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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁPR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS PONTA GROSSA
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
PPGEP
HERON CONRADO DO CARMO FERREIRA
GESTÃO E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAENTRE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
PARTICULARES E EMPRESAS
PONTA GROSSA
JULHO – 2009
HERON CONRADO DO CARMO FERREIRA
GESTÃO E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAENTRE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
PARTICULARES E EMPRESAS
Dissertação apresentada como requisito parcialà obtenção do título de Mestre em Engenhariade Produção, do Programa de Pós-Graduaçãoem Engenharia de Produção, Área deConcentração: Gestão Industrial, doDepartamento de Pesquisa e Pós-Graduação,do Campus Ponta Grossa, da UTFPR.
Orientador: Prof. João Luiz Kovaleski, Dr.
PONTA GROSSA
JULHO - 2009
PPGEP – Área de Concentração (Ano)
PPGEP – Área de Concentração (Ano)
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁPR
Universidade Tecnológica federal do Paraná –Campus Ponta Grossa
Departamento de Pós-GraduaçãoPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
TERMO DE APROVAÇÃO
Título de Dissertação N.º 124/2009
GESTÃO E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA ENTRE INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR PARTICULARES E EMPRESAS
por
Heron Conrado do Carmo Ferreira
Esta dissertação foi apresentada às 10 horas de 27 de agosto de 2009 como requisito
parcial para a obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, com
área de concentração em Gestão Industrial, linha de pesquisa em Gestão do
Conhecimento e Inovação, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. O
candidato foi argüido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo
assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.
Prof. Dr. Sergio Mazurek Tebcherani(UEPG)
Prof. Dr. Antonio Carlos Frasson
(UTFPR)
Profª. Drª. Silvia Gaia (UTFPR) Prof(a). Dr João Luiz Kovaleski (UTFPR) Orientador
Visto do Coordenador
João Luiz Kovaleski (UTFPR)Coordenador do PPGEP
PPGEP – Área de Concentração (Ano)
Este trabalho é dedicado:
Ao meu orientador Dr. João Luiz Kovaleski, pelos ensinamentos acadêmicos e de
vida, pela amizade e por acreditar neste trabalho.
A minha esposa Marici Harlene de Lara Ferreira, pela paciência e amor.
As minhas filhas, Francine, Juliane e Emily, pelo carinho e presença.
À minha mãe, Levina dos Santos Ferreira in memorian, pelo exemplo de vida, e
amor.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que ilumina incessantemente meu caminho.
Ao meu orientador “Kova”, pelo incentivo e oportunidades.
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR pela oportunidade de
participar do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.
Aos amigos, por compartilharem momentos de angústia e alegria.
Aos companheiros de classe da turma de Inovação e Conhecimento 2007, pela
solidariedade e carinho.
Aos professores da UTFPR – Antonio Carlos, Dálcio, Hélio, Isaura, Kovaleski,
Pilatti, Luciano, Romano, Frasson, Kazuo, pelas sábias orientações.
Aos funcionários do DEPOG da UTFPR, pela eficácia e prontidão.
Aos amigos de Fábio Henrique Antunes Vieira e Rodrigo Corrêa Leite,
companheiro de estrada e de sala de aula.
Ao amigo Cesar Augusto Cusin pela colaboração e estímulo.
E a minha família pelo apoio e confiança.
i
"Não são os mais fortes da espécie que sobrevivem, nem os mais inteligentes, mas
sim os que respondem melhor às mudanças”.
CHALES DARWIN
PPGEP – Gestão Industrial (2009)
RESUMO
A partir de uma investigação científica, buscou identificar nas Instituições de Ensino
Superior (IES) particulares da região Sudoeste do Estado de São Paulo, no seu
instrumento de gestão Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) os mecanismos
de transferência de tecnologia praticado pelas IES em estudo na relação IES-
empresas. As IES, são por excelência, organizações e têm como objetivo o ensino, a
pesquisa e a extensão conforme sua organização administrativa. O crescimento
desse segmento de ensino, especialmente as IES particulares, a partir da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (Lei 9394/96), trouxe a necessidade
do planejamento para as IES, uma vez que estas passam a lidar com a
concorrência, e a competitividade de mercado. O PDI é um plano, uma programação
para que a IES possa crescer ou fortalecer-se em sua atuação, de acordo com sua
missão institucional, objetivos, estratégias e planos de ação que envolve não apenas
o setor administrativo, mas também o setor acadêmico. O PDI visa desenvolver a
IES. A pesquisa de campo foi realizada com uma abordagem qualitativa de natureza
interpretativa através de questionários e observações diretas ou pessoais. Foram
realizados questionamentos junto aos gestores das IES. A partir daí constituiu-se as
análises subdivididas em quatro grupos: conhecer o perfil das IES particulares em
estudo em função de sua organização administrativa perante o MEC; identificar a
existência do PDI nas IES em estudo; verificar se o PDI contempla algum tipo de
relacionamento entre IES-empresas; identificar os mecanismos de relacionamento
entre IES-empresas, que caracterize a transferência de tecnologia. A pesquisa
revelou que as IES apresentam PDI como instrumento de gestão, tem conhecimento
da importância da tecnologia para capacidade competitiva das IES, entre os quais os
mecanismos de relação entre IES-empresas e transferência de tecnologia, mas
existem grandes dificuldades a serem transposta para o sucesso do relacionamento
IES-empresa e o aprimoramento dos mecanismos de transferência de tecnologia.
Palavras-chave: Gestão de IES particulares, Transferência de Tecnologia, Relação
IES-empresas.
PPGEP – Gestão Industrial (2009)
ABSTRACT
From a scientific inquiry, this research tried to identify in the private Institutions of
Higher Education (IHE) of the Southwest region in São Paulo State, in their
Institutional Development Planning management (IDP) the practiced technology
transference mechanisms by the IHE in study in the relation IHE-COMPANIES. The
IHE, are by excellence, organizations and have as their main objective the education,
the research and the extension according to their administrative organization. The
growth of that segment of education, specially the private IHE, from the Law of
Directives and Bases of the National Education (LDB) (Law 9394/96), brought the
need of the planning for the IHE, since they started to deal with the competition, and
to the competitiveness of market. The IDP is a plan, a programming for the growth of
the IHE or to fortify their action, according to the objective, institutional mission,
strategies that involves not just the administrative sector, but also the academic
sector. The IDP aims to develop the IHE. The field research was carried out with a
qualitative approach of interpretative nature through questionnaires and direct or
personal observations. They were carried out questionings with the IHE’s managers.
From then the analyses were subdivided into four groups: knowing the profile of the
private IHE in study according to their administrative organization before the Ministry
of Education and Culture; identifying the existence of the IDP in the IHE in study;
verifying if the IDP contemplates some kind of relationship between IHE-
COMPANIES; identifying the mechanisms of relationship between IHE-COMPANIES
that characterizes the transference of technology. The research revealed that the IHE
present the IDP as instrument of management. They know the importance of the
technology for competitive capacity of the IHE, as the mechanisms of relation
between IHE-COMPANIES and transference of technology, but there are big
difficulties to be transposed for the success of the relationship IHE-COMPANY and
the improvement of the technology transference mechanisms.
Keywords: Private IHE Management; Transference of Technology; IHE-COMPANIES
Relation.
PPGEP – Gestão Industrial (2009)
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Tecnologia é conhecimento transformado em produto e serviços............54
Figura 02 Região em estudo – Sorocaba.................................................................120
PPGEP – Gestão Industrial (2009)
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Evolução do número de IES - Brasil, Região Sudeste e SP..................27
Quadro 02 - Distribuição das IES por categoria administrativa e por organização
acadêmica..................................................................................................................29
Quadro 03 - Visão geral de uma IES..........................................................................44
Quadro 04 – Resumo das resposta do questionário..................................................80
Quadro 05 – Mecanismo de Cooperação..................................................................92
PPGEP – Gestão Industrial (2009)
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CNE Conselho Nacional de Educação
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CTEs Centros de Educação Tecnológica
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FPNQ Fundação Prêmio Nacional de Qualidade
ICT Instituição Científica e Tecnológica
IES Instituições de Ensino Superiores
INEP Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais – Anísio Teixeira
INPI Instituto Nacional de Propriedade Intelectual
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MCT Ministério de Ciência e Tecnologia
MEC Ministério da Educação e Cultura
NID Núcleos de Desenvolvimento e Difusão Tecnológica
NIT Núcleos de Inovação e Transferência de Tecnologia
NITs Núcleos de Inovação Tecnológica
OECD Organization for Economic Co-operation and Development
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PDI Plano de Desenvolvimento Institucional
PGTec Programa de Gestão Tecnológica para a Competitividade
PPP Projeto Político-Pedagógico
RI Regimento Interno
SEED Secretaria de Educação à Distância
SEMESP Sindicato das Mantenedoras do Estado de São Paulo
SEMTEC Secretaria de Educação Média e Tecnológica
PPGEP – Gestão Industrial (2009)
TCC Trabalhos de Conclusão de Curso
TD Trabalhos de Diplomação
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura
PPGEP – Gestão Industrial (2009)
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 Evolução das taxas de crescimento das IES no Estado de São Paulo ...28
Gráfico 02 Evolução do número de cursos de graduação presenciais no Estado de
São Paulo por categoria administrativa......................................................................30
Gráfico 03 Evolução das vagas x ingressantes e vagas não preenchidas – São
Paulo..........................................................................................................................31
Gráfico 04 Números de IES que participam da pesquisa...........................................82
Gráfico 05 Função do Gestor Educacional na IES.....................................................83
Gráfico 06 Vínculo empregatício dos gestores das IES............................................84
Gráfico 07. Distribuição das IES por categorias Administrativas...............................85
Gráfico 08. Processo de Sucessão na gestão das IES..............................................86
Gráfico 09 – Características de gestão nas IES.........................................................87
Gráfico 10 – Mecanismo de relacionamento entre IES-empresa presente no PDI....97
Gráfico 11 – Itens de transferência de Tecnologia que se aplicam na sua IES.........98
Gráfico 12 – Itens que tratam de transferência de tecnologia....................................99
Gráfico 13 – Resultado-I...........................................................................................100
Gráfico 14 – Resultado-II..........................................................................................101
PPGEP – Gestão Industrial (2009)
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LISTA DE SÍMBOLOS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................16
1.1 Contexto e Formulação do Problema.........................................................................................17
1.2 Definição do Tema .....................................................................................................................20
1.3 Objetivos.....................................................................................................................................20
1.3.1 Geral ...................................................................................................................................20
1.3.2 Específicos .........................................................................................................................20
1.4 Justificativa da Pesquisa ............................................................................................................21
1.5 Delimitação da Pesquisa............................................................................................................21
1.6 Organização da Pesquisa ..........................................................................................................22
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................23
2.1 Contexto Geral das IES no Brasil...............................................................................................23
2.1.1 Conceito - IES ....................................................................................................................24
2.1.2 Evolução das IES ...............................................................................................................24
2.1.3 Instituições de Ensino Superior Particulares......................................................................26
2.1.4 Legislação do Ensino Superior...........................................................................................32
2.2 Ensino Superior Particular e seu Processo de Gestão ..............................................................36
2.2.1 O Planejamento na Gestão das IES ..................................................................................36
2.2.2 Instrumento de Planejamento das IES...............................................................................44
2.2.3 Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e a Legislação...........................................47
2.3 Componentes do Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação ................................................52
2.3.1 Ciência................................................................................................................................52
2.3.2 Tecnologia ..........................................................................................................................52
2.3.3 Inovação Tecnológica.........................................................................................................54
2.4 Gestão e Transferência de Tecnologia ......................................................................................55
PPGEP – Gestão Industrial (2009)
2.4.1 Gestão da Tecnologia ........................................................................................................55
2.4.2 Gestão da Tecnologia na Universidade .............................................................................57
2.4.3 Transferência de Tecnologia..............................................................................................58
2.5 As Relações Inter-Institucionais .................................................................................................60
2.5.1 Conceito de cooperação IES-Empresas ............................................................................60
2.5.2 Cooperação IES-Empresas no Brasil.................................................................................61
2.5.3 Mecanismo de Cooperação................................................................................................66
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...........................................................74
3.1 Classificação da Pesquisa .........................................................................................................74
3.1.1 Natureza da Pesquisa ........................................................................................................74
3.1.2 Método................................................................................................................................76
3.2 Instrumento de Coleta de Dados................................................................................................77
3.2.1 Questionário .......................................................................................................................78
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................82
4.1 Apresentação dos dados e Interpretação dos resultados..........................................................82
Identificação: ..................................................................................................................................82
4.1.2 Organização da IES ...........................................................................................................89
4.1.3 Organização Didático-Pedagógica.....................................................................................90
5 Conclusões.........................................................................................................93
5.1.Considerações sobre os objetivos do estudo ..........................................................................93
Considerações Finais...................................................................................................................102
Sugestões para trabalhos futuros ................................................................................................102
REFERÊNCIAS.......................................................................................................104
APÊNDICE A – Instrumentos de Coleta de Dados .................................................112
Dados de Identificação Institucional.................................................................................................112
Organização da IES .........................................................................................................................114
Organização Didático-Pedagógica...................................................................................................114
ANEXO A – REGIÃO EM ESTUDO - SOROCABA.................................................120
Capítulo 1 Introdução 16
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
1 INTRODUÇÃO
Estudar as Instituições de Ensino Superiores (IES) Particulares e acompanhar
as determinações políticas e legais para o melhor entendimento e compreensão de
ameaças e oportunidades do ensino particular em nossa sociedade não é mais
modismo, é uma necessidade. A sobrevivência no ambiente competitivo da
educação brasileira depende de aprender a conviver com o espaço aberto para a
concorrência. Este cenário tem motivado os estudos e aplicações de metodologias
de gestão estratégica em IES privadas. Lima (2003), Braga e Monteiro (2005)
afirmam que um dos elementos da gestão estratégica, o planejamento estratégico,
ainda é algo muito novo para a maioria das IES.
Porter (1990), no seu clássico estudo sobre a competitividade empresarial,
destaca a inovação tecnológica como um fator determinante de êxito. A tecnologia a
inovação e o poder do conhecimento se apresentam como variáveis imprescindíveis
para a sobrevivência das empresas no atual cenário técnico econômico. Estes
aspectos trazem impactos, ocasionando mudança de paradigma de produção,
conduzindo as empresas, a uma necessidade de desenvolvimento, transferência e
aplicações de inovações tecnológicas.
A tecnologia como estratégia impulsionadora da competitividade, é um dos
mais discutidos temas na atualidade, por seu impacto na economia e no ambiente
social. As inovações tecnológicas estão em todas as partes e em todas as atividades
humanas, sejam na agricultura, no comércio, na educação ou no lazer. E, no caso
do Brasil, vêm sendo induzidas pelas próprias empresas nacionais ao adquiri-las,
tanto no mercado interno como externo.
Na globalização, as tecnologias emergentes passam a fazer parte do cotidiano
da maioria das atividades, produtos e serviços são colocados à disposição dos
consumidores. Ser competitivo pressupõe buscar um novo entendimento da variável
tecnológica, em compartilhar projetos de processos e produtos com Instituições
parceiras, no modificar a própria estrutura organizacional e no fazer uso de novas
estratégias. Desta forma, torna-se clara as atividades de relacionamento entre IES e
as empresas de forma que esta cooperação promova a capacitação tecnológica e o
desenvolvimento sustentável.
Capítulo 1 Introdução 17
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Em busca da competitividade das empresas brasileiras cabe um papel
importante para as IES e as demais Instituições de Ensino e Pesquisa, cujo desafio
principal diz respeito à modernização das suas estruturas, curriculum e a
implementação de mudanças que assegurem a realização de atividades de
cooperação, tais como: a pesquisa, o desenvolvimento, a difusão e comercialização
de conhecimento e de tecnologia, de forma que atenda aos novos parâmetros e
necessidades do atual cenário tecnológico e econômico, marcado pela inovação e
elevada competitividade que o mercado apresenta.
Apesar de toda esta questão de competitividade a inovação tecnológica de
certa forma, estava sendo deixada a margem das IES. Com o advento da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em vigor a partir de 1996 e
regulamentada por diversos decretos, portarias e resoluções, as IES passaram a ser
exigidas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) a apresentar um Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI), no qual devem estar explicitadas as estratégias
que as IES adotarão para atingirem sua missão, objetivos e metas, para poder se
expandir, oferecer novos cursos e continuar desenvolvendo suas atividades.
Sendo assim, no sentido de garantir para essa pesquisa um encaminhamento
sobre a existência do processo de transferência de tecnologia no relacionamento
entre IES particulares e empresa diante da análise de seu PDI, seu principal
instrumento de gestão.
1.1 Contexto e Formulação do Problema
No atual contexto da expansão das IES, a partir da promulgação da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (Lei 9394/96) vem sendo observada
nos últimos anos e, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais –
Anísio Teixeira (INEP) observa-se um aumento de credenciamentos de novas IES
particulares e do número de vagas ofertadas. O INEP (2007) aponta que em 1997, o
censo registrou, no Brasil, a oferta de 505.377 vagas nas IES particulares (22,4%
não preenchido); em 2002 o número de vagas ofertadas subiu para 1.477.733
(37,4% não preenchido); e em 2005 subiu para 2.494.682 vagas ofertadas nas IES
privadas (47,43% não preenchido).
Capítulo 1 Introdução 18
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Em relação ao número de alunos de nível superior que era de
aproximadamente 1,6 milhões no Brasil em 1996, passou para mais de 4,8 milhões
em 2007 (INEP, 2007), e neste cenário as IES passaram a ser consideradas como
empresas pelos seus gestores e, consequentemente, os alunos tornaram-se seus
clientes. A expansão é ainda mais significativa no ensino superior particular, a partir
da promulgação da LDB (Lei 9.394/96). Em 2007 esse setor representou 79,8% das
matrículas em cursos de graduação (INEP, 2007).
Com esse índice de crescimento, tem-se como resultado a atração de
investidores das mais diversas áreas, pois a demanda ainda está em estado latente,
o que indica que o crescimento é inevitável nos próximos anos. Um dos problemas
que começa a surgir com o crescimento do número de vagas é a queda no valor das
mensalidades. As IES mais tradicionais levam vantagem em relação às IES mais
novas, pois já estão estruturadas e por isso conseguem manter-se mesmo com
mensalidades menores.
Diante deste cenário de expansão do ensino superior brasileiro, o ambiente
estratégico tem sido alvo da atenção dos gestores das IES particulares. Existem no
cenário das IES particulares algumas situações que merecem atenção tais como:
como atrair novos alunos de qualidade; atualizar e qualificar seus docentes; ter um
bom ambiente de trabalho, focar o negócio, formar uma boa equipe de trabalho, e,
principalmente, planejar com visão de futuro o mercado frente à concorrência
instalada.
Para Braga e Monteiro (2005), destacam-se alguns elementos que contribuem
para a situação em que se encontra a gestão das IES.
1) Muitas vezes se atribui à função gerencial nas IES uma dimensão
essencialmente operacional e secundária;
2) Em alguns casos a ausência de modelos próprios de gestão para a
organização educacional faz com que se utilizem modelos “importados” do
contexto empresarial, inadequados à realidade das IES; e
3) Percebe-se na prática, o predomínio de uma gestão amadora e
professoral. As pessoas escolhidas para ocupar as posições de gestão
Capítulo 1 Introdução 19
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
não possuem preparação formal ou adequada experiência para assumir
posições gerenciais.
Braga e Monteiro (2005), afirma que muitas IES passam por um momento de
atenção, no sentido de refletir sobre sua prática de gestão estratégica,
principalmente aquelas que não se prepararam para esse novo momento. As IES
após algumas décadas de crescimento de certa forma confortável, estão atingindo
um momento de estagnação. No início da década de 90 até os dias atuais a
competição entre as instituições tornou-se mais acirrada e principalmente entre as
particulares.
Este novo ambiente tem motivado os estudos e aplicações de metodologias
de gestão estratégica em IES particulares. Estudos realizados por Lima (2003);
Braga e Monteiro (2005) e Tachizawa e Andrade (2006), afirmam que um dos
elementos da gestão estratégica é a inovação tecnológica um paradigma da
competitividade nas IES particulares; afirmam ser ainda algo novo para a maioria
das mesmas.
Gama Filho e Carvalho (1998, p. 112); define a Gestão estratégica da
seguinte forma:
“É um processo contínuo e adaptativo, através do qual uma organização, e,portanto uma IES, define (e redefine) sua missão, objetivos e metas, bemcomo seleciona as estratégias e meios para atingir tais objetivos emdeterminado período de tempo, por meio da constante interação com o meioambiente externo”.
Para efeito metodológico, este conceito deve ser ampliado mediante a
incorporação das atividades de controle estratégico das variáveis internas e externas
à instituição de ensino, utilizando-se, inclusive, indicadores de gestão, de qualidade
e de desempenho.
A proposta de IES mais flexíveis, adaptáveis, atualizadas e capazes de gerar
ciência e tecnologia e de acompanhar as mudanças no ambiente dos negócios exige
maior ênfase na aplicação de novas tecnologias de informação e de sua gestão
estratégica. Um dos grandes desafios da gestão estratégica das IES
contemporâneas é desenvolver uma maior capacidade de resposta às demandas
externas como forma de sobreviver a um ambiente tão competitivo e de profundas
transformações (Braga e Monteiro 2005).
Capítulo 1 Introdução 20
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Atualmente a qualidade do egresso se caracteriza como fator relevante para a
construção da imagem da IES, pois o sucesso do mesmo na carreira reflete a
imagem da instituição perante a sociedade e a concorrência.
Em relação ao que a imagem pode significar para uma IES, Kotler e Fox
(1994, p.133) afirmam que:
“...uma instituição que responde ao mercado tem forte interesse em sabercomo seus públicos vêem a instituição e seus programas e serviços, umavez que as pessoas a relacionam freqüentemente a sua imagem, nãonecessariamente a realidade”. Portanto, quando a imagem for negativa, oefeito pode ser de destruição da realidade qualitativa”.
Ainda segundo Kotler e Fox (1994), os públicos que têm imagem negativa de
uma instituição vão evitá-la ou desprestigiá-la, mesmo se ela for de qualidade, e
aqueles que têm uma imagem positiva ficarão indecisos, afetando assim os aspectos
dos negócios da organização educacional.
O tema desta pesquisa buscará interpretar o ensino superior particular como
um negócio. Considerando-o como negócio, tratar-se-á como um empreendimento
que possui variáveis que influenciam a tomada de decisão estratégica. Diante desta
contextualização tem-se como questão norteadora a seguinte formulação: Quais os
principais mecanismo de transferência de tecnologia existente no PDI das IES
particulares no relacionamento IES-empresas?
1.2 Definição do Tema
O tema definido para pesquisa é: Gestão e Transferência de Tecnologia entre
Instituições de Ensino Superior Particulares e Empresas.
1.3 Objetivos
1.3.1 Geral
Identificar junto aos gestores das IES particulares em estudo, a existência de
transferência de tecnologia em seu instrumento de planejamento PDI no
relacionamento IES-empresas.
1.3.2 Específicos
Com base no objetivo geral elaboraram-se os seguintes objetivos específicos:
Capítulo 1 Introdução 21
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
a) Conhecer as IES particulares em estudo em função de sua organização
administrativa perante o MEC;
b) Identificar a existência do PDI nas IES em estudo;
c) Verificar se o PDI contempla algum tipo de relacionamento entre IES-
empresas;
d) Identificar os mecanismos de relacionamento entre IES-empresas, que
caracterize a transferência de tecnologia;
1.4 Justificativa da Pesquisa
Quanto à importância, este estudo é justificado pela crescente necessidade
de criatividade e inovação nas IES especialmente em sua atividade principal de
atender aos anseios dos clientes mediante o oferecimento de novos produtos,
sempre agregando algum valor que não tenha sido oferecido pela concorrência.
Neste esforço para a competitividade cabem às IES em estudo um papel
importante no desenvolvimento e modernização de suas estruturas de gestão,
tornando, desta forma, estreita as atividades de relacionamento entre IES e
empresas, tais como: a pesquisa, o desenvolvimento, transferências e aplicações de
inovações tecnológicas, podendo ser uma ferramenta a ser utilizada na busca da
melhoria qualidade do ensino.
1.5 Delimitação da Pesquisa
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram selecionadas 47 (quarenta e
sete) IES particulares localizadas no sudoeste do Estado de São Paulo. Utilizou-se o
estudo de Faculdades Isoladas, Faculdades Integradas, Instituto Superiores de
Educação, Centros Universitários e Universidades filiada ao Sindicato das
Mantenedoras do Estado de São Paulo (SEMESP), que apresentem o planejamento
estratégico em sua Gestão, ou tendo como instrumento de planejamento o PDI em
sua organização.
O referencial teórico centrou-se nos contextos gerais da IES no Brasil desde
sua origem, sua regulamentação, e seus elementos de gestão estratégica diante do
cenário que se encontram as IES particulares no país.
Capítulo 1 Introdução 22
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
1.6 Organização da Pesquisa
Esta pesquisa é resultado do processo de investigação, foi organizada em 05
capítulos, conforme segue:
- Introdução, Contexto e Formulação do Problema, Definição do Tema,
Objetivos Geral e Específicos, Justificativa da Pesquisa, Delimitação da
Pesquisa - Capítulo-I.
- Referencial Teórico, com os principais temas abrangidos pelo estudo com
contexto geral das IES no Brasil, Ensino Superior Particular e seu
Processo de Gestão, Componentes do Sistema de Ciência, Tecnologia e
Inovação, Gestão e Transferência de Tecnologia e as Relações inter-
institucionais, Cooperação IES-empresas, Mecanismos de Cooperação –
Capítulo-II.
- Procedimentos metodológicos para realização da pesquisa; Classificação
da pesquisa, Natureza, Método, Instrumento de Coleta de dados –
Capítulo-III.
- Apresentação dos resultados, análise e interpretação – Capítulo-IV.
- Conclusões e sugestões para trabalhos futuros – Capítulo-V
Capítulo 2 Referencial teórico 23
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Contexto Geral das IES no Brasil
Com o propósito de analisar a gestão das Instituições de Ensino Superior
(IES), mais especificamente as particulares e os demais aspectos relacionados a
gestão do Ensino Superior, torna-se necessário, para uma melhor compreensão,
apresentar alguns esclarecimentos relativos ao sistema de Ensino no Brasil, à
organização acadêmica, aos órgãos reguladores, a oferta e a demanda
educacionais, definições acerca do empreendimento educacional.
A partir de uma análise documental, considerando a legislação existente,
procurou-se conceituar os tipos de Instituição de Ensino Superior, a relação da
Mantenedora1 com as Mantidas2, a vinculação das mantidas aos sistemas de
Ensino, os cursos e programas que podem ser oferecidos e a exigência do PDI para
as IES em estudo.
O Decreto n.º 3.860 Brasil (2001) deixa claro que uma Entidade Mantenedora
pode credenciar e manter diversas Instituições de Ensino, pois estas não possuem
personalidade jurídica, sendo juridicamente classificados como “entes
despersonalizados”. As instituições de ensino superior são, então, as Entidades
Mantidas, submetidas a uma “empresas”, que é a Entidade Mantenedora.
A característica administrativa da entidade mantenedora define o sistema de
educação a que a instituição de ensino fica vinculada perante o MEC. Se a entidade
mantenedora foi criada pelo poder público municipal ou estadual, a Instituição fica
vinculada ao Sistema Estadual de Ensino do Estado sede de seu credenciamento e
estará regulamentada por este órgão. Se foi criada pelo Poder Público Federal ou
esta é uma instituição particular, fica vinculada ao Sistema Federal de Ensino e à
Legislação deste órgão regulador.
1 Entidade que mantém Instituições de Ensino, sendo juridicamente responsável por esta e se relacionando com ela porintermédio de uma Diretoria ou órgão semelhante. Não interfere em questões da administração acadêmica da Instituição deEnsino, mas em questões relativas à administração financeira (MURIEL, 2006).2 Instituição sem personalidade Jurídica, denominada no direito como “ente despersonalizado”, que oferece ensino, pesquisa eextensão, mantida por uma entidade com personalidade jurídica (Mantenedora), (MURIEL, 2006).
Capítulo 2 Referencial teórico 24
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
2.1.1 Conceito - IES
O significado do termo Universidade, segundo Ferreira (2006) vem do latim
universitate que significa universalidade, que tem caráter de universal, totalidade. A
universidade significa instituição de ensino superior que compreende um conjunto de
faculdades ou escolas para a especialização profissional e científica, e tem por
função precípua garantir a conservação e o progresso nos diversos ramos do
conhecimento, pelo ensino e pela pesquisa.
O significado do termo, Faculdade segundo Ferreira (2006, p.606) vem do latim
falcultate e significa:
1. “A faculdade é o poder, natural ou adquirido, de fazer alguma coisa;capacidade. 2. Aptidão inata; disposição, tendência, talento, domínio. (....).6. Qualquer setor do conhecimento humano: nas universidades medievais oensino compreendia quatro faculdades: teologia, artes, medicina e leis. 7. Oconjunto das disciplinas professadas em cada área do ensino de nívelsuperior”.
2.1.2 Evolução das IES
As primeiras universidades surgiram no início de século XIII na Europa
Ocidental, mais especificamente na Itália, na França e na Inglaterra (CHARLE;
VERGER, 1996). Apesar das dificuldades em se atribuir uma data precisa de seu
nascimento, os autores consideram contemporâneas as universidades de Bolonha,
Paris, Oxford e a Universidade de Medicina de Montpellier, tornando-se as herdeiras
de uma longa história.
Na América Latina, as mais antigas universidades foram as de São Domingos
em 1538, a de Lima em 1551 e a do México em 1551.
“Essas universidades foram instituídas por decreto real com estatutosinspirados nos modelos espanhóis de Salamanca e de Alcalá, quasesempre controladas por ordens religiosas (Dominicanos e Jesuítas),ensinando Teologia e Direito Canônico (CHARLE; VERGER, 1996, p.42)”.
No Brasil, conforme os autores citados acima, não houve criação de nenhuma
universidade e na América do Norte, as primeiras universidades surgiram em forma
de colégios, frutos do interesse local. “A principal necessidade era a de formar
pastores e administradores para atender as necessidades das colônias inglesas. Os
primeiros colégios foram Harvard em 1636, Williamsburg em 1693 e Yale em1701”.
Capítulo 2 Referencial teórico 25
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
A multiplicação das universidades, na opinião de Charles; Verger (1996),
explica-se tanto pela emergência dos Estados Nacionais ou, na Alemanha e na
Itália, depois de 1520, principalmente pelo grande cisma religioso provocado pela
Reforma de Marthin Luther (Martinho Lutero). “O período de 1840-1940 foi
caracterizado pelos historiadores da educação como sendo o período da
diversificação, da expansão e profissionalização do ensino superior”.
Eles afirmam que nos Estados Unidos, nesse período, forma-se um
verdadeiro sistema universitário, ligado a outras transformações do país.
“A educação é colocada como valor central da sociedade americana,encontrando nesse empreendimento ponto de aplicação para unificar umanação desarmônica, formar as novas elites necessárias a uma sociedadeurbana e industrial, para firmar o poderio internacional de um país em viasde ultrapassar a Velha Europa, destacando-se o ensino e a pesquisa”.
Ainda nos Estados Unidos, durante a década de 1920, pressionado pela
expansão do ensino médio surge o ensino superior de massa, que era de 2,5
milhões passou para 4,8 milhões de alunos, correspondendo a 51% do grupo de
faixa etária correspondente (CHARLES; VERGER, 1996).
Neste contexto americano do ensino superior, destacam-se quatro grandes
tendências no ensino superior: 1) aumento das instituições particulares; 2)
privatização voluntária das instituições públicas voltadas à pesquisa; 3)
comercialização das instituições direcionadas à pesquisa; e 4) métodos eletrônicos
de instrução (BOWMAN, 2000).
A primeira IES particular no Brasil, então chamada Escola Mackenzie College,
de orientação protestante presbiteriana, começou a funcionar efetivamente em 1896,
na cidade de São Paulo. A industrialização do País, que ocorre após a II Guerra
Mundial e que terá São Paulo como epicentro, inicia seu processo de interiorização
por regiões como as de Campinas, Ribeirão Preto, Sorocaba, Bauru, etc. Na sua
esteira segue-se também a interiorização da educação em geral e da educação
superior em particular (SILVERA, 2005).
Uma definição de IES particular que se enquadra no propósito desse trabalho
é que se trata de toda escola de ensino superior que depende majoritariamente dos
recursos provenientes das mensalidades de seus alunos (SEMESP, 2008).
Capítulo 2 Referencial teórico 26
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
2.1.3 Instituições de Ensino Superior Particulares
O aumento mais expressivo das IES particulares ocorreu a partir de 1970,
época em que as faculdades começaram a ser constituídas em todas as capitais e
nas cidades de maior porte por todo o país. Em 1996, havia 900 IES no Brasil,
sendo que 711 eram particulares (SANTOS, 2002).
A dimensão da educação superior no Estado de São Paulo no período de
1991-2007 pode ser medida pela participação quantitativa e proporcional do número
de suas instituições no cenário nacional e regional: Em 1991, das 893 IES do País,
564 (63%) situavam-se na Região Sudeste e 309 (34,6%) em São Paulo; em 2004,
das 2013 IES do país, 1001 (49,72%) situavam-se na Região Sudeste e 504 (25%)
em São Paulo. Quanto à expansão do montante de IES, os números indicam que,
no período 1991-2007, esta se deu de maneira mais significativa no âmbito nacional
e mesmo no regional e no Estado de São Paulo: verificou-se um crescimento de
155,43% no país, de 94,14% na região, e de 77,02% neste estado. Comparando-se,
portanto, a taxa de crescimento do número de IES de São Paulo com a do País, este
estado apresenta uma taxa de cerca de apenas metade da taxa nacional (INEP,
2007).
O importante é observar que essa grande diferença entre os três níveis
(nacional, regional e estadual) se estabelece fundamentalmente no segundo sub-
período (1997-2007, pós-LDB): enquanto no primeiro período a taxa de crescimento
não ultrapassa 0,78% para o País, 1,95% para a região e 3,23% para o estado, no
segundo, são de 153,44% para o país, 90,43% para a região e 71,47% para o
estado (INEP, 2007).
Capítulo 2 Referencial teórico 27
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Ano Brasil ∆% Sudeste ∆% São Paulo ∆% Total % Total % Total %
1991 893 - 564 - 309 -1992 873 -2,24 563 -0,17 305 -1,291993 851 -2,52 550 -2,30 295 -3,271994 894 5,05 539 -2,00 291 -1,351995 922 3,13 561 4,08 312 7,211996 900 -2,39 575 2,49 319 2,241997 973 8,11 553 -3,82 311 -2,501998 1.097 12,74 570 3,07 322 3,531999 1.180 7,57 634 11,22 356 10,552000 1.391 17,88 667 5,20 373 4,772001 1.532 10,13 742 11,24 411 10,182002 1.637 6,85 840 13,20 450 9,482003 1,859 13,56 938 11,66 475 5,552004 2.013 8,28 1.001 6,71 504 6,102005 2.165 7,55 1.051 4,99 521 3,372006 2.270 4,84 1.093 3,99 540 3,642007 2.281 0,48 1.095 0,18 547 1,29
1991/1996. ∆% 0,78 - 1,95 - 3,23 -1996/2007. ∆% 153,44 - 90,43 - 71,47 -1991/2007. ∆% 155,43 - 94,14 - 77,02 -
Quadro 01 Evolução do número de IES - Brasil, Região Sudeste e São Paulo 1991-2007
Fonte: Sinopse Estatística do Ensino Superior Graduação–INEP/MEC (2007).
Capítulo 2 Referencial teórico 28
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
O Gráfico 01 mostra como se distribui anualmente a taxa de crescimento do
número de IES no Estado de São Paulo, no período e em cada um dos subperíodos
(1991-1996). À quase estagnação do primeiro subperíodo segue-se, no subperíodo
pós-LDB, o expressivo aumento das taxas de expansão em especial nos anos 1999,
2001 e 2002.
Gráfico 01. Evolução das taxas de crescimento das IES no Estado de SP de 91-07Fonte: Sinopse Estatística do Ensino Superior Graduação–INEP/MEC (2007).
Assim como ocorre com as instituições, a evolução e distribuição dos cursos
de graduação presenciais em São Paulo em relação ao cenário nacional e regional
fornecem indicadores da dimensão da educação superior neste estado no período
em estudo: em 1991, dos 4908 cursos de graduação presenciais no país, 2.501
(50,9%) situavam-se na Região Sudeste e 1368 (27,8%) em São Paulo; em 2007,
dos 23.488 cursos de graduação presenciais no país, 11.090 (47,21%) situavam-se
na região sudeste e 5.874 (25,0%) em São Paulo.
Verifica-se no quadro 02, entre outros fenômenos, a evolução excepcional
dos cursos de centros universitários, criados, no sub-período pós-LDB,
especialmente na esfera particular, que em oito anos oferecem quase o dobro dos
cursos das universidades públicas do estado, a mais antiga dentre elas criada 60
anos antes; e o do crescimento em 310,7% do número de cursos em universidades
particulares contra 116,6% nas universidades públicas.
Gráfico-1 Evolução das taxas de crescim ento das IEs no Estado - SP 1991-2007
309 305 295 291312 319 311 322
356373
411450
475504
521540 547
0
100
200
300
400
500
600
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
São Paulo
Capítulo 2 Referencial teórico 29
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Universidades CentrosUniversitários FI/F.Isoladas/Inst./CET/FT
AnoPública Privada Pública Privada Pública Privada
Total
1991 205 374 - - 96 693 13681992 210 424 - - 122 646 14021993 209 452 - - 111 665 14371994 212 515 - - 108 662 14971995 257 601 - - 103 711 16721996 273 636 - - 118 744 17711997 210 633 - 32 107 642 16241998 215 733 - 148 121 596 18131999 348 878 - 318 128 727 23992000 348 1.007 5 365 133 834 26922001 351 1.082 5 486 139 973 30362002 374 1.174 28 533 151 1.165 34252003 413 1.384 35 606 160 1.376 39742004 444 1.536 27 829 178 1.548 4562
1991/1996. ∆% 33,2 70,1 - - 22,9 7,41996/2004 ∆% 62,6 141,5 440 2.490,70 50,8 108,1
1991/2004 ∆% 116,6 310,7 440 2490,7 85,4 123,4 Quadro 02 Distribuição das IES por categoria administrativa e por organização acadêmica 1991-2004,
no Estado de São Paulo.Fonte: Sinopse Estatística do Ensino Superior Graduação–INEP/MEC (2004).
No estado de São Paulo, em 1991, dos 1368 cursos de graduação
existentes, 789 (57,7%) eram vinculados a IES isoladas ou integradas, dos quais 96
(12,2)% eram públicos e 693 (87,8%) particulares. Em 2004, de um total de 4.562
cursos, 2582 (56,6%) são vinculados as IES isoladas ou integradas, dos quais 856
(33,2%) públicos e 1.726 (66,8%) particulares, numa distribuição proporcional
ampliada da esfera pública, quando se compara com a distribuição das IES isoladas
e integradas: 33,2% contra 9,1% 856 (18,7%) são vinculados a centros
universitários, sendo apenas 27 (3,2%) públicos; e 1980 9,1%; 856 (18,7%) são
vinculados a centros universitários, sendo apenas 27 (3,2%) públicos; e 1.980
(43,4%) são vinculados a universidades, dos quais apenas 444 (22,4%) públicos e
1536 (77,6%) particulares, em distribuição proporcional próxima à distribuição das
IES universidades.
O Gráfico 02 a seguir mostra primeiro, como se deu a distribuição do número
de cursos de graduação presenciais no Estado de São Paulo em relação à sua
categoria administrativa das IES, ano a ano, no período; e como evoluiu a
distribuição de curso deste estado. No que tange aos cursos da esfera particular
destaque-se também o que já observou em relação às IES: até 1998 não se faz
Capítulo 2 Referencial teórico 30
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
distinção entre particulares (com fins lucrativos) e comunitárias, confessionais e
filantrópicas. Após a aprovação da LDB, ao lado de um grande crescimento no
número de cursos – 266,72% de 1999 a 2004 – houve um crescimento muito mais
importante dos cursos vinculados às IES particulares do que dos vinculados às
demais IES privadas (sem fins lucrativos). Esse seria mais elemento a reforçar a
tese da mercantilização da educação superior no estado e no País, para além do
processo suficientemente demonstrado com a privatização.
Gráfico 02. Evolução do número de cursos de graduação presenciais no Estado de SãoPaulo por categoria administrativa 1991 - 2004
301 332 320 320 360 391 317 336 476 486 495 553 606 6491067 1070 1117 1177 1312 1380 1307 1477
19232206
25412872
3366
3913
0500
10001500200025003000350040004500
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
IESPública
IESParticular
Gráfico 02. Evolução do número de cursos de graduação presenciais no Estado de SP por categoriaadministrativa de 91-04
Fonte: Sinopse Estatística do Ensino Superior Graduação–INEP/MEC (2004).
O grande aumento na oferta de vagas contra um aumento menor na
demanda, além da crescente oferta de vagas em instituições particulares com fins
lucrativos (77% das vagas particulares em São Paulo, em 2004) combinada com o
poder aquisitivo dos candidatos, deve explicar o gradativo e constante crescimento
do índice de vagas não preenchidas, que, de 19,3% em 1991 e 22,7% em 1996
alcança 53% em 2004. Esse fenômeno verifica-se especialmente nas IES
particulares, que no ano 1991, tinham 20,5 das vagas não preenchidas; em 1996,
24,7%; e, em 2004, 56%. Nas IES públicas o índice ficou estável em cerca de 11%
no período.
Capítulo 2 Referencial teórico 31
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Gráfico 03. Evolução das vagas x ingressantes e vagas não preenchidas - São Paulo 1991 -2004
0
200000
400000
600000
800000
1000000
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Vagas Ingressantes
Vagas NãoPreenchidas
Gráfico 03. Evolução das vagas x ingressantes e vagas preenchidas – São Paulo 91-04
Fonte: Sinopse Estatística do Ensino Superior Graduação–INEP/MEC (2004).
O ano de 1997, segundo dados analisados do período de 1991 – 2004
configura-se em momento crucial de início de consistente expansão do número de
instituições, de cursos, de vagas, que se estende até 2003. Para ilustrar como o
quadro se alterou, comparou-se os anos 2002 e 2005. Em 2002 o número total de
IES era de 1.859, sendo que 1.442 eram do setor particular, de acordo com os
dados do INEP em 2005 esse número passou para 2.165, das quais 1.934 eram
particulares (INEP, 2007).
Durante a Conferência Mundial sobre Ensino Superior, promovida pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), realizada em Paris, no período de 5 a 9 de outubro de 1998, afirmou-se
que ao iniciar-se o século XXI, existia uma demanda sem precedentes e uma
diversificação na educação superior, bem como uma maior consciência sobre a sua
importância para o desenvolvimento sociocultural e econômico (UNESCO, 1998). A
educação superior, segundo esta conferência, se fez necessária para a construção
do futuro, onde as novas gerações deverão estar preparadas com novas
habilidades, conhecimentos e ideais. Compreende-se por educação superior todo
tipo de estudos, treinamentos ou formação para a pesquisa em nível pós-secundário,
oferecido por universidades ou outros estabelecimentos educacionais aprovados
Capítulo 2 Referencial teórico 32
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
como instituições de educação superior pelas autoridades competentes do Estado
(UNESCO, 1998).
“A educação superior está sendo desafiada por novas oportunidades
relacionadas às tecnologias que tem melhorado os modos do qual o conhecimento
pode ser produzido, administrado e difundido, acessado e controlado (UNESCO,
1998, p. 17)”. Além disso, em todos os lugares a educação superior depara-se com
grandes desafios e dificuldades relacionadas ao seu financiamento, à igualdade de
condições no ingresso, ao desenvolvimento e manutenção da qualidade de ensino e
a pesquisa e serviços de extensão, entre outros. Sem educação superior e sem
instituições de pesquisa adequadas que formam a massa crítica de pessoas
qualificadas e cultas, nenhum país pode assegurar o desenvolvimento e nem reduzir
os níveis que separam os países pobres e em desenvolvimento dos países
desenvolvidos (UNESCO, 1998).
2.1.4 Legislação do Ensino Superior
As normas gerais que regem o ensino superior brasileiro (público e particular)
constam de dois instrumentos legais principais: a Constituição Federal de 1988
(artigos 207, 208, 213 e 218) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(Lei 9394/96), conhecida como LDB (SCHWARTZMAN, 2003).
A educação superior é tratada nos artigos 43 a 57 do Capítulo IV da LDB e
regulamentada de acordo com Decreto 3.860 de 9 de julho de 2001. Além desses,
há um conjunto de Medidas Provisórias, Decretos, resoluções, Portarias Ministeriais
e pareceres do Conselho Nacional de Educação (CNE).
A constituição da República Federativa do Brasil trata a educação em seu
TÍTULO VIII – DA ORDEM SOCIAL, no CAPÍTULO III – DA EDUCAÇÃO, DA
CULTURA E DO ESPORTE – Seção I – DA EDUCAÇÂO.
O artigo 205 afirma que a educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL, 2001).
Capítulo 2 Referencial teórico 33
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
A LDB, Brasil (1996) em seu artigo 1º, estabelece que “a educação abrange
os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais
e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” O § 2º do artigo 1º
da LDB diz que “A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à
prática social”.
O artigo 2º da LDB diz que,
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios deliberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o plenodesenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania esua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996).
Observa-se, portanto, que estes dois artigos da LDB estão em sintonia com o
artigo 205 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. O artigo 207
da Constituição afirma que as universidades gozam de autonomia didático-científica,
administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de
indossiciabilidade3 entre ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 2001). O artigo 209
afirma que o ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I –
cumprimento das normas gerais da educação nacional; II – autorização e avaliação
de qualidade pelo Poder Público (BRASIL, 2001).
O artigo 7 da LDB repete a Constituição e diz que,
O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I –cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivosistema de ensino; II – autorização de funcionamento e avaliação dequalidade pelo Poder Público; III – capacidade de autofinanciamento,ressalvando o previsto no art. 213 da Constituição Federal (BRASIL, 1996).
No artigo 213 da Constituição Brasileira de 1988, observa-se que as IES
particulares com características lucrativas, não recebem nenhum recurso financeiro
do Poder Público. Já as IES classificadas como comunitárias, confessionais ou
filantrópicas, conforme § 2º do artigo 213, que desenvolvem pesquisa e extensão,
poderão receber apoio financeiro do Poder Público.
3 O princípio da indissociabilidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão é fundamental no fazer acadêmico. A relação entre o ensino e a extensão
conduz a mudanças no processo pedagógico, pois alunos e professores constituem-se em sujeitos do ato de aprender. Ao mesmo tempo em que a
extensão possibilita a democratização do saber acadêmico, por meio dela, este saber retorna à universidade, testado e reelaborado. A relação entre
pesquisa e extensão ocorre quando a produção do conhecimento é capaz de contribuir para a transformação da sociedade. A extensão, como via de
interação entre universidade e sociedade, constitui-se em elemento capaz de operacionalizar a relação entre teoria e prática.
Capítulo 2 Referencial teórico 34
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Conforme o artigo 45 da LDB, Brasil (1996), a educação superior, será
ministrada em instituições de ensino superior, públicas ou particulares, com variados
graus de abrangência ou especialização. As instituições de Ensino Superior,
conforme artigo 1º do Decreto 3860, Brasil (2001), classifica-se em:
I – públicas, quando criadas ou incorporadas, mantidas e administradaspelo Poder Público; e
II – particulares, quando mantidas e administradas por pessoas físicas oujurídicas de direito privado.
Art. 2º Para fins deste Decreto, entende-se por cursos superiores osreferidos nos incisos I e II do art. 44 da Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de1996.
A educação superior, conforme o artigo 44 da LDB, Brasil (1996) abrangerá
os seguintes cursos e programas:
I – cursos seqüenciais por campo de saber, de diferentes níveis deabrangências, abertos a candidatos que atendam aos requisitosestabelecidos pelas instituições de ensino;
II – de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensinomédio ou equivalente e tenham sido classificados em processo seletivo;
III – de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado edoutorado, cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos acandidatos diplomados em cursos de graduação e que tenham àsexigências das instituições de ensino;
IV – de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitosestabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino.
O artigo 1º do Decreto 3.860, Brasil (2001) classifica as IES em públicas e
particulares. As IES públicas podem ser:
• Federais – mantidas e administradas pelo Governo Federal
• Estaduais – mantidas e administradas pelos governos dos Estados
• Municipais – mantidas e administradas pelo poder público municipal
As IES particulares são mantidas e administradas por pessoas físicas ou
jurídicas de direito privado e podem se organizar como:
• Instituições particulares com fins lucrativos ou particulares em sentido
estrito – instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou
jurídicas de direito privado.
• Instituições particulares sem fins lucrativos, que podem ser:
a) Comunitárias: são IES instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou
mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de professores e alunos que incluam
na sua entidade mantenedora representantes da comunidade.
Capítulo 2 Referencial teórico 35
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
b) Confessionais: são IES instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou
mais pessoas jurídicas que atendam à orientação confessional e ideológica
específicas.
c) Filantrópicas: são as instituições de educação ou de assistência social que
prestem os serviços para os quais foram instituídas e os coloquem à disposição da
população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem
qualquer remuneração.
d) Fundações: são instituições de educação de caráter social, criadas e mantidas por
iniciativa particular ou do Estado, com finalidades filantrópicas, educacionais,
assistenciais, culturais, científicas ou tecnológicas, tendo, como fundamento de sua
existência, um patrimônio destinado a um fim.
As instituições mantidas, conforme o artigo 7º do Decreto 3.860 são
organizações acadêmicas e classificam-se em:
a) Universidades, conforme artigo 8º do Decreto 3.860, Brasil (2001) “são
instituições pluridisciplinares, públicas ou particulares, de formação de quadros de
profissionais de nível superior, que desenvolvem atividades regulares de ensino,
pesquisa e extensão, atendendo ao que dispões os artigos 52, 53 e 54 da LDB”. As
universidades, mediante prévia autorização do Poder Executivo, poderão criar
cursos superiores em municípios diversos de sua definida nos atos legais de seu
credenciamento, desde que situados na mesma unidade da federação, conforme
artigo 10 do Decreto 3.860.
b) Centros Universitários, conforme artigo 11 do Decreto 3.860, Brasil (2001) são
instituições de ensino superior pluricurriculares, públicas ou particulares, que se
caracterizam pela excelência do ensino oferecido, comprovado pelo desempenho de
seus cursos nas avaliações coordenadas pelo MEC, tem autonomia para criar,
organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior, assim
como remanejar ou ampliar vagas nos cursos existentes. Essa possibilidade amplia
a autonomia dos centros universitários, cujos limites são definidos pelo PDI, o qual
deverá ser aprovado quando do seu credenciamento e recredenciamento, pelas
comissões de Avaliação do MEC.
Capítulo 2 Referencial teórico 36
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
c) Faculdades Isoladas, Faculdades Integradas e Institutos Superiores ou Escolas
Superiores, são instituições de educação superiores públicas ou particulares, com
propostas curriculares em mais de uma área do conhecimento, organizada sobre o
mesmo comando e regimento interno. A sua finalidade é formar profissionais de
nível superior, podendo ministrar cursos nos vários níveis (seqüenciais, de
graduação, de pós-graduação e de extensão) e modalidades de ensino. Nestas
instituições a criação de cursos superiores depende de prévia autorização do Poder
Executivo, o qual nomeia uma comissão de Avaliação para visitar e avaliar, in loco,
as condições de oferta dos cursos solicitados, bem como os pedidos de aumentos
de vagas e reconhecimento de cursos já autorizados.
d) Centros de Educação Tecnológicas (CETs), de acordo com o MEC, são
instituições especializadas de educação profissional, públicas ou particulares, com a
finalidade de qualificar profissionais em cursos superiores de educação tecnológica
para os diversos setores da economia e realizar pesquisa e desenvolvimento
tecnológico de novos processos, produtos e serviços, em estreita articulação com os
setores produtivos e a sociedade, oferecendo, inclusive, mecanismo para educação
continuada. Os centros de educação tecnológica estão subordinados à Secretaria de
Educação Média e Tecnológica (SEMTEC/MEC), terão a prerrogativa de suspender
ou reduzir a oferta de vagas em seus cursos de nível tecnológico de educação
profissional adequando-os às necessidades do mundo do trabalho. Essas alterações
deverão ser formalizadas e comunicadas à SEMTEC/MEC.
A classificação das Instituições de Ensino Superior, conforme os quatro tipos
de organização acadêmica descritos anteriormente, são de grande interesse para o
setor, porque afeta sua autonomia para criar novos cursos e decidir quanto à oferta
de vagas nos seus diversos cursos (SCHWARTZMAN, 2003).
2.2 Ensino Superior Particular e seu Processo de Gestão
2.2.1 O Planejamento na Gestão das IES
Em virtude do crescimento acelerado da oferta educacional, as IES no país
estão passando por um momento em que precisam planejar suas ações de forma
minuciosa e eficaz para estarem aptas a lidar com a concorrência – até então
desconhecida para o setor, e agora existente, colocando-se diante do mercado de
Capítulo 2 Referencial teórico 37
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
maneira competitiva, obviamente, sem perder de vista a missão maior da educação,
que é a de formar indivíduos, que ali colocam suas esperanças, seus sonhos, seus
objetivos maiores.
O planejamento estratégico, de acordo com Ansoff; Mcdonnell (1993), sofreu
muitas críticas, sendo tratado inicialmente como uma invenção inadequada que não
traria nenhuma melhoria para o desempenho das empresas.
Não satisfeitos com este ponto de vista, os proponentes do planejamento
estratégico dedicaram-se a pesquisá-lo buscando provar sua eficiência.
O resultado desta pesquisa, descrita por Ansoff; Mcdonnell (1993, p.67),
revelaram que as empresas que planejam, classificadas como planificadoras,
tiveram resultados superiores em termos de crescimento do faturamento,
crescimento do lucro, crescimento do lucro por ação e crescimento do lucro sobre o
capital próprio. Comprovam, assim, a necessidade do planejamento estratégico.
Depois deste estudo apresentado por Ansoff; Mcdonnell (1993), vários outros
estudos demostraram a importância do planejamento chegando à conclusão de que:
“...a dificuldade encontrada pelo planejamento estratégico não foi devida aofato de ser um instrumento deficiente. Ao contrário, uma vez implantadonuma empresa, o planejamento estratégico pode ajudar a gerar melhoriassignificativas de desempenho (Ansoff; Mcdonnell, 1993, p.186)”.
Conclui-se que, assim como pode ajudar empreendimentos de outros setores,
o planejamento estratégico pode trazer melhorias significativas para a gestão de um
empreendimento no setor educacional.
Esse planejamento necessita no momento de sua implantação, de
adaptações sucessivas, visto que o setor educacional sofre interferência direta de
ações tanto do mercado como do Estado. Observa-se que um simples parecer
homologado pelo ministro da educação pode mudar todo o rumo do que foi
planejado, assim como a instalação de uma nova instituição nas proximidades das
IES.
Desta forma, mesmo que essas interferências externas não ocorram,
qualquer planejamento para a gestão de um empreendimento não é mesmo algo
estático. É claro que se trabalha, e se deve trabalhar com previsões. No entanto, à
medida que o projeto vai sendo implantado, a necessidade de adaptações torna-se
Capítulo 2 Referencial teórico 38
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
evidente. O processo flui, então, como um organismo. Pode-se dizer, um organismo
vivo, sofrendo todo tipo de influência, adaptando-se, moldando-se conforme a
necessidade que se apresenta, segundo Ansoff; Mcdonnell (1993, p.182):
“...na gestão empreendedora, a perspectiva de turbulência,descontinuidades e mudanças no alinhamento de poder dos principaisinteresses envolvidos na empresa levam à necessidade de redefinição deobjetivos desejados pela empresas”.
Muitos sistemas de planejamento estratégico concentram-se particularmente
em detalhes operacionais e financeiros e não no posicionamento competitivo,
levando muitas organizações a perderem de vista as questões críticas de
competitividade que deveriam ser abordadas pelo planejamento. Graeml (2000,
p.54) cita que o “planejamento estratégico e a análise de risco não são precisos nem
dão garantias de sucesso”. Seu objetivo é aumentar a probabilidade de ocorrência
de fatos favoráveis, maximizando o retorno de investimento e minimizando a
gravidade e as chances de ocorrência de fatos desfavoráveis.
O Planejamento Estratégico, é um instrumento além de uma necessidade
para as empresas que desejam realizar uma gestão controlada de seus negócios e
que tenham uma visão pró-ativa. Entretanto, não está restrito apenas as grandes
corporações, mas sim, presente nos mais variados níveis sociais. Independente de
termos essa definição e conhecimento, Mintzberg e Quinn (2001), afirmam que a
imagem do planejamento há muito tempo popular na literatura, distorce esses
processos e, desta forma, desorienta as organizações que a abraçam de forma
descomprometida.
De acordo com Oliveira (1998, p.80), “o planejamento estratégico relaciona-se
com objetivos de longo prazo e com maneiras e ações para alcançá-los que afetam
a empresa como um todo”. Segundo Bennet et al., (2001), o que distingue as
empresas bem sucedidas é a forma como se organizam e operam para concretizar
suas aspirações, ou seja, a chave para melhorar o desempenho está em
implementar a estratégia. Porto; Régnier. (2003, p.50) define o planejamento
estratégico da seguinte forma:
“...o planejamento estratégico não é um instrumento isolado, pois, possuisuas bases em análises internas (da empresa) e análises do ambiente, oque permite um desenvolvimento de ações voltadas para o mercado,baseadas em vantagens competitivas que garantirão o sucessoorganizacional”.
Capítulo 2 Referencial teórico 39
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
O Ensino Superior particular vem se expandindo a cada ano e segundo
SCHWARTZMAN (2003) a expectativa é de que ele se expanda ainda mais nos
próximos anos, dado o tamanho ainda reduzido do Ensino Superior brasileiro e as
suas limitações de recursos do setor público. Um dos enfoques aos desafios
enfrentados pelo Ensino Superior é o planejamento estratégico (MEISTER, 2000).
Para este autor, as IES que obtêm êxito são aquelas que adotam e implementam
um planejamento estratégico bem-sucedido. As atividades de planejamento,
segundo Rocha Neto (2003), devem servir para antecipar decisões e coordenar
ações para obter progresso na direção dos objetivos desejados. Este autor ainda
complementa, ainda, que essas atividades preparam as organizações para o
aproveitamento de oportunidades e, na medida do possível, para neutralizar as
ameaças.
Para a eficácia do planejamento estratégico nas IES, na opinião de Meister
(2000), é necessário:
• Afirmação ou revisão da declaração da missão institucional;
• Análise dos ambientes interno e externo e suas influências;
• Identificação dos pontos fortes e fracos da IES;
• Identificação de oportunidades externas;
• Adoção de uma visão futura (de cinco a dez anos);
• Estabelecimento de metas institucionais, táticas de apoio às metas,
padrões de mensuração, cronogramas, responsabilidade pelas iniciativas
ou pelas ações de apoio às estratégias;
Minogue (2000) complementa o pensamento de Meister, afirmando que o
verdadeiro planejamento estratégico exige da realidade externa à organização a fim
de identificar áreas mais promissoras ou futuras oportunidades. Um plano
estratégico de cinco anos durará somente dois se nossas atividades estiverem
operando com déficit (MINOGUE, 2000).
As IES particulares precisam identificar o ponto de equilíbrio para, em
seguida, verificar se as operações geram superávit (lucro) para a implementação do
planejamento estratégico. A mensalidade escolar representa a principal fonte de
Capítulo 2 Referencial teórico 40
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
receitas da IES particulares (MINOGUE, 2000). Para esse autor, a mensalidade
resulta da combinação de dois fatores: imagem e marketing. A imagem define o
valor da mensalidade e o marketing determina a quantidade. Se a IES tem uma
elevada imagem acadêmica, poderá estabelecer valor alto para a mensalidade.
A gestão de uma instituição de ensino é entendida como “um conjunto de
decisões assumidas a fim de obter um equilíbrio dinâmico entre missão, objetivos,
meios e atividades acadêmicas e administrativas” (TACHIZAWA; ANDRADE, 2006,
p. 67).
A missão do ensino superior, na concepção da UNESCO (1998, p. 54) é
“educar, formar e realizar pesquisas”. As missões e valores fundamentais da
educação superior, especialmente na contribuição para o desenvolvimento
sustentável e o melhoramento da sociedade, devem ser preservados , reforçados e
expandidos, a fim de educar e formar pessoas altamente qualificadas, cidadãs e
cidadãos responsáveis, capazes de atender às necessidades de todos os aspectos
a atividade humana. Deve, ainda, “oferecer aos alunos capacitações profissionais,
combinando conhecimentos teóricos e práticos de alto nível mediante cursos e
programas que permitam adaptações às necessidades presentes e futuras da
sociedade” (UNESCO,1998, p. 65). Essas preocupações devem permitir o acesso a
uma educação geral ampla, especializada e freqüentemente interdisciplinar,
focalizando-se as habilidades e aptidões que reparam os indivíduos tanto para viver
em uma diversidade de situações como para poder reorientar suas atividades.
A missão de cada IES, Tachizawa e Andrade (2006, p. 70), “define suas
diferenças, demonstrando suas necessidades sociais e identificando os alunos que a
IES procura servir, além de refletir suas tradições e sua visão de futuro” e ela precisa
“ser clara e presente”.
O primeiro passo essencial para a formulação da estratégia de negócios é
definição de sua missão. Missão é compreendida pela Fundação Prêmio Nacional de
Qualidade - FPNQ (2002, p.98) como “a razão de ser uma organização, as
necessidades sociais a que ela atende e seu foco fundamental de atividades”.
Para Oliveira (1999, p.72), a missão é determinação de “onde a empresa quer
ir”, correspondendo a um horizonte dentro do qual a empresa atua ou poderá atuar,
Capítulo 2 Referencial teórico 41
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
sendo que a visão consiste num macro objetivo, não quantificável de longo prazo,
que expressa onde e como a organização pretende estar no futuro. A visão atua
como um elemento motivador, energizando a empresa e criando um ambiente
propício ao surgimento de novas idéias. Toda visão tem um componente racional,
que é produto da análise ambiental e outro componente emocional, que é produto da
imaginação, da intuição e da criatividade dos gestores. Desta forma, todo processo
de planejamento é composto também de certa dose de feeling (sentimento), onde
aos fatos e dados são adicionados à capacidade empreendedora e visionária
daqueles que estão planejando (HAMEL; PRAHALED, 2005).
A missão da IES necessita ser aceita por todos, de modo que todos lutem
para torná-la realidade. Ainda conforme Tachizawa e Andrade (2006), três fatores
são importantes para bem definir a missão de uma instituição de ensino:
a) definir o desempenho de uma instituição por aquilo que ela sabe fazer melhor,
para realmente poder fazer bem feito, é condição elementar à IES;
b) olhar para fora, para visualizar oportunidades e necessidades, a fim de que a
missão da IES venha ao encontro dessas oportunidades e necessidades;
c) é preciso que a IES reconheça, com muita precisão, aquilo em que realmente
crê, portanto, a missão não é algo impessoal e, sim, fruto da crença coletiva
daqueles que fazem a instituição de ensino.
Ambas, missão e visão devem ser capazes de dar uma clara noção do
posicionamento estratégico da organização, ou seja, devem possibilitar que a
organização se posicione diante do seu ambiente competitivo. A visão de futuro só
será eficaz quando definir objetivos claros e explícitos a serem alcançados ao longo
do tempo (HAMEL; PRAHALED, 2005). Antes de tudo, a organização precisa saber
para onde quer ir (objetivos) para poder definir como irá chegar lá (estratégias).
Conhecidos os recursos, capacidades e competências essenciais, pode-se
diagnosticar a situação do ambiente interno da organização, devendo-se para tanto
identificar suas forças e fraquezas. A força ou ponto forte de uma organização é uma
característica interna que facilita o cumprimento de sua missão e objetivos. A
fraqueza ou ponto fraco é uma deficiência interna capaz de prejudicar o
cumprimento de sua missão e objetivos.
Capítulo 2 Referencial teórico 42
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Como objetivo central, entende-se o alvo o situação que a instituição de
ensino deve atingir, determinando para onde deve dirigir seus esforços
(TACHIZAWA e ANDRADE, 2006). Dele depende a formulação das estratégias,
traduzindo de forma mais concreta o foco de sua atenção, conforme. Os objetivos
podem ainda ser classificados em curto, médio e longo prazo. Para que possam ser
considerados como objetivos devem ser observadas as seguintes características:
a) devem ser quantificável e qualificáveis;
b) devem ser passíveis de serem atingidos e mantidos;
c) devem começar com uma ação (verbo no infinitivo: fazer, criar, controlar, etc.).
As estratégias, segundo Tachizawa e Andrade (2006, p.73), “são as atitudes
de execução imprescindíveis para alcançar os objetivos da IES. Ela estabelece o
que fazer para pôr em prática os objetivos estratégicos no horizonte do
planejamento e reforçar a posição competitiva da IES”. Elas permitem definir os
novos rumos que a instituição de ensino poderia seguir no contexto vigente. Assim
sendo, as estratégias são as alternativas utilizadas para se atingir os objetivos e
metas.
As ações estratégicas “são as que estabelecem o movimento do que fazer
para pôr em prática estratégias no horizonte de planejamento, reforçado a posição
competitiva da instituição de ensino” (TACHIZAWA e ANDRADE, 2006, p.81).
Geralmente originam-se das reuniões do desenvolvimento estratégico,
transformando intenções das estratégias em realidade.
As políticas, para Tachizawa e Andrade (2006, p.83), “são orientações de
caráter geral que apontam os rumos e as linhas de atuação de uma determinada
gestão”. Elas devem ser de domínio público interno, explicitando as intenções de
sua administração. Elas servem para dar clareza às clareza às ações pretendidas,
evitando o desperdício de recursos na obtenção dos objetivos comuns e ressaltam
os esforços de toda a equipe. As políticas refletem o direcionamento a ser dado em
todas as atividades da instituição, devendo ser formuladas pela cúpula administrativa
da IES.
Alguns exemplos de políticas:
Capítulo 2 Referencial teórico 43
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
a) praticar o conceito de parceria com fornecedores, clientes e colaboradores;
b) buscar tecnologias e práticas inovadoras para o processo de gestão e de ensino-
aprendizagem;
c) proporcionar treinamento constante aos colaboradores, por meio de recursos
disponíveis de fundo de capacitação;
d) obter bolsas de estudos para os alunos carentes financeiramente, oriundos da
escola pública, fazendo parcerias com empresas.
As diretrizes e metas“ são instruções e indicações para se tratar e levar a
termo um plano (exemplo: Plano Diretor de Informática), uma ação (exemplo:
aumentar o número de turmas de um determinado curso) ou uma negociação
(exemplo: formalizar uma parceria)” (TACHIZAWA e ANDRADE, 2006, p.87). As
diretrizes são decorrentes das políticas definidas pela instituição. Para cada ação
estratégica deve-se definir as metas a serem alcançadas. As metas são resultados
mensuráveis a serem atingidos conforme cronograma preestabelecido.
O planejamento estratégico deve ser entendido como um processo
permanente e dinâmico, considerando o delineamento dos cenários, cujo objetivo
final é a obtenção de um instrumento gerencial de longo prazo. O planejamento deve
ser realizado com a participação de todos os professores, técnicos e funcionários, já
que envolve as percepções de um conjunto variado de observadores (ROCHA
NETO, 2003). Deve ser flexível, permitindo o seu replanejamento de acordo com as
alterações nos cenários do ambiente que a IES está inserida.
O setor de ensino superior particular no Brasil, “é responsável pela maior
parte da educação superior brasileira, com aproximadamente 3.700.000 estudantes
matriculados em aproximadamente 2.300 IES, espalhadas pelo Brasil inteiro”
(SHWARTZMAN, 2003).
O planejamento estratégico constitui parte integrante da gestão da IES e
considera o teor da análise ambiental. O plano estratégico, mais que um documento
estático, “deve ser encarado como um instrumento de gestão que contém decisões
antecipadas sobre a linha de atuação a ser seguida pela IES no cumprimento de sua
missão” (TACHIZAWA e ANDRADE, 2006, p. 76).
Capítulo 2 Referencial teórico 44
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
2.2.2 Instrumento de Planejamento das IES
Para Tachizawa e Andrade (2006), o projeto político pedagógico deve ser
desenvolvido com base nos dados provenientes do planejamento estratégico da IES.
A elaboração do planejamento estratégico depende dos dados da IES e do mercado,
gerando os diversos planos estratégicos (marketing, investimentos, tecnologias,
projeto pedagógico, entre outros). Na elaboração do projeto político pedagógico
deve-se considerar as condições físicas e financeiras para a sua implementação.
Fonte: Tachizawa e Andrade (2006).
Quadro 03. Visão geral de uma IES
Fonte: Tachizawa e Andrade (2006).
O Projeto Político Pedagógico (PPP) refere-se ao plano global da instituição
de ensino e deve estar sempre atento e aberto à realidade exterior e interior,
enquanto que o Projeto de Ensino-Aprendizagem corresponde ao plano didático.
