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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS V SPLE - SEMINÁRIO DE PESQUISA EM LETRAS 18 e 19 de outubro de 2007 COMISSÃO ORGANIZADORA Presidente: Maria Regina Pante Membros: Ana Cristina Jaeger Hintze Juliano Desiderato Antonio Lúcia Osana Zolin Vera Helena Gomes Wielewicki Acadêmicos de Pós-graduação: Larissa Minuesa Pontes Marega Marcela Dias Pinto Técnico Administrativo: Andréa Regina Previati

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

V SPLE - SEMINÁRIO DE PESQUISA EM LETRAS

18 e 19 de outubro de 2007

COMISSÃO ORGANIZADORA Presidente: Maria Regina Pante Membros: Ana Cristina Jaeger Hintze Juliano Desiderato Antonio Lúcia Osana Zolin Vera Helena Gomes Wielewicki Acadêmicos de Pós-graduação: Larissa Minuesa Pontes Marega Marcela Dias Pinto Técnico Administrativo: Andréa Regina Previati

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CADERNO DE RESUMOS

ÍNDICE

RESUMOS DAS DEFESAS ....................................................... 03 RESUMOS DOS PROJETOS .................................................... 10 * Os resumos publicados neste CD são de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).

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RESUMOS DAS DEFESAS

TEMPO E ESPAÇO: A GRAMATICALIZAÇÃO DO ITEM ONDE EM TEXTOS RELIGIOSOS (SÉCULOS XIV, XVI E XXI)

Adriana dos Santos SOUZA Orientadora: Profa. Dra. Maria Regina PANTE

A presente pesquisa busca observar a mudança lingüística por que passa o item onde ao assumir valores não-preconizados pela gramática tradicional (nocional, condicional, explicativo, temporal) e que, no entanto, são registrados frequentemente, tanto na oralidade quanto na escrita. Dentre esses “ab-usos” da partícula, investigamos aquele que denota tempo, ao longo de diversos gêneros textuais, orais e escritos, de temática religioso-católica, produzidos nos séculos XIV, XVI e XXI, a fim de confirmar que esse emprego não se configura como inovação lingüística do atual falante do Português, mas compreende um processo de mudança, observado já no período arcaico de nosso idioma. A análise se desenvolve a partir de estudos sobre a gramaticalização, que visa identificar o caminho de mudança percorrido pelas formas, do léxico à gramática. O trabalho contempla também discussões acerca dos advérbios, classe em que, etimologicamente, insere-se o elemento pesquisado e que abriga, sob essa denominação, uma variedade de palavras distintas morfo, semântica e sintaticamente entre si. Abordamos alguns pontos referentes à Igreja Católica e às marcas do discurso religioso por nos debruçarmos sobre material de cunho religioso. Destacamos ainda a expressão lingüística de tempo com base na conceituação de espaço. Pesquisamos, ao lado do sentido temporal, casos de anáforas locativas do item, destacando a possibilidade de variação entre ele e um sintagma preposicionado quando há retomada de entidades geográficas: (Seus oito mil habitantes espalham-se pela serra da Mantiqueira, um lugar de incrível beleza, onde parece que se está tocando as nuvens). Selecionamos, dessa forma, dois tipos de ocorrências (temporais e locativas) nas três sincronias e analisamo-nas separadamente. Por fim, confrontamos os dados oriundos das três sincronias e demonstramos indícios do processo de gramaticalização que o onde vem sofrendo diacronicamente, uma vez que o advérbio tem sido empregado como conjunção temporal, introduzindo orações subordinadas adverbiais. Nesse sentido, é utilizado como conectivo e refere-se ao momento em que determinadas ações, contrárias aos preceitos evangelizadores, foram realizadas. Em alguns contextos, é pronome relativo desempenhando função de adjunto adverbial de tempo por retomar vocábulos que expressam período ou tempo (noite, natal, ano).

PALAVRAS-CHAVE: Onde. Gramaticalização. Valor temporal. Texto religioso. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos LINHA DE PESQUISA DA DISSERTAÇÃO: Descrição Lingüística

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A PALAVRA-IMAGEM EM POEMAS DE EUGÊNIO DE ANDRADE: UMA LEITURA DOS ELEMENTOS MÍTICOS: O FOGO, A ÁGUA, O AR E A TERRA COMO PRODUÇÃO DE

SENTIDO Amanda Aparecida Rodrigueiro MANTOVANI

Orientadora: Profa. Dra. Clarice Zamonaro CORTEZ O presente estudo objetiva estabelecer uma leitura da obra poética de Eugênio de Andrade, poeta português contemporâneo, observando-se os elementos naturais: o fogo, a água, o ar e a terra e sua relação com o homem, principal eixo temático configurado pelo poder imagético da sua linguagem e dos recursos poéticos presentes na sua obra. Sob a perspectiva da recepção, produção de sentido e do efeito causados pela linguagem imagética, a escolha da poesia de Eugênio de Andrade justifica-se pelo lirismo profundo que canta a vida em sua plenitude e harmonia, bem como o homem por meio dos quatro elementos: a água, a terra, o ar e o fogo. O corpus da pesquisa compõe-se da seleção organizada por Arnaldo Saraiva, intitulada Poemas de Eugénio de Andrade (1999). A proposta também contempla a correlação de alguns poemas (mais significativos quanto à temática elementar) com telas de pintores dos séculos XIX e XX, observando-se as possíveis correspondências entre o texto escrito e o plástico. Para a realização da pesquisa, num primeiro momento, fez-se necessária uma investigação bibliográfica, visando discutir conceitos importantes que envolvem o estudo em questão, como por exemplo, as teorias que explicam o papel do leitor na construção da leitura (teoria da recepção e do efeito), segundo Hans Robert Jauss e Wolfang Iser. Quanto à construção poético-lingüística, foram estudados conceitos da retórica e da estilística, conforme Reboul, Dante Tringali e Nilce Martins Sant’Anna, além de discussões acerca da imagem produzida pela palavra, sob a visão de alguns autores, como Manguel, Walty, Ferrara, entre outros. Diante dos estudos realizados e discussões feitas acerca da poesia de Eugênio de Andrade observa-se que é pela linguagem, permeada de imagens, evocadas pelos movimentos metafóricos, que o homem consegue ver-se e ter-se na sua realidade mais autêntica, tendo a possibilidade de ser ele mesmo. Nesse sentido, seus poemas presentificam uma visão da dimensão profunda do homem diante da vida e da morte, por meio de imagens elementares suscitadas pela palavra poética: integradora do humano (elementos concretos – natureza física) com o transcendente (a vida/morte: a existência humana, que está além do físico e é reencontrada a partir da palavra). A poética eugeniana traduzida por uma linguagem densa, despojada e altamente sugestiva de imagens, remete o leitor à natureza luminosa que envolve o homem em toda a sua existência. PALAVRAS-CHAVE: Elementos naturais – Poesia-Imagem – Eugênio de Andrade – Recepção de Leitura/Produção de sentido. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários. LINHA DE PESQUISA: Teorias críticas e história.

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ENTRE RELATOS E REGISTROS: A DISCURSIVIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONJUGAL NA DELEGACIA DA MULHER DE MARINGÁ

Ana Paula PERON Orientador: Prof. Dr. Edson Carlos ROMUALDO

As Delegacias da Mulher figuram atualmente em um contexto de busca a uma vida sem violências. Nesse contexto, quando as mulheres comparecem à instituição, o primeiro procedimento é o registro do boletim de ocorrência, cuja finalidade jurídica é noticiar à autoridade policial um fato aparentemente criminoso. Longe de ser apenas materialização escrita dos relatos das mulheres, esse documento obedece a certos padrões do campo jurídico, do qual a instituição é um instrumento. Em decorrência desse fato, nossa proposta é refletir sobre o processo discursivo instaurado na Delegacia da Mulher de Maringá, na elaboração dos registros referentes à violência conjugal, observando, em suas regularidades, como se dá a produção dos efeitos de sentido oriundos tanto dos relatos das mulheres agredidas e dos diálogos travados na instância policial quanto dos registros efetivados ali. Para tanto, nosso corpus compreende boletins de ocorrência e relatos gravados, com autorização escrita das mulheres, durante os registros. No âmbito da Análise de Discurso de linha francesa, abordamos inicialmente os discursos e os percursos da violência contra a mulher e da criação da Delegacia Especializada, situando tal política de combate à violência no cruzamento das repercussões originadas não apenas pelas mobilizações dos movimentos feministas, mas também por questões sociais, políticas e econômicas que clamavam a urgência de uma intervenção institucional para o problema. Em seguida, tratamos do modo como as situações de violência se tornam discurso por meio da padronização institucional dos registros. Nesse ponto, observamos que, mesmo propenso aos deslizes e aos equívocos constitutivos de todo ritual, os boletins de ocorrência materializam apenas os dados considerados pertinentes à caracterização jurídica de cada fato, em virtude das fortes determinações ideológicas que perpassam a Delegacia, produzindo efeitos de sentidos homogeneizantes para os relatos das mulheres agredidas e/ou ameaçadas por seus homens. Finalmente, procuramos descrever as imagens diferenciadas que discursivamente são construídas sobre a conjugalidade e a violência, a partir dos lugares sócio-discursivos ocupados pela mulher que relata e pela policial que realiza o registro dessas ocorrências. No processo de discursivizar a violência conjugal, verificamos que se, para a mulher, a conjugalidade não prescinde de “papéis” e a violência é tudo aquilo que nega os valores e os ideais de um casamento, para a polícia, tanto esse relacionamento quanto a violência são categorias passíveis de descrição em termos objetivos, técnicos e pontuais. A importância de lançarmos o olhar sobre esse discurso institucional reside no fato de que é por meio dele que (também) se constituem os sentidos que, gradativamente, vão compondo, em um contexto específico, o histórico da violência contra a mulher no relacionamento conjugal. Violência que constitui, ainda hoje, um espaço de lutas e de reivindicações. PALAVRAS-CHAVE: discurso institucional, boletins de ocorrência, violência contra a mulher. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos lingüísticos LINHA DE PESQUISA: Estudos do texto e do discurso

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O CÂNONE EM MOVIMENTO: UM ESTUDO DA LEITURA DE TEXTOS CANÔNICOS ADAPTADOS EM LIVRO DIDÁTICO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Beatriz Pinheiro ARRAES Orientadora: Profa. Dra. Vera Helena Gomes WIELEWICKI

Este estudo de caso propõe-se a examinar como os clássicos da literatura universal são trabalhados em uma escola de Ensino Fundamental, de modo a discutir a conceitualização de leitura canônica e os meios de circulação dessa leitura. Para tanto, foi efetuada a análise do material didático da escola da rede privada de Presidente Prudente, São Paulo, especificamente da área de Português da quarta série do Ensino Fundamental, verificando a abordagem dada aos textos canônicos assim como as atividades propostas. A releitura dessas obras é analisada considerando que elas trazem novas possibilidades de leitura. No que se refere à atividade tradutória, sempre houve controvérsias a respeito da proximidade entre o texto de partida e o de chegada, entre o que fora dito numa primeira língua e o que passou a ser dito em outra. Nesse sentido, as traduções e adaptações dos textos canônicos são entendidas como ressignificações, como um processo complexo e dinâmico que atualiza um discurso permanente e auxilia o jovem leitor a entrar em contato com a essência de tais obras. Dessa forma, foram averiguados os tipos de práticas e vivências literárias ofertadas aos alunos e como colaboram na formação de diferentes discursos que se materializam no cotidiano, na linguagem, na cultura e no lugar em que ocupam. Partindo da premissa de que a mediação é fundamental para o desenvolvimento deste processo de leitura, foi observada a relação professor-texto. O fato das professoras não questionarem nem a literatura canônica, com seus usos históricos, nem a postura metodológica apresentada pela escola e pelo material didático deixa claro que não se observa uma problematização da leitura em sala de aula. A formação educacional das professoras é um exemplo de como tais textos foram transformados em práticas que se conjugaram na consolidação de um conceito redutor e restrito, reduzindo o cânone em um projeto educativo muito diferente daquele que hoje se propõe. Mediante a análise do caderno de registros dos alunos, verificou-se a abordagem dada em sala de aula e em que medida propiciou a produção de significados dos estudantes. O fato dos alunos produzirem vários tipos de texto abriu o leque de possibilidades interpretativas que se expressaram por meio da produção desses mesmos textos. A aplicação desse critério como forma de atividade culminou não só num aprendizado, mas também colaborou para que o aluno pudesse atuar na sua própria produção de significado. Assim, coube no presente trabalho verificar como se deu a construção de um repertório acerca das produções literárias canônicas e a sua importância na formação do indivíduo em geral. PALAVRAS–CHAVE: Formação do leitor. Cânone literário. Adaptações. Ensino. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários LINHA DE PESQUISA: Literatura e Ensino

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A FORMAÇÃO DO CONCEITO DE GÊNERO DOS SUBSTANTIVOS ENTRE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UM PROCESSO DE TOMADA DE CONSCIÊNCIA

Fabiana Poças BIONDO Orientador: Prof. Dr. Edson Carlos ROMUALDO

A categoria gramatical de gênero caracteriza-se, de modo geral, pela divisão dos nomes em classes. Na língua portuguesa os nomes estão agrupados, quanto ao gênero, na dicotomia masculino/feminino, porém há uma tendência a se pensar em gênero por meio da diferença entre o sexo masculino e o sexo feminino, idéia frágil e parcial que resulta em confusão conceitual. Se, por um lado, aos profissionais profundamente envolvidos com as questões lingüísticas tais complexidades parecem óbvias, a uma outra parcela (aliás, a maior delas) de nossa sociedade elas parecem não existir, e a categoria em questão, na maioria das vezes, costuma ser pensada de maneira bastante simples, porém incoerente. Essa contradição, aliada à importância da intervenção escolar no processo de tomada de consciência que permite a compreensão adequada de um conceito, nos levou ao ponto cêntrico do presente trabalho, que fora observar, junto ao ensino, e com o apoio teórico dessa área, como o gênero gramatical é compreendido por alunos do Ensino Fundamental. Para tanto, realizamos, por meio da abordagem quantitativo-qualitativa, uma reflexão a respeito da categoria de gênero, da aprendizagem conceitual e da tomada de consciência, bem como um trabalho de caráter empírico no qual investigamos o conceito de gênero dos alunos respaldando-nos, ainda, na perspectiva da formação e modificação de conceitos aliada à Epistemologia e Psicologia Genética de Jean Piaget. Ao testar a hipótese de mudança conceitual sobre o gênero gramatical, expressa pela tomada de consciência, verificamos que não vem se efetivando uma mudança conceitual significativa durante o processo de escolarização, ou seja, interséries. Mostra-se necessário, portanto, que o ensino de língua portuguesa, e mais especificamente o ensino de gramática, promova a reflexão e a compreensão que, em tese, tornariam possível a tomada de consciência na diferenciação dos conceitos de gênero gramatical e gênero biológico, ponto investigado nesse estudo. Em oposição a essa expectativa, os resultados desta pesquisa oferecem um exemplo significativo de uma situação na qual a tomada de consciência e a conceituação que ela supõe encontram-se deformadas. Nosso corpus, a exemplo do corpus analisado por Jean Piaget nas duas obras clássicas de sua literatura, A tomada de consciência e Fazer e compreender, revela que os alunos, ao lidarem com o conceito de gênero gramatical, embora em grande parte das vezes consigam identificá-lo, não conseguem explicar como o fizeram, demonstrando que a ação não garante a conceituação, pois esta depende, essencialmente, da transformação conceitual obtida por meio da tomada de consciência. Ao passo que a tomada de consciência conceituada torna-se válida quando se pode apoiar numa coordenação das próprias ações por meio de abstração refletidora que permite chegar à consciência, o problema que lançamos para futuras reflexões consiste em compreender por que a tomada de consciência é tão tardia no processo de aprendizagem escolar, ocorrendo, em alguns casos, apenas a partir da 8ª série, e, em outros (aliás, na grande maioria deles), em momento não observado no que diz respeito ao contexto do ensino fundamental. PALAVRAS-CHAVE: categoria de gênero; tomada de consciência; Ensino Fundamental. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos LINHA DE PESQUISA: Ensino/aprendizagem de línguas

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O ENSINO DE GRAMÁTICA NO CURSO DE LETRAS: DIAGNÓSTICO DE UMA REALIDADE

Silvia Regina EMILIANO Orientadora: Profa. Dra. Marilurdes ZANINI

No âmbito das discussões sobre o ensino de língua materna, especialmente no que se refere ao tratamento dispensado à gramática na educação fundamental e média, encontrei o caminho para desenvolver esta pesquisa que surgiu de uma necessidade de contribuir com reflexões que busquem a contemplação de aporte para o ensino-aprendizagem de língua materna e a formação de seus professores, no ensino superior, em especial no que diz respeito à gramática. A pesquisa que realizei, quando aluna do curso de Letras, em um projeto de Iniciação Científica e a atuação como professoranda em outro revelavam um descompasso entre a minha prática e a teoria recebida nas leituras realizadas. Ancorada na Lingüística Aplicada, escolhi diagnosticar o ensino de gramática no Curso de Letras da Universidade Estadual de Maringá e seus reflexos na prática pedagógica das professorandas. Esta pesquisa é de base qualitativo-interpretativa e realizada no Curso de Letras nos anos letivos de 2004/2005. O diagnóstico ocorre por meio de observação e relato de aulas das disciplinas que envolvem o ensino da gramática, prática de ensino e regência das professorandas. Além desses, são analisados o Projeto Político Pedagógico do Curso e algumas ementas. Os resultados evidenciam que o Curso não possui uma concepção de ensino de gramática definida. Sua abordagem é feita sob duas perspectivas predominantes de linguagem: a tradicional e a interacionista/funcionalista. As professorandas refletem a mesma postura de ensino frente aos conteúdos trabalhados na regência. A pesquisa está vinculada ao Grupo de Pesquisa “Interação e escrita no ensino e aprendizagem” (UEM/CNPq) e ao Projeto de Pesquisa “A escrita e o professor: interações no ensino e aprendizagem de línguas” (UEM). PALAVRAS-CHAVE: ensino de gramática; ensino superior; formação de professor. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos. LINHA DE PESQUISA: Ensino-aprendizagem de línguas.

