilância e aquisição de alvos Radiações electromagnéticas Aviões
Meios terrestres
Aviso antecipado e defesa Radiações electromagnéticas
Relacionadas com energia nuclear
Satélites Aviões
Meios terrestres
Tabela 2 – Exemplos de aplicações militares Fonte: Adaptado de Hall e Llinas (1998, p. 9).
Dando um exemplo concreto de uma aplicação das redes de sensores em ambiente
militar e, mais precisamente na Marinha, pode-se dar o exemplo de vigilância Oceânica
(Figura 14). Estas redes possibilitam a variadíssimos meios navais a troca de informação
proveniente dos seus sensores (e.g. contactos de alvos inimigos), podendo assim cruzar
a informação obtida e conseguir detectar a presença concreta de ameaças. Assim,
possibilita um claro aumento na probabilidade de detecção por parte de uma força naval.
Figura 14 – Exemplo de um sistema de vigilância oceânica (ocean surveillance)
Fonte: Liggins, Hall e Llinas (2009, p. 25).
27
Monitorização do estado de condição e predição de avarias de bordo, dando este projecto origem também (à semelhança do projecto UAV e de muitos outros) a várias Memórias de fim de curso/Teses de Mestrado por parte dos alunos da classe de Engenheiros Navais ramo de Armas e Electrónica (EN-AEL), alunos do Departamento de Armas e Electrónica da Escola Naval.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
26 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
O sistema de comunicação Link11, utilizado pelas Fragatas da Classe Vasco da Gama,
também possibilita que entre diversos meios navais exista uma troca de informações
sobre contactos adquiridos através dos seus sensores (e.g. radares). Este é um exemplo
de como a troca de informação proveniente de sensores externos ao próprio navio pode
ser utilizada de forma útil para detectar ameaças.
Uma abordagem às redes de sensores, consideradas de aplicação não militar, pode ser
feita através da seguinte tabela:
Aplicação Variáveis a observar Plataforma sensor
Manutenção baseada no estado de condição
Sinais electromagnéticos Sinais Acústicos
Sinais magnéticos Temperatura
Raios X Vibrações
Navios Aviões
Meios terrestres (e.g. fábrica)
Robótica
TV Sinais acústicos
Sinais electromagnéticos Raios X
Corpo de um robô
Diagnostico médico
Raios X Ressonâncias magnéticas nucleares
Temperatura Raios infravermelhos
Inspecção visual Dados biológicos/químicos
Laboratório
Monitorização do ambiente Ondas sísmicas
Radiação electromagnética Dados biológicos / químicos
Satélites Aviões
Meios terrestres Amostras subterrâneas
Tabela 3 – Exemplos de aplicações não militares Fonte: Adaptado de Hall e Llinas (1998, p. 10).
A comunidade que se pode designar por não militar e que se interessa por este tipo de
temática centra-se basicamente na comunidade académica, comercial e industrial. Foram
desenvolvidos sistemas para localizar e monitorizar desastres naturais, o estado do
tempo, desenvolvimento de domótica, aplicações médicas, etc. A grande variedade e
aplicabilidade levaram a que a investigação e desenvolvimento tivessem de ser
constantes, com vista a resolver os problemas que foram surgindo no dia-a-dia (Hall e
Llinas, 1998, p. 10). Verifica-se assim, neste campo, um claro avanço dia após dia, pois a
indústria possui uma capacidade de evolução e desenvolvimento bastante elevada,
tendo, na grande maioria dos casos, enormes verbas disponíveis.
Uma das primeiras conferências internacionais importantes teve como tema Multi-Sensor
Fusion and Integration for Intelligent Systems e foi patrocinada pelo IEEE, tendo sido
realizada em Las Vegas, USA de 2 a 5 de Outubro de 1994.
Capitulo II – Redes de sensores e Aquisição de dados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 27
2.2.4. CONSTITUINTES DE UMA REDE DE SENSORES
Um sistema de sensores é constituído basicamente por três componentes: sensores
(sensing), comunicações (communication) e computação (computing) (Chong e Kumar,
2003, p 1247).
Figura 15 – Os três Pilares constituintes de uma rede de sensores
O sensor faz a aquisição e por vezes algum pré-processamento dos dados (e.g.
conversão A/D), permitindo sentir o Mundo que nos rodeia. O bloco de comunicações
permite o envio dos dados para e.g. armazenamento ou processamento. O bloco de
computing faz o armazenamento dos dados adquiridos e possibilita a utilização de
algoritmos de processamento (Chong e Kumar, 2003, p. 1248).
2.2.5. CARACTERÍSTICAS PRESENTES NAS REDES DE
SENSORES
As características das redes de sensores variam consoante a aplicação a que se
destinam. Podemos resumir as características de uma rede de sensores da seguinte
forma:
Sensores
Tamanho: pequeno ou grande (e.g. satélites, radares). Número: muitos ou poucos. Tipo: passivos (e.g. sensores acústicos, sísmicos, vídeo, magnéticos) ou activos (e.g. radares). Composição: de apenas um tipo ou uma mistura heterogénea de diferentes tipos de sensor. Cobertura espacial: dispersos ou juntos. Implementação: Pensada e estruturada (e.g. sensores numa fábrica) ou ad-hoc. Dinâmica: fixos (e.g. sensores de ondas sísmicas) ou móveis (e.g. veículos robot).
Variável a medir
Localização: distribuídos (e.g. monitorização do ambiente) ou localizada (e.g. seguimento de alvos). Mobilidade: Estática ou dinâmica. Natureza: Cooperante (e.g. controlo de tráfego aéreo) ou não cooperante (e.g. alvos militares).
Ambiente de operação
Favorável (e.g. Escritório) ou adverso (e.g. campo de batalha).
Comunicação Rede: Com fios ou sem fios. Largura de banda: Alta ou baixa.
Arquitectura de processamento
Centralizada (todos enviam os dados para uma unidade única), distribuída (processamento é efectuado pelo sensor ou noutra localização) ou híbrida (misto das descritas anteriormente).
Energia disponível Limitada (e.g. Sensores isolados) ou sem limites (e.g. Sensores perto de alimentação).
Tabela 4 – Características passíveis de configuração numa rede de sensores Fonte: Adaptado de Chong e Kumar (2003, p. 1248).
Sensing Communication Computing
Rede de
comunicações
Datalogging
Algoritmos de Processamento
+
+
+
+ Sensores
Rede d
e S
ensore
s
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
28 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Possuindo, actualmente, variadíssimos tipos de tecnologia à disposição, as redes de
sensores estão cada vez mais a passar por uma constante miniaturização e uma
diminuição de custos associados à tecnologia existente. É possível assim, efectuar
funções que não seriam sequer imagináveis à 20 anos atrás, através de tecnologia off-
the-shelf (OTS).
A capacidade de combinar diversos tipos de protocolos de comunicação, é hoje uma
realidade a que podemos chamar utilização de redes híbridas. Deste modo, é possível
utilizar o melhor protocolo, dependendo do caso concreto, o que melhora o rendimento da
rede de sensores elaborada. Ao combinar diversos protocolos numa única rede de
sensores, aumentamos assim a sua aplicabilidade. Assim é possível evitar a utilização de
um único protocolo por rede, o que iria levar a que em casos muito concretos tivessem de
ser desenvolvidos protocolos específicos adaptados a cada aplicação, possibilitando
assim obter o rendimento28 desejado. Um exemplo da utilização de redes de sensores
híbridas foi a efectuada por Vitturi e Miorandi (2005, p. 5), em que foram efectuadas
simulações utilizando algum software específico de simulação de redes (NS-229)
constituídas pelo protocolo IEEE 802.3 (Ethernet) e IEEE 802.11 (Wi-Fi). Uma rede de
sensores deste género é o que se pretende elaborar e aplicar no sistema final
desenvolvido neste estudo.
A evolução tecnológica dos sensores que se tem vindo a descrever pode ser descrita
através da seguinte tabela:
Passado (2000 – 2003) Presente (2010)
Tamanho: De um baralho de cartas até a uma caixa de sapatos pequena
Pode ir até à dimensão de uma partícula de pó
Peso: Gramas Negligenciável
Topologia: Cliente/Servidor e Peer to Peer Peer to Peer
Tempo de vida da alimentação: Pilhas AA - dias a semanas Energia solar - meses a anos
Implementação: Colocado manualmente Colocação quase aleatória
Tabela 5 – Os sensores no Passado e no Presente Fonte: Adaptado de Chong e Kumar (2003, p. 1251).
Figura 16 – Exemplos de várias gerações de sensores
Fonte: Chong e Kumar (2003, p. 1251).
28
O conceito de rendimento está associado, neste contexto, à quantidade mínima de serviço que um sistema concreto pode fornecer. 29
Software de simulação do comportamento de uma rede, que viu o seu desenvolvimento começar em 1989. Este é nos dias de hoje considerado um software de referência, principalmente devido à fiabilidade obtida nas simulações que executa.
Capitulo II – Redes de sensores e Aquisição de dados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 29
2.2.6. ALIMENTAÇÃO DE UMA REDE DE SENSORES
A maior parte dos sensores existentes necessita de alimentação externa, ou seja, não
são auto-suficientes. Os sensores podem assim ser divididos em dois tipos: os que têm
uma fonte de alimentação inesgotável e os que têm uma fonte de alimentação esgotável.
Estes últimos têm de ser dotados de meios de alimentação autónomos (e.g. painéis
solares).
A eficiência energética é bastante importante em redes de sensores sem fios, pois estas
são normalmente colocadas em locais de difícil acesso, onde não existem, na maioria
dos casos, possibilidades de fornecer alimentação. A implementação de sistemas de
gestão dos recursos energéticos quer seja em software ou hardware aplica-se a estes
casos. As redes de sensores sem fios verificam um maior gasto energético durante a
comunicação, tendo de efectuar o mínimo de ligações com a maior eficiência possível,
aumentando assim a eficiência do sistema (Bharathidasan e Ponduru, 2003, p.3).
No caso concreto deste estudo, a necessidade de alimentação reveste-se de grande
importância, pois o navio alvo, onde estará instalada a rede de sensores terá de ter a sua
própria alimentação. Um esquemático simplificado do sistema a implementar, pode ser
representado pelas seguintes figuras:
Figura 17 – Esquemático da situação operacional
Acelerómetro
Sensores de pressão
Sensores de Temperatura
Câmara
Data logger
Router Router
Wireless Bridge Link
Computador
Navio Alvo Navio que efectua a monitorização
Figura 18 – Esquemático simplificado da rede de sensores a implementar
Rede de sensores
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
30 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
A rede de sensores a implementar no navio alvo, encontra-se assinalada na figura
anterior pela caixa a amarelo. Esta deve possuir redundância para que uma falha na
alimentação do sistema não origine a falha total do sistema, possibilitando assim a
continuação da recolha de dados.
2.3. RECOLHA DE DADOS
A maior parte dos sinais provenientes de sensores são sinais analógicos, cuja variação
de tensão ou corrente (grandezas medidas mais comuns), nos indica a variação de um
parâmetro físico. É necessário e importante, não só saber como varia esse sinal em
função do parâmetro a medir, mas também armazenar os dados adquiridos para posterior
análise.
É neste contexto que surge a conversão A/D (de analógico para digital). Existem
inúmeras obras relativas à conversão A/D, mas, sem dúvida, é de realçar o artigo escrito
por Harry Nyquist em 1924, publicado no Bell Labs Technical Journal, com o título Certain
Factors Affecting Telegraph Speed, que apesar de fortemente focado nos aspectos
próprios da engenharia de um telégrafo, começou por separar alguns conceitos
essenciais (Nyquist, 1924).
Os referidos conceitos essenciais baseavam-se no conteúdo da mensagem e da
informação que esta necessitaria de transportar, preocupando-se com a máxima largura
de banda necessária. Algumas regras para a transferência de informação em linhas
telegráficas foram assim definidas.
Em 1948, Claude Shannon, através do seu artigo A Mathematical Theory of
Communication, publicado também no Bell Labs Technical Journal, apresenta-nos o
esquemático geral de um sistema de comunicação. Podendo assim verificar que existiu
um claro avanço ao trabalho apresentado por Harry Nyquist. O esquemático apresentado
por Shannon foi então o seguinte:
Figura 19 – Diagrama do esquema de um sistema de comunicações (Esquema geral) Fonte: Shannon (1948, p. 380).
Capitulo II – Redes de sensores e Aquisição de dados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 31
Podemos relacionar o descrito na figura anterior com uma simples rede de sensores,
apesar de muito possivelmente não ter sido essa a ideia original. Na maioria dos casos,
os sinais analógicos provenientes de sensores analógicos situam-se na gama dos mV,
sendo impensável transmitir sinais dessa ordem de grandeza em meios de transmissão
com perdas elevadas e sujeitos a interferências externas. Estes sinais já de si fracos
sujeitos a muito ruído necessitam de ser convertidos em sinais digitais o mais cedo
possível. A interferência pode ser diminuída utilizando blindagem (shielding), esta
consiste em isolar o cabo utilizado na transmissão diminuindo assim as interferências
(Crovella, 1999, p. 14). Os conversores A/D têm, devido à sua constituição física,
componentes electrónicos que adicionam sempre algum ruído interno (Kester, 2006, p.
1). A conversão A/D aumenta assim a fiabilidade na transmissão de dados.
Do trabalho de Harry Nyquist e Claude Shannon, duas grandes referências nesta
temática, surgiram variadíssimos teoremas e estudos posteriores. Um dos mais
relevantes teoremas nesta área ficou conhecido como teorema de Nyquist (conhecido
também como teorema da amostragem30), sendo abordado com mais rigor no
subcapítulo 2.3.4.
2.3.1. CONVERSÃO A/D
A conversão A/D faz-se, normalmente, recorrendo a um ADC31, permitindo assim
amostrar um sinal analógico em períodos de tempo normalmente constantes. Esta
amostragem consiste em atribuir um conjunto de valores digitais a um sinal contínuo no
tempo, tentando assim ter uma representação digital de um sinal analógico.
com (2)
Onde : Sinal amostrado e : representa um sinal contínuo no tempo.
Ou seja, é efectuada a amostragem de um sinal contínuo no tempo Xa(t), originando um
sinal discreto X(n) (com n valores inteiros). Os constituintes de um ADC podem ser
representados da seguinte forma (Hayes, 1999, p. 101; Loewenstein, 1999, p. 2202-
2209):
30
Sendo esta a designação que vai ser maioritariamente adoptada ao longo do texto. 31
Analog-to-digital converter ou conversor de analógico-para-digital vai ser utilizado, quando necessário, ao longo do texto a designação ADC ou conversor A/D.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
32 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 20 – Esquema de blocos de um conversor A/D (ADC) Fonte: Adaptado de Hayes (1999, p. 101).
No bloco 1 da Figura 20, normalmente designado por sampler, é efectuada a conversão
de um sinal analógico - Xa(t) - para uma sequência discreta - X(n). Esta sequência
discreta é criada ao guardar os valore de Xa(t) em intervalos de tempo constantes Ts
(como descrito na equação 2)
A amostragem (sampling) pode ser feita utilizando um circuito chamado Sample-and-Hold
(S/H), sendo normalmente efectuada recorrendo a um circuito deste tipo. É possível
assim, em períodos de tempo constantes, a amostragem do sinal de entrada através da
carga e.g. de um condensador, que posteriormente é alvo de quantização32
(Loewenstein, 1999, p. 2199).
Outro método utilizado nesta fase da conversão A/D é o Track-and-Hold (T/H), diferindo
ligeiramente do S/H no seu modo de operação. O S/H opera mantendo o sinal analógico
amostrado até ao próximo ciclo de amostragem, enquanto o T/H apenas mantém o sinal
amostrado até que exista uma quantização do mesmo. Após este processo, o circuito
abre a sua entrada acompanhando o sinal de entrada até ao próximo período de
quantização, sendo o circuito do tipo T/H mais preciso, pois tem mais tempo para captar
o sinal de entrada e carregar o respectivo condensador (Loewenstein, 1999, p. 2199).
No bloco 2, é efectuada uma quantificação dos valores de amplitude obtidos pelo sampler
(bloco 1), ou seja, como as amostras X(n) têm infinitos valores possíveis de amplitude é
necessário atribuir valores de amplitude discretos. Estes valores discretos de amplitude
estão divididos em intervalos de quantização ( ). Quantos mais intervalos de quantização
houver (maior resolução), mais precisão vou obter em relação ao valor real amostrado.
O máximo erro de quantização é de
LSB33, sendo que em média o erro espera-se que
seja de 0 LSB (Loewenstein, 1999, p. 2202).
32
Quantização é o processo de atribuição de valores discretos a um sinal cuja amplitude varia entre infinitos valores. 33
Least significant bit (LSB) é o bit menos significativo na representação em binário de um dígito.
1
Sampler Quantizer Encoder
2 3
Capitulo II – Redes de sensores e Aquisição de dados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 33
No bloco 3 - último bloco da figura - é atribuída a respectiva sequência binária, para cada
valor amostrado. Este produz uma sequência diferente para cada valor analógico de
entrada (Hayes, 1999, p. 101).
Figura 21 – Representação de um quantizador uniforme de 3 bits Fonte: Hayes (1999, p. 105).
Em qualquer conversão A/D existe ainda ruído de dois tipos distintos:
Ruído interno;
Ruído de entrada (externo ao conversor A/D).
Como ruído interno considera-se todo o ruído introduzido pelos componentes electrónicos
constituintes do sistema (e.g. resistências, condensadores e até o próprio ruído
introduzido pelo funcionamento de um microcontrolador) (Kester, 2006, p. 1). O ruído
causado pela condução eléctrica em resistências e transístores, verifica-se mais
acentuadamente na presença de altas temperaturas e de resistências de valor elevado, e
é chamado de ruído térmico – thermal noise (Loewenstein, 1999, p. 2207).
O ruído de entrada verifica-se em sinais contínuos de entrada e caracteriza-se por ter
normalmente uma distribuição Gaussiana (Kester, 2006, p. 1).
Figura 22 – Representação do ruído de entrada de um conversor A/D Fonte: Adaptado de Kester (2006, p. 1).
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
34 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Uma das técnicas descritas por Kester (2006, p. 1) para possibilitar a medição do ruído
de entrada num conversor A/D baseia-se em retirar um grande número de amostras de
um sinal de entrada constante, efectuando depois o plot dos dados obtidos num
histograma. Assim, teremos a representação do ruído de entrada, que na figura seguinte
se apresenta na sua forma esperada:
Figura 23 – Representação do comportamento ideal de um ADC, face à existência de ruído de entrada Fonte: Kester (2006, p.1).
Se for obtida uma distribuição com um comportamento que não se assemelhe a uma
distribuição Gaussiana (Figura 23), pode significar que estamos perante um conversor
A/D mal desenhado ou perante um problema no fabrico do próprio conversor A/D (Figura
24) (Kester, 2006, p. 1).
Figura 24 – Representação do comportamento de um conversor A/D mal desenhado Fonte: Kester (2006, p. 1).
O ruído é usualmente especificado em volts RMS34 ou pico a pico, ou LSBs RMS ou pico
a pico rms (Loewenstein, 1999, p. 2207).
34
Root Mean Square (RMS) é também conhecido como valor eficaz de um sinal.
Capitulo II – Redes de sensores e Aquisição de dados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 35
2.3.2. GAMA DE VALORES DE ENTRADA E RESOLUÇÃO
O conhecimento da gama de valores possíveis da variável a medir é importante pois
deve-se adaptar o sensor a esta gama de valores. Este intervalo de valores de entrada
num conversor A/D é definido por um sinal de tensão de referência. Ao alterar este sinal
aumenta-se ou diminui-se a gama de valores de entrada, fazendo variar assim a
resolução.
O valor inferior da escala é 0 V quando a escala é unipolar, quando existem valores
negativos a escala é bipolar. Os topos da gama de valores de entrada são chamados -
full scale e + full scale ([ - full scale; + full scale] ) (Loewenstein, 1999, p. 2202).
O conversor A/D do microcontrolador ATmega168 tem 10 bits de resolução, e temos
neste caso níveis de quantização (a contar com o valor 0 da gama de valores
de entrada). Uma gama de valores de 5 V ([0;5] V) é diferente de termos uma gama de
valores de 10 V ([0;10] V), mantendo o mesmo número de bits de resolução, ou seja, ao
termos um intervalo de 5 V temos
de resolução35 e ao termos 10 V de
intervalo de entrada temos
de resolução.
O aumento da taxa de amostragem não traz um aumento significativo na representação
do sinal de entrada (Figura 25), se este já está a ser amostrado a uma frequência em que
não ocorra aliasing (explicado mais à frente no texto) (Actel Corporation, 2007, p. 5). Ou
seja, a ocorrência de oversampling36 (Figura 26) não provoca por si só um aumento de
resolução na representação do sinal amostrado. O sinal amostrado deve assim ser
tratado matematicamente para diminuir ao máximo a diferença entre o sinal amostrado e
o sinal de origem e.g. efectuar a média a cada dois valores obtidos.
Figura 25 – Sinal de entrada amostrado com uma taxa de amostragem 2 vezes a sua frequência
Fonte: Actel Corporation (2007, p. 5).
35 O termo resolução é aqui utilizado para designar quanto corresponderá no sinal de entrada a
variação de 1 LSB no valor amostrado. 36
Oversampling é o termo designado para referir uma taxa de amostragem significativamente superior que a taxa de amostragem mínima necessária para amostrar o sinal sem a ocorrência de aliasing (conceito que vai ser explicado mais à frente no texto).
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
36 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 26 – Sinal de entrada amostrado com uma taxa de amostragem 8 vezes a sua frequência Fonte: Actel Corporation (2007, p. 6).
2.3.3. ERROS NUM CONVERSOR A/D
O conversor A/D pode apresentar dois tipos de erros (Atmel Corporation, 2006, p. 4;
Loewenstein, 1999, p. 2202-2205):
Erros lineares (Linear errors);
Erros não lineares (Nonlinear errors).
Os erros lineares são os maiores e mais comuns, mas conseguem ser corrigidos através
da multiplicação do valor obtido por uma constante (Loewenstein, 1999, p. 2202-2205).
Os erros lineares podem ser de dois tipos:
Erro de offset (offset error);
Erro de ganho (gain error).
O erro de offset é a variação da função de transferência, em relação à função ideal, no
ponto de origem. Ao ocorrer a transição do valor de 0 para 1 num valor diferente de 1/2
LSB, estamos perante erro de offset (Corporation, 2006, p. 5).
Figura 27 – Exemplo de erros de Offset positivos (A) e negativos (B) Fonte: Corporation (2006, p. 5).
B A
Capitulo II – Redes de sensores e Aquisição de dados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 37
O erro de offset pode apresentar valores positivos e negativos conforme a variação do
sinal é para cima do eixo horizontal - entrada analógica - como na Figura 27 (A)
representa + 11/2 LSB de erro de offset ou para baixo do eixo horizontal Figura 27 (B) que
representa - 2 LSB de erro de offset.
O erro de ganho é o desvio do último nível de quantização em relação à função de
transferência ideal, depois de compensado o erro de offset. Na Figura 28 (A) temos um
erro em ganho positivo de + 11/2 LSB, e na Figura 28 (B) temos um erro de - 11/2 LSB e,
neste caso, já foi compensado o erro de offset.
Figura 28 – Exemplo de erro em Ganho positivo (A) e negativo (B) Fonte: Corporation (2006, p. 7).
Os erros não lineares são os mais difíceis de compensar, sendo preferível escolher um
conversor A/D bem desenhado. Os erros lineares podem ser de dois tipos (Loewenstein,
1999, p. 2203-2205):
Differential nonlinearity (DNL);
Integral nonlinearity (INL).
O erro DNL é a diferença entre o intervalo de quantização obtido e o tamanho do
intervalo de quantização ideal (1 LSB). A Figura 29 (A) representa dois casos em que não
existe linearidade na dimensão dos intervalos de quantização, ou seja, representa um
caso em que o erro de DNL é -1/2 e um caso em que o erro é de + 11/2 LSB.
O erro de INL é a diferença vertical entre a função de transferência obtida e a ideal, um
exemplo deste tipo de erro encontra-se representado na Figura 29 (B). Esta figura
apresenta um exemplo em que o erro de INL é de + 3/4 LSB.
B A
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
38 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 29 – Exemplo de erros DNL (A) e exemplo de erro INL (B) Fonte: Corporation (2006, p. 9).
Os erros abordados neste subcapítulo podem ser resumidos num erro designado por erro
absoluto (absolute error). Este erro é definido como sendo (Corporation, 2006, p. 4):
Eabsoluto = Equantização + Eoffset + Eganho + EDNL + EINL (3)
A compensação do erro absoluto é feita compensando cada um dos erros descritos ao
longo deste subcapítulo.
2.3.4. TEOREMA DA AMOSTRAGEM
O teorema da amostragem diz-nos que um sinal - x(t), de forma a haver uma correcta
reconstrução a partir da amostra, deve ser amostrado com uma frequência - famostragem(t),
duas vezes superior à maior frequência do sinal a amostrar (Karris, 2008, p. 417).
Contudo, na aplicação do teorema anterior, deve-se considerar que estamos perante um
sinal limitado na sua banda (Karris, 2008, p. 417). Sendo um exemplo de um sinal
limitado na sua banda, o representado pela figura seguinte:
Figura 30 – Exemplo de um sinal limitado na sua banda
Fonte: Adaptado de Hayes (1999, p. 103).
Ao respeitarmos a condição anterior, garantimos que através da condição (Hayes, 1999,
p. 103):
B A
Capitulo II – Redes de sensores e Aquisição de dados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 39
Wamostragem =
2W0 (4)
Onde W0 representa a maior frequência do sinal a amostrar, vamos obter uma
transformada de Fourier do sinal original replicado periodicamente. Como podemos
constatar pela seguinte figura:
Figura 31 – Transformada de Fourier de um sinal amostrado respeitando o teorema da amostragem Fonte: Adaptado de Hayes (1999, p. 103).
A amostragem de um sinal também pode ser feita sem respeitar as condições expostas
anteriormente, onde teremos uma Wamostragem 2W0. Neste caso concreto vai haver um
deslocamento no espectro de frequência do sinal amostrado, havendo assim uma perda
de informação (Carlson, Crilly e Rutledge, 2002, p. 241). Um dos resultados possíveis,
meramente ilustrativo pode ser descrito pela seguinte figura:
Figura 32 – Exemplo de aliasing Fonte: Adaptado de Hayes (1999, p. 103).
Pela análise do sinal amostrado obtido na figura anterior e comparando-o com o sinal
original (Figura 30), é obvio que estamos a perder informação. Este fenómeno toma o
nome de aliasing, ou seja, estamos perante uma clara sobreposição dos elementos do
espectro em frequência do sinal amostrado (Carlson, Crilly e Rutledge, 2002, p. 241;
Hayes, 1999, p. 103).
A designação de frequência de Nyquist (também designada por frequência de aliasing ou
folding frequency) é normalmente utilizada para designar a frequência máxima do sinal a
amostrar (Semiconductor, 1980, p. 4). A frequência mínima segundo a qual não ocorre
aliasing designa-se por taxa de Nyquist (Nyquist rate) (Hayes, 1999, p. 103).
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
40 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 33 – Exemplo de aliasing numa função do tipo seno Fonte: Adaptado de Loewenstein (1999, p. 2199).
É importante ter em conta que no Mundo real muitas vezes não se tem conhecimento a
priori da gama de frequências esperada. Sendo assim não existe uma receita para
efectuar boa amostragem, mas sim um conjunto de regras, como as descritas
anteriormente, que se forem correctamente interpretadas e aplicadas garantem bons
resultados.
Ao colocar um filtro37 pode-se limitar a largura de banda do sinal de entrada, ou seja,
garantimos assim que não se obtém um sinal de entrada com uma frequência maior que
a fcorte do filtro aplicado. A utilização deste filtro garante assim que não existirão
fenómenos de aliasing, se for assegurada uma taxa de amostragem com uma frequência
superior a duas vezes a fcorte do filtro aplicado (Semiconductor, 1980, p. 2).
O filtro utilizado (Figura 34) deve ser um filtro com um ganho de 1 dB, garantindo apenas
a passagem de sinal nas frequências de interesse, como foi aliás referido anteriormente
(Loewenstein, 1999, p. 2214).
Figura 34 – Exemplo de filtro passa-baixo (antialiasing filter) aplicado para evitar a ocorrência de aliasing Fonte: Semiconductor (1980, p. 2).
37
Normalmente este filtro toma a designação de antialiasing input filter.
Amplitude
Tempo
Capitulo II – Redes de sensores e Aquisição de dados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 41
2.4. CONCLUSÕES OU SÍNTESE
Este capítulo efectua uma abordagem ao fundamento teórico das redes de sensores,
descrevendo assim os seus componentes. Os erros associados a cada sensor e ao
conversor A/D são descritos prevendo desde já a sua existência, influenciando a
fiabilidade dos dados retirados do sistema. As aplicações das redes de sensores foram
também descritas dando uma ideia concreta dos seus campos de aplicação.
As redes de sensores necessitam na grande maioria das vezes de adquirir dados
analógicos (normalmente tensões e/ou correntes), sendo abordado o funcionamento da
conversão A/D.
