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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA Maximina Gláucia Carvalho Guimarães Pires Gomes Vivências de equipes da Estratégia Saúde da Família na atenção aos portadores de transtorno mental CAMPOS GERAIS / MINAS GERAIS 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CURSO DE ...ªncia_e… · Estudo de revisão de literatura com abordagem qualitativa, realizada no período de março a setembro de 2010 nas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CURSO DE ESPECIALIZACcedilAtildeO EM ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA EM

SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA

Maximina Glaacuteucia Carvalho Guimaratildees Pires Gomes

Vivecircncias de equipes da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

CAMPOS GERAIS MINAS GERAIS 2011

Maximina Glaacuteucia Carvalho Guimaratildees Pires Gomes

Vivecircncias de equipes da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista

Orientadora Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna

CAMPOS GERAISMINAS GERAIS 2011

Maximina Glaacuteucia Carvalho Guimaratildees Pires Gomes

Vivecircncias de equipes da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista

Orientadora Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna

Banca Examinadora

___________________________________________ Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna

Orientadora da Pesquisa

___________________________________________ Profordf Eulita Maria Barcelos

Dedico esse trabalho a todos os trabalhadores e usuaacuterios da atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede que vivenciam no seu cotidiano as dificuldades avanccedilos retrocessos e conquistas dessa construccedilatildeo diaacuteria que eacute o fazer em sauacutede

Agradecimentos

Este estudo nasce da motivaccedilatildeo e vivecircncia como trabalhadora da atenccedilatildeo primaacuteria a

partir de uma histoacuteria de vida de uma portadora de sofrimento mental

A Deus pelas oportunidades direcionamento que tem proporcionado em minha vida

A minha famiacutelia pelo apoio durante essa caminhada

A minha querida amiga Amecelia Guerra Sangiovanni pelo apoio paciecircncia conversas

e leituras sobre a construccedilatildeo desse trabalho

Ao meu querido mestre Jonas Sacircmi Albuquerque de Oliveira pelo incentivo paciecircncia e

orientaccedilotildees quando tudo ainda estava no campo das ideacuteias

A Dra Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna minha orientadora oficial que gentilmente

aceitou realizar minha orientaccedilatildeo e sem ela natildeo seria possiacutevel a conclusatildeo desse

trabalho e dessa caminhada

ldquoA vida eacute uma peccedila de teatro que natildeo permite ensaios Por isso canteria dancechore viva intensamente cada momento de sua vidaantes que a cortina se feche e a peccedila termine sem aplausosrdquo

Charlie Chaplin

RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial

ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support

LISTA DE ABREVIATURAS

ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental

OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia

SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 OBJETIVOS 14

21 Objetivo Geral 14

22 Objetivos Especiacuteficos 14

3 METODOLOGIA 15

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16

41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20

42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28

REFEREcircNCIAS 29

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da

criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de

1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de

um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes

Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade

civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a

visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas

dimensotildees bioloacutegica e individual

O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios

estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede

a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede

sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute

responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)

Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a

regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de

complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a

definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)

Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica

crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado

territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada

permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a

soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica

sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os

niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)

As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e

compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal

Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a

participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da

2

execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades

representativas (BRASIL 1990)

A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a

complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e

sem barreiras (BRASIL 1990)

Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme

suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos

Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser

compartimentalizadas

Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio

da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o

Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos

mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia

incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL

2009)

A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na

primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos

a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo

assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo

psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela

Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)

Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica

movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando

conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes

Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e

praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e

exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)

Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta

com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que

atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas

3

universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas

associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos

sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)

No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de

Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do

movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre

profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas

de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste

momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos

profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios

familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma

sociedade sem manicocircmios

A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir

novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo

hospitalocecircntrico de atendimento

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em

desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da

demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental

As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve

adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)

Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar

com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante

realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer

as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que

versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento psiacutequico

Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a

Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede

ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que

se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

Maximina Glaacuteucia Carvalho Guimaratildees Pires Gomes

Vivecircncias de equipes da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista

Orientadora Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna

CAMPOS GERAISMINAS GERAIS 2011

Maximina Glaacuteucia Carvalho Guimaratildees Pires Gomes

Vivecircncias de equipes da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista

Orientadora Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna

Banca Examinadora

___________________________________________ Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna

Orientadora da Pesquisa

___________________________________________ Profordf Eulita Maria Barcelos

Dedico esse trabalho a todos os trabalhadores e usuaacuterios da atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede que vivenciam no seu cotidiano as dificuldades avanccedilos retrocessos e conquistas dessa construccedilatildeo diaacuteria que eacute o fazer em sauacutede

Agradecimentos

Este estudo nasce da motivaccedilatildeo e vivecircncia como trabalhadora da atenccedilatildeo primaacuteria a

partir de uma histoacuteria de vida de uma portadora de sofrimento mental

A Deus pelas oportunidades direcionamento que tem proporcionado em minha vida

A minha famiacutelia pelo apoio durante essa caminhada

A minha querida amiga Amecelia Guerra Sangiovanni pelo apoio paciecircncia conversas

e leituras sobre a construccedilatildeo desse trabalho

Ao meu querido mestre Jonas Sacircmi Albuquerque de Oliveira pelo incentivo paciecircncia e

orientaccedilotildees quando tudo ainda estava no campo das ideacuteias

A Dra Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna minha orientadora oficial que gentilmente

aceitou realizar minha orientaccedilatildeo e sem ela natildeo seria possiacutevel a conclusatildeo desse

trabalho e dessa caminhada

ldquoA vida eacute uma peccedila de teatro que natildeo permite ensaios Por isso canteria dancechore viva intensamente cada momento de sua vidaantes que a cortina se feche e a peccedila termine sem aplausosrdquo

Charlie Chaplin

RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial

ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support

LISTA DE ABREVIATURAS

ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental

OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia

SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 OBJETIVOS 14

21 Objetivo Geral 14

22 Objetivos Especiacuteficos 14

3 METODOLOGIA 15

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16

41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20

42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28

REFEREcircNCIAS 29

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da

criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de

1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de

um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes

Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade

civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a

visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas

dimensotildees bioloacutegica e individual

O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios

estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede

a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede

sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute

responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)

Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a

regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de

complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a

definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)

Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica

crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado

territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada

permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a

soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica

sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os

niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)

As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e

compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal

Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a

participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da

2

execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades

representativas (BRASIL 1990)

A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a

complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e

sem barreiras (BRASIL 1990)

Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme

suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos

Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser

compartimentalizadas

Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio

da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o

Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos

mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia

incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL

2009)

A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na

primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos

a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo

assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo

psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela

Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)

Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica

movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando

conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes

Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e

praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e

exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)

Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta

com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que

atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas

3

universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas

associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos

sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)

No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de

Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do

movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre

profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas

de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste

momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos

profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios

familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma

sociedade sem manicocircmios

A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir

novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo

hospitalocecircntrico de atendimento

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em

desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da

demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental

As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve

adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)

Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar

com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante

realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer

as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que

versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento psiacutequico

Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a

Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede

ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que

se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

Maximina Glaacuteucia Carvalho Guimaratildees Pires Gomes

Vivecircncias de equipes da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista

Orientadora Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna

Banca Examinadora

___________________________________________ Profordf DraPaula Cambraia de Mendonccedila Vianna

Orientadora da Pesquisa

___________________________________________ Profordf Eulita Maria Barcelos

Dedico esse trabalho a todos os trabalhadores e usuaacuterios da atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede que vivenciam no seu cotidiano as dificuldades avanccedilos retrocessos e conquistas dessa construccedilatildeo diaacuteria que eacute o fazer em sauacutede

Agradecimentos

Este estudo nasce da motivaccedilatildeo e vivecircncia como trabalhadora da atenccedilatildeo primaacuteria a

partir de uma histoacuteria de vida de uma portadora de sofrimento mental

A Deus pelas oportunidades direcionamento que tem proporcionado em minha vida

A minha famiacutelia pelo apoio durante essa caminhada

A minha querida amiga Amecelia Guerra Sangiovanni pelo apoio paciecircncia conversas

e leituras sobre a construccedilatildeo desse trabalho

Ao meu querido mestre Jonas Sacircmi Albuquerque de Oliveira pelo incentivo paciecircncia e

orientaccedilotildees quando tudo ainda estava no campo das ideacuteias

A Dra Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna minha orientadora oficial que gentilmente

aceitou realizar minha orientaccedilatildeo e sem ela natildeo seria possiacutevel a conclusatildeo desse

trabalho e dessa caminhada

ldquoA vida eacute uma peccedila de teatro que natildeo permite ensaios Por isso canteria dancechore viva intensamente cada momento de sua vidaantes que a cortina se feche e a peccedila termine sem aplausosrdquo

Charlie Chaplin

RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial

ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support

LISTA DE ABREVIATURAS

ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental

OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia

SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 OBJETIVOS 14

21 Objetivo Geral 14

22 Objetivos Especiacuteficos 14

3 METODOLOGIA 15

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16

41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20

42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28

REFEREcircNCIAS 29

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da

criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de

1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de

um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes

Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade

civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a

visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas

dimensotildees bioloacutegica e individual

O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios

estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede

a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede

sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute

responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)

Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a

regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de

complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a

definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)

Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica

crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado

territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada

permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a

soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica

sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os

niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)

As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e

compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal

Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a

participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da

2

execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades

representativas (BRASIL 1990)

