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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA JOÃO JOSÉ FERREIRA EVANGELISTA AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA DA DETOMIDINA NO TRATO REPRODUTIVO DE ÉGUAS (Equus caballus) FORTALEZA 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA

JOÃO JOSÉ FERREIRA EVANGELISTA

AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA DA DETOMIDINA NO TRATO REPRODUTIVO

DE ÉGUAS (Equus caballus)

FORTALEZA

2015

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JOÃO JOSÉ FERREIRA EVANGELISTA

AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA DA DETOMIDINA NO TRATO REPRODUTIVO

DE ÉGUAS (Equus caballus)

Tese de Doutorado submetida à

Coordenação do Programa de pós-

graduação em Farmacologia do

Departamento de Fisiologia e Farmacologia

da Universidade Federal do Ceará, como

requisito para obtenção do título de Doutor

em Farmacologia.

Área de concentração: Farmacologia

Orientadora: Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes

FORTALEZA

2015

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências da Saúde

E92a Evangelista, João José Ferreira. Avaliação farmacológica da detomidina no trato reprodutivo de éguas (Equus

caballus)./ João José Ferreira Evangelista. – 2015. 86f: il. color. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina,

Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, Doutorado em Farmacologia, Fortaleza, 2015.

Área de Concentração: Farmacologia. Orientação: Prova. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes. 1. Égua. 2. Útero. 3. Efeito Doppler. 4. Adrenérgicos. I. Título.

CDD 619.9

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JOÃO JOSÉ FERREIRA EVANGELISTA

AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA DA DETOMIDINA NO TRATO

REPRODUTIVO DE ÉGUAS (Equus caballus)

Tese de Doutorado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em

Farmacologia do Departamento de

Fisiologia e Farmacologia da Universidade

Federal do Ceará, como parte dos

requisitos para obtenção do título de

Doutor em Farmacologia.

Área de concentração: Farmacologia

Aprovada em: 22/12/2015

BANCA EXAMINADORA

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar comigo em todos os momentos. Ao meu Pai e Mestre Dr. Sérgio Evangelista, um grande exemplo de homem, íntegro e um grande profissional. Obrigado por estar do meu lado e vibrar por mais esta nova conquista. A minha Mãe Zélia, guerreira em todos os sentidos, obrigado por me ajudar e estar do meu lado nas minhas derrotas e comemorar sempre os momentos de alegrias. A minha esposa Janaina, que está e sempre estará ao meu lado de forma incondicional. Obrigado por me fazer erguer nas minhas derrotas e vibrar comigo nos momentos de alegrias e conquistas. Ao meu filhão João Filho pela demonstração de uma Vida cheia de energia, e que tudo na vida vale a pena ser vivido, peço desculpas pela ausência em momentos difíceis e importantes, obrigado por você existir. Aos meus irmãos Serginho, Neusa, Patrícia e Ricardo, obrigado pela motivação e companheirismo em todos os momentos. Às minhas queridas Avós Lídia (in memorian) e Neusa (in memorian), obrigado por seus exemplos de vida, sempre valorizando a educação e o conhecimento. Aos meus queridos Avôs João Evangelista (in memorian) e José Ferreira, dois grandes exemplos de vida que sempre estarão presentes no meu caminho profissional e nas minhas conquistas, que são homenageados na composição do meu nome. Ao Sr. José Ferreira, meu padrinho, nascido em 1913, que me presenteia diariamente com exemplo de valorização da vida e como vivê-la. Ao meu Sogro Chico Monteiro (in memorian), pelo exemplo de vida e um grande profissional que lutou pela vida, sempre sentindo com sua partida.

A minha Sogra Helena Serra Azul, exemplo de mulher e pesquisadora, sempre presente e prestativa, com sua bondade e generosidade. Professora Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes, pela orientação desta Tese, também orientadora no Mestrado, obrigado pela paciência e disponibilidade sempre em me ajudar em todos os momentos, que transcende a atividade didática profissional. Ao professor Dr. Marco Antonio Alvarenga, no apoio desta Tese e pela oportunidade que foi me dada para conhecer um grande profissional na área da Veterinária. Ao professor Dr. Artur Henrique Soares, pela contribuição incontestável na minha formação profissional na área de embriologia.

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Ao Dr. Assis Roberto de Bem (in memorian), pelo exemplo de vida e eterna gratidão nos incentivos de sempre aliar a atividade profissional com a pesquisa científica e pelos conhecimentos cedidos para minha vida pessoal e profissional.

Ao amigo Regivaldo Vieira de Souza, por sempre participar de momentos importantes na minha vida profissional. Ao professor Dr. Rômulo Vieira, sempre solícito a ajudar, tendo sido fundamental na concretização de importante parceria para realização desta Tese. Ao amigo Antonio Felipe de Souza, na confiança depositada e pela nova amizade criada. A todos os professores do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal do Ceará, pelos ensinamentos a mim emitidos. A CAPES pelo apoio econômico.

A todos da biblioteca, em especial para Rosane Maria Costa e Maria Naires Alves de Sousa pela competência na orientação da normalização desta Tese. A toda a minha FAMÍLIA e AMIGOS, que estiveram presentes e solidários na realização deste trabalho.

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RESUMO

A Detomidina é um agonista de receptores α2-adrenérgico, derivado imidazólico

alcalóide, disponível sobre a fórmula de cloridrato, apresenta relação de seletividade

entre receptor α2/α1 de 260/1. O experimento foi conduzido para investigar a

interferência da detomidina sobre o trato reprodutivo equino. Foram utilizadas vinte e

cinco éguas sem raça definida (SRD), não prenhes, com idade entre 4 a 10 anos e

peso de 350 a 450 Kg. As 25 éguas foram divididas de forma aleatória em 5 grupos,

sendo que 3 grupos foram submetidos respectivamente a doses de 6, 9 e 12µg/kg de

detomidina.Nos outros dois grupos, um deles foi aplicado Ioimbina em dose

0,10mg/Kg com antecedência de 20 minutos da aplicação de 6µg/kg de detomidina e

o outro grupo controle. Foram realizadas ultrassonográfias no modo B e Doppler do

trato reprodutivo de éguas. O índice de pulsatilidade (IP), resistência (IR) e pulso

arterial uterino direito (PAUD), bem como a avaliação subjetiva do útero e mesométrio

de suprimento sanguíneo, não apresentaram diferença significativa (P<0,05) quando

comparado aos animais submetidos à detomidina 6µg/Kg, frente aos aplicados a

mesma dose, mas que tinham sidos bloqueados com a ioimbina 10µg/Kg. A

detomidina nas doses 6, 9 e 12µg/Kg, interferiu na dinâmica da cérvix uterina,

proporcionando dilatação temporária, com diferenças significativas e magnitude

máxima de resposta ao tempo, 2,1±0,11mm (P˂0,0001) aos 5 minutos, 2,7±0,26

(P>0,0001) aos 10 minutos e 4,9±0,18mm (P>0,0001) aos 15 minutos,

respectivamente. Na via Epidural na dose 6µg/Kg de detomidina, quando comparada

a dilatação cervical ocorrida com a mesma dose na via IV, demonstrou diferença

significativa nos tempos 5 (P>0,0001), 15 (P>0,0001), 20 (P>0,0001) e 25 (P>0,0001)

minutos. Quando a resposta cervical com uso de detomidina na dose 6µg/Kg via

intramuscular comparada com a IV, ocorreu diferença significativa nos tempos 5

(P>0,0001), 15 (P>0,0001), 20 (P>0,0001) e 25 (P>0,0001) minutos. Concluímos que,

a detomidina nas doses de 6 (via intravenosa, intramuscular e epidural), 9 e 12µg/Kg

(intravenosa) promoveram dilatação cervical temporária em éguas.

Palavras- chave:éguas, útero, detomidina, Doppler

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ABSTRACT

Pharmacological Evaluation of Detomidine on Mares Reproductive tract (Equus caballus) The Detomidine is an agonist of α2-adrenergic receptors, derived imidazole alkaloid,

available on the hydrochloride formula, is related to selectivity between receptor α2/α1

of 260/1. The experiment was conducted to investigate the interference of detomidine

on equine reproductive tract. Twenty-five mares were used mongrel, not pregnant,

aged between 4-10 years old and weighing 350-450kg. The 25 mares were divided

randomly into 5 groups, with 3 groups were submitted at doses of the detomidineof 6,

9 and 12μg/kg,respectively. In the other two groups, one applied yohimbine dose of

0.10 mg/kg 20 minutes prior to the application of 6μg/kg detomidine and in control

group. All they were made sonographic evaluations in B mode and Doppler of the

reproductive tract of mares. The pulsatility index (PI), resistance index (RI) and uterine

blood right wrist (UBRW) and the subjective evaluation of the uterus and

mesometriumblood supply, showed no significant difference (P<0.05) when compared

to animals treated with detomidine 6μg/kg compared to the same dose applied, but

had blocked by yohimbine of 10mg/kg. The doses of detomidine in the 6, 9 and 12μg/kg

interfered with the dynamics of the uterine cervix, providing temporary expansion, with

significant differences in maximum magnitude of the response time, 2.1 ± 0,11mm

(P>0.0001) to 5 minutes, 2.7 ± 0.26 (P>0.0001) after 10 minutes and 4.9 ± 0.18 mm

(P>0.0001) after 15 minutes, respectively. In epidural detomidinedose of

6μg/kg,comparing the cervical dilatation, occurred with the same dose in the IV route

showed a significant difference in 5 (P>0.0001), 15 (P>0.0001), 20 (P>0.0001) and 25

(P>0.0001) minutes. When the use of detomidine in cervical response withthe

intramuscularlydose of 6μg/kg comparing to RI, there was a significant difference in 5

(P<0.0001), 15 (P>0.0001), 20 (P>0.0001) and 25 (P>0.0001) minutes. We concluded

that, the detomidinedoses of 6 (intravenous, intramuscular and epidural), 9 and

12µg/kg (intravenous) promoted temporary cervical dilation in mares.

Keywords: mares, uterus, detomidine, doppler

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1

Estruturas do aparelho reprodutivo da égua, vista dorso-ventral 26

Figura 2

Estruturas do aparelho reprodutivo da égua, vista latero-medial. 27

Figura 3

Fórmula estrutural do cloridrato de detomidina 38

Figura 4 Estrutura tridimensional do cloridrato de detomidina

38

Figura 5 Mapa do Ceará (figura maior) com destaque do município de Itaitinga (em vermelho) e mapa do Brasil (figura menor) com destaque do estado do Ceará (em vermelho circundado em quadrado)

52

Figura 6

Imagem das éguas no piquete. 54

Figura 7

Organograma das atividades desenvolvidas com os animais. 55

Figura 8 Painel a - Posicionamento do transdutor ultrassonografico com Doppler

55

Figura 9

Aparelho de ultrassonografia, modelo Z5, marca MINDRAY 56

Figura 10 Organograma do experimento, com atividades e momentos

57

Figura 11

Dilatação cervical com a aplicação das doses 6, 9, e 12µg/Kg de detomidina, na via de aplicação intravenosa, sendo (a) 6 μg/kg; (b) 9μg/kg; (c) 12 μg/kg

64

Figura 12

Dilatação cervical com a aplicação das doses 6, 9, e 12µg/Kg de detomidina, na via de aplicação intravenosa.

66

Figura 13

Imagens ultrassonográficas da cérvix uterina de égua, Modo-B. 68

Figura 14

Dilatação cervical com a aplicação da dose 6µg/Kg de detomidina, nas vias de aplicação intravenosa, epidural e intramuscular.

70

Figura 15

Índice de pulsatilidade (IP) da artéria uterina direita com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via intramuscular.

72

Figura 16 Índice de resistência (IR) da artéria uterina direita com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via intramuscular.

73

Figura 17 Pulso da artéria uterina direita com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via intramuscular.

75

Figura 18

Diâmetro do corno uterino direito com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via intramuscular.

77

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25

Figura 19

Avaliação subjetiva do mesométrio do corno uterino direito com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via intramuscular.

78

Figura 20

Avaliação subjetiva do endométrio do corno uterino direito com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via intramuscular..

79

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1

Dilatação cervical com a aplicação das doses 6, 9, e 12µg/Kg de detomidina, na via de aplicação intravenosa.

65

Tabela 2 Dilatação cervical com a aplicação da dose 6µg/Kg de detomidina, nas vias de aplicação intravenosa, epidural e intramuscular.

69

Tabela 3 Índice de pulsatilidade (IP) da artéria uterina direita com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via intramuscular.

71

Tabela 4 Índice de resistência (IR) da artéria uterina direita com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via intramuscular.

73

Tabela 5 Pulso da artéria uterina direita com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via intramuscular.

74

Tabela 6 Diâmetro do corno uterino direito com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via intramuscular.

76

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27

LISTA DE ABREVEATURAS

AIED Artéria Ilíaca Externa Direita

AS Sinoatrial

ASMT N-Acetilserotonina O-Metiltransferase

ASVE Avaliação Subjetiva dos Vasos Endometriais

ASVM Avaliação Subjetiva dos Vasos Mesometriais

AUD Artéria Uterina Direita

Aumb Artéria Umbilical

AV Atrioventricular

BFV Volume de Fluxo Sanguíneo

CE Coletas de Embriões

CL Corpo Lúteo

CUD Corno Uterino Direito

DC Dilatação Cervical

DCI Artéria Circunflexa Profunda

DCUD Diâmetro do Corno Uterino Direito

DET Detomidina

DEX Dexmedetomidina

DUC Depuração Uterina Retardada

E Estrógenos

EI Artéria Ilíaca Externa

ET Embriões Transferidos

FSH Folículo Estimulante

GnRH Hormônio Liberador de Gonadotrofina

ICSI Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóides

IM Via Intramuscular

IP Índice de Pulsatilidade

IR Indice de Resistência

IV Via Intravenosa

LBF Fluxo de Sangue Lúteal

LH Hormônio Luteinizante

MED Medetomidine

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28

P4 Progesterona

PAUD Pulso da Artéria Uterina Direita

PAUD Pulso da Artéria Uterina Direita

SDR Sem Raça Definida

SNC Sistema Nevorso Central

SOV Superovulação

TAMV Velocidade Média De Tempo Máximo

TE Transferência de Embriões

UA Artéria Uterina

UA Artéria Uterina

US Ultrassom

α2-AR Receptor Agonista Α2-Adrenérgico

LISTA DE SÍMBOLOS

Ca Cálcio

Α Alfa

β Beta

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29

SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO .................................................................................... 16

2 REVISÃO ............................................................................................ 21

2.1 Reprodução eqüina........................................................................... 21

2.1.1

Ciclo estral ......................................................................................... 21

2.1.2

Sazonalidade...................................................................................... 22

2.2 Anatomia reprodutiva........................................................................

24

2.2.1 Colo do útero ou cervix....................................................................

24

2.2.2 Útero....................................................................................................

25

2.2.3 Oviduto .............................................................................................

27

2.2.4 Infundíbulo (fímbrias)........................................................................

27

2.2.5 Ovário..................................................................................................

27

2.2.6 Ligamento largo.................................................................................

28

2.3 Receptores adrenérgicos..................................................................

28

2.4 Agentes agonistas e antagonistas...................................................

29

2.5 Detomidina………………………………………………….……………..

31

2.5.1 Indicações......................................................................................... 32

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30

2.5.2 Contraindicações...............................................................................

33

2.5.3 Efeitos colaterais...............................................................................

33

2.5.4 Dosagem e administração................................................................

35

2.5.5 Farmacinética.....................................................................................

36

2.6 Ioimbina.............................................................................................

41

2.7 Perfusão vascular uterina.................................................................

42

2.8 Ultrassom...........................................................................................

45

3 JUSTIFICATIVA..................................................................................

49

4 RELEVÂNCIA......................................................................................

50

5 OBJETIVOS........................................................................................

51

5.1 Objetivo Geral....................................................................................

51

5.2 Objetivos Específicos........................................................................

51

6 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................

52

6.1 Delineamento experimental.............................................................. 52

6.1.1 Local do experimento........................................................................

52

6.1.2 Animais experimentais......................................................................

53

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31

6.1.3 Manejo alimentar................................................................................

53

6.1.4 Contenção..........................................................................................

54

6.1.5 Manejo reprodutivo............................................................................

54

6.1.6 Aparelho de Ultrassom......................................................................

56

6.1.7 Avaliação da dilatação cervical........................................................

56

6.1.8 Mensuração do corno uterino direito.............................................. 57

6.1.9 Avaliação do fluxo sanguíneo com Doppler...................................

58

6.1.10 Avaliação subjetiva dos vasos mesometriais................................. 59

6.1.11 Avaliação subjetiva dos vasos endometriais................................. 59

6.1.12 Grupos experimentais......................................................................

60

6.1.12.1 Avaliação da dilatação cervical (DC).............................................. 60

6.1.12.2 Mensuração do diâmetro do corno uterino direito (DCUD)...........

61

6.1.12.3 Obtenção do IR, IP e Pulso da artéria uterina direita

(IR/IP/PAUD).....................................................................................

