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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO MÁRCIA CRISTINA ZOLLI MAPEAMENTO DOS TESTES PSICOLÓGICOS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO NO TRÂNSITO NAS CAPITAIS BRASILEIRAS MACEIÓ-AL 2012

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

MÁRCIA CRISTINA ZOLLI

MAPEAMENTO DOS TESTES PSICOLÓGICOS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO NO TRÂNSITO NAS CAPITAIS BRASILEIRAS

MACEIÓ-AL 2012

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MÁRCIA CRISTINA ZOLLI

MAPEAMENTO DOS TESTES PSICOLÓGICOS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO NO TRÂNSITO NAS CAPITAIS BRASILEIRAS.

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Dr. Jorge Luís de Souza Riscado

MACEIÓ-AL

2012

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MÁRCIA CRISTINA ZOLLI

MAPEAMENTO DOS TESTES PSICOLÓGICOS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO NO TRÂNSITO NAS CAPITAIS BRASILEIRAS.

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

___________________________________ PROF. DR. JORGE LUÍS DE SOUZA RISCADO

ORIENTADOR

__________________________________ PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

___________________________________ PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Luciano Zolli e Neli Keller Zolli

E as pessoas que amo,

pelo apoio, compreensão, afeto e pelo tempo que lhes

faltei com carinho e presença.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar rendo a minha homenagem á Deus, mestre criador, que me permitiu a oportunidade dessa vida. Aos meus pais, pelo amor incondicional, dedicação, pelo respeito e apoio em minhas escolhas. Ao meu estimado irmão Cláudio por me auxiliar em todos os momentos em que o recorro, atendendo-me sempre com sua calma e sensatez. Ao Professor Manoel pelo acolhimento, carinho, incentivo e motivação. Ao Professor Jorge pela orientação e dedicação em suas orientações prestadas na elaboração deste trabalho, sempre muito bem humorada.

Aos colegas de turma, que aqui não haveria espaço suficiente para nomeá-los, agradeço a cooperação para o desenvolvimento da minha pesquisa.

A todos os professores da pós-graduação, que sempre nos acolheram com muito afago e dedicação.

Sem outras palavras,

Meu muito obrigada!

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“Tentar e falhar é, pelo menos aprender. Não chegar a tentar é sofrer a inestimável

perda do que poderia ter sido”

(Geraldo Eustáquio).

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RESUMO

A avaliação psicológica no trânsito inclui, entre seus instrumentos, o uso de testes psicológicos. A quantidade de testes psicológicos existentes na atualidade requer que seu uso seja direcionado ao contexto a ser avaliado e que tenha parecer favorável do Conselho Federal de Psicologia. O objetivo dessa pesquisa é mapear e verificar se os testes psicológicos estão sendo usados como uma ferramenta adequada na avaliação psicológica no trânsito nas diferentes regiões brasileiras. Utiliza-se da pesquisa exploratória e da pesquisa de campo para obter as informações necessárias para alcançar o objetivo dado. As informações foram coletadas mediante questionário. Através dessas informações foi possível cobrir 21 estados brasileiros, sendo estes representados por 16 capitais e 26 cidades, permitindo avaliar o uso de testes psicológicos no Brasil. Os resultados obtidos indicam que os profissionais de Psicologia que atuam no trânsito são experientes, utilizando instrumentos aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia e pelo SATEPSI. Foram encontrados 40 tipos de testes utilizados pelos profissionais sendo que os testes de atenção e de personalidade são os mais utilizados, prevalecendo os primeiros, distribuídos pela Casa do Psicólogo, Vetor Editora e Cetepp. O processo de avaliação é diversificado, sendo que cada estado estabelece normas para aplicação dos testes e em alguns estados os psicólogos possuem autonomia para escolher os testes. Os resultados indicam a necessidade de adequação de alguns estados e profissionais às exigências da legislação de trânsito para cumprimento do processo avaliativo. A postura dos profissionais também é salientada pelos participantes que buscam maior comprometimento ético dos profissionais e necessidade de aperfeiçoamento profissional. O desejo de atuar de forma mais abrangente no contexto do trânsito brasileiro é salientado na pesquisa. Sugere-se a padronização dos testes psicológicos e a participação mais efetiva dos psicólogos na conjuntura atual do trânsito brasileiro. Conclui-se que o profissional que atua no contexto do trânsito pode atuar de forma mais efetiva, indo além de suas funções, participando ativamente do processo de planejamento urbano e educação para o trânsito, visando transformar a sociedade e ampliar o espaço de atuação da Psicologia do Trânsito. Palavras-chave: Psicologia. Trânsito. Testes psicológicos.

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ABSTRACT

A psychological evaluation in traffic includes among its instruments, the use of psychological tests. The amount of psychological tests exist today requires that its use be directed to the context being evaluated and has a favorable opinion of the Federal Council of Psychology. The goal of this research is to map and verify that psychological tests are being used as a suitable tool for psychological evaluation in traffic in different regions. It is used in exploratory research and field research to get the information needed to achieve the given goal. Information was collected by questionnaire. Through these information could cover 21 Brazilian states, which were represented by 16 state capitals and 26 cities, allowing to evaluate the use of psychological tests in Brazil. The results indicate that psychological professionals who work in traffic are experienced using instruments approved by the Federal Council of Psychology and the SATEPSI. We found 40 types of tests used by professionals and the tests of attention and personality are the most used, whichever is the earliest, distributed by Casa do Psicólogo, Vetor Editora and Cetepp. The evaluation process is diverse, with each state sets standards for testing and application of psychologists in some states have autonomy to choose the tests. The results indicate the need to adjust some states and professional demands of traffic law enforcement for the evaluation process. The attitude of professionals is also highlighted by the participants seeking greater ethical commitment of professionals and need for further training. The desire to act more broadly in the context of Brazilian traffic is highlighted in the research. We suggest the standardization of psychological tests and more effective participation of psychologists in the current Brazilian traffic. We conclude that the professional who works in the traffic context can act more effectively, going beyond his duties by participating actively in the process of urban planning and traffic education, aiming to transform society and widen the performance of Psychology Transit. Keywords: Psychology. Transit. Psychological tests.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

GRÁFICO 01 – Percentual dos estados, capitais e cidades mapeadas no ano 2012............................................................................................................................55 GRÁFICO 02 – Testes psicológicos mais frequentes nas clínicas de trânsito em 2012............................................................................................................................63 GRÁFICO 03 – Percentual de respostas à pergunta “Você acredita que estes testes realmente avaliam o candidato, por quê?” no ano de 201.........................................68 QUADRO 01. Tempo de formação e de atuação na área do trânsito conforme ano de 2012............................................................................................................................53 QUADRO 02 – Distribuição do universo pesquisado, segundo status da unidade federativa (UF) no ano de 2012..................................................................................54 QUADRO 03 – Testes Psicológicos semelhantes em Alagoas, São Paulo, Pará, Roraima e Pernambuco em 2012...............................................................................59

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LISTA DE TABELAS

TABELA 01 – Caracterização dos sujeitos em 21 estados brasileiros em 2012............................................................................................................................52 TABELA 02 – Distribuição dos tipos de testes psicológicos em 2012............................................................................................................................56 TABELA 03 – Frequência de utilização de testes psicológicos na avaliação dos condutores no ano de 2012........................................................................................68

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO........................................................................................................13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................15

2.1 Sistema de Trânsito Brasileiro..............................................................................15

2.1.1 Comportamento Humano e Trânsito.................................................................17

2.2 Psicologia do Trânsito e Avaliação Psicológica...................................................20

2.2.1 Postura dos psicólogos do trânsito no uso de testes psicológicos ..................26

2.3 Instrumentos Psicológicos para Avaliação Psicológica Pericial de Condutores de

Veículos......................................................................................................................32

2.3.1 Testes de avaliação da personalidade ............................................................. 32

2.3.1.1 IFP – Inventário Fatorial de Personalidade ................................................... 33

2.3.1.2 Teste Palográfico .......................................................................................... 33

2.3.1.3 Z-Teste ou Técnica de Zulliger ...................................................................... 34

2.3.1.4 HTP – House-Tree-Person ............................................................................ 34

2.3.1.5 Pirâmides Coloridas de Pfister ...................................................................... 35

2.3.1.6 PMK – Psicodiagnóstico Miocinético ............................................................. 35

2.3.1.7 CPS – Escalas de Personalidade de Comrey ............................................... 36

2.3.1.8 BFP – Bateria Fatorial de Personalidade ...................................................... 36

2.3.1.9 Teste Rorschach ........................................................................................... 37

2.3.2 Testes de Atenção ........................................................................................... 38

2.3.2.1 TEADI e TEALT ............................................................................................. 38

2.3.2.2 TEACO-FF - Teste de Atenção Concentrada ................................................ 39

2.3.2.3 AC - Atenção Concentrada ............................................................................ 39

2.3.2.4 BFM-1 e BFM-4 – Bateria de Funções Mentais para Motoristas ................... 39

2.3.2.5 TESTE D2 – Atenção Concentrada ............................................................... 40

2.3.2.6 BGFM-1: Bateria Geral de Funções Mentais – Testes de Atenção Difusa .... 40

2.3.2.7 BGFM-2: Bateria Geral de Funções Mentais – Testes de Atenção

Concentrada .............................................................................................................. 40

2.3.2.8 AD e AS – Testes de Atenção Dividida e Sustentada ................................... 41

2.3.2.9 MPM – Medida de Prontidão Mental ............................................................. 41

2.3.3 Testes de Memória ........................................................................................... 42

2.3.3.1 TEPIC-M – Teste Pictórico de Memória ........................................................ 42

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2.3.3.2 BFM-2: TEMPLAM – Teste de Memória de Placas para Motorista ............... 42

2.3.3.3 BGFM-4: Bateria geral de funções mentais ................................................... 43

2.3.3.4 MVR – Teste de Memória Visual de Rostos .................................................. 43

2.3.3.5 Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)......................................................... 43

2.3.4 Testes de Raciocínio Lógico ............................................................................ 44

2.3.4.1 Matrizes Progressivas de Raven ................................................................... 44

2.3.4.2 BPR-5: Bateria de Provas de Raciocínio ....................................................... 45

2.3.4.3 TIG-NV – Teste de Inteligência Geral não Verbal ......................................... 45

2.3.4.4 Bateria TSP ................................................................................................... 45

2.3.4.5 TCR – Teste Conciso de Raciocínio.............................................................. 46

2.3.4.6 BETA III – Teste não Verbal de Inteligência Geral ........................................ 46

2.3.4.7 WAIS III – Escala de Inteligência Wechsler ................................................... 46

2.3.4.8 WCST – Teste Wisconsin de Classificação de Cartas .................................. 46

2.3.4.9 BFM-3 – TRAP-1 – Teste de Raciocínio Lógico ............................................ 47

2.3.4.10 G-36 - Teste Não Verbal de Inteligência ..................................................... 47

2.3.4.11 G-38 – Teste Não Verbal de Inteligência ..................................................... 48

2.3.4.12 R-1 - Teste Não Verbal de Inteligência ........................................................ 48

2.3.4.13 R-1 Forma B – Teste Não Verbal de Inteligência ........................................ 49

3 MATERIAIS E MÉTEODOS....................................................................................50

3.1 Ética......................................................................................................................50

3.2 Tipo de pesquisa..................................................................................................50

3.3 Universo...............................................................................................................50

3.4 Sujeitos da amostra.............................................................................................51

3.5 Instrumentos de coleta de dados.........................................................................51

3.6 Procedimentos para coleta de dados...................................................................51

3.7 Procedimentos para análise dos dados...............................................................51

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................52

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................75

REFERÊNCIAS..........................................................................................................81

APÊNDICE.................................................................................................................86

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1. INTRODUÇÃO

A obtenção da Carteira Nacional de Habilitação requer que o indivíduo seja

avaliado nos aspectos físicos, motores e psicológicos, para que possa ser

considerado apto a dirigir um veículo automotor. Dessas avaliações, a avaliação

psicológica é um fator de grande relevância haja vista que o indivíduo deverá ser

responsável por si e pelos demais usuários das vias de trânsito sendo imprescindível

que a avaliação realizada seja o mais adequado possível à análise do

comportamento humano no trânsito.

Nesse contexto, a avaliação psicológica voltada ao trânsito utiliza-se de

técnicas e métodos para descrever e classificar o comportamento dos indivíduos que

buscam obter ou renovar a Carteira de Habilitação. A avaliação psicológica, assim,

se constitui em um processo integrado, que faz uso das técnicas mais apropriadas

para diagnosticar um determinado problema com vistas a alguma intervenção sobre

o caso (PASQUALI, 2001).

Dentre essas técnicas e métodos, a Psicologia do Trânsito tem adotado

alguns testes psicológicos que possibilitam ao psicólogo observar o comportamento

e descrevê-lo mediante o uso de escalas numéricas ou categorias fixas. Essa

observação se dá através da execução, por parte do indivíduo avaliado, de algumas

tarefas previamente estabelecidas e definidas (PASQUALI, 2001).

A seleção dos testes psicológicos, contudo, não é aleatória, devendo estes ter

o parecer favorável do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e conforme a ética

profissional, podendo o profissional optar pelos testes psicológicos que mais de

adequem à realidade que se quer avaliar (CONSELHO REGIONAL DE

PSICOLOGIA, 2009).

A variedade de testes psicológicos existentes no Brasil e que podem ser

aplicados na avaliação psicológica no trânsito levanta uma problemática que

necessita ser analisada, relacionada com a postura dos profissionais na aplicação

dos testes psicológicos nos diferentes estados brasileiros.

Essa pesquisa é importante no sentido de que possibilita a compreensão do

processo de avaliação psicológica no trânsito nas diferentes regiões do Brasil.

Justifica-se, assim, levantar o uso de testes psicológicos na perícia do trânsito,

verificando se existem diferenças no processo de avaliação psicológica para o

trânsito e quais são elas, de modo que se possa analisar os tipos de testes

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psicológicos aplicados e realizar um mapeamento dos mesmos em relação a

valores, métodos e procedimentos diferenciados que estão sendo utilizados no

Brasil.

Considerando a grande quantidade de testes psicológicos existentes no

mercado e a exigência de parecer favorável do CFP para seu uso na avaliação

psicológica, esta pesquisa tem como objetivo analisar se os testes psicológicos

estão sendo usados como uma ferramenta adequada na avaliação psicológica no

trânsito nas diferentes regiões brasileiras.

Para alcançar esse propósito, pretende-se mapear e verificar quais os

principais testes psicológicos para avaliação no trânsito que estão sendo utilizados

nas 27 capitais do Brasil e se os mesmos possuem parecer favorável do CFP e

atingem a finalidade de avaliação psicométrica conforme exigências do Detran.

Utilizando-se do método exploratório e descritivo, realizou-se o estudo de

campo com profissionais peritos do trânsito de diferentes cidades brasileiras, bem

como se contatou com os Detrans de cada capital, coletando-se informações sobre

como estão sendo realizados os processos de perícia psicológica no trânsito no

tocante à aplicação dos testes psicológicos voltados à obtenção da CNH.

A partir da análise dos dados obtidos pretende-se propor a viabilidade de

padronização dos testes psicológicos voltados à perícia no trânsito, bem como

sugerir melhorias no processo de avaliação psicológica.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Sistema de Trânsito Brasileiro

De acordo com Freire e Araujo (2010), a legislação de trânsito brasileira teve

início por volta de 1910. Nessa época surgiram algumas leis esparsas que visavam

regular o uso das vias terrestres para garantir que o deslocamento de pessoas

pudesse ser feito de forma harmônica.

A partir de 1924 foram instituídas as Inspetorias de Trânsito (antigas Detrans),

que eram dirigidas pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública ou pela

Delegacia de Trânsito Público.

Em 1941, surgiu o primeiro Código Nacional de Trânsito, que foi substituído

no mesmo ano e revogado em 1966, tendo sido complementado em 1968 pelo

Regulamento do Código Nacional de Trânsito (RCNT). A existência de outras leis

estaduais e municipais relativas ao trânsito trouxe problemas de competência,

especialmente com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a qual, no

artigo 22, inciso XI, afirmava que somente à União competia legislar sobre trânsito e

transportes.

Em decorrência disso, foi instituído o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), Lei

no 9.503, de 23 de setembro de 1997, válida em todo o território brasileiro. Essa lei

foi alterada por outras catorze leis federais até o momento, e traz os direitos e

deveres dos usuários do trânsito, tanto motoristas quanto pedestres, em busca do

direito ao trânsito seguro e assegurado a todos os brasileiros (FREIRE; ARAUJO,

2010).

A Lei no 9.503/07 regulamenta o Sistema Nacional de Trânsito brasileiro, o

qual compreende um conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios. O objetivo desses órgãos e entidades é atender às

necessidades do trânsito no que diz respeito a atividades diversas, tais como:

“planejamento, administração, normalização, pesquisa, registro e licenciamento de

veículos, formação, educação, engenharia, operação do sistema viário,

policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de

penalidades” (SABATOVSKI; FONTOURA; SAIKI, 1997, p. 18).

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Essas atribuições definidas pelo Código Nacional de Trânsito (CNT)

fornecem diretrizes para a regulação do tráfego de pessoas e veículos nas vias,

estabelecendo normas de conduta, infrações e penalidades para os usuários do

sistema de trânsito, visando a um trânsito seguro. No artigo 1o, parágrafo 2o,

assegura que o as condições seguras do trânsito é um direito de todos, sendo dever

dos órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito garantir essa

segurança, adotando medidas no âmbito de sua competência (BRASIL, 1997).

Os órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito são

descritos no capítulo II, seção II, artigo 7o do CNT e compreendem:

Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes órgãos e entidades: I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e consultivo; II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e coordenadores; III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; V - a Polícia Rodoviária Federal; VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal; e VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações - JARI. (BRASIL, 1997, p. 2).

A política nacional de trânsito no âmbito da União está sob a responsabilidade

do Ministério da Justiça, estando vinculados a ele o CONTRAN e o DENATRAN. O

Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) é um órgão normativo e consultivo,

composto por representantes de seis Ministérios e presidido pelo Ministro da Justiça.

Cabe a esse órgão, dentre outras coisas, regulamentar as normas referidas ao CTB.

O Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) é um órgão executivo

diretamente subordinado ao Ministério da Justiça, cabendo a ele cumprir e fazer

cumprir a legislação de trânsito e a execução das normas e diretrizes estabelecidas

pelo CONTRAN (DETRAN-RN, 2012).

No âmbito dos Estados, Distrito Federal e Municípios, o artigo 8o do CTB

estabelece que os órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos

rodoviários devem ser organizados dentro da competência de cada ente federativo,

respeitando-se os limites circunscricionais de suas atuações. A competência dos

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órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal é

apresentada no artigo 22 do CTB.

Os órgãos estaduais e municipais de trânsito executam a política nacional de

trânsito, que é realizada principalmente através dos Detrans, a quem compete o

registro e o controle de veículos e a habilitação de condutores, assim como a função

de fiscalização no seu âmbito de atuação. “O Departamento Estadual de Trânsito

(DETRAN) é uma autarquia do Poder Executivo Estadual que fiscaliza o trânsito de

veículos terrestres em suas respectivas jurisdições, no território brasileiro” (PORTO;

ALMEIDA; FIGUEIREDO, 2004, p. 330).

Dentre as atribuições do Detran está a determinação das normas para

formação e fiscalização de condutores, conforme o inciso II do artigo 22. O processo

de formação, aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de condutores, atribuído ao

DETRAN, requer a avaliação da capacidade física, mental e psicológica dos

candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Esse processo avaliativo é

realizado por médicos e psicólogos ligados diretamente ao Detran ou por seus

credenciados (PORTO; ALMEIDA; FIGUEIREDO, 2004).