A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a

complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e

sem barreiras (BRASIL 1990)

Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme

suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos

Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser

compartimentalizadas

Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio

da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o

Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos

mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia

incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL

2009)

A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na

primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos

a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo

assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo

psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela

Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)

Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica

movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando

conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes

Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e

praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e

exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)

Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta

com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que

atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas

3

universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas

associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos

sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)

No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de

Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do

movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre

profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas

de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste

momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos

profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios

familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma

sociedade sem manicocircmios

A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir

novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo

hospitalocecircntrico de atendimento

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em

desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da

demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental

As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve

adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)

Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar

com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante

realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer

as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que

versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento psiacutequico

Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a

Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede

ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que

se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

22

LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

Dedico esse trabalho a todos os trabalhadores e usuaacuterios da atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede que vivenciam no seu cotidiano as dificuldades avanccedilos retrocessos e conquistas dessa construccedilatildeo diaacuteria que eacute o fazer em sauacutede

Agradecimentos

Este estudo nasce da motivaccedilatildeo e vivecircncia como trabalhadora da atenccedilatildeo primaacuteria a

partir de uma histoacuteria de vida de uma portadora de sofrimento mental

A Deus pelas oportunidades direcionamento que tem proporcionado em minha vida

A minha famiacutelia pelo apoio durante essa caminhada

A minha querida amiga Amecelia Guerra Sangiovanni pelo apoio paciecircncia conversas

e leituras sobre a construccedilatildeo desse trabalho

Ao meu querido mestre Jonas Sacircmi Albuquerque de Oliveira pelo incentivo paciecircncia e

orientaccedilotildees quando tudo ainda estava no campo das ideacuteias

A Dra Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna minha orientadora oficial que gentilmente

aceitou realizar minha orientaccedilatildeo e sem ela natildeo seria possiacutevel a conclusatildeo desse

trabalho e dessa caminhada

ldquoA vida eacute uma peccedila de teatro que natildeo permite ensaios Por isso canteria dancechore viva intensamente cada momento de sua vidaantes que a cortina se feche e a peccedila termine sem aplausosrdquo

Charlie Chaplin

RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial

ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support

LISTA DE ABREVIATURAS

ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental

OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia

SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 OBJETIVOS 14

21 Objetivo Geral 14

22 Objetivos Especiacuteficos 14

3 METODOLOGIA 15

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16

41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20

42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28

REFEREcircNCIAS 29

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da

criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de

1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de

um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes

Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade

civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a

visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas

dimensotildees bioloacutegica e individual

O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios

estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede

a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede

sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute

responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)

Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a

regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de

complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a

definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)

Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica

crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado

territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada

permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a

soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica

sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os

niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)

As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e

compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal

Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a

participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da

2

execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades

representativas (BRASIL 1990)

A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a

complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e

sem barreiras (BRASIL 1990)

Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme

suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos

Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser

compartimentalizadas

Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio

da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o

Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos

mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia

incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL

2009)

A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na

primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos

a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo

assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo

psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela

Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)

Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica

movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando

conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes

Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e

praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e

exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)

Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta

com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que

atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas

3

universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas

associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos

sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)

No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de

Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do

movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre

profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas

de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste

momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos

profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios

familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma

sociedade sem manicocircmios

A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir

novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo

hospitalocecircntrico de atendimento

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em

desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da

demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental

As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve

adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)

Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar

com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante

realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer

as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que

versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento psiacutequico

Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a

Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede

ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que

se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

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Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

22

LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

Agradecimentos

Este estudo nasce da motivaccedilatildeo e vivecircncia como trabalhadora da atenccedilatildeo primaacuteria a

partir de uma histoacuteria de vida de uma portadora de sofrimento mental

A Deus pelas oportunidades direcionamento que tem proporcionado em minha vida

A minha famiacutelia pelo apoio durante essa caminhada

A minha querida amiga Amecelia Guerra Sangiovanni pelo apoio paciecircncia conversas

e leituras sobre a construccedilatildeo desse trabalho

Ao meu querido mestre Jonas Sacircmi Albuquerque de Oliveira pelo incentivo paciecircncia e

orientaccedilotildees quando tudo ainda estava no campo das ideacuteias

A Dra Paula Cambraia de Mendonccedila Vianna minha orientadora oficial que gentilmente

aceitou realizar minha orientaccedilatildeo e sem ela natildeo seria possiacutevel a conclusatildeo desse

trabalho e dessa caminhada

ldquoA vida eacute uma peccedila de teatro que natildeo permite ensaios Por isso canteria dancechore viva intensamente cada momento de sua vidaantes que a cortina se feche e a peccedila termine sem aplausosrdquo

Charlie Chaplin

RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial

ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support

LISTA DE ABREVIATURAS

ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental

OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia

SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 OBJETIVOS 14

21 Objetivo Geral 14

22 Objetivos Especiacuteficos 14

3 METODOLOGIA 15

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16

41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20

42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28

REFEREcircNCIAS 29

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da

criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de

1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de

um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes

Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade

civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a

visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas

dimensotildees bioloacutegica e individual

O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios

estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede

a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede

sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute

responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)

Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a

regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de

complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a

definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)

Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica

crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado

territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada

permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a

soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica

sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os

niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)

As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e

compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal

Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a

participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da

2

execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades

representativas (BRASIL 1990)

A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a

complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e

sem barreiras (BRASIL 1990)

Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme

suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos

Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser

compartimentalizadas

Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio

da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o

Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos

mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia

incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL

2009)

A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na

primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos

a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo

assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo

psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela

Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)

Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica

movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando

conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes

Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e

praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e

exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)

Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta

com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que

atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas

3

universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas

associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos

sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)

No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de

Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do

movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre

profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas

de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste

momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos

profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios

familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma

sociedade sem manicocircmios

A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir

novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo

hospitalocecircntrico de atendimento

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em

desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da

demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental

As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve

adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)

Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar

com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante

realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer

as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que

versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento psiacutequico

Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a

Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede

ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que

se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

22

LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

ldquoA vida eacute uma peccedila de teatro que natildeo permite ensaios Por isso canteria dancechore viva intensamente cada momento de sua vidaantes que a cortina se feche e a peccedila termine sem aplausosrdquo

Charlie Chaplin

RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial

ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support

LISTA DE ABREVIATURAS

ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental

OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia

SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 OBJETIVOS 14

21 Objetivo Geral 14

22 Objetivos Especiacuteficos 14

3 METODOLOGIA 15

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16

41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20

42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28

REFEREcircNCIAS 29

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da

criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de

1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de

um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes

Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade

civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a

visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas

dimensotildees bioloacutegica e individual

O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios

estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede

a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede

sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute

responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)

Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a

regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de

complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a

definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)

Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica

crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado

territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada

permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a

soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica

sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os

niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)

As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e

compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal

Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a

participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da

2

execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades

representativas (BRASIL 1990)

A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a

complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e

sem barreiras (BRASIL 1990)

Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme

suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos

Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser

compartimentalizadas

Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio

da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o

Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos

mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia

incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL

2009)

A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na

primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos

a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo

assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo

psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela

Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)

Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica

movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando

conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes

Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e

praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e

exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)

Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta

com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que

atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas

3

universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas

associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos

sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)

No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de

Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do

movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre

profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas

de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste

momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos

profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios

familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma

sociedade sem manicocircmios

A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir

novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo

hospitalocecircntrico de atendimento

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em

desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da

demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental

As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve

adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)

Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar

com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante

realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer

as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que

versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento psiacutequico

Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a

Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede

ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que

se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

22

LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

RESUMO Estudo de revisatildeo de literatura com abordagem qualitativa realizada no periacuteodo de marccedilo a setembro de 2010 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Sauacutede (BVS) Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) considerando que essas bases concentram a literatura latino-americana da aacuterea Tem como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental conhecer as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades da equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental A pesquisa evidenciou que muitas satildeo as dificuldades encontradas no manejo com os portadores de transtorno mental entre eles a falta de formaccedilatildeo treinamento atualizaccedilatildeo na aacuterea de sauacutede mental Satildeo utilizadas como estrateacutegias de superaccedilatildeo atividades em gruposensibilizaccedilatildeo dos profissionais para o uso racional de psicofaacutermacosimplementaccedilatildeo de parcerias com os Centros de Apoio Psicossocial Palavras-chave sauacutede mental sauacutede da famiacutelia apoio matricial

ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support

LISTA DE ABREVIATURAS

ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental

OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia

SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 OBJETIVOS 14

21 Objetivo Geral 14

22 Objetivos Especiacuteficos 14

3 METODOLOGIA 15

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16

41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20

42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28

REFEREcircNCIAS 29

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da

criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de

1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de

um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes

Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade

civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a

visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas

dimensotildees bioloacutegica e individual

O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios

estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede

a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede

sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute

responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)

Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a

regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de

complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a

definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)

Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica

crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado

territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada

permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a

soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica

sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os

niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)

As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e

compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal

Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a

participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da

2

execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades

representativas (BRASIL 1990)

A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a

complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e

sem barreiras (BRASIL 1990)

Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme

suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos

Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser

compartimentalizadas

Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio

da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o

Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos

mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia

incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL

2009)

