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Palestra com o Professor, Eduardo Barros de Mello no seminário de Poesia Regional organizado pelos acadêmicos do Curso de Letras/UAB/UNIR no município de Rolim de Moura
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POEMAS PINÇADOS
EDUARDO MARTINS
INVENÇÃO DE MARIA
Invento teu nome Mariade outros ventosque não posso inventar os ventos são corposos corpos são nomesdifíceis de lembrar Maria nãoalísios sãoventos que te cobremde minhas mãos.
Para Maria Elizabete Sanches, minha companheira, no plano do imaginário.
A palavra falta
palavras são vozes mudasde faltas que não se ausentam mas que de ausências se mudampara outras faltas-presenças por todos os lados são surdasas palavras que se inventam
não do lado que se escutamas do outro que se pensa
aquele em que à palavra faltaseu espaço de ausência não na lacuna do corpomas no que aí se inventa como ausência há de ser ocoou oco o que aí se pensa.
o poeta escreve pra dentrodo vaso que não tem floranem fora que não tem florescomo esta estrofe
como este vaso que não se quebraque não seqüela palavracacos da cola flora de chãocerâmica verde
o poeta escreve por dentroargamando a massafuturo vaso que há
futuro vaso de arque se espalha espelhode outro vaso nobre.
O VASO
O LADO ABERTO
o lado aberto te escondeem tua parte palavraneste lado quase ponteque se estende para o nada
que quase mundo somedo outro lado da falapara espelhar o indizívelem outro espelho muralha
em teu silêncio-livroo lado aberto se espalhaem lados de mil ladrilhosde sítios de mudas caras
de seu espaço infinitoem desenho que se calao lado aberto te escondeem lado que nunca fala.
O CERAMISTA
uma peça quando outra sempre diz mais que de atritoe se une lado a nova pelas mãos do ceramista
peça que outro sermãode ser discurso de riscosou de outro corpo encostatanto mais cor do que brilhe
ser invento em solo firmeou cerâmica de novo colada quase sentido de cacos de piso posto
pois rejunte há de ser riscoque se gruda pelo outroou que outro há de atritoque atrito não se ouve.
transparente, o rostotambém é água fora de seus domínios
tenta ser olho apenaspara evadir-secomo parte de rio
em seu templo serenoas ondas são inimigasdeste mar equilibrado
Oceanografia do rosto
como concha, aindarevela-se o rostopacífico e atlântico
índico, em seu idíliode remontar outro mar
ártico, em desejo de querer-se íntimo
glacial, Antártico,em desejo de se revelar.
Recife, diluidorados meus sonhos,tens água suficientepara afogar-me
tuas lâminas de vento ensaiam o cortede minhas pontesrespiratórias
em ti sou ilhacercado de malespor todos os lados
GEOGRAFIA DO MAL
Uma andorinha sóSó faz verãoEm meus pulmões de chamaE mistério acesosDe tudo que vivePorque em segredo.Uma andorinha sóSó faz verãoPor que há de fazer mais ? Por que há de cantar ?Se em meu corpoClamaA canção sitiadaQue se canta em degredo. •
A CANÇÃO SITIADA
O rastro do rosto Respinga na tela
E não convenceO rastro do rosto de ontem Sem forma
Sem rostoSem resto
O INOMINÁVEL
Se enrolaEm Silêncio
A sombra de si O rastro do
rostoSe inventa
No traço sem rostoO rastrocasoO Resto
Rima Na cor
Morre.
O destino tem mais dúvidas que euPosso teimar com as pernasE decidir com os ombrosPara mim há sempre um pássaro que canta:“Para quem anda o mundo nunca foi redondo”.
O NINHO
Doravante é decidir sozinho:Se há para o pássaro o cantoDecerto em mim existe o ninho.O destino tem mais dúvidas que euCom os olhos sempre prontos para o espantoSe há para o pássaro um ninhoDecerto para mim existe um canto.
Cabe no copoO que não cabe no corpoE ao corpo retorna líquido Cabe no corpoO que no mundo não caberiaPorque de mundo não se compõe Cabe no copoPorque vazio após as noites
ALEGORIA
Como a luz que desce ao copoRespira manhã Como manhã ainda tenta o arPara recompor-se Anda comigoE como copo carregoPara torná-loSubstantivo.