O conceito de ensino e aprendizagem são essencialmente relacionais edialéticos: o ensino (magistério) não existe por si mesmo, mas na relaçãocom a aprendizagem (estudo). O que existe entre ensino e aprendizagem éuma relação de ‘dependência ontológica (VASCONCELLOS, 2002, p.48).
Um projeto de ensino-aprendizagem será melhor quanto mais estiver
articulado à realidade dos educandos, à essência significativa da área de saber, aos
outros educadores (trabalho interdisciplinar) e à realidade social mais geral
(VASCONCELLOS, 2002). A elaboração desse projeto é também um processo de
construção do conhecimento para os sujeitos que participam de tal.
Para Vasconcellos (2002), as finalidades mais específicas do Projeto Político-
Pedagógico (PPP), são:
a) ser elemento estruturante da identidade da instituição;
IES
Dados Internos
Dados Externos
Projeto Político Pedagógico
Mercado
PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO
Plano
Estratégico
Capítulo 2 Referencial teórico 45
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
b) possibilitar a gestão democrática da escola: ser um canal de participação efetiva;
c) mobilizar e aglutinar pessoas em torno de uma causa comum, gerando
solidariedade e parcerias;
d) dar um referencial de conjunto para a caminhada;
e) ajudar a conquistar e consolidar a autonomia da escola;
f) resgatar a auto-estima do grupo: fazê-lo acreditar nas suas possibilidades de
intervenção na realidade;
g) possibilitar a delegação de responsabilidade;
h) ajudar a superar as imposições ou disputas de vontades individuais, na medida
em que há um referencial construído e assumido coletivamente;
i) colaborar na formação dos participantes.
O PPP visa diminuir os “inimigos internos” na prática institucional e o maior
desafio é unir o grupo em torno de uma causa transformadora. O PPP é um caminho
para a busca dessa união, dada a sua dimensão participativa, a qual favorece a
unidade, e vai sendo construída no processo de elaboração da proposta. Para
Vasconcellos (2002), o Processo de Ensino-Aprendizagem, apresenta as seguintes
finalidades:
a) possibilitar a reflexão e a (re)significação do trabalho;
b) resgatar o espaço de criatividade do educador;
c) favorecer a pesquisa sobre a própria prática;
d) organizar adequadamente o currículo, racionalizando as experiências de
aprendizagem, tendo em vista tornar a ação pedagógica mais eficaz e eficiente;
e) estabelecer a comunicação com outros professores e alunos;
f) ajudar a resgatar o movimento conceitual e a organizar o fluxo da expressão
sobre o objeto de conhecimento;
g) não desperdiçar atividades e oportunidades de aprendizagem;
h) ser elemento de auto-formação do professor, na medida em que possibilita
pensar mais sistematicamente sobre a realidade, sobre a proposta, sobre a
Capítulo 2 Referencial teórico 46
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
prática, ajudando, pois a diminuir a distância teoria-prática, evitando a rotina
viciada e a improvisação;
i) resgatar o saber docente, a cultura pedagógica do grupo;
j) superar a expropriação a que o professor foi submetido em relação à concepção
e ao domínio do seu que fazer, resgatando sua condição de sujeito de
transformação.
Toda esta questão de Planejamento estava, até bem pouco tempo atrás,
passando ao largo das IES. Com o advento da nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), em vigor a partir de 1996 e regulamentada por diversos
decretos, portarias e resoluções, as IES passaram a ser cobradas pelo MEC a
apresentar um Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), onde devem estar
explicitadas as estratégias que as IES adotarão para atingirem sua missão, objetivos
e metas, para poder se expandir, oferecer novos cursos e continuar desenvolvendo
suas atividades.
As IES têm sua gestão estratégica em seus Planos de Desenvolvimento
Institucional (PDI), partindo não somente da exigência da Legislação, mas também
da necessidade de planejar suas ações para se posicionarem de forma competitiva
no setor educacional
Em função da característica reguladora do Estado sobre a educação
brasileira, através do Ministério da Educação (MEC) em conjunto com o Conselho
Nacional de Educação (CNE), iniciou-se um processo que procurava consolidar o
trabalho realizado por estas instituições e conferir maior eficiência e eficácia aos
dispositivos contidos na LDB.
Neste sentido, o MEC passou a exigir, a partir da portaria no 637, de 13 de
maio de 1997, a apresentação de um Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI),
previsto nesta portaria apenas para o credenciamento de Universidades.
Outras legislações a respeito do PDI foram publicadas pelo MEC nos anos
seguintes, culminando com a Resolução CNE no 10, de 11 de março de 2002, onde
oficial e efetivamente se condicionou uma série de restrições a qualquer IES se a
mesma não apresentasse seu PDI. A mesma resolução passa também a apresentar
uma seção específica sobre o Plano de Desenvolvimento Institucional, detalhando
Capítulo 2 Referencial teórico 47
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
diversos aspectos referentes ao mesmo. Neste sentido, define que o PDI se constitui
em um compromisso da instituição com o MEC e deve ser preparado para um
período de, pelo menos, cinco anos.
O PDI é um plano de desenvolvimento que deve envolver toda a instituição de
ensino e que contempla, basicamente, objetivos, metas e ações para a
concretização do plano. Neste sentido, deve partir de uma avaliação institucional
ampla e contar com um sistema de implantação e controle para redefinição de
parâmetros, metas e atribuições, tornando-se, portanto, o principal instrumento sobre
o qual deverá se basear a avaliação realizada pelos organismos oficiais do Estado.
2.2.3 Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e a Legislação
Muriel (2006) comenta que a elaboração de um PDI constitui-se em um
momento ímpar na vida de uma instituição, pois faculta-lhe a oportunidade de refletir
sobre seu passado, presente e futuro, desvendando seus pontos fortes e fracos e
identificando suas ameaças e oportunidades. Neste sentido permitirá que a
instituição alcance a maturidade gerencial desejada e a oferta de serviços
educacionais de qualidade. Esclarece ainda que o PDI consiste numa carta de
compromissos assumida entre a instituição e o MEC para atingir metas institucionais
num determinado prazo e que este compromisso institucional deverá estar
acompanhado da descrição dos meios disponíveis e dos instrumentos de
acompanhamento e controle que utilizará para assegurar o cumprimento das metas
propostas.
Diante da necessidade apresentada e da exigência imposta pela legislação,
as instituições de Ensino Superior estão desenvolvendo, ou já desenvolveram, seus
Planos de Desenvolvimento Institucional. A partir desta visão e da citação deste
documento da legislação, verificou-se uma discussão nacional sobre o planejamento
para Instituições de Ensino Superior, surgindo certa confusão com o projeto
Pedagógico dos Cursos, só posteriormente esclarecida, com a edição de diversos
documentos, artigos e entrevistas: o PDI é para a Instituição de Ensino e o Projeto
Pedagógico para os cursos. Assim, se uma Instituição de Ensino possui três cursos,
teria um PDI e três Projetos Pedagógicos, uma para cada curso.
Capítulo 2 Referencial teórico 48
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
O PDI constitui hoje em um referencial para a avaliação das IES, e em um
instrumento norteador da gestão acadêmica universitária, analisando a legislação
que tratou do planejamento para as IES, buscando levantar os fatos mais
importantes, tem-se noção de como, a partir da edição da Lei n.º 9.394, de 20 de
dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), tendo esta
como ponto de inflexão, o planejamento foi ganhando importância e se impondo às
IES.
Pode-se iniciar este levantamento com a Portaria MEC n.º 637, de 13 de maio
de 1997 (revogada), que, em seu artigo 5º, aponta as linhas gerais de um plano de
Desenvolvimento Institucional:
No Art. 5º - o projeto de que trata o artigo anterior desta portaria, deverá ser
acompanhado de um plano de desenvolvimento institucional, contemplando, pelo
menos, os seguintes itens:
I. Objetivos da Instituição;
II. Projeto de qualificação e formação continuada do corpo docente;
III. Formas de fomento e incentivo à pesquisa, à pós-graduação e à
graduação;
IV. Definição de áreas prioritárias para o desenvolvimento do ensino de
graduação, pós-graduação e pesquisa;
V. Perfil dos profissionais que pretende formar;
VI. Projeto de atualização e renovação permanente dos acervos
bibliográficos e de redes de informação;
VII. Projeto de expansão e renovação permanente dos acervos
bibliográficos e de redes de informação;
Parágrafo único. O plano de desenvolvimento institucional referido no
caput deste artigo, será integralmente considerado nos futuros
processos de avaliação e recredenciamento da instituição como
universidade.
Pela Portaria n.º 637, Brasil (1997), o MEC estabelecia os parâmetros para a
implantação do PDI em todas as instituições de Ensino Superior. Os planos
Capítulo 2 Referencial teórico 49
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
seguiriam um mesmo padrão, diferenciando-se apenas pela forma de organização
acadêmica e pela competência e criatividade dos profissionais que cuidam do
planejamento em cada instituição. A portaria apresentava um caráter meramente
acadêmico do planejamento, em seus objetivos e políticas, apontando para um
plano de desenvolvimento apenas da oferta educacional, não contemplando
aspectos estratégicos, como a segmentação, a concorrência, o foco ou o
posicionamento institucional.
Na Portaria n.º 639, Brasil (1997) de 13 de maio de 1997 (revogada), exigia a
apresentação de um plano de Desenvolvimento institucional para o credenciamento
de Centros Universitários, da mesma forma que a Portaria n.º 637 exigia para as
universidades. A diferença é que a exigência é para Centros Universitários, e não
para Universidades.
O Parecer n.º 310, Brasil (1999) de 17 de março de 1999 revela a importância
dada ao PDI, ressaltando a coerência entre o que se propõe no planejamento e o
que se faz na instituição, efetivamente:
...somos também de parecer que, para evitar a recorrência de situaçõescomo a que se apresenta neste processo, seja realizada avaliação de todosos centros universitários e universidades que receberam parecer favorávelde credenciamento da câmara de Educação Superior deste Conselho àvista dos respectivos planos de desenvolvimento institucional.
O PDI passa a ser, a partir do parecer n.º 310/99, não apenas um instrumento
de gestão universitária, mas um parâmetro para a avaliação e o controle no
Ministério da Educação:
...há claros indícios da ocorrência de irregular procedimento dessainstituição. Em primeiro lugar, ela vem de obter credenciamento há poucomais de um mês, em processo no qual demonstrou condições materiais ede recursos humanos suficientes para funcionar com oito cursos degraduação e de expandir-se, gradualmente, com a criação de mais onzecursos num prazo de cinco anos. Surpreendentemente, no entanto, criamais trinta e nove cursos e abre processo seletivo para preenchimento demais de sete mil vagas. Tal conduta representa por si só um abuso daconfiança que este conselho depositou na IES ao opinar favoravelmente aoseu credenciamento como entidade dotada de autonomia para criação decursos de graduação e de fixar os respectivos números de vagas.
O parecer n.º 618, Brasil (1999) aprovado em 08 de junho de 1999, deixa
clara a vinculação do PDI aos processos administrativos regulares em qualquer
organização. Pela primeira vez na legislação, aparece a inter-relação de aspectos
Capítulo 2 Referencial teórico 50
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
administrativos e acadêmicos como base para a formulação de um modelo
organizacional eficaz para um centro universitário:
- Quanto à origem, pela transformação de Faculdades Integradas,Faculdades, Institutos Superiores, Escolas Superiores ou Universidades, jácredenciadas e em funcionamento;- Quanto à abrangência, por organização pluricurricular em uma u maisáreas do conhecimento ou da formação profissional, admitida aespecialização em uma única área;- Quanto à função, pela destacada qualidade do ensino ministrado, inclusiveem nível de especialização, neste caso, em pelo menos uma área doconhecimento;- Quanto à organização, pela formulação de um Plano de DesenvolvimentoInstitucional (PDI) e pela participação do corpo acadêmico nas decisõesreferentes ao ensino.
O documento cobra, ainda, a coerência do planejamento com a missão
institucional. O PDI, de acordo com o parecer, é documento obrigatório para análise
da comissão de Especialistas, quando do pedido de credenciamento de Centro
Universitários:
Três pré-condições exigidas da instituição solicitante;
- Atuação, sem descontinuidade, no campo do ensino superior por períodoigual ou superior a 5 anos;- Comprovação de regularidade da situação patrimonial, financeira, contábile fiscal;- Existência de Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) compatívelcom a missão;
O decreto n.º 3.860, Brasil (2001) de 09 de julho de 2001, que dispõe sobre a
organização do ensino superior e da avaliação de cursos e instituições, institui a
obrigatoriedade da composição de um plano de desenvolvimento institucional para o
credenciamento de novas instituições de ensino superior e também para as
instituições já credenciadas, em funcionamento.
No Artigo 25 o credenciamento e o recredenciamento de instituições de
ensino superior, cumpridas todas as exigências legais, ficam condicionados a
formalização de termo de compromisso entre a entidade mantenedora e o ministério
da educação.
Parágrafo único. Integrarão o termo de compromisso de que trata o CAPUT, os seguintes
documentos:
I – Plano de implantação e desenvolvimento de seus cursos superiores, deforma a assegurar o atendimento aos critérios e padrões de qualidade parao corpo docente, infra-estrutura geral e específica e organização didático-pedagógico, bem como a descrição dos projetos pedagógicos a seremimplantados até sua plena integralização, considerando as diretrizes
Capítulo 2 Referencial teórico 51
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
nacionais de currículo aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação ehomologadas pelo Ministério de Estado da Educação;II – Critérios e procedimentos editados pelo Ministério da Educação,reguladores da organização, supervisão e avaliação do Ensino Superior;III – Descrição e cronograma do processo de expansão da instituição a sercredenciada, em relação ao aumento de vagas, abertura de cursossuperiores, ampliação das instalações físicas e, quando for o caso, aberturade cursos fora de sede;IV – valor dos encargos financeiros assumidos pelos alunos e as normas dereajuste aplicáveis durante o desenvolvimento dos cursos;V – projeto de qualificação da instituição, contendo, pelo menos, a descriçãodos procedimentos de auto avaliação institucional, bem como os deatendimento aos alunos, incluindo orientação administrativa, pedagógica eprofissional, acesso aos laboratórios e bibliotecas e formas de participaçãodos professores e alunos nos órgãos colegiados responsáveis pelacondução dos assuntos acadêmicos; eVI – minuta de contrato de prestação de serviço educacionais a ser firmadoentre a instituição e seus alunos, visando garantir o atendimento dospadrões de qualidade definidos pelo Ministério da Educação e aregularidade da oferta de ensino superior de qualidade.
Na legislação, necessita-se destacar a Resolução n.º 10, de 11 de março de
2002, que também apresentou o Plano de Desenvolvimento Institucional como
compromisso da instituição com o Ministério da Educação, devendo este ser
apresentado pela mantenedora para pedidos de credenciamento de instituições de
ensino e autorização de novos cursos. O art.6º Brasil (2002) da resolução deixa
claro que o PDI deve ser elaborado juntamente com a mantida e preparado para um
período de cinco anos.
Art. 6º O plano de desenvolvimento institucional, que se constitui também em
compromisso da instituição com o Ministério da Educação a ser apresentado pela
mantenedora, deverá ser desenvolvido juntamente com a mantida e preparado para
um período de 5 (cinco) anos, incluindo os seguintes documentos:
I – Plano de implantação e desenvolvimento de seus cursos superiores, deforma a assegurar o atendimento aos critérios e padrões de qualidade parao corpo docente inclusive eventuais substituições, infra-estrutura geral eespecífica e organização didático-pedagógico, bem como a descrição dosprojetos pedagógicos a serem implantados até a sua plena integralização,considerando as diretrizes curriculares nacionais aprovadas pelo ConselhoNacional de Educação e homologadas pelo Ministério de Estado daEducação;II – Critérios e procedimentos editados pelo Ministério da Educação,reguladores da organização, supervisão e avaliação do ensino superior;III – Descrição e cronograma do processo de expansão da instituição a sercredenciada, em relação ao aumento de vagas, abertura de cursossuperiores, ampliação das instalações físicas e, quando for o caso, aberturade cursos fora de sede;IV – projeto de qualificação da instituição, contendo, pelo menos, adescrição dos procedimentos de auto-avaliação institucional, bem como osde atendimento aos alunos, incluindo orientação administrativa, pedagógica
Capítulo 2 Referencial teórico 52
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
e profissional, acesso aos laboratórios e bibliotecas e formas departicipação dos professores e alunos nos órgãos colegiados responsáveispela condução dos assuntos acadêmicos.
Finalmente, a Portaria n.º 4.361, Brasil (2004), de 29 de dezembro de 2004,
reafirma a necessidade da apresentação do PDI como documento obrigatório para
diversos processos da IES.
Desta forma, evidencia-se a importância do PDI para a gestão das instituições
de ensino superior no país, sendo este um documento norteador e essencial para o
seu desenvolvimento.
2.3 Componentes do Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação
2.3.1 Ciência
A Ciência na definição do OECD (1993) é um conjunto organizado de
conhecimentos relativos ao universo, envolvendo seus fenômenos naturais,
ambientais e comportamentais. A geração do conhecimento científico se faz através
da pesquisa ou investigação científica, seguindo as etapas do método ou
metodologia científica.
Para Gil (2006) a ciência significa conhecimento, ou seja, pode-se considerar
ciência como uma forma de conhecimento que tem como objetivo formular leis que
regem os fenômenos, que por sua vez levam a modificação de acontecimentos,
objetos e formas de manipulação dos mesmos. Significa que ciência na forma de
conhecimento aplicado a soluções do cotidiano é a tecnologia. E a tecnologia
significa resolução de problemas, quer seja de processos ou produtos.
2.3.2 Tecnologia
Sábato (1978) define a tecnologia como um conjunto ordenado de todos os
conhecimentos utilizados na produção, distribuição e uso de bens e serviços, ou
seja, é a aplicação do conhecimento.
O termo tecnologia tem uma ampla conotação e refere-se às técnicas,
métodos, procedimentos, ferramentas, equipamentos e instalações que concorrem
para a realização e obtenção de um ou vários produtos. O termo implica o que fazer,
por quem, por quê, para quem e como fazer. Em geral, divide-se a tecnologia em
duas grandes categorias: tecnologia de produtos e tecnologia de processo. As
Capítulo 2 Referencial teórico 53
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
tecnologias de produto são aquelas cujos resultados são componentes tangíveis e
facilmente identificáveis, tais como: equipamentos, instalações físicas, ferramentas,
artefatos, etc. As tecnologias de processo são aquelas em que se incluem as
técnicas, métodos e procedimentos utilizados para se obter um determinado
produto. (IBICT, 2009).
Neste contexto, a tecnologia não está constituída somente por conhecimentos
científicos provenientes das diversas ciências, mas também por conhecimentos
empíricos que resultam de observações, experiências e atitudes específicas ou
tradição oral ou escrita.
Pode-se afirmar, com base nas referências de Maximiano (2002), que há dois
tipos principais de tecnologia: de produto e de processo. A do produto incorpora os
conhecimentos relacionado ao projeto do produto – forma e função. A tecnologia do
processo diz respeito aos conhecimentos sobre como transformar os materiais para
obter o produto.
A tecnologia do processo envolve, principalmente, a definição das máquinas e
equipamentos e seu arranjo dentro de um processo produtivo. A figura 01 ilustra
esse princípio.
Capítulo 2 Referencial teórico 54
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Figura 01 Tecnologia é conhecimento transformado em produto e serviços
Fonte:. Maximiliano (2000, p.120).
2.3.3 Inovação Tecnológica
O Manual de Frascati (OCDE, 1993) considera como inovação a
transformação de uma idéia em um produto novo ou melhorado que se introduz no
mercado, ou em novos sistemas de produção, e em sua difusão, comercialização e
utilização. Entende-se também por inovação tecnológica a melhoria substancial de
produtos ou processos já existentes.
Diante desse referencial, inovação é a introdução com êxito, no mercado, de
produtos, serviços, processos, métodos e sistemas que não existiam anteriormente,
ou contendo alguma característica nova e diferente da até então em vigor.
Compreende diversas atividades científicas, tecnológicas, organizacionais,
financeiras, comerciais e mercadológicas. A exigência mínima é que o produto,
serviço, processo, método ou sistema inovador deva ser novo ou substancialmente
melhorado para a empresa em relação a seus competidores e não necessariamente
para o mundo.
Ainda sobre inovação tecnológica, para Saenz; Capote (2002), acrescenta
que a inovação é a combinação de necessidades sociais e de demandas do
mercado com os meios científicos e tecnológicos para resolvê-los. Inclui atividades
científicas, tecnológicas, produtivas, de distribuição, financeiras e comerciais. Não é,
portanto, somente no âmbito da pesquisa e desenvolvimento que está a inovação.
Esta é uma parte da inovação, embora geralmente muito importante.
Viabilidade
econômica
Conhecimento
Demanda porProdutos e
serviços
TECNOLOGIA
Projeto de
produto/serviços
Materiais e
processos
produtivos
Produtos
e Serviços
Capítulo 2 Referencial teórico 55
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
“Os ambientes inovadores são a principal fonte de conhecimentoorganizacional. Para o sucesso de organização é preciso que oconhecimento relevante (produtos, modelos, processo), sofra recorrentestransformações entre o conhecimento tácito e explícito, atinja o nívelorganizacional e se integre às rotinas e processos da empresa. Perini (2002,p.90)”.
Para Lima (2004b), a inovação tecnológica é um processo dinâmico no qual
todos os envolvidos (pesquisadores, engenheiros, produtores, etc.) aprendem e
através das experiências, introduzem modificações em produtos e processos, numa
contínua aprendizagem em toda a complexidade do sistema de inovação.
A inovação tecnológica ocorre quando surge um novo produto ou processo
que chega ao mercado. A inovação é uma mudança na tecnologia, uma forma nova
de fazer algo. Um padrão de inovação tecnológica pode ser descrito, segundo
Maximiano (2000) da seguinte forma:
• é preciso haver uma necessidade, ou demanda, pela tecnologia. Sem
demanda, não há motivo para a inovação.
• o atendimento da necessidade deve ser possível do ponto de vista teórico
e, para isso, o conhecimento deve estar disponível.
• deve ser possível converter o conhecimento em aplicação prática, tanto
em termos de engenharia quanto de economia. Se for possível fazer algo
do ponto de vista teórico mas que não tenha viabilidade econômica, a
tecnologia não consegue emergir.
• deve haver disponibilidade de financiamento, mão-de-obra especializada,
tempo, espaço e outros recursos para desenvolver a tecnologia.
• a iniciativa empresarial identifica e organiza todos os elementos
necessários.
2.4 Gestão e Transferência de Tecnologia
2.4.1 Gestão da Tecnologia
O significado “gestão tecnológica” surgiu há vários anos na literatura ibero-
americana e nos múltiplos eventos sobre esta matéria, independente do fato que as
definições possam variar, a palavra gestão tem sido utilizada mais freqüentemente
como sinônimo do termo “gerência” , ou seja, neste caso com a ação de direção de
Capítulo 2 Referencial teórico 56
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
processos complexos, incluindo atividades de planejamento, estratégia,
regulamentação, controle e avaliação.
