GEORGE OTAVIO HESSEL LOPES1
ADMINISTRANDO AS FINANÇAS PESSOAIS
Porto Alegre2013
_____________________________1 Graduação em Engenharia Civil, Especialização em Docência do Ensino Superior pelo Centro
Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail: [email protected]
GEORGE OTAVIO HESSEL LOPES
ADMINISTRANDO AS FINANÇAS PESSOAIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Barão
de Mauá, como exigência parcial para obtenção do título de formado no
curso de pós-graduação de Docência do Ensino Superior.
Orientador: Rosemary Conceição dos Santos
Porto Alegre2013
RESUMO
Saber como administrar as Finanças Pessoais é uma necessidade atual de
todos nós, considerando as mais diversas situações dentro da área financeira que
surgem em nosso cotidiano. De acordo com pesquisas no âmbito de nossa cultura-
política-social, sabemos das dificuldades encontradas por uma grande parte de
nossa população ao que se refere às soluções para os problemas financeiros
pessoais, que estão diretamente relacionados aos conhecimentos das ciências
exatas, especificamente com relação à matemática. Para que possamos entender
como administrar, há necessidade de analisar a matemática financeira, elemento
primordial e facilitador no processo de desenvolvimento de nossas decisões,
compreender a importância do seu conhecimento, analisando os fatores que
contribuem para sua melhor aprendizagem em diversos níveis de desenvolvimento,
identificando todos os recursos que a mesma nos oferece. A partir dessas ações
referentes à educação financeira, nós estaremos habilitados, mais preparados,
confiantes, e seguros, para resolvermos na prática os problemas que surgem em
relação as nossas finanças, capacitando-nos assim para encontrarmos as melhores
decisões, para nossa tranquilidade e de nossa família.
Palavras-chave: Matemática financeira, finanças pessoais, educação
financeira.
ABSTRACT
Knowing how to manage Personal Finance is a current need for all of us,
considering the most diverse situations in the financial area that arise in our everyday
lives. According to researches within our political and social culture, we know of the
difficulties encountered by a large part of our population regarding to the solutions to
personal financial problems, which are directly related to the knowledge of Exact
Sciences, specifically with regard to mathematics. In order to understand how to
manage, there is a need to analyze financial mathematics, primary and facilitator
element in the development of our decisions, to grasp the importance of the
knowledge of it, analyzing the factors which contribute to a better learning at different
levels of development and identifying all resources that it offers. From these actions
related to financial education, we will be enabled, more prepared, confident and safe
to solve practical problems that arise in relation to our finances, which will, thus, allow
us to find the best decisions for our own tranquility and of our family.
Keywords: Financial mathematics, personal finance, financial education.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO.........................................................................................................5
2.CONCEITOS GERAIS..............................................................................................7
3.METODOLOGIA.......................................................................................................9
3.1.INSTITUTO FEDERAL RS.................................................................................9
3.2.ESCOLAS MUNICIPAIS, ESTADUAIS E PARTICULARES..............................9
3.3.FAMILIAS...........................................................................................................9
3.4.CENTRO UNIVERSITARIO METODISTA - IPA................................................9
4.RESULTADOS DAS PESQUISAS.........................................................................11
5.CALCULADORA HP-12C e EXCEL......................................................................14
6.ANÁLISE GERAL...................................................................................................15
7.CAUSAS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM........................................20
7.1.ENSINO...........................................................................................................20
7.1.1.Situação dos educadores..........................................................................20
7.1.2.Situação dos currículos.............................................................................21
7.2. APRENDIZAGEM............................................................................................21
7.2.1.Cultura da matemática...............................................................................21
7.2.2.Motivação e interesse................................................................................22
7.2.3.Metodologia de estudo..............................................................................22
7.2.4.Conhecimento da matemática básica........................................................22
8.AÇÕES PARA REDUÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.............24
8.1.ENSINO...........................................................................................................24
8.2.APRENDIZAGEM.............................................................................................27
9.CONCLUSÃO.........................................................................................................28
REFERÊNCIAS:........................................................................................................29
5
1.INTRODUÇÃOAs Finanças Pessoais são todas as situações financeiras que surgem em
nosso cotidiano, e que exigem nossa intervenção para que possamos definir os
caminhos mais adequados para fins de evitarmos consequências desagradáveis em
futuro próximo, mas pelo contrário, que consigamos alcançar com as nossas
decisões os melhores resultados para nossa própria tranquilidade. Para isto há
necessidade que todos nós consigamos aprender a aprender como administrar
nossas finanças particulares.
Este tema torna-se relevante em se tratando de uma relação direta com
nosso dinheiro, e que faz parte do nosso cotidiano, ou seja, é preciso saber como
controlar nossa renda, seja qual for o se valor, pois a mesma está diretamente
relacionada à nossa própria estrutura de sobrevivência, dentro principalmente das
áreas de Educação (escolas), Transporte (carro, passagens), Habitação (moradia),
Saúde, Alimentação, e Lazer, sendo que além da distribuição de parte de nossa
renda destinada a estas necessidades, ainda poderá ser incluído muitos outros tipos
de despesas, como empréstimos, financiamentos, poupança, investimentos,
impostos, luz, água, consumo em geral, etc., significando assim a real necessidade
em capacitarmos para uma administração eficiente.
O objetivo geral deste trabalho é contribuir de alguma forma no sentido de
oferecer elementos facilitadores para a compreensão de como saber administrar
corretamente nossas finanças, tendo também como objetivos específicos a análise e
compreensão das disciplinas de matemática financeira e de educação financeira,
identificando os seus recursos e suas aplicações no âmbito geral do ensino-
aprendizagem, procurando assim definir propostas que interfiram positivamente, não
somente na redução das dificuldades de aprendizagem, como também aquelas que
são necessárias para um ensino eficiente.
Para atingir nossos objetivos foi realizada uma pesquisa baseada na
metodologia qualitativa, em se tratando da área de Educação, através de
observações participantes numa turma de uma escola de ensino técnico referente a
disciplina de matemática financeira, e de entrevistas semiestruturadas em algumas
escolas estaduais e municipais com professores de matemática básica, com
profissionais com títulos de graduação em diversas áreas, e também com alunos de
6
uma turma de graduação em Administração de Empresas referente a disciplina de
matemática financeira.
