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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA UNIR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA EXPERIMENTAL PGBIOEXP RAFAELA DINIZ SOUSA CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA E FUNCIONAL DE UMA FOSFOLIPASE A2 HOMÓLOGA E PEPTÍDEOS SINTÉTICOS DO VENENO DE Lachesis muta muta COM ATIVIDADE ANTIBACTERIANA Porto Velho, RO 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA UNIR ......Orientador(a): Prof. Dr. Andreimar Martins Soares Tese (Doutorado em Biologia Experimental) - Fundação Universidade Federal de Rondônia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA EXPERIMENTAL – PGBIOEXP

RAFAELA DINIZ SOUSA

CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA E FUNCIONAL DE UMA FOSFOLIPASE A2

HOMÓLOGA E PEPTÍDEOS SINTÉTICOS DO VENENO DE Lachesis muta muta

COM ATIVIDADE ANTIBACTERIANA

Porto Velho, RO

2018

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RAFAELA DINIZ SOUSA

CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA E FUNCIONAL DE UMA FOSFOLIPASE A2

HOMÓLOGA E PEPTÍDEOS SINTÉTICOS DO VENENO DE Lachesis muta muta

COM ATIVIDADE ANTIBACTERIANA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Biologia Experimental da Universidade Federal de

Rondônia - UNIR, para obtenção do título de Doutora.

Orientador: Dr. Andreimar Martins Soares

Porto Velho, RO

2018

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Fundação Universidade Federal de Rondônia

Gerada automaticamente mediante informações fornecidas pelo(a) autor(a)

Sousa, Rafaela Diniz.

Caracterização bioquímica e funcional de uma fosfolipase A2 homóloga epeptídeos sintéticos do veneno de Lachesis muta muta com atividadeantibacteriana / Rafaela Diniz Sousa. -- Porto Velho, RO, 2017.

91 f. : il.

1. Serpentes - Veneno. 2. Lachesis muta muta. 3. Fosfolipase A2homóloga. 4. Peptídeos sintéticos. 5. Atividade antibacteriana. I. Soares,Andreimar Martins. II. Título.

Orientador(a): Prof. Dr. Andreimar Martins Soares

Tese (Doutorado em Biologia Experimental) - Fundação UniversidadeFederal de Rondônia

S725c

CDU 577.1

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

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Caracterização Bioquímica e Funcional de uma Fosfolipase A2 Homóloga e

Peptídeos Sintéticos do Veneno de Lachesis muta muta com Atividade

Antibacteriana

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Experimental da

Universidade Federal de Rondônia – UNIR, para obtenção do título de Doutora.

Defesa Pública realizada em 24 de fevereiro de 2017

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Prof. Dr. ANDREIMAR MARTINS SOARES

(Presidente – Orientador – Fiocruz Rondônia)

____________________________________________

Prof. Dr. CÉSAR LUIZ GUIMARÃES

Membro Titular Externo – IBAMA

____________________________________________

Prof. Dr. JOSÉ LUIS LÓPEZ LOZANO

Membro Titular Externo – Fundação de Medicina Tropical do Amazonas

_____________________________________________

Prof. Dr. GABRIEL EDUARDO MELIM FERREIRA

Membro Titular Interno – UNIR/ FIOCRUZ-RO

_____________________________________________

Profª. Dra. JULIANA PAVAN ZULIANI

Membro Titular Interno – UNIR/ FIOCRUZ-RO

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À minha mãe, Maria Luele, a quem amo infinitamente.

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Agradecimentos

Ao meu orientador Dr. Andreimar Martins Soares por estar sempre presente, mesmo

quando ausente. Sua superação, persistência e conhecimento é um exemplo para

todos nós. Obrigada pela confiança depositada em mim.

Ao Dr. Leonardo de Azevedo Calderon por me conceder a oportunidade de fazer

parte do grupo CEBio. Obrigada pelos esforços em submeter projetos, correr atrás

de verbas, se preocupar em manter o laboratório e a nós. Somos frutos de tudo

isso.

Ao Kayano. Existem pessoas que simplesmente amamos, que nos ensinam a olhar o

mundo de diferentes ângulos; a buscar novos horizontes; a querer ser melhores.

E você é uma delas. Obrigada por tudo, pela amizade, conversas, conselhos.

#amokayano

A Cleópatra pela amizade de cada dia. Não temos os mesmos sonhos, nem

compartilhamos as mesmas vontades de explorar o mundo, mas fomos unidas pela

vida. Ainda bem. Obrigada pelo companheirismo, pelas conversas, pelo amor que

não cresce (risos). Te amo!

A Cláudia, por ser boa demais (risos). Sua maneira única de ajudar a todos, nos

ensina o quanto precisamos aprender a estar mais perto do outro. Obrigada por

ouvir meus desabafos “realistas demais”; você é maravilhosa. Te amo!

A Tainara, nossa pupila, que está sempre disposta a ajudar e a aprender. Você é

uma companheira e tanto. Obrigada pelos abraços espontâneos, pelos sorrisos

exagerados e verdadeiros, pelas conversas demoradas, pelos gestos de amar sem

medidas. Te amo, princesa.

Aos demais colegas de laboratório, meu muito obrigada!

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A Dra. Najla por estar sempre de braços abertos para nos acolher no laboratório

de Microbiologia. Ao seu lado, nos sentimos acolhidos. Obrigada!

A todos os integrantes do laboratório de Microbiologia, meu muito obrigada!

A Amália pela disposição em ajudar a todos. Obrigada pela contagem de células,

pipetagens, C2C12.

A Dra. Carolina pelo carisma, acolhimento e sugestões. A simplicidade com que

nos trata faz a gente voltar mais vezes (risos). Obrigada!

Aos meus pais Maria Luele e José Raimundo. Vocês são meus tesouros mais

preciosos, meu aconchego, meu porto seguro. Sem o apoio de vocês não teria

chegado tão longe. Essa vitória é nossa. Te amo, mãe; Te amo, pai.

Ao meu irmão Rodrigo pelas conversas, apoio e amizade. Obrigada pelo amor, pela

confiança, pela vontade de crescer juntos. Te amo.

Ao Dênis por acreditar em mim, mesmo quando eu não acreditava. Crescemos juntos,

amadurecemos. Fizemos planos; desistimos deles. Corremos atrás do que era

possível; conquistamos. Fim? Só o começo. Te amo.(Agora casados 😊)

A todos aqueles que passaram por minha vida e deixaram um pouco do que eram em

mim.

Aquele que conheci menina, mas que me conhecia bem antes de eu pronunciar as

primeiras palavras. Você me chamou e eu ouvi seu chamado. “A alegria do Senhor

é minha força, a alegria do Senhor é minha força, a alegria do Senhor me

alcançou” (Colo de Deus). #serdeDEUS

Ao CNPq, FIOCRUZ-RO, CAPES e FINEP por financiarem esta pesquisa e proporcionarem

minha formação profissional.

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“Nenhum problema pode ser

resolvido pelo mesmo grau de

consciência que o gerou”.

Albert Einstein

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i

RESUMO

Sousa, Rafaela Diniz. Caracterização bioquímica e funcional de uma Fosfolipase A2 homóloga e peptídeos sintéticos do veneno de Lachesis muta muta com atividade antibacteriana.

A luta pela sobrevivência em ambientes hostis selecionou, ao longo da evolução,

organismos ou populações inteiras que conseguiram desenvolver ferramentas úteis de

adaptação, como venenos, toxinas ou repelentes. Dentre estes, os venenos de serpentes

se destacaram por suas atividades biológicas frente a vários patógenos, como bactérias,

fungos e protozoários, mostrando-se fontes inestimáveis de novos agentes

antimicrobianos. O objetivo desse estudo foi isolar e caracterizar bioquímica e

funcionalmente fosfolipases A2 (PLA2) e peptídeos sintéticos do veneno da serpente

Lachesis muta muta (VLmm) com possíveis atividades antimicrobianas. O VLmm foi

fracionado em duas etapas cromatográficas. Na primeira, realizada em resina de

exclusão molecular (Sephacryl S200), foram obtidas 4 frações, denominadas LmS-1 a

LmS-4. Após eletroforese e avaliação da atividade fosfolipásica, observou-se que LmS-3

e LmS-4 apresentavam massas moleculares compatíveis com PLA2s, contudo

mostraram-se desprovidas de atividades enzimáticas sobre o substrato ácido 4-nitro-3-

octanoiloxi benzoico. Na segunda etapa, a fração LmS-3 foi cromatografada em coluna

de fase reversa (C18), com a obtenção de 6 frações (P1 a P6), onde P6 continha uma

proteína com características compatíveis com as de interesse. A determinação da massa

molecular de P6 foi realizada por Espectrometria de Massa, onde se observou uma

molécula com 13889 Da. A estrutura primária, determinada por Degradação de Edman e

complementada por espectrometria de massa, evidenciou elevada identidade com PLA2s

homólogas dos venenos de serpentes do gênero Bothrops. A proteína foi então nomeada

LmutTX. Peptídeos sintéticos desenhados a partir da sequência primária de LmutTX

(regiões N-terminal, segmento 41-52 e C-terminal) foram avaliados quanto às suas

atividades citotóxicas e antimicrobianas, juntamente com a proteína íntegra. Na

citotoxicidade sobre células musculares C2C12 diferenciadas em miotubos, o VLmm e

LmutTX diminuíram a viabilidade celular em mais de 50% nas concentrações de 5 e 40

µg/poço, respectivamente, enquanto os peptídeos apresentaram baixo efeito citotóxico,

não atingindo mais de 30% de dano na maior concentração testada (125 µg/poço).

Nenhum dos peptídeos foram hemolíticos quando incubados em suspensões de

eritrócitos. A avaliação do potencial antimicrobiano de LmutTX foi realizada em diferentes

parasitas, como Trypanosoma cruzi clone CL-B5, Leishmania infantum

MCAN/ES/92/BCN83 e Plasmodium falciparum cloroquina-resistente (W2), e bactérias,

como Staphylococcus aureus ATCC 29213, S. aureus resistente a meticilina (MRSA),

Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853, Klebsiella pneumoniae ATCC 13883 e

Escherichia coli ATCC 25922. A toxina não mostrou atividade sobre T. cruzi e L. infantum

na concentração testada de 100 µg/mL, mas apresentou um IC50 de 105 µg/mL sobre P.

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falciparum. No ensaio de antibiofilme, LmutTX inibiu mais de 50% da formação de biofilme

das cepas de S. aureus ATCC 25904 e S. epidermidis ATCC 35984 (100 µg/mL). A

atividade de LmutTX sobre bactérias gram-positivas e gram-negativas na concentração

de 12,5 µg/mL foi suficiente para inibir ~60% do crescimento bacteriano nos períodos de

24 e 48 horas, exceto para E. coli que não foi inibida pela toxina. Peptídeos sintéticos de

LmutTX foram avaliados sobre cepas de S. aureus, MRSA e P. aeruginosa, onde

mostraram atividades relevantes para as duas últimas cepas. Um dos peptídeos

derivados da região C-terminal foi capaz de inibir completamente o crescimento de MRSA

na concentração de 15,6 µg/mL, demonstrando o grande potencial de peptídeos

sintéticos derivados de proteínas. Este trabalho descreve pela primeira vez, o isolamento

e a caracterização de uma PLA2 homóloga do veneno de L. m. muta com potencial

antibacteriano sobre bactérias gram-positivas e gram-negativas, bem como a

identificação da região da molécula responsável por tal atividade.

PALAVRAS-CHAVE: Veneno de serpentes, Lachesis muta muta, Fosfolipase A2 homóloga, Peptídeos sintéticos, Atividade antimicrobiana.

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iii

ABSTRACT

Sousa, Rafaela Diniz. Biochemical and functional characterization of a homologue Phospholipase A2 and synthetic peptides of the Lachesis muta muta venom with antibacterial activity.

The struggle for survival in hostile environments has, throughout evolution, selected

organisms or entire populations that have been able to develop useful tools for adaptation,

such as venoms, toxins, or repellents. Among these, snake venoms stand out for their

biological activities against several pathogens, such as bacteria, fungi and protozoa,

proving to be invaluable sources of new antimicrobial agents. This study aimed to isolate

and to characterize biochemically and functionally phospholipases A2 (PLA2) and

synthetic peptides of the Lachesis muta muta venom (VLmm) searching for antimicrobial

activities. The VLmm was fractionated through two chromatographic steps. The first,

carried out in molecular exclusion resin (Sephacryl S200), were obtained 4 fractions,

named LmS-1 to LmS-4, respectively. After electrophoresis and phospholipase activity

evaluation, it was observed that LmS-3 and LmS-4 showed molecular weights compatible

with snake venom phospholipase A2, however, was lacking enzymatic activities on the

substrate 4-nitro-3-octanoyloxy benzoic acid. In the second chromatographic step, the

LmS-3 fraction was applied on a reverse phase column (C18), obtaining 6 fractions (P1

to P6), in which P6 contained a protein with compatible characteristics with those of

interest. Molecular weight evaluation of P6 was performed by MALDI-TOF Mass

Spectrometry, where a 13889 Da molecule was observed. The primary structure,

determined applying the Edman Degradation method associated with spectrometric

methods, showed high identity with PLA2 of Bothrops snake venoms. The protein was

then named LmutTX. Synthetic peptides designed from LmutTX amino acid sequence (N-

terminal, segment 41-52 and C-terminal regions) as well native protein were evaluated for

their cytotoxic and antimicrobial activities. Cytotoxicity on C2C12 muscle cells

differentiated in myotubes, VLmm and LmutTX decreased the cell viability by above than

50% at concentrations of 5 and 40 μg/well, respectively, whereas the peptides showed

low cytotoxic effect, reaching no more than 30% of damage at the highest concentration

tested (125 μg/well). None of the peptides were hemolytic when incubated in erythrocyte

suspensions. The evaluation of the antimicrobial potential of LmutTX was performed in

different parasites such as Trypanosoma cruzi clone CL-B5, Leishmania infantum MCAN

/ ES / 92 / BCN83 and chloroquine-resistant Plasmodium falciparum (W2), and bacteria

such as Staphylococcus aureus (MRSA) ATCC 29213, Pseudomonas aeruginosa ATCC

27853, Klebsiella pneumoniae ATCC 13883 and Escherichia coli ATCC 25922. The toxin

showed no activity on T. cruzi and L. infantum at the tested concentration of 100 μg / mL,

but had an IC50 105 μg/mL on P. falciparum. In the antibiofilm assay, LmutTX inhibited

more than 50% of the biofilm formation of the strains of S. aureus ATCC 25904 and S.

epidermidis ATCC 35984 (100 μg/mL). The activity of LmutTX on gram-positive and gram-

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iv

negative bacteria at the concentration of 12.5 μg/mL was sufficient to inhibit ~60% of

bacterial growth in the periods of 24 and 48 hours, except for E. coli that was not inhibited

by toxin. The synthetic peptides of LmutTX were tested against S. aureus, MRSA and P.

aeruginosa, where they showed relevant activities against the two last tested strains. One

of these peptides designed based on the C-terminal region could entirely inhibit the growth

of MRSA at concentration of 15.6 μg/mL, demonstrating the great potential of synthetic

peptides derived from proteins. This work describes, for the first time, the isolation and

characterization of a PLA2 homologous to the L. m. muta with antibacterial potential on

gram-positive and gram-negative bacteria, as well as the identification of the region of the

molecule responsible for such activity.

Key Words: Snake venoms, Lachesis muta muta, Phospholipase A2 homologue,

Synthetic peptides, Antimicrobial activity.

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v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Potencial microbicida dos venenos animais....................................................17

Figura 2 – Potencial microbicidas das PLA2s dos venenos de serpentes.......................19

Figura 3 – Espécime de Lachesis muta em seu ambiente natural...................................20

Figura 4 – Estrutura terciária das PLA2s Asp49..............................................................27

Figura 5 – Fluxograma da metodologia utilizada nas etapas de isolamento e

caracterização..................................................................................................................33

Figura 6 – Fracionamento do VLmm e atividade fosfolipásica das frações obtidas na

cromatografia de exclusão molecular...............................................................................40

Figura 7 – Isolamento e caracterização de uma proteína do VLmm desprovida de

atividade catalítica............................................................................................................50

Figura 8 – Alinhamento múltiplo da sequência de LmutTX com toxinas de venenos

botrópicos.........................................................................................................................51

Figura 9 – Modelagem molecular por homologia de LmutTX.........................................54

Figura 10 – Citotoxicidade em células C2C12 diferenciadas em miotubos....................56

Figura 11 – Atividade de hemólise dos peptídeos derivados de LmutTX.......................58

Figura 12 – Atividade antibacteriana de LmutTX sobre diferentes bactérias nos períodos

de 24 e 48 horas..............................................................................................................59

Figura 13 – Atividade antibacteriana dos peptídeos derivados de LmutTX sobre cepas

gram-positivas e gram-negativas.....................................................................................60

Figura 14 – Avaliação da atividade antibiofilme de VLmm, frações e LmutTX ...............62

Figura 15 – Atividade antibacteriana de LmutTX sobre diferentes bactérias nos períodos

de 24 e 48 horas ..............................................................................................................63

Figura 16 – Atividade antimicrobiana dos peptídeos derivados de LmutTX sobre cepas

Gram-positivas e Gram-negativas nos períodos de 24 e 48 horas .................................65

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vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Principais componentes caracterizados nos venenos do gênero Lachesis ......23

Tabela 2 – Razão massa/carga (m/z) dos fragmentos obtidos no sequenciamento de

LmutTX ..............................................................................................................................53

Tabela 3 – Resultados do IC50 do VLmm, frações e LmutTX contra cepa de P. falciparum

W2 .....................................................................................................................................61

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vii

LISTA DE ABREVIATURAS

VLmm – Veneno de Lachesis muta muta

LmutTX – Toxina isolada do veneno de Lachesis muta muta

PLA2 – Fosfolipase A2

PLA2 Lys49 – Fosfolipase A2 Lys49 ou homóloga

SDS-PAGE – Eletroforese em gel de Poliacrilamida com dodecil sulfato de sódio

ANOVA – Análise de Variância

Tyr→Trp – Substituição do resíduo tirosina por triptofano

→ – Substituição de um resíduo de aminoácido por outro

MDoS – Sítio de docking na membrana

MDiS – Sítio hidrofóbico de desestabilização da membrana

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SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................................i ABSTRACT ................................................................................................................iii LISTA DE FIGURAS....................................................................................................v LISTA DE TABELAS...................................................................................................vi LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................vii 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................17

1.1. SERPENTES DO GÊNERO LACHESIS: DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA, ENVENENAMENTOS E BIOMOLÉCULAS ..................................................19

1.2. FOSFOLIPASES A2 (PLA2s) DE SERPENTES: PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS, ESTRUTURAS E MECANISMO CATALÍTICO..........................26

1.3. PLA2s HOMÓLOGAS: ESTRUTURA, MECANISMO E IMPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS...........................................................................................29

1.4. PEPTÍDEOS DERIVADOS DE PLA2s HOMÓLOGAS COMO POTENTES AGENTES ANTIMICROBIANOS...................................................................35

2. OBJETIVOS ..........................................................................................................39 2.1. GERAL...........................................................................................................39 2.2. ESPECÍFICOS...............................................................................................39

