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8/16/2019 Utilizaçao de Microorganismos Eficazes Como
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
UTILIZAÇAO DE MICROORGANISMOS EFICAZES COMO
PROBIOTICO NO CULTIVO DA TILAPIA DO NILO
MARIA JULIANA CAMPOS LEITE
AREIA – PARAÍBA
2009
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MARIA JULIANA CAMPOS LEITE
UTILIZAÇAO DE MICROORGANISMOS EFICAZES COMO
PROBIOTICO NO CULTIVO DA TILAPIA DO NILO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Zootecnia, daUniversidade Federal da Paraíba, como parte das exigências para obtenção dotítulo de Mestre em Zootecnia.
Área de Concentração: Produção Animal
Comitê de Orientação:
Dra. Patrícia Emília GivisiezDr. Marcelo Luís RodriguesDr. Celso José Bruno de Oliveira
AREIA – PARAÍBA
2009
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Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos daBiblioteca Setorial de Areia-PB, CCA/UFPB.
L533u Leite, Maria Juliana Campos.
Utilização de microorganismos eficazes como probiótico no cultivo datilápia do Nilo. / Maria Juliana Campos Leite – Areia- PB: UFPB/CCA, 2009.
51 f. il. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal da Paraíba -Centro de Ciências Agrárias, Areia, 2009.
Bibliografia
Orientador: Patrícia Emília Naves Givibiez.
Co-orientador: Marcelo Luís Rodrigues.
1. Tilápia – rendimento 2. Tilápia – desempenho 3. Tilápia – limnologia. 4.Tilapicultura I. Givibiez, Patrícia Emília Naves (Orientador) II. Rodrigues,Marcelo Luís (Co-orientador) III.Título.
CDU: 639.3
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Aos meus pais, Mauro ( In memoriam) e Lúcia, pelo apoio, lição de vida e amor de uma
vida inteira;
E ao meu esposo, Eduardo, por ter me tornado uma pessoa ainda mais feliz
Dedico.
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Agradecimentos
A Deus, por andar sempre ao meu lado, iluminando meu caminho e me fortalecendo
sempre.
Aos meus Pais, que foram e sempre serão a razão para que eu nunca desista de meus
ideais; A minha irmã Rafaella que sempre acreditou em mim e me deu forças e ao meu
irmão Bruno e sobrinhos Caio e Maurinho. Enfim, a toda minha família e em especial
aos meus tios Jacinta, Dalva e Willames pelo carinho.
Ao meu esposo, Eduardo, pela dedicação, amor e por ter sido sempre tão paciente, me
dando forças nas horas em que mais precisei.
Aos orientadores Marcelo Luis Rodrigues e Patrícia Emília Naves Givisiez, pela
orientação, ensinamentos e confiança.
Aos amigos da Piscicultura: Denise (Tuca), Kathyúcia, Valnir, Bruno, Alanna,
Angelo, Ângela e Marcelo pela convivência e em especial, a Alda por ter me ajudado
na realização das análises.
A minha grande amiga Lourdinha por ter me ajudado sempre, pelas palavras de
conforto e incentivo e enfim, por todos os adjetivos que existe numa verdadeira
amizade.
A minha tia de agregação e também de coração, Socorro, pelo acolhimento e amizade.
Aos funcionários da UFPB/PPGZ (Graça, Dona Carmen, Jacilene e Damião) e, em
especial, aos do Setor de Piscicultura: Seu Assis e Zezinho pela contribuição na
execução do trabalho.
Aos Professores da Graduação e Pós-graduação a quem devo parte da minha formação.
Ao CNPq pela concessão da bolsa de estudos e financiamento do projeto.
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Ao Professor, Walter Esfrain, por ter me ajudado na análise estatística.
Aos colegas de Pós-Graduação pelos bons momentos compartilhados no curso; e as
amigas Cicília, Lígia, Jussara e Karlinha, pela amizade e horas de distração, quando asaudade de casa apertava.
A todas as pessoas que direta ou indiretamente auxiliaram na minha formação e
desenvolvimento do trabalho.
A gr a d eço .
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SUMÁRIO
Página
LISTA DE FIGURAS............................................................................................. viii
LISTA DE TABELAS............................................................................................ ixRESUMO................................................................................................................. x
ABSTRACT............................................................................................................. xi
1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 1
2. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 4
2.1 Qualidade da água na piscicultura...................................................................... 4
2.1.1 Parâmetros físicos..................................................................................... 5
2.1.2 Parâmetros químicos................................................................................. 6
2.2 Considerações sobre a Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus)........................ 9 2.2.1 Rendimento e composição química da tilápia............................................ 10
2.3 Utilização de probióticos na aqüicultura............................................................. 12
2.4 EM-4 ou Microorganismos eficazes .................................................................. 14
3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................ 16
3.1 Descrição geral da área de estudo....................................................................... 16
3.2 Instalações e período experimental..................................................................... 16
3.3 Animais e manejo alimentar............................................................................... 17
3.4 Manejo geral e parâmetros avaliados.................................................................. 18
3.4.1 Desempenho dos peixes............................................................................. 19
3.4.2 Análise bromatológica............................................................................... 21
3.4.3 Análise sensorial........................................................................................ 22
3.5 Delineamento experimental e análises estatísticas.............................................. 24
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 25
4.1 Parâmetros físico-químicos da água................................................................... 25
4.2 Desempenho e composição bromatológica da tilápia do Nilo............................ 34
4.3 Análise sensorial................................................................................................. 40
5. CONCLUSÕES................................................................................................... 42
6. CONSIDERAÇÕES GERAIS.......................................................................... 43
7. REFER NCIAS BIBLIOGR FICAS.............................................................. 44
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LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1. Município de Areia localizado no estado da
Paraíba.......................................................................................... 16Figura 2. Vista geral dos viveiros escavados em terreno natural com
sistema de abastecimento e escoamento individual...................... 17
Figura 3. Filetagem (A) e filés de tilápia com pele dispostos em bandeja
com gelo (B)................................................................................. 21
Figura 4. Ficha de avaliação sensorial dos filés de tilápia........................... 23
Figura 5. Filés na chapa (A) e disposição das amostras na cabine
sensorial (B).............................................................................. 24
Figura 6. Valores médios da temperatura da água dos viveiros tratados ounão com o probiótico EM-4......................................................... 26
Figura 7. Valores médios do oxigênio dissolvido (A) e gás carbônico (B)
da água dos viveiros tratados ou não com o probiótico EM-4..... 27
Figura 8. Variação média da precipitação pluviométrica durante o
período de cultivo no município de Areia-PB.............................. 29
Figura 9. Valores médios do pH (A), alcalinidade total (B),
condutividade elétrica (C) e dureza (D) da água dos viveiros
tratados ou não com o probiótico EM-4....................................... 30
Figura 10. Valores médios da amônia (A) e nitrito (B) da água dos
viveiros tratados ou não com o probiótico EM-4......................... 31
Figura 11. Valores médios da turbidez da água dos viveiros tratados ou
não com o probiótico EM-4......................................................... 32
Figura 12. Valores médios do peso (g) e comprimento (mm) da tilápia do
Nilo cultivada em viveiros tratados ou não com probiótico EM-
4.................................................................................................... 35
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LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1. Valores de F e coeficientes de variação das variáveis
limnológicas dos viveiros tratados ou não com o probiótico EM-4..................................................................................................... 19
Tabela 2. Valores médios do desempenho produtivo da tilápia do Nilo
cultivadas em viveiros tratados ou não com o probiótico EM-
4..................................................................................................... 27
Tabela 3. Valores médios do desempenho e rendimento de filé de tilápias
cultivadas em viveiros tratados ou não com probiótico EM-
4..................................................................................................... 29
Tabela 4. Teores médios e desvios padrão da composição bromatológicados filés de tilápias cultivadas em viveiros tratados ou não com
EM-4........................................................................................ 35
Tabela 5. Valores médios atribuídos pelos provadores às amostras dos
filés de tilápia cultivadas em viveiros tratados ou não com EM-
4..................................................................................................... 37
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RESUMO
LEITE, M. J. C. UTILIZAÇAO DE MICROORGANISMOS EFICAZES COMO
PROBIOTICO NO CULTIVO DA TILAPIA DO NILO. Dissertação (Mestrado em
Produção Animal). Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. UFPB. Areia-PB.Orientadora: Profa. Dra. Patrícia Emília Givisiez.
