UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO
PARANÁ – UNIOESTE
CCMF – CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS E FARMACÊUTICAS
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA
Adriana Brianez
Diego Marques Pereira
Indina Patrícia Balen
Jefferson Faria Yen
João Henrique Nogueira
José Lucas Junges Carvalho
Letícia Pastorelli Bonjorno
Pedro Henrique Pelissari
Suellen Gonçalves Borges
OVARIECTOMIA E ORQUIECTOMIA
BILATERAL EM RATOS
Cascavel
2010
Adriana Brianez
Diego Marques Pereira
Indina Patrícia Balen
Jefferson Faria Yen
João Henrique Nogueira
José Lucas Junges Carvalho
Letícia Pastorelli Bonjorno
Pedro Henrique Pelissari
Suellen Gonçalves Borges
OVARIECTOMIA E ORQUIECTOMIA
BILATERAL EM RATOS
RELATÓRIO DE FISIOLOGIA
Relatório apresentado como requisito parcial para nota da
disciplina de Fisiologia Humana do 2º ano do curso de
Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
Prof.ª Drª. Orientadora Maria Lúcia Bonfleur
Cascavel 2010
3
RESUMO
Este trabalho teve por objetivo verificar as alterações morfofisiológicas
decorrentes da orquiectomia e ovariectomia bilateral realizada em ratos Wistar. Dividiu-se os
animais em grupo controle e grupo teste para ambos sexos.
Foram estudados em machos as concentrações plasmáticas de testosterona livre,
espessura do córtex da adrenal e peso da vesícula seminal. Em fêmeas estudou-se a
concentração plasmática de estradiol, a quantidade de gordura retroperitoneal, o peso do útero
e a espessura do endométrio. Para ambos sexos analisou-se o peso corporal, glicemia, a
densidade óssea do fêmur e da vértebra, a concentração plasmática de fósforo, fosfatase
alcalina e cálcio.
Diferenças marcantes foram verificadas quanto à expressiva participação do
estrogênio na absorção e reabsorção óssea e ao efeito anabólico proporcionado pela
testosterona, principalmente na massa muscular. Discutiu-se também, os efeitos de uma
hipotética reposição hormonal, bem como as diferenças do comportamento sexual do macho e
das concentrações das gonadotropinas em decorrência da ovariectomia e orquiectomia.
4
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................. 3
LISTA DE GRÁFICOS ...................................................................................... 5
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... 6
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
OBJETIVOS ...................................................................................................... 13
MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 14
ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................... 16
DISCUSSÃO ...................................................................................................... 24
CONCLUSÕES ................................................................................................. 29
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................ 30
5
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: Testosterona livre, em machos.......................................................................16
GRÁFICO 2: Peso corporal, em machos .............................................................................16
GRÁFICO 3: Espessura do córtex adrenal, em machos ....................................................17
GRÁFICO 4: Glicemia, em machos .....................................................................................18
GRÁFICO 5: Vesícula seminal, em machos ........................................................................18
GRÁFICO 6: Fosfatase alcalina, em fêmeas........................................................................19
GRÁFICO 7: Fosfatase alcalina, em machos ......................................................................19
GRÁFICO 8: Fósforo, em fêmeas.........................................................................................19
GRÁFICO 9: Cálcio, em fêmeas...........................................................................................19
GRÁFICO 10: Fósforo, em machos .....................................................................................19
GRÁFICO 11: Cálcio, em machos .......................................................................................19
GRÁFICO 12: Densidade óssea da vértebra, em machos...................................................20
GRÁFICO 13: Densidade óssea do fêmur, em machos.......................................................20
GRÁFICO 14: Densidade óssea da vértebra, em fêmeas....................................................20
GRÁFICO 15: Densidade óssea do fêmur, em fêmeas........................................................20
GRÁFICO 16: Estradiol, em fêmeas.....................................................................................21
GRÁFICO 17: Peso corporal, em fêmeas.............................................................................21
GRÁFICO 18: Gordura retroperitoneal, em fêmeas..........................................................22
GRÁFICO 19: Glicemia, em fêmeas.....................................................................................22
GRÁFICO 20: Peso do útero, em fêmeas.............................................................................23
GRÁFICO 21: Espessura do endométrio, em fêmeas.........................................................23
6
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Útero de rata normal logo após extração........................................................24
FIGURA 2 - Útero de rata ovariectomizada logo após extração........................................24
7
INTRODUÇÃO
O principal hormônio sexual masculino, a testosterona, é produzido
principalmente pelos testículos. Essa produção ocorre pela estimulação das células de Leydig
pelos hormônios hipofisários luteinizantes (LH) e folículo estimulante (FSH). Os andrógenos
são derivados do colesterol, que depois de passar pelas etapas de pregnolona e
androstenediona, dá lugar a pequenas quantidades de estradiol (estrogênio) e hormônios
virilizantes, como a testosterona.
A testosterona estimula o desenvolvimento e o crescimento dos órgãos
reprodutores masculinos, bem como o aparecimento das características secundárias
masculinas, além de desempenhar importante papel anabólico no organismo, como aumento
da massa protéica e elevação da taxa metabólica, e manter a viabilidade das glândulas sexuais
acessórias.