61

6.1.12.4 Avaliação subjetiva dos vasos mesometriais................................

62

6.1.12.5 Avaliação subjetiva dos vasos endometriais................................

62

6.2 Aspectos éticos.................................................................................

63

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32

6.3 Analise estatística..............................................................................

63

7 RESULTADOS E DICUSSÕES..........................................................

64

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................

80

9 CONCLUSÃO......................................................................................

81

REFERÊNCIAS...................................................................................

82

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16

1 INTRODUÇÃO

A vida entre humanos e cavalos vem sendo escrita por milhares de anos. No

início apenas como uma fonte de alimento, os ancestrais do cavalo moderno foram

caçados como qualquer outro animal selvagem. Com o tempo, veio o processo de

domesticação iniciada pelos nômades, que começaram a criar cavalos da mesma

forma que faziam com cabras e outros animais. Finalmente, entretanto, foi como meio

de transporte que o cavalo realmente começou a fazer parte de nossas vidas. O

homem aprendeu a montar. Suas vidas foram transformadas. Os cavalos tornaram-

se peças principais no transporte, permanecendo assim até o século 20. A

domesticação, associada ao crescimento da população humana, sinalizou o fim do

verdadeiro cavalo selvagem. Hoje, mesmo aqueles cavalos que vivem em rebanhos

nas poucas áreas de pastagens restantes, não são verdadeiramente selvagens, pois

todos foram manejados pelo homem de um jeito ou de outro. Os cavalos possuem

muito do comportamento instintivo que lhes permitiram existirem sem a intervenção

humana e será necessário entendê-los melhor se quisermos continuar essa parceria.

Ao contrário da maior parte dos animais, a origem e a evolução do cavalo teve

reconstituição facilitada pela descoberta de inúmeros registros fósseis. De acordo com

estes registros, o ancestral do cavalo surgiu no Continente Americano durante a Era

Cenozóica - mais precisamente, no Período Eoceno – há cerca de 60 milhões. Este

primeiro antepassado do cavalo moderno, denominado Eohippus, media apenas 35

cm de altura e possuía o dorso arqueado (LIMA et al, 2006).

Então, a história da família dos cavalos tornou-se algo mais complexo, com o

desenvolvimento de várias subfamílias. Eventualmente, entretanto, estas se

extinguiram e foi o Pliohippus que promoveu a ligação na corrente do Eohippus até o

moderno Equus. O Pliohippus evoluiu entre 10 a 5 milhões de anos atrás e tinha

pernas longas com um único casco. Seu sucessor direto, Equus, o gênero do cavalo

moderno, finalmente emergiu a milhões de anos atrás.

Cavalos modernos, zebras, jumentos e pertencem ao género Equus, o

gênero único sobrevivente de uma família uma vez diversificada, a equídeos. Com

base em registros fósseis, o gênero parece ter se originado na América do Norte cerca

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de 4 milhões de anos atrás e se espalhou para a Eurásia (presumivelmente,

atravessando o estreito de Bering) 2 a 3 milhões de anos atrás. Na sequência dessa

emigração original, havia oeste migrações adicionais para a Ásia e retornar migrações

para a América do Norte, bem como várias extinções de espécies de Equus na

América do Norte. Os últimos cavalos pré-históricos norte-americanos morreram entre

13.000 e 11.000 anos atrás, no final do Pleistoceno, mas então Equus se espalhou

para Ásia, Europa e África (KIRKPATRICK; FAZIO, 2008).

Em torno de 9.000 a.C., durante o final da Era do Gelo, desfez-se a ligação por

terra entre a Ásia e a América (na região do atual Estreito de Bering), e os cavalos na

América ficaram isolados dos demais cavalos do mundo. Por causas ainda

desconhecidas, há 8.000 anos os cavalos foram extintos no continente americano

(LIMA et al, 2006).

Oficialmente, a chegada de cavalos no Brasil só foi registrada em 1549.

Naquele ano, Tomé de Souza (primeiro governador-geral) mandou vir alguns animais,

de Cabo Verde para a Bahia, na caravela Galga. Assim, nos primeiros anos da

Colônia, a sua criação (junto com o gado bovino) foi iniciada formalmente e que seria

fundamental para a formação do Brasil (LIMA et al, 2006).

As características do processo de introdução do cavalo no Brasil diferem

daquelas verificadas nos demais países do continente americano. Nos países de

colonização espanhola, a principal função do cavalo foi como armas de guerra. Na

sua segunda viagem à América, em 1494, Cristóvão Colombo trouxe alguns

exemplares para a Ilha de São Domingo. Cortez, em 1519, utilizou cavalos trazidos

da Europa nas suas expedições pelo México. Na América do Sul, a introdução do

cavalo ocorreu em 1532, quando Pizarro utilizou cavalos na sua incursão no Peru. No

mesmo ano, o cavalo foi trazido para Colômbia. Dois anos mais tarde, Pedro de

Mendoza introduziu 100 cavalos na Argentina. Em 1535, Diogo de Almagro, no Chile

e Ojeda, na Venezuela, trouxeram mais cavalos para o continente americano. Cabeça

de Vaca (D. Alvar NuñesCabeza de Vaca) em 1541 levou uma tropa de cavalos para

as colônias espanholas, atravessando o território brasileiro (Paraná e Santa Catarina).

Juntamente com os animais trazidos por Mendoza para Argentina, parte desses

animais contribuiu para o inicio da tropa no sul do Brasil (LIMA et al, 2006).

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18

O Brasil possui o maior rebanho de equinos na América Latina e o terceiro

mundial. Somados aos muares (mulas) e asininos (asnos) são 8 milhões de cabeças,

movimentando R$ 7,3 bilhões, somente com a produção de cavalos.O rebanho

envolve mais de 30 segmentos, distribuídos entre insumos, criação e destinação final

e compõe a base do chamado Complexo do Agronegócio Cavalo, responsável pela

geração de 3,2 milhões de empregos diretos e indiretos.Quando o assunto é

exportação de cavalos vivos, os números são significativos: a expansão alcançou

524% entre 1997 e 2009, passando de US$ 702,8 mil para US$ 4,4 milhões. A maior

população brasileira de equinos encontra-se na região Sudeste, logo em seguida

aparecem as regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Norte. Destaque para o Nordeste,

que além de equinos, concentra maior registro de asininos e muares (BRASIL, 2015).

O efetivo de equinos foi de 5,312 milhões de cabeças em 2013. O maior número

de animais foi observado no Estado de Minas Gerais (14,3%), seguido pelos Estados

do Rio Grande do Sul (10,1%) e Bahia (9,1%). Não se observou grande concentração

desse efetivo entre os principais municípios produtores, estando os maiores rebanhos

localizados em Corumbá (MS), Sant’Ana do Livramento e Uruguaiana, os dois últimos

do Estado do Rio Grande do Sul. Em termos regionais, o efetivo de equinos estava

localizado nas Regiões Sudeste (24,4%), Nordeste (23,4%), Centro-Oeste (18,7%) e

Sul (18,2%). Os rebanhos cresceram, sobremaneira, nos Estados do Rio Grande do

Sul (14,2%) e Tocantins (22,4%) em relação a 2012. Observaram-se, no entanto,

reduções significativas nos Estados de Mato Grosso (23,2%), Minas Gerais (3,4%),

Bahia (6,3%), entre outros (IBGE 2014).

Usado unicamente como meio de transporte durante muitos anos, os equídeos

têm conquistado outras áreas de atuação, com forte tendência para lazer, esportes e

até terapia. Uma de suas principais funções, contudo, continua sendo o trabalho diário

nas atividades agropecuárias, onde aproximadamente cinco milhões de animais são

utilizados, principalmente, para o manejo do gado bovino (BRASIL, 2015).

Os cavalos têm o potencial para o alto desempenho reprodutivo. Com uma

compreensão da ciência reprodutiva básica, os criadores podem estar melhor

posicionados para atingir seus objetivo (SENDEL, 2010).

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19

A técnica de transferência de embriões (TE) não-cirúrgica em éguas foi descrita

pela primeira vez por OGURI & TSUTSUMI em 1972. Desde então, ela é utilizada

comercialmente em diversos países, sendo uma das principais biotécnicas da

reprodução assistida de equinos. Dentre as diversas vantagens de seu emprego,

pode-se citar a utilização de doadoras jovens, o aumento da produtividade égua/ano,

a obtenção de produtos de éguas incapazes de conduzir a gestação a termo por

problemas adquiridos e a possibilidade de manter éguas de desempenho em atividade

ao longo do ano. Com o intuito de aproveitar ao máximo o potencial de animais de alto

valor genético, a TE vem sendo associada a outras técnicas de reprodução assistida

como a criopreservação de embriões, superovulação (SOV), injeção

intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI) e até clonagem (Ferreira; Meira, 2011).

O número total de coletas de embriões (CE) equinos no mundo diminuiu de

41,652 em 2010 para 40.833 em 2011. No entanto, deve notar-se que os EUA não

relataram dados de coleta durante durante dois anos consecutivos, por isso seus

dados são os mesmos para 2010 e 2009. Com base em embriões transferidos (ET),

os três principais países que realizaram transferências em 2011 são: Brasil (13.600),

Argentina (7500), e os EUA (6100). O Brasil aumentou seus números em cerca de

1600, para 2011, e a Argentina diminuiu 831. O Canadá teve aumento de 42 em

relação a 2010, passando para 73 em2011. México informou 11 CE e 8 ET em 2011.

Uruguai se referiram 3 CE,mas não houve transferências, esses embriões foram

exportados. Da Oceania, a Nova Zelândia relatou 50 CEe 50 transferências. Austrália

informou 1356 CE e 950 transferências em 2011. A França foi o líder europeu em

2011 com 376 transferência de embriões seguida pela Itália com 168, e no Reino

Unido, com 110 transferências. Hungria e Portugal transferiram 5 e 8 embriões,

respectivamente. Pelo segundo ano consecutivo não houve atividade informada da

Ásia, como também a África não tinha dados para relatar em 2011. O único país que

relatou transferências com embriões congelado em 2011 foi o Brasil, com 25

transferências (IETS, 2012).

Argentina e o Brasil relataram atividade significativa na produção de embriões

equinos em 2012, com 22.173 e 22.100 coletas de embriões e 14.335 e 16.800

embriões transferidos, respectivamente, com a produção mundial de 31.331 embriões

oriundos de 44.426 coletas. Muitos países sub-relatam a atividade de transferência de

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embriões eqüinos, dificultando a obtenção de tais dados. Nem todos os proprietários

declaram que os potros foram obtidos com a transferência de embrião, esta falta de

informação parte desde as fazendas de criação como tambem dos que fazem a

técnica. Suspeita-se que podem ter havido 15.000 transferências de embriões nos

EUA e 3.000 na Europa, sem o repasse destas informações (IETS, 2013).

O Brasil em 2013, teve aumento numérico de 2.780 nas coletas de embriões,

passando ao total de 24.880. A produção de embrião tambem foi aumentada para

19.680, com acrescimo de 2.880 em relação ano ano anterior. (IETS, 2014). Os dados

refletem que a atividade de produção de embriões no Brasil, tem destaque no cenário

global como tambem está em ascensão.

2 REVISÃO

2.1 Reprodução equina

2.1.1 Ciclo estral

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O ciclo estral equino é geralmente descrito como uma combinação de uma

fase folicular, ou estro, e uma fase lútea, ou diestro. A endocrinologia do ciclo estral

envolve um equilíbrio entre hormônios produzidos pela glândula pineal, hipotálamo,

hipófise, ovários e endométrio (SATUÉ; GARDÓN, 2013).

O ciclo estral é definido como o intervalo de tempo entre duas ovulações. O

intervalo aproximado varia entre 18 e 22 dias, considerando-se em média um período

de 21 dias. Atualmente o ciclo estral consiste em duas etapas claramente

diferenciadas: estro ou fase folicular e diestro ou fase lútea (LEY, 2006; SENDEL,

2010; SATUÉ; GARDÓN, 2013). Estas fases são caracterizadas por modificações

internas dos órgãos sexuais e do sistema glandular bem como alterações

comportamentais (SATUÉ; GARDÓN, 2013).

O estro geralmente dura 6 dias, mas pode ser de somente 4 dias, podendo

chegar a 10 dias, dependendo da égua (LEY, 2006; SENDEL, 2010), entretanto a

duração do estro pode variar de 3 a 9 dias (SATUÉ; GARDÓN, 2013).

O hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) atua no sistema vascular

hipotalâmico-pituitário, em seguida, transportado para o adenohipófise onde os

hormonios folículo estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH) são sintetizados.

As gonadotrofinas são transportados através do sangue para o ovário, onde exercem

especificamente as suas funções. O FSH atua sobre as células da granulosa do

folículo, estimulando o crescimento, maturação folicular e a biossíntese de estrógeno.

Nas células da teca, o LH está envolvido na maturação do oócito, ovulação,

implantação e manutenção de corpo lúteo (CL), bem como desenvolvimento e na

síntese de progesterona (P4). Ambos os esteróides ovarianos controlam o eixo

hipotálamo-hipófise por mecanismos de feedback que determinam o ciclo estral na

égua (SATUÉ; GARDÓN, 2013).

Diestro é normalmente de 15 dias, mas pode variar de 12-18 dias. No

hemisfério norte, de setembro a março, poucas éguas tem um ciclo normalmente,

então é mais difícil de se conseguir concepção durante estes meses (LEY, 2006;

SENDEL, 2010). No hemisfério norte, o ciclo estral na maioria das éguas começa a

normalizar no final de abril ou início de maio e se estendem até agosto (SENDEL,

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2010), na região nordeste do Brasil não ocorre sazonalidade na reprodução dos

equinos por conta da luminosidade.

A ovulação, libertação do ovócito do ovário, pode ocorrer a qualquer momento

durante a fase de estro. No entanto, se produz normalmente 24-48 h antes do final do

período de estro. Idealmente, para maximizar a chance de concepção, a inseminação

deve ocorrer 12 horas antes da ovulação (LEY, 2006; SENDEL, 2010).

A regulação das ondas e a seleção folicular envolvem interações entre

gonadotrofinas circulantes específicas e fatores intra-foliculares, garantindo que cada

folículo é devidamente estimulado a crescer ou regredir em qualquer fase de

desenvolvimento. Do ponto de vista experimental, a ocorrência de uma onda é

definida como o crescimento folicular ou aparecimento simultâneo de um número

variável de folículos abaixo de 6 a 13 mm de diâmetro. No égua, estas ondas

foliculares são classificados de acordo com a sua capacidade para desenvolver o

folículo dominante (ondas primárias) ou, em contraste, apenas gerar pequenos

folículos (ondas menores). Assim, as ondas principais ou superiores originam vários

folículos subordinados e um folículo dominante, enquanto que as ondas menores, os

folículos não são maiores do que 30 mm de diâmetro e em seguida regridem (SATUÉ;

GARDÓN, 2013).

2.1.2 Sazonalidade

A duração do dia é o fator determinante primário para a controlar a

sazonalidade nas regiões temperadas do mundo, enquanto que animais próximos da

linha do Equador tendem a perder a maior parte, se não toda, da sazonalidade. A

ciclicidade das éguas ocorrem nos dias longos com 15 a 16 horas de luz (LEY, 2006).

O principal fator ambiental para as éguas terem ciclos normalmente é o

aumento de horas de luz (fotoperíodo). A iluminação artificial pode ser utilizada para

induzir os ciclos em dias de baixa luminosidade (SENDEL, 2010). Esta é a maneira

da natureza de evitar a chegada de um potro durante o mau tempo (SATUÉ;

GARDÓN, 2013).

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Os fotorreceptores da retina capturam as informações de quantidade de luz

como estímulo e transformam em impulsos nervosos. Este impulso nervoso é

transportado através do nervo óptico até ao núcleo supraquiasmático e depois para o

gânglio cervical superior. Este último gânglio tem terminações neuronais adrenérgicas

que alcançam a glândula pineal, onde o neurotransmissor serotonina é liberada.