3. METODOLOGIA .................................................................................................. 40 3.1. VENENO DE LACHESIS MUTA MUTA (VLmm)...........................................40 3.2. MAPA METODOLÓGICO........................................................................... ..40 3.3. ISOLAMENTO DE PROTEÍNAS....................................................................41 3.4. DOSAGEM DE PROTEÍNAS.........................................................................41 3.5. ELETROFORESE MONODIMENSIONAL.....................................................41 3.6. ATIVIDADE FOSFOLIPÁSICA SOBRE 4N3OBA..........................................42 3.7. SEQUENCIAMENTO DA TOXINA DO VLmm...............................................42 3.8. PEPTÍDEOS SINTÉTICOS............................................................................43 3.9. MODELAGEM MOLECULAR........................................................................43 3.10. CITOTOXICIDADE SOBRE CÉLULAS MUSCULARES C2C12

DIFERENCIADAS EM MIOTUBOS.............................................................43 3.11. ATIVIDADE DE HEMÓLISE........................................................................44 3.12. ATIVIDADE ANTIMICROBIANA EM DIFERENTES MICRORGANISMOS

PATOGÊNICOS..........................................................................................45 3.12.1. Parasitas.................................................................................................45 3.12.1.1. Ensaio sobre Trypanosoma cruzi........................................................ 45 3.12.1.2. Ensaio sobre Leishmania infantum.......................................................45 3.12.1.3. Ensaio sobre Plasmodium falciparum...................................................46 3.12.1.3.1. Cultivo contínuo de fase eritrocítica do parasita...............................46 3.12.1.3.2. Sincronização dos parasitas para utilização nos testes in vitro........46 3.12.1.3.3. Preparo das placas para os ensaios de quimioterapia......................47 3.12.1.3.4. Avaliação da at. antimalárica pelo método de Syber Green..............47 3.12.1.3.5. Determinação da concentração inibitória de 50% do crescimento do

parasita (IC50)................................................................................... 48 3.12.2. Ensaio de antibiofilme.............................................................................48 3.12.3. Ensaio sobre bactérias........................................................................... 49

4. RESULTADOS ......................................................................................................50 4.1. PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE UMA PLA2

HOMÓLOGA DO VENENO DE LACHESIS MUTA MUTA (VLmm)..............50 4.1.1. Sequenciamento de LmutTX......................................................................52

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4.1.2. Desenho e síntese de peptídeos oriundos da sequência de LmutTX.........55 4.1.3. Modelagem molecular de LmutTX .............................................................55 4.2. CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE LmutTX.............................................56 4.2.1. Citotoxicidade do VLmm, LmutTX e peptídeos sintéticos sobre células

C2C12 diferenciadas em miotubos.............................................................56 4.2.2. Atividade hemolítica dos peptídeos sintéticos de LmutTX..........................59 4.2.3. Atividade antiparasitária sobre diferentes protozoários de importância

médica........................................................................................................59 4.2.4. Atividade antibiofilme do VLmm, frações e LmutTX...................................61 4.2.5. Atividade antibacteriana de LmutTX e peptídeos sintéticos sobre diferentes

bactérias gram-positivas e gram-negativas................................................62 5. DISCUSSÃO .........................................................................................................68 6. CONCLUSÃO .......................................................................................................77 REFERÊNCIAS .........................................................................................................78

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INTRODUÇÃO

17

1. INTRODUÇÃO

Diversos organismos desenvolveram ao longo da evolução ferramentas úteis de

defesa, alimentação e/ou reprodução, que os permitiram sobreviver nos ambientes mais

hostis. Com o conhecimento tradicional acerca de seu uso medicinal, suas

potencialidades tornaram-se objetos de muitas pesquisas científicas. Nos últimos anos,

intensificou-se a busca por novos agentes terapêuticos a partir de fontes naturais, como

microrganismos (ABBAS; SENTHILKUMAR; ARJUNAN, 2014), algas

(MOGHADAMTOUSI et al., 2014), plantas (VU et al., 2016), venenos de anuros

(LAMADRID-FERIS et al., 2015), escorpiões (BEA; PETRAGLIA; JOHNSON, 2015),

aranhas (BENLI; YIGIT, 2008), vespas (JALAEI et al., 2014), abelhas (LEANDRO et al.,

2015) e serpentes (ADADE et al., 2014; DOUMANOV et al., 2015), que constituíssem

uma importante alternativa de tratamento contra as inúmeras doenças infecciosas,

emergentes ou não, que afligem a sociedade. Dentre estas, os venenos de animais vêm

mostrando promissoras atividades microbicidas sobre diferentes patógenos, como

bactérias, fungos e protozoários (Figura 1).

Figura 1: Potencial dos venenos animais

A cor marrom representa as atividades biológicas descritas para venenos animais. Cada cor representa um tipo de veneno animal. Linhas completamente preenchidas: todas as atividades biológicas descritas em dado veneno; linhas inexistentes numa dada atividade: ainda não descrita para o animal em questão.

Antifúngico

Le

ishm

anic

ida

Tripanocida

Insetic

ida

Atividade

biológica

VENENOS:

ABELHAS

VESPAS

ARANHAS

ESCORPIÕES

ANUROS

SERPENTES

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INTRODUÇÃO

18

Na figura 1, observa-se que todos os venenos animais listados apresentam

atividades antibacteriana, antifúngica, inseticida e antimalárica, porém diferem na

ausência de atividades sobre vírus e parasitos, como T. cruzi, Leishmania e Toxoplasma

e vírus da dengue, respectivamente. Os venenos de serpentes foram os que

apresentaram mais registros de atividades biológicas. A maioria das atividades descritas

para aranhas (AYROZA et al., 2012; CHOI et al., 2004; WINDLEY et al., 2012), abelhas

(ADADE et al., 2013; PARK et al., 2014), vespas (DAS NEVES et al., 2016; PRAJAPATI;

UPADHYAY, 2016; QUISTAD et al., 1994), escorpiões (HMED; SERRIA; MOUNIR, 2013;

MOERMAN et al., 2002; TARAZI, 2015) e anuros (BERGAOUI et al., 2013; BRAND et al.,

2013) deve-se principalmente à ação de peptídeos, encontrados em grandes quantidades

nesses venenos. Ao contrário das serpentes, que apresentam uma constituição proteica

de aproximadamente 80 a 90%, representadas por fosfolipases A2 (PLA2s), L-aminoácido

oxidases (LAAO), serino-proteases, metaloproteases, lectinas e desintegrinas

(CALVETE, 2013).

Dos componentes encontrados nos venenos de serpentes, as PLA2s

representam uma das principais classes de proteínas responsáveis por atividades

antiparasitárias, antibacterianas, antifúngicas e antivirais. A figura 2 mostra a variedade

de atividades descritas para as PLA2s numa diversidade de patógenos (ALMEIDA et al.,

2016; BORGES et al., 2016; CASTILLO et al., 2012; CECILIO et al., 2013; MULLER et

al., 2012; PERUMAL SAMY et al., 2007; SAMY et al., 2015). Por isso, estas proteínas

são intensamente estudadas em relação as suas implicações terapêuticas.

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INTRODUÇÃO

19

Figura 2: Potencial microbicida das PLA2s dos venenos de serpentes

As PLA2s com atividades microbicidas estão representadas por diferentes cores, em relação ao tipo de atividade exposta. Toxinas: BnuTX-I (Bothrops neuwiedi urutu); NN-XIb-PLA2 (Naja naja); CB-PLA2 (Crotalus adamateus); CoaTx-II (Crotalus oreganus abyssus); MTX-I/ II (B. brazili); VipTx-II (Daboia russelli russelli); BlK-PLA2/ BlD-PLA2 (B. leucurus); CB-PLA2 (C. d. terrificus); Fração V-Asp49/ Fração VI-Lys49 (B. asper); BnSP-7 (B. pauloensis) (BORGES et al., 2016); PLA2-Cdt (C. d. terrificus); MjTX-II (B. moojeni). Patógenos: Vírus Dengue: DENV (sorotipos 1, 2 e 3); Vírus da febre amarela: YFV; Leishmania: L.; Staphylococcus aureus: S. aureus; Escherichia coli: E. coli; Klebsiella pneumoniae: K. pneumoniae; Salmonella paratyphi: S. paratyphi; Enterobacter aerogenes: E. aerogenes; Pseudomonas aeruginosa: P. aeruginosa. Autoria: Rafaela Diniz Sousa

A utilização de fontes naturais de biomoléculas pouco exploradas (como os

venenos de serpentes do gênero Lachesis) é propícia à caracterização de agentes

bioativos até o momento não descritos na literatura.

1.1. Serpentes do gênero Lachesis: distribuição geográfica, envenenamento e

biomoléculas

As serpentes pertencentes ao gênero Lachesis são amplamente distribuídas em

áreas florestais tropicais da América Central e do Sul. Esse gênero está dividido em

quatro espécies e duas subespécies: L. stenophrys (Costa Rica e Panamá), L.

melanocephala (Costa Rica), L. acrochorda (Panamá, Colômbia e Equador), L. muta

muta (Florestas Equatoriais da Venezuela, Colômbia, Trindade, Guiana, Suriname,

PLA2s AntiparasitárioAntibacteriano

Antifúngico

Antiviral

MTX-I/ MTX-II

Candida albicans

CB-PLA2

DENV-1DENV-3

DENV-2

YFVBlK-PLA2/ BlD-PLA2

E. coli

S. aureus

E. coli

E. aerogenes

Burkholderia

pseudomallei

Proteus vulgaris

Bacillus subtilis

K. pneunomiae

S. paratyphi

CoaTx-II

VipTx-II

MTX-I/ MTX-II

CB-PLA2

NN-Xib-PLA2

BnuTX-I

S. aureus

S. aureusP. aeruginosa

P. aeruginosa BnSP-7

MjTX-II

Toxoplasma gondii

Plasmodium falciparum

Schistosoma mansoni

Fração V/ VI

L. amazonensis

L. braziliensis L. major

L. donovani

L. Infantum chagasiPLA2-Cdt

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INTRODUÇÃO

20

Guiana Francesa, Brasil, Equador, Peru e Bolívia) e L. m. rhombeata (Mata Atlântica,

Brasil). L. muta, também conhecida como surucucu pico-de-jaca, é a maior serpente

venenosa das Américas, podendo atingir 2-3 metros de comprimento quando adultas, por

habitarem áreas remotas de florestas, essas serpentes são difíceis de serem encontradas

e/ou mantidas em cativeiro, tendo poucos trabalhos descritos devido à dificuldade em

obtenção de seu veneno (Figura 3) (SANZ et al., 2008; TANUS JORGE et al., 1997;

ZAMUDIO; GREENE, 1997).

Essa serpente apresenta comportamento pouco agressivo, sendo relatados

escassos casos de envenenamento; indígenas que caçam em seu habitat raramente são

mordidos por estas serpentes. Seu veneno apresenta baixa toxicidade em relação a

outros venenos de viperídeos, contudo a quantidade de veneno inoculado durante a

picada (168-552 mg), torna esses acidentes graves e com altos índices de sequelas

permanentes e mortalidade (OLIVEIRA et al., 2002; SÁNCHEZ et al., 1992; TANUS-

JORGE et al., 1997).

Figura 3: Espécime de Lachesis muta em seu ambiente natural

Foto: Paulo Bernarde

O sintoma do envenenamento causado por Lachesis é similar ao observado

naqueles associados ao gênero Bothrops, caracterizado por dor local, edema,

hemorragia e mionecrose, porém efeitos neurotóxicos (comuns ao gênero Crotalus)

também são relatados (DAMICO et al., 2005a). Há manifestações sistêmicas

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INTRODUÇÃO

21

consideradas próprias de envenenamentos laquéticos, como a síndrome vagal

caracterizada por sudorese profusa, cólica abdominal, náusea, vômito, diarreia aquosa,

bradicardia, sonolência e lapsos de consciência, que pode persistir por dias, mesmo após

a administração de antivenenos (DE LIMA; JUNIOR, 2015; PLA et al., 2013; TANUS

JORGE et al., 1997).

O arsenal bioquímico desses venenos é constituído por proteínas e peptídeos,

com proporções diversas, dependendo da idade do animal e das condições ambientais

que se encontram, incluindo serino-proteases, metaloproteases, lectinas tipo C, L-

aminoácido oxidases (LAAO), fosfolipases A2 (PLA2) e B (PLB), hialuronidases, peptídeos

potenciadores de bradicinina (BPP) e peptídeos natriuréticos tipo C (CNP) (BREGGE-

SILVA et al., 2012; DAMICO et al., 2005b; DE ASSIS et al., 2008; MAGALHAES et al.,

2003; SÁNCHEZ et al., 1991; SOARES et al., 2005; WIEZEL et al., 2015). Análises

proteômicas do veneno de L. muta e L. stenophrys, evidenciaram que estas serpentes

apresentam concentrações significativas de peptídeos vasoativos (BPP/ CNP – 15% do

peso seco) e compartilham similaridades entre suas proteínas, porém diferem

drasticamente na expressão de PLA2 (SANZ et al., 2008). Ao comparar os venenos de 5

espécimes de L. muta da Bolívia e do Peru e 1 veneno comprado da Sigma Chem. Co.

(USA), os autores evidenciaram uma grande variabilidade intraespecífica na expressão

de PLA2s, sugerindo uma evolução rápida dessas toxinas em processo de adaptação aos

novos nichos. A análise proteômica da peçonha de outras espécies (L. melanocephala,

L. acrochorda e L. m. rhombeata) também mostraram uma alta semelhança entre si,

contudo divergem na expressão de determinadas proteínas, como serino-proteases e

metaloproteases (MADRIGAL et al., 2012; PLA et al., 2013).

A tabela 1 mostra as principais moléculas caracterizadas nos venenos de

Lachesis. Nota-se que a maioria das proteínas purificadas pertencem à classe das PLA2s,

com atividades miotóxicas, neurotóxicas, anticoagulantes e antitrombóticas, e serino-

proteases, similares à trombina, giroxina e calicreína. Somente duas metaloproteases,

denominadas fatores hemorrágicos (LHF-I e II) foram isolados de L. m. muta, com

isoformas de LHF-II descritas posteriormente. As outras proteínas apresentam apenas

uma única isoforma relatada, como são os casos da LAAO e desintegrina de L. muta, da

lectina de L. stenophrys e da hialuronidase e PLB de L. m. rhombeata. Contudo, nenhuma

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INTRODUÇÃO

22

PLA2 homóloga ou PLA2 Lys49 foi descrita até o momento. Observa-se também que

poucos trabalhos relataram o potencial terapêutico dessas toxinas, demonstrando a

necessidade de mais estudos na área.

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INTRODUÇÃO

23

Tabela 1. Principais componentes caracterizados nos venenos do gênero Lachesis

NOME ESPÉCIE PROTEÍNA MASSA MOLECULAR

(kDa)

PROPRIEDADES BIOLÓGICAS

POTENCIAL TERAPÊUTICO

REFERÊNCIAS

LmLAAO L. muta LAAO 60 Sem atividades miotóxica, hemorrágica e edematogênica

Atividade citotóxica sobre células AGS e MCF-7;

Atividade sobre L. braziliensis

(BREGGE-SILVA et al., 2012)

Stenoxobin L. stenophyrs Serino-protease

(trombina-símile)

37 α e β-fibrinogenolítica - (ARAGON-ORTIZ; GUBENSEK,

1993)

LsPA-1 L. stenophyrs PLA2 Asp49 13,87 - (DE ASSIS et al., 2008)

LmTX-I L. m. muta PLA2 Asp49 básica

14,24 Atividade fosfolipásica sobre substratos

sintéticos; edema; miotoxicidade;

neurotoxicidade

- (DAMICO et al., 2005b, 2006,

2008)

LmTX-II L. m. muta PLA2 Asp49 básica

14,18 Atividade fosfolipásica sobre substratos sintéticos

- (DAMICO et al., 2005b)

LmrTX L. m. rhombeata

PLA2 Asp49 básica

14,27 Atividades anticoagulante e antitrombótica

- (DAMICO et al., 2012)

Lmr-PLA2 L. m. rhombeata

PLA2 Asp49 ácida

13,97 Inibição da agregação plaquetária

- (CORDEIRO et al., 2015)

LV-Ka L. m. muta Serino-protease

(calicreína-símile)

33 Ativação de plasminogênio - (FELICORI et al., 2003)

LM-PLA2-I L. muta PLA2 Asp49 ácida

Miotoxicidade - (FULY et al., 2000)

LM-PLA2-II L. muta PLA2 Asp49 ácida

18 Miotoxicidade; inibição da agregação plaquetária;

atividade edematogênica

- (FULY et al., 2002, 2003)

TLE-B L. m. muta Serino-protease

44 α e β-fibrinogenolítica - (MAGALHAES et al., 2003)

Continua...

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INTRODUÇÃO

24

NOME ESPÉCIE PROTEÍNA MASSA MOLECULAR

(kDa)

PROPRIEDADES BIOLÓGICAS

POTENCIAL TERAPÊUTICO

REFERÊNCIAS

TLB-P L. m. muta Serino-protease

43 α e β-fibrinogenolítica - (MAGALHAES et al., 2003)

Mutalisina I (LHF-I)

L. m. muta Metaloprotease 100 α e β-fibrino(geno)lítica; alta atividade hemorrágica;

atividade caseinolítica

- (SANCHEZ; COSTA;

ASSAKURA, 1995; SANCHEZ;

MAGALHAES; DINIZ, 1987)

Mutalisina II (LHF-II)

L. m. muta Metaloprotease 22 Degradação de laminina, fibronectina e colágeno tipo IV; edematogênica;

baixa atividade hemorrágica

Efeito trombolítico (AGERO et al., 2007; RUCAVADO

et al., 1999; SÁNCHEZ et al.,

1991)

Mut IIa L. m. muta Isoforma da Mutalisina II

≈ 23

α e β-fibrinogenolítica; atividade proteolítica sobre

dimetilcaseína

- (SÁNCHEZ et al., 2003)

Mut IIb L. m. muta Isoforma da Mutalisina II

≈ 23

α e β-fibrinogenolítica; atividade proteolítica sobre

dimetilcaseína

- (SÁNCHEZ et al., 2003)

Hialuronidase L. m. rhombeata

Hialuronidase 60 - - (WIEZEL et al., 2015)

PLB L. m. rhombeata

Fosfolipase B - - - (WIEZEL et al., 2015)

LMR-47 L. m. rhombeata

Serino-protease (giroxina)

47 α-fibrinogenolítica - (AGUIAR et al., 1996)

Proteína similar a lectina

L. stenophyrs Lectina 16,2 Hemaglutinação - (ARAGÓN-ORTÍZ; BRENES-BRENES; GUBENSEK, 1989; ARAGÓN-ORTIZ;

MENTELE; AUERSWALD,

1996)

Continua...

