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X CONGRESSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA AMAZÔNIA XVII SALÃO DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA
IV SALÃO DE EXTENSÃO 08, 09 e 10/11/2017
ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL
LUTERANA DO BRASIL PRESIDENTE:
PAULO AUGUSTO SEIFERT VICE-PRESIDENTE: LEONIR MITTMANN CAPELÃO GERAL:
REV. MAXIMILIANO WOLFGRAMM SILVA
CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE SANTARÉM
REITOR: ILDO SCHLENDER
CAPELÃO: SÉRGIO MAURÍCIO REINHOLZ
DIRETOR ACADÊMICO: CELSO SHIGUETOSHI TANABE
ASSESSORA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO:
MARIA VIVIANI ESCHER ANTERO
COORD. DO CURSO DE AGRONOMIA: RAIMUNDO COSME DE OLIVEIRA JUNIOR COORD. DO CURSO DE ARQUITETURA E
URBANISMO: FERNANDO AUGUSTO FERREIRA DO VALLE
COORD. DO CURSO DE DIREITO: JOSÉ RICARDO GELLER
COORD. DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO E LICENCIATURA: MANUEL ELBIO AQUINO SEQUEIRA COORD. DO CURSO DE ENG. CIVIL: ALESSANDRO SANTOS DE ARAÚJO
COORD. DO CURSO DE PEDAGOGIA: LORENI BRUCH DUTRA
COORD. DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL: IVONE DOMINGOS E SILVA
COORD. DO CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO:
CARLOS ALBERTO PEDROSO ARAÚJO
INFRA-ESTRUTURA DE APOIO TÉCNICO E ADMINISTRATIVO ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL:
ANDRIA ROBERTA FREITAS BARBOSA CPA: SELDON RODRIGUES DUARTE
CPD: RUSSEL DA SILVA JATI
FIES E PROUNI: JULIETE CRISTINA LOBO RODRIGUES
LEGISLAÇÃO E NORMAS: MARILZA DO CARMO SANTOS
NÚCLEO DE ESTÁGIOS: RAIMUNDA REIS DA SILVA
PREFEITURA: KÁTIA REGINA ALMEIDA AMORIM
SAJULBRA: ROSALICE MARIA FERNADES MONTEIRO
CAMARA SECRETARIA GERAL:
LUZENIL FIGUEIRA DE LEMOS SETOR DE COMPRAS:
SILVANA MARIY SOARES SETOR DE PESSOAL:
LILIAN REGINA BATISTA LIMA TESOURARIA:
EUNICE DA CONCEIÇÃO SOUSA DA SILVA
COMISSÃO EDITORIAL CELSO SHIGUETOSHI TANABE
MARIA VIVIANI ESCHER ANTERO
COMISSÃO DE ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE RESUMOS
NARELLY TAVARES RODRIGUES E MELO MARIA VIVIANI ESCHER ANTERO
COMISSÃO CIENTÍFICA CELSO SHIGUETOSHI TANABE MARIA SHEYLA GAMA SOUSA
MARIA VIVIANI ESCHER ANTERO RAFAELA FERANDES NICOLAU
ROSÂNGELA MARIA LIMA DE ANDRADE
CORRESPONDÊNCIA Av. Sergio Henn, 1787, Bairro Diamantino CEP:
68025 – 000 – Santarém – PA Fone/Fax: (0xx93) 3524-1055 E-mail: [email protected]
251
Os resumos contidos neste “Caderno de Resumos Expandidos” são de
responsabilidade de seus autores.
Nenhuma parte desta obra deve ser reproduzida por meio impresso ou eletrônico sem a
devida autorização expressa dos organizadores.
Todos os direitos reservados e protegidos por Lei.
C749 Congresso de Ciência e Tecnologia da Amazônia (11. : 2017: Santarém, PA).
Caderno de resumos expandidos do Salão de Pesquisa e Iniciação Científica do CEULS ULBRA
Santarém: Políticas públicas e pesquisa na Amazônia. (n. 17, 2017) / Centro Universitário
Luterano de Santarém. CEULS/ULBRA, 2017.
ISSN 1808-3072.
104 resumos.
514 p. : il.
Evento realizado em Santarém, no Centro Universitário Luterano de Santarém nos dias 08, 09 e
10 de novembro de 2017.
1. Pesquisa Científica. 2. Resumos científicos, I. Centro Universitário Luterano de
Santarém. II. Educação e Ciência. III. Título.
CDU 001.891
Biblioteca Martinho Lutero / Setor de Processamento Técnico / Santarém – PA Bibliotecária Caroline Pinheiro – CRB-2/1536
252
APRESENTAÇÃO
O Centro Universitário Luterano de Santarém realiza o Congresso de Ciência
e Tecnologia da Amazônia a cada dois anos, e anualmente o Salão de Iniciação
Científica com o Salão de Extensão, no mês de novembro.
Neste ano de 2017 comemora-se o X Congresso de Ciência e Tecnologia
da Amazônia para celebrar esta data contamos com a presença do Dr. Savio
Tulio Oselieri Raeder do Ministério de Ciência e Tecnologia para debater o tema
central Políticas Públicas e Pesquisa na Amazônia.
Com ampla repercussão entre a comunidade acadêmica regional o X
CONGRESSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA AMAZÔNIA; XVII
SALÃO DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA E IV SALÃO DE
EXTENSÃO destacam a integração entre ensino, pesquisa e extensão
propiciando a interdisciplinaridade, bem como a socialização de trabalhos
realizados por acadêmicos do CEULS e demais instituições da cidade e região.
Estes eventos oferecem a oportunidade de divulgação científica em três
instâncias: a publicação de resumos em anais, a apresentação de pôsteres e a
comunicação oral. Como forma de incentivo à melhoria da qualidade das
publicações, é oferecida premiação àqueles alunos de Iniciação Científica que se
destacarem no evento.
O Caderno de resumos traz 104 Resumos Expandidos (dividido em 2
cadernos) e 71 Resumos Simples.
Sejam bem vindos a este espaço aberto à publicação e debate pela pesquisa.
Maria Viviani Escher Antero
Rosângela Maria Lima de Andrade
Professoras do CEULS ULBRA
253
SUMÁRIO
CADERNO 001
CIÊNCIAS AGRÁRIAS
ANÁLISE DO DIMENSIONAMENTO DE UMA ESTRUTURA DE MADEIRA ................................. 17 Msc. Hugo Aquino
Débora Quézia Escócio
Graziella Escócio
Luiz Henrique Lemos Vieira
Cleveland Gustavo Canto
ANÁLISE TEMPORAL DA EXPANSÃO DA LAVOURA DE SOJA NO MUNICÍPIO DE
BELTERRA, PA ............................................................................................................................................. 22 Macelle de Souza Rego
Ellen Magda da Silva Machado
Darlisson Bentes dos Santos
Rafaela Nicolau dos Santos
Lucas Rayner da Cruz Silva
ANÁLISE TEMPORAL DA EXPANSÃO DA LAVOURA DE SOJA NO MUNICÍPIO DE
SANTARÉM-PA ............................................................................................................................................. 26 Ellen Magda da Silva Machado
Macelle de Souza Rego
Darlisson Bentes dos Santos
Rafaela Nicolau dos Santos
Jayne Ribeiro da Silva Machado
ANÁLISE TEMPORAL DA EXPANSÃO DAS ÁREAS DE PLANTIO DE SOJA NOS MUNICÍPIOS
DE BELTERRA, MOJUÍ DOS CAMPOS E SANTARÉM-PA ................................................................. 31 Ellen Magda da Silva Machado
Macelle Souza Rêgo
Darlisson Bentes dos Santos
Rafaela Nicolau dos Santos
Gláucia de Fátima Gomes
ANTRACNOSE NA CULTURA DA PIMENTA-DO-REINO .................................................................. 36 Ana Paula da Cruz Gato
Deilane Freitas Pontes
Eluziane dos Anjos Figueiredo
Igor Moraes de Miranda
Gilbson Santos Soares
ANTRACNOSE NA CULTURA DO MARACUJÁ .................................................................................... 40 Ana Paula da Cruz Gato
Deilane Freitas Pontes
Eluziane dos Anjos Figueiredo
Igor Moraes de Miranda
Gilbson Santos Soares
ANTRACNOSE NO CAJUEIRO NO DISTRITO DE ALTER-DO-CHÃO, SANTARÉM/PA ............. 45
Karin Thaianne Silva de Sousa
Rogér Murilo da Costa Rebelo
André Luiz Cardoso Moreira
Felipe Barros Sousa
Matheus Neves dos Santos
Gilbson Santos Soares
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES TIPOS DE SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO DE MUDAS DO
REPOLHO (BRASSICA OLERACEA CAPITATA) SOOSHU ............................................................... 49 Maria Lúcia Braga Farias
Nalyene Bianca de Lima Monteiro
Raimundo Cosme de Oliveira Junior
254
Darlisson Bentes dos Santos
Alessandra Damasceno da Silva
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES TIPOS DE SUBSTRATOS NO PERIODO DE GERMINAÇÃO DE
MUDAS DE ALFACE (LACTUCA SATIVA L.) EM SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICO ....... 53 Róger Murilo da Costa Rebelo
Vândrea Aline Rêgo de Sousa
Gilbson Santos Soares
Darlisson Bentes dos Santos
Daniel Rocha de Oliveira
BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS NEGRAS
PROVENIENTES DO CENTRO EXPERIMENTAL FLORESTA ATIVA NA RESEX TAPAJÓS
ARAPIUNS ..................................................................................................................................................... 57
Alailson Sousa Rêgo
Steve Macqueen Fernando Souza da Silva
Edna Reis Costa Araújo
Alessandra Damasceno da Silva
CADASTRO AMBIENTAL RURAL – CAR E O DESMATAMENTO NO MUNICÍPIO DE ÓBIDOS
– PA NO PERÍODO DE 2012 A 2015 ........................................................................................................... 61
Ana Paula Santos Barros
Alessandra Damasceno da Silva
Isabel Cristina Tavares Martins
Darlisson Bentes dos Santos
Gláucia de Fática Gomes
CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DO SOLO SOB DOIS CASTANHAIS NATIVOS, NA
FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS, PARÁ E NA RESEX RIO CAJARI, AMAPÁ..................... 65
Everton Araújo Cavalcante
Raimundo Cosme de Oliveira Junior
Marcelino Carneiro Guedes
Daniel Rocha de Oliveira
Yash Brendon
CERCOSPORIOSE NA CULTURA DA ALFACE - LACTUCA SATIVA L. ........................................ 71
Cássia Solange Peixoto Hamburgo
Haylla Claudia Santos Souza
Járede Oliveira Panza
Nara Thaysa de Lira Costa
Gilbson Santos Soares
CERCOSPORIOSE NA CULTURA DA ALFACE – LACTUCA SATIVA L. ....................................... 76
Thayanny Fernanda Cunha da Silva
Ramon Vieira Farias
Gilbson Santos Soares
Darlisson Bentes dos Santos
Edson Pereira dos Reis
CONCENTRAÇÃO DE NUTRIENTES EM RESIDUOS DE COLHEITA DE PLANTIOS DE SOJA
NO OESTE PARAENSE ............................................................................................................................... 82
Nieli Eloine Rodrigues
Raimundo Cosme de Oliveira Junior
Daniel Rocha de Oliveira
Darlisson Bentes dos Santos
Alessandra Damasceno da Silva
CULTIVO DE BATATAS-DOCE EM VASOS COMO USO ALTERNATIVO EM HORTAS
URBANAS ....................................................................................................................................................... 87 Girlane Moraes dos Santos
Liliane Carmo dos Santos
Darlisson Bentes dos Santos
Isabel Cristina Tavares Martins
Alessandra Damasceno da Silva
255
DENSIDADE DE CASTANHEIRAS E ESTRUTURA VERTICAL DE FLORESTAS COM
CASTANHAIS NA AMAZÔNIA ORIENTAL ........................................................................................... 91 Felipe Felix Costa
Marcelino Carneiro Guedes
Raimundo Cosme de Oliveira Júnior
Quezia Leandro de Moura Guerreiro
Daniel Rocha de Oliveir
DESEMPENHO PRODUTIVO DE ALFACE (LACTUCA SATIVA) EM REGIME DE
AQUAPONIA ................................................................................................................................................. 97 Yash Brendo Pereira Coelho Guimarães
André Luiz Teixeira Dalagnol
Aline Maria Sousa Cruz
Daniel Rocha de Oliveira
Raimundo Cosme de Oliveira Junior
DESEMPENHO REPRODUTIVO DE VACAS ZEBU, CRIADAS NA REGIÃO DO BAIXO
AMAZONAS, EM CONDIÇÕES DE ESTRESS TÉRMICO E SUBMETIDAS À INSEMINAÇÃO
ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) ................................................................................................. 102 Alime Maria Sousa Cruz
Rayane Miguel de Sales
Daniel Rocha de Oliveira
Darlisson Bentes dos Santos
Edson Pereira dos Reis
DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS PRODUZIDOS NO MERCADO CENTRAL DE
SANTARÉM/PA ........................................................................................................................................... 107
Yash Brendo Pereira Coelho Guimarães
Isabel Cristina Tavares Martins
Andre Luiz Teixeira Dalagnol
Igor Moraes de Miranda
Edson Pereira dos Reis
DISPONIBILIDADE DE CÁLCIO E MAGNÉSIO EM SOLO, SOB DIFERENTES CULTIVOS NO
PLANALTO SANTARENO ........................................................................................................................ 111 Elen Kercy Siqueira da Cruz
Maria Albetiza Alves
Juliano Gallo
Raimundo Cosme de Oliveira Junior
Darlisson Bentes dos Santos
EFEITO DE SISTEMAS DE MANEJO SOBRE A DENSIDADE GLOBAL EM LATOSSOLO
AMARELO MUITO ARGILOSO EM PARAGOMINAS-PA ................................................................ 115 Hugo da Silva Alves
Paulo Ferreira Rodrigues Neto
Raimundo Cosme de Oliveira Junior
Eduardo Jorge Maklouf Carvalho
Darlisson Bentes dos Santos
EFEITO DE SISTEMAS DE MANEJO SOBRE EMISSOES DE GASES DE EFEITO ESTUFA EM
CULTURA DA SOJA NO MUNICPIO DE MACAPÁ-AP ..................................................................... 120 Raimundo Cosme de Oliveira Junior
Quezia Leandro Moura Guerreiro
Daniel Rocha de Oliveira
Nagib Jorge Melem Junior
Rogerio Machado Alves
EFEITO DE SISTEMAS DE MANEJO SOBRE EMISSOES DE GASES DE EFEITO ESTUFA EM
CULTURA DO MILHO NO MUNICPIO DE MACAPÁ-AP ................................................................. 125 Raimundo Cosme de Oliveira Junior
Quezia Leandro Moura Guerreiro
Daniel Rocha de Oliveira
Nagib Jorge Melem Junior
Rogerio Machado Alves
256
EFEITO DE SISTEMAS DE MANEJO SOBRE EMISSOES DE GASES DE EFEITO ESTUFA EM
LATOSSOLO AMARELO MUITO ARGILOSO DE PARAGOMINAS-PA ....................................... 130 Raimundo Cosme De Oliveira Junior
Eduardo Jorge Maklouf Carvalho
Daniel Rocha De Oliveira
Troy Patrick Beldini
Darlisson Bentes Dos Santos
ESTOQUES DE NITROGÊNIO E CARBONO SOB DIFERENTES SISTEMAS DE USO E MANEJO
DE UM LATOSSOLO AMARELO NO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS ....................................... 135 Raimundo Cosme de Oliveira Junior
Eduardo Jorge Maklouf Carvalho
Willey Ferreira Machado
Darlisson Bentes dos Santos
Daniel Rocha de Oliveira
FLUXO DE CO2 NA INTERFACE SOLO-ATMOSFERA EM ÁREA DE FLORESTA NÃO
MANEJADA NA FLONA TAPAJÓS. ....................................................................................................... 139 Yash Brendo Pereira Coelho Guimarães
Raiane Pereira de Abreu
André Luiz Teixeira Dalagnol
Daniel Rocha de Oliveira
Raimundo Cosme de Oliveira Junior
FUSARIOSE NA CULTURA DA PIMENTA-DO-REINO ..................................................................... 144 Julio Matheus Gomes da Silva
Airam Erasmo Pereira de Sá
Denes Jermerson da Costa Silva
Jarlisson Batista dos Santos
Gilbson Santos Soares
FUSARIOSE NA CULTURA DE ALFACE AMERICANA .................................................................... 148 Benhur Ewerton Beggo Granella
Carlos Borre Dewes
Diego de Melo Correa
Jordan Borges Souza
Gilbson Santos Soares
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM .................. 153 Yash Brendo Pereira Coelho Guimarães
André Luiz Teixeira Dalagnol
Caio Mateus Silva de Souza
Giovanna Ferreira Diniz
Isabel Cristina Tavares Martins
MAL-DE-SETE-VOLTAS NA CULTURA DA CEBOLINHA – ALLIUM FISTULOSUM ............... 158 Andressa Lemos Rocha
Keyse Oliveira da Costa
Ana Flávia Lago
Apoena Garcia Vieira
Gilbson Santos Soares
NITROUS OXIDE FLUXES FROM INTENSIVELY MANAGED MAIZE FIELDS IN SANTAREM-
BELTERRA PLATEAU. ............................................................................................................................. 162 Raimundo Cosme de Oliveira Junior
Troy Patrick Beldini
Plinio Barbosa de Camargo
Daniel Rocha de Oliveira
Raiane Pereira de Abreu Guimaraes
Darlisson Bentes dos Santos
PERDAS DE FRUTAS EM COMÉRCIO VAREJISTA DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM/PA ...... 167 Ana Cláudia Zolin
Alessandra Damasceno da Silva
Darlisson Bentes dos Santos
257
Isabel Cristina Tavares Martins
Edson Pereira dos Reis
PODRIDÃO DE RAÍZES NA CULTURA DO ABACAXI – ANANASCOMOSUSL MERRIL – NO
MUNICÍPIO DE MOJUÍ DOS CAMPOS/PA ........................................................................................... 172
Thayanny Fernanda Cunha da Silva
Ramon Vieira Farias
Gilbson Santos Soares
Darlisson Bentes dos Santos
Edson Pereira dos Reis
PODRIDÃO NEGRA NA CULTURA DA COUVE MANTEIGA .......................................................... 176 Alan Gonçalves Andrade
Gilbson Santos Soares
Darlisson Bentes dos Santos
Edson Pereira dos Reis
PROTÓTIPO DE UM SISTEMA QUE SERÁ MANUSEADO POR AGENTES DE SAÚDE PARA
NOTIFICAÇÃO DE DOENÇAS TRANSMITIDAS PELO MOSQUITO AEDES AEGYPTI............ 180 Bruno Renê Silveira e Silva
Elber Mateus Silva Oliveira
Jean Santos de Oliveira
João Luís de Brito Neto
Naydion Lima de Aquino
Carlos Eduardo Miléo Antunes
QUANTIFICACAO DA MINERALIZAÇÃO E DA NITRIFICAÇÃO EM PLANTIOS DE SOJA NO
OESTE PARAENSE .................................................................................................................................... 184 Nieli Eloine Rodrigues
Raimundo Cosme de Oliveira Junior
Darlisson Bentes dos Santos
Celso Shiguetoshi Tanabe
Daniel Rocha de Oliveira
RESIDUOS DE COLHEITA E QUANTIFICACAO DE RAIZES EM PLANTIOS DE SOJA NO
OESTE PARAENSE .................................................................................................................................... 190 Nieli Eloine Rodrigues
Raimundo Cosme de Oliveira Junior
Celso Shiguetoshi Tanabe
Daniel Rocha de Oliveira
Darlisson Bentes dos Santos
SIGATOKA-AMARELA: DOENÇA NA CULTURA DA BANANEIRA .............................................. 195 Igor Paula Afonso
Rodrigo Silva dos Santos
Gilbson Santos Soares
Darlisson Bentes dos Santos
Edson Pereira dos Reis
VARIABILIDADE ESPACIAL DE ATRIBUTOS FÍSICOS E QUÍMICOS DE UM SOLO SOB
FLORESTA OMBRÓFILA DENSA NA FLONA TAPAJOS-PA........................................................... 200 Everton Araújo Cavalcante
Raimundo Cosme de Oliveira Junior
Daniel Rocha de Oliveira
Karin Thainne S de Sousa
Katriane Fernandes Correa
CIÊNCIAS EXATAS ANÁLISE COMPARATIVA DOS ESFORÇOS SOBRE VIGAS SUBMETIDAS À FLEXÃO DEVIDO
À CONTRIBUIÇÃO DE LAJES MACIÇAS ............................................................................................ 206 Amilton José S. Viana
Rosane S. Sousa
Hugo Ricardo Aquino
Allan Dállen Almeida de Sousa
Alessandra Damasceno da Silva
258
Roseclea Bezerra Gaspar
ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTO, NA CIDADE
DE SANTARÉM, NA REGIÃO AMAZÔNICA ....................................................................................... 211 Msc. Sérgio Gouvêa de Melo
Msc. Alessandro Santos de Araújo
Luiz Henrique Lemos Vieira
Adilson Guilherme Feitosa De Oliveira
Arthur Alvarenga Mesquita Rodrigues
Débora Quézia Escócio
Lukas Brito Carneiro
ANÁLISE DE CUSTOS ENTRE ORÇAMENTO POR ESTIMATIVA DE CUSTO E ORÇAMENTO
ANALÍTICO: APLICAÇÃO EM UMA CASA POPULAR NO ESTADO DO PARÁ ......................... 216 Fernando Augusto Ferreira do Valle
Marlyson José Silveira Borges
Bruno Guilherme Lemos Vieira
Bruno Luiz Lacerda Figueiredo
Helito Barbosa da Silva
ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA ENTRE OS MÉTODOS: LIGHT STEEL FRAME E
CONVENCIONAL DE CRECHE EM SANTARÉM ............................................................................... 221 Aurizane Monteiro da Silva
Juliana Ester Martins Moura
NatanaFlexaFernades dos Santos
Diego Fernandes dos Santos
Fernando Augusto Ferreira do Valle
CAIPIRA MOBILE: APLICATIVO MÓVEL PARA CONTROLE DE CRIAÇÃO DO FRANGO
CAIPIRA ....................................................................................................................................................... 226 Mauricio Wendel Cavalcante Gonçalves
Marla Teresinha Barbosa Geller
CONFECÇÃO DE MODELO REDUZIDO DE PÓRTICO DE CONCRETO ARMADO –
PARTICIPAÇÃO NO CONCURSO TÉCNICO DO 58º CONGRESSO BRASILEIRO DE
CONCRETO: APARATO DE PROTEÇÃO AO OVO – APO ............................................................... 231 Frank Alec Feitosa Maia
Alexandre Leite Dos Santos Junior
Gabriel Rodrigues Gomes
Marlysson José Silveira Borges
Vinicius Martins Ribeiro
Sérgio Gouvêa de Melo
DESENVOLVIMENTO DE UM JOGO DIGITAL DE PLATAFORMA .............................................. 237 Alleff Cristhian de Sousa Silva
Andrey Camurça da Silva
Márcio Darlen Lopes Cavalcante
DIMENSIONAMENTO E ORÇAMENTAÇÃO DA INFRAESTRUTURA DE UMA EDIFICAÇÃO
DE CINCO PAVIMENTOS EM CONCRETO ARMADO: COMPARATIVO ENTRE PREÇOS DO
SINAPI E SEDOP ......................................................................................................................................... 242 Vinícius Martins Ribeiro
Daniel Branco de Morais
Frank Alec Feitosa Maia
Gabriel Rodrigues Gomes
Hugo Ricardo Aquino
DIMENSIONAMENTO E ORÇAMENTAÇÃO DA SUPERESTRUTURA DE UMA EDIFICAÇÃO
DE QUATRO PAVIMENTOS EM CONCRETO ARMADO: COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS
REFERENCIAIS DE CUSTOS DO ESTADO DO PARÁ ....................................................................... 246 Gabriel Rodrigues Gomes
Daniel Branco de Morais
Dayana Trevisan
Frank Alec Feitosa Maia
Vinícius Martins Ribeiro
259
Hugo Ricardo Aquino
EASY ENGLISH - OBJETO DE APRENDIZAGEM PARA INTRODUÇÃO AOS PRINCÍPIOS
BÁSICOS DE LÍNGUA INGLESA PARA ALUNOS DO 3ºANO DO ENSINO FUNDAMENTAL:
FASE DE ANÁLISE E PROJETO. ............................................................................................................ 250 Carla Kalyanna Pereira Pinto
Matheus Cunha de Assis
Paulo Almeida de Castro Junior
Marla Teresinha Barbosa Geller
ESTUDO DE SOLO PARA FUNDAÇÕES EM ÁREAS DE POSSIVEL DESENVOLVIMENTO
URBANO DE SANTARÉM-PA .................................................................................................................. 255 Kayna Costa Gregório
Fernando Augusto Ferreira do Valle
Alessandro Santos de Araújo
José Reginaldo Pinto de Abreu
Paulo Henrique Neves Lobo
IDENTIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICO DE ESTRUTURA E ALVENARIA NA ESCOLA ESTADUAL
DE ENSINO MÉDIO MAESTRO WILSON DIAS DA FONSECA NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-
PA ................................................................................................................................................................... 261 Rodrigo Bezerra Gaspar
Alessandra Damasceno da Silva
Roseclea Bezerra Gaspar
Isabel Cristina Tavares Martins
Alessandro Santos Araújo
CADERNO 002
LEI DE RESFRIAMENTO DE NEWTON APLICADA À ENGENHARIA CIVIL - BLOCOS
CERÂMICOS ............................................................................................................................................... 266
Msc.Verônica Solimar dos Santos
Luiz Henrique Lemos Vieira
Dandara Benedita da Rocha Marques
Débora Quézia Escócio
LEI DO RESFRIAMENTO DE NEWTON: ANÁLISE DE TEMPERATURAS EM LAJOTAS
CERÂMICAS 40X40CM COM PEI IV E PEI V. ..................................................................................... 271 Adria Silva de Lima
Lauriane Tainá Paiva
Leandson Carvalho Pereira
Marlon Lima Borgaro
Wagne Júnior Mandrick
Veronica Solimar dos santos
MAPEAMENTO DE SOLOS COM BASE NO ENSAIO DE PENETRAÇÃO PADRÃO (SPT) ........ 276 Fernando Augusto Ferreira do Valle
Marlyson José Silveira Borges
Bruno Guilherme Lemos Vieira
Deborah Caroline Oliveira Pereira
Fabio Andrey Souza Melo
METODOLOGIA PARA ATUALIZAÇÃO DE MATERIAL DIGITAL UTILIZANDO A
PLATAFORMA CONSTRUCT 2: ESTUDO DE CASO NO JOGO “SITIO BITS E BYTES DA
CULTURA AMAZÔNICA” ....................................................................................................................... 281 Amélia Caroline de Souza Farias
Marla Teresinha Barbosa Geller
Marialina Correa Sobrinho
METODOLOGIAS AUXILIADORAS NO ENSINO DAS DISCIPLINAS DE ANÁLISE
ESTRUTURAL DOS CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL ................................................................... 286 Gabriel Rodrigues Gomes
Daniel Branco de Morais
Dayana Trevisan
260
Frank Alec Feitosa Maia
Jordan Almeida Lobato
Vinicius Martins Ribeiro
Sérgio Gouvêa de Melo
MÉTODOS DE REPARO DE PATOLOGIAS NA ESCOLA MAESTRO WILSON DIAS DA
FONSECA NO BAIRRO DA NOVA REPÚBLICA EM SANTARÉM-PA ........................................... 290 Rodrigo Bezerra Gaspar
Alessandra Damasceno da Silva
Roseclea Bezerra Gaspar
Isabel Cristina Tavares Martins
Alessandro Santos Araújo
NOVAS PRÁTICAS NOS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LINGUAGEM DE
PROGRAMAÇÃO SOB A LUZ DA TEORIA DA APRENDIZAGEM EXPANSIVA......................... 295 Carlos Alberto Pedroso Araújo
PROJETO TISI APRESENTANDO KAHOOT COMO PROPOSTA METODOLÓGICA A
PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA ............................................................................................ 300 Kássia Lima de Souza
Marialina Corrêa Sobrinho
PROJETO, EXECUÇÃO E IMPLANTAÇÃO DA BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO EM UMA
RESIDÊNCIA NO BAIRRO DO MAICÁ ................................................................................................. 305 Andrews Malone Pontes da Costa
Jarlivaldo Barroso da Costa
Adson da Silva Machado
Nadir Pires Martins
Alessandro Santos Araújo
SIGNIFICAÇÃO DO SOLAR BARÃO DE SANTARÉM PARA ARQUITETURA LOCAL E
PROPOSTA DE TOMBAMENTO ............................................................................................................. 312 Adriane Morais Lima
Melyssa Luane Noronha Andrade
Aline Maia Coimbra
Cíntia Giselle Batista Campos
VERIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS NA PAVIMENTAÇÃO DA AVENIDA MENDONÇA
FURTADO NO BAIRRO APARECIDA, SANTARÉM-PA .................................................................... 317 Arthur Almeida Silva
Wesley Aguiar Pinto
Verônica Solimar Dos Santos
Isabel Cristina Tavares Martins
Roseclea Bezerra Gaspar
Alessandro Santos Araújo
CIÊNCIAS HUMANAS A ANÁFORA COMO ELEMENTO DIDÁTICO PARA A COMPREENSÃO DE TEXTOS
CIENTÍFICOS NO ENSINO SUPERIOR ................................................................................................. 323 Maria Sheyla Gama Sousa
Poliana Felix de Souza
A EDUCAÇÃO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO E SUAS DICOTOMIAS COM A EDUCAÇÃO
BRASILEIRA ............................................................................................................................................... 327 Samuel Rodrigo Marques Walker
A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ........................................................... 332 Leiliane Lourenço da silva
Maria Viviane Escher Antero
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA EM SALA DE AULA .............................................................. 335 Katiane do Nascimento Silva de Sousa
Emailer Marta Dias Silva
Lucicleide Ribeiro Sarmento
Paula Cristina Galdino Guimarães
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NOS ANOS INICIAIS ......................................... 339 Elis Mariana Tapajós Mota
261
Marcelo da Costa Silva
Paula Cristina Galdino Guimarães
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA PARA UMA EDUCAÇÃO EMANCIPADORA ................... 343 Evanilde Pereira dos Santos
Luana Miranda Mota
Gabriela de Sousa Pereira
Paula Cristina Galdino de Oliveira
A PESQUISA COMO UM DOS PILARES ESSENCIAIS PARA FORMAÇÃO DO ACADÊMICO DO
CURSODE ENGENHARIA CIVIL DO CEULS/ ULBRA ...................................................................... 347 Roberta Campos Costa
Maria Viviani Escher Antero
A PRECARIZAÇÃO INSTITUCIONALIZADA DO TRABALHO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A
EDUCAÇÃO BRASILEIRA. ...................................................................................................................... 351 Ledyane Lopes Barbosa
Gilberto César Lopes Rodrigues
A RIQUEZA DIDÁTICA DOS GIBIS E MANGÁS NA SALA DE AULA............................................ 356 Narelly Tavares Rodrigues e Melo
APRENDIZAGEM MEDIADA: A UTILIZAÇÃO DO SCRATCH PARA O DESENVOLVIMENTO
DE HABILIDADE PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE HARDWARE E SOFTWARE NO
CURSO MONTADOR E REPARADOR DE COMPUTADOR SENAI SANTARÉM ......................... 361 Ilarilda Duarte de Araújo Paiva
Márcio Darlen Lopes Cavalcante
CONDIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO LEITOR LITERÁRIO ........................................................ 366 Arlison Carvalho dos Santos
Eduarda Zuila dos Santos Alencar
Fábio Raphael Godinho de Almeida
Paula Cristina Galdino Guimarães
CURRÍCULO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL: A
HISTÓRIA DA AMAZÔNIA EM DISCUSSÃO....................................................................................... 370 Carolina Pantoja Brasil
Iamilia Brito de Oliveira
Claudia Cristina Soares Guimarães
Karolina carvalho do Amarante
Maria Antonia Vidal Ferreira
EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO:UMA REALIDADE EM CONSTRUÇÃO .......... 375 Loreni Bruch Dutra
ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL NA PERSPECTIVA DOCENTE ................................................... 380 Ledyane Lopes Barbosa
Anselmo Alencar Colares
HISTÓRIA DA AMAZÔNIA NO 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE
ÓBIDOS ........................................................................................................................................................ 385 Geanice Pinheiro dos Santos
Márcia Coêlho Nogueira
Maria Rubiane Rocha da Silva
Terlen Lana Vasconcelos de Sena
Maria Antonia Vidal Ferreira
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA: COMBATE E PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS EM UMA
ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM/PA. ............................................................. 390 Ledyane Lopes Barbosa
Lília Travassos de Sousa
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares
LITERATURA COMO FERRAMENTA IMPORTANTE NA FORMAÇÃO DO SER HUMANO ... 395 Wirllem Almeida Vasconcelos
Lauriza Marques Bentes
Ana Caroline Bezerra da Silva
Jéssica Poliana Sousa de Oliveira
Paula Cristina Galdino Guimarães
262
MUAY THAI NO CONTEXTO ESCOLAR ............................................................................................. 398 Bruno Yan da Conceição Pacheco
Alesandra Cabreira
O COLÉGIO DOM AMANDO NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA .............................. 403 André das Chagas Santos
Luan Moraes Ferreira
Yana dos Santos Pereira
Luciano Sales Vieira
O ENSINO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ......................................................................... 407 Wirllem Almeida Vasconcelos
Débora Cristina da Silva Borges
Naide Pedroso de Sousa
O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM ...................................................................................................................... 411 Elvira Cleisiane de Sousa Oliveira
Josane Silva da Gama
Narelly Tavares Rodrigues e Melo
O PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR E EDUCAÇÃO INTEGRAL: OPÇÕES TEÓRICAS
E ENCAMINHAMENTOS LOCAIS ......................................................................................................... 417 Gisele Vidal Ferreira
Maria Lilia Imbiriba Sousa Colares
O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO NO MUNÍCIPIO DE BELTERRA: GESTAO ESCOLAR COMO
FOCO ............................................................................................................................................................ 421 Diana Albuquerque dos Santos
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares
OS DESAFIOS DA IMPLEMENTAÇÃO DO PME NO MUNICÍPIO DE BELTERRA/PA, A PARTIR
DA PERCEPÇÃO DA EQUIPE GESTORA ............................................................................................. 426 Lília Travassos de Sousa
Maria Lília Imbiriba Sousa de Colares
PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA CIDADE DE SANTARÉM: CASTELINHO –
CASARÃO DE DONA ESTELINITA ........................................................................................................ 430 Melyssa Luane Noronha Andrade
Cíntia Giselle Batista Campos
PROGRAMA INDUTOR DE EDUCACAO INTEGRAL: ESTUDO DA IMPLEMENTAÇÃO DO
PROEMI EM UMA ESCOLA ESTADUAL DE SANTARÉM-PA ......................................................... 435 Geni Santos de Sousa Galúcio
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares
PROMOÇÃO DA LEITURA CRÍTICA NO ESPAÇO ESCOLAR: DESAFIOS E
POSSIBILIDADES ....................................................................................................................................... 440 Paula Cristina Galdino Guimarães
SURDEZ E CULTURA COMO REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE SURDA ............................. 445 Pamela do Socorro da Silva Matos
Luciano Bruno dos Santos Lobato
Evanilde Pereira dos Santos
Risomar Moraes dos Santos
CIÊNCIAS DA SAÚDE A REALIDADE DO ESPORTE E LAZER NA COMUNIDADE RIBEIRINHA “BOCA DE CIMA DO
ARITAPERA” NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM/PA ........................................................................... 453 Ana Cristina Vasconcelos Caetano
Ana Paula Rocha de Sousa
Ecilda Gabriele Santos Maciel
Katiane dos Santos de Sousa
Ludymyla Pinheiro dos Santos
Edna Ferreira Coelho Galvão
AÇÃO PARADOXAL DO MÚSCULO ÍLIOPSOAS ............................................................................... 458 Angélica CleicianeOliveira Vieira
Manuel Elbio Aquino Sequeira
263
RESPOSTA CARDIOVASCULAR AO TREINAMENTO RESISTIDO COM PESOS ...................... 462 Marcson Luiz Mota Branco
RESPOSTA ÓSSEA AO TREINAMENTO RESISTIDO COM PESOS ............................................... 467 Marcson Luiz Mota Branco
SAÚDE DO HOMEM: ADESÃO E PRÁTICAS DO AUTOCUIDADO NA PREVENÇÃO DE
AGRAVOS A SAÚDE .................................................................................................................................. 473 Cristiano Gonçalves Morais
Antonia Irisley da Silva Blandes
Géssica Rodrigues Silveira
Gisele Ferreira de Sousa
Monica Karla Vojta Miranda
Yara Macambira Santana Lima
SÍNDROME METABÓLICA: UMA ANÁLISE DOS FATORES DE RISCO EM ADOLESCENTES
DO SEXO FEMININO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PARÁ .. 478 Aline Mendes Cardoso
Iza Belle Gomes Rodrigues
Larisse Oliveira Bezerra
Suely Viana da Silva
Albino Luciano Portela de Sousa
CIÊNCIAS SOCIAIS ALTERNATIVAS PARA O ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM SANTARÉM – PA NA HIPÓTESE
DE RESCISÃO DO CONTRATO COM A COSANPA ........................................................................... 483 Alarico Marques Pereira
Fabrício Soares dos Santos
Juliana Paranhos Vieira
Miguel Borghezan
ATUAÇÃO PSICOLÓGICA COM MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA:
ESTUDO BIBLIOGRÁFICO ...................................................................................................................... 487 Patrik Hilliard Silva dos Santos
Luara Raissa Sousa Pinto
Isabela Silva de Vasconcelos
Lívia Cristinne Arrelias Costa
COMPETÊNCIA PARA O ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM ALTER DO CHÃO NO MUNICÍPIO
DE SANTÁREM DO ESTADO DO PARÁ ............................................................................................... 493 Alarico Marques Pereira
Miguel Borghezan
Wesley Phelipe Corrêa da Conceição
DESENVOLVIMENTO DO ESPAÇO URBANO E A EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇAO DO
BAIRRO NOVA REPUBLICA EM SANTARÉM .................................................................................... 497 Jeisilene Maia Oliveira
Maria Lenilda Castro de Jesus
Ivone Domingos e Silva
DIAGNÓSTICO DO BAIRRO SANTA CLARA, SANTAREM, PA: EQUIPAMENTOS URBANOS E
MOBILIDADE URBANA EM 2016 ........................................................................................................... 501 Samuel Ivan Oliveira Moura
José Reginaldo Pinto de Abreu
OUTORGA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS NO ESTADO DO PARÁ ..................................... 506 Alarico Marques Pereira
Alessandra Rodrigues Maciel
Miguel Borghezan
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NO BAIRRO ÁREA VERDE DE SANTARÉM/PA, E PAPEL DO
MUNICÍPIO. ................................................................................................................................................ 511 Alarico Marques Pereira
Ivone Domingos e Silva
Miguel Borghezan
266
LEI DE RESFRIAMENTO DE NEWTON APLICADA À ENGENHARIA CIVIL - BLOCOS
CERÂMICOS
1Msc.Verônica Solimar dos Santos1
2Luiz Henrique Lemos Vieira2
Dandara Benedita da Rocha Marques2
Débora Quézia Escócio2
RESUMO: Uma das técnicas para a determinação do calor específico de sólidos e líquidos dispensa o uso de um
calorímetro e utiliza a lei de resfriamento de Newton na análise dos dados experimentais. O sucesso desta técnica
pressupõe que seja possível determinar, com pequenas incertezas, as temperaturas do sistema imediatamente antes e
imediatamente depois das transferências internas de calor devido a exposição do corpo a uma elevada temperatura.
Seguindo este contexto, este trabalho tem por objetivo determinar um modelo da Equação Diferencial Ordinária (EDO)
do resfriamento de Newton que determina a taxa de resfriamento de blocos cerâmicos em algumas condições especificas.
PALAVRAS-CHAVE: RESFRIAMENTO DE NEWTON, BLOCO CERÂMICO, EDO.
INTRODUÇÃO: Com o estudo das Equações Diferenciais é possível criar modelos que descrevem
fenômenos químicos, biológicos e físicos. Possui diversas aplicações práticas, principalmente na área
de engenharia, na qual são utilizadas, como exemplo, para projetar automóveis, aviões, pontes,
circuitos elétricos (SEGOBIA, SUSIN, CARGNELUTTI, 2013).
A modelagem de uma equação diferencial ordinária (EDO) presente na Lei de Resfriamento
de Newton, a qual descreve a variação de temperatura de um corpo em relação ao tempo e tem como
variáveis não só o tempo e a diferença de temperatura entre o corpo e o ambiente, mas também a
forma desse objeto e o calor específico do material que o compõe.
A metodologia apresentada neste trabalho refere-se à realização de um experimento que
utilizam-se de duas “mini paredes” confeccionadas com blocos cerâmicos e argamassa. Uma delas
com os blocos aparentes e outra revestida por argamassa. As diferentes formas e quantidades de
material possibilitam a análise do comportamento da variação de temperatura nos dois objetos de
estudo.
MÉTODO: A lei do resfriamento de Newton está baseada no conceito de absorção de calor e
observações, que Newton averiguou que o calor retirado de um objeto quente é levado pelo vento.
Assim, para comprovar a sua teoria, realizou um experimento no qual deixou um objeto quente em
repouso em um lugar isolado, para não perder calor por condução, verificou que com o tempo a
temperatura diminuía. Logo, a única forma de perder calor era para o ambiente. Desde modo, a Lei
de resfriamento de Newton afirma que a taxa de resfriamento é aproximadamente proporcional a
1Docente do curso de Engenharia Civil da Associação Educacional Luterana do Brasil – campus Santarém. Orientadora
da pesquisa. 1 2Acadêmicos do curso de Engenharia Civil da Associação Educacional Luterana do Brasil – campus Santarém. 2
267
diferença entre temperaturas do objeto e do ambiente, isto para pequenas diferenças de temperaturas
(Pimentel & Diniz, 2013).
Ou seja, a lei refere-se a capacidade que um sistema de dois ou mais corpos tentem a alcançar
o equilíbrio térmico. Portanto, para corpos de diferentes temperaturas há tal equilíbrio entre os
mesmos, em decorrência da transferência de calor do corpo mais quente para o mais frio.
De acordo com Silva et al. (2003), supondo um sistema simplificado, no qual admita-se a
mesma temperatura T em todos os seus pontos, e supondo também que o sistema esteja em um
ambiente cuja temperatura T𝑎, assim, T𝑎 < T, ocorrerá um fluxo de calor do mais quente para o mais
frio. Sendo a temperatura de um corpo uniforme, ela será uma função do tempo, portanto, T = T(t),
quanto mais rápida for a variação de T(t) maior será | T - T𝑎|, assim:
𝑑𝑇
𝑑𝑡= ± 𝐾(| T − T𝑎|) (1)
onde para cada material, há um coeficiente de proporcionalidade K equivalente, onde depende do
calor específico do corpo, das características ambientais e climáticas. Resolvendo a equação
diferencial chega-se a solução:
𝑇(𝑡) = T𝑎 + ( T0 − T𝑎)𝑒−𝐾𝑡 (2)
Sendo que para a equação 2, para encontrar o coeficiente K utiliza-se a situação de contorno T(n),
onde n é um intervalo de tempo qualquer.
A etapa experimental para a aquisição dos dados para a análise foi realizada no laboratório de
materiais do Instituto Federal do Pará (IFPA), utilizando os seguintes materiais:
- Termômetro infravermelho laser (Figura 01-A);
- Estufa;
- 04 blocos cerâmicos de vedação;
- Cimento Portland Pozolânico (CP – IV);
- Agregado miúdo e
- Água.
Tais matérias foram usados para a produção dos corpos de provas (CPs) que representam a
estrutura de uma alvenaria sem a camada de revestimento, denominada reboco, e com a camada de
revestimento, de acordo com a Figura 01-B:
268
Figura 1. A) Termômetro infravermelho. B) Corpos de prova.
Fonte: Os autores, 2017.
Primeiramente confeccionou-se o corpo de prova com blocos aparentes, ou seja, com argamassa
somente entre os blocos. O Segundo corpo de prova foi revestido com um centímetro de argamassa
em suas laterais ranhuradas. A argamassa foi misturada na proporção de três partes de areia para uma
de cimento. Após a secagem dos copos de prova, foram colocados em uma estufa por trinta minutos
a uma temperatura de 100ºC. Depois da retirada dos CPS, verificou-se a temperatura (T0) dos blocos,
e a cada dois minutos para formar uma tabela de dados para a modelagem da equação 2.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os dados coletados foram dispostos na tabela 1 e 2, e podem ser
analisados nos seus respectivos gráficos 1 e 2.
Tabela 1. Bloco Cerâmico Aparente Tabela 2. Bloco Cerâmico Revestido
Gráfico 1. Bloco Cerâmico Aparente. Gráfico2. Bloco Cerâmico Revestido
A B
INTERVALO TEMPO(Min) TEMPERATURA (°C)
1 0 56,9
2 2 51
3 4 46,3
4 6 44,1
5 8 42,1
INTERVALO TEMPO(Min) TEMPERATURA (°C)
1 0 49,1
2 2 44,2
3 4 42,1
4 6 39,7
5 8 37,8
269
Para a modelagem da equação 2 para o bloco aparente, utilizando a situação de contorno T(8)
= 42,1 ºC e a T𝑎 = 25 ºC temos a seguinte equação:
𝑇 = 25 + 31,9𝑒−0,0077𝑡 (3)
Em seguida a modelagem da equação 2 para o bloco revestido, utilizando a situação de contorno
T(8) = 37,8 ºC e a T𝑎 = 25 ºC:
𝑇 = 25 + 24,1𝑒−0,0079𝑡 (4)
Com a equação 3 e 4, podemos estimar quanto tempo (t) os blocos levarão para chegar a
temperatura ambiente, para isso supomos uma temperatura final para os blocos de T = 25,05 ºC.
Bloco aparente – equação 3:
25,05 = 25 + 31,9𝑒−0,0077𝑡
0,001567 = 𝑒−0,0077𝑡
−6,458 = −0,077𝑡
𝑡 = 83,87 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠 Bloco revestido – equação 4:
25,05 = 25 + 24,1𝑒−0,0079𝑡
0,00207 = 𝑒−0,0077𝑡
−6,177 = −0,079𝑡
𝑡 = 78,05 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
Ou seja, o bloco aparente irá resfriar até alcançar a temperatura ambiente em aproximadamente
uma hora e vinte e quatro minutos. E o bloco revestido em uma hora e dezoito minutos.
CONCLUSÃO: Analisando e comparando o tempo de resfriamento dos blocos juntamente com as
tabelas 1 e 2, nota-se que o bloco aparente absorve mais calor do que o bloco revestido, assim como
a necessita de um maior tempo para resfriar. Isto está associado ao conceito de calor específico da
termodinâmica, que indica que quanto maior o calor específico de um corpo mais difícil é aumentar
a sua temperatura. Demostrando que o revestimento influência no fluxo de calor entre a parede e o
meio, interferindo no conforto térmico da edificação.
Porém tal constante K é aferida neste trabalho somente nas condições apresentadas, seguindo a
dosagem da argamassa, condições climáticas, e só pode ser aplicada para os blocos de mesmo lote de
fabricação.
270
REFERÊNCIAS
SEGOBIA, Pedro Bonfim. SUSIN, Robson. CARGNELUTTI, Jocelaine. APLICAÇÃO DA LEI
DO RESRIAMENTO DE NEWTON EM BLOCOS CERÂMICOS: MODELAGEM,
RESOLUÇÃO ANALÍTICA E COMPARAÇÃO PRÁTICA DOS RESULTADOS. I Semana da
Matemática da UTFPR. 201.
SILVA , Wilton Pereira da. PRECKER, Jürgen W.. SILVA, Cleide M. D. P. S. e,
SILVA, Diogo D. P. S. e. SILVA, Cleiton D. P. S. e. Medida de Calor Específico e Lei de
Resfriamento de Newton: Um Refinamento na Análise dos Dados Experimentais. Revista
Brasileira de Ensino de Física, Vol. 25, no. 4, Dezembro, 2003.
PIMENTEL, Paulo Augusto. DINIZ, Hugo Alex. O ESTUDO DA LEI DE ESFRIAMENTO DE
NEWTON NA ABORDAGEM LCP. Universidade Federal do Oeste do Pará – Brasil. VII
Congresso Ibero-americano de Educação Matemática. 2013.
271
LEI DO RESFRIAMENTO DE NEWTON: ANÁLISE DE TEMPERATURAS EM
LAJOTAS CERÂMICAS 40X40CM COM PEI IV E PEI V.
3Adria Silva de Lima
Lauriane Tainá Paiva
Leandson Carvalho Pereira
Marlon Lima Borgaro
Wagne Júnior Mandrick
Veronica Solimar dos santos
RESUMO: A equações diferencias podem ser de grande utilidade para descrever fenômenos reais, como o
comportamento térmico dos materiais de construção perante à variação de temperatura em uma região de clima quente.
Dessa forma, nesse trabalho, utilizou-se a equação diferencial ordinária da Lei do Resfriamento de Newton para
determinação da variação de temperatura de lajotas cerâmicas de diferentes tipos de PEI (IV e V). Para tanto, o projeto
foi desenvolvido através das seguintes etapas: elevação brusca da temperatura de duas amostras cerâmicas, uma de cada
tipo, em estufa; após 24 h, retirada e medição da temperatura a cada 5 min, totalizando 40 min de ensaio; formação de
tabela com os dados coletados; montagem das equações de resfriamento; obtenção das temperaturas estimadas e cálculo
do tempo necessário para chegar à temperatura ambiente. Mediante as atividades realizadas foram obtidos os seguintes
resultados: a verificação que as temperaturas experimentais e as estimadas se aproximam, o que confirma a aplicação da
Lei estudada em um fenômeno real; além da comprovação de diferentes reações de cada uma durante o resfriamento.
PALAVRAS-CHAVE: EQUAÇÕES DIFERENCIAIS; TEMPERATURA; RESFRIAMENTO DE NEWTON;
PISOS CERÂMICOS.
1. INTRODUÇÃO: Na questão climática, a Região Norte apresenta temperatura que varia de 20ºC
a 35ºC, como consequência temos clima quente e úmido, desconforto térmico, problemas na saúde e
no meio ambiente. Esse quadro se agrava em famílias de baixa renda, onde se apresentam dificuldades
de planejar obras que possibilitem conforto no que tange à moradia. Isso porque não se tem estudos
e orientações sobre ventilação, materiais de construção civil a serem usados, compra de
eletrodomésticos adequados para condicionamento do ar, planejamento no posicionamento da
construção, nem outras condições para se conseguir conforto térmico. Dessa forma, o presente projeto
teve como objetivo de pesquisa aplicar o conhecimento da Lei do Resfriamento de Newton em lajotas
cerâmicas esmaltadas de diferentes tipos de PEI (IV e V), através da comparação do comportamento
de ambos perante a variação de temperatura.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: Para melhor compreensão do experimento é necessário ter,
previamente, alguns conhecimentos técnicos e matemáticos. O primeiro em relação a classificação
dos tipos de piso cerâmicos escolhidos, e o segundo sobre a aplicação de equações diferenciais na
verificação da mudança de temperatura.
1 Graduação, Acadêmico do Ceuls Ulbra, Curso de Engenharia Civil. [email protected]
² Professora, Ceuls Ulbra. [email protected]
³ Graduação, Acadêmico do Ceuls Ulbra, Curso de Engenharia Civil. [email protected] 3
272
2.1 ÍNDICE DE PEI
Dentro da categoria de especificação de placas cerâmicas quanto às características físicas,
utilizada pela NBR 13818:1997, está a classificação do grau de resistência a abrasão superficial de
cerâmicas esmaltadas. O qual é determinado através de ensaio normatizado utilizando esferas de aço,
óxido de alumínio branco fundido e água destilada.
Após o ensaio é gerada uma tabela onde as cerâmicas são divididas em classes de acordo com
o número de ciclos necessários para visualização da abrasão, onde 0 é a fraca e 5 a mais resistente. O
INMETRO faz uma recomendação da melhor aplicação para cada classe.
Tabela 1 - Estágios de Abrasão
Fonte: NBR 13818:1997
Tabela 2 - Ambientes mais adequados para cada índice de PEI.
PEI 1 Produto recomendado para ambientes residenciais onde se caminha geralmente
com chinelos ou pés descalços. Exemplo: banheiros e dormitórios residenciais sem
portas para o exterior.
PEI 2 Produto recomendado para ambientes residenciais onde se caminha geralmente
com sapatos. Exemplo: todas as dependências residenciais, com exceção das
cozinhas e entradas
PEI 3 Produto recomendado para ambientes residenciais onde se caminha geralmente
com alguma quantidade de sujeira abrasiva que não seja areia e outros materiais de
dureza maior que areia (todas as dependências residenciais).
PEI 4 PEI 4: Produto recomendado para ambientes residenciais (todas as dependências)
e comerciais com alto tráfego. Exemplo: restaurantes, churrascarias, lojas, bancos,
entradas, caminhos preferenciais, vendas e exposições abertas ao público e outras
dependências.
PEI 5 PEI 5: Produto recomendado para ambientes residenciais e comerciais com tráfego
muito elevado. Exemplo: restaurantes, churrascarias, lanchonetes, lojas, bancos,
entradas, corredores, exposições abertas ao público, consultório, outras
dependências. Fonte: INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia)
27.2 LEI DO RESFRIAMENTO DE NEWTON
De acordo com BASSANEZZI e FERREIRA (1988), quando um corpo que não possui fonte
interna de calor é deixado em um ambiente com temperatura T, sua temperatura tende a entrar em
273
equilíbrio com a temperatura do ambiente “Ta”. Se T<Ta este corpo se aquecera, já se T>Ta ele
resfriará.
Isso é comprovado pela conhecida Lei do Resfriamento de Newton, a qual afirma que “A taxa
de variação da temperatura de um corpo (sem fonte interna) é proporcional à diferença entre sua
temperatura e a do meio ambiente”. Matematicamente:
dT/dt= k(T-Ta) (1)
A solução geral da equação diferencial ordinária (1) é dada por:
T(t)=Ta + Cekt (2)
Onde T(t) é a função da temperatura do corpo variando em função do tempo “t”, através das
constantes “k” e “c” que dependem do material do corpo utilizado. “K” depende da superfície exposta,
do calor especifico do corpo e também das características ambientais e climáticas.
3. MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de diferentes tipos de piso cerâmico foram coladas em
estufa. Após 24h foram retiradas e fez-se, imediatamente, a primeira medição da temperatura. As
demais foram medidas em intervalo de cinco minutos, totalizando 40 min de ensaio. Os resultados
foram anotados para formação de tabela.
Em posse dos dados, foi possível calcular as constantes “C” e “k” e assim formar as equações
de resfriamento. Dessa forma, obteve-se não só as temperaturas estimadas, correspondentes aos
intervalos de ensaio, a fim de comparação com as obtidas em laboratório, como também descobrir o
tempo necessário para se chegar à temperatura ambiente.
3.1 MATERIAIS
Estufa;
2 lajotas (uma de cada tipo de PEI);
Termômetro a laser;
Cronômetro.
3.2 DADOS EXPERIMENTAIS
Tabela 3 - Variação da temperatura de cada cerâmica a cada 5 min após sair da estufa.
PEI
Hora
de
início
T
ambiente
(ºC)
T a cada 5 min (ºC) Hora de
término
T(0) T(5) T(10) T(15) T(20) T(25) T(30) T(35) T(40)
5 16:32 27 86 59 47 40 36 34 33 32 31 17:13
4 17:57 30 91 60 49 40 36 33 32 31 30 18:38
274
3.3 CÁLCULOS
Usando a Equação (2) e os dados de T(0) acha-se a constante C para cada PEI.
Tabela 4
PEI 4 PEI 5
𝑇(0) = 𝑇𝑎 + 𝐶𝑒𝑘𝑡
91 = 30 + 𝐶𝑒0
91 − 30 = 𝐶
𝐶 = 61
𝑇(0) = 𝑇𝑎 + 𝐶𝑒𝑘𝑡
86 = 27 + 𝐶𝑒0
86 − 27 = 𝐶
𝐶 = 59
Já com os dados de T(5) do experimento, calcula-se a constante de proporcionalidade k.
Tabela 5
PEI 4 PEI 5
𝑇(5) = 30 + 61𝑒5𝑘
60 = 30 + 61𝑒5𝑘
𝑙𝑛𝑒5𝑘 = 𝑙𝑛0,492
5𝑘 = −0,709
𝑘 = −0,142
𝑇(5) = 27 + 59𝑒5𝑘
59 = 27 + 59𝑒5𝑘
𝑙𝑛𝑒5𝑘 = 𝑙𝑛0,542
5𝑘 = −0,612
𝑘 = −0,122
As equações finais são dadas por:
Tabela 6
PEI 4 PEI 5
𝑇(𝑡) = 30 + 61𝑒−0,142𝑡
𝑇(𝑡) = 27 + 59𝑒−0,122𝑡
Através das equações de cada tipo de lajota calcula-se as temperaturas correspondentes às de
ensaio.
Tabela 7
Intervalo
de
tempo
PEI 4 PEI 5
T(ºC)
de
ensaio
T(ºC)
Calculada
T(ºC)
de
ensaio
T(ºC)
calculada
T(0) 91 91,0 86 86,0
T(5) 60 60,0 59 59,1
T(10) 49 44,7 47 44,4
T(15) 40 37,2 40 36,5
T(20) 36 33,6 36 32,1
T(25) 33 31,8 34 29,8
T(30) 32 30,9 33 28,5
T(35) 31 30,4 32 27,8
T(40) 30 30,2 31 27,4
Com isso, é possível estimar também quanto tempo leva para cada uma chegar à temperatura
ambiente.
275
Tabela 8
PEI 4 PEI 5
𝑇(𝑡) = 30 + 61𝑒−0,142𝑡
30,1 = 30 + 61𝑒−0,142𝑡
𝑙𝑛0,0016 = 𝑙𝑛𝑒−0,142𝑡
−0,142𝑡 = −6,438
𝑡 = 45,34𝑚𝑖𝑛
𝑇(𝑡) = 27 + 59𝑒−0,122𝑡
27,1 = 27 + 59𝑒−0,122𝑡
𝑙𝑛0,0017 = 𝑙𝑛𝑒−0,122𝑡
−0,122𝑡 = −6,377
𝑡 = 52,27𝑚𝑖𝑛
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Através deste trabalho pode-se perceber a aplicação da Lei do
Resfriamento de Newton na variação de temperatura de lajotas cerâmicas. Para atingir os objetivos,
fez-se experimento em laboratório e anotação dos dados, com os quais encontrou-se as Equações
Diferenciais Simplificadas de cada tipo de PEI.
Pelos resultados obtidos para as constantes “k”(Tabela 5) serem diferentes, notou-se que, apesar
ambos os tipos estudados se tratarem de lajotas cerâmicas, existem diferenças na composição e nas
condições de fabricação de cada PEI que, consequentemente, geram respostas diferentes à variação
de temperatura. Por isso, uma resfria mais rapidamente do que a outra. Nesse caso, foi a de menor
PEI (IV), com tempo estimado de 45,34 min (Tabela 8) para chegar a temperatura ambiente.
Com as equações também foi feita a comparação entre as temperaturas experimentais e as
estimadas (Tabela 7), onde se verificou a aproximação entre esses valores, o que comprova a
aplicação da Lei estudada em um fenômeno real. As pequenas variações entre os dados devem-se à
fatores externos ao sistema, como vento e luminosidade.
Considerando os resultados é mais apropriado para a Região Norte, entre os dois tipos
estudados, a utilização de lajotas de PEI IV, por terem uma resposta mais rápida à mudança do clima,
aprisionando o calor por menos tempo. Característica necessária para obras nessa região de
temperaturas elevadas.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13818: Placas Cerâmicas Para
Revestimento - Especificação e Métodos de Ensaios. Rio de Janeiro, 1997.
BASSANEZI, R. C. FERREIRA JR, W. C. Equações Diferenciais Com Aplicações. São Paulo:
Editora Harbra Ltda, 1998.
INMETRO. Revestimentos Cerâmicos (pisos e azulejos). Santa Catarina:INMETRO,1998.
Disponível em: <http://www.sitedoconsumidor.gov.br/consumidor/produtos/revestimentos.asp>.
Acesso em: 04 abr. 2017.
ZILL, Dennis G..Equações Diferenciais Com Aplicações Em Modelagem. Sao Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2003.
276
MAPEAMENTO DE SOLOS COM BASE NO ENSAIO DE PENETRAÇÃO PADRÃO
(SPT)
4Fernando Augusto Ferreira do Valle1
Marlyson José Silveira Borges2
Bruno Guilherme Lemos Vieira3
Deborah Caroline Oliveira Pereira4
Fabio Andrey Souza Melo5
RESUMO: De forma geral o estudo do solo é de fundamental importância na construção civil, pois é através deste que
será possível dimensionar as fundações de futuras edificações. O Ensaio de Penetração Padrão (SPT) é uma das
ferramentas que possibilitam maior conhecimento nesta área. Este trabalho tem o intuito de indicar através de análise de
laudos de sondagens a diversificação de solos encontrados no Município de Santarém-PA, além das diferentes
características que este constitui. Por fim será feito um mapeamento dos bairros classificados pelas características
geotécnicas e análise dos laudos de sondagem, para que este facilite na escolha da fundação adequada para as áreas em
questão e ajude na resolução de possíveis problemas relacionados a fundações.
PALAVRAS CHAVES: LAUDOS DE SONDAGEM. MAPEAMENTO. CARACTERÍSTICAS.
1INTRODUÇÃO: Em qualquer construção antes de qualquer coisa, é necessário o estudo da área
onde se pretende construir, pois é através do estudo do solo que é feita a análise para dimensionar a
estrutura que este suportará. Existem vários métodos e ensaios para caracterizar o solo e subsolo, por
exemplo: SPT – “Standard Penetration Test”; SPT-T “Standard Penetration Test” complementando
com medidas de torque; CPT – Ensaio de Penetração de Cone; CPT-U Ensaio de Penetração de Cone
com medidas de pressões neutras, ou piezocone; Ensaio de Palheta – “Vane Test”; Ensaio
pressiômétrico de Ménard e auto perfurante; Ensaio dilatométrico de Marchetti; Ensaio de
carregamento de placa – provas de carga e ensaios geofísicos “Cross-Hole”.
O SPT é o ensaio mais utilizado no Mundo e no Brasil, por ter equipamentos de fácil utilização,
execução simples, baixo custo operacional e resultados confiáveis. Através deste ensaio é possível
obter uma gama de informações que catalogadas podem fazer muita diferença na execução de
fundações principalmente no município de Santarém. Num laudo de sondagem podem-se encontrar
as seguintes informações: Números de golpes para atingir a resistência aceitável do projeto; nível do
lençol freático, profundidade que deve ser assente a fundação e ainda a estratigrafia do subsolo.
No contexto atual, no Município de Santarém, pode-se observar o crescimento de edificações
de médio e grande porte, em que se torna fundamental a implantação de fundações resistentes e
seguras. Para isto buscou-se a existência de uma empresa que realiza o ensaio de penetração
padrão(SPT) no município, logo, este trabalho foi realizado a fim de catalogar os laudos de sondagem
1Professor M.Sc Eng. Civil, Curso de Engenharia Civil , CEULS/ULBRA, Santarém-PA
2Engenheiro Civil, Colaborador Curso de Engenharia Civil , CEULS/ULBRA, Santarém-PA4
277
dos bairros: Jardim Santarém, Aeroporto Velho; Interventoria e Prainha, cedidos pela empresa Presim
para elaborar um mapa a partir de comparações entre os parâmetros obtidos da análise destes.
A justificativa desta pesquisa está no estudo e analise do solo de cada área, na aquisição de
conhecimentos através das características e informações dadas pelos laudos de sondagem. Desta
forma, o mapeamento realizado ajudará profissionais da construção civil a escolher a fundação
adequada para as áreas em questionamento, além de facilitar na resolução de problemas ocorridos em
fundações, minimizando seus efeitos, oferecendo qualidade e segurança para a estrutura.
2 MÉTODO: Conforme, Marconi e Lakatos, (2006) a pesquisa de campo é utilizada para conseguir
informações, ou conhecimento acerca de um problema, para qual se procura uma resposta, ou de
hipótese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou relações entre eles.Este
trabalho tem como metodologia caracterizar as informações a respeito do solo de Santarém na área
de influência dos laudos de sondagens apresentados, e analisar os dados de todos estes, além de
ilustrar o procedimento do método de execução do ensaio padrão.
Para esta finalidade foi realizada uma visita técnica na empresa PRESSIM, onde, foi consultada
a disponibilização de laudos de sondagens para o devido fim. Depois de vários contatos com
funcionários da empresa, esta disponibilizou cópias de laudos de sondagem no método SPT, de
terrenos nas áreas indicadas nesta pesquisa.
Após a catalogação dos laudos, foi possível fazer as devidas análises por zona, utilizando o
programa Excel, por meio da Média Aritmética entre os dados dos laudos, a fim de caracterizar
geotecnicamente as áreas e apresentar os resultados de forma qualitativa e quantitativa.O estudo visou
desenvolver uma análise documental de sondagem SPT com uma revisão bibliográfica ressaltando a
importância da análise do solo e subsolo e as vantagens e desvantagens do SPT.
“O objetivo da pesquisa documental é recolher, analisar e interpretar as contribuições teóricas
já existentes sobre determinado fato, assunto ou idéia” (Id., ibid., p. 91).Para Maria Lúcia Almeida
(1996), a pesquisa bibliográfica consiste no “levantamento, seleção e fichamento de documentos de
interesse para estudo de determinado assunto. Esta é realizada para acompanhar a evolução de uma
matéria ou para atualizar conhecimentos sobre o assunto” (p. 107).”
A pesquisa foi desenvolvida através de 16 laudos fornecidos pela empresa Pressim. Esses
laudos foram realizados em 04 (Quatro) bairros, neles estão contidas várias informações, dentre as
quais podemos destacar: Nome da empresa prestadora de serviço; Endereço da obra; Cliente; Data da
execução do ensaio; Numero da sondagem SPT; Numero do relatório; Profundidade do Ensaio e
profundidade da Camada (m); Nº de golpes/penetração (cm); Profundidade do Nível de água (m);
Gráfico; Consistência ou compacidade do solo; Classificação de material; Limite de sondagem;
278
Características do equipamento; Identificação dos Engenheiros responsáveis pelo laudo;
Observações; Revestimento do furo e Profundidade limite do ensaio.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após definição da área para análise dos laudos os quais
previamente já haviam sido executados, foram determinados cinco pontos no município de Santarém,
que receberam a nomenclatura de zonas. As zonas abrangem quatro bairros da cidade que foram
investigados, sendo que estes estão em bairros diferentes para se determinar um mapeamento do solo
na região, a figura 01 apresenta a localização destas zonas.
Figura 01 – localização das zonas analisadas
Fonte: Autores, 2017
Após delimitação dos locais onde foram realizados os ensaios de SPT, foi possível gerar um
gráfico onde se apresenta a profundidade media e Número de Golpes (NSPT) médio em que os
ensaios foram paralisados, estre critério de paralização é apresentado na NBR 6484/2001, esta indica
os critérios que deveram ser considerados durante os ensaios. A profundidade e NSPT de cada zona
estãoapresentadas no gráfico 01.
279
Gráfico 01 – Analise da profundidade e NSPT das zonas estudadas
Fonte: Autor, 2017
Como apresentado no gráfico, observa-se certa homogeneidade nos resultados, com exceção do
NSPT da ZONA 04 e 01, as quais evidenciaram valoresacima da media de 72 golpes. Em relação a
profundidade apresentou media de 16,4m o que pode ser considerado um resultado homogêneo.
Ainda através das analises dos laudos é possível averiguar os tipos de solos e profundidade em
cada camada presente naszonas, essa caracterização do tipo de solosé feita tátil/visualmente pelo
operador da sonda, o gráfico 02 apresenta as predominâncias de solos e profundidade das camadas
encontrados em cada zona.
Gráfico 02 – Características dos solos nas zonas
Fonte: Autores, 2017
A predominância do tipo de solo apresenta variações consideradas em todas as áreas. Não
podendo ser indicada como homogênea. É possível observar que a ZONA 01 apresenta quantidades
consideradas de AREIA ARGILOSA GROSSA, e que na ZONA 05, apresenta uma camada de
ARGILA ARENOSA, onde não é encontrada em nenhuma outra área, sendo assim para cálculos de
fundações devem serobservados estes tipos de solos para os paramentos geotécnicos a serem
adotados.
280
4 CONCLUSÃO: O estudo da caracterização do solo com base no ensaio de SPT foi realizado
através de 16 laudos de 04 bairros diferentes, em que estes foram indicados através de zoneamento
das áreas. Através de análises e estudo dos laudos de sondagem, foi possível elaborar o aspecto global
do solo das zonas 01, 02, 03,04 e 05.
É possível observar que as zonas 01, 02, 03 e 04, destinam-se a pontos diferentes, mas que
apresentam perfil geotécnico relativamente similar, porém, para alcançar os critérios de paralisação
das sondagens, verificou-senúmeros de golpes diferentes para atingir a resistência do solo em cada
zona.
De forma geral, o solo característico das áreas estudadas é areia argilosa, ao passo que essa
característica vai mudando ao se aproximar do rio, tornando um solo mais argiloso do que arenoso,
tal como evidenciadonos dados da zona 05. Em que a presença de água contribui para escolha do tipo
de fundação,pois dificulta a implantação desta.
REFERENCIAS
AGUIAR, JacicleiAntonio Carneiro. Caracterização do Solo com Base no Ensaio de Penetração
Padrão (SPT), 2011,93f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Centro
Universitário Luterano de Santarém, Santarém, 2011.
AOKI, N.; VELLOSO D.A. (1975). An approximated method to estimate the bearing capacity of
piles. In: PAN-AMERICAN CONFERENCE ON SOIL AND FOUNDATION ENGINEERING,
1975, Buenos Aires, Anais… p.367-377.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484: execução de sondagens de
simples reconhecimento dos solos: método de ensaio. Rio de Janeiro, 2001.
BARBOSA, Alyne Patrícia da Silva. Normas técnicas para trabalhos acadêmicos. / Alyne Patrícia da
Silva Barbosa, Andréa Katiane Bruch Dutra e Eliana Amoedo de Souza – 3.ed. rev. e atualizada –
Canoas: Ed. ULBRA, 2012. 200p.
TERZAGUI, K.; PECK, R.B. (1948). Soil Mechanics in Engineering Practice, New York: John
Willey & Sons.
281
METODOLOGIA PARA ATUALIZAÇÃO DE MATERIAL DIGITAL UTILIZANDO A
PLATAFORMA CONSTRUCT 2: ESTUDO DE CASO NO JOGO “SITIO BITS E BYTES
DA CULTURA AMAZÔNICA”
5Amélia Caroline de Souza Farias 1
Marla Teresinha Barbosa Geller2
Marialina Correa Sobrinho3
RESUMO: As tecnologias presentes no dia a dia dos estudantes, como celulares, smartphones, tablets, laptops, podem
ser inseridas também como auxiliar nos processos de ensino e aprendizagem. Exemplos de recursos que tem estado
presentes nas salas de aula são o e-book e os jogos digitais. Porém, o material utilizado deve possuir os requisitos
necessários para que produza os resultados esperados. Uma das características fundamentais para que se tenha bons
resultados no uso de jogos para educação é a sua interface, que deve ser atrativa e ter boa usabilidade. Neste contexto, o
objetivo do projeto é aprimorar o material desenvolvido nas fases anteriores deste projeto, que fazem parte dos temas
transversais definidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). O material está composto por um ebook e um
jogo educativo abordando a cultura da Região Norte, para ser aplicado aos alunos do sexto ano do Ensino Fundamental,
na disciplina de Estudos Amazônicos. Nesta primeira etapa do trabalho apresenta-se a metodologia utilizada para
aprimoramento do jogo “Bits e Bytes da Cultura Amazônica”, que foi desenvolvido em fases anteriores.
PALAVRAS-CHAVE: JOGO EDUCACIONAL, CONSTRUCT, ENSINO E APRENDIZAGEM.
INTRODUÇÃO: O uso da tecnologia para auxiliar o ensino e aprendizagem em todos os contextos
e fases no processo educacional tem se mostrado como uma ferramenta imprescindível. Segundo
Nunes (2010 apud BETTEGA, p.15) a cooperação entre saberes, artes e técnicas, por um lado, e a
tecnologia, por outro, representam o novo potencial da educação neste século. Tarouco (2004) afirma
que:
[...] os efeitos do computador na escola dependem de diversos fatores, contudo a generalidade
da investigação aponta para a possibilidade de desenvolvimento de novas competências
cognitivas, entre elas: maior responsabilidade dos alunos pelo trabalho, novos laços de
entreajuda e novas relações professor-aluno.
A utilização da leitura de conteúdos através de e-books pode ser complementada com atividades
de fixação com a utilização de jogos digitais relacionados aos conteúdos lidos. Os jovens da era digital
são atraídos por este tipo de atividade de forma natural, pois vivem imersos na tecnologia. O uso de
jogos digitais tem sido utilizado há bastante tempo como diversão, mas jogos educativos devem
possuir um diferencial que os caracterize como material que possibilitará o aprendizado de conteúdos
importantes do currículo escolar e o desenvolvimento de habilidades para o crescimento e maturidade
intelectual do aluno. Segundo Moratori (2003), “a fórmula computador mais jogo se torna eficiente,
pois associa a riqueza dos jogos educativos com o poder de atração dos computadores”. Porém, a
escolha do recurso, seja um livro digital, um jogo, uma plataforma, um dispositivo, ou qualquer outro,
1Acadêmica do Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA e Voluntária do PROICT.
5 2 Professora do Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA e Coordenadora do Projeto. 3 Professora do Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA e Orientadora do Projeto.
282
requer cuidados e amplo conhecimento dos requisitos necessários para que se obtenha bons
resultados. Um dos objetivos classificados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do
ensino fundamental é que os alunos saibam utilizar diferentes fontes de informação e recursos
tecnológicos para construir seus conhecimentos (PCNs, 1997). Uma das exigências do próprio aluno
é a facilidade de uso deste material nas diferentes plataformas, seja no desktop do laboratório da
escola, seja no seu smartphone, no tablets, etc. Para tal, é necessário que se aprimorem os métodos
visando a simplicidade e maior dinâmica no material proposto, tornando desta maneira a interação do
estudante com o jogo um processo educacional inovador e eficaz. A proposta deste trabalho foi
aprimorar um material educativo desenvolvido com a finalidade de abordar temas culturais da região
Norte, como as danças, lendas, culinária e vocabulário. O material é composto por um e-book
chamado “Bits e Bytes de Cultura da Amazônia” e um jogo nomeado “Sítio Bits e Bytes”. O jogo
tem como finalidade complementar a leitura do e-book, levando os usuários a assimilarem tudo o que
leram inicialmente (SILVA et al., 2015).
MÉTODO: Pretendendo aperfeiçoar as etapas que compõe o jogo “Bits e Bytes” fez-se a escolha de
um novo software voltado para o desenvolvimento de jogos. A escolha se deu a partir da necessidade
de recursos que pudessem tornar o jogo ainda mais simples e dinâmico, visando maior usabilidade e
interatividade para o usuário. Tal preocupação levou a escolha da ferramenta para desenvolvimento
de jogos Construct 2. Segundo Dias (2017) “o Construct 2 é uma game engine (motor de jogo) para
a criação de jogos digitais multiplataforma em 2D baseados em HTML 5. Ela permite criar games
para smartphones, tablets, computadores e navegadores”. Esta opção se justifica pelas facilidades de
manuseio e programação simples, além da disponibilidade de uma gama de recursos capazes de tornar
um jogo bastante dinâmico. Os passos iniciais para a remodelagem do jogo incluíram o estudo da
ferramenta Construct 2, visando alcançar o domínio dos recursos disponíveis. A figura 1 mostra a
página inicial desta ferramenta.