No primeiro capítulo abordaremos alguns conceitos gerais, para que
compreendamos melhor sobre o tema em questão, e consequentemente melhor
compreensão dos capítulos seguintes. Logo após abordaremos todos os detalhes
das pesquisas supracitadas, através de uma metodologia já definida, assim como
também, os resultados surpreendentes que foram obtidos através das mesmas,
complementado logo após, por uma breve referência à utilização da calculadora
financeira HP 12c, e da planilha eletrônica Excel. A seguir foi realizada uma
abordagem geral sobre a matemática financeira, com referência a sua aplicação e
importância. Nos capítulos seguintes trataremos sobre as principais causas das
dificuldades de aprendizagem da matemática financeira, seguindo no próximo
capítulo com situações relacionadas a ações necessárias para minimizar as
dificuldades de aprendizagem. E por fim elaboramos a conclusão do trabalho,
finalizando assim através da relação dos autores e obras consultadas.
7
2.CONCEITOS GERAIS
Neste capítulo abordaremos alguns conceitos referentes às finanças
pessoais, a título de uma breve revisão sobre o tema, para que os leitores tenham
uma melhor compreensão dos assuntos que serão tratados posteriormente.
Inicialmente faremos referência ao conceito formulado por Halfeld (2004,
p.32), com referência a Finanças Pessoais, ou seja:
A área de finanças pessoais trata da forma como um indivíduo ou uma
família administra sua renda. Diariamente decisões financeiras são tomadas
e estas terão impacto na vida pessoal dos indivíduos. O estudo das finanças
pessoais envolve conceitos e técnicas fundamentais para a existência de
uma gestão eficiente da renda de uma família. A poupança pode produzir
uma segurança necessária para a vida do indivíduo, assim como os
investimentos de uma pessoa podem ser mais precisos e planejados de
acordo com as suas necessidades de curto e longo prazo, resultando em
ganhos maiores para a vida financeira das pessoas. Poupar exige o
adiamento do consumo presente, visando o consumo de algo maior no
futuro. Dois objetivos motivam as pessoas a poupar, sendo um deles a
possibilidade de consumir mais em certo tempo e o outro as adversidades
causadas pelo envelhecimento e a queda de produtividade para a geração
de receitas suficientes para arcar com as despesas. (HALFELD, 2004, p.32)
A seguir descrevemos o conceito de Educação Financeira, definido por Matta
(2007, p.214), ou seja:
A educação financeira surge como resposta para orientar a tomada de
decisões, informando sobre os serviços financeiros ofertados, sobre
necessidades e desejos de consumo, de necessidades de poupança,
financiamento e juros, investimentos e rendimentos. Pode ser entendida
como o conjunto de informações que auxilia as pessoas a lidarem com a
sua renda, com a gestão do dinheiro, com gastos e empréstimos
monetários, poupança, e investimentos de curto e longo prazo. Desde o
surgimento do sistema capitalista as pessoas tiveram a necessidade de se
adaptar ao novo conceito de dinheiro e suas variáveis mais complexas
comparativamente aos sistemas anteriores. As novas relações de troca,
domínio e poder fundamentaram as bases econômico-sociais vigentes ainda
nos dias de hoje. (MATTA, 2007, p.214)
8
Para Hill (2009, p.310), o conceito de Educação Financeira é “a habilidade
que os indivíduos apresentam de fazer escolhas adequadas ao administrar suas
finanças pessoais durante o ciclo de sua vida”.
Saitto (2007, p.48) faz algumas considerações sobre o que ocorre em nosso
país, isto é: “No Brasil as mudanças trazidas principalmente pela estabilização da
economia e queda da inflação alterou a forma como a população lida com seus
recursos financeiros”. Após faz referência a Educação Financeira, afirmando que a
mesma “é fundamental na sociedade brasileira, visto que influencia diretamente as
decisões econômicas dos indivíduos e das famílias”.
Para Lucey e Giannangelo (2007, p.63), trazem algumas considerações
também sobre a educação financeira, especificamente com relação sobre a política
educacional, ou seja: “os participantes no processo de educação financeira são as
escolas, as empresas, o governo, as instituições financeiras, e outros, como as
organizações não governamentais”, e após fazem referência especificamente as
crianças, isto é: “ Alguns autores afirmam que se a criança desenvolve os moldes
comportamentais e cognitivos antes e durante a escola elementar, a educação
financeira deve ocorrer durante os primeiros estágios de desenvolvimento
comportamental e cognitivo”.
Para Halfeld (2004), nos traz afirmações sobre a importância e consequências
do ensino sobre educação financeira:
A educação financeira é a grande ferramenta para a redução de
desigualdades sociais, evidenciando a importância da educação para o
crescimento financeiro de uma pessoa, uma sociedade e um país. É notória
esta relação quando se analisa grandes nações que despertaram para o
crescimento econômico a partir da educação, o que possibilitou o aumento
da renda da sua população. (HALFELD, 2004, p.19)
9
3.METODOLOGIAPara este trabalho foi realizado uma coleta de dados necessária para o seu
desenvolvimento, através das seguintes técnicas e instrumentos, e tipos de
pesquisas correspondentes nos seguintes locais:
3.1.INSTITUTO FEDERAL RS.
Foi efetuado uma pesquisa de campo, através de observação participante
numa turma de 22 alunos em que também fiz parte, referente a disciplina de
Matemática Financeira no âmbito de ensino técnico, para formação de Técnicos em
Transações Imobiliárias. O curso teve a duração de três semestres, com duas aulas
semanais durante um semestre somente com relação à disciplina de Matemática
Financeira, totalizando 72 horas-aula.
3.2.ESCOLAS MUNICIPAIS, ESTADUAIS E PARTICULARES.
Foi efetuado uma pesquisa de campo através de entrevistas
semiestruturadas, com professores de matemática, em 5 escolas municipais, 3
estaduais, e 1 particular, questionando sobre os conteúdos programáticos, dentro da
referida disciplina, todas referentes ao ensino fundamental.
3.3.FAMILIAS.
Foi realizada uma pesquisa de campo através de entrevistas
semiestruturadas em 10 famílias, juntamente com os pais, todos com formação
superior, sendo questionados sobre como procediam para resolverem os problemas
financeiros, quais seus conhecimentos dentro desta área, e quais as dificuldades
encontradas.
