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  • 8/10/2019 Manual 3775 - Ergonomia No Posto de Trabalho

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    PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

    QUALIFICAR CRESCER

    Cofinanciado pelo Fundo Social Europeu e Estado Portugus

    GOVERNO DA REPBLICAPORTUGUESA

    EErrggoonnoommiiaannooPPoossttooddeeTTrraabbaallhhooUFCD 3775

    Manual de Formao

    Susana Marques

    Viseu,2014

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    2

    Innddiiccee

    Objectivos Gerais ............................................................................................................ 3

    Objectivos Especficos ..................................................................................................... 3

    Benefcios e Condies de Utilizao do Manual .................... ............ ............. ............. .... 5

    Introduo ...................................................................................................................... 6

    1. ERGONOMIA ............................................................................................................ 8

    Posto de TrabalhoErgonomia ..................................................................................... 12

    2. Fisiologia ............................................................................................................... 21

    3. Antropometria ....................................................................................................... 22

    Equipamentos de trabalho - Ergonomia ............. ............. ............. ............. ............ ......... 22

    Medidas Antropomtricas ......................................................................................... 29

    Antropometria Ergonmica ........................................................................................... 30

    Estudo Antropomtrico da Posio de P ........... ............. ............. ............. ............. .... 30

    Estudo Antropomtrico da Posio Sentada ....... ............. ............ ............. ............. .. 32

    Estudo Antropomtrico dos Segmentos Especficos do Corpo ............ ............. ......... 34

    Espao Livre .............................................................................................................. 35

    - Sistemas de iluminao ............................................................................................... 39

    - Trabalho com crans de visualizao ............. ............. ............. ............. ............ ........... 40

    Concluso ..................................................................................................................... 46

    Bibliografia ................................................................................................................... 47

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    OObbjjeeccttiivvoossGGeerraaiiss

    Aplicar as tcnicas adequadas avaliao dos riscos profissionais associados s condies de

    segurana e higiene no trabalho devido a fatores ergonmicos.

    OObbjjeeccttiivvoossEEssppeeccffiiccooss

    Pretende-se que no final da aco, o formando tenha capacidade de:

    Ergonomia

    o Conceito

    o Objectivoso Metodologia de estudo

    Fisiologia

    Antropometria

    Postos de trabalho ergonomia

    Equipamentos de trabalho ergonomia

    Interface homem-mquina

    Factores ambientais incmodos

    o Rudo

    o Vibraes

    o Ambiente trmico

    o Qualidade do ar

    Sistemas de iluminao

    o Tipos

    o Parametros e unidades de medio

    o Equipamentos de medio tipos e funcionamento

    o Efeitos sobre a viso

    o Critrios para avaliao do risco

    o Medidas de preveno e de proteco

    o

    Parametros bsicos de dimensionamento de sistemas de iluminao artificial - Localizao,

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    - Intensidade luminosa

    - Seleco de armaduras

    o Critrios de manuteno e limpeza do sistema de iluminao

    o Nveis de iluminao recomendados

    o Normas tcnicas Trabalho com ecrs de visualizao

    o Riscos

    o Medidas de preveno e de proteco

    o Legislao

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    5BBeenneeffcciioosseeCCoonnddiieessddeeUUttiilliizzaaooddooMMaannuuaall

    O presente manual de formao foi elaborado para a UFCD 3775- Ergonomia no Posto de

    Trabalho, pela formadora Susana Marques e o mesmo no poder ser reproduzido sem

    autorizao da mesma e respectiva entidade formadora.

    Tem por objectivo auxiliar o formando na aquisio de conhecimentos e competncias

    enunciados nos objectivos: gerais e especficos.

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    IInnttrroodduuoo

    O objectivo deste manual auxiliar os formandos na aquisio de conhecimentos acerca

    da Ergonomia aplicada ao posto de trabalho de forma a que no final da formao, os formandos

    estejam aptos Aplicar as tcnicas adequadas avaliao dos riscos profissionais associados s

    condies de segurana e higiene no trabalho devido a fatores ergonmicos.

    O manual est estruturado de acordo com os contedos da aco para permitir aos

    formandos acompanharem o desenvolvimento de cada contedo, houve a introduo de alguns

    exerccios de forma a permitir ao formando aplicar em casos prticos o conhecimento adquirido

    nomeadamente os novos modos de produo, condicionados por sucessivas mutaes

    (demogrficas, econmicas, tecnolgicas, de organizao social) vieram tornar cada vez mais

    interdependentes:

    As condies de execuo do trabalho;

    E a condio do trabalhador.

    Assim, a vocao da Ergonomia evoluiu e ao longo das ltimas cinco dcadas tem sido

    objecto de reflexo e de debate.

    At aos anos 70, a interveno ergonmica centrava-se sobre o trabalho penoso, o

    trabalho nocivo, caractersticas da maioria das situaes industriais.

    A partir da dcada de 70, com a evoluo tecnolgica e, consequentemente, das

    condies de trabalho, tem-se vindo a observar uma profunda alterao das exigncias do

    trabalho.

    Este perodo (a partir dos anos 70), pode considerar-se marcado essencialmentepor trs

    tipos de evoluo:

    Uma evoluo tcnica;

    Uma evoluo da organizao do trabalho;

    Uma evoluo do pessoal.

    1- A evoluo tcnica caracterizada:

    Pela maior eficincia das mquinas,

    Pela miniaturizao de certos produtos;

    Por uma informatizao cada vez mais difundida;

    Por uma automatizao.

    Estes aspectos esto cada vez mais presentes em certos ramos da indstria, mas tambm,

    em muitos outros sectores de actividade.

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    Quanto evoluo da organizao do trabalho podemos dizer que ela se verificou

    essencialmente a partir de novas modalidades de repartio de tarefas, criando exigncias

    notveis devido ao carcter parcelar destas e frequente sujeio a ritmos de funcionamento

    tcnico.No que respeita evoluo do pessoal, pode dizer-se que foi essencialmente marcada:

    Pelo prolongamento da escolaridade;

    Pela formao tcnica e profissional;

    O que conduziu naturalmente a diferentes expectativas em relao ao trabalho e a uma

    inadequao dos modelos de gesto tradicionais.

    Sintetizando, pode dizer-se que este desenvolvimento provocou, inevitavelmente, uma

    alterao na paisagem laboral, verificando-se:

    Uma imposio da mecanizao, desencadeando novos agentes agressores

    frequentemente presentes nos locais de trabalho.

    Uma progressiva abolio do trabalho fsico dinmico (atravs das ajudas mecnicas, o

    que acarretou, em certa medida, uma degradao biolgica do Homem).

    Uma implementao de um trabalho esttico, prolongado, utilizando pequenos grupos

    musculares, geralmente numa posio fixa, com um ritmo de trabalho intenso e

    requerendo, por vezes, um elevado grau de preciso.

    Assim, estas alteraes da natureza do trabalho vieram provocar um nmero de

    problemas de ordem vria, que tm vindo a aumentar com implicaes para o indivduo, na sua

    vida profissional e social, assim como no sistema produtivo.

    A nvel dos operadores estas consequncias reflectem-se, normalmente, no seu estado de

    sade, no s no que respeita s j consideradas doenas profissionais, mas a tantas outras

    identificadas com a situao de trabalho.

    A nvel do sistema produtivo, estas consequncias podem ser objectivadas:

    Pelo aumento do absentismo; Pelo aumento do nmero de acidentes;

    Pela necessidade de recolocao profissional;

    E, consequentemente, Pela diminuio da produtividade, do ponto de vista qualitativo e

    quantitativo.

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    EERRGGOONNOOMMIIAA

    O termo Ergonomia, deriva do grego,' "ERGON", que significa Trabalho e "NOMOS" que significa

    Leis ou Regras, atribuindo-se a sua denominao a MURREL, um Engenheiro ingls, no ano de

    1949.

    De facto, a Ergonomia procura optimizar as condies de trabalho, segundo critrios de

    eficincia, conforto e segurana.

    EVOLUO HISTRICA DA ERGONOMIA

    A Ergonomia como disciplina, teve as suas origens na Segunda Guerra Mundial, mais

    propriamente em 1949, quando falharam as formas tradicionais de resoluo do conflito entrehomens e mquinas - a seleco e o treino. Foi nessa poca, que se evidenciam as

    incompatibilidades entre o progresso humano e o progresso tcnico. Os equipamentos militares

    exigiam dos operadores, decises rpidas e execuo de actividades novas (avies mais velozes,

    radares e submarinos) em condies crticas, o que implicava complexidade e riscos de deciso.A

    guerra solicitou e produziu mquinas novas e complexas, inovaes essas, que no

    corresponderam ao que delas se desejava porque, na sua concepo, no foram tomadas em

    considerao, as caractersticas e as capacidades humanas.Surgiu, ento, a necessidade do

    aparecimento de uma nova cincia, a Ergonomia.Tal como nos diz Chapanis, na sua importante

    lio sobre Engenharia, "as mquinas no lutam sozinhas".Por exemplo, o radar foi chamado "o

    olho da armada"; mas o radar no v. Por mais rpido e preciso que seja, ser quase intil, se o

    operador no puder interpretar as informaes apresentadas no ecr e decidir a tempo.

    Similarmente um avio de caa, por mais veloz e eficaz que seja, ser um fracas so se o piloto no

    puder pilot-lo com rapidez, segurana e eficincia. Cabe ao ser humano avaliar a informao,

    decidir e agir.Foi, pois, nos meios militares britnicos, que a Ergonomia teve o seu grande

    incremento, com a criao de um grupo de estudos sobre a capacidade produtiva dos

    trabalhadores nas fbricas de munies (Health of Munitions Workers Committee). Vivia-se um

    momento dbio: por um lado, existia uma grande necessidade de aumentar a produo de armas

    e de munies; por outro, existia uma escassa mo-de-obra, pelo facto da maior parte do

    operariado se encontrar na guerra.A partir do incio da dcada de 50, com a criao, em

    Inglaterra, da Ergonomics Research Society, a Ergonomia comeou a sua expanso no mundo

    industrializado, desenvolvendo-se, assim, o interesse pelos problemas inerentes ao trabalho

    humano.