A avaliação psicológica é uma etapa importante do processo de obtenção da

CNH, e está voltado a avaliar o comportamento do condutor no trânsito, visando,

principalmente, a segurança no trânsito.

2.1.1 Comportamento Humano e Trânsito

O aumento no uso de automóveis nas últimas décadas influenciou o

desenvolvimento das sociedades pelo aumento da capacidade e rapidez da

locomoção de pessoas, comercialização e transporte de produtos, conhecimentos,

tecnologia e cultura. Contudo, ao lado desse desenvolvimento, houve também um

aumento na insegurança e nos custos sociais e emocionais para os envolvidos em

problemas decorrentes do trânsito, em especial os acidentes, que envolvem tanto

pedestres quanto condutores, independentemente de gênero ou faixa etária

(BRASIL, 2007).

Conforme Silva e Alchieri (2010), a segurança no trânsito está associada ao

envolvimento dos indivíduos em acidentes automobilísticos. O conhecimento sobre o

comportamento humano e os aspectos que contribuem para esse envolvimento são

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estudados pela Psicologia, visando prevenir e/ou minimizar a ocorrência de

acidentes no trânsito.

Para compreender o comportamento humano no trânsito é essencial que se

defina o termo “trânsito”. Para Rozestraten (1988, p. 4), trânsito é “o conjunto de

deslocamentos de pessoas e veículos nas vias públicas, dentro de um sistema

convencional de normas, que tem por fim assegurar a integridade de seus

participantes”.

O Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997), no artigo 1o, § 1o, considera

trânsito como “a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em

grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e

operação de carga ou descarga”.

O trânsito, assim, envolve uma série de fatores e variáveis que podem intervir

nesse sistema. Uma das variáveis a ser considerada é o comportamento dos

usuários do sistema de trânsito, comportamento este considerado por Rozestraten

(1981), como bastante complexo.

Este comportamento [...] pode incluir processo de atenção, de detecção, de diferenciação e de percepção, a tomada e o processamento de informações, a memória a curto e a longo prazo, a aprendizagem e o conhecimento de normas e de símbolos, a motivação, a tomada de decisões bem como uma série de automatismos percepto-motores, de manobras rápidas e uma capacidade de reagir prontamente ao feedback, a previsão de situações em curvas, em cruzamentos e em lombadas, e também, uma série de atitudes em relação aos outros usuários, aos inspetores, às normas de segurança, ao limite de velocidade, etc. Uma análise detalhada da tarefa do condutor de veículos revela uma infinidade de fatores, cada um dos quais pode ser importante para evitar um acidente, merecendo portanto ser assunto de um estudo aprofundado. (ROZESTRATEN, 1981, p. 1).

O comportamento do usuário do trânsito, em especial dos motoristas, pode

ser influenciado por inúmeros fatores e processos externos e internos, conscientes

ou inconscientes. As condições da via e do ambiente de trânsito influenciam o

comportamento de cada condutor, não bastando, portanto, uma normatização

adequada, já que o comportamento do condutor requer ações frente a diferentes

situações. Nesse sentido, Rozestraten (2011, p. 32), afirma:

A via é um ambiente de trânsito, indicando ao condutor do veículo o que ele pode e não pode fazer, o que ele deve e não deve fazer. Apesar disso, a circulação nas vias não flui tranquilamente e, apesar de serem sinalizadas para conferir maior grau de segurança para condutores e

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passageiros, dezenas de milhares de pessoas morrem todo ano no trânsito brasileiro, pois a sinalização, mesmo que eficiente, não garante o controle do conjunto dos comportamentos que compõe a atividade de dirigir. Mas um deles é particularmente importante: a tomada de decisão frente às condições adversas, inusitadas ou emergentes à situação de trânsito.

O comportamento do indivíduo no trânsito deve ser avaliado com a finalidade

de reconhecer possíveis condutas que possam vir a causar acidentes ou dificultar a

convivência no trânsito. Muitos motoristas reagem de forma inadequada a

determinados problemas de ordem externa ou interna e essas condutas podem

refletir na condução do veículo, assim como, a personalidade e tendências

subjetivas podem ser prejudiciais ao relacionamento social no trânsito. O

comportamento do indivíduo em situações específicas, suas reações e atitudes,

devem ser analisadas para se conhecer as causas desse comportamento e, se

possível, prevenir tais condutas (TEBALDI; FERREIRA, 2009).

Conforme Tebaldi e Ferreira (2009, p. 16), “cada indivíduo tem uma

experiência diferente de vida, cultura, ideais e valores, que carrega para o trânsito, e

influi notoriamente na sua forma de conduzir”. No trânsito, quando o indivíduo

conduz o seu veículo, transmite ao mesmo sua inteligência, sensibilidade e

comportamento, de modo que as características da personalidade do condutor

passam a ser assumidas pelo veículo. Por isso que as características

comportamentais das pessoas precisam ser analisadas em conjunto com o trânsito.

O comportamento no trânsito, assim, deve ser analisado tanto no aspecto

subjetivo, pessoal, quando no aspecto ambiental, já que o comportamento humano é

resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais. Diferentes situações no

trânsito produzem diferentes comportamentos. O comportamento adequado no

trânsito requer conhecimento prévio dos sinais e das normas, assim como um

organismo em condições de perceber e reagir adequadamente, com situações ou

estímulos claros. Comportamentos que podem não ser relevantes em determinadas

situações podem receber destaque em outras (ROZESTRATEN, 1988).

O tipo de comportamento a ser assumido e desenvolvido no trânsito pode ser

avaliado através da avaliação psicológica de condutores, que tem como objetivo

avaliar a personalidade e “restringir o acesso de pessoas propensas a se envolver

em acidentes de trânsito” (SILVA; ALCHIERI, 2010, p. 695).

De acordo com Rueda (2009), a avaliação psicológica de condutores é uma

estratégia utilizada para reconhecer os fatores que influenciam o comportamento do

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condutor e minimizar a ocorrência de acidentes ou prejuízos ao trânsito. A prática

avaliativa tem sido realizada na forma de perícia nos candidatos a motorista,

mediante o preenchimento de requisitos necessários para obtenção da Carteira

Nacional de Habilitação (CNH).

2.2 Psicologia do Trânsito e Avaliação Psicológica

A Psicologia do Trânsito estuda os comportamentos das pessoas no trânsito

e suas causas, entendendo-se por trânsito o conjunto de deslocamentos em um

sistema regulamentado. É considerada por Rozestraten (1988, p. 9), como “[...] uma

área da psicologia que estuda, através de métodos científicos válidos, os

comportamentos humanos no trânsito e os fatores e processos externos e internos,

conscientes e inconscientes que os provocam ou os alteram”.

Para este autor, o estudo do comportamento no trânsito compreende as

reações de todas as pessoas que utilizam as vias, e esse campo envolve grande

complexidade de fatores, não muito fácil de ser estudado. Por isso, a Psicologia do

Trânsito tem relação com quase todas as áreas especializadas de Psicologia, assim

como com outras áreas, como a Engenharia de Tráfego, a Medicina do Trabalho, a

Sociologia, o Direito, entre outras (ROZESTRATEN, 1981).

De acordo com Rozestraten (1988, p. 11), a Psicologia do Trânsito é “uma

das psicologias aplicadas mais abrangentes e mais extensas”, o que possibilita

estudar o comportamento dos participantes no trânsito indistintamente e sob vários

aspectos.

Historicamente, o setor de transportes foi um dos primeiros setores onde a

Psicologia iniciou sua atuação, antes mesmo de ser regulamentada. A seleção e

treinamento de condutores era função da Psicologia aplicada ao Trânsito. A criação

do Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) pela Fundação Getúlio

Vargas dinamizou a Psicologia. Emilio Mira y López, diretor do ISOP, criou uma

atividade preventiva direcionada a todo tipo de condutores e profissionais da

condução, dinamizando a Psicologia da Segurança Viária. Com isso, em abril de

1951, o ISOP passou a examinar candidatos à obtenção da Carteira Nacional de

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Habilitação por meio de entrevistas, provas de aptidão e personalidade1. Em junho

de 1953, o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) tornou obrigatório o Exame

Psicotécnico2 (HOFFMANN; CRUZ, 2011).

O exame psicotécnico deveria ser realizado nos Departamentos de Trânsito

(DETRAN) do país, mas somente o estado de Minas Gerais possuía, na época, um

Gabinete de Psicotécnica de Trânsito. Assim, este estado foi o pioneiro em organizar

e sistematizar um serviço de psicologia na área de avaliação de condutores. O

trabalho desenvolvimento em Minas Gerais foi considerado modelo de referência,

em decorrência, o exame psicotécnico para condutores profissionais foi estendido

pelo Contran a todos os candidatos a CNH, a partir de 1962. Neste ano, também, a

Psicologia foi reconhecida como profissão em 27 de agosto de 1962 (HOFFMANN;

CRUZ, 2011).

O exame de aptidões ou interesses (psicotécnico) é reconhecido como uma

das possibilidades de avaliar a personalidade do condutor de veículos, mas não é o

único método utilizado pela Psicologia. Assim, a avaliação por traços, aptidões e

habilidades específicas foi sendo substituída aos poucos por uma maior ênfase nos

múltiplos fatores que possibilitam ao psicólogo avaliar a personalidade. Com a

ampliação dos horizontes da Psicologia, aliada a aprovação do Código Nacional de

Trânsito em 1966, o qual ratificou a obrigatoriedade de exames psicológicos em

candidatos a obtenção da CNH, assim como, também, a criação do Conselho

Federal de Psicologia (CFP) e dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRP), ficou

estabelecido um maior controle e observação da ética e de questões legais na

avaliação de condutores. Os trabalhos do professor Dr. Reinier Rozestraten

afirmaram a Psicologia do Trânsito como ciência e não apenas uma “Psicotécnica

Aplicada” como havia anteriormente (HOFFMANN; CRUZ, 2011, p. 20).

1 De acordo com Silva e Alchieri (2010, p. 695), a avaliação psicológica de condutores no âmbito

rodoviário foi exigida pelo Decreto-lei n° 9.545, de 5 de agosto de 1946, o qual somente entrou em vigor em 1951, e que caracterizou o exame psicotécnico para a aquisição da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), sendo aplicado à critério de uma junta médica e sem caráter eliminatório. 2 O aumento de acidentes de trânsito a partir da década de 1940, em função do maior uso de carros, levou as autoridades a desenvolver e implementar medidas para conter esses acidentes. A estratégia de intervenção adotada pelos órgãos de trânsito foi tentar restringir o acesso de pessoas consideradas propensas a se envolver em acidentes de trânsito a volante. O modelo brasileiro de habilitação centrava-se na atuação do fator humano, utilizando-se da teoria da propensão aos acidentes, segundo a qual algumas pessoas são mais propensas que outras a se envolver em acidentes, e o processo de habilitação passou a analisar e identificar indivíduos aptos/inaptos para dirigir, buscando aumentar a segurança no trânsito (SILVA, 2008, p. 14).

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No contexto do trânsito, a avaliação psicológica inclui o exame psicotécnico,

que, conforme Minicucci (1986), é uma abordagem puramente clínica, voltada a

obter resultados qualitativos da avaliação da personalidade do condutor, utilizando,

principalmente, técnicas projetivas. Para este autor,

A Psicotécnica é um conjunto de meios à disposição do psicólogo com o objetivo de aplicação a um caso concreto, para compreender ou resolver um problema psicológico, para fazer o diagnóstico psicológico e orientar a ação posterior conseqüente. (MINICUCCI, 1986, p. 11).

A modalidade psicotécnica provém da psicologia aplicada, possibilitando a

compreensão de um caso específico, contudo, não pode ser reduzida à psicometria,

já que a avaliação psicológica requer o uso de outros instrumentos além dos testes

psicológicos (MINICUCCI, 1986).

Por isso que, com a publicação do novo Código de Trânsito Brasileiro, em

1998, o processo de exame psicotécnico foi substituído pela Avaliação Psicológica

Pericial, em virtude das exigências da Resolução no 80/98 do Contran, cujas

principais alterações requeriam a realização dessa avaliação por peritos de trânsito

com curso específico. O exame passou a investigar adequações psicológicas

mínimas no indivíduo verificando se o mesmo era capaz de conduzir de forma

correta e segura. A finalidade maior dessa avaliação, portanto, é garantir a

segurança do condutor e dos demais envolvidos no trânsito. É, portanto, um trabalho

preventivo que visa diminuir as possibilidades de que um indivíduo venha a se

envolver em situações de risco que conduzam a acidentes no trânsito (CONSELHO

FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2007).

Nessa perspectiva, a avaliação psicológica é uma área afim da Psicologia de

Trânsito. Para Lamounier e Rueda (2005, p. 1), a avaliação psicológica

[...] consiste em um processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, realizado por meio de estratégias psicológicas como métodos, técnicas e instrumentos que permitem um conhecimento de capacidades cognitivas e sensório-motoras, componentes sociais, emocionais, afetivos, motivacionais, aptidões específicas e indicadores psicopatológicos.

Esse processo avaliativo possibilita realizar um diagnóstico voltado a

investigar as características psicológicas dos candidatos à obtenção da CNH ou dos

condutores que pretendem mudar de categoria da CNH.

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A avaliação psicológica é definida pelo Conselho Federal de Psicologia (2007,

p. 8), como “um processo técnico e científico realizado com pessoas ou grupos de

pessoas que, de acordo com cada área do conhecimento, requer metodologias

específicas”. Esse processo abrange: o levantamento dos objetivos da avaliação e

particularidades do sujeito ou grupo a ser avaliado (etapa de escolha dos

instrumentos e estratégias adequados para a avaliação); coleta de informações (por

meio de entrevistas, dinâmicas, observações, testes projetivos ou psicométricos);

integração das informações e desenvolvimento das hipóteses iniciais; indicação de

respostas e comunicação dos resultados, conforme procedimentos éticos e

considerando eventuais limitações da avaliação.

Para Silva e Alchieri (2010), segundo o código de trânsito atual, o processo

de avaliação psicológica é uma etapa preliminar, obrigatória, eliminatória e

complementar, exigida de todos os candidatos à obtenção da habilitação e daqueles

que buscam a renovação da CNH para trabalho remunerado. Essa obrigatoriedade

visa verificar as condições psicológicas mínimas dos indivíduos, como atenção,

inteligência, personalidade, para identificar se os mesmos não irão representar

perigo para si e para os demais usuários das vias.

Nessa perspectiva, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (2009, p.

37), afirma que: “a avaliação psicológica refere-se a um conjunto de procedimentos

confiáveis que permitem ao psicólogo julgar vários aspectos do indivíduo através da

observação de seu comportamento em situações padronizadas e pré-definidas”.

Dentre os procedimentos utilizados para avaliação psicológica estão os testes

psicológicos. A avaliação psicológica difere dos testes psicológicos em vários

aspectos. Segundo Pasquali (2001, p. 13), os testes psicológicos “são uma das

manifestações ou técnicas da avaliação psicológica, a qual, por sua vez, também é

uma das manifestações de uma atividade humana mais geral que é a avaliação

como um processo de atuação de todo o ser humano”.

A avaliação psicológica dos condutores de veículos, portanto, não constitui

apenas o uso de testes psicológicos diversos, mas sim, uma avaliação de múltiplos

fatores que podem influenciar o comportamento do indivíduo no trânsito. Lamounier

e Rueda (2005) afirmam que, embora sejam muitas as variáveis psicológicas que

podem influenciar na ocorrência de acidentes, as características de personalidade

que devem ser verificadas na avaliação psicológica para o trânsito ainda não estão

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muito bem definidas. Por isso, a Avaliação Psicológica Pericial para o trânsito tem

sido realizada de modo diferenciado nos diversos estados brasileiros, embora

tenham em comum a obrigatoriedade e as normatizações do Denatran, Contran ou

Detrans.

A Resolução no 80/1998, que orientou o trabalho dos psicólogos do trânsito

até sua recente revogação, dispunha sobre os exames psicológicos que deveriam

fazer parte da avaliação psicológica no trânsito. O anexo II dessa Resolução

estabelecia que a Avaliação Psicológica deveria aferir psicometricamente as

seguintes áreas de concentração de características psicológicas: área percepto-

reacional, motora e nível mental; área do equilíbrio psíquico; e habilidades

específicas (BRASIL, 1998).

De acordo com Silva (2008, p. 16), essas áreas dizem respeito a:

I – área Percepto-Reacional, Motora e Nível Mental: em que deveria ser aferida de forma integrada e interdependente a atenção, percepção, tomada de decisão, motricidade e reação, cognição e nível mental; II – área do Equilíbrio Psíquico: que deveria ser avaliada considerando-se aspectos como a ansiedade e excitabilidade; ausência de quadro reconhecidamente patológico; controle adequado da agressividade e da impulsividade; equilíbrio emocional; ajustamento pessoal-social e outros problemas correlatos que pudessem sugerir contra-indicações (p. ex. alcoolismo, epilepsia, drogadição, entre outros); III – habilidades Específicas: tempo de reação; atenção concentrada; rapidez de raciocínio; relações espaciais e outras, desde que necessárias ao aprofundamento da avaliação psicológica.

A referida resolução foi revogada pela Resolução Contran no 267, de 15 de

fevereiro de 2008, a qual dispõe sobre o exame de aptidão física e mental, a

avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e privadas de que

tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro. Nessa

nova resolução, no artigo 5o, são enumerados os seguintes processos psíquicos que

devem ser aferidos na avaliação psicológica: tomada de informação; processamento

de informação; tomada de decisão; comportamento; auto-avaliação do

comportamento; traços de personalidade (BRASIL, 2008). E, o capítulo IV da

Resolução Contran no 267/2008 trata do credenciamento das clínicas e profissionais

aptos a procederem à Avaliação Psicológica Pericial, trazendo as orientações e

exigências para que a avaliação ocorra em conformidade com a legislação de

trânsito e o Conselho Federal de Psicologia. Entre as recomendações a referida

resolução aponta, no artigo 6o, os métodos e técnicas que devem ser utilizados na

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Avaliação Psicológica Pericial, quais sejam: entrevistas diretas e individuais; testes

psicológicos; dinâmicas de grupo; escuta e intervenções verbais. O parágrafo único

deste artigo ainda afirma a necessidade de a avaliação psicológica ser realizada

conforme as diretrizes do Manual de Elaboração de Documentos Escritos do

Conselho Federal de Psicologia. Essa resolução foi alterada pela Deliberação nº 65,

de 13 de junho de 2008, a qual adequou a legislação para credenciamento de

médicos e psicólogos peritos examinadores de trânsito. Nova alteração foi feita pela

Resolução CONTRAN no 283, em 01 de julho de 2008, a qual dispôs sobre a

necessidade de adequação da legislação para credenciamento de médicos e

psicólogos peritos examinadores de trânsito. O artigo 18, inciso III, dessa Resolução

dita que o psicólogo deve ter título de Especialista em Psicologia do Trânsito

reconhecido pelo Conselho Federal de Psicologia ou ter concluído com

aproveitamento o curso “Capacitação para Psicólogo Perito Examinador de

Trânsito”, cursos estes ministrados por Instituições de Ensino Superior de Psicologia,

reconhecidas pelo Ministério da Educação.

Essas exigências têm como finalidade exigir maior qualidade na avaliação

psicológica dos condutores, em consonância com o objetivo do CTB de proporcionar

maior segurança no trânsito.

A avaliação psicológica, segundo o Conselho Federal de Psicologia (2007, p.

8), “é um processo amplo que envolve a integração de informações provenientes de

diversas fontes, entre elas, testes, entrevistas, observações, análise de

documentos”. Os testes psicológicos figuram entre os instrumentos passíveis de

serem utilizados pelo psicólogo, sendo considerados como uma etapa importante do

processo de avaliação da personalidade do condutor.

A avaliação psicológica realizada pelos psicólogos deve se constituir num

processo integrado, mediante o uso de técnicas apropriadas para diagnosticar um

dado problema específico, visando a alguma intervenção. O uso de testes

psicológicos é um procedimento sistemático pelo qual o profissional observa

determinado comportamento e descreve-o com a ajuda de escalas numéricas ou

categorias fixas (PASQUALI, 2001).

Os testes psicológicos são considerados como “procedimentos para a

obtenção de amostras de comportamentos e respostas de indivíduos com o objetivo

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de descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos [...]” (URBINA,

2007, apud PACANARO et al, 2011, p. 29).

Para Anastasi (1977, p. 678), “os testes psicológicos devem ser encarados

como instrumentos. Como todos os instrumentos sua eficácia depende do

conhecimento, da habilidade e da integridade de quem o usa”. Ou seja, o uso dos

testes psicológicos está sujeito à ética profissional e requer conhecimento por parte

do psicólogo do trânsito para ser aplicado em determinada situação ou contexto.

Corroborando com este autor, o Detran-PR (2010, p. 12), afirma que “o Teste

Psicológico é uma medida objetiva e padronizada de uma amostra de

comportamento, que deve ser aplicado em condições adequadas, previamente

definidas [...]”.

Conforme Rabelo, Brito e Rego (2011), os testes psicológicos se diferenciam

de outras técnicas de avaliação por serem procedimentos referenciados a normas e

diretrizes de interpretação padronizadas. Na avaliação psicológica, a testagem é um

dos meios de acesso ao universo psicológico do indivíduo, mas as formas de

intervenção devem ser adequadas conforme a necessidade.

Nesse sentido, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (2009), orienta

que as práticas psicológicas que envolvem o uso de técnicas, como os testes

psicológicos, devem ser comprovadas e reconhecidas para que alcancem maior

eficácia e tenham validade. Embora o uso de instrumentos e técnicas psicológicas

sejam de competência e uso privativo do psicólogo, mediante a observação ética

profissional, os testes selecionados devem ser regulamentados pelo Conselho

Federal de Psicologia.

2.2.1 Postura dos Psicólogos do Trânsito no Uso de Testes Psicológicos

O Conselho Federal de Psicologia vem normatizando o uso de instrumentos

psicológicos, de modo que estes tenham propriedades psicométricas adequadas.

Porém, o uso de testes psicológicos para realizar a avaliação psicológica de

condutores de veículos tem provocado debates acerca de sua efetividade e

validade. Para Wahlberg (2003, apud RUEDA, 2009), a tentativa de se identificar os

fatores psicológicos que podem causar os acidentes no trânsito não tem alcançado

um consenso, em especial pelo individualismo com que são utilizados os diferentes

métodos por parte dos profissionais que avaliam o candidato a condutor.

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A falta de padronização dos instrumentos utilizados, assim como a falta de

continuidade da avaliação, a qual é realizada apenas uma vez na primeira obtenção

da CNH, sem levar em conta as mudanças que ocorrem nas pessoas com o tempo,

também são apontadas por Rueda (2009) como fatores que merecem atenção.

Quanto aos estudos de validade dos instrumentos avaliativos, Lamounier e

Rueda (2005), afirmam que, no contexto do trânsito, devido a sua complexidade,

estudos de validade são especialmente difíceis de abranger toda a realidade e os

múltiplos aspectos que podem necessitar de aferição. A validade alcança apenas

uma determinada situação ou contexto, não sendo totalmente válidos. Daí a grande

quantidade de testes psicológicos existentes e que vem sendo utilizados em

diferentes contextos e situações3.

No contexto específico do trânsito, a recomendação do Detran-PR (2010), é

de que os testes psicológicos sejam aplicados somente por psicólogos com

formação adequada e específica. A utilização de testes psicológicos é de

competência e responsabilidade do profissional, contudo, somente são permitidos

testes adquiridos em editores ou distribuidoras oficiais, devendo estes serem

originais e avaliados pelo CFP e Contran, bem como, o profissional tem a

responsabilidade pelo sigilo e guarda dos mesmos durante o prazo exigido por lei

(que é de cinco anos no mínimo).

Muito embora os testes psicológicos possam ser escolhidos pelo profissional,

como dita o Ofício Circular no 4112/2011da COOHA/DIMP: “cabe ao psicólogo

responsável pela avaliação psicológica no contexto do trânsito a escolha do teste

psicológico a ser utilizado no atendimento coletivo e individual em candidatos à

Primeira Habilitação, EAR, Psicopedagógico e Reabilitação” (DETRAN-PR, 2011, p.

2), o psicólogo do trânsito deve adequar os testes aos propósitos da avaliação

psicológica, fundamentando-se na ética profissional e nos pareceres do CFP.

Esse parecer é corroborado por Cruz e Hoffmann (2011, p. 124), os quais

afirmam que:

No caso de testes psicológicos ou técnicas similares, normalmente se identificam em seus manuais a validade, a padronização e as condições de uso para determinada população. Cabe ao psicólogo, quando utilizá-los, ter

3 Segundo Pacanaro et al (2011, p. 33), em 2011, a base de dados do SATEPSI relata mais de 3500 testes disponíveis para consulta, com parecer favorável ou não pelo Conselho Federal de Psicologia.

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convicção de sua adequabilidade ao estudo, especialmente no que tange à validade e precisão da medida.

Ao fazer uso dos instrumentos de avaliação psicológica, os psicólogos que

atuam no trânsito devem levar em conta a ética profissional e sua responsabilidade

social. De acordo com Pellini e Leme (2011, p. 168), “o uso de instrumentos não

favoráveis pode causar prejuízos aos usuários e resultar numa avaliação

inadequada [...]”. Por isso, as avaliações psicológicas devem ser feitas utilizando-se

instrumentos que atendam aos critérios de aplicação, correção e interpretação

conforme definidos nos manuais, tendo estes a aprovação do CFP, para que sejam

evitados danos e consequências que podem ser até mesmo irreversíveis.

Na prática profissional, as competências profissionais devem ser

desenvolvidas de modo a manejar adequadamente as regras técnicas que orientam

de que maneira e sob quais critérios a avaliação psicológica deve ser realizada.

Dessa maneira, poderá apontar de modo mais efetivo se o indivíduo avaliado

apresenta condições psicológicas para participar do trânsito como condutor de

veículo (CRUZ; HOFFMANN; KLÜSENER, 2011).

A postura ética do profissional é, assim, um aspecto fundamental a ser

considerado quando da escolha dos instrumentos para avaliação psicológica.

Conforme Machado (2007, p. 35), os psicólogos devem “respeitar os princípios

éticos e técnicos, estando cientes de pontos básicos como os deveres em relação

ao atendido, o sigilo profissional e as relações com a justiça, oferecendo à

população um trabalho de qualidade e uma boa imagem da profissão”.

Nesse sentido, Pellini e Leme (2011), apresentam alguns fatores essenciais

para que o psicólogo apresente uma conduta considerada eticamente correta,

quando faz uso dos testes psicológicos:

Enfim, para que um profissional atue de forma ética quanto ao uso de instrumentos, deve procurar manter contínuo aprimoramento profissional; utilizar, no contexto profissional, apenas testes psicológicos com parecer favorável, que se encontram listados no site do SATEPSI; realizar a avaliação psicológica em condições ambientais adequadas, de modo a assegurar a qualidade e o sigilo das informações obtidas; guardar os documentos produzidos decorrentes de Avaliação Psicológica em arquivos seguros e de acesso controlado; proteger a integridade dos instrumentos, não os comercializando, publicando ou ensinando àqueles que não são psicólogos. (PELLINI; LEME, 2011, p. 171).

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A avaliação psicológica deve, portanto, ser realizada de modo a atender às

necessidades de avaliar o condutor no sentido de prevenir possíveis

comportamentos que possam prejudicar a ele e aos demais, no contexto do trânsito.

Conforme o Ofício Circular no 4112/2011da COOHA/DIMP, as habilidades mínimas

para conduzir veículos devem ser aferidas mediante o uso de instrumentos técnicos

diversos, como: intervenções verbais, escuta, observação, testes psicológicos e

entrevista. Esses instrumentos servirão para coletar informações gerais dos

candidatos, dentre as quais: tomada de informação (atenção de diferentes tipos;

detecção, discriminação e identificação); processamento de informação e tomada de

decisão (inteligência, memória, orientação espacial, identificação significativa,

julgamento ou juízo crítico e tomada de decisão); comportamento (tempo de reação,

coordenação viso e áudio-motora, capacidade de perceber ações no trânsito,

individuais ou coletivos); traços de personalidade (controle emocional e socialização,

ansiedade, impulsividade, agressividade).

De acordo com o Detran-PR (2010), após a avaliação psicológica, os

candidatos à obtenção de CNH poderão apresentar os seguintes resultados:

- apto: quando apresentar desempenho condizente para a condução de

veículo automotor;

- apto com restrições: se houver necessidade de registrar na CNH qualquer

restrição (validado do exame, restrição de categoria), ou para avaliação psicológica

EAR (sem observação exerce atividade remunerada);

- inapto temporário (de 1 a 6 meses) em caso de a reprovação ser passível de

tratamento ou correção (neurose, depressão, stress, e outros);

- inapto: se não apresentar desempenho condizente ou for considerado

analfabeto;

- necessita nova avaliação: ou uso do termo “Acordo com Recomendação” do

Psicólogo ou médico, quando se detecta algum sinal de necessidade de novo exame

de aptidão física e mental (como epilepsia, alcoolismo, e outros).

Nos diversos estados brasileiros, os Detrans exigem que a prática do

psicólogo do trânsito seja orientada nas Resoluções e pareceres do Conselho

Federal de Psicologia. Algumas dessas resoluções trazem orientações importantes

sobre a avaliação psicológica no trânsito. A Resolução no 12/2000 estabeleceu que,

na avaliação do perfil psicológico do condutor, deveriam ser considerados os níveis:

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intelectual, de atenção, psicomotor e psicofísico, e a personalidade. Para

Brickenkamp (2004, apud RUEDA, 2009, p. 184), “a investigação dos processos

básicos se faz necessária, entendendo por processos básicos a atenção, a

concentração, a memória e o controle emocional”. Assim, os construtos atenção,

memória e inteligência são considerados necessários para o condutor de veículos.

Além destes, devem ser avaliadas as habilidades motoras, o conhecimento de

normas e regras e as habilidades cognitivas.

De modo específico, a Resolução CFP no 02/2003 definiu os padrões técnicos

para avaliação dos testes psicológicos que estão sendo usados nos diversos

estados brasileiros. Assim, o psicólogo do trânsito deve selecionar testes

psicológicos que estejam de acordo com as orientações desses padrões, conforme

dita o Conselho Regional de Psicologia (2009, p. 39):

Ao selecionar os testes para uso na avaliação, o Psicólogo deverá buscar os que têm parecer favorável do CFP. O artigo 16 da Resolução do CFP nº 002/2003, que regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização dos testes psicológicos, determina que será considerada falta ética a utilização de instrumentos que não constam na relação de testes aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia, conforme Artigos 1º, alínea “c”, e 2º, alínea “f”, do Código de Ética Profissional do Psicólogo, salvo os casos de pesquisa.

Essa resolução veio definir com maior clareza os requisitos mínimos e

obrigatórios que os instrumentos psicológicos devem ter para que o seu uso

profissional seja adequado. A partir daí, os testes psicológicos passaram a ser

analisados pela Comissão Nacional de Avaliação Psicológica, a qual instituiu o

Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI4), que avalia todos os

instrumentos considerados psicológicos ou não e que são encaminhados ao CFP.

Dessa maneira, um instrumento recebe parecer favorável do CFP quando cumpre os

requisitos mínimos para sua comercialização e uso profissional. Nesse aspecto, os

testes psicológicos devem ser revisados periodicamente para verificar sua validade

e precisão, conforme a Resolução no 06/2004 (PACANARO et al, 2011).

A Resolução no 08/2009 evidenciou a necessidade de adequar os testes

psicológicos ao propósito e contexto analisados. No contexto do trânsito, o teste

psicológico deve estar em conformidade tanto com as evidências empíricas de 4 O SATEPSI é um sistema brasileiro de certificação de instrumentos de avaliação psicológica para uso profissional, que avalia e qualifica os instrumentos psicológicos como aptos (pareceres favoráveis) ou inaptos (pareceres desfavoráveis) para uso (PACANARO et al, 2011, p. 34).

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validade e precisão quanto com as exigências da legislação de trânsito vigente.

Conforme o Conselho Regional de Psicologia (2009), o instrumento psicológico

utilizado deve ter validade e precisão, ser normatizado e trazer instruções para sua

aplicação. O psicólogo deve estar atualizado quanto ao seu uso e seguir suas

recomendações, para manter a qualidade técnica da avaliação psicológica.

Algumas das resoluções e revogações de resoluções mais recentes,

realizadas pelo CFP, são: Resolução CFP nº 016/2002: dispõe acerca do trabalho

do Psicólogo na avaliação psicológica de candidatos à Carteira Nacional de

Habilitação e condutores de veículos automotores; Resolução CFP nº 007/2003:

institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo Psicólogo,

decorrente da avaliação psicológica e revoga a Resolução CFP 017/2002;

Resolução CFP nº 003/2007 - Capítulo II - Da avaliação Psicológica para Carteira

Nacional de Habilitação; Resolução CFP nº 006/2010: altera a Resolução CFP

016/2002; Nota Técnica CFP nº 001/2011: esclarece os psicólogos acerca do

conceito de atenção da Resolução CFP 007/2009; Resolução CFP nº 009/2011:

altera o Anexo II da Resolução CFP 007/2009.

Tendo em vista as constantes mudanças nas normas de atuação, o psicólogo

do trânsito deve estar atualizado quanto às exigências legais e formais do CFP. A

atuação do psicólogo é descrita em manuais que são atualizados conforme a

necessidade e possibilitam conhecer os instrumentos aceitos pelo CFP em

consonância com o CTB. O primeiro Manual para Avaliação Psicológica de

candidatos à CNH foi instituído pela Resolução CFP no12/00 (já comentada acima),

onde constam orientações sobre o uso e qualificação dos procedimentos de

avaliação psicológica requerida pelo DETRAN. Assim como as resoluções, os

manuais para avaliação psicológica pericial vão sendo criados e alterados conforme

a necessidade, pelo Conselho Federal de Psicologia (MACHADO, 2007).

Diante do exposto cabe, portanto, analisar como está sendo feita a Avaliação

Psicológica Pericial nos diversos estados brasileiros, a partir dos métodos e técnicas

utilizados pelos psicólogos do trânsito nas clínicas credenciadas pelos Detrans nas

capitais brasileiras.

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2.3 Instrumentos Psicológicos para Avaliação Psicológica Pericial de

Condutores de Veículos

A avaliação psicológica, conforme já afirmado anteriormente, é realizada

mediante o uso de instrumentos psicológicos, dentre os quais, os testes psicológicos

configuram os instrumentos comumente utilizados pelos psicólogos do trânsito na

avaliação do perfil psicológico dos candidatos à Carteira Nacional de Habilitação. A

respeito do uso de testes psicológicos na avaliação psicológica da conduta de

condutores de veículos, Duarte (2011, p. 230), questiona:

Serão os testes psicológicos atualmente utilizados sensíveis suficientes para detectar essas condutas? Da mesma forma, são eficazes e eficientes esses instrumentos psicológicos aplicados para avaliação psicológica na obtenção da Carteira Nacional de Habilitação? Ou são essas exigências meras formalidades?

O mesmo autor afirma que não é possível fornecer uma resposta definitiva

para essas questões, haja vista que se torna difícil identificar os testes que poderiam

ou deveriam fazer parte de uma bateria de avaliação dos condutores. Sendo assim,

a pesquisa do perfil psicológico do condutor é realizada mediante comparações

entre condutas e análise de fatores diversos, avaliando, também, a realidade e o

contexto em que a avaliação ocorre.

Diante da existência de uma grande quantidade de testes psicológicos a

disposição dos psicólogos do trânsito, e atentando ao fato de que cada profissional

tem autonomia para escolher os instrumentos a serem utilizados na avaliação

psicológica, desde que os mesmos tenham parecer favorável do Conselho Federal

de Psicologia, alguns dos testes mais utilizados pelos psicólogos do trânsito, nas

capitais brasileiras, estão abaixo discriminados. Os mesmos estão separados pelo

tipo de avaliação a que se destinam.

2.3.1 Testes de Avaliação da Personalidade

Os testes de personalidade avaliam alguns aspectos considerados de

importância para a condução de veículos, como fatores adaptados e não adaptados,

ansiedade ou neuroticismo (ALCHIERI; NORONHA, 2011).

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Dentre os testes recomendados pelo Conselho Federal de Psicologia para

avaliação da personalidade, estão:

2.3.1.1 IFP – Inventário Fatorial de Personalidade

O Inventário Fatorial de Personalidade (IFP) é um instrumento utilizado para

realizar inventário objetivo da personalidade, de natureza verbal, baseado na teoria

das necessidades básicas formulada por Henry Murray em 1938. O IFP visa avaliar

o indivíduo normal (de 18 a 60 anos) em 15 necessidades ou motivos psicológicos, a

saber: Assistência, Intracepção, Afago, Deferência, Afiliação, Dominância,

Denegação, Desempenho, Exibição, Agressão, Ordem, Persistência, Mudança,

Autonomia e Heterossexualidade. Ao todo o teste contém 155 itens (PASQUALI;

AZEVEDO; GHESTI, 1997)

O IFP é um teste sem tempo determinado para ser respondido, sendo que a

prática demonstra que cerca de 60 minutos são suficientes para sua realização. A

correção do teste é fácil e rápida, podendo ser feita manualmente ou com o auxílio

de uma leitura ótica ou computador (ALCHIERI; NORONHA, 2011).

2.3.1.2 Teste Palográfico

O Teste Palográfico (PLG) foi idealizado e elaborado pelo professor Salvador

Escala Milá, do Instituto Psicotécnico de Barcelona, na Espanha. No Brasil, esse

teste teve validação com os estudos do Professor Agostinho Minicucci, na década

de 1960, e, na década de 1970, o uso do Palográfico foi difundido largamente no

país. O Palográfico é um teste que avalia a personalidade por meio do

comportamento expressivo. Possibilita o registro de uma série de observações úteis

no diagnóstico de comprometimento de aspectos cerebrais, uso de álcool e outras

drogas. Consiste na realização de traços verticais de 7 mm de altura, com espaço de

2,5 mm entre eles. É um teste de aplicação muito simples e rápida, podendo ser

aplicado tanto a crianças a partir dos 8 anos quanto a adolescentes e adultos. Já a

avaliação e interpretação do teste Palográfico exigem um certo grau de preparação

e experiência do psicólogo com a técnica. A correção é realizada pela avaliação

quantitativa e qualitativa, com base nos traços realizados (ALVES; ESTEVES, 2009).

