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Panorama do Encontro A Casa Guilherme de Almeida – Centro de Estudos de Tradução Literária realizou, de 30 de setembro a 3 de outubro de 2011, a primeira edição de TRANSFUSÃO, tendo reunido 43 convidados, entre escritores, tradutores, artistas e pesquisadores da área de literatura e tradução, e 120 participantes inscritos. A reflexão sobre a atividade tradutória como criação literária foi a tônica do Encontro, dedicado à obra de alguns tradutores brasileiros que estabeleceram vertentes de discussão e inovação, além de promoverem a consolidação de procedimentos importantes para as gerações posteriores. Em seus 16 eventos, incluindo-se palestras e mesas-redondas seguidas de discussões, além de recitais e apresentações musicais, o Encontro contou com a participação de um significativo número de profissionais e estudantes da área de literatura e tradução, além de interessados em cultura e arte. O número médio de presenças foi de 40 por evento, tendo-se registrado 102 presentes à abertura do Encontro, sexta-feira à noite. Do público que participou do simpósio, 43 pessoas que ainda não conheciam a Casa Guilherme de Almeida participaram da visita orientada aos interiores do museu. À parte dessa avaliação quantitativa do TRANSFUSÃO, que superou consideravelmente as expectativas iniciais, o Encontro contribuiu para tornar mais conhecido o projeto museológico e cultural da Casa Guilherme de Almeida – Centro de Estudos de Tradução Literária, sobretudo entre intelectuais e multiplicadores culturais de diversas instituições de São Paulo e de outras partes do

Transfusao comofoi encontro

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Panorama do Encontro

A Casa Guilherme de Almeida – Centro de Estudos de Tradução Literária realizou, de 30 de

setembro a 3 de outubro de 2011, a primeira edição de TRANSFUSÃO, tendo reunido 43

convidados, entre escritores, tradutores, artistas e pesquisadores da área de literatura e tradução,

e 120 participantes inscritos.

A reflexão sobre a atividade tradutória como criação literária foi a tônica do Encontro,

dedicado à obra de alguns tradutores brasileiros que estabeleceram vertentes de discussão e

inovação, além de promoverem a consolidação de procedimentos importantes para as gerações

posteriores. Em seus 16 eventos, incluindo-se palestras e mesas-redondas seguidas de discussões,

além de recitais e apresentações musicais, o Encontro contou com a participação de um

significativo número de profissionais e estudantes da área de literatura e tradução, além de

interessados em cultura e arte. O número médio de presenças foi de 40 por evento, tendo-se

registrado 102 presentes à abertura do Encontro, sexta-feira à noite. Do público que participou do

simpósio, 43 pessoas que ainda não conheciam a Casa Guilherme de Almeida participaram da

visita orientada aos interiores do museu.

À parte dessa avaliação quantitativa do TRANSFUSÃO, que superou consideravelmente as

expectativas iniciais, o Encontro contribuiu para tornar mais conhecido o projeto museológico e

cultural da Casa Guilherme de Almeida – Centro de Estudos de Tradução Literária, sobretudo entre

intelectuais e multiplicadores culturais de diversas instituições de São Paulo e de outras partes do

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Brasil. O contato com convidados de outras capitais do país e também do exterior abriu

perspectivas de futuras colaborações e parcerias. Por fim, o feedback nitidamente positivo de

convidados e participantes, entusiasmados com a programação do evento e com o espaço – físico

e cultural – da Casa Guilherme de Almeida, leva a crer que TRANSFUSÃO deverá se manter como

um evento de referência no diálogo sobre a tradução literária e na divulgação da obra do poeta

Guilherme de Almeida, incumbências prioritárias desta instituição.

Entre outros participantes que fizeram um balanço bastante positivo do Encontro, Maria

Clara Paro, professora e orientadora junto ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da

Faculdade de Ciências e Letras da Unesp (Araraquara), qualificou-o como "um evento seminal e

que inaugura uma nova fase nos estudos da tradução literária no Brasil". Vale a pena mencionar

esse depoimento, sobretudo porque ele reflete o teor de diversos comentários de convidados e

participantes feitos no decorrer do Encontro.

Os eventos descritos e ilustrados abaixo compõem um breve panorama da primeira edição

de TRANSFUSÃO:

O Coro do Mosteiro de São Bento participou da abertura de TRANSFUSÃO, com uma apresentação de canto gregoriano intercalada com a leitura da tradução dos textos cantados em latim. O encontro foi aberto no

Dia de São Jerônimo, no qual se celebra o Dia Internacional do Tradutor.

