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UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO THAÍS REÁTEGUI GÓES COMPORTAMENTO DE RISCO DOS MOTORISTAS NO TRÂNSITO DE MACAPÁ - AP MACEIÓ - AL 2013

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

THAÍS REÁTEGUI GÓES

COMPORTAMENTO DE RISCO DOS MOTORISTAS NO TRÂNSITO

DE MACAPÁ - AP

MACEIÓ - AL

2013

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THAÍS REÁTEGUI GÓES

COMPORTAMENTO DE RISCO DOS MOTORISTAS NO TRÂNSITO

DE MACAPÁ - AP

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof Ms. Alessio Sandro de Oliveira Silva

MACEIÓ - AL

2013

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THAÍS REÁTEGUI GÓES

COMPORTAMENTO DE RISCO DOS MOTORISTAS NO TRÂNSITO

DE MACAPÁ – AP

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

____________________________________ PROF MS. ALESSIO SANDRO DE OLIVEIRA SILVA

ORIENTADOR:

____________________________________ PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

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“O trânsito desenrola-se no ambiente de veiculo e da via, sendo que ambos influenciam e determinam o comportamento do condutor, dado que qualquer mudança na via provoca alterações no seu comportamento (...)”.

Reinier J. A. Rozestraten

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RESUMO

O presente estudo teve como objetivo analisar os principais comportamentos de risco dos motoristas no trânsito da cidade de Macapá-AP, e sua relação com os acidentes de trânsito, no intuito de verificar maneiras de proporcionar um trânsito mais seguro e consciente a população. A amostra foi constituída por 20 pessoas, motoristas de veículos automotores (carros, motos, ônibus, etc.), moradores da cidade de Macapá-AP, que possuíam Carteira de Habilitação Nacional (CNH), portanto, maiores de 18 anos, entre os quais, 10 eram homens, e 10 eram mulheres com idades entre 18 a 40 anos. Foi aplicado um questionário composto por 14 perguntas objetivas. A análise dos dados foi realizada por meio da construção de uma relação com o levantamento bibliográfico e estão apresentados em forma de texto, tabelas e gráficos em valores expressos em porcentagem com relação ao número de entrevistados. Constatou-se que a maior parte do grupo é composta de jovens que já possuem experiência no trânsito, e já se envolveram em acidentes de trânsito como ativos, acarretando danos materiais e ferimentos leves, mas que ainda assim acabaram cometendo novas infrações. Estas infrações são consideradas comportamentos de risco, visto que expõe ao motorista e aos demais usuários da via ao risco. Observou-se que a falta de fiscalização adequada potencializa este grupo a agir de modo arriscado, e que há a necessidade de mais intervenções com relação a esta questão. Um dos principais meios para intervir nesta questão é a partir da educação para o trânsito desde a infância, assim como um aprimoramento das vias, fiscalização e principalmente um trabalho em conjunto com a população como meio de intervir para a melhora do trânsito.

Palavras Chave: Comportamento de Risco, Trânsito, Acidente de Trânsito e Psicologia do Trânsito.

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ABSTRACT

The present study aimed to analyze the main risk behaviors of drivers in city traffic Macapa-AP, and their relation to traffic accidents, in order to examine ways to provide a safer traffic and conscious population. The sample consisted of 20 persons, drivers of vehicles (cars, motorcycles, buses, etc.), residents of the city of Macapa-AP, which had National Driver's License, so 18 years, between which 10 were men and 10 were women aged 18-40 years. A questionnaire was composed of 14 objective questions. Data analysis was performed by means of building a relationship with the literature and are presented in text, tables and graphs on values expressed in percentage with respect to the number of respondents. It was found that most of the group are young people who have some experience of CNH, and have been involved in traffic accidents as assets, causing property damage and minor injuries, but still ended up committing new offenses. These offenses are considered risk behaviors seen that exposes the driver and other road users at risk. It was observed that the lack of adequate oversight leverages this group to act risky, and that there is a need for more assistance with this issue. One of the main ways to intervene in this matter is from the traffic education since childhood, as well as improvement of roads, supervision and mainly work in conjunction with the population as a means of intervening to improve traffic. Keywords: Risk Behavior, Traffic, Traffic Accidents and Traffic Psychology.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Percentagem de infrações, cometidos e multados, causadas pelos

entrevistados.........................................................................................41

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Caracterização da Amostra....................................................................37

TABELA 2 - Informações relativas a itens de habilitação e condução de veículos....38

TABELA 3 - Frequência e condições em que os participantes dirigem.....................39

TABELA 4 – Envolvimento em acidentes e consequências.......................................40

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 10

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................... 12

2.1 Aspectos Históricos da Psicologia do Trânsito no Brasil..................... 12

2.2 Definição da Palavra Trânsito.................................................................. 14

2.3 O Trânsito................................................................................................... 15

2.4 O Ser Humano e o Ambiente.................................................................... 20

2.5 O Ambiente do Trânsito e o Comportamento Humano......................... 22

2.5.1 O Veículo................................................................................................. 22

2.5.2 A via......................................................................................................... 25

2.6 O Comportamento do Participante doTrânsito...................................... 26

2.7 Comportamento de Risco no Trânsito.................................................... 28

3. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................ 34

3.1 Ética............................................................................................................ 34

3.2 Tipo de Pesquisa....................................................................................... 34

3.3 Universo..................................................................................................... 34

3.4 Sujeitos da Amostra.................................................................................. 35

3.5 Instrumento de Coleta de Dados............................................................. 35

3.6 Planejamento para Coleta de Dados ...................................................... 35

3.7 Planejamento para Análise de Dados ..................................................... 36

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................... 37

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 43

REFERÊNCIAS................................................................................................. 45

APÊNDICE ....................................................................................................... 48

ANEXO ............................................................................................................. 50

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1. INTRODUÇÃO

O trânsito, atualmente, constitui um problema de saúde pública no mundo

inteiro. Na cidade de Macapá, capital do Amapá a situação não é diferente e o

trânsito vem se tornando cada vez mais violento. Dados do departamento de transito

do Amapá (DETRAN-AP, 2012) demonstram que apenas no período de janeiro a

julho de 2012 foram contabilizados 2.314 acidentes de trânsito em Macapá, sendo

que 20 foram os acidentes com vítimas fatais.

Conforme o Dicionário Online de português: “O termo trânsito tem origem no

latim (transitu) e significa de passagem ou em movimento". Assim, ainda que em

nossa língua o trânsito enfatize a dificuldade de locomover-se, também faz sentido,

haja vista que, o significado original da palavra trânsito é também: movimento de

transeuntes ou veículos numa via de comunicação; afluência de pessoas ou

veículos; ato ou efeito de transitar; passagem; trajeto e circulação.

A partir da observação destes dados, verifica-se a urgência desta situação

que se apresenta mundialmente. Conforme os resultados apresentados por diversos

estudos pode-se verificar que o trânsito e o comportamento humano estão

intimamente ligados em uma relação recíproca. A importância desta relação permitiu

que surgissem cada vez mais estudos acerca deste tema a fim de auxiliar e buscar

proporcionar um trânsito mais seguro e consciente a sociedade.

O comportamento de risco está incluído no comportamento humano, e é um

dos principais causadores dos acidentes de trânsito. Destarte, verificou-se

importante o estudo acerca deste tema, pois permite discutir e analisar os principais

comportamentos de risco identificados nos motoristas de trânsito em Macapá-AP, e

buscar formas de proporcionar a melhora destes comportamentos a fim de

assegurar um trânsito mais seguro e consciente para a população.

No trânsito existem alguns elementos fundamentais, como por exemplo, O

pedestre, o qual circula a pé; todas as pessoas são pedestres no trânsito. O ciclista

utiliza a bicicleta para se locomover, e esse deve respeitar a sinalização e as leis

também. Constituem outro elemento, os motoristas, os quais dirigem os veículos,

que pode ser um carro, um ônibus, um caminhão, etc. Para obter a licença para

dirigir, as pessoas têm que ter a idade mínima de 18 anos e precisam da Carteira

Nacional de Habilitação - CNH. Dessa forma, os condutores de motocicleta

necessitam da CNH própria para moto, assim como, o motorista de veículo de

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passeio precisa da CNH apropriada, o mesmo para motoristas de veículo de carga,

de passageiro, etc.

O estudo do comportamento humano no trânsito no Brasil ainda vem

demonstrando um tímido crescimento em relação ao cenário dos países

desenvolvidos. Assim, faz-se pertinente os estudos com relação a este tema em

nosso país, nas mais diversas regiões, para que, a partir destes, possam ser

planejadas novas políticas e ações para auxiliar na melhora do trânsito e estimular

os estudos científicos acerca do tema.

Este estudo teve como objetivo analisar os principais comportamentos de

risco dos motoristas no trânsito da cidade de Macapá-AP, e sua relação com os

acidentes de trânsito, no intuito de verificar maneiras de proporcionar um trânsito

mais seguro e consciente a população.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Breve Histórico da Psicologia do Trânsito

A Psicologia é aplicada ao estudo dos transportes terrestres no Brasil

desde o século XX, inicialmente ao transporte ferroviário e, posteriormente, á

circulação sobre rodas (HOFFMAM, 1995).

