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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Veterinária
Dissertação
Investigação de plantas medicinais e tóxicas em
Pelotas-RS e determinação da atividade antifúngica
frente a Malassezia pachydermatis
Claudia Giordani
Pelotas, 2013
CLAUDIA GIORDANI
Investigação de plantas medicinais e tóxicas em Pelotas-RS e determinação da atividade antifúngica frente a Malassezia pachydermatis
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Veterinária da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências (Área do conhecimento: Sanidade Animal – Clínica Médica de Pequenos Animais).
Orientador: Marlete Brum Cleff
Co-orientadora: Ana Raquel Mano Meinerz
Pelotas, 2013
Dados de catalogação na fonte: (Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744)
G497i Giordani, Claudia
Investigação de plantas medicinais e tóxicas em Pelotas-RS e
determinação da atividade antifúngica frente a Malassezia
pachydermatis / Claudia Giordani ; orientador Marlete Brum
Cleff; co-orientador Ana Raquel Mano Meinerz. - Pelotas,2013.-
138f. : il..- Dissertação ( Mestrado) –Programa de Pós-Graduação
em Veterinária. Faculdade de Veterinária . Universidade Federal
de Pelotas. Pelotas, 2013.
1.Plantas tóxicas 2.Plantas medicinais 3.Malassezia 4.Animais 5.Antifúngica I.Cleff,,Marlete Brum(orientador) II
.Título.
CDD 615.623
3
Banca examinadora:
Prof.ª Dra. Fernanda Bastos de Mello - UFRGS
Prof.ª Dra. Patrícia da Silva Nascente - UFPel
Prof.ª Dra. Renata Osório de Faria – UFPel
Prof.ª Dra. Márcia de Oliveira Nobre – UFPel (Suplente)
Prof.ª Dra. Marlete Brum Cleff – UFPel (Orientador)
Agradecimentos
Primeiramente agradeço a Deus pela vida, também aos meus pais Miraci e
Gilberto, e meu irmão, Gustavo, pelo amor e todo apoio que recebi, tanto material
como emocional.
Ao meu namorado Valter, por ter vivenciado todos os momentos, me dando
força e coragem para enfrentar os momentos ruins, e desfrutando também os
momentos bons, sempre com amor e compreensão.
Ao pessoal da “Imagem”, Carolina, Eduardo e Carapeto obrigada pela
compreensão, amizade e apoio.
A Rosema, Isabel e Caroline pela amizade, apoio e ajuda incondicional a
pesquisa e trabalhos realizados ao longo dessa jornada, compartilhando todos os
momentos.
A minha orientadora Marlete, por transmitir a mim seus conhecimentos e
experiência, demonstrando os aspectos positivos de cada situação, sendo também
uma grande amiga.
A professora Raquel Lüdtke pelas identificações botânicas das espécies
vegetais.
Ao professor Mário Carlos Araújo Meireles pela disponibilização do
Laboratório de Micologia Veterinária para relização dos testes in vitro. E a
funcionária Tatiane pela ajuda, amizade e ensinamentos laboratoriais.
Ao professor Rogério Freitag, a Gabriela H. Alves e a Daiane Blank pela
disponibilização do Laboratório de Química e ajuda nesta pesquisa.
A CAPES pela bolsa de estudos, a CNPq pelo apoio e a FAPERGS pelo
financiamento da pesquisa. E ao Programa de Pós-Graduação em Veterinária da
Universidade Federal de Pelotas pela oportunidade de realização do mestrado.
“A dúvida é o princípio da sabedoria.” Aristóteles
Resumo
GIORDANI, Claudia. Investigação de plantas medicinais e tóxicas em Pelotas-RS e determinação da atividade antifúngica frente a Malassezia pachydermatis.
2013. 138f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Veterinária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. O resgate e uso das plantas medicinais vêm ganhando espaço na medicina e veterinária, como tratamento e profilaxia de doenças. No tratamento das micoses, ainda observa-se uma quantidade limitada de medicamentos e a ocorrência de resistência, reações adversas e recidivas. Assim, objetivou-se realizar um levantamento das plantas medicinais e tóxicas encontradas na região do Ambulatório Veterinário-Universidade Federal de Pelotas, organizar um manual didático das plantas estudadas e usos na saúde animal, e determinar a ação antifúngica de extratos vegetais sobre isolados clínicos de Malassezia pachydermatis. No levantamento, foram entrevistados e visitados proprietários de animais atendidos no Ambulatório Veterinário. Foram 111 entrevistas, citando 74 espécies medicinais, porém a minoria usava-as em animais. Com relação às plantas tóxicas foram observadas 20 espécies, porém apenas seis eram relatadas pela população; e por fim, confeccionado um manual informativo das plantas. Para avaliação da atividade antifúngica foram testados extratos hidroalcoólicos de Aroeira, Carqueja, Erva-de-bicho, Lanceta, Pitangueira e Rabo-de-lagarto, pelas técnicas de microdiluição em caldo e difusão em disco frente a M. pachydermatis isolada de cães (dermatite=38; otite=10). Os extratos com maior atividade foram Aroeira, Erva-de-bicho e Pitangueira. Assim, percebe-se a importância de aprofundar os estudos sobre as plantas, determinando mais precisamente sua ação e toxicidade. Com o estudo conclui-se que existem muitas espécies medicinais e tóxicas na região do Ambulatório Veterinário-UFPel, porém ainda é escasso o uso das plantas medicinais em animais; e que os extratos hidroalcoólicos de Aroeira, Erva-de-bicho e Pitangueira apresentaram ação sobre M. pachydermatis, abrindo a possibilidade de inúmeras pesquisas em veterinária.
Palavras-chave: Plantas medicinais. Plantas tóxicas. Animais. Antifúngica. Malassezia.
Abstract
GIORDANI, Claudia. Investigação de plantas medicinais e tóxicas em Pelotas-RS e determinação da atividade antifúngica frente a Malassezia pachydermatis.
2013. 138f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Veterinária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. The rescue and use of medicinal plants have been gaining space in human and veterinary medicine, as treatment and prophylaxis of diseases. In the treatment of mycosis, there is still issues regarding the limited amount of drugs and the occurrence of resistance, adverse reactions and relapses. Thus, the objective was to conduct a survey of medicinal plants and toxic found in the region of the Veterinary Clinic-Federal University of Pelotas, organize an instructional manual of the studied plants and uses in animal health, and to determine the antifungal effect of plant extracts on clinical isolates of Malassezia pachydermatis. In the survey, animal owners in the Veterinary Ambulatory were interviewed and visited. There were 111 interviews, which 74 species cited for medical use but the minority used them in animals. With respect to toxic plants 20 species were observed, but only six were reported by the population, and from the results in the survey was made a manual on plants. To evaluate the antifungal activity were tested six hydroalcoholic extracts of Aroeira, Carqueja, Erva-de-bicho, Lanceta, Pitangueira e Rabo-de-lagarto, the techniques microdilution and disk diffusion against M. pachydermatis isolated from dogs (dermatitis=38, otitis=10). The extracts that resulted in higher activity were Aroeira, Erva-de-Bicho and Pitangueira. From these results, we can see the importance of further studies of the activities of plants to determine more precisely its action and toxicity. With this study concludes that there are many medicinal and toxic species distributed in the region of the Veterinary Clinic-UFPel, but is still scarce use of medicinal plants in animal, and that the hydroalcoholic extracts of Aroeira, Erva-de-bicho and Pitangueira had action on M. pachydermatis, opening the possibility of numerous studies in veterinary medicine.
Keywords: Medicinal plants. Poisonous plants. Animals. Antifungal. Malassezia.
Lista de figuras
ARTIGO 1 Levantamento de plantas com potencial medicinal e tóxico na região do Ambulatório Veterinário-UFPel, Pelotas-RS
Figura 1 Distribuição das pessoas entrevistadas quanto a utilização das plantas em pessoas e em animais....................................
39
Figura 2 Distribuição do cultivo e formas de aquisição das plantas medicinais pela comunidade....................................................
40
Figura 3 Média das idades dos entrevistados em relação ao uso e cultivo de plantas medicinais...................................................
41
ARTIGO 2 Determinação da atividade antifúngica de diferentes extratos vegetais frente a M. pachydermatis
Figura 1 Distribuição das médias e desvios padrões da Concentração Inibitória Mínima conforme a ação dos extratos vegetais (TRAT) de Aroeira-mansa (A), Erva-de-bicho (E) e Pitangueira (P) sobre isolados de M. pachydermatis de dermatite (D) e otite (O)...........................................................
61
Figura 2 Distribuição das médias e desvios padrões da Concentração Fungicida Mínima conforme a ação dos extratos vegetais (TRAT) de Aroeira-mansa (A), Erva-de-bicho (E) e Pitangueira (P) sobre isolados de M. pachydermatis de dermatite (D) e otite (O)...........................................................
62
Figura 3 Distribuição das médias e desvios padrões dos halos de inibição dos isolados (mm) mediante a ação dos extratos vegetais (TRAT) de Aroeira-mansa (A), Carqueja (C), Erva-de-bicho (E), Lanceta (L), Pitangueira (P) e Rabo-de-lagarto (R) sobre isolados de M. pachydermatis de dermatite (D) e otite (O)....................................................................................
63
Lista de Tabelas
ARTIGO 1 Levantamento de plantas com potencial medicinal e tóxico na região do Ambulatório Veterinário-UFPel, Pelotas-RS
Tabela 1 Plantas conhecidas como medicinais, parte utilizada e indicações terapêuticas citadas pela população de estudo......................................................................................
35
ARTIGO 2 Determinação da atividade antifúngica de diferentes extratos vegetais frente a M. pachydermatis
Tabela 1 Média dos halos de inibição, em milímetros (mm), no teste de difusão em disco dos extratos vegetais (100mg/mL) testados sobre isolados clínicos de M. pachydermatis...........
57
Tabela 2 Médias dos resultados da Concentração Inibitória Mínima
(CIM) e Concentração Fungicida Mínima (CFM) para os extratos hidroalcoólicos (mg/mL) testados sobre M. pachydermatis.........................................................................
57
Tabela 3 Frequência absoluta da concentração inibitória mínima dos extratos sobre isolados de otite e dermatite de M. pachydermatis em cães, com maiores CIM e CFM.................
58
Lista de Abreviaturas
°C - Graus celsius
h – Horas
% - Porcentagem
µL – Microlitro
ANFALPET - Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de
Estimação
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
A – Aroeira-mansa
C – Carqueja
CCQFA - Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos
CLSI - Clinical and Laboratory Standards Institute
CO2 – Dióxido de carbono
CIM - Concentração inibitória mínima
CIT/RS – Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul
CFM - Concentração fungicida mínima
E – Erva-de-bicho
HCV-UFPel – Hospital de Clínicas Veterinária da Universidade Federal de Pelotas
L – Lanceta
mL - Mililitro
mm – Milímetro
MicVet - Laboratório de Micologia Veterinária
n – Número
OMS - Organização Mundial de Saúde
P – Pitangueira
SUS – Sistema Único de Saúde
UFPel - Universidade Federal de Pelotas
VMHD - Vacuum Microwave HydroDistillation
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 14
2.1 Objetivo Geral ......................................................................................................................14
2.2 Objetivos Específicos ..........................................................................................................14
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 15
3.1 Plantas medicinais e tóxicas ..............................................................................................15
3.2 Extratos vegetais..................................................................................................................20
3.3 Infecções fúngicas ...............................................................................................................21
3.4 Tratamento antifúngico em veterinária x Resistência .......................................................22
3.5 Testes para suscetibilidade fúngica ...................................................................................25
4 ARTIGOS ............................................................................................................... 28
4.1 Artigo 1 ..................................................................................................................................28
4.2 Artigo 2 ..................................................................................................................................50
5 MANUAL ................................................................................................................ 69
6 CONCLUSÃO GERAL............................................................................................ 70
7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 71
ANEXOS ................................................................................................................... 97
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é o país com maior reserva florestal diversificada do planeta, porém,
mesmo havendo um crescimento dos trabalhos científicos sobre a avaliação do
potencial terapêutico das plantas, ainda há escassez de estudos sobre da grande
maioria das espécies em âmbito mundial. Muitas das publicações se referem a
ensaios empíricos com base no dito popular e apenas 1% das espécies vegetais foi
validada por estudos científicos (LIMA et al., 2007; MONTES et al., 2009;
FRANCISCO, 2010).
Em relação à utilização das plantas, tem ocorrido no mundo, um incentivo do
uso das plantas medicinais para o tratamento de diversas enfermidades. Políticas
governamentais têm sido firmadas, a fim de dar suporte e avançar nas pesquisas e
desenvolvimento de fitoterápicos, com interesses na utilização destes recursos por
populações de baixa renda, como por exemplo, usuários do SUS (SENA et al., 2007;
BRASIL, 2011).
Estudos com plantas medicinais estão em ascensão, tanto no que diz
respeito à atividade antibacteriana como antifúngica, porém ainda são escassos
trabalhos que se referem a agentes patogênicos provenientes de animais e a
utilização de isolados de quadros clínicos. Assim, estes nem sempre correspondem
à realidade clínica, já que normalmente utilizam-se cepas padrões nos testes de
avaliação de suscetibilidade in vitro, não refletindo a problemática da resistência dos
microrganismos (SCHUCK et al., 2001; MICHELIN et al., 2005; MORAIS et al.,
2012).
A ocorrência de microrganismos resistentes aos antimicrobianos
rotineiramente utilizados, recidivas em casos clínicos, efeitos tóxicos e o número
limitado dos antifúngicos disponíveis têm impulsionado a pesquisa utilizando as
plantas, com a finalidade de descobrir novos princípios ativos para tratamento das
12
enfermidades (HEYDER; SILVA, 2004; MENEZES et al., 2009). Cerca de 50% dos
medicamentos são provenientes, direta ou indiretamente, de produtos naturais,
especialmente de plantas medicinais, porém ainda são necessárias pesquisas
científicas que confirmem o potencial terapêutico de grande número de espécies
vegetais (DUARTE, 2006; CARVALHO et al., 2007).
Os fungos estão amplamente distribuídos no ambiente, são de difícil
eliminação, e podem estar envolvidos em muitas enfermidades, incluindo zoonoses.
Esses agentes podem desenvolver uma série de quadros clínicos, como
dermatopatias, por exemplo, sendo um dos diagnósticos mais frequentes na clínica
de pequenos animais (MENESES, 2000). O diagnóstico das micoses, muitas vezes,
é problemático pela dificuldade de reconhecimento, pois muitos quadros clínicos
cursam com sinais clínicos semelhantes a outras doenças (GARCIA; BLANCO,
2000; RHODES, 2005; MADRID et al., 2007). Neste aspecto, há a preocupação com
a transmissão de micoses zoonóticas, principalmente, devido ao convívio cada dia
mais próximo entre humanos e animais domésticos, sendo um desafio à saúde
pública (BRUM et al., 2007, MEDEIROS et al., 2009).
Entre os agentes fúngicos de interesse na veterinária, a Malassezia
pachydermatis é uma levedura que faz parte da microbiota tegumentar de caninos e
felinos, no entanto como é um agente oportunista, em situações de desequilíbrio
local ou sistêmico, estresse ou em casos de imunossupressão, pode acarretar
quadros de dermatites e otites fúngicas (NOBRE et al., 1998; MACHADO et al.,
2003).
As micoses têm aumentado sua importância e, consequentemente, a busca
por alternativas terapêuticas devido a possibilidade de recidiva das enfermidades
fúngicas e a evolução do quadro. Estas situações têm ocorrido com frequência,
relacionadas a falta de tratamento ou terapêutica inadequada, quadros clínicos
graves ou crônicos em pacientes imunocomprometidos, uso indiscriminado de
antimicrobianos de largo espectro, uso crônico de corticóides, resistência dos
isolados, pacientes imunossuprimidos e realização de procedimentos invasivos
(GOODMAN; GILMAN,1996; KONTOYIANNIS; LEWIS, 2002; MENDEZ-TOVAR et
al., 2007; ROCHETTE et al., 2003.; SCHUBACH et al., 2004; LÓPES, 2008).
Outro aspecto relacionado à terapia antifúngica que deve ser ressaltado é o
baixo número de antifúngicos disponíveis para tratamento, quando comparados aos
antibacterianos (SIDRIM; ROCHA, 2004). Além disso, também há muitas barreiras
13
na utilização dos recursos disponíveis por comunidades de baixa renda e as
dificuldades para a manutenção da saúde dos animais provenientes destas, que vão
desde o acesso ao atendimento clínico e hospitalar até obtenção dos medicamentos
(RODRIGUEZ-TORRES, 1997). Assim, neste sentido, o uso de plantas medicinais
vem ganhando espaço na medicina, tanto na terapia como também na profilaxia de
doenças (MONTES et al., 2009; USTULIN et al., 2009; LOPES et al., 2010), sendo
imprescindível que ocorra este tipo de evolução também em medicina veterinária,
acompanhando o que vem acontecendo na medicina humana.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Realizar o levantamento de plantas medicinais e tóxicas, determinando a
atividade antifúngica das plantas popularmente usadas como medicinais na região
do Ambulatório Veterinário-UFPel frente a isolados clínicos de Malassezia
pachydermatis.
2.2 Objetivos Específicos
- Realizar levantamento sobre as principais plantas medicinais e tóxicas
utilizadas e encontradas na região de abrangência do Ambulatório Veterinário-
UFPel, e organizar manual com fins didáticos sobre as plantas estudadas e sua
utilização na saúde animal;
- Avaliar a suscetibilidade in vitro de isolados de casos clínicos de
malasseziose canina a extratos hidroalcoólicos de Aroeira-mansa, Carqueja, Erva-
de-bicho, Lanceta, Pitangueira e Rabo-de-lagarto.
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Plantas medicinais e tóxicas
O conhecimento sobre as plantas e seu valor terapêutico tem
acompanhado a evolução da espécie humana, sendo as mais antigas obras
originadas na China e Egito, representando inúmeras vezes a única opção
terapêutica de comunidades e grupos étnicos (ODY, 1993; MACIEL et al.,
2002; ALBUQUERQUE; HANAZAKI, 2006).
As plantas medicinais são aquelas espécies que possuem ação
conhecida sobre agentes patogênicos ou propriedades terapêuticas, como
fonte inesgotável de medicamentos e de novas substâncias, com potencial
biológico confirmado após estudos científicos (DI STASI, 1996; MARTINS et
al., 2000).
As plantas sintetizam substâncias a partir de nutrientes, da água e luz
que recebem. Os processos vitais de biossíntese são responsáveis pela
formação, acúmulo e degradação dessas substâncias no interior das células
que formam os diversos tecidos dos organismos vegetais (MATOS et al.,
1997). Os constituintes químicos são sintetizados e degradados por reações
anabólicas e catabólicas, que compõem o metabolismo das plantas (DI STASI
et al., 1996). Os compostos resultantes desse metabolismo podem ser
considerados como produtos do metabolismo primário, entre eles os glicídios,
protídios e lipídios e produtos do metabolismo secundário, como terpenóides,
alcalóides, glicosídios, flavanóides, fenilpropanóides, dentre outros (MATOS et
al., 1997). Esses produtos do metabolismo secundário que conferem
propriedades terapêuticas às substâncias extraídas de plantas, podendo ser
utilizadas na forma natural ou por extratos (CRAGG et al., 1997; YUNES;
CALIXTO, 2001).
