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Daniela Lazzaro Julho 2007 C C iências iências P P lanetárias: lanetárias: um curso introdutório um curso introdutório

Geografia Aula 2 Interiores E SuperfíCies

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Daniela Lazzaro

Julho 2007

CCiências iências PPlanetárias: lanetárias: um curso introdutório um curso introdutório

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Aula 1: O Sistema Solar e sua formação

Aula 2: Interiores e Superfícies

Aula 3: Atmosferas e Magnetosferas

Aula 4: As Diversas Populações do Sistema Solar

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Interiores e Superfícies

1. Estrutura interna

3. Superfícies

a. Morfologia superficial

• Gravidade e rotação

• Atividade tectônica: estruturas, placas, vulcanismo

• Efeitos atmosféricos

c. Crateras de impacto

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Estrutura interna dos corpos do Sistema Solar

Interiores não podem ser observados (Terra e Lua, ondas sismicas)

Estimativa da estrutura interna requer:• suposições quanto a composição • equação de estado do material• estrutura de T depende:

fontes de energiamecanismos de transporte de calor mecanismos de perda de calor modelo

observações

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Tendo: massa, tamanho e forma

densidade média composição

pequenos: gelo / alta porosidade ~ 1 g cm-3

grandes: hélio e hidrogênio

<= 3 g cm-3 objeto rochoso

> 3 g cm-3 ferro

Tendo: tamanho, densidade, resistência do material e rotação

sem rotação forma esférica Todo corpo “tipo-fluido”

com rotação esferóide oblato

estado de energia mínima

deformável em tempos geológicos ( ~ milhões de anos) = plasticidade

Forma depende de sua plasticidade + sua taxa de rotação

figura de equilíbrio do efeito combinado gravidade + força centrifuga

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equilíbrio hidrostático:

R

r

p drrrgrP ')'()'()(

determina-se P em qualquer ponto do planeta se conhecido)(r

Equações do interior

4 4

3 32

8 8c

GM GMP

R Rp pᆪ ᆪ

fases dos materiais do interior, em função da T e P:

),(),( PTGPTG msml energia livre de Gibbs

A obtenção de valores empíricos é simples a baixaspressões mas os interiores planetários tem pressõese temperaturas muito altas difíceis de reproduzir em laboratório

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Equação de estado:

),,( ifTPP composição

equação de estado é obtida a T ambiente e modificada por medidas a T e P maiores

Relação pressão-densidade:

nKP /11 3/5,2/3

,0

Pn

nPbaixas P:

altas P:

planeta incompressível 3RM

se a pressão interna aumenta ao ponto dos elétrons se tornarem degenerados o tamanho do planeta diminui a medida que aumenta a massa estrelas anãs brancas

3

1

RM

abaixo mais massa aumenta o raio Existe limite:

acima mais massa diminui o raio Júpiter está próximo do limite!

Relação massa-raio:

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Sismologia fornece informações sobre interior

estudo da passagem de ondas plásticas no interior do planeta

terremotosimpactos de meteoritosexplosões vulcânicasexplosões não naturais (homem)

se propagam no interior, refletidas e transmitias nas interfaces onde varia

Oscilações na direção da propagação da onda

Oscilações transversaisà direção de propagação

Compressão e rarefação do material

Stress e rotação do material

ondas P, ou Primárias ondas S, ou Secundárias

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Terra Perfil de densidade

Interface entre o manto sólidoe o núcleo externo líquido

Descontinuidade entre o núcleo externo líquido e o núcleo interno sólido

Descontinuidade de Mohorovicic oude Moho entre a crosta e o manto superior

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Mercúrio: maior densidade “uncompressed” 60% metal campo magnético interior líquido

Venus: interior quente devido a vulcanismo não tem magnetosfera núcleo rico em metais

Marte: densidade 3, 9 e 3,8 (unc.) pouco metal núcleo (FeS) não tem magnetosfera

Lua: pouco metal muito material do manto

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Interior é governado pela pressão

centro 100 x 106 bars, densidade 31g/cm (Terra: P = 4 x106 bar, ρ = 17g/cm3)

Nuvens: H, He gásHidrogênio metálico

H líquido eletrons livres comportamento metal

Núcleo: rochas + gelos Fe, Si, O C, N, O, + H

Planetas Gigantes

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Satélites

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Superfícies

Crateras

Vulcanismo

Atividade tectônica

Canais, montanhas

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Morfologia superficial

Gravidade e rotação

Atividade tectônica

Efeitos atmosfericos Superfícies modificadas

Processos endogênicos

Processos exognênicos

Colisões

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Gravidade e rotação

corpo esférico corpo oblato geóide

Superfície equipotencial de uma elipse em rotação em torno do seu eixo menor

Mapa de gravidade (geóide) da Terra

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Topografia medida em relação ao geóide

estrutura local (ex: montanha) sobrevive à gravitação dependendo da densidade e coesão do material

