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VIOLÊNCIA NA UNIVERSIDADE Por William Haverly Martins Foi preciso uma pesquisa séria, efetuada de dentro pra fora, o que quer dizer a partir de documentos oficiais, com autoria de Dom Paulo Evaristo Arns, um homem acima de qualquer suspeita, para que o povo se conscientizasse dos abusos e absurdos cometidos em nome do que ficou conhecido pela História Oficial como Revolução de 64. Foi preciso a publicação pela Editora “Vozes” do livro Brasil Nunca Mais para que tomássemos conhecimento da truculência absurda, na maioria das vezes desnecessária, usada pelos organismos repressores deste país. Pois bem, a gente achava que isto nunca mais se repetiria, mas se repetiu, e vem se repetindo Brasil afora em quase todos os episódios envolvendo greves de universitários e professores. Por enquanto, são fatos isolados, mas se não reagirmos, podem se alastrar como uma coceirinha que vira sarna. Recentemente o STF se pronunciou contrário ao uso público de algemas em pessoas envolvidas em corrupção, notadamente em políticos corruptos, ou asseclas, tudo em nome do constrangimento. O que dizer, então, da atitude da Polícia Federal que de arma em punho ameaçou com a morte estudantes e professores que se posicionavam nas escadarias da UNIR centro, em atitude pacífica de trincheira da moralidade, usando como armas máquinas fotográficas e celulares? O que o STF, ou o Ministério da Justiça, teriam para dizer à sociedade da prisão constrangedora de um professor universitário desarmado e da agressão a um Deputado Federal no mesmo episódio? Como negar, se as fotografias documentam a ação e a truculência? Precisamos de uma Polícia Federal forte, ágil e eficaz que atue na defesa da sociedade sem corporativismo e pirotecnia, mas com pessoal treinado, compromissado com o bem e não com atitudes individuais

Violência Na Universidade

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Texto joranlísticoDenúncia arbitrariedades na UNIR 2011

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Page 1: Violência Na Universidade

VIOLÊNCIA NA UNIVERSIDADE

Por William Haverly Martins

Foi preciso uma pesquisa séria, efetuada de dentro pra fora, o que quer dizer a partir de documentos oficiais, com autoria de Dom Paulo Evaristo Arns, um homem acima de qualquer suspeita, para que o povo se conscientizasse dos abusos e absurdos cometidos em nome do que ficou conhecido pela História Oficial como Revolução de 64. Foi preciso a publicação pela Editora “Vozes” do livro Brasil Nunca Mais para que tomássemos conhecimento da truculência absurda, na maioria das vezes desnecessária, usada pelos organismos repressores deste país. Pois bem, a gente achava que isto nunca mais se repetiria, mas se repetiu, e vem se repetindo Brasil afora em quase todos os episódios envolvendo greves de universitários e professores. Por enquanto, são fatos isolados, mas se não reagirmos, podem se alastrar como uma coceirinha que vira sarna.

Recentemente o STF se pronunciou contrário ao uso público de algemas em pessoas envolvidas em corrupção, notadamente em políticos corruptos, ou asseclas, tudo em nome do constrangimento. O que dizer, então, da atitude da Polícia Federal que de arma em punho ameaçou com a morte estudantes e professores que se posicionavam nas escadarias da UNIR centro, em atitude pacífica de trincheira da moralidade, usando como armas máquinas fotográficas e celulares?

O que o STF, ou o Ministério da Justiça, teriam para dizer à sociedade da prisão constrangedora de um professor universitário desarmado e da agressão a um Deputado Federal no mesmo episódio? Como negar, se as fotografias documentam a ação e a truculência? Precisamos de uma Polícia Federal forte, ágil e eficaz que atue na defesa da sociedade sem corporativismo e pirotecnia, mas com pessoal treinado, compromissado com o bem e não com atitudes individuais extravagantes de demonstração de força desnecessária em hora e local inapropriados.

A indignação maior deste escriba é com parte da sociedade organizada, parte da imprensa, parte dos estudantes e professores da própria UNIR, que não toma partido diante de um claro caso de corrupção, que silencia ou se posiciona covardemente em cima do muro. O Senhor Reitor está sendo investigado por todos os órgãos controladores da nação (CGU, TCU, etc.) e processado pelo Ministério Público Federal e ainda há quem diga que isto é apenas uma briguinha política pelo poder. Sim, ele até poderá ser inocentado, porque a corrupção se generalizou no país, e as ações da justiça não são mais confiáveis, principalmente quando se tem padrinhos poderosos.

Parece que no Brasil a corrupção está tão institucionalizada que quem a defende é valorizado e protegido, confundindo a população. Vem sendo assim no Senado Federal, na Câmara Baixa, nos Ministérios, nos organismos dos Estados, Municípios e até na Justiça, a ponto da Ministra Ellen Gracie do STF dizer em entrevista às páginas amarelas da Revista Veja: “O Poder Judiciário é o menos corrupto dos poderes”. Mais tarde, a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, asseverou: “a magistratura está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos escondidos atrás da toga”.

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Os jovens começam a passar da indignação a ação, em todo o país, muita gente vem saindo em passeatas, protestando contra a corrupção, a campanha pelas “diretas já” também começou assim, timidamente, depois tomou conta do país. Aqui em Porto Velho, o exemplo da resistência à corrupção vem sendo dado por corajosos estudantes e denodados professores da Universidade Federal de Rondônia, que fizeram das escadarias da UNIR centro, uma barricada moral contra os atos corruptos do Reitor e seus partidários e contra as demonstrações de violência do Estado.

A resposta à pergunta feita pelo jornal espanhol El País em 07/08/2011: “Que país é este que junta milhões numa marcha gay, outros milhões numa marcha evangélica, muitas centenas numa marcha a favor da maconha, mas não se mobiliza contra a corrupção?”, está tomando corpo no país, esperamos que os rondonienses reforcem com músculos sadios este corpo, assumindo atitudes corajosas de denúncias, como que aplicando penicilina na nação contra o cancro da corrupção, que compromete o crescimento e o desenvolvimento do país.

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Detalhes biográficos: baiano de nascimento, mas rondoniense de paixão, cursou Direito na UFBA e licenciou-se em Letras pela UNIR, é professor, escritor, presidente da ACRM – Associação Cultural Rio Madeira e ocupa a cadeira 31 da ACLER – Academia de Letras de Rondônia.