16
O conhecimento popular sobre as plantas pode fornecer dados para
novas pesquisas e descobertas científicas, neste contexto destaca-se o Brasil,
país que possui cerca de 55 mil espécies de plantas superiores e também por
possuir uma cultura enriquecida, originada da miscigenação racial de índios,
negros e europeus (SIMÕES et al., 1988; BRANDÃO, 1996; CARVALHO,
2004; RODRIGUES; CARVALHO, 2010). Na medicina popular, diferentes
partes das plantas são utilizadas com a finalidade terapêutica. Dessa forma,
são utilizadas as raízes, caules, ramos, folhas, flores, sementes, frutos, resina,
látex e o óleo essencial (GUARIM NETO, 1996, 1996; NASCIMENTO;
CONCEIÇÃO, 2011; YAMAGUCHI et al., 2012). O modo de preparo das
plantas medicinais é variável, dependendo da enfermidade ou da planta
utilizada, sendo as principais formas utilizadas a decocção, infusão,
maceração, suco, xaropes, pós, unguentos, compressas, inalações,
cataplasma, tintura, óleo, banho e gargarejos (BIAZZI, 1998; MARTINS et al.
2000).
No século passado, com os avanços científicos, a prática milenar do uso
das plantas deu espaço aos medicamentos sintéticos, ocorrendo com o
advento da modernidade, uma redução na utilização das plantas medicinais.
Além disso, a busca do desenvolvimento econômico, o uso dos recursos
naturais de forma desenfreada, desmatamento e a urbanização descontrolada
acarretaram em perda de espécies da fauna e flora (GUARIM NETO et al.,
2000; ABIKO; MORAES, 2009).
Entretanto, os estudos da atividade terapêutica de plantas medicinais, a
partir do final do século XIX, com os avanços na química orgânica, tiveram um
grande impulso, devido a possibilidade de modificação das estruturas dos
produtos naturais, tendo em vista um aumento na atividade ou seletividade e a
redução dos efeitos adversos ou toxicidade (YUNES; CALIXTO, 2001).
Além disso, outros motivos que intensificaram os estudos com
fitoterápicos estão relacionados ao baixo nível sócio-econômico de grande
parcela da população nos países em desenvolvimento, efeitos adversos e o
alto custo dos medicamentos (OLIVEIRA et al., 2001; NEWALL et al., 2002).
Sendo que, a fitoterapia corresponde a prática do uso de plantas ou suas
partes em diferentes preparações com a finalidade terapêutica, porém, sem o
17
isolamento de substâncias ativas (LUZ NETTO JÚNIOR, 1998; FETROW;
ÁVILA, 2000).
Atualmente, tem sido estabelecidas a nível mundial políticas de
desenvolvimento do uso das plantas medicinais e fitoterápicas, principalmente
com envolvimento da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas medidas
visam o acesso ao conhecimento sobre as plantas, o respeito aos princípios de
segurança e eficácia na saúde, a pesquisa de novos fitoterápicos e a
conciliação de desenvolvimento socioeconômico e conservação ambiental
(BRASIL, 2001; BRASIL, 2006; 2006).
Há muitas iniciativas no país em relação às plantas medicinais, como o
uso nos serviços público de saúde, por exemplo. Através do Programa
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, instituído no Brasil em 2008
pelo Ministério da Saúde, estabeleceu como metas inserir com segurança,
eficácia e qualidade as plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados
à fitoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, existe uma cartilha
distribuída pelo governo com usos de 59 espécies vegetais certificadas em
relação a sua ação terapêutica, havendo por meta listar 71 espécies para uso
no SUS, estando elas em constante pesquisa (RESINUS, 2009; GIRALDI;
HANAZAKI, 2010; SILVELLO, 2010; BRASIL, 2011).
Seguindo a política nacional, o Rio Grande do Sul também está
implementando uma Política Intersetorial de Plantas Medicinais, Aromáticas e
Condimentares e de Medicamentos Fitoterápicos, visando o desenvolvimento
econômico sustentável do estado (REDESFITO, 2011).
Justificada pela grande riqueza que o estado apresenta, as famílias
botânicas mais utilizadas para fins medicinais no Rio Grande do Sul são
Asteraceae, Lamiaceae, Myrtaceae, Rutaceae e Verbenaceae, onde a família
Asteraceae é a que possui maior distribuição mundial (RITTER et al., 2002;
KADEREIT; JEFFREY, 2007; VENDRUSCOLO; MENTZ, 2006; BALDAUF et
al., 2009; PANERO; FUNK, 2008). As plantas mais utilizadas como medicinais
no estado do Rio Grande do Sul são o boldo, camomila, cidreira, funcho,
guaco, macela, pitangueira e tansagem (LIMA S.M.G. et al., 2007; JACOBI et
al., 2011; XAVIER et al., 2009).
Entretanto, a utilização e os estudos com plantas medicinais no
tratamento dos animais domésticos ainda são escassos, mas atualmente vem
18
ganhando espaço, principalmente através do resgate do saber popular com a
finalidade de não perder os conhecimentos dos “raizeiros” (MARINHO et al.,
2007). Em relação ao processo de formação do médico veterinário no meio
acadêmico, o conhecimento sobre o uso de plantas medicinais para tratamento
de animais é mínimo, e no que tange a utilização destas na prática clínica, é
extremamente baixa (ALMEIDA; FREITAS, 2006). Certas práticas com
fitoterápicos na zona rural, onde estão grande parte dos detentores de
conhecimentos sobre plantas são, muitas vezes, abandonadas pela falta do
incentivo de utilizá-las (SCHUCH, 2007; AGUIAR; BARROS, 2012).
Existem plantas que são conhecidas como tóxicas, descritas como
espécies vegetais que possuem substâncias que alteram a fisiologia do
organismo animal, levando a reações biológicas dependendo do tipo e
frequência de exposição (ALBUQUERQUE, 1980, OZTURK et al., 2008). No
entanto, a variabilidade da utilização e o desconhecimento da população sobre
as plantas medicinais podem também estar envolvidas em casos de
intoxicação, tornando-se um fator de extrema preocupação, pois a espécie,
parte vegetal, quantidade, forma de administração, mistura e frequência de uso
podem levar a quadros tóxicos (DIAS; ARAÚJO, 1997; DUTRA, 2009). O grau
das intoxicações depende da dose, concentração do princípio ativo existente
no vegetal e da suscetibilidade individual, provocando quadros agudos, sub-
crônicos ou crônicos, ocasionando efeitos teratogênicos, embriotóxicos,
carcinogênicos, mutagênicos e neurotóxicos (ALBUQUERQUE, 1980;
CAMURÇA-VASCONCELOS et al., 2005; OZTURK et al., 2008).
Atualmente, o interesse em plantas tóxicas relaciona-se ao potencial de
causar intoxicações em humanos e ou animais (SIMÕES et al., 2003). Já foram
identificadas no Brasil cerca de 141 espécies com substâncias tóxicas, sendo
que as substâncias normalmente envolvidas em casos de intoxicação são os
alcalóides, glicosídeos cardioativos, compostos calcinogênicos e cianogênicos.
A intoxicação pode ser direta, quando é causada pela ingestão, abuso do uso
de drogas vegetais, uso inadequado de chás e desconhecimento das plantas;
ou indiretamente, por consumo de produtos de origem animal com resíduos
tóxicos, cujo princípios podem ser acumulados no leite e ou na carne (MATOS
et al., 2011).
19
Cães e gatos podem ter acesso às plantas tóxicas em seu ambiente,
como jardins, ou no interior de residências, devido ao desconhecimento do
caráter tóxico pelas pessoas (MILEWSKI; KHAN, 2006). Os casos de
intoxicação normalmente ocorrem em animais jovens, devido a curiosidade e
troca de dentição, tendendo a morder folhas, flores ou caule. Porém, estresse,
troca de ambiente, mudança na rotina, além de privação de alimentos,
propiciam a busca pelas plantas como forma de distração e alimentação
(SPINOSA et al., 2008; NOGUEIRA; ANDRADE, 2011).
Apesar de relatos de intoxicações por plantas estarem em ascensão,
ainda são pouco frequentes os diagnósticos confirmados de intoxicação em
animais, pois depara-se com a dificuldade pela inespecificidade dos sinais
clínicos, falta de laboratórios para análise do material/amostra, pacientes sem
histórico clínico, ou até mesmo pela desinformação do profissional da área e do
proprietário (TEIXEIRA et al., 2010).
A identificação da planta e ou de seu princípio ativo é de fundamental
importância, pois a partir destes dados, pode-se direcionar os procedimentos
terapêuticos e auxiliar no combate a novos casos de intoxicação com medidas
profiláticas (CHEEKE, 1998). Segundo a literatura, as famílias das plantas
tóxicas predominantes são Anacardiaceae, Apocynaceae, Oleaceae e
Meliaceae (SOUZA et al., 2011). Entre as plantas de interesse pecuário no Rio
Grande do Sul, destaca-se o mio-mio (Baccharis coridifolia – princípio tóxico:
tricotecenos macrocíclicos: roridinas, miotoxinas, isomiotoxina e verrucarinas) e
a maria-mole (Senecio spp – alcalóides) (CRANCIO, 2004; MATOS et al., 2011).
Já nos casos de intoxicações de pequenos animais, as plantas ornamentais
tem se destacado, conforme levantamento de registros realizado pelo Centro
de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul, sendo elas, a comigo-
ninguém-pode (Dienffenbachia picta – oxalato de cálcio), copo-de-leite (Zantedeschia
aethiopica – oxalato de cálcio), coroa-de-Cristo (Euphorbia milii – terpenos,
alcaloides e ésteres de forbol), espirradeira (Nerium oleander – glicosídeos
cardiotônicos: oleandrina), trombeteira (Datura suaveolens – alcaloides tropânicos:
atropina, escopolamina e hioscina) e cinamomo (Melia azedarach –
tetranortriterpenos: meliatoxinas). Outras plantas não ornamentais também
estão envolvidas como principais causadoras de intoxicação como a mamona
(Ricinus communis – toxalbumina: ricina e ricinina) e mandioca-brava (Manihot
20
esculenta – glicosídeos cianogênicos: linamarina e lotaustralina) (OLIVEIRA et
al., 2003; MÉNDEZ et al., 2006; LOPES et al., 2007; CIT/RS, 2010; VIEIRA,
2010; MATOS et al., 2011).
Dados do Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul
(CIT/RS, 2010) demonstram que entre os anos de 2005 e 2010, ocorreram 536
intoxicações de animais por plantas, ocupando o 11° lugar no ranking das
intoxicações. Outro fato que chama a atenção é que nas intoxicações
humanas, 60% dos casos envolvem crianças com menos de 9 anos, sendo
80% acidentais, isto salienta a importância do conhecimento da população no
que se refere a plantas com potencial tóxico (SINITOX, 2009).
3.2 Extratos vegetais
Os princípios ativos das plantas são substâncias químicas originadas
normalmente do metabolismo secundário, não sendo vitais para sua
sobrevivência e produzidos em pequenas quantidades. Estas substâncias não
se distribuem de maneira uniforme no vegetal, podendo estar presente em
flores, folhas, raízes, frutos e na casca. Porém, durante o ciclo de vida das
plantas, há variação na concentração de princípios ativos conforme fatores
climáticos, temperatura, luz solar, solo, estágio de desenvolvimento da planta e
a preparação do material vegetal (ANDERSON et al., 1988; OLIVEIRA et al.,
1998; RODRIGUES; CARVALHO, 2010).
Geralmente, as plantas são usadas na forma de extratos, que são
preparações concentradas, obtidas a partir do material vegetal que passou por
estabilização, secagem e ou moagem, e posteriormente por um solvente
extrator através de determinada metodologia (SIMÕES et al., 2003). Segundo
estes autores, as metodologias de extração mais utilizadas são maceração,
infusão, decocção, digestão, percolação, destilação, secagem e outros
processos mais sofisticados que permitem obter extratos qualitativamente
superiores como a extração por solvente assistida por microondas, extração
com CO2 supercrítico, “Vacuum Microwave HydroDistillation” (VMHD), extração
biotecnológica com fermentação e bioconversão.
A investigação das propriedades medicinais de diferentes extratos
vegetais tem demonstrado inúmeras atividades, como ação imunomoduladora
(NUNES-PINHEIRO et al., 2003), antimicrobiana (DUARTE, 2006; SOUZA;
21
CONCEIÇÃO, 2007; MENEZES et al., 2009), antiulcerogênica (MARIA et al.
2010), antineoplásica (COSTA-LOTUFO et al., 2010), anti-inflamatória (JORGE
et al., 2004), anti-hipertensiva (TIGNO et al., 2000), antioxidante (CANSIAN et
al., 2010), anti-helmíntica (CUNHA; SILVA et al. 2003), carrapaticida (DANTAS
et al., 2000), entre outras.
Em relação à atividade antifúngica, tem sido realizados testes com
ação sobre fitopatógenos (ITAKO et al., 2008; VENTUROSO et al., 2011),
patógenos humanos (RODRIGUES et al., 2009; FREIRES et al., 2011) e
animais (PEREIRA et al., 2009; FRIAS; KOZUSNY-ANDREANI, 2009; TELES
A.J. et al., 2010; GIORDANI et al., 2012). Além disso, já existem trabalhos que
demonstram a eficácia da utilização das plantas como método de desinfecção
de superfícies na presença ou não de matéria orgânica, eliminando fungos
patogênicos ou reduzindo a carga microbiana (MATOS et al., 2012).
3.3 Infecções fúngicas
Os fungos são organismos eucariotos por possuírem células com um
núcleo distinto, onde há o material genético que forma múltiplos cromossomas
lineares, podendo ser uni ou multinucleados, conhecidos como leveduras e
fungos filamentosos, respectivamente. Apresentam parede celular bem
definida, composta principalmente por quitina, glucana e manana, sendo
aclorofilados. A membrana celular tem dupla camada de lipídios, com presença
de grande quantidade de ergosterol, que é o principal alvo de grande parte dos
antifúngicos disponíveis (NEUFELD, 1999; SIDRIM; ROCHA, 2004;
MEIRELES; NASCENTE, 2009).
Existem diversas espécies de fungos e algumas destas são comensais
de homens e animais, normalmente sem causar doenças. No entanto, os
fungos podem estar envolvidos em quadros de dermatomicoses,
hipersensibilidade, micetismos e micotoxicoses (LACAZ et al., 2002). As
micoses podem ser classificadas clinicamente em sistêmicas, subcutâneas e
superficiais, dependendo do grau de envolvimento tecidual e do sítio de
instalação do fungo no hospedeiro (TORTORA et al., 2000). Na clínica de
pequenos animais da região sul do Rio Grande do Sul, os fungos mais
prevalentes são a Malassezia pachydermatis, seguido de Sporothrix schenckii,
dermatófitos e espécies do gênero Candida (GOMES, 2012).
22
Malassezia é um gênero de leveduras lipofílicas, presente na superfície
cutânea e de algumas mucosas de mamíferos e aves, sendo atualmente
conhecidas 14 espécies, sendo elas, M. furfur, M. sympodialis, M. pachydermatis, M.
globosa, M. obtusa, M. restricta, M. slooffiae, M. caprae, M. equina, M. dermatis, M. japonica,
M. yamatoensis, M. nana e mais recentemente foi identifica a M. cuniculi (LÓPEZ,
2008; CABANES et al., 2011). A Malassezia pachydermatis é a única espécie do
gênero não-lipodependente, sendo frequentemente isolada da microbiota da
pele e conduto auditivo de cães e gatos, apresentando caráter oportunista
(GUILLOT & GHÉHO, 1995; GIRÃO et al., 2004). Essas leveduras se
apresentam morfologicamente como esféricas, elipsoidais ou alongadas, que
se reproduzem por brotamento unipolar (GUILLOT et al., 1998).
A multiplicação excessiva da M. pachydermatis leva às otites externas e
dermatites que apresentam causas multifatoriais, estando frequentemente
relacionada a uma doença de base e alterações locais (pH, umidade,
temperatura, microbiota). Essas alterações também facilitam o aparecimento
de infecções secundárias, o que dificulta o tratamento destes animais (NOBRE
et al., 1998; MEDLEAU; HNILICA, 2003).
Apesar da M. pachydermatis se tratar de um microrganismo zoofílico e
geralmente considerado um agente não transmissível e não zoonótico, tem
havido relatos de micoses sistêmicas em imunocomprometidos com
transmissão a partir de animais. Além disso, também há a ocorrência de
formação de biofilme por esta levedura em materiais hospitalares,
representando uma preocupação atual nos hospitais humanos e UTIs
neonatais (CHANG et al., 1998; MORRIS et al., 2005; BIRCHARD;
SHERDING, 2008; FIGUEIREDO et al., 2012).
3.4 Tratamento antifúngico em veterinária x Resistência
A escolha do tratamento das micoses animais baseia-se na
manifestação clínica e distribuição da doença, condição geral, estado
imunológico do paciente e efeitos adversos. E com a finalidade de evitar
recidivas, deve-se proceder com um diagnóstico definitivo, tratamento
específico e controle das doenças primárias (BIRCHARD; SHERDING, 2008;
MEIRELES; NASCENTE, 2009). A terapêutica tem por objetivo a redução da
população das leveduras e correção das doenças de base que favoreçam o
23
desenvolvimento da infecção fúngica, já que a Malassezia pachydermatis pertence
a microbiota dos animais e também por possuir caráter oportunista
(BIRCHARD; SHERDING, 2008).
Os antifúngicos exercem ações fungistáticas ou fungicidas, direta ou
indiretamente, tendo características especiais quanto ao mecanismo de ação,
via de administração, ação superficial e ou sistêmica (LACAZ et al., 2002).
Conforme Andrade (2008), os medicamentos antifúngicos atualmente
disponíveis são compostos poliênicos (anfotericina B, nistatina, piramicina),
griseofulvina, flucitosina, terbinafina, iodetos, derivados azólicos (imidazóis:
clotrimazol, miconazol, cetoconazol, enilconazol; triazóis: itraconazol,
fluconazol, voriconazol, posaconazol, ravuconazol), inibidores da síntese de
quitina e da parede fúngica (lufenurona, equinocandinas, caspofungina).
No tratamento das micoses os antifúngicos disponíveis em veterinária
são limitados, onde as opções na prática se restrigem aos polienos
convencionais e azóis, sendo já reportados casos de resistência nesses grupos
(NOBRE et al., 2002; SANTOS JUNIOR et al., 2005; CLEFF et al., 2012). Após
o surgimento dos derivados azólicos estes tem se tornado os principais
fármacos utilizados em veterinária (FARIA, 2010). Entretanto, tem sido descrito,
que o uso indiscriminado dos azóis, ocasionou o surgimento de resistência em
espécies suscetíveis (BRITO et al., 2009). Além disso, pode haver a
desvantagem da resistência cruzada entre os antifúngicos do grupo dos azóis,
devido à estrutura similar, por exemplo, com relação ao itraconazol e o
posaconazol (GOODMAN; GILMAN, 1996; WILLIAMS et al., 2002; FERREIRA
et al., 2005; QUIAO et al., 2008).