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    Entre 1960 e 1980assistiu-se a um rpido crescimento e expanso da Ergonomia para alm das

    fronteiras militares, pois o meio industrial tomou conscincia da importncia da Ergonomia na

    concepo dos produtos e dos sistemas de trabalho (equipamentos, ferramentas, ambiente

    fsico, ambiente qumico, organizao do trabalho, etc.).

    Mais tarde, a Ergonomia foi aplicada com o objectivo de optimizar o trabalho humano.

    Os primeiros estudos centraram-se no aperfeioamento das mquinas, s quais os trabalhadores

    se tinham de adaptar, algumas vezes custa de uma longa e difcil aprendizagem.

    No entanto, com o aumento da complexidade e dos custos das mquinas, e simultaneamente,

    com a imposio do valor da vida humana, surgiu a preocupao de:

    Conceber mquinas adaptadas ao homem;

    Criar condies de realizao do trabalho mais adaptadas s caractersticas humanas, do ponto

    de vista antropomtrico, biomecnico, fisiolgico, psicolgico, de formao, de competncia, etc.

    Nesta evoluo, alguns pases europeus fundaram a Associao Internacional de Ergonomia, para

    congregar as vrias Sociedades de Factores Humanos e de Ergonomia que foram surgindo.

    A Ergonomia continuou a crescer a partir dos anos 80, particularmente, devido s novas

    tecnologias informatizadas.

    A tecnologia informatizada propiciou novos desafios Ergonomia. Os novos dispositivos decontrolo, a apresentao de informao por ecr e, sobretudo, o impacto da nova tecnologia

    sobre o homem, constituem reas de anlise e de interveno para o ergonomista, sobre as quais

    iremos falar nas prximas aulas.

    O papel do profissional de Ergonomia nas indstrias nucleares e de controlo de processos,

    cresceu aps os acidentes de Three Mile Island, nos Estados Unidos, e de Bhopal, na ndia.

    Em Portugal, por esta altura, a Ergonomia ainda praticamente inexistente. No entanto, as

    necessidades sociais criadas com a integrao europeia e o cumprimento das normas

    comunitrias relativamente regulamentao do trabalho e das suas condies ambientais,

    provocou uma certa inquietao para o desenvolvimento da formao nesta rea.

    Basta recordar o 1 pargrafo do Decreto-Lei n 441/91: "A realizao pessoal e profissional

    encontra na qualidade de vida do trabalho, particularmente a que favorecida pelas condies

    de segurana, higiene e sade, uma matriz fundamental para o seu desenvolvimento", para se

    perceber que, sem a implementao de uma prtica ergonmica, esta qualidade de vida no

    trabalho, dificilmente ser alcanada.

    Numa perspectiva histrica, consideram-se trs pontos fundamentais na evoluo da Ergonomia:

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    Um primeiro, em que o estudo se centrava sobre a mquina, qual o trabalhador se tinha de

    adaptar. Procurava-se seleccionar e formar o operador de acordo com as exigncias e

    caractersticas das mquinas, ainda que por vezes, custa de uma longa e difcil aprendizagem.

    Um segundo, em que, face aos problemas levantados pelos erros humanos, o estudo comeou acentrar-se no Homem. Procurava-se uma modificao das mquinas, tendo em considerao os

    limites prprios do Homem.

    Um terceiro, ou seja, o actual, em que se considera a anlise do Sistema Homem Mquina, ou

    mais correctamente, HomemTrabalho.

    Em Portugal, a Ergonomia surgiu no ano de 1987, com a introduo de um curso no Instituto

    Superior de Educao Fsica (ISEF), a actual Faculdade de Motricidade Humana.

    CONCEITOS DE ERGONOMIA

    Muitos so os conceitos de Ergonomia j publicados. Passando em revista vrias

    definies, possvel admitir que a Ergonomia engloba um conjunto de actividades que tendem a

    adaptar o trabalho ao Homem, consistindo essa adaptao, numa optimizao do Sistema

    Homem - Trabalho.Eis uma pequena reviso da literatura: "A Ergonomia um conjunto dos

    conhecimentos cientficos relativos ao Homem e necessrios para conceber os utenslios, as

    mquinas e os dispositivos que possam ser utilizados com o mximo conforto, segurana e

    eficcia" (WISNER); "A Ergonomia uma cincia interdisciplinar que compreende a psicologia do

    trabalho, a antropologia e a sociologia do trabalho. O alvo prtico da Ergonomia a adaptao do

    posto de trabalho, dos utenslios, das mquinas, dos horrios e do meio ambiente s exigncias

    do Homem. A realizao dos seus alvos a nvel industrial, d lugar a uma facilitao do trabalho e

    a um aumento do rendimento do esforo humano" (GRANDJEAN); "A Ergonomia uma disciplina

    cientfica que estuda o funcionamento do homem em actividade profissional" (A. LAVILLE); "A

    Ergonomia uma tecnologia que agrupa e organiza os conhecimentos de modo a torn-los teis

    para a concepo dos meios de trabalho" (A. LAVILLE); "A Ergonomia uma arte quando trata de

    aplicar os conhecimentos para a transformao de uma realidade existente ou para a concepo

    de uma realidade futura" (A. LAVILLE); "A Ergonomia entendida como o domnio cientfico e

    tecnolgico interdisciplinar que se ocupa da optimizao das condies de trabalho visando de

    forma integrada, a sade e o bem-estar do trabalhador e o aumento da produtividade"

    (Departamento de Ergonomia da Faculdade de Motricidade Humana). Para terminar, so

    referidos, ainda, os conceitos ditados por duas grandes organizaes de renome internacional:

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    ORGANIZAO MUNDIAL DE SADE: "A Ergonomia uma cincia que visa o mximo

    rendimento, reduzindo os riscos do erro humano ao mnimo, ao mesmo tempo que trata de

    diminuir, dentro do possvel, os perigos para o trabalhador. Estas funes so realizadas com a

    ajuda de mtodos cientficos e tendo em conta, simultaneamente, as possibilidades e aslimitaes humanas devido anatomia, fisiologia e psicologia".

    ORGANIZAO INTERNACIONAL DE TRABALHO: "A Ergonomia consiste na aplicao das cincias

    biolgicas do Homem em conjunto com as cincias de engenharia, para alcanar a adaptao do

    homem com o seu trabalho medindo-se os seus efeitos em torno da eficincia e do bem-estar

    para o Homem".

    CLASSIFICAO EM ERGONOMIA

    Numa empresa ou organizao, em que a competitividade e a fora do mercado onde esta opera,

    so parmetros fundamentais de Gesto, a Ergonomia uma das reas de formao passveis de

    lhe acrescentar valor. Assim, modalidades de interveno ergonmica sero diferentes, em

    termos de objecto, objectivo, contextoe dimenso da interveno.

    Objecto

    No que respeita ao objecto de interveno, podemos distinguir:

    A Ergonomia de Produo;

    A Ergonomia do Produto.

    A Ergonomia da Produo est vocacionada para a procura das condies de trabalho

    adequadas, em termos organizacionais, de posto e ambiente de trabalho, adaptados s

    caractersticas e capacidades dos trabalhadores.

    A Ergonomia do Produto, centra-se na rea de estudos e pesquisas, colaborando com o sector

    comercial, em estudos de mercado; com o sector de produo, na avaliao dos custos da

    produo e na definio da sua finalidade; e com outros sectores da concepo do produto,

    desde o "design" ao controlo da qualidade.

    Objectivo

    Quanto ao objectivo, fala-se em:

    Ergonomia de Concepo,

    Ergonomia de Correco.

    A Ergonomia de Concepo permite agir desde a fase inicial, sobre um produto ou posto de

    trabalho, criando condies de trabalho adaptadas e perspectivadas no sentido da eficcia, da

    segurana e do conforto.

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    A Ergonomia de Correco d resposta s inadaptaes, que se traduzem por problemas na

    segurana e no conforto dos trabalhadores, ou na qualidade e quantidade da produo.

    ContextoSeja qual for o objecto ou o objectivo, a interveno ergonmica desenvolve-se nos mais variados

    contextos, tais como: industrias, hospitais, escolas, transportes, construo e obras pbli cas, etc.

    Dimenso

    Numa perspectiva de dimenso da interveno, podemos classificar a Ergonomia em Macro,

    Meso e Micro:

    A Macro-Ergonomia considera o sistema integral Homem-Mquina, ou seja, uma organizao

    cujas componentes so os Homens e as Mquinas, trabalhando em conjunto para alcanar um

    fim comum, estando ligadas por uma rede de comunicaes;

    A Meso-Ergonomia centra-se sobre um utenslio ou uma mquina, estudando a interdependncia

    entre os dispositivos metrolgicos e os indicadores, as alavancas de comando e de regulao,

    assim como, a sua disposio em funo da velocidade e da sucesso das operaes;

    A Micro-Ergonomia estuda os diversos elementos especficos de uma situao de trabalho, tais

    como, a insonorizao de uma mquina, a iluminao de uma sala de trabalho informatizado, etc.

    Deste modo, a Ergonomia tem uma aco concreta sobre melhoria das condies de trabalho em

    geral, promovendo a sade do trabalhador. Contribuindo para a diminuio de absentismos por

    acidentes de trabalho e doenas profissionais, a Ergonomia procura manter e/ou aumentar a

    qualidade e, consequentemente, a produtividade.