O objetivo do trabalho foi avaliar a utilização de microorganismos eficazes ou EM-4
como probiótico sobre os parâmetros físicos e químicos da água, desempenho,
rendimento do filé e características organolépticas da tilápia. O experimento foi
conduzido no Centro de Ciências Agrárias da UFPB, por 182 dias, em seis viveiros de
260 m2, estocados com 390 tilápias nilótica (Oreochromis niloticus), alimentadas com
ração comercial extrusada. O delineamento experimental foi inteiramente casualizadocom dois tratamentos (com ou sem EM-4) e três repetições, totalizando seis parcelas. A
análise sensorial foi em blocos casualizados. A aplicação do probiótico EM-4 foi
realizada duas vezes por semana numa diluição de 1litro:hectare. Semanalmente entre
08:00 e 9:30h, variáveis físicas e químicas da água foram monitoradas próximo a
superfície do viveiro, sendo avaliados os seguintes parâmetros: condutividade elétrica
(mS/cm), temperatura (°C), oxigênio dissolvido (mg/L), amônia total (mg/L), pH,
turbidez (NTU), dureza (mg/L), alcalinidade total (mg/L) e CO2 (mg/L). Mensalmente
foi realizada a biometria nos animais para acompanhar o desempenho produtivo. Ao
final do experimento os peixes foram abatidos para a avaliação do rendimento e
características organolépticas do filé. De maneira geral houve piora na qualidade da
água dos viveiros no decorrer do experimento, não havendo diferença entre a utilização
ou não do produto. A análise sensorial revelou que os filés dos peixes controle tiveram
melhor aceitação quanto à textura e não diferiram daqueles submetidos ao tratamento
quanto aos demais atributos. De acordo com os dados obtidos, o uso do EM-4
promoveu um aumento de rendimento de filé nos animais (p
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ABSTRACT
LEITE, M. J. C. EFFECTIVE MICROORGANISMS AS PROBIOTIC IN THE
CULTIVATION OF THE NILE TILAPIA. Dissertação (Mestrado em Produção
Animal). Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. UFPB. Areia-PB. Orientadora:Profa. Dra. Patrícia Emília Givisiez.
This study evaluated the effect of of effective microorganisms or EM-4 on physico-
chemical characteristics of water and on performance, fillet yield and sensory analysis
of Tilapia. The experiment was carried out in 260 m2 ponds from Centro de Ciências
Agrárias da UFPB and lasted 182 days. Three hundred and ninety Nile Tilapias
(Oreochromis niloticus) were distributed into a completely randomized experimental
design with two treatments (with or without EM-4) and three repetitions, with six parcels, and were fed extruded diet. Sensory analysis was carried out in randomized
blocks. EM-4 was used twice weekly in a dilution of 1 liter : hectare. Water samples
were collected weekly between 0800 and 0930 am close to the surface for physical and
chemical water analyses including electric conductivity (mS/cm), temperature (°C),
dissolved oxygen (mg/L), total ammonia (mg/L), pH and turbidity (NTU), Hardness
(mg/L), total alkalinity (mg/L) and CO2 (mg/L). Body measurements were taken
monthly to evaluate production performance. At the end of the trial, the fishes were
slaughtered to assess fillet yield and sensory characteristics. In general, there was a
decrease in water quality in the ponds during the experiment, without differences
between treatments. Fillets from non-treated ponds had better acceptance in regard to
texture in sensory analysis. No other differences were found between treatments for
other sensory parameters. In conclusion, EM-4 increased fillet yield in Nile Tilapias
(p
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1. INTRODUÇÃO
Dentre as espécies comumente cultivadas, a tilápia do Nilo (Oreochromis
niloticus) é a que mais desperta interesse na piscicultura de água doce, ocupando lugar
de destaque tanto no contexto nacional quanto mundial. Características desejáveis para
o cultivo, como rusticidade, facilidade de produção de alevinos e a capacidade de
adaptação a variados sistemas de cultivo, são alguns dos fatores que levam ao sucesso
desta espécie.
Segundo a FAO (2007) a produção de tilápias no mundo alcançou 2.025.560 Mg
em 2005, e foi responsável por 6,7% da produção global de peixes cultivados, ficando o
Brasil em sexto lugar na escala mundial dos maiores produtores de tilápia, responsável
por 3,3% do total da produção.
Por outro lado, ao mesmo tempo em que existe um incentivo para a exploração
desta atividade, e sabendo-se que a mesma é necessária para a produção de alimentos e
abastecimento da crescente população mundial, surge uma preocupação com a
conservação e utilização racional dos cursos d’água. A piscicultura, como qualquer
outra atividade agropecuária vem sendo vista como fonte poluidora, principalmente pela
liberação de substâncias nos efluentes que muitas vezes são lançados nos mananciais
sem nenhum tratamento prévio, o que poderá comprometer de forma negativa os
recursos d’água.
Como esta atividade é altamente dependente da quantidade e qualidade deste
recurso natural, fica clara a importância da realização de pesquisas que visem
alternativas e técnicas para o incremento da produção com base na sustentabilidade do
meio ambiente.
Os probióticos vêem sendo utilizados na aqüicultura para controlar doenças,
suplementar a alimentação e em alguns casos substituir a utilização de substâncias como
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os antibióticos. Nesta atividade, alguns produtos comerciais atribuem o nome probiótico
a produtos para tratar o meio e não para suplementar a dieta dos animais. Esta extensão
é pertinente visto a complexa interação dos organismos aquáticos com o meio. Por outro
lado, os probióticos administrados recebem termos relacionados à sua função como
biocontrole, para o tratamento contra patógenos ou biorremediação para o tratamento da
qualidade da água (Gatesoupe, 2000).
Estudos recentes têm demonstrado que os microorganismos eficazes ou EM-4 têm
sido utilizados para a melhoria de diversas atividades ligadas à agricultura e pecuária,
visando à preservação do meio ambiente (FMO, 2006). O mesmo consiste no resultado
do cultivo composto de microorganismos anaeróbicos e aeróbicos com outras dezenas
de microorganismos de diferentes atuações e que pode vir a ser utilizado como
probiótico na aqüicultura. Os principais microorganismos presentes neste composto são
as bactérias produtoras de ácido láctico, as leveduras, as bactérias fotossintéticas, fungos
e actinomicetos (FMO, 1999).
Segundo CPMA (2006) o EM-4 tem melhorado as propriedades físico-químicas e
biológicas do solo, propiciando condições favoráveis para a atuação do controle
biológico natural. Esta tecnologia vem sendo utilizada em várias empresas, instituições,
prefeituras com resultados satisfatórios no tratamento de resíduos líquidos e sólidos
(Pissinatto et al., 2005a) e na manutenção da qualidade do solo. Cita-se também o
controle de odor em esterqueiras e lagoas de tratamento (Pissinatto et al., 2005b),
compostagem e depósitos de lixo (Manoel et al, 2005). Ao mesmo tempo, há registros
de aumento da eficiência de remoção de carga orgânica de efluentes líquidos de criação
de suínos, bovinos, caprinos, peixes, assim como de frigoríficos, abatedouros, entre
outros (FMO, 2006).
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Apesar dos estudos citados, pouco se sabe sobre a atuação deste probiótico sobre
os organismos aquáticos e o meio. Desta forma, suas propriedades merecem ser
investigadas quanto à possibilidade de uso em sistemas de criação de peixes visando a
melhoria da qualidade da e a possibilidade do reuso dos efluentes e, assim, proporcionar
um incremento da atividade na região Nordeste com melhorias significativas na
produtividade e conseqüentemente na qualidade do pescado produzido.
Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar a utilização dos
microorganismos eficazes como probiótico sobre as características físico-químicas da
água de viveiros de piscicultura e o desempenho, composição bromatológica e
características organolépticas da tilápia nilótica.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Qualidade da água na piscicultura
O sucesso dos empreendimentos aquícolas no geral depende do monitoramento,
por parte dos produtores e técnicos, da qualidade da água nos viveiros e tanques de
cultivo, já que em condições inadequadas a qualidade da água prejudica o crescimento,
a reprodução, a saúde, a sobrevivência e até mesmo a qualidade dos peixes (Kubitza,
2003). Proença & Bittencourt (1994) reportam que, previamente à implantação de
qualquer sistema de cultivo, torna-se importante uma avaliação quanti-qualitativa dos
recursos hídricos disponíveis.
A utilização de rações mal elaboradas (composição dos alimentos), sobras de
rações, fezes e excrementos dos peixes, somados ao uso de diversos produtos químicos
utilizados na adubação e calagem dos viveiros, densidade de estocagem, aeração e taxas
de arraçoamento podem influenciar a qualidade da água.
Assim, um conhecimento básico dos princípios que regulam a qualidade da água
ajudará ao produtor a determinar o potencial aquático, melhorando as condições
ambientais dos viveiros e evitando as doenças relacionadas com o estresse e parasitas,
contribuindo para a produção de animais aquáticos com maior eficácia (Boyd, 1997). O
autor cita ainda que dentre as variáveis que devem ser monitoradas regularmente estão a
temperatura, transparência, oxigênio dissolvido, gás carbônico, pH, dureza, alcalinidade
total e condutividade elétrica, bem como os compostos nitrogenados e fosfatados.
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2.1.1 Parâmetros físicos
A temperatura é considerada o principal fator de controle do crescimento dos
peixes, pois afeta diretamente as taxas metabólicas, o consumo de oxigênio, a atividade
alimentar e a digestibilidade (Canpana et al., 1996).
A temperatura da água influencia fortemente no consumo de oxigênio e também na
capacidade de carregar oxigênio na água (Golombieski et al., 2003), pois a solubilidade
do oxigênio depende do fator temperatura associado a pressão, sendo que com a
elevação da temperatura e diminuição da pressão, ocorre redução da solubilidade do
oxigênio (Esteves, 1998).
Em geral, a temperatura tem um efeito pronunciado sobre os processos químicos
e biológicos e dobra o ritmo dessas reações com cada 10°C de aumento da temperatura
da água (Kubitza, 2003). Frascá-Scorvo et al. (2001) afirmam que o valor da
temperatura ideal, para produção da maioria das espécies de peixes de clima tropical,
está entre 25 e 28 ºC e que, com a variação da temperatura para valores além dos limites
da faixa ideal, os peixes reduzem, ou até cessam, a alimentação.