O tratamento tópico de micoses localizadas é realizado com sprays,
soluções, creme, geralmente aplicados duas vezes ao dia. Estes produtos tem
por princípio ativo a nistatina, piramicina, econazol, tiabendazol, cetoconazol,
miconazol ou clotrimazol, associando a terapia tópica os antifúngicos
sistêmicos no caso de resistência (MACHADO et al., 2003; MEDLEAU;
HNILICA, 2003; XAVIER; NASCENTE, 2003; MEIRELES; NASCENTE, 2009).
A eficácia do tratamento tópico é variável, pois depende da colaboração do
proprietário, frequência e técnica da aplicação, e extensão da doença (NOBRE
et al., 2002; BIRCHARD; SHERDING, 2008).
24
Em relação a casos sistêmicos ou generalizados de malasseziose, pode-
se administrar o cetoconazol, itraconazol e fluconazol (NOBRE et al., 2002;
MEDLEAU; HNILICA, 2003, ANDRADE, 2008). Além de fungicida, o
cetoconazol demonstra ação anti-inflamatória e efeito no processo de
corneificação, o que facilita a terapêutica. O itraconazol tem sido utilizado em
isolados resistentes ao cetoconazol e também por apresentar efeitos adversos
reduzidos quando comparados aos imidazóis (MEIRELES; NASCENTE, 2009).
A resistência pode ocorrer de duas formas, os fungos serem
intrinsecamente resistentes a drogas antifúngicas (resistência primária) ou
podem desenvolver resistência em resposta à exposição ao fármaco
(resistência secundária) (MORSCHHAUSER, 2002; PEREA; PATTERSON,
2002). Esta resistência também pode ser definida como clínica ou
microbiológica, podendo ser uma composição de ambas. A resistência clínica
define-se pela falha do tratamento no paciente, sendo que nem sempre está
correlacionada com a resistência in vitro, que é medida como um aumento da
concentração mínima inibitória de um fármaco (VANDEPUTTE et al., 2011;
PFALLER, 2012). Já existem relatos sobre a resistência da M. pachydermatis em
relação a antifúngicos como o cetoconazol e a fluorocitosina (PEREIRA, 2000;
COUTINHO; PAULA, 2001).
Atualmente, torna-se essencial a busca por antifúngicos eficazes e
seguros, principalmente devido à ocorrência de doenças fúngicas sistêmicas
graves (ADAMS, 2003). A segurança dos antifúngicos se refere a semelhança
e similaridades bioquímicas e fisiológicas, pois as infecções fúngicas
representam parasitismo entre organismos eucarióticos, neste caso, fungos e
animais, podendo assim, o tratamento antifúngico, causar uma série de efeitos
adversos e ou colaterais aos pacientes (LACAZ et al., 2002; NOBRE et al.,
2002; SIDRIM; ROCHA, 2004).
O aumento da importância das micoses em animais relaciona-se
principalmente com a existência de espécies zoonóticas e as dificuldades em
relação ao tratamento, no que se refere à eficácia, tempo de administração,
toxicidade e o custo dos medicamentos (GOMES, 2004; MEINERZ et al.,
2007). Neste sentido, tem havido um impulso para realização de pesquisas na
tentativa de se obter outras opções terapêuticas, destacando-se a utilização de
plantas medicinais (CLEFF et al., 2010).
25
3.5 Testes para suscetibilidade fúngica
Com a crescente incidência de infecções fúngicas graves, tornou-se de
extrema importância a utilização de testes de sensibilidade antifúngica. Estes
permitem a observação de cepas resistentes e a escolha do princípio ativo
mais eficaz (NAVARINI, 2007). Mesmo assim, estes testes nem sempre são
realizados na rotina laboratorial, onde a maioria dos casos é tratada de modo
empírico (SANTOS, 2010).
Outro aspecto importante se refere a grande variabilidade de técnicas
disponíveis para avaliação microbiológica, dificultando a comparação entre os
resultados de sensibilidade/resistência dos microrganismos. As pesquisas com
testes de sensibilidade apresentavam muitas variáveis, que interferem
diretamente nos resultados, como concentração do inóculo, a composição e pH
do meio de cultura, temperatura e duração de incubação e as propriedades
físico-químicas do agente antifúngico (RAMANI et al., 1997; LASS-FLORL et
al., 2010).
Assim, com a finalidade de padronizar os testes e tornar mais fiel os
resultados, o Comite Internacional de Normas Técnicas (Clinical and
Laboratory Standards Institute – CLSI) estabeleceu normativas padronizando
uma metodologia de avaliação da suscetibilidade in vitro dos microrganismos.
Dentre os métodos estabelecidos estão, difusão em disco, Etest, métodos
colorimétricos, macro e microdiluição em caldo, sendo os testes de diluição em
caldo definidos como de referência (ZARDO; MEZZARI, 2004). Porém, ainda
não existe nenhum método padronizado para testes de antimicrobianos
utilizando produtos naturais (FENNEL et al., 2004) sendo o método de
microdiluição em caldo o mais usado para tais estudos, pois possibilita um
maior número de repetições, consequentemente, aumentando a confiabilidade
sobre os resultados (OSTROSKY et al., 2008).
Existem trabalhos que avaliaram óleo essenciais de diversas plantas
sobre isolados de M. pachydermatis, obtendo resultados satisfatórios com
Origanum vulgare, Thymus vulgaris, Syzygium aromaticum, Cinnamomum aromaticum,
Origanum marjorana, Malaleuka alternifolia, Salvia sclarea, Mentha piperita, Cymbopogon
citratus, Alpinia speciosa, Citrus limon, Citrus paradisi, Illicium verum, Lavandula hybrida,
Rosmarinus officinalis, Salvia sclarea, Thymus serpillum, Piper betle, Silphium trifoliatum,
Silphium integrifolium, Ocimum basilicum, Melaleuca alternifolia, e Rosa damascene
26
(PRESTES et al., 2005; KOWALSKI, 2008; PRESTES et al., 2008; ROW & HO,
2009; RUSENOVA & PARVANOV, 2009; CLEFF et al., 2010; HO, 2010; LEE &
LEE, 2010; PISTELLI et al., 2012).
Brodin e colaboradores (2007), além da M. pachydermatis, também
testaram outras cepas padrões do gênero Malassezia, sendo elas, M. furfur, M.
slooffiae, M. globosa e M. sympodialis, pelo teste de microdiluição em caldo
avaliando extratos, óleo essencial e compostos do óleo de Artemisia abrotanum
tendo resultados de CIM de 0,1 a 50mg/mL. Outro estudo de Rukayadi e
Hwang (2007) utilizando compostos extraídos de plantas, descreve a atividade
de xanthorrhizol isolado da Curcuma xanthorrhiza em cepas padrões de M.
pachydermatis com CIM 0,25mg/mL e CFM 2,5mg/mL e M. furfur CIM 1,25mg/mL e
CFM 5mg/mL.
Há estudos com isolados de M. pachydermatis oriundos de cães
saudáveis analisaram a ação do extrato hexânico e metanólico de semente de
Persea americana observando CIM de 0,031 a 0,625mg/mL (LEITE et al., 2009). E
utilizando extrato hexânico e acetato de etila da raiz de Ecbolium viride,
Ravindhran et al. (2012) tiveram CIM de 0,25mg/mL e para o fluconazol CIM de
12,5µg/mL. Além do óleo, Kowalski (2008) testou extratos etanólico,
clorofórmico da raiz de Silphium trifoliatum e S. integrifolium, sobre cepas padrões de
fungos e bactérias, com médias de halos de inibição de 6,5 a 10,8mm na
concentração de 10mg/disco e no teste de microdiluição em meio sólido com
médias de CIM de 0,8 a 9,6mg/mL frente a M. pachydermatis. Row e Ho (2009)
testaram o extrato metanólico e aquoso das folhas de Piper betle pelo teste de
difusão em disco, observando halos de inibição de 24 a 12mm nas
concentrações de 5 a 1,25mg/mL em cepa padrão de M. pachydermatis.
Os trabalhos utilizando isolados de casos clínicos ainda são escassos,
mas destes, referenciando o fungo M. pachydermatis, podemos citar o trabalho de
Prestes et al. (2008) que, além do óleo, observaram atividade antifúngica sobre
isolados de otite externa utilizando a tintura das folhas de Origanum vulgare e
Thymus vulgare; Cardoso et al. (2010) demonstraram atividade do própolis sobre
33 isolados de otite de cães com CFM média de 2,4mg/mL; além dos estudos
de Rusenova e Parvanov (2009) e Pistelli et al. (2012).
Galuppi et al. (2010) testaram 23 óleos essenciais pelos métodos de
microdiluição em caldo e difusão em disco sobre isolados de M. pachydermatis, M.
27
furfur e M. sympodialis obtidos de casos clínicos de humanos e animais, e fazendo
uma comparação entre os testes, observaram a diferença entre os resultados.
Existe uma grande variabilidade nas metodologias, como solvente e
partes vegetais selecionadas para confecção dos extratos, óleos essenciais ou
até mesmo a utilização de compostos ativos isolados, testes de suscetibilidade
in vitro, origem e espécie dos microrganismos, concentrações testadas, etc
(NASCIMENTO et al., 2007). Em relação a atividade antifúngica, mais
especificamente com a M. pachydermatis, podemos observar que os testes mais
utilizados são o de microdiluição em caldo e de difusão em disco, sendo que os
estudos utilizam extratos, óleos essenciais e compostos isolados.
Assim, deve-se prosseguir com os testes in vitro, bem como avaliar a
atividade in vivo para assim determinar a eficiência das plantas, para
posteriormente, estabelecer uma terapêutica fitoterápica na medicina
veterinária (ALBUQUERQUE, 2009).
28
4 ARTIGOS
4.1 Artigo 1
LEVANTAMENTO DE PLANTAS COM POTENCIAL MEDICINAL E TÓXICO
NA REGIÃO DO AMBULATÓRIO VETERINÁRIO-UFPEL, PELOTAS-RS
Claudia Giordani; Rosária H. M. Azambuja; Rosema Santin; Luiz F. D.
Schuch; Ana R. M. Meinerz; Marlete B. Cleff
Irá ser submetido à Revista Brasileira de Farmacognosia
29
LEVANTAMENTO DE PLANTAS COM POTENCIAL MEDICINAL E
TÓXICO NA REGIÃO DO AMBULATÓRIO VETERINÁRIO-UFPEL,
PELOTAS-RS
Claudia Giordani1*; Rosária H. M. Azambuja
1; Rosema Santin
2; Luiz F. D. Schuch
1;
Ana R. M. Meinerz1; Marlete B. Cleff
1
1Universidade Federal de Pelotas;
2Universidade Federal do Rio Grande do Sul
*Campus Capão do Leão, S/N, CEP 96010-900
RESUMO
A utilização de plantas é uma prática muito antiga, e atualmente vem se difundido na
área da saúde humana e animal. Porém, muitas plantas são utilizadas sem nenhuma
orientação, expondo pessoas e animais a possíveis intoxicações. O HCV - UFPel, conta
com Ambulatório Veterinário que auxilia no diagnóstico e tratamento das enfermidades
dos animais cujos proprietários se caracterizam por estarem em situação de
vulnerabilidade sócio-econômica. O ambulatório está localizado na periferia de Pelotas-
RS, onde se observam condições sanitárias precárias e animais enfermos sendo
potenciais disseminadores de doenças. Assim, os objetivos deste estudo, foram
identificar as plantas com uso medicinal e potencial tóxico nesta localidade, e o uso de
plantas medicinais em animais. Durante um ano foram entrevistados 111 proprietários
de animais atendidos no ambulatório. Foram listadas 74 plantas, sendo as principais
espécies pertencentes às famílias Asteraceae e Lamiaceae, utilizadas como medicinais,
em pessoas e animais. As plantas com potencial tóxico citadas pelas pessoas pertenciam
as famílias Araceae, Euphorbiaceae e Araliaceae, principalmente as espécies
ornamentais. Assim, percebe-se a existência de muitas plantas medicinais e
1 [email protected] , Tel: (53) 8418-6441.
30
potencialmente tóxicas na região, o que abre a possibilidade de utilização destas em
estudos científicos investigatórios, visando a utilização na terapêutica dos animais de
forma segura.
Palavras-chave: plantas medicinais, plantas tóxicas, animais.
ABSTRACT
The use of plants is a very ancient practice, and now has become widespread in the
human and animal health. However, many plants are used without any guidance, and
exposing people and animals to possible intoxications. The HCV-UFPel, has Veterinary
Ambulatory that assists in the diagnosis and treatment of diseases of animals whose
owners are characterized by being in a situation of vulnerability socioeconomic status.
The ambulatory is located on a poor region of Pelotas, Brazil, where is observed poor
sanitation and sick animals being potential transmitters of disease. The objectives of this
study were to identify plants with medicinal and toxic potential in this location, and the
use of medicinal plants in animals. During one year, 111 were interviewed animal
owners outpatient clinic. 74 plants were listed, being the main species belonging to the
family Asteraceae and Lamiaceae, used in traditional medicine in people and animals.
Plants with potential toxic cited by people belonged the families Araceae,
Euphorbiaceae and Araliaceae, especially ornamentals species. Thus, it is clear that
there are many potentially toxic and medicinal plants in the region, which opens the
possibility of using these scientific investigative studies, aiming at the use of animals in
therapy safely.
Keywords: medicinal plants, poisonous plants, animals.
31
INTRODUÇÃO
Historicamente, registra-se o uso de plantas desde os primórdios da existência
humana para alimentação, construção de moradias, confecção de vestimentas, e
principalmente para o tratamento de enfermidades em animais e humanos (Balick &
Cox 1997; Cleff, 2008; Lopes et al., 2010). Atualmente, com a devastação do bioma
pela agricultura latifundiária, exploração florestal desenfreada, crescimento
populacional e a ocupação desordenada, acabam ocasionando em perda de espécies
vegetais nas matas nativas e cultivadas (Olimpio, 2004; Soares et al., 2006). Neste
cenário, o resgate, a manutenção e a organização do saber popular assumem papel
indispensável (Borsato et al., 2009).
No Brasil, pelo menos 300 espécies de plantas são utilizadas de forma
terapêutica pela população, sendo descrito que o uso de diversas formas pode reduzir à
metade os gastos com medicamentos, obtendo-se resultados satisfatórios (Teixeira &
Nogueira, 2005; Santos et al., 2007; Schwamback, 2007).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as plantas medicinais
deveriam ser a melhor fonte de obter uma variedade de fármacos (Prashar et al., 2003).
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) tem regulamentado o
uso de algumas plantas medicinais, devido estudos científicos comprobatórios de
eficácia em determinadas enfermidades e ou sinais clínicos (Brasil, 2011). Além disso, a
busca de novas opções terapêuticas contra microorganismos resistentes, tanto para
humanos como animais e a presença de diversos efeitos colaterais, estimulam a pesquisa
e o uso das plantas (Mota et al., 2005; Zago et al., 2009; Oliveira et al., 2009;
Albuquerque & Hanazaki, 2006).
Entretanto, muitas plantas são consumidas pela população ou oferecidas aos
animais sem nenhuma orientação, expondo-os muitas vezes a riscos, já que várias
32
espécies são potencialmente tóxicas (Arnous et al., 2005; Schwamback, 2007).
Atualmente, no Brasil existe em torno de 113 descrições de plantas tóxicas, sendo as
plantas ornamentais o destaque nos relatos de intoxicações em pequenos animais (Riet-
Correa et al., 2007; Riboldi, 2010).
Nesse contexto, é essencial a utilização desta terapêutica em populações de
baixa renda, onde se observa condições sanitárias inadequadas e animais doentes vistos
como potenciais disseminadores de doenças. Isso propicia o resgate e a difusão do
conhecimento do uso de plantas medicinais, a fim de promover o retorno às raízes da
terapêutica popular e salientar sobre os riscos de algumas espécies vegetais.
Assim, os objetivos deste trabalho foram identificar plantas utilizadas como
medicinais e aquelas com potencial tóxico distribuídas na região de abrangência do
Ambulatório Veterinário, estabelecendo uma consciência e valorização quanto a
utilização destas na saúde animal.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no período de 2011 a 2012 através de entrevistas
realizadas na comunidade atendida no ambulatório clínico de pequenos e grandes
animais. O ambulatório está localizado em uma comunidade de vulnerabilidade sócio-
econômica na cidade de Pelotas, RS e está vinculado ao Hospital de Clínicas Veterinária
da Universidade Federal de Pelotas (HCV-UFPel). O atendimento ambulatorial
funciona dois dias por semana, pelo turno da manhã e tem por objetivo realizar o
atendimento clínico aos animais, orientando e assistindo os proprietários. O perfil dos
entrevistados era de pessoas com baixo grau de escolaridade e com baixa renda que
sobrevivem principalmente da coleta de resíduos da cidade.
33
Foram realizadas entrevistas com as pessoas da comunidade, com consentimento
das mesmas, onde foi investigado o número de animais nas residências, conhecimento a
respeito de plantas medicinais e tóxicas, forma de aquisição destas e utilização no
tratamento de pessoas e animais, além de questionamentos a cerca dos resultados após o
uso e origem do conhecimento sobre a medicina popular. A aplicação do questionário
foi realizada por professores e estudantes envolvidos no projeto que entrevistavam as
pessoas registrando os dados diretamente nas fichas (Anexo I).
Após este período de investigação, foram realizadas visitas na comunidade,
juntamente com a assistente social, para fotografar e coletar amostras das plantas, com
consentimento dos moradores. As amostras coletadas foram encaminhadas ao
Departamento de Botânica do Instituto de Biologia-UFPel com a finalidade de realizar a
identificação botânica das espécies vegetais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A comunidade Ceval, região onde o Ambulatório Veterinário da Universidade
Federal de Pelotas (UFPel) está inserido, é considerada em situação de vulnerabilidade
sócio-econômica, visto que o desemprego e a baixa escolaridade, entre outros fatores,
obrigam diversas pessoas a garantirem o sustento de sua família através da coleta de
resíduos recicláveis (Vara, 2009). Nesse contexto, pode ser observado grande número
de animais em contato direto com as pessoas, compartilhando o mesmo ambiente,
favorecendo a transmissão de enfermidades zoonóticas (Lima et al., 2010).
Durante o período de estudo, foram entrevistados 111 pessoas, destas 65
(58,6%) mulheres e 46 (41,4%) homens, proprietários de pequenos e grandes animais,
atendidos no Ambulatório Veterinário-UFPel. A distribuição de animais por residência
foi de 2,9 animais por casa, entre eles cães, gatos, cavalos, bovinos, ovinos e aves,
34
sendo os cães e cavalos com maior ocorrência. Isso pode ser explicado pelas
características da população estudada, já que em sua maioria são carroceiros, que
utilizam os equinos como meio de transporte para a coleta de resíduos da cidade. E com
relação aos cães, são criados como animais de companhia, os quais as pessoas da
comunidade mantem vínculos afetivos, em especial, crianças e mulheres, e alguns com
a finalidade de guarda. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de
Produtos para Animais de Estimação (ANFALPET), o número de animais de
companhia vem crescendo, estima-se que o Brasil tem cerca de 98 milhões de animais
de estimação, sendo 34,4 milhões cães. Neste aspecto percebe-se a importância da
manutenção da saúde dos animais, pois além da importância em relação ao bem-estar,
existe a preocupação com a saúde pública devido a possibilidade da transmissão de
doenças zoonóticas (Lima et al., 2010; Neto, 2011).