Figura 1 - Tela inicial do Construct 2
Fonte: www.scirra.com
283
Conhecidos os recursos e dominadas as formas de programação da ferramenta as etapas
seguintes foram para a seleção dos novos componentes que integram cada uma das fases do jogo,
como personagens e backgrounds. Um dos métodos adotados para facilitação deste processo de
seleção foi desenhar manualmente cada fase do jogo, buscando definir detalhes de formas e cores de
todos o material que iria compor o jogo. A figura 2 mostra alguns desenhos produzidos nesta etapa.
Figura 2 - Desenhos para organização da interface do jogo Bits e Bytes
Fonte: Arquivo pessoal, 2017
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Como resultado desta etapa do trabalho, concluiu-se o processo
de reorganização da interface do jogo, além da inclusão de novas atividades a serem propostas ao
usuário no decorrer das fases. Como todo o material foi redesenhado, para posteriormente ser
implementado na ferramenta, percebe-se a diferença entre o material original e o resultado desta
metodologia. Observa-se na figura 3 a interface original da atividade denominada “Lago das
Lendas”. A figura 4 apresenta o desenho do novo projeto para esta atividade e a figura 5 já com a
implementação na ferramenta Construct 2.
Figura 3 – Antiga interface da fase lago das lendas Figura 4 – Desenho da nova interface
Arquivo pessoal, 2017
284
Figura 5 - Resultado final da fase Lago das Lendas
Fonte: Arquivo pessoal, 2017
A figura 6 apresenta a tela inicial do jogo antes do processo de atualização realizado neste
projeto e a figura 7, mostra o resultado do trabalho após o uso da ferramenta Construct 2. A partir
destas mudanças, as próximas fases deste trabalho incluem a conclusão da parte de programação das
fases restantes do jogo, seguidas da implementação e testes para que o material possa ser
disponibilizado para os professores como auxílio nos processos de ensino e aprendizagem.
Figura 6 – Tela inicial do jogo antes da atualização Figura 7 – Tela inicial após atualização
Fonte: SILVA et al., 2015 Fonte: Arquivo pessoal, 2017
CONCLUSÃO: Em virtude das necessidades de materiais voltados para o auxílio na educação
entende-se o quão importante a tecnologia se mostra neste cenário, para intervir com meios
inovadores nas formas que professores estão acostumados a apresentar os conteúdos de suas
disciplinas para os alunos. Adotada tal inovação, deve-se dar importância para a felicidade que elas
devem apresentar, além das familiaridades que os assuntos abordados devem trazer aos que irão
utiliza-las. Pela observação dos aspectos analisados a busca pelo aperfeiçoamento deste material fez-
se de extrema relevância, na esperança de garantir que usabilidade e a interatividade sejam fatores
totalmente acessíveis aos usuários. Neste momento foram apresentados os processos de melhoria e
adaptação do jogo Bits e Bytes, possibilitando que as próximas fases sejam concluídas com sucesso.
285
REFERÊNCIAS
BETTEGA, M. H. S. Educação continuada na era digital. Coleção Questões da Nossa Época, São
Paulo: Cortez, V 18, 2. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
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<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro081.pdf>. Acesso em: 25 outubro 2017.
DIAS, R. Construct 2: o guia completo. Disponível em: <http://producaodejogos.com/>.
Acesso em: 21 agosto 2017.
MORATORI, P. B. Por que utilizar Jogos educativos no Processo de Ensino e Aprendizagem. 2003.
33f. Trabalho da Disciplina de Introdução à Informática na educação - Universidade Federal do Rio
de Janeiro, RJ.
SCIRRA. Site oficial do Construct 2. Disponível em: <https://www.scirra.com/>. Acesso em: 27 de
agosto de 2017.
SILVA, David et al. Bits e Bytes de Cultura da Amazônia: a tecnologia e a inserção dos Temas
Transversais no Ensino Fundamental. Disponível em: <http://www.br-
ie.org/pub/index.php/wcbie/article/download/6098/4274>. Acesso em: 4 setembro 2017.
TAROUCO, L. M. R. et al. Jogos Educacionais. Novas Tecnologias na Educação, Porto Alegre – RS,
V. 2 Nº 1, Março, 2004
286
METODOLOGIAS AUXILIADORAS NO ENSINO DAS DISCIPLINAS DE ANÁLISE
ESTRUTURAL DOS CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL
6Gabriel Rodrigues Gomes1
Daniel Branco de Morais1
Dayana Trevisan1
Frank Alec Feitosa Maia1
Jordan Almeida Lobato1
Vinicius Martins Ribeiro1 7Sérgio Gouvêa de Melo2
RESUMO:Este presente trabalho tem como objetivo abordar três propostas metodológicas que permeiam o ensino das
disciplinas de análise estrutural dos cursos de engenharia civil. Os objetivos específicos baseiam-se no questionamento
do atual modelo da engenharia estrutural, discorrendo acerca do modelo estrutural em molas (Kit mola) enquanto
ferramenta de ensino e o software @Ftool enquanto ferramenta de auxílio ao educador. Percebe-se que o atual modelo
acadêmico tradicional brasileiro ainda é um empecilho para a inserção de novas didáticas, mas ressalta-se que as
mudanças e o sistema estrutural como um todo está sendo questionado, o que tem trazido algumas mudanças nos cursos
de engenharia. O modelo estrutural em molas é um inovador projeto e torna o ensino de estruturas mais lúdico e voltado
à situações reais práticas. O software Ftool constitui-se como uma grande ferramenta auxiliadora para professores,
apresentando análises satisfatórias que complementam visual e numericamente o conteúdo estudado nas disciplinas de
análise estrutural. Conclui-se que com a adequação do educador às novas metodologias, há uma evolução no processo de
aprendizagem. O modelo de ensino tradicional na engenharia é defasado e precisa ser repensado, auxiliando a isso a
inserção das metodologias supracitadas e de outras voltadas ao ensino na engenharia.
PALAVRAS-CHAVE: METODOLOGIA; ANÁLISE ESTRUTURAL; ENSINO.
INTRODUÇÃO: A análise estrutural é um ramo da engenharia que abrange principalmente as
engenharias civil, mecânica, naval e aeronáutica. A etapa de análise estrutural durante a graduação
em engenharia civil é ministrada nas disciplinas de Isostática, Hiperestática, Teoria das Estruturas e
Resistência dos Materiais/Mecânica dos Sólidos. As disciplinas compreendem desde a propedêutica
da temática até o nível tecnicista, geralmente focado na resolução de problemas físicos-numéricos.
O projeto estrutural de uma edificação é composto por etapas que devem ser observadas e
executadas criteriosamente. Entre esses passos estão na ordem: a concepção, análise,
dimensionamento e detalhamento estrutural. Todas essas competências fazem parte das atribuições
do engenheiro civil, que são repassadas aos acadêmicos durante a graduação.
A engenharia estrutural firma-se no princípio de oferecer segurança aos que irão usufruir de
uma edificação, quer seja de forma direta ou indireta. Logo, o projetista deve levar em consideração
cargas e parâmetros de cálculo não só da estrutura em si, como o peso próprio da estrutura e outras
cargas permanentes, mas também dos fatores externos em determinados casos, como cargas variáveis
e acidentais.
1Acadêmicos de Engenharia civil, ULBRA 6 2Engenheiro civil, Metre em Processos Construtivos e Saneamento e Professor da ULBRA 7
287
A etapa que contempla esses aspectos supracitados é a análise estrutural, objeto deste
trabalho, daí a relevância da forma como o processo de ensino-aprendizagem ocorre. Se a análise do
problema ocorrer de forma errônea, todo o dimensionamento poderá estar comprometido, o que pode
levar a estrutura a colapso ou levá-la ao mau desempenho em serviço.
A necessidade de se pensar e repensar a forma como a temática vem sendo ensinada nas
escolas de engenharia é válida no sentido de propor possíveis parâmetros. Os questionamentos acerca
do assunto permeiam os seguintes aspectos: A didática e a forma como é repassado esse conteúdo é
satisfatória aos educandos para possilitar aos mesmos a capacidade de interpretação de problemas
reais e práticos da análise estrutural? A introdução em sala de aula de softwares de análise estrutural
como o @Ftool 3.01 é de valia no auxílio ao educador e quais suas possíveis contribuições? Quais
contribuições o modelo com sistemas de molas estruturais criados por Márcio Siqueira (2008) em sua
tese pode incrementar na interpretação do comportamento real das estruturas?
As hipóteses são que o modelo tradicional de ensino na engenharia é ainda muito voltado a
números, e não ao processo como um todo (SIQUEIRA, 2008). É inegável que a resolução numérica
é imprescindível mas o processo do comportamento estrutural real é tão importante quanto. Uma
analogia simbólica é comparar esses dois fatores com as asas de um pássaro, se uma das asas estiver
ferida, o vôo não funciona. Da mesma forma, o fator numérico é tão importante quanto a interpretação
do comportamento estrutural.
MÉTODOLOGIA: Este estudo constitui-se por uma investigação bibliográfica de fontes
secundárias baseadas na importância do desenvolvimento do aprendizado do acadêmico no curso de
engenharia civil. Os métodos de aprendizagem com utilização de modelo físico qualitativo,
aprendizagem ativa e utilização de software para colaborar com o desenvolvimento do conhecimento
do aluno. Este desenvolvimento pode ser analisado de forma qualitativa ou quantitativa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os métodos acima abordados precedem modos de aprendizagem
ativas, as quais colocam o aluno como o principal agente de seu aprendizado. O mais usual modo de
construção do conhecimento é baseado na teoria tradicional, a qual consta que o conhecimento é
transferido através apenas do professor. Esta metodologia é bastante questionada através de diversos
estudos que tem como base o pai da teoria do construtivismo, Piaget.
Tudo que se ensina a criança a impede de inventar e descobrir (...) A escola,
dessa forma, deveria dar a qualquer aluno a possibilidade de aprender por si
próprio, oportunidades de investigação individual, possibilitando-lhe todas as
tentativas, todos os tateios e ensaios que uma atividade real pressupõe
(PIAGET, apud REBELLO, 1992, p.15)
288
Nas disciplinas de cálculo estrutural é possível notar a grande dificuldade dos alunos na
aprendizagem. Por se tratar de assuntos abstratos e nunca vistos antes, se torna cada vez mais
complicada a compreensão sobre os assuntos abordados. Os métodos propostos neste estudo facilitam
a interação do aluno de forma prática com o objeto de estudo, fazendo com que o mesmo possa
analisar de forma qualitativa quais os fenômenos que uma estrutura sofre ao ser exposta a efeitos
exteriores. Segundo Vinner (1991) o sujeito necessita ter o conhecimento primeiramente do conceito,
logo após o mesmo irá criar imagens conceituais através da ligação dos esquemas já existentes em
sua mente.
Com a utilização da Maquete estrutural e de softwares será possível a visualização dos esforços e
dos fenômenos sofridos pela estrutura. Será fornecido ao acadêmico imagens conceituais as quais
facilitarão a criação de esquemas mentais. Wadsworth (1996) aborda que, esquemas representam a
imagem de estruturas mentais, ou cognitivas, as quais as pessoas possam organizar e adaptar o meio.
Sendo assim, os esquemas são compostos de um processamento mental dentro do sistema nervoso,
ou seja, são construções hipotéticas, não sendo observáveis e, sim deduzidas.
Para facilitar a construção da imagem conceitual dos acadêmicos, a utilização de modelos físicos
qualitativos induzirá a está criação, já que ele estará em contato com o modelo, o qual poderá tocar,
aplicar força e ver a forma com que a mini estrutura se comporta
A utilização do software de análise estrutural “ftool” enquanto ferramenta de ensino
proporciona ao aluno uma maior familiarização do mesmo ao seu ambiente de trabalho. Com esta
ferramenta o acadêmico poderá desenvolver a capacidade de análise crítica dos fenômenos, e ao
mesmo tempo resolver problemas reais do cotidiano profissional.
(SEQUEIRA, 2008) defende a ideia que a concepção estrutural é fundamental tanto para o
engenheiro quanto para o arquiteto. Aconcepção estrutural pode ser desenvolvida através da
utilização dos modelos físicos qualitativos.
As primeiras e mais importantes decisões na concepção de um projeto
estrutural, que visa tanto os aspectos estéticos como também os econômicos,
são valores qualitativos e intuitivos. É de extrema importância que o
profissional envolvido neste processo seja ele o arquiteto ou o engenheiro,
tenha a habilidade de visualizar e compreender o comportamento das estruturas
em diferentes circunstâncias. (SIQUEIRA, 2008)
A utilização da maquete estrutural e do software “ftool” enquanto ferramentas no processo
de ensino-aprendizagem sãoferramentas que facilitam o processo de aprendizagem ativa, podendo ser
fundamentados em métodos como o Aprendizagem Baseada em Problemas.
289
CONCLUSÃO: Conclui-se com este trabalho que o educador deve-se adequar às mudanças nos
processos metodológicos e didáticos, e assim se adequar ao evoluir do conhecimento. O modelo de
ensino tradicional na engenharia é defasado e precisa ser repensado, auxiliando a isso a inserção das
metodologias supracitadas e de outras didáticas voltadas ao ensino na engenharia.
REFERÊNCIAS
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BRASILEIRO DE ENSINO DE ENGENHARIA, Campina Grande - Pb, 2005, CD-ROM.
ENGEL, H. Sistemas estruturais. 1.ed. Barcelona: Gustavo Gili, 2001.
FTOOL. Um Programa Gráfico-Interativo para Ensino de Comportamento de Estruturas.
Disponível em: < http://www.tecgraf.puc-rio.br/ftool/>. Acesso em: 05 maio de 2017.
HOUAISS, Antônio, VILAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de
Janeiro: objetiva, 2001.
MASETO, Marcos Tarciso. Competência pedagógica do professor universitário. São Paulo:
Summus, 1977.
OLIVEIRA, M. S. de. Modelo estrutural qualitativo para pré-avaliação do comportamento do
comportamento de estruturas metálicas. Ouro Preto, 2008.
RIBAS, P.A.V.e VIEIRA, J.E.S. Um espaço para reflexão sobre ensino-aprendizagem. In: XXIIII
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENSINO DE ENGENHARIA, 1996, Pernambuco. Anais, Recife,
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SILVA, R.N; BORBA, Ernesto Oliveira. A importância da didática no Ensino Superior. Revista
Contemporânea de Negócios, v. 05, p. 01-29, 2011.
SILVA, J. K. F.; GONTIJO, F. B. Aplicação do método PBL ao curso de engenharia civil do
UNIPAM. 2014.
SÜSSEKIND, J.C. Curso de Análise Estrutural: Estruturas Isostáticas– Vol.1, 6ª ed. Editora Globo,
Porto Alegre, 1981.
290
MÉTODOS DE REPARO DE PATOLOGIAS NA ESCOLA MAESTRO WILSON DIAS DA
FONSECA NO BAIRRO DA NOVA REPÚBLICA EM SANTARÉM-PA
8Rodrigo Bezerra Gaspar
1
[email protected] 9Alessandra Damasceno da Silva
2
10Roseclea Bezerra Gaspar3
11Isabel Cristina Tavares Martins4
12Alessandro Santos Araújo5
RESUMO – Este artigo teve como meta indicar de maneira coerente métodos de reparo eficientes para as patologias
encontradas na Escola Estadual Maestro Wilson Dias da Fonseca localizada no município de Santarém - PA. A
metodologia utilizada foi criada por Lichtenstein, esta consiste de maneira simplificada em três etapas: A fase de
levantamento de subsídios, consiste com uma vistoria do local, percebendo a natureza e origem das patologias; o
diagnóstico da situação, que visa a compreensão das manifestações, analisando as relações de causa e efeito para a correta
caracterização das patologias encontradas; e a definição de conduta, onde é proposto um tratamento adequado para as
manifestações. A Escola objeto desse estudo, apresentou vários problemas comuns de edificações tais como erosões,
eflorescências e trincas. Grande parte desses problemas manifestou-se graças à presença de umidade. A definição de
conduta para o reparo definitivo foi planejada levando em consideração as causas do problema, e tendo como objetivo o
reparo para reduzir ou cessar as causas detectadas. Chegou-se à conclusão que um programa eficiente de
inspeção/manutenção, assim como o manual do proprietário, assegura a maior durabilidade das edificações prevista na
fase de projeto.
PALAVRAS-CHAVE: MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS; ESCOLA; REPARO.
INTRODUÇÃO: A ausência de um planejamento da obra, o uso inadequado de materiais, falta de
análise do solo onde é localizado a obra, aliado à carência de cuidados na execução, tais como
acompanhamento de um profissional e mão de obra especializada e mesmo adaptações quando do seu
uso, adicionado à escassez de manutenção, vem gerando graves problemas nas estruturas dos prédios
que comprometem a vida e o bem estar de quem está presente nesse ambiente.
Tais manifestações patológicas podem, se caso não cuidadas, evoluir a tal ponto que sua reparação
seja inviável ou impossível, tendo como consequências um alto custo financeiro para a demolição do
prédio e a construção de um novo, além de colocar em risco vidas humanas, caso venha a ocorrer o
colapso da estrutura devido à má condição da edificação.
A escolha do local do tema em questão se dá, pois, o mesmo é o único ambiente de ensino para alunos
do ensino médio do Bairro da Nova República e este devido a sua grande importância para os
estudantes locais deve ser preservado da melhor maneira possível para que os alunos dessa escola
possam desfrutar de um ambiente de estudo com qualidade e segurança.
Sendo assim, a relevância da realização deste trabalho se deu devido à necessidade de se fazer um
levantamento das patologias detectadas, a qual a partir desta foi possível realizar um estudo para
1Engenheiro Civil. 8
2Ma. Ciências Ambientais. Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA. 9 3Esp. Tecnologia de Alimentos. Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA. 10 4Ma. Geofísica. Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA. 11 5Me. Estruturas e Construção Civil. Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA . 12
291
determinar as causas desse problema afim de melhorar a qualidade do edifício que é atualmente o
local de aprendizagem de inúmeros estudantes, com o objetivo de gerar um diagnóstico da situação
do edifício buscando a melhor solução para as patologias encontradas.
MÉTODO: O método que foi utilizado para diagnosticar as patologias encontradas no edifício foco
deste trabalho foi o criado por Liechtenstein. Esta metodologia proposta é compreendida em três
partes distintas explicadas a seguir.
Primeiramente é feito o levantamento de subsídios é a etapa onde as informações essenciais e
suficientes para o entendimento completo das manifestações patológicas são organizadas. Estas
informações são obtidas através de três formas: vistoria do local, levantamento do histórico do
problema e do edifício e o resultado das análises (LICHTENSTEIN, 1985).
Logo após é feito o diagnóstico da situação, segundo LIECHTENSTEIN (1985), é a
compreensão dos fenômenos, buscando identificar as relações de causa e efeito que normalmente
caracterizam uma patologia. Cada subsídio, segundo este autor, obtido na vistoria do local, na
anamnese ou nos exames complementares deve ser interpretado no sentido de compor um quadro de
entendimento de como trabalha o edifício, como reage à ação dos agentes agressivos, porque surgiu
e como se desenvolveu o problema patológico. O autor afirma ainda que o processo de diagnóstico
constitui na contínua redução da incerteza inicial pelo progressivo levantamento de dados.
Por último a definição de conduta, segundo LIECHTENSTEIN (1985), é a etapa que tem como
objetivo prescrever o trabalho a ser executado para resolver o problema, incluindo a definição sobre
os meios (material, mão-de-obra e equipamentos) e a previsão das consequências em termos do
desempenho final.
Desta maneira, pretende-se que o estudo das patologias possa ser desenvolvido até a fase desta
definição adotando este método, com a sugestão de soluções possíveis para as patologias analisadas
através de artigos e trabalhos a respeito das patologias encontradas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os problemas foram detectados por toda a extensão do bloco de
estudos e no seu redor. Algumas manifestações também foram localizadas nos outros blocos da
escola, foram casos como manchas, bolores, trincas entre outras. A seguir vem sendo apresentados
os casos mais pertinentes encontrados com suas respectivas soluções para a correta manutenção das
mesmas.
Caso 1 - Armadura estourando devido a oxidação.
Após anamnese observou-se que a armadura de viga calha na parte superior da estrutura onde
o telhado se apoia apresentava corrosão, onde ela pode ser compreendida por uma diminuição do
292
diâmetro da armadura da viga por meio de oxidação. Foi possível perceber que está não possui
vedação adequada, pois há entrada de luz pela união viga-telhado. Este problema se observa em uma
longa parte da viga. ZUCHETTI (2015) sugere um passo a passo para a correta limpeza e reparo das
estruturas de concreto aramado como a que é encontrada na viga na Escola Wilson Fonseca, esta pode
ser observada abaixo:
Remoção do concreto contaminado com utilização de marreta, ponteiro, martelete, etc.;
Exposição da armadura afetada;
Limpeza da armadura atingida, com uso de escovas de aço, jato de areia ou choque térmico com
água. Caso haja perda de mais de 10% da seção da barra, esta deve ser substituída;
Imprimação da armadura através da utilização de epóxis ou argamassa com polímeros;
Execução de ponte de aderência por material acrílico;
Aplicação de camada de reparo por graute, argamassa estrutural modificada com polímeros, fibras
ou aditivo ou argamassa com inibidores de corrosão;
Cura;
Aplicação de tinta protetora.
Caso 2 - Erosão nas passarelas
É possível observar em vários trechos das passarelas na escola e nos corredores do prédio áreas
de erosão, onde a pintura de impermeabilização já foi retirada e o concreto está corroído, sendo que
a erosão pode ser descrita pela retirada da camada de tinta protetora e diminuição da camada de
concreto por abrasão devido a constante passagem de estudantes.
Na recuperação desta patologia, de acordo com LAPA (2008) duas situações podem se
apresentar ou as áreas a recuperar são percentualmente pequenas, da ordem de 20% a 30% da área
total, ou percentualmente consideráveis; no primeiro caso, a recuperação é localizada e artesanal e,
no segundo caso, é geral e mecanizada.
Ainda segundo LAPA (2008) em virtude das pequenas espessuras das camadas desgastadas, a
preparação superficial do concreto deve aumentar um pouco esta espessura, com auxílio de
escarificadores e alargar a área afetada; o material de reposição, deve ser, no mínimo, uma argamassa
de cimento Portland enriquecida por microsílica, acrílico, látex ou epóxi.
Caso 3 - Umidade e eflorescências nas calhas
É visível durante toda a calha do prédio a presença de umidade e eflorescências na parte lateral
e inferior das calhas, este fica ainda mais visível próximo aos tubos de despejo das águas pluviais.
293
Segundo SANTOS FILHO (2008), a eflorescência é causada por três agentes: o teor de sais presentes
em materiais ou componentes, a presença de água, e a evaporação que faz com que a solução
resultante se desloque até a superfície.
No caso das eflorescências as manchas devem ser retiradas lavando o local com produtos especiais
recomendados para esse tipo de problema ou com solução ácida (por exemplo, uma solução de 10%
de ácido clorídrico) (AGENCE POUR LA PRÉVENTION DES DÉSORDRES ET
L.AMÉLIORATION DE LA QUALITÉ DE LA QUALITÉ DE LA CONSTRUCTION, 1995, Apud
RESENDE, 2001).
Caso 4 - Piso recalcado no laboratório interdisciplinar
No andar térreo, mais acentuadamente, no laboratório interdisciplinar, o piso está afundando,
gerando assim problema para a colocação de mobília e quebrando a louça e o piso de concreto. No
caso do recalque excessivo do piso faz-se necessário a vistoria para verificar se o recalque ativo ou
passivo através de vistoria periódica, caso está seja passiva, pode-se fazer o recobrimento do piso.
Caso o recalque seja ativo, já que o edifício foi construído sobre o que era um antigo aterro sanitário,
deve-se executar o reforço estrutural da fundação do prédio, através de uma análise precisa do solo
para ter conhecimento de como encontra as camadas de solo abaixo, após confirmação fazer o uso da
fundação mais adequada para reforço da estrutura, alguns exemplos que podem ser citados são as
estacas mega e estaca raiz, além do possível alargamento da base conforme cita LEAL (2001).
CONCLUSÃO: Conforme vistoria do local e levando-se em conta que o Colégio em estudo já possui
mais de dez anos, foram identificadas algumas patologias, que consistem basicamente em: manchas,
eflorescências, trincas e corrosão na armadura e o recalque excessivo do solo. Foi possível notar ainda
que a falta de atenção nos métodos construtivos acabou gerando algumas das patologias encontradas.
REFERÊNCIAS
LAPA, J. S. Patologia, recuperação e reparo das estruturas de Concreto. Tese de especialização.
Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte – MG, 2008.
LEAL, U. Recuperação por baixo. São Paulo. Pini. Disponível em <
http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/57/artigo286211-1.aspx>. Acesso em: Maio de 2017.
LICHTENSTEIN, N. B. Patologia das Construções: procedimento para formulação do
diagnóstico de falhas e definição de conduta adequada à recuperação de edificações: São Paulo:
Escola Politécnica da USP, 1985.
RESENDE, M. M. Apostila patologia dos revestimentos de argamassa. São Paulo, maio de 2001.
SANTOS FILHO, L. M. Apostila patologia das construções. Curitiba, outubro de 2008.
294
THOMAZ, E. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo. Pini, Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
São Paulo, 1989.
ZUCHETTI, P. A. B. Patologias da construção civil: investigação patológica em edifício
corporativo de administração pública no vale do Taquari/RS. UNIVATES. Lajeado, 2015.
295
NOVAS PRÁTICAS NOS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE
LINGUAGEM DE PROGRAMAÇÃO SOB A LUZ DA TEORIA DA APRENDIZAGEM
EXPANSIVA
13Carlos Alberto Pedroso Araújo1
RESUMO: As disciplinas de linguagem de programação são consideradas por muitos estudiosos as principais
causadoras de um alto índice de evasão e reprovação nos cursos de computação. Este trabalho propõe o envolvimento de
discentes e docentes num trabalho colaborativo baseado na Teoria da Atividade de Engeström, em busca de práticas
pedagógicas que se ponham como alternativas às práticas correntes. O trabalho colaborativo em questão pressupõe o
emprego do ciclo de aprendizagem expansiva no desenvolvimento da atividade de ensino e aprendizagem na sala de aula.
Tal ciclo considera as contradições que surgem no esquema da atividade como fontes de desenvolvimento, de
aprendizagem mesmo. O ciclo inicia com o questionamento da prática corrente, sua análise histórica, passando pelo
desenho de uma nova solução, testes de validação, até chegar à implantação e consolidação no novo processo. A partir
disso é possível a reconceitualização do objeto/motivo da aprendizagem e a proposição de novos artefatos mediadores,
entre outros.
PALAVRAS-CHAVES: TEORIA DA ATIVIDADE. APRENDIZAGEM EXPANSIVA. EDUCAÇÃO EM
INFORMÁTICA.
INTRODUÇÃO: Os processos de ensino e aprendizagem de conceitos de linguagens de
programação a aprendizes iniciantes são marcados por inúmeras dificuldades, bastante estudadas no
mundo inteiro. Uma das maiores dificuldades dos alunos iniciantes é a compreensão de como elaborar
um modelo para resolver determinada tarefa. Somados a isso tem-se a relação da computação com a
matemática, a estruturação e criação de algoritmos, encontrar erros nos seus códigos e os conceitos
de programação mesmo, tais como recursão, ponteiros, tipos abstratos de dados, entre outros.
Nesse contexto, se buscou envolver os próprios sujeitos no processo de reconceitualizar a
atividade de ensino e aprendizagem de linguagem de programação, utilizando para isso os princípios
da Teoria da Atividade proposta por Engeström (1987), mais especificamente a aprendizagem
expansiva.
Procurou-se assim investigar, produzir, dimensionar e experimentar artefatos
mediadores/objetos/motivos de atividades didático-pedagógicas a partir do emprego do ciclo de
aprendizagem expansiva. Mais especificamente, tais artefatos/objetos/motivos deveriam promover a
capacidade de trabalhar em grupos, de pensar em soluções alternativas para um mesmo problema,
além de contribuir para o desenvolvimento da curiosidade, da habilidade investigativa, dentre outras
habilidades e competências.
A Teoria da Atividade (TA) originou-se a partir do trabalho de, principalmente, dois
psicólogos russos, Vigotski (2007) e Leontyev (2009). Foi originalmente concebida como um modelo
da psicologia humana, no entanto passou por adaptações a fim de permitir análises de situações mais
complexas que envolvem processos pessoais e organizacionais (LEONTYEV, 2009). A TA, que
1Mestre em educação, professor do Centro Universitário Luterano de Santarém 13
296
expandiu o modelo mediado de Vygotsky, propôs uma metodologia para novos aprendizados no local
de trabalho (ENGESTRÖM, 1987). Entretanto, nesta investigação, buscamos adequar essa teoria às
atividades em processos de ensino e aprendizagem de linguagem de programação. Assim, a partir de
um contexto de atividade pedagógica, os elementos da TA de Engeström assumem outro significado:
sujeito são o professor e alunos; artefatos mediadores são os instrumentos eventualmente usados na
atividade; objeto é o problema de linguagem de programação que será estudado pelo professor e
alunos; regras são as normas e convenções da sala de aula; comunidade é formada pelo professor e
alunos/ambiente acadêmico e; divisão de trabalho consiste da negociação de tarefas e
responsabilidades na sala de aula.
Um dos cinco princípios da TA, segundo Engeström (2001), é a possibilidade de
transformações expansivas em sistemas de atividade. Os sistemas de atividade se movem através de
ciclos relativamente longos de transformações qualitativas. À medida que as contradições de um
sistema de atividade são agravadas, alguns indivíduos participantes começam a questionar e a se
desviar das normas estabelecidas. Em alguns casos, isto se transforma em uma visão colaborativa e
um esforço coletivo deliberado de mudança. Uma transformação expansiva é realizada quando o
objeto e o motivo da atividade são reconceitualizados para abarcar um horizonte radicalmente maior
de possibilidades do que no modo anterior da atividade.
Esta versão contemporânea da TA é a base do que Engeström (1987) chamou aprendizagem
expansiva. Ele empregou a noção de sistema de atividade como unidade básica de análise para
desenvolver a aprendizagem expansiva, que agrega uma metodologia para estudar novos
aprendizados no local de trabalho. A expansão é resultado de um processo de transição de ações
individuais que estão em curso para uma nova atividade coletiva. Uma transição de ação para
atividade é considerada expansiva quando envolve a transformação objetiva das ações mesmas e
quando os sujeitos tornam-se conscientes das contradições na sua atividade corrente na perspectiva
de uma nova forma de atividade (SANNINO; DANIELS; GUTIERREZ, 2009).
MÉTODO: Segundo Daniels (2011), a essência da pesquisa desenvolvimental “é que os indivíduos
são colocados numa situação em que o problema é identificado e eles também são munidos de
ferramentas para solucionar o problema, ou de meios pelos quais possam construir ferramentas para
solucionar o problema”.
Tal como já declarado acima, esta pesquisa baseia-se no ciclo de aprendizagem expansiva, a
qual consiste das seguintes etapas, adaptadas de Daniels (2011) aos processos de ensino e
aprendizagem:
a) questionar as práticas de ensino e aprendizagem correntes;
297
b) analisar as origens históricas de práticas existentes e levar essas análises a dar suporte na
análise de dinâmicas correntes em e por meio dos processos de ensino e aprendizagem;
c) produzir um novo modelo de ensino e aprendizagem;
d) examinar o novo modelo para compreender suas dinâmicas, forças e armadilhas;
e) implantar o novo modelo e monitorar os processos e seus efeitos nas disposições e ações
dos alunos;
f) valer-se desses dados para refletir sobre os processos e resultados.
Este ciclo foi utilizado com 17 alunos do período 2017-1 das disciplinas Algoritmos e
Programação I e II do curso de Sistemas de Informação do Centro Universitário Luterano de
Santarém. Sendo que as fases a), b), c) e d) foram desenvolvidas com um grupo, menor de três alunos.
Após essas quatro fases iniciais, chegou a um modelo que propôs utilizar o Arduino14 como elemento
mediador, o qual foi o objeto de estudo de oficinas extraclasse com 5 alunos de Algoritmos e
Programação I, coordenadas pelo pesquisador, e atividades de sala de aula com os 12 alunos de
Algoritmos e Programação II, coordenadas pela professora da disciplina.
Durante as atividades, os alunos, organizados em pequenos grupos de dois ou três, foram
estimulados a escreverem programas que levassem ao funcionamento de protótipos construídos com
o Arduino. Tais programas exercitavam as estruturas básicas da linguagem de programação, que iam
evoluindo em grau de dificuldade. Em seguida, a fim de poder refletir sobre o modelo proposto, os
alunos participantes responderam a um questionário no qual pudessem expor suas percepções sobre
o modelo. As respostas dos acadêmicos são objeto de análise qualitativa na seção seguinte.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Observou-se nas respostas ao questionário, que os alunos
consideraram que o aprendizado utilizando esse objeto mediador é mais significativo, tornando as
aulas mais dinâmicas e divertidas e interativas.
A maioria dos respondentes também declarou que o uso do Arduino pode despertar um interesse
maior no aluno.
Entretanto, o que chamou mais atenção foi, o que era uma categoria de análise esperada, que os
alunos consideraram mais gratificante ver o resultado de seu código de programação na prática. Eles
acharam mais interessante pensar o código de modo mais prático.
Sobre isso, algumas respostas são ilustrativas:
“[...] é uma ferramenta que dá ao aluno mais uma forma de pensar no código de uma forma
mais prática.”
14 Arduino é uma plataforma eletrônica de código aberto baseada em software e hardware fácies de usar, onde qualquer
pessoa pode construir projetos interativos que são programáveis.
298
“O método foi produtivo, pois com essa nova proposta podemos aplicar praticamente os nossos
algoritmos e não só imaginar.”
“As oficinas de Arduino são mais que essenciais, pois nos mostram os resultados da
programação na prática.”
Nota-se aqui na fala dos acadêmicos que ela vai ao encontro do que é apresentado em
Engeström (2002) no que diz respeito ao que ele chama de encapsulação da aprendizagem escolar,
onde ele considera que o modelo tradicional de ensino/aprendizagem está desconectado do
conhecimento historicamente construído fora do ambiente escolar. Resnick (1987) vai além e
denomina o aprendizado de regras simbólica de jogo da escola, no qual a escolarização não contribui
para o desempenho fora da escola, mas também de que o conhecimento adquirido fora da escola nem
sempre é usado para suportar a aprendizagem escolar.
Engeström (1987) ressignificou a Zona de Desenvolvimento Proximal*15 de Vigotski, ampliando
este conceito para o nível da atividade coletiva. Desse modo não se pode deixar de observar a
avaliação positiva feita por grande parte dos sujeitos participantes da pesquisa.
“Acho que depois do aluno escrever o código e vê-lo funcionando por suas próprias mãos é
muito gratificante.”
“Diferente do método tradicional de aprendizagem, as oficinas de Arduino fazem com que o
aluno tenha mais interesse em prestar mais atenção nas aulas [...]”
CONCLUSÃO: A motivação desta pesquisa, fundamentada na Teoria da Atividade Histórico
Cultural, foi propiciar ferramentas que se ponham como recursos alternativos ao modelo tradicional
de ensino/aprendizagem, geralmente desconectado do conhecimento histórico dos aprendizes.
Entende-se, no entanto, que essas ferramentas não necessariamente devem empregar tecnologias
digitais, mas devem privilegiar o conhecimento que os estudantes adquirem fora da sala de aula e o
trazem para o ambiente escolar.
A análise dos depoimentos dos alunos evidenciou que o uso dos instrumentos mediadores
utilizados propiciou um ganho de conhecimento e, mais que isso, o desenvolvimento das funções
psicológicas superiores. Entendemos que isso decorreu, principalmente, do sentido que os alunos
puderam perceber nas atividades realizadas.
Considera-se, desse modo, que os objetivos foram alcançados e definiu-se assim discutir no
âmbito do Núcleo Docente Estruturante do curso de Sistemas de Informação do Centro Universitário
Luterano de Santarém, a implantação do modelo nas disciplinas iniciais de programação, a saber,
* É a distância entre o nível de desenvolvimento real, definido pelos problemas que pode resolver de modo independente,
e o nível de desenvolvimento potencial, determinado por meio da solução de problemas sob a orientação de um professor
ou em colaboração com seus pares (VIGOTSKI, 2007). 15
299
Algoritmos e Programação I e Algoritmos e Programação II, o que se constitui como a última fase do
ciclo de aprendizagem expansiva: a consolidação desta nova prática.
REFERÊNCIAS
DANIELS, H. Vygotsky e a pesquisa. São Paulo: Edições Loyola, 2011.
ENGESTRÖM, Y. Learning by expanding: an activity-theoretical approach to developmental
research. Helsinki: Orienta-Konsultit Oy, 1987.
ENGESTRÖM, Y. Non scolae sed vitae discimus: Como superar a encapsulação da aprendizagem
escolar. In: DANIELS, H. (Ed.). Uma introdução a Vygotsky. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
ENGESTRÖM, Y. Expansive Learning at Work: Toward an activity theoretical reconceptualization.
Journal of Education and Work, v. 14, n. 1, p. 133–156, fev. 2001.
LEONTYEV. Activity and Consciousness. Pacifica, CA: Marxists Internet Archive, 2009.
RESNICK, L. B. The 1987 presidential address: Learning in school and out. Educational researcher,
p. 13–54, 1987.
SANNINO, A.; DANIELS, H.; GUTIERREZ, K. D. (EDS.). Learning and expanding with activity
theory. New York: Cambridge University Press, 2009.
VIGOTSKI, L. S. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos
superiores. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
300
PROJETO TISI APRESENTANDO KAHOOT COMO PROPOSTA METODOLÓGICA A
PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
16 Kássia Lima de Souza1
Marialina Corrêa Sobrinho2
RESUMO: As estratégias tecnológicas educacionais têm alcançado resultados importantes para os processos de ensino
e aprendizagem que refletem na escola, professores e alunos. Como exemplo pode-se citar o Kahoot, plataforma para
avaliação interativa que funciona como quiz, onde o professor comanda e os alunos assumem o papel de competidores,
transformando a sala de aula em lugar descontraído. Dessa forma, o projeto Trabalho Interdisciplinar de Sistemas de
Informação (TISI) tem como objetivo apresentar o Kahoot à professores da Educação Básica como uma proposta de
método de ensino que pode ser facilmente aplicado em sala de aula com os alunos, independente da disciplina e conteúdo.
Quanto a metodologia de desenvolvimento adotada, a equipe do projeto elaborou um plano de ação que foi dividido em
dois momentos, agendados para acontecerem aos sábados, com duração de 2h cada, a fim de apresentar aos professores
o Kahoot na modalidade quiz. O primeiro momento aconteceu no dia 16 de setembro e contou com a participação de
professores da Escola Estadual Plácido de Castro e do Colégio Ulbra, que realizaram o cadastro com conta de professor
e testaram os Kahoots públicos da plataforma, tanto em computadores quanto em smartphones. Este trabalho encontra-se
em fase de desenvolvimento.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO, PROFESSORES, KAHOOT
INTRODUÇÃO: A escola é um ambiente educacional onde o conhecimento pode ser construído
através de metodologias de ensino inovadoras que envolvem o uso de recursos tecnológicos e
transformam a sala de aula, além de contribuírem para melhoria do relacionamento professor-aluno.
Entretanto, em oposição a esse modelo, existem as escolas que adotam métodos tradicionais de
ensino, onde professores se preocupam apenas em transmitir o conteúdo. Quanto a isto, Dewey (1979)
ressalta que “o esquema tradicional é, em essência, esquema de imposição de cima para baixo e de
fora para dentro. Impõe padrões, matérias de estudo e métodos de adulto sobre os que estão ainda
crescendo lentamente para a maturidade”, e transforma o ensino em algo estático, ligando o
significado de aprendizagem apenas ao que está nas páginas dos livros e na cabeça dos mais velhos.
Nesse sentido Freire (1981) também destaca que:
Em tal prática, os educadores são os possuidores do conhecimento, enquanto os educandos
são como se fossem “vasilhas vazias” que devem ser enchidas pelos depósitos dos
educadores. Desta forma, os educandos não têm porque perguntar, questionar, desde que sua
atitude não pode ser outra senão a de receber, passivamente, o conhecimento que os
educadores neles depositam (p.72)
No entanto, para Freire (1981), a educação deve ser libertadora, de forma que abra portas para
mudanças no modelo pedagógico adotado pelas escolas e nas metodologias educacionais escolhidas
pelos professores, despertando no educando a curiosidade, a criatividade, e a capacidade de realizar
um estudo dos objetos de forma consciente e contextualizada com a sua realidade.
1Aluna do 7º Semestre do Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA, bolsista do TISI 2017.
16 2 Professora do Curso de Sistemas de Informação do CEULS/ULBRA, coordenadora e orientadora do projeto.
301
Desse modo, muito da teoria construcionista de Papert se assemelha com o que era defendido
por Paulo Freire, como o incentivo ao desenvolvimento daquilo que era de interesse dos alunos. A
convergência entre a ideia destes dois grandes influenciadores na área da educação, estimulam a
pesquisa e abrem portas para o investimento em estratégias que proporcionam a melhoria do
aprendizado (BLIKSTEIN, 2016).
Quanto a estas estratégias, as tecnológicas educacionais têm alcançado resultados importantes
para os processos de ensino e aprendizagem que refletem na escola, professores e alunos. Como
exemplo pode-se citar o Kahoot, plataforma para avaliação interativa que funciona como um quiz,
onde o professor comanda e os alunos assumem o papel de competidores, transformando a sala de
aula em um game show (WANG, 2015).
Dessa forma, o objetivo do trabalho é apresentar o Kahoot à professores da Educação Básica
como uma proposta de método de ensino que pode ser facilmente aplicado em sala de aula com os
alunos, independente da disciplina e conteúdo. Além disso, o uso da plataforma reforça a prática de
um modelo pedagógico que valoriza e agrega significado às atividades realizadas com o auxílio de
tecnologias educacionais.
Este resumo expandido está organizado em seções, onde após esta introdução encontra-se a
descrição da metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho. A seção seguinte aborda os
resultados e a última apresenta a conclusão.
MÉTODO: Este trabalho é resultado do projeto de extensão Trabalho Interdisciplinar de Sistemas
de Informação (TISI) do CEULS/ULBRA, coordenado pela professora Marialina Corrêa Sobrinho, e
desenvolvido desde o ano de 2008 com o intuito de contribuir de maneira multi, inter e
transdisciplinar para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem.
Assim sendo, o projeto envolve a participação de alunos do Curso de Sistemas de Informação,
do primeiro ao quinto semestre, e se estende à comunidade no entorno da instituição, levando os
conhecimentos científicos abordados no curso à professores e alunos de uma escola de educação
básica. Cabe ressaltar que, neste ano, os participantes são da Escola Estadual Plácido de Castro.
Quanto a sua principal abordagem, o TISI busca desenvolver nos participantes a capacidade de
elaboração de projetos com qualidade técnica e científica, de forma que os alunos de Sistemas de
Informação fiquem aptos a elaborar, entre outras produções acadêmicas, o seu Trabalho de Conclusão
de Curso com mais facilidade. E os professores e alunos da escola possam aplicar os resultados do
projeto apresentando soluções para os problemas da comunidade em que estão inseridos.
No entanto, é importante destacar que a metodologia de aplicação e desenvolvimento do projeto
também adapta-se às necessidades dos participantes. Além da abordagem de projetos, encontra-se em
desenvolvimento uma abordagem de formar para um melhor ensinar, envolvendo tecnologias
302
educacionais, que tem como público-alvo os professores da Educação Básica. Essa visão é
corroborada por Perrenoud (2000) quando ressalta que “preparar para as novas tecnologias é, para
uma proporção crescente de alunos, atingir mais plenamente os mais ambiciosos objetivos da escola”.
Dessa forma, a equipe do projeto (coordenadora e bolsista) elaborou um plano de ação que foi
dividido em dois momentos, agendados para acontecerem aos sábados, com duração de 2h cada, a
fim de apresentar aos professores a plataforma de avaliação interativa Kahoot, que permite a criação
de jogos em quatro modalidades: quiz, jumble, discussion e survey (GET KAHOOT, 2017). Destas,
a modalidade escolhida para ser apresentada foi a de quiz. Quanto aos recursos necessários para
utilização do Kahoot em sala de aula, estes se resumem em um projetor multimídia, computadores,
smartphones ou tablets, e internet.
De acordo com a proposta, no primeiro momento os participantes devem acessar o site da
plataforma e realizar cadastro para ter acesso ao ambiente de desenvolvimento. Em seguida testar os
Kahoots disponíveis na plataforma, tanto no computador quanto em um dispositivo móvel (através
do aplicativo do Kahoot, disponível na PlayStore) para verificar como ele se comporta nos diferentes
dispositivos, e ainda, entender a perspectiva do aluno sobre a atividade.
No segundo momento, os participantes devem iniciar a construção do próprio quiz para entender
como funciona o ambiente que diz respeito ao professor, seguindo as instruções prévias dadas pela
equipe. Finalizado o processo de construção, é importante que os Kahoots sejam compartilhados entre
os demais participantes e testados, para promover a socialização dos resultados produzidos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O primeiro momento ocorreu no dia 16 de setembro, data que
também correspondeu ao Dia da Responsabilidade Social conforme calendário do CEULS/ULBRA.
Dessa forma, participaram da ação três professoras da Escola Estadual Plácido de Castro, no horário
de 08h às 10h, e 10 professores do Colégio Ulbra, de 10h às 12h (Figuras 1 e 2).
Figuras 1 e 2 – Coordenadora do TISI com professoras da Escola Estadual Plácido de Castro e com
professores do Colégio Ulbra.
Fonte: Arquivo pessoal
303
Com cada grupo de professores foi possível seguir o que estava planejado para o primeiro
momento. Inicialmente eles acessaram o site da plataforma www.getkahoot.com e realizaram o
cadastro escolhendo o tipo de conta de professor, para ter acesso ao ambiente de desenvolvimento do
quiz (Figuras 3 e 4).
Figuras 3 e 4 – Página inicial do site e escolha do tipo de conta.
Fonte: https://kahoot.com
Em seguida, na área Find Kahoots (Encontrar Kahoots) procuraram por Kahoots digitando
um conteúdo ou disciplina de interesse de cada um. Feita a escolha do material, as condutoras da ação
elegeram um quiz para ser testado com todos os professores. Desse modo, eles precisaram acessar o
ambiente do aluno por meio do endereço www.kahoot.it, onde é inserido apenas o PIN que identifica
o quiz (gerado automaticamente e informado pelo ambiente do professor) e um nickname
(apelido/nome) ou team name (nome do time), dependendo da forma de participação.
Como a participação deles aconteceu de forma individual, cada professor acessando por um
computador, foi necessário inserir apenas o PIN e um nome para identificá-los. Da mesma forma se
sucedeu o teste usando como dispositivos os smartphones dos professores, entretanto, para que isso
acontecesse, foi necessário realizar o download do aplicativo Kahoot! na PlayStore que, vale ressaltar,
dá acesso apenas ao ambiente do aluno.
CONCLUSÃO: O trabalho encontra-se em fase de desenvolvimento, visto que apenas o primeiro
momento do planejamento foi realizado. Entretanto, acredita-se que os primeiros passos foram dados
quanto à promoção de um novo olhar sobre os métodos educacionais que envolvem a tecnologia.
Nesse sentido, espera-se dar continuidade a este trabalho realizando o segundo momento com
os professores da Escola Estadual Plácido de Castro no dia 21 de outubro. As ações a serem
desenvolvidas neste dia devem seguir o que consta no planejamento da equipe, como início da
produção dos Kahoots individuais, teste e compartilhamento.
304
REFERÊNCIAS
BLIKSTEIN, P. Viagens em Troia com Freire: a tecnologia como um agente de emancipação. Educ.
Pesqui. Vol. 42. n.3. São Paulo jul/set. 2016. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ep/v42n3/1517-9702-ep-42-3-0837.pdf>. Acesso em: 08 out. 2017.
DEWEY, J. Experiência e educação. 3.ed. - vol.131. – São Paulo: Companhia Editora Nacional.
1979. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1062221/mod_resource/content/1/experiencia-e-
educacao-dewey.pdf>. Acesso em: 08 out. 2017.
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 5ª ed., Rio de Janeiro, Paz e
Terra. 1981. Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/paulofreire/paulo_freire_acao_cultural_para_a_liberda
de.pdf>. Acesso em: 08 out. 2017.
GET KAHOOT. Disponível em: <https://getkahoot.com/>. Acesso em: 09 out. 2017
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. trad. Patrícia Chittoni Ramos. – Porto
Alegre: Artmed, 2000. Disponível em: <http://abenfisio.com.br/wp-content/uploads/2016/06/10-
novas-competencias-para-ensinar.pdf>. Acesso em: 09 out. 2017.
WANG, A. I. The wear out effect of a game-based student response system. Computers &
Education, 82:217–227. 2015. Disponível em:
<https://pdfs.semanticscholar.org/3d4e/e249d965acf7c294031d6ed25af69f396bfa.pdf>. Acesso em:
08 out. 2017.
305
PROJETO, EXECUÇÃO E IMPLANTAÇÃO DA BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO
EM UMA RESIDÊNCIA NO BAIRRO DO MAICÁ
17Andrews Malone Pontes da Costa1
18Jarlivaldo Barroso da Costa2 19Adson da Silva Machado3
20Nadir Pires Martins4
21Alessandro Santos Araújo5
RESUMO – Os serviços de saneamento básico nas áreas urbanas ainda apresentam grandes falhas, principalmente em
áreas periféricas, necessitam da implantação de um sistema alternativo para disposição dos resíduos líquidos (esgotos)
locais, com a finalidade de evitar a contaminação do solo e da água. Na maioria dos casos, as regiões desfavorecidas são
desprovidas de redes coletoras de esgoto sanitário, obrigando a criação de meios alternativos para deposição dos resíduos
domésticos gerados. Grande parte desses resíduos são lançados de forma inadequada ao meio ambiente,
consequentemente provocando doenças e impactando diretamente com o crescimento do índice da mortalidade infantil.
Esses problemas podem ser minimizados utilizando sistemas simplificados para o tratamento de esgoto sanitário. Sistemas
como este devem ter como característica uma facilidade construtiva e um baixo custo, portanto acessível à população de
baixa renda. Uma proposta adequada para as regiões que não possuem rede coletora de esgoto e que mudaria esse conceito,
seria a aplicação de sistema de implantação da bacia de evapotranspiração, onde o seu dimensionamento tem como análise
prévia o tipo de residência, o número de moradores e aplicabilidade eficaz do sistema
PALAVRAS-CHAVE: ESGOTO SANITÁRIO; BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO; SISTEMA
ALTERNATIVO
INTRODUÇÃO: Conforme a NBR 9648 (1986), esgoto sanitário é o “despejo líquido constituído
de esgotos doméstico e industrial, água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária”.
O lançamento de esgotos tratados ou não em córregos e rios é uma das principais causas da
degradação de mananciais de água potável. O saneamento básico ainda está longe de ser uma
realidade para a população brasileira. Tanto na área urbana quanto na área rural tem a necessidade de
se implantar sistema de tratamento individual para a disposição de resíduos líquidos (esgoto), com a
finalidade de se evitar a contaminação da água e do solo. Em áreas Peri urbanos e rurais onde a
precariedade obriga a população a encontrar formas errôneas de despejar seus resíduos é notório a
real necessidade de um sistema funcional de tratamento de esgoto. Através deste projeto, será possível
se obter conhecimento técnico a respeito da bacia de evapotranspiração, onde a mesma se caracteriza
por ser um tratamento de aguas negras alternativo onde em fator econômico é viável não somente
pelo custo benefício mais também por ser uma forma sustentável de tratamento de esgoto.
A implantação e execução da BET – BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO é um sistema
fechado de tratamento de água negra, no que tange o tratamento de esgoto para pessoas de baixa
renda. Este sistema não gera nenhum efluente e evita a poluição do solo, das águas superficiais e do
1
17 Acadêmico Engenharia Civil. 2
18 Acadêmico Engenharia Civil 3
19 Engenheiro Civil com Esp. Em Segurança no Trabalho. Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA. 4
420 Engenheiro Civil com Esp. Em Estatística. Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA. 5
21 Me. Estruturas e Construção Civil. Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
306
lençol freático. Nele os resíduos humanos são transformados em nutrientes para plantas e a água só
sai por evaporação, portanto completamente limpa, uma forma alternativa de tratamento de aguas
negras, visto que através de um processo natural a agua utilizada nas descargas da residência irá
irrigar certa quantidade de vegetação que por sua vez recobrirá a BET. De modo que a viabilidade
alternativa é benéfica tanto para a residência quanto para o meio ambiente. Foi escolhida uma
residência no bairro do Maicá, localizada na cidade de Santarém, levando em consideração a
necessidade da região de obter formas baratas de tratamento de esgoto visto que o meio ambiente
sofre com o despejo de resíduos de forma errada.
MÉTODO: Através de pesquisa bibliográfica e experimental o seguinte trabalho tem como objetivo
dimensionar um sistema de tratamento de aguas negras composto de tanque séptico, 30 pneus,
camadas de brita, camadas de areia, vegetação e viabilizar a implantação da mesma em uma
residência no bairro do maicá, na cidade de Santarém-Pa, adotando técnicas construtivas com
embasamento teórico na norma NBR 13969/97 onde trata de tanques sépticos – unidades de
tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos – projeto, construção e operação.
Como primeiro passo, iniciar a execução de implantação do projeto, como primeira fase a escavação
e nivelamento do solo com as dimensões de 1,30 M X 2,00 M X 5,00 M. Como segunda etapa, a
construção do piso em concreto e a construção das paredes de alvenaria com 1,30 M de altura. Deste
modo, iniciar a instalação das ligações das tubulações hidráulicas de aguas negras da residência, com
tubulação em pvc rígido soldável com inclinação de 2% a câmara de pneus. Por fim preencher a BET
com camadas cacos de tijolos de 70 CM de altura, Brita com camada de 10 CM de altura, manta de
bidim, camada de areia com 20 CM de altura e por fim a cobertura vegetal com 30 CM DE ALTURA.
Desse modo recobrindo a mesma com solo e vegetação.
Arquivo – Fonte Pessoal
Escavação do solo nas dimensões 5 m x 2 m x 1,30 m.
307
Fonte – Arquivo Pessoal
Solo em concreto, e paredes de alvenaria prontas nas dimensões 5 m x 2 m x 1,30 m.
Fonte – Arquivo Pessoal
Implantação da tubulação hidráulica e câmara de pneus.
308
Fonte – Arquivo Pessoal
Preenchimento da bacia com cacos de tijolos e telhas e manta de bidim.
Fonte – Arquivo Pessoal
Preenchimento com areia e terra preta.
309
Fonte – Arquivo Pessoal
Projeto implantado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Como etapa inicial, a BET – BACIA DE
EVAPOTRANSPIRAÇÃO, tem como função primaria a fermentação, onde as aguas negras são
decompostas pelas bactérias da câmara bioseptica de pneus e nos espaços criados entre as pedras e os
tijolos colocados lado a lado da câmara.
Os patógenos (fezes) são presos no sistema por que não tem como garantir a sua total eliminação
pelo fato da estrutura interna da bacia ser fechada e sem saídas. Como já previsto a bacia de
evapotranspiração deve ser construída com técnicas onde se evite filtrações ou vazamentos. Desse
modo a agua no interior da bacia ficará presa, e irá percorrer toda a estrutura de baixo para cima se
separando dos resíduos sólidos humanos assim irá passar pelas camadas de areia, brita e solo com
destino final as raízes das plantas. Após todo esse processo a agua só sairá do sistema no tratamento
final em forma de vapor e sem contaminantes onde a evapotranspiração é realizada pelas plantas.
Com base nas etapas do processo construtivo, tem-se a discussão sobre a viabilidade financeira
e se o referido projeto atendia as necessidades de famílias de baixa renda em regiões de baixo
desenvolvimento. Visto que o referido projeto é voltado para famílias que não possuem sistema de
tratamento de esgoto. Por acreditar que o custo seja baixo, e ecologicamente correto. Os benefícios
deste sistema atendem a população de baixa renda e possibilita a diminuição de contaminação do solo
e despejo incorreto de resíduos no meio ambiente.
O tanque de evapotranspiração visa diminuir impactos ao meio ambiente e a saúde das pessoas
comparado com o sistema convencional de tratamento de esgoto, visando contribuir para a melhoria
310
do saneamento no Brasil, contribuindo para melhor qualidade de vida da população nas áreas Peri
urbanos e rurais, o qual recebe uma atenção menor que os centro urbanos.
Para evitar que esses dejetos humanos poluam o solo e/ou corpos d’agua esses efluentes devem
ter sua destinação final na rede pública de esgoto, mas quando não há na cidade ou no bairro um
sistema coletor é necessário adotar outras medidas como estão contidas nas NBR’s 7229/93 e
13969/97 recomendam várias alternativas, como a implantação de um sistema individual de
tratamento de esgoto para disposição final desses efluentes, sendo o principal destino o solo.
Arquivo – Fonte pessoal
Bacia de evapotranspiração devidamente instalada.
CONCLUSÃO: Com base no processo construtivo, de execução e elaboração da implantação da
bacia de evapotranspiração verificou-se que o projeto atende as necessidades financeira e sustentável,
visto que parte dos materiais utilizados para fomentar a construção do mesmo, é de cunho alternativo,
como pneus velhos que hoje poluem várias partes da cidade, cacos de tijolo e telhas e etc. Sendo
assim um meio alternativo viável para população de baixa renda.
311
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13969: Tanques sépticos -
Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção
e operação. Rio de Janeiro: ABNT, 1997.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6502: Rocha e Solo –
Terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7229: Projeto, construção e
operação de sistemas de tanques sépticos. Rio de Janeiro: ABNT, 1993.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9648: Estudo de concepção de
sistemas de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1986.
BARBOSA, A.P.S; DUTRA, A.K.B; SOUZA, E.A. Normas técnicas para trabalhos acadêmicos. 3ª
edição. Canoas/RS. Editora da ULBRA, 2012. 197p.
CAPUTO, H.P., Mecânica dos Solos e suas Aplicações. Vol.2, 6ª ed. Livros Técnicos e Científicos
Editora S.A., Rio de Janeiro, 1973. 498 p.
CAPUTO. H. P. Mecânica dos Solos e suas aplicações. 3 Ed. V 1. Rio de Janeiro: Editora Livros
Técnicos e Científicos. 1988. 242p.
CAVINATTO, V. M. Saneamento básico: fonte de saúde e bem-estar. São Paulo: Ed.Moderna, 1992.
JUNIOR, A.P.M.; NETO, H.F.R. Sistema Individual De Tratamento De Esgoto: Fossa Séptica, Filtro
Anaeróbio e Sumidouro uma Alternativa para o Tratamento Sanitário em Comunidades de Baixa
Renda do Município de Belém. 2011. 97p. Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil –
UNAMA, Belém-PA.
LEAL, F. C. T. Juiz de Fora. 2008. Sistemas de saneamento ambiental. Faculdade de Engenharia da
UFJF. Departamento de Hidráulica e Saneamento. Curso de Especialização emanálise Ambiental. 4
ed. 2008. Notas de Aula.
NETO, J.M.M.; VIEIRA, P.M.C. Cálculo De Tensão Do Solo Para Determinação De Fundação Na
Cidade De Santarém – PA. Trabalho de Conclusão de Curso II – CEULS/ULBRA, Santarém-PA,
2012..
OLIVEIRA J.B., JACOMINE P.K.T., CAMARGO, M.N. Classes Gerais dos Solos do Brasil – Guia
auxiliar para seu reconhecimento. UNESP – São Paulo- SP, 1991.
PARCELAMENTO DE SOLO PARA FINS RESIDENCIAIS. Departamento de Meio Ambiente.
Relatório. Panambi, 2009. Relatório.
PINTO, C.S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 Aulas. 3ª edição. São Paulo: Oficina de
Texto, 2006.
VARGAS, M. Introdução à mecânica dos solos. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1977.
312
SIGNIFICAÇÃO DO SOLAR BARÃO DE SANTARÉM PARA ARQUITETURA LOCAL E
PROPOSTA DE TOMBAMENTO
22Adriane Morais Lima1
23Melyssa Luane Noronha Andrade2
[email protected] 24Co-autora: Aline Maia Coimbra3
25Co-autora:Cíntia Giselle Batista Campos4
RESUMO: Em Santarém no início do séc. XIX, começa a ser notada a diferença nas habitações que eram relativamente
simples em sua composição, entretanto como houve investimento nos seringais e consequentemente gerou-se lucro
advindo da matéria prima (borracha)na época isso começou a refletir também na arquitetura local já que o status Quo
aumentou, através disso. Então herdou-se edificações arquitetônicamente muito ricas nesse período.Contudo na
atualidade, a degradação se instaurou na maioria delas, as problemáticas são diversas e vão desde a desvalorização acerca
delas, até a falta de intervenção do poder público. Um exemplo de edificação de destaquedentro do casaril (sítio histórico)
da cidade é o Solar Barão de Santarém, que foi construído para abrigar a família do Coronel Miguel Antônio Pinto
Guimarães, agraciado com o título de Barão de Santarém em 1871, todavia a situação em que se encontra a edificação no
contexto atual, é bastante precária como a maioria do acervo arquitetônico-histórico ,sendo tal fato algo que poderia ser
evitado se houvesse uma preservação dessas edificações que constituem importantes elementos formadores do patrimônio
cultural da cidade.
PALAVRAS CHAVES: PRESERVAÇÃO, SOLAR DO BARÃO DE SANTARÉM, PATRIMÔNIO
HISTÓRICO.
INTRODUÇÃO: O Barão de Santarém, investiu na construção de um Solar para mostrar sua
influência diante a sociedade, esse acontecimento passa a ser um marco político, histórico e social,
uma vez que o proprietário buscou como referência o projeto do Palácio dos Governadores em
Portugal. Não sabe-se precisamente a data do início ou término da construção do Solar, acredita-se
que foi no período entre 1820 a 1860, apesar dessa imprecisão é consideradoo segundo mais antigo
da cidade (a Igreja Nossa Senhora da Conceiçãoé considerada a edificação mais antiga) e também o
primeiro prédio Santareno de três pavimentos.É importante ressaltar que a edificação situa-se à Av.
Sen. Lameira Bittencourt, antiga rua dos Mercadores, onde residiam vários comerciantes e políticos
locais que detinham bastante poder econômico, evidenciando assim que o Barão de Santarém foi
estratégico ao decidir a localidade a qual construiria sua residência.
No Solar do Barão, após o óbito do proprietário, funcionou o primeiro grupo escolar de
Santarém, a Agência Especial de Defesa Econômica, Agência do Banco do Brasil e também como
depósito de arroz e juta. Atualmente preserva-se a característica de ponto comercial no térreo. Quando
o casarão estava servindo de depósito para a empresa de arroz, foi exposto a toneladas excessivas que
1Acadêmica do bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Luterano de Santarém, sexto período. 22 2Acadêmica do bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Luterano de Santarém23 3Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade da Amazônia; Pós Graduada em Gerenciamento e
Planejamento e da Construção Civil pela ULBRA; Pós graduada em Engenharia de Segurança do Trabalho pela
Universidade Cândido Mendes. 24 4Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Nilton Lins; pós graduada em Iluminação e Design de
Interiores pelo IPOG. 25
313
causaram prejuízos na estrutura e conforme o passar do tempo nota-se mudanças gradativas. Exemplo
disso é a desproporcionalidade ocupacional e estética do térreo comparada ao restante do conjunto
arquitetônicos. Os azulejos portugueses no interior do térreo foram substituídos por pintura a óleo,
com isso o valor histórico ficou destituído.
Até o presente momento o Solar não passou pelo processo de tombamento. É importante
salientar que a construção conserva seus traços arquitetônicos bem definidos, manifestando-se como
um referencial para a cidade. Construído em três pavimentos, sendo seu estilo predominantemente
Colonial Português.
O objetivo desse estudo é trazer reflexões acerca de como os casaris Santarenos estão sendo
cada vez mais descaracterizados, já que a maioria da população local desconhece os processos legais
que asseguram a preservação do patrimônio e não existe de fato uma valorização ou sequer um
sentimento de posse capaz de conservar o que tem restado de arquitetura colonial bem definida na
cidade. Até existem recursos disponíveis para investimentos nesses processos mas como não há uma
manifestação, a situação tende a agravar-se com o tempo.
MATERIAIS E MÉTODOS: A metodologia empregada propôs-se a analisar os dados de forma
quantitativa, usando percepções e análises, bem como descrição da complexidade da problemática
abordada. Já os procedimentos utilizados, consistiram na coleta de dados com pesquisas
bibliográficas, análise iconográfica da fachada além da pesquisa in loco. Através disso obtivemos a
noção da dimensão temporal do objeto histórico estudado e sua evolução durante o decorrer do tempo
bem como seus processos construtivos e mediante essas informações ressalta-seo contexto regional
o qual foi construído a edificação e possíveis alterações provenientes de seu uso e por fim gerou-se
um diagnóstico do estado de conservação do objeto cultural.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Segundo o “Guia de visitação: A Arquitetura histórica de
Santarém” o Solar Barão de Santarém encaixa-se no estilo de arquitetura Colonial com influência do
estilo eclético com domínio de linhas neoclássicas. Em uma análise arquitetônica da edificação logo
notamos a presença de um frontão triangular que abriga o brasão emblema do Barão de Santarém,
assim com a platibanda ao fim do segundo andar, escondendo o beiral. Como de caráter no estilo,
ocupação total do lote, assim como sacadas com peitoril em ferro, piso do andar térreo em tijoleira e
simetria na fachada. Sua estrutura foi pouco modificada ao longo dos anos mais ainda conserva o
número original de aberturas, escadaria, tipos pisos originais, e outros detalhes arquitetônicos da
época. Sua fachada encontra-se em sua composição original, desconsiderando o passar dos anos e a
falta de manutenção e a poluição visual causada pelas placas das lojas que ocupam o térreo do edifício.
314
Seu estado de conservação atualmente é precário, logo na fachada percebe-se que a edificação não é
cuidada como deveria. O reboco, na parte inferior da fachada, está por sacar assim como infiltrações.
Além da falta de reparos e assistência na parte interna do Solar.
Paredes externas (Técnicas construtivas, Estruturas, Materiais e Acabamentos) Quanto às
paredes externas e internas, a técnica construtiva da época é taipa de pilão. Sua estrutura é de barro e
madeira. Quanto aos acabamentos das paredes externas, seu revestimento original é em tinta de cor
amarelo e terracota e os portais das janelas e das portas, são pintados de verde, atualmente as cores
utilizadas são alaranjado brasa e verde escuro. Como já citado anteriormente, a composição da
fachada do Solar é presente de: frontão triangular (sótão), platibanda, sacadas com grades de ferro,
sete janelas no térreo, sete no segundo pavimento e três no último. O estado de conservação das
paredes é precário, observa-se no rodapé a deterioração do reboco e com isso a exposição da estrutura,
assim como mofo e infiltração na parte superior da edificação. Seus traços originais foram
preservados.
Cobertura (Técnicas construtivas, Estruturas, Materiais e Acabamentos) Quanto à
cobertura sua estrutura é de madeira e as telhas são de barro tipo capa e canal. O telhado encontra-se
em estado precário e já sofreu diversas intervenções. Devido ao descuido gerou-se então, algumas
infiltrações e goteiras no prédio, que contribuíram para a deterioração do mesmo. A cobertura é de
duas águas, a edificação conta com a presença de um sótão, seu beiral é escondido por uma platibanda
no segundo pavimento e o frontão triangular no último, o método de escoamento das águas
“atualmente” é feito por calhas de PVC, que estão expostas pela fachada.
Aberturas e elementos integrados (Técnicas construtivas, Estruturas, Materiais e
Acabamentos) Quanto às aberturas, o Solar possui em sua fachada um total de dezessete aberturas,
são elas: sete no térreo, sete no segundo pavimento e três no terceiro pavimento “sótão”. O Solar
possui no total de 17 aberturas externas e 54 portas internas. Os caixilhos das portas e janelas
encontram-se em bom estado, assim como as folhas de madeira que compõe as mesmas (não se sabe
ao certo se foram substituídos ao longo dos anos), observa-se a falta de alguns vidros que fazem a
vedação dos portais das portas. De modo geral as aberturas e elementos integrados encontram-se em
bom estado de conservação.
-Análise iconográfica da Fachada do Solar do Barão:
Postal de 1974 de Santarém - Fonte: Livro Meu Baú Mocorongo vol.5
315
Solar do barão julho de 1889. O Solar do Barão de Santarém
Fonte: Museu de Arte SacraFonte: Meu Baú Mocorongo vol. 3
A partir das informações obtidas neste presente estudo de caso, o Solar do Barão de Santarém
se encontra em processo de deterioração diante da falta de reparos tanto dos proprietários e do poder
municipal, e cabe ao mesmo entrar com processo de tombamento material. O tombamento é definido
como um ato de reconhecimento do valor histórico de um bem, transformando-o em patrimônio
oficial público e instituindo um regime jurídico especial de propriedade, levando em conta sua função
social e preservando a cédula de identidade de uma comunidade, e assim, garantir o respeito à
memória do local e a manutenção da qualidade de vida. Apesar de Santarém ser rica em edificações
históricas, não existe na lista do Iphan nenhum registro de entrada no processo de tombamento.
CONCLUSÃO:Segundo o site G1 notícias em novembro de 2014, a Câmara de Vereadores aprovou
o Projeto de Lei, de autoria do vereador Marcílio Cunha, que trata sobre o patrimônio histórico de
Santarém e que prevê a catalogação dos prédios antigos da cidade bem como a criação de um livro
de tombamento. Dentro do projeto de lei, também existe a criação do fundo municipal do patrimônio
cultural para facilitar a vinda de recursos federais (PAC) e estaduais para a preservação dos prédios
históricos. Projetos como esse são uma porta de entrada para os patrimônios históricos serem
reconhecidos, vale lembrar que a preservação desses bens poderá impulsionar o turismo no município
trazendo benefícios e renda para a população.
O reconhecimento e atribuição de valor é assegurado por meio do tombamento: instrumento
que atribui valor cultural a um bem material e determina sua proteção e preservação pelo Estado sem
alterar seu título de propriedade. Seria de extrema importância um tombamento no município, dando
um grande passo também para outros casarões serem preservados e valorizados nas áreas de entorno,
se um bem for tombado consequentemente os que estão próximos se beneficiam dessa salvaguarda.
A comunidade tem papel importante nesse processo, mas ainda é bastante desconhecedora quanto a
importância desses patrimônios históricos para as futuras gerações.
316
REFERÊNCIAS
AMORIM, Antônia Terezinha dos Santos- Santarém: Uma Síntese Histórica- Editora: ULBRA,
1999. Primeira edição, Santarém- Pa
Faculdades integradas do Tapajós. Guia de visitação a arquitetura histórica de Santarém: [Projeto
Produção de Réplicas e Catalogação dos Prédios históricos de Santarém - II Etapa] / FIT:
[Coordenação de Antônia Teresinha dos Santos Amorim]. – Santarém: Gráfica Global, 2010.
FONSECA, Wilde Dias da - Santarém: Momentos Históricos, Gráfica e Editora Tiagão, quarta
edição, 1996, Santarém- Pa
Estefany Miléo de Couto. Casarõeshistóricos de Santarém- Um estudosobreossobrados e
prédioshistóricos e sua significaçãodentro da área central da cidade de Santarém. UFPA, 2013.
(Dissertação de Mestrado)
FONSECA, Wilde Dias da. O município de Santarém – Suas histórias e seus encantos. Santarém
Pa, 2002.
317
VERIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS NA PAVIMENTAÇÃO DA AVENIDA MENDONÇA
FURTADO NO BAIRRO APARECIDA, SANTARÉM-PA
Arthur Almeida Silva¹
Wesley Aguiar Pinto2
Verônica Solimar Dos Santos3
Isabel Cristina Tavares Martins4
Roseclea Bezerra Gaspar5
Alessandro Santos Araújo6
RESUMO: O trabalho a seguir tem como objetivo geral a análise, seguindo as normas do DNIT, das patologias
referentes à pavimentação da Avenida Mendonça Furtado, do Bairro Aparecida, no município de Santarém – PA. O
objetivo específico é de servir como base para futuras ações de correção quanto 26 aos problemas analisados no presente
artigo. A justificativa é pautada no grande fluxo dessa via estudada, onde as patologias interferem na fluidez do trânsito.
A metodologia consiste em uma análise in loco dessa avenida do bairro Aparecida.
PALAVRAS-CHAVES: ANÁLISE. PATOLOGIAS. PAVIMENTAÇÃO.
INTRODUÇÃO: A pavimentação de uma via tem sua estrutura edificada acima de um terreno de
fundação, a qual deve resistir à ação do tempo e das cargas atuantes. O asfalto apresenta a seguinte
composição: camada de revestimento, camada de base e de sub-base. A primeira camada tem a
finalidade de impedir a infiltração das águas superficiais, podendo ser de asfalto ou concreto. A
segunda tem como objetivo diminuir a tensão das camadas abaixo, além de combater as deformações
e tensões que agem sobre a camada, e permite que a água infiltrada seja drenada. A camada de sub-
base tem o objetivo de diminuir Afundamentos em Trilha de Rodas (A.R.T) e a espessura da Base, e
também proteger o Subleito. Com base nestas necessidades o DNIT especificou as normas para
avaliação de qualidade do pavimento que são DNIT 005, DNIT 006, DNIT 007, DNIT 008 e DNIT
009 sendo que utilizaremos para avaliação desta pesquisa o DNIT 005 e DNIT 006.
Figura 1: Camadas de Composição do Asfalto
https://patologiaifap.wordpress.com
Devido à ação do tempo e das cargas que atuam sobre o asfalto, surgem as patologias, que
apresentam duas formas gerais: patologias estruturais e funcionais. As Estruturais são as que
1 Graduação, Acadêmico do Ceuls Ulbra, Curso de Engenharia Civil. 26
² Graduação, Acadêmico do Ceuls Ulbra, Curso de Engenharia Civil.
³ Professora, Ceuls Ulbra. 4Ma. Geofísica. Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA. 5Esp. Tecnologia de Alimentos. Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA. 6Me. Estruturas e Construção Civil. Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA.
318
interferem no pavimento quanto ao suporte das cargas atuantes sobre o mesmo. Já as funcionais,
ocorrem quando a segurança e as condições de tráfego são afetadas.
MÉTODO
1.1 MÉTODOS DE LEVANTAMENTOS DE DEFEITOS CAMPO
Os estudos por meio da caminhada são usados para levantamentos que utilizam dados mais
precisos sobre a condição do trecho avaliado. Em quanto levantamentos que necessitam avaliações
de grandes trechos de uma rede são realizados com a ajuda de veículos.
1.1.1 Análise de combinados de defeitos
Para análise ser realizada com perfeição e necessário converter os dados dessas avaliações em
um valor, para um índice combinado de defeitos, que tenha como utilizar como método de avaliação
na tomada de decisão nas atividades de manutenção e reabilitação.
O (IGG) Índice de Gravidade Global e o utilizado no Brasil, que e um índice de defeitos
associados, definido por um número que possibilita a avaliação da situação de degradação de somente
uma seção. A norma do DNIT 006/2003 PRO, estabelece as condições necessárias da superfície de
pavimentos flexíveis e semirrígidos e estabelecer a forma de calcular o IGG, utilizando os defeitos
encontrados em campo.
O IGG e calculado com fatores de ponderação aplicáveis a cada evento (frequência relativa
estações com ocorrência de cada tipo de defeito),pesos caracteriza o danos causados no pavimento.
As Equações para seu cálculo são apresentadas a seguir (DNIT,2006):
∫ 𝑟 =𝑓𝑎𝑥 100
𝑛
𝐼𝐺𝐼 = 𝑓𝑟𝑋𝑓𝑝
𝐼𝐺𝐺 = ∑ 𝐼𝐺𝐼
Em que:
𝑛𝑗: numero de estações inventariadas
𝑓𝑝; fator de ponderação de defeito
IGI: Índice de Gravidade Individual (correspondente a cada evento
considerado isoladamente);
𝑓𝑎: frequência absoluta ( numero de vezes que a ocorrência e verificada)
𝑓𝑟: frequência relativa( numero de vezes e que a ocorrência e verificada em
relação ao total de estações.