Outro tema relevante é a taxa de amostragem, pois afecta o tipo de fenómenos a registar,
que neste caso concreto de estudo se prevê bastante rápido. O pacote
hardware/software tem de assegurar assim uma taxa de amostragem mínima para que
não ocorra aliasing.
Os variadíssimos erros existentes no conversor A/D e nos sensores devem procurar ser
compensados, devendo se possível ser compensados de forma autónoma e em tempo
real.
O capítulo seguinte faz uma abordagem aos protocolos de rede, fazendo uma ponte entre
o universo das redes de sensores e as redes de computadores. Estes dois Mundos que
parecem tão distintos trazem inúmeras vantagens ao campo de aplicação das redes de
sensores.
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 43
3. CAPÍTULO III
TELEMETRIA E PROTOCOLOS DE REDE
3.1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de sistema de telemetria utilizando as normas IEEE 802.3 e IEEE
802.11g é um desafio, pois é necessário ter conhecimentos de várias áreas e reuni-los
criando um produto final fiável e com a performance esperada.
A revisão do estado da arte neste capítulo vais ser feita ao conceito de telemetria, aos
protocolos a utilizar no sistema a desenvolver e vai ser feita também uma abordagem aos
sensores de rede.
3.2. TELEMETRIA
A telemetria indica como se recolhem dados de uma localização remota e os transmitem
de forma eficiente possibilitando assim a sua gravação e análise (Lozano-Nieto, 1999, p.
1). A aquisição pode simplesmente ser feita recorrendo a um sensor, convertendo o sinal
obtido de analógico para digital e recorrendo a um Datalogger com interface Ethernet
enviar esses dados para outra localização. Ao utilizar protocolos de rede com
interoperabilidade (e.g. IEEE 802.3 e IEEE 802.11g), permite transmitir os dados por fio
ou por wireless.
Os modos de envio do sinal, após um correcto condicionamento (normalmente conversão
A/D), são os seguintes:
I. Envio por fio sem modulação;
II. Envio por fio modulando o sinal enviado;
III. Envio por wireless.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
44 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 35 – Diagrama de blocos para um sistema de telemetria Fonte: Adaptado de Lozano-Nieto (1999, p. 2).
A distância de comunicação efectiva de um sistema de telemetria por wireless é
influenciada pelos seguintes factores (Lozano-Nieto, 1999, p. 2):
Potência irradiada pelo transmissor;
Sensibilidade do receptor;
Largura de banda do sinal RF.
A largura de banda ao ser aumentada provoca também um aumento do contributo do
ruído para o sinal enviado, para contrariar isto podemos utilizar uma maior potência de
transmissão para manter a mesma relação entre o sinal e o ruído (SNR38 - signal-to-noise
ratio) (Lozano-Nieto, 1999, p. 2).
A telemetria, assim como muitas outras aplicações, encontra-se regulada num standard,
desenvolvido pela InterRange Instrumentation Group (IRIG), de Maio de 2004 que é
usado em todo o Mundo pela indústria militar e civil (IRIG, 2004).
O conceito de telemetria surge da interligação de tudo o que foi abordado neste
subcapítulo e em subcapítulos anteriores. A telemetria vai ser efectuada, neste caso
concreto de estudo, através da recolha de dados através de sensores adequados,
conversão A/D e transporte recorrendo a Dataloggers com interface Ethernet (IEEE
802.3) e envio para a unidade monitorizadora através de um router com uma ligação a
uma antena de alto ganho (a funcionar na banda de frequências do IEEE 802.11g). A
utilização de antenas com elevado ganho é importante pois foi obtido por Capela,
Pessanha, Vieira e Monsanto (2008, p. 10), com o material existente inicialmente e com
antenas omnidireccionais nos dois pontos de envio e recepção, capacidade de envio de
dados provenientes de sensores a uma distância de 7,49 km. A largura de banda e
alcance obtidos não foram no entanto satisfatórios.
38
Apresenta a relação entre o sinal obtido e o ruído presente numa determinada situação.
Sensor
Condicionamento de sinal (e.g. Conversão A/D)
Codificador Repetidor
Modulador Adaptador de linha
Amplificador RF +
Modulador
Antena
Telemetria com fios
Telemetria com fios
Telemetria sem fios
Capitulo III – Telemetria e Protocolos de rede
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 45
3.3. MODELO OSI VS MODELO TCP/IP
A ANSI39, em 1977, começou a trabalhar no modelo OSI40 (OSI reference model) com o
objectivo de elaborar um standard, que pudesse ser utilizado nas comunicações em rede
heterogéneas. Ou seja, procurou-se encontrar um padrão de comunicação que
conseguisse, através de vários dispositivos de diferentes fabricantes, configurar uma
ligação em rede capaz de trocar informações quando ligados entre si (comummente
designado por ligados em rede41). O modelo OSI nos dias de hoje é muito utilizado para o
ensino desta temática, mas não é o mais utilizado. O modelo TCP/IP é que representa a
base para a maioria dos protocolos existentes nos dias de hoje (Edwards e Bramante,
2009, p. 45; Zimmermann, 1980, p. 425).
A larga utilização e difusão do modelo TCP/IP deve-se essencialmente ao
desenvolvimento tardio do modelo OSI (Tabela 6), pois quando este finalizou o seu
aperfeiçoamento já o modelo TCP/IP se encontrava implementado nos sistemas
existentes. A migração do modelo TCP/IP para o OSI não se conseguiu justificar pois
este já tinha visto o seu funcionamento comprovado e apreendido, sendo o modelo
TCP/IP o mais usado nos dias de hoje (Goralski, 2009, p. 22)
Camada 7 Camada de aplicação
Camada 6 Camada de apresentação
Camada 5 Camada de sessão
Camada 4 Camada de transporte
Camada 3 Camada de rede
Camada 2 Camada de ligação
Camada 1 Camada física
Tabela 6 – Modelo de referência OSI Fonte: Adaptado de Edwards e Bramante (2009, p. 46).
O modelo TCP/IP, ou modelo de internet (internet model), foi criado em meados de 1970
(como foi referido anteriormente antes do modelo OSI). O modelo TCP/IP implementa
uma série de camadas, e cada camada é responsável por implementar o seu protocolo
específico (Goralski, 2009, p. 26). O modelo TCP/IP é normalmente representado sobre a
forma de uma pilha (Tabela 7) (semelhante à representação do modelo OSI), em que
aparecem discriminadas as camadas existentes.
39
ANSI é o acrónimo de American National Standards Institute, em português é designado por “Instituto Nacional Americano de Padronização”. 40
OSI é o acrónimo de open systems interconnection. 41
Designação normalmente utilizada para designar vários tipos de hardware interligado entre si utilizando o mesmo protocolo de comunicação.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
46 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Camada 5 Camada de aplicação
Camada 4 Camada de transporte
Camada 3 Camada de rede
Camada 2 Camada de ligação
Camada 1 Camada física
Tabela 7 – Modelo de referência TCP/IP Fonte: Adaptado de Edwards e Bramante (2009, p. 57).
A análise a cada camada do modelo TCP/IP (Tabela 7) vai ser feita nos próximos
subcapítulos e é baseada no trabalho de Kurose e Ross (2004, p. 91-455), Goralski
(2009, p. 30-41), Edwards e Bramante (2009, p. 197-241) e Parziale, Britt, Davis,
Forrester, Liu, Matthews e Rosselot (2006, p. 6-9).
3.3.1. CAMADA DE APLICAÇÃO
A camada de aplicação (application layer) é a responsável por manter as aplicações de
rede e mantém a comunicação com as aplicações que são executadas num sistema
terminal42, sendo esta camada implementada por software. Os protocolos aplicados nesta
camada são o File Transfer Protocol (FTP), Simple mail Transfer Protocol (SMTP), Hyper
Text Transfer Protocol (HTTP), etc. O mesmo sistema terminal (host) possibilita também
a comunicação entre dois processos utilizando a comunicação inter-processos (esta
comunicação é definida pelo sistema operativo). Os processos executados num sistema
terminal interactuam com a camada de transporte através de um socket43, que permite
receber e enviar dados provenientes da camada de transporte (transport layer).
3.3.2. CAMADA DE TRANSPORTE
A camada de transporte faz o transporte das mensagens provenientes da camada de
aplicação. O transporte de mensagens proporciona, assim, uma comunicação lógica
entre aplicações (processos) a correr em sistemas terminais diferentes. A camada de
transporte permite implementar os protocolos: TCP44, UDP45, etc. O protocolo TCP está
42
Sistema terminal é muitas vezes designado por nó terminal, sendo utilizado para referir os dispositivos que se encontram na periferia da rede. 43
É aqui utilizado o termo socket para designar a combinação de um endereço IP, um protocolo e o número da sua porta de comunicação. 44
São as iniciais utilizadas para Transmission Control Protocol, este protocolo pode suportar variadíssimas ligações em simultâneo tendo um socket diferente para cada ligação. Este protocolo está associado a uma transferência de dados fiável, pois efectua controlo de erros dos dados enviados.
Capitulo III – Telemetria e Protocolos de rede
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 47
associado a uma ligação connection-oriented46 e o protocolo UDP a uma ligação
connectionless47.
3.3.3. CAMADA DE REDE
A camada de Rede (network layer) faz a comunicação lógica entre sistemas terminais
(hosts). Os protocolos IP48 e protocolos de encaminhamento (routing protocols) são
implementados nesta camada. A Figura 37 representa dois routers49, representado as
camadas do modelo TCP/IP que são implementadas. O router implementa o modelo
TCP/IP até esta camada aplicando assim os protocolos de encaminhamento, o switch50
apenas implementa até à segunda camada, a camada de ligação (link).
3.3.4. CAMADA DE LIGAÇÃO
A camada de ligação (link layer) faz a transferência dos pacotes51 de dados entre nós
adjacentes (vizinhos) através da sua ligação. A sua implementação é feita fisicamente em
cada placa de rede52, implementados os protocolos Ethernet53 e PPP54.
45
Iniciais utilizadas para designar User Datagram Protocol. Este protocolo está associado à ideia de best effort. (melhor esforço), em que não é assegurada a entrega dos pacotes enviados, não sendo assim assegurada uma QoS (Quality of Service) mínima. 46
Associada a uma elevada fiabilidade na entrega da mensagem ao seu destino, executando assim um controlo de erros. Esta faz o pedido de retransmissão dos pacotes quando estes não são recebidos ou são recebidos com erro. 47
Ligação que não assegura uma entrega fiável dos pacotes enviados, não executando controlo de entrega nem do erro associado aos pacotes que envia. 48
Iniciais utilizadas para designar Internet Protocol. 49
Um router é um dispositivo de rede cujo software e hardware estão geralmente adaptados às tarefas de roteamento e encaminhamento de pacotes. 50
Hardware utilizado para reencaminhamento de pacotes numa rede. 51
O termo pacote encontra-se largamente associado ao termo PDU (Packet Data Unit), sendo utilizada a palavra pacote para designar um PDU que inclui os cabeçalhos de todas as camadas implementadas pelo modelo em utilização. 52
Normalmente referidas em literatura como Network Interface Card (NIC), podemos designar uma placa de rede como uma combinação equilibrada entre hardware, software e respectivo firmware. 53
É a tecnologia de rede com fios dominante nos dias de hoje, definida no standard IEEE 802.3. Permite implementar velocidades, que nos dias de hoje, variam entre 10 Mbps e 10 Gbps. 54
Protocolo ponto-a-ponto (Point-to-Point Protocol). Este foi criado com o objectivo de transportar todo o tráfego entre dois dispositivos utilizando uma ligação única.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
48 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 36 – Recriação do esboço original efectuado por Metcalfe do standard de internet 10 Base 5 Fonte: Kurose e Ross (2004, p. 402).
3.3.5. CAMADA FÍSICA
A camada física (physical layer) é a responsável por enviar cada bit individualmente,
desde o nó de origem até ao nó de destino. Esta camada é muitas vezes associada ao
conceito de bits no fio (bits on the wire).
Figura 37 – Modelo de referência TCP/IP - Exemplo de Implementação
Fonte: Goralski (2009, p. 28).
3.4. IEEE802.3 - ETHERNET
O primeiro standard da norma IEEE 802.3 foi publicado em 1985 (IEEE, 2008, p. IV), este
standard foi constantemente desenvolvido acrescentando maiores funcionalidades e
maiores capacidades de operação. A camada MAC (Media Access Control), como
referido no seu standard, utiliza o mecanismo CSMA/CD (Carrier Sense Multiple Access
with Collision Detection). O mecanismo CSMA/CD já se encontrava descrito mesmo
anteriormente ao aparecimento deste standard, por Metcalfe e Boggs em 1976 (Metcalfe
e Boggs, 1976, p. 398).
A Ethernet experimental, desenvolvida por Metcalfe e Boggs, elementos pertencentes à
Xerox Palo Alto Research Center, começaram inicialmente com taxas de transferência de
Capitulo III – Telemetria e Protocolos de rede
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 49
dados de aproximadamente 2,94 Mbps e evoluiu posteriormente para 10 Mbps (Metcalfe
e Boggs, 1976, p. 399). As evoluções seguintes proporcionaram velocidades de 100
Mbps (Fast Ethernet) e de 1 000 Mbps (Gigabit Ethernet), estando actualmente
estabelecida (no ano de 2010) nos 10 Gbps (10 Gigabit Ethernet) a maior taxa de
transferência de dados possível com recurso a este protocolo de comunicação (IEEE,
2008, p. IV).
As aplicações deste estudo vão utilizar a Fast Ethernet e a Gigabit Ethernet. A primeira
para a transferência dos dados provenientes dos respectivos Dataloggers (Dataq e
Arduino) com interface Ethernet e aquisição de imagens provenientes de simples
webcams e a segunda para interface e.g. entre um computador portátil (unidade de
aquisição) e uma camera de alta-velocidade.
Fast Ethernet
Gigabit Ethernet
Sensores
Figura 38 – Dois exemplos de utilização da norma IEEE 802.3
O protocolo IEEE 802.3 divide a camada de ligação (Data link layer) em duas
subcamadas distintas (Edwards e Bramante, 2009, p. 264). As subcamadas referidas são
as seguintes (Figura 39):
Logical Link Control (LLC);
Media Access Control (MAC).
Os dois subcapítulos seguintes explicam pormenorizadamente cada uma das
subcamadas referidas anteriormente.
Figura 39 – Relação do modelo OSI com a norma IEEE 802.3 Fonte: Adaptado de Edwards e Bramante (2009, p. 264)
Camada de rede
Camada de ligação
Camada física
Camada de rede
Media Access Control
Camada física
Logical Link Control
Restantes camadas
do modelo OSI
Restantes camadas do
standard IEEE 802.3
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
50 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
3.4.1. LOGICAL LINK CONTROL (LLC)
A camada LLC faz o controlo efectivo da taxa de transmissão entre dois nós que estão a
comunicar, impedindo assim que o nó transmissor envie dados com uma velocidade
superior à velocidade de recepção. O controlo de fluxo, durante a recepção de dados de
múltiplos nós, depende do feedback dado pelo receptor ao transmissor. O feedback é
dado através de uma frame de pausa (pause frame) que permite parar a transmissão por
um determinado período de tempo, esta frame é unicamente utilizada em comunicações
full-duplex55 (Figura 40). As comunicações em half-duplex56 (Figura 41) não permitem
este feedback pois o receptor neste caso enquanto recebe dados não consegue enviar
(Edwards e Bramante, 2009, p. 265).
Figura 40 – Representação de uma ligação full-duplex
Figura 41 – Representação de uma ligação half-duplex
3.4.2. MEDIA ACCESS CONTROL (MAC)
A camada MAC faz a interligação entre a subcamada LLC e a camada física, é a
responsável pelo encapsulamento e desencapsulamento dos dados e verificação dos
erros nas frames recebidas (Edwards e Bramante, 2009, p. 265). Esta faz também
identificação de cada nó através da atribuição de um endereço MAC (MAC address). O
endereço MAC deve ser diferente para cada unidade de rede de forma a não gerar
conflitos, este endereço é constituído por 12 dígitos hexadecimais agrupados 2 a 2 (e.g.
00 23 54 80 CA D3). O mesmo endereço MAC em dois dispositivos distintos vai fazer
com que exista uma incompatibilidade na entrega de dados na rede.
55
Full-duplex é definido como a capacidade de enviar e receber em simultâneo. 56
Half-duplex é definido como a capacidade de um nó apenas poder ter dois estados: receber ou enviar. Não podendo enviar e receber em simultâneo.
Capitulo III – Telemetria e Protocolos de rede
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 51
3.4.2.1. CSMA/CD
O mecanismo Carrier Sense Multiple Access with Collision Detection (CSMA/CD) envia
um sinal que interfere com as restantes estações na rede (sinal de jamming57 constituído
por 48 bits), sempre que é detectado outro sinal no meio. Este sinal de jamming avisa
todos os nós da rede que ocorreu uma colisão e não poderão transmitir por um
determinado período de tempo, este período de tempo é baseado no algoritmo
exponential backoff. O algoritmo exponential backoff faz com que os intervalos de
transmissão entre nós sejam aleatórios, fazendo com que a probabilidade de voltar a
existir uma colisão entre nós seja muito baixa (Edwards e Bramante, 2009, p. 266 e 267;
SENA, 2002, p. 7; Kurose e Ross, 2004, p. 406).
O espaçamento máximo entre dois nós próximos é imposto pelo standard da norma nos
100 metros. Esta distância á a distância máxima para assegurar que se for escolhido o
menor tempo possível, utilizando o algoritmo de exponential backoff, as estações
conseguem comunicar entre si sem ocorrer uma nova colisão de dados (Kurose e Ross,
2004, p. 406).
3.5. A NORMA IEEE 802.11G
As normas IEEE 802.11 iniciais estabelecem taxas de transmissão de 1 Mbps e de 2
Mbps, com 3 camadas físicas distintas. As três camadas físicas são as seguintes (Vassis,
Kormentzas, Rouskas e Maglogiannis, 2005, p. 1; Xu e Saadawi, 2001, p. 2; Carney,
2002, p. 1; Walke, Mangolg e Berlemann, 2006, p. 103):
DSSS (Direct Sequence Spread Spectrum);
FHSS (Frequency Hopping Spread Spectrum);
IR (Infrared).
As operações das camadas físicas DSSS e FHSS são especificadas para a banda dos
2,4 GHz, e esta é uma banda de frequência ISM58. O espectro de frequências da norma
IEEE 802.11 é o seguinte:
57
Normalmente em português jamming é traduzido na palavra empastelamento. 58
ISM é um acrónimo de Industrial, Scientific and Medical. São bandas de frequência reservadas, internacionalmente, para uso industrial, científico e médico. Os aparelhos de comunicação ao serem construídos devem aceitar interferências provenientes de outros equipamentos, e conseguir operar sem limitações.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
52 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 42 – O espectro de frequências utilizado pela norma IEEE 802.11 Fonte: Walke, Mangolg e Berlemann (2006, p. 103).
Os canais 1,6 e 11 (Figura 42) não se sobrepõem entre si, sendo estes os canais que se
devem utilizar se existir mais do que um dispositivo a operar nesta norma na vizinhança.
Os canais que não se sobrepõem possibilitam uma diminuição das interferências mútuas
entre canais, possibilitando teoricamente uma melhor relação SNR do que a obtida ao
utilizar canais que se sobrepõem.
As estações de comunicação, ao usar a camada física FHSS, operam numa frequência
comum por um curto período de tempo antes de seleccionarem outro canal de
comunicação (Figura 42). As estações operam assim numa sequência pseudo-aleatória,
reduzindo a probabilidade de outras estações utilizarem o mesmo canal no mesmo
período de tempo, diminuindo assim a interferência mútua (Walke, Mangolg e Berlemann,
2006, p. 83; Olexa, 2005, p. 59).
Figura 43 – Frequency Hopping Spread Spectrum (FHSS)
Fonte: Olexa (2005, p. 59).
Capitulo III – Telemetria e Protocolos de rede
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 53
A camada física DSSS, ao contrário da camada física FHSS, faz com que as estações de
comunicação operem na mesma frequência central. O envio é feito recorrendo a códigos
pseudo-aleatórios utilizados para espalhar a portadora, resultando um sinal que está tão
separado que pode ser indistinguível face e.g. à existência de ruído térmico59. O receptor
recebe este sinal e amplifica-o recuperando-o através do mesmo código utilizado no
transmissor, obtendo desta forma o sinal original (Olexa, 2005, p. 59; Walke, Mangolg e
Berlemann, 2006, p. 83).
Figura 44 – Representação do funcionamento do Direct Sequence Spread Spectrum (DSSS)
Fonte: Olexa (2005, p. 59).
A evolução desta norma fez com que surgisse as especificações a, b e g. A norma IEEE
802.11b permite velocidades de transmissão de 11 Mbps na banda dos 2,4 GHz. A
norma IEEE 802.11a especifica uma norma wireless na banda dos 5 GHz, com
velocidade de transmissão até 54 Mbps, tendo como principal desvantagem não ser
compatível com os equipamentos baseados na norma IEEE 802.11b e IEEE 802.11g
(Vassis, Kormentzas, Rouskas e Maglogiannis, 2005, p. 1;Carney, 2002, p. 2)
A norma IEEE 802.11g combina as vantagens existentes na norma IEEE 802.11b ao
utilizar a mesma banda de frequências (2,4 GHz) e da norma IEEE 802.11a ao conseguir
iguais taxas de transmissão máximas teóricas (54 Mbps) (Walke, Mangolg e Berlemann,
2006, p. 116). A grande vantagem desta norma é a interoperabilidade com a norma IEEE
802.11b.
59
A existência deste tipo de ruído é inevitável e deriva dos movimentos dos electrões, acima do valor de temperatura considerado o zero absoluto (0º K).
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
54 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
O espectro de frequência dos 2,4 GHz é um espectro de frequência altamente saturado,
ao contrário do espectro dos 5 GHZ. O espectro dos 5 GHz permite também a existência
de mais canais, disponibilizando assim suporte para mais utilizadores (Zyren, 2001, p. 1).
A principal desvantagem seria a perda de compatibilidade com a norma IEEE 802.11b.
As principais características da norma IEEE802.11g, face às versões anteriores, são as
seguintes (Vassis, Kormentzas, Rouskas e Maglogiannis, 2005; Society, 2008):
Existência de 4 camadas físicas distintas;
O suporte obrigatório de um short preamble style;
O atributo de rede Extended Rate Physicals (ERP);
Novos mecanismos de protecção que lidam com aspectos de interoperabilidade;
O mecanismo CTS-to-self.
Os subcapítulos seguintes descrevem cada um dos pontos referidos anteriormente,
possibilitando assim compreender o funcionamento da norma IEEE 802.11g.
3.5.1. EXISTÊNCIA DE 4 CAMADAS FÍSICAS DISTINTAS
A norma IEEE 802.11g permite implementar a tecnologia DSSS, OFDM ou as duas em
simultâneo. As quatro camadas existentes encontram-se definidas no standard da norma
como Extended Rate Physicals (ERP), coexistindo durante a troca de dados por parte do
transmissor e do receptor. A escolha de uma das quatro camadas disponíveis depende
do transmissor e do receptor, devendo a camada escolhida ser suportada por ambos. As
quatro camadas distintas presentes nesta norma são as seguintes (Vassis, Kormentzas,
Rouskas e Maglogiannis, 2005, p. 21; Walke, Mangolg e Berlemann, 2006, p. 115):
ERP – DSSS/CCK: Camada física semelhante à utilizada pela norma IEEE802.11b,
sendo a tecnologia DSSS utilizada com uma modulação Complementary Code Keying
(CCK).
Figura 45 – Uso da técnica CCK para a transmissão do Preâmbulo/Cabeçalho (Preamble/Header)
e para os dados constituintes da comunicação (Payload) Fonte: Zyren (2001, p. 4).
ERP – OFDM: Esta apresenta-se como uma nova camada física introduzida pela norma
IEEE802.11g, esta camada física é utilizada para providenciar transmissões da ordem
dos 54 Mbps na frequência dos 2,4 GHz.
Capitulo III – Telemetria e Protocolos de rede
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 55
Figura 46 – Uso da técnica OFDM para a transmissão do Preâmbulo/Cabeçalho (Preamble/Header) e para os dados constituintes da comunicação (Payload)
Fonte: Zyren (2001, p. 5).
ERP – DSSS/PBCC: Esta camada física foi introduzida na norma IEEE802.11b e
providencia a mesma taxa de transmissão da DSSS/CCK, utilizando para isso a
tecnologia DSSS com o algoritmo de codificação Packet Binary Convolutional Coding
(PBCC).
Figura 47 – Uso da técnica DSSS/PBCC para a transmissão híbrida do Preâmbulo/Cabeçalho (Preamble/Header) e para os dados constituintes da comunicação (Payload)
Fonte: Zyren (2001, p. 6).
DSSS - OFDM: Esta camada usa uma combinação híbrida da camada física DSSS e
OFDM. O cabeçalho do pacote é transmitido usando DSSS, enquanto o pacote é
transmitido usando OFDM.
Figura 48 – Uso da técnica DSSS - OFDM para a transmissão híbrida do Preâmbulo/Cabeçalho (Preamble/Header) e para os dados constituintes da comunicação (Payload)
Fonte: Zyren (2001, p. 5).
Figura 49 – Elementos obrigatórios e opcionais da norma IEEE 802.11g Fonte: Adaptado de Zyren (2001, p. 3)
Os dispositivos que utilizam a norma IEEE 802.11g devem suportar as duas primeiras
camadas (Figura 49), sendo as duas últimas opcionais (Vassis, Kormentzas, Rouskas e
Maglogiannis, 2005, p. 22).
A camada física Orthogonal Frequency Division Modulation (OFDM) é uma técnica que
permite o envio de dados, utilizando um grande número de pequenos canais que se
Obrigatório
Opcional
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
56 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
sobrepõem. Os canais utilizados encontram-se sobrepostos e possuem a sua portadora
específica, estes estão espaçados igualmente em frequências precisas para providenciar
ortogonalidade (Cada portadora difere da sua adjacente em precisamente um ciclo) -
Figura 50 e 51. Esta técnica previne que os desmoduladores na recepção vejam
frequências que não correspondem à frequência real de envio (Olexa, 2005, p. 62; Walke,
Mangolg e Berlemann, 2006, p. 25). A OFDM é uma técnica já conhecida e utilizada mas
existiam regulamentações - FCC60 regulations - que não permitiam o seu uso na banda
de frequências dos 2,4 GHz, isto foi modificado em Maio de 2001 e ainda é permitida a
sua utilização nos dias de hoje (Zyren, 2001, p. 4).
A informação é transportada em cada portadora de uma forma paralela, modificando a
sua fase, amplitude ou ambas (Gomez, 2001, p. 11). O envio é efectuado em simultâneo
de acordo com as frequências de cada portadora, sendo efectuado o envio de uma forma
paralela (Aspinwall, 2003, p. 371).
A interferência resultante de multi-percurso é assim diminuída utilizando a técnica OFDM,
esta diminuição deve-se ao aumento do tempo utilizado na transmissão de cada símbolo
face ao envio de um símbolo de cada vez (Chakravarthy, Nunez e Stephens, 2005, p. 11
e 12).
Figura 50 – Representação das múltiplas portadoras utilizando a técnica de OFDM (A) Fonte: Adaptado de Zyren (2001, p. 4).
Figura 51 – Representação das múltiplas portadoras utilizando a técnica de OFDM (B) Fonte: Adaptado de Gomez (2001, p. 11).
60
Federal Communications Commission (FCC) é um órgão regulador, situado nos Estados Unidos, que permite o controlo da área das comunicações e radiodifusão.
Frequência
Largura de banda do sinal
Múltiplas Portadoras
Capitulo III – Telemetria e Protocolos de rede
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 57
A técnica descrita anteriormente como CCK (complementary code keying) é baseada
numa modulação básica, tendo sido inicialmente implementada na norma IEEE 802.11b.
Esta técnica permite o envio de dados utilizando uma única portadora, sendo o formato
da portadora o seguinte:
Figura 52 – Representação da portadora na técnica CCK Fonte: Adaptado de Zyren (2001, p. 4).
A técnica descrita anteriormente com Packet Binary Convolutional Coding (PBCC) é, à
semelhança da técnica CCK, baseada na utilização de uma única portadora para o envio
de dados. A técnica PBCC aplica um envio de dados envolvendo 8 níveis de mudança de
fase (8-PSK61), ou seja, a sua fase pode tomar 8 valores distintos no envio (Zyren, 2001,
p. 6). A taxa máxima de despacho teoricamente disponível utilizando esta técnica é de
aproximadamente de 33 Mbps (Tabela 8).
3.5.2. O SUPORTE OBRIGATÓRIO DE UM SHORT
PREAMBLE STYLE
O envio de dados é sempre precedido pelo envio de um preâmbulo e de um cabeçalho,
apresentando a norma IEEE 802.11b um preâmbulo demasiado longo. O desempenho da
norma IEEE 802.11g foi aumentado criando um preâmbulo curto (short preamble), sendo
a sua utilização obrigatória na nova norma (Vassis, Kormentzas, Rouskas e
Maglogiannis, 2005, p. 22). A comparação entre os tempos de envio e o tamanho dos
preâmbulos é feito na Tabela 8.