Assim, os fatos mais importantes dessa história da Psicologia do Trânsito

no Brasil podem ser apresentados em quatro etapas, vejamos:

A primeira corresponde ao período das primeiras aplicações de técnicas de exame psicológico até a regulamentação da Psicologia como profissão; a segunda corresponde a consolidação da Psicologia do trânsito como disciplina cientifica; a terceira pode ser caracterizada como aquela em que foi verificado um notável desenvolvimento da Psicologia do Trânsito em vários âmbitos e sua presença marcante no meio interdisciplinar e a quarta etapa é marcada pela aprovação do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997) (...) (HOFFMAM e CRUZ, 2011, p. 17)

A primeira etapa ocorreu entre os anos de 1924 a 1962 e foram marcadas

por três vertentes distintas, a saber: a inclusão de instrumento de conhecimento

psicológico no campo pedagógico, utilizando de conceitos e exames para

averiguar uma aprendizagem e posteriormente uma avaliação do desempenho

da lingüística; a produção cientifica no campo acadêmico das instituições

públicas e privadas e por fim, inseriu-se no mundo social do trabalho, através da

inserção o conhecimento da psicologia industrial e do trabalho.

De acordo com Hoffman e Cruz (2011, p. 18): ”essas vertentes traduzem,

efetivamente, os grandes conjuntos de demandas sociais (educação, saúde

mental, trabalho) decisivos à construção da Psicologia na vida brasileira (...)”.

Com certeza, o aspecto psicológico é fundamental para o comportamento da

pessoa no trânsito, pois ajuda a controlar-se nos impulsos e desejos, isto é, nem

tudo que queremos fazer pode ser um caminho seguro, principalmente no que

se refere a condução de automóvel.

Várias instituições de seleção e treinamento industrial e de trânsito, como

por exemplo, o Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT), o Centro

Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional (CFESP) e o Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial (SENAI). Assim, todos eles sob a responsabilidade de

Roberto Mangue, considerado o primeiro expoente da Psicologia de Trânsito no

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Brasil e assim tantas outras instituições foram criadas para apoiar este processo

de aprendizagem, como: a Fundação Getúlio Vargas, Instituto de Seleção e

Orientação Profissional (ISOP) e outras.

A segunda etapa deu-se de 1963 a 1985, foi marcada pelos aspectos

políticos e sociais, neste período ocorreu o Golpe Militar de 1964 e o inicio de

ditadura militar no Brasil. Com isso, observa-se que o conceito de psicologia

“aplicada” perdeu seu sentido tradicional, aqui surgiram os problemas

psicológicos, pois diante deste fracasso, percebeu-se a importância do exame

psicotécnico como forma de avaliação a personalidade. Segundo Santos (1980,

p. 20): “a excessiva preocupação com traços, aptidões, “habilidades” especificas

é substituída aos poucos por uma ênfase nos múltiplos fatores que concorrem

na avaliação da personalidade”.

Já na terceira etapa ocorreu um dado importante que foi o aumento na

sensibilidade da sociedade brasileira e da administração pública para avaliar o

aspecto humano nos acidentes e, uma grande campanha da categoria dos

profissionais do trânsito, principalmente os vinculados aos Detrans, pois estes

são os responsáveis por pensar na segurança das vias brasileira de forma a

propiciar aos nossos condutores de veículos uma maior segurança.

Entretanto, entre vários aspectos desta etapa, destacamos:

A realização do III Congresso Brasileiro de Psicologia do Trânsito em São Paulo, no ano de 1985, que contou com o Dr. Reinier Rozestraten como seu diretor cientifico. Ele provocou um reavivamento das discussões entre psicólogos do trânsito sobre as condições técnicas e politicas e a necessidade urgente de reformular a Resolução 584/81 de 16/09/1981. Em 1986 foi dado um importante passo pelo Governo do Estado de Santa Catarina (...), ao introduzir concurso público para psicólogos atuarem no DETRAN (...). (...) e por último, cabe ressaltar três fatos relevantes para a Psicologia do Trânsito: a criação da Associação Nacional da Psicologia do Trânsito; a criação do primeiro Curso Interdisciplinar de trânsito na Universidade Católica Dom Bosco, em Campo Grande-MS e, a anteprojeto de lei propondo novo Código de Trânsito Brasileiro, enviado em 1993 ao Congresso Nacional. (HOFFMAM e CRUZ. 2011, p. 21-22)

Sendo assim, foram observados grandes avanços da Psicologia do

Trânsito Brasileiro, entre elas, o anteprojeto para reformular o Código de

Trânsito Brasileiro (CTB), evidentemente que precisamos de uma atenção mais

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adequada para o comportamento humano no meio social. Ora, precisa-se de

mais campanhas tantas de prevenção quanto de punição.

Assim, esta quarta etapa iniciou-se com a aprovação do Código de

Trânsito Brasileiro em setembro de 1997, entrando em vigor em janeiro de 1998.

Podemos mencionar que o CTB trouxe vários debates sobre as questões ligadas

à circulação humana e se constituiu um fato importante para os psicólogos

repensarem seu papel frente às decorrências sociais e técnicas.

Este repensar significou intensificar os estudos e análises da circulação humana não mais a partir do automóvel, do metrô, do avião, mas a partir dos seres humanos. Ou seja, esta etapa vem sendo marcada pela produção de uma visão mais humanizada da circulação. (HOFFMAM, 2000, p. 26-36)

Neste sentido, a circulação humana começa a ser fortemente debatidos

nas universidades, em particular no Curso de Psicologia, assim começam a

perceber que é uma questão de politicas da saúde e de educação e não

somente de segurança pública. Segundo Hoffmam (2000), precisamos

humanizar a circulação das pessoas no trânsito, sem dúvida, humanizando

nossos comportamentos teremos um trânsito mais seguro e tranquilo diante de

sua trafegabilidade.

Pois, precisam-se realizar grandes ações e intervenções, estas devem

estar pautadas em princípios estruturados em conceitos claros e estratégicos,

isto servirá como suporte à prática do profissional, para proporcionar e colaborar

pela promoção do comportamento humano no trânsito. Enfim, os condutores de

veículos, precisam ter consciência de respeitar o outro, seja ele pedestre ou não.

Portanto, buscamos uma tranquilidade ao transitar pelas vias de nossa cidade.

2.2 Definição da Palavra Trânsito

Segundo Ferreira (1988, p. 645 apud JUNCAL, 2009, p. 09), “o termo

trânsito tem origem no latim transitu: ato ou efeito de caminhar, marchar,

movimento, circulação de pessoas ou de veículo, tráfego”. Assim, ainda que em

nossa língua o trânsito enfatize a dificuldade de locomover-se, também faz

sentido, haja vista, que o significado original da palavra trânsito é também:

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movimento de transeuntes ou veículos numa via de comunicação; afluência de

pessoas ou veículos; ato ou efeito de transitar; passagem; trajeto e circulação.

Em casa, na família todos têm regras para cumprir, como por exemplo, o

horário das refeições, o horário para dormir e assim por diante. Cada pessoa

tem sua função. Os pais geralmente trabalham fora, os irmãos mais velhos

cuidam dos mais novos e estudam, enfim, cada um tem seu papel. Essas regras

são seguidas e respeitadas para que haja uma convivência tranquila. Até mesmo

na sala de aula, existem regras. Por exemplo: nenhum aluno para se locomover

pulando em cima das cadeiras. Ou seja, para ir de um lugar ao outro, os alunos

não podem subir nas cadeiras, nem pular em cima das mesas.

No trânsito, também existem regras e leis, que devem ser cumpridas, para

que haja organização e para que tudo funcione direitinho. Quando as pessoas

esquecem isso, ou seja, desrespeitam essas regras e leis, é que acontecem os

acidentes.

É muito importante que todos conheçam quais são as formas corretas de

se comportar no trânsito, respeitando as outras pessoas que também convivem

no mesmo espaço. Assim, fica fácil evitar os acidentes, preservar nossa vida e a

vida das outras pessoas.

2.3 O Trânsito

O trânsito está presente na vida do ser humano desde os primórdios. A

necessidade do ser humano em se deslocar por áreas extensas, e de transportar

outros bens existe há séculos e faz com que o homem venha aprimorando cada

vez mais esta organização.

Segundo Auer et al (2009, p. 77):

A mobilidade humana existe desde as origens, na pré-história, quando os indivíduos deslocavam de um território a outro para suprir suas necessidades básicas; é uma questão tão antiga quanto à existência humana. O trânsito é composto por homens.

Assim, não podemos deixar de lembrar que no meio do trânsito existem

seres humanos e com isso, às vezes fazem parte do cotidiano de uma cidade

que se movimenta dia e noite, ou seja, homens e mulheres que buscam no meio

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de transporte uma fonte de renda para se manter e sustentar suas necessidades

humanas. Porém, precisamos de uma preparação de qualidade na aquisição do

documento permitindo a conduzir um veiculo.