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INTRODUÇÃO

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NOME ESPÉCIE PROTEÍNA MASSA MOLECULAR

(kDa)

PROPRIEDADES BIOLÓGICAS

POTENCIAL TERAPÊUTICO

REFERÊNCIAS

Lachesin L. muta Desintegrina Inibição da agregação plaquetária; ligação a integrina GPIIb-IIIa

- (SCARBOROUGH et al., 1993)

LSF L. stenophyrs Metaloprotease 24 - - (LEONARDI et al., 1999)

Serino-protease

L. m. muta Serino-protease

45 - - (MAGALHÃES et al., 1997)

Kininogenin L. muta Serino-protease

29,7 Efeito hipotensivo - (DINIZ; OLIVEIRA, 1992)

Giroxina L. m. muta Serino-protease

≈ 60 Alta letalidade - (DA SILVA et al., 1989)

Trombina-símile

L. m. muta Serino-protease

≈ 41-47 Fibrinogenolítica - (SILVEIRA et al., 1989)

Serino-protease

L. m. muta Serino-protease

40 α e β-fibrinogenolítica - (YARLEQUE et al., 1989)

Arginina esterase

L. muta - ≈ 30 Atividade arginil esterase; - (SILVA; DINIZ; MAGALHÃES,

1985) BIP L. muta Inibidor de

bradicinina 1,06 Atividade inibitória sobre

bradicinina via receptores B2

- (GRAHAM et al., 2005)

βPLIs L. muta Inibidor de PLA2s do tipo β

36,5 - - (LIMA et al., 2011)

LNF1 e LNF2 L. m. muta Inibidores de PLA2s do tipo γ

≈ 20 - - (FORTES-DIAS; BARCELLOS;

ESTEVÃO-COSTA, 2003)

Trombina-símile/ análoga

a giroxina

L. m. muta Serino-protease

25,6 - - (MAGALHAES et al., 1993)

LV-PA L. m. muta Serino-protease

33 Ativação de plasminogênio - (SANCHEZ et al., 2000, 2006)

Lm-BPP 1 a 5 e Lm-CNP

L. muta BPPs e Peptídeos

natriuréticos tipo C

1 a 2,2 - - (SOARES et al., 2005)

Conclusão

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INTRODUÇÃO

26

1.2. Fosfolipases A2 (PLA2s) de serpentes: Propriedades físico-químicas, estrutura

e mecanismo catalítico

As PLA2s dos venenos de serpentes da família Viperidae pertencem ao grupo IIA

das PLA2s secretadas, na qual também se encontram as PLA2s de fluidos sinoviais de

mamíferos (DENNIS et al., 2011). Diferem do grupo IA (família Elapidae) pela distribuição

de pontes dissulfeto, a inexistência do “loop elapídico” entre os resíduos 52-65 e a

extensão de 5-7 resíduos na região C-terminal da molécula (ARNI; WARD, 1996a).

Apresentam de 13-15 kDa, 7 pontes dissulfeto, dependência de íons Ca2+ para atividade

enzimática e a díade His48 e Asp99 [segundo o sistema de numeração de Renetseder e

colaboradores (1985)] no sítio catalítico. Caracterizam-se por sua habilidade em hidrolisar

especificamente a ligação éster na posição sn-2 dos fosfolipídios, formando como

produtos da reação ácidos graxos e lisofosfolipídios (BALSINDE; WINSTEAD; DENNIS,

2002; BURKE; DENNIS, 2009; VERNON; BELL, 1992).

O ácido araquidônico quando liberado a partir dessa reação pode ser

metabolizado para formar os eicosanoides, que incluem as prostaglandinas, os

leucotrienos e os tromboxanos (ARGIOLAS; PISANO, 1983; BALSINDE; WINSTEAD;

DENNIS, 2002), enquanto que, o lisofosfolipídio pode gerar o fator de ativação

plaquetária (PAF), todos estes mediadores lipídicos (GIJÓN; LESLIE, 1999). As PLA2s

mostram-se mais ativas quando os fosfolipídios estão agregados em micelas,

monocamadas ou membranas, que formas monoméricas, possivelmente, por facilitar

interações eletrostáticas e hidrofóbicas entre a enzima e o substrato (SCOTT et al., 1990).

As PLA2s secretadas do grupo IIA compartilham uma estrutura secundária

padrão, formada por: (i) uma α-hélice N-terminal longa (α1) (1-13); (ii) uma hélice curta

(18-23); (iii) um loop de ligação ao Ca2+ (25-33); (iv) duas α-hélices antiparalelas longas

(α2 e α3) (37-54 e 90-109); (v) duas β-folhas antiparalelas curtas (β-wing) (74-84); e (vi)

uma região C-terminal (ARNI; WARD, 1996b; FERNANDES et al., 2013; HOLLAND et

al., 1990; SCOTT; SIGLER, 1994). O grupo amino N-terminal encontra-se no centro de

uma extensa rede de ligações de hidrogênio, que interconecta a hélice α1, um segmento

adjacente a β-wing e o Asp99 do sítio ativo. Alguns resíduos hidrofóbicos (Leu/Val2, Phe5

e Ile9) da hélice N-terminal, altamente conservados, contribuem para a formação do canal

hidrofóbico que fornece acesso ao sítio catalítico da enzima (SCOTT; SIGLER, 1994);

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INTRODUÇÃO

27

outros resíduos como Met19, Lys69 e a ponte dissulfeto Cys29-Cys45 também podem

contornar essa cavidade (ZHAO et al., 1998). As hélices α2 e α3 constituem o cerne da

proteína, sendo interligadas por duas pontes dissulfeto (C44-C105 e C51-C98). É nesse

arcabouço que se localizam os resíduos envolvidos na rede catalítica, como o Asp49

(coordenação ao Ca2+) e His48, Asp99, Tyr52 e Tyr73 (sítio ativo), e os que revestem

internamente o canal hidrofóbico (Cys45, Ala102, Ala103 e Phe106) (SCOTT; SIGLER,

1994).

Figura 4: Estrutura terciária das PLA2s Asp49

Modelo tridimensional de BthTX-II (PDB: 3JR8) (DOS SANTOS et al., 2011) evidenciando as hélices α1 (N-terminal), α2 e α3, a hélice curta, as duas folhas-betas antiparalelas (β-wings), a região C-terminal, o loop de ligação ao Cálcio e os resíduos que formam o sítio catalítico (His48, Asp99, Tyr52 e Tyr73). As

pontes dissulfeto aparecem em amarelo.

A β-wing é uma subestrutura projetada para fora da molécula em direção ao

solvente e apesar de apresentar uma baixa conservação na sequência de aminoácidos,

a conformação estrutural terciária se mantém preservada (SCOTT; SIGLER, 1994). É

também uma das regiões mais flexíveis da molécula e está relacionada a estabilização

do dímero (resíduos 78-80), quando existentes (CORRÊA et al., 2008).

His 48

Tyr 52

Asp 99

Leu 5

Região C-terminal

Hélice α1

Hélice curta

Hélice α2

β-wing

Hélice α3

Tyr 73

Região N-terminalLoop de ligação

ao Cálcio Asp 49

Ca2+

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INTRODUÇÃO

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A região C-terminal está localizada na face mais externa da molécula e comunica-

se ao loop de Ca2+ pela ponte dissulfeto Cys50-Cys132, por conter um considerável

número de resíduos carregados positivamente, dispostos favoravelmente ao solvente,

mostra-se um interessante sítio de ligação a substratos aniônicos (GEORGIEVA et al.,

2004; RIGDEN et al., 2002). Em dímeros alternativos, esta unidade encontra-se na

interface entre os monômeros, juntamente com o loop de Ca2+ (CORRÊA et al., 2008;

RIGDEN et al., 2002), devido, possivelmente, à reorientações conformacionais após a

entrada do substrato no sítio ativo (MAGRO et al., 2009).

O cálcio é um cofator essencial para a catálise de PLA2s secretadas. Este íon

está envolvido na ligação ao substrato e na estabilização do intermediário tetraédrico

(estado de transição) durante a etapa química. Este íon é coordenado por dois oxigênios

do carboxilato de Asp49, três oxigênios da carbonila de Tyr28, Gly30, Gly32 e duas

moléculas de água (W5 e W12) (SCOTT et al., 1992). Ao lado do loop de coordenação

ao Ca2+, encontra-se o sítio catalítico estruturado da seguinte maneira: os átomos Nδ e

Nε da His48 estão ligados por pontes de hidrogênio com uma molécula de água (W6) e

Asp99, respectivamente, e o carboxilato do Asp99 forma pontes de hidrogênio com as

hidroxilas de Tyr52 e Tyr73. Para o início da hidrólise, o complexo enzima-substrato

requer a presença de uma molécula de água catalítica (W5) coordenada pelo Ca2+ e

interligada a His48 por meio de W6. Durante a catálise, a His48 ativa W5 que ataca a

posição sn-2 do fosfolipídio; a protonação da His48, segue a formação do intermediário

tetraédrico, estabilizado por pontes de hidrogênio com Ca2+ e Gly30. A substituição de

W12 pelo fosfato sn-3 do substrato, favorece a formação dos produtos (BAHNSON, 2005;

BERG et al., 2001; EDWARDS et al., 2002; SCOTT et al., 1990; YU et al., 1998).

Outros cátions também mostram afinidade pelo sítio de ligação (Zn2+, Cu2+ e

Cd2+), contudo, mesmo suportando a ligação do substrato, não alcançam a catálise.

Outros ainda, como Co2+ e Ni2+, mostram valores cinéticos próximos ao Ca2+ em

substratos aniônicos, porém diferem em substratos zwiteriônicos (fosfatidilcolina),

provavelmente por diferenças na coordenação geométrica dos íons no complexo [enzima

+ interface + cátion + substrato], pois somente cátions catalíticos favorecem a

conformação “próxima ao ataque” (YU et al., 1998).

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INTRODUÇÃO

29

As PLA2s são consideradas enzimas interfaciais, por agirem na interface lipídio-

água, de modo a alcançarem um estado completamente ativado. A interação precede a

ligação do substrato ao sítio ativo, referindo-se ao primeiro contato entre enzima e

membrana; nesta etapa, o Ca2+ não tem influência sobre a ligação da enzima a interface.

A região de reconhecimento interfacial nessas proteínas está próxima a abertura do canal

hidrofóbico, e resíduos como Lys7 e Lys10, a partir de estudos com uma PLA2 Asp49 de

Agkistrodon piscivorus piscivorus, têm sido propostos por favorecerem a interação com

substratos aniônicos agregados, contudo não sobre substratos zwiteriônicos (HAN et al.,

1997). Segundo Ray, Scott e Tatulian (2007), a interação com a membrana em si não é

suficiente para a ativação da enzima, esta pode permanecer por um período de latência

antes de ser ativada, necessitando de condições favoráveis como carga, temperatura e

produtos de reação na superfície. Uma das principais características que facilita a

ativação é a perturbação da membrana, qualquer alteração desestabilizadora dessa base

estrutural fluida, aumenta consideravelmente a atividade dessas proteínas sobre

agregados lipídicos.

1.3. PLA2s homólogas: estrutura, mecanismo e implicações terapêuticas

Por interferirem nos processos fisiológicos normais do organismo, as PLA2s de

serpentes exibem uma variedade de efeitos toxicológicos e farmacológicos, tais como:

miotoxicidade, neurotoxicidade e edema, e efeitos sobre a agregação plaquetária e

atividade anticoagulante, respectivamente (ANDRIÃO-ESCARSO et al., 2002; CORRÊA

et al., 2016; KINI, 2003). Segundo Kini e colaboradores (2003), as PLA2s induzem tais

efeitos por meio de mecanismos dependente ou não de atividade catalítica. Quando

dependentes de catálise, os fosfolipídios e seus derivados são responsáveis pelos efeitos

farmacológicos, contudo, se independentes, a interação com proteínas alvo pode gerar

ações agonistas ou antagonistas no metabolismo da célula (KINI et al., 2003).

Um subgrupo de PLA2s dentro da família Viperidae podem induzir dano tecidual

por mecanismos independentes de catálise. Essas proteínas, denominadas PLA2s

homólogas ou PLA2s Lys49, apresentam uma substituição do resíduo aspartato na

posição 49 por um resíduo de lisina, que impede a coordenação de íons Ca2+ no loop de

ligação, acarretando na perda da atividade enzimática, pois o grupo amino-ε da cadeia

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INTRODUÇÃO

30

lateral da lisina ocupa essa região. Outras substituições também são relatadas por alterar

a conformação do loop de ligação, como Tyr28→Asn e Gly32→Leu (ARNI et al., 1995;

MARAGANORE et al., 1984). Estudos mais recentes vêm demonstrando que o grupo

amino-ε pode alternar ligações de hidrogênio com os resíduos de Asn28, Gly30 e His33

e uma molécula de água (AMBROSIO et al., 2005), o que confirma a impossibilidade da

permanência do Ca2+ no local. Apesar dessas diferenças, essas proteínas conservam

todos os resíduos que compõem a rede catalítica: His48, Asp99, Tyr52 e Tyr73, indicando

que a interação com fosfolipídios de membrana é provável, contudo sem ciclo catalítico

(DELATORRE et al., 2011).

As PLA2s homólogas são proteínas básicas, contendo 120-122 resíduos de

aminoácidos e preservando a estrutura padrão do grupo IIA. Apresentam ~14 kDa, 7

pontes dissulfeto e formam dímeros em solução, o qual é confirmado a partir de estruturas

cristalográficas de algumas miotoxinas botrópicas (AMBROSIO et al., 2005; ARNI et al.,

1995). Estudos com a miotoxina II de Bothrops asper revelaram que os dímeros

interagem por meio das regiões β-wing e hélice N-terminal (Gln12, Trp77 e Lys80), sendo

estabilizados por pontes salinas e ligações de hidrogênio entre os monômeros (ARNI et

al., 1995). Análises preliminares, com dímeros de BthTX-I, uma miotoxina Lys49 isolada

do veneno de B. jararacussu, obtidos em dois estados conformacionais distintos,

sugeriram que a interface entre os monômeros poderia servir como uma “dobradiça” entre

conformações “aberta” e “fechada”, o que favoreceria o deslocamento de moléculas de

fosfolipídios em contato com a proteína associada a membrana, causando uma

desorganização no pacote lipídico e, consequentemente, dano celular (DA SILVA

GIOTTO et al., 1998).

Atividades citotóxicas sobre células C2C12 mioblásticas de quatro PLA2s

homólogas isoladas de B. asper, Atropoides nummifer, B. jararacussu e Agkistrodon p.

piscivorus, mostraram que suas atividades foram reduzidas em pH 5,0 (dissociação dos

dímeros), em relação ao pH fisiológico, contudo não abolidas, demonstrando que o

estado dimérico não era unicamente responsável pela perturbação na membrana, mas

outras regiões poderiam estar envolvidas (ANGULO et al., 2005).

Apesar de não apresentarem atividade catalítica sobre substratos artificiais não

agregados, essas proteínas provocam mionecrose local e edema (SOARES et al., 2000a,

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INTRODUÇÃO

31

2000b) e exercem ações antimicrobianas sobre uma variedade de patógenos (PÁRAMO

et al., 1998; STÁBELI et al., 2006). O primeiro relato da possível região envolvida na

interação com a membrana e, consequentemente, nos efeitos tóxicos descritos para essa

toxina, ocorreu em 1994, dez anos após a descoberta das PLA2s Lys49 nos venenos de

serpentes, por Lomonte e colaboradores (1994). No estudo, o peptídeo compreendendo

os resíduos 115-129 (o qual inclui uma combinação variável de resíduos hidrofóbicos e

carregados positivamente), localizados na região C-terminal da miotoxina II de B. asper,

foi identificado por interagir com heparina (poliânion inibidor de PLA2s miotóxicas) e

neutralizar parte da atividade citotóxica em células endoteliais da proteína nativa.

Posteriormente, essa mesma região apresentou atividade antimicrobiana sobre cepas de

S. aureus e E. coli (PÁRAMO et al., 1998).

Núnez, Ângulo e Lomonte (2001) avaliaram a atividade citotóxica em células

C2C12 indiferenciadas e a miotoxicidade in vivo de quatro peptídeos derivados da região

115-129 de PLA2s Lys49 e Asp49 dos venenos de A. p. piscivorus e B. asper, e

verificaram que somente os peptídeos correspondentes à sequência de PLA2s Lys49

induziram citotoxicidade e miotoxicidade, sendo essas atividades abolidas

completamente quando incubados com heparina. Esses resultados foram concludentes

quanto a participação dessa região nos efeitos citotóxicos descritos para essas toxinas.

A partir dessas evidências, vários trabalhos vêm tentando esclarecer o mecanismo de

ação, pelo qual as PLA2s homólogas interagem e desestabilizam membranas biológicas

independente de íons Ca2+. Com algumas hipóteses a serem testadas: I. Essas

moléculas se ligam a receptores de membrana? II. Possuem alta afinidade por domínios

específicos na bicamada? III. Ou preferem fosfolipídios carregados negativamente?

(LOMONTE; ANGULO; SANTAMARÍA, 2003).

Estudos de Ambrósio e colaboradores (2005) propuseram, com base em

estruturas cristalográficas da miotoxina Lys49 ACL de Agkistrodon contortrix laticinctus e

nos estudos de PrTX-II proposto por Lee e colaboradores (2001), uma relação estrutural

direta entre o sítio ativo e a região C-terminal. Segundo estes autores, a densidade

eletrônica não proteica observada dentro do canal hidrofóbico, em uma das estruturas

(interpretada como uma molécula de ácido graxo), é estabilizada por ligações de

hidrogênio com uma molécula de água e a ligação peptídica entre Cys29 e Gly30,

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INTRODUÇÃO

32

hiperpolarizada pela Lys122 (conservada entre as PLA2s homólogas). A interação com o

ligante estabiliza a região C-terminal, devido às ligações de hidrogênio entre essa região

e os resíduos do loop de ligação ao Ca2+, favorecendo a exposição de um “nó hidrofóbico”

formado pelos resíduos de Phe121 e Phe124, que adentram na bicamada lipídica. Sem

ligantes, este nó está internalizado em direção ao sítio ativo, a região C-terminal com

maior flexibilidade conformacional e a Lys122 exposta ao solvente.

Dos Santos, Soares e Fontes (2009) verificaram, a partir da análise estrutural

entre PrTX-I (miotoxina Lys49 isolada do veneno de B. pirajai) e BthTX-I (miotoxina Lys49

isolada do veneno de B. jararacussu), dois padrões distintos de conformações

oligoméricas, relacionados à presença ou ausência de ligantes no canal hidrofóbico: i)

um estabilizado por interações entre as regiões β-wings e os resíduos da hélice N-

terminal, denominado “dímero convencional”, onde a maioria das estruturas

cristalográficas das PLA2s homólogas são refinadas; e ii) outro estabilizado pelo contato

entre o loop de ligação ao Ca2+ e a região C-terminal, formando uma conexão entre os

sítios ativos dos dois monômeros, denominado “dímero alternativo”, neste caso o canal

hidrofóbico estaria na interface dimérica (MURAKAMI et al., 2005).

Segundo o mecanismo proposto, o ácido graxo, liberado pelas PLA2s Asp49,

interage com o canal hidrofóbico das PLA2 Lys49, induzindo mudanças conformacionais

na toxina e alinhando os resíduos Lys20 (hélice curta), Lys115 e Arg118 (C-terminal), de

ambos os monômeros, para o mesmo plano. Esse conjunto de resíduos carregados

positivamente poderia ancorar a toxina à membrana, e desta maneira, haveria uma

interdependência dos sítios ativos e as regiões C-terminal.

