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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA UFPB/UFC/UFRPE MORFOLOGIA E PRODUTIVIDADE DO GIRASSOL E ATRIBUTOS BROMATOLÓGICOS DA TORTA ÉRICO DE SÁ PETIT LOBÃO AREIA - PB AGOSTO/2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

UFPB/UFC/UFRPE

MORFOLOGIA E PRODUTIVIDADE DO GIRASSOL E ATRIBUTOS

BROMATOLÓGICOS DA TORTA

ÉRICO DE SÁ PETIT LOBÃO

AREIA - PB AGOSTO/2013

i

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

UFPB/UFC/UFRPE

MORFOLOGIA E PRODUTIVIDADE DO GIRASSOL E ATRIBUTOS

BROMATOLÓGICOS DA TORTA

ÉRICO DE SÁ PETIT LOBÃO Zootecnista

AREIA - PB

AGOSTO/2013

ii

ÉRICO DE SÁ PETIT LOBÃO

CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DO GIRASSOL SOB

ADUBAÇÃO ORGÂNICA E ATRIBUTOS BROMATOLÓGICOS

DA TORTA

Tese apresentada ao Programa de

Doutorado Integrado em Zootecnia

da Universidade Federal da

Paraíba, Universidade Federal

Rural de Pernambuco e

Universidade Federal do Ceará

como requisito parcial para

obtenção do título de Doutor em

Zootecnia.

Área de concentração: Forragicultura

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Alberício Pereira Andrade – Orientador Principal

Prof. Dr. Divan Soares da Silva – Primeiro Co-Orientador

Prof. Dr. Pedro Dantas Fernandes – Segundo Co-Orientador

AREIA - PB

AGOSTO/2013

iii

iv

v

DADOS CURRICULARES DO AUTOR

Érico de Sá Petit Lobão nasceu em Itabuna, Bahia, no dia 13 de novembro de 1976.

Morou em Porto Seguro até os 6 anos de vida, onde estudo na Escola Pituxinha, para

então retornar a sua cidade natal, Itabuna, onde passou pelas Escolas Carrossel, onde

concluiu sua alfabetização (1987), e Colégio Nossa Senhora da Glória (Gato de Botas),

onde iniciou o curso ginasial. No ano de 1989, mudou-se para Viçosa, Minas Gerais,

passando pelo Colégio Equipe, no qual concluiu o ginásio (1991), e sendo aprovado na

seleção para o Colégio Universitário (COLUNI) na 33ª colocação, finalizando o 2º Grau

Científico (1995). Em 1996, classificou-se em 13º lugar para o curso de Zootecnia da

Universidade Federal de Viçosa, formando na turma ―Antes Março do que Nunca‖ em

2001. Tornou-se Mestre em Zoologia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (2006),

Ilhéus, Bahia, e Doutor em Zootecnia pela Universidade Federal da Paraíba (2013),

Areia, Paraíba. Durante essa jornada acadêmica, participou de projetos de pesquisa e

extensão, organizações não-governamentais, fundações, sindicatos e empresas, onde

adquiriu experiência com a criação e manejo de animais domésticos e silvestres,

conflitos entre fauna e homem (caça e danos agrícolas), com a conservação-produtiva,

uso-múltiplo e racional dos recursos naturais e com a implantação de sistemas

agrossilvipastoris como alternativa para um desenvolvimento mais responsável e

inclusivo, foco de sua formação profissional. Durante o doutoramento esteve envolvido

com o aproveitamento de coprodutos para a alimentação animal, especificamente com

girassol (Helianthus annus).

vi

EPÍGRAFE

―A vida começa todos os dias.

Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente.

A amizade é uma virtude que muitos sabem que existe,

alguns descobrem, mas poucos reconhecem.

A amizade quando é sincera o esquecimento é impossível

A confiança, tal como a arte, não deriva de termos resposta para tudo, mas,

de estarmos abertos a todas as perguntas.

A dor alimenta a coragem. Você não pode ser corajoso se só aconteceram

coisas maravilhosas com você.

A esperança é um empréstimo pedido à felicidade.

A felicidade não é um prêmio, e sim uma consequência,

a solidão não é um castigo, e sim um resultado.

A felicidade não está no fim da jornada, e sim em cada curva do caminho que

percorremos para encontrá-la.

A gente tropeça sempre nas pedras pequenas, porque as grandes a gente logo enxerga.

A glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a

delicia da companhia. É a inspiração espiritual que vem quando você descobre que

alguém acredita e confia em você.

A infelicidade tem isto de bom: faz-nos conhecer os verdadeiros amigos.

A inteligência é o farol que nos guia, mas é a vontade que nos faz caminhar.

A maior fraqueza de uma pessoa é trocar aquilo que ela mais deseja na vida, por aquilo

que ele deseja no momento.

A persistência é o caminho do êxito...‖

Érico Veríssimo

vii

DEDICATÓRIA

Aos meus avós, Pedro e Sinhá, Érico e Narzita.

Aos meus pais, Dan e Marga.

Aos meus irmãos, Pedro e Betina.

À minha sobrinha Lara.

À tia Maria, Lau, Jove e Mara.

Dedico.

viii

AGRADECIMENTOS

A Deus, por todas as bênçãos, sobretudo por ter me agraciado com

uma família que soube me ensinar a ser uma pessoa melhor diante das

dificuldades da vida e dos meus inimigos.

Aos meus pais, Dan Érico e Margarida Maria, por me apoiarem nos

meus projetos e servirem de farol iluminando minhas ideias, caminhos e

escolhas.

Aos meus amigos e colegas, por terem sido minha família quando

esta não pode estar presente e compartilharem comigo momentos alegres

e difíceis.

Às companheiras que um dia compartilharam momentos incríveis e

também lutaram comigo para que este dia se tornasse uma realidade.

Aos mestres e professores da escola da vida, que se apresentaram

indistintamente em inúmeros momentos ao longo de minha existência com

ensinamentos que me servirão por toda eternidade. Eles sabem quem

são...

Aos professores Raul Valle, José Marques, Paulo Marrocos e ao meu

amigo Fleming Campos, por terem me apoiado a fazer a seleção para o

doutorado.

Aos professores Alberício Pereira Andrade, Divan Soares da Silva,

Ariosvaldo Nunes de Medeiros, Severino Gonzaga Neto, Paulo Sérgio de

Azevedo (Tim), Jacob Silva Souto, Pedro Dantas Fernandes e a Maria das

Graças da Silva Cruz Medeiros (Graça) por terem me acolhido e apoiado

desde o inicio do curso na resolução das minhas tarefas e obrigações.

Aos amigos, parceiros e colegas de república Fleming Campos

(Secão), Thiago Carvalho (Timão), Carlos Henrique (Dedinho), Gutemberg

Paiva (Guto), Ítalo Reneu (Anão), Fabiano Gally Gil, Marcus Venícius

ix

(Pezão), Aderaldo Trajano, Thiago Melo, Cosmo Rufino, Higor Bezerra

(Bambino), Ricardo Araújo (Bigode), Alexandre (Xandinho) e Tércio

Bezerra, pela camaradagem e convivência diária, pela oportunidade de

nos conhecermos melhor ao experimentarmos novos limites de nossas

personalidades e descobrirmos sabiamente o caminho da compreensão e do

perdão diário, diante dos excessos e equívocos.

Aos professores Edson Mauro e Juliana Oliveira, que me deram

amizade e confiança, assim como suporte geral para que eu não me

esquecesse de minhas metas e sonhos, nem perdesse meu foco

profissional e de vida, me servindo diversas vezes de step-family com

seu filho querido Davi Lelis.

Aos bolsistas e funcionários do Instituto Nacional do Semiárido

(INSA), professor Roberto Germano, Jucilene Araújo, Valéria Araújo,

Tiago Pinto, Lenildo Teixeira, Amilton Santos, Ivan Lima, Walter

Vasconcelos, Gustavo Quieroz e Bastinha, pela amizade, ajuda e suporte

técnico durante todo o ensaio de campo.

Ao professor Everaldo Medeiros por ter aberto as portas da

Embrapa-Algodão para a execução da segunda fase do experimento, bem

como por ter cedido e a laboratorista Edjane dos Anjos, que com sua

paciência e simpatia me auxiliou durante esta fase, bem como a toda

equipe do Laboratório de Tecnologia Química (LATEC) da Embrapa-

Algodão, pelo acolhimento.

Ao professor Ivandro de França da Silva, à pós-doutoranda Alenice

Ramos e aos funcionários do Centro de Ciências Agrárias, Dona Carmen e

Seu Damião do Centro de Pecuária (CEPEC), Charles, Duelo, Seu Costa,

José Sales e Roberto do LANA, aos vaqueiros Leandro e Cristiano (Pio),

pelo excelente trabalho que realizaram, não medindo esforços para

atuarem competentemente na conclusão da fase final do experimento.

x

Aos colegas da pós-graduação, Adelilian Baracho, Daniely Sales,

Meyre Cassuce, Paula Frassinetti e aos graduandos Ana Paula Brito,

Elton Silva, Valdiléia Avelar e Luciana Firmino, por me ajudarem nas

diferentes fases do doutorado, ao dispenderem tempo, inteligência e

energia sem pedirem nada em troca, a não ser apenas que eu lembrasse

deles no momento das publicações e das confraternizações.

Aos professores, Elizanilda Ramalho do Rego e Walter Esfrain

Pereira, pelos testes estatísticos e esclarecimentos.

Aos colegas, Alexandre Perazzo, Alexandro Andrade, Dalysson Coura,

Ebson Cândido, Welington Lopes, Zé Fábio, Pessoa, Daniel Farias,

Adriano Leite, Rodrigo, Ana Paula, Geovania Francisca, Jussara Telma,

Glayci Gois, Ariana Meira, Poliane Meire, Luiza Daiana, Ariane

Albuquerque, Pericles e Mayara, Danilo Vargas, Rafael Souza, Gilson

Mendes, Matias Porto, Francisco Cesino, Estélio Braga, Milka Melo,

Bianca, Sara, Ana Barros, Clerton, Romenig, Niraldo Muniz, Vinicius

Fonseca, Diogo Soares, Juraci Marcos, Flávio Gomes, Vinicius Silva,

pela amizade sincera.

Agradeço ainda, a seu João e Dorinha, seus filhos Dinei, Eduardo e

Eliel, Jaelson, Seu Pedro, Bráulio, Flaris, Yanna Nascimento, Lieska

Teixeira, Regina Nóbrega, Idaline Pessoa, professor Reinaldo Lucena,

professor Ricardo Guerra, professor Rodrigo Norberto, Tayse Medeiros,

Larissa Morais, Guilherme Souza, Pedrinho som, professor Jacinto,

Thomaz Guimarães, Aninha Perazzo, Renata e Artur Albuquerque da

Triunfo, Adnam, Guiga e Marconi da Confraria, Adamo, Danilo e Yasmim,

Yohana, Ayodhya Ramalho, Karlinha, a toda a galera do baba e todas as

pessoas, amigos ou conhecidos, que conviveram comigo durante esta

jornada acadêmica e não mediram esforços para fazerem dela a mais

alegre possível.

xi

Por fim, agradeço ao meu orientador professor Alberício Pereira

Andrade por me aceitar e lutar comigo diante de todos os

enfrentamentos. Fica na memória as brigas e brincadeiras, o senso de

humor de vasta amplitude, indo de menos 100 ºC ao ponto de ebulição em

questão de segundos, a experiência e cuidado de avô, que bate e abraça

quando precisa o companheirismo, a saudade e a certeza de que ainda

daremos muitas risadas nos encontros e desencontros da vida.

Muito obrigado!

xii

SUMÁRIO

Página

CAPÍTULO 1 - O girassol e seus coprodutos como alternativa para a produção animal

no semiárido ...................................................................................................................... 1

1.1. Produção animal no semiárido brasileiro ........................................................... 2

1.2. O cultivo do girassol sob adubação orgânica ..................................................... 9

1.3. Uso da torta de girassol na alimentação animal ............................................... 16

1.4. Referências bibliográficas ................................................................................ 25

CAPÍTULO 2 - Caracterização morfológica do girassol sob adubação orgânica e teor

de óleo da semente e produtividade da torta ................................................................... 34

2.1. Introdução ......................................................................................................... 37

2.2. Material e métodos ........................................................................................... 40

2.3. Resultados e discussão ..................................................................................... 43

2.4. Conclusões ........................................................................................................ 52

2.5. Agradecimentos ................................................. Erro! Indicador não definido.

2.6. Referências bibliográficas ................................................................................ 54

CAPÍTULO 3 - Atributos bromatológicos da torta de girassol sob adubação orgânica 57

3.1. Introdução ......................................................................................................... 60

3.2. Materiais e métodos .......................................................................................... 61

3.3. Resultados e discussão ..................................................................................... 63

3.4. Conclusões ........................................................................................................ 68

3.5. Agradecimentos ................................................. Erro! Indicador não definido.

3.6. Referencias bibliográficas ................................................................................ 69

xiii

LISTA DE TABELAS

Página

CAPÍTULO 1 - O girassol e seus coprodutos como alternativa para a produção

animal no semiárido

Tabela 1.1.Compartimentação ambiental do Semiárido Brasileiro .................................. 3

Tabela 1.2. Composição bromatológica da torta de girassol, segundo diferentes autores

......................................................................................................................................... 17

CAPÍTULO 2 - Caracterização morfológica do girassol sob adubação orgânica e

teor de óleo da semente e produtividade da torta

Tabela 2.1. Características químicas do solo da área experimental para o plantio de

girassol, Campina Grande – PB ...................................................................................... 42

Tabela 2.2. Características físicas do solo da área experimental para o plantio de

girassol, Campina Grande – PB ...................................................................................... 42

Tabela 2.3. Características químicas do esterco bovino ................................................. 42

xiv

LISTA DE FIGURAS

Página

CAPÍTULO 2 - Caracterização morfológica do girassol sob adubação orgânica e

teor de óleo da semente e produtividade da torta

Figura 2.1. Estação Experimental Fazenda Lagoa Bonita, Campina Grande – PB ........ 40

Figura 2.2.Precipitação pluvial diária observada durante o período experimental,

Campina Grande – PB, em 2011 ..................................................................................... 41

Figura 2.3. Efeito da dosagem de esterco sobre o número de folhas por planta da cultura

do Girassol, cultivar Hélio 250, aos 20 (A) e 40 (B) dias após a emergência e o número

médio de folhas (C). As barras verticais representam o desvio padrão da média ........... 45

Figura 2.4.Efeito da dosagem de esterco sobre a altura da planta da cultura do Girassol,

cultivar Hélio 250, aos 20 (A), 40 (B) e 50 (C) dias após a emergência. As barras

verticais representam o desvio padrão da média ............................................................. 47

Figura 2.5.Efeito da dosagem de esterco sobre o diâmetro do capítulo da cultura do

Girassol, cultivar Hélio 250, aos 20 (A), 40 (B) e 50 (C) dias após a emergência e a taxa

de distensão capitular (D). As barras verticais representam o desvio padrão da média . 49

Figura 2.6.Efeito da dosagem de esterco sobre a produtividade de grãos (A),

produtividade estimada de torta (B) e de óleo (C) da cultura do Girassol, cultivar Hélio

250. As barras verticais representam o desvio padrão da média..................................... 51

Figura 2.7.Efeito da dosagem de esterco sobre teor de óleo da semente e da torta de

Girassol, cultivar Hélio 250 ............................................................................................ 52

CAPÍTULO 3 - Atributos bromatológicos da torta de girassol sob adubação

orgânica

Figura 3.1..8Efeito da dosagem de esterco sobre os atributos químico-bromatológicos,

matéria orgânica (A), matéria mineral (B) e proteína bruta (C), da torta de Girassol,

cultivar Hélio 250. As barras verticais representam o desvio padrão da média ............. 65

Figura 3.2..9Efeito da dosagem de esterco sobre a fibra em detergente neutro (A), fibra

em detergente ácido (B) e a digestibilidade in vitro da matéria seca (C), da torta de

Girassol, cultivar Hélio 250. As barras verticais representam o desvio padrão da média

......................................................................................................................................... 67

xv

CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DO GIRASSOL SOB ADUBAÇÃO

ORGÂNICA E ATRIBUTOS BROMATOLÓGICOS DA TORTA

RESUMO GERAL

A torta de girassol (Helianthus annus), subproduto da extração do óleo, é uma excelente

alternativa para a composição de dietas protéicas na alimentação animal. Neste

contexto, o presente trabalho objetivou avaliar o efeito da adubação orgânica com

esterco bovino sobre alguns atributos quantitativos e qualitativos do girassol, cultivar

Hélio 250, no Cariri Paraibano. O experimento seguiu o delineamento em quatro blocos

ao acaso (DBC) e nove observações por parcela, sendo que os tratamentos consistiram

de seis doses de esterco bovino: T1 – testemunha, sem adição de esterco; T2 – 7,5 t ha-1

;

T3 – 15 t ha-1

; T4 – 22,5 t ha-1

; T5 – 30 t ha-1

; T6 – 37,5 t ha-1

. O crescimento da planta

foi avaliado pela altura, número de folhas, diâmetro do capítulo e produtividade. Após o

ensaio de campo, procedeu-se a colheita e a pré-secagem dos capítulos à temperatura

ambiente. O teor de óleo das sementes foi determinado por RMN e a torta foi obtida por

prensagem a frio. Em seguida, a torta passou por moagem e pré-secagem para as

avaliações químico-bromatológicas e o ensaio de digestibilidade in vitro da matéria

seca. As variáveis químico-bromatológicas foram matéria seca, matéria mineral, matéria

orgânica, proteína bruta, extrato etéreo, fibra em detergentes neutro e ácido. A dose de

esterco que promoveu maior produção de sementes é a de 22,5 t ha-1

. Em sequeiro,

porém com precipitações pluviais mais elevadas do que a média normal da época, o

número de folhas do girassol não está associado (p>0,05) à dosagem de esterco bovino.

Entretanto, a dosagem de esterco bovino influenciou positivamente (p<0,05) a altura das

plantas e o diâmetro dos capítulos do girassol, cv. Hélio 250, em comparação ao

tratamento sem adição de esterco. A dose de esterco não influenciou no teor de óleo da

semente do girassol e como consequência da torta, mas proporciona aumento da

produtividade de óleo e de torta. A adubação com esterco bovino aumenta a qualidade

da torta de girassol.

Palavras-chave: alimentação animal, coproduto, dieta proteica, esterco bovino, resíduo

agroindustrial

xvi

PRODUCTIVITY GROWTH AND SUNFLOWER UNDER ORGANIC

MANURE AND CAKE DIETETIC ATTRIBUTES

GENERAL ABSTRACT

The Sunflower (Helianthus annus) cake, a byproduct of oil extraction, is an excellent

alternative to the composition of diets protein in animal feed. In this context, the present

study aimed to evaluate the effect of organic fertilization with cattle manure on some

quantitative and qualitative attributes Sunflower, cultivar Helium 250, Cariri Paraibano.

The experiment was a randomized complete block design with four chance (DBC) and

nine observations per plot, and the effect of six doses of cattle manure: T1 - control,

without addition of manure, T2 - 7.5 t ha-1

; T3 - 15 t ha-1; T4 - 22.5 t ha-1; T5 - 30 t ha-

1; T6 - 37.5 t ha

-1. Plant growth was evaluated by height, number of leaves,

inflorescence diameter and productivity. After the test, we proceeded to harvest and pre-

drying at room temperature chapters. The oil content of the seeds was determined by

NMR and the pie was obtained by cold pressing. Then the pie went through grinding

and pre-drying chemical, qualitative assessments and testing of in vitro digestibility of

dry matter. Chemical, qualitative variables were dry matter, mineral matter, organic

matter, crude protein, ether extract, neutral detergent fiber and acid. The dose of manure

promoted the highest seed yield is 22.5 t ha-1

. Rainfed, but with rainfall higher than the

average normal time, the number of leaves of sunflower is not associated (p> 0.05) the

dosage of manure. However, the dosage of manure positively influenced (p <0.05) plant

height and head diameter of sunflower cv. Helium 250, compared to the treatment

without manure. The dose of manure did not influence the oil content of sunflower seed

and as a consequence of the pie, but provides increased productivity of oil and cake.

The cattle manure increases the quality of sunflower cake.

Keywords: animal feed, coproduct, proteic diet, manure, agro-industrial residue

xvii

CRECIMIENTO DE LA PRODUCTIVIDAD Y GIRASOL EN ABONO Y

ATRIBUTOS DE COMPOSICIÓN QUÍMICA DEL PASTEL

GERAL RESUMEN

El pastel de girasol (Helianthus annus), un coproducto de la extracción de petróleo, es

una excelente alternativa a la composición de la proteína en las dietas de alimentación

animal. En este contexto, el presente estudio tuvo como objetivo evaluar el efecto de la

fertilización orgánica con estiércol de ganado en algunos atributos cuantitativos y

cualitativos de girasol, el cultivar Helium 250, Cariri Paraíba. El experimento fue un

diseño de bloques completos al azar con cuatro posibilidades (DBC) y nueve

observaciones por parcela, y el efecto de seis dosis de estiércol: T1 - control, sin adición

de estiércol, T2 - 7.5 t ha-1

; T3 - 15 t ha-1

, T4 - 22.5 t ha-1

, T5 - 30 t ha-1

, T6 - 37.5 t ha-1

.

Crecimiento de las plantas fue evaluada por la altura, número de hojas, diámetro de

inflorescencia y la productividad. Después de la prueba, se procedió a la cosecha y pre-

secado a temperatura ambiente capítulos. El contenido de aceite de las semillas se

determinó por RMN y el pastel se obtuvo por prensado en frío. A continuación, el pastel

fue a través de molienda y de pre-secado químico, evaluaciones cualitativas y ensayo de

digestibilidad in vitro de la materia seca. Químicos, las variables cualitativas fueron

materia seca, materia mineral, materia orgánica, proteína cruda, extracto etéreo, fibra

detergente neutro y ácido. La dosis de abono promovió el mayor rendimiento de semilla

es de 22,5 t ha-1

. Secano, pero con precipitaciones superiores a la media de tiempo

normal, el número de hojas de girasol no está asociado (p> 0,05) de la dosis de estiércol.

Sin embargo, la dosis de estiércol influenciada positivamente (p <0,05) altura de la

planta y el diámetro de la cabeza de girassol, cv. Helio 250, en comparación con el

tratamiento sin abono. La dosis de estiércol no influyó en el contenido de aceite de

semilla de girasol y, como consecuencia de la torta, pero proporciona una mayor

productividad de aceite y la torta. El estiércol del ganado aumenta la calidad de la torta

de girasol.

Palabras-clave: alimentación animal, coproductos, dieta rica en proteínas, estiércol,

residuos agro-industrial

xviii

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Semiárido Brasileiro, em virtude de suas características edafoclimáticas e

cobertura vegetal, tem como potencialidade o desenvolvimento da atividade pecuária,

que enfrenta, dentre tantas adversidades, a sazonalidade da oferta de forragem

decorrente da escassez e má distribuição de chuvas. Sendo assim, há que se buscar,

dentre as inúmeras alternativas existentes, as estratégias de suplementação da Caatinga

mais adequadas para cada época do ano, espécie e categoria animal. Essas estratégias

incluem o uso de culturas forrageiras não convencionais, misturas múltiplas,

confinamento, uso de pastagens irrigadas, dentre outras. Em se tratando de culturas

forrageiras não convencionais, o girassol se apresenta como uma das alternativas,

compatibilizando o enfoque de desenvolvimento sustentável por meio de suas múltiplas

opções de fornecimento para a alimentação animal.

O presente trabalho objetivou avaliar o efeito da adubação orgânica com esterco

bovino sobre alguns atributos quantitativos e qualitativos do girassol, cultivar