A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na

primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos

a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo

assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo

psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela

Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)

Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica

movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando

conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes

Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e

praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e

exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)

Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta

com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que

atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas

3

universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas

associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos

sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)

No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de

Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do

movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre

profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas

de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste

momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos

profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios

familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma

sociedade sem manicocircmios

A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir

novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo

hospitalocecircntrico de atendimento

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em

desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da

demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental

As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve

adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)

Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar

com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante

realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer

as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que

versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento psiacutequico

Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a

Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede

ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que

se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

22

LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

ABSTRACT Study literature review with qualitative approach carried out from March to September 2010 in the database Virtual Health Library (VHL) the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO) since these bases concentrate Latin American literature in the area It aims to identify the difficulties experienced by the team of the Family Health Strategy in the care of mental patients to know the strategies used to overcome the difficulties of the staff of the Family Health Strategy in the care of individuals with mental disorders The research showed that there are many difficulties in managing patients with mental disorders including lack of education training upgrading the mental health field They are used as coping strategies group activities raising awareness among professionals for the rational use of psychotropic drugs implementation of partnerships with the Centers for Psychosocial Support Keywords mental health family health matrix support

LISTA DE ABREVIATURAS

ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental

OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia

SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 OBJETIVOS 14

21 Objetivo Geral 14

22 Objetivos Especiacuteficos 14

3 METODOLOGIA 15

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16

41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20

42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28

REFEREcircNCIAS 29

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da

criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de

1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de

um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes

Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade

civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a

visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas

dimensotildees bioloacutegica e individual

O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios

estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede

a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede

sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute

responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)

Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a

regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de

complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a

definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)

Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica

crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado

territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada

permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a

soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica

sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os

niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)

As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e

compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal

Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a

participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da

2

execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades

representativas (BRASIL 1990)

A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a

complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e

sem barreiras (BRASIL 1990)

Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme

suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos

Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser

compartimentalizadas

Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio

da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o

Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos

mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia

incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL

2009)

A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na

primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos

a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo

assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo

psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela

Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)

Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica

movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando

conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes

Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e

praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e

exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)

Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta

com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que

atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas

3

universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas

associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos

sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)

No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de

Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do

movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre

profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas

de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste

momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos

profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios

familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma

sociedade sem manicocircmios

A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir

novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo

hospitalocecircntrico de atendimento

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em

desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da

demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental

As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve

adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)

Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar

com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante

realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer

as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que

versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento psiacutequico

Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a

Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede

ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que

se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

22

LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

LISTA DE ABREVIATURAS

ESF - Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

MTSM - Movimento dos Trabalhadores de Sauacutede Mental

OMS - Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PACS - Programa de Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

PSF- Programa Sauacutede da Famiacutelia

SUS - Sistema Uacutenico de Sauacutede

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 OBJETIVOS 14

21 Objetivo Geral 14

22 Objetivos Especiacuteficos 14

3 METODOLOGIA 15

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16

41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20

42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28

REFEREcircNCIAS 29

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da

criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de

1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de

um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes

Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade

civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a

visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas

dimensotildees bioloacutegica e individual

O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios

estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede

a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede

sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute

responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)

Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a

regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de

complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a

definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)

Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica

crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado

territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada

permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a

soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica

sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os

niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)

As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e

compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal

Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a

participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da

2

execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades

representativas (BRASIL 1990)

A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a

complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e

sem barreiras (BRASIL 1990)

Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme

suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos

Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser

compartimentalizadas

Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio

da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o

Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos

mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia

incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL

2009)

A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na

primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos

a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo

assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo

psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela

Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)

Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica

movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando

conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes

Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e

praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e

exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)

Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta

com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que

atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas

3

universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas

associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos

sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)

No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de

Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do

movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre

profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas

de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste

momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos

profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios

familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma

sociedade sem manicocircmios

A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir

novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo

hospitalocecircntrico de atendimento

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em

desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da

demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental

As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve

adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)

Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar

com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante

realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer

as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que

versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento psiacutequico

Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a

Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede

ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que

se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

22

LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

SUMAacuteRIO 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

2 OBJETIVOS 14

21 Objetivo Geral 14

22 Objetivos Especiacuteficos 14

3 METODOLOGIA 15

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 16

41 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF 20

42 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades 24

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 28

REFEREcircNCIAS 29

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da

criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de

1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de

um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes

Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade

civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a

visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas

dimensotildees bioloacutegica e individual

O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios

estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede

a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede

sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute

responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)

Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a

regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de

complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a

definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)

Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica

crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado

territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada

permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a

soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica

sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os

niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)

As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e

compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal

Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a

participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da

2

execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades

representativas (BRASIL 1990)

A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a

complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e

sem barreiras (BRASIL 1990)

Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme

suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos

Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser

compartimentalizadas

Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio

da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o

Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos

mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia

incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL

2009)

A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na

primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos

a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo

assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo

psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela

Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)

Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica

movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando

conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes

Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e

praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e

exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)

Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta

com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que

atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas

3

universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas

associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos

sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)

No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de

Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do

movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre

profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas

de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste

momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos

profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios

familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma

sociedade sem manicocircmios

A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir

novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo

hospitalocecircntrico de atendimento

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em

desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da

demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental

As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve

adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)

Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar

com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante

realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer

as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que

versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento psiacutequico

Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a

Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede

ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que

se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A assistecircncia agrave sauacutede no Brasil tem uma mudanccedila na sua concepccedilatildeo a partir da

criaccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) assegurado pela Carta Constitucional de

1988 Este sistema eacute fruto da mobilizaccedilatildeo da sociedade brasileira que acabava de sair de

um regime autoritaacuterio inaugurando uma nova era de redemocratizaccedilatildeo do paiacutes

Seus precursores os intelectuais da aacuterea da sauacutede trabalhadores e sociedade

civil inauguraram com o SUS uma concepccedilatildeo ampliada de sauacutede que busca superar a

visatildeo dominante de enfocar a sauacutede apenas como ausecircncia de doenccedila sobretudo nas

dimensotildees bioloacutegica e individual

O sistema de sauacutede brasileiro se organiza a partir de princiacutepios doutrinaacuterios

estabelecidos na lei orgacircnica de 1990 A universalidade eacute a garantia de atenccedilatildeo a sauacutede

a todo e qualquer cidadatildeo ele tem direito de acesso a todos os niacuteveis de atenccedilatildeo a sauacutede

sendo eles puacuteblicos ou contratados pelo SUS O governo nos trecircs niacuteveis de gestatildeo eacute

responsaacutevel pela organizaccedilatildeo e prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave sauacutede (BRASIL 1990)

Dentre os princiacutepios que regem a organizaccedilatildeo do SUS destacam-se a

regionalizaccedilatildeo e a hierarquizaccedilatildeo Os serviccedilos devem ser organizados em niacuteveis de

complexidade tecnoloacutegica crescente dispostos numa aacuterea geograacutefica delimitada e com a

definiccedilatildeo da populaccedilatildeo a ser atendida (BRASIL 1990)

Os serviccedilos de sauacutede se organizam em niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica

crescente direcionados para a populaccedilatildeo a ser atendida dentro de um determinado

territoacuterio A forma de organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede hierarquizada e regionalizada

permite um maior conhecimento das necessidades de sauacutede da populaccedilatildeo favorecendo a

soluccedilatildeo dos problemas aleacutem de implementar accedilotildees de vigilacircncia epidemioloacutegica

sanitaacuteria educaccedilatildeo em sauacutede accedilotildees de atenccedilatildeo ambulatorial e hospitalar em todos os

niacuteveis de complexidade (BRASIL1990)

As accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo geridos de forma descentralizada e

compartilhada pelos trecircs niacuteveis de governo municipal estadual e federal

Na forma de organizaccedilatildeo do sistema e por ser uma conquista social eacute garantida a

participaccedilatildeo popular no processo de formulaccedilatildeo das poliacuteticas de sauacutede e no controle da

2

execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades

representativas (BRASIL 1990)

A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a

complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e

sem barreiras (BRASIL 1990)

Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme

suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos

Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser

compartimentalizadas

Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio

da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o

Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos

mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia

incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL

2009)

A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na

primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos

a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo

assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo

psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela

Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)

Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica

movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando

conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes

Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e

praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e

exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)

Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta

com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que

atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas

3

universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas

associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos

sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)

No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de

Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do

movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre

profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas

de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste

momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos

profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios

familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma

sociedade sem manicocircmios

A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir

novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo

hospitalocecircntrico de atendimento

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em

desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da

demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental

As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve

adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)

Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar

com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante

realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer

as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que

versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento psiacutequico

Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a

Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede

ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que

se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

2

execuccedilatildeo em todos os niacuteveis desde o federal ateacute o local por meio de entidades

representativas (BRASIL 1990)

A equidade eacute a garantia de accedilotildees e serviccedilos em todos os niacuteveis de acordo com a

complexidade que cada caso requeira more o cidadatildeo onde morar sem privileacutegios e

sem barreiras (BRASIL 1990)