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AS REGULARIDADES DISCURSIVAS DE SUJEITOS POLÍTICOS NO HORÁRIO GRATUITO DE PROPAGANDA ELEITORAL (HGPE/TV), NAS ELEIÇÕES/2004 DE

MARINGÁ Vera Lucia da SILVA

Orientadora: Profa. Dra. Maria Célia Cortez PASSETTI Neste trabalho refletimos sobre a questão da nova configuração do campo discursivo político na sociedade contemporânea ambientada pela mídia, dada a necessidade de compreensão das transformações pelas quais vêm passando este tipo de discurso e de como os sujeitos políticos enunciam a partir desses lugares discursivos. Ao operar com a problemática de quais regularidades discursivas foram apresentadas pelos dois sujeitos políticos: João Ivo Caleffi do Partido dos Trabalhadores (JIC/PT) e Silvio Barros do Partido Progressista (SB/PP) que disputaram a reta final da eleição maringaense para prefeito, procuramos descrever os efeitos de sentido produzidos por seus discursos que orientaram, respectivamente, para a derrota e para a vitória dos candidatos. Para compreender as condições de produção em que se deram os resultados nas urnas, priorizamos recortes discursivos do horário gratuito de propaganda eleitoral na televisão (HGPE/TV), por ser o gênero discursivo-midiático de maior impacto e relevância em uma campanha eleitoral. Foram selecionados, gravados e transcritos os programas eleitorais da última semana do segundo turno, fase decisiva para a conquista dos votos. A análise foi feita sob dois dispositivos teóricos: o da linha da comunicação político-midiática com Rubim, Gomes e Weber e o da discursiva com Maingueneau, Pêcheux e Orlandi, entre outros. Como resultado da nossa pesquisa, salientamos que o candidato derrotado JIC/PT sofreu as coerções da formação ideológica socialista a que se filiam seu partido e seu governo, reproduzindo, no HGPE/TV, os mesmos lugares discursivos coletivos, bem como se mostrando atrelado às concepções clássicas do discurso político tradicional calcado na retórica informativa e racional. Por outro lado, o candidato vitorioso SB/PP mostrou-se rendido às coerções do marketing eleitoral, produzindo cenas interativas individualizadas de grande efeito persuasivo, obtido pelo processo de identificação com o eleitor maringaense e reforçado por relações interdiscursivas com os campos religiosos, esportivo e tradicional/familiar que contribuíram para fixar uma imagem de candidato competente e experiente para o cargo de prefeito. Com a análise do discurso dos candidatos procuramos explicar o resultado final das urnas, uma vez que a campanha eleitoral envolve uma rede complexa de fatores que o determinam e, por isso, pudemos apontar alguns dos principais eixos semânticos do processo argumentativo-persuasivo de busca do voto. PALAVRAS-CHAVE: discurso, mídia, política. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Linguísticos LINHA DE PESQUISA: Estudos do texto e do discurso

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RESUMOS DOS PROJETOS

A CONSTRUÇÃO DO IMAGINÁRIO DO CONHECIMENTO NO DISCURSO INDÍGENA KAINGÁNG: LÍNGUA, MEMÓRIA E PROCESSOS DE IDENTIFICAÇÃO

Adriana Aparecida Vaz da COSTA Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida HONÓRIO

Desde o chamado “descobrimento”, concebido como um acontecimento histórico que funda uma nova forma de organização social no Brasil, o índio não pode mais ser “interpretado” como aquele vive isolado de outras formas de sociedade, pois suas condições materiais de existência, após a experiência do contato, se transformaram. Desse modo, é preciso pensar as novas relações de contato, como condições de produção circunscrevendo o índio em outras relações de significação, tais como as práticas de inclusão da diversidade que ocorrem na nossa atual sociedade. No Paraná, foi criada, em 2001, uma política de ação afirmativa para a inclusão dos povos indígenas nas universidades Estaduais por meio da aprovação pela Assembléia Legislativa do Paraná da lei 13.134. Lei esta que instituiu três vagas suplementares (hoje seis) em cada uma das universidades estaduais serem para serem disputadas entre índios integrantes de sociedades indígenas do Paraná. Para normatização desta lei foi criado o Vestibular Específico Interinstitucional dos Povos Indígenas do Paraná como modo de se promover a inclusão desses povos indígenas. A partir de um convênio realizado entre as universidades estaduais e a SETI (Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior), em 2005, a Universidade Federal do Paraná (UFPr) passou a fazer parte do processo de seleção do vestibular específico oferecendo cinco vagas para serem disputadas entre os índios do Brasil. Após a adesão da Universidade Federal do Paraná a essa política de inclusão, estudantes indígenas de todo Brasil puderam participar do vestibular, sendo que aqueles residentes fora deste estado passam a concorrer às vagas reservadas pela Universidade Federal do Paraná. Este novo modo de inclusão cria então um novo modo de designação, e, a partir de 2005, o vestibular indígena passa a ser designado de Vestibular Específico Interinstitucional dos Povos Indígenas no Paraná. Dentro desse quadro e considerando a relevância desse acontecimento para a sociedade, buscamos compreender este processo de inclusão dos povos indígenas na universidade, produzindo gestos de interpretação a partir do discurso indígena sobre o conhecimento. Para tanto, selecionamos para a constituição do nosso corpus de análise as redações produzidas no contexto do IV Vestibular dos povos indígenas no Paraná 2005, que trouxe o conhecimento como proposta temática para a Prova de Redação. Concebendo essa escrita como espaço discursivo em que sujeitos e sentidos se constituem, questionamos: Qual imaginário de conhecimento é construído no discurso indígena Kaingang? Como, a partir das condições de produção que instauram esses discursos, sujeitos e sentidos se constituem? Preocupados com as políticas que pensam a inclusão dos povos denominados minoritários, nosso trabalho pretende contribuir com as reflexões sobre essa inclusão, uma vez que este tema apresenta-se como um dos problemas sociais e culturais polêmicos na atual conjuntura sócio-histórica. Do ponto de vista do ensino, consideramos a necessidade, abordada nos PCN, em discutir o Brasil como um todo em relação às diferenças que aqui convivem, da perspectiva discursiva, pensamos a problemática das identidades no âmbito das relações de poder . A partir do que foi exposto acima, nosso dispositivo metodológico face ao nosso corpus e nossa pergunta de pesquisa constitui-se em: compreender o processo de construção de políticas de inclusão da diversidade na conjuntura atual, através da análise da discursivização dessa diversidade em nossa sociedade; análise do imaginário de conhecimento que aparece nas redações dos candidatos ao Vestibular tendo em vista explicitar as redes de memória que são convocadas na constituição dos discursos sobre o conhecimento; explicitação de lugares de identificação do sujeito em relação às imagens de conhecimento construídas nesses discursos. Tendo

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em vista o estágio no qual nossa pesquisa se encontra, chegamos a alguns resultados parciais: a) o modo como as políticas de inclusão promovem suas práticas mobiliza os sujeitos a se (re)organizarem, identitariamente, a partir da relação tensa entre um espaço mais local (o Paraná) e um espaço mais geral ( o Brasil), que é também um modo pelo qual o sujeito é interpelado a se identificar; b) um dos imaginários do que seja conhecimento parece se materializar pela metáfora da luta; sentido organizado pela presença de uma rede parafrástica que tem como eixo a relação conhecimento/arma; c) o sujeito-índio constrói seu dizer a partir da instauração da memória de contato entre eles e o ocidente. PALAVRAS-CHAVE: DISCURSO, CONHECIMENTO, SUJEITO, IDENTIFICAÇÃO. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ESTUDOS LINGÜÍSTICOS LINHA DE PESQUISA DA DISSERTAÇÃO: TEXTO E DISCURSO

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AMORAS SEM ESPINHOS: O RECURSO DA ADAPTAÇÃO EM FÁBULAS DE MONTEIRO LOBATO

Adriana Paula dos Santos SILVA Orientadora: Profa. Dra. Vera Helena Gomes WIELEWICK

A pesquisa tem por objetivo analisar a obra infantil do escritor Monteiro Lobato (1882 – 1948), identificando a recorrência a textos clássicos, folclóricos, mitológicos e históricos na sua constituição. Desse modo, torna-se fundamental para a pesquisa o acompanhamento da reestruturação de textos já existentes para a constituição de um novo texto. O livro Fábulas (1922) de Lobato será o ponto de partida para a discussão teórica que se iniciará abordando o uso da adaptação e tradução literárias na composição do texto literário. A análise busca perceber a influência que textos fontes e o conhecimento dessas fontes, pulverizadas no ideário popular, podem refletir na recepção do novo texto. Desse modo, para observar a leitura propriamente dita, elegeu-se uma instituição de Ensino Fundamental, pertencente à rede particular de uma cidade de médio porte, do estado do Paraná, escolhida por realizar, durante o primeiro semestre letivo de 2006, um estudo interdisciplinar com a obra lobatiana. As linhas de estudo, organizadas por série, foram observadas, embora para a dissertação o interesse esteja direcionado para a abordagem realizada em uma das turmas de segunda série, cuja preocupação se pautou no processo de leitura e (re)escrita das fábulas de Lobato. Neste sentido, o debate suscitado reside em observar se a adaptação de textos já conhecidos influencia a leitura do novo texto e se tais recursos auxiliam o leitor em formação na construção de significados durante a leitura. Tendo conhecimento se tal ocorrência acontece ou não no âmbito de leitura, a próxima etapa consiste em analisar a recepção do objeto selecionado. O processo de recepção do texto literário será analisado à luz da Estética da Recepção que tem em JAUSS (1994) o eixo organizacional da teoria. Após a organização das bases de sustentação teórica da dissertação, o trabalho passará para a fase de análise. Nesta etapa, será observado se a leitura realizada pelas crianças permite, através das marcas da recepção de cada leitor, a influência ou não, da circulação anterior dos referenciais literários retomados na produção lobatiana. Para que a pesquisa acadêmica se desenvolva será adotada, como método de abordagem, a perspectiva analítica reflexiva buscando compreender os mecanismos que acarretaram os resultados obtidos. Em conclusões preliminares apóia-se na afirmação de Stierle (1979) de que o meio social do qual o leitor faz parte é muito importante, pois o texto torna-se acontecimento literário, quando o leitor promove o diálogo entre as obras anteriores e seus conhecimentos prévios, que dialogam com a atual, pulverizando em seu meio conhecimentos múltiplos que servem de parâmetro para a decodificação do texto em questão. Assim sendo, é possível, tendo como base os conceitos da Estética da Recepção, delinear o horizonte de expectativas de crianças pertencentes à mesma classe social e inseridas em determinado espaço comum. Tal quadro se materializa em normas literárias, concepções de mundo presentes nas narrativas infantis, que reproduzidas nas fábulas lobatianas se refletem nas leituras de cada criança. Isso se dá uma vez que uma das tarefas da teoria recepcional, em conformidade com Zilberman (1989), é a reconstrução do horizonte de expectativas, cujo objetivo é explicitar a relação da obra literária com o público leitor. PALAVRAS-CHAVE: Obra infantil de Monteiro Lobato, adaptação e tradução literárias, estética da recepção. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos literários LINHA DE PESQUISA DA DISSERTAÇÃO: Literatura e Formação do Leitor

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AS MODALIDADES EM TRANSMISSÕES TELEJORNALÍSTICAS AO VIVO Aline Ramires Moraes MATSUMOTO

Orientador: Prof. Dr. Edson Carlos ROMUALDO

Na ocorrência de fatos inusitados ou de extrema relevância, o jornalismo está sempre presente para registrá-los. No caso do jornalismo televisivo, esses acontecimentos geralmente são veiculados ao vivo, algumas vezes em uma transmissão ininterrupta e de extensa duração, em que os jornalistas têm que formular suas falas enquanto os fatos acontecem. Observando este tipo de texto falado, notamos que os jornalistas utilizam, intencionalmente e freqüentemente, modalizadores do discurso, que são elementos lingüísticos empregados para marcar o posicionamento que os falantes assumem diante dos enunciados que produzem e diante de seus interlocutores. Desse modo, este projeto de pesquisa tem como objetivo examinar a manifestação das modalidades epistêmica e deôntica e seus efeitos comunicativos, segundo uma perspectiva pragmática, em transmissões telejornalísticas transmitidas ao vivo de extensa duração, quais sejam: o seqüestro do empresário Sílvio Santos, o atentado terrorista ao World Trade Center e a guerra do Iraque, todas veiculadas pela emissora Rede Globo de Televisão. A metodologia utilizada nesta pesquisa será a análise quantitativo-qualitativa das coberturas telejornalísticas, considerando-se as condições de produção destes textos, seus falantes e ouvintes. O estudo realizado até o momento revelou, em nosso corpus, um número reduzido de realizações deônticas em contraste com uma alta freqüência de enunciados epistemicamente modalizados. Analisando a transcrição das três coberturas telejornalísticas ao vivo, encontramos poucos casos em que os enunciados epistêmicos expressam o absolutamente certo, prevalecendo modalizações situadas nos graus do possível. Estes resultados obtidos nos levam a concluir que, em coberturas telejornalísticas ao vivo de longa duração, os jornalistas modalizam freqüentemente seus enunciados nos graus do possível justamente porque eles se vêem obrigados a construir suas falas e transmitir as informações juntamente com a ocorrência dos fatos. Assim, as informações veiculadas pelos jornalistas passam pelo conhecimento que estes têm sobre o acontecimento e, ora eles têm a confirmação da veracidade dos fatos que transmitem e modalizam seus enunciados no extremo da certeza, ora eles não a têm, o que os leva a apresentar muitos enunciados com marcas de imprecisão. A manifestação consideravelmente baixa da modalidade deôntica em nosso corpus explica-se pelo fato de que, neste tipo de texto jornalístico, o papel do jornalista não é expor uma conduta ou emitir um juízo sobre algo, dizendo se é obrigatório, proibido ou permitido, função da modalidade deôntica. O estudo sobre os modalizadores em transmissões telejornalísticas ao vivo é relevante não só para a academia, mas para a sociedade como um todo, pois o telespectador tem a possibilidade de entender como os jornalistas constroem seus enunciados, como eles revelam suas intenções e seu posicionamento. O conhecimento de alguns mecanismos utilizados pelos repórteres na busca da persuasão e da audiência permite ao telespectador uma leitura mais crítica deste tipo de texto jornalístico. Além disso, pretendemos realizar um estudo mais profundo sobre o processo de construção e transmissão de coberturas ao vivo de longa duração, pois parece não haver registros desse tipo de estudo no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Transmissões telejornalísticas ao vivo; modalidades; efeito comunicativo. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos. LINHA DE PESQUISA DA DISSERTAÇÃO: Estudos do Texto e do Discurso.

