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material de apoio para as aulas de Sociologia e Sociologia da Educação.
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Educação e compromisso
Maria Cristina Bortolozo de Oliveira Martins
Proposta de escola unitária
Globalização, precarização do trabalho e exclusão social
Desemprego: é falso que atinja os pobres“antigos”;
Tal crença decorre da capacidade daclasse média de generalizar (“todo mundotem medo do desemprego”);
Ocupação (atividade que promove osustento) não é emprego;
Emprego pressupõe salário → venda da forçade trabalho;
Ninguém “dá emprego”! Vende-se amercadoria força de trabalho;
a concorrência é maior entre os
vendedores do que entre os compradores;
acirramento com a terceira revolução
industrial;
1. descentralizou o capital;
2. por causa da flexibilização que o
computador confere ao parque
produtivo;
3. favorecendo a terceirização.
por isso, paulatino desaparecimento dos
empregos formais por ocupações sem
garantias e direitos.
Globalização (processo de reorganização da
divisão internacional do trabalho, acionado
pelas diferenças de produtividade e de
custos entre os países) + efeitos das novas
tecnologias
Os que são vítimas da desindustrialização não
tem pronto acesso aos novos postos de
trabalho com segurança no trabalho:
desemprego estrutural
(extinção de profissões, por exemplo)
Desemprego → precarização
> parte das ocupações são por conta própria
(real ou ou formal);
Corre o risco de “o” cliente buscar outro
fornecedor;
Gestão de pessoal do método just in time
(toyotismo: qualquer elemento que não
agregasse valor ao produto, deveria ser
eliminado);
Situação agravada com a fragilização do
movimento sindical.
Alguns dados sobre desemprego(OIT)
Existem 185,9 milhões de desempregados;
550 milhões vivem com menos de 1 dólar por
dia;
Entre jovens de 15 a 24 anos a taxa de
desemprego é de 14,4%;
12% na Alemanha; 22,3% na Espanha; 12,5%
França, 10% no Canadá;
Migração americana informou que brasileiros
estão deixando os Estados Unidos (150 mil, por
enquanto).
Nova pobreza:
Classe média (criada sobretudo nas
conquistas dos anos dourados) que perdeu
seus empregos para novas tecnologias,
robôs e trabalhadores de países periféricos;
Redução violenta da remuneração;
Vão para postos de baixa remuneração
pressionando para baixo ainda mais a
remuneração existente;
Informalidade.
Educação permanente
Educação internacional – Bruxelas, 1899: Bureau
Internacional de Novas Escolas (Adolpho Ferriére);
Educação internacionalizada: UNESCO
(Organização das Nações Unidas para a Educação
e a Cultura);
Ênfase na educação/pedagogia comparada;
movimento estudantil/68 denunciou essa
centralização (Rev. Francesa) propõe:
– Educação permanente: o humano se
educa a vida toda.
– Educação para a paz.
Educação permanente: conceito-chave
do Ano Internacional da Educação-1977:
Cidade Educativa (21 princípios)
Pedra angular da política educacional;
Não deve se limitar aos muros escolares;
Reestruturação global do ensino –adquirir
dimensão de movimento popular;
não importa o caminho, importa que se
aprenda;
aborlir distinção entre ensino científico,
técnico, profissional: caráter simultâneo entre
o teórico, tecnológico, prático e o manual;
o conceito de ensino geral deve ser
ampliado de forma a englobar
conhecimentos sócioeconômicos, técnicos e
práticos;
educar não para exercer um ofício, mas
oferecer recursos para que possam lidar com
diferentes tarefas, tendo aperfeiçoamento
contínuo para atuar em diferentes formas de
produção e condições de trabalho....
“... O desemprego está crescendo aumentando ainda
mais a desigualdade social... O papel da educação é
fundamental no enfrentamento do maior desafio atual
da humanidade. Nossas escolas estão preparando
jovens para funções que não são mais necessárias e o
número de vagas disponíveis não será suficiente para
empregar a próxima geração... Precisamos preparar a
próxima geração para ajudar a criar uma sociedade
civil responsável e solidária, que exerça plenamente a
cidadania. É preciso estimular o envolvimento dos
alunos com a comunidade... Gerando empregos tão
necessários e cada vez mais escassos”. Oded Grajew –
Fundação Abrinq
Formação unitária
Só se aprende fazendo:
– Dewey: Escola Nova
(aprendizagem por projetos);
– Vigotski/Vygotsky, Bakhtin: teoria
da atividade.
...
Owen: importância pedagógica do trabalho = escola
deve apresentar de maneira concreta e direta os
problemas da produção e os problemas sociais;
Victor Considerant: estudante participa na
organização e na gestão do sistema educacional;
Proudhon: trabalho manual como gerador de
conhecimento; anteviu expansão do capitalismo e a
formação do exército industrial de reserva;
...
Marx e Engels proposta a partir dos seguintes princípios:
• eliminação do trabalho das crianças nas
fábricas;
• associação entre educação e produção
material;
• educação politécnica leva à formação
do homem omnilateral (físico, mental e
técnico) – adequação à faixa etária;
• inseparabilidade da educação e da
política (trabalho, estudo e lazer).
Bakunin (mais cético que Marx)Francisco Guardia
Educação laica, integral e científica
(princípios):
Ciência e razão;
Desenvolvimento harmônico da
inteligência e da vontade; moral e físico;
Exemplo e solidariedade;
Método adequado à idade.
Lênin:
Ensino geral e politécnico, gratuito e
obrigatório até os 16 anos;
Distribuição gratuita de alimentos, roupas e
material escolar;
Autonomia da escola (gestão financeira e
contratação de docentes/direção);
Proibição do trabalho infantil; juvenil à noite,
em locais insalubres. Jornada de 4 horas.
Pistrak:
Auto-organização e trabalho coletivo;
Métodos vinculados ao trabalho manual;
Aluno: participativo no processo de
produção para compreender a totalidade
do trabalho;
Currículo baseado em “complexos” (hoje
PBL)
“... na fábrica eclode toda problemática do
nosso tempo...”
Lunatcharski: conselho de escola-
autogestão (comunidade escolar,
representantes da comunidade extra-
escolar, alunos mais velhos) e princípio do
trabalho como eixo pedagógico;
MAKARENKO (Poema Pedagógico) – Educar por:
•exemplo;
•capacidade profissional (p.e. como enfermeiro);
•Capacidade em evitar emocionalismos
(reflexão não paixão);
•Empatia e aceitação dos limites do educando.
VYGOTSKY
Antonio Gramsci “escola unitária”)
Trabalho como princípio antropológico e
educativo básico da formação;
crítica à escola burguesa (profissional para
as classes instrumentais e clássica para as
classes hegemônicas);
Propõe: escola crítica e criativa; clássica,
intelectual e profissional.
“o advento da escola unitária significa o
início de novas relações entre trabalho
intelectual e trabalho industrial... em toda
vida social...”
Opõem-se à Rousseau: a coação e a
disciplina são necessárias na preparação
de uma vida de trabalho, para uma
liberdade responsável. Disciplina é
assimilação consciente e lúcida da diretriz a
ser realizada.
Propõem novo intelectual:
“ o modo de ser... Não pode mais consistir na
eloqüência (motor exterior e momentâneo
dos afetos e das paixões) mas num imiscuir-se
ativamente na vida prática, como construtor,
organizador, ´persuasor permanente´... Da
técnica-trabalho, eleva-se à técnica-ciência
e à concepção humanista histórica, sem a
qual se permanece especialista e não se
chega a `dirigente´...” (Os intelectuais e a
organização da cultura, p. 168).
O esforço muscular-nervoso (que inova
continuamente o mundo físico e social) seria
o fundamento da concepção integral do
mundo, já que o trabalho é práxis.
Mário Manacorda:
Luta secular para superar a divisão
entre os que falam, são cultos, possuem
bens materiais e detém o poder e os
que apenas fazem, produzem e nada
possuem.
Gramsci: escola unitária
deve:
Desenvolver a autonomia do aluno (Trabalhador:
dirigente e dirigido);
Criativa e humanista: levar o educando à criação
intelectual e prática, com autonomia, iniciativa e
crítica;
Ter vida coletiva (sem seriação) sob supervisão do
professor;
Superar a dicotomia entre dos diferentes graus de
escolarização;
Indica uma fase e um método de investigação e
conhecimento
Crítica ao espontaneísmo!
Liberdade X autoridade;
Preocupado com a educação de Délio,
condena o espontaneísmo;
Espontaneísmo = abandono completo da
criança = renúncia em educar;
Risco de puericentrismo: converte a
criança em mito;
Formação unitária
Realizar a omnilateralidade do Homem:
realização plena;
“a escola do trabalho não é a escola
do emprego nem a escola técnica
poderia ser uma escola de funcionários”
(Gramsci, A. Cronache Torinesi)
A luta contra a dicotomia da escola
• discussão sobre propostas de unidade da
formação geral e profissional;
• retomar política em favor do princípio
unitário da formação geral, técnica e
tecnológica;
• escola unitária não é politécnica;
• idéia politecnia: surge quando a
sociedade civil era praticamente
inexistente e a escola era compreendida
como uma “escola de classe”;
• a noção de escola unitária: pressupõe
desenvolvimento da sociedade civil,
dimensão estratégica na disputa pela
hegemonia,
• idéia de escola média em ensino de
formação geral e do ensino técnico como
opção para quem queria se inserir no
mercado de trabalho admite:
• uma formação apenas “geral”, é uma
formação “capenga”, porque prescinde da
dimensão do trabalho, essencial à
cidadania;
• Para consolidar essa organização dualista,
que implicou extinguir o ensino técnico nas
escolas estaduais e o ensino de formação
geral nas escolas técnicas federais (Decreto
2.208/97).
• não se deve perder de vista o avanço
científico e tecnológico que é incorporado
às mudanças no mundo do trabalho;
• diferenças na formação para o mundo do
trabalho e formação profissional?
• a idéia de “unitária” significa superar as
divisões classistas que separam a sociedade
em governantes e governados;
• envolve elevação cultural dos
trabalhadores - métodos para ser capaz de
formular conceitos, compreender o mundo,
saber se orientar, elaborar críticas e
participar do governo da sociedade.
Confundiu-se educação técnica e
tecnológica e formação profissional,
adotando-se medidas que visam constituir
um sistema paralelo para esse tipo de
formação, separado da educação
convencional e com um agravante:
destinado aos trabalhadores, aos
operários.
Bibliografiahttp://www.acessa.com/gramsci/
Antonio Gramsci: Os intelectuais e a organização da
cultura; Concepção dialética da história
Moacir Gadotti: História das Idéias Pedagógicas;
Educação e Compromisso; Concepção Dialética da
Educação: um estudo introdutório;
Carlos Nelson Coutinho: Cultura e sociedade no Brasil:
ensaios sobre idéias e formas;
Cyntia Greive Veiga: História da Educação;
Eric Hobsbawm: Era dos Extremos: o breve século XX
(1914-1991)