Diante da organizaccedilatildeo do SUS todo brasileiro eacute igual e seraacute atendido conforme

suas necessidades ateacute o limite do que o sistema puder oferecer para todos

Cada pessoa eacute um todo indivisiacutevel e integrante de uma comunidade as accedilotildees de

promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede formam tambeacutem uma rede e natildeo podem ser

compartimentalizadas

Com o intuito de operacionalizar os princiacutepios e diretrizes do SUS o Ministeacuterio

da Sauacutede implementou a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia no Brasil tendo como precursor o

Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede (PACS) iniciado em 1991 Trecircs anos

mais tarde em 1994 satildeo constituiacutedas as primeiras equipes de sauacutede da famiacutelia

incorporando e ampliando a atuaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios de sauacutede (BRASIL

2009)

A atenccedilatildeo primaacuteria eacute um conjunto de accedilotildees individuais e coletivas situadas na

primeira linha de atenccedilatildeo dos sistemas de sauacutede para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo de agravos

a sauacutede tratamento em geral e as relativas aos impedimentos fiacutesicos e mentais Sendo

assim a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede recomenda a organizaccedilatildeo de redes de atenccedilatildeo

psicossocial destacando-se a oferta de tratamento na atenccedilatildeo primaacuteria preconizado pela

Reforma Psiquiaacutetrica (OMS 2001)

Em compasso com o processo da Reforma Sanitaacuteria a Reforma Psiquiaacutetrica

movimento liderado por trabalhadores da aacuterea de sauacutede mental vem transformando

conceitos e praacuteticas na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental no paiacutes

Historicamente a Reforma Psiquiaacutetrica surgiu para transformar os saberes e

praacuteticas profissionais propostas pelo modelo asilar pautados na tutela segregaccedilatildeo e

exclusatildeo social (AMARANTE OLIVEIRA 2004)

Sendo um processo poliacutetico e social complexo a Reforma Psiquiaacutetrica conta

com a participaccedilatildeo de diversos atores instituiccedilotildees e forccedilas de diferentes origens que

atuam em territoacuterios diversos nos governos federal estadual e municipal nas

3

universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas

associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos

sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)

No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de

Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do

movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre

profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas

de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste

momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos

profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios

familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma

sociedade sem manicocircmios

A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir

novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo

hospitalocecircntrico de atendimento

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em

desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da

demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental

As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve

adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)

Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar

com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante

realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer

as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que

versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento psiacutequico

Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a

Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede

ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que

se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

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universidades no mercado dos serviccedilos de sauacutede nos conselhos profissionais nas

associaccedilotildees de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares nos movimentos

sociais e nos territoacuterios do imaginaacuterio social e da opiniatildeo puacuteblica (BRASIL 2005)

No ano de 1987 foi realizado o 2ordm Congresso Nacional de Trabalhadores de

Sauacutede Mental em que foi elaborado o manifesto de Bauru documento de fundaccedilatildeo do

movimento antimanicomial Marca-se assim a afirmaccedilatildeo do laccedilo social entre

profissionais com a sociedade para enfrentamento da questatildeo da loucura e suas formas

de tratamento (SILVA 2003 citado por LUCHMANN RODRIGUES 2007) Neste

momento o MTSM amplia seus contornos deixando de pertencer apenas aos

profissionais da sauacutede e inclui atores importantes no movimento como usuaacuterios

familiares poliacuteticos gestores e sociedade civil organizada Inicia-se a luta por uma

sociedade sem manicocircmios

A partir de entatildeo com o avanccedilo da Reforma Psiquiaacutetrica comeccedilam a surgir

novos dispositivos de atenccedilatildeo a Sauacutede Mental que natildeo se restringiam ao modelo

hospitalocecircntrico de atendimento

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) os paiacuteses em

desenvolvimento como o Brasil apresentaratildeo em 2020 um aumento expressivo da

demanda que deveraacute ser assistida por este novo paradigma de atenccedilatildeo a sauacutede mental

As pesquisas da OMS demonstram que uma em cada quatro pessoas desenvolve

adoecimento psiacutequico em algum momento da vida (OMS 2001)

Diante das dificuldades encontradas pelas equipes de sauacutede da famiacutelia em lidar

com os portadores de transtorno mental o seu cotidiano de trabalho torna-se relevante

realizar uma revisatildeo de literatura sobre os desafios enfrentados pelas equipes e conhecer

as estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental Para tanto foi realizado um estudo teoacuterico em publicaccedilotildees que

versam sobre os desafios e superaccedilotildees das equipes de sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento psiacutequico

Para Nunes et al 2007 a poliacutetica de sauacutede mental que norteia atualmente a

Reforma Psiquiaacutetrica estimula praacuteticas pautadas no territoacuterio e articuladas em uma rede

ampliada de serviccedilos de sauacutede Entretanto a lacuna ainda parece ser grande entre o que

se observa na praacutetica e as diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

A atenccedilatildeo agrave sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica nem sempre condiz com o esperado

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

22

LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

4

por parte dos que formularam a reforma psiquiaacutetrica brasileira gerando por vezes

questionamentos da sociedade quanto a sua real contribuiccedilatildeo no sentido de avanccedilar na

reinserccedilatildeo social do portador de transtorno mental e na desmistificaccedilatildeo do cuidado

efetivo a essas pessoas

Este estudo justifica-se pela sua relevacircncia social ao constatar como ocorre a

atenccedilatildeo pelas equipes agrave populaccedilatildeo portadora de transtorno mental Este fato implica na

necessidade de atenccedilatildeo dos profissionais de sauacutede sobre o conhecimento dos fatores que

podem estar relacionados agraves formas de atenccedilatildeo utilizadas pelas equipes a esse grupo

especifico

Neste sentido os profissionais que trabalham na ESF poderatildeo ter acesso agrave

pesquisa possibilitando conhecer as dificuldades e as estrateacutegias utilizadas para

trabalhar com os portadores de sofrimento mental

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

5

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

Descrever a partir de uma revisatildeo de literatura as dificuldades e estrateacutegias

vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de

transtorno mental

22 Objetivos especiacuteficos

Identificar as dificuldades vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental Conhecer as estrateacutegias utilizadas pela equipe da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia na

atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

22

LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

6

3M ETODOLOGIA

Trata-se de estudo com abordagem qualitativa realizado mediante busca nas

bases de dados de ciecircncias da sauacutede em geral que foram a Literatura Latino Americana

e do Caribe em Ciecircncias de Sauacutede (LILACS) Medical Literature Analysis and Retrieval

System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Ministeacuterio

de Sauacutede e aacutereas especializadas como BDENF (Bases de Dados em Enfermagem)

Foram consultados tambeacutem manuais e livros que abordavam o assunto

A revisatildeo de literatura foi realizada no periacuteodo de agosto a novembro de 2010

por meio de levantamento de publicaccedilotildees em perioacutedicos entre os anos de 2000 a 2010

com textos completos em portuguecircs

Considerou-se o periacuteodo bibliograacutefico de dez anos adequado para as informaccedilotildees mais

atualizadas sobre as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe da Estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Os criteacuterios utilizados foram publicaccedilotildees em revistas nacionais e internacionais

disponibilizadas integralmente nas bases de dados referidas que apresentassem o

resumo em portuguecircs inglecircs ou espanhol e texto completo em portuguecircs de acordo

com os descritores abordados e as seguintes aacutereas de conhecimento sauacutede mental

sauacutede da famiacutelia apoio matricial

A pesquisa resultou na identificaccedilatildeo de duzentos e quarenta e sete (247) artigos

que faziam referencia a sauacutede mental e sauacutede da famiacutelia Foi realizada a leitura de todos

os resumos com intuito de identificar artigos que estabeleciam a ligaccedilatildeo entre os

serviccedilos de sauacutede mental e a Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

Foram selecionados vinte e trecircs textos (23) com os seguintes descritores sauacutede

mental sauacutede da famiacutelia estrateacutegia sauacutede da famiacutelia e apoio matricial disponiacuteveis na

integra e que tinham relaccedilatildeo com as dificuldades e estrateacutegias vivenciadas pela equipe

na atenccedilatildeo aos portadores de transtorno mental

Considerando os dados coletados foi elaborado o Quadro 1 onde foram

relacionados os 23 artigos com seus autores e ano de publicaccedilatildeo sendo que 15 autores

descrevem sobre as dificuldades encontradas e 08 abordam as estrateacutegias utilizadas

constituindo assim os dois eixos para discussatildeo e a analise em dois eixos de discussotildees

como exposto nos resultados

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

7

Neste estudo optou-se em utilizar a nomenclatura Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

(ESF) tanto nos estudos que descreviam ESF quanto os estudos que utilizaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

Os resultados seratildeo apresentados e discutidos de acordo com os dois eixos de

discussotildees dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF estrateacutegias utilizadas para

superar as dificuldades

Quadro 1 Nuacutemero de artigos identificados de acordo com o eixo de discussatildeo Belo Horizonte 2010

Nordm DE

DOC

EIXO DE DISCUSSAtildeO TIacuteTULOS AUTORESANO

15

Dificuldades vivenciadas

pela equipe da ESF

Sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia caminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteria

(LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira Reschetti2009)

Parceria entre CAPS e PSF o desafio da construccedilatildeo de um novo saber

(DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva 2009)

Accedilotildees de sauacutede mental no programa sauacutede da famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praticas com os princiacutepios da reforma sanitaacuteria

(NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca 2007)

Atenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa sauacutede da famiacutelia de Caucaia-CE

(NASCIMENTOAdail Afracircnio Marcelino doBRAGAViolante Augusta Batista2004)

A interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesica

(BUCHELE Faacutetima LAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

22

LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

8

Salema2006)