Entretanto, no trânsito existem vários elementos que fazem parte no dia a

dia, ora, conforme dispõe o artigo 1º do CTB, é considerado como: “(...) a

utilização das vias por pessoas, veículos, animais, isolados ou em grupos,

conduzidos ou não para fins de circulação, parada, estacionamento e operação

de carga ou descarga.” (CTB, 1988)

Por meio dos anos, o trânsito acabou se transformando em um elemento

necessário para o cotidiano das pessoas, e o transporte de pessoas e bens é

atualmente considerado fundamental no cotidiano das pessoas. Com isso,

qualquer meio de locomoção é importante para os indivíduos, sem eles, elas não

conseguem se locomover de um lugar ao outro, por outro lado, observa-se que

as pessoas usam o veiculo mais como uma arma, do que um meio de

transportar-se. Ora, é preciso ter bom senso no seu uso cotidiano.

Segundo a Rede Interagencial de Informações para a Saúde, este diz:

Consiste em uma das mais vitais e elementares atividades humanas, fundamental a ações como o trabalho, estudo, comércio, lazer, entre outros. Condiciona, portanto, a própria sobrevivência e progresso de uma sociedade. (RIPSA, 2009, p. 01)

Clark define o trânsito como:

Uma situação onde participam e convivem motoristas, ocupantes de veículos e pedestres. Nas vias públicas todos têm o direito de ocupar o seu espaço para que possam se movimentar de um lugar para outro. (CLARK, 1995, p.41)

Porém, esta representação não condiz com a situação do trânsito atual,

onde há uma disputa constante pelo espaço e consequentes acidentes. Precisa-

se de uma conscientização, através de campanhas educativas para termos um

trânsito mais seguro e tranquilo, somente assim, teremos motoristas de

qualidade e tranquilidade na trafegabilidade nas nossas cidades.

Para Machado (2003), citando os ensinamentos de Vasconcellos, a visão

conceitual de trânsito reside em:

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(...) uma disputa pelo espaço físico, que reflete uma disputa pelo tempo e pelo acesso aos equipamentos urbanos – é uma negociação permanente do espaço, coletiva e conflituosa. E essa negociação, dadas às características de nossa sociedade, não se dá entre pessoas iguais: a disputa pelo espaço tem uma base ideológica e política; depende de como as pessoas se veem na sociedade e de seu acesso real ao poder. (MACHADO, 2003, p. 124)

Neste sentido, a partir deste conflito do convívio humano entre interesses

públicos e privados, surge a necessidade de criação das leis e regras que

organizam o trânsito, as quais compõem o Código de Trânsito Brasileiro (CTB,

1988). Rozestraten concebe o trânsito como o “deslocamento pelas vias de

veículos e pedestres que seguem a normas e procedimentos a fim de manter a

integridade dos mesmos.” (ROZESTRATEN, 1988, p.27)

Com isso, as definições apresentadas demonstram que o trânsito pode

ser compreendido de forma diferente a partir do momento em que a cultura, a

política e as regras sociais se distinguem. Vejamos o que o Ministério das

Cidades nos diz a respeito da mobilidade no trânsito entre as pessoas e o

espaço em que vivem:

(...) É necessário considerar tanto a mobilidade quanto o trânsito em si como processos históricos que participam das características culturais de uma sociedade e que traduzem relações dos indivíduos com o espaço, seu local de vida, dos indivíduos com os objetos e meios empregados para que o deslocamento aconteça e dos indivíduos entre si. (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2006, p. 3)

No Brasil encontramos um mercado capitalista, tudo gira em torno do

lucro e comisso, observa-se uma desigualdade social no meio urbano, levando

com que aconteçam vários conflitos. Santos e Silveira (2005), afirmam que:

O Brasil possui características marcadamente capitalistas e representa isto por meio de suas prioridades no trânsito, aumentando e facilitando a circulação dos homens e seus produtos, o que acaba por gerar um trânsito seletivo e desigual. Isto contribui para as complicações no trânsito urbano como os congestionamentos, os conflitos entre seus usuários, etc. (SANTOS e SILVEIRA, 2000, p. 261)

Entretanto, vem crescendo o número de automóveis e motocicletas nas

grandes cidades, pois segundo Vasconcelos (2005, p. 11),

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O aumento nos meios motorizados, principalmente automóveis e motocicletas, têm sido promovido intensamente pela maioria dos países em desenvolvimento, de forma irresponsável e socialmente inaceitável.

Assim, esta situação corrobora para o quadro atual do trânsito brasileiro.

Pois as cidades crescem e se desenvolvem, por outro lado, elas não se

preocupam em organizar o trânsito de suas cidades, porém, precisamos de

politicas públicas tanto preventivas quanto punitivas, somente assim, teremos

mais responsabilidades e respeitos dos condutores de veículos pela vida dos

cidadãos.

As pesquisas demonstram que o trânsito vem se tornando cada vez mais

violento e causa de muitas mortes no mundo inteiro. Estes chegam a classificar

os acidentes de trânsito hoje como uma das maiores causas de mortes violentas

no mundo. Atualmente, o trânsito pode ser considerado um problema de saúde

pública.

Instituições como, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o

Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmam que:

“O trânsito é considerado atualmente uma problemática das mais importantes do século XXI em função dos altos custos sociais e econômicos que geram, além dos sofrimentos incontáveis para vítimas e familiares decorrentes, principalmente, dos acidentes.” (Silva e Alchieri, 2010, p. 695).

Conforme Rocha (2011): “A análise de dados estatísticos apenas afirma o

cenário constatado cotidianamente: o espaço urbano, mais especificamente o

trânsito, encontra-se em condições preocupantes no Brasil e em todo o mundo.”

Esta situação exige medidas urgentes, tanto que a Organização das Nações

Unidas (ONU) lançou a campanha Década de Ação pelo Trânsito Seguro - 2011-

2020.

Em Macapá, observamos que esta situação não é diferente, e o trânsito

se torna cada vez mais violento. Os dados do DETRAN-AP demonstram que

apenas no período de janeiro a julho de 2012 foram contabilizados 2.314

acidentes de trânsito, sendo que 20 foram os acidentes com vítimas fatais. Por

meio destes dados verifica-se o alto número de acidentes para uma cidade

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relativamente pequena, com uma população de apenas 398.204 habitantes

(IBGE, 2010).

Neste sentido, uma das causas deste panorama no trânsito nos dias de

hoje é a estruturação que este foi tomando de forma rápida. Os meios

automobilísticos foram ganhando espaço cada vez mais na década de 40, e

como forma de controlar este crescimento, as autoridades brasileiras

começaram a buscar soluções nas mais diversas ciências, como a psicologia,

por meio da avaliação psicológica como forma de restringir este acesso.

Por outro lado, o processo de avaliação psicológica, assim vem constituir

uma etapa preliminar, obrigatória, eliminatória e complementar desde a década

de 40 para todos os candidatos à obtenção da habilitação, assim como na

renovação desse documento no caso dos motoristas que trabalham exercendo

atividade remunerada conduzindo veículos, conforme regulação do CTB. Pois

esta avaliação é de suma importância para termos um trânsito mais seguro e

tranquilo.

Entretanto, a avaliação psicológica tem como objetivo:

Verificar as condições psicológicas mínimas dos indivíduos para dirigir (p.ex., atenção, inteligência, personalidade) a fim de identificar se eles são capazes ou não de dirigir sem perigo para a própria segurança e de terceiros (CÔRTES, 1952, p. 45; LAMOUNIER e RUEDA, 2005, p. 25).

Mesmo a psicologia sendo considerada como uma ciência que poderia

auxiliar neste quesito do trânsito, hoje em dia esta é ainda desacreditada devido

à falta de mais estudos acerca do tema, ficando apenas em uma avaliação

psicológica rotineira. Segundo Silva e Alchieri (2007, p. 189): “há muito se

discute sobre a efetiva colaboração da avaliação psicológica de condutores na

promoção da segurança, (...)”.

Deste modo, para tal finalidade, é fundamental que haja estudos

constantes na área da psicologia sobre esta dinâmica do trânsito e buscar

formas de aprimorá-lo de modo a contribuir para um trânsito mais seguro à

sociedade. De acordo com Silva e Alchieri (2008, p. 57): “(...) são escassos os

estudos empíricos que buscaram evidências sobre a contribuição efetiva da

psicologia na segurança por meio da avaliação psicológica.”

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Apesar deste fato, um componente sempre presente nas pesquisas tanto

na psicologia como em outras ciências é o fator humano, o comportamento

humano em si influenciando o trânsito, a fim de auxiliar na promoção de um

trânsito melhor a sociedade.

A partir deste aspecto, a proposta deste trabalho visa analisar e discutir os

principais comportamentos de risco identificados entre os motoristas de trânsito

em Macapá, e verificar sua relação com os acidentes de transito a fim de buscar

formas de proporcionar um trânsito mais seguro para população.

