8/18/2019 Máximo o Confessor - Deus é a Mônada Pura
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Máximo, o Confessor: Deus é a
Mônada Pura
Autor: Sávio Laet de Barros Campos.
Bacharel-Licenciado em Filosofia Pela
Universidade Federal de Mato Grosso.
1) Deus, a Criação, o Homem e a Escatologia
1.1) Deus, Mônada Pura e Princípio de Movimento
Deus é a mônada pura. Não se trata, no entanto, daquela unidade
numérica, que quando somada à outra unidade, produz múltiplos números. Com
efeito, Deus é o princípio de toda a unidade, é a própria unidade, indivisível e
não multiplicável. Importa dizer ainda, que Deus – mônada indivisível – é
também princípio de movimento.1
1.2) O Movimento da Mônada em Si Mesma
Agora bem, o primeiro destes movimentos é aquele pelo qual a
Mônada dá origem, por geração, ao Verbo, que é a expressão perfeita de sua
própria essência. Destarte, desta díade surge, concomitantemente, o Espírito
1 Etienne Gilson. A Filosofia na Idade Média. p. 91: “Deus é a mônada pura, não essa unidade
numérica, que gera números por adição, mas a fonte, ela mesma indivisível e não multiplicável.
A Mônada é, pois, o princípio de certo movimento.” Princípio de movimento, mas sendo ele
próprio imóvel, ou como veremos mais adiante, aquele que move-se a si imovelmente (ver nota
25).
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Santo que produz a tríade.2
Cumpre salientar também, que este movimento de
Deus em si mesmo, é todo ele a manif estação perfeita de Deus em sua unidade
trina:
Porque nosso culto não se dirige a uma monarquia mesquinha e
circunscrita por uma só pessoa (como a dos judeus), ou, ao
contrário, confusa e que se perderia no infinito (como a dos
pagãos), mas sim à Trindade do Pai, do Filho e do Espírito
Santo, cuja dignidade é naturalmente igual. A riqueza deles é
essa mesma concordância, essa irradiação ao mesmo tempo
distinta e una, além da qual não se difunde mais a divindade.
Assim, sem introduzir um povo de deuses, não conceberemos a
divindade como de uma pobreza vizinha da indigência.3
1.3) O Movimento de Deus Fora de Si Mesmo: A Criação
Ora bem, este primeiro movimento que acabamos de descrever , dá
origem, por sua vez, a um outro: trata-se daquele movimento de Deus fora de si
mesmo, pelo qual Deus se manifesta em seres que não são Ele.4 De fato, o Verbo,
sendo a expressão plena da Mônada, contém em si a essência de todos aquelesseres que existem ou deverão existir .
5Desta sorte, no Verbo, todos estes seres
são eternamente conhecidos e amados; ademais, no Verbo ainda, subsiste
também o decreto que determina desde sempre, que estes seres, em dado
2 Idem. Ibidem: “O primeiro movimento da Mônada dá nascimento à Díade, por geração do
Verbo, que é sua manifestação total; depois sobrepuja a Díade produzindo a Tríade, pela
processão do Espírito Santo.” 3 Máximo, o Confessor. Oeuvres, em Migne, Patr. gr., tt XC-XCI. Etienne Gilson. Op. Cit.
Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: MARTINS FONTES, 1995. p. 91.4 Etienne Gilson. Op. Cit. p. 9: “Esse primeiro movimento é o princípio de um segundo: a
manifestação de Deus fora de si, em seres que não são Deus.”
5 Idem. Op. Cit.: “Conhecimento perfeito da mônada, o Verbo contém eternamente em si a
essência, isto é, a própria realidade (ousia) de tudo o que existe ou deverá existir.”