Quando se utiliza a tecnologia como instrumento de apoio para o alcance dos
objetivos organizacionais, faz-se necessário o uso da gestão da tecnologia que,
segundo Vasconcelos (2002), seria o uso de técnicas de administração com a
finalidade de maximizar o potencial desta tecnologia. No caso das empresas
privadas estes objetivos estão relacionados mais propriamente com a redução de
custos, melhoria do desempenho dos produtos atuais, desenvolvimento de novos e
a redução de prazos para introdução de inovações. Organizações com fins não
lucrativos usam a tecnologia para solucionar problemas prioritários da sociedade,
fornecendo produtos e serviços de melhor qualidade a custos mais baixos e em
prazos menores.
De acordo com Silveira (2005), a gestão da tecnologia e a aplicação das
técnicas de gestão em apoio a processos de inovação tecnológica, integram
princípios e métodos de Gestão, Economia, Engenharia, Informática, Matemática
Aplicada e Avaliação. Na gestão tecnológica, se identificam necessidades e
oportunidades de transferência e se planejam, desenham, desenvolvem e implantam
soluções no processo tecnológico. Torna-se imprescindível para a competitividade
(produtividade) é a capacidade de demarcar os desenvolvimentos tecnológicos, a
inovação e o progresso técnico, dentro de uma estratégia do setor empresarial.
A gestão tecnológica apresenta, desse modo, um conjunto de conceitos,
técnicas e metodologias para resolver problemas do processo tecnológico. Do ponto
de vista organizacional, gestão tecnológica pode ser considerado um termo guarda-
chuva, que alinha, em função de seus objetivos mencionados, temáticas tais como:
a direção estratégica; o marketing; a prospectiva tecnológica; o planejamento, a
formulação, a avaliação e a gerência de projetos de pesquisa e desenvolvimento
(P&D) e inovação tecnológica; a propriedade intelectual; a garantia da qualidade; o
desenho industrial; a logística; o desenvolvimento de recursos humanos; a
viabilidade técnico-econômica; os sistemas de inovação tecnológica e a política
científica e tecnológica; a negociação e os indicadores de ciência e tecnologia entre
outras.
Capítulo 2 Referencial teórico 57
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
2.4.2 Gestão da Tecnologia na Universidade
As atividades de gestão da transferência da tecnologia nas Universidades
podem ser descritas por três funções básicas segundo Cabrera e Flores (1994):
• Apoiar o desenvolvimento de práticas tecnológicas nos centros ou
laboratórios de pesquisa e nos locais de produção e comercialização;
• Facilitar a introdução no mercado de tecnologias novas ou melhoradas,
com o objetivo de produzir produtos ou serviços de melhor qualidade a
menor custo;
• Favorecer a criação de novos negócios mediante a diminuição de risco a
aproveitando as oportunidades técnicas e de mercado que se apresentem.
Tais funções, segundo os autores, devem ser desempenhadas por um
administrador de tecnologia, através de uma Unidade de Gestão Tecnológica
atuando entre a universidade e as empresas.
Para Lima (2004a), acredita que em muitos casos a resposta para grande
parte dos organismos estruturais pode estar nas fundações de apoio à pesquisa e
ao ensino, porém a estruturação interna da própria universidade, destinada à
administração das atividades de cooperação em forma de agência especializada e a
cargo de um gestor de tecnologia que promova a interface com o setor empresarial e
comunitário, é de fundamental importância.
Neste processo da prestação de serviço científicos e tecnológicos Muga
(1991, p. 54), apresenta as principais funções de apoio e controle, que podem estar
vinculadas à direção central de uma universidade, podendo ser complementar a
estrutura anteriormente definida:
• Assessorar a autoridade Universidade na determinação e avaliação de
políticas, normas e procedimentos para a atividade e avaliação periódica
das mesmas para manter sua oportunidade e agilidade, conforme as
características do meio interno e externo;
• Assessorar o representante legal da Universidade na assinatura de
convênios ou contratos de interação com o setor produtivo;
Capítulo 2 Referencial teórico 58
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
• Consolidar os acordos ou contratos necessários para a prestação de
serviços;
• Promover ao nível acadêmico a atividade de prestação de serviços;
• Apoiar as autoridades na interação com o setor produtivo;
• Servir de nexo geral entre a universidade e o setor produtivo; e
• Velar pelo cumprimento das normas e dos procedimentos estabelecidos
para o assunto.
Portanto, este gestor de tecnologia teria a possibilidade de perceber as
necessidades e posturas tanto do meio acadêmico como do meio externo, servindo
de mediador e ao mesmo tempo de interlocutor desta parceria.
2.4.3 Transferência de Tecnologia
O termo transferência de tecnologia possui várias definições, de acordo com o
conteúdo e a finalidade das informações tecnológicas que estão sendo analisadas,
segundo Valeriano (1998) apud Lima (2004b), em um sentido lato e no aspecto da
inovação tecnológica, pode ser considerada como o processo pelo qual um conjunto
de informações, conhecimentos, técnicas, máquinas e ferramentas são transmitidos
de um local, de um indivíduo ou de um grupo para outro, com a finalidade de ser
usado na produção ou na prestação de serviço. No sentido stricto, a transferência de
tecnologia, mais corretamente chamada de fornecimento de tecnologia, envolve,
além da transferência de dados técnicos de engenharia do processo ou do produto,
a metodologia do desenvolvimento tecnológico usada para sua obtenção. Esta
metodologia visa capacitar o recebedor não só a reproduzir, mas a obter a
autonomia para prosseguir no melhoramento e modernização do produto, ou no
desenvolvimento de novos produtos de mesmo nível de tecnologia.
Segundo Matos (2002), a verdadeira transferência de tecnologia só ocorre
quando o receptor absorve o conjunto de conhecimentos que lhe permite inovar. A
transferência não se completa, se o comprador não dominar os conhecimentos
envolvidos a ponto de ficar em condições de criar nova tecnologia. Podemos dizer
eu são etapas da transferência de tecnologia: a absorção, a adaptação, o
aperfeiçoamento, a inovação e a difusão.
Capítulo 2 Referencial teórico 59
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Para Barbieri (1990, p.65), “um importante elemento que contribui para odesenvolvimento de novas tecnologias é a transferência de tecnologia,entendida como um processo de assimilação dos conhecimentosproduzidos em uma empresa por parte de outra. Porém, nem todo comérciode tecnologia leva à transferência efetiva, pois para isso a empresareceptora deve realizar algum esforço de produção própria”.
Utilizando-se da definição dada por Lima (2004b), a mesma coloca que a
transferência de tecnologia é a aquisição, desenvolvimento e utilização de
conhecimento tecnológico por um outro ambiente que não o gerou. Seria o processo
de introdução de um conhecimento tecnológico já existente, onde não foi concebido
e ou executado. Para Luz (1997), também considera transferência de Tecnologia:
• conhecimento tácito, experimental, pessoal e o desenvolvimento dehabilidades técnicas, criativas e perícia;
• conhecimento formal decodificado, através de idéias técnicas,documentos, informações e dados;
• conhecimento prático, que é o conhecimento pelo lazer.
No Brasil segundo Longo (1987) a transferência de Tecnologia se efetua
através de contratação tecnológica e para que ocorram determinados efeitos
econômicos, o contrato deve ser avaliado e averbado pelo Instituto Nacional de
Propriedade Intelectual (INPI). Todos os contratos que impliquem transferência de
tecnologia, sejam entre empresas nacionais e empresas sediadas ou domiciliadas
no exterior, por disposição legal, devem ser averbados pelo INPI.
As dificuldades no processo de transferência de tecnologia para Lima (2004b)
existem tanto entre países, quanto entre as universidades, institutos e empresas,
esses fracassos ocorrem na transferência, visivelmente quando a empresa não tem
pessoal qualificado suficientemente para operacionalizar a tecnologia no processo
produtivo ou quando há dificuldade na transmissão entre os produtores e os
receptores da tecnologia, normalmente em face às diferenças de ambiente.
No entanto para que as chances de sucesso na transferência de tecnologia
sejam positivas, Proença (1996) propõe que a mesma seja tratada como um
processo ativo adaptado, com a participação do governo, administradores e
trabalhadores, onde o país importador da tecnologia busque a conscientização de
sua identidade geográfica, econômica e cultural procurando inserir o sistema nesta
realidade.
Capítulo 2 Referencial teórico 60
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
2.5 As Relações Inter-Institucionais
2.5.1 Conceito de cooperação IES-Empresas
A cooperação universidade-empresa tem se mostrado como uma das
melhores ferramentas na busca da inovação tecnológica, auxiliando no
desenvolvimento dos países. Abaixo segue alguns conceitos sobre o relacionamento
entre a universidade e as empresas.
A cooperação universidade empresas, para Plonski (1992, p.08),
“Trata-se de um arranjo interinstitucional entre organizações de naturezafundamentalmente distinta, que podem ter finalidades diferentes e adotarformatos bastantes diversos. Inclui-se neste conceito desde interaçõestênues e pouco comprometedoras como estágios profissionalizantes, atévinculações intensas e extensas, como aos grandes programas de pesquisacooperativa”.
As relações IES-empresas tem se mostrado como uma das melhores
ferramentas na busca da inovação tecnológica, auxiliando no desenvolvimento dos
países. O relacionamento tradicional IES-empresas, que apresentava basicamente
em aproveitar os recursos humanos qualificados das empresas, alterou-se e passou
agregar novos conhecimento e tecnologias ao setor de produção. Em vários países
desenvolvidos as empresas saíram a frente no processo deste relacionamento, e
são inúmeros casos de financiamento privado de pesquisas nas IES.
Abaixo segue alguns conceitos sobre o relacionamento entre IES e as
empresas.
Para Segatto-Mendes (2001, p.87),
“...a cooperação universidade-empresa representa um instrumento depesquisa cooperativa entre instituições empresariais públicas e privadascom instituições de pesquisa e universidades, num esforço coletivo nosentido de desenvolver novos conhecimentos tecnológicos que servirãopara ampliação dos conhecimentos científicos e para desenvolvimento eaprimoramento de novos produtos”.
Tradicionalmente o relacionamento IES-empresas consistia em aproveitar os
recursos humanos qualificados, esse processo está sendo modificado e passando a
agregação de novos conhecimento e tecnologias ao setor produtivo.
Segundo Silva e Mazzali (2003), as parcerias entre as universidades e as
empresas estão crescendo nos últimos anos em virtude do aumento da
competitividade global, aumento da demanda por inovações em produtos e
Capítulo 2 Referencial teórico 61
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
processos, e a redução dos recursos do governo para financiamento das
universidades. Com objetivo de adquirir novos conhecimentos, as empresas
fornecem às universidades os fundos e os recursos necessários para a pesquisa e o
desenvolvimento.
Para Perussi Filho (2001), um mecanismo de interação que tem sido usado
por empresas é a cooperação com universidades e centros de pesquisas para
produção de inovação na área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Este
mecanismo de cooperação possibilita às empresas criarem um sistema mais ágil e
eficaz voltado para a inovação tecnológica e criação de vantagem competitiva. A
cooperação universidade/empresas apresenta uma parceria mais natural, visto que
elas não competem entre si.
De acordo com Segatto-Mendes (2001), as relações de interação entre
universidade/empresas facilitam e melhoram a difusão e transferência de novos
conhecimentos e quando bem sucedidas podem levar à criação de empregos e
aumento de renda. Fiori (2001), a integração Universidade/Empresas tem um papel
decisivo no processo de estimular ações e mecanismos de acesso às informações
tecnológicas que ensejarão uma progressiva transformação e melhorias na
produção com base no desenvolvimento sustentável. O aprendizado interativo leva à
competência e criatividade para gerir problemas e soluções.
2.5.2 Cooperação IES-empresas no Brasil
As discussões sobre as relações IES-empresas, segundo Silva (2001) têm
sido, há muitos anos, intensa no Brasil. As iniciativas e a gestão para o
desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil, sempre pertenceram ao Estado,
com a participação quase que inexistente do setor privado. Reis (2006) observa que
“o aumento na procura pela interação IES-empresas, principalmente por parte das
universidades, têm crescido a cada ano, mas são poucos os casos bem sucedidos”.
Para melhor compreender esta afirmação a Unesco (1998) determina que a
educação superior necessita reforçar a cooperação com o mundo do trabalho,
analisar e prevenir as necessidades da sociedade. Consequentemente para que isto
aconteça, faz-se necessário desenvolver habilidades empresariais, e o senso de
iniciativa deve torna-se uma preocupação principal da educação superior. Tais
Capítulo 2 Referencial teórico 62
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
habilidades empresariais facilitam a empregabilidade dos formandos e egressos que
freqüentemente deixarão a situação de buscar trabalho para assumirem a função de
criar trabalho, tornando-se assim agentes de mudanças.
As relações IES-empresas pode ser uma alternativa de ocupação dos
espaços ociosos nas IES particulares brasileiras para as atividades de educação
continuada e o desenvolvimento de pesquisa, além de permitir a transferência de
conhecimento. Tais considerações podem transformar em uma alternativa de receita
para as IES particulares (LOCH, 2004). Uma condição a ser analisada nestas
relações refere-se às necessidades que as instituições de ensino têm para a
discussão de seus currículos conforme as tendências da sociedade e o meio a qual
está inserida, bem como para o desenvolvimento da pesquisa e da extensão.
Com o desejo de colocar os recém-formados no mercado de trabalho, seja
como estagiário ou empregados, poderia se uma atividade a ser desenvolvida por
todas as IES brasileiras, seria um avanço nas relações IES-empresas e nas relações
inter-institucionais. Neste sentido, permitirá que as IES destaquem-se como
empreendedoras e isso passe a ser um diferencial competitivo em seu planejamento
estratégico e mercadológico.
Este destaque dado ao relacionamento mais estruturado entre a IES e a
empresa é necessário que se criem algumas condições como atividades
semelhantes, formas semelhantes de atuação e um interesse comum para a tomada
de decisões, porém sem esquecer os próprios objetivos e missões (REIS, 2006).
Esse relacionamento ocorre pela cooperação universidade-empresas e
universidade-universidade.
A questão do relacionamento deve ser bem gerenciada para não perder o
foco de cada parceria, pois as empresas seus problemas são imediato, onde sua
dificuldades devem ser resolvidas com máxima urgência enquanto que há uma
expectativa que a universidade seja o grande instrumento de coesão social, e que
ela cumpra este papel através de suas áreas dedicadas à criação de competências
para que as organizações sejam mais competitivas (MARCOVITCH,1999).
Os ciclos das empresas, na opinião de Marchovitch (1999) geralmente são de
curto prazo e não são compatíveis com o ciclo de médio e longo prazo das
Capítulo 2 Referencial teórico 63
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
universidades. Mas há necessidade de se estabelecer limites desta cooperação
entre IES-empresas e entre universidade-universidade. Limites este que sejam
criados projetos e levados à universidade, para haver o acompanhamento deste
projeto, evitando os descaminhos no processo.
Segundo Stal (1997) a partir do ano de 1980, o governo brasileiro, mostrou
sinais de preocupação com a reduzida transferência de tecnologia realizada nas
universidades para o setor produtivo. A partir de então foi criado à Superintendência
de Inovação Tecnológica, com a atribuição de criar mecanismos eficazes para
melhorar a articulação entre as instituições de ensino e pesquisa e o sistema
produtivo, com a estratégia fundamental para o desenvolvimento tecnológico
autônomo. Inicialmente os mecanismos foram os Núcleos de Inovação Tecnológica
(NITs), instalados a partir de 1981, em algumas universidades e institutos de
pesquisa.
Segundo Lima (2004b), no ano de 1986 foi realizada uma avaliação dos
NITs, por solicitação da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), que então
gerenciava o programa, e foi verificada uma série de desvios em relação aos
objetivos inicias do programa, o que explicava os fracos resultados obtidos, salvo
algumas exceções.
Ainda segundo Stal (1977) o maior desvio do programa em relação a
concepção original foi que, os NITs, não se constituíram em agentes do CNPq para
a implantação de um programa de Inovação Tecnológica, em nível nacional,
formando um corpo de assessoramento e orientação nesta área. Ao contrário, os
NITs se voltaram para o atendimento de funções comerciais ou de relações públicas,
nas suas instituições hospedeiras.
Para Velho (1997) em um cenário de pouco investimento para a pesquisa e
desenvolvimento uma das possibilidades é de as universidades, ao invés de
aperfeiçoar constantemente a infra-estrutura tecnológica e científica, esperando que
estes conhecimentos transbordem para as empresas que, por sua vez, gerarão mais
riqueza, a política poderia ser a de buscar novos focos dentro das próprias empresas
e apoiar o aperfeiçoamento de seus produtos específicos de base tecnológica,
acelerando assim o processo do conhecimento para geração de riqueza nacional.
Capítulo 2 Referencial teórico 64
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Diante deste contexto na opinião de Reis (2008), para que ocorra o processo
de cooperação entre empresas, destaca oito etapas as quais devem ser seguidas
pelas IES em ordem cronológica, conforme a seguir:
a) Definição de uma política/filosofia da universidade para as relações
empresariais:
A área responsável pelas relações empresariais ou institucionais nas
universidades desempenha um importante papel na interação com a comunidade
externa. É preciso que a instituição de ensino tenha como filosofia à própria parceria
IES-empresas ou a parceria entre as IES. Essa iniciativa deve partir do dirigente
máximo da instituição e ele se torna o maior agente de interação entre IES-
empresas e entre as próprias IES, facilitando a condução dos processos de parceria.
As relações entre as universidades podem iniciar-se através da criação de uma
associação das IES do ensino superior particular, conduzido pelo SEMESP, para
discussão de temas de interesse comuns.
b) Autoconhecimento institucional:
Esse processo consiste em a instituição de ensino olhar para dentro de si. Ela
precisa conhecer o seu real potencial técnico e de recursos humanos. Essa atividade
pode ser desenvolvida através de um cadastro de todos os seus especialistas e de
suas respectivas especialidades que tenham interesse e tempo disponível para
participar dos projetos de parcerias. Outro aspecto importante é o perfeito
conhecimento das atribuições entre os setores/departamentos da própria
universidade para facilitar o relacionamento entre as pessoas envolvidas em cada
projeto.
c) Marketing interno para as relações com as empresas:
O marketing interno é importante para despertar os membros da universidade
para os benefícios decorrentes da parceria, motivando o pesquisador e sua equipe a
participarem no processo. Essa motivação leva a preparação e utilização de
materiais adequados, tais como: folders, cartazes, divulgação dos resumos de
pesquisas em andamento, contatos e entrevistas pessoais.
d) Infra-estrutura adequada:
Capítulo 2 Referencial teórico 65
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
A universidade deve preocupar-se em manter seus laboratórios, salas de
aula, equipamentos e bibliotecas dentro dos padrões aceitáveis de qualidade para
garantir a realização de cursos e projetos de pesquisa. Caso a instituição não
possua todos os recursos necessários para a realização de um projeto, poderá
buscar a infra-estrutura da empresa ou outras universidades. A universidade poderá
obter doações de equipamentos como contrapartida da empresa para a realização
da pesquisa, contribuindo para a melhoria da qualidade do ensino e dos futuros
projetos.
e) Marketing externo:
O processo de divulgação externa deverá ser iniciado após a definição d
política institucional voltada para a parceria, do auto-conhecimento da universidade,
do marketing interno e o aperfeiçoamento da infra-estrutura disponível. Somente
após ter a noção exata do potencial interno é que se inicia o processo de
disponibilização de trabalhos e serviços. Acredita-se que o melhor marketing externo
para os serviços educacionais está no êxito das soluções aos problemas propostos
pela empresa . Uma dos problemas comuns nas IES refere-se ao processo seletivo
(vestibular) unificado. Onde o candidato faz a opção em escolher a IES e os cursos
que lhe interessa e paga apenas uma única inscrição.
f) Gestão das relações IES-empresas:
A grande maioria dos professores universitários desconhece os aspectos
relativos à propriedade industrial e intelectual, contratos, convênios, etc. O
departamento responsável pelas relações com as empresas deve oferecer o suporte
necessário para viabilizar a parceira. Esse departamento também deverá
responsabilizar-se pelos procedimentos administrativos que envolvem a gestão de
cada projeto de pesquisa. Como essa participação, o professor-pesquisador poderá
dedicar-se ao projeto sem se preocupar com os problemas administrativos
importante definir a forma de remuneração das pessoas envolvidas e a forma de
pagamento para evitar conflitos internos.
g) Formação de gestores das relações IES-empresas:
Capítulo 2 Referencial teórico 66
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Deve-se cuidar para que os gestores das relações IES-empresas estejam
permanentemente atualizados nas modernas técnicas de gestão, pois pior do que
ter poucos recursos é tê-los e não saber administrá-los.
h) A avaliação junto aos utilizadores
A empresa é o grande parceiro que a universidade busca. Por isso, torna-se
necessário buscar o feedback junto à empresa sobre a qualidade dos serviços
prestados para o aperfeiçoamento dos serviços prestados, refletindo na qualidade
do ensino ministrado. Essa avaliação deverá ser realizada ao final de cada projeto e
pode ser obtida através de entrevista, questionários e outras formas de avaliação.
Um programa de parceria bem estruturado e produzindo resultados tangíveis
e intangíveis permite aumentar a confiança entre os parceiros, sejam eles empresas
ou outras universidades. Os resultados dessa parceria demoram a surgir em função
do grande caminho que as IES devem percorrer até conseguir os primeiros
resultados.
Conforme Meister (2000, p.112), “aquele que se lança sozinho em busca do
sucesso, está fadado ao fracasso”. Ressalta-se aqui a importância das ações
conjuntas entre as IES para o compartilhamento dos êxitos e o aprendizado com as
atividades que deixaram a desejar.
2.5.3 Mecanismo de Cooperação
A gestão, a tecnologia e a inovação, entre outros fatores presentes,
impulsionaram os mecanismos para fazer da cooperação IES-empresas um meio de
eficiência e eficácia, de ambas as partes.
Segundo Brescianin et al. (1994) os mecanismos que podem auxiliar a
instituição na melhoria da qualidade de ensino a partir da cooperação IES-empresas,
seguido de uma explicação conceitual cada:
a) Participação de empresários no Conselho Universitário/Diretor da Escola
Em uma instituição de nível superior existem os órgãos de conselho, que
funcionam como órgãos deliberativos e consultivos. Dentre estes, o Conselho
Universitário, o Conselho de Curadores, o Conselho de Planejamento e
Capítulo 2 Referencial teórico 67
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Administração e o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. Pode varia as
nomenclaturas de acordo com o tipo de IES.
b) Conselho de Empresários como função consultiva
O Conselho de Empresários é constituído por representantes das principais
empresas que tenham relação direta com as áreas profissionalizantes da IES.
Este conselho participa diretamente da administração curricular da IES,
principalmente através de sugestões de melhoria no perfil do aluno e na análise de
mercado onde os mesmos estão inseridos.
As reuniões deste conselho poderão ser realizadas em um ambiente fora do
meio acadêmico (restaurante, clube, associação).
c) Visitas dos dirigentes às empresas
Durante o período de planejamento da área de relacionamento IES-empresas,
faz-se necessário a previsão de períodos de visita de dirigentes da IES às principais
empresas, que estejam relacionadas às áreas profissionalizantes da IES.