2.4 O Ser Humano e o Ambiente

O ser humano é um ser social e ambiental, e possui uma relação

dinâmica com o ambiente ao seu redor. A psicologia, enquanto ciência estuda o

ser humano como objeto central, mas sempre considerando a inter-relação com

o ambiente ao seu redor. Segundo Bock (2002, p. 87): “O homem constitui-se e

se transforma ao atuar sobre a natureza com sua atividade e seus instrumentos.”

Neste sentido, podemos citar a psicologia Sócio-histórica de Vigotskique,

que sintetiza o homem enquanto um ser ativo, social e histórico. Assim, Bock

(2002, p. 89), afirma que: “Para entender o homem em sua totalidade é

necessário estudar sua relação com os seus mais variados ambientes”.

Todavia, o ser humano também é um ser que pensa e se relaciona com

todas as cosias.

Mais do que um ser social o ser humano é um ser ambiental (...). O ambiente é tudo para nós. Funcionamos em um ambiente onde recebemos os estímulos para nossos órgãos de sentidos, as imagens visuais, sonoras e táteis. O ambiente se reflete nos pensamentos e são expressos por meio do comportamento (LÉVY-LEBOYER 1980, p. 18).

Assim, todo ambiente requer regras e normas para o respeito e

convivência entre os indivíduos. Segundo Thielen et al., (2008, p. 131): “A

legislação é um produto social que pretende regular não só condutas individuais

como também relações sociais.”. Com isso, primordialmente, o homem nasce

com anseios naturais, instintos, que vão de encontro com o que a sociedade

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requer, porém, ao longo de seu desenvolvimento, este vai aderindo ao mundo

social.

Pois no contexto social, segundo Thiellen (2008): “(...) a lei está situada

no nível social. No nível individual, os comportamentos das pessoas se

manifestam de forma a aproximar ou se afastar das normas sociais (...)” (p. 132).

Entretanto, por mais que sejam impostam regras e normas ao individuo para sua

convivência em sociedade, o mesmo vai incorporá-las de sua própria maneira,

criando sua própria percepção acerca destas.

A teoria da conformidade social, “o grupo exerce efeitos sociais

profundos aos seus membros.” (COLLIN, 2012, p.225), Ou seja, o grupo

influencia o ser humano em suas atitudes e comportamentos, e acaba por seguir

as normas sociais.

Não há sociedade humana que não possua formas de controle para o comportamento social, da mesma forma que é possível afirmar que não há nenhuma atividade humana, com algum grau de importância, que não tenha regras para executá-la. (ROZESTRATEN, 2011, p.30)

Com isso, nos mais variados ambientes são encontradas normas e regras

a serem seguidas desde o ambiente de casa até o ambiente de trânsito, fazendo

com que o ser humano tenha de se adaptar constantemente a estes diferentes

ambientes.

Conforme, Rozestraten (2011): “denomina estas regras e normas que

rodeiam o ser humano como seu ambiente normativo”. (p.32). Assim, desde

criança o ser humano é educado a agir conforme seu meio, e estas regras e

normas trazem segurança e bem estar à sociedade. Por tal motivo, a sociedade

se choca quando estas leis são violadas.

No que diz respeito ao trânsito e suas leis, Risser (2003), propõe que:

se a legislação aumenta o desejo de ser seguro, ela reduzirá a taxa de acidentes. Se a legislação não consegue produzir um aumento no desejo das pessoas de estarem seguras, mas apenas proíbe uma maneira de se comportar de maneira insegura, às pessoas podem obedecer a essa legislação, mas provavelmente se comportarão de maneira mais insegura de outros modos, e a taxa de acidentes não descerá (RISSER, 2003, p. 21).

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No contexto atual do trânsito, porém, observa-se que estas regras e

normas são descumpridas rotineiramente, e que a sociedade não se surpreende

mais com este fato, e até repete estes mesmos comportamentos. Segundo Beil

(2007, p.17), “Apesar da implementação do CTB, o número de acidentes de

trânsito, ainda é significativo”.

O conflito entre o ser humano e as normas do ambiente podem ser um

dos fatores que contribuem para a situação do trânsito atual do trânsito. Assim,

como Macedo (2004, p.14), nos relata, “(...) um grande conflito emerge no

convívio humano: bem-estar coletivo X necessidades e desejos individuais. Isso

traduz o conflito básico entre interesses públicos e privados”.

2.5 O Ambiente do Trânsito e o Comportamento Humano

Observamos o comportamento humano em relação ao trânsito, que

muitas vezes algumas pessoas buscam uma tranquilidade ao conduzir um meio

de transporte e outros são bastante impacientes ou imprudentes ao dirigir um

veículo. Assim, conforme Rozestraten (2011, p.35), “o ambiente do trânsito

divide-se em subsistemas, e os principais são compostos pelo comportamento

do participante do trânsito, a via e o veículo”. Vejamos cada um desses

elementos em tópicos a seguir.

2.5.1 O Veículo

Segundo a Winkipedia, a palavra automóvel vem do grego auto, por si

próprio, e do latim mobilis, mobilidade, como referência a um objeto responsável

pela sua própria locomoção, ou carro, é um veículo motorizado, com quatro

rodas” (WIKIPÉDIA, 2013).

Assim, a definição abrange a todos os veículos com autopropulsão

movidos a combustão interna, que pode ser gerada por álcool, gasolina, gás,

diesel, hidrogênio, biodiesel ou qualquer outra mistura de combustível,

comburente e calor que provoque a combustão interna, ou híbrida, ou ainda os

veículos terrestres que se locomovam por meio de motores elétricos ou a vapor

com a finalidade de transporte de passageiros e carga.

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Em se tratando de veículo, o automóvel dos dias de hoje dispõe,

tipicamente, de um motor de combustão interna, de dois ou quatro tempos,

propulsionado a gasolina, diesel ou álcool. No entanto, a sua constituição deve a

inúmeras invenções em várias artes e ciências, como a física, matemática,

design.

Neste sentido, o homem se serve de um elemento do ambiente para ser

transportado, como um animal ou um automóvel, que constitui seu ambiente em

movimento. O capitalismo contribuiu para o aceleramento do desenvolvimento

da rede rodoviária, e tornou o automóvel como objeto de desejo dos homens e

mulheres modernos.

No Brasil, o desenvolvimento da indústria automobilística desde o governo de Juscelino Kubitischek, gerou a expansão deste mercado e o automóvel passou a fazer parte da vida das pessoas de uma maneira muito particular assumindo significados que ultrapassam sua função de uso. (MACEDO, 2004, p.15)

Neste sentido, o automóvel significa a possibilidade de autonomia e

independência do individuo, o que contribuiu para o aumento na quantidade de

veículos e consequentemente gerou muitas complicações no trânsito urbano.

Com o aumento do número de veículos, o espaço do trânsito se torna pequeno e

condicionado a locomoção.

Macedo (2004, p. 16) define o espaço do trânsito como:

“A concepção dos espaços fica, assim, condicionada à locomoção. Isso se faz presente no ambiente do trânsito, através da construção de espaços para mais veículos particulares e menos estrutura para o crescimento do transporte coletivo.”

Porém, percebe-se que isto acaba por desencadear o congestionamento

no trânsito urbano. Por outro lado, precisa-se realizar politicas públicas para uma

melhoria nos espaços onde podemos dirigir com tranquilidade e segurança.

Somente assim teremos um trânsito mais seguro e menos violento.

Com relação a sua função, o automóvel representa muito da

personalidade do indivíduo, e seu corpo em movimento no trânsito. Segundo

Alchieri (2011, p. 37): “o automóvel é um ambiente que protege, mas que

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também se movimenta, segundo as condições de direção comandadas pelo

próprio homem”.

Um estudo realizado por Strading (2000, p. 28) investigou o significado do

carro para as pessoas, que associaram o carro principalmente as seguintes

metáforas:

Vestimenta;

Status.

Forma de expressão corporal;

Símbolo sexual ou de poder;

Representação da personalidade;

Extensão móvel da segurança doméstica e território defensivo;

Arma;

Rito de passagem ao se adquirir uma carteira de habilitação de

motorista.

Segundo Vasconcelos (1985, p. 43), o automóvel é:

“uma vestimenta das pessoas que acabam assumindo comportamentos que são representados pela máquina que é controlada por eles. Como pode se observar o automóvel acaba por representar algo muito pessoal para o individuo e acaba por se tornar um fator individualizante”.

Assim, conforme Stanislau (2004, p. 37): “veículo é um monumento do

homem ao seu egoísmo e individualismo, e uma extensão do seu lar”.

Outro estudo acerca deste tema realizado por Corassa (2001, p. 50)

demonstra que o automóvel representa para seus usuários uma extensão da

casa, pois convivem grande parte de seu tempo dentro deste ambiente. “Entre

os dados levantados foi possível perceber que os motoristas estabelecem um

paralelo entre o carro e as peças de uma casa (casa padrão: quarto, sala,

cozinha, banheiro)”. O mesmo autor realiza uma reflexão acerca do significado

da casa na vida das pessoas em nossa sociedade, e coloca a casa no sentido

de um espaço de proteção, um espaço de privacidade, um ponto de encontro,

assim como também um espaço de conflito.

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Se o homem considera o carro como extensão de sua casa vai ter em relação a este os mesmos sentimentos. E no caso de não perceber que num espaço que é público está tendo sentimentos relacionados com o seu espaço privado, pode entrar em situações de conflitos. (Corassa, 2001, p.56)

Neste sentido, estas representações do automóvel denotam um aspecto

pessoal do individuo que acaba por entrar em conflito com as demandas do

coletivo no trânsito provocando os mais variados conflitos no trânsito e o

caracterizando como altamente frustrante. Segundo Macedo, (2004, p. 32): “O

motorista, diante do já instituído, vai agindo e reagindo a esse trânsito dentro de

seu repertório comportamental construído na sua relação com o meio.”

2.5.2 A Via

A via é outro ambiente do trânsito, que influencia sobre a condução de um

veículo. “A via é um ambiente de trânsito, indicando ao condutor do veículo o

que ele pode ou não fazer, o que ele deve ou não fazer.” (ROZESTRATEN,

2011, p. 20). Assim, as condições da via são importantes itens a se considerar

para uma boa fluidez do trânsito e englobam o conceito de via.

Alguns autores definem a via em um conceito mais amplo, e é

considerada como “Tudo que se encontra no espaço da mobilidade, com tudo

que o compõe, desde as condições climáticas e de iluminação até os aspectos

físicos.” (SOARES JÚNIOR, 2007, p.22)

Neste sentido, devemos consideras várias condições adversas que

podem influenciar o ambiente do trânsito, como as condições de iluminação, de

tempo, de via, de trânsito, de veículo e do próprio condutor. (DETRAN - DF,

1994). Segundo Rozeastraten, (2011, p. 34): “(...) um ambiente material

adequado é a primeira condição para um trânsito seguro”. O mesmo autor diz

que: “Dirigir um automóvel ou mesmo andar na calçada são comportamentos

continuamente regulados e orientados pelo ambiente.” (ROZESTRATEN, 2011,

p.23). Considera-se assim importante o processo de tomada de decisão do

condutor frente às condições adversas que lhe são apresentadas no cotidiano do

trânsito urbano, o qual é analisado no processo de avaliação psicológica.

Assim (ALCHIERI et al, 2011, p.38) diz que:

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“Apesar disso, a circulação nas vias não flui tranquilamente e, apesar de serem sinalizadas para conferir maior grau de segurança para condutores e passageiros, dezenas de milhares de pessoas morrem todo ano no trânsito brasileiro, pois apesar da eficácia do aparato de sinalização existente no transito, não há um controle do conjunto dos comportamentos que compõe a atividade de dirigir”.

Neste sentido, a partir destes três principais componentes do trânsito

podemos verificar como o comportamento humano está presente em cada um

deles, e se faz importante para o trânsito em si. É necessário que o trânsito seja

pensado enquanto conjunto dos fatores ao seu redor, algo mais amplo que sua

mera definição, e ir além para buscar soluções para seu desenvolvimento

saudável as pessoas que o compõem.

2.6 O Comportamento do Participante no Trânsito

Como foi visto anteriormente e podemos observar nos aspectos

destacados anteriormente, o comportamento humano está constantemente

presente e influenciando os ambientes do trânsito. Pois, todas as pessoas

necessitam de um transporte, seja ele particular ou coletivo, então, precisamos

buscar um comportamento mais adequado e paciente, ou seja, um

comportamento prudente. Ora, teremos ambiente mais saudável e seguro.

O comportamento humano está intimamente ligado ao trânsito, e pode

gerar muitos dos acidentes de trânsito.

“A cada três quilômetros, o motorista realiza 400 observações, toma 40 decisões e comete um erro. A cada 800 km, um desses erros vira uma quase colisão e a cada 100.000km um desses erros vira um evento desagradável” (GLADWELL, 2001, p. 57).

Mediante a realidade atual, o principal fator a ser explorado neste trabalho

é o comportamento do participante no trânsito, porém é um assunto complexo,

difícil e conforme pode-se observar através dos estudos a respeito do trânsito,

constitui uma das principais causas de acidentes de trânsito. Isto é, a forma

como os motoristas e pedestresse comportam no cotidiano.

Neste sentido, segundo Panichi & Wagner, (2006, p. 27): “Dentre os

elementos que se relacionam com as causas dos acidentes, sabe-se que mais

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de 90% deles estão associados a fatores humanos.” com isso, entre os fatores

humanos, as falhas de direção e/ou erros são indicadas como fator principal do

envolvimento de pessoas em acidente de trânsito.

O ato de dirigir envolve mais que apenas habilidades cognitivas e motoras

dos motoristas, constituindo assim um ato expressivo do condutor. Assim, “O

trânsito exige um complexo trabalho da mente e do cérebro humanos. A pessoa

precisa coordenar num só conjunto: o espaço, o tempo, e muitos objetos (carros,

pedestres, bicicletas, motos), em movimento simultâneo, em diferentes

velocidades produzindo cadeias de relações nos comportamentos das pessoas

envolvidas.” (BEIL, 2007, p.17).

Segundo Rozestraten, (1988, p. 25): “identifica-se três dimensões de

antecedentes ao comportamento humano: o grau de conhecimento, a prática, e

as atitudes. O conhecimento estaria relacionado ao grau de conhecimento do

condutor em relação ao trânsito e suas regras. Sem dúvida essas dimensões

são fundamentais para um bom comportamento das pessoas. Assim, conforme

Gunther, (2001, p. 03): “o conhecimento das leis e regras do trânsito são

condições sinequa non para o trânsito, mas é necessário principalmente que

este conhecimento seja colocado em prática”.

No quesito prática, segundo Gunther, (2011, p. 03):

O grau de habilidade seria aquele queo condutor adquire com o tempo. Neste caso, antes de obter a carteira de habilitação se faz necessário que o candidato tenha aulas práticas de direção que irão ajudá-lo na condução do veículo e consequentemente vai aumentando sua habilidade no trânsito.

Com relação à atitude, esta foi definida por Alport apud Gunther (2001, p.

03), como: “estado neuropsíquico de prontidão para atividade mental e física.”.

Como tal, o condutor deve estar sempre alerta e pronto para agir nas mais

variadas situações no trânsito.

O ser humano e consequentemente seu comportamento no trânsito está

sempre adaptando as situações que ocorrem a sua volta. Assim, conforme

Hoffmam, (2011, p. 231): “no trânsito o ser humano está submetido a pressões

internas e externas como o excesso de ruído, a poluição, a falta de educação,

etc., e que o organismo precisa se adaptar constantemente”.

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Porém, “O comportamento no trânsito e sua convivência com ambiente

social e o ambiente normativo não podem ser considerados de fácil dimensão e

controle.” Como foi visto anteriormente, nesta relação são identificados vários

elementos, os quais devem ser levados em consideração para prover um

trânsito seguro, o que dificulta sua conclusão.

2.7 Comportamento de Risco no Trânsito

A palavra risco deriva do italiano “rischio” ou “resicare” que significa ousar.

Weizflog no dicionário Michaelis (2004), conceitua risco por possibilidade de

perigo, incerto, mas previsível, que ameaça de dano a pessoa ou a coisa. Sendo

assim, o risco éalgo comum e inerente ao cotidiano das pessoas em suas

escolhas e decisões.

Toda decisão gera em determinado risco, e, portanto é importante a

ponderações prévia a nossas decisões, pesar as consequências da

possibilidade de uma atitude. Assim segundo Schenker e Mynaio (apud

BALBINOT,, 2011, p. 24):

Risco é decorrência da decisão de se expor a uma situação na qual se procura a realização de algo cujo caminho inclui a possibilidade de perda ou ferimento físico, material ou psicológico.

Neste sentido, mediante a uma decisão insegura poderá trazer grandes

consequências para as pessoas ligadas ao trânsito. Por isso, conforme Tversks

e Fox (1995, p. 270) definem as teorias da decisão dividindo-as em decisões

consideradas de risco, em que os indivíduos possuem consciência das possíveis

consequências de determinada decisão, e decisões de incerteza, nas quais

estas possíveis consequências não são exatamente conhecidas. Sendo assim,

para Thielen (2002, p. 133-134), o risco é percebido em três níveis:

1) Intrapessoal: onde os níveis elevados de ameaça são concomitantes com estratégias cognitivas de minimização do risco e do seu impacto; 2) Interpessoal, indicam que o envolvimento em relações mais afetivas e intensas, a boa coordenação motora e equilíbrio psicológico levam a um grau maior de confiança e tende a induzir uma percepção de menor risco; 3) Grupal e ideológico, onde se menciona a identidade social, crenças e valores do grupo. „Observa-se que os indivíduos mais engajados percebem o risco menos negativamente, da mesma forma

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como concepções de mundo diferentes orientam a percepção de riscos diferentes, marcando a importância dos fatores ideológicos‟.