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Numa palestra, o latinista Érico Nogueira abordou a concepção de tradução de São Jerônimo, tradutor da

Bíblia para o Latim, e suas implicações para a compreensão da atividade tradutória no Ocidente. Entre os presentes na foto, a neta de Guilherme de Almeida, Maria Isabel Barroso de Almeida, a

Coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico da Secretaria de Estado da Cultura, Claudinéli Ramos, e o diretor executivo da Poiesis – Organização Social de Cultura, Clóvis Carvalho.

Claudio Daniel foi um dos poetas e tradutores que participaram do recital de poesia traduzida inédita,

que apresentou poemas recriados a partir de diversas línguas, como o espanhol, francês, alemão, inglês e polonês, entre outras.

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A noite de abertura terminou com um recital de música e poesia gregas, no qual foram cantados e lidos, no original e em tradução ao português, textos do grego antigo e moderno.

O poeta e tradutor Nelson Ascher deu uma palestra sobre a função da tradução como força propulsora da tradição literária no Ocidente, destacando – durante a discussão subsequente – as especificidades

da tradução de poesia.

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O professor e pesquisador Paulo Sérgio Vasconcellos, da Unicamp, coordenador de um grupo de pesquisa sobre o tradutor maranhense Odorico Mendes, demonstrou – por meio de uma leitura

comparada de trechos da Eneida, de Virgílio, em latim e português – o alcance poético dos procedimentos do tradutor em questão.

A semioticista Lucia Santaella (PUC-SP), a pesquisadora e tradutora Aurora Bernardini (USP) e o poeta e tradutor André Vallias abordaram a concepção e a prática da "tradução-arte" na

obra de Augusto de Campos.

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O letrista e versionista Carlos Rennó foi um dos participantes do recital dedicado ao poeta Augusto de Campos (na foto, ao fundo), durante o qual se leram diversas de suas traduções de poesia do alemão,

francês, inglês, provençal e russo.

As professoras Alzira Allegro (Unibero / Anhanguera) e Stella Tagnin (USP) discutiram, por meio de análises textuais, os desafios da tradução de prosa, enfocando especificamente o gênero do conto.

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Durante uma mesa-redonda integrada pelos poetas, tradutores e professores Álvaro Faleiros (USP),Marcelo Tápia (Casa Guilherme de Almeida) e Roberto Zular (USP), os participantes leram e refletiram sobre

traduções de poemas franceses por Guilherme de Almeida.

O tradutor e professor Trajano Vieira (Unicamp, à direita na foto) abordou a teoria da “transcriação”, de Haroldo de Campos, relatando sobre seu processo de trabalho na recriação da Ilíada, de Homero,

para o português.

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Um recital “babélico” do livro-poema Galáxias, de Haroldo de Campos, com a participação de Ivan de Campos, entre outros, deu uma breve amostra da sonoridade da obra em português

e em diversos idiomas a que foi vertida.

O público da primeira edição de TRANSFUSÃO teve a oportunidade de se informar sobre os direitos autorais

do tradutor e as dificuldades de fazê-los valer no mercado de trabalho, durante uma mesa-redonda

Heloísa Barbosa, do Sindicato Nacional dos Tradutores.

integrada pela tradutora Nancy Rozenschan, pelo editor Cide Piquet (Editora 34 ) e pela professora

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O desempenho de Carlos Alberto Nunes como tradutor da literatura greco-romana e de Shakespeare foi tema de uma mesa-redonda com os professores John Milton [foto] e João Ângelo Oliva Neto,

ambos da Universidade de São Paulo.

Numa mesa-redonda mediada pela Profa. Maria Teresa Quirino (USP), os professores e tradutores Donaldo Schüler (UFRG) e Caetano Galindo (UFPR), ambos dedicados à obra de James Joyce, fizeram um relato sobre sua experiência autoral no processo de tradução dos textos joycianos, e apontaram os desafios de traduzir

o grande autor irlandês.

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O professor e tradutor catalão Joaquim Mallafré – um dos mais importantes intelectuais da

Catalunha, em primeira visita ao Brasil –, autor de diversas traduções de James Joyce, apresentou os princípios que o nortearam na recriação do autor irlandês em sua língua, dando exemplos textuais

de suas soluções tradutórias.

O evento que encerrou o Encontro – a palestra de Mallafré – foi um momento especial apreciado por um público atento e participativo.