Aproximadamente 98% da testosterona circulante está ligada a proteínas
plasmáticas, sendo que 60% está unida a uma glicoproteína hepática, chamada globulina
ligadora de hormônios sexuais ou SHBG (sex hormone binding globulin) e 38 % está ligada a
albumina, para tornar-se disponível quando necessária. A atividade biológica é realizada pelos
2% de testosterona-livre. A enzima 5-alfa redutase, presente nos testículos, metaboliza a
testosterona para diidrotestosterona, que é o andrógeno ativo nos tecidos. A testosterona
também pode ser aromatizada e transformar-se em estradiol, que é outro metabólito ativo. 43
As células de Leydig testiculares secretam mais de 95 % do total da testosterona
circulante, sendo o restante é produzido pelas células da zona reticulada das glândulas supra-
renais.39
Casquero sugeriu que em camundongos após a castração não havia quantidade
suficiente de andrógenos na circulação para desempenhar as funções desse hormônio.43
O hormônio hipotalâmico de liberação de gonadotropinas (GnRH) atua em
receptor específico na membrana das células gonadotróficas da hipófise e estimula a liberação
de hormônio luteinizante - LH - e hormônio folículo estimulante – FSH – que regulam o
crescimento testicular, a espermatogênese e a esteroidogênese. O papel principal do LH é
estimular as células de Leydig a produzirem testosterona. A secreção de hormônio
luteinizante é controlada pela retroalimentação negativa dos esteróides gonadais no
hipotálamo e na hipófise. Tanto a testosterona quanto o estradiol provocam essa inibição. 38
8
A redução no padrão de secreção da testosterona, causada, por exemplo, pelo
hipogonadismo, aumenta os riscos do desenvolvimento da osteoporose, osteopenia
(precursora da osteoporose), obesidade e hipertensão arterial. 43
Os ovários produzem o estrogênio e a progesterona, os hormônios sexuais
femininos. O estrogênio é responsável pelo desenvolvimento das características sexuais
primárias e secundárias na mulher. A progesterona relaciona-se com a preparação do
endométrio uterino na nidação. Os hormônios sexuais femininos atuam na remodelação óssea
por mecanismos ainda não totalmente esclarecidos. A presença de receptores para o estrógeno
nos osteoblastos, osteócitos e nas células osteoprogenitoras da medula óssea sugere efeito
direto desse hormônio sobre o osso. 36
A menopausa é caracterizada por uma involução dos ovários, o que leva a uma
redução dos hormônios sexuais femininos, causando uma série de alterações no corpo da
mulher. Na deficiência de estrógeno, há diminuição da forma ativa da vitamina D. Assim, na
ovariectomia, espera-se menor formação da proteína ligante de cálcio, o que diminui sua
absorção intestinal. O resultado disso é a hipocalcemia.
A menopausa é ocasiona suspensão irreversível da função ovariana, com declínio
da secreção estrogênica. A falta desse hormônio leva a alterações no perfil lipídico, em
particular, aumento das lipoproteínas de baixa densidade (LDL), redução das lipoproteínas de
alta densidade (HDL) e aumento na deposição de gordura (WONG et al, 1998).
Os efeitos dos esteróides sexuais femininos vêm sendo pesquisados na literatura,
porém devido às suas complexidades, ainda não há consenso sobre a totalidade das funções
ovarianas, que necessitam de maiores estudos sobre as diversas interações endócrinas com o
metabolismo corpóreo. Vários trabalhos descreveram perda da função ovariana devido a
procedimentos cirúrgicos, radioterápicos e quimioterápicos, além de quadros infecciosos
pélvicos graves com comprometimento funcional dos ovários. A privação dos hormônios
ovarianos acarreta distúrbios endócrinos e funcionais, tais como disfunção sexual, perda da
libido, maior risco de osteoporose e de doenças cardíacas, níveis alterados de lipoproteínas,
entre outros. 42
O ganho ponderal das ratas ovariectomizadas pode estar relacionado com a
privação dos hormônios ovarianos, conforme foi sugerido por Guyard e cols. (1991), tendo
em vista que o estrogênio aumenta o consumo energético e, como conseqüência, diminui o
peso corporal. Portanto, se houver a privação estrogênica, o consumo de energia será menor e
os animais terão aumento de peso. Por outro lado, de acordo com Geary e cols. (1999), ratas
9
ovariectomizadas tratadas com estradiol engordam menos, enquanto animais que recebem
progesterona são até mais magros.
O tecido adiposo é responsivo ao estrogênio e expressa os receptores α e β para
este hormônio em humanos e roedores. 10,30,31,34
O receptor α para o estrogênio é o
responsável pela modulação da lipogênese no tecido adiposo,19
diminuindo a atividade da
lipoproteína lípase (LPL), enzima que regula a captação de lipídios pelos adipócitos. Sendo
assim, a estimulação do receptor α provoca a redução do acúmulo de gordura. 15
O estrogênio também age sobre o receptor β-estrogênico, presente no fígado. A
estimulação dos receptores β-estrogênicos leva à inibição da lipase hepática, que está
envolvida no metabolismo de colesterol HDL, ocasionando seu incremento. 2
O papel inequívoco do estrogênio na regulação da gordura corporal foi
confirmado em estudos com camundongos deficientes do receptor α de estrogênio (ER-α) ou
da aromatase (Aro), enzima responsável pela biossíntese de estrogênio, que apresentam
aumento do tecido adiposo branco. 19,25
A deficiência de estrogênio pode estar relacionada à
diminuição de receptores de leptina no hipotálamo, o que causaria diminuição da saciedade 28
,
maior ingestão e consequente ganho de massa corpórea. Por outro lado, há também
possibilidade de diminuição do gasto energético em fêmeas com deficiência de estrogênio,
fato que facilitaria o ganho de massa corpórea 37
Outros trabalhos realizados em fêmeas ovariectomizadas, mostraram que o 17β-
estradiol produziu um efeito positivo sobre a capacidade proliferativa de pré-adipócitos
subcutâneos, mas não de parametriais (DIEUDONNE e cols, 2000).