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2.3.1.3 Z-Teste ou Técnica de Zulliger

O Z-teste é um teste de personalidade de avaliação preferencialmente

coletiva, podendo ser aplicada em indivíduos alfabetizados. Sua aplicação leva em

torno de 20 minutos. Foi criado por Hans Zulliger em 1942 com o objetivo de

selecionar rapidamente um ato contingente de soldados para o exército suíço.

Embora possua a mesma natureza do Teste de Rorschach não pode ser

comparado, já que cada técnica é completa por si só. É utilizado para

psicodiagnósticos, avaliações de personalidade, seleção de pessoal, avaliação de

desempenho, entre outros. Apresenta-se na forma de pranchas ou lâminas que

apresentam manchas ou borrões de tinta cromática ou acromática; a prancha I

avalia aspectos primitivos da personalidade; a prancha II avalia a afetividade ou

emoções; e a prancha III avalia o relacionamento. A interpretação dada pelo

examinando a essas pranchas é avaliada quanto ao tipo de forma, determinantes e

conteúdo das respostas e a análise integrada das pranchas possibilita entender de

modo mais aprofundado a personalidade nos aspectos afetivo-emocionais e

intelectuais e o relacionamento interpessoal do examinando (LIMA, 2011).

A aplicação do Z-teste ocorre em quatro etapas: apresentação, fase clara,

fase escura e inquérito. A condição mínima para sua aplicação é que o examinando

saiba escrever ou que tenha, pelo menos, o primeiro grau (ALCHIERI; NORONHA,

2011).

2.3.1.4 HTP – House-Tree-Person

A técnica projetiva de desenho da Casa-Árvore-Pessoa (House-Tree-Person,

HTP) é utilizada para obter informações sobre a individualidade do indivíduo em

relação aos outros e ao ambiente do lar. Estimula a projeção de elementos da

personalidade e de áreas de conflito dentro da situação terapêutica, permitindo que

eles sejam identificados com o propósito de avaliação e usados para o

estabelecimento de comunicação terapêutica. O teste inclui duas fases, sendo a

primeira não-verbal, criativa, quando o indivíduo deve desenhar a mão livre; e a

segunda fase corresponde ao inquérito, quando o avaliador faz perguntas relativas

às associações do indivíduo com cada desenho (avaliação qualitativa). Outras fases

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podem ser incorporadas. Conforme o número de fases o teste pode levar de 30 a 90

minutos. O HTP é um teste individual, usado como parte de avaliação inicial ou de

intervenção terapêutica em andamento. É necessário o uso de um protocolo para

desenho do HTP e um protocolo de interpretação para cada conjunto de desenho,

bem como protocolos de inquérito posteriores ao desenho e de interpretação, além

de materiais diversos (BUCK, 2003).

2.3.1.5 Pirâmides Coloridas de Pfister

O método projetivo, criado por Max Pfister é um instrumento que avalia

aspectos da personalidade, destacando principalmente a dinâmica afetiva e

indicadores relativos a habilidades cognitivas do indivíduo. Pfister não se baseou

apenas na relação entre cores e emoção para desenvolver sua técnica, mas utilizou,

deliberadamente, a forma geométrica de uma pirâmide, por julgar que assim

possibilitaria a composição de variadas configurações, que propiciam uma melhor

expressão da dinâmica emocional e o nível de estruturação da personalidade. Esta

técnica pode ser utilizada com crianças desde os 7 anos até indivíduos idosos e em

pessoas com transtornos mentais leves ou graves, devendo-se apenas excluir os

casos em que a deficiência em distinguir cores (CASA DO PSICÓLOGO, 2012).

2.3.1.6 PMK – Psicodiagnóstico Miocinético

O PMK Psicodiagnóstico Miocinético foi criado por Emilio Myra y López. É

uma técnica gráfica expressiva que se utiliza de modelos de traçados, indicado a

partir da adolescência, sem restrições quanto à escolaridade. Baseia-se na simbiose

dos músculos com os movimentos. É indicado na avaliação clínica da personalidade,

especialmente no que se refere à agressividade, emocionalidade, extra e

intratensão, tônus psicomotor, tendência à inibição ou excitação, aspectos

psicopatológicos, entre outros. É um teste considerado de difícil aplicação, por

abranger sete exercícios sobre folhas cujas dimensões ocupam quase toda a mesa

especial para avaliação, onde o indivíduo deve continuar os modelos de traçados

com e sem a visão da atividade, alternando as mãos en1quanto desenha figuras

diversas (ALCHIERI; NORONHA, 2011).

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Esse teste, embora tenha sido bastante utilizado pelos profissionais de

Psicologia, recebeu parecer desfavorável do Conselho Federal de Psicologia em 16

de maio de 2012, não sendo mais permitida sua utilização.

2.3.1.7 CPS – Escalas de Personalidade de Comrey

As Escalas de Personalidade de Comrey – CPS compõe um teste psicológico

que avalia a personalidade em oito fatores importantes. Foi adaptado do original

para a versão brasileira, podendo ser aplicado individual ou coletivamente, sem

limite de tempo, levando em média 50 minutos. É recomendado para pessoas de

qualquer idade com nível de escolaridade acima do 1o grau completo. O material do

teste é constituído por manual, caderno de afirmações, folha de respostas e folha de

perfil (ALCHIERI; NORONHA, 2011).

O teste é composto por 100 afirmações, classificadas em 10 escalas: Escala

de Validade; de Tendenciosidade nas Respostas; de Confiança X Atitude Defensiva;

de Ordem X Falta de Compulsão; de Conformidade Social X Rebeldia; de Atividade

X Falta de Energia; de Estabilidade X Instabilidade Emocional; de Extroversão X

Introversão; de Masculinidade X Feminilidade; e de Empatia (altruísmo) X

Egocentrismo. O indivíduo avaliado seleciona a resposta no caderno de afirmações

e a registra na folha apropriada. A correção é realizada de acordo com as respostas

dadas para cada uma das escalas, pela avaliação quantitativa e qualitativa. O teste

possui estudos de precisão, validade e tabelas em percentis para o público-alvo de

acordo com os pontos obtidos nas escalas, bem como, existe atualmente uma

versão informatizada com a correção automática do teste (CASA DO PSICÓLOGO,

2012).

2.3.1.8 BFP – Bateria Fatorial de Personalidade

O BFP Bateria Fatorial de Personalidade é um instrumento utilizado como

recurso clínico para a indicação de transtornos de personalidade. Esse instrumento

permite a avaliação rápida e objetiva de alguns aspectos da personalidade, tais

como: Neuroticismo (vulnerabilidade, instabilidade emocional, passividade, falta de

energia-depressão), Extroversão (comunicação, altivez, dinamismo, interações

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social), Socialização (amabilidade, pró-sociabilidade, confiança nas pessoas),

Realização (competência, ponderação, prudência, empenho, comprometimento),

Abertura (abertura a idéias, liberalismo, busca por novidades). Pode ser aplicado a

pessoas de 16 a 50 anos, com escolaridade mínima de segundo grau incompleto

(CASA DO PSICÓLOGO, 2012).

O BFP possui 126 itens e sua aplicação leva em torno de 30 minutos. O

instrumento é indicado para avaliar adolescentes e adultos a partir do Ensino médio

completo ou cursando (TASSONI, 2012).

2.3.1.9 Teste Rorschach

O Rorschach, uma técnica individual, de caráter clínico (ADRADOS, 1980), é

um método situado no campo da percepção e projeção, que por sua vez, cumpre

bem este papel por ser um instrumento bastante complexo, sensível a variações

dentro do quadro clínico (CUNHA, 2000). O examinando durante a aplicação do

teste manifesta suas respostas através de uma palavra ou expressões verbais que

indicam a percepção mais ou menos definida de um objeto, percebido em função de

sua forma, de seus efeitos cromáticos, acromáticos, cenestésicos e/ou esfumaçado.

Nessa avaliação quantitativa segundo Gonçalves & Pereira (2001), resposta é toda

interpretação que satisfaça os parâmetros de localização, determinantes e

conteúdos. Já as respostas qualitativas são exclamações, impressões, comentários

intelectuais, simetrias, embelezamentos, críticas ou divagações em torno da

qualidade dos estímulos apresentados nas diferentes pranchas.

O Rorschach é uma das técnicas projetivas mais sistematizadas e utilizadas

na Psicologia Científica. Pode-se avaliar neste processo de psicodiagnóstico os

afetos, as emoções, as condições de relacionamento humano, o nível de ansiedade,

o controle da agressividade, o poder de controle de uma pessoa, não apenas

tomados isoladamente, mas considerando um todo estrutural, dinâmico e funcional,

como é a personalidade. Assim sendo, por ser um teste de grande prestígio, que

também tem contribuições de cunho quantitativo (Vaz, 1986).

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2.3.2 Testes de Atenção

Os testes de atenção medem a capacidade dos indivíduos de lembrar

determinados objetos. Avalia as informações internas e externas presentes na

memória e em outros processos cognitivos. A atenção pode ser considerada “um

mecanismo de processamento de informações que percebe estímulos, permitindo

ativação ou inibição de processos mentais e tornando possível uma ponte entre a

memória e as respostas dos indivíduos aos estímulos” (BRAGA, 2007, p. 2).

De acordo com Tonglet (2007, p. 35), “a atenção é uma qualidade da

percepção”. Assim, a aplicação dos testes de atenção na psicometria do trânsito tem

o objetivo de medir a capacidade de detectar pormenores, de perceber

principalmente aspectos visuais que surgem e desaparecem em segundos devido ao

deslocamento dinâmico no trânsito.

Os testes de atenção têm dificuldade progressiva e devem ser resolvidos num

tempo limitado. Dentre os testes de atenção requeridos na avaliação psicológica

para o trânsito, estão: TEADI e TEALT; TEACO-FF – Teste de atenção concentrada;

AC – Atenção concentrada; Coleção BFM-1 e BFM-4 - Bateria de Funções Mentais

para Motoristas; Bateria BFM-1 e BFM-4; BGFM-1 - Bateria Geral de Funções

Mentais - Testes de Atenção Difusa; BGFM-2 - Bateria Geral de Funções Mentais -

Testes de Atenção Concentrada; AD e AS - testes de atenção dividida e sustentada;

MPM – Medida de Prontidão Mental.

2.3.2.1 TEADI e TEALT

Os testes TEADI e TEALT são testes que aferem a atenção dividida e

alternada. O TEADI mede a capacidade do indivíduo de dividir a atenção, através de

um procedimento de avaliar os estímulos que deveriam ser marcados e que foram

assinalados devidamente, subtraindo-se os erros e omissões, estímulos distratores

que não deveriam ser assinalados mas o foram, e estímulos alvo que não foram

marcados. O teste possui 450 estímulos distribuídos em 30 linhas, e o tempo médio

de aplicação é de 5 minutos (GOMES, 2010).

O TEALT mede a capacidade que o indivíduo apresenta de alternar a

atenção. O teste é composto por 352 estímulos distribuídos em 16 linhas, sendo

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que, para cada linha do teste, exige-se que o indivíduo procure um estímulo

diferente da seguinte. O resultado é calculado com base nos estímulos corretamente

marcados, subtraindo-se os erros e omissões, estímulos distratores marcados

indevidamente e estímulos alto deixados em branco. O tempo para realização desse

teste é de 2 minutos e 30 segundos (GOMES, 2010).

Estes testes fornecem estimativas das capacidades para procurar mais de

dois estímulos simultaneamente e para focar a atenção ora em um estímulo, ora em

outro. O tempo total de aplicação de ambos os testes não deve ultrapassar dez

minutos e os testes podem ser aplicados a indivíduos de 18 a 72 anos.

2.3.2.2 TEACO-FF - Teste de Atenção Concentrada

O Teste de Atenção Concentrada TEACO-FF, tem o propósito de avaliar a

Atenção Concentrada, ou seja, a capacidade de uma pessoa em selecionar apenas

uma fonte de informação diante de vários estímulos distratores em um tempo pré-

determinado. Apesar de direcionado à profissionais da área de trânsito, ele também

pode ser utilizado nas áreas de recrutamento e seleção, avaliação para porte de

arma e outras onde a avaliação de atenção concentrada é relevante. A aplicação

pode ser individual ou coletiva e o tempo de aplicação é de 4 minutos em média

(CASA DO PSICÓLOGO, 2012).

2.3.2.3 AC - Atenção Concentrada

O Teste de Atenção Concentrada – AC foi elaborado por Suzy V. Cambraia.

Tem como objetivo avaliar a capacidade que o indivíduo tem de manter sua atenção

concentrada no que está fazendo por um certo período de tempo. Sua aplicação

pode ser individual ou coletiva e ocupa em média 5 minutos. Pode ser aplicado em

todos os níveis de escolaridade e faixa etária (ALCHIERI; NORONHA, 2011).

2.3.2.4 BFM-1 e BFM-4 – Bateria de Funções Mentais para Motoristas

Os testes BFM - Bateria de Funções Mentais para Motoristas foram

elaborados por Emílio Carlos Tonglet. Essa bateria de testes é composta pelos

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seguintes testes: o BFM-1, que abrange os testes TADIM e TADIM 2, que avaliam

atenção difusa; os testes TADIS-1 E TADIS-2, que avaliam atenção discriminativa; e

os testes TACOM-A e TACOM-B, que avaliam atenção concentrada; e o BFM-4, que

abrange os testes TACOM-C e TACOM-D, que avaliam a atenção concentrada.

Esses testes são instrumentos psicológicos que avaliam as funções mentais que se

encontram implícitas no ato de dirigir. São, portanto, direcionados a indivíduos que

pretendem obter ou renovar a Carteira Nacional de Habilitação (TONGLET, 2007).

2.3.2.5 TESTE D2 – Atenção Concentrada

O teste D2 tem como objetivo avaliar a atenção concentrada visual e, em

sentido mais amplo, a capacidade de concentração do indivíduo. É utilizado na

avaliação da aptidão para dirigir veículos e para outras profissões que exijam

concentração e atenção visual. Sua indicação inclui diagnóstico na área clínica,

escolar e do desenvolvimento, seleção profissional e experiências

psicofarmacológicas. A aplicação pode ser individual ou coletiva e o tempo de

aplicação demora em torno de 8 minutos, incluindo as instruções. O teste pode ser

aplicado a crianças a partir de 9 anos até adultos com 52 anos (TASSONI, 2012).

2.3.2.6 BGFM-1: Bateria Geral de Funções Mentais – Testes de Atenção Difusa

Essa bateria de testes inclui três testes: o TEDIF-1, o TEDIF-2 e o TEDIF-3,

sendo um de atenção difusa e dois de atenção difusa complexa. Seu objetivo é

investigar, avaliar, classificar e padronizar as funções mentais relacionadas ao

campo cognitivo, representadas basicamente pelos sistemas atentivos, memória e

raciocínio lógico. O tempo para aplicação desses testes é de 4 tempos de 1 minuto

cada (TONGLET, 2007; VETOR, 2012).

2.3.2.7 BGFM-2: Bateria Geral de Funções Mentais – Testes de Atenção

Concentrada

Essa bateria de testes é composta pelos testes TECON-1, TECON-2 e

TECON-3, e avaliam a atenção concentrada complexa. Aborda a atenção nos

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diferentes contextos, as relações funcionais da atenção e o envolvimento dos

circuitos neuroanatômicos, bem como o uso da memória operativa. O enfoque

neuropsicológico sobre a atenção e a emoção possibilita a visualização dos

percursos cerebrais das vias corticais e subcorticais, além das interferências das

emoções nos sistemas atentivos (TONGLET, 2007; VETOR, 2012).

2.3.2.8 AD e AS – Testes de Atenção Dividida e Sustentada

O teste de Atenção Dividida - AD fornece duas informações sobre a atenção:

concentração e velocidade com qualidade. Já o teste de Atenção Sustentada - AS,

além dessas duas possibilidades, fornece também a avaliação da sustentação da

atenção. A Atenção Dividida - AD avalia a capacidade para manter a atenção com

qualidade e concentração em dois estímulos ou mais, enquanto que a Atenção

Sustentada - AS avalia a capacidade para focar a atenção em um determinado

estímulo, competindo com outros e manter a atenção por um determinado período

de tempo. A aplicação desses testes pode ser individual ou coletiva, com limite de

tempo estabelecido, sendo possível sua aplicação a adolescentes e adultos com

idade variando entre 18 e 73 anos. A correção de ambos os testes é realizada pelo

total de acertos, erros e omissões, pela avaliação quantitativa e qualitativa. Existem

estudos de precisão, validade e tabelas em percentis para o público-alvo de acordo

com sua idade (VETOR, 2012).

2.3.2.9 MPM – Medida de Prontidão Mental

O teste MPM – Medida de Prontidão Mental é constituído de uma prova que

verifica a capacidade de percepção (atenção seletiva) e velocidade (rapidez

perceptual), permitindo identificar diferenças individuais em percepção visual. Tem

sido largamente utilizado na área de Psicologia do Trabalho e do Transito. Sua

aplicação possibilita avaliar uma contínua busca visual (60 pares de figuras

idênticas) de localizações, em distâncias e posições variadas, destacando

elementos perceptivos e demandando uma atenção seletiva. É um teste de

aplicação individual ou coletiva, indicado para adultos a partir de 16 anos até 50

anos de idade. O tempo de aplicação é de 7 minutos e meio (MAGOPSI, 2012).

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2.3.3 Testes de Memória

A memória constitui a base do conhecimento sendo através desta que damos

significado ao quotidiano e acumulamos experiências para utilizar durante a vida. A

forma como o indivíduo processa e guarda informações pode ser avaliada mediante

a análise da percepção, da atenção, das memórias sensoriais, da memória de curto

prazo e da memória de longo prazo (RUEDA; SISTO, 2007).

Dentre os vários testes que avaliam a capacidade de memória estão: o

TEPIC-M Teste Pictório de Memória; BFM-2: TEMPLAM – Teste de Memória de

Placas para Motorista; BGFM-4: Bateria geral de funções mentais; MVR – Teste de

Memória Visual de Rostos.

2.3.3.1 TEPIC-M – Teste Pictórico de Memória

O TEPIC-M fornece informação sobre a memória visual, mediante a

lembrança, ou recuperação de informações, da maior quantidade de desenhos e

detalhes possíveis após um breve período de tempo. Consiste em uma figura com

vários desenhos e detalhes que podem ser agrupados em três categorias: Água,

Céu e Terra. Sua aplicação pode ser individual ou coletiva e o processo de aplicação

para cada um dos instrumentos não ultrapassa 5 minutos (RUEDA; SISTO, 2007).

2.3.3.2 BFM-2: TEMPLAM – Teste de Memória de Placas para Motorista

Esse teste foi elaborado por Emilio Tonglet, o mesmo criador da Bateria

BFM-1. O BFM-2: TEMPLAM tem a finalidade de investigar, avaliar e mensurar a

memória de curto prazo e de longo prazo em candidatos a obtenção de CNH ou

mudança de categoria ou renovação de exame. É composto por placas relacionadas

ao trânsito, e requer que o candidato assinale o maior número de respostas corretas

dentro do tempo limite, utilizando-se de vários raciocínios envolvidos. Sua correção

é realizada pelo total de acertos, mediante avaliação quantitativa e qualitativa

(VETOR, 2012).