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OFICINA DE LEITURA E A FORMAÇÃO DO LEITOR: A RECEPÇÃO DO TEXTO LITERÁRIO POR ADOLESCENTES DE UMA INSTITUIÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL DO

NOROESTE DO PR Andréia Cristina CRUZ

Orientadora: Profa. Dra. Rosa Maria Graciotto SILVA Mais de um terço da população brasileira, atualmente, tem menos de dezoito anos de idade. De acordo com o último relatório da situação da criança e do adolescente, divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em agosto de 2007, cerca de 75% dessas crianças e adolescentes apresentam condições mínimas de sobrevivência. O mesmo relatório aponta para os riscos e problemas que os mesmos enfrentam, entre eles, trabalho infantil, evasão escolar, marginalidade, drogas, prostituição, violência e mortalidade. Com isso, surgem muitas organizações não-governamentais (ONGs) que tentam contribuir, de alguma forma, com a melhoria de vida desses jovens. De acordo com dados da Secretaria Nacional de Assistência Social, existem, hoje, no Brasil, devidamente cadastradas e documentadas, cerca de vinte mil ONGs que atendem, aproximadamente, nove milhões de jovens. A constatação de que pouco se tem estudado sobre a leitura nestas instituições, instigou-nos a pesquisa em uma entidade não-governamental, situada no noroeste do Paraná, que apresenta como missão a promoção do ser humano, tendo a leitura, como uma de suas estratégias. Sabemos que para formar um indivíduo leitor, atualmente, é necessário empenho e organização de diferentes instâncias sociais. Dessa forma, justificamos nossa pesquisa pela necessidade e importância de se refletir e diagnosticar as práticas de leitura desenvolvidas por esta ONG. Escolhemos como percurso metodológico, uma pesquisa qualitativa de cunho etnográfico e de natureza aplicada. Temos como objetivo investigar a recepção de textos literários por adolescentes, entre onze e treze anos, atendidos pela entidade. Para isso, optamos pela realização de uma oficina de leitura, de acordo com as etapas do método recepcional, desenvolvido por Bordini e Aguiar (1993), a partir de pressupostos da Estética da Recepção. A primeira etapa do método consiste em determinar os horizontes de expectativas, procurando obter dados a respeito do leitor, entre estes, faixa etária, grau de escolaridade, situação sócio-econômica-cultural, história de leitura, anseios de leitura e, principalmente, as preferências em relação ao gênero, ao tema, ao autor. De posse dessas informações, o mediador propõe práticas de leitura que, primeiramente, atenda aos horizontes. Posteriormente, é necessário romper com os mesmos, questioná-los, para, então, ampliá-los. Nossa pesquisa está em desenvolvimento, mas já é possível identificar alguns dados relevantes em relação aos horizontes de expectativas dos leitores adolescentes da instituição, como a preferência por textos, cujo tema seja o terror ou o humor. Outra característica marcante é a preferência por poesia e história em quadrinhos. Por outro lado, ao investigarmos a relação com a leitura e a história de leitura desses adolescentes, identificamos algumas lacunas em relação ao trabalho com a leitura, tanto por parte da escola de ensino regular, quanto pela própria entidade não-governamental. Assim, além da proposta de uma alternativa metodológica para incentivar e despertar o gosto pela leitura, esperamos que os resultados da pesquisa possam contribuir com o desenvolvimento de práticas de leitura do texto literário, empreendidas por instituições de ensino. PALAVRAS-CHAVE: Formação do Leitor, Oficina de Leitura, Instituição não-governamental. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários. LINHA DE PESQUISA: Literatura e a formação do leitor.

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O PROCESSO DE SUBJETIFICAÇÃO DAS PERSONAGENS FEMININAS EM DESONRA (1999), DE J. M. COETZEE

Ângela Aparecida Gonçalves OLIVEIRA Orientador: Prof. Dr. Thomas BONNICI

Analisa-se no romance Desonra (1999), o processo de subjetificação das personagens femininas Soraya, Melanie e Lucy no contexto da política pós-apartheid na África do Sul e da pretensão masculina, através dos respectivos episódios em que estão veiculadas. A pesquisa investiga as estratégias de revide da mulher que se afirma enquanto sujeito numa sociedade erigida e consolidada sobre os valores da cultura patriarcal e colonial. O romance revela a luta de grupos outrora dominantes que tentam encarar um mundo em profundas transformações na África do Sul que há pouco superou a política de apartheid e suas conseqüências com sua longa história de exploração e ressentimento explosivo. A inversão dos valores morais na era pós-apartheid constitui a principal dificuldade para o homem branco assimilar, visto que a nova política está voltada para o resgate da identidade do negro, o qual, aos poucos, recupera seus direitos e sua posição de sujeito. Há, portanto, uma inversão dos papéis sociais, onde no novo contexto, o negro é quem representa a autoridade no país sul-africano. Tem-se ainda, a resistência da mulher contra a situação patriarcal representada por David Lurie e a problemática envolvendo Lucy. Na condição de mulher branca, Lucy mostra-se passiva e sem nenhuma reação após ser violentada sexualmente por um homem negro. De forma inesperada, Lucy se expõe à subalternidade e se propõe a percorrer o mesmo trajeto que o negro historicamente fez entre os séculos XV e XX. Essa atitude não redentora que expõe a histórica e a tradicional submissão da mulher também revela a culpabilidade da personagem pela histórica exploração que o negro foi submetido. Parece que Lucy entende que o caminho para alcançar a justiça racial, a reconciliação e a eliminação da diferença cultural entre o branco e o negro, seja recomeçar do nada e experimentar as mesmas situações que o nativo vivenciou. Além disso, o filho negro que ela carrega em seu ventre representa o início de uma nova política. Observa-se que as mudanças ocorridas no país ainda não surtiram muitos avanços nem promoveram a igualdade na África do Sul, já que o sujeito feminino ainda luta contra a perpetuação da subjugação da mulher. Como resultados, apesar de ser notável o declínio do poder e da autoridade do branco na África do Sul, tem-se ainda uma sociedade com grande disparidade entre as classes sociais, fato que impede o progresso e o desenvolvimento do país. Embora das leis do apartheid tenham deixado de existir no papel, a ideologia da segregação racial continua impregnada no país, deixando profundas cicatrizes e tornando o processo de reconstrução ainda mais lento e doloroso para o negro. Conclui-se que talvez seja necessário outras estratégias e tentativas de restabelecer a ordem na nova África do Sul. Em Desonra, essa estratégia se dá através da mulher silenciada, que se torna paradigma da reconciliação. O silêncio e a não emancipação do sujeito feminino é o caminho para a paz e a maneira pelo qual o branco poderá colaborar na reestruturação social do país. Esse fato comprova que a mulher continuará sendo subalternizada na nova sociedade. PALAVRAS-CHAVE: romance pós-apartheid; subjetividade; teoria pós-colonial. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários LINHA DE PESQUISA: Teorias Críticas e História

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VERBOS-SUPORTE NAS LÍNGUAS PORTUGUESA E INGLESA: COMO ABORDÁ-LOS? Cássia Rita CONEJO

Orientadora: Profa. Dra. Maria Regina PANTE

Verbos-suporte são verbos que não constituem sozinhos o núcleo do predicado, de forma que dependem do argumento que os precede para terem sentido completo. Desse modo, o núcleo do predicado é formado pelo verbo-suporte seguido de um sintagma nominal. A terminologia verbo-suporte se origina do fato de que o verbo dá suporte às categorias gramaticais de tempo, de número e de pessoa e a posição do objeto direto é ocupada por um sintagma nominal que vai de não-referencial, nos casos mais prototípicos, até atingir certos graus de referencialidade, quando o tempo do verbo é perfectivo, por exemplo. O objetivo deste trabalho é, portanto, selecionar e analisar alguns verbos-suporte em um corpus constituído de recados retirados de sites de relacionamento da internet. A proposta inicial é a utilização do site Orkut em português e do site My Space em inglês. A escolha do corpus se justifica pelo fato de que a linguagem nele empregada se aproxima muito da linguagem coloquial oral, o que pode favorecer um emprego mais significativo de verbos-suporte. Considerando que, na maioria dos casos em que os verbos-suporte foram utilizados, o produtor do discurso poderia ter utilizado um verbo pleno, partimos de uma perspectiva funcionalista para observar o comportamento de tais verbos e apontar possíveis motivações para sua escolha em detrimento da escolha de um verbo pleno. Propomos trabalhar com um número restrito de verbos (como os verbos fazer e dar) e seus correlatos em inglês (make e give) para investigar se em ambas as línguas o verbo-suporte tem o mesmo mecanismo de funcionamento e se serve aos mesmos propósitos comunicativos. Do ponto de vista funcionalista, a(s) língua(s) é(são) mutável(is) e quem a(s) transforma(m) são justamente seus usuários, por isso acreditamos que a capacidade formadora de verbos-suporte e o porquê de sua utilização é uma potencialidade a ser explorada nas línguas alvo deste trabalho. Também acreditamos que o propósito comunicativo da utilização de tais estruturas em ambas as línguas é o mesmo. A comprovação de tais hipóteses virá do levantamento total e da análise parcial dos dados. PALAVRAS-CHAVE: verbo-suporte; funcionalidades; língua oral. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos LINHA DE PESQUISA: Descrição Lingüística

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DA VIDA BESTA AO MUNDO GRANDE: AS CIDADES NO MEIO DO CAMINHO DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Cristian PAGOTO Orientador: Prof. Dr. Adalberto de Oliveira SOUZA

Carlos Drummond de Andrade nasceu dois anos após o início do século XX e faleceu em 1987. É possível conhecer a história desse período, compreendido como modernidade, lendo suas poesias. Nelas encontra-se a angústia, o sofrimento, a alegria e a esperança dos homens desse século. E através de sua poesia pode-se, ainda, conhecer o homem Drummond. Nascido na pequena Itabira, o poeta parte para Belo Horizonte em 1920. Em 1934, muda-se definitivamente para o Rio de Janeiro. Essa mudança biográfica reflete-se em sua poesia. Pode-se dizer, portanto, que sua obra invoca a problemática biografia e poesia. O objetivo desse trabalho é analisar a imagem e o sentido das cidades na poesia drummondiana, levando-se em conta o deslocamento geográfico do poeta: a saída da província – da vida besta – e a nova vida na metrópole – o mundo grande. Esse movimento, considerado um movimento arquetípico da modernidade, é fundamental para a compreensão da poesia de Drummond, uma vez que Itabira pode ser vista como o lugar onde se encontram as raízes de toda sua poesia e de sua personalidade. O poeta mesmo morando em uma cidade cosmopolita não abandona sua origem mineira, tampouco é alheio ao seu “tempo presente”. A análise compreende os livros de Alguma Poesia (1930) a Boitempo (1968). Tem, no entanto, como foco principal o livro inaugural do poeta, publicado quando ainda residia em Minas; os livros Sentimento do Mundo (1940) e A Rosa do Povo (1945), momento em que o poeta sente-se enraizado no Rio de Janeiro; e o livro Boitempo, de característica memorialista e autobiográfica. Procura-se através desse corpus verificar qual a postura do provinciano Drummond em relação à província e à metrópole, depois, como é o olhar do poeta cosmopolita e metropolitano em relação a Minas e ao Rio de Janeiro, e, por último, o olhar do poeta memorialista em relação às cidades, Itabira, Belo horizonte e Rio. Percebe-se que o poeta mesmo tendo abandonado sua cidade e seu estado natal, está distanciado apenas geograficamente deles, pois sentimental e literariamente Minas o acompanha. Se Itabira, portanto, representa o ponto de saída, é também o ponto de chegada. E assim, Drummond faz uma viagem de Itabira para o mundo grande, mas percebe que está sempre regressando sentimental e subjetivamente a Itabira. E essa viagem, é uma viagem em torno de si mesmo, em busca do autoconhecimento. PALAVRAS-CHAVE: Modernidade; Poesia; Carlos Drummond de Andrade. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários LINHA DE PESQUISA: Literatura: Teorias Críticas e História

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AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE GÊNERO E A CONSTITUIÇÃO DE IDENTIDADES SOCIAIS DE MULHERES QUE CUMPREM PENA NA DELEGACIA DE MARINGÁ

Erika Patricia Teixeira de OLIVEIRA Orientadora: Profa. Dra. Neiva Maria JUNG

A população carcerária feminina tem crescido consideravelmente nas últimas décadas. De acordo com o Departamento Penitenciário Nacional, em 2002, o número de mulheres presas era de 10.285. Quatro anos depois, em 2006, este número passou para 23.065. Desse modo, verifica-se que este problema social aponta a necessidade de se realizar estudos que extrapolem o âmbito jurídico e que se voltem para a questão da mulher e sua relação com o poder punitivo. No que diz respeito ao universo prisional, os estudos sobre as instituições femininas não são muito usuais, sobretudo pelas áreas humanas e sociais, o que causa certa invisibilidade da mulher encarcerada. Diante desta realidade, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de contribuir com as pesquisas sobre a mulher presidiária, a partir dos estudos com a linguagem. Sendo assim, a questão que norteia o trabalho é “Quais são as representações sociais acerca do gênero feminino apresentadas por mulheres que cumprem pena na delegacia de Maringá?” E, a partir desta questão central, investigar: a) em que medida o contexto, as práticas e as vivências prisionais estão re-significando suas representações sociais de gênero? b) quais são os conflitos de identidade que acontecem com as mulheres a partir de suas representações e a partir dos papéis sociais que elas assumem, na condição de mulher presidiária? c) a escrita e o ensino desempenham alguma função para a manutenção e constituição das identidades sociais dessas mulheres? Estas questões privilegiam a visão das participantes, pois optou-se por realizar uma pesquisa qualitativa-interpretativa com nuances etnográficas (ERICKSON, 1989). A análise dos dados priorizará a triangulação, assim, o corpus constituir-se-á de entrevistas semi-estruturadas com as participantes, observação do convívio nas celas e no pátio de sol e gravação da fala-em-interação das internas. A fundamentação teórico-metodológica que conduz o trabalho está baseada na Teoria das Representações Sociais (Moscovici, 1978, 2003; Jodelet, 2002), em estudos sobre Identidade social e gênero (Hall, 2000; Bourdieu, 1989; Goffman, 1975; Eckert; McConnell-Ginet, 1992) e em estudos acerca da prisão (Foucault, 1997; Soares & Ilgenfritz, 2002; Espinoza, 2004). A partir desta abordagem, esperamos contribuir para que a invisibilidade existente em relação à mulher encarcerada seja diminuída, através do estudo de suas representações sociais e da constituição e re-significação de suas identidades sociais, através da linguagem. Além disto, esta pesquisa busca sua importância ao apresentar algumas inquietações em relação às políticas públicas que se fazem necessárias nas prisões femininas, contexto em que mulheres se encontram em situação bastante alarmante, pois são prisioneiras não só de seus crimes, mas também da discriminação social e da falta de programas educacionais e profissionais que poderiam favorecer sua reinserção e condição social. Acreditamos que trabalhos acadêmicos como este, tornam-se necessários, na medida em que resgatam e desvelam situações existentes nesses contextos de exclusão social, permitindo compreender alguns aspectos do encarceramento feminino através da linguagem e da voz de suas próprias protagonistas. PALAVRAS-CHAVE: mulher presidiária, representação social, identidade social, gênero. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos LINHA DE PESQUISA DA DISSERTAÇÃO: Ensino-aprendizagem de línguas

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HISTÓRIAS DE LEITURA DE PROFESSORAS: EVENTOS E PRÁTICAS DE LETRAMENTO LITERÁRIO

Fátima Aparecida de Oliveira SOZZA Orientadora: Profa. Dra. Mirian Hisae Yaegashi ZAPPONE

Esta pesquisa pretende focalizar os relatos/histórias pessoais de leitura de professoras como UM CORPUS de reflexão sobre práticas de letramento literário vivenciadas e relembradas como significativas, na escola e fora dela. Os objetivos DO PROJETO são: a) pesquisar como professores de Língua Portuguesa lêem textos literários e de que modo essa prática é influenciada pelas orientações de letramento vivenciadas durante sua história, b) realizar um estudo bibliográfico sobre os conceitos de letramento, ressignificando esses conceitos dentro do campo literário. c) coletar histórias pessoais de leitura dos sujeitos pesquisados visando a recolha das práticas de letramento literário. e) estudar a leitura literária desses sujeitos como decorrência de orientações de letramento diversas ao longo da vida: família, igreja, escola, mídia e outras. A pertinência desse trabalho está no interesse em estudar as orientações de letramento literário, presentes nas histórias de leitura de professores de Língua Portuguesa, como profissionais diretamente envolvidos na formação de leitores e coletar dados de sua história de leitura para entender o processo de sua formação como leitores. O que leram esses professores? Que imagem de leitura tem esses sujeitos? Como são desenvolvidas suas práticas de leitura literária atualmente? Essa pesquisa utilizará uma abordagem qualitativa que pode ser compreendida como uma atividade de investigação específica que tem por objetivo atingir uma interpretação da realidade. Também estabelece pontes com a fenomenologia, tomada aqui em um sentido amplo. As abordagens qualitativas que se apoiam na perspectiva fenomenológica tentam compreender o significado que os acontecimentos e interações têm para as pessoas, em situações particulares. O corpus da pesquisa será constituído de seis textos produzidos por professores do município de Assis Chateaubriand, região Oeste do Paraná. Os dados serão coletados através da aplicação de um questionário escrito, de entrevista semi-estruturada gravada em audio e de relatos contendo as histórias de leitura. Esses dados serão analisados com um olhar teórico tendo em vista os estudos sobre o letramento. A partir dos anos 1980, as perspectivas psicológicas e históricas predominantes nos estudos e pesquisas sobre letramento somou-se a uma perspectiva social e etnográfica. Trouxe, além de novos princípios e pressupostos teóricos, algumas ferramentas para análise do fenômeno do letramento, entre os quais se destacam dois pares de conceitos: de um lado dois modelos de letramento, a saber, o modelo autônomo e o modelo ideológico, e de outro, os eventos e as práticas de letramento. O letramento literário é um recorte das idéias do letramento que consiste nos usos sociais do texto literário. Espera-se, ao concluir essa pesquisa, que o olhar retrospectivo corrobore para a crítica e a reflexão e que os resultados obtidos possam servir de discussões para estudos que se dedicam a essa temática, bem como dar algumas respostas para as inquietações pessoais e profissionais da pesquisadora. PALAVRAS-CHAVE: Professor, histórias de leitura, formação do leitor, letramento literário. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários LINHA DE PESQUISA DA DISSERTAÇÃO: Literatura e a formação do leitor