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momento oportuno, passarão a existir .6
Donde, a produção dos seres não
implicar em mudança ou nova decisão em Deus. Desta feita, enquanto subsistem
eternamente no intelecto e na vontade divina, estes seres chamam-se idéias:
“Enquanto objetos da presciência e da vontade de Deus, esses seres chamam-se
Idéias.”7
1.4) A Criação como Revelação de Deus
Sem embargo, já que não são Deus, estes seres não O expressam
perfeitamente, mas somente parcialmente.8 Contudo, conquanto sejam
expressões parciais e finitas, são bons na medida em que são seres que
expressam alguma perfeição divina. Agora bem, esta revelação de Deus fora de
si mesmo, chamamos criação.9
Porquanto, a criação procede da bondade divina,
que deseja ir radiar nas criaturas, expressões – ainda que pálidas – do seu
próprio ser .10
Ora bem, estas expressões obedecem a uma hierarquia. De sorte
que, alguns destes seres são permanentes e passam a ocupar o seu lugar no
universo por todo tempo, enquanto que os demais, porém, são contingentes e
ocupam o seu lugar até quando seu o tempo findar :
Por isso, vemo-la (as criaturas) aparecerem numa espécie de
hierarquia, cada uma no lugar que sua perfeição própria lhe
atribui, as que são permanentes ocupando-o por toda duração do
6 Idem. Op. Cit.: “Cada um destes seres é, aí, eternamente conhecido, querido, decretado, para
receber seu ser e sua substância em tempo oportuno.”
7 Idem. Op. Cit. 8
Idem. Op. Cit.p. 91 e 92: “A esse título, cada um deles é uma expressão parcial e limitada daperfeição de Deus.”
9 Idem. Op. Cit. p. 92: “Portanto, é uma manifestação dela (da perfeição divina), finita mas boa,
na medida de seu ser, pela qual Deus pode se revelar. Esta revelação de Deus chama-se
criação.” (O parêntese e o itálico são nossos).10 Idem. Op. Cit.: “Por uma efusão de pura bondade, a Trindade divina irradia estas expressões
de si, que são as criaturas.”
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Deus, consistirá, justamente, no desfrute de Deus; Deus será, pois, a sua
recompensa. Entretanto, para aquele que, ao contrário, escolher se afastar da
participação na divindade, o seu próprio ato virá acompanhado do seu castigo,
qual seja, a não fruição de Deus:
De fato, todo crescimento voluntário de participação na
perfeição divina é acompanhado por um desfrute de Deus que é
sua própria recompensa; toda não-participação voluntária
acarreta, ao contrário, uma exclusão dessa fruição que comporta
seu próprio castigo.
1.5.1) O Homem como Senhor do Seu Destino na Hierarquia
Com efeito, o homem é um daqueles seres que podem construir o seu
destino. De fato, contanto seja composto de um corpo material divisível, e,
portanto, perecível, é também dotado de uma alma imaterial indivisível ,
imperecível , e por isso mesmo imortal.
Além disso, o corpo só existe enquanto unido à alma. Daí a
impossibilidade de admitirmos que a alma venha a existir sem o corpo.16
Tampouco é possível concordar com Orígenes, quando este diz que a alma
preexiste ao corpo, visto que isto levaria a dizer que Deus fez o corpo para ser
uma prisão da alma. Ora, não é correto – segundo o nosso filósof o – pensar que
o pecado dos homens pudesse determinar ou mudar a vontade de Deus.17
Aliás, esta posição concorda, com a concepção das essências eternas
no Verbo. Sem embargo, segundo Máximo, a união de alma e corpo é desejada
por Deus – desde toda a eternidade – e tal união é boa pela sua própria natureza:
16 Idem. Op. Cit: “Como o corpo não poderia existir sem ela (a alma), não poderia existir antes
dela.” (O parêntese é nosso).17 Idem. Op. Cit.p. 92 e 93: “Tampouco digamos, com Orígenes, que a alma existe antes do
corpo: seríamos levados, com isso, ao monstruoso erro de crer que Deus criou os corpos tão-
somente como prisões em que as almas dos pecadores cumprem a pena por seus crimes. O que
os homens fizeram não pôde determinar a vontade divina.” (O itálico é nosso).
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“É desde toda a eternidade, por sua bondade e pela bondade própria deles, que
Deus quis os corpos tanto quanto as almas.”18
Portanto, resta, pois, admitir que a
alma passa a existir simultaneamente ao corpo.