A turbidez está relacionada com a quantidade de material insolúvel e em suspensão
existente na água e que impede a passagem de luz (Baldiserroto, 2002). De acordo com
o autor, o material pode ser composto de material inorgânico (silte, argila e outros) e
fitoplâncton. Quando causada pelo fitoplâncton e desejável, desde que esteja em
equilíbrio, porém, se ocasionada pela argila vai ser prejudicial aos peixes, podendo
dificultar a respiração pela obstrução das brânquias (Boyd, 1997).
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2.1.2 Parâmetros químicos
Em relação às características químicas, o oxigênio dissolvido (O2D) é a mais
importante variável da qualidade da água na aqüicultura, exercendo uma grande
influência sobre a atividade, o consumo de alimento, o crescimento e a conversão
alimentar dos peixes, devendo ser mantido acima de 60% de saturação ou de 4 mg.L- 1
(Kubitza, 2003).
Vários fatores podem afetar a solubilidade do oxigênio, dentre eles estão à
temperatura, salinidade e pressão atmosférica de modo que quanto maior a temperatura,
salinidade e altitude local, menor será a dissolução de oxigênio na água (Moreira et al.,
2001; Kubitza, 2003). Um incremento na taxa de alimentação também poderá ocasionar
redução dos níveis de O2D (Boyd, 1997).
Schmittou (sd) relata que as concentrações de oxigênio dissolvido serão mais
críticas se a turbidez for mais elevada, pois esta comprometerá a realização do processo
de fotossíntese. Conte (2002), estudando a produtividade e economicidade da
tilapicultura em gaiolas na região sudeste do estado de São Paulo, observou que fortes
chuvas ocasionaram expressivas entradas de material em suspensão, como silte, argila e
matéria orgânica na represa, baixando os níveis de oxigênio de 7 para 1,58 mg/L.
O gás carbônico é produzido por uma série de processos químicos que acontecem
naturalmente em viveiros, principalmente em condições de pH muito baixo (Moreira et
al., 2001). O mesmo entra no sistema aquático principalmente como produto da
respiração e decomposição aeróbica da matéria orgânica, podendo ser armazenado
temporariamente na água como bicarbonato (HCO3) (Schmittou, sd).
Em viveiros, concentrações de CO2 superiores a 10 mg/L, aliados a baixo
oxigênio, podem estressar os peixes, reduzindo o desempenho produtivo (Kubitza,
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2003). Ainda, segundo o autor, altas concentrações de gás carbônico ocorrem em
viveiros, geralmente após grande mortalidade do fitoplâncton, desestratificação térmica
em dias nublados, considerando os processos naturais no ambiente.
O valores de pH da água indicam se esta possui reação ácida ou alcalina. Como
regra geral, valores de pH próximos entre 6,5 e 8,0 são mais adequados à produção de
peixes (Kubitza, 2003), valores abaixo ou acima da faixa ótima podem ter efeitos
tóxicos sobre os peixes ou adversos sobre a produtividade natural dos viveiros (Proença
& Bittencourt, 1994).
Segundo Proença & Bittencourt (1994) a alcalinidade refere-se à concentração de
bases na água e a capacidade da água em resistir às mudanças de pH (poder tampão).
Em viveiros de piscicultura são desejáveis valores acima de 20 mg/L, sendo que valores
entre 200-300 mg.L-1 podem proporcionar um maior sucesso no cultivo (Sipaúba-
Tavares, 1994). Valores abaixo do indicado podem determinar altas oscilações nos
valores do pH, o que diminui a produção dos peixes, devido à necessidade de constantes
adaptações para as trocas osmóticas com o meio (Castagnolli, 1992). A variação diária
do pH é maior em águas com baixa alcalinidade que em viveiros com água com maior
alcalinidade (Boyd, 1997).
A dureza indica o teor de íons de cálcio e magnésio que estão combinados a
carbonato e/ou bicarbonatos ou, ainda, a sulfato e cloreto (Sipaúba-Tavares, 1994).
Como regra geral, tanto a dureza como a alcalinidade são derivadas da dissolução do
calcário, razão pela qual na maioria dos ambientes concentrações de dureza e
alcalinidade são iguais (Boyd, 1997). Entretanto, apesar desta correlação, nem sempre é
verdade dizer que águas altamente alcalinas apresentam alta dureza (Kubitza, 2003).
Este parâmetro influencia no crescimento do fitoplâncton na água e, além disto, o
Ca+2 é essencial pra vários processos biológicos dos peixes como construção óssea e
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coagulação sanguínea, entre outras funções celulares, sendo a sua ingestão regulada pela
alimentação ou pela absorção branquial (Flik & Verbost, 1995).
A condutividade elétrica também é uma maneira indireta de se avaliar a
quantidade de nutrientes do meio aquático de forma que quanto maior a taxa de
decomposição na água maior será a quantidade de sais dissolvidos e, conseqüentemente,
a sua condutividade (Moreira et al., 2001). Por outro lado, valores reduzidos indicam
acentuada produção primária.
A condutividade elétrica também está relacionada com a dureza e a alcalinidade,
de forma que quanto mais elevada for a dureza maior será a condutividade (Castagnolli,
1992).
A amônia é derivada da digestão das proteínas e do catabolismo dos aminoácidos
(Boyce, 1999). Em ambientes aquáticos, 80% da amônia é derivada das excretas dos
peixes, e quando em excesso se torna tóxica para os mesmos (Westers, 2001). De
acordo com Medeiros (2002), existem duas formas de amônia na água: ionizada (NH4+)
e não-ionizada (NH3), que é a mais tóxica. A amônia não-ionizada acima de 0,20 mg/L
já é suficiente para induzir uma toxidez crônica, levando a uma diminuição do
crescimento e tolerância dos peixes as doenças (Kubitza, 2000).
De acordo com Ostrensky e Boeger (1998) para cada unidade de aumento de pH,
a quantidade de NH3 na água aumenta em dez vezes, de modo que águas com pH acima
de 8,0 e com presença de amônia, há sempre grandes riscos de mortalidade dos peixes.
O nitrito é o produto intermediário da transformação de amônia em nitrato por
ação das bactérias do gênero Nitrossomonas (Esteves, 1998) e a sua toxidez depende em
grande parte do pH da água, da concentração de cálcio (Schmittou, sd). Exposição
contínua a concentrações sub-letais de nitrito (0,3 a 0,5 mg/L) podem causar redução no
crescimento e na resistência dos peixes a doenças (Kubitza, 2003).
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2.2 Considerações sobre a Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus)
As tilápias são nativas do continente africano e se dividem em quatro grupos de
espécies, quanto a utilização na piscicultura: Oreochromis niloticus, Oreochromis
mossambicus, Oreochromis aureaus e um grupo não identificado (Kubitza, 2000). É o
segundo peixe de água doce mais cultivado em todo o mundo, ficando atrás apenas da
carpa comum.
A tilápia é criada em diversos sistemas de cultivo, desde a cultura semi-intensiva
em tanques que recebem dejetos animais, até os cultivos intensivos em raceways e
tanques-rede (Lovshin, 1997).
A tilápia do Nilo destaca-se como uma espécie de peixe com bom potencial para
piscicultura, por sua rusticidade, crescimento rápido, fácil adaptação ao confinamento e
boa aceitação no mercado. Tem o hábito alimentar onívoro e aceita rações com grande
facilidade, desde o período de pós-larva até a fase de terminação (Boscolo et al., 2001).
É uma das espécies mais resistente entre as comumente cultivadas, quanto à alta
temperatura, baixa concentração de oxigênio dissolvido e a alta concentração de amônia
na água (Popma & Phelps, 1998). As tilápias têm conforto térmico entre 27 a 32oC,
sendo que, em temperaturas da água abaixo e acima desta faixa diminuem o consumo e
também o crescimento (Kubitza, 2003). Para Proença & Bittencourt (1994) o fator mais
limitante no cultivo de tilápias é a sua grande capacidade de se reproduzir naturalmente
em viveiro, fato observado em peixes com peso vivo próximo a 50g. De acordo com o
mesmo autor, esta reprodução tão fácil e precoce provoca um aumento populacional
desordenado, o que determina uma heterogeneidade do lote de produção. Daí a
importância do cultivo com tilápias revertidas sexualmente a machos.
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A cadeia produtiva da tilápia do Nilo possui vários segmentos, podendo ser
dividido em alevinocultores, criadores, frigoríficos e pesque-pagues. Os alevinocultores
são produtores de alevinos e juvenis. Os criadores são responsáveis pela engorda dos
alevinos até o peso de abate. Os frigoríficos compram, abatem e processam os peixes; e
por fim o pesque-pague adquire os peixes com o peso de abate e os estocam em lagos
para a pesca esportiva (Sonoda, 2002). A tilápia apresenta mercado promissor tanto em
pesque-pagues quanto na indústria de filetagem (Zanoni et al., 2000). Dentre os peixes
cultivados no Brasil, pode ser destacada como uma das espécies que dispõem de uma
das cadeias produtivas mais bem estruturadas.
A tilápia do Nilo é vendida entre 400 a 700g, variando em função do mercado
consumidor. O tempo necessário para que o peixe atinja o tamanho comercial pode
variar de cerca de quatro meses a um ano, em função de uma série de fatores, como o
tipo de alimentação, temperatura da água, qualidade da água de cultivo, densidade de
estocagem, entre outros.