319
1.2 INVENTÁRIO DAS OCORRÊNCIAS
Para cada demarcação deve ser anotado a presença de ocorrência no pavimento, de acordo com
a norma DNIT 005/2003-TER com as particularidades:
A norma especifica que todas as trincas Isoladas serão tipo I
Os remendos serão a notados como remendos –R
Deve ser anotado, ainda, o tipo de seção de terraplenagem ocorrência na estação de avaliação
(A=Aterro, C=Corte, SMA= Secção mista, lado de aterro, SMC=Corte em rocha, PP=Ponto de
passagem).
1.3 CÁLCULOS
1.3.1 Frequência absolutas e relativas
Nas ocorrências a seguir de abordo com a descrição da Norma DNIT 005/2003-TER devem ser
calculadas as frequências absolutas e relativas das ocorrências: Tipo l - Trincas Isoladas (FI, TTC,
TTL, TLC, TLL e TRR) ; Tipo 2 - FC-2 (J e TB); Tipo 3 - FC-3 (JE e TBE); Tipo 4 - ALP e ATP;
Tipo 5 - O e P; Tipo 6 – EX; Tipo 7 – D eTipo 8 – R.
A frequência absoluta (fa) corresponde ao número de vezes em que a ocorrência foi verificada. A
frequência relativa (fr) é obtida através da fórmula:
∫ 𝑟 =𝑓𝑎𝑥 100
𝑛
fr - frequência relativa;fa- frequência absoluta;n - número de estações inventariadas
As categorias de classificação da qualidade do pavimento vão de PÉSSIMO a ÓTIMO,
passando por subclassificações, dependendo do IGG. A classificação de ÓTIMO tem IGG contido
entre 0 e 20; BOM tem IGG entre 20 e 40; REGULAR tem IGG entre 40 e 80; RUIM entre 80 e 160
e PÉSSIMO tem IGG maior que 160. O IGG é dado pela soma dos IGI dos trechos analisados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir dos dados coletados na pesquisa de campo com relação
à Avenida Mendonça Furtado foi elaborada a tabela seguinte, que foi construída com base nas normas
DNIT.
(1.1)
320
Tabela 1: Composição do IGG
Fonte: DNIT 006/2003
De acordo com os cálculos, foi constatado que a Avenida se apresentou REGULAR segundo
as normas do DNIT, estando com IGG compreendido entre 40 e 80.
O pavimento pesquisado é o CBUQ, o mesmo apresentou desgaste regular devido sua
capacidade elevada de resistência ao tráfego de veículos, o que possibilitou a ocorrência de menor
quantidade de patologias com o avanço de sua idade.
CONCLUSÃO: De acordo com o que foi constatado, é possível depreender que a Avenida
Mendonça Furtado, no trecho contido no Bairro Aparecida, apresenta poucas falhas a serem
corrigidas. Dessa forma, o poder público precisará de poucos gastos para solucionar os problemas
ainda existentes nesse perímetro.
REFERÊNCIAS
NORMA DNIT 005/2003 TER- Defeitos nos pavimentos flexíveis e semi-rígidos Terminologia
NORMA DNIT 006/2003 PRO - Avaliação objetiva da superfície de pavimentos flexíveis e
semi-rígidos - Procedimento
NORMA DNIT 007/2003 PRO - Levantamento para avaliação da condição de superfície de
subtrecho homogêneo de rodovias de pavimentos flexíveis e semi-rígidos para gerência de
pavimentos e estudos e projetos Procedimento
RODOVIA:Residencial Salvaçao DATA:05/10/2017 Folha:1
Estaca ou Quilomentro Estaca ou Quilomentro
Frenquencia
Frenquencia absoluta Frenquencia relativa Fator de ponderação Indice de gravidade Observaçoes
absoluta considerada individual
Trincas isoladas FI, TTC, TTL
TLC, TLL, TRR
Média aritmética dos valores
médios das flechas medias
em mm nas TRI e TRE
Média aritmética das
variancias das flecha medidas
em ambas as trilhas
20 77,51 Conceito
Visto
1,34
1
Arthur Almeida Silva
Ruim1 B) IGI = 40 quando F > 30
2 A) IGI = FV quando FV ≤ 50
2 B) IGI = 50 quando FV > 50
Operador
Conceito
N° TOTAL DE ESTAÇÕES Ʃ IND. GRAVID. IND. =IGG
1 A) IGI = F x 4/3 quando F ≤ 30
F =
Fv =10
0
1,34
1
0,2
0
0
0
1,5
18,67
0
0
0
55
0,9
1
0
5
0
0
0,3
0,6
93,33
0
0
0
55
TRI =
TRIv =
18,67
0
0
0
1
0
1
1
14
0
0
0
11
TRECHO:1
PLANILHA DE CALCULO DO INDICE DE GRAVIDADE GLOBAL
REVESTIMENTO TIPO:TSDSUB-TRECHO:
Item Natureza do defeito
1
2
3
4
5
7
8
9
D
R
(FC-2)J, TB
(FC-3) JE, TBE
ALP, ATP, ALC, ATC
O, P, E
6 EX
321
NORMA DNIT 008/2003 PRO - Levantamento visual contínuo para avaliação da superfície de
pavimentos flexíveis e semi-rígidos Procedimento
NORMA DNIT 009/2003 PRO - Avaliação subjetiva da superfície de pavimentos flexíveis e
semi-rígidos Procedimento
322
323
A ANÁFORA COMO ELEMENTO DIDÁTICO PARA A COMPREENSÃO DE TEXTOS
CIENTÍFICOS NO ENSINO SUPERIOR
27Maria Sheyla Gama Sousa1
28Poliana Felix de Souza2
RESUMO: O presente trabalho de pesquisa resulta do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica (PROICT),
financiado pelo CEULS ULBRA e visa descrever a contribuição que a consciência anafórica empresta às condições
leitoras de acadêmicos iniciantes na universidade. O público alvo constitui-se de alunos do CEULS, de todos os cursos
ofertados pela Instituição, mais precisamente de alunos matriculados na disciplina Comunicação e Expressão,
componente curricular comum a todos os alunos ingressantes na referida instituição. A metodologia praticada incluiu a
entrevista, a aplicação de testes e análise de resultados a partir de variáveis que mediram, por exemplo, a ocorrência de
tipos de anáfora e o impacto disso na percepção específica de elos coesivos em artigos lidos na disciplina. Os resultados
apontam que o estudo e a prática dos tipos de anáfora no ensino superior contribuem decisivamente para a prática mais
produtiva de textos em âmbito universitário.
PALAVRAS-CHAVE: CONSCIÊNCIA ANAFÓRICA; GÊNERO TEXTUAL; ENSINO SUPERIOR.
INTRODUÇÃO: As estratégias de leitura no ensino superior remetem, dentre outros componentes
didáticos, ao contato do aluno em redes de comunicação científica, notadamente o artigo científico, a
dissertação acadêmica, o ensaio cientifico. A leitura de tais gêneros acadêmicos, demanda, por
conseguinte, uma prática não usual desses gêneros, antes da entrada no ensino superior. Nesse
processo de imersão do aluno em novas condições de reconhecimento textual, a disciplina
Comunicação e Expressão, ofertada, geralmente, nos primeiros semestres dos cursos do Centro
Universitário Luterano de Santarém, CEULS, tem como elemento didático importante os tipos
básicos de anáfora para a promoção da competência leitora. O presente trabalho visou identificar de
que forma a consciência anafórica, entendida como a percepção/domínio de elos coesivos entre
elementos textuais referentes e suas formas de substituição semântica no ato da leitura e da escrita,
influenciam para a apropriada compreensão de textos acadêmicos, notadamente os artigos científicos.
A pesquisa envolveu 114 alunos ingressantes nos cursos ofertados pelos CEULS em 2017 e teve
como método científico o levantamento quantitativo através de testes, bem como a análise qualitativa
dos mesmos, mediante variáveis determinantes para o estudo em questão, seguida de entrevistas com
os alunos envolvidos.
MÉTODO: Por se tratar de um estudo de avaliação didática, o que caracteriza condições de um
estudo quanti-qualificativo, o trabalho envolveu várias etapas: uma sequência didática desenvolvida
pela professora da disciplina, Maria Sheyla Gama, aplicação de testes, análise dos resultados,
1Professora do CEULS-Ciclo de Formação Geral, Mestre em Linguística, Pesquisadora PROICT ULBRA 27 2Acadêmica do Curso de Engenharia Civil, bolsista do PROICT ULBRA. 28
324
efetivação de entrevistas, relato dos principais resultados, tarefas desempenhadas conjuntamente com
a bolsista do Proict, Polyana Felix de Souza.
Vários trabalhos dão conta da anáfora, conforme já publicado neste Congresso (cfr SOUSA E
SOUZA, 2016). A opção teórica que embasou a atual pesquisa recaiu sobre Mônica Cavalcante
(2003), por se tratar de uma obra que busca delinear uma classificação passível de compreensão ao
jovem acadêmico, a quem foi apresentada uma consideração teórica suficientemente prática para os
fins didáticos almejados. Fez-se uma diferenciação maior entre os tipos de anáfora, em dois grandes
blocos, adaptação a partir do pressuposto teórico adotado. De um lado, trabalhou-se a anáfora que se
remete integralmente ou parcialmente ao conteúdo do objeto referido; de outro, a anafóra que
promove um acréscimo de informação ao objeto textual referido, que busca renomear o objeto textual.
Ao primeiro tipo, usou-se o termo anáfora co-significativa e a outro tipo, o termo anáfora
encapsuladora.
A sequência didática proposta aos alunos constituiu-se de explicitação e discussão acerca das
relações lógico-semânticas, concretizadas gramaticalmente e estabelecidas em artigos científicos,
com a assistência da professora, mediante a leitura atenta de textos. Foram duas aulas de 03 horas
neste objetivo. Os alunos foram submetidos aos testes em dois momentos; para efeito quantitativo
deste trabalho, considerou-se apenas o segundo teste.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
TABELA 01: Desempenho por tipo de Anáfora
Tipos de
anáfora
Total de
acertos
previstos
por grupo
Grupo
A
Grupo
B
Grupo
C
Grupo
D
Grupo
E
Média de acertos
entre os grupos
Co-significativa 221 51 108 69 180 80 53,21%
Encapsuladora 195 47 93 120 171 72 48,2%
Fonte: As autoras, 2017.
A partir dos dados sintetizados na tabela acima, consideram-se os seguintes pontos de discussão
dos mesmos.
Ainda que os dados evidenciem que a maioria dos alunos investigados tenham domínio próximo
de 50% de acertos nos dois tipos, observa-se a pouca ou quase nula convivência com artigos
científicos, fato evidenciado quando os alunos foram entrevistados, pois a maioria, 93% deles, cursa
o primeiro ano de faculdade e não tiveram acesso a este gênero acadêmico.
As anáforas encapsuladoras do teste, cujo desempenho analisado apresentou menor incidência
de acertos, retomavam ou sintetizavam expressões ou informações voltadas à análise
problematizadora do tema Educação na contemporaneidade. O reconhecimento de tais retomadas
325
durante ato de ler, de cunho predominantemente científico argumentativo, não é comum a boa parte
dos ingressantes na universidade. Nossa hipótese é que a não familiarização com artigos científicos
tenha provocado esse desempenho ou a pouca familiaridade com a noção de anáfora, visto que duas
aulas alternadas com duração de 03 horas cada uma, para uma parcela dos alunos, 26% foi
considerada insuficiente para apreender um assunto que nunca tinham visto anteriormente, mesmo
tendo estudado o tema “tipos de orações subordinadas e coordenadas” no ensino básico.
Acresce-se que o estudo da anáfora ainda não está popularizado nos espaços de ensino pré-
vestibular, tanto em salas de aula dos colégios quanto nas salas de cursinho santarenas. As entrevistas
demonstram tal defasagem e os testes também podem evidenciar isso.
As entrevistas também mostram que 75% dos alunos consideram que sua leitura apresenta
maior qualidade mediante a consciência anafórica e reconhecem que não prestavam anteriormente
atenção a determinadas relações entre palavras ou expressões que compunham os textos ou não foram
trabalhados didaticamente para isso.
CONCLUSÃO: O estudo em pauta evidencia a importância da anáfora como elemento didático, não
somente na universidade mas em todos os ambientes escolares. Os dados evidenciam que tal domínio
necessita que as relações coesivas textuais necessitam ser abordadas a partir de gêneros textuais
argumentativos, não só em práticas de leitura, mas também na construção de anáforas pelos alunos.
As habilidades de compreensão do texto a ser lido demanda também uma abordagem didática
mais sociointerativa, discursiva em sala de aula, mediante o diálogo sobre as relações textuais
concretizadas no texto, muitas vezes até provocando o debate e a troca de opiniões. Evidencia-se
também que a consciência anafórica deve ser uma ação didática contínua durante o semestre, visto
que esta auxilia no desenvolvimento de outros componentes curriculares, como o domínio das regras
cultas de concordância, a elaboração de paráfrase e de resenhas temáticas, também componentes da
disciplina Comunicação e Expressão.
Os dados levantados serviram para que os alunos recebessem maior atenção quanto à sua
consciência anafórica durante o semestre, marcada pela constante troca de informações e busca do
redirecionamento quanto às dificuldades obervadas.
REFERÊNCIAS
CAVALCANTE, M.; RODRIGUES, B.; CIULLA, A. (orgs.) Referenciação. São Paulo; Contexto –
(Coleção Clássicos da linguística), 2003.
KOCH, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2002.
326
KOCH, Ingedore Villaça. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2003.
KOCH, Ingedore Villaça. Introdução à lingüística textual. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Atividades de referenciação, inferenciação e categorização na
produção de sentido. In: FELTES, Heloísa Pedroso de Moraes (org.). Produção de sentido: estudos
transdisciplinares. KOCH, Ingedore Villaça; MORATO, Edwiges Maria; BENTES, Anna Christina.
(Orgs.). Referenciação e discurso. São Paulo: Editora Contexto, 2005.
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Anáfora indireta: o barco e suas âncoras. In: KOCH, Ingedore
Villaça; MORATO, Edwiges Maria; BENTES, Anna Christina. (Orgs.). Referenciação e discurso.
São Paulo: Editora Contexto, 2005.
MONDADA, L.; DUBOIS, D. Construção dos objetos de discurso e categorização: Uma
abordagem dos processos de referenciação. In: RODRIGUES, B; CIULLA, A. (orgs.
Referenciação. São Paulo: Contexto – (coleção Clássicos da Linguística), 2003.
SOUSA, M. Sheyla Gama; SOUZA, Poliana Felix. A Progressão de ideias em textos
argumentativos: O papel da anáfora. In XVII Congresso de Ciência e Tecnologia da Amazônia,
2016. CEULS/ULBRA. Caderno de Resumos Expandidos. Santarém-PA
327
A EDUCAÇÃO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO E SUAS DICOTOMIAS COM A
EDUCAÇÃO BRASILEIRA
29Samuel Rodrigo Marques Walker¹
Maria Lilia Imbiriba Colares2
RESUMO: No que se refere a Educação Brasileira, não é novidade trabalhos científicos que apontem suas falhas.
Porém o objetivo deste trabalho não seguirá esta linha de raciocínio, mas buscará nos exemplos de Educação bem-
sucedidas pelo mundo alternativas para a transformação da realidade educacional brasileira. Através de uma pesquisa
bibliográfica, ficou evidente, nos países abordados, a importância governamental e social dada ao papel do professor e a
atenção e manutenção da educação básica e secundária. O Brasil encontra-se no limiar da transformação, reconhecendo
que o atual sistema de ensino não alcança os resultados almejados, como aponta teóricos brasileiros, porém se faz
necessário mais que uma análise, mas sim uma práxis educacional, que busque a verdadeira valorização docente e
discente, entendendo que a sociedade está interligada com a educação e a educação com a sociedade, com a economia e
com a realidade cultural.
PALAVRAS-CHAVES: EDUCAÇÃO COMPARADA; EDUCAÇÃO BRASILEIRA; EDUCAÇÃO MUNDIAL.
INTRODUÇÃO: De acordo com Kandel, a importância de se fazer uma abordagem comparativa dos
problemas da educação em um país “recai em uma análise das causas que os produziram,
comparando-se as diferenças entre os diversos sistemas e as razões subjacentes e, finalmente, em um
estudo das soluções.” (KANDELL, 1933, p. xix). Partindo da concepção de Kandel, em uma estrutura
de análise, comparação e resolução, e através de uma análise do ranking feito pela Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde o Brasil é classificado como 39º entre
40 países este trabalho é fundamentado. Sendo assim, fazer uma análise da dicotomia da educação
brasileira com os países melhores colocados do ranking da OCDE, sem ignorar as diferenças
socioculturais de cada país, se torna a questão a ser respondida e o objetivo principal deste trabalho.
Afinal, porque o Brasil encontra-se tão distante de uma realidade educacional de qualidade? A
resposta a esse questionamento vem de uma análise de 3 países do ranking: Finlândia, que possuí a
Educação mais eficiente e desenvolvida do mundo; de Luxemburgo, que é o país que mais valoriza a
educação fundamental no mundo; e o Canadá, país com uma diversidade étnica e cultural
diversificada, assim como o Brasil, e um dos países que mais valorizam os professores. Fazendo,
posteriormente, uma comparação dentre a educação nos países supracitados e a educação no Brasil.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Quando nos deparamos com o ranking da OCDE, que tem como
critérios de avaliação o desempenho dos alunos no PISA (Programme for International Student
Assessment – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), a média de anos que os alunos
passam na escola e a porcentagem da população que está cursando ensino superior, podemos
1 Acadêmico de graduação em Licenciatura em Pedagogia na Universidade Federal do Oeste do Pará; Integrante do
HISTED/Br UFOPA; Bolsista PIBEX. 29
2 Pós doutora, professora na Universidade Federal do Oeste do Pará.
328
evidenciar que a educação do Brasil não caminha no rumo certo, mas que há exemplos a seguir para
mudar este panorama. Mesmo gastando quase o mesmo valor do PIB em educação do que em países
desenvolvidos, o Brasil demonstra que tem gerenciado mal suas finanças, no que se diz respeito a
educação, devido os índices de evasão escolar, repetência e as recorrentes más colocações em
rankings de educação mundial. Praticamente todas tentativas de elaborar metodologias baseadas em
métodos de outros países no Brasil não obtiveram pleno êxito, como, por exemplo, o Escolanovismo,
e isso, principalmente, devido a ignorância das diferenças e realidades socioculturais e econômicas
entre os países. Mas então não existe nada que podemos nos aproveitar dos exemplos dos líderes do
ranking no que se refere a educação? Certamente que sim. Kendall demonstra, através de sua
Educação Comparada, que há meios para se apropriar dos exemplos dos sistemas de ensino de outros
países em prol do desenvolvimento educacional de outros países, nesse caso, do Brasil. Do ranking
da OCDE, três países se destacam por peculiaridades que podem ajudar e mostrar um norte para
educação brasileira. A Finlândia, primeiro país do Ranking da OCDE, se viu na necessidade, no
princípio de 1990, de começar uma reforma na Educação devido a desintegração da URSS, um dos
seus maiores parceiros comerciais. E essa reforma se deu quando “[...] os educadores e educadoras
finlandeses e os decisores políticos escrutinaram tudo, desde o curriculum e manuais até aos salários
e administração.” (AHO, PITKÄNEN & SAHLBERG, 2006, p. 1), e, no mesmo momento, a
formação docente sofreu uma revisão, buscando uma elevação a nível universitário. Diretor-Geral da
Mobilidade e Cooperação Internacionais no Ministério da Educação e Cultura da Finlândia e um dos
mais reconhecidos educadores finlandeses, Pasi Sahlberg, afirma que além da Nokia, principal marca
global do país, a “[...] Peruskoulu, a escola básica comum de 9 anos, foi o outro fator-chave desta
viragem da economia e da sociedade finlandesa” (SAHLBERG, 2011, pp. 1-2). Há alguns argumentos
que podem ser levantados acerca do sucesso da educação finlandesa, mas eles se resumem aos fatos
de a Finlândia ser um país pequeno e possuir uma sociedade homogênea. Entretanto nos EUA, onde
a educação é de incumbência de cada estado, e estados que são, muitas vezes, maiores que muitos
países da Europa, não se tem resultados semelhantes; e, desde a entrada na União Europeia a
diversidade étnica e cultural elevou-se de maneira considerável, fazendo com que algumas escolas da
Helsínquia possuíssem metade de sua população escolar de filhos de imigrantes. Certamente o papel
do professor na Finlândia é de crucial importância para a sua ascensão educacional, social e
econômica, como afirma Niemi
Na Finlândia, os professores e professoras representam uma profissão de elevada qualidade
acadêmica e ética. Têm de assumir um papel ativo na problematização daquilo que ensinam,
como ensinam e dos fins que têm em vista. Devem considerar-se a si próprios e a si próprias
como intelectuais públicos que combinam concepção e aplicação, pensamento e prática, na
sua ação em favor de uma cultura de valores e justiça democráticos. Têm o direito e a
obrigação de articular as necessidades e desafios educacionais na sociedade que servem.
(NIEMI, 2012, p. 35).
329
Luxemburgo tem feito aquilo que o Brasil deveria estar fazendo a muito tempo no que se refere
a Educação Básica. De acordo com a OCDE, Luxemburgo é o país que mais gasta com a educação
básica no mundo (US$ 21,2 mil), e o resultado desse investimento é visível nas taxas de alfabetização,
onde cem por cento dos jovens com mais de 15 anos de Luxemburgo são alfabetizados e pelas notas
do PISA (29º em matemática; 32º em português; 34º em ciências). Como afirma Fonseca, “Muitos
estudos vem mostrando a importância desse período [educação básica] para o lançamento de alicerce
de um desenvolvimento integral, sadio e harmonioso da criança, do jovem e do adulto. ” (FONSECA,
1999, p. 198). Este subsídio e forma de organização na distribuição visa uma melhor preparação dos
estudantes para a educação superior, demonstrando um compromisso do governo na formação, desde
o princípio, compreendendo que a sociedade se resume na educação que é ministrada em sala de aula.
Apesar de estar a apenas quatro posições acima do Brasil no ranking da OCDE, a diferença
educacional, econômica e social de Luxemburgo para o Brasil é gritante, entretanto gera a esperança
que não estamos tão longe assim da transformação. No Canadá, apesar de ser uma país diversificado
culturalmente, com uma extensão territorial de larga escala e possuir 2 línguas oficiais (Inglês e
Francês) não impede que a taxa de alfabetização da população seja de 99%, e de que o cargo de
professor seja valorizado e até almejado. 95% dos estudantes do Canadá estão matriculados em
escolas públicas, isso não impede que o país ocupe o décimo lugar no ranking da OCDE. A principal
característica da educação do Canadá que poderia ser utilizado no Brasil e em outros países visando
o desenvolvimento integral da educação é, segundo Kenicke o
Planejamento e formulação de políticas educacionais de longo prazo; formação adequada e
permanente de professores; adaptação de currículos às características regionais, sem prejuízo
do aprendizado de base, na elaboração de projetos pedagógicos; flexibilidade do currículo,
com oferta de disciplinas obrigatórias e eletivas a partir do ensino médio. (KENICKE, 2014,
p. 103)
São três países diferentes culturalmente e economicamente, porém que possuem um ponto em
comum: a consciência governamental e social da importância de uma educação de qualidade, o que
se reflete no pleno desenvolvimento de cada país.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Quando se analisa a sistema de ensino dos países que são referências
em cada âmbito, seja na organização e no sistema de ensino como a Finlândia; no uso devido e
consciente do dinheiro público em educação, como Luxemburgo; ou na valorização da profissão
docente, como no Canadá, fica manifesto as modificações que devem ser feitos no sistema de ensino
brasileiro. Em um contexto histórico, nenhum dos países citados nasceu com uma educação
desenvolvida, mas buscou no decorrer de sua história esse desenvolvimento, com lutas e desafios.
330
Assim também o Brasil deve se colocar mediante a atual situação do seu sistema educacional, como
diz Vázquez
A teoria em si [...] não transforma o mundo. Pode contribuir para a sua transformação, mas
para isso tem que sair de si mesma, e, em primeiro lugar tem que ser assimilada pelos que
vão ocasionar, com seus atos reais, efetivos, tal transformação. Entre a teoria e a atividade
prática transformadora se insere um trabalho de educação das consciências, de organização
dos meios materiais e planos concretos de ação; tudo isso como passagem indispensável para
desenvolver ações reais, efetivas. Nesse sentido, uma teoria é prática na medida em que
materializa, através de uma série de mediações, o que antes só existia idealmente, como
conhecimento da realidade ou antecipação ideal de sua transformação. (1968: 206-7)
Com base no ranking da OCDE, podemos observar que não são os países mais ricos que
possuem os melhores sistemas educativos, mas sim os países que mais valorizam a educação, através
de políticas públicas que visem o social, o educacional, não apenas o econômico. Para desenvolver o
seu sistema de ensino o Brasil não precisa primeiramente se desenvolver economicamente, pelo
contrário, o Brasil só se desenvolverá economicamente se sua educação estiver estruturada e
organizada, com melhores metodologias e com professores capacitados e valorizados.
REFERÊNCIAS
KANDEL, I. Comparative education. New York: Houghton Mifflin, 1933.
O Problema da Educação. Disponível em: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,o-problema-
da-educacao,70001997932. Acesso em: 01 out. 2017.
AHO, Erkki & Pitkänen, KARI & SAHLBERG, Pasi (2006). Policy Development and Reform
Principles of Basic and Secondary Education in Finland since 1968. Washington: The World
Bank, Education Working Paper Series, Nº 2, 159 p. Disponível em:
http://siteresources.worldbank.org/EDUCATION/Resources/2782001099079877269/547664-
1099079967208/Education_in_Finland_May06.pdf Acesso em: 01 out. 2017.
SAHLBERG, Pasi (2011). Finnish lessons: what can the world learn from educational change in
Finland. New York: Teachers College Press, 208 p.
OCDE: Brasil está entre os que menos gastam com ensino primário, mas tem investimento ‘europeu’ em
universidade. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/ocde-brasil-esta-entre-os-que-
menos-gastam-com-ensino-primario-mas-tem-investimento-europeu-em-universidade.ghtml. Aceso
em: 01 out. 2017.
Niemi, Hannele (2012). 2. The Societal Factors Contributing to Education and Schooling in
Finland. In Hannele Niemi & Auli Toom & Arto Kallioniemi (Edited by), Miracle of Education –
The Principles and Practices of Teaching and Learning in Finnish Schools. Rotterdam: Sense
Publishers, 302 p., ix-xi., 19-38.
FONSECA, João Pedro da. A Educação Infantil. In: MENESES et al. Estrutura e Funcionamento da
Educação Básica. São Paulo: Pioneira, 1999.
331
O sistema educacional canadense. Disponível em:
http://www.studycanada.ca/brazil/educacion.htm. Acessado em 02 out. 2017.
VASQUEZ, A. Filosofia da Práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.
KENICKE, Marisa. Educação básica e ensino médio no Canadá: as peculiaridades do sistema
educacional da província do Quebec. Mundo afora: Educaçã básica e Ensino Médio, On-line, Brasília,
nº 11, p. 96-117. Disponível em: http://professor.luzerna.ifc.edu.br/ricardo-antonello/wp-
content/uploads/sites/8/2016/11/itamarati.pdf. Acessado em: 02 out. 2017.
332
A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
30Leiliane Lourenço da silva ¹
Maria Viviane Escher Antero ²
RESUMO: Este trabalho expõe o significado da relação de alfabetização e letramento, embora sejam dois conceitos
distintos procuram andar sempre juntos, justificou-se a importância desse estudo para o papel fundamental que o professor
estabelece na mediação e construção do verdadeiro letrado, revendo e analisando conceitos em sala de aula. Trata-se de
uma pesquisa bibliográfica a partir da leitura de autores renomados sobre o tema, a fim de buscar evidencias de conceitos
atuais sobre o letramento e como facilitar esse processo em sala de aula, todos os profissionais devem ser capacitados
levando a atualização de práticas construtivas de leitura que constituem não só habilidades significativas de aprendizado,
mas de grande formação cultural. Conclui-se que o verdadeiro significado de alfabetização e letramento não comporta
apenas a dimensão individual, mas inclui uma ampla forma de compreensão do mundo, levando o discente a um profundo
conhecimento sobre as diferentes formas de interpretação e analise de um texto ou determinado assunto.
PALAVRA-CHAVE: ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO, FORMAÇÃO.
INTRODUÇÃO: A pratica pedagógica do aprendizado da leitura por meio de cartilha perdurou por
bastante tempo, sendo baseada no ensino conhecido como tradicional. Tornou-se suficiente dada as
condições da época, próprios para a aprendizado da leitura como cartas, bilhetes etc. tornando-se um
recurso eficiente entre interlocutores distantes em consequência da falta de tecnologia.
O estudo constituiu-se importante na medida em que o professor e fundamental na mediação
da construção do verdadeiro alfabetizar-letrando, pois o educador deve garantir que as práticas
escolares estabeleçam-se enquanto assimila ideias, visto que o educando possa aprender a descobrir
os prazeres que se pode experimentar revendo e analisando conceitos em sala de aula.
Percebe-se, na atualidade, que há alguns anos, a alfabetização e letramento são estudados de
forma conjunta por estudiosos, buscando, portanto, que a relação dada entre eles deve ser revista
dentro do âmbito escolar, como algo que deve ser sempre aprimorado. Assim, este objetiva
compreender a relação entre alfabetização e letramento.
MÉTODO: A pesquisa caracteriza-se por ser bibliográfica, a fim de conhecer as abordagens e
posicionamentos de autores sobre esse tema. A abordagem e qualitativa no que se refere ao tema,
enfatizando os seguintes autores Kleiman 1990), Cagliari (1994) e Soares (2002).
RESULTADOS E DISCURSÕES: A partir dos conceitos dados sobre alfabetização e letramento,
segue a questão de como alfabetizar letrando, mediante as dificuldades que comporta o alunos no
meio social. O resultado adquirido durante os estudos gera debate sobre a capacitação dos docentes
em relação leitura e escrita.
¹ VI Semestre do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Luterano de Santarém
² Orientadora do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Luterano de Santarém 30
333
No processo tradicional o letramento era imposto de forma obrigatória sem a interpretação,
apenas com a finalidade de codificação e decodificação. Hoje, o letramento busca analisar e
desenvolver a criticidade por meio da interpretação gerada pelo mediador em sala de aula,
desenvolvendo também a formação cultural, cientifica e ideológica do aprendiz.
Em se tratando de habilidades, o processo de alfabetização e letramento se dá através da leitura
e escrita em sala de aula, de modo contextualizado o acesso a deferentes gêneros textuais. A partir
dela, forma-se um consenso de ideias que são trocadas entre professor-aluno facilitando a busca de
atividades pedagógicas que se associa a condição de cada aluno, formando o processo e aprendizagem
significativa do letramento na turma.
Cabe à escola considerar a importância e a necessidade de fundamentar sua pratica pedagógica
em uma clara concepção desses aspectos sociais da leitura e da escrita. Assim, o caráter histórico da
comunicação e do papel da leitura e da escrita se efetiva nesse contexto. O ponto de partida para a
formação do educador–alfabetizador, que pretende desempenhar sua função docente dentro do
desenvolvimento de processos educativos de ensino e aprendizagem, voltados, seja para crianças, seja
para jovens ou adultos.
Essa pesquisa foi realizada para garantir um estudo inicial sobre alfabetização e letramento,
visto que os profissionais necessitam estar sempre se atualizando em relação das práticas de sala de
aula.
O desafio do educador e procurar estabelecer em sala de aula o verdadeiro conceito de
letramento, ou seja, ir além de decodificar palavras e sim procurar desenvolver o senso crítico,
questionador, interpretador do aluno, mediante um texto, e ensiná-lo a procurar desenvolver o
verdadeiro significado a cada frase lida.
No que se refere a alfabetização, como passo inicial do processo educativo, cabe ressaltar, segundo
KLEIMAN:
(...) esta etapa se caracteriza pelo fato de desenvolver, juntamente com os conteúdos relativos
a textualidade (coesão, coerência, unidade, temática, clareza, concordância, que modelo tradicional
alfabetização não levara em conta), também os conteúdos pertinentes a codificação e decodificação
(letras, silabas, famílias silábicas, direção da escrita, segmentação e etc.)
Kleiman (2000, p.41).
Os docentes devem buscar capacitações em suas áreas de atuação, mediante o processo de
globalização que influencia em todas as áreas profissionais levando cada um a se encaixar no padrão
de exigências imposta pelo mercado de trabalho.
Na pratica pedagógica, o verdadeiro significado de alfabetização e letramento, não compõe
apenas as dimensões individuais, mas inclui as diferentes práticas sociais de leitura e escrita. Visto
334
que a finalidade da mediação e procurar a interação entre a escola e o meio social. segundo
VERDIANI:(2005).
Fica aparente, portanto, que de um ponto de vista sociointeracionista, a alfabetização enquanto
processo individual não se completa nunca, visto que a sociedade estar em continuo processo de
mudança, e atualização individual para acompanhar essas mudanças constantes. Verdiani
(p.15,2005).
A ênfase do letramento e sempre colocada nas práticas, habilidades e conhecimentos voltados
sempre para a codificação ou decodificação dos textos escritos (TFOUNI,2006).
Como afirma o autor acima o letramento e fundamental na vida de cada ser humano, a partir
dos seus primeiros anos de vida, pois e algo que vai estar presente no decorrer do processo escolar,
visto que o mesmo e algo significante, pois sem essa base fica difícil sua interação na sociedade.
CONCLUSÃO: Conclui-se que o verdadeiro significado de alfabetização e letramento, não
comporta apenas a dimensão individual, mas inclui as diferentes práticas sociais que o mediador
estabelece em sala de aula a partir de diversos textos, levando o discente a um profundo conhecimento
sobre as diferentes formas de interpretação e analise de um texto, ou determinado assunto. Quando o
aluno adquire a escrita, torna-se alfabetizado e letrado que vivem em uma sociedade que se organiza
fundamentalmente por meio de práticas escritas, ou seja, uma sociedade letrada.
REFERÊNCIAS
CAGLIARI, L.C. Alfabetização e linguística. São Paulo: Scipione,1994.
SOARES, M. letramento: um tema em três gêneros.2 ed. Belo Horizonte.
KLEIMAN, L..R, et al, substituído teórico - metodológico de língua portuguesa. Campo Grande:
SEE-MS,1998, (serie subsídios-ciclos 1).
335
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA EM SALA DE AULA
31Katiane do Nascimento Silva de Sousa1
[email protected] 32Emailer Marta Dias Silva2
[email protected] 33Lucicleide Ribeiro Sarmento3
[email protected] 34Paula Cristina Galdino Guimarães4
RESUMO: Formar leitores é um dos maiores objetivos da escola, visto que nesta sociedade letrada ser leitor é condição
para a participação social. Tendo em vista que a leitura prazerosa é que cativa, este estudo objetivou expor conhecimentos
que mostrem a contribuição da literatura em sala de aula para a formação de leitores, além de compreender sua importância
no processo de ensino-aprendizagem como um todo. Este estudo consistiu em pesquisa bibliográfica e integrou atividades
do Subprojeto de Pedagogia PIBID/CEULS no intuito de desenvolver ações de incentivo à leitura. Os resultados mostram
que a formação de leitores literários nas séries iniciais proporciona aos educandos um olhar crítico e reflexivo sobre os
vários contextos na sociedade. Neste sentido faz-se necessário proporcionar meios que favoreçam a prática da leitura
literária, contribuindo para um aprendizado significativo, e isso não se restringe somente a sala de aula, mas deve ser
estendido para os diversos ambientes em que o mesmo convive. A literatura pode ser inserida no ambiente escolar através
de diversas atividades, como mediação de leitura, leitura deleite, contação de histórias a fim de levar o educando a ler o
mundo através das palavras de modo mais reflexivo e humano.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, LITERATURA, ESCOLA.
INTRODUÇÃO: Cabe à escola, através dos professores e coordenadores, promover os meios
necessários para se trabalhar a literatura em sala de aula desde os primeiros anos de vida escolar,
processo este que, para muitos educadores, é bastante dificultoso, ainda mais quando os alunos não
têm apoio e o incentivo dos pais. Todo esse contexto desafiante dificulta e retarda o processo de
aprendizagem que é notório nas séries iniciais. Devido a essa realidade, é relevante aprofundar
conhecimentos sobre este assunto, pois é essencial que se tome ciência de como agir para promover
o trabalho da literatura em sala de aula
A partir destas situações houve a necessidade de realizar um estudo bibliográfico mais
aprofundado, com o objetivo de expor conhecimentos que mostrem a contribuição da literatura em
sala de aula para a formação de leitores, além de compreender sua importância no processo de ensino-
aprendizagem como um todo.
Vale salientar que o presente estudo se desenvolveu dentro do Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES, no Subprojeto de Pedagogia do Centro Universitário
1Acadêmicas VI Semestre do Curso de Pedagogia, bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência – PIBID do CEULS/ULBRA 31 2Acadêmicas V Semestre do Curso de Pedagogia, bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à 3Docência – PIBID do CEULS/ULBRA 32
Acadêmicas IV Semestre do Curso de Pedagogia, bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
– PIBID do CEULS/ULBRA 33 4Orientadora profa. Curso de Pedagogia CEULS/ULBRA.
34
336
Luterano de Santarém. O programa promove o aperfeiçoamento e a valorização da formação dos
acadêmicos de licenciatura plena enquanto professor da educação básica, neste sentido surgiu
questionamentos e a necessidade de se conhecer a fundo de que forma a escola deve utilizar a
literatura para formação de bons leitores.
MÉTODOS: O estudo da importância da literatura em sala de aula desenvolveu-se a partir de
pesquisa bibliográfica. Esta metodologia utiliza-se de obras já elaboradas, que advém de livros,
revistas entre outros e, segundo GIL (2006, p.75), “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir
de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.
A pesquisa bibliográfica é realizada em fases, segundo Gil (1998, p. 25), elas percorrem este
caminho: a escolha do assunto é o primeiro passo da pesquisa, mas não o mais simples. Não faltam,
evidentemente, assuntos para a pesquisa a dificuldade está em decidir por um deles. Em seguida vem
a formulação dos questionamentos, nesta fase transforma-se o tema em problema. Depois se iniciam
os estudos exploratórios na terceira fase, na qual se faz o levantamento do material necessário. A
quarta fase é a estrutura do relatório, a elaboração do plano de assunto. Esta fase da pesquisa é feita
dentro de certas normas metodológicas estéticas, objetivando a simplicidade, a comunicação fluente
e a clareza.
Desta forma a pesquisa bibliográfica é de grande importância para os acadêmicos, para que
obtenham um melhor entendimento de um assunto, pois as referências teóricas são uma fonte
inesgotável de saber. A pesquisa bibliográfica possibilita uma melhor compreensão do estudo, pois
através dela pode-se ir a fundo num determinado assunto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A literatura, quando inserida em sala de aula de forma a envolver
os educandos, faz com os mesmos se encantem e gostem de cada vez mais buscar novas obras para
ler, o mais importante nesta prática é contribuir para a formação dos mesmos de forma significativa
levando-os a compreenderem sua vivência em sociedade.
A literatura proporciona experiências que enriquecem o processo de formação do leitor, pois,
como defende Fanny Abramovich (1995), “Ao ler uma história, a criança também desenvolve todo
um potencial crítico. A partir daí, ela pode pensar, duvidar, se perguntar, questionar... se sentir
inquietada, cutucada, querendo saber mais e melhor”. A leitura literária possibilita ao educando
expandir seus conhecimentos, encontrando motivos para ir além do que ele faz em sala de aula.
O trabalho com as obras literárias em sala de aula deve levar em conta a escolha do livro, quanto
a sua qualidade, ao ler o aluno deve ser instigado a debater sobre o assunto ali proposto, a questionar-
337
se. Ao desenvolver a capacidade de leitura de obras literárias, tem-se a construção de sua identidade
e ampliação de sua sensibilidade a partir da experiência estética proporcionada pela arte da palavra.
A leitura literária possibilita ao educando uma mudança, amplia horizonte como afirma Caio
Riter (2009):
Cada vez que saímos da leitura de um bom texto, mesmo que não notemos, estamos
transformados. E para melhor. A leitura literária tem a função de aprimorar o humano que
reside em nós. Daí, a necessidade de o professor não pensar as atividades de leitura apenas
como fruição, mas também como possibilidade d conhecimento reflexivo e,
consequentemente, de qualificação de seus alunos e de si mesmo. (RITER, p 54 2009)
Neste sentido, a leitura desenvolve no educando uma mudança necessária para construção de
um ser humano melhor, cada vez mais instigado a traçar um caminho no qual tem um aprendizado
significativo diante de sua realidade, dessa maneira progredindo no seu processo de formação. Assim,
com ressalta Brito (2015), “a experiência da leitura, especialmente (mas não só) a que se realiza pelo
texto literário, representa a possibilidade de descoberta e de renovação de nossa experiência
intelectual e moral, de adestramento reflexivo, de um exercício de conhecimento do mundo, de nós
mesmos e dos outros”.
Machado (2011.p.19) ressalta que “o poder da literatura para conseguir isso é estupendo maior
que o de qualquer outra forma de conhecimento. Ao se apresentarem como uma construção
imaginária, um romance e um poema têm uma capacidade assombrosa, quase mágica: nos fazem
viver outra vida sem que abandonemos a nossa”, desta forma a literatura tem esse poder de
proporcionar vivenciar a obra profundamente.
Assim, a literatura oportuniza aos educandos um contato com as obras na qual pode-se absorver
conhecimentos que lhes serão úteis no decorrer de sua vida. Ao sentir-se tocado por uma obra, faz
com que a criança queira cada vez mais ter esta experiência. Dessa forma, tem mais pessoas
conscientes de si mesmo e do mundo que as cerca, pois ao ler a pessoa se humaniza.
Portanto a literatura em sala de aula amplia conhecimentos no que tange ao ensino-
aprendizagem de modo geral, mas sobretudo no que refere à formação do leitor. Desta maneira,
contribui de forma positiva no desenvolvimento do educando. A construção de um ser humano
perpassa por caminhos no quais a ação de ler propicia novos horizontes, desafiando-se a atuar de
modo relevante em sociedade.
CONCLUSÃO: A prática da leitura literária nas séries iniciais é desafiadora e ao mesmo tempo
prazerosa. Quando propiciamos atividades baseadas nas leituras, percebemos o quanto aquele
educando adquiriu conhecimento, nota-se que houve uma transformação e que cada vez mais os
mesmos buscam aprender.
338
O aprendizado a partir do uso da literatura em sala de aula propicia ao educando encontrar
caminhos para refletir a sua vivência em sociedade, fazendo com o mesmo amplie seus
conhecimentos, tornando-os pessoas mais humanas.
Trabalhar a literatura sem sala de aula é relevante pela gama de conhecimento que é
possibilitado ao educando. O uso da literatura leva o aluno a ter um olhar crítico e reflexivo sobre os
vários contextos da sociedade. Dessa forma, desenvolve o gosto pela leitura, pois, além de prender a
atenção do leitor, propicia novos conhecimentos, desenvolvendo cidadãos autônomos, enriquecendo
o processo de formação do mesmo. O gostar de ler deve ser estimulado no ser humano desde a
infância, contribuindo para a formação de pessoas críticas, reflexivas, para que possam atuar de forma
positiva na sociedade.
Portanto o estudo possibilitou a compreensão do quanto é importante trabalhar a literatura em
sala de aula, nos levando a refletir que esta prática contribui significativamente para o estímulo à
leitura e para o processo de ensino-aprendizagem.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil. 5ª ed. São Paulo. Scipione.1995.
BRITTO, Luiz Percival Leme. No lugar da leitura: biblioteca e formação [recurso eletrônico] -
Rio de Janeiro: Edições Brasil Literário, 2015.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas,1991.
_______________. Métodos e técnicas de pesquisa social.5º.ed.São Paulo; Atlas S.A,2006
MACHADO, Ana Maria, Silenciosa algazarra: reflexões sobre livros e práticas de leituras. São
Paulo; Companhia das letras,2011
RITER, Caio. A formação do leitor literário em casa e na escola. São Paulo: Biruta, 2009.
339
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NOS ANOS INICIAIS
35Elis Mariana Tapajós Mota1
Marcelo da Costa Silva1
[email protected] 36Paula Cristina Galdino Guimarães2
RESUMO: Desenvolver o gosto leitura é uma das maiores missões da escola e tem sido um grande desafio, o que se
mostra visivelmente no percentual de leitores brasileiros que são apenas 56% de acordo com pesquisa promovida, em
2015, pelo Instituto Pró-livro. Tendo em vista que o livro de literatura está presente desde os anos iniciais, este estudo
objetivou investigar quais os benefícios da literatura, especialmente da literatura infantil para a formação de leitores. A
metodologia consistiu em estudo bibliográfico, no qual as respostas encontram-se nos autores. Osresultados mostram que
a literatura é o caminho que estimula o gosto pela leitura na medida em que leva a criança a desenvolver a imaginação,
emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa. Através da literatura, a criança pode sonhar, encantar-se,
refletir, expandir o pensamento e abri os horizontes, tornando-se mais crítica; além disso, aumenta a competência narrativa
e oferece ferramentas através da história que lemos para uma leitura do mundo. Assim, a literatura infantil deve ser
introduzida na vida da criança desde cedo para que elas despertem o gosto pela leitura de modo emancipador.
PALAVRAS-CHAVE: literatura infantil; imaginação; gosto pela leitura.
INTRODUÇÃO:Sabemos que vivemos em um país que não tem um hábito de ler com muita
frequência e tem poucos leitores, apenas 56% segundo dados da pesquisa promovida pelo Instituto
Pró-livro, no ano de 2015. Sabe-se, contudo, que a literatura infantil está presente desde os anos
iniciais. Os primeiros livros direcionados ao público infantil surgiram no século XVIII, contando
principalmente os contos de fadas. De lá para cá, a literatura infantil foi ocupando seu espaço e
apresentando sua relevância. No intuito de compreender a importância da literatura e como ela pode
contribuir para desenvolver o gosto pela leitura,o presente trabalho está focado em dois momentos:
no primeiro, abordaremos o porquê trabalhar com literatura na escola, ou seja, o foco é para o
incentivo da literatura para formação de leitores por gosto e não por obrigações; no segundo,
abordaremos como trabalhar a literatura infantil nas escolas para que de fato cumpra o seu papel
social.
MÉTODO:A metodologia consistiu inicialmente em pesquisa bibliográfica, de acordoFONSECA
(2002, p. 32) pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já
analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de
web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao
pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Assim, estudo embasou-se nos autores
CANDIDO (1995), ABRAMOVICH (1997), LAJOLO (1994) e SORDI (1991); além da seleção das
fontes (sites) na internet, como CASTRO (2010) e CASSIANO (2009).
1Acadêmica(o) do III Semestre do Curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA 35
2 Orientadora Professora do Curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA 36
340
RESULTADOS E DISCUSSÃO: É função da escola desenvolver o gosto e o hábito da leitura, sendo
que o hábito não se faz da noite por dia, ele precisa de repetição e um trabalho sistematizado. E por
que na escola? Para muitas crianças, a escola será o único lugar a lhe oferecer essa vivência fantástica,
ou seja, é o único lugar que elas vão ter o contato com literatura e os livros, pois na maioria dos lares
a literatura não é uma forma de entretenimento e prazer. Falta o incentivo dos pais, sendo que ela não
os ver com livros na hora de descanso ou em finais de semana, enfim isso é uma realidade para a
maioria do povo brasileiro.
O estímulo à leitura deve ser iniciado com o hábito de ler em família, fazendo da
leitura algo cotidiano, pois esse é um processo que a torna algo simples e natural. Mas
a realidade é outra, muitas vezes, a família não participa da educação para a leitura.
(CASSIANO, p. 8, 2009)
Mas não devemos “culpar” pais e mães, pois muitos não leem porque a literatura só foi
introduzida em sua vida como forma de cobranças escolares e que tinham que ler porque ia cair na
prova aquele livro e não como uma forma de prazer de você sentir o gosto por estar com uma história
boa. É papel da escola introduzir projetos de leitura para incentivar alunos e professores na prática da
leitura para, assim, termos futuros leitores, pra que se formem cidadãos críticos com opinião própria,
isto será possível se desde o início da vida escolar estas crianças forem introduzidas na leitura sempre
com ajuda de um mediador de leitura que o incentive a ter gosto pela pelo livro.
A literatura infantil tem grande importância no processo de formação dos alunos nos anos
iniciais. Vale destacar que hoje em dia a educação infantil não é só aquele ambiente aonde a criança
vai apenas aprender contas e escrever, transformou-se num local para se desenvolver buscar novos
horizontes, conhecer pessoas, ou seja, interação social e os contos de fada fazem parte desse
desenvolvimento onde ao ouvir uma historia a criança se imagina naquele cenário naquela historia
imagina os personagens e isso só é possível quando o professor proporciona este momento a estas
crianças com contação de historias de forma lúdica e através destas atividades estão incentivando
esses alunos desde cedo a gostarem de leitura. Existem muitas formas para despertar o gosto destes
alunos pela leitura de uma simples contação na sala de aula a utilização do teatro de fantoche contando
determinada historias e muitos outros métodos que variam de acordo com a criatividade do professor.
Acima de tudo, o livro deve ser lido pelo prazer de ser lido, explorando ilustrações, de se
encantar por elas e viajar na fantasia. O livro deve ser dado principalmente como uma forma de prazer,
vale ressaltar que ele não deve vir como uma função tarefeira por obrigatoriedade. O trabalho com a
literatura deve almejar que as crianças possam vivenciar essa história, discutir com os colegas e que
sintam o prazer dessa bela historia que se tem na mão.
É necessário que, no ambiente escolar, tenha um local adequado para essas práticas, como por
exemplo, uma sala de leitura utilizada somente para estes fins onde professores e aluno fiquem à
341
vontade. Ao iniciar a leitura de uma história infantil, o professor deve explorar ao máximo a
criatividade das crianças fazendo muitas atividades para explorar o texto.
A literatura infantil tem grande influência sobre o processo de alfabetização de crianças nos
anos iniciais. É necessário destacar que estes contos fazem parte de uma imaginação criada pelas
crianças. Por isso é importante que estes professores de educação infantil busquem se aprimorar
façam cursos adquiram técnicas para um melhor desenvolvimento desta ferramenta de ensino. É
necessário que estes educadores não somente mostrem as obras aos alunos, mas também despertem
o gosto pela leitura para que futuramente sejam leitores ativos que gostem de ler e busquem sentido
sua leitura, ler por prazer e não por obrigação.
Por estes motivos, faz-se necessário a busca por metodologias prazerosas de leitura nos anos
iniciais do ensino fundamental, pra que se formem leitores por gosto e não por obrigação, para este
aluno buscar sentido na sua leitura e assim viajar num mundo imaginário que só é possível com este
hábito, e para que aconteça este processo de aprendizagem com a utilização da literatura infantil é
importante destacar que os professores são os principais responsáveis pela formação destes leitores,
pois cabe a eles a introdução da literatura infantil na fase inicial da educação básica. Existem muitas
formas de se utilizar livros na sala de aula, mesmo sem recursos, podemos criar atividades lúdicas
para mostrar a esses alunos a importância da leitura.
Cândido (1995) afirma que a Literatura desenvolve em nós a sensibilidade, tornando-nos mais
compreensivos, reflexivos, críticos e abertos para novos olhares e possibilidades diante da nossa
condição humana. A leitura literária permite-nos refletir sobre o mundo em nossa volta, abrindo
nossos horizontes, ampliando os conhecimentos, possibilitando novas perspectivas.
É necessário que a escola valorize a literatura infantil no processo de ensino aprendizagem, pois
esta exerce amplo poder sobre a mente das crianças contribuindo assim para o desenvolvimento
cognitivo destes alunos, pois a criança viaja na história que ouve, existem também na literatura
infantil as fabulas que sempre tem no final uma lição de moral sempre com animais como personagens
do enredo. As fábulas também tem grande influência sob o desenvolvimento do leitor em formação,
pois elas sempre nos deixam uma mensagem para o dia a dia. A literatura infantil também è utilizada
com crianças para mostrar a elas que sempre vai existir o bem e o mal, sendo esse um conceito que
ela vai levar para a vida.
CONCLUSÃO:Da investigação realizada sobre a importância da literatura infantil nos anos iniciais
foi possível constatar que a literatura possibilita a criança a ter o acesso a leitura de maneira divertida
e prazerosa despertando nela o prazer pela leitura. Além de desenvolver o gosto pela leitura, a
literatura permiti a criar e a dominar imaginação, as emoções e sentimentos da criança.
342
Para finalizarmos deixamos está mensagem de incentivo para os professores, onde eles têm usar e
abusar de sua criatividade, para trabalha a literatura infantil, pois tem muitas coisas a ser feitas e é
muito importante que seja feita para que a criança seja contaminada pelo gosto da leitura. E todos nós
devemos também está fazendo a corrente de incentivo a leitura, e vamos todos impulsionar o
desenvolvimento do gosto pela leitura através da literatura.
REFERÊNCIAS
CANDIDO, Antônio. O direito à literatura. In:Vários escritos, 3 ed. São Paulo: Duas Cidades, 1995.
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices.2ed. São Paulo:
Scipicione,1997. 174p.
CASTRO, Eline Fernandes. A importância da leitura infantil para o desenvolvimentoda criança.
[S.L.], 2010. Disponível em: httphttp://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-importancia-
literatura-infantil-para-desenvolvimento.htm, Acesso em: 24 set 2017.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo : Ática, 1994.
SORDI, Rose. Magistrando a língua portuguesa: literatura brasileira, redação, gramática,
metodologia de ensino e literatura infantil. São Paulo: Moderna, 1991. Vol. 2
CASSIANO, Adriana Aparecida. O prazer de ler: o incentivo da leitura na educação infantil.
Londrina: Universidade Estadual de Londrina. 2009. p. 48. Curso de Pedagogia, Universidade
Estadual de Londrina, Londrina, 2009. Disponível em:
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/moci/article/viewFile/2162/1359, Acesso em: 26 set
2017.
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.
343
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA PARA UMA EDUCAÇÃO EMANCIPADORA
37Evanilde Pereira dos Santos1
Luana Miranda Mota2
Gabriela de Sousa Pereira3
Paula Cristina Galdino de Oliveira4
RESUMO- Sabemos que, para efetivarmos o discurso de sujeito ativo, é necessário munir os educandos de
possibilidades que os levem a descobrir a si mesmo e a um mundo despertado pelos conhecimentos advindos do ato de
ler. Com a preocupação em formar sujeitos críticos, surgem as discussões do papel da escola, do professor e do que é
proporcionado a este leitor em formação pela literatura. O objetivo deste trabalho é buscar analisar a importância da
literatura para uma educação emancipadora. Esse trabalho se justifica pela necessidade de esclarecer os conceitos
referentes à literatura e em que medida ela pode ser um instrumento da educação emancipadora. A metodologia adotada
para o desenvolvimento deste trabalho foi o estudo bibliográfico, feito a partir de levantamentos de referências teóricas
já analisadas e publicadas por meio de escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos etc. Conclui-se que é
imprescindível o acesso democrático à literatura e condições em que seja dada autonomia ao aluno-leitor para opinar,
questionar, discutir, rebelar-se e novamente apaixonar-se pela nova maneira de ver o mundo, oportunizada pela literatura,
tendo essa um papel fundamental para a emancipação do jovem leitor.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA, EDUCAÇÃO EMANCIPADORA, FORMAÇÃO.
INTRODUÇÃO: A educação enquanto processo formador nos remete à ideia do sujeito enquanto
construtor de conhecimentos, que possui competências para atuar no meio social. Sendo assim, a
leitura que faz do mundo pode levá-lo de maneira competente a contribuir para a transformação da
sua realidade.
Sabemos que, para efetivarmos o discurso de sujeito ativo, é necessário munir os leitores
educandos de possibilidades que os levem a descobrir a si mesmo e a um mundo despertado pelos
conhecimentos advindos do ato de ler. Com a preocupação em formar leitores críticos, surgem às
discussões do papel da escola, do professor e do que é proporcionado a este leitor em formação pela
literatura.
Neste contexto, surge a literatura e inúmeras discussões acerca dos conceitos vinculados a
ela, alguns teóricos associam-na às artes, ao entretenimento, à ideia de subjetividade e extravagância;
por outro lado, há os que a defendem no campo do fazer científico, da indagação e produção de
1 acadêmica do VIII semestre do curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA e bolsista de iniciação a docência do subprojeto
de Pedagogia PIBID/CEULS. 2 acadêmica do VII semestre do curso de Pedagoga do CEULS/ ULBRA e bolsista de iniciação a docência do subprojeto
de Pedagogia PIBID/CEULS . 3 acadêmica do III semestre do curso de Pedagogia do CEULS/ ULBRA e bolsista de iniciação a docência do subprojeto
de Pedagogia PIBID/CEULS. 4 Profa. do curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA e bolsista coordenadora de área subprojeto de pedagogia
PIBID/CEULS. 37
344
conhecimento. Mais que isso, as discussões englobam uma série de fatores que vão desde as
conceituações e funções às contribuições da literatura para o ser humano.
Afinal, questionamo-nos o que é a literatura? Quais os enfoques teóricos consideráveis
acerca dela? De fato, ela serve apenas para nos emocionar ou tem em sua essência a função
questionadora, problematizadora e reflexiva? Enquanto educadores, preocupamo-nos com a função
social da literatura e o impacto que esta traz a vida dos sujeitos, se o emancipa ou se o afasta do meio
social ao qual deveria estar inserido. Deste modo, este estudo buscou esclarecer os conceitos
referentes à literatura e em que medida ela pode ser um importante instrumento da educação
emancipadora. Salientamos que a pesquisa se desenvolveu dentro do Subprojeto de Pedagogia do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CEULS.
MÉTODO: Para o desenvolvimento desta pesquisa, utilizou-se o estudo bibliográfico que se baseia
em analise de materiais impressos (livros, textos, periódicos ...) e também de materiais digitalizados,
disponíveis em sites e blogs. Segundo GIL (1991, p.48), a pesquisa bibliográfica é “desenvolvida
com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.
Assim, o estudo bibliográfico é feito a partir de levantamentos de referencias teóricas já
analisadas e publicadas por meio de escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, paginas
da web sites. Qualquer trabalho inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador
conhecer o que já estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam
unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de
recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a
resposta (FONSECA, 2002, p.32).
MARCONI E LAKATOS (2006, p. 71), dizem que “a pesquisa bibliográfica não é mera
repetição do que já foi dito ou escrito sobre determinado assunto, mas propicia o exame de um tema
sob um novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A literatura é uma arte capaz de proporcionar a criatividade e a
imaginação de cada indivíduo. A partir do momento que o sujeito se encontra com a leitura, ele passa
a viver em diversos mundos, viaja sobre inúmeras histórias e conhece o seu interior. A literatura tem
a função de atuar nas mentes de cada ser humano e transformar o seu pensamento, tornando-o um
sujeito critico, desde que estimulado.
A literatura nos diz o que somos e nos incentiva a desejar e a expressar o mundo por nós
mesmos. E isso se dá porque a literatura é uma experiência a ser realizada. É mais que um
conhecimento a ser reelaborada, ela e a incorporação do outro em mim sem renuncia da
minha própria identidade. No exercício da literatura, podemos ser outros, podemos viver
345
como os outros, podemos romper o limite do tempo e do espaço da nossa existência e, ainda
assim sermos nos mesmos. (COSSON, 2016, p.17)
No exercício da literatura, o indivíduo pode vivenciar diversas histórias dentro de um livro
pode leva-lo a conhecer-se, conhecer os outros e, assim, conhecer o universo humano. A literatura
colabora para a emancipação do ser humano, pois a mesma possibilita ao sujeito conhecimentos
políticos, sociais, e outros necessários para a construção de um cidadão capaz de expressar seus
pensamentos e pontos de vistas com a chance de argumentar. Assim como a literatura transforma o
indivíduo e sua personalidade, ela também pode reinventar a mentalidade de uma sociedade nova.
Precisamos de historias, poema e de toda a literatura possível na escola, não para sublinhar
ideias principais, mas para favorecer uma educação sentimental. Não para identificar a moral
da historia, ensinamentos e valores, mas para empreendermos essa antiga tarefa do “conhece-
te a ti mesmo” e “conheça os demais”. (REYES, 2012, p.28)
Quando o homem entra em contato com a literatura, começa a interagir com o mundo, passa
a compreender o que está em sua volta e entende a sociedade em que vive. É lendo que o sujeito
transforma sua forma de pensar diante de inúmeras situações, evita a ignorância e alimenta suas
ideias. É por este motivo que a leitura precisa ser necessária na vida do homem desde a sua infância,
acostumar-se com este habito, para que ele seja critico e entenda a sua realidade e a realidade do
mundo.
O texto e a leitura literária também se supõem irresponsável, mas não no sentido do
esquecimento de si e dos problemas da vida para poder continuar vivendo-os naturalmente,
mas no sentido de pensar para nada, pensar para ser, ler para ser, inventar para viver, ler para
inventar, num movimento continuo, sempre a estimular e a incomodar. (BRITTO, 2015,
p.57.)
Levando em consideração o papel da literatura na formação do sujeito e no desenvolvimento
de sua aprendizagem, esta se torna uma ferramenta para se trabalhar a formação deste indivíduo. Por
isso, não deve ser trabalhada de forma equivocada, voltada apenas para a alfabetização do leitor. Mas
como lhe é próprio, deve trazer uma aprendizagem significativa, em que através da literatura, este
educando seja capaz de ler não só o que está escrito explicitamente, decodificando signos, mas
também faça uma leitura global, associando o texto implícito a seu cotidiano, a sua realidade
tornando-se capaz de transformá-la e crescer com autonomia no sentido de se tornar liberto para
construir seu próprio conhecimento a partir de leituras.
CONCLUSÃO
Ao discutirmos sobre a abrangência dos termos e conceitos vinculados à literatura percebemos
que há tanto aspectos divergentes quanto consensuais que enriquecem o conhecimento que
346
precisamos ter sobre a temática. As análises nos dão a dimensão da necessidade de compreendermos
as situações em que se faz necessário o uso da literatura e seus atributos formadores, bem como
promovermos, enquanto professores, o acesso a ela, pois o discurso de que as políticas públicas
alcançam igualmente a todos é contraditório, uma vez que estas, em sua maioria, desconsideram o
contexto cultural e social do leitor, seus interesses e a sua opinião, levando-o a distanciar-se do que é
exposto nos livros e demais suportes literários.
No que concerne à educação, são inúmeros os desafios vivenciados na tarefa de formar sujeitos
críticos e conscientes do seu papel social, e a literatura com a função de apresentar uma visão
abrangente de mundo ao leitor torna-se uma grande aliada e oportuniza questionamentos e
contribuições que levam a transformação do meio social dos indivíduos por ela impactados.
REFERÊNCIAS
BRITTO, Luiz Percival Leme. Ao Revés do Avesso: leitura e formação- São Paulo: Pulo do Gato,
2015.
COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e pratica. 2. Ed, 6a reimpressão – São Paulo:
contexto. 2016.
FONSECA, J.J.S. Metodologia da pesquisa cientifica. Fortaleza: UEC, 2002. APOSTILA.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 1991.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKARTO, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: Planejamento e
execução de pesquisa, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, analise e interpretação
de dados. 6o Ed. São Paulo: Atlas, 2006.
REYES, Yolanda. Ler e brincar, tecer e cantar: literatura, escrita e educação; tradução: Rodrigo
Petrônio- São Paulo: Pulo do Gato, 2012.
347
A PESQUISA COMO UM DOS PILARES ESSENCIAIS PARA FORMAÇÃO DO
ACADÊMICO DO CURSODE ENGENHARIA CIVIL DO CEULS/ ULBRA
38Roberta Campos Costa1
39Profª Msc. Maria Viviani Escher Antero2
RESUMO: O referido trabalho, tem como principal objetivo apresentar as principais linhas de pesquisas mais adotadas
pelo curso de Engenharia Civil do CEULS/ULBRA. Para tanto, foi necessário realizar um levantamentode dados
referentes aos Trabalhos de Conclusão do Curso apresentados pelos acadêmicos, entre os anos de 2011 a 2016. Ademais
a possibilidade de redirecionamento das linhas de pesquisas ao mercado de trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: PESQUISA. ENGENHARIA CIVIL. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO.
INTRODUÇÃO:Apesquisa científica propõe contato com a informação de várias formas, ampliando
seus conhecimentos. A compreensão da realidade e a intervenção sobre ela, requer do professor e
aluno-pesquisador algumas capacidades indispensáveis ao total desenvolvimento de suas funções.
Nessa perspectiva, o curso de Engenharia Civil se encontra com a pesquisa no momento em que
incentiva seus acadêmicos a buscar, de forma empírica, soluções para problemas que ocorrem no
ambiente urbano, tento em vista que o referido curso é a área do conhecimento responsável pela concepção
de projetos, construção e manutenção de todos os tipos de infraestruturas arquitetônicas, visando sempre o
bem-estar e o desenvolvimento da sociedade moderna. Aliás, a pesquisa ajudaa formarprofissionais totalmente
qualificados para ingressar no mercado de trabalho.
Isto posto, o presente trabalho objetivou, através de uma pesquisa aprofundadano que se refere a
catalogação dos Trabalhos de Conclusão do Curso - TCC,traçar as linhas de pesquisas mais utilizadas pelos
acadêmicos e desenvolvidas pelos Professores do curso de Engenharia Civil do CEULS/ULBRA. Com
isso, traçou-se o perfil institucional do referido curso presente na IES, para então verificar se ocorre o
redirecionamento das principiais linhas de pesquisas adotadas ao mercado de trabalho.
MÉTODO: Ao presente estudo empregou-se a pesquisabibliográfica que é segundo
(PRODANOV E FREITAS, 2013, p. 54) “constituída principalmente de: livros, revistas, publicações
em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins, monografias, dissertações, teses, material
cartográfico e internet”, bem como a pesquisa documental que segundo (PRODANOV E FREITAS,
2013, p. 55) “baseia-se em materiais que não receberam ainda um tratamento analítico ou que podem
ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.”. De forma exploratória, no sentido de
“descrever ou caracterizar a natureza das variáveis que se quer conhecer” (KOCHE, 2015 p. 126) e
descritiva pois “estuda as relações entre duas ou mais variáveis de um dado fenômeno sem manipulá-
1Graduanda em Direito, Centro Universitário Luterano de Santarém, CEULS/ULBRA.
38 2Mestra em Educação e Coordenadora do Projeto, CEULS/ULBRA.
39
348
las. ” (KOCHE, 2015 p. 124), buscou-se, dentro dos acervos da bibliotecae da coordenação do Curso,
os Trabalhos de Conclusão de Curso apresentados pelos acadêmicos no período de 2011 a 2016
daEngenharia Civil do CEULS/ULBRA. Para isso, foi necessáriorealizar um levantamento de todos
o TCCs apresentados nos anos supracitados, bem como utilização da matriz curricular e a ementa das
disciplinas, as quais encontram-se localizadas no próprio site do CEULS/ULBRA.
A posteriori, fora elaborada uma tabela referente a cada ano, contendo em seu corpoo título do
Trabalho de Conclusão do Curso, o nome do orientador e sua titulação. Logo em seguida, com apoio
de dois acadêmicos do referido curso, foi analisado,ano por ano,cada trabalho individualmente,
inserindo em cada um a linha de pesquisa correspondente. A ementa das disciplinas e a matriz
curricular, foram ferramentas essenciais, visto que auxiliou a compreensão das linhas de pesquisa e
suas finalidades.
Concluído os ajustes, agrupou-se todas as linhas de pesquisas adotadas pelos acadêmicos em
cada ano separadamente. Posteriormente reuniu-seem uma única tabela todas as linhas de pesquisas
decorrente de todos os anos. Após reunião, foram aglutinadas as linhas de pesquisas mais elaboradas
pelos acadêmicos, inseridoo docente responsável pelo desenvolvimento da linha de pesquisa bem
como a correlação com seu perfil curricular. Por fim, verificou se ocorre o redirecionamento das
referidas linhas para o mercado de trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Finalizada a primeira etapa,passou-se a análise. A princípio,
verificou-se o número total de trabalhos apresentados durantes os anos em estudo e as linhas de
pesquisa adotadas por cada um de forma individual. Cada linha de pesquisa adotada a seguir, equivale
a um campo da Engenharia Civil.O ramo “outros” corresponde a linhas de pesquisas que contém
apenas um trabalho desenvolvido, sendo aglutinados para melhor contabilização.
16%
13%
10%
8%6%5%
5%
5%
5%
4%
3%3%
3%3%
2%1%1%1%1%3%
QUANTIDADE DE TCCS POR CAMPO DA ENGENHARIA CIVIL 2011 -
2016TECNOLOGIA DO CONCRETOORÇAMENTO, CONTROLE E INCORPORAÇÃOLEGISLAÇÃO, ÉTICA E SEGURANÇA DO TRABALHOPATOLOGIA E RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURASTECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO IIPROJETO DE PAVIMENTAÇÃO RODIVIÁRIATRANSPORTE E TRÁFEGO URBANOIMPACTO AMBIENTALPROJETO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADOTECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO IPROJETO DE SISTEMAS DE ESGOSTOS SANITRÁRIOSPROJETO DE FUNDAÇÕESPROJETO DE SISTEMAS HIDRÁULICOSOBRAS GEOTÉCNICASOUTROS
349
Como demonstra a tabela, as linhas de pesquisasmais desenvolvidas, em um apanhado de
aproximadamente 210 trabalhos, foram: Tecnologia do Concretocom 34 trabalhos; Orçamento,
Controle e Incorporação com 26 trabalhos; Legislação, Ética e Segurança do Trabalho com 21
trabalhos; Patologia e Recuperação de Estruturas com 17 trabalhos; Tecnologia da Construção II com
12 trabalhos; Projeto de Pavimentação Rodoviária com 11 trabalhos concorrendo com Transporte e
Tráfego Urbano que também contém 11 trabalhos, bem como Impacto Ambiental e Projeto de
Estruturas de Concreto Armado, onde ambos possuem 10 trabalhos.
Em se tratando das principais linhas e seu redirecionamento ao mercado de trabalho,
oEngenheiro Civil pode atuar tanto no setor público quanto no privado. De acordo com o Projeto
Político Pedagógico do Curso:
No mercado de trabalho, o egresso poderá trabalhar como administrador; projetista; na área
de fiscalização e de execução de obras; nas áreas de cálculo estrutural e fundações, e de
transportes; nas áreas de computação, principalmente, na parte referente à programação das
áreas de engenharia civil; nas áreas de projeto e execução de instalações hidráulicas,
sanitárias e elétricas; nas áreas de rodovias, ferrovias, portos e hidrovias.(PPPC, 2015, p.14)
Além do mais, segundo (PPPC, 2015, p.16)“a matriz curricular do curso estrutura-se nos ramos
da construção civil, estruturas, transportes, saneamento e instalações. ”. Isto posto, dentre as
principais linhas de pesquisa, merece destaque as áreas de atuação apresentada na tabela a seguir:
Áreas de atuação Conceito
Especialização em Orçamento, Planejamento e
Controle na Construção Civil
Fazer o planejamento completo de uma obra
civil, bem como gerir a mão de obra contratada,
além de realizar corretamente os orçamentos de
obras civis.
Engenharia de Segurança do Trabalho
Zelar pela saúde e pela integridade física do
trabalhador, reduzindo ou eliminando o risco
de acidentes no ambiente de trabalho e entre
outros.
Engenharia de Infraestrutura e Transporte
Oferecer as melhores soluções para a
organização da sociedade em um ambiente,
como por exemplo projetar estradas, viadutos,
metrôs, portos, etc.
Especialização em Patologia das Construções
Diagnosticar e prevenir anomalias construtivas
e falhas de manutenção em construções, repará-
las e recuperá-las adequadamente, quando
necessário.
Especialização em Engenharia Ambiental
Contribuir para a redução dos efeitos adversos
das atividades produtivas nos meios físicos e
biológicos, buscando implantar modelos de
desenvolvimento econômico.
Especialização em Engenharia de Estruturas
Análise e dimensionamento de estruturas de
concreto armado e aço, o quais são utilizados
nas mais diversas áreas da construção civil,
como construção de pontes, de edifícios
residenciais e comerciais, etc.
350
CONCLUSÃO:A Engenharia Civil aliada a pesquisatem como um de seus objetivos incentivar os
orientadores e orientandos a expansão de seus horizontes alémestimular o senso crítico e metodológico do
acadêmico. Desta forma, conclui-se que as linhas de pesquisas mais traçadas pelos acadêmicos em
seus TCCs, encontram-se redirecionadas ao mercado de trabalho, onde estão inseridas nos mais
variados setores da Engenharia Civil, tanto de maneira individual como agrupadas com outras linhas
de pesquisas, principalmente em forma de especializações. Neste enfoque, o perfil do curso possui
característica generalista, uma vez que contém a formação em ciências básicas e de engenharia,
juntamente com à capacidade para solucionar problemas e incrementar inovações na esfera urbana.
REFERÊNCIAS
MARINHO, Renan “As 10 principais áreas de atuação de um engenheiro civil”. 2016. Disponível
em:civilizacaoengenheira.wordpress.com/2016/06/10/as-10-principais-areas-de-atuacao-de-um-
engenheiro-civil/. Acesso em: 23/09/2017
ESCHER, Maria Viviani Antero. A Pesquisa e o Trabalho de Conclusão de Curso dos Alunos de
Graduação. IN:Congresso de Ciência e Tecnologia da Amazônia, 9, 2015, Santarém. O Saber Pensar
pela Pesquisa. Anais eletrônico. Santarém: CEULS, 2015. Disponível em:
http://www.ulbra.br/santarem/pesquisa/congresso-de-ciencia-e-tecnologia-da-amazonia-e-salao-de-
iniciacao-cientifica. Acesso em: 19/09/2017
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar. Metodologia do Trabalho Científico:
Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico: 2ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.
CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE SANTARÉM. Coordenação do curso de Engenharia
Civil. Projeto Político Pedagógico do Curso de Engenharia Civil. Santarém, 2015.
351
A PRECARIZAÇÃO INSTITUCIONALIZADA DO TRABALHO E SUAS IMPLICAÇÕES
PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA.
40Ledyane Lopes Barbosa. HISTEDBR. UFOPA1
[email protected] 41Gilberto César Lopes Rodrigues. HISTEDBR. UFOPA2
RESUMO – O estudo objetivou refletir acerca da configuração atual do trabalho analisando suas implicações para a
educação brasileira, tendo em vista a nova legislação trabalhista que institucionalizou a precarização sob a desculpa da
“modernização” das relações de trabalho. Nosso foco foi responder ao questionamento: “o que esperar da organização
educacional brasileira para os próximos anos: atender essa nova realidade do mercado de trabalho ou formar cidadãos
críticos e autônomos?” Assim, foi necessário realizar uma leitura da nova configuração do estado brasileiro que ampliou
o receituário neoliberal e examinar o sistema educacional brasileiro na perspectiva de vislumbrar o cenário futuro para o
país no que diz respeito a relação entre educação e formação humana. O estudo é de natureza qualitativa, e caracteriza-se
como um estudo bibliográfico. As análises apontam que a resposta a questão norteadora desse trabalho envolve uma
análise crítica do modo de produção vigente que opera sobre a lógica da exclusão, uma vez que diante do cenário político
atual que o país atravessa a previsão para os próximos anos é de instabilidade na área educacional e em outros campos
em função das alterações nas políticas educacionais e trabalhistas que estão sendo efetuadas e que alterarão o projeto de
sociedade brasileira.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO. TRABALHO. PRECARIZAÇÃO.
INTRODUÇÃO: A presente pesquisa resultou da análise crítica sobre a relação entre educação,
sociedade e trabalho. Examinamos a atual precarização do trabalho imposta pela lei 13.467/2017342 e
sua implicação para o sistema educacional e para a sociedade brasileira. Objetivamente procuramos
responder ao seguinte questionamento: “O que esperar da organização educacional brasileira para os
próximos anos tendo em vista a precarização das relações de trabalho?”. Nossa motivação considerou
as recentes estratégias adotadas pelo atual governo que acelerou o neoliberalismo desmantelando
rapidamente as políticas públicas até então conquistadas mediante anos de lutas e demandou a
alteração do sistema educacional brasileiro através do chamado “Novo Ensino Médio”. Ao nosso ver,
essas mudanças implicam no rebaixamento do acesso ao saber sistematizado e a relativização da
formação alterando profundamente a sociedade brasileira cujos reflexos serão sentidos nas próximas
gerações.
