8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
1/84
Universidade Federal de Lavras UFLA
Centro de Educação a Distância CEAD
LEITURA E PRODUÇÃO DETEXTOSGUIA DE ESTUDOS
Helena Maria Ferreira
Marco Antônio Villarta Neder
Raquel Márcia Fontes Martins
Mauricéia Silva de Paula Vieira
Lavras/MG2011
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
2/84
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de ProcessosTécnicos da Bibl ioteca da UFLA
Leitura e produção de textos : guia de estudos / Helena Maria
Ferreira ... [et al.]. Lavras : UFLA, 2011.
85 p. : il. ; 20 x 26 cm.
Uma publicação do Centro de Educação a Distância da
Universidade Federal de Lavras.
Bibliografia.
1. Formação de professores. 2. Língua Portuguesa. 3. Linguística.I. Ferreira, Helena Maria. II. Neder, Marco Antônio Villarta. III.Martins, Raquel Márcia Fontes. IV. Vieira, Mauricéia Silva de Paula.V. Universidade Federal de Lavras. VI. Título.
CDD 372.6
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
3/84
Governo Federal
Presidente da República: Dilma Vana Rousseff
Ministro da Educação: Fernando Haddad
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES)
Universidade Aberta do Brasil (UAB)
Universidade Federal de Lavras
Reitor: Antônio Nazareno Guimarães Mendes
Vice-Reitor: José Roberto Soares Scolforo
Pró-Reitor de Graduação: João Chrysóstomo de Resende Júnior
Centro de Educação a Distância
Coordenador Geral: Ronei Ximenes Martins
Coordenadora Pedagógica: Carolina Faria Alvarenga
Coordenador de Projetos: Cleber Carvalho de Castro
Coordenadora de Apoio Técnico: Fernanda Barbosa Ferrari
Coordenador de Tecnologia da Informação: Ahmed Ali Abdalla Esmin
Departamento de Ciências HumanasLetras Português (modalidade à distância)
Coordenador do Curso: Marco Antonio Villarta Neder
Coordenadora de Tutoria: Raquel Márcia Fontes Martins
Revisora Textual: Andréa Portolomeos
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
4/84
Leitura e Produção de Textos
APRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES
Helena Maria FerreiraProfessora Adjunta do Departamento de Ciências Humanas(DCH/UFLA) das disciplinas Introdução aos Estudos Linguísticos eLeitura e Produção de Textos. Licenciada em LetrasPortuguês/Inglês (UNIPAM - Patos de Minas) e emPortuguês/Espanhol (UNIUBE- Uberlândia), Especialista emLinguística (UNIPAM Patos de Minas), Mestre em Linguística (UFU)e Doutora em Linguística (PUC-SP). Atua no desenvolvimento deprojetos de pesquisa e de extensão, entre eles, destacam-se o projetoProdução de Materiais Didáticos e Ferramentas Educativas (Projeto
TIC s) e Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência(PIBID). Tem concentrado sua atuação nas áreas de Leitura, Escrita eEnsino de Língua Materna.
Marco Antonio Vil larta Neder Professor Adjunto do Departamento de Ciências Humanas eCoordenador do Curso de Letras da Universidade Federal de Lavras.Atua na Graduação e Pós-Graduação. Licenciado em Letras(Universidade de Taubaté,1986), mestrado em Linguística Aplicada(ensino-aprendizagem de língua materna - Unicamp, 1995) edoutorado em Letras (Linguística e Língua Portuguesa - Unesp-
Araraquara, 2002). Tem publicações e experiência em projetos eorientações na área de Letras, com ênfase em Linguística, atuandoprincipalmente nos seguintes temas: discurso, linguística, leitura,produção escrita e formação de professores. Membro dos Grupos dePesquisa: Estudos de História do Pensamento: Ética, Lógica eOntologia - Universidade Federal de Lavras - UFLA); GAMPLE - GrupoAcadêmico Multidisciplinar: Pesquisa, Linguística e Ensino (Unesp -São José do Rio Preto); GEPPEP (Grupo de Estudos e PesquisasProdução Escrita e Psicanálise - USP); LEP (Laboratório de EstudosPolifônicos - Universidade Federal de Uberlândia). Participação emProjetos de Extensão e de Cooperação Internacional. É avaliador do
Inep para os Cursos de Graduação na área de Letras.
Raquel Fontes Marti nsMestre e doutora em Linguística pela Faculdade de Letras daUniversidade Federal de Minas Gerais Fale/ UFMG, é professora docurso de Letras da Universidade Federal de Lavras UFLA, ondeleciona, entre outras, a disciplina de Leitura e produção de textospara alunos de diversos cursos de graduação desta universidade. Suaatuação se concentra nas áreas de Linguística, Ensino de LínguaPortuguesa e Educação.
4
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
5/84
Leitura e Produção de Textos
Mauricéia Silva de Paula VieiraDoutora em Linguística pela UFMG e mestre pela PUC-MG, na áreade Leitura: produção e recepção de textos. Professora naUniversidade Federal de Lavras, onde leciona na graduação epesquisa sobre leitura nos livros didáticos, leitura no ensino superior einterações mediadas por computador.
5
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
6/84
Leitura e Produção de Textos
SumárioUNIDADE 1........................................................................................... ..7
1.1 Os usos da língua em diferentes contextos..................................9
1.2 Para compreender a noção do texto.........................................11
1.3 Fatores de textualização.............................................................16
UNIDADE 2.......................................................................................... .28
2.1 Leitura: uma atividade complexa........................................... .....29
2.2 Leitura e produção de coerência e coesão.................................32
2.3 Ler para quê? A importância dos objetivos de leitura..............36
UNIDADE 3.......................................................................................... .41
3.1 Os gêneros textuais e a produção escrita..................................42
UNIDADE 4.......................................................................................... .564.1 Resumos........................................................................... .........65
4.2 Resenha ............................................................................. .......70
4.3 Pôster (ou Painel) ................................................................... ...73
4.4 Seminário.......................................................................... .........74
4.5 Artigo Acadêmico............................................................ ...........78
4.6 Artigo de Opinião...................................................................... ..81
REFERÊNCIAS............................................................................ ........83
6
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
7/84
Leitura e Produção de Textos
UNIDADE 1
Objetivos:
Discutir sobre os diferentes usos da linguagem e suas implicações
para as interações linguístico-discursivas.
Analisar conceitos da Linguística (gênero textual, tipo textual, texto)
que favorecem a compreensão do funcionamento da linguagem e o
desenvolvimento das habilidades e competências de leitura, de
produção textual e de reflexão sobre a língua.
Refletir sobre a necessidade de usar linguagens variadas em
contextos diversos meio de expressar e comunicar ideias, interpretar
e usufruir das produções culturais e tecnológicas.
7
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
8/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
9/84
Leitura e Produção de Textos
1.1 Os usos da língua em diferentes contextos
É comum você ouvir alguém dizendo que não sabe falar
direito, que tem dificuldades para ler e compreender textos, que
escrever é muito difícil. E você, de que modo avalia o seu desempenho
como usuário do português?
Saber utilizar a língua materna com propriedade não é tarefa
simples. Apesar da vivência num contexto essencialmente
comunicativo, da nossa escolarização e dos inúmeros textos falados,
lidos ou escritos com os quais lidamos no nosso dia-a-dia, o
enfrentamento de desafios no ato de compreender e produzir textos é
constante na vida de qualquer indivíduo. No entanto, podemos sempre
aperfeiçoar nossas habilidades e nossas competências linguísticas e
discursivas.
Nesse sentido, cursar a disciplina Leitura e Produção de
Textos, na Universidade, poderá contribuir para que você adquira ou
aperfeiçoe informações e conteúdos necessários para a compreensão
do funcionamento dos gêneros textuais que circulam socialmente, em
especial daqueles que são próprios do meio acadêmico. A oralidade, a
leitura e a escrita constituem-se como práticas de natureza transversal,
já que atravessam todas as disciplinas. Assim, independente do curso
que tenha escolhido, você precisará dispor de habilidades e de
competências linguísticas para participar das atividades acadêmicas;
precisará se preparar para falar, compreender e escrever
adequadamente no mercado de trabalho. Por meio da fala, da leitura e
da escrita, temos acesso aos textos das diversas áreas doconhecimento, obtemos e repassamos informações, interagimos com
os textos e com nossos pares.
De acordo com o pesquisador da linguagem Mikhail Bakhtin
(1992), as atividades humanas, independentemente de suas
variedades, estão sempre relacionadas com o uso da língua, ou seja, a
língua concretiza nossos enunciados, sejam eles orais ou escritos, que
emanam dos integrantes de uma ou outra esfera da atividade humana.
9
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
10/84
Leitura e Produção de Textos
Desse modo, segundo o autor, a palavra entra no tecido dialógico da
vida humana (p.35).
A língua relata a história, integra a formulação de
enunciados de problemas matemáticos, explicita relações sociais,
fortalece argumentos, integra projetos das engenharias, demonstra
prescrições, divulga a ciência, descreve ambientes, ressignifica
sentimentos, aproxima e distancia pessoas. Dominando a
compreensão do funcionamento linguístico-discursivo, você terá um
instrumental básico para se lançar às diversas áreas do conhecimento
humano. A língua fornece, inclusive, o suporte para que nossas
diferentes operações mentais possam ser realizadas, já que é a partir
dela que se organiza o pensamento e é por meio dela que se dá
qualquer processo de aprendizado. O domínio eficiente da língua é um
instrumento essencial para garantir a sua participação na vida social,
acadêmica e profissional, de modo mais ativo e mais crítico.
