NEOCLASSICISMO, ROMANTISMO E REALISMO.
1- NEOCLASSISMO
Rua de Paris, urbanização no século XVIII
O neoclassicismo surge no século XVIII, na Itália, em oposição ao rococó e ao movimento barroco. O
principal objetivo dos pintores neoclássicos era resgatar os valores da arte clássica, produzindo obras com temáticas
nobres e moralizantes. O neoclassicismo é contemporâneo ao iluminismo francês.
O mundo estava mudando rápido naqueles dias. Estamos em meados de 1750. O iluminismo está na moda.
Este movimento intelectual critica o absolutismo político, o que significa que nos próximos anos, muitas cabeças
nobres irão rolar. Reis serão guilhotinados, e revoluções liberais eclodirão por toda a Europa, trazendo monarquias
constitucionais e repúblicas para a nova dança do poder.
O neoclassicismo é um movimento cultural revivalista. Os pintores da época buscam suas referências na arte
clássica, perpetuando a tradição dos grandes mestres. O retorno aos clássicos é um movimento recorrente no ocidente.
Seus dogmas e diretrizes nunca são totalmente esquecidos, mas possuem períodos de maior destaque e influência.
Até então, o movimento cultural predominante na Europa era o barroco, associado a Igreja Católica. Com a
difusão dos preceitos iluministas e o apelo à racionalidade, a arte necessitava de uma renovação. Na Grécia e Roma
antigas, julgou-se encontrar uma arte nobre, moderada e equilibrada. Ideal, portanto, para a propagação de valores
importantes para a doutrina iluminista, como a honra, o dever, o patriotismo e o sacrifício.
As principais referências eram encontradas na
escultura antiga e nas pinturas do Renascimento Italiano –
movimento cultural igualmente revivalista. Nesta época,
também descobriu-se as cidades mortas de Herculano e
Pompeia, que coloriram a imaginação dos artistas
neoclássicos. Herculano e Pompeia foram soterradas pelas
cinzas do vulcão Vesúvio, no ano de 79 d.C., e descobertas
em 1749, graças aos avanços da arqueologia.
Impressionantemente preservadas, tiveram sua arquitetura,
seus afrescos e esculturas utilizadas como referências
pelos neoclassicistas.
A influência e intervencionismo da Igreja são cada vez mais contestados. E se antes o conhecimento humano
ficava enclausurado em bibliotecas de mosteiros e abadias, agora ele é catalogado e vendido em enciclopédias,
disponíveis para quem puder pagar. O século XVIII é o século das luzes. A razão e a ciência são as vedetes da vez.
Cai a nobreza e o clero, sobe a burguesia, os maiores interessados em todas estas mudanças. Nos séculos
anteriores, homens com dinheiro, mas sem origem nobre, estiveram sempre à sombra dos acontecimentos, em lugares
secundários. Agora, o céu é o limite. E para obter status social, vale tudo: desde obter instrução e cargos públicos, até
pendurar obras de arte na sala para impressionar os vizinhos.
Máquinas cada vez mais sofisticadas permitem a produção de itens de consumo em série – tem início a
Revolução Industrial. Os homens caminham em marcha para as cidades, que assumem um papel de destaque nesta
nova ordem econômica. Muitos sonham com um retorno ao campo, mas a mudança já foi operada: centros urbanos
serão para sempre associados ao progresso e a modernidade.
Nas artes, a ruptura com o passado deve ser substancial. O barroco é abandonado com ares de desprezo – é
associado à Contrarreforma, um movimento da Igreja Católica para atrair fiéis. Mas o que pode assumir o seu lugar?
Confuso, o homem da época é incapaz de assimilar todas as mudanças que estão ocorrendo a sua volta. O jeito é olhar
para o passado e procurar uma referência. Grécia e Roma antigas parecem boas opções. Na Antiguidade, idealiza-se
um período de grandeza serena, de glórias e conquistas, em diversos campos do conhecimento humano. Este retorno
ao passado é conhecido como revivalismo.
Características:
Sofre influências do iluminismo, da Revolução Industrial e da ascensão burguesa;
O revivalismo como uma das principais características do neoclassicismo;
Resgatar os valores da arte clássica, produzindo obras com temáticas nobres e moralizantes. O neoclassicismo
é contemporâneo ao iluminismo francês.
Buscam inspiração na história grega e romana, na mitologia e na Bíblia, adaptando estas temáticas aos ideiais
iluministas. Assim, apesar da temática antiga, as pinturas são comentários políticos sobre a França do seu
tempo;
Mesmo ao retratar eventos mais recentes, o estilo é grandiloquente, revestido de nobreza e dignidade, através da obediência aos padrões estilísticos dos grandes mestres;
Temáticas nobres, com motivos atemporais e significações universais. Muitas pinturas possuíam um claro
propósito moralizante e panfletário. Virtudes como a coragem, a dedicação, o sacrifício e o patriotismo são
exaltadas;
A pintura histórica é considerada a mais nobre forma de arte. Antes da realizar uma pintura histórica,
pesquisas são realizadas, para conferir a obra uma impressão de autenticidade fatual. Muitas vezes, utiliza-se a
iconografia cristã com o propósito de dotar um tema de nobreza e significação moral;
As Técnicas do Neoclassicismo
A técnica neoclassicista era ensinada nas tradicionais Academias de Arte. Para os pintores da época, os antigos captaram de maneira notável a simplicidade e elegância da natureza, por isso, eram a referência máxima. Na pintura neoclássica, os contornos são nitidamente definidos – privilegia-se o desenho, ao invés da cor. As pinceladas não devem ser visíveis. Nas figuras humanas, as referências são as estátuas gregas e romanas, a anatomia é representada com precisão e a pele é pintada de forma naturalista. A Morte de Marat, 1793, David
Nos cenários, busca-se uma economia de elementos, atendo-se ao essencial para a representação do espaço. Linhas retas ocupam o lugar das delicadas curvas e espirais do movimento barroco, e as texturas são representadas realisticamente. As cores são fortes e sóbrias, substituindo os tons pasteis do barroco.