Para tanto, em um primeiro momento apresentamos alguns apontamentos acerca da concepção
de trabalho presente no primeiro capítulo do livro A face oculta da escola: educação e trabalho no
capitalismo, que tem por título “O trabalho atual como forma histórica” de autoria de Enguita (1989)
1 Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia 2014. Programa de Educação. Instituto de Ciências da
Educação – ICED. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas “Historia, Sociedade e Educação no
Brasil/HISTEDBR/UFOPA”. E-mail: [email protected] 2 Doutor em Educação pela Unicamp. Docente do Instituto de Ciências da Educação – ICED, Líder da Linha 3: Estado,
Trabalho e Minorias do Grupo de Estudos e Pesquisas “Historia, Sociedade e Educação no Brasil/HISTEDBR/UFOPA”.
Orientador da pesquisadora. E-mail: [email protected] 41 3 Lei 13.467 de 13 de julho de 2017, altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei
no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de
24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. 42
352
comparando com as concepções de trabalho explicitadas no artigo intitulado “Sob a reestruturação
produtiva, enfermeiros, professores e montadores de automóveis se encontram no sofrimento do
trabalho” de autoria de Kuenzer (2001).
Por fim, realizamos uma leitura do atual sistema educacional brasileiro na perspectiva de
vislumbrar o cenário futuro para o país no campo educacional e nas demais áreas procurando desvelar
suas implicações para a sociedade nacional das próximas gerações.
MÉTODO: Tratou-se de um estudo bibliográfico onde utilizou-se uma abordagem qualitativa. Para
Lakatos e Marconi (2003, p. 183) a pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda
bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins,
jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de
comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua
finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre
determinado assunto, inclusive conferencias seguidas de debates que tenham sido transcritos por
alguma forma, quer publicadas, quer gravadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para entender o trabalho atual é necessário um resgate histórico a
fim de entender as transformações ocorridas bem como as formas de trabalho que anteriormente
existiam, já que o tipo de trabalho está historicamente posicionado em um tempo. De acordo com
Enguita (1989), a atual forma de trabalho mudou até o conceito de liberdade, pois, na economia de
subsistência há mais liberdade do que no trabalho assalariado. Embora Hegel443(1973) insista em
afirmar que o “homem só se reconhece livre no trabalho” ao passo que Marx5 (1977) destaca o
“trabalho como elemento constitutivo e distintivo do homem, como indivíduo e como espécie”
evidenciando que o trabalho é o que diferencia os homens dos demais seres vivos e de outros animais,
deixando claro o caráter humanizante do trabalho.
O conceito de trabalho aqui abordado é aquele preconizado como ação para satisfazer as
necessidades humanas. E é nesse sentido que Saviani (2011, p. 12) afirma que “o homem necessita
produzir continuamente sua própria existência” para isso tendo que transformar a natureza ao invés
de adaptar-se à ela, lógica esta que o capital usa como mecanismo de acumulação e degradação do
espaço natural. Nessa perspectiva, é perceptível o fato de que o trabalho atual não satisfaz as
necessidades humanas, como ocorria nas sociedades pré-capitalistas que, sem dúvida, estavam mais
4 HEGEL (1973); 5 MARX (1977); Ver mais informações em: ENGUITA, Mariano Fernández. A face oculta da escola:
educação e trabalho no capitalismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. 272p. 43
353
conectadas à natureza e não precisavam dos inúmeros bens de consumo intensamente divulgados pela
mídia de massa como sendo extremamente necessária a vida humana.
Enguita (1989) no primeiro capítulo do seu livro A face oculta da escola, que tem por título “O
trabalho atual como forma histórica” apresenta as ideias centrais para legitimar sua concepção de que
o trabalho é condicionado a sua forma histórica. O objetivo do autor é de analisar a forma histórica
que o trabalho foi assumindo até a forma atual. Tais ideias consistem em demonstrar que o trabalho
está situado em um tempo histórico, e, do mesmo modo que estamos inseridos em um tempo histórico
e sermos seres históricos que produzem história, Enguita (1989) aponta que o trabalho contemporâneo
na forma assalariada como o conhecemos é a forma atualmente dominante sob outras formas de
trabalho, no entanto, deixando evidente que nem sempre foi assim. O autor parte do pressuposto de
que há dois tipos de trabalho, um voltado para suprir as necessidades pessoais do ser humano
(apresentado na forma de uma economia de subsistência anteriormente e que estava mais conectada
à natureza) e, outra voltada para suprir as demandas do capital (sob a forma do trabalho assalariado
na atualidade e que visa satisfazer as necessidades impostas ao homem e não por ele criado).
Kuenzer644 (2001) em seu artigo intitulado “Sob a reestruturação produtiva, enfermeiros,
professores e montadores de automóveis se encontram no sofrimento do trabalho745” discute a dupla
face do trabalho enquanto produtor do uso de valores e de trocas, além de discutir as possibilidades e
os limites da intervenção social e da satisfação profissional dos trabalhadores da área da saúde
buscando um paralelo entre estes e os da área da educação. O trabalho é dialético porque apresenta
uma dupla faceta que tem como característica mais geral o fato de não depender do modo de produção
vigente para existir, além de ser qualificador, prazeroso e produzir um valor de uso. Já o trabalho em
sua característica concreta/real depende do modo de produção, além de se apresentar atualmente
através do trabalho assalariado, e ser desqualificador, sofrido, explorador e produzir valor de troca a
partir do excedente produzido, da exploração da mais valia.
Assim, diante da configuração atual do trabalho, a escola surge como um importante espaço de
preparação de mão-de-obra futura para as relações de trabalho assalariado. A escola assume o papel
de condicionar o futuro trabalhador à ordem vigente dentro de uma política neoliberal, mediante a
oferta de uma instrução mais fragmentada possível, não permitindo o acesso aos conhecimentos
elaborados pelo conjunto da humanidade em detrimento da inserção da pedagogia das competências
que contribuem para o crescente individualismo. A teoria do capital humano, também ganha destaque
6 Professora titular aposentada da Universidade Federal do Paraná, pesquisadora da área de Educação e Trabalho. Doutora
em Educação pela PUC/SP. [email protected] 44 7 Artigo elaborado a partir de conferência realizada no 53º Congresso Brasileiro de Enfermagem — CBEn, realizado em
Curitiba, de 9 a 14 de outubro de 2001, publicado com autorização dos organizadores. 45
354
a partir do momento que se veicula que é a constante instrução do trabalhador que vai permitir-lhe
um melhor posto de trabalho, e, por conseguinte, mobilidade social.
Contudo, não devemos esquecer que o espaço escolar também é lugar de contradições, de lutas,
pois, ao mesmo tempo em que a escola pública pode alienar o indivíduo, também pode contribuir
para uma formação crítica que vai propiciar o pensamento crítico acerca da sociedade e das relações
desiguais que existem bem como ambicionar sua transformação por meio de uma educação
emancipatória tendo por base os conteúdos alicerçados nos conhecimentos elaborados pelo conjunto
da humanidade. O que se pretende destacar é que a origem da escola como a conhecemos hoje esteve
totalmente conectada ao capital, portanto, historicamente serviu aos interesses deste.
O cenário futuro para a educação brasileira não é dos melhores, por algumas razões. Em
primeiro lugar, por conta da PEC846 55 recentemente aprovada que limita os gastos públicos pelos
próximos vinte anos, onde o campo educacional está inserido (embora o pagamento da dívida pública
não entre nessa conta). De acordo com a PEC 55 os gastos com a educação tendem a diminuir e não
aumentar no caso da arrecadação aumentar, isso porque o valor investido na educação seria corrigido
apenas pela inflação (um absurdo certamente). Atualmente os gastos com a despesa primária estão
em torno de 20% e em vinte anos deve reduzir para 12%, sendo que os investimentos em educação
estão inseridos nas despesas primárias. Portanto, para a área educacional no caso de o teto ser
alcançado, são impostas algumas vedações, o que ocasionará um desmonte do funcionalismo público.
Além disso, o atual PNE (Plano Nacional de Educação) aprovado em junho de 2014 está ameaçado
de morte, porque muitas das suas metas e estratégias estão impossibilitadas por esta PEC que, por
exemplo, previa concursos públicos, melhores salários para os professores, ampliação do número de
escolas, dentre outras medidas. Portanto, pensar na educação brasileira para os próximos anos é
também refletir sobre o modo de produção vigente que opera sobre a lógica da exclusão.
CONCLUSÃO: As novas relações de trabalho foram alteradas pela lei 13.467/2017
institucionalizando a precarização, entendemos que seus efeitos sobre a formação escolar terão
impactos importantes. O chamado Novo Ensino Médio sinaliza essas mudanças em direção a
precarização e a flexibilização do trabalho e do trabalhador na medida em que a quantidade de
conhecimento disponível foi rebaixada e, ao aluno, foi explicitamente flexibilizado o “direito” de
escolher sua formação técnica em detrimento da formação humana e ao acesso ao conhecimento
historicamente elaborado pela humanidade cuja posse traz autonomia. Essas mudanças se refletirão
profundamente na sociedade brasileira e deixarão marcas nas próximas gerações. Por isso, um exame
crítico sobre elas, bem como refletir sobre as consequências que a precarização do trabalhado traz a
8Proposta de Emenda Constitucional anteriormente denominada de PEC 241. 46
355
história da humanidade, permite desnaturalizar o olhar que naturaliza as injustiças sociais, a miséria,
a exclusão social, que sob a forma do capitalismo culpabiliza o indivíduo por seu estado de decadência
e ainda o estimula a tirar as conquistas do outro enfraquecendo assim o coletivo em detrimento do
individualismo exacerbado que prima pelas conquistas individuais. Faz-se necessário percebermos
que somos produtos históricos e que a educação que recebemos na escola está intimamente
relacionada ao modo como o trabalho é organizado na sociedade que vivemos e participa da
construção subjetiva de todos. Por isso, precisamos de um novo tipo de sociedade, de escola e de
relações de trabalho voltados as necessidades reais humanas e que construa uma sociedade coletiva
onde o humano volte a ser o centro de nossas preocupações e atividades.
REFERÊNCIAS
ENGUITA, Mariano Fernández. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1989. 272p.
KUENZER, Acacia Zeneida. Sob a reestruturação produtiva, enfermeiros, professores e
montadores de automóveis se encontram no sofrimento do trabalho. Conferência. 53º Congresso
Brasileiro de Enfermagem - CBEn, Curitiba. 9 a 14 de outubro de 2001.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica.
5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 11 ed. Ver. Campinas,
SP: Autores Associados, 2011. (Coleção educação contemporânea).
356
A RIQUEZA DIDÁTICA DOS GIBIS E MANGÁS NA SALA DE AULA
47Narelly Tavares Rodrigues e Melo1
RESUMO: O estudo objetivou argumentar sobre a utilização das Histórias em Quadrinhos (HQ) e dos Mangás
(quadrinhos japoneses) na sala de aula, bem como conhecer as contribuições para a educação; relacionar as características
das HQs e dos mangás existentes; e verificar os resultados da utilização por alunos e professores na sala de aula. A
metodologia utilizada foi à pesquisa do tipo bibliográfica e a abordagem qualitativa. Constatou-se que as HQs e os Mangás
são um gênero literário bastante atraente que provoca fascínios em crianças, jovens e até em adultos. Houve um período
em que os gibis e mangás foram rotulados de subliteratura e acusados de serem responsáveis pela delinquência juvenil,
porém, sabe-se que hoje são uma expressão literária presente no mundo todo proporcionando entretenimento e
informação. Os Gibis e Mangás apresentam um potencial enorme para a aceitação por parte dos estudantes, pois, o
entusiasmo dos jovens por esse tipo de leitura é justamente a literatura atraente, as artes plásticas, a composição
descontraída e jovial, por isso, vem a ser instrumento pedagógico eficaz para o professor, oferecendo boas oportunidades
para a utilização de diversas técnicas de ensino que estimulem e valorizem cada oportunidade de crescimento e
fortalecimento das habilidades dos alunos. Foi possível concluir que a particularidade de reunir riquíssimas formas de
expressões culturais torna os gibis e os mangás em uma fonte preciosa de inspiração para iniciativas didáticas e até para
a integração e correlação das diversas disciplinas, promovendo a interdisciplinaridade.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIAS EM QUADRINHOS – MANGÁS. PROFESSOR. FERRAMENTAS
DIDÁTICAS.
INTRODUÇÃO: Há mais de dez anos foi realizada na França uma pesquisa sobre o personagem das
histórias mais popular entre a população, Jesus Cristo ficou em primeiro lugar, com 100% das
preferências; e em segundo lugar Mickey Mouse, com 97,7% dos votos. Esse resultado ilustrou a
importância dos gibis na vida das pessoas e a sua interferência na sociedade.
As Histórias em quadrinhos (HQs), mais conhecida como gibis e os Mangás (quadrinhos
japoneses) são gêneros literários de características peculiares, com narrativas cheias de conversações
e imagens sequenciadas. São ricos em cultura, informação e descontração, aonde na maioria das vezes
abordam a luta do bem contra o mal, ou o dia-a-dia de pessoas comuns, ou simplesmente personagens
neuróticos ou mal-resolvidos. Primeiramente foram criados para o público infantil, entretanto, hoje
são produzidos gibis e mangás com diversos temas, para várias idades, gêneros, gostos e povos
diferentes. Houve um período em que foram rotulados de subliteratura e acusados de serem
responsáveis pela delinqüência juvenil, na década de 50, por exemplo, muitos quadrinhos foram
queimados em praça pública nos Estados Unidos (SERPA, ALENCAR, 1998). Toda essa especulação
chamou a atenção para o que verdadeiramente estava em “cheque”, à utilização de gibis como
instrumento de disseminação de idéias e informações para crianças, jovens e adultos.
Desta forma, fez-se necessário realizar uma pesquisa a fim de compreender as contribuições das
HQs e dos mangás para a educação, identificar as possibilidades da sua utilização na sala de aula,
relacionar as características das HQs e dos mangás existentes classificando-os a fim de discernir para
1 Pedagoga, especialista em Gestão Escolar e Docente do CEULS ULBRA. 47
357
qual público deverá ser voltado; coletar e enumerar as dinâmicas que podem ser utilizadas através
deste recurso; e verificar os resultados da utilização por alunos e professores.
MÉTODOS: Optou-se em utilizar a pesquisa do tipo bibliográfica, realizada a partir de material já
publicado, constituído principalmente de livros, artigos, periódicos e com o material disponibilizado
na Internet.
A abordagem é qualitativa, no sentido de compreender a importância do recurso para a
educação, bem como interpretar as ações e reações humanas na utilização do recurso em sala de aula.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Supõe-se que as Histórias em Quadrinhos existem a mais ou
menos 110 anos no mundo (ALENCAR, 2005) e no Brasil provavelmente desde o início do século
XX (WIKIPÉDIA, 2008), onde prevalece o estilo de tira. As HQs normalmente são classificadas de
acordo com a produtora ou época, por exemplo, existem os tipos de gibis clássicos de super-heróis,
produzidos pela MARVEL e DC Comics; ou gibis comuns da década de 90, caracterizados pelo estilo
Pop-Art.
Já os Quadrinhos Japoneses são bem mais antigos que os Quadrinhos Ocidentais, remontam
desde o período Nara248, com pinturas japonesas encontradas em rolos, chamadas de Emakimono. A
sociedade japonesa é especialmente preocupada com a educação, por isso é muito normal o gosto
pela leitura e logo pelos mangás.
Os mangás têm um abrangente público, isso por que os temas abordados são os mais diversos
possíveis, como: a vida escolar, o trabalhador, o esporte, o amor, a guerra, o medo, a economia e a
culinária. Desta forma os mangás são classificados de acordo com seu público-alvo, os gêneros mais
comuns de mangás são:
Quadro 1 – Característica dos principais gêneros de Mangás.
GÊNERO CARACTERÍSTICA
Shoujo (garota jovem em japonês). Voltado para o público feminino.
Mahou Shoujo Mangás caracterizados por garotas com poderes mágicos.
Shounen (garoto jovem, adolescente
em japonês). Voltado para o público masculino jovem.
Seinen (homens jovens em japonês). Voltados para adultos e adolescentes masculinos.
Josei (mulheres jovens em japonês). Voltado para mulheres e adolescentes femininos.
Kodomo (criança em japonês). Voltado para crianças pequenas.
Mecha Mangás com robôs gigantes. Fonte: WIKIPÉDIA, 2008 (adaptado).
Uma vertente que vem crescendo muito no mundo, e de forma expressiva no Brasil é os fanzines
(vem da palavra fã e magazine [revista em inglês]), que são revistas produzidas por fãs, autores
2 (século VIII d.C.)
48
358
independentes, que criam histórias inéditas ou dão sua versão a alguma série famosa. A maioria desses
fanzines tem um acabamento simples e são comercializadas pelos correios ou via Internet.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que são uma série de propostas para a mudança
dos conteúdos disciplinares, e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação n° 9394/ 1996 (LDB), lei que
rege a educação nacional; são as duas instâncias que incentivam a utilização de novos métodos para
a diversificação do currículo. O volume dos PCNs dedicado ao ensino da Língua Portuguesa de 1° a
4° série do Ensino Fundamental aconselha o uso das histórias em quadrinhos nas escolas como
recurso didático-pedagógico (SERPA, ALENCAR, 1998, p. 11). Entre as alternativas metodológicas
para as disciplinas recomenda-se:
Quadro 2 – Possibilidades para utilização nas diversas disciplinas.
DISCIPLINA ATIVIDADES SUGERIDAS
Língua
Portuguesa
Utilizar tiras para apresentar as primeiras letras aos alunos da educação infantil.
Essa alternativa é muito eficaz, pois, para compreender a história de um gibi não
é preciso saber ler, os quadrinhos são coloridos, com pouco texto e sempre muito
chamativos. O professor pode levar cópias ou projetá-las nas aulas pedindo para
os alunos identificarem as letras que aparecem nas histórias;
Apagar os textos dos balões de diálogos e pedir aos alunos que completem a
história. Essa iniciativa ajudará as crianças a compreender o enredo e interpretar
as expressões dos personagens;
Leitura compartilhada. Isso é eficaz para exercitar a leitura dos recém-
alfabetizados, pois a leitura oportunizará a uniformidade do desempenho da
turma;
Ler as histórias em voz alta. Essa alternativa permitirá aos alunos conhecerem
de fato as histórias e também ajudará o professor a iniciar assuntos de elementos
textuais, como: tipo de narrador, tipo de discurso, personagens, tempo e espaço
(sincronia e diacronia), níveis de linguagem, variações e preconceitos lingüísticos,
coerência textual, além de expandir o vocabulário e etc.;
Utilização de quadrinhos específicos como Chico Bento e a Turma da Mônica.
No caso esses dois poderão auxiliar no conteúdo sobre variação lingüística,
verificar os erros que Cebolinha e Chico Bento cometem na fala e esclarecer os
regionalismos.
Arte
Pedir aos alunos que produzam seus personagens e histórias próprias;
Utilizar colagem, e montagem a partir de diversas histórias, produzindo algo
novo.
Matemática Incentivar os alunos a criarem histórias específicas, utilizando enredos e
personagens de gibis que se envolvam em tramas que exijam raciocínio lógico e
operações.
Geografia
Muitos gibis abordam temas sociais, econômicos e espaciais. O professor pode
orientar e articular a leitura desses gibis e a discussão na sala de aula, por exemplo:
em 1988 e 1990 surgiram dois gibis que abordavam temas muito polêmicos para
a época, um foi o Strip AIDS U.S.A., que denunciava a segregação dos portadores
do vírus da AIDS, e o outro era o El Muro, que discorria sobre a queda do muro
de Berlim e seus efeitos no mundo todo (essas são temáticas usadas tanto para as
aulas de geografia, quanto para as aulas de história);
Ciências e/ou
Biologia É muito difícil encontrar gibis e mangás que abordem temas específicos nessas
disciplinas, mas, o professor precisa ler gibis com um olhar de pesquisador; por
359
exemplo: o professor poderia observar no gibi dos X-men, o conceito de mutação,
o que seria um bom começo para aulas sobre Darwin; ou, utilizar o gibi Pererê,
que aborda sempre conteúdos ecológicos e ambientais, ou ainda iniciar as aulas
sobre gravidade utilizando a capacidade dos super-heróis poderem voar, o que
desfia a lei da gravidade (assunto bem encaixado também nas aulas de
matemática).
História
Além de utilizar gibis e mangás uma grande aliada também são gravuras, tiras e
charges. A charge, em especial, é um recurso gráfico utilizado para satirizar,
valendo-se da caricatura e do humor. O professor poderia levar para sala de aula
algumas charges e instigar os alunos a observarem o seu conteúdo com um olhar
crítico, dando-lhes uma compreensão sobre os fatos ilustrados naquela(s)
charge(s).
Transdisciplinar
ou
Interdisciplinar
Num trabalho Transdisciplinar ou Interdisciplinar, os professores das diversas
matérias poderiam pedir aos alunos que façam Fanzines correlacionando essas
disciplinas ou apenas abordando assuntos específicos sobre cada uma delas. Fonte: (Serpa, Alencar, 1998, p. 12 - 18), (Oliveira, 2005, p. 27 - 28), (Braga, 2005, p.25).
Essas são apenas algumas das tantas possibilidades de utilização dos gibis ocidentais e orientais
na educação. É verdade que a utilização de alguns métodos, senão todos, somente serão possíveis se
o professor realmente conhecer os gibis, e tiver gosto pela leitura, que antes de tudo serve para
divertir.
CONCLUSÃO: Através da pesquisa foi possível conhecer obras de autores que descrevem
experiências de sucesso em escolas que utilizam gibis como ferramentas didáticas. No Município de
Santarém é possível encontrar exemplos desta utilização, onde algumas escolas utilizam a leitura, não
só de HQs e Mangás, mas de todo tipo de literatura como recurso metodológico e são um verdadeiro
sucesso, pode-se citar: o Projeto “Casinha da Leitura”, a “Gibiteca” do CEULS/ ULBRA, e as
anônimas prestezas dos professores santarenos em suas salas de aula.
O resultado é sem dúvida a comprovação de que o ensino e aprendizagem eficazes podem
decorrer de qualquer meio, desde os gibis até aos contos de fadas; desde aulas na sala até debaixo de
uma árvore. O segredo está na competência do trabalho do professor e no seu desejo em promover a
aprendizagem dos alunos.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Walda de Andrade (coord.). Lendo e Formando Leitores: Orientações para o trabalho
com a literatura infantil. São Paulo: Global, 2004.
BRAGA, ODONIZA FARIAS. Trabalhando com charges: Desenhos humorísticos facilitam a
aprendizagem de conteúdos de História. Revista do Professor, Porto Alegre, ano XXI, n°83, p. 25-
27, jul. – set., 2005.
360
CALAZANS, Flávio; ALENCAR, Marcelo. A Riqueza dos HQs: dos gibis americanos aos mangás.
Revista Nova Escola, São Paulo, ano XX, n°. 182, p. 60 – 62, maio – 2005.
OLIVEIRA, Ivan Carlo Andrade de. Gibis: Exploração didática da História em Quadrinhos na sala
de aula. Revista do Professor, Porto Alegre, ano XXI, n°84, p. 22-28, out. – dez., 2005.
SERPA, Dagmar; ALENCAR, Marcelo. As boas lições que aparecem nos gibis. Revista Nova
Escola, São Paulo, ano XIII, n°.111, p. 10 – 19, abr. – 1998.
RODRIGUES, Rosângela. Histórias em Quadrinhos: É preciso explorar com o aluno as infinitas
possibilidades do imaginário. Revista do Professor. Porto Alegre, ano XXIII, n° 91, p. 18-24, jul. –
set., 2007.
THUMS, Jorge. Acesso a Realidade: Técnica de Pesquisa e construção do conhecimento. Porto
Alegre: Sulina Ulbra, 2000.
WIKIPEDIA. História em Quadrinhos e a Educação no Brasil. Disponível em:
<pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3rias_em_quadrinhos_e_a_educa%C3%A7%C3%A3o_no_Bra
sil> Acesso em: 26 set. 2008.
WIKIPEDIA. Mangá. Disponível em: < pt.wikipedia.org/wiki/Mang%C3%A1> Acesso em 26
set.2008.
361
APRENDIZAGEM MEDIADA: A UTILIZAÇÃO DO SCRATCH PARA O
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADE PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE
HARDWARE E SOFTWARE NO CURSO MONTADOR E REPARADOR DE
COMPUTADOR SENAI SANTARÉM
49Ilarilda Duarte de Araújo Paiva1
50Márcio Darlen Lopes Cavalcante2
RESUMO: Este artigo aborda o processo de aprendizagem mediada por meio da utilização da ferramenta
computacional Scratch pelos alunos do curso Montador e Reparador de Computador, do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial da cidade de Santarém-Pará, como forma de motivação para o desenvolvimento de habilidades
de concentração e trabalho em equipe na solução de problemas em Hardware e Software. Através da análise feita em um
diário de bordo, quanto ao desenvolvimento de jogos, foi verificado que contextos colaborativos de aprendizagem
acontecem e estes são concretizados por meio de práticas pedagógicas baseadas na criação de jogos.
PALAVRAS-CHAVE: SCRATCH, MOTIVAÇÃO, JOGOS.
INTRODUÇÃO: As tecnologias digitais na educação têm sido consideradas cada vez mais
elementos diferenciadores na formação do aluno. Essas tecnologias fazem com que surjam novas
perspectivas no método de ensino e aprendizagem.
Para Papert (1986 apud BRESSAN; AMARAL, 2015) um dos maiores desafios da educação,
é formar sujeitos reflexivos, construtores de seus próprios projetos, sendo estes elaborados fora das
salas de aula, possibilitando uma aprendizagem significativa. Moreira e Masini (1982, p.7) descrevem
que para David Ausubel a aprendizagem significativa é um processo pelo qual uma nova informação
se relaciona com o aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo.
Ausubel (1982 apud PELIZZARI et al., 2002) propõe que os conhecimentos prévios dos
alunos sejam valorizados para que possam construir estruturas mentais, utilizando como meio, mapas
conceituais que permitam aos alunos descobrir e redescobrir outros conhecimentos, caracterizando
uma aprendizagem prazerosa e eficaz.
À medida que o entendimento prévio do aluno é incorporado às estruturas de aprender o
conteúdo adquire significado e a relação professor-aluno é aprimorada. Durante o processo de
construção de conhecimento é trabalhada também a mediação pedagógica como forma de integração
dentro de sala de aula, buscando abrir caminhos de aceitação e respeito com colegas.
Para Rocha-Trindade (1988) o termo “Mediatizar” significa
Escolher, para um dado contexto e situação de comunicação, o modo mais eficaz de
assegurá-la; selecionar o médium (meio) mais adequado a esse fim; em função deste,
conceber e elaborar o discurso que constitui a forma de revestir a substância do tema ou
matéria a transmitir.
1 Acadêmica do curso de Pós-graduação em Informática e as Novas Tecnologias Educacionais, CEULS ULBRA 49 2 Mestre em Educação, CEULS ULBRA 50
362
Vale ressaltar que por vezes a aprendizagem sofre por problemas agravados devido às
características do meio, físico e social envolvente, o que afeta o comportamento do aluno em sala de
aula. Compete ao professor motivar e mediar atividades que vão de encontro às perspectivas do aluno,
para que os seus objetivos possam ser alcançados.
Dessa forma foi trabalhada a tecnologia Scratch (linguagem de programação baseada em
blocos) considerada uma linguagem de programação visual/gráfica, que aliada ao pensamento
computacional de Wing (2006 apud BARCELOS; SILVEIRA, 2012) envolve as competências
relacionadas à abstração e decomposição de problemas de forma a permitir sua resolução, usando
recursos computacionais e estratégias algorítmicas mediatizados pelo professor, fazendo com que o
aluno se torne capaz de encontrar solução lógica em uma situação adversa.
Baseado no contexto apresentado, este artigo tem por objetivo demonstrar a contribuição do
Scratch como forma de estimular nos alunos, do Curso Montador e Reparador de Computador do
SENAI, a concentração para a solução de problemas de Hardware e Software de maneira lógica.
Segundo Resnick (2007 apud VOELCKER, et. Al, 2008)
Ao criarem seus projetos em Scratch, os jovens aprendem muitas habilidades do século
21 que serão críticas para um futuro de sucesso: pensar criativamente, comunicar-se
claramente, analisar sistematicamente, usar tecnologias fluentemente, colaborar
efetivamente, projetar iterativamente e aprender continuamente.
Para Lévy (1997) o computador e a rede de informações (Internet) é um terceiro processo de
desenvolvimento das “tecnologias intelectuais” sendo o primeiro a passagem da oralidade para a
utilização da escrita e o segundo o advento da imprensa, que acelerou enormemente a disseminação
do conhecimento por meio dos livros.
MÉTODO: Participaram da pesquisa 16 alunos divididos em 8 duplas, do curso de Montador e
Reparador de Computador, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI, com faixa etária
entre 16 a 19 anos, no período de 08 de agosto a 21 de setembro de 2017. As aulas foram realizadas
no laboratório de informática da instituição, sendo que os dados foram coletados na forma de diário
de bordo (caderno ou pasta onde se registra as etapas de desenvolvimento do projeto), onde foram
analisadas as situações de aprendizagem, dificuldades, indagações e feito anotações sobre os testes
dos resultados apresentados, sendo que a produção do jogo foi feito durante as aulas de lógica de
programação.
Segundo Huizinga (2000) por distinguir-se da vida “comum” deve-se levar alguns fatores em
consideração para a criação dos jogos: regras, limitação de tempo e espaço, e ser processado no
interior de um campo previamente delimitado. Diante disso, os alunos receberam uma base teórica
de lógica de programação para a construção do jogo, onde deveriam trabalhar em dupla, chegando a
363
um consenso de como seria e o que teria esse jogo, considerando que o objetivo proposto do jogo
deveria ter pelo menos quatro fases.
As aulas de Scratch apresentaram os seguintes conteúdos: Introdução ao Scratch,
Compreensão sobre a criação de movimento; Eixo cartesiano; Ângulo e direção; como utilizar os
comandos; Operadores matemáticos, Condições (if, else); Controles; Variáveis: O que são e como
funcionam; Quais estão pré-definidas; Como criar variáveis.
Assim, Moratori (2003, p.25), em seu trabalho de mestrado, considera que:
A participação em jogos contribui para a formação de atitudes sociais como respeito
mútuo, cooperação, obediência às regras, senso de responsabilidade, senso de justiça,
iniciativa pessoal e grupal, o jogo é o vínculo que une a vontade e o prazer durante a
realização de uma atividade. O ensino utilizando meios lúdicos permite criar ambientes
gratificantes e atraentes servindo como estímulo para o desenvolvimento integral dos
usuários.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir de observações e conversas com as equipes, nas aulas de
construção do jogo no Scratch feitas no laboratório de informática do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial, foi verificado que após o desafio de construção de jogos, os alunos se
mantinham concentrados para finalizar e obter um resultado satisfatório e empolgante. Semanalmente
cada equipe mostrava o progresso do jogo, e ouvia sugestões quanto ao que estava sendo apresentado.
Na forma de aplausos e solicitações para testar, os alunos elegeram um jogo que eles consideraram
mais atraente, que foi o jogo feito pela dupla de alunos Mauro Sérgio dos Santos Moura e Andrey
Gomes Vieira, denominado coração guerreiro, único que preencheu o requisito básico (colocado no
início da proposta de criação de jogo: ganharia mais aplausos jogo que ao final das apresentações
tivesse o maior numero de solicitações para uso e testes): interesse de outros alunos de jogar. O que
ratifica a teoria de Ausubel, citada acima onde o professor, para obter o interesse do aluno, deve
descobrir o que o aluno sabe fazer e se basear nisso para dar significado ao conteúdo, para que assim
os seus objetivos sejam alcançados. O jogo “Coração Guerreiro” foi o resultado de um processo
ensino e aprendizagem que deu certo, onde foi percebida que a cada apresentação das etapas dos
jogos, os alunos se viam maravilhados com a sua capacidade de criação e de aprendizado.
A seguir são apresentados os principais elementos dos jogos digitais aplicados ao game “Coração
Guerreiro”:
Nome do Jogo: Coração Guerreiro.
História: O jogo se passa em uma caixa, onde os alunos desenhados em sprites351 dão as dicas
para o início, sendo que o personagem principal é o coração.
3 Objetos gráficos de programação. 51
364
Cenário: Um quadrado, com plano de fundo preto, onde após cada desafio cumprido irão
aparecer novos obstáculos.
Objetivo: Fazer com que o coração escape de todas as armadilhas.
Fases: Existem 10 fases, onde cada fase tem um tempo de um minuto.
Avatares/personagens: Existem dois avatares Mauro e o Jorge (alunos que foram desenhados
por eles mesmos e colocados no jogo) que indicam ao usuário quando ganham ou quando perdem,
não tem som, pois os mesmos julgaram desnecessário para o jogo.
Controles: Ao abrir o jogo o usuário deve apertar na bandeira verde que fica localizado na parte
superior do lado direito, o jogador deve apertar a letra “s” para iniciar o jogo, sendo que a
movimentação é feita pelas setas direita, esquerda, para cima e para baixo.
Regras: fazer com que o coração saia ileso dos desafios. O jogo tem um personagem principal
que é o –coração, que é manipulado pelo jogador, ao pressionar a bandeira verde para o início do
jogo, o jogador tem cem vidas, ele tem que fazer com que o coração desvie do ataque das espadas,
dos tiros de revolver, das caveiras que soltam raios pelos olhos, passar sem encostar nas laterais de
uma ponta curva e fugir das mãos do monstro, se deixar de cumprir qualquer dessas instruções o
jogador perderá vidas e desse modo perderá o jogo.
CONCLUSÃO: Mediante os resultados apresentados foi constatada a relevância do uso do Scratch
no curso de Montador e Reparador de Computador, como forma de motivar o aluno no processo de
aprendizagem, que exige concentração e trabalho em equipe produzindo assim, um ambiente criativo
e colaborativo, habilidades estas defendidas por Resnick, e observadas através de empenho nas
atividades propostas e na solução dos problemas em outras disciplinas. Os resultados sugerem que
quando desafiado, o aluno torna a aprendizagem mais prazerosa e atraente, pois se sente parte do jogo
onde o aprendizado é a chave para ir para a próxima fase.
REFERÊNCIAS
BARCELOS, T.S.; SILVEIRA, I.F. Pensamento Computacional e Educação Matemática:
relações para o ensino de Computação na Educação Básica, in Anais do XXXII CSBC, Curitiba,
2012.
BRESSAN, M.L.Q.; AMARAL, M.A. Avaliando a Contribuição do Scratch para a
Aprendizagem pela Solução de Problemas e o Desenvolvimento do Pensamento Criativo. Rev.
Intersaberes | vol.10, n.21, p. 509-526, 2015.
HUIZINGA, Joan. Homo Ludens. 2. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2000.
365
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento na Era da Informática.
Rio de Janeiro: Editora 34, 1997.
MORATORI, P.B. Por que Utilizar Jogos Educativos no Processo de Ensino Aprendizagem.
UFRJ. Rio de Janeiro, 2003.
MOREIRA, A.M.; MASINI, E.F.S; Aprendizagem Significativa: A Teoria de David Ausubel. São
Paulo, Editora Moraes Ltd, 1982.
PELIZZARI, A.; KRIEGL, M.L.; BARON, M.P.; FINCK, N.T.L.; DOROCINSKI, S.I. Teoria Da
Aprendizagem Significativa Segundo Ausubel. Rev. PEC, Curitiba, v.2, n.1, p.37-42, jul. 2001-jul.
2002.
ROCHA-TRINDADE, M.B. A Mediatização do Discurso Científico. In: Análise social, v. 24, n. 3,
Lisboa: 1988.
VOELCKER. M.D.; FAGUNDES. L. da C.; SEIDEL. S; Fluência Digital e Ambientes de Autoria
Multimídia. Rev. Renote – Novas Tecnologias da Educação, v 6; Nº 1; jul, 2008.
366
CONDIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO LEITOR LITERÁRIO
52Arlison Carvalho dos Santos1
Eduarda Zuila dos Santos Alencar1
Fábio Raphael Godinho de Almeida1
53Paula Cristina Galdino Guimarães2
RESUMO: Formar leitores é um dos principais compromissos da escola e, para isso, há diversas condições, não sendo
suficiente apenas apresentar ao educando diversas leituras sem qualquer contexto, de forma vaga e nada significativa.
Neste contexto, objetivou-se salientar a importância da criação de condições para a formação de leitores, ressaltando a
importância deste processo na sua formação. A metodologia consistiu em estudo bibliográfico acerca da formação do
leitor através da literatura, sendo realizado dentro do PIBID-Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência,
no Subprojeto de Pedagogia do PIBID/CEULS a fim de embasar ações desenvolvidas em contexto escolar. Os resultados
mostram que a missão de formar leitores dentro do espaço escolar requer condições desde a estrutura física do ambiente
de estudo às metodologias ainda utilizadas hoje, que direcionam o discente a tornar-se um mero “decifrador de códigos”,
deixando de catalisar as potencialidades através da inserção na literatura e o quanto ela pode agregar conhecimentos
relevantes a sua percepção do mundo, contribuindo também para a sua formação sociocultural e social.
PALAVRAS-CHAVE: LEITOR; LEITURA; FORMAÇÃO.
INTRODUÇÃO: A dificuldade em formar leitores por intermédio da literatura (principalmente no
segmento público de ensino) tem se mostrado um trabalho árduo para os educadores. As metodologias
e os recursos– livros didáticos, cartilhas, leituras mecanizadas etc - que ainda são usadas na atualidade
não correspondem mais às demandas do público que se quer atingir.
Para formar leitores literários de fato, além de professores também leitores que conhecem em
profundidade os títulos aos quais desejem compartilhar com o público discente, a escola precisa
munir-se de novas metodologias que tornem o ensino mais significativo, de obras não apenas em
caráter quantitativo e sim qualitativo e que contemplem todas as faixas etárias do seu público,
selecionando criteriosamente essas obras literárias e seus variados gêneros, objetivando a
continuidade e a valorização progressiva do conhecimento da literatura desde a base, das primeiras
vivências com a leitura no espaço escolar e mantendo o desenvolvimento dessas atividades no
decorrer dos futuros anos letivos.
Neste estudo, buscou-se aprofundar a reflexão sobre as condições citadas, os desafios
encontrados pelos educadores para que se consiga formar não só leitores literários, mas leitores do
mundo, que adquiram habilidades de interpretar as situações em que se encontram na sociedade e até
mesmo dos seus papéis dentro dela através da literatura, da importância de sua inserção desde os anos
escolares iniciais aos subsequentes no processo de construção de uma comunidade leitora ativa, capaz
de questionar, de construir ideias, de refletir e de se apropriar do hábito de ler com gosto pela prática.
1 Acadêmicos do Curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA e bolsistas de iniciação à docência do PIBID/CEULS,
subprojeto de Pedagogia. 52
2 Profa. Esp. no Curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA e bolsista coordenadora de área do PIBID/CEULS, subprojeto
de Pedagogia. 53
367
METODOLOGIA: O presente trabalho consistiu em estudo bibliográfico, que, segundo a professora
Márcia Rita Trindade Leite Malheiros (2010), levanta o conhecimento disponível na área,
possibilitando que o pesquisador conheça as teorias produzidas, analisando-as e avaliando sua
contribuição para compreender ou explicar o seu problema objeto de investigação.
Assim, para o alcance dos objetivos, várias obras foram consultadas como referências teóricas,
dentre elas, as dos autores Luiz Percival Leme Britto e de Maria Helena Zancan Frantz, que nos levou
a perceber a leitura e o processo de formação do leitor literário, de forma reflexiva sobre as práticas
limitantes que ainda circundam o desenvolvimento do ensino-aprendizado concernentes à promoção
da leitura e principalmente da literatura.
Vale citar que o este estudo foi realizado dentro do PIBID- Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência, no Subprojeto de Pedagogia do PIBID/CEULS a fim de embasar ações
desenvolvidas em contexto escolar.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Ao longo do estudo, percebeu-se que o sucesso para a formação
do leitor ativo se consolida quando a base que este teve desde os anos iniciais foi continuada como
um processo cirúrgico, respeitando cada fase de sua evolução afinada com o repertório literário
correspondente às etapas da aprendizagem, além de fatores ambientais onde se desenvolvem as
atividades, pois, o ambiente usado para educar precisa ser acolhedor, atraente e que desperte o bem-
estar dos discentes.
Foi fazendo essa análise que muitos educadores das séries iniciais perceberam a arte (por
exemplo) como recurso didático de significativas contribuições para o enriquecimento das aulas com
o objetivo de trabalhar a literatura de forma lúdica, fazendo da sala de aula um lugar onde se aprenda
divertidamente, pois, a chave para formar leitores de si mesmos e do mundo é apresentar o processo
de maneira mágica, despertando a imaginação para a construção da realidade, uma vez que “ a
literatura é também ludismo, é fantasia, é questionamento, e dessa forma consegue ajudar a encontrar
respostas para as inúmeras indagações do mundo infantil, enriquecendo no leitor a capacidade de
percepção das coisas”, segundo Maria Helena Zancan Frantz ( 2011, p. 20 ).
Além disso, a escola precisa preocupar-se se o professor é também um leitor, conforme
abordagem de Maria Helena Zancan Frantz:
“O ponto de partida é sempre um professor-leitor, com amplo conhecimento do acervo da
literatura infantil disponível, que através do seu testemunho de amor pelo livro possa ajudar
seu aluno a também estabelecer laços afetivos com a leitura”( FRANTZ, 2011, p. 19).
Outro fator importante é a forma em que se dá o acesso à literatura, a qual deve ser
proporcionada de forma prazerosa, valendo-se de estratégias pedagógicas para que a leitura seja
envolvente, além de se preocupar em utilizar gêneros literários adequados à percepção intelectual dos
368
discentes. De acordo Nelly Novaes (1997), os estágios psicológicos da criança em consonância com
a literatura que se caracterizam em: pré-leitor( primeira e segunda infância-faixa etária entre 17 meses
e 3 anos), no qual a criança está no processo de conquista da linguagem; leitor iniciante ( a partir dos
6/7 anos), neste já se trabalha a significação dos signos alfabéticos, sílabas simples e complexas,
socialização e racionalização da realidade embora que o adulto ainda seja importante agente
estimulador; leitor em processo ( 8 a 9 anos), que já domina a leitura mas que ainda precisa do
estímulo do adulto para questionar e motivar sua prática e entendimento; e o leitor fluente ( 10 a 11
anos) que já independe do adulto, domina a leitura e a entende, mas que precisa ser desafiado por ele
para desenvolver ainda mais a inteligência e o pensamento formal e crítico.
Em suma, o professor não deve se enxergar como aquele que determina o que se deve ler, mas
sim aquele que oportuniza ao aluno o contato com a diversidade de materiais de leitura – jornais,
revistas, livros, gibis... – sempre respeitando o nível de aprendizado de cada um.
Contudo, para o sucesso de todo o processo, a escola como um todo precisa envolver-se,
desenvolvendo projetos que estimulem a ler com intensidade e com frequência, não vendo a leitura
como mera prática de decifração de códigos e significados e “ à intelecção de signos gráficos que
representam a linguagem oral”, conforme destaca Britto ( 2016, p. 25 ), mas considerando o processo
de aquisição dessa habilidade como elemento indispensável à formação de todos para a prática da
cidadania, através da literatura.
CONCLUSÃO: A literatura contribui de forma rica para a formação de um indivíduo crítico e
reflexivo diante da realidade que o cerca, sendo a escola muito importante na sua promoção,
instigando o indivíduo na busca de novas leituras. Assim, faz-se necessário pensar em formas
diferenciadas de promover a leitura no âmbito escolar no sentido de formar o leitor literário, aliando
novas metodologias com a inserção da arte como recurso pedagógico para enriquecer o conteúdo das
aulas, valorizar o lúdico trazendo variados gêneros literários para serem compartilhados, estando
sempre atento às particularidades de cada um no decorrer do desenvolvimento das práticas de
aquisição da leitura em alinhamento com a percepção e interpretação do que se está lendo, com o
objetivo de catalisar as dificuldades e entraves que podem comprometer o leitor em formação e
trabalhando outras formas de saná-las, despertando assim, o prazer pela leitura e dando abertura para
novas leituras que auxiliarão a formação, não só no sentido educacional, mas no sentido pleno de
cidadão.
REFERÊNCIAS
COELHO, Nelly Novaes..Literatura infantil. Teoria, análise, didática. 6oed. São Paulo:
Àtica,1997.
369
BRITTO, Luiz Percival Leme. No lugar da leitura – biblioteca e formação - Rio de Janeiro: Edições
Brasil Literário., 2015.
FRANTZ, Maria Helena Zancan. A literatura nas séries iniciais. 1 ed. – Rio de Janeiro : Vozes,
2011
GUILHERME, Denise. Nova Escola gestão escolar: desafio da formação de leitores na escola.
Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/573/desafios-da-formacao-de-leitores-na-escola.
Acesso em:28/09/2017 às 22:44
MALHEIROS, Márcia Rita Trindade Leite . Pesquisa na Graduação.
Disponível:www.profwillian.com/_diversos/download/prof/marciarita/Pesquisa_na_Graduacao.pdf.
Acessado em: 27/04/2010.
370
CURRÍCULO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL:
A HISTÓRIA DA AMAZÔNIA EM DISCUSSÃO
54Carolina Pantoja Brasil1
Iamilia Brito de Oliveira1
Claudia Cristina Soares Guimarães1
clcris16hotmail.com
Karolina carvalho do Amarante1
55Maria Antonia Vidal Ferreira2
RESUMO - A história da Amazônia é referência do povo amazônico no contexto de suas particularidades locais. O
presente trabalho tem o intuito investigar de que forma esses conteúdos estão inseridos no currículo do 1º ano do ensino
fundamental. Em vista disso, objetivou-se analisar as diretrizes curriculares para o ensino fundamental e as práticas
metodológicas aplicadas em sala de aula sobre o ensino da história da Amazônia. O referido estudo foi desenvolvido a
partir de pesquisa bibliográfica e documental com abordagem qualitativa, além de coleta de dados, por meio de entrevistas
com profissionais de uma escola do município de Óbidos. Os resultados levantados demonstram que o ensino de história
da Amazônia não está presente no currículo do 1º ano como disciplina específica, mas é sugerida de forma interdisciplinar
inserida em outras matérias. Diante disso, contatou-se que temas relacionados a esta área do conhecimento são pouco
suscitados nas práticas metodológicas da escola pelos professores.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA AMAZÔNIA. CURRÍCULO. REFLEXÕES.
INTRODUÇÃO: O presente estudo surgiu do interesse em analisar de que forma a história da
Amazônia integra o currículo do 1º ano do ensino fundamental, por se considerar sua inestimável
contribuição na formação de identidades sociais das crianças. Em que pese essa importância, ela tem
sido menosprezada ou trabalhada esporadicamente nos anos iniciais. Assim sendo, o trabalho tem por
objetivos analisar as Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental nos anos iniciais,
correlacionando-as ao planejamento das práticas metodológicas aplicadas em sala de aula sobre o
ensino de história da Amazônia.
Dentre as possibilidades formativas ensejadas por essa disciplina ressaltamos as vivências e
organizações sociais, que em diferentes tempos e espaços foram se constituindo na história. Também
é importante para uma melhor valorização do espaço amazônico, estimulando práticas pedagógicas
de resgate dos conhecimentos históricos e culturais de saberes próprios de cada localidade, que na
maioria das vezes perdem-se com o tempo.
Uma reflexão trazida por Melo (2016) é a de que o currículo acaba por universalizar o ensino,
principalmente da história e cultura, priorizando a aculturação por meio dos livros didáticos que
tratam de forma simplória os aspectos de outras regiões. Por outro lado, incluir o ensino desta
disciplina, proporciona aos alunos, o conhecimento de suas histórias no processo de construção e
aceitação de sua identidade local, inserida numa identidade nacional.
1Acadêmica do 5º semestre do Curso de Pedagogia da Ufopa. 54 2 Doutora em Educação. Docente da Universidade Federal do Oeste do Pará. Orientadora da pesquisa. 55
371
De acordo com Alves (2016) a história da Amazônia constitui-se em saberes de referência
do povo nortista, e que as escolas recriam em saberes escolares. No entanto, foi somente a partir dos
anos de 1990 que as questões da região amazônica vieram para o centro dos debates no âmbito
educacional.
Almeida (2013), em seu trabalho, ressalta que as práticas metodológicas de construção do
ambiente amazônico devem partir de reflexões suscitadas em sala de aula para as realidades
amazônicas que vivem o povo nortista, levando “os alunos (as) a perceberem os diferentes espaços
amazônicos existentes, bem como as mudanças ocasionadas nesses espaços pela intervenção do
homem” (2013, p. 4).
O artigo 26 da LDB 9.394/96 trata da obrigatoriedade dos conteúdos regionais, que
complementam os currículos escolares do ensino básico. Desse modo, o ensino da história da
Amazônia compõe a parte diversificada, e que em nossa região é trabalhada por meio da disciplina
estudos amazônicos. Porém é importante frisar que o ensino desta disciplina só é contemplada a partir
do 6ª ano do ensino fundamental.
A Resolução Nº 003/2014-CME-OBIDOS-PA, em seu artigo 26, trata da parte diversificada,
também a partir do 6º ano e contempla conteúdos como Estudos Regionais e Estudos Paraenses na
matriz curricular do ensino fundamental. Vale ressaltar que a sua inclusão nas redes de ensino reforça
a necessidade de se pensar sobre relações entre tempo, espaço, sociedade, cultura e meio ambiente na
Amazônia, trazendo para sala de aula discussões sobre a história da sociedade amazônica e suas
transformações.
MÉTODO: Os procedimentos metodológicos para elaboração deste trabalho incluíram a pesquisa
bibliográfica, documental e de campo, entendida conforme Ludwig (2015, p. 55) “como coleta de
dados no local onde acontecem os fenômenos”. Os instrumentos utilizados foram: entrevista com
professores do ensino fundamental, levantamento em fontes como livros, artigos, leis e diretrizes
curriculares, entre outras pesquisas em sites especializados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A criança de 6 (seis) anos que está adentrando à segunda etapa da
educação básica, deve ser vista como um ser que possui conhecimentos adquiridos na sua curta,
porém diversificada história de vida. Entendemos que as aprendizagens se realizam com
progressividade, de acordo com seu desenvolvimento cognitivo. Outro ponto a ser destacado é de que
os conteúdos neste 1º ciclo não devem se reduzir apenas à alfabetização e ao letramento, mas agregar
outros campos do conhecimento, pois “São eles que, ao descortinarem às crianças o conhecimento
372
do mundo por meio de novos olhares, lhes oferecem oportunidades de exercitar a leitura e a escrita
de um modo mais significativo”. (BRASIL/MEC, 2013, p.121).
Os anos iniciais (1º, 2º e 3º) do ensino fundamental estão imbricados em um processo
pedagógico primordial na aprendizagem básica do ensino infantil e que não podem ser interrompidos.
Estes devem trabalhar conteúdos de acordo com as diretrizes, como
a) a alfabetização e o letramento;
b) o desenvolvimento das diversas formas de expressão, incluindo o aprendizado da Língua
Portuguesa, a Literatura, a Música e demais artes, a Educação Física, assim como o
aprendizado da Matemática, de Ciências, de História e de Geografia;
c) a continuidade da aprendizagem, tendo em conta a complexidade do processo de
alfabetização e os prejuízos que a repetência pode causar no Ensino Fundamental como um
todo, e, particularmente, na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste
para o terceiro (BRASIL/MEC, 2013, p.125).
Insistimos nessas ponderações acerca da temática para confrontar com o cotidiano da sala
de aula em uma escola do município de Óbidos com intuito de verificar como essa área do
conhecimento está inserida na matriz curricular do 1º Ano do ensino fundamental e quais as práticas
metodológicas trabalhadas em sala de aula.
De acordo com a análise da proposta curricular da escola pesquisada, esses ciclos tem por
finalidades o processo de aprendizagem das crianças de forma progressiva. Os sistemas de ciclos, ou
seja, a ampliação da alfabetização para três anos se justifica pela possibilidade de o ensino propiciar
a produção/apropriação da escrita e da leitura baseados nos princípios da continuidade e do
aprofundamento.
Nesse contexto, a construção/apropriação dos conhecimentos, pelos estudantes, se daria em
progresso durante o período maior para que o aluno pudesse atingir as competências propostas. No
1º ano os alunos vão ter somente uma noção de determinados conteúdos que devem estar relacionados
com a sua realidade social. Os conhecimentos serão introduzidos (I) gradativamente. No 2º ano a ação
educativa deve garantir o aprofundamento (A) do conhecimento. E no 3º ano a aprendizagem deve
ser consolidada (C). Como podemos observar um determinado conhecimento ou capacidade pode ser
introduzido em um ano e aprofundado nos anos seguintes.
Voltando o foco para o 1º ano, não há uma disciplina específica para se trabalhar o conteúdo
de história da Amazônia, porém encontra-se inclusa no currículo dentro da disciplina Geografia, na
qual o professor terá que ensinar aos alunos a reconhecer a relação entre sociedade e natureza na
dinâmica do seu cotidiano e na paisagem local, bem como as mudanças ao longo do tempo.
Conforme a pesquisa realizada nessa escola, é possível pontuar os seguintes resultados.
Segundo a professora do 1º ano a disciplina Estudos Amazônicos não está com esta nomenclatura no
currículo do fundamental menor, porém temas relacionados ao Estudo da Amazônia estão incluídos
no currículo e devem ser trabalhados de maneira interdisciplinar. No entanto, nessa escola, se observa
373
que essa temática é trabalhada somente em datas comemorativas com o objetivo de fazer com que os
alunos apenas decorem datas.
A professora afirma que na ficha avaliativa dos alunos constam algumas aprendizagens que
eles deveriam adquirir e que não estão sendo trabalhadas, mas os alunos estão sendo avaliados assim
mesmo. O que se observa é que os professores valorizam as disciplinas como a Língua Portuguesa e
a Matemática, em detrimento das demais áreas do conhecimento.
De acordo com a coordenadora da escola em questão a disciplina Estudos Amazônicos não
está inclusa no ensino fundamental menor enquanto disciplina, entretanto ela vem sendo trabalhada
na escola por meio de lendas, parlendas, cantigas de roda e outras atividades relacionadas à Amazônia.
Diante disso, se confirma estudos anteriores (Melo, 2016, p. 3-4) em que os conteúdos são trabalhados
de forma simplória e resumidos, entre outras razões, pela “falta de sistematização/interpretação dos
conteúdos amazônicos, no sentido de relacioná-los com a formação da sociedade e da historiografia
brasileira”. Aspectos importantes da história e da cultura da Amazônia, da história da própria cidade
de Óbidos que proporcionariam aos alunos conhecerem melhor sua região, ajudando-os na construção
de sua identidade são ignorados.
CONCLUSÃO: O propósito fundamental deste trabalho foi analisar o conteúdo dos documentos
legais e as práticas curriculares sobre o ensino da história da Amazônia no 1º ano do ensino
fundamental em uma escola de Óbidos. Foi constatado que a disciplina Estudos Amazônicos só é
obrigatória a partir do 6º ano e que o ensino sobre a Amazônia deve ser inserido de forma
interdisciplinar como uma proposta curricular do ensino fundamental do 1º ano.
No entanto, de acordo com a pesquisa realizada, na escola, foi observado que temas
relacionados a essa área do conhecimento são poucos trabalhados. Talvez por não constar na proposta
curricular como uma obrigatoriedade, isso explica a falta desta temática nesse ciclo. Como no 1º ano
essa matéria não se apresenta com nomenclatura definida nas orientações curriculares, ela se insere
no eixo Natureza e Sociedade, que precisa ser traduzido em práticas metodológicas das escolas.
Com isso constatamos ser insipiente tal conteúdo no referido educandário o que inviabiliza
a reflexão dos alunos ao pensamento crítico em relação a historia do seu município no contexto da
Amazônia.
REFERENCIA
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um espaço para o conhecimento geográfico em sala de aula. Peru: Anais do Encuentro de Geográfos
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LUDWIG, Antonio Carlos Will. Fundamentos e prática da Metodologia Científica. 3. Ed.
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MELO, Wilverson Rodrigo Silva de Melo. O Ensino de História da Amazônia: algumas reflexões
sobre ensino de estudos amazônicos e de produção e uso dos livros didáticos em sala de aula. Revista
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OBIDOS, Conselho Municipal de Educação. Resolução nº 003, de 2014. Dispõe sobre a
regulamentação e a consolidação das normas Municipais, Estaduais e Nacionais aplicáveis à
Educação Básica no Sistema Municipal de Ensino de Óbidos-Pará. Óbidos, Pa, p. 11, dez. 2014.
375
EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO:UMA REALIDADE EM CONSTRUÇÃO
56LoreniBruch Dutra1
RESUMO –Esta pesquisa tem por objetivo identificar como a educação prepara seus educandos para a vivencia
profissional, num mundo onde o desemprego está presente aliado as oportunidade de trabalho. Pretende-se ver os
caminhosda empregabilidade por meio de concursos públicos e a estabilidade no emprego com segurança de
sustentabilidade do cidadão no exercício de sua profissão. Por outro lado as experiências de empreendedorismo e os
caminhos do alcance do sucesso depende de uma pequena parcela da população estudantil que sonha em construir a seu
próprio caminho para as realizações pessoais e profissionais. Realizou-se uma pesquisa com 300 sujeitos em 2016 e a
coleta de dados teve como instrumento um questionário auto-aplacável com 10 questões fechadas. Os resultados indicam
que 10%pensa e acredita no empreendedorismo; 40% realizam algum tipo de empreendedorismo de forma aleatória; 60%
ainda espera uma vaga no mercado informal. Consta-se que embora um conceito não substitui o outro
empregabilidade/empreendedorismo, como um novo modo de exploração capitalista e de dominação no mundo do
trabalho, que busca reconstruir uma cultura do trabalho e do desemprego, haja vista o risco de insegurança na sociedade
contemporânea e o empreendedorismo passa a ser uma oportunidade de realização profissional.
PALAVRAS-CHAVE: TRABALHO.EMPREENDEDORISMO. OPORTUNIDADE.
INTRODUÇÃO: A pós-modernidade caminha na busca de mudanças significativas no mundo do
trabalho e da empregabilidade. Nunca existiu emprego para todos, isso é constatado pela grande
reserva de mercado de desempregados onde se atribui a esse caso, a falta de preparação para exercer
uma profissão. Fato constatado no decorrer da história pela mão de obra não qualificada e justificada
pela oferta de mercado com salários muito distante de atender as necessidades reais do ser humano
que busca no trabalho o sustento pessoal e familiar.
O mercado de reserva sempre foi muito útil para a exploração do trabalho, visto que as
estatísticas apontam para o trabalhador, que ele é um privilegiado por estar atuando no mercado de
trabalho, enquanto outros precisam estar no mercado informal para atender as necessidades básicas
de sobrevivência. Cria-se aí o mito que o trabalho assalariado garante estabilidade e condições dignas
de vida, enquanto que os que não fazem parte deste universo são alienados do processo produtivo que
gera as mazelas do sistema capitalista. Neste sentido o trabalho assalariado pode ser
[...] a um conjunto repetitivo de atividades cuja somatória resultava no trabalho coletivo
produtor dos veículos. Uma linha rígida de produção articulava os diferentes trabalhos,
tecendo vínculos entre as ações individuais das quais a esteira fazia as interligações, dando o
ritmo e o tempo necessários para realização das tarefas. Esse processo produtivo
caracterizou-se, portanto, pela mescla da produção em série fordista com o cronômetro
taylorista, além de uma separação rígida entre elaboração e execução (ANTUNES, 2004, p.
37)
Este conceito de empregabilidade surge, neste ínterim, como ummecanismo que retira do
capital e do Estado a responsabilidadepela implementação de medidas capazes de garantir o
mínimode condições de sobrevivência para a população. Hoje cria-se para justificar as desigualdades
1 Professora do Ciclo Básico e Coordenadora do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Luterano de Santarém.
56
376
a distribuição de renda, ou seja a estratificação social, que sempre existiu, por meio de bolsa família,
bolsa verde, auxilio maternidade, auxílio desemprego entre outros.
Ao seresponsabilizar os indivíduos pelo estabelecimento de estratégiascapazes de inseri-los no
mercado de trabalho, justifica-se odesemprego pela falta de preparação dos mesmos
paraacompanharem as mudanças existentes no mundo do trabalho.Onde a necessidade dos indivíduos
de qualificar-se através de uma educação sistematizada com habilidades e conhecimentos adequados
aosinteresses da produção para asuperação do desemprego existente.
Nesta superação surge um conceito diferente de profissional do novo milênio o do profissional
empreendedor que é capaz de flexibilizar a produção e reestruturar as ocupações dos trabalhadores,
integrando-osaos setores da produção e multi-funcionalidade navalorização dos saberes não ligados
ao trabalho apenas mas na proatividade de sua função.
A partir desta visão grandes empresas optampor comprar serviços das micro e pequenas
empresas, em vez de comprar mão-de-obra. O processo de terceirização exige um micro ou pequena
empresa que assumem as tarefas produtivas compradas com menos custos e maior eficiência.
Nesta nova visão sistêmica para atender as demandas é necessário um novo tipo de profissional
que seja educado para as mudanças constantes do mercado de produção, na qual a inserção não se
opera somente pela via do trabalho concursado ou Carteira assinada, mas profissionais liberais que
assumem atividades que garantam a produção eficiente. Nesta parceria entram as instituições federais
técnicas e universidades que serviram de bases de formação destas competências com transformações
e mudanças de cunho tecnológico e organizacional do produção. Este modelo de profissional deverá
ser preparado não somente através de uma base técnica, mas também com características e habilidades
comportamentaistais como criatividade, trabalho em grupo, decisão, resolução de problemas,
comunicação entre outras; tornando-se um trabalhador polivalente.
[...] chamamos empreendedores não só aqueles homens de negócios “independentes”, de uma
economia mercantil [...] como também todos os que, realmente preenchem, aquela função
que definimos; ainda que, como está sendo a regra, sejam empregados “dependentes” de uma
companhia [...] por outro lado, o nosso conceito é mais restrito que o tradicional, pelo fato de
não abranger todos os diretores de firmas, gerentes ou industriais que, simplesmente, apenas
dirigem um negócio estabelecido [...].(SCHUMPETER, 1961a, p. 103-104).
E, para se tornar empreendedor, é necessário que o indivíduo adquira eaprimore constantemente
suas qualidades pessoais, pois a consecução de umnegócio lucrativo, perpassa pelos quatro pilares da
educação, ou seja, a formação continuada o conhecimento precisa ser aprimorado pois as mudanças
estão visíveis, o aprender a fazer preciso ter o conhecimento teórico aliado a prática, precisa-se
aprender a pois é na diversidade de ideias que se constrói novas expectativas e avanços significativos
e no aprender a conviver em grupos troca-se experiências valiosas que constrói grandes parcerias
necessárias ao mundo produtivo (DELORS 1999).Nessa situação, pode-se incluir o quinto pilar da
377
educação aprender a empreender, fazer uso dos quatro pilares para progredir no mundo dos negócios
e aprender a se valorizar enquanto profissional.
O profissionalempreendedor à medida em que busca o conhecimento de si mesmo como
empreendedor é um dos aspectosmais importantes para o sucesso de um negócio, pois pode-se será
ferramenta do próprio trabalho. Estes empreendedores são pessoas que perseguem o
benefício,trabalham individual e coletivamente, inovam, identificam e criam oportunidades
denegócios, montam e coordenam novas combinações de recursos(funções de produção), para extrair
os melhores de inovações num meio incerto. Mas também desenvolvem a habilidade para negociar,
com as outras pessoas, adquire experiência,aprendem a ouvir que as pessoas e são bons negociantes.
MÉTODO: Para verificar in loco destas constatações teóricas no mercado santareno, realizou-se uma
pesquisa de campo em 2016 com 300 participantes. Os instrumentos para coleta de dados por meio
da aplicação de questionários, com 10 questões fechadas para verificar se as pessoas que atuam como
microempreendedores tem esta visão de profissional que é capaz de atuar com eficiência e eficácia
no setor produtivo da região, criando oportunidades de negócio e de trabalho.
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: Apenas 10% da amostra compreende o que significa ser um
profissional que busca na sua própria competência a realização de seus sonhos pessoais e
profissionais, 40% estão atuando de forma aleatória por não ter outra fonte de renda; 50% atuam
como trabalhadores do mercado formal e mas horas de folga do trabalho renumerado fazem o que
consideramos um extra ou popularmente conhecido com bico.
Ao indagar sobre qual a importância do empreendorismo na sua vida financeira 20% declara
que é o caminho a seguir para mudar de vida; 60% ainda espera uma vaga no mercado formal pela
questão da aposentadoria e segurança,20% ainda estão em dúvida sobre o que desejam para suas
vidas. Reconhecem que o empreendedorismo é o caminho viável, porém as atitudes de
comportamento estão dissociadasda realidade vivenciada por eles.
Questionados sobre o planejamento financeiro e estratégico do negócio, apenas 10% se
preocupa com este conhecimento, 90% faz pelo improviso e não buscam auxilio técnico para sanar a
deficiência.
Sobre o diferencial do seu negócio, 80% não souberam responder a questão formulada,20% tem
uma visão clara do diferencial do seu negócio.
Sobre o investimento do capital e a gestão de recursos somente 10% faz orçamento e aplica
totalmente os ganhos em novas mercadorias e ganhos futuros, 90% utiliza os recursos para o
378
pagamento de despesas pessoais como alimentação, moradia, vestuário entre outros trabalhando
conforme a necessidade do momento.
CONSIDERAÇÃO FINAL: Diante da pesquisa realizada percebe-se que estes profissionais ainda
precisam buscar parcerias para alcançar sucesso através do mercado informal. Compreender as
estratégias do mercado produtivo e principalmente aprender a fazer uma leitura do processo de
globalização e suas consequências no mundo do trabalho.
Por outro lado a educação financeira ainda não contempla a totalidade da compreensão dos
educandos no que se refere a saber cuidar dos seus investimentos. O consumo ainda é maior do que
o orçamento e passa a ser apenas um capital passivo. Poucos conseguem ver o capital ativo como
uma mudança de atitude e de aplicação de investimento onde o empreendedorismo passa a ser uma
oportunidade de mudança.
REFERENCIAS
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380
ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL NA PERSPECTIVA DOCENTE
57Ledyane Lopes Barbosa. HISTEDBR. UFOPA1
58Anselmo Alencar Colares. HISTEDBR. UFOPA2
Agência financiadora: UFOPA
RESUMO – Quando se fala em escolas de tempo integral, a infraestrutura é um fator importante, mas não deve ser o
único fator a ser considerado capaz de promover as condições necessárias para o desenvolvimento de uma educação
integral de fato e de direito. Assim, esta investigação objetivou identificar a concepção docente sobre educação integral,
além de analisar como os professores avaliam a política de educação integral que vem sendo implantada na escola em
que atuam, tendo como locus duas escolas da rede municipal da cidade de Santarém/PA. A pesquisa é de caráter
qualitativa, contou com revisão bibliográfica e documental. Houve aplicação de questionários semiestruturados com 15
docentes. Os dados evidenciaram que os docentes apresentam uma fragilidade conceitual sobre educação integral e de
tempo integral, e avaliam de forma satisfatória a política de educação integral que está sendo implantada em suas
respectivas escolas. Detectou-se que o corpo docente aponta proposições para melhorar a experiência da educação de
tempo integral, no sentido de contratação de pessoal para trabalhar em tempo integral, além da continuidade dos projetos
iniciados pelos professores do turno regular.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO INTEGRAL. ENSINO APRENDIZAGEM. EDUCAÇÃO DE TEMPO
INTEGRAL.
INTRODUÇÃO: Este trabalho retrata uma pesquisa vinculada ao Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação cientifica-PIBIC/UFOPA. Está em sintonia com o projeto denominado “Políticas de
Educação Integral nos municípios de Santarém e Belterra/PA”, que tem por objetivo analisar como a
política nacional de educação integral está sendo implementada nos municípios de Santarém e
Belterra (PA).
A pesquisa é de cunho qualitativa, e foi desenvolvida no âmbito do Grupo de Estudos e
Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil” – HISTEDBR/UFOPA359, que tem como líder
o Professor Dr. Anselmo Alencar Colares e como líder adjunta a Professora Dra. Maria Lília Imbiriba
Sousa Colares.
A investigação objetivou identificar a concepção docente sobre educação integral, além de
analisar como os professores avaliam a política de educação integral que vem sendo implantada na
escola, tendo como locus duas escolas da rede municipal da cidade de Santarém/PA. A escolha por
duas escolas da rede municipal deve-se ao fato de que há somente duas escolas consideradas de tempo
integral, uma localizada na zona urbana e outra situada no campo.
1 Estudante da Universidade Federal do Oeste do Pará. Instituto de Ciências da Educação – ICED. Programa de Educação.
Bolsista de iniciação científica UFOPA. Curso de Pedagogia. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas “Historia,
Sociedade e Educação no Brasil/HISTEDBR/UFOPA”. E-mail: [email protected] 2 Pós-doutor em Educação pela Unicamp. Docente do Instituto de Ciências da Educação – ICED, Programa de Pós-
graduação em Educação. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas “Historia, Sociedade e Educação no
Brasil/HISTEDBR/UFOPA”. Orientador da pesquisadora. E-mail: [email protected] 3 O Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil” HISTEDBR/UFOPA é vinculado ao Grupo
Nacional de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil” – HISTEDBR, coordenado pelo Prof. Dr.
Dermeval Saviani, da Universidade Estadual de Campinas – (HISTEDBR/UNICAMP). 59
381
MÉTODO: A proposta deste trabalho consistiu numa abordagem qualitativa, sob a configuração da
pesquisa de campo.
Neste sentido, a coleta de dados se deu por meio da aplicação de questionários semiestruturados.
Assim, o campo de pesquisa da investigação compreendeu duas escolas municipais do município de
Santarém-PA, denominadas nesta pesquisa com códigos (A e B), para manter o sigilo e a integridade
ética das instituições, assim como dos profissionais envolvidos tendo como sujeitos 15 professores,
sendo 7 da EA e 8 da EB.
O Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de
perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o
pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador; depois de
preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo. (LAKATOS e MARCONI, 2003, p. 201)
Foram aplicados 15 questionários semiestruturados tendo como finalidade apreender as
concepções que os docentes possuem sobre a educação integral e de tempo integral, bem como do
modo como avaliam a política de educação integral que vem sendo desenvolvida em suas respectivas
escolas.
Posterior a coleta de dados que ocorreu no período de fevereiro a abril de 2017, houve o
tratamento dos dados em consonância com Gadotti (2009); Lima e Almada (2013); Saviani (2011);
Ferreira (2016) entre outros, além dos dispositivos legais como a LDB (Lei nº 9.394/96) e o PNE
((Lei nº13.005, de 25 de junho de 2014) e posterior escrita do relatório final de iniciação científica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A pesquisa foi desenvolvida no município de Santarém, situado
ao norte do Brasil, na Mesorregião do Baixo Amazonas, microrregião de Santarém, é o centro
polarizador da Região Oeste do Pará – área que abrange 722.358 km² e abriga vinte e sete Municípios.
Com base nos objetivos propostos detectou-se que os docentes apresentam concepções
reducionistas acerca da educação integral e de tempo integral, conforme podemos analisar nas falas
dos sujeitos quando interpelados sobre haver ou não diferenças entre educação integral e educação
de tempo integral.
Na escola A:
Quando questionados se há diferença entre educação integral e educação de tempo integral, (4)
professores responderam que não há diferenças entre os termos, e (3) professores informaram que
acreditam existir diferença entre educação integral e de tempo integral.
No tocante a uma das justificativas para a negativa dessa questão, temos:
Acredito que a educação integral está interligada com a educação de tempo
integral. Suas práticas pedagógicas que são diferenciadas. (P1)
382
Acredito que os dois termos são iguais, já que em uma escola pública, os
alunos ficam mais tempo na escola. (P3)
Quanto aos professores que afirmam existir diferença entre a educação integral e educação de
tempo integral, temos:
Na educação de tempo integral, o aluno tem a oportunidade de aprender
várias atividades. (P2)
A educação integral é como uma educação que abrange a educação como um
todo, onde o foco é apenas o acumulo de conteúdo. Enquanto a educação de
tempo integral trabalha muito mais a educação focada na vivência, focando
não na quantidade de conteúdos mais na qualidade da aprendizagem. (P4)
Na escola B:
Quando interpelados sobre haver ou não diferença entre educação integral e educação de tempo
integral, três professores deixaram em branco essa assertiva (P5, P6, P7), o que pode ser subentendido
que não sabiam responder por desconhecimento da temática ou por manifestarem dúvidas sobre como
responder, o que de todo modo representa uma preocupação da fato séria, uma vez que esses
professores trabalham em uma escola de tempo integral.
Os demais professores responderam à esse questionamento do seguinte modo:
Não tem diferença nenhuma (P1).
Não há diferença, pois, a educação integral está inclusa na educação de tempo
integral, na nossa realidade falta muito para essa educação ser concretizada
(P2).
Acredito que não deve ter diferenças, pois, as crianças deveriam passar mais
tempo nos espaços escolares, já que nos países desenvolvidos isso já ocorre.
(P3).
Há bastante diferença, pois, na educação integral a criança passa o dia na
escola, além das aulas desenvolvem projetos e são orientados como lidar com
os colegas (P4)
Conforme podemos notar há uma discrepância entre os professores quanto ao que entendem por
educação integral e educação de tempo integral, tanto que o P4 embora tenha afirmado que há
diferenças entre os termos não soube explicar. Outros não entraram no mérito da questão como o P1
que apenas explicitou que não vê diferença entre ambos os termos. E ainda há quem entenda que
educação integral é sinônimo de ampliação da jornada escolar como o P3. Tais respostas devem
suscitar no mínimo uma preocupação com a formação desses professores que deve se dar de forma
contínua.
Acerca da forma como avaliam a política de educação que vem sendo implantada em ambas as
escolas, verificamos que a avaliação dos docentes está pautada no desenvolvimento das atividades
realizadas na escola, e assim a questão estrutural e de pessoal ganha destaque sendo um dos pontos
negativos apontados na experiência da educação de tempo integral.
Sendo que os pontos positivos elencados pelos docentes de ambas as escolas relacionadas a
implementação da escola de tempo integral consistiu nas atividades desenvolvidas de cunho
383
ambiental, na questão da retirada dos alunos das ruas passando mais tempo na escola, mas sem tirar
o lazer deles, no aspecto lúdico das aprendizagens, como por exemplo, no ensino de matemática onde
os alunos tem encontrado dificuldade de aprender na sala de aula, além do aspecto socializador e de
afastar as crianças das ruas enquanto estes aprendem e socializam por mais tempo na escola.
Por fim, observamos a predominância do olhar assistencialista que concebe as crianças
atendidas na escola de tempo integral como ‘carentes’ em todos as aspectos. Destaca-se que a escola
dessa forma contribui para condicionar o aluno para o futuro mercado de trabalho, uma vez que as
crianças se adaptam a uma rotina com regras, e horários assim como acontece no trabalho a ser
desenvolvido sob os moldes do sistema capitalista.
CONCLUSÃO: A pesquisa realizada com foco na concepção docente revelou aspectos que
necessitam serem repensados para o aperfeiçoamento da proposta da escola de tempo integral nas
escolas municipais pesquisadas.
Os resultados apontaram que existem contribuições positivas apresentadas pelos professores e
que representam reinvindicações mais que justas. Um fato que chamou a atenção é o ato político que
grande parte do corpo docente tem ao cobrar do poder público mais investimento para a escola de
tempo integral, por entenderem que a ETI é resultado de ações coletivas em prol de uma educação
integral que se estenda a todos os alunos sem distinção de gênero, raça, cor, credo religioso e etc.,
Embora o estudo tenha mostrado que os sujeitos da pesquisa apresentam concepções
reducionistas sobre educação integral e de tempo integral. Contudo, apontam proposições visando a
melhoria da experiência de educação integral em suas respectivas escolas, como: a contratação de
enfermeiros em tempo integral, a contratação de pessoal para ficar com as crianças no período de
descanso entre o almoço e o retorno às atividades e que haja continuidade dos projetos iniciados pelos
professores do turno regular.