61
Phase shift key.
Frequência
Largura de banda do sinal
Única Portadora
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
58 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Camada física
Taxas de transferência suportadas
Atraso no envio do preâmbulo e cabeçalho
Tamanho do preâmbulo e cabeçalho
Longo Curto Longo Curto ERP-DSSS (Obrigatório)
1;2;5,5;11 192 s 96 s 192 Bits 120 Bits
ERP-OFDM (Obrigatório)
6;9;12;18;24;36;48;54 20 s 40 Bits
ERP-PBCC (Opcional)
1;2;5,5;11;22;33 192 s 96 s 192 Bits 120 Bits
DSSS-OFDM (Opcional)
6;9;12;18;24;36;48;54 192 s 96 s 192 Bits 120 Bits
Tabela 8 – Parâmetros das diferentes camadas físicas da norma IEEE802.11g Fonte: Adaptado de Vassis, Kormentzas, Rouskas e Maglogiannis (2005, p. 22).
3.5.3. O ATRIBUTO DE REDE EXTENDED RATE
PHYSICALS (ERP)
Os valores padrão para o tempo de cada slot62 e janela de contenção63 para a norma
IEEE 802.11b são de 20 s e de 31 slots respectivamente. A norma IEEE 802.11g
manteve estes valores para conseguir assegurar a interoperabilidade entre normas, mas
no entanto estes valores não estão optimizados para velocidades de transferência de
dados de 54 Mbps. O atributo de rede ERP surge deste problema, permitindo um ajuste
dinâmico dos valores de tempo de slot e tamanho da janela de contenção através do
envio de uma frame de controlo que contém informação sobre a rede. A capacidade
descrita anteriormente apenas se verifica para redes que tenham suporte ERP, como é o
caso e.g. de uma rede com suporte ERP-OFDM (Vassis, Kormentzas, Rouskas e
Maglogiannis, 2005, p. 22).
Comunicação Preâmbulo Tempo de cada slot Janela de contenção mínima (slots) ERP-ERP ERP-OFDM 20 s 31
ERP-non-ERP/S Curto 20 s 31
ERP-non-ERP/L Longo 20 s 31
Non-ERP/S-non-ERP/S Curto 20 s 31
Non-ERP/S-non-ERP/L Longo 20 s 31
Non-ERP/L-non-ERP/L Longo 20 s 31
All ERP ERP-OFDM 9 s 15
Tabela 9 – Parâmetros físicos para diferentes cenários de comunicação Fonte: Adaptado de Vassis, Kormentzas, Rouskas e Maglogiannis (2005, p. 23).
62
Tempo atribuído a um determinado sistema para recepção de informação, mesmo que esteja a receber de uma única origem esta recepção é feita em múltiplos slots de tempo dependendo da quantidade de dados a transmitir. 63
Nome dado a um conjunto de slots específicos, sendo o tamanho desta janela variável de acordo com a situação e algoritmo utilizado.
Capitulo III – Telemetria e Protocolos de rede
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 59
3.5.4. ASPECTOS DE INTEROPERABILIDADE
Os três tipos de estações (resumidas na Tabela 9) que podem coexistir são os seguintes
(Vassis, Kormentzas, Rouskas e Maglogiannis, 2005, p. 23):
Estações que suportam ERP;
Estações que não suportam ERP, mas que suportam short preamble;
Estações que não suportam ERP e que não suportam short preamble.
A existência de vários tipos de estações pode gerar problemas de interoperabilidade, pois
estas podem não conseguir comunicar entre si. A utilização de DSSS-OFDM é uma
solução pois as estações de destino têm a capacidade de receber dados em OFDM, e as
restantes estações interpretam o preâmbulo e o cabeçalho abstendo-se de transmitir
(evitando assim colisões no meio) mesmo que não detectem a transmissão OFDM. Os
mecanismos RTS/CTS (Request To Send/Clear To Send) e CTS-to-self são as
alternativas existentes, sendo abordados no próximo subcapítulo.
3.5.5. O MECANISMO CTS-TO-SELF
O mecanismo CTS-to-self é utilizado como uma alternativa ao RTS/CTS (Request to
send/Clear to send). Os dois mecanismos estão representados na Figura 53, estando o
mecanismo RTS/CTS representado no lado esquerdo e o mecanismo CTS-to-self
representado no lado direito da figura.
A figura 53 (a) representa o envio de um pacote da estação “A” para a estação “C”
utilizando o mecanismo RCS/CTS, este tem de enviar uma frame RTS (seta 1) para
informar as outras estações da sua intenção de enviar um pacote para o meio de
transmissão. A frame enviada é recebida por “B” e “C” (setas com o número 2), pois
estão na área de alcance da estação que vai efectuar o envio, estas ao receberem a
frame RTS enviam frames CTS (setas 3). A frame CTS é utilizada para informar que a
estação não se encontra a transmitir e que o meio está desimpedido para o envio da
estação “A”. As frames enviadas são recebidas por todas as estações na rede (setas 4),
mesmo por aquelas que no início não tinham recebido a frame RTS da estação “A” por
estarem fora do seu alcance (Vassis, Kormentzas, Rouskas e Maglogiannis, 2005, p. 23).
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
60 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 53 – (a) RTS/CTS e (b) CTS-to-self Fonte: Vassis, Kormentzas, Rouskas e Maglogiannis (2005, p. 23).
A Figura 53 (b) representa a utilização do mecanismo CTS-to-self. A estação “A” quando
quer enviar um pacote para a estação “C”, envia um frame CTS (seta 1), e esta ao ser
recebida pela estação “B” e “C” (setas 2) faz com que as estações adiem as suas
transmissões. A estação “D” não está no alcance de transmissão da estação “A”, ou seja,
não vai receber qualquer indicação que no meio se encontra a ocorrer uma transmissão.
O método CT-to-self apresenta esta clara desvantagem, e apenas deve ser utilizado
quando todas as estações conseguem comunicar entre si. A comunicação entre todas as
estações evita a existência de estações escondidas (não detectadas) (Vassis,
Kormentzas, Rouskas e Maglogiannis, 2005, p. 23).
3.5.6. O DÉBITO REAL - IEEE 802.11G
Os valores normalmente referidos como taxas máximas de transferência de dados são os
valores teoricamente esperados ao nível da camada física, ou seja, não representam a
taxa de transferência de dados disponível ao nível do utilizador (camada de aplicação). A
taxa de transferência ao nível do utilizador vai diminuir de acordo com as necessidades
de processamento das restantes camadas até chegar à camada de aplicação,
Os testes aos valores efectivos obtidos foram efectuados pela Atheros (Atheros, 2003),
esta empresa representa uma das maiores empresas de fabricantes de chipsets para a
norma IEEE 802.11a. Os valores obtidos foram os seguintes:
Capitulo III – Telemetria e Protocolos de rede
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 61
Protocolo
Números de canais
que não se sobrepõem
Modulação Taxa de
transferência máxima
Taxa de transferência máxima teórica usando
TCP
Taxa de transferência máxima teórica usando
UDP
802.11b 3 CCK 11 Mbps 5,9 Mbps 7,1 Mbps
802.11g (com
802.11b) 3 OFDM/CCK 54 Mbps 14,4 Mbps 19,5 Mbps
802.11g (apenas)
3 OFDM/CCK 54 Mbps 24,4 Mbps 30,5 Mbps
802.11a 19 OFDM 54 Mbps 24,4 Mbps 30,5 Mbps
Tabela 10 – Representação da taxa efectiva IEEE 802.11 Fonte: Adaptado de Atheros (2003, p. 1).
Os valores para as taxas de transmissão obtidos são de 24,4 Mbps para comunicações
em TCP e de 30,5 Mbps para comunicações em UDP (Tabela 10). Os valores da Tabela
10 foram obtidos através de testes efectuados em condições óptimas, em terminais
parados e muito próximos do ponto de acesso wireless.
Taxa de dados efectiva
Taxa de dados na camada física (5)
A análise dos resultados expostos leva a que se chegue à relação representada pela
equação 5, em que a taxa de transferência de dados efectiva é de aproximadamente
metade da taxa de transferência de dados da camada física.
3.6. COMO ANALISAR A PERFORMANCE DE UMA REDE
A taxa de despacho e a latência64 apresentadas por uma rede afectam a sua
performance, quer esta seja baseada num protocolo de comunicação sem fios (wireless)
ou com fios (Kozierok, 2005, p. 95-98).
A performance é um conceito muito importante e depende da aplicação, ou seja, depende
do que se pretende implementar pois as características requeridas para sistemas
distintos raramente são as mesmas. As características normalmente requeridas para uma
rede são: elevada velocidade, grande largura de banda, elevada taxa de despacho e
baixa latência.
A largura de banda (bandwith) dá uma indicação da quantidade máxima de dados que
conseguimos enviar de um ponto para outro, estando limitada e.g. nas comunicações
wireless pelo espectro de radiofrequência (espectro RF) utilizado. A taxa de despacho
(throughput) é caracterizada como a quantidade de dados que consegue circular na rede
por uma determinada unidade de tempo, sendo esta taxa de despacho limitada pelo
conceito de largura de banda. Estas características devem resultar num factor
64
Diferença de tempo entre um pedido à rede e sua respectiva resposta.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
62 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
denominado por qualidade de serviço (Quality of service - QoS) aceitável, que neste
âmbito específico representa a relação entre a largura de banda e a capacidade
apresentada para efectuar uma entrega de dados fiável (reliable).
O tipo de protocolo utilizado numa determinada aplicação não garante sempre a mesma
performance, temos sim um intervalo esperado de algumas variáveis como e.g. a taxa de
despacho podendo assim tentar inferir o comportamento esperado (QoS mínimo
esperado). A obtenção de valores concretos, recorrendo a software adequado, é
essencial.
O software disponível para análise redes de computadores é dividido em função dos seus
objectivos da seguinte forma (Burns, 2003, p. 29-65):
Gestão do desempenho e simulação (Performance management and
simulation);
Analisadores de protocolo (Protocol analysers).
As aplicações cliente/servidor são bastante utilizadas nos dias de hoje, originando a
necessidade do aparecimento de software capaz de analisar a performance apresentada
pela rede, com o objectivo de garantir um nível de serviço mínimo aos utilizadores. O
software do tipo performance management and simulation pode ser dividido em dois
subtipos, um denominado por active management (gestão activa) e outro por passive
management (gestão passiva).O primeiro subtipo de software faz a análise através da
simulação de alguns parâmetros de teste (e.g. introdução de tráfego na rede), e
consegue assim aferir o desempenho apresentado. O segundo subtipo de software faz a
análise através da escuta permanente do que se está a passar na rede e,
simultaneamente, efectua uma análise ao seu comportamento. A análise efectuada tem
por base os parâmetros de funcionamento da rede, sem recorrer a qualquer parâmetro
externo.
O software pode também ser do tipo protocol analyzer, que possibilita, com base no
conhecimento do protocolo utilizado, representar os dados de acordo com os tipos de
estrutura de pacotes utilizados, no envio e respectiva recepção. O termo protocol
analyser, referido anteriormente, é utilizado para designar um software que executa uma
análise aos pacotes enviados na rede (packet analysis). O real funcionamento da rede
pode ser percebido utilizando este tipo de software, não existindo segredos a este nível
(Sanders, 2007, p. 23). O software Wireshark65 e OmniPeek66 são do tipo protocol
65
Site oficial http://www.wireshark.org/.
Capitulo III – Telemetria e Protocolos de rede
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 63
analyzer, existem outros com as mesmas potencialidades mas os referidos anteriormente
foram os utilizados nos testes efectuados.
A elaboração dos cálculos estimados é uma alternativa à utilização de software, mas para
a elaboração destes é necessário contemplar todos os factores existentes na
comunicação e que podem influenciar a performance da rede (Jun, Peddabachagari e
Sichitiu, 2003). O recurso a software apropriado permite ultrapassar esta dificuldade e
analisar o caso particular de estudo com relativa facilidade.
3.6.1. INTERFERÊNCIAS EM REDES DE COMPUTADORES
O sistema de detecção de interferências descrito em 1976 por Robert Metcalfe e David
Boggs (Robert Metcalfe e David Boggs, 1976, p. 398), fazia com que cada
transmissor/receptor tivesse a capacidade de detectar a diferença entre o bit recebido e o
enviado. Este apresentava as seguintes vantagens:
A colisão ao ser detectada fazia com que a estação de recepção soubesse qual o
pacote que foi danificado e agendasse a sua imediata retransmissão;
A informação das interferências na rede pode ser utilizada para poder estimar o
tráfego na rede e reajustar os intervalos de retransmissão, possibilitando assim
aumentar a eficiência do canal de transmissão.
As colisões podem ser diminuídas, diminuindo as interferências e fazendo com que
existam menos pacotes retransmitidos. A existência de menos pacotes retransmitidos
reduz o consumo da rede e aumenta o seu tempo de vida (Johansson e Carr-Motycková,
2005, p. 1). As redes de sensores com alimentações limitadas podem ver assim
aumentado o ser desempenho.
As redes de sensores wireless têm uma elevada probabilidade de ter interferências
mútuas entre os sensores utilizados, pois na maioria das vezes a transmissão é
efectuada com potências bastante elevadas (comparado com o necessário) e com
antenas omnidireccionais (Moscibroda e Wattenhofer, 2005, p. 1). A utilização de uma
menor potência de transmissão tem vantagens em termos de gastos energéticos, mas ao
diminuir o alcance da comunicação wireless faz com que determinados nós possam
deixar de comunicar. Este factor pode levar ao abandono da ligação entre alguns nós da
66
Site Oficial http://www.wildpackets.com/products/network_analysis/omnipeek_network_analyzer.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
64 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
rede, não podendo diminuir a potência de uma forma aleatória, mas sim de uma forma
fundamentada.
O sistema de telemetria que se pretende elaborar deve ser correctamente projectado,
pois as colisões entre os pacotes que circulam na rede devem ser diminuídas ao máximo.
Ao existirem colisões de pacotes faz com que seja necessário efectuar retransmissões
dos dados perdidos, o que pode saturar a rede de pacotes teoricamente desnecessários.
Figura 54 – Topologia de rede básica a utilizar
O aumento do número de sensores faz com que mais dados tenham de ser recolhidos
dos Dataloggers e mais dados tenham de ser enviados para o módulo de envio67 (Figura
54). Os dados enviados para o módulo de envio podem originar um atraso no envio
fazendo com que o buffer68 de entrada do router seja excedido e por conseguinte os
pacotes a enviar sejam perdidos.
3.7. SENSORES DE REDE
Um sistema de sensores de rede tem a vantagem de permitir a vários utilizadores,
através da partilha de uma única comunicação, aceder a dados provenientes de várias
origens. Os utilizadores podem estar em posições geográficas diferentes, bastando que
tenham ligação à respectiva rede. A ligação descrita pode ser por wireless ou por fio,
dependendo do protocolo de rede utilizado, e pode também ser híbrida (utilização de
vários protocolos).
67
Os módulos de envio, neste caso concreto de estudo, proporcionam o envio de dados que circulam em fio para wireless. 68
Memória utilizada de forma temporária para leitura e escrita de dados.
Sensores (Nível 3)
Dataloggers (Nível 2)
Módulo de Envio (Nível 1)
Capitulo III – Telemetria e Protocolos de rede
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 65
O sensor de rede é constituído por duas partes distintas: um módulo destinado à
aquisição (sensor) e outro destinado à comunicação (interface entre o sensor e a rede)
(Figura 55) (Crovella, 1999, p. 1). A comunicação em rede pode também ser feita por
uma unidade de conversão com a capacidade de comunicar em rede, esta unidade
normalmente efectua também a conversão de analógico para digital e faz o envio desses
dados (e.g. Datalogger com interface Ethernet). O Datalogger normalmente adquire
dados provenientes de vários sensores o que em termos de redundância pode ser
prejudicial pois caso essa unidade de aquisição seja danificada, ou fique de alguma
forma inoperacional, é perdida a possibilidade de adquirir dados não de apenas um
sensor mas de variadíssimos sensores.
Figura 55 – Sensor com componente para comunicar em rede Fonte: Adaptado de Crovella (1999, p. 2).
A aquisição de dados de múltiplos sensores utilizando uma comunicação de rede
também tem vantagens, pois diminui o número de fios necessários para efectuar a
transmissão de dados entre dois pontos (Crovella, 1999, p. 2).
O controlo de erros deve ser feito neste tipo de redes, e mais importante que isso,
devem-se dotar as redes com capacidade de efectuar um isolamento dos erros (Crovella,
1999, p. 6 e 7). Ou seja, dotar as redes com capacidade de detecção e isolamento dos
componentes de rede que apresentam problemas. A detecção e isolamento de erros
permite que a rede continue a comunicar mesmo quando existem componentes
degradados e a gerar enormes quantidades de erros, introduzindo assim redundância no
sistema.
Sensor
Interface sensor/rede Variável medida
Rede de comunicação
Sinal eléctrico representativo da variável medida
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
66 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
3.8. CONCLUSÕES OU SÍNTESE
O conceito de telemetria foi abordado neste capítulo, dando assim as bases teóricas para
o seu entendimento.
A distribuição dos dados, após a sua aquisição por parte de Dataloggers com interface de
rede, é efectuada recorrendo ao protocolo IEEE 802.3 e posto isto tornou-se essencial
abordar este protocolo. O modelo TCP/IP e OSI mostraram-se os pontos de partida para
a abordagem dos protocolos de rede utilizados neste sistema de telemetria (IEEE 802.3 e
IEEE 802.11g).
A comunicação sem fios a vai-se fazer recorrendo ao protocolo IEEE 802.11g, sendo feito
neste capítulo um estudo sucinto sobre o seu funcionamento e como a troca de
informação se processa. A taxa de transferência efectiva que se poderá esperar por TCP
e UDP ao nível do utilizador (camada de aplicação) foi abordada, baseada em estes
práticos efectuados pela Atheros Corporation.
A abordagem dos diferentes tipos de software efectuada neste capítulo demonstrou a
forma como é possível analisar a performance de uma rede, sendo este o modo de
análise utilizado nos testes efectuados.
As interferências em redes de computadores são também analisadas neste capítulo,
terminando o capítulo com um subcapítulo dedicado aos sensores em rede abordando a
sua constituição e vantagens.
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 67
4. CAPÍTULO IV
IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA
4.1. INTRODUÇÃO
Torna-se importante neste capítulo, e no seguimento do trabalho que tem sido efectuado,
descrever o material escolhido e adquirido para constituir o sistema final. Neste capítulo
vão também ser descritas as modificações mais importantes feitas ao material adquirido,
descrevendo assim como foram feitas.
A ferramenta de baixo custo utilizada como alternativa aos Dataloggers adquiridos vai ser
descrita neste capítulo, e vai também ser utilizada em algumas das experiências
efectuadas - Arduino69. A descrição deste vai ser feita, primariamente, em termos de
capacidade de conversão A/D, velocidade de aquisição de dados e alguns parâmetros de
funcionamento O agregado planar 4x4 desenhado e fabricado vai também ser
sucintamente descrito, este foi desenvolvido com vista a ser um substituto à antena
omnidireccional adquirida. Ao utilizar uma antena direccional com um maior ganho face à
antena omnidireccional adquirida no mercado, espera-se assim aumentar o alcance
obtido por wireless na comunicação entre o navio alvo e o navio responsável por efectuar
a respectiva monitorização.
O capítulo vai ser finalizado com uma análise teórica ao problema de estudo,
evidenciando algumas das dificuldades esperadas.
4.2. MATERIAL OFF-THE-SHELF UTILIZADO
O material foi adquirido tendo em conta os requisitos iniciais idealizados para o sistema,
em que seria necessário a aquisição de antenas, amplificadores, routers, Dataloggers,
sensores, placas de desenvolvimento com microcontrolador - Arduino Duemilinove,
webcam e camera de alta velocidade. A EN e a DN disponibilizaram os fundos
necessários para adquirir o material descrito na seguinte tabela:
69
Site oficial http://www.arduino.cc.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
68 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Função no Sistema Modelos Adquiridos Fabricante Antenas OMNI H Ferimex
Router WRT54GS v. 7
Linksys WRT54GL v. 1.1
Dataloggers DI-710-EL Dataq Instruments
Arduino Duemilinove Tinker
Sensores Acelerómetros
ADXL 321 Analog Devices
ADXL 203
MMA 7260 Freescale Semiconductor
Termopares JQSS-IM30E-300 Omega
Webcam TV-IP 100
TRENDnet TV-IP 110
Camera de Alta Velocidade GC640C Prosilica
Sensores de pressão MPX2100 Motorola Semiconductor
MPX5999D Freescale Semiconductor
Tabela 11 – Material adquirido para a constituição do sistema final
Algum do material adquirido, e à medida que foram efectuados testes ao equipamento, foi
configurado de forma a aumentar o seu desempenho. As modificações efectuadas foram
desde a actualização do firmware de equipamentos a testes à leitura de todos os
sensores utilizando os equipamentos adquiridos. Os testes efectuados e considerados
relevantes para este estudo vão ser aprofundados com mais rigor no capítulo V,
descrevendo as modificações efectuadas, pormenores relevantes e montagens
efectuadas para cada um.
4.2.1. ROUTER UTILIZADO
Os routers adquiridos foram da marca Linksys70, correspondendo ao modelo WRT54GS
(versão 7) e WRT54GL (versão 1.1). Esta escolha prendeu-se não só com as suas
características em termos de hardware, mas também com a sua reconhecida
compatibilidade com o firmware open source - DD-WRT (Asadoorian e Pesce, 2007, p.
53-108). Este permite expandir as funcionalidades do firmware proprietário de origem,
tornando o router numa ferramenta facilmente configurável e acessível. Algumas das
suas características, são facilmente descritas pela tabela seguinte, de acordo com o seu
site oficial (GmbH, 2009):
Características Principais
Suportado por mais de 200 aparelhos distintos
User Friendly
Suporta todos os protocolos wireless actuais
Pode ser aplicado ao exterior
Integração VPN71
Suporta o controlo da largura de banda
Interface em várias línguas
Podem ser variados parâmetros de funcionamento
Tabela 12 – Algumas das características mais relevantes do firmware - DD-WRT Fonte: Adaptado de GmbH (2009).
70
Marca pertencente à Cisco, uma companhia multinacional sediada em San José na Califórnia. 71
VPN – Virtual private network é usado para referir uma rede de comunicações privada normalmente utilizada por uma empresa/instituição, construída utilizando uma rede de comunicações pública (e.g. a internet).
Capitulo IV – Implementação do sistema
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 69
Figura 56 – Imagem de um router Linksys WRT54GS (versão 7)
.A mudança de firmware teve como principal objectivo a capacidade de configurar o router
como cliente de uma rede e baseou-se numa pré-análise de Asadoorian e Pesce (2007,
p. 53-108), em que é efectuada uma abordagem a inúmeros firmwares não proprietários
existentes para a marca e modelos especificados anteriormente. Este firmware foi
escolhido devido às suas funcionalidades, enorme facilidade de configuração e instalação
(Tabela 12).
4.2.2. SENSOR DE TEMPERATURA - TERMOPAR
Os termopares constituem meios baratos e precisos de determinar a temperatura
(Pollock, 1993, p. 229). Estes baseiam-se num fenómeno conhecido como efeito Seebeck
(ou efeito termoeléctrico) para fazer a respectiva transformação de energia térmica para
eléctrica.
O efeito Seebeck foi verificado em 1821 por Thomas Johan Seebeck (1770 – 1831), que
comprovou que uma corrente circula num circuito fechado composto por dois condutores
diferentes, gerando uma f.e.m. (força electromotriz, normalmente da ordem dos mV)
distinta entre os seus terminais, normalmente designada por tensão termoeléctrica.
Todos os termopares possuem duas junções, uma junção de medição e uma junção de
referência (Pollock, 1993, p. 229; Wilson, 2005, p. 533).
Figura 57 – Representação do princípio de Seebeck
Fonte: Adaptado de Pollock (1993, p. 230).
A utilização de junções feitas com materiais que tenham um comportamento regular em
função da temperatura, dentro da gama de medição de interesse, possibilita ter um
sensor de temperatura com uma elevada precisão.
A
B
T T + T
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
70 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
A junção de referência é normalmente colocada a 0º C (designado por ponto de gelo - ice
point), ou é simulado através utilização de um circuito integrado (e.g. AD594 da Analog
Devices) (Pollock, 1993, p. 230). O integrado AD594 coloca na junção de referência uma
tensão representativa dos 0 ºC, permitindo assim que o sinal da junção de medição seja
referenciado a esses 0 ºC. Este método permite que a temperatura medida corresponda
à temperatura absoluta (Devices, 1999, p. 8).
Figura 58 – Representação do princípio de Seebeck
Fonte: Adaptado de Devices (1999, p. 8).
O modelo de termopar adquirido foi o JQSS-IM15E-300 da Omega, sendo este um
termopar do tipo J (Tabela 13). Este termopar é constituído por uma conjugação de ferro
e constantan (material constituído por uma liga de cobre - 58 % - e níquel - 42 %),
estando indicado para medição num intervalo de temperatura de 0 a 750 ºC (Tabela 13).
A relação entre os vários tipos de termopares existentes, dependendo do tipo de material
combinado, encontram-se representados na seguinte tabela:
Tipo de termopar Gama de temperatura º C Limites de erro standard T 0 a 350 1 ºC ou 0,75%
J 0 a 750 2,2 ºC ou 0,75%
E 0 a 900 1,7 ºC ou 0,5%
K 0 a 1250 2,2 ºC ou 0,75%
R ou S 0 a 1450 1,5 ºC ou 0,25%
B 800 a 1700 0,5%
T - 200 a 0 1 ºC ou 1,5%
E - 200 a 0 1,7 ºC ou 1%
K - 200 a 0 2,2 ºC ou 2%
Tabela 13 – Gama de temperatura e limites de erro nos vários tipos de termopares existentes Fonte: Adaptado de ANSI (1975).
O modelo adquirido é do tipo ponta exposta (exposed), sendo a ponta de detecção unida
por uma soldadura para formar a junção de medição. Este tipo de termopar foi escolhido
porque das junções existentes esta é a que apresenta uma velocidade de resposta maior
(Wilson, 2005, p. 544).
Figura 59 – Termopar adquirido modelo JQSS-IM15E-300
Ponto de gelo
Junção de referência
Temperatura desconhecida
Junção de medição
Capitulo IV – Implementação do sistema
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 71
4.2.3. SENSOR DE PRESSÃO
A necessidade de medir os efeitos do impacto ao nível da pressão (onda de choque) nos
diferentes compartimentos, levou a que fosse necessário adquirir sensores com esta
capacidade.
O sensor adquirido foi o da Freescale Semicondutor modelo MPX5999D que, segundo o
seu datasheet (Semicondutor, 2009, p.1 e 2), permite leituras de 0 a 1 000 000 Pa (0 a
150 psi72). Ao nível do mar a pressão atmosférica é de aproximadamente 101325 Pa
(1,01 Bar), ou seja, é possível medir com este sensor até aproximadamente dez vezes a
pressão existente ao nível médio da água do mar.
A pressão é a força exercida por unidade de área por um fluido (líquido ou gasoso) numa
superfície, sendo a componente normal à superfície que indica a pressão num
determinado ponto. Os três tipos de medidas de pressão existentes são os seguintes
(Chau, Goehner, Drubetsky, Brady, Bayles e Pedersen, 1999, p. 663 e 664; Harman,
2005, p. 414):
Pressão absoluta;
Pressão relativa;
Pressão diferencial.
A pressão absoluta representa a diferença de pressão entre o ponto medido e a pressão
no vácuo, a pressão relativa representa a diferença entre a pressão medida e a pressão
atmosférica (ambiente) e a pressão diferencial é medida como sendo a diferença entre
dois pontos de medição.
O modelo de sensor adquirido, de acordo com as suas especificações técnicas, é
baseado num transdutor piezoresistivo (Semicondutor, 2009, p. 1). Os sensores de
pressão baseados no efeito piezoresistivo são os mais comuns nos dias de hoje, este
efeito é caracterizado por uma mudança na resistência eléctrica do material quando lhe
são aplicadas tensões (Chau, Goehner, Drubetsky, Brady, William H. Bayles e Pedersen,
1999, p. 626; Semicondutor, 2009, p. 412).
O datasheet do sensor (Semicondutor, 2009, p. 4) indica que o diafragma do sensor é
feito de silicone (Figura 60). A sensibilidade do sensor vai ser proporcional à espessura
apresentada pelo diafragma, sendo que ao dobrar a sua espessura vai existir uma
diminuição da sua sensibilidade e vice-versa (Harman, 2005, p. 414). O aumento para o
72
Libras por polegada quadrada.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
72 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
dobro da espessura do diafragma vai diminuir a sensibilidade em quatro vezes. O tipo de
material que constitui o diafragma também é importante, pois permite saber qual a
máxima pressão que pode ser aplicada sem alterar as suas capacidades físicas. Ao
alterar as capacidades físicas do diafragma faz com que existe uma variação na resposta
obtida pelo sensor.