Através do trabalho de visitação na comunidade, juntamente com uma assistente
social, foram visitadas as residências de alguns entrevistados (n=39), onde se observou
plantas com potencial terapêutico e tóxico, distribuídas nos jardins ou proximidades das
casas da região do ambulatório. Na visitação também foram realizadas novas
entrevistas, realizando fotografias e coletas de amostras de algumas espécies vegetais, a
partir do consentimento dos moradores.
Foram listadas 74 plantas medicinais, pelo seu nome popular, principalmente das
famílias Asteraceae e Lamiaceae, conhecidas ou utilizadas como medicinais pela
população do estudo, estes achados concordam com Severiano et al. (2010) que
descrevem a predominância do cultivo das espécies destas famílias. As plantas foram
citadas tanto para uso próprio como também para os animais sob diferentes formas de
utilização e indicação (Tab.1). A comunidade faz uso de um grande número de espécies
vegetais (n=74), o que também foi observado por Santos et al. (2008), ao realizar um
35
levantamento de espécies medicinais em uma comunidade rural, onde foram relatadas a
utilização de 115 plantas.
Tabela 1. Plantas conhecidas como medicinais, parte utilizada e indicações terapêuticas
citadas pela população de estudo
Nome popular/Família Citações Parte Uso Indicação de Uso
Abacateiro
(Lauraceae)
4 Folha,
semente
C, T Reumatismo, contusões,
feridas
Açoita-cavalo
(Malvaceae)
4 Caule I Feridas, queimaduras,
reumatismo
Agrião (Brassicaceae) 4 Folha, caule I Gripe, digestivo
Alcachofra
(Asteraceae)
4 Folhas I Males do estômago
Alecrim (Lamiaceae) 6 Folhas e
flores
I Dores musculares, problemas
respiratórios, cicatrizante
Alho (Liliaceae) 9 Bulbo M, I,
D
Gripe, vermífugo,
reumatismo
Ameixa (Rosaceae) 4 Fruto D Regularizar o intestino
Amora (Moraceae) 6 Folhas, frutos
e raízes
D, C,
X
Distúrbio hormonal,
inflamação de garganta,
tosse, males do estômago,
prisão de ventre, dermatoses
Anis estrelado
(Magnoliaceae)
4 Flor I, D Gripe
Arnica (Asteraceae) 6 Folhas C Feridas
Aroeira-mansa
(Anacardiaceae)
3 Folhas C Feridas
Arruda (Rutaceae) 9 Folhas I Feridas, sarna, piolhos,
reumatismo, pulgas
Babosa (Asteraceae) 9 Folhas,
polpa, seiva
C, T Feridas, infecções, contusões,
queda de pelos, piolhos
Bálsamo alemão
(Crassulacea)
4 Folha I, C Feridas, gripe
Bardana (Asteraceae) 6 Folha e raiz I, C,
D
Feridas, infecções, queda de
pelos, artrite, dermatoses,
coceira
Boldo (Lamiaceae) 31 Folha I Males do estômago e fígado
Camomila
(Asteraceae)
20 Flores I Calmante, contusões,
inflamação da boca
Cancorosa
(Celastraceae)
5 Folhas I Limpar o sangue
Carqueja (Asteraceae) 15 Folhas e
hastes
I Feridas, males do estômago,
intestino e fígado
Cavalinha
(Equisetaceae)
8 Parte aéreas D Doenças na pelagem, feridas
36
Chapéu-de-couro
(Alismataceae)
2 Folhas I Dores musculares e nos
nervos
Cidreira (Lamiaceae) 35 Folhas I Calmante, dor abdominal
Confrei
(Boraginaceae)
7 Folhas e
raízes
D Feridas, reumatismo,
queimaduras, dermatites,
contusões
Erva-capitão
(Apiaceae)
2 Folhas, raízes D Reumatismo
Erva-de-Santa-Maria
(Chenopodiaceae)
6 Folhas C Cicatrizante, contusões
Erva-de-passarinho
(Loranthaceae)
3 Folhas I Males do pulmão
Erva-de-bicho
(Polygonaceae)
5 Folhas I Feridas
Erva-doce (Apiaceae) 25 Folhas,
semente e
fruto
I Digestão, flatulência, dores
abdominais, calmante
Erva-mate
(Aquifoliaceae)
2 Folhas I, C Cicatrização
Eucalipto (Myrtaceae) 3 Folhas I Gripe, asma, bronquite,
desinfetante, parasiticida
Figueira (Moraceae) 3 Folhas D Tosse
Funcho (Apiaceae) 18 Semente,
folhas, fruto,
raiz
I Gazes, dor abdominal, gripe,
estimulante do leite materno
Gervão (Verbenaceae) 3 Folhas D, I Males do estômago e fígado
Goiabeira (Myrtaceae) 6 Folhas, casca,
raiz, fruto,
botão floral
D, I Diarréia, inflamações de pele
e mucosas
Guaco (Asteraceae) 28 Folhas,
planta florida
I, C,
T, X
Gripe, expectorante, tosse,
dor abdominal, picadas de
inseto, coceira, dores
traumáticas
Guiné (Phytolacaceae) 4 Folhas e raiz I, D Reumatismo, contusões
Hortelã (Lamiaceae) 7 Folhas e
planta florida
I, C Feridas, males do fígado,
dores abdominais, coceira,
contusões, massagem,
expulsão de parasitas
intestinais
Ipê (Bignoniaceae) 1 Casca D Reumatismo
Laranjeira (Rutaceae) 10 Folhas D, Sc Gripe, tosse
Limoeiro (Rutaceae) 12 Folhas D, Sc Gripe, tosse
Losna (Asteraceae) 5 Folhas e
flores
I, D Males do estômago e fígado,
feridas, picadas de insetos
Louro (Lauraceae) 2 Folhas I, D Má digestão
Macela (Asteraceae) 33 Planta florida I, C Reumatismo, males do
estômago, diarreia, gripe, dor
abdominal, digestão, coceira
Malva (Malvaceae) 30 Folhas, flores I Tosse, infecção, cicatrizante,
dor de dente, contusões
37
Mamona
(Euphorbiaceae)
4 Folhas C Furúnculo
Manjericão
(Lamiaceae)
8 Folhas I,Su Problemas digestivos e
respiratórios, reumatismo,
antisséptico
Manjerona
(Lamiaceae)
10 Folhas C Reumatismo, contusões
Maracujá
(Passifloraceae)
2 Folhas, fruto I, Sc Calmante
Mil-folhas
(Asteraceae)
2 Folhas e
flores
I, D,
C
Feridas, reumatismo, dores
abdominais, falta de apetite
Milho (Gramineae) 1 Estiles I Dor ao urinar, diurético
Murta (Myrtaceae) 5 Folhas D Tônico, emagrecimento
Orégano (Lamiaceae) 7 Folhas e
ramos
I, C Males do estômago,
repelente, infecções de pele
Palminha (Asteraceae) 25 Folhas I, C Males do estômago e fígado,
afastar insetos, cicatrizante,
vermífugo
Pariparoba
(Piperaceae)
7 Folhas D, I Males do estômago e fígado
Pata-de-vaca
(Fabaceae)
4 Folhas,
flores, raízes
e casca
I Cicatrizante, diabetes
Picão branco
(Asteraceae)
6 Folhas I Infecção, coceira
Picão preto
(Asteraceae)
3 Folhas I Icterícia, antisséptico
Pitangueira
(Myrtaceae)
13 Folhas, fruto I Dor abdominal, diarreia,
vermífugo
Pixirica
(Melastomataceae)
2 Folhas I Males de urina
Poejo (Lamiaceae) 6 Folhas I Afastar pulgas e mosquitos,
estimulante de apetite,
cálculos biliares,
expectorante
Quebra-pedra
(Euphorbiaceae)
3 Partes aéreas I Cálculo renal pequeno
Romã (Punicaceae) 4 Casca D Dor abdominal e diarreia
Salsa (Apiaceae) 11 Folha,
semente, raiz
C Feridas, picadas de inseto
Sálvia (Lamiacae) 3 Folhas I Gripe
Sene (Fabaceae) 3 Folhas I Regulação do intestino
Tansagem
(Plantaginaceae)
28 Folhas I, C Males da garganta, infecção
urinária, dentes, ovário,
cicatrizante
Tangerina (Rutaceae) 9 Folhas D, I,
Sc
Gripe
Teta-de-cadela
(Moraceae)
2 Folhas D Diurético
Tuia (Cupressaceae) 4 Folhas T Reumatismo, verrugas
38
Vassourinha
(Malvaceae)
4 Toda planta I, C Diarreia, picadas de inseto
Verbena
(Verbenaceae)
1 Folhas I Males do estômago
74 590 107 105 189 *Cada entrevistado pode citar mais de uma planta. I: infusão; D: decocção; C: cataplasma e compressas; Sc: suco; Su: sumo; T:
tintura; M: maceração, X: xarope.
Nesta população, a parte mais utilizada das plantas eram as folhas, que foram
citadas por 82,1% (n=78) dos entrevistados, concordando com levantamento feito por
Sevignani & Jacomassi (2003), o que segundo os autores é resultado da facilidade e
disponibilidade de coleta, sendo também uma boa prática em relação a preservação das
espécies (Castellucci et al., 2000; Jacoby et al., 2002).
Os entrevistados citaram a utilização das plantas principalmente para terapêutica
de sintomas gastrointestinais, incluindo doenças hepáticas, gripe, dores localizadas,
como dores musculo-articulares e feridas. As principais formas de preparação das
plantas para o uso foram a infusão e decocto, o mesmo foi observado por Vendruscolo
& Mentz (2006), onde em sua pesquisa a maioria dos informantes usava na forma de
chá, tanto infusão como decocção.
Em relação ao uso das plantas para tratamento, foi relatada melhora em 94% dos
casos, utilizadas como terapia única, com apenas 6% de reações adversas e ineficácia do
tratamento. Nesta comunidade, muitas vezes, os recursos naturais se tornam a única
opção viável para tratamento das enfermidades de pessoas e animais, devido a baixa
renda familiar. Tais dados divergem do que foi encontrado Lima et al. (2012), onde
100% dos entrevistados não apresentaram nenhum efeito colateral, relatavam que após o
uso sempre apresentavam melhora, e em 67,95% dos casos esse tratamento era
associado com a terapia alopática.
Os entrevistados que não possuiam animais correspondem aos indivídios que
levavam animais pertencentes a outros membros da família, não sendo os proprietários
39
diretos. Em relação às pessoas que usam plantas, há um baixo número que utilizam para
tratamento dos animais conforme podemos observar na figura 1. Esses dados
diveregem de Lima et al. (2012) que das pessoas entrevistadas (n=100), cerca de 48%
delas usam as plantas para tratar seus animais.
Figura 1. Distribuição das pessoas entrevistadas quanto a utilização das plantas
em pessoas e em animais.
O conhecimento da utilização das plantas de forma terapêutica foi adquirido por
intermédio da família (pais e avós) em 85% (n=81) dos casos e por intermédio de
revistas, reportagens e livros 15% (n=14) conforme relato dos entrevistados. Estas
formas de aquisição do conhecimento também foram observadas em estudo de Lopes et
al. (2012), porém neste estudo nota-se que a informação do conhecimento foi diferente
entres os membros da família, correspondendo a cerca de 70% transmitido pelos pais e
apenas 25% pelos avós.
Com relação à distribuição das plantas, 78 residências da população entrevistada
cultivavam plantas, tendo um número médio de 4,4 espécies por residência. Destas,
98,7% (n=77) que mantinham as plantas no quintal faziam uso para tratamento e apenas
1,3% (n=1) não utilizavam, adquirindo as espécies de outras formas. Além disso, das
outras 44 moradias, que não cultivavam plantas, apenas 38,6% (n=17) adquiria as
40
plantas de outras formas, como no ervateiro, parentes, amigos, vizinhos, supermercado,
farmácia, ou de áreas rurais (Fig 2).
*Os entrevistados podiam citar mais que uma forma de aquisição; (E): Ervateiro; (A/V/P): Amigos, vizinhos e ou parentes;
(Far/Mer): Farmácia e ou mercado. Alguns entrevistados só utilizavam as plantas que cultivavam em sua residência.
Figura 2. Distribuição do cultivo e formas de aquisição das plantas medicinais pela
comunidade.
O grande índice de pessoas com plantas medicinais em suas residências pode ser
explicado pela miscigenação de culturas e também pelas condições do clima e solo no
Rio Grande do Sul, que favorecem o cultivo de diversas espécies vegetais, o que difere
de regiões como o estado do Maranhão, onde levantamento realizado em bairros da
cidade de São Luíz, observou o baixo número de residências com plantas medicinais
(Pessoa & Cartágenes, 2010). Também observamos que as pessoas que tinham plantas
em casa, também adquiriam de outras fontes, o que demonstra o interesse e a confiança
que as pessoas têm no uso das plantas medicinais, concordando com o observado por
Quevedo e colaboradores (2011).
Mediante os dados da pesquisa, a faixa etária média dos entrevistados
relacionada ao cultivo e utilização de plantas medicinais, predomina em pessoas com
maior idade, como demonstra a figura 3. Além disso, pessoas que passaram por um
41
período de suas vidas na zona rural, e que pertencem ao sexo feminino, foram aquelas
que possuiam maiores conhecimentos e mais usavam as plantas com fins terapêuticos, e
que inclusive, mantinham pequenos canteiros em suas residências.
Figura 3. Média das idades dos entrevistados em relação
ao uso e cultivo de plantas medicinais.
As pessoas mais jovens e com baixo grau de escolaridade, em sua grande
maioria, não utilizavam as plantas, não tinham conhecimento ou não souberam informar
a respeito. Isto ocorre pelo maior contato dos adultos com os idosos da comunidade,
sendo que a população mais jovem não está próxima ou ainda não percebeu a
importância das plantas. Assim, ressalta-se a importância de estabelecer um resgate e
preservação das espécies medicinais, pois são fonte de pesquisa de novos compostos
bioativos, abrindo a possibilidade de utilizá-las como alternativa terapêutica para a
população (Foglio et al., 2006; Hoeffel et al., 2011). Desta forma, é de suma
importância a interação entre as pessoas e as comunidades, podendo esse conhecimento
ser distribuído amplamente, incindindo diretamente na promoção da saúde humana e
animal (Souza et al., 2012).
Nas visitações na comunidade foram coletadas 30 amostras de plantas e
identificadas botanicamente, sendo elas: Achiella millefolium (Mil-folhas), Artemisia
42
absinthium (Losna), Arctium minus (Bardana), Bauhinia forficata (Pata-de-vaca),
Baccharis trimera (Carqueja), Bidens pilosa (Picão-preto), Coix lacryma-jobi (Lágrima-
de-Nossa-Senhora), Cupressus sempervirens (Cipreste), Cymbopogon citratus (Capim-
cidreira), Equisetum hyemale (Rabo-de-lagarto), Eugenia uniflora (Pitangueira),
Hydrocotyle bonariensis (Erva-capitão), Juncus bufonius (Junco), Luehea divaricata
(Açoita-cavalo), Majorana hortensis (Manjerona), Mentha pulegium (Poejo), Origanum
vulgare (Orégano), Ocimum basilicum (Manjericão), Pfaffia glomerata (Ginseng),
Piper umbellatum (Pariparoba), Plantago australis (Tansagem), Plectranthus ornatus
(Boldo), Plectranthus barbatus (Boldo), Polygonum hydropiperoides (Erva-de-bicho),
Psidium guajava (Goiabeira), Rosmarinus officinalis (Alecrim), Schinus terebinthifolius
(Aroeira-mansa), Senna corymbosa (Fedegoso), Solidago chilensis (Lanceta), Thuja
orientalis (Tuia) e Tripogandra diuretica (Trapoeraba), Verbena litoralis (Verbena).
Algumas destas plantas, citadas como medicinais, tinham as formas de uso e indicações
terapêuticas desconhecidas pelos entrevistados.
Das plantas analisadas botanicamente, duas plantas (Picão-branco e Picão-preto)
citadas por nomes populares diferentes correspondiam a mesma espécie (Bidens pilosa),
e outras duas plantas citadas como a mesma planta (Boldo), correspondiam a espécies
diferentes (Plectranthus ornatus e Plectranthus barbatus). O que pode representar um
risco à saúde, pois algumas plantas podem ser consumidas ou oferecidas aos animais
sem identificação botânica e orientação, indicadas apenas pelo nome popular, podendo
ser espécies diferentes, expondo os consumidores à toxicidade, dosagens errôneas,
constituintes diferentes e ou desconhecidos (Arnous et al., 2005; Schwamback, 2007;
Verdam & Silva, 2010).
Com relação às plantas com potencial tóxico, foram listadas pela população seis
plantas, citadas pelo nome popular, sendo elas Aroeira-brava (Lithraea brasiliensis -
43
Anacardiaceae), Cinamomo (Melia azedarach - Meliaceae), Comigo-ninguém-pode
(Dieffenbachia picta - Araceae), Copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica - Araceae),
Mamona (Ricinus communis - Euphorbiaceae) e Samambaia (Pteridium aquilinum -
Polypodiaceae). Porém, nas visitações foram encontradas mais 14 espécies consideradas
tóxicas como: Antúrio (Anthurium andraeanum - Araceae), Azaléia (Rhododendron
spp. - Ericaceae), bico-de-papagaio (Euphorbia pulcherrima - Euphorbiaceae), Cheflera
(Schefflera spp. - Araliaceae), Coroa-de-Cristo (Euphorbia milii - Euphorbiaceae),
Espada-de-São-Jorge (Sansevieria trifasciata - Liliaceae), Hera (Hedera helix -
Araliaceae), Hortência (Hydrangea macrophylla - Saxifragaceae), Kalanchoe
(Kalanchoe spp. - Crassulaceae), Lantana (Lantana spp. - Verbenaceae), Lírio-da-paz
(Spathiphyllum wallisii - Araceae), Trevo-branco (Trifolium repens - Fabaceae),
Trombeteira (Datura suaveolens - Solanaceae) e Unha-de-gato (Ficus pumila -
Moraceae), totalizando 20 espécies tóxicas na comunidade.
Mediante esses dados, percebe-se que com as entrevistas e visitações às
moradias, cerca de 80% (n=89) das pessoas da comunidade tem pelo menos uma
espécie de planta tóxica próxima ou em sua residência e, ainda 70% (n=14) das plantas
não foram citadas como tóxicas, confirmando o desconhecimento sobre o risco que
representam estas plantas, conforme descrito por Oliveira (2002). A presença destas
plantas torna imprescindível o conhecimento de seu caráter tóxico, pois de acordo com
Riboldi (2010), grande porcentagem destas plantas são consideradas as principais
envolvidas em acidentes tóxicos em cães e gatos.