Detectou-se ainda, que os professores de ambas as escolas concebem a política de educação
integral como satisfatória, mesmo apontando demandas estruturais e de pessoal como aspectos a
serem sanados para melhorar a experiência nas escolas de tempo integral. Aspectos estes relacionados
a formação do professor e a estrutura física das escolas.
As reflexões em torno de uma educação integral precisam ir além do espaço físico, daí, a
importância de identificar as concepções docentes sobre educação integral, bem como analisar a
política de educação integral desenvolvida nas escolas. Porque trata-se de um exercício onde é
possível identificar as concepções de educação integral que estão direcionando as atividades
pedagógicas nas escolas pesquisadas, refletindo assim como essa política tem sido compreendida e
implementada nesses espaços de formação.
384
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº
9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, DF, 1996.
_______. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. Lei nº 13.005/2014. Brasília, DF,
2014.
FERREIRA, Gerusa Vidal. Educação de Tempo Integral em Santarém: Ações da secretaria
municipal de educação no período de 2008 a 2014. Dissertação. Santarém, PA, 2016.
GADOTTI, Moacir. Educação Integral no Brasil: inovações em processo. São Paulo: Editora e
Livraria Instituto Paulo Freire, 2009. (Educação Cidadã; 4).
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica.
5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
LIMA, Francisca das Chagas Silva; ALMADA, Jhonatan Uelson Pereira Sousa de. Educação
Integral: concepções, experiências e a sinalização do projeto de lei do Plano Nacional de
Educação 2011-2020. In: Educação Integral: ideário pedagógico, políticas e práticas. LIMA,
Francisca das Chagas Silva; LIMA, Lucinete Marques; CARDOZO, Maria José Pires Barros
(Organizadoras). São Luís: Edufma, 2013.
385
HISTÓRIA DA AMAZÔNIA NO 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO
DE ÓBIDOS
60Geanice Pinheiro dos Santos1
Márcia Coêlho Nogueira1
Maria Rubiane Rocha da Silva1
Terlen Lana Vasconcelos de Sena1
61Maria Antonia Vidal Ferreira2
RESUMO: O objetivo do presente artigo é analisar como a história da Amazônia está sendo trabalhada no 2º ano do
ensino fundamental do município de Óbidos. Caracteriza-se como pesquisa bibliográfica, documental e de campo, tendo
a entrevista com a professora da turma como levantamento de informações. A partir de uma abordagem qualitativa,
analisamos a legislação vigente no que diz respeito ao ensino da história local e regional, confrontando simultaneamente
com as práticas metodológicas e com os recursos didáticos utilizados pelos professores. Verificamos uma padronização
nos currículos escolares, nos planos de ensino e nos recursos didáticos e isso nos conduz a concluir que, a mediação entre
os conhecimentos sistematizados e os adquiridos por meio da cultura regional, deve partir de uma visão crítico-reflexiva,
considerando as diversidades culturais existentes no país, favorecendo assim, a legitimidade por parte dos alunos de sua
identidade e o reconhecimento destes sobre o ambiente político e social ao qual estão inseridos.
PALAVRAS CHAVE: ENSINO DE HISTÓRIA. AMAZÔNIA. CURRÍCULO ESCOLAR.
INTRODUÇÃO: O ensino da história propicia ao aluno compreender sua identidade e seu papel
como sujeito atuante no meio que o cerca. Nesta perspectiva a escola deve reconhecer que é também
seu papel oferecer um ensino baseado na preservação e valorização dos bens culturais locais e
regionais para superar dialeticamente a homogeneização cultural evidenciada nos livros didáticos.
A escola deve inserir em sua proposta curricular elementos que possibilitem aos discentes
contextualizar sua vivência individual a uma história coletiva, isto é, estabelecer uma conexão entre
passado e presente nos vários espaços de convivência.
Diante do exposto, surge a seguinte proposição: as escolas que atendem os alunos do 2º ano
do Ensino Fundamental já apresentam mudanças estruturais nos currículos escolares no que tange a
inserção de conteúdos e práticas metodológicas voltadas para o ensino da história local e regional?
Essa questão orientou a construção deste trabalho que teve por objetivo analisar, na legislação
vigente, as orientações sobre o ensino da cultura regional, bem como analisar as práticas
metodológicas e os recursos didáticos utilizados no ensino da história da Amazônia constantes no
plano de aula do professor do 2º ano do Ensino Fundamental.
A formação histórica do Brasil deriva da diversidade cultural resultante da forte influência
político-social de outros povos que chegaram ao país com o intuito de explorar recursos aqui
existentes, visto que, as terras brasileiras possuíam e ainda possuem uma grande variedade de riquezas
naturais (minérios, borracha, madeira, etc), que funcionaram como um atrativo as nações estrangeiras.
1 Acadêmica do Curso de Pedagogia da UFOPA. Campus Óbidos.
60 2 Professora da Ufopa. Campus Óbidos. Orientadora da pesquisa. 61
386
A respeito da diversidade cultural, Pescaria e Colares (2017, p. 9) asseveram que “a
sociedade brasileira [...] formou–se ao longo de sua história com intensas miscigenações [...]
religiosas, étnicas, de gênero, [...] que devem ser considerados no momento em que se pensa a
educação escolar para os povos da Amazônia”.
Tal diversidade precisa ser contextualizada a partir dos acontecimentos da história universal,
a fim de perceber as relações entre essas temáticas. Nesse sentido, Costa e Correa (2016, p. 81)
afirmam que “posições dicotômicas que concebem o ensino prioritariamente voltado para o
conhecimento que se produz nos entornos de sua realidade em detrimento do conhecimento universal,
não podem levar o homem além do óbvio das reproduções de senso comum”.
Entretanto ao adotar o ensino do saber universal em detrimento do saber local e regional,
acaba-se por limitar a educação oferecida pela escola, que promove desta maneira, a alienação do
sujeito e a reprodução de valores externos à sua realidade. É de fundamental importância que o
educando se aproprie da história de sua região para que tenha embasamento teórico suficiente para
assumir uma postura crítica diante da realidade, a fim de intervir com ações de caráter emancipatório
e transformador.
No contexto amazônico, “[...] isso significa fazer com que o aluno compreenda a sua própria
história e a partir dela tenha a possibilidade de transgredir à sua realidade, numa dinâmica de
movimento que não deve se vincular somente ao pragmático [...]” (COSTA; CORREA, 2016, p. 81).
MÉTODO: Este trabalho foi construído a partir de uma pesquisa bibliográfica, documental e de
campo entendida conforme Ludwig (2015, p. 55) “como coleta de dados no local onde acontecem os
fenômenos”. As fontes bibliográficas e documentais foram: artigos, livros, sites especializados e
legislação vigente, além dos planos de curso e livros didáticos referentes ao 2º ano do ensino
fundamental no município de Óbidos. A metodologia partiu de uma abordagem qualitativa, cuja
análise crítica possibilitou investigar de que forma o ensino de história da Amazônia está sendo
trabalho no âmbito da sala de aula.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A leitura mais detida sobre a proposta curricular para o 2º Ano do
ensino fundamental, especialmente sobre o componente História da Amazônia, mostra que existe
uma importante lacuna de conteúdo, conforme afirma Teixeira Junior (2016, p. 21):
Ainda que, se anuncie estudos da Amazônia, em seu título, os conteúdos indicados pela
Secretaria de Educação do Estado do Pará, parte citados aqui, são de “História do Pará”, uma
“História” que começa com a vinda da Família Real para o Brasil, e que menciona apenas a
matriz de cultura branca, excluindo povos Indígenas e Negros. Um conteúdo, novamente, no
singular. Essa ausência de conteúdo regional fere a LDB, uma vez que de acordo com a lei,
o aluno precisa conhecer a realidade em que está inserido, e nesse aspecto as matrizes se
cultura africana e indígena precisam está contempladas nas aulas ministradas, por essa área
do conhecimento.
387
Neste sentido, as práticas pedagógicas deixam a desejar no tocante aos conteúdos regionais,
pois o ensino dos aspectos locais e regionais em todos os níveis de ensino da educação básica está
previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/1996 em seu Artigo 26, quando
esta define que o sistema de ensino esteja organizado por uma base comum nacional que será
complementada por uma parte diversificada (BRASIL, 1996).
De igual modo o sistema de ensino do município Óbidos, localizado no Oeste do estado do
Pará, por meio da Resolução nº 003/2014 do Conselho Municipal de Educação de Óbidos prevê em
seu Artigo 27 que:
O currículo do Ensino Fundamental no Sistema Municipal de Ensino do Município de
Óbidos, Estado do Pará, incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das
crianças e dos adolescentes, aqueles elencados nas respectivas Diretrizes Curriculares
Nacionais e na presente Resolução, bem como uma parte diversificada, que deverá ser
constituída a partir da seleção dos seguintes conteúdos: [...] d) Estudos regionais; [...] f)
Estudos paraenses; [...] o) Cultura e sociedade; [...] q) Educação para a cidadania. Parágrafo
único. As Instituições de ensino poderão incluir na parte diversificada de seu currículo,
conteúdos não elencados no caput, visando ao atendimento das necessidades locais.
(ÓBIDOS, 2014).
Contudo, o profissional que atua nesse nível de ensino, ainda se encontra limitado a
conteúdos previamente programados, não avançando além dos planos de curso ditados pelos sistemas
de ensino. Permanece refém desse modelo reprodutivo de conteúdos e de práticas metodológicas
cristalizadas.
Entretanto, existem outros meios que o professor pode utilizar como recurso didático,
aliando ensino com pesquisa para conhecer a história amazônica, a partir das referências locais que
se encontram esquecidas e que muito tem a contribuir com o ensino da região. (LOUREIRO, 2007,
p. 20).
Deste modo, é relevante que a atuação do professor esteja voltada para a contextualização
das propostas curriculares à realidade local, visto que estas orientações são disponibilizadas de
maneira generalizada e distanciadas da vivência do aluno. Isso “tem a ver com o tipo de escola que
se quer para Amazônia, pois no processo de reconhecimento da história de um povo é necessário não
para aprisionar as particularidades, e sim, para funcionar como referência na tomada de decisões”.
(COSTA; CORREA, 2016, p.81).
A disciplina História de Óbidos atualmente faz parte da matriz curricular do Ensino
Fundamental anos finais (6º ao 9º ano) do sistema de ensino do município de Óbidos. Ela foi
institucionalizada em 25 de março de 2002 através da Resolução nº 216 do Conselho Estadual de
Educação do Pará. Porém, esta disciplina não consta nos Anos iniciais do ensino fundamental.
Portanto, ao analisarmos os livros didáticos, o plano de curso e os planos de aula do 2º ano
do Ensino Fundamental em duas escolas da zona urbana do município de Óbidos, verificou-se uma
388
grande ausência de conteúdo programático e de prática pedagógica no que concerne ao estudo da
história da Amazônia em especial a história do município de Óbidos.
No livro didático percebeu-se que os conteúdos presentes tratam da história de forma
generalizada sem abordar as especificidades da região amazônica, mas isso se deve ao fato de ser
elaborado para uso nacional e encaminhado para as escolas através do Programa Nacional do Livro
Didático - PNLD vinculado ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação/FNDE.
Os conteúdos encontrados nos livros didáticos giram em torno das seguintes temáticas:
contos que evidenciam passagens da história do Brasil; análise de imagens de jornais e documentos
pessoais antigos; comparação entre ferramentas de trabalhos atuais e antigos como, por exemplo:
máquina de escrever/computador, ferro a carvão/ ferro elétrico); pesquisa de histórias pessoais
vivenciadas por familiares ou amigos, noções sobre o tempo presente, passado e futuro entre outros.
Já no plano de curso do 2º ano do ensino fundamental e plano de aula identificou-se que são
trabalhados os seguintes conteúdos programáticos: distinguir e ordenar temporalmente os fatos
históricos locais, regionais e nacionais; articular e estabelecer correlações entre os fatos históricos
(locais, regionais e nacionais) e a vida vivida no tempo presente.
Neste sentido, cabe ao profissional da educação proporcionar ao educando um mergulho
profundo que o possibilite conhecer sua própria região em diferentes contextos, pois o levará a ter
uma reflexão sobre a realidade histórica e suas especificidades, consolidando, assim, a cultura local.
CONCLUSÃO: Durante o estudo, observou-se que são poucos ou quase inexistentes os recursos
didáticos utilizados pelos professores que contemplem a realidade do município de Óbidos. Quando
o professor não demonstra habilidade em ser criativo e dinâmico no desenvolvimento de suas
atividades em sala de aula, este se vê obrigado a propiciar um ensino limitado e distanciado das
vivências de seus alunos, promovendo deficitariamente ao processo de ensino e aprendizagem.
Neste sentido o aluno vive em constante contradição entre o que ele recebe como teorias do
conhecimento historicamente produzido e o que ele percebe em seu cotidiano, apropriando-se de uma
cultura externa que não condiz com sua realidade.
Portanto, para que o educador seja um mediador entre os conhecimentos sistematizados,
propostos na legislação vigente e os adquiridos através da cultura regional, é relevante que se trabalhe
com uma visão crítico-reflexiva, considerando as diversidades culturais existentes no país,
favorecendo assim, a legitimidade por parte dos alunos de sua identidade e o reconhecimento destes
sobre o ambiente político e social ao qual estão inseridos.
389
REFERÊNCIAS
BRASIL, LDB. Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm> Acesso em: 03 ago.2017.
COSTA, Danielle Caroline Batista da; CORREA, Martina de Siqueira. Uma escola para a Amazônia?
In: Educação e realidade amazônica. Uberlândia: Navegando Publicações, 2016. cap. 4, p. 73-84.
LOUREIRO, Violeta Refkalefsky. Educação e sociedade na Amazônia em mais de meio século.
Disponível em: <https://paginas.uepa.br/seer/index.php/cocar/article/ view/141/115> Acessado em
02 ago. 2017.
LUDWIG, Antonio Carlos Will. Fundamentos e prática da Metodologia Científica. 3. Ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
ÓBIDOS, Resolução nº 003/2014. Sistema Municipal de Ensino de Óbidos. Disponível em
http://semed.obidos.pa.gov.br/gestoreducacional/paginas/publico /fm_legislacao.xhtml?dswid=-
1071 Acessado em 10 ago.2017.
PESCARIA, Carolina Whitaker; COLARES, Anselmo Alencar. A Educação escolar a partir da
perspectiva das diversidades. In: Educação e realidade amazônica. Vol. 2. Uberlândia: Navegando
Publicações, 2017. cap. 1, p. 9-21.
TEIXEIRA JUNIOR, Tiese. Ditos e escritos sobre os estudos amazônicos, no ensino básico, do
Estado do Pará. Disponível em: <file:///C:/Users/GE/ Downloads/2310-7737-1-PB%20(1).pdf>
Acessado em 02 ago.2017.
390
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA: COMBATE E PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS EM
UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM/PA.
62Ledyane Lopes Barbosa. HISTEDBR. UFOPA1
63 Lília Travassos de Sousa HISTEDBR. UFOPA2
64Maria Lília Imbiriba Sousa Colares. HISTEDBR. UFOPA3
RESUMO – Este trabalho tem como campo investigativo a pesquisa-ação, por se tratar de um projeto de intervenção
que objetivou promover a realização de um dia “D” no combate e prevenção ao uso de drogas em uma escola da rede
estadual de ensino do município de Santarém/PA. A ação de intervenção constituiu-se a partir de uma diagnose
apresentada pelo pedagogo do turno vespertino, apontando a questão do uso recorrente das drogas nesse ambiente escolar,
como um dos malefícios para o processo de aprendizagem de seus educandos. Os resultados apontaram a importância da
promoção de ações nas escola e comunidade com o intuito de informar, em um processo preventivo, as consequências
que acarretam o uso de drogas. A atuação da família é imprescindível para cooperar com a busca de soluções para essa
questão, pois fica inviável a escola tomar para si a responsabilidade desse problema. O conhecimento apresenta-se como
a melhor estratégia para a prevenção de práticas nocivas ao homem, devendo esta prevenção ser repetitiva e quotidiana.
PALAVRAS-CHAVE: GESTÃO EDUCACIONAL. INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA. ESTÁGIO
SUPERVISIONADO.
INTRODUÇÃO: A gestão democrática enquanto princípio para a educação brasileira está
assegurada na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 206, e, ratificada em leis complementares
como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/19916).
A democratização dos sistemas de ensino e da escola implica aprendizado e vivência do
exercício de participação e de tomadas de decisão. Trata-se de um processo a ser construído
coletivamente, que considera a especificidade e a possibilidade histórica e cultural de cada sistema
de ensino: municipal, distrital, estadual ou federal de cada escola. (BRASIL, 2004)
Assim tratar sobre a gestão educacional na perspectiva democrática pressupõe levar em
consideração o contexto sociocultural dos agentes que compõem o corpo escolar valorizando-se esses
sujeitos e, por conseguinte, toda a comunidade discente. E é nessa perspectiva que o projeto de
intervenção aplicado em uma escola da rede estadual do município de Santarém se apresentou, como
uma alternativa viável para estimular o debate e a ação reflexiva por parte da equipe gestora da escola
1 Estudante da Universidade Federal do Oeste do Pará. Instituto de Ciências da Educação – ICED. Programa de Educação.
Bolsista de iniciação científica UFOPA. Curso de Pedagogia. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas “Historia,
Sociedade e Educação no Brasil/HISTEDBR/UFOPA”. E-mail: [email protected] 2 Estudante da Universidade Federal do Oeste do Pará. Instituto de Ciências da Educação – ICED. Programa de Educação.
Bolsista de iniciação científica UFOPA. Curso de Pedagogia. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas “Historia,
Sociedade e Educação no Brasil/HISTEDBR/UFOPA”. E-mail: [email protected]
3 Doutora e Pós-doutora em Educação pela UNICAMP. Docente do Programa de Pós-graduação em Educação da
Universidade Federal do Oeste do Pará-UFOPA. Coordenadora Institucional do Programa Nacional Escola de Gestores
da Educação Básica Pública/UFOPA. Coordenadora Associada II do Projeto: “As Experiências Pedagógicas das
Políticas de Educação Integral na Amazônia: Rede de Pesquisa e Formação Acadêmica”, UNICAMP/UNIR/UFOPA,
Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD) – Edital nº 071/2013. Líder Adjunta do Grupo de Estudos
e Pesquisas “História, Sociedade e Educação” no Brasil (HISTEDBR-UFOPA). E-mail: [email protected]
391
e comunidade discente. A ação de intervenção surgiu a partir de uma diagnose465 realizada entre a
equipe proponente e o pedagogo do período vespertino que apontou que a escola enfrenta problemas
concernentes ao uso de drogas lícitas e ilícitas, tanto que até uma operação policial já foi realizada no
entorno da escola. Assim, compreendemos que a intervenção deve assumir um caráter preventivo e
paleativo.
A intervenção pedagógica realizada em setembro durante o período diurno em uma escola
estadual do município de Santarém, teve por objetivo geral: promover a realização de atividade no
combate e prevenção ao uso de drogas. E por objetivos específicos: conscientizar e sensibilizar os
alunos sobre os malefícios que as drogas tem causado à sociedade; estimular o pensamento crítico, o
respeito à vida e a autonomia do corpo discente; e contribuir para estreitar a relação entre academia e
escola. O público-alvo da ação foram alunos do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e Ensino Médio
(1ª a 3ª série).
Destaca-se que o projeto de intervenção acima mencionado surgiu a partir do componente
curricular de Estágio em Gestão Educacional (total de 50h) ministrado pela Profª Drª Maria Lília
Imbiriba Sousa Colares nas turmas de pedagogia 2013 e 2014 da Universidade Federal do Oeste do
Pará (UFOPA), onde o trio de estagiárias proponentes566 foram desafiadas a pensar e realizar um
projeto de intervenção que metodologicamente está situado dentro da pesquisa – ação.
MÉTODO: O trabalho de investigação foi desenvolvido dentro da modalidade da pesquisa-ação.
Segundo Thiollent (1988 apud GERHARDT e SILVEIRA, 2009) a pesquisa ação é um tipo de
investigação social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma
ação ou com a resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes
representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
Desse modo, este tipo de pesquisa exige do pesquisador um planejamento prévio em relação ao
problema a ser investigado objetivando sua alteração posterior em função de uma intervenção em
uma situação social em conjunto. Sendo que a participação do pesquisador nesta modalidade de
pesquisa é de fundamental importância, uma vez que deixa de ser observador para se tonar ativo no
processo de transformação de uma dada realidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A ação realizada consistiu no dia “D” no combate e prevenção ao
uso de drogas. Houve a realização de atividades de cunho reflexivas, como palestras, exibição de
4 A carga horária do estágio realizado na escola foi 38h envolvendo observação, participação e intervenção. Assim, a
diagnose foi realizada a partir de uma reunião entre o pedagogo do turno vespertino e o trio proponente no dia 08 de
agosto de 2017. 65 5 As autoras sob supervisão da professora-orientadora. 66
392
documentários, momentos de lazer e apresentações culturais durante o período diurno nas
dependências de uma escola da rede estadual do município de Santarém/PA.
Imagem 1: Registro pós-palestra de abertura da intervenção pedagógica realizada pelo PROERD667.
Fonte: Darlice Costa, 2017.
Imagem 2: Registro da roda de conversa realizada por membro do trio proponente da ação.
Fonte: Darlice Costa, 2017.
Buscou-se descobrir por meio da aplicação de questionários direcionado para os alunos com
questões fechadas, de que forma a escola está agindo em relação a temas transversais que permeiam
o cotidiano dos alunos como praticas nocivas tanto na saúde quanto no processo de ensino-
aprendizagem. Os 208 alunos do turno matutino e vespertino que participaram do projeto de
intervenção no dia 14 de setembro foram os mesmos que responderam aos questionários fechados no
dia 21 de setembro.
6 Programa Educacional de Resistência as Drogas e à Violência, do 3º Batalhão da Polícia Militar, 2ª Cia Orgânica, do
Estado do Pará. 67
393
Nos gráficos a seguir podemos identificar por meio de participação dos que estiveram presente
nas atividades nos turnos manhã e tarde, as percepções sobre a ação desenvolvida na escola abordando
a temática das drogas.
No primeiro e segundo gráficos é perceptível que os alunos consideraram relevante a ação
promovida sobre a prevenção e combate ao uso das drogas, pois 67% dos alunos avaliaram como
excelente esse evento, 30% bom, e somente 1% informaram que foi regular.
No terceiro e quarto gráficos, foi possível evidenciar que a escola não aborda com frequência
assuntos relacionados as drogas, onde 71% alunos enunciaram que de vez em quando esse tema é
trabalhado dentro do ambiente escolar e 23% quase nunca, sendo somente 6% os alunos que disseram
que a escola trabalha frequentemente esse tema na escola.
Entretanto, 67% desses alunos acham muito importante e 32% consideram importante trabalhar
em sala de aula esses temas transversais que tanto permeiam o cotidiano desses alunos, e apenas 1%
acham pouco importante trabalhar esses conteúdos em classe.
69%
30%1%1%
Gráfico 1: Como você considerou aação promovida na escolaintitulada dia "D" no combate eprevençao ao uso de drogas?
69% Excelente
30% Bom
1% Regular
0% Ruim 100%
0%
Gráfico 2: Você acha importanteque ações como esta sejamrealizadas nas escolas, nacomunidade, para compartilharinformações sobre os malefícioscausados pelo uso de drogas?
100% SIM
0% NÃO
71%
23%6%
Gráfico 3: Com que frequênciaassuntos relacionados asdrogas é abordado pela escola?
71% DE VEZEM QUANDO
23% QUASENUNCA
6%FREQUENTEMENTE
67%
32%1%
Gráfico 4: O que você achadesses temas como: drogas,sexualidade, violência, entreoutros, serem trabalhadosem sala de aula?
67% Muitoimportante
32%Importante
1% Poucoimportante
394
Com base nos dados obtidos, podemos afirmar que os discentes foram unânimes em concordar
que é importante a realização desses eventos na escola e comunidades, para o compartilhamento
dessas informações sobre os malefícios causados pelo uso de drogas. Haja vista que a escola é um
espaço que agrega pluralidades, relações e conflitos.
CONCLUSÃO: O uso de drogas atualmente constitui-se como um grande problema de saúde
pública, com sérios malefícios pessoais e sociais na vida de jovens e adolescentes. O projeto de
intervenção aplicado adveio de um diagnóstico por parte da escola pesquisada, haja vista que a mesma
encontra-se em uma área de risco e vulnerabilidade social, onde o conhecimento acerca da prevenção,
apresenta-se como o mais eficaz argumento quando se trata do uso de drogas.
Diante disso, foi possível entendermos que a realização de ações na escola e nos espaços
comunitários, com temáticas que permeiam o cotidiano dos educandos, é relevante para promover
conhecimentos, por meio de diálogos e debate de ideias, atuando na prevenção e combate de práticas
prejudiciais à saúde, como também ao processo de aprendizagem.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de
Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Gestão da educação escolar. Brasília: UnB, CEAD, 2004
vol. 5. p. 25).
GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo (Orgs.). Métodos de pesquisa. Universidade
Aberta do Brasil – UAB/UFRGS. Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o
Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.
SANTA CATARINA. Governo do Estado de Santa Catarina. Projeto Viva sem drogas: a prioridade
é a vida. Florianópolis. 2009.
395
LITERATURA COMO FERRAMENTA IMPORTANTE NA FORMAÇÃO DO SER
HUMANO
68Wirllem Almeida Vasconcelos1
Lauriza Marques Bentes1
Ana Caroline Bezerra da Silva1
Jéssica Poliana Sousa de Oliveira1
Paula Cristina Galdino Guimarães²
RESUMO: A literatura está presente no contexto escolar desde os anos iniciais, através das cantigas de roda, contação
de histórias, mediação de leitura. Deste modo, investigar suas contribuições constitui-se relevante para melhor promove-
la no espaço escolar. Assim, este estudo objetivou refletir o uso e a contribuição da literatura na formação do ser humano
e também de seu gosto pelo leitura. Visto que ela tem sido inserida desde o Ensino Fundamental na vida dos alunos. A
metodologia consistiu em estudo bibliográfico, no qual se consultou diversos autores. Esta atividade foi desenvolvida
dentro Subprojeto de Pedagogia PIBID/CEULS a fim de subsidiar ações desenvolvidas em ambiente escolar. Os
resultados mostram que através da literatura o indivíduo (aluno) torna-se mais capaz de compreender o mundo em que
vive percebendo de modo mais sensível e crítico o mundo que o cerca, além de desenvolver o costume da leitura que se
faz imprescindível para o desenvolvimento na vida escolar. Assim, é importante que a literatura tenha seu espaço em toda
a vida escolar, pois, além de estimular o gosto pela leitura, permite ampliar conhecimentos sobre a vida, o ser humano e
seu universo, colaborando para o crescimento de cada indivíduo, ajudando-o na sua própria formação como ser humano.
PALAVRAS – CHAVE: LITERATURA, FORMAÇÃO, PIBID – PEDAGOGIA CEULS/ULBRA.
INTRODUÇÃO: As escolas são os espaços responsáveis por ensinar a ler e estimular os alunos ao
hábito da leitura, podendo a literatura ser importante instrumento para a formação de leitores. No
entanto, muitas cometem o erro na direção deste objetivo e acabam não conseguindo disseminar o
gosto pela leitura.
Salienta-se que esse estudo se desenvolveu dentro do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência – PIBID/CEULS, subprojeto do Curso de Pedagogia, tendo como foco central
buscar respostas sobre como a literatura se faz importante para uma educação emancipadora e para a
formação de leitores críticos e reflexivos dentro da realidade em que vivem.
MÉTODO: A realização deste estudo se deu a partir da pesquisa bibliográfica que, segundo GIL
(2008), é aquela que é desenvolvida com base em material escrito já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos, com o objetivo de reunir informações e dados que
servirão para construir respostas às indagações sobre o tema determinado.
1Acadêmico(a) do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia do CEULS/ULBRA e bolsista de iniciação à docência no
Subprojeto de Pedagogia do PIBID/CEULS. 68
² Profa Esp. no Curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA e bolsista coordenadora de área no Subprojeto de Pedagogia do
PIBID/CEULS.
396
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A literatura é um instrumento valioso na formação humana, capaz
de proporcionar fruição lúdico-estética para seu leitor. Com ela, é possível abrir um leque de
informações para que a pessoa enriqueça assim a sua bagagem cultural.
O texto literário tem a capacidade de desvelar o mundo em seu interior, pois a ela o que é
conveniente “não é apenas o fato sobre o qual se escreve, mas as formas do homem pensar e sentir
esse fato que o identifica com outros homens de tempos e lugares diversos” (AGUIAR, 1988:14). Se
fazendo ainda a literatura como arte, e ao mesmo tempo, expressando-o, como afirma Nelly Coelho
(2000): é um fenômeno de linguagem, resultante de uma experiência existencial/social/cultural.
Como afirma Yolanda (2011), a literatura permite descobrir que se pode pensar, nomear,
sonhar, encontrar, comover e decifrar. Por isso se faz importante essa conexão com o mundo literário,
criando um vínculo de formação leitora com os indivíduos.
Há ainda que se preocupar com a abordagem da obra literária, pois fazer uso de textos literários
implica não somente em proporcionar a criança o contato com o livro, segundo BORDINI (1985: 27-
28) “a literatura deve aliar à informação ao prazer do jogo, envolvendo razão e emoção numa
atividade integrativa, conquistando o leitor por inteiro e não apenas na sua esfera cognitiva”. Assim,
vale pensar situações pedagógicas que promovam a devida vivencia com o texto literário.
Assim, no âmbito escolar, a literatura é aliada do professor e do seu aluno, pois ela busca
compreender o mundo e o ser humano. Com isso, cabe ao docente possuir um amplo conhecimento
literário advindo de sua experiência leitora com uma imensa quantidade de obras literárias. “Como
afirma Maria Helena Frantz (2002: 49), ‘‘Para acompanhar o processo de formação de aluno-leitor é
imprescindível que o professor tenha construído ou esteja construindo, para si próprio, uma história
de leitor”.
Portanto tornar-se perceptível os benefícios que a literatura proporciona, uma vez que ela
permite aos leitores serem mais ativo na sociedade quando passam a conhecê-la de maneira crítica, e
ainda possam experimentar a literatura em sua dimensão socializadora.
CONCLUSÃO: Faz-se necessário introduzir a literatura como agente de formação no processo de
ensino-aprendizagem, pois ela é capaz de desenvolver o senso crítico, imaginativo e a capacidade de
sintetizar e condensar a realidade.
Através do mundo literário, o aluno enriquece seus conhecimentos e passa a contribuir no
contexto social em que vive, já que portam de modo ampliado, através da leitura, visões mais plenas
daqueles que desconhecem tal mundo, podendo transformar e moldar situações as quais é
participante. Sendo desenvolvedores de posição ativa diante da realidade que estão inseridos.
397
Indo além de apenas algo que auxilia na construção do intelecto do ser humano, mas fazendo-
se também instrumento que dá asas, levando a mundos distantes, que permitem um deleite de algo
inimaginável. Oferecendo ao homem ferramentas para socializar-se com os demais, proporcionando
a possibilidade de que ele acumule conhecimentos à medida que sua leitura progrida.
REFERÊNCIAS
COELHO, Nelly Novaes. A natureza da literatura infantil, de Nelly Novaes Coelho. In: COELHO,
Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Ática, 1997, p.24 a 28.
FRANTZ, Maria Helena Zancan. A literatura nas séries iniciais: a procura do fio da meada, de Maria
Helena Zancan Frantz. In: FRANTZ, Maria Helena Zancan. A literatura nas séries iniciais. – Rio
de Janeiro: Vozes, 2011.
REYES, Yolanda. O que a literatura pode ensinar, de Yolanda Reyes. In: REYES, Yolanda. Ler e
brincar, tecer e cantar: literatura, escrita e educação. Tradução: Rodrigo Petrônio. – São Paulo: Pulo
do gato, 2012.
398
MUAY THAI NO CONTEXTO ESCOLAR
69Bruno Yan da Conceição Pacheco¹
Alesandra Cabreira2
RESUMO: O objetivo deste estudo foi analisar as opiniões de 56 alunos, com faixa etária entre 10 a 14 anos, de uma
instituição pública, referente às lutas “Muay Thai” no contexto escolar. Foram aplicados questionários contendo 10
perguntas voltadas à modalidade esportiva, para a coleta de informações, 29 pertenciam ao turno matutino e 27 ao turno
vespertino. O mesmo questionário foi aplicado duas vezes aos mesmos alunos. Das 10 questões, apenas duas foram
utilizadas para a elaboração deste trabalho científico. Dos resultados obtidos, verificou-se que dos 56 participantes 39%
responderam negativamente a respeito dos benefícios advindos da prática da luta, antes da palestra e 61% responderam
positivamente. Após, houve uma mudança significativa nas opiniões onde apenas 7% permaneceram com resposta
negativa aumentando a quantidade dos que responderam positivamente, passando de 61% para 93%. Para a segunda
questão utilizada, referente ao professor trabalhar as lutas em suas aulas, antes da palestra 30% dos 56 discentes respondeu
não e 70% foram positivos em suas respostas. Após, 4% permaneceram com sua resposta negativa, o que significa ter
ocorrido mudança na compreensão de 26% dos alunos que a princípio haviam respondido negativamente, acarretando
aumento dos 70% dos que responderam sim para 96%.
PALAVRA-CHAVE: BENEFÍCIOS, LUTAS, MUAY THAI.
INTRODUÇÃO: As lutas estão inseridas nos PCNs, assim como várias outras modalidades, mas o
que se ver na realidade das escolas públicas, é somente a aplicação do futebol, futsal, voleibol,
handebol e basquetebol. As lutas não são inseridas no plano de ensino anual elaborada pelos
professores, talvez pelos dias letivos que não são suficientes para que a luta escolar possa ser aplicada
ou pela falta de domínio sobre o conteúdo.
O objetivo deste trabalho visa expor aos alunos da instituição sobre a modalidade esportiva
Muay Thai dentro do ambiente escolar, os benefícios à saúde, ao desenvolvimento mental, físico e
social dos participantes. A importância desta no cenário escolar, para que os alunos possam melhorar
alguns sistemas fisiológicos contribuindo para um bom condicionamento físico para a prática de
atividades e exercícios físicos. E o mais importante, expor aos alunos que a luta Muay Thai não é
utilizada com o intuito de violentar o outro no momento do treinamento. Que esta é utilizada para a
autodefesa e ataque quando necessário.
É necessário que os professores de Educação Física, tenham know how para mediar este
processo de ensino e aprendizagem no ambiente escolar, sabendo como se posicionar referente ao
trabalho com lutas, além disso, mostrando a comunidade escolar que a luta não é uma briga e sim um
esporte que tem valores, regras, preceitos, hierarquia e leis que regem a modalidade esportiva, foi
repassado aos alunos à teoria e a prática.
1 Graduando do Curso de Licenciatura em Educação Física – ULBRA – Universidade Luterana do Brasil. 2 Professora do curso de Licenciatura em Educação Física CEULS/ULBRA e UEPA doutoranda em ciências da
reabilitação UNINOVE.69
399
MÉTODO: Este trabalho norteia 03 métodos de estudo, Pesquisa Bibliográfica, Pesquisa-Ação, pois
segundo Elliott (1997, p.15), a pesquisa-ação permite superar as lacunas existentes entre a pesquisa
educativa e a prática docente, ou seja, entre a teoria e a prática, e os resultados ampliam as capacidades
de compreensão dos professores e suas práticas, por isso favorecem amplamente as mudanças.
Pesquisa de Campo, pois segundo Fuzzi (2010, p.1) A pesquisa de campo procede à observação
de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e,
finalmente, à análise e interpretação desses dados, com fundamentação teórica consistente em
compreender, as opiniões dos alunos referentes às lutas no contexto escolar.
A local da ação foi na Escola Municipal de Ensino Fundamental Joaquin Cavalcante Maia,
situada na cidade de Santarém-PA no bairro Santo André. Foi utilizado o ginásio poliesportivo, local
todo coberto, a área ocupada é toda protegida por grades, há dois banheiros e arquibancadas.
Participaram da culminância deste trabalho 56 alunos de ambos os gêneros de 4º, 5º ano e acelera,
devidamente matriculados na instituição, com faixa etária de 10 aos 14 anos. O instrumento utilizado
para a análise foi um questionário, contendo 10 questões fechadas, para adquirirão de informações, o
mesmo foi aplicado antes e depois da programação proposta aos alunos.
A ação foi realizada no dia 07/11/16 em dois períodos, manhã no horário das 9h30min às 11h
e tarde das 16h30 minutos às 18h, no ginásio da escola. Todas as turmas e professores foram
convidados a participarem da palestra, mas foram selecionadas as turmas de 4º, 5º ano e acelera, na
faixa etária de 10 aos 14 anos para vivenciarem a pratica da luta. Antes da ação foi aplicado um
questionário referente ao Muay Thai à turma do 5° ano, no término da ação o questionário foi
reaplicado para a coleta de dados.
Para a elaboração das perguntas foram utilizados alguns artigos, referente ao Muay thai e seus
benefícios. As questões eram objetivas, onde os alunos teriam apenas que marcar sim ou não. 56
alunos responderam aos questionários, 29 no turno da manhã e 27 no turno da tarde. A duração da
programação foi de 1h30 minutos para ambos os turnos, fracionada da seguinte forma: 1º momento:
Foi aplicado o questionário com duração de 15 minutos. 2º momento: Palestra sobre o histórico do
muay thai e sua importância no meio escolar (15 minutos).
3º momento: As turmas citadas à cima experienciaram as técnicas básicas e movimentos
corporais do esporte, mediada pelo instrutor de luta (45 minutos).
Do questionário aplicado apenas duas questões foram utilizadas, onde indagava-se o seguinte:
“a pratica do Muay Thai traz algum benefício a saúde? O professor de Educação Física deve trabalhar
as lutas na escola?”
400
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Para chegar aos resultados da pesquisa, foram calculadas as
porcentagens, representadas pela quantidade de crianças que responderam sim e quantas responderam
não antes e depois da palestra, com intuito de saber se houve mudança de opinião sobre a prática da
luta, sendo representadas pelas figuras abaixo:
Figura 1: Antes da palestra Figura 2: Após a palestra
Foi direcionada aos alunos a seguinte pergunta: “Se a luta Muay Thai traz benefícios à saúde
dos praticantes”, a figura 01 aponta que 34 alunos (representando 61%) responderam positivamente
e 22 (39%) responderam negativamente. Após a palestra foi feito uma análise dos questionários onde
se constatou uma mudança expressiva na compreensão dos discentes a respeito dos benefícios
advindos da pratica da luta, havendo uma diminuição na quantidade de crianças que responderam
não.
A figura 02 acima mostra que apenas 04 participantes (configurando 7%) mantiveram a mesma
opinião e 18 alunos (representando 32%) mudaram de opinião, respondendo que sim, que a luta traz
benefícios a saúde totalizando 93% (correspondente a 52 participantes) que responderam sim. Alguns
autores relatam que os pais levam os filhos para as escolinhas de Artes Marciais para gastarem
energia, porém estes não sabem que esta prática vai além de gasto energético.
No questionário aplicado uma das questões indagava-se “se o professor de Educação Física
deveria incluir em suas aulas as lutas”, antes da palestra os discentes tinham uma opinião sobre o
Muay Thai e após, puderam compreender melhor a importância desta prática para a vida do ser
humano. Os resultados serão apresentados nas figuras a seguir:
61%
39%
TÍTULO DO GRÁFICO
SIM NÃO
93%
7%
TÍTULO DO GRÁFICO
SIM NÃO
401
Figura 3: Antes da palestra Figura 4: Após a palestra
Como aponta a figura 3 os resultados obtidos sobre essa questão mostram que antes de os
discentes absorverem algum conhecimento sobre os benefícios que o Muay Thai traz a saúde, 17
destes (configurando 30%) responderam que não seria importante o professor de Educação Física
trabalhar a luta em suas aulas e 39 (correspondendo 70%) responderam positivamente ao
questionário.
Após serem compartilhadas as informações a respeito deste elemento, foram propostas aos 56
alunos, houve uma diminuição na quantidade de alunos que haviam respondido não, saindo de 17
(30%) para 02, que permaneceram dizendo que não, correspondendo a apenas 4% do total de
participantes. Dos 17 que haviam respondido não, 15 mudaram de opinião e responderam que sim
aos questionários aplicados após a palestra e atividades, aumentando o número de alunos que acham
ser importante a inserção da luta na escola, totalizando 54 alunos (96%) dos participantes.
Enquanto a nossa realidade nos mostra a falta de capacitação dos profissionais para trabalharem
as lutas no ambiente escolar, o estudo de Ferreira apud Mazini (2014) “investigou professores de
Fortaleza no Ceará com possivelmente diferentes grades institucionais e maiores possibilidades de
competições de lutas diversificadas por se tratar de uma capital”. Nos estudos realizados através de
diversos trabalhos científicos, verificamos que nos estudos de Mazini (2014) dos 18 docentes
entrevistados 08 se mostraram resistentes ao conteúdo lutas.
Neste mesmo estudo encontrou-se resultados em que 25% (2) afirmaram não terem instruções
para tal prática, enquanto que no estudo de Ferreira 41,17% (14) de 34 utilizados na amostra
mostraram-se resistentes ao trabalho com lutas por desconhecerem instruções específicas de como
conduzir as atividades
70%
30%
TÍTULO DO GRÁFICO
SIM NÃO
97%
5%
TÍTULO DO GRÁFICO
SIM NÃO
402
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Diante dos resultados encontrados no presente estudo observa-se que
há um entendimento compartilhado de que é necessário trabalhar com a ampliação da cultura corporal
de movimento, rompendo com a Educação Física tradicional, baseada no esportivismo e no
tecnicismo. As lutas “muay thai” na escola é sumamente importante para o desenvolvimento global
do praticante, por meio do trabalho bem elaborado e instruído pelo professor facilitador da
aprendizagem.
Portanto, as lutas estão devidamente inseridas nos Parâmetros Curriculares Nacionais-PCNs,
portanto cabe ao professor Licenciado em Educação Física buscar outros meios de conhecimento,
através de palestras, treinamentos, cursos específicos da área, livros, revistas, acervos de obras
literárias, teses, dissertações e a internet, para trabalhar de forma diferenciada em sua profissão.
REFERÊNCIAS
BRASIL Escola. Metodologia de Pesquisa Ação. Disponível em:
http://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/pesquisa-acao.htm.
FUZZI, Ludmila Pena. Metodologia Científica. Segunda-feira, 29 de março de 2010. Disponível
em:http://profludfuzzimetodologia.blogspot.com.br/.
GRAÇA, Romulo Luiz da; SILVA, Alisson Vidoto da.Muay thai: benefícios comportamentais nas
crianças praticantes na cidade de cocal do sul –sc. Disponível em:
http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/3095/1/Alisson%20Vidoto%20da%20Silva.pdf.
MAZINI, Mauro Lúcio Filho et al. O ensino de lutas nas aulas de Educação Física Escolar. Revista
do Departamento de Educação Física e Saúde e do Mestrado em Promoção da Saúde da Universidade
de Santa Cruz do Sul / Unisc. Volume 15 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2014.
BETTI, Mauro; SO, Marcos Roberto. Saber ou fazer? O ensino de lutas na educação física escolar.
Disponível em:http://www.ufscar.br/~defmh/spqmh/pdf/2009/so_betti.pdf?id=196.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Terceiro e Quarto ciclos do Ensino
Fundamental, Educação Física, 1998. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf
403
O COLÉGIO DOM AMANDO NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
70André das Chagas Santos1
Luan Moraes Ferreira2
Yana dos Santos Pereira2
71Luciano Sales Vieira2
RESUMO: O objetivo deste texto é compreender a História do Colégio Dom Amando a partir da história da educação
e da realidade política e econômica brasileira. Para o alcance dos objetivos dividimos o trabalho em etapas: (a) pesquisa
bibliográfica sobre a história da educação brasileira; (b) pesquisa em fontes bibliográficas e documentais sobre e do
colégio Dom Amando; (c) análise dos dados. A partir dos dados levantados chegamos aos seguintes resultados. Ao longo
de seus 74 anos, o Colégio Dom Amando passou por inúmeros cenários nacionais em que a educação fora diretamente
influenciada. Conforme o contexto da educação que vigorava no Brasil em determinada época; a instituição modificou
seus métodos de instrução e conteúdos lecionados, adequando-se a demanda exigida. As diversas transformações
possibilitaram o crescimento do colégio que ─ desde sua fundação ─ é respeitado pela qualidade do ensino que propõe
aos estudantes, de acordo com aquilo que lhes é cobrado pela sociedade em que vivem.
INTRODUÇÃO: Este trabalho é o primeiro resultado material do Grupo de Estudos em Ciências
Humanas do colégio Dom Amando (GECH). O grupo é um coletivo de alunos com interesse em
discutir temas nas áreas da História, Filosofia, Geografia, Sociologia entre outras.
O grupo surgiu por iniciativa dos alunos que expressaram os seus anseios de formar um grupo
de estudos e junto com o professor André das Chagas Santos, resolveram materializar as discussões
sobre a temática das Ciências Humanas em grupo.
As reuniões do grupo iniciaram no primeiro semestre do ano de 2017 com as leituras e
discussões sobre alguns textos de Marx e Maquiavel. No segundo semestre o professor André, lançou
o desafio ao grupo de produzir o primeiro trabalho científico no X CONGRESSO DE CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DA AMAZÔNIA XVII SALÃO DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA IV
SALÃO DE EXTENSÃO do Centro Universitário Luterano de Santarém (CEULS/ULBRA).
Este primeiro trabalho tem o objetivo deste texto é compreender a História do Colégio Dom
Amando a partir da história da educação e da realidade política e econômica brasileira. Para a
realização da pesquisa foram feitas leituras sobre a História da Educação, e sobre a história do Brasil
a partir de meados do século XX.
MÉTODO: Para o alcance dos objetivos dividimos a pesquisa em etapas: (a) pesquisa bibliográfica
sobre a história da educação brasileira, nesta etapa fizemos dos seguintes autores: SANTOS (2014);
Saviani (2004); Ferreira (2012); (b) pesquisa em fontes bibliográficas e documentais sobre e do
colégio Dom Amando.
1 Professor do Colégio Dom amando. Licenciado em História do (CEULS/ULBRA). Mestre em Educação (UNIOESTE).
Doutorando do Programa de Pós Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (UFOPA); 70
2 Discente do Colégio Dom Amando no nível médio. 71
404
RESULTADO E DISCUSSÃO: As origens do Colégio Dom Amando remontam ao cenário político
pós revolução de 1930, mais especificamente ao ano de 1943, no fim do Era Vargas. Este foi um
momento importante na História da educação Brasileira, pois foi durante na Era Vargas que
percebemos a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública, e desta forma, o destaque da área
da Educação, com a criação de um ministério.
Naquele momento a educação foi entendida como um meio para a modernização e formação da
identidade do Estado Nacional. Desta forma, ,
Em 1943, o bispo de Santarém, Dom Anselmo Pietrulla em companhia de um grupo de frades
franciscanos fundou o Ginásio Dom Amando (GDA) no antigo prédio do Hospital São José. O termo
‘‘Ginásio’’ provém da divisão dos níveis escolares da época, que se bifurcava em Primário e Ginásio
(correspondente ao nível secundário). O termo ‘‘Ginásio’’ origina da palavra grega
γυμνάσιον [gymnasion], onde os rapazes tinham acesso à Educação Física e Intelectual. Assim sendo,
quando surgiu, o GDA atendia o ensino primário e ginasial e era voltado somente aos rapazes, que
neste primeiro ano atendeu 63 estudantes.
Nos primeiros anos a escola esteve sob a responsabilidade dos Monges Franciscanos. Em 1952,
os irmãos de Santa Cruz assumem a responsabilidade de desenvolver uma proposta de educação de
rapazes para a cidade de Santarém, implantando um modelo de ensino pragmático em oposição ao
modelo alemão baseado em uma educação propedêutica.
Para os Pioneiros, a educação deveria abrir mão de uma formação humanística e literária e
dar lugar a uma escola com caráter mais técnico. Percebemos, então, que essas propostas não
possuíam um caráter de transformação social, mas expressavam o pensamento conservador
de um período, em que a burguesia, sobretudo na Europa, passava de classe triunfante e
revolucionária à classe conservadora (SANTOS, 2014, p. 21)
A partir de 1961, com a lei 4024/1961, houve uma mudança significativa, tanto no cenário
particular da Instituição, quanto no contexto nacional de ensino. A começar pelo fato do Ginásio, que
além de passar a se chamar Colégio Dom Amando, extinguiu o ensino no nível hoje conhecido como
Fundamental 1. Além disso, ainda nessa década, em 1967, o Colégio passou a aceitar meninas, ainda
que em turmas separadas.
A partir década de 1960, com os governos militares (1964-1985), a educação brasileira
passou a assumir alguns dos princípios da escola tecnicista, no sentido da obrigatoriedade
das escolas profissionalizantes. Essa forma de atuação tinha o intuito de diminuir a demanda
por vagas em cursos de Ensino Superior, e também fornecer mão de obra especializada para
atender a demandas das indústrias no território brasileiro, sobretudo as do setor
automobilístico. (SANTOS, 2014, p. 22)
Juntamente a centralização e censura típica dos governos militares, houve a instituição do curso
de segundo grau de caráter profissionalizante, que foi adotado pelo Colégio Dom Amando, que
oferecia formação de técnico em administração.
405
A transição da década de 1980 para a década de 1990 ocorreram importantes transformações
no âmbito da política e da economia, com repercussões no campo educacional. No Brasil, o período
marcou as discussões para a elaboração da nova Constituição Federal, promulgada em 1988, e a
eleição direta para presidente da República, em 1989, após mais de vinte anos. A sociedade, em meio
a euforia democrática, buscou participar da elaboração das propostas curriculares em alguns estados
e municípios.
Em 1990, o Brasil participou da Conferência Mundial de Educação para Todos, em Jomtien,
na Tailândia, convocada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura (UNESCO) Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Plano das Nações
Unidas pelo desenvolvimento (PNUD) e Banco Mundial. Após essa conferência, o Brasil e
os demais países, influenciados por esses organismos internacionais, elaboraram medidas que
priorizassem melhorias no desempenho educacional, tudo em razão de que essas medidas
eram requisito para a obtenção de empréstimos internacionais. (SANTOS, 2014, p. 44)
A partir deste período buscou se adequar aos fins da educação neoliberal, com o
desenvolvimento da concepção produtivista de educação e o capital humano, isto é, a preparação de
indivíduos aptos para o sistema produtivo vigente no Brasil principalmente a partir da década de
1990.
Percebemos ainda na década de 1990 a formulação e aprovação da atual LDB, a lei nº 9394/96,
e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e Médio, com uma
fundamentação baseada na em teorias pós modernas e na Pedagogia Nova. Neste contexto o Colégio
Dom Amando, buscou se adequar as formulações da legislação, ofertando vagas na Educação Infantil,
Ensino Fundamental I. Os cursos de formação técnica foram substituídos pelo ensino Médio, com
formação geral.
Com a redemocratização, a educação brasileira passou a se focar no modelo chamado de
concepção produtivista de educação, que se foca em desenvolver o capital humano, isto é, preparar
indivíduos aptos para o sistema produtivo capitalista neoliberal vigente no Brasil principalmente a
partir da década de 90. O Dom Amando, a partir desse momento, passou a incorporar elementos
educacionais presentes nas capitais, trazendo para a cidade de Santarém, métodos focados no ingresso
em universidades, com o objetivo de evitar a ida dos estudantes para Belém, tornando-se um centro
de referência na área.
CONCLUSÃO: Tal como a educação brasileira, o Colégio Dom Amando passou por transformações
significativas em suas estruturas de ensino ao longo do século XX, indo de concepções regionais
próprias de uma sociedade rural para uma educação voltada para à produção de pessoas produtivas
para o mercado de trabalho e ingresso em universidades em escala nacional.
406
Ao longo de seus 74 anos, o Colégio Dom Amando passou por inúmeros cenários nacionais em
que a educação fora diretamente influenciada. Conforme o contexto da educação que vigorava no
Brasil em determinada época, a instituição modificou seus métodos de instrução e conteúdos
lecionados, adequando-se a demanda exigida. As diversas transformações possibilitaram o
crescimento do colégio que ─ desde sua fundação ─ é respeitado pela qualidade do ensino que propõe
aos estudantes, de acordo com aquilo que lhes é cobrado pela sociedade em que vivem.
REFERENCIAS
FERREIRA, G C G. História e Memória da Educação: A educação do século XX pela ótica de
um filho da época. In: IX Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas 'História, Sociedade e
Educação no Brasil', 2012, João Pessoa. História e Memória da Educação: A educação do século XX
pela ótica de um filho da época, 2012
SANTOS, André das Chagas. O ensino de História nos anos iniciais do ensino fundamental nas
escolas públicas do município de Cascavel (1990-2013): Desafios e impasses teórico-
metodológicos. 2014. 163 f. Dissertação (Mestrado em Educação)-Universidade Estadual do Oeste
do Paraná, Cascavel, 2014.
SAVIANI, D. A escola pública brasileira no longo século XX (1890-2001). In: III Congresso
Brasileiro de História da Educação, 2004, Curitiba. Anais do III Congresso Brasileira de História da
Educação, 2004. v. CD-Rom
407
O ENSINO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
72Wirllem Almeida Vasconcelos1
Débora Cristina da Silva Borges1
73Naide Pedroso de Sousa2
RESUMO: o presente projeto teve por objetivo investigar através de estudo Bibliográfico e Pesquisa de Levantamento,
se o ensino da música contribui no processo de ensino-aprendizagem das crianças da educação infantil. Para que se saiba
a relevância sobre o trabalho musical nessa fase de desenvolvimento da aprendizagem, onde se destaca a importância de
conhecer como funciona o trabalho musical na sala de aula junto às crianças e se os (as) professores (as) dessa área veem
resultado quando cantam e ensinam músicas para elas. Tendo como recurso a aplicação de questionários, onde os mesmos
foram aplicados a 30 professores (as) de Unidades Municipais de Educação Infantil – UMEIS das cidades de Santarém e
Mojuí dos Campos. Logo após a análise dos resultados verificou-se segundo os professores que a música contribui e
bastante na aprendizagem das crianças quando esse recurso é utilizado.
PALAVRAS-CHAVE: MÚSICA, EDUCAÇÃO INFANTIL, ENSINO-APRENDIZAGEM.
INTRODUÇÃO: A música se faz um elemento valioso na Educação Infantil, pois ela permite aos
ouvintes certo nível de aquisição de conhecimento. CHIARELLI; BARRETO (2005) diz que as
atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si mesma, desenvolvendo sua
noção de esquema corporal, e também permite a comunicação com o outro.
Além de ser um recurso que simboliza divertimento para as crianças, a música quando é
utilizada em sala de aula, acaba que tornando a aprendizagem prazerosa. E por consequência as
crianças passam a aprender mais rápido. Uma situação, por exemplo, onde o professor (a) quer
explanar o alfabeto, numerais, falar de saúde, alimentação, higiene etc., ele fazendo uso da música às
crianças conseguirão entender de maneira mais rápida e farão associação toda vez que passarem por
cada situação onde trarão à memória a música respectiva aos assuntos retratados em sala de aula.
E quando o professor (a) transfere conhecimento através da música, ele passa a formar cidadãos
ouvintes, participativos, sensíveis, equilibrados ou até futuros artistas. Por isso é importante que a
música esteja presente na vida das crianças, pois é por meio deste contato que poderão desenvolver
muitas de suas habilidades. Tanto é que a presença da musicalização na educação infantil se faz de
suma importância, uma vez que a música é a linguagem do conhecimento que se constrói. Trás
alegria, descontração, entusiasmo, tudo o que se precisa para o trabalho escolar. (LIMA, 2010).
E se tal recurso é bem visto enquanto método pedagógico, porque não utilizá-lo? E é então a
partir de tal indagação que surge como objeto de pesquisa a necessidade de se investigar a música na
Educação Infantil e se a mesma segundo o que é retrado em teoria se faz presente na prática.
Objetivando ainda destacar quão importante a música se faz para as crianças em sala de aula.
1 Acadêmico(a) do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia do CEULS/ULBRA.
72 2 Docente orientadora do projeto.
73
408
MÉTODO: Para realização da pesquisa foram utilizados recursos bibliográficos referentes ao tema
tratado, e para maior conhecimento e busca de respostas a cerca do assunto pesquisado utilizou-se
recursos técnicos como a Pesquisa de Levantamento, que segundo (GIL, 2008) caracteriza-se pela
interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Onde se solicita informações
de um determinado grupo significativo de pessoas a cerca do problema estudado para que logo após
mediante análise quantitativa, adquira-se conclusões correspondentes aos dados coletados.
Os questionários foram aplicados a 30 professores (as) das Unidades Municipais de Educação
Infantil – UMEIS, localizadas nas cidades de Mojuí dos Campos e Santarém-Pa. Utilizando a norma
510/16 para aplicação dos mesmos, onde a mesma regulamenta o pleno exercício dos direitos dos
participantes da pesquisa, devendo esta ser concebida, avaliada e realizada de modo a prever e evitar
possíveis danos aos participantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados analisados vêm de questionários aplicados a 30
professores (as) de educação infantil, sendo quinze aplicados aos professores (as) da cidade de Mojuí
dos Campos e os outros quinze na cidade de Santarém-Pa. Os questionários formulados eram
compostos por seis questões, sendo duas abertas e quatro fechadas. As quais buscavam respostas a
cerca dos benefícios da utilização da música como forma de ensino.
A seguir, serão analisados os dados coletados:
Dos 30 professores (as) que responderam o questionário, todos consentiram a música como
importante no processo de ensino-aprendizagem. E fazem uso desse recurso como forma de ensino.
Fonte: Questionário discente
100%
Gráfico 1 - Contribuição da música no processo de ensino-aprendizagem
A música contribui noprocesso de ensino-aprendizagem
Não contribui no processode ensino-aprendizagem
409
Quando questionados quanto à frequência em que trabalham a música, 18 professores (as)
disseram que trabalham a música todos os dias, 5 trabalham apenas três vezes na semana, 3 trabalham
duas vezes e 4 apenas uma vez na semana.
Fonte: Questionário discente
Quanto às contribuições da música 10 professores (as) disseram que auxilia na aprendizagem, 8
relataram que auxilia na linguagem oral, 5 responderam que ajuda na coordenação motora e 7 que a
música é suporte para desenvolver o cognitivo.
Fonte: Questionário discente
E todos utilizam a música na roda de conversa, na acolhida dos alunos e nos diversos momentos
que requer a mesma. E se tratando da reação das crianças relataram que as mesmas se sentem felizes
em relação à música.
54%26%
8%
12%
Gráfico 2 - Frequêcia da utilização da música
Todos os dias dasemana
3 veszes na semana
2 vezes na semana
1 vez na semana
35%
29%
8%
28%
Gráfico 3 - Contribuições da música
Auxilia na aprendizagem
Linguagem oral
Coordenação motora
Cognitivo
410
Fonte: Questionário discente
CONCLUSÕES FINAIS: A pesquisa teve por objetivo ressaltar a importância da música no ensino
da educação infantil, enfatizando que a música é um importante instrumento de comunicação e forma
de expressão. Tendo um papel especial para a formação sociocognitiva da criança, imbricada de
diversos benefícios.
Por intermédio da coleta de dados dos questionários, nos preocupamos em linear a importância
dos professores (as) realizarem o trabalho musical com as crianças na educação infantil. E com base
na análise dos 30 questionários que foram aplicados, os professores (as) puderam perceber a
relevância do trabalho musical no ensino da educação infantil e como este por sua vez contribui no
processo de ensino-aprendizagem.
Com isso espera-se que os resultados obtidos da pesquisa contribuam com os professores (as)
e demais profissionais da área da educação infantil, e que estes percebam que a música tem um poder
transformador no processo de ensino.
REFERÊNCIAS
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
PEREIRA, Kleide Ferreira do Amaral. Pesquisa em música e educação. Rio de Janeiro: Edição da
autora, 1983.
100%
Gráfico 4 - Reação das crianças com relação à música
Alegria
Tristeza
411
O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO
PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
74Elvira Cleisiane de Sousa Oliveira1
Josane Silva da Gama¹
Narelly Tavares Rodrigues²
RESUMO: O presente estudo tem como tema “O Lúdico na Educação Infantil: a importância do brincar no processo
ensino-aprendizagem” que buscou destacar o potencial do brincar da criança, valorizando a proposta pedagógica da
educação infantil. Assim, a pesquisa objetivou evidenciar que o lúdico é enriquecedor para o desenvolvimento integral
da criança; apresentar o brincar como fonte de conhecimento. Verificou-se na pesquisa bibliográfica que a brincadeira é
uma prática agradável e espontânea na vida das crianças e a partir do momento em que passa a ser aproveitada na
educação, torna-se pedagógica e significativa, auxiliando na aprendizagem dos alunos e na atuação docente. Para o
aprofundamento da pesquisa, utilizou-se também a pesquisa-ação e de campo com aplicação de questionários aos docentes
da educação infantil da UMEI Caranazal no primeiro semestre de 2017. Conclui-se que o processo de aprendizagem das
crianças ocorre de maneira constante nas diversas etapas de sua vida e que os jogos e brincadeiras como método
pedagógico de ensino torna a aprendizagem mais prazerosa, ocorre o estímulo das capacidades e habilidades, além do
aperfeiçoamento da cognição, contribui significativamente para a criatividade, a autoconfiança, a autonomia, o respeito e
auxiliar com a didática docente e promove uma educação de qualidade com equidade.
PALAVRAS-CHAVES: LÚDICO. EDUCAÇÃO INFANTIL. ENSINO-APRENDIZAGEM.
INTRODUÇÃO: O brincar é uma atividade lúdica habitual na vida da criança, por meio do qual elas
reproduzem sentimentos e comportamentos, além de possibilitar a evidenciação de diversas
capacidades. Brincando a criança se desenvolve de maneira espontânea e prazerosa, o que contribui
para que ela possa interiorizar suas habilidades e conhecimento de mundo.
O educador como mediador de conhecimento, precisa observar e analisar a contribuição que
a proposta lúdica trás nos diferentes estágios de desenvolvimento da criança e na construção de
saberes. Necessita incorporar essas atividades no ambiente educacional de modo criativo,
considerando o conhecimento que têm sobre as crianças, assim com suas necessidades e realidades,
entendendo assim a valorização da ludicidade na formação dos aspectos: físico, afetivo, intelectual e
social do individuo.
Diante disso, surgem as problematizações: De que maneira as atividades lúdicas podem
contribuir no processo de ensino-aprendizagem na educação infantil? Qual a importância do brincar
na mediação do ensino? Desta forma, sentiu-se a necessidade de enfatizar a importância do lúdico na
educação infantil como meio de construção de conhecimento e desenvolvimento da criança, por meio
de ações que as evidenciem. Por meio de atividades lúdicas realizadas na UMEI Caranazal e
questionários aplicados aos professores, pode-se evidenciar que a ludicidade é importantíssima na
¹ Acadêmicas IV Semestre do Curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA.
² Orientadora da Pesquisa e docente do Curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA.
412
aprendizagem das crianças. Além de destacar que as práticas lúdicas são essenciais quando inseridas
como metodologias de ensino dos professores, pois contribui não somente para o aprendizado das
crianças, mas também colabora para o aperfeiçoamento dos educadores.
As metodologias de pesquisa utilizadas foram necessárias para concretizar a essencialidade
das propostas lúdicas, onde se obteve por meio da prática e da percepção acerca da visão do educador,
resultados consistentes de que há de fato a ampliação do conhecimento de forma envolvente e
construtiva.
Entende-se que a ludicidade como prática pedagógica contribui significativamente no
desenvolvimento integral da criança. Além de contribuir aos professores melhores práticas de ensino,
colaborando assim para uma educação de qualidade.
MÉTODO: Foi utilizado três tipos de pesquisas para alcançar os objetivos, que foram: Pesquisa
bibliográfica, a Pesquisa de campo e a pesquisa-ação, esta especificadamente é uma
pesquisa social com base empírica que concebida e realizada em estreita associação com uma
ação ou resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes
representativos da situação ou problema estão envolvidos de modo cooperativo e
participativo. (THIOLLENT, 2005, p.16)
Para fortalecimento da contribuição lúdica na educação é imprescindível à formação de
vínculos entre educandos e educadores. Diante disso, a população ao qual o projeto destinou-se foram
turmas do maternal I e II do turno vespertino e as profissionais que atuam na área de Educação Infantil
Caranazal (UMEI).
Para o levantamento bibliográfico utilizamos diversas publicações fundamentadas em obras
de Adriana Friedmann (2012), Maria Raul (2012), Maria Duprat (2014), Hermínia Marinho (2012) e
Janet Moyles (2002).
Na pesquisa-ação foram realizadas atividades para as crianças do maternal I e II que
evidenciam a ligação entre ludicidade e aprendizagem, baseadas em canções, contação de histórias,
atividades motoras de colagem e pintura, assim como jogos e brincadeiras de simples realização,
todos adaptados e planejados segundo a faixa etária das crianças.
Para a pesquisa de campo foram organizados questionários que resultaram em perguntas
destinadas a educadoras titulares das turmas, que foram aplicadas mediante autorização da escola
pelas acadêmicas pesquisadoras, as quais após sua conclusão foi feito o recolhimento análise e
interpretação dos questionários.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Diante da aplicação do projeto pedagógico para as crianças da
Unidade de Educação Infantil Caranazal, com idade de 2 e 3 anos, os resultados da pesquisa-ação
413
evidenciaram que as atividades lúdicas desenvolvidas com as mesmas lhes proporcionaram uma
aprendizagem mais dinâmica e prazerosa. Elas colaboraram e participaram de tudo que foi realizado,
cada uma de acordo com sua faixa etária e fase de desenvolvimento. Pode-se afirmar diante disso
que as atividades lúdicas são de fato essenciais no processo de ensino e aprendizagem dos educandos,
como afirma Friedmann (2012, p.40):
A atividade lúdica é decisiva no desenvolvimento das crianças porque as liberta de situações
difíceis. No brincar, as coisas e as ações são o que aparentam ser; e, em situações imaginárias,
as crianças começam a agir independentemente do que veem e a ser orientadas pelo
significado da situação.
A criança inserida no mundo lúdico desenvolve de forma integral seus aspectos físico-
motores, cognitivos, morais, sociais, linguísticos. Isso ocorre quando a criança passa a ter contato
com o mundo a sua volta e vai agindo sobre ele. Tendo esta interação com o mesmo, ela vai
adquirindo determinadas informações, de acordo com sua etapa de desenvolvimento.
Por meio dos questionários aplicados na pesquisa de campo para as professoras atuantes há
mais de 5 anos na educação infantil, foi possível constatar que elas têm o conhecimento e valorizam
a importância que a ludicidade tem como auxiliadora para o desenvolvimento das crianças,
principalmente na educação infantil.
De acordo com as professoras A e B a ludicidade: “É a única maneira eficaz no processo de
ensino-aprendizagem das crianças, pois somente desta forma elas conseguirão adquirir
conhecimentos acerca daquela área específica que o professor tem que ensinar”. (PROFESSORA A).
E “Considero o lúdico como de fundamental importância na etapa de educação infantil, até porque
ela está fundamentada no tripé: Cuidar, educar e brincar, as bases da primeira infância”
(PROFESSORA B). Estas afirmações da importância da ludicidade ficam firmada na visão dos
autores Marinho et al (2012, p 84) no qual salientam que a mesma é essencial no processo de ensino-
aprendizagem destes indivíduos.
As professoras afirmam utilizar diversos materiais para realização de suas aulas. Como
destaca a professora A: “Normalmente utilizo atividades que estejam disponíveis na UMEI e também
ao meu alcance como brinquedos, cartazes material concreto como fantoche, livros, jogos
pedagógicos variados e as próprias crianças”. A professora B destaca que utiliza: “Jogos, músicas,
histórias e também o dia do brinquedo, no qual os alunos trazem seu brinquedo pessoal preferido e
brincamos na área aberta da unidade”.
Em relação aos questionamentos sobre a seleção de suas atividades para suas práticas
pedagógicas, as professoras A e B relatam:
A seleção da atividade lúdica é realizada da forma mais viável possível, tanto para o professor
quanto para o aluno, ou seja, a mais acessível e disponível na UMEI, doada pelos pais, como
414
os jogos pedagógicos ou providenciada pelo próprio professor. (PROFESSORA A). Gosto
muito de pesquisar na internet em sites específicos da educação infantil, adaptando-os aos
assuntos do meu plano de aula. (PROFESSORA B)
De acordo com o autor RAU (2012, p. 6) as atividades lúdicas não são algo que já estão
prontas e acabadas, apenas encontradas em livros. Fica evidente então que as seguintes educadoras
infantis sempre buscam inovações para suas práticas pedagógicas, ou utilizam materiais que estão em
seus alcances.
As professoras em suas percepções consideram as atividades lúdicas relevantes no processo
de ensino-aprendizagem. Elas afirmam que em suas práticas percebem o desenvolvimento de
aprendizagem nas crianças, pois o brincar é algo da natureza delas, que quando é oferecido, torna o
aprendizado mais fácil. Percebe-se então que as mesmas sabem da essencialidade que estas propostas
de ensino podem contribuir aos alunos.
Estas práticas lúdicas são propostas das próprias professoras, que é também reforçada pela
Secretaria de Educação de Santarém (SEMED). Algo importante destacado pelas educadoras é a
importância também das brincadeiras livres, que segundo elas colaboram no desenvolvimento
intelectual, socialização entre as crianças, mudanças comportamentais, disciplina, concentração,
dentre outros.
Diante da análise feita nos resultados obtidos na realização do projeto e dos questionários fica
evidente a influência e o reconhecimento que as atividades lúdicas têm no contexto escolar, ao
permitir às crianças momentos de aprendizagem aliados a satisfação e alegria. Também é explícito
que para que as atividades lúdicas sejam inseridas como metodologia de uso do professor, é
importante que esse docente passe a aceitar e reconhecer o grau de eficácia que a ludicidade trás em
sua essência, além de intermediar essas práticas de modo que elas beneficiem o desenvolvimento
integral do aluno, sempre buscando inovações.
O autor Moyles (2002, p.43) esta correto em afirmar, que o educador deve elaborar atividades
que favoreçam todos os processos evolutivos que englobam os aspectos construtivos da criança. Estes
devem estar interligados, para que assim seja formado um sujeito integral e crítico e esses fatores
devem estar claros para o professor, uma vez que ele será um dos responsáveis por instruir as
atividades pedagógicas.
Friedmann (2012, p.43) também reforça que o professor deve estar atento as brincadeiras das
crianças, assim como a relação estabelecida entre elas e com os objetos a sua volta. Isso deve ser
observado, pois posteriormente o professor poderá adequar-se as propostas lúdicas de acordo com o
desenvolvimento de cada uma.
415
Esta afirmação ficou evidenciada com a prática do projeto com o tema: O Lúdico na Educação
Infantil: brincando e aprendendo, no qual se observou as dificuldades apresentadas por cada criança,
colaborando para a análise de como poderiam ser realizadas as atividades.
Esse e qualquer tipo de planejamento que se propõe aplicar devem ser considerados pelo
professor, independente da faixa etária que o docente esteja trabalhando, para que assim promova de
maneira adequada e estimulante o interesse do educando, avaliando e considerando que muitos têm
suas dificuldades e inseguranças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: A pesquisa que buscou enfatizar e evidenciar a importância que a
educação lúdica tem no processo de ensino e aprendizagem na educação infantil, dando relevância a
todos os benefícios que as atividades lúdicas, se mediada de maneira correta, têm no desenvolvimento
da criança.
Nesta pesquisa, por meio do projeto pedagógico e das pesquisas aplicadas, foi possível
constatar que a fundamentação bibliográfica utilizada foi confirmada na prática com as crianças e na
pesquisa com as docentes. Compreendeu-se que o lúdico é essencial como auxiliador positivo para a
apresentação dos conteúdos ao aluno. As brincadeiras livres, os jogos, as atividades diversificadas
instigam o educando a querer aprender, de maneira mais prazerosa, que é brincando. Por meio dela,
a criança explora o ambiente e materiais utilizados de maneira espontânea e livre. A criança não se
sente pressionada a realizar as atividades propostas, obviamente tendo uma aprendizagem mais
significativa, pois o que lhe é apresentado chamará atenção.
O lúdico para muitos professores é de extrema importância no processo de ensino e
aprendizagem das crianças e deles próprios, que além de colaborar no seu desenvolvimento integral,
auxiliar na construção de valores e formação crítica dos mesmos.
Diante da aplicação do projeto, ficou claro que as crianças sentem-se interessadas e motivadas
a realizar as atividades propostas, cada uma com sua necessidade e particularidade, mas com o
acompanhamento do educador os resultados fluem com mais facilidade.
Desta forma, percebe-se que o professor como intermediador do conhecimento é fundamental
na educação lúdica, ele deve promover em suas propostas pedagógicas, meios diversificados e que
causem interesse nos educandos, incentivando-os a sua realização.
REFERÊNCIAS
BARROS, Aidil de Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Sousa. Projeto de pesquisa:
propostas metodológicas. 16.ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
416
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia Científica. Ed.
6. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
FRIEDMANN, Adriana. O brincar na educação infantil: Observação adequação e inclusão. São
Paulo: Editora Moderna, 2012.
MARINHO, Hermínia Regina Bugeste et al. Pedagogia do movimento: Universo lúdico e
psicomotricidade. Curitiba: Intersaberes, 2012.
MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel do brincar na Educação infantil. Porto Alegre: Artmed
Editora, 2002.
RAU, Maria Cristina Trois Dorneles. A Ludicidade na educação: uma atitude pedagógica.
Curitiba:InterSaberes, 2012.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação.14º. São Paulo: Cortez, 2005.
417
O PROGRAMA ENSINO MÉDIO INOVADOR E EDUCAÇÃO INTEGRAL: OPÇÕES
TEÓRICAS E ENCAMINHAMENTOS LOCAIS
75Gisele Vidal Ferreira1
76Maria Lilia Imbiriba Sousa Colares2
RESUMO - Este estudo teve por objetivo investigar a gestão da educação integral em uma escola pública da rede
estadual de ensino no município de Santarém/PA. Utilizamos a pesquisa-ação e abordagem qualitativa com os
procedimentos metodológicos de levantamento bibliográfico, análise documental, realização das entrevistas. Os sujeitos
da pesquisa foram docentes do ensino médio que desenvolveram atividades no programa Ensino Médio Inovador/Proemi.
Os resultados demonstraram que as dificuldades de implementação de programas na rede estadual se deve a fatores, que
vão desde a concepção reducionista dos docentes e gestores sobre a temática da educação integral, até a estrutura física
das escolas; a falta de uma visão mais ampliada do conceito de educação integral; o modelo de educação que vigora nas
escolas: currículo fragmentado, a divisão entre turno e contra turno, ensino de quatro horas, entre outros. Concluímos que
os desafios tais como: superação do paralelismo turno e contra turno, e não simplesmente a ampliação do número de aulas
e disciplinas devem ser considerados. Além disso, a escola e comunidade precisam dialogar entre si, minimizando a
distância entre elas. A cidade pode ser também um espaço de múltiplas possibilidades educativas.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO INTEGRAL, EDUCAÇÃO DE TEMPO INTEGRAL, POLÍTICAS
EDUCACIONAIS.
INTRODUÇÃO: A educação integral no Brasil não é um tema recente, porém caminha a passos
lentos em muitas regiões do país. O sistema educacional está alicerçado em um modelo cartesiano,
que privilegia o conhecimento científico como único válido. A escola fragmenta suas práticas
curriculares, fechando-se aos saberes culturais provenientes das comunidades. Quando trabalham
essas práticas, o fazem de forma esporádica, dificultando o desenvolvimento das potencialidades dos
alunos em suas dimensões: cognitivas, afetivas, psicossociais, artísticas e culturais.
A opção teórica sobre educação integral, aqui explicitada, concebe o pleno desenvolvimento
do indivíduo, entendendo que as dimensões do desenvolvimento humano são processadas ao longo
da vida. O Artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) afirma que a educação tem
como finalidade o pleno desenvolvimento do educando e prepará-lo para exercitar sua cidadania, o
que também prevê uma educação que dialogue com os diversos setores da sociedade. Assim,
educação integral não é uma modalidade de ensino, mas seu próprio conceito. Defendemos que
somente haverá educação se esta for integral. Essa ideia de educação já vem sendo discutida no Brasil
há algum tempo e, o primeiro modelo foi desenvolvido em 1950 por Anísio Teixeira.
De acordo com Mool, (2009, p. 16)
1 Especialista em Gestão Escolar pela Universidade Federal do Oeste do Pará, em 2012. Especialista em Informática e as
Novas Tecnologia Educacionais pela Universidade Luterana do Brasil - ULBRA, em 2009. Especialista em Metodologia
do Ensino de História e Geografia pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão - IBPEX, em 2004. Licenciada
Plena em Pedagogia com Habilitação em Orientação Educacional pela Universidade Federal do Pará - UFPA, em 1999. 75
2 Pós-Doutora em Educação FE/UNICAMP, com Estágio Pós Doutoral na Facultad de Filosofia y Humanidades,
Universidad Nacional de Córdoba, Argentina - Projeto CAPG-BA 060/12 CAPES - (2013) 76
418
[...] Anísio Teixeira colocou em prática no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, implantado
em Salvador, na Bahia, na década de 1950...encontramos as atividades, historicamente
entendidas como escolares, sendo trabalhadas nas Escolas-Classe, bem como outra série de
atividades acontecendo no contra turno escolar, no espaço que o educador denominou de
Escola-Parque.
Anísio Teixeira idealizava um sistema educacional que além de garantir o acesso à escola,
permitisse também ao aluno uma formação para a cidadania, dando-lhes as mínimas condições de
saúde, cultura, esporte, lazer e alimentação.
Nesse contexto, Miguel Arroyo (2013) esclarece a diferença entre as concepções de educação
integral e de tempo integral. Para ele, educação integral não é sinônimo de escola de tempo integral.
A primeira entende o ser humano como um ser total, integral, em todas as suas dimensões (social,
cultural, história, afetiva, artística, etc.) e assim sendo, a educação deve dar conta de todas essas
dimensões ao longo da formação do ser humano. E a segunda concepção vem para atender a
necessidade da formação integral do indivíduo e, para tal, é necessário mais tempo. Porém, isso não
significa apenas mais tempo na escola, já que para Arroyo a escola não é necessariamente o tempo
da educação integral.
A qualidade do tempo é fator fundamental para a educação que envolva as múltiplas dimensões
do indivíduo. Esse indivíduo precisa de locais onde ocorram vivências que provoquem a reflexão, o
discernimento e a inferência consciente diante da realidade que se apresenta. A escola pública precisa
gerar essas condições de forma mais eficaz. Segundo Cavaliere (2007, p. 8):
A escola pública, quase sempre precária, nunca teve condições de assumir um papel
socializador forte, como assumem as escolas da elite, onde a homogeneidade ideológica e a
clareza de objetivos entre família, aluno e escola tornam a tarefa bem mais fácil. No caso da
escola pública, vive-se uma grande confusão em relação à sua própria identidade [e]
ressentem-se de terem que fazer muito mais do que o ensino dos conteúdos escolares, sem
terem recursos para tal.
As políticas para a educação integral implementadas ao longo do tempo, pelo Estado,
carregam o discurso de que seria necessário enfrentar e minimizar as desigualdades sociais e,
consequentemente, as educacionais. Fundamentado no princípio da qualidade da educação, se propôs
um conjunto de ideias e práticas, de caráter nacional, que culminasse com a Educação Integral.
Se as classes médias assumem a complementação de estudos para seus filhos, o mesmo não
ocorre com as classes populares, devido às dificuldades financeiras. Cabe, então, ao Estado prover
essa educação, implantando programas federais e estratégias locais que viabilizem tais projetos. Essa
é a ideia mais geral que motivou o programa Mais Educação (MOLL, 2009).
O Programa Ensino Médio Inovador (PROEMI), instituído pela Portaria nº 971/2009, faz
parte das ações do Plano de Desenvolvimento da Escola voltadas para a restruturação dos currículos
do ensino médio dentro da perspectiva da educação integral, cujo objetivo é promover ações que
419
ampliem o tempo do aluno na escola, diversificando as práticas pedagógicas e que integre
comunidade e escola.
MÉTODO: Optamos pela pesquisa-ação e abordagem qualitativa. Trata-se de compreender os
modos de atuação de uma escola, como organização educativa e social. Nosso objeto de estudo situou-
se na educação integral numa realidade específica. Os sujeitos da pesquisa foram os docentes que
atuam no ensino médio envolvidos no programa Ensino Médio Inovador. Cinco professores
participaram livremente da entrevista semiestruturada, além da observação participante. O
levantamento de dados considerou os documentos como o Plano de Desenvolvimento da Escola,
Projeto Político Pedagógico, diário dos professores, bem como entrevistas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em resumo, os docentes entrevistados apontaram como principal
desafio a ser enfrentado para implementação do Programa, a infraestrutura inadequada da escola para
atender alunos no contra turno. Não há espaços para a realização das oficinas planejadas pela escola
Outro aspecto que merece uma reflexão é a percepção dos professores entrevistados sobre o
que seria necessário para concretizar a qualidade das aprendizagens dos alunos, considerando estes,
como o centro do fazer educativo na escola. Os professores entendem que é necessário: práticas de
motivação e interesse pelo conhecimento, sensibilização dos alunos e família sobre a importância
dos projetos desenvolvidos na e pela escola. Logo, seria necessária uma ação conjunta família e
escola para que a educação se tornasse significativa para o aluno, e que contribuísse com sua
atuação consciente perante a sociedade. Dificilmente o professor se coloca como corresponsável
dessa tarefa: é preciso motivação, mas quem deve motivar é a família e a escola por meio de seus
projetos. Assim, fica subtendido que os projetos devem ser planejados pela gestão.
Quanto à concepção dos entrevistados sobre educação integral, todos argumentaram a favor
da ampliação da jornada escolar (turno, contra turno). Inferimos desse argumento, uma concepção de
educação integral que se restringe a ampliação do tempo do aluno no espaço escolar. No entendimento
dos professores entrevistados, os entraves para a realização da educação integral são: infraestrutura
inadequada das escolas, falta de sensibilização e práticas de motivação por parte da escola e família
no sentido de se implantar efetivamente uma educação participativa onde todos estejam realmente
comprometidos com o sucesso escolar. É necessário ainda, para se conseguir melhores resultados na
educação, a ampliação da jornada escolar (havendo turno e contra turno) já que o currículo é extenso.
Entendemos que é justificável os argumentos dos professores quando se referem a falta de
infraestrutura. É difícil realizar uma educação de qualidade com escolas sem infraestrutura e cidades
onde as condições de vida são precárias desde o saneamento ao acesso a saúde. Pois a educação
420
integral envolve a ideia de que a pessoa será educada na cidade conhecendo o que ela possui, como
funciona e de que forma se pode contribuir.
CONCLUSÃO: Quando se analisa a realidade de escolas que adotaram programas voltados à
educação integral, notamos que alguns pontos precisam ser revistos. Os programas vetores da
educação integral precisam ser desenvolvidos da forma como eles foram planejados em sua essência.
O que percebemos é uma desvirtuação de tais programas. Em muitos casos, há uma “Educação
Integral” de baixa qualidade, onde escolas acabam oferendo oficinas esporádicas aos alunos ou
apenas mais um pouco de tempo para que estes permaneçam na escola. Atividades que são
desenvolvidas no espaço escolar que não “dialogam” com o currículo, como se fossem atividades
paralelas oferecidas na escola, mas que não são vistas como importantes para o crescimento
educacional do aluno.
Há ainda outros desafios a serem enfrentados tais como: superação do paralelismo turno e
contra turno, articulando esses momentos (turno e contra turno) e não simplesmente a ampliação do
número de aulas e disciplinas. Além disso, a escola e comunidade devem dialogar entre si. Há um
desafio de se minimizar a distância da escola e seu entorno, sendo visto como possibilidades de
aprendizagens. A cidade pode ser também um espaço de múltiplas possibilidades educativas.
Um grave problema que perpassa as políticas públicas é a falta de continuidade dos programas
que em sua essência vislumbram garantir a formação integral do aluno. O PROEMI, foco deste
estudo, foi encerrado nas instituições estaduais de Santarém, saindo da lista de prioridades do estado
para educação, constituindo-se no impedimento de atingir resultados mais consistentes.
REFERÊNCIAS
ARROYO, Miguel. O direito a tempos-espaços de um justo e digno viver. In: MOLL, Jackeline (org.).
Caminhos da Educação Integral no Brasil: Direito a outros tempos e espaços educativos. Porto
Alegre: Penso, 2012, p. 33-45. Disponível em:
<http://www.piraquara.pr.gov.br/aprefeitura/secretariaseorgaos/ educacao/ upload
Address/O_direito_a_temposespau00E7os_de_um_justo_e_digno_viver%5B1271%5D.pdf>.
Acesso: 22 jun. 2015.
BRASIL. Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional – LDB. Lei Federal nº. 9394/96.
Brasília: Mec/SEF/COEDI, 1996. Disponível em: <https://www.puc-
campinas.edu.br/midia/arquivos/2013/abr/proavi---lei-n-93941996.pdf>. Acesso em 15 jun. 2015.
CAVALIERE, Ana Maria. Tempo de Escola e Qualidade a Educação Pública. Campinas, vol. 28,
n. 100 - Especial, p. 1015-1035, out. 2007. Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso
em 20 jun. 2015.
MOLL, Jaqueline (org.). Educação Integral: texto de referência para o debate nacional. Brasília:
Mec, Secad, 2009. (Série Mais Educação). Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/
cadfinal_educ_integral.pdf>. Acesso em: 21 mai. 2015.
421
O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO NO MUNÍCIPIO DE BELTERRA: GESTAO
ESCOLAR COMO FOCO
77Diana Albuquerque dos Santos1
78Maria Lília Imbiriba Sousa Colares2
RESUMO: O presente estudo aborda as concepções de gestão democrática de gestores que atuaram em escolas com
Programa Mais Educação/PME no município de Belterra/PA. Teve como objetivo geral identificar as concepções de
gestão democrática e verificar as principais dificuldades para a realização do PME. Trata-se de um estudo qualitativa, na
qual utilizou-se como recurso metodológico análise documental, bibliográfica, entrevistas semiestruturadas e aplicação
de questionários. Os resultados demonstraram que o PME não atingiu a meta de aumentar o desempenho no ensino de
língua portuguesa e matemática, como proposto pela coordenação do programa, devido a falta de estrutura adequada e de
transporte. Referente as concepções acerca da gestão democrática, todos entendem o conceito de democracia, mas, em
alguns momentos as falas dos gestores revelam uma concepção de gestão pseudodemocrática. Identificamos que a gestão
democrática é essencial para que programas como o Mais Educação atinjam seus objetivos, pois trata-se de um
instrumento para o desenvolvimento da qualidade educacional.
PALAVRAS-CHAVE: PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO. FORMAÇÃO CONTINUADA. GESTÃO
DEMOCRÁTICA.
INTRODUÇÃO: Coordenado pela Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC) e criado pela Portaria
Interministerial nº 17/2007, o Programa Mais Educação (PME) foi desenvolvido em 2007 durante o
governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010), teve como finalidade contribuir para o
desenvolvimento da qualidade da educação, por meio da ampliação de tempo, objetivando a redução
da evasão escolar, bem como diminuir a deficiência do ensino de língua portuguesa e matemática. De
acordo com Gadotti (2013, p.98), “A educação integral em tempo integral possibilita ao educando o
contato com poetas, artistas, religiosos, músicos, artesões e outros [...]”.
Para que ocorra uma educação de qualidade é necessário que se tenha uma gestão
democrática, e para que ocorra a democracia é necessário que haja uma educação que possa trabalhar
a importância de se fazer democracia. Além disso, a democracia no âmbito educacional é frisada a
Constituição Federal de 1988, resultado de uma intensa luta social.
Desta forma, o presente estudo discute as Concepções de gestores que atuaram em escolas que
possuíam o Programa Mais Educação no Município de Belterra/PA. Entendemos que compreender
a concepção de gestão democrática no âmbito do PME é importante para buscar meios de desenvolver
uma educação de qualidade, uma vez que é um tema discutido em documentos legais, como a
Constituição Federal de 1998 e a Lei de Diretrizes e Base da Educação (Lei nº 9.394). Assim, a
pesquisa teve por objetivos: Verificar o perfil dos gestores que trabalham com o PME; Identificar as
1 Estudante de graduação da Universidade Federal do Oeste do Pará. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas História,
Sociedade e Educação no Brasil/HISTEDBR-UFOPA. Bolsista PIBIC/UFOPA. 77
2 Doutora e Pós-doutora em Educação pela UNICAMP. Docente do Programa de pós-graduação em educação/PPGE da
Universidade Federal do Oeste do Pará. Líder Adjunta Grupo de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação no
Brasil/HISTEDBR-UFOPA. Orientadora da Pesquisa. 78
422
concepções de gestão democrática desses gestores; Averiguar as principais dificuldades para a
realização desse programa e Verificar a importância da formação continuada para a qualidade do
programa. Essa pesquisa encontra-se pautada nos estudos de COLARES (2003); PARO (1997) e
GADOTTI (2013).
MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na qual se utilizou como recurso metodológico
pesquisa documental, análise bibliográfica, entrevistas semiestruturadas e aplicação de questionários.
O método de aplicação do questionário consistiu no Contato direto individual. Entendemos que esse
método é importante e eficaz. Pois, “[...] No contato direto, o pesquisador pode explicar e discutir os
objetivos da pesquisa e do questionário, respondendo dúvidas que os entrevistados tenham em certas
perguntas” (RICHARDSON, 2014, p. 196). As Entrevista ocorreram em 2 (duas) etapas, a primeira
consistiu na definição das escolas a serem pesquisadas no município de Belterra/PA. Foi realizada
entrevista com a diretora de ensino da Secretaria de Educação do Município de Belterra (SEMED),
para a obtenção dos dados acerca das escolas que trabalham e/ou trabalharam com o PME no
município. A segunda etapa da pesquisa consistiu na Entrevista com gestores e coordenadores das
escolas selecionadas. De acordo com Richardson (2014, p. 210), “A entrevista desenvolve-se a partir
de perguntas precisas, pré-formuladas e com uma ordem preestabelecida [...]”.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: De acordo com os dados coletados, verificou-se que 19
(dezenove) escolas aderiram ao Programa Mais educação no ano de 2012 a 2015. A seleção das
escolas para a pesquisa teve como critérios: serem de área urbana e terem o programa por dois anos
consecutivos. Levando em consideração esses critérios 4 (quatro) escolas foram selecionadas, na qual
denominamos de: Escola Municipal A; Escola Municipal B; Escola Municipal C e Escola Municipal
D. Quanto aos participantes da pesquisa esses foram denominados de Gestor A, Gestor B, Gestor C
e Gestor D.
Na pesquisa realizada através dos questionários verificamos que os participantes da pesquisa
são: 50% do sexo feminino, estão na faixa etária de 31 a 50 anos, 75% são formados em letras e 25%
em pedagogia.
Outro dado a ser destacado é a questão da formação continuada, todos tem um curso de
especialização em gestão escolar. Entendemos que a formação continuada tem como papel
possibilitar aos sujeitos que trabalham com a educação, em particular os gestores, uma nova forma
de fazer e entender a gestão democrática. De acordo com as entrevistas realizadas com os gestores,
verificou-se que eles entendem a importância da formação continuada no que tange a realização do
Programa Mais Educação:
423
Gestor B - A formação continuada ela sempre vai ser importante, pois nós temos a situação
do programa, que o programa ele sempre os desafios da comunidade [...].
Compreendemos que “A discussão sobre democratização das relações escolares passa pelo resgate
de políticas concretas que incluem o questionamento e novos acenos aos atuais marcos de formação,
incorporado, desse modo, à formação continuada a melhoria das condições de trabalho [...]”
(FERREIRA, 2011, p. 111-112).
Referente ao PME as escolas pesquisadas buscavam desenvolver ações em parceria com a
comunidade, através de eventos, como por exemplo, festa junina e torneio de futebol. Porém, alguns
gestores do Programa Mais Educação mencionaram a falta da participação efetiva dos pais dentro do
âmbito escolar, bem como a falta de formação para os pais compreenderem os objetivos do programa,
como pode-se verificar nas falas a seguir:
GESTOR A: - O maior desafio da escola hoje é ter uma participação efetiva dos pais [...] a
gente sabe que tem muitos fatores e a gente precisa driblar esses fatores, na verdade é a
grande dificuldade que eu chamaria de gargalo [...].
Sabemos que a participação dos pais dentro do âmbito escolar é fundamental para que haja
um bom funcionamento da escola, bem como dos projetos realizados por ela, como por exemplo, o
Mais Educação. Pois, a escola não é apenas formada pela comunidade interna, mas também pela
comunidade externa. Para esse problema recorrente nas escolas, seja ela de tempo integral ou não,
Paro (1997) sugere que,
Não basta permitir formalmente que os pais dos alunos participem da administração da
escola, é preciso que haja condições materiais propiciadoras dessa participação. A este
respeito, uma medida que acredito que deva ser tomada pelo Congresso Constituinte é a
instituição de dispositivo constitucional que facilite a participação dos pais na vida da escola,
por meio da progressiva isenção de horas de trabalho nas empresas [...]” (p. 13).
Além disso, todos os gestores frisaram que o maior problema que se teve dentro do município
para a realização do programa Mais Educação foi à falta de espaço adequado.
Gestor A: [...] A questão do espaço do Mais Educação eu acredito que é um ponto muito
comum nas escolas, as escolas na maioria não dispõe, pelo menos na minha experiência [...],
geralmente as salas não são criadas para os Mais Educação, não existe uma projeção do
governo municipal e do federal, também, [...] de mandar condições para estruturar o espaço
[...].
Verifica-se nessa e em outras falas, aqui não citadas, que a falta de espaços adequados ainda
é um problema para o desenvolvimento do programa. Uma outra questão frisada pelos participantes
da pesquisa foi a falta de transporte urbano na cidade de Belterra, pois alguns alunos que
frequentavam o programa moravam em bairros distantes, dificultando, assim, o deslocamento.
Quanto as concepções de gestão democrática dos gestores participantes, de acordo com
Colares (2003) a concepção de gestão pode se dar de três formas: a primeira denominada de “Gestão
424
autoritária”, onde o diretor isoladamente toma as decisões e determina como deve-se proceder; a
segunda denominada de “Gestão pseudodemocrática”, conforme a autora frisa, “Trata-se da forma de
gestão em que geralmente uma consulta, por parte do diretor, a seus auxiliares mais direto ou até
mesmo à comunidade, nos momentos que antecedem, ou logo após as tomadas de decisões”(p.86); a
terceira, “a gestão democrática”, como explica Colares “é marcada pelo crescente envolvimento na
comunidade escolar na tomada de decisões, no acompanhamento e na fiscalização de todo o processo
de gestão [...]” (p.87).
Levando em consideração o estudo de Colares (2003), de acordo com as entrevistas realizadas
com os gestores verifica-se que estes definem a gestão democrática como aquela em que todas as
decisões escolares são tomadas em coletivo, como podemos verificar abaixo:
Gestor A: - [...] Na verdade, a gestão democrática ela passa nas decisões em grupo dentro
de um coletivo, um colegiado [...]. A gestão se torna democrática quando ela se torna
participativa em todo o seu conjunto [...].
Gestor C: - A gestão democrática é uma gestão participativa onde todo tem direito e vez
[...] na verdade uma gestão democrática ela é um coletivo de participação.
Mas, em alguns momentos observa-se na fala de participantes da pesquisa que estes adotam
uma concepção de “pseudodemocracia”, onde o gestor exerce “[...] uma gestão não inteiramente
autoritária e tampouco democrática [...]" (COLARES, 2003, p. 86).
Gestor C: - [...] a gente organiza a pauta da reunião, coloca lá o que a gente decidiu entre
a coordenação pedagógica, a gestão, a esquipe gestora, mas na hora que a gente leva pra
reunião a gente toma decisões.
Gestor D: - As decisões são tomadas em conjunto, só a parte mais administrativa que tem
que ser rapidamente, aí a gente toma as decisões.
A priori, observa-se que os participantes da pesquisa compreendem o conceito de gestão
democrática. Todavia, em outros momentos da entrevista, verifica-se que os gestores em suas falas
conceituam uma gestão “pseudodemocrática”. Assim, identificamos que os gestores têm em mente
clareza do que seria praticar uma gestão democrática, mas quando desenvolvem a gestão praticam a
gestão “pseudodemocrática”.
CONCLUSÃO: Por meio das entrevistas constatou-se que os participantes da pesquisa consideram
que o gestor precisa conhecer o sistema de gestão, e como deve ser realizada a gestão, precisa
conhecer e entender os artifícios legais e compreender acerca de administração, para realizar um
trabalho que proporcione melhores resultados nas escolas em termos de aprendizagens do aluno e
formação para a cidadania. Quando tratamos de educação em tempo integral, consideramos o PME
que é um referencial a nível nacional, observou-se que o programa não atingiu a meta de aumentar o
desempenho no ensino de língua portuguesa e matemática, como era esperado pela coordenação do
PME, porque foram muitas as dificuldades, principalmente no que tange a estrutura, além disso, a
425
falta de transporte também é citada como principal dificuldade de se realizar o programa. Além do
mais, é importante que órgãos como o governo federal, municipal e estadual busquem trabalhar em
resolver problemas que dificultam a realização do programa.
REFERÊNCIAS
BRASIL, MEC. Programa Mais Educação: gestão Inter setorial no território – Brasília: Ministério
da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2009.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm>.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº.9.394, de 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm.
COLARES, M.L.I.S. Concepção de gestão educacional: rumo à democracia participativa. In:
COLARES, A.A; COLARES, M.L.I.S. Do autoritarismo repressivo à construção da democracia
participativa. Campinas, SP: Autores Associados, ANPAE, 2003. p. 75-130.
FERREIRA, N. S. C. (Org.). Gestão democrática da educação atuais tendências, novos desafios.
7ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011.
GADOTTI, M. Educação integral e tempo integral. In: GADOTTI, M. Educação integral no Brasil:
inovação em Processo. Editora e Livraria Instituto Paulo Freire. São Paulo, 2013. (Educação Cidadã:
4). p.21-28.
PARO, H. V. Gestão democrática da Escola pública. Editora Ática, São Paulo, 1997.
RICHARDSON, R. J. Colaboradores José Augusto de Souza Peres (et al). Pesquisa Social: métodos
e técnicas. 3.ed. 15, reimpr. São Paulo: Atlas, 2014.
426
OS DESAFIOS DA IMPLEMENTAÇÃO DO PME NO MUNICÍPIO DE BELTERRA/PA, A
PARTIR DA PERCEPÇÃO DA EQUIPE GESTORA
79Lília Travassos de Sousa1
Maria Lília Imbiriba Sousa de Colares²
RESUMO: Este estudo integra o projeto "As experiências pedagógicas das políticas de educação integral na Amazônia:
rede de pesquisa e formação Acadêmica", do PROCAD-CAPES. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com o objetivo de
investigar os desafios da implementação do PME, na perspectiva da equipe gestora de escolas municipais no Município
de Belterra/PA. Foi desenvolvido por meio de análise documental e pesquisa de campo, com entrevista da equipe gestora.
Os resultados apontaram que estão começando a entender os conceitos de educação integral e educação de tempo integral,
pois a primeira implica em uma educação global e a segunda refere-se a extensão do tempo do aluno na escola. A
implementação do Programa Mais Educação nesta escola enfrentou dois grandes desafios, um foi referente a
infraestrutura, pois a escola não tinha espaço para realização das oficinas. O segundo estava relacionado a falta de
transporte escolar. Foi possível identificar que a Educação Integral possibilita ao indivíduo o desenvolvimento em suas
múltiplas dimensões, porém para sua efetivação, a escola necessita de um planejamento pedagógico que favoreça tempos
e espaços qualitativos.
PALAVRA-CHAVE: EDUCAÇÃO INTEGRAL. EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL. PME.
INTRODUÇÃO: A educação integral de tempo ganhou destaque com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, assegurando como direito educacional, a ampliação da jornada escolar, prevista
nos artigos 34, § 2º e 87, §5º onde enfatizam que “Serão conjugados todos os esforços objetivando a
progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino fundamental para o regime de escolas de
tempo integral”. (BRASIL, 1996)
O Plano Nacional da Educação (PNE), Lei nº 13.005/2014, também faz referência a educação
integral, trazendo legalmente como Meta 6 do PNE 2014-2024, assegurando a educação em tempo
integral, apresentando como estratégia: “Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo,
cinquenta por cento das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, vinte e cinco por cento dos
alunos da educação básica”. (BRASIL, 2014, p.33). Alguns questionamentos devem ser levados em
consideração a esse respeito: Qual a concepção de educação integral de tempo integral da equipe
gestora das escolas? Quais os desafios da implementação do programa mais educação em escolas
municipais? Como estão delineadas as formas de organizar a educação integral de tempo integral no
projeto político pedagógico?
A educação Integral precisa ser pensada numa perspectiva de desenvolvimento integral do
indivíduo, que considere todas as experiências educativas oportunizadas para o educando vivenciadas
tanto dentro quanto fora do ambiente escolar, já que esse processo de desenvolvimento acontece de
maneira contínua durante toda a sua vida.
¹Graduanda em Licenciatura Plena em Pedagogia. Bolsista de Iniciação Cientifica pela Universidade Federal do Oeste do
Pará – UFOPA. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Sociedade e Educação do Brasil-HISTEDBR.
²Doutora em Educação pela UNICAMP. Docente do PPGE/UFOPA. Líder Adjunta do Grupo de Estudos e Pesquisas em
História, Sociedade e Educação do Brasil-HISTEDBR/UFOPA.
427
Contudo, essas ações para se concretizarem necessitam de uma parceria entre governo, escola
e comunidade, na tentativa de oferecer melhores condições de aprendizagens, valorizando os atores
envolvidos nesse processo educativo.
Nessa perspectiva, o Programa Mais Educação foi implementado como política indutora da
Educação Integral pelo Ministério da Educação em conjunto com outros ministérios. (BRASIL,
2009). Além de aumentar a jornada escola do aluno, como direito educacional, o programa trouxe
como proposta a articulação do currículo base com diferentes campos de conhecimentos, podendo
induzir as escolas a reorganizar sua agenda cotidiana, oportunizando diversas atividades
socioeducativas para os educandos.
MÉTODO: Este trabalho tem como base os aspectos teóricos metodológicos da pesquisa qualitativa.
É um estudo de caso sobre o PME como estratégia indutora da educação integral em tempo integral,
em escolas municipais da cidade de Belterra/PA, foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica
e análise documental. A coleta de dados se efetivou por meio de entrevista semi estruturada, na qual
participaram a equipe gestora da escola (gestora e coordenadora pedagógica).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O Programa Mais Educação (PME) foi criado como uma
estratégia indutora de políticas de Educação Integral por meio da Portaria Normativa Interministerial
n° 17 de 24 de abril de 2007, envolvidos os ministérios da Educação, da Cultura, do Esporte e do
Desenvolvimento e Combate à fome, regulamentada pelo Decreto n° 7.083, de 27 de janeiro de 2010,
integrando as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação(PDE), conforme prevê (BRASIL,
2010), onde o PME estabelece como prioridade o atendimento as escolas que apresentassem Baixo
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e cujo alunos estivessem em situação de
vulnerabilidade social, objetivando-se a diminuir as desigualdades educacionais, através de um tempo
estendido na permanência escolar. As escolas que integram o este programa passaram a adotar jornada
com no mínimo sete horas diárias.
Em 2012, foi implantado na escola pesquisada o programa Mais Educação, como política
indutora de educação integral, sendo que as atividades começaram a ser realizadas em 2013
encerrando-se em 2015, e que esta somente trabalhou no ano de 2015 porque ainda possuía recurso
financeiro da 2ª parcela do ano de 2014, tendo em vista que em 2015 e 2016 não houve repasse de
recurso do PME para o município.
O Programa Mais Educação estabelece critérios a serem adotados na seleção de seus
participantes. Entretanto, a escola em consonância com sua comunidade poderá definir quais e
quantos alunos deveram ser assistidos pelo programa, como também as atividades a serem
ministradas no contra turno escolar. (BRASIL, 2009)
428
No quadro n. 01 podemos identificar como estava organizado o Programa Mais Educação,
como a quantidade de alunos participantes do programa, assim como as atividades ofertadas e o
número de monitores que ministravam as oficinas na escola pesquisada.
Quadro 05: Representação do Programa Mais Educação nessa escola de 2013 a 2015.
Nº de alunos Nº de monitores Atividades
95 04 Teatro, dança, esporte na escola,
campos do conhecimento. Fonte: Elaborado pela autora com base nas informações obtidas na SEMED/Belterra-PA, 2017.
O Programa Mais Educação surgiu como política indutora da educação integral, por meio da
ampliação do tempo escolar. A partir dessa afirmação, as entrevistadas foram indagadas a responder
sobre o seu entendimento em relação aos conceitos de Educação em Tempo Integral e Educação
Integral. Ambas consideraram os conceitos distintos, pois o primeiro refere-se a extensão do tempo
do aluno na escola, e o segundo implica em uma educação voltada para a aprendizagem. Entretanto,
uma delas relacionou a Educação Integral apenas ao aspecto cognitivo do aluno, enquanto a outra
associa a uma educação global, como ratifica Gonçalves:
Educação integral engloba “o sujeito em sua condição multidimensional, não apenas na sua
dimensão cognitiva, como também na compreensão de um sujeito que é sujeito corpóreo, tem
afetos e está inserido num contexto de relações. (...) que deve ser considerado em sua
dimensão bio-psicossocial.” (GONÇALVES, 2006, p. 130)
A implementação dessas políticas públicas como o Programa Mais Educação acarretam
inúmeros desafios a serem vencidos, já que a maioria das escolas não dispõem de infraestrutura
adequada para subsidiar esse programa, com banheiros que possibilitem os alunos tomarem banhos,
lugar para o descanso e de profissionais qualificados para ministrarem essas atividades.
No quadro de n. 02 estão descritos os desafios enfrentados pela escola no processo de
implementação do Programa Mais Educação.
Quadro 08: Desafios da implementação do PME na escola pesquisada (2013-2015)
DESAFIOS PARA A
IMPLEMENTAÇÃO
DO PME
TRECHOS DE FALAS DAS ENTREVISTADAS
INFRAESTRUTURA
“Nós não temos espaços adequados, local para atender os alunos do Programa Mais
Educação.” (G)
“A infraestrutura, porque a escola mesmo não tem um espaço para o Mais Educação”
(C P)
LOGÍSTICA
(Transporte escolar)
“A questão do escolar (ônibus) é um dos principais pontos, precisamos dele para tudo.
” (G)
“Os alunos dependem de forma integral do transporte escolar. ” (C P)
Fonte: Elaborado pela autora a partir das entrevistas realizadas, 2017
Como podemos identificar no quadro 02, os principais desafios enfrentados foram relacionados
a infraestrutura da escola e a falta de transporte. Em relação a infraestrutura, mesmo sem espaço físico
disponível na escola para a realização das atividades do programa, foi possível contar com a ajuda da
429
comunidade para disponibilizar um local (barracão comunitário) que pudesse realizar as atividades
referente ao PME, e essa cooperação foi um dos pontos positivos apontados pelas entrevistadas, pois
houve aproximação da família com a escola. Quanto ao transporte , a gestora pediu que a SEMED de
seu município, disponibilizasse um ônibus para que os alunos que moravam distante pudessem
participar das atividades do Mais, pois quando o mesmo não se faz disponível para a locomoção
desses alunos, a escola suspendia as aulas deste dia. A escola não obteve êxito em seu pedido referente
ao ônibus para ser utilizado com o PME deixando de promover uma integração entre os diversos
sujeitos que compõem as salas de aulas, em um processo de exclusão, haja vista que uns pudem ser
atendidos pelo programa e outros não.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: A Educação Integral possibilita ao indivíduo o desenvolvimento em
suas múltiplas dimensões, porém para sua efetivação, a escola necessita de um planejamento
pedagógico que favoreça tempos e espaços, em seus aspectos qualitativos.
Uma escola que objetiva promover a educação integral, precisa considerar a ressignificação de outros
tempos e espaços, deixando de ser o único lugar de aprendizagem, ultrapassando seus muros,
integrando os diversos espaços educativos e os diferentes saberes, em um processo contínuo de
aprendizagem para a vida
Assim, a construção de uma educação integral não depende somente da escola e de programas
como o PME, mas necessita efetivamente da colaboração de todos para a reconfiguração do papel
escolar associando-o a sua comunidade, por meio de práticas integradoras, que dialoguem com os
outros tempos de formação humana.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Educação Integral: texto de referência para o debate nacional. Organização de MOLL,
Jaqueline. Brasília: Mec, Secad, 2009. (Série Mais Educação). Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/dmdocumentscadfinal_educ_integral.pdf>. Acesso em 17 dez. 2016.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em 12 dez. 2016.
BRASIL. Plano Nacional de Educação. Lei n. 13.005 de 25 de junho de 2014 –Aprova o Plano
Nacional de Educação, Brasília, 2014a. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso em 15 dez.
2016.
BRASIL. Ministério da Educação. Programa Mais Educação: passo a passo, 2010. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/passoapasso_maiseducação.pdf>. Acesso em 15 de dez.
2016.
GONÇALVES, Antônio Sérgio. Reflexões sobre educação integral e escola de tempo integral.
In: Cadernos CENPEC, n. 2, 2006.
430
PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA CIDADE DE SANTARÉM:
CASTELINHO – CASARÃO DE DONA ESTELINITA
80Adriane Morais Lima1
Melyssa Luane Noronha Andrade1
81Co-Orientadora: Cíntia Giselle Batista Campos2
RESUMO: A valorização, manutenção e divulgação dos monumentos e prédios históricos da cidade de Santarém são
uns dos instrumentos de divulgação da história local e dos fatos que possam servir para gerações seguintes.Apesar disso
existem inúmeros casarios históricos santarenos em estado de deterioração e sem reparos.Observa-se também que essa
problemática existe devido muitas dificuldades que vão desde a falta de conscientização do poder público e da
comunidade, até a inexistência de políticas públicas claras de proteção ao patrimônio. É importante transmitir para a
população a valorização da arquitetura santarena para gerar uma conscientização sobre a temática. O Casarão da Estelinita
Rodrigues localizado na Avenida Adriano Pimentel, prédio de dois pavimentos é um dos poucos construídos em
Santarém/PA em estilo eclético. Conhecido por ser um sobrado de vários estilos, e considerado o casario histórico com
maior número de detalhes arquitetônicos. Em alguns anos essa edificaçãoencontrava em estado de desocupação e devido
isso houve uma deterioração mais rápida, e após o seu processo de restauração que está sendo realizado recentemente
pelo proprietário pôde-se dar ênfase na importância de sua preservação para a sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: CASARÃO, ECLÉTICO, PRESERVAÇÃO, RESTAURO.
INTRODUÇÃO: Na cidade de Santarém, existem inúmeros casarios reconhecidos como patrimônio
histórico da cidade. Apesar de uma recente mudança de pensamento nos habitantes locais, ainda
existem muitas pessoas que desconhecem os processos que asseguram a preservação dessas
edificações que constituem importantes elementos formadores do patrimônio cultural da cidade, eles
permitem que o passado interaja com o presente, transmitindo de um modo geral a identidade de
Santarém.
O patrimônio histórico segundo o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional), refere- se a um bem móvel, imóvel ou natural, que possua valor significativo para uma
sociedade, podendo ser estético, artístico, documental, científico, social, espiritual ou ecológico já a
preservação, consiste em realizar uma série de ações cujo objetivo é garantir a integridade e a
perenidade de algo; defesa, salvaguarda e conservação. A preservação do patrimônio histórico teve
início como atividade sistemática no séc. XIX, após a revolução Francesa e a Revolução Industrial,
devido esses períodos serem conflituosos o objetivo inicial era restaurar os monumentos e edifícios
danificados durante as guerras,Eugène Emannuel Viollet-le-Duc foi um arquiteto francês ligado
à arquitetura revivalista do século XIX e um dos primeiros teóricos da preservação do património
histórico.
1Acadêmica do bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Luterano de Santarém 80 2Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Nilton Lins; pós graduada em Iluminação e Design de
Interiores pelo IPOG81
431
É possível notar que o acervo histórico-Arquitetônico Santareno é bem peculiar e extenso, com
isso esse trabalho visa promover a conscientização do patrimônio e mostrar como a preservação pode
ser importante nesse contexto, ressaltando também que as técnicas retrospectivas não podem perder
seu foco e transformar o bem histórico em uma mera mercadoria, a exemplo de Olinda e Cristo
Redentor. Porque o que ocorre nessas cidades é geração de lucro em cima do turismo, então os
patrimônios acabam perdendo seu valor já que as pessoas visam mais em comprar lembrancinhas e
com o fenômeno das “Selfies” entender realmente a importância do bem cultural fica a segundo plano.
MATERIAIS E MÉTODOS:Através de coleta de dados com pesquisas bibliográficas, estudo e
análise iconográfica e entrevistas pôde-se ter noção da dimensão temporal do objeto histórico-
arquitetônico e seu diacronismo social destacando o surgimento da edificação e possíveis alterações
ao longo do tempo e por fim gerou-se um diagnóstico do estado de conservação do objeto cultural.
Sendo assim a metodologia utilizada é pesquisa exploratória a mesma é realizada sobre um
problema ou questão de pesquisa que geralmente são assuntos com pouco ou nenhum estudo anterior
a seu respeito. O objetivo desse tipo de estudo é procurar padrões, ideias ou hipóteses. A ideia não é
testar ou confirmar uma determinada hipótese, e sim realizar descobertas. As técnicas tipicamente
utilizadas para a pesquisa exploratória são estudos de caso, observações ou análise históricas, e seus
resultados fornecem geralmente dados qualitativos ou quantitativos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
- Análise iconográfica da fachada
Fachada no séc. XX Fachada no início do séc. XXI
Fonte: Autor Desconhecido Fonte: Melyssa Andrade
432
Fachada em 2016 Fachada em 2017
Fonte: Melyssa Andrade Fonte: Adriane Lima
Um exemplo, da arquitetura Santarena a qual reflete a história local, denomina-se popularmente
de Castelinho, situado na avenida Adriano Pimentel. Esse casarão foi construído no último quarto do
século XIX, construído para Dona Estelinita Rodrigues Dos Santos, tia de Paulo Rodrigues dos Santos
– Figura de destaque na cidade. Estelinita casou-se com o filho do Barão de Santarém. A união dessas
famílias ricas, aumentou o prestígio do casarão que segundo relatos era palco de eventos sociais na
cidade... em análise se pode encontrar importantes elementos arquitetônicos nessa edificação, por
exemplo, Estilo Eclético- combina elementos da arquitetura clássica, renascentista, barroca e
neoclássica
Além de detalhes na fachada que na época só construíam aqueles que detinham de alto poder
aquisitivo: frontão redondo, pinhas, brasão da família, frisos escalonados, consoles, arco aviajado,
balaústres, e coluna toscana. Com isso percebe-se o quanto era luxuosa, ali aconteciam festas de
casamentos e reuniões. Como a neta de Estelinita não deixou herdeiros para tomar posse do casarão,
ele foi vendido a parentes colaterais até chegar posse no atual dono, que é Engenheiro civil e tem
apresso a imóveis antigos, tanto que está investindo na restauração dessa edificação com finalidade
de torná-lo um Centro Cultural digital que possa reunir fotografias e documentos que contenham a
história da cidade de Santarém como uma espécie de museu interativo no térreo, além de um
bar/restaurante no pavimento superior, dessa forma nota-se uma postura interessante do proprietário
pois ele deu uma nova funcionalidade para o local, percebe -se então que a revitalização é um modo
seguro de preservação do patrimônio.
433
Análise da Fachada: Castelinho
Fonte: Adriane Lima
CONCLUSÃO: O Casarão da Estelinita Rodrigues está em processo final de revitalização para se
fazer o uso da edificação para bens comerciais. Ele é considerado um dos casaris com maior número
de detalhes arquitetônicos em Santarém, estava sem utilização e estará retornando para a função que
outrora lhe pertencia que era receber as pessoas em ocasiões de entretenimento. Então com essa
restauração e o museu interativo implantado na edificação estudada, haverá uma forma de manter a
memória histórica de Santarena.
Considerando o prédio com vários estilos, e rico em detalhes mantidos depois do restauro, a
preservação do bem material será importante como exemplo para a valorização dos patrimônios
históricos Santarenos. Vale lembrar que deverá ter contribuição e preocupação tanto da população,
como dosarquitetos e urbanistas de Santarém para promover a valorização do patrimônio histórico e
outros profissionais inseridos nessa interdisciplinaridade tais como antropólogos, historiadores e
sociólogos. Isso pode acontecer através da conscientização propondo o valor da preservação, a partir
de cartilhas educativas e palestras expondo sua relevância na sociedade. Outro ponto importante para
a valorização da preservação é a intenção do fortalecimento no turismo na região.
A contribuição do patrimônio histórico para a formação da cidadania brasileira ainda é pouco
explorado, por isso é necessário umdestaque para a temática quando tratamos de preservação para
434
que dessa forma o cidadão possa ter a compreensão do momento histórico que aquele monumento
representou para a sociedade, e que ele possa manter viva essa consciência de cidadania através das
gerações.
REFERÊNCIAS
Disponível em: < http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/872 > Acesso em 5 nov. 2017
Faculdades integradas do Tapajós. Guia de visitação a arquitetura histórica de Santarém: [Projeto
Produção de Réplicas e Catalogação dos Prédios históricos de Santarém - II Etapa] / FIT:
[Coordenação de Antônia Teresinha dos Santos Amorim]. – Santarém: Gráfica Global, 2010.
Estefany Miléo de Couto. Casarõeshistóricos de Santarém- Um estudosobreossobrados e
prédioshistóricos e sua significaçãodentro da área central da cidade de Santarém. UFPA, 2013.
(Dissertação de Mestrado)
435
PROGRAMA INDUTOR DE EDUCACAO INTEGRAL: ESTUDO DA IMPLEMENTAÇÃO
DO PROEMI EM UMA ESCOLA ESTADUAL DE SANTARÉM-PA
82Geni Santos de Sousa Galúcio1
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares²
RESUMO: A presente pesquisa está vinculada ao projeto: as experiências pedagógicas das políticas de educação
integral na Amazônia: rede de pesquisa e formação acadêmica, vinculada ao Programa Nacional de Cooperação
Acadêmica, PROCAD-CAPES. Teve como objetivo identificar e registrar as experiências pedagógicas voltadas para a
educação integral em escolas estaduais de Santarém/PA, a partir da adesão e implementação do PROEMI no período de
2012-2015, além de distinguir a concepção de educação integral para a coordenação do PROEMI e dos professores
envolvidos na elaboração e desenvolvimento dos planos de ação referentes ao programa. A investigação, de natureza
qualitativa com realização de pesquisa bibliográfica, análise documental, realização de entrevistas e foi desenvolvida em
uma escola estadual do município de Santarém/PA. Os resultados apontaram que a escola desenvolveu em 2013,
juntamente com a secretaria estadual de educação o programa ensino médio inovador (PROEMI), com 1.043 alunos
participantes do programa visando apoiar e fortalecer o desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras e busca
garantir a formação integral dos alunos com a inserção de atividades que tornem o currículo mais dinâmico, atendendo
também as expectativas dos estudantes.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO INTEGRAL; EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL; PROEMI
INTRODUÇÃO: As políticas públicas para a educação integral começaram a ter visibilidade à partir
de sua inclusão nos dispositivos legais que regem a educação brasileira, à partir de 1996, com a
aprovação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), determinando que seja
“progressivamente ampliado o período de permanência na escola” (lei nº 9.394/96, artigo 34). O
artigo 205 da Constituição federal estabelece a educação como direito de todos, mesmo com este
direito assegurado muitos continuam fora da escola.
O Plano Nacional de Educação (PNE) em vigor, com vigência de 2014 a 2024, propõe que 50%
das instituições públicas de educação Básica ampliem a jornada de tempo integral até 2024. Outro
importante suporte para o fortalecimento da política da educação integral para os estados e municípios
foi a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (FUNDEB), aprovado pelo congresso Nacional, através da emenda
constitucional nº 53 de 19 de Dezembro de 2006 e regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo
Decreto nº 6.253/2007, em substituição ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de valorização do magistério (Fundef), que vigorou de 1998 a 2006. E para a rede
Estadual de Ensino, voltado para o ensino médio, foi a criação do Programa Ensino Médio Inovador
(PROEMI), instituído pela portaria nº 971, de 09 de Outubro de 2009, que integra as ações do Plano
1 Graduanda em Licenciatura Plena em Pedagogia. Bolsista de Iniciação científica pela Universidade Federal do Oeste do
Pará-UFOPA. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em História, Sociedade e Educação do Brasil-
HISTEDBR/UFOPA. Bolsista CAPES. 82
² Doutora em Educação pela UNICAMP. Docente do PPGE/UFOPA. Líder Adjunta do Grupo de Estudos e Pesquisas em
História, Sociedade e Educação do Brasil- HISTEDBR/UFOPA.
436
de Desenvolvimento da Educação (PDE), instituído em 2007. Nota-se, portanto, que o poder público,
por meio de dispositivos legais, vem desenvolvendo estratégias para estimular a ampliação do tempo
escolar.
A escola de tempo integral necessita oferecer uma educação que forme o aluno integralmente
em suas múltiplas dimensões: Física, emocional, intelectual, cultural e social, visando sua
emancipação e o tornando um indivíduo crítico e reflexivo, tendo subsídios para ajudar a transformar
a sociedade em que vive.
O Programa Ensino Médio Inovador (PROEMI), é uma política de indução de educação
integral, cujo objetivo central está na elaboração do Redesenho Curricular (PRC), na perspectiva da
integração curricular e articular as 4 dimensões das Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
Médio (DCNEM), que são: trabalho, ciência, cultura e tecnologia.
METODOLOGIA: Trata-se de estudo de caso com abordagem qualitativa desenvolvida em uma
escola Estadual de ensino fundamental e médio do munícipio de Santarém/PA. Foi realizada revisão
bibliográfica sobre políticas de educação integral; leitura de textos e fichamentos mensais, sobre a
educação integral no Brasil, aspectos históricos e conceituais, análise documental e entrevistas
semiestruturadas com a professora articuladora e 1 professor da disciplina português, envolvidos na
elaboração e desenvolvimento do plano de ação referentes ao programa.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Realizou-se, incialmente a pesquisa de campo junto a 5ª URE
(Unidade Regional de Ensino), que integra a Secretaria Estadual de Educação do Estado do Pará
(SEDUC), com o objetivo de mapear as escolas estaduais que aderiram ao PROEMI entre os anos de
2012-2015 em Santarém/PA.
As experiências pedagógicas voltadas para a educação integral, a partir da adesão e
implementação do PROEMI contidas no plano de ação da escola pesquisada, foram desenvolvidas
através dos macrocampos contidos no documento orientador do PROEMI. Além dos macrocampos
obrigatórios, que são: Acompanhamento pedagógico, matemática, ciências humanas e ciências da
natureza; Iniciação cientifica e Leitura e letramento, a escola escolheu mais 2 que foram:
Comunicação, cultura corporal e uso de mídias e também produção e fruição das artes, totalizando as
ações do programa em 5 macrocampos.
437
QUADRO 01: Plano de ação à partir das propostas do PROEMI
Fonte: Elaborado pela autora através do plano de ação do PROEMI da escola 2017.
*macrocampos obrigatórios
O programa foi desenvolvido com as turmas do 1º ano do ensino médio, e aconteceu com mais
ênfase nas disciplinas português e matemática, mas outras disciplinas também foram contempladas
como física, sociologia, geografia, história e educação física.
Desta forma para o professor da disciplina português que desenvolveu a metodologia agente
jovem do macrocampo comunicação, cultura digital e uso de mídias, educação integral é todo um
arcabouço de informações que o professor possa transmitir e o aluno possa usufruir e se beneficiar, e
são também de conhecimentos prévios que os alunos trazem para a sala de aula. Como podemos
observar na fala do professor:
“A educação integral é isso levar em consideração o aluno como pessoa como um todo, é a
ele favorecer esses conhecimentos variados, (...), ora se vou considerar o aluno como sujeito,
como pessoa, ele está carregando consigo toda uma carga de emoção e experiências, algumas
experiências dolorosas, nefastas, outras experiências positivas e as suas emoções e seus
sentimentos, então isso é fazer educação integral é considerar o aluno integralmente”.
(Professor da disc. Português).
Observa-se na fala do professor que a educação integral está relacionada a interdisciplinaridade
e também que as emoções dos alunos devem ser levadas em consideração pelos professores, percebe-
se aqui uma das dimensões da educação integral que é a dimensão emocional.
Para a professora articuladora do PROEMI da escola pesquisada, a concepção de educação
integral diz respeito a formação do aluno em todas as suas dimensões.
“A educação integral visa garantir o desenvolvimento dos sujeitos, em todas as suas
dimensões, como projeto coletivo compartilhado com todos que fazem parte da escola”.
(Professora articuladora)
438
Desta forma observa-se que para os professores participantes da pesquisa, a educação integral
perpassa pela interdisciplinaridade e pela formação do aluno como ser que tem emoções, que precisa
que seja levado em consideração seus conhecimentos prévios, e também para que essa educação
aconteça, todos devem fazer parte desse processo educativo, como família, professores, gestores e
comunidade em geral. Percebe-se por meio dos fragmentos das falas dos professores entrevistados,
que a concepção de educação integral se aproxima do que é realmente a educação integral defendida
por vários autores que abordam o tema. Segundo (GADOTTI, 2009, p. 11).
A educação integral quer superar o currículo fragmentado, organizado em grades e
fundamentado no isolamento das disciplinas que, por conseguinte, isola as pessoas e cria
guetos de aprendizagem. O problema é que via de regra, e ainda com poucas exceções,
continuamos a ensinar nossos alunos sem levar em conta seus conhecimentos prévios, a sua
“cultura primeira”, as suas outras experiências vitais, separando educação informal, formal e
não formal.
De acordo com a professora articuladora, o PROEMI não obteve resultados satisfatórios, pois
os alunos apresentavam uma certa resistência em retornar a escola para o contra turno onde algumas
atividades eram desenvolvidas, muitos alegavam que eram proibidos pelos pais de irem a escola no
contra turno, outros diziam não ter condições de pagar transporte, e outros trabalhavam no horário
em que não estavam na escola. A maior parte das atividades do programa foram feitas no turno em
que os alunos estudavam, para evitar que eles tivessem que voltar no contra turno, pois a escola não
possuía estrutura para que os alunos permanecessem na escola em tempo integral. Neste sentido,
MOLL e LECLERC, 2009, afirmam que:
Uma Educação Integral em uma escola de tempo integral pode efetivamente apontar as
condições diferenciadas para que acessem, permaneçam e aprendam no interior das escolas,
aquelas crianças e jovens cujos pais foram excluídos e esquecidos, em função da obrigação
de produzir sua vida material, reproduzindo eles mesmos a condição de seus pais e avós nas
regiões mais pobres do país. (MOLL, LECLERC, 2009, P. 108).
CONCLUSÃO: A educação integral é uma concepção de educação que visa o pleno
desenvolvimento do educando e para tanto é necessário que tenha a participação de todos os
envolvidos no processo educativo, e precisa ultrapassar os espaços escolares e se apropriar de outros
espaços onde essa educação também possa acontecer.
A educação integral aliada a ampliação de tempo escolar, é de fundamental importância para
o processo formativo de jovens e adolescentes da contemporaneidade, pois a partir desta educação o
aluno tende a ter uma formação integral tornando-se um indivíduo flexível para atuar no mercado de
trabalho e na sociedade Contemporânea.
439
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Documento orientador PROEMI 2014.disponível em:
http://portal.mec.gov.br acessado em 21 de maio de 2017.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Disponível em: http://portal.mec.gov.br acessado em 21 de maio de 2017.
GADOTTI, Moacir. Educação Integral no Brasil: Inovações em processo. SP: Editora e Livraria
Instituto Paulo Freire, 2009 (Educação cidadã, 4).
MOLL, J. LECLERC, G. F. E. Programa mais educação: avanços e desafios para uma estratégia
indutora da educação integral e em tempo integral. Curitiba, Brasil: ed. UFPR, p. 91-110.
440
PROMOÇÃO DA LEITURA CRÍTICA NO ESPAÇO ESCOLAR: DESAFIOS E
POSSIBILIDADES
83Paula Cristina Galdino Guimarães1
RESUMO: A promoção da leitura crítica é um dos maiores objetivos do sistema escolar, mas estudos recentes do
Instituto Pró-livro e do Sistema de Avaliação da Educação Básica mostram que a escola tem influenciado pouco o gosto
pela leitura, bem como seu ensino crítico, em que a maioria dos alunos concluem o ensino médio com níveis básicos de
compreensão do texto. Mediante esta realidade, este objetivou investigar os entraves para a pouca formação de leitores
no Brasil, bem como verificar os desafios e possibilidades para a promoção da leitura no espaço escolar. Este estudo
consistiu em pesquisa bibliográfica e realizou-se dentro da etapa de instrumentalização científica do projeto de extensão
“Práticas de leitura e escrita no ensino fundamental: fomentando a formação de leitores”, cadastrado na coordenação de
pós-graduação, pesquisa e extensão do CEULS/ULBRA. Os resultados apontam como principais entraves à formação de
leitores as desigualdades socioestruturais que precarizam as condições de acesso à leitura e refletem nos desafios do
espaço escolar para promovê-la. Contudo, as possibilidades de promoção da leitura crítica implicam professores leitores,
espaços de leitura, como bibliotecas e ricos acervos literários, ações que estimulem ler intensamente e com profundidade,
bem como o ensino das estratégias de leitura crítica.
PALAVRAS-CHAVE: FORMAÇÃO DE LEITORES, PROMOÇÃO DA LEITURA, CONTEXTO ESCOLAR.
INTRODUÇÃO: Na sociedade grafocêntrica em que vivemos, onde circulam diariamente diversos
textos escritos mediando nossas atividades, faz-se necessário não apenas ensinar o aluno a
compreendê-los, porém, mais do que apreender a mensagem, desvendar os propósitos, as intenções,
ideologias, seu contexto, para posicionar-se criticamente diante do texto. Deste modo, a promoção da
leitura crítica é imprescindível no contexto escolar, significa proporcionar ao educando ler
intensamente, com maior frequência e criticidade.
No entanto, o estímulo e desenvolvimento da leitura crítica no sistema escolar público pouco
tem ocorrido conforme apontam estudos recentes. De acordo com dados de 2015 do SAEB – Sistema
de Avaliação da Educação básica, que verifica o nível de proficiência em língua portuguesa e em
matemática, os alunos concluem o ensino fundamental e médio, com níveis básicos de leitura, ainda
limitados à extração de informações e compreensão no nível superficial do texto.
Tendo em vista que os estímulos à leitura frequente e crítica ainda constituem grandes desafios
para o sistema escolar, este trabalho objetivou investigar, à luz de teóricos e de documentos, os
principais entraves à promoção da leitura crítica e sua intensidade, bem apontar os caminhos para
superar os desafios e promovê-la no espaço escolar.
METODOLOGIA: Estudo é fruto da fase de instrumentalização teórica do projeto de extensão
“Práticas de leitura e escrita no ensino fundamental: fomentando a formação de leitores”, cadastrado
1 Professora especialista no Curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA e coordenadora do projeto de extensão “Práticas de
leitura e escrita no ensino fundamental: fomentando a formação de leitores”, cadastrado na coordenação de pós-graduação,
pesquisa e extensão do CEULS/ULBRA. 83
441
e acompanhado pela Coordenação de pós-graduação, pesquisa e extensão do CEULS/ULBRA.
Assim, consistiu em pesquisa bibliográfica que, consoante Teixeira (2011), implica consultar autores
estudiosos do tema em suas obras bibliográficas. Na busca da compreensão das condições de
promoção da leitura, foram referências neste estudo Ana Carolina Brandão (2006), Ana Maria
Machado (2011), Ezequiel Theodoro da Silva (1998), Luiz Percival Leme Britto (2011, 2015), José
Marques de Melo (2009) e Magda Soares (1999).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A compreensão dos entraves para a formação de leitores, em que
o Brasil, até 2015, tinha apenas 56% de sua população considerada leitora segundo o estudo “Retratos
da Leitura no Brasil”, pesquisa realizada pelo Instituto Pró-livro, passa pela análise das barreiras
socioestruturais que ainda persistem em nosso país, como bem se verifica no mesmo estudo: o
percentual de leitores é maior nas classes A e B, atingindo 76% de leitores e a quantidade de livros
lidos aumenta quanto maior é o poder aquisitivo. Na análise do estudo do Instituto Pró-livro, que
iniciou em 2007: “Os resultados de 2015 reforçam uma tendência percebida desde 2007: quanto maior
a escolaridade e a renda, maior é o hábito de leitura de livros, assim como também é maior entre
aqueles que ainda são estudantes.”, ou seja, a quantidade de livros lidos aumenta ou diminui
proporcionalmente a renda, classe social e escolaridade.
Logo, podemos concordar com José Marques de Melo (1999), Magda Soares (1999), Ezequiel
(1998) e Britto (2015), entre outros autores, que o acesso à leitura, em nossa sociedade capitalista,
sofre condições sociais diferenciadas, que o contingente incipiente de leitores reflete as desigualdades
socioestruturais em que a luta pela sobrevivência precariza as condições objetivas (tempo, lugar,
material apropriado...) e mesmo as condições subjetivas (conhecimento, competência, formação...).
Neste mesmo contexto, existe uma íntima relação entre o acesso ao livro e à educação,
conforme a pesquisa realizada pelo instituto, quanto maior o nível de escolaridade maior o percentual
de leitores, que atinge 93% dos que estão na educação superior, e estão entre estes os 2% (dois por
cento) que leem mais de quatro ou cinco livros durante no período de três meses, mostrando a
intensidade a leitura, enquanto 73% ler apenas um livro no mesmo período, e 22%, dois ou três livros.
Isso mostra que é preciso investir mais no acesso e na qualidade da educação.
Considerando o fato de haver menos leitores na educação básica e que apenas 7% dos
entrevistados considerados leitores afirmaram ter tido influência da escola, vejamos caminhos para
promover a leitura nesse nível de ensino que é mais universalizado.
Uma das condições destacada pelos autores referenciados é promover a leitura por prazer, pois
é ela que nos torna leitores de fato (Brandão, 2006). Nesse objetivo, ganha espaço privilegiado a
literatura, por, além de despertar o deleite e a fruição estética, promove a leitura reflexiva,
442
proporcionando fugir das leituras automatizadas, utilitárias e muitas vezes alienantes, como bem
expõe Britto:
O simples hábito de ler de forma descomprometida, sem a reflexão aguda do sentido das
coisas, numa situação em que a pessoa é levada pelas circunstâncias e motivada por interesses
pragmáticos, caracteriza-se como uma alienação. O que é alienado é automatizado, é feito
mecanicamente, sem consciência ou domínio dos processos de significação e, portanto, sem
capacidade de ampliação de horizontes. (BRITTO, 2011, p.21)
Assim, além do ensino da leitura e da produção de gêneros textuais do cotidiano, é preciso
promover a leitura literária que, por sua vez, implica numa outra condição, a escola dispor de
biblioteca ou de um rico acervo literário, e infelizmente isso ainda não é uma realidade na maioria
das escolas. Como bem se sabe, em 2010, foi promulgada a Lei nº 12.244, que dispõe sobre a
universalização das bibliotecas até 2020, porém, até 2015, 53% das escolas não possuíam bibliotecas
ou sala de leitura (fonte: portal Qedu, da Fundação Lemann). A realidade nos convida a lutar por esse
espaço que, embora direito por lei, ainda não se efetivou na maioria das escolas. Além disso, é preciso
dinamizá-lo, promovendo encontros, compartilhamento de leituras, tornando-o um espaço onde os
estudantes se tornem leitores de fato, e não apenas pesquisadores de assuntos para trabalhos escolares,
pois, como expõe José Marques de Melo (2009), “[...]o leitor formado obrigatoriamente a partir de
tarefas escolares deixa de ser leitor quando abandona a escola. Torna-se um leitor ocasional, casual.”
Portanto, é importante que as ações de promoção da leitura não se vinculem apenas à rotina da
aprendizagem, mas que se ampliem as experiências de leitura, proporcionando ao aluno diversas
vivenciar suas diversas finalidades e frequentemente o prazer aliado à reflexão, fundamentalmente
presente nas obras literárias.
Porém, tal finalidade de ler por prazer não significa simplesmente que a leitura seja
descompromissada, é importante ensinar o aluno a ler com profundidade um texto, desvelando e
confrontando suas ideologias e intenções, descortinando todo o contexto que a cerca. Isso requer todo
um planejamento em torno dessa leitura, em que o professor é peça fundamental em sugerir obras e,
a partir delas, planejar situações antes, durante e/ou pós-leitura que proporcionem ao aluno lê-la de
modo reflexivo, crítico, intelectualmente ativo. O ensino da leitura crítica é outro consenso entre os
estudiosos do tema:
A formação do leitor, no âmbito da educação escolar, corresponde aos processos pedagógicos
que fazem com que o aluno alcance a condição de leitor, isto é, que seja alguém que, com
crítica e autonomia, realize as atividades que caracterizam o leitor. (BRITTO, 2016, p. 21)
[...]o trabalho que se faz com o texto na sala de aula também será determinante para a
formação de um leitor ativo, crítico, inteligente e questionador, tão almejado por todos nós.
(BRANDÃO, 2006, p. 60)
[...] existe uma relação indissolúvel entre a leitura crítica e a escola problematizadora [...]
(SILVA, 1998, p. 30)
443
Isso também implica uma outra condição, que o professor seja leitor, pois o aluno, na sua
condição de leitor iniciante ou em processo, necessita do norte do professor, de sua experiência leitora
como exemplo, como modelo, como grande influenciador. E como seria interessante se a escola
fizesse oficinas de leitura com os pais também, habilitando-os a continuarem o estímulo em casa,
pois, como diz Ana Maria Machado (2011), “Pais e professores leitores que leem têm um papel
poderosíssimo na transmissão do gosto pelos livros”.
Tais ações, por sua vez, requerem uma luta política, na escola e em todo o sistema educacional
brasileiro, que efetive essas diversas condições. É importante que o espaço da leitura literária integre
o projeto político pedagógico da escola e inclusive o currículo da educação básica, como ocorre na
França, onde, desde 2004, faz parte do programa destinar obrigatoriamente duas horas e meia de
leituras diárias em todas as escolas (MACHADO, 2011). Isso requer também que a escola disponha
de um rico acervo, de uma biblioteca, com profissionais capacitados, em que o diálogo entre
bibliotecário-professor-aluno seja intenso nas práticas de incentivo à leitura. Além disso,
imprescindivelmente, como já dito, é preciso que os professores sejam leitores, sem essas condições
fica muito inviável a promoção da leitura no contexto escolar.
CONCLUSÃO: Tendo em vista que as barreiras socioestruturais são imensas, cabe
fundamentalmente a escola ajudar a vencê-las em seu espaço, até porque a leitura crítica não surge
automaticamente, mas surge na comunhão da experiência de vida com a experiência de leitura. É
preciso estimular a ler intensamente, de modo a termos um maior no de leitores de livros, e a ler
criticamente, de modo a saber selecionar, julgar, transformar, se posicionar com fundamento frente o
texto.
Assim, fazem-se necessárias diversas políticas de promoção da leitura em todo o sistema de
ensino, em que haja, desde a formação inicial docente, programas de estímulo à leitura para que os
professores se constituam leitores e de modo especial de literatura. É necessário também que haja no
contexto escolar bibliotecas e projetos que dinamizem esse espaço, promovendo partilhas, troca de
experiências com o livro, encontro de leitores; e que, na sala de aula, o ensino da leitura crítica seja
intensamente promovido, pois é preciso ensiná-la. Em suma, que haja efetivamente políticas e
práticas de valorização da leitura no sistema educacional.
REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Ana Carolina. O ensino das estratégias de leitura e a formação do leitor. In:
BARBOSA, Maria Lúcia Ferreira de Figueiredo; SOUZA, Ivane Pedrosa de (Orgs.). Práticas de
leitura no ensino fundamental. — Belo Horizonte : Autêntica, 2006. PDF
444
BRITTO, Luiz Percival Leme. Ao revés do avesso: leitura e formação. – São Paulo: Pulo do gato,
2015.
_________. No lugar da leitura - biblioteca e formação [recurso eletrônico] - Rio de Janeiro: Edições
Brasil Literário, 2015. Recurso digital.
_______. O papel da biblioteca na formação do leitor. In: Salto para o futuro – biblioteca escolar:
que espaço é esse?, Ano XXI, Boletim 14, 2011.
MACHADO, Ana Maria Machado. Silenciosa algazarra: reflexões sobre livros e práticas de leitura.
– São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
MELO, José Marques de. Os meios de comunicação de massa e o hábito de leitura. In: BARZOTTO,
Valdir Heitor (Org.). Estado de leitura. 2. ed. – Campinas, SP: Mercado das Letras, 2009.
Retratos da leitura no Brasil. 4ª.ed. – São Paulo: Instituto Pró-livro, março/2016.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. Criticidade e leitura: ensaios. – Campinas, SP: Mercado das Letras:
Associação de Leitura do Brasil, 1998.
SOARES, Magda Becker. As condições sociais da leitura. ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel
Theodoro da (Org.). Leitura: perspectivas interdisciplinares. 4ª. ed. – São Paulo: Ática,1998.
445
SURDEZ E CULTURA COMO REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE SURDA
84Pamela do Socorro da Silva Matos1
Luciano Bruno dos Santos Lobato ²
Evanilde Pereira dos Santos3
Risomar Moraes dos Santos4
RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar a identidade surda através da relação de representação social na cultura
surda e no contexto da realidade social das pessoas surdas. O texto aborda o conceito de representação social a partir da
visão da sociedade em relação ao “ser surdo”, apresentando um breve histórico social da cultura surda, identidade surda
e suas representações estruturamente socializadas na realidade da sociedade atual.
PALAVRAS-CHAVE: IDENTIDADE, REPRESENTAÇÃO SOCIAL, CULTURA SURDA.
INTRODUÇÃO: Este artigo trata-se de uma pesquisa concluída, e procura fazer uma relação entre
o conceito de “representação social” na visão de Moscovici (2003) e Oliveira (2005) e a visão de
representação social explanada principalmente pela autora surda Strobel (2008).
Destaca o conceito de cultura e como ela influencia na representação da identidade do sujeito
surdo como cidadão detentor de uma identidade cultural própria. Mostra que as experiências visuais
são muitos importantes para que os surdos reproduzam através de sua própria visão uma
representação do outro. Explana que a família pode contribuir ou não para que o sujeito surdo se
desenvolva nas suas próprias especificidades.
REPRESENTAÇÃO SOCIAL NA VISÃO DE MOSCOVICI
A proposta de Moscovici é que as representações sociais deixem de ser um conceito e passem
a ser um fenômeno a ser considerado de maneira mais profunda (Moscovici, 2003). Ele destaca ainda
que tipos de representações sociais são influentes em suas pesquisas:
“Elas são as de nossa sociedade atual, de nosso solo político, cientifico, humano, que nem sempre
tem tempo suficiente para se sedimentar completamente para se tornarem tradições imutáveis.
[...] E a característica especifica dessas representações é precisamente a de que elas
“corporificam ideias” em experiências coletivas e interações em comportamento, que podem,
com mais vantagem, ser comparadas a obras de arte do que a reações mecânicas. O escritor
bíblico já estava consciente disso quando afirmou que (a palavra) se fez carne; e o marxismo
1 Mestre em educação da UEPA, graduada em licenciatura em pedagogia (UVA) e licenciatura em letras libras (UFSC).
Professora do magistério superior na Universidade Federal do Amapá (Unifap).
²Academico do II semestre do curso em Pedagogia do Centro Universitário Luterano de Santarém, Professor do Pacto
Nacional de Alfabetização na Idade Certa – PNAIC/MEC e Professor/Intérprete de Libras da Superação Consultoria
Educacional. 3Academica do VIII semestre do curso de pedagogia do Centro Universitário Luterano de Santarém, Bolsista de Iniciação
a docência PIBID/CEULS subprojeto Pedagogia.] 4 Orientadora: Especialista em Educação Especial e Inclusiva. Professora de Educação Inclusiva do Curso de Educação
Física do CEULS/ULBRA. Professora do Ciclo Básico do CEULS/ULBRA.
446
confirma isso quando afirma que as ideias, uma vez disseminadas entre as massas, são e se
comportam como forças materiais.” (2003:48)
A sociedade atual é aquela que estabelece uma imagem sobre o outro através de comparações
com a maioria; se a maioria tem certa característica predominante são aqueles indivíduos que vão ser
“normais”, mas se há um entre eles que possui uma característica diferenciada, ele vai ser visto como
o “diferente”. Por isso,Moscovici (2003) destaca o que a sociedade espera que realmente aconteça:
“Espera-se que sempre aconteçam, sempre de novo, as mesmas situações, gestos, ideias. A
mudança como tal somente é percebida e aceita desde que ela apresente um tipo de vivencia e
evite o murchar do diálogo, sob o peso da repetição. Em seu todo a dinâmica de familiarização,
onde os objetos, pessoas e acontecimentos são percebidos e compreendidos em relação a prévios
encontros e paradigmas.” (2003:54,55)
É com essa expectativa que a representação feita sobre certo grupo prevalece, mesmo passando
anos e anos espera-se que haja um padrão com respeito ao comportamento e a cultura. E quando se
deparam com um padrão diferente do usual a tendência é de não aceitação do outro, o incomodo, pois
estas pessoas são como nós e, contudo não são como nós; assim nós podemos dizer que eles são “sem
cultura”, “bárbaros”, “irracionais” etc (MOSCOVICI, 2003:56).
Este imaginário se dá por relatos da sociedade a nossa volta, mas quando nos deparamos com
a real situação é como se levássemos um choque diante da “diferença”. Isso se comprova num
exemplo dado por Oliveira (2005):
“‘Gente!, quando ele chegou aqui na escola no primeiro dia de aula, nossa, os professores se
assustaram, nunca viram uma coisa, como um aluno na escola que era totalmente paraplégico,
não andava, era uma pessoa que para nossa sociedade era inútil. Como uma mãe tem coragem
de colocar um filho assim na escola normal, noturna?’ (Professora Diana/ SP).” (2005:174)
O que está impregnado nas mentes de tais pessoas é a visão passada de geração a geração de
que o ser deficiente é o ser inútil e incapaz.
A SURDEZ, IDENTIDADE E SUAS REPRESENTAÇÕES
A história como forma de representar o surdo
Nos últimos anos a surdez vem gerando uma série de discussões relativas a sua “normalidade”
e “anormalidade”, em busca de soluções para que a mesma legislativamente dita como deficiência
pudesse alcançar um patamar elevado, que possibilitasse as pessoas surdas as mesmas oportunidades
que as pessoas ditas ouvintes. Infelizmente não ocorreu conforme a principal necessidade dos surdos
tais como acessibilidade, reconhecimento de sua língua, aceitação de sua cultura, apesar de toda a
legislação que ampara os seus direitos, há muita coisa a se fazer para cumpri-las.
447
No passado os surdos não eram considerados seres humanos capazes, a audição e a oralidade
eram vista como uma forma privilegiada e através dessas era possível manifestar a sua inteligência e
a educação escolar dos mesmos sempre esteve voltada para o desenvolvimento da fala.
Berthier (1984, p. 165) apud Nascimento (2006) relata que a “criança” surda “era prontamente
asfixiada ou tinha sua garganta cortada ou era lançada de um precipício para dentro das ondas. Era
uma traição poupar uma criatura de quem a nação nada poderia esperar.”
Os sinais não eram considerados como língua, mas como gestos primitivos. Assim, quem não
ouvia e não falava oralmente também não pensava (Quadros, 2006). Sendo assim, reconhecer o surdo
é olhar para o seu diagnóstico, reconhecendo-o apenas pela sua “deficiência” e não pela sua
“diferença” como um ser normal, ativo e social.
Oliveira (2003:173) diz que alunos e professores agem desta forma:
“Eu não quero uma criança com deficiência auditiva na minha sala. [...] eu não quero, eu não
gosto, sabe, eu não me sinto bem. [...] a maioria das pessoas pensa que criança assim não aprende.
[...] A escola não aceita, os professores tem medo, não aceitam, reclamam.” (Professora
Beatriz/SP). (OLIVEIRA, 2003:174)
Santana e Bergamo (2005) observam que os surdos sempre foram “historicamente,
estigmatizados, considerados de menos valor social”, pois faltava-lhes “a característica
eminentemente humana: a linguagem oral e suas virtudes cognitivas. Diante disso, os surdos eram
humanamente inferiores.”
Devido a isso, além dos surdos antigamente serem vistos como pessoas “anormais”,
“ineducáveis” e “doente das orelhas”, por muitos anos não tiveram direito a vida considerados seres
nascidos por maldição.
Os sujeitos surdos eram rejeitados pela sociedade e posteriormente eram isolados nos asilos
para que pudessem ser protegidos, pois não se acreditavam que pudessem ter uma educação em
função de sua anormalidade, ou seja, aquela conduta marcada pela intolerância obscura na visão
negativa sobre os surdos viam-nos como anormais ou doentes. (PERLIN; STROBEL, 2006)
Nesse contexto, as pessoas surdas passaram a ser vistas como um grupo minoritário, que
necessita ser curada, ou seja, pessoas sem representação social. Segundo Santos (2009):
“[...] é uma representação aberta e incompleta, a comunidade é ela própria dificilmente
representável – ou é – o apenas vagamente – e os elementos constitutivos, também eles abertos
e inacabados, furtam-se a enumerações exaustivas.”
Segundo Moscovici (2003):
“A representação é fundamentalmente, um sistema de classificação e de denotação, de alocação
de categorias e nomes. Tais coisas, que nos parecem estranhas e perturbadoras tem também algo
a nos ensinar sobre a maneira como as pessoas pensam e o que as pessoas pensam.”
448
Partindo dessa ideia, a surdez além de seu diagnóstico também é representada de forma
diversificada com conceito de um determinado grupo social, residentes em locais diferentes,
experiências próprias e de classe sociais opostas, mas que estão sempre ligados a algo incomum: A
cultura.
A CULTURA COMO FORMA DE REPRESENTAR O SUJEITO SURDO
Strobel (2008) fala um pouco sobre cultura:
“Nos estudos e pesquisas sobre a cultura percebem-se variações desde concepções tradicionais
até as mais recentes. As várias suposições limitadas em compreender a cultura resultam de um
conjunto corriqueiro para referir unicamente as manifestações artísticas. Ou é identificada como
os meios de comunicação em massa ou, então, cultura diz respeito as festas e cerimônias
tradicionais, as lendas e crenças de um povo, seu modo de se vestir, sua comida e a sua língua.”
Quando focamos no conceito de cultura surda, passamos a perceber que ela se manifesta de
um jeito diferente dentro de uma cultura predominante que é a cultura ouvinte, e que os sujeitos
surdos passam produzir sua própria cultura. Ainda citando a autora Strobel (2008), ela vem mostrando
quais os aspectos marcantes que formam a identidade surda, através da cultura:
“o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modifica-lo a fim de se torna-lo acessível e
habitável ajustando-o com suas percepções visuais, que contribuem para a definição das
identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas isto significa que abrange a língua, as
ideias, as crenças, os costumes e os hábitos do povo surdo.” (STRTOBEL, 2008)
Outra autora surda complementa este conceito fazendo uma ligação com a identidade surda:
[...] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da cultura surda,
elas moldam-se de acordo com a maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito.