O Juramento dos Horácios, 1784, David
A iluminação, muitas vezes, é pontual, conferindo às pinturas um ar de encenação teatral, o que salienta o caráter simbólico do tema. Apesar do uso dramático de luz e sombra, evita-se áreas muito escuras, que impediriam a correta apreciação do desenho.
Cleombrotus ordenada em banimento por Leonidas II, rei de Esparta, 1768, Benjamin Oeste
Nos retratos, as pessoas são representadas como figuras clássicas. O
pintor sente-se à vontade para adaptar e corrigir certas características
dos modelos que não considere apropriadas, criando uma arte ideal.
Há um modelo de beleza pré-definido.
Retrato/Portrait of Louisa Leveson Gower as Spes, 1767, Angelica
Kauffman
Salão de Paris, características do Salon de Paris - Principal exposição do período neoclássico
Salão de Paris
O Salão de Paris foi fundado em 1667 na capital francesa, e reunia o trabalho de artistas
contemporâneos. Durante muitos séculos, foi à exposição oficial de arte da França. Regulamentada por órgãos
do Estado, estava ligado a “Real Academia Francesa de Pintura e Escultura”, cujos docentes integravam a
comissão de jurados e conferiam prêmios aos artistas segundo critérios próprios.
A exposição foi chamada de “salão” pelo fato de ter sido organizada no Salon d’Apollon, no Louvre.
Ocorreu anualmente de 1667 a 1736, depois bienalmente até o ano de 1789, para voltar a ser organizado todos
os anos. Contou com subvenção estatal até 1881, quando passou a ser organizado pela “Sociedade dos Artistas
Franceses”.
O sistema de seleção por júri, característico em exposições de arte até hoje, foi introduzido no Salão
em 1748. O júri, composto de acadêmicos de arte e pintores consagrados em outros salões, possuía dois
momentos de avaliação das obras: primeiro, selecionava os quadros que fariam parte da mostra, e depois
conferia prêmios aos destaques do evento. Participar do Salão, além de propiciar prestígio ao artista, era uma
oportunidade de vender suas obras – especialmente para o Estado – e conseguir patrocínios.
Tradicionalmente, manteve-se pouco aberto a novas técnicas e linguagens. No século XIX, foi
gradativamente perdendo o seu destaque, principalmente com o surgimento das vanguardas artísticas. Outros
salões passaram a ser organizados, como a Mostra Impressionista (1776) – primeira exposição baseada em
uma estética, e não em um júri -, e o Salão dos Independentes (1884).
ROMANTISMO
O romantismo é um movimento artístico
surgido na Europa, nas últimas décadas do século
XVIII. O romantismo surge em reação ao racionalismo
do movimento neoclássico. Os pintores do romantismo
buscam inspirar com a sua obra emoções fortes,
baseadas em visões subjetivas de mundo.
O século XVIII é conhecido como o
século das revoluções. A queda da monarquia francesa
é o marco definitivo que limita o fim da Idade Moderna
e o início da Idade Contemporânea. Inflados por ideais
liberais, a plebe guilhotina seus reis, e exige mudanças
em todos os setores da sociedade.
A Liberdade Guiando o Povo, Delacroix
Mas a paz e a tranquilidade ainda demorariam a vingar em solo europeu. Com o século XIX, vem
Napoleão e suas guerras infindáveis. Quando Rússia, Prússia e Áustria derrotam Napoleão Bonaparte e se
unem na chamada Santa Aliança, tomam uma série de medidas cujo intuito é manter o absolutismo como
forma de governo. Trazem novamente ao trono francês a família Bourbon, na figura de Luís XVIII. E
resguardam-se o direito de intervir em qualquer território onde a monarquia esteja ameaçada.
Mas na década de 1820 revoluções explodem por todo o continente europeu: a Bélgica liberta-se da
Holanda, a Grécia liberta-se da dominação Turca, há uma tentativa fracassada de unificar a Alemanha e a
Itália. Revoltas populares também ocorrem em Portugal e Espanha. Não há volta: ideologias de liberalismo e
nacionalismo sopram em todas as direções.
Em 1830, o povo francês, unido a sociedades secretas republicanas e a burguesia, realiza uma série de
levantes contra o rei Carlos X – que havia assumido após a morte de Luís XVIII ( O terror Branco) e tomado
uma série de medidas impopulares, como suprimir a liberdade de imprensa e dissolver a Câmara dos
Deputados. O rei abdica, e parte para o exílio na Inglaterra. Sucede-lhe o filho, que abdica depois de 20
minutos, e o sobrinho, que abdica após 7 dias. Assume Luís I, da casa de Orléans, um ramo menor da Casa
Bourbon. É o último rei da França, tendo abdicado em 1848.