2.2.1 Rendimento e composição química da tilápia
No Brasil, a tilapicultura tem sido impulsionada pela demanda de mercado devido
sua boa aceitação pelos consumidores, quanto ao sabor, valor nutritivo e preços baixos,
comparando-se a outras espécies. O valor nutritivo e os preços dos peixes dependerão da
textura da carne, da composição química, do rendimento e de fatores relacionados aos
métodos de captura e beneficiamento.
A parte útil do pescado, também denominada corpo limpo ou carcaça corresponde
a parte do corpo pronta para o consumo e/ou industrialização. Trata-se do tronco sem
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vísceras, nadadeiras, porém com a coluna vertebral e a pele (sem escamas) e a partir
desta pode-se ainda obter o filé.
A tilápia do Nilo pode apresentar rendimentos de filé variando de 25,4% a 42%, e
isto dependerá do peso corporal, sexo, composição corporal (gordura visceral),
características anatômicas (relação cabeça/corpo), grau de mecanização na filetagem,
método de filetagem e destreza do operador (Clement e Lovell, 1994).
Souza et al.(2000) realizaram um experimento analisando o tipo de corte de
cabeça e categoria de peso, para a tilápia do Nilo e tiveram como resultado o corte
contornado (32,64% a 35,18%) e oblíquo (31,86% a 35,27%) como os mais indicados
para obtenção de maiores rendimentos de filé.
A produção de resíduos de frigoríficos na filetagem da tilápia representa entre
62,5 e 66,5 % da matéria prima que é desperdiçada, sendo fundamental o processamento
destes resíduos para redução do impacto ambiental. Além disto, a transformação destes
resíduos em farinha pode ser mais uma opção de renda para as indústrias, aumentando
sua lucratividade (Boscolo et al., 2001).
Em relação à composição química do pescado, podemos dizer que é extremamente
variável, dependendo de vários fatores como da época do ano, do tipo, quantidade e
qualidade do alimento consumido, do estágio de maturação sexual, da idade e da parte
do corpo analisada (Contreras-Guzmán, 1994).
De modo geral, a tilápia se enquadra como um peixe magro e com alto valor
protéico. Sales (1995) ao estudar a composição química da tilápia-do-Nilo, verificou
variações nos teores de cinzas (0,7 – 3,1%), e nos teores de proteínas, sendo que quase
todas as espécimes apresentaram valores diferentes (14,3 – 21,1%). De acordo com
Fernandes (2000) o filé de tilápia possui em média 75% de água, entre 3,4 a 8,5% de
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lipídios, 20% de proteína e 2% de minerais, possuindo ainda, os aminoácidos
necessários a alimentação humana.
O conhecimento da composição química dos pescados é de fundamental
importância para a padronização dos produtos alimentares na base de critérios
nutricionais, pois fornece subsídios para decisões de caráter dietário, acompanhamento
de processos industriais e seleção de equipamentos para otimização econômico-
tecnológica (Contreras-Guzmán, 1994).
2.3 Utilização de probióticos na aqüicultura
Os probióticos têm sido utilizados para controlar doenças, suplementar a
alimentação e em alguns casos substituir a utilização de substâncias antimicrobianas,
principalmente os antibióticos, já que o uso o uso indiscriminado dos mesmos para o
controle de doenças ou como promotores de crescimento aumenta a pressão da seleção
sobre os microrganismos, levando naturalmente ao aumento da resistência bacteriana.
Daí a tendência em aumentar o uso de probióticos nas dietas dos animais em lugar dos
antibióticos, já que a utilização do probiótico é mais racional, pois não deixa resíduos
no meio ambiente, na carcaça do animal e não provoca resistência cruzada no homem
quando comparado com o antibiótico (Verschuere et al., 2000a).
Segundo Schrezenmeir & De Vrese (2001), probióticos são preparações ou
produtos que contêm microrganismos viáveis definidos e em quantidade adequada que
alteram, por colonização, a microbiota própria do intestino do hospedeiro, produzindo
efeitos benéficos em sua saúde. De acordo com Planas & Cunha (1999), a ação benéfica
do uso de probióticos ocorre de duas formas: uma determinando melhores índices
zootécnicos com maior produtividade, aumento no ganho de peso e melhor conversão
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alimentar; outra reduzindo a colonização intestinal por alguns patógenos, como, por
exemplo, as salmonelas.
No que diz respeito à atividade aquícola, o uso de probióticos é um tema muito
recente, mas tem-se observado segundo Ally et al. (2008), um considerável aumento de
pesquisas avaliando a utilização de bactérias com potencial probiótico visando o
controle de doenças, melhoria do desempenho e ainda, da qualidade da água.
Alguns produtos comerciais atribuem o nome probiótico a compostos para tratar o
meio e não para suplementar a dieta dos animais. Verschuere et al. (2000a) especificam
que na aqüicultura o uso de probióticos pode ter um efeito nos microrganismos
presentes no ambiente aquático. O autor relata que os gêneros presentes no intestino dos
hospedeiros parecem ser aqueles microrganismos presentes no ambiente ou no alimento
que conseguem sobreviver e se multiplicar neste. Esta extensão é pertinente diante da
complexa interação entre o ambiente e o hospedeiro, pois ambos dividem o mesmo
ecossistema. Com isto, os probióticos administrados recebem termos relacionados a sua
função como biocontrole, para o tratamento contra patógenos ou biorremediação para o
tratamento da qualidade da água (Gatesoupe, 2000).
Lara-Flores et al. (2003) concluíram que a utilização de Saccharomyces cerevisiae
para alevinos de tilápia do Nilo como promotor de crescimento levou ao melhor
desempenho e eficiência alimentar, sugerindo que a levedura é um promotor de
crescimento adequado no cultivo da tilápia. Entretanto, Meurer et al. (2006) observaram
que a utilização deste mesmo probiótico em rações para tilápias durante o período de
reversão sexual promoveu a colonização no intestino, porém não teve efeito sobre o
desempenho e a sobrevivência em um sistema de cultivo com desafio sanitário.
Verschuere et al. (2000b) concluíram que a colonização do trato digestório de
juvenis de Artemia sp. por uma série de cepas de bactérias específicas preveniram a
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proliferação de Vibrio proteolyticus e uma série de outros patógenos oportunistas.
Nikoskelainem et al. (2001), estudando potencial de seis probióticos de uso humano e
um de uso animal com vistas ao uso em peixes, demonstraram habilidade de adesão à
mucosa, resistência à bile dos peixes, bem como a supressão do crescimento de
patógenos como Aeromonas salmonicida, Vibrio anguillarum, Flavobacterium
psychrophilum, o que revela a possibilidade do uso destes microrganismos como
probióticos em peixes.
2.4 Microorganismos eficazes ou EM-4
O composto EM-4 ou microorganismos eficazes é o resultado do cultivo de
microorganismos anaeróbico e aeróbicos e outras dezenas de microorganismos de
diferentes atuações (leveduras, actinomicetos, fungos, bactérias fotossintéticas e
bactérias produtoras de ácido láctico), que em sua grande maioria já são utilizados na
industrialização de alimentos, sendo inofensivos ao homem (FMO, 2006). Os
microorganismos eficazes podem ser utilizados de várias formas, de acordo com o
material e equipamento disponível para a utilização, fase da cultura ou preparo de solo.
Segundo Pegorer et al. (1995) o EM-4 foi desenvolvido no Japão na década de 80
com a finalidade de melhorar a utilização da matéria orgânica na produção agrícola,
passando então, a realizar experiências com o EM em várias regiões daquele país.
Castillo (2005) cita que estes microorganismos vêem sendo utilizado com bons
resultados em alguns países, como no Japão e Brasil, para melhorar as condições
químicas, físicas e biológicas do solo, constituindo assim, em um produto agrícola de
baixo custo, sem afetar o ambiente e o consumidor. O autor cita ainda que este
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composto pode ser utilizado também para o tratamento de águas residuárias por sua
habilidade em reduzir compostos tóxicos.
Silva et al. (2008) avaliaram os parâmetros físico-químicos de efluentes de
piscicultura e concluíram que níveis de amônia foram reduzidos quando tratados com o
EM-4, não interferindo porém, nas seguintes variáveis: temperatura, oxigênio
dissolvido, condutividade elétrica, dureza da água, gás carbônico e alcalinidade. No
presente estudo o mesmo produto foi utilizado no tratamento da água de viveiros de
piscicultura com o objetivo de melhorar a qualidade da água e conseqüentemente, obter
melhor desempenhos dos animais cultivados.
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3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Descrição geral da área de estudo
O experimento foi conduzido no Setor de Piscicultura, pertencente ao Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, localizado no município de Areia
– Paraíba (Figura 1), que se encontra na microrregião do Brejo Paraibano. A cidade de
Areia possui uma área territorial de 247 km² e tem uma altitude aproximada de 623
metros, distando 92,9713 Km da capital. O clima é do tipo Tropical Chuvoso, com
verão seco. A estação chuvosa se inicia em janeiro/fevereiro com término em setembro,
com média pluviométrica anual de 1350 mm.
Figura 1. Município de Areia localizado no estado da Paraíba. Fonte: wikipédia.
3.2 Instalações e período experimental
A pesquisa foi desenvolvida no período de dezembro 2007 a junho de 2008, totalizando
um período de 182 dias. O trabalho foi conduzido em seis viveiros escavados em
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terreno natural, com saída e entrada de água individual (Figura 2). Os tanques
apresentavam profundidade média de 1,0 m e área de 260 m2.