A sauacutede mental no PSF e o trabalho de Enfermagem

(SILVA Ana Tereza Medeiros C daSILVA Ceacutesar Cavalcanti daFILHA Maria de Oliveira FerreiraNOacuteBREGA Maria Mirian Lima da BARROSSocircniaSANTOS Kamila Keacutessia Gomes dos2005)

A sauacutede Mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Aline de Jesus FontineliMATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes2007)

Possibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no programa de Sauacutede da Famiacutelia

(SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2007)

Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Como estatildeo atuando os enfermeiros

(RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade2010)

O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede

(BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva2001)

Duas estrateacutegias e desafios comuns A reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia

(BREcircDA Meacutercia Zeviani ROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais2005)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo primaacuteriauma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador-BA

(CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dos2009)

A praacutexi do Enfermeiro no programa Sauacutede da famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental

( SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da 2004)

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

9

O preparo do Enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental

(LEMOSSuyane SLEMOSMonaliseSOUZAMaria das Graccedilas2007)

A construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute ndashMT

(RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro de2008)

8

Estrateacutegias

utilizadas para

superar as

dificuldades

Implementaccedilatildeo do

matriciamento nos

serviccedilos de sauacutede de

Capivari

(ARONA Elizaete da Costa 2009)

Os CAPS e o trabalho em

rede Tecendo o apoio

matricial na atenccedilatildeo

baacutesica

(BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda 2008)

Sauacutede Mental e atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede anaacutelise

de uma experiecircncia no

niacutevel local

(SILVEIRA Daniele Pinto da

VIEIRA Ana Luiza Stiebler

2009)

O modelo de assistecircncia

da equipe matricial de

sauacutede mental no programa

sauacutede da famiacutelia do

municiacutepio de Satildeo Joseacute do

Rio Preto(Capacitaccedilatildeo e

educaccedilatildeo permanente aos

profissionais de sauacutede na

atenccedilatildeo baacutesica)

(BARBAN Eduardo G

OLIVEIRA Angeacutelica A 2007)

Concepccedilotildees do cuidado

em sauacutede mental por uma

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS 2009)

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

22

LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

24

VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

10

equipe de sauacutede da

famiacutelia uma perspectiva

histoacuterico cultural

Os serviccedilos substitutivos

da reforma psiquiaacutetrica e

os cuidados em sauacutede

mental no territoacuterio

investigando

contribuiccedilotildees do

Programa Sauacutede da

Famiacutelia

(VECCHIA Marcelo

DallaMARTINS Sueli

Terezinha Ferreira 2006)

As reformas sanitaacuteria e

psiquiaacutetrica mudando a

atenccedilatildeo aacute sauacutede mental de

CampinasSP

(CAMPOSFlorianita Coelho

Braga2005)

41 Eixo 1 Dificuldades vivenciadas pelas equipes da ESF

A atenccedilatildeo primaacuteria no Brasil se organiza sob a forma da Estrateacutegia Sauacutede da

Famiacutelia (ESF) que segundo a portaria 1886GM1997 do Ministeacuterio da Sauacutede consiste

em uma unidade ambulatorial publica destinada a realizar assistecircncia contiacutenua por meio

de equipe multiprofissional miacutenima constituiacuteda de meacutedico enfermeiro auxiliarteacutecnico

de enfermagem e agentes comunitaacuterios de sauacutede A ESF trabalha com a noccedilatildeo de

territorialidade que a coloca como responsaacutevel por uma aacuterea de abrangecircncia e adscriccedilatildeo

de uma clientela de aproximadamente 600 a 1000 famiacutelias No Brasil a sauacutede estaacute

organizada de acordo com o niacutevel de complexidade e com as tecnologias utilizadas

sendo estruturadas da seguinte forma atenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria

Na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de Sauacutede satildeo utilizadas tecnologias que iratildeo

caracterizar o tipo de serviccedilo de sauacutede As tecnologias satildeo classificadas de acordo com

Merhy (1999) em tecnologias duras que satildeo os equipamentos utilizados na assistecircncia

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

22

LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

11

aos pacientes tecnologias leve-duras satildeo os saberes e praacuteticas estruturadas tecnologias

leves que estatildeo relacionadas com a produccedilatildeo de serviccedilos abordagem assistencial

modos de produccedilatildeo de acolhimento viacutenculo responsabilizaccedilatildeo (FRANCO

MERHY2003)

No cotidiano do trabalho desenvolvido pela ESF na atenccedilatildeo primaacuteria a sauacutede eacute

necessaacuterio o estabelecimento de viacutenculo com a comunidade com quem se trabalha para

que se possa implementar atividades de promoccedilatildeo da sauacutede Para que isso aconteccedila os

profissionais utilizam-se de ferramentas do conhecimento que satildeo caracteriacutesticos das

tecnologias leve-duras e leves e essenciais para a criaccedilatildeo implementaccedilatildeo e organizaccedilatildeo

das accedilotildees junto agrave comunidade Somente com a utilizaccedilatildeo das tecnologias descritas por

Merhy 1999 conseguiremos fazer com que a comunidade se torne parceira no cuidado

A atenccedilatildeo a sauacutede mental e a ESF buscam romper com o modelo meacutedico

hegemocircnico tendo como desafio tomar a famiacutelia em sua dimensatildeo soacutecio cultural como

objeto de atenccedilatildeo planejando e executando accedilotildees num determinado territoacuterio

promovendo cidadania participaccedilatildeo comunitaacuteria e construccedilatildeo de novas tecnologias para

a melhoria da qualidade de vida (LUCCHESE et al2009

Souza amp Scatena (2007) ressaltam que existe um relativo desconhecimento da

realidade sobre a assistecircncia em sauacutede mental na atenccedilatildeo primaria em todo Brasil pois

apesar da marcante presenccedila das demandas de sauacutede mental nas aacutereas de abrangecircncias

da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia as equipes frequumlentemente expressam dificuldades de

identificaccedilatildeo e acompanhamento das pessoas com transtornos mentais

O indicador de sauacutede da atenccedilatildeo primaacuteria disponiacutevel nas trecircs esferas municipal

estadual e nacional apresenta apenas dados relativos aos nuacutemeros de internaccedilotildees em

hospitais psiquiaacutetricos ou em hospitais gerais e atendimentos em CAPS Dessa forma

natildeo existe nenhum instrumento que sistematize os dados na atenccedilatildeo primaria sobre a

atenccedilatildeo em sauacutede mental como os existentes em outros programas de sauacutede com sauacutede

da crianccedila sauacutede da mulher e outros Acredita-se que a falta desse instrumento faz com

que os atendimentos na aacuterea de sauacutede mental passem despercebidos como forma de

produtividade a exemplo do que acontece em outras aacutereas de atenccedilatildeo a sauacutede no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria (Souza amp Scatena 2007)

Segundo Ribeiro Ribeiro Oliveira (2008) em pesquisa realizada junto a uma

equipe de PSF de Cuiabaacute o atendimento realizado a todos os usuaacuterios era realizado

segundo um riacutegido cronograma de consultas baseado em programas ministeriais numa

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

12

padronizaccedilatildeo meacutedico assistencialista cujo objeto de trabalho se confunde e se restringe

ao corpo bioloacutegico ao mesmo tempo em que o fragmenta de acordo com grupos preacute-

determinados mulher adulto e crianccedila

Ribeiro Medeiros Albuquerque e Fernandes (2010) afirmam que a demanda de

sauacutede mental soacute eacute percebida pelos profissionais diante de uma queixa fiacutesica ou diante da

necessidade de uma receita para adquirir psicotroacutepicos ou encaminhamentos para a rede

especializada

Corroborando com a discussatildeo Nascimento amp Braga (2004) em estudo realizado

em Caucaia ndashCE revela que enfermeiros e meacutedicos atuam no PSF organizam os

atendimentos baseados na queixa clinicaFica evidente a dificuldade de lidar

adequadamente com as demandas de sauacutede mental da comunidade assistida

Lemos Lemos Souza (2007) aponta a falta de treinamento capacitaccedilatildeo para

trabalhar com a sauacutede mental como uma dificuldade que os profissionais enfrentam no

atendimento aos portadores de sofrimento mental

Para Delfine et al(2009) um dos principais limites das accedilotildees de sauacutede mental

no PSF se refere a clinica de sauacutede mental pois os profissionais natildeo se sentem

familiarizados e capacitados para o atendimento dos portadores de sofrimento psiacutequico

A grande maioria dos profissionais que atua no PSF natildeo possui nenhuma

formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo especifica em sauacutede mental Nesta

perspectiva muitos podem encontrar dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea

assim como acompanhar mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

O enfermeiro como profissional atuante na equipe da ESF eacute responsaacutevel por

realizar o cuidado de enfermagem agrave populaccedilatildeo em todos os ciclos da vida assim como

aos portadores de sofrimento mental

Sousa et al (2004) em estudo realizado com os enfermeiros no Municiacutepio de

Cabedelo (PB) afirmam que os profissionais consideram que o atendimento a sauacutede

mental na atenccedilatildeo baacutesica restringe-se a prescriccedilatildeo de medicamentos psicotroacutepicos A

concepccedilatildeo da doenccedila mental tem como base o saber como instrumento de trabalho

advindo da psiquiatria tradicional que vincula o portador de sofrimento mental a ideacuteia

de periculosidade justificando-se dessa forma a medicalizaccedilatildeo da doenccedila como forma

de controle de condutas indesejaacuteveis

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

13

Os elementos do processo de trabalho que orientam as praacuteticas apresentam

como objeto a doenccedila mental como finalidade o seu equiliacutebrio e os saberes utilizados

satildeo saberes da psiquiatria tradicional em que a assistecircncia tem como finalidade

promover a readaptaccedilatildeo do comportamento da pessoa com doenccedila mental e o seu

controle no espaccedilo hospitalar (Sousa et al 2004)