E dentro dessa receptividade cultural também surge aquela luta política ou consciência
oposicional pela qual o individuo representa a si mesmo, se defende da homogeneização, dos
aspectos que o tornam corpo menos habitável, da sensação de invalidez, da inclusão entre os
deficientes, de menosvalia social.” (PERLIN, 2004)
Na comunidade surda existem vários artefatos que em conjunto formam uma representação de
seu grupo e que “na cultura constitui produções do sujeito que tem seu próprio modo de ser, ver,
entender e transformar o mundo”. (Strobel, 2008:37)
A partir daí surge uma identidade, a que é cultural que se refere “ao sentimento de
pertencimento a uma cultura, isto é na interação do sujeito surdo com sua comunidade.” (Strobel,
2008)
No contexto da representação social sabe-se que caracteriza-se a produção de saberes sociais
focalizando na construção e na transformação do conhecimento da sociedade, entretanto a
representação está sempre relacionada com o sujeito e o objeto, porém elas são conhecimentos
construídos na relação do homem com ambiente a sua volta.
449
Já na questão da surdez, é inevitável a discussão entre representação x surdez, pois oportuniza
a relação dialética entre o individuo “surdo” e a sociedade em geral, abrangendo uma visão mais
ampla sobre suas reais características que são tanto “plurais” quanto singulares.
Perlin (2004, p. 76) apud Strobel(2008, p. 97) afirma: “percebe-se que o sujeito surdo está
descentrado de uma cultura e possui outra cultura. Percebe-se o surdo em seu deslocamento da cultura
ouvinte ou cultura universal e emergente na problemática da diferença cultural própria.”
A experiência visual, a linguística, a família, além de outros são alguns aspectos representativos
dessa identidade, porém neste artigo serão destacado apenas quatro desses aspectos.
A experiência visual
Os autores surdos Perlin e Miranda (2003, p. 218) apud Strobel (2008) dizem:
Experiência visual significa a utilização da visão, em (substituição total a audição), como meio
de comunicação. Desta experiência visual surge a cultura surda representada pela língua de
sinais, pelo modo diferente de ser, de expressar, de conhecer o mundo, de entrar nas artes, no
conhecimento cientifico e acadêmico. A cultura surda comporta a língua de sinais, a necessidade
do interprete, de tecnologia de leitura.”
É comum um grupo de surdos se encontrarem para conversar, é também comum um grupo de
ouvintes saírem para conversar, porém, se esses grupos saem à noite e se acontece um problema de
falta de energia qual deles vai continuar se comunicando? É claro indicar o segundo grupo, o de
ouvintes, pois a sua cultura dos surdos é totalmente visual e se há um impedimento para tais essa
representação visual é interrompida. Também é muito importante para as crianças surdas entrarem
em contato com a sua língua materna para que elas criem a sua própria representação, de modo que
isso “proporcionará acesso a linguagem e desta forma, estará também assegurada a identidade e a
cultura surda, que é transmitida naturalmente a criança surda em contato com a comunidade surda.”
(Strobel, 2008)
Cultura linguística
A língua de sinais é uma língua que se utiliza em sinais, gramaticalmente com cinco
parâmetros básicos entre eles, tendo a expressão facial e corporal ao invés de sons. Elas são de
aquisição extremamente visual e produção espacial e motora é a língua natural dos surdos. Há no
mundo muitas línguas de sinais usadas como forma de representação comunicativa entre pessoas
surdas e todos os envolvidos na comunidade surda.
Falando sobre a língua de sinais Strobel (2008) destaca que:
[...] Se uma língua transborda de uma cultura, é um modo de organizar uma realidade de um
grupo que discursa a mesma língua como elemento em comum, concluímos que a cultura surda
e a língua de sinais seriam uma das referencias do povo surdo [...].
450
Na fala da autora, podemos observar que foram citadas duas representações (língua de sinais e
cultura surda), de acordo com Moscovici (2004), um “sistema de classificação”, no entanto,
desconhecida por muitos.
A comunidade surda não é baseada apenas como grupos de pessoas surdas, mas envolvem
também as famílias, amigos e professores especialmente aqueles que dividem os mesmos interesses
e lutas em comum voltadas em defesa da língua de sinais.
Nas zonas rurais os surdos também desenvolvem suas representações linguísticas, mesmo não
tendo contato com as comunidades surdas dos centros urbanos e nem aprendendo a língua de sinais,
assim eles criam sua própria forma de se comunicar que são os “sinais caseiros” ou “sinais
emergentes”. Strobel (2008) destaca como se dá esse processo:
“[...] sem ter a noção das horas e dias de semana, observa ao seu redor que tem um dia da semana
em que as frutas sempre são colhidas, o dia certo de ir a igreja, os dias em que o caminhão vem
pegar o lixo e de quando o sol aparece no horizonte é a hora de ordenhar e pegar ovos, etc. Ele
acompanha esta rotina de acordo com o seu “olhar” do dia-a-dia de sua vida e cria sinais que
representam seu cotidiano.” (2008:44)
No Brasil, a língua de sinais é reconhecida legalmente sob a lei 10.436 de abril de 2002,
denominado Língua Brasileira de Sinais sob a sigla Libras. Assim como no Brasil, cada país tem sua
própria representação em relação à língua de sinais, pois ela não é universal. Dessa forma a Libras
representa um grupo de falantes que nesse caso são os surdos representados por uma língua de sinais.
Cultura familiar
As representações da pessoa surda tem muito a influencia de sua própria família, Quadros
(1997) destaca o papel da mãe e do pai nesse processo:
“Certamente o papel de pai e de mãe, na sua teoria de mundo, representa aspectos fundamentais
na formação de sua personalidade. Ao mesmo tempo, essa teoria de mundo será construída
mediante interação efetiva através da língua de sinais.” (1997:81)
Quando uma criança nasce surda ou fica surda, há muitas divergências sobre em qual
“caminho” a família deve colocar o seu filho. Os conselhos de especialistas da saúde e de especialistas
na educação de surdos se diferem, famílias ouvintes que seguem o conselho de especialistas da saúde
também ouvintes tem a esperança de tornar sues filhos “normais”, ao passo que famílias de surdos
procuram seguir o conselho do povo surdo que ao colocar seus filhos em contato com a língua de
sinais possam se desenvolver adquirindo sua identidade desde a tenra idade e se identificando como
pessoa normal, e não como pessoa deficiente.
A autora surda Laboritt (1994:59) citada por Strobel (2008) mostra ainda o que acontece com
aquelas crianças surdas que são privadas da sua língua natural:
“Os adultos ouvintes que privam seus filhos da língua de sinais nunca compreenderão o que se
passa na cabeça de uma criança surda. Há a solidão, e a resistência, a sede de se comunicar e
algumas vezes, o ódio. A exclusão da família, da casa onde todos falam sem se preocupar com
451
você. Porque é preciso sempre pedir, puxar alguém pela manga ou pelo vestido para saber, um
pouco, um pouquinho, daquilo que se passa em sua volta. Caso contrário, a vida é um filme
mudo, sem legendas”.
Muitas vezes os sujeitos surdos tem o sentimento de ódio por terem nascidos surdos, se sentindo
inúteis e incapazes de participar da sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: No decorrer dessa pesquisa pode-se notar que cada pessoa tem a sua
representação na visão do outro e na sua própria visão. No contexto da educação especial é importante
destacar que os educadores ainda precisam se refinar para que ações discriminatórias sejam acuadas
a ponto de serem erradicadas numa sociedade inclusiva. Essa é uma tarefa árdua que talvez não tenha
resultados satisfatórios, entretanto se cada um tiver respeito pelo outro criando uma representação de
igualdade, e uma visão de que todos são capazes de acordo com suas próprias especificidades, será
dado um passo muito importante para uma mudança de atitudes e modo de ver as pessoas com
deficiência, e não as encarando como “deficientes”, mas sim “diferentes”, isto é, diferente no sentido
de ter uma maneira diferente de ensinar e lidar.
Portanto, assim como qualquer outra cultura, a cultura surda está presente em nossas vidas,
apenas não a percebemos de maneira clara como os próprios sujeitos surdos, ela é rica, valiosa e
inerente a cada ser, fazendo com que eles tenham uma representação na sociedade.
REFERÊNCIAS
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2007.
MOSCOVICI, Serge. Representações sociais: investigação em psicologia social. Rio de Janeiro,
vozes, 2003.
NASCIMENTO,Lilian Cristine Ribeiro.Educação Temática Digital, Campinas, v.7, n.2, p.255-265,
jun. 2006 <http://www.brapci.inf.br/_repositorio/2009/10/pdf_6a243f6d14_0006533.pdf> -
acessado em 20/12/2014.
PADDEN, Carol; HUMPHRIES, Tom. Deaf in America: voicesfrom a culture. Cambridge:
Havarduniversitypress, 2000.
PERLIN, Gladis. O lugar da cultura surda. In: THOMA, Adriana da Silva. LOPES, Maura Corcini
(Org.) A invenção da surdez: cultura, alteridade, identidade e diferença no campo da educação, Santa
Cruz do Sul, EDUNISC, 2004.
PERLIN, Gladis; STROBEL, Karen. Surdos: Vestigios culturais não registrados na história.
Dissertação de mestrado em fase de elaboração, na área de educação GES/UFSC, 2006.
SILVA, Otto Marques da. A epopeia ignorada: A pessoa deficiente na história do mundo de ontem e
hoje, São Paulo: Dedas, 1998.
STROBEL, Karin. As imagens do outro sobra a cultura surda. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2008.
452
453
A REALIDADE DO ESPORTE E LAZER NA COMUNIDADE RIBEIRINHA “BOCA DE
CIMA DO ARITAPERA” NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM/PA
85Ana Cristina Vasconcelos Caetano1
Ana Paula Rocha de Sousa1
Ecilda Gabriele Santos Maciel1
Katiane dos Santos de Sousa1
Ludymyla Pinheiro dos Santos1
86Edna Ferreira Coelho Galvão2
RESUMO - Este trabalho teve por objetivo analisar a realidade do esporte e lazer segundo as concepções dos
moradores da comunidade ribeirinha “Boca de Cima do Aritapera” do município de Santarém/PA. A intenção é refletir,
e quem sabe, despertar o interesse para a criação de políticas públicas voltadas para as áreas ribeirinhas do município,
considerando que o esporte e lazer são direitos fundamentais para a garantia do desenvolvimento social de todos. Trata-
se de uma pesquisa de campo do tipo exploratória com abordagem qualitativa, fundamentada no aporte teórico das
representações sociais, priorizando as falas dos sujeitos como fonte de informações. Após a coleta e análise dos dados,
concluiu-se que o futebol é a prática mais comum na comunidade ribeirinha pesquisada.
PALAVRAS-CHAVE: ESPORTE, LAZER, COMUNIDADE.
INTRODUÇÃO: O lazer é um direito garantido à população, isto está presente especificamente no
art. 6º, da Constituição Federal Brasileira de 1988. No que tange o esporte na perspectiva do lazer,
este possui grande importância para a comunidade, pois a expressão “esporte”, atualmente é
considerada patrimônio histórico-cultural da humanidade (ISAYAMA e RAMOS, 2009).
No entanto, a maioria da população não tem acesso as práticas de esporte e lazer, o que pode
ser justificado por inúmeros fatores como a desinformação quanto ao direito ao lazer, falta de
infraestrutura, fatores culturais, ausência da gestão municipal, fatores estes que impedem a chegada
de políticas públicas principalmente nas áreas menos favoráveis (ISAYAMA, 2011).
Levando isto em consideração formulou-se então o problema desta pesquisa: qual a realidade
do esporte e lazer de acordo com as concepções dos moradores da comunidade ribeirinha Boca de
Cima do Aritapera do município de Santarém/PA? Diante disso, os objetivos da pesquisa foram
analisar a realidade do esporte e lazer segundo as concepções dos moradores da comunidade
ribeirinha Boca de Cima do Aritapera do município de Santarém/PA, levantar o perfil
sociodemográfico dos participantes, identificar como o esporte e lazer está inserido nesta
comunidade, verificar se existem políticas públicas de esporte e lazer voltadas para esta comunidade,
conhecer os espaços e/ou equipamentos de esporte e lazer presentes nesta área e verificar que
atividades os moradores desta comunidade referenciam como atividades de esporte e lazer.
1 Graduanda do Curso de Licenciatura em Educação Física na Universidade do Estado do Pará – UEPA. 85 2 Doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Docente do Curso de Licenciatura em Educação
Física na Universidade do Estado do Pará – UEPA. 86
454
Observou-se também a necessidade de levantar as reais condições do esporte e lazer na
comunidade pesquisada, tendo em vista notória valorização de políticas públicas nas áreas urbanas e
ausência destas voltadas para as áreas rurais e ribeirinhas. Ressalta-se a possibilidade desta pesquisa
ser um meio de despertar o interesse para criação de políticas públicas voltadas para essas áreas,
considerando que o esporte e lazer são direitos fundamentais para a garantia do desenvolvimento
social.
MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa de campo do tipo exploratória, de abordagem qualitativa,
apresentando dados que buscam verificar a relação da realidade com o objeto de estudo, obtendo
várias interpretações a partir de sua análise (RAMOS; RAMOS; BUSNELLO, 2003).
Esta é uma abordagem que busca o aprofundamento da compreensão da realidade.
Foram selecionados como participantes desta pesquisa um morador, com idade acima de 18
anos, de cada residência da comunidade pesquisada, obtendo-se um total de trinta e nove participantes
entre o período de 09 de março à 22 de maio de 2017.
Os dados foram coletados por meio de observação direta não participante, de caráter
sistemático e entrevista semi-estruturada. Alguns dados também foram coletados em documentos
disponibilizado pelo Núcleo de Esporte e Lazer (NEL) de Santarém.
A análise dos dados foi realizada através da média aritmética para se obter os dados
referentes ao perfil sociodemográfico dos participantes, e pela análise de conteúdo de Bardin (2009),
com apoio do software IRAMUTEQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de
Textes et de Questionnaires), que permite diferentes processamentos e análises de textos produzidos.
Pelo software as palavras foram agrupadas e organizadas graficamente, de acordo com a frequência
em que apareceram nas entrevistas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com relação ao perfil sociodemográfico, 13 dos participantes são
do sexo masculino, somando 46,42%, e 15 dos participantes são do sexo feminino somando 53,58%
do total. Quanto à faixa etária, identificou-se que a maioria dos participantes tem entre 20 e 39 anos,
correspondendo à 46,42% dos entrevistados. Quanto ao estado civil, destacou-se que a maioria era
casado, com um total de 64,28% dos participantes.
No que se refere à escolaridade, a maioria possui o Ensino Fundamental incompleto, somando
35,71% do total de participantes, nota-se ainda que apenas 10,71% dos participantes possuem o
ensino superior. Constatou-se também que a maioria dos entrevistados possui a profissão de pescador,
correspondendo à 46,42% dos participantes.
455
E como resultados do nível socioeconômico, a maior parte da amostra possui renda igual ou
inferior à um salário mínimo, correspondendo à 78,56% dos participantes, apenas 21,42%
apresentaram uma renda que varia entre um e dois salários mínimos.
Com relação à compreensão do esporte e lazer pelos moradores da comunidade, alega-se que
as práticas de esporte e lazer culminam em certos prejuízos e riscos, sendo estes financeiros ou físicos
aos praticantes. Porém, mesmo acreditando que as práticas esportivas possuem características
prejudiciais, os moradores que não praticam nenhuma modalidade esportiva, entendem que o esporte
e lazer são importantes para a comunidade.
Para os moradores as práticas de esporte e lazer possuem, dentre seus benefícios, a capacidade
de auxiliar na formação dos cidadãos, a prevenção de doenças, a melhoria do convívio social, além
da contribuição para o bem-estar da comunidade em geral. Referente as experiências com o esporte
e lazer, notou-se que apenas uma pequena parcela da amostra, 18,9%, são adeptos à alguma vivência
de esporte e lazer. Essas vivências resumem-se nas práticas de jogar futebol e de passeio, trazendo
consigo benefícios para o ser social.
Vale ressaltar ainda que houve uma parcela dos participantes que atribui suas atividades de
lazer, ao próprio ato de trabalho, assim como também as atividades que lhes são subjetivas, e que os
trazem um momento de prazer, como visitar amigos, parentes, ir à igreja, passear e dança, dado que
corresponde a afirmação de Marcelino (2002), quando expõem que as práticas de lazer abrangem a
subjetividade, correspondente a atitude, e a experiência vivida.
Na comunidade pesquisada, a religião possui forte influência sobre o comportamento dos fiéis,
motivo pelo qual muitos não praticam esportes, para este grupo o lazer se traduz em participar das
programações ocorridas na igreja. Este dado converge com as ideias apresentadas por Haro (2009),
para este autor a história do esporte demonstra, em determinados períodos, uma estreita relação com
princípios religiosos, ora foi relacionado a prática de deuses, considerando o campo de disputa lugar
sagrado, ora foi relacionado a perdição da alma, sendo proibido e condenado como prática social. Há
que se considerar o contexto, a intencionalidade e as relações que se estabelecem no uso do tempo
livre em cada grupo/sociedade a fim de compreender as interconexões que envolvem as vivencias
lúdicas pelos diferentes grupos humanos.
Quanto aos espaços e/ou equipamentos, identificou-se que os equipamentos utilizados pelos
moradores para a prática de esporte e lazer são basicamente as bolas de futebol dos clubes, e as bolas
que a escola utiliza nas aulas de Educação Física, enquanto que os principais espaços utilizados são:
os campos de futebol, as sedes dos clubes de futebol, a escola e as igrejas. Com relação a organização,
os participantes destacam que as atividades existentes na comunidade são desenvolvidas por meio de
456
eventos promovidos pelos próprios moradores, e os principais responsáveis são os presidentes dos
clubes de futebol local e o conselho escolar.
O futebol de campo, atividade mais citada pelos moradores, é mais praticado pelo sexo
masculino, e o voleibol é praticado principalmente pelos alunos na escola da comunidade. E as festas
religiosas e dos clubes de futebol, proporcionam um momento de diversão e interação entre os
moradores da comunidade. Destaca-se que a atividade de futebol, ocorre quase que diariamente, e as
demais atividades acontecem com maior frequência aos domingos.
Compreende-se, assim, que apesar da falta de políticas públicas voltadas para as regiões
ribeirinhas, confirmada em levantamento feito na Secretaria Municipal de Juventude, Esporte e Lazer
de Santarém (SEMJEL), especificamente no Núcleo de Esporte e Lazer (NEL), os moradores
conseguem, dentro de suas possibilidades, ter acesso às atividades de esporte e lazer.
Constatou-se a ausência de relatos sobre atividades específicas para os idosos, estes
descreveram apenas as visitas à igreja como lazer. Neste sentido, Mori e Silva (2010), destacam que
a falta de acesso e conhecimento sobre atividades de lazer é um fator primordial para a restrição da
terceira idade, que acaba vendo-se impossibilitada a adquirir novos hábitos.
Quanto as dificuldades encontradas nas práticas de esporte e lazer na comunidade, os moradores
mencionam as características climáticas como uma das dificuldades enfrentadas, além da falta de
apoio do Estado, pois como já constatado, as políticas públicas de esporte e lazer não chegam à
comunidade de Boca de Cima do Aritapera.
Os participantes relatam ainda que não possuem tempo disponível para as atividades de esporte
e lazer, o fator econômico também aparece como uma das dificuldades. Marcellino (2002) corrobora
com essa afirmação ao mencionar que o fator econômico é uma das barreiras para o lazer, atuando
como determinante até mesmo na distribuição do tempo disponível entre as classes sociais,
contribuindo assim para a apropriação desigual do lazer.
CONCLUSÃO: Percebeu-se que em geral as práticas de Esporte e Lazer estão voltadas para o
fenômeno cultural do futebol, manifestação esta massificada e intensificada midiaticamente, sendo
fortemente presente neste meio social. Também notou-se que as políticas públicas voltadas às práticas
de esporte e lazer desenvolvidas pela gestão municipal, não chegam à esta comunidade. Logo, a
organização dos eventos de esporte e lazer existente na comunidade é realizada pelos próprios
comunitários, que mesmo sem o incentivo dos órgãos competentes, realizam várias atividades no ano
por acreditar no seu potencial para o desenvolvimento e bem estar da comunidade.
Percebeu-se também que as questões religiosas, muito forte nesta comunidade, inibem as
vivencias do esporte e lazer para uma boa parcela dos moradores, em contrapartida, a própria
457
atividade religiosa é caracterizada como lazer. Compreende-se que as práticas de esporte e lazer se
mostram necessária para a comunidade pesquisada, considerando que os moradores entendem que
estas trazem inúmeros benefícios que transitam entre os aspectos cultural, social e de bem-estar/saúde.
Assim, faz-se necessário ampliar os processos educativos das comunidades ribeirinhas quanto
aos benefícios das vivências do esporte e lazer, assim como dos seus direitos de acesso a políticas
públicas nesta área, a fim de que possa haver mobilização das diferentes comunidades em prol de
reivindicação de políticas públicas de esporte e lazer em suas comunidades a exemplo do que se
promove nos centros das cidades.
REFERÊNCIAS
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm > Acesso em: 15 mar
2017.
HARO, Guilherme Krummenauer. Futebol e valores religiosos: uma revisão da literatura. Porto
Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009. 35 f. Trabalho de Conclusão de Curso –
Educação Física, Porto Alegre, 2009.
ISAYAMA, Hélder Ferreira; RAMOS, Renata. Lazer e esporte: olhar dos professores de disciplinas
esportivas do curso de educação física. Revista brasileira de Educação Física e Esporte, v. 23, n.
4, p. 379-391, São Paulo, out./nov. 2009.
ISAYAMA, Hélder Ferreira et al. Gestão de políticas de esporte e lazer: experiências, inovações,
potencialidades e desafios. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica.
6 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MARCELLINO, Nelson Carvalho. Estudos do Lazer. Campinas, São Paulo: Autores Associados,
2002.
MORI, Guilherme; SILVA, Luciene Ferreira. Lazer na terceira idade: desenvolvimento humano e
qualidade de vida. Motriz, Rio Claro, v.16, n. 4, p. 950-957, out/dez. 2010.
RAMOS, Paulo; RAMOS, Magda Maria; BUSNELLO, Saul José. Manual prático de metodologia
da pesquisa: artigo, resenha, monografia, dissertação e tese. Blumenau: Acadêmica, 2003.
458
AÇÃO PARADOXAL DO MÚSCULO ÍLIOPSOAS
87Angélica CleicianeOliveira Vieira1
Manuel Elbio Aquino Sequeira2
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi investigar na literatura a chamada ação paradoxal do músculo ílio psoas, que,
tendo como uma das suas funções o equilíbrio do eixo corporal, em determinadas situações da execução de exercícios
abdominais por repetição numa relação de causa e efeito modificam este eixo provocando desvios posturais e lesões
produto da falta de orientação profissional com respeito à posição correta que anula esta ação ao se exercitar a musculatura
abdominal. O método utilizado foi de revisão bibliográfica e o resultado obtido é a concordância de todos os autores
consultados sobre a importância da anulação desta ação paradoxal do músculo ílio-psoas para como profilaxia de desvios
posturais provocados pela falta de orientação profissional e ou informação do praticante da forma correta em que os
exercícios abdominais devem ser executados.
PALAVRAS CHAVES: MÚSCULO ÍLIO PSOAS, EQUILÍBRIO, PROBLEMAS DE POSTURA.
Introdução: O tema atualmente faz parte de diversas discussões, por influenciar em praticamente
todos os movimentos da pelve e da coluna. Originalmente o ílio psoas é um flexor da coluna e também
um anteversor da pelve, porém em determinados momentos ele acaba sendo também um extensor da
coluna lombar. Este é um grupamento muscular (psoas maior, psoas menor e ilíaco), responsável pelo
equilíbriodo corpo, pois é o único que liga a coluna lombar ao fêmur, o músculo psoas maior e menor
por se originar na coluna lombar, quando saudável possibilita maior flexibilidade para movimentos
de alongamento. O músculo psoas é também o mais profundo e estabilizador do corpo humano. No
entanto se for contraído demasiadamente, pode ser responsável por diversos desequilíbrios posturais.
MÉTODO: A metodologia utilizada foi uma pesquisa bibliográfica, em obras específicas sobre o
assunto citadas nas referências do presente trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Segundo Campos (2004), O grupo muscular do ílio psoas é
dividido em três músculos: psoas maior, psoas menor e ilíaco, devido a suas ações serem no mesmo
sentido são chamados de ílio psoas. O músculo psoas maior se inicia na região lateral da última
vértebra torácica (T 12) e de todas as vértebras lombares, o psoas menor também se inicia nas laterais
da ultima vértebra torácica e todas as vértebras lombares. O psoas maior se insere na região superior
do fêmur e enquanto o psoas menor se insere na pelve; Ilíaco se inicia nos dois terços da fossa ilíaca,
lábio interno da crista ilíaca e ligamentos ílio lombar e sacroilíaco. Seu ponto de inserção é próximo
a lateral do tendão do psoas maior edistalmente, na parte superior do fêmur.
¹Acadêmica do Curso de Educação Física CEULS/ULBRA
² Mestre em Ciência da Motricidade Humana CEULS/ULBRA 87
459
A ação do ílio psoas é flexionar o quadril, trazendo o fêmur sobre o tronco; o mesmo ainda
auxilia na rotação lateral na postura em pé e na rotação medial do quadrildurante a postura sentada,
também pode auxiliar na abdução do quadril, porém se a contração for bilateral, com os membros
inferiores fixos, é o quadril será flexionado e é tronco que será movimentado em direção ao fêmur,
este fato aumenta as pressões sobre a coluna lombar. (Campos, 2004, p.22).
A autora Germain (2013), também ressalta nos movimentos de elevação de Membros inferiores o que
ocorre é uma flexão do quadril em cadeia cinemática aberta, este é um dos motivos que acaba gerando
um desequilíbrio muscular, pois fortifica os músculos já encurtados(ílio psoas), enquanto fortifica de
maneira menos intensa os músculos da parede abdominal.
Vieira (2015) Complementa, quando há a flexão de tronco com os membros inferiores estão
completamente estendidos ou fixos, ou em exercícios de elevação de membros inferiores, também
chamado de abdominal infra, no momento do torque inicial, o músculo psoas primeiro puxa a coluna
lombar em direção ao local que se insere, causando extensão da coluna lombar, este fato ocorre por
ele se originar nas vértebras lombares. Esta é a ação paradoxal do ílio psoas.
Campos (2004) afirma que a explicação biomecânica para a ocorrência desta extensão da
coluna lombar, ocorre no momento que a articulação do quadril está em extensão, o músculo
íliopsoasesta alongado, sendo influenciado pela relação força – comprimento, em que a força total de
um músculo, reside quando ele está alongado (Campos, 2004, p. 77).
Pinheiro e Góes (2010), afirmam que o ílio psoas é um dos principais responsáveis por
disfunções na coluna lombar, visto que este músculo, por meio de sua ação sinergista, promove
estabilização da mesma, mas alterações no comprimento deste músculo comprometem o equilíbrio
com seus pares antagônicos, gerando desvios na coluna.
Segundo Campos (2004), A melhor forma de evitar extensão da coluna lombar e
conseqüente pressão e cisalhamentos durante os exercícios, é manter as articulações do quadril e
joelhos flexionados, durante todo o movimento. Esta prática evita também a insuficiência passiva de
outros músculos flexores do quadril: Sartório, tensor da fáscia lata e reto femoral.
Há ainda formas de alongar as articulações do quadril, de maneira isométrica ou dinâmica,
essas duas formas se mostraram eficazes, estes alongamentos induzem o músculo a voltar a sua forma
inicial, restaurando o equilíbrio muscular do indivíduo (Pinheiro e Góes, 2010, p 595).
Campos (2004) e Vieira (2015), ambos afirmam que a extensão que ocorre na coluna lombar
é causada pela posição dos músculos ílio psoas no momento do torque inicial, se o mesmo se encontrar
alongado, ele terá mais força devido a relação força/comprimento.
Vieira (2015) e Germain (2013), ambos denotam que o exercício abdominal infra, ou flexão
de quadril em cadeia cinemática aberta, tem um papel primordial na ação paradoxal do ílio psoas,
460
pois afraqueza dos músculos da parede abdominal irá impedir, que eles se contraiam fortemente
realizando a retroversão da pelve e impedindo que ela anteverta no início ou durante o exercício.
Campos (2004) nos trouxe as origens do grupo muscular íliopsoas, colocando em pauta as
origens de cada músculo bem como a sua inserção, o que evidencia, que na extensão da coluna, tema
que foi tratado acima, é psoas que participa ativamente, pois este músculo se origina na última
vértebra torácica e em todas as vértebras lombares. O autor também frisou sobre a relação
força/comprimento exercida pelo grupo muscular ílio psoas quando o mesmo está alongado,
evidenciando a melhor forma de evitar esta ocorrência, que é colocando as articulações do quadril e
joelho em flexão, ou seja deitado em decúbito dorsal com membros inferiores dobrados, apoiados no
chão em uma superfície de apoio, pode ser uma bola de estabilidade ou um banco. Ele evidência ainda
que outros flexores do quadril bi articulares, podem causar essa extensão da coluna lombar, e com a
pratica do exercício com as articulações flexionadas evita – se este desvio postural.
A autora Germain (2013), ressalta a que durante o exercício de elevação de pernas o que
ocorre na verdade e uma flexão de quadril em cadeia cinemática aberta, o que gera o conseqüente
fortalecimento do grupo muscular ílio psoas, além de outros fortes flexores do quadril, a combinação
deste fortalecimento e encurtamento dos músculos flexores do quadril, em contrapartida com o
enfraquecimento e alongamentos dos músculos antagônicos ao redor da pelve dão origem ao que
chamamos de síndrome da pelve cruzada, sendo este mais um agravante para a ocorrência da ação
paradoxal do ílio psoas.
De acordo com Pinheiro e Góes (2015), o Grupo Muscular íliopsoas tem um papel de suma
importância para o equilíbrio tanto da pelve como da postura anatômica, já que ele faz parte do
Cinturão pélvico também responsável pela locomoção e impulsão do corpo, porém se entrarem em
desequilíbrio causam diversas patologias da coluna vertebral. Eles também afirmam que o
alongamento do ílio psoas é possível tanto de forma isométrica como dinâmica, ambas as versões
geraram resultados positivos.
CONCLUSÃO: Sabemos que o grupo muscular íliopsoas, é de suma importância para a manutenção
da postura tanto em contração dinâmica como estática, No entanto por diversos motivos esses
músculos que formam o cinturão pélvico acabam perdendo seu equilíbrio, trazendo desconforto ao
indivíduo, O músculo psoas maior e menor o mais profundo músculo estabilizador, além disso
estudos recentes também consideram o psoas, um órgão de percepção composto por tecido bio-
inteligente considerado mensageiro primário do SNC ao estar ligado ao diafragma através de um
tecido conjuntivo, influenciando em nossa respiração e no medo reflexo.
461
Portanto para manter a saúde e o equilíbrio de nosso corpo, devemos fortalecer nossos pares
antagônicos, principalmente os estabilizadores do nosso tronco, os músculos que circundam nossa
pelve, Fortalecendo os fracos e alongados ao mesmo tempoque alongamos os encurtados e retesados,
Ganhando com isso um maior equilíbrio, prevenindo assim qualquer tipo de lesão e desvio postural.
REFERÊNCIAS
CAMPOS. M. A. Exercícios Abdominais uma Abordagem Prática e Científica. Editora Sprint.
Rio de janeiro, 2004, 20p.
GERMAIN. B. C. Abdominais Sem Risco. Editora Manole, 2013, 16p.
VIEIRA. W. H. de B. Cintura Pélvica e Quadril.Editora Eixo. Curitiba2015, 4p
CAMPOS. M. A. Exercícios Abdominais uma Abordagem Prática e Científica. Editora Sprint.
Rio de janeiro, 2004, 66p.
PINHEIRO. I. de M; GÓES. A. L. B. Efeitos Imediatos de Alongamento em Diferentes
Posicionamentos.Editora Eixo. Curitiba, 2010, 595p.
CAMPOS. M. A. Exercícios Abdominais uma Abordagem Prática e Científica. Editora Sprint.
Rio de janeiro, 2004, 77p.
462
RESPOSTA CARDIOVASCULAR AO TREINAMENTO RESISTIDO COM PESOS
88Marcson Luiz Mota Branco1
RESUMO– O presente trabalho teve como meta demonstrar, através de referenciais teóricos, os benefícios do
treinamento resistido com pesos para saúde cardiovascular. Da mesma forma, constatar que grande parte dos pacientes
cardíacos devem participar de um programa de exercícios individualizados para atingir uma saúde física ideal. Os
resultados da pesquisa para esta forma ginástica de treinamento foram positivos, utilizando-se várias intensidades,
impondo-se um duplo produto menor que as atividades aeróbias, influenciadas pelo número de repetições e não a carga.
Conclui-se que esta forma de treinamento, sobre supervisão adequada é eficiente e segura para a grande maioria da
população, devendo ser parte integrante na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares.
PALAVRAS CHAVES: TREINAMENTO, EXERCÍCIO, AERÓBIO.
INTRODUÇÃO: O estágio atual do conhecimento não permite afirmar que apenas exercícios
aeróbios apresentam benefícios cardiovasculares. Para analisar esse contexto, dentre os aspectos que
devem ser considerados estão asaúde e a aptidão.
Os exercícios resistidos são reconhecidos como um componente significativo para qualquer
programa que contemple a saúde de ambos os gêneros, pois são um conjunto de processos e meios
que levam ao aumento e ao aperfeiçoamento da força muscular (ACSM, 1990)
Estudos epidemiológicos documentam que a saúde cardiovascular é estimulada pela atividade
física, independentemente de haver aprimoramento de parâmetros de aptidão hemodinâmicos.
Guedes (2005) afirma que os exercícios resistidos, mesmo em alta intensidade são eficientes
e seguros para a grande maioria da população, inclusive para pacientes cardíacos, sendo parte
integrante da prevenção e do tratamento dessas doenças.
Fica claro, então, que aquele que possuir uma maior força muscular, proveniente do
treinamento resistido com pesos, conseguirá realizar trabalhos da vida diária com um menor esforço,
exigindo uma menor pressão arterial e frequência cardíaca(GUEDES, 2005).
METODOLOGIA: Este trabalho compõe-se de uma pesquisa bibliográfica, desenvolvida, analisada
e compreendida através de conceitos, classificações e consensos acerca do tema pesquisado.Possui
uma abordagem de caráter exploratório com relacionamento de dados de outros pesquisadores.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em períodos pretéritos o treinamento resistido com pesos foi
considerado de pouca importância para a cardiologia por várias razões, dentre elas, por serem
considerados pouco eficientes em diminuir os riscos de doenças cardíacas, além de serem julgados
insuficientes para aprimorar a função cardíaca e aumentar a oxigenação dos tecidos. Imaginava-se
1 Especialista em Fisiologia do Exercício - CEULS/ULBRA 88
463
que poderia ocorrer hipertrofia patológica do coração, temendo-se que os praticantes pudessem
desenvolver hipertensão arterial (SANTARÉM, 2000).
Por conta dos fatos supracitados, os exercícios resistidos sempre foram desencorajados para
pacientes cardíacos, mas em 1990, o American College Sports Medicine reconheceu pela primeira
vez como um componente significativo para qualquer programa que contemple a saúde e fitness, de
ambos os gêneros, e para adultos de qualquer idade (ACSM, 2003).
Em seus estudos Simão (2004) declara que qualquer tipo de treinamento eleva a pressão
arterial, tanto em homens como em mulheres, apresentando alguns efeitos fisiológicos do exercício
físico, classificados como agudos imediatos, agudos tardios e crônicos.
Conforme Santarém (2000), a ausência de informações sobre os efeitos positivos dos
exercícios resistidos na literatura científica era interpretada como indicativa de que esses exercícios
não possuíam qualidades equivalentes ao treinamento aeróbio.
Para Smith (2001) muito se sabia sobre os benefícios dos exercícios aeróbios para a saúde do
coração, porém, o treinamento resistido com pesos pode exercer papel, importante na saúde cardíaca,
por melhorar a razão musculo/gordura, colocando menos tensão no miocárdio, exercendo efeitos
benéficos sobre a pressão arterial e o perfil lipídico sanguíneo, além de aumentar o nível de HDL.
A evidência adicional para confirmação se deu em 1995, quando o NationalInstitutesof Health
e o Centers for DiseaseControlandPrevention, órgãos do governo norte-americano, reviram todos os
trabalhos científicos sobre atividade física e saúde, e concluíram que todos os tipos de exercícios
parecem ter os mesmos efeitos benéficos para a saúde geral e do coração.
Para Santarém (2000), as hipóteses de que os exercícios aeróbios fossem mais salutares não
foi comprovada nesses estudos de seguimento populacional, os quais também mencionam o
sedentarismo como o principal fator de risco a ser evitado, visando prevenir declínios no estado de
saúde.
Para o autor o estágio atual do conhecimento não permite afirmar que apenas os exercícios
aeróbios apresentam benefícios cardiovasculares. Para analisar esse contexto, dois aspectos devem
ser considerados: a saúde e a aptidão. Estudos epidemiológicos documentam que a saúde
cardiovascular é estimulada pela atividade física, independentemente de haver aprimoramento de
parâmetros de aptidão hemodinâmicos.
Os mecanismos envolvidos, para o bom funcionamento do sistema cardiovascular, já
identificados são as elevações da taxa metabólica, devido ao aumento de massa muscular magra, a
tendência para o balanço calórico negativo, o aumento da sensibilidade das células à insulina, o
estímulo do metabolismo dos carboidratos, a melhora do perfil lipídico do sangue, a redução da
sensibilidade dos vasos e do miocárdio à ação da adrenalina e a redução do estresse emocional
464
(SANTARÉM, 2000).
Santarém (2000) afirma que, a sobrecarga de volume sanguíneo proporcionada pelo
treinamento com exercícios contínuos leva a adaptações anatômicas cardíacas diferentes das
proporcionadas pela sobrecarga de pressão dos exercícios com pesos.
Basicamente, para o autor os exercícios contínuos produzem menor hipertrofia das paredes do
coração e maior aumento de câmaras cardíacas, comparativamente aos exercícios com pesos. A maior
hipertrofia do miocárdio produzida pelos exercícios com pesos é fisiológica, não se acompanhando
das complicações da hipertrofia patológica produzida pela hipertensão arterial crônica.
Não se encontrou associação causal entre hipertensão arterial e treinamento com pesos, logo
para Santarém (2000) o aumento da pressão arterial durante os exercícios com pesos é considerado
discreto com cargas sub-máximas.
Com relação aos esforços e trabalhos da vida diária, que eleva a pressão em mulheres idosas,
aquela que possua uma maior força muscular, proveniente do treinamento resistido com pesos,
conseguirá realizar esses trabalhos com um menor esforço, exigindo uma menor pressão arterial e
frequência cardíaca (GUEDES, 2005).
Concordando com o autor, Santarém (1999), também declara que os aumentos perigosos de
pressão arterial e de frequência cardíaca que muitas mulheres idosas apresentam nas atividades da
vida diária apenas conseguem ser revertidos com o aumento de massa muscular induzido pelos
exercícios com pesos.
Para pessoas enfraquecidas, os esforços da vida diária são de alta intensidade, determinando
respostas hemodinâmicas excessivas. Pessoas mais fortesterão esforços de menor intensidade,
exigindo menor grau de esforço muscular, e consequentemente induzindo menores alterações de
pressão arterial e frequência cardíaca (SANTARÉM, 1999).
A diminuição da frequência cardíaca em repouso, pressão arterial e mudança no perfil lipídico
no sangue são adaptações ao treinamento de força. Mudanças na morfologia cardíaca, volume de
ejeção e débito cardíaco em repouso são de interesse por que podem indicar função cardíaca normal
(SIMÃO, 2003).
Conforme Fleck e Kraemer (1999), atletas altamente treinados em força têm frequência
cardíaca de repouso média ou abaixo da média. Estudos longitudinais demonstram decréscimos
significativos de 5% a 12% na frequência cardíaca de repouso, atribuída a uma combinação de tônus
parassimpático aumentado e simpático diminuído.
Quando fazemos a relação treinamento resistido com pesos e resposta cardiovascular, Simão
(2003) afirma que a maior frequência e pressão arterial, normalmente ocorrem durante as últimas
465
repetições de um conjunto de fadiga voluntária. Pressões arteriais maiores ocorrem durante a fase
concêntrica, mais do que a excêntrica.
Porém, durante o treinamento com pesos, um dos cuidados que se deve ter é com relação
aapneia, interrompendo a série quando houver tendência para a mesma, para se evitar um pico
acentuado na pressão arterial (SANTARÉM, 2000).
A taxa máxima ventricular esquerda de alargamento da câmara, a taxa máxima de
adelgaçamento e a taxa de preenchimento máximo atrial têm sido reportadas como maiores em
levantadores de potência do que em indivíduos normais. Isso indica um incremento da função
diastólica ventricular esquerda. Em virtude da escassez de estudos examinando a função diastólica
em atletas de treinamento de força, os resultados devem ser considerados com cautela. Entretanto é
possível que o treinamento de força não afete a função diastólica no repouso, apesar de um aumento
na massa ventricular esquerda (SIMÃO, 2004).
Ainda segundo Simão (2004) a produção cardíaca aumentada não contribui para pressões
cardíacas elevadas durante o treinamento de força, no entanto, as pressões arteriais aumentadas
podem limitar a produção cardíaca durante esse tipo de exercício.
Para o autor, os aumentos induzidos mecanicamente na resistência periférica são as razões
mais prováveis para as pressões arteriais serem mais altas durante a porção concêntrica versus a
excêntrica em um exercício.
Guedes (2005) afirma que, os exercícios resistidos, mesmo em alta intensidade são eficientes
e seguros para a grande maioria da população, inclusive para pacientes cardíacos, sendo parte
integrante da prevenção e do tratamento dessas doenças.
Os exercícios resistidos escolhidos para pacientes com doenças cardiovasculares devem
abranger pequenos grupos musculares, as sessões não devem ser muito extensas, as repetições baixas
e as amplitudes do movimento podem aumentar gradativamente. Os intervalos devem ser de dois a
três minutos, a frequência de dois a três vezes por semana e a respiração bloqueada deve ser evitada
(GUEDES, 2005).
Diante dos resultados da pesquisa é de suma importância perceber que o treinamento com
pesos somados ao tratamento de reabilitação convencional apresenta resultados superiores ao
tratamento convencional isoladamente (MCCARTENEY, 1998).
Verifica-se os grandes efeitos do TRP para saúde e qualidade de vida de homens e mulheres,
na utilização de algumas séries com intensidades elevadas para cada grupo muscular, duas ou três
vezes por semana, com repetições baixas, intervalos longos entre séries e a interrupção da série duas
ou três repetições antes da falência muscular.
Vale ressaltar ainda, que segundo Santarém, (2000) muitos grupos estão investigando os
466
exercícios resistidos com pesos em reabilitação cardíaca, tanto em homens como em mulheres, e
todos estão chegando às mesmas conclusões com relação à eficiência e segurança dessa atividade.
CONCLUSÃO: Através da discussão sobre otema supracitado percebemos que exercícios resistidos
com pesos são de extrema importância para profilaxia e tratamento de grande parte de indivíduos
portadores de problemas cardíacos.
Porém, deve-se levar em conta vários cuidados relacionados à prescrição e acompanhamento
por parte de profissional habilitado com formação na área.
O presente estudo possibilitou compreendermos que os antigos postulados sobre a prescrição
de um programa de exercícios com peso eram controversos pela dificuldade de conteúdos a respeito
do tema, embora saibamos hoje que o TRP é de suma importância para saúde e qualidade de vida de
portadores de patologias cardíacas.
REFERÊNCIAS
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prescrição. 4ª ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
FLECK S. L; KRAEMER W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. Porto Alegre:
ArtMed, 1999.
GUEDES, Dilmar Pinto. Musculação: estética e saúde feminina.2. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
MCCARTENEY,N. Role of resistance training in heart disease. Medicine and Science in Sports
and Exercise. Madson. v.30, n.10, p. 396-402, 1998.
NUNES, Joie de Figueiredo. Atividade física e osteoporose. Londrina: Midiograf, 2001.
SANTARÉM, José Maria. Qualidade dos exercícios resistidos. 1999. Disponível em:
www.saudetotal.com. Acesso em: 16/10/2006.
SANTARÉM, José Maria. Estudos com cardiopatas confirmam a segurança do treinamento com
pesos. 2000. Disponível em: www.saudetotal.com. Acesso em: 23/10/2006.
SIMÃO, R. Treinamento de Força na Saúde e Qualidade de Vida. São Paulo: Phorte, 2004.
SMITH, J.K. Exercise and atherogeneses. Medicine and Science in Sports and Exercise. Madson.
v. 29, n. 2, 2001.
467
RESPOSTA ÓSSEA AO TREINAMENTO RESISTIDO COM PESOS
89Marcson Luiz Mota Branco1
RESUMO - O presente estudo teve como objetivo demonstrar, através de referencial teórico, os efeitos positivos do
treinamento resistido com pesos para saúde óssea de homens e mulheres, independente da idade. Da mesma forma
esclarecer que a redução da densidade mineral óssea, assim como a deterioração da microarquitetura do tecido ósseo,
levam ao aumento da fragilidade esquelética e ao risco de fraturas. Os resultados da pesquisa para esta forma ginástica de
treinamento foram extremamente positivos no sentido de concluirmos ser o mais eficiente estímulo ambiental para o
aumento da massa óssea, abrindo perspectivas não apenas para o tratamento da osteoporose, mas também para a sua
profilaxia.
PALAVRAS CHAVES: TREINAMENTO, OSTEOPOROSE, PESOS.
INTRODUÇÃO: Segundo o posicionamento oficial do American College of Sports Medicine
(1995), exercícios aeróbicos e resistidos com pesos tem demonstrado maximizar a massa óssea
durante a infância e no inicio da vida adulta, mantendo-a durante a pré-menopausa e prevenindo ou
atenuando a redução óssea na pós-menopausa.
Porém, com relação aos efeitos do treinamento resistido com pesos e dos exercícios aeróbios,
diversos estudos indicam que a sobrecarga contribui decisivamente para o aumento da massa óssea
(SANTARÉM, 2001).
Percebe-se que a sobrecarga necessária para o aumento da densidade óssea deve induzir forças
que sejam maiores do que aquelas das atividades da vida diária, estimulando significativamente o
osso a responder de forma a atender as demandas para as cargas aumentadas (ACSM, 2003).
A literatura, então, tem se posicionado no sentido de que o treinamento de força muscular tem
maior impacto sobre a densidade óssea quando comparado as atividade de resistência aeróbia, por
promover maior estímulo para o aumento do conteúdo mineral ósseo, quando comparado à corrida e
caminhadas (NUNES, 2001).
METODOLOGIA: Este trabalho compõe-se de uma pesquisa bibliográfica, desenvolvida, analisada
e compreendida através de conceitos, classificações e consensos acerca do tema pesquisado. Possui
uma abordagem de caráter exploratório com relacionamento de dados de outros pesquisadores.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O desenvolvimento socioeconômico e cultural aliado ao
aprimoramento tecnológico propiciou um significativo aumento da expectativa de vida mundial e do
número de idosos (PAPALEO NETTO, 2000).
1 Especialista em Fisiologia do Exercício - CEULS/ULBRA 89
468
O envelhecimento é um processo único e inexorável, caracterizado pela redução gradativa
da capacidade dos vários sistemas orgânicos em realizar de maneira eficaz suas funções (MONTEIRO
et al., 1999). E muito desta redução associada ao processo de envelhecimento pode ser resultado do
estilo de vida dos indivíduos, e não apenas uma característica própria e inevitável deste processo
(BARBOSA et al., 2000).
Conforme RASO et al. (1997), as principais alterações que ocorrem com o processo de
envelhecimento e estão relacionadas à aptidão física, são as variáveis antropométricas, incluindo
incremento do peso e da adiposidade corporal, afetando o índice de massa corporal; diminuição da
densidade óssea e redução da massa livre de gordura.
Dentro dessas variáveis, a diminuição da densidade mineral óssea é, entretanto, um dos
fatores que está mais diretamente relacionado com a saúde e a independência funcional em mulheres
idosas (RASO et al., 1997), podendo significar a diferença entre uma vida autônoma ou dependente
(MONTEIRO et al., 1999).
O tecido ósseo é composto basicamente por células, principalmente, osteoblastos e
osteoclastos, matriz orgânica composta de cálcio e fósforo, além de matriz óssea que trabalham de
forma equilibrada entre si, proporcionando uma extrema rigidez resultante da interação entre estes
componentes orgânicos (KESSEL, 2001).
Os osteoblastos são responsáveis pela formação do osso, sintetizando e mineralizando a
matriz orgânica proteica, além de promover a reabsorção óssea, mantendo assim uma constante
remodelação tecidual (GUYTON, 2000).
Meninas que não tem densidades ósseas normais estão mais propensas a lesões esqueléticas.
Isso ocorre com mais frequência em atividades esportivas pelo fato de algumas exigirem uma
resistência ao esforço elevada, como a ginástica (FLECK, 2001).
Além dos índices de reabsorção e remodelação estarem reduzidos, há um grande desequilíbrio
entre estes dois processos. Os osteoblastos, apesar de ativos, não são capazes de reconstruir
completamente as cavidades ósseas reabsorvidas pelos osteoclastos e a partir daí inicia-se uma perda
excessiva de massa óssea (FREIRE & ARAGÃO, 2004).
Esta relação de perda óssea pode ter seu processo ainda mais intensificado, quando esta
estrutura se encontra exposta a alguns fatores de risco como idade avançada, hereditariedade,
diabetes, fumo, álcool em excesso, falta de atividade física, dieta e fatores hormonais segundo
(Mcilwain, 1999), promovendo consequentemente o enfraquecimento dos ossos, tornando-os mais
porosos e susceptíveis a fraturas, resultando em osteoporose (NUNES, 2001).
Estreitamente relacionada ao envelhecimento, a osteoporose é uma enfermidade crônica,
multifatorial caracterizada pela redução da densidade mineral óssea, com deterioração da
469
microarquitetura do tecido ósseo, levando a um aumento da fragilidade esquelética e do risco de
fraturas (CARVALHO et al., 2004), apresentando maior incidência em mulheres do que em homens
(NUNES, 2001).
As mulheres após a menopausa apresentam deficiência estrogênica como causa comum na
incidência de osteoporose (TENÓRIO et al., 2005). A patologia desta doença representa uma
importante questão de saúde pública em função de sua alta prevalência e seus efeitos na saúde física
e social de mulheres idosas, sobretudo, pós-menopáusicas (NUNES, 2001). Afeta a autonomia e gera
diversos gastos com tratamento e reabilitação (FLORINDO, 2000).
Como medida de prevenção e tratamento da osteoporose, uma alimentação balanceada,
práticas regulares de exercícios físicos aliados à terapia de reposição hormonal vêm sendo
preconizado (CARVALHO et al., 2002).
Na população brasileira, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
apontam que a incidência de osteoporose teria duplicado no período de 1980 com cerca de 7,5 milhões
para 15 milhões no ano de 2000, com estimativas de alcançar em 2020 cerca de 32 milhões, com
prevalência em mulheres brancas na pós-menopausa (PINTO-NETO, 2002).
A preocupação é tamanha que Fleck (2001) tem chamado a osteoporose de doença pediátrica,
sendo que até mesmo meninas precisam praticar exercícios de força e outras atividades para melhorar
a taxa de deposição óssea.
Evidências mostram que a força mecânica aplicada através de apoio de cargas e contrações
musculares pode alterar a arquitetura óssea local, sendo que a falta destes estímulos resultam na
depleção da massa esquelética (FRATESCHI, 2002).
O receio de que levantamento de peso prejudica o crescimento é infudado, pois o mesmo é
considerado o exercício mais poderoso de estímulo ao crescimento e desenvolvimento ósseo por seus
benefícios serem maiores que os riscos (SIMÃO, 2003).
Este processo tem sido justificado pelo efeito mecânico provocado com a contração muscular,
que provoca deformações ósseas diminuindo a reabsorção e estimulando a formação óssea na região
submetida à carga (PINTO-NETO, 2002). Assim, quanto maior a deformação imposta, maior seria a
ativação dos osteoblastos, sendo necessários estímulos mecânicos para estimular a resposta óssea
local, proporcionando crescimento e remodelamento (CARVALHO et al., 2002).
O princípio da estimulação osteogênica no exercício resistido com pesos está associado
diretamente à tensão muscular (estresse mecânico), envolvida na musculatura acionada. Essa
deformidade momentânea acarreta uma cascata de eventos osteoblásticos em resposta às
modificações na tensão do osso (TENÓRIO et al., 2005).
470
Outro efeito relevante no treinamento com pesos é a maior eficiência para o estímulo
piezoelétrico no osso, gerando maior atividade osteoblástica e aumentando a formação óssea através
do incremento a síntese de DNA (RASO et al., 1997).
Os treinamentos com peso de alto impacto garantem melhores resultados em comparação com
os de treinamento de resistência. Este pode ser explicado pelo fato de que a intensidade da carga é
muito mais importante do que o número de ciclos (ACSM, 1995).
Conforme Santarém (1999), os exercícios com pesos constituem o mais eficiente estímulo
ambiental para aumentar a massa óssea, já que atletas treinados com pesos chegam a apresentar 40 %
mais tecido ósseo nas vértebras em relação a controles sedentários. Este efeito abre perspectivas não
apenas para o tratamento da osteoporose, mas também para a sua profilaxia.
Pesquisas examinando os programas de intervenção com caminhada demonstraram que esta
atividade comumente prescrita para mulheres na pós-menopausa, não previne a perda óssea
(NELSON et al., 1991).
O efeito encontrado nesta atividade pode estar relacionado à carga imposta, pois a sobrecarga
necessária para melhorar a massa óssea deve induzir forças que sejam maiores do que aquelas das
atividades da vida diária, estimulando significativamente o osso a responder de forma a atender as
demandas para as cargas aumentadas (ACSM, 2003).
Neste sentido, exercícios de caráter aeróbio, que não envolve o uso de pesos, acabam por não
exercer efeitos tão significativos sobre a densidade óssea quanto às atividades de curta duração e alta
intensidade (SANTARÉM, 2001).
As contribuições dos exercícios resistidos com pesos comparativamente aos exercícios
aeróbios têm mostrado que atividades físicas com carga apresentam melhores efeitos sobre os ossos,
apresentando vantagem sobre os exercícios aeróbios em mulheres idosas, por promover
paralelamente o aumento da massa muscular (PINTO NETO, 2002).
Os efeitos benéficos do exercício resistido com pesos podem ser averiguados no estudo
desenvolvido por Nelson et al. (1991), onde ao submeter 39 mulheres na faixa etária de 50 a 70 anos
a um programa de exercícios com peso de alta intensidade, verificou que após 52 semanas de
treinamento a amostra apresentou um incremento na densidade mineral óssea do colo do fêmur e da
coluna lombar, paralelamente o grupo controle demonstrou reduções nestas mesmas variáveis.
Outro resultado pode ser averiguado no estudo feito por Sandler (1989), onde foram
verificados significantes incrementos no osso mineral lombar de mulheres saudáveis na pós-
menopausa submetidas a um treinamento composto por exercícios resistido por um período de 9 a 22
meses.
471
CONCLUSÃO: Desta forma, analisando os efeitos do treinamento resistido com pesos em relação
ao estímulo e aumento da massa óssea, verifica-se que esta forma ginástica que aumenta a força e a
massa muscular em mulheres pré-púberes e adolescentes, proporciona efeitos positivos e superiores
em relação a atividades aeróbias sobre o desenvolvimento e manutenção da massa óssea, prevenindo
a osteoporose e retardando o desenvolvimento da osteopenia em idades mais avançadas
(SANTARÉM, 1997).
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tecido ósseo e a concentração sérica de cálcio em camundongos fêmeas ovariectomizadas. Acta
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473
SAÚDE DO HOMEM: ADESÃO E PRÁTICAS DO AUTOCUIDADO NA PREVENÇÃO DE
AGRAVOS A SAÚDE
90Cristiano Gonçalves Morais1
Antonia Irisley da Silva Blandes¹
Géssica Rodrigues Silveira¹
Gisele Ferreira de Sousa¹ 91Monica Karla Vojta Miranda2
92Yara Macambira Santana Lima3
RESUMO: A saúde é um dos grandes desafios das políticas públicas no Brasil fato advindo das lacunas e déficits
apresentados quando o assunto é saúde dos homens. Objetivo: Caracterizar o quadro de saúde dos homens cadastrados
no Programa Hiperdia. Metodologia: Trata-se de um estudo de campo, descritivo quantitativo, realizado pelos discentes
da Universidade do Estado do Pará em uma unidade de saúde de Santarém. Fizeram parte desta pesquisa 36 homens que
se voluntariaram a participar do estudo, os dados foram analisados no software Excel 2016. Resultados: Cerca de 67%
auto referiram como hipertensos, 17% como diabéticos e cerca de 58% informaram que a principal conduta ao se sentir
mal era ir à unidade de saúde mais próxima a sua casa. Conclusão: Foi observado neste estudo que a maioria dos homens
fazem acompanhamento na unidade de saúde em busca de uma assistência em saúde, além disso observou-se a grande
adesão dos pacientes ao tratamento para hipertensão e diabetes mellitus com fins de evitar agravos a saúde.
PALAVRAS-CHAVE: SAÚDE DO HOMEM; AUTOCUIDADO
INTRODUÇÃO: Na atenção primária se é observada a pouca procura por serviços de saúde
associada a saúde do homem, além disso existem grandes lacunas no que refere as políticas e ações
públicas voltadas para os homens que vivem menos sete anos que as mulheres e que apresentam maior
ocorrência de agravos a saúde e de enfermidades entre a população geral. A cultura é um dos fatores
preponderantes para os déficits de autocuidado do público masculino (SILVA; FREITAS; SOUZA,
2013). Objetivo: Identificar a adesão e práticas de autocuidado para prevenção de doenças
cardiovasculares com diabéticos e hipertensos em tratamento.
MÉTODO: Este estudo é uma pesquisa de campo, descritiva, transversal de cunho quantitativo. Foi
realizada pelos discentes e docentes do curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará,
nos meses de julho e agosto de 2016. Os dados coletados, através de um instrumento previamente
elaborado para os fins da pesquisa, medicante ao consentimento expresso no Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As variáveis avaliadas foram: estado civil, ocupação,
renda, casos de mal-estar, locais ou ações que realizada quando está enfermo, presença e tempo de
doença crônica não transmissível. As informações obtidas foram tabuladas, analisadas no software
Excel 2016.
1 Discentes do curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará, campus XII.
90 2 Mestre em Gestão de Empresas/Saúde pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Docente pela
Universidade do Estado do Pará, Campus XII. 91
3 Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Docente pela Universidade do Estado do Pará,
Campus XII 92
474
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com relação a doenças crônicas em particular a hipertensão
arterial, as desigualdades sociais e dificuldade no acesso ao diagnóstico são dois fatores que
contribuem para a epidemiologia desta doença (MOURA; NOGUEIRA, 2013). A análise de dados
apontou que cerca de 79% dos homens eram casados, 50% dos participantes exercem algum tipo de
atividade laboral e quanto a renda mensal predominante foi de 1 salário mínimo para 84% dos
participantes (Tabela 1).
Tabela 1-Caracterização sociodemográfica dos homens cadastrados no programa do Hiperdia de uma
unidade de saúde, em uma pesquisa realizada nos meses de julho e agosto de 2016, no Município de
Santarém.
Variável F Fr. (%)
Estado civil
Casado 30 79
Separado 2 5
Solteiro 2 5
União estável 4 11
Total 38 100
Ocupação Não exerce atividade laboral 18 47
Exerce atividade laboral 19 50
Não informou 1 3
Total 38 100
Renda 1 32 84
< 1 6 16
Total 38 100
Fonte: Dados obtidos nesta pesquisa
A hipertensão arterial e diabetes mellitus do tipo 2 são duas enfermidades que afetam
diretamente o sistema cardiovascular que apresentam expressivo número de pessoas acometidas, em
comparativo entre gêneros, as mulheres apresentam maior número de casos do que o sexo oposto, no
entanto, os homens apresentam maior número de casos em que há a evolução da enfermidade com
repercussões danosas a saúde ao extremo de se fazer necessário internações, tanta diferença se deve
a maior procura por serviços de saúde para a manutenção da saúde (BRITO; SANTOS, 2011).
A análise dos dados do presente estudo com relação aos casos de hipertensão arterial e diabetes
mellitus foi que cerca de 67% apresentaram hipertensão arterial, 17% diabetes mellitus do tipo 2 e
17% ambas as enfermidades (Gráfico 1). Relacionado a isto tanto a hipertensão arterial quanto a
diabetes mellitus são doenças diretamente envolvidas a ocorrência de doenças cardiovasculares, estas
doenças são as que apresentam, no Brasil, grandes índices de morbimortalidade (BRITO; SANTOS,
2011).
475
Gráfico 1- Tempo de hipertensão arterial e diabetes mellitus em homens cadastrados no programa
do Hiperdia de uma unidade de saúde, em uma pesquisa nos meses de julho e agosto de 2016, no
Município de Santarém
Fonte: Dados obtidos nesta pesquisa
Com relação ao tempo de diagnóstico e tratamento medicamentoso cerca de 92% e 53%
informaram ter hipertensão arterial e diabetes mellitus do tipo 2 a tempo inferior a dez anos e 47% e
8% dos que se auto refeririam hipertensos e diabéticos a tempo superior a dez anos (Gráfico 2). Há
dois tipos principais de tratamento para hipertensos medicamentoso e não medicamentoso, embora
ambos devam ser realizados juntos no tratamento da hipertensão arterial se observa na adesão dos
mesmos (DEMONER; RAMOS; PEREIRA, 2012). A falta de adesão ao tratamento é listada como
um importante fator ligado ao tratamento de hipertensão arterial (DEMONER; RAMOS; PEREIRA,
2012; GUEDES; OLIVEIRA, 2010).
Gráfico 2- Tempo de diagnóstico e hipertensão arterial e diabetes mellitus em homens cadastrados
no programa do Hiperdia de uma unidade de saúde, em uma pesquisa nos meses de julho e agosto de
2016, no Município de Santarém.
Fonte: Dados obtidos nesta pesquisa
O sexo masculino lidera o perfil de morbidades e mortalidades, quando comparada as mulheres
apesar do quantitativo de informações que reafirmam e fundamentam os déficits de autocuidado que
os homens apresentam, é observado a pouca procura destes aos serviços básicos de saúde o fazendo
apenas em casos de necessidade (GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007). Os dados observados
neste estudo foram que cerca de 58% informaram ter tido algum mal-estar durante a última semana,
além disso foi averiguado, qual o principal local ou conduta realizada pelos participantes em caso de
adoecimento e cerca de 58% informaram ir à unidade básica de saúde (Tabela 2).
67
17 17
0
50
100
Hipertensão arterial Diabetes mellitus Hipertensão arterial e
Diabetes mellitusN°
de
resp
ost
as
(%)
Doenças crônicas não transmissiveis
53 4792
8
0
50
100
< 10 anos > 10 anos
N°
de
resp
ost
as
(%)
Tempo de doença
Hipertensão arterial Diabetes mellitus
476
Tabela 2-Condições e ações de saúde praticada pelos homens cadastrados no programa do Hiperdia
de uma unidade de saúde, em uma pesquisa realizada nos meses de julho e agosto de 2016, no
Município de Santarém.
Variável F* Fr. (%)
Mal-estar
Não 16 42
Sim 22 58
Total 38 100
Ações realizadas em caso de doença Automedicação 1 3
Casa 4 11
Hospital 9 24
Outros 1 3
Unidade de saúde 22 58
Unidade de Pronto Atendimento 1 3
Total 38 100
Fonte: Dados obtidos nesta pesquisa
CONCLUSÃO: Foi observado nesta pesquisa o maior número de pacientes hipertensos, que realizam
tratamento a menos de 10 anos para a enfermidade, além disso a maioria dos participantes refeririam
a unidade de saúde como principal local de busca por serviços de assistência em saúde. Os homens
apresentam dificuldades em práticas voltadas para a prevenção e promoção de autocuidado, isto
ocorre devido a diversos fatores sociais e culturais. A atenção primária é um dos locais para a
avaliação e tratamento de doenças inseridos no Sistema Único de Saúde que o tornam um os principais
meios para realizar a atuação junto a essa população com fins de evitar agravos. Pesquisas voltadas
para este público se fazem necessária, pois servem para evidenciar as necessidades e problemas
enfrentados pelos homens.
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Santos; HARDMAN, Mônica Nascimento; SOBRAL, Heliosania Clingea Fontes; SILVA, Ana Maria
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Ambiente. V.2 (.1), p. 95-101, 2013.
478
SÍNDROME METABÓLICA: UMA ANÁLISE DOS FATORES DE RISCO EM
ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO
DE SANTARÉM-PARÁ
93Aline Mendes Cardoso¹
Iza Belle Gomes Rodrigues¹
Larisse Oliveira Bezerra¹
Suely Viana da Silva1
Albino Luciano Portela de Sousa2
RESUMO: A síndrome metabólica é um transtorno representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular
relacionados à deposição central de gordura e à resistência à insulina, cuja prevalência se manifesta progressivamente em
adolescentes do sexo feminino. Justifica-se discutir essa temática, para despertar o interesse na promoção da saúde,
cuidado e prevenção dos agravos relacionados à síndrome metabólica. Esta pesquisa objetivou investigar os fatores de
risco associados ao desenvolvimento dessa patologia em adolescentes do sexo feminino de uma escola pública do
município de Santarém-Pará. Utilizou-se a Metodologia da Problematização, baseado no Arco de Maguerez, com um
enfoque quantitativo de caráter descritivo, exploratório e experimental, em três passos: histórico clínico, exame físico e
laboratorial. Participaram do estudo 8 alunas do ensino fundamental, com idade média de 13 anos. Os parâmetros
analisados foram: Índice de massa corporal, circunferência abdominal, altura, pressão arterial, glicemia, colesterol,
triglicerídeos, lipoproteína de alta densidade, lipoproteína de baixa densidade. Os resultados mostraram que duas
participantes apresentaram síndrome metabólica e outras quatro encontram-se na faixa de risco. É necessário à realização
de estratégias que visem o controle e à prevenção dos fatores de risco, para minimizar o aparecimento de doenças,
principalmente, cardiovasculares.
PALAVRAS-CHAVE: SÍNDROME METABÓLICA, OBESIDADE, RESISTÊNCIA À INSULINA.
INTRODUÇÃO: A Síndrome Metabólica (SM), segundo Diehl (2016), é um conjunto de fatores de
risco cardiovascular que tendem a ocorrer de forma associada em um mesmo indivíduo, havendo
íntima relação com o acúmulo de gordura no compartimento intra-abdominal e a resistência tecidual
às ações biológicas da insulina.
A I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica aponta para o
uso preferencial dos critérios do NCEP-ATP III, com algumas ressalvas, como os pacientes
hipertensivos e hipolipemiantes. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2004). Assim,
a I Diretriz define SM na presença de quaisquer 3 (ou mais) dos seguintes critérios: Circunfêncial
abdominal (>88 cm em mulheres/>102 cm em homens), Glicemia em jejum ou diagnóstico prévio de
Diabetes Mellitus (≥110mg/dL), Triglicérides ou uso de tratamento específico (≥150mg/dL),
Colesterol (<50mg/dL em mulheres/ <40mg/dL em homens) e Pressão arterial ou uso de tratamento
específico (≥130x85 mmHg)..
Outrossim, vale destacar que a resistência à insulina parece ser mais frequente em
adolescentes do sexo feminino (ALVAREZ et al., 2006). Essa anormalidade significa uma
diminuição na sua capacidade em estimular a utilização da glicose (OLIVEIRA et al, 2004). Ao estar
¹ Graduandos em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará. 2 Licenciatura Plena em Ciências Biológicas (UFPA-2003), Especialização em Educação em Ciências (UFPA-2006) e
Mestrado em Genética e Biologia Molecular (UFPA-2008). Doutorando no Programa de Pós-Graduação Sociedade,
Natureza e Desenvolvimento da Universidade Federal do Oeste do Pará. Docente na Universidade do Estado do Pará. 93
479
nesse quadro, quanto maior o nível de resistência a esse hormônio, maior o número de fatores
cardiometabólicos presentes, o que revela uma predisposição para o desenvolvimento futuro de
diabetes mellitus tipo 2 e doença cardiovascular (ALVAREZ et al., 2006).
Diante disso, o objetivo desta pesquisa é investigar os fatores de risco associados ao
desenvolvimento da SM em adolescentes do sexo feminino de uma escola pública do município de
Santarém-Pará, de acordo com os critérios do NCEP-ATP III. Faz–se necessário discutir acerca dessa
temática, a fim de despertar nos alunos o interesse e os cuidados para a promoção em saúde e a
prevenção de agravos relacionados à síndrome metabólica.
MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa descritiva, experimental com uma abordagem quantitativa,
desenvolvida pelos discentes do 3º semestre do curso de Enfermagem da Universidade do Estado do
Pará (UEPA). Utilizou-se a trajetória metodológica segundo a Metodologia da Problematização –
MP, com base no arco de Maguerez (EVANGELISTA, 2012; BERBEL, 1996).
A partir do embasamento teórico, decidiu-se a realização da pesquisa tendo como base o
critério de diagnóstico NCEP-ATP III. Em razão disso, a coleta de dados foi realizada em dois
momentos, primeiramente com a investigação do histórico clínico e realização do exame físico e em
outro momento houve a coleta do material biológico para o exame laboratorial.
O histórico clínico foi realizado por meio de um questionário, contendo cinco perguntas
fechadas e objetivas com finalidade de verificar as condições de saúde e estilo de vida, como: prática
de atividade física, tabagismo, etilismos, histórico familiar e uso de medicamentos regulares.
O exame físico fez a avaliação da massa corporal, estatura e circunferência abdominal, para
tanto foi utilizado, respectivamente, balança digital, estadiometro e fita métrica. De posse das medidas
de massa corporal e estatura, foi calculado o índice de massa corporal através do índice de Quetelet
(PITANGA, 2005), conforme a fórmula: [IMC=massa (Kg) /Estatura2(m)] e classificados com base
nos parâmetros da OMS. Foi realizada também a mensuração da pressão arterial (PA), com auxílio
do esfigmomanômetro e estetoscópio, de acordo com os resultados obtidos da aferição da PA, os
indivíduos foram classificados em diferentes categorias, de acordo com os critérios estabelecidos pelo
Ministério da Saúde (BRASIL, 2001).
No que concerne ao exame laboratorial, coletou-se amostras (3 mL) de sangue dos pacientes
por punção venosa, após um jejum de 12 horas. Analisou-se as concentrações do colesterol total,
triglicérides e glicose por um método enzimático colorimétrico, utilizando o analisador COBAS
MIRA PLUS (Roche Diagnostics, Suíça). A concentração de HDL-c foi medida após precipitação
das frações de LDL-c e VLDL-c pelo ácido fosfotungstico e cloreto de magnésio. Os níveis de LDL-
c foram calculados por aplicação da equação de Friedewald [LDL-c = colesterol total – (HDL-c +
triglicérides/5)], uma vez que não havia valores de TG > 400 mg/dl.
480
Os dados obtidos foram lidos, observados e analisados utilizando os programas Word e Excel
(Microsoft Office para Windows-2013) para produção textual, gráficos e tabelas. Por fim. A pesquisa
foi realizada de acordo com a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, com aplicação do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) respeitando os aspectos éticos, para a utilização
dos dados levantados na pesquisa e foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (CEP) da UEPA
campus XII conforme parecer 1.318.965.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir dos dados coletados, as participantes do estudo
mostraram uma média de idade de 13 anos. Quando questionadas acerca da prática de atividade física
a maioria (63%), afirmou não realizar nenhum tipo de atividade. Em pesquisa semelhante elaborada
por Faria (2007) no município de Viçosa-MG, o percentual observado foi de 55% para a mesma
pergunta.
Em relação ao tabagismo, todas as amostras afirmaram não fazer uso de cigarros. Porém,
quando questionadas sobre o consumo bebidas alcoólicas, 35% revelaram a presença do etilismo.
Barbosa (2006) ao estudar adolescentes do sexo feminino de 14 a 18 anos de idade acerca da mesma
temática, em uma escola no estado de Minas Gerais, encontrou 0% e 8% respectivamente.
Quando indagados sobre a presença de familiares de distúrbios metabólicos, um número
significante (87%) respondeu que apresenta algum parente com tais doenças. No estudo de Faria
(2007), observou-se em 93% das adolescentes a presença de familiares próximos com histórico de
obesidade, diabetes, hipertensão arterial, entre outros.
Diante dos dados obtidos relacionados ao exame físico, observou-se que uma participante
apresentou peso desproporcional em relação a estatura, que segundo a OMS indica grau de obesidade
classe I. Além disso, constatou-se que duas adolescentes se encontravam com sobrepeso. Em razão
disso, esses dados se mostram preocupantes, pois de acordo com o estudo realizado por Santos et al.
(2006), a maioria dos casos de SM ocorre em indivíduos com excesso de peso, devido a presença de
acúmulo de gordura prejudicar a sensibilidade à insulina.
A partir da avaliação da circunferência abdominal, foi possível identificar três participantes
com parâmetros acima do considerado adequado. De acordo com Penalva (2008), o excesso de tecido
adiposo libera produtos que aparentemente exacerbam o risco para distúrbios metabólicos. Ao
analisar os resultados da aferição da pressão arterial sistólica e diastólica, foi identificado que as
amostras não apresentaram alterações.
Quanto ao metabolismo glicídico, verificou-se que as amostras apresentaram glicemia de
jejum com valores normais. Assim como no estudo de Ferreira et al. (2007), na qual nenhum
participante foi diagnosticado com glicemia de jejum alterada, pois segundo Weiss et al. (2004) esse
distúrbio é muito raro em jovens.
481
No que se refere aos triglicerídeos, é notório a apresentação de níveis elevados em 63% das
participantes. Em pesquisa semelhante, Giuliano et al. (2005), encontrou hipertrigliceridemias em
22%, colesterol total e LDL acima do normal em 28% e 14%, respectivamente, e HDL baixo em 5%
dos adolescentes. Acerca do colesterol, observou-se em todas as amostras a presença de baixos níveis
de HDL, caracterizando uma alteração metabólica preocupante, pois níveis baixos de HDL podem
levar à maior probabilidade de acúmulo de gordura nas paredes das artérias.
CONCLUSÃO: A partir de todas as informações obtidas e com base nos critérios preconizados pelo
NCEP-ATP III, pode-se constatar que quatro participantes não apresentam SM, todavia, encontram-
se em uma faixa de risco por apresentarem dois fatores com níveis alterados. Não obstante, duas
participantes apresentaram SM, pois foi evidenciado três ou mais fatores alterados, somado a uma
possível predisposição genética.
Apesar dos dados analisados na pesquisa pertencerem a grupo específico de adolescentes,
evidenciou-se que entre os fatores de relevância para o desenvolvimento da SM, 63% das
participantes do estudo apresentaram o metabolismo glicídico aumentados e 100% apresentaram
HDL abaixo dos níveis considerados normais. Outrossim, os resultados obtidos pelo cálculo do IMC
mostraram que uma participante apresentou grau de obesidade classe I e outras duas apresentaram
sobrepeso.
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482
483
ALTERNATIVAS PARA O ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM SANTARÉM – PA NA
HIPÓTESE DE RESCISÃO DO CONTRATO COM A COSANPA
94Alarico Marques Pereira1
95Fabrício Soares dos Santos2
96Juliana Paranhos Vieira3
97Miguel Borghezan4
RESUMO: O Município de Santarém/PA vem enfrentando diversos problemas no fornecimento de água potável. O
abastecimento não deveria ser problema em nossa região, visto que abundante o recurso natural. Neste trabalho
realizaremos uma análise sobre as possibilidades de prestação do serviço no caso de rescisão contratual com a COSANPA,
com o objetivo de atender plenamente a população, efetivando o direito fundamental de acesso à água potável. Incluímos
dados de pesquisa de campo, nos quais se constata a negligência do Poder Público Municipal em fiscalizar o contrato
concessão para a COSANPA.
PALAVRAS-CHAVE: ABASTECIMENTO DE ÁGUA. ALTERNATIVAS. DIREITO FUNDAMENTAL.
INTRODUÇÃO: O Ministério Público do Pará ajuizou Ação Civil Pública na qual pede, em liminar,
a rescisão do contrato de abastecimento de água do Município de Santarém com o Estado do Pará e
a COSANPA598 sem indenização, em virtude da ineficiência do serviço. Requer, ainda, que o
Município assuma o serviço ou deflagre processo licitatório para contratar terceiro. Este trabalho tem
por objetivo discutir alternativas para o abastecimento de água em Santarém, no caso de rescisão.