3.4.CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA - IPA.
Realizou-se uma pesquisa de campo através de entrevistas semiestruturadas
numa turma de graduação em Administração de Empresas numa universidade
particular, com 35 alunos especificamente com relação à disciplina de Matemática
Financeira, questionados sobre sua aprendizagem.
Além destas pesquisas de campo, foi também realizada uma pesquisa
bibliográfica, também do tipo qualitativa, considerando tratar-se de pesquisa em
10
Educação, e que vamos abordá-la nos próximos capítulos, através de todas as
considerações necessárias, não somente quanto aos resultados obtidos, mas
também com relação às reflexões que este tema exige.
11
4.RESULTADOS DAS PESQUISASCom referência à primeira pesquisa, ou seja, na turma de matemática
financeira do ensino técnico, a qual era constituída de 22 alunos dentro da faixa
etária de 19 a 62 anos, todos com o ensino médio completo, e com 8 alunos com
graduação em diversas áreas, e todos aprovados em concurso para ingresso, em
se tratando de Escola Técnica Federal.
Com relação ao ensino, tratava-se de professor com elevado conhecimento
técnico do conteúdo, mas que se limitava apenas a transmitir seus conhecimentos
aos alunos, sem se importar com a participação dos mesmos, caracterizando-se
como um ensino tradicional, sendo que as avaliações eram todas através de provas
com exercícios. E era através destas provas que os alunos em geral não
conseguiam obter êxito, pelo contrário, verificava-se um alto índice de notas muito
baixas, deixando os alunos apreensivos, preocupados, e sem perspectivas de um
melhor aproveitamento.
Os exercícios de matemática financeira constituem-se de modo geral de duas
partes; a primeira é o entendimento e sua montagem através dos dados e da
incógnita relacionadas diretamente à matemática financeira; a segunda parte é
constituída pelo desenvolvimento do exercício através da matemática básica. O que
foi constatado é que apenas 40% dos alunos conseguiam desenvolver a primeira
parte, e outros 40% não conseguiam desenvolver nem a primeira nem a segunda
parte, nos traduzindo assim que a dificuldade maior estava no desenvolvimento da
matemática básica, com um índice total de 80%. Por outro lado 20% dos alunos
tinham mais facilidade para resolverem as duas partes dos exercícios.
Atualmente existem dois recursos tecnológicos para substituírem a
matemática básica, ou seja, a utilização da calculadora financeira HP-12C e da
planilha eletrônica Excel, mas que não foram utilizadas durante o curso por parte do
ensino, e que como veremos mais adiante, não interfere na assimilação dos
conhecimentos referente aos conceitos específicos desta área.
No início do curso o professor ministra algumas aulas com conteúdos
contendo uma revisão de todas as propriedades matemáticas do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio, que são necessárias para o desenvolvimento dos
exercícios, mas que na realidade não houve uma melhoria substancial na
aprendizagem, pois a dificuldade estava caracterizada pelo desenvolvimento
12
específico das operações matemáticas, ou seja, pela falta de conhecimento da
prática em matemática, assunto que abordaremos mais adiante.
A partir de entrevistas com cada um dos alunos foi constatado também que
80% dos mesmos nunca fez parte dos seus currículos no ensino fundamental
quaisquer assuntos relacionados à matemática financeira, somente a partir do
ensino médio, onde na disciplina de matemática foram abordadas noções básicas de
natureza financeira, sendo que todos estes alunos estudaram em escolas públicas.
Por outro lado os 20% dos alunos restantes tinham algum conhecimento de
matemática financeira e partir do ensino fundamental, e todos estudaram em escolas
particulares.
Quanto à pesquisa de campo realizada através de entrevistas
semiestruturadas com professores de matemática no âmbito do Ensino
Fundamental, em algumas escolas municipais e estaduais verificou-se que os
conteúdos referentes à área de finanças constam na disciplina de matemática, mas
que na realidade não são abordados pelos professores em razão do tempo
insuficiente que os mesmos dispõem durante o ano letivo, e também pela própria
dificuldade que os alunos enfrentam quanto à aprendizagem e pelo conhecimento
insuficiente que os mesmos adquiriram na matemática básica das séries anteriores.
Em relação à pesquisa de campo também através de entrevistas
semiestruturadas com 10 pais, todos com formação superior, foram constatados que
80% dos mesmos não tinham praticamente nenhum conhecimento de assuntos
específicos da área financeira, sempre recorrendo a amigos ou profissionais
especializados da área, para auxiliarem nas suas decisões, principalmente aos
assuntos mais complexos. Os entrevistados informaram também que durante o
ensino fundamental, ensino médio, e durante a sua formação superior, nunca
tiveram conteúdos em disciplinas referentes à área financeira, com exceção de
apenas 20% dos entrevistados, os quais iniciaram a aprender a matemática
financeira durante os seus cursos de graduação, sendo que os mesmos eram
graduados em Administração de Empresas e Economia.
Com referência à pesquisa de campo também através de entrevistas
semiestruturadas, com 35 alunos da turma da disciplina de Matemática Financeira
no curso de graduação em Administração de Empresas, todos afirmaram que tinham
dificuldades de aprendizagem, principalmente quanto ao desenvolvimento das
questões de matemática básica, semelhante, portanto, aos resultados que foram
13
obtidos na pesquisa da turma do Ensino Técnico. Conforme a metodologia de ensino
em seu livro texto de Matemática Financeira, GIMENES C.M. (2012) introduz no
capítulo inicial, uma revisão de todas as propriedades da matemática da Educação
Básica necessários para o desenvolvimento da segunda parte das questões de
matemática financeira.
14
5.CALCULADORA HP-12C e EXCELEm virtude das dificuldades encontradas para o desenvolvimento dos
exercícios de matemática financeira, foi incluída em alguns cursos, a utilização da
calculadora HP e do Excel, que substituem os cálculos referentes à matemática
financeira, mas que na realidade não substituem o entendimento do exercício em
questão, pois para utilizá-las temos que introduzir os dados do problema
corretamente após o entendimento da questão financeira, sendo as incógnitas
determinadas logo após pela calculadora ou pelo Excel.