Através de N-acetil-serotonina, a serotonina é transformada em N-acetilserotonina,

também chamada normelatonina. Normelatonina em conjunto com o N-

acetilserotonina O-metiltransferase (ASMT) envolvida na síntese de melatonina. A

melatonina é liberada durante as horas de escuridão, seguindo um padrão de

secreção inversamente proporcional à quantidade de horas do dia. Como resultado

do aumento da exposição ao fotoperíodo na primavera e no verão, a secreção de

melatonina decresce, que por sua vez estimula a liberação do fator liberador de

gonadotrofinas (GnRH) no hipotálamo (SATUÉ; GARDÓN, 2013).

Os primeiros ciclos estrais em cada estação reprodutiva anual são

frequentemente erráticos e prolongados, tempo no qual estas éguas podem ficar em

cio durante 20-30 dias ou mais. Durante o final de março, abril e maio, a maioria das

éguas apresentam receptividade sexual, e do final de abril até agosto, a maioria das

éguas dará um ciclo normalmente (SENDEL, 2010) para animais do hemisfério norte.

Para Ley (2006), considerando as 4 estações do ano, o início da atividade

reprodutiva normal das éguas ocorre ao final da primavera e verão. Ao longo do ano,

a maioria das éguas passará do anestro, no inverno, para um período transicional,

para depois se tornar poliéstrica estacional; daí para um período transicional no

outono e de voltar ao anestro no inverno.

Nos hemisférios norte e sul, o ciclo estral na maioria das éguas começa a

normalizar no final de abril ou início de maio e se estendem até agosto (SENDEL,

2010). Na região nordeste do Brasil não ocorre sazonalidade na reprodução dos

equinos por conta da luminosidade.

Nas regiões de clima temperado, o aumento do fotoperíodo durante a

primavera e verão causam diminuição da secreção da melatonina. Este sinal tem um

efeito positivo sobre os pulsos hipotalâmicos de GnRH , que por sua vez controlam a

liberação de gonadotrofinas. Pulsos de GnRH produzidos a cada 45 minutos originam

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a secreção de hormônio luteinizante (LH), predominantemente, enquanto aqueles que

ocorrem a cada 6 horas estimulam a secreção de hormônio folículo estimulante (FSH)

. Os pulsos de alta freqüência de GnRH (2 pulsos por hora) durante o estro favorecem

um aumento de LH e declínio de FSH, enquanto que freqüência reduzida de pulsos (2

por dia), leva um aumento de FSH e diminuição de LH. Estes eventos endócrinos

permitem o aparecimento de ondas foliculares, síntese de estrógenos e ovulação

durante o estro e a formação do corpo lúteo com produção de progesterona durante

o diestro (SATUÉ; GARDÓN, 2013).

2.2 Anatomia reprodutiva

O trato reprodutivo das éguas pode ser dividido de forma didática nas

seguintes partes: cérvix uterina, útero, ovidutos, tubas uterinas, fimbrias, ovários e

ligamento largo.

2.2.1 Colo do útero ou cervix

A cérvix uterina é uma estrutura de aproximadamente 10 cm de comprimento

segundo Sendel (2010), ou de 5 a 7,5cm segundo Ley (2006). Está localizada entre a

vagina e o útero. É o canal de comunicação entre o útero o trato urogenital e quando

fechado, serve para manter um ambiente estéril no útero. Ela relaxa quando a égua

está no cio e fecha quando não está no cio ou prenhe (SENDEL, 2010).

A cérvix uterina é a extensão muscular constrita de paredes espessadas do

corpo uterino. Sua extremidade distal se projeta caudalmente para dentro da vagina

anterior. A mucosa cervical é mais pálida que a uterina, contem células ciliadas

secretoras de muco. A parede cervical contém quantidade significativa de tecido

conjuntivo colagenoso e um esficter de musculo liso derivado da camada mais interna

do miométrio (LEY, 2006).

Por colposcopia no diestro o colo do útero aparece fechado, pálido e

centralmente (SATUÉ; GARDÓN, 2013).

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2.2.2 Útero

Para Sendel (2010), o útero tem um corpo uterino grande, apenas anterior

para o colo e dois cornos uterinos relativamente curtos que terminam no oviduto. O

corpo do útero é onde a maior parte do desenvolvimento embrionário ocorre. Ele

também produz hormônios e é o receptáculo do sémen, durante a cópula.

O útero está dividido em corpo e cornos, em formato de ¨T¨. O corpo é

cilindrico e está parcialmente situado na cavidade abdominal e a restante na pelvica,

sendo cilindrico e tem comprimento de 18 a 20cm. Os cornos uterinos estão

locaizados totalmente na cavidade abdominal, tem comprimento de 20 a 25cm e no

estado não gravídico costumam serem simétricos (LEY, 2006). Para Silva et al. (2005),

o útero equino tem forma de Y e o comprimento de cada corno uterino é equivalente

ao comprimento do corpo uterino.

A vascularização uterina é feita pelas artérias e veias uterinas, ramo uterino

da artéria e veia ováricas. As artérias uterinas originam-se das artérias vaginais

correspondentes e entram no mesométrio ao nível da cérvice. Divergem para os

cornos uterinos em direção à extremidade cranial dos mesmos, onde se anastomosam

com a artéria ovariana. A artéria uterina ramifica-se na parede do útero e no

mesométrio e seus ramos suprem ambos os lados dos cornos uterinos. O ramo mais

caudal da artéria uterina anastomosa-se com a artéria vaginal (BARBOSA, 2013).

O suprimento vascular dos cornos uterinos de cada lado se origina de três

fontes: ramo uterino da arteria vaginal, ou arteria uterina caudal (da artéria ilíaca

externa) e ramo uterino da artéria (da artéria ilíaca externa); e ramo uterino da artéria

ovariana ou artéria cranial. A principal drenagem venosa do útero é feita através do

ramo uterino da veia ovariana. O útero não recebe inervação sensitiva (LEY, 2006).

O suprimento de sangue do útero é principalmente da artéria uterina, um

ramo da artéria ilíaca externa. A artéria uterina faz anastomoses cranialmente com o

ramo uterino da arteria ovariana e caudalmente com o ramo uterino da artéria vaginal

(BUDRAS et al., 2003)

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O mesométrio continua com o perimétrio da superfície livre, ou não fixada,

dos cornos uterinos. A dupla camada de peritônio envolve vasos sanguíneos, nervos,

tecido conjuntivo, vasos linfáticos, tecido colagenoso frouxo, tecido adiposo e

camadas de de músculo liso que continuam com a camada mais externa, longitudinal,

de musculatura lisa do miométrio (LEY, 2006).

Figura 01: Estruturas do aparelho reprodutivo da égua, vista dorso-ventral.

Adaptado, fonte Sendel 2010.

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Figura 02: Estruturas do aparelho reprodutivo da égua, vista latero-medial.

Adaptado, fonte: Sendel 2010.

Os nervos simpáticos penetram no miométrio e endométrio. A fonte da

vasculatura vem através do ligamento largo (ANS 3319C).

2.2.3 Oviduto

Cada oviduto (salpinge, tuba uterina ou trompa de falópio), direito e esquerdo,

é dividido em três partes: istmo, ampola e infundíbulo. Um fenomeno incomum em

éguas é a retenção de de ovócitos no oviduto (LEY, 2006). As tubas, são duas

estruturas, uma no lado direito e outra no esquerdo.

2.2.4 Infundíbulo (fímbrias)

As fímbrias, são duas estruturas bilaterais, uma no lado direito e outra no

esquerdo, localizam-se na porção cranial do oviduto, servem para captar o ovócito no

momento da ovulação e transportá-lo para o oviduto, servindo como uma "luva

coletora" (SENDEL, 2010).

2.2.5 Ovário

Os ovários estão totalmente suspensos dentro da cavidade abdominal e são

livres para serem passivamente movimentados dentro do abdome, em extensão

limitada. Tipicamente com forma de feijão, tem comprimento de 70 a 80 cm e 40 a 60

de largura (LEY, 2006).

2.2.6 Ligamento largo

É uma camada dura de tecido fibroso, que contém os nervos e os vasos

sanguíneos, que servem para suspender a maioria do trato reprodutivo no abdómen

(SENDEL, 2010).

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2.3 Receptores adrenérgicos

Os receptores adrenégicos estão divididos em dois tipos, os α-adrenégicos

(com os subtipos α1 e α2) e os β-adrenérgicos (com os subtipos β1, β2 e β3). Os

receptores α1 e α2-adrenégicos são constituídos, cada um, de outras subclasses, que

se expressam em diferentes locais. Cada uma dessas classes está associada a um

sistema específico de segundos mensageiros. Por exemplo, os receptores α1-

adrenégicos estão acoplados a fosfolipase C e produzem seus efeitos principalmente

através da liberação de Ca2+ intracelular. Os receptores α2-adrenégicos estão

negativamente acoplados à adenilato ciclase e reduzem a formação de monofosfato

cíclico de adenosina (cAMP), alem de inibirem os canais de cálcio (RANG et al., 2004).

Os receptores α-adrenégicos foram identificados numa variedade de tecidos,

ao se medir a ligação de compostos antagonistas marcados com isótopos radioativos,

que são considerados como tendo grande afinidade por esses receptores, como, por

exemplo a diidroergocriptina (α1 e α2), a prazosina (α1) e a ioimbina (α2) (KATZUNG,

2005).

2.4 Agentes agonistas e antagonistas adrenérgicos

O uso do receptor agonista α2-adrenérgico (α2-AR) em medicina veterinária foi

primeiramente relatado por Clark e Hall em 1960, avaliando os efeitos sedativos da

xilazina em equinos e bovinos. Outros agonistas α2-AR, tais como a detomidina

(DET), romifidina, medetomidine (MED) e dexmedetomidina (DEX) foram introduzidas

posteriormente, se tornando uma ferramenta vital para os médicos veterinários em

pequenos e grandes animais. Além disso, os agonistas α2-AR podem ser

administrados por via intravenosa (IV), intramuscular (IM), sublingual, transdérmica e

epidural, e seus efeitos são reversíveis por antagonistas: como a ioimbina e

atipamezole (GRIMSRUD et al., 2015). Os agonistas α2-adrenérgicos são uma

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excelente escolha para sedação de curta duração e analgesia, podendo utilizar a via

epidural (SANCHEZ; ROBERTSON, 2014).

As principais ações de todos os agonistas alfa 2 adrenoceptores são

semelhantes, na medida em que eles produzem uma redução da frequência cardíaca,

alterando o ritmo cardíaco, uma hipertensão inicial seguida por uma hipotensão

prolongada, uma diminuição no débito cardíaco e depressão respiratória (ENGLAND;

CLARKE, 1996).

Os fármacos α2-agonistas são analgésicos potentes que também induzem

mudanças fisiológicas e comportamentais tais como: hipertensão arterial, bradicardia,

bloqueio atrioventricular, sedação excessiva e ataxia, o que pode potencialmente

limitar a sua utilização como analgésicos sistêmicos em alguns casos clínicos. Da

mesma forma, outras vias de administração e os benefícios dos α2-agonistas são

reconhecidos na literatura animal, humana e de animais de laboratório, podem ser

úteis no paciente equino (VALVERDE, 2010).

A disfunção miometrial em éguas susceptíveis pode estar relacionada com

números reduzidos de receptores α-adrenérgicos, a falta de responsividade destes

receptores, ou a uma deficiência na transdução do sinal, já que foi demonstrado que

a estimulação de receptores α2–adrenérgicos, resulta na contração do miométrio em

éguas resistentes, mas não nas suscetíveis. Agonistas α1 e α2-adrenérgicos melhoram

a contratilidade uterina após tratamento com oxitocina apenas em éguas resistente.

Uma deficiência no miométrio em receptores de ocitocina é improvável, porque a

depuração uterina e pressão intra-uterina são semelhantes em éguas resistentes e

suscetíveis após a aplicação de ocitocina (BRITO; BARTH, 2003).

Reitzensteinat et al. (2002) demonstraram que a detomidina potencializa a

ação miocontrátil da ocitocina no útero de éguas.

O útero é ricamente inervado com receptores adrenérgicos e α2-agonistas

como a xilazina ou detomidina parecem interagir com estes receptores da musculatura

uterina causando aumento de pressão (REITZENSTEINAT et al., 2002).

Em éguas, o volume de fluxo sanguíneo uterino foi encontrado aumentado a

partir do dia 11 ao dia 14 até o termo do ciclo estral. Por 2 semanas, o fluxo de sangue

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se torna significativamente aumentado em éguas prenhes, em contraste com as não

prenhes, enquanto o índice de resistência (IR) é diminuído, e aumenta o fluxo

snguíneo com a idade gestacional. Éguas mais jovens apresentaram maior fluxo

sanguíneo uterino que passou de 0,28ml/min/kg no dia 14 para 27,7ml/min/kg, sendo

maior do que em éguas mais velhas, tanto no dia 14 e durante a prenhez. Esses dados

sugeriram que as éguas mais velhas têm fraco desenvolvimento microvilus

placentário, o que pode contribuir para o nascimento de potro com peso reduzido,

frequentemente observado em éguas mais velhas (KELLEY, 2013).

A primeira avaliação da hemodinâmica ovariana foi relatada em 2002 a partir

de dados coletados das artérias ovarianas direita e esquerda . Em contraste às

artérias uterinas, artérias ovarianas revelaram significativas diferenças entre os lados

no fornecimento de sangue . Valores do índice de pulsatilidade (IP) foram

significativamente inferiores na artéria ipsilateral do ovário para o corpo lúteo . Neste

lado, a resistência ao fluxo de sangue diminuiu após uma curta subida até D6 e depois

aumenta novamente até o fim do diestro (IGNACIO et al., 2011).

Williams et al. (1976) estudaram a ação dos receptores α-adrenégicos

presentes na musculatura lisa do útero de coelhas, através do uso de um potente

antagonista, a[3H] Diidroergocriptina, sendo esta ligação rápida e reversível. Barbas

et al. (2001), encontraram ação de fármacos α agonista sobre a atividade cervical de

ovelha quando associado com prostaglandina E.

O efeitos do estrogênio e progesterona sobre os receptores alfa-adrenérgicos

presentes no útero, foram investigados por estudos de ligação ao receptor direto, para

isso foram utilizadas coelhas imaturas sensibilizadas com estrógeno ou não. O

antagonista alfa adrenérgico, [3H] di-hidroergocriptina, foi utilizado para avaliar

diretamente o número e afinidade dos receptores nas membranas. Quando o tecido

foi exposto a concentrados de progesterona, houve redução estatiticamente

significativa nos locais de ligação de receptores α-adrenégicos (Williams et al., 1977).

A capacidade da resposta útero-cervical à estimulação do receptor alfa-

adrenérgico, foi avaliada eletromiograficamente “in vivo” em ovelhas adultas

ovariectomizadas. Em várias espécies, incluindo ovelhas, o útero contém tanto alfa

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(α) quanto beta (β) adrenoreceptores, mediando, respectivamente, resposta

excitatória e inibidoria às catecolaminas. A improtância das propriedades

farmacológicas e fisiológicas dos receptores beta uterinos são bem conhecidas,

devido à vasta utilização terapêutica de agonistas J3-2 (MARNET et al., 1987)

2.5 Detomidina

Cloridrato de Detomidina é um α2-adrenoceptor agonista sintético com

propriedades sedativas e analgésicas. O nome químico é imidazol 1H4-[(2,3-

dimetilfenil) metil]-cloridrato, e o nome genérico é cloridrato de detomidina. É uma

substancia branca cristalina, solúvel em água, tendo um peso molecular de 222,7. A

fórmula molecular é C12H14N2•HCl.

A detomidina é um derivado lipofílico do imidazole, ligeiramente básico. Quando

administrado, desenvolve hipotensão e bradicardia. Apresenta-se uma especificidade

seletiva na proporção de 260/1 para receptores α2/α1 respectivamente (BELDA et al.,

2005), produz sedação profunda e longa agindo por redução de noradrenalina e

dopamina na região central do Sistema Nervoso Central (REHMAN et al., 2013).

Detomidina é um sedativo e analgésico não narcótico, é um potente agonista

do adrenorreceptor α2 que produz sedação e analgesia superficial e visceral, a qual é

dependente da dose, na sua profundidade e duração. Letargia profunda, um

característico abaixamento da cabeça com sensibilidade reduzida a estímulos

ambientais (sons, etc.) são vistos com detomidina. Um curto período com falta de

coordenação é caracteristicamente seguida pela imobilidade e uma posição firme dos

membros dianteiros. O efeito analgésico é mais facilmente visto como um aumento no

limiar da dor à superfície do corpo.