Revolução de 1830, na França
Após a revolução de 1830 na França, uma nova onda de revoltas alastrou-se pela Europa. Além das
guerras e revoltas armadas, o homem contemporâneo ainda precisava lidar com uma crise econômica de
proporção mundial, com um proletariado urbano faminto e desenganado.
São nestes anos turbulentos que floresce o romantismo. Coexiste na mesma época do neoclassicismo,
mas possui uma forma diferente de ver o mundo.
O conceito da Teoria do Sublime e seu uso nas pinturas do romantismo
Conceitualmente, o romantismo utilizou-se da chamada “teoria do sublime”, desenvolvida pelo inglês
Edmund Burke – e logo difundida pelo iluminista Denis Diderot, na França. Burke escreveu, em 1757, o tratado “Uma
Investigação Filosófica Sobre a Origem de Nossas Ideias do Sublime e do Belo”.
A natureza nas pinturas do romantismo não é serena e apaziguadora, mas devastadora e misteriosa. Os
traços não são claros e precisos, mas confusos e incertos, apostando na imaginação para preencher as lacunas. O
homem não é perfeito, mas pequeno e solitário, capaz tanto de realizar o bem quanto praticar o mal.
Os românticos buscavam imprimir em suas obras o sublime. Sublime é tudo o que exalta a alma,
espanta os sentidos, tudo o que é grandioso. Tal deleite sensorial pode ser obtido com a beleza extrema e com as luzes,
mas também com a feiura e as trevas. O horror também pode ser extraordinário. Para Burke, inclusive, o terror é
causador da mais forte emoção que a mente é capaz de sentir. Ao se notar que este terror é fictício, experimenta-se o
deleite. O romantismo é um movimento heterogênico, de grande
pluralidade artística. Baseia-se mais em ideias do que em
características formais. Assim, enquanto alguns pintores
criam desenhos precisos e elaborados, outros utilizam
pinceladas mais impulsivas e vigorosas, visíveis no quadro.
As formas podem ser obtidas com massas de cor.
O Exército de Aníbal Atravessando os Alpes, Turner, 1812
A composição tendia a ser movimentada e dinâmica, desenvolvendo-se em grandes linhas diagonais.
Comum a todos os artistas românticos, a valorização da
cor como tradução eficaz de sentimentos,
principalmente emoções fortes. Utiliza-se o claro-
escuro em relações contrastadas, para maiores efeitos
de dramaticidade. Os Fuzilamentos de Três de Maio, Goya
REALISMO
Revolução de 1848
O conjunto de revoluções que acontecem em toda a Europa no ano de 1848 é conhecido como
Primavera dos Povos. Ocorrem em função de regimes governamentais autocráticos, crises econômicas e falta
de representação política das classes médias. Iniciada por burgueses e nobres que desejavam um governo
constitucional, tem a adesão de trabalhadores e camponeses que se rebelam contra os excessos do capitalismo.
O capitalismo, aliás, está em crise. Os anos de 1845 e 1846 são de péssimas colheitas, o que elevou
drasticamente os custos de vida e levou à miséria famílias inteiras de camponeses. Com menos pessoas
comprando produtos manufaturados, a crise atingiu a indústria. Assim, a massa popular estava suscetível aos
apelos revolucionários difundidos pelos socialistas.
As Revoluções de 1848 se iniciam na França, com a queda do último rei francês, Luís I, e a
instauração da república. Neste mesmo ano, Napoleão III, sobrinho do antigo imperador, é o primeiro
presidente eleito por sufrágio universal. Seu mandato seria de quatro anos, mas Napoleão articula um golpe de
estado e nomeia-se imperador da França, assim como Napoleão Bonaparte havia feito anos antes.
As revoluções expandiram-se pela Europa, em países como Áustria, Alemanha e Hungria. Seus efeitos
foram sentidos inclusive no Brasil, com os rebeldes republicanos da Revolução Praieira. Foi um despertar do
nacionalismo dos povos.
Embora ansiassem pelo mesmo ideal – a eleição de representantes políticos pelo voto -, as revoluções
de 1848 separaram definitivamente a burguesia e o proletariado. Enquanto os primeiros desejavam a
manutenção da propriedade e planos de desenvolvimento econômico, as classes menos favorecidas queriam
reformas sociais e o fim da desigualdade. Os interesses burgueses prevaleceram.
Os artistas tomaram as dores do povo. Inicia-se o movimento cultural do realismo.
Características do Realismo, Artistas do Realismo, obras do Realismo
O realismo é um movimento artístico surgido na segunda metade do XIX, na França. Os artistas
interessavam-se pela realidade de sua época, e não raro as pinturas traziam reflexões sociais e
políticas.
Os Quebradores de Pedras, Gustave Courbet
Um dos marcos iniciais do movimento é a exposição da obra “Enterro em Ornans”, de Gustave Courbet, pintada em 1849.
Enterro em Ornans Autor: Gustave Courbet
Ano: 1849
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 315cm x 668cm
Movimento Artístico: Realismo
Museu: Museu d’Orsay, Paris, França
A técnica no movimento artístico do realismo
O realismo a que se propõe o movimento não é a exatidão fotográfica,
mas a exaltação da verdade, acentuando-se nos temas elementos que
melhor o representem e eliminando o que for acessório.