Os efeitos biológicos dos hormônios esteróides são principalmente mediados por
seus receptores específicos. Os receptores de estrógenos e andrógenos são expressos em pré-
adipócitos e adipócitos de ratos (PEDERSEN e cols, 1991; DIEUDONNE e cols, 1995) e
humanos (MIZUTANI e cols, 1994; MILLER e cols, 1990). Nestas células, os números de
receptores de estrógenos e andrógenos são variáveis de acordo com a origem anatômica,
sugerindo (DIEUDONNE e cols, 1995; JAUBERT e cols, 1995) que pré-adipócitos e
adipócitos são células-alvo para os hormônios sexuais.
O osso é um tecido metabolicamente ativo que está em constante renovação. Isso
mantém sua integridade estrutural e a homeostasia dependentes do equilíbrio entre os
processos anabólico (aposição) e catabólico (reabsorção) 24
. A perda desse equilíbrio altera a
matriz e a mineralização ósseas ósseas (BLAND,2000; GU et al., 2001).
Já a fosfatase Alcalina Óssea (FAOS) é um marcador bioquímico do metabolismo
ósseo. A fosfatase alcalina hidrolisa o pirofosfato a fosfato inorgânico (PPi→2P) e estimula
10
sua entrada na célula do osso. Dentro da célula o fosfato estimula a produção de osteopontina
e produção de hidroxiapatita (mineralização). Nas enfermidades hepatobiliares, as elevações
são encontradas, predominantemente, na obstrução extra-hepática (cálculo vesical, câncer de
cabeça do pâncreas). 45
O aumento da fosfatase alcalina encontra-se presente em várias enfermidades
ósseas, especialmente naquelas que evoluem com quadro de osteólise. A doença de Paget
talvez seja, a doença óssea que apresente as maiores atividades de fosfatase alcalina, com
níveis 10 a 25 vezes acima dos limites superiores dos valores de referência. Discretos
aumentos se verificam na osteomalácia, raquitismo, hiperparatireoidismo, fraturas e durante o
crescimento ósseo. Níveis elevados de fosfatase alcalina são encontrados no sarcoma
osteogênico. Discreto ou moderados aumentos podem ser observados durante a gravidez,
sendo essa fosfatase de origem placentária.45
Acredita-se que nos machos a ação dos androgênios sobre o osso pode depender
de aromatização de andrógenos em estrógenos. In vitro, foram comprovados que ambos os
receptores, de estrógeno e andrógenos, estão presentes nos osteoblastos do sexo
masculino. Apesar de os andrógenos terem efeitos diretos sobre osteoblastos cultivados, foi
constatado que os osteoblastos são capazes de transformar androgênios em estrogênios por
meio da aromatase. Ambos os andrógenos e estrógenos inibem a degradação óssea
diminuindo a produção de interleucina-6 em células do estroma da medula óssea. Foi
descoberto que tanto um homem com uma deficiência de receptores de estrógeno e outro
homem com deficiência de aromatase terão retardado no crescimento do esqueleto e
osteopenia. Além disso, camundongos machos e fêmeas knockout para receptores de
estrogênios podem ter uma diminuição da densidade óssea.19
Estudos demonstraram também que os osteoblastos produzem TGFβ (Fator de
transformação de crescimento β) e sua síntese é aumentada por andrógenos. TGFβ está
presente na matriz óssea e é liberado na sua reabsorção. Ele atua no esqueleto aumentando sua
formação, inibindo sua reabsorção e formação de osteoclastos, atua como quimiocina para
osteoblasto e está envolvido na indução e reparação óssea. Foi notada que a perda de osso
esponjoso está relacionada com a deficiência de testosterona. Um estudo similar em ratas
fêmeas comprovou que, após a ovariectomia, a concentração de TGFβ de extratos ósseos
reduziu em torno de 50%, e essa redução foi prevenida com a administração de 17β-estradiol.
Isso ressalta a importância do TGFβ no metabolismo ósseo, tanto de machos quanto de
fêmeas. 35
11
Os hormônios sexuais femininos atuam na remodelação óssea por mecanismos
ainda não totalmente esclarecidos. A presença de receptores para o estrógeno nos
osteoblastos, osteócitos e nas células osteoprogenitoras da medula óssea sugere efeito direto
desse hormônio sobre o osso (Gaumet et al 2000). O estrógeno regula, nos osteoblastos, a
expressão dos genes que codificam o colágeno tipo I, a fosfatase alcalina, osteopontina,
osteocalcina e osteonectina. Ele aumenta a diferenciação dos osteoblastos e exerce efeito
estimulatório sobre a síntese e mineralização da matriz óssea. O estrógeno parece inibir
indiretamente a reabsorção óssea. 36
Acredita-se também que o estrógeno iniba a ação do PTH, sugerindo que o
aumento da reabsorção óssea na ovariectomia também seja mediado pelo PTH (ORIOMO et
al., 1972).
Na deficiência dos esteróides sexuais, a diminuição da massa óssea também
parece ser decorrente da redução da absorção intestinal do cálcio. Há uma ação direta do
estrógeno sobre a mucosa intestinal e uma ação indireta, mediada pela vitamina D. Na
deficiência de estrógeno, há diminuição dos receptores da vitamina D no intestino e menor
conversão renal do 25-hidroxicolecalciferol em 1,25 diidroxicolecalciferol (D3), a forma ativa
da vitamina D. Logo, na ovariectomia, espera-se menor formação da proteína ligante de
cálcio, o que diminui sua absorção intestinal. O resultado disso é a hipocalcemia, pelo menos
em algum momento da deficiência dos hormônios sexuais. Por ser o cálcio o principal
regulador da atividade da paratireóide, na hipocalcemia há aumento da secreção de PTH e
conseqüente aumento da reabsorção óssea para restabelecimento da isocalcemia. De fato é
isso que parece ocorrer, pois algum tempo depois de instalada a hipocalcemia na ovariectomia
há pronta compensação dos valores plasmáticos de cálcio. 36
O estrógeno possui ação insulinotrópica (GONZALEZ et al., 2002), já que esse
hormônio tem a capacidade de ativar a enzima glicogênio sintetase (BECKET et al., 2002;
GONZALEZ et al., 2002). Dessa forma, fica evidente a participação dos hormônios
ovarianos na regulação da homeostasia glicêmica, gerando mudanças expressivas na
sensibilidade das células beta pancreáticas. Assim o estrógeno influencia na homeostasia
glicêmica indiretamente, modulando a secreção de insulina e a população de receptores dos
tecido-alvo (BURT-PICHAT et al., 2004). A ação do 17β-estradiol em promove um aumento
na sensibilidade à insulina, translocação de transportadores de glicose GLUT4
potencializando a captação da hexose, ativação das vias ligadas à ação insulínica,
principalmente com relação à enzima glicogênio sintetase, convergindo para a formação das
reservas de glicogênio (Campbell e Febraio, 2001; McClun et al., 2006). Em vista disso, é
12
possível inferir que a falta, ou carência do estrógeno no organismo das ratas ovariectomizadas
provoca um aumento da glicemia plasmática, assim como menor reserva de glicogênio
muscular. A performance muscular é um importante determinante da capacidade funcional da
musculatura esquelética, assim, estudos da integração funcionais entrem a molécula da
insulina e o estradiol, reforçam a importância do estradiol para o equilíbrio energético das
fibras musculares, uma vez que, tem sido relatado redução na força muscular em mulheres
menopausadas. (SKELTON et al., 1999; PATRONE et al., 2006)
13
OBJETIVOS
Avaliar as alterações morfofisiológicas em ratos Wistar submetidos a
ovariectomia e orquiectomia.
14
MATERIAIS E MÉTODOS
OVARIECTOMIA
As ratas foram separadas em dois grupos; controle e ovariectomizado. O grupo
ovariectomizado, era composto de 8 ratas, as quais foram submetidas aos procedimentos com
a retirada dos ovários. O grupo controle, continha 8 ratas, as quais foram submetidas aos
mesmos procedimentos, porém não houve a retirada dos ovários.
Antes de qualquer procedimento as ratas devem ser pesadas e a partir da coleta e
observação do esfregaço vaginal, se obter a fase do ciclo estral. É importante que os
procedimentos de pesagem e identificação da fase do ciclo estral da rata sejam feitos todos os
dias.
Material e técnica do esfregaço vaginal em ratas:
Material: conta-gotas, solução salina fisiológica, lâmina de vidro, microscópio óptico.
Técnica: prepara-se um conta-gotas, previamente lavado com água destilada e de
calibre adequado para ser usado com esses animais, colocando nele um pequeno volume de
soro fisiológico. Segurar a rata, de uma maneira da qual ela fique de decúbito dorsal, não
possuindo condições de morder ou ferir o membro do grupo que esteja manipulando o animal
no momento. Introduzir a ponta do conta-gotas, contendo uma pequena quantidade de soro
fisiológico, na vaginal da rata, liberando o soro e depois sugando juntamente com o fluido
vaginal. Deve-se colocar o fluido retirado da rata em uma lâmina de vidro, lavada e sem
gordura, e por último observá-la em um microscópio óptico em aumento médio. Partindo
desse ponto deve ser identificada a fase do ciclo estral da rata a partir dos dados apresentados
abaixo. Esse procedimento deve ser feito em todas as ratas.
Material e técnica da ovariectomia
Material: instrumental cirúrgico, placa de cortiça, anestésico (éter ou tiopental),
polivinil-pirrolidona-iodo (povidine).
Técnica: anestesiar a rata com éter ou tiopental (0,1 ml para cada 100g de peso
corporal), monitorando a função respiratória para evitar depressão acentuada. Em seguida
deve ser colocada em uma mesa cirúrgica, em decúbito lateral e realizar a tricotomia na região
dorsal entre o rebordo costal inferior e a coxa, fazendo a assepsia desta região com PVPI. Faz-
se a incisão de aproximadamente três centímetros na pele e tecido celular subcutâneo a cerca
de um centímetro lateralmente à linha mediana. Divulsionar a parede muscular até ter acesso a
15
cavidade abdominal, localizando o ovário em meio a uma massa gordurosa. A retirada do
ovário deve ser realizada após ligadura da extremidade da tuba uterina, seccionando entre a
ligadura e o ovário. Após esse procedimento, recolocar o útero na cavidade abdominal
suturando a parede muscular e, em seguida, a pele. Repetir todo o procedimento
contralateralmente para a retirada do segundo ovário. Encerrada a retirada do segundo ovário,
repetir a assepsia e mantê-la durante todo o experimento. As ratas do grupo controle tiveram
somente seus ovários identificados e expostos cirurgicamente, sendo a seguir reposicionados
para posterior sutura da musculatura e pele previamente excisadas. Essas ratas, portanto,
foram submetidas à falsa-ovariectomia.
ORQUIECTOMIA
Os animais foram anestesiados com tiopental (0,1 ml para cada 100g de peso
corporal). Durante todo o período de anestesia, foram observadas as freqüências cardíaca e
respiratória, além da movimentação voluntária dos ratos, com vista a detectar o nível da
anestesia e possíveis complicações anestésicas.