Figura 2. Vista geral dos viveiros escavados em terreno natural com sistema de abastecimento eescoamento individual.
3.3 Animais e manejo alimentar
Os viveiros foram povoados com alevinos de tilápia do Nilo (Oreochromis
niloticus, linhagem chitralada, revertidos sexualmente a macho, com peso médio inicial
de 0,87±0,02g e comprimento médio total de 39±2,2 mm. Os peixes foram adquiridos
de uma fazenda comercial, localizada no município de São Bento, PB.
Chegando ao local e após aclimatação, os peixes foram contados, pesados em
lotes e estocados nos viveiros numa densidade de 1,5 peixes/m 2, perfazendo um total de
390 peixes por viveiro.
Os peixes foram alimentados com ração comercial extrusada contendo 36 (até
100g) e 28% de proteína bruta, administrada inicialmente na forma triturada .
Posteriormente a ração foi fornecida na forma de pelets, na taxa de 5 % da biomassa por
dia, até que atingissem peso médio de 100g, quando passaram a receber 3% e nos
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últimos dois meses de cultivo 1,5% do total. A ração foi fornecida três vezes ao dia
(09:00, 12:00 e 15:00 horas) nos primeiros aos 45 dias de cultivo, passando então a duas
vezes (09:00 e 15:00h) ou apenas em um horário quando o dia se encontrava chuvoso e
a temperatura diminuía. Para o fornecimento da ração foi levado em consideração a
faixa de peso dos animais e a temperatura da água, sendo feito ajustes a cada biometria
para evitar falta ou desperdício da ração.
3.4 Manejo geral e parâmetros avaliados
Antes de iniciar o experimento, os viveiros foram limpos para retirada do excesso de
sedimento depositado no fundo e, posteriormente, foram drenados e secos ao sol. Após
a secagem, foram colhidas amostras de solo de cada viveiro para determinação do pH e,
então, os mesmos foram submetidos à calagem com hidróxido de cálcio, conforme a
necessidade. Após estas práticas, iniciou-se o abastecimento dos viveiros com água
proveniente de um açude localizado no próprio Setor e mediante verificação do pH, foi
realizada uma adubação utilizando superfosfato simples (3,72 kg) e sulfato de amônia
(1,24 kg) em cada viveiro. O adubo foi aplicado usando-se um saco plástico com
perfurações para que o fertilizante fosse liberado gradativamente no meio. Uma semana
após a adubação, os viveiros foram povoados com alevinos de tilápia nilótica
(Oreochromis niloticus), mantendo uma densidade de estocagem de 1,5 peixes/m2.
A renovação da água dos viveiros foi realizada uma vez por semana e/ou apenas
quando detectado níveis baixos de oxigênio dissolvido, numa taxa de 10% do volume
total. Devido à maior ocorrência de chuvas a partir da metade do experimento, estas
renovações foram cessadas.
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Durante o período experimental foram realizadas aplicações do EM-4 numa
diluição de 1litro:1hectare, duas vezes por semana, para o tratamento da água dos
viveiros. O pool de microorganismos eficazes é compreendido de microorganismos dos
gêneros: Saccharomyces sp, Lactobacillus spp, Mucor sp, Streptomyces sp, Rodobacter
sp. Para a ativação do EM-4 foi necessário o preparo de uma solução mantendo a
relação de 8:1:1 de água, melaço e EM-4, respectivamente. A ativação do EM-4 ocorre
após cinco dias, tendo prazo de validade de 7 a 10 dias após o preparo. Após a ativação,
foi feita a extensão do mesmo (solução de EM-4 ativado:melaço:água na proporção de
1:1:98) e, completadas 24 horas de fermentação, cerca de 2,6L da solução era
adicionada em cada viveiro.
Semanalmente pela manhã (entre 08:00 e 9:30 horas) foram determinadas
diretamente na água à cerca de 15 cm da superfície dos viveiros as seguintes variáveis:
temperatura (°C) e oxigênio dissolvido (mg.L-1), com oxímetro digital portátil; pH
(unidade padrão), com pHmetro digital portátil e condutividade elétrica (mS.cm-1), com
condutivímetro digital portátil; e amostras de água foram coletadas para determinação
da dureza (mg.L-1), alcalinidade total (mg.L-1) e gás carbônico (mg.L-1), conforme
metodologia descrita por Golterman et al. (1978). Dentre os compostos nitrogenados
avaliados, foram determinados a amônia total e o nitrito através de espectrofotometria
com kit comercial. Já a turbidez foi determinada utilizando-se o turbidímetro.
3.4.1 Desempenho dos peixes
Para acompanhar o desempenho dos peixes, no início do cultivo e a cada 28 dias,
uma amostra de 15% da população foi capturada com rede de arrasto, para determinação
do peso do lote (g) em uma balança digital, e comprimento total individual (mm), com
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ictiômetro para ajuste da taxa de alimentação. Os peixes coletados foram
acondicionados em baldes plásticos com água e, transportados para realização das
determinações de comprimento total em milímetros e do peso total em gramas. Após
esta operação, os peixes foram devolvidos para os viveiros de origem. A biometria foi
antecedida por 16 horas de jejum.
Paralelo a esta etapa, foi estudado o desempenho zootécnico (ganho de peso (GP),
ganho de peso/dia (GPD), ganho em comprimento (GC), sobrevivência (SOB) e fator de
condição do animal (FC). Estes índices foram obtidos de acordo com as seguintes
fórmulas:
a) SOB (%) = (Número de peixes final ÷ Número de peixes inicial) x100
b) GP (g) = (Peso final – Peso inicial)
c) GPD (g/dia) = (Peso final – Peso inicial) ÷ Período (dias)
d) GC (mm) = (Comprimento final – comprimento inicial)
e) FC = (Peso/Comprimento3) x 100
Ao final do período de cultivo, foram abatidos 20 peixes por viveiro (60 por
tratamento), para avaliação do rendimento de filé com pele (Figura 3). Os peixes foram
abatidos por choque térmico (imersão em água e gelo, durante 20 minutos),
descamados, eviscerados, decapitados e lavados, obtendo-se assim o filé. O processo de
filetagem foi feito em série, ou seja, por mais de uma pessoa.
A determinação de comprimento dos peixes foi realizada com o auxílio de uma régua
milimetrada, e a altura com um paquímetro. Os dados de rendimento foram calculados
em porcentagem, em relação ao peso total do exemplar. Para a análise do rendimento de
filé foi utilizada a seguinte fórmula:
Rendimento de filé = Peso do filé / Peso do Peixe Inteiro x 100
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21
A BFigura 3. Filetagem (A) e filés de tilápia com pele dispostos em bandeja com gelo (B).
3.4.2 Análise bromatológica
Após a obtenção do filé foram utilizados 18 peixes por tratamento, sendo 6 de cada
unidade experimental, para avaliação da composição bromatológica do filé. As análises
foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal e Avaliação de Alimentos do
CCA/UFPB.
As amostras de filés foram descongeladas em temperatura ambiente, cortados em
pequenos pedaços e então, colocados em bandejas devidamente pesadas e etiquetadas.
Em seguida cada bandeja com a amostra úmida foi pesada e levada para estufa a 60 oC,
durante cinco dias. Após isto, as amostras foram trituradas em moinho tipo Wiley e
armazenadas em potes plásticos para determinação dos teores de umidade (estufa a 105
oC, até peso constante), proteína bruta (método de Kjeldahl), gordura bruta (método de
Soxleth) e cinzas em mufla a 550
o
C, até peso constante conforme metodologia descrita por Silva (2002). Os valores obtidos representam a média de duas determinações por
amostra. Os dados foram calculados em porcentagem com base na matéria seca.
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3.4.3 Análise Sensorial
A análise sensorial foi realizada por 50 provadores não-treinados, no Setor de
Tecnologia Química e de Alimentos da UFPB. Foi utilizada uma ficha (Figura 4) com
escala hedônica de 9 pontos, tendo como extremos 1 (desgostei muitíssimo) e 9 (gostei
muitíssimo).
A avaliação sensorial foi conduzida segundo o delineamento em blocos
casualizados, com dois tratamentos. Cada julgador recebeu duas amostras, sendo uma
de cada tratamento, que avaliaram os atributos odor, cor, sabor, textura e avaliação geral
do produto. Os filés congelados foram grelhados em chapa elétrica e servidos aos
julgadores em potes descartáveis com tampa, devidamente identificados com números
aleatórios de três algarismos (Figura 5). Antes de cada teste, os julgadores receberam
orientação do método e procedimento da avaliação. A análise dos dados foi efetuada
pela comparação dos valores obtidos em cada atributo para cada amostra analisada.
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23
Avaliação Sensorial de Filés de Tilápia
Nome: ____________________________________________ Data: _____/ _____/ ______
Você está recebendo 02 amostras codificadas de peixe para avaliar. Antes da avaliação, você deverá fazer o uso de água e da bolacha. Prove asamostras e escreva o valor da escala que você considera correspondente à amostra (código).
