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PERSE PS Autopublicação e Prestação de Serviços Ltda. Rua Turiassú, nº. 390, 17º andar, conjunto 176 Bairro das Perdizes São Paulo/SP CEP 05005-000 Capa Renato Klisman Revisão Marcia Rios Vida Após o Amor A. White, Sophia 1º edição Junho, 2011
Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução deste livro com fins comerciais sem prévia autorização da autora.
Agradecimentos
Toda a boa inspiração vem de Deus e agradeço a ele pelo dom de escrever, pela paciência em me ouvir e pela
misericórdia de me amar.
Agradeço a minha família, por me apoiar. Aos meus amigos, por me animarem a nunca desistir.
E agradeço a você que acreditou no meu potencial e
adquiriu esse livro.
Dedico esse livro a minha sobrinha Jennifer, que nasceu no exato dia que comecei a escrever essa estória...
Jenny, promessa feita, promessa cumprida.
Querido leitor,
Eu tenho por hábito, anotar toda e qualquer ideia que venha a minha cabeça. Algumas não passam de insanidades sem
propósito que ficam armazenadas no computador ocupando espaço até que um dia eu as apague.
Já outras amadurecem com o tempo e criam vida.
Assim foi com “Vida Após o Amor”.
De início o intitulei de “Incantato” e sabia que seria algo novo em minha vida de escritora. Acostumada a escrever sempre
em primeira pessoa e direcionada a outro público específico, suspeitava que esse projeto seria um grande desafio.
E realmente foi.
Desde a escolha dos nomes até a mudança em algumas
características principais de alguns personagens, todo o processo foi intenso, envolvente e desgastante.
Se a história ficou boa... Prefiro que você me diga.
Boa leitura.
Sumário
I - Bem vindo à Delighted 11
II - No limite 16
III - Coisas esquisitas 23
IV – Delírios 29
V – Ilhados 35
VI – Imprevistos 44
VII - A festa 50
VIII - O reencontro 58
IX - A fuga 66
X – Ciúmes 72
XI - Péssimo cupido 78
XII - Mudança de tática 85
XIII – Decisões 92
XIV - Uma noite de amor 97
XV – Decepções 103
XVI - Não me deixe 109
XVII – Inevitável 116
Hank 122
11
I Bem vindo à Delighted
“Uma hora!”
Inacreditável.
Inaceitável.
Uma perda de tempo e dinheiro.
A cada minuto o luxuoso jaguar preto se infiltra mais e mais
naquela realidade que Joseph conhece apenas de ouvir falar e lamentar.
Com os vidros fechados e protegidos pela película fumê, ele observa
tudo, as casas mal construídas e inacabadas, o comércio de mau gosto
abarrotado e duvidosamente funcional, carroças com animais
desnutridos, jovens sorrindo e vagabundeando... Agradece
silenciosamente por estar em um veículo totalmente à prova de bala.
O carro avança na velocidade espantosamente ridícula de menos
de 60 Km/h. Joseph riria, claro, ele é um homem de muito bom humor,
se não fosse pelos solavancos que sofre a cada buraco na estrada que
beira a inacessibilidade.
“Duas horas!”
Olha o relógio praguejando pela milésima vez, seu bom humor já
por um fio. Ouvindo buzinas estrondosas contempla mais um carro pré-
histórico que empareda seu jaguar. O motorista expressa todo seu
encantamento, Joseph sabe quão raro era um carro como o seu passar por
ali. Começa a pensar que deveria ter vindo mais bem preparado.
Culpa do Roger! Aquele bandido tinha a obrigação de explicar a
situação das estradas e a escassez da educação popular, poderia ter vindo
em seu Lincoln Black Wood ou com sua Harley Davidson, com certeza
chegaria mais rápido.
Até mesmo poderia ter acessado o helicóptero da empresa, mas o
havia cedido a Rachel... Um sorriso torto e malicioso surge em seus
lábios. A jovem modelo que conhecera há duas noites estava comendo
em sua mão. Pelos seus cálculos, em menos de 24 horas a teria em sua
cama. Isso, claro, se resolvesse logo seus problemas e saísse de uma vez
por todas aquela triste situação!
12
“Três horas!”
E o bom humor evapora-se...
- Martin! Você tem certeza que não se perdeu? Roger garantiu que
em menos de uma hora chegaríamos lá, e já faz três horas!
- Isso seria sem trânsito, senhor. Eu o avisei que seria melhor
virmos amanhã, esse horário de rush faz a gente perder muito tempo...
- Não posso deixar para amanhã Martin – ele não está disposto a
admitir seus planos luxuriosos reservados para aquele sábado - Se esse
cretino do prefeito continuar me enrolando, o prazo estipulado vai
estourar e a coisa toda vai feder.
Como presidente da Anteros Company, Joseph não precisa passar
por situações como aquela, na verdade, não precisa fazer mais nada na
vida. Sua empresa, que fora criada por seu bisavô Rufos Antero, já era
tão autossuficiente e bem sucedida que até poderia ter se aposentado com
seus, apenas, 29 anos.
Sempre amou seu trabalho e nunca viu sentido em ficar sem nada
a fazer, ocioso e negligente com seus próprios negócios. Assim, é o atual
presidente interino e cuida pessoalmente dos novos projetos e
oportunidades de expansão das fábricas.
Mas isso nunca o entediou, até agora. Nunca o fez lamentar de
não viver em luxo e conforto permanente, até agora. Nunca o fez desejar
despedir seu melhor amigo e vice-presidente, até agora...
- Estamos chegando senhor, mais 15 minutos e estaremos em
frente à prefeitura.
“Três horas e 15 minutos!” Se estivesse em seu helicóptero, seu
jatinho ou iate “Borderless” já teria ultrapassado fronteiras, avançado
incontáveis quilômetros, com certeza rumo a lugares bem mais
interessantes e companhias muito mais atraentes... Mas era hora de se
concentrar, Delighted é uma cidadezinha que, segundo Roger, tem tudo o
que precisam para a construção da sexta fábrica de produção e montagem
das bicicletas e acessórios da Anteros Company.
Apanha sua pasta com o contrato, autorizações e todas as
exigências necessárias para convencer os acionistas de que achara o lugar
perfeito, portanto, nenhum impedimento em começar as obras
13
necessárias imediatamente.
Às 17h20min da tarde de uma sexta feira no mês de maio do ano
de 2010, o carro de Joseph Antero, um milionário de 29 anos, loiro, alto,
musculoso, solteiro, arrogante, viajado, experiente em todos os aspectos
possíveis e, claro, ciente disso tudo, passa pelo arco de concreto que diz:
“SEJAM BEM VINDOS À DELIGHTED”
Joseph tem de admitir que a cidade não é nada do que havia
começado a imaginar. A cada sacolejo na estrada se perguntava o que
havia naquela pacata cidade que fizesse seu melhor amigo e de excelente
visão empresarial garantir não existir melhor lugar em todo o Estado para
a construção de sua nova fábrica.
Aos poucos, sente os sacolejos acabarem. A estrada a frente mais
parece um tapete, animado com tal mudança, observa as residências e se
surpreende com belas casas, embora de estilos indefinidos. Enquanto
uma é colonial, a do lado é de estilo mais moderno, a da frente tem
janelas e portas de aço, já outra toda em alumínio, mas muito bem
acabadas e bem cuidadas.
As calçadas, ruas e postes de iluminação bem feitos e distribuídos.
Logo, eles passam em direção ao pequeno centro e Joseph dá-se
conta de outras fábricas construídas e comércios relativamente grandes.
Rodeada de montanhas, a cidade assemelha-se a um vale, como a
sua adorada região serrana embora pequena e de difícil acesso.
Joseph passa bem enfrente a antiga fábrica de autopeças que está
abandonada e, para sua felicidade, à venda. É ali que planeja abrir, em
menos de dois meses, a nova fábrica de sua companhia.
Não pode acreditar nas dificuldades que aquele prefeito está
criando, afinal a cidade só tem a ganhar com essa negociação. Sempre
que apresentava uma proposta daquelas nas outras cidades onde desejava
construir suas fábricas, os prefeitos só faltavam beijar seus pés.
Quando foi notificado que o prefeito tinha dúvidas e pedira um
prazo para se decidir, ele jurara ser uma piada. Mais uma das
brincadeiras de seu vice-presidente gozador, mas quando exigira a
papelada já assinada para a tão importante reunião marcada para dentro
de dois dias, descobrira que a piada era na verdade um pesadelo. O que o
fez sair apressado de seu confortável escritório no coração da cidade e
enfrentar três horas de estradas intragáveis só para chamar de volta a
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razão esse louco prefeito, dando-lhe mais uma oportunidade para
perceber o erro de fazê-lo esperar e passar por momentos tão
desagradáveis.
- Sujeitinho mais amalucado e burro! Como pôde ter vencido as
eleições? Quem eram seus rivais políticos? O bode ou o jegue? Mesmo
assim, como o burro ganhou ainda é um mistério, mistério esse que vou
descobrir agora...
- Chegamos senhor, essa é a prefeitura de Delighted.
Martin estaciona no enorme pátio em frente ao pequeno edifício,
surpreendentemente moderno e bem desenhado da prefeitura de
Delighted. Situado em uma rua arborizada, com ladrilhos bem colocados
que de certa forma deixava a rua ainda mais charmosa.
Joseph sai do carro sentindo prazer e alívio ao esticar as longas
pernas, o fim do dia está quente, mas uma brisa reconfortante ameniza o
calor e garante uma agradável sensação de bem estar. Pede para Martin
esperar pronto para zarparem em menos de 20 minutos. Não aceita
perder mais tempo com esse assunto, mas descobre-se caminhando
lentamente, absorvendo daquela indefinível sensação, olhando as folhas
das árvores balançando, o sol entre nuvens brancas como algodão, o
incrível silêncio considerando que ali era o centro da cidade. Olhando
mais atentamente nota que carros passam constantemente, mas não
perturbam a ordem, não buzinam sem necessidade e até o ronco dos
motores parece estranhamente silencioso.
Há também pessoas passando, sorrindo e conversando de forma
calma, mães com crianças no colo, casais jovens de mãos dadas, idosos
sentados na pequena praça em frente ao edifício jogando o que parece ser
dama ou gamão.
“Outra dimensão, um filme antigo ou de terror onde todos são
abduzidos e vermes tomam seus corpos...”
Joseph balança a cabeça esboçando um sorriso, tem alguma coisa
nessa cidade que mexe com os nervos das pessoas, ou quem sabe com a
lucidez, considerando os atos do prefeito é bem possível.
Ainda rindo dos próprios devaneios, entra no grande salão
principal, onde uma solitária recepcionista o olha com cenho franzido.
- Posso ajudá-lo?
Reparando que a moça remexe em sua bolsa, Joseph sente um
comichão no estômago, olha em seu relógio, falta pouco para as 18h.