Portanto, estes recursos tecnológicos jamais substituirão a aprendizagem, o
raciocínio obrigatório exigido para o entendimento do problema, que é caracterizado
pelo ensino didático-pedagógico, não sendo, portanto, instrumentos de ensino, mas
sim instrumentos auxiliares de apoio para facilitar os cálculos matemáticos,
principalmente os mais complexos, e mesmo porque, para que possamos utilizar
estes recursos, somente vamos conseguir no momento que entendermos os
conteúdos teóricos práticos inerentes a aprendizagem da disciplina.
15
6.ANÁLISE GERAL Sabemos da importância do conhecimento da matemática, até mesmo a partir
da Educação Infantil, em função da sua necessária utilização futura em diversas
áreas referentes às ciências exatas como física, química, informática, engenharia,
arquitetura, administração, etc. referentes às áreas não somente do ensino superior,
como também do próprio ensino da educação básica.
O conhecimento da matemática financeira tem que ser estendido pelo menos
até o final do ensino médio, considerando que na maioria dos cursos de ensino
superior não está incluída esta disciplina em seus currículos, com exceção apenas
da administração de empresas, economia, e contabilidade, pois quando exercermos
outras profissões, já foi adquirido uma base mínima necessária de conhecimentos
para que possamos idealizar decisões corretas relativas aos problemas financeiros
mais simples, buscando assim um profissional especializado, somente para
situações mais complexas, ou recorrendo às pessoas mais próximas que adquiriram
um maior conhecimento.
Atualmente há disponibilidade de muitos cursos de extensão, de curta
duração, presencial ou à distância, de matemática financeira e calculadora HP, que
atualizam e aperfeiçoam qualquer cidadão e de qualquer especialização.
Nosso conhecimento inicial sobre finanças pessoais deveria ser a partir das
primeiras séries do ensino fundamental, onde o jovem inicia seu contato mais direto
com as situações mais simples e relevantes como o ato de poupar. Como o próprio
Gimenes (2012) nos diz:
Qualquer país que se preocupa com um desenvolvimento sustentável e de
longo prazo deve ter um sistema educacional consolidado e de formação
bem homogênea. No Brasil, desde o ensino fundamental, várias deficiências
na formação de crianças e jovens poderiam ser apontados, principalmente
na rede pública de ensino. Por exemplo, não ensinamos aos nossos jovens
por que poupar, logo, eles não priorizam, não poupam, e tampouco se
tornam adultos investidores. (GIMENES, 2012, p.253)
Vejamos a seguir um quadro demonstrativo bem simples de educação
financeira, referente a um exemplo de planejamento orçamentário mensal, que
poderia ser aplicado já nas primeiras séries do ensino fundamental:
16
Quadro 1 – Planejamento financeiro mensal
Através deste simples exemplo de planejamento financeiro, o jovem inicia a
entender e se familiarizar com questões financeiras, e consequentemente se sente
mais motivado e interessado em se aprofundar nesta pesquisa, considerando tratar-
se de assunto real que acontece na prática, pois é em função do seu próprio
dinheiro que ele tem em suas mãos em que tudo se desenvolve.
O aluno poderá concluir que no mês anterior sobrou R$ 20,00, e que no mês
presente sobrou R$ 170,00 que é o valor que ele possui em caixa, e que este
crescimento só foi possível em vista de que a receita (R$ 450,00) foi maior do que a
despesa (R$ 300,00). Também conclui que além do caixa ter aumentado, ainda
conseguiu poupar uma quantia de R$ 50,00. Se ele continuar poupando este mesmo
valor durante 1 ano, ele já sabe que no fim deste período ele estará de posse de um
valor de R$ 600,00, independente do valor que ele dispõe em caixa, e que utilizará
futuramente para outras finalidades, que será objeto de um outro estudo financeiro
em séries mais avançadas.
Em função do exposto, os pais devem ter a iniciativa de propor as mesadas
ou semanadas aos seus filhos desde a Educação Infantil, não importando o valor,
mas sim oferecer aos mesmos recursos para que iniciem o seu desenvolvimento
cognitivo no uso do dinheiro, e consequentemente a aquisição da educação
financeira, pois segundo D’Aquino (2008, p.52): “a mesada, poderoso instrumento da
educação financeira, possibilita à criança a capacidade de ordenar o orçamento,
definir escolhas para o dinheiro, desenvolver um plano de poupança, e apresentar o
be-a-bá das finanças”, e também segundo Vilhena (2011):
Não foi possível ou não sabíamos da importância de cuidar da inteligência
financeira de nossos jovens e crianças. Ainda assim, com o tempo ele
PLANEJAMENTO FINANCEIRO MENSAL MÊS: ANO:RECEITA DESPESA SALDO
ITEM VALOR % ITEM VALOR % Anterior AtualMesada do pai R$ 300,00 67 Poupança R$ 50,00 17 R$ 20,00 R$ 270,00Mesada do vô R$ 150,00 33 Lanches na escola R$ 100,00 33 R$ 320,00
Cinema R$ 50,00 17 R$ 270,00Compras R$ 100,00 33 R$ 170,00
TOTAL R$ 450,00 100 R$ 300,00 100 R$ 20,00 R$ 170,00
17
acabará aprendendo as melhores condutas e os comportamentos
financeiros adequados, mas o caminho será mais difícil. Os erros, é claro,
sempre ensinam. (VILHENA, 2011)
Mais adiante ainda, já em outros níveis de desenvolvimento vai também
concluindo outros aspectos, ou seja, por exemplo, se o valor poupado for aplicado
na caderneta de poupança quanto seria o valor obtido no final do mesmo período,
incluindo os juros e correção monetária. Vai também efetuando um comparativo das
porcentagens entre os itens de receita e despesa, podendo efetuar ajustes mensais
se for o caso, de acordo com critérios próprios, exercitando o seu desenvolvimento
de raciocínio. Já inicia também a ter conhecimento de outros conceitos como juros,
capital, montante, taxas de juros, porcentagens. Com isso o aluno vai adquirindo
amplo conhecimento sobre o valor do dinheiro, sua origem, sua aplicação, seu
controle, seu planejamento, seu destino, enfim, todos os aspectos pertinentes a sua
utilização, e que está sob sua responsabilidade e com total autonomia na sua
administração, significando assim que o aluno está adquirindo a necessária
educação financeira, capacitando-o para tomar as primeiras decisões em sua vida.
Portanto, os alunos frequentadores das primeiras séries do ensino
fundamental já iniciam a assimilação dos conhecimentos básicos de finanças
pessoais, através preferencialmente de uma disciplina independente como a
Educação Financeira, não deixando evidentemente de acompanhar paralelamente
os conhecimentos necessários da disciplina de Matemática Básica. Com a
obrigatoriedade da inclusão da disciplina de Educação Financeira até o final do
ensino médio, o aluno então estará preparado, já em sua formação de graduação,
que deveria ser também obrigatória em todos os cursos superiores, momento este
que o aluno estará diante de uma aprendizagem referente a situações financeiras,
as mais diversas possíveis, e também bem mais complexas, mas que quando
concluído, estaremos capacitados para resolver individualmente todas as questões
financeiras que fazem parte de nosso cotidiano. O próprio Gimenes (2013) nos
questiona:
Já pensou em viver sem dívidas, comprar tudo à vista, trocar de carro todo o
ano, viajar sempre com a família, ter uma boa aposentadoria, e ainda estar
preparado para as emergências e percalços da vida? Certamente você já
realizou muitos planos: formar-se, especializar-se e trabalhar para ter uma
18
bela renda. Entretanto o mesmo empenho deverá ser dado na busca de
alternativas de fazer a sua renda trabalhar por você. (GIMENES, 2013,
p.253)
Deixamos aqui de incluir um exercício a nível adulto, pois a finalidade do
trabalho não é explicar a matemática financeira, mas sim refletir as suas dificuldades
de aprendizagem, e que através das pesquisas é constatado um alto grau de
desconhecimento do presente assunto, o que inevitavelmente corremos riscos
desagradáveis. Martins (2002, p.75), nos afirma:
Uma criança passa oito anos no ensino fundamental, três anos no ensino
médio e, durante esses onze anos de educação básica, é obrigado a
memorizar nomes e datas de poucas utilidades na vida real. Em pouco
tempo tudo, ou quase tudo, é esquecido. Nesses onze anos, o aluno não
estuda noções de educação financeira, e se fizer um curso universitário fora
da área econômica, o estudante completará a sua formação superior sem
noções de finanças. “Não tenho dúvida de que essa falha é responsável por
muitos fracassos pessoais e familiares”. (MARTINS, 2002, p.75)
Kioyosaki (2000) nos afirma também o seguinte:
Como os estudantes deixam a escola sem habilidades financeiras, milhões
de pessoas instruídas obtêm sucesso em suas profissões, mas depois se
deparam com dificuldades financeiras. Trabalham muito, mas não
progridem. O que falta em sua educação não é saber como ganhar dinheiro,
mas como gastá-lo – o que fazer com ele depois de tê-lo ganho. E o que se
chama de aptidão financeira (que você faz com o dinheiro depois que o
ganhou)? Uma pessoa pode ser muito instruída, bem sucedida
profissionalmente e ser analfabeta do ponto de vista financeiro. Essas
pessoas muitas vezes trabalham mais do que seria necessário porque
aprenderam a trabalhar arduamente, mas não como fazer o dinheiro
trabalhar para elas. (KIOYOSAKI, 2000, p.81)
Neste contexto, se percebe a importância da educação financeira. É
importante para a sociedade que se forme profissionais capacitados, mas sem uma
educação financeira a vida pessoal deste profissional, por mais bem sucedido que
seja profissionalmente, será frustrada.
19
Souza e Torralvo (2008), também se manifestam sobre esta questão
afirmando:
A falta de educação financeira reflete uma não valorização do dinheiro,
acompanhada de um desperdício maior e desnecessário deste. Além disso,
a falta de discernimento financeiro acaba influenciando outras áreas da vida
social. Comportamentos agressivos e pessimistas, brigas e discussões na
família podem estar associados a problemas financeiros. (SOUZA &
TORRALVO, 2008, p.160)
E para finalizar este capítulo, Pinheiro (2013) faz referência também sobre a
importância da educação financeira, tanto para os jovens como para os adultos:
A educação financeira pode ajudar as crianças a compreender o valor do
dinheiro e ensiná-las a gerir orçamentos e a poupar. Proporciona aos
estudantes e aos jovens competências importantes que lhes permitam viver
de forma independente. Permite que os adultos planejem grandes
acontecimentos para a sua vida, como a compra da casa própria, o sustento
da família, o financiamento dos estudos dos filhos e a preparação para a
aposentadoria. (PINHEIRO, 2013)
20
7.CAUSAS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEMConforme os resultados das pesquisas, entendemos que na realidade a
dificuldade de aprendizagem é geral para o desenvolvimento dos exercícios de
matemática financeira, com a concentração maior na segunda parte dos mesmos
(matemática básica), envolvendo neste contexto as causas principais que implicam
na dificuldade de aprendizagem tanto no âmbito do ensino como da própria
aprendizagem.
7.1.ENSINO
7.1.1.Situação dos educadores
Com referência ao ensino propriamente dito, foi verificado na pesquisa da
turma do ensino técnico da disciplina de matemática financeira, que foi dado mais
ênfase a parte prática, muito bem transmitida e desenvolvida pelo professor, mas
com restrição à parte teórica, em que pouco foi explicado a finalidade, os objetivos,
os conceitos, que de alguma forma, além do próprio entendimento, que transmitisse
também aos alunos motivação, curiosidade, interesse, podendo ter sido colocado
diversas situações de nosso cotidiano como, por exemplo, aplicação na caderneta
de poupança, empréstimos, investimentos, orçamento doméstico, etc., para que os
mesmos tivessem uma melhor preparação para após desenvolver a parte prática.
Além disso, não era oferecida aos alunos sua participação ativa e dialética, mas
apenas como meros assimiladores de conhecimentos. Temos que considerar alguns
aspectos referentes aos professores, conforme nos diz Camargo (2003): “a falta de
preparação dos professores se deve, também, ao pouco tempo que dispõem para
dedicar-se aos seus alunos e aos cursos de aprimoramento, uma vez que
trabalham, em média, de 8 a 10 horas por dia”, e que também nos afirma Sanches
(2004):
A falta de preparo dos professores pode gerar dificuldades relacionadas às
adoções de posturas teórico-metodológicas ou insuficiente, seja porque a
organização desses não está bem sequenciada, ou não se proporcionam
elementos de motivação suficientes, seja porque os conteúdos não se
ajustam às necessidades e ao nível de desenvolvimento do aluno, ou não
estão adequados ao nível de abstração, ou não se treinam as habilidades
21
prévias, seja porque a metodologia é muito pouco motivadora e muito pouco
eficaz. (SANCHES, 2004, p.68)
7.1.2.Situação dos currículos.