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A CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE EM CROSSING THE RIVER DE CARYL PHILLIPS

Geniane Diamante Ferreira FERREIRA Orientador: Prof. Dr. Thomas BONNICI

Analisa-se a subjetividade recuperada por vários protagonistas – Nash, Martha e Trevis – da obra Crossing the River de Caryl Phillips. O processo do imperialismo e da escravidão objetificaram milhares de pessoas representadas pelas personagens do romance. Tal objetificação se deu pela violência e/ou pelo discurso eurocêntrico (centro vs. periferia) sobre os povos chamados marginalizados pelo colonizador e, neste estudo, verificamos o processo inverso, ou seja, a recuperação da voz por parte do denominado ‘outro’. O objetivo deste trabalho é mostrar este processo de objetificação e suas ferramentas bem como as formas que os subjugados a tal sistema têm para sair dele. A forma de construção de subjetividade, assim como a objetificação, pode se dar pela violência ou pelo discurso. O discurso, por sua vez, pode aparecer na forma de mímica, paródia e/ou cortesia dissimulada. Caryl Phillips é um autor que aborda temas que envolvem grupos marginalizados, principalmente os negros. Desta forma, ele trata dos efeitos do imperialismo sobre as mais diversas nações. Assim, este estudo faz sentido, especialmente em nosso país, uma vez que a obra Crossing the River recupera a História por meio de um romance moderno. Para este estudo, as teorias desenvolvidas por Spivak, Bhabha e Sartre servirão como base, já que tratam do indivíduo como sujeito (agente) perante a sociedade e do seu reconhecimento como tal pelos seus pares. Nossos resultados, que serão apresentados tanto no decorrer da análise histórico-literária do texto, quanto na conclusão, mostram as personagens como sujeitos determinados a alcançar seu objetivo de ser livre e de conduzir sua própria vida, enfim, sempre em busca da construção de sua subjetividade. PALAVRAS-CHAVE: Colonizador; Imperialismo, Caryl Phillips. LINHA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários. LINHA DE PESQUISA DA DISSERTAÇÃO: Estudos Culturais.

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PRÁTICAS DE LEITURA DE ALUNOS ACADÊMICOS DE DIFERENTES ÁREAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

Gilda Teresa López CONTRERAS Orientadora: Profa. Dra. Mirian Hisae Yaegashi ZAPPONE

A leitura tem sido objeto de estudo de numerosas pesquisas relacionadas com diversas disciplinas, assim como tem despertado o interesse em definir e compreender os múltiplos aspectos que encerra o ato de ler. Nessas pesquisas a leitura tem sido abordada desde diferentes perspectivas, indo desde uma análise do processo de aquisição do mecanismo da leitura, da decodificação de símbolos escritos, de forma detalhada até o estudo da leitura como um fato social que contribui na inserção do indivíduo na sociedade. Esta pesquisa estuda as abordagens da leitura como um elemento na construção do social, priorizando o estudo das práticas de leitura. A expressão práticas de leitura marca, em primeiro lugar, uma tendência a lidar com a leitura em seu acontecimento concreto, assim como a realizam os leitores reais, ou seja, situada no interior dos processos responsáveis por sua diversidade e variação. No presente trabalho nos propomos pesquisar as práticas de leitura de um grupo de alunos do curso de espanhol, acadêmicos de diferentes áreas(portanto, leitores já iniciados), do Instituto de Línguas da Universidade Estadual de Maringá, com o fim de verificar não só quais são suas histórias de leituras, mas, também, como se apropriam da leitura de textos literários e como realizam a construção de sentidos e significados de tais textos, acreditando que o resultado evidenciará modos diferentes de apropriação de um texto literário por parte dos sujeitos da pesquisa. PALAVRAS-CHAVE: Práticas de leitura, construção de sentido de textos literários ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos literários LINHA DE PESQUISA: Formação do leitor

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PESQUISADORES EM CONSTRUÇÃO: REPRESENTAÇÃO DE PESQUISA E PESQUISADOR EM UM CURSO DE LETRAS

Jefferson Adriano de SOUZA Orientadora: Profa. Dra. Sônia Aparecida Lopes BENITES

A pesquisa é um processo que nos permite investigar o exterior para nos transformarmos interiormente. Nas sábias ponderações de Bakhtin (1990), é o exterior que nos cinzela dia a dia, na interação com os outros e nos possibilita reconstruir e representar o conhecimento, o mundo, a realidade, a vida, a nós mesmos. Este estudo investiga as representações que envolvem o processo de construção da pesquisa na graduação e a constituição da identidade do pesquisador no Curso de Letras. Para isso, mapeamos as impressões iniciais de cinco professorandos de um 4º ano de Letras sobre o ato de pesquisar, suas percepções ao longo da produção do seu trabalho de conclusão de curso (TCC) e as possíveis alterações produzidas em suas representações apriorísticas. O processo de ensino-aprendizagem reprodutivo, baseado na cópia, centrado na primazia de conteúdos teóricos e lingüísticos, apartado de questionamentos críticos, contribui para o imobilismo e alienação profissional dos professorandos e revela-se preocupante porque, ao longo dos quatro anos de graduação, semeamos alunos, esperando colher profissionais educadores. A inserção da prática de pesquisa na graduação parece romper, parcialmente, essas amarras e promover o aprender a aprender, a construção do conhecimento e da identidade profissional. Por isso, repensar os caminhos da formação no Ensino Superior, por meio de investigações que focalizem a visão desses futuros profissionais sobre a sua caminhada, apresenta-se fundamental para que revisitemos nossas próprias representações como professores-formadores. O processo de transformação do professorando em pesquisador, em um Curso de Letras, envolve, além da compreensão das dimensões da pesquisa e do papel do pesquisador da área, a compreensão de quem somos, nossa bagagem e lacunas, o que nos separa do profissional que almejamos e precisamos ser para atender as demandas de nossa área de atuação profissional. O autoconhecimento desencadeado pela pesquisa pode suscitar momentos de reflexão por parte desses futuros profissional da educação sobre a sua formação e apontar novos caminhos para o processo de aprendizagem de línguas no ensino superior, contribuindo, dessa forma, para a melhoria do ensino nos diversos níveis educacionais. Ancorados nos pressupostos da teoria das representações sociais, organizada por Serge Moscovici (1978, 2004), no enfoque interdisciplinar da Lingüística Aplicada, de Celani (1982), Moita Lopes (1989) e nas ponderações de Pedro Demo (1997) e Ivani Fazenda (1999) sobre a dimensão da pesquisa na formação profissional, pretendemos compreender a influência das representações sociais na construção da identidade de pesquisadores da área de Letras. Para isso, necessitamos capturar as imagens que povoam e constituem o planejamento, organização, execução e avaliação do TCC, realizado por esses professorandos, privilegiando a visão êmica desses sujeitos. Desta forma, optamos pela realização de uma pesquisa qualitativa de caráter etnográfico, por entendê-la como a mais adequada aos propósitos dessa investigação. Durante oito meses, observamos e participamos do processo de construção dos artigos monográficos de uma turma de 4º ano de Letras, divida em sete grupos de pesquisa, como orientandor e pesquisador. Essas observações ocorreram duas vezes por mês, em orientações de duas horas, com registro em ata. Os pesquisadores, concomitantemente ao TCC, produziram diários de pesquisas, retratando suas impressões sobre o processo. A atualização desses diários era verificada pelo orientador em todos os encontros. Além dessa coleta de dados, foram realizadas três entrevistas em momentos distintos da pesquisa, envolvendo os sete grupos. No primeiro encontro, registramos em áudio, as impressões iniciais desses pesquisadores sobre pesquisa e pesquisador; após eles terem realizado coleta de dados para o seu trabalho, realizamos a segunda entrevista e, na semana seguinte à entrega do trabalho para avaliação da banca, realizamos a terceira entrevista. A partir desses dados, mapeamos as representações desses pesquisadores durante a realização do TCC. As análises preliminares revelam que esses pesquisadores constroem uma visão individualista da pesquisa, que dificulta sua compreensão do processo como algo maior do que uma

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avaliação. A pesquisa, na visão deles, é algo para solucionar seus problemas e possibilitar aprovação no curso. A dimensão da construção do conhecimento, autonomia, desenvolvimento crítico, profissional, contribuição pessoal para área de Letras ficam em segundo plano. Provavelmente, essa postura individualista se sobreponha porque, para muito além do problema de pesquisa proposto, existem outros problemas como: dificuldades de leitura e escrita, pouca consciência profissional e pouca confiança em sua capacidade de construir conhecimento e contribuir com sua área de atuação profissional. A representação de pesquisa e pesquisador como entidades superiores se dilui minimamente e o desenvolvimento da autonomia e crítica, embora significativo, não consolida a transformação do aluno em pesquisador. A identidade do aluno de Letras e todas as representações que ela encerra ainda se sobrepõem à identidade do pesquisador e do profissional educador. Para que possamos avançar, precisamos investir em uma formação que naturalize a pesquisa, a solução de problemas e consolide a identidade do profissional, maximizando os contatos reais com a educação básica e seus problemas contextuais. Através dessa interação, podemos instigá-los a assumir compromissos com sua formação e realidade educacional, envolver-se e trabalhar em prol de uma educação melhor, calcada na ação reflexiva e permanente de seus profissionais. PALAVRAS-CHAVE: representação, formação de professores-pesquisadores, pesquisa no curso de Letras. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos LINHA DE PESQUISA: Ensino-aprendizagem de línguas

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À BUSCA DA LITERATURA: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A FORMAÇÃO DE JOVENS LEITORES E SUAS PREFERÊNCIAS DE LEITURA

Joaquim Francisco dos SANTOS NETO Orientadora: Profa. Dra. Alice Áurea Penteado MARTHA

Esta pesquisa diz respeito ao estudo de caso que investigou o ensino de literatura através das preferências de leitura de um grupo de catorze alunos do primeiro ano do Ensino Médio, em uma escola da rede privada, na cidade de Nova Esperança, no Paraná. O objetivo do trabalho era estudar a recepção de textos de épocas e gêneros variados para detectar a preferência leitora dos alunos, identificando os reflexos desse gosto no ensino de literatura. A pesquisa se justificou não só por destacar a importância do ensino de literatura, quando se acredita na potencialidade dela para humanizar as pessoas, no sentido mais amplo do termo, mas também por considerar que a valorização do contexto histórico, social e cultural em que os indivíduos estão inseridos pode influenciar na formação do gosto individual e coletivo do público, além de favorecer a ampliação de seu horizonte estético. Por ser um estudo de caráter quanti-qualitativo, teve como subsídios para seu desenvolvimento a pesquisa bibliográfica, com o suporte teórico da Sociologia da Leitura e da Estética da Recepção, e o trabalho de campo realizado nas aulas curriculares de literatura, durante os quatro bimestres letivos de 2006. Quanto às etapas desenvolvidas em sala de aula, no primeiro bimestre, seguiu-se um cronograma de atividades através do estudo de textos que foram escolhidos pelo professor e, no segundo, terceiro e quarto bimestres, os textos estudados foram escolhidos pelos alunos individual e coletivamente. Com a finalidade de coletar dados que dessem suporte à análise da pesquisa, foram utilizados os seguintes instrumentos: três questionários iniciais, um de caráter sócio-econômico, outro que levantou as histórias e os hábitos de leitura dos participantes do grupo até ingressarem no Ensino Médio e um terceiro que investigou seus conceitos iniciais sobre literatura e sobre leitura. Para verificar como os participantes reagiram ao trabalho desenvolvido e ainda para detectar se houve mudanças quanto à forma de encarar questões relativas aos conceitos iniciais, as perguntas do terceiro questionário foram repetidas no último dia de aula. Além disso, ao final de cada bimestre, os alunos apontaram suas preferências em relação aos textos lidos e discutidos nas aulas e os motivos dessas preferências. Junto com esses apontamentos, os participantes realizaram ainda uma auto-avaliação, atribuindo-se uma nota de 0 (zero) a 100 (cem) pontos. A análise demonstrou que o desenvolvimento do projeto proporcionou à maioria dos alunos uma ruptura com as idéias iniciais, permitindo, além disso, a percepção e o alargamento da consciência de si mesmos e a conseqüente reflexão sobre sua participação como indivíduos dentro de uma coletividade que se reunia para um objetivo comum. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de literatura, Leitura do texto literário, Recepção. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários LINHA DE PESQUISA: Literatura e a Formação do Leitor

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PERFIL DE LEITOR DESEJADO PELO VESTIBULAR DA UEM Juliana Alves Barbosa MENEZES

Orientadora: Profa. Dra. Alice Áurea Penteado MARTHA

Esta pesquisa qualitativa, de natureza aplicada, tem como foco a proposta de leitura do texto literário, veiculada pelas questões de provas de vestibulares da UEM, com o objetivo de verificar como se dá a interação entre as expectativas de professores e alunos de Ensino Médio e de Cursos pré-vestibulares e aquelas de professores elaboradores e da Comissão Central do Vestibular Unificado de Maringá (CVU) no que se refere à leitura das obras literárias. Desse modo, a pesquisa embasou-se em duas frentes de coleta e análise de dados: uma oriunda da instituição e, a outra, dos candidatos ao Exame Vestibular da UEM e de suas instituições de origem. No que diz respeito à primeira, o objetivo é o de avaliar as prioridades veiculadas em suas questões, bem como qual a concepção de leitura de literatura contemplada em seus documentos, a fim de verificarmos se o Ensino Médio forma leitores com o perfil esperado pela instituição, no caso, a UEM. Em relação aos segundos, interessa-nos saber que dificuldades apontam nas questões de literatura do vestibular da UEM. Assim, com esta pesquisa, desejamos responder à questão: – qual é o leitor de literatura esperado pelo vestibular da UEM e, na prática, o que temos? Procuramos examinar se as concepções de literatura e de leitura declaradas pelas vozes oficiais estão presentes nas questões de literatura dos vestibulares, formulados pela instituição. Além disso, verificamos que o leitor egresso do Ensino Médio possui o perfil exigido pela prova do vestibular. Para tanto, ancoramo-nos na Estética da Recepção, na Teoria do Efeito e na Sociologia da Leitura. A metodologia utilizada orienta-se a partir de duas perspectivas: a visão oficial declarada pelas seguintes vozes: por um lado, a Universidade Estadual de Maringá, representada pela CVU (Comissão Central do Vestibular Unificado de Maringá), pelos Manuais do Candidato, pelo Manual do Elaborador das Provas do Vestibular e pelo Manual do Revisor das Questões das Provas, pelas provas dos vestibulares de 2004, 2005 e 2006, além do questionário respondido por professores elaboradores das provas; há ainda a visão do Núcleo de Educação de Maringá e aquela veiculada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio; por outro lado, trabalhamos com as expectativas de alunos e professores, do Ensino Médio (escolas públicas e privadas) da cidade de Maringá, noroeste do Paraná, colhidas em questionários e entrevistas. Nossas conclusões, ainda que parciais, são: o modelo de prova do vestibular atende ao modelo de leitor gestado pelo Ensino Médio. O problema parece não ser a prova do vestibular, nem o professor elaborador, nem o aluno, nem o professor do Ensino Médio, mas no ensino praticado. Em outras palavras, de verdade, não se investe na formação do leitor literário, mas, sim, num conhecedor de movimentos literários e de suas características que são exemplificadas por alguns poucos textos do cânone. Dessa forma, como não se investe na formação de um leitor literário, autônomo e crítico, as questões de avaliação propostas nas provas acabam versando sobre os estilos de época e as suas características nos textos apresentados. PALAVRAS-CHAVE: Vestibular, Leitura do texto literário, Leitor. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários. LINHA DE PESQUISA: Literatura e a Formação do Leitor.