Ohnesorge et al. (1991) relataram estudo feito com o uso de detomidina com a

finalidade sedativa e analgésica, administrada por via intravenosa (IV) em potros de 3

a 11 meses de idade na dose de 20µg/kg e em cavalos adultos 15µg/Kg IV, ou

intramuscular (IM) em potros com menos de 6 meses de idade na dose 35µg/kg. Os

resultados revelaram que a eficácia de detomidina foi influenciada pela dose, via de

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administração, o intervalo de tempo entre o tratamento e controle e o grau de agitação,

antes do tratamento, mas não por sexo.

Nenhum efeito sobre o tempo de coagulação sanguínea ou outros parâmetros

hematológicos foi encontrado em doses de 20 ou 40 mcg / kg de peso corporal.

Respostas respiratórias incluem um retardamento inicial de respiração dentro de

poucos segundos a 1-2 minutos após a administração, retornando ao normal no prazo

de 5 minutos.

2.5.1 Indicações

A detomidina é indicada no uso como um sedativo e um analgésico

(OHNESORGE et al., 1991; ENGLAND, CLARKE, 1996; VALVERDE, 2010; PAPICK,

2012) para facilitar os procedimentos cirúrgicos, diagnóstico menores em cavalos

adultos e animais de um ano. Ela é útíl para pré-medicação e marcadamente

potencializa os efeitos de outros agentes sedativos/analgésicos

(ENGLAND; CLARKE, 1996). Tem sido usada com sucesso para acalmar cavalos

rebeldes (BELDA et al., 2005), para proporcionar alívio da dor abdominal, a fim de

facilitar a broncoscopia, lavado bronco-alveolar, entubação nasogástrica, palpações

retais não reprodutivas, a sutura de lacerações na pele, e castrações.

A alta concentração da detomidina nas apresentações comerciais permite a

administração rápida intramuscular por causa do baixo volume injetado. A dose, em

eqüinos, varia no intervalo 0,01-0,04 mg/kg IM. Na administração IV, a dose de 0,02

mg/kg induzem efeitos semelhantes aos da xilazina (1,1 mg / kg), embora os seus

efeitos se estendam a 45 minutos. Combinação com opióide permite doses reduzidas

(BELDA et al., 2005).

Os efeitos sobre os receptores α1 e α2 são obtidos perifericamente após

aplicação de detomidina, produzindo vasoconstrição e aumento da pressão arterial.

Bradicardia é frequentemente acompanhada de bloqueio cardíaco atrioventricular.

Aproximadamente 60 minutos após a detomidina ser administrada, a pressão arterial

diminui como resultado de bradicardia e efeitos persistentes sobre α2-receptores no

sistema nevorso central (SNC). Os efeitos colaterais da administração detomidina

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incluem redução transitória no ceco, do cólon e do fluxo sanguíneo no jejuno

(REHMAN et al., 2013).

Éguas submetidas a ovarioectomia laparoscópica, sedadas utilizando a via

intravenosa ou epidural, apresentaram respostas hormonais e comportamentais

semelhantes aos estímulos dolorosos durante a cirurgia, sem haver diferença

significativa entre as vias adotadas (VIRGIN et al., 2010).

2.5.2 Contraindicações

Cloridrato de detomidina não deve ser usado em cavalos com pré-existência

de bloqueio atrioventricular (AV) ou sinoatrial (AS), com insuficiência coronariana

grave, doença cerebrovascular, doença respiratória, ou insuficiência renal crônica.

Sulfonamidas não devem ser utilizadas em cavalos anestesiados ou sedados como

potencialmente pode ocorrer arritmias fatais (HSU, 2015).

2.5.3 Efeitos adversos

Cavalos tratados com detomidina apresentam Bradicardia rotineiramente,

ocorrendo um minuto após a injeção. A relação entre a hipertensão e bradicardia é

consistente como uma resposta adaptativa dos barorreceptores ao aumento da

pressão e inconsistente com uma bradicardia induzida por droga principal. Piloereção,

sudorese, salivação, tremores musculares e leve são freqüentemente vistos após a

administração. Bloqueio atrioventricular parcial e sinoatrial pode ocorrer com a

diminuição da freqüência cardíaca e respiratória. Micção normalmente ocorre durante

a recuperação em cerca de 45-60 minutos após o tratamento, dependendo da

dosagem. Incoordenação é normalmente vista apenas durante os primeiros 3-5

minutos após a injeção (PAPICK, 2012).

Ativação de receptores periféricos α2-adrenérgicos com o uso de detomidina

resulta em vasoconstrição periférica e um consequente aumento da pressão arterial

(PA). Junto com o aumento da pós-carga, resulta em reduções significativas na

contratilidade miocárdica e débito cardíaco. O efeito sobre a pressão arterial é

tipicamente bifásica: após uma fase vasoconstritora inicial, uma redução mediada

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centralmente no resultado de tônus simpático em reduções da freqüência cardíaca

(FC) (PAKKANEN et al. 2015).

Em comparação com muitas outras espécies animais, a taxa de complicações

totais em anestesia geral equina é alta. Uma causa importante para estas

complicações é a depressão cardiovascular causada pela anestesia geral. Para além

dos efeitos cardiovasculares dos agonistas α2-adrenoceptores, agentes anestésicos

voláteis, também podem resultar em depressão cardiovascular significativa, reduzindo

tanto a contratilidade do miocárdio como a resistência vascular periférica. A

hipotensão resultante pode comprometer a perfusão muscular durante a anestesia,

portanto, resultar em miopatia e neuropatia, prejudicando assim a recuperação e

aumentando a morbidade e mortalidade (PAKKANEN et al. 2015).

Devido à continuação da descida da cabeça durante a sedação, descargas

nasais, ocasionalmente, edema da cabeça e do rosto pode ser visto. Segurando a

cabeça em uma posição ligeiramente elevada geralmente impede estes efeitos.

Outros efeitos observados com a utilização dos agentes α2agonistas são:

prolapso peniano, ataxia, ptose labial, abaixamento da cabeça, anorexia, glicosúria,

diminuição da motilidade intestinal, aumento da tonicidade uterina, diminuição do

hematócrito e relativo aumento da glicose sangüínea, estes dois últimos,

respectivamente, por vasodilatação esplênica e por inibição da secreção de insulina

mediada pela estimulação dos α2adrenoceptores (FANTONI et al., 1999). A diurese

ocorre como conseqüência da hiperglicemia produzida pelos α2agonistas (PAPICK,

2012).

Com a administração de detomidina, a frequência cardíaca é marcadamente

reduzida, a pressão arterial é inicialmente elevada, e depois um declínio constante ao

normal é visto. Uma alteração transiente na condutividade do músculo cardíaco pode

ocorrer, como evidenciado por bloqueio atrioventricular parcial (AV) e blocos

sinoauricular (SA). Esta alteração na condutividade do músculo cardíaco pode ser

prevenida pela administração IV de atropina a 0,02 mg / kg de peso corporal.

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Cloridrato de detomidina é bem tolerada em cavalos com dose de até 200 mcg

/ kg de peso corporal (10 vezes a dose baixa e 5 vezes a dose elevada). Em estudos

de segurança em cavalos, cloridrato de detomidina a 400 mcg / kg de peso corporal,

administrada diariamente durante 3 dias consecutivos produziu focos microscópicos

de necrose miocárdica em 1 de 8 cavalos. Para Riviere e Papich, pode ser utilizado

1,0mg/kg de detomidina por via IM ou IV em cavalos.

Para Hsu (2013), cavalos tratados durante 03 dias consecutivos na dose

400ug/Kg, podem ocorrer necrose do miocárdio.

2.5.4 Dosagem e administração

Segundo Papick (2012), a detomidina para sedação pode ser administrada IV

ou IM às alíquotas de 20 ou 40 mcg/kg de peso corporal (0,2 ou 0,4 mL de

Dormosedan® por 100 kg), dependendo da profundidade e duração da sedação

necessária. O início dos efeitos sedativos deve ser alcançado dentro de 2-4 minutos

após a administração IV e 3-5 minutos após a administração IM. Na dose de 20µg/kg,

proporcionará 30-90 minutos de sedação e 40µg/kg, proporcionará cerca de 90

minutos a 2 horas de sedação.

A detomidina pode ser administrada por via intramuscular ou intravenosa,

produzindo efeitos sedativo (WANAMAKER; MASSEY, 2014), relaxante muscular e

analgésico, assim como pelas vias epidural ou subaracnoidea, para promover

analgesia regional ou segmentária. É utilizada na medicação pré-anestésica, pois

resulta em sedação dose-dependente (TRABACH et al., 2011).

Detomidina na dose 20mcg/Kg geralmente começa a ter efeito em 2-4 minutos

e fornecer 30-45 minutos de analgesia. Na dose de 40 mcg/Kg também vai começar

a ter efeito em 2-4 minutos e fornecer 45-75 minutos de analgesia.

Segundo Wanamaker e Massey (2014), mesmo cavalos fortemente sedados

com a detomidina, podem responder ao estímulo com coices.

As formulações comerciais estão disponíveis em solução injetável e oral. A

apresentação injetável contem 10mg/mL em frasco de 5mL e a oral 7,6mg/mL em

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bisnaga de 3mL (PAPICK, 2012). Para Riviere e Papich, a dose da solução para uso

oral pode conter 60ug/Kg.

2.5.5 Farmacocinética

Detomidina é um potente não-narcótico α2-agonista do adrenoceptor que

produz um efeito de sedação em inibir a transmissão de impulsos nervosos mediada

por noradrenalina. A pressão arterial é inicialmente aumentada devido à

vasoconstrição periférica, posteriormente retorna para níveis normais normais ou

ligeiramente abaixo. Vasoconstrição pode ser vista nas membranas e mucosas, que

podem apresentar-se pálidas ou ligeiramente cianóticas. Esta resposta vasopressora

inicial é acompanhado por uma diminuição compensatória na freqüência cardíaca

mediada por barorreceptores vagal. O pulso periférico pode sentir-se fraco e uma

alteração transiente na condutividade do músculo cardíaco pode ocorrer, tal como

evidenciado no bloqueio atrioventricular. Outras arritmias podem ocorrer.

A detomidina também diminui a taxa respiratória e diminui a temperatura

corpórea, podendo causar depressão da motilidade gastrointestinal, devido à

diminuição da atividade do músculo liso, aumenta os níveis de glicose no sangue

devido à inibição da liberação de insulina, e aumenta a produção de urina de 2 a 4

horas após o tratamento. Em alguns cavalos, provoca sudorese, salivação e leves

tremores musculares podem ser vistos. Por causa da contínua descida da cabeça

durante a sedação, descargas de muco nariz com inchaço ocasional da cabeça,

particularmente em torno dos olhos, podem ser visto.

A detomidina é oxidada, principalmente no fígado. A maioria dos metabólitos

são excretados na urina, com meia-vida de 1-2 horas; é rapidamente distribuída e o

volume de distribuição (Vd) varia entre 0,69L/kg a 1,89L/kg. A ligação às proteínas é

de cerca de 85%. Alterações no fluxo sanguíneo do fígado podem alterar a taxa de

depuração da droga e por conseguinte, a exposição de drogas. Os efeitos sedativos

da detomidina (usando inclinação da cabeça como um marcador para sedação) são

altamente correlacionados à concentração sanguínea, independentemente da via de

administração.

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Para Hsu (2013) a meia vida da detomidina é de 1,2 horas quando

administrada IV e 1,8 horas quando a aplicação é IM. O metabolismo de ácido

carboxílico detomidina e hidroxidetomidine glucuronido e a excreção, posteriormente,

para a urina parece ser a principal via de eliminação.

Efeito de primeira passagem resulta em uma porção muito pequena de droga

atingindo circulação sistêmica se for ingerido. A sedação alcançada com o detomidina

gel é atribuível à absorção sublingual do medicamento. As concentrações de pico

ocorrem cerca de 1,83 horas após administração sublingual do gel. As concentrações

de pico observadas após a administração do gel são cerca de 40% dos valores

observados após a injeção intramuscular da solução de detomidina. A

biodisponibilidade absoluta de detomidina em gel é de 22%.

Araujo et al. (2009) relatam que os efeitos sistémicos da detomidina são:

diminuição na frequência cardíaca; aumento do tempo da sístole, diástole, ou ambos;

diminuição no volume de fluxo de sanguíneo e redução da velocidade do fluxo de

sangue dentro da artéria ilíaca interna em estudo feitos com éguas. No entanto, o

efeito da detomidina sobre a perfusão vascular local dos ovários e endométrio não foi

detectada, concluindo que este sedativo não afetou a perfusão vascular nos órgãos

reprodutores. Este sedativo pode ser utilizado em avaliações de cor Doppler

experimentais e clínicas de perfusão vascular do corpo lúteo e endométrio.

Figura 03: Fórmula estrutural do cloridrato de detomidina

Fonte: http://www.sigmaaldrich.com/

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Figura 04: Estrutura tridimensional do cloridrato de detomidina

Fonte: http://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/com

Um experimento foi conduzido para determinar se os efeitos uterotônicas de

oxitocina, um medicamento usado para tratar éguas que têm um atraso no

depuramento uterino foram afetados pela detomidina, um sedativo (α2-agonista),

droga usada para tratar éguas rebeldes. Um objetivo adicional foi identificar padrões

de propagação de contrações uterinas e determinar se esses padrões diferiram entre

éguas normais e éguas com depuração uterina retardada (DUC). A pressão intra-

uterina foi medida em cinco éguas reprodutivamente normais e quatro éguas com

DUC durante o estro, utilizando cateter de 8-F Milar com dois sensores de pressão

discretos. Éguas receberam um dos três tratamentos aleatoriamente: a detomidina

(0,001 mg / kg; IV); detomidina em 10 min seguido pela oxitocina (10 UI; iv); e solução

salina (NaCl a 0,9% 0,5 mL; iv) em 10 min seguido pela oxitocina. Todos os

tratamentos resultaram em ondas de contrações induzidas; no entanto, apenas três

éguas com DUC exibiram contrações após a administração de detomidina. Éguas

normais tiveram mais contrações uterinas que tendem a durar mais tempo, e foram

de maior intensidade do que éguas com depuração retardada. A administração de

detomidina antes da ocitocina aumentou o número de contrações e aumentou a

pressão intra-uterina máxima no corno uterino em éguas normais, em comparação

com a resposta após administração de solução salina e de ocitocina. A detomidina

não teve nenhum efeito em éguas com depuração retardada e aumenta o efeito

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uterotônico de ocitocina em éguas normais mas não em éguas com DUC. Os dados

sugerem que as éguas com DUC têm um defeito na sinalização mioelétrica e uma

redução na força contráctil do músculo uterino (REITZENSTEIN et al., 2002).

Na histereoscopia em éguas, a maioria dos profissionais tem protocolo de

sedação próprio, a utilização do cloridrato de detomidina na dose de 0,006-0,01 mg /

kg (IV), variação esta, dependendo do tamanho e temperamento da égua (BRINSKO,

2014).

O efeito de três sedativos α2-agonistas, detomidina (0,04 mg / kg), romifidina

(0,08 mg / kg), xilazina (1,1 mg / kg) e o placebo (NaCl), sobre a pressão intra-uterina

foi investigada com um modelo de balão intra-uterina em quatro éguas Warmblood

não-gestantes. Aumentos dentro de 6.0 (+/- 2.2) min para pressão média de 9,80 (+/-

3,74), 6,88 (+/- 3,95) e 13,95 (+/- 5,19) mmHg foram registrados para detomidina,

romifidina e xilazina, respectivamente. Placebo não teve efeito significativo. A duração

média do aumento de pressão foi de 30,0 (+/- 5,10), 17,67 (+/- 9,87) e 19,50 (+/- 13,78)

min para detomidina, Romifidina e xilazina, respectivamente. Não houve diferença

significativa no grau e duração da sedação entre os três grupos de tratamento. Os α2-

agonistas exercem um aumento de pressão acentuada no útero, sem diferenças

estatisticamente significativas em grau e duração entre as três substâncias. Com

doses equipotentes nenhuma diferença na duração e grau de sedação pode ser

calculada (SCHATZMANN et al., 1994).

A detomidina foi administrada ao longo de 10 gestações em oito éguas. Uma

injeção intravenosa de 20µg/Kg de peso corporal foi dada semanalmente a partir do

dia 14 até o dia 60 de gestação e, posteriormente, de quatro em quatro semanas até

o parto . Embora estes dados tenham sido baseados em um pequeno número de

éguas, eles não sugerem que a administração repetida de detomidina provoque

efeitos adversos específicos sobre as prenhezes (KATILA; OIJALA, 1988).