Antes da efetiva visita, os dirigentes da IES deverão ser municiados de
informações básicas sobre a IES (histórico, prestação de contas atualizado, casos
de sucesso de cooperação IES-empresas, planejamento a curto, médio e longo
prazos), sobre as áreas relacionadas àquela empresa a ser visitada e sobre as
perspectivas de crescimento das áreas, bem como, analisar um possível
agendamento de visita da empresa às dependências da IES.
As informações obtidas pelos dirigentes servirão de referência para possíveis
dúvidas surgidas durante a visita.
d) Destaque a empresários que se sobressaíram no relacionamento com a
Instituição
A realização de atividades para destacar os empresários que mais
contribuíram no relacionamento IES-empresas, pode ser realizado em eventos
específicos (do tipo premiação) ou fazendo parte de um evento maior (aniversário da
escola, Dia da Indústria, aniversário do município).
Estes eventos podem ser realizados em parcerias com outras entidades
representativas dos empresários, ou, caso exista este tipo de evento realizado por
Capítulo 2 Referencial teórico 68
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
outra organização, colaborar diretamente para a organização deste tipo de evento,
deixando claro aos empresários a sua participação.
e) Mesas-redondas com os empresários, para discussão curricular
Estas mesas-redondas poderão ser realizadas com representantes do meio
empresarial, diretamente ligados às áreas profissionalizantes existentes no currículo
da escola, além de representantes do Ensino e de Relações Empresariais.
f) Encontros para intercâmbio de informações com recrutadores de pessoal
O setor de recrutamento de pessoal é o local de entrada dos pedidos para
estagiários e empregados de uma empresa. Este setor realiza avaliações do perfil de
cada um dos candidatos a estagiário ou empregado.
Reuniões com recrutadores de pessoal podem produzir informações
importantes na reavaliação do perfil do aluno e do currículo do curso, considerando
que esses são aqueles que absorveram, em sua maioria, os dissentes que saem das
instituições de ensino.
Estes encontros podem ser realizados de forma individualizada por cada
empresa, ou de forma conjunta, em eventos específicos. Podem ser aproveitadas as
visitas técnicas para se manter um debate com seus representantes, dependendo do
tempo disponível.
g) Sistematização e suporte à contratação de estagiários
O estágio é a atividade prestada normalmente por estudantes nas empresas,
visando a interligação entre a teoria e a prática, além do aprimoramento profissional
na sua área de estudo. O contrato é celebrado entre o estudante e a empresa, sob o
acompanhamento da instituição de ensino, que deve zelar para que o contrato seja
cumprido fielmente.
Para agilizar todo o processo burocrático, faz-se necessário o uso de
instrumentos padronizados para cadastro (empresa e aluno), para contrato, para
avaliação e para relatório. A utilização de procedimentos e fluxogramas escritos
permite uma compreensão maior de cada passo a ser seguido pela empresa, pelo
aluno e pela IES.
Capítulo 2 Referencial teórico 69
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
A utilização do site da IES para acesso a estes instrumentos, procedimentos e
fluxogramas, permite uma otimização do tempo para cada um dos três atores: para a
empresa – o site serve como meio para divulgar as suas necessidades de estágio e
de emprego, conhecer e acessar os documentos para a empresa, além de conhecer
toda a legislação pertinente a estágios; para o aluno – Ter informações atualizadas
das necessidades de estágio e emprego das empresas, conhecer e acessar os
documentos para o aluno, além de conhecer toda a legislação; para a IES – produzir
um efeito de divulgação sobre a organização da IES para a empresa.
h) Estágio de professores nas empresas
Um dos problemas encontrados nas IES profissionalizantes é a falta de
atualização dos docentes diante do dinâmico mercado de trabalho, produzindo um
efeito de atraso entre o que é visto na IES e o que realmente o mercado necessita.
Entre algumas soluções possíveis para minimizar este tipo de problema seria a
capacitação dos docentes com a busca de titulações (especialização, mestrado,
doutorado e pós-doutorado) direcionadas para as áreas dos cursos
profissionalizantes da escola; o aperfeiçoamento realizado junto a empresas
relacionadas às áreas dos cursos da escola; e como complementação aos cursos de
aperfeiçoamento, o estágio de professores nas empresas que tenha relação com os
setores de ensino da IES.
Este mecanismo, além de manter o docente ciente das novidades do
mercado, estreita a relação, inicialmente, entre o docente e a empresa, e mais
adiante, uma integração mais sólida entre a IES e a empresa.
i) Pesquisas tecnológicas em parcerias
Apesar de toda desconfiança ainda existente entre o mercado e a IES, no que
tange aos objetivos de ambos, o uso do conhecimento existente em uma IES (tanto
relacionado ao seu corpo docente, quanto aos seus laboratórios e equipamentos)
pelo mercado, tem se mostrado como uma das melhores opções para redução de
custos, quando se refere a inovação de produtos e processos que venham a tornar a
empresa mais competitiva para o mercado.
j). Prestação de serviços de cunho tecnológico
Capítulo 2 Referencial teórico 70
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Outra forma de estreitar os laços entre a IES e a empresa seria a realização
de serviços especificamente tecnológicos, da IES para com a empresa.
Pode ser realizado este tipo de serviço, tanto a IES, através de seu corpo
docente e discente, indo até a empresa realizá-lo, quanto a utilização de seus
próprios laboratórios (preferencialmente credenciados).
l). Parceria no suporte financeiro para o desenvolvimento de teses
Este tipo de parceria pode ser realizado tanto no financiamento pela empresa
de bolsas de estudo para o pesquisador, quanto no suporte financeiro para a
aquisição de material de consumo e equipamentos a serem utilizados durante a
pesquisa.
m). Serviço de resposta rápida de informação tecnológica – consultorias
A resposta rápida para pequenas dúvidas de caráter tecnológico ou para a
busca de soluções para questões simples que a empresa possa ter, pode ser
realizada ou com o uso do site da própria IES (através de hiperlinks específicos), ou
através de call center que seriam utilizados como um “tira-dúvidas” para o mercado.
n) Implantação e gestão de Núcleos de Desenvolvimento de Tecnologia em
parceria
Os núcleos de desenvolvimento de tecnologia podem ser representados pelos
Centros de Desenvolvimento de Tecnologia, onde se concentram estes núcleos,
pelos Núcleos de Inovação e Transferência de Tecnologia (NIT), pelos Núcleos de
Inovação e Desenvolvimento (NID) e pelos Núcleos de Desenvolvimento e Difusão
Tecnológica entre outras denominações.
O ponto chave deste mecanismo é que a implantação e a gestão destes
núcleos sejam realizadas em parceria com indústrias ou com representantes das
mesmas.
o). Compartilhamento de equipamentos, cedidos pela empresa, na IES
O uso de equipamentos de uma empresa para o desenvolvimento de
atividades de ensino, quanto para atividades de pesquisa, pela IES e vice-versa
muitas vezes se justifica quando o equipamento é pouco utilizado, ou somente é
utilizado em caráter excepcional por uma das partes.
Capítulo 2 Referencial teórico 71
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Todo o trâmite legal para este tipo de compartilhamento deve ser
acompanhado pelo setor responsável pelo patrimônio tanto da IES, quanto da
empresa.
p) Atividades com ex-alunos que estão em atividade na indústria
Os alunos egressos que estão atuando na indústria são excelentes fontes de
informações quanto ao perfil profissional desenvolvido na IES. Os mesmos podem
ser convidados a participarem de eventos promovidos pela IES, onde o corpo
discente e docente esteja envolvido, através de palestras e/ou mesas redondas,
onde a experiência deste ex-aluno sirva como parâmetro para a atualização
curricular dos cursos.
q) Utilização do estágio, enquanto disciplina, como meio de troca de
informações
A realização do estágio pode servir como uma das melhores alternativas para
a vivência do aluno no mercado de trabalho, relacionando a teoria à prática, bem
como, fonte de informações para a melhoria do currículo do curso. Para que haja um
melhor aproveitamento destas informações, é necessário que este mesmo estágio
seja acompanhado por uma sistemática supervisão, que possa recolher subsídios
para uma revisão dos conteúdos para os cursos relacionados.
r) Incubadoras, Parques e Pólos
Incubadora de Empresas, segundo o site do Sebrasp (2008), é um ambiente
especialmente planejado para difundir o empreendedorismo e o conhecimento, que
apóia projetos inovadores por meio de serviços especializados e consultorias e que
facilitam o seu desenvolvimento. Ela é responsável pelo fomento, o estímulo, a
promoção e o fortalecimento de micro e pequenas empresas intermediando junto a
instituições de ensino e pesquisa, órgãos governamentais e a iniciativa privada.
Geralmente são constituídas por empresas em estágio inicial, que recebem o apoio
estrutural, administrativo e de marketing da mesma.
Para o MCT (2009), os parques tecnológicos são empreendimentos
imobiliários, coordenados de forma a criar um ambiente de cooperação entre as
empresas instaladas e a comunidade acadêmica, com o objetivo de fortalecer a
capacidade de inovação da comunidade onde estão inseridos. É preciso não
Capítulo 2 Referencial teórico 72
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
confundir com um distrito industrial (área imobiliária onde apenas as empresa são
instaladas), mas o parque tecnológico, além da área física delimitada, viabiliza o
desenvolvimento de um ambiente de forte integração entre as escolas e as
instituições de pesquisa e as empresas ali instaladas, funcionando como um fio
condutor entre clientes e recursos humanos e tecnológicos das IES. Os gestores dos
parques tecnológicos são os responsáveis pela estimulação à interação e
transferência de tecnologia das instituições de pesquisa para as empresas, além de
manter a constante capacitação empresarial das firmas nele estabelecidas.
Adotarse-á aqui a denominação de Pólo Tecnológico como sinônimo de
Parque Tecnológico, ou mesmo de Tecnópolis.
s) Programas de Gestão Tecnológica
Os programas de gestão tecnológica são desenvolvidos geralmente em
parcerias com o governo (federal, estadual ou municipal), juntamente com
empresas.
Na esfera federal, mais especificamente no MCT (2009), existe o Programa
de Gestão Tecnológica para a Competitividade (PGTec), que visa o desenvolvimento
de competências em gestão tecnológica voltadas para o sucesso das empresas.
t) Programas de Educação Continuada
O Ministro da Educação, Haddad, em artigo apresentado na revista Revej@
Mec (2007), diz que o conceito de Programa de Educação Continuada remetia
principalmente à idéia de formação e aprimoramento profissional para a adaptação
do cidadão diante de um mundo em constante mudança, atualmente este conceito
abarca a formação cidadã para a participação democrática e o desenvolvimento
humano.
u) Cursos de Extensão e Cursos Extraordinários
Os cursos de extensão universitária, geralmente acadêmicos e com pequena
carga-horária, destinam-se a complementar conhecimentos em áreas específicas.
v) Programa de Educação à Distância
Com o desenvolvimento da tecnologia da informação, uma das formas de
efetuar a capacitação de funcionários sem a necessidade de deslocamento dos
Capítulo 2 Referencial teórico 73
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
mesmos para fora da empresa e sem o custeio de deslocamento do docente para
dentro da mesma, além do custeio de hospedagem e diárias, seria o uso do
mecanismo conhecido como Ensino a Distância.
A importância deste mecanismo pode ser constatada atualmente, pela criação
de uma secretaria governamental que trata exclusivamente sobre a Educação à
Distância, conhecida como Secretaria de Educação à Distância (SEED).
x) Agências e Núcleos de Inovação Tecnológica – NIT
De acordo com a Lei N.º. 10.973, de 2 de dezembro de 2004 (PLANALTO,
2004), artigo 2º, inciso VI, o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) seria o núcleo ou
órgão constituído por uma ou mais Instituição Científica e Tecnológica (ICT), com a
finalidade de gerir sua política de inovação.
z) Trabalhos de Diplomação ou Trabalhos de Conclusão de Cursos junto
às empresas
No artigo de Hruschka et al. (2005), é enaltecida a importância dos Trabalhos
de Diplomação (TD), mais conhecidos como Trabalhos de Conclusão de Curso
(TCC), como uma alternativa para um melhor aproveitamento dos conhecimentos
adquiridos durante a graduação, através da aplicação direta nas empresas ou
necessidade do setor empresarial objetivando a uma aproximação da IES com o
setor produtivo, buscando a resolução de problemas existentes na empresa, desta
forma, o TD deve ter características inerentes da academia e do mercado de
trabalho no qual o aluno está se inserindo.
Considerando o amplo espectro de atividades de cooperação entre IES e
empresa, Lima (2004b) afirma que deverão ser consideradas todas as formas de
colaboração, desde as relações pessoais informais (a IES não é envolvida), as
relações pessoais formais (convênio entre IES e empresas), os convênios formais
com objetivo definido e os convênios formais sem objetivo definido.
Capítulo 3 Título do Capítulo 3 74
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente capítulo aborda os aspectos relativos à sistemática utilizada para
alcançar os objetivos propostos neste trabalho, compreendendo a natureza básica
do estudo, caracterizando a pesquisa, apresentando o método a ser empregado,
bem como procedimento de coleta, tratamento e análise dos dados obtidos.
O desenvolvimento do processo da pesquisa se efetivou a partir da aprovação
do projeto de dissertação, tendo como estudo o tema gestão de IES particular,
baseado na revisão do referencial teórico, e principalmente nos dados do INEP
referente as IES particular no Brasil. Estes procedimentos compreendem e formam o
referencial, acerca do tema sobre os quais foram trabalhados e os delineamentos
dos resultados da pesquisa
3.1 Classificação da Pesquisa
3.1.1 Natureza da Pesquisa
O método adotado para esta pesquisa é resultante de sua natureza e fim a
que se propõe. Fachin (2006), define o método como a escolha de procedimentos
sistemáticos para descrever e explicar um estudo.
Quando se trata de uma pesquisa cuja intenção é verificar quais são as
principais práticas de gestão nas IES em estudo que caracterizam a transferência de
tecnologia entre IES particular e Empresa, a pesquisa é de natureza aplicada, já que
a mesma visa fazer uma investigação analítica de uma situação prática.
Do ponto de vista de sua natureza configurou-se como aplicada por gerar
conhecimentos para aplicação prática, objetivando a solução de problemas
específicos. Trata-se de uma pesquisa aplicada (MARCONI; LAKATOS, 2006),
tendo em vista que seus resultados foram testados na prática, empiricamente, não
se limitando apenas a uma pesquisa de revisão de literatura, o que no caso, a
tornaria uma pesquisa básica.
De acordo com a forma de abordagem do problema esta pesquisa é
considerada como qualitativa, sendo, de acordo com Triviños (1987), é o tipo de
abordagem que permite analisar os aspectos implícitos ao desenvolvimento das
Capítulo 3 Título do Capítulo 3 75
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
práticas organizacionais e a interação entre seus integrantes. Conforme Godoy
(1995), é melhor compreender o fenômeno no contexto onde está inserida e do qual
é parte, pois possibilita analisá-lo numa perspectiva integrada. É enfatizado ainda
que a pesquisa qualitativa possibilita o uso da imaginação e da criatividade do
pesquisador e da realidade sobre o tema escolhido, explorando os mais diversos
enfoques para o enriquecimento do seu estudo.
Neste estudo, além da pesquisa documental, foi adotada a abordagem
qualitativa, e pesquisador participante, pois produz respostas adequadas aos
objetivos propostos, uma vez que o pesquisador tem a oportunidade de observar e
colher informações participando do ambiente real do foco em estudo.
Utilizando a classificação de Selltiz; Wrightsman; Cook (1987), a natureza
básica de um estudo de pesquisa classifica-se em três tipos: exploratórios,
descritivos e causais. Os estudos exploratórios são indicados para quando não há
preocupações com generalizações, mas com a ampliação da compreensão do
fenômeno, e o fundamental é descobrir idéias e intuições.
Os estudos descritivos têm por finalidade caracterizar uma situação, grupo ou
indivíduo, descrevendo e identificando a freqüência com que certo fenômeno ocorre
ou como está relacionado com algum outro.
Os estudos causais buscam verificar uma hipótese de relação causal entre
variáveis, ou seja, emitir quantitativamente relações de dependência entre variáveis.
Segundo Marconi; Lakatos (1996), os estudos exploratórios contribuem no
desenvolvimento de hipóteses, no aumento da familiaridade do pesquisador com um
ambiente, fato ou fenômeno, na realização de uma pesquisa futura, bem como, para
modificar e elucidar conceitos. Cervo; Bervian (2003) afirmam que este tipo de
pesquisa faz descrições precisas da situação, tentando descobrir o relacionamento
que existe entre os elementos componentes da mesma.
Este estudo baseou-se nos conceitos anteriores esta pesquisa é de natureza
descritiva e de nível exploratório, uma vez que o tema proposto, gestão das IES e
seus instrumentos de transferência de tecnologia, ainda pouco exploradas por outros
estudos. É também descritiva, pois para Gil (2006), visa descrever percepções,
Capítulo 3 Título do Capítulo 3 76
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
expectativas e sugestões dos informantes-chaves, envolvidos diretamente com o
tema.
Gil (2006), afirma que as pesquisas exploratórias têm o objetivo de
proporcionar maior entendimento do problema. Elas envolvem levantamento
bibliográfico, entrevistas com pessoas envolvidas no problema pesquisado e análise
de exemplos que gerem a compreensão. Normalmente, assumem a forma de estudo
de caso.
3.1.2 Método
Método científico significa o caminho para chegar a um fim ou pelo qual se
atinge um objetivo. O método é de extrema importância, pois permite traçar esse
caminho a ser seguido na evolução do trabalho (MARCONI; LAKATOS, 2006).
Em relação ao método de abordagem a pesquisa se caracteriza como
dedutiva que segundo Marconi; Lakatos (2006), parte das teorias e leis já existentes
sobre o assunto abordado, e na maioria das vezes prediz a ocorrência dos
fenômenos particulares (conexão descendente). Para tal, realizamos um estudo a
partir da análise de um referencial teórico sobre a existência ou não de transferência
de tecnologia no instrumento de gestão, ou seja o PDI das IES em estudo.
Portanto, entre os métodos científicos apresentados na literatura, verificou–se
o que o método dedutivo é o mais adequado para a pesquisa, uma vez que, os
dados serão coletados de uma amostra de stakeholders (gestores educacionais) de
uma organização do setor de prestação de serviços na área educacional. A técnica
de coleta de dados dará através da observação sistemática e questionário enviado
via meio eletrônico ou pessoalmente.
Com relação ao procedimento técnico, essa pesquisa será um Estudo de
caso. Por tratar de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, no
qual os limites entre o fenômeno e o contexto não estarem claramente percebidos
(YIN, 2005).
A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias
segundo GIL (2006), por sua flexibilidade. É recomendável nas faces iniciais de uma
Capítulo 3 Título do Capítulo 3 77
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
investigação sobre temas complexos ou nas situações em que o objeto do estudo já
é suficientemente conhecido, a ponto de ser enquadrado em determinado tipo ideal.
O estudo de caso é um método em que o fenômeno é estudado e analisado
em seu contexto real, e para a pesquisa em questão tem como finalidade de obter
dados para a construção de uma estrutura de referência na gestão de IES particular,
identificando algum processo de transferência de tecnologia em seu instrumento de
gestão, o PDI.
O método de estudo de caso apresenta algumas potencialidades conforme
(GIL, 2006):
• A proximidade que permite ao pesquisador com os fenômenos estudados;
• A possibilidade de aprofundamento das questões levantadas, do próprio
problema e de obtenção de novas e úteis hipóteses;
• A investigação do fenômeno dentro de seu contexto real;
O método estudo de caso também apresenta algumas limitações, sendo elas:
• Os estudos de caso não permitem generalizações das conclusões obtidas
no estudo para toda a população, tendo em vista focalizar a sua atenção
em poucas unidades do universo;
• A visão que fornece quanto ao processo/situação se limita aos casos
estudados.
• O estudo depende da cooperação e da boa vontade das pessoas que são
fontes de informação.
Este estudo foi fundamentado em pesquisa bibliográfica, meios eletrônicos e
na vivência real.
3.2 Instrumento de Coleta de Dados
A coleta de dados constitui-se uma tarefa importante na pesquisa e envolve
diversos passos, tais como: a determinação da população a ser estudada, a
elaboração do instrumento de coleta, a programação da coleta e também os dados e
a própria coleta (CERVO; BERVIAN, 2003).
Capítulo 3 Título do Capítulo 3 78
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Para Collis e Hussey (2005) a amostra é formada por alguns membros de
uma população. Esta pesquisa terá a seleção da população através da amostragem
por julgamento, já que os participantes são selecionados pelo pesquisador com base
em suas experiências do fenômeno em estudo. Entretanto, nesse tipo de
amostragem o pesquisador toma a decisão antes do começo da pesquisa e não
procura outros contatos que podem surgir durante o curso do estudo.
Na amostragem não-probalística, nem todo elemento da amostra tem a
probabilidade de ser selecionado para compor a amostra, de modo que não se pode
especificar as chances que cada elemento possui de ser escolhido para a amostra
(MARCONI; LAKATOS, 2006).
Segundo Cervo e Bervian (2003, p.98),”devem ser buscados entrevistados de
acordo com sua familiaridade ou autoridade em relação a um determinado assunto”.
Neste estudo os questionários foram enviados aos gestores educacionais das IES
em estudo (Mantenedores/Diretores/Coordenadores).
Neste estudo, a população foi composta por Instituições de Ensino Superior
particular da região em estudo e uma amostra de 47 (quarenta e sete) IES. Adotou-
se o procedimento da amostragem não-probabilistica intencional, onde o
pesquisador escolhe os casos que acredita serem importantes quanto à contribuição
a ser dada à pesquisa, considerando ainda, que o estudo é exploratório.
A de coleta de dados realizou-se através de questionário e análise sistemática
de documentos. Para Santos (2002) a observação sistemática sugere um
planejamento prévio, um plano de ação e uma avaliação dos resultados; exige a
indicação do campo, do tempo, da duração e os instrumentos a serem usados; e a
descoberta ocorre por acaso, sem intenção prévia, fruto do olhar e ouvir de forma
organizada, continuada e coordenada. Para Moreira e Caleffe (2006) a pesquisa
observacional é um método de obter dados quantitativos e qualitativos a respeito de
pessoas e situações.
3.2.1 Questionário
A prática da pesquisa qualitativa tem ensinado que, em geral, a utilização de
questionário estruturado tem dado melhores resultados se trabalhando em diferentes
grupos de pessoas (TRIVIÑOS, 1987). Este instrumento de coleta de dados faz-se
Capítulo 3 Título do Capítulo 3 79
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
necessário quando os dados não podem ser encontrados em registros e fontes
documentais e que podem se fornecidos por determinadas pessoas.
Este estudo trabalhou com gestores educacionais (Mantenedores/
Diretores/coordenadores), pessoas com grau de experiência diferenciado em relação
ao desenvolvimento da gestão de IES, para o qual foi utilizado o questionário como
instrumento de coleta de dados.