Figura 60 – Representação da constituição do sensor de temperatura adquirido Fonte: Semiconductor (2009, p. 4).
Gráfico 1 – Saída vs Pressão diferencial
Fonte: Semiconductor (2009, p. 4).
4.2.4. ACELERÓMETROS
Os acelerómetros são sensores que podem ser utilizados para providenciar uma saída
proporcional à aceleração, vibração e choque (Eren, 1999, p. 454; Aszkler, 2005, p. 137).
Os acelerómetros adquiridos foram o ADXL321 e ADXL203 da Analog Devices e o
MMA7260Q da Freescale Semicondutor. O modelo ADXL321 possui uma sensibilidade
de +/- 18 g (2 eixos), o modelo ADXL203 possui uma sensibilidade de +/- 1,7 g (2 eixos) e
Capitulo IV – Implementação do sistema
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 73
o modelo MMA7260Q possui uma sensibilidade regulável de +/- 1,7, +/- 2, +/- 4 e +/- 6g
(3 eixos).
Verificando os datasheets (Devices, 2004; Devices, 2007; Semiconductor, 2005) dos
modelos de acelerómetro referidos anteriormente é possível constatar que estes são do
tipo capacitive micromachined accelerometer. Os acelerómetros capacitivos são
baseados numa mudança de capacitância (quantidade de energia armazenada no
eléctrodo), ou seja, existe uma mudança de capacitância proporcional à aceleração
aplicada. Estes têm na sua constituição física uma massa a uma distância constante de
dois eléctrodos, a variação da posição desta massa de acordo a estes eléctrodos vai
fazer que o valor da capacitância obtida varie (Aszkler, 2005, p. 146; Eren (1999, p. 467).
Esta capacitância vai, posteriormente, ser convertida num sinal analógico através de um
circuito electrónico embutido, ou seja, este vai converter o valor obtido num sinal de
tensão proporcional (Aszkler, 2005, p. 147).
Figura 61 – Representação da construção do elemento principal de um sensor capacitivo Fonte: Aszkler (2005, p. 146).
Figura 62 – Modelo simplificado de um acelerómetro capacitivo Fonte: Adaptado de Semiconductor (2005, p. 4).
A variação do modelo simplificado (Figura 62) é feita de acordo com a seguinte relação
(Semiconductor, 2005, p. 4; Aszkler, 2005, p. 146; Eren, 1999, p. 467):
(6)
Onde: A é a área da massa; é a constante dieléctrica e D é a distância em relação ao
eléctrodo escolhido.
Massa
Eléctrodos
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
74 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
O aparecimento dos microacelerómetros baseados em circuitos integrados teve origem
em 1979, tendo existido uma constante progressão desde essa data (Eren, 1999, p. 477
e 478). Os acelerómetros de três eixos produzidos, segundo esta técnica podem não
apresentar a mesma sensibilidade nos eixos apresentados, devendo a direcção de menor
sensibilidade ser indicada pelo fabricante na documentação técnica disponibilizada. O
acelerómetro de três eixos utilizado MMA7260Q confirma isto, pois este apresenta uma
menor sensibilidade em torno do eixo do Z (Semiconductor, 2005, p. 3).
4.2.5. DATALOGGER DATAQ DI-710-EL
O Datalogger Dataq adquirido é referido pelo seu fabricante como sendo uma versão de
baixo custo, portátil e com interface Ethernet (Instruments, 2007, p. 1).
Este possui dezasseis portas analógicas de entrada com um ganho regulável devido à
utilização de um amplificador de ganho programável (Programable Gain Amplifier - PGA),
ou seja, é recebida informação da unidade de controlo para modificar o ganho de cada
canal. O PGA utilizado na versão adquirida é o PGA204 (Figura 63), que possibilita
ganhos programáveis de 1, 10, 100 e 1 000 (Corporation, 1993).
Figura 63 – Representação do PGA presente no Datalogger Dataq DI-710-EL
Pela análise da Figura 64 é possível verificar que a selecção do sinal de entrada é feita
por um multiplexer (MUX), sendo de seguida este sinal amplificado no PGA e, por fim,
entra num conversor A/D de 14 bits de resolução. Este conversor A/D, segundo
Instruments (2007, p. 6), apresenta um conversor A/D do tipo de aproximações
sucessivas (sucessive aproximation), já abordado anteriormente. Este Datalogger tem
uma velocidade máxima de conversão de 4 800 S/s para o seu sinal de entrada, se
tivermos em consideração que temos um MUX, temos de dividir esta taxa de amostragem
pelo número de entradas seleccionadas. O factor de ganho escolhido também influencia
a taxa de amostragem obtida.
Capitulo IV – Implementação do sistema
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 75
Figura 64 – Representação do PGA presente no Datalogger Dataq DI-710-EL Fonte: Adaptado de Instruments (2007, p. 39).
É necessário ter em consideração que os parâmetros de funcionamento do MUX e do
PGA são controlados pelo microcontrolador existente - PIC 18F8620. Após ser efectuada
a conversão A/D o valor é adquirido pelo microcontrolador e enviado por Ethernet
directamente, através do programa previamente carregado no microcontrolador
(designado de interface code).
Através da utilização do software OmniPeek foi possível compreender o protocolo de
comunicações utilizado e perceber o seu funcionamento.
Figura 65 – Datalogger Dataq DI-710-EL
A comunicação entre o Datalogger requer que se utilize o software WinDaq a correr em
ambiente Windows. O programa de aquisição WinDaq ao ser iniciado efectua um
broadcast para a rede obtendo como resposta pacotes do Datalogger ligado em rede.
Depois de obter o endereço IP é efectuado o broadcast de pacotes ARP request para
obter o endereço MAC a partir do seu endereço IP (Parziale, Britt, Davis, Forrester, Liu,
Matthews e Rosselot, 2006, p. 119). É possível verificar que existe um broadcast de um
pacote ARP request, que contém um endereço IP de outro host na rede e que espera que
este lhe responda com uma mensagem do tipo ARP respond com o seu endereço MAC.
Entradas analógicas
1 2 3 4
(….)
16
MUX PGA 14-Bit
ADC
Dados Controlo de ganho
Selecção de entrada (diferencial / singular)
Microcontrolador
PIC 18F8620
Interface Ethernet
Relógio de sistema
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
76 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Número do pacote: Origem: Destino: Protocolo: Tipo: 1 169.254.76.27:6237 255.255.255.255:30718 UDP -
2 169.254.218.206:30718 169.254.76.27:6237 UDP -
3 00:23:54:80:CA:D3 FF:FF:FF:FF:FF:FF ARP Request
4 00:23:54:80:CA:D3 FF:FF:FF:FF:FF:FF ARP Request
5 00:23:54:80:CA:D3 FF:FF:FF:FF:FF:FF ARP Request
6 Pronet:A3:48:60 00:23:54:80:CA:D3 ARP Response
Tabela 14 – Pacotes obtidos no pedido de identificação e respectiva resposta
Pela análise da tabela anterior, sendo esta originada num teste efectuado utilizando o
software OmniPeek, é possível verificar que foram efectuados três envios ARP request
antes de receber um pacote ARP response.
Pelos testes efectuados, recorrendo ao software descrito anteriormente, é possível
afirmar que, à excepção da inicialização do Datalogger (Tabela 14) feita pelo software
WinDaq, o resto da comunicação é efectuada recorrendo ao protocolo TCP.
4.3. FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO ARDUINO
O Arduino nas suas diversas versões é uma ferramenta de desenvolvimento open
source73, tendo surgido inicialmente de um projecto meramente académico. Como
ferramenta de desenvolvimento de aplicações físicas é usualmente associado à filosofia
de physical computing, ou seja, associado à criação de sistemas físicos através do uso
de software e hardware capazes de responder a entradas provenientes do Mundo real
(Arduino, 2006; Santos, 2008; Santos, 2009).
O Arduino pode ser designado simplesmente como uma peça de hardware ou um
software de desenvolvimento, mas é muito mais que isso. Devido ao enorme sucesso
que tem vindo a alcançar ao longo do tempo já conta com uma enorme comunidade de
utilizadores/seguidores por todo o Mundo, podendo afirmar que o Arduino representa
também uma enorme comunidade. As razões para tal sucesso baseiam-se
principalmente no seu baixo custo (dadas as suas funcionalidades), a simplicidade na sua
utilização (programação em linguagem C74) e a possibilidade de utilização em vários
sistemas operativo, como o Windows, Macintosh OS e Linux - capacidade denominada
por cross-platform. Este possibilita, assim, uma forma simples e intuitiva de actuar no
Mundo que nos rodeia (Arduino, 2006; Santos, 2008; Santos, 2009).
73
O conceito de open source está associado a uma filosofia de partilha global em que todo o conteúdo pode ser visualizado e alterado sem qualquer restrição, não devendo no entanto esquecer de referenciar os direitos intelectuais de terceiros. 74
Linguagem de alto nível criada por Dennis Ritchie em 1972, no AT&T Bell Labs.
Capitulo IV – Implementação do sistema
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 77
Apesar de o Arduino possuir inúmeras funcionalidades e campos de aplicação, apenas
vão ser abordadas neste capítulo as suas características como Datalogger, ou seja, a sua
capacidade de efectuar a aquisição de dados analógicos e converte-los para valores
digitais. Esta conversão tem como objectivo o envio para uma unidade de
armazenamento para posterior processamento e análise. Mas, antes de iniciar a
exploração do Arduino como Datalogger, torna-se essencial efectuar uma pequena
análise às suas características, sendo essa descrição efectuada no subcapítulo seguinte.
4.3.1. ARDUINO – PRINCÍPIOS BÁSICOS
O Arduino pode ter diversas versões, sendo a que se vai abordar neste subcapítulo e,
consequentemente, neste trabalho, a versão Arduino Duemilinove, pois é a que se
encontra até à data disponível no Departamento de Armas e Electrónica da EN. Esta
abordagem pode ser estendida para os restantes modelos, pois não existe uma grande
diferença em termos de funcionamento (Software) mas em termos de capacidades, com
as respectivas adaptações. O Arduino Duemilinove pode ser facilmente representado da
seguinte forma:
Figura 66 – Representação de um Arduino Duemilinove Fonte: Adaptado de Arduino (2006).
Como é possível constatar pela figura acima a versão utilizada do Arduino é constituída
por uma montagem numa placa de circuito impresso (Printed Circuit Board – PCB), que
juntamente com alguns componentes electrónicos garantem o correcto funcionamento de
um microcontrolador ATmega. A versão Duemilinove vem equipada com o
microcontrolador ATmega168, sendo que as placas mais recentes vêem com o
ATmega328. Estas duas versões de microcontrolador são utilizadas por toda a família de
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
78 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Arduinos75 com a excepção do Arduino Mega, que utiliza um microcontrolador
ATmega1280. A relação entre versões existentes e o microcontrolador é a seguinte:
Modelo Microcontrolador utilizado Arduino Duemilinove ATmega168 ou ATmega328
Arduino Diecimilia ATmega168
Arduino Mega ATmega1280
Arduino Nano ATmega168 ou ATmega328
LilyPad ATmega168V
Pro ATmega168 ou ATmega328
Pro mini ATmega168
Tabela 15 – Relação entre modelo de Arduino e o microcontrolador utilizado
Através da análise da tabela anterior é possível constatar que o Arduino LilyPad utiliza o
microcontrolador ATmega168V. Este microcontrolador possui exactamente as mesmas
funcionalidades do ATmega168, sendo uma versão de baixo consumo. Esta diferença
deve-se à sua utilização, pois este modelo tem como objectivo ser incorporado em peças
de vestuário (Arduino, 2006).
As principais diferenças entre os três modelos de microcontrolador utilizados são as
seguintes:
ATmega168 ATmega328 ATmega1280 Flash 16 KB Flash 32 KB Flash 128 KB
SRAM 1 KB SRAM 2 KB SRAM 8 KB
EEPROM 512 Bytes EEPROM 1 KB EEPROM 4 KB
Relógio máximo 20 MHz Relógio máximo 20 MHz Relógio máximo 16 MHz
ADC 10 Bits ADC 10 Bits ADC 10 Bits
Consumo a 25ºC (Modo activo)
250 μA 1 MHz (1.8 V)
Consumo a 25ºC (Modo activo)
0.2 mA 1 MHz (1.8 V)
Consumo a 25ºC (Modo activo)
500 μA 1 MHz (1.8 V)
Outros
PWM
Outros
PWM
Outros
PWM
I2C I
2C I
2C
SPI SPI SPI
RS232 RS232 RS232 Tabela 16 – Tabela comparativa entre os três modelos de microcontrolador utilizados
A análise da tabela anterior indica uma clara diferença em termos da memória disponível
(SRAM, Flash e EEPROM). O ATmega328 tem mesma arquitectura do ATmega168, mas
com diferentes capacidades em termos de quantidade de memória disponível. O
consumo energético apresentado pelo ATmega1280 é inferior ao apresentado pelo
ATmega328 nas mesmas condições de funcionamento. Um factor importante a ter em
75
Mais informação acerca de todos os modelos no seu site oficial http://www.arduino.cc.
Capitulo IV – Implementação do sistema
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 79
conta, e que vai ser abordado mais aprofundadamente no subcapítulo seguinte, é a
resolução do conversor A/D que é igual nos três modelos de estudo.
Podemos dividir os componentes constituintes da placa de desenvolvimento Arduino
Duemilinove, que foi a utilizada no desenvolvimento deste trabalho, da seguinte forma:
Figura 67 – Representação dos constituintes principais de um Arduino Duemilinove
Através da análise à figura anterior é possível constatar que este modelo possui uma
série de entradas e saídas, as quais vão ser resumidas na seguinte tabela:
AArrdduuiinnoo DDuueemmiilliinnoovvee
Microcontrolador Atmega168/328
Tensão de operação 5V
Tensão de entrada para alimentação (intervalo limite) 6 - 20V
Pinos de input/output digital 14
Pinos analógicos 6
Pinos PWM76
6
Corrente DC por pino de input/output 40 mA
Corrente DC (3,3 V) 50 mA
Tabela 17 – Características apresentadas por um Arduino Duemilinove
A análise à tabela anterior demonstra que existe um total de 6 entradas analógicas.
Existe assim a possibilidade de ligar 6 sinais analógicos em simultâneo para efectuar a
sua correcta conversão A/D e, caso seja necessário, efectuar algum processamento e
armazenamento. O seu fabricante na sua página oficial indica que ao configurar os pinos
analógicos como entradas estas passam a ter um estado de impedância elevada, sendo
esta de 100 M (Arduino, 2006). Este valor de impedância faz com que exista um pedido
76
Iniciais utilizadas para designar Pulse Width Modulation. Este método permite variar a tensão média de um sinal de saída variando o seu duty cicle (tempo em que o sinal está no estado lógico 1).
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
80 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
de corrente baixo na entrada, fazendo também com que quando um pino de entrada é
deixado desligado (sem qualquer ligação física) surjam valores aleatórios, resultantes do
ruído eléctrico existente no ambiente que o rodeia ou de um pino próximo do mesmo.
O funcionamento do Arduino em termo de software e outros pormenores de operação
importantes encontram-se descritos no apêndice D, procurando neste capítulo especificar
apenas as características necessárias para o caso prático de estudo.
4.3.2. ARDUINO COMO DATALOGGER
O Arduino Duemilinove possui na sua constituição básica um microcontrolador
ATmega168, que de acordo com o seu datasheet77, possui 10 bits de resolução no seu
conversor A/D, ou seja, uma entrada analógica cujo valor varia entre 0 V e 5 V que terá a
sua correspondência em binário com valores entre 0 (0000000000) e 1023 (1111111111),
respectivamente (ATmel, 2009, p. 242). O que nos leva a resoluções na ordem dos 5 mV.
O relógio de sistema presente no Arduino Duemilinove é um cristal que oscila a 16 MHz.
A primeira conversão A/D efectuada demora 25 ciclos de relógio, sendo que as restantes
conversões A/D demoram cerca de 13 ciclos de relógio (ATmel, 2009, p. 246). Esta
diferença acontece pois a primeira conversão A/D precisa de efectuar a respectiva
inicialização do ADC.
Analisando o referido anteriormente e considerando e.g. um relógio de entrada do
conversor A/D de 1 MHz, podemos facilmente concluir o seguinte (ignorando a conversão
inicial):
Hz (7)
Ou seja, iríamos obter uma taxa de amostragem de 77 kHz. Analisando a taxa de
amostragem obtida a frequência máxima do sinal a amostrar, deve ser menor ou igual a
38,5 kHz, de forma a respeitar o teorema da amostragem.
O Arduino apesar de possuir um relógio de sistema de 16 MHz não é este o relógio de
entrada no nosso conversor A/D. O relógio de sistema é dividido por um factor de divisão
- Prescaler, sendo na saída do Prescaler este sim o relógio que vamos obter no nosso
conversor A/D.
77
Este termo é utilizado para descrever a documentação técnica disponibilizada pelo seu fabricante, elaborada para explicar o seu funcionamento.
Capitulo IV – Implementação do sistema
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 81
O factor de divisão pode no entanto ser configurado, fazendo variar o conteúdo do bit
ADPS0, ADPS1 e ADPS2 (como se pode constatar pela análise da Figura 68).
Figura 68 – Representação do funcionamento do Prescaler do microcontrolador ATmega168 Fonte: ATmel (2009, p. 246).
Estes bits são parte integrante do registo ADCSRA, que é constituído da seguinte forma:
Bit 7 6 5 4 3 2 1 0
(0x7A) ADEN ADSC ADATE ADIF ADIE ADPS2 ADPS1 ADPS0
Read/Write R/W R/W R/W R/W R/W R/W R/W R/W
Valor Inicial 0 0 0 0 0 0 0 0
Tabela 18 – Conteúdo do registo ADCSRA
Fonte: Adaptado de ATmel (2009, p. 255).
As combinações possíveis para os bits referidos anteriormente podem ser resumidas pela
seguinte tabela:
ADPS2 ADPS1 ADPS0 Factor de divisão 0 0 0 2
0 0 1 2
0 1 0 4
0 1 1 8
1 0 0 16
1 0 1 32
1 1 0 64
1 1 1 128
Tabela 19 – Conteúdo do registo ADCSRA Fonte: Adaptado de ATmel (2009, p. 255).
Ou seja, o relógio de entrada do conversor A/D é obtido através da seguinte condição:
(8)
Mas para se obter a taxa de amostragem teórica máxima ainda é preciso dividir os
valores presentes na tabela anterior por 13 (se ignorarmos os 25 ciclos de relógio iniciais
necessários para efectuar a inicialização do conversor A/D). Ao efectuarmos os
respectivos cálculos obtemos os seguintes valores:
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
82 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Factor de divisão (Prescaler)
Relógio final (MHz) Relógio final
MHz (13 ciclos de relógio)
Relógio final
kHz (13 ciclos de relógio)
2 8 0,62 615,38
2 8 0,62 615,38
4 4 0,31 307,69
8 2 0,15 153,85
16 1 0,08 76,92
32 0,5 0,04 38,46
64 0,25 0,02 19,23
128 0,125 0,01 9,62
Tabela 20 – Representação da velocidade de conversão teórica esperada
Estes valores vão ser abordados experimentalmente, tentando assim aferir qual a
velocidade de conversão A/D obtida na prática (subcapítulo 5.4.). Uma análise à sua
curva de conversão A/D (subcapítulo 5.2.) também vai ser efectuada tendo em conta a
sua velocidade de conversão, tentando assim aferir as perdas de resolução existentes e
os erros associados ao mesmo.
4.3.3. SHIELD ETHERNET
O shield Ethernet (Figura 69) tem como principal função permitir que o Arduino se possa
ligar utilizando o protocolo IEEE 802.3, utilizando para tal uma ficha RJ45.
Figura 69 – Shield Ethernet
O shield Ethernet é baseado na utilização de um chip Ethernet Wiznet W5100 (Figura
70). Este chip Ethernet permite a implementação de uma pilha TCP/IP (já descrita
anteriormente no subcapítulo 3.3) suportando os protocolos TCP e UDP com capacidade
de criação de até 4 ligações em simultâneo (WIZnet, 2006, p. 4 e 5).
Capitulo IV – Implementação do sistema
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 83
Figura 70 – Chip Ethernet Wiznet 5100 Fonte: WIZnet (2006, p. 1).
É possível constatar através da sua utilização que os pinos 10,11,12 e 13 do Arduino são
os responsáveis por implementar uma comunicação SPI78 com o chip Ethernet utilizado,
não podendo assim ser utilizados para as suas funções de input/output habituais.
Este shield tem uma série de indicações luminosas - leds – que indicadores do seu
estado de funcionamento, este podem ser resumidos da seguinte forma:
Indicação no led Estado Significado
TX Ligado O chip Ethernet encontra-se a transmitir dados
Desligado O chip Ethernet não se encontra a transmitir dados
RX Ligado O chip Ethernet encontra-se a receber dados
Desligado O chip Ethernet não se encontra a receber dados
FULLD Ligado Ligação em full-duplex
Desligado Ligação em half-duplex
LINK Ligado Houve recepção ou envio de dados
Desligado Não está presente qualquer ligação física
100M Ligado Ligação com uma velocidade de 100 Mbps
Desligado Ligação com uma velocidade de 10 Mbps
COLL Ligado Houve uma colisão e foi detectada
Desligado Não foi detectada qualquer colisão dos dados
Tabela 21 – Inferências que se podem fazer pelas indicações luminosas presentes no shield Ethernet
As funções executadas pelo Arduino com a utilização deste shield necessitam de recorrer
a uma biblioteca específica - Ethernet, sendo que a programação do microcontrolador
continua a necessitar de uma ligação série não podendo ser programado através da ficha
RJ45.
A utilização deste shield permite também ligar o Arduino ao Mundo pois é possível aceder
ao seu conteúdo e funções através da internet, podendo ser acedido a partir de qualquer
lugar do Mundo. Esta capacidade alarga assim ainda mais o seu campo de aplicação
para outro tipo de utilizações e.g. domótica, que possibilitam assim aumentar o sucesso
deste produto.
Este não é o único shield disponível no mercado, existem variadíssimos shields que
aplicam os protocolos: zigbee, bluetooth, etc. Estes permitem expandir a sua
aplicabilidade.
78
Comunicação síncrona que opera em full-duplex, como é síncrona é baseada numa ligação de master/slave em que o master é o responsável por iniciar a ligação.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
84 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
4.3.4. DATAQ VS ARDUINO
Este subcapítulo tem como principal objectivo resumir as características dos
equipamentos de aquisição utilizados, procurando assim efectuar uma comparação entre
eles.
Através de uma análise à Tabela 22 é possível verificar que existem largas diferenças
entre os dois, principalmente o nº de bits de resolução, ritmo de amostragem, nº de
entradas analógicas e custo.
Parâmetro analisados: DATAQ DI-710-EL Arduino Duemilinove +
Shield Ethernet
Ritmo máximo de amostragem (1 canal): 4 800 S/s 888 S/s
Gama de valores de entrada:
+/- 10 V Ganho de 1 +/- 1 V Ganho de 10
+/- 100 mV Ganho de 100 +/- 10 mV Ganho de 1000
+/- 5 V Padrão +/- Vin Tensão de entrada
constante
Nº de bits de resolução (conversor A/D): 14 Bits 10 Bits
Impedância de entrada: 1 M 100 M
Canais diferenciais/referenciados à massa: 16 Referenciados à massa
8 Diferenciais 6 Referenciados à massa
Interface de saída: Ethernet Série e Ethernet
Capacidades de transmissão: 4 800 S/s Valor não disponível
Custo estimado: 575 € 60 €
Tabela 22 – Dataq vs Arduino Duemilinove + shield Ethernet
Fonte: Adaptado de Instruments (2007, p. 5) e ATmel (2009, p. 1).
4.4. AGREGADO PLANAR 4X4 DESENHADO, FABRICADO E
TESTADO
A necessidade de aumentar o alcance e a taxa de transferência obtida nos testes
descritos por Capela, Pessanha, Vieira e Monsanto em que a uma distância de 7,49 km
foi obtida uma taxa de transferência de 68 kBps (544 kbps) (Capela, Pessanha, Vieira e
Monsanto, 2008, p. 10), fez com que existisse a necessidade de arranjar uma solução
fiável e de baixo custo.
Para tal foi desenhado um agregado planar em tecnologia microstrip79, que reúne as
seguintes características:
Vantagens Desvantagens Baixo peso
Largura de banda útil reduzida Baixo custo
Flexibilidade na polarização
Flexibilidade no diagrama de radiação
Tabela 23 – Vantagens e desvantagens da tecnologia microstrip Fonte: Adaptado de Mendes e Peixeiro (2005, p. 1).
79
É possível fabricar utilizando a tecnologia de fabrico de placas de circuito impresso, usado normalmente para utilização em sinais no domínio das microondas.
Capitulo IV – Implementação do sistema
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 85
Ao existir a possibilidade de desenhar, fabricar e testar uma antena impressa, ou seja, ao
criar uma antena em vez de utilizar uma já construída (comprada numa superfície
comercial) tem a vantagem de se poder ajustar todos os seus parâmetros. As principais
motivações que levaram à elaboração de uma antena foram o fraco desempenho obtido
pela antena Omnidireccional adquirida – ganho de 10 dB, nomeadamente em termo de
alcance e de largura de banda obtidos (Capela, Pessanha, Vieira e Monsanto, 2008, p.
11).
Com vista a melhorar a eficiência da comunicação, foram definidos os seguintes
requisitos:
Frequência central 2,462 GHz (Canal 11 IEEE 802.11g)
Largura de banda 22 MHz (1 canal)
Ganho > 16 dBi
Polarização Horizontal
Abertura V (-3 dB) 15º
Abertura H (-3 dB) 15º
Impedância de entrada 50 Ω
Tabela 24 – Requisitos para a antena direccional
O seu desenvolvimento foi feito recorrendo ao software PCAAD80 e ENSEMBLE 5.1. O
software PCAAD foi utilizado para efectuar algumas análises preliminares pois possibilita
uma alteração de parâmetros com grande facilidade, tendo como principal inconveniente
a fraca precisão nos resultados obtidos face à realidade. O software ENSEMBLE 5.1 é
bastante antigo mas é utilizado à bastante tempo no Instituto Superior Técnico obtendo
resultados fiáveis, tendo como principal inconveniente o tempo que demora a efectuar
cada simulação. Este leva aproximadamente uma hora por ponto simulado mesmo
utilizando um computador com um CPU de 2 GHz. Ambos os softwares descritos
anteriormente possibilitaram o desenvolvimento de um agregado de elementos
quadrados impressos de 4x4. Como mostra a seguinte figura:
Figura 71 – Representação do agregado planar 4x4 desenvolvido
As diferentes fases de desenvolvimento da antena planar encontram-se retratadas nos
relatórios presentes no apêndice C. Neste subcapítulo apenas vai ser feito um breve
resumo ao trabalho elaborado nesta área.
80
O seu site oficial é http://www.antennadesignassociates.com/.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
86 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 72 – Representação das medições efectuadas em camera anecóica
Figura 73 – Agregado de elementos quadrados impressos de 4x4
A geometria do agregado é demonstrada na Figura 73, sendo as dimensões do agregado
impostas por limites máximos de fabrico no laboratório utilizado - 45,72 cm de
comprimento por 30,48 cm de largura. O espaçamento entre elementos nos dois planos
(plano E e H) foi escolhido tendo em conta os requisitos de abertura de feixe a - 3 dB.
Foram utilizados elementos quadrados com uma dimensão de 39,4 mm por 39,4 mm num
substrato Duroid 5880 com uma espessura de 3,175 mm, utilizado com vista a obter a
largura de banda desejada. A malha de alimentação é uma malha paralela e através de
Capitulo IV – Implementação do sistema
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 87
variadíssimos adaptadores de quarto de comprimento de onda conseguimos adaptar os
50 de impedância de entrada até à impedância dos elementos, fazendo com que a sua
frequência de ressonância se situe na banda do IEEE 802.11g (2,4 GHz).
Gráfico 2 – Coeficiente de reflexão teórico e obtido experimentalmente
Das medições efectuadas a mais importante é o coeficiente de reflexão (S11), pois quanto menor
este valor melhor estará o agregado adaptado, sendo este uma boa medida para saber a
quantidade de sinal/potência reflectidos. Quanto menor for este valor menores vão ser as
respectivas perdas (Huang e Boyle, 2008, p. 36). Estas medições são efectuadas
experimentalmente utilizando um Vector Network Analyser (VNA).