Você deve saber que os sentidos são construídos na relação
entre as palavras, no contexto sociodiscursivo, na interação entre as
pessoas. Leia o texto abaixo e observe como os sentidos são
construídos:
10
Autor : Brasil. Ministério da Saúde. Título: O que eles vendem não é oque você leva. Fumar causa câncer na boca. Cigarro faz mal até napropaganda.Informação Descritiva: 1 cartaz: color.; 64x44 cm. Fonte:[Brasília]: s.n, s.d. Disponível em: http://bvsms-bases.saude.bvs.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/ms/ . Acesso em: 03/10/2011.
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
11/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
12/84
Leitura e Produção de Textos
Como você pode observar, cada um desses textos tem uma
forma de organização, um estilo de linguagem e uma função social. Em
todo texto que você fala ou escreve, você busca interagir com alguém.
Ao interagirmos por meio da língua, nós, sujeitos sociais,
produzimos e recebemos discursos, ou seja, praticamos ações verbaisdotadas de intencionalidade. Esses discursos que produzimos se
manifestam por meio de textos. A escolha do modelo de texto que
fazemos está ligada a questões contextuais, ou seja, com quem
falamos, sobre o que falamos, com qual finalidade o elaboramos.
O texto a seguir constitui um exemplo dessa escolha. Veja o
fotopoema e responda:
Autor : Lívio Soares de Medeiros. 01. Disponível em:http://www.liviosoares.com/fotopoemas/fotopoemas021.html. Acesso em:03/10/2011.
1) Qual é o objetivo do texto lido?
12
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
13/84
Leitura e Produção de Textos
2) No seu entendimento, para que tipo de leitor esse fotopoema foi
produzido?
3) Quais são as características peculiares desse texto?
4) Comente a afirmativa: Esse texto estabelece um diálogo
intertextual com outro texto. Para expor sua ideia, considere o
fragmento abaixo.
Intertextualidade é elemento constituinte e constitutivo do processo
de escrita/leitura e compreende as diversas maneiras pelas quais a
produção/recepção de um dado texto depende de conhecimentos de
outros textos por parte dos interlocutores, ou seja, dos diversos tipos
de relações que um texto mantém com outros textos (KOCH; ELIAS,
2006, p. 86).
Os textos que produzimos circulam socialmente dentro de
determinadas configurações - receitas, charges, piadas, notícias,
reportagens, horóscopos, e-mails, cartas, poemas, telefonemas,
petições, relatórios, artigos de opinião, artigos científicos, teses,
resumos, resenhas, etc. e são conhecidos como gêneros textuais.Cada um desses textos reflete/ indicia o resultado da atividade verbal
de indivíduos socialmente atuantes, que o produzem intencionalmente
a fim de alcançar um objetivo. Nesse sentido, segundo o linguista
Marcuschi (2002), gêneros textuais são textos materializados encontrados
no cotidiano e que apresentam características sócio-comunicativas
definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e estrutura.
Você precisa saber também que cada texto encontra-seorganizado segundo uma espécie de construção definida pela natureza
linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos
verbais, relações lógicas). Esses modos de construção são intitulados
tipos textuais, que abrangem as categorias conhecidas como:
narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. Mas, muitos
gêneros textuais apresentam mais de um tipo em sua composição,
sendo esse fenômeno chamado de heterogeneidade tipológica. Para
entender essa ideia, você poderá observar uma bula de remédio, em
13
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
14/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
15/84
Leitura e Produção de Textos
para que uma fala ou um escrito seja(m) considerado(a)(s)
efetivamente um texto?
Etimologicamente, a palavra texto origina-se do latim textum,
que significa tecido, entrelaçamento. Definir o que é um texto, embora
pareça fácil, mostra-se uma tarefa complexa, uma vez que esta noção
varia de acordo com a corrente teórica que se adote e também com
noções como língua e linguagem. Atualmente, um conceito sobre texto,
amplamente aceito pela Linguística Textual refere-se a qualquer
produção linguística, falada ou escrita, de qualquer tamanho, que
possa fazer sentido numa situação de comunicação humana, isto é,
numa situação de interlocução. (COSTA VAL, 2004, p.113).
Podemos compreender que o texto oral ou escrito é
composto por enunciados que, articulados entre si, podem fazer
sentido numa dada situação comunicativa, considerando-se os
elementos de contextualização. Em Texto e Coerência, os linguistas
Koch e Travaglia (2000, p. 08) definem o texto como unidade linguística
concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos
usuários da língua (falante, escritor/ ouvinte, leitor) em uma situação de
interação comunicativa específica, como uma unidade de sentido e
como preenchendo uma função comunicativa (...) independentemente
de sua extensão. Tomemos, por exemplo, a palavra silêncio. Dita, em
uma sala de aula, por um professor ou, então, escrita em uma placa
em um hospital, essa palavra constitui-se como um texto. Há,
claramente, nas duas situações de interação, uma intenção
comunicativa que faz com que os participantes possam perceber a
intenção de quem produziu tais textos (falado ou escrito) e produzir ounão o silêncio. Uma piada, por exemplo, tem uma intenção
comunicativa: fazer o outro rir/produzir humor; uma placa de trânsito
serve para orientar os motoristas a fim de que o trânsito não fique um
caos; uma homepage é construída com o objetivo de fornecer links
para que se possa localizar mais facilmente as informações e utilizar
os vários recursos ali disponíveis. Esses são exemplos de textos que
circulam no cotidiano cumprindo funções sociais especificas.
15
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
16/84
Leitura e Produção de Textos
Outro aspecto relevante quando se discute a noção de texto
diz respeito à construção do sentido. O sentido não está dado no texto,
como algo pronto, mas é produzido pelo leitor em cada situação
comunicativa. Embora produza o sentido, o leitor não é livre para
produzir qualquer sentido. Como seres socioculturais, autor e leitor
partilham conhecimentos, crenças, valores, etc. e atuam ativa e
colaborativamente na construção do sentido. Marcuschi (2008, p. 23)
esclarece que não existe um uso significativo da língua fora das inter-
relações pessoais e sociais situadas .
A Linguística Textual, parte de linguística encarregada de
estudar os textos, enumera alguns fatores que nos auxiliam a
compreender o que faz com que um conjunto de palavras possa ser
considerado um texto e não um amontoado de frases soltas. Dentre
eles, podemos destacar: a intencionalidade, a aceitabilidade, a
situacionalidade, a informatividade, a intertextualidade, a coerência e a
coesão.
1.3 Fatores de textualização
a) Intencionalidade: toda pessoa, ao produzir um texto,
possui uma disposição em escrever algo coerente, que faça
sentido numa situação comunicativa. Essa disposição cor-
responde à intencionalidade e determina, em grande parte,
as escolhas que o produtor de um texto faz.
b) Aceitabi lidade: assim como quem produz um texto pos-
sui uma intencionalidade, o leitor também possui expectati-
vas em relação ao que ele lê. A aceitabilidade está ligada às
intenções do leitor em ler um texto coerente, coeso, útil e re-
levante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos. É essa
aceitabilidade que faz com que o leitor atue colaborativa-
mente na construção de sentido.
16
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
17/84
Leitura e Produção de Textos
c) Situacionalidade: refere-se à adequação do texto à
situação sócio comunicativa. Assim, compreender o contexto
sócio-histórico-cultural em que o texto foi elaborado é
relevante para se construir o sentido. É preciso considerar o
local e a data de publicação do texto, o autor, os elementos
gráficos escolhidos (cores, tamanho de letra, ilustrações,
etc), o suporte onde ele foi publicado (jornal, revista, internet,
livro, etc) Cada um desses fatores interfere na forma como o
leitor interage com o texto. Ler uma crônica em uma
coletânea é diferente de ler a mesma crônica em um livro
didático em sala de aula.
d) Informatividade: relaciona-se ao nível de novidade que
cada um atribui ao texto. Assim, ao ler um texto que só traga
informações já conhecidas o leitor pode considerá-lo inútil,
enfadonho. Por outro lado, se o nível de informações novas
for muito elevado, pode não entendê-lo ou desprezá-lo.
e) Intertextualidade: está relacionada às relações que um
texto estabelece com outros textos. O sentido a ser
produzido durante a leitura é dependente dos
conhecimentos que o leitor tem dos outros textos com os
quais o texto lido dialoga.
f) Coerência: é o que faz com que um texto pareça lógico,
consistente, aceitável, com sentido. A coerência está relacio-
nada não só aos conceitos e as relações entre conceitos que
o texto põe em jogo, mas também aos conhecimentos e in-
formações partilhadas. Para avaliar se um texto é coerenteou não, é necessário considerar as condições de produção.
g) Coesão : A língua dispõe de vários mecanismos (prono-
mes, advérbios, operadores argumentativos, etc) com os
quais o produtor de um texto podem indicar as relações que
pretende que sejam estabelecidas entre palavras, frases, pe-
ríodos do texto.
17
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
18/84
Leitura e Produção de Textos
Para compreender melhor a noção de texto e os fatores
envolvidos na textualização, leia três textos que tratam do mesmo
assunto.