1.5.1.1) A Queda do Homem
Desta feita, o homem era assim capaz de mover -se em direção ao
Criador imóvel. Sua posição intermediária na hierarquia dos seres, convidava-o
a um papel unificador . Com efeito, o homem, por seu corpo, estava disperso na
multiplicidade da matéria, mas por sua alma estava ligado ao uno, Deus.19
Deveras, deveria ele ter reunido os múltiplos dados provindos de sua
parte sensível, para ordená-los a Deus pelo seu intelecto.20 Ora, o homem fez
exatamente o contrário. Doravante, d ispersou o uno no múltiplo e preferiu o
conhecimento das coisas sensíveis (inferiores a ele próprio) ao conhecimento de
18 Idem. Op. Cit.p. 93.19 Idem. Op. Cit: “Assim criado em sua alma e em seu corpo, o homem era capaz de se mover
pelo conhecimento em direção ao centro imóvel que é seu criador, e a posição que ele ocupa na
hierarquia dos seres convidava-o, inclusive, a nela representar um papel unificador de
importância capital. Em contato com a dispersão da matéria por seu corpo, ele o estava com a
unidade divina por seu pensamento.” (O itálico é nosso). 20 Idem. Op. Cit: “Sua função própria era, pois, recolher o múltiplo na unidade de seu
conhecimento e reuni-lo, assim, a Deus.” Máximo O Confessor. Ambiguorum Liber. In:
DARIO ANTISERI, Giovanni Reale. História da Filosofia: Patrística e Escolástica. Trad. Ivo
Storniolo. Rev. Zolferino Tonon. 2º ed. São Paulo: Paulus, 2005. p. 66: “(...) e a quinta (divisão
da natureza) é aquela segundo a qual o homem, que está acima de todos como um cadinho que
contém em si a totalidade, tornando-se em si mesmo entre todos os extremos de toda divisão,
com bondade introduzido com o nascimento entre os existentes, se subdivide em macho efêmea. Tem claramente a plena capacidade de unir naturalmente, pois está no meio de todos os
extremos, graças às propriedades relativas a todos os extremos de suas partes, por meio dos
quais, realizando o modo da gênese das coisas distintas, de maneira conforme à causa, teria
revelado por si o grande mistério do escopo divino, tendo feito harmoniosamente terminar em
Deus a união recíproca dos extremos seres, procedendo dos próximos aos distantes e
sucessivamente para o alto dos piores aos melhores (...)”. (O parêntese e os itálicos são nossos).
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Deus.21 Agora bem, como para o ser , é uma só coisa ser e ser uno,
22 quando o
homem se desviou do uno para o múltiplo, praticamente se voltou ao não-ser 23
:
(...) Uma vez que o homem, depois que foi criado, não se moveu
naturalmente para o imóvel, como seu Princípio (digo, Deus),
mas se dirigiu contra a natureza, voluntariamente, de modo
irracional, para aquilo que está abaixo dele, sobre o qual ele
próprio por ordem divina teria devido comandar (...), e assim
pouco faltou para que ele de novo miseravelmente corresse o
perigo de afundar no não-ser (....).24
1.5.1.1.1) A Encarnação no Plano da Salvação
Desta sorte, Aquele que é imóvel por essência, para salvar o homem
decaído, pôs-se em movimento.25 Este movimento de Deus consistiu,
precisamente, no acontecimento da Encarnação, quero dizer, Deus se fez homem
para salvar o homem.26 Encarnou-se porque era necessário, para reconduzir o
homem à unidade, que participasse da sua natureza integral, vale dizer, do corpo
21 Etienne Gilson. A Filosofia na Idade Média. p. 93. “O homem fez justo o contrário: em vez
de reunir o múltiplo relacionando as coisas a Deus, ele dispersou o que era uno desviando-se do
conhecimento de Deus para o conhecimento das coisas.” (O itálico é nosso). 22 Idem. Op. Cit: “Ora, para qualquer ser, é uma só e única coisa ser e ser uno.”
23 Idem. Op. Cit: “Dissolvendo-se no múltiplo, o homem chegou quase a tornar a cair no não-
ser.”
24
Máximo O Confessor. Ambiguorum Liber. In: DARIO ANTISERI, Giovanni Reale.História da Filosofia: Patrística e Escolástica. Trad. Ivo Storniolo. Rev. Zolferino Tonon. 2º
ed. São Paulo: Paulus, 2005. p. 64.
25 Etienne Gilson. A Filosofia na Idade Média. p. 93: “Foi então que Aquele que, por sua
natureza, é inteiramente imóvel, ou, se se preferir, Aquele que só se move imovelmente em si,
pôs-se por assim dizer em movimento rumo à natureza decaída, para recriá-la.”