Cardoso et al (2008) em estudo realizado acerca do conhecimento dos Agentes

Comunitaacuterios em Sauacutede sobre o transtorno mental em uma cidade de Minas Gerais

afirmam que o ACS ocupa um lugar de destaque nas accedilotildees realizadas pela atenccedilatildeo

baacutesica Entretanto a maioria possui limitado conhecimento cientifico acerca das

doenccedilas trabalhadas na ESF dentre elas a sauacutede mental Os ACS consideram que as

pessoas portadoras de transtorno mental sempre dependem de algueacutem para ter uma vida

normal

Essa afirmativa reforccedila a necessidade e a importacircncia de capacitaccedilatildeo das equipes

para que possam possibilitar o vinculo e suporte ao portador de sofrimento mental a

famiacutelia e a comunidade em seu processo de reabilitaccedilatildeo psicossocial

De acordo com Buumlchele et al (2006) os profissionais da equipe de ESF em um

municiacutepio da Grande Florianoacutepolis acreditam que a assistecircncia em sauacutede mental na

atenccedilatildeo baacutesica estaacute relacionada com a assistecircncia especializada e os conceitos sobre a

atenccedilatildeo baacutesica e sua relaccedilatildeo com a sauacutede mental satildeo pouco compreendidos pelos

profissionais Mais uma vez a falta de capacitaccedilatildeo eacute apontada como um desafio para

integrar as accedilotildees de sauacutede mental com a atenccedilatildeo baacutesica

Os profissionais se sentem pouco capazes para desenvolver accedilotildees de sauacutede

mental afirmam natildeo haver nenhum trabalho de qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo para

desenvolver o atendimento ao portador de sofrimento mental para aleacutem do aspecto

medicamentoso (BUumlCHELLE et al 2006)

Buumlchelle et al (2006) apontam que a assistecircncia em sauacutede mental privilegia a

tendecircncia terapecircutica medicamentosa e a assistecircncia especializada evidenciando a

presenccedila forte e ainda marcante do modelo medicocecircntrico bem como a falta de clareza

dos profissionais sobre o conceito de atenccedilatildeo primaacuteria Apontam ainda que deveriam

existir atividades de qualificaccedilatildeo dos profissionais que trabalham neste niacutevel de atenccedilatildeo

Nunes et al (2007) afirmam que natildeo haacute recursos operacionais e teoacutericos no ESF

para atender em sauacutede mental Vaacuterios profissionais apontam a inexistecircncia de uma

estrateacutegia no acircmbito do ESF para lidar com a sauacutede mental uma estrateacutegia que

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

22

LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

23

RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

14

contemple accedilotildees de promoccedilatildeo comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede de praacuteticas coletivas

e individuais Suas afirmaccedilotildees corroboram com Cardoso et al (2008) Souza et al

(2004) Carneiro et al (2009) apontam para a falta de preparo dos profissionais em

trabalhar com a sauacutede mental na atenccedilatildeo primaacuteria o que pode ser evidenciado em vaacuterios

municiacutepios brasileiros

Em um estudo realizado em um bairro perifeacuterico no municiacutepio de Maceioacute Brecircda

amp Augusto (2001) apontam para a dificuldade encontrada pelas equipes de sauacutede da

famiacutelia em realizar os encaminhamentos dos portadores de sofrimento mental aos

serviccedilos de referecircncias (CAPS) Os profissionais dificilmente conseguem estabelecer

um trabalho de contra referencia e inter setorial Acredita-se que isto aconteccedila devido ao

desconhecimento da proposta de trabalho desenvolvida pela ESF aleacutem da dificuldade

de acesso encontrada pelos usuaacuterios

Outras fragilidades e dificuldades satildeo apontadas no desenvolvimento das accedilotildees

da ESF sob a diretriz da reabilitaccedilatildeo psicossocial aos portadores de sofrimento mental

Satildeo elas a relaccedilatildeo conflituosa entre o discurso e a praacutetica cotidiana o despreparo dos

profissionais para lidar com o atendimento do portador de sofrimento mental o

despreparo da famiacutelia e da rede social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda a

medicalizaccedilatildeo dos sintomas percebida muitas vezes como uma indisponibilidade em

atender os problemas psiacutequicos ausecircncia ou ineficiecircncia dos serviccedilos de referecircncia

(BREcircDA 2005)

42 Eixo 2 Estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades

O relatoacuterio da OMSOPAS refere que muitas vezes os profissionais de atenccedilatildeo primaacuteria de sauacutede vecircem (mas nem sempre reconhecem) anguacutestia emocional Ainda no mesmo relatoacuterio destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a sauacutede mental dos usuaacuterios (OPAS 2001 p 90)

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

17

usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

18

responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

21

httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

15

Destaca-se que o reconhecimento e manejo precoce de transtornos mentais

podem reduzir a institucionalizaccedilatildeo e melhorar a qualidade da atenccedilatildeo agrave sauacutede mental

dos usuaacuterios

Documento produzido pela OMS em 2001 aponta que na base de conceitos

para a promoccedilatildeo de sauacutede mental estaacute sua articulaccedilatildeo com a promoccedilatildeo de sauacutede global

a relaccedilatildeo da cultura com a sauacutede mental direitos humanos ressaltando a importacircncia do

desenvolvimento comunitaacuterio e de intervenccedilotildees sustentaacuteveis (OMS 2001)

Diante de um novo cenaacuterio que apresenta avanccedilos na legislaccedilatildeo referente agrave

atenccedilatildeo ao portador de sofrimento mental os profissionais de sauacutede em seu cotidiano

de trabalho tecircm utilizado estrateacutegias exitosas no que se refere ao cuidado destes

pacientes

Silveira amp Vieira (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio do Rio de

Janeiro apontam para algumas estrateacutegias de superaccedilatildeo para trabalhar com a sauacutede

mental no contexto da atenccedilatildeo primaacuteria como a realizaccedilatildeo de atividades coletivas de

promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas aacute sauacutede Satildeo organizadas em atividades

semanais grupos temaacuteticos com conteuacutedos especiacuteficos como planejamento familiar e

grupos natildeo temaacuteticos denominados de grupos de vida saudaacutevel realizadas por

enfermeiros assistente social e psicoacuteloga

Os grupos denominados ldquovida saudaacutevelrdquo satildeo espaccedilos propiacutecios para discussotildees

ricas e produtivas que propiciam o intercambio de experiecircncias vivecircncias e o

compartilhamento de experiecircncias e sentimentos pelos usuaacuterios da unidade Favorece

tambeacutem a apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo baacutesica enquanto campo potencial de trocas

pactuaccedilatildeo e integraccedilatildeo na vida social (SILVEIRA amp VIEIRA 2009)

Vecchia ampMartins (2009) em pesquisa realizada em um municiacutepio de meacutedio

porte do interior de Satildeo Paulo com uma equipe de EFS corrobora com Silveira ampVieira

2009 que apontam atividades em grupos como grupo de artesanatos alcooacutelicas

acompanhamento terapecircuticas com portadores de depressatildeo caminhadas como accedilotildees

relacionadas ao cuidado em sauacutede mental

O uso da conversa como recurso terapecircutico o saber ouvir dar atenccedilatildeo especial

atender com calma e paciecircncia os portadores de transtornos mental satildeo apontados por

Vecchia amp Martins (2007) como instrumentos fundamentais para que seja possiacutevel

adquirir a confianccedila e construir viacutenculos que satildeo viabilizadas por conta da proacutepria

forma de organizaccedilatildeo da assistecircncia suscitada pela estrateacutegia sauacutede da famiacutelia

16

Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

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usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

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responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

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Vecchia amp Martins (2006) em estudos realizados no municiacutepio de Satildeo Paulo

afirmam existir cursos voltados para a formaccedilatildeo em sauacutede mental dos profissionais que

atuam no PSF por meio do projeto ldquoQualisPSFrdquo Este projeto estruturou um programa

de sauacutede mental com duas equipes volantes contando com psiquiatra psicoacutelogo e

assistente social para o atendimento agraves equipes locais do PSF

Este projeto tem o intuito de qualificar os profissionais generalistas que atuam

na atenccedilatildeo primaacuteria para o uso racional de psicofaacutermacos bem como instrumentalizaacute-los

para tratar da pessoa com transtorno mental de forma mais efetiva A responsabilidade

compartilhada entre as equipes de sauacutede mental e do PSF para atender a populaccedilatildeo e a

elaboraccedilatildeo de um projeto terapecircutico pedagoacutegico para o portador de sofrimento

psiacutequico satildeo balizas para a implementaccedilatildeo do projeto (PEREIRA 2000 apud

VECCHIA amp MARTINS 2006)

Os profissionais que atuam na atenccedilatildeo primaacuteria dentro da rede assistencial

contam com um serviccedilo de apoio para auxiliarem nas condutas dos casos mais

complexos aleacutem de apoiar a formaccedilatildeo dos profissionais na aacuterea de sauacutede mental

O apoio matricial eacute um arranjo organizacional que visa dar suporte teacutecnico agraves

equipes de sauacutede da famiacutelia a fim de trabalhar as questotildees inerentes agrave sauacutede mental no

contexto da atenccedilatildeo primaacuteria A equipe de sauacutede mental compartilha alguns casos com a

equipe do ESF ldquoEsse compartilhamento se produz em forma de co-responsabilizaccedilatildeo

pelos casos que pode se efetivar atraveacutes de discussotildees conjuntas de caso intervenccedilotildees

conjuntas junto agraves famiacutelias e comunidades ou em atendimentos conjuntosrdquo (BRASIL