Entretanto, os indivíduos que estão constantemente se expondo ao perigo

têm dificuldades na modificação do seu comportamento, pois desenvolvem

estratégias cognitivas de minimização de risco, o que resulta em um circulo

vicioso de exposição cada vez maior ao risco. Evidentemente que as pessoas

que não conseguem manter seus equilíbrios emocionais, com certeza terão

diversos modos de colocarem em perigo tanto a sua vida de condutor de veiculo

quanto a dos pedestres.

Rohrman (2004, p. 31) destaca o lado negativo do risco, e por isso

realizou uma classificação do perigo ao qual,

Uma pessoa pode ser exposta, podendo constituir um perigo físico, perigo social, um perigo financeiro, além do perigo induzido por sentimentos de excitação. Além destes, relata também sobre a perspectiva neutra do risco em que domina a incerteza dos resultados.

Todavia, o individuo pode assim se basear nestes aspectos na hora de

tomar uma decisão. Tais aspectos podem ser observados no trânsito, visto que

consiste em uma atividade onde os indivíduos precisam tomar decisões

constantemente. Assim, segundo Wilde (2005, p.17): “Os seres humanos nunca

podem estar totalmente seguros sobre os resultados de suas decisões. Portanto,

todas as decisões são decisões arriscadas”. Neste sentido, o autor demonstra

um caminho sobre a aceitação do risco ou o limite aceitável do risco. Neste

contexto, o individuo acaba tendo comportamentos arriscados sem ter plena

consciência destas e de suas consequências, ou seja, o risco é inerente ao

comportamento humano. Deste modo, todo comportamento seria considerado

de risco, porém neste trabalho iremos nos concentrar no comportamento de

risco no ambiente do trânsito.

Em se tratando de comportamento de risco, segundo S. Júnior (2007, p.

25), pode ser definido como: “aqueles onde se transgridem as leis de trânsito, ou

quando manifestados comportamentos agressivos por falha humana ou

transgressão”. Sendo assim, pode haver por trás destes comportamentos de

risco as mais variadas motivações de acordo com cada ser humano e sua

história.

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Com isso, foram surgindo as mais variadas teorias acerca do

comportamento de risco no trânsito visando explicar as causas destes

comportamentos e buscar formas de preveni-los. Porém, o comportamento de

risco enquanto um comportamento humano é multideterminado, e segundo

Panichi e Wagner (2006, p. 35): “suas causas, as estão relacionadas à influência

de um contexto complexo de variáveis individuais, comportamentais,

sociocognitivas, ambientais e sociais”.

Diante das mudanças na sociedade, Slovic, (1999, p. 689) relata que:

A personalidade, os fatores sociais, econômicos, culturais e o processamento de informações, todos estes aspectos se conjugam para formar as respostas individuais e sociais aos riscos. Deve-se então considerar todos estes aspectos para entender os motivos de um comportamento de risco.

Esta idéia nos revela a necessidade de conhecimento e reforço na prevenção

em relação a estes quesitos como forma evitar tais comportamentos de risco.

Segundo Balbinot (2011, p.26):

(...) esse comportamento, muitas vezes, envolve o comprometimento da segurança em detrimento da busca por prazer e ganhos. Ao fazer estas escolhas (...), o individuo pode expandir esse comportamento para várias áreas de sua vida (...).

Os motoristas geralmente agem com a percepção de que são

invulneráveis. Ou seja, os mesmos acreditam que são intocáveis e que nada irá

acontecer com os mesmos. Esta ideia de invulnerabilidade dos motoristas deve

ser trabalha de forma que seja desmitificada, com o intuito de diminuir cada vez

mais a ocorrência de comportamentos de risco no trânsito. (BULMAN &

FIRENZE, 1983, p. 19)

Alguns autores dividem o comportamento de risco no trânsito em duas

categorias: o erro e a violação. “(...) todos os motoristas estão suscetíveis ao seu

cometimento em algum grau.” (ABERG E RIMMÖ, 1998, p, 39;

KONTOGIANNIS, KOSSIAVELOU et al., 2002, p. 30). “os erros e violações são

fenômenos intrínsecos ao ambiente de transito, multidimensional e

potencialmente estressante”. (ROZESTRATEN, 2003, p. 48).

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Sendo assim, o erro pode ser definido como o desvio de uma ação

planejada, enquanto que na violação, “a intenção de comportamento está

presente, com ações voltadas a se contrapor aos códigos legais ou de condutas

socialmente aceitas”. (MACEDO, 2005, p. 29). Assim, o erro seria uma ação

involuntária do individuo enquanto que a violação envolveria a intenção do ato.

Parker, (1998, p. 1-14) desenvolveu pesquisas com fins de distinguir os

erros e as violações, a partir de três tipos básicos de comportamento no trânsito:

Lapsos: Comportamentos embaraçosos devido a problemas de atenção e memória, que não costumam resultar em riscos ao motorista; Erros: São falhas de ações planejadas com base em resultados intencionais desejados; Violações/Infrações:desvios deliberados daquelas práticas tidas como necessárias para manter o ambiente seguro.

Beil, (2007, p. 17) pressupõe que:

As infrações incorporariam também os atos ilícitos culposos como a imprudência, que implica na ausência de cautela, negligência, quando se age com desleixo e imperícia, que seria a ausência de cautela. Tais atos podem ser incorporados aos três comportamentos referidos acima.

Assim, mediante a tantas infrações ocorridas no trânsito, espera-se um

determinado comportamento, uma conduta correta e que suas normas sejam

respeitadas, porém nem sempre isto ocorre. Muitas pesquisas foram realizadas

no intuito de averiguar quais os motivos por trás destes comportamentos de

riscos. Pois, precisamos mudar nossa maneira de agir de forma onde todos

possam sentir-se seguros ao transitar pelas vias de nossas cidades.

Para Frasson (2001, p. 52):

As transgressões são plurideterminadas fazem parte de um contexto mais amplo. O mesmo conclui em seu estudo que algumas características da personalidade estão intimamente vinculadas ao comportamento de risco ao volante, tais quais: busca de sensações fortes, alta agressividade e labilidade emocional. Além destes fatores outros aspectos do contexto do individuo também podem influenciar em seu comportamento.

Vale ressaltar, que fatores podem influenciar no comportamento de risco

no trânsito, assim vejamos:

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Sintomas psiquiátricos como a ansiedade, por exemplo, que podem causar vieses de atenção (atenção seletiva para estímulos aversivos), de interpretação de situações e reações motoras exageradas, como sobressaltos. (BEIL, 2007, p. 29)

Além disso, outros fatores nos apontam quanto ao comportamento dos

indivíduos ao conduzirem veículos, assim percebe-se a utilização de álcool e/ou

outras drogas, o que torna maior a probabilidade de ocorrência dos dois tipos de

infração. Sem dúvida, essas atitudes negativas podem trazer consequências

desfavoráveis para os condutores de automóveis e assim, ocorrerão diversas

violências no trânsito.

Barros e Loureiro (2002, p. 38) realizaram uma pesquisa com 505

motoristas em Lisboa, Portugal. Em seu estudo, determinaram as quatro

transgressões mais freqüentemente pelos motoristas, a saber, “1) condução

sobre influencia de álcool; 2) excesso de velocidade; 3) desrespeito pela

sinalização luminosa e 4) ultrapassagem proibida”.

Muitas das transgressões nunca chegam a ser multadas:

Pode-se afirmar que a maioria das transgressões não seja registrada como infração, ou seja, existem muito mais transgressões na realidade do que aquelas que são atuadas dando origem à muitas.Acaba-se assim não havendo um controle efetivo destes comportamentos. (BEIL, 2007, p. 32) “Quando o sujeito desenvolve sistematicamente condutas arriscadas, transgressoras ou tendentes ao acidente, representa um problema objetivo e permanente de segurança viária e, por isso, torna-se um risco.” (FRASSON, 2001, p. 65)

Por outro lado, também ressalta que o individuo exterioriza e repeteestes

comportamentos mesmo antes que seu ato provoque um ato lesivo. Assim, um

conhecimento mais amplo de tais sujeitos e suas características auxiliariam na

prevenção de acidentes por meio da educação preventiva no trânsito.

Dentre as principais causas que reafirmam a dimensão do problema estão: distração, cansaço, embriaguez, falta de prática suficiente, ignorância, imprudência, faculdades mentais avariadas por drogas, estado emocional perturbado por tensões ou emoções fortes, erro de avaliação de velocidade, sentimento de poder transmitido pelo desempenho do veículo, pressões de patrões, ímpetos juvenis, competição, indisciplina, maus exemplos, limitações físicas, estado de pressa justificável ou não, falsa crença „de que nada de mal haverá de me acontecer‟, índole criminosa, entre outras formas de demonstrar

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falta de consciência e de cultura, as quais incorrem riscos. (MARTINS, 2004, p. 15)

Para tanto, observa-se que o comportamento de risco no trânsito envolve

um grande número de variáveis, constituindo um ato perigoso, que coloca em

risco a vida do condutor e dos demais usuários do trânsito. Diante de tal fato,

faz-se necessário cada vez mais as pesquisas acerca deste tema tendo em vista

como afeta negativamente o trânsito e a vida das pessoas.