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2.3.3.3 BGFM-4: Bateria Geral de Funções Mentais

A BGFM – Bateria Geral de Funções Mentais, representa um conjunto de

instrumentos psicológicos que investiga, avalia, classifica e padroniza as funções

mentais do campo cognitivo, analisando sistemas atentivos, memória e raciocínio. O

teste BGFM-4 pesquisa a memória de reconhecimento por meio do Teste de

Memória de Reconhecimento – TMR. O TMR é composto por 20 figuras

geométricas, dentre as quais o sujeito deve encontrar as figuras corretas, de acordo

com o modelo apresentado. A forma de apresentação do TMR foi baseada no

TEMPLAM que faz parte da BFM-2. Enquanto o TEMPLAM é um teste de memória

de reconhecimento de placas, abarcando material visual e verbal, o TMR é um teste

de memória de reconhecimento visual. A correção é realizada pelo total de acertos,

avaliação quantitativa e qualitativa (DIPSI, 2012).

2.3.3.4 MVR – Teste de Memória Visual de Rostos

O teste MVR tem por objetivo avaliar a capacidade do indivíduo em

memorizar rostos e informações associadas a eles (nomes e sobrenomes, profissão,

localização etc.). Tem situa utilizado nos contextos de avaliação neuropsicológica,

educacional, organizacional, avaliação para trânsito, porte de armas, entre outras,

quando se faz necessário avaliar a capacidade do indivíduo de recordar detalhes

após eventos distratores. É especialmente indicado para avaliação de funções que

envolvem segurança, como policiais, segurança privada, serviços de portaria. Pode

ser aplicado sob a forma individual ou coletiva, em pessoas com idades de 18 a 80

anos (CASA DO PSICÓLOGO, 2012).

2.3.3.5 Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)

Este teste foi criado para servir como avaliação clínica prática de mudança do

estado cognitivo em pacientes geriátricos. Tem sido utilizado também em outras

situações, devido a possibilidade de examinar orientação temporal e espacial,

memória (imediata ou atenção) e evocação, cálculo, praxia e habilidades de

linguagem e viso-espaciais. Pode também ser útil na avaliação cognitiva de beira de

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44

leito e como teste de rastreio de perda cognitiva. Sua aplicação requer um grau de

escolaridade médio a alto, dependendo do corte, devido às respostas verbais

exigidas para questões de orientação, memória e atenção, e avaliação de

habilidades de nomeação, seguir comandos verbais e escrivãs, escrever frases e

copiar desenhos (CHAVES, 2008).

2.3.4 Testes de Raciocínio Lógico

Os testes de raciocínio lógico são utilizados para análise e avaliação do perfil

de indivíduos. No trânsito servem para avaliar se o raciocínio do indivíduo é rápido.

Dentre os diversos testes existentes, estão: Matrizes Progressivas de Raven; BPR-5

Bateria de Provas de Raciocínio; TIG-NV Teste de Inteligência Geral não Verbal;

Bateria TSP; TCR - Teste Conciso de Raciocínio; BETA III Teste não Verbal de

Inteligência Geral; WAIS III – Escala de Inteligência Wechsler (adulto); Teste

Wisconsin de Classificação de Cartas – WCST; BFM-3 - TRAP-1 Teste de

Raciocínio Lógico; G-36 - Teste Não Verbal de Inteligência; G-38 - Teste Não Verbal

de Inteligência; R1 - Teste Não Verbal de Inteligência; R-1 Forma B - Teste Não

Verbal de Inteligência.

2.3.4.1 Matrizes Progressivas de Raven

As Matrizes Progressivas de Raven são testes de múltipla escolha usados

para aferição do Q. I. (Quociente de Inteligência) desenvolvidos por John Carlyle

Raven em 1938. As formas modernas do teste incluem cores. No Brasil, esse teste

também é conhecido como Escala Geral. A escala abrange todas as faixas de

desenvolvimento intelectual, desde que a criança seja capaz de compreender o que

falta para completar um desenho. O teste consiste em apresentar uma matriz de

figuras onde existe um padrão lógico entre as figuras, com um espaço em branco

para o examinando preencher com a figura correta, segundo seu raciocínio. É um

teste que avalia o estímulo visual (CETEPP, 2012).

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45

2.3.4.2 BPR-5: Bateria de Provas de Raciocínio

O BPR-5 - Bateria de provas de raciocínio oferece estimativas do

funcionamento cognitivo geral e das habilidades do indivíduo em cinco áreas

específicas: Raciocínio Abstrato, Verbal, Espacial, Numérico e Mecânico. Auxilia os

psicólogos a tomarem decisões sustentadas na avaliação das aptidões e raciocínio

geral, tais como: orientação profissional, avaliação das dificuldades de

aprendizagem e seleção de pessoal. A BPR-5 foi padronizada para aplicar a Forma

A para pessoas com escolaridade de 6ª à 8ª séries do ensino fundamental e Forma

B para pessoas com ensino médio e superior (CASA DO PSICÓLOGO, 2012).

2.3.4.3 TIG-NV – Teste de Inteligência Geral não Verbal

Este teste tem como objetivo avaliar desempenhos característicos dos testes

de inteligência não verbais. Possibilita a análise neuropsicológica de indivíduos com

graus de escolaridade variados e com idades de 10 a 79 anos. A análise permite

identificar os tipos de raciocínios errados e os processamentos envolvidos na sua

execução, além das classificações habituais do potencial intelectual. Pode ser usado

de forma individual ou coletiva, classificando os indivíduos em termos de percentil ou

QI e classificação da inteligência de acordo com o grau de escolaridade -

fundamental, médio e superior (CASA DO PSICÓLOGO, 2012).

2.3.4.4 Bateria TSP

A Bateria TSP é um instrumento constituído por 9 testes objetivos que

avaliam aptidões cognitivas, particularmente, no contexto do trabalho como:

conteúdo verbal (Números, Julgamento, Percepção e Fluência) e conteúdo não

verbal (Memória, Precisão, Dimensão, Partes e Blocos). O TSP pode ser aplicado

em adultos entre os 16 e os 50 anos. Estes testes podem ser aplicados de forma

independente e alguns poderão ser muito úteis na avaliação de adultos com déficit

de atenção e hiperatividade (SAPIENS, 2012).

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46

2.3.4.5 TCR – Teste Conciso de Raciocínio

O TCR é utilizado para avaliar a inteligência ou fator g, por meio da análise do

raciocínio inferencial. É utilizado principalmente para candidatos à CNH. Tem

aplicação individual ou coletiva, recomendado para indivíduos entre 18 e 73 anos. O

tempo de aplicação é de cerca de 15 minutos (UNITALENTOS, 2012).

2.3.4.6 BETA III – Teste não Verbal de Inteligência Geral

O teste BETA III é um instrumento para avaliar a inteligência geral. É a

padronização dos subtestes Raciocínio Matricial e Códigos, e pretende avaliar o

raciocínio geral e a velocidade de processamento em adolescentes e adultos. É

utilizado em contextos de avaliação educacional, organizacional, do trânsito, forense

e demais áreas onde se pretenda avaliar a inteligência. Tem aplicação coletiva ou

individual, com tempo limite de 5 minutos para o subteste Raciocínio Matricial e de 2

minutos para o subteste Códigos. Não é obrigatória a aplicação dos dois subtestes,

podendo-se optar entre um deles (CASA DO PSICÓLOGO, 2012).

2.3.4.7 WAIS III – Escala de Inteligência Wechsler

A Escala de inteligência Wechsler avalia a capacidade intelectual de adultos

na faixa etária de 16 a 89 anos. é um teste imprescindível para avaliações

psicológicas e neuropsicológicas, possibilitando obter medidas das seguintes

Escalas e Índices Fatoriais: QI Verbal, QI de Execução, QI Total, Índice de

Compreensão Verbal, Organização Perceptual, Memória Operacional, Velocidade de

Processamento (SAPIENS, 2012).

2.3.4.8 WCST – Teste Wisconsin de Classificação de Cartas

O teste Wisconsin de Classificação de Cartas é um instrumento clínico que

avalia as funções executivas dos lobos frontais, fornecendo escores objetivos não

apenas de sucesso total, mas também de fontes específicas de dificuldade na tarefa.

Foram realizados estudos com idosos saudáveis e com grupos controles

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diagnosticados com Depressão, Alzheimer e Parkinson. Foi elaborado a partir de

estudos com idosos para medir a flexibilidade mental, funções executivas, entre

outros aspectos, mas tem se mostrado um eficiente instrumento neuropsicológico. É

aplicado a indivíduos na faixa etária entre 6 a 18 anos (MIGUEL, 2005).

2.3.4.9 BFM-3 – TRAP-1 – Teste de Raciocínio Lógico

Esses instrumentos investigam as funções mentais relacionadas ao ato de

dirigir. Estabelecem uma investigação nas diversas operações mentais envolvidas

no raciocínio lógico dos motoristas. O teste é composto por placas de trânsito. De

acordo com os vários raciocínios envolvidos, o candidato registra na folha de

respostas a opção correta para cada uma das questões. A correção é realizada pelo

total de acertos, avaliação quantitativa e qualitativa. Sua aplicação pode ser Individual

ou coletiva, com limite de tempo de 10 minutos, 15 minutos, 20 minutos ou tempo

livre. Destina-se a adultos com idade mínima de 18 anos (VETOR, 2012).

2.3.4.10 G-36 - Teste Não Verbal de Inteligência

O teste G-36 foi criado por Efraim Boccalandro com o intuito de medir a

capacidade intelectual com pureza necessária no processo de seleção de pessoal.

Este instrumento tem o objetivo de avaliar o fator G de inteligência.

(BOCCALANDRO, 2003).

Apresenta itens em ordem crescente de dificuldade, envolvendo os seguintes

raciocínios: compreensão de relação de identidade e raciocínio por analogia,

analogia do tipo numérica com adição e subtração e mudança de posição, analogia

espacial com mudança de posição. O indivíduo deve escolher a alternativa correta e

registrá-la em folha apropriada. A aplicação pode ser individual ou coletiva, com

tempo de 30 minutos ou tempo livro dependendo da finalidade. Destina-se a

adolescentes e adultos com escolaridade a partir do ensino fundamental. Sua

correção é feita com crivos de acertos e erros, por meio dos quais se obtém

quantitativamente o total de acertos e qualitativamente os tipos de erros cometidos

pelo sujeito, considerando os diversos raciocínios exigidos para responder a cada

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item do teste. Há atualmente uma versão informatizada com a correção automática

do teste (VETOR, 2012).

2.3.4.11 G-38 – Teste Não Verbal de Inteligência

O G-38 é um teste semelhante ao G-36, medindo as mesmas características,

tendo o objetivo de avaliar o fator g de inteligência. Possui itens em ordem crescente

de dificuldade, e envolve os seguintes raciocínios: compreensão de relação de

identidade e raciocínio por analogia, analogia do tipo numérica com adição e

subtração e mudança de posição, analogia espacial com mudança de posição. Após

o indivíduo escolher a alternativa correta e a registrar em folha apropriada, a

correção é feita com crivos de acertos e erros, o que permite obter o total de acertos

de forma quantitativa e os tipos de erros cometidos de forma qualitativa. Sua

aplicação é individual ou coletiva, sendo adequada a adolescentes e adultos com

escolaridade a partir do ensino fundamental. O tempo para aplicação pode variar de

30 minutos ou tempo livre dependendo da finalidade utilizada (VETOR, 2012).

2.3.4.12 R-1 - Teste Não Verbal de Inteligência

O teste R-1 tem por objetivo avaliar o fator G de inteligência em adultos.

Destina-se ao exame psicotécnico de motoristas. É composto por figuras, que

apresentam itens em ordem crescente de dificuldade, a partir das quais o indivíduo

deve escolher a resposta correta e registrar na folha apropriada. Diferentes

raciocínios estão envolvidos para a resolução dos itens: complementação de figuras,

identidade de figura concreta, analogia de adição e subtração, mudança de posição,

progressão numérica, deslocamento de uma parte, alternância de elementos,

raciocínio numérico entre outros. A correção é realizada pelo total de acertos, pela

avaliação quantitativa e qualitativa, considerando os diferentes tipos de raciocínios

exigidos para responder cada item do teste. Pode ser aplicado a adultos a partir dos

18 anos, de modo individual ou coletivo, tendo limite de tempo de 30 minutos

(ALVES, 2002; VETOR, 2012).

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2.3.4.13 R-1 Forma B – Teste Não Verbal de Inteligência

O teste R-1 Forma B foi desenvolvido para ser uma forma paralela do R-1.

Analisa dois fatores: Fator 1: inteligência fluida (aprendizagem, experiência

passada); e Fator 2: em consonância ao fator g de Spearman. Ele é composto por

figuras contendo objetos concretos e abstratos e as questões estão em ordem

crescente de dificuldade. O indivíduo escolhe a resposta correta e registra na folha

apropriada. A correção é realizada pelo total de acertos, pela avaliação quantitativa

e qualitativa, considerando os diferentes tipos de raciocínios exigidos para responder

cada item do teste. A aplicação pode ser individual ou coletiva, com limite de tempo de

30 minutos, sendo utilizado para avaliar indivíduos a partir dos 15 anos (VETOR,

2012).

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais

conforme determina o Conselho Nacional de Saúde - CNS nº 196/96 do Decreto nº

93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas

regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos:

A identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme apregoa a

Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário identificar-se ao

responder o questionário. Foram coletados dados a respeito de idade, tempo de

profissão e tempo de atuação como psicólogo do trânsito, para que se possa obter

maiores informações sobre a população pesquisada de psicólogos.

3.2 Tipo de Pesquisa

Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com dupla, combinação de

abordagens, a saber quanti-qualitativa.

3.3 Universo

O presente estudo abrangeu 21 estados do Brasil com mais de 26 cidades.

As quais foram: Alagoas (Maceió), Amapá (Santana), Amazonas (Manaus), Bahia

(Bom Jesus da Lapa, Candeias, Guanambi, Irecê, Itamaraju, Salvador, Santana,

Santa Maria de Vitória, Serrinha e Teixeira de Freitas), Distrito Federal (Brasília),

Espirito Santo (Afonso Claudio e Cachoeira do Itapemirim), Goiás (Goiânia),

Maranhão (Balsa e São Luís), Mato Grosso do Sul (São Gabriel do Oeste), Minas

Gerais (Ipatinga), Pará (Belém e Marabá), Paraná (Curitiba, Cascavel e Foz do

Iguaçu), Pernambuco (Cabo do Santo Agostinho), Rio Grande do Norte (Natal), Rio

Grande do Sul (Porto Alegre), Rondônia (Porto Velho), Roraima (Boa Vista), São

Paulo (Capital, Bebedouro, Itanhaém, Sorocaba, São Caetano do Sul, São José dos

Campos e Santo André), Santa Catarina (Rio do Sul), Sergipe (Aracaju), Teresina

(Piauí).

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3.4 Sujeitos da Amostra

A amostra deu-se por conveniência, não randomizada, quando lançou-se mão

dos peritos psicólogos atuantes em Clínicas de Trânsito que são alunos pós-

graduando do curso de Especialização em Psicologia do Trânsito e que estavam

presentes em Maceió/AL, no mês de abril/2012. Foram 48 sujeitos acessados que

responderam à pesquisa no período de abril a outubro de 2012. E, todos

participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados

Instrumento estruturado, um questionário com perguntas objetivas que

levavam a repostas abertas. Composto por 6 perguntas, que abrange a

caracterização dos sujeitos, cujas variáveis incorporadas foram idade, gênero,

tempo de profissão e tempo atuação como psicólogo do trânsito, cidade e estado de

atuação profissional, testes psicológicos utilizados, por que utiliza-se estes testes,

validade dos testes e sugestões para melhoria do processo de avaliação psicológica

no trânsito.

3.6 Procedimentos para Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada através de aplicação do questionário contendo

questões que alcançaram os objetivos da pesquisa. Nesse sentido, o questionário

tentará destacar a opinião de profissionais da área com relação à avaliação

psicológica empregada no trânsito.

3.7 Procedimentos para Análise dos Dados

O tratamento estatístico baseou-se no sistema de Medida de Tendência

Central e banco de dados do software Microsoft Office Excel 2007. Quanto à parte

qualitativa recorreu-se a análise de conteúdo enquanto técnica para dar sentido às

falas dos sujeitos entrevistados.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Priorizou-se apresentar conforme a sequência de perguntas que constam no

questionário respondido pelos profissionais psicólogos que participaram da

pesquisa. O tratamento estatístico dos resultados baseou-se no sistema de Medida

de Tendência Central. Recorreu-se para realizar a análise quantitativa a análise de

conteúdo enquanto técnica para dar sentido aos relatos dos sujeitos entrevistados.

Para investigar as características sócio-demográficas as variáveis

consideradas foram idade e gênero, apresentados na tabela 01.

Tabela 01. Caracterização dos sujeitos em 21 estados brasileiros.

Características Sócio-demográficas f % Masc. 2 4.0 Gênero Fem. 46 96.0 Faixa Etária 24 a 29 anos 14 30.0 30 a 39 anos 15 33.0 40 a 49 anos 8 20.0 50 a 59 anos 9 17.0 Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.

Com relação ao gênero a prevalência na pesquisa foi do sexo feminino com

46 participantes, tendo 2 homens somente na população pesquisada. A prevalência

do sexo feminino na profissão de Psicologia é um fato confirmado nos estudos de

Noronha et al (2006), que demonstram a tendência de prevalência do sexo feminino

nas áreas de Psicologia e Educação.

Quanto à variável idade, foram encontrados na pesquisa sujeitos com idades

a partir dos 24 aos 59 anos. A amostra dos processos demonstrou que dos 48

psicólogos, 33% estão com idade de 24 a 29 anos, na idade de 31 a 39 anos

encontrou-se sujeitos com percentual de 30%, dos 40 aos 49 anos somou-se 20% a

população pesquisa, na idade de 50 a 59 anos aparecem 17% dos participantes.

Sobre a área de atuação pode-se observar que muitos profissionais, atuam na

área do trânsito e em mais outra área da psicologia, como em Psicologia Clínica,

Organizacional, Jurídica, Social, Educacional, Hospital e Penal. Averiguou-se que os

psicólogos que estão atuantes na área de Psicologia do Trânsito a mais de três anos

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são os que permaneceram atuando somente nesta área, encontrou-se 1 psicóloga

que trabalha como perita do trânsito a 32 anos.

Acerca do tempo de formação em Psicologia e tempo de atuação na Área do

Trânsito, os dados obtidos foram variados (cv. quadro 01), pois constatou-se

profissionais que já estão atuantes na área do trânsito a 32 anos e outros que estão

apenas iniciando com 4 meses de experiência. Na população pesquisada de 48

psicólogos, contabilizou-se que 25 profissionais possuíam de 1 a 10 anos de

formação, 7 psicólogos de 11 a 20 anos e 4 entre 21 a 32 anos de formados. Na

avaliação sobre o tempo de profissão na área do trânsito pode-se encontrar as

seguintes informações: de 4 meses a 2 anos de atuação foram 17 psicólogos, de 3 a

10 anos atuam 16 profissionais, já dos 11 aos 20 anos 4 pessoas, e dos 21 aos 32

anos de carreia na área do trânsito foram apenas 2.

Quadro 01. Tempo de formação e atuação na área do trânsito.

FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA ATUAÇÃO NA ÁREA DO TRÂNSITO Profissionais participantes

Tempo de formação

Profissionais participantes

Tempo de atuação

26 01-10 anos 17 4 meses a 2 anos 07 11-20 anos 16 3 a 10 anos 04 21-32 anos 04 11 a 20 anos

02 21 a 32 anos Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.

No quadro 02 apresenta o universo estudado, o qual reuniu cidades e

capitais brasileiras, com suas respectivas unidades da federação. A próxima fase do

questionário representa levantamento dos estados e suas respectivas cidades, foi

possível reunir informações acerca da atuação do psicólogo em diversas partes do

Brasil.