Jedruch et al. (1989) estudaram a ação da detomidina na atividade elétrica

uterina durante o último trimestre da gravidez em 6 éguas . O efeito foi observado em

3-5 minutos após a injeção intramuscular (IM) e durou até 50-70 min. Na dose de 20

e 40 µg/Kg houve diminuição na atividade elétrica do miométrio, ao passo que com 60

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µg/Kg, não teve qualquer efeito sobre esta atividade. Os resultados sugerem que a

detomidina nas doses de 20, 40 e 60 µg/Kg podem ser administradas para éguas

durante o último trimestre de gravidez, sem o risco de aborto induzido por um aumento

da atividade elétrica uterina.

As investigações sobre a presença dos receptores α2-adrenérgicos no

miométrio de ovelhas, foram realizadas através da utilização de dois medicamentos,

detomidina e xilazina. Detomidina aplicada às ovelhas sensibilizadas com estrógeno,

resultou em intensificação da atividade mioelétrica uterina. No registro

eletrouterográfico, a freqüência da descarga aumentou, enquanto os intervalos entre

ciclos de descarga se reduziram. A duração da reação oscila entre 3 e 5,5 minutos.

Depois do bloqueio dos receptores α2-adrenérgicos com ioimbina, um agonista

seletivo, a detomidina não afetou o exame eletrouterográfico (DEJNEKA et al., 1998).

Ambos os subtipos de receptores adrenérgicos α1 e α2, ocorrem no útero de

ovelhas, sensibilizados com estilbestrol durante o anestro. A estimulação dos

receptores α1 ou α2 adrenérgicos causa aumento da atividade mioelétrica no útero

(DEJNEKA et al., 1998).

Depois de bloquear os receptores α2 adrenérgicos com ioimbina, não houve

reação característica após a aplicação de xilazina. Xilazina aplicada a ovelha

sensibilizadas, da mesma forma que com a detomidina, resultou em aumento da

atividade mioelétrica uterina. No registro eletrouterográfico, a frequência das

descargas também aumentou e a duração da reação foi de 4 a 6 minutos, dependendo

da dose (DEJNEKA et al., 1998).

A administração de atipamezole e tolazolina não antagonizam

completamente os efeitos de detomidina em equinos, mas o decurso de tempo para a

recuperação é encurtado (HUBBELL & MUIR, 2006).

2.6 Ioimbina

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A ioimbina (17a-hidroxiioimban-16a- acido carboxílico metilester) é um

antagonista adrenérgico de receptores α2, encontrada na casca da árvore

Pausinystalia. Este fármaco atua como antagonista competitivo, irreversível,

apresentando dissociação lenta do receptor α2 (HOFFMAN et al., 1996).

Na medicina veterinária, a ioimbina tem sido utilizada como antagonista

competitivo dos agonistas α2-adrenérgicos em equinos, cães, gatos, bovinos, ovelhas,

animais silvestres e pequenos roedores. Nesses animais, a ioimbina tem sido utilizada

em intoxicações causadas por xilazina, detomidina, romifidina e amitraz, revertendo

de forma parcial ou total a ação desses fármacos, antagonizando seus efeitos

sedativos e outros efeitos indesejáveis (ANDRADE, 2004).

O antagonismo nos receptores α2-adrenérgicos aumenta a liberação de

noradrenalina nas terminações nervosas do sistema nervoso autônomo simpático,

proporcionando o incremento na atividade deste sistema. Portanto, as ações da

ioimbina otimizam o sistema cardiovascular devido à estimulação dos receptores α no

coração e nos vasos periféricos, com consequente aumento da frequência cardíaca e

da pressão arterial (ADAMS, 1992; ANDRADE, 2004).

A dose de ioimbina indicada para equinos é de 0,075-0,15mg/kg e tempo médio

de ação de 106 minutos. As alterações observadas com a utilização deste fármaco

incluem midríase, taquicardia, agitação, tremores musculares, aumento da ansiedade

e salivação (VOLMER et al., 1994).

Um dos avanços mais importantes em anestesia veterinária na última

década, tem sido a síntese de antagonistas para reversão de sedativos. Adquire

especial relevância, a aplicação clínica de α2-antagonistas, tais como a ioimbina

(BELDA et al., 2005).

A ioimbina é um eficaz α2-antagonista, pode causar uma hipertensão transitória,

excitação do SNC, tremores musculares, salivação, aumento da frequência

respiratória e mucosa hiperêmica. Reverte a analgesia induzida por α2-agonista em

uso simples ou de combinações com quetamina, opióides ou outros tranqüilizantes

(BELDA et al., 2005).

2.7 Perfusão vascular uterina

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A avaliação hemodinâmica do útero pode ser feita por dados espectrais

coletados de vasos de grande porte, como da artéria uterina e as suas ramificações,

ou a partir de avaliações subjetivas ou objetivas de endométrio, miométrio e

mesométrio, que fornecem dados referentes a alterações locais e específicas da área

avaliada (IGNACIO et al.,2011).

Ignacio et al.(2011), observaram que as diferenças do indice de resistência

(IR) não foram relacionados para o lado da ovulação. Mais tarde estudos confirmaram

estas descobertas, não havendo diferença de perfusão entre as grandes artérias

uterinas e também entre vasos do mesométrio anexo do corno ipsi e contralateral em

relação à ovulação.

Entretanto, diferenças no fluxo uterino de sangue são observados durante o

ciclo estral. Éguas não inseminadas, apresentam aumento da perfusão vascular

(redução do índice de resistência - RI) no D5 (D0 = ovulação) que foi relacionada com

a importância de um fornecimento de sangue elevada no momento da entrada do

embrião no útero. Cerca de dois ou três dias antes da ovulação e no D0 ,um aumento

na perfusão (redução do IR) seguida por redução (aumento no IR) até que foram

detectadas as ovulações, provavelmente devido o aumento e diminuição nos níveis

de estrogênio (efeito vasodilatador sobre os vasos uterinos) durante estes dias. Uma

redução de perfusão também foi detectada no D15 (final do diestro) não relacionada

com os níveis de estrogênio, mas por outros compostos vasoativos que podem estar

a atuar. Portanto, alterações na perfusão uterina são correlacionadas com

concentrações plasmáticas de estrogênio durante o estro, mas não durante o diestro

(IGNACIO et al.,2011).

Em 2005, Silva et al., descreveram um avaliação subjetiva do endométrio e

miométrio e uma avaliação objetiva de dados espectrais recolhidos a partir de vasos

do anexo mesométrio para avaliar alterações uterinas vasculares de perfusão.

A ultrassonografia transretal com Doppler colorido foi utilizada para a

investigação não invasiva do fluxo sanguíneo uterino em cinco éguas. Tanto a

esquerda e para a direita artérias uterinas foram digitalizadas para obter ondas de

velocidade de fluxo sanguíneo, durante dois ciclos consecutivos e duas prenhezes

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precoces em cada égua. O fluxo sanguíneo foi expresso como a velocidade média de

tempo máximo (TAMV) e o índice de resistência (RI). Em todas as gravidezes a

vesícula embrionária pode ser detectado pela primeira vez no dia 11 (o dia da

ovulação: Dia 0). Não há diferenças nos valores médios TAMV e Ri de ambas as

artérias uterinas foram observadas em comparação com as correspondentes dias do

ciclo estral, até o dia 11 de gravidez (P> 0,05). A partir do dia 11 em diante, os valores

médios TAMV foram maiores e os valores médios do RI inferior a éguas gestantes do

que em éguas cíclicas (P <0,05). Durante o ciclo estral valores TAMV e RI não diferiu

entre o artérias uterinas esquerda (P> 0,05) e direito. A partir Dias 15 e 29 da gravidez,

valores TAMV foram consistentemente mais elevados e IR com valores menores na

artéria uterina homolateral ao concepto e eles tiveram um aumento mais distinta e

declínio, respectivamente, em comparação com a artéria contralateral uterino (P

<0,05). As estimativas dos componentes de variância para o efeito de égua em valores

TAMV RI e durante a gravidez foram de 60 e 53%, respectivamente, e para o efeito

de dia de gravidez, que eram 29 e 34%, respectivamente (P<0,0001). Não houve

diferenças significativas entre as duas gestações com relação ao fluxo sangüíneo (P>

0,05). Os resultados mostram que os aumentos de fornecimento de sangue uterina

em éguas durante a segunda semana de gravidez em comparação com éguas

cíclicas. Além disso, há variações individuais no fluxo sanguíneo entre éguas

(BOLLWEIN et al., 2003).

O fluxo sanguíneo uterino e ovariano foi investigado em quatro éguas,

durante dois ciclos consecutivos, utilizando ultrassonografia transretal com Doppler

colorido . As artérias uterinas e ovarianas de ambos os lados foram digitalizadas para

obter ondas de velocidade do fluxo sanguíneo . O índice de pulsatilidade (IP) refletiu

o fluxo sanguíneo. Havia tendências temporais significativas em valores de IP de

todos os navios uterinas e sangue de ovário durante o ciclo estral (P < 0,05). Valores

do IP não diferiu entre as artérias uterinas ipsi- e contralateral ao corpo lúteo ou folículo

ovulatório (BOLLWEIN et al., 2003).

O estudo mostra que o tratamento com gonadotropinas em éguas para induzir

superovulação está associada com um aumento acentuado na perfusão uterina e

ovárica, concomitante com o desenvolvimento de múltiplos folículos e um aumento

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em níveis de estrógenos (E) totais. O aumento do fluxo sanguíneo parece estar

relacionado com a eficácia da resposta à estimulação do ovário (WITT et al., 2012).

De acordo com Silva et al. (2005), éguas não-gestantes apresentam

vascularidade endometrial baixa e constante durante os 15 primeiros dias pós-

ovulação (FERREIRA; MEIRA, 2011).

Ferreira et al. (2008) relataram que a perfusão vascular do útero (todas as

camadas combinados) foi estimada subjetivamente por um operador a partir das

seções transversais de um corno, usando a função de Power Doppler. As

configurações de ultra-som seguintes foram utilizados: limite de faixa de velocidade,

6,22 cm / s; Filtro de fluxo, 3; e taxa de quadros, 6 Hz. Só os sinais de cor que

aparecem como estando dentro dos limites do útero foram consideradas. A perfusão

vascular uterino foi estimado subjetivamente usando a percentagem de tecido uterino

com sinais de cor de fluxo sanguíneo durante tempo real cross-secção do útero em

um período contínuo de 1 min. Várias seções transversais foram visualizadas por

causa dos movimentos de animais e uterinas e a variação resultante a partir de

ângulos de insonação. Em éguas sem cistos (controles), foram utilizados regiões dos

segmentos médio de chifres esquerda e direita.

Perfusão vascular do endométrio foi avaliada usando a cor Doppler função

de modo de fluxo e, um transdutor linear-array de 7,5 MHz (UST-5821-7,5) com uma

largura de feixe de campo de 60 mm. As configurações a seguir foram limite de faixa

de velocidade, 9,96 cm / seg; usado Filtro de fluxo, 4; e taxa de quadros, 6 Hz. O

transdutor foi colocado sobre uma secção transversal do segmento médio de cada

trompa uterina. A vascularização ou perfusão vascular foi estimada subjetivamente,

marcando a extensão de áreas coloridas no endométrio durante tempo real cross-

secção do segmento médio de cada chifre durante um período contínuo de 1 min; por

causa de movimentos de animais e uterinas, várias secções transversais foram

visualizadas. Somente as áreas coloridas que apareceram para situar-se dentro do

endométrio foram considerados. As notas variaram 1-4, acusando nenhum, mínimo,

médio e máximo envolvimento, respectivamente. O 1-min varredura foi gravado em

fitas de vídeo digitais (Mini-DV) (Silva et al., 2005).

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45

O índice de pulsatilidade relaciona as velocidades sistólica e diastólica à

velocidade média durante o ciclo cardíaco. É definido pela fórmula: IP = S – D /M (IP

= índice de pulsatilidade; S = pico sistólico; D = pico diastólico; M = média das

velocidades de fluxo durante o ciclo cardíaco) (BARBOSA, 2013).

2.8 Ultrassom

Ginther e Pierson (1984) demonstraram que a tecnologia de ultrassons

proporciona uma forma não invasiva de acesso no útero de éguas para avaliar a

fisiologia, alterações morfológicas e para detectar e estudar certos processos

patológicos.

A espécie equina foi uma das mais utilizadas pelos pesquisadores pioneiros

no desenvolvimento da ultrassonografia transretal para o exame in vivo do trato

reprodutivo. No início dos anos 80, essa técnica revolucionou o diagnóstico e o

monitoramento de eventos reprodutivos biológicos e patológicos em programas de

reprodução assistida (FERREIRA; MEIRA, 2011).

Em 1842, o pesquisador austríaco Johann Christian Doppler descreveu o efeito

Doppler como a alteração na frequência de uma onda emitida ou refletida por um

objeto que se encontra em movimento em relação ao observador. Seguindo este

princípio, a ultrassonografia Doppler baseia-se na movimentação das hemácias em

relação ao transdutor, de forma que alterações de velocidade e sentido do fluxo

sanguíneo são representados por imagens com específicas cores e tonalidades

(FERREIRA; MEIRA, 2011).

Em 1976, Pourcelot introduziu o conceito de índice de resistência (IR). Esse

índice é calculado pela fórmula [IR = (S – D) / S], na qual S e D correspondem aos

picos sistólicos e diastólicos, respectivamente, e o IR reflete a resistência vascular.

Alto IR corresponde à vasoconstrição e baixa velocidade do fluxo sanguíneo,

enquanto que baixo IR está relacionado com vasodilatação e alta velocidade do fluxo

sanguíneo (BARBOSA, 2013).

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A técnica de ultrassonografia Doppler apresenta três modos de ação distintos:

modo-B, modo-Doppler e modo-Espectral. O modo-B utiliza escalas de cinza e é

primordialmente empregado para a identificação anatômica de estruturas a serem

avaliadas posteriormente pelos modos coloridos. Através do modo-Doppler,

subdividido em funções color e power-flow, é possível estimar a perfusão sanguínea

tecidual, levando-se em consideração a percentagem de tecido com pixels coloridos

durante o exame. Já o modo-espectral fornece valores exatos de velocidades de fluxo

sanguíneo e índices Doppler vasculares e teciduais. A adequada mensuração das

velocidades de fluxo sanguíneo durante o exame espectral é dependente da correta

angulação (ângulo Doppler) entre o transdutor e o vaso sanguíneo avaliado

(FERREIRA; MEIRA, 2011).

Devido a grande tortuosidade das artérias presentes no mesométrio, ovários e

útero, não é possível determinar os seus respectivos ângulos Doppler. Entretanto,

como os índices de resistência (IR) e pulsatilidade (IP) não sofrem influência dessa

angulação, eles são indicados para a avaliação espectral do trato reprodutivo de

éguas. IR e IP apresentam correlação negativa com a perfusão vascular do tecido

irrigado pela artéria em questão, ou seja, quanto menores RI e PI maior será a

perfusão vascular no tecido suprido por aquele vaso (FERREIRA; MEIRA, 2011).

Cor e eco-Doppler de potência é uma técnica não invasiva da onda de pulso

que tem sido usada para o estudo transretal do fluxo de sangue no trato reprodutivo

de animais de grande porte domésticos . Além da artéria uterina e os seus ramos, o

acessório mesometrial e vasos localizados no endométrio e miométrio pode ser

avaliado para o estudo da hemodinâmica uterinos. Ultrassonografia Doppler é uma

técnica potencial para o estudo da patogénese e efeitos de tratamento ou de

prevenção abordagens para cistos uterinos. No entanto, nenhum relatório foi

encontrada em qualquer espécie sobre a utilização da ultrassonografia com Doppler

colorido para investigar as relações entre o fluxo sanguíneo uterino e cistos uterinos

(FERREIRA; MEIRA, 2011).

Os primeiros estudos com US Doppler baseavam-se em informações obtidas

nas grandes artérias (artérias ovariana, uterina e vaginal) responsáveis pela

suplementação sanguínea do trato reprodutivo. Contudo, os estudos recentes tendem

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a realizar exames diretamente no tecido alvo, como, por exemplo, endométrio, parede

folicular e corpo lúteo (CL), ou em vasos próximos (FERREIRA; MEIRA, 2011).