1. Observe cada amostra avaliando o seu ODOR e escreva o valor da escala correspondente à amostra.
9- gostei muitíssimo8- gostei muito
7- gostei moderadamente6- gostei ligeiramente5- nem gostei/nem desgostei4- desgostei ligeiramente3- desgostei moderadamente2- desgostei muito1- desgostei muitíssimo
Código da Amostra
________________
________________
Valor da Escala
______________
______________
2. Avalie a COR do peixe e anote o valor da escala correspondente à amostra.
9- gostei muitíssimo8- gostei muito7- gostei moderadamente6- gostei ligeiramente5- nem gostei/nem desgostei4- desgostei ligeiramente3- desgostei moderadamente2- desgostei muito1- desgostei muitíssimo
Código da Amostra
________________
________________
Valor da Escala
______________
______________
3. Avalie o SABOR, degustando cada amostra, e escreva o valor da escala correspondente.
9- gostei muitíssimo8- gostei muito7- gostei moderadamente6- gostei ligeiramente5- nem gostei/nem desgostei4- desgostei ligeiramente3- desgostei moderadamente2- desgostei muito1- desgostei muitíssimo
Código da Amostra
________________
________________
Valor da Escala
______________
______________
4. Agora, deguste a amostra avaliando a TEXTURA e escreva o valor da escala correspondente à amostra.
9- gostei muitíssimo8- gostei muito7- gostei moderadamente6- gostei ligeiramente5- nem gostei/nem desgostei4- desgostei ligeiramente3- desgostei moderadamente
2- desgostei muito1- desgostei muitíssimo
Código da Amostra
________________
________________
Valor da Escala
______________
______________
5. Agora, faça uma AVALIAÇÃO GLOBAL e anote o valor da escala correspondente à amostra.
9- gostei muitíssimo8- gostei muito7- gostei moderadamente6- gostei ligeiramente5- nem gostei/nem desgostei4- desgostei ligeiramente3- desgostei moderadamente2- desgostei muito1- desgostei muitíssimo
Código da Amostra
________________
________________
Valor da Escala
______________
______________
6. Indique sua atitude ao encontrar este peixe no mercado.
5- compraria4- possivelmente compraria3- talvez comprasse/talvez não comprasse2- possivelmente não compraria
1- jamais compraria
Código da Amostra
________________
________________
Valor da Escala
______________
______________
7. Escreva entre parêntese o código da amostra conforme a sua preferência.
( ) Primeiro ( ) Segundo
Muito obrigado por participar de nossa pesquisa com pescado!
Figura 4. Ficha de avaliação sensorial dos filés de tilápia.
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24
A BFigura 5. Filés na chapa (A) e disposição das amostras na cabine sensorial (B).
3.5 Delineamento experimental e análises estatísticas
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado (DIC), num esquema
de parcela subdividida no tempo (Split Plot in Time), onde foram testados dois
tratamentos (com e sem EM-4), com três repetições cada, totalizando seis parcelas.
Cada viveiro povoado constituiu em uma unidade experimental.
Os dados referentes à qualidade da água, rendimento de filé e composição
bromatológica foram submetidos ao teste F para análise de variância e as médias,
quando diferentes significativamente, foram comparados pelo teste Tukey (P
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25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Parâmetros físico e químicos da água dos viveiros
A avaliação dos níveis de qualidade da água para peixes, incluindo oxigênio
dissolvido (O2D), temperatura, pH, amônia, gás carbônico (CO2) e dureza, entre outros
fatores, são importantes para se prever como estão as condições ambientais para a vida
destes. Ao longo do período de criação a qualidade da água irá depender da condição
inicial da mesma, da quantidade de ração fornecida e do manejo geral utilizado
(adubação, renovação, etc). Os resultados da análise de variância e coeficientes de
variação dos parâmetros limnológicas, frente ao uso de microorganismos eficazes (EM-
4) como probiótico, são apresentados na Tabela 1.
A análise de variância não demonstrou efeito significativo entre os tratamentos
(com probiótico ou sem probiótico) sobre as variáveis físico e químicas da água
analisadas bem como para a interação entre tratamentos e semanas (p>0,05). Entretanto
houve diferença significativa (p
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26
A temperatura da água (Figura 6) dos viveiros variou entre 24,9 e 28,1°C, ficando
durante algumas semanas abaixo dos limites adequados para o conforto térmico da
tilápia, que pode ser alcançado dentro da faixa de temperatura entre 27 e 32°C (Kubitza,
2003). Porém, considerando que o período de coleta era realizado pela manhã (entre
08:00 e 9:30h), esta condição não permitia grande acúmulo de calor proveniente da
radiação solar.
23,0
24,0
25,0
26,0
27,0
28,0
29,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
T e m
p e r a t u r a
( °
C )
Período de cultivo (semanas)
sem EM-4 com EM-4
Figura 6. Valores médios da temperatura da água dos viveiros tratados ou não com EM-4.
Com relação às concentrações de oxigênio dissolvido (mg/L) foi verificada uma
redução no decorrer do experimento (Figura 7A), chegando a atingir valores de até 2,99
mg/L. As tilápias suportam baixas concentrações de oxigênio, adaptando-se bem à
hipóxia (Kubitza, 2003), contudo esta prática de cultivo deve ser evitada para que a
produção não seja prejudicada.
A partir da 20ª semana, devido à maior ocorrência de chuvas, com conseqüente
maior entrada de água nos viveiros, os níveis de OD permaneceram acima de 4 mg/L,
faixa esta recomendada para um melhor desenvolvimento dos peixes.
As concentrações de gás carbônico (Figura 7B), ao longo do período de cultivo,
variaram entre as coletas (p
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39/63
27
Apresentando perfil inverso ao oxigênio dissolvido, os níveis de CO2 decresceram nas
últimas semanas de cultivo em ambos os tratamentos.
No início da manhã, o nível de dióxido de carbono é normalmente mais alto e isso
é resultado da respiração que ocorre durante a noite, porém com o aumento da
incidência solar e, conseqüentemente, da taxa fotossintética, este quadro é invertido.
A redução do oxigênio e o aumento do gás carbônico podem ser atribuídos a uma
diminuição da taxa fotossintética, principalmente nos dias nublados. incremento da
biomassa e, conseqüentemente aumento da quantidade de ração fornecida aos peixes,
aumento da produção de dejetos e decomposição da matéria orgânica são outros fatores
que também podem ter contribuído para a redução destas variáveis.
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
O
x i g ê n i o
d i s s o l v i d o
( m
g / L )
Período de cultivo (semanas)
sem EM-4 co m EM-4
A
3
6
9
12
15
18
21
24
1 3 5 7 9 11 1 3 1 5 1 7 1 9 2 1 2 3 2 5
G
á s
c a r b ô n i c o
( m
g / L )
Período de cultivo (semanas)
sem EM-4 com EM-4
BFigura7. Valores médios do oxigênio dissolvido (A) e gás carbônico (B) da água dos viveiros tratados
ou não com EM-4.
O pH também foi decrescendo de acordo com os dias de cultivo (p
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40/63
28
registrado pH abaixo desta faixa, na maior parte do período de cultivo os valores
estiverem dentro do recomendado não comprometendo o desempenho das tilápias.
A alcalinidade total (mg/L) da água (Figura 9B) permaneceu dentro da faixa
recomendada para a criação de peixes de água doce, embora os valores nos viveiros sem
EM-4 estiveram mais próximos aos valores indicados para um bom desenvolvimento
dos animais, entre 200 e 300 mg CaCO3/L, (Sipaúba-Tavares, 1994; Moreira et
al.,2001). Do mesmo modo que o pH da água, a alcalinidade também foi reduzida nas
últimas semanas de cultivo, o que certamente é um reflexo da diluição das bases, pela
entrada de água nova. Podemos dizer ainda, que as concentrações de alcalinidade
estiveram ao longo do tempo associadas a liberação de gás carbônico pela
decomposição da matéria orgânica.
Durante o experimento a condutividade elétrica (mS/cm) apresentou um crescente
aumento até a 16ª semana de cultivo (figura 9C), sendo verificado maior valor na 13ª
semana, nos viveiros sem tratamento (403 mS/cm). Como até este período a água dos
viveiros era renovada apenas uma vez por semana e/ou apenas quando os níveis de
oxigênio estavam baixos, isto provavelmente contribuiu para o acúmulo de íons,
oriundos da mineralização dos restos de ração e das excretas dos peixes na água, bem
como da manipulação de fertilizantes químicos no viveiro, aumentando assim os
micronutrientes em suspensão. Uma maior precipitação pluviométrica (Figura 8)
ocorrida após este período certamente foi um dos fatores que mais contribuiu para a
redução desta variável.
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41/63
29
Figura 8. Variação média da precipitação pluviométrica durante o período de cultivo no município deAreia-PB. Fonte: Estação meteorológica da UFPB, Areia.
Pereira et al. (1999), estudando algumas variáveis limnológicas em tanques de
cultivo de Camurim (Centropomus undecimalis) no Brejo paraibano, também
verificaram que a precipitação pluviométrica provocou uma diminuição nos níveis de
alcalinidade total, dureza e condutividade elétrica da água. Alguns autores também
destacaram a influência dos índices pluviométricos sobre ambientes aquáticos na
alteração da qualidade óptica da água (Bastos et al., 2005).
Para a criação de peixes é desejável que a condutividade esteja entre 20 a 100
mS/cm (Moreira et al., 2001). Todos os viveiros apresentaram valores acima do
recomendado, indicando assim, elevado nível de decomposição de materiais em
suspensão durante o cultivo.
As concentrações de dureza (Figura 9D) variaram de 28 a 69 mg CaCO3/L, ficando
acima do valor mínimo recomendado para a criação de peixes de água doce .