Com o animal na mesa cirúrgica, em decúbito ventral, com as patas presas na
mesa, localizou-se os testículos na bolsa escrotal. Se os testículos não fossem encontrados na
bolsa escrotal, deveria-se pressionar o abdome do animal com os dedos, trazendo os testículos
para a bolsa escrotal. Faz-se então, uma incisão mediana anterior do escroto, abertura da
túnica vaginal e exteriorização dos testículos. Os funículos espermáticos foram ligados com
fio de seda e seccionados. Os testículos e os epidídimos foram removidos e a bolsa escrotal
foi suturada. Posteriormente, suturam-se, com fio cirúrgico os planos mais profundos e por
fim a pele do escroto.
Todos os ratos dos grupos controle submetidos à gonadectomia fictícia foram
submetidos ao mesmo procedimento cirúrgico feito nos ratos castrados, porém seus testículos
não foram removidos. Esses ratos foram estudados na mesma época pós-operatória dos ratos
gonadectomizados.
Avaliação após sacrifício
Após oito meses do procedimento cirúrgico, os animais foram sacrificados por
decapitação (após 12 h de jejum). O sangue total foi coletado para posteriores análises
bioquímicas. Alguns órgãos foram coletados e pesados.
16
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Testosterona livre
A orquiectomia bilateral reduz abruptamente os níveis de testosterona circulante
(Gráfico 1), sendo por isso uma opção no tratamento do adenocarcinoma avançado de
próstata. Outras indicações de orquiectomia são trauma testicular grave, neoplasia testicular e
epididimal, torção testicular prolongada e orquite séptica grave e refratária a tratamento
conservador.
Gráfico 1 – Testosterona livre, em machos
Peso Corporal
A diminuição acentuada dos níveis séricos de testosterona implica em várias
alterações na composição corporal, como diminuição da massa muscular e aumento da massa
gordurosa, menos densa (Gráfico 2).
Os ratos orquiectomizados obtiveram menor ganho ponderal em relação aos não
orquiectomizados. A orquiectomia bilateral contribui para o menor ganho ponderal em ratos,
independente do tempo de sua realização.A existência de modificações de peso corpóreo
influenciadas pelos níveis de testosterona, ainda é um assunto controverso.
Gráfico 2 - Peso corporal, em machos
17
Espessura do córtex da Adrenal
A histoarquitetura da zona reticular do córtex da glândula supra-renal foi
semelhante em ambos os grupos. Logo, a orquiectomia bilateral não gerou hipertrofia
compensadora da glândula supra-renal na ausência do hormônio testicular masculino (Gráfico
3).
De acordo com a literatura, a redução da testosterona livre pode relacionar-se com
alterações na morfologia da glândula adrenal. No entanto, neste trabalho, as espessuras das
camadas corticais da adrenal não se modificaram após a orquiectomia. Cherry et al, em
animais com hipogonadismo, e Parker et al., em indivíduos falecidos por trauma, também
não encontraram diferença na espessura total do córtex dessa glândula após hipogonadismo,
mas detectaram redução proporcional da zona reticular em relação às demais zonas corticais.
Considerando que a testosterona é produzida nos testículos e nas adrenais, é necessário
esclarecer se a glândula adrenal assume papel compensatório endócrino após orquiectomia.
Quanto à espessura do córtex adrenal, o teste t de Student não encontrou diferença
significativa entre os grupos.
Gráfico 3 – Espessura do córtex adrenal, em machos
Glicemia
O tratamento anti-androgênico pode afetar o metabolismo da glicose, mediado por
alterações da composição corporal, especialmente acúmulo de gordura visceral. Smith et al
encontraram hiperinsulinemia com glicemia normal em homens com câncer de próstata
castrados, à semelhança de pacientes diabéticos com aumento da resistência à insulina. A
glicemia dos ratos, neste trabalho, praticamente não foi alterada após a castração (Gráfico 4).
No entanto, apenas esse dado é insuficiente para estabelecer uma relação definitiva entre o
hipogonadismo masculino e a glicemia. Cabe estudar essa relação por meio de curva
18
glicêmica, hemoglobina glicosada, níveis de insulina sérica ou mesmo utilizar outro modelo
animal como Ajayi et al que encontraram redução da glicemia de ratos diabéticos castrados.
Gráfico 4 – Glicemia, em machos
Vesícula Seminal
Os ratos castrados sem reposição hormonal tiveram suas vesículas seminais
extremamente diminuídas, pois os hormônios androgênicos agem desenvolvendo e mantendo
uma função elevada da vesícula seminal. O peso das vesículas seminais cai imediatamente
após castração.
A quantidade de frutose presente nas vesículas é reduzida para metade no prazo
de 24h da castração e esse açúcar não é detectável após alguns dias.
Após a castração de microscopia eletrônica revela que em vesícula seminal o volume do
epitélio seja reduzido progressivamente e do retículo endoplasmático e aparelho de Golgi
tornam-se menos bem organizados e visíveis.
Dessa forma, a falta de andrógeno (testosterona) nos ratos induz atresia das
vesículas seminais (Gráfico 5).
Gráfico 5 – Vesícula seminal, em machos
Fosfatase alcalina
Tanto no grupo orquiectomizado quanto no ovariectomizado observou-se
diminuição dos níveis séricos de fosfatase alcalina. Na ausência de testosterona e estrogênio
19
ocorre predomínio da atividade reabsortiva osteoclástica e diminuição da mineralização da
matriz óssea necessitando, assim, de menor suprimento celular de fosfato (Gráfico 6 e 7).
Gráfico 6 – Fosfatase alcalina, em fêmeas Gráfico 7 – Fosfatase alcalina, em machos
Fósforo e Cálcio
No grupo ovariectomizado observou-se diminuição dos níveis séricos de cálcio e
fósforo, já no grupo orquiectomizado, ocorreu a diminuição do nível sérico de fósforo, mas a
diminuição do nível sérico de cálcio não foi expressiva (Gráficos 8-11). Essas reduções
indicam possível aumento na excreção destes pelo rim.
