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Universidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de Medicina Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva Nádia Barboza Santana PERFIL DE SAÚDE DE GESTANTES BRASILEIRAS: UMA ANÁLISE DO VIGITEL, 2009-2013 Juiz de Fora 2016

Universidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de Medicina ... · PHPN Programa de Humanização no Pré-Natal e Puerpério PNAD Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar PNCCU Programa

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Universidade Federal de Juiz de Fora

Faculdade de Medicina

Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva

Nádia Barboza Santana

PERFIL DE SAÚDE DE GESTANTES BRASILEIRAS: UMA ANÁLISE DO

VIGITEL, 2009-2013

Juiz de Fora

2016

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Nádia Barboza Santana

PERFIL DE SAÚDE DE GESTANTES BRASILEIRAS: UMA ANÁLISE DO

VIGITEL, 2009-2013

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, área de concentração: Processo Saúde-Adoecimento e seus Determinantes, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Larissa Loures Mendes

Coorientadora: Profa. Dra. Mariana Santos Felisbino Mendes

Juiz de Fora

2016

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Dedico esta dissertação a Deus,

à minha mãe Ivete Barboza

e ao meu pai Antônio Carlos Santana.

Vocês são a razão de minha vida e alegria.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, que me deu força, saúde e persistência, e que mesmo nos

momentos de tribulações jamais me deixou caminhar sozinha guiando meus passos

para que eu pudesse concluir mais este trabalho;

Aos meus amados pais Santana e Ivete, por primarem pela minha

educação, pela personificação do exemplo de luta e fé em Deus e pelo amor

incondicional, vocês são indispensáveis em minha vida, obrigada por caminharem

junto comigo e por jamais duvidarem da minha capacidade de vencer e de alcançar

meus objetivos. Sem vocês nenhuma conquista valeria a pena. Amo vocês!

Aos meus irmãos Sidney e Leonardo pelo apoio e companheirismo;

Ao meu querido noivo Juliano que soube entender minhas ausências ao

longo desse trabalho; pelo amor, carinho e atenção nos momentos tristes e alegres;

À minha orientadora Larissa Loures e coorientadora Mariana Felisbino,

pela paciência, compreensão, por acreditarem no futuro desse projeto, por

contribuírem imensamente no meu crescimento pessoal e profissional e pelos

ensinamentos e reflexões compartilhados. Sem vocês a minha vitória não teria sido

possível, obrigada pela acolhida tão maternal!!

Aos amigos da turma de Mestrado em especial: Andréia Carvalho e

Quéren Hapuque, pelas experiências e amizade compartilhadas ao longo dessa

trajetória;

À eterna amiga Fabiana Gusmão, por ter me auxiliado nos mais diversos

momentos da minha vida em que precisei de sua ajuda, pelas alegrias e momentos

de descontração e pela sua mais sincera amizade;

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À companheira Fernanda Matozinhos que, com tão poucas palavras

ganhou minha admiração e respeito. Obrigada pela força e torcida nos momentos

mais críticos.

Aos membros da banca examinadora e suplentes, Prof.ª Dra. Ana Paula

Cândico; Prof.ª Dra. Milene Pessoa; Prof.ª Drª Fernanda Penido; Prof.ª Dra.

Aline Aguiar e Prof.ª Dra. Michelle Netto pela disponibilidade, dedicação e

contribuições ao meu trabalho. Muito obrigada pelo carinho e atenção.

À Prof.ª Dra. Maria Teresa (Teíta), pela confiança depositada em mim

desde o início do mestrado, obrigada pela acolhida no mundo da pesquisa científica!

Ao Prof. Dr. Jorge Gustavo Velásquez Meléndez, pela confiança e

disponibilidade do banco de dados.

Aos Mestres de sala de aula, pelos ensinamentos compartilhados, pelo

incentivo e excepcional exemplo de profissionalismo de todos.

Às Gestantes que participaram dessa pesquisa, sem os quais esta

investigação não teria sido possível.

Às demais amigas de graduação e pós-graduação, em especial, Luana

Lopes, Luana Mendes, Rosiane Mendes, Franciane Vidal, Raquel Líquer, Angélica

Lompelo, Amaralina Azevedo, Amanda Reis, Maria Zilda, Priscila Fernandes, Denise

Cristina, Fernanda Cristina e Giuliane Ferraz, pela amizade e pelo apoio na árdua

caminhada até aqui! Obrigada meninas!!!

A todos os profissionais da Unidade Atenção Primária à Saúde do bairro

de Parque Guarani, em especial à Enfermeira Kristiane Duque, pela amizade,

carinho e respeito construído dia após dia. Saudades mil dessa mega equipe!!

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor,

mas lutei para que o melhor fosse feito.

Não sou o que deveria ser,

mas Graças a Deus, não sou o que era antes”.

Marthin Luther King

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RESUMO

A gravidez constitui-se como um processo natural da mulher. Nesse período é possível o aperfeiçoamento no manejo dessas mulheres no pré-natal, no sentido de que a gestante adquira hábitos de vida mais saudáveis, que irão evitar doenças e complicações indesejáveis. O objetivo deste estudo foi identificar e avaliar o perfil de saúde das gestantes brasileiras com enfoque nas DCNT e nos comportamentos em saúde, segundo características sociodemográficas. Avaliou-se 1.855 gestantes que responderam ao Inquérito Telefônico de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas no período 2009-2013. Analisou-se o perfil sóciodemográfico das gestantes, bem como a prevalência dos comportamentos e doenças crônicas não transmissíveis: tabagismo, consumo de álcool, consumo regular de frutas e hortaliças, consumo de refrigerantes, consumo de leite, consumo de carne com gordura aparente, atividade física, hipertensão e diabetes. Avaliou-se, também, a autoclassificação do estado de saúde e o rastreamento de câncer cérvico-uterino. As análises dos dados foram realizadas por meio do programa estatístico Statistical Software for Professional (Stata), versão 14.0 e os comandos do módulo Survey, levando em consideração os pesos e, por conseguinte, a representatividade da amostra. Para analisar as diferenças das prevalências segundo idade, escolaridade e região, foram estimadas as razões de prevalências ajustadas e os seus respectivos IC95% por meio de modelo de Regressão de Poisson com variância robusta justificando uso pela sua utilização em eventos mais frequentes. A maior proporção de gestantes tinha entre 26 e 34 anos de idade (48,0%), eram brancas (39,2%), tinham companheiro (61,2%), trabalhavam (60,7%) e possuíam de 9 a 11 anos de escolaridade (50,4%). A prevalência de gestantes foi maior nas regiões Sudeste (41,7%) e Nordeste (26,6%). As prevalências de consumo de álcool (13,5%, < 4 doses nos últimos 30 dias) e tabagismo (6,1%) foram baixas, mas não ideais. Por outro lado, detectou-se alta prevalência do consumo inadequado de frutas e hortaliças (62,9%) e de inatividade física (87,2%). O consumo excessivo de refrigerantes (5 ou mais dias/semana), bem como o consumo de carne com gordura aparente, foi observado em cerca de 30% das gestantes. Aproximadamente 96% delas apresentaram pelo menos um comportamento negativo. Os resultados encontrados apontam uma má qualidade da alimentação e sedentarismo das gestantes, em sua maioria, ressaltando a importância de estratégias e intervenções no âmbito de saúde pública para a melhoria da alimentação, comportamentos mais saudáveis e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis nesse grupo populacional, o que poderia beneficiar desfechos positivos na saúde materna e fetal, propiciar qualidade de vida para o binômio e, consequentemente, reduzir a morbimortalidade materna e perinatal. Palavras-chave: Gestantes. Doença Crônica. Comportamento Materno. Inquéritos Epidemiológicos. Promoção e Prevenção à Saúde.

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ABSTRACT

Pregnancy is constituted as a natural process of women. During this period the improvement is possible in the management of these women in prenatal care, in the sense that pregnant women get healthier lifestyle that will prevent disease and unwanted complications. The aim of this study was to identify and assess the health profile of Brazilian women with a focus on NCDs and health behaviors, according to sociodemographic characteristics. We evaluated 1,855 pregnant women who responded to the survey Risk Factors Surveillance and Protection for Chronic Diseases Telephone Survey in 2009-2013. Analyzed the sociodemographic profile of pregnant women, and the prevalence of behaviors and chronic diseases: tobacco use, alcohol consumption, regular consumption of fruits and vegetables, consumption of soft drinks, milk consumption, consumption of meat with visible fat, activity physical, hypertension and diabetes. It evaluated also the self-classification of health status and tracking of cervical cancer. Data analyzes were performed using the statistical program Statistical Software for Professional (Stata) version 14.0 and Survey module commands, taking into account the weight and therefore the representativeness of the sample. To analyze the differences in prevalence by age, education and region, the adjusted prevalence ratios and their respective 95% CI were estimated using Poisson regression model with robust variance justifying use by its use in more frequent events. The highest proportion of pregnant women were between 26 and 34 years of age (48.0%) were white (39.2%) had a partner (61.2%), working (60.7%) and had from 9 to 11 years of education (50.4%). The prevalence of pregnant women was higher in the Southeast (41.7%) and Northeast (26.6%). The prevalence of alcohol consumption (13.5% <4 doses in the last 30 days) and tobacco (6.1%) were low, but not ideal. On the other hand, found a high prevalence of inadequate intake of fruits and vegetables (62.9%) and physical inactivity (87.2%). Excessive consumption of soft drinks (5 or more days / week) as well as the consumption of meat with visible fat, was observed in about 30% of pregnant women. Approximately 96% of them had at least one negative behavior. The results show a poor quality of food and sedentary lifestyle of pregnant women, mostly emphasizing the importance of strategies and interventions in the public health system to better nutrition, healthier behavior and prevention of chronic diseases in this population, which could benefit from positive outcomes in maternal and fetal health, provide quality of life for the binomial and thus reduce maternal and perinatal morbidity and mortality. Keywords: Pregnant women. Chronic disease. Maternal behavior. Health Surveys. Promotion and Prevention Health.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Políticas Públicas de Saúde da Mulher no Brasil ................................... 22

Figura 2 – Fluxograma das perdas do estudo. ....................................................... 33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição das gestantes brasileiras conforme características

sociodemográficas, comportamentais e DCNT, Vigitel, 2009-2013 ....... 38

Tabela 2 – Prevalência dos comportamentos em saúde e DCNT entre

gestantes brasileiras, segundo a idade, Vigitel 2009-2013 .................... 41

Tabela 3 – Prevalência dos comportamentos em saúde e DCNT entre

gestantes brasileiras, segundo nível educacional, Vigitel 2009-2013 .... 43

Tabela 4 – Prevalência dos comportamentos em saúde e DCNT entre

gestantes brasileiras, segundo região de moradia, Vigitel 2009-

2013 ...................................................................................................... 45

Tabela 5 – Soma dos comportamentos de saúde das gestantes brasileiras

segundo idade, escolaridade e região de moradia, Vigitel 2009-

2013 ...................................................................................................... 47

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

DALY Ano de vida perdidos ajustados pela incapacidade

DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DIP Doenças Infecto Parasitárias

DM Diabetes Mellitus

DMG Diabetes Mellitus Gestacional

DST Doenças Sexualmente Transmissíveis

Fiocruz Instituto Oswaldo Cruz

FLV Frutas, legumes e verduras

HAS Hipertensão Arterial

IA Índices de Apgar

IBGE Instituto Nacional de Geografia e Estatística

IMC Índice de Massa Corporal

INCA Instituto Nacional do Câncer

IOM Intitute of Medicine

LGBTT Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros

MDM Metas de Desenvolvimento do Milênio

MDS Ministério do Desenvolvimento Social e combate à Fome

MS Ministério da Saúde

ODM Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

OMS Organização Mundial de Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

PAISM Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher

PHPN Programa de Humanização no Pré-Natal e Puerpério

PNAD Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar

PNCCU Programa Nacional de Combate ao Câncer do Colo Uterino

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde

PNPM Plano Nacional de Políticas para as Mulheres

PNS Pesquisa Nacional de Saúde

RN Recém-nascido

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STATA Statistical Software for Professional

SUS Sistema Único de Saúde

UBS Unidade Básica de Saúde

Vigitel Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas

por Inquérito Telefônico

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14

1.1 OBJETIVOS .................................................................................................. 17

1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................... 17

1.1.2 Objetivos específicos .................................................................................. 17

2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 18

2.1 SAÚDE DA MULHER – POLÍTICAS PÚBLICAS ........................................... 18

2.2 DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA GESTAÇÃO E A

SUA ASSISTÊNCIA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ........................................ 23

3 MÉTODOS .................................................................................................... 32

3.1 DELINEAMENTO E POPULAÇÃO DO ESTUDO .......................................... 32

3.2 VARIÁVEIS DO ESTUDO.............................................................................. 34

3.3 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................. 35

3.4 ASPECTOS ÉTICOS ..................................................................................... 37

4 RESULTADOS .............................................................................................. 38

5 DISCUSSÃO ................................................................................................. 48

5.1 LIMITAÇÕES ................................................................................................. 58

6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 60

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 62

ANEXOS ....................................................................................................... 72

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1 INTRODUÇÃO

A gravidez constitui-se como um processo natural da mulher, com

repercussões sociais, econômicas, emocionais e psicológicas (COSTA et al., 2010).

Ademais, a gestação é um período de tempo relativamente longo, o que permite a

modificação de comportamentos em saúde inadequados mediante melhor manejo

dessas mulheres ao longo do pré-natal, no sentido de que a gestante adquira

hábitos de vida mais saudáveis, que irão evitar doenças e complicações

indesejáveis (JAIME et al., 2011). Cabe ainda ressaltar que essas intervenções

poderiam ter início antes da gestação, reconhecidas como parte dos cuidados pré-

concepcionais tendo em vista uma gravidez saudável e desfechos reprodutivos

positivos (MOURA; EVANGELISTA; DAMASCENO, 2012).

A cada ano, um grande número de mulheres vivencia complicações

relacionadas à gravidez consideradas de causas evitáveis, sendo que uma fração

considerável dessas complicações resulta em mortalidade materna com destaque

para os países subdesenvolvidos (SZWARCWALD et al., 2014).

Alkema e outros (2016) enfatizam que, globalmente, a mortalidade

materna diminuiu de 385 mortes por 100.000 nascidos vivos em 1990, para 216 em

2015. Esse declínio de aproximadamente 47% em relação aos níveis encontrados

em 1990 revela que, apesar dos avanços, não atingimos a antiga 5ª meta dos

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) de melhorar a saúde materna,

reduzindo em até 75% das mortes maternas no ano de 2015 (DIAS et al., 2014;

WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2015).

Similarmente, no Brasil, observou-se uma queda significativa nas taxas de

mortes maternas, de 141 em 1990 para 62 mortes/100 mil nascidos vivos em 2015.

Os dados revelam que o Brasil possui a menor das reduções em morte materna

entre os países mencionados pelo relatório, que embora em acompanhamento da

tendência mundial, também não alcançou a antiga meta acordada pela ODM

(SOUZA, 2015).

O ano de 2015 marca o fim da iniciativa dos ODM. Entretanto, o combate

à mortalidade materna permanece no centro da agenda da saúde global e do

desenvolvimento internacional (ALKEMA et al., 2016). Os novos objetivos de

desenvolvimento sustentável (ODS) são uma iniciativa global sucessora aos ODM,

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convocando o mundo para a um esforço de eliminação da mortalidade materna

global evitável entre os anos de 2016 e 2030 para menos de 70 mortes maternas por

100 mil nascidos vivos, sendo esta a nova meta a ser alcançada (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2015).