Figura 74 – Medição experimental do S11 utilizando um VNA
-40-35-30-25-20-15-10
-50
2 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 2,7 2,8 2,9 3
S 11
[dB
]
Frequency [GHz]Experimental
Simulation
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
88 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Simulação Experimental
Largura de Banda (Abaixo dos -10dB)
2460 MHz – 2540 MHz (80 MHz)
2375 MHz – 2452 MHz (77 MHz)
Plano E Plano H
Simulado Experimental Simulado Experimental
Ganho (0º) 19.3 17.7 19.3 17.69
Ganho Máximo 19.32 (1º) 17.89 (2º) 19.97 (-1º) 17.69 (0º)
Abertura de feixe a -3dB
18º 17º 25º 25º
Tabela 25 – Principais características do agregado (Experimental vs Simulado)
As principais características do agregado encontram-se expostas na tabela anterior,
sendo efectuada nesta tabela uma comparação entre os resultados obtidos
experimentalmente e os resultados simulados. A análise aos resultados leva a que se
constate que existe uma diferença entre os resultados simulados e os experimentais,
sendo de realçar o desvio na frequência obtido nas medições experimentais. Os Gráficos
que representam os diagramas de ganho obtidos no plano E e H são os seguintes:
Gráfico 3 – Coeficiente de reflexão teórico e obtido experimentalmente
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
-90 -80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Ga
in [
dB
i]
Theta [Degree]
EPlane-ENSEMBLE
Eplane-Experimental
Capitulo IV – Implementação do sistema
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 89
Gráfico 4 – Coeficiente de reflexão teórico e obtido experimentalmente
4.5. ANÁLISE DE UM CASO DE ESTUDO
As experiências práticas efectuadas, bem como todos os resultados teóricos obtidos, têm
como principal objectivo decompor um problema grande em variadíssimos problemas de
menores dimensões procurando dar um passo de cada vez.
Este subcapítulo procura dar uma ideia mais concreta de uma possível rede de sensores
numa unidade naval. Analisemos a seguinte figura:
1 2 3
456
Figura 75 – Representação para motivos de estudo do piso de um navio
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
-90 -80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Ga
in [
dB
i]
Theta [Degree]
HPlane-ENSEMBLE
Hplane-Experimental
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
90 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
A figura anterior pretende retratar o piso de um navio, pois não sabemos o navio alvo
deste estudo e para tal foi projectada a possível disposição não correspondendo a
nenhum caso real em concreto. Podemos ver descriminadas 6 áreas distintas numeradas
de 1 a 6, bem como várias caixas azuis - caixas de aquisição - representadas em cada
compartimento interligadas entre si. As caixas dos compartimentos81 1,2 e 3 encontram-
se ligadas a verde e as dos compartimentos 4,5 e 6 encontram-se ligadas a laranja,
pretende-se assim representar dois ramos distintos de uma rede. As duas redes foram
simplificadas não colocando nenhuma ligação entre as duas redes, mas num caso real de
estudo deve existir uma redundância entre elas. A comunicação de dados para o exterior
do navio é feita na parte direita da figura, onde está representado um router e uma
antena para efectuar a comunicação.
Neste caso de estudo cada uma das duas caixas de aquisição presente num
compartimento é constituída por um Arduino Duemilinove com capacidade de
comunicação em Fast Ethernet (100 Mbps), em que os sensores ligados a ele são
alimentados pelas suas saídas de alimentação. A outra caixa de aquisição é constituída
por apenas um Datalogger Dataq alimentando também os sensores através das suas
saídas de alimentação disponibilizadas.
A gama de temperatura de operação vai agora ser determinada com base na
documentação técnica dos sensores e equipamentos utilizados. Os acelerómetros
utilizados operam entre – 20 ºC e os 85ºC (Devices, 2007, p. 3; Semiconductor, 2005, p.
1). O sensor de pressão utilizado MPX5999D opera entre os – 40ºC e os 125ºC
(Semiconductor, 2009, p. 3). O termopar adquirido é do tipo J, e tem a sua gama de
operação entre os 0 ºC e os 750 ºC (ANSI, 1975). O Datalogger Dataq DI-710-EL versão
Ethernet opera entre 0 ºC e 70 ºC (Instruments, 2007, p. 6). O Arduino, considerando a
temperatura de operação do seu microcontrolador ATmega168, opera entre os – 40ºC e
os 85 ºC (ATmel, 2009, p. 1).
A temperatura de operação do sistema deverá situar-se entre os 0 ºC e os 70ºC, pois é
nesta gama de temperaturas que teoricamente falha o equipamento com a gama de
temperatura mais baixa - o Datalogger Dataq DI-710-EL. Mesmo depois de ultrapassar
esta temperatura o sistema continuará a enviar dados, mas estes devem ser
correctamente tratados pois podem corresponder a lixo. A propagação de calor entre
compartimentos espera-se bastante rápida por fenómenos de condução, convecção e
radiação (Çengel e Boles, 2001, p. 106,108 e 109).
81
Nome normalmente utilizado para designar, a bordo de um navio, as divisões existentes.
Capitulo IV – Implementação do sistema
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 91
A propagação de calor entre compartimentos adjacentes pode ser um fenómeno com
uma rapidez bastante elevada, devendo ter em linha de conta as temperaturas de
operação dos equipamentos. O fio utilizado para efectuar as ligações entre unidades para
alimentação de equipamentos ou para transporte de dados deve ser e.g. revestido por
uma manga resistente a altas temperaturas, pelo menos da gama de operação do
equipamento. A falha de um Datalogger provoca a perda da capacidade de adquirir
dados de vários sensores em simultâneo, mesmo que os fios apresentem uma grande
resistência térmica.
Começando pelas alimentações só no piso ideal de estudo (Figura 75) estariam 6
Arduinos alimentados e.g. a 12 V e 6 Dataloggers Dataq, segundo informação do seu site
oficial (Arduino, 2006) a corrente máxima permitida é de 500 mA. O Arduino tem um
mecanismo denominado current protection, que faz com que a alimentação seja cortada
nos casos em que esta corrente é excedida. Num caso limite ia fazer com que cada
Arduino tivesse um consumo de 6 W, o que levaria a aproximadamente 36 W de
consumo. No caso do Datalogger Dataq DI-710-EL o consumo máximo descrito na sua
documentação técnica (Instruments, 2007, p. 6), para o modelo Ethernet utilizado é de
2,5 W, perfazendo um total de 15 W. Sendo o consumo total do sistema simplificado
representado de 51 W (Figura 75).
Se possuirmos uma bateria de automóvel de 12 V com uma capacidade de 50 Ah
(ampere-hora), ou seja, com uma capacidade de 600 Wh para alimentar todo o sistema
descrito anteriormente teríamos teoricamente um tempo de vida de aproximadamente 12
horas, com o sistema permanentemente ligado. Isto em condições ideais e bastante
simplificadas.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
92 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
4.6. CONCLUSÕES OU SÍNTESE
Neste capítulo foi efectuada uma abordagem ao equipamento adquirido, indicando o seu
princípio de funcionamento. As modificações que foram efectuadas consideradas mais
importantes foram descritas, desde a simples actualização de firmware até ao seu
princípio de funcionamento.
As modificações ao router adquirido foram também descritas, estas consistiram
basicamente na mudança do firmware de origem para outro com mais funcionalidades -
DD-WRT. Na descrição do princípio de funcionamento do sensor termopar, acelerómetro
e sensor de pressão procurou-se sempre especificar o seu princípio de funcionamento.
Na abordagem efectuada foram abordados especificamente os modelos adquiridos e
como a sua utilização se vai enquadrar no sistema de telemetria.
Os equipamentos de aquisição adquiridos também foram abordados - Datalogger Dataq
DI-710-EL e Arduino Duemilinove - indicando quais os seus prós e contras de utilização e
fazendo a sua comparação dedicando um subcapítulo específico para o efeito.
O agregado planar 4x4 desenhado e construído foi também abordado indicando algumas
vantagens e desvantagens da utilização desta tecnologia, os parâmetros idealizados para
a sua elaboração e resultados de alguns testes práticos efectuados aos seus parâmetros
de funcionamento.
O capítulo foi finalizado com a descrição de um caso de estudo, retratando assim alguns
dos problemas que preliminarmente se espera que existam no caso de um afundamento
de uma plataforma naval – temperatura e alimentação dos equipamentos. A alimentação
deverá ser efectuada recorrendo a baterias que deverão apresentar alguma redundância
entre si, permitindo assim uma boa performance por parte do sistema.
5. CAPÍTULO V
TRABALHO DE CAMPO E RESULTADOS
5.1. INTRODUÇÃO
Este subcapítulo descreve os testes efectuados aos equipamentos adquiridos,
determinando assim a sua performance de forma a aferir se os mesmos se adequam às
necessidades esperadas e previamente idealizadas.
Os testes efectuados podem-se separar em vários campos distintos e objectivos
concretos, sendo os seguintes:
Testes efectuados para aferir os erros existentes na curva de conversão A/D
5apresentada por um ATmega168 presente no Arduino Duemilinove;
Testes à camera de alta-velocidade aferindo a largura de banda necessária para
as suas diversas configurações de operação;
Testes à largura de banda necessária para os equipamentos de aquisição
adquiridos - Datalogger Dataq DI-710-EL e Arduino Duemilinove;
Testes à taxa de amostragem ao nível do utilizador, ou seja, a taxa de
amostragem obtida utilizando o software Matlab;
Testes ao alcance da antena omnidireccional adquirida recorrendo a
embarcações da EN e a testes na Base aérea do Montijo, determinando o seu
alcance máximo e largura de banda;
Testes ao desempenho da camera de alta-velocidade na carreira de tiro da Escola
Naval;
Testes ao desempenho da antena omnidireccional adquirida, recorrendo a
aparelhos de medida da GOAME;
Testes efectuados durante o exercício de disparo de mísseis MILAN.
Os testes anteriores e alguns dos dados apresentados ao longo deste capítulo foram
efectuados em diferentes ambientes, recorrendo a navegações em embarcações da EN,
à monitorização do disparo de mísseis MILAN82 com o apoio da CAF83, à abordagem em
82
MILAN - Missile d’Infanterie Léger Antichar.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
94 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
bancada de laboratório, a testes na carreira de tiro da Escola Naval, entre outros de
modo a obter assim dados fiáveis sobre o comportamento dos equipamentos. Alguns dos
testes descritos anteriormente não se encontram documentados neste capítulo mas nos
apêndices existentes, de acordo com o exposto no subcapítulo 1.2.3.
Os testes efectuados e respectiva descrição vão ser acompanhados pelo esquema do
aparato experimental utilizado. Por fim, para cada subcapítulo distinto, será efectuado
uma interpretação dos resultados obtidos, o que será um dos aspectos chave deste
capítulo. Assim sendo ir-se-ão basear nestes testes e em todo o trabalho desenvolvido,
que se encontra na sua maioria documentado em apêndice (Apêndice A a H), as
conclusões finais do estudo efectuado.
5.2. CARACTERIZAÇÃO DA CURVA DE CONVERSÃO A/D DE
UM ARDUINO DUEMILINOVE
No sistema de telemetria a desenvolver é necessário adquirir sinais da ordem do milivolt
(mV), em que a inclusão de um grande erro na aquisição pode originar valores totalmente
díspares da realidade.
Como se pretende que os valores obtidos tenham o menor erro possível, apesar de se
poderem aplicar métodos matemáticos para obter resultados fiáveis, efectuou-se a
caracterização da curva de conversão A/D de forma a representar e quantificar o erro
existente.
5.2.1. CONDIÇÕES E OBJECTIVOS DOS TESTES
Os testes foram efectuados recorrendo a um computador portátil equipado com 4 Gbytes
de memória RAM, apetrechado com um Intel® Core™2 Duo T9400 (2,53 GHz) a correr o
Windows 7 Ultimate na sua versão de 32 bits. Foi, ainda, utilizado um osciloscópio
Tektronix TDS 1002B, um gerador de funções modelo Hewlett-Packard 3312A e uma
fonte de alimentação modelo Kaise DF1731SB5A, efectuando assim os testes que vão
ser descrito no subcapítulo seguinte. O Arduino caracterizado foi o modelo Duemilinove
com um microcontrolador ATmega168.
83
A companhia de apoio a fogos é uma companhia pertencente ao corpo de fuzileiros, que tem como principal objectivo assegurar o apoio de combate do batalhão ligeiro de desembarque.
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 95
Os testes efectuados têm por objectivo tentar quantificar os erros existentes, de modo a
dar uma ideia concreta do erro absoluto existente para cada valor do prescaler,
determinando também o erro de offset e o erro de ganho existentes.
5.2.2. DESCRIÇÃO DOS TESTES EFECTUADOS
Os testes elaborados consistiram na leitura, directamente do osciloscópio, dos valores
provenientes da alimentação USB84, da leitura do valor disponibilizado no pino de 3,3 V e
da leitura do pino de 5 V, existentes no Arduino. Após terem sido efectuadas estas
leituras foi aplicado um sinal de rampa com um valor máximo de 5,21 V (valor de
referência obtido através de medições efectuadas – Tabela 26), possibilitando assim a
leitura do erro absoluto, sendo também determinado o erro de offset e de ganho.
Os dados foram directamente adquiridos da placa de desenvolvimento Arduino através
de uma ligação série, utilizando para isso o software Matlab. Foram adquiridos os dados
e gráficos presentes no osciloscópio através da utilização do software gratuito
OpenChoice™ Desktop85, desenvolvido pela empresa Tektronic.
O procedimento utilizado na determinação de cada um dos erros foi baseado no relatório
técnico elaborado pela ATmel Corporation o AVR120 (Corporation, 2006, p. 4-8) e seguiu
a seguinte metodologia (Anexo A):
O erro absoluto foi determinado utilizando a seguinte metodologia:
Introduzir de um sinal de rampa a variar entre 0 e 5 volts;
Ler e guardar os valores obtidos;
Comparar os valores obtidos com o sinal ideal.
O erro de offset foi determinado utilizando a seguinte metodologia:
Introduzir um sinal de 0 V e ir aumentando o valor de tensão até ocorrer a primeira
transição;
Calcular a diferença entre o valor ideal e o valor absoluto;
A diferença calculada é o erro de offset.
O erro de ganho foi determinado utilizando a seguinte metodologia:
Introduzir um sinal de 0 V;
84
Universal Serial Bus, usado para possibilitar a ligação de periféricos a um computador. 85
Pode ser obtido de através do seu site oficial http://www.tek.com.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
96 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Aumentar a tensão até chegar ao último degrau do conversor A/D (até ao valor
máximo);
Achar o ponto médio do último degrau, baseado nos tamanhos anteriores do
degrau;
Comparar com o valor ideal;
A diferença calculada é o erro de ganho.
5.2.3. ESQUEMÁTICO UTILIZADO
O esquemático utilizado baseou-se no seguinte:
Computador
de Aquisição
Arduino
Osciloscópio
Gerador de
Sinais
Fonte de
Alimentação
Figura 76 – Aparato experimental utilizado nos testes de caracterização do conversor A/D
Foi através do aparato experimental representado na figura anterior e recorrendo à
utilização dos aparelhos de medida consoante a necessidade, que possibilitou a
visualização das formas de onda amostradas recorrendo ao Arduino Duemilinove.
5.2.4. RESULTADOS OBTIDOS
As variações de um conversor A/D com 10 bits de resolução, com um intervalo de
conversão compreendido entre 0 e 5,21 V (valor de referência obtido através de
medições efectuadas – Tabela 26), levam a que exista idealmente uma resolução
representada pela seguinte relação:
(9)
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 97
Se substituirmos o valor mínimo por 0 V, o máximo por 5,21 V e o número de bits de
resolução por 10 obtém-se uma resolução de aproximadamente 5,09 mV para cada
degrau de quantização (considerando um conversor A/D ideal). No gráfico abaixo
representado, é possível verificar os níveis de quantização iniciais, e estes idealmente
mantêm-se constantes até se obter o valor de 1023 que corresponderá idealmente a 5,21
V na entrada do conversor A/D.
Pino medido Valor de tensão obtido (V) 5 V 5,21
3.3 V 3,42
Vin 4,71
Tabela 26 – Valores obtidos para os pinos 5V,3,3V e Vin do Arduino Duemilinove
Gráfico 5 – Representação dos dois primeiros níveis de quantização num conversor A/D ideal
Com vista a obter o erro de offset foi alimentado o pino analógico “0” com valores
crescentes de tensão até ocorrer a primeira transição do valor amostrado entre o valor 0
(do binário 0000000000) e o valor 1 (do binário 0000000001), que representa na
realidade qual o valor que é necessário introduzir para existir a primeira transição num
degrau de quantização.
O valor introduzido até ocorrer a primeira transição foi de cerca de 20 mV, tendo sido
obtido um erro de offset de aproximadamente 15 mV. A distribuição dos valores obtida
através da aquisição de 100 pontos recorrendo ao software Matlab foi a seguinte:
Gráfico 6 – Representação gráfica das 100 amostras obtidas com um valor de tensão de 20 mV
0
1
2
3
4
5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516171819202122
0
1
2
3
0 50 100
mV
Valor do conversor A/D
Valor do conversor A/D
Número de amostras
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
98 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
A maioria das amostras obtidas centrou-se no valor 1 existindo uma intermitência entre o
valor zero e o valor 1, existindo também quatro amostras de valor 2 e uma amostra com o
valor de conversão 3. Os dados obtidos levam a afirmar que nos encontramos com
elevada probabilidade no início do primeiro nível de quantização.
Os valores introduzidos levam a que exista uma anulação de quase três níveis, se o
conversor A/D fosse ideal, como se pode analisar através do seguinte gráfico:
Gráfico 7 – Representação do erro de offset obtido
Após identificado o erro de offset, e de acordo com o referido anteriormente durante a
abordagem teórica ao tema é possível verificar que existe um erro de - 3 LSB neste
conversor A/D. O que faz com que exista um valor de saída do conversor A/D de 0 para
valores inferiores a 20 mV. Para compensar este erro é necessário ter em atenção que
quando o valor apresentado pelo conversor A/D for de 1, estamos na realidade temos
valor de, aproximadamente, 20 mV na entrada e não os 5,09 mV ideais. O que faz com
que o factor de compensação a introduzir seja de aproximadamente 3 LSB (Factor
compensação = Valor obtido – Erro offset). Como o erro de offset é negativo é necessário
somar a cada valor obtido pelo conversor A/D 3 LSB com vista a compensar este erro.
O erro de ganho só pode ser determinado após determinar o erro de offset e o
compensar (Corporation, 2006, p. 7). A tensão de entrada do pino “0” foi aumentada até
ao valor limite do conversor A/D (1023) e verificou-se que existia um erro de ganho de - 3
LSB, pois o valor 1023 foi obtida para uma tensão de 5,21 V (sem aplicar compensação
de offset).
O erro absoluto foi determinado pela introdução de um sinal a variar entre - 1 V e 5,21 V,
com um período de 10 segundos (frequência de 0,1 Hz) no pino analógico “0” do Arduino.
Os valores obtidos foram registados através da porta série, recorrendo ao software
Matlab. A forma de onda utilizada foi a seguinte:
0
1
2
3
4
5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617181920
Valor do conversor A/D
mV
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 99
Figura 77 – Forma de onda utilizada para determinar o erro absoluto
A onda de entrada se tiver como valor de zero segundos o momento em que a onda
passa no valor zero do eixo vertical, temos que ela demora cerca de 2,5 s a alcançar o
valor de 5,21 V. Esta passados outros 2,5 s volta a interceptar o eixo horizontal tomando
o valor de 0 V, estando os restantes 5 s do seu período em valores negativos que rondam
os -1 V. A banda de interesse pode ser representada através da seguinte figura:
Figura 78 – Forma de onda utilizada para determinar o erro absoluto
O erro absoluto por si só não nos dá a indicação de qualquer factor de compensação a
aplicar pois este, e como foi referido no subcapítulo 2.3.3., inclui os erros de quantização,
erro offset, erro de ganho e erros devido à sua não linearidade.
O erro absoluto não pode ser compensado directamente, a não ser e.g. pela utilização de
tabelas de calibração que têm como inconveniente ocupar demasiada memória ou por
aproximações polinomiais86 (Corporation, 2006, p. 5). Os maiores contributos para o erro
absoluto – erro de offset e o erro de ganho – podem ser compensados individualmente
como foi referido anteriormente neste subcapítulo.
Com um factor de prescaler de 2 e aplicando a forma de onda representada
anteriormente (Figura 78), foi possível efectuar a amostragem do meio ciclo de interesse,
recorrendo ao software Matlab. A forma de onda obtida foi a seguinte:
86
Métodos numéricos utilizados para obter soluções aproximadas de um modelo ou de um sistema exacto.
Tempo (s)
Tensão (V)
0 V
0 s 2,5 s 5 s
Tempo (s)
Tensão (V) 5,21 V
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
100 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Gráfico 8 – Curva de conversão A/D obtida com um factor de prescaler de 2
A análise do gráfico anterior mostra que a forma de onda apresenta algumas
irregularidades, acrescentando ao gráfico o valor ideal (representado a vermelho), obtém-
se o Gráfico 9.
A diferença entre os valores ideais e os valores obtidos representa o erro absoluto,
existindo neste caso um erro absoluto máximo de aproximadamente 306 mV. As
irregularidades existentes nos valores obtidos devem-se ao valor do relógio de entrada do
conversor A/D ser superior a 1 MHz, valor que de acordo com a documentação técnica
do fabricante é o valor máximo que deve ser utilizado para obter boa performance sem
perda de resolução significativa (Corporation, 2006, p. 10). O relógio de entrada neste
caso (Tabela 27) é de 1,62 MHz, o que é claramente superior ao limite referido
anteriormente.
Gráfico 9 – Comparação da curva de conversão A/D com um factor de prescaler de 2 e a ideal
A comparação foi feita amostrando o mesmo sinal de entrada descrito anteriormente,
mas neste caso para um factor de prescaler de 128. Este teste possibilita determinar se
realmente o factor de prescaler introduzido tem uma influência directa no erro absoluto
0
200
400
600
800
1000
0,0
0
0,3
8
0,7
6
1,1
4
1,5
2
1,9
0
2,2
8
2,6
7
3,0
5
3,4
3
3,8
1
4,1
9
4,5
7
4,9
5
0
200
400
600
800
1000
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5
Valor do conversor A/D
Tempo (s)
Valor do conversor A/D
Tempo (s)
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 101
obtido, sendo que neste factor de prescaler o relógio de entrada no conversor A/D é de
cerca de 0,12 MHz (Tabela 27). Os dados obtidos foram os seguintes (valores obtidos a
azul e ideais representados a vermelho):
Gráfico 10 – Comparação da curva de conversão A/D com um factor de prescaler de 128 e a ideal
A análise do gráfico anterior demonstra que houve uma clara mudança no
comportamento do conversor A/D, com um erro absoluto máximo de aproximadamente
102 mV, existindo agora uma maior precisão (menor erro absoluto) nos dados obtidos
(linha azul praticamente sobreposta à vermelha). O que leva a que tenha de existir um
cuidado na escolha do factor de prescaler para não obter uma curva de conversão A/D
com demasiado erro, mas o que interessa é obter a maior relação entre a velocidade de
conversão (menor factor de prescaler) e a resolução apresentada pelo factor de
prescaler. A relação entre o relógio de entrada do conversor A/D e o factor de prescaler
determinada experimentalmente (ver capítulo 5.4.) pode ser transcrito através da
seguinte tabela:
Factor de Prescaler: Relógio de entrada do conversor A/D (MHz) 2 1,62
4 1,55
8 0,87
16 0,65
32 0,40
64 0,22
128 0,12
Tabela 27 – Valores do relógio de entrada do conversor A/D obtidos experimentalmente
A análise da tabela anterior, e de acordo com o valor máximo do relógio de entrada do
conversor A/D descrito pelo fabricante, leva a afirmar que o factor de prescaler que
satisfaz as especificações é o valor de 8.
0
200
400
600
800
1000
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5
Valor do conversor A/D
Tempo (s)
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
102 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Gráfico 11 – Comparação da curva de conversão A/D com um factor de prescaler de 8 e a ideal
O gráfico anterior demonstra que a resolução do conversor A/D (representada a azul) não
foi grandemente afectada face à representação ideal (representada no gráfico a
vermelho), sendo o erro absoluto máximo existente neste caso de aproximadamente 204
mV. A mudança do factor de prescaler de 8 para 4 faz com que o relógio de entrada do
conversor A/D passe para valores teoricamente proibitivos. Com vista a analisar qual a
influência deste limiar, foi determinada a diferença entre o valor obtido e o valor ideal,
para um factor de prescaler 4 (Gráfico 12).
Gráfico 12 – Comparação da curva de conversão A/D com um factor de prescaler de 4 e a ideal
Os erros na resolução do conversor A/D aumentam ligeiramente, mas valor do erro
absoluto máximo mantém-se nos 204 mV.
0
200
400
600
800
1000
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5
0
200
400
600
800
1000
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5
Valor do conversor A/D
Tempo (s)
Valor do conversor A/D
Tempo (s)
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 103
5.2.5. CONCLUSÕES
A existência variações na tensão de referência do conversor A/D pode originar grandes
erros nos valores das conversões A/D obtidas, o que pode ser bastante limitativo e.g. na
utilização de sensores que trabalhem com variações de tensão de pequena dimensão. A
compensação destes erros em cada Arduino deve ser efectuada com o fim de adquirir
dados analógicos mais precisos, analisando para cada equipamento distinto os seus
valores pois não existem dois equipamentos com características de conversão A/D
rigorosamente iguais.
A determinação do erro absoluto para variados valores de prescaler serviu para
demonstrar que este tem influência na resolução apresentada pelo conversor A/D. O
factor de prescaler que apresentava a melhor relação velocidade de conversão/resolução
é o factor 4, ou seja, sempre que possível e em aplicações em que seja necessária
alguma precisão deve-se privilegiar o uso deste factor de prescaler face a um valor
inferior.
5.3. TESTES DE TELEMETRIA A MÍSSEIS MILAN
Os testes de telemetria efectuados a mísseis MILAN contaram com o apoio da CAF87,
situada na Base de Fuzileiros (BF) dentro das instalações da BNL88, tendo sido
realizados no dia 4 de Dezembro de 2009.
Os testes efectuados resumiram-se à utilização de um aparato experimental que
possibilitou retratar qual o comportamento de um alvo após ser atingido por mísseis
MILAN, recorrendo a uma montagem conveniente. Nestes testes, utilizou-se um alvo
cedido pela CAF, que se encontra representado nas imagens seguintes, contudo a
montagem utilizada com as devidas adaptações pode ser expandida a qualquer tipo de
alvo:
Figura 79 – Alvo utilizado durante o exercício de disparo de mísseis MILAN (visto de trás)
87
Companhia de Apoio de Fogos. Esta companhia é constituída pelos seguintes pelotões: pelotão de Morteiros, pelotão Anti-Carro, pelotão Anti-Aéreo e o pelotão de Reconhecimento. 88
Base Naval de Lisboa, esta encontra-se situada no Alfeite em Almada.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
104 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 80 – Alvo utilizado durante o exercício de disparo de mísseis MILAN (visto de lado)
AC
B
D
Figura 81 – Esquema do alvo e disposição dos sensores utilizada
Os mísseis MILAN foram adquiridos pelo Comando do Corpo de Fuzileiros (CCF) em
1996, sendo considerada uma arma portátil de médio alcance. O seu alcance máximo
está fixado nos 1 950 metros com uma duração máxima de voo de 12,5 segundos,
mantendo uma velocidade entre 75 e 210 m/s, de acordo com as informações
disponibilizadas pela CAF provenientes do seu fabricante. A sua característica essencial
é ser um míssil de combate Anti-Carro filoguiado89, pelo que requer um operador treinado
para incrementar a sua probabilidade de sucesso.
Figura 82 – Míssil MILAN
89
O conceito de filoguiado é aqui introduzido para designar um míssil que é conduzido durante o seu voo, recorrendo a um fio que transmite sinais de controlo provenientes da unidade lançadora.
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 105
5.3.1. CONDIÇÕES E OBJECTIVOS DOS TESTES
Os principais objectivos dos testes efectuados foram:
Efectuar a monitorização do impacto de mísseis MILAN em exercícios de tiro real;
Provar o conceito de telemetria com o material off-the-shelf adquirido;
Adquirir o know-how necessário para elaborar um sistema de telemetria.
A descrição pormenorizada de todo o exercício, bem como toda a montagem efectuada,
código de aquisição em software Matlab e as lições aprendidas encontra-se descrita no
apêndice E, sendo que os subcapítulos seguintes vão apenas centrar-se em algumas das
conclusões que resultam dos testes efectuados durante a preparação do referido
exercício.
5.3.2. DESCRIÇÃO DOS TESTES EFECTUADOS
Os testes efectuados basearam-se na interligação do equipamento experimental a
utilizar, no dia do teste, com Arduinos, Datalogger e camera IP em diversas
configurações, tendo em vista analisar qual a largura de banda necessária para a sua
correcta utilização. A camera de alta-velocidade foi também utilizada no aparato
experimental final, sendo o seu comportamento estudado no subcapítulo 5.5.
A quantidade de dados transmitida, bem como alguns parâmetros de download e upload,
foram simultaneamente monitorizados, utilizando o software BitMeter. Em simultâneo
com os testes descritos, foi utilizado o software packet sniffer: Omnipeek e Wireshark
para registar todos os pacotes que circulavam na rede implementada em cada teste
prático. A monitorização efectuada possibilitou ao software Omnipeek gerar um relatório
completo do que se passou na rede, baseado na circulação dos pacotes existente, e foi
este o método em que se baseou grande parte da análise efectuada no próximo
subcapítulo.