Gráfico 8 – Fósforo, em fêmeas Gráfico 9 – Cálcio, em fêmeas
Gráfico 10 – Fósforo, em machos Gráfico 11 – Cálcio, em machos
20
Densidade óssea da vértebra e do fêmur
Tanto no grupo orquiectomizado quanto no ovariectomizado observou-se
diminuição da densidade óssea da vértebra e do fêmur devido ao incremento da atividade
osteoclástica na ausência de testosterona e estrogênio, respectivamente. A diminuição da
densidade é mais evidente na vértebra em comparação ao fêmur devido à maior presença de
osso esponjoso na primeira associado ainda pela maior quantidade de osso compacto no
último (Gráficos 12-15).
Gráfico 12 – Densidade óssea da vértebra, em machos Gráfico 13 – Densidade óssea do fêmur, em machos
Gráfico 14 - Densidade óssea da vértebra, em fêmeas Gráfico 15 – Densidade óssea do fêmur, em fêmeas
Estradiol
Observa-se uma grande variação de estradiol após a ovariectomia das ratas. O
estradiol consiste em um hormônio da família dos estrógenos e a produção de ambos se dá
pelos ovários. Dessa forma, a retirada de tal órgão, mediante a ovariectemia, faz com que a
produção do estradiol seja minimizada. A pequena concentração desse hormônio ainda
presente no plasma deve-se ao córtex adrenal, uma vez que esse produz uma quantidade
mínima do estradiol (Gráfico 16).
21
Gráfico 16 – Estradiol, em fêmeas
Peso corporal
O resultado mostra que o peso corporal das ratas que sofreram ovariectomia teve
certo aumento, contrastando com uma relativa constância no peso corporal da rata controle.
Como o estrógeno não é mais produzido, os receptores alfa para o hormônio não
são mais estimulados, e dessa forma, há uma acúmulo de gordura.
A falta de estimulo ao receptor β-estrogênico, responsável pela inibição da lipase
hepática, altera o metabolismo do colesterol, aumentando ainda mais o acúmulo de gordura
corporal (Gráfico 17).
Gráfico 17 – Peso corporal, em fêmeas
Gordura retroperitoneal
A gordura retroperitonial pose ser o reflexo do aumento do peso, uma vez que a
análise desse acúmulo de gordura é uma forma de verificar a massa de tecido adiposo no
corpo. O procedimento da retirada dessa gordura no peritônio é a forma mais fácil de se
quantificar, proporcionalmente, o ganho de peso corporal (Gráfico 18).
22
Gráfico 18 – Gordura retroperitoneal, em fêmeas
Glicemia
Como o estrógeno possui ação insulinotrópica, já que esse hormônio tem a
capacidade de ativar a enzima glicogênio sintetase, ele gera mudanças expressivas na
sensibilidade das células beta pancreáticas. Assim, o estrógeno influencia na homeostasia
glicêmica indiretamente, modulando a secreção de insulina e a população de receptores dos
tecidos-alvos.
A ação do 17β-estradiol em promove um aumento na sensibilidade à insulina,
translocação de transportadores de glicose GLUT potencializando a captação da hexose,
ativação das vias ligadas à ação insulínica, principalmente com relação à enzima glicogênio
sintetase, convergindo para a formação das reservas de glicogênio. Em vista disso, é possível
inferir que a falta, ou carência do estrógeno no organismo das ratas ovariectomizadas provoca
um aumento da glicemia plasmática, assim como menor reserva de glicogênio muscular
(Gráfico 19).
Gráfico 19 – Glicemia, em fêmeas
Peso do útero
O estrógeno é responsável por estimular o crescimento das células estromais e das
glândulas do endométrio. Dessa forma, com a retirada dos ovários, a sua produção no
23
organismo cessa. Assim, a carência desse hormônio no organismo promoveu uma gradativa
involução do endométrio e, conseqüentemente, redução e do volume e peso do útero em
comparação com as ratas controle (Gráfico 20).
Gráfico 20 – Peso corporal, em fêmeas
Espessura do endométrio
No grupo ovariectomizado observou-se a diminuição da espessura endometrial
(como esperado), já que não ocorrem proliferação e diferenciação das células na ausência de
estrogênio e progesterona (Gráfico 21).
Gráfico 21 – Espessura do endométrio, em fêmeas
24
DISCUSSÃO
Aspecto do útero das ratas ovariectomizadas
Quanto ao aspecto do útero das ratas, vários estudos histomorfológicos
comparativos realizados em ratas Wistar ovariectomizadas (bilateralmente) e não
ovariectomizadas deixam claro que a espessura do endométrio uterino, além dos cornos e do
peso do útero daquelas, em relação a estas, apresentam características atróficas. 27,40
A principal função do estrógeno consiste em determinar o crescimento e
proliferação celular de tecidos e órgãos sexuais, além de outros tecidos relacionados com a
reprodução. Promove o crescimento do útero durante a fase de amadurecimento sexual –
puberdade – com aumentos acentuados do estroma endometrial e das glândulas do endométrio
uterino, além de equilibrar os níveis de gordura no sangue e de exercer o controle do
colesterol - HDL/LDL. Há evidências da atuação deste hormônio na prevenção de danos
musculares. 22
A progesterona, por sua vez, promove alterações secretoras e o espessamento do
endométrio uterino na preparação para a nidação do óvulo devidamente fecundado e prepara
as glândulas mamárias para a amamentação. Ainda, estimula o fluxo sanguíneo uterino para o
recebimento do óvulo, diminui a frequência e a intensidade das contrações desse órgão e tem
influência na prevenção da osteoporose. 22
Com efeito, percebe-se que a manobra cirúrgica da ovariectomia bilateral está
intimamente relacionada à atrofia uterina, observada pelos estudos histomorfológicos, devido
à consequente inibição na produção dos hormônios sexuais – estrógeno e progesterona –
responsáveis pelo estímulo e funcionamento normal deste órgão. 27,40
Fig. 1. Útero de rata normal logo após extração. Fig. 2. Útero de rata ovariectomizada logo após extração.