Fernandes e colaboradores (2013), com base nas estruturas de BbTX-II e MTX-

II, miotoxinas Lys49 isoladas do veneno de B. brazili (COSTA et al., 2008;

HUANCAHUIRE-VEGA et al., 2009), refinadas no modelo de dímero alternativo,

identificou dois potenciais sítios de interação com a membrana: (i) sítio de Docking na

membrana (MDoS), formado por resíduos catiônicos da região C-terminal (Lys115 e

Arg118, que podem ser complementados por Lys20, Lys80, Lys122 e Lys127) e (ii) sítio

hidrofóbico de desestabilização da membrana (MDiS), constituído por resíduos

hidrofóbicos (Leu121 e Phe125) também localizados no C-terminal. A proposta do

mecanismo tóxico baseia-se em três etapas: i) entrada de uma molécula hidrofóbica

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INTRODUÇÃO

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(ácido graxo) no canal hidrofóbico, levando à reorientação de um monômero, à exposição

dos resíduos MDoS e MDiS ao solvente e o alinhamento de ambos para o mesmo plano;

ii) estabilização da toxina na membrana pela interação dos MDoS e os fosfolipídios; e iii)

desestabilização da membrana pela penetração/inserção dos MDiS na membrana,

podendo acarretar num influxo descontrolado de íons e, eventualmente, alterações

intracelulares irreversíveis e morte celular (Fig. 5) (LOMONTE; ANGULO; CALDERÓN,

2003). Sendo este, o modelo atual proposto para o possível mecanismo citotóxico das

PLA2s homólogas.

Figura 5: Possível mecanismo de ação das PLA2s Lys49

Esquema do mecanismo de ação das PLA2s Lys49 proposto por Fernandes e colaboradores (2013)

Segundo Lomonte, Angulo e Calderón (2003), as evidências sugerem que a ação

dessas proteínas pode não estar relacionada à presença de receptores na membrana,

mas à ligação de fosfolipídios, podendo ser os carregados negativamente os seus

principais aceptores, pois i) essas toxinas rompem lipossomas preparados

exclusivamente de fosfolipídios, com preferência por tipos aniônicos (DÍAZ et al., 1991);

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INTRODUÇÃO

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ii) lisam uma variedade de tipos celulares em cultura, mostrando baixa seletividade em

atividades citotóxicas (LOMONTE et al., 1994); iii) lisam células procarióticas (PÁRAMO

et al., 1998); e iv) aumentam sua ação quando membranas de eritrócitos são enriquecidos

com fosfolipídios aniônicos (DÍAZ et al., 2001).

Contudo, outros alvos moleculares não podem ser descartados. Estudos

anteriores descreveram a alta afinidade de PLA2s de venenos de serpentes (proteínas

OS1 e OS2 de Oxyuranus scutellatus scutellatus) com receptores de membranas

identificados em células neurais (receptores tipo N) e células musculares (receptores tipo

M), mostrando o loop de ligação ao Ca2+ (resíduos Gly30 e Asp49) como a principal região

de interação, com preferência pela forma molecular livre de íons (LAMBEAU et al., 1995).

O receptor tipo M, provável sítio de ligação para PLA2s endógenas, apresenta um longo

domínio extracelular composto por um domínio rico em cisteína, um domínio tipo II similar

a fibronectina e oito domínios de reconhecimento a carboidratos (CRD), sendo este último

(CDR5) envolvido na ligação com PLA2s de serpentes (OS1) (NICOLAS; LAMBEAU;

LAZDUNSKI, 1995). Uma PLA2 homóloga isolada de Agkistrodon piscivorus piscivorus

teve ação antagonista sobre o receptor KDR do fator de crescimento do endotélio

vascular (VEGF) (expresso em células musculares esqueléticas), bloqueando a

proliferação celular de células endoteliais induzidas por VEGF (YAMAZAKI et al., 2005).

Esta ação antagonista mostra que não apenas as membranas celulares são alvos das

PLA2s, como também outras moléculas extracelulares podem ser potenciais alvos destas

toxinas.

Além de serem amplamente estudadas por seus efeitos tóxicos durante

envenenamentos, as PLA2s de serpentes (Asp49 e Lys49) apresentam-se como

promissores agentes antimicrobianos. Sua ação direta sobre membranas celulares é uma

ferramenta útil no combate à microrganismos patogênicos, por isso diversos trabalhos

vêm relatando seu potencial. Como elencado na figura 2 (pág. 7), as PLA2s exibem

atividades sobre diferentes espécies de Leishmania, como L. infantum chagasi, L. major,

L. braziliensis, L. amazonensis e L. donovani (BARROS et al., 2015; STÁBELI et al.,

2006); sobre P. falciparum (CASTILLO et al., 2012), S. mansoni (STÁBELI et al., 2006) e

T. gondii (BORGES et al., 2016); sobre fungos, como Candida albicans (COSTA et al.,

2008); e sobre uma variedade de bactérias gram-negativas, como P. aeruginosa, E. coli

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INTRODUÇÃO

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(ALMEIDA et al., 2016), S. paratyphi (SUDARSHAN; DHANANJAYA, 2016), E.

aerogenes (PERUMAL SAMY et al., 2007), B. pseudomallei e P. vulgaris (SAMY et al.,

2015); e gram-positivas, como S. aureus e B. subtilis (SUDARSHAN; DHANANJAYA,

2016; SUDHARSHAN; DHANANJAYA, 2015; VARGAS et al., 2012).

Toda essa diversidade de patógenos suscetíveis a ação lítica das PLA2s mostra

o quanto estas toxinas são versáteis e propícias a aplicações biotecnológicas.

1.4. Peptídeos derivados de PLA2s homólogas como possíveis agentes

antimicrobianos

As condições precárias de saúde a que grande parte da população de países em

desenvolvimento são expostas favorecem o surgimento de doenças negligenciadas, tais

como leishmaniose, doença de chagas, hanseníase e esquistossomose. Estas

contribuem para o quadro de desigualdade por representarem um entrave no

desenvolvimento do país (BRASIL et al., 2010). Apesar do investimento em pesquisas

com doenças negligenciadas, seus resultados são pouco refletidos na população.

Além do mais, novos casos de resistência aos fármacos convencionais vêm

sendo registrados, agravando a situação. Por exemplo, L. infantum (leishmaniose

visceral), mostrou resistência em tratamentos com a combinação de anfotericina B

lipossomal e miltefosina em regiões endêmicas da Índia. Mutações pontuais no

transportador transmembrana de miltefosina e alterações em fosfolipídios específicos na

bicamada, foram apontados como mecanismos de resistência à droga (FERNANDEZ-

PRADA et al., 2016). A doença de chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi,

é outro problema de saúde, pois 70% dos casos são assintomáticos (fase crônica), no

qual os pacientes eventualmente desenvolvem a patologia décadas depois. Poucos

tratamentos são efetivos para esta fase, pela dificuldade de identificação dos parasitas,

presentes em quantidades extremamente baixas em órgãos ou tecidos. Estudos recentes

mostram que fármacos nitro heterocíclicos (benzonidazol e nifurtimox), comumente

usados para o tratamento da doença na fase aguda, apresentam uma resposta mais

específica na fase crônica (FRANCISCO et al., 2016), porém muitos desses

medicamentos exibem uma série de efeitos colaterais tóxicos, dificultando a adesão do

paciente.

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INTRODUÇÃO

36

Em doenças como hanseníase (Mycobacterium leprae), esquistossomose

(Schistosoma mansoni) e malária (gênero Plasmodium – não considerada mais uma

doença negligenciada), também são causas de resistência os tratamentos prolongados

e os mecanismos de escape desenvolvidos pelo patógeno dentro de compartimentos

intracelulares das células hospedeiras (BHAT; PRAKASH, 2012; DE KONING-WARD et

al., 2016; DE MORAES et al., 2012), o que mostra a necessidade de mais estudos

voltados para a caracterização de novas moléculas antimicrobianas a partir de diversas

fontes naturais.

Um outro agravo à saúde da população é o crescente número de cepas

bacterianas resistentes aos fármacos convencionais, pois este crescimento é

inversamente proporcional à quantidade de novos antimicrobianos lançados no mercado,

tornando a resistência bacteriana um dos principais problemas e saúde pública (LOWY,

2003).

A resistência bacteriana pode ocorrer em todos os tipos de bactérias encontradas

em UTI (Unidade de terapia intensiva), embora as bactérias gram-negativas, como E.

coli, K. pneumoniae, P. aeruginosa e espécies de Proteus e Acinetobacter, sejam mais

susceptíveis a adquirirem resistência a múltiplas classes de antibióticos (KARAM et al.,

2016). Os principais mecanismos utilizados por bactérias gram-negativas são destruição

de antibióticos pela produção de enzimas β-lactamases (β-lactâmicos), impermeabilidade

celular pela diminuição de porinas na membrana externa e presença de bombas de efluxo

(KARAM et al., 2016). A P. aeruginosa por exemplo, apresenta uma resistência natural a

antibióticos, com uma notável habilidade em adquirir mecanismos de escape a múltiplos

grupos de agentes antimicrobianos, demonstrando praticamente todos os mecanismos

enzimáticos e mutacionais de resistência já conhecidos. Apresenta uma membrana

externa pouco permeável, bombas de efluxo e formação de biofilmes, dificultando o

tratamento de infecções causadas pela bactéria (STRATEVA; YORDANOV, 2009). Este

patógeno pode provocar uma variedade de doenças em indivíduos predispostos à

infecção, como resultado de queimaduras, feridas e lesões no trato urinário, sendo uma

das principais causas de mortalidade em pacientes com fibrose cística (BENAMARA et

al., 2014).

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INTRODUÇÃO

37

Relatos recentes apontam um aumento significativo na resistência de isolados de

Acinetobacter baumannii (coletados nos períodos de 2004 a 2014 – América do Norte e

Europa) em ensaios in vitro com o antibiótico tigeciclina (44%), aprovado por estes países

para o tratamento de infecções na pele e de pneumonia causada por bactéria

(GIAMMANCO et al., 2017).

As infecções causadas por bactérias gram-positivas, como Staphylococcus

aureus resistente a meticilina (MRSA), Enterococcus resistente à vancomicina e

Streptococcus pneumoniae resistente à penicilina, vêm dificultando as escolhas

terapêuticas (OHLSEN; LORENZ, 2007). Estes patógenos são responsáveis pelos

inúmeros casos de infecções adquiridas nos hospitais ou na comunidade, como

bacteremia, pneumonia, endocardite e meningite, assim como aumentando o risco de

infecções associadas à imunossupressão (transplantes e quimioterapia anticâncer),

intubação e cateterismo (MARTINEZ et al., 2009; SHOPSIN; KREISWIRTH, 2001;

STACEVIČIENĖ et al., 2016).

A resistência de cepas MRSA está associada à expressão de proteínas 2a

ligadoras de Penicilina (PBP2a) com baixa afinidade para antibióticos resistentes à

penicilinases/β-lactamases (meticilina, oxacilina). Esta proteína, de aproximadamente 78

kDa, está ligada à membrana e é responsável pela reação de transpeptidação entre

cadeias de peptideoglicanos da parede celular bacteriana, conferindo resistência a todas

as classes de antibióticos β-lactâmicos (LOWY, 2003; PEACOCK; PATERSON, 2015).

Por sua vez, o mecanismo de resistência de espécies de Enterococcus está associada à

modificação dos precursores de peptideoglicanos. A vancomicina se liga a porção

terminal (D-Alanina – D-Alanina) dos precursores de peptideoglicanos, inibindo a ligação

cruzada e a síntese da parede celular. As cepas resistentes apresentam uma

modificação: D-Alanina-D-Alanina-Serina ou D-Alanina-D-Alanina-Lactato, que diminui a

ligação do antibiótico ao precursor (MILLER; MUNITA; ARIAS, 2014). Estas bactérias

também apresentam resistência a penicilina e cefalosporina.

Patógenos, como protozoários ou bactérias, são responsáveis por grande parte

das doenças que afligem a população, e o desenvolvimento de estratégias para minimizar

seus efeitos são necessários.

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INTRODUÇÃO

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Os peptídeos antimicrobianos, denominados AMPs, são pequenas moléculas

distribuídas numa variedade de espécies de invertebrados, plantas e animais, onde

diferem na composição de aminoácidos, anfipaticidade, carga, hidrofobicidade e

tamanho. Essas características permitem a eles atacarem e se inserirem em membranas

biológicas (pela formação de poros), bem como desencadear a morte celular por

mecanismos intracelulares (BROGDEN, 2005). Devido a isso, os AMPs encontram-se

em posições elevadas na busca por novos agentes farmacológicos para o tratamento de

infecções causadas por microrganismos patogênicos.

Muitos peptídeos derivados de proteínas apresentam propriedades semelhantes

aos AMPs, por isso foram incluídos num subgrupo dessa grande família. Peptídeos

sintetizados a partir da região C-terminal de PLA2 homólogas vêm sendo testados em

células musculares C2C2 indiferenciadas ou diferenciadas em miotubos (ANGULO et al.,

2001; ARAYA; LOMONTE, 2007), células Jukart (COSTA et al., 2008), bactérias (COSTA

et al., 2008; PÁRAMO et al., 1998; SANTAMARÍA et al., 2005) e fungos (MURILLO et al.,

2007), todos com atividades citotóxicas promissoras. Estas pequenas moléculas podem

constituir, portanto, boas alternativas para a prospecção de novos agentes

antimicrobianos.

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OBJETIVOS

39

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Caracterizar bioquímica e funcionalmente fosfolipases A2 e peptídeos sintéticos do

veneno de Lachesis muta muta com possíveis atividades antimicrobianas.

2.2. Objetivos Específicos

▪ Purificar os componentes bioativos do veneno de L. m. muta por cromatografias

de exclusão molecular e fase reversa;

▪ Determinar a massa molecular relativa dos componentes por eletroforese

monodimensional, assim como o grau de pureza das proteínas;

▪ Caracterizar enzimaticamente as proteínas isoladas;

▪ Sequenciar as proteínas purificadas;

▪ Sintetizar peptídeos a partir da sequência da proteína isolada;

▪ Avaliar o efeito citotóxico da proteína isolada e dos peptídeos sintéticos sobre

células C2C12 e eritrócitos humanos;

▪ Avaliar o potencial antimicrobiano da proteína e peptídeos sintéticos.

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MATERIAIS E MÉTODOS

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Veneno de Lachesis muta muta (VLmm)

O VLmm foi fornecido pelo serpentário BioAgents (Batatais-SP). O estudo tem

autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

(número de licença 27131-1) e do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN)

(número 010627/2011-1).

3.2. Mapa Metodológico

A metodologia empregada para obtenção dos resultados obedeceu ao seguinte

fluxograma (Figura 6):

Figura 6: Fluxograma da metodologia utilizada nas etapas de isolamento e caracterização

Cada cor representa as etapas e suas subdivisões nos processos de purificação e caracterização das proteínas de interesse.

Veneno de

L. m. muta

FracionamentoCromatografia de

Exclusão Molecular

Cromatografia de

Fase Reversa

Caracterização bioquímica

Eletroforese

Atividade

fosfolipásica

Espectrometria de

Massa

Sequenciamento

Degradação de

Edman

Espectrometria

de massa

Síntese de peptídeos

Caracterização biológica

Citotoxicidade

At. antimicrobiana

T. cruzi

L. infantum

P. falciparum

BactériasAt. hemólise

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MATERIAIS E MÉTODOS

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3.3. Isolamento da toxina de VLmm

O VLmm foi solubilizado no tampão bicarbonato de amônio 0,5 M pH 8,0 e

aplicado a cromatografia de exclusão molecular em coluna Sephacryl S200 (GE

Lifescience Health Care, 10 x 30 cm), acoplada a um sistema FPLC Akta Purifier (GE

Lifescience Health Care). A fração de interesse foi recromatografada numa coluna de

fase reversa C18 (25 cm x 4,6 mm, 5 μm – Discovery Supelco) utilizando como soluções

ácido trifluoroacético (TFA – Sigma Aldrich, EUA) 0,1% (Eluente A) e acetonitrila (ACN –

Sigma Aldrich, EUA) 99,9% + TFA 0,1% (Eluente B), sob o fluxo de 1 mL/min e gradiente

linear de 0-70%. A absorbância foi mensurada em 280 nm.

3.4. Dosagem de proteínas

A quantificação de proteínas do VLmm, frações e toxina foi realizada de acordo

com o kit DC Protein (Bio-Rad, EUA) (LOWRY et al., 1951), utilizando a albumina sérica

bovina (BSA) como padrão.

3.5. Eletroforese monodimensional

O procedimento para eletroforese monodimensional foi realizado conforme

Laemmli (1970). A determinação da massa relativa das proteínas foi avaliada por SDS-

PAGE usando géis em formatos descontínuos, com um gel concentrador (Acrilamida 4%

em tampão Tris-HCl 0,5 M, pH 6,8) (Sigma Aldrich, EUA) e um gel separador (acrilamida

12,5% em tampão Tris-HCl 1,5 M, pH 8,8). A solução do tampão de corrida empregada

no preenchimento dos reservatórios da cuba foi formada por Tris-Base 0,06 M, Glicina

0,5 M e SDS 10% (Sigma Aldrich, EUA). As amostras foram pré-aquecidas em 95°C por

5 min e aplicadas nos poços do gel concentrador, juntamente com o padrão de peso

molecular (7 a 175 kDa – BioLabs P7709S, EUA). Na corrida eletroforética foi fixada uma

corrente de 15 mA por gel e voltagem livre por 1h e 40 minutos.

Após a corrida, o gel foi lavado por 15 minutos com uma solução fixadora (álcool

etílico 50% e ácido acético 12%) e, em seguida, corado com solução de azul de

Coomassie G-250 (Sigma Aldrich, EUA) por 10-30 minutos. Depois desse período, o gel

foi descorado em solução descorante (álcool etílico 20% e ácido acético 3%). As imagens

dos géis foram escaneadas num ImageScanner III (GE Lifescience Health Care).

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MATERIAIS E MÉTODOS

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3.6. Atividade fosfolipásica sobre 4N3OBA

O procedimento foi realizado conforme descrito por Petrovic e colaboradores

(2001) com modificações. O substrato ácido 4-nitro-3-octanoiloxi-benzoico (4N3OBA)

(Enzo Lifescience, EUA) (5 mg) foi diluído em 5,4 mL de acetonitrila. Alíquotas de 0,2 mL

foram secas e mantidas a -20°C. Cada tubo contendo 4N3OBA foi diluído em 2 mL de

tampão de amostra (Tris-HCl 0,01 M em pH 8,0, CaCl2 0,01 M e NaCl 0,1 M) (Sigma

Aldrich, EUA) e mantido no gelo. Para determinação da atividade fosfolipásica foi

aplicado 190 μL de reagente 4N3OBA combinados com 10 μL de amostra (veneno bruto

e/ou frações) pré-diluídas em água e, imediatamente, incubados a 37°C; a absorbância

foi mensurada em 425 nm por 30 minutos. A atividade fosfolipásica foi tida como

diretamente proporcional ao aumento dos valores da absorbância e expressa como

média ± desvio padrão, e submetida a análise de variância (ANOVA) seguido pelo pós-

teste de Tukey para p<0,05.