2003 p4)

O trabalho de interlocuccedilatildeo entre equipe especializada e equipe de ESF

possibilita agrave concretizaccedilatildeo de um dos princiacutepios do SUS - a integralidade da atenccedilatildeo ao

portador de sofrimento mental

Para aleacutem da concretizaccedilatildeo da integralidade o matriciamento eacute uma forma de

otimizar o trabalho reduzindo a quantidade de encaminhamentos aos serviccedilos

especializados Nesse suporte ocorre uma seleccedilatildeo dos casos que podem ser

acompanhados pela ESF ou acolhidos em um primeiro momento na atenccedilatildeo primaacuteria

O apoio matricial permite lidar com a sauacutede de uma forma ampliada e integrada atraveacutes desse saber mais generalista e interdisciplinar e por outro lado amplia o olhar dos profissionais da sauacutede mental atraveacutes do conhecimento das equipes nas unidades baacutesicas de sauacutede em relaccedilatildeo aos

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usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

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responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

19

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

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usuaacuterios agraves famiacutelias e ao territoacuterio propondo que os casos sejam de responsabilidade muacutetua (BEZERRA amp DIMENSTEIN 2006 p643)

Na estrutura do matriciamento existe um profissional de referecircncia cujo papel eacute

a busca da reorganizaccedilatildeo da estrutura e funcionamento do serviccedilo de sauacutede com as

seguintes diretrizes responsabilidade do profissional com o caso cliacutenico e possibilidade

de construccedilatildeo de viacutenculo entre profissional e paciente (BRASIL 2003)

Com o matriciamento deseja-se trabalhar as dificuldades enfrentadas na atenccedilatildeo

baacutesica em sauacutede a partir de uma combinaccedilatildeo entre os profissionais que atuam no dia a

dia da ESF com apoio matricial especializado posto que o apoio matricial apresenta-se

como uma organizaccedilatildeo metodoloacutegica para a gestatildeo do trabalho objetivando-se ampliar a

interaccedilatildeo dialoacutegica entre distintas especialidades e profissotildees (BRASIL 2003)

Experiecircncias de Santo Agostinho (PE) e Camaragibe (PE) apontam para accedilotildees

de capacitaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo para a aacuterea da sauacutede mental nas equipes de ESF por

meio de encontros sistemaacuteticos e pactuaccedilatildeo para efetivaccedilatildeo das accedilotildees integradas

buscando superar a tendecircncia de restriccedilatildeo ao contexto ambulatorial de abordagem ao

portador de transtornos mentais (CABRAL et al 2000 apud por VECCHIA amp

MARTINS 2006)

Jaacute no Vale do Jequitinhonha (MG) foram desenvolvidas accedilotildees diversas como

psicoterapia individual e de grupos visitas domiciliares trabalhos educativos junto agrave

populaccedilatildeo direcionando as formas de encaminhamentos orientaccedilotildees aos familiares e

controle da medicaccedilatildeo pelo serviccedilo especializado (SILVA et al 2000 apud VECCHIA

et al 2006)

Em Capivari SP o trabalho de matriciamento busca propiciar agraves equipes da

Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia apoio na assistecircncia garantindo o princiacutepio da integralidade

dentro de todo o sistema de sauacutede a partir das intervenccedilotildees da gestatildeo municipal que

descentraliza accedilotildees e o acesso a especialidades ao mesmo tempo que disponibiliza

recursos e equipamentos para que ocorra a intervenccedilatildeo (ARONA2009)

A contribuiccedilatildeo de distintas especialidades e profissionais na construccedilatildeo de uma

rede compartilhada entre a referecircncia e o apoio personaliza a referencia e contra

referencia define responsabilidades pela conduccedilatildeo do caso buscando construir juntos

protocolos a fim de reduzir as filas de esperas (ARONA 2009)

Em Satildeo Joseacute do Rio PretoSP iniciou-se a capacitaccedilatildeo dos profissionais da

atenccedilatildeo primaacuteria pois a premissa era a inserccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede mental e a co-

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responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

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responsabilizaccedilatildeo Nas reuniotildees com a equipe buscou-se capacitaacute-los para trabalhar com

os portadores de sofrimento mental e com familiares (BARBAN 2007)

O programa ldquoPaideacuteia de Sauacutederdquo do municiacutepio de CampinasSP trabalha na

perspectiva dos profissionais de sauacutede mental oferecerem apoio matricial (discussatildeo de

casos atividades comunitaacuterias acompanhamento dos moradores em residecircncias

terapecircuticas reuniotildees familiares atividades itinerantes dos profissionais de sauacutede

mental) junto agrave ESF rdquoO eixo fundamental passa a ser a equipe de referencia agraves famiacutelias

adscritas a um conjunto de profissionais e natildeo mais a um equipamento com aacuterea de

coberturardquo (CAMPOS 2005 p2)

Quanto ao desenvolvimento de potencialidades para desenvolver intervenccedilotildees

inovadoras na ESF relacionados agrave sauacutede mental Brecircda (2005) destaca que faz-se

necessaacuterio fortalecer a importacircncia da escuta do viacutenculo e do acolhimento do portador

de sofrimento mental Resgatar a relaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede e usuaacuterios do SUS

ampliar a participaccedilatildeo e controle social fortalecer o processo de mudanccedila do modelo

meacutedico privatista para a construccedilatildeo de um novo modelo oportunizar a diminuiccedilatildeo do

abuso de alta tecnologia na atenccedilatildeo em sauacutede satildeo metas a serem alcanccediladas

Todas as experiecircncias descritas apontam que para haver avanccedilo no cuidado ao

portador de sofrimento mental eacute necessaacuterio disponibilidade dos profissionais em buscar

novas formas de abordagem que rompam com o atendimento prescrito medico

centrado aleacutem do conhecimento e envolvimento com a comunidade que se trabalha

garantindo dessa forma o que propotildee a Reforma Psiquiaacutetrica (BREcircDA 2005)

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

20

profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

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5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Nos artigos selecionados para este estudo foi possiacutevel analisar as vivecircncias da

equipe da ESF na atenccedilatildeo aos portadores de sofrimento mental que ao realizar o

atendimento infere-se natildeo conseguem fazecirc-lo de forma holiacutestica

A maioria dos estudos enfatiza a relaccedilatildeo do sofrimento mental com a oferta dos

psicofaacutermacos Infere-se que essa forma de abordagem estaacute relacionada com a

dificuldade que os profissionais encontram em desenvolver habilidades ao abordar e

trabalhar com esse puacuteblico aleacutem da ausecircncia de capacitaccedilotildees frequentemente

Quanto agraves dificuldades vivenciadas pela equipe da ESF na atenccedilatildeo aos

portadores de sofrimento mental foi revelado neste estudo que os profissionais em sua

maioria natildeo possuem formaccedilatildeo qualificaccedilatildeo treinamento ou atualizaccedilatildeo na aacuterea da

sauacutede mental Eles encontram dificuldades para desenvolver accedilotildees nessa aacuterea assim

como acompanhar as mudanccedilas propostas pelas diretrizes da Reforma Psiquiaacutetrica

Brasileira

Quanto agraves estrateacutegias utilizadas para superar as dificuldades os estudos que

serviram de base para esta pesquisa referiram que haacute realizaccedilatildeo de atividades em grupos

com os portadores de sofrimento mental na ESF apropriaccedilatildeo do espaccedilo da atenccedilatildeo

baacutesica pelos portadores de transtorno mental qualificaccedilatildeo e sensibilizaccedilatildeo de

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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

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profissionais generalistas para o uso racional de psicofaacutermacos e implementaccedilatildeo de

parcerias com o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) do municiacutepio que garantam o

matriciamento em sauacutede mental fortalecendo o viacutenculo com os usuaacuterios da ESF e

possibilidade do trabalho intersetorial

Vale salientar que a pesquisa demonstrou urgecircncia na mudanccedila de paradigma na

atenccedilatildeo agrave sauacutede mental pelos profissionais da sauacutede principalmente as equipes da ESF

posto que a Unidade de Sauacutede da Famiacutelia (USF) vecirc-se como a porta de entrada do SUS

e estaacute proacutexima agrave comunidade Para tanto os profissionais que atuam nesse cenaacuterio satildeo

sujeitos essenciais dessa transformaccedilatildeo necessitando de motivaccedilatildeo instruccedilatildeo e apoio

para realizar seu trabalho junto aos usuaacuterios que apresentam transtornos psiacutequicos