    PPoossttooddeeTTrraabbaallhhooEErrggoonnoommiiaa

    A ERGONOMIA NO TRABALHO

    A Ergonomia uma disciplina que fundamenta a sua aco numa perspectiva cientfica do

    trabalho humano. Pelos seus mtodos, a Ergonomia permite uma outra inteligibilidade do

    funcionamento dos sistemas produtivos, a partir da compreenso de toda a actividade de

    trabalho do homem. Para tal, torna-se imperioso o conhecimento do funcionamento humano,

    nos diversos planos.

    TTaarreeffaaeeAAccttiivviiddaaddee

    Numa situao de trabalho, h que distinguir o conceito de tarefa e de actividade. A tarefa ou

    trabalho prescrito abrange tudo o que, na organizao, define o trabalho de cada operador, ou

    seja:

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    Os objectivos a atingir em contrapartida da remunerao;

    A maneira de os atingir, as indicaes e os procedimentos impostos;

    Os meios tcnicos colocados disposio (instrumentos, mquinas, ferramentas);

    A repartio das tarefas entre os diferentes trabalhadores;As condies temporais do trabalho (horrios, durao, pausas);

    As condies sociais (qualificao, salrio);

    O envolvimento fsico do trabalho.

    Quer a empresa seja de grande ou de pequena dimenso, existe sempre uma parte implcita, um

    trabalho esperado, do qual os responsveis e os trabalhadores tm a sua prpria representao.

    Sendo a tarefa uma prescrio, um quadro formal, o trabalho real dos trabalhadores ou

    actividade, que permite a produo.

    De uma maneira mais simplificada diz-se que, a actividade se refere s condutas e

    comportamentos dos trabalhadores, na execuo de uma determinada tarefa.

    Em todos os planos definidos pela organizao do trabalho, manifestam-se diferenas entre o

    prescrito e o real, pois o trabalho real dos trabalhadores nunca o puro reflexo da tarefa, nem

    uma mera execuo.

    A distino entre tarefa e actividade importante, na medida em que:

    Pe em evidncia as falhas de organizao;

    Ajuda a hierarquizar os constrangimentos da situao de trabalho;

    Permite explicar as relaes entre as condies internas (inerentes ao trabalhador) e as

    condies externas (respeitantes ao envolvimento de trabalho);

    Ajuda a compreender as consequncias sobre a sade.

    PRTICA ERGONMICA

    Considerando:

    Que em Ergonomia o homem que trabalha no um simples executante, mas um operador, na

    medida em que gere as suas dificuldades, aprende, actuando, adapta o seu comportamento s

    variaes do seu estado interno e dos elementos da situao de trabalho, decide quais as

    melhores maneiras de proceder, adquire habilidades especficas para melhorar a eficcia, enfim,

    opera.

    Que a actividade real de trabalho desenvolvida pelo operador difere sempre da tarefa prescrita

    pela organizao do trabalho, pois no uma simples resposta a um estmulo, mas a expresso

    de um saber e de uma vivncia profissional, que o resultado de uma histria individual e

    colectiva e se inscreve num determinado contexto scio-econmico.

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    Que a compreenso da actividade de trabalho como uma experincia particular da relao do

    homem com o seu envolvimento impe um mtodo prprio dirigido relao das condicionantes

    "externas" da actividade do trabalhador com a realidade do seu prprio Corpo entendido como

    sede original da capacidade produtiva e da auto-estima na segurana e conforto no trabalho.

    Que em Ergonomia no se pode fazer um diagnstico distancia baseado em sintomas descritos

    e em resultados de anlise, mas deve observar-se o operador em actividade, ouvi-lo, analisar

    elementos da situao de trabalho, interpretar resultados, fazer um diagnstico para estudar as

    transformaes necessrias.

    Que a transformao de uma situao de trabalho no pode consistir numa aplicao directa dos

    conhecimentos cientficos gerais relativos ao homem, sem que antes sejam confrontados com a

    especificidade de cada situao.

    Que a compreenso da actividade real de trabalho o verdadeiro fundamento da aco

    ergonmica.

    Distinguimos na prtica da Ergonomia duas fases: uma primeira, chamada de ANLISE

    ERGONMICA e, a segunda, denominada de INTERVENAO ERGONMICA, entendendo-se que:

    Anlise Ergonmica consiste na identificao e compreenso das relaes existentes entre as

    condies organizacionais tcnicas, sociais e humanas que determinam a actividade de trabalho e

    os efeitos desta sobre o operador e o sistema produtivo.

    Interveno Ergonmicaconsiste na operacionalizao de planos de aco resultantes da anlise

    ergonmica. Pode situar-se a diferentes domnios de actuao: concepo e/ou reformulao,

    formao profissional, higiene, segurana e sade ocupacional.

    Deve-se pois:

    COMPREENDER O TRABALHO, entendido como expresso da actividade humana, ou seja, como

    algo que pe em jogo capacidades fsicas, psicolgicas, de competncia, de experincia.

    TRANSFORMAR O TRABALHOa partir da concepo de um projecto centrado sobre o Homem no

    Trabalho, com vista a proporcionar-lhe conforto, segurana e bem-estar mas, ao mesmo tempo,

    favorecer a eficcia e a produtividade.

    ANLISE E INTERVENO ERGONMICA

    Importa, pois, comear por entender o que Anlise do Trabalho.

    Definir Anlise do Trabalho no tarefa fcil. Uma reflexo sobre anlise do trabalho no deve

    fazer-se sem uma ateno especial sobre o entendimento do objecto desta anlise - o trabalho.

    O conceito de trabalhoassume pontos de vista diferentes, dentro e fora da em presa.

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    O economista falar do resultado do trabalho em termos do valor produzido. O socilogo ver no

    trabalho, as normas e os valores sociais e concentrar-se- nas relaes entre os operadores. O

    representante sindical, reportar-se- a "uma situao vivida", global, donde emergem as

    necessidades dos trabalhadores.Apercebemo-nos, assim, que o termo "trabalho" designa, quer o resultado de uma aco, quer as

    condies de realizao, quer ainda, a funo ou a actividade do operador que a realiza e neste

    sentido, admite-se que existam traos tpicos de anlise do trabalho, bem como, modalidades

    vrias.

    Sendo objectivo da Ergonomia, conceber situaes de trabalho adaptadas s caractersticas dos

    operadores, ao trabalho que lhe confiado e s condies em que o trabalho realizado, a

    anlise ergonmica do trabalho tem como objecto, o estudo das exigncias e das condies de

    trabalho, das atitudes e das sequncias operatrias que emergem aquando da realizao de uma

    determinada tarefa.

    A ttulo de exemplo, a anlise psicolgica visa, essencialmente, analisar os mecanismos da

    actividade (preceptivos, sensrio-motores e cognitivos) presentes na situao de trabalho,

    enquanto a anlise ergonmica visa analisar a situao de trabalho no sentido de a transformar,

    sendo a Psicologia uma das suas dimenses mas no, necessariamente, a principal.

    A anlise ergonmica ao procurar dar resposta a questes fundamentais, como "qual o trabalho a

    executar?", "como que o operador executa o trabalho?", afasta-se da anlise tradicional do

    trabalho, dado que esta se limita a enumerar o que o operador deveria fazer e no o que o

    operador faz, isto , considera apenas o trabalho prescrito e no o trabalho real, podendo esta

    diferena ser essencial para a transformao de uma determinada situao de trabalho.

    A anlise ergonmica reside, ento, numa anlise realista do trabalho, efectuada momento a

    momento sobre o terreno, partindo das exigncias do trabalho, sendo esta, a nica forma de

    melhorar as verdadeiras causas de desadaptao, nomeadamente, da carga de trabalho

    suportada pelo indivduo.

    Este tipo de anlise distingue-se das que s consideram os dados relativos ao trabalho prescrito e

    dos que contemplam apenas as declaraes dos agentes do trabalho.

    Uma anlise ergonmica do trabalho no poder, de modo algum restringir-se a estes dados, mas

    integr-los numa anlise mais ampla da actividade. neste sentido que falamos em Anlise do

    Trabalho, como Mtodo de Anlise Ergonmica do Trabalho formalizado em 1955 por

    Ombredane e Faverge.

    Actualmente, diz-se que a Anlise do Trabalho caracteriza a Ergonomia, porque constitui uma

    etapa indispensvel para todo o estudo ergonmico e toda a interveno ergonmica.

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    Segundo alguns autores, a Anlise do Trabalho confronta uma dupla perspectiva, a do "qu" e a

    do "como". Refere ainda que, considerando a evoluo da organizao do trabalho importa ainda

    saber, "quem faz?" e "quem faz o qu?".

    Diz-nos que a Anlise do Trabalho se fixa sobre duas abordagens complementares a da Tarefa ea da Actividade.

    TAREFA indica o que para fazer; evoca a ideia de obrigao: "um objectivo a alcanar em

    condies determinadas"; o trabalho prescrito.

    ACTIVIDADE indica o que realmente feito por um operador para executar uma tarefa precisa

    num dado momento. A actividade reporta-se portanto s condutas, aos processos operatrios do

    indivduo, ou seja ao trabalho real.

    Entre uma e outra h, invariavelmente diferenas, por vezes profundas e que so reveladas pela

    anlise da actividade. Mas porque a primeira condiciona a segunda, a anlise da diferena torna-

    se extremamente importante.

    Neste sentido, que esta anlise permite:

    Pr em evidncia as falhas da Organizao

    Ajuda a hierarquizar os constrangimentos da situao de trabalho

    Explicar as relaes entre as condies internas e externas

    Ajuda a compreender as consequncias sobre a sade

    Podemos sintetizar dizendo que a Anlise do Trabalho comporta sempre, em paralelo:

    Uma descrio da Tarefa

    Uma descrio da Actividade

    Neste sentido a actividade de trabalho constitui o elemento central organizador e estruturante

    das duas componentes implicadas na situao de trabalho:Por um lado, os operadores, com as suas caractersticas prprias, no momento em que

    realizam a actividade ou seja, a idade, o sexo, o seu estado de sade do ponto de vista fsico e

    psquico, a formao, experincia, competncia, etc.

    Por outro, a empresa, que define:

    - O espao de trabalho: dimenses do posto de trabalho, reas de deslocamento.

    - As caractersticas dos meios materiais de trabalho: dimenses, manuseamento das ferramentas,

    das mquinas, dos comandos, modalidade de apresentao das informaes.

    - As caractersticas dos objectos de trabalho: documentos, peas a montar, a transformar.

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    distores da situao real de trabalho, se considerada uma apreciao subjectiva. Entretanto,

    esses podem fornecer uma gama de dados que favoream uma anlise preliminar.

    Deve-se considerar que essas tcnicas so aplicadas segundo um plano preestabelecido de

    interveno em campo, com um dimensionamento da amostra a ser considerado em funo dosproblemas abordados.

    MTODOS DIRECTOS

    Observao

    o mtodo mais utilizado em Ergonomia pois permite abordar de maneira global a actividade no

    trabalho. A partir da estruturao das grandes classes de problemas a serem observados, o

    Ergonomista dirige suas observaes e faz uma filtragem seletiva das informaes disponveis.

    a) Observao assistida Inicialmente considera-se uma ficha de observao, construda

    a partir de uma primeira fase de observao "aberta". A utilizao de uma ficha de registo

    permite tratar estatisticamente os dados recolhidos; as frequncias de utilizao, as

    transies entre actividades, a evoluo temporal das actividades. Em um segundo nvel

    utiliza-se os meios automticos de registo, udio e vdeo. O registo em vdeo

    interessante medida que libera o pesquisador da tomada incessante de dados, que so,

    inevitavelmente, incompletos, e permite a fuso entre os comportamentos verbais,

    posturais e outros. O vdeo pode ser um elemento importante na anlise do trabalho, mas

    os registos devem poder ser sempre explicados pelos resultados da observao paralela

    dos pesquisadores. Os registos em vdeo permitem recuperar inmeras informaes

    interessantes nos processos de validao dos dados pelos operadores. Essa tcnica,

    entretanto, est relacionada a uma etapa importante de tratamento de dados, assim

    como de toda preparao inicial para a c de dados (ambientao dos operadores), e uma

    filtragem dos perodos observveis e dos operadores que participaro dos registos.

    Alguns indicadores podem ser observados para melhor estudo da situao de trabalho

    (postura, explorao visual, deslocamentos etc).

    Direco do olhar A posio da cabea e orientao dos olhos do indivduo permite inferir

    para onde esse est olhando. O registo da direco do olhar amplamente utilizado em

    Ergonomia para apreciao das fontes de informaes utilizadas pelos operadores. As

    observaes da direco do olhar podem ser utilizadas como indicador da solicitao

    visual da tarefa.

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    O nmero e a frequncia das informaes observadas em um painel de controlo na troca de

    petrleo em uma refinaria, por exemplo, indicam as estratgias que esto sendo utilizadas pelos

    operadores na deteco de presena de gua no petrleo, para planejar sua aco futura.

    Comunicaes

    A troca de informao entre indivduos no trabalho podem ter diversas formas: verbais, por

    intermdio de telefones, documentais e atravs de gestos.

    O contedo das informaes trocadas tem se revelado como grande fonte entre operadores,

    esclarecedora da aprendizagem no trabalho, da competncia das pessoas, da importncia e

    contribuio do conhecimento diferenciado de cada um na resoluo de incidentes.

    O registo do contedo das comunicaes em um estudo de caso no Sector Petroqumico da

    Refinaria Alberto Pasqualini, Canoas - RS, mostrou a importncia da verificao das informaes

    fornecidas pelos automatismos e pelas pessoas envolvidas no trabalho, atravs de inmeras

    confirmaes solicitadas pelos operadores do painel de controle.

    O contedo das comunicaes pode, alm de permitir uma quantificao de fontes de

    informaes e interlocutores privilegiados, revelar os aspectos colectivos do trabalho.

    Posturas

    As posturas constituem um reflexo de uma srie de imposies da actividade a ser realizada. A

    postura um suporte actividade gestual do trabalho e um suporte s informaes obtidas

    visualmente. A postura influenciada pelas caractersticas antropomtricas do operador e

    caractersticas formais e dimensionais dos postos de trabalho.

    No trabalho em salas de controlo, a postura condicionada oscilao do volume de trabalho.

    Em perodos montonos a alternncia postural servir como escape monotonia e reduzir a

    fadiga do operador. Em perodos perturbados a postura ser condicionada pela explorao visual

    que passa a ser o piv da actividade. Os segmentos corporais acompanharo a explorao visual

    e executaro os gestos.

    Estudo de traos

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    A anlise centralizada no resultado da actividade e no mais na prpria actividade. Ela permite

    confrontar os resultados tcnicos esperados e os resultados reais.

    Os dados levantados em diferentes fases do trabalho podem dar indicao sobre os custos

    humanos no trabalho mas, entretanto, no conseguem explicar o processo cognitivo necessrio execuo da actividade. O estudo de traos pode ser considerado como complemento e usado,

    com frequncia, nas primeiras fases da anlise do trabalho. O estudo de traos pode ser

    fundamental no quadro metodolgico para anlise dos erros.

    MTODOS SUBJECTIVOS

    O questionrio pouco utilizado em Ergonomia pois requer um nmero importante de

    operadores. Entretanto a aplicao de questionrio em um grupo restrito de pessoas pode ser

    utilizada para hierarquizar um certo nmero de questes a serem tratadas em uma anlise

    aprofundada.

    As respostas dos questionrios podem ser teis para a contribuio de uma classificao de

    tarefas e de postos de trabalho. O questionrio, entretanto, deve respeitar a amostra e as

    probabilidades de aplicao.

    Deve-se ressaltar que com o questionrio se obtm as opinies, as atitudes em relao aos

    objectos, e que elas no permitem acesso ao comportamento real.

    Segundo PAVARD & VLADIS (1985), o questionrio um mtodo fcil e se presta ao tratamento

    estatstico, e, se correctamente utilizado, permite recolher um certo nmero de informaes

    pertinentes para o Ergonomista.

    Tabelas de avaliao

    Esse tipo de questionrio permite aos operadores avaliarem, eles mesmos, o sistema que

    utilizam. O objectivo apontar os pontos fracos e fortes dos produtos. No caso de avaliao de

    programas, uma tabela de avaliao deve cobrir os aspectos funcionais e conversacionais.

    Entrevistas e verbalizaes provocadas

    A considerao do discurso do operador uma fonte de dados indispensvel Ergonomia. A

    linguagem, segundo MONTMOLLIN (1984), a expresso directa dos processos cognitivos

    utilizados pelo operador para realizar uma tarefa.

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    A entrevista pode ser consecutiva realizao da tarefa (pede -se ao operador para explicar o que

    ele faz, como ele faz e por que).

    Entrevistas e verbalizaes simultneasAs entrevistas podem ser realizadas simultaneamente observao dos operadores trabalhando

    em situao real ou em simulao. A anlise se concentra nas questes sobre a natureza dos

    dados levantados, sobre as razes que motivaram certas decises e sobre as estratgias

    utilizadas.

    Dessa maneira o Ergonomista revela a significao que os operadores tm do seu prprio

    comportamento. As verbalizaes devem ser aplicadas com cuidado e de maneira a no alterar a

    actividade real de trabalho.

    11.. FFiissiioollooggiiaa

    A fisiologia o ramo da biologia que estuda as funes mecnicas, fsicas e bioqumicas

    dos seres vivos. Isso quer dizer que a fisiologia estuda como o funcionamento do organismo. A

    ergonomia se preocupa com as condies gerais do trabalho, iluminao, rudos, temperatura e

    outras coisas que influenciam no nosso organismo. A ergonomia tem por objetivo remover

    aspectos do trabalho que em longo prazo possam causar vrios tipos de incapacidade fsica.

    A ergonomia no auxiliada somente pela fisiologia, vrias outras cincias ajudam a ergonomia a

    cumprir seus objetivos. A antropometria oferece informaes sobre as dimenses do corpo, a

    psicologia fisiolgica mostra como funciona o sistema nervoso e a psicologia experimental estuda

    sobre o comportamento das pessoas.

    Todas essas prticas so feitas para que leses, graves ou pequenas, sejam evitadas,

    garantindo duas coisas, a primeira sade e o bem estar das pessoas e a segunda que a

    empresa no perca o funcionrio por incapacidade. Entender o organismo fundamental para a

    ergonomia cumprir seus objetivos.

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    22.. AAnnttrrooppoommeettrriiaa

    Antropometria o ramo das cincias biolgicas que tem por finalidade o estudo dos

    caracteres mensurveis da morfologia humana. O mtodo antropomtrico baseia-se na

    mensurao sistemtica e na anlise quantitativa das variaes dimensionais do corpo humano.

    Constituem divises da antropometria:

    Somatometriaconsiste na avaliao das dimenses corporais;

    Cefalometriaestudo das medidas da cabea do indivduo;

    Osteometriaestudo dos ossos cranianos;

    Pelvimetriaocupa-se das medidas plvicas;

    Odontometriaestudo das dimenses dos dentes e reas dentrias.

    EEqquuiippaammeennttoossddeettrraabbaallhhoo--EErrggoonnoommiiaa

    A relao que existe entre Ergonomia, Antropometria e Design Ergonmico

    Na tentativa de estabelecer as adaptaes necessrias entre

    Homem/Envolvimento/Actividade de Trabalho, a Ergonomia socorre-se, por um lado, da

    Antropometria, que se encarrega de estudar as caractersticas antropomtricas individuais, por

    outro lado, do Design Ergonmico, que tenta criar condies materiais para que essa adaptao

    seja optimizada tanto quanto possvel.

    De um ponto de vista funcional, Design a organizao de um equilbrio harmonioso de

    materiais, de procedimentos e de todos os elementos de forma a satisfazer uma dada funo do

    ponto de vista artstico, e evidencia exclusivamente a componente artstica sem pensar na sua

    utilizao.

    Design Ergonmico a disciplina que disponibiliza metodologias que permitem o

    desenvolvimento de requisitos funcionais para uma dada proposta de concepo, centrada no

    utilizador, a partir das informaes obtidas na anlise ergonmica e da ergonomia do produto,

    fazendo com que haja uma optimizao da relao entre segurana, conforto e eficcia.

    Por seu lado a Antropometria fornece dados bidimensionais e tridimensionais para a

    Ergonomia, preocupando-se tambm com os deslocamentos no espao dos segmentos.

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    A classificao proposta por Pheasant (1988), coloca a Antropometria como a cincia

    humana que contribui para a Ergonomia, com todo o seu conhecimento acerca das dimenses do

    corpo humano. Esta, por sua vez, possui dados, conceitos, princpios e metodologias que so

    necessrios para os processos de design.Existe portanto, uma partilha de informao por parte destas duas cincias e do design,

    sendo de prever que o fluxo de informao deve ser em ambas as direces, ou seja, de modo a

    que se verifiquem interaces positivas.

    Esta interaco pode ser esquematizada:

    Antropometria

    Ergonomia

    Design Ergonmico

    1.2A importncia da Antropometria na Ergonomia

    O estudo dos dados antropomtricos, constitui uma base de referncia para a Ergonomia,

    que com a ajuda de todo este conhecimento vai tentar resolver os problemas dimensionais no

    local de trabalho, definir zonas de alcance e acessibilidade, conseguindo deste modo minimizar o

    desconforto e mal-estar que todo o envolvimento possa provocar.

    O problema para o ergonomista, consiste em organizar uma estrutura dimensional que

    conjugue a adaptao ptima do indivduo com o trabalho a realizar, nas condies fisiolgicas

    convenientes, por um lado, e na boa execuo da tarefa e conforto do operador, por outro. Esta

    adaptao deve ser feita, tendo sempre em conta as caractersticas do trabalhador, as condies

    de execuo do trabalho e as condies do envolvimento em que ele o executa.

    Assim, examinar o dimensionamento do posto de trabalho, do ponto de vista ergonmico,

    consiste em estudar a existncia e natureza das relaes que o trabalho determine. Desta relao

    resulta uma interaco dos diversos segmentos corporais, uma determinada intensidade dos

    esforos dispendidos e a durao da postura.

    Aqui, entra ento a Antropometria, que com as suas vertentes, vem contribuir para a

    resoluo deste tipo de problemas:

    Antropometria Esttica/ Estrutural

    Estudam-se as dimenses lineares (alturas, comprimentos, permetros e dimetros) e o

    peso do corpo, que vo permitir melhorar a zona de trabalho do operador, fazendo com que ele

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    no sinta qualquer constrangimento no exerccio das suas funes. Ou seja, comporta um

    conjunto de medidas bidimensionais ou tridimensionais, que definem com a melhor preciso

    possvel os tamanhos e formas humanas.

    Antropometria Dinmica/ Funcional

    Inclui medies de alcance, espao livre, rea de trabalho, postura e fora, realizados sob

    condies funcionais, isto , consideram-se dados relativos biomecnica humana, incluindo

    amplitudes dos gestos, velocidade dos movimentos, foras musculares aplicadas, etc.

    Estes dados, tm a caracterstica comum de definirem o espao corporal e de uma

    maneira geral as possibilidades extremas do operador executar movimentos e de exercer a sua

    fora muscular. Permite a concepo de um posto de trabalho e a realizao de um projecto, no

    qual a colocao dos rgos de proteco dos utenslios e mquinas impossibilitam que qualquer

    parte do corpo do operador penetre nas zonas de perigo e seja atingido por acidente.

    Antropometria Newtoniana

    Termo utilizado para descrever um conjunto de dados estruturais e funcionais aos quais

    se aplicam as leis de Newton do movimento.

    Diferenas e Variabilidade Humana

    Por tudo o que foi referido anteriormente, o estudo das posturas, movimentos

    profissionais, espaos de trabalho, concepo de ferramentas ou de rgos de comando,

    necessita de conhecimento prvio de medidas antropomtricas. No entanto, estas no so iguais

    de indivduo para indivduo. Existem, no plano geral, vrios factores que influenciam de forma

    marcante as caractersticas antropomtricas.

    Eles so, segundo Pheasant (1988):

    Sexoas dimenses corporais diferem consideravelmente de homem para

    mulher. Tanto ao nvel da estrutura esqueltica, como em nveis de

    adiposidade (maiores nas mulheres);

    Idade o ser humano aumenta a estrutura desde o nascimento at

    idade adulta, onde estabiliza. Por volta dos 40 anos comea a notar-se um

    decrscimo da estatura;

    Diferenas tnicas um grupo tnico constitudo por um conjunto de

    indivduos que habitam uma mesma zona geogrfica e que tm

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    caractersticas fsicas idnticas, o que os distingue das restantes zonas e

    grupos de pessoas;

    Crescimento e Desenvolvimento cada indivduo possui informao

    gentica prpria que o faz ser diferente e ter um crescimento tambmdiferente. O envolvimento que rodeia o Homem desde a nascena, vai

    condicionar o desenvolvimento corporal de cada indivduo, fazendo com

    que essas diferenas se acentuem;

    Tendncia Secular traduz uma alterao das caractersticas mensurveis

    da populao, ocorridas durante um determinado perodo de tempo. Tem-

    se ento verificado um aumento proporcional no crescimento das

    crianas, uma diminuio da idade da puberdade e um aumento da

    estatura dos adultos;

    Classe Social e Ocupao segundo o tipo de ocupao que um indivduo

    tem, as suas caractersticas corporais moldam-se e definem uma forma

    caracterstica para cada indivduo. A Classe Social que determina a

    ocupao que o indivduo vai ter, influi com o modo de vida, com a

    conduta de cada um, com a alimentao e at com a prpria cult ura.

    Por seu lado, Kroemer (1986), atribui esta variabilidade:

    Variaes Inter-individuais resultado das caractersticas do ADN. Este

    material gentico, inerente a cada indivduo que determina a

    composio celular e as caractersticas biolgicas. Alm disso, o tamanho

    corporal influenciado pelo envolvimento, ou seja, pela altitude,

    temperatura, sol e tipo de clima. lgico que, o modo de nutrio

    desempenha um papel importante, na medida em que provoca efeitos

    directos no aumento do tamanho corporal, tornando-o diferente de

    indivduo para indivduo;

    Variaes Intra-individuais na antropometria os efeitos da idade so

    bastante evidentes;

    Variaes Seculares actualmente os indivduos so maiores que os seus

    antepassados. O desenvolvimento secular das dimenses corporais

    pequeno e lento;

    Mudanas Populacionais caractersticas como a idade, sade, fora e

    composio da populao em geral, com o evoluir do tempo vo sendo

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    diferentes, quer nas suas exigncias, quer nas suas origens e fontes. Por

    outro lado, existem tambm as migraes.

    H portanto dois grandes desafios para aqueles que se preocupam em adequar as

    situaes de trabalho s caractersticas dos trabalhadores: Conhecer a populao e saber

    trabalhar com a diversidade inerente a ela.

    Tipologia MorfolgicaA Somatotipologia uma escala de classificao morfolgica, introduzida em 1940 por

    Sheldon, Stevens e Tucker. O seu conceito central o de Somattipo, entendido como a

    quantificao dos trs componentes derivados dos trs folhetos embrionrios que determinam a

    estrutura morfolgica do indivduo, e designam-se de:

    - Endomorfismo (folheto endodrmico), exprime o grau de desenvolvimento em adiposidade (711

    endomorfo puro);

    - Mesomorfismo (folheto mesodrmico), traduz o desenvolv imento msculo-esqueltico relativo,

    em relao altura (171 mesomorfo puro);

    - Ectomorfismo (folheto ectodrmico), traduz a linearidade ou o grau de desenvolvimento em

    comprimento (117 ectomorfo puro).

    EndomorfoA principal caracterstica dos indivduos com predomnio das formas arredondadas a sua

    capacidade de acumulao de gordura e o elevado volume dos seus rgos digestivos.

    Designao endomorfo, prende-se com o facto do sistema digestivo ter a sua origem

    embriolgica no folheto germinativo endodrmico.

    Os indivduos com caractersticas endomorfas, tm aspecto volumoso e uma grande

    concentrao de massa na zona central devido ao grande volume dos rgos digestivos e

    quantidade elevada de tecido adiposo acumulada nesta regio. A flacidez muscular evidente, a

    pele macia e aveludada, e em consequncia da sua maturao precoce terminam o processo de

    crescimento muito cedo.

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    MesomorfoOs indivduos com robustez fsica, apresentam um predomnio dos ossos, msculos,

    tecido conjuntivo e vasos sanguneos que se desenvolvem a partir do folheto germinativo

    mesodrmico.

    Robustos fisicamente, com ossos largos e pesados e msculos bem desenvolvidos e

    proeminentes, os relevos musculares e as projeces sseas so visveis. No apresentam

    concentraes de massa na regio central, a sua pele spera e encontra-se fortemente ligada

    aos tecidos subjacentes. A sua maturao varivel, sendo a resposta andrognica no incio do

    salto pubertrio muito intensa fundamentalmente nos rapazes.

    Ectomorfo

    A pele e o sistema nervoso, que tm origem no folheto germinativo ectodrmico, so

    relativamente predominantes nos indivduos muito lineares e cujo tipo morfolgico dominante

    o ectomorfo.

    Os indivduos com caractersticas ectomorfas apresentam grande linearidade e

    fragilidade, consequncia directa de possurem uma superfcie corporal relativamente grande em

    comparao com a sua massa total. mnimo o desenvolvimento muscular e a acumulao de

    gordura corporal, sendo bem visveis as salincias sseas e a hipotonia muscular, a pele fina e

    est desligada dos tecidos subjacentes. Tendem a ser atrasados maturacionalmente

    apresentando algum potencial crescimento em altura aps o pico de velocidade em altura.

    2.2 Composio CorporalA Composio Corporal o estudo dos diferentes componentes qumicos do corpo

    humano, a sua anlise permite a quantificao de grande variedade de componentes corporais,

    tais como gua, protenas, gordura, hidratos de carbono, minerais, etc., variando as suas

    quantidades de indivduo para indivduo.A quantidade relativa de gordura corporal (percentagem de massa gorda) a medida de

    composio corporal que avaliada com maior frequncia. Este facto prende-se com a existncia

    de uma relao inversa entre a quantidade de gordura e a qualidade de vida, e entre a

    quantidade de gordura e a prestao motora.

    Heyward e Stolarczyk (1996), referem que a estimativa da composio corporal obtida

    atravs da quantificao da massa gorda e da massa livre de gordura. A massa gorda inclui todos

    os lpidos extraveis do tecido adiposo e dos outros tecidos, a massa magra consiste em todas as

    restantes substncias qumicas livres de gordura e tecidos orgnicos.

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    Considerando o organismo humano composto por 3 componentes bsicos (msculo,

    gordura e osso) e a existncia de diferenas entre sexos na composio corporal, Behnke props

    dois modelos tericos: o homem de referncia e a mulher de referncia, que podem servir como

    base de trabalhos quando desejamos comparar a composio corporal de diferentes indivduos.De acordo com este modelo proposto, possvel verificarmos que:

    Homem de Referncia Mulher de Referncia

    Altura 174 Cm 163,8 Cm

    Peso 70 Kg 56,7 Kg

    Massa Muscular 31,3 Kg 20,4 Kg

    Gordura 10,5 Kg 15,3 Kg

    Os adultos apresentam alteraes na composio corporal, embora estes se processem

    mais lentamente. Sabe-se que, com o aumento da idade h um aumento da percentagem de

    massa gorda e do peso corporal e, simultaneamente, a diminuio da massa livre de gordura, do

    contedo mineral sseo e de gua corporal (Van Loan, 1996).

    Medidas Antropomtricas

    As medidas convencionais em Antropometria incluem distncias entre pontos ou linhas(alturas, comprimentos e dimetros), permetros, superfcies, volumes e medidas de massa e de

    gordura subcutnea.

    Instrumentos de MedidaPara a recolha destas medidas so utilizados: Antropmetro de Martin medio de

    comprimentos (milmetros); Compasso de Pontas Redondas medio de dimetros

    (milmetros); Fita Mtrica medio de circunferncias (milmetros); Adipmetro medio das

    pregas de gordura subcutnea (10g/mm 2).

    Postura AntropomtricaNa recolha de dados antropomtricos impe-se sempre duas condies:

    - a utilizao de tcnicas de mensurao standardizadas;

    - a manuteno de uma atitude bsica de referncia a Postura Antropomtrica.

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    Existem duas posturas standard que devem ser adoptadas na recolha de medidas

    (Pheasant, 1988):

    - Postura de PO indivduo mantm-se em p, numa posio o mais erecta possvel, de forma que a sua

    altura seja mxima. Olha em frente focando um ponto no horizonte e mantendo os ombros

    relaxados, braos pendendo naturalmente ao longo do corpo. Mos e dedos em extenso

    completa e apoiados sobre a face externa da coxa. Ps unidos pelos calcanhares e afastados

    frente, formando um ngulo de 30 aproximadamente.

    - Postura de Sentado

    O indivduo deve sentar-se sobre uma superfcie horizontal, com tronco erecto de forma

    que a sua altura seja mxima. Deve olhar em frente com ombros relaxados e braos pendendo

    naturalmente ao longo do corpo, formando com o antebrao um ngulo de 90. O assento deve

    permitir que os ps fiquem completamente no cho, as pernas na vertical e as coxas horizontais.

    Planos de Referncia

    Os planos de referncia so os mesmos utilizados pela anatomia e compreendem:

    APlano Sagital plano paralelo ao eixo longitudinal, e divide o corpo em 2 metades iguais, uma

    esquerda e outra direita;

    BPlano Frontal (lateral ou coronal) perpendicular ao eixo longitudinal, que divide o corpo em

    metade anterior e posterior;

    C Plano Horizontal plano paralelo ao solo, que divide o corpo numa parte superior e numa

    parte inferior.

    Medidas AntropomtricasTendo como referncia estes planos, tiramos as

    seguintes medidas antropomtricas:

    - Altura distncia de qualquer ponto a um plano, tirada noplano sagital em linha recta. Altura Total (distncia do vrtexao solo); Altura lio-espinal; Altura Tibial; Altura Sentado(distncia vrtico-esquitica).

    Fig. 1 Planos de Referncia Anatmicos, baseado em E.R. Tichauer.

    - Comprimentodistncia entre 2 pontos de referncia, ou entre 1 ponto de referncia e 1 linha,tirado num plano paralelo ao eixo longitudinal do segmento.

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    - Dimetro distncia entre 2 pontos antropomtricos que passa pelo centro da seco

    transversal do segmento a medir, tirado em linha recta, perpendicularmente ao eixo longitudinal

    do segmento.

    - Envergaduradistncia entre os 2 dactylons medido em linha recta.- Permetros (circunferncias) medidas circulares tiradas no plano horizontal,

    perpendicularmente ao eixo longitudinal do segmento que queremos medir. So medidas da

    totalidade do segmento, isto , do osso, msculo, tecido adiposo e pele. Permetro da Cabea;

    Permetro do Pescoo.

    - Superfcies obtidas por meio de frmulas a partir de medidas simples. Podemos, por exemplo,

    calcular a superfcie total do nosso corpo com base nas medidas do peso e altura total.

    - Pregas Adiposas medidas locais de espessura de uma camada dupla de pele e gordura

    subcutnea.

    - Massa Corporal ou Peso medida da massa corporal total obtida com uma balana.

    AAnnttrrooppoommeettrriiaaEErrggoonnmmiiccaa

    Estudo Antropomtrico da Posio de P

    Massa Corporal(peso)Massa total do corpo, obtida atravs da pesagem do indivduo numa

    balana.

    Al tu ras Estatura (Altura Total)

    Distncia vertical do vrtex ao solo.

    Altura dos Olhos

    Distncia vertical do canto exterior do olho ao solo.

    Altura do Ombro

    Distncia vertical do ponto acromial ao solo.

    Altura do Cotovelo

    Distncia vertical do ponto mais inferior do olecrneo ao solo.

    Altura da Anca

    Distncia vertical do ponto trocantrico ao solo.

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    Altura da Salincia do Ilaco (Altura Ilioespinal)

    Distncia vertical do ponto ilioespinal ao solo.

    Altura da Tbia (Altura Tibial Lateral)

    Distncia vertical da tbia ao solo.

    Altura do Punho

    Distncia vertical do eixo da pega no punho ao solo.

    Espessuras Espessura do Peito (Dimetro Traco Sagital)

    Tirada no plano sagital ao nvel do ponto mesoesternal.

    Espessura das Ancas (Dimetro Bitrocantrico)

    Mxima distncia horizontal das ancas.

    Larguras Largura do Peito (Dimetro Traco Transverso)

    Distncia vertical do vrtex ao solo.

    Alcan ce Alcance da Pega: alcance anterior

    Distncia horizontal entre a superfcie de apoio vertical e o eixo da p ega.

    EnvergaduraMxima distncia horizontal entre os 2 dactylions.

    Permetros

    Permetro do Peito

    Circunferncia tirada ao nvel dos mamilos.

    Permetro da Cintura

    Circunferncia obtida no plano horizontal e na zona de menores dimenses entre

    o bordo inferior da grelha costal e a crista ilaca.

    Permetro da Coxa (Permetro Subglteo)Circunferncia obtida 1cm abaixo da prega gltea.

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    Permetro dos Gmeos

    Circunferncia obtida na zona de maior volume geminal.

    Estudo Antropomtrico da Posio Sentada

    Al tu ras Altura Sentada

    Distncia vertical desde o vrtex aos isquions ou ao plano do assento.

    Altura dos Olhos

    Distncia vertical do canto exterior do olho at aos isquions ou ao plano do

    assento.

    Altura do Ombro

    Distncia vertical do ponto acromial aos isquions ou ao plano do assento.

    Altura do Cotovelo

    Distncia vertical da poro inferior do olecrneo aos isquions ou ao plano do

    assento.

    Altura do Joelho

    Distncia vertical da poro superior da rtula ao solo.

    Altura Popliteia

    Distncia vertical do ngulo popliteu (situado na parte inferior do joelho no local

    de insero do msculo bicips femoral na perna) ao solo.

    Comprimentos Comprimento Ndegas-Joelho

    Distncia horizontal entre a parte mais posterior das ndegas e a projeco mais

    anterior da rtula.

    Comprimento Ndega-Popliteu

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    Distncia horizontal entre a parte mais posterior das ndegas e o ngulo popliteu

    indica a profundidade do assento.

    Comprimento Antebrao-Mo

    Distncia horizontal entre o olecrneo e o dact ylion.

    Distncias Distncia Ombro-Cotovelo

    Distncia horizontal entre o ponto acromial e o olecrneo.

    Larguras Largura dos OmbrosBiacromial (Dimetro Biacromial)

    Distncia mxima horizontal entre os 2 pontos acromiais (pores mais laterais e

    externas dos acrmios).

    Largura dos Ombros - Bideltide

    Distncia mxima horizontal entre a zona de maior protuberncia dos msculos

    deltides.

    Largura das Ancas

    Distncia mxima horizontal das ancas, normalmente, entre as projeces mais

    laterais das cristas ilacas.

    Espessuras Espessura do Trax ao nvel dos Mamilos

    Espessura mxima horizontal desde o plano de referncia vertical at parte

    anterior do trax (no homem) ou do peito (na mulher).

    Espessura Ndega-Abdmen

    Espessura mxima horizontal desde a poro mais posterior das ndegas at

    parte anterior do abdmen.

    Espao Livre da Coxa

    Distncia vertical desde a superfcie que est em contacto com o assento at ao

    topo dos tecidos moles da coxa na zona em que esta mais espessa.

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    Estudo Antropomtrico dos Segmentos Especficos do Corpo

    Cabea Permetro da Cabea

    Circunferncia obtida no plano horizontal imediatamente abaixo da glabela (ponto

    mdio entre as 2 sobrancelhas).

    Pescoo Permetro do Pescoo

    Circunferncia obtida imediatamente acima da cartilagem da tiride (maa deAdo).

    Pulso

    Permetro do PulsoMenor circunferncia obtida distalmente em relao ao ponto

    stylion.

    Mo

    Comprimento da Mo

    Distncia entre a prega do punho (fica ao nvel do stylion) e o dactyli on.

    Espessura da Mo no Metacarpo

    Mxima distncia da palma da mo tirada ao nvel da poro distal dos ossos do

    metacarpo desde o 2 ao 5 metacarpo.

    P Comprimento do P

    Distncia entre a parte posterior do calcneo e a ponta do maior dedo do p

    (pode ser o 1 ou o 2 dedo).

    Espessura do P

    Mxima distncia entre as faces laterais do p tirada ao nvel da poro distal dos

    ossos do metatarso.

    Critrios e Limitaes

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    Existe uma diversidade humana que se processa a vrios nveis, e tem um envolvimento

    fsico, emocional e com exigncias da tarefa, como tal, podem ser realizadas dois tipos de

    adequao:

    - Ao utente individual adequao perfeita porque feita para um sujeito;

    - Produzir de forma standard feito para muitas pessoas utilizarem e normalmente feito para a

    populao geral, por isso tem de haver uma adequao negociada para dar um conforto mnimo

    a todos os utilizadores. Normalmente adequado a um percentil, que o valor que tem n

    percentagem da amostra ou populao com valores iguais ou inferiores.

    Deste modo, na produo standard tem de haver uma ajustabilidade tendo em conta as

    variveis pertinentes, recorrendo para tal a tcnicas de optimizao, que tm como funo

    minimizar uma funo custo (minimizar constrangimentos), utilizando critrios de segurana,

    conforto e eficcia do sistema, para tal necessrio ter em conta 3 aspectos importantes:

    Diversidade Antropomtrica

    Quais as caractersticas antropomtricas da populao utente? Existem grupos tnicos? Que

    segmentos so necessrios medir?

    2De que forma as caractersticas antropomtricas impem constries no processo de design?

    3 Que critrios (segurana, conforto, eficcia) fundamentam uma adequao eficaz entre

    produto e utente?

    Deste modo, e entendendo constrio como uma caracterstica humana possvel de

    medir, podemos dizer que existem 4 constries antropomtricas mais importantes: Espao

    Livre; Alcance; Postura; e Fora.

    Espao Livre

    Segundo Pheasant, o mnimo espao para dar acesso pessoal a passagens sujeitas a

    limitaes especiais. Espao disponvel em que a dimenso mxima aceitvel de um objecto

    determinado pela populao de percentil 95, ou seja, 95% das pessoas tm uma medida corporal

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    inferior, logo, se o indivduo com maiores dimenses passa, os restantes 95% tambm passam,

    ficando apenas um espao inadequado para 5% da populao.

    Associados ao espao livre aparecem dois conceitos, que no podem ser considerados

    constries, pois so impossveis de quantificar, so as chamadas dimenses escondidas. Adefinio destas dimenses dada pelo espao mnimo necessrio para o bem-estar fsico e

    mental, e so eles:

    - TerritorialidadeEspao de uso exclusivo do indivduo, com importncia na alterao dos postos de

    trabalho, determinando a adaptao do indivduo nova situao. uma dimenso varivel de

    indivduo para indivduo, e consoante o grupo tnico ao qual pertence o indivduo.

    um conceito presente sobretudo nos animais, contudo o Homem tambm demarca o

    seu territrio, principalmente quando um espao que sempre utilizado pela mesma pessoa.

    Se no for respeitado este conceito na dimenso dos postos de trabalho, podem surgir

    alteraes no trabalho do indivduo diminuindo a performance e a produ tividade.

    Espao PessoalBolha psicolgica que rodeia o indivduo e que influencia a sua relao com os outros,

    sendo maior atrs e menor frente. relativo e psicolgico, variando de indivduo para

    indivduo, principalmente entre grupos tnicos e devido confiana que cada sujeito possui de si

    mesmo.

    Este conceito deve ser respeitado pelo facto de ter uma grande influncia sobre o bem-

    estar psicolgico do trabalhador, bem como sobre a sua relao com os outros.

    O Espao Livre impe assim determinadas consequncias no design ergonmico, como

    sejam a determinao do p direito adequado, os espaos mnimos para circulao e as aberturas

    adequadas para os vrios segmentos corporais.

    Alcan ceResulta do deslocamento dos segmentos corporais no espao tridimensional de forma a

    atingir o alvo e cumprir um dado objectivo, ou seja, com vista execuo de uma tarefa.

    Segundo Pheasant, um conjunto de coordenadas resultantes do deslocamento de um

    segmento no espao, definindo uma rea de trabalho. O percentil indicado como referncia o

    percentil 5, no entanto para a concepo de alcances ideais numa determinada situao de

    trabalho, deve fazer-se a interseco dos dois percentis.

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    Importa referir, que a solicitao dos segmentos corporais no alcance no feita sempre

    da mesma forma, e normalmente, fazemos primeiro a solicitao dos segmentos mais proximais

    e depois dos segmentos distais.

    O Alcance depende de vrios factores, tais como: peso do objecto objectos maispesados sero mais facilmente transportados se estiverem aproximados do centro de gravidade

    do corpo; vesturio se for muito apertado dificulta o alcance; inclinao do solo; limitaes da

    amplitude articular; barreiras; a base de sustentao; etc.

    Postura a posio e orientao dos segmentos corporais no espao durante a realizao de uma

    dada tarefa num dado momento, sendo o percentil negociado para cada situao, pois est

    dependente do Espao Livre, do Alcance, da Fora e tambm, do Campo de Viso.

    Na determinao da postura mais adequada para realizar a actividade, deve-se quando

    possvel, ter em conta a vontade demonstrada pelo trabalhador, ou seja, se este prefere

    desempenh-la sentado ou de p. No entanto, ela determinada pela relao entre as

    dimenses do corpo do indivduo e as dimenses do seu espao de trabalho, que podem

    provocar limitaes quer fsicas, quer visuais.

    Postura Sentado

    Contempla duas atitudes diferentes:

    - indivduo sentado, numa posio erecta, fazendo um ngulo de 90 entre pernas e coxas, e

    coxas e tronco;

    - indivduo sentado, numa posio relaxada, em que a plvis roda para trs e a coluna encontra-

    se flectida. Esta rotao aproximadamente de 30 a partir da posio erecta.

    A postura sentado no deve ser mantida durante grandes intervalos de tempo, devendo

    ser alternado com a postura de p, devido ao aporte sanguneo aos membros inferiores. Outros

    factores tambm podem constituir problema para o indivduo nesta postura e o ergonomista

    deve tentar sempre optimiz-las tendo como referncia os vrios percentis: altura do assento

    (altura popltea do P5 feminino); profundidade do assento (comprimento poplteo-ndega do P5

    feminino); encosto (P95 masculino); largura do assento (largura entre cotovelos do P95

    feminino); ngulo do encosto (inclinao mxima varia entre 100 e 110); ngulo do assento.

    Postura de P

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    Utilizao de um apoia ndegas que reduza o peso suportado pelos membros inferiores e

    permita uma postura mais ou menos estvel, podendo ser utilizado em tarefas que requerem um

    descanso dos membros inferiores, mas que por limitao de espao, no permitem a colocao

    de uma cadeira.

    ForaCaracterstica individual que influenciada pelo comprimento dos segmentos corporais

    de cada indivduo, assim como pela postura adoptada e por todos os factores fisiolgicos que

    tenham a ver com a tenso produzida ao nvel muscular. a capacidade que um conjunto de

    segmentos corporais tem para aplicar uma fora sobre um dado objecto e cumprir um objectivo,

    sendo o percentil 5 o mais adequado.

    A actividade de trabalho vai impor ao indivduo a adopo de vrias posturas que vo

    solicitar intensidades diferentes de fora, estabelecendo-se uma relao entre estes trs

    conceitos. Este compromisso entre Fora/Postura/Actividade de Trabalho, trs consequncias

    prticas ao nvel do desempenho do indivduo no posto de trabalho, como o caso da

    manipulao de comandos que devem ser adequados a cada nvel de fora.

    Pheasant definiu Fora como o estado mximo de tenso que um indivduo consegue

    exercer num esforo esttico de curta durao. Esta fora, designada de Fora Esttica,

    existindo tambm a Fora Dinmica, que pode ser exercida durante um longo perodo de tempo.

    Variao de Fora com o Sexo e a Idade

    Na generalidade, a fora das mulheres cerca de 60% da dos homens. Ambos os sexos

    atingem o pico de fora por volta dos 30 anos, decrescem em 90% aos 45 anos e em 70-80% aos

    60 anos.