5.3.3. ESQUEMÁTICO UTILIZADO
Os esquemáticos utilizados nas experiências efectuadas para a preparação do aparato
utilizado durante o exercício de telemetria ao embate dos mísseis MILAN, foram
baseados na aquisição directa por parte de um computador portátil ligado ao
equipamento de recolha. Os equipamentos utilizados foram ligados a um router quando
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
106 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
os testes tiveram de ser efectuados com mais do que um equipamento em simultâneo.
Os esquemáticos dos aparatos experimentais, utilizados nos testes preliminares, podem
ser representados através das seguintes figuras:
Computador de
Aquisição Equipamento
Figura 83 – Aparato experimenta MILAN para apenas um equipamento
Router
Computador
de Aquisição
Equipamento 1
Equipamento 2
Equipamento 4
Equipamento 3
Figura 84 – Aparato experimental MILAN para mais do que um equipamento
5.3.4. RESULTADOS OBTIDOS E SUA INTERPRETAÇÃO
Os dados mais importantes obtidos através do software OmniPeek, Wireshark e BitMeter
vão ser descritos neste subcapítulo, sendo elaborada uma análise final aos dados e aos
comentários expostos na análise dos dados apresentados no subcapítulo seguinte.
Em cada situação de teste é indicada a configuração do aparato experimental utilizado,
representado convenientemente no subcapítulo anterior. Muitos mais testes foram
elaborados, sendo apenas seleccionados aqueles considerados mais significativos e que
trazem algo de novo à temática em estudo.
Método de recolha: Browser “Internet Explorer 8”
Aparato experimental utilizado: Figura 84 Descrição:
2 Arduinos Duemilinove
Protocolo de transferência: HTTP
Tempo de recolha: 21 Segundos Estimativa do valor por cada
60 minutos (3600s)
Total de Bytes recebidos: 12 461 234 Bytes 2 136 211 543 Bytes
Total de Pacotes recebidos: 115 417 Pacotes 19 785 771 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Arduino 1) 5 808 330 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Arduino 1) 54 837 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Arduino 2) 6 652 904 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Arduino 2) 60 580 Pacotes
Erros Não se verificaram
Máxima utilização da rede: 5,2 %
Tamanho dos pacotes (Bytes) 64 108 694 Pacotes
512-1023 6 723 Pacotes
Retransmissões: 6 647 Vezes Importância:
Alta
Tabela 28 – Resultados obtidos na leitura de 2 Arduinos (em simultâneo) utilizando um browser
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 107
A tabela anterior refere-se à captura durante 21 segundos de todo o tráfego de rede
gerado pela aquisição de dados de 2 Arduinos através de um browser (Internet Explorer
8). É necessário referir que cada Arduino se encontrava a adquirir dados de 6 portas
analógicas, sendo que no total representa a aquisição de 12 portas analógicas distintas.
A aquisição destes canais através de uma rede Ethernet permite velocidades de
transmissão máximas teóricas até 100 Mbps, ou seja, estamos a utilizar 5,2 % da sua
capacidade máxima de transmissão do canal de comunicação. Ao estabelecer uma
simples linha de raciocínio é possível afirmar que ao estabelecer esta ligação, tendo em
conta que 2 Arduinos correspondem aproximadamente a uma utilização de 5%,
poderíamos ligar no máximo 40 Arduinos (o que corresponde a 240 entradas analógicas).
Ao admitir que estamos em circunstâncias ideais e que conseguimos transmitir, utilizando
a norma IEEE 802.11g à taxa máxima teórica disponível por wireless (54 Mbps),
poderíamos sobrecarregar a ligação com a transferência de dados provenientes de 22
Arduinos em simultâneo (132 entradas analógicas).
A análise da tabela anterior demonstra que se todo o conteúdo dos pacotes que circula
na rede correspondesse a dados, o que tal não acontece pois cada pacote enviado tem
cabeçalho e campos de controlo, teríamos gerado cerca de 2 136 MBytes em dados ao
final de uma hora. Se estivéssemos a ler 40 Arduinos, admitindo que o tráfego na rede se
mantinha constante, iríamos gerar cerca de 4 2720 MBytes em dados no mesmo período.
Ao fim de 21 segundos verificaram-se 6 647 retransmissões, o que daria em 3 600
segundos (1 hora) um total de aproximadamente 1 139 486 retransmissões para apenas
dois Arduinos, o que é sem dúvida um factor a ter em conta. A existência de
retransmissões introduz tráfego na rede a mais do que o necessário para serem
transmitidos os dados adquiridos por cada Arduino, isto é, está perante uma baixa
eficiência na transmissão dos dados adquiridos. O grande número de retransmissões
acontece neste caso maioritariamente porque estamos a efectuar pedidos ao servidor
utilizando um browser de internet, que como é óbvio não se encontra optimizado para
este tipo de aplicação.
A grande maioria dos pacotes que circulou na rede, cerca de 95 %, tinham uma
dimensão inferior a 64 Bytes. Os restantes 5% uma apresentaram uma dimensão de 512
a 1 023 Bytes.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
108 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Método de recolha: Software “WinDaq”
Aparato experimental utilizado: Figura 83 Descrição:
1 Datalogger
Protocolo de transferência: TCP
Tempo de recolha: 24 Segundos Estimativa do valor por cada
60 minutos (3600s)
Total de Bytes recebidos: 188 570 Bytes 28 285 500 Bytes
Total de Pacotes recebidos: 1 706 Pacotes 255 900 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Datalogger) 187 954 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Datalogger) 1 702 Pacotes
Erros Não se verificaram
Máxima utilização da rede: 0,07 %
Tamanho dos pacotes (Bytes) 64 567 Pacotes
128-255 1 139 Pacotes
Retransmissões: Não se verificaram Importância:
Não aplicável
Tabela 29 – Resultados obtidos na leitura de 1 Datalogger utilizando o seu software proprietário
O teste descrito pela tabela anterior representa a aquisição de dados durante 24
segundos provenientes de um Datalogger Dataq DI-710-EL, através do seu software
proprietário WinDaq. Foi efectuada a aquisição de apenas um canal analógico com uma
taxa de amostragem de 1800 S/s (máxima permitida pelo seu software sem adquirir uma
licença de utilização especial), sendo verificada uma utilização máxima da rede de cerca
de 0,07 %. O que indica que poderíamos transmitir (100 Mbps) dados de cerca de 1 429
canais analógicos e transmitir por wireless (54 Mbps) cerca de 772 canais analógicos à
taxa de amostragem referida. A transferência deste número de canais analógicos não é
possível a nível de software pois está limitado ao número máximo de canais analógicos
de apenas um Datalogger, sendo a taxa de amostragem, dividida pelo número de canais
pretendido (ver subcapítulo 4.2.5.).
É importante referir que durante os 24 segundos em que foi efectuada a monitorização da
rede foram enviados cerca de 0,1 MBytes e, à semelhança do que foi referido
anteriormente, se todo este volume de Bytes correspondesse a dados teríamos ao final
de 3 600 Segundos (1 hora) cerca de 28,28 MBytes em dados.
A aquisição de 1 429 canais analógicos durante uma hora gera 40 412 MBytes, sendo
que a aquisição de 772 canais analógicos gera 21 832 MBytes (admitindo que o fluxo de
pacotes a circular na rede se mantinha constante).
Dos pacotes que circularam na rede durante os 24 segundos monitorizados cerca de 33
% dos pacotes tinha uma dimensão inferior 64 Bytes, sendo que os restantes 67% tinham
uma dimensão compreendida de 128 a 255 Bytes.
Podemos comparar os dados obtidos até agora através da seguinte tabela:
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 109
Arduino Datalogger
Transmissão
Wireless (IEEE 802.11g)
Nº de canais Máximo
132 Canais Analógicos 772 Canais Analógicos
Volume de dados 23 496 MBytes 21 832 MBytes
Ethernet (100 Mbps)
Nº de canais Máximo
240 Canais Analógicos 1 429 Canais Analógicos
Volume de dados 42 720 MBytes 40 412 MBytes
Tabela 30 – Número de canais analógicos máximos em função do protocolo de transmissão escolhido
A tabela anterior indica que em condições ideais poderíamos transmitir cerca de mais
1189 canais analógicos recorrendo a Dataloggers em transmissão por Ethernet. Pelo que
a diferença para transmissão wireless é de 640 canais, utilizando Dataloggers face à
utilização de Arduinos, ao considerar valores de envio ideais.
O software BitMeter obteve os valores de download e upload durante a leitura de um
canal analógico a 1 800 S/s, utilizando o seu software proprietário, onde se obteve
durante este teste um pico máximo de download de aproximadamente 10,6 KBytes
(aproximadamente 84,8 Kbits) – ver apêndice H.
Método de recolha: Browser “Internet Explorer 8”
Aparato experimental utilizado: Figura 84 Descrição:
3 Arduinos
Protocolo de transferência: HTTP
Tempo de recolha: 65 Segundos Estimativa do valor por cada
60 minutos (3600s)
Total de Bytes recebidos: 34 162 296 Bytes 1 892 065 624 Bytes
Total de Pacotes recebidos: 271 300 Pacotes 15 025 846 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Arduino 1) 14 288 246 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Arduino 1) 112 116 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Arduino 2) 13 202 744 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Arduino 2) 98 859 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Arduino 3) 6 668 890 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Arduino 3) 60 292 Pacotes
Erros Não se verificaram
Máxima utilização da rede: 9 %
Tamanho dos pacotes (Bytes)
64 259 396
65-127 17
256-511 19
512-1023 136
1024-1517 2 783
1518 8 949
Retransmissões: 4 618 Vezes Importância:
Alta
Não resposta do Cliente: 1 064 Vezes Importância:
Alta
Tabela 31 – Resultados obtidos na leitura de 3 Arduinos utilizando um browser
A tabela anterior relatada a captura, durante 65 segundos, de todo o tráfego de rede
gerada pela aquisição de três Arduinos em simultâneo através de um browser (Internet
Explorer 8). Este teste é semelhante ao efectuado com apenas dois Arduinos, em que
cada Arduino se encontra a adquirir dados de seis portas analógicas.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
110 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Ao adquirir estes canais através de uma rede Ethernet, que permite velocidades teóricas
de transmissão de 100 Mbps, estamos a utilizar aproximadamente 9% da sua capacidade
máxima de transmissão. Ao estabelecer esta ligação, e tendo em conta que três Arduinos
correspondem a 9% da sua capacidade total, poder-se-ia estabelecer trinta e três
Arduinos (198 entradas analógicas) no máximo. Se considerarmos que estamos em
circunstâncias ideais e que conseguimos transmitir utilizando a norma IEEE 802.11g à
taxa máxima por wireless, poderíamos sobrecarregar a ligação com a transferência de
dados de dezoito Arduinos em simultâneo (108 entradas analógicas).
Podemos aqui constatar, baseado nos testes anteriores, que não existe uma linearidade
entre o número dispositivos na rede e a máxima utilização da rede verificada, pois seria
de esperar um aumento de aproximadamente 2,6% ao contrário dos 3,8% verificados.
Pode-se assim concluir que existe uma diferença de 1,2% na máxima utilização verificada
da rede o que a este nível não é preocupante, pois encontramo-nos a utilizar poucos
dispositivos na rede, embora para um grande número deles, esta não linearidade possa
ser um factor de falha do sistema. Principalmente, se estivermos perante uma
comunicação wireless em que a taxa de transferência do canal de comunicação pode
encontrar-se severamente limitada, em relação ao volume de dados a transmitir.
A análise à tabela anterior indica que se todo o conteúdo dos pacotes que circulam na
rede correspondesse a dados teríamos gerado cerca de 1 892 MBytes em dados ao final
de uma hora. Contudo tal não acontece pois cada pacote enviado tem cabeçalho e
campos de controlo. Se estivéssemos a ler trinta e três Arduinos, iríamos gerar cerca de
20 812 MBytes em dados, admitindo que o tráfego na rede se mantinha constante.
Durante um total de 65 segundos verificaram-se 4 618 retransmissões, o que daria em 3
600 segundos (1 hora) um total de, aproximadamente, 255 766 retransmissões para três
Arduinos o que é, sem dúvida, um factor a ter em conta. Já que iríamos estar a introduzir
tráfego a mais na rede do que o necessário para transmitir os dados adquiridos por cada
Arduino.
Foram também verificadas 1 064 falhas de resposta do cliente, o que levaria a que em 3
600 segundos (1 hora) se fossem verificar, admitindo mais uma vez linearidade no
comportamento da rede, cerca de 58 929 falhas de comunicação entre o cliente e os
servidores (Arduinos), ou seja, estamos perante uma baixa eficiência na transmissão dos
dados adquiridos.
A maioria dos pacotes que circulou na rede teve uma dimensão inferior a 64 Bytes, cerca
de 259 396 pacotes, sendo a segunda maior fatia para pacotes com dimensão superior a
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 111
1 518 Bytes com cerca de 8 949 pacotes e a terceira maior fatia com 2 783 pacotes com
dimensões de 1 024 a 1 517 Bytes. Se existir uma falha de envio de um pacote e for
necessária retransmissão, existe uma probabilidade de perto de 96% que esse pacote
tenha uma dimensão inferior a 64 Bytes, uma probabilidade de aproximadamente 1% que
ele tenha uma dimensão entre 1 024 e 1 517 Bytes e uma probabilidade de cerca de 3%
de ser um pacote com uma dimensão superior a 1 518 Bytes. Este factor é importante
pois o pedido de retransmissão de um pacote inferior a 64 Bytes não deve ser encarado
com o mesmo peso de uma retransmissão de um pacote de dimensão superior a 1 518
Bytes, pois obviamente este vai sobrecarregar muito mais a rede de pacotes
teoricamente desnecessários.
Os valores download e upload durante a leitura de três Arduinos, obtidos utilizando o
software BitMeter, corresponderam a um pico máximo de download de aproximadamente
989,5 KBytes (aproximadamente 7 915,9 Kbits) – ver apêndice H.
Método de recolha: Software “IPView Pro”
Aparato experimental utilizado: Figura 83 Descrição:
1 Webcam
Protocolo de transferência: HTTP
Tempo de recolha: 22 Segundos Estimativa do valor por cada
60 minutos (3600s)
Total de Bytes recebidos: 10 005 224 Bytes 1 637 218 472 Bytes
Total de Pacotes recebidos: 9 849 Pacotes 1 611 654 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Webcam) 10 004 532 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Webcam) 9 847 Pacotes
Erros Não se verificaram
Máxima utilização da rede: 4,5 %
Tamanho dos pacotes (Bytes)
64 3 288
65-127 11
128-255 33
256-511 35
512-1023 14
1024-1517 189
1518 6 279
Retransmissões: Não se verificaram Importância:
Não aplicável
Tabela 32 – Resultados obtidos na leitura de 1 Webcam utilizando o seu software proprietário
Os dados da tabela anterior representam a captura durante 22 segundos de todo o
tráfego de rede gerada pela aquisição de uma webcam através do seu software
proprietário - IPView Pro. Com uma resolução de vídeo de 640 x 480 e uma taxa de
compressão de vídeo MEDIUM, definidos pelo firmware90 da camera IP utilizada Trendnet
TV-IP100. A compressão de vídeo foi um método utilizado para alcançar alguma
eficiência na transmissão, visto o vídeo em bruto (sem qualquer tipo de compressão)
90
Software que regula o correcto funcionamento e operação de Hardware.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
112 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
ocupar uma maior largura de banda que o vídeo comprimido (Wu, Hou, Zhu, Zhang e
Peha, 2001, p. 283). Outra técnica que pode ser utilizada é diminuir a frame rate (número
de frames enviados por segundo) que possibilita que menos dados tenham de ser
enviados, ocupando assim uma menor largura de banda (Wu, Hou, Zhu, Zhang e Peha,
2001, p. 284). Mas, logicamente, que ao enviar menos frames por segundo, vai existir
uma menor capacidade de captar fenómenos rápidos como o fenómeno particular em
estudo, que necessita de capturar o maior número de frames possível por segundo.
Ao efectuar alguns cálculos simples, admitindo que o míssil Seasparrow toma uma
velocidade máxima de 4256 km/h (FAC, 1999), o que corresponde a aproximadamente
1182 m/s e que uma simples webcam consegue captar 30 fps (frames per second, ou em
português frames por segundo), vamos ter que
. Assim em cada frame
capturado pela webcam, se o míssil estiver à sua velocidade máxima teórica vai-se
deslocar cerca de 39,4 m, sendo portanto, a captura de um simples frame do
deslocamento do míssil uma questão de sorte, no exemplo apresentado anteriormente.
A transmissão de vídeo é um dos principais obstáculos, estando à primeira vista
descartada a possibilidade de envio dos dados da camera de alta-velocidade via wireless,
pois a mesma precisa de uma rede que permita velocidades de transferência de 1 Gbps e
tal não é possível utilizando a norma IEEE 802.11g. No entanto, pela análise dos dados
apresentados pode-se constatar que a maior taxa de utilização verificada na rede a partir
da webcam foi de cerca de 4,5 %, o que corresponde aproximadamente à aquisição de
dados de dois Arduinos utilizando um browser (perto de 5,2 %).
A Camera IP não verificou qualquer necessidade de retransmissão dos dados enviados,
o que pode ter acontecido pois esta era o único dispositivo ligado na rede. Contudo esta
dúvida irá ser retirada após a análise da última tabela deste subcapítulo, que corresponde
à aquisição de um Arduino, do Datalogger Dataq e de uma webcam.
A grande maioria dos pacotes que circularam na rede tinha uma dimensão superior a
1518 Bytes, sendo a sua percentagem de 64 %, o que corresponde à maior
percentagem, pois os pacotes com uma dimensão superior a 64 Bytes corresponderam a
uma percentagem de 33,4 %. Verificou-se desta forma uma clara circulação de pacotes
de elevadas dimensões pelo que ao surgir uma necessidade de retransmissão vão ser
introduzidos na rede pacotes supostamente desnecessários e de elevadas dimensões, o
que se pode tornar prejudicial ao rendimento da rede.
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 113
Recorrendo ao software BitMeter, foi obtido um pico máximo de download de
aproximadamente 0,44 MBytes (aproximadamente 3,5 Mbits) – ver apêndice H.
Método de recolha: Software “Matlab”
e “IPView Pro”
Aparato experimental utilizado: Figura 84
Descrição:
1 Arduino + 1 Webcam + 1 Datalogger Dataq
Protocolo de transferência: HTTP e TCP
Tempo de recolha: 42 Segundos Estimativa do valor por cada
60 minutos (3600s)
Total de Bytes recebidos: 17 298 131 Bytes 1 482 696 942 Bytes
Total de Pacotes recebidos: 147 089 Pacotes 12 607 628 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Arduino 1) 8 904 527 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Arduino 1) 137 313 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Datalogger) 381 776 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Datalogger) 1 930 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Webcam) 8 009 985 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Webcam) 7 836 Pacotes
Erros Não se verificaram
Máxima utilização da rede: 5 %
Tamanho dos pacotes
64 140 419
65-127 3
128-255 65
256-511 1 229
512-1023 118
1024-1517 325
1518 4 930
Não resposta do cliente 1 Vez Importância:
Alta
Tabela 33 – Resultados obtidos na leitura de 1 Webcam, 1 Datalogger e 1 Arduino
Os dados visíveis na tabela anterior resultam da captura durante 42 segundos, de todo o
tráfego de rede gerado pela aquisição de uma webcam (IPView Pro), de um Datalogger
(WinDaq) e um Arduino (Matlab). A resolução do vídeo adquirido pela Webcam foi 640 x
480 com uma taxa de compressão de vídeo MEDIUM, definidos pelo firmware da camera
IP Trendnet TV - IP100. Por sua vez, o Datalogger encontrava-se a adquirir dados de um
canal analógico com uma taxa de amostragem de 1800 S/s, estando o Arduino a adquirir
dados de seis entradas analógicos (número máximo de entradas analógicas disponíveis).
A aquisição por Ethernet utilizando dois Arduinos, e recorrendo ao software de aquisição
Matlab, possibilitou uma taxa de amostragem de aproximadamente 26 S/s por canal. Esta
baixa taxa de amostragem conseguida deveu-se essencialmente à baixa optimização
demonstrada pelo código em Matlab desenvolvido. Este é um ponto a melhorar em
abordagens futuras, visto que é, evidentemente, condicionante e, de acordo com o
teorema de amostragem, apenas vamos conseguir amostrar sinais com uma frequência
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
114 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
menor ou igual a 13 Hz. Mas este assunto vai ser abordado com mais rigor no
subcapítulo 5.4.
A utilização da rede levada a cabo pela camera IP, através da aquisição pelo seu
software proprietário, é de aproximadamente 4,5% da máxima capacidade da rede. A
capacidade máxima da rede utilizada durante este teste foi de cerca de 5%, o que leva a
que os restantes 0,5% de utilização da rede sejam por parte do Arduino e do Datalogger.
O Datalogger já tinha apresentado valores de aproximadamente 0,07% de utilização da
rede através do seu software WinDaq e, admitindo que a mesma utilização da rede se
mantém, restam 0,43% para a aquisição com o Arduino. Desta forma, utilizando o
software Matlab existe um claro decréscimo da utilização necessária na rede para
adquirir os dados provenientes do Arduino, descendo de 2,6% para 0,43%. Pelo que é,
sem dúvida, uma enorme vantagem e, apesar da baixa taxa de amostragem verificada,
permite ligar um maior número de Arduinos em rede ao recorrer ao software Matlab.
Assim, o Matlab permite facilitar o armazenamento e, posterior, análise dos dados, face à
utilização de um browser que apenas mostra os dados e permite guardá-los em formato
HTML ou em formato de texto (e.g. “.txt”). Outro factor importante, e que ajuda a este
acréscimo de rendimento por parte do software Matlab, é a não existência de
retransmissões.
A circulação verificada na rede de pacotes com dimensão superior a 1 518 Byte, e tendo
em conta o referido anteriormente, terá tido origem na webcam levando a um maior fluxo
de pacotes destas dimensões na rede. Sendo que durante todo o teste se verificou
apenas um erro a ter em conta - a não resposta do cliente - o que leva a uma queda de
performance na rede.
Recorrendo ao software BitMeter foram obtidos os valores de download e upload, onde
se obtiveram durante este teste um pico máximo de download de 2,35 MBytes (perto de
4,7 Mbits) – ver apêndice H.
Nas figuras abaixo estão representados os valores de download e upload durante a
aquisição de um Datalogger e um Arduino, utilizando o software Matlab. Estas figuras
representam o espaço de armazenamento necessário para armazenar os dados
provenientes dos dispositivos de rede enumerados anteriormente.
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 115
Figura 85 – Leitura de 1 Arduino e 1 Datalogger utilizando o software BitMeter
Na Figura 85 foram registadas as actividades de download e upload na rede durante
9844 segundos (aproximadamente 2 horas e 44 minutos), tendo-se verificado um
download de 1,8 Gbytes. Na Figura 86 foi registado o comportamento da rede para o
mesmo aparato experimental, utilizando também o software Matlab como método de
recolha, contudo durante um período menor de 4500 Segundos (perto de 1 hora e 48
segundos), tendo-se verificado um download de 1,21 Gbytes.
Figura 86 – Leitura de 1 Arduino e 1 Datalogger utilizando o software BitMeter
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
116 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
5.3.5. CONCLUSÕES
A monitorização do exercício de tiro com mísseis MILAN foi bastante importante, pois
possibilitou um incentivo para efectuar recolha de informação referente ao
comportamento de cada equipamento. Na tentativa de tirar o máximo proveito de cada
oportunidade, todos os testes elaborados foram aqui expostos com vista a retirar algum
sumo do que foi elaborado, pois deve-se aprender com o passado para conseguir
modificar o presente e melhorar assim o futuro.
A descrição do exercício propriamente dito e montagens utilizadas, poderá ser consultado
o apêndice E, no relatório elaborado. Este relatório expressa toda a preparação do
exercício em termos de hardware e de código de aquisição, elaborado para o software
Matlab, sendo o seu ponto mais forte referir todas as dificuldades encontradas e que no
futuro, se houver a necessidade de repetir o exercício, devem ser ultrapassadas.
A análise à utilização de dispositivos de rede reveste-se de uma enorme importância,
pois é necessário saber qual o seu comportamento, quer em termos de largura de banda
necessária para a transmissão dos dados provenientes dos sensores, quer mesmo em
relação ao tamanho dos pacotes enviados. A análise da rede, recorrendo a um software
que permita efectuar packet sniffer como o OmniPeek, possibilita identificar não só os
parâmetros descritos anteriormente, mas também, através da correcta análise dos dados
obtidos, permite identificar problemas que possam estar a surgir na rede. Esses
problemas identificados podem passar da demonstração da ocorrência de inúmeras
retransmissões até à ocorrência de inúmeras falhas de resposta por parte do cliente de
uma comunicação (Sanders, 2007, p. 102 e 110).
Os testes efectuados por Capela, Pessanha, Vieira e Monsanto, à distância de 7,49 km
entre antenas omnidireccionais, com um ganho de 10 dBi, conseguiram obter taxas de
transferência da ordem dos 68 kBps (544 kbps) (Capela, Pessanha, Vieira e Monsanto,
2008, p. 9 e 10). Foi também testada qual a taxa de transferência necessária para
transmitir dados da webcam e do Datalogger utilizando exactamente os mesmos modelos
dos testes descritos anteriormente. Contudo verificou-se, para a leitura de 16 canais
analógicos do Datalogger, a necessidade de ter uma taxa de transferência de 15 kBps
(120 kbps) e para a webcam uma taxa de transferência de 200 kBps (1 600 kbps). Nos
testes, anteriormente descritos, foi efectuada a aquisição de apenas um canal analógico,
com uma taxa de amostragem igual à descrita por Capela, Pessanha, Vieira e Monsanto
nos testes elaborados, tendo sido obtida uma taxa de transferência necessária de 70
kbps (9 kBps). Como a taxa de amostragem do Datalogger se divide pelo número de
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 117
canais e não se acrescenta carga de processamento, estes valores vão ser comparados,
apesar do teste efectuado não ser rigorosamente o mesmo. O valor, referido
anteriormente, corresponde à utilização máxima da rede, sendo óbvia uma diferença de
valor de 6 kBps (48 kbps) entre os dois testes efectuados. Esta diferença terá tido origem
numa falta de precisão nos métodos utilizados anteriormente, sendo agora utilizado
software profissional na determinação destes valores.
Nos testes de alcance referidos também se efectuou o envio de imagens da webcam,
recorrendo à sua leitura através de um browser de internet e tendo sido adquirido vídeo
através do firmware da própria camera (Capela, Pessanha, Vieira e Monsanto, 2008, p.
9). Para essa transferência de dados foi necessária uma taxa de transferência de 200
kBps (1 600 kbps), mas utilizando o software de aquisição e gravação IPView Pro foi
obtida uma taxa de transferência de 562,5 kBps (4 500 kbps). A utilização deste software
originou uma diferença de 362,5 kBps na taxa de transferência necessária. Este factor é
de uma enorme importância, pois é preciso ter em consideração que, se não for
encontrada uma alternativa fiável para armazenamento das imagens da camera, serão
necessários 562,5 kBps para a transmissão de vídeo.
De acordo com o referido anteriormente, em que à distância de 7,49 km foi obtido uma
taxa de transferência de 68 kBps (544 kbps), se tivéssemos a utilizar um Arduino para
efectuar a aquisição de dados (e utilizando o software Matlab) seria necessária uma taxa
de transferência de 430 kbps. Assim pode-se afirmar que, à distância citada
anteriormente, apenas poderíamos transmitir dados provenientes de um Arduino
Duemilinove, face à possibilidade de utilização de 7 Dataloggers Dataq DI-710-EL.
Apesar de os Dataloggers serem perto de 16 vezes mais caros por unidade do que os
Arduino, têm sem dúvida um desempenho a nível de rede extremamente elevado, o que
indica que se a alternativa for o uso de Arduino que todo o seu firmware muito
possivelmente tenha de ser reescrito. Esta modificação com certeza não será suficiente,
devendo também existir uma reestruturação das bibliotecas Ethernet existentes até ao
momento em virtude de as mesmas não estarem optimizadas ao nível pretendido. Só
após a conclusão destes passos e não se verificando melhorias significativas na
performance apresentada se deve descartar a possibilidade da sua utilização. Sendo que
uma alternativa será, e sendo a que vai ser adoptada, melhorar o ganho nas antenas de
transmissão possibilitando assim aumentar a largura de banda disponível na
comunicação wireless.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
118 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Podemos resumir de uma forma muito simples as taxas de transmissão necessárias,
recorrendo à seguinte tabela:
Equipamento: Taxa de transmissão
necessária - kBps Taxa de transmissão
necessária - kbps Dataq DI-710-EL
(16 Canais Analógicos) 9 72
Webcam (IPView Pro) 562,5 4 500
Arduino Duemilinove (6 canais analógicos)
54 432
Tabela 34 – Resumo dos resultados obtidos experimentalmente
Os testes efectuados são bastante importantes, pois ao colocar um grande número de
dados a circular na rede sem ter uma ideia clara de quais as suas necessidades de
transmissão pode originar erros graves e mesmo impossibilidade de envio (Crovella,
1999, p. 2).
