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CLÍNICA MÉDICA
1) Paciente de 26 anos, tabagista e etilista, em acompanhamento crônico reumatológico e neurológico em
função de arterite de Takayasu e quadro de paraparesia espástica de membros inferiores, é internado para
realizar pulsoterapia com corticoide e iniciar tratamento com tocilizumab (anticorpo monoclonal anti-
interleucina 6). Ao exame físico, além do quadro neurológico descrito e da ausência de pulsos arteriais no
membro superior esquerdo e da carótida comum esquerda, são observadas lesões cutâneas eritematosas,
lineares ou serpiginosas, levemente abauladas (em forma de túneis subcutâneos), localizadas nas
nádegas e na região perianal. Em preparação para o início do tratamento imunossupressor, são prescritas
diversas medicações que, entretanto, não são administradas por estarem em falta. Cerca de 24 horas após
iniciada a pulsoterapia com metilprednisolona, o paciente é encontrado febril (38,5ºC), taquicárdico
(120bpm), taquipneico (28irpm), hipotenso (PA = 88 x 40mmHg) e com rebaixamento do nível de
consciência. O leucograma revelou leucocitose (16.800/mm3) e desvio à esquerda (11% de formas jovens),
não sendo observados eosinófilos no sangue periférico.
De acordo com o caso apresentado:
a) Aponte a causa provável da deterioração clínica do paciente em decorrência da pulsoterapia.
1
b) Cite o fator de risco precedente que favoreceu a deterioração clínica observada com o tratamento
instituído.
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c) Apresente o significado das lesões cutâneas encontradas.
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d) Justifique o quadro apresentado 24 horas após a instituição do tratamento imunossupressor.
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2) Imigrante português de 68 anos comparece à consulta médica para avaliação de exames laboratoriais
que haviam sido solicitados há 30 dias, em razão de queixas de adinamia, cansaço e poliúria. Inveterado
glutão, dono de um apetite voraz, ele nega histórico patológico pregresso relevante, tabagismo e etilismo e
não traz outras características dignas de nota na sua anamnese. Ao exame físico: verifica-se IMC =
52kg/m2, PA = 170 x 100mmHg e FC = 76bpm; ele está corado, hidratado, acianótico, anictérico e afebril,
com perfusão capilar periférica adequada. Os exames dos aparelhos cardiovascular, respiratório e
neurológico, do abdome e dos segmentos corporais encontram-se normais. Os exames complementares
revelam: hemograma completo normal; glicemia de jejum = 287mg/dL; ureia = 28mg/dL; creatinina =
0,6mg/dL; ácido úrico = 7,9mg/dL; colesterol total = 298mg/dL; LDL-colesterol = 193mg/dL; HDL-colesterol
= 233mg/dL; triglicerídeos = 33mg/dL; sódio e potássio sérico normais; clearance de creatinina estimado =
145ml/min. Ao final da consulta, além da prescrição médica (dieta, exercícios físicos, fármacos), são
solicitadas mais avaliações complementares, que incluem a realização de exame de fundo do olho e
pesquisa de microalbuminúria. A respeito do caso apresentado:
a) Apresente os critérios diagnósticos definidores da principal doença que afeta o paciente.
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b) Cite o intervalo de valores da albuminúria que permitem diagnosticar a presença de microalbuminúria.
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c) Assinale as intervenções terapêuticas úteis no sentido de prevenir a progressão da nefropatia existente.
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d) Aponte os alvos terapêuticos relativos ao nível da hemoglobina A1c e da dislipidemia desse paciente.
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CIRURGIA GERAL
1) Homem de 27 anos apresentou queda após colisão entre sua bicicleta e um automóvel, havendo
trauma contuso de epigástrio e de mesogástrio pelo guidão da bicicleta. Ele foi resgatado pelos bombeiros
e, ao dar entrada na sala de trauma, possuía os seguintes sinais vitais e alterações: PA = 130 x 90mmHg,
FC = 88bpm, FR = 18irpm, Glasgow = 15; aparelho respiratório = MVUA sem RA, Ap CV = RCR 2T, BNF,
sem sopros; abdômen peristáltico, depressível e doloroso à palpação profunda em mesogástrio, onde há
uma escoriação com pequeno hematoma; membros inferiores e superiores sem alterações.
Diante desse caso clínico:
a) Indique o exame complementar não invasivo e inócuo que pode ser realizado para afastar trauma
abdominal contuso de maior gravidade.
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b) Cite as quatro regiões anatômicas que devem ser avaliadas pelo exame complementar indicado no
subitem “a”.
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c) O resultado do exame indicado no subitem “a” não apresentou alterações. Por isso, o paciente recebeu
alta com medicações sintomáticas no mesmo dia. Após cinco dias, ele retornou ao setor de emergência,
queixando-se de dor abdominal em barra nas últimas 48 horas, a qual apresentou piora progressiva e
irradiação para dorso principalmente após alimentação. Ele referiu inapetência e aumento do volume
abdominal nas últimas 24 horas. Aponte três exames laboratoriais complementares que devem ser
indicados na consulta de retorno.