Movimentos de deslizamento (“downhill”) são induzidospela gravidade mas sua ocorrência depende da pendentecomparada com o “ângulo de repouso” do material

maior inclinação que determinado material suporta

corpos pequenos com pequena gravidade podem manteruma forma não esférica

depende

materialgranulaçãoquantidade de ar e águatemperatura

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Atividade tectônica

Estruturas tectônicas

Movimentos da crosta

deformações causadas por movimentos da superfície, inclusive aqueles causados por esticamento e compressão da crosta

Muitos corpos apresentam evidências de movimentos da crostadevido ao encolhimento e/ou expansão das camadas superficiaiscausados pelo aquecimento e esfriamento nos primórdios

Considere um planeta em formação como uma bola de magma quente e fluída as camadas mais externas estão em contato com o espaço frio ao redor esfriam primeiro por radiação do calor uma crosta fina é formada acima do magma quente.Enquanto a crosta esfria também afundaConvecção no manto pode mover ¨hot spots¨ a aquecer a crosta localmente levando à expansão local da crostaO interior esfria através de convecção e conducção com escapes vulcânicos em locais aonde crosta é fina e pode ser quebrada aumento do peso sobre a crosta pela lava provoca depressões locais

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Lua:depressão de impactopreenchida por lava

Vênus:depressões causadaspelo afundamento debolhas causadas por aquecimento local esubseqüente esfriamento

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Europa

Miranda

Calisto

Enceladus

Marte

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Placas tectônicas

200Myr atrás só tinha um continente: Pangaea

Desde então os continentes tem se separado e afastado:continental drift

induzido pela tectônica de placas

litosfera (crosta) consiste de ~10 grandes placas flutuando em cima da atenosfera

Placas se movem uma em relação as outras ~ 20cm p/ano

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movimento das placas causado por convecção no manto estrutura global de circulação com as placas se movendo em cima

não se conhece a força que gera a conveçcão no manto

1. placas se afastam na cordilheira oceânica magma sobe nova crosta

2. placas colidem ou deslizam uma contra a outra gerando terremotos

3. quando uma placa oceânica e uma continental colidem a placa oceânica (mais pesada) vai para baixo aonde é novamente aquecida novas rochas metamórficas são formadas

derretimento da crosta ocorre em um meio rico em água a solidificação deste novo magma resulta em rochas graníticas

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ciclo no fundo dos oceanos ocorre numa escala de tempo de 108 anos

Tectonismo de placas é observado apenas na Terra

Mercúrio, Marte e Lua por serem pequenos, resfriaram muito rapidamente criando uma espessa litosfera

Vênus parece mostrar algum indício de movimentolateral tectônico mas não associado a placas

Crosta oceânica– formada: limites divergentes cordilheiras - destruída: limites convergentes

crosta derretida ~= crosta formada

~60.000km cordilheiras ativas + taxa separação ~ 4cm/ano =

2 km2/ano crosta nova

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Vulcanismoalguns corpos mostram indícios de vulcanismo passado hoje: apenas Terra e Io

Explosões vulcânicas modificam:- superfície - recobrindo velhas

estruturas e criando novas- atmosfera e clima

Requisito para a atividade vulcânica: presença de um material quente e líquido, magma, abaixo da crosta

Possíveis fontes de calor para criar o magma:(iv) calor gerado durante a formação do planeta (ex: Terra) e através da

continua diferenciação de material (ex: Saturno)(ii) interação de maré entre diversos corpos sólidos (ex: Io)(iii) nuclideos radiativos (fonte importante em todos os planetas terrestres)

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atividade vulcânica é encontrada na borda entre duas placas tectônicas

acima de “plumes” termais quentes do manto

emissão de gás e vapor sem a erupção de lava ou material piroclástico marca os últimos estágios de atividade vulcânica

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Sif Mons: vulcão escudo diâmetro ~ 500km altura ~ 3 km caldera ~ 40km

Venus

Gula Mons: ~4km caldera ~ 100km

Domes: lava viscosa homogenea, ~ circulares, ~25km x ~2km

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Olympus Mons700km x 25km

Marte

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Tharsis Elysiumlava flúida

Planices vulcânicas hemisferio Norte

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Largura ~ 300kmAltura ~ 100km

Enxofre!!

Io

Lua

mare

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Meteoritos HED

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Efeitos atmosféricos

Água, fluídosVentosReações químicas

Deslizamentos com velocidade dependendo: viscosidade do fluído, terreno e gravidade

Movimento de poeira dependendo: densidade, viscosidade, temperatura, composição e rugosidade do solo

Interação entre atmosfera e superfícielevando a processos de “weathering”(intemperismo) dependendo da composição da atmosfera e das rochas

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Marte: canais água

1. “runoff”

múltiplosTerras-altas: pequenos chuva

sinuosos

2. “outflow”

largosChryse Planitia: degelo

longos

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Mars Odysseymaio-2002

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Europa: oceano abaixo da crosta

Água líquida

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Crateras de impacto

Envolve a transferência instantânea de energia do projétil para o alvo

se existir uma atmosfera o projétil é primeiramente observado como uma bola de fogo = bólide