5.4. MATLAB E ARDUINO – CAPACIDADES DE AQUISIÇÃO
No âmbito deste estudo, torna-se necessário efectuar uma abordagem exaustiva sobre
as capacidades de aquisição, nomeadamente do hardware utilizado – Arduino
Duemilinove – e o software usado na aquisição de dados provenientes desta ferramenta
de desenvolvimento – Matlab. Foi também utilizado este software para aquisição de
dados provenientes do Datalogger Dataq adquirido, pois permite a aquisição numa taxa
de amostragem de 4 800 S/s, ao contrário dos 1 800 S/s conseguidos com o software
WinDaq, sem adquirir uma licença de utilização bastante dispendiosa.
Os testes efectuados a este nível pretendem caracterizar o desempenho obtido por um
Arduino Duemilinove equipado com um microcontrolador ATmega168 quando conjugados
com o software Matlab, pois não interessa só a capacidade de amostragem do seu
conversor A/D. Pois pode-se ter um microcontrolador que efectue a aquisição numa
quantidade de tempo aceitável, mas se demora demasiado tempo a enviar esses dados
ou se o software situado na unidade de aquisição também não apresenta uma velocidade
de processamento aceitável, toda a performance do sistema pode ser afectada. O que
fará com que, em certos casos, se possa tornar inútil a informação, dependendo do
fenómeno concreto que se pretende medir e, posteriormente, analisar ou reconstruir.
Esta linha de raciocínio leva-nos a efectuar várias medições de forma a retratar todo o
caminho descrito pelos dados. Pelo que se mediu o tempo necessário desde a aquisição
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 119
pelo microcontrolador (conversão do sinal de analógico para digital), respectivo envio,
recepção e leitura pelo software Matlab.
Nos próximos subcapítulos vai-se descrever a montagem utilizada para efectuar este
teste, bem como efectuados os comentários convenientes para a sua correcta
compreensão.
5.4.1. CONDIÇÕES E OBJECTIVOS DOS TESTES
Os objectivos deste teste centram-se, essencialmente, na necessidade de conseguir
quantificar a taxa de amostragem que se consegue obter, recorrendo ao hardware e
software, pois esta influencia directamente o tipo de fenómenos que se conseguem
monitorizar.
Uma vez que a taxa de amostragem está directamente ligada à frequência de Nyquist e
que o fenómeno a monitorizar se prevê bastante rápido, esta abordagem reveste-se de
uma extrema importância.
As experiências práticas foram efectuadas recorrendo a um computador portátil equipado
com uma placa de rede Realtek RTL8168C/8111C (P), um Arduino Duemilinove e
respectivo shield Ethernet (quando a aquisição é efectuada por Ethernet). O computador
utilizado para correr o software de aquisição Matlab e adquirir os dados provenientes do
Arduino foi um computador equipado com 4 Gbytes de memória RAM, apetrechado com
um Intel® Core™ 2 Duo T9400 (2,53 GHz) a correr o Windows 7 Ultimate na sua versão
de 32 bits.
Os testes efectuados destinam-se a comparar a performance do Arduino com o
Datalogger adquirido para o mesmo fim. Mas, além de contemplar a velocidade que o
hardware demora a efectuar tal operação, é necessário acrescentar mais variáveis, que
são: o tempo de envio e o tempo de aquisição que a conjugação entre o hardware e o
software nos disponibilizam. Ao utilizar o software Matlab pelas suas potencialidades no
Mundo do tratamento matemático tornou-se essencial testar a sua performance também
a este nível.
5.4.2. DESCRIÇÃO DOS TESTES EFECTUADOS
Os testes propriamente ditos foram efectuados de uma maneira bastante simples e
recorrendo a funções de controlo de tempo das bibliotecas presentes no software Arduino
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
120 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
e Matlab, proporcionando assim medidas de tempo fiáveis. Senão se recorresse a estas
funções seria muito complicado medir estes fenómenos, pois a sua duração é da ordem
dos microsegundos ( s). Sendo estes praticamente (senão mesmo) impossíveis de medir
com e.g. um cronómetro com uma alta precisão, mesmo recorrendo a um operador
altamente treinado. Todo o código utilizado está disponível no apêndice H, sendo aqui
retratados apenas os resultados mais importantes para alcançar os objectivos propostos.
O tempo final na aquisição pode ser descrito pelas equações representadas abaixo,
dependendo este tempo, logicamente, do tipo de comunicação utilizado.
(10)
(11)
Como é visível pela análise das equações anteriormente descritas, as diferenças
existentes entre os dois tipos de comunicação são as seguintes:
Tempo de envio no Arduino (comunicação série ou Ethernet);
Tempo de aquisição no Matlab (se adquire dados por série ou Ethernet).
Na comunicação por Ethernet, a ligação é caracterizada por ser full-duplex, não sendo
configurável qualquer parâmetro de taxa de transferência. Contudo o mesmo não se
verifica na comunicação por série, em que a baud rate91 pode ser configurada tomando
vários valores possíveis no Arduino de 300 a 115 200.
Como foi referido anteriormente e de acordo com informação disponível no datasheet do
microcontrolador ATmega168, a primeira conversão A/D demora 25 ciclos de relógio,
enquanto as restantes conversões demoram 13 ciclos de relógio (Atmel, 2009). O relógio
de sistema é dividido por um factor denominado prescaler, sendo este o relógio final que
teoricamente dá entrada no conversor A/D.
Os valores experimentais obtidos para cada uma destas situações, permitiram então
visualizar a diferença existente a este nível. Da mesma forma, como foram obtidos os
tempos da conversão A/D, foram também obtidos os tempos da instrução de envio por
série e de envio por Ethernet. Estes permitiram contabilizar o tempo que vai da aquisição
ao envio, para armazenamento numa unidade de aquisição. Posteriormente e após os
testes terem sido concluídos foi efectuada a medição dos tempos que o software Matlab
demora a ler os dados que lhe são enviados, tanto por série como por Ethernet.
91
Indica o número de símbolos que são transmitidos por segundo, que no caso da comunicação por série apenas podem tomar o valor lógico 0 ou 1.
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 121
Ao que foi referido anteriormente falta acrescentar o tempo que o software Matlab
demora a guardar os dados recebidos e.g. numa matriz ou a fazer algum processamento
matemático, mas esse tempo depende da optimização do código utilizado. Esse factor
não vai ser contemplado pois os dados podem ser guardados ou trabalhados de
inúmeras formas, devendo cada utilizador desenvolver o código mais
adequado/optimizado à sua aplicação em concreto.
5.4.3. ESQUEMÁTICO UTILIZADO
Os esquemáticos utilizados basearam-se na simples ligação utilizando um cabo de
ligação USB - Universal Serial Bus - para as comunicações série e um cabo UTP92 de
categoria 5 com ficha RJ4593 para comunicações via Ethernet. Os esquemáticos
utilizados foram os seguintes:
Computador
de Aquisição
Comunicação
Série
Arduino
Figura 87 – Esquemático utilizado para os testes ao tempo de conversão A/D e tempo de envio por série
Computador
de AquisiçãoArduino
+
Shield Ethernet
Comunicação
Ethernet
Figura 88 – Esquemático utilizado para os testes ao tempo de envio por Ethernet
A descrição dos resultados obtidos vai ser efectuada no próximo subcapítulo,
determinando assim as taxas de amostragem máximas que realmente se conseguem
obter. Interessando, principalmente, qual a velocidade com que conseguimos recolher as
amostras por software, pois será essa a taxa de amostragem útil que vamos conseguir
obter ao nível do utilizador.
92
Unshielded Twisted Pair é usado na maioria das aplicações de ligação por Ethernet devido ao seu baixo custo comparativamente com a fibra óptica ou o cabo coaxial. 93
Designa o tipo de ficha presente no cabo UTP referido no texto.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
122 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
5.4.4. RESULTADOS OBTIDOS
Inicialmente mediram-se os tempos reais utilizados pelo microcontrolador na conversão
A/D, efectuando a média de 1000 dos valores (recorrendo ao software Matlab) obtidos
experimentalmente. Ao modificar o factor de divisão do relógio (Prescaler) de entrada do
conversor A/D, obtiveram-se os tempos de amostragem (em microsegundos e segundos),
descritos na seguinte tabela:
Factor de divisão (Prescaler) Tempo gasto na aquisição ( ) Tempo gasto na aquisição (Segundos)
2 8,02 0,000008024
2 8,08 0,000008084
4 8,37 0,000008372
8 14,94 0,000014936
16 19,92 0,000019924
32 32,72 0,000032716
64 60,32 0,00006032
128 112,07 0,000112072
Tabela 35 – Tempos de conversão A/D obtidos experimentalmente
Estes valores podem ser relacionados com a taxa de amostragem que é possível obter,
sendo descrita na Tabela 37 o valor da taxa de amostragem para cada valor de prescaler,
convertendo o valor obtido para MS/s e multiplicando esse valor por um factor de 13
(tempo da conversão A/D), obtemos o relógio de entrada no conversor A/D. Os valores
obtidos foram os seguintes:
Factor de divisão Taxa de amostragem (S/s) Relógio de entrada no ADC (MS/s) - 13 ciclos de relógio
2 124 626,12 1,62
2 123 701,14 1,61
4 119 445,77 1,55
8 669 52,33 0,87
16 501 90,72 0,65
32 305 66,08 0,40
64 165 78,25 0,22
128 8 922,84 0,12 Tabela 36 – Taxas de amostragem obtidas dependendo do valor de prescaler
A diferença entre os valores teoricamente esperados e os obtidos experimentalmente
pode ser expressa através da seguinte tabela:
Factor de divisão Taxa de amostragem (S/s) Taxa de amostragem teórica (S/s) Diferença (S/s)
2 124 626 615 384 490 758
2 123 701 615 384 491 683
4 119 446 307 692 188 246
8 66 952 153 846 86 894
16 50 191 76 923 26 732
32 30 566 38 461 7 895
64 16 578 19 230 2 652
128 8 923 9 615 692
Tabela 37 – Diferença entre a taxa de amostragem obtida experimentalmente. e a teoricamente esperada
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 123
Como se pode constatar os valores obtidos do relógio de entrada são bastante inferiores
aos teoricamente esperados, pois se o relógio de sistema é de 16 MHz e se e.g. existir
um factor de prescaler de 2 vamos ter um relógio de entrada no conversor A/D de 8 MHz.
Assim se cada conversão demorar 13 ciclos de relógio, iríamos ter, teoricamente, 615
384 amostras por segundo. Mas experimentalmente verifica-se uma aquisição de apenas
124 626 amostras, ou seja, cerca de menos 490 758 amostras por segundo.
A Tabela 37 demonstra que as maiores diferenças se situam para valores de prescaler
baixos (como seria de esperar), obtendo o valor mínimo nesta diferença para um valor de
prescaler de 128. O que vai de encontro ao referido no relatório técnico elaborado pela
ATmel o AVR120, em que é referido que devem ser utilizadas frequências de relógio de
entrada de 200 kHz para obter uma boa performance (Corporation, 2006, p. 10).
O relatório referido anteriormente também refere que frequência de entrada pode ir até a
um máximo de 1 MHz, sem ocorrer uma quebra significativa na sua performance. Para
um valor abaixo dos 200 kHz com um factor de prescaler de 128, obtemos um relógio de
entrada de 125 kHz e, como foi referido anteriormente, é o que apresenta os valores mais
próximos do teoricamente esperado (diferença de aproximadamente 7% face ao
esperado). Contudo ao analisar a restrição ao relógio de entrada imposta pela ATmel
para a obtenção de uma performance aceitável do conversor A/D, teríamos de
seleccionar um factor de prescaler de 16, com o qual obtemos diferenças de cerca de 26
732 amostras por segundo face ao teoricamente esperado. Verifica-se uma diferença
entre os valores teóricos e os experimentalmente aceitáveis (de acordo com a sua
documentação técnica) de aproximadamente 35%.
Após a abordagem da taxa de amostragem, torna-se necessário referir que o próximo
passo será o envio desses dados, quer seja por série ou por Ethernet. Neste envio é
necessário ter em conta que a comunicação série tem a possibilidade de definir a baud
rate utilizada não acontecendo o mesmo com o protocolo Ethernet que transmite à maior
taxa de transferência disponível (o máximo teórico centra-se nos 100 Mbps). Assim, para
o estudo da comunicação série, foram enviados os dados recorrendo a baud rates de 300
e 115 200, possibilitando assim uma comparação entre os dois extremos da gama de
baud rates disponível.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
124 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Factor de divisão Tempo gasto na aquisição (s) Tempo total (s) - 115 200 Tempo total (s) - 300
2 0,000008024 0,000104024 0,032216024
2 0,000008084 0,000104084 0,032216084
4 0,000008372 0,000104372 0,032216372
8 0,000014936 0,000110936 0,032222936
16 0,000019924 0,000115924 0,032227924
32 0,000032716 0,000128716 0,032240716
64 0,00006032 0,000156320 0,032268320
128 0,000112072 0,000208072 0,032320072
Tabela 38 – Tempos totais da aquisição e envio com diferentes taxas de amostragem e baud rates
Os tempos obtidos na conversão A/D e envio por série encontram-se descritos na tabela
anterior, e vão ser transcritos numa variável à qual, para simplificar a compreensão, vai
continuar a tomar o nome de taxa de amostragem.
Factor de divisão Taxa de amostragem (S/s) - 115 200 Taxa de amostragem (S/s) - 300
2 9 613,17 31,04
2 9 607,62 31,04
4 9 581,11 31,04
8 9 014,21 31,03
16 8 626,34 31,03
32 7 769,04 31,02
64 6 397,13 30,99
128 4 806,03 30,94
Tabela 39 – Taxas de amostragem obtidas na leitura e envio de dados por série
A taxa de amostragem efectivamente útil, obtida na aquisição por Matlab, ainda vai ser
inferior ao obtido na tabela anterior. Porém o seu conhecimento é essencial, pois é com
essa taxa de aquisição que vamos poder contar ao domínio do utilizador. Pela análise da
Tabela 39 podemos constatar experimentalmente a clara diferença entre a utilização de
uma baud rate de 300 e de 115 200.
Paralelamente à medição do tempo de conversão A/D e por envio série, foi efectuada a
conversão A/D e o envio por Ethernet. Os valores obtidos podem ser visualizados através
da seguinte tabela:
Factor de divisão Tempo gasto na aquisição (s) Tempo total (s)
2 0,000008024 0,001125254
2 0,000008084 0,001125314
4 0,000008372 0,001125602
8 0,000014936 0,001132166
16 0,000019924 0,001137154
32 0,000032716 0,001149946
64 0,00006032 0,001177550
128 0,000112072 0,001229302
Tabela 40 – Tempos totais da aquisição e envio por Ethernet
Os tempos obtidos na conversão A/D e envio por Ethernet, e partindo da análise da
tabela anterior, foram transcritos numa variável à qual para simplificar a apreensão vai
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 125
continuar a tomar o nome de taxa de amostragem (à semelhança do sucedido
anteriormente).
Analisando a Tabela 41 e a comunicação com uma baud rate de 115 200 na Tabela 39, é
possível constatar que se obtêm valores de taxa de amostragem superiores neste caso.
Mas é claro que aos valores obtidos ainda falta acrescentar o tempo que o software de
aquisição Matlab demora a ler os valores enviados. Como se verifica todo o processo de
aquisição desde a conversão A/D até à leitura por parte de e.g. um computador reveste-
se de pormenores que fazem com que a performance que inicialmente no hardware se
torne bastante satisfatória passe rapidamente a valores inaceitáveis ao nível do utilizador
(Matlab). Mas para tirar algumas conclusões é necessário referir concretamente qual a
taxa de amostragem que se vai obter ao nível do utilizador, tendo sido obtidos, nos testes
efectuados, os seguintes resultados:
Factor de divisão Taxa de amostragem (S/s) - Pedido browser
2 888,69
2 888,64
4 888,41
8 883,26
16 879,39
32 869,61
64 849,22
128 813,47
Tabela 41 – Taxas de amostragem obtidas na leitura e envio de dados por Ethernet
Factor de divisão Taxa de Amostragem final (115 200) – S/s
Taxa de Amostragem final (300) - S/s
Taxa de Amostragem final (115200) – MS/s
Taxa de Amostragem final (300) – MS/s
2 93,12 23,34 0,093118 0,023337
2 93,12 23,34 0,093118 0,023337
4 93,12 23,34 0,093115 0,023336
8 93,06 23,33 0,093058 0,023333
16 93,02 23,33 0,093015 0,023330
32 92,90 23,32 0,092905 0,023323
64 92,67 23,31 0,092667 0,023308
128 92,22 23,28 0,092225 0,023280 Tabela 42 – Taxas de amostragem obtidas na leitura, envio de dados por série e leitura Matlab
Factor de divisão Taxa de Amostragem final - S/s Taxa de Amostragem final – MS/s
2 232,11 0,232113
2 232,11 0,232109
4 232,09 0,232094
8 231,74 0,231741
16 231,47 0,231473
32 230,79 0,230790
64 229,33 0,229329
128 226,64 0,226639
Tabela 43 – Taxas de amostragem obtidas na leitura, envio de dados por Ethernet e leitura Matlab
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
126 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
As duas tabelas anteriores indicam que o envio e aquisição por Ethernet se revela mais
eficaz do que o envio por série. As diferenças entre a aquisição por série com uma baud
rate de 115 200 e a aquisição por Ethernet, são descritas na seguinte tabela:
Factor de divisão Diferença entre série (115 200) e Ethernet em S/s
2 138,99
2 138,99
4 138,97
8 138,68
16 138,45
32 137,89
64 136,66
128 134,42
Tabela 44 – Diferenças entre as taxas de amostragem finais por série (115 200) e Ethernet
A diferença entre os tipos de protocolo de comunicação nesta fase, e analisando a tabela
anterior, situa-se próximo das 138 S/s de diferença a favor da comunicação por Ethernet.
Segundo o teorema de Nyquist e, supondo que se selecciona a comunicação por
Ethernet e os dados de apenas uma entrada analógica disponibilizada pelo Arduino,
vamos poder amostrar um sinal de entrada com uma variação máxima de
aproximadamente 116 Hz. Se desejarmos adquirir dados provenientes das 6 entradas
analógicas que o Arduino disponibiliza teríamos de dividir o valor anterior por 6,
permitindo o armazenamento de dados, sem o risco de ocorrer aliasing do sinal de
entrada, com uma variação máxima de aproximadamente 20 Hz.
Ao comparar esta performance com a do Datalogger adquirido cuja taxa de amostragem,
como referido anteriormente, se situa nos 4 800 S/s divididos pelo número de canais,
com a qual iríamos obter uma taxa de amostragem máxima de 300 S/s por canal. O que
nos permitiria amostrar com rigor sinais de uma frequência inferior a 150 Hz. Mas não
podemos, no entanto, esquecer que o custo de aquisição de um Datalogger do modelo
referido anteriormente custa cerca de 16 vezes mais que o custo de aquisição de um
Arduino Duemilinove.
Este subcapítulo pode ser resumido da seguinte forma:
Equipamento Nº de entradas
lidas em simultâneo Taxa de amostragem obtida por canal (S/s)
Frequência máxima do sinal de entrada (Hz)
Arduino Duemilinove (Ethernet)
6 40 20
Arduino Duemilinove (Série – 115 200)
6 16 8
Datalogger Dataq DI-710-EL
16 300 150
Tabela 45 – Resumo dos resultados obtidos
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 127
As taxas de amostragem presentes na tabela anterior são as taxas de amostragem
obtidas ao nível do utilizado, dependendo do tipo de software de aquisição escolhido e do
processador em que este está a ser executado.
Como se pôde verificar o principal factor de limitação não é o tempo da conversão A/D do
próprio microcontrolador, mas sim o tempo gasto no envio e aquisição por parte do
software Matlab.
5.4.5. CONCLUSÕES
A melhor opção utilizando a ferramenta de aquisição Arduino e o software Matlab é a
aquisição por Ethernet. Mas apesar desta vantagem em relação à amostragem por série,
mesmo recorrendo a uma baud rate elevada, a variação máxima do sinal de entrada
(sem ocorrer aliasing) situa-se nos 116 Hz (para apenas uma entrada analógica). Se
estivermos a sobrecarregar um Arduino com a sua capacidade máxima (6 entradas
analógicas) a taxa de amostragem cai logo 6 vezes para 20 Hz, o que é um valor baixo
face à especificidade do fenómeno que se pretende registar.
5.5. CÂMARA DE ALTA-VELOCIDADE
A utilização de uma camera de alta-velocidade reveste-se de enorme importância no
contexto deste estudo, pois a elevada velocidade do projéctil a registar carece de uma
elevada frame rate. Ao utilizar uma camera deste tipo, estar-se-á a aumentar
grandemente as possibilidades de conseguir captar imagens do projéctil, para poder
saber exactamente quais os fenómenos originados no embate.
A camera de alta-velocidade utilizada foi o modelo GC 640C da marca Prosilica – camera
IP que estabelece uma ligação por Gigabit Ethernet, que, recorrendo ao seu software
ProStream94 1.3.1, permite a captura e gravação de vídeo, cuja frame rate depende da
dimensão do vídeo. A máxima frame rate utilizável com este modelo situa-se nos 759 fps
para um vídeo com as dimensões 659 x 12395.
94
Site oficial http://www.ProStreamSoft.com. 95
Descrição da resolução em pixels em que o primeiro número é a quantidade de colunas (largura) e o segundo é o número de linhas (altura). Um pixel é caracterizado como o menor elemento num dispositivo de exibição (e.g. monitor), ao qual é possível atribuir uma cor.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
128 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Figura 89 – Representação esquemática das dimensões óptimas do vídeo
A recolha de imagens deve ser feita com a melhor relação frame rate/dimensão do vídeo.
Após alguns testes, modificando as opções do software referido anteriormente, facilmente
se encontraram os valores considerados adequados.
5.5.1. CONDIÇÕES E OBJECTIVOS DOS TESTES
Ao possuirmos uma camera de alta-velocidade, sabendo que ela se baseia numa ligação
Gigabit Ethernet, por si só não trás qualquer tipo de informação acerca do seu
funcionamento. Contudo, num meio em que a largura de banda necessária para a
comunicação pode ser limitada, esta análise reveste-se de grande importância.
O objectivo primordial deste teste foi obter a largura de banda necessária para a
comunicação, à medida que se faz variar a frame rate e a dimensão do vídeo na tentativa
de perceber mais aprofundadamente qual o funcionamento desta camera. Ao obter a
melhor configuração possível espera-se que esta seja bastante útil para conseguir
capturar imagens de um míssil Seasparrow a embater numa unidade naval, devido à sua
elevada frame rate.
5.5.2. DESCRIÇÃO DOS TESTES EFECTUADOS
Os testes efectuados com a camera de alta-velocidade recorreram ao software referido
anteriormente, o ProStream 1.3.1 fazendo variar os parâmetros de operação da camera.
A aquisição de dados que possibilitasse descrever o comportamento da rede foi
efectuada através do software BitMeter e OmniPeek, que por sua vez permitiram a
representação e análise dos dados obtidos.
Numa primeira fase, foram gravados para cada configuração através do software, alguns
segundos de utilização quer no modo live (visualização de vídeo sem guardar) e stream
(visualização e gravação do vídeo). Este método de teste procurou assim aferir quais são
os parâmetros de funcionamento mais adequados, muito à semelhança do efectuado na
preparação dos testes de telemetria a mísseis MILAN – subcapítulo 5.3.
659
123
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 129
5.5.3. ESQUEMÁTICO UTILIZADO
O esquemático utilizado baseou-se na simples ligação utilizando um cabo UTP de
categoria 5 com ficha RJ45 para comunicações via Gigabit Ethernet. O esquemático
utilizado foi o seguinte:
Computador com capacidade
Gigabit Ethernet
Câmara de
Alta Velocidade
Figura 90 – Aparato experimental utilizado para testes à camera de alta-velocidade
A descrição dos resultados obtidos vai ser efectuada no próximo subcapítulo, procurando
assim aprofundar o funcionamento da camera em rede.
5.5.4. RESULTADOS OBTIDOS
Os testes efectuados podem ser separados em dois grupos distintos:
Análise em live;
Análise em stream.
Os testes para os dois casos anteriores foram efectuados para os seguintes parâmetros
de funcionamento:
Teste 1 Teste 2 Teste 3 Teste 4
Largura: 659 Largura: 659 Largura: 659 Largura: 659
Altura: 493 Altura: 493 Altura: 123 Altura: 123
Frame Rate: 196 Frame Rate: 30 Frame Rate: 759 Frame Rate: 100
Tabela 46 – Configurações utilizadas nos testes efectuados à camera de alta-velocidade
Na configuração de teste 1 foram gravados, aproximadamente, 41,7 s em modo live e,
aproximadamente, 21,8 s em modo stream, utilizando o software BitMeter e o ProStream
1.3.1 para aquisição de imagens da camera.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
130 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Em aproximadamente 41,7 s foram recebidos 9,45 kBytes em live, tendo sido recebidos
em aproximadamente 21,8 s, mas em stream, 6,82 kBytes. Assim, se o comportamento
da rede se mantiver constante em toda a transmissão, estaríamos a transmitir 1,8 kbps
(perto de 0,23 kBps) e 2,5 kbps (perto de 0,31 kBps) em live e stream, respectivamente –
ver apêndice H.
Método de recolha: Software “ProStream 1.3.1”
Aparato experimental utilizado: Figura 90 Descrição:
1 Camera de alta-velocidade
Protocolo de transferência: UDP
Tempo de recolha: 62 Segundos Estimativa do valor por cada
60 minutos (3600s)
Total de Bytes recebidos: 22 098 Bytes 1 283 109 Bytes
Total de Pacotes recebidos: 209 Pacotes 12 135 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Camera) 8 704 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Camera) 136 Pacotes
Total de Bytes enviados: (Camera) 692 Bytes
Total de Pacotes enviados: (Camera) 2 Pacotes
Erros Não se verificaram
Máxima utilização da rede: 0,006 %
Tamanho dos pacotes (Bytes)
64 169
128-255 7
256-511 33
Cliente ineficiente 3 Vezes
Importância:
Baixa
Tabela 47 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em live na configuração de teste 1
Método de recolha: Software “ProStream 1.3.1”
Aparato experimental utilizado: Figura 90 Descrição:
1 Camera de alta-velocidade
Protocolo de transferência: UDP
Tempo de recolha: 24 Segundos Estimativa do valor por cada
60 minutos (3600s)
Total de Bytes recebidos: 8 680 Bytes 1 302 000 Bytes
Total de Pacotes recebidos: 118 Pacotes 17 700 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Camera) 7 168 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Camera) 112 Pacotes
Total de Bytes enviados: (Camera) 346 Bytes
Total de Pacotes enviados: (Camera) 1 Pacotes
Erros Não se verificaram
Máxima utilização da rede: 0,006 %
Tamanho dos pacotes (Bytes) 64 114
256-511 4
Cliente ineficiente 2 Vezes Importância:
Baixa
Tabela 48 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em stream na configuração de teste 1
Através da análise às duas tabelas anteriores, em que a principal diferença se centra na
opção de gravar por parte do software, podemos constatar alguns detalhes interessantes.
Apesar de estarmos a utilizar uma ligação com uma capacidade de 1 Gbps, apenas
utilizamos 0,006% da capacidade da rede, o que é sem dúvida uma surpresa, pois à
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 131
partida necessitaria de uma largura de banda pelo menos superior à camera IP utilizada
como e.g. durante os testes efectuados aos mísseis MILAN (descritos anteriormente).
A utilização máxima da capacidade de rede obtida pela camera IP foi de 4,5% utilizando
uma ligação máxima teórica de 100 Mbps, o que corresponde a uma utilização máxima
de 4,5 Mbps para a comunicação. Paralelamente, a camera de alta-velocidade utiliza
0,006% de 1Gbps, como referido anteriormente, o que corresponde a uma utilização
máxima de 0,06 Mbps na rede. Estes dados não deixam de ser surpreendentes, pois
possuímos uma camera com um melhor desempenho a nível de frame rate e com
desempenho de rede optimizado em relação à camera IP, o que não seria de esperar
numa análise preliminar.
Na configuração de teste 2 e utilizando o software BitMeter, em, aproximadamente, 45,5
s foram recebidos 10,09 kBytes em live e, por sua vez, em stream foram recebidos 8,74
kBytes em, aproximadamente, 35,4 s. Admitindo que o comportamento da rede se
mantém constante em toda a transmissão, estaríamos a transmitir 1,7 kbps (perto de 0,22
kBps) e 2 kbps (cerca de 0,25 kBps) em live e stream, respectivamente.
Os gráficos obtidos (ver apêndice H) mostram que existe um pico inicial, à semelhança
do que se verificou também para o teste 1. Tendo-se o mesmo verificado em todos os
testes efectuados, pode assim dizer-se que representa o pedido por parte do software
(cliente da ligação) à camera para começar a captar imagens.