The Fifer, Manet, 1866
Os artistas do realismo buscam um equilíbrio
entre a linha (associada a intelectualidade) e a
cor (emotividade). Privilegia-se os tons fechados
e menos vibrantes. O traço é expressivo e
denuncia a personalidade de seu criador. The Forest of Fontainebleau, Corot, 1830-1832
Ao deixar um vestígio visível da atividade física
de fazer o quadro, bem como ao ignorar certas
convenções pictóricas (perspectiva,
proporção…), o artista chama a atenção para o
caráter ilusório da pintura. A obra deixa de
representar a realidade para se tornar uma
realidade e m si.
The Village Maidens, Courbet, 1851-1852
Características e diferenças entre a pintura do romantismo e do realismo
Odalisca Reclinada, de Delacroix (1827) e Olympia, de Manet (1863)
O romantismo surge nas últimas décadas do século XVIII. O realismo, por sua vez, surge na segunda metade
do século XIX, na França, influenciado pelas teorias científicas e filosóficas de sua época.
Abaixo, algumas diferenças fundamentais entre os movimentos do romantismo e realismo:
Imaginação x realidade: os pintores do romantismo elegem a imaginação como a faculdade artística
criadora por excelência. Já os realistas acreditam que a beleza está na realidade ao redor, e que cabe
ao artista descobri-la e acentuá-la. Pintores realistas sustentam que temas abstratos e imaginados não
pertencem ao domínio da pintura;
Escapismo x engajamento: costumeiramente, os artistas românticos buscam evadir-se no tempo e no
espaço, através de pinturas históricas, mitológicas, narrativas ou exóticas. Já os realistas exaltam o seu
próprio tempo e o heroísmo da vida cotidiana e moderna. Podem, inclusive, enriquecer suas obras de
intenções políticas e sociais;
Emoção x objetividade: pintores do romantismo elegem a cor como modo especial de expressão. Suas
pinceladas são impetuosas, rápidas e impulsivas. Os artistas do realismo buscam um equilíbrio entre a
linha (associada a intelectualidade) e a cor (emotividade). As cores são menos vibrantes do que na
escola romântica;
Ilusionismo x verdade: os pintores realistas chamam a atenção para os processos reais da pintura –
traço, pincelada, cor, composição. Este vestígio físico da atividade de se fazer o quadro, bem como a
quebra de regras acadêmicas como a perspectiva e a profundidade de campo, denunciam o aspecto
ilusório da pintura.
PINTORES NEOCLÁSSICOS A Coroação de Napoleão, de Jacques-Louis David
Ficha Técnica - A Coroação de Napoleão: Autor: Jacques-Louis David Onde ver: Museu do Louvre, Paris, França Ano: 1805 a 1807 Técnica: Óleo sobre tela Tamanho: 979 cm x 629 cm Movimento: Neoclassicismo
A obra, pintada entre os anos de 1805 e 1808, encontra-se exposta no Museu do Louvre, em Paris, na França.
O principal foco de atenção do quadro é seu tamanho.
Reza a lenda que Napoleão supervisionou o trabalho de David e visitava regularmente seu ateliê para verificar
o progresso do pintor com o quadro. Uma cópia da composição foi feita pelo próprio pintor oficial da corte francesa e
encontra-se no palácio de Versalhes.
A Morte de Marat, de Jacques-Louis David
A vítima foi um dos principais membros da Convenção Nacional - órgão que governou a França na época do
Terror, Revolução Francesa. Sua orientação política extremista fez com que reunisse muito inimigos, em especial após
a queda dos girondinos.
Em 13 de julho, uma jovem chamada Charlotte Corday, uma adversária política de Marat, obteve uma
audiência com ele em sua sala de banho. Algo comum, já que ele sofria de uma doença de pelo que o forçava a tomar
banhos frequentemente. Por isso, o revolucionário usava seu banheiro como escritório.
Durante a reunião, Corday esfaqueou Marat até a morte. Em seu julgamento, ela declarou: "Eu matei um
homem para salvar cem mil vidas". Três dias após, ela foi mandada para a guilhotina.
Jacques-Louis David foi convidado pela Convenção a pintar um memorial a Marat. Ele era uma boa escolha,
porque compartilhava dos mesmos ideais revolucionários e tinha um estilo neoclássico rigoroso, adequado à situação.
Depois da Revolução, o quadro se tornou constrangedor para o novo regimo e em 1795 foi devolvido a David.
Sua reputação só foi ser restaurada com o poeta e crítico de arte Charles Baudelaire que, sobre ela, comentou: "Esta
obra contém algo ao mesmo pungente e terno; uma alma alça voo no ar frio do aposento, entre estas paredes frias, em
volta desta fria banheira funerária".
Detalhes de A Morte de Marat se destacam:
1. Face de Marat
Durante a Revolução, Marat foi um dos homens mais poderosos da França. Ele
foi um jornalista radical, editor da publicação L'Ami du Peuple (O Amigo do
Povo). David alterou a aparência do amigo para ajustá-la à de um herói
martirizado. Removeu suas marcas de pele e o rejuvenesceu, embora Marat
realmente usasse esta espécie de turbante molhado de azeite devido a sua
doença.
2. Faca do crime A faca de Charlotte está no chão, como se ela estivesse fugido
e deixado-a no chão. Segundo alguns relatos, porém, a faca ficou alojada no
peito de Marat. Mas David excluiu todo elemento que prejudicasse a imagem
de mártir do revolucionário. Ele também "limpou" a imagem, deixando-a com
pouco sangue e mudando o fundo ornamentado do banheiro.