Considerando que atualmente a razão de morte materna global situa-se

em torno de 210 mortes por 100 mil nascidos vivos, um esforço de todos os países

no sentido de reduzir pelo menos dois terços da razão de mortalidade materna será

necessário (no caso do Brasil, a meta para 2030 é reduzir a mortalidade materna

para aproximadamente 20 mortes para cada 100 mil nascidos vivos) (ALKEMA et al.,

2016; SOUZA, 2015).

Souza (2015) ainda questiona sobre a presença de um paradoxo perinatal

brasileiro, uma vez que a cobertura pré-natal hoje abrange 91% das grávidas, e que

98% dos partos são realizados em hospitais, números que não parecem condizentes

com taxas de mortalidade ainda altas. A questão que fica como desafio colocado

pelos autores, portanto, é a qualidade desses atendimentos, a presença crescente

de doenças crônicas como Diabetes Mellitus (DM), Hipertensão Arterial (HAS) e

Obesidade, bem como no manejo correto dessas comorbidades ao longo do período

gestacional pelos profissionais de saúde (SOUZA, 2015).

As Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), principalmente

cânceres, doenças cardiovasculares, diabetes e doenças respiratórias crônicas

ocupam posição de destaque nas estatísticas de saúde, sendo responsáveis pelas

maiores taxas de morbimortalidade no Brasil e pela maior proporção das despesas

com assistência ambulatorial e hospitalar (MALTA; MORAIS NETO; SILVA JÚNIOR,

2011). Essas doenças também apresentam elevada prevalência entre as mulheres

em todo o mundo e o impacto das DCNT nas gestantes apresenta um duplo efeito,

uma vez que podem ocasionar morte prematura do binômio e incapacidade entre as

mulheres de todos os estratos socioeconômicos (AZENHA et al., 2013).

Ressalta-se, ainda, que em decorrência do envelhecimento populacional

e de uma maior exposição aos comportamentos em saúde considerados

inadequados, como o tabagismo, a obesidade e a inatividade física, a carga das

DCNT tende a aumentar substancialmente nas próximas décadas (AZENHA et al.,

2013).

Segundo Azenha e outros (2013), as DCNT e as condições maternas

estão diretamente relacionadas de forma complexa, pois as alterações hormonais

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durante a gravidez associadas a hábitos de vida inadequados podem provocar o

aparecimento de doenças oportunistas, como o diabetes, a obesidade e a

hipertensão arterial, bem como ocasionar maior risco de complicações durante a

gestação. Além disso, diante da evolução nas áreas da saúde, da tecnologia e,

também, da própria cultura, expressivo número de mulheres engravidam

tardiamente, tornando representativo o papel das DCNT durante a gravidez, com

destaque para a HAS, DM e a Obesidade (HENRIQUE et al., 2012).

Dentre as medidas de promoção da saúde e prevenção de agravos

voltadas ao alcance das metas propostas pela ODM, pode-se citar aquelas voltadas

à prevenção das DCNT e seus comportamentos de risco, que são fundamentais no

período gestacional – como também em qualquer fase da vida de qualquer indivíduo

(MENDES, 2010).

Nesse contexto, avaliar o comportamento e a saúde materna é

fundamental, para atuação dos profissionais de saúde bem como para órgãos

governamentais agirem na promoção da saúde e prevenção das DCNT entre as

gestantes brasileiras, o que poderia beneficiar também a saúde dos filhos, pois a

presença de morbidades como DM, HAS e Obesidade, bem como seus

comportamentos de risco durante a gestação, estão relacionados à ocorrência de

desfechos reprodutivos negativos, com destaque para as hemorragias, o

deslocamento prévio de placenta, abortos, cesárias desnecessárias, eclampsia, pré-

eclâmpsia e morbimortalidade materna e fetal (LEITE et al., 2011).

Além dos comportamentos inadequados em saúde, outros fatores

relevantes que influenciam diretamente no processo saúde e doença das gestantes

são suas condições socioeconômicas e culturais que envolvem aspectos como

renda, ocupação, escolaridade, idade e condições de moradia que podem dificultar a

adoção de hábitos saudáveis bem como prejudicar o autocuidado dessas mulheres

(TEIXEIRA, S. V. B. et al., 2010).

Dessa forma, considera-se relevante identificar e avaliar o perfil de saúde

das gestantes bem como estimar a magnitude da ocorrência de DCNT e

comportamentos inadequados em saúde como sedentarismo, má alimentação,

hábitos tabágicos e alcoólicos entre as gestantes brasileiras, uma vez que a

presença desses comportamentos e doenças nas gestantes bem como as

consequências para o binômio geram altos custos para o sistema de saúde, pois

estão relacionados à morbimortalidade materno-infantil. Além disso, entender a

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magnitude dessas condições pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias

para o manejo desses fatores e doenças e programas de prevenção e reforçar a

importância de efetivar as recomendações já existentes.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Identificar e avaliar o perfil de saúde das gestantes brasileiras que

responderam ao Inquérito Telefônico de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção

para Doenças Crônicas (Vigitel), durante o período de 2009 a 2013, com enfoque

nas DCNT e nos comportamentos em saúde, segundo características

sociodemográficos.

1.1.2 Objetivos específicos

• Caracterizar as gestantes brasileiras conforme características

sociodemográficas;

• Estimar a prevalência das DCNT nas gestantes brasileiras;

• Descrever a prevalência de DCNT das gestantes segundo a idade,

escolaridade e a região de moradia.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 SAÚDE DA MULHER – POLÍTICAS PÚBLICAS

Durante muitos anos, no Brasil, não houve uma posição explícita frente à

saúde da mulher. A partir das primeiras décadas do século XX, pressionado pelos

profissionais de saúde, movimentos de mulheres e outras instituições da sociedade

civil organizada, essa temática incorporou-se de forma prioritária às políticas

nacionais de saúde, estando restrita, nesse período, às demandas relativas à

gravidez e ao parto (BRASIL, 2009a).

Em 1984, o Ministério da Saúde (MS), atendendo às reivindicações do

movimento feminista, criou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher

(PAISM), que tinha como pilares fundamentais as propostas de descentralização,

hierarquização e regionalização dos serviços, bem como a integralidade, a equidade

e a promoção da saúde da mulher, em um período em que, paralelamente, no

âmbito do Movimento Sanitário, se concebia o arcabouço conceitual que embasaria

a formulação do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1984).

Dentre os princípios e diretrizes do PAISM, destacam-se ações

educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, com enfoque na

atenção obstétrica e no planejamento familiar, o acompanhamento clínico-

ginecológico, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), câncer de colo de útero

e de mama, atenção no campo da reprodução (planejamento reprodutivo, gestação,

parto e puerpério) além do atendimento a outras necessidades identificadas a partir

do levantamento do perfil populacional das mulheres brasileiras (BRASIL, 2009a).

Na década de 1990, as ações de controle dos cânceres de colo de útero e

mama também foram contempladas no PAISM, tendo como objetivo específico

reduzir a mortalidade por câncer na população feminina no Brasil. Tais ações

estabelecem-se sob a coordenação do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e, em

relação, especificamente, ao câncer de colo de útero, o MS criou o Programa

Nacional de Controle do Câncer Cérvico-Uterino (PNCCU) que, em 1996, recebeu o

nome de “Programa Viva Mulher”, visando o controle não só do câncer do colo do

útero, mas também, do de mama. Esse projeto piloto culminou na 1ª Campanha

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Nacional de Rastreamento, por meio do exame Papanicolau, no período de 1999 a

2001 (PAZ; SALVARO, 2011).

Em julho 2004 ocorreu a 1ª Conferência Nacional de Políticas para as

mulheres, com ampla participação dos setores da sociedade, onde a partir de seus

encaminhamentos foi desenvolvido o I Plano Nacional de Políticas para as Mulheres

(PNPM) que passou a nortear as políticas dessa população a nível federal, estadual

e municipal. O plano previa o fortalecimento das políticas de saúde, de educação,

promoção de renda e acesso à moradia, além de enfrentamento da violência e

assistência jurídica (BRASIL, 2004a).

Em resposta à I Conferência, no mesmo ano de 2004, o Ministro da

Saúde, Humberto Costa, lançou a Política Nacional de Atenção Integral á Saúde da

Mulher (PNAISM), construída a partir dos princípios dos SUS, onde foram mantidas

as questões presentes no PAISM, e incorporados demandas de saúde da mulher,

conforme lacunas e necessidades identificadas nas mulheres brasileiras como, as

principais causas de morte na população feminina, que são as doenças

cardiovasculares, as neoplasias, as doenças do aparelho respiratório, metabólicas,

com destaque para o diabetes; e as causas externas; precariedade da assistência

em anticoncepção, violência doméstica e sexual, a saúde de mulheres adolescentes

e a saúde mental (BRASIL, 2004b).

A ampliação do conceito de saúde-doença bem como o entendimento de

que as políticas públicas influenciam e impactam diretamente nos comportamentos

de saúde e na qualidade de vida das mulheres, proporcionaram o aumento das

políticas de saúde implementadas nas últimas décadas no Brasil e, com a

incorporação da saúde da mulher nas agendas públicas, outras ações também

foram lançadas voltadas para a parcela feminina da população, como o Pacto

Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal (2004), a Política

Nacional de Direitos Sexuais e de Direitos Reprodutivos (2005), a Política de

Atenção Integral à Reprodução Humana Assistida (2006), a Política Nacional de

Planejamento Familiar (2007), o Plano Integrado de Enfrentamento da Feminização

da Epidemia da Síndrome da Imunodeficiência Humana (AIDS) (2007), a Política

Nacional pelo Parto Natural e Contra as Cesáreas Desnecessárias (2008) (SILVA, T.

R., 2012).

No ano 2000, o governo federal instituiu, no País, o Programa de

Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), com o propósito de reduzir as

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altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal, adotando medidas focadas na

melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da

assistência ao parto e ao puerpério. Dessa forma, ampliou-se o acesso das

mulheres aos serviços de saúde. No que se refere aos direitos institucionais

relacionados ao parto e ao nascimento, pode-se citar o acompanhamento pré-natal,

a escolha da maternidade, o direito ao acompanhante durante o parto, o

atendimento humanizado no parto e puerpério, além da adequada assistência à

criança (SILVA, T. R., 2012).

A proposta do PHPN também inseriu um protocolo mínimo de ações a

serem desenvolvidas durante o seguimento da gestação, que orientasse um fluxo de

atendimento próprio. Porém, esse conteúdo mínimo não tem sido apresentado de

maneira satisfatória para a grande maioria das gestantes, em diversos lugares do

Brasil (MARTINELLI et al., 2014). Isso se refletiu, novamente, em estabilidade na

mortalidade materna desde 1996 e redução significativa na taxa de mortalidade

neonatal, em torno de 50 mortes por 100.000 nascidos vivos (VICTORA et al., 2011).

Diante dessa problemática, desde 2011, o governo federal vem

implementando também a Rede Cegonha como forma complementar ao PHPN. Esta

estratégia tem, como objetivos, fomentar a implementação de um novo modelo de

atenção à saúde da mulher e da criança, desde o parto até 24 meses; organizar a

Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil, evitando a peregrinação da mulher na

rede de assistência à saúde, garantia de acesso, acolhimento, classificação de risco

e vulnerabilidade, resolutividade e propostas de redução da mortalidade materna e

infantil, com ênfase no componente neonatal (BRASIL, 2011a).

Além disso, a Rede cegonha prevê a garantia de vinculação da gestante à

unidade de referência e ao transporte seguro, acesso às ações do planejamento

reprodutivo e a inserção de diversos exames na rotina do pré-natal, bem como o

oferecimento de kits específicos para as Unidades Básicas de Saúde, gestantes e

parteiras tradicionais (MARTINELLI et al., 2014; SILVA, L. C. F. P. et al., 2011).

Outra importante ação que culminou na melhoria da morbimortalidade

materno infantil foi a implantação do Plano Brasil sem Miséria, criado em junho de

2011, sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome (MDS), bem como do MS, com o objetivo de superar a extrema pobreza em

todo o País até 2014, mediante o pagamento do benefício Bolsa Família (BRASIL,

2014a).

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21

O Plano envolve ações de diferentes áreas, executadas pelos 22

ministérios e demais órgãos e entidades participantes e as ações organizam-se em

torno de três eixos: garantia de renda, inclusão produtiva e acesso a serviços. Uma

de suas vertentes é a Ação Brasil Carinhoso, que, dentre suas ações, proporcionou

o pagamento de benefícios para famílias com gestantes ou com bebês em fase de

amamentação (OSÓRIO; SOUZA, 2012).

No caso das gestantes, o pagamento foi possível graças à estreita

colaboração entre o MS e o MDS, pois o benefício só é depositado após a

notificação, feita pela saúde ao MDS, de que a beneficiária está grávida. Tal

benefício é pago por nove meses a partir da notificação e tem por objetivo melhorar

a nutrição da mãe (e, consequentemente, a do bebê), estimular a realização do pré-

natal e ajudar nos preparativos para a chegada da criança. Os resultados têm sido

animadores: de acordo com o MS, a taxa de identificação precoce de gravidez (até a

décima segunda semana de gestação) entre as beneficiárias do Bolsa Família

aumentou 60% após o início do pagamento do benefício, o que é uma boa notícia,

tanto em termos de saúde materna quanto do bebê. No caso do benefício nutriz,

para os bebês em fase de amamentação, o objetivo é reforçar a renda da família

durante os primeiros meses de vida da criança. Nesse caso, o pagamento, que se

estende por seis meses, começa a ser realizado assim que a família notifica a área

de assistência social do município de que houve o nascimento de um novo membro

(OSÓRIO; SOUZA, 2012).

Dessa forma, pensar em uma nova sociedade é pensar sobre a mulher e

sua saúde, em que o eixo central seja a qualidade de vida do ser humano desde o

seu nascimento (BRASIL, 2001). A área da Saúde da Mulher é responsável,

também, por ações de assistência ao pré-natal, incentivo ao parto natural, atenção

ao abortamento seguro, prevenção e tratamento das mulheres portadoras de DCNT,

assistência às mulheres negras, enfrentamento da violência conta a mulher e

população lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgênicos (LGBTT). Para todas

as demandas da população feminina foram desenvolvidos planos e programas que

visavam minimizar doenças e estabelecer a melhoria na qualidade dessa clientela

(PADILHA et al., 2012).

Verifica-se que, conforme foi sendo organizada a atenção à saúde da

mulher, além da elaboração de políticas públicas prioritárias para a população

feminina, houve também a criação de manuais para a padronização de condutas dos

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profissionais de saúde. A Política de Humanização do atendimento culminou com a

elaboração do Manual sobre atenção ao Parto, Aborto e Puerpério – Assistência

Humanizada à Mulher (BRASIL, 2001).

Este Manual descreve de forma minuciosa a gravidez e o parto como

eventos sociais que integram a vivência reprodutiva de homens e mulheres, como

experiência humana extremamente significativa e enriquecedora. Além disso, o

documento também propõe a individualidade no atendimento e a introdução dos

conceitos de humanização nos serviços, permitindo ao profissional de saúde

estabelecer maior vínculo afetivo, estimula a formação de pensamento crítico e a

autonomia do seu próprio corpo por meio de ações que integrem todos os níveis da

atenção: promoção da saúde, prevenção de agravos, reabilitação e assistência à

saúde da gestante e do recém-nascido (RN). Há, também, o reconhecimento que a

mulher é ativa no seu processo de gestar e parir e não apenas coadjuvante de sua

própria experiência (PADILHA et al., 2012).

No que diz respeito à implantação de políticas de atenção à saúde das

mulheres, segue na Figura 1, as políticas e programas governamentais que foram

desenvolvidas e implementadas ao longo do tempo para melhorar a saúde feminina

no Brasil (Figura 1).