Método de recolha: Software “ProStream 1.3.1”
Aparato experimental utilizado: Figura 90 Descrição:
1 Camera de alta-velocidade
Protocolo de transferência: UDP
Tempo de recolha: 61 Segundos Estimativa do valor por cada
60 minutos (3600s)
Total de Bytes recebidos: 22 854 Bytes 1 348 760 Bytes
Total de Pacotes recebidos: 209 Pacotes 12 334 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Camera) 8 576 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Camera) 134 Pacotes
Total de Bytes enviados: (Camera) 346 Bytes
Total de Pacotes enviados: (Camera) 1 Pacotes
Erros Não se verificaram
Máxima utilização da rede: 0,006 %
Tamanho dos pacotes (Bytes)
64 167
128-255 6
256-511 36
Cliente ineficiente 3 Vezes Importância:
Baixa
Tabela 49 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em live na configuração de teste 2
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
132 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
Método de recolha: Software “ProStream 1.3.1”
Aparato experimental utilizado: Figura 90 Descrição:
1 Camera de alta-velocidade
Protocolo de transferência: UDP
Tempo de recolha: 25 Segundos Estimativa do valor por cada
60 minutos (3600s)
Total de Bytes recebidos: 8 409 Bytes 1 210 896 Bytes
Total de Pacotes recebidos: 118 Pacotes 16 992 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Camera) 7 168 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Camera) 112 Pacotes
Total de Bytes enviados: (Camera) 895 Bytes
Total de Pacotes enviados: (Camera) 5 Pacotes
Erros Não se verificaram
Máxima utilização da rede: 0,006 %
Tamanho dos pacotes (Bytes)
64 112
128-255 5
256-511 1
Cliente ineficiente 2 Vezes Importância:
Baixa
Tabela 50 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em stream na configuração de teste 2
A diferença entre o teste 1 e o teste 2 foi a modificação da frame rate, mantendo a
mesma resolução de vídeo. As taxas de transferência obtidas foram as seguintes:
Nº do teste: Opção de software: Taxa de transferência necessária (kbps)
Teste 1 Live 1,8
Stream 2,5
Teste 2 Live 1,7
Stream 2
Tabela 51 – Estimativa da taxa de transferência necessária nas condições de teste 1 e 2
A tabela anterior indica que a taxa de transferência obtida em live se mantém
aproximadamente a mesma nos dois testes, mas o mesmo não se verificou ao
seleccionar o modo stream, o que neste ponto de estudo é inconclusivo.
A taxa de transferência necessária não é directamente proporcional à frame rate, sendo
necessária a elaboração de novos testes. Estes devem também aferir se a dimensão do
vídeo tem influência directa no número de bytes a circular na rede, para responder a esta
questão elaboraram-se assim mais dois testes, denominados por teste 3 e 4.
Na configuração de teste 3 e recorrendo ao software BitMeter, em aproximadamente 21,6
s foram recebidos 6,3 kBytes em live, tendo sido recebidos em aproximadamente 41,6 s
em stream perto de 9,7 kBytes. Assim, pode-se admitir que o comportamento da rede se
mantém constante, estando em toda a transmissão a transmitir cerca de 2,33 kbps (0,29
kBps) e perto de 1,86 kbps (0,23 kBps) para a transmissão em live e stream,
respectivamente.
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 133
Método de recolha: Software “ProStream 1.3.1”
Aparato experimental utilizado: Figura 90 Descrição:
1 Camera de alta-velocidade
Protocolo de transferência: UDP
Tempo de recolha: 28 Segundos Estimativa do valor por cada
60 minutos (3600s)
Total de Bytes recebidos: 13 560 Bytes 1 743 428 Bytes
Total de Pacotes recebidos: 149 Pacotes 19 157 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Camera) 7 362 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Camera) 115 Pacotes
Total de Bytes enviados: (Camera) 1 074 Bytes
Total de Pacotes enviados: (Camera) 6 Pacotes
Erros Não se verificaram
Máxima utilização da rede: 0,006 %
Tamanho dos pacotes (Bytes)
64 128
65-127 1
128-255 6
256-511 14
Cliente ineficiente 2 Vezes Importância:
Baixa
Tabela 52 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em live na configuração de teste 3
Método de recolha: Software “ProStream 1.3.1”
Aparato experimental utilizado: Figura 90 Descrição:
1 Camera de alta-velocidade
Protocolo de transferência: UDP
Tempo de recolha: 30 Segundos Estimativa do valor por cada
60 minutos (3600s)
Total de Bytes recebidos: 9 038 Bytes 1 084 560 Bytes
Total de Pacotes recebidos: 126 Pacotes 15 120 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Camera) 7 490 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Camera) 117 Pacotes
Total de Bytes enviados: (Camera) 1 074 Bytes
Total de Pacotes enviados: (Camera) 6 Pacotes
Erros Não se verificaram
Máxima utilização da rede: 0,006 %
Tamanho dos pacotes (Bytes)
64 118
65-127 1
128-255 6
256-511 1
Cliente ineficiente 2 Vezes Importância:
Baixa
Tabela 53 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em stream na configuração de teste 3
Neste teste foi aumentada a frame rate para a máxima permitida por hardware, não se
verificando um aumento da percentagem de utilização da rede. A largura de banda
necessária, dados adquiridos utilizando o software BitMeter, manteve-se na mesma
ordem de grandeza que as obtidas para os testes 1 e 2. Para teste 4 e final resolveu-se
manter a resolução do vídeo alterando a frame rate fazendo com que a mesma diminui-
se para os 100 fps.
Na configuração de teste 4 e recorrendo uma vez mais ao software BitMeter, em
aproximadamente 18,9 s foram recebidos 5,84 KBytes em live e, em stream, durante 18,2
s foram transmitidos 5,84 kBytes. Admitindo que o comportamento da rede se mantém
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
134 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
constante em toda a transmissão estaríamos a transmitir 2,47 kbps (0,31 kBps) e 2,56
kbps (0,32 kBps) para a transmissão em live e stream, respectivamente.
Método de recolha: Software “ProStream 1.3.1”
Aparato experimental utilizado: Figura 90 Descrição:
1 Camera de alta-velocidade
Protocolo de transferência: UDP
Tempo de recolha: 22 Segundos Estimativa do valor por cada
60 minutos (3600s)
Total de Bytes recebidos: 11 194 Bytes 1 831 745 Bytes
Total de Pacotes recebidos: 134 Pacotes 21 927 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Camera) 7 168 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Camera) 112 Pacotes
Total de Bytes enviados: (Camera) 3 322 Bytes
Total de Pacotes enviados: (Camera) 11 Pacotes
Erros Não se verificaram
Máxima utilização da rede: 0,006 %
Tamanho dos pacotes (Bytes) 64 123
256-511 11
Cliente ineficiente 2 Vezes Importância:
Baixa
Tabela 54 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em live na configuração de teste 4
Método de recolha: Software “ProStream 1.3.1”
Aparato experimental utilizado: Figura 90 Descrição:
1 Camera de alta-velocidade
Protocolo de transferência: UDP
Tempo de recolha: 38 Segundos Estimativa do valor por cada
60 minutos (3600s)
Total de Bytes recebidos: 8 154 Bytes 772 484 Bytes
Total de Pacotes recebidos: 123 Pacotes 11 652 Pacotes
Total de Bytes recebidos: (Camera) 7 680 Bytes
Total de Pacotes recebidos: (Camera) 120 Pacotes
Total de Bytes enviados: (Camera) 346 Bytes
Total de Pacotes enviados: (Camera) 1 Pacotes
Erros Não se verificaram
Máxima utilização da rede: 0,006 %
Tamanho dos pacotes (Bytes) 64 122
256-511 1
Cliente ineficiente 3 Vezes Importância:
Baixa
Tabela 55 – Dados obtidos pelo software OmniPeek em stream na configuração de teste 4
Pela análise da rede dos quatro testes efectuados, quer em live ou stream, recorrendo ao
software OmniPeek, pode-se constar que a grande maioria dos pacotes que circula na
rede tem uma dimensão menor ou igual a 64 Bytes. O que numa ligação de 1 Gbps se
torna irrelevante, sendo os mesmos entregues sem qualquer tipo de erros na rede. Pode-
se também verificar que em todos os testes se observou que o cliente da ligação
(computador de armazenamento) se apresentava ineficiente, mas de acordo com a
análise avançada e apresentada pelo software OmniPeek, este problema apresenta-se
com uma importância baixa.
Capitulo V – Trabalho de campo e resultados
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 135
O fluxo de dados vídeo é enviado para a rede recorrendo ao protocolo UDP –
apresentado como um protocolo que não efectua controlo de erros –, que numa situação
de ligação directa, como o teste efectuado, não apresenta qualquer problema de
fiabilidade na entrega dos dados. Mas, no caso de uma rede de grandes dimensões,
pode apresentar-se como um problema de resolução difícil, pois se existir um nó que
entregue os dados corrompidos ao destino, não existe qualquer tipo de controlo a este
nível.
Através da análise da largura de banda consumida pela camera e pela utilização de uma
ligação Gigabit Ethernet, pode-se constatar que a necessidade da sua utilização não se
prende com o elevado volume de dados a enviar mas, sim, com a velocidade com que
esses dados necessitam de ser enviados. Pois ao capturar 796 imagens por segundo,
tendo em conta que uma webcam permite normalmente a captura de 30 imagens por
segundo, é necessário que a informação seja rapidamente entregue ao seu destino, visto
que este modelo de camera não possui qualquer buffer96 de envio (Prosilica, 2007;
Prosilica, 2008).
As larguras de banda obtidas para cada uma das configurações anteriores foram as
seguintes:
Nº do teste: Opção de software: Taxa de transferência necessária (kbps)
Teste 1 Live 1,8
Stream 2,5
Teste 2 Live 1,7
Stream 2
Teste 3 Live 2,3
Stream 1,86
Teste 4 Live 2,47
Stream 2,56
Tabela 56 – Estimativa dos dados que iriam circular na rede em 60 minutos no teste 1 e 2
Pela análise da tabela anterior, pode-se constatar que existe uma diferença entre a taxa
de transferência necessária para visualizar e gravar (stream) e apenas para visualizar
(live), à excepção dos dados adquiridos no teste 3. Neste teste é indicada uma menor
necessidade de taxa de transferência em stream, mesmo após a repetição do teste para
despistar erros de aquisição, sem no entanto se verificar nenhuma explicação aparente.
Pela análise dos picos obtidos através do software BitMeter, podemos constatar que em
média os pedidos para live causaram um pico na transmissão em média de 26,7 kBytes e
os de stream de 27,05 kBytes. Pelo que se pode concluir que aparentemente o tipo de
96
Pode ser descrito como um pedaço de memória temporária para leitura e escrita de dados.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
136 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
pedido não tem influência directa significativa na dimensão da largura de banda
necessária para o efectuar.
5.5.5. CONCLUSÕES
Os testes efectuados e descritos no subcapítulo anterior demonstraram que a largura de
banda utilizada se situa sempre nos 0,006 %, para uma ligação de 1 Gbps. Ou seja, não
é directamente influenciada pela frame rate ou pelas dimensões do vídeo pretendido, o
que a ocorrer seria perfeitamente aceitável. Assim pode-se afirmar, à semelhança do que
foi descrito no subcapítulo anterior, que a utilização de uma ligação de 1 Gbps só se
justifica se tivermos em conta a velocidade da ligação necessária, pois ao utilizar uma
camera que captura até 796 imagens por segundo, com o protocolo UDP e sem qualquer
buffer de saída, é necessário garantir que os dados são escoados a uma velocidade
conveniente.
Por último, podemos concluir que em relação à webcam utilizada nos testes MILAN
(descritos anteriormente), a camera de alta-velocidade utilizada possui uma menor
utilização da rede, isto deve-se essencialmente por usar o protocolo UDP em vez de usar
o HTTP. Contudo, o funcionamento da webcam é baseado na leitura pelo seu programa
(IPView Pro) dos dados disponibilizados pelo seu firmware por HTTP, recorrendo
DirectX97. O que faz com que exista uma maior utilização de largura de banda, face à
utilização do protocolo UDP, pois este possui cabeçalhos menores e não efectua o
respectivo controlo de erros (Kozierok, 2005, p. 808).
A camera encontra-se optimizada e com um bom desempenho de rede, mesmo utilizando
a resolução de 659x123 e uma frame rate de 759 imagens por segundo. Se admitirmos
que um míssil do tipo Seasparrow tem uma velocidade de aproximadamente 4 256 km/h -
aproximadamente 1 182 m/s – (FAC, 1999), podemos verificar que entre dois frames
sucessivos o míssil terá andado cerca de 1,56 m/f. Tornando-se quase um golpe de sorte
conseguir captar com sucesso um míssil com esta velocidade, utilizando uma camera
com estas características apesar de o míssil em questão ter um comprimento de 3,7 m.
Mas contudo as probabilidades de o captar com uma camera destas é bastante superior,
pois utilizando a webcam cada frame corresponde a 39,4 m, como foi referido
anteriormente, sendo esta uma performance 25 vezes inferior à obtida utilizando uma
camera de alta-velocidade.
97
Possibilita a comunicação entre software e hardware, possibilitando assim que estes façam uso dos seus recursos.
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 137
6. CAPÍTULO VI
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1. INTRODUÇÃO
Nesta dissertação de mestrado foi proposto a elaboração de um sistema off-the-shelf,
capaz de efectuar a monitorização do afundamento de uma plataforma naval. Assim,
durante este trabalho, verificou-se o estado da arte no que concerne às redes de
sensores, procurando entender o seu funcionamento e condições necessárias ao seu
funcionamento. Posteriormente, analisou-se a problemática da conversão A/D e
respectivo teorema da amostragem, fazendo a interligação entre estes dois temas, e a
grande importância que os mesmos apresentam para a correcta retratação do fenómeno
a registar. Foram, também, abordados os protocolos de rede utilizados no sistema
desenvolvido - IEEE 802.3 (Ethernet) e IEEE 802.11g (wireless) -, de forma a entender o
seu modo de funcionamento e conseguir aferir o comportamento esperado.
Foram escolhidos e estudados os Dataloggers - Dataq DI-710-EL e Arduino Duemilinove
- especificando os seus princípios de funcionamento, individualizando sempre tanto
quanto possível para o cenário de estudo. Foi efectuada uma proposta de implementação
do sistema a bordo de um navio imaginado para o efeito, o que possibilitou abordar dois
dos maiores problemas esperados (mas infelizmente não os únicos) – o grande aumento
de temperatura nos diferentes compartimentos e a alimentação dos diferentes
equipamentos. Com vista a comprovar as hipóteses colocadas durante a descrição da
metodologia utilizada, foram efectuados variadíssimos testes aos equipamentos
específicos adquiridos, após apreendidos os fundamentos teóricos essenciais para o
fazer.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
138 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
6.2. HIPÓTESES E OBJECTIVOS CUMPRIDOS
Os objectivos e hipóteses apresentadas no subcapítulo 1.2.2 são analisados neste
subcapítulo, pois foi com esse objectivo que se desenvolveu todo o trabalho
desenvolvido.
Além do descrito como conclusão ao longo do capítulo V – capítulo dedicado à descrição,
explicação e análise dos testes práticos efectuados considerados mais relevantes e de
toda a teoria abordada –, torna-se necessário efectuar uma reflexão final sobre os
resultados obtidos.
Os testes feitos ao conversor A/D demonstraram que a curva de conversão A/D do
Arduino Duemilinove analisado está longe de ser ideal, sendo esta afectada pelo factor
de prescaler utilizado. Caso se pretenda diminuir o erro existente ao mínimo possível este
deve ser determinado e compensado, analisando cada Arduino como se fosse único, pois
na verdade não existem dois Arduinos com a curva de conversão A/D cem por cento
semelhante. Este teste possibilitou constatar qual o melhor factor de prescaler a utilizar –
factor de elevada importância também – se situa no valor 4, obtendo um erro absoluto
máximo de 204 mV. Deve-se tentar compensar o erro obtido ao máximo possível e caso
não seja na fase de aquisição deve-se aplicar os métodos de tratamento matemático
considerados apropriados, não sendo este erro um factor limitativo na sua utilização.
Dos testes de telemetria no lançamento de mísseis MILAN, além da aprendizagem e
experiência que foi obtida através da participação efectiva, pois foi a primeira vez que foi
autorizada a participação de um grupo de investigação da EN neste tipo de exercício, foi
possível retirar através da sua preparação inúmeras conclusões. A conclusão mais
importante foi conseguir quantificar a taxa de transmissão necessária para os
equipamentos de aquisição e webcam. Onde a taxa de transferência de um Arduino
Duemilinove – 6 canais analógicos – é de 54 kBps (432 kbps), de um Datalogger Dataq
DI-710-EL – 16 canais analógicos – de 9 kBps (72 kbps) e de uma webcam é de 562,5
kBps (4 500 kbps).
O software utilizado para a aquisição de dados do Arduino foi o Matlab, do Datalogger
Dataq foi o Matlab e o seu software proprietário WinDaq e o software utilizado com a
webcam foi o IPView Pro. Verificou-se nos testes efectuados um melhor desempenho do
Dataq face ao Arduino, possibilitando a aquisição de mais entradas analógicas utilizando
uma largura de banda seis vezes inferior. Este factor por si só não é impeditivo da sua
utilização, pois teoricamente numa única ligação por Fast Ethernet – 100 Mbps –
Capitulo VI – Conclusões e recomendações
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 139
poderíamos adquirir dados de 231 Arduinos e enviar em simultâneo por IEEE 802.11g –
54 Mbps – dados de 125 Arduinos, admitindo os valores máximos teórico.
Ao utilizar o Arduino tornou-se necessário determinar a sua taxa de amostragem ao nível
do utilizador, nomeadamente, a obtida recorrendo ao software Matlab e fazendo variar os
protocolos de transmissão adoptados – Ethernet e série. Esta taxa de amostragem é a
obtida conjugando o software com o hardware, visto que a taxa de amostragem máxima
obtida pelo Datalogger Dataq ao nível do utilizador ser já conhecida e se situar nos 4 800
S/s para um canal analógico utilizando o software Matlab. Após a análise e comparação
dos dados obtidos nas diversas configurações utilizadas, foi possível constatar que a
utilização do protocolo Ethernet é o mais eficaz com taxas de amostragem de 240 S/s
para um canal analógico. Se a largura de banda necessária pelo Arduino não é impeditiva
para a sua utilização, no caso da taxa de amostragem o mesmo não se verifica, sendo
um claro indicador negativo do desempFunenho da conjugação Arduino + Matlab. O
Arduino apresenta ao nível de hardware taxas de amostragem bastante apreciáveis
perdendo bastante performance no tempo gasto no envio, leitura e armazenamento por
parte do software Matlab. Para contornar esta situação pode-se utilizar a função - fread()
que permite ler byte a byte os dados provenientes da comunicação série ou Ethernet, o
que faz com que o valor máximo possível seja de 255, existindo assim uma clara perda
de resolução. Esta técnica para ser eficaz teria de mapear um valor compreendido entre
0 e 1023 para um valor compreendido entre 0 e 255, mas em contrapartida verifica-se um
acréscimo na taxa de amostragem obtida em série – aproximadamente 430 S/s – e por
TCP/IP – aproximadamente 1 589 S/s. Estes valores foram determinados utilizando a
mesma metodologia descrita no subcapítulo 5.4, e apesar de existir um acréscimo na
taxa de amostragem é importante ter em conta que existe assim uma perda de resolução.
Para determinar se esta perda de resolução é aceitável teria de se recorrer a testes
práticos monitorizando casos reais, estudo que não chegou a ser efectuado.
O desempenho da camera de alta-velocidade adquirida foi também analisado,
determinando assim quais as suas características de funcionamento. Através dos testes
efectuados foi possível verificar que a mesma apenas utiliza 0,006% da capacidade
máxima do canal na transferência de dados. A necessidade de utilizar uma ligação
Gigabit Ethernet enquadra-se com a necessidade de transferir dados com uma grande
rapidez, visto ser utilizado um protocolo UDP - protocolo que não efectua qualquer
controlo de erros - numa camera que não apresenta qualquer buffer de envio. A
necessidade de uma grande taxa de transferência de dados impossibilita, assim o seu
envio por wireless utilizando o protocolo IEEE 802.11g pois este apenas permite
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
140 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
velocidades máximas teóricas de 54 Mbps. Assim deve ser privilegiado o uso de outro
sistema de aquisição à parte, sistema este que poderá também servir de redundância
para os restantes dados, devendo estes ser enviados por wireless, mas,
simultaneamente, armazenados neste sistema redundante aumentando assim as
probabilidades de sucesso na sua obtenção.
Através de todo o trabalho efectuado ficou latente a possibilidade de efectuar telemetria
utilizando equipamento off-the-shelf, pois a tecnologia escolhida e respectivo
equipamento permitem a correcta construção de um sistema adequado às condicionantes
com capacidade de recolha e envio dos dados.
A tecnologia escolhida na comunicação wireless, como foi largamente abordado ao longo
do texto, foi o protocolo IEEE 802.11g. Este possibilita comunicações teóricas até 54
Mbps e encontra-se largamente difundido, tendo sido a partir deste ponto que se efectuou
a escolha do protocolo IEEE 802.3, devido à sua conhecida interoperabilidade. A
possibilidade da sua utilização em longas distâncias ficou ainda comprovada após
efectuados testes de mar, como descritos por Capela, Pessanha, Vieira e Monsanto -
Apêndice A - onde se comprovou que a 7,49 km se podem transmitir dados de um
Arduino Duemilinove - 6 entradas analógicas que corresponde e.g. a dois acelerómetros
de 3 eixos – ou transmitir dados de sete Dataloggers Dataq DI-710-EL – 112 entradas
analógicas que corresponde a e.g. 37 acelerómetros de 3 eixos (Capela, Pessanha,
Vieira e Monsanto, 2008, p. 10). Os resultados obtidos no entanto não se mostraram
suficientes tornando essencial a construção de uma antena direccional com maior ganho,
estando todo o processo de elaboração e construção descrito no apêndice C.
Procurou-se na análise efectuada fazer uma comparação de performance entre o
Datalogger e o Arduino Duemilinove. Esta comparação começou em termos de hardware,
sendo que os três parâmetros considerados mais relevantes são número de entradas
analógicas, taxa de amostragem e custo O número de entradas analógicas de um
Arduino Duemilinove são 6 e de um Datalogger Dataq DI-710-EL são 16, sendo o custo
deste segundo claramente superior ao primeiro. Este factor pode ser facilmente
ultrapassado pela utilização de um Arduino Mega que utiliza um ATmega 1280 que
permite ter 16 canais analógicos a um preço relativamente baixo comparado com o
Datalogger Dataq adquirido. A comparação da taxa de amostragem entre equipamentos,
apesar de o Arduino possuir ao nível de hardware uma boa capacidade de amostragem
em relação ao Dataq, demonstrou que utilizando o software Matlab obtemos taxas de
amostragem bastante inferiores às do Datalogger Dataq.
Capitulo VI – Conclusões e recomendações
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 141
6.3. RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES
Neste subcapítulo vão ser apresentadas algumas ideias para trabalho futuro nesta área,
sendo a maior parte delas baseadas na resolução de certos problemas que foram
verificados e que necessitam de resolução.
A melhor localização a bordo para colocação dos sensores deve ser estudada, entrando
em linha de conta com a melhor forma de aplicar redundâncias ao nível de alimentação,
de armazenamento de dados e qual a melhor topologia de rede a aplicar. Este estudo
deve ter como principal objectivo aumentar a sobrevivência do sistema em condições
adversas, bem como fazer com que não ocorram erros na transmissão dos respectivos
dados, pois se tal acontecer os pacotes são reenviados podendo ocorrer uma saturação
na rede. Este sistema deve ser adaptado à plataforma naval a afundar especificamente,
de modo a possibilitar a melhor performance possível.
Num futuro próximo dever-se-ia, em vez de adquirir no mercado Dataloggers, apostar na
construção de placas de aquisição low cost, constituídas à base de microcontroladores
que sejam altamente personalizadas à aplicação em concreto. Este processo não se
reveste de grande complexidade e com a especificidade conseguimos ter um aumento de
performance na recolha e envio de dados. Estas placas seriam altamente personalizadas
à aplicação a que se destinam, conseguindo assim baixar o seu custo. Ou seja, se só
precisamos de 3 pinos analógicos numa determinada localização não necessitamos de
ter e.g. 10, este é um claro desperdício de recursos que leva ao encarecimento do
produto final.
A redundância a utilizar em termos de armazenamento de dados, e mesmo para guardar
os dados provenientes da camera de alta velocidade, deve ser estudada sendo a ideia
inicial e que não chegou a ser implementada a utilização de uma bóia ligada fisicamente
a uma certa distância do navio alvo. Esta redundância deve ser idealizada e pensada
começando na bóia, o melhor tipo de cabos a utilizar e a forma como os dados vão ser
conduzidos até à bóia de armazenamento.
O sistema de telemetria poderá também incluir extensómetros pois estes possibilitariam
compreender melhor os efeitos estruturais na plataforma, possibilitando assim retratar as
deformações ocorridas durante o impacto. Caso se pretenda utilizar este tipo de sensores
deve-se estudar o melhor sítio para os implementar, procurando assim colocá-los com o
máximo rigor possível com vista a retirar o maior número de conclusões possíveis.
Aplicação para a monitorização em tempo real dos fenómenos decorrentes do impacto de mísseis
142 Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval
A utilização do software Matlab demonstrou um fraco desempenho ao nível da aquisição
de dados provenientes do Arduino, devendo estudar a possibilidade de utilização de outro
software. Ao continuar a utilizar o Matlab existe a possibilidade apostar na optimização da
biblioteca de envio do próprio Arduino (quer por série ou por Ethernet), fazendo com que
este envie os dados com maior celeridade.
A nova antena elaborada e construída deve ser alvo de testes de alcance – apêndice C –
procurando assim verificar quais as larguras de banda obtidas a 7,49 km fazendo a
comparação com o uso da antena omnidireccional adquirida. Esta deve ser utilizada,
devido à alta direccionalidade do lóbulo principal da antena elaborada, juntamente com
um sistema de guiamento automático, garantindo que a mesma esteja sempre a apontar
para a direcção de maior ganho.
6.4. LIMITAÇÕES E PROBLEMAS ENCONTRADOS
Sem dúvida uma das grandes limitações encontradas foi a falta de oportunidade de
experimentar o sistema numa situação real, tendo falhado esse que seria um dos
objectivos principais. Ao aplicar o sistema num caso real daria uma outra perspectiva das
necessidades e problemas existentes. Este objectivo não foi concluído pois não foi
lançado qualquer míssil no exercício SWORDFISH 2010 que decorreu entre 21 de Junho
e 30 de Julho de 2010, no entanto os testes realizados demonstraram-se bastante úteis
para aferir o desempenho esperado do sistema. Dos testes efectuados é importante
realçar o exercício de disparo de mísseis MILAN, pois trouxe uma ideia clara das muitas
das dificuldades que se podem encontrar e os muitos ensinamentos que daí foram
retirados, podendo assim retirar daí um certo know-how que em momentos futuros pode
ser determinante.
Deve-se realçar que apesar de tudo foi um passo bastante importante, pois foi a primeira
vez que a Escola Naval participa em testes, durante exercícios de fogo real. Espera-se
assim que estes sejam os primeiros de muitos e que a porta se encontre sempre aberta,
quer para mim, quer para as gerações vindouras, devendo continuar a investir na
participação de alunos da Escola Naval quer em actividades internas de Marinha como
externas (e.g. conferências, cursos, etc.).
Um dos problemas encontrados com a utilização de um Arduino Duemilinove com um
shield Ethernet foi a larga utilização de largura de banda para transmitir os dados
provenientes das suas entradas analógicas, face à largura de banda do Datalogger Dataq
Capitulo VI – Conclusões e recomendações
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 143
DI-710-EL para transmitir dados das suas 16 entradas analógicas. O que sugere que a
biblioteca Ethernet não se encontra suficientemente optimizada, podendo ser este um
dos caminhos a seguir caso se pretenda utilizar o Arduino e aumentar assim o seu
rendimento na aquisição de dados.
Os sensores adquiridos pretendem estar na gama de valores teoricamente esperada mas
existe uma enorme lacuna de informação nesta temática. Pois apesar de esta não ser
uma prática recente e fazer-se recorrendo a mísseis telemétricos, não se possuem
actualmente dados obtido por esta via na Marinha Portuguesa.
A temperatura de operação do Datalogger e do Arduino, bem como dos cabos de
alimentação de dados é importante, devendo ser montada uma caixa de medição com
uma configuração resistente e que mantenha o seu interior numa temperatura de
operação aceitável. Deve-se também considerar que toda a cablagem utilizada deve ser
e.g. revestida com uma manga resistente a altas temperaturas, fazendo com que a sua
temperatura de operação aumente até pelo menos a temperatura de operação dos
Dataloggers e sensores utilizados.
O fenómeno a monitorizar desenvolve-se num curto espaço de tempo sendo necessária
uma alta taxa de amostragem, mas esta alta taxa de amostragem vai gerar um enorme
volume de dados. A transmissão de um enorme volume de dados é difícil pois existem
limitações óbvias na largura de banda disponível, sendo que uma limitação encontrada foi
não ter disponível material suficiente para simular o sistema final todo montado.
Sistema de Telemetria aplicado a uma Plataforma Naval 145
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