25
Terapia de reposição hormonal
A Terapia de Reposição Hormonal (TRH), em ratos Wistar, tem surtido efeito
significativo na correção dos efeitos causados pela ovariectomia e orquiectomia em fêmeas e
machos, respectivamente. No entanto, a dosagem administrada, o intervalo de tempo entre
cada aplicação hormonal e a origem dos hormônios – geralmente, sintéticos – usados nestes
experimentos, parece influenciar efetivamente a eficácia deste tipo de terapia. 32
As dosagens dos hormônios (estrógeno e progesterona em fêmeas e testosterona
em machos) administrados nos estudos com TRH – em animais que tiveram suas gônadas
removidas – próximas às secretas fisiologicamente em ratos com gônadas íntegras, têm
produzido resultados mais significativos em relação às hiperdosagens ou hipodosagens. Tem-
se observado também, que a administração dos hormônios com intervalos entre uma dose e
outra, pode maximizar os benefícios e limitar os efeitos colaterais encontrados em TRH,
quando comparada à exposição constante a eles. Não obstante, os hormônios sintéticos, mais
comumente utilizados neste tipo de estudo, têm apresentado certa limitação em relação ao
funcionamento ótimo do organismo de ratos não ovariectomizados ou orquiectomizados. 21
Especula-se que esteja havendo algum grau de incompatibilidade desses
hormônios sintéticos com seus receptores nos organismos dos animais estudados, ou ainda, a
readaptação da homeostase do ciclo hormonal relacionada à sua privação provisória, não tem
sido completa. 21
Os resultados obtidos em pesquisas com ratas ovariectomizadas e ratos
orquiectomizados, ultimamente, têm mostrado uma reversão dos processos de atrofia uterina,
em ratas, e prostática, em ratos. Observa-se, ainda, recuperação das funções glandulares
destes órgãos, mesmo que parciais. 43
Comportamento sexual do macho
Em relação ao desenvolvimento do comportamento sexual dos machos, notou-se
a necessidade da presença de andrógenos . Estes contribuem para motivação, desempenho,
são necessários e suficientes para manter a cópula. O principal andrógeno é a testosterona,
secretada pelas células de Leydig dos testículos e metabolizado nas células-alvo, em 17-beta-
estradiol (por aromatização) ou em dihidrotestosterona (DHT, pela 5α-redutase).Estes
medeiam a função da testosterona no comportamento sexual. 7,20
O comportamento copulador, bem como a cópula prevista, eleva os níveis
plasmáticos de testosterona e LH em ratos do sexo masculino, exibindo um tipo de feedback
neuroendócrino. 3,20,24
26
O aumento nos níveis de testosterona é mais acentuado em machos sexualmente
ativos do quem em machos inativos. No entanto, o significado fisiológico de tamanha
elevação nos níveis de testosterona associada ao contato heterossexual não é totalmente
conhecido. 5,6
Os receptores para o feedback estão localizados no hipotálamo e na hipófise
anterior, mas o mesmo receptor não precisa necessariamente estar envolvido na resposta aos
aumentos e diminuição dos andrógenos.Os efeitos androgênicos sobre o comportamento é
predominantemente no sentido de aumentar a probabilidade de que um macho responda a uma
fêmea em cio dando início a copula, e de diminuir a latência para o início do acasalamento,
bem como a retomada do acoplamento após a pausa ejaculatória.16
O comportamento sexual de ratos machos segue um padrão estereotipado. Mostra
várias montagens e intromissões antes da ejaculação, e todos estes eventos ocorre
recorrentemente em tal maneira que um macho pode alcançar diversos eventos ejaculatório
em um único encontro sexual. O aumento na frequência da ejaculação eleva a concentração
plasmática da testosterona, assim, a função erétil é mantida por uma vasta gama de níveis de
testosterona sistêmica que pode ser tão baixa quanto 10% a 12% das concentrações
plasmáticas normais fisiológicas. Abaixo dessas concentrações, a função erétil é
significativamente e positivamente correlacionada com os níveis de testosterona no plasma de
forma dose-dependente. 12, 17, 20,23
Não está claro por que a função sexual e, em particular função erétil pode ocorrer
com um limite mais baixo de testosterona do que os necessários para a função fisiológica de
outros tecidos-alvos, como o órgãos acessório de reprodução. Uma possibilidade é discutida
por Giuliano et al (1993) em que propõe que o local de ação do andrógeno ação é o gânglio
pélvico regulando a resposta erétil. 12,16,23
Foi demonstrado por Rowena et al que o Vcsa1 (variable coding sequence A1)
modula a função erétil, sendo sua expressão no tecido muscular liso controlada pela
testoterona. Hart mostrou que certos reflexos genitais, incluindo a ereção, são estimuladas por
testosterona em ratos com medula seccionada.6
A partir dos estudos do comportamento copulatório é bem sabido que a ocorrência
de ejaculação em ratos machos desaparece gradualmente após a castração, um efeito
facilmente revertido, ou impedimento, pelo tratamento com de testosterona. No entanto, o
desaparecimento taxa de ejaculações após a castração, segue de perto o de intromissões em
que a ejaculação não será alcançada pela falta de estímulos adequados. Durante este período
uma série de mudanças ocorre no comportamento do animal incluindo diminuição da
27
freqüência de intromissão e latência da ejaculação. A testoterona no plasma é indetectável
dentro de 24 horas após a castração. As glândulas sexuais acessórias mostram mudanças
regressivas e são marcadamente atrófica dentro de dias, no entanto, o comportamento sexual
diminui gradualmente, podendo ser mantido por um determinado tempo ainda. 12,16,20
A privação de testosterona tem um impacto negativo forte sobre o tecido peniano
causando um conjunto diversificado de alterações na bioquímica, estrutural e
nível fisiológico. Algumas das mudanças bioquímicas que se acredita terem um grande
impacto na fisiologia da ereção são uma redução da enzima óxido nítrico sintase,
fosfodiesterase, e aumento da apoptose, afetando o músculo liso. Ocorre também diminuição
da expressão Vcsa-1, interferindo na função na erétil. 6,12
O fato de ocorrer produção de androgênios pela glândula adrenal não compensa a
perda de androgênios testiculares, como demonstrado em ratos orquiectomizados que não
mudaram padrão de comportamento mesmo após a adrenalectomia.7,16
Concluímos que com a remoção de ambos os testículos, desaparecem as funções
reprodutivas do macho, pela ausência do gameta, como também somem os efeitos sexuais e
metabólicos produzidos pelos hormônios andrógenos, sendo o principal a testoterona. Isso
ocorre porque a gônada masculina é responsável pela secreção de hormônios androgênico e
produção de espermatozóides.