26 Idem. Op. Cit: “Deus se fez homem para salvar o homem em perdição.”
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e da alma. Cristo, ao se fazer igual a nós em tudo exceto no pecado, nos libertou,
enfim, do pecado27
:
E Deus se torna homem a fim de salvar o homem perdido, tendo
unificado em si as partes dispersas da natureza na sua totalidade
e as formas universais dos particulares, de que devia surgir por
natureza a união daquilo que estava dividido (...).28
Além do mais, segundo a cristologia de Máximo, a geração não-
carnal de Cristo, quis nos dizer , ademais, que outro tipo de geração seria
possível, se o homem não tivesse caído em desgraça. De fato, a divisão dos sexos
foi uma conseqüência do pecado, pois reduziu o homem a uma reprodução tal
como acontecem nos animais:
Nascido de uma geração não carnal, ele nos mostrou que outra
multiplicação do gênero humana teria sido possível e que a
distinção entre os sexos não teria sido necessária, se o homem
não se tivesse, ele próprio, rebaixado ao nível dos animais,
abusando da sua liberdade.29
1.5.1.1.1.1) A Redenção Humana na União com Deus
Desta feita, fica estabelecido a união do homem com Deus é a sua
redenção.30 Mas o homem se une a Deus movendo-se para Ele. Ora, quem nos faz
27
Idem. Op. Cit: “Porque Jesus Cristo fez seu tudo o que é do homem, salvo o pecado, para noslibertar do pecado.”
28 Máximo O Confessor. Ambiguorum Liber. In: DARIO ANTISERI, Giovanni Reale.
História da Filosofia: Patrística e Escolástica. Trad. Ivo Storniolo. Rev. Zolferino Tonon. 2º
ed. São Paulo: Paulus, 2005. p. 62. 29 Etienne Gilson. A Filosofia na Idade Média. p. 93. 30 Idem. Op. Cit: “Essa reunião da natureza humana à natureza divina é a redenção do homem.”
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ser e ser bem é Deus. Logo, será Deus também quem nos impulsionará a nos
movermos a Ele.31
Ora bem, mover é conhecer . Movemo-nos para Deus, portanto, quando
o conhecemos melhor 32. Mas conhecer a Deus é tornar-se, justamente,
semelhante a Ele, pois todo o conhecimento é uma forma de assimilação.
Como, no entanto, é possível conhecer o sumo bem, sem ao mesmo
tempo amá-lo? Ora, o homem, destarte, quando conhece a Deus, também o
ama33
. Ademais, quanto mais o conhece, mais se une a Ele pelo amor , e não
descansará , enquanto não estiver totalmente envolto nEle.
Gilson, quando procura descrever o êxtase do homem, que unido
completamente a Deus, passa a ser novamente e tão-somente semelhante a Ele,
assinala que, neste momento, acontece o que diz São Paulo: já não sou eu quem
vive, mas é Cristo quem vive em mim:
Êxtase bem-aventurado, em que a natureza humana participa da
semelhança divina a ponto de não ser mais que essa própria
semelhança e, sem cessar porém de ser ela mesma, passa, por
assim dizer, a Deus. Então, não é mais o homem que vive, é
Cristo que vive nele.34
Movendo-se , pois , desta forma pelo conhecimento a Deus, o homem
faz o movimento inverso ao da sua queda, e reascende à sua causa e idéia eterna,
que existem, eternamente, no Verbo d ivino.35
Com efeito, o homem decaído é
31 Idem. Op. Cit. p. 94: “De fato, Deus concede às coisas serem e serem bem; é ele que nos
move e que nos move em direção a ele , para que sejamos melhores ainda.” (O itálico é nosso). 32
Idem. Op. Cit: “Mover-se em direção a Deus é, portanto, trabalhar para conhecê-lo; melhorconhecê-lo é aproximar-se dele assimilando-se a ele.”
33 Idem. Op. Cit: “Conhecendo Deus, o homem começa, pois, a amá-lo.”
34 Idem. Op. Cit. (O itálico é nosso). 35Idem. Op. Cit: “Movendo-se assim até Deus pelo conhecimento, o homem não faz mais que
reascender, por um movimento inverso à sua queda, em direção à idéia eterna dele mesmo que,
como sua causa, nunca cessou de existir em Deus.”