Ferreira et al., (2008) relataram que a ultrassonografia transretal com Doppler

era utilizada para estudar o fluxo sanguíneo uterino e perfusão em éguas com e sem

cistos uterinos. Foram avaliados perfusão vascular do útero e do fluxo sanguíneo

velocidades, de perfusão vascular, diâmetro, circunferência, e da área de seção

transversal do anexo mesometrial. O uso da cor ou Doppler ultrassonografia tornou-

se uma das melhores técnicas disponíveis e confiáveis para os diagnósticos e estudos

de hemodinâmica uterina in vivo.

Informações imediatas sobre a fisiologia do fluxo sanguíneo de vasos, tecidos

e órgãos do sistema reprodutivo podem ser obtidas através da ultrassonografia

Doppler. Por meio desse novo conhecimento, conceitos antes considerados definitivos

quanto à fisiologia da reprodução equina estão sendo reavaliados. Essa técnica

demonstrou ser efetiva e prática para a avaliação não invasiva e em tempo real da

perfusão vascular do trato reprodutivo de eqüinos (FERREIRA; MEIRA, 2011).

Ousey et al. (2012) relataram que a medição do fluxo sanguíneo fetal constitui

uma parte essencial da vigilância da saúde em obstetrícia humana. A ultrassonografia

com Doppler mede parâmetros de fluxo de sangue com base no efeito Doppler

mudança. Imagens a cores Doppler fornecem informações sobre a direção do fluxo

sangüíneo enquanto que Doppler reflete a força do sinal Doppler e é independente da

direção. Sinais de velocidade Doppler indicadas em função do tempo criam uma forma

de onda espectral com diastólica (D) componentes sistólica (S) e a partir do qual vários

índices podem ser medidos. Um deles, o índice de resistência (IR) de Pourcelot,

fornece informações sobre a perfusão vascular do órgão a jusante do local de

medição; por exemplo, da artéria uterina (UA) e da artéria umbilical (AUmb) IR

representam impedância ao fluxo sanguíneo no interior dos compartimentos materno

e fetal da placenta, respectivamente (Abramowicz e Sheiner 2008). Volume de fluxo

sanguíneo (BFV) pode ser calculado quando o ângulo de insonação e o diâmetro do

vaso são também conhecidos.

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Éguas não prenhes com endometriose têm alta resistência vascular na arteria

uterina em comparação com éguas jovens, saudáveis. Idade em relação degeneração

do endométrio equina podem contribuir para baixa perfusão uterina. Diferenças no IR

relacionadas à idade não foram observados neste estudo. (OUSEY et al., 2012)

Šichtař et al., (2013) examinaram se o fluxo de sangue lúteal (LBF), com a

possibilidade de ser utilizado como uma ferramenta de prognóstico adicional para o

diagnóstico precoce da prenhez e particularmente focado nas diferenças em LBF

entre éguas gestantes e não gestantes.

Barbosa et al., (2013) descreveram as características ultrassonográficas

uterinas e ovarianas, e Doppler velocimétricas das artérias nos dias periovulatórios

em cadelas, mensurando os índices de resistência (IR) e índices de pulsatilidade (IP).

3 JUSTIFICATIVA

A Transferência de Embriões (TE) é muito praticada no meio eqüino, sendo

realizada comercialmente desde a década de 80. O Brasil e a Argentina são os países

que mais produzem eqüinos no mundo. A detomidina tem sido utilizada em programas

de reprodução equina assistida, principalmente em receptoras utilizadas em

programas de transferência de embriões, por suas ações sedativas. O uso deste

fármaco, de forma empírica na reprodução, promove uma melhora nos índices de

concepção. As alterações que a detomidina exerce sobre o trato reprodutivo equino

são poucas ou não descritas.

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4 RELEVÂNCIA

A receptora de embrião, após anos sendo considerada de menor importância,

apresenta hoje destaques nos programas de TE. Sua escolha é realizada com base

em critérios pré-estabelecidos de seleção e o manejo pré e pós TE são de suma

importância para o alcance de boas taxas de prenhez. A falta de descrição na literatura

científica da ação da detomidina sobre o trato reprodutivo equino, impossibilita a

indicação técnica para utilização deste fármacono manejo de receptoras com a

finalidade de melhorar os índices de gestação, objetivando o aumento de produtos

nascidos com a técnica de TE.

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5 OBJETIVOS

5.1 Objetivo Geral

Investigar a ação e o efeito da Detomidina no trato reprodutivo de éguas.

5.2 Objetivos Específicos

Quantificar o tempo decorrido desde a aplicação de cada fármaco até

possíveis alterações no trato reprodutivo para cada grupo;

Observar a morfoecogenicidade do trato reprodutivo para cada grupo, através

de imagem ultrassonográfica;

Mensurar o trato reprodutivo de cada grupo com imagem de ultrassom.

Realizar avaliações por meio de US Doppler no modo espectral, para a

obtenção do IR e IP das artérias mesometriais e uterinas;

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Realizar avaliações por meio de Doppler colorido, para a determinação de

escores de perfusão sanguínea dos vasos mesometriais do corno uterino e

endométrio direito.

MATERIAIS E MÉTODOS

6.1 Delineamento experimental

6.1.1 Local do experimento

O experimento foi realizado na propriedade Várzea Nova, no município de

Itaitinga-Ce (Figura 05), com as coordenadas 3º53´39´´S e 38º31´28´´O.

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Figura 05: Mapa do Ceará (figura maior) com destaque do município de Itaitinga (em vermelho) e mapa

do Brasil (figura menor) com destaque do estado do Ceará (em vermelho circundado em quadrado)

Fonte: https://pt.wikipedia.org

Itaitinga é um município brasileiro do estado do Ceará, pertencente a Região

Metropolitana de Fortaleza. A cidade desenvolveu-se às margens da BR 116, a 25

quilômetros de Fortaleza. Apresenta um clima tropical. O clima é classificado como

Aw de acordo com a Köppen e Geiger. A temperatura média anual em Itaitinga é 25.7

°C. A média anual de pluviosidade é de 1282 mm, com altitude de 67 metros em

relação ao nível do mar (http://pt.climate-data.org/).

O manejo nutricional e sanitário é adequado para espécie eqüina. Os animais

são mantidos sob cuidados constantes de veterinários. No local existem instalações

apropriadas para os procedimentos, como tronco para contenção para os animais.

6.1.2 Animais experimentais

Os 25 (vinte e cinco) animais utilizados neste experimento foram da espécie

Equus caballus (equinos), sexo feminino, sem raça definida (SDR), não prenhes,

com idade variando entre quatro e oito anos, peso corporal entre 350 e 450 kg

apresentando bom estado geral de saúde e históricos reprodutivos sem alteração.

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Na seleção dos animais, objetivou-se a procura dos animais com melhores

índoles, que fossem habituados ao manejo reprodutivo com acompanhamento de

toque retal e utilização de US. As éguas, também foram avaliadas ginecologicamente,

em relação a conformação externa e interna da genitália, bem como foram feitos

exames citológicos para excluir portadores de endometrite.

6.1.3 Manejo alimentar

Os animais foram mantidos em piquetes (lotação de 03 animais para cada

piquete, sendo estes de 10.000 metros quadrados), cercados com estacas de madeira

e arame liso (atraumático) (Figura 06) ou estacas com traves de madeira. A

alimentação diária foi realizada com a oferta em cocho individual de 2 Kg de ração

balanceada comercial (Equimix tradicional – Integral Mix), duas vezes ao dia. Também

foi fornecido 5 a 6 Kg de feno de coast-cross (Cynodondactylon). A mineralização foi

realizada com sal mineral (Equifós – Integral Mix) ad libitum.

A água foi fornecida em cocho bebedouro de alvenaria coberto, e consumo ad

libitum.

Figura 06: Imagem das éguas no piquete.

6.1.4 Contenção

Os animais não foram imobilizados, apenas contidos em troco individual de

contenção, apropriado para espécie, feito de metal com dimensões suficientes de

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acomodar o eqüino sem causar incomodo e lesões. As dimensões são: 2,4m de

comprimento / 0,85 m de largura e 1,4m de altura.

6.1.5 Manejo reprodutivo

Os animais foram submetidos a controle folicular, através de exames

ultrassonográficos, acesso retal, no modo B, utilizando aparelho de ultrassom (IBEX)

com transdutor linear multifrequencial (5 a 7Mhz). Quando os animais eram

identificados na fase estral, estes eram acompanhados diariamente com US para

monitoramento do crescimento folicular. Quando ocorria folículo com 35mm de

diâmetro e presença de edema endometrial, utilizava-se a deslorreilina (análogo do

GnRH) IM para induzir ovulação. A ovulação ocorria entre 24 a 48 horas depois da

aplicação do indutor de ovulação.

Ainda com a utilização do US, 24 horas após a aplicação da deslorrelina,

iniciava-se exames diários, com intervalos de 12 horas para determinar o momento

da ovulação, este momento denominava-se dia zero (D0), servindo como base para

saber em qual momento do ciclo estral aquele animal se encontrava (Figura 07).

Após os exames ultrassonográficos para acompanhamento folicular até a

ovulação, estes animais eram submetidos a novos exames sob o efeito ou não de

fármacos como a Detomidina e/ou Ioimbina no intervalo compreendido entre D3 a D7

do ciclo estral.

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Figura 07: Organograma das atividades desenvolvidas com os animais.

Figura 08: Painel a - Posicionamento do transdutor ultrassonografico com Doppler. O transdutor está colocado contra a face lateral da aorta caudal e retraída gradualmente à origem da artéria ilíaca externa (EI). Painéis a, b - Neste ponto , a EI foi rastreada até que tanto a artéria uterina (UA) e artéria circunflexa profunda (DCI) foram identificadas. Painel c –Identificação da UA em corte longitudinal, posicionamento ligeiramente dorsal do transdutor. Adaptado Fonte: Bailey et al, 2012.

6.1.6 Aparelho de Ultrassom

CONTROLE FOLICULAR EDEMA

FOLÍCULO 35mm

OVULAÇÃO

D3

D7

EXPERIMENTO

D0

APLICAÇÃO

DESLORRELINA

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O ultrassom (US) utilizado para exame ginecológico no momento do

experimento com as éguas tinha transdutor de 5,0 a 7,5 MHz linear, tipo B-modal em

tempo real, modelo Z5, marca MINDRAY (Figura 09), com software para utilização em

animais. Fornecendo imagens detalhadas de estruturas pequenas dos órgãos

próximos ao transdutor e com boa resolução conforme modelo proposto por

CARDOSO (2010). Todos os animais foram avaliados através do exame clínico geral

e ginecológico com citologia negativa, antes do início do experimento.

Figura 09: Aparelho de ultrassonografia, modelo Z5, marca MINDRAY. Fonte:

http://medsonic.com.br/

6.1.7 Avaliação da dilatação cervical

A avaliação da dilatação cervical foi realizada através de imagem

ultrassonográfica, no modo B com transdutor linear na frequência de 5 a 7,5MHz, com

acesso transretal. Inicialmente a cérvix era localizada através de sua

morfoecogenicidade particular, em seguida era realizada varredura em seção

longitudinal com o US. O aparecimento de imagem cervical uterina com apenas uma

linha ecogênica, representava ausência de dilatação da cérvix. Quando ocorria duas

linhas ecogênicas, existindo espaço entre elas, comprovava presença de dilatação

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cervical. A mensuração da dilatação cervical era feita com o posicionamento do caliper

na linha ecogênica referente à borda superior da mucosa cervical e arrastava-se o

caliper até a linha ecogênica referente à borda inferior da mucosa cervical, assim

sendo, o próprio aparelho de US forneceu a distância entre os dois pontos em

milímetros (mm).

Os animais do grupo controle receberam apenas aplicação de solução

fisiológica e os demais grupos a aplicação de Detomidina nas doses 6, 9 e 12µg/Kg.

As vias de aplicação da Detomidina foram: endovenosa, intramuscular e peridural.

Logo após aplicação, analisava-se o comportamento cervical decorridos 1, 5, 10, 15,

20, 25, 30, 35 e 40 minutos, contados a partir da injeção inicial (Figura 10).

Figura 10: Organograma do experimento, com atividades e momentos.

6.1.8 Mensuração do diâmetro do corno uterino direito

A mensuração do diâmetro do corno uterino direito (CUD) foi feita através de

imagem ultrassonográfica, no modo B com transdutor linear na freqüência de 5 a

0

min

EXPERIMENTO

- Captura de imagens

- Mensuração do IR e IP

- Mensuração cervical - Mensuração do fluxo sanguíneo

meso e endometrial

5 min

10 min

20 min

25 min

30 min

40 min

1 min

15 min

35 min

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7MHz, com acesso transretal. Inicialmente o corpo do útero é localizado através de

sua morfoecogenicidade particular e posicionamento topográfico, em seguida

descola-se o transdutor para direita, onde está o CUD, sendo feita varredura em seção

transversal com o US.

Os animais do grupo controle receberam apenas aplicação de solução

fisiológica e nos demais grupos a aplicação de Detomidina nas doses 6, 9 e 12µg/Kg.

As vias de aplicação da Detomidina foram: endovenosa, intramuscular e peridural.

Logo após aplicação, analisava-se o comportamento cervical decorridos 1, 5, 10, 15,

20, 25, 30, 35 e 40 minutos, contados a partir da injeção inicial (Figura 10).

6.1.9 Avaliação do fluxo sanguíneo com doppler

A avaliação do fluxo sanguíneo foi feita através de imagem ultrassonográfica,

no modo Doppler Color com transdutor linear na freqüência de 5-7 MHz, aparelho Z5

– marca Mindray, acesso transretal, com posicionado sob a artéria uterina direita

(AUD). Inicialmente, o transdutor foi colocado contra a face lateral da aorta caudal, no

abdómen, progredindo gradualmente em sentido a artéria ilíaca externa direita (AIED)

. Neste ponto , a AIED foi seguida até chegar na artéria uterina direita (AUD) e artéria

circunflexa profunda direita (ACPD). Para a avaliação da AUD em seção longitudinal,

o transdutor foi posicionado ligeiramente dorsal. O braço do operador utilizado para a

palpação foi o esquerdo, contralateral a AUD, seguindo modelo proposto por Bailey et

al.,(2012).

Os parametros obtidos através da avaliação ultrassonográfica com Doppler

sobre a AUD foram: indice de pulsatilidade (IP), indice de resistencia (IR) e pulso da

artéria uterina direita (PAUD).

Os animais do grupo controle receberam a aplicação de solução de ioimbina

10mg/Kg, 20 minutos antes da aplicação de detomidina na dose 6µg/Kg. O outro

grupo, a aplicação de Detomidina na dose 6µg/Kg. A via de aplicação endovenosa foi

utilizada para a Ioimbina e Detomidina. Logo após aplicação, analisava-se o fluxo

sanguíneo decorridos -20, 0, 1, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40 minutos, contados a

partir da injeção inicial de Ioimbina (Figura 10).

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6.1.10 Avaliação subjetiva dos vasos mesometriais (ASVM)

A avaliação subjetiva dos vasos mesometriais foi feita através de imagem

ultrassonográfica, no modo Color Doppler com transdutor linear na freqüência de 5-7

MHz, aparelho Z5 – marca Mindray, acesso transretal, seção transversal, com

posicionado do transdutor sob o corno uterino direito (CUD) na porção média,

observando o mesométrio. O braço do operador utilizado para conduzir o transdutor

foi o esquerdo, contralateral ao CUD, seguindo modelo proposto por Ginther et

al.,(2007).

Os parametros obtidos através da avaliação ultrassonográfica sobre o CUD

foram as imagens com Doppler Color. As imagens capturadas foram analisadas e

agrupadas de acordo com a intensidade de cor, depois enquadradas na classificação

de escores proposta por Ginther et al.,(2007), para possibilitar análise estatistica como

dados NÃO PARAMÉTRICOS.

Os animais do grupo controle receberam a aplicação de solução de ioimbina

10mg/Kg, 20 minutos antes da aplicação de detomidina na dose 6µg/Kg. O outro

grupo, a aplicação de Detomidina na dose 6µg/Kg. A via de aplicação endovenosa foi

utilizada para a Ioimbina e Detomidina. Logo após aplicação, analisava-se de forma

subjetiva os vasos mesometriais decorridos -20, 0, 1, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40

minutos, contados a partir da injeção inicial de Ioimbina (Figura 10).

6.1.11 Avaliação subjetiva dos vasos endometriais (ASVE)

A avaliação subjetiva dos vasos endometriais foi feita através de imagem

ultrassonográfica, no modo Color Doppler com transdutor linear na freqüência de 5-7

MHz, aparelho Z5 – marca Mindray, acesso transretal, seção transversal, com

posicionado do transdutor sob o corno uterino direito (CUD) na porção média,

observando o mesométrio. O braço do operador utilizado para conduzir o transdutor

foi o esquerdo, contralateral ao CUD, seguindo modelo proposto por Ginther et

al.,(2007).