Concentrações plasmáticas das gonadotrofinas
Em machos a função reprodutora dos túbulos seminíferos e função endócrina das
células de Leydig são controladas pela hipófise anterior, através das gonadrotofinas FSH para
o epitélio germinativo e LH para as células as células de Leydig. A função gonadotrófica da
adeno-hipófise é controlada pelo hipotálamo, através do GnRH (hormônio liberador de
gonadotrofina). Este estimula a liberação do FSH e LH da hipófise que age sobre as estruturas
testiculares. 12,17
Os androgênios por sua vez ligam-se aos receptores androgênicos
hipotalâmicos, deprimindo do desta maneira a liberação de GnRH. Deste modo, ao aumentar
a taxa sanguínea de andrógenos por maior secreção testicular, ou por administração exógena,
produz-se uma redução na secreção de GnRH e de gonadotrofinas por feedback negativo. Por
outro lado, havendo redução da concentração sanguínea de andrógenos como ocorre na
castração, apresenta-se aumento da secreção do GnRH, com conseqüente aumento de FSH e
LH por falta de inibição ao nível hipotalâmico. 12,17
28
Em fêmeas, o LH age nas células tecais e nas células intersticiais, promovendo
sua diferenciação e a secreção de hormônios esteroidais; atua também nas células granulosas
dos folículos mais desenvolvidos, e no corpo lúteo, promovendo a ovulação e luteinização de
células que foram previamente expostas as FSH, aumentando o tamanho destas células. 12,17
O FSH estimula o desenvolvimento do folículo, com conseqüente produção de
estradiol. A ação de dos estrogênios, desencadeando a resposta de feedback negativo, parece
dar-se ao nível do hipotálamo como da hipófise. Por outro lado, a ação de feedback positivo
(anterior a ovulação) parece ocorrer preferencialmente na hipófise. Assim como em machos
castrados, fêmeas que sofreram ovariectomia também apresentarão altos níveis de FSH e LH
por falta de inibição ao nível hipotalâmico. 12, 13,17
Esse aumento significativo das gonadotrofinas foi observado por Goldman et al
em ratos recém-nascidos em um dia após a castração, indicando uma resposta sensível e
presente desde o nascimento. Foi encontrada também uma diferença entre os sexos no que diz
respeito ao tempo necessário para o aumento das gonadotrofinas após a
castração/ovarariectomia. Notou-se um tempo de resposta muito maior em ratas adultas que
machos para o LH. 3,7,13
Além disso, este atraso na resposta do LH parece aumentar com a idade.
Swerdloff et al. relataram um aumento significativo no de FSH e LH no plasma 8 h após a
ovariectomia de ratos aos 21 dias de idade. Eldrige et al encontrou uma resposta significativa
somente após24-48 h. 3,7,13
Sugere-se que este aumento deva-se a um sistema de feedback mais sensível
em animais mais jovens, quando pequenas concentrações de hormônios sexuais podem inibir
poderosamente o sistema hipotálamo–hipófise. A sensibilidade supressora diminui na vida
adulta, aumentando a secreção de GnRH e gonadotrofinas, um regime operante através de
feedback positivo, produzindo-se maior estimulação gonadal e sexual. 7,13
Tapper et al. encontraram diferentes respostas à ovariectomia, dependendo da
fase do ciclo quando a cirurgia foi realizada. Fases do ciclo com níveis mais altos de
estrogênio mostraram aumento muito lento LH após a ovariectomia, períodos com baixa
concentração de estrógeno baixo, mostrou uma comparativamente uma resposta rápida, com
aumento de LH.13
29
CONCLUSÕES
Após a discussão e análise dos resultados, pode-se concluir que tanto machos
orquiectomizados, quanto fêmeas ovariectomizadas tiveram alterações morfofisiológicas, no
entanto, para certos parâmetros foram mais expressivos para uns do que para outros. Além
disso, foi possível elucidar o papel dos hormônios esteróides (testosterona, estrogênio e
progesterona) na regulação da homeostasia do organismo e no desenvolvimento e manutenção
dos aparelhos reprodutivos, imprescindíveis na perpetuação da espécie.
30
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