Texto 01: cartaz
Texto 02: outdoor
Disponível em: http://portal.saude.gov.br/saude/campanha/outdoor_transito_250711.jpg . Acessoem: 03/10/2011.
18
Disponível em: http://portal.saude.gov.br/saude/campanha/cartazes_44x64_brancadeneve _250711.jpg . Acesso em: 03/10/2011.
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
19/84
Leitura e Produção de Textos
Texto 03: fo lder
Disponível em: http://portal.saude.gov.br/saude/campanha/folder_250711.jpg Acesso em:03/10/2011.
Embora os textos possuam vários elementos comuns, você
deve ter observado que cada um deles tem características que o
diferenciam dos demais. Vejamos o porquê disso:
O primeiro aspecto a ser considerado diz respeito ao fato de
que os textos apresentados fazem parte de uma campanha nacional
de trânsito, veiculada em 2008, no Rio de Janeiro, intitulada Ajude a
salvar as nossas crianças. Cuide delas no trânsito , promovida peloGoverno Federal, pelo SUS e pelo Ministério da Saúde. O texto 01 é
um cartaz de campanha, desses que são encontrados afixados nas
paredes em escolas, postos de saúde, etc. O texto 02, por sua vez, foi
produzido para ser veiculado em um outdoor e o texto 03 é um folder,
próprio para ser entregue em mãos em uma campanha de
conscientização. Essas informações recuperam dados relacionados à
situacionalidade e permitem compreender a quantidade de informação,o formato de cada um e as estratégias empregadas. Como se trata de
19
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
20/84
Leitura e Produção de Textos
uma campanha governamental e, portanto, institucionalizada, nos três
textos há a presença da logomarca das instituições que participam do
evento. Em todos eles, há a exploração da linguagem verbal e da
linguagem não verbal. A integração dessas linguagens é característica
desses suportes (cartaz, outdoor e folder). No outdoor , o texto verbal é
curto, claro e escrito em padrão formal. As letras são maiúsculas e
grafadas em uma fonte maior. Tais estratégias se justificam porque o
outdoor é um texto para ser lido numa fração de segundos.
Geralmente, ele é colocado em pontos estratégicos da cidade ou
próximo a rodovias e muitos leitores o leem rapidamente enquanto
dirigem. O cartaz também é um texto para ser lido de forma rápida.
Embora haja semelhanças, o formato físico mudou, não é mesmo? Isso
porque cada um circulará em um suporte específico. Já o folder, como
é entregue em mãos, apresenta uma quantidade maior de informação
para ser lida, se comparado aos outros analisados.
Em todos eles, há uma intencionalidade: produzir um texto
coerente que faça sentido e que possa conscientizar pais e
responsáveis sobre cuidados com crianças no trânsito. Para isso,
elegeu-se como o foco principal as crianças, isto é, para conscientizar
os pais procura-se primeiro atingir as crianças. Por isso, não causa
estranheza nos leitores a presença dos personagens Branca de Neve,
Chapeuzinho Vermelho, da bruxa e nem do príncipe em uma
campanha de trânsito. O leitor trabalha colaborativamente,
empreendendo o esforço necessário para produzir sentido para a
campanha. Trata-se da aceitabilidade desses textos por parte não só
das crianças (que não são motoristas), mas também dos adultosresponsáveis. Na elaboração da campanha, há uma intertextualidade
com os textos da literatura infantil e o leitor aciona conhecimentos
sobre esses contos e seus personagens. O grau de informatividade
nos textos está relacionado aos objetivos da campanha e aos demais
fatores de textualização: o texto verbal traz as informações básicas,
pois é necessário atingir um grande número de leitores. Outro fator
importante pode ser verificado no enunciado Ajude a salvar as nossascrianças. Cuide delas no trânsito. O termo delas retoma a palavra
20
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
21/84
Leitura e Produção de Textos
crianças. Essa retomada estabelece uma inter-relação, um
encadeamento entre partes do texto e mantém o foco de sentido no
mesmo referente. Tem se aí, portanto, um mecanismo de coesão
textual. Por fim, os três textos mantêm uma unidade lógica de sentido,
uma consistência conceitual que confere aos textos interpretabilidade,
considerando-se os vários aspectos analisados. Trata-se de um texto
coerente.
Como visto, há uma série de fatores que interferem na
constituição de um texto e na construção de sentido. Assim, um texto
não é um amontoado de palavras.
A fim de produzirmos o sentido para um texto que
lemos/escrevemos é preciso considerar: quem o produziu?, com qual
objetivo?, para qual leitor? , em que gênero?, onde e em que suporte
circula?.
21
Disponível em: http://www.freedigitalphotos.net/images/Younger_Women _g57-Woman_Verifying_Document_p41025.html . Acesso em: 03/10/2011.
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
22/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
23/84
Leitura e Produção de Textos
Texto 2: FELICIDADE
Felicidadeem pó,em frascos.
Felicidadelíquida,cheirosa.
Felicidadesobre rodasou num avião.
Felicidadefinanciada,
emprestada.
Felicidadeaparente,bem-vestida.
Felicidadeno shopping,no banco.
Felicidadeque supomosno outro.
Felicidadeque maquiatoda a cara.
Lívio Soares de Medeiros
Disponível em: http://liviosoares.blogspot.com/2011/08/felicidade.html . Acesso em: 03/10/2011.
Texto 3: Um Apólogo
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda
enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
Deixe-me, senhora.
23
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
24/84
Leitura e Produção de Textos
Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que
está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
der na cabeça.
Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é
agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual
tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos
outros.
Mas você é orgulhosa.
Decerto que sou.
Mas por quê?
É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de
nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você
ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um
pedaço ao outro, dou feição aos babados...
Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou
adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço
e mando...
Também os batedores vão adiante do imperador.
Você é imperador?
Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel
subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o
trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da
baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de umabaronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela.
Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha,
enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os
dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana para dar a isto
uma cor poética. E dizia a agulha:
Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que
24
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
25/84
Leitura e Produção de Textos
vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e
acima...
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o
que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela
não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo
silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic
da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o
dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto
acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira,
que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para
dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela
dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando,
abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai
dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a
caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos,
diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de
cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que
vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como
eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que medisse, abanando a cabeça: Também eu tenho servido de agulha a
muita linha ordinária!
(ASSIS, Machado de. Um apólogo. In: ____. Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964)
25
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
26/84
Leitura e Produção de Textos
Texto 4: Rede social
Disponível em: http://cafeeopiniao.blogspot.com/ Acesso em: 03/10/2011.
Texto 5: Indignação
À Revista Veja,
Ficamos muito indignados com a matéria publicada nesta revistaedição 1999 ano 40 número 10 de 14 de 3 de 2007 com o título (Made
in Paraguai).
O jornalista José Edward escreveu coisas que não dissemos: 1
Augusto Karai Tataendy é nascido na aldeia Palmeirinha, estado do
Paraná, e não no Paraguai conforme escreveu o jornalista. 2
Augusto Karai Tataendy nunca morou no Morro dos Cavalos. Os
antropólogos nunca nos levaram para lugar nenhum, sempre
seguimos nossos conhecimentos e a revelação de Nhanderu (Deus).
Somente na aldeia Maciambu, em Palhoça - SC, em que a Terra foi
sequestrada judicialmente, o juiz nos permitiu morar lá. Ficamos nessa
aldeia até 1999 quando conquistamos essa nova Terra e mudamos
para Marangatu. Pedimos que seja informado corretamente os
leitores, senão teremos que entrar com justiça contra revista.
Augusto da Silva
Eduardo da Silva (cacique)
26
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
27/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
28/84
Leitura e Produção de Textos
UNIDADE 2
Objetivos:Refletir sobre a noção de leitura como processo de interação, levando-
se em consideração o contexto de produção e o papel dos
interlocutores na construção dos sentidos do texto.
Discutir a natureza da leitura, em termos de operações cognitivas,
determinantes socioculturais relevantes, mecanismos textuais-
discursivos envolvidos, de modo a promover uma reflexão crítica sobre
as diferentes finalidades e formas de leitura no espaço escolar esocial.
Analisar aspectos linguísticos e extra-linguísticos envolvidos no ato de
ler e suas implicações para a produção dos sentidos, de modo a
entender que diferentes objetivos de leitura produzem interpretações
distintas para um mesmo texto.
28
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
29/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
30/84
Leitura e Produção de Textos
Leia os dois textos a seguir, para refletir sobre a atividade de
leitura.