O estudo do comportamento de risco no trânsito vem crescendo a cada

dia em todos os países do mundo visto o alto índice de acidentes relacionados

ao comportamento de risco. Este estudo tem como objetivo identificar os

principais comportamentos de risco no trânsito entre motoristas de Macapá-AP,

visando buscar formas de proporcionar um trânsito mais seguro e condutores

mais conscientes.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Ética

A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas

fundamentais conforme determina o Conselho Nacional de Saúde - CNS nº

196/96 do Decreto nº 93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as

diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos:

A identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme

apregoa a Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário

identificar-se ao responder o questionário. Todos assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram coletados dados a respeito

de idade, tempo de carteira de motorista para que se poça obter maiores

informações sobre a população pesquisada.

3.2. Tipo de Pesquisa

Neste estudo, o tipo de pesquisa utilizada foi a pesquisa de campo e

bibliográfica que irá incorporar dados qualitativos por meio de revisão

bibliográfica, e através do instrumento de coleta de dados, que será constituído

por um questionário.

3.3. Universo

O presente estudo abrangeu a cidade de Macapá no estado do Amapá. A

população da cidade é de 415.554 habitantes, sendo a 53ª cidade mais

populosa do Brasil e a 5ª cidade mais populosa do norte. Aproximadamente 60%

da população do estado está na capital (IBGE, 2012).

Sua área é de 6.407 km², representando 4.4863% do Estado, 0.1663 %

da Região e 0.0754 % de todo o território brasileiro. Localizada no sudeste do

estado, é a única capital estadual que não possui interligação por rodovia a

outras capitais. Ademais, é a única cortada pela linha do Equador e que é

localizada às margens do Rio Amazonas. Atualmente vive um momento de

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crescimento tanto econômico quanto populacional, o que vem mudando o seu

cenário e atraindo investimentos externos para o estado.

3.4. Sujeitos da Amostra

A amostra foi constituídapor 20 pessoas, motoristas de veículos

automotores (carros, motos, ônibus, etc.), que possuam Carteira de Habilitação

Nacional (CNH), portanto, maiores de 18 anos, entre os quais, 10 eram homens,

e 10 eram mulheres com idades entre 18 a 40 anos residentes na cidade de

Macapá-AP.

3.5. Instrumentos de Coleta de Dados

O instrumento utilizado para coletar os dados desta pesquisa foi

construído de forma semiestruturada, constituindo um questionário com

perguntas objetivas que levam a repostas fechadas e abertas. Composto por 14

perguntas, que abrange a caracterização dos sujeitos, cujas variáveis

incorporam idade, profissão, sexo, tempo de motorista e de Carteira de

habilitação.

3.6. Planejamento para Coleta de Dados

No dia marcado para a pesquisa, dia 15 de novembro de 2012, um

psicólogo orientou os participantes da pesquisa, num total de 20 pessoas -

motoristas da cidade de Macapá - sobre os objetivos desta sua participação

voluntária e com relação à identificação dos mesmos, que serão preservados.

Posteriormente, os participantes receberão o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) e seguidamente foram aplicados os questionários com

tempo livre para sua execução. Foram respondidos 20 questionários.

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3.7. Planejamento para Análise de Dados

Para a análise dos resultados foram elaboradas planilhas no software

Microsoft Excel 2007 em banco de dados, e realização dos cálculos. Assim

como a elaboração das tabelas e gráficos a partir dos dados obtidos.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados deste trabalho serão apresentados em forma de texto,

tabelas e gráficos em valores expressos em porcentagem com relação ao

número de entrevistados, que estarão sendo discutidos ao longo deste capítulo.

Na tabela 1 são apresentados os dados relacionados à característica sócio

demográfica do grupo de entrevistados neste estudo.

Tabela 1 – Caracterização da Amostra

Característica Sócio Demográfica Grupo de Entrevistados Quantidade

Idade 18-29 anos 30-40 anos

65% (13)

35% (07)

Sexo Feminino Masculino

40% (08) 60%(12)

Escolaridade 2º grau incompleto 2º grau completo Superior incompleto Superior completo Pós-Graduação

15% (03) 50% (10) 10% (02) 25% (05)

0% (0)

Profissão Estudante Motorista Vendedor Outros

55% (11) 15% (03) 20% (04) 10% (02)

Fonte: Dados da Pesquisa. Macapá/ Amapá. 2013.

A tabela 1 apontou que a maior parte dos entrevistados é constituída por

jovens de 15 a 29 anos, com 65% dos questionários respondidos, enquanto que

os demais (35%) correspondem às idades de 30 a 40 anos. Com relação ao

sexo, os homens estiveram em maior percentagem (60%) dos questionários

aplicados, com relação as mulheres (40%).

Entre a população pesquisada, 50% possuem o 2º grau completo, 25%

possuem o superior completo, 15% possuem o segundo grau incompleto, e

apenas 10% possui o ensino superior incompleto, sendo que nenhum possui

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pós-graduação. Dentre estes 55% se dizem estudante, 15% trabalham como

motorista, 20% trabalham como vendedor, e 10% responderam que trabalham

em outra profissão que não as apresentadas.

A Tabela 2 apresenta os valores percentuais relativo a características

como tempo de habilitação, exame para aquisição da CNH, tipo de veículo

dirigidos/pilotados pelos entrevistados e origem do veículo. Através da análise

desta, Verifica-se que 60% dos entrevistados possuem de 05 a 10 anos de

tempo de habilitação, o que caracteriza motoristas experientes, com expressivo

tempo de direção de veículos. Apenas 20% dos entrevistados possuem mais de

10 anos de tempo de habilitação e os demais 20% possuem de 02 a 05 anos de

tempo de habilitação. Quanto ao exame de motorista, 70% dos entrevistados

responderam que fizeram o exame de 01 a 02 vezes, e 30% de 02 a 05 vezes.

A metade dos entrevistados costuma dirigir carro e moto, constituindo

50%, e logo em seguida o carro é escolhido como principal meio de transporte

com 30%, enquanto que as opções moto e ônibus tiveram 10% cada uma.

Quanto à questão da propriedade do veículo, pode-se perceber entre os

entrevistados, que 35% dirigem veículos de pais/mães/irmãos, enquanto que

apenas 25% dirigem seu carro próprio. Outros 20% dirigem o veículo do

marido/mulher, 10% dirigem um veículo de propriedade da empresa, e 10%

dirigem um veículo de outra opção que não as apresentadas.

Tabela 2 – Informações relativas a itens de habilitação e condução de veículos

Características específicas Grupo de Entrevistados Quantidade

Tempo de habilitação 02 anos a 05 anos 05 a 10 anos Mais de 10 anos

20% (04) 60% (12) 20% (04)

Exame de motorista 01 a 02 vezes 02 a 05 vezes Mais de 05 vezes

70% (14) 30% (06)

0% (0)

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Tipo de veículo Carro Moto Carro e Moto Ônibus Caminhão Van

30% (06) 10% (02) 50% (10) 10% (02)

0% (0) 0% (0)

Veículo Próprio Pai/Mãe/Irmãos Marido/Mulher Empresa Outrem

25% (05) 35% (07) 20% (04) 10% (02) 10% (02)

Fonte: Dados da Pesquisa. Macapá/ Amapá. 2013.

Na tabela 3, verifica-se os dados com relação à freqüência e condições

em que o participante dirige, sendo que 60% dos entrevistados dirigem todos os

dias, 30% dos entrevistados responderam que dirigem várias vezes na semana,

e apenas 10% responderam que dirigem mais que uma vez na semana. Esta

informação configura este grupo como usuários freqüentes do trânsito, e

conhecedores de suas dificuldades e de suas particularidades.

Tabela 3 – Frequência e condições em que os participantes dirigem

Frequência e Condições com que os

participantes dirigem

Grupo de Entrevistados Quantidade

Freqüência

Todos os dias

Varias vezes na semana

Uma vez por semana

Mais que uma vez por semana

Quase nunca

60% (12)

30% (06)

0% (0)

10% (02)

0% (0)

Local

Indo e voltando do trabalho ou atividades diárias

Durante as horas de tráfego pesado

Nas rodovias(BRs ou estaduais)

40% (08)

10% (02)

15% (03)

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Nas avenidas principais

Nos bairros distantes do centro da cidade

Nas zonas rurais

15% (03)

10% (02)

10% (02)

Fonte: Dados da Pesquisa. Macapá/ Amapá. 2013.

Observa-se também que com relação ao local onde dirigem, 40% dos

entrevistados relataram utilizar o veículo para ir e voltar do trabalho e outras

atividades, 15% nas rodovias (BR‟s ou Estaduais), 15% nas avenidas principais,

10% durante as horas de tráfego pesado, 10% nos bairros distantes do centro da

cidade, e 10% nas zonas rurais, caracterizando assim, um grupo bem

diversificado com relação aos locais frequentados com o veículo.