Nossa análise baseia-se em pesquisa de campo do Programa de Iniciação Científica do
CEULS/ULBRA, no Projeto "Principais causas que impedem o universal acesso à água potável em
Santarém (PA), Políticas Públicas e o Judiciário”699. São alternativas nesse cenário: a) privatização do
serviço; b) implantação de microssistemas7100; c) criação da Companhia Municipal de Saneamento
Básico.
MÉTODO: Trata-se de analisar, com apoio em pesquisa de campo feita em vários bairros do
Município de Santarém/PA, adensada com pesquisa em doutrina, normas legais, matérias e dados
públicos em Municípios modelos. Houve aplicação de formulário na pesquisa de campo para levantar
dados junto a representantes das Associações de Moradores dos bairros visitados, sendo mais
quantitativa e com aspectos qualitativos. O método de abordagem é o hipotético dedutivo, sob as
bases e parâmetros propostos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: O abastecimento público de água consiste nas atividades,
infraestruturas e instalações que abrangem desde a captação até as ligações domiciliares, além dos
1 Acadêmico do 10° semestre do Curso de Direito, Pesquisador do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica do
Projeto de Pesquisa : "Principais causas que impedem o universal acesso à água potável em Santarém (PA), Políticas
Públicas e o Judiciário" do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. 94 2 Acadêmico do 9° semestre do Curso de Direito e Voluntária do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica. do
CEULS/ULBRA de Santarém-PA. 95 3 Acadêmica do 10° semestre do Curso de Direito e Voluntário do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica. do
CEULS/ULBRA de Santarém-PA. 96 4 Professor do Curso de Direito e Pesquisador do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Mestre em Direitos Fundamentais e
Relações Sociais. Advogado. Presidente do FOPIESS. 97
5 Concessionária responsável pelo sistema público de abastecimento de água na área urbana de Santarém – Pará. 98 6 Projeto coordenado pelo Prof.Msc. Miguel Borghezan, do curso de Direito do CEULS/ULBRA.
99 7 É o conjunto de obras, equipamentos e serviços destinados ao abastecimento de água a uma comunidade para fins de
consumo, por meio do qual são construídos poços artesianos ou semi-artesianos para captação, reservatórios para o
armazenamento da agua e uma rede de distribuição. 100
484
instrumentos de medição do consumo (art. 3º, I, a, Lei nº 11.445/07). A Constituição Federal, no
artigo 5°, caput, reconhece a igualdade de todos perante a lei, garantindo a inviolabilidade do direito
à vida e à dignidade humana. O acesso à água potável está ligado diretamente aos princípios da
dignidade humana e da saúde, garantidos na Carta Magna (art. 1º, III, e art. 196). Para esses fins
exige-se um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem comum e direito de todos, conforme
disposto no art. 225 da CF. Isto remete diretamente à competência e atuação do Estado, cumprindo
deveres e compromissos de interesse público e social. A Carta Magna, no art. 30, inciso V, atribuiu
aos Municípios a competência para o abastecimento de água, além de outras previsões normativas.
Portanto, o Município de Santarém tem o dever de “organizar e prestar, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local” (art. 30, V, CF/88). Sabe-se que
a obrigação de abastecimento de água na área urbana de Santarém foi repassado para a COSANPA
(Lei nº 18.745, de 04.10.2011, do Município de Santarém), todavia, até a presente data, a rede de
abastecimento da empresa chega apenas a 56% (cinquenta e seis por cento) da população, sendo o
restante, em sua grande maioria, abastecida por microssistemas instalados nos bairros. Após o pedido
de rescisão contratual feito pelo Ministério Público Estadual surge a questão: Quem assumiria tarefa
tão vital para a população da cidade? O MPE pediu para o município assumir a deflagração de novo
processo licitatório para contratar terceiro capacitado. Mas será esta a melhor solução para atender as
necessidades de água potável da população Santarena? Antes de abrir processo licitatório e conceder
a um terceiro a prestação do serviço, deve-se questionar o próprio modelo de gestão. Devemos buscar
um modelo técnico mais apropriado para a realidade local, que trate da res pública com moralidade,
legalidade e eficiência e não como questões meramente partidárias. Essa falta de visão atrapalha toda
e qualquer política pública pensada a médio e longo prazo, pois quebra-se a lógica de prioridades do
governo no início de um novo mandato, sempre que outra legenda assume o poder. Dentre as
alternativas para a prestação do serviço cabe abordar a privatização, que consiste na exploração
econômica, por um particular, de um serviço de competência do poder público. Como se trata de
uma empresa privada que visa o lucro, todo e qualquer ato, seja de projetos de investimentos de
manutenção ou expansão de rede, deverá necessariamente passar pelo crivo da rentabilidade. Logo,
revela-se perigoso entregar, sem mais nada, a um particular o abastecimento de água, uma vez que,
ao mostrar-se necessária a adoção de determinada medida para o melhor atendimento da população,
há o risco de não implementação por não demonstrar retorno financeiro
mínimo. Tivemos um exemplo de privatização do serviço aqui próximo, em Manaus Capital do
Amazonas no ano de 2000 a Companhia de Saneamento do Amazonas (COSAMA) foi privatizada
em leilão na bolsa de valores de São Paulo por R$193 milhões, passando ao controle do grupo francês
Suez Lyonnaise des Eaux. Obteve contrato de concessão do sistema por trinta anos, prorrogáveis por
mais quinze anos. Ocorre que a empresa francesa, adotando o nome de Águas do Amazonas, não
cumpriu suas obrigações, mesmo após diversas negociações, dilações de prazo para cumprimento de
metas em aditivos contratuais. Resultou na quebra do contrato e substituição pela empresa Manaus
Ambiental. Depois de 14 anos da privatização do serviço a distribuição de água na capital do
Amazonas começou a ser cumprida (ainda não integralmente), com início das operações da Estação
Ponta das Lajes, construída com verba pública dos governos do Amazonas e Federal no valor de R$
365 milhões, no projeto denominado Programa Águas para Manaus (Proama). Conforme
levantamento realizado pela agência Amazônia Real, em 2014 havia 626 mil pessoas sem acesso à
rede de abastecimento de água na capital amazonense8101. Logo, mostra-se muito arriscada perigosa a
possibilidade de deixarmos, a cargo de uma empresa privada, a concessão de serviço tão importante.
Uma Possibilidade é a utilização de microssistemas de abastecimento, que consiste na construção de
poços semiartesianos com recursos do Município e gestão a cargo de uma associação de moradores,
que cobrará, as tarifas de cada domicílio e, com esses valores, custeará o funcionamento, rede,
trabalhadores e manutenção. A proposta é interessante uma vez que na região encontra-se água
subterrânea com certa facilidade, não se olvidando a rapidez de acesso à administração do
8 Fonte: popers do NAEA n° 217. “Grupo Suez em Manaus, privatização do serviços de água e impactos sobre as
mulheres “. Edna Castro. Disponível no site www.naea.ufpa.br, acesso em 06.10.2017.. 101
485
microssistema por parte do usuário-final e, por conseguinte, de resposta rápida na resolução de algum
eventual problema. Some-se a isto o baixo custo da obra em relação a uma estação de tratamento
público que, no caso de manutenção, necessitaria de muitos recursos e afetaria uma quantidade muito
maior de usuários. Este modelo já é utilizado em alguns bairros em Santarém onde, a COSANPA não
presta o serviço, como por exemplo, São José (Loteamento Planalto), Mararu, Nova Vitória, etc.,
onde há fornecimento diário regular de água por certas horas, coisa que não ocorre com segurança
em bairros atendidos pela companhia estadual. A maior fragilidade desse sistema é a possibilidade de
atender sua demanda no longo prazo, tendo em vista o natural aumento da população. Um modelo
que tem dado certo em vários Municípios é o da criação de companhias ou departamentos de prestação
do serviço na esfera municipal. Este é o caso de Novo Hamburgo no Rio Grande do Sul que, após
passar por uma situação parecida com a do Município de Santarém, em 1989 autorizou a criação da
empresa de economia mista chamada Companhia Municipal de Saneamento (COMUSA). Em 2008
a COMUSA tornou-se autarquia municipal, e hoje (2016) atende 98% (noventa e oito por cento) da
população urbana, sendo modelo de saneamento em todo país. A própria Fundação Nacional de Saúde
(Funasa), que entre as várias funções de sua competência está o gerenciamento de recursos federais
para financiamento de obras na área de saneamento, indica a gestão por via indireta através da criação
de autarquias municipais de direito público. As autarquias são entes administrativos autônomos,
criados por lei específica, com personalidade jurídica de direito público, patrimônio próprio e
atribuições outorgadas na forma da lei, tendo como princípio fundamental a descentralização.
Diferentemente dos departamentos, possuem total autonomia jurídica, administrativa e financeira,
competindo- lhes em geral exercer todas as atividades relacionadas à administração, à operação, à
manutenção e à expansão dos serviços de água e esgoto. Os serviços de água e esgoto são
desmembrados da administração direta, ou seja, do aparelho administrativo da prefeitura, e agrupados
em uma autarquia municipal com o objetivo de integrar, num mesmo órgão, as atividades-fim e as
atividades-meio. As autarquias são consideradas um prolongamento do poder público, portanto,
conservam os mesmos privilégios reservados aos entes públicos, tais como, imunidade de tributos e
encargos, prescrição de dívidas passivas, impenhorabilidade de bens e condições especiais em
processos jurídicos, entre outros. Por essas mesmas razões, estão sujeitas aos processos de controle
social e da administração direta, sendo obrigadas a submeter suas contas e atos administrativos ao
Poder Executivo, à Câmara Municipal e aos Tribunais de Contas.
CONCLUSÃO: A realidade em que se encontra o Município de Santarém/PA, quanto ao
abastecimento de água, por meio da COSANPA, é de intensa insatisfação, pois o serviço prestado
pela companhia não é eficiente. Mostra-se incoerente que um Município com aproximadamente
300.000 mil habitantes ainda não tenha adequada rede de distribuição de água. Em relação ao
descumprimento do contrato de concessão, pela COSANPA, o MPE/PA9102 pede no Judiciário que o
Município assuma a obrigação ou deflagre novo processo licitatório para contratar terceiro capaz para
realizar os serviços. É fato notório não haver abastecimento de água em bairros inteiros de Santarém
que, paradoxalmente, está rodeada por abundantes águas superficiais e tem acesso fácil ao imenso
aquífero Alter do Chão. Parece faltar compromisso para atender, de modo razoável e adequado, o
direito fundamental de acesso à água em nossa cidade. Diante da pesquisa realizada, concluímos que
a privatização não será alternativa mais viável à realidade santarena, visto que prioriza a obtenção de
lucro, sem demonstrar preocupação superlativa com o cumprimento da obrigação legal (art. 2º, I, Lei
nº 11.445/07) fornecer água potável a todos na área urbana. Desse modo, a instalação de
microssistemas nos bairros de Santarém pode ser uma alterativa adequada temporária na transição do
sistema atual para uma Companhia municipal de saneamento básico, tendo em vista que a criação
dessa autarquia municipal requer tempo e investimentos para poder iniciar seu regular funcionamento.
9 Ministério Publico do Estado do Pará102
486
REFERÊNCIAS
BORGHEZAN, Miguel. O acesso à água doce potável: um direito fundamental? Belém: UFPA,
2006, 192 p. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Direitos Fundamentais e Relações Sociais).
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ANGHER, Anne Joyce (Org.). Vade Mecum acadêmico de direito. 24º.ed. atual. eampl. São Paulo:
Rideel, 2017. xi, 2061 p.
487
ATUAÇÃO PSICOLÓGICA COM MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA:
ESTUDO BIBLIOGRÁFICO
103Patrik Hilliard Silva dos Santos1
Luara Raissa Sousa Pinto1
Isabela Silva de Vasconcelos1
104Lívia Cristinne Arrelias Costa2
RESUMO: A violência doméstica contra a mulher constitui-se um problema de saúde pública, merecendo atenção
multiprofissional e atuação multimetodológica. A pesquisa teve como objetivos definir a violência doméstica contra a
mulher e suas formas de manifestação; identificar os principais fatores que motivam este tipo de violência; identificar
suas principais consequências; descrever sobre a atuação do psicólogo junto a mulheres vítimas de violência doméstica.
Justifica-se pela necessidade de ter uma visão mais atualizada da realidade brasileira acerca da violência doméstica contra
a mulher, assim como possibilita novas formas de intervenção. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de cunho descritivo
e exploratório. Foram analisados artigos científicos e livros que abordam a temática. O principal agressor é o
companheiro/marido e o ambiente doméstico constitui-se o principal local da consumação da violência. Os motivos estão
relacionados, principalmente, ao uso de drogas ilícitas e álcool. As principais consequências são marcas e deformações
no corpo da vitima, assim como traumas psicológicos e doenças psicossomáticas. As intervenções psicológicas
proporcionam a vítima uma visão mais ampla e funcional de sua realidade, para que consiga se proteger da violência e
recuperar sua autoestima e autonomia, o que indica a eficiência da intervenção psicológica.
PALAVRAS-CHAVE: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA; MULHER; PSICÓLOGO.
INTRODUÇÃO: A violência contra a mulher se manifesta de diferentes maneiras e em ocasiões
diversas, das quais se destacam aquelas perpetradas dentro do ambiente instituído histórico e
socialmente para o gênero feminino, que é o âmbito doméstico e familiar. Constitui-se um problema
de saúde pública, uma vez que prejudica a saúde de diversas mulheres em todo o país e atinge todo o
grupo familiar. A presente pesquisa teve como objetivos definir a violência doméstica contra a mulher
e suas formas de manifestação; identificar os principais fatores que motivam este tipo de violência;
identificar as principais consequências da violência doméstica contra o referido público, assim como
descrever sobre a atuação do psicólogo a mulheres vítima de violência doméstica. A presente pesquisa
justifica-se por sua relevância social e acadêmica, uma vez que, para enfrentar essa problemática, é
necessário ter uma visão atualizada da realidade brasileira, assim como dos aspectos sociais,
históricos, culturais e psicológicos que perpetuam essa realidade. A partir das informações colhidas,
torna-se possível desenvolver novas estratégias de prevenção, intervenção e cuidado para erradicação
ou minimização da violência doméstica contra a mulher.
1Acadêmico(a) de Psicologia do 8° Semestre – Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES103 2Docente do curso de Psicologia do Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES104
488
MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico que, segundo Gil (2016), é
desenvolvida a partir do conhecimento teórico já existente, sendo constituída a partir da consulta a
livros e artigos científicos. Seguiu os preceitos do estudo descritivo exploratório, visando maior
familiarização com o tema proposto, proporcionado, assim, maior compreensão e aprofundamento
sobre o fenômeno estudado.
A metodologia utilizada foi pesquisa e seleção de artigos e livros a serem utilizados para
embasamento teórico sobre a temática. Utilizou-se como meio para o levantamento das informações,
artigos publicados em revistas e indexados ao Lilacs, SciELO, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),
Portal de Periódicos eletrônicos de psicologia (PePSIC), além de livros. O material bibliográfico
utilizado corresponde ao período de 2000 até 2016. Os dados foram organizados, analisados e
sintetizados. Como descritores utilizou-se: violência domestica contra mulher; violência familiar;
atuação do psicólogo; psicologia e violência doméstica. Foram selecionados 13 artigos, 7 livros, 2
dissertações de mestrado e uma monografia, todos escritos em português, com exceção de um livro
norte americano, e publicados em revistas e editoras brasileiras e da América Latina.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A violência doméstica contra a mulher constitui-se um problema
de saúde publica no Brasil e no mundo. Segundo Botellho et al. (2012), a violência doméstica
caracteriza-se como qualquer ação ou omissão que provoque prejuízos à saúde e ao pleno
funcionamento biopsicossocial de qualquer membro da família, prejudicando, assim, sua integridade
física, psicológica e social, limitando seu direito de ir e vir.
A violência contra a mulher se manifesta de diferentes maneiras e em ocasiões diversas, das
quais se destacam aquelas perpetradas dentro do ambiente instituído histórico e socialmente para o
gênero feminino, que é o âmbito domestico e familiar (SANTI; NAKANO; LATTIERE, 2010).
Estudos revelam que 1 a cada 3 mulheres já sofreram algum tipo de violência doméstica, direta ou
indiretamente, durante a vida (OLIVEIRA et al., 2003). A faixa etária das vítimas esta entre 18 e 35
anos (BOTELHO et al., 2012; TEIXEIRA; PINTO; MORAES, 2010; SOUSA; NOGUEIRA;
GRADIM, 2013).
O patriarcalismo foi, e ainda é, um dos principais fatores que contribuem para a universalidade
e a normatividade da violência doméstica contra a mulher, uma vez que tal sistema promove
preconceitos, abusos de poder, desigualdades sociais, devido aos papeis sociais de homem e de
mulher instituídos historicamente (SAFFIOTI, 2004; VELLOSO, 2013).
De acordo com Silva e Caveião (2014), existem quatro tipos de violência doméstica que são
consideradas as mais comuns: a violência física, psicológica, sexual e a negligência. O percurso da
violência doméstica inicia de forma sutil e verbal e vai se intensificando ate chegar às agressões
489
físicas e, em casos mais graves, pode levar ao óbito da vítima. Isto permite concluir que a violência
psicológica é a porta de entrada para que outros tipos de violência se instalem no relacionamento
(HIRIGOYEN, 2006; PIMENTEL, 2011).
Vários autores afirmam que o ambiente doméstico constitui-se como o principal local onde
ocorrem os atos de violência perpetrados contra a mulher (AUGUSTO et al., 2015; COSTA et al.,
2011; SALIBA et al., 2007) e que o principal agressor normalmente é o parceiro/marido da vítima
(DAY, 2003; OLIVEIRA et al., 2003; SCHRAIBER et al., 2007; SILVA; CAVEIÃO, 2014;
VELLOSO, 2013). A maioria das vítimas de violência doméstica possui algum vínculo íntimo com
o agressor, que pode ser de cunho sexual, afetivo, financeiro, parental, etc. (OLIVEIRA et al., 2003;
SILVA; CAVEIÃO, 2014). Muitas vezes, o agressor se utiliza de alguns métodos para manter a
vítima em silêncio, tais como a restrição da liberdade da mulher por meio de ameaças, coerções e
chantagens (ALGUSTO et al., 2015).
Segundo Schraiber et al. (2007), a sociedade deixa de ver a violência doméstica como uma
violação dos direitos humanos, sendo com frequência invisibilizada e caracterizada como algo
normal, o que automaticamente contribui para o aumento dos casos de violência que não são
denunciados. Outro aspecto relevante é o fato de as próprias vítimas não reconhecerem os maus tratos
como violência. Assim como pode acontecer da mulher se sentir culpada e envergonhada pelas
agressões sofridas, o que consequentemente leva ao ocultamento da realidade vivenciada
(MONTEIRO; SOUZA, 2007; SCHRAIBER et al., 2007).
Com a criação da Lei 11.340 de 7 de Agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, a
temática da violência doméstica contra a mulher ganhou destaque nos principais meios de
comunicação, o que consequentemente gerou um aumento nos índices de mulheres que passaram a
denunciar seus agressores (SANTI; NAKANO; LATTIERE, 2010).
O uso e abuso de substâncias psicoativas tais como álcool e outras drogas e o ciúme patológico
costumam fazer parte do rol dos principais motivadores da violência doméstica contra mulher (LIMA
et al., 2009). Estudos revelam que normalmente os agressores possuem algumas características
semelhantes, tais como perfil antissocial, personalidade emocionalmente instável, ou mesmo é
usuário de drogas ou álcool (ALGUSTO et al., 2015).
Acosta et al. (2015) postulam quatro categorias de motivos que levam à violência contra a
mulher: a naturalização da supremacia masculina como geradora de sofrimento e submissão;
problemas decorrentes de uso de álcool e outras drogas; problemas relacionados aos (as) filhos (as) e
problemas com divisão de bens.
As consequências da violência doméstica se estendem a todas as áreas da vida da vítima. Elas
deixam marcas profundas, quer sejam físicas, psicológicas ou sociais. Normalmente, as mulheres
490
violentadas apresentam sentimentos de vergonha, tristeza, derrota, solidão, medo, insegurança,
frustração e desamparo (OLIVEIRA et al., 2003). Segundo Borin (2007), o tipo de medo vivenciado
por mulheres vítimas de violência doméstica não é natural e pode levá-las a desenvolver diversos
transtornos mentais, tais como depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, assim
como ao uso de drogas psicoativas e, nos casos mais graves, podem chegar ao suicídio.
A violência demonstra possuir estreita relação com problemas graves de saúde, tais como os
físicos, relacionados a lesões corporais e distúrbios gastrointestinais, dores crônicas, assim como
problemas mentais e desenvolvimento de psicopatologias (BARNETT, 2000; OLIVEIRA et al.,
2003).
Independente do método, abordagem, ou local do seu atendimento, o profissional psicólogo
deve ter uma postura de aceitação incondicional para com a mulher vítima de violência doméstica,
para que a mesma se sinta acolhida, confortável e segura, proporcionando assim a criação do vinculo
terapêutico, para que então a mesma consiga compartilhar suas experiências de vida que lhe causam
sofrimento (PIMENTEL, 2011; SOARES, 2005).
Bastos (2009) afirma que a escuta ativa do psicólogo facilita a auto expressão da pessoa em
atendimento, sendo imprescindível para a compreensão da forma como está estruturada a vida da
mulher em situação de violência doméstica, suas relações interpessoais, de poder e dependência,
assim como suas vivências, fantasias e expectativas de vida. É necessário que o psicólogo faça as
devidas intervenções para que a pessoa consiga ter uma visão mais ampla e funcional de sua realidade,
para que ela consiga se proteger da violência e recuperar sua autoestima e autonomia (HIRIGOYEN,
2006; SOARES, 2005).
Os sentimentos e crenças de culpa, desamparo e desvalor são alvos da atuação do psicólogo,
que visa trabalhar para que a pessoa se sinta livre de culpa e responsável pelo próprio destino
(HIRIGOYEN, 2006).
CONCLUSÃO: No Brasil, milhares de mulheres são ou já foram vítimas de algum tipo de violência
doméstica. Os autores consultados na elaboração deste estudo comprovam que as agressões causam
sequelas físicas, psicológicas, morais, sociais, patrimoniais e na saúde física da vítima. O lugar
destinado ao refugio e acolhimento é o principal local onde são realizadas as agressões, sendo o autor
o próprio companheiro/cônjuge na maioria das vezes. Normalmente, o agressor costuma intimidar a
vitima através de ameaças, coerções e chantagens, além de culpabilizar a vítima como responsável
pelos seus atos agressivos. Os valores patriarcais instituídos historicamente corroboram para visão de
inferioridade da mulher em relação ao homem, o que consequentemente faz com as mulheres sejam
vistas como objetos e propriedades. A sociedade ainda se omite em reconhecer a violência doméstica
491
como violação dos direitos humanos, sendo muitas vezes vista como algo normal e sem relevância.
Portanto, verifica-se a atuação do psicólogo como fundamental no atendimento a mulheres vítima de
violência doméstica, uma vez que este proporciona um espaço de acolhimento, atenção e crescimento
pessoal, onde a pessoa sente-se bem recebida e segura para falar sobre seus sentimentos, desejos,
anseios, conflitos, e expectativas.
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Ostras, 2013.
493
COMPETÊNCIA PARA O ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM ALTER DO CHÃO NO
MUNICÍPIO DE SANTÁREM DO ESTADO DO PARÁ
105Alarico Marques Pereira1
106 Miguel Borghezan2
107Wesley Phelipe Corrêa da Conceição3
RESUMO: Este artigo tem por objeto o estudo de aspectos jurídicos sobre a competência para o abastecimento de
água, que envolvem o serviço privado de abastecimento de água e outros métodos de abastecimento por microssistemas
alternativos na Vila de Alter do Chão. A partir da análise da água como bem público, essencial à vida de todos, que deve
ser protegida para atender a saúde humana e conservar o meio ambiental ecologicamente equilibrado às presentes e futuras
gerações, investigaremos a quem compete o abastecimento de água como um serviço público de natureza essencial à
coletividade, na vila de Alter do Chão.
PALAVRAS-CHAVE: COMPETÊNCIA, ABASTECIMENTO DE ÁGUA, ALTER DO CHÃO.
INTRODUÇÃO: O presente trabalho trata de aspectos que envolvem o serviço de abastecimento de
água em Alter do Chão4108, no Município de Santarém-PA, e os microssistemas109 alternativos. Para
tanto, inicia-se com a análise de água como um bem público, essencial à vida de todos os seres
humanos, animais e vegetais, parte do patrimônio substancial do planeta. Deve ser protegida para
atender a saúde humana e preserva o meio ambiente ecologicamente equilibrado, às presentes e
futuras gerações. Busca-se aqui determinar a competência legal para fazer o abastecimento de água
em Alter do Chão. A definição dá-se a partir da Constituição Federal de 1988, da Lei Orgânica do
Município e da análise das características dos serviços públicos como meios de atuação dos poderes
públicos para a realização de seus fins. Tal identificação se deu por meio de pesquisa5110 de campo
realizada em Alter do chão, e agora queremos juridicamente investigar que ente público tem
competência legal para o abastecimento na formosa Vila.
1Acadêmico do 10° semestre do Curso de Direito, Pesquisador do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica do
Projeto de Pesquisa: "Principais causas que impedem o universal acesso à água potável em Santarém (PA), Políticas
Públicas e o Judiciário" do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. 105 2Professor do Curso de Direito e Pesquisador do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Mestre em Direitos Fundamentais e
Relações Sociais. Advogado. Presidente do FOPIESS. 106
3Acadêmico do 8° semestre do Curso de Direito, Pesquisador do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica do
Projeto de pesquisa “Principais causas que impedem o universal acesso à água potável em Santarém (PA), Políticas
Públicas e o Judiciário" do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. 107 4Alter do Chão é um dos distritos administrativos do município de Santarém, no estado do Pará. Localizado na margem
direita do Rio Tapajós, dista do centro da cidade cerca de 37 quilômetros através da rodovia Everaldo Martins (PA-457). 108
5É o conjunto de obras, equipamentos e serviços destinados ao abastecimento de água a uma comunidade para fins de
consumo, por meio do qual são construídos poços artesianos ou semi-artesianos para captação, reservatórios para o
armazenamento da agua e uma rede de distribuição. 109
6Projeto de pesquisa, coordenado pelo Prof. Miguel Borghezan, do curso de Direito do CEULS/ULBRA: "Principais
causas que impedem o universal acesso à água potável em Santarém (PA), Políticas Públicas e o Judiciário". A visita de
campo no bairro Pérola do Maicá foi realizada em 03 de setembro de 2016. 110
494
MÉTODO: Trata-se de analisar a competência para o abastecimento, com apoio em pesquisa de
campo feita em vários bairros do Município de Santarém/PA, entre eles os dois principais bairros de
Alter do Chão, União e Nova União, adensada com pesquisa em doutrina, normas legais, matérias e
dados públicos em Municípios modelo. Houve aplicação de formulário na pesquisa de campo para
levantar dados junto a representantes das Associações de Moradores dos bairros visitados, sendo de
identificação mais quantitativa, com aspectos qualitativos. O método de abordagem é o hipotético
dedutivo, sob as bases e parâmetros propostos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM ALTER DO CHÃO,
COMPETÊNCIA DO ESTADO DO PARÁ OU DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM?
A preocupação com o acesso à água potável foi diversas vezes tratada na ONU7111, que
reconheceu, em 28 de julho de 2010, o acesso à água potável como direito humano fundamental,
acrescentando que quase 900 milhões de pessoas carecem do atendimento desse direito. No Brasil, a
Carta Magna de 1988 trata do abastecimento no art. 30, inciso V8112, mas não inclui o acesso à potável
entre os direitos fundamentais no seu art. 5º, embora seja um direito ligado ao princípio da dignidade
da pessoa humana.
A Lei Federal nº 9.433/979113, que trata dos Recursos Hídricos, reconhece ser a água bem de
domínio público (art. 1º, I). No art. 1º, II, prescreve que a água é um recurso natural limitado, dotado
de valor econômico. Percebe-se, então, que a água é bem público, de reconhecido valor econômico e
socioambiental. Essa fundamentação exige a concessão de outorga para o uso de água por particulares
ou pelo prestador do serviço de abastecimento público (art. 12, I, II, Lei nº 9.433/97). Observa-se que
Alter do Chão, um distrito do Município de Santarém, dista do centro da cidade cerca de 37
quilômetros. É o principal ponto turístico de Santarém, pois abriga belas praias fluviais e o lago verde.
No entanto, Alter do Chão sofre com problemas de infraestrutura em relação ao abastecimento de
água, não havendo prestação de serviço pelo Município nem pela Companhia de Saneamento do Pará
(COSANPA).
Em pesquisa de campo pelo projeto de iniciação cientifica do Centro Universitário Luterano de
Santarém “As principais causas que impedem o universal acesso à água potável em Santarém-PA.
Políticas públicas e o Judiciário”, realizada em 27 de maio de 2017, verificou-se possuir
microssistemas de água para atender a população, mas insuficientes diante da grande demanda dos
7Organizações das Nações Unidas.
111 8Art. 30, V da CF/88 “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos
de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial” 112
9Política Nacional de Recursos Hídricos 113
495
usuários consumidores. Visitamos dois microssistemas de grande importância para Alter do Chão.
Um situa-se no bairro União, com aproximadamente 175 domicílios cadastrados na Associação dos
Moradores e apenas 20 domicílios não cadastrados, somando mais de 1.365 moradores que dependem
desse microssistema para ter água em casa. O outro no bairro Nova União, tem cerca de 170
domicílios, com aproximadamente 1.360 moradores, sendo que só 145 domicílios recebem água do
microssistema. As tarifas cobradas pelas Associações de Moradores para fornecer a água giram em
torno de 15 R$ e 20 R$ por domicílio, valores destinados para trabalhadores, manutenção e a
infraestrutura dos microssistemas. Os microssistemas são totalmente autônomos, não dependem do
Município nem da COSANPA para funcionarem. Sucede, porém, que os microssistemas usam água
subterrâneas, que são bens dos Estados (art. 26, I, CF/88). Para usá-los, exige-se ou não outorga? A
priori, deve-se considerar que o art. 45 da Lei nº 11.445/0710114, obriga a ligação dos domicílios à rede
de abastecimento público (onde houver). Como não há eu Alter do Chão, o abastecimento por
microssistema é temporário e transitório, até chegar o abastecimento público. Logo, entremostra ser
competência municipal, porém, não cabe ao Estado cobrar a outorga do direito de uso das águas
subterrâneas deve ser aplicado, neste caso, a exceção prevista no artigo 12, § 1º, da Lei nº 9.433/07,
que dispensa a outorga para pequenos núcleos rurais, ao qual Alter do Chão dever ser equiparado
para fins de abastecimento por microssistema. Ressalta-se não ser necessário a outorga visto que o
Município não fornece o serviço público de abastecimento. Assim, por ser um elemento inerente a
vida, proteção do princípio da dignidade da pessoa humana, as associações devem ficar isentas do
pagamento de outorga, garantia mínima de um Estado de Direito, até que seja ofertado o serviço
público.
CONCLUSÃO: A realidade encontrada em Alter do Chão, quanto ao abastecimento de água, e de
completa e total omissão. Pelo Poder Público Municipal. Mostra-se absurdo que, nesta altura, um
distrito com mais de sete mil moradores ainda não tenha rede pública de distribuição de água potável.
Para definir a competência do abastecimento de água em Alter do Chão, deve-se antes determinar se
a formoso distrito é área urbana ou não. Nos termos do art. 32 do CTN11115 percebe-se que a Vila de
1Lei Federal do Saneamento Básico 114 2Art. 32 do Código Tributário Nacional “O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e
territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por
acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. 115
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito
mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos
pelo Poder Público: =
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
III - sistema de esgotos sanitários;
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado.”
496
Alter de Chão atende os requisitos para ser considerada área urbana. Logo, por essa compreensão, o
abastecimento lá competiria ao Município (art. 30, V, CF/88). Vale ressaltar que se trata de um serviço
público de interesse local, portanto, o Município de Santarém é competente para fornecer o serviço
de abastecimento, possibilitando o acesso à água potável para aquela população, que sofre com a
omissão. O Município deve assumir a sua função constitucional ou deflagrar processo licitatório para
contratar terceiro capaz para realizar os serviços.
Enquanto isso não ocorrer, o estado do Pará (SEMAS) não pode exigir outorga das associações
que prestam precariamente por microssistemas o serviço de abastecimento na formosa Vila de Alter
do Chão.
REFERÊNCIAS
BORGHEZAN, Miguel. O acesso à água doce potável: um direito fundamental? Belém: UFPA,
2006, 192 p. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Direitos Fundamentais e Relações Sociais).
UFPA.
ANGHER, Anne Joyce (Org.). Vade Mecum acadêmico de direito. 24º.ed. atual. eampl. São Paulo:
Rideel, 2017. xi, 2056 p.
497
DESENVOLVIMENTO DO ESPAÇO URBANO E A EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇAO
DO BAIRRO NOVA REPUBLICA EM SANTARÉM
116Jeisilene Maia Oliveira1
Maria Lenilda Castro de Jesus2
Ivone Domingos e Silva3
RESUMO- O presente artigo tem por finalidade demonstrar o Bairro Nova República em Santarém como um modelo
desenvolvimentista no contexto da política de Getúlio Vargas nas décadas de 60 e 70, onde a proposta do município junto
com governo do Estado foi criar um Bairro modelo que pudesse alcançar o nível urbano organizado e planejado evitando
crescimento desordenado na cidade de Santarém, que causa uma série de problemas tanto no meio ambiente como na
qualidade de vida, pelos impactos sócio ambientais, como consequências dessas situações. Esses problemas se expressam
de mudanças e obstáculos que envolve a vida cotidiana complexa adaptativo, como círculo social, familiar, cultural, entre
outros, pois são expressões que propiciam resiliência, para enfrentar o direito à moradia e suas diversidades, direitos
cívicos políticos democráticos.
PALAVRA CHAVE: DIREITO, MORADIA, DESENVOLVIMENTO.
INTRODUÇAO: Apresenta-se o progresso do Bairro Nova República hoje reconhecido como um
Bairro modelo e um polo de comércio local que contribui com o desenvolvimento da cidade de
Santarém. O Bairro Nova República é distante do centro da cidade mas dispõem de várias linhas de
Ônibus, Unidade Básica de Saúde com atendimento 24 horas, um Centro de Referência e Assistência
Social, Escolas de Ensino Fundamental e Médio, uma Creche, Escolas particulares de Ensino Infantil,
Redes de Farmácias, Casa Lotérica, Igrejas de várias denominações, Quadra Poliesportivas, Campo
de Futebol, Delegacia de Polícia Pacificadora, Praças de Eventos, e variedades de comércios de
grandes e médios portes, incluindo Academias de Ginásticas e outros. Os seus benefícios abrangem
direta e indiretamente todos os outros bairros em seu entorno. A área está localizada no perímetro
entre avenida Sérgio Hein e Rodovia Santarém Cuiabá, a fim de acomodar uma população que se
encontrava desalojadas que migravam de diferentes localidades, em busca de emprego e melhores
condições de vida.
METODOLOGIA: Pesquisas bibliográficas, pesquisa em internet, entrevista com um dos
moradores mais antigos, que na época contribuiu com a propagação do Bairro Nova República como
membro atuante na primeira diretoria, e atual presidente da associação de moradores do bairro.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: O Bairro Nova República desdobrou-se na ideologia
desenvolvimentista da década de 60 e 70, do governo de Getúlio Vargas, quando o Brasil passou por
muitas transformações políticas e econômicas, desvelando um processo de Urbanização desordenado,
Segundo Oliveira (2010, p.40). Nos primeiros lustros da década de 80, nessa época o país passava
¹ Acadêmica do 6º semestre Curso de serviço CEULS ULBRA
² 6º semestre Curso de Serviço Social CEULS ULBRA
³ Mestre em PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO.116
498
por intensas transições e reformas, planos econômicos que tiveram grande repercussão na sociedade
Brasileira, o que foi suficiente para desencadear graves problemas sociais Com a C/F 88, o Pais passa
pelo Regime democrático dando aos cidadãos os direitos cívicos e sociais.
O crescimento acelerado da população urbana no Brasil, provocada por êxodo rural
descomunal, produziu uma urbanização predatória, desigual e exerceu forte pressão sobre a
infraestrutura das cidades, exigindo a superação de inúmeros desafios importantes nas áreas
de habitação, abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo, transporte urbano
e especialmente preservação do meio ambiente. A partir de meados dos anos 50, mais
intensamente após os anos 60, o processo de urbanização assume papel importante no
processo de desenvolvimento nacional. Passou a ser vital ao modelo adotado à medida que
tinha que acolher os enormes contingentes rural-urbano. Manifestação que já se apresentava
e teve efetivamente seu início no período populista de Getúlio Vargas, que através da criação
da legislação trabalhista e dos institutos básicos de previdência social. Eles estabeleceram as
normas e as estruturas de regulamentação do fator trabalho no Brasil. (2004, p. 25)
A eclosão do Bairro Nova República foi na década de 1980 que a cada dia sobrevinha em
diversos pontos da Cidade de Santarém uma ocupação ilegal, em um determinado Bairro da Cidade
hoje já reconhecido como Livramento foi onde houve conflitos, demolição e desespero com o
mandado de desocupação, e a desagregação das famílias. Um Sr. Chamado Paulo Brasil, líder
comunitário, sensibilizado com a necessidade das famílias, fez uma proposta de criar uma comissão
para representação das pessoas carentes de moradia junto ao poder público Municipal.
Essa comissão fez o levantamento que comprovou a carência de muitos que estavam
desalojados, o que antecedeu ao poder Municipal e ao Estado um projeto de Implantação de um novo
Bairro que atendesse aquela demanda. Nesse processo foram feitas várias reuniões e debates entre as
partes interessadas no desenvolvimento do Bairro. Entre tantos voluntários era notório os senhores
Gerson Gelar, Raimundo Ferreira Ferreth, que ajudavam de forma braçal na marcação dos espaços.
Assim prossegue as quadras dividida em lotes, na área destinada ao C.D.I. (Canteiro de
desenvolvimento Industrial). Para organização desse processo foram enviadas para área duas
assistentes sociais que contribuíram fundamentalmente nessa perspectiva. Elas faziam os cadastros
comprovavam a necessidade e entregavam os lotes. Orientavam a atuação das pessoas que estavam
na linha de frente das negociações em relação a questão burocrática e que procedimentos tomar. Na
época eram 2.188 lotes, em média 2.030 famílias assentados, vale ressaltar nesse contexto que com o
suporte técnico das assistentes sociais foi formada a primeira associação de moradores no novo bairro
no dia 21 de janeiro de 1988 e que construiu o primeiro empreendimento social no bairro, que foi a
construção do barracão comunitário em parceria com o Governo municipal e comunidade.
O espaço urbano pode ser entendido aqui como um processo construído historicamente por
agentes que produzem e consomem esse espaço, como um produto social, fragmentado e
articulado, permeado de símbolos e, também, como um campo de lutas, tendo a cidade como
sua forma, que expressa não só a localização e arranjo de lugares, expressa um modo de vida.
Esse modo de vida não está ligado somente ao modo de produção econômica, embora sofra
seus efeitos, mas está ligado a todas as esferas da vida social, cultural, simbólica, psicológica,
ambiental, religiosa e educacional.
499
Com sua nova identidade sob o amparo do Governo Municipal a associação de moradores
ganha força para correr atrás dos benefícios que lhe são de direitos.
Juntos e reunidos, com a confederação dos Bairros, foi desenvolvendo e ganhando forças, e os
primeiros benefícios foram 5 torneiras de onde os moradores se serviam de água. Porém muitos outros
benefícios foram conseguidos através dos movimentos e articulações entre governo e comunidade no
decorrer do tempo: iluminação, segurança, transporte, saúde, educação. Os primeiros comércios
foram surgindo com o crescimento. A violência foi um dos pontos negativos que chegou junto com
o progresso do bairro, o que não é diferente dos outros bairros. Entretanto a segurança pública sempre
foi presente através do Projeto Povo, esse projeto se tratava de um acordo firmado entre o governo
do Estado e uma comissão formada por todos os representantes da grande área (nove bairros) através
da secretaria de segurança. Que com ajuda dos comerciantes da grande área construíram um posto
policial para alojar o contingente do 3ºBPM que a partir desse momento passou a fazer segurança do
bairro e dos outros ao seu redor. Segundo Sr: Raimundo |Ferreira Ferreth em (17/09/2017)
CONCLUSÃO: Portanto a Urbanização passou a ser regulamentada a partir da C/F de 88 e amparada
pela Lei 10.257/2001 que certamente vem dá o direito e determina o uso Urbano e posse legal de
propriedades. Se conclui que é fundamental que o povo esteja unido na luta pelo seu espaço que é
incapaz de evoluir sem um controle social. Compreende-se que sem as parcerias entre população e
poder público que é o responsável pelo cuidado da população, acarretam a vulnerabilidade dos Bairros
e periferias e também o crescimento vertiginoso dos problemas sociais, impactos ambientais e outros.
É preciso que o crescimento aconteça de maneira organizada onde todos possam trabalhar e viver
dignamente, conforme determinação constitucional em artigos 182 e 183 que dá direito ao uso da
propriedade urbana, ao uso da mesma para sua sustentabilidade, regulamentada pelo estatuto da
cidade, Que desenvolve a promoção do bem estar do ser social, dispondo das políticas sociais
vigentes na lei que no artigo 2º vem garantir a todo cidadão o direito à moradia digna , como também
toda pavimentação e infraestrutura urbanística, assim os órgãos devem selar para que as futuras
gerações possam usufruir dos mesmos direitos. Hoje o Bairro Nova República precisa estar
desenvolvendo e contribuindo com o progresso do município visto que a população aumenta a cada
dia conforme o senso de 2010 o número de habitantes do bairro Nova República estava na faixa de
8,001 habitantes.
Outros bairros surgiram em seu entorno, fazendo parte da grande área e juntos lutam pela
preservação do meio ambiente, inclusive no cuidado com a APA Saúbal, para que não seja depredada
esse patrimônio natural que servirá ponto turístico e uma forma de contribuição para o
desenvolvimento e geração de renda para o município.
500
REFERENCIAS
HÉBETTE (2004, p.25, Apud MENDES Luz Augusto Soares; OLIVEIRA Janete Marília Gentil,
2010, p 4), “Expansão Urbana e a produção de periferia em Santarém Pará. Um Estudo sobre
o Entorno da Fernando Guilhon” disponível
http://www.agb.org.br/evento/download.php?idTrabalho=288 . Acesso 15/10/2017
MEDEIROS. Alexandro M. Politicas Publicas de desenvolvimento Urbano disponível em:
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-politica/politicas-publicas/politica-
urbana/ acesso em 15/10/2017
POPULAÇÃO NOVA REPÚBLICA –SANTARÉM. Disponível em:
http://populacao.net.br/populacao-nova-republica_santarem_pa.html acesso em 15/10/1017
Brasil. Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001.
Estatuto da Cidade e Legislação Correlata. — 2. ed., atual. — Brasília: Senado Federal,
Subsecretaria de Edições Técnicas, 2002. ... Política urbana, estatuto, Brasil. Disponível em:
www.geomatica.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/2015/03/Estatuto-da-Cidade. Acesso 15/10/2017
Código Civil/Ane Joice Angeher, Organização e [Coordenação]. -17.ed.-São Paulo:Rideel,2011. -
(Coleção de Leis Rideel. Série Compacta. Inclui: Constituição e Legislação ISBN 978-339-1691-
31Direito Civil-legislação-Brasil 1-Angher Anne Joyce II. Titulo. III Série
Portela, Rosilene de Souza Políticas habitacionais em cidades amazônicas: Belém e São Luís na
perspectiva comparativa / Rosilene de Souza Portela; orientadora Edna M. Ramos de Castro.
2011.disponivel em:
http://www.ppgdstu.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/teses/TESES/2011/ROSELENE%
20DE%20SOUZA%20PORTELA. Acesso 15/10/2017.
501
DIAGNÓSTICO DO BAIRRO SANTA CLARA, SANTAREM, PA: EQUIPAMENTOS
URBANOS E MOBILIDADE URBANA EM 2016
117Samuel Ivan Oliveira Moura1
118Orientador: José Reginaldo Pinto de Abreu2
RESUMO: O Crescimento urbano desordenado e a falta do acompanhamento, por parte do poder público, das
adequações dos serviços às demandas da sociedade, levaram à depreciação da cidade. Cada recorte da cidade, pode-se
dizer que retratam diferentes necessidades. Considerando o bairro do Santa Clara em Santarém do Pará, como um recorte
da cidade, para avalia-lo foi feita investigação através de consulta à população residente, com vistas a nortear a
qualificação daquele espaço urbano, da área central da cidade, de maneira a contribuir no planejamento futuro e promover
a qualidade de vida naquele espaço, que todos os munícipes utilizam.
Palavras-chaves: PLANEJAMENTO URBANO, DIAGNÓSTICO, BAIRRO, MOBILIDADE URBANA,
EQUIPAMENTOS URBANOS.
INTRODUÇÃO: Historicamente, segundo o site oficial da Prefeitura Municipal de Santarém
(2016), “os Marianos começaram um trabalho de catequese que deu origem às novas comunidades
religiosas que se tornaram bairros de Santarém. Assim nasceriam a comunidade de Nossa Senhora
das Graças (bairro Santa Clara)”. O bairro Santa Clara é um bairro que, comparativamente a outros,
poucas pessoas residem (2972 pessoas, segundo IBGE, 2010). Sua principal função na morfologia da
cidade, parece ser a de fazer a ligação com outros bairros, não percebendo-se outra função importante.
Um diagnóstico é necessário para avaliar o atual espaço físico, no qual essa parte da população da
cidade, reside e, também possíveis necessidades com o objetivo de identificar a eficácia dos
equipamentos urbanos, a localização os prédios públicos que atendem aquela localidade e, se os
critérios de mobilidade urbana atendem aquela população e à cidade como um todo. Os instrumentos
que avaliam esses equipamentos embasam-se em critérios para o planejamento urbano.
Para o planejamento urbano que é um conceito que carrega a ideia de futuro, ao prever a evolução do
fenômeno ao qual se liga, pois, planejar é “[...]conhecer os possíveis desdobramentos de um processo,
para identificar os problemas ou ainda aproveitar os benefícios resultantes dessas ações.” (SOUZA,
2006).
Através desse conceito nota-se a importância do planejamento urbano para cidade, visando o
bem estar para os habitantes, pois prever comportamentos e identificar problemas pode-se propor
melhorias.
1Acadêmico do Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Luterano de Santarém; Acadêmico do
Bacharelado em Gestão Pública e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Oeste do Pará. E-mail:
[email protected]. 117 2Mestre em Processos Construtivos e Saneamento Urbano, pela Universidade Federal do Pará; Especialista em Paisagismo
Tropical Urbano, pela Universidade de Amazônia; Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade da
Amazônia. E-mail: [email protected]. 118
502
MATERIAIS E MÉTODOS: Preliminarmente foram elaborados mapas de situação, indicando a
localização do bairro Santa Clara, malha viária e prédios de maior importância no bairro. Com as
informações acima, foram feitas visitas, com o apoio de cinco colegas voluntários, visando levantar
as características reais do bairro, assim como os anseios da população residente através da aplicação
de um formulário. Nesse processo, os moradores foram bem participativos quanto a pesquisa,
mostrando opiniões diversas entre pontos fortes e fracos, além de propor mudanças e melhorias em
alguns pontos do bairro. A pesquisa surge como uma necessidade de se realizar um estudo voltado
para o contexto local, com enfoque na mobilidade urbana, para que numa futura análise possa se
realizar propostas de ações de acordo com os anseios da população, além do fato de que existem
poucas literaturas nesse sentido.
A pesquisa bibliográfica utilizada pautou-se nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas (IBGE), Plano Diretor Municipal 2006 – 2016 (PDM), e pesquisa de campo, com
questionário quantitativo-qualitativo, onde o público-alvo foram os residentes do bairro Santa Clara.
RESULTADOS: Segundo a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo Título II Capítulo I Seção
II Art. 22 o Bairro Santa Clara faz parte do Sítio Histórico Urbano de Santarém. Pois no Título I
Capitulo II Art. 8 os incisos VI e VII, fazem referência aos conjuntos arquitetônicos dos Colégio Dom
Amando e Santa Clara como objetos de relevância arquitetônica, histórica e cultural da cidade; de
acordo com o Plano Diretor Municipal, o Bairro Santa Clara faz parte do distrito norte ou grande área
da Aldeia, conforme figura 1: Mapa de Situação.
Como descrição, o Santa Clara possui a zona institucional do cemitério municipal, e se encontra
vizinho da zona comercial da cidade, sendo para a mesma um acesso. Em seu interior encontra-se
Figura 1: Mapa de Situação do Bairro Santa clara
Fonte: Dados georreferenciados e de densidade demográfica do IBGE, 2010;
Informações adicionais cedidas pela Prefeitura Municipal de Santarém, 2016;
Elaborado pelo Autor.
503
comércios, residências, Hospital Municipal de Santarém, 16ª Seccional de Polícia Civil, de Escolas
Públicas são: Escola Diocesana São Francisco, Escola Estadual Álvaro Adolfo e Escola Municipal
Fluminense, e os Colégios: Batista de Santarém, Dom Amando e Santa Clara. etc., conforme figura
2: Mapa de Infraestrutura. O bairro enquadra-se em uma zona mista, uma vez que o próprio mapa da
prefeitura não lhe dá uma diretriz. Segundo o Plano Diretor uma Zona de uso Misto, são áreas de
ocupação promíscua – residências, comercio, indústria e outras – e para as quais não há indicação de
utilização específica e excludentes pelas normas urbanísticas. (Título III, Capítulo III, seção IV, Art.
128).
Quanto aos resultados do questionário aplicado, 54% era do gênero feminino, e quando
perguntados sobre a sinalização pública, 76,93% respondeu que a mesma era insuficiente. Em relação
ao estacionamento, 54% declarou que é insuficiente, onde 31% não soube opinar. Em relação ao
transporte público coletivo, 54% mostram-se insatisfeitos, por entenderem que os ônibus não realizam
manutenção ou que estes, continuamente, estão com impurezas. Os pontos de ônibus não são
adequados, segundo 69,23% dos entrevistados.
Na última pergunta, a qualitativa, ficava aberto às sugestões de em qual setor o bairro precisaria
melhorar, 31,25% dos entrevistados responderam que a segurança pública, 18,75% mencionou a
sinalização pública e a iluminação pública foi mal avaliada por 12,50% destes.
Figura 2: Mapa de Infraestrutura do Bairro Santa Clara
Fonte: Dados georreferenciados do IBGE, 2010; Informações adicionais por
pesquisa de campo; Elaborado pelo Autor.
504
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados do diagnóstico do bairro do Santa Clara, revelados na
pesquisa, pelos residentes entrevistados, demonstrou como maior problema do bairro a segurança
pública, com um grau de insatisfação de cerca de 1/3 e, quanto a problemática relativa a mobilidade
urbana, 18,75% demonstraram-se insatisfeitos, e a sinalização das vias de tráfego, foi o que mais
chamou atenção, por se tratar de um bairro por onde atravessam vias arteriais – que ligam à outros
bairros – sobretudo ao principal Centro de Comércio e Serviços da cidade. Estes dois itens relevantes
diagnosticados podem refletir os fatos ocorridos, nos últimos anos na cidade, em que houve uma
intensificação, principalmente, no aumento de veículo automotores, como a motocicleta que estão
incluídas nas estatísticas de violência por morte no trânsito, além de delitos que ocorrem nos grandes
centros urbanos.
O Recorte de uma cidade, como o bairro do Santa Clara em Santarém, pode revelar resultados
diferentes comparativamente a outras regiões da cidade, este trabalho poderá ser utilizado como
complemento para trabalhos futuros que visem comparar os resultados obtidos aqui com vistas ao
planejamento da cidade como um todo.
REFERÊNCIAS
FONSECA, Wilde Dias da - Santarém: Momentos Históricos, 1996
SEMMA, Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Informações Municipais de Santarém, 2013;
Disponível em: < http://www.santarem.pa.gov.br/semma/info> Acesso em 15 fev. 2016
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico - População. 2010.
Disponível em: < http://censo2010.ibge.gov.br/>. Acesso em: 12 mar. 2016.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Dados Georreferenciados. 2010. Disponível
em:
<https://ww2.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfil.php?lang=&codmun=150680&search=para%7csant
arem> Acesso em 15 mar. 2016.
Gráfico 1: Resultados da Pesquisa Qualitativa
Fonte: do Autor
505
PMS - Prefeitura Municipal de Santarém. Plano diretor Municipal de Santarém, 2016;
______. Secretaria de Mobilidade e Trânsito, Dados de Uso do Solo. Disponível em:
<http://www.santarem.pa.gov.br/conteudo/?item=121&fa=60> Acesso em 12 mar. 2016.
SOUZA, Marcelo L. de; RODRIGUES, Glauco B. Planejamento urbano e ativismos sociais. São
Paulo: UNESP, 2004.
506
OUTORGA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS NO ESTADO DO PARÁ
119Alarico Marques Pereira 1
120Alessandra Rodrigues Maciel2
121Miguel Borghezan3
RESUMO: A água é bem de domínio público. Seu acesso às necessidades básicas nos é garantido, sendo competência
do Município a criação de mecanismos para a efetivação desse direito. No Estado do Pará, a Lei/PA n° 6.381/015122 institui
as diretrizes para o uso e gerenciamento dos recursos hídricos estaduais (art. 26, I, CF). A Resolução CERH nº 3, de
20086123, melhor regulamenta a outorga do direito de uso de recursos hídricos no Pará, sendo órgão regulador para
gerenciamento a SEMAS. Neste trabalho analisaremos em linhas gerais do modelo, procedimentos e isenções da outorga.
PALAVRAS-CHAVE: OUTORGA. USO DE ÁGUA. ESTADO DO PARÁ.
INTRODUÇÃO: A água é um recurso natural limitado, público, insubstituível e de valor econômico
(art. 1º, I e II, Lei nº 9.433/977124). A Constituição de 1988 atribui aos Municípios a prestação do
serviço de abastecimento e do acesso à água. O uso desse recurso natural deve ser feito na forma
da lei. Considera-se infração a falta de outorga para utilização de águas com finalidades
econômicas. A Lei/PA nº 6.381/01 dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e institui o
Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Pará. Foi criada para resguardar direitos
atribuídos aos Estados pela Constituição, também atendendo a norma-princípio do art. 225 da CF/88.
A outorga é um dos instrumentos da Política Nacional e Estadual de Recursos Hídricos, por meio da
qual o Poder Público autoriza um usuário a receber recursos hídricos, sob certas condições. Verificar
os procedimentos para sua concessão no Estado do Pará e a disciplina das normas de regência, será
objeto deste trabalho.
MÉTODO: Trata-se de analisar o assunto sob as lentes da Lei/PA n° 6.381/01 e nas Resoluções do
Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/PA), dentre outras normas. Adensaremos com
pesquisa em doutrinas, analisando as funções do poder outorgantes e dos usuários dos recursos
hídricos sujeitos a outorga, além dos requisitos para sua concessão. O método de abordagem é o
dedutivo, com avaliações dialéticas, sob as bases e parâmetros propostos.
1 Acadêmico do 10° semestre do Curso de Direito, Pesquisador do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica do
Projeto de Pesquisa: "Principais causas que impedem o universal acesso à água potável em Santarém (PA), Políticas
Públicas e o Judiciário" do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. 119 2 Acadêmica do 9° semestre do Curso de Direito e Pesquisadora do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica. do
CEULS/ULBRA de Santarém-PA. 120 3 Professor do Curso de Direito e Pesquisador do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Mestre em Direitos Fundamentais e 4 Relações Sociais. Advogado. Presidente do FOPIESS. 121 5 Política Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Pará122 6 Dispõe sobre Outorga de direito de uso de recursos hídricos do Estado do Pará 123 7 Política Nacional de Recursos Hídricos 124
507
RESULTADOS E DISCUSSÕES: A outorga do direito de uso de recursos hídricos8125 é um dos
instrumentos da Política Nacional e Estadual de Recursos Hídricos pelo qual o Poder Público autoriza,
sob condições preestabelecidas, sua utilização por particulares, empresas de economia mista e órgãos
públicos. Exige-se outorga quando houver interferências nos corpos d’água, derivadas do seu
consumo para atividades produtivas ou econômicas. São dois os sujeitos da efetivação desse serviço.
O outorgado, que passa a ser titular do direito de uso de recursos hídricos, respondendo por todas as
obrigações decorrentes do ato de outorga. E o outorgante, autoridade responsável pela outorga do
direito de uso de recursos hídricos. No Estado do Pará a SEMAS9126 é competente para a concessão e
fiscalização do uso das águas estaduais (art. 26, I, CF). A Lei/PA nº 6.381/01 disciplina três
modalidades de outorga: a) Outorga Preventiva de Uso dos Recursos Hídricos, que confere ao
interessado expectativa de direito de uso de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos; b) Outorga
de Direito de Uso dos Recursos Hídricos, que confere ao seu titular efetivo direito de uso de recursos
hídricos superficiais ou subterrâneos; c) e a Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica, que
será fornecida dentro do processo de concessão, autorização e permissão para o setor elétrico. Estão
sujeitos à outorga no Estado do Pará, regra geral, os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos10127:
I - a derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo
final, inclusive abastecimento público ou insumo de processo produtivo;
II - a extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo
produtivo;
III - lançamento de esgotos e demais resíduos, tratados ou não, em corpo de água, com o fim
de sua diluição, transporte ou disposição final;
IV- aproveitamento de potenciais hidrelétricos;
V - utilização das hidrovias para o transporte;
VI - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um
corpo de água.
A Lei/PA nº 6.381/01, no art. 13, traz duas situações de dispensa de outorga do direito de uso:
a) águas destinadas à satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no
meio rural; b) as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes. A captação
superficial insignificante é a que não exceda a vazão máxima de86m3/dia, com vazão instantânea
máxima de 1L/s, para qualquer uso (art. 2º, Resolução nº 9/09, do CERH/PA11128). Já a extração
subterrânea insignificante é a do abastecimento residencial unifamiliar até o máximo de 40m3/dia
para uso residencial; e até o máximo de 5m3/dia para os demais usos. Para o processo de outorga ser
8 Há autores que distinguem águas e recursos hídricos, com atribuição a estes de algum aproveitamento econômico (Cid
Tomanik Pompeu. Direito de águas no Brasil. 2 ed. São Paulo: RT, 2010, p. 70/71). Já Paulo Affonso Leme Machado
(Recursos hídricos: direito brasileiro e internacional. Malheiros: São Paulo, 2002, p. 23/24), defende não haver essa
necessária distinção, embora os conceitos não sejam absolutamente coincidentes. Neste artigo acompanharemos Paulo
Affonso Leme Machado. 125 9 SEMAS é a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará.
126 10 Esses usos estão previstos de modo expresso no art. 12 da Lei/PA nº 6.381/01. 127 11 CERGH é o Conselho Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado do Pará, criado pela Lei/PA nº
6.381/01, arts. 41 a 53. 128
508
liberado o interessado deverá solicitar à gerência da central de atendimento da SEMAS (GECAT) o
documento de arrecadação correspondente que, pago, dará direito de receber o instrumento da
outorga. Os aspectos a serem observados no cálculo dos valores para uso dos recursos hídricos estão
previstos no art. 25 da Lei/PA nº 6.381/01. Os pedidos de outorga para perfuração de poço e captação
de água subterrânea, deverão atender os requisitos listados no § 8º, do art. 13, da Resolução nº 10 do
CERH/PA. O empreendimento com mais de um (01) poço na mesma dependência deverá solicitar a
outorga em um único processo, abrangendo todos os usos dessa área locacional. Será formalizado um
único processo de outorga para o interessado naquele local, abrangendo todos os usos pretendidos
(consumo final, abastecimento público, insumo de processo produtivo; lançamento de esgotos ou
outros resíduos, tratados ou não, em corpo d'água, para diluição, transporte ou disposição final = art.
12, I e III, Lei/PA nº 6.381/01). Serão individuais os formulários técnicos, devendo cada um conter
todos os dados técnicos do uso pretendido. Quando as solicitações de captações ou lançamentos de
efluentes forem para mais de um ponto, no mesmo corpo hídrico, todas as indicações semelhantes
requeridas serão somadas para determinação dos volumes totais, cuja outorga será então concedida,
ou negada, nos termos das normas de regência para esse empreendimento. Não se concederá outorga
para empreendimentos sujeitos a licenciamento antes de sua realização, pois este deve sempre
anteceder a qualquer uso de recursos hídricos. O que poderá haver é a declaração de reserva de
disponibilidade hídrica, para assegurar ao interessado a real possibilidade de acesso à água, na
quantidade e qualidade desejada para o empreendimento. Sob esse aspecto, como indica Jérson
Kelman, "a outorga tem valor econômico para quem a recebe, na medida em que oferece garantia de
acesso a um bem escasso"12129. Contudo, a concessão de outorga não constitui direito absoluto para o
outorgado, visto que a vazão do curso d'água não é constante, mas sujeita a efeitos não controláveis
pelo homem. Por isto, a própria lei permite suspensão, parcial ou total, dos efeitos da outorga nas
situações indicadas no art. 15 da Lei nº 9.433/97 e no art. 16 da Lei/PA nº 6.381/01, por ser prioritário
em situação de escassez o uso das águas para consumo humano e dessedentação13130 dos animais em
geral (art. 1º, III, Lei nº 9.433/97).
Importante e necessário realçar nesta altura o dever de todos manterem íntegras as áreas de
preservação permanentes, na dimensão protetiva das águas prevista no art. 4º do Código Florestal
(Lei nº 12.651/12). Aquele que descumprir normas em relação as APPs14131 não pode ser beneficiado
por outorga. Em claras palavras, quem não protege as águas ofende bem comum de todos, e por isto
não pode ter garantia do fornecimento delas pelo poder público mediante outorga, vantagem
econômica individual, mesmo pagando o preço público correspondente. A ninguém é lícito
12 Apud Paulo Affonso Leme Machado, in op. cit. p. 59. 129 13 Mitigar ou saciar a sede de qualquer forma . 130
14 Áreas de Preservação Permanente 131
509
beneficiar-se da própria torpeza, sendo obrigatório observar o componente ético-jurídico no
gerenciamento das águas, também exigência do princípio constitucional previsto no art. 170, VI, da
CF. Merece ser destacado ainda que o Município tem competência para registrar, fiscalizar e
acompanhar as concessões, as outorgas e explorações de recursos hídricos feitas em seu território,
conforme previsto no art. 23, XI, da Constituição. É que as águas não são bens dominicais particulares
dos Estados (art. 26, I, CF) ou da União (art. 20, III, CF), mas apenas para fins de gestão. Por esses
motivos, o art. 63 da Lei/PA nº 6.381/01 de modo expresso prevê que "O Estado poderá delegar ao
Município que se organizar técnica e administrativamente o gerenciamento de recursos hídricos de
interesse exclusivamente local, compreendendo, dentre outros, os de bacias hidrográficas que se
situem exclusivamente no território do Município e os aquíferos subterrâneos situados em sua área
de domínio". O Município de Santarém firmou Convênio nesse sentido durante o XV Encontro de
Águas Doces, realizado nos dias 04 e 05 de maio de 2017, o que mostra interesse, cuidado e
compromisso com as águas. Também foi previsto, no art. art. 29 da Lei/PA nº 6.381/01, a
possibilidade de estabelecer mecanismos de compensação para os Municípios, devendo isto ser feito
por lei específica no âmbito do Estado. Vê-se aí a grande importância dos Municípios no
gerenciamento dos recursos hídricos, visto que todos vivem nele. As outorgas de direito de uso de
recursos hídricos, conforme art. 17 da Lei/PA nº 6.381/01, terão prazos de vigência, os quais serão
fixados em função da natureza e do porte do empreendedor, levando-se em consideração, quando for
o caso, o período de retorno do investimento, não podendo ultrapassar 35 (trinta e cinco) anos,
permitida a renovação. A parte administrativa para a gestão e o gerenciamento dos recursos hídricos
está se organizando no Pará, e precisa ser mais divulgada e discutida para atingir seus elevados
objetivos e finalidades.
CONCLUSÃO: A água é bem público dotado de valor econômico. Precisa de controle e
gerenciamento adequando para atender interesses e direitos das presentes e futuras gerações. A
Lei/PA n° 6.381/01, sua regulamentação e as Resoluções do CERH são a salvaguarda de todos para
o uso equilibrado dos recursos hídricos no Pará, vez que são normas estruturantes reguladoras da
quantidade e qualidade de nossas águas. A outorga é um dos principais instrumentos na gestão das
águas, e o Pará precisa da urgente colaboração dos Municípios para evitar a degradação e usos
indevidos. Para isto é necessário por em prática os mecanismos de compensação prometidos na
Lei/PA n° 6.381/01. Em nossa visão, será fundamental a atuação de Municípios no gerenciamento
dos recursos hídricos no Pará, tendo em vista a extensão do seu território. Impõe-se agir logo para
evitar que as águas sejam poluídas, virem esgotos, como ocorreu no sul, sudeste e nordeste. Grandioso
é aprender com os erros dos outros. Os usos das águas devem articular-se com os projetos de
510
desenvolvimento do Estado, mantendo o meio ambiente natural ecologicamente equilibrado. Sem isto
os reflexos ambientais, sociais e econômicos serão graves, pois ter-se-á de gastar bilhões e esperar
um largo tempo para recuperar as águas. O Pará ainda pode/deve evitar a degradação das águas. A
dignidade humana exige prevenir os problemas, e o Pará poderá crescer 30 anos ou mais em 10 anos,
superar históricas desigualdades no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e melhorar as
condições de vida de todos, se cuidar adequadamente de suas águas.
REFERÊNCIAS
ANGHER, Anne Joyce (org.). Vade mecum acadêmico de direito. 24. ed. São Paulo: Rideel, 2017.
MACHADO, Paulo A. Leme. Recursos hídricos: direito brasileiro e internacional. Malheiros: São
Paulo, 2002.
POMPEU, Cid Tomanik. Direito de águas no Brasil. 2 ed. São Paulo: RT, 2010.
Brasil. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a política nacional de recursos hídricos e
cria o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e dá outras providências. Brasília,
janeiro de 1997.
Brasil, Pará. Lei/PA n. 6.381, de 25 de julho de 2001. Dispõe sobre a política estadual de recursos
hídricos, institui o sistema estadual de gerenciamento de recursos hídricos e dá outras
providências. Belém, julho de 2001.
Conselho Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Normas que dispõe sobre outorga do
direito de uso de recursos hídricos. Belém, Pará.
511
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NO BAIRRO ÁREA VERDE DE SANTARÉM/PA, E
PAPEL DO MUNICÍPIO.
132Alarico Marques Pereira1
133Ivone Domingos e Silva2
134Miguel Borghezan3
RESUMO: O Bairro Área Verde, no Município de Santarém/PA enfrenta constantes problemas de desenvolvimento
por conta da falta de documentação fundiária. O projeto, em parceria com MP/PA4135 visa auxiliar interessados a pleitear
junto ao Poder Público Municipal a legalização dos terrenos em prol das famílias possuidoras. A regularização fundiária
é um grande problema em nossa região, visto que grande parte dos terrenos foram adquiridos pelo instituto da enfiteuse5136
extinto no Código Civil de 2002. Neste trabalho realizaremos uma análise sobre a condição fundiária do citado bairro, e
o direito fundamental de habitação de interesse local.
PALAVRAS-CHAVE: REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA. HABITAÇÃO. COMPETÊNCIA MUNICIPAL.
INTRODUÇÃO: A pesquisa sobre situação fundiária no bairro Área Verde em Santarém-PA, foi
idealizada pelo programa Ministério Público e Comunidade, e projeto Mediação Comunitária em
Interesses Difusos e Coletivos, em parceria com o Projeto de Pesquisa “A produção do espaço urbano
na cidade de Santarém – PA e os impactos ambientais e sociais causados pela ocupação desordenada
do solo urbano em recentes áeras ocupadas ou que estão em processo de ocupação”6137. Assim, foram
realizadas diversas visitas no bairro Área verde para catalogar informações pertinentes sobre a
questão fundiária, por meio de questionários aplicados em aproximadamente 1500 domicilios,
verificou-se a ausência do Poder Público Municipal no ordenamento territorial na regularização
fundiária (art.30, inciso VIII, CF/88)7138. Este artigo tem por objetivo discutir a problemática fundiária
e a possibilidade de documentar as terras sob o ponto de vista jurídico e extrajudicial. Será possível
1 Acadêmico do 10° semestre do Curso de Direito, Bolsista do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica do Projeto
de Pesquisa: “A produção do espaço urbano na cidade de Santarém – PA e os impactos ambientais e sociais causados
pela ocupação desordenada do solo urbano em recentes áeras ocupadas ou que estão em processo de ocupação” e
voluntário do projeto: Principais causas que impedem o universal acesso à água potável em Santarém (PA), Políticas
Públicas e o Judiciário" do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. 132 2 Professora e coordenadora do Curso de Serviço Social e Pesquisadora do CEULS/ULBRA de Santarém. Mestre em
Desenvolvimento e Planejamento pela UFPA. Professora da UFOPA. 133
3 Professor do Curso de Direito e Pesquisador do CEULS/ULBRA de Santarém-PA. Mestre em Direitos Fundamentais e
Relações Sociais pela UFPA. Advogado. Presidente do FOPIESS. 134
4 Ministério Público do Estado do Pará. 135 5 A enfiteuse é instituto do Direito Civil e o mais amplo de todos os direitos reais, pois consiste na permissão dada ao
proprietário de entregar a outrem todos os direitos sobre a coisa de tal forma que o terceiro que recebeu (enfiteuta) passe
a ter o domínio útil da coisa mediante pagamento de uma pensão ou foro ao senhorio. Assim, pela enfiteuse o foreiro ou
enfiteuta tem sobre a coisa alheia o direito de posse, uso, gozo e inclusive poderá alienar ou transmitir por herança,
contudo com a eterna obrigação de pagar a pensão ao senhorio direto. 136
6 Projeto de pesquisa, coordenado pela Profa. Ivone Domingos e Silva " A produção do espaço urbano na cidade de
Santarém – PA e os impactos ambientais e sociais causados pela ocupação desordenada do solo urbano em recentes áeras
ocupadas ou que estão em processo de ocupação. " As visitas de campo no bairro Área Verde iniciou de maio de 2017. 137
7 Art. 30. Compete aos Municípios: VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano. 138
512
exigir do Município a regularização fundiária (de interesse social ou especifico Lei 11.977/09) dos
terrenos, garantindo, assim, o direito de propriedade dos moradores ocupantes?
MÉTODO: Trata-se de analise a situação fundiária com apoio em pesquisa de campo feita no bairro
Área Verde, Santarém/PA, adensada com pesquisa em doutrina e normas aplicáveis. Verifica-se como
será possível regularizar a documentação legal aos terrenos dos moradores do bairro Área Verde e o
problema de pesquisa de fundo quantitativo e com aspectos qualitativos. O método de abordagem é
o hipotético dedutivo, sob as bases e parâmetros propostos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: A regularização fundiária no bairro Área Verde é um dos grandes
problemas que dificulta o regular desenvolvimento daquele bairro. Várias vezes alguns moradores,
com auxilio da Associação dos Moradores tentaram regularizar a situação, mas até o momento o
Município não tomou providência no sentido de solucionar o problema. A partir da Constituição
Federal de 1988 os Municípios foram consagrados como entidade federativa com plena autonomia,
ou seja, com capacidade de auto-organização e normatização própria. Assim, o Município deveria
criar algum programa que favorecesse a regularização fundiária urbana, pois a da Carta Magna
competência exclusiva, a de “promover, no que couber, o adequado ordenamento territorial, mediante
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano” (art. 30, inciso VIII,
CF/88). Com base em relatos de moradores, o povoamento iniciou a partir do ano de mil novecentos
e oitenta e um (1981), com a chegada de famílias, que compraram terrenos que se diziam donos. Em
meados de mil novecentos e noventa e oito (1998), teve inicio a regularização do bairro, sendo assim,
a criação da primeira Associação denominada Associação Comunitária Área Verde Agrícola de
Santarém – ASCAVAS. De acordo com levantamento feito pela Secretária Municipal de Saúde de
Santarém, em 2016 a Área Verde conta com aproximadamente 6 mil moradores e 1500 domicílios,
portanto, bairro populoso para padrões locais regionais, ainda sem a atenção necessária. Por meio de
um Programa de Mediação do Ministério Público do Estado do Pará, como forma de organizar todos
os procedimentos adotados na mediação, foi instaurado o Pedido de Providencias nº 001/2014-MP,
cujos interessados são os comunitários do Bairro Área Verde. A Lei Federal nº 11.977/098139 conferiu
a todos os entes federados legitimidade para regularizar e documentar terras: “a regularização
fundiária poderá ser promovida pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios”
(art. 50). Em 2001 foi aprovada a Lei Federal nº 10.2579140, chamada de Estatuto da Cidade, que
estabelece diretrizes gerais da política urbana, regulamentando os artigos 182 e 183 da Constituição
8 Lei do Programa Minha Casa Minha Vida 139 9 Estatuto da Cidade140
513
Federal de 1988. Entretendo, não houve regulamentação local especificando o papel do Município de
Santarém na formulação, planejamento e implementação da política fundiária urbano. O Estatuto da
Cidade não só consolidou o espaço da competência jurídica e da ação política municipal, como
também, ampliou sua área de atuação, sobretudo no que toca à questão da regularização fundiária
urbana. Há obrigatoriedade de atuação do Município como ente federado mais próximo dos cidadãos
urbanos, ou seja, mais de 80% das pessoas moram, constroem, trabalham e vivem nas cidades. Assim,
o Município desponta como principal ente público responsável pela questão da regularização
fundiária, justamente pelo fato de estar mais próximo dos problemas, sendo um de seus papéis
essenciais, definidos na Constituição e outras normas, melhorar as condições de moradia (art. 23,
inciso IX,CF/88) para o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade. Sendo assim, o
Município deve criar programas para favorecer a regularização fundiárias aos bairros que ainda não
possuam documentação legal das terras, para que assim seus moradores possam sentir-se seguros,
valorizados e viabilizando as condições para melhorar a qualidade de vida.
CONCLUSÃO: A realidade fundiária encontrada no bairro Área Verde, é um problema recorrente
na cidade que se estende a vários outros bairros do Município de Santarém. O Poder Público
Municipal tem obrigação constitucional com o direito a moradia, por ser o ente mais próximo dos
moradores, deve tratar dos assuntos de interesse local. Nesse sentido o papel do Município é de
extrema importância no que tange a legalização dos terrenos dos moradores da Área Verde, para que
o bairro possa se desenvolver atendendo as funções sócias da cidade. Os moradores que não possuem
a propriedade de seus terrenos podem ter auxílio do projeto do MP/PA para assim pleitear
extrajudicialmente, junto ao Poder Municipal. Caso o Município se omita, a via judicial será o
caminho por meio de uma Ação Civil Pública, e então pleitear a solução adequada no âmbito da
regularização fundiária no bairro da Área Verde.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 11.977, de 07 de julho de 2009. Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha
Vida e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas. Brasília. DF:
2009.
ALFONSIN, Betânia. O significado do Estatuto da Cidade para os processos de regularização
fundiária no Brasil, in Regularização Fundiária Plena. Brasília, Ministério das Cidades. 2007.
ANGHER, Anne Joyce (Org.). Vade Mecum acadêmico de direito. 24º.ed. atual. eampl. São Paulo:
Rideel, 2017.
BARBOSA, Alyne Patrícia da Silva; DUTRA, Andréa Katiane Bruch; SOUZA, Eliana Amoedo de.
Normas técnicas para trabalhos acadêmicos. 7. Ed. Canoas: Ed. ULBRA, 2015.
266
CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE SANTARÉM ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL LUTERANA DO BRASIL
Portaria Ministerial nº 1992 – D.O.U. de 20/12/06
Av. Sérgio Henn, 1787 – CX Postal 731 – Nova República – CEP 68025-000
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