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AS PRÁTICAS DE LETRAMENTO LITERÁRIO DE CRIANÇAS DE MEIOS RURAIS ILETRADOS

Juliana Carli Moreira ANDRADE Orientadora: Profa. Dra. Mirian Hisae Yaegashi ZAPPONE

A presente pesquisa tem por finalidade levantar e compreender as práticas de letramento literário de crianças de meios rurais iletrados. Para tanto, serão realizadas observações e intervenções à luz da fenomenologia. A pesquisa empírica será realizada em uma comunidade rural localizada no município de Mirante do Paranapanema, no estado de São Paulo e o estudo de caso ocorrerá com a participação de três voluntários dessa mesma comunidade. Por meio desse estudo, pretendemos fazer um contraste entre o letramento escolar e o social. Para execução da pesquisa discutimos o conceito de letramento literário visando compreender os aspectos da literatura e da lingüística que permeiam a construção deste conceito, levantamos os principais conceitos presentes na abordagem cognitiva de leitura e procuramos compreender de que forma tais conceitos se relacionam com os conceitos da teoria literária na leitura do texto literário. A abordagem metodológica tem uma base fenomenológica por meio da qual selecionamos os instrumentos utilizados para a realização da pesquisa. Partindo de uma perspectiva qualitativa, selecionamos o estudo de caso como técnica de pesquisa. A ênfase no trabalho qualitativo tem permitido verificar como os sujeitos participantes da pesquisa desenvolvem suas ações, como um determinado problema é discursivizado por esses sujeitos, bem como os procedimentos adotados pelos mesmos para a resolução de problemas. Nossa pesquisa tem obedecido aos seguintes passos: leitura, discussão (com a orientadora) e elaboração de resenha dos textos teóricos, pesquisa sobre outros trabalhos similares, elaboração do capítulo teórico da dissertação, definição da metodologia, dos procedimentos e dos instrumentos de coleta de dados, elaboração do capítulo metodológico da dissertação, observação do grupo a ser pesquisado, seleção dos sujeitos da pesquisa para o estudo de caso, submissão do projeto à comissão de ética. Nossos próximos passos serão: seleção de textos literários para posterior leitura, para e com os sujeitos da pesquisa, compreensão e análise dos processos cognitivos, dos conhecimentos lingüísticos e literários utilizados na leitura do texto literário, elaboração do terceiro capítulo da dissertação, versando sobre abordagem cognitiva de leitura e teoria literária, leitura dos textos literários para e com os sujeitos da pesquisa, aplicação dos instrumentos de coleta de dados: observação, anotação em diário, gravações de entrevistas abertas, coleta e verificação dos dados, análise e interpretação dos dados, redação do último capítulo da dissertação. PALAVRAS-CHAVE: Leitura; Letramento; Letramento literário; Escola. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários. LINHA DE PESQUISA: Literatura e formação do leitor.

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IDENTIDADE EM SEM NOME:AMBIVALÊNCIA IRÔNICA NA CONSTRUÇÃO DA PROTAGONISTA E DUPLO JÚLIA DE SOUSA

Juliana Raguzzoni CANCIAN Orientadora: Profa. Dra. Marisa Corrêa SILVA

Para aqueles que estão acostumados a associar a literatura portuguesa contemporânea ao premiado escritor José Saramago, Helder Macedo surge como um romancista desconcertante, como uma espécie de mestre das ilusões. Freqüentemente, em suas narrativas, diz o que é parecendo não ser e vice-versa, conduzindo por caminhos irônicos a todos que se atrevem a adentrar sua ficção. Em todos os seus romances, o escritor parece mesmo brincar de misturar realidade e ficção, numa construção viva daquilo que se pode dizer acerca do romance contemporâneo. O tom “enganador” tornou-se característica da prosa deste autor, que iniciou a carreira como poeta, mas depois se rendeu também a arte de contar histórias. Em seus escritos, prevalece a temática maior da crise das identidades no mundo, realçadas a partir das histórias particulares dos personagens que cria. A história individual de que se está a dizer e analisar na presente pesquisa é a da jovem jornalista Júlia de Sousa, protagonista de Sem Nome (2005), que é confundida com outra, Marta Bernardo, e que, ao apoderar-se das memórias do advogado José Viana, ex-amante de Marta, joga com a possibilidade da ficção embutida na verdade, ela própria a querer ser romancista. Em Sem Nome (2005), tem-se que a tônica da obra, como ressalta o próprio Helder, em entrevista para o site da Editorial Presença, está de acordo com a epígrafe de Carlos Drummond de Andrade escolhida por ele e publicada no livro: “Não morres satisfeito, morres desinformado”. Completa Helder: “Todos morremos desinformados. Podemos lidar com o passado, mas estamos sempre a prever as possibilidades do futuro”. Se no romance prevalecem verdades relativas, o texto não deixa, entretanto, de fazer menção a fatos históricos e políticos. Característica da trama macediana, portanto, é que possamos nos aperceber daquilo que somos pela história dos outros e pela história ao nosso redor. Fictício e imaginário se confundem, ressaltando aquela que será a primeira das ambivalências feherianas (FEHÉR, 1972) estudadas aqui. Ao ser Júlia idêntica (e oposta) a Marta e vice-versa, vê-se que o tema do duplo e de telescopagem no tempo (BRAVO, 1998) invade também a trama (segunda ambivalência), interferindo na identidade da protagonista, que ao mesmo tempo se constrói pela força da mesmidade entrecortada pela alteridade (terceira ambivalência) (RICOEUR, 1991). O reconhecimento que Júlia fará de si mesma, “si mesma como outra” (RICOEUR, 1991), passa por Marta, até que possa assumir a persona maior em si mesma. Assim, o estudo de Sem Nome (2005) não revela apenas uma faceta da história recente de Portugal com resquícios memorialistas, como poderiam sugerir alguns, é, mais intensamente, o reconhecimento de como as identidades são construídas e desconstruídas, e de como a ficção atua no mundo verdadeiro, solapando-o. Lido possivelmente como uma história contada pelo viés da paródia, a crítica consciente de Helder Macedo confronta o leitor com a problemática da identidade, num percurso recorrente de auto-reconhecimento, mesmo que esse reconhecimento seja ambivalente. PALAVRAS-CHAVE: Romance, ambivalências, identidade. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários LINHA DE PESQUISA: Literatura: teorias críticas e história

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A HETEROGENEIDADE DO DISCURSO FEMININO: MULHER-EFEITO E MULHER-SINTOMA

Kátia Alexsandra dos SANTOS Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida HONÓRIO

A temática da identidade feminina tem sido alvo de muitos estudos, sobretudo no âmbito das ciências humanas e sociais. Considerando a crise identitária pela qual vem passando o homem contemporâneo, as identificações de gênero também vêm se modificando, assim, os papéis feminino e masculino tornam-se cada vez mais rarefeitos. Tendo como contexto essa desestabilização em relação aos modos de subjetivação, propomos pensar a identidade feminina a partir do discurso que a mulher faz circular sobre si mesma, ou seja, o discurso feminino sobre o que é ser mulher. Cremos que dessa forma é possível investigar quem é a mulher contemporânea: pela sua própria palavra, pelo seu discurso, já que é a partir dele que nos configuramos como sujeito, se considerarmos que o discurso é a via de materialização da ideologia e essa é a “condição para a constituição do sujeito e dos sentidos” (ORLANDI, 2002: 46). Com base nos pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa (AD), sobretudo no que diz respeito aos conceitos de heterogeneidade e de forma-sujeito, analisamos 11 (onze) entrevistas realizadas com mulheres de perfis diversificados. As entrevistas enfocaram as seguintes questões: “O que é, para você, ser mulher?” e “Você gosta de ser mulher? Por quê?”. Inicialmente, a proposta era observar a presença ou não do discurso machista na fala da mulher, contudo o encaminhamento da pesquisa e a própria constituição do corpus nos levou para outras possibilidades de análise. Assim, nos propusemos pensar a interpelação da mulher como sujeito, o que chamamos de “efeito-mulher”. Propusemos pensar ainda, com base na máxima lacaniana “a mulher é sintoma do homem”, o que “escapa” dessa interpelação, o que fura na teia discursiva tecida pela mulher contemporânea, que a coloca como “sintoma” não só do homem, mas de toda a sociedade. A partir das análises que viemos fazendo, observamos que a mulher atual tem se situado na posição que foi determinada para ela pelas práticas discursivas masculinas (produto da história e da ideologia que se materializam no discurso dominante: o masculino). Entretanto, ao mesmo tempo, a mulher configura-se como sintoma, ao corporificar tudo aquilo que é barrado na linguagem, tudo aquilo que, ao ser recalcado, retorna de outras formas, através de silêncios, faltas e outros “furos” na rede de discursos que agrupamos e denominamos como discurso feminino. O discurso feminino, portanto, parece estar sob o signo da heterogeneidade, condição fundante para o próprio sujeito e para a produção dos sentidos, conforme já enunciou Pêcheux na terceira fase da AD. Considerando esse aspecto, podemos dizer que a mulher contemporânea reproduz um discurso de origem masculina e até machista. Por outro lado, dá voz também a um discurso outro que desestabiliza a suposta homogeneidade do que chamamos de discurso da mulher, um discurso sintomático que vai de encontro ao pré-estabelecido, ao que é possível para a mulher dizer segundo a história e a ideologia. Dizemos que esse discurso é sintomático porque ele está além das práticas discursivas dominantes que nos constituíram, já que é da ordem do desejo e do real. Desse lugar de interpretação que construímos é possível afirmar que a mulher é, portanto, efeito e sintoma: materialização da heterogeneidade. PALAVRAS-CHAVE: discurso feminino, efeito-mulher, sintoma. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos LINHA DE PESQUISA: Texto e discurso

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UM OLHAR PARA A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Leonice Aparecida Braga HÚNGARO Orientadora: Profa. Dra. Sônia Aparecida Lopes BENITES

O trabalho focaliza o ensino de Língua Materna no curso de formação de docentes em nível médio do Instituto de Educação Estadual de Maringá, a chamada Modalidade Normal. Objetiva identificar o nível de conhecimento científico que o professorando das turmas de 2004 e 2006 possui sobre a língua portuguesa, bem como a teoria de leitura, escrita e gramática que ele apregoa, e confrontar essa teoria com a prática que emerge dos relatórios dos estágios supervisionados desenvolvidos nas salas das primeiras séries do ensino fundamental. A relevância de uma pesquisa voltada para o curso de formação de professores em Nível Médio justifica-se por sua importância no cenário educacional, visto que as primeiras séries de escolarização são decisivas na trajetória dos estudantes, sendo numerosos os casos em que o fracasso nas séries finais do ensino fundamental, médio e até superior está diretamente relacionado a problemas que se originaram nas séries iniciais. A formação de profissionais bem preparados para atuar já nas primeiras séries minimizará consideravelmente os problemas que podem advir dessa fase de escolarização, os quais são plenamente conhecidos por toda a sociedade, haja vista as críticas à qualidade da educação brasileira, constantemente divulgadas pelos meios de comunicação. A análise ancora-se no método qualitativo-interpretativo de caráter etnográfico, visto que a pesquisadora atua como professora de parte dos alunos pesquisados e utiliza como objeto de pesquisa os relatórios de estágio de final de curso, cujos dados são interpretados sob o enfoque qualitativo. As análises são sustentadas por pressupostos teóricos da Lingüística Aplicada, sobre o processo de leitura, de escrita e de análise lingüística no ensino. O resultado parcial das análises mostra que, em fase de conclusão de curso, no universo pesquisado, poucos são os alunos que entendem a necessidade de buscar os sentidos do texto na interação entre autor, condições de produção e leitor. A maioria desses alunos, e, por conseqüência, dos professores das primeiras séries do ensino fundamental, entendem que, durante o processo de leitura, os sentidos dos textos ou são atribuídos unicamente pelo leitor, ou são extraídos unicamente do material lingüístico. O parco trabalho com a produção escrita, por sua vez, é visto mais como uma forma de preencher espaço temporal do que como uma atividade significativa na aprendizagem das crianças em início de idade escolar. Por fim, as atividades de análise lingüística constantemente cedem lugar à gramática normativa, com ênfase na metalinguagem, nas aulas para crianças de 6 a 10 anos. Tais dados permitem concluir que os alunos pesquisados, muitos dos quais já se encontram atuando como docentes das primeiras séries do ensino fundamental, ensinam ou ensinarão aos pequenos conforme os mesmos moldes em que foram ensinados, mantendo o movimento circular que configura a educação no país.

PALAVRAS-CHAVE: formação docente; Escola Normal; língua portuguesa; ensino. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos LINHA DE PESQUISA: Ensino Aprendizagem de Língua Materna

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A TELEVISÃO EM SALA DE AULA COMO OBJETO DE LEITURA Letícia Afonso Rosa GARCIA

Orientador: Prof. Dr. Renilson José MENEGASSI Uma criança, ao iniciar sua formação escolar, já teve várias experiências anteriores à escola, entre elas, uma ampla experiência de leitura de mídia. O nível de conhecimento de várias crianças. muitas vezes, equivale ao de um adulto, devido ao tempo de exposição, por exemplo, à televisão e ao computador. Na maioria das vezes, essa bagagem midiática adquirida pela criança aconteceu de maneira solitária, sem o auxílio e a orientação de um adulto, alguém da família e muito menos da escola. Este é apenas um dos motivos para justificar a necessidade da inclusão do debate e do ensino de leitura da mídia em sala de aula, especificamente a televisão aberta. Para isso, o que se faz necessário não é a mídia para a educação ou a mídia para o currículo - algo que já acontece no Brasil por meio de iniciativas como o programa do governo federal “Tv na Escola” - para ensinar matemática, geografia, história ou ainda como recurso didático dos conteúdos curriculares, mas uma educação para a mídia. Atualmente, essa abordagem é conhecida como Educomunicação ou Educação para a Comunicação ou Educação para a Mídia, termos que identificam “todas as ações de cunho pedagógico que têm como objetivo oferecer maneiras de o indivíduo decodificar e avaliar criticamente a produção midiática.” (REMOTO CONTROLE, 2004: 260). Assim, compreendendo a mídia, é possível obter uma resposta à pergunta: Quais sentidos estão sendo atribuídos por crianças, jovens e adolescentes às suas experiências de leitura dos textos de mídia? Da resposta deste questionamento depende a formação de jovens conscientes, e ela só poderá ser dada quando os professores se posicionarem como interlocutores e co-produtores da leitura que seus alunos fazem do mundo e da realidade mediada pelas novas tecnologias de massa. Sobre essa relação de consciência da leitura da mídia, a pesquisadora francesa Geneviève Jacquinot propõe o papel de um novo mediador cultural: o educomunicador, que, segundo ela, é o professor do século XXI, que integra os diferentes meios nas suas práticas pedagógicas. Para a autora, as principais características do educomunicador são: ter consciência de que uma educação de massa e multicultural vai além da simples aquisição de conhecimentos escolares; perceber que a riqueza dos meios não está apenas no conteúdo informativo, mas também na maneira como eles fornecem uma representação do mundo; saber que a introdução dos meios como objeto de estudo não tem por finalidade formar um jornalista ou apresentador, mas sim ensinar seus alunos a analisar os diversos pontos de vista (econômico, ético e político) e as montagens do discurso e da cena que constroem as mensagens; aceitar um novo referencial para a relação educador-educando. A partir dessas perspectivas, os novos alunos podem ensinar o professor assim como ensinam uns aos outros, observando que a emissão não é um ato meramente passivo. Estas características mobilizam, dessa forma, micro-saberes acumulados que o professor pode ajudar a relacionar, dando-lhes sentido, orientando as formas de leitura da televisão na sala de aula. Assim, o objetivo principal da pesquisa é auxiliar na formação de professores capazes de trabalhar com a televisão em sala de aula, como objeto de leitura, visando a formação de alunos telespectadores críticos, capazes de ler de forma seletiva o conteúdo da mídia. Para isso, buscam-se a) identificar a concepção de leitura presente nas aulas de Língua Portuguesa ministradas pelos professores investigados; b) investigar porque as escolas, mesmo equipadas com televisores e videocassetes, não utilizam a televisão como fonte de leitura; c) identificar a concepção e a percepção que os professores têm da televisão como veículo de comunicação de massa. Faz-se urgente que a escola implemente ações de educação para a comunicação, o que de fato ainda não acontece de forma sistematizada nas escolas brasileiras. Não há no Brasil políticas públicas de incentivo e organização de atividades em Educomunicação. As ações existentes partem de ONG´s e universidades, diferentemente de países como Canadá, Grã-Bretanha, Austrália, África do Sul, Argentina, Estados Unidos e Japão, que ocupam posição de liderança na Educação para a Mídia com seus projetos pela dimensão quantitativa de público que conseguem abarcar. Desta forma, esta pesquisa apresenta uma proposta de letramento midiático, especificamente de leitura da televisão