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Os parametros obtidos através da avaliação ultrassonográfica sobre o CUD

foram as imagens com Doppler Color. As imagens capturadas foram analisadas e

agrupadas de acordo com a intensidade de cor, depois enquadradas na classificação

de escores proposta por Ginther et al.,(2007), para possibilitar análise estatistica como

dados NÃO PARAMÉTRICOS.

Os animais do grupo controle recebiam a aplicação de solução de ioimbina

10mg/Kg, 20 minutos antes da aplicação de detomidina na dose 6µg/Kg. O outro

grupo, a aplicação de Detomidina na dose 6µg/Kg. A via de aplicação endovenosa foi

utilizada para a Ioimbina e Detomidina. Logo após aplicação, analisava-se de forma

subjetiva os vasos endometriais decorridos -20, 0, 1, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40

minutos, contados a partir da injeção inicial de Ioimbina (Figura 10).

6.1.12 Grupos experimentais

A disposição dos animais nos grupos foi realizada de forma aleatória para não

ocorrer interferência na coleta de dados, sendo administrados os fármacos quando

estes animais estavam entre o 3º ao 7º dia do Diestro, como a seguir:

6.1.12.1 Avaliação da dilatação cervical (DC)

- Grupo 1 = DC1: Composto de 09 éguas que receberam a aplicação

intravenosa de 1mL de solução fisiológica, contendo 6µg de Detomidina por kg

de peso vivo.

- Grupo 2 = DC2: Composto de 10 éguas que receberam a aplicação

intravenosa de 1mL de solução fisiológica, contendo 9µg de Detomidina por kg

de peso vivo.

- Grupo 3 = DC3: Composto de 10 éguas que receberam a aplicação

intravenosa de 1mL de solução fisiológica, contendo 12µg de Detomidina por

kg de peso vivo.

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- Grupo 4 = DC4: Composto de 05 éguas que receberam a aplicação

intramuscular de 1mL de solução fisiológica, contendo 6µg de Detomidina por

kg de peso vivo.

- Grupo 5 = DC5: Composto de 05 éguas que receberam a aplicação epidural

de 1mL de solução fisiológica, contendo 6 µg de Detomidina por kg de peso

vivo.

- Grupo 6 = DC6: Composto de 05 éguas que receberam a aplicação

intravenosa de 1mL de solução fisiológica, contendo somente solução

fisiológica.

6.1.12.2 Mensuração do diâmetro do corno uterino direito, em seção transversal

(DCUD)

- Grupo 1 = DCUD1: Composto de 05 éguas que receberam a aplicação

intravenosa de 1mL de solução fisiológica, contendo 6µg de Detomidina por kg

de peso vivo.

- Grupo 2 = DCUD2: Composto de 05 éguas que receberam a aplicação

intravenosa de 1mL de solução fisiológica, contendo 0,1mg de Ioimbina por kg

de peso vivo e após 20 minutos, receberam a aplicação intravenosa de 1mL de

solução fisiológica, contendo 6µg de Detomidina por kg de peso vivo.

6.1.12.3 Obtenção do IR, IP e Pulso da artéria uterina direita (IR/IP/PAUD)

- Grupo 1 = IR/IP/PAUD1: Composto de 05 éguas que receberam a aplicação

intravenosa de 1mL de solução fisiológica, contendo 6µg de Detomidina por kg

de peso vivo.

- Grupo 2 = IR/IP/PAUD2: Composto de 05 éguas que receberam a aplicação

intravenosa de 1mL de solução fisiológica, contendo 0,1mg de Ioimbina por kg

de peso vivo e após 20 minutos, receberam a aplicação intravenosa de 1mL de

solução fisiológica, contendo 6µg de Detomidina por kg de peso vivo.

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62

6.1.12.4 Avaliação subjetiva dos vasos mesometriais (ASVM)

Avaliação subjetiva da perfusão sanguínea dos vasos mesometriais no corno

uterino direito por meio do uso do US Doppler Color, para a determinação de escores,

segundo Ginther e colaboradores (2007).

- Grupo 1 = ASVM1: Composto de 05 éguas que receberam a aplicação

intravenosa de 1mL de solução fisiológica, contendo 6µg de Detomidina por kg

de peso vivo.

- Grupo 2 = ASVM2: Composto de 05 éguas que receberam a aplicação

intravenosa de 1mL de solução fisiológica, contendo 0,1mg de Ioimbina por kg

de peso vivo e após 20 minutos, receberam a aplicação intravenosa de 1mL de

solução fisiológica, contendo 6µg de Detomidina por Kg de peso vivo.

6.9.3 Avaliação subjetiva dos vasos endometriais (ASVE)

Avaliação subjetiva da perfusão sanguínea dos vasos endometriais no corno

uterino direito por meio do uso do US Doppler Color, para a determinação de escores,

segundo Ginther e colaboradores (2007).

- Grupo 1 = ASVE1: Composto de 05 éguas que receberam a aplicação

intravenosa de 1mL de solução fisiológica, contendo 6µg de Detomidina por Kg

de peso vivo.

- Grupo 2 = ASVE2: Composto de 05 éguas que receberam a aplicação

intravenosa de 1mL de solução fisiológica, contendo 0,1mg de Ioimbina por kg

de peso vivo e após 20 minutos, receberam a aplicação intravenosa de 1mL de

solução fisiológica, contendo 6µg de Detomidina por kg de peso vivo.

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63

6.2 Aspectos éticos

Os experimentos foram previamente submetidos a Comissão de Ética em

Pesquisa Animal (CEPA) para o uso de animais do departamento de Farmacologia

e Fisiologia da Universidade Federal do Ceará. O aceite por parte da CEPA tem o

numero de 037/2015. Todos os cuidados foram tomados para a preservação da

integridade e saúde dos animais, dos pesquisadores e demais profissionais

envolvidos neste trabalho, bem como, do meio ambiente nas áreas onde se realizou

o projeto de pesquisa. Esses cuidados incluem instruções de segurança, técnicas de

prevenção de acidentes e acondicionamento correto do material descartado.

6.3 Analise estatística

Para análise de dados foi utilizado o software estatístico GraphPad®Prism

v6.0. Os resultados foram apresentados como Média ± Erro Padrão da Média (E.P.M.),

sempre considerando estatisticamente significativos aqueles que alcançaram a

probabilidade de ocorrência da hipótese nula inferior a 5% (p<0,05).

Todas as tabelas e gráficos dos parâmetros avaliados foram estudados de

acordo com a variável tempo e os dados compilados em intervalos (1, 5, 10, 15, 20,

25, 30, 35 e 40 min). As diferenças entre os tempos de um mesmo grupo foram

comparadas por Análise de Variância de Fator Único (One-Way ANOVA) para

amostras pareadas seguida de pós-teste de Dunett;e as diferenças entre tempos

iguais de grupos diferentes foram comparadas por Análise de Variância de Fator

Duplo (Two-Way ANOVA) seguida de pós-teste de Bonferroni.Adicionalmente, nos

dados expressos por escore, foi utilizado o teste de Friedman seguido de pós-teste de

Dunn.

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64

7 RESULTADOS E DICUSSÃO

A resposta da dilatação cervical foi observada com a aplicação de detomidina

na dose de 6µg/Kg IV, com 1 minuto desde a aplicação do fármaco, se estendendo

até 10 minutos com significância estatística. A dilatação obteve magnitude máxima

com 2,1±0,11mm (P˂0,0001) aos 5 minutos (Figura 11a).

Na dose 9µg/Kg IV de detomidina, o início de dilatação cervical foi também com

1 minuto, se prolongando até 20 minutos. Aos 10 minutos ocorreu o pico da dilatação

com 2,7±0,26 (P>0,0001) (Figura 11b).

Figura 11 – Dilatação cervical com a aplicação das doses 6, 9, e 12µg/Kg de detomidina, na via de

aplicação intravenosa, sendo (a) 6 μg/kg; (b) 9μg/kg; (c) 12 μg/kg. Os dados foram avaliados por

One-Way ANOVA seguida do pós-teste de Dunnett.*p<0,05, comparação entre os diferentes tempos e

o controle interno do grupo (tempo 0).

T e m p o (m in )

Dil

ata

çã

o (

mm

)

0 1 510

15

20

25

30

35

40

0

1

2

3

4

5

6

*

*

T e m p o (m in )

Dil

ata

çã

o (

mm

)

0 1 510

15

20

25

30

35

40

0

1

2

3

4

5

6

*

*

*

*

T e m p o (m in )

Dil

ata

çã

o (

mm

)

0 1 510

15

20

25

30

35

40

0

1

2

3

4

5

6

*

*

*

*

* *

*

*

a b

c

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65

A dilatação cervical na dose 12µg/Kg IV de detomidina teve início, já decorrido

apenas 1 minuto, sendo prolongando até os 40 minutos. A magnitude da resposta foi

de 4,9±0,18mm (P>0,0001), ocorrida aos 15 minutos da administração (Figura 11c).

A análise dos valores de pico da dilatação cervical nas doses 6, 9 e 12µg/Kg IV

de detomidina, aos 5, 10 e 15 minutos respectivamente, demonstraram curva dose-

resposta dependente.

Marnet et al., em 1987 já estudavam a capacidade da resposta útero-cervical à

estimulação do receptor α-adrenérgico, sendo avaliada eletromiograficamente in vivo

em ovelhas adultas ovariectomizadas.

Tabela 1 – Dilatação cervical com a aplicação das doses 6, 9, e 12µg/Kg de detomidina, na via de

aplicação intravenosa.

Detomidina (μg/kg)

Tempo (min) 6 μg/kg 9 μg/kg 12 μg/kg

0 0 0 0

1 1a 1,2±0,13b 1,8±0,13c

5 2,1±0,11a 2,2±0,13b 3,1±0,18c

10 0,89±0,20a 2,7±0,26b 4,2±0,2c

15 0,11±0,11 1,9±0,31b 4,9±0,18c

20 0 0,60±0,27b 4,6±0,48c

25 0 0 3,5±0,5c

30 0 0 2,3±0,45c

35 0 0 1,3±0,45c

40 0 0 0,8±0,29c

Os dados foram expressos em média ± E.P.M. com análise por Two-Way ANOVA seguido de pós-teste

de Bonferroni; a,b,cp<0,05, comparação com o grupo controle externo na mesma faixa de tempo.

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66

Os resultados revelaram que a eficácia de detomidina foi influenciada pela

dose, via de administração como os relatados por Ohnesorge e colaboradores (1991),

como ocorreu com o estudo de diversas doses. Cavalos tratados com detomidina

apresentam bradicardia rotineiramente, ocorrendo um minuto após a injeção

(PAPICK, 2012), tempo semelhante aos observados com as vias de aplicação de

diversas doses, com resposta de dilatação cervical desde o primeiro minuto.

Figura 12 – Resposta da dilatação cervical com a aplicação das doses 6, 9, e 12µg/Kg de

detomidina, na via de aplicação intravenosa. Os dados foram avaliados por Two-Way ANOVA

seguida do pós-teste de Bonferroni.a,b,cp<0,05, comparação com o grupo controle externo na mesma

faixa de tempo, sendo, respectivamente,(a) 6 μg/kg, (b) 9 μg/kg, e (c) 12 μg/kg.

T e m p o (m in )

Dil

ata

çã

o (

mm

)

0 1 510

15

20

25

30

35

40

0

2

4

6

8

1 0

6 g /k g

9 g /k g

1 2 g /k g

C o n tro le

a ,b ,c

a ,b ,ca ,b ,c

b ,c

c

c

c

cc

c

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67

A figura 13 mostra imagens ultrassonográficas em modo B, retratando

momentos da dinâmica cervical uterina de éguas no experimento com o uso de

detomidina.

A imagem da figura 13a mostrou imagem ultrassonográfica da cérvix uterina

(indicada por seta branca) vista em seção longitudinal com ausência de dilatação

cervical e mostrando linha ecogênica referente ao canal cervical (representado por

pontos na imagem).

Na figura 13b, a imagem ultrassonográfica da cérvix uterina (indicada por seta

branca) vista em seção transversal com ausência de dilatação cervical e diâmetro

cervical de 28mm, conforme linha verde entre os dois pontos do demarcados

(representado por pontos na imagem).

A figura 13c demonstrou imagem ultrassonográfica da cérvix uterina (indicada

por seta branca) vista em seção longitudinal com dilatação cervical de 1mm. As

imagens das figuras 13d, 13e, 13f, 13g e 13h, mostra dilatação cervical com

mensuração de 2mm, 3mm, 4mm, 5mm e 6mm respectivamente, no mesmo modo de

apresentação da imagem 13c.

A dilatação cervical foi observada com a aplicação de detomidina na dose de

6µg/Kg IV decorrido 1 minuto desde a aplicação do fármaco, com 1mm de dilatação,

quando comparada com a via EP (P>0,0001) e quando comparado no mesmo tempo

com a via IM (P>0,0001) (Tabela 2 e Figura 13 e14).

Na via Epidural na dose 6µg/Kg de detomidina, quando comparada a dilatação

cervical ocorrida com a mesma dose na via IV, demonstrou diferença significativa nos

tempos 5 (P>0,0001), 15 (P>0,0001), 20 (P>0,0001) e 25 (P>0,0001) minutos (Tabela

2 e Figura 14).

Quando a resposta cervical com uso de detomidina na dose 6µg/Kg via

intramuscular comparada com a IV, ocorreu diferença significativa nos tempos 5

(P>0,0001), 15 (P>0,0001), 20 (P>0,0001) e 25 (P>0,0001) minutos (Tabela 2 e Figura

14).

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68

Figura 13: Imagens ultrassonográficas da cérvix uterina de égua, Modo-B. a) Seção longitudinal,

sem dilatação cervical. b) Seção transversal com 28mm de diametro. c,d,e,f,g,h) Seções

logitudinais com dilatação cervical de 1, 2, 3, 4, 5 e 6mm respectivamente.

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69

Tabela 2 – Resposta da dilatação cervical com a aplicação da dose 6µg/Kg de detomidina, nas

vias de aplicação intravenosa, epidural e intramuscular.

Vias de Administração de Detomidina (6μg/kg)

Tempo (min) Endovenosa Epidural Intramuscular

0 0 0 0

1 1 0a 0b

5 2,1±0,11 0,25±0,25a 1b

10 0,89±0,20 1a 1b

15 0,11±0,11 1,5±0,29a 1,8±0,2b

20 0 2a 1,6±0,24b

25 0 1,8±0,25a 0,8±0,2b

30 0 0,25±0,25 0

35 0 0 0

40 0 0 0

Os dados são expressos em média ± E.P.M. com análise por Two-Way ANOVA seguido de pós-teste

de Bonferroni; a,bp<0,05, comparação com o grupo controle externo (Detomidina

6μg/kg,Endovenosa) na mesma faixa de tempo, sendo, respectivamente, (a) Epidural (EPI) e (b)

Intramuscular (IM).

A análise dos valores de dilatação da cérvix na dose 6µg/Kg de detomidina nas

vias EV, EP e IM, demonstraram curva de resposta dependente da via de aplicação.

Éguas sedadas com detomidina utilizando a via intravenosa ou epidural em

cirurgia, apresentaram respostas hormonais e comportamentais semelhantes aos

estímulos dolorosos, sem haver diferença significativa entre as vias adotadas (VIRGIN

et al., 2010), diferentemente do nosso trabalho onde a resposta de dilatação cervical,

as vias utilizadas apresentam respostas particulares.

No índice de pulsatilidade (IP), quando analisado o grupo de animais

bloqueados com ioimbina e aplicado posteriormente detomidina, não houve diferença

significativa (P˂0,05) para todos os tempos analisados com o controle interno (Tabela

3 e Figura 15).

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70

Figura 14 – Resposta da dilatação cervical com a aplicação da dose 6µg/Kg de detomidina, nas

vias de aplicação intravenosa, epidural e intramuscular. Os dados foram avaliados porTwo-Way

ANOVA seguida do pós-teste de Bonferroni.a,bp<0,05, comparação com o grupo controle externo na

mesma faixa de tempo (Detomidina 6μg/kg, Endovenosa), sendo, respectivamente, (a) Epidural (EPI)

(b) Intramuscular (IM).