Devido à complexidade e dificuldade na obtenção dos dados, o
desenvolvimento da coleta dos dados foi composto pelas seguintes fases:
1) Foi delimitado a região geográfica do Estado de São Paulo em estudo, e
após esta identificação, foi efetuada uma pesquisa no site do SEMESP e
no portal do INEP para identificar as IES em estudo tendo assim a
provável população e amostra da pesquisa;
2) Na fase inicial de coleta de dados, foi utilizado como instrumento de coleta
de dados um questionário piloto em três IES, para identificar os aspectos
positivos e negativos das questões formuladas. Rea e Parker (2000)
recomendam um teste prévio do instrumento em condições reais de
pesquisa. Durante este teste, segundo os autores, as perguntas mal
redigidas serão identificadas e a qualidade geral do instrumento será
aperfeiçoada;
3) Após verificação de que o instrumento de pesquisa não apresentava mais
dúvidas, partiu-se para o envio aos gestores das IES em estudo, foram
feitos alguns contatos telefônicos, enviados vários e-mail e pesquisas nos
sites das IES para identificar o possível gestor responsável da IES para
responder o questionário.
4) Foram enviados 47 (quarenta e sete) questionários os quais:
18 (dezoito) IES responderam;
29 (vinte e nove) IES não responderam;
12 (doze) questionários foram entregues pessoalmente;
35 (trinta e cinco) via meio eletrônico (e-mail);
Capítulo 3 Título do Capítulo 3 80
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
5) As questões foram elaboradas a partir do embasamento teórico, a
tabulação final limitou-se a trabalhar com as respostas das questões
fechadas previamente formuladas. A maior dificuldade encontrada foi o
retorno dos questionários respondidos pelos gestores das IES em estudo,
dos questionários entregues pessoalmente 83,3% responderam e
devolveram, dos enviados por e-mail apenas 22,8% responderam e
entregaram.
ENVIADO
PESSOALMENTE
ENVIADO VIA
∑ %
Questionário não
respondido
02 27 29 61,70
Questionário
respondido
10 08 18 38,30
∑ 12 35 47 100,0
Resumo das resposta do questionário. Quadro N.º 04Fonte: autor.
2
27
10
8
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Enviado Pessoalmente Enviado via e-mail
Questionário respondido
Questionário não respondido
Capítulo 3 Título do Capítulo 3 81
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
2
10
27
8
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Questionário não respondido Questionário respondido
Enviado via e-mail
Enviado Pessoalmente
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 82
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Apresentação dos dados e Interpretação dos resultados
Este capítulo apresenta os resultados obtidos no estudo de caso, com as
percepções dos gestores acerca dos itens abordados nas questões. Como
complemento, o Apêndice A traz o roteiro do instrumento, com as questões
orientadoras.
4.1.1 Identificação:
Gráfico 04 Números de IES que participam da pesquisa
Fonte: Elaborado pelo autor.
Participaram 47 IES particulares4 sendo que 18 IES responderam o
questionário, esta amostra foi determinada após a definição da região geográfica em
estudo, tendo o compromisso com os gestores em respeitar a não divulgação dos
nomes das IES, todos responderam o ítem nome da Mantenedora e Mantida.
Observa-se ainda que é maior o número de IES com menos de 13 anos de sua
fundação, isto se deve a expansão do ensino superior particular, citado no
referencial teórico no item 2.1.3, a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e bases
da Educação Nacional (LDB 9394/96), vem sendo observada na maioria das cidades
brasileiras, percebe-se também com essa expansão ocorreu um aumento no
4 As IES particulares são mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado e podem se organizarcomo instituições privadas com fins lucrativos ou particulares em sentido estrito – instituídas e mantidas por uma ou maispessoas físicas ou jurídicas de direito privado Muriel (2006).
Número de IES que participaram da pesquisa
IES que não responderam
62%
IES que responderam
38%
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 83
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
credenciamento de IES, bem como na autorização de novos cursos e no aumento
no número de vagas, autorizados pelo Ministério da Educação (MEC).
Quanto a função do gestor das IES observa-se que 60% dos gestores detém
o cargo de Diretor acadêmico/geral, enquanto que 25% detém o cargo de gestor da
IES (mantida), e também é representante da mantenedora e apenas 15% detém o
cargo de coordenador administrativo/geral como gestor da IES. A grande maioria
das IES apresenta em sua organização acadêmica a definição da função do gestor
educacional bem caracterizada, concluí-se que também dos 25% gestores que
desempenha duas função na IES tanto na mantenedora como na mantida. Pode-se
afirmar que estas IES onde estes gestores mantenedores ou são pessoas altamente
competentes ou estas IES ainda não passaram por um processo de
profissionalização5 de sua gestão.
Gráfico 05 Função do Gestor Educacional na IESFonte: Elaborado pelo autor.
a) Nome da Mantenedora:
18 respondidos
b) Nome da IES Mantida:
18 respondidos
5 Lodi (1994) considera a profissionalização em seus vários aspectos: (1) o processo pelo qual uma organização, familiar ounão, assume práticas administrativas mais racionais, modernas e menos personalizadas; (2) o processo de integração degerentes contratados e assalariados no meio de administradores familiares; (3) a adoção de determinado código de formaçãoou não de conduta num grupo de trabalhadores; (4) a substituição de métodos intuitivos por métodos impessoais e racionais;(5) a substituição de formas de contratação de trabalho arcaicas ou patriarcais por formas assalariadas.
Função do Gestor Educacional
Coordenador15%
Mantenedor25%
Diretor60%
Diretor
Coordenador
Mantenedor
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 84
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
c) Qual o ano de fundação da IES
12 IES têm menos de 13 anos de fundação;
06 IES têm mais de 13 anos de fundação;
d) Nome do responsável pelas informações:
18 respondidos
e) Cargo/Função na IES (mantida):
12 são diretores acadêmico/geral;
03 são coordenadores administrativos/geral;
05 são diretores (mantida) e membros da mantenedora.
2 Vínculo empregatício do responsável pelas informações:
Gráfico 06 Vínculo empregatício dos Gestores das IESFonte: Elaborado pelo autor.
a) Contratado/CLT – 07 gestores;
b) Mantenedor/Quotista – 11 gestores
Quanto ao vínculo empregatício conclui-se que a gestão das IES ainda
encontra-se em processo de profissionalização de seus gestores, ou seja 72% são
“donos” e ao mesmo tempo fazem a gestão de suas próprias IES (mantidas). Pode-
se constatar que o número de gestores “donos” pertencem as IES com menos de 20
cursos de graduação. Portanto o tamanho das IES é um fator que está diretamente
relacionado a gestão. Mais do que uma ferramenta de gestão, a profissionalização
Vínculo empregatício dos Gestores das IES
Contratado/CLT28%
Mantenedor/Quotista
72%
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 85
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
do setor surge como uma forte tendência em dois outros sentidos: como defesa e
aposta no futuro. Primeiro é visto pelo setor como uma boa opção para se proteger
do aumento da inadimplência e da evasão. Com uma gestão sólida, as IES
particulares passam a ter alternativas para cobrar os inadimplentes, ou dar a eles
opções de financiamento, dentro dos limites permitidos pela legislação.
3 Qual a categoria jurídica da IES junto ao MEC?
Gráfico 07. Distribuição das IES por categorias AdministrativasFonte: Elaborado pelo autor.
Das 18 IES que responderam a pesquisa, 15 IES são com fins lucrativo, 03 IES são
sem fins lucrativo, sendo 01 Fundação6, 01 Filantrópica7, 01 Comunitária8.
6 Fundação são IES particulares sem fins lucrativos de caráter social, criadas e mantidas por iniciativa particular ou do Estado,com finalidades filantrópicas, educacionais, assistenciais, culturais, científicas ou tecnológicas, tendo, como fundamento de suaexistência, um patrimônio destinado a um fim Muriel (2006).7Filantrópicas são IES particulares sem fins lucrativos ou de assistência social que prestem os serviços para os quais foraminstituídas e os coloquem à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, semqualquer remuneração Muriel (2006).8 Comunitárias são IES particulares sem fins lucrativos instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoasjurídicas, inclusive cooperativas de professores e alunos que incluam, na sua entidade mantenedora representantes dacomunidade Muriel (2006).
Distribuição das IES por categorias Administraivas
Faculdades Isoladas
55%
Universidades6%
Centros Universitários
6%Institutos Superiores de
Educação11%
Faculdades Integradas
22%
FaculdadesIsoladas
FaculdadesIntegradas
InstitutosSuperiores deEducaçãoCentrosUniversitários
Universidades
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 86
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
4 Processo de profissionalização na gestão da IES desde sua fundação;
Gráfico 08. Processo de Profissionalização na gestão das IESFonte: Elaborado pelo autor
13 IES afirmaram que sim;
05 IES afirmaram que não;
As IES são organizações que, em geral, têm uma natureza tradicional e,
portanto, devem rever sua função diante desse cenário de alta taxa de mudanças de
forma que possibilite rápida adaptação. Nota-se que as respostas confirmam os
dados da questão que trata sobre a função dos gestores: 05 eram gestores
mantenedores, confirmando que nestas IES o processo de profissionalização de sua
gestão não aconteceu, pois elas são administrada pelos seus fundadores (dono).
Além dos fatos citados, convém ressaltar o aspecto relativo ao tamanho da IES,
pois, à medida que se expandem, aumentando o número de cursos, de alunos e de
funcionários, maiores são as dificuldades para administrá-las com base no modelo
de gestão onde a figura do proprietário é predominante.
Processo de profissionalização na gestão da IES
Houve 72%
Não houve 28%
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 87
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
5 A gestão da IES é caracterizada como uma gestão:
Gráfico 09 – Características de gestão nas IES
Fonte: Elaborado pelo Autor
08 IES afirmaram ser uma gestão Familiar;
10 IES afirmaram que sua gestão é profissional;
Este é um grande desafio para as IES particulares que têm mantenedoras
com estrutura familiar e que se prolonga até as mantidas, fazendo com que os
gestores de primeiro escalão nem sempre tenham autonomia para decisões.
A IES de gestão familiar, ao iniciar suas atividades, de modo geral, possui
estrutura administrativa muito simples, caracterizando-se pela concentração total de
poder e de tomada de decisão do fundador (dono da IES). Este assume as funções
administrativas da organização, como marketing, recursos humanos, finanças, mas
geralmente, não possui formação profissional adequada. Nos caso das IES
particulares em estudo, após alguns anos, verificou-se a conquista no mercado
educacional, sendo que e 56% das IES em estudo estão deixando a gestão
amadorística de lado e buscando o caminho da profissionalização em sua gestão.
6 Total de cursos de Graduação:
02 IES apresentam 02 curso de graduação;
02 IES apresentam 07 curso de graduação;
04 IES apresentam 10 cursos de graduação;
02 IES apresentam 15 cursos de graduação;
Característica de gestão nas IES
Gestão Profissional
56%
Gestão Familiar44%
Gestão Familia Gestão Profissional
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 88
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
02 IES apresentam 16 cursos de graduação;
01 IES apresenta 19 curso de graduação;
01 IES apresenta 20 curso de graduação;
01 IES apresenta 25 Curso de graduação;
01 IES apresenta 28 Curso de graduação;
01 IES apresenta 37 Curso de graduação;
01 IES apresenta 60 Curso de graduação;
7 Do total de cursos de graduação, quantos são de:
as 18 IES detém 239 cursos de graduação sendo que:
existem 230 cursos de Licenciaturas;
existem 193 cursos de Bacharelado;
existem 73 cursos de Tecnólogos;
existem 37 cursos de Formação específica;
existem 20 IES que identificaram como outros.
8 Total de Curso de Pós-Graduação:
as 18 IES apresentam 128 cursos de pós graduação nível Lato Sensu,
9 Do total de cursos de pós-graduação, quantos são da área de:
23 cursos da área exatas;
68 cursos da área humanas;
12 cursos da área biológicas;
15 cursos da área tecnologia.
10 cursos de outras áreas.
10 Total de IES com Curso Superiores de Tecnologia:
12 IES apresentam cursos de Tecnologia.
11 As modalidades de ensino dos cursos quanto a presença é:
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 89
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Dos 230 cursos de licenciatura 197 são presencial e 33 são à distância;
Dos 193 cursos de bacharelado 177 são presencial 16 são à distância;
Dos 73 tecnólogos 71 são presencial 02 a distância;
Dos 37 de formação específica 36 são presencial e 01 à distância.
4.1.2 Organização da IES
12 A IES possui organograma funcional?
12 IES afirmaram que sim;
06 IES afirmaram que não;
No que se refere à organização9, julgamos pertinente referirmo-nos às
considerações no que tange à configuração organizacional, pois é uma peça
fundamental para a obtenção de um melhor desempenho no processo de gestão de
uma IES. Verifica-se que em 33 % das IES prevalece uma estrutura tradicional, do
tipo verticalizada e funcional
13 Mecanismo de acompanhamento de seus egressos;
16 afirmaram que possuem algum tipo de mecanismo, enquanto duas afirmaram não
possuir tais condições.
O acompanhamento dos egressos, apesar de não ser uma exigência
prevista na legislação, é um item previsto no roteiro sugerido pelo MEC para
elaboração do PDI, pois permite as IES obterem informações sobre as necessidades
de conhecimentos desses profissionais no mercado de trabalho. Apenas 11% das
IES não apresentam mecanismos de acompanhamento de egressos. Teóricamente
estão desperdiçando a oportunidade de criar outras fontes de receitas para IES,
através dos cursos de extensão, de aperfeiçoamento e de especialização, através
da educação continuada. E ainda as informações prestadas pelos egressos podem
contribuir para reformulação do PPI, PDI e Curriculum dos cursos de graduação.
14 Perfil regional onde a IES está inserida;
9 O conceito de organização utilizado nesta pesquisa é o de organização como função administrativa, que expressa o ato deorganizar, estruturar e integrar os recursos humanos, materiais, financeiros e os órgãos – departamentos e setores –incumbidos de sua administração, estabelecendo as relações entre eles, bem como as atribuições de cada um (TACHIZAWA EANDRADE, 2006).
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 90
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
15 indicaram como Industrias;
11 indicaram como Agropecuária;
16 indicaram como Agro-industrial;
18 indicaram como Comércio;
16 indicaram como Turismo.
15 Inserção geográfica da IES;
18 IES indicaram como Local;
18 IES indicaram como Regional;
02 IES indicaram como Nacional;
nenhuma IES indicaram Internacional.
4.1.3 Organização Didático-Pedagógica
16 Processo de construção do Projeto Político Institucional (PPI) na IES;
Nenhuma IES afirmou não ter PPI; sendo que:
04 IES afirmaram ser elaborado por uma assessoria/consultoria externa;
08 IES afirmaram que foi elaborado pela própria IES;
06 afirmaram ter sido elaborado pela própria IES, mas com a colaboração de
assessoria/consultoria externa;
Nenhuma IES afirmou ter sido elaborado por uma pessoa da IES.
17 Processo de elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) na
IES?
Nenhuma IES afirmou não ter PDI; sendo que:
04 IES afirmaram ser elaborado por uma assessoria/consultoria externa;
08 IES afirmaram que foi elaborado pela própria IES;
06 afirmaram ter sido elaborado pela própria IES, mas com a colaboração de
assessoria/consultoria externa;
Nenhuma IES afirmou ter sido elaborado por uma pessoa da IES.
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 91
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Este fato está de acordo com Wood Jr. e Caldas (2002), que ressaltam a
importância da consideração das condições locais para o planejamento, sendo
positivo o fato de as IES desenvolverem internamente o seu PDI, pois uma ajuda
externa não seria adequada se não existisse “[...] compreensão das condições
locais”.
18 Situação atual do PDI da IES;
05 IES afirmaram estar aprovado pelo MEC;
02 IES afirmaram que está em análise no MEC;
Nenhuma afirmaram que está em fase de elaboração;
11 afirmaram que está aprovado pelo MEC, mas com aditamento;
Nenhuma afirmou que não possui.
19 Relacionamento do PDI e com as empresas;
18 IES afirmaram que sim
20 Situação legal do Regimento Interno (RI) da IES?
16 afirmaram ter e estar aprovado pelo MEC;
02 afirmaram está em análise no MEC;
O regimento Interno é um instrumento que regula o funcionamento da IES e o
mesmo deve ser aprovado pelo MEC e CNE, de acordo com a LDB 9394/96. A
grande maioria das IES, 89%, possui seus Regimentos Internos (RI) devidamente
aprovados pelo MEC e CNE, sendo que outros 11% estão com seus regimentos
internos tramitando pelos órgãos competentes.
As questões 21, 22 e 23 são representadas no quadro 05 e interpretadas e
sua análise no próximo capítulo.
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 92
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
MECANISMO DE COOPERAÇÃO A B C
Participação de empresários no Conselho Universitário/Escolar da IES 3 8 1
Conselho de empresários como função consultiva 1 0 1
Visitas dos dirigentes às empresas; 18 14 4
Destaque a empresários que se sobressaíram no relacionamento com a Instituição; 6 4 4
Mesas-redondas com empresários para discussão curricular 3 1 1
Encontros para intercâmbio de informações com recrutadores de pessoal 3 8 2
Sistematização e suporte à contratação de estagiários 17 9 9
Estágio de professores nas empresas; 1 14 3
Pesquisas tecnológicas em parcerias 1 16 0
Prestação de serviços de cunho tecnológico; 2 18 1
Parceria no suporte financeiro para o desenvolvimento de projetos; 6 9 3
Serviço de resposta rápida de informação tecnológica – consultorias; 1 5 1
Implantação e gestão de Núcleos de desenvolvimento de tecnologia em parceria; 1 7 1
Compartilhamento de equipamentos, cedidos pela empresa, na IES; 1 14 1
Atividades com ex-alunos que estão em atividade na indústria; 6 16 5
Utilização do estágio, enquanto disciplina, como meio de troca de informações; 16 15 15
Incubadoras, Parques e Pólos; 1 16 0
Programas de Gestão Tecnológica; 2 15 1
Programas de Educação Continuada; 8 11 3
Cursos de Extensão e Cursos Extraordinários; 15 13 2
Programas de Educação à Distância; 2 3 3
Agências e seus Núcleos de Inovação Tecnológica – NIT; 0 1 0
Trabalhos de Diplomação ou Trabalhos de Conclusão de Cursos junto às empresas; 18 13 18
Possui acompanhamento de seus egressos; 16 12 9
Quadro.05 Mecanismo de Cooperação
Fonte: Elaborado pelo autor
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 93
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
5 CONCLUSÕES
Toda IES particular é um empreendimento na área educacional. Além de
prestar um serviço à sociedade, também objetiva a obtenção de lucro para poder
investir no próprio negócio. O mercado tende a se profissionalizar cada vez mais,
como pode-se observar pelo número de IES particulares que o Brasil teve um
“boom” tremendo de crescimento. Esse crescimento mascarou a necessidade de
gestão, porque tem aluno para atender, há um estoque, uma demanda. As IES
particulares crescem com base no aumento de alunos, no faturamento, mas, depois,
como sustentar esta estrutura que cresceu? Se não tiver gestão, não souber gerir o
negócio, acaba tendo problema da inadimplência, deteriora o fluxo de caixa e entra
num ciclo vicioso e acaba se endividando e até fechando por problemas de gestão.
A presente pesquisa buscou atender o requisito da linha de pesquisa do
programa que é explorar e aplicar os conceitos da Engenharia de produção para IES
particulares, identificar a existência de processos de transferência de tecnologia no
instrumento de planejamento (PDI) das IES particulares em estudo.
5.1.Considerações sobre os objetivos do estudo
Objetivo específico 01 – Conhecer as IES particulares em estudo em função
de sua organização administrativa perante o MEC.
As normas gerais que regem o ensino superior brasileiro (público e privado),
constam de dois instrumentos legais principais: a Constituição Federal de 1988
(artigos 207, 208, 213 e 218) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB 9394/96), conhecida como LDB. A regulamentação do ensino superior se dá
através do Decreto 3.860 de 9 de julho de 2001. Além desses, há um conjunto de
medidas Provisórias, Decretos, Resoluções, Portarias Ministeriais e pareceres do
Conselho Nacional de Educação – CNE, e do Ministério da Educação – MEC.
O ensino, conforme artigo 209 da constituição Brasileira/1988, é livre à
iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: 1) cumprimento das normas
gerais da educação nacional; e 2 ) autorização e avaliação de qualidade pelo Poder
Público.
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 94
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
As IES particulares são mantidas e administradas por pessoas físicas ou
jurídicas de direito privado e podem se organizar como: 1) instituições privadas com
fins lucrativos ou particulares em sentido estrito – instituídas e mantidas por uma ou
mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado; e 2) instituições privadas sem
fins lucrativos, que podem ser: Comunitárias, Confessionais , Filantrópicas e
Fundações.
Através do artigo 209 da Constituição, o MEC exerce o papel de órgão
regulador e fiscalizador do ensino superior, através do conjunto de normas e
procedimentos para este fim. O sistema brasileiro de educação superior quanto à
organização acadêmica, classifica-se em: 1) Universidade; 2) Centro Universitários;
Faculdades Integradas, Faculdades Isoladas e Institutos Superiores ou Escolas
Superiores, 4) Centro de Educação tecnológica –CETs.
A classificação das IES é de grande interesse para o setor, porque afeta sua
autonomia para criar novos cursos e decidir quanto à oferta de vagas nos seus
diversos cursos. As universidades e os Centros Universitários estão dispensados de
solicitar ao poder público autorização para abrir novos cursos superiores, em função
das prerrogativas de autonomia que gozam.
As IES classificadas como Faculdades e CETs não possuem autonomia para
a criação de cursos e aumento de vagas. Elas necessitam de autorização do MEC,
através da avaliação in loco – efetuada por uma comissão de avaliação, designada
pelo MEC/INEP.
Todas as IES, independente da organização acadêmica e da autonomia que
desfrutam, necessitam ter seus cursos reconhecidos pelo MEC.
Objetivo específico 02 – Identificar a existência do PDI nas IES em estudo;
A partir de 2002, o MEC começou a exigir o PDI junto aos processos de
credenciamento, autorização e reconhecimento de cursos. Por essa razão, 88% das
IES responderam que estão com seu PDI aprovado ou com aditamento, apenas
12% ainda não tem seu PDI aprovado pelo MEC.
O PDI está intrinsecamente ligado ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da
IES. Para a execução do PPP são necessários recursos físicos e financeiros, os
quais dependem dos diversos planos da IES e de recursos da mantenedora. Esses
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 95
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
recursos financeiros devem estar assegurados no PDI. O PPP, para ser coerente
com o PDI, deverá ser concebido dentro da própria IES, de acordo com a sua
filosofia e missão. O PPP representa uma visão macro da IES.
O PPP constitui-se no elemento chave da gestão acadêmica, mantendo a
coerência e articulação com PDI e com os projetos pedagógicos dos cursos.
O PPP e PDI foram desenvolvidos por assessoria e/ou consultoria externa em
22% das IES, 44% pela própria IES e 33% pela própria IES mas com colaboração de
assessoria e/ou consultoria externa. A elaboração do PPP deverá levar em
consideração as necessidades de formação para o mundo do trabalho e necessita-
se ouvir a classe empregadora.
Conforme a legislação determina, às IES tem a necessidade da definição de
um planejamento. Procurando dotar as IES de um instrumento sobre o qual elas
possam se orientar no desenvolvimento de suas atividades, o PDI consiste em um
documento em que se definem a missão, os objetivos e as metas da IES.