8/16/2019 Utilizaçao de Microorganismos Eficazes Como
42/63
30
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
8,5
9,0
1 3 5 7 9 11 1 3 15 1 7 1 9 2 1 23 25
p H
( u n i d a d e
p a d r ã o )
Período de cultivo (semanas)
sem EM-4 com EM-4
A
0
40
80
120
160
200
240
1 3 5 7 9 11 1 3 15 17 1 9 2 1 2 3 25
A l c a
l i n i d a d e
t o t a l ( m
g / L )
Período de cultivo (semanas)
sem EM-4 com EM-4
B
0,100
0,140
0,180
0,220
0,260
0,300
0,340
0,380
0,420
1 3 5 7 9 11 13 1 5 1 7 1 9 2 1 2 3 2 5
C o n d
u t i v i d a d e
e l é t r i c a
( m
S / c m
)
Período de cultivo (semanas)
sem EM -4 c om E M- 4
C
0
10
20
30
40
50
60
70
80
1 3 5 7 9 11 1 3 1 5 1 7 1 9 2 1 2 3 2 5
D u r e z a
( m
g / L )
Período de cultivo (semanas)
sem EM-4 com EM-4
DFigura 9. Valores médios do pH (A), alcalinidade total (B), condutividade elétrica (C) e dureza (D) da
água dos viveiros tratados ou não com EM-4.
As concentrações de amônia total (Figura 10A) até a 14ª semana de cultivo
variaram entre valores próximos ou iguais a zero e, a partir deste período foi verificado
um aumento em ambos os tratamentos. Os maiores picos foram detectados nos viveiros
sem tratamento, ocorrendo na 15ª e 21ª semana de cultivo 1,059 e 1,024 mg/L,
respectivamente.
Zimmo et al. (2004) relatam que níveis acima de 0,5 mg/L de amônia total (NH 4 e
NH3) geralmente são prejudiciais a criação de peixes, podendo levar a incapacidade de
transformar a energia alimentar em ATP. Kubitza (2000) completa que altas
concentrações deste composto pode tanto prejudicar o desenvolvimento dos peixes,
como aumentar a incidência de doenças e até mesmo causar a morte indireta dos
mesmos por intoxicação.
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31
Neste experimento, apesar de ter ocorrido durante algumas semanas níveis de
amônia considerados letais, não foi verificado nenhuma mortalidade. Como os valores
de pH estavam abaixo de 8, isto provavelmente influenciou para que as proporções do
íon amônio (forma menos tóxica) fossem maiores que os níveis de amônia tóxica (NH3).
Os valores de nitrito (mg/L) se mantiveram abaixo do limite considerado sub-
letal (0,30 a 0,50 mg/L) para a criação de peixes (Figura 10B). Embora tenha ocorrido
diferenças significativas entre as coletas (p>0,01), não se observou uma clara tendência
de aumento ou diminuição deste composto em relação a concentração inicial.
Supõe-se que o aumento ou diminuição nos valores de nitrogênio podem estar
relacionados a uma variação quanti-qualitativa do fitoplâncton.
-0,100
0,100
0,300
0,500
0,700
0,900
1,100
1 3 5 7 9 11 13 1 5 17 19 21 23 25
A m
ô n i a
( m
g / L )
Período de cultivo (semanas)
sem EM-4 com EM-4
A
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
1 3 5 7 9 11 1 3 15 17 19 21 2 3 2 5
N i t r i t o (
m
g / L )
Período de cultivo (semanas)
sem EM-4 com EM-4
BFigura 10. Valores médios da amônia (A) e nitrito (B) da água dos viveiros tratados ou não com EM-4
A turbidez da água dos viveiros (Figura 11) aumentou do início ao final do
experimento, apresentando uma variação de 18,48 a 95,35 NTU nos viveiros sem EM-4
e 37,95 a 109,32 NTU nos viveiros com EM-4. O aumento da turbidez pode ter sido
gerado pela concentração de materiais em suspensão originados do próprio ambiente
(partículas do solo, plâncton e detritos) ou introduzido pela alimentação. Em certos
casos, este aumento pode interferir na penetração da luz, provocando distúrbios ao meio
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32
como a falta de oxigenação das águas pelos organismos fotossintetizantes,
principalmente quando é causada por partículas de argilas em suspensão.
Segundo Epa (1972) não há critérios totalmente definidos para concentrações
limites entre o que seria prejudicial ou não à vida dos peixes, mas é possível manter de
moderado a bom estoque de peixes em águas contendo normalmente de 25 a 80 NTU.
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
1 3 5 7 9 11 1 3 15 17 19 21 23 25
T u r b i d e z ( N T U )
Período de cultivo (semanas)
sem EM-4 c om EM-4
Figura 11. Valores médios da turbidez da água dos viveiros tratados ou não com EM-4
A multiplicidade de uso das águas continentais, aliada à sua escassez em algumas
regiões, têm tornado a aqüicultura um dos alvos preferidos dos órgãos de controle
ambiental, havendo imposição de regras quanto ao uso, reuso e eliminação das suas
águas residuárias. Daí a necessidade de se planejar e conduzir a piscicultura com
seriedade e competência, buscando sempre alternativas para minimizar o impacto
gerado pela atividade.
Os valores apresentados demonstram que algumas características devem ser
melhoradas, a fim de se obter melhor qualidade da água, no caso de reutilização dos
efluentes ou lançamento ao meio ambiente, com menor quantidade de contaminantes,
principalmente ao analisarmos os valores da condutividade elétrica, que dão indícios de
aumento da eutrofização da água.
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33
A falta de renovação contínua da água certamente foi um dos fatores que mais
contribuiu para o declínio da qualidade da água, já que este tipo de manejo tem por
finalidade carrear o excesso de matéria orgânica que fica depositada no fundo dos
viveiros, diminuindo assim, os processos de decomposição que consomem o oxigênio.
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34
4.2 Desempenho e composição bromatológica da tilápia do Nilo
Os resultados do desempenho da tilápia do Nilo, avaliado por meio da
determinação de ganho de peso (g), ganho de peso diário (g), taxa de sobrevivência (%),
ganho em comprimento (mm) e peso final (g) são apresentados na Tabela 2.
Tabela 2. Valores médios e desvios padrão do desempenho produtivo da tilápia do Nilo
cultivadas em viveiros tratados ou não com EM-4.
Variáveis TratamentosSem EM-4 Com EM-4
Peso médio final (g) 484,02±41,00 474,98±26,16
Ganho de peso (g) 483,14±41,01 474,12±26,15Ganho de peso/dia (g) 2,65±0,23 2,60±0,14Ganho comprimento (mm) 249,03±7,28 244,72±8,62Sobrevivência (%) 99,88±0,82 98,63±1,04
* Os valores médios obtidos não diferem pelo teste de Kruskal-Wallis.
As médias observadas para o desempenho da tilápia quando cultivadas nos
viveiros com ou sem tratamento não apresentaram diferenças significativas (P>0,05),
sendo que numericamente, os menores valores foram observados para os peixes
submetidos ao tratamento com EM-4, exceto aos 145 dias de cultivo, como pode ser
observado na figura 12A. As baixas concentrações de O2D e teor de amônia alto,
ocorridos nas semanas que antecederam esta biometria provavelmente resultaram em
condições de estresse aos peixes, de modo que os microorganismos, neste período,
puderam atuar de forma eficaz, melhorando o desempenho dos animais. Lima et al.
(2003) cita que quando os animais são mantidos em boas condições de manejo
(nutricionais e sanitárias), muitas vezes não são constatados a ação do probiótico sobre
o desempenho destes.
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47/63
35
0,00
50,00100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
450,00
500,00
0 14 28 42 56 84 112 145 182
P e s o ( g )
Período de cultivo (dias)
Sem EM-4 Com EM-4
A
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
0 14 28 42 56 84 112 1 45 1 82
C o m
p r i m
e n t o ( m
m
)
Período de cultivo (dias)
Sem EM-4 Com EM-4
BFigura 12. Valores médios do peso (g) e comprimento (mm) da tilápia do Nilo cultivada em viveiros
tratados ou não com EM-4.
Os valores de sobrevivência e desempenho estão de acordo com os apresentados
por Meurer et al. (2006) que não encontraram efeito da inclusão de S.cerevisiae em
rações para a tilápia do Nilo durante a fase de reversão sexual, sobre os parâmetros
anteriormente citados. Entretanto, discordam dos valores de desempenho e
sobrevivência apresentados por Lara-Flores et al. (2002) que verificaram que os
animais tratados com probióticos e antibióticos apresentaram maiores taxas de
sobrevivência comparadas aos do grupo controle, e os peixes tratados somente com
probiótico alcançaram maior ganho de peso e melhor conversão alimentar comparado
aos demais tratamentos (controle e antibiótico). Carnevali et al. (2004) também
encontraram um efeito positivo da adição dos probióticos L. plantarum e L. fructivorans
sobre a sobrevivência de larvas do dourada (Sparus aurata).
Os valores médios do peso e comprimento do peixe inteiro, peso de filé e fator de
condição dos animais não diferiram (P>0,05), enquanto o rendimento de filé foi
superior nos animais cultivados nos viveiros tratados, indicando que a utilização do probiótico proporcionou uma quantidade de massa muscular maior em relação ao peso
corporal (Tabela 3). Do ponto de vista econômico o aumento substancial do rendimento
de filé é de grande importância.
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36
Um dos fatores que pode ter contribuído para um maior rendimento de filé dos
animais mantidos nos viveiros, pode estar relacionado a um aumento nas atividades de
enzimas específicas ao longo do trato gastrointestinal, como relatado por Suzer et al.