T e m p o (m in )

Dil

ata

çã

o (

mm

)

0 1 510

15

20

25

30

35

40

0

2

4

6

E V 6 g /k g

E P I 6 g /k g

IM 6 g /k g

a ,b

a ,b

a ,ba ,b

a ,b

Para o grupo que somente foi aplicado detomidina 6µr/Kg, o índice de

pulsatilidade (IP), não demonstrou diferença significativa (P˂0,05) para todos os

tempos analisados com o controle interno (Tabela 3 e Figura 15).

Quando comparado o grupo de animais bloqueados com ioimbina e aplicado

detomidina posteriormente com os que receberam somente detomidina, o índice de

pulsatilidade não revelou indício de alteração vascular uterino para a dose de 6µg/Kg.

A figura 15 demonstrou padrão similar do comportamento dos dois grupos analisados

para o IP, sem diferenças significativas (P˂0,05).

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71

Segundo Dejneka et al (1998) após o bloqueio dos receptores α2-

adrenérgicos com a ioimbina, a detomidina (um agonista seletivo) não afetou o

eletrouterográfico de ovelhas. Os valores dos IP obtidos com a aplicação de

detomidina e/ou ioimbina, foram superiores a 0,65±0,07 encontrados por Bailey et al.

(2012).

Tabela 3 – Índice de pulsatilidade (IP) da artéria uterina direita com aplicação de 6µg/Kg de

detomidina por via intramuscular.

Índice de Pulsatilidade (IP)

Tempo (min) Detomidina Ioimbina+Detomidina

-20 2±0,26 1,4±0,13

0 2±0,26 1,9±0,14

1 2,7±0,32 2,4±0,36

5 2,3±0,43 1,7±0,23

10 2,1±0,19 1,9±0,21

15 2,1±0,14 1,8±0,21

20 2,4±0,18 1,9±0,2

Os dados foram expressos em média ± E.P.M. com análise por One-Way ANOVA ou Two-Way ANOVA

seguidos respectivamente dos pós-testes de Dunnett e Bonferroni. a,bp<0,05, comparação entre os

diferentes tempos e o controle interno do grupo (tempo -20); *p<0,05, comparação com o outro grupo

na mesma faixa de tempo.

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72

Figura 15 – Índice de pulsatilidade (IP) da artéria uterina direita com aplicação de 6µg/Kg de

detomidina por via intramuscular. Os dados foram avaliados por One-Way ANOVA ou Two-Way

ANOVA seguidas, respectivamente, dos pós-testes de Dunnett e Bonferroni. a,bp<0,05, comparação

entre os diferentes tempos e o controle interno do grupo (tempo -20), sendo, respectivamente, (a)

detomidina, (b) ioimbina + detomidina; *p<0,05, comparação com o outro grupo na mesma faixa de

tempo.

T e m p o (m in )

Índ

ice

de

Pu

lsa

tili

da

de

-20 0 1 5

10

15

20

0

1

2

3

4Io im b in a + D e to m id in a

D e to m id in a

Para o índice de resistência (IR), quando analisado o grupo de animais

bloqueados com ioimbina e aplicado posteriormente detomidina, não houve diferença

significativa (P˂0,05) para todos os tempos analisados com o controle interno (Tabela

4 e Figura 16).

No grupo que somente foi aplicado detomidina 6µg/Kg, o índice de resistência

(IR), não demonstrou diferença significativa (P˂0,05) para todos os tempos analisados

com o controle interno (Tabela 4 e Figura 16).

Na comparação do grupo de animais bloqueados com ioimbina e aplicado

detomidina posteriormente com os que receberam somente detomidina, o índice de

resistência não revelou indício de alteração vascular uterina para a dose de 6µg/Kg.

A figura 16 mostrou padrão similar do comportamento dos dois grupos analisados para

o IR, sem diferenças significativas (P˂0,05).

Os valores dos IR obtidos com a aplicação de detomidina e/ou ioimbina, foram

superiores a 0,45±0,02 encontrados por Bailey et al. (2012).

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Tabela 4 – Índice de resistência (IR) da artéria uterina direita com aplicação de 6µg/Kg de

detomidina por via intramuscular.

Índice de Resistência (IR)

Tempo (min) Detomidina Ioimbina+Detomidina

-20 0,78±0,033 0,66±0,031

0 0,78±0,033 0,73±0,025

1 0,83±0,035 0,8±0,05

5 0,77±0,067 0,72±0,018

10 0,77±0,062 0,7±0,052

15 0,76±0,043 0,72±0,049

20 0,73±0,021 0,73±0,025

Os dados foram expressos em média ± E.P.M. com análise por One-Way ANOVA ou Two-Way ANOVA

seguidos respectivamente dos pós-testes de Dunnett e Bonferroni. a,bp<0,05, comparação entre os

diferentes tempos e o controle interno do grupo (tempo -20); *p<0,05, comparação com o outro grupo

na mesma faixa de tempo.

Figura 16 – Índice de resistência (IR) da artéria uterina direita com aplicação de 6µg/Kg de

detomidina por via intramuscular. Os dados foram avaliados por One-Way ANOVA ou Two-Way

ANOVA seguidas, respectivamente, dos pós-testes de Dunnett e Bonferroni. a,bp<0,05, comparação

entre os diferentes tempos e o controle interno do grupo (tempo -20), sendo, respectivamente, (a)

detomidina, (b) ioimbina + detomidina; *p<0,05, comparação com o outro grupo na mesma faixa de

tempo.

T e m p o (m in )

Índ

ice

de

Re

sis

tên

cia

-20 0 1 5

10

15

20

0 .5

0 .6

0 .7

0 .8

0 .9

1 .0

D e to m id in a

Io im b in a + D e to m id in a

O pulso da artéria uterina direita (PAUD) não foi alterado, quando comparado

ao grupo de animais bloqueados com ioimbina e aplicado detomidina posteriormente

com os que apenas receberam detomidina (Tabela 5 e Figura 17).

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74

Para o pulso da artéria uterina direita (PAUD), quando analisado o grupo de

animais bloqueados com ioimbina e aplicado posteriormente detomidina, não houve

diferença significativa (P˂0,05) para todos os tempos analisados com o controle

interno (Tabela 5 e Figura 17), ocorrendo tendência a diminuição do pulso arterial com

início aos 20 minutos após a aplicação de ioimbina com leve aumento após 10 minutos

da aplicação da detomidina.

O uso de detomidina causa depressão cardiovascular (PAKKANEN et al.

2015), não sendo evidenciado no pulso arterial direito com a dose de 6µg/Kg de

detomdina.

Tabela 5 – Pulso da artéria uterina direita com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via

intramuscular.

Pulso da Artéria Uterina Direita

Tempo (min) Detomidina Ioimbina+Detomidina

-20 42±5,7 39±3,5

0 42±5,7 35±2,7

1 38±1,8 35±3,2

5 41±3 36±3,2

10 34±1,9 38±4,9

15 34±2 42±7,1

20 34±1,7 38±3,1

Os dados foram expressos em média ± E.P.M. com análise por One-Way ANOVA ou Two-Way ANOVA

seguidos respectivamente dos pós-testes de Dunnett e Bonferroni. a,bp<0,05, comparação entre os

diferentes tempos e o controle interno do grupo (tempo -20); *p<0,05, comparação com o outro grupo

na mesma faixa de tempo.

No grupo que somente foi aplicado detomidina 6µg/Kg, o PAUD, não

demonstrou diferença significativa (P˂0,05) para todos os tempos analisados com o

controle interno (Tabela 5 e Figura 17), com tendência a diminuição do pulso arterial

com início decorrido 1 minuto após a aplicação de detomidina com manutenção deste

perfil até os 20 minutos posteriores.

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Figura 17 – Pulso da artéria uterina direita com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via

intramuscular. Os dados foram avaliados por One-Way ANOVA ou Two-Way ANOVA seguidas,

respectivamente, dos pós-testes de Dunnett e Bonferroni. a,bp<0,05, comparação entre os diferentes

tempos e o controle interno do grupo (tempo -20), sendo, respectivamente, (a) detomidina, (b) ioimbina

+ detomidina; *p<0,05, comparação com o outro grupo na mesma faixa de tempo.

T e m p o (m in )

Pu

lso

da

Arté

ria

Ute

rin

a

-20 0 1 5

10

15

20

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

D e to m id in a

Io im b in a + D e to m id in a

O diâmetro do corno uterino direito (DCUD) não foi alterado mostrando

diferença significativa (P>0,05), quando comparado ao grupo de animais bloqueados

com ioimbina e aplicado detomidina posteriormente com os que apenas receberam

detomidina (Tabela 6 e Figura 18).

Quando a análise do diâmetro do corno uterino direito foi feita em comparação

entre os diferentes tempos e o controle interno no grupo que foi aplicado detomidina

na dose 6µg/Kg, ocorreram diferenças significativas nos tempos 5 (P>0,01) e 10

(P>0,01) minutos (Tabela 6 e Figura 18).

Williams et al. (1976) já estudavam a ação dos receptores α adrenégicos

presentes na musculatura lisa do útero de coelhas.

A diminuição do diâmetro uterino reflete ação contrátil do miométrio, também

verificada por Reitzenstein et al. (2002), onde estes resultados foram percebidos com

a aplicação de detomidina seguida de oxitocina. Para Schatzmann et al. (1994), a

detomidina exerce ação miocontrátil no útero de éguas. Para Fantoni et al., (1999) a

detomidina promove aumento da tonicidade uterina.

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76

Na análise do diâmetro do corno uterino direito quando a comparação foi feita

entre um grupo e outro na mesma faixa de tempo não ocorrem diferenças significativas

(Tabela 6 e Figura 18).

Tabela 6 – Diâmetro do corno uterino direito com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via

intramuscular.

Diâmetro Uterino

Tempo (min) Detomidina Ioimbina+Detomidina

-20 33±0,65 31±0,80

0 33±0,65b 31±0,58

1 32±0,75 29±0,45a

5 30±0,85 28±0,24a

10 29±0,48 29±0,58

15 30±1,5 29±0,45

20 31±1,5 28±0,20

Os dados foram expressos em média ± E.P.M. com análise por One-Way ANOVA ou Two-Way ANOVA

seguidos respectivamente dos pós-testes de Dunnett e Bonferroni. a,bp<0,05, comparação entre os

diferentes tempos e o controle interno do grupo (tempo -20); *p<0,05, comparação com o outro grupo

na mesma faixa de tempo.

Os α2 agonistas promovem aumento da tonicidade uterina (FANTONI et al.,

1999) como ocorreu no experimento. Schatzmann et al., (1994) concluiram que α2-

agonistas exercem aumento da pressão uterina. Para Jedruch et al. (1989) a ação da

detomidina na atividade elétrica uterina de éguas é dose dependente.

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Figura 18 – Diâmetro do corno uterino direito com aplicação de 6µg/Kg de detomidina por via

intramuscular. Os dados foram avaliados por One-Way ANOVA ou Two-Way ANOVA seguidas,

respectivamente, dos pós-testes de Dunnett e Bonferroni. a,bp<0,05, comparação entre os diferentes

tempos e o controle interno do grupo (tempo -20), sendo, respectivamente, (a) detomidina, (b) ioimbina

+ detomidina; *p<0,05, comparação com o outro grupo na mesma faixa de tempo.

T e m p o (m in )

Diâ

me

tro

Ute

rin

o

-20 0 1 5

10

15

20

2 0

2 5

3 0

3 5

4 0

D e to m id in a

Io im b in a + D e to m id in a

b

aa

A detomidina quando aplicada depois do uso de ioimbina (bloqueador dos

receptores α2-adrenérgicos) não afetou o eletrouterográfico de ovelhas (DEJNEKA et

al., 1998).

A estimulação dos receptores α2 adrenérgicos causam no útero aumento da

atividade mioelétrica (DEJNEKA et al., 1998), atividade esta diretamente ligada a

contratilidade muscular, corroborando com os achados de contratilidade uterina

observados depois da aplicação da detomidina.

Para a avaliação subjetiva dos vasos mesometriais (ASVM), quando analisado

o grupo de animais bloqueados com ioimbina e aplicado posteriormente detomidina,

não houve diferença significativa (P˂0,05) para todos os tempos analisados com o

controle interno (Figura 19), ocorrendo tendência de aumento do suprimento

sanguíneo após a aplicação de ioimbina com posterior tendência de decréscimo após

a aplicação de detomidina.

No grupo que somente foi aplicado detomidina 6µg/Kg, a ASVM, não

demonstrou diferença significativa (P˂0,05) para todos os tempos analisados com o

controle interno (Figura 19), com tendência a aumento com início decorrido 1 minuto

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após a aplicação de detomidina com manutenção deste perfil até os 5 minutos

posteriores, voltando à normalidade no restante do experimento.

Na comparação do grupo de animais bloqueados com ioimbina e aplicado

detomidina posteriormente com os que receberam somente detomidina, ASVM não

revelou indício de alteração vascular uterina para a dose de 6µg/Kg. A figura 19

demonstrou padrão similar do comportamento dos dois grupos analisados para o

ASVM, sem diferenças significativas (P˂0,05).

Figura 19 – Avaliação subjetiva do mesométrio do corno uterino direito com aplicação de 6µg/Kg

de detomidina por via intramuscular. Os dados foram avaliados por teste de Friedmanseguido de pós-

testes de Dunn. *p<0,05, comparação entre os diferentes tempos e o controle interno do grupo (tempo -

20).

T e m p o (m in )

Es

co

re

do

Me

so

trio

-20 0 1 5

10

15

20

0

1

2

3

4

D e to m id in a

Io im b in a + D e to m id in a

Para a avaliação subjetiva dos vasos endometriais (ASVE), quando analisado

o grupo de animais bloqueados com ioimbina e aplicado posteriormente detomidina,

não houve diferença significativa (P˂0,05) para todos os tempos analisados com o

controle interno (Figura 20), ocorrendo discretas oscilações do suprimento sanguíneo

após a aplicação de detomidina com posterior retorno e manutenção constante de

perfil.

No grupo que somente foi aplicado detomidina 6µg/Kg, a ASVE, não

demonstrou diferença significativa (P˂0,05) para todos os tempos analisados com o

controle interno (Figura 20), com tendência a diminuição decorrido 1 minuto após a

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aplicação de detomidina com manutenção deste perfil até os 5 minutos posteriores,

voltando à normalidade no restante do experimento.

Quando comparado o grupo de animais bloqueados com ioimbina e aplicado

detomidina posteriormente com os que receberam somente detomidina, ASVE não

revelou indício de alteração vascular uterina para a dose de 6µg/Kg. A figura 20

demonstrou padrão similar do comportamento dos dois grupos analisados para o

ASVE, sem diferenças significativas (P˂0,05).

Figura 20 – Avaliação subjetiva do endométrio do corno uterino direito com aplicação de 6µg/Kg

de detomidina por via intramuscular. Os dados foram avaliados por teste de Friedman seguido de

pós-teste de Dunn. *p<0,05, comparação entre os diferentes tempos e o controle interno do grupo (tempo

-20).

T e m p o (m in )

Es

co

re

do

En

do

trio

-20 0 1 5

10

15

20

0

1

2

3

4

D e to m id in a

Io im b in a + D e to m id in a

Araujo et al. (2009) relataram que o efeito da detomidina sobre a perfusão

vascular local dos ovários e endométrio não foi detectado, concluindo que este

sedativo não afetou a perfusão vascular nos órgãos reprodutores.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O índice de pulsatilidade, resistência e pulso arterial uterino, bem como a

avaliação subjetiva do meso e endométrio de suprimento sanguíneo, não

apresentaram diferenças significativas (P<0,05) quando comparados com os animais

submetidos à detomidina 6µg/Kg, frente aos aplicados a mesma dose, mas que tinham

sidos bloqueados com a ioimbina 10µg/Kg.

A detomidina nas doses 6, 9 e 12µg/Kg interferiu na dinâmica da cérvix uterina,

proporcionando dilatação temporária, com diferenças significativas. A resposta da

dilatação cervical foi dose dependente tanto para o tempo de ação, tempo de duração

e magnitude de dilatação.

O comportamento da dinâmica cervical foi diferente de acordo com a via de

aplicação da detomidina 6µg/Kg, com respostas particulares tanto para o tempo de

ação, tempo de duração e magnitude de dilatação.

O efeito sedativo da detomidina na dose 6 µg/Kg, foi observado apenas quando

utilizado as vias intravenosa e intramuscular, na via epidural não foi observado

sedação.

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9 CONCLUSÃO

A detomidina exerceu ação sobre o trato reprodutivo de éguas, promovendo

dilatação temporária da cérvix uterina.

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