3. Mobília Para enfatizar que Marat
era um "homem do povo", David
pintou este caixote velho como uma
escrivaninha improvisada. Foi nesta
superfície em que o artista assinou
sua dedicatória "Ao Marat, David".
4. Carta na mão A carta na mão de
Marat é uma apresentação de
Charlotte: "Basta minha grande
infelicidade para dar-me o direito à
sua bondade". David distorce a
verdade para destacar a natureza
generosa do assassinado e demonizar
a assassina. Na verdade, Charlotte
conseguiu entrar porque afirmou ter
informações sobre os reacionários,
inimigos monarquistas.
A Banhista de Valpinçon, de Jean-Auguste Dominique Ingres
Ficha Técnica - A Banhista de Valpinçon:
Autor: Jean-Auguste Dominique Ingres
Onde ver: Louvre, Paris, França
Ano: 1808
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 146cm x 97cm
Movimento: Neoclassicismo
A obra, originalmente chamada de A Mulher Sentada, acabou por receber o nome do colecionador a quem
pertencia quando foi comprada pelo Louvre, em 1879. A obra foi pintada em Roma, onde Ingres esteve de 1806 a
1810. A imagem transmite uma sensação de contemplação distraída e encanto sensual.
Existe na obra uma preocupação maior com os contornos fluidos do corpo da mulher do que com a sugestão
de estrutura óssea da mesma. Isso é especialmente evidente na perna direita, desenhada com graça. No entanto, se
observada de perto é possível perceber que essa parece ter sido enxertada nos panos acima dela, ao invés de conectar-
se de modo convincente ao corpo.
Detalhes de A Banhista de Valpinçon se destacam:
1. Turbante e rosto:
Apenas uma parte do rosto da banhista é visível, o que
destaca ainda mais o seu turbante listrado. Alguns outros
nus de Ingres seguem essa tradição orientalista.
2. Costas:
A vasta área das costas da banhista cria um conjunto de
formas abstratas, mas ao mesmo tempo transmite a
suavidade da carne viva.
3. Ombro:
O contorno liso do ombro esquerdo sintetiza a filosofia
idealista do artista sobre a representação do corpo feminino.
Todas as angulosidades e irregularidades reais que indicam
ossos e tendões sob a pele foram substituídos pela perfeição.
4. Pé e sandália:
Ingres concebeu as formas da banhista de modo amplo, em
especial quando comparadas às delicadas rendas da sandália.
Isso passa a impressão de que a mulher não tem ossos nem
tornozelos.
A Grande Odalisca
Ficha Técnica - A G A Grande Odalisca: Autor: Jean-Auguste Dominique Ingres Onde ver: Museu do Louvre, Paris, França Ano: 1814 Técnica: Óleo sobre tela Tamanho: 91cm x 162cm Movimento: Neoclassicismo
Originalmente, a obra deveria formar par com outro nu pintado por Jean-Auguste Dominique Ingres, porém o
regime de Bonaparte desmoronou, obrigando Carolina a fugir. Desta maneira, o segundo nu, uma pessoa dormindo,
foi destruído.
Ingres era fiel ao estilo neoclássico, com uma obra de atmosfera serena, e mais atenção aos contornos do que à
cor em sua pintura. A Grande Odalisca foi pintada em Roma, durante um período em que o artista desfrutava de uma
reputação muito melhor na Itália do que na França.
Na obra a modelo é retratada como uma mulher de um harém, adotando, assim, o gosto temático pelo
orientalismo, popular entre os artistas românticos. Mesmo com essa afinidade, o pintor permaneceu contrário aos
ideais românticos até sua morte.
Detalhes de A Grande Odalisca se destacam:
1. Olhar de soberba: Apesar de sua nudez, a odalisca é representada de maneira a
parecer distante e inacessível. Ela esconde o seu corpo do espectador e oferece a ele
um olhar arrogante, sem sinais de simpatia. O efeito ainda é reforçado pelo fundo e
pelos tons frios e prateados dos tecidos e acessórios.
2. Pose estranha: A obra e repleta de contradições. A imagem parece exemplificar,
ao mesmo tempo, a indolência mimada e a sensualidade natural da mulher. No entanto, ao ser melhor analisada, é
possível perceber que sua pose é rígida e estranha.
3. Incensário: Talvez o artista estivesse interessado em exagerar nas curvas de sua modelo para reforçar o apelo visual,
mas também investiu na ilusão simples para aguçar outros sentidos do espectador. Isso fica evidente com os rastros
finos de fumaça que saem do incensário, retratados com precisão. Isso evoca uma atmosfera perfumada e inebriante,
enquanto as texturas dos tecidos exibem uma aparência palpável.
4. Curvatura das costas: A posição em que a modelo está, com suas costas estranhamente curvadas, passa a impressão
de que a moça possui três vértebras a mais. Ingres sabia bem disso, mas não sentiu remorsos ao distorcer sua imagem
para criar um contorno mais agradável e sensual.
PINTORES ROMÂNTICOS Liberdade Guiando Povo / Eugène Delacroix
A obra “A Liberdade Guiando o Povo” foi pintada por Eugène Delacroix em 1830, em
homenagem ao levante popular ocorrido neste mesmo ano. Delacroix é um dos pintores mais
característicos do romantismo francês.
