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educação Montenegro - Quinta-feira, 25 de Junho de 2009

JUNHO/2009 - 25_Como ajudar a alfabetizar seu filho

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educaçãoMontenegro - Quinta-feira, 25 de Junho de 20096 Jornal Ibiá

AprendizAgem / CuidAdos bAstAnte simples são CruCiAis pArA A formAção plenA dos pequenos desde o Começo dA vidA

Como ajudar a alfabetizar seu filhoLeonardo [email protected]

Apenas alguns mo-mentos do dia já são o suficiente para acos-tumar os pequenos ao mundo da leitura. E a falta de tempo não pode ser utilizada como pre-texto para destinar aos professores a atenção e os cuidados que devem ser cultivados em casa. Ao mesmo tempo em que aumenta a correria do dia a dia, a rotina do mundo moderno ofere-ce situações que são um prato cheio para aguçar a percepção dos filhos.

Segundo a psicopeda-goga Valeska Machado, independentemente do nível cultural ou social das famílias, há uma grande expectativa para que os filhos leiam e es-crevam rapidamente. O problema é que os pais tentam auxiliar de for-mas erradas, deixando de exercer um papel in-terativo. “A dedicação de tempo e atenção são imensuráveis. A crian-ça se enche de prazer e quer aprender mais, o que ajuda em processos futuros”, aponta.

O processo de apre-ensão das técnicas de ler e escrever é chamado de lectoescrita. Ao se tornar

detentora dessa capaci-dade, a criança aumenta sua carga crítica e ana-lítica. Entrar no mundo da lectoescrita de forma efetiva somente é possí-vel se a criança estiver capacitada para assimi-lar e entender sua his-tória de vida. É por isso que casos inseridos em famílias desestruturadas são mais propensos a um fenômeno que trava o progresso da criança, conhecido como embo-tamento. “Mesmo que de forma ‘inconsciente’, a criança bloqueia uma potencialidade afetiva e de aprendizagem devido a esse cenário”, indica Valeska.

Brinquedos e livros são aliados dos pais na difícil tarefa de educar os seus filhos

Incentive o hábito da leitura desde cedo

Os pais têm papel crucial na criação de um am-biente alfabetizador. As opções editoriais são cada vez mais diversificadas e ajudam nessa batalha. “Há o livro do banho, feito de plástico, e o livro traves-seiro, em que a criança pode acompanhar uma histó-ria”, exemplifica a proprietária de uma livraria da ci-dade, Marta Tadday. Ao contrário do que pensa boa parte do público, é possível achar obras com preços bastante acessíveis, em torno de R$ 10,00.

A pequena Stefanie Welter Schvuchov é um exemplo de leitora. Ela fez dois anos de idade no úl-timo sábado, dia 20. O presente? Mais um livro para a coleção. “É importante incentivar esse hábito. Ao mesmo tempo em que é uma brincadeira, estimu-la a pensar”, conta a mãe, Janice. Stefanie vasculha todo o espaço destinado às crianças, cerca de 60% da área da loja. “A livraria tem o compromisso so-cial de instigar a leitura. Assim, os pais fazem o seu papel e não terceirizam os cuidados para a escola”, complementa a proprietária.

A pequena Stefanie já possui o bom hábito da leitura

O prognóstico dos in-vestimentos realizados pelos pais aponta que é preciso dar um pouco mais de atenção para o mundo que fica além da tela do computador. Ao invés de investir em jogos pedagógicos e lú-dicos, a maioria opta por encher os lares com uma parafernália eletrô-nica. As famílias esta-riam deixando de jogar com as crianças, de estar com elas, seja em torno do dominó, jogo da me-mória, varetas, quebra-cabeça e outros.

“Os jogos servem como uma forma pre-ventiva para diagnos-ticar e sanar eventuais dificuldades no processo da lectoescrita”, ensina a psicopedagoga Valeska. As crianças treinam e desenvolvem capacida-des perceptivas, como a identificação de de-senhos, figuras, cores, sons e dimensões, além de aprender a fazer as-sociações e correlações. Um cuidado é essencial: o tempo no computador deve ser regrado, com turnos e horários bem definidos.

Tecnologia é boa, mas precisa haver limites

“É preciso interagir com a criança”, indica a psicopedagoga Valeska Machado

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7Jornal IbiáMontenegro - Quinta-feira, 25 de Junho de 2009

A receita é antiga, mas não sai de moda. A união entre família e escola é uma das grandes garantias de bons resultados no desenvolvimento das crianças. “Os pais devem acompanhar a vida escolar do filho para ter como estimulá-lo”, aponta a pro-fessora da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Gente Miúda, Dauana Car-

educação

Segundo os dados mais recentes do IBGE, apenas 1% da população da re-gião Sul com 10 anos ou mais de idade era analfabeta em 2007. O índice é o menor entre todas as regiões do país. Isso é um dos fatores que explica o bom desempenho da maioria das cida-

10 dicas fundamentais1 – Incentive o seu filho a escre-

ver pequenos bilhetes e cartas;2 – Convide a criança a participar

na formação da lista de compras;3 – No supermercado, a leitura de

produtos com uma legibilidade ade-quada é uma boa saída;

4 – Nas ruas, as placas de trânsi-to e outras sinalizações também são uma boa pedida;

5 – Leia na frente da criança e a convide a folhear jornais, revistas e até propagandas de lojas. O simples fato de se interessar pelas páginas mais coloridas é um auxílio;

6 – Ajude na lição de casa, mas apenas se tiver paciência. Pode ser menos prejudicial não ajudar do que vociferar contra o filho;

7 – Leia histórias;8 – Faça os convites de aniversá-

rio com a criança;9 – Respeite o ritmo da criança;10 – Procure outras situações da

sua realidade que ajudem a cons-truir um estímulo crítico e social.

Confira, no site do Jornal Ibiá, o trabalho “A estimulação precoce e sua importância na educação infantil – detecção de sinais de risco psí-quico para o desenvolvimento”. Acesse www.jornalibia.com.br

Segundo a diretora do Departamento de Educação da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec) de Montene-gro, Claudete Heberle, as Emei’s da cida-de apostam na estimulação precoce. Esse processo busca unir os fatores estruturais (dimensão psíquica e cognitiva) e os ins-trumentais (linguagem e a comunicação, brincar, aprendizagem, psicomotricidade, início da autonomia e socialização), de tal forma que a criança alcance o melhor desenvolvimento possível. Os pequenos conseguem avançar no seu processo de maturação e percebem que têm potencial

de significar o mundo à sua volta e a pró-pria história.

Como todo o desenvolvimento da crian-ça parte do lúdico, o trabalho com essa es-tratégia começa cedo. “Desde o berçário, pois se torna possível detectar defasagens e garantir mais sucesso na aprendizagem”, explica Claudete. Peças teatrais, jogos, brincadeiras, músicas, histórias, passeios e expressão. O leque de atividades é am-plo. “Os maiores progressos aparecem nesses momentos interativos. O processo de descoberta é compartilhado entre eles”, acrescenta a professora Dauana.

As ações de estímulo das Emei’s

Cláudia: “Correria não pode atrapalhar”

Município Índice de Desenvolvimento

Humano Municipal, 1991

Índice de Desenvolvimento

Humano Municipal, 2000

Variação do IDH-M (em %)

Percentual de pessoas de 25 anos ou mais

analfabetas, 1991

Montenegro (RS) 0.757 0.833 10.0 10.52 7.13 -32.2

Salvador do Sul (RS) 0.76 0.83 9.2 5.09 4.52 -11.2

Maratá (RS) 0.745 0.813 9.1 7.31 5.13 -29.8

Pareci Novo (RS) 0.768 0.837 9.0 5.18 3.7 -28.6

Brochier (RS) 0.747 0.801 7.2 6.88 4.83 -29.8

Percentual de pessoas de 25 anos ou mais

analfabetas, 2000

Variação no número de analfabetos

(em %)

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

Atenção ao que ocorre na escola é indispensáveldoso. Ela lembra que o ser humano aprende construindo, daí a importância da família. “Estar com a criança também é um momen-to de valorizá-la e ajudar nesse processo.”

Na escola, os alunos que apresentam as maiores dificuldades são aqueles que rece-bem menos estimulação em casa. A advo-gada Cláudia Teixeira sabe bem como é a

correria do dia a dia, mas não abre mão de dedicar um tempo para acompanhar o de-senvolvimento do filho Lucas, de 5 anos. “Ele é bastante curioso. Nós sempre bus-camos incentivá-lo, disponibilizando os materiais necessários e acompanhando as tarefas. A escola sistematiza o ensino, mas a família tem que participar”, completa.

Estimulação na escola: Dauana mos-tra os trabalhos feitos pelas crianças

des gaúchas no Índice de Desenvolvi-mento Humano Municipal (IDH-M). A taxa envolve a transformação de três dimensões (longevidade, educação e renda) em índices que variam entre 0 (pior) e 1 (melhor). Quanto mais próximo de 1 o valor deste indicador,

maior será o nível de desenvolvimento humano do município ou região.

Entre os municípios gaúchos, por exemplo, há uma forte correlação en-tre o percentual de adultos analfabetos e os índices de IDH-M. Assim, o com-bate ao mau desempenho nos índices

de analfabetismo deixa de ser apenas um problema educacional.

Na microrregião de Montenegro, em linhas gerais, percebe-se que as cidades que apresentaram os maiores incrementos no IDH-M também bai-xaram drasticamente o analfabetismo.

Fonte:Psicopedagoga Valeska Machado