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para ser aplicada em sala de aula, compreendendo que, para isto, é necessário, primeiramente, capacitar os professores de Língua Portuguesa a realizarem a leitura crítica do veículo de comunicação escolhido e organizarem atividades educomunicativas para empregarem em sala de aula. Os procedimentos metodológicos foram realizados com dezesseis professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e Médio da rede estadual de ensino que participaram do curso “TV e Leitura”, oferecido em parceria com o Núcleo Regional de Educação de Cascavel, Oeste do Paraná. O curso teve duração de dezesseis horas, distribuídas em quatro encontros de quatro horas, que, respectivamente, seguiram quatro linhas principais: a) O lugar social da televisão na sociedade brasileira; b) Como preparar aulas utilizando a televisão como fonte de aprendizagem; c) Etapas de produção em Telejornalismo; d) Exercícios de leitura de produtos televisivos. Para o levantamento de dados, foram aplicados dois questionários junto aos professores, um no início e outro no encerramento do curso, com o objetivo de investigar a concepção de texto e leitura dos participantes, as expectativas durante o curso, a opinião em relação à mídia televisiva, entre outros aspectos relacionados às experiências pessoais com a televisão em sala de aula e a estrutura disponibilizada nas escolas para o uso da TV. Até o momento não foram computados e analisados completamente todos os dados coletados pelos instrumentos de pesquisa aplicados. A análise parcial dos dezesseis questionários respondidos mostrou que os professores assistem televisão diariamente, variando a quantidade de tempo de exposição, que se alternou entre 30 minutos e 4 horas. Sobre a quantidade de horas gasta diante da televisão, relacionada à carga horária semanal de trabalho exercida pelos docentes, 40 horas semanais, mostrou que seis deles assistem 2 horas de televisão por dia. O dado permite constatar que, mesmo trabalhando dois turnos, os professores encontram algum tempo para informar-se ou mesmo divertir-se por meio da televisão, fato que mostra que os professores têm acesso diário à televisão e por isso possuem uma experiência televisual, assim como seus alunos, mesmo que muitas vezes haja a negação de tal realidade por parte deles. Em relação às preferências televisivas, 100% dos professores relataram ter preferência por programas jornalísticos. Em virtude desse dado, no quarto encontro do projeto “TV e Leitura” o exercício de análise de produtos midiáticos foi realizado a partir de telejornais, pois os professores, além da preferência, já tinham informações, conhecimentos prévios e vivências em relação ao telejornal. Outro dado relevante foi que 50% dos professores assistem televisão acompanhados, nem todos especificaram com quem, mas alguns relataram que é na companhia do marido, dos filhos ou outros membros da família. O que faz compreender que a televisão é uma referência e um hábito para a família de maneira geral, além de ser uma forma de integrar, ainda que essa integração seja apenas a reunião da família no mesmo espaço físico. Três docentes responderam assistir televisão de duas formas: sozinhos e acompanhados; cinco afirmaram estar sempre sozinhos no momento de assistir TV. Dados como esses são reflexos do aumento de número de televisores nos lares brasileiros com a popularização da tecnologia e diminuição do preço do eletrodoméstico. Ao serem questionados se a televisão afasta os alunos da leitura, quinze professores afirmaram positivamente, comprovando que os professores possuem algum tipo de resistência à televisão e a culpam pelos baixos índices de leitura dos alunos, desconhecendo a perspectiva da leitura midiática, limitando-se ao conceito de leitura que se restringe aos materiais impressos. A utilização da televisão em sala de aula, na perspectiva da Educomunicação, assim como no Brasil, não é uma realidade em Cascavel-PR. A partir do curso “TV e Leitura”, foi possível notar que a proposta apresentada agrada aos professores e é compreendida como uma nova maneira de utilizar a televisão em sala de aula, diferente do que até então havia lhes sido apresentado. O curso buscou, primeiramente, capacitar os professores a serem telespectadores críticos, para que eles, de forma autônoma, realizem a prática pedagógica da Educomunicação em suas aulas, formando leitores com competência e habilidade para a leitura midiática. O resultado desse trabalho só poderá ser notado por meio da conduta e do posicionamento dos futuros representantes políticos, eleitores e cidadãos que tiverem a ousadia de questionar o que vêem, ouvem ou lêem nos meios de comunicação.

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PALAVRAS-CHAVE: leitura, televisão, escola, letramento, mídia. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos. LINHA DE PESQUISA DA DISSERTAÇÃO: Ensino e Aprendizagem de Línguas.

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O TEXTO NARRATIVO NO ENSINO MÉDIO: DIAGNÓSTICO E RELATO DE EXPERIÊNCIA COM OFICINAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL

Maísa CARDOSO Orientadora: Profa. Dra. Sônia Aparecida Lopes BENITES

Em tempos de discussão sobre variedades lingüísticas, diversidade, respeito às diferenças, ainda é possível deparar-se com um ensino de língua portuguesa compartimentado, que, na maioria das vezes, não promove o devido diálogo entre a produção textual, a gramática e a literatura. Como se tais eixos pudessem ser estudados de modo separado, o ensino freqüentemente enfatiza um deles, penalizando um ensino de língua que se propõe interacionista. Esta pesquisa enfatiza a necessidade desse diálogo entre os conteúdos para uma construção efetiva de leitores e escritores competentes, capazes de “navegar” de um texto a outro - exigência básica numa sociedade globalizada imersa em discursos. Para tanto, pretende-se realizar experiências de escrita referentes ao gênero narrativo, universo de ficção extremamente necessário para a existência humana, abordando, especificamente o conto, a crônica e a notícia. O estudo desse gênero representa, em última instância, a retomada de um universo familiar, uma vez que todos os sujeitos narram oralmente, desde muito cedo. Resta explorar, na escrita, os inúmeros recursos lingüísticos que tornam esse gênero tão peculiar e especialmente relevante. Estudos anteriores demonstram ser esse um gênero pouco explorado no ensino médio, que prioriza o trabalho com textos dissertativos, por estes serem mais exigidos no concurso vestibular e por parecerem, equivocadamente, mais estruturados, baseados em técnicas de fácil assimilação. Dessa forma, a pesquisa procura lançar um olhar científico sobre o gênero narrativo, por meio da realização de experiências de escrita no contexto de uma sala de primeiro ano de ensino médio, em cujos textos serão observadas a adequação e a compreensão das particularidades do gênero. A metodologia compreende, em um primeiro momento, a coleta de textos produzidos pelos alunos e por eles próprios classificados como crônicas, contos e notícias. A análise desses textos, segundo momento, leva em conta os problemas tipológicos encontrados, bem como sua recorrência. A terceira etapa compreende a revisão e o estudo do gênero para elaboração de uma oficina de produção textual, cuja aplicação terá como objetivo desenvolver a capacidade de produção de textos nesse gênero textual. Após a aplicação da oficina, nova coleta de dados será feita, seguida da análise do material. Os resultados obtidos até o momento revelam que a maioria dos alunos: 1) tem pouca familiaridade com o gênero narrativo, e com os requisitos necessários a sua produção, como, por exemplo, criatividade, verossimilhança e focalização; 2) apresenta dificuldade quanto ao uso dos recursos gramaticais, tais como verbos, marcas gráficas da entonação (interjeições e pontuação geral); 3) tem dificuldade em diferenciar e empregar os discursos que caracterizam o texto narrativo, quais sejam, o discurso direto, o indireto e indireto livre. PALAVRAS-CHAVE: interação - narrativa - oficina. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos LINHA DE PESQUISA: Ensino Aprendizagem de Língua Materna

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OS MODOS DE EXPRESSÃO E OS GRAUS DA MODALIZAÇÃO EPISTÊMICA NO DISCURSO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Márcia de Freitas SANTOS Orientador: Prof. Dr. Juliano Desiderato ANTONIO

Por meio da competência comunicativa, os falantes são capazes de usar e interpretar satisfatoriamente as expressões lingüísticas em uma situação de interação. Essa mesma competência concede ao usuário da língua a possibilidade de organizar seu enunciado de forma qualificada, deixando claras ou implícitas suas reais intenções comunicativas. A modalização epistêmica se refere ao modo de uso da língua pelo qual o falante expressa sua avaliação sobre o valor de verdade do conteúdo proposicional. Trata-se de marcar o conteúdo comunicado por meio de um conhecimento, crença ou mesmo uma opinião pessoal. A língua dispõe de uma variedade de recursos lingüísticos que podem ser utilizados para a expressão da modalização epistêmica. A escolha de um ou outro recurso demonstra o maior ou menor grau de adesão do falante em relação ao conteúdo por ele proferido. Essa gradação ocorre porque o eixo epistêmico é definido como um contínuo entre o certo e o possível, e cabe ao falante, de acordo com suas intenções comunicativas, utilizar-se de modalizadores do certo ou do possível. A proposta deste trabalho é fazer uma análise dos modos de expressão e os graus da modalização epistêmica em textos orais e em textos escritos do domínio discursivo científico/ acadêmico. Para a realização da pesquisa, constituímos um corpus de 10 artigos científicos, 10 entrevistas gravadas nas quais os autores comentam os resultados obtidos com o trabalho, 10 trabalhos acadêmicos e 10 elocuções formais (apresentação oral desses trabalhos acadêmicos). Pareceu-nos interessante promover um estudo sobre a modalização no discurso científico, pois, ao postular um discurso neutro e objetivo, a ciência estabelece o que pode ou não ser dito. No entanto, por mais impessoal que possa parecer o discurso científico, as marcas da subjetividade acabam aparecendo e permeando o texto, visto que o autor, buscando a adesão do público, recorre à manifestação da certeza de forma não-marcada (ausência de modalizadores). Dessa forma, o conteúdo do enunciado apresenta-se como uma asseveração, sem espaço para a dúvida. Além do estudo da modalização no discurso científico, o trabalho também pretende fornecer algum subsídio para a descrição das semelhanças e diferenças entre os textos orais e os textos escritos. Para tanto, reconhecendo o caráter subjetivo da modalização, concluímos que essa expressão pede uma abordagem que considere a língua em uso. Assim, optamos por uma fundamentação teórica de base funcionalista tendo em vista que os estudos funcionalistas descrevem a função dos modalizadores nos níveis pragmático, semântico e sintático de forma integrada. PALAVRAS-CHAVE: Modalização; Funcionalismo; Discurso científico; Fala e escrita. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos. LINHA DE PESQUISA: Descrição Lingüística.

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DE TROCANDO OLHARES À CHARNECA EM FLOR – UMA LEITURA DA NATUREZA EM FLORBELA ESPANCA

Maria Alice Sabaini de SOUZA Orientadora: Profa. Dra. Clarice Zamonaro CORTEZ

O estudo reflexivo da literatura relacionada com outras artes requer, primeiramente, a percepção do leitor. Por tratarem-se ambas de uma produção humana, espelham visões do eu-lírico acerca de temas universais, numa interação do texto literário com o cenário e o sentimento que o invade, suscitando no leitor a possibilidade da criação de imagens surgidas do próprio texto. Pretende-se verificar, partindo-se dessa idéia, de que forma a natureza, considerada pano de fundo dos sonetos da poetisa portuguesa Florbela Espanca, influencia no estado de espírito do eu-lírico em alguns textos das obras poéticas Trocando Olhares (1915-1917), Sóror Saudade (1923) e Charneca em Flor (1931). A pesquisa objetiva, então, perceber quais são os recursos responsáveis pela relação do texto com a imagem e sua capacidade de revelar o estado de espírito do eu-lírico bem como sua ação como fator extensivo do mesmo. Florbela Espanca inicia suas publicações entre 1915 e 1917. Sua obra poética, segundo a crítica especializada, é “uma poesia viva” admirável porque se constrói, antes de qualquer coisa, pelo poder da verossimilhança, expressando a sua alma nas planícies do Alentejo. Paisagem exterior e paisagem interior podem ser claramente observadas em seus sonetos, permitindo ao leitor a construção de imagens como produtoras de sentido, configurando a conceituação acima apresentada. A importância de se estabelecer uma leitura sob a vertente do texto/imagem se deve ao fato de que a literatura, ao estabelecer relação com as demais artes, propicia, por meio da linguagem imagística e dos recursos da retórica e estilística, uma visão mais atualizada. De acordo com Joly (1996) vivemos na era da imagem e na visão mais aprofundada do texto, pois não nos detemos apenas na sua superfície e sim no que nos possibilita visualizar. A leitura ganha um caráter contemplativo ao transpassar o papel e provocar a geração de imagens. A pesquisa, deste modo, será desenvolvida a partir de uma recuperação dos contextos sócio-culturais de Portugal no final do século XIX e no início do século XX para contextualização do corpus, atentando-se para as manifestações artísticas e para os pintores de tal período. Em seguida, destacar-se-ão os recursos retórico-estilísticos presentes nos sonetos (o cenário e o uso do cromático), como elementos fundamentais para a aproximação com a pintura e a construção de sentido. A possível conclusão será discutir se, ao longo de sua produção poética, Florbela procurou estabelecer uma interação entre os anseios do eu-lírico e a natureza e como ocorre tal dinâmica. Nas três antologias a tônica muda, observando-se uma oscilação do espaço-refúgio (nas duas primeiras antologias, sobretudo, em Sóror Saudade) para o espaço que liberta, no qual o cenário e os elementos noturnos são substituídos pela claridade e a vivacidade dos elementos diurnos como sol, flores e campos de trigo. PALAVRAS-CHAVE: Florbela Espanca – poesia – natureza – imagem - interação ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários LINHA DE PESQUISA: Literatura: teorias críticas e história

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IDENTIDADE E REPRESENTAÇÃO EM TROPICAL SOL DA LIBERDADE, DE ANA MARIA MACHADO

Mirele Carolina Werneque JACOMEL Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Osana ZOLIN

A crítica literária pós-estruturalista, engendrada no modelo de desconstrução dos discursos tradicionais proporcionou elementos necessários ao surgimento de novas correntes críticas que pudessem problematizar, à sua maneira, o contexto social das obras publicadas em determinados períodos históricos e da temática nelas abordada. Essa proposta de exame do texto literário revela que a verdade ou a falsidade não devem ser pontos de partida para se discutir a literatura. Nessa esteira, a crítica feminista como categoria de análise da ficção busca elementos no texto que demonstrem o espaço da mulher na sociedade ao longo da história, sua condição como sexo subalterno, bem como os espaços a ela oferecidos para sistematizar a opressão. A literatura de autoria feminina somada aos pressupostos da Crítica Feminista procura submeter à crítica o universo que envolve a mulher e a literatura. É por esse ângulo que estamos analisando o romance Tropical Sol da Liberdade (1988), de Ana Maria Machado, em nossa pesquisa. A proposta de discutir através desse romance o papel da mulher na sociedade brasileira se concretiza em função da carga política e ideológica que a obra apresenta, considerando o comportamento de uma mulher do final do século XX, cuja história de luta contra o sistema patriarcal é matizada pela implantação do regime militar. Nesses termos, essa pesquisa tem como objetivo geral analisar a representação da personagem feminina no romance Tropical Sol da Liberdade sob a orientação teórica da Crítica Feminista e tentar compreender como as relações de gênero e poder se refletem na literatura. Para tanto, é fundamental realizar uma discussão acerca da temática da obra para entendermos melhor como a literatura é também a expressão de um momento histórico. Desse modo, amparando-nos nos pressupostos da Sociocrítica, objetivamos tecer considerações sobre a relação Literatura e História, sobre a história de opressão das mulheres no Brasil, o embate da literatura de autoria feminina e o cânone literário como uma das propostas de desconstrução do Pós-estruturalismo, além de discutir a participação, direta e/ou indireta, da mulher nas ações contra o governo militar de 1964. A partir desse exame dos processos históricos, pretendemos construir uma análise da literatura de autoria feminina, percorrendo a história de produção literária das escritoras brasileiras e, com isso, realizar apontamentos em torno das diferentes maneiras de representação da mulher na literatura. Nosso intuito, enfim, é utilizar todo o aparato teórico assimilado quando da análise da narrativa pós-ditatorial de Ana Maria Machado. Para enfatizar essa proposta, trabalhamos com o conceito de metaficção historiográfica, tal como assinala Linda Hutcheon (1991), pois a teoria permite uma leitura da literatura de autoria feminina como diferente maneira de se retratar a história através do discurso “desautomatizado”. Diante do processo desenvolvido e das informações emergidas na pesquisa, pudemos perceber que a mulher brasileira sofreu um processo de ruptura, em seus projetos de emancipação, com a implantação do governo militar, fator que contribuiu para a lentidão do processo de redemocratização e de superação da condição de sexo subalterno. Essa ruptura gerou um desconforto na consciência feminista que apenas a partir da década de 1990 despertou para a noção de que o feminino como vítima na sociedade patriarcal somente reforça a reprodução da submissão. PALAVRAS-CHAVE: Literatura, História, Mulher. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários LINHA DE PESQUISA: Teorias Críticas e História