Segundo os dados dos atendimentos do ambulatório veterinário, algumas destas
plantas já foram envolvidas em diagnóstico toxicológico em cães e gatos, como por
exemplo, cinamomo, comigo-ninguém-pode e lírio-da-paz. Em nossa análise, confirma-
se uma maior incidência de intoxicações com a planta comigo-ninguém-pode,
44
concordando com os dados do Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do
Sul (CIT/RS, 2010).
CONCLUSÕES
Com o estudo pode-se concluir que existem muitas espécies medicinais
distribuídas na região do estudo, assim como potencialmente tóxicas, sendo de grande
importância ressaltar os possíveis usos e riscos que as pessoas e os animais estão
propensos frente ao uso sem o conhecimento científico. Também foi observado que o
conhecimento e uso das plantas predominam entre mulheres e pessoas com mais idade,
porém a utilização das plantas medicinais nos animais ainda é escasso. Isso abre a
possibilidade de valorização e difusão do conhecimento sobre as plantas medicinais e
tóxicas nesta comunidade, assim como para uso na saúde animal.
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação em Veterinária - UFPel, a CAPES e FAPERGS.
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essenciais e drogas antimicrobianas sobre linhagens de Staphylococcus aureus e
Escherichia coli isoladas de casos clínicos humanos. Rev Bra Farmacog, v.19, n.4,
p.828-833, 2009.
50
4.2 Artigo 2
DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DE DIFERENTES
EXTRATOS VEGETAIS FRENTE A M. PACHYDERMATIS
Claudia Giordani; Gabriela Hornke Alves; Daiane Einhardt Blank; Rosema
Santin; Mário Carlos Araújo Meireles, Marlete Brum Cleff
Irá ser submetido à Revista Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e
Zootecnia
51
Determinação da atividade antifúngica de diferentes extratos vegetais frente a M. 1
pachydermatis 2
Determination of antifungal activity of different plant extracts against M. 3
pachydermatis 4
5
Claudia Giordani1*; Gabriela Hornke Alves
1; Daiane Einhardt Blank
1; Rosema 6
Santin2; Mário Carlos Araújo Meireles
1, Marlete Brum Cleff
1 7
1. Universidade Federal de Pelotas 8
2. Universidade Federal do Rio Grande do Sul 9
11
RESUMO 12
A malasseziose é uma micose que acomete os animais e envolve a multiplicação de M. 13
pachydermatis que é comensal do conduto auditivo e tegumento cutâneo em animais 14
domésticos, tornando-se patogênica com o aumento do número de células, ocasionando 15
em casos de otite e ou dermatite. Na terapia aplicada a malasseziose, as principais 16
problemáticas referem-se à frequência de recidivas, a necessidade de tratamento por 17
tempo prolongado juntamente com a toxicidade e frequentes relatos de resistência aos 18
fármacos, sendo que a pesquisa por novos princípios originados de plantas pode ser uma 19
alternativa para o tratamento desta e de outras enfermidades. O objetivo do estudo foi 20
avaliar a atividade antifúngica de diferentes extratos vegetais hidralcólicos frente a M. 21
pachydermatis provenientes de casos de otite e dermatite em cães. Foram utilizados 48 22
isolados de M. pachydermatis, estocados no Laboratório de Micologia Veterinária. Para 23
avaliar a atividade antifúngica foi realizado o teste de microdiluição em caldo (CLSI 24
M27-A3) e o teste de difusão em disco (CLSI M44-A2) com modificações para 25
fitoterápicos e M. pachydermatis. Foram usados extratos hidroalcoólicos das folhas de 26
Baccharis trimera, Equisetum hyemale, Eugenia uniflora, Polygonum hydropiperoides, 27
Schinus terebinthifolius e Solidago chilensis sob as concentrações de 3,12 a 100mg/mL 28
no teste de microdiluição, e 100mg/mL no teste de difusão em disco. Com os resultados 29
verificou-se que três plantas, Eugenia uniflora, Polygonum hydropiperoides e Schinus 30
terebinthifolius foram eficazes sobre todos os isolados testados, apresentando médias de 31
CIM e CFM que variaram de 3,16 a 5,71mg/mL, e halos de inibição entre 7,50 a 32
14,72mm. Já Baccharis trimera, Equisetum hyemale e Solidago chilensis não 33
apresentaram ação antifúngica nas concentrações testadas em ambos os testes. Assim, 34
52
os estudos com os extratos de pitangueira, erva-de-bicho e aroeira-mansa são 35
promissores, podendo ser uma alternativa no tratamento da malasseziose. 36
Palavras-chave: Malasseziose, extratos vegetais, isolados clínicos, cães. 37
38
ABSTRACT 39
The malasseziose is a mycosis that affects animals and involves the multiplication of M. 40
pachydermatis which is commensal of the auditory canal and skin in domestic animals 41
and become pathogenic with increasing numbers of cells, resulting in cases of otitis and 42
or dermatitis. In therapy applied to malasseziose, the main problems relate to the 43
frequency of relapses, the need for prolonged treatment with the frequent reports of 44
toxicity and drug resistance, and the search for new principles originating from plants 45
can be an alternative for the treatment of these and other diseases. The aim of the study 46
was to evaluate the antifungal activity of different plant extracts against M. 47
pachydermatis from cases of otitis in dogs and dermatitis. A total of 48 isolates of M. 48
pachydermatis, stored in Veterinary Mycology Laboratory was use. To evaluate the 49
antifungal activity test was performed microdilution (CLSI M27-A3) test and disk 50
diffusion (CLSI M44-A2) with modifications to herbal and M. pachydermatis. Was 51
used hydroalcoholic extracts of the leaves of Baccharis trimera, Equisetum hyemale, 52
Eugenia uniflora, Polygonum hydropiperoides, Schinus terebinthifolius and Solidago 53
chilensis in concentrations of 3.12 to 100mg/mL on microdilution test, and 100mg/mL 54
on the disk diffusion test. From the results it was found that three plants, Eugenia 55
uniflora, Polygonum hydropiperoides and Schinus terebinthifolius were effective on all 56
isolates tested, with MIC and MFC averages ranging from 3,16 to 5,71mg/mL, and 57
inhibition zones between 7,50 to 14,72mm. Already Baccharis trimera, Solidago 58
chilensis and Equisetum hyemale showed no antifungal activity at the concentrations 59
tested in both tests. Thus, studies with extracts of Aroeira, Erva-de-bicho and 60
Pitangueira are promising and may be an alternative in the treatment of malasseziose. 61
Keywords: malasseziosis, plant extracts, clinical isolates, dogs. 62
63
INTRODUÇÃO 64
65
Malassezia pachydermatis é uma levedura frequentemente isolada na microbiota 66
do conduto auditivo e tegumento cutâneo de animais domésticos e selvagens, podendo 67
atuar como patógeno oportunista, estando geralmente relacionada a doenças de base, 68
53
desequilíbrio local, situações de estresse e baixa imunidade (Nobre et al., 1998; 69
Machado et al., 2003; Medleau e Hnilica, 2003; Girão et al., 2004; Mendes et al., 2011). 70
A malasseziose em pequenos animais acomete mais comumente os cães, onde a 71
malasseziose ótica destaca-se, podendo ocorrer devido fatores raciais e anatômicos, 72
como presença de maior quantidade de tecido glandular no canal auditivo, orelhas 73
pendulares, excesso de pelos no meato acústico e canais estenóticos, sendo que casos de 74
otite requerem tratamento cuidadoso, pois recidivas são frequentes (White, 1999; Leite 75
et al., 2003; Harvey et al., 2004). Na malasseziose cutânea, os fatores predisponentes se 76
referem a presença de seborréia decorrente de distúrbios endócrinos e metabólicos, 77
alterações cutâneas por hipersensibilidade, defeitos da queratinização, uso excessivo de 78
antibióticos e corticóides, assim como determinadas características raciais, como 79
grandes quantidades de dobras cutâneas (Plant et al., 1992; Bond et al., 1996; Guaguere 80
e Prelaud, 1996; Kennis et al., 1996; Cafarchia et al., 2005). 81
Em relação a terapia aplicada às micoses, as principais problemáticas referem-82
se à frequência de recidivas e de infecções oportunistas, a necessidade de tratamento por 83
tempo prolongado juntamente com a toxicidade e frequentes relatos de resistência aos 84
fármacos (Lacaz et al., 2002; Hirsh e Zee, 2003; Sidrim e Rocha, 2004; Castro, 2010). 85
Mediante esta realidade, surgiu a necessidade de buscar novos antimicrobianos, 86
havendo estudos crescentes em relação ao uso de plantas medicinais como terapia 87
alternativa. Isso tem comprovado cientificamente o potencial medicinal destas, 88
avaliando mecanismos de ação, com a finalidade de aplicação como tratamento em 89
diversas patologias (Penna et al., 2001; Amaral e Barra, 2005; Haida et al., 2007; 90
Teixeira et al., 2011). 91
Desta forma, avaliou-se o potencial antifúngico de extratos hidroalcóolicos das 92
plantas medicinais (Aroeira-mansa, Carqueja, Erva-de-bicho, Lanceta, Rabo-de-lagarto 93
e Pitangueira) encontradas em Pelotas- RS, em isolados clínicos de M. pachydermatis 94
obtidas de cães com dermatite e otite por esta levedura. 95
96
97
MATERIAL E MÉTODOS 98
99
Para seleção das plantas do estudo, foi realizado um levantamento das plantas e 100
suas utilizações como medicinais pela população de abrangência do Ambulatório 101
Veterinário da Universidade Federal de Pelotas, em Pelotas-RS. As espécies foram 102
54
selecionadas através da indicação popular de ação antimicrobiana e também pela alta 103
distribuição das espécies na região, sendo elas, a Aroeira-mansa (A), Carqueja (C), 104
Erva-de-bicho (E), Lanceta (L), Pitangueira (P) e Rabo-de-lagarto (R). Estas foram 105
colhidas na região do estudo, sendo uma amostra de cada planta prensada e 106
encaminhada para o Setor de Botânica da Universidade Federal de Pelotas para 107
identificação do gênero e espécie. 108
As plantas foram secas em estufa com circulação de ar sob a temperatura de 109
35°C, no Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos (CCQFA) da 110
Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e, embaladas em papel pardo até o momento 111
do preparo do extrato, sendo por fim, trituradas e pesadas em balança de precisão. 112
Para o preparo dos extratos vegetais, utilizou-se 100g de cada planta 113
separadamente e adicionou-se 500mL de álcool de cereais 70%. Esta tintura 114
permaneceu por um período de sete dias em vidro estéril hermeticamente fechado, 115
protegido da luz e em temperatura ambiente. Uma vez ao dia era realizada agitação 116
manual durante um minuto para favorecer a homogeneização. Após este período, a 117
amostra foi filtrada com gaze estéril e reconstituiu-se o volume inicial com álcool de 118
cereais 70%, resultando em uma tintura que permaneceu armazenada em frasco âmbar 119
estéril hermeticamente fechado até o uso (Schiedeck et al., 2008). 120
Para obtenção do extrato hidroalcólico, foi utilizado o rotaevaporador à vácuo 121
com banho de aquecimento sob temperatura de 40°C para retirada do solvente (álcool 122
de cereais 70%). Após este procedimento, foi restituído o volume inicial com água 123
destilada estéril. Os extratos hidroalcólicos foram testados em seis concentrações de 100 124
a 3,12mg/mL em diluições seriadas e em duplicata. 125
Os isolados de M. pachydermatis utilizados no estudo se encontravam estocados 126
no Centro de Diagnóstico e Pesquisa em Micologia Veterinária da Universidade Federal 127
de Pelotas (MicVet-UFPel) e eram provenientes de casos clínicos de otite (n=38) e 128
dermatite (n=10) em cães. O método utilizado para avaliação da atividade antifúngica 129
foi microdiluição em caldo baseado no documento M27-A3 (2008) do CLSI – Clinical 130
and Laboratory Standards Institute, e de difusão em disco, documento M44-A2. Ambos 131
os protocolos foram modificados para o uso de fitofármacos e M. pachydermatis. 132
O inóculo fúngico foi preparado a partir de colônias jovens com 24 horas (h) de 133
crescimento, sendo homogenizada uma alçada da colônia em solução salina estéril. 134
Cada inóculo foi ajustado em espectrofotômetro com comprimento de onda de 320nm e 135
transmitância de 65-70%. 136
55
Para o teste de difusão foram semeados, por espalhamento com alça de 137
Drigalski, 100µL do inóculo padronizado em especotofotômetro, em placas de Petri 138
contendo ágar Sabouraud dextrose com cloranfenicol. Após a secagem do inóculo, 139
foram inseridos os discos de papel filtro estéreis de 5mm e, aplicado sobre estes, 10µL 140
dos diferentes extratos vegetais, em triplicata, sendo incubados a 37°C durante 48h. 141
Também foi utilizada a 10µL, inseridos nos discos, de água destilada estéril como 142
controle negativo. A leitura foi realizada utilizando uma régua para medição do halo de 143
inibição em milímetros (mm). Todos os testes foram realizados em triplicata para cada 144
extrato. 145
Para o teste de microdiluição em caldo realizou-se a primeira diluição do inóculo 146
padronizado com solução fisiológica estéril (1:50) e, a partir desta, uma diluição 1:20 147
utilizando meio Sabouraud líquido, sendo esta adaptação descrita por Eichenberg et al., 148
2003 e Nascente et al., 2003. Os resultados foram expressos em Concentração Inibitória 149
Mínima (CIM) e Concentração Fungicida Mínima (CFM). A determinação da CIM foi 150
realizada pelo método visual, sendo considerada a CIM, a menor concentração do 151
extrato capaz de inibir o crescimento da levedura testada. Para determinação da CFM, 152
foram semeados 10μL das suspensões das microplacas em ágar Sabouraud dextrose 153
com cloranfenicol, incubadas a 35°C por 48h, sendo considerada a CFM a menor 154
concentração dos extratos que não apresentou crescimento da levedura. 155
Também foi realizada, no teste de microdiluição em caldo, a análise da CIM e 156
CFM do cetoconazol em 10 concentrações seriadas de 16-0,015µg/mL com o objetivo 157
de avaliar a sensibilidade dos 48 isolados. 158
A análise estatística foi realizada com o programa Statistix 9.0, pela metodologia 159
da análise de variância (ANOVA), comparando as médias pelo teste de Tukey e o teste 160
de Scheffe. Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos. 161
162
RESULTADOS E DISCUSSÃO 163
164
Em levantamento etnobotânicos já realizados, as espécies vegetais envolvidas no 165
estudo são citadas com grande variedade de indicações como anti-inflamatório, 166
digestivo, cicatrizante, diurético, infecções, edema, reumatismo, verminoses, diabetes, 167
calmante, emagrecedor, redutor de colesterol, aliviar dores de cólica, gripe, febre, 168
feridas de pele, dor de estômago, males do fígado, diarreia e normalizador de pressão 169
(Ritter et al., 2002; Macedo et al., 2007; Calábria et al., 2008; Soares et al., 2009; Lima 170
56
et al., 2011). A utilização de plantas medicinais é uma das práticas mais antigas da 171
humanidade e atualmente vem ganhando espaço na medicina humana e em veterinária, 172
tanto na terapia como também na profilaxia de doenças (Montes et al., 2009; Ustulin et 173
al., 2009; Lopes et al., 2010). O conhecimento popular, contribui em muito com a 174
pesquisa, agilizando a triagem de espécies com potencial para pesquisa de fármacos, 175
assim como direcionando para o potencial terapêutico da planta (Cecílio et al., 2008). 176
As plantas foram citadas pelo seu nome popular, sendo identificadas 177
botanicamente como Schinus terebinthifolius (Aroeira-mansa), Baccharis trimera 178
(Carqueja), Polygonum hydropiperoides (Erva-de-bicho), Solidago chilensis (Lanceta), 179
Eugenia uniflora (Pitangueira) e Equisetum hyemale (Rabo-de-lagarto) pertencentes às 180
famílias Anacardiaceae, Asteraceae, Polygonaceae, Asteraceae, Myrtaceae e 181
Equisetaceae, respectivamente. Observando que, o nome popular das plantas citadas 182
concordava com o nome científico correspondente. 183
É de fundamental importância a identificação botânica, pois espécies vegetais 184
diferentes podem apresentar o mesmo nome popular, havendo a possibilidade de 185
exposição em pessoas e animais a princípios ativos diferentes e potencialmente tóxicos 186
(Verdam e Silva, 2010). Os resultados observados apresentam importância significativa, 187
pois o Rio Grande do Sul apresenta uma grande riqueza no que diz respeito a 188
distribuição de plantas com potencial medicinal. Sendo que, as famílias botânicas mais 189
utilizadas para fins medicinais no Rio Grande do Sul são Asteraceae, Lamiaceae, 190
Myrtaceae, Rutaceae e Verbenaceae (Ritter et al., 2002; Kadereit e Jeffrey, 2007; 191
Vendruscolo e Mentz, 2006; Baldauf et al., 2009; Panero; Funk, 2008). 192
No teste de difusão, o extrato com maior halo de inibição foi de pintagueira, 193
seguido da aroeira e erva-de-bicho que apresentaram halos de inibição moderados. Os 194
extratos de carqueja e lanceta não foram eficazes na inibição de M. pachydermatis, e o 195
extrato de rabo-de-lagarto não apresentou halo de inibição em nenhum dos 48 isolados 196
testados (Tab. 1). 197
198
199
200
201
202
57
Tabela 1. Média dos halos de inibição, em milímetros (mm), no teste 203
de difusão em disco dos extratos vegetais (100mg/mL) testados 204
sobre isolados clínicos de M. pachydermatis. 205
Halos de inibição (mm)
Extratos Média Mínima Máxima
Aroeira-mansa 7,50b 5 12
Carqueja 2,02c 0 6
Erva-de-bicho 9,26b 6 13
Lanceta 0,52c 0 7
Pitangueira 14,72a 7 24
Rabo-de-lagarto - 0 0 *Letras diferentes nas colunas demonstram diferença estatística significativa (P<0,05).