(2008) quando avaliaram lactobacilos ssp. como probiótico em alevinos de dourada. Os
autores reportam que o aumento da atividade enzimática pode está relacionado com um
aumento da digestão e absorção do alimento.
Mikulec et al. (1999) quando avaliaram diferentes quantidades de proteína na
dieta de frangos de corte demonstraram a influência favorável que os probióticos têm
sobre o crescimento da massa corporal e melhora na conversão alimentar quando o nível
de proteína bruta da dieta é deficiente. Segundo o autor a adição de probióticos na dieta
poderia promover redução da quebra da proteína a nitrogênio, aumentando a utilização
de proteínas (aminoácidos), particularmente do alimento que não o contém em
quantidades desejáveis. Portanto, uma melhor utilização desse nutriente pelos animais
teria proporcionando melhor resultado.
Na Tabela 3, ainda pode ser observado a existência de uma correlação linear entre
o peso do filé e o peso do peixe, não refletindo no rendimento de filé.
Tabela 3. Valores médios do desempenho e rendimento de filé de tilápias cultivadas em
viveiros tratados ou não com EM-4.
Variáveis Tratamentos CV (%)Sem EM-4 Com EM-4
Peso do peixe inteiro (g) 594,67a 569,83a 13,93Comprimento final (cm) 31,05a 30,49a 7,68Peso Filé (g) 231,00a 228,33a 15,69
Rendimento Filé (%) 38,93b 40,06a 5,80Fator de condição 1,98a 1,94a 8,60*Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Faria et al. (2003) avaliaram o rendimento do filé com pele da tilápia do Nilo e
encontraram resultados semelhantes (39,21%) a este estudo. Conforme Contreras-
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49/63
37
Gusmán (1994), os valores de rendimento de filé com pele variam de 32,8% e 59,8%,
com uma média de 50,5%, porém os peixes compridos estão entre as espécies de
rendimentos mais baixos, inferiores a 42%. Economicamente as tilápias são
consideradas, quando comparadas com outros peixes cultivados, como sendo as de
menor rendimento de filetagem, entre 30 a 33% (Clement e Lovell, 1994).
Os resultados do fator de condição, que indica o grau de bem estar dos peixes,
refletem boas condições de crescimento dos peixes em ambos os tratamentos. Com isto,
podemos inferir que mesmo com um declínio da qualidade da água o crescimento dos
animais não foi afetado, demonstrando também a capacidade da tilápia em se adaptar
rapidamente as condições do meio. Marengoni et al. (2008) obtiveram valores do fator
de condição semelhantes a este estudo quando avaliaram o desempenho produtivo de
tilápia vermelha submetida à dieta contendo probiótico na fase de alevinagem.
A falta de efeito significativo da inclusão do probiótico na água sobre o
desempenho dos animais pode ser explicada pelo fato de que os animais, como já
mencionado, aparentemente se apresentavam em bom estado de saúde, o que diminui o
contato destes animais com os microorganismos potencialmente patogênicos. Porém,
para constatação da presença ou ausência destes microorganismos seria necessária a
realização de análises microbiológicas da água de cultivo e dos animais. A baixa
densidade populacional é outro fator que pode ter contribuído para a ausência de efeito
da adição do EM-4.
Lara-Flores et al. (2003) avaliaram dois tipos de probióticos (Saccharomyces
cerevisiae e uma mistura de Streptococcus faecium e Lactobacillus acidophilus) e
concluíram que esta adição proporcionou um melhor desempenho de alevinos de tilápia
quando expostos a fatores estressantes, a baixa percentagem de proteína na ração e à
maior densidade populacional, após um período experimental de nove semanas de
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38
cultivo, discordando com os dados obtidos neste trabalho. Esta situação de estresse
imposta pelos autores, provavelmente foi o diferencial entre os resultados obtidos nos
referidos estudos.
Na tabela 4 é apresentada a composição bromatológica dos filés de tilápia. Os
valores médios de matéria seca, umidade, proteína, cinza e extrato etéreo não
apresentaram diferenças significativas (P>0,05) entre os tratamentos.
Tabela 4. Teores médios e desvios padrão da composição bromatológica dos filés de
tilápias cultivadas em viveiros tratados ou não com EM-4.
Variáveis Tratamentos CV (%)
Sem EM-4 Com EM-4Matéria seca (%) 18,77±0,85 18,85±0,76 4,29Umidade (%) 81,23±0,85 81,15±0,76 0,99Proteína (%) 16,14±0,60 16,19±0,61 3,76Extrato etéreo (%) 1,03±0,30 1,05±0,27 25,69Cinzas (%) 1,18±0,07 1,03±0,08 7,31
De forma geral, a composição química dos filés de tilápias apresentou teores
dentro das faixas citadas por diversos autores (Contreras-Gúzman, 1994), em que os
valores de umidade de tilápias variaram de 74 a 82,4%; cinzas, 0,7 a 3,1%; proteína,
14,3 a 22,3% e gordura de 0,3 a 5,5%.
Os teores de umidade, proteína, extrato etéreo e cinzas encontrados neste
experimento são próximos aos encontrados nos filés de tilápias por Hisano et al. (2007)
(81,64, 16,39, 0,98 e 1,12%, respectivamente) quando avaliaram o desempenhos de
alevinos alimentados com levedura e derivados . Segundo Ogawa & Maia (1999) os
peixes apresentam de 70 a 85% de umidade. Quanto ao teor de gordura conforme
Ackman(1989) podem ser classificados em: magros (menos de 2% de gordura); de
baixo teor (2-4% de gordura); medianamente gordos (4-8% de gordura) e altamente
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gordos (mais de 8% de gordura). De acordo com esta classificação, as tilápias deste
experimento foram consideradas peixes magros.
A utilização de probióticos na aqüicultura vem sendo, na maioria das vezes,
realizada de forma empírica (Balcázar et al., 2006), com resultados inconclusivos.
Poucos são os trabalhos envolvendo a inclusão de probióticos no cultivo da tilápia do
Nilo e, sobretudo quando adicionados diretamente na água. A ausência de efeitos
benéficos pode estar relacionada com o nível de estresse do animal, a adaptação da
microbiota aquática e animal ao composto adicionado, a espécie cultivada, entre outros.
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52/63
40
4.3 Análise sensorial
O resultado da análise do perfil sensorial hedônico encontra-se na Tabela 5.
Tabela 5. Valores médios atribuídos pelos provadores às amostras dos filés de tilápia
cultivadas em viveiros tratados ou não com EM-4
Variáveis TratamentosSem EM-4 Com EM-4
Odor 6,20 ± 1,54 a 5,88±1,90 a
Cor 6,56± 1,70a 6,38±1,72a
Sabor 7,18± 1,63 a 6,94 ± 1,70a
Textura 7,56± 1,32a 7,02± 1,49Avaliação geral 7,16± 1,57a 6,78± 1,54Aceitação mercado 4,04± 1,65a 3,82±1,08a
*Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem pelo teste de Qui-quadrado; Média ± desvio padrão.
De acordo com os resultados da avaliação sensorial dos filés de tilápia, observou-
se diferença significativa entre tratamentos somente em relação aos atributos textura e
avaliação geral do produto. As notas para o atributo textura variaram de 7,02 (com EM-
4) a 7,56 (sem EM-4), situando-se na escala “gostei moderamente” a “gostei muito”,
enquanto que na avaliação geral do produto variaram de 6,78 (com EM-4) a 7,16 (sem
EM-4), situando-se na escala “gostei ligeiramente” a “gostei muito”. Porém vale
salientar que todos os atributos analisados se enquadram em padrões aceitáveis de
qualidade (notas maiores que 3).
A maioria dos provadores comentou que os filés submetidos ao tratamento com
EM-4 apresentavam textura pouco firme quando comparado aos sem tratamento, o que
demonstra que embora o sabor seja umas das características mais importantes para a
aceitação do consumidor, a textura é igualmente relevante, quando aliada ao sabor
suave, considerando os consumidores que não consomem pescado com muita
freqüência (Chambers e Robel, 1993).
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53/63
41
A textura do músculo do pescado pode ser afetada por diversos fatores, como a
espécie, composição química, idade, condições de manuseio, processamento e
estocagem, bem como a estrutura das fibras e tecidos conectivos (Dunajski, 1979).
Apesar de não ter ocorrido diferença estatística na aceitação do produto no
mercado, a escala dos filés com EM-4 variou de “talvez comprasse” a “possivelmente
compraria” enquanto que os filés sem tratamento situaram-se na escala de
“possivelmente compraria” a “compraria”, sendo o atributo textura um dos fatores que
mais influenciou, mediante comentários dos provadores, para este resultado.
O consumidor, em princípio, observa a aparência, cor, aroma, ou seja, as
características mais atrativas do produto, todavia como já mencionada o sabor e a
textura irão determinar a avaliação geral e definir a compra ou não do produto. Vale
salientar que as informações organolépticas do produto devem ser analisadas juntamente
com as resultados provenientes das análises físico-químicas e microbiológicas.
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42
5. CONCLUSÕES
Diante das condições experimentais e com base nos resultados obtidos, pode-se
concluir que:
Ao final do período de criação quedas na qualidade da água foram
observadas em ambos os tratamentos e medidas de manejo devem ser
adotadas para melhoria desta qualidade.
O uso de micr