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MÍDIA, MODOS DE SUBJETIVAÇÃO E A PRODUÇÃO DISCURSIVA DA IDENTIDADE FEMININA NA PÓS-MODERNIDADE

Patrícia Duarte de BRITTO Orientador: Prof. Dr. Pedro Luis Navarro BARBOSA

O rápido movimento das mudanças econômicas, tecnológicas, culturais e do cotidiano, ocorridas durante o período histórico da pós-modernidade - que concerne a nossa contemporaneidade, de meados do século XX aos primeiros anos do século XXI - tem deslocado as estruturas centrais da sociedade e, em especial, abalado os parâmetros estabilizadores do sujeito, descentralizando-o de seu lugar sócio-cultural e de si mesmo. Tal descentralização tem incitado os indivíduos a uma complexa questão: quem sou eu aos meus próprios olhos e aos olhos do outro? Nesse contexto histórico, o conceito de identidade se torna problemático. Considerada não como um elemento unificado, homogêneo, estanque e permanente, dado a priori, mas como uma construção mutável, instável, contraditória, fragmentada, heterogênea, a identidade é compreendida enquanto um processo e um efeito determinado historicamente pelas práticas discursivas. Nesse terreno, a temática de nossa pesquisa dissertativa centra-se sobre o processo de constituição identitária do sujeito feminino nas práticas discursivas em mídia contemporânea. Com o olhar voltado para a revista impressa destinada ao público feminino, buscamos vislumbrar, na história do cotidiano, o modo como novos saberes sobre a mulher são construídos, enquanto verdades necessárias para se firmar uma identidade. A partir de enunciados produzidos por mulheres e sobre mulheres, debruçamo-nos ao estabelecimento de várias relações de saber e poder entre instituições, processos econômicos e sociais, formas de comportamento, sistemas de normas e técnicas que nos possibilitam compreender quem é a nova mulher da pós-modernidade, quem ela diz ser e quem a mídia diz que ela é. O alicerce para nossas reflexões está no entrecruzamento entre linguagem, sociedade, história e memória e, para tanto, lançamos mão, como embasamento teórico-analítico, dos estudos da Análise de Discurso de linha francesa, inaugurada por Michel Pêcheux, e, principalmente, das formulações de Michel Foucault sobre história, poder, saber, produção de subjetividades, subjetivações e objetividades. Também nos alicerçamos nos Estudos Culturais acerca da identidade e da diferença, a partir de deslocamentos oriundos dos pressupostos pós-modernos. O Método arqueológico, elaborado por Michel Foucault, é o guia para nossas análises, as quais são norteadas pelos conceitos de enunciado, função enunciativa, formação discursiva, arquivo, modos de subjetivação e objetivação (M. Foucault); relações interdiscursivas e intradiscursivas, memória discursiva e intericonicidade (J-J. Courtine); acontecimento e heterogeneidade (M. Pêcheux) e identidade, diferença e pós-modernidade (S. Hall). Nossos objetos analíticos, enquanto suporte de língua e imagem, formam um arquivo de enunciados e discursos dispersos, retirados de cinco exemplares da revista Veja, Editora Abril, Edição Especial Mulher e veiculados a partir do período de 12/2001, 08/2002, 08/2003, 05/2006 e 05/2007. São ao todo oito reportagens e capas enfocadas como lugar de memória, a partir de um campo complexo de discursos que lançam nosso olhar a inúmeros outros enunciados e nos possibilitam observar a atualização de determinados temas, os quais nos direcionam à organização de quatro trajetos temáticos em que é possível detectar a construção de identidades femininas: a beleza da mulher; consumo feminino; o trabalho, a mulher e seus múltiplos papéis; o relacionamento homem e mulher. Em nosso arquivo, analisamos enunciados e discursos de mulheres que se subjetivam – ou seja, organizam uma consciência de si, a partir de uma relação com tipos particulares de governo e autocontrole, a fim de compreendem aquilo que são e encontrarem para si uma identidade, constituindo-se em sujeitos de suas próprias existências – além dos enunciados produzidos pela mídia, que objetiva tais mulheres em sujeitos - agora em uma identidade coletiva, determinando a conduta das mesmas e submetendo-as a certos fins ou à dominação, a partir dos saberes que as mulheres elaboram sobre si e por meio de ordens como, por exemplo, tome conta de você mesma, tome conta de seu corpo, de sua saúde, de sua maneira de falar, de se vestir, de se alimentar, de trabalhar, de se relacionar etc., considerados pela revista e pelas leitoras

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como elementos centrais para se assegurar uma suposta identidade própria, una, homogênea e centralizada. Pautados nas técnicas, prescrições, dispositivos, disciplinaridades, governamentalidades, jogos de verdade existentes nas subjetivações e objetivações, nossa hipótese é de que revista não é somente um aparelho institucional de controle, que guia comportamentos, idéias, condutas, servindo como um tipo de mentor que exerce certa autoridade no que se refere à tentativa de controle dos papéis de suas leitoras. A nosso ver a revista é, principalmente, espaço para que a mulher contemporânea, enquanto material vivo imprima em cada página sua cotidianidade, vivendo nela suas próprias práticas, técnicas, programações de conduta e disciplinas, ora se submetendo à revista, ora dela se liberando, ao se construir como sujeito e tomar consciência de si mesma. Tal hipótese de pesquisa ainda não foi confirmada ou refutada, decorrente de estarmos na fase de construção dos capítulos teóricos de nosso trabalho dissertativo. Ainda não temos resultados a serem apresentados, mas esperamos brevemente realizar os primeiros apontamentos analíticos e interpretativos de nosso arquivo de observação. PALAVRAS-CHAVE: discurso; mídia; identidade. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos. LINHA DE PESQUISA: Estudos do Texto e do Discurso.

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AS MANIFESTAÇÕES DO INTERLOCUTOR EM PRODUÇÕES TEXTUAIS ESCRITAS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Rafaela de Cássia FRANZOI Orientador: Prof. Dr. Renilson José MENEGASSI

Ao realizar o Projeto de Iniciação Científica “O interlocutor na produção de texto no livro didático”, em 2005, vinculado ao Grupo de Pesquisa “Interação e escrita no ensino e aprendizagem” (UEM/ CNPq – www.escrita.uem.br), tinha-se o propósito de analisar o livro didático de língua portuguesa, especificamente a seção de produção textual, atentando se esses comandos destinados à construção da escrita apresentavam como único interlocutor real o professor, ou se se delimitavam a interlocutores virtuais, contribuindo para um trabalho de produção textual, diferenciando-se da redação escolar. Os materiais analisados foram os livros didáticos de Língua Portuguesa de 5ª. a 8ª. séries mais utilizados nas instituições de ensino fundamental do Noroeste do Paraná, no período de 2004 a 2005. As coleções selecionadas foram Português: Linguagens, de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, 2ª. ed. São Paulo : Atual, 2002 e Português: uma proposta para o letramento, de Magda Soares, São Paulo : Moderna, 2002. Por meio dessa pesquisa, verificou-se que não era suficiente, para realizar produção textual, apenas a presença do interlocutor, mas que a imagem, que era exposta no comando para a construção da escrita, interferiria na elaboração do texto do aluno em sala de aula. A escolha para analisar livros didáticos de língua materna ocorreu pelo fato de serem os materiais de apoio que o professor possui para desenvolver suas aulas. Com esse trabalho, foi possível perceber que os comandos de produções textuais analisados apresentavam problemas com relação à delimitação do tipo de interlocutor: em algumas propostas não se tinha a definição de quem é o outro e nas demais configuravam um interlocutor que propiciava, apenas, uma escrita para a escola, levando à produção da redação escolar. Dessa forma, a pesquisa expôs que é necessário que o professor altere os comandos de produção textual do livro didático de Língua Portuguesa para delimitar uma imagem adequada do interlocutor para a construção do texto escrito, com o propósito de estabelecer a compreensão responsiva ativa proposta por Bakhtin (2003). Assim, ao final, o trabalho detectou que: a) o material didático de língua materna possui inadequações nos seus comandos de produções textuais ao delimitar a imagem do interlocutor; b) o aluno possui uma grande dificuldade para construir textos, quando o comando não apresenta para quem ele deverá elaborar seu enunciado, levantando questionamentos como, por exemplo: o que eu devo escrever? Como eu escrevo?; c) quando o educando possui o professor/avaliador como único interlocutor do seu texto, tem-se um grande obstáculo a vencer para produzir escrita, pois a dificuldade instaura-se, principalmente, por ser o seu outro um corretor e não um elemento contribuinte para a compreensão responsiva ativa. Dessa forma, devido às discussões realizadas no Grupo de Pesquisa “Interação e escrita no ensino e aprendizagem” sobre a importância das condições necessárias para a produção textual, que considera o outro como um dos elementos fundamentais para o processo da construção da escrita em sala de aula, com o intuito de estabelecer uma atitude responsiva ativa, segundo os preceitos de Bakhtin/Volochinov (1998) e Bakhtin (2003), surgiu o propósito desta dissertação. O projeto tem, assim, o objetivo de verificar a influência do interlocutor na produção textual escrita em sala de aula de ensino fundamental, investigando como a ausência do outro no comando de produção textual se manifesta nos textos dos alunos, além disso, pretende caracterizar se as noções de interlocutor real e virtual interferem e se revelam nos textos dos alunos, para compreender como ocorrem as manifestações do interlocutor na produção textual escrita escolar, delimitando o grau de importância desse elemento, que é considerado por Bakhtin (2003) o responsável pela compreensão responsiva ativa e, dessa forma, pela realização de produção textual. Por fim, tem-se, também, como propósito desta pesquisa, realizar uma transposição didática da teoria sobre interação e escrita, especificamente no que tange ao interlocutor, que está sendo produzida no Brasil, verificando se ela se adapta à realidade da sala de aula e quais alterações são necessárias. Portanto, para compreender como acontecem as manifestações do interlocutor na produção textual escrita de alunos, esta

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pesquisa investiga os textos escritos construídos por educandos da 7ª. série do ensino fundamental, de um colégio da rede privada do município de Marialva, Paraná, instituição de formação religiosa que atende uma clientela de classes média e alta, na qual oferece Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. A escolha por essa série originou-se do fato de ela ser o início do último ciclo do ensino fundamental, pressupondo-se que as características da escrita já foram desenvolvidas. O local selecionado deve-se pela questão de a pesquisadora ser docente efetiva da disciplina de Laboratório de Texto, desde 2005. Assim, numa vertente sócio-interacionista da Lingüística Aplicada, em uma abordagem qualitativa-interpretativa, segundo os preceitos apresentados por Bakhtin (2003), na teoria da responsividade ativa do enunciado, a presente pesquisa considera o interlocutor como uma das principais características da escrita. Com isso, ao analisar os textos produzidos pelos alunos da 7ª. série, tem-se o intuito de observar se o interlocutor foi internalizado, realmente, como elemento essencial da escrita ao longo do período de formação do ensino fundamental, verificando a sua influência na produção textual escrita em sala de aula; investigando como a ausência do interlocutor no comando de produção textual se manifesta nos textos dos alunos e caracterizando se as noções de interlocutor real e virtual interferem e se manifestam nos textos dos educandos. Para isso, serão apresentados aos alunos comandos de produções de textos, com diferentes delimitações de interlocutores. Cada proposta de escrita resultará em textos a serem analisados. Serão propostos: a) Um comando de produção de texto que não possui marca de interlocutor; b) Uma proposta que não demarca, explicitamente, o interlocutor, mas, implicitamente tem-se o professor como outro; c) Um enunciado de produção que apresenta um interlocutor real-externo da sociedade; d) Um comando de escrita com os interlocutores real, virtual, externo; e) Uma proposta de construção de texto que não possui a delimitação do interlocutor. Dessa forma, os estudantes realizarão a construção de cinco textos, segundo esses tipos de comandos. Todos os alunos que constituem a 7ª. série produzirão as atividades. Após a construção dessas escritas, tem-se a escolha dos textos a serem analisados. Serão selecionados os textos de três alunos que participaram de todo o processo de escrita, ou seja, que realizarão as cinco produções, constando para o estudo um total de 15 produções textuais. Em relação ao critério para a escolha desses alunos, serão selecionados; a) Um aluno considerado excelente: educando que atingiu média final entre 9,0 a 10,0, na disciplina de Laboratório de Texto, no término do terceiro ciclo (6ª. série); b) Um aluno mediano: estudante que adquiriu média final entre 7,0 a 8,9, na disciplina de Laboratório de Texto, no término do terceiro ciclo (6ª. série); c) Um aluno razoável: aprendiz que atingiu média final entre 6,0 a 6,9, na disciplina de Laboratório de Texto, no término do terceira ciclo (6ª. série). Tem-se a escolha dos textos produzidos por este aluno, devido ao fato de que ele possa ter um baixo rendimento em relação à escrita, mas, também, pode ser capaz de demarcar em seu texto o interlocutor, demonstrando que possui um domínio na relação interativa comunicacional com o outro. Enfim, por meio deste projeto de dissertação, verificar-se-á se o papel dos interlocutores, para quem o enunciado escrito constitui-se, é de grande destaque no processo de comunicação discursiva escrita, segundo expõe Bakhtin (2003). PALAVRAS- CHAVE: Interlocutor, outro, interação, escrita, Ensino Fundamental. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Lingüísticos LINHA DE PESQUISA: Ensino e Aprendizagem de Línguas

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UMA LEITURA DAS INTERTEXTUALIDADES: AS CARTAS PORTUGUESAS DE SÓROR MARIANA ALCOFORADO E AS ILUSTRAÇÕES DE HENRI MATISSE

Regina Lúcia Gonçalves Pereira SILVESTRINI Orientadora: Profa. Dra. Clarice Zamonaro CORTEZ

No estudo do período literário denominado Barroco registra-se o seu início nas artes plásticas. A arquitetura e a pintura traduzem a ânsia de conciliação presente no interior do Barroco. O belo-feio, a linha torta, o excesso de pormenor, o desenho que foge do ponderado, do razoável, o jogo do claro-escuro em que a sombra ocupa lugar preponderante são meios de exprimir a angustiosa procura da síntese das tendências opostas no homem e na cultura. Visto sob tal perspectiva, o Barroco constitui-se uma importante manifestação das artes plásticas, principalmente na Espanha, onde alcançou graus de primeira grandeza. A temática das paixões como o desengano do amor, a melancolia do ideal inatingível, a angústia da perda da esperança, a dor do tempo, entre outros temas desvendaram estados de alma de Sóror Mariana Alcoforado nas Cartas Portuguesas. Escritas por um eu que se confessa freira e dirigidas a um militar francês, Chevalier de Chamilly, as cinco cartas desvendam um sentido desengano e uma profunda dor da ausência do ser amado, essência de um drama passional já encontrado, anteriormente, nas cantigas de amigo. Henri Matisse (1869-1954), pintor, escultor, artista gráfico e projetista francês também foi leitor das Cartas Portuguesas. No ano de 1945, aos 73 anos, ele lê as cartas enquanto se recupera de uma delicada cirurgia. Entusiasmado, no ano seguinte, propõe à Editora Tériade, em Paris, uma edição ilustrada das Cartas. A edição composta de retratos imaginários de Mariana e somando-se 15 litografias que acompanham o texto, procuram sintetizar os diversos estados de alma da religiosa, da pureza à paixão, da desilusão à amargura. Além das litografias, Matisse ilustra as páginas com vinhetas de flores, frutos e plantas dos países do sul que corroboram a paixão e o desejo expressos nas cartas. A edição que constitui o nosso corpus é a de 2004.Procurar-se-á responder às perguntas: estariam resolvidos todos os problemas que as Cartas levantam tal o volume das conjeturas e indagações sobre a autoria e o número de cartas enviadas? Teria o tradutor as alterado ou refundido? A leitura receptiva de Matisse corresponde ao conteúdo literário das Cartas? O objetivo deste trabalho é de estabelecer uma leitura das Cartas Portuguesas considerando-as um documento humano, literário e de confissão e das possíveis intertextualidades existentes na recepção de leitura de Henri Matisse nas litografias e vinhetas da edição especial de 2004. Realizaremos o estudo do movimento barroco literário e das artes plásticas do século XVII na Europa e, especificamente, em Portugal, estabelecendo-se uma leitura das Cartas Portuguesas, de Sóror Mariana Alcoforado, pertencentes ao gênero epistolográfico, considerando o poder de expressão do discurso barroco, sua tensão dramática e eloqüência. Um estudo das intertextualidades existentes no discurso confessional das Cartas e na recepção de leitura revelada nas litografias e vinhetas de Henri Matisse, segundo os conceitos de Wolfgang Iser, será o principal enfoque da dissertação. PALAVRAS-CHAVE: Henri Matisse- Cartas Portuguesas - intertextualidade ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários LINHA DE PESQUISA DA DISSERTAÇÃO: Literatura: teorias críticas e história