3.7. Sequenciamento da toxina de VLmm

A toxina isolada foi sequenciada por duas técnicas: i) sequenciamento N-terminal

por degradação de Edman, na qual a sequência foi determinada por um sequenciador

automático PPSQ-33A (Shimadzu, Kyoto, Japão), e submetida posteriormente à busca

por similaridade utilizando o software BLAST, com subsequente alinhamento múltiplo

através do CLUSTALW2; e ii) Espectrometria de Massa, no qual a proteína foi digerida

com tripsina, de acordo com as instruções do fabricante, e os fragmentos obtidos da

digestão foram analisados em espectrômetro ESI-IT-TOF (Electrospray-Ion Trap-Time of

Flight) (Shimadzu Co., Japão) equipado com o UFLC (Ultra-Fast Liquid Chromatography)

(20A Prominence, Shimadzu). Os espectros MS/MS gerados foram analisados pelo

software Peaks Mass Spectrometry (Bioinformatics Solutions Inc., Canadá). As análises

por espectrometria de massa foram realizadas no Laboratório de Bioquímica e Biofísica

do Instituto Butantan, em colaboração com o pesquisador Dr. Daniel Carvalho Pimenta.

A acurácia dos fragmentos gerados da digestão enzimática foi obtido segundo

metodologia de Coutinho-Neto e colaboradores (2013), onde:

Acurácia = 1.000,000 x (massa teórica - massa mensurada) / massa teórica

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MATERIAIS E MÉTODOS

43

3.8. Peptídeos sintéticos

Os peptídeos sintetizados a partir dos resíduos 1-12 (região N-terminal), 41-52 e

105-116 (região C-terminal) foram obtidos da Aminotech Pesquisa e Desenvolvimento,

Diadema, SP.

Os peptídeos modificados foram desenhados com base na carga residual e no

grau de hidrofobicidade, utilizando os softwares PEPTIDE 2.0 Online

www.peptide2.com/N_peptide_hydrophobicity_hydrophobicity.php e THE ANTIMICROBIAL

PEPTIDE DATABASE http://aps.unmc.edu/AP/prediction/prediction_main.php.

3.9. Modelagem molecular

Para investigar as características estruturais dos aminoácidos foi realizada a

modelagem molecular por homologia da sequência de LmutTX usando a estrutura

cristalográfica de MTX-II de Bothrops brazili (PDB: 4DCF) como modelo, com uma

resolução de 2,7 Å (ULLAH et al., 2012), e a estrutura de uma PLA2 ácida de

Deinagkistrodon acutus (PDB: 1IJL) (GU et al., 2002). A fim de pesquisar e recuperar a

estrutura modelo foram usados Protein Blast (http://blast.ncbi.nlm.nih.gov) (ALTSCHUL

et al., 1990) e Protein Data Bank (PDB) (http://www.pdb.org). Os alinhamentos das

sequências foram realizados com os softwares MODELLER v9.16 (SALI; BLUNDELL,

1993) e CLUSTALW (THOMPSON; HIGGINS; GIBSON, 1994). O modelo de construção

foi realizado no MODELLER v9.16. Um total de 1000 modelos foram gerados e o modelo

final foi selecionado baseado score DOPE mais baixo calculado pelo software

MODELLER. A qualidade estereoquímica do modelo final para LmutTX foi avaliado

usando o programa PROCHECK (LASKOWSKI et al., 1993). A visualização interativa e

análise comparativa das estruturas moleculares foram realizadas em UCSF Chimera

(PETTERSEN et al., 2004).

3.10. Citotoxicidade sobre Células musculares C2C12 diferenciadas em miotubos

O procedimento foi realizado de acordo com Lomonte e colaboradores (1999). As

células C2C12 (linhagem de mioblastos murinos) foram cultivadas em meio de

crescimento DMEM (Dulbecco´s modified Eagle´s medium, Sigma Aldrich, EUA)

suplementado com 10% de soro fetal bovino, glutamina 2 mM, ácido pirúvico 1 mM,

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MATERIAIS E MÉTODOS

44

penicilina (100 U/mL), estreptomicina (0,1 mg/mL) e anfotericina B (0,25 mg/mL) (Sigma

Aldrich, EUA), em atmosfera umidificada com 5% de CO2 a 37 °C. Uma suspensão inicial

de células de 2 x 104 foi aplicada em placas de 96 poços e incubados por 4 dias. Após

esse período, o meio de crescimento foi substituído por meio de diferenciação,

constituído por DMEM + 1% de soro fetal, por 4-6 dias. Para o ensaio de citotoxicidade,

a proteína e os peptídeos foram diluídos em PBS e acrescentados na cultura de célula,

num volume total de 200 µL/poço. Controles de 0% e 100% de toxicidade consistiu em

meio celular e Triton X-100 (Sigma Aldrich, EUA), respectivamente. Após 3 horas de

incubação, alíquotas de 150 µL do sobrenadante foram coletados para determinação da

atividade de Desidrogenase láctica (LDH), liberada a partir de danos celulares utilizando

kit comercial (LDH Bioclin, Brasil). Os resultados foram expressos como média ± desvio

padrão, e submetidos a análise de variância (ANOVA) seguido pelo pós-teste de Tukey

com nível de significância para p<0,05. Os experimentos foram realizados em triplicata

de poços (n=3).

3.11. Atividade de hemólise

A atividade de hemólise foi realizada de acordo com Stark, Liu e Deber (2002).

O sangue humano colhido em citrato 3,2% foi centrifugado a 3500 rpm por 15 minutos

para remoção do plasma. Os eritrócitos obtidos foram lavados três vezes com soro

fisiológico, centrifugados por 10 minutos e ressuspendidos em tampão fosfato salino

(PBS) a 4%. Para a atividade, 100 µL da amostra e 100 µL da suspensão de eritrócitos

foram incubados a 37 ºC por 1 hora. Após este período, as alíquotas foram centrifugadas

a 1000 x g por 5 minutos. Os sobrenadantes foram transferidos para poços de uma

microplaca de 96 poços e a liberação de hemoglobina mensurada em 540 nm. PBS e

Triton X-100 0,1% foram usados como 0 e 100% de hemólise, respectivamente. Os

resultados foram expressos como média ± desvio padrão e submetidos a análise de

variância (ANOVA), seguido pelo pós-teste de Tukey com nível de significância para

p<0,05. Os experimentos foram realizados em triplicata de poços de 2 experimentos

individuais. Autorização do Comitê de Ética e Pesquisa sob o número de 1.233.171.

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MATERIAIS E MÉTODOS

45

3.12. Atividade antimicrobiana em diferentes microrganismos patogênicos

3.12.1. Parasitas

Para os estudos tripanocidas das amostras de venenos e proteínas purificadas

foi usado o clone CL-B5 de T. cruzi. Os parasitas, transfectados estavelmente com o

gene β-galactosidase (lacZ) de Escherichia coli, foram fornecidos gentilmente pelo Dr. F.

Buckner do Instituto Conmemorativo Gorgas (Panamá). Epimastigotas foram cultivados

a 28 °C em caldo de triptose de infusão hepática (LIT) com penicilina e estreptomicina

em soro fetal bovino (FBS) 10%, e colhidos durante a fase de crescimento exponencial.

Para a atividade leishmanicida foi usada Leishmania infantum (MCAN/ES/92/BCN83).

Promastigotas foram cultivados a 28 °C em meio Schneider suplementado com FBS 10%.

3.12.1.1. Ensaio sobre Trypanosoma cruzi

A atividade foi realizada em microplacas de 96 poços de fundo chato com culturas

que não tinham atingido a fase estacionária (VEGA et al., 2005). Os epimastigotas foram

semeados a 2,5 x 105 mL-1 em 200 µL de meio LIT. As placas foram incubados com

diferentes concentrações de amostras de veneno (1,62-100 µg/mL) e frações ou toxinas

isoladas (3,25-50 µg/mL) a 28 °C por 72 horas; 50 µL da solução de CPRG (Chlorophenol

Red-β-D-galactopyranoside) foram acrescentados aos poços para alcançar a

concentração final de 200 µM. As placas foram incubadas a 37 °C por 6 horas e a

absorbância mensurada a 595 nm. Cada concentração foi testada em triplicata. Controles

contendo apenas parasitas foram incluídos. Como droga controle foi utilizada

Pentamidina na concentração de 100 µg/mL. A eficiência dos componentes foi estimada

calculando a percentagem de atividade anti-epimastigota. Os resultados foram expressos

como média ± desvio padrão, e submetidos a análise de variância (ANOVA) seguido pelo

pós-teste de Tukey com nível de significância para p<0,05.

3.12.1.2. Ensaio sobre Leishmania infantum

O experimento foi realizado conforme Rolón e colaboradores (2006) com

modificações para L. infantum (Leishmaniose visceral). Promastigotas em fase log de

crescimento (1 x 106 de parasitas) foram cultivados em microplacas de 96 poços. As

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MATERIAIS E MÉTODOS

46

amostras foram acrescentadas aos parasitas em diferentes concentrações (1,62-100

µg/mL) para um volume final de 200 µg/mL. Cada concentração foi realizada em triplicata.

Controles contendo apenas parasitas foram incubados por 72 horas a 26 °C, após este

período foram adicionados 20 µL da solução de resazurina 2,5 Mm e a reação de

oxidorredução quantificada a 570 e 595 nm para calcular a inibição do crescimento de

promastigotas. Os resultados foram expressos como média ± desvio padrão, e

submetidos a análise de variância (ANOVA) seguido pelo pós-teste de Tukey com nível

de significância para p<0,05. Como droga controle foi utilizada Benzonidazol na

concentração de 100 µg/mL.

3.12.1.3. Ensaio sobre Plasmodium falciparum

Este experimento foi realizado em colaboração com a profª. Dra. Carolina Bioni

do Laboratório de Malária e Leishmaniose, Fiocruz Rondônia.

3.12.1.3.1. Cultivo contínuo da fase eritrocitária do parasito

Nos ensaios de atividade antimalárica foram utilizadas formas sanguíneas de um

clone de P. falciparum Cloroquina-resistente (W2). Os parasitos foram cultivados em

hemácias humanas em condições estabelecidas por Trager e Jensen (1976) em placas

de cultura, com hematócrito a 5%, diluídos em meio de cultura RPMI 1640 (Sigma-

Aldrich) suplementado com 25 mM de Hepes (Sigma-Aldrich), 21 mM de bicarbonato de

sódio (Sigma-Aldrich), 11 mM de glicose (Sigma-Aldrich), 40 μg/mL de gentamicina e

10% (v/v) de albumax. As placas foram mantidas em dessecadores a 37 °C ou em mistura

gasogênica contendo 5% de O2, 5% de CO2 e 90% de N2. Diariamente, foram realizadas

trocas do meio de cultura e a parasitemia monitorada em esfregaços sanguíneos, fixados

com metanol, corados com Giemsa e visualizados em microscópio óptico com objetiva

de imersão (1.000x).

3.12.1.3.2. Sincronização dos parasitos para utilização nos testes in vitro

Os cultivos com predomínio de anéis utilizados nos ensaios de quimioterapia

foram obtidos por meio da sincronização com sorbitol conforme descrito na literatura

(LAMBROS; VANDERBERG, 1979). O hematócrito e a parasitemia, pré-determinados

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MATERIAIS E MÉTODOS

47

para cada teste, foram ajustados com a adição de hemácias e meio RPMI completo em

quantidades adequadas.

3.12.1.3.3. Preparo das placas para os ensaios de quimioterapia

As culturas de parasitos sincronizadas com predomínio de anéis de P. falciparum

foram distribuídas em microplacas de 96 poços, utilizando-se apenas 60 poços desta, os

demais poços das bordas não foram utilizados para evitar o efeito de borda, adicionando-

se 180 μL/poço de meio de cultura RPMI contendo: 0,5% de parasitemia e 2% de

hematócrito para o teste de Sybr Green. Anterior a adição da suspensão dos parasitos,

20 µL de amostra foram adicionados à placa teste, em duplicata, nas concentrações

testes. Os poços controles (seis por teste) continham hemácias infectadas sem adição

dos compostos-testes (controle negativo). O antimalárico padrão Artemisinina (Art) foi

testado em paralelo em todos os experimentos realizados, nas diluições seriadas de 500

a 7,8 ng/mL (controle positivo). Os compostos testes foram inicialmente testados nas

concentrações de 1200 a 37,5 ng/mL, posteriormente titulados, utilizando concentrações

seriadas até atingir a concentração inibitória para 50% do crescimento dos parasitos

(IC50).

3.12.1.3.4. Avaliação da atividade antimalárica pelo método de Sybr Green

No ensaio com o intercalante fluorescente de DNA Sybr Green (SMILKSTEIN et

al., 2004), duas placas de 96 poços foram preparadas para cada experimento, uma placa-

teste, contendo os parasitos e as amostras a serem testadas, e outra pré-preparada com

PBS 1x para leitura fluorimétrica. As placas-testes foram incubadas por 48 horas à 37 ºC

nas condições ideais para o crescimento do parasito. Após 48 horas de incubação, o

sobrenadante das placas-testes foi descartado cuidadosamente sem suspender a papa

de hemácias e, em seguida, foram adicionados 100 μL de PBS 1x em cada poço das

placas contendo o cultivo de P. falciparum, os quais foram centrifugadas a 1.500 rpm por

10 minutos. Paralelamente, foram adicionados 100 μL de PBS 1x em cada poço em outra

placa de cultura de 96 poços de fundo chato, onde foi realizada a leitura fluorimétrica.

Após centrifugação das placas, o sobrenadante foi novamente descartado de forma

cuidadosa sem suspender a papa de hemácias e 100 μL/poço de tampão de lise com

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MATERIAIS E MÉTODOS

48

Sybr Green I (Invitrogen) (2 μL de Sybr Green para cada 10mL de tampão de lise – para

uma placa) foi adicionado na placa contendo a cultura de P. falciparum. Em seguida foi

homogeneizado e transferido o conteúdo de 100 μL dos poços da placa-teste para a placa

de leitura previamente preparada com 100 μL/poço de PBS 1x. A placa de leitura foi

recoberta por papel laminado e incubada em temperatura ambiente por 30 minutos. Após

o período de incubação, as bolhas de ar que surgiram nos poços foram eliminadas para

não influenciarem na leitura. A leitura das absorbâncias foi realizada em fluorímetro

(Synergy HT – BioTek) com excitação de 485nm e emissão de 535nm, em ganho de 30,

para então analisar a inibição do crescimento dos parasitas.

3.12.1.3.5. Determinação da concentração inibitória de 50% do crescimento do

parasito (IC50)

A inibição de 50% do crescimento dos parasitos foi determinada utilizando curvas

dose-resposta, em função de regressão linear. O programa Origin (OriginLab

Corporation, Northampton, MA, EUA) foi utilizado para determinar o valor de IC50. As

amostras que apresentaram IC50 < 10 μg/mL foram consideradas ativas; IC50 entre 10 a

50 μg/mL parcialmente ativas; e IC50 > 50 μg/mL inativas.

3.12.2. Ensaio de antibiofilme

As cepas de bactérias gram-positivas Staphylococcus epidermidis ATCC 35984

e Staphylococcus aureus ATCC 25904 foram cultivadas em meio por 24 horas em ágar

Mueller Hinton (Oxoid Ltd. England) a 37 ºC. As suspensões bacterianas foram

preparadas em NaCl 0,9% correspondentes a 1 na escala de McFarland (3×108 CFU/mL).

As frações e toxina foram testadas na concentração de 100 µg/mL. O antibiótico

Vancomicina (8 mg/mL) (Sigma–Aldrich Co., USA) foi utilizado como controle positivo e

a água como controle negativo. Para avaliar a atividade de antibiofilme, 40 µL de caldo

triptona de soja (TSB), 80 µL de amostra e 80 µL de suspensão bacteriana foram

incubadas em microplacas de 96 poços a 37 ºC por 24 horas. A atividade da formação

de antibiofilme avaliou a camada de biofilme aderente formada que foi corada com cristal

violeta 0,4% (STEPANOVIC et al., 2007). A atividade de erradicação foi obtida pela

incubação de diferentes soluções de cepas bacterianas nas placas por 24 horas, para

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MATERIAIS E MÉTODOS

49

pré-formação de biofilme, seguido pelas células plantônicas removidas e inoculadas por

mais de 24 horas com amostras. Após este período, a biomassa de biofilme foi corada

com cristal violeta 0,4%. Este experimento foi realizado em colaboração com o Prof. Dr.

Alexandre José Macedo da UFRGS.

3.12.3. Ensaio sobre bactérias

A atividade antimicrobiana foi estabelecida conforme o Clinical and Laboratory

Standards Institute (CLSI, 2012) com adaptações. A concentração mínima inibitória (CIM)

foi determinada por teste de suscetibilidade de microdiluição, as bactérias utilizadas

foram Staphylococcus aureus (ATCC 29213), Staphylococcus aureus resistente à

meticilina (MRSA), Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853) e Klebsiella pneumoniae

(ATCC 13883). Todas as cepas bacterianas foram cultivadas em caldo Luria Bertani (LB

- BD DifcoTM) durante 24 horas (fase exponencial) e ajustado a uma absorbância de

turvação correspondente a 0,5 da escala de McFarland, que corresponde a 1,5 x 106

unidades formadoras de colônias (UFC)/mL. As amostras foram diluidas e ajustadas para

12,5 µg/mL (VLmm) e para 125-7,6 µg/mL (peptídeos sintéticos) com o volume final de

200 µL e analisadas em microplacas de 96 poços por 24 horas a 37°C. Para o controle

negativo foi utilizado 20 µL de suspensão bacteriana + 180 µL do caldo LB, enquanto que

o controle positivo foi composto de 20 µL de suspensão bacteriana + 50 µL do antibiótico

Imipenem (Sigma Aldrich, EUA) (20 µg/mL) + 130 µL LB. Como branco foi utilizado

somente o caldo LB (200 µL). A inibição do crescimento bacteriano foi determinada por

espectrofotometria no comprimento de onda de 630 nm (TC 96 Elisa Microplate Reader).

Os resultados foram expressos como média ± desvio padrão, e submetidos a análise de

variância (ANOVA) seguido pelo pós-teste de Tukey com nível de significância para

p<0,05. Os experimentos foram realizados em triplicata (n=3) de três ensaios individuais.

A percentagem de inibição do crescimento foi calculada utilizando-se a seguinte fórmula:

% inibição do crescimento = 100 – Absorbância da amostra x 100

Absorbância do meio com bactérias

Atividade realizada em colaboração com a profª. Dra. Najla Benevides Matos,

Laboratório de Microbiologia, FIOCRUZ-RO.

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RESULTADOS

50

4. RESULTADOS

4.1. Purificação e caracterização físico-química de uma PLA2 homóloga do veneno

de Lachesis muta muta (VLmm)

O VLmm foi fracionado em duas etapas cromatográficas: Exclusão Molecular e

fase reversa. Na primeira etapa foram eluídas 4 frações, denominadas LmS-1 a LmS-4,

respectivamente (Figura 6). Ao serem analisadas em eletroforese monodimensional em

condições desnaturantes e redutoras (SDS-PAGE 12,5%), observou-se que as frações

LmS-3 e LmS-4 apresentavam proteínas com massas moleculares de aproximadamente

13 kDa (Figura 7A) (compatíveis com PLA2s do veneno de serpentes) e quando

submetidas à avaliação da atividade fosfolipásica sobre substrato artificial, ambas não

apresentaram atividades significativas (Figura 7B). Devido à baixa quantidade de

proteína na fração LmS-4, o estudo foi direcionado para a fração LmS-3.