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aquele que se separa de sua causa eterna, da qual, não obstante, depende.36
Donde, enfim, estar assim novamente unido à sua essência divina, é para todos os
homens errantes, a sua salvação.37
Cada homem, pois, é parte de Deus, no
sentido de que a sua idéia subsiste eternamente no intelecto divino.38
1.5.1.1.1.1.1) O Retorno das Criaturas Para Deus A Partir do Homem
Inclusive, este êxtase prenuncia o dia da divinização de todas as
coisas. Esta consistir á, precisamente, no retorno de todas as coisas às suas
essências eternas em Deus.39
De fato, o homem é o meio catalisador de toda esta
volta. Pois se foi com a sua queda que o cosmos caiu na corrupção, é em vista do
seu soerguimento , que todas as coisas serão restauradas.40
Agora bem, a primeira coisa a ser abolida neste novo universo, será a
divisão dos sexos, pois os homens serão iguais aos anjos. Em seguida, ademais, a
terra passará por uma metamorfose, que acarretará na supressão da divisão entre
o sensível e o inteligível, e a terra se tornará, finalmente, como o céu. Por fim,
quando todas as coisas tiverem retornad o às suas essências eternas, Deus será
tudo em todos e para todo o sempre:
36 Idem. Op. Cit: “Cada homem decaiu de Deus separando-se da causa divina de que depende.”
37 Idem. Op. Cit: “Alcançar, assim, sua essência divina é, aliás, para todos os separados de Deus
pelo erro do homem, a salvação que eles devem esperar.”
38 Idem. Op. Cit: “Cada homem é verdadeiramente uma parte de Deus (moira theou), no sentido
de que sua essência preexiste eternamente Nele.” (O itálico é nosso). 39
Idem. Op. Cit. p. 94 e95: “O êxtase é um momento anunciador da eternidade futura, em quese efetuará a divinização (theôsis) de todas as coisas, por seu retorno às essências eternas de que
dependem e de que estão, presentemente, separadas, cada parte de Deus reencontrando então
seu lugar em Deus.”
40 Idem. Op. Cit. p. 95: “Porque o homem é o meio e o nó de todas as naturezas criadas, e como
é por sua defecção que todo o resto se exilou de seu princípio, seu retorno a Deus acarretará o
do mundo inteiro.”
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A divisão dos humanos em dois sexos distintos será a primeira a
se apagar; a terra habitada se metamorfoseará em seguida,
unindo-se ao paraíso terrestre; depois ela se tornará semelhante
ao céu, habitada que será, como ele, por homens tornados
semelhantes aos anjos; então, finalmente se abolirá a distinção
entre o sensível e o inteligível. Nascida primeiro, esta será a
última a desaparecer. Mas desaparecerá, na medida em que
todas as coisas estarão enfim reunidas a suas essências eternas e
Deus será todo de todos, para todo o sempre.41
41 Idem. Op. Cit. Máximo O Confessor. Ambiguorum Liber. In: DARIO ANTISERI, Giovanni
Reale. História da Filosofia: Patrística e Escolástica. Trad. Ivo Storniolo. Rev. Zolferino
Tonon. 2º ed. São Paulo: Paulus, 2005. p. 62: “E assim realizou o grande Desígnio do Pai,
recapitulando tudo aquilo que está no céu e sobre a terra em Si, em que tudo foi criado.”
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BIBLIOGRAFIA
B. ALTANER, A. Stuiber. Patrologia. Trad: Monjas Beneditinas. Rev. Honório
Dalbosco. 3º ed. São Paulo: PAULUS, 2004. p. 516.
Dicionário de Termos Religiosos e Afins. Trad. Pe. Francisco Costa. São Paulo:
EDITORA SANTUÁRIO, 1994. Verbete: “Monotelismo”.
GILSON, Etienne. A Filosofia Na Idade Média. Trad. Eduardo Brandão. São
Paulo: MARTINS FONTES, 1995. p. 90 a 95.
MÁXIMO. Ambiguorum Liber. In: DARIO ANTISERI, Giovanni Reale.
História da Filosofia: Patrística e Escolástica. Trad. Ivo Storniolo. Rev.
Zolferino Tonon. 2º ed. São Paulo: Paulus, 2005. p. 61, 62 e 66.
_____. Oeuvres, em Migne, Patr. gr., tt XC-XCI. In: Op. Cit. Trad. Eduardo
Brandão. São Paulo: MARTINS FONTES, 1995.
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