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A PRESENÇA DA MORTE E DA SOLIDÃO NOS CONTOS DE MARIA JUDITE DE CARVALHO E DE LYGIA FAGUNDES TELLES

Roberta Fresneda Villibor SPERANDIO Orientadora: Profa. Dra. Clarice Zamonaro CORTEZ

Após a Segunda Guerra Mundial, a Literatura de modo geral sofreu os reflexos oriundos dos conflitos bélicos, o que se constata nos modos de sentir e pensar o mundo na iminência da morte e da solidão. Esses temas passam a ser centrais na obra de duas escritoras contemporâneas, que trabalham as relações humanas como modo de explicar o mundo pós-guerra. O escopo deste trabalho é a análise de alguns contos de Maria Judite de Carvalho –escritora portuguesa ainda desconhecida do público brasileiro–, em comparação com contos da brasileira Lygia Fagundes Telles, autora já consagrada e cujas obras foram premiadas e são amplamente estudadas no país. Os contos foram selecionados das obras Tanta gente, Mariana, livro de estréia de Maria Judite de Carvalho, publicado em Portugal em 1959, e Antes do Baile Verde, de Lygia Fagundes Telles, cujos contos foram escritos entre1949 e 1969. Tendo em vista que as autoras possuem alguns pontos de contato (o fato de serem mulheres, de escreverem em língua portuguesa e de o fazerem em um período cronológico bastante próximo), a presente pesquisa justifica-se, em primeiro lugar, por estabelecer a conexão entre literaturas diversas (a portuguesa e a brasileira) e, em segundo lugar, por privilegiar o estudo comparado entre as duas obras, pois até o presente momento não foram relacionadas em outros trabalhos, verificando o caráter inovador da proposta que, de certa forma, pretende reconhecer a escrita de Maria Judite de Carvalho no Brasil e apontar suas semelhanças temáticas e o porquê deste encontro com a brasileira Lygia Fagundes Telles. A partir da seleção de contos que possuem a temática da morte e da solidão humanas, foi realizada uma análise individual de cada um deles e, posteriormente, a comparação, de modo a verificar de que modo ambas as escritoras abordam, na psicologia de suas personagens, a questão da morte e da solidão. O aporte teórico utilizado para a realização deste estudo comparado de literatura centrou-se nas obras Literatura Comparada, de Sandra Nitrini, e Literatura Comparada – textos fundadores –, de autoria de Eduardo Coutinho e Tânia Franco Carvalhal. Para a análise recepcional dos textos, privilegiou-se a obra O ato da leitura – uma teoria do efeito estético –, de Wolfgang Iser. Deste modo, espera-se comprovar que o estudo da literatura comparada se torna necessário não apenas para verificar fontes e influências e sim para entender algumas motivações do comportamento humano em situações que se assemelham, entendendo que a literatura é um construto social e, como tal, não passa ao largo dos questionamentos universais, tais como a morte e a solidão. PALAVRAS-CHAVE: Literatura comparada; morte; solidão. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários LINHA DE PESQUISA: Teorias Críticas e História.

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LETRAMENTO LITERÁRIO: CAMINHOS E DESCAMINHOS DO ENSINO DE LITERATURA

Samuel Ronobo SOARES Orientadora: Profa. Dra. Mirian Hisae Yaegashi ZAPPONE

Ao compreender o conceito de letramento como um conjunto de práticas sociais que utilizam a escrita como um sistema simbólico, que a usam com finalidades específicas e em contextos específicos, e considerar a literatura como um tipo de escrita específica e que se distingue de outros tipos de escrita, o conceito de letramento mostra-se bastante pertinente para alguns aspectos que permeiam os modos de produção, recepção e circulação da literatura e, consequentemente, seu ensino. O objetivo desta pesquisa foi realizar um rastreamento das orientações e das práticas de letramento literário em materiais pedagógicos e em meios que orientam o processo de aprendizagem da literatura. Como percurso metodológico para esta pesquisa, optou-se pela Análise de Conteúdo, consistindo-se o corpus de análise materiais didáticos de 1ª série da educação infantil, 8ª série do ensino fundamental e 3º série do ensino médio. Além desses materiais, cadernos de resumos preparatórios para vestibulares e sites de internet também foram analisados. A partir dos dados levantados e investigados, pôde-se evidenciar a ambivalência dos estudos literários presentes na sociedade, bem como observar a forma como ela é divulgada em diferentes meios. Alguns sites e materiais didáticos especializados promovem o discurso da crítica literária, ainda desenvolvida por um público burguês, branco e eurocêntrico, ao difundir conceitos e interpretações pré-fixadas sobre os textos, além de fornecer os caminhos da leitura, excluindo qualquer possibilidade interpretativa dos leitores. Por outro lado, mesmo diante da presença da voz da crítica, outras formas literárias são frequentemente procuradas pelos leitores, evidenciando um contraste entre a atitude prescritiva da crítica especializada sobre literatura e texto literário e a efetiva leitura literária que ocorre na sociedade. PALAVRAS-CHAVE: Letramento Literário. Formação do Leitor. Ensino de Literatura. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários LINHA DE PESQUISA: Literatura e a formação do leitor

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A POESIA DE SYLVIA PLATH: RECEPÇÃO E TRADUÇÃO DE ‘LADY LAZARUS’ E ‘WORDS’ POR ALUNOS DO 5º ANO DO CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS DA

UEM Sarah CASAGRANDE

Orientadora: Profa. Dra. Vera Helena Gomes WIELEWICKI Investiga-se a recepção da poesia original e traduzida da poeta norte-americana Sylvia Plath por alunos do 5º ano de Licenciatura Plena em Letras Habilitação Dupla: Português-Inglês da Universidade Estadual de Maringá-PR (UEM). Justifica-se a escolha da poesia plathiana pela sua complexidade, mesmo para falantes nativos, diante da constatação por professores da recepção problemática de literatura em língua inglesa pelos alunos que não atingem um grau de compreensão satisfatório, em razão do conhecimento insuficiente da língua pela maioria e/ou pelos textos antigos serem de difícil compreensão, mesmo para leitores proficientes. Conseqüentemente, traduções são vastamente utilizadas pelos alunos, à revelia dos professores. Propõe-se, assim, a utilização crítica da tradução e seu estudo, com o texto fonte como recurso didático válido: estímulo para recepção, aprendizagem e interesse pelo texto fonte, considerando uma pedagogia crítica em uma visão pós-moderna para a formação de alunos-leitores críticos, futuros professores. Procura-se, desse modo, investigar e discutir as razões da recepção problemática de poesia em língua inglesa pelos alunos em questão, propondo-se a utilização da tradução e seu estudo como recurso didático válido para estimular a recepção e aprendizagem, tendo como corpus a poesia complexa de Plath, dois poemas: ‘Lady Lazarus’ e ‘Words’ e as respectivas traduções em português. Contextualizar historicamente o momento social, econômico, político, cultural e literário norte-americano em que estão inseridos vida, obra e estilo de Plath; pesquisar sobre tradução literária enfatizando a tradução poética, além de considerações sobre a tradução e os tradutores dos poemas utilizados; tratar sobre as Teorias da Recepção; investigar como ocorre a recepção do corpus sem e com tradução através de aplicação de um questionário. Articular teoria e prática e discutir se o uso crítico da tradução, bem como seu estudo, funciona como um estímulo para a recepção, ensino e a aprendizagem e se pode contribuir para o ensino e interesse de poesia em língua inglesa, a fim de formar alunos-leitores críticos e futuros professores. A pesquisa tem caráter teórico-bibliográfico e prático. O primeiro constitui-se de leituras, resumos e resenhas de materiais teóricos. O caráter prático consiste da aplicação da Teoria da Recepção, com foco para o Reader-Response Criticism juntamente com o corpus original e traduzido em um questionário elaborado para os alunos em questão, aplicado em situação de pesquisa em sala de aula. O intuito, a partir da coleta e análise dos dados através dos questionários respondidos, é constatar como ocorre a recepção de poesia em língua inglesa sem e com tradução. Os resultados serão possíveis somente depois de aplicado o questionário e da análise das respostas. Espera-se que - de acordo com relatos de professores e dos próprios alunos – a proposta do uso e estudo da tradução contribua para tornar a recepção de literatura em língua inglesa mais prazerosa, menos problemática e dolorosa e sugira aos professores, que o uso desse recurso didático pode ser uma saída possível para o problema. PALAVRAS-CHAVE: Plath, recepção, tradução. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários. LINHA DE PESQUISA: Literatura e a formação do leitor.

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O DISCURSO DE RESISTÊNCIA E REVIDE EM CONQUISTA ESPIRITUAL (1639), DE ANTONIO RUIZ DE MONTOYA: AÇÃO E REAÇÃO JESUÍTICA E INDÍGENA NA

COLONIZAÇÃO DO NORTE DO PARANÁ Saul BOGONI

Orientador: Prof. Dr. Thomas BONNICI A exemplo do que ocorreu em outros continentes, a América e especificamente a região Norte do Paraná, também ficou marcada pela colonização realizada pelos europeus. Como todos os colonizadores dos séculos 16 e 17, que viviam sob a filosofia humanista da época, que colocava o homem e, de modo especial, o europeu, como centro do Universo, o ser racional se opunha a todas as demais criaturas existentes, o que servia de base para a afirmação gradativa do europeu sobre os demais povos. Quando os portugueses chegaram ao Brasil a “inferioridade cultural” dos ameríndios e a dificuldade ou relutância destes em aceitar o cristianismo e os valores civilizados, logo se transformaram em estigma de povos desprovidos de razão. Esta idéia formada pelos colonizadores portugueses e espanhóis, que se assenhorearam do quinhão que lhes coube pelo Tratado de Tordesilhas, e que abrangia a atual região Norte do Paraná, serviu de justificativa para a exploração dos ameríndios. A colonização de modo geral caracterizou-se pela objetificação do sujeito colonizado e pela alteridade provocada pela desculturação. Como ocorreu essa objetificação? Quais as estratégias usadas pelos colonizadores, especialmente pelos religiosos, encarregados da catequização, para reduzir e “amansar” os ameríndios e usurpar o seu território? Quais as conseqüências da colonização para os ameríndios? Quais as características dessa ação colonizadora? Como eles resistiram e revidaram diante da violência dos colonizadores? Como eles agiram e reagiram diante dessa violência usurpadora? Busca-se responder a essas questões com embasamento na teoria pós-colonial. O objetivo da presente pesquisa é analisar à luz da teoria pós-colonial o discurso de resistência e revide em Conquista Espiritual (1639), de Antonio Ruiz de Montoya, bem como a ação e reação jesuítica e indígena na colonização do Norte do Paraná. Escrita em forma de crônicas, como um memorial, Conquista Espiritual não foi uma obra muito bem compreendida pelos historiadores seguintes, sendo, porém, valorizada posteriormente, em reconhecimento de sua importância e do seu caráter de testemunho vivo da gênese da catequização entre os índios Guarani, primitivos habitantes da região. Justifica-se o uso da teoria pós-colonial, que vem sendo enfatizada dentro do contexto dos estudos culturais para o entendimento da literatura que encerra o significado das condições reais dos povos civilizados e dominados pelos impérios e a sua luta para a recuperação de sua subjetividade. Em primeiro lugar fez-se o levantamento bibliográfico, teórico e literário, seguido das respectivas leituras e fichamentos pertinentes ao tema escolhido. Focalizaram-se os temas da objetificação e subjetificação, resistência e revide, ação e reação, estratégias de outremização, para a análise literária posterior. Em seguida, analisou-se a obra Conquista Espiritual feita pelos religiosos da Companhia de Jesus nas Províncias do Paraguai, Paraná, Uruguai e Tape (1639) do padre Antonio Ruiz de Montoya, à luz da teoria pós-colonial, contemplando aspectos jamais analisados, principalmente no que se refere à resistência armada e à resistência discursiva (através da dissimulação, mímica/ paródia e sly civility ou cortesia dissimulada) e revide, ação e reação dos jesuítas e indígenas na colonização do Norte do Paraná. Diante da invasão do território onde seus antepassados já viviam, e o novo modo de vida imposto pelos invasores europeus, os ameríndios não tiveram outras opções senão resistir. Eles não aceitaram sem luta a limitação de sua liberdade, a dominação e espoliação econômica e a colonização religiosa, especialmente os herdeiros da tradição tribal. Os Guarani dissimularam a aceitação, mas continuaram a prática de suas crenças como revide às incursões culturais européias e os costumes, mesmo que limitados pelas reduções. PALAVRAS-CHAVE: violência; resistência; revide; outremização ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos Literários LINHA DE PESQUISA: Literatura: teorias críticas e história

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E AS MENINAS CRESCERAM: A CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM FEMININA NAS OBRAS DE ANA MARIA MACHADO

Sílvia Maria Rodrigues Nunes CANTARIN Orientadora: Profa. Dra. Alice Áurea Penteado MARTHA

No encontro com qualquer forma de arte os seres humanos têm a oportunidade de ampliar, transformar e enriquecer sua experiência de vida. Dentre as manifestações artísticas, a literatura ocupa um papel de destaque, porque tem como matéria-prima a palavra. É ela que garante especificidade ao humano, e uma das mais legítimas funções da arte é atuar no processo de humanização do indivíduo. Não que a literatura modifique imediatamente o mundo em que vivemos, mas ao menos ela aprofunda e inquieta a sensibilidade do leitor para uma vida que pode sempre ser humanamente modificada. E é sob o ponto de vista do potencial humanizador da literatura que propomos esta dissertação, que tem como objetivo principal investigar a construção das personagens femininas por Ana Maria Machado (1942 –), em textos literários para leitores diferenciados. Abordaremos ainda concepções de Literatura, Literatura Infanto-Juvenil, formação do leitor e observaremos a presença da autora no Sistema Literário Brasileiro. Para tanto, foram analisadas nove obras delimitadas no corpus deste trabalho, que salienta aspectos da construção das personagens femininas, por meio de elementos estruturais e temático-formais e o caráter emancipatório da produção literária da escritora, pois a estrutura de suas obras, possibilita a interação entre texto e leitor. Tal pesquisa se justifica pelo interesse despertado pela autora e sua obra no contexto da produção contemporânea de literatura infanto-juvenil e adulta. Portanto, sentimos a necessidade de desenvolver esta dissertação sobre enfoque dado a construção das personagens femininas nas obras da escritora, bem como os efeitos potenciais que estes textos literários podem provocar no leitor, ampliando, assim, seu horizonte de expectativa e motivação. Estes estudos estão embasados teoricamente na Estética da Recepção e na Teoria do Efeito: Hans Robert Jauss, Wolfgang Iser, e de estudos da personagem: Antônio Candido, Beth Brait e sobre o narrador: Gerard Genette, Theodor Adorno, Walter Benjamin e Mieke Bal.O critério de seleção do corpus foi pautado na idade das personagens das narrativas, que possibilitou analisar a construção das personagens femininas em momentos diferentes desse percurso, optou-se por tal abordagem pelo caráter diferenciador em relação aos trabalhos acadêmicos sobre as representações femininas nas obras da autora. Estas narrativas rompem com os papéis engendrados pela tradição como masculinos e femininos e desconstroem estereótipos para propor o novo e mostram que o mundo não está pronto e acabado, mas precisa a todo o momento ser “repensado”, não se encontra estagnado em papéis sociais inertes. A autora se insere na literatura brasileira contemporânea e não somente aos textos ditos “infantis” e “juvenis”, mas também para o público adulto. Este estudo, de caráter qualitativo-interpretativo e bibliográfico contribuirá para a ampliação e fomentará debates sobre estudos de literatura dessa natureza. PALAVRAS–CHAVE: Literatura; Literatura Infanto-Juvenil; Ana Maria Machado; Construção das personagens femininas; Formação do leitor. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estudos literários LINHA DE PESQUISA DA DISSERTAÇÃO: Literatura e Formação do Leitor.