Através das pesquisas efetuadas nas escolas municipais e estaduais através
de entrevistas com professores de matemática, foi constatado na maioria delas que,
principalmente os cursos referentes às séries iniciais do ensino fundamental, está
incluído o estudo de matemática financeira no currículo dentro da matemática
básica, mas que na realidade não é abordado por diversos motivos, seja para não
dificultar ainda mais o aluno que já tem dificuldade de aprendizagem na própria
matemática, seja por falta de tempo suficiente para cumprir o plano anual, seja pela
falta de conhecimento específico do próprio educador, em função de não fazer parte
em sua formação acadêmica de quaisquer conteúdos referentes a matemática
financeira. Camargo (2003) faz referência a isto, ou seja, “as consequências da má
formação de professores se fazem sentir no dia-a-dia do ensino da matemática”.
7.2. APRENDIZAGEM
Com referência a aprendizagem, foi identificada os vários fatores que
interferem na sua dificuldade:
7.2.1.Cultura da matemática.
Conforme nossa própria cultura-histórico-social, de uma forma geral a
matemática básica é considerada pela grande maioria como a disciplina mais difícil
de aprendizagem, isto porque a mesma requer um raciocínio lógico para a solução
de um problema, e as demais disciplinas diferentemente requerem o raciocínio da
assimilação e memorização, exigindo, portanto, muito mais esforço intelectual,
restando a memorização apenas para as fórmulas, o que não é primordial,
acrescentando também tratar-se de um assunto que não desperta motivação e
interesse uma vez, que na verdade, os alunos não sabem porque e/ou para que
estão efetuando todos aqueles cálculos. Kioyosaki (2000, p.76) nos diz:
“analfabetismo, tanto de palavras quanto de números, é a base das dificuldades
financeiras”.
22
7.2.2.Motivação e interesse
Foi verificado que a maioria dos alunos da pesquisa na turma de ensino
técnico, limitava-se apenas a copiar os exercícios do quadro-negro, sem
preocupação do entendimento, sem nenhuma participação, sem ação reflexiva. Os
exercícios que frequentemente o professor pedia para os alunos resolverem em
casa não era cumprido pela maioria, justamente pela falta de motivação, e também
pela própria dificuldade em resolver sozinhos os exercícios. Muitos alegavam falta
de tempo, em função do trabalho, e a priorização de outras atividades.
7.2.3.Metodologia de estudo
O tipo de estudo aplicado pelos alunos desta mesma pesquisa era apenas
revisar os exercícios dados em aula. Apenas quando estavam bem próximos da data
da prova, é que se reuniam para em grupos tentarem resolver alguns problemas
dados pelo professor, o que mesmo assim não conseguiam atingir o objetivo, ou
seja, de uma boa preparação para as provas.
Partindo do princípio que somente vamos aprender quando aprendemos a
aprender, temos que na matemática, primeiramente tentar sozinhos entender os
problemas já resolvidos. Após esta etapa temos que tentar resolver vários
exercícios, sendo que os primeiros certamente nos parecerão mais difíceis, mas na
realidade não são, pois ainda não adquirimos a prática necessária. Após
resolvermos vários exercícios, os últimos parecerão ser bem mais fáceis, em função
da prática que alcançou até este estágio. Quando chegar este momento, paramos o
estudo, e estamos prontos para o desafio das provas. O que falta são os alunos
entenderem como estudar corretamente a matemática, ou seja, aprender a
aprender.
7.2.4.Conhecimento da matemática básica.
Como já colocamos em itens anteriores, o conhecimento da matemática
básica é fundamental para resolvermos as questões de matemática financeira, e de
acordo com os resultados desta mesma pesquisa, praticamente toda a turma tinha
esta dificuldade, com exceção de apenas dois alunos, os quais eram graduados em
engenharia civil e arquitetura, o que não poderia ser diferente em função da
exigência do conhecimento matemático como característica própria da sua formação
23
acadêmica, o que não foi o caso de outros alunos também graduados, como direito
e fisioterapia, que não exigem rigor do conhecimento matemático em sua formação.
24
8.AÇÕES PARA REDUÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEMCertamente temos muitas razões para refletir no sentido de definir ações que
possibilitem uma redução das dificuldades de aprendizagem da matemática
financeira, mas neste trabalho vamos abordar pelo menos algumas destas ações
que consideramos que sejam as principais, tanto no âmbito do ensino como da
aprendizagem.
8.1.ENSINO
Os currículos escolares do ensino fundamental desde a 1ª série, deveriam ser
cumpridos obrigatoriamente e com rigor, especialmente as disciplinas de matemática
que contém em seus conteúdos assuntos específicos referentes a educação
financeira, considerando sempre o grau de desenvolvimento inerente à cada série,
isto se não houver no currículo alguma disciplina específica sobre finanças. Cerbasi
(2011) faz uma referência, ou seja:
O arcaico currículo elaborado há décadas esqueceu-se de levar em
consideração que o pobre trabalhador, que cresceu numa economia
também pobre precisa saber tanto sobre as armadilhas dos juros dos
crediários quanto sobre os métodos para extrair as razões de uma equação
de terceiro grau. (CERBASI, 2011, p.34)
Conforme matéria jornalística na Zero Hora, NOVOA (2013) nos relata sobre
uma escola estadual do interior do RS (Ivoti), em que consta no seu currículo uma
disciplina denominada educação financeira, pertencente a 7ª e 8ª séries do ensino
fundamental, onde os alunos adquirem conhecimentos teórico-práticos sobre
investimentos, poupança, juros, impostos, etc., e a professora é mestre em
educação financeira, com ampla participação dos alunos de forma dialética, crítica,
reflexiva, e com total autonomia.
Como exemplo do que ocorre nesta escola em Ivoti, dentro das possibilidades
e do programa pedagógico de cada escola, que fosse incluído no currículo escolar a
partir de determinada série do ensino fundamental, a disciplina de educação
financeira, e que também fosse incluído em todos os cursos de graduação a
disciplina de finanças pessoais. O próprio Gimenes (2012) nos diz:
25
O estudo de finanças pessoais é obrigatório em vários países, e começou a
se tornar uma realidade em alguns cursos de formação superior no Brasil.