206
O cetoconazol utilizado como referência para avaliar a sensibilidade dos 207
isolados fúngicos apresentou CIM e CFM entre 0,03 a 0,06 μg/mL. Estes resultados são 208
semelhantes aos descritos por Eichenberg et al. (2003) que testaram a sensibilidade de 209
82 isolados de M. pachydermatis ao cetoconazol, onde a maioria dos isolados foram 210
sensíveis às concentrações de 0,03, 0,06 e 0,125 μg/mL. Nascente et al. (2003) testaram 211
o cetoconazol, fluconazol e itraconazol obtendo CIM de 0,125-0,5 μg/mL; 2-8 μg/mL; 212
0,125-0,5 μg/mL, respectivamente, pelo método de microdiluição em caldo. 213
Após a leitura da CIM e CFM, observou-se que os extratos de aroeira-mansa, 214
erva-de-bicho e pitangueira apresentaram menores concentrações inibitórias e 215
fungicidas mínimas frente a M. pachydermatis, diferindo estatisticamente entre si nos 216
resultados da CIM (p<0,05) (Tab.2). 217
218
Tabela 2. Médias dos resultados da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e 219
Concentração Fungicida Mínima (CFM) para os extratos hidroalcoólicos (mg/mL) 220
testados sobre M. pachydermatis 221
Extratos CIM (mg/mL) CFM (mg/mL)
Média Mínima Máxima Média Mínima Máxima
Aroeira-mansa 4,78a 3,12 6,25 5,71
b 3,12 25
Carqueja >100 50 >100 >100 100 >100
Erva-de-bicho 3,16b 3,12 25 5,15
b 3,12 25
Lanceta >100 50 >100 >100 100 >100
Pitangueira 3,16a 3,12 6,25 5,58
b 3,12 25
Rabo-de-lagarto >100 50 >100 >100 100 >100 *Letras diferentes nas colunas demonstram diferença estatística significativa (P<0,05); Os dados considerados >100 representam a 222 ausência de valores de CIM e CFM sobre a maioria dos isolados. 223
58
Os extratos hidroalcólicos de carqueja, lanceta e rabo-de-lagarto não 224
apresentaram ação antifúngica nas concentrações testadas em mais de 80% dos isolados 225
de M. pachydermatis pelo teste de microdiluição em caldo (Tab.3). 226
227
Tabela 3. Frequência absoluta da concentração inibitória mínima dos extratos sobre 228
isolados de otite e dermatite de M. pachydermatis em cães, com maiores CIM e CFM 229
Extratos
Concentrações
(mg/mL)
Carqueja Lanceta Rabo-de-lagarto
CIM (n) CFM (n) CIM (n) CFM (n) CIM (n) CFM (n)
>100* 39 42 43 47 39 45
100 5 6 4 1 8 3
50 4 - 1 - 1 - *Os dados da concentração >100 referem-se a isolados que não foram inibidos nas concentrações testadas (3,12 a 100mg/mL).
230
Os estudos de sensibilidade da M. pachydermatis com extratos vegetais são 231
escassos, não sendo encontrados trabalhos científicos avaliando as plantas selecionadas 232
na pesquisa, em isolados clínicos de cães. Os estudos disponíveis com atividade 233
antifúngica a este agente utilizaram extratos de Persea americana, Silphium trifoliatum, 234
Silphium integrifolium, Piper betle, Ecbolium viride, própolis, óleos essenciais de 235
diversas plantas e ou compostos isolados destas, e alguns destes com concentrações 236
antifúngicas similares as observadas no presente estudo (Brodin et al., 2007; Rukayadi e 237
Hwang, 2007; Kowalski, 2008; Prestes et al., 2008; Leite et al., 2009; Rusenova e 238
Parvanov, 2009; Row e Ho, 2009; Cardoso et al., 2010; Cleff et al., 2010; Galuppi et al., 239
2010; Ho, 2010; Lee e Lee, 2010; Pistelli et al., 2012; Ravindhran et al., 2012). 240
Os resultados encontrados no estudo utilizando o extrato hidroalcoólico das 241
folhas de erva-de-bicho demonstraram ação antifúngica, sendo também relatado 242
potencial antibacteriano por Tresoldi (2008) que ao estudar o decocto das folhas 243
observou atividade frente a Staphylococcus aureus, Rhodococcus equi, Salmonella 244
chirenarsuis, porém sem atividade sobre Escherichia coli. 245
No estudo de Aurichio et al. (2007) utilizando o extrato hidroalcoólico de folhas 246
de pitangueira, demonstraram atividade em isolados de Aspergillus niger, Candida 247
albicans, P. aeruginosa, Salmonella choleraesuis e S. aureus, com CIM de 500mg/mL 248
para C. albicans. Já Holetz et al. (2002) em estudo com o extrato de pitangueira, 249
observou atividade frente a S. aureus, E. coli, Candida krusei, C. parapsilosis e C. 250
tropicalis, sendo que as CIM para os isolados do gênero Candida ficaram entre 31,2 e 251
125μg/mL, exceto C. albicans que não demonstrou sensibilidade frente ao extrato. Os 252
59
resultados em relação às concentrações inibitórias para as leveduras diferiram do 253
presente trabalho, onde obtivemos CIM que variaram de 3,12 a 6,25mg/mL. Entretando, 254
a comparação dos resultados fica dificultada devido a diferença entre espécie e origem 255
dos isolados, pois a utilização de cepas padrão podem apresentar um perfil de 256
suscetibilidade diferenciado de isolados de casos clínicos, e também pela utilização de 257
espécies e partes vegetais de origem diferentes. 258
Com relação a avaliação da atividade da pitangueira pelo método de difusão, 259
observamos halos de 7 a 24mm na concentração de 100mg/mL. Jovito (2009), que ao 260
utilizar o extrato da planta sobre microrganismos cariogênicos, observou atividade (0,3 261
a 0,005g/mL) frente ao Streptococcus mutans, S. oralis e Lactobacillus casei, havendo 262
halos de inibição de 7-14mm, 14-23mm, 18-26mm, respectivamente. O que pode vir a 263
ser promissor, pois outros autores têm demonstrando a potencialidade desta planta, 264
como estudos utilizando o extrato metanólico (12mg/mL) sobre bactérias (Bouzada et 265
al., 2007) e extrato etanólico (500-1000µg/mL) das folhas em fungos (Souza et al., 266
2002), resultado em atividade sobre Pseudomonas aeruginosa, Bacillus cereus, Shigella 267
sonnei, Trichophyton rubrum, T. mentagrophytes, Microsporum gypseum e M. canis. 268
Em relação aos extratos de aroeira, o presente estudo evidenciou atividade 269
antifúngica sobre M. pachydermatis utilizando extrato das folhas. A aroeira é uma 270
planta muito estudada, havendo relatos de extratos de acetato de etila, diclorometano e 271
etanólico de folhas e casca, com atividade frente a C. albicans, C. krusei, C. tropicalis e 272
C. glabrata e Sporothrix schenckii (Johann et al., 2007). Estudos do extratos hexânico e 273
acetato de etila da casca tiveram eficácia também contra Cryptococcus neoformans (15 274
a 250μg/mL) (Johann et al., 2007). 275
Lipinski (2008) também observou atividade do decocto, extratos éter etílico e 276
hidroalcoólico de casca de aroeira em S. aureus. Já Santos (2007), relata a atividade do 277
extrato de aroeira em isolados de S. aureus. P. aeruginosa, E. coli, Bacillus subtilis na 278
concentração de 27mg/mL e resistência sobre espécies de Candida, T. rubrum, M. 279
gypseum, Aspergillus flavus e A. niger. Freires et al. (2011), utilizaram a tintura da 280
casca para avaliar atividade antifúngica sobre três espécies de Candida, sendo todas 281
sensíveis, como demonstrado nos resultados C. albicans (25,32mm), C. tropicalis 282
(25,32mm) e C. krusei (26,66mm), o que é muito promissor, já que existe problemas 283
relacionados a resistência por parte destas leveduras. Em testes por difusão em ágar de 284
extrato aquoso de aroeira utilizando caule e flores, apresentaram atividade em C. 285
albicans (15mm) com MIC de 120mg/mL (Schmourlo et al., 2005). Os valores 286
60
observados se assemelham ao presente estudo, pois testou-se a concentração de 287
100mg/mL obtendo resposta média de 7,5mm no halo de inibição para M. 288
pachydermatis. 289
Os resultados do estudo para os extratos de carqueja, lanceta e rabo-de-lagarto, 290
contrastam com estudos testando a suscetibilidade de extratos vegetais frente a 291
microrganismos, onde tem sido demonstrado atividade antimicrobiana destas plantas, 292
como os estudos de Betoni et al. (2006) que relatam atividade antibacteriana do extrato 293
metanólico de carqueja inibindo 90% dos isolados de S. aureus (n=32) na concentração 294
de 7,23mg/mL. Vila et al. (2002), utilizando óleo essencial de flores e inflorescências de 295
lanceta, obtiveram atividade frente a M. gypseum, Trichophytom mentragrophytes e C. 296
neoformans, isso podendo estar associado devido o óleo essencial extrair componentes 297
diferentes da planta quando comparado a outros extratos. Dados de Duarte et al. (2004) 298
demonstraram que utilizando extrato hidroalcoólico de lanceta nas concentrações de 299
0,031 a 2mg/mL, não obtiveram atividade em bactérias (n=10) e Candida albicans 300
(n=1), apenas em um isolado de S. aureus e Streptococcus faecium. Enquanto, Bouzada 301
et al. (2007), mediante testes com o extrato metanólico das partes aéreas do rabo-de-302
lagarto observaram halos de inibição sobre o crescimento de P. aeruginosa, Bacillus 303
cereus, Salmonella enterica sorovar typhimurium e Klebsiella pneumoniae. 304
Porém, conforme os trabalhos analisados, podemos observar que existe uma 305
grande variação dos microrganismos (bactérias, fungos, isolados de casos clínicos, 306
cepas padrões), concentrações dos extratos, partes das plantas e tipos de extratos 307
testados, isso vindo a ser uma problemática na comparação dos resultados. 308
Com relação aos métodos para avaliação da atividade antifúngica, diversas 309
metodologias são recomendadas, mas a maioria dos trabalhos tem utilizado a 310
microdiluição em caldo pela alta sensibilidade, expressão de resultados quantitativos e 311
necessidade de pequena quantidade da amostra, e de difusão em disco pela facilidade de 312
execução da técnica (Campana et al., 2011; Vasconcelos Júnior et al., 2012). 313
Na avaliação da origem dos isolados clinicos de M. pachydermatis não foram 314
observadas diferenças estatísticas na sensibilidade entre isolados de otite e dermatite, 315
em nenhum dos testes realizados Fig. 1, 2 e 3. Podemos observar que os isolados de 316
dermatite apresentaram um desvio padrão maior no teste que se utilizou o extrato 317
hidroalcoólico de erva-de-bicho, isso pode ser explicado devido haver um isolado de 318
dermatite que apresenta CIM e CFM de 25mg/mL, sendo os demais com CIM e CFM 319
de 3,12 e 6,25mg/mL. Outro aspecto a ser salientado, é que neste estudo foi utilizado 320
61
um número menor de isolados de dermatite (n=10) quando comparado com os de otite 321
(n=38), isso devido a realidade da clínica de animais de companhia, pois na rotina da 322
clínica os casos de malasseziose ótica são mais comuns (Nascente et al. 2010). 323
324
Figura 1. Distribuição das médias e desvios padrões da Concentração 325
Inibitória Mínima conforme a ação dos extratos vegetais (TRAT) de 326
Aroeira-mansa (A), Erva-de-bicho (E) e Pitangueira (P) sobre isolados de 327
M. pachydermatis de dermatite (D) e otite (O). 328
329
Figura 2. Distribuição das médias e desvios padrões da Concentração 330
Fungicida Mínima conforme a ação dos extratos vegetais (TRAT) de 331
Aroeira-mansa (A), Erva-de-bicho (E) e Pitangueira (P) sobre isolados 332
de M. pachydermatis de dermatite (D) e otite (O). 333
334
335
62
336
Figura 3. Distribuição das médias e desvios padrões dos halos de inibição dos 337
isolados (mm) mediante a ação dos extratos vegetais (TRAT) de Aroeira-338
mansa (A), Carqueja (C), Erva-de-bicho (E), Lanceta (L), Pitangueira (P) e 339
Rabo-de-lagarto (R) sobre isolados de M. pachydermatis de dermatite (D) e 340
otite (O). 341
342
CONCLUSÕES 343
344
Os extratos hidroalcoólicos das plantas pitangueira, erva-de-bicho e aroeira-345
mansa apresentam atividade antifúngica frente aos isolados de M. pachydermatis in 346
vitro. No entanto, a carqueja, lanceta e rabo-de-lagarto não apresentaram atividade 347
eficaz nas concentrações testadas. Tanto isolados de dermatite como de otite 348
apresentaram sensibilidade semelhante aos extratos vegetais. Desta forma, os extratos 349
de pitangueira, erva-de-bicho e aroeira-mansa são promissores como alternativa no 350
tratamento da malasseziose, porém são necessários mais estudos, principalmente em 351
relação a testes de toxicidade in vitro, para posteriores testes de eficiência e toxicidade 352
in vivo. 353
354
AGRADECIMENTOS 355
356
A professora Raquel Lüdtke pela realização das identificações botânicas. Ao 357
Professor Willian Silva Barros pela realização da análise estatística. Ao Programa de 358
Pós-Graduação em Veterinária-UFPel, e aos órgãos financiadores CNPq, CAPES e 359
FAPERGS. 360
361
362
63
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6 CONCLUSÃO GERAL
- Na região do Ambulatório Veterinário-UFPel, pode-se observar que o uso das
plantas medicinais ainda se restringe, na maioria dos casos, ao conhecimento
dos adultos e idosos, havendo desinteresse por parte dos jovens. Existindo um
grande número de plantas com diversas indicações terapêuticas na região,
porém, em relação ao uso destas nos animais, ainda é muito restrito.
- O desconhecimento sobre as plantas tóxicas coloca não só os animais em
risco, mas também as pessoas, principalmente as crianças, e tais espécies
encontram-se amplamente distribuídas nas residências e espaços públicos.
- Os extratos hidroalcoólicos de Schinus terebinthifolius (Aroeira-mansa), Polygonum
hydropiperoides (Erva-de-bicho) e Eugenia uniflora (Pitangueira) pelos métodos
utilizados, apresentaram atividade antifúngica em isolados clínicos de M.
pachydermatis.
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ANEXOS
98
FICHA PLANTAS
Plantas com atividade anti-Candida: uma revisão
GIORDANI, Claudia; SANTIN, Rosema; CLEFF, Marlete B.
Artigo submetido à Revista Brasileira de Plantas Medicinais
RESUMO
A crescente importância das micoses na clínica médica, associado a problemas
referentes à terapia antifúngica, têm estimulado pesquisas em busca de substâncias
bioativas. Dentre as micoses relevantes em saúde pública destaca-se a candidíase,
infecção oportunista que acomete o homem e animais. A enfermidade era
considerada pouco frequente na medicina veterinária, porém relatos nos últimos
anos demonstram um aumento considerável de casos e resistência aos antifúngicos
convencionais. Com isso, pesquisas têm sido desenvolvidas visando confirmar
cientificamente a ação de diferentes plantas frente ao gênero Candida. Assim, com
esta revisão objetivou-se reunir dados disponíveis na literatura referentes à ação
anti-Candida de diferentes extratos vegetais. Foi encontrado um total de 115
famílias, de 365 espécies de plantas com atividade frente a Candida spp., sendo
principalmente da família Asteraceae e Lamiaceae, destacando-se os extratos
etanólicos e aquosos com concentrações variáveis para a inibição da levedura em
função da planta utilizada. As diferenças encontradas, em relação a maior ou menor
atividade dos extratos, ocorrem devido a vários fatores, mas principalmente ao
método de avaliação utilizado, tipo de extrato e procedência da amostra, o que
dificulta a comparação dos resultados, pois apesar da maior casuística de
candidíase em animais, os estudos com estes isolados ainda são escassos.
Palavras-chaves: Extratos vegetais, leveduras, Candida.
101
ABSTRACT: Plant with anti-Candida activity: a review. The growing importance
of mycoses in clinical medicine is associated with problems related to antifungal
therapy, have stimulated research in search of bioactive substances. Among the
mycoses relevant public health stands out as candidiasis, an opportunistic infection
that affects humans and animals. The disease was considered uncommon in
veterinary medicine, but reports in recent years show a considerable increase in
cases and resistance to conventional antifungals. Thus, research has been
scientifically developed to confirm the action of various plants outside the genus
Candida. So with this review aimed to gather data in the literature regarding the anti-
Candida action of different plant extracts. We found a total of 115 families, 365
species of plants with activity in Candida spp., Mostly of the family Asteraceae and
Lamiaceae, especially ethanol and aqueous extracts with varying concentrations for
inhibition of yeast as a function of the plant used. The differences found in relation to
a greater or lesser activity of the extracts, are due to several factors, but mainly to the
valuation method used, type of extract and origin of the sample, making it difficult to
compare results, because although the largest sample of candidiasis in animal
studies with these isolates are still scarce.
Keywords: Plants extracts, yeasts, Candida.
A crescente importância das micoses na espécie humana e nos animais,
associada às dificuldades quanto ao tratamento, representadas pelo alto custo,
tempo de administração, toxicidade e estabelecimento da resistência antifúngica,
fizeram com que as pesquisas científicas com extratos vegetais se intensificassem,
na tentativa de se obter alternativas terapêuticas para estas enfermidades,
102
especialmente no caso de candidíase (Fontenelle, 2005; Brito et al. 2009; Cleff et al.
2010).
O termo candidíase corresponde à infecção oportunista superficial ou
sistêmica por diferentes espécies de Candida. O gênero é constituído por leveduras
com reprodução sexuada e assexuada, sendo incluídas mais de 200 espécies, onde
aproximadamente 20 são consideradas patogênicas (Lacaz et al. 2002; Meireles &
Nascente, 2009). A micose pode ser classificada como primária ou secundária,
ocorrendo quando espécies comensais tornam-se patogênicas na dependência de
fatores locais e do hospedeiro (Lacaz et al. 2002; Cleff et al. 2007; Brito et al. 2009).
Embora infecções por Candida spp. fossem consideradas pouco frequentes
na medicina veterinária, relatos nos últimos anos demonstram aumento considerável
na casuística clínica (Brito et al. 2009). Nos animais tem sido descritas infecções de
pele (Raposo et al. 1996; Cleff et al. 2007), ouvido (Duarte et al. 2001; Cruz, 2010),
gastrointestinais (Sonne et al., 2009; Souza & Siqueira, 2003; Ochiai et al. 2000),
reprodutivas (Giorgi et al. 1986, Batista et al. 2008), urinárias (Langoni et al. 1996),
oculares (Santos et al. 2009), respiratórias (Franco et al. 2008; Soubhia et al., 2008)
e de glândula mamária (Santos & Marin, 2005; Costa et al. 2008), além do
envolvimento em fígado, meninges, coração e cavidade peritonial (Cruz, 2010).
No tratamento são utilizados diferentes antifúngicos, principalmente os
poliênicos, alilaminas e azóis. Porém, devido ao potencial patogênico destas
leveduras, falta de informações sobre fenótipo, moléculas e sensibilidade das cepas
frente aos fármacos, há diversas espécies de Candida com resistência antifúngica
estabelecida (Cleff, 2008; Brito et al. 2009).
As plantas medicinais e seus compostos são fontes de medicamentos para
várias enfermidades, porém muitas delas são utilizadas popularmente, não havendo
103
ou não estando disponíveis estudos científicos comprobatórios (Foglio et al. 2006).
O uso das plantas medicinais foi concentrado durante séculos, em pequenas
comunidades e grupos étnicos, correspondendo ao único recurso terapêutico nestas
populações. Na última metade do século XX a utilização das plantas tornou-se
mundialmente conhecida e difundida (Fontanelle, 2005; Cleff, 2008; Soares, 2008).
Mediante esta realidade, prevalece a necessidade de estudos taxonômicos e
farmacológicos das plantas, buscando aquelas com atividade medicinal e que
possam servir como fonte de substâncias com potencial terapêutico (Fontanelle,
2005; Soares, 2008).