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d) Na consulta atual, foi solicitada uma tomografia computadorizada, a qual evidenciou contusão
pancreática leve, que evoluiu para pancreatite aguda leve. Por isso, o paciente foi internado para realizar
terapia clínica/medicamentosa e demonstrava muito receio em ser operado. O médico advertiu o paciente
que seu caso poderia evoluir com piora e, assim sendo, não haveria possibilidade de tratamento clínico.
Indique três situações em que o paciente poderia vir a ser operado devido a complicações dessa doença.
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2) Paciente de 65 anos, hipertenso descompensado e diabético, dá entrada na emergência apresentando
distensão abdominal e vômitos. Refere estar sem evacuar e eliminar flatos há quatro dias. Na HPP, relata
episódios de dor recorrente em hipocôndrio direito. Ao exame, encontra-se desidratado, taquicárdico e
hipotenso. Foi realizada radiografia do abdome que evidenciou distensão de alças de delgado com níveis
hidroaéreos e imagem calcificada em fossa ilíaca direita e hipocôndrio direito.
Com base nessas informações:
a) Aponte a principal hipótese diagnóstica para este quadro oclusivo.
1 b) Cite outro sinal radiológico típico que corroboraria para a hipótese diagnóstica.
1 c) Identifique o provável local da obstrução.
1 d) Cite o tratamento cirúrgico indicado.
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GINECOLOGIA / OBSTETRÍCIA
5) Paciente de 29 anos, obesa, oligomenorreica, com infertilidade primária e sinais de acantose nigricans.
Espermograma do parceiro não apresentou anormalidades significativas. A histerossalpingografia
evidenciou prova de Cotte positivo bilateral.
Com base no caso apresentado:
a) Determine a primeira hipótese diagnóstica para a causa da infertilidade.
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b) Descreva duas características evidenciadas por ultrassonografia transvaginal esperadas em casos
como este.
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c) Indique o tratamento medicamentoso, de escolha, para corrigir essa disfunção.
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d) Identifique a alteração metabólica que se encontra frequentemente associada a essa disfunção e
determine a medicação comumente usada nesse tratamento.
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6) Secundípara de 26 anos procurou a maternidade em 28/07/16, queixando-se de perda líquida há
quatro horas. Ao exame clínico, mostrava-se em bom estado geral, com PA = 110 x 70mmHg, PR =
84ppm, FR = 16irpm, temperatura axilar = 36,4ºC, FU = 32cm, ausência de metrossístoles, feto em
apresentação cefálica, dorso à esquerda e BCF= 140bpm. Informa DUM em 28/11/15 e primeira USG em
21/01/16, revelando IG de nove semanas na ocasião. O obstetra fez a hipótese de rotura prematura das
membranas ovulares (RPMO) e internou a paciente para avaliar melhor o caso.
Com base no caso clínico descrito:
a) Calcule a idade gestacional da paciente utilizando a DUM (1) e utilizando os dados fornecidos sobre a
ultrassonografia (2).
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b) Defina RPMO.
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c) Cite dois métodos diagnósticos com resultados que confirmariam a RPMO.
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d) Cite duas contraindicações para o tratamento conservador.
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PEDIATRIA
7) Lactente de 3 meses é internado com quadro de taquidispneia há dois dias. Segundo a mãe, o mesmo
teve início com obstrução nasal, tosse e febre baixa não aferida. O pai da criança está resfriado. Na
história gestacional e do parto, a criança nasceu de parto cesáreo e foi prematura de 31 semanas. A mãe
refere que foi encaminhada para a criança receber uma injeção que deveria ser realizada antes do início
do outono, mas não conseguiu levá-la a tempo. Ao exame, a criança está em bom estado geral, hidratada
e afebril, porém apresenta FR=56 ipm, tiragem subcostal moderada e saturação de O2 de 90%. A ausculta
respiratória revela sibilos difusos e a ausculta cardíaca é normal. O fígado encontra-se a 3 cm do RCD. O
pediatra faz uma prova terapêutica com beta 2 agonista, mas mesmo depois de três nebulizações não há
mudança do quadro. A radiografia de tórax mostra hiperinsuflação e pequena área de atelectasia em lobo
superior esquerdo.
Considerando o caso descrito, responda:
a) Cite o principal agente etiológico.
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b) Justifique a ausência de resposta ao beta 2 neste caso.
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c) Aponte o mecanismo de ação da injeção a que a mãe se referiu.
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d) Cite um dado a ser pesquisado na história neonatal que poderia falar a favor de pneumonia afebril do
lactente.
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8) Lactente de 18 meses apresenta há 12 dias quadro de diarreia líquida (4 episódios/dia). A mãe nega
febre ou presença de sangue nas fezes. Relata também que os irmãos de seis e oito anos de idade
tiveram o mesmo quadro, porém com melhora em até sete dias de doença. Tem se alimentado
normalmente, porém a mãe tem notado piora da diarreia após administração de mamadeira com leite. Ao
exame, a criança encontra-se em bom estado geral, chora com lágrimas, não tem sede, é eutrófica,
FC=118bpm, FR=34ipm, com boa perfusão capilar, não há alterações ao exame cardiovascular e
respiratório. O abdome se apresenta distendido, porém flácido e indolor à palpação. Orofaringe e otoscopia
sem alterações.