    Durao e Repetio da Fora

    A fora mxima apenas pode ser executada durante breves segundos. A percentagem

    mxima de fora aceitvel de um indivduo quando realiza esforos contnuos de 15% devendo

    ser evitada, para esforos frequentes aceitvel os 30%, para esforos ocasionais 60% e acima

    destes deve ser evitado.

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    H circunstncias em que a fora que o indivduo pode exercer depende de outros

    factores, o caso das aces de levantar, puxar e empurrar, em que existe uma determinada

    frico dos objectos ao solo, para alm do peso inerente a esses objectos. A carga aceitvel deve

    ser estimada para a pessoa mais fraca, ou seja, percentil 5.

    --SSiisstteemmaassddeeiilluummiinnaaoo

    O que Luz ?

    Uma fonte de radiao emite ondas eletromagnticas. Elas possuem diferentes comprimentos, e

    o olho humano sensvel a somente alguns. Luz , portanto, a radiao eletromagntica capaz de

    produzir uma sensao visual. A sensibilidade visual para a luz varia no s de acordo com o

    comprimento de onda da radiao, mas tambm com a luminosidade.

    A curva de sensibilidade do olho humano demonstra que radiaes de menor comprimento de

    onda (violeta e azul) geram maior intensidade de sensao luminosa quando h pouca luz (ex.

    crepsculo, noite, etc.), enquanto as radiaes de maior comprimento de onda (laranja e

    vermelho) se comportam ao contrrio.

    Luz e Cores

    H uma tendncia em pensarmos que os objetos j possuem cores definidas.

    Na verdade, a aparncia de um objeto resultado da iluminao incidente sobre o mesmo. Sobuma luz branca, a ma aparenta ser de cor vermelha pois ela tende a refletir a poro do

    vermelho do espectro de radiao absorvendo a luz nos outros comprimentos de onda. Se

    utilizssemos um filtro para remover a poro do vermelho da fonte de luz, a ma refletiria

    muito pouca luz parecendo totalmente negra. Podemos ver que a luz composta por trs cores

    primrias.

    A combinao das cores vermelho, verde e azul permite obtermos o branco.

    A combinao de duas cores primrias produz as cores secundrias - margenta, amarelo e cyan.

    As trs cores primrias dosadas em diferentes quantidades

    permite obtermos outras cores de luz. Da mesma forma que surgem diferenas

    na visualizao das cores ao longo do dia (diferenas da luz do sol ao meio-dia e no crepsculo),

    as fontes de luz artificiais tambm apresentam diferentes resultados. As lmpadas

    incandescentes, por exemplo, tendem a reproduzir com maior fidelidade as cores vermelha e

    amarela do que as cores verde e azul, aparentando ter uma luz mais quente.

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    1. Problemas em Postos de Trabalho com computador

    Muitas pessoas que utilizam computadores regularmente e por longos perodos de

    tempo sofrem frequentemente de:

    Dores de costas;

    Rigidez de pescoo e ombros;

    Dores e tenso nas mos e dedos;

    Tendinites dos pulsos;

    Pernas cansadas;

    Aparecimento de varizes;

    Problemas oculares.

    Na sua maioria, estes problemas esto relacionados com posturas incorrectas do

    corpo e com outros hbitos que podem mesmo dar origem a leses graves e

    incapacitantes para o trabalhador.

    Fruto da natureza por vezes montona e solitria deste tipo de trabalho, tambm so

    reportados outros tipos de problemas importantes a considerar, como por exemplo:

    irritabilidade;

    ansiedade;

    depresso e stress.

    s quais, por sua vez esto associadas outras consequncias, como:

    Desmotivao e insatisfao no trabalho;

    Erros operacionais frequentes.

    Que se traduzem, finalmente em:

    Falta de produtividade e qualidade.

    Postos de Trabalho em que se utilizam Ajudas Tcnicas

    A necessidade de utilizao de Ajudas Tcnicas num Posto de Trabalho com

    computador exige adaptaes especficas a cada caso, quer por via das caractersticas

    deste equipamento (dimenses, funcionalidades e reas de acesso), quer pela

    natureza das especificidades do trabalhador em questo.

    Tratando-se de casos singulares, normalmente no fcil encontrar solues

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    standard que resolvam todos os problemas; para conseguir um resultado satisfatrio

    exige-se uma anlise especialmente cuidada da relao entre a pessoa e o conjunto

    das questes que poderemos chamar de condies de trabalho tarefa que

    constitui o objecto de estudo da Ergonomia .

    Dada a dimenso dos prejuzos pessoais e materiais envolvidos, em especial neste

    domnio, deve referir-se a importncia de reunir profissionais qualificados para

    estudar e conhecer os problemas de que se reveste a deficincia ou incapacidade do

    trabalhador. Por outro lado, sempre que possvel, importante permitir a

    participao dos visados na concepo ou adaptao de um posto de trabalho.

    Preveno nos Postos de Trabalho com computador

    A preveno dos problemas causados pela utilizao continuada do computador, pode

    passar por estimular os trabalhadores a evitarem comportamentos gravosos. E, ao

    contrrio, a adoptarem algumas atitudes correctas no local de trabalho conforme se

    sugere a seguir.

    Organizar a mesa de trabalho:

    Dividir em trs partes a rea de trabalho:

    - Zona de trabalho principala distncia do cotovelo at mo, ou a zona de mais

    fcil alcance. Usar esta zona para colocar os objectos que se usam com mais

    frequncia.

    - Zona secundria de trabalho a distncia do brao estendido sem esforo. Usar esta

    zona para colocar elementos que se usem com alguma frequncia.

    - Zona de apoio/ arquivosuperior distncia alcanada pelos braos. Usar esta zona

    para os objectos que menos se utilizem.

    Evitar:

    Sentar-se em posturas estranhas ou foradas;

    Manter a mesma postura durante longos perodos de tempo;

    Levantar objectos frequentemente;

    Empregar demasiado esforo muscular, inclusive em tarefas relativamente

    sensveis;A presso nas partes delicadas do corpo por exemplo, repousar sobre a mesa

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    do escritrio;

    Realizar tarefas repetitivas que requeiram uma posio estranha ou aces

    foradas, sem permitir que o corpo recupere.

    Promover:

    - Ajustar a altura do encosto da cadeira, de maneira que haja contacto entre esta e a

    parte mais curva das costas;

    -Se a cadeira dispe de apoio de braos, ajustar a altura destes de maneira que no

    seja necessrio inclinar-se para us-los;

    - Se necessrio elevar a cadeira para obter uma posio recta dos pulsos e usar um

    apoio para os ps;

    - Descansar os braos e os pulsos num apoio de braos, quando no se est a escrever;

    - Usar apoio de braos enquanto escreve, sem se apoiar nele para descansar;

    - Usar alternativamente os diferentes dispositivos, como o rato e o teclado;

    - Pressionar suavemente as teclas do teclado e os botes do rato;

    - Manter o rato perto do teclado para reduzir o movimento desde o ombro;

    - Se usa com mais frequncia o rato que o teclado, desviar um pouco o teclado para

    mais facilmente manusear o rato na rea mais favorvel;

    - Colocar o monitor a uma distncia de 45 a 80 centmetros dos olhos, evitando

    reflexos ou contrastes luminosos muito acentuados;

    - Usar um suporte para colocar papis, livros e impresses;

    - Deixar cair relaxadamente os braos para os lados para evitar contraces;

    - Fazer pequenas pausas para descanso e relaxamento;

    - Realizar pequenos exerccios musculares e para os olhos.

    Sugestes de exerccios a realizar

    - Respire profundamente para relaxar os msculos;

    - Proporcione massagens nas mos e nos dedos para manter as mos quentes e

    reduzir a rigidez e contraces nos dedos;

    - Cruzar as mos atrs da cabea e esticar os braos para trs enquanto respira

    profundamente um bom exerccio;

    - Encolher os ombros ajudar a reduzir a tenso e a rigidez da parte superior das

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    costas e do pescoo. Para isso, levante os ombros e na continuao relaxe-os.

    Para descansar os olhos:

    - Pestanejar ajuda a manter os olhos lubrificados;

    - Trocar o foco dos olhos aconselhvel para relaxar os msculos oculares. Para isso

    pode-se focar a ponta dos dedos com o brao estendido para frente, depois olhar

    para um ponto distante. Voltar a olhar para a ponta dos dedos;

    - Usar tambm a palma das mos para aliviar a fadiga ocular cobrindo os olhos com a

    palma da mo e respirando profundamente.

    2.2 Ergonomia Ps-traumtica

    O que que se pode entender por Ergonomia ps-traumtica?Em caso de acidente ou doenas que causem incapacidades permanentes, h que ter

    em conta a reintegrao do trabalhador na empresa, de preferncia no mesmo Posto

    de Trabalho anterior leso, exigindo-se naturalmente, adaptaes nova condio

    desta pessoa.

    A reintegrao pode prever ajustamentos diversos:

    -No espao arquitectnico;

    -Nos equipamentos e instrumentos de trabalho;

    - Nos horrios, organizao e contedo das tarefas.

    Estas adaptaes no podem deixar de ter em conta a performance e o bem estar do

    trabalhador, o que, como se referiu antes, exige a sua contribuio nesse processo.

    2.3 O estudo e anlise Ergonmica de um Posto de Trabalho

    Pelo que atrs foi dito se pode compreender que um estudo ergonmico tenha que

    abranger e relacionar da melhor forma, o conhecimento:

    Do trabalhador

    - suas caractersticas fsicas;

    - personalidade, interesses a aptides;

    - caso se trate de uma pessoa portadora de deficincia, a descrio das Ajudas

    Tcnicas ou outros instrumentos que utiliza ou foi aconselhado a utilizar;

    - outras caractersticas relevantes.

    Das condies de trabalho

    - cargo, objectivos, horrio, planeamento e organizao de tarefas, formao;

    - organizao do espao


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