De acordo com a tabela 4, em relação ao envolvimento em acidentes e

conseqüências destes, o grupo de entrevistados apresentou um número alto

com relação aos tipos acidente descrevendo-se como ativos, o que corresponde

a quando a pessoa colidiu com outro veículo ou obstáculo e apenas 30%

marcaram a opção passivo, que denota quando este foi atingido por outro

veículo ou obstáculo que se interpôs em sua frente. Esta informação nos revela

um grupo com experiências passadas em acidentes de trânsito que foram

causados por estes.

Tabela 4 - Envolvimento em acidentes e consequências

Envolvimento em acidentes e conseqüências

Grupo de entrevistados Quantidade

Tipos de acidente

Passivo

Ativo

30% (06)

70% (14)

Consequências

Danos materiais

Ferimentos leves

Ferimentos graves

50% (10)

30% (07)

15% (03)

Fonte: Dados da Pesquisa. Macapá/ Amapá. 2013.

Tal informação também nos remete aos dados coletados no Detran, os

quais correspondem aos números altos de acidentes de trânsito na cidade de

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Macapá, sendo que apenas no período de janeiro a julho de 2012 foram

contabilizados 2.314 acidentes de trânsito em Macapá, entre os quais 20 foram

os acidentes com vítimas fatais.

Nos dados relativos às consequências destes acidentes, observa-se 50%

dos entrevistados tiveram danos materiais nos acidentes em que estavam

envolvidos, 30% tiveram ferimentos leves, e 15% tiveram ferimentos graves.

Na Fig. 1 podemos observar informações com relação ao envolvimento

em infrações de trânsito. Entre os entrevistados, um número expressivo de 65%

relatou ter estacionado em local proibido sendo que apenas 10% foram multados

por esta infração. 55% dos entrevistados revelaram já ter dirigido embriagado no

trânsito, mas apenas 25% destes foram multados.

Figura 1. Percentagem de infrações, cometidos e multados, causadas pelos entrevistados

Fonte: Dados da Pesquisa. Macapá-AP. 2013.

Em relação às infrações por conta das ultrapassagens em sinal vermelho,

45% dos entrevistados revelaram já ter cometido, e apenas 5% relataram ter

sidos multados. 35% revelaram ter dirigido sem carteira de habilitação e 15 %

foram multados. 35% responderam ter dirigido sem usar o cinto de segurança

sendo que 10% foram multados. 30% dos entrevistados relataram ter dirigido

com excesso de velocidade, sendo que nenhum foi multado por esta infração.

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Na questão relativa ao uso do telefone celular no trânsito, 30% dos

entrevistados relataram ter cometido a infração, e 20% foram multados. Por meio

destas informações pode-se verificar que entre os entrevistados estas infrações

de trânsito são frequentes, e observa-se uma falha na fiscalização desses atos,

o que pode corroborar para um sentimento de liberdade no trânsito e

consequentemente uma maior frequência destes comportamentos de risco.

As infrações podem ser consideradas como comportamentos de risco,

visto que são atitudes que expõem ao risco tanto o motorista quanto aos

usuários da via.

Com relação à característica do grupo de entrevistados, a maioria são

jovens e já envolvidos em acidentes de trânsito e infrações, Wilde (2005),

justifica este perfil como um dos que mais apresentam propensão à aceitação de

risco. Esta informação se confirma no resultado do grupo de entrevistados deste

trabalho.

Este grupo nos demonstra que apesar da experiência no trânsito, da

rotina de direção, e dos acidentes em que se envolveram muitos ainda assim

acabam cometendo infrações colocando em risco a sua vida e dos demais

usuários na pista. Rozestraten (1988), afirma que 80% dos acidentes ocorram

por conta de erros ou infrações cometidas pelo próprio homem.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O principal ponto abordado neste trabalho corresponde aos

comportamentos de risco dos condutores da cidade de Macapá-Ap, tendo como

base o alto número de acidentes em uma cidade relativamente pequena. Como

se pode verificar, estes comportamentos de riscos no trânsito se configuram

como aqueles em que um ato coloca em risco a vida da própria pessoa ou de

outros.

A partir dos dados coletados nos questionário, pode-se verificar que

muitos são os comportamentos de risco cometidos por este pequeno grupo de

entrevistados, sendo que os principais são o estacionamento em local proibido,

dirigir embriagado, ultrapassar o sinal vermelho, e dirigir sem possuir CNH.

Verifica-se por meio deste estudo que muitas vezes, estes

comportamentos não são punidos devidamente, o que pode contribuir para

repetição destes. Toda esta situação acaba por configurar um quadro repetitivo

que gera muitos transtornos a sociedade, resultando em um quadro de

acidentes, e consequentemente, de mortes.

Para tanto, verifica-se que a falta de fiscalização adequada potencializa

este grupo a agir de modo arriscado, e que há a necessidade de mais

intervenções com relação a esta questão. Um dos principais meios para intervir

nesta questão é a partir da educação para o trânsito durante toda vida do ser

humano compreendendo desde a infância até a vida adulta.

O trânsito se faz presente em nossas vidas desde pequenos, e uma

educação mais ampla acerca do mesmo faz com que a população tenha

consciência da importância deste meio e de suas atitudes no trânsito, de forma

que busquem respeitar os outros e promover um trânsito menos violento.

Assim, a Psicologia no trânsito está ligada ao tema saúde em geral e a

saúde mental em particular. Ora, ela nasceu do estudo do acidente, mas

avançou na direção da avaliação dos diversos fatores que motivaram os

acidentes e, os conflitos ligados ao trânsito. Pois, a atuação do profissional de

trânsito precisa se ampliar para realizar pesquisas sobre as condições sociais

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dos condutores, ou seja, o Psicólogo do trânsito precisa colaborar com os

condutores no seu comportamento no trânsito e no ambiente.

Além de um trabalho de prevenção com a população, é necessário ainda

destacar a importância de uma ação mais intensiva e o devido planejamento dos

órgãos competentes do trânsito a fim de busquem a melhora das vias e

promovam comportamentos adequados para um trânsito saudável.

Entretanto, verifica-se que este é um trabalho mais coletivo que individual

em que todos podem e devem fazer sua parte em busca de um trânsito melhor,

afinal este é uma configuração da necessidade atual, recente que estará

presente na vida de todos nós. Assim, toda sociedade deve colaborar para a

construção de um trânsito mais seguro e saudável.

Com as mudanças de comportamento humano no trânsito, buscamos por

meio da segurança um valor fundamental para a construção de uma sociedade

mais humana e justa. Assim, todos devem colaborar para termos uma liberdade

ao de segurança, afastando-se dos riscos que poderão ocorrer no trânsito.

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APÊNDICE

QUESTIONÁRIO

1) Idade: _______ anos.

2) Sexo: ( ) feminino ( ) masculino

3) Escolaridade: _____________________

4) Profissão: ________________________

5) Há quanto tempo você é motorista habilitado? __________ anos.

6) Quantas vezes você fez o exame de motorista?___________ vezes.

7) Qual (ou quais) o(s) tipos de veículo(s) que você costuma dirigir?

_________________.

8) O(s) carro(s) que você dirige é(são)?

( ) Próprios ( ) Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Marido Mulher

( ) Empresa ( ) Outrem:___________.

9) Com que frequência você dirige?

( ) Todos os dias ( ) Várias vezes na semana ( ) Uma vez por semana

( ) Mais que uma vez por mês ( ) Quase nunca

10) Em que locais você costuma dirigir?

( ) Indo e voltando do trabalho ou das atividades diárias

( ) Durante as horas de tráfego pesado

( ) Nas rodovias (BRs ou Estaduais)

( ) Nas avenidas principais

( ) Nos bairros mais distantes do centro da cidade

( ) Nas zonas rurais

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11)Em quantos acidentes você esteve envolvido(a), como motorista, nos últimos 3

anos? Se nenhuma vez, marque 0, ou escreva a quantidade no local apropriado.

TIPOS DE ACIDENTE NÚMERO DE ACIDENTES

Ativo: Você mesmo colidiu com outro veículo ou obstáculo.

Passivo: Você foi atingido por outro veículo ou um obstáculo se interpõe a sua frente.

a) Quais foram as consequências decorrentes destes acidentes?

( ) Só danos materiais. ( ) Ferimentos leves. ( ) Ferimentos graves.

12) Como motorista, dos tipos de infração abaixo, qual(is) dela(s) você já cometeu e/ou

já foi multado nos últimos 3 anos?

INFRAÇÕES COMETIDAS SIM NÃO

MULTADAS SIM NÃO

Estacionamento em local proibido

Excesso de velocidade

Uso do telefone celular no trânsito

Ultrapassar no sinal vermelho

Falta de uso de cinto de segurança

Dirigir embriagado

Sem ter carteira de habilitação

Outros: (citar)

13) O que você acha que poderia ser feito para a melhoria do trânsito na cidade de Macapá?

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ANEXO

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