Considerando o caso, responda:
a) Classifique a diarreia quanto à sua duração e aponte a etiologia mais comum.
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b) Cite a provável causa para piora da diarreia após administração da mamadeira.
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c) Indique o plano terapêutico adequado quanto ao estado de hidratação da criança.
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d) Cite dois dados no relato do caso que falam a favor de um bom prognóstico.
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MEDICINA PREVENTIVA E SOCIAL
9) Com base no genograma responda os itens a seguir:
a) Aponte duas falhas desse genograma.
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b) Identifique a dinâmica da relação familiar entre Denise e o seu filho.
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c) Identifique o ciclo de vida dessa família.
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d) O médico de família deve ajudar o casal a realizar algumas mudanças de adaptação. Crie um plano de
cuidado para a família com base na fase do ciclo de vida deles.
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10) Com base no caso clínico, abaixo, responda as perguntas a seguir:
Maria, 58 anos, branca, mãe solteira, empregada doméstica. Mora com sua neta Paula, de 16 anos,
filha de Joana, 32 anos. Com a implantação da equipe de saúde da família, pediu à agente comunitária
de saúde que marcasse uma consulta, pois não estava se sentindo bem. Na avaliação pré-consulta
consta:
a) motivo da consulta “bolo na garganta e sede”;
b) usa medicamentos para hipertensão e gastrite (hidroclorotiazida 25mg/dia; enalapril 10mg 2x/dia;
omeprazol 20mg/dia);
c) sedentária; PA = 150 x 90; PR = 88; HGT = 150; peso = 78kg; altura = 1,55m.
Na consulta, ela conversou com o médico:
Médico: Bom dia, D. Maria. Em que posso ajudá-la?
Maria: Sinto um aperto como se fosse um bolo na garganta.
Médico: Bolo na garganta, D. Maria? Conte mais sobre isso.
Maria: Sinto esse bolo sempre que me aborreço.
Médico: Como assim?
Maria: Quando brigo com minha neta, ela não me respeita...
Médico: A senhora quer falar mais sobre esse problema?
Maria: É uma menina muito agressiva [pausa]. Não quer estudar, só pensa em namorar e fica o dia todo
andando com um pessoal esquisito.
Médico: A senhora tem o apoio de sua filha?
Maria: Ela saiu de casa e eu tive que criar a menina sozinha.
Médico: Sobre este bolo, ele acontece em outras situações?
Maria: Principalmente à noite, quando vou me deitar e fico pensando na vida.
Médico: Tem sentido mais alguma coisa?
Maria: Muita sede e acordo à noite para urinar.
Médico: Está perdendo peso?
Maria: Não. Estou engordando cada dia mais.
Médico: Tem dificuldade ou dor para engolir?
Maria: Não.
Médico: Como está usando seus remédios?
Maria: Tomo todo dia, mas às vezes esqueço.
Médico: Essa preocupação com sua neta deve estar deixando a senhora mais ansiosa. Isso pode estar
contribuindo para causar o bolo na garganta, o ganho de peso e aumentar a pressão. O que acha?
Maria: Também acho que esses problemas estão me deixando doente, mas não consigo mudar as
coisas.
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a) Identifique três etapas do Método Clinico Centrado na Pessoa que foram utilizadas na abordagem feita
pelo médico à D. Maria.
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b) “A senhora quer falar mais sobre esse problema?” Ao usar esta frase, o médico utilizou uma técnica de
comunicação que permite diminuir os vícios de uma coleta dirigida e superficial de dados e facilita a
realização de uma boa consulta. Cite o nome desta técnica de comunicação.
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c) Cite duas medidas de intervenção que podem melhorar a adesão ao tratamento de D. Maria.
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d) Na consulta seguinte, os resultados dos exames mostraram: hemograma normal, glicemia de jejum =
123mg/dl; hemoglobina glicada = 6,4%; creatinina = 0,9; ECG normal. Indique o exame que deve ser
solicitado para complementar a investigação e cite três fatores de risco presentes no caso que aumentam
a suspeita clínica.
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Medico: A sua glicose já foi alta alguma vez?
Maria: Tive diabetes gestacional e a minha mãe amputou a perna pelo diabetes.
Médico: Para entender melhor o que está acontecendo, vou pedir alguns exames. Mas seria importante
também tentar ajudar sua neta, assim estaremos lhe ajudando. O que acha de marcarmos uma
consulta pra ela?
Maria: Posso fazer os exames e falo com minha neta sobre a consulta.
Médico: Então, está combinado.
Após o exame físico, o médico solicita os exames complementares, faz a prescrição, verifica se ela
entendeu, marca o retorno para duas semanas e agenda uma consulta para Paula.
Maria esboça um sorriso e agradece pela consulta.
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