TEXTO 1
OBJETIVO: A lesão renal aguda isquêmica, de causamultifatorial, apresenta morbidade e mortalidade alarmantes. Aestatina, inibidor de HMG-CoA redutase, tem demonstrado papelrenoprotetor, com componente antioxidante, antiinflamatório evascular. A atividade de heme oxigenase-1 pode ser mediadoradesses efeitos pleitrópicos da estatina sobre o rim, ou seja,independente da ação de redução de lipídio. Esse estudo visouavaliar se o efeito renoprotetor da estatina pode ter mecanismoheme de proteção em ratos. MÉTODOS: O modelo isquêmico foiobtido por meio do clampeamento dos pedículos renais bilateraispor 30 minutos, seguido de reperfusão. Foram utilizados ratosWistar, machos, pesando entre 250-300g, distribuídos nosseguintes grupos: SHAM (controle, sem clampeamento renal);
Isquemia; Iquemia+Estatina (sinvastatina 0,5 mg/kg, via oral por 3dias); Isquemia+Hemin (indutor de HO-1, 1 mg/100g,intraperitoneal 24h antes da cirurgia); Isquemia+SnPP (inibidor deHO-1, 2 mol/kg intraperitoneal 24h antes da cirurgia); Isquemia+Estatina+Hemin e Isquemia+Estatina+SnPP. Foram avaliados afunção renal (clearance de creatinina, Jaffé), osmolalidadeurinária, peróxidos urinários e a imunohistoquímica para ED-1.RESULTADOS: Os resultados mostraram que a estatinamelhorou a função renal, a osmolalidade urinária, reduziu aexcreção de peróxidos urinários e a infiltração de macrófagos emrins de animais submetidos à isquemia renal. O indutor da hemeoxigenase-1 e a sua associação com sinvastatina reproduziram opadrão de melhora determinado pela sinvastatina. CONCLUSÃO:
O estudo confirmou o efeito renoprotetor da estatina, com açãoantioxidante e antiinflamatória, e sugere que esse efeito tenhainterface com o sistema heme de proteção renal.
Fonte: TESHIMA, Claudia Akemi Shibuya; WATANABE, Mirian;NAKAMURA, Sandra Hideko e VATTIMO, Maria de FátimaFernandes. Efeito renoprotetor da estatina: modelo animal deisquemia-reperfusão. Rev. bras. ter. intensiva [online]. 2010,vol.22, n.3, pp. 245-249. ISSN 0103-507X. doi: 10.1590/S0103-507X2010000300005.
TEXTO 2
Disponível: http://gaia.saude.mg.gov.br/blog/wp-content/uploads/2010/02/Outdoor.pdf .Acesso em: 01/06/2011.
30
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
31/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
32/84
Leitura e Produção de Textos
Esses fatos indicam que a leitura, além de ser uma atividade
cognitiva, é também uma atividade social, ou seja, para compreender
um texto, você mobiliza conhecimentos que adquiriu no convívio social.
A sua experiência com o gênero, o tema e o contexto do texto é
decisiva para uma interpretação adequada.
2.2 Leitura e produção de coerência e coesão
Neste momento, é importante refletir sobre a seguinte
questão: se usamos os nossos conhecimentos prévios na leitura,
então, onde está o sentido ou a coerência do texto? Está no próprio
texto? Está somente no leitor?
O sentido ou a coerência do texto está na relação entre
autor, texto e leitor. O texto é o mediador da interação que se
estabelece entre autor e leitor. Dessa forma, os sentidos do texto não
estão simplesmente prontos e dados nele; dependem do trabalho doleitor que interage com o autor por meio do texto. Como afirma a
pesquisadora Delaine Cafiero (2005), a leitura
[...] é uma atividade ou um processo cognitivo deconstrução de sentidos realizado por sujeitos sociaisinseridos em um tempo histórico, em uma dada cultura.Entender a leitura como processo de construção desentidos significa dizer que quando alguém lê um texto nãoestá apenas realizando uma tradução literal daquilo que oautor do texto quer significar, mas que está produzindosentidos, em um processo concreto de comunicação, a
32
Foto: Lívio Soares.
Disponível em: http://www.freedigitalphotos.net/images/Reading_g400-Girls_With_Book_p9595.html. Acesso em: 03/10/2011.
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
33/84
Leitura e Produção de Textos
partir do material escrito que o autor fornece [o texto].Nesse processo, o leitor busca o texto como um ponto departida, um conjunto de instruções; relaciona essasinstruções com as informações que já fazem parte de seuconhecimento, com o que já aprendeu em outras situações,produzindo sentidos ou construindo coerência para o texto.
[...] o sentido não é uma propriedade do texto, não seencontra pronto em sua superfície, depende da ação dequem o processa (CAFIERO, p.17).
Vejamos, a seguir, uma piada que nos permitirá refletir mais
sobre o fato de o sentido ou a coerência do texto não estar pronto no
próprio texto, mas demandar trabalho por parte do leitor:
A filha para a mãe: Mamãe, é verdade que, na África, a mulher só conhece seu marido
depois de se casar com ele?
Aqui também é assim, minha lindinha...
Piada de domínio público
Como se pode notar, além de o texto ser de um gênero mais
familiar (piada) e de curta extensão, apresenta um vocabulário simples.
Desse modo, é provável que você tenha tido facilidade para interpretaressa piada. Contudo, será que ela seria compreendida facilmente por
uma criança de 8 anos de idade, mesmo que ela já saiba ler
fluentemente? É provável que não. O que dificultaria a leitura dessa
criança? Um conhecimento sociocultural muito importante, implícito
nesse texto, relativo a relações de gênero na nossa sociedade.
Para compreender a piada, é necessário considerar as
rixas entre homens e mulheres na nossa cultura, os pontos de vistafeminino e masculino sobre o relacionamento amoroso, sobre o
casamento... A criança mencionada teria dificuldade de interpretar o
texto não por desconhecer o gênero piada ou por ter algum problema
com o vocabulário ou o tamanho do texto, mas por não conseguir inferir
esse conhecimento que está implícito na piada. Ela não perceberia
que, no texto, a palavra conhecer apresenta diferentes significados
para a filha e para a mãe. Enquanto a mãe utiliza tal palavra no sentido
33
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
34/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
35/84
Leitura e Produção de Textos
Ainda, na fórmula com que o texto se inicia, A filha para a
mãe: a qual anuncia o gênero piada para um leitor que tenha uma
relativa experiência com esse gênero, ou seja, um conhecimento prévio
em relação ao referido gênero , o leitor produz coesão, inferindo um
verbo entre as palavras filha e para . Possivelmente, o leitor infere
verbos como pergunta ou diz : A filha pergunta para a mãe ou A
filha diz para a mãe . Esse processo de ligação feito pelo leitor se
relaciona, novamente, à coesão produzida por ele a partir das marcas
linguísticas deixadas pelo produtor do texto no texto.
35
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
36/84
Leitura e Produção de Textos
2.3 Ler para quê? A importância dos objetivos deleitura
Você já notou que os objetivos que temos ao ler um texto
influenciam no modo como interagimos com esse texto? Por exemplo,
ler anúncios classificados de imóveis com interesse em alugar ou
vender imóveis é o mesmo que ler tais anúncios sem esse interesse
específico? Certamente que não. Se o interesse do leitor recai sobre os
anúncios de aluguel de imóveis apenas, é muito provável que esse
leitor não leia anúncios de outros tipos: de compra de imóveis, de
carros, de empregos etc.
Vejamos, com a atividade a seguir, o quanto os objetivos ou
finalidades de leitura interferem na interpretação do texto.
36
Figura 1: Disponível em: h ttp://www.freedigitalphotos.net/images/Reading_g400- Man_Indicating_A_Page_p48808.html . Acesso em: 03/10/2011.
Figura 2: Disponível em: http://www.freedigitalphotos.net/images/Reading_g400-Reading_The_Sports_News_p37575.html . Acesso em: 03/10/2011.
Figura 3: Disponível em: http://www.freedigitalphotos.net/images/Reading_g400-Young_Man_Reading_Book_p49266.html . Acesso em: 03/10/2011.
Figura 4: Disponível: http://www.freedigitalphotos.net/images/Reading_g400-Woman_Hand_p31676.html . Acesso em: 03/10/2012.
Figura 5: Disponível em: http://www.freedigitalphotos.net/images/Reading_g400-Woman_With_Notebook_p47628.html . Acesso em: 03/10/2011.
Figura 6: Disponível em: http://www.freedigitalphotos.net/images/Reading_g400-Prayer_p21187.html . Acesso: em: 03/10/2011
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
37/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
38/84
Leitura e Produção de Textos
Destacam-se, ainda, a igreja do Rosário e o museu Bi Moreiracomo atrações históricas.
TRANSPORTE COLETIVO
Terminal Rodoviário (35) 3821-9933: Belo Horizonte - Lavras - BeloHorizonte (Gardênia 0300 313 2020); São Paulo - Lavras - São Paulo(Gardênia - 0300 313 2020); Divinópolis - Lavras - Divinópolis (SãoCristóvão - 3821.7250); Varginha - Lavras Varginha (Gardênia - 0300 3132020); Araxá - Lavras - Araxá (Gontijo - 3821.9333); Uberlândia - Lavras -Uberlândia (Gontijo - 3821.9333); São João del Rei - Lavras - São João delRei (São Cristóvão - 3821.7250); Rio de Janeiro - Lavras - Rio de Janeiro(Bel-Tur - 3821.8937); Juiz de Fora - Lavras - Juiz de Fora (Transur - 38218887); Brasília Lavras - Brasília (São Cristóvão - 3821.7250); Santos -
Lavras - Santos (Útil - 3821.9099).
HOSPITAIS - PRONTO-SOCORRO
Hospital Vaz Monteiro: Fone: 3829.2600; Santa Casa de Misericórdia: Fone:3829.2800; Pronto-Atendimento: 3821.0009.
TELEFONES E ENDEREÇOS ÚTEIS
Serviço Despertador: 134; Hora Certa: 130; Rádio-Patrulha: 190; Delegaciade Polícia: 3821.6211; INSS: R. Dr. Francisco Sales, 505. Fone: 3829.2412,3829.2422; Posto Telefônico Público: R. Raul Soares, 48; Agência deCorreios e Telégrafos/ECT R. Raul Soares, 159, Fone: 3822.4492.