Destaques da obra “A Liberdade Guiando o
Povo”:
1- A liberdade: representada como uma deusa
clássica, sinônimo de virtude e eternidade. No
entanto, seus traços robustos são comuns ao povo
francês. Empunha uma arma moderna – um
mosquete.
2- Os cadáveres: os mortos são membros da guarda de elite do rei. O realismo dos cadáveres é
inspirado em obras de Antoine-Jean Gros, pintor que Delacroix admirava.
3- O homem sem calças: outro fator que torna a obra complexa e ambígua é a presença deste cadáver
desnudado, um homem desprovido de sua dignidade. Suas roupas foram furtadas, e
provavelmente pelos revoltosos. Outros personagens do quadro apresentam-se com objetos
roubados dos cadáveres. Assim, mesmo entre aqueles que lutam pela liberdade, há atitudes
censuráveis. Delacroix não se esforça para “higienizar” o conflito ou torna-lo mais nobre. A
guerra, em si, parece-lhe indigna.
4-
5- As bandeiras: duas bandeiras são retratadas
no quadro, uma empunhada pela liberdade, e
outra sobre a Catedral de Notre Dame. A
bandeira tricolor foi utilizada na Revolução
Francesa de 1789 e nas guerras de Napoleão.
Após a derrota deste em Waterloo, a bandeira
não foi mais utilizada. O regresso deste
símbolo é carregado de emoção, como se o
povo reconquistasse o seu orgulho.
6- O campo de batalha: o centro da revolução de 1830 foi a Ponte d ‘Arcole, e provavelmente este é
o cenário da pintura. Porém, nenhum posto de observação permite esta vista de Notre Dame.
Como outros pintores românticos, Delacroix abdica de uma fidelidade literal aos fatos em prol de
um maior efeito dramático. Converte acontecimentos contemporâneos em imagens míticas.
7- A composição: é uma composição
clássica, piramidal, em que a liberdade
ocupa o vértice da pirâmide. O mosquete
com baioneta que a liberdade empunha
cria uma linha paralela com a arma
segurada pela criança. No restante do
quadro, várias linhas diagonais trazem
dinamismo à composição.
8- As cores: as cores vivas da bandeira auxiliam o destaque para a mulher que simboliza a liberdade.
Nota-se que o vermelho da bandeira está sobre o céu azul, o que o salienta ainda mais. As cores se
repetem nas roupas do trabalhador aos pés da liberdade. As vestes da liberdade são pintadas em
um tom mais claro do que aqueles encontrados no restante da pintura, facilitando o sentido de
leitura.
9- A luz: Delacroix dominava a técnica do
chiaroscuro/ claro-escuro. Estes fortes
contrastes de luz e sombra conferem
maior dramaticidade à cena. Na
paisagem, a luz do entardecer se mistura
a fumaça dos canhões, dissolvendo-se em
um brilho marcante.
10- A pincelada: as pinceladas de Delacroix
são visíveis na tela, o que contraria as
regras acadêmicas que determinam que a
pincelada deve ser “invisível”.
John Constable Obra: A Carroça de Feno A Carroça de Feno, do pintor inglês é a obra homenageada hoje pelo projeto Um Pouco de Arte para sua Vida. O quadro parece cheio de atmosfera e evoca a impressão de um dia de verão no campo inglês. A
p
Ficha Técnica - A Carroça de Feno:
Autor: John Constable
Onde ver: National Gallery, Londres, Reino Unido
Ano: 1821
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 130,2cm x 185,4cm
Movimento: Romantismo
Paisagem com duas figuras atravessando um rio raso numa carroça parece incontroversa, as quando a obra foi
exposta pela primeira vez, em Londres, no ano de 1821, representou uma ruptura radical com as convenções temáticas
e técnicas. Por esse motivo a pintura acabou não sendo levada a sério.
Para o artista, o mundo natural era inspirador e afetava profundamente a sua produção. Constable buscava
expressar sua reação pessoal à natureza por meio de seus quadros inovadores, que
representavam a paisagem cotidiana inglesa em escala grandiosa.
Em A Carroça de Feno o pintor buscava transmitir o movimento, a
vitalidade e a luz refletida que via no trecho de rio. O céu possui uma
profundidade realista e os aspectos cambiantes se refletem na superficie dos
campos e do rio. As nuvens ondulantes dão ritmo e movimento à cena.
Detalhes de A Carroça de Feno se destacam:
1. A carroça de feno: O foco da pintura de Constable é uma tradicional carroça de
madeira usada para carregar feno que parece ter servido por muitas temporadas.
Os dois trabalhadores rurais sentados na carroça acrescentam interesse humano à
cena e sugerem um modo de vida em sintonia com a natureza.
2. Lavadeira:
Uma mulher aparece ajoelhada em um estrado que se prolonga a partir da casa. Não fica claro
que ela esteja lavando roupas no rio ou se está apenas recolhendo água, já que um jarro de
banho encontra-se posicionado logo atrás dela. Sua inclusão na paisagem ilustra um dos
aspectos da vida doméstica na comunidade de trabalho rural.
3. Cão:
Logo à beira da água, de pé, encontra-se um cachorro, elemento importante da pintura que
dirige o olhar do espectador para o foco desejado pelo artista. Um dos homens na carroça
gesticula para o animal, sugerindo uma história.