A existência de milhares de espécies vegetais abre um amplo espaço para a
bioprospecção, onde diversas substâncias ativas podem ser isoladas, caracterizadas
e aplicadas (Soares, 2008), já que o uso de plantas para a síntese de substâncias
bioativas tem sido amplamente relatado ao longo do tempo (Simões et al. 2003;
Arnous et al. 2005).
As substâncias ativas podem ser encontradas em caule, folhas, raízes,
inflorescências, flores, frutos e sementes. Porém, a maioria dos estudos científicos
envolve as folhas como principal fonte de extratos (Silva, 2004a). Sendo importante
o conhecimento dos constituintes químicos das espécies vegetais e a influência
destes na atividade dos extratos (Simões et al. 2003).
Além disso, a utilização e o estudo das plantas exigem a correta identificação
botânica, pois os nomes populares podem diferir entre regiões, cidades ou países,
sendo que espécimes diferentes podem ser tratadas pelo mesmo nome popular em
regiões distintas. O que pode, entre outras coisas, acarretar intoxicações pela
presença de constituintes químicos diferentes e ou desconhecidos (Verdam & Silva,
2010).
104
As plantas são utilizadas em sua grande maioria na forma de extratos, que
são preparações concentradas, obtidas a partir do material vegetal que passou por
estabilização e secagem ou moagem, e posteriormente por um solvente extrator
através de determinada metodologia (Simões et al. 2003). O solvente deve ser
escolhido a partir do grau de seletividade, baixo grau de toxicidade ou ausência
desta, além de conferir estabilidade das substâncias extraídas. Neste aspecto, a
polaridade do grupo de substâncias que se pretende extrair e do solvente, é um dos
parâmetros importantes a ser considerado para atingirmos um nível ótimo de
seletividade. Além desse fator, a extração pode ser influenciada pelo pH do líquido
extrator (Simões et al. 2003). Dentre os solventes utilizados para extração
destacam-se, o acetato de etila, acetona, água, clorofórmio, diclorometano, etanol,
éter etílico, éter de petróleo, hexano, metanol, metiletilcetona e misturas
hidroalcoólicas, utilizadas para melhorar a extração e a ação frente aos
microrganismos (Ardisson et al. 2002; Simões et al. 2003).
Conforme Simões e colaboradores (2003) as metodologias de extração mais
utilizadas são maceração, infusão, decocção, digestão, percolação, destilação,
secagem e outros processos mais sofisticados que permitem obter extratos
qualitativamente superiores como a extração por solvente assistida por microondas,
extração com CO2 supercrítico, “Vacuum Microwave HydroDistillation” (VMHD),
extração biotecnológica com fermentação e bioconversão.
Os estudos com extratos vegetais tem demonstrado atividade antimicrobiana
(Gonçalves et al. 2005; Cordeiro et al. 2006; Silveira et al. 2007; Schuch et al. 2008),
antiulcerogênica, anticancerígena (Carvalho, 2006; Junqueira et al. 2007),
antinflamatória (Falcão et al. 2005; Oliveira et al. 2009), anticoccidiana (Silva et al.
2007), carrapaticida (Clemente et al. 2007; Silva et al. 2008).
105
Devido a grande demanda no uso de plantas medicinais, os extratos vegetais
são cada vez mais difundidos, especialmente em relação aos testes de sensibilidade
em microrganismos importantes em saúde pública. Com esta revisão objetivou-se
reunir dados de literatura referentes à ação inibitória de plantas em leveduras do
gênero Candida.
Foi detectado um total de 115 famílias e 365 espécies de plantas (365/100%)
com atividade anti-Candida (Tabela 1), destacando-se as famílias Asteraceae
(49/13,4%), Lamiaceae (36/9,9%), Fabaceae (13/3,6%), Leguminosae (12/3,3%),
Myrtaceae (12/3,3%), Rubiaceae (9/2,5%), Euphorbiaceae (8/2,2%), Compositae
(7/1,8%), Piperaceae (7/1,8%), e Verbenaceae (7/1,8%) (Figura 1).
FIGURA 1. Representação gráfica do percentual entre as 10 famílias com
maior número de plantas com atividade anti-Candida.
Outras famílias já foram descritas, devido ação anti-Candida, porém contendo
menor número de espécies vegetais, destacando-se, Anacardiaceae (6/1,6%),
106
Combretaceae (6/1,6%), Zingiberaceae (6/1,6%), Apocynaceae (5/1,4%),
Bignoniaceae (5/1,4%), Hypericaceae (5/1,4%), Meliaceae (5/1,4%), Umbelliferae
(5/1,4%), Apiaceae (4/1,1%), Crassulaceae (4/1,1%), Guttiferae (4/1,1%), Lauraceae
(4/1,1%), Malvaceae (4/1,1%), Rosaceae (4/1,1%), Solanaceae (4/1,1%), Alliaceae
(3/0,8%), Amaranthaceae (3/0,8%), Capparaceae (3/0,8%), Clusiaceae (3/0,8%),
Liliaceae (3/0,8%), Moraceae (3/0,8%), Oleacea (3/0,8%), Poaceae (3/0,8%),
Sapindaceae (3/0,8%), Tamaricaceae (3/0,8%), Zygophyllaceae (3/0,8%),
Acanthaceae (2/0,5%), Araceae (2/0,5%), Arecaceae (2/0,5%), Asphodelaceae
(2/0,5%), Canellaceae (2/0,5%), Chenopodiaceae (2/0,5%), Cucurbitaceae (2/0,5%),
Iridaceae (2/0,5%), Labiatea (2/0,5%), Melastomataceae (2/0,5%), Mimosaceae
(2/0,5%), Nyctaginaceae (2/0,5%), Nymphaeaceae (2/0,5%), Papavaraceae
(2/0,5%), Plantaginaceae (2/0,5%), Polygalaceae (2/0,5%), Polygonaceae (2/0,5%),
Ranunculaceae (2/0,5%), Rhamnaceae (2/0,5%), Rhizophoraceae (2/0,5%),
Salicaceae (2/0,5%), Scrophulariaceae (2/0,5%), Adoxaceae (1/0,3%), Aginaceae
(1/0,3%), Amaryllidaceae (1/0,3%), Annonaceae (1/0,3%), Aristolochiaceae
(1/0,3%), Berberidaceae (1/0,3%), Betulaceae (1/0,3%), Bixaceae (1/0,3%),
Blechnaceae (1/0,3%), Boraginaceae (1/0,3%), Brassicaceae (1/0,3%), Buxaceae
(1/0,3%), Caesalpiniaceae (1/0,3%), Caprifoliaceae (1/0,3%), Caryophyllaceae
(1/0,3%), Chrysobalanaceae (1/0,3%), Commelinaceae (1/0,3%), Convolvulaceae
(1/0,3%), Cupressaceae (1/0,3%), Cyperaceae (1/0,3%), Dipteridaceae (1/0,3%),
Ebenaceae (1/0,3%), Ericaceae (1/0,3%), Fagaceae (1/0,3%), Geraniaceae
(1/0,3%), Gracilariaceae (1/0,3%), Gramineae (1/0,3%), Hamamelidaceae (1/0,3%),
Hippocastanaceae (1/0,3%), Linacaceae (1/0,3%), Loganiaceae (1/0,3%),
Loranthaceae (1/0,3%), Lygodiaceae (1/0,3%), Lythraceae (1/0,3%), Malpighiaceae
(1/0,3%), Mesembryanthemaceae (1/0,3%), Moringaceae (1/0,3%), Myrsinaceae
107
(1/0,3%), Onagraceae (1/0,3%), Oxalidaceae (1/0,3%), Papilionaceae (1/0,3%),
Phyllanthaceae (1/0,3%), Phytolacaceae (1/0,3%), Punicaceae (1/0,3%), Pyrolaceae
(1/0,3%), Resedaceae (1/0,3%), Rutaceae (1/0,3%), Salvadoraceae (1/0,3%),
Sapotaceae (1/0,3%), Simaroubaceae (1/0,3%), Sterculiaceae (1/0,3%), Theaceae
(1/0,3%), Tiliaceae (1/0,3%), Trapaceae (1/0,3%), Tropaeolaceae (1/0,3%),
Urticaceae (1/0,3%), e Vochysiaceae (1/0,3%).
Com relação aos extratos vegetais revisados, aqueles com ação anti-Candida
corresponderam a 531, destacando-se os extratos etanólico e aquoso (Tabela 2).
TABELA 2. Extratos vegetais encontrados com
atividade anti-Candida, quanto ao tipo de solvente
utilizado para extração
Tipo de extrato n (%)
Etanólico 241 (45,4%)
Aquoso 88 (16,6%)
Metanólico 44 (8,3%)
Acetato de etila 27 (5,1%)
Cetônico 24 (4,5%)
Hidroalcoólico 23 (4,3%)
Clorofórmico 22 (4,1%)
Diclorometânico 19 (3,6%)
Hexânico 16 (3%)
Benzênico 13 (2,4%)
Éter de petróleo 9 (1,7%)
Glicólico 4 (0,7%)
Etílico 1 (0,2%)
TOTAL 531 (100%)
n:número de extratos, %:porcentagem
De certa maneira há um grande número de extratos vegetais com ação anti-
Candida, porém provavelmente ainda existam muitas outras possibilidades que não
foram avaliadas para estas leveduras (NETO & MORAIS, 2003). Além disso, pode-
se observar que existem poucos trabalhos científicos que utilizam isolados de
animais, quase totalidade dos fungos é proveniente de casos clínicos em humanos e
cepas padrões de laboratórios de referência.
108
Em relação a avaliação de sensibilidade dos extratos frente às leveduras, há
uma diversidade quanto a metodologia dos testes, entretanto a maioria dos estudos
segue recomendações do Clinical and Laboratory Standars Insitute (CLSI). A CLSI
via norma M27-A3, corresponde à metodologia para testes de microdiluição em
caldo que avaliam a concentração inibitória mínima (CIM) e a concentração fungicida
mínima (CFM) das substâncias (CLSI, 2008). Porém, eventualmente, pesquisadores
fazem modificações nas técnicas a fim de obter maior exatidão frente aos valores de
CIM (Stoppa et al. 2009). Outro teste que também pode ser utilizado é o teste de
difusão em disco pela norma M44-A2, que avalia os halos de inibição na cultura
fúngica (CLSI, 2009).
De acordo com a revisão, pode-se observar que há interesse da comunidade
científica em obter extratos com ação sobre leveduras do gênero Candida, e que há
muitas plantas que apresentam potencial de inibição destes microrganismos. Esta
grande procura se deve a estas leveduras estarem envolvidas em quadros clínicos
graves e até fatais em humanos e animais, além da resistência aos antifúngicos
disponíveis. As plantas descritas apresentaram atividade anti-Candida, porém
algumas necessitam concentrações muito altas nos extratos ou apresentam baixa
inibição sobre as leveduras. Chama a atenção, para a raridade dos estudos
utilizando isolados de animais, sendo necessária a intensificação nesta área. Por
fim, destacamos a família Asteraceae e a Lamiaceae, que apresentaram inúmeras
espécies vegetais com forte atividade, o que pode ser uma fonte de investigação
frente a Candida spp.
109
TABELA 1. Distribuição das espécies vegetais com ação frente a leveduras do gênero Candida já descritas na literatura
Família Espécies vegetais Partes das plantas utilizadas
Espécie de Candida sensíveis Autores
Acanthaceae Adhatoda vasica; Justicia secunda Caule, folha C. albicans, C. glabrata, C. guilliermondii, C. parapsilosis, C.
tropicalis
Rojas et al. 2006; Kumar et al. 2011
Adoxaceae Sambucus canadenses Folha C. albicans, C. krusei, C. parapsilosis,C. tropicalis
Holetz et al. 2002
Aginaceae Alkanna tinctoria Folha, flor C. albicans Ertürk, 2010
Alliaceae Allium sativum; Allium schoenoprasum; Tulbaghia violacea
Bulbo, caule, folha, raiz
C. albicans Motsei et al. 2003; Iwalokun et al. 2004; Duarte et al. 2005; Rukayadi & Hwang, 2005; Low et al. 2008; Bokaeian et al. 2010; Ota et al. 2010
Amaranthaceae Achyranthes aspera; Althernanthera sp.; Pfaffia glomerata
Folha, raiz C. albicans Gurgel et al. 2002; Moura, 2006; Mathur et al. 2011; Jebashree et al. 2011
Amaryllidaceae Haemanthus albiflos Folha, bulbo C. albicans Motsei et al. 2003
Anacardiaceae Anacardium occidentale; Mangifera indica; Myracrodruon urundeuva; Pistacia lentiscus; Rhus coriaria; Schinus terebinthifolius
Caule, folha, flor C. albicans, C. krusei, C. stellatoidea, C. tropicalis
Neto, 2004; Araújo et al. 2005; Braga et al. 2007; Parekh & Chanda, 2008; Alves et al. 2009; Ertürk, 2010
Annonaceae Uvaria acuminate Raiz C. albicans Runyoro et al. 2006
Apiaceae Echinophora platyloba; Heracleumlasiopetalum; Hydrocotyle bonariensis; Kelussia odoratissima
Folha, fruto, partes aéreas
C. albicans, C. krusei Tempone et al. 2008; Boroujeni et al. 2012
Apocynaceae Aspidosperma ramiflorum; Dictyophleba lucida; Holarrhena antidysenterica; Holarrhena febrifuga; Rauvolfia vomitoria
Caule, folha C. albicans, C. glabrata, C. tropicalis Agripino et al. 2004; Runyoro et al. 2006; Ogunshe et al. 2008; Parekh & Chanda, 2008
Araceae Acorus calamus; Arum italicum Folha, raiz C. albicans Thirach et al. 2003; Phongpaichit et al. 2005; Ertürk, 2010
Arecaceae Cocos nucifera; Euterpe oleracea Fruto, raiz C. albicans, C. krusei, C. parapsilosis
Araújo, 2010; Ertürk, 2010
110 Aristolochiaceae Aristolochia cymbifera Folha C. krusei Tempone et al. 2008
Asphodelaceae Aloe ferox; Bulbine frutenscens Folha C. albicans Motsei et al. 2003; Kambizi & Afolayan, 2008
Asteraceae Achillea biebersteinii; Achillea fragantissima; Achillea kellalensis; Achillea millefolium; Achillea santolina; Ageratum conyzoides; Anthemis herba-alba; Anthemis nobilis; Anthemis pseudocotula; Arctium lappa; Arctium minus; Artemisia abrotanum; Artemisia absinthium; Artemisia annua; Artemisia copa; Artemisia santonicum; Baccharis dracunculifolia; Baccharis trimera; Bidens pilosa; Calendula officinalis; Chromolaena odorata; Chrysophthalmum montanum; Eremanthus glomerulatus; Gochnatia polymorpha sspfloccosa; Jurinea ancyrensis; Matricaria chamomilla; Matricaria recutita; Mikania glomerata; Mikania laevigata; Pterocaulon alopecuroides; Pterocaulon balansae; Pterocaulon interruptum; Pterocaulon polystachyum; Pulicaria guestii; Rhetinolepis sp; Senecio heterotrichius; Silybum marianum; Sonchus oleraceus; Spilanthes acmella; Stevia rebaudiana; Tagetes lucida; Tagetes minuta; Tanacetum argenteum subsp.canumvar. canum; Tanacetum vulgare; Taraxacum officinnale; Tithonia diversifolia; Tridax procumbens; Vernonia schimperii; Vernonia sp.
Caule, folha, flor, partes aéreas; planta inteira, raiz
C. albicans, C. dubliniensis, C. glabrata, C. krusei, C. lusitaniae, C. parapsilosis, C. stellatoidea,
C. pseudotropicalis, C. tropicalis
Caceres et al. 1998; Holetz et al. 2002; Morales et al. 2003; Motsei et al. 2003; Neto, 2004; Duarte et al. 2005; Stein et al. 2005; Hassawi & Kharma, 2006; Rojas et al. 2006; Stefanello et al. 2006; Stein et al. 2006; Brodin et al. 2007; Francescato et al. 2007; Abdel-Sattar et al. 2008; Kirbag et al. 2009; Molina et al. 2008; Ogunshe et al. 2008; Tempone et al. 2008; Al-Hussaini & Mahasneh, 2009; Sharma & Kumar, 2009; Costa et al. 2010; Doğan et al. 2010; Ertürk, 2010; Kareru et al. 2010; Lubian et al. 2010; Maji et al. 2010; Sinha & Choudhury, 2010; Zaouia et al. 2010; Dalirsani et al. 2011; Rocha et al. 2011; Silva et al. 2011; Boroujeni et al. 2012
Berberidaceae Berberis aetnensis Raiz C. albicans, C. krusei, C. parapsilosis
Iauk et al. 2007
Betulaceae Alnus glutinosa Folha C. albicans Ertürk, 2010
111 Bignoniaceae Arrabidaea chica; Newbouldia laevis;
Tabebuia avellanedae; Tabebuia caraiba; Tecoma capensis
Caule, folha, flor C.albicans, C. dubliniensis, C. glabrata, C. guilliermondii, C. krusei,
C. lusitaniae, C. parapsilosis, C. rugosa, C. tropicalis, C. utilis
Anibal, 2007; Ogunshe et al. 2008; Silva, 2008; Al-Hussaini & Mahasneh, 2009; Ribeiro, 2008; Araújo, 2010; Höfling et al. 2010
Bixaceae Bixa orellana Folha C. albicans, C. glabrata, C. pseudotropicalis
Ogunshe et al. 2008
Blechnaceae Blechnum orientale Folha C. albicans Sinha & Choudhury, 2010
Boraginaceae Echium arabicum Folha C. albicans Abdel-Sattar, 2008
Brassicaceae Lepidium sativum Semente C. albicans Adam et al. 2011
Buxaceae Buxus sempervirens Folha, semente C. albicans Ertürk, 2010
Caesalpiniaceae Caesalpinia pulcherrima Partes aéreas C. albicans Parekh & Chanda, 2008
Canellaceae Warburgia salutares; Warburgia ugandenses
Caule, folha C. albicans Motsei et al. 2003; Mbwambo et al. 2009
Capparaceae Capparis aphylla; Capparis decidua; Cleome ramosíssima
Caule, folha, fruto, raiz
C. albicans Abdel-Sattar, 2008; Sharma & Kumar, 2009; Dangi & Mishra, 2011
Caprifoliaceae Sambucus nigra Folha, flor, semente C. albicans Ertürk, 2010
Caryophyllaceae Peganum harmala Folha C. albicans Saadabi, 2006
Chenopodiaceae Chenopodium schraderianum; Traganum nudatun
Planta inteira C. albicans Abdel-Sattar, 2008; Zaoiua et al. 2010
Chrysobalanaceae Hirtella hebeclada Folha C. albicans Agripino et al. 2004
Clusiaceae Calophyllum brasiliense; Symphonia globulifera; Vismia guianensis
Folha, raiz C. albicans, C. krusei, C. parapsilosis
Silva, 2008; Araújo, 2010
Combretaceae Combretum molle; Combretum zeyheri; Conocarpus erectus; Laguncularia racemosa; Terminalia arjuna; Terminalia chebula
Caule, folha, fruta, raiz
C. albicans, C. glabrata, C. parakrusei, C. parapsilosis, C.
tropicalis
Silva, 2004b; Runyoro et al. 2006; Maji et al. 2010; Jebashree et al. 2011
Commelinaceae Commelina benghalensis Folha C. albicans Cuéllar Cuéllar & Okori, 2010
Compositae Achillea biebersteinii; Achillea coarciata; Hypericum perforatum; Saussurea lappa; Scorzonera mollis; Tanecetum sorbifolium; Vernonia amygdalina
Folha, flor, fruto, raiz C. albicans Okigbo & Mmeka, 2008; Parekh & Chanda, 2008; Ertürk, 2010
112 Convolvulaceae Convolvulus arvensis Partes aéreas C. albicans Hassawi & Kharma, 2006
Crassulaceae Bryophyllum calycinum; Bryphyllum pinnatum; Caesalpinia pyramidalis; Kalanchoe crenata
Folha C. albicans, C. krusei, C. parapsilosis
Aibinu et al. 2007; Araújo, 2010.
Cucurbitaceae Ecballium elaterium; Momordica charantia
Folha, fruto C. albicans, C. tropicalis Ponzi et al. 2010; Adwan et al. 2011
Cupressaceae Thyja orientalis Folha C. albicans Ezzat, 2001
Cyperaceae Cyperus rotundus Folha C. albicans Duarte et al. 2005.
Dipteridaceae Dipteris wallichii Folha C. albicans Sinha & Choudhury, 2010
Ebenaceae Diospyrus lotus Folha, fruto C. albicans Ertürk, 2010
Ericaceae Erica verticillata Flor, semente C. albicans Ertürk, 2010
Euphorbiaceae Cleistanthus collinus; Emblica officinalis; Euphorbia hirta; Euphorbia tirucalli; Hevea brasiliensis; Jatropha curcas; Margaritaria discoidea; Phyllanthus emblica
Caule, folha, raiz C. albicans Motsei et al. 2003; Runyoro et al. 2006; Parekh & Chanda, 2008; Maji et al. 2010; Sinha & Choudhury, 2010; Basma et al. 2011
Fabaceae Albizia anthelmintica; Albizia inundata; Astragalus verus; Cajanus cajan; Cassia auriculata; Cassia siamea; Erythrina lysistemon; Gliricida sepium; Glycyrrhiza glabra; Machaerium villosum; Stryphnodendron adstringens;Vatairea guianensis; Bauhinia ungulata
Caule, folha, partes aéreas, raiz, semente
C. albicans, C. glabrata, C. guilliermondii,
C. krusei, C. parapsilosis, C. tropicalis
Motsei et al. 2003; Ishida et al. 2006; Runyoro et al. 2006; Soares et al. 2006; Braga et al. 2007; Prabhakar et al. 2008; Scorzoni, 2008; Tempone et al. 2008; Araújo, 2010; Mikaeili et al. 2012
Fagaceae Ziziphus spina-christi Fruto C. albicans Pirbalouti et al. 2009
Geraniaceae Pelargonium endlicherianum Folha C. albicans, C. tropicalis Kirbag et al. 2009
113 Gracilariaceae Gracilaria changii Planta inteira C. albicans Sasidharan et al. 2008
Gramineae Vetiveria zizaniodes Folha C. albicans Motsei et al. 2003
Guttiferae Mesua ferrea; Hypericum polyanthemum; Kielmeyera rubriflora; Kielmeyera coriacea
Caule, partes aéreas, raiz, semente
C. albicans, C. krusei
Fenner et al. 2006; Parekh & Chanda, 2008; Scorzoni, 2008; Silva, 2008.
Hamamelidaceae Liguidamber orientalis Folha, flor C. albicans Ertürk, 2010
Hippocastanaceae Aesculus hippocastanum Folha, flor C. albicans Ertürk, 2010
Hypericaceae Hypericum caprifoliatum; Hypericum connatum; Hypericum myrianthum; Hypericum piriai; Hypericum termum
Partes aéreas C. albicans Fenner et al. 2006.
Iridaceae Eleutherine plicata; Iris germanica Folha, raiz C. albicans, C. parapsilosis
Benoit-Vical et al. 2003; Menezes et al. 2009.
Labiatea Salvia tigrina; Thymus capitatus Folha, flor, raiz C. albicans, C. guilliermondii, C. tropicalis
Dulger & Hacioglu, 2008; Ertürk, 2010
Lamiaceae Calamintha adscendens; Cinnamomum verum; Dracocephalum multicaule; Hyptis platanifolia; Hyptis suaveolens; Lavandula angustifolia; Leonotis leonurus; Mentha arvensis var. piperita; Mentha piperita; Mentha pulegium; Mentha spicata; Ocimum sp.; Ocimum basilicum; Ocimum gratissimum; Ocimum selloi; Origanum x applii; Origanum vulgare; Phlomis armeniaca; Phlomis pungens var. pungens; Phlomis pungens var. hirta; Plectranthus asirensis; Plectranthus barbatus; Plectranthus neochilus; Prunella vulgaris; Rosmarinus officinalis; Salvia divinorum; Salvia dominica; Salvia officinalis; Satureja bachtiarica; Stachy
Caule, folha, flor, partes aéreas; planta inteira, semente
C. albicans, C. dubliniensis, C. glabrata, C. guilliermondii, C. krusei,
C. lusitaniae, C. parapsilosis, C. rugosa; C. tropicalis, C. utilis
Nascimento et al. 2000; Ezzat, 2001; Gurgel et al. 2002; Duarte et al. 2005; Silva et al. 2005; Hassawi & Kharma, 2006 Mahmoudabadi et al. 2007; Runyoro et al. 2006; Anibal, 2007; Braga et al. 2007; Abdel-Sattar, 2008; Molina et al. 2008; Tempone et al. 2008; Al-Hussaini & Mahasneh, 2009; Costa et al. 2009; Kirbag et al. 2009; Nweze & Eze, 2009; Matos et al. 2009; Carreto et al. 2010; Doğan et al. 2010; Ertürk, 2010; Höfling et al 2010; Maji et al. 2010; Mbatchou et al. 2010; Teles et al. 2010; Ababutain, 2011; Dalirsani et al
114
slavandulifolia; Stachys byzantina; Stachys Sp. Aff. Schimperi; Thymus daenensis; Thymus serpyllum; Thymus vulgaris; Zataria multiflora
2011; Kumar et al. 2011; Boroujeni et al. 2012
Lauraceae Cinnamomum zeylanicum; Cryptocarya mandioccana; Cryptocarya moschata; Laurus nobilis
Caule, folha, flor, fruto, raiz
C. albicans, C. krusei Scorzoni, 2008; Al-Hussaini & Mahasneh, 2009; Ertürk, 2010; Pandey et al. 2010; Dalirsani et al. 2011
Leguminosae Alhagi camelorum; Butea frondosa; Caesalpinia pyramidalis; Cassia tora; Colutea arborescens; Galega officinalis; Lathyrus sativus; Stryphnodendron obovatum; Pithecolobium avaremotemo; Samanea saman; Senna alata; Vicia faba
Caule, folha, flor, fruto, semente
C. albicans, C. glabrata; C. guilliermondii, C. krusei, C.
parapsilosis, C. pseudotropicalis; C. tropicalis
Araújo et al. 2002; Sanches et al. 2005; Cruz et al. 2007; Ogunshe et al. 2008; Prasad et al. 2008; Araújo, 2010; Ertürk, 2010; Maji et al. 2010; Panda & Ray, 2012
Liliaceae Allium hirtifolium; Allium vineale; Muscari comosun
Bulbo, planta inteira C. albicans, C. glabrata, C. guilliermondii, C. krusei, C.
parapsilosis
Zaouia et al. 2010; Dalirsani et al. 2011; Falahati et al. 2011
Linacaceae Linum bienne Folha C. albicans Ertürk, 2010
Loganiaceae Anthocleista djalonesis Folha C. albicans, C. glabrata, C. pseudotropicalis, C. tropicalis
Ogunshe et al. 2008
Loranthaceae Viscum album Folha, flor C. albicans Ertürk, 2010
Lygodiaceae Lygodium pinnatifidum Folha C. albicans Maji et al. 2010
Lythraceae Lawsonia inermis Folha C. albicans Panda & Ray, 2012
Malpighiaceae Byrsonima sericea Folha C. albicans Soares et al. 2006
Malvaceae Fioria dictyocarpa; Malva sylvestris; Sida serratifolia; Sida spinosa
Folha, partes aéreas, planta inteira
C. albicans, C. krusei, C. stelatoidea, C. tropicalis
Runyoro et al. 2006; Abdel-Sattar, 2008; Alves et al. 2009; Selvadurai et al. 2011
Melastomataceae Melastoma malabathricum. Miconia rubiginosa
Folha, partes aéreas C. albicans Moura, 2006; Maji et al. 2010
Meliaceae Azadirachta indica; Melia azedarach; Pseudocedrela kotschyi, Swietenia mahogani; Trichilia emetica
Caule, folha, fruto, partes aéreas, semente
C. albicans, C. glabrata, C. guilliermondii, C. krusei, C. parapsilosis, C. tropicalis
Carpinella et al. 1999; Motsei et al. 2003; Gualtieri et al. 2004; Albernaz, 2006; Adeniyi et al. 2010; Araújo, 2010; Sinha & Choudhury, 2010; Kumar et al. 2011; Sahgal et al. 2011; Panda & Ray, 2012
Mesembryanthemaceae Carpobrotus edulis Folha C. albicans Motsei et al. 2003
115 Mimosaceae Albizia lebbeck; Piptadenea stipulacea Folha C. albicans Soares et al. 2006; Maji et al.
2010 Moraceae Cecropia peltata; Ficus exasperata;
Ficus lyrata Folha C. albicans, C. glabrata, C.
pseudotropicalis, C. tropicalis Rojas et al. 2006; Ogunshe et al. 2008; Bidarigh et al. 2011
Moringaceae Moringa oleifera Flor C. albicans Rocha et al. 2011
Myrsinaceae Embelia ribes Planta inteira C. albicans, C. parapsilosis, C. tropicalis
Rathi et al. 2010
Myrtaceae Eucalyptus tereticornis; Eugenia aromatica; Eugenia caryophyllus; Eugenia uniflora; Eucalyptus camaldulensis; Melaleuca alternifolia; Myrciaria cauliflora; Pimenta officinalis; Psidium guajava; Syzygium aromaticum; Syzygium cumini; Syzygium jambolanum
Caule, folha, flor, semente
C. albicans, C. krusei, C. glabrata,
C. guilliermondii, C. dubliniensis,
C. lusitaniae, C. parapsilosis, C. stelatoidea, C. rugosa, C. tropicalis,
C. utilis
Nascimento et al. 2000; Holetz et al., 2002; Souza et al. 2002; Thirach et al. 2003; Babayi et al. 2004; Chandrasekaran & Venkatesalu, 2004; Orlando, 2005.; Anibal, 2007; Oliveira et al. 2007; Prabhakar et al. 2008; Alves et al. 2009; Costa et al. 2009; Menezes et al. 2009; Diniz et al. 2010; Ertürk, 2010; Fonseca & Botelho, 2010; Höfling et al. 2010; Maji et al. 2010; Ababutain, 2011; Dalirsani et al. 2011; Jebashree et al. 2011
Nyctaginaceae Commicarpus grandiflorus; Commicarpus plumbagineus
C. albicans Abdel-Sattar et al. 2008
Nymphaeaceae Nymphaea amazonum; Nymphaea lotus Caule, folha, flor, planta inteira, raiz
C. albicans, C. glabrata, C. krusei Saadabi, 2006; Sarmento & Garcez, 2009; Yisa, 2009
Oleaceae Jasminum grandiflorum L. Subsp. Floribundum; Jasminium officionale; Jasminum sambac
Folha, flor C. albicans, C. glabrata Abdel-Sattar, 2008; Al-Hussaini & Mahasneh, 2009; Ertürk, 2010
Onagraceae Epilobium angustifolium Raiz C. albicans Jones et al. 2000
Oxalidaceae Oxalis corniculata Folha C. albicans Maji et al. 2010
Papavaraceae Argemone mexicana; Argemone ochroleuca
Folha C. albicans Saadabi, 2006; Abdel-Sattar et al. 2008
Papilionaceae Vigna fragrans Raiz C. albicans Saadabi, 2006
Piperaceae Peperomia obtusifolia; Piper aduncum; Piper guineense; Piper maginatum;
Caule, folha, semente C. albicans, C. krusei, C. parapsilosis, C. tropicalis
Holetz et al. 2002; Duarte et al. 2005; Pessini et al. 2003; Rojas et
116
Piper pulchrum; Piper regnellii; Pothomorphe umbellata
al. 2006; Braga et al. 2007; Scorzoni, 2008; Silva, 2008
Phyllanthaceae Phyllanthus acidus Folha C. albicans Jagessar et al. 2008
Phytolacaceae Petiveria alliacea Folha C. albicans, C. kefyr, C. parapsilosis
Guedes et al. 2009
Plantaginacea Plantago lanceolata; Plantago major Folha, flor, partes aéreas
C. albicans, C. krusei, C. parapsilosis, C.
tropicalis
Holetz et al. 2002; Neto, 2004; Hassawi & Kharma, 2006; Braga et al. 2007
Poaceae Cymbopogon citratus; Cymbopogon winterianus; Cynodon dactylon
Folha C. albicans Duarte et al. 2005; Okigbo & Mmeka, 2008; Sinha & Choudhury, 2010
Polygalaceae Polygala myrtifolia; Polygala paniculata Folha, planta inteira C. albicans Motsei et al. 2003; Rojas et al. 2006
Polygonaceae Polygonum hydropiperoides; Rumex nervosus
Flor C. albicans Braga et al. 2007; Abdel-Sattar et al. 2008.
Punicaceae Punica granatum Fruta C.albicans, C. dubliniensis, C. glabrata, C. guilliermondii, C. krusei;
C. lusitaniae,C. parapsilosis, C. rugosa,C. tropicalis, C. utilis
Holetz et al. 2002; Anibal, 2007; Höfling et al. 2010
Pyrolaceae Chimaphila umbellata Planta inteira C. albicans Jones et al. 2000
Ranunculaceae Coptis trifolia; Nigella arvensis Folha, flor, planta inteira
C. albicans Jones et al. 2000; Ertürk, 2010
Resedaceae Ochradenus baccatus C. albicans Abdel-Sattar et al. 2008
Rhamnaceae Ziziphus abyssinica; Ziziphus joazeiro Folha C. albicans, C. guillermondii Runyoro et al. 2006; Cruz et al. 2007
Rhizophoraceae Rhamnus sp.; Rhizophora mangle Folha, planta inteira C. albicans, C. glabrata; C. parakrusei, C. parapsilosis
Silva, 2004b; Zaoiua et al. 2010
Rosaceae Fragaria vesca; Prunus laurocerasus; Rosa alba; Rubus rigidus
Caule, folha, flor, fruto
C. albicans Motsei et al. 2003; Carvalho et al. 2008; Webster et al. 2008; Ertürk, 2010
Rubiaceae Adnia cordifolia; Agathisanthemum bojeri; Alibertia sessilis; Alibertia macrophylla; Alibertia edulis; Chassalia umbraricola; Cinchona officinalis; Diodia radula; Morinda royoc
Caule, folha, raiz C. albicans, C. krusei Rojas et al. 2006; Runyoro et al. 2006; Soares et al. 2006; Scorzoni, 2008; Maji et al. 2010; Tangarife-Castaño et al. 2011
Rutaceae Zanthoxylum zanthoxyloides Caule, folha C. albincas, C. krusei, C. tropicalis Adeniyi et al. 2010
Salicaceae Populus alba; Populus nigra Folha C. albicans, C. glabrata Al-Hussaini & Mahasneh, 2009
117 Salvadoraceae Salvadora persica Caule, raiz C. albicans Saadabi, 2006; Runyoro et al.
2006 Sapindaceae Dodonaea angustifolia; Lecaniodiscus
cupanioides; Zana africana Caule, folha, fruto, raiz
C. albicans Motsei et al. 2003; Runyoro et al. 2006; Okore et al. 2007
Sapotaceae Manikara triflora Folha C. albicans Soares et al. 2006
Scrophulariaceae Scoparia dulcis; Scrophularia striata Folha, partes aéreas, raiz
C. albicans Pirbalouti et al. 2009; Yisa, 2009
Simaroubaceae Harrisonia abyssinica Raiz C. albicans Runyoro et al. 2006
Solanaceae Datura stramonium; Physalis peruviana; Solanum americanum; Withania somnifera
Folha, raiz C. albicans Runyoro et al. 2006; Saadabi, 2006; Braga et al. 2007; Kambizi & Afolayan, 2008
Sterculiaceae Sterculia steigera Fruto C. albicans Saadabi, 2006
Tamaricaceae Myricaria germanica; Tamarix galica; Tamarix smyrensis
Folha, flor, planta inteira
C. albicans, C. glabrata, C. tropicalis Sevda Kirbag et al. 2009; Ertürk, 2010; Zaouia et al. 2010
Theaceae Camellia sinensis Folha C. albicans, C. glabrata Turchetti et al. 2005; Ertürk, 2010
Tiliaceae Grewia villosa Folha C. albicans Saadabi, 2006
Trapaceae Trapa natans Caule C. tropicalis Parekh & Chanda, 2008
Tropaeolaceae Tropaeolum majus Folha C. albicans Duarte et al. 2005
Umbelliferae Ammi visnaga; Centella asiatica; Coriandrum sativum; Cuminum cyminum ; Pimpinella anisum
Folha, flor C. albicans Ertürk, 2010; Sinha & Choudhury, 2010
Urticaceae Urica dioica Planta inteira C. albicans Zaoiua et al. 2010 Verbenaceae Aloysia gratissima; Aloysia triphylla;
Lantana camara; Lippia alba; Lippia sidoides; Vitex agnus costus; Vitex negundo
Folha, flor C. albicans,C. guilliermondii, C. glabrata, C. krusei, C. parapsilosis,
C. tropicalis
Holetz et al. 2002; Duarte et al. 2005; Oliveira et al. 2006; Chiappeta et al. 2007; Parekh & Chanda, 2008; Tempone et al. 2008; Ertürk, 2010; Maji et al. 2010; Kumar et al. 2011; Silva et al. 2011
Vochysiaceae Qualea grandiflora Caule C. albicans Taveira, 2007 Zingiberaceae Aframomum melegueta; Alpinia nigra;
Curcuma longa; Renealmia alpinia; Siphonochilus aethiopicus; Zingiber officinale
Bulbo, folha, raiz, semente
C. albicans, C. glabrata, C. guilliermondii, C. tropicalis
Motsei et al. 2003; Konning et al. 2004; Silva, 2008; Sinha & Choudhury, 2010; Kumar et al. 2011
Zygophyllaceae Balanites aegyptiaca; Fagonia cretica; Zygohyllum album
Folha, planta inteira, raiz
C. albicans Runyoro et al. 2006; Saadabi, 2006; Zaoiua et al. 2010
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