ONDE SE HOSPEDAR EM LAVRAS
Hotéis - Alvorada (campus histórico da UFLA): 3829.1198; 3821.1110;Califórnia: 3821.6009; Cama e Café: 3822.5789; Lavras Apart Hotel:3821.1413; Mazza: 3821.7366 SITE: http://www.mazzahotel.com.br ;Minas Hotel: 3821.0363 SITE: http://www.minashotel.net ; OuroLavras:3822.8300; Pingüim: 3821.2955; Serema Palace Hotel: 3829.8350; TropicalPalace Hotel: 3821.8868; hotel ipê: 3821.7522; Vila Romana Flat: 031 33342010; Vitória Palace Hotel: 3822.3555.
Casas de Família: 3821.0686, 8843.2602 ([email protected] )site: http://casadocalouro.vilabol.uol.com.br ; 821.1926; 3822.3127;3821.6157; 3821.0389/9156.1415([email protected] ); 3822.6514 ([email protected] ),
site: http://casadefamilia.vilabol.uol.com.br .
38
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
39/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
40/84
Leitura e Produção de Textos
necessariamente linear. Acima de tudo, é preciso ter
sempre claro o seu objetivo ao ler um texto. Esses
objetivos podem ser variados: ler para se informar; ler
para operar um eletrodoméstico; ler para executar uma
receita; ler para escolher um filme para assistir; ler para se
divertir etc. Cada objetivo desses muda completamente a
sua interação com um mesmo texto.
40
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
41/84
Leitura e Produção de Textos
UNIDADE 3
Objetivos:Refletir sobre os processos envolvidos na atividade de produção
textual.Compreender as etapas do processo de produção de textos: planejar,escrever, revisar e reescrever.Vivenciar práticas de produção de gêneros textuais, considerando osmecanismos estudados.
Analisar os tipos de parágrafos e seus efeitos na construção dossentidos dos textos.
41
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
42/84
Leitura e Produção de Textos
3.1 Os gêneros textuais e a produção escrita.
Leia o texto abaixo e reflita sobre o processo de produção
textual. Elabore um texto, registre sua posição acerca da afirmação de
muitas pessoas de que escrever é muito difícil. Poste sua produçãonum arquivo de texto.
Papo brabo por Jô Soares
A verdade é que não se escreve mais como antigamente,
pois naquele tempo não havia computadores e, por incrível que pareça,
nem mesmo canetas esferográficas. Porém, se fôssemos registrar em
42
Disponível em: :http://www.freedigitalphotos.net/ images/Off ice_and _Stationer _g145-Paper_p11932.html . Acesso em: 03/10/2011.
Disponível em: http://www.freedigitalphotos.net/images/Computers_g62-Hand_Writing_Through_Computer_p56367.html%20. Acesso em: 03/10/2011.
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
43/84
Leitura e Produção de Textos
papel todos os absurdos do ser humano, não sobraria sequer uma
resma para os cartões de Natal.
Isso posto, não de gasolina nem de saúde, já que uma é
cara e a outra é carente, vamos ao que interessa. Quando digo vamos
ao que interessa, vem-me logo à mente a pergunta: interessa a quem?
A mim, pensará o leitor desavisado.
O leitor avisado perceberá facilmente que estou me referindo
em geral a assuntos interessantes e, se não forem, também não
interessa.
Resolvida essa questão da maior importância para aqueles
que assim pensam, passo a seguir ao tema central da discussão, por
sinal uma discussão que se perpetua enquanto dura.
A pergunta é a seguinte: como abordar um tema central
quando se está fora do centro e, por isso mesmo, longe do efeito da
força centrífuga? Como ficam nisso tudo o centro do poder, o centro
espírita, o centro da cidade e o centro sempre discutido das pessoas
autocentradas? Convenhamos, o que é centro para uns é esquerda
para outros e direita no sentido de quem vem.
Infelizmente, quando se entra em assunto tão polêmico,
ninguém se atreve a responder. Mesmo porque, ainda nem foi
perguntado. Se for e quando for, tenho certeza de que sempre haverá
alguém para discordar e eu perdôo, pois essas contradições são
inerentes à alma humana. Disse alma humana? Que dizer, então, das
outras almas? Da desumana, da penada, da alma do negócio e,
principalmente, da alma minha gentil que te partiste/ tão cedo desta
vida descontente/ repousa lá no céu eternamente?Não quero parecer ilógico, mas seria de péssimo gosto
trazer mais uma vez à baila essa intrigante questão. Aliás, pensando
bem, ou mesmo pensando mal, por que trazer à baila e não levar ao
baile? Ou mesmo trazer o baile à baila? Nunca tiveram a coragem de
revelar essa incongruência histórica: no baile da Ilha Fiscal ninguém
pagava imposto de renda. Digam o que disserem: a dura realidade é
que nenhum intelectual que se preze pode desprezar-se. Tenho a mais
43
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
44/84
Leitura e Produção de Textos
absoluta convicção de ter sido claro e objetivo na colocação dessas
ideias.
Para finalizar, termino.
Moral: Pode ser que esse texto seja incoerente, mas faz muito maissentido do que o massacre dos sem-terra. Antes que eu me esqueça: areforma agrária já começou. Criaram um ministério.
Disponível em: http://www.colegiovsjose.com.br/www.colegiovsjose.com.br/recursos/File/2010/ VESTIBULA
R /PUCMG/2008/vestibular_2008_01_interior_portugues.pdf . Acesso em: 03/10/2011.
QUE S
A nossa vida em uma sociedade letrada é marcada pelo
contato com diversos gêneros textuais. Com eles, informamos o que
pensamos e sentimos, contamos piadas e fazemos rir, externamos
nossos desejos e nossas inquietações. Eles organizam a nossa vida
diária e podem ser considerados artefatos culturais: existem para
atender às demandas de uma sociedade em um determinado contexto
sócio-histórico-cultural.
Para interagirmos com alguém através da língua escrita, é
importante produzirmos textos de qualidade e que estejam de acordo
com os padrões aceitos, isto é, precisamos produzir determinados
gêneros textuais. Quando escrevemos, estamos praticando uma ação.
A produção de textos escritos é uma prática de linguagem e, como tal,
uma prática social.
Mas... Produzir um texto não é uma tarefa muito simples.
Escrever é uma atividade cognitiva complexa. A escrita, como atividade
interativa, requer a mobilização de um conjunto de conhecimentos
referentes à língua, aos textos, à própria situação comunicativa. Ao
escrever, nos deparamos com um conjunto de questões sobre o qual
se precisa refletir:
1. Quem escreve: que papel social estamos assumindo ao
produzir determinado texto? Ao produzir um texto, é
44
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
45/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
46/84
Leitura e Produção de Textos
Ao produzir um texto escrito, é preciso, então, levar em conta ascondições propostas pelo autor. Para tanto, é preciso que o professorpermita ao aluno que se constitua como sujeito de suas produções, deseus discursos, e que realmente produza seus textos dentro de umasituação real de comunicação, sabendo para quem dizer, e, sobretudo,
o que dizer, utilizando, como destaca o autor, estratégias adequadaspara tal.Nessa perspectiva, são levadas em consideração as funções daescrita, as variações linguísticas, a intencionalidade e a imagem dointerlocutor, que pode ser real ou virtual. A escrita deixa de ser ummero exercício escolar, para adquirir um caráter dinâmico eprocessual, no qual o aluno se constitui como um sujeito ativo, epassa a estabelecer uma real interação com seu interlocutor. Brito(1997) também traz importantes considerações a respeito do assunto.Segundo ele, a prática de produção de texto está bastante relacionadaà norma, principalmente, aos aspectos da ortografia, concordância e
regência. Enfim, ensina-se redação apenas para fixar a norma, aindaque nem sempre se assuma explicitamente esta perspectiva (1997,p.108).Portanto, tem-se, aí, a redação caracterizada, nos dizeres de Brito(1997), enquanto gênero escolar, utilizado como um exercício denorma gramatical, além de estar subdividido em narração, descrição edissertação. [...]
Cruz, Mônica Cidele da. A produção textual no nível médio: uma análise das condições deprodução. Maringá [PR], 2005. Disponível em: http://www.ple.uem.br/defesas/pdf/mccruz.pdf .Acesso em: 03/10/2011.