Além disto, o PDI tem como objetivo tornar-se uma ferramenta de avaliação
das IES, quando do seu credenciamento, recredenciamento, autorização e
reconhecimento dos seus cursos, tornando-se, portanto, o principal instrumento de
gestão sobre o qual deverá se basear a avaliação realizada pelos organismos
oficiais do Estado. Neste sentido, a elaboração do PDI enseja uma atenção por parte
das IES, pois os objetivos e metas estabelecidas serão cobradas nos seguidos
processos de avaliação que o MEC tem realizado.
O PDI deve ser elaborado, segundo a última orientação do MEC, de acordo
com as seguintes etapas:
1. Estabelecimento do perfil da instituição: nesta etapa a instituição de ensino
deve declarar qual é a sua missão e definir quais são os objetivos e metas gerais
para a organização;
2. Estabelecimento do Modelo de Planejamento e da Gestão da Instituição:
nesta etapa a IES deve elaborar seus objetivos e metas específicos para a
organização acadêmica e administrativa, para o planejamento e organização
didático-pedagógico, para a oferta de cursos, para a infra-estrutura física e
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 96
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
acadêmica e para os aspectos financeiros e orçamentários. Além disto, deverá
relacionar o que atualmente já realiza em todos estes aspectos;
3. Estabelecimento da Forma da Avaliação e Acompanhamento do
Desempenho Institucional: nesta etapa a instituição deve definir os objetivos
específicos para esta questão, além de explicitar as formas atuais com que a
instituição desenvolve a avaliação e o acompanhamento das atividades da
organização; e
4. Definição do cronograma de implantação do PDI: nesta etapa a IES deve
apresentar as etapas e o cronograma de implementação do PDI.
Objetivo específico 03 – Verificar se o PDI contempla algum tipo de
relacionamento entre IES-empresas.
Foram identificados os principais mecanismos de relação IES-empresas,
dentre os 24 mecanismos de cooperação IES-empresas descritos no referencial
teórico. Segundo Brescianin et all. (1994) os mecanismos que podem auxiliar a
instituição na melhoria da qualidade de ensino a partir da cooperação IES-empresas,
constatou a existência de praticamente todos estes mecanismo, alguns de forma
intensa e outros de forma esporádica.
Os cinco mecanismos mais presentes no PDI das IES são:
• Visitas dos dirigentes às empresas;
• Sistematização e suporte à contratação de estagiários;
• Utilização do estágio, enquanto disciplina, como meio de troca de
informações;
• Trabalhos de diplomação ou trabalhos de conclusão de cursos junto às
empresas;
• Possui acompanhamento de seus egressos.
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 97
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
0
1
1
1
1
1
1
1
2
2
2
3
3
3
6
6
6
8
15
16
16
17
18
18
Agências e seus Núcleos de Inovação Tecnológica – NIT;
Compartilhamento de equipamentos, cedidos pela empresa, na IES;
Conselho de empresários como função consultiva
Estágio de professores nas empresas;
Implantação e gestão de Núcleos de desenvolvimento de tecnologia em parceria;
Incubadoras, Parques e Pólos;
Pesquisas tecnológicas em parcerias
Serviço de resposta rápida de informação tecnológica – consultorias;
Prestação de serviços de cunho tecnológico;
Programas de Educação à Distância;
Programas de Gestão Tecnológica;
Encontros para intercâmbio de informações com recrutadores de pessoal
Mesas-redondas com empresários para discussão curricular
Participação de empresários no Conselho Universitário/Escolar da IES
Atividades com ex-alunos que estão em atividade na indústria;
Destaque a empresários que se sobressaíram no relacionamento com a Instituição;
Parceria no suporte financeiro para o desenvolvimento de projetos;
Programas de Educação Continuada;
Cursos de Extensão e Cursos Extraordinários;
Possui acompanhamento de seus egressos;
Utilização do estágio, enquanto disciplina, como meio de troca de informações;
Sistematização e suporte à contratação de estagiários
Trabalhos de Diplomação ou Trabalhos de Conclusão de Cursos junto às empresas;
Visitas dos dirigentes às empresas;
Entre os mecanismos de relacionamento IES-empresas descritos na lista abaixo quais estão presente no PDI desta IES?
Gráfico 10 – Mecanismo de relacionamento entre IES-empresa presente no PDIFonte: Elaborado pelo Autor
As relações IES-empresas são fundamentais para o desenvolvimento do
ensino de qualidade e de extrema importância para a formação dos futuros
profissionais. A classe empresária não deve apenas buscar o lucro, mas também ser
solidário para com a educação superior como um caminho seguro para corrigir as
distorções sociais.
É preciso buscar diferentes parcerias com as empresas capazes de agregar
valor ao papel das IES. Não se trata de subjugar-se as leis de mercado, nem é
necessário que as empresas planejem substituir internamente o papel das IES. Seus
papéis são complementares e o ganho é generalizado.
Objetivo específico 04. Identificar os mecanismos de relacionamento entre
IES-empresas, que caracterize a transferência de tecnologia.
Os sete mecanismos mais presente de transferência de tecnologia que se
aplicam nas IES são:
• Trabalhos de diplomação ou trabalhos de conclusão de cursos junto às
empresas;
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 98
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
• Utilização do estágio, enquanto disciplina, como meio de troca de
informações;
• Possui acompanhamento de seus egressos.
• Sistematização e suporte à contratação de estagiários;
• Atividades com ex-alunos que estão em atividades na indústria;
• Mesas-redondas com empresários que se sobressaíram no
relacionamento com a instituição;
• Visitas dos dirigentes às empresas;
0
0
0
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1
1
1
1
1
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2
2
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3
3
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9
9
15
18
Agências e seus Núcleos de Inovação Tecnológica –NIT;
Incubadoras, Parques e Pólos;
Pesquisas tecnológicas em parcerias
Compartilhamento de equipamentos, cedidos pela empresa, na IES;
Conselho de empresários como função consultiva
Implantação e gestão de Núcleos de desenvolvimento de tecnologia em parceria;
Mesas-redondas com empresários para discussão curricular
Participação de empresários no Conselho Universitário/Escolar da IES
Prestação de serviços de cunho tecnológico;
Programas de Gestão Tecnológica;
Serviço de resposta rápida de informação tecnológica – consultorias;
Cursos de Extensão e Cursos Extraordinários;
Encontros para intercâmbio de informações com recrutadores de pessoal
Estágio de professores nas empresas;
Parceria no suporte financeiro para o desenvolvimento de projetos;
Programas de Educação à Distância;
Programas de Educação Continuada;
Destaque a empresários que se sobressaíram no relacionamento com a Instituição;
Visitas dos dirigentes às empresas;
Atividades com ex-alunos que estão em atividade na indústria;
Possui acompanhamento de seus egressos;
Sistematização e suporte à contratação de estagiários
Utilização do estágio, enquanto disciplina, como meio de troca de informações;
Trabalhos de Diplomação ou Trabalhos de Conclusão de Cursos junto às empresas;
Quais itens de Transferência de Tecnologia se aplicam em sua IES?
Gráfico 11 – Itens de transferência de Tecnologia que se aplicam na sua IES
Fonte: Elaborado pelo Autor
A criação e desenvolvimento de mecanismos de interação entre IES e as
empresas que caracterize a transferência de tecnologia, teve como base
informações coletadas junto as IES na sua maioria inicia-se de forma tênue, na
forma de estágios, trabalhos de conclusão de curso junto às empresas,
acompanhamentos dos egressos e visitas técnicas, evoluindo para interações de
maior complexidade, chegando a ter nas IES a participação da sociedade na
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 99
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
definição dos caminhos a serem seguidos pela IES, como é o caso do Conselho
Empresarial verificado em resposta da IES pesquisada.
Para as IES o estabelecimento de parcerias permite um maior conhecimento
da realidade técnica, econômica e social e sua incorporação nos PDI das IES, bem
como a contribuição para a transformação tecnológica e social que se espera das
IES. Enquanto que para a empresa representa a oportunidade de encontrar nas IES
respostas para seus problemas tecnológicos e consequentemente melhoria da
qualidade de produtos e processos, e a sua modernização.
0
1
1
3
4
5
7
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8
9
9
11
12
13
13
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16
16
18
Conselho de empresários como função consultiva
Agências e seus Núcleos de Inovação Tecnológica – NIT;
Mesas-redondas com empresários para discussão curricular
Programas de Educação à Distância;
Destaque a empresários que se sobressaíram no relacionamento com a Instituição;
Serviço de resposta rápida de informação tecnológica – consultorias;
Implantação e gestão de Núcleos de desenvolvimento de tecnologia em parceria;
Encontros para intercâmbio de informações com recrutadores de pessoal
Participação de empresários no Conselho Universitário/Escolar da IES
Parceria no suporte financeiro para o desenvolvimento de projetos;
Sistematização e suporte à contratação de estagiários
Programas de Educação Continuada;
Possui acompanhamento de seus egressos;
Cursos de Extensão e Cursos Extraordinários;
Trabalhos de Diplomação ou Trabalhos de Conclusão de Cursos junto às empresas;
Compartilhamento de equipamentos, cedidos pela empresa, na IES;
Estágio de professores nas empresas;
Visitas dos dirigentes às empresas;
Programas de Gestão Tecnológica;
Utilização do estágio, enquanto disciplina, como meio de troca de informações;
Atividades com ex-alunos que estão em atividade na indústria;
Incubadoras, Parques e Pólos;
Pesquisas tecnológicas em parcerias
Prestação de serviços de cunho tecnológico;
Quais são os itens que tratam de Transferência de Tecnologia?
Gráfico 12 – Itens que tratam de transferência de tecnologia
Fonte: Elaborado pelo Autor
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 100
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Prestação de serviços de cunho
tecnológico;
Atividades com ex-alunos que estão em
atividade na indústria;
Incubadoras, Parques e Pólos;
Pesquisas tecnológicas em
parcerias
Programas de Gestão Tecnológica;
Utilização do estágio, enquanto disciplina, como meio de troca
de informações;
Quais são os itens que tratam de Transferência de Tecnologia?
Entre os mecanismos de relacionamento IES-empresas descritos na lista abaixo quais estão presente no PDI desta IES?
Quais itens de Transferência de Tecnologia se aplicam em sua IES?
Gráfico 13 – Resultado-IFonte: Elaborado pelo Autor
Pode-se verificar através do gráfico13, que apesar de mais de 80% dasinstituições apontarem os 6 indicadores como exemplos de transferência detecnologia, apenas a utilização da experiência obtida pelo estagiário é efetivamenteimplantada como tal na maioria das instituições entrevistadas. Os outros 5indicadores apesar de serem colocados como bons exemplos de transferência detecnologia são empregados por menos de 30% das instituições entrevistadas.
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 101
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Trabalhos de Diplomação ou Trabalhos de Conclusão
de Cursos junto às empresas;
Utilização do estágio, enquanto disciplina, como
meio de troca de informações;
Possui acompanhamento de seus egressos;
Sistematização e suporte à contratação de estagiários
Quais são os itens que tratam de Transferência de Tecnologia?
Entre os mecanismos de relacionamento IES-empresas descritos na lista abaixo quais estão presente no PDI desta IES?
Quais itens de Transferência de Tecnologia se aplicam em sua IES?
Gráfico 14 – Resultado-II
Fonte: Elaborado pelo Autor
No gráfico 14 pode-se visualizar que os pontos indicados como exemplos detransferência de tecnologia mais utilizados pelas IES e indicados no PDI da maioriadelas são os estagiários, trabalhos de conclusão de curso e informações deegressos
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 102
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Considerações Finais
Ressalta-se ainda que o tema “gestão de IES particulares” é um tema
relativamente novo, mas esbarra na questão da lucratividade, por considerar a
educação como negócio ou uma mercadoria. Penso, que as IES particulares,
precisam qualificar a gestão, pois enfrentam um cenário em que o sistema de ensino
superior é caracterizado, entre outros fatores, pela concorrência, pela necessidade
do financiamento, pela necessidade de corresponder às exigências do MEC e pelas
expectativas dos discentes. Obviamente que essas demandas coexistem ao lado de
outras que são inerentes ao ensino superior, vindas, em grande parte, das legitimas
expectativas e necessidades da sociedade como um todo.
Numa perspectiva de gestão de IES particulares, todo negócio, independente
da finalidade (lucrativa ou não) deve ser gerenciado como um empreendimento. O
lucro é necessário para a remuneração do capital investido e/ou para reinvestir no
próprio negócio. Além disso, os gestores acreditam que terminado o crescimento
desenfreado dos últimos anos, virá agora um momento de depuração do mercado,
onde só os “fortes” resistirão. Assim, as IES começam a buscar novas alternativas
de financiamento e gestão, não apenas para melhorar sua gestão interna, mas
também para atrair investidores externos, que darão a sustentação necessária para
que a instituição consiga se recuperar quando o mercado voltar a crescer.
Com este trabalho, espera-se dar uma contribuição aos gestores das IES
particulares, sejam elas com ou sem fins lucrativos, na busca de um modelo de
gestão que possa preocupar-se com a qualidade de ensino e a responsabilidade na
formação das futuras gerações.
Tais considerações mostram que é necessário que as IES entendam que a
educação não é uma mercadoria, mas sim, um bem público e todos têm direito a ela.
Sugestões para trabalhos futuros
Com base nos resultados obtidos nas pesquisas (documental e de campo),
recomenda-se o desenvolvimento de futuros trabalhos, sendo eles:
Capítulo 5 Título do Capítulo 5 103
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
a) avaliar a qualidade de formação dos egressos de IES que utilizam
processos de cooperação IES-empresas;
b) avaliar a qualidade de formação dos egressos de IES que contemplam em
seu PDI processos de transferência de tecnologia;
c) aprofundar os estudos relacionados às práticas de gestão nas IES
particulares;
d) aprofundar os estudos sobre as políticas de relacionamento entre IES
empresas;
e) aprofundar o estudo sobre as políticas que estão sendo adotadas pelo
MEC e sua contribuição para a expansão do ensino superior público e
particular.
Referências 104
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
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Anexo A Título do Anexo A 112
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
APÊNDICE A – INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Dados de Identificação Institucional
Pesquisador: Heron Conrado do Carmo Ferreira, aluno – UTFPr – Ponta Grossa;
Orientador: prof. João Luiz Kovaleski, Dr. – UTFPr – Ponta Grossa;
Objetivos do questionário:
a) Conhecer o perfil das IES particulares em estudo em função de sua organização
administrativa perante o MEC;
b) Identificar a existência do PDI nas IES em estudo;
c) Verificar se o PDI contempla algum tipo de relacionamento entre IES-empresas;
d) Identificar os mecanismos de relacionamento entre IES-empresas, que caracterize
a transferência de tecnologia.
Realizado em ____/____/____
1 Identificação:
Nome da Mantenedora: ___________________________________________
Nome da IES Mantida: ____________________________________________
Qual o ano de fundação da IES? __________
Nome do responsável pelas informações: _____________________________
Cargo/Função na IES: _____________________
2 Vínculo empregatício do responsável pelas informações:
( ) Contratado/CLT;
( ) Mantenedor/Quotista.
3 Qual a categoria jurídica da IES junto ao MEC?
( ) Confessional;
( ) Filantrópica;
( ) Comunitária;
Anexo A Título do Anexo A 113
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
( ) Fundação;
( ) Com fins lucrativos
4 Houve algum processo de profissionalização na gestão da IES desde sua
fundação?
( ) Sim ( ) Não
5 A gestão da IES é caracterizada como uma gestão:
( ) Familiar;
( ) Profissional.
6 Total de cursos de Graduação: __________
7 Do total de cursos de graduação, quantos são de:
( ) Licenciaturas;
( ) Bacharelado;
( ) Tecnólogos;
( ) Formação específica;
( ) outros.
8 Total de Curso de Pós-Graduação: _______
9 Do total de cursos de pós-graduação, quantos são da área de:
( ) exatas;
( ) humanas;
( ) biológicas;
( ) tecnologia.
( ) outros.
10 Total IES com Curso Superiores de Tecnologia: _______
11 As modalidades de ensino dos cursos quanto a presença é:
Licenciaturas; ( ) Presencial ( ) a distância ( ) semi-presencial
Bacharelado; ( ) Presencial ( ) a distância ( ) semi-presencial
Anexo A Título do Anexo A 114
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
Tecnólogos; ( ) Presencial ( ) a distância ( ) semi-presencial
Seqüenciais; ( ) Presencial ( ) a distância ( ) semi-presencial
Formação específica; ( ) Presencial ( ) a distância ( ) semi-presencial
Organização da IES
12 A IES possui organograma funcional
( ) Sim ( ) Não
13 A IES possui algum mecanismo de acompanhamento de seus egressos?
( ) Sim ( ) Não
14 Qual o perfil regional onde a IES está inserida?
( ) Industrias;
( ) Agropecuária;
( ) Agro-industrial;
( ) Comércio;
( ) Turismo.
15 Qual a inserção geográfica da IES?
( ) Local;
( ) Regional;
( ) Nacional;
( ) Internacional.
Organização Didático-Pedagógica
16 Como o Projeto Político Institucional (PPI) foi construído na IES?
( ) Não há PPI;
( ) Elaborado por uma assessoria externa;
( ) Elaborado pela própria IES;
( ) Elaborado pela própria IES, mas com a colaboração de assessoria externa;
Anexo A Título do Anexo A 115
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
( ) Elaborado por uma pessoa da IES.
17 Como o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) foi construído na IES?
( ) Não há PDI;
( ) Elaborado por uma assessoria externa;
( ) Elaborado pela própria IES;
( ) Elaborado pela própria IES, mas com a colaboração de assessoria externa;
( ) Elaborado por uma pessoa da IES;
18 Qual a situação atual do PDI da IES?
( ) Aprovado pelo MEC;
( ) Está em análise no MEC;
( ) Está em fase de elaboração;
( ) Está aprovado pelo MEC, mas com aditamento;
( ) Não possui.
19 O PDI contempla algum tipo de relacionamento com as empresas?
( ) Sim ( ) Não
20 Como está a situação legal do Regimento Interno da IES?
( ) Aprovado pelo MEC;
( ) Está em análise no MEC;
( ) Está em fase de elaboração;
( ) Não possui.
21 Entre os mecanismos de relacionamento IES-empresas descritos na lista abaixo
quais estão presente no PDI desta IES?
( ) Participação de empresários no Conselho Universitário/Escolar da IES;
( ) Conselho de empresários como função consultiva;
( ) Visitas dos dirigentes às empresas;
Anexo A Título do Anexo A 116
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
( ) Destaque a empresários que se sobressaíram no relacionamento com a
Instituição;
( ) Mesas-redondas com empresários para discussão curricular;
( ) Encontros para intercâmbio de informações com recrutadores de pessoal;
( ) Sistematização e suporte à contratação de estagiários;
( ) Estágio de professores nas empresas;
( ) Pesquisas tecnológicas em parcerias;
( ) Prestação de serviços de cunho tecnológico;
( ) Parceria no suporte financeiro para o desenvolvimento de projetos;
( ) Serviço de resposta rápida de informação tecnológica – consultorias;
( ) Implantação e gestão de Núcleos de desenvolvimento de tecnologia em
parceria;
( ) Compartilhamento de equipamentos, cedidos pela empresa, na IES;
( ) Atividades com ex-alunos que estão em atividade na indústria;
( ) Utilização do estágio, enquanto disciplina, como meio de troca de informações;
( ) Incubadoras, Parques e Pólos;
( ) Programas de Gestão Tecnológica;
( ) Programas de Educação Continuada;
( ) Cursos de Extensão e Cursos Extraordinários;
( ) Programas de Educação à Distância;
( ) Agências e seus Núcleos de Inovação Tecnológica – NIT;
( ) Trabalhos de Diplomação ou Trabalhos de Conclusão de Cursos junto às
empresas;
( ) Possui acompanhamento de seus egressos;
( ) Outros. Quais? _________________________________________
22 Quais são os itens que tratam de Transferência de Tecnologia na lista abaixo?
Anexo A Título do Anexo A 117
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
( ) Participação de empresários no Conselho Universitário/Escolar da IES;
( ) Conselho de empresários como função consultiva;
( ) Visitas dos dirigentes às empresas;
( ) Destaque a empresários que se sobressaíram no relacionamento com a
Instituição;
( ) Mesas-redondas com empresários para discussão curricular;
( ) Encontros para intercâmbio de informações com recrutadores de pessoal;
( ) Sistematização e suporte à contratação de estagiários;
( ) Estágio de professores nas empresas;
( ) Pesquisas tecnológicas em parcerias;
( ) Prestação de serviços de cunho tecnológico;
( ) Parceria no suporte financeiro para o desenvolvimento de projetos;
( ) Serviço de resposta rápida de informação tecnológica – consultorias;
( ) Implantação e gestão de Núcleos de desenvolvimento de tecnologia em
parceria;
( ) Compartilhamento de equipamentos, cedidos pela empresa, na IES;
( ) Atividades com ex-alunos que estão em atividade na indústria;
( ) Utilização do estágio, enquanto disciplina, como meio de troca de informações;
( ) Incubadoras, Parques e Pólos;
( ) Programas de Gestão Tecnológica;
( ) Programas de Educação Continuada;
( ) Cursos de Extensão e Cursos Extraordinários;
( ) Programas de Educação à Distância;
( ) Agências e seus Núcleos de Inovação Tecnológica – NIT;
( ) Trabalhos de Diplomação ou Trabalhos de Conclusão de Cursos junto às
empresas;
Anexo A Título do Anexo A 118
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
( ) Possui acompanhamento de seus egressos;
( ) Outros. Quais? _________________________________________
23 Quais itens de Transferência de Tecnologia se aplicam em sua IES?
( ) Participação de empresários no Conselho Universitário/Escolar da IES;
( ) Conselho de empresários como função consultiva;
( ) Visitas dos dirigentes às empresas;
( ) Destaque a empresários que se sobressaíram no relacionamento com a
Instituição;
( ) Mesas-redondas com empresários para discussão curricular;
( ) Encontros para intercâmbio de informações com recrutadores de pessoal;
( ) Sistematização e suporte à contratação de estagiários;
( ) Estágio de professores nas empresas;
( ) Pesquisas tecnológicas em parcerias;
( ) Prestação de serviços de cunho tecnológico;
( ) Parceria no suporte financeiro para o desenvolvimento de projetos;
( ) Serviço de resposta rápida de informação tecnológica – consultorias;
( ) Implantação e gestão de Núcleos de desenvolvimento de tecnologia em
parceria;
( ) Compartilhamento de equipamentos, cedidos pela empresa, na IES;
( ) Atividades com ex-alunos que estão em atividade na indústria;
( ) Utilização do estágio, enquanto disciplina, como meio de troca de informações;
( ) Incubadoras, Parques e Pólos;
( ) Programas de Gestão Tecnológica;
( ) Programas de Educação Continuada;
( ) Cursos de Extensão e Cursos Extraordinários;
( ) Programas de Educação à Distância;
Anexo A Título do Anexo A 119
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
( ) Agências e seus Núcleos de Inovação Tecnológica – NIT;
( ) Trabalhos de Diplomação ou Trabalhos de Conclusão de Cursos junto às
empresas;
( ) Possui acompanhamento de seus egressos;
( ) Outros. Quais? _________________________________________
Anexo A Título do Anexo A 120
PPGEP – Gestão do Conhecimento e Inovação (2009)
ANEXO A – REGIÃO EM ESTUDO - SOROCABA
Fonte: Semesp-2009
RE.