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Em questão: o relacionamento entre pais e educadores

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Page 1: Em questão: o relacionamento entre pais e educadores

Em questão: O Relacionamento entre Pais e Educadore s

ANNA PAULA ROLIM DE LIMA AMANDA ALVES DE LIMA

CARINA BANNWART DANIEL MENDES BATISTA COSTA

ELAINE CRISTINA FIGUEIREDO KELLY CRISTINA CORREIA

MARIA AMÉLIA BERNARDO DE PAULA MARIA MÁXIMO DOS REIS GONÇALVES

SOLANGE CATARINO BISCALCHIN THAÍS SILVA FARIA

TANIS APARECIDA HAGUIHARA FERREIRA TATIANA CRESCENTE MENDES1

Este trabalho objetiva destacar a visão do “Grupo de Formação no

Ambiente Escolar” quanto ao tema Relação Escola – Família e, para isso, o grupo

baseou suas leituras e discussões nos textos: “ A relação escola-pais : um modelo

de trocas e colaboração” (BHERING, 1999); “Entrevista: Família e Escola:

parceiros ou rivais?” (BIAGIO, 2002); “O relacionamento entre educadores e pais”

(BONOMI, 1998) e “O inventário de recursos do ambiente familiar” (MARTURANO,

2006).

O texto trazido por Bonomi traz a discussão para os aspectos relacionais

que envolvem o crescimento e a educação da criança. Ao ser um bem comum

entre educadores e pais e, conseqüentemente compartilharem cuidados e

atenções, mas também de expectativas e avaliações dos que a cercam, as

crianças tornam-se fonte de experiências conflitantes que tantas vezes

problematizam a relação entre pais e educadores.

Neste sentido, o autor destaca que ao longo dos anos e da história das

creches três modalidades foram perseguidas pelas educadoras na busca por um

relacionamento satisfatório com os pais. São elas:

� Primeira modalidade: refere-se à “participação social”, onde se esperava a

participação dos pais da vida da creche como sujeitos coletivos, solidários e

1 Os autores são integrantes do “GRUPO DE FORMAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR”, realizado na EMEI “Marilene Cabral”, no município de Campinas – SP.

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aliados das educadoras nas reivindicações em relação às administrações e

tudo que prejudicasse a creche.

� Segunda modalidade: com um comportamento “didático-educacional” para

com os pais, possuía como objetivo mostrar aos mesmos as coisas

interessantes e importantes para o desenvolvimento que as crianças

realizavam na creche, buscando impressioná-los a respeito da capacidade

das crianças diante da intervenção das educadoras, desconsiderando a

troca decorrente do relacionamento pai - filho.

� Terceira modalidade: consistia numa tentativa de envolvimento dos pais no

cotidiano da escola, ao solicitar suas contribuições.

Essas modalidades caracterizam as diversas tentativas de “envolver

ideologicamente” os pais fazendo com que estes participem nas diversas áreas da

escola: a educacional, a institucional e organizacional, e a social.

Atentando-se para a área social, o autor destaca em seu texto as diferentes

dificuldades e os conflitos que surgem no decorrer dessa relação entre

educadores e pais, visto que são experiências vividas permeadas por emoções,

conflitos e variadas dinâmicas.

Como ponto comum o autor destaca as “recriminações” realizadas pelas

educadoras em que estas se queixam dos pais por considerarem alguns

comportamentos e atitudes inadequados em relação às crianças e

“desrespeitosos” em relação à elas mesmas: transgressões às regras;

comportamento inadequado dos pais quando estão na creche e maus hábitos

criados pelos pais. Mas também ressalta que “de certa maneira, é lógico pensar

que ocupar-se da mesma criança, a partir de posições e em contextos tão

diferentes como a família e a creche faz com que surjam dificuldades e conflitos”

(BONOMI, 1998) impedindo que o pai e a educadora sejam aliados na tarefa

comum de educar a criança.

Como primeiro grupo de conflitos justifica-se que estas situações ocorram

muitas vezes por temor do juízo que um tem do outro, correspondendo à fase

inicial do relacionamento, em que fatos importantes podem ser omitidos pelos pais

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ou em outros momentos a educadora pode se sentir incomodada com a presença

do pai e acaba se escondendo atrás de regras da instituição para afastá-lo

parcialmente de seu cotidiano. Pode ocorrer também confronto entre pais e

educadora em que o temor seja pela perda de autoridade e status seja

caracterizado como disputa para ser o objeto primeiro e incontrolável de desejo da

criança demonstrando insegurança de afeto por parte do pai e insegurança

profissional por parte da educadora. E neste sentido, há um bloqueio de

comunicação, em que um fica a espera do passo do outro.

Os conflitos entre as instituições Família e Escola correspondem ao

segundo grupo em que estão envolvidos diferentes códigos e culturas: a criança

recebe a educação individual dada pelos pais e coletiva trabalhada na escola.

E um terceiro grupo de conflitos corresponde ao emocional diretamente

relacionado à experiência emocional das pessoas envolvidas.

O grupo, em suas discussões, identificou-se com as diversas situações

apontadas no texto, muitas vezes conflitantes, que ocorrem entre pais e

educadores na escola e compartilha do argumento trazido pelo autor quanto à

importância de realizar-se um trabalho de reflexão e pesquisa em busca dessa

parceria.

Trabalho de reflexão que busque criar oportunidade de trazer a família para

a escola através de um olhar atento para a criança. Uma aproximação que leve os

pais a valorizar as produções das crianças fazendo junto com elas. Trabalhar em

parceria pensando no desenvolvimento da criança.

Segundo o artigo “O inventário de recursos do ambiente familiar”

(MARTURANO, 2006) foram realizadas pesquisas onde se investigou a influência

de processos da vida familiar sobre o desempenho das crianças na escola.

Embora situe-se no Ensino Fundamental, a pesquisa sugeriu que os pais e a

família podem direcionar positivamente o aprendizado escolar, a motivação da

criança para os estudos e o desenvolvimento de competências interpessoais que

garantem um bom relacionamento.

Essa influência positiva é reafirmada no texto “Relação Escola Pais: modelo

de trocas e colaboração” (BHERING, 1999) que também aponta o envolvimento

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dos pais como favorecedor para a obtenção de melhores resultados na escola, e

também nos ambientes familiares.

Com os avanços da sociedade os papéis, obrigações e a estrutura familiar

têm mudado, e a escola tem avançado para acompanhar essas mudanças. Sabe-

se que são muitas as diferenças de obrigações da escola e da família com relação

à criança, porém, uma das responsabilidades que ambas tem em comum é a de

favorecer o desenvolvimento da criança. Daí a importante necessidade dessa

relação entre família e escola.

De acordo com Zanella et al. (1997) a “participação dos pais significa

visualizar a escola como um espaço democrático em que as pessoas podem

exercer a sua cidadania” devendo, portanto, ser oportunizado aos mesmos o

envolvimento com o processo ensino-aprendizagem, mesmo porque, de acordo

com o texto, a maioria dos pais sente a necessidade de ter maior acesso à

informação e um diálogo aberto com o educador para então ter maior confiança no

papel desempenhado pela escola na preparação de seu filho.

Infelizmente, como apontado pela professora Rosely Sayão na “Entrevista:

Família e Escola: parceiros ou rivais? ” “muitas vezes os pais são chamados com

grande freqüência só para falar dos problemas que o aluno apresenta”. (BIAGIO,

2002) Por isso, conforme discutido no grupo, essa aproximação escola-pais que

deve ser construída já que existem inúmeras condições para que esta parceria

aconteça, acaba perdendo-se no cotidiano.

É ponto pacífico no grupo de que “a escola não pode excluir os pais do

processo escolar e nem dividir as responsabilidades de pais e de profissionais da

educação”, e que também não se pode “justificar as ‘não tentativas’ de incluí-los

no processo devido a uma falta de conhecimento daquelas várias maneiras de

executar (tanto professores como pais) uma mesma tarefa”, que, como já citado

anteriormente, é a de favorecer o desenvolvimento da criança. (BHERING, 1999).

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Bibliografia

BHERING, Eliana; SIRAJ-BLATCHFORD, Iram. “A relação escola-pais : um

modelo de trocas e colaboração” . CADERNOS DE PESQUISA. São Paulo: n.

106, p. 191-216, mar.1999.

BIAGIO, Rita de. “Entrevista :Família e Escola : parceiros ou rivais ?” . Revista

da TV Escola, Brasília: n. 28, p. 40-42, ago./set., 2002.

BONOMI, Adriano. “O relacionamento entre educadores e pais” in BONDIOLI,

Anna e MANTOVANI, Susanna. “Manual de Educação Infantil: de 0 a 3 anos

– uma abordagem reflexiva ” .Porto Alegre: Artes Médicas, 1998, p.161-172.

MARTURANO, Edna M. “O inventário de recursos do ambiente familiar.”

Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2006, vol.19, n.3