Catedral de Salisbury
(1776-1837) a partir da Catedral de Salisbury Meadows
A Última Viagem do Temeraire, de William Turner Ficha Técnica - A Última Viagem do Temeraire: Autor: William Turner Onde ver: National Gallery, Londres, Reino Unido Ano: 1839 Técnica: Óleo sobre tela Tamanho: 90,7cm x 112,6cm Movimento: Romantismo
Como uma aparição, o espetáculo luminoso de um navio de guerra de altos mastros desliza na direção do
espectador pelas águas calmas do rio Tâmisa. O barco desempenhou um papel fundamental na batalha de Trafalgar,
auxiliando o barco Victory, de lorde Nelson, que era atacado pelos inimigos.
Apesar da aura de esplendor retratada na pintura, o barco está em um estado lamentável, despojado de
qualquer utilidade e sendo rebocado para estaleiro de Rotherline, onde será desmontado. A bandeira branca no
rebocador simboliza a rendição do Temeraire a seu destino.
O pintor combinou muitos fatores para dar à obra o ar memorável e
comovente que ela possui: o cenário sublime, assim como o equilíbrio harmonioso
da composição são uma metáfora da vida e da morte do velho barco. Até mesmo a
boia preta do barco representa o fim de uma era.
Detalhes de A Última Viagem do Temeraire se destacam:
1. Navio fantasma:
Com três deques e 98 armas de fogo, o navio ficou atracado no porto por diversos
anos. Os três mastros e o cordame do navio foram removidos e a pintura estava
descascando. No entanto, a versão apresentada por Turner o barco está elegante e
romântico, com tons de branco e dourado.
2. Rebocador industrial: No dia da viagem final, outro barco seguiu o
Temeraire, mas Turner preferiu excluí-lo da pintura, para enfatizar o
contraste entre o rebocador a vapor feio e escurecido e o majestoso
barco a velas branco.
3. Pôr do sol flamejante: O sol poente representa o fim da era das
velas, assim como do Temeraire. O céu vermelho-sangue, refletido na
superfície da água, serve para relembrar os sacrifícios feitos pela
marinha britânica na Batalha de Trafalgar.
4. Velas enfunadas: No horizonte, bem à direita do rebocador, é
possível distinguir a forma de outro barco a vela fantasma.
Provavelmente o barco foi incluído para reforçar a mensagem do
quadro: o fim dos barcos a vela e a inevitável transição para a era dos
barcos a vapor.
PINTORES REALISTAS
Gustave Courbet
Jean-Desiré Gustave Courbet nasceu em Ornans, França, no dia 10 de
junho de 1819. De uma abastada família de proprietários rurais, interessa-
se desde cedo pelo desenho e pela política. Em 1840, muda-se para Paris,
onde opta por não frequentar a tradicional Academia de Arte, preferindo
cursos livres como os da Académie Suisse.
A partir de 1844, Gustave Courbet passa a utilizar em suas obras uma espátula de aço, com a qual empasta
generosamente a tinta sobre a tela. Gustave Courbet pinta de modo instintivo, com grande destreza. Gradativamente,
vai abandonando o romantismo de suas primeira telas, e passa a se interessar pelo mundo concreto e visível. Pinta
personagens de sua própria época, bem como motivos políticos e sociais. Gustave Courbet torna-se um dos principais
nomes do movimento realista.
Em 1855, na Exposição Universal de Paris, diversos quadros de Gustave Courbet são recusados pela
organização do evento, dentre eles “Enterro em Ornans” e “O Atelier”. Gustave Courbet então manda construir uma
pequena casa próxima à Exposição, onde inaugura o “Pavilhão do Realismo“. Com 41 quadros, a mostra é financiada
pelo próprio artista.
Nos anos seguintes, graças a amigos influentes, como o marchand Bruyas, Gustave Courbet desfruta de uma
vida tranquila e financeiramente estável. Pinta principalmente paisagens e nus femininos. Em 1871, no entanto,
Gustave Courbet envolve-se nos episódios da Comuna de Paris (governo revolucionário operário e socialista que
comandou Paris por cerca de 40 dias).
Com a derrota da Comuna, o pintor, que durante o episódio atuou como presidente da Comissão dos Artistas,
é responsabilizado pela destruição de um monumento histórico, a coluna napoleônica da Praça Vendôme. Condenado
a pagar as despesas astronômicas de restauração do monumento, Gustave Courbet busca asilo político na Suíça. Morre
neste país, em La Tour de Pailz, de cirrose hepática, no dia 31 de dezembro de 1877.
Durante a vida, Gustave Courbet foi estigmatizado como um pintor grosseiro e vulgar. Suas obras eram tão
polêmicas que, na segunda metade do século XIX, alguns cafés aristocráticos de Paris exibiam cartazes pedindo aos
clientes que não discutissem Gustave Courbet. Conta-se que, em um Salão de Outono, Napoleão III chicoteou um dos
quadros do artista, irritado com a vulgaridade da pintura.
O que indignava o público e os críticos da época era a adesão de
Gustave Courbet a uma nova tendência artística, o realismo. Ao
invés de pintar graciosas mulheres nuas, bailarinas árabes,
escravas romanas ou ninfas gregas, em poses lânguidas e
passivas, Gustave Courbet retratava mulheres de seu próprio
tempo, figuras popularescas recendendo a suor. A beleza, para
Gustave Courbet, estava no mundo visível.
Apesar de provocar repulsa em um público acostumado às
pinturas neoclássicas e românticas, Gustave Courbet vendia bem.
Possuía amigos influentes, dentre eles o marchand Bruyas, seu
principal mecenas. As críticas inflamadas a sua obra, ao invés de
incomodar ou ofender, lisonjeavam o artista. Gustave Courbet
via-se como o arauto de uma nova estética.
Woman with white stockings, 1861
Embora não possuísse uma boa oratória e seus argumentos muitas vezes soassem confusos, Gustave Courbet
jamais se negou a discutir o realismo de suas obras, seja nos bares, cafés ou nos Salões de Paris. Era um homem
apaixonado pelo seu ofício, e politicamente envolvido com as transformações de sua época.
A Origem do Mundo / Courbet
L’ORIGIN DU MONDE
Autor: Gustave Courbet
Ano: 1866
Técnica: óleo sobre tela
Tamanho: 46cmx55cm
Museu: Museu d’Orsay,
Paris, França
Movimento Artístico:
Realismo
A obra “A Origem do
Mundo” foi pintada por
Gustave Courbet em 1866,
encomendada pelo
diplomata turco otomano
Khalil-Bey, colecionador de
imagens de nus femininos.
Destaques da obra : A Origem do Mundo
O close: o enquadramento de “A Origem do Mundo” é bastante incomum, e possui uma clara
intenção de escandalizar o público, especialmente devido ao seu realismo gráfico. A pintura é
realizada com tantos detalhes que lembra uma fotografia;
A mulher: especula-se que uma moça de nome Joanna Hiffernan tenha servido de modelo
para a obra “A Origem do Mundo”. Joanna, conhecida como Jo, era amante do pintor James
Whistler, amigo de Gustave Courbet.
O quadro: em fevereiro de 2013, a revista Paris Match publicou uma matéria sobre a
descoberta de outro suposto quadro de Gustave Courbet, a cabeça de uma mulher, que seria
uma parte cortada da tela “A Origem do Mundo”. Segundo a revista, esta conclusão é fruto de
dois anos de pesquisa e análise. Assim, “A Origem do Mundo” faria parte de um trabalho
maior. Apesar de endossada por alguns especialistas, a hipótese foi descartada pelo Museu
d’Orsay, atual proprietário da tela de Gustave Courbet.
Estudos sobre o quadro “A Origem do Mundo”
Apesar de ser uma obra de encomenda, “A Origem do Mundo” é um manifesto de Gustave Courbet
contra as instituições acadêmicas. Até então, a tradição neoclássica ditava a pintura do nu feminino com
base no estatuário grego e romano. Eram corpos idealizados, estereotipados e claramente irreais. Um
símbolo da Beleza.
Mais: a temática do nu só era aceita se deslocada no tempo no espaço. Assim, o tema era constante
em pinturas mitológicas e históricas. Durante o século XIX, a exibição do corpo feminino passou por uma
revolução encabeçada por Gustave Courbet e Édouard Manet. As mulheres representadas passaram a ser
personagens de seu próprio tempo, mundanas e prosaicas.
Em “A Origem do Mundo, portanto, Gustave Courbet pinta o que vê, em uma obra genuinamente
realista. E se o quadro é capaz de chocar até mesmo o público atual, é porque a obra testa os limites de nossa
própria moralidade e liberdade de expressão.
O Ateliê do Pintor, de Gustave Courbet
O quadro é considerado uma das autopropagandas mais elaboradas.
Ficha Técnica - O Ateliê do Pintor:
Autor: Gustave Courbet
Onde ver: Musée D'Orsay, Paris, França
Ano: 1854-1855
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 3,61m x 5,98m
Movimento: Realismo
Courbet se apresentava trabalhando em um ateliê que lembrava uma caverna, em meio a uma multidão
diversificada e enigmática. A cena é pintada com grandeza e segurança, mas, embora as figuras sejam vividamente
retratadas individualmente, de maneira coletiva elas não possuem um sentido óbvio.
A pintura é considerada uma das obras-primas centrais do século XIX. O quadro foi criado para a grande
Exposição Universal realizada em Paris no ano de 1855, mas foi rejeitada pela comisão de seleção. Depois de ter sido
rejeitado, Courbet montou uma exposição individual sua no "Pavilhão do Realismo", erguido às próprias custas
Detalhes de O Ateliê do Pintor se destacam:
1. Budelaire: Sentado entre os amigos de
Courbet encontra-se Charles Budelaire, um
dos principais poetas franceses da época. Os
dois se conheceram em 1848, em um refúgio
de artistas e intelectuais.
2. Courbet: A figura do pintor encontra-
se no centro do grupo bastante
diversificado. O artista faz um largo
gesto com o pincel. Na verdade ele não
trabalhava assim em suas pinturas, mas
por ser absolutamente vaidoso, quis
exibir seu perfil. A modelo ao seu lado,
nua, tem sido interpretada como uma
encarnação da verdade.
3. Amantes da arte:
O casal em pé, em destaque à direita, exemplificam os amantes da arte ou colecionadores
e foram descritos, pelo próprio Courbet, como "uma mulher da moda, de roupas elegantes,
e o marido".
4. Champfleury:
Jules Husson, que escrevia sob o pseudônimo de Champfleury era um amigo muito próximo de Courbet e o principal porta-voz literário do Realismo.