Por fazer parte eminente de nosso cotidiano, assim como a matemática
financeira, a inclusão da disciplina de finanças pessoais deveria ser
obrigatória em todos os cursos de ensino superior. Isso sem deixar de lado
uma abordagem preliminar no ensino fundamental e médio como forma de
criação de cultura. (GIMENES, 2012, p.253)
Os pais devem apoiar seus filhos com todos os recursos que os mesmos
necessitam para desenvolver suas atividades de aprendizagem, como, por exemplo,
o fornecimento de mesada, que segundo D’Aquino (2008, p.58): “dos 6 aos 10 anos
os pais devem estimular a criança a registrar todos os dias seus gastos em um
caderno que será usado somente para isso. Tal registro possibilitará à criança dar
concretude ao vai-e-vem financeiro”.
Há necessidade de que com relação aos professores para que os mesmos
estejam bem preparados para seu desempenho profissional, que haja um
aperfeiçoamento através de uma formação continuada, no sentido de que os
mesmos não sejam apenas técnicos, mas também políticos e reflexivos, a fim de
que possam transmitir aos seus alunos através de sua didática as técnicas
necessárias para provocar aos mesmos, mais motivação, interesse, participação
crítica, elementos primordiais para uma boa aprendizagem. Freire e Macedo (1990,
p.47) fazem uma referência sobre esta questão: “quando entro em uma sala de aula
devo estar sendo um ser aberto às indagações, à curiosidade, às perguntas dos
alunos, às suas inibições, um ser crítico inquiridor, inquieto em face da tarefa que
tenho – a de ensinar e não a de transmitir conhecimento”. Correa (1999), também
faz uma referência sobre esta questão:
O professor deve abandonar, tanto quanto possível, o método expositivo
tradicional, em que o papel dos alunos é quase cem por cento passivo, e
procurar, pelo contrário, seguir o método ativo, estabelecendo diálogo com
os alunos e estimulando a imaginação destes, de modo a conduzi-los,
sempre que possível, à redescoberta. (CORREA, 1999)
Já podemos observar o surgimento de iniciativas para a criação de um
cenário que possibilite uma maior difusão de informações financeiras para a
população. A alfabetização financeira é um processo de educação e de
26
responsabilidade do país, das escolas, do governo e das instituições privadas,
envolvendo vários atores sociais. A Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA)
disponibiliza à sociedade, com o seu Programa Educacional, conceitos sobre o tema
educação financeira através de cursos e palestras, onde difunde informações a
respeito de hábitos de poupança, tipos de investimentos e planejamento de finanças
pessoais, além de orientar sobre a importância destes conceitos para o
desenvolvimento da economia do país, assim como também o Banco Central do
Brasil (BACEN) que desenvolveu o Programa de Educação Financeira para orientar
melhor as pessoas sobre a importância do planejamento financeiro, e também para
auxiliar os indivíduos a entender melhor o funcionamento da economia, assim como
de seus agentes e instrumentos, atuando em vários níveis para a divulgação de
informações financeiras para a sociedade, contendo programas para o ensino
fundamental e médio, momento importante para a formação adulta. Rocha (2008)
nos afirma:
A administração das finanças pessoais é um assunto que deveria começar a
ser discutido nas escolas brasileiras. Embora a educação financeira seja um
processo trabalhoso, contínuo, e complexo, é fundamental para que o ser
humano entenda o mundo em que vive e os riscos do sistema financeiro.
(ROCHA, 2008)
Outro aspecto relevante é com relação ao acompanhamento do ensino em
função do avanço tecnológico com a sua necessária inclusão nos currículos
escolares, não somente com relação à formação dos educadores, mas também com
relação a aprendizagem, tornando-se assim as tecnologias da informação como
instrumentos auxiliares na aprendizagem, na medida em que a mesma torna-se
atraente e interessante aos alunos, despertando aos mesmos uma maior motivação
para facilitar a aprendizagem.
Como já referenciamos em capítulos anteriores, a calculadora HP 12c e o
Excel, são instrumentos tecnológicos que auxiliam e facilitam a resolução de
problemas matemáticos, mas não garantem a aprendizagem.
Neste contexto, e considerando que a tendência no futuro é que todas as
escolas disponibilizarão de bom aparato tecnológico, considerando também a
complexidade de utilização simultânea de três instrumentos separados, como o
caderno, o computador (Excel), e a calculadora (HP 12c), que houvesse a utilização
27
destes instrumentos integrados em apenas um só, com a criação de um software
que estivesse incluído a teoria, a execução dos problemas com raciocínio e solução,
acompanhados de um suporte básico da calculadora HP e da planilha eletrônica.
Desta forma o aluno estaria estudando apenas com um computador, o que facilitaria
e o motivaria na sua aprendizagem. Stahlschmidt (2009, p.81) nos afirma que:
“Assim a qualidade tão esperada na educação financeira poderá ocorrer devido à
forma de trabalhar o currículo mediante o incentivo do emprego das tecnologias de
ensino”. Segundo Valente apud Stahlschmidt (2009, p.81), “a integração do trabalho
com novas tecnologias no currículo, como ferramentas, exige a reflexão sistemática
acerca de seus objetivos, suas técnicas, dos conteúdos escolhidos, das habilidades,
enfim, do próprio significado da educação”.
8.2.APRENDIZAGEM
Os alunos devem aprender a aprender matemática. O estudo da matemática
difere-se de outras disciplinas em que você lê, assimila, e memoriza. Já na
matemática nós estamos diante de um determinado problema, devendo entender,
identificar todas as variáveis e incógnitas, todos com os seus devidos valores, e
após raciocinar, e iniciar as operações matemáticas, através de fórmulas que foram
definidas, explicadas, e demonstradas em sala de aula pelo professor. Mas o estudo
não termina aqui, isto é apenas o começo, pois após a conclusão de um
determinado exercício, o aluno deve tentar resolver quanto mais exercícios for
possível, pois em algum momento ele obterá uma prática invejável, e ele mesmo vai
se conscientizar de que os exercícios são relativamente fáceis, e se ele alcançar
este patamar acaba gostando da disciplina, obtendo segurança, autoconfiança, e
desejo de continuar estudando.