Adquiriram-se informações dos estados e das cidades: Alagoas (Maceió),

Amapá (Santana), Amazonas (Manaus), na Bahia a amostra constou de 11

psicólogos das mais variadas cidades (Bom Jesus da Lapa, Candeias, Guanambi,

Irecê, Itamaraju, Salvador, Santana, Santa Maria de Vitória, Serrinha e Teixeira de

Freitas), Distrito Federal (Brasília) dados coletados diretamente do Detran/DF, no

estado do Espírito Santo não foi possível levantar informações sobre a sua capital

Vitória, toda via, arrecadou-se informações de duas outras cidades, Afonso Cláudio

e Cachoeira do Itapemirim, Goiás (Goiânia) coletado questionário do Detran/GO,

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Maranhão também conseguiu-se informações de dois profissionais de (Balsas e São

Luís), Mato Grosso do Sul (São Gabriel do Oeste), Minas Gerais (Ipatinga).

Quadro 02. Distribuição do universo pesquisado, segundo status da unidade federativa (UF).

ESTADO CAPITAL CIDADES Nº

Acre Rio Branco

s/ informações

---

00 Alagoas Maceió Maceió 01

Amapá

Macapá s/ informações

Santana

01

Amazonas Manaus Manaus 01

Bahia

Salvador Bom Jesus da Lapa, Candeias,

Guanambi, Irecê, Itamaraju, Santana, Santa Maria de Vitória, Serrinha e

Teixeira de Freitas.

11

Ceará

Fortaleza s/ informações

---

00

Distrito Federal Brasília Brasília 01

Espírito Santo Vitória

s/ informações Afonso Cláudio e

Cachoeira do Itapemirim

02 Goiás Goiânia Goiânia 01

Maranhão São Luís São Luís e Balsas 02

Mato Grosso Cuiabá

s/ informações

---

00 Mato Grosso

do Sul Campo Grande s/ informações

São Gabriel do Oeste

01

Minas Gerais

Belo Horizonte s/ informações

Ipatinga

01

Pará Belém Belém e Balsas 03

Paraíba João Pessoa

s/ informações

---

00 Paraná Curitiba Cascavel e Foz do Iguaçu 03

Pernambuco Recife Cabo do Santo Agostinho 01 Piauí Teresina Teresina 01

Rio de Janeiro Rio de Janeiro s/ informações

--- 00

Rio Grande do Norte

Natal

Natal

01

Rio Grande do Sul

Porto Alegre

Porto Alegre

01

Rondônia Porto Velho Porto Velho 02 Roraima Boa Vista Boa Vista 01

Santa Catarina

Florianópolis s/ informações

Rio do Sul

01

São Paulo

Capital (SP)

Santo André, São Caetano do Sul, Itanhaém, Bebedouro, Sorocaba,

São José dos Campos

11

Sergipe Aracaju Aracaju 01

Tocantins Palmas

s/ informações

---

00

27 estados

16 capitais

26 cidades

48 Nota: s/ informações = capitais que não foram coletados dados, n= número de sujeitos que que responderam ao questionário. Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.

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No Pará (Belém e Marabá), no estado do Paraná foi possível angariar

informações de Curitiba, Cascavel e Foz do Iguaçu, as informações de Curitiba

vieram diretamente do Detran/PR, Pernambuco (Cabo do Santo Agostinho), Rio

Grande do Norte (Natal), Rio Grande do Sul (Porto Alegre), informações advindas do

Detran/RS, Rondônia (Porto Velho), Roraima (Boa Vista), do estado de São Paulo

reuniu-se dados de 5 cidades, provenientes da Capital, Bebedouro, Itanhaém,

Sorocaba, São Caetano do Sul, São José dos Campos e Santo André, em Santa

Catarina (Rio do Sul), Sergipe (Aracaju), Teresina (Piauí). Não obteve-se relatos

para análise de 6 capitais brasileiras, como; Ceará Mato Grosso, Palmas, Paraíba,

Rio Branco e Rio de Janeiro.

Para tanto, a pesquisa abrangeu um total de 26 cidades, apesar de não

conseguirem-se informações de suas capitais, foi recrutado dados de algumas

cidades destes estados como; Santana (Amapá), Afonso Cláudio e Cachoeira do

Itapemirim (Espírito Santo), São Gabriel do Oeste (Mato Grosso do Sul), Cabo do

Santo Agostinho (Pernambuco), Rio do Sul (Santa Catarina), o que possibilitou

entender como se organiza o processo de avaliação psicológica no trânsito nesses

estados. Neste sentindo, mapeou-se 21 estados compreendendo um percentual

30%, as cidades pesquisadas foram 26 equivalente a 38%, as capitais pesquisadas

foram 16 o que equivale a 23% e foram 6 capitais sem informações o que

corresponde a 9% da pesquisa, conforme apresentado no gráfico 01..

Gráfico 01: Percentual dos estados, capitais e cidades mapeadas.

Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.

A segunda parte do questionário esteve voltada a buscar informações

específicas sobre os testes psicológicos utilizados pelos profissionais na avaliação

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psicológica voltada ao trânsito. Os profissionais foram questionados acerca da

variedade dos testes aplicados na avaliação psicológica dos condutores e os

resultados são apresentados na Tabela 02.

Tabela 02. Distribuição dos tipos de testes psicológicos.

Testes f %

Atenção 16 39.0

Personalidade 13 32.0

Inteligência 08 19.0

Memória 04 10.0

Total 40 100.0

Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.

Este questionamento representa maior propósito desta pesquisa, pois a partir

dele foi possível dimensionar quais testes psicológicos estão sendo utilizados em

grande parte no Brasil contribuindo para a compreensão de como ocorre processo

de avaliação psicológica realizada pelos peritos, visto que, a pesquisa abrange 21

estados brasileiros. Identificaram-se 40 tipos de testes utilizados para

instrumentalizados dos psicólogos na avaliação dos condutores, sendo 16 tipos de

testes de atenção, 13 tipos de testes de personalidade, 8 tipos de testes não verbal

de inteligência/avaliação cognitiva, e ainda para investigação da memória foram

encontrados 4 tipos de testes aplicados.

Conforme PASQUALI (2001) a avaliação psicológica realizada pelos

profissionais de psicologia deve-se compor de uma ação conjunta, utilizando-se de

técnicas apropriadas para levantar e diagnosticar problemas específicos, para assim

agir de forma interventiva. Neste sentido, o emprego dos testes psicológicos que é

um instrumento cientificamente comprovado por sua eficácia, e por ser procedimento

sistemático pelo qual o profissional observa determinado comportamento e

descreve-o com a ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas.

Concorda-se com PACANARO et al (2011, p. 29) quando diz que, os testes

psicológicos são considerados meios para reunir dados de comportamentos e

respostas de indivíduos com o objetivo de descrever e mensurar características e

fatores psíquicos.

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Os testes psicológicos aplicados pelos peritos em suas clínicas, para

avaliação da atenção são: AC – Atenção Concentrada de (Suzi Cambraia), Bateria

BFM-1 - TACOM A e B (atenção concentrada), TADIS 1 e TADIS 2 (atenção

discriminativa), TADIM 1 e TADIM 2 (atenção difusa) e BFM-4 - TACOM C e D

(atenção concentrada), TECON 1,2,3 (atenção centrada), TEDIF 1,2,3 (atenção

difusa), TEADI (atenção dividida), TEALT (atenção alternada) , TEACO-FF (atenção

concentrada), MPM (atenção seletiva e rapidez perceptual) e D2 (atenção

concentrada). Os testes de personalidades citados na pesquisa foram: PMK-

Psicodiagnóstico Miocinético, que no mês de Abril/2012 quando iniciou-se a coleta

de dados da presente pesquisa, o PMK-Psicodiagnóstico Miocinético estava

aprovado pelo Conselho Federal de Psicologia, toda vida, em 16 de Maio de 2012, o

Conselho Federal de Psicologia, emitiu uma nota com parecer desfavorável que

implicou suspensão do seu uso pelos psicólogos, no site do Conselho Federal de

Psicologia, consta a seguinte explicação para o parecer desfavorável:

1. A fundamentação teórica é insuficiente e não permite compreender o que subsidia cientificamente a operacionalização das seis dimensões de personalidade por meio dos comportamentos psicomotores, de modo que não está clara a relação entre o pensamento e as emoções e os movimentos musculares; 2. Problemas foram identificados nos estudos de validade, de tal modo que não é possível afirmar que o teste mede de fato aquilo que se propõe a avaliar; 3. Os estudos de precisão foram considerados insuficientes.

Para tanto, divulgam ainda que já esta em análise uma nova versão do teste

que deverá ser intitulada “Psicodiagnóstico Miocinético – PMK, 2012” (CONSELHO

FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2012).

Corrobora-se com Pellini e Leme (2011) quando diz que o psicólogo deve agir

com responsabilidade pautada em seu código ético profissional, o uso de

instrumentos não favoráveis pelo Conselho Federal de Psicologia, pode causar

prejuízos aos candidatos e resultar em uma avaliação inadequada. As avaliações

psicológicas devem ser feitas utilizando-se instrumentos que atendam aos critérios

de aplicação, correção, e interpretação conforme definidos nos manuais, para que

sejam evitados danos e consequências que podem ser irreversíveis.

Os testes que estão substituindo o PMK são os testes projetivos; Pfister

(Pirâmides Coloridas de Pfister), Z-Teste (Técnica de Zulliger). Os demais testes

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utilizados para avaliar a personalidade são Palográfico, que é unanime a sua

utilização entre os psicólogos, conforme pode-se constatar na tabela 03, o teste HTP

(Casa-Árvore-Pessoas), Rorscharch (Teste Projetivo), CPS (Escalas de

Personalidade de Comrey) e o teste IFP (Inventário Fatorial da Personalidade).

Pode-se levantar dos testes não verbal de inteligência/avaliação cognitiva utilizados

pelos profissionais o uso dos testes; R-1, R1-Forma B, TRAP-1, G-36, G-38,

Matrizes Progressivas de Raven, BPR-5 (Bateria de Provas de Raciocínio), TIG-NV

(Teste de Inteligência Geral Não-Verbal), Bateria TSP, TCR (Teste Conciso de

Raciocínio), BETA III (Teste Não Verbal de Inteligência Geral), FATOR G, WAIS III

(Escala de Inteligência Wechsler - adulto), WCST (Teste Wisconsin de Classificação

de Cartas).

Tabela 03. Frequência de utilização de testes psicológicos na avaliação dos condutores.

Atenção f %

Inteligência/ Cognitivo

f %

Personalidade

f %

Memória

f %

AC Tacom A Tadim 1 Tadim 2 Tacom B Tacom C

MPM Tadis 1 Tadis 2 Teaco-ff

Tedif D2

Tealt Tecon Teadi

35 19.0 24 13.0 23 12.0 23 12.0 22 12.0 09 5.0 12 6.0 11 6.0 11 6.0 06 3.0 04 2.0 02 1.0 02 1.0 02 1.0 01 1.0

R-1 Trap-1 R1-B G-36

Raven TCR

Beta III G-38

Minimental TIG-NV

Wais Winsconsin

BPR-5

45 52.0 21 25.0 07 8.0 02 3.0 02 3.0 02 2.0 01 1.0 01 1.0 01 1.0 01 1.0 01 1.0 01 1.0 01 1.0

Palográfico PMK

Z-Teste/ Zulliger

HTP Pfister CPS IFP

Rorschach

47 46.0 29 28.0 09 9.0 08 8.0 04 4.0 02 2.0 02 2.0 01 1.0

TEMPLAM TEPIC-M

TMR TSP

05 46.0 03 27.0 02 18.0 01 9.0

Total

187 100.0

Total

85 100.0

Total

102 100.0

Total

11 100.0

Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.

Constatou-se que na cidade de Maceió/AL, na grande São Paulo, na cidade

de Marabá/PA e em Cabo de Santo Agostinho/ PE os testes psicológicos utilizados

na avaliação dos condutores são AC, R-1 e PALOGRÁFICO, conforme Quadro 03.

Em Boa Vista/RR os testes psicológicos utilizados assemelham-se com os dos

estados acima. São aplicados os mesmos testes psicológicos de atenção,

personalidade e inteligência, toda via, acrescenta-se o teste TRAP-1 na avaliação

cognitiva.

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Quadro 03. Testes Psicológicos semelhantes em Alagoas, São Paulo, Pará, Roraima e Pernambuco.

ESTADOS E CIDADES TESTES PSICOLOGICOS APLICADOS AL/ Maceió AC, Palográfico, R-1 PA/Marabá AC, Palográfico, R-1

PE/Cabo do Santo Agostinho AC, Palográfico, PMK, R-1 Grande São Paulo AC, Palográfico, R-1

RR/Boa Vista AC, Palográfico, R-1, TRAP-1 Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.

No estado de São Paulo coletou-se 11 questionários, sendo 2 da capital, 1

Bebedouro, 1 de Itanhaém (litoral sul de SP), 2 de Sorocaba, 3 de Santo André, 1

de São Caetano do Sul e 1 de São José dos Campos. Identificaram-se que na

Capital os testes psicológicos utilizados para avaliação dos condutores foram

somente três testes psicológicos que são os recomendados pelo Detran/SP, PMK,

AC e R1. Na grande São Paulo, em Santo André e nas cidades de Bebedouro,

Sorocaba e São José dos Campos, utiliza-se estes mesmo testes, incluindo o

Palográfico na avaliação da personalidade. Segundo as informações coletadas em

São Caetano do Sul além destes testes citado acima, a informante se

instrumentaliza com HTP e o FATOR G, na avaliação cognitiva. O teste FATOR G,

não foi observado à utilização do mesmo nenhum outro estado. Na cidade Itanhaém

a psicóloga aplica o teste TEACO-FF na avaliação da atenção.

Em Santana/Amapá, os testes psicológicos utilizados são TADIS,

PALOGRÁFICO, TRAP-1 e TEPIC-M. No Amazonas/Manaus averiguou-se que os

testes utilizados para avaliar a atenção são: TADIM, TADIM 2, TADIS 1 e 2, TACOM

A e B e MPM, na investigação da personalidade aplica-se o Palográfico e na

avaliação da inteligência são os testes RAVEN e R-1, e ainda conforme relata a

psicóloga “e outros testes que possam substituir estes citados”

Na Bahia, coletou-se informações de 11 psicólogos das mais variadas

cidades, observou-se que em todas as 9 cidades os sujeitos aplicam os mesmos

testes de atenção (TACOM A e B, TADIM 1 e 2 e MPM), inteligência (R-1, R1-B e

TRAP-1), os testes de personalidade aplicados são o PALOGRÁFICO e PMK citado

por todas as clínicas. Em 5 clínicas além do PALOGRÁFICO e PMK, foi descrita a

utilização dos testes HTP e ZULLIGER.

As informações coletadas no Distrito Federal advém diretamente do Detran de

Brasília, e neste pode-se obter informações acerca do processo de avaliação

psicológica nas clínicas do estado, bem como, do processo de avaliação interno do

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departamento de avaliação psicológica do Detran/DF. As clínicas de Brasília

instrumentalizam-se com os testes; PMK, PFISTER, PALOGRÁFICO, HTP, TADIM,

TACOM, TADIS e suas variações conforme descreve o psicólogo, para avaliação da

inteligência lance-se mão dos testes TRAP-1, R1, R-1B, G-36 e G-38.

Conforme relato do psicólogo do Detran/DF:

“Como no departamento de avaliação psicológica do Detran se faz também avaliação neuropsicológica para atendimento de casos encaminhados pelo Núcleo de Medicina, sobretudo, pacientes com demências (Alzheimer e Parkinson) ou com histórico de AVC, Epilepsia, etc. Nesta avaliação são utilizados outros testes, oriundos da Neuropsicologia: WAIS, WINSCONSIN, MINIMENTAL. Nas clínicas os testes não fogem muito daquela bateria padrão (já citados acima). Aqui no Detran ainda temos outras opções de reteste: TEDIF, TECON, TRILHAS COLORIDAS, AS, AD, ZULLIGER, CPS, TIG-NV”

No estado do Espírito Santo foram coletadas informações das cidades Afonso

Cláudio e Cachoeira do Itapemirim, identificaram-se diferenças na aplicação dos

testes psicológicos utilizados na avaliação dos condutores. Na cidade de Afonso

Cláudio, os testes citados foram AC, TADIM, PALOGRÁFICO e ZULLIGER. Em

Cachoeira do Itapemirim os testes aplicados pela clínica pesquisada são AC,

TACOM A e B, TADIM 1 e 2, PALOGRÁFICO, PFISTER e ZULLIGER. Deste estado

não foi possível coletar informações da capital, para que pudéssemos fazer uma

análise comparativa, toda via, os profissionais descreveram que os testes

psicológicos utilizados nas clínicas são determinados pelo Detran/ES.

O questionário de Goiânia/GO, foi respondido pelo setor de psicologia do

Detran/GO que recomenda uma bateria de testes, ou seja, para avaliar atenção

deve-se aplicar os testes AC, D2, TEACO-FF, Bateria BFM-1 (TACOM, TADIS e

TADIM), Inteligência – R-1, R1-B, TRAP-1, RAVEN, TIG-NV, TCR, para avaliar a

personalidade são recomendados HTP, PALOGRÁFICO, PFISTER, ZULLIGER,

CPS e IFP, deve-se avaliar também a memória utilizando-se os testes TEMPLAM,

TMR e TEPIC-M e ainda os testes TSP (Percepção e Precisão) e BPR-5 (Raciocínio

espacial, forma A e B). Esclarece a informante do Detran:

“O Detran recomenda uma bateria de testes, ficando a critério da clínica a escolha dos testes dentro dessa bateria sugerida”.

No Maranhão relacionou-se questionário de São Luís e Balsas. Pode-se

compreender que ambas utilizam os mesmos testes – AC, PALOGRÁFICO e HTP.

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Toda via, em Balsas a clínica instrumentaliza-se na avaliação da atenção com mais

a Bateria BFM.

Analisando os testes aplicados pelos estados do Maranhão e Espírito Santo,

emergiu um dado novo, detectou-se que os testes aplicados no processo de

avaliação psicológica dos condutores compreendem somente a avaliação da

atenção e personalidade, não foi citado pelas 2 informantes de ambos

estados/cidades pesquisadas a aplicação de testes de avaliação

cognitiva/inteligência

Este procedimento de avaliação desenvolvido por estes 2 estados divergem

do que foi estabelecido pela resolução no 267/2008 do Contran.

Na resolução Contran no 267/2008, no artigo 5o, enumera-se que devem ser

aferidos pelos psicólogos na avaliação psicológica 4 processos psíquicos: 1) tomada

de informação e processamento de informação; 2) tomada de decisão; 3)

comportamento e auto avaliação do comportamento; 4) traços de personalidade

(BRASIL, 2008).

Em Minas Gerais na cidade Ipatinga os testes utilizados são AC, R-1 e G-36,

PMK, PFISTER, ZULLIGER e RORSCHACH, este foi o único estado encontrado que

realiza a aplicação do teste projetivo RORSCHACH na avaliação psicológica do

trânsito.

No Mato Grosso do Sul na cidade de São Gabriel do Sul levantou-se que os

testes psicológicos aplicados para avaliação da atenção são os testes AC, TEALT,

TEADI, MPM, Bateria BFM-1 e BFM-4, na investigação da personalidade o

PALOGRÁFICO, PMK e HTP, na avaliação da memória utiliza-se o teste TEMPLAM.

No Piauí/Teresina os testes utilizados são AC, TEACO-FF, TEDI-F, TADIM,

TACOM, TRAP-1, R-1 e PALOGRÁFICO. Em Natal/RN averiguou-se que os testes

psicológicos utilizados para avaliar a atenção são AC, TACOM A e B, TADIM 1 e 2 e

MPM, para avaliar raciocínio são utilizados o TRAP-1 e R-1, na investigação da

personalidade são aplicados PMK e PALOGRÁFICO.

No estado do Pará coletou-se 3 questionários, 2 profissionais da cidade

Belém e 1 profissional da cidade de Marabá, pode-se observar diferenças dos

instrumentos utilizados entre as cidades. Em Belém/Pará, verificou-se que os testes

utilizados naquele momento eram TACOM A, TACOM B, TACOM C, TADIS 1, R-1,

TRAP-1, TCR, ZULLIGER, PMK, e PALOGRÁFICO, no entanto, em uma das

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clínicas já estava-se adquirindo uma nova bateria de testes de atenção que seriam:

TEALT, TEADI e TEACO. Na cidade de Marabá, utiliza uma bateria de teste mais

reduzida em comparação as profissionais que atuam na cidade de Belém. Visto que,

em Marabá utiliza-se dos testes psicológicos AC, R-1 e PALOGRÁFICO. Esta

diferença pode-se sugerir que ocorrem devido os psicólogos deste estado terem

autonomia de escolher sua própria bateria pautada na necessidade de avaliação dos

três processos psíquicos (atenção, raciocínio lógico, equilíbrio emocional-

personalidade).

No Paraná, obteve-se informações do Detran/PR Curitiba, e das cidades de

Cascavel e Foz do Iguaçu. O Detran/PR relata que “são utilizados obrigatoriamente

3 testes que avaliem a atenção, 1 para cada tipo diferente de atenção, 1 teste de

personalidade, 1 teste de memória, 1 teste de raciocínio lógico”. Coletaram-se

questionários de Cascavel e Foz para que se pudesse investigar quais testes estão

sendo utilizados neste região dentro das diretrizes estabelecidas pelo Detran/PR,

são utilizados para avaliação atenção a Bateria BFM-1 e BFM-4, AC, D2, para

avaliar a memória utiliza-se o TEPIC-M e TEMPLAM, para avaliar a inteligência R-1,

R1-B, TRAP-1, G-36, na avaliação da personalidade são utilizados os testes

PALOGRÁFICO, IFP, CPS.

Em RS/Porto Alegre os testes psicológicos que servem de instrumentos para

avaliação dos condutores, conforme informações descritas pelo Detran/RS, na

avaliação da atenção utiliza-se a Bateria BFM-1, para avaliar a inteligência R-1 e

TRAP-1, é necessário também avaliar a memória com os testes TEMPLAM e TMR

e, para investigar a personalidade utiliza-se o teste PALOGRÁFICO.

Através do levantamento realizado na cidade de Rondônia/Porto Velho,

averiguaram-se pequenas diferenças na utilização dos testes entre uma clínica e

outra. Para avaliar a atenção utilizam-se dos testes AC, da Bateria BFM-1, TEACO-

FF e do TEALT, para investigar a inteligência não verbal usa-se o R1 e o TRAP-1 e

na compreensão da personalidade ambas instrumentalizam-se com o

PALOGRÁFICO,

Em SC/Rio do Sul os testes aplicados nas clínicas são a Bateria BFM-1 e

BFM-4, TEACO-FF, AC, BGFM-1 (TEDIF), BGFM-4 (TMR), BFM-3 (TRAP-1). No

estado de SE/Aracaju os testes psicológicos utilizados são AC, TADIM e TACOM,

PALOGRÁFICO e R-1.

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Constatou-se que nos estados de GO, MT, PR, RO, RS e na cidade Santana,

existe uma diferença no processo de avaliação psicológica dos condutores. Nestes

estados os processos psíquicos avaliados são atenção, personalidade, raciocínio e a

memória, os demais estados não avaliam o fator memória.

Brickenpkamp et al (2004), afirma que a investigação da atenção,

concentração, memória e controle emocional, são processo básicos e se fazem

necessários visto que essa desatenção encontra-se aliada a fatores de um condutor

de riscos, sendo os prejuízos incalculáveis.

Confirmando o que Elander, West e Frenche et al (1993) apontam, que um

desempenho ruim em testes que avaliam a percepção de perigo, atenção, memória

estariam relacionados diretamente aos índices de acidentes nas estradas.

No gráfico 02, apresenta os testes mais frequentes utilizados pelos

informantes na avaliação dos condutores nas capitais brasileiras, que avaliem os 3

processos psíquicos, de atenção, personalidade e raciocínio lógico. Na avaliação da

atenção os quais se destacaram foram AC e TACOM A, o teste AC corresponde a

23% da pesquisa, o TACOM A apresenta o percentual de utilização de 16%, na

investigação da personalidade o teste PALOGRÁFICO se sobressaiu entre todos os

outros testes prevalece com 31% sendo o teste personalidade utilizado por todas as

clínicas, no caso do teste de raciocínio lógico evidenciou-se o teste R-1, percentual

de 30%.

Gráfico 02: Testes psicológicos mais frequentes nas clínicas de trânsito das capitais brasileiras.

Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.

Informações estas que corroboram com Silva e Alchieri (2010, p. 5), que em

estudos realizados sobre validade preditiva de instrumentos psicológicos usados na

avaliação psicológica de condutores para a revista Psicologia: Teoria e Pesquisa

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encontraram dados semelhantes aos desta pesquisa. Identificaram que os testes

que apareceram com mais frequência foram AC, TADIM-2, PALOGRÁFICO e R-1

havendo somente uma variação no segundo teste de atenção citado, destacou-se na

população pesquisada como sendo o segundo teste de atenção mais utilizado o

teste de atenção concentrada TACOM A.

Através do site SATEPSI (Sistemas de Avaliação de Testes Psicológicos,

2012), pode-se conferir que todos os testes psicológicos que estão sendo utilizados

nas clínicas pesquisadas, constam com parecer favorável, portanto, aprovados para

uso, salvo o teste PMK, que foi retirado de uso em Maio de 2012, e a pesquisa

iniciou em Abril/2012, sendo assim, os resultados que constam com o uso do PMK

na avaliação da personalidade datam de antes de Maio.

Detectou-se que para o processo de avaliação psicológica desenvolvido em

grande parte do Brasil não existe um padrão, cada clínica ou cada estado se

instrumentalizam-se da forma como lhe cabem a necessidade.

Conforme afirma Rueda (2005) a falta de padronização dos instrumentos

utilizados, assim como a falta de continuidade da avaliação, a qual é realizada

apenas uma vez na primeira obtenção da CNH, sem levar em conta as mudanças

que ocorrem nas pessoas com o tempo, são fatores que merecem atenção.

Para tanto, corrobora-se com Lamounier e Rueda (2005), quando afirmam

que no contexto do trânsito, devido a sua complexidade, estudos de validade são

especialmente difíceis de abranger toda a realidade e os múltiplos aspectos que

podem necessitar de aferição. A validade alcança apenas uma determinada situação

ou contexto, não sendo totalmente válidos. Daí a grande quantidade de testes

psicológicos existentes e que vem sendo utilizados em diferentes contextos e

situações.

Pode-se observar diante dos dados coletados na pesquisa informações que

corroboram com Lamounier e Rueda (2005), que identificaram que embora sejam

muitas as variáveis psicológicas que podem influenciar na ocorrência de acidentes,

as características de personalidade que devem ser verificadas na avaliação

psicológica para o trânsito ainda não estão muito bem definidas. Por isso, a

Avaliação Psicológica Pericial para o trânsito tem sido realizada de modo

diferenciado nos diversos estados brasileiros, embora tenham em comum a

obrigatoriedade e as normatizações do Denatran, Contran ou Detrans.

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Referencias estas que podem ser detectadas através da análise da próxima

questão que se refere ao motivo da utilização dos referidos testes, ou seja, este

questionamento foi realizado objetivando levantar informações acerca de como se

dá o processo de escolha dos testes psicológicos pelos psicólogos.

Foi possível relacionar conforme relatos que a escolha da bateria de testes

psicológicos utilizados pelos informantes esta pautada em 3 medidas; pela

autonomia que psicólogo possui em escolher a bateria de testes da qual utiliza-se

em seu estado, pela determinação do Detran de seu estado ou ainda pela resolução

do Contran 267/2008.

Na resolução Contran no 267, de 15 de fevereiro de 2008 no artigo 5o, são

enumerados os seguintes processos psíquicos que devem ser aferidos na avaliação

psicológica, referidas anteriormente.

Nos estados AL, PA, MA, SC, RO, PI os peritos possuem autonomia para

escolher a bateria de testes que julgam ser adequadas para utilizar nas clínicas

credenciadas ao Detran de seu estado.

Quanto à questão abordada sobre isso, as falas dos sujeitos mostram-nos:

“A definição da clínica, onde os psicólogos avaliam que define a bateria de testes utilizados” (Q1/AL)

“O Detran não estabeleceu quais testes devem ser utilizados ficando a critério da clínica escolher quais testes serão usados. Escolhemos estes testes por serem de menos custo” (Q2/MA), opinião profissional de outra cidade do Maranhão “São testes de rápida mensuração e de fácil análise qualitativa” (Q3/MA). “O Detran determina alguns testes, mas eu escolho os que tenho mais afinidade” (Q4/SC). “São os testes mais indicados para o trânsito devido às pesquisas voltadas para este fim” (Q/28) outro relato da mesma cidade “Acredito que tais testes fornecem características relevantes do perfil do candidato a condutor” (Q5/RO).

Esta forma de atuação é aprovada pelo Detran/PR, o qual afirma que a

utilização de testes psicológicos é de competência e responsabilidade do

profissional, contudo, somente são permitidos testes adquiridos em editores ou

distribuidoras oficiais, devendo estes serem originais e avaliados pelo CFP e

Contran, bem como, o profissional tem a responsabilidade pelo sigilo e guarda dos

mesmos durante o prazo exigido por lei (DETRAN/PR, 2011).

Para tanto no Amazonas, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo,

Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo e Sergipe, seguem as

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determinações do Detran de seu estado ou da resolução do Contran 267/2008 ou

ainda as resoluções do Conselho Federal (CFP), relata-se que:

“Para utilização destes testes aqui no Amazonas seguimos determinações da Câmara temática do DENATRAN e a Resolução nº 267 CONTRAN, critério profissional apenas na montagem da bateria a ser utilizada que é composta de 4 testes (personalidade, atenção concentrada e discriminativa e também nível mental)” (Q6/AM).

“Os testes são escolhidos de acordo com a preferência do profissional psicólogo, desde que atendam aos requisitos discriminados na Resolução 267/2008 Contran” (Detran/DF). “Em função do cumprimento das normas que regem o regulamento e credenciamento dos clínicas de trânsito” (Q13/BA) “São testes indicados pelo próprio Detran e que tem um custo que se adapta as condições de remuneração do psicotécnico” (Q7/MS). “Determinação do próprio Detran” (Q8/PE) “Por que avaliam algumas das áreas solicitadas na Resolução CONTRAN nº 267/2008; há possibilidade de aplicação coletiva; possuem validação com candidatos a CNH, de diferentes idades e escolaridades” (Detran/RS). “Por que avaliam o que é exigido pela resolução no que diz respeito à área percepto-motora e equilíbrio emocional” (Q9/AP)

Nos diversos estados brasileiros, os Detrans exigem que a prática do

psicólogo do trânsito seja pautada nas resoluções e exigências do Conselho Federal

de Psicologia.

No estado do Espírito Santo, onde coletou informações de 2 cidades, houve

uma variação de testes psicológicos aplicados de uma clínica para outra, não são

exatamente os mesmos testes aplicados, embora a avalia-se os mesmo fatores

atenção concentrada, atenção difusa, inteligência e personalidade. Considerando-se

então que a instrução ao psicólogo é de que os testes utilizados advém da

Determinação do Detran/ES.

No estado de GO, contatou-se o seguinte relato:

“Utilizamos estes testes por entendermos que são os mais adequados para avaliação psicológica em motoristas, mas a clínica e o profissional podem utilizar outros testes que sejam aprovados pelo CFP” (Detran/GO).

Em Minas Gerais e Roraima, o relato foi direcionado sobre o que cada teste

avalia, por isso de sua utilização.

No Paraná, diferentemente de outros estados, o Detran/PR determina quais

processos psíquicos devem ser avaliados e cabe ao psicólogo a escolha da bateria

de testes, conforme explica:

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“Os testes não são pré-definidos, apenas os quesitos, para que não ocorra reserva de mercado, prejudicando assim, algumas editoras” (Detran/PR).

O Detran/PR através do Ofício Circular no 4112/2011da COOHA/DIMP,

determina que “cabe ao psicólogo responsável pela avaliação psicológica no

contexto do trânsito a escolha do teste psicológico a ser utilizado no atendimento

coletivo e individual em candidatos à Primeira Habilitação, EAR, Psicopedagógico e

Reabilitação”. O psicólogo do trânsito deve adequar os testes aos propósitos da

avaliação psicológica, fundamentando-se na ética profissional e nos pareceres do

Conselho Federal de Psicologia (DETRAN-PR, 2011),

Nesse sentido, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (2009), orienta

que as práticas psicológicas que envolvem o uso de técnicas, como os testes

psicológicos, devem ser comprovados e reconhecidos para que alcancem maior

eficácia e tenham validade. Embora o uso de instrumentos e técnicas psicológicas

seja de competência e uso privativo do psicólogo, mediante a observação ética

profissional, os testes selecionados devem ser regulamentados pelo Conselho

Federal de Psicologia.

De modo específico, a Resolução CFP no 02/2003 definiu os padrões técnicos

para avaliação dos testes psicológicos que estão sendo usados nos diversos

estados brasileiros. Assim, o psicólogo do trânsito deve selecionar testes

psicológicos que estejam de acordo com as orientações desses padrões, conforme

dita o Conselho Regional de Psicologia (2009, p. 39).

A quinta parte do questionário esta voltada acerca da pergunta “Você acredita

que estes testes realmente avaliam o candidato, por quê?”. As respostas

direcionadas de forma positiva corresponderam na totalidade de 96% da população

pesquisada, a posição negativa corresponde a uma pequena parcela dos

psicólogos, ou seja, apenas 4% não acreditam que os testes utilizados avaliam

realmente os candidatos, conforme demonstra o gráfico 03.

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Gráfico 03: Respostas à pergunta “Você acredita que estes testes realmente avaliam o candidato?

Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.

Esses sujeitos justificam-se, quanto ao porque de não acreditarem que os

testes que são utilizados avaliam realmente os condutores.

“Porque não há tempo hábil para aplicar e avaliar os candidatos” (Q10/SP)

“Infelizmente alguns testes já estão muito banalizados, muitas auto-escolas aqui no

meu estado dão os testes para que os candidatos treinem, antes de se submeterem

a avaliação psicológica” (Q11/PA).

As respostas positivas que pode-se destacar são:

“Quando se trabalha dentro dos critérios da testagem, aplicando os testes como

determina os manuais e sabendo o que deve avaliar em relação ao perfil que

estamos buscando, conseguimos fazer uma avaliação fidedigna” (Q6/AM).

“Os testes são válidos e com isso temos parâmetros como forma de emitirmos

pareceres” (Q13/BA).

“Sim, mas parcialmente, o tempo é curto, a entrevista pode ser um instrumento

valioso, bem como, a observação do comportamento do candidato. Além disso,

somos cobrados pelos órgãos de trânsito a avaliar e liberar o candidato, o rigor do

profissional não é bem aceito” (Q14/BA).

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“Acredito que os testes são instrumentos para auxiliar a avaliação. Todos possuem

falhas que devem ser sanadas por meio de técnicas de entrevista com o candidato.

A meu ver a avaliação objetiva (testagem) auxilia as observações e impressões do

candidato e servem como fundamentação científica para elaboração do laudo e

síntese da avaliação” (Detran/DF).

“Acredito que o PMK era mais voltado para a área do trânsito e para motoristas,

estamos encontrando dificuldades na aplicação, correção e devolutiva do Zulliger,

mas acredito na avaliação” (Q15/ES).

“Se forem bem utilizados conforme orientação de seus manuais (aplicados,

corrigidos e analisados) os instrumentos que utilizamos em conjunto com os outros

(entrevistas, observação do comportamento e dinâmicas) têm contribuído para uma

melhor compreensão da capacidade do individuo para o desempenho da função de

motorista” (Detran/GO).

“São testes, autorizados pelo Conselho, isto é, são precisos. No entanto, é

necessário conhecimento do psicólogo, segurança no seu trabalho. Não esquecendo

que a entrevista psicológica como instrumento avaliativo é de fundamental

importância nesse processo” (Q16/PA).

“Estes testes avaliam alguns itens importantes do candidato, porém é necessário

uma boa análise, compreensão e tempo (que normalmente não é adequado para

uma melhor avaliação)” (Q17/PA).

“Que avalia o candidato sim, entretanto, não temos um perfil para ser avaliado, um

perfil do motorista comum a todos os psicólogos” (Q8).

“São ferramentas comprovadas cientificamente e avalia o que é exigido para o

candidato quanto área psicológica em relação ao trânsito” (Q18/SP).

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“Se for aplicado pelo profissional corretamente e analisado da mesma forma com

certeza avaliam. Depende do grau de seriedade dos profissionais. Acredito que a

entrevista também e necessária para a avaliação” (Q19/SP).

“Os testes fornecem resultados precisos. Contudo, mais importante que os testes é

a pessoa que está atrás dos testes, ou seja, o avaliador. O qual infelizmente nesse

segmento, não dispõe de “tempo” hábil para corroborar os dados, percebo certo

antagonismo” (Q5).

Analisando as respostas dadas pelos informantes pode-se observar que há

uma aceitação ao uso dos testes psicológicos, toda via como complemento de

processo de avaliação que deve ser integrada com a entrevista e a percepção do

psicólogo acerca do candidato, sendo assim o psicólogo é o maior instrumento de

avaliação. Para tanto, sua atuação por vezes passa a ser comprometida pela

necessidade de rapidez como tem que avaliar e dar os resultados.

Conforme o Ofício Circular no 4112/2011da COOHA/DIMP (Detran/PR, 2011),

as habilidades mínimas para conduzir veículos devem ser aferidas mediante o uso

de instrumentos técnicos diversos, como: intervenções verbais, escuta, observação,

testes psicológicos e entrevista. Esses instrumentos servirão para coletar

informações gerais dos candidatos, dentre as quais: tomada de informação (atenção

de diferentes tipos; detecção, discriminação e identificação); processamento de

informação e tomada de decisão (inteligência, memória, orientação espacial,

identificação significativa, julgamento ou juízo crítico e tomada de decisão);

comportamento (tempo de reação, coordenação viso e áudio-motora, capacidade de

perceber ações no trânsito, individuais ou coletivos); traços de personalidade

(controle emocional e socialização, ansiedade, impulsividade, agressividade).

A avaliação psicológica, segundo o Conselho Federal de Psicologia (2007, p.

8), “é um processo amplo que envolve a integração de informações provenientes de

diversas fontes, entre elas, testes, entrevistas, observações, análise de

documentos”. Os testes psicológicos figuram entre os instrumentos passíveis de

serem utilizados pelo psicólogo, sendo considerados como uma etapa importante do

processo de avaliação da personalidade do condutor.

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A Resolução no 08/2009 evidenciou a necessidade de adequar os testes

psicológicos ao propósito e contexto analisados. No contexto do trânsito, o teste

psicológico deve estar em conformidade tanto com as evidências empíricas de

validade e precisão quanto com as exigências da legislação de trânsito vigente. O

instrumento psicológico utilizado deve ter validade e precisão, ser normatizado e

trazer instruções para sua aplicação. O psicólogo deve estar atualizado quanto ao

seu uso e seguir suas recomendações, para manter a qualidade técnica da

avaliação psicológica, conforme o Conselho Regional de Psicologia (2009).

O questionário finaliza-se com o questionamento voltado para o levantamento

de sugestões dos psicólogos para melhorar a avaliação psicológica do trânsito no

Brasil.

Conforme os relatos dos sujeitos das pesquisas, os conteúdos mais

significativos emergidos, com os quais os informantes mantem uma opinião

uniforme, foram:

“Que os órgãos competentes de cada estado disponibilizem anualmente reciclagem

para todos os profissionais que estão atuando [...]. Que os profissionais sejam

éticos, principalmente com relação aos testes” (Q1).

“Ser profissional, ter responsabilidade com seu trabalho, conhecer profundamente os

testes utilizados, nunca se esquecer da contribuição social enquanto psicólogo (a) e

desejar fielmente contribuir para um trânsito melhor” (Q6).

“Contatos frequentes com profissionais da área no sentido de trocarmos ideias, pois

acredito que isso é fortalecedor e deveria ser cultivado. E acompanhamento

sistemático com os candidatos que estão adquirindo a CNH com o objetivo de

obtermos feedbacks do comportamento desses usuários no trânsito” (Q13).

“[...] um Conselho Federal Presente, um perfil nacional do condutor” (Q20),

concordam com essa opinião as profissionais Q23, Q8 e Q2.

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“[...] Capacitação dos profissionais da área. Autonomia para o profissional escolher o

teste usado e aplicado em cada candidato” (Q21/BA) corrobora com essas

exigências Q12 e Q10.

“Qualificação dos profissionais por meio de cursos, palestras, mesas redondas,

congressos. Melhorar os critérios e estratégias de fiscalização e orientação dos

órgãos executivos de trânsito perante as clínicas credenciadas. Desenvolvimento de

pesquisas de validação de testes e criação de tabelas regionalizadas para os

candidatos, por meio de parcerias com profissionais e instituições de pesquisa” (DF),

corrobora com essa ideia Q16.

“Um maior comprometimento por parte dos profissionais da área com o processo de

avaliação psicológica e que os órgãos competentes pela legalização do exame (CFP

e CONTRAN) possam estabelecer uma padronização com indicadores de

parâmetros que possam ser utilizados a nível nacional a exemplo do que faz a

ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) no exame de aptidão

física e mental” (GO).

“Melhores condições de trabalho para os psicólogos que atuam na área da

Psicologia do Trânsito. Ampliação no campo de pesquisas. Ampliação da

fiscalização por parte dos conselhos Regionais de Psicologia e órgãos dos

Departamentos de Trânsito e melhores salários” (Q22/RN)

Outra informação a partir da profissional Q4 se destaca quando remete que:

“Profissionais melhores preparados, com avaliação do seu trabalho, (mais

fiscalização por perto do CRP), cursos sobre o trânsito no Brasil que nos passassem

dados atualizados sobre os problemas encontrados, para que pudéssemos agir em

outras áreas, não só na avaliação, por exemplo, no estudo do tráfego das cidades,

no comportamento dos seres humanos neste tráfego, na educação de ensino

fundamental e médio, etc.”.

A informante Q24 interpreta que: “Ter uma maior parceria entre os “tripé” do trânsito, CFC, Detran e Psicólogo. Hoje há uma grande lacuna entre esses facilitadores, o que deveria ser uma parceria há uma grande competitividade parceria” (Q24).

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Pode-se analisar através destes relatos a insatisfação principalmente com a

postura do psicólogo com sua classe. Visando atuação profissional pautada na ética

e no comprometimento ao se realizar uma avaliação psicológica, pois ao psicólogo

obriga-se seguir o padrão técnico para não interferir no resultado de avaliação.

Silva e Günter (2009) descrevem claramente como esta e será psicologia do

trânsito.

[...] a psicologia do trânsito no Brasil deva deixar de colaborar para a melhoria da segurança viária. Esta é uma questão importante que norteia grande parte dos trabalhos da área até hoje. Mas, além desta preocupação, os psicólogos deverão dar subsídios teóricos e técnicos às novas demandas do trânsito que surgem a partir do aumento do uso do automóvel, o que, em décadas anteriores, não se configurava como problema (congestionamentos, poluição atmosférica e sonora). A psicologia do trânsito avança em seu itinerário por vias promissoras e sua necessidade será cada vez mais reconhecida pela sociedade e pelas autoridades. Só nos resta saber se estaremos prontos para os desafios que o trânsito brasileiro nos proporcionará. (SILVA E GÜNTER 2009, p. 9).

Os mesmos autores trazem outras contribuições significativas quando

afirmam que a identidade do psicólogo do trânsito esta muito vinculada às atividades

exercidas nos Detrans, visto que, as críticas decorrem do processo de avaliação

baseado na testagem psicológica. “Essa herança histórica continuará servindo de

elemento constitutivo da identidade da maior parcela dos psicólogos do trânsito no

Brasil” (SILVA E GÜNTER 2009, p. 5).

Concorda-se com Silva et al (2009) quando diz que, existe vida fora das

clínicas do Detran. Para isso envolve um imenso desafio aos psicólogos do trânsito,

ou seja, se faz necessário que a haja uma união dessa classe de atuação, para que

essa área de expanda e faça inovações em sua atuação demonstrando aos órgãos

governamentais e a sociedade a sua importância.

O Conselho Regional de Psicologia do Paraná (2012, p. 2) argumenta que

como os candidatos possuem deveres a cumprir quando estão realizando o

processo de avaliação psicológica para a 1ª CNH ou Renovação, Mudança de

Categoria entre outros, ou seja, cumprir o horário pré-agendado, respeitar e tratar o

profissional cordialmente, ter cuidado para com o material do psicólogo, sem rasurar

ou danificar os cadernos utilizados para aplicação dos testes psicológicos. Ao

psicólogo também remonta deveres para com os usuários das clínicas de trânsito,

desde a capacitação condizente com a atuação da Psicologia no Trânsito, como

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cumprir os horários pré-agendados com os condutores, prestar atendimento

respeitoso e cordial frente aos avaliados e demais envolvidos, repassar de forma

clara e objetiva todas as informações pertinentes à Avaliação Psicológica, informar o

avaliado sobre o direito à Entrevista Devolutiva Gratuita, manter sigilo sobre as

informações recebidas nas avaliações e atuar de forma ética.

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5.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme se depreende do conteúdo apresentado, os testes psicológicos têm

papel importante no processo de avaliação pericial para o trânsito, ajudando o

profissional a traçar um perfil do candidato e a identificar problemas clínicos ou

comportamentais que possam interferir negativamente na condução veicular.

O estudo teve a expectativa de mapear os 27 estados brasileiros e suas

respectivas capitais, porém encontraram-se dificuldades em obter retorno dos

psicólogos em algumas regiões. Ainda assim a pesquisa abrangeu 21 estados, o

que representa 78% dos estados, considerando-se como amostra de pesquisa 16

capitais (correspondendo a 59% das capitais brasileiras) e 26 cidades representadas

aleatoriamente, o que nos permitiu obter uma visão abrangente de como está

ocorrendo o processo avaliativo mediante o uso dos testes psicológicos em todos os

estados brasileiros.

Os participantes da pesquisa são profissionais formados em Psicologia,

atuantes na área do trânsito e experientes no uso de testes psicológicos para

avaliação psicológica. Percebe-se a presença do gênero feminino de forma

majoritária nessa área, em todas as regiões do país. Quanto à prevalência por

região, destaca-se maior participação dos estados de São Paulo e Bahia, na

pesquisa.

Quanto às informações acerca do uso de testes psicológicos e sua aprovação

identificou-se que todos os testes psicológicos que estão sendo utilizados pelos

profissionais são aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia, e em

conformidade com a SATEPSI, com parecer favorável até a data de finalização da

pesquisa.

Os resultados demonstraram a existência de uma diversidade de testes

psicológicos acessíveis aos profissionais, tendo sido encontrados 40 tipos de testes

diferentes, utilizados pelo universo pesquisado.

Averiguou-se que os testes que avaliam a atenção apresentam maior

aceitação por parte dos profissionais, representando 39% de utilização, com 16 tipos

em uso no momento. Os testes de personalidade também são bem cogitados entre

os participantes, correspondendo a 32%. O uso dos testes de atenção prevalece

devido a sua importância na avaliação pericial no trânsito.

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Constatou-se somente mais um teste de atenção disponível no mercado no

momento, e com parecer favorável segundo a SATEPSI, o teste EASV (Escala de

Atenção Seletiva Visual – que também pode ser utilizado para avaliação da CNH),

conforme esclarecimento da Casa do Psicólogo, editora do teste. Este teste não foi

citado na referida pesquisa, todavia, os informantes fazem uso de todos os demais

testes existentes de atenção para a investigação deste fator.

As editoras que mais pesquisam e distribuem os testes psicológicos são a

Casa do Psicólogo, Vetor Editora e Cetepp (Centro de Estudos de Pesquisas em

Psicologia). A Casa do Psicólogo há aproximadamente 2 (dois) anos vem lançando

mais testes voltados para avaliação dos condutores, principalmente testes de

atenção, como o TEACO-FF, TEADI, TEDIF, TEALT. A Vetor aparece como a

editora que mais lança testes para avaliar aptidões específicas, levando em conta

que os testes mais utilizados pelos participantes da pesquisa são distribuídos pela

Vetor.

Os resultados evidenciaram que os testes mais utilizados pelos peritos

credenciados ao DETRAN são o AC, TACOM A, PALOGRÁFICO e R-1. Apesar da

diversidade existente, essa prevalência acentua a previsibilidade e a possibilidade

de comprometimento do processo avaliativo, a partir da probabilidade de

treinamento prévio dos candidatos em relação aos instrumentos utilizados.

Observou-se também que a maioria dos psicólogos conhece pelo menos mais um

teste, além dos utilizados na avaliação para o trânsito.

Ao reunir informações sobre como ocorre o processo de avaliação sobre a

utilização dos testes psicológicos, comprovou-se que a avaliação pericial em grande

parte do Brasil ocorre de maneira diversificada. Não existe uma normativa nacional

acerca de como o psicólogo deve proceder, ou seja, o processo de avaliação

psicológica do trânsito não compreende um padrão único de avaliação. O Detran de

cada estado estabelece a forma de atuação do psicólogo, desde como deve ocorrer

o atendimento ao candidato, até mesmo as diretrizes sobre como avaliar os

condutores, determinando por esses meios quais os testes psicológicos que devem

ser aplicados pelos psicólogos. Em alguns estados como AL, MA, PA, RO e PI os

psicólogos possuem autonomia para escolher a bateria de testes que irão

instrumentalizar-se. Enquanto que, em outras regiões, as clínicas não possuem essa

opção, como no caso do AM, AP, BA, ES, MT, PE, RN, SE e SP. Nos estados de DF

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e GO, os Detrans determinam que sejam avaliadas a atenção, personalidade,

inteligência e memória (no caso do estado de GO) e determina também uma bateria

de testes para serem utilizados e o psicólogo pode escolher, dentre aqueles

sugeridos, quais deseja utilizar-se. No PR são diferenciadas as normas para

avaliação pericial com os testes psicológicos. O Detran/PR determina quais fatores

devem ser avaliados e, desde que o perito avalie os fatores exigidos pelo Detran,

podem aplicar quaisquer testes psicológicos que estejam em conformidade com o

CFP. Para clarificar ainda mais as discrepâncias do processo de avaliação em cada

região, nos estados de AP, GO, MT, PR, RS e RO avaliam o fator memória,

enquanto que no Espírito Santo e Maranhão avalia-se somente a atenção

concentrada e difusa e a personalidade, não sendo investigada a inteligência não

verbal.

Essas diferenças evidenciam a preferência pelo uso de testes de atenção e

de personalidade, salientados acima, demonstrando, também, que algumas

resoluções do Contran nº 267/2008 e as normativas do Conselho Federal de

Psicologia podem não estarem sendo cumpridas. Isso porque o artigo 5o da

Resolução Contran no 267/2008 afirma que devem ser aferidos na avaliação

psicológica alguns processos psíquicos que envolvem: tomada de informação,

processamento de informação, tomada de decisão, comportamento, auto-avaliação

do comportamento, traços de personalidade (BRASIL, 2008), processos estes que

envolvem avaliar mais que a atenção e a personalidade do condutor.

Conquanto a postura do profissional esteja correta no sentido de aplicar

apenas testes psicológicos reconhecidos pelo Conselho Federal de Psicologia, o

direcionamento desses testes para apenas alguns dos fatores requeridos pela

legislação de trânsito para a obtenção da CNH pode comprometer o objetivo

primordial dessa mesma legislação, que é primar pela segurança no trânsito na

avaliação de condutores de veículos.

Com relação aos objetivos de mapear os testes psicológicos e analisar seu

uso no contexto do trânsito nos diversos estados brasileiros, em consonância com

as exigências dos Detrans e o parecer do Conselho Federal de Psicologia,

considera-se que os mesmos foram alcançados, conforme apresentados acima.

Levando em consideração o exposto, pode-se então tecer algumas propostas

e sugestões acerca da avaliação psicológica voltada ao trânsito, cumprindo o

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propósito final da pesquisa, que é de apresentar sugestões a partir da análise

realizada e propor estudos futuros.

Indaga-se a viabilidade de haver um padrão no processo de avaliação pericial

dos condutores no território Nacional, partindo da premissa que o Código de Trânsito

Brasileiro deve ser cumprido por todos os brasileiros, sendo condutores e/ou

pedestres, devendo este ser respeitado no estado aonde se reside como em

qualquer estado que se trafegue. Muito embora seja essencial analisar cada

contexto, conforme explicam Lamounier e Rueda (2005), destacando a

complexidade da realidade e os múltiplos aspectos que necessitam de aferição no

contexto do trânsito, sugere-se que a avaliação psicológica deve ser padronizada,

com normas determinadas em todo o território nacional, para que haja um padrão

dos testes aplicados e, principalmente, nos processos psíquicos investigados.

Alguns dos profissionais pesquisados salientaram a necessidade de se traçar

um perfil dos candidatos para melhor avaliação. Nesse sentido, propõe-se a

possibilidade de desenvolver estudos acerca da caracterização do perfil do condutor

ideal, pois, a partir deste, poder-se-ia ampliar a investigação em torno do sujeito.

Alguns dos participantes salientam a importância do comprometimento dos

profissionais aliado à parceria entre Detrans e Conselho Federal de Psicologia,

atuando como facilitadores do processo avaliativo. Emergiu também dos

profissionais a necessidade de prioridade dos Detrans aos profissionais

credenciados, no sentido de ofertar cursos de aperfeiçoamento e reciclagem

profissional, capacitando-os e instrumentalizando-os para o exercício pericial. A

exigência de adequação dos testes psicológicos ao propósito e contexto analisados

(Resolução no 08/2009), assim como a necessidade de atualização do psicólogo

quanto ao seu uso visando manter a qualidade técnica da avaliação psicologia,

recomendação esta dada pelo Conselho Regional de Psicologia (2009), repercutem

na aquisição de conhecimento específico e na consequente oferta desse

conhecimento mediante o aperfeiçoamento profissional.

Outro desapontamento destacado pelo público pesquisado é a insatisfação

com os companheiros de atuação, sendo cobrada uma atuação pautada na ética,

avaliação comprometida, envolvida e preparada para o uso dos testes psicológicos.

Essa insatisfação denota a importância de se salientar o profissionalismo em

conformidade com o Código de Ética Profissional do Psicólogo, e o preparo

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acadêmico e experiencial do psicólogo perito do trânsito, não bastando apenas o

uso de testes referenciados pelo Conselho Federal de Psicologia, mas o uso

apropriado desses instrumentos.

Evidencia-se também o desejo dos profissionais em atuar de forma mais

extensa na área do trânsito, não apenas na avaliação pericial do condutor, mas nos

estudos acerca do contexto do trânsito brasileiro e possibilidades de intervir nesse

meio, tanto em relação ao indivíduo condutor quanto no contexto geral de pesquisa

e análise e questões relacionadas ao trânsito brasileiro, que envolvem o estudo de

comportamento e de educação para o trânsito.

Nessa perspectiva, entende-se que a Psicologia do Trânsito possui um papel

mais abrangente do qual está sendo realizado, conforme sugerem Silva e Günther

(2009), analisando o trajeto da Psicologia do Trânsito no Brasil. Conforme estes

autores, o avanço da Psicologia do trânsito abrange não apenas uma avaliação

psicológica mais comprometida, mas também oferecer subsídios teóricos e técnicos

às novas demandas do trânsito, decorrentes do uso veicular, que, na atualidade, se

configuram como problemas que necessitam de estudos e soluções viáveis para

minimizar as inseguranças no trânsito.

O avanço da legislação de trânsito e da Psicologia aplicada, aliado às

transformações da sociedade e facilidade de aquisição de automóveis precisa ser

analisado à luz da necessidade de se intervir eficazmente no comportamento sócio-

cultural do cidadão que se habilita a conduzir um veículo.

Se faz, assim, necessária a expansão do campo de atuação do Psicólogo na

área de trânsito. A atuação do Psicólogo no trânsito não deve estar pautada apenas

na avaliação psicológica do condutor, e menos ainda apenas na testagem

psicológica. Segundo os autores acima citados, os psicólogos devem ter uma

atuação mais ampla e interdisciplinar, adquirindo novas competências profissionais,

entre as quais destacam-se:

[...] a elaboração de pesquisas no campo dos processos psicológicos, psicossociais e psicofísicos, para desenvolver ações sócio-educativas, análise dos acidentes de trânsito e orientações para evitar ou atenuá-los, assim como prestar assessoria e consultoria aos órgãos públicos/privados de trânsito. (SILVA E GÜNTER, 2009, p. 168).

Corroborando com estes autores, acredita-se que o Psicólogo do trânsito

deve ir além de suas funções, participando ativamente do processo de planejamento

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das leis e das normas que regem o trânsito, enfatizando a importância da educação

e da vivência individual e coletiva relativa ao trânsito, engajando-se em projetos

sociais que tenham por finalidade intervir no planejamento urbano e na educação

para o trânsito, visando transformar o comportamento da sociedade com relação ao

trânsito, não apenas de condutores de veículos, mas de todos os sujeitos

participantes do trânsito.

Sendo assim, o desenvolvimento de pesquisas futuras, a partir desta aqui

apresentada, respalda essa necessidade de expansão no âmbito pessoal, enquanto

contribui para a expansão profissional mediante uma atuação mais ampla por parte

dos psicólogos no contexto do trânsito.

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APÊNDICE

QUESTIONÁRIO

1) IDENTIFICAÇÃO: Idade: sexo: ( ) F / ( ) M Formada (o) a quanto tempo? Qual sua área de atuação? Trabalha na área do trânsito, há quanto tempo?

2) Qual cidade e estado que atua profissionalmente como psicólogo do

trânsito?

3) Quais são testes utilizados no processo de avaliação psicológica?

4) Porque utiliza esses testes?

5) Você acredita que estes testes realmente avaliam o candidato?

Sim ( ) ou Não ( ), Por quê? 6) Quais sugestões que deixaria para melhorar o processo de avaliação

psicológica do trânsito no Brasil?