Figura 1 – Políticas Públicas de Saúde da Mulher no Brasil

Fonte: A autora. Elaborado para fins deste estudo.

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2.2 DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA GESTAÇÃO E A SUA

ASSISTÊNCIA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

O ciclo vital da mulher é constituído por diversas fases que vão desde a

infância à velhice e, entre estas, há o período da gravidez, entendida como um

conjunto de fenômenos fisiológicos que evolui para a criação de um novo ser. Esse

momento é um importante episódio vivenciado por uma mulher, um período de

variadas mudanças físicas, sociais e psicológicas (COSTA et al., 2010).

No decorrer da gestação, o corpo da gestante passa por adaptações

fisiológicas significativas. Essas modificações ocorrem da primeira semana até o

final da gravidez e caracterizam-se como ajustes funcionais em resposta ao

aumento da carga fisiológica (PADILHA et al., 2012).

Nesse sentido, Holanda e outros (2015) relatam a importância de ações

para o controle da morbimortalidade materna que são dependentes do acesso e da

qualidade da atenção realizada pelos serviços de saúde, especialmente na atenção

ao pré-natal, parto e puerpério.

A assistência pré-natal é um componente essencial da atenção à saúde

das mulheres no período gravídico-puerperal. Práticas realizadas rotineiramente

durante essa assistência estão associadas a desfechos perinatais desejáveis

(VIELLAS et al., 2014).

Segundo Viellas e outros (2014), a assistência ao pré-natal se dá por

meio da incorporação de condutas acolhedoras bem como de melhor manejo dos

comportamentos em saúde apresentados pelas gestantes, tendo por objetivos a

garantia da evolução normal da gravidez, a preparação da mulher em gestação para

o parto, o puerpério e a lactação, o rastreamento e detecção precoce de patologias e

de situações de risco gestacional, o estabelecimento de vínculo entre o local onde é

realizado o pré-natal e onde será realizado o parto, além da promoção do fácil

acesso aos serviços de saúde de qualidade, desde o atendimento ambulatorial

básico ao atendimento hospitalar de alto risco. Tais medidas possibilitam a

prevenção das complicações materno-infantis mais frequentes na gestação e no

puerpério (HOLANDA et al., 2015).

A gestação é um evento biológico e deve ser vista pelas gestantes e

pelas equipes de saúde como parte de uma experiência de vida saudável,

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envolvendo mudanças dinâmicas e, como tal, desenvolve-se em um contexto social

e cultural que influencia e determina a sua evolução e a sua ocorrência (TEIXEIRA,

S. V. B. et al., 2010). Entretanto, trata-se de uma situação que pode implicar riscos

tanto para a mãe quanto para o feto e há um determinado número de gestantes que,

por características particulares, apresentam maior probabilidade de evolução

desfavorável (BRASIL, 2012).

A intervenção precisa e precoce bem como o manejo correto das

gestantes evita os retardos assistenciais capazes de gerar morbidade grave, morte

materna ou perinatal. Existem vários tipos de fatores geradores de risco gestacional.

Alguns desses fatores podem estar presentes ainda antes da ocorrência da gravidez

e a sua identificação nas mulheres em idade fértil na comunidade permite

orientações às que estão vulneráveis, no que concerne ao planejamento familiar e

aconselhamento pré-concepcional (BRASIL, 2012; CARDOSO, 2014).

Dessa forma, percebe-se forte influência dos serviços de saúde nos

comportamentos em saúde da população gestante, uma vez que a falta de acesso a

estes serviços de saúde no que diz respeito aos conhecimentos e informações sobre

promoção e prevenção de saúde dificultam a adoção de hábitos saudáveis e

comprometem o autocuidado. Ressalta-se ainda que as mulheres em idade

reprodutiva, especialmente aquelas em situações de vulnerabilidades sócio-

econômica e cultural carecem dessa assistência principalmente em adquirir

informações pré-concepcionais (TEIXEIRA, S. V. B. et al., 2010).

Os fatores de risco gestacional podem ser prontamente identificados no

decorrer de um bom manejo das gestantes na assistência ao pré-natal e, dentre

eles, destacam-se: características individuais e condições sociodemográficas

desfavoráveis, com destaque para idade maior que 35 ou inferior a 15 anos;

menarca há menos de 2 anos; altura menor que 1,45 m; peso pré-gestacional menor

que 45 e maior que 75 kg; situação conjugal insegura; baixa escolaridade; condições

ambientais desfavoráveis como exposição a resíduos radioativos e poluentes

tóxicos; dependência de drogas; hábitos irregulares de vida, além da exposição a

riscos ocupacionais (BRASIL, 2012; TEIXEIRA, L. A.; VASCONCELOS; RIBEIRO,

2015).

O histórico obstétrico também deve ser avaliado, uma vez que pode

apresentar fatores de risco relacionados à presença de abortamento habitual; morte

perinatal explicada e inexplicada; história de RN com crescimento restrito ou

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malformado; parto pré-termo anterior; esterilidade/infertilidade; intervalo interpartal

menor que dois anos ou maior que cinco anos; nuliparidade e grande multiparidade;

síndrome hemorrágica ou hipertensiva e diabetes gestacional (BRASIL, 2012;

TEIXEIRA, L. A.; VASCONCELOS; RIBEIRO, 2015).

Segundo Leite e outros (2011), as comorbidades mais recorrentes entre

as gestantes são a HAS e DM e, dentre as principais complicações do ciclo

gravídico-puerperal, destacam-se as hemorragias, o descolamento prévio de

placenta, os abortos e a pré-eclâmpsia, que resultam em alto risco de morbidade e

mortalidade materna e perinatal.

As DCNT compreendem um vasto grupo de condições que têm em

comum o fato de possuírem origem multifatorial, dentre eles, fatores determinantes,

sociais, condicionante e individuais, além de forte influência de fatores de risco

comportamentais considerados como modificáveis, como o tabagismo, o consumo

nocivo de álcool, a inatividade física, a alimentação não saudável e a obesidade

(BRASIL, 2011b). Atualmente as DCNT são consideradas o maior problema de

saúde pública e já são responsáveis por aproximadamente 74% do total das mortes

no mundo e por 50% da chamada “carga global de doença”, nas populações de

todos os países, principalmente nos de baixa e média renda (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2014).

Cerca de 40% da população adulta brasileira, o equivalente a 57,4

milhões de pessoas, possui pelo menos uma DCNT, segundo dados inéditos da

Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). O levantamento, realizado pelo MS em parceria

com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que essas

enfermidades atingem principalmente o sexo feminino (44,5%) – são 34,4 milhões

de mulheres – e 23 milhões de homens (33,4%) portadores de enfermidades

crônicas (BRASIL, 2014b).

Os dados ainda mostram que a HAS e o DM são as DCNT de maior

magnitude, sendo alvo de profunda investigação da PNS. A pesquisa revelou que a

HAS atinge 31,3 milhões de pessoas acima de 18 anos, o que corresponde a 21,4%

da população tendo proporção crescente com o aumento da idade. Importante fator

de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, a doença aparece

mais no sexo feminino, com prevalência em 24,2% das mulheres e 18,3% dos

homens (BRASIL, 2014b; ROCHA-BRISCHILIARI et al., 2014).

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Já o DM atinge 9 milhões de brasileiros – o que corresponde a 6,2% da

população adulta. As mulheres (7%), mais uma vez, apresentaram maior proporção

da doença do que os homens (5,4%) – 5,4 milhões de mulheres versus 3,6 milhões

de homens. Assim como no caso da HAS quanto maior a faixa etária maior a

prevalência da doença (BRASIL, 2014b).

As DCNT autorreferidas têm sido muito utilizadas em inquéritos de saúde,

como a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD), o Vigitel, no Brasil, e

o National Health and Nutrition Examination Survey, nos Estados Unidos. Além de

fornecerem informações sobre DCNT, muitos inquéritos populacionais coletam,

também, dados sobre a prevalência de comportamentos de risco modificáveis para

estas doenças, permitindo monitorar sua prevalência e mudanças ao longo do tempo

(BARRETO, S. M.; FIGUEIREDO, 2009).

Vale ressaltar, ainda, que nos últimos anos, a população feminina tem

influenciado significativamente na ocorrência de várias alterações no perfil social

brasileiro, a partir de mudanças em seu papel na sociedade, caracterizado pela

redução da taxa de fecundidade, crescente participação no mercado de trabalho e

pelo aumento da escolaridade, com consequente aumento de sua contribuição na

renda familiar (COELHO; PORTO, 2009).

Segundo a retrospectiva realizada pelo IBGE no período de 2000 a 2015

a taxa de fecundidade no Brasil vem apresentando uma tendência mundial com de

declínio constante, em que o número médio de filhos por mulher caiu 18,6% no total,

de 2,39 filhos nascidos vivos para 1,72 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA

E ESTATÍSTICA, 2015). As mulheres, além de terem menos filhos, estão optando

por tê-los mais velhas, cenário propício ao desenvolvimento das DCNT na gravidez,

uma vez que essas doenças são mais prevalentes em mulheres com a idade mais

avançada (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015;

ROCHA-BRISCHILIARI et al., 2014).

A idade da primeira gestação também teve alteração. Há dez anos,

metade das gestantes engravidava antes dos 24 anos e, em 2010, esse porcentual

caiu para 45% (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2012).

Segundo dados do IBGE, por meio da PNAD, as mulheres são maioria na

população brasileira, sendo que, hoje, elas vivem em média até os 78,5 anos,

enquanto que os homens chegam até os 71,5 anos. Em 2060, a expectativa de vida

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delas chegará a 84,4 anos, versus 78,03 anos, dos homens (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2012).

A pesquisa mostra, também, que no Brasil, existem 5,2 milhões de

mulheres a mais do que homens, sendo a região Sudeste a que possui o maior

número de mulheres, principalmente no estado de São Paulo (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2012). Ainda segundo essa

pesquisa do IBGE, as mulheres continuarão vivendo mais do que os homens,

evidenciando a notável a feminização do envelhecimento no Brasil (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2012).

Sendo as mulheres a maioria da população brasileira, elas também são

tradicionalmente as principais usuárias do SUS, seja para acompanhar os filhos ou

as pessoas que estejam sob seus cuidados, seja para cuidarem de si mesmas. A

população feminina constitui, portanto, um importante segmento social para as

políticas de saúde pública, pela importância numérica e porque as históricas

desigualdades de poder entre homens e mulheres implicam forte impacto nas

condições de saúde feminina (ASSIS; FERNANDES, 2011).

Os fatores que se associam ao aumento do risco de desenvolver uma

doença são chamados fatores de risco ou, ainda, comportamentos de risco. Por

outro lado, existem fatores ou condutas que conferem ao organismo a capacidade

de se proteger de determinadas doenças: são os chamados fatores de proteção ou

comportamentos saudáveis (CASTIEL; GUILAM; FERREIRA, 2010).

Segundo Maggi e outros (2013), há forte correlação entre

comportamentos de saúde inadequados e desenvolvimentos das doenças crônicas,

destacando alguns comportamentos preditores independentes dessas enfermidades,

como o tabagismo, o uso abusivo de álcool, a alimentação inadequada e o

sedentarismo.

Os principais fatores e condições considerados de risco conhecidos e

modificáveis para as DCNT estão diretamente relacionados a alguns hábitos de vida,

como o tabagismo, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, a alimentação

inadequada, a inatividade física, a obesidade, o estresse e, infelizmente, cada vez

mais um maior número de mulheres fazem parte desse cenário negativo, com

exposições diversas (MAGGI et al., 2013).

Os hábitos e situações de vida, como o estresse, o aumento da violência,

os problemas com o transporte nas grandes cidades, a falta de trabalho ou trabalho

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excessivo ou até as más condições de trabalho, o consumo exagerado de alimentos

industrializados, de cigarros e bebidas (alcoólicas e açucaradas) associados à

inatividade ou à pouca prática de atividade física e ao pouco tempo para relaxar

também contribuem para aumentar o risco de desenvolver as DCNT. Em geral, o

risco é muito superior nas populações de baixa escolaridade e renda, entre

desempregados e aqueles submetidos a piores condições de trabalho (MALTA;

MORAIS NETO; SILVA JÚNIOR, 2011). Ressalta-se, ainda, que a escolaridade e a

renda dos indivíduos que pertencem a grupos mais vulneráveis influenciam no

desenvolvimento dos agravos e DCNT (MALTA; MORAIS NETO; SILVA JÚNIOR,

2011).

No que se refere à fase gestacional da mulher, as consequências são

preocupantes, uma vez que a presença de agravos e doenças crônicas nesse

período constituem fator desencadeador de complicações materno-infantis. Uma

gestante portadora de DM ou HAS, por exemplo, ou ainda que apresente

comportamentos em saúde inadequados, apresenta risco aumentado de

desenvolver desfechos materno-fetais adversos, como pré-eclâmpsia, parto

prematuro, aborto, restrição do crescimento fetal, deslocamento prematura de

placenta e óbitos (WEINERT et al., 2010).

Dados publicados em 2012, pelo MS, destacam a HAS como a principal

causa das mais importantes complicações do ciclo gravídico-puerperal, com

incidência em 6 a 30% das gestantes, resultando em alto risco de morbidade e

mortalidade materna e perinatal, sendo essa condição considerada modificável

(BRASIL, 2012).

Cabe mencionar, ainda, que segundo Zapelini e outros (2015) a

prevalência de diabetes gestacional no mundo é de 7% (aproximadamente 2000

casos/ano), variando entre 1 a 14%. Já no Brasil estima-se que 7,6% das gestações

são complicadas pela hiperglicemia gestacional, enquanto nos Estados Unidos, esta

prevalência é de aproximadamente 4% (ZAPELINI et al., 2015). Tais dados

justificam a recomendação de detecção precoce dessa doença em decorrência do

risco aumentado de desfechos adversos materno-fetais, como a pré-eclâmpsia, a

prematuridade, a macrossomia, a doença periodontal, parto por cesariana

hipoglicemia e a morbidade perinatal (MEDINA et al., 2008; RIBEIRO et al., 2015).

Além disso, a concepção em mulheres com DM deve ter atenção cuidadosa desde a

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preconcepção, pois o controle metabólico nas primeiras semanas de gestação é

fundamental à organogênese (MOURA; EVANGELISTA; DAMASCENO, 2012).

A obesidade, outra DCNT cada vez mais comum em mulheres em idade

reprodutiva e gestantes, juntamente com o sobrepeso, considerada, atualmente,

como a doença do século, também apresenta notável importância nesse contexto,

uma vez considerada como doença crônica influenciada pelo ambiente e por

comportamentos de risco em saúde, com destaque para a alimentação inadequada

e a inatividade física. Refere-se a grave problema de saúde pública em razão do

risco de doenças associadas, como a HAS, as doenças cardiovasculares e DM

(NELSON; MATTHEWS; POSTON, 2010).

J. C. Silva e outros (2014) ponderam que a obesidade está presente em

25 a 30% das gestantes no Brasil estando associada ao aumento do número de

cesáreas em nosso País, cenário desfavorável para o parto e o nascimento. Além

disso, os autores ainda ressaltam uma notória dificuldade nas diretrizes existentes

sobre o manejo terapêutico correto das gestantes, quanto à definição de obesidade

no período gravídico acarretando, muitas das vezes, em complicações no parto

(cesariana e hemorragia de grande porte), intercorrências maternas (diabetes

gestacional e síndrome hipertensiva) e também intercorrências perinatais (escore

apgar baixo ao primeiro minuto e macrossomia) (PAIVA et al., 2012; SILVA, J. C. et

al., 2014).

Em função da gravidade das DCNT e seus impactos negativos nos

sistemas de saúde e na sociedade, em 2011, o MS, juntamente com outros

ministérios, lançou o Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das DCNT,

com o objetivo de promover o desenvolvimento e a implementação de políticas

públicas efetivas, integradas, sustentáveis e baseadas em evidências para a

prevenção e o controle das DCNT e seus comportamentos de risco e fortalecer os

serviços de saúde voltados às doenças crônicas. O Plano aborda os quatro

principais grupos de doenças (circulatórias, câncer, respiratórias crônicas e

diabetes) e seus fatores de risco em comum modificáveis (tabagismo, álcool,

inatividade física, alimentação não saudável e obesidade) e define diretrizes e ações

em: a) vigilância, informação, avaliação e monitoramento; b) promoção da saúde; c)

cuidado integral (BARRETO, A. S.; SANTOS; DEMÉTRIO, 2013).

O Brasil participou ativamente dessa mobilização de enfrentamento das

DCNT com propostas para o período de 2011 a 2022. O plano define metas e

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compromissos, ações e investimentos no sentido de preparar o País para o

enfrentamento dos desafios representados pelas DCNT e seus fatores de risco nos

próximos dez anos. Destaca-se, entre as metas traçadas, a redução de 2% ao ano

na mortalidade devido às quatro principais causas de mortalidade por DCNT,

destacadas pela OMS e focalizadas no plano (MALTA; MORAIS NETO; SILVA

JÚNIOR, 2011).

Alguns autores ainda destacam que as DCNT, bem como as

complicações materno-fetais, estão diretamente relacionadas, em sua maioria, à

presença de comportamentos de risco, mais também a outros fatores como a idade

materna mais avançada, o menor nível educacional, condições de trabalho

desfavoráveis com exposição a ambientes insalubres, o número reduzido de

consultas de pré-natal, a ausência de companheiro, as condições prévias de saúde

e os comportamentos inadequados em saúde (LEITE et al., 2011; VIELLAS et al.,

2014; XAVIER et al., 2013).

Estudo sobre análise da assistência pré-natal oferecida às gestantes

usuárias de serviços de saúde públicos ou privados utilizando os dados da pesquisa

“Nascer no Brasil”, realizada em 2011 e 2012 revelam que a cobertura da

assistência ao pré-natal no Brasil foi de 98,7%, sendo que 75,8% das mulheres

iniciaram o pré-natal antes da 16a semana gestacional e 73,1% tiveram as seis

consultas mínimas preconizadas pelo Ministério da Saúde (VIELLAS et al., 2014).

Estudos nacionais de abrangência local ressaltam a existência de falhas

na assistência ao pré-natal, relacionadas a dificuldades no acesso, ao início tardio,

ao número inadequado de consultas e à realização incompleta dos procedimentos

preconizados, afetando sua qualidade e sua efetividade (COUTINHO et al., 2010;

DOMINGUES et al., 2012).

Estudos específicos, como a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde

(PNDS), também fornecem dados sobre a assistência pré-natal no País, quando

abordam essa temática. Sua última amostragem, realizada em 2006, revelou 80,9%

de cobertura pré-natal com seis ou mais consultas, elevada realização de exames e

fornecimento de cartão de pré-natal. No entanto, tais dados se baseiam na

entrevista com as mulheres, sem verificação do cartão de pré-natal, estando sujeito

a viés de memória, por incluir gestações ocorridas nos últimos cinco anos (BRASIL,

2009b).

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A ausência de vínculo entre os serviços que prestam a assistência pré-

natal e ao parto também é outro problema identificado, resultando, muitas vezes, na

exaustiva peregrinação da gestante em trabalho de parto na busca de uma vaga

para internação, trazendo riscos e complicações adicionais à saúde da parturiente e

do RN (VIELLAS et al., 2014).

É crescente, no Brasil, o número de consultas de pré-natal por mulheres

que realizam o parto no SUS (BRASIL, 2013). Porém, embora tenha havido

ampliação da cobertura pré-natal, ainda existe um precário comprometimento na

qualidade dessa atenção. Por conseguinte, cabe ressaltar que os indicadores de

saúde relacionados ao grupo materno-infantil evidenciam altas prevalências de uma

série de agravos resultantes de causas evitáveis, refletindo, sobretudo, na carência

de assistência nutricional e nos hábitos indesejáveis dessa população (BARRETO,

A. S.; SANTOS; DEMÉTRIO, 2013).

Por fim, ressalta-se que o conhecimento derivado deste estudo pode,

indubitavelmente, ser utilizado para direcionar outras pesquisas, com maior

profundidade, em relação aos aspectos de saúde pública associados à saúde das

gestantes no Brasil.

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3 MÉTODOS

3.1 DELINEAMENTO E POPULAÇÃO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo epidemiológico de base populacional e transversal,

que utilizou dados provenientes do Vigitel, dos anos de 2009 a 2013, das 26 capitais

brasileiras e do Distrito Federal.

O sistema Vigitel utiliza um método de amostragem que visa obter

amostras probabilísticas da população adulta residente em domicílios onde existe,

pelo menos, uma linha de telefonia fixa no ano corrente (BRASIL, 2015).

Assim, com o objetivo de atingir um erro máximo percentual de dois

pontos percentuais e um intervalo de 95% de confiança (IC95%), o tamanho

amostral pré-estabelecido é de no mínimo 1.500 indivíduos com idade maior ou igual

a 18 anos. Anualmente, são realizadas 52.929 entrevistas, sendo 1.500 por cada

capital, ao final do ano de 2014 foram realizadas 40.853 entrevistas, o que indica

uma taxa de sucesso do sistema de 65,2% (BRASIL, 2015).

A amostragem do sistema ocorre em etapas: a primeira consiste em um

sorteio de 5.000 linhas telefônicas por cidade. Em seguida, são agrupadas em 25

réplicas de 200 linhas, cada. Tal divisão em réplicas é necessária devido à

dificuldade em se estimar a proporção de linhas que serão elegíveis. Dessa forma,

essas combinações são utilizadas até que se complete o número mínimo de 1.500

amostras. Posteriormente, é realizada a verificação da elegibilidade da linha

telefônica, ou seja, as linhas são averiguadas para identificar se as mesmas são

residenciais e se estão ativas. Logo após, as linhas ativas são verificadas quanto à

aquiescência em participar da pesquisa e, assim que é obtida, realiza-se a

enumeração dos residentes maiores de 18 anos daquele domicílio para sortear

quem será entrevistado (BRASIL, 2015).

O Vigitel iniciou sua coleta de dados no ano de 2006 e ocorre

anualmente. As entrevistas são realizadas por uma empresa sediada em Belo

Horizonte, contratada pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da

Saúde, que gerencia e acompanha esse trabalho. Há uma equipe responsável pelas

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33

entrevistas composta por, no mínimo, 1 coordenador, 2 supervisores e 20

entrevistadores, todos treinados previamente pelo MS (BRASIL, 2015).

O questionário estruturado aplicado durante a entrevista é composto de

duas partes: a primeira consta da identificação do entrevistado e a segunda aborda

questões referentes à alimentação, atividade física, tabagismo, consumo de bebida

alcoólica, morbidade autorreferida, peso e altura autorreferidos e situação de saúde

(Anexo A). A cada ano são inseridas perguntas chamadas “rotativas”, que abordam

alguma área de interesse específica do MS.

Para os anos de 2009 a 2013, houve uma média de 54.353 participantes

por ano, totalizando 261.227 participantes, dos quais 160.025 (61,3%) eram

mulheres. Foram incluídas, neste estudo, todas as mulheres que relataram estar

grávidas no momento da entrevista, cuja faixa etária estava entre 18 e 50 anos,

alcançando um total de 1894 (1,2%) gestantes. Destes, 39 (2,1%) gestantes não

foram estudadas por não possuírem informações referentes às variáveis em estudo

(não responderam o questionário completamente), atingindo um total de 1855

(97,9%) gestantes elegíveis, com média de 371(DP = 61,6) gestantes por ano do

inquérito, no período estudado, conforme Figura 2.

Figura 2 – Fluxograma das perdas do estudo.

Fonte: A autora. Elaborado para fins deste estudo.

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34

Todas as informações obtidas pelo Vigitel são autorreferidas e esse tipo

de dado tem sido amplamente utilizado em estudos epidemiológicos, por ser uma

estratégia de menor custo, rápida e acessível para estimar a prevalência de

doenças, agravos e fatores de risco na população, além de apresentar validade e

confiabilidade satisfatórias (CHRESTANI; SANTOS; MATIJASEVICH, 2009).

3.2 VARIÁVEIS DO ESTUDO

As variáveis de interesse para este estudo incluíram características

sociodemográficas e de comportamentos em saúde, bem como de DCNT,

categorizadas segundo referência e categorização da pesquisa do Vigitel e do

“Nascer no Brasil”, inquérito nacional específico para gestantes, desenvolvido pelo

MS e coordenado pelo Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), visando conhecer melhor o

panorama nacional sobre a situação do pré-natal, ao parto, e nascimento no Brasil,

conforme o Quadro 1.

Quadro 1 – Descrição das variáveis VARIÁVEIS

SOCIODEMOGRÁFICAS DESCRIÇÃO

Idade 18 a 24, 25 a 34 e 35 a 50.

Cor da pele Branca, preta, parda e outras (índios, amarelos e vermelhos).

Escolaridade 0 a 8, 9 a 11, 12 ou mais.

Estado civil Com e sem companheiro.

Região Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-oeste.

Ocupação Sim e não.

COMPORTAMENTOS EM SAÚDE DESCRIÇÃO

Consumo de leite integral Sim e não.

Consumo de carnes com gordura Sim e não.

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35

Consumo de frutas, legumes e verduras

Frequência semanal maior igual ou inferior a 5 vezes.

Consumo de refrigerantes Frequência semanal maior igual ou inferior a 5 vezes.

Dose de álcool consumida Frequência nos últimos 30 dias maior igual ou inferior a 4 doses.

Tabagismo Sim e não.

Consumo de bebida alcoólica Sim e não.

Atividade física

Ativo: indivíduos que praticam pelo menos 150 minutos semanais de atividade física de intensidade leve ou moderada (caminhada, caminhada em esteira, musculação, hidroginástica, ginástica em geral, natação, artes marciais e luta, bicicleta, voleibol ou outra) ou pelo menos 75 minutos semanais de atividade física de intensidade vigorosa (corrida, corrida em esteira, ginástica aeróbica, futebol, basquetebol ou tênis), independentemente do número de dias por semana em que pratica atividade física ou inativo.

Autorrelato do estado de saúde Bom e muito bom, ruim e muito ruim e regular.

Exame Papanicolau nos últimos 3 anos

Realização nos últimos 3 anos e não.

DCNT DESCRIÇÃO

Hipertensão Arterial Sim e não.

Diabetes Mellitus Sim e não.

Fonte: Elaborado para fins deste estudo. Informações baseadas em Viellas et al. (2014) e

Brasil (2015).

3.3 ANÁLISE DOS DADOS

As análises dos dados foram realizadas por meio do programa estatístico

Statistical Software for Professional (Stata), versão 14.0, utilizando os comandos do

módulo Survey, levando em consideração os pesos e, por conseguinte, a

representatividade da amostra. Foram utilizados fatores de ponderação do Vigitel, a

fim de minimizar limitações decorrentes da probabilidade desigual que indivíduos

com mais números de telefone ou menos moradores no domicílio tiveram em

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36

participar da amostra, além de corrigir, também, a super ou a subestimação da

amostra do Vigitel, ambas decorrentes da cobertura de telefonia fixa desigual no

Brasil. Para isso, utilizou-se como estratégia as correções pós-estratificação a partir

do cálculo de pesos, que permite corrigir vícios de estimativas, fazendo com que

cada indivíduo entrevistado seja capaz de representar outros (BRASIL, 2015).

O peso final utilizado no Vigitel advém do produto de três fatores

(BRASIL, 2015):

• (1) O fator de ponderação referente às linhas telefônicas: usa o inverso

do número de linhas telefônicas no domicílio do entrevistado, que corrige a maior

chance que indivíduos com mais de uma linha telefônica por domicilio têm de ser

sorteados;

• (2) O fator de ponderação referente aos residentes do domicílio: usa o

número de adultos no domicílio do entrevistado, para corrigir a menor chance que o

indivíduo tem de ser sorteado em uma casa com várias pessoas;

• (3) O fator de correção referente às categorias sociodemográficas:

decorre da estratificação segundo a faixa etária e o nível de escolaridade, de acordo

com a população adulta total de cada cidade segundo a relação entre os dados do

Censo e da PNAD.

Para essa última ponderação, o banco de dados Vigitel de 2009 a 2013

utiliza os dados do Censo 2009 a 2013 e da PNAD 2009 a 2013. Esse terceiro fator

iguala a composição sociodemográficas da amostra a toda a população da cidade,

permitindo, assim, que as inferências sejam confiáveis (BRASIL, 2015).

Trabalhou-se com a subpopulação de interesse, método previamente

descrito como o mais apropriado para estimação da variância para amostras

representativas de grandes populações (WEST; BERGLUND; HEERINGA, 2008).

Assim, conduziu-se análise não condicional baseada na definição de subpopulação

de interesse na qual dados faltantes e subgrupos que atenderam os critérios de

exclusão foram incluídos na categoria 0 da variável indicadora da subpopulação e a

população de estudo incluída na categoria 1.

As análises descritivas consistiram no cálculo da distribuição das

proporções das gestantes, de acordo com características sociodemográficas,

comportamentais e DCNT. Em relação aos comportamentos em saúde e DCNT,

foram estimadas as prevalências e intervalos de 95% de confiança (IC 95%), que

também foram calculadas segundo a idade (18 a 25, 26 a 34, 35 anos ou mais), o

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37

nível de escolaridade (0 a 8, 9 a 11 e 12 ou mais anos de estudo) e a região de

moradia (Sudeste, Sul, Centro-oeste, Norte e Nordeste).

Por conseguinte, para analisar as diferenças das prevalências segundo a

idade, a escolaridade e a região, foram estimadas as razões de prevalências

ajustadas e os seus respectivos IC95%, por meio de modelo de Regressão de

Poisson com variância robusta.

Finalmente, as variáveis referentes aos comportamentos de saúde foram

somadas, compondo um escore que incluiu tabagismo, etilismo, consumo de frutas

verduras e legumes, consumo de refrigerantes, consumo de leite integral e prática

de atividade física, todos autorreferidos. Após a soma dos comportamentos,

categorizou-se a variável em mulheres com pelo menos um comportamento negativo

e mulheres com todos os comportamentos desejáveis. Para o escore também foram

estimadas prevalências com seus IC95%, segundo idades, escolaridade e região,

bem como o cálculo de razões de prevalência.

3.4 ASPECTOS ÉTICOS

Esse estudo está integrado a um projeto mais amplo e possui aprovação

no Comitê Nacional de Ética em Pesquisa para Seres Humanos do Ministério da

Saúde, sob o Parecer no 749/2006 e CONEP n°13081 – intitulado “Implantação do

sistema de monitoramento de fatores de risco para doenças crônicas não

transmissíveis a partir de entrevistas telefônicas no Distrito Federal e no conjunto

das capitais dos estados brasileiros” (Anexo B).

Por se tratar de entrevistas por telefone, o consentimento livre e

esclarecido é substituído pelo consentimento verbal obtido na ocasião do contato

telefônico com o entrevistado. Os indivíduos foram esclarecidos quanto aos fins de

pesquisa e a possibilidade de desistir de participar do estudo a qualquer momento

da entrevista, sobre a inexistência de risco ou danos extras à sua saúde e sobre a

garantia do sigilo das informações.

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38

4 RESULTADOS

Das 1.855 gestantes estudadas 48,0% delas tinham idade entre 26 a 34 anos,

39,2% declararam-se ter a cor da pele branca e 61,2% viviam com companheiro.

Além disso, 60,7% das gestantes trabalhavam e 73,2% relataram ter 11 ou menos

anos de estudo. A maioria das gestantes residia nas regiões Sudeste (41,7%) e

Nordeste (26,6%) (Tabela 1).

Em relação aos comportamentos de risco para a saúde, destaca-se o

consumo excessivo de álcool na gestação (13,5%), sendo que 32,7% relataram

consumir 4 ou mais doses nos últimos 30 dias. O uso do tabaco foi de 6,1%.

Observou-se que a maioria das gestantes não consumia frutas, verduras e legumes

em 5 ou mais dias da semana (62,9%) e 32,9% não consumiam leite

integral/desnatado. O consumo excessivo de refrigerante, em 5 ou mais dias da

semana, bem como o consumo de gordura aparente nas carnes foi observado em

28% das gestantes. A prevalência de inatividade física (87,2%) foi alta entre as

gestantes. Em relação às DCNT, 12,3% das gestantes eram hipertensas e 1,9%

diabéticas (Tabela 1).

Tabela 1 – Distribuição das gestantes brasileiras conforme características sociodemográficas, comportamentais e DCNT, Vigitel, 2009-2013

Características gerais na %b IC 95%c

Sociodemográficas

Idade (anos) 18 a 25 26 a 34 35 a 50

575 906 374

37,4 48,0 14,6

32,8 - 42,1 43,5 - 52,5 12,1 - 17,6

Cor da pele Branca Negras Pardas Outros

705 138 522 490

39,2

9,3 23,2 28,3

34,9 - 43,7 6,8 - 12,6

19,8 - 26,9 24,2 - 32,7

Escolaridade (anos) 0 a 8 9 a 11 12 e mais

258 892 705

26,8 50,4 22,8

22,3 - 31,9 45,8 - 54,9 19,6 - 26,2

Estado civil Sem companheiro Com companheiro

599

1.256

38,8 61,2

34,2 - 43,5 56,5 - 65,8

Continua

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39

Continua

Características gerais na %b IC 95%c

Sociodemográficas

Região Sudeste Sul Centro oeste Norte Nordeste

217 164 277 548 649

41,7

8,0 11,3 12,4 26,6

36,7 - 46,8

6,6 - 9,7 9,5 - 13,5

10,6 - 14,4 23,5 - 29,9

Ocupação Não Sim

707

1.148

39,9 60,7

35,1 - 43,8 56,2 - 64,9

Consumo alimentar

Leite integral Sim Não

1.207

648

67,1 32,9

63,0 - 70,9 29,1 - 37,1

Carne com gordura aparente Sim Não

435

1.420

27,5 72,5

23,1 - 32,3 67,7 - 76,9

Frutas legumes e verduras (consumo semanal)

Inferior a 5 vezes Igual ou superior a 5 vezes

1.060 795

62,9 37,1

58,6 - 67,0 33,0 - 41,4

Refrigerante (consumo semanal) Inferior a 5 vezes Igual ou superior a 5 vezes

1.477

378

72,7 27,3

68,0 - 76,9 23,0 - 32,0

Consumo de tabaco e bebida alcoólica

Tabaco Não Sim

1.787

68

93,9

6,1

90,8 - 96,0 4,0 - 9,2

Bebida alcoólica Não Sim

1.641

214

86,5 13,5

82,3 - 89,8 10,1 - 17,7

Dose de álcool (consumo nos últimos 30 dias)

Inferior a 4 doses Igual ou superior a 4 doses

99 54

67,3 32,7

51,9 - 79,7 20,2 - 48,1

Doenças Crônicas não transmissíveis

Hipertensão arterial Sim Não

189

1.666

12,3 87,7

9,3 - 16,1

83,9 - 90,7

Diabetes mellitus Sim Não

31

1.824

1,9

98,1

1,1 - 3,4

96,6–98,9

Continua

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40

Conclusão

Características gerais na %b IC 95%c

Outros comportamentos de saúde

Atividade física Inativo/ insuficiente Ativo*

1.574

291

87,2 12,8

84,1 - 89,8 10,2 - 15,9

Realização do Exame Papanicolau nos últimos 3 anos

Sim Não

1.433 33

98,0 2,0

96,1 - 98,9 1,0 - 3,9

Autorrelato do estado de saúde Muito bom e bom Regular Ruim e muito ruim

1.473

341 41

76,4 21,5

2,1

72,1 - 80,2 17,7 - 25,8 1,2 - 3,5

Fonte: Elaborada para fins deste estudo. Notas: na – Número amostral; %b – Estimativa populacional; IC 95%c

Intervalo de 95%de confiança.

Ao avaliar os comportamentos de saúde segundo a idade das gestantes,

observou-se menor prevalência do uso de tabaco (RP = 0,32 e IC95%: 0,13-0,80) e

consumo de carnes com gordura aparente (RP = 0,66 e IC95%: 0,47-0,93) entre as

gestantes na faixa etária entre 26 a 34 anos (Tabela 2). Observou-se, ainda, menor

prevalência do consumo de leite entre as gestantes com faixa etária mais elevada

(35 anos ou mais) (RP = 0,72 e IC95%: 0,59-0,88). Quanto à prática de atividade

física no lazer, as gestantes com 35 anos ou mais eram mais ativas que as mais

jovens (RP = 3,00 e IC95%: 1,67-5,39). Verificou-se, ainda, maior prevalência do

consumo de frutas legumes e verduras em 5 ou mais dias da semana nas gestantes

das faixas etárias de 26 a 34 anos (RP = 1,56 e IC95%: 1,18-2,07) e de 35 anos ou

mais (RP = 1,79 e IC95%: 1,30-2,45).

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Tabela 2 – Prevalência dos comportamentos em saúde e DCNT entre gestantes brasileiras, segundo a idade, Vigitel 2009-2013

Alimento / idade (anos)

Consumo alimentar

Sim (%a) IC 95%b Não (%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Leite

De 18 a 25 .................................. De 26 a 34 .................................. De 35 ou mais .............................

73,6 66,3 52,8

(67,0 - 79,4) (60,4 - 71,8) (43,1 - 62,2)

26,4 33,7 47,2

(20,4 - 33,0) (28,3 - 39,6) (37,8 - 56,9)

0,002**

1,00 0,90 0,72

(0,80 - 1,02) (0,59 - 0,88)

Carne com gordura

aparente De 18 a 25 .................................. De 26 a 34 .................................. De 35 ou mais .............................

34,9 23,1 23,1

(26,2 - 44,7) (18,4 - 28,5) (15,6 - 32,7)

65,1 76,9 76,9

(55,3 - 73,8) (71,5 - 81,6) (67,3 - 84,4)

0,029**

1,00 0,66 0,66

(0,47 - 0,93) (0,42 - 1,05)

≥ 5 vezes (%a)

IC 95%b ≤ 5 vezes

(%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Frutas, legumes e verduras (consumo

semanal) De 18 a 25 .................................. De 26 a 34 .................................. De 35 ou mais .............................

26,8 41,9 47,8

(20,8 - 33,7) (36,0 - 48,8) (38,4 - 57,4)

73,2 58,1 52,2

(66,3 - 79,2) (52,0 - 64,0) (42,6 - 61,6)

< 0,001**

1,00 1,56 1,79

(1,18 - 2,07) (1,30 - 2,45)

Refrigerante (consumo semanal)

De 18 a 25 .................................. De 26 a 34 .................................. De 35 ou mais .............................

32,7 25,4 19,5

(24,6 - 42,1) (20,4 - 31,2) (12,3 - 29,6)

67,3 74,6 80,5

(57,9 - 75,4) (68,8 - 79,6) (70,4 - 87,7)

0,099

1,00 0,78 0,60

(0,55 - 1,10) (0,35 - 1,00)

Substâncias / idade

(anos)

Consumo de outras substâncias

Sim (%a) IC 95%b Não (%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Tabaco De 18 a 25 ................................. De 26 a 34 ................................. De 35 ou mais .............................

8,1 2,6

12,3

(4,0 - 15,9) (1,5 - 4,6)

(6,5 - 22,1)

91,9 97,4 87,7

(84,1 - 96,0) (95,3 - 98,5) (77,9 - 93,5)

0,008** 1,00 0,32 1,51

(0,13 - 0,80) (0,60 - 3,82)

Bebida alcoólica De 18 a 25 .................................. De 26 a 34 .................................. De 35 ou mais .............................

14,7 9,4

23,7

(8,2 - 25,1) (6,6 - 13,3)

(15,9 - 33,7)

85,3 90,6 76,3

(74,9 - 91,8) (86,7 - 93,4) (66,3 - 84,1)

0,030 1,00 0,64 1,61

(0,33 - 1,24) (0,82 - 3,16)

≥ 4 doses

(%a) IC 95%b ≤ 4 doses

(%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Dose de álcool (consumo semanal)

De 18 a 25 .................................. De 26 a 34 .................................. De 35 ou mais .............................

21,0 32,0 49,6

(7,6 - 46,2) (18,9 - 48,7) (26,3 - 73,0)

79,0 68,0 50,4

(53,8 - 92,4) (51,3 - 81,1) (27,0 - 73,7)

0,166

1,00 1,52 2,36

(0,54 - 4,32) (0,82 - 6,80)

DCNT / faixa etária

(anos)

Doenças Crônicas não transmissíveis

Sim (%a) IC 95%b Não (%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Hipertensão De 18 a 25 .................................. De 26 a 34 .................................. De 35 ou mais .............................

11,2 11,5 17,6

(5,9 - 20,1) (8,1 - 16,1)

(11,0 - 27,0)

88,8 88,5 82,4

(79,9 - 94,1) (83,9 - 91,9) (73,1 - 89,00

0,416 1,00 1,03 1,58

(0,51 - 2,08) (0,74 - 3,38)

Diabetes De 18 a 25 .................................. De 26 a 34 .................................. De 35 ou mais .............................

1,8 2,4 0,7

(5,1 - 6,2) (1,3 - 4,5) (0,3 - 1,9)

98,2 97,6 99,3

(93,8 - 99,5) (95,5 - 98,7) (98,1 - 99,7)

0,460 1,00 1,32 0,41

(0,32 - 5,39) (0,85 - 1,98)

Continua

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42

Conclusão

Outros comportamentos de saúde / idade (anos)

Outros comportamentos de saúde

Inativo/ Insuficiente

(%a) IC 95%b Ativo %a IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Atividade física

De 18 a 25 .................................. De 26 a 34 .................................. De 35 ou mais .............................

90,5 89,4 71,6

(84,9 - 94,2) (85,3 - 92,4) (61,4 - 79,9)

9,5

10,6 28,4

(5,8 - 15,1) (7,6 - 14,7)

(20,1 - 38,6)

< 0,001** 1,00 1,12 3,00

(0,62 - 2,02) (1,67 - 5,39)

Sim (%a) IC 95%b Não (%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Realização do exame Papanicolau nos últimos 3 anos

De 18 a 25 .................................. De 26 a 34 .................................. De 35 ou mais .............................

98,5 97,7 98,0

(95,2 - 99,5) (94,0 - 99,1) (95,6 - 99,1)

1,5 2,3 2,0

(4,6 - 4,8) (0,9 - 6,0) (0,9 - 4,4)

0,773

1,00 1,53 1,33

(0,34 - 7,02) (0,32 - 5,47)

R/MR

%a IC 95%b

B/MB

%a IC 95%b

Reg.

%a IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Autorrelato do estado de saúde

De 18 a 25 .................................. De 26 a 34 .................................. De 35 ou mais .............................

1,4 1,7 5,1

(5,7 - 3,6) (0,9 - 3,1) (1,8 - 13,7)

73,3 80,0 72,8

(64,8 - 80,3) (74,3 - 84,7) (62,8 - 80,9)

25,3 18,3 21,1

(18,3 - 33,8) (13,8 - 24,0) (14,9 - 31,4)

0,105

1,00 0,77 1,15

(0,53 - 1,12) (0,71 - 1,85)

Fonte: Elaborada para fins deste estudo. Notas: p* – Teste Qui-quadrado de Pearson; p** – p < 0,05; %a – Estimativa populacional; IC95%b –

Intervalo de confiança de 95%; RP – Razão de Prevalência; R/MR – Ruim/muito ruim; B/MB – Bom/muito bom; Reg. – Regular.

Ao se analisar os comportamentos de saúde das gestantes segundo a

sua escolaridade (Tabela 3), verificou-se que as que possuíam menor escolaridade

(0 a 8 anos de estudo) apresentaram maior prevalência de tabagismo (RP = 12,1 e

IC95%: 4,11- 35,7) e consumo de bebidas alcoólicas (RP = 3,23 e IC95%: 1,81-5,76)

quando comparadas às gestantes mais escolarizadas (12 ou mais anos de estudo).

Observou-se, também, que mulheres com menor escolaridade apresentaram

menores prevalências para o consumo de consumo de frutas, legumes e verduras

em 5 ou mais dias da semana, sendo a RP = 0,60 e o IC95%: 0,42-0,85 para as que

possuíam de 0 a 8 anos de estudo, e RP = 0,68 e IC95%: 0,56-0,85 para as com 9 a

11 anos. Maior prevalência do consumo de gorduras também foi verificada entre as

gestantes com menor escolaridade (RP = 2,46 e IC95%: 1,67-3,61 para 0-8 anos;

RP = 1,51 e IC95%: 1,10-2,08 para 9-11 anos). Verificou-se, ainda, maior

prevalência de relatar a saúde como ruim ou muito ruim nas gestantes com menor

escolaridade, RP = 3,72 e IC95%: 2,28-6,09 e RP = 2,63 e IC95%: 1,73-4,02 para

escolaridades de 0 a 8 anos e 9 a 11 anos, respectivamente. Na análise das DCNT,

observou-se maior prevalência de autorrelato de HAS entre as gestantes com 0 a 8

(RP = 3,24 e IC95%: 1,50-7,02) e 9 a 11 anos de estudos (RP = 2,02 e IC95%: 1,02-

4,00) e maior prevalência de autorrelato de diabetes entre as gestantes com 9 a 11

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43

anos de estudo (RP = 3,44 e IC95%: 1,26-9,40) comparados às gestantes mais

escolarizadas.

Tabela 3 – Prevalência dos comportamentos em saúde e DCNT entre gestantes brasileiras, segundo nível educacional, Vigitel 2009-2013

Alimento / escolaridade (anos)

Consumo alimentar

Sim %a IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Leite De 12 ou mais ................................... De 09 a 11 ........................................ De 0 a 8.............................................

59,6 71,6 64,8

(52,3 - 66,6) (66,4 - 76,4) (54,3 - 74,0)

0,066 1,00 1,20 1,09

(1,05 - 1,38) (0,89 - 1,32)

Carne com gordura aparente De 12 ou mais ................................... De 09 a 11 ........................................ De 0 a 8.............................................

16,7 25,2 41,0

(13,0 - 21,2) (20,4 - 30,7) (29,6 - 53,4)

< 0,001** 1,00 1,51 2,46

(1,10 - 2,08) (1,67 - 3,61)

≥ 5 vezes %a IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Frutas, legumes e verduras (consumo semanal)

De 12 ou mais De 09 a 11 De 0 a 8

50,5 34,6 30,4

(42,9 - 58,1) (29,5 - 40,1) (21,7 - 40,7)

0,004**

1,00 0,68 0,60

(0,56 - 0,85) (0,42 - 0,85)

Refrigerante (consumo semanal) De 12 ou mais ................................... De 09 a 11 ........................................ De 0 a 8.............................................

20,5 28,0 31,7

(14,1 - 28,7) (22,9 - 33,7) (21,4 - 44,0)

0,231 1,00 1,37 1,55

(0,91 - 2,05) (0,93 - 2,57)

Outras substâncias / escolaridade (anos)

Consumo de outras substâncias

Sim %a IC (95%)b Valor p* RP IC 95%

Tabaco De 12 ou mais ................................... De 09 a 11 ........................................ De 0 a 8.............................................

1,5 1,5

18,7

(0,6 - 4,1) (0,7 - 3,1)

(11,5 - 28,9)

< 0,001** 1,00 0,94

12,10

(0,27 - 3,27) (4,11 - 35,7)

Bebida alcoólica De 12 ou mais ................................... De 09 a 11 ........................................ De 0 a 8.............................................

7,5

10,5 24,2

(5,3 - 10,4) (7,5 - 14,5) (14,7 - 37,3)

0,001** 1,00 1,40 3,23

(0,87 - 2,23) (1,81 - 5,76)

≥ 4 doses %a IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Dose de álcool (consumo semanal) De 12 ou mais ................................... De 09 a 11 ........................................ De 0 a 8.............................................

36,2 31,2 32,9

(21,1 - 54,6) (17,6 - 49,0) (13,4 - 60,8)

0,924 1,00 0,86 0,91

(0,43 - 1,75) (0,37 - 2,25)

DCNT / escolaridade (anos)

Doenças Crônicas não transmissíveis

Sim %a IC 95%b Valor p* RP IC95%

Hipertensão De 12 ou mais ................................... De 09 a 11 ........................................ De 0 a 8.............................................

5,8

11,7 18,8

(3,2 - 10,3) (8,2 - 16,4) (11,1 - 30,0)

0,009 1,00 2,02 3,24

(1,02 - 4,00) (1,50 - 7,02)

Continua

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44

Conclusão

DCNT / escolaridade (anos)

Doenças Crônicas não transmissíveis

Sim %a IC 95%b Valor p* RP IC95%

Diabetes De 12 ou mais ................................... De 09 a 11 ........................................ De 0 a 8.............................................

0,9 3,2 0,3

(0,4 - 2,0) (1,7 - 6,3) (0,1 - 1,5)

< 0,001** 1,00 3,44 0,29

(1,26 - 9,40) (0,45 - 1,92)

Outros comportamentos de saúde / escolaridade (anos)

Outros comportamentos em saúde

Ativo %a IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Atividade física De 12 ou mais ................................... De 09 a 11 ........................................ De 0 a 8.............................................

14,2 10,9 15,1

(11,0 - 18,2) (8,3 - 14,3) (8,4 - 25,6)

0,393 1,00 0,77 1,06

(0,53-1,11) (0,58-1,97)

Sim %a IC 95%b Valor p* RP IC95%

Realização do exame Papanicolau nos últimos 3 anos

De 12 ou mais ................................... De 09 a 11 ........................................ De 0 a 8.............................................

1,0 3,1 1,1

(4,3 - 2,1) (1,3 - 7,2) (4,3 - 2,8)

0,050

1,00 3,25 1,15

(1,00-10,51) (0,33-3,97)

R/MR %a IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Autorrelato do estado de saúde De 12 ou mais ................................... De 09 a 11 ........................................ De 0 a 8.............................................

0,4 2,1 3,5

(0,1 - 1,4) (1,2 - 3,7) (1,3 - 8,7)

< 0,001** 1,00 2,63 3,72

(1,73-4,02) (2,28-6,09)

Fonte: Elaborada para fins deste estudo. Notas: %a estimativa populacional; Ic95%b – Intervalo de confiança de 95%; p* – Teste qui-quadrado

de Pearson; p** – Indicam p < 0,05; RP – Razão de prevalência; R/MR – Ruim/Muito ruim.

Alguns comportamentos em saúde das gestantes também variaram

segundo a sua região de moradia (Tabela 4). Assim, observou-se diferenças

significativas em relação ao consumo de frutas, verduras e legumes, com maior

prevalência entre as gestantes da região Sul (RP = 1,41 e IC95%: 1,04-1,93). Em

relação ao consumo de refrigerantes em 5 ou mais dias da semana verificou-se

menores prevalências entre as gestantes residentes da região Norte (RP=0,59 e

IC95%: 0,40-0,87) e Nordeste (RP = 0,50 e IC95%: 0,34-0,73), comparadas às

gestantes moradoras da região Sudeste.

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45

Tabela 4 – Prevalência dos comportamentos em saúde e DCNT entre gestantes brasileiras, segundo região de moradia, Vigitel 2009-2013

Alimento / região

Consumo alimentar

Sim (%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Leite Sudeste .................................... Sul ............................................ Centro Oeste ............................ Norte ........................................ Nordeste...................................

69,4 70,9 65,7 65,4 63,6

(60,6 - 76,9) (61,8 - 78,6) (57,1 - 73,4) (58,1 - 72,1) (58,3 - 68,7)

0,565 1,00 1,02 0,95 0,94 0,92

(0,86 - 1,21) (0,80 - 1,12) (0,80 - 1,11) (0,79 - 1,06)

Carne com gordura aparente Sudeste .................................... Sul ............................................ Centro Oeste ............................ Norte ........................................ Nordeste...................................

31,8 23,1 25,9 28,5 22,2

(22,8 - 42,2) (16,4 - 31,6) (19,7 - 33,3) (22,2 - 35,8) (17,6 - 27,7)

0,197 1,00 0,73 0,82 0,90 0,70

(0,46 - 1,15) (0,54 - 1,23) (0,60 - 1,33) (0,47 - 1,03)

≥ 5 vezes (%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Frutas, legumes e verduras (consumo semanal)

Sudeste .................................... Sul ............................................ Centro Oeste ............................ Norte ........................................ Nordeste...................................

36,1 51,1 47,9 27,6 34,3

(27,7 - 45,3) (41,8 - 60,4) (39,8 - 56,3) (22,2 - 33,8) (29,2 - 39,7)

0,001**

1,00 1,41 1,33 0,77 0,95

(1,04 - 1,93) (0,98 - 1,80) (0,55 - 1,06) (0,71 - 1,27)

Refrigerantes (consumo semanal)

Sudeste .................................... Sul ............................................ Centro Oeste ............................ Norte ........................................ Nordeste...................................

34,8 35,5 24,2 20,7 17,4

(26,0 - 44,9) (26,8 - 45,3) (17,3 - 32,7) (15,6 - 26,8) (13,3 - 22,4)

< 0,001**

1,00 1,02 0,69 0,59 0,50

(0,70 - 1,49) (0,46 - 1,06) (0,40 - 0,87) (0,34 - 0,73)

Substâncias / região

Consumo de outras substâncias

Sim (%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Tabaco Sudeste .................................... Sul ............................................ Centro Oeste ............................ Norte ........................................ Nordeste...................................

7,9 9,5 2,4 3,7 5,0

(3.9 - 15,5) (4,8 - 18,0) (0,9 - 6,3) (1,9 - 7,3) (2,6 - 9,2)

0,191 1,00 1,21 0,31 0,47 0,63

(0,46 - 3,16) (0,09 - 1,02) (0,18 - 1,25) (0,25 - 1,62)

Bebida alcoólica Sudeste .................................... Sul ............................................ Centro Oeste ............................ Norte ........................................ Nordeste...................................

16,4 9,9

12,5 7,0

13,5

(9,7 - 26,5) (6,0 - 16,1) (7,3 - 20,7) (4,2 - 11,4) (10,2 - 17,6)

0,208 1,00 0,61 0,76 0,43 0,82

(0,30 - 1,23) (0,37 - 1,59) (0,21 - 0,87) (0,46 - 1,46)

≥ 4 doses (%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Dose de álcool (consumo semanal)

Sudeste .................................... Sul ............................................ Centro Oeste ............................ Norte ........................................ Nordeste...................................

32,4 18,6 30,2 63,8 30,5

(13,4 - 59,9) ( 6,0 - 45,1) (12,6 - 56,5) (35,4 - 87,1) (16,2 - 49,8)

0,473

1,00 0,57 0,93 1,97 0,94

(0,16 - 2,09) (0,31 - 2,76) (0,82 - 4,73) (0,36 - 2,44)

Continua

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46

Conclusão

DCNT / região

Doenças Crônicas não transmissíveis

Sim (%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Hipertensão Sudeste .................................... Sul ............................................ Centro Oeste ............................ Norte ........................................ Nordeste ..................................

15,7 9,3 7,5

12,5 9,7

(9,6 - 24,8) (5,0 - 16,6) (4,4 - 12,3) (7,6 - 19,8) (7,3 - 12,8)

0,132 1,00 0,59 0,48 0,79 0,62

(0,27-1,27) (0,24-0,96) (0,40-1,56) (0,36-1,07)

Diabetes mellitus Sudeste .................................... Sul ............................................ Centro Oeste ............................ Norte ........................................ Nordeste ..................................

2,4 - 1,5 1,2 2,3

(8,7 - 6,5)

- (0,5 - 4,6) (0,4 - 3,3) (1,1 - 4,5)

0,558 1,00 - 0,63 0,49 0,95

(0,14-2,83) (0,12-2,07) (0,28-3,19)

Outros comportamentos de saúde/ região

Outros comportamentos de saúde

Ativo (%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Atividade física Sudeste .................................... Sul ............................................ Centro Oeste ............................ Norte ........................................ Nordeste ..................................

13,4 20,1 16,0 9,3 9,9

(8,4 - 20,9) (13,6 - 28,6) (11,2 - 22,2) (6,4 - 13,2) (7,3 - 13,2)

0,114

1,00 1,50 1,19 0,69 0,74

(0,83-2,71) (0,67-2,11) (0,38-1,24) (0,43-1,28)

Não (%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Realização do exame Papanicolau nos últimos 3 anos

Sudeste .................................... Sul ............................................ Centro Oeste ............................ Norte ........................................ Nordeste...................................

1,8 5,1 0,5 2,7 1,6

(0,5 - 7,1) (1,7 - 14,2) (0,1 - 2,3) (1,1 - 6,3) (0,8 - 3,9)

0,286

1,00 2,83 0,28 1,50 0,89

(0,49-1,60) (0,40-2,21) (0,28-7,41) (0,19-4,25)

R/MR (%a) IC 95%b Valor p* RP IC 95%

Autorrelato do estado de saúde

Sudeste .................................... Sul ............................................ Centro Oeste ............................ Norte ........................................ Nordeste...................................

1,5 2,7 1,0 3,7 2,5

(0,4 - 5,6) (1,1 - 6,7) (0,2 - 4,7) (1,7 - 7,9) (1,2 - 3,5)

0,512

1,00 1,05 0,68 1,29 1,20

(0,62-1,79) (0,39-1,18) (0,82-2,05) (0,78-1,83)

Fonte: Elaborada para fins deste estudo. Notas: %a – Estimativa populacional; IC95%b – Intervalo de confiança de 95%; p* – Teste Qui-

quadrado de Pearson; p** – p < 0,05; RP – Razão de Prevalência; R/MR – Ruim/Muito ruim.

Ao avaliar as gestantes quanto à soma dos comportamentos de saúde,

observou-se que 4,4% das mulheres apresentaram todos os comportamentos

desejáveis e 95,6% apresentaram pelo menos um comportamento negativo.

Verificaram-se diferenças dessa soma em relação às variáveis sociodemográficas e

maior prevalência de comportamentos negativos entre as gestantes com menor

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escolaridade (RP = 1,02 e IC95%: 1,01-1,03) comparadas às gestantes mais

escolarizadas (Tabela 5). Não foram observadas diferenças significativas segundo

as faixas etárias e regiões de moradia.

Tabela 5 – Soma dos comportamentos de saúde das gestantes brasileiras segundo idade, escolaridade e região de moradia, Vigitel 2009-2013

Variáveis sociodemográficas

Pelo menos um comportamento negativod

Comportamento desejávele

Valor p* RP IC 95%

na %b IC 95%c na %b IC 95%c

Idade das gestantes (anos)

De 18 a 25 De 26 a 34 De 35 ou mais

559 864 351

98,2 97,5 95,7

(94,8 - 99,4) (96,2 - 98,4) (92,2 - 97,7)

16 42 23

1,8 2,5 4,3

(0,6 - 5,2) (1,6 - 3,8) (2,3 - 7,8)

0,290

1,00 0,99 0,97

(0,97 - 1,02) (0,94 - 1,01)

Cor da pele Branca Negros Pardos Outros

666 134 503 471

98,1 98,9 97,3 96,5

(97,1 - 98,7) (95,5 - 99,8) (95,0 - 98,6) (92,2 - 98,4)

39 4,0 19 19

1,9 1,1 2,7 3,5

(1,5 - 2,9) (0,3 - 4,5) (1,4 - 5,0) (1,6 - 7,8)

0,324 1,00 1,01 0,99 0,98

(0,99 - 1,03) (0,97 - 1,01) (0,95 - 1,01)

Escolaridade (anos) De 12 e mais De 9 a 11 De 0 a 8

671 850 253

97,4 96,5 99,5

(95,9 - 98,4) (94,2 - 97,9) (98,5 - 99,8)

34 42 50

2,6 3,5 0,5

(1,6 - 4,1) (2,1 - 5,8) (0,2 - 1,5)

0,002** 1,00 0,99 1,02

(0,97 - 1,01) (1,01 - 1,03)

Estado civil Com companheiro Sem companheiro

1.198

576

97,5 97,6

(96,3 - 98,3) (94,7 - 99,0)

58 23

2,5 2,4

(1,7 - 3,7) (1,0 - 5,3)

0,874 1,00 1,00

(0,98 - 1,02)

Região Sudeste Sul Centro oeste Norte Nordeste

211 150 265 521 627

98,8 93,9 96,4 96,9 97,5

(95,2 - 99,7) (87,9 - 97,1) (92,3 - 98,3) (94,8 - 98,2) (95,7 - 98,5)

60 14 12 27 22

12 6,1 3,6 3,1 2,5

(0,3 - 4,8)

(2,9 - 12,1) (1,7 - 7,7) (1,9 - 5,3) (1,5 - 4,3)

0,111 1,00 0,95 0,97 0,98 0,99

(0,90 - 1,00) (0,94 - 1,01) (0,96 - 1,00) (0,96 - 1,01)

Fonte: Elaborada para fins deste estudo. Notas: %a – estimativa populacional; IC 95%b – intervalo de 95% de confiança; p* – Teste qui-

quadrado de Pearson; p** – p < 0,05; RP – Razão de prevalência.

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48

5 DISCUSSÃO

No presente estudo, observou-se o perfil sociodemográfico das gestantes

brasileiras, com maior prevalência na faixa etária entre 26 a 34 anos, cor de pele

branca, com 9 a 11 anos de estudo, com companheiro, residentes nas regiões

Sudeste e Nordeste do país e que mantem algum tipo de ocupação no mercado de

trabalho, características muito semelhantes às encontradas pelo estudo ”Nascer no

Brasil” (VIELLAS et al., 2014). Verificou-se, principalmente, que o comportamento

em saúde das gestantes mostrou-se inadequado, caracterizado, principalmente, pelo

baixo consumo de leite, frutas e hortaliças, consumo elevado de carnes com gordura

e refrigerantes, além da pouca frequência da prática de atividade física,

prevalecendo os hábitos sedentários. Outro achado importante deste estudo foi a

diferença notável entre as mulheres de distintos níveis de educação, revelando a

escolaridade como fator de iniquidade para a saúde dessas mulheres, uma vez que

o grupo de gestantes com menor escolaridade apresentou pior desempenho em

relação aos comportamentos de saúde e DCNT.

Observou-se que a maioria das gestantes está na faixa etária entre 26 a

34 anos (48%), período referenciado como excelente do ponto de vista reprodutivo,

uma vez que a literatura confirma que o aumento da idade materna acentua o risco

de morbimortalidade perinatal (MAHANTA et al., 2012). Considera-se idade

reprodutiva da mulher a faixa etária entre 10 e 49 anos; e mulheres com

características individuais mais favoráveis à gestação aquelas entre 15 e 35 anos de

idade (MAHANTA et al., 2012).

Estudos prévios demonstraram o impacto dos extremos da vida

reprodutiva, adolescência (< 15 anos) e idade avançada (> 35 anos) sobre os

resultados maternos e perinatais. A gravidez na adolescência, além das

repercussões sobre a saúde da mulher e sobre o seu status social, esteve também

associada com prejuízo para os RN, como aumento na incidência de prematuridade,

baixo peso ao nascer, crescimento fetal restrito, ruptura prematura de membranas,

anemia, pré-eclâmpsia, sofrimento fetal agudo e aumento na incidência de cesáreas

(QUEIROZ et al., 2014; RODRIGUES et al., 2015) ainda associam os resultados

negativos à assistência pré-natal deficiente, comum nesta faixa etária,

provavelmente devido à presença de conflitos familiares e existenciais que retardam

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a procura pelo serviço de pré-natal pelas adolescentes. Por outro lado, os riscos

associados à idade avançada são: maior risco obstétrico, decorrente da frequência

aumentada de DCNT, especialmente HAS, DM e miomas, que acarretam riscos

potenciais à gravidez, além do aumento de complicações obstétricas, como trabalho

de parto pré-termo, hemorragias anteparto, hipertensão induzida pela gestação,

apresentações anômalas, distorcias, gestação prolongada, oligoidramnia,

polidramnia e ruptura prematura de membranas (RODRIGUES et al., 2015;

SANTOS, G. H. N. et al., 2009).

Outro resultado encontrado foi que a maioria das gestantes vive com

companheiro e têm de 9 a 11 anos de estudos, porém 26,8% delas possuem menos

de 8 anos de estudo. Estes resultados são consistentes com a literatura nacional e

internacional, ressaltando a evidência de uma associação negativa entre baixa

escolaridade, idade menor de 15 ou maior de 35 e situação conjugal insegura na

gestação, com a variação dos desfechos na saúde materno fetal nesse período

(BARON et al., 2015; LACERDA et al., 2014).

Ainda em relação ao estado civil, sabe-se que a ausência do suporte

social é um fator desencadeador de problemas materno-fetais, uma vez que mães

sem companheiros, com situação conjugal insegura ou provenientes de famílias

desestabilizadas tendem a apresentar maior frequência de sintomas depressivos

durante e/ou após o período gestacional (SHENG; LE; PERRY, 2010).

Verificou-se, ainda neste estudo, maior frequência de gestantes de cor de

pele branca (39,2%), residentes da região Sudeste (41,7%) e que mantinham algum

tipo de ocupação no mercado de trabalho (60,7%). Tais dados se assemelham aos

resultados da pesquisa Nascer no Brasil - Inquérito Nacional sobre Parto e

Nascimento de base hospitalar específico para gestantes, puérperas e seus RN,

realizado no período de fevereiro de 2011 a outubro de 2012, em que também foram

encontrados dados consistentes ao presente estudo quanto a maior prevalência de

gestantes de gestantes de cor parda (56,1%) seguido de branca (33,8%), residentes

da região Sudeste (42,5%), com faixa etária entre 20 a 34 anos de idade (70,5%),

com ensino médio completo (39,0%) e que vivem com companheiro (81,4%) (LEAL;

GAMA, 2014; VIELLAS et al., 2014).

Em relação aos comportamentos de saúde, no que diz respeito ao

consumo alimentar, verificou-se que as gestantes apresentavam baixo consumo de

frutas, legumes e verduras, insatisfatório consumo de leite e consumo elevado de

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carnes com gordura aparente e de refrigerantes. Além disso, o consumo de bebidas

alcoólicas e tabaco também foram declarados, sendo esses comportamentos não

recomendados no período gestacional (BRASIL, 2013).

Estes achados são preocupantes, pois as frutas e as hortaliças, além de

facilitarem a absorção de ferro, são ricas em minerais e vitaminas, indispensáveis

para o metabolismo e saúde do organismo materno e fetal, devendo ter seu

consumo aumentado durante o período gestacional (BELARMINO et al., 2009;

MORAES, L. P.; MORAES, P. M. O.; RIBEIRO, 2014). Recomenda-se, no período

gestacional, o consumo em média de 400g de frutas e vegetais por dia, sendo cinco

porções ao dia de legumes/verduras e 4 ½ porções ao dia de frutas no primeiro,

segundo e terceiro trimestres de gestação (DEMÉTRIO, 2010; MORAES, L. P.;

MORAES, P. M. O.; RIBEIRO, 2014).

Além disso, sabe-se que esses alimentos e seus componentes estão

diretamente relacionados à formação e desenvolvimento fetal e possuem alta

densidade de nutrientes e baixas concentrações de calorias, características que os

tornam ideais para a prevenção do consumo excessivo de energia e da obesidade e

das doenças crônicas associadas a esta condição, como as doenças do coração e o

diabetes (ROSA; MOLZ; PEREIRA, 2014).

No presente estudo, o consumo de frutas e hortaliças aumentou com a

idade e foi mais frequente na região Sul do Brasil (51,1%). Pesquisa realizada com

gestantes usuárias da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Munícipio de Taquari

(RS) também revelou baixo consumo de frutas, legumes e verduras (FLV),

representado por 40,0% das gestantes que consumiam 5 ou mais vezes por semana

vegetais e 46,7% o consumo de frutas, não atingindo as recomendações mínimas de

consumo de FLV da OMS, apesar das políticas de incentivo ao consumo (ROSA;

MOLZ; PEREIRA, 2014).

Quanto ao consumo de leite, verificou-se que esse hábito foi mais

frequente entre as gestantes mais jovens (73,6%), porém uma parte expressiva das

mulheres não apresentou esse comportamento (32,9%). Estudo realizado por Rosa,

Molz e Pereira (2014) encontrou que 20% das gestantes estudadas relataram nunca

consumir leite. Ressalta-se que o leite e seus derivados são ricos em proteínas,

vitaminas e em minerais, principalmente o cálcio (BRASIL, 2014c). Este mineral é

responsável não só por suprir as necessidades maternas, como também formar as

estruturas ósseas e dentárias do feto, sendo recomendado, segundo “Dietary

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Reference Intakes” que, mulheres grávidas ou amamentando consumam em média

1.000 mg de cálcio diariamente. Já para adolescentes grávidas, a ingestão

recomendada é maior, 1.300 mg de cálcio por dia, sendo as principais fontes

naturais desse mineral os leites e produtos lácteos com pouco gordura, vegetais

folhosos verde-escuros, sardinhas, salmão, tofu e amêndoas (PARIZZI; FONSECA,

2010; POTENZA; OLIVEIRA; PIOVACARI, 2009).

Além disso, alguns estudos têm demonstrado a associação entre o baixo

consumo de cálcio e o favorecimento do aparecimento de DCNT, entre elas

osteoporose, câncer de colo, hipertensão arterial e obesidade (VEIGA et al., 2013).

Em relação ao consumo de carne com gordura aparente, a frequência

deste consumo diminuiu com o aumento da faixa etária e foi menor entre as

mulheres mais escolarizadas. Segundo dados gerais do relatório do Vigitel (BRASIL,

2015), 29,4% da população estudada declarou ter o hábito de consumir carnes com

excesso de gordura (BRASIL, 2015).

Deve-se salientar que o consumo de carnes com gordura aparente não é

recomendado em nenhuma fase do ciclo da vida e, no período gestacional, o

consumo de gordura saturada favorece o aumento do peso, o risco de doenças

cardiovasculares, DM, partos cirúrgicos, pré-eclâmpsia e, consequentemente,

maiores taxas de retenção de peso no período pós-parto ou ainda obesidade futura

(TEIXEIRA, C. S. S.; CABRAL, 2016). Além disso, pode piorar o desconforto gástrico

que, na gestante, já é uma condição muito frequente devido à ação da progesterona

e compressão orgânica do sistema digestivo da mulher grávida (GOMES, K. C. F.;

FERREIRA; GOMES, D. L., 2015). Ademais, as crianças podem ficar mais

propensas a apresentarem microssomia, riscos de malformação fetal e maior

mortalidade perinatal (GOMES, K. C. F.; FERREIRA; GOMES, D. L., 2015;

TEIXEIRA, C. S. S.; CABRAL, 2016).

Sabe-se, ainda, que o impacto da obesidade materna se estende para

além da vida intrauterina e neonatal, pois atinge a infância, a adolescência e a idade

adulta (TENENBAUM-GAVISH; HOD, 2013).

Com relação ao consumo de bebidas açucaradas, foi verificado um

consumo diário de refrigerante elevado, com maior frequência na região Sul do

Brasil (35,5%). O consumo abusivo de bebidas açucaradas e de alta densidade

energética também pode contribuir para o aumento do peso durante a gestação,

trazendo prejuízos para a mãe e para o feto, além de estar relacionado com

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alterações, como o diabetes gestacional, doenças do coração e macrossomia fetal

(CAMARGO et al., 2013).

No estudo desenvolvido por Rosa, Molz e Pereira (2014) foram

encontrados dados semelhantes à presente pesquisa: no grupo dos açúcares e

doces foi verificado o consumo diário de refrigerante por quase a metade das

gestantes (28,3%).

Durante o período gestacional a mulher necessita aumentar o consumo

de alimentos fontes de carboidratos para atender a nova demanda energética do seu

organismo, no entanto é preciso que este consumo seja feito de maneira moderada,

uma vez que, durante a gravidez, ocorrem alterações metabólicas significativas

como, por exemplo, um aumento crescente da resistência à insulina, dificultando a

quebra do composto denominado de sacarina pelo organismo materno e presente

em muitos alimentos como bolos, doces e biscoitos recheados. A sacarina apresenta

extrema facilidade de atravessar a barreira hematoplacentária e de se acumular nos

tecidos fetais em decorrência da secreção e ação do hormônio lactogênico

placentário, podendo este depósito causar malefícios ao feto (ALVES FILHO, 2011).

A ingestão adequada de carboidratos durante a gestação, segundo

recomendações do Intitute of Medicine (IOM) é de 175g/dia, e a necessidade

energética média estimada é de 135g/dia, sendo a quantidade de 135 a 175g/dia

suficiente para prevenir cetose e manter os níveis de glicose sanguínea apropriados

durante a gestação (BROGNOLI; NEME; PASSONI, 2014; CASTRO, P. S.;

CASTRO, M. B. T.; KAC, 2013; INSTITUTE OF MEDICINE, 2009).

Embora o açúcar forneça um suprimento energético eficaz e imediato

para as gestantes sendo considerado um fator determinante no crescimento fetal,

seu consumo em excesso e de maneira compulsória pode predispor a sérios riscos

materno fetais como, a diabetes gestacional, deslocamento prematuro placentário

além de aumento de aumento do desconforto gástrico da gestante e agitação

intrauterino do feto (ALVES FILHO, 2011).

Ainda em relação ao estilo de vida, semelhante a outros estudos, um

percentual relevante de gestantes declarou fumar e consumir bebidas alcoólicas,

sendo que, das mulheres que relataram o consumo de álcool, cerca de um terço

fazia consumo abusivo de álcool. Os dados do presente estudo ainda revelam que o

uso dessas substâncias é mais frequente entre as gestantes menos escolarizadas e

tende a aumentar com o avanço da idade, similar aos resultados de outras

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pesquisas, que mostram variação do uso de álcool na gestação de 2,0% a 20,4%

(LACERDA et al., 2014; ROSA; MOLZ; PEREIRA, 2014). Este achado não era

esperado, uma vez que o uso de substâncias nocivas à saúde e o estilo de vida

pouco saudável no período gravídico puerperal, como uso de drogas lícitas e ilícitas,

devem ser investigados e desestimulados durante o pré-natal, pois o crescimento

fetal restrito, o aborto, o parto prematuro, as deficiências cognitivas no concepto, a

mortalidade infantil, o descolamento prematuro de placenta, dentre outros, podem

estar associados a esses comportamentos inadequados (ISOBE et al., 2013).

Recente estudo realizado por Mourtakos e outros (2015) ainda revela que

a exposição de gestantes ao fumo aumenta em 50% o risco de desenvolvimento de

obesidade infantil e na pré-adolescência, sendo essa exposição ambiental

considerada evitável.

Quanto à prática de atividade física, verificou-se elevada frequência de

inatividade física entre as gestantes, sendo as mulheres mais jovens as mais

sedentárias. A predominância da inatividade física durante o período gestacional

também foi observada em estudos nacionais e internacional, em que, mulheres

brasileiras e norueguesas apresentaram-se inativas durante a gestação 100%,

81,7% e 89%, respectivamente aos artigos (HAAKSTAD et al., 2009; ROMERO et

al., 2015; TAVARES et al., 2009). Dumith e outros (2012) observaram que apenas

um terço das mulheres (32,8%) mantiveram-se ativas durante todo o período

gestacional, sendo as jovens as mais ativas. Os autores ainda ressaltam que esta

redução da prática de atividade física ocorre tanto em mulheres ativas no período

pré-gestacional, que interrompem a prática durante a gestação, assim como nas

mulheres que eram sedentárias.

Sabe-se que a inatividade física durante o período gestacional está

associada a desfechos indesejáveis maternos e fetais, como ganho de peso

excessivo, obesidade, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia/eclâmpsia,

prematuridade e baixo peso ao nascer (ROMERO et al., 2015).

Essa queda do padrão de atividade física talvez possa ser explicada pelo

elevado percentual de mulheres que se encontravam inseridas no mercado de

trabalho durante gestação (60,7%) acarretando na falta de tempo livre para investir

na atividade física, associada ainda a falta de estímulo por parte dos profissionais de

saúde durante o pré-natal, à prática de atividade física regular bem como em

adotarem um estilo de vida mais saudável (TAVARES et al., 2009).

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Por outro lado, as diretrizes de incentivo a promoção da atividade física

apresentam os potenciais benefícios para a saúde materno-fetal há mais de uma

década, porém a prática regular não é realizada ou é muito pouco frequente no

período gestacional (ROMERO et al., 2015). Reforça-se que a prática regular de

atividade física no lazer é indicada para gestantes saudáveis devido aos benefícios

maternos e fetais que podem ocorrer em curto ou em longo prazo e deve ser

recomendada por profissionais de saúde, devido a sua importância na manutenção

da qualidade de vida e no desenvolvimento saudável da gestação (ROMERO et al.,

2015).

Segundo Ferreira e outros (2014) os benefícios relacionados à prática de

atividade física durante a gestação podem ser biológicos, com o melhor controle do

ganho de peso sem comprometer o crescimento fetal e ainda uma melhor

recuperação no período pós-parto, bem como os benefícios psicossociais, que

englobam alterações de comportamento e sensações como medo e ansiedade, bem

como a criação de estados de humor mais positivos, reduzindo os sintomas

depressivos durante a gravidez e após o parto (FERREIRA et al., 2014).

Diante dos dados de sedentarismo da população como um todo, o

Ministério da Saúde vem desenvolvendo programas de incentivo a prática de

atividade física, de preferência com frequência diária, como o Programa Nacional de

Promoção da Atividade Física “Agita Brasil”, porém o programa dá ênfase a

segmentos expostos a comportamentos de risco para DCNT, dessa forma observa-

se uma carência de programas voltados para as gestantes (LEANDRO; MADEIRA

FILHO, 2002).

Em relação ao autorrelato de comorbidades, 12,3% das gestantes deste

estudo declararam diagnóstico de HAS e 1,9% delas relataram presença de DM. Na

pesquisa de A. Silva e outros (2015), a frequência de HAS nas gestantes estudadas

foi de 15,6% e a de DM, 1,1%. Quanto ao DM, no Brasil, há uma prevalência de

7,6% de gestantes maiores de 20 anos com a doença, sendo este valor superior ao

encontrado nesta pesquisa (ZAPELINI et al., 2015).

A hipertensão arterial na gravidez é definida como alterações persistentes

dos níveis de pressão arterial sistólica ou diastólica igual ou superiores a 140 x

90mmHg. Também é considerada hipertensão arterial a elevação de pelo menos de

30mmHg na pressão sistólica e 15 mmHg na pressão diastólica, em relação ao

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menor valor registrado no segundo trimestre de gestação (AGUIAR, L. R. S. et al.,

2014).

As síndromes hipertensivas mais frequentes entre as gestantes são

classificadas como hipertensão gestacional, sendo diagnosticada a primeira vez

durante a gestação, sem presença de proteinúria e retornando aos níveis normais

doze semanas pós-parto; pré-eclâmpsia os níveis pressóricos são maiores que 140

x 90mmhg diagnosticada após a vigésima semana associada à proteinúria acima

300mg/ 24 horas e a hipertensão gestacional crônica, detectada antes da gravidez

ou antes da vigésima semana, sendo diferenciadas quanto à prevalência, gravidade

e sequelas sobre o feto (AGUIAR, L. R. S. et al., 2014).

A síndrome hipertensiva específica da gravidez é uma ocorrência de

grande morbimortalidade materna e perinatal, possuindo uma elevada taxa de

incidência e de prevalência no Brasil, ocupando o primeiro lugar dentre as afecções

próprias do ciclo grávido-puerperal e, a primeira causa de morte materna,

principalmente quando se transforma em uma de suas formas graves, como a

eclampsia e a síndrome de HELLP, interferindo, de forma significativa, nas

gestações de mulheres primíparas e multíparas (AGUIAR, M. I. F. et al., 2010).

O manejo correto de gestantes hipertensas durante o pré-natal requer

atenção tornando-se de extrema relevância escutar as pacientes de maneira

individualizada, a fim de atender suas necessidades e desejos, buscando sempre a

prevenção e a promoção da saúde. A relevância dessa abordagem se dá na

realização do diagnóstico precoce, bem como na identificação dos fatores que

possam desencadear uma HAS na gestante como alimentação não saudável,

obesidade, sedentarismo, estresse e consumo de álcool (NOVO; GIANINI, 2010).

As medidas preventivas abordadas durante o ciclo gravídico-puerperal

são fundamentais para garantir um bom prognóstico materno-fetal, podendo ser

implementadas durante a consulta pré-natal e também na hospitalização dessas

pacientes que, necessariamente devem ser desenvolvidas por uma equipe

multiprofissional que, através de um processo de trabalho integrado e participativo,

visa à manutenção ou restabelecimento de saúde da gestante (AGUIAR, L. R. S. et

al., 2014).

Já o diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido clinicamente como

uma tolerância diminuída a glicose, com início ou primeiro diagnóstico durante a

gestação (AMARAL et al., 2015). O aparecimento dessa patologia pode ser ex-

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plicado pela elevação de hormônios contrarreguladores da insulina, pelo estresse

fisiológico imposto pela gravidez e a fatores predeterminantes (genéticos ou

ambientais). No Brasil, a incidência do DMG em mulheres com mais de 20 anos

atendidas no SUS resulta em mais 200.000 casos por ano (SANTOS, E. M. F. et al.,

2012; ZAPELINI et al., 2015).

Desta forma, o reconhecimento prévio dos fatores de riscos para DMG

durante o pré-natal torna-se relevante para prevenção de complicações (VIEIRA

NETA et al., 2014). Assim, pacientes com idade maior que 20 anos; portadoras de

sobrepeso ou obesidade; com antecedentes familiares de primeiro grau diabéticos

e/ou hipertensos; usuárias de drogas hiperglicemiantes; portadoras da síndrome dos

ovários policísticos e/ou síndrome metabólica; com história de perda gestacional de

repetição; polidrâmnio; macrossomia e óbito fetal merecem cuidado especial e uma

atenção diferenciada no pré-natal (VIEIRA NETA et al., 2014).

No Brasil, o MS, recomenda o rastreamento da doença na primeira

consulta em todas as gestantes, utilizando a glicemia de jejum e os fatores de riscos

como parâmetros (BRASIL, 2010). O rastreamento será positivo quando a glicemia

de jejum for ≥ 85mg/dl e/ ou na presença de fator de risco. Nessas condições

impõem a necessidade da realização do teste diagnóstico com 75 g de glicose, a

partir das 24 semanas. Os novos parâmetros do teste de tolerância à glicose com 75

g para o diagnóstico de DMG são 92mg/dl para glicose em jejum; 180 mg/dl na

glicose de 1 hora e 153 mg/dl na glicose de duas horas após a sobrecarga oral.

Desta forma, o diagnóstico de DMG será confirmado por apenas um valor igual ou

superior aos limites pré-definidos. Após o diagnóstico, estas gestantes devem ser

incluídas no protocolo de tratamento para prevenção de desfechos maternos e

perinatais adversos (BRASIL, 2010).

O diagnóstico precoce do DMG está associado com o aumento do risco de

complicações tanto para a mãe como para o feto, durante a gestação e, até mesmo,

anos após o parto (AMARAL et al., 2015). Os desfechos adversos associados ao

DMG incluem anomalias fetais, recém-nascidos grandes para a idade gestacional,

sofrimento fetal, desequilíbrio no crescimento e outras complicações em longo

prazo, incluindo obesidade e danos ao desenvolvimento neuropsicomotor (AMARAL

et al., 2015). Além disso, o autor ainda ressalta que gestantes com DMG possuem

maior risco de desfechos desfavoráveis durante a gestação, como parto prematuro,

infecções urinárias de repetição e distúrbios hipertensivos.

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Nessa perspectiva, o manejo correto do pré-natal deve priorizar a educação

em saúde e cuidados importantes, priorizando a dieta, atividade física, controle

glicêmico e orientações quanto ao tratamento medicamentoso, de maneira a impedir

um resultado desfavorável para gestante e para o recém-nascido (VIEIRA NETA et

al., 2014).

Outro dado relevante em relação ao comportamento em saúde das

gestantes brasileiras foi a elevada cobertura do exame Papanicolau, representado

por 98,0% das mulheres - que relataram ter realizado o exame nos últimos 3 anos -,

alcançando a meta estipulada pelo Programa Nacional de Prevenção do Câncer

Cervical, de cobertura mínima de 80% de realização do exame citopatológico e,

ainda, superior à meta de cobertura nacional de 81,4%, segundo relatório do Vigitel,

de 2014 (BRASIL, 2015). Esse achado corrobora evidências de que as gestantes

apresentam chance três vezes maior de serem diagnosticadas como portadoras de

lesões em estádio inicial do câncer de colo do que os controles de rotina, visto que,

nesse período, os exames vaginais tendem a ser mais frequentes e, como a maioria

dessas lesões são assintomáticas, o diagnóstico quase sempre ocorre em consultas

de controle, mais frequentes durante o pré-natal (GONÇALVES et al., 2011), quando

a mulher visita mais vezes os serviços de saúde e assim, tem mais oportunidades de

rastreio.

Por fim, quanto ao autorrelato do estado de saúde, embora a grande

maioria das mulheres tenha avaliado a sua saúde geral como muito boa e regular,

2,1% das mulheres indicaram condições de saúde muito ruins, com prevalência

dessa situação entre as gestantes menos escolarizadas. Em consonância com

estudo prévio, que avaliou o estado de saúde e os comportamentos de saúde de

gestantes em cuidados primários, foi observado que, embora a grande maioria das

mulheres avaliasse sua saúde geral de boa a excelente, dois terços de todas as

mulheres indicaram condições de saúde muito ruins, por motivos da presença de

obesidade e baixo peso, depressão/ansiedade, tabagismo, não comparecimento ao

pré-natal, gravidez não planejada e não consumo diário de frutas e hortaliças, com

todos esses fatores associados a baixa escolaridade das gestantes (BARON et al.,

2015).

Quanto aos comportamentos de saúde das gestantes segundo a

escolaridade, no presente estudo verificou-se que as gestantes que possuíam menor

escolaridade apresentaram hábitos de vida inadequados, com ênfase na maior

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prevalência do consumo de gorduras (41%), tabaco (18,1%), bebida alcoólica

(24,2%), maior prevalência de HAS (18,8%), DM (3,2%) e em relatar a saúde como

ruim ou muito ruim (3,5%), e ainda menor prevalência para o consumo de frutas,

verduras e legumes (30,4%).

Segundo Xavier e outros (2013), os fatores mais comumente associados

aos desfechos indesejáveis na gestação são os socioeconômicos e, dentre eles, a

escolaridade. Baron e outros (2015) também ressaltam a relação do nível

educacional com comportamentos inadequados em saúde durante a gravidez.

Contudo, em um contexto de iniquidades em saúde, um maior nível de

instrução pode refletir diretamente na situação socioeconômica, pois gestantes com

baixo poder aquisitivo teriam menos acesso aos serviços de saúde e aos programas

de incentivo a hábitos saudáveis de vida; aos alimentos em termos de quantidade e

qualidade, resultando em consumo de alimentos altamente calóricos, por serem

mais baratos refletindo em sedentarismo, obesidade e desenvolvimento de DCNT

repercutindo diretamente na qualidade da assistência à gestante (XAVIER et al.,

2013).

Contudo, se os riscos reprodutivos são influenciados por questões que

ultrapassam o campo biomédico e dizem respeito às vulnerabilidades sociais, os

serviços de saúde devem ultrapassar as barreiras das práticas assistenciais focadas

exclusivamente em doenças e desenvolver abordagens mais amplas que possam

enfrentar as iniquidades sociais em saúde existentes, uma vez que, o adoecimento

abarca questões de classe social, gênero, raça, nível de instrução entre outras, é

fundamental que se incorporem no cotidiano prático dos profissionais de saúde

discussões sobre direitos fundamentais, cidadania e equidade para assim

contemplar de forma mais ampla os princípios e diretrizes norteadores do SUS

(XAVIER et al., 2013).

5.1 LIMITAÇÕES

O presente estudo apresentou algumas dificuldades relacionadas à

metodologia do sistema Vigitel que, devido a recentes mudanças dos padrões

populacionais, como o esperado aumento da escolaridade e o crescimento da

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população de idosos, podem influenciar nas estimativas aqui apresentadas super ou

subestimando-as. No caso de indicadores, como o tabagismo, que se associam com

escolaridade, as estimativas podem estar superestimadas; e no caso da

hipertensão, que se associa com aumento da idade, as estimativas atuais podem

estar subestimadas. O fato do presente estudo ser de delineamento transversal, que

realiza um corte descrevendo apenas um único momento do tempo sem o

acompanhamento do entrevistado pode ser considerado um fator dificultador.

Outro ponto limitante de trabalhar com o banco de dados do Vigitel, é que

este programa não foi construído com o objetivo de trabalhar especificamente com

gestantes e sim com a população brasileira geral, ocasionando a falta de dados

importantes para a pesquisa como o período gestacional, dados antropométricos,

cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional, bem como o peso das

gestantes e outros dados específicos dessa população, porém procurou-se trabalhar

com outras variáveis presentes no questionário do Vigitel relacionados ao

comportamento em saúde das gestantes que nos possibilitou alcançar nossos

objetivos, dando maior confiabilidade nos dados apresentados.

5.2 POTENCIALIDADES

As potencialidades da pesquisa fundamentam-se no tamanho amostral de

base nacional, que permite realizar inferências populacionais sólidas e

representativas da população brasileira geral, bem como também da aproximação

estatística da presente amostra com o desenho da amostra do Nascer no Brasil,

trazendo confiança e credibilidade nos dados apresentados do atual estudo.

Importante ressaltar como fator potencializador, a escassez de estudos

publicados em nível nacional e internacional que avaliam e colaboram para estimar

tais fatores na população gestante e mostrar o quanto esses achados contribuem

para a necessidade de ações mais efetivas de promoção da saúde e controle de

agravos dessa população específica exposta nessa pesquisa.

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6 CONCLUSÃO

O perfil de saúde das gestantes, em sua maioria, mostrou-se inadequado,

ressaltando a necessidade de estratégias de promoção e intervenção no âmbito da

saúde pública que envolvam ações direcionados principalmente à prática de

atividade física regular, abandono ao consumo de tabaco e álcool, à alimentação

saudável, especialmente para o controle do excesso de peso/obesidade e doenças

crônicas associadas com ênfase para HAS e DM para esse grupo populacional em

específico.

A consulta de enfermagem no pré-natal representa um momento oportuno

de captação precoce de gestantes e para a mudança desse cenário ruim por meio

do desenvolvimento de práticas que permitam um manejo adequado das mulheres

ao longo do ciclo gestacional. Nessa abordagem, o profissional deve estimular a

mudança de comportamentos que confiram risco à gestação, promovendo estilos de

vida saudáveis, e orientar, caso necessário, sobre a necessidade de

encaminhamento para apoios especializados.

Podemos considerar avanços na assistência à saúde da mulher no Brasil

no que diz respeito à ampliação do acesso à assistência pré-natal, alcançando

praticamente a totalidade das gestantes brasileiras, porém muitos desafios ainda

persistem, notadamente visíveis pelos resultados do presente estudo, principalmente

relacionados ao manejo correto das gestantes ao longo do pré-natal bem como ao

estímulo à mudança de comportamentos em saúde que em sua maioria mostraram-

se inadequados neste estudo caracterizado pelo sedentarismo e pela alimentação

inadequada.

Ressalta-se ainda que a redução da morbimortalidade materna e perinatal

não serão alcançadas sem a superação das barreiras ao diagnóstico precoce da

gravidez, ao início do acompanhamento pré-natal nas primeiras semanas de

gestação e à realização de cuidados efetivos, tais como diagnóstico e tratamento de

afecções e a promoção de ações de saúde objetivando prevenir DCNT e provocar

mudança de hábitos e comportamentos inadequados de saúde das gestantes.

O presente trabalho alcançou os objetivos propostos e torna-se importante

uma vez que revelou a necessidade de se obter um maior conhecimento do perfil

dos comportamentos de saúde das gestantes no Brasil bem como sua distribuição

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segundo características socio­demográficas, visando ao aperfeiçoamento das

práticas assistenciais de promoção e intervenção no âmbito da saúde pública para

atender as necessidades e vulnerabilidades sociodemográficos que geram as

desigualdades sociais que fragilizam o universo estudado.

Sugere-se, ainda, que novos estudos sejam conduzidos com o intuito de

investigar a qualidade do atendimento às gestantes usuárias de serviços de saúde,

considerando que este é um grupo de maior vulnerabilidade social e biológica, a fim

de nortear a implementação de políticas públicas para intervir em programas de

assistência pré-natal que levem informações claras e práticas a respeito da

importância de hábitos de vida mais adequados nesta fase da vida da mulher.

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ANEXOS

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ANEXO A – Questionário do Sistema Vigitel utilizado no ano de 2014

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ANEXO B – Aprovação no Comitê Nacional de Ética em Pesquisa para Seres

Humanos do Ministério da Saúde – CONEP n° 13081