REFEREcircNCIAS ABC do SUS Doutrinas e princiacutepios Ministeacuterio da sauacutede Dez 1990 Disponiacutevel em httpwwwgeoscufscbrbabcsuspdf AMARANTE Paulo OLIVEIRA Walter Ferreira de A inclusatildeo da sauacutede mental no SUS pequena anaacutelise cronoloacutegica do movimento de reforma psiquiaacutetrica e perspectivas de integraccedilatildeo Dynamis Revista Teacutecnico-Cientiacutefica Blumenau SC Ed FURB v12 n47 (abrjun 2004) p6-21 ARONA Eda C Implantaccedilatildeo do matriciamento nos serviccedilos de sauacutede Capivari Sauacutede e Sociedade v18 supl1 2009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfsausocv18s105pdf BARBAN E G OLIVEIRA A A O modelo de assistecircncia da equipe matricial de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia do municiacutepio de Satildeo Joseacute do Rio Preto ArqCienc Sauacutede v14 n1 p54-65 2007 Disponiacutevel em httpwwwcienciasdasaudefamerpbrracs_olvol-14-1ID224pdf BEZERRA EdilaneDIMENSTEIN Magda OS CAPS e o trabalho em rede Tecendo o apoio matricial na atenccedilatildeo baacutesica Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 28(3) 632-645 2008 Disponiacutevel em httppepsicbvspsiorgbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Divisatildeo Nacional de Sauacutede Mental Relatoacuterio Final da I Conferencia Nacional de Sauacutede Mental Rio de Janeiro 1987 Disponiacutevel em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoes0206cnsm_relat_finalpdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Sauacutede MentalCoordenaccedilatildeo de Gestatildeo da Atenccedilatildeo Baacutesica Sauacutede mental e Atenccedilatildeo Baacutesica o viacutenculo e o diaacutelogo necessaacuterios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2003 Disponiacutevel em

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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

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httpwwwabrapsoorgbrsiteprincipalanexosAnaisXIVENAconteudopdftrab_completo_301pdf BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede DAPE Coordenaccedilatildeo Geral de Sauacutede Mental Reforma psiquiaacutetrica e poliacutetica de sauacutede mental no Brasil Documento apresentado agrave Conferecircncia Regional de Reforma dos Serviccedilos de Sauacutede Mental 15 anos depois de Caracas OPAS Brasiacutelia novembro de 2005 Disponiacutevel em httpportalsaudegovbrportalarquivospdfrelatorio_15_anos_caracaspdf BREcircDA Meacutercia ZevianiROSA Walisete de Almeida Godinho PEREIRA Maria Alice Ornellas SCATENA Maria Ceciacutelia Morais Duas estrateacutegias e desafios comuns a reabilitaccedilatildeo psicossocial e a sauacutede da famiacutelia Rev Latino-am Enfermagem 2005 maio-junho 13(3) 450-2 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a21pdf BREcircDA Mercia Zeviant AUGUSTO Lia Giraldo da Silva O cuidado ao portador de transtorno psiacutequico na atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Cienc Saude Colet v6 n2 p471-80 2001 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpScript=sci_arttextamppid=S1413-81232001000200016 BUCHELE FaacutetimaLAURINDO Dione Lucia PrimBORGES Vanessa FreitasCOELHO Elza Berger SalemaA interface da sauacutede mental na atenccedilatildeo baacutesicaCogitare Enferm 11(3)226-233setdez2006 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonline CAMPOS FCB 2005 As reformas sanitaacuteria e psiquiaacutetrica mudando a atenccedilatildeo agrave sauacutede mental de CampinasSP Disponiacutevel em httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf acesso em 13-12-2010 CARDOSO Aline Vieira MacedoREINALDOAmanda Maacutercia dos SantosCAMPOS Luciana de FreitasConhecimento dos agentes comunitaacuterios de sauacutede sobre transtorno mental e de comportamento em uma cidade de Minas GeraisCogitare Enferm 13(2)235-243abrjun2008 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleview124898558 CARNEIROAllann da Cunha OLIVEIRA Ana Carolina MoreiraSANTOS Mariane Marques de SouzaALVES Miriam dos SantosCASAIS Noecircmia AragatildeoSANTOS Josenaide Engracia dosSauacutede mental e atenccedilatildeo primaacuteriaUma experiecircncia com agentes comunitaacuterios de sauacutede em Salvador BARBPSFortaleza22(4)264 271outdez2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonline DELFINI Patriacutecia Santos de Souza SATO Miki TakaoANTONELI Patriacutecia de PauloGUIMARAtildeES Paulo Octaacutevio da Silva Parceria entre CAPS e PSFo desafio da construccedilatildeo de um novo saberCiecircncia amp Sauacutede Coletiva14 (supl 1)1483-14922009 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000800021

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

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LEMOS Suyane SLEMOS MonaliseSOUZA Maria da Graccedila G O preparo do enfermeiro da atenccedilatildeo baacutesica para a sauacutede mental Arq CiecircncSauacutede 14(4)198-202 out-dez2007 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=514617ampindexSearch=ID LUCCHESE RoselmaOLIVEIRA Alice Guimaratildees Bottaro deCONCIANI Marta EsterMARCON Samira ReschettiSauacutede mental no programa sauacutede da famiacuteliacaminhos e impasses de uma trajetoacuteria necessaacuteriaCard Sauacutede PuacuteblicaRio de Janeiro 25(9)2033-2042set2009 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=524807ampindexSearch=ID LUCHMANN Liacutegia Helena HahnRODRIGUES JeffersonO movimento antimanicomial no BrasilCiecircncia ampSauacutede Coletivav12Rio de Janeiro2007p399-407 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232007000200016ampscript=sci_arttext MERHY Emerson Elias O Ato de Cuidar como um dos noacutes criacuteticos chaves dos serviccedilos de sauacutede Mimeo DMPSFCMUNICAMP ndash SP 1999 Disponiacutevel em wwwbvsmssaudegovbrbvspublicacoesCadernoVER_SUSpdf MERHY Emerson EliasFRANCOTuacutelio Batista Trabalho em Sauacutede olhando e experienciando o SUS no cotidiano Satildeo Paulo HUCITEC2003 NASCIMENTO Adail Marcelino do BRAGA Violante Augusta BatistaAtenccedilatildeo em sauacutede mentalA praacutetica do Enfermeiro e do Meacutedico do programa Sauacutede da Famiacutelia de Caucaia-CE Cogitare enferm9(1)84-93 jan-jun 2004 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgibinwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=420426ampindexSearch=ID NUNES Mocircnica JUCAacute Vlaacutedia Jamile VALENTIM Carla Pedra Branca Accedilotildees de sauacutede mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia confluecircncias e dissonacircncias das praacuteticas com os princiacutepios das reformas psiquiaacutetrica e sanitaacuteria Cad Sauacutede Publica v23 n10 p2375-84 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2007001000012 OMSOPAS Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Brasiacutelia OPAS 2001 ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Relatoacuterio sobre a sauacutede no mundo Sauacutede Mental nova concepccedilatildeo nova esperanccedila Genebra OMS 2001

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

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RIBEIRO Laiane Medeiros MEDEIROS Soraya Maria de ALBUQUERQUE Jonas Sacircmi FERNANDES Sandra Michelle Bessa de Andrade Sauacutede mental e enfermagem na estrateacutegia sauacutede da famiacuteliacomo estatildeo atuando os enfermeiros Rev EscEnfemUSP 44(2)376-382 2010 RIBEIRO Carolina Campos RIBEIRO Lorena Arauacutejo OLIVEIRA Alice G Bottaro deA Construccedilatildeo da assistecircncia aacute sauacutede mental em duas unidades de sauacutede da famiacutelia de Cuiabaacute-MTCogitare Enferm 13(4)548-557outdez2008 Disponiacutevel em httpbasesbiremebrcgi-binwxislindexeiahonlineIsisScript=iahiahxisampsrc=googleampbase=LILACSamplang=pampnextAction=lnkampexprSearch=520936ampindexSearch=ID SILVA A L A FONSECA R M G Sda Processo de trabalho em sauacutede mental e o campo psicossocial Rev Latinoam Enfermagem 2005 maio-junho13(3)441-9Disponiacutevel emhttpwwwscielobrpdfrlaev13n3v13n3a20pdf SILVEIRA Daniele Pinto da VIEIRA Ana Luiza Stiebler Sauacutede mental e atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede anaacutelise de uma experiecircncia no niacutevel local Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 14(1)139-1492009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S1413-81232009000100019ampscript=sci_arttext

SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpojsc3slufprbrojs2indexphpcogitarearticleviewArticle1712 SOUZA Aline de Jesus Fontineli MATIAS Gina Nogueira GOMESKenia de Faacutetima AlencarPARENTE Adriana da Cunha Menezes A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Rev Bras Enferm v60 n4 p391-5 2007 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophppid=S0034-71672007000400006ampscript=sci_arttext SOUZA Rozemere Cardoso de SCATENA Maria Ceciacutelia MoraisPossibilidades e limites do cuidado dirigido ao doente mental no Programa Sauacutede da Famiacutelia Rev baiana sauacutede puacuteblica31(1)147-160 jan-jun 2007 Disponiacutevel em httpwwwsaudebagovbrrbsp VECCHIA Marcelo DallaMARTINS Sueli Terezinha FerreiraConcepccedilotildees dos cuidados em sauacutede mental por uma equipe de sauacutede da famiacutelia em perspectiva histoacuterico-cultural Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva14(1)183-1932009 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-81232009000100024

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo

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VECCHIAMDMARTINS STFOs serviccedilos substitutivos da reforma psiquiaacutetrica e os cuidados em sauacutede mental no territoacuterioinvestigando contribuiccedilotildees do programa sauacutede da famiacutelia httpwwwpgfmbunespbrprojetos22022006271pdf 2006

VECCHIA Marcelo Dalla A sauacutede mental no Programa de Sauacutede da Famiacutelia Estudo sobre praacuteticas e significaccedilotildees de uma equipe 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Coletiva) ndash Faculdade de Medicina Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Botucatu 2006 Disponiacutevel em httpwwwbibliotecaunespbrbibliotecadigital

  • SOUSA Khiacutevia Kiss Barbosa deFILHA Maria de Oliveira FerreiraSILVA Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da A praacutexis do Enfermeiro no programa Sauacutede da Famiacutelia na atenccedilatildeo aacute sauacutede mental Cogitare enferm9(2) 14-22 jul-dez 2004 Disponiacutevel em httpo