Figura 7: Fracionamento do VLmm e atividade fosfolipásica das frações obtidas na cromatografia de exclusão molecular

(A) Cromatografia de Exclusão Molecular (EM) do Veneno de Lachesis muta muta (VLmm) em coluna Sephacryl S-200 (1,0 x 30 cm) pré-equilibrada com tampão de Bicarbonato de amônio (AMBIC) 50 mM, pH 8,0, sob fluxo de 1 mL/min em gradiente isocrático. Desta cromatografia foram eluídas 4 frações, denominadas LmS-1 a LmS-4, respectivamente. Á direita superior, encontra-se o perfil eletroforético das frações sob condições redutoras (SDS-PAGE a 12,5%), onde são observadas uma predominância de proteínas com alta massa molecular (LmS-1 e 2) e de baixa massa molecular (LmS-3 e 4). (B) Atividade fosfolipásica das frações obtidas na cromatografia de EM com o substrato 4N3OBA. 10 µg de amostra foi incubada com 190 µL (298 µM) de substrato por 30 minutos a 37°C, e a absorbância mensurada em 425 nm. Os géis foram corados com Coomassie Blue G250 e os resultados expressos como média ± desvio padrão (n=3) e submetidos à análise de variância (ANOVA) seguidos pelo pós-teste de Tukey. (*) Valores significativos para p<0.05; (#) Estatisticamente diferente do controle negativo.

Tempo

Ab

so

rbâ

nc

ia 2

80

nm

Lmuta VB S200 1 04022014:10_UV1_280nm

0

500

1000

1500

mAU

0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 60.0 70.0 min

41.71

Lmuta VB S200 1 04022014:10_UV1_280nm@01,PEAK1

No Ret Area Height

min mAU*min mAU

1 41.71 3290.9869 407.150

Total number of detected peaks = 50

Total area = 11543.4797 mAU*min

Area in evaluated peaks = 3290.9869 mAU*min

Ratio peak area / total area = 0.285095

Total peak width = 8.63 min

Column height = 30.00 cm

Calculated from : Lmuta VB S200 1 04022014:10_UV1_280nm

Baseline : Lmuta VB S200 1 04022014:10_UV1_280nm@01,BASEM1

Peak rejection on:

Maximum number of peaks: 20

LmS-1

LmS-2

LmS-3 LmS-4

12

17

24

333852

72

kDa PM 1 2 3 4

(A) (B)

Atividade fosfolipásica

C+ C- LmS-1 LmS-2 LmS-3 LmS-40.0

0.1

0.2

0.3

***

**

*** ***

***#

#

#

Absorb

ância

425 n

m

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RESULTADOS

51

Na segunda etapa, a fração LmS-3 foi cromatografada em coluna de fase

reversa, onde foram eluídas 6 frações (P1 a P6) (Figura 8A).

Figura 8: Isolamento e caracterização de uma proteína do VLmm desprovida de atividade catalítica

(A) Cromatografia de Fase Reversa (RP) da fração LmS-3 em coluna C18 (Discovery 0,45 x 25 cm 5 µm) utilizando soluções de TFA 0.1% (Eluente A) e ACN 99,9% + TFA 0.1% (Eluente B), sob o fluxo de 1 mL/min e gradiente linear de 0-70% em 10 volumes de coluna, com eluição de 6 frações (P1 a P6). À direita, encontra-se o perfil eletroforético das frações obtidas, onde observa-se apenas uma banda proteica em P6, enquanto as demais frações não possuem bandas visíveis. (B) Recromatografia da fração P6 em RP com obtenção de uma única fração. Ao lado, SDS-PAGE a 15% da proteína isolada. Os géis foram corados com Coomassie Blue G250. (C) Atividade fosfolipásica da proteína isolada com o substrato 4N3OBA, utilizando BthTX-II e água como controles positivo e negativo, respectivamente. Os resultados foram expressos como Média ± Desvio padrão, seguido pela análise de variância por ANOVA e pós-teste de Tukey. (***) Estatisticamente significativo em relação ao controle positivo (p<0,05); (#) Estatisticamente diferente do controle negativo. (D) Determinação da massa molecular da fração P6 por MALDI-TOF, utilizando como matriz de ionização ácido sinapínico. Observa-se um único pico no espectro de massa de 13.889 Da, correspondente a proteína isolada.

Atividade fosfolipásica

C+ C- P60.0

0.2

0.4

0.6

*** ***

#

Ab

so

rbân

cia

425 n

m

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

%Int.

2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000

m/z

TOF2 Data: <Untitled>.L17[c] 2 Jul 2014 16:02 Cal: 29 Jun 2007 9:23 Shimadzu Biotech Axima ToF² 2.9.3.20110624: Mode Linear, Power: 94

13890.38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

%Int.

2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000

m/z

TOF2 Data: <Untitled>.L17[c] 2 Jul 2014 16:02 Cal: 29 Jun 2007 9:23 Shimadzu Biotech Axima ToF² 2.9.3.20110624: Mode Linear, Power: 94

13890.38

m/z

(C) (D)

Ab

s.

280 n

m

Tempo

%A

CN

Lmuta F2 G75 IN C18 05122013:10_UV1_280nm Lmuta F2 G75 IN C18 05122013:10_Conc

0

500

1000

1500

mAU

0

20

40

60

80

%B

10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 min

P6

P5P4

P3

P2

P1

Lmuta F2 G75 IN C18 05122013:10_UV1_280nm@01,PEAK2

No Ret Area Height

Total number of detected peaks = 298 Total area = 2236.3520 mAU*min Area in evaluated peaks = 0.0000 mAU*min Ratio peak area / total area = 0.000000 Total peak width = 0.00 min Column height = 25.00 cm Calculated from : Lmuta F2 G75 IN C18 05122013:10_UV1_280nm Baseline : Lmuta F2 G75 IN C18 05122013:10_UV1_280nm@01,BASEM Peak rejection on: Maximum number of peaks: 20

19

26

38

46

62

91

120

kDa PM P6 P5 P4 P3 P2 P1

12

17

24

3338

52

72

Lmuta PLA2 ISOLADA IN C18 03042014:10_UV1_280nm Lmuta PLA2 ISOLADA IN C18 03042014:10_Conc

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

mAU

0

20

40

60

80

%B

10.0 20.0 30.0 40.0 min

Ab

s.

280 n

mTempo

%A

CN

(A) (B)

13890

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RESULTADOS

52

A SDS-PAGE 12,5% em condições redutoras das frações mostrou que a fração

P6 era constituída por uma única banda proteica (~13 kDa) e considerável grau de

pureza, enquanto as demais frações não apresentaram bandas visíveis (Figura 8A). A

avaliação da atividade fosfolipásica da fração P6 mostrou que esta era destituída de

atividade enzimática, pois não houve diferença estatisticamente significativa entre

controle negativo e P6 (Figura 8C), tratando-se, possivelmente, de uma PLA2 homóloga.

A proteína foi recromatografada em fase reversa para averiguar sua pureza, o que foi

confirmada com a eluição de apenas uma fração (Figura 8B) em 36% de Eluente B. A

determinação precisa da massa molecular de P6 foi realizada por espectrometria de

massa, onde a proteína apresentou 13.889 Da e apenas um pico no espectro de massa

(Figura 8D), sendo denominada LmutTX.

4.1.1. Sequenciamento de LmutTX

A estrutura primária de LmutTX foi determinada por duas técnicas: i)

Sequenciamento por degradação de Edman, com a obtenção dos primeiros 57 resíduos

de aminoácidos da região N-terminal da molécula, e ii) Espectrometria de massa,

mediante análise dos espectros de fragmentação dos peptídeos gerados da digestão

enzimática, com a elucidação de 63 resíduos de aminoácidos. Um total de 120 resíduos

foram determinados, completando 98,36% da sequência, com apenas 2 resíduos

localizados na região C-terminal não sequenciados. Os fragmentos obtidos da digestão

enzimática, com suas respectivas regiões na estrutura primária e massas moleculares

teóricas e mensuradas, bem como a acurácia de cada fragmento, estão elencados na

Tabela 2.

A busca por similaridade e alinhamento múltiplo da sequência completa em

banco de dados, mostrou que a proteína apresentava alta identidade com PLA2s

homólogas dos venenos de serpentes do gênero Bothrops, como B. brazili (95,1%), B.

moojeni (92,6%), B. pauloensis (92,4%), B. pirajai, B. leucurus (90,9%) e B. alternatus

(86,8%) (Figura 9). Esta é a primeira descrição de uma PLA2 Lys49 para venenos de

serpentes do gênero Lachesis.

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RESULTADOS

53

Tabela 2. Razão massa/carga (m/z) dos fragmentos obtidos no sequenciamento de LmutTX

Número Fragmento

sequenciado

Região Massa

mensurada

Massa

teórica

Acurácia

(ppm) 1 KLTDCDPKKDR 53-63 1374.6925 1374.69 -1.81

2 YSYSWK 64-69 832.3755 832.38 5.40

3 DKTIVCGENNSCLK 70-83 1636.7549 1636.75 -2.99

4 ELCECDK 84-90 952.3630 952.36 -3.15

5 AVAICLR 91-97 801.4531 801.45 -3.86

6 ENLDTYNKK 98-106 1123.5509 1123.55 -0.80

7 YNYLKPFCK 109-117 1231.6060 1231.60 -4.87

8 KADPC 118-122 532.2315 532.23 -2.81

ppm: partes por milhão

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RESULTADOS

54

Figura 9: Alinhamento múltiplo da sequência de LmutTX com toxinas de venenos botrópicos

A sequência foi analisada no banco de dados UNIPROT, onde teve alta identidade com PLA2s Lys49 dos venenos de serpentes do gênero Bothrops, como B. brazili (MTX-II: I6L8L6), B. moojeni (MjTX-II: Q9I834), B. pauloensis (BnSP-7: Q9IAT9), B. pirajai (PrTX-II: P82287), B. leucurus (BlK-PLA2: P86975) e B. alternatus (BaTX: P86453), respectivamente. Resíduos destacados em amarelo: resíduos que compõem o sítio de ligação ao cálcio; em azul: resíduo do sítio catalítico (*) alta identidade entre as sequências; (.) um resíduo alterado; (:) dois resíduos alterados. O alinhamento está de acordo Renetseder e colaboradores (1985), utilizando a PLA2 pancreática bovina como padrão.

LmutTX SLVELGKMILQETG-KNPVTSYGAYGCNCGVLGSGKPKDATDRCCYVHKCCYKKLT--D-C-----DPKKDRYSYSWKDK

MTX-II SLVELGKMILQETG-KNPAKSYGAYGCNCGVLGRGKPKDATDRCCYVHKCCYKKLT--D-C-----DPKKDRYSYSWKDK

MjTX-II SLFELGKMILQETG-KNPAKSYGVYGCNCGVGGRGKPKDATDRCCYVHKCCYKKLT--G-C-----DPKKDRYSYSWKDK

BnSP-7 -SFELGKMILQETG-KNPAKSYGAYGCNCGVLGRGQPKDATDRCCYVHKCCYKKLT--G-C-----DPKKDRYSYSWKDK

PrTX-II SLFELGKMILQETG-KNPAKSYGAYGCNCGVLGRGKPKDATDRCCYVHKCCYKKLT--G-C-----NPKKDRYSYSWKDK

Blk-PLA2 SLFELGKMILQETG-KNSVKSYGVYGCNCGVGGRGKPKDATDRCCYVHKCCYKKLT--G-C-----DPKKDRYSYSWKDK

BaTX SLFELGKMILQETG-KNPAKSYGAYYCYCGWGGQGQPKDATDRCCYVHKCCYKKLT--G-C-----NPKKDRYSYSWKDK

.*********** ** ..***.* * ** * *:******************** . * :*************

% Identity

LmutTX TIVC-GENNSCLKELCECDKAVAICLRENLDTYNKK--YNYL-KPFCKKADPC

MTX-II TIVC-GENNSCLKELCECDKAVAICLRENLDTYNKKYRNNHL-KPFCKKADPC 95.1

MjTX-II TIVC-GENNSCLKELCECDKAVAICLRENLDTYNKKYRYNYL-KPFCKKADPC 92.6

BnSP-7 TIVC-GENNPCLKELCECDKAVAICLRENLGTYNKKYR-YHL-KPFCKKADPC 92.4

PrTX-II TIVC-GENNPCLKELCECDKAVAICLRENLGTYNKKYR-YHL-KPFCKKADDC 90.9

Blk-PLA2 TIVC-GENNPCLKELCECDKAVAICLRENLGTYNKKYR-YHL-KPFCKKADPC 90.9

BaTX TIVC-GENNSCLKELCECDKAVAICLRENLNTYNKKYR-YYL-KPLCKKADAC 86.8

**** **** ********************.****** :* **:***** *

15 28

85

52

99 123

57-5832 48-49 62-66 73

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RESULTADOS

55

4.1.2. Desenho e síntese de peptídeos oriundos da sequência de LmutTX

Como muitos trabalhos com PLA2s homólogas vêm sugerindo o envolvimento de

regiões específicas da proteína na perturbação de membranas biológicas, foram

desenhados e sintetizados 6 peptídeos, 3 idênticos (PEP 1C – região C-terminal; PEP

3N – região N-terminal; PEP 5 – região compreendendo os resíduos 41-52) e 3

modificados da sequência original do peptídeo (PEP 2Cm, PEP 4Nm e PEP 6), com base

no número de cargas e no grau de hidrofobicidade.

4.1.3. Modelagem molecular de LmutTX

A modelagem por homologia produz resultados razoáveis com base no

pressuposto de que as estruturas terciárias de duas proteínas serão semelhantes se suas

sequências estiverem relacionadas (KROEMER et al., 1996). Para avaliar a validade de

4DCF como um modelo estrutural para modelagem de LmutTX foi examinado a

homologia das sequências. O alinhamento de LmutTX forneceu 95% de identidade com

4DCF. O percentual de resíduos encontrados em regiões favoráveis do gráfico de

Ramachandran (RAMACHANDRAN; RAMAKRISHNAN; SASISEKHARAN, 1963) é um

dos melhores guias para verificar a qualidade estereoquímica de um modelo de proteína

baseado no pressuposto que um bom modelo deve ter mais de 90% dos resíduos em

regiões permitidas (LASKOWSKI et al., 1993). A análise do gráfico de Ramachandran ou

a estrutura de ambos os modelos de LmutTX mostraram que mais de 90,4% dos

aminoácidos estão em regiões favoráveis. A qualidade do modelo foi também avaliada

pela comparação da estrutura predita com o modelo estrutural via sobreposição e desvios

RMS de posições atômicas (RMSD). O traço RMSD do Cα entre LmutTX e o modelo é

de 0,52 Å. Para construir o modelo dimérico foi utilizado o modelo 1IJL. A estrutura

monomérica de LmutTX foi sobreposta nos monômeros A e B do molde. Duas

minimizações foram realizadas. Primeiro com 100 etapas com o método “descida mais

acentuada”, seguido pelas 100 etapas do método “gradiente conjugado”. O traço RMSD

do Cα entre LmutTX dimérica e o modelo dimérico de 1IJL é 0,94 Å. Assim, os modelos

são razoavelmente bons e bastante semelhantes ao molde.

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RESULTADOS

56

Figura 10: Modelagem molecular por homologia de LmutTX

A conformação dimérica de LmutTX foi construída a partir das estruturas cristalográficas de MTX-II de B. brazili (PDB: 4DCF) e uma PLA2 ácida de D. acutus (PDB: 1IJL). Observa-se a conservação das estruturas secundárias da toxina dentro do Grupo IIA das PLA2s secretadas. Monômero A: azul; monômero B: rosa. Em destaque, resíduos de ambos os monômeros localizados na interfase dimérica.

O modelo estrutural de LmutTX apresentou todas as estruturas secundárias

conservadas para as PLA2s do Grupo IIA, como a hélice N-terminal (α1), as duas hélices

longas antiparalelas (α2 e α3), a hélice curta, as duas folhas-β antiparalelas (β-wing) e a

região C-terminal (Figura 10), bem como evidencia alguns resíduos de aminoácidos

localizados na interfase dimérica envolvidos, possivelmente, nas interações não-

covalentes para estabilização do dímero, como Asn16, Tyr109, Leu110 e Lys111 (que

correspondem aos Asn17, Tyr121, Leu122 e Lys123 segundo o sistema de numeração

proposto por Renetseder e colaboradores (1985)).

β-wingHélice curta

Hélice α1

Hélice α3

Hélice α2

Loop de ligação ao Ca2+

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RESULTADOS

57

4.2. Caracterização funcional de LmutTX

4.2.1. Citotoxicidade do VLmm, LmutTX e peptídeos sintéticos sobre células C2C12

diferenciadas em miotubos

Para avaliar o efeito citotóxico do VLmm, LmutTX e peptídeos sintéticos, utilizou-

se uma linhagem de mioblastos murinos (C2C12) diferenciadas em miotubos e diferentes

concentrações de amostra. O VLmm foi citotóxico em todas as concentrações testadas,

tendo ação máxima a partir de 10 µg/poço (Figura 11A), enquanto LmutTX somente a

partir de 40 µg/poço (Figura 11B). Os peptídeos apresentaram baixa citotoxicidade sobre

as células, atingindo aproximadamente 30% de dano celular máximo em 120 µg/poço

com o peptídeo PEP 2Cm (Figura 11D). Os demais tiveram porcentagens abaixo de 20%

para as outras concentrações (Figura 11C, E, F, G e H).

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RESULTADOS

58

Figura 11: Citotoxicidade em células C2C12 diferenciadas em miotubos

O VLmm (A), a toxina isolada (B) e os peptídeos sintéticos (C, D, E, F, G e H) foram incubados com células C2C12 diferenciadas em miotubos por 3 horas em diferentes concentrações de amostra, para um volume final de 200 µL/poço. Controles de 0% e 100% de toxicidade consistiu em meio celular e Triton X-100, respectivamente. Após 3 horas de incubação, alíquotas de 150 µL do sobrenadante foram coletados para determinação da atividade de Desidrogenase láctica (LDH), liberada a partir de danos celulares. A atividade foi realizada em triplicata de poços, para três experimentos individuais. (*) Estatisticamente significativo em relação ao controle positivo (Triton X-100 0,1%) para p<0,05. Controle negativo (C-): meio de cultura celular.

A B

C D

E F

G H

Células C2C12 - VLmm

C- 60 40 20 10 50

20

40

60

80

100

120

***

***

*** *** ***

concentração g/poço

% L

ibera

ção

deL

DH

Células C2C12 - LmutTX

C- 60 40 200

20

40

60

80

100

***

***

concentração g/poço

% L

ibera

ção

de L

DH

Células C2C12 - PEP1C

C- 120 60 30 15 7,50

20

40

60

80

100

concentração g/poço

*** **

% L

ibera

ção

de L

DH

Células C2C12 - PEP2Cm

C- 120 60 30 15 7,50

20

40

60

80

100

****** *

concentração g/poço

% L

ibera

ção

de L

DH

Células C2C12 - PEP3N

C- 120 60 30 15 7,50

20

40

60

80

100

*** *** ***

concentração g/poço

% L

ibera

ção

de L

DH

Células C2C12 - PEP4Nm

C- 120 60 30 15 7,50

20

40

60

80

100

**

concentração g/poço

% L

ibera

ção

de L

DH

Células C2C12 - PEP5

C- 120 60 30 15 7,50

20

40

60

80

100

***

concentração g/poço

% L

ibera

ção

de L

DH

Células C2C12 - PEP6

C- 120 60 30 15 7,50

20

40

60

80

100

* *

concentração g/poço

% L

ibera

ção

de L

DH

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RESULTADOS

59

4.2.2. Atividade hemolítica dos peptídeos sintéticos de LmutTX

Para verificar se os peptídeos derivados de LmutTX poderiam causar hemólise,

estes foram testados na concentração de 600 µg/mL (120 µg/ poço) em suspensão de

hemácias. Observa-se na figura que nenhum dos peptídeos foram hemolíticos, pois não

houve diferença estatística entre o controle negativo e os peptídeos (Figura 12).

Figura 12: Atividade de hemólise dos peptídeos derivados de LmutTX

C-

C+

PEP

1C

PEP

2Cm

PEP

3N

PEP

4Nm

PEP

5

PEP

6

0

20

40

60

80

100***

# # # # # # #

% H

em

óli

se

Os peptídeos foram incubados numa suspensão de hemácias a 4% na concentração única de 600 µg/mL por 1 hora, com um volume final de 200 µL. Controles de 0 e 100% de hemólise consistiu de PBS e Triton X-100 0,1%, respectivamente. Após este período, as alíquotas foram centrifugadas e os sobrenadantes coletados para mensurar a liberação de hemoglobina em 540 nm. A atividade foi realizada em triplicata de poços a partir de dois experimentos individuais. ***Estatisticamente diferente do controle negativo. #Estatisticamente diferente do controle positivo para p<0,05. C-: controle negativo (PBS). C+: controle positivo (Triton X-100 0,1%).

4.2.3. Atividade antiparasitária sobre diferentes protozoários de importância médica

O VLmm, as frações da cromatografia de exclusão molecular (LmS-1 a LmS-4) e

a toxina LmutTX foram testados sobre cepas de Trypanosoma cruzi, Leishmania infantum

e Plasmodium falciparum. O VLmm mostrou-se efetivo contra formas epimastigotas de

T. cruzi, inibindo completamente o crescimento destes parasitas na concentração de 12,5

µg/mL (Figura 13A), contudo esta mesma atividade não ocorreu com formas

promastigotas de L. infantum, onde o IC50 foi de 100 µg/mL (Figura 13B). Uma ação

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RESULTADOS

60

significativa também foi observada para P. falciparum, onde o VLmm apresentou um IC50

de 0,11 µg/mL (Tabela 3).

Figura 13: Atividade leishmanicida e tripanocida do VLmm, frações e LmutTX

Diferentes concentrações de VLmm (1,6 a 100 µg/mL) e frações/ LmutTX (PLA2) (100 µg/mL) foram incubadas com formas epimastigotas de Trypanosoma cruzi (Clones CL-B5) (A, C) e promastigotas de Leishmania infantum (MCAN/ES/92/BCN83) (B, D). Após o período de incubação, as placas foram lidas em 595 nm e o percentual de inibição do crescimento dos parasitas determinado. O ensaio foi realizado em triplicata. Os resultados foram expressos como média ± desvio padrão (n=5) e submetidos à análise de variância (ANOVA) seguido pelo pós-teste de Tukey (*) Valores significativos quando comparados com o grupo controle (p<0,05).

As frações LmS-1, LmS-2 e LmS-4 inibiram aproximadamente 30% do

crescimento de T. cruzi na concentração teste de 100 µg/mL (Figura 13C); uma atividade

semelhante foi observada sobre L. infantum com as mesmas frações (Figura 13D), não

sendo possível desta maneira determinar o IC50. A cepa de P. falciparum, porém,

mostrou-se mais sensível a ação das frações (incluindo LmS-3), as quais apresentaram

Trypanosoma cruzi - VLmm

0

20

40

60

80

100

C+ 1,6 3,12 6,25 12,5 25 50 100

Concentração g/mL

*

*

*

Ativid

ad

e a

nti-e

pim

astig

ota

s (

%)

Leishmania infantum - VLmm

0

20

40

60

80

100

C+ 1,6 3,12 6,25 12,5 25 50 100

Concentração g/mL

* **

** *

*

Ativid

ad

e a

nti-p

rom

astig

ota

s (

%)

Trypanosoma cruzi - Frações

0

20

40

60

80

100

C+ LmS-1 LmS-2 PLA2 LmS-4

* * *

100 g/mL

Ativid

ad

e a

nti-e

pim

astig

ota

s (

%)

Leishmania infantum - Frações

0

20

40

60

80

100

C+ LmS-1 LmS-2 PLA2 LmS-4

* * *

100 g/mL

Ativid

ad

e a

nti-p

rom

astig

ota

s (

%)

A B

C D

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RESULTADOS

61

IC50 entre 0,11 a 12,79 µg/mL (Tabela 4). LmutTX não teve atividade contra as formas

epimastigotas e promastigotas de T. cruzi e L. infantum, respectivamente (Figura 13C e

D), mas exibiu ação contra P. falciparum, obtendo um IC50 de 105 µg/mL (Tabela 3).

Tabela 3. Resultados de IC50 do VLmm, frações e LmutTX contra cepa de P. falciparum

W2

Amostra IC50

VLmm 0,11 µg/mL

LmS-1 0,36 µg/mL

LmS-2 0,25 µg/mL

LmS-3 0,42 µg/ mL

LmS-4 12,79 µg/mL

LmutTX 105 µg/mL

Artemisinina 0,0071 µg/mL

4.2.4. Atividade antibiofilme do VLmm, frações e LmutTX

Na avaliação da atividade antibiofilme, o VLmm reduziu em mais de 90% a

formação de biofilme de S. epidermidis (Figura 14A), enquanto que de S. aureus houve

inibição de 80% (Figura 14B). Das frações avaliadas, LmS-1 inibiu completamente a

formação de biofilme de S. epidermidis e ~80% de S. aureus. As demais frações (LmS-2

e LmS-4) inibiram ~50-70% em ambas as cepas. LmutTX também inibiu a formação de

biofilme na concentração teste de 100 µg/mL, com ~50% e ~70% para S. epidermidis e

S. aureus, respectivamente (Figura 14A e B).

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RESULTADOS

62

Figura 14: Avaliação da atividade antibiofilme de VLmm, frações e LmutTX

O VLmm, as frações e a toxina LmutTX foram incubados com cepas de (A) S. epidermidis e (B) S. aureus na concentração de 100 µg/mL por 24 horas. A inibição da formação de biofilme foi avaliada pela camada de biofilme corada com cristal violeta 0,4%. O ensaio foi realizado em triplicata de dois experimentos individuais, e os resultados expressos como média ± desvio padrão, seguido pela análise de variância (ANOVA) e pós-teste de Tukey para p<0,05. ***Estatisticamente diferente do controle positivo (vancomicina).

4.2.5. Atividade antibacteriana de LmutTX e peptídeos sintéticos sobre diferentes

bactérias gram-positivas e gram-negativas

Para verificar a ação antibacteriana de LmutTX, esta foi testada sobre cepas

gram-positivas (S. aureus e MRSA) e gram-negativas (E. coli, P. aeruginosa e K.

pneumoniae) na concentração de 12,5 µg/mL nos períodos de 24 e 48 horas. A inibição

do crescimento bacteriano pela toxina alcançou aproximadamente 60% para S. aureus e

MRSA; ~35% para P. aeruginosa em 24 horas, atingindo 50% em 48 horas; e ~30% para

K. pneumoniae em ambos os períodos de incubação (Figura 15). LmutTX não foi capaz

de inibir o crescimento de E. coli na concentração testada.

Staphylococcus epidermidis

C+ VLmm LmS-1 LmS-2 LmutTX LmS-40

20

40

60

80

100

***

*** ***

***

100 g/mL

% F

orm

ação d

e B

iofil

me

Staphylococcus aureus

C+ VLmm LmS-1 LmS-2 LmutTX LmS-40

20

40

60

80

100

***

*** ******

100 g/mL

% F

orm

ação d

e B

iofil

me

A B

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RESULTADOS

63

Figura 15: Atividade antibacteriana de LmutTX sobre diferentes bactérias nos períodos de 24 e 48 horas

SA

SA

MRSA P

AKP

EC

SA

MRSA P

AKP

EC

0

20

40

60

80

100

Imipenem

******

******

*** ***

***

***

24 horas 48 horas

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

O potencial antibacteriano de LmutTX foi testado sobre diferentes cepas de bactérias na concentração única de 12,5 µg/mL nos períodos de 24 e 48 horas, utilizando Imipenem como antibiótico controle. A absorbância foi mensurada em 630 nm e os resultados expressos como média ± Desvio padrão, seguido pela análise de variância por ANOVA e pós-teste de Tukey considerando o nível de significância para p<0,05. SA: Staphylococcus aureus ATCC 29213; MRSA: S. aureus resistente a meticilina; PA: Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853; KP: Klebsiella pneumoniae ATCC 13883; EC: Escherichia coli ATCC 25922.

Como as cepas mais sensíveis à ação de LmutTX foram S. aureus, MRSA e P.

aeruginosa, estas foram selecionadas para avaliação da atividade antimicrobiana com os

peptídeos sintéticos. Dos peptídeos N-terminal (PEP3N e PEP4Nm), somente PEP3N

inibiu o crescimento de S. aureus, com ~30% de inibição em 24 horas e ~45% em 48

horas (Fig. 16C), enquanto que o PEP4Nm (modificado) não apresentou atividade

significativa nas concentrações testadas (Fig. 16D). Resultados similares foram

observados para os demais peptídeos, como PEP1C e PEP2Cm (C-terminal) (Fig. 16A e

B) e PEP5 e PEP6 (segmento 41-52) (Fig. 16E e F) que inibiram de 20 a 40% em ambos

os períodos.

Sobre P. aeruginosa, somente os peptídeos PEP2Cm e PEP3N apresentaram

atividade inibitória significativa. PEP2Cm inibiu completamente o crescimento dessas

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RESULTADOS

64

cepas na concentração de 125 µg/mL e ~90% em 62,5 µg/mL em 24 horas, mantendo

aproximadamente 80% desta atividade no período de 48 horas (Fig. 16H). PEP3N inibiu

~50% do crescimento de P. aeruginosa nas concentrações de 125 e 62,5 µg/mL em 24

horas, diminuindo em 10% esta ação em 48 horas (Figura 16I).

MRSA mostrou-se mais sensível à ação dos peptídeos PEP1C, PEP2Cm e

PEP4Nm, porém em proporções diferentes. PEP1C inibiu 60% destas cepas nas

concentrações de 125 e 62,5 µg/mL em 24 horas (Fig. 16N), enquanto PEP2Cm inibiu

completamente seu crescimento nas concentrações de 125 a 15,6 µg/mL e ~95% em 7,8

µg/mL no período de 24 horas, mantendo esta ação por 48 horas na concentração mínima

(15,6 µg/mL) (Figura 16O). O peptídeo PEP 4Nm inibiu aproximadamente 90% do

crescimento de MRSA em 125 e 62,5 µg/mL, conservando 80% desta atividade num

período mais prolongado.

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RESULTADOS

65

Figura 16: Atividade antimicrobiana dos peptídeos derivados de LmutTX sobre cepas Gram-positiva e Gram-negativa nos períodos de 24 e 48 horas

A B

C D

E F

Os peptídeos foram diluídos nas concentrações de 125; 62,5; 31,2; 15,6 e 7,8 µg/mL e incubados com S. aureus ATCC 29213, MRSA e P. aeruginosa ATCC 27853 nos períodos de 24 e 48 horas e a absorbância mensurada em 630 nm. Como controle positivo foi utilizado cloranfenicol. O ensaio foi realizado em triplicata, de três experimentos individuais e os resultados expressos como Média ± Desvio padrão, seguido pela análise de variância por ANOVA e pós-teste de Tukey para p<0,05. (*) em relação ao controle de crescimento.

S. aureus - PEP1C

0

20

40

60

80

100

** *** *** *****

*** ******

******

24 horas 48 horas

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

S. aureus - PEP2Cm

0

20

40

60

80

100

24 horas 48 horas

** ** *****

******

****** ***

***

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

S. aureus - PEP3N

0

20

40

60

80

100

****** ***

******

***

******

***

***

24 horas 48 horas

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

S. aureus - PEP4Nm

0

20

40

60

80

100

* * *

24 horas 48 horas

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

S. aureus - PEP5

0

20

40

60

80

100

*** ** *

*

******

******

**

24 horas 48 horas

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

S. aureus - PEP6

0

20

40

60

80

100

*** **

*

***** ** **

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

24 horas 48 horas

Cloranfenicol

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

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RESULTADOS

66

G H

I J

L M

Os peptídeos foram diluídos nas concentrações de 125; 62,5; 31,2; 15,6 e 7,8 µg/mL e incubados com S. aureus ATCC 29213, MRSA e P. aeruginosa ATCC 27853 nos períodos de 24 e 48 horas e a absorbância mensurada em 630 nm. Como controle positivo foi utilizado cloranfenicol. O ensaio foi realizado em triplicata, de três experimentos individuais e os resultados expressos como Média ± Desvio padrão, seguido pela análise de variância por ANOVA e pós-teste de Tukey para p<0,05. (*) em relação ao controle de crescimento.

P. aeruginosa - PEP1C

0

20

40

60

80

100

24 horas 48 horas

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

P. aeruginosa - PEP2Cm

0

20

40

60

80

100

***

24 horas 48 horas

******

***125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

P. aeruginosa - PEP3N

0

20

40

60

80

100

****** *

**

24 horas 48 horas

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

P. aeruginosa_PEP4Nm

0

20

40

60

80

100

24 horas 48 horas

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

P. aeruginosa_PEP5

0

20

40

60

80

100

24 horas 48 horas

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

P. aeruginosa_PEP6

0

20

40

60

80

100

24 horas 48 horas

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

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RESULTADOS

67

N O

P Q

R S

Os peptídeos foram diluídos nas concentrações de 125; 62,5; 31,2; 15,6 e 7,8 µg/mL e incubados com S. aureus ATCC 29213, MRSA e P. aeruginosa ATCC 27853 nos períodos de 24 e 48 horas e a absorbância mensurada em 630 nm. Como controle positivo foi utilizado cloranfenicol. O ensaio foi realizado em triplicata, de três experimentos individuais e os resultados expressos como Média ± Desvio padrão, seguido pela análise de variância por ANOVA e pós-teste de Tukey para p<0,05. (*) em relação ao controle de crescimento.

MRSA - PEP1C

0

20

40

60

80

100

24 horas 48 horas

***

***

*****

****

**

***

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

MRSA - PEP2Cm

0

20

40

60

80

100

120

*** *** *** ******

*** *** *** ***

***

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

24 horas 48 horas

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

MRSA - PEP3N

0

20

40

60

80

100

*

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

24 horas 48 horas

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

MRSA - PEP4Nm

0

20

40

60

80

100

***

***

*

***

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

*** ***

24 horas 48 horas

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

MRSA - PEP5

0

20

40

60

80

100

*

125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

24 horas 48 horas

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

MRSA - PEP6

0

20

40

60

80

100125 g

62,5 g

31,2 g

15,6 g

7,8 g

Cloranfenicol

24 horas 48 horas

% In

ibiç

ão

bacte

rian

a

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DISCUSSÃO

68

5. DISCUSSÃO

A busca por moléculas farmacologicamente úteis para a população, evidenciou

a riqueza da flora e fauna como verdadeiras fontes naturais para o desenvolvimento de

novos medicamentos. Dentre os recursos da biodiversidade, os venenos de serpentes

mostram-se propícios a descoberta de compostos ou atividades biológicas com potencial

terapêutico, pela variedade de proteínas, enzimas e peptídeos. Apesar do alto custo

temporal e financeiro até o desenvolvimento de um protótipo-líder de biofármaco, a

caracterização desses venenos é a porta de entrada para possíveis aplicações

biotecnológicas. Poucas proteínas foram isoladas dos venenos de Lachesis muta muta,

o que permite a identificação de moléculas, comuns a outros gêneros, porém

desconhecidas para essas.

Este trabalho descreve pela primeira vez, o isolamento e a caracterização de uma

PLA2 homóloga a partir do veneno de L. m. muta, denominada LmutTX. A purificação da

proteína seguiu metodologias comumente utilizadas para obtenção de PLA2s Asp49 dos

venenos laquéticos, como LmTX-I, LmTX-II, LM-PLA2-I e LM-PLA2-II, que consistem de

uma cromatografia de exclusão molecular (1ª etapa) e uma cromatografia de fase reversa

(2ª etapa) (DAMICO et al., 2006; FULY et al., 2002). A grande variabilidade na expressão

dessas proteínas nos venenos do gênero Lachesis (SANZ et al., 2008) pode ter sido um

dos fatores que dificultou sua purificação prévia, bem como sua identificação por estudos

transcriptômicos (JUNQUEIRA-DE-AZEVEDO et al., 2006). Análise proteômica realizada

por Sanz e colaboradores (2008) com diferentes espécimes de Lachesis muta, identificou

num dos venenos um fragmento peptídico com sequência similar a PLA2s Lys49,

demonstrando que estas proteínas não estão ausentes nesses venenos, mas que de

alguma maneira não são identificadas em todos os venenos de Lachesis, o que valida os

resultados obtidos com LmutTX.

Esta proteína de 13.889 Da e destituída de atividade fosfolipásica sobre substrato

artificial, apresentou alta identidade com PLA2s homólogas dos venenos botrópicos,

diferindo apenas em 5 resíduos (Val19, Thr20, Ser34, Tyr119 e Tyr121), além de 2 não

sequenciados (posições 117 e 118). Os resíduos que formam o sítio ativo (His48, Asp99,

Tyr52 e Tyr73) encontram-se conservados, bem como as substituições de Tyr28→Asn,

Gly32→Leu e Asp49→Lys que impossibilita a coordenação ao Ca2+. As estruturas

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DISCUSSÃO

69

secundárias e terciárias mostram-se conservadas dentro do grupo IIA das PLA2s

secretadas (ARNI; WARD, 1996; FERNANDES et al., 2013). Alguns resíduos de

aminoácidos como Asn16, Tyr109, Leu110 e Lys111 foram evidenciados na modelagem

molecular de LmutTX como possíveis sítios de interação interfacial entre os dois

monômeros. Alguns desses resíduos (Asn16 e Tyr109) foram observados em outras

estruturas, como PrTX-I e BthTX-I complexadas com ligantes, onde Asn16-Tyr109 e

Tyr109-Tyr109 são mantidas por ligações de hidrogênio (SANTOS; SOARES; FONTES,

2009).

Analisando a sequência de LmutTX e correlacionando-a com as características

estruturais das PLA2s homólogas discutidas anteriormente, observa-se que muitos

resíduos pertencentes ao canal hidrofóbico ou a região C-terminal dispostos na interface

dimérica, são pouco conservados, podendo variar de espécie para espécie. Por exemplo,

os resíduos Lys20 e Lys122 que poderiam complementar o “sítio de Docking na

membrana (MDoS)” (FERNANDES et al., 2013) não estão presentes em LmutTX (apenas

Lys123), assim como Phe121 e Phe124 responsáveis pela formação do nó hidrofóbico

na região C-terminal (AMBRÓSIO et al., 2005), somente Phe125. Essa variação na região

C-terminal é descrita por Fernandes e colaboradores (2013), onde a sobreposição das

estruturas de BbTX-II e MTX-II revelaram que as principais diferenças entre elas estão

localizadas no loop de ligação ao Ca2+ e na região C-terminal. Esses dois locais

juntamente com o sítio ativo e o canal hidrofóbico formam a superfície de contato, ligação

e perturbação das membranas celulares. Modificações nessa região pode distinguir

funcionalmente uma proteína da outra. A análise de estruturas cristalográficas também

mostra diferenças no sítio de ligação ao substrato (AMBROSIO et al., 2005; DELATORRE

et al., 2011; DOS SANTOS; SOARES; FONTES, 2009; HOLLAND et al., 1990; MARCHI-

SALVADOR et al., 2009), sugerindo que, apesar da alta identidade em suas sequências

e a conservação da estrutura secundária e terciária, alterações em resíduos chaves

podem fazer com que as PLA2s apresentem diferentes graus de toxicidade.

Kini e colaboradores (2003) relatam que a variação nos efeitos tóxicos das PLA2s

baseia-se nas diferenças de penetrabilidade da proteína em membranas. Este efeito

pode ser resultado de mutações em resíduos importantes para a interação com a

membrana ou com ligantes. Um exemplo é a toxina BthTX-II (uma PLA2 Asp49 isolada

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DISCUSSÃO

70

do veneno de B. jararacussu) que apresenta baixa atividade enzimática, devido ao fato

da cadeia lateral da Tyr28 estar posicionada ao lado oposto em relação ao mesmo

resíduo em outras PLA2s Asp49, dificultando a coordenação do Ca2+ (CORRÊA et al.,

2008). Essa mesma característica pode ser expandida para as PLA2s Lys49 cuja região

C-terminal é bastante variável (FERNANDES et al., 2010), de modo que pequenas

alterações podem facilitar ou não a perturbação das bicamadas.

As PLA2s Lys49 induzem mionecrose por mecanismos independentes da

hidrólise de fosfolipídios (FERNÁNDEZ et al., 2013). A perturbação da bicamada pode

desencadear, como consequência, o influxo de Ca2+ e a liberação de K+ e ATP para o

meio extracelular (CINTRA-FRANCISCHINELLI et al., 2009, 2010), que pode envolver a

participação de receptores purinérgicos estimulados por moléculas de ATP liberadas,

aumentando a extensão do dano tecidual. Diversos mecanismos vêm sendo propostos

para explicar sua ação tóxica sobre membranas celulares (AMBRÓSIO et al., 2005;

SANTOS et al., 2009; FERNANDES et al., 2013), contudo compreender a relação

estrutura-função destas toxinas tão peculiares não é tarefa simples. Por isso, a utilização

de modelos celulares in vitro proporciona novas possibilidades para o estudo de seu

mecanismo miotóxico e citotóxico (ANGULO; LOMONTE, 2005; VILLALOBOS et al.,

2007).

Na avaliação da citotoxicidade in vitro sobre células C2C12 diferenciadas em

miotubos, LmutTX foi citotóxica a partir de 40 µg/poço, concentração acima da

encontrada para BthTX-I (PLA2 Lys49 de B. jararacussu), que em 20 µg/poço diminui

60% da viabilidade dessas células (dados não mostrados), contudo LmutTX foi similar a

algumas miotoxinas avaliadas por Lomonte e colaboradores (1999). Os autores

observaram que as 14 PLA2s avaliadas, incluindo representantes de Bothrops,

Trimeresurus, Agkistrodon e Crotalus, mostraram uma rápida atividade citotóxica sobre

miotubos C2C12 que em células endoteliais. As concentrações de 20 e 80 µg/poço

usadas nos experimentos foram suficientes para induzir citotoxicidade sobre miotubos,

porém nem todas as miotoxinas apresentaram o mesmo grau de toxicidade na

concentração de 20 µg/poço, como observado para LmutTX.

Diferenças também foram observadas para Mt-II (Lys49) de B. asper e LmTX-I

(Asp49) de L. m. muta, onde Mt-II foi citotóxica a partir de 10 µg/poço, enquanto LmTX-I

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DISCUSSÃO

71

não afetou a viabilidade das células em nenhuma das concentrações testadas (10 a 40

µg/poço) (VILLALOBOS et al., 2007; DAMICO et al., 2007). Há um certo grau de diferença

nas atividades tóxicas induzidas por PLA2s Lys49, dependendo do tipo celular. O que

torna estas proteínas com sequências e estruturas tão semelhantes, serem distintas em

seu modo de ação dependendo da célula? Mudanças conformacionais? Sítios de

interação mais favoráveis as suas particularidades na célula alvo? Receptores? A

diferença de citotoxicidade observada para LmutTX pode ser devida a alterações de

resíduos presentes na rede catalítica, como os citados acima, que dificultaram sua

atividade em miotubos C2C12 na concentração mínima.

A ação citolítica das PLA2s Lys49 não se restringe a células musculares, mas se

expande a outros tipos celulares, como células endoteliais (LOMONTE et al., 1994),

macrófagos (TONELLO et al., 2012), linfócitos (MARCUSSI et al., 2013) e células de

linhagens tumorais (GEBRIM et al., 2009; SOBRINHO et al., 2016), sugerindo um

mecanismo pouco seletivo, mas inerente as suas características estruturais.

Os peptídeos sintéticos de LmutTX também foram avaliados em miotubos

C2C12, porém não apresentaram efeito citotóxico significativo quando comparados a

proteína inteira. Apenas PEP2Cm foi capaz de diminuir 30% da viabilidade celular na

maior concentração analisada (120 µg/poço). Lomonte e colaboradores (1999) relataram

o aumento nas atividades de dano a membrana em células endoteliais (tEnd) e

procarióticas (E. coli) e na miotoxicidade in vivo do peptídeo p115-W3 com 3 substituições

de Tyr→Trp. Segundo os autores, o dano na membrana provocado por peptídeos

desenhados a partir do segmento 115-129 de PLA2s homólogas depende de seu caráter

anfipático. Por isso, as modificações realizadas em p115-W3 aumentaram sua ação

citotóxica e mimetizaram os efeitos tóxicos da proteína nativa. Apesar das modificações,

p115-W3 não foi hemolítico, assim como os peptídeos descritos no presente trabalho.

Nenhum dos peptídeos C-terminais de PLA2s Lys49 estudados até o momento

apresentaram atividade hemolítica (LOMONTE; ÂNGULO; MORENO, 2010; SANTOS-

FILHO et al., 2015).

Alguns dos peptídeos 115-129 são mais ativos que outros, apresentando

diferenças na citotoxicidade in vitro e na miotoxicidade in vivo (NÚNEZ; ANGULO;

LOMONTE, 2001), contudo podem ter suas atividades abolidas quando suas sequências

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DISCUSSÃO

72

de aminoácidos são randomicamente posicionados, demonstrando a importância de uma

distribuição espacial que favoreça a ligação e a perturbação das membranas biológicas

(LOMONTE; ANGULO; SANTAMARÍA, 2003). Estudos de mutagênese sítio dirigida de

alguns aminoácidos presentes nas PLA2s homólogas de serpentes (como por exemplo,

Lys, Phe, His, Tyr, Leu, Arg e Asp, em diversas partes da molécula, por Alanina) mostram

que os determinantes estruturais dos efeitos biológicos (miotoxicidade, citotoxicidade,

atividade antimicrobiana e danos na membrana de lipossomas) induzidos pelas toxinas

estão localizados majoritariamente na região C-terminal (CHIOATO et al., 2007),

confirmando os resultados obtidos com peptídeos sintetizados a partir desse segmento.

Peptídeos C-terminais derivados de PLA2s Lys49 também apresentam

citotoxicidade sobre diferentes linhagens de células tumorais oriundas de leucemia

linfoide (Jurkat), adenocarcinoma (SKBR3), melanoma (B16F10), sarcoma (S180)

(GEBRIM et al., 2009), mieloma (P3X) e de mama (EMT6) (ARAYA; LOMONTE, 2007),

além de uma ampla atividade sobre células bacterianas. Essa mesma região em

BpirPLA2-I, uma PLA2 Asp49 ácida de B. pirajai, é responsável pela atividade

antiplaquetária apresentada pela proteína inteira, contudo esse segmento é rico em

aminoácidos aniônicos e hidrofílicos, ao contrário dos encontrados em PLA2 Lys49

(TEIXEIRA et al., 2011). Muitas atividades biológicas de determinadas proteínas estão

relacionadas a pequenas porções da molécula, por isso a identificação e a caracterização

dessas regiões são etapas fundamentais para a prospecção de novos agentes com

potencial terapêutico.

A região C-terminal de PLA2s Lys49 compreende uma combinação variável de

resíduos catiônicos e hidrofóbicos, próprios de muitas classes de AMPs (BROGDEN,

2005). As propriedades estruturais e físico-químicas dos AMPs desempenham um papel

essencial na determinação da especificidade por células alvo. Esses peptídeos podem

ter estruturas secundárias de α-hélice, folha-β com uma ou várias pontes dissulfeto, alças

ou formas estendidas; apresentam carga superficial de 2+ a 9+, formada por resíduos de

lisina ou arginina, e porções substanciais de resíduos hidrofóbicos. Peptídeos aniônicos

ou constituídos por aminoácidos incomuns são descritos (PUSHPANATHAN;

GUNASEKARAN; RAJENDHRAN, 2013). Essa diversidade de formas, tamanhos, cargas

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DISCUSSÃO

73

e hidrofobicidade possibilita um amplo espectro de atividades sobre microrganismos

patogênicos.

Na avaliação antimicrobiana de LmutTX, a proteína não apresentou atividade

significante sobre os protozoários testados. Resultados similares foram obtidos por Costa

Torres e colaboradores (2010), onde a toxina BmarPLA2 (PLA2 Lys49 de B. marajoensis)

não teve ação contra cepas de Leishmania amazonensis e L. chagasi. Ao contrário das

PLA2s Asp49 que por agirem diretamente sobre os fosfolipídios de membranas

biológicas, podem induzir a morte numa variedade de parasitas, as PLA2s Lys49

necessitam, com base em dados experimentais e mecanismos de ação propostos (DÍAZ

et al., 2001; FERNANDES et al., 2013), de domínios favoráveis na bicamada (fosfolipídios

aniônicos) para sua atividade. Nisso, as bactérias mostram-se propícias, pois apresentam

pelo menos 15% de lipídios aniônicos (fosfatidilglicerol e cardiolipina), juntamente com

lipopolissacarídeos (LPS) e ácidos lipoteicoicos (LTA) ou peptideoglicanos, que

proporcionam a seletividade de muitos agentes antimicrobianos catiônicos (EPAND;

EPAND, 2009).

Na atividade de antibiofilme, tanto as frações quanto LmutTX inibiram

significativamente a formação do biofilme de S. epidermidis e S. aureus, mostrando uma

maior ação por este tipo de patógeno. Estudos recentes publicaram o isolamento de uma

Lectina tipo C de B. jararacussu com atividade antibiofilme. A proteína foi capaz de

promover o rompimento e prevenir a formação dos biofilmes de S. epidermidis e S.

aureus, sem afetar o crescimento das bactérias, possivelmente pela interação com

domínios de reconhecimento a carboidratos presentes no biofilme de ambas as cepas

(KLEIN et al., 2015).

LmutTX mostrou atividade contra cepas bacterianas gram-negativas e gram-

positivas. A ação antibacteriana de PLA2s homólogas é bem descrita, como para BnuTX-

I (B. n. urutu) com atividade sobre P. aeruginosa (CORRÊA et al., 2016); MTX-II (B.

brazili) sobre E. coli (COSTA et al., 2008); CoaTX-II (C. o. abyssus) sobre P. aeruginosa,

E. coli e S. aureus (ALMEIDA et al., 2016); e MjTX-II sobre E. coli (STÁBELI et al., 2006).

Estas toxinas afetam a integridade da membrana celular por mecanismos independentes

da hidrólise de fosfolipídios, causando efeitos tóxicos irreparáveis pela célula (SAMY;

SETHI; LIM, 2016).

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DISCUSSÃO

74

Dentre os peptídeos sintéticos de LmutTX testados neste trabalho, o PEP2Cm

inibiu 100% do crescimento bacteriano das cepas de P. aeruginosa (125 µg/mL) e MRSA

(15,6-125 µg/mL). O peptídeo PEP1C também teve ação sobre MRSA, porém menor que

o peptídeo modificado. Essa diferença de atividade pode estar associada ao nível de

hidrofobicidade entre os dois peptídeos C-terminais (PEP1C→25% e PEP2Cm→41,67%)

ou mesmo por alterações conformacionais favoráveis originadas após modificação dos

resíduos de Tyr→Trp em PEP2Cm, uma vez que o número de cargas positivas é

igualmente disposto entre eles. O peptídeo PEP4Nm, derivado da região N-terminal,

também teve atividade sobre MRSA, inibindo 90% do crescimento desta cepa nas

concentrações de 125 e 62,5 µg/mL.

Os peptídeos derivados da região C-terminal de PLA2s homólogas vêm sendo o

foco de muitas pesquisas, com o intuito de elucidar sua contribuição no mecanismo da

ação miotóxica destas proteínas e/ou no uso como possíveis agentes antimicrobianos

(PÁRAMO et al., 1998; COSTA et al., 2008) e antitumorais (ARAYA; LOMONTE, 2007;

GEBRIM et al., 2009; LOMONTE; ANGULO; MORENO, 2010; SOBRINHO et al., 2016).

O peptídeo p115-129 da miotoxina II (B. asper) mostrou potente atividade contra cepas

de E. coli e S. aureus, mas não em cepas de Brucella abortus, via interação inicial com

moléculas de LPS e LTA, respectivamente, seguida por alterações morfológicas

irreversíveis na membrana e morte celular (PÁRAMO et al., 1998). Peptídeos variantes a

partir de p115-129 mostraram diferenças na toxicidade in vitro e nas atividades

antibacterianas sobre Salmonella typhimurium, Staphylococcus aureus e B. abortus. Um

deles, denominado pEM-2 teve relevante ação contra S. typhimurium e baixa

citotoxicidade sobre mioblastos C2C12, interagindo também com LPS (SANTAMARÍA et

al., 2005).

A relevância de LPS na superfície de bactérias gram-negativas para a atividade

desses peptídeos foi evidente, quando moléculas de LPS de S. typhimurium foram

inseridas na membrana externa de B. abortus (na qual apresenta um tipo de LPS distinto

do expresso em E. coli), aumentando sua suscetibilidade pelo peptídeo. Isto sugere uma

atração eletrostática inicial de pEM-2 por LPS, uma vez que estes componentes,

juntamente com lipoproteínas e fosfolipídios, concede as membranas externas de

bactérias gram-negativas, uma forte carga negativa (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012),

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DISCUSSÃO

75

facilitando a interação com peptídeos catiônicos. Além da atividade antibacteriana, pEM-

2 apresentou atividade antifúngica sobre uma variedade de espécies de Candida, sendo

capaz de inibir 100% do crescimento desses fungos em ~10 µg/mL (MURILLO et al.,

2007).

Um peptídeo C-terminal derivado de BthTX-I (B. jararacussu), denominado p-

BthTX-I, foi mais ativo sobre cepas de E. coli do que S. aureus, porém não inibiu o

crescimento de Candida albicans. No trabalho, os autores demonstraram que p-BthTX-I

forma dímeros em solução devido a presença de resíduos de Cys na sequência, esta

estrutura dimérica ((p-BthTX-I)2) quando sintetizada mostrou mais atividade

antibacteriana que a estrutura monomérica (SANTOS-FILHO et al., 2015). Ao contrário

do observado com peptídeos C-terminais derivados de PLA2s homólogas, (p-BthTX-I)2

não promoveu lise celular, nem foi capaz de interagir com a membrana.

Dentre os peptídeos avaliados no presente trabalho, o PEP2Cm apresentou

maior seletividade para MRSA quando comparado a S. aureus e P. aeruginosa, pois não

apenas inibiu completamente o crescimento desta bactéria em baixas concentrações,

como também manteve sua atividade por 48 horas.

O mecanismo de ação deste peptídeo é desconhecido, mas suas características

catiônicas e hidrofóbicas podem favorecer interações eletrostáticas entre componentes

da membrana externa e da parede celular de bactérias Gram-positivas, como os ácidos

teicoicos (carregados negativamente pela presença de grupos fosfatos) (TORTORA;

FUNKE; CASE, 2012), e auxiliar na inserção de resíduos hidrofóbicos na bicamada. Por

outro lado, uma ação mais específica não pode ser descartada, ao pensar que S. aureus

e MRSA devem compartilhar propriedades físico-químicas e estruturais de suas

membranas e paredes celulares, propícias à atividade de PEP2Cm, contudo cepas S.

aureus foram menos sensíveis ao peptídeo, sugerindo que outros fatores (ou alvos

moleculares) podem estar envolvidos na atividade sobre MRSA.

O conhecimento acerca dos mecanismos pelos quais bactérias se adaptam ao

ambiente contendo antimicrobianos não acompanha o ritmo de crescimento do número

de cepas resistentes. A busca por novos agentes antimicrobianos, eficazes em driblar

essa resistência ou facilitar a ação de antibióticos convencionais, é uma campanha

mundial, e a utilização de diversas fontes naturais pode tornar este objetivo possível. A

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DISCUSSÃO

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caracterização de LmutTX e peptídeos sintéticos possibilitou a identificação de moléculas

com atividades antimicrobianas relevantes, que poderão maneira, contribuir na luta

contra microrganismos patogênicos.

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CONCLUSÃO

77

6. CONCLUSÃO

▪ Uma PLA2 homóloga foi isolada do veneno de Lachesis muta muta, denominada

LmutTX, com alta identidade com PLA2s Lys49 dos venenos de serpentes do

gênero Bothrops.

▪ LmutTX apresentou atividade citotóxica sobre miotubos C2C12 a partir de 40

µg/poço.

▪ Peptídeos sintéticos a partir de três regiões distintas da molécula (regiões C-

terminal, N-terminal e segmento 41-52) mostraram baixa citotoxicidade sobre

miotubos C2C12 e não foram hemolíticos.

▪ LmutTX apresentou atividade contra a formação de biofilme de Staphylococcus

epidermidis e Staphylococcus aureus e atividade antibacteriana sobre bactérias

Gram-positivas (S. aureus e MRSA) e Gram-negativas (Pseudomonas aeruginosa

e Klebsiella pneumoniae), porém não mostrou ação significativa contra T. cruzi, L.

infantum e P. falciparum.

▪ Dentre os peptídeos testados, PEP2Cm exibiu relevante atividade antibacteriana,

inibindo 100% do crescimento de MRSA e de P. aeruginosa, prolongando esta

ação pelo período de 48 horas sobre cepas MRSA.

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