A partir das considerações feitas, esperamos que você tenhapercebido que para produzir um texto significativo numa situação real
de escrita, você precisa ter em mente o que escrever, isto é, saber de
que assunto irá tratar. Isso significa que não é possível escrever a
partir do nada, sem ter algo para dizer. O linguista Wanderley Geraldi
(1997, p. 171) ressalta que para as pessoas produzirem precisam
voltar-se para sua própria experiência (real ou imaginária) para dela
falarem: buscam e inspiram-se nela para extrair daí o que dizer . Alémdisso,
[...] ninguém escreve bem sem ter o que dizer, sem saberalguma coisa sobre o assunto de que deverá tratar. Muitasvezes, por não ter conhecimento suficiente sobre o tema, o alunovê como única saída tentar enrolar o leitor: dispondo de poucosdados e sem tempo para amadurecer uma opinião pessoal, érealmente muito difícil armar uma argumentação consistente,capaz de convencer o interlocutor. (EVANGELISTA, 1998,
p.121)
46
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
47/84
Leitura e Produção de Textos
Outra questão importante é ter uma razão significativa para
escrever. Geraldi explica que o aluno deve encontrar motivação interna
para escrever, caso contrário, haverá apenas uma tarefa imposta a ser
cumprida. Essa motivação está relacionada às situações reais de
comunicação, ao uso da escrita como prática social, o que torna a
prática de produção uma atividade concreta, em que são claras as
finalidades de se produzir. Nesse sentido, a pesquisadora Aracy
Evangelista (1998) declara que:
O registro da linguagem (mais coloquial ou mais formal), a seleção deinformações e o modo de organizá-las, o tipo e até o tamanho do textosão escolhas que dependem das razões que levam o autor a escrever.Quanto mais claros forem os objetivos a cumprir com o texto, mais
chances terá quem escreve de escolher melhor as estratégiasadequadas para concretizá-los (EVANGELISTA, p. 122).
Complementando o exposto, pode-se considerar ainda que
todo texto pressupõe um interlocutor. Para isso, é preciso sempre levar
em consideração para quem você produz seu texto. É em função do
seu interlocutor que os recursos linguísticos serão selecionados para a
construção do texto. E sem interlocutor não há texto, pois é ele quem
determina o conteúdo e o objetivo do que é escrito.
Para produzir um bom texto, faz-se necessário constituir-se
como autor do que se escreve, ou seja, comprometer-se com sua
palavra. O sujeito, na atividade de produção de texto, é um agente e
produz porque tem conteúdo, objetivo. Ao escrever, ele reflete sobre o
que tem a dizer, expõe a sua subjetividade, considerando as relações
de sentido que possui com seu interlocutor, encarando o seu texto
como fruto de interação, resultante de uma situação significativa queacontece num determinado momento e que possui, portanto, um
caráter social. No processo de produção, é preciso também saber
escolher as estratégias, observando o conteúdo, a finalidade e o
interlocutor. O nosso discurso se organiza por meio da consideração
das imagens construídas sobre o nosso interlocutor, ou seus gostos,
suas opiniões, suas antipatias. É em função do interlocutor que
selecionamos as estratégias adequadas. Nessas condições, a
47
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
48/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
49/84
Leitura e Produção de Textos
A escrita é uma atividade processual. Produzir um texto não
implica apenas o ato de pegar o lápis/caneta e a folha de papel ou
abrir um documento em branco e digitar. A produção textual é uma
atividade interativa e pressupõe um conjunto de etapas interligadas:
planejar, escrever, revisar e reescrever.
a) Escrever Planejar
Disponível em: http://www.freedigitalphotos.net/images/OfficeandStationer _ g145CrumpledWhitePaper_p45131.html Acesso em: 03/10/2011.
Disponível em:http://www.freedigitalphotos.net/images/Other_BusinessConce _g200-planning _p43560.html . Acesso em: 03/10/2011.
49
Disponível em: http://www.freedigitalphotos.net/images/Business_People_g201-Business_Meeting_p46993.html Acesso em: 03/10/2011.
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
50/84
Leitura e Produção de Textos
Escrever supõe planejar. Um texto não planejado pode
sofrer de circularidade, ou seja, poderá ficar sempre repetindo o
mesmo argumento, parecendo que não sai do lugar, não progride, e,
no final, dar ao leitor a impressão de que não diz nada.
Planejar significa delimitar o tema, eleger os objetivos,
escolher o gênero, delimitar os critérios de ordenação das ideias,
refletir sobre o padrão de linguagem. Também é necessário buscar
informações sobre o assunto que será abordado. Muitos alunos
aprendem o formato, mas não possuem informações e conhecimentos
sobre o tema. Empregam determinadas expressões, clichês, para
impressionar o leitor, tais como hodiernamente, destarte, baluarte, etc.,
mas não cuidam da informatividade. Não demonstram que sabem
examinar os fatos, articular acontecimentos, prever suas possíveis
consequências para a qualidade de vida das pessoas. Assim, para
produzir bons textos é importante buscar conhecimentos, ler bons
livros, jornais e revistas.
b) Etapa da escrita
Disponível em: http://www.freedigitalphotos.net/images/Bus iness Peope q2012-W orkinq _Hard_p17294.html Acesso em: 03/10/2011
Etapa em que registramos o que foi planejado.
50
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
51/84
Leitura e Produção de Textos
c) Etapa da revisão e da reescrita
Disponível em: http://www.freedigitalphotos.net /images/Reading_and Writign q344-Edit_Wrong_Word_p36421.html. Acesso em: 03/10/2011.
É o momento de analisarmos o que foi escrito, comparando-
o com o planejamento estabelecido; de verificarmos se conseguimos
desenvolver o tema; de observarmos se há coerência e clareza no
desenvolvimento das idéias; de percebermos se aspectos formais
foram respeitados (ortografia, concordância, pontuação, etc).
A etapa da revisão consiste em rever o que foi escrito e
verificar se os objetivos foram cumpridos. Permite reorganizar e
desenvolver melhor as ideias apresentadas no texto.Segundo a professora Gladys Rocha (2005), a revisão
textual contribui para que possamos corrigir e fixar melhor aspectos
relacionados ao nível de informações do texto como ortografia,
concordância e melhor organização das ideias. Revisar é importante
também para dizermos mais e melhor, para corrigirmos o que foi dito,
para analisarmos a ideia de outro jeito, visando a uma melhor
compreensão do texto por parte de nosso interlocutor.É preciso considerar também que, esse processo de revisão
se constitui em um movimento gradual e não-linear, portanto não se
pode esperar que, em uma única revisão, seja possível corrigir todos
os problemas do texto.
O significado da revisão nada mais é que rever as nossas
habilidades textuais permitindo-nos enxergar o próprio texto de um
outro lugar, sob outras perspectivas, colocando-nos no lugar de leitor.Isso nos possibilita uma melhor compreensão das estratégias
51
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
52/84
Leitura e Produção de Textos
constitutivas do ato de escrever e auxilia no processo de reflexão/
reelaboração do texto.
O trabalho contínuo de escrita e de reescrita de texto
possibilita descobrir os recursos linguísticos disponíveis para a
expressão escrita e desenvolver a competência linguística necessária
à produção de textos qualitativamente melhores.
Assim, toda escrita precisa ser entendida como um processo
em cuja realização faz-se necessário planejar, escrever, revisar e
reescrever. Escrever é reescrever. Além disso, é preciso atentar para a
questão da gramática e da ortografia, pois os diferentes gêneros
textuais irão exigir padrões de escrita com diferentes níveis de
formalidade. Irandé Antunes (2003) afirma que
A competência para escrever textos relevantes é umaconquista inteiramente possível. O mito de que somentesabem escrever as pessoas que nasceram com esse domcai por terra numa análise aprofundada e objetiva. O domde escrever é, na verdade, resultado de muitadeterminação, de muitas tentativas, de muita prática, afinal.(ANTUNES, p.54).
Para complementar as discussões acerca da produção de
textos, você irá estudar sobre uma questão muito importante para a
organização das idéias: a paragrafação.
Produção de textos a escrita do parágrafo
O parágrafo é uma das unidades básicas de construção
textual e conhecer como ele se estrutura é relevante na produção de
um texto.
O estudioso da linguagem, Othon Garcia (2002) define o
parágrafo como:
[...] uma unidade de composição constituída por um ou maisde um período, em que se desenvolve determinada ideiacentral, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias,intimamente relacionadas pelo sentido e logicamentedecorrentes dela [ ] (GARCIA, p.219).
52
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
53/84
Leitura e Produção de Textos
O parágrafo, assim estruturado, configura-se como parágrafo
padrão e compõe-se das seguintes partes:
1- Tópico frasal : corresponde ao primeiro período do pará-
grafo. Traz uma ideia central ou nuclear e deve ser claro e
objetivo.
2- Desenvolvimento : refere-se às ideias que aprofundam o
núcleo do tópico frasal.
3- Conclusão : parte que pode estar expressa ou não. Quan-
do presente, encerra o texto e reforça o enfoque adotado.
Leia o fragmento a seguir para compreender melhor a
estrutura do parágrafo padrão:
O amor no mundo contemporâneo[Na sociedade contemporânea, fala-se e escreve-se muitosobre o sexo e quase nada sobre o amor.] 2[Talvez sejapelo fato de que o amor, sendo um enigma, não se deixadecifrar, repelindo toda tentativa de classificação oudefinição.] 3[Por isso, a poesia, campo mítico porexcelência, encontra na metáfora a compreensão melhor doamor.] [...](ARANHA; MARTINS, 1986. p.353-354 apud CASTRO,2003).
É importante lembrar que o parágrafo precisa apresentar
elementos de ligação que irão lhe conferir coesão. Assim, no exemplo
apresentado, o termo por isso é um elemento que estabelece a
ligação entre as partes e, semanticamente, fornece ideia de conclusão.Existem várias estratégias para se construir o parágrafo. Vamos
apresentar algumas e você pode pesquisar para saber mais e também
observar a construção do parágrafo em textos lidos.
A construção do parágrafo
Podemos empregar como estratégia para a construção do tópico
frasal:
53
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
54/84
Leitura e Produção de Textos
1- Declaração inicial: constrói-se o parágrafo com uma afir-
mação ou negação de alguma coisa que será, em seguida,
justificada ou fundamentada. Essa afirmação precisa de ser
clara e direta.