A aprendizagem deve ser iniciada desde a educação infantil, onde a criança
vai ter os primeiros contatos com o dinheiro, o seu valor, sua utilização, continuando
o desenvolvimento do conhecimento específico durante toda a educação básica e
durante a formação superior.
28
9.CONCLUSÃO
Através da realização de nossas pesquisas de campo, utilizando a
metodologia de observações participante com entrevistas semiestruturadas, além da
pesquisa bibliográfica, e com o auxílio do meu próprio conhecimento sobre a
disciplina de matemática financeira, efetuamos com o êxito esperado a devida coleta
de dados necessária para o desenvolvimento do presente estudo, para que após
nos viabilizasse os estudos dos resultados e interpretações, e que somadas à nossa
criatividade, estabelecer no contexto geral as principais causas dos problemas
específicos que foram pré-estabelecidos, ou seja, a dificuldade de administrar
nossas finanças pessoais em função de nosso precário conhecimento sobre
matemática financeira, e as dificuldades encontradas para sua aprendizagem em
razão do pouco conhecimento da própria matemática básica, cuja aprendizagem é
favorecida apenas aos profissionais de áreas restritas de graduação como
administração de empresas, economia, e contabilidade, nas quais a mesma faz
parte de seus currículos, assim como também as ausências de uma disciplina como
educação financeira ao longo de nossa trajetória estudantil, desde a educação
infantil até o final do ensino básico, e também durante o ensino superior
praticamente em todos os cursos de graduação.
O objetivo geral deste trabalho foi alcançado com sucesso, pois contribui com
ações que poderão abrir novos rumos no sentido de facilitar o controle de nossas
finanças, analisando a matemática financeira e/ou a educação financeira como
elementos indispensáveis de aprendizagem em todos os níveis de desenvolvimento
em nossa caminhada escolar e acadêmica, identificando todos os recursos que as
mesmas nos oferecem, assim como também identificando algumas ações que são
necessárias para o desenvolvimento do conhecimento nos âmbitos do ensino-
aprendizagem.
Ao concluir este estudo com muito esforço pessoal durante as pesquisas em
geral, assim como também no seu próprio desenvolvimento, e como profissional da
área de matemática financeira, significou para mim mais uma oportunidade de
adquirir novos conhecimentos, de aperfeiçoamento, e de reflexão, e que contribuirá
positivamente para o meu próprio crescimento profissional.
29
REFERÊNCIAS:
CAMARGO, P. Quando o problema não é o aluno, 2003. Disponível em:
http://www.intervox.nce.ufrj.br/alunopro.htm. Acesso em AGO 2013.
CERBASI, G. Pais inteligentes enriquecem seus filhos. Rio de Janeiro: Sextante,
2011, p.34.
CORREA, J. Um estudo intercultural da dificuldade atribuída à matemática, 1999.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php. Acesso em JUL 2013.
D’AQUINO, C. O que é educação financeira. Set.2007. Disponível em:
http://www.educfinanceira.com.br/conteudo.asp?id _conteudo=2 . Acesso em AGO
2013.
D’AQUINO, C. Educação financeira. Como educar seus filhos. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008, p.58, p.52.
FREIRE, P.; MACEDO, D. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1990, p.47.
FRIGOTO, G. A formação e profissionalização do educador frente aos novos
desafios. In: ENDIPE, 8., 1996, Florianópolis, p.389.
GIMENES, C.M. Matemática Financeira com HP 12C e Excel. 2 ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2012, p.253.
HALFELD, M. Investimentos: como administrar melhor o seu dinheiro. São Paulo:
Fundamento Educacional, 2004, p.32, p.19.
HILL, N. Quem pensa enriquece. São Paulo: Fundamento Educacional, 2009, p.310.
KIOYOSAKI, R.T.; LECHTER, S.L. Pai rico, pai pobre: O que os ricos ensinam a
seus filhos sobre dinheiro. Ed. 66ª, Rio de Janeiro: Elsevier, 2000, p.76, p.81.
30
LUCEY e GIANNANGELO, 2006, p.270 apud MATTA, 2007, p.63.
MARTINS, J.P. Educação financeira ao alcance do todos. São Paulo: Fundamentos,
2002, p.75.
MATTA, R.O.B. Oferta e demanda de informação pessoal: o programa de educação
financeira do Banco Central do Brasil e os universitários do Distrito Federal, 2007,
p.214.
NOVOA, J.V. Educação no bolso. Zero Hora, Porto Alegre, 27 JUL, 2013, p.21.
PINHEIRO, R.P. Educação financeira e previdenciária: A nova fronteira dos fundos
de pensão. Disponível em:
http://www.mps.gov.br/arquivos/office/3_090420-113416-244.pdf Acesso em 18 de
JUL 2013.
ROCHA, R.H. Educação financeira em pauta. Ago (2008).[On-line]. Disponível em:
http://www.hsm.com.br/artigos/educacao-financeira-em-pauta Acesso em 13 de JUL
2013.
SAITTO, A.T.; SAVOIA, J.R.F.; PETRONI, L.M. A educação financeira no Brasil sob
a ótica da organização de cooperação e desenvolvimento econômico (OCDE). Rio
de Janeiro: RAP, 2007, p.48.
SANCHES, J.; NICASIO, G. Dificuldades de aprendizagem e intervenção
psicopedagógica. Ed. Artmed, Porto Alegre, 2004, p.68.
SOUZA, A.F.; TORRALVO, C.F. Aprenda a administrar o próprio dinheiro. São
Paulo: Ed. Saraiva, 2008, p.160.
STAHLSCHMIDT, R.M. Profissão Docente. Ed. IESDE Brasil S.A., Curitiba, 2009,
p.81.
.
31
VALENTE, J.A. Por que o computador na educação? In: VALENTE, J.A. (Org.).
Computadores e conhecimento: repensando a educação. Campinas: Unicamp,
1996.
VILHENA, B. O sucesso financeiro dos seus filhos virá do conhecimento. SET 2011.
Disponível em:
http://dinheirama.com/blog/2011/09/27/o-sucesso-financeiro-de-seus-filhos-vira-do-
conhecimento/ Acesso em 15 de JUL 2013.