Velocidades típicas grandes meteoróides ~ 10 – 40 km s-1

cometas (longo) período ~ 75km s-1

Um meteoróide de níquel-ferro de ~30m impacta com uma energia ~1023 ergs

igual a um terremoto de magnitude 7.7

Ex.: Meteor Crater com um diâmetro ~1km e profundidade ~200m foi formado num minuto por um meteoro de níquel-ferro de ~30m de diâmetro

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Formação da cratera

Energia cinética relativa transferida no corpo através de ondas de choqueno alvo

Rápida seqüência de eventos: início projétil toca o alvo fim últimos fragmentos caem em torno da cratera

Três estágios:

Estágio de contato e compressão

Estágio de ejeção ou escavação

Estágio de colapso e modificação

1. Estágio de contato e compressãono projétil

- velocidade típica de um meteoróide de rocha (ρ ~ 3 g cm-3) com um planeta tipo Terra = ~10km s-1

- velocidade de ondas sísmicas ~ alguns km s-1

Velocidade deimpactosupersônica

0

0 0

0 00

( )

( )( )

2

p

p

v v v

P P v v

P P V VE E

índice 0 não comprimidosem índice comprimidoρ densidadeV volume p/ unidade de massaP0 pressão na frente do choqueP pressão atrás do choquev velocidade do choquevp velocidade da partícula atrás do choqueE0 energia interna p/ unidade de massa na frente do choqueE energia interna p/ unidade de massa atrás do choque

Propagação ondas de choque conservação de massa, momentum e energia(equações de Hugoniot)

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onda de choque no ponto de contato comprime projétil e alvo grandes pressõesrochas são comprimidas facilmente P >> Mbar e vaporizam quando subitamente de-comprimidas P > 600 kbar

hemisfério de alta pressão centrado no ponto de contato material é pulverizado pela de-compressão devido à rarefação da onda jatos com velocidades de vários km p/seg. - jatos ocorrem ~ instantaneamente quando projétil toca alvo- impacto se propagando hemisfericamente dentro do alvo: onda sísmica

Ondas de rarefação se formam atrás da onda de choque devido a presença de superfícies livres atrás do projétil (não sustentam altas pressões)

onda de choque viaja através do projétil de-comprimindo o material até pressão ~zero

projétil derrete ou vaporiza completamente devido a descompressão formando uma nuvem de vapor ou bola de fogo que escapa da cratera

estágio de contato e compressão: t = ~ 1-100ms para meteoróides entre 10m e 1km tempo da onda de choque e subseqüente onda de rarefação atravessar o projétil

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2. Estágio de ejeção ou escavação

A nuvem de vapor expande adiabaticamente para cima e para fora punhado de gás a uma distância r é acelerado:

2

2

1

g

d r dP

dt dr

densidade do gás

Simultaneamente a onda de choque se propaga dentro do alvo enquanto se expande e se enfraquece

Rochas e fragmentos escavados são jogados em trajetórias balísticas, quase parabólicas

Devido à onda de rarefação o material se move paracima com velocidades dirigidas radialmente parafora do ponto de impacto

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Fluxo escavado forma uma cortina de ejetas em forma de cone invertido

- velocidades ~ 100m s-1

- lados da cratera se expandem até toda energia ser dissipada pela viscosidade ou levada pelos fragmentos ejetados- cratera resultante é várias vezes maior do que o projétil - a cratera é ~ hemisférica até a máxima profundidade ser atingida, depois cresce horizontal- material ejetado forma o lençol de ejeta até 1 ou 2 vezes o raio da cratera- fragmentos ejetados recaindo na superfície deslizam (raios)- morfologia do lençol de ejeta depende do material presente na superfície- alguns fragmentos formam crateras secundárias- raios brilhantes emanam das crateras maiores (material derretido do projétil)

final do estágio de escavação: cratera transiente

forma tamanho

projétil

tamanhovelocidadecomposiçãoângulo de impacto

gravidadesuperfície

energia cinética projétil

3/1ED alvo

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3. Colapso e modificação da cratera

gravidade do alvocratera é modificada

relaxação do material comprimido no fundo da cratera

fragmentos restantes deslizam p/ fundo e piso recebe empuxo para cima: pico central

se pico central alto demais colapsa anel de picos

bordas da cratera colapsam

aumenta diâmetro enche o fundo forma terraços nas laterais

processo de colapso = vários minutosmodificação da morfologia da cratera = meses, anos, séculos

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Caloris Basin

1400km largura

anéis de montanhas 3km

Crateras duplas

Mercúrio

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Venus

multiplas crateras

Terra

Erosão: ventos chuva água terremotos vulcões, etc.

homen!

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Marte

Yuty - 8km - “splosh” crater

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Callisto: crateras em cadeia

Phobos: tamanho limite

Mimas: 120/400km

Europa: sobre gelo

Satélites

Phobos

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Asteróides

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Cometas Wild 2Stardust

Tempel 1Deep-Impact

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Na falta de uma superfície...

Shoemaker-Levy 9 - Descoberto: março 1993 - Colisão: julho 1994

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