Exemplo: O corpo humano evolui tão bem através dos
tempos que o homem às vezes atrapalha, querendo injetar-
lhe milagres para alcançar o impossível . (CASTRO, 2003,
p.62)
2- Definição: essa estratégia é simples e didática, porém
exige do produtor consulta a livros especializados, a dicioná-rios e materiais de referência para buscar a definição preten-
dida.
Exemplo: A sociedade humana é um conjunto de
pessoas ligadas pela necessidade de se ajudarem umas as
outras, a fim de que possam garantir a continuidade da vida
e satisfazer seus interesses e desejos . (CASTRO, 2003,
p.62)
3- Interrogação:
Quantos morreram pela liberdade de sua pátria? Quantosforam presos ou espancados pela liberdade de dizer o quepensam? Quantos lutaram pela libertação dos escravos?(CASTRO, 2003, p. 62)
4- Comparação ou contraste:
Exemplo: Parece possível distinguir duas tendências
fundamentais na reação ao grupo novo: uma de admiração e
aceitação, outra de desprezo e recusa . (CASTRO, 2003,
p.63)
54
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
55/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
56/84
Leitura e Produção de Textos
UNIDADE 4
Objetivos:
Refletir sobre as especificidades dos gêneros acadêmicos como forma
de construção do conhecimento e de identificação de diretrizes
teóricas e metodológicas para a leitura e para a produção de textos do
domínio científico.
Discutir sobre a funcionalidade e as formas de composição dosgêneros acadêmicos.
Vivenciar a prática de análise ou de elaboração de textos acadêmicos.
Compreender a importância e a organização textual-discursiva dos
textos acadêmicos para a consolidação de um processo de formação
crítico e ativo global dos alunos.
56
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
57/84
Leitura e Produção de Textos
4.1 Gêneros Textuais Acadêmicos
Para iniciar nossa reflexão sobre o tema desta seção,
partimos das seguintes indagações: Os textos que circulam na
Universidade se diferenciam dos outros gêneros textuais? Quais são as
especificidades dos textos que circulam no meio acadêmico?
No decorrer de sua trajetória universitária, você será
solicitado a ler/produzir (oralmente ou por escrito) diversos textos para
várias disciplinas com diversas finalidades, seja com intuito de
estimular uma leitura mais minuciosa, possibilitando que você consiga
assimilar de modo mais completo o conteúdo estudado, seja com
intuito de viabilizar a produção de conhecimento adquirido a partir do
desenvolvimento de suas pesquisas.
Escreva 5 (cinco) modalidades de gêneros textuais que
circulam no meio acadêmico.
A partir desse elenco, você pode perceber que os gêneros
acadêmicos têm as suas peculiaridades, as quais, por sua vez,
demandam estratégias diferentes de leitura e de produção. Por isso, é
indispensável que você exercite, desde os primeiros dias de sua
trajetória acadêmica, o uso de um instrumental teórico-metodológico
que lhe possibilite o progressivo domínio das práticas do trabalho
intelectual, em termos da estrutura, da linguagem, das normas
técnicas, do tratamento dado às informações e aos conteúdos. Assim,
você poderá se tornar não apenas um consumidor, mas também um
produtor de conhecimento.
57
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
58/84
Leitura e Produção de Textos
Disponível em: http://www.freedigitalphotos.net/images/Gestures_g185-Searching_p36020.html . Acesso em: 03/10/2011
Você sabia que as práticas do trabalho intelectual são
atividades centrais na vida acadêmica? Por meio dessas práticas, você
poderá adquirir competências e habilidades diversas referentes ao (à):
=> trato da informação: ler e compreender textos teóricos;
identificar fontes mais relevantes da área; buscar e selecionar
informação necessária para a realização dos trabalhos; registrar a
informação e as fontes consultadas, de modo mais crítico, mais
reflexivo;
=> sistema cognitivo: capacidade de raciocínio (identificar
proposições, estabelecer relações, inferir, argumentar; capacidade
para formação de conceitos (fazer conexões e distinções, explicar e
definir); capacidade de interpretação (perceber implicações, extrair
informações, interpretar criticamente, parafrasear); capacidade prática
de investigação (formular questões, levantar hipóteses, observar,
autoavaliar-se);
=> capacidade de elaboração própria: analisar criticamente
textos teóricos, apresentar e discutir temas, redigir segundo as normas
de apresentação de trabalhos acadêmico-científicos.
A partir do exposto, constatamos que a incursão na prática
da leitura e da produção de textos constitui instrumento primordial na
ampliação e na consolidação de conhecimentos, na abertura de novasformas de agir e de pensar. De acordo com Darcília Simões (2005,
58
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
59/84
Leitura e Produção de Textos
p.34), "os processos de estudo implicam aperfeiçoamento das
habilidades que envolvem o ato de ler. [...] A leitura integra a formação
do indivíduo por atravessar todos os planos de sua vida: social,
cultural, intelectual, político etc." Por outro lado, a produção escrita
permite a apropriação crítica do conhecimento, a elaboração própria, o
desenvolvimento da autonomia intelectual, a aquisição e o
aperfeiçoamento das habilidades e das competências linguísticas e
discursivas.
É com base nessas considerações iniciais que propomos a
você o estudo de alguns gêneros textuais presentes do cotidiano
acadêmico.
Você já deve ter observado que, em cada situação de sua
vida, há coisas diferentes acontecendo. A forma de olhar, de agir, a
maneira como as pessoas se comportam e como reagem, o que cada
um espera do outro naquela situação, etc. Quando você está com
amigos num barzinho ou quando vai assistir a uma palestra, poderá
perceber (se é que já não se deu conta disso) que há diferenças
importantes. Se, no barzinho, alguém usar palavras e construções da
língua muito formais, se começar a falar de assuntos que não
combinem com o ambiente de descontração que se espera, essa
pessoa vai ser mal-vista pelos colegas (e, possivelmente, o grupo vai
ficar em dúvida se vale a pena sair junto com essa pessoa).
Igualmente, numa palestra (principalmente se for mais técnica) espera-
se uma linguagem mais apropriada à situação e ao assunto e, embora
o jeito de alguém fazer uma palestra possa variar bastante, espera-se
que respeite o assunto a ser abordado e que o faça numa linguagemacessível, mas que acrescente conhecimento para quem for assistir.
A primeira constatação que podemos fazer, ao comparar
situações como essa, é que nem a linguagem, nem nós mesmos, nem
as situações que vivemos com as pessoas são fixas. Temos
expectativas diferentes em relação à combinação de todos esses
elementos. Assim, podemos conviver com uma pessoa falante,
brincalhona, provocativa, mas se a convidamos para assistir a um filme
59
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
60/84
Leitura e Produção de Textos
que estamos com muita vontade de ver e se essa pessoa fica
conversando o tempo todo, vamos cobrar depois:
__ Puxa, você nem me deixou ver o filme direito!
Porém, se vamos a uma festa com a pessoa e ela fica muito
quieta, desanimada, vamos nos preocupar ou nos ressentir disso:
__ Você estava tão desanimada na festa! O que aconteceu?
Pensei que a gente ia se divertir bastante...
Por que acontece isso?
Será que a explicação é que o ser humano é uma criatura
contraditória, instável, que nunca mantém o mesmo comportamento
por ser imperfeito?
Essa explicação não atende à maneira como o mundo
(principalmente do ponto de vista social, cultural, humano) funciona.
Não é por imperfeição que mudamos tanto de uma situação para outra.
Em primeiro lugar, é comum, no nosso cotidiano, depararmo-nos com
situações complexas, em que muitas coisas diferentes estão juntas,
relacionadas.
Como seres humanos, vimos aprendendo a lidar com essas
configurações complexas que nos cercam, desenvolvendo habilidades
para responder às necessidades que cada situação nos apresenta. É
bom perceber que já nascemos rodeados por pessoas que pertencem
a grupos, que se juntam em função de interesses, necessidades,
construindo identidades comuns.
Nossa identidade individual é fruto da maneira como lidamos
com outras pessoas nos grupos a que pertencemos (família, escola,
lazer, religião, esporte, organizações políticas etc.) e da relação quecada um dos grupos de que fazemos parte tem com outros grupos.
Neste processo, encontramos uma linguagem que já
participa dessas identidades e que vai sempre se reconstruindo, na
medida em que novas situações vão acontecendo e exigindo novas
respostas.
E é aí que podemos começar a pensar no espaço
universitário, acadêmico . Se não pensarmos em como funciona esseespaço, como as pessoas se relacionam nele, com que interesses e
60
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
61/84
Leitura e Produção de Textos
necessidades e como esse mundo e essas pessoas constroem uma
identidade própria, nas formas de agir e, principalmente, de dizer as
coisas e receber o que é dito pelas outras, não vamos jamais entender
esse espaço e se fazer entender dentro dele.
Por que, nesse ambiente, as pessoas agem de maneira tão
diferente e tão estranha ? Por que escrevem e leem textos
esquisitos , cheios de palavras difíceis ? Por que são tão exigentes
com os posicionamentos e ideias um dos outros?
Para entender isso, precisamos saber que o mundo
acadêmico organiza-se em torno de um tipo de conhecimento
específico, que é o conhecimento científico. Faz parte da natureza
desse saber pôr em dúvida, questionar, de maneira a se propor
entender processos do mundo, mas de uma forma que possamos ter
algumas certezas e algum controle sobre essas respostas. Para isso, é
comum que se tente organizar as próprias questões que fazemos, os
problemas que levantamos e não só as respostas que encontramos,
mas o quanto essas respostas resistem ao confronto com os
problemas, o quanto elas se apresentam como soluções para essas
questões, mesmo que de maneira provisória ou temporária.
Para se dar conta disso, a linguagem utilizada tem que ser
mais cuidadosa, mais controlada, refletindo essas condições de prova,
argumento, embate pela compreensão dos problemas e (se
representam realmente) suas soluções.
Vamos voltar à ideia geral exposta acima e retomá-la de
maneira resumida. As pessoas envolvidas numa situação, a própria
situação e a linguagem que ocorre nela e conosco mudam, serearranjam, buscando cumprir as finalidades e dar conta das
necessidades que se mostram nessa inter-relação. Isso acontece o
tempo todo, em cada minuto em que vivemos. O que ocorre no mundo
acadêmico não é estranho a isso.
Como podemos entender e aprofundar nosso conhecimento
a respeito disso?
Se pensarmos na linguagem envolvida mas sem nosesquecermos de tudo o que está implicado nas situações , podemos
61
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
62/84
Leitura e Produção de Textos
utilizar um conceito que já foi criado para tentar entender, descrever e
interpretar essa complexa rede de pessoas e acontecimentos que cada
situação apresenta.
Estamos falando do conceito de gêneros discursivos. Este
conceito foi formulado, no início e meados do século XX, pelo autor
Mikhail Bakhtin exatamente com o propósito de dar conta dessas
relações complexas que ocorrem no cotidiano da linguagem e da
sociedade e que afetam a maneira como a linguagem é produzida em
diferentes textos, com diferentes propósitos e efeitos socioculturais
(desde uma conversa até uma obra literária como um romance).
De um tempo para cá, vários outros autores têm se utilizado
desse conceito e procurado estendê-lo, para entender as relações e
especificidades de textos em situações diversas. Essa compreensão
tem procurado auxiliar, também, em situações de ensino de textos
acadêmicos e na melhor preparação dos estudantes para darem conta
adequadamente do que se produz e se consome, em termos de
conhecimento, no ambiente universitário.
Conforme estudado na unidade 1, os gêneros são
compostos por um plano composicional, um conteúdo temático e um
estilo. Esses elementos estão sempre interligados, são indissociáveis e
a compreensão de cada um deles deve se dar em relação uns aos
outros. Para exemplificar, podemos considerar a tirinha abaixo:
62
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
63/84
Leitura e Produção de Textos
O que faz uma tirinha ser uma tirinha , ser reconhecidacomo tal, por nós? Em primeiro lugar, porque estamos acostumados a
encontrar tirinhas no nosso contato cotidiano com textos
impressos/postados. Nossa familiaridade com o formato (distribuição
em quadrinhos, desenho de personagens, sequência dos quadrinhos,
balões) foi construída pela vivência com essas características. Isso é
da ordem do plano composicional. Cada desenhista/autor de
quadrinhos tem um jeito de desenhar, um traço , como se costumadizer. Claro que esse traço foi desenvolvido a partir dos desenhos,
63
Disponível em: www.laboratoriodefisica.com.br/GREF/mec/mec28.pdf . . Acessoem: 03/10/2011
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
64/84
Leitura e Produção de Textos
ilustrações, gravuras, tirinhas, charges que esse autor viu e, a partir
delas, mas com uma característica própria, desenvolveu um jeito só
seu de desenhar: seu estilo. E há também os conteúdos temáticos.
Que assunto é possível abordar numa tirinha. Depende dos leitores, da
proposta da tirinha. A tirinha acima é do personagem Hagar. É um
viking, rude, machista, violento, mas que sempre se depara com a
realidade e, de alguma maneira, se dá mal.
Esse conteúdo temático só é possível numa sociedade que
possa ter uma abordagem crítica com relação ao homem, seja na
posição de cidadão, pai, marido, amigo, chefe. E o estilo tem que
responder a isso, ou seja, o traço tem que evidenciar a rudeza do
personagem.
Na história acima, Eddie Sortudo tenta provar a Hagar que o
planeta Terra é redondo. Essa temática somente vai ser
profundamente compreendida e apreciada nesta história em particular
pelos leitores que sabem (1) que a Terra é redonda/arredondada; (2)
que esse conceito nem sempre foi assim (antes de Galileu, Copérnico
e Kepler a maioria das pessoas achava que a Terra era plana. Antes
deles, somente alguns poucos estudiosos gregos sabiam disso); (3)
que na época retratada (vikings = Idade Média europeia) a Terra era
tida como sendo plana.
O efeito de humor reside na contraposição entre um
conhecimento exposto pela argumentação e outro defendido pela força.
A frase final de Eddie Sortudo é irônica porque Hagar não argumentou.
Ele, num gesto violento, esmagou o ovo e o tornou plano.
São todos esses elementos JUNTOS que fazem com queeste texto faça sentido para um determinado grupo de pessoas, em
situações específicas. É isso que está envolvido no conceito de
gêneros.
Da mesma maneira, um texto produzido no mundo
universitário responde a igual inter-relação de elementos. Vamos ver
um pouco de alguns deles.
64
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
65/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
66/84
Leitura e Produção de Textos
b) resumos de textos para mapeamento de um campo de
estudo, integrando a discussão sobre o estado da arte , ou
seja, o que já foi publicado sobre a temática;
c) resumos inseridos antes de um texto científico (artigos,
monografias, dissertações, teses) ou encaminhados para
submissão de trabalhos em eventos científicos (encontros,
congressos, semanas acadêmicas...), com o objetivo de
apresentar e descrever a pesquisa empreendida.
Por que a atividade de resumir pressupõe igualmente uma
atividade de leitura e outra posterior de escrita?
Você concorda que o resumo é um texto que possui
características (formato, estilo e função social) que são peculiares a
esse gênero textual?
Observe os dois tipos de resumo:
Resumo de pesquisa de revisão bibliográfica
SOUZA, Luiza Jane E. de; BARROSO, Grasiela T. Revisão
bibliográfica sobre acidentes com crianças.
ResumoO objetivo do estudo consistiu em apresentar uma revisão bibliográficados acidentes com crianças. Utilizaram-se as pesquisas documental ebibliográfica como metodologia. Os dados evidenciam que o acidentecom criança é um dos maiores problemas de saúde pública naInglaterra. Nos Estados Unidos aconteceram, em 1989, cerca de 2.700mortes como resultado de acidentes em crianças abaixo de 11 anos.No Brasil, também registram-se elevados índices de atendimentosenvolvendo os acidentes domésticos e, em Fortaleza, no Ceará, esses
casos também são identificados. Conclui-se que os acidentes comcrianças são alarmantes e merecem atenção específica com umaabordagem preventiva.
Resumo de pesquisa de trabalho de campo ou experimental
VON PINHO, Renzo Garcia; CARVALHO, Graciela Silva;RODRIGUES, Victor do Nascimento e PEREIRA, Joelma.Características físicas e químicas de cultivares de milho para produçãode minimilho. Ciênc. agrotec. [online]. 2003, vol.27, n.6, pp. 1419-1425.Resumo
66
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
67/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
68/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
69/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
70/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
71/84
Leitura e Produção de Textos
produção de resenhas poderá ajudá-lo no desenvolvimento das
habilidades de síntese e crítica dos textos lidos.
A produção de uma resenha envolve:
a) leitura global da obra;
b) segunda leitura mais analítica, identificando e
selecionando as ideias e argumentos do autor;
c) condensação (resumo) dos dados selecionados;
d) posicionamento crítico para construção da resenha;
e) pesquisa, se necessário, para facilitar as argumentações;
f) observação do público-alvo para o qual a obra é
destinada;
g) produção do texto propriamente dito.
Assim, para avaliar e para produzir uma resenha, você deverá
observar os seguintes elementos:
a) cabeçalho, contendo o nome da instituição de ensino e do
autor da resenha;
b) identificação da obra (referências completas de acordo
com a ABNT);
c) apresentação da obra, sintetizando a ideia central ou o
objetivo do texto, contextualizada com dados acadêmicos do
autor;
d) descrição sumária da estrutura da obra (divisões);e) descrição (resumo) do conteúdo da obra;
f) avaliação crítica, argumentativa, fundamentada em
pesquisas bibliográficas e/ou na própria obra;
posicionamento final quanto ao texto em si, que deverá levar
em consideração os seguintes pontos:
- Conteúdo, objetivo(s) e destinatário(s);
- Plano estrutural e desenvolvimento lógico da temática;- Linguagem, vocabulário e estilo do autor;
71
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
72/84
8/17/2019 GUIA de ESTUDOS - Comunicação e Expressão
73/84
Leitura e Produção de Textos
4.3 Pôster (ou Painel)
No ambiente acadêmico, há um processo que é uma das
razões de ser da universidade, que é a pesquisa científica. Ela mantém
com o ensino uma relação muito importante: na sala de aula, o
conhecimento acessado e debatido vem da pesquisa e, da própria
discussão, criam-se situações que geram questões e oportunidades
para alimentar as pesquisas existentes e abrir novos caminhos para o
sabe