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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CURSO DE ESPECIALIZACcedilAtildeO EM ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA EM
SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA
Maximina Glaacuteucia Carvalho Guimaratildees Pires Gomes
Vivecircncias de equipes da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
CAMPOS GERAIS MINAS GERAIS 2011
Maximina Glaacuteucia Carvalho Guimaratildees Pires Gomes
Vivecircncias de equipes da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista
Orientadora Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna
CAMPOS GERAISMINAS GERAIS 2011
Maximina Glaacuteucia Carvalho Guimaratildees Pires Gomes
Vivecircncias de equipes da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista
Orientadora Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna
Banca Examinadora
___________________________________________ Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna
Orientadora da Pesquisa
___________________________________________ Profordf Eulita Maria Barcelos
Dedico esse trabalho a todos os trabalhadores e usuaacuterios da atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede que vivenciam no seu cotidiano as dificuldades avanccedilos retrocessos e conquistas dessa construccedilatildeo diaacuteria que eacute o fazer em sauacutede
Agradecimentos
Este estudo nasce da motivaccedilatildeo e vivecircncia como trabalhadora da atenccedilatildeo primaacuteria a
partir de uma histoacuteria de vida de uma portadora de sofrimento mental
A Deus pelas oportunidades direcionamento que tem proporcionado em minha vida
A minha famiacutelia pelo apoio durante essa caminhada
A minha querida amiga Amecelia Guerra Sangiovanni pelo apoio paciecircncia conversas
e leituras sobre a construccedilatildeo desse trabalho
Ao meu querido mestre Jonas Sacircmi Albuquerque de Oliveira pelo incentivo paciecircncia e
orientaccedilotildees quando tudo ainda estava no campo das ideacuteias
A Dra Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna minha orientadora oficial que gentilmente
aceitou realizar minha orientaccedilatildeo e sem ela natildeo seria possiacutevel a conclusatildeo desse
trabalho e dessa caminhada
ldquoA vida eacute uma peccedila de teatro que natildeo permite ensaios Por isso canteria dancechore viva intensamente cada momento de sua vidaantes que a cortina se feche e a peccedila termine sem aplausosrdquo
Charlie Chaplin
RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial
ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support
LISTA DE ABREVIATURAS
ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental
OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia
SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede
SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10
2 OBJETIVOS 14
21 Objetivo Geral 14
22 Objetivos Especiacuteficos 14
3 METODOLOGIA 15
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16
41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20
42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28
REFEREcircNCIAS 29
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da
criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de
1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de
um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes
Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade
civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a
visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas
dimensotildees bioloacutegica e individual
O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios
estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede
a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede
sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute
responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)
Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a
regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de
complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a
definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)
Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica
crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado
territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada
permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a
soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica
sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os
niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)
As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e
compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal
Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a
participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da
2
execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades
representativas (BRASIL 1990)
A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e
sem barreiras (BRASIL 1990)
Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme
suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos
Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de
promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser
compartimentalizadas
Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio
da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o
Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos
mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia
incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL
2009)
A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na
primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos
a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo
assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo
psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela
Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)
Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica
movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando
conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes
Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e
praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e
exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)
Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta
com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que
atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas
3
universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas
associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos
sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)
No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de
Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do
movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre
profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas
de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste
momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos
profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios
familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma
sociedade sem manicocircmios
A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir
novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo
hospitalocecircntrico de atendimento
Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em
desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da
demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental
As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve
adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)
Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar
com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante
realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer
as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que
versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento psiacutequico
Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a
Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede
ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que
se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
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21
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
Maximina Glaacuteucia Carvalho Guimaratildees Pires Gomes
Vivecircncias de equipes da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista
Orientadora Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna
CAMPOS GERAISMINAS GERAIS 2011
Maximina Glaacuteucia Carvalho Guimaratildees Pires Gomes
Vivecircncias de equipes da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista
Orientadora Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna
Banca Examinadora
___________________________________________ Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna
Orientadora da Pesquisa
___________________________________________ Profordf Eulita Maria Barcelos
Dedico esse trabalho a todos os trabalhadores e usuaacuterios da atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede que vivenciam no seu cotidiano as dificuldades avanccedilos retrocessos e conquistas dessa construccedilatildeo diaacuteria que eacute o fazer em sauacutede
Agradecimentos
Este estudo nasce da motivaccedilatildeo e vivecircncia como trabalhadora da atenccedilatildeo primaacuteria a
partir de uma histoacuteria de vida de uma portadora de sofrimento mental
A Deus pelas oportunidades direcionamento que tem proporcionado em minha vida
A minha famiacutelia pelo apoio durante essa caminhada
A minha querida amiga Amecelia Guerra Sangiovanni pelo apoio paciecircncia conversas
e leituras sobre a construccedilatildeo desse trabalho
Ao meu querido mestre Jonas Sacircmi Albuquerque de Oliveira pelo incentivo paciecircncia e
orientaccedilotildees quando tudo ainda estava no campo das ideacuteias
A Dra Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna minha orientadora oficial que gentilmente
aceitou realizar minha orientaccedilatildeo e sem ela natildeo seria possiacutevel a conclusatildeo desse
trabalho e dessa caminhada
ldquoA vida eacute uma peccedila de teatro que natildeo permite ensaios Por isso canteria dancechore viva intensamente cada momento de sua vidaantes que a cortina se feche e a peccedila termine sem aplausosrdquo
Charlie Chaplin
RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial
ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support
LISTA DE ABREVIATURAS
ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental
OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia
SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede
SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10
2 OBJETIVOS 14
21 Objetivo Geral 14
22 Objetivos Especiacuteficos 14
3 METODOLOGIA 15
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16
41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20
42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28
REFEREcircNCIAS 29
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da
criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de
1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de
um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes
Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade
civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a
visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas
dimensotildees bioloacutegica e individual
O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios
estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede
a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede
sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute
responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)
Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a
regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de
complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a
definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)
Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica
crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado
territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada
permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a
soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica
sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os
niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)
As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e
compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal
Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a
participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da
2
execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades
representativas (BRASIL 1990)
A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e
sem barreiras (BRASIL 1990)
Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme
suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos
Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de
promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser
compartimentalizadas
Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio
da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o
Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos
mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia
incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL
2009)
A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na
primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos
a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo
assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo
psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela
Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)
Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica
movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando
conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes
Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e
praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e
exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)
Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta
com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que
atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas
3
universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas
associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos
sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)
No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de
Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do
movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre
profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas
de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste
momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos
profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios
familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma
sociedade sem manicocircmios
A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir
novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo
hospitalocecircntrico de atendimento
Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em
desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da
demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental
As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve
adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)
Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar
com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante
realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer
as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que
versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento psiacutequico
Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a
Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede
ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que
se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
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Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
Maximina Glaacuteucia Carvalho Guimaratildees Pires Gomes
Vivecircncias de equipes da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista
Orientadora Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna
Banca Examinadora
___________________________________________ Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna
Orientadora da Pesquisa
___________________________________________ Profordf Eulita Maria Barcelos
Dedico esse trabalho a todos os trabalhadores e usuaacuterios da atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede que vivenciam no seu cotidiano as dificuldades avanccedilos retrocessos e conquistas dessa construccedilatildeo diaacuteria que eacute o fazer em sauacutede
Agradecimentos
Este estudo nasce da motivaccedilatildeo e vivecircncia como trabalhadora da atenccedilatildeo primaacuteria a
partir de uma histoacuteria de vida de uma portadora de sofrimento mental
A Deus pelas oportunidades direcionamento que tem proporcionado em minha vida
A minha famiacutelia pelo apoio durante essa caminhada
A minha querida amiga Amecelia Guerra Sangiovanni pelo apoio paciecircncia conversas
e leituras sobre a construccedilatildeo desse trabalho
Ao meu querido mestre Jonas Sacircmi Albuquerque de Oliveira pelo incentivo paciecircncia e
orientaccedilotildees quando tudo ainda estava no campo das ideacuteias
A Dra Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna minha orientadora oficial que gentilmente
aceitou realizar minha orientaccedilatildeo e sem ela natildeo seria possiacutevel a conclusatildeo desse
trabalho e dessa caminhada
ldquoA vida eacute uma peccedila de teatro que natildeo permite ensaios Por isso canteria dancechore viva intensamente cada momento de sua vidaantes que a cortina se feche e a peccedila termine sem aplausosrdquo
Charlie Chaplin
RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial
ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support
LISTA DE ABREVIATURAS
ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental
OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia
SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede
SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10
2 OBJETIVOS 14
21 Objetivo Geral 14
22 Objetivos Especiacuteficos 14
3 METODOLOGIA 15
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16
41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20
42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28
REFEREcircNCIAS 29
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da
criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de
1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de
um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes
Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade
civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a
visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas
dimensotildees bioloacutegica e individual
O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios
estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede
a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede
sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute
responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)
Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a
regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de
complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a
definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)
Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica
crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado
territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada
permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a
soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica
sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os
niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)
As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e
compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal
Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a
participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da
2
execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades
representativas (BRASIL 1990)
A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e
sem barreiras (BRASIL 1990)
Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme
suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos
Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de
promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser
compartimentalizadas
Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio
da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o
Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos
mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia
incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL
2009)
A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na
primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos
a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo
assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo
psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela
Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)
Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica
movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando
conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes
Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e
praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e
exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)
Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta
com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que
atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas
3
universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas
associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos
sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)
No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de
Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do
movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre
profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas
de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste
momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos
profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios
familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma
sociedade sem manicocircmios
A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir
novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo
hospitalocecircntrico de atendimento
Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em
desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da
demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental
As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve
adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)
Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar
com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante
realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer
as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que
versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento psiacutequico
Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a
Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede
ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que
se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
22
LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
Dedico esse trabalho a todos os trabalhadores e usuaacuterios da atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede que vivenciam no seu cotidiano as dificuldades avanccedilos retrocessos e conquistas dessa construccedilatildeo diaacuteria que eacute o fazer em sauacutede
Agradecimentos
Este estudo nasce da motivaccedilatildeo e vivecircncia como trabalhadora da atenccedilatildeo primaacuteria a
partir de uma histoacuteria de vida de uma portadora de sofrimento mental
A Deus pelas oportunidades direcionamento que tem proporcionado em minha vida
A minha famiacutelia pelo apoio durante essa caminhada
A minha querida amiga Amecelia Guerra Sangiovanni pelo apoio paciecircncia conversas
e leituras sobre a construccedilatildeo desse trabalho
Ao meu querido mestre Jonas Sacircmi Albuquerque de Oliveira pelo incentivo paciecircncia e
orientaccedilotildees quando tudo ainda estava no campo das ideacuteias
A Dra Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna minha orientadora oficial que gentilmente
aceitou realizar minha orientaccedilatildeo e sem ela natildeo seria possiacutevel a conclusatildeo desse
trabalho e dessa caminhada
ldquoA vida eacute uma peccedila de teatro que natildeo permite ensaios Por isso canteria dancechore viva intensamente cada momento de sua vidaantes que a cortina se feche e a peccedila termine sem aplausosrdquo
Charlie Chaplin
RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial
ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support
LISTA DE ABREVIATURAS
ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental
OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia
SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede
SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10
2 OBJETIVOS 14
21 Objetivo Geral 14
22 Objetivos Especiacuteficos 14
3 METODOLOGIA 15
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16
41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20
42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28
REFEREcircNCIAS 29
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da
criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de
1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de
um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes
Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade
civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a
visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas
dimensotildees bioloacutegica e individual
O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios
estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede
a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede
sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute
responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)
Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a
regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de
complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a
definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)
Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica
crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado
territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada
permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a
soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica
sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os
niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)
As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e
compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal
Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a
participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da
2
execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades
representativas (BRASIL 1990)
A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e
sem barreiras (BRASIL 1990)
Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme
suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos
Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de
promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser
compartimentalizadas
Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio
da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o
Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos
mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia
incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL
2009)
A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na
primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos
a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo
assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo
psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela
Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)
Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica
movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando
conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes
Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e
praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e
exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)
Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta
com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que
atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas
3
universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas
associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos
sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)
No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de
Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do
movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre
profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas
de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste
momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos
profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios
familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma
sociedade sem manicocircmios
A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir
novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo
hospitalocecircntrico de atendimento
Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em
desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da
demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental
As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve
adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)
Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar
com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante
realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer
as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que
versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento psiacutequico
Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a
Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede
ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que
se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
Agradecimentos
Este estudo nasce da motivaccedilatildeo e vivecircncia como trabalhadora da atenccedilatildeo primaacuteria a
partir de uma histoacuteria de vida de uma portadora de sofrimento mental
A Deus pelas oportunidades direcionamento que tem proporcionado em minha vida
A minha famiacutelia pelo apoio durante essa caminhada
A minha querida amiga Amecelia Guerra Sangiovanni pelo apoio paciecircncia conversas
e leituras sobre a construccedilatildeo desse trabalho
Ao meu querido mestre Jonas Sacircmi Albuquerque de Oliveira pelo incentivo paciecircncia e
orientaccedilotildees quando tudo ainda estava no campo das ideacuteias
A Dra Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna minha orientadora oficial que gentilmente
aceitou realizar minha orientaccedilatildeo e sem ela natildeo seria possiacutevel a conclusatildeo desse
trabalho e dessa caminhada
ldquoA vida eacute uma peccedila de teatro que natildeo permite ensaios Por isso canteria dancechore viva intensamente cada momento de sua vidaantes que a cortina se feche e a peccedila termine sem aplausosrdquo
Charlie Chaplin
RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial
ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support
LISTA DE ABREVIATURAS
ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental
OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia
SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede
SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10
2 OBJETIVOS 14
21 Objetivo Geral 14
22 Objetivos Especiacuteficos 14
3 METODOLOGIA 15
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16
41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20
42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28
REFEREcircNCIAS 29
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da
criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de
1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de
um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes
Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade
civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a
visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas
dimensotildees bioloacutegica e individual
O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios
estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede
a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede
sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute
responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)
Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a
regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de
complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a
definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)
Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica
crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado
territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada
permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a
soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica
sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os
niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)
As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e
compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal
Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a
participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da
2
execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades
representativas (BRASIL 1990)
A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e
sem barreiras (BRASIL 1990)
Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme
suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos
Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de
promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser
compartimentalizadas
Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio
da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o
Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos
mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia
incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL
2009)
A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na
primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos
a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo
assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo
psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela
Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)
Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica
movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando
conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes
Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e
praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e
exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)
Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta
com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que
atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas
3
universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas
associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos
sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)
No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de
Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do
movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre
profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas
de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste
momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos
profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios
familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma
sociedade sem manicocircmios
A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir
novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo
hospitalocecircntrico de atendimento
Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em
desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da
demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental
As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve
adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)
Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar
com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante
realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer
as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que
versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento psiacutequico
Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a
Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede
ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que
se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
ldquoA vida eacute uma peccedila de teatro que natildeo permite ensaios Por isso canteria dancechore viva intensamente cada momento de sua vidaantes que a cortina se feche e a peccedila termine sem aplausosrdquo
Charlie Chaplin
RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial
ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support
LISTA DE ABREVIATURAS
ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental
OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia
SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede
SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10
2 OBJETIVOS 14
21 Objetivo Geral 14
22 Objetivos Especiacuteficos 14
3 METODOLOGIA 15
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16
41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20
42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28
REFEREcircNCIAS 29
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da
criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de
1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de
um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes
Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade
civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a
visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas
dimensotildees bioloacutegica e individual
O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios
estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede
a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede
sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute
responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)
Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a
regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de
complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a
definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)
Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica
crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado
territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada
permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a
soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica
sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os
niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)
As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e
compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal
Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a
participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da
2
execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades
representativas (BRASIL 1990)
A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e
sem barreiras (BRASIL 1990)
Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme
suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos
Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de
promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser
compartimentalizadas
Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio
da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o
Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos
mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia
incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL
2009)
A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na
primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos
a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo
assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo
psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela
Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)
Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica
movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando
conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes
Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e
praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e
exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)
Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta
com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que
atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas
3
universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas
associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos
sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)
No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de
Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do
movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre
profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas
de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste
momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos
profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios
familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma
sociedade sem manicocircmios
A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir
novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo
hospitalocecircntrico de atendimento
Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em
desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da
demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental
As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve
adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)
Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar
com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante
realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer
as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que
versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento psiacutequico
Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a
Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede
ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que
se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
22
LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
24
VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial
ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support
LISTA DE ABREVIATURAS
ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental
OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia
SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede
SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10
2 OBJETIVOS 14
21 Objetivo Geral 14
22 Objetivos Especiacuteficos 14
3 METODOLOGIA 15
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16
41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20
42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28
REFEREcircNCIAS 29
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da
criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de
1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de
um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes
Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade
civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a
visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas
dimensotildees bioloacutegica e individual
O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios
estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede
a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede
sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute
responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)
Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a
regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de
complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a
definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)
Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica
crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado
territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada
permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a
soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica
sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os
niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)
As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e
compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal
Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a
participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da
2
execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades
representativas (BRASIL 1990)
A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e
sem barreiras (BRASIL 1990)
Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme
suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos
Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de
promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser
compartimentalizadas
Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio
da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o
Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos
mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia
incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL
2009)
A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na
primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos
a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo
assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo
psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela
Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)
Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica
movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando
conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes
Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e
praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e
exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)
Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta
com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que
atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas
3
universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas
associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos
sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)
No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de
Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do
movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre
profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas
de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste
momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos
profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios
familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma
sociedade sem manicocircmios
A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir
novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo
hospitalocecircntrico de atendimento
Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em
desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da
demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental
As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve
adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)
Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar
com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante
realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer
as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que
versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento psiacutequico
Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a
Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede
ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que
se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
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contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
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usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
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responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
22
LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
24
VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support
LISTA DE ABREVIATURAS
ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental
OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia
SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede
SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10
2 OBJETIVOS 14
21 Objetivo Geral 14
22 Objetivos Especiacuteficos 14
3 METODOLOGIA 15
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16
41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20
42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28
REFEREcircNCIAS 29
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da
criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de
1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de
um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes
Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade
civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a
visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas
dimensotildees bioloacutegica e individual
O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios
estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede
a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede
sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute
responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)
Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a
regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de
complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a
definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)
Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica
crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado
territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada
permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a
soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica
sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os
niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)
As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e
compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal
Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a
participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da
2
execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades
representativas (BRASIL 1990)
A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e
sem barreiras (BRASIL 1990)
Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme
suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos
Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de
promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser
compartimentalizadas
Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio
da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o
Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos
mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia
incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL
2009)
A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na
primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos
a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo
assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo
psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela
Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)
Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica
movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando
conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes
Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e
praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e
exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)
Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta
com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que
atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas
3
universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas
associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos
sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)
No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de
Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do
movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre
profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas
de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste
momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos
profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios
familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma
sociedade sem manicocircmios
A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir
novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo
hospitalocecircntrico de atendimento
Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em
desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da
demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental
As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve
adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)
Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar
com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante
realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer
as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que
versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento psiacutequico
Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a
Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede
ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que
se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
22
LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
23
RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
LISTA DE ABREVIATURAS
ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental
OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede
PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia
SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede
SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10
2 OBJETIVOS 14
21 Objetivo Geral 14
22 Objetivos Especiacuteficos 14
3 METODOLOGIA 15
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16
41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20
42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28
REFEREcircNCIAS 29
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da
criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de
1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de
um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes
Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade
civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a
visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas
dimensotildees bioloacutegica e individual
O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios
estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede
a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede
sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute
responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)
Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a
regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de
complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a
definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)
Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica
crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado
territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada
permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a
soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica
sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os
niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)
As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e
compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal
Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a
participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da
2
execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades
representativas (BRASIL 1990)
A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e
sem barreiras (BRASIL 1990)
Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme
suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos
Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de
promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser
compartimentalizadas
Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio
da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o
Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos
mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia
incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL
2009)
A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na
primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos
a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo
assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo
psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela
Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)
Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica
movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando
conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes
Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e
praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e
exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)
Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta
com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que
atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas
3
universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas
associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos
sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)
No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de
Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do
movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre
profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas
de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste
momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos
profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios
familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma
sociedade sem manicocircmios
A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir
novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo
hospitalocecircntrico de atendimento
Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em
desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da
demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental
As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve
adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)
Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar
com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante
realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer
as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que
versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento psiacutequico
Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a
Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede
ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que
se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
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contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
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Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
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Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
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usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
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responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
23
RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
24
VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10
2 OBJETIVOS 14
21 Objetivo Geral 14
22 Objetivos Especiacuteficos 14
3 METODOLOGIA 15
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16
41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20
42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28
REFEREcircNCIAS 29
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da
criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de
1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de
um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes
Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade
civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a
visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas
dimensotildees bioloacutegica e individual
O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios
estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede
a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede
sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute
responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)
Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a
regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de
complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a
definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)
Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica
crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado
territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada
permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a
soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica
sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os
niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)
As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e
compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal
Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a
participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da
2
execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades
representativas (BRASIL 1990)
A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e
sem barreiras (BRASIL 1990)
Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme
suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos
Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de
promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser
compartimentalizadas
Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio
da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o
Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos
mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia
incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL
2009)
A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na
primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos
a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo
assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo
psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela
Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)
Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica
movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando
conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes
Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e
praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e
exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)
Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta
com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que
atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas
3
universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas
associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos
sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)
No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de
Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do
movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre
profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas
de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste
momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos
profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios
familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma
sociedade sem manicocircmios
A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir
novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo
hospitalocecircntrico de atendimento
Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em
desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da
demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental
As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve
adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)
Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar
com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante
realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer
as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que
versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento psiacutequico
Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a
Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede
ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que
se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
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contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
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Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
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Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
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usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
24
VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da
criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de
1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de
um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes
Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade
civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a
visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas
dimensotildees bioloacutegica e individual
O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios
estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede
a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede
sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute
responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)
Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a
regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de
complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a
definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)
Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica
crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado
territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada
permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a
soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica
sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os
niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)
As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e
compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal
Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a
participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da
2
execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades
representativas (BRASIL 1990)
A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e
sem barreiras (BRASIL 1990)
Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme
suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos
Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de
promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser
compartimentalizadas
Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio
da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o
Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos
mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia
incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL
2009)
A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na
primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos
a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo
assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo
psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela
Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)
Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica
movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando
conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes
Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e
praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e
exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)
Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta
com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que
atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas
3
universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas
associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos
sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)
No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de
Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do
movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre
profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas
de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste
momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos
profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios
familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma
sociedade sem manicocircmios
A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir
novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo
hospitalocecircntrico de atendimento
Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em
desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da
demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental
As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve
adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)
Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar
com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante
realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer
as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que
versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento psiacutequico
Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a
Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede
ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que
se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
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execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades
representativas (BRASIL 1990)
A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e
sem barreiras (BRASIL 1990)
Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme
suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos
Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de
promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser
compartimentalizadas
Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio
da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o
Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos
mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia
incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL
2009)
A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na
primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos
a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo
assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo
psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela
Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)
Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica
movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando
conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes
Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e
praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e
exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)
Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta
com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que
atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas
3
universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas
associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos
sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)
No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de
Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do
movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre
profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas
de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste
momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos
profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios
familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma
sociedade sem manicocircmios
A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir
novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo
hospitalocecircntrico de atendimento
Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em
desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da
demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental
As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve
adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)
Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar
com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante
realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer
as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que
versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento psiacutequico
Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a
Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede
ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que
se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
22
LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
24
VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
3
universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas
associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos
sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)
No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de
Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do
movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre
profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas
de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste
momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos
profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios
familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma
sociedade sem manicocircmios
A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir
novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo
hospitalocecircntrico de atendimento
Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em
desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da
demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental
As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve
adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)
Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar
com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante
realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer
as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que
versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento psiacutequico
Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a
Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede
ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que
se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
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usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
24
VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
4
por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes
questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na
reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado
efetivo a essas pessoas
Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a
atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na
necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que
podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo
especifico
Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave
pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para
trabalhar com os portadores de sofrimento mental
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
5
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias
vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de
transtorno mental
22 Objetivos especiacuteficos
Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na
atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
6
3M ETODOLOGIA
Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas
bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio
de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)
Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto
A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010
por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010
com textos completos em portuguecircs
Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais
atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia
Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais
disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o
resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo
com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental
sauacutede da famiacutelia apoio matricial
A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos
que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos
os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os
serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede
mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na
integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe
na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental
Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram
relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores
descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas
constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees
como exposto nos resultados
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
22
LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
7
Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de
discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para
superar as dificuldades
Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010
Nordm DE
DOC
EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO
15
Dificuldades vivenciadas
pela equipe da ESF
Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria
(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)
Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber
(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)
Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria
(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)
Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE
(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)
A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica
(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
8
Salema2006)
A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem
(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)
A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)
Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia
(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)
Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros
(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)
O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede
(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)
Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia
(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA
(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)
A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental
( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)
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O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
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Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
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contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
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Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
9
O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental
(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)
A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT
(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)
8
Estrateacutegias
utilizadas para
superar as
dificuldades
Implementaccedilatildeo do
matriciamento nos
serviccedilos de sauacutede de
Capivari
(ARONA Elizaete da Costa 2009)
Os CAPS e o trabalho em
rede Tecendo o apoio
matricial na atenccedilatildeo
baacutesica
(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)
Sauacutede Mental e atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede anaacutelise
de uma experiecircncia no
niacutevel local
(SILVEIRA Daniele Pinto da
VIEIRA Ana Luiza Stiebler
2009)
O modelo de assistecircncia
da equipe matricial de
sauacutede mental no programa
sauacutede da famiacutelia do
municiacutepio de Satildeo Joseacute do
Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e
educaccedilatildeo permanente aos
profissionais de sauacutede na
atenccedilatildeo baacutesica)
(BARBAN Eduardo G
OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)
Concepccedilotildees do cuidado
em sauacutede mental por uma
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS 2009)
10
equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
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equipe de sauacutede da
famiacutelia uma perspectiva
histoacuterico cultural
Os serviccedilos substitutivos
da reforma psiquiaacutetrica e
os cuidados em sauacutede
mental no territoacuterio
investigando
contribuiccedilotildees do
Programa Sauacutede da
Famiacutelia
(VECCHIA Marcelo
DallaMARTINS Sueli
Terezinha Ferreira 2006)
As reformas sanitaacuteria e
psiquiaacutetrica mudando a
atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de
CampinasSP
(CAMPOSFlorianita Coelho
Braga2005)
41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF
A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da
Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste
em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio
de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico
de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de
territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo
de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute
organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas
sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria
Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo
caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com
Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia
11
aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
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padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
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Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
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contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
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Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
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Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
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usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
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responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
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aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias
leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial
modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO
MERHY2003)
No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute
necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para
que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os
profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das
tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo
das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por
Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado
A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico
hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como
objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio
promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para
a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009
Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da
realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois
apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias
da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de
identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais
O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal
estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em
hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma
natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a
atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede
da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com
que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de
produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)
Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma
equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado
segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa
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padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
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Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
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contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
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Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
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Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
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usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
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responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
12
padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe
ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-
determinados mulher adulto e crianccedila
Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de
sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da
necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede
especializada
Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado
em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os
atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar
adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida
Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para
trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no
atendimento aos portadores de sofrimento mental
Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental
no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem
familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico
A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma
formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta
perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea
assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por
realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como
aos portadores de sofrimento mental
Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de
Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede
mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A
concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho
advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia
de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma
de controle de condutas indesejaacuteveis
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
24
VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
13
Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam
como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados
satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade
promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu
controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)
Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes
Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais
afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo
baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das
doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as
pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida
normal
Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes
para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a
famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial
De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um
municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na
atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a
atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos
profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para
integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica
Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede
mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para
desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto
medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)
Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a
tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a
presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza
dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam
existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo
Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF
para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma
estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
19
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
21
httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
24
VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
14
contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas
e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al
(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em
trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios
municiacutepios brasileiros
Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda
amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da
famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos
serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer
um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao
desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade
de acesso encontrada pelos usuaacuterios
Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees
da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental
Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos
profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o
despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a
medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em
atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia
(BREcircDA 2005)
42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades
O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)
15
Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
16
Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
17
usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
18
responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
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Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais
podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental
dos usuaacuterios
Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos
para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global
a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do
desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)
Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave
atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano
de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes
pacientes
Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de
Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede
mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de
promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades
semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e
grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por
enfermeiros assistente social e psicoacuteloga
Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees
ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o
compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece
tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas
pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)
Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio
porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira
2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas
acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees
relacionadas ao cuidado em sauacutede mental
O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial
atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por
Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel
adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria
forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia
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Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
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usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
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responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
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Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo
afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que
atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa
de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e
assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF
Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam
na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los
para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade
compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a
elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento
psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud
VECCHIA amp MARTINS 2006)
Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial
contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais
complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental
O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves
equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no
contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a
equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo
pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees
conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL
2003 p4)
O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF
possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao
portador de sofrimento mental
Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de
otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos
especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser
acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria
O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos
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usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
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responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
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usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)
Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute
a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as
seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade
de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)
Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo
baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a
dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se
como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a
interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)
Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees
de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por
meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas
buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao
portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp
MARTINS 2006)
Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como
psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave
populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e
controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA
et al 2006)
Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da
Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade
dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que
descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza
recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)
A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma
rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra
referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos
protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)
Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da
atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-
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responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
20
profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
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responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com
os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)
O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na
perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de
casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias
terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede
mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias
adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de
coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)
Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees
inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se
necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador
de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS
ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo
meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do
abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas
Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao
portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar
novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico
centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha
garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)
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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da
equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o
atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica
A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos
psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a
dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e
trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente
Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos
portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua
maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da
sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim
como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica
Brasileira
Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que
serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos
com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo
baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de
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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de
parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o
matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e
possibilidade do trabalho intersetorial
Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na
atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF
posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS
e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo
sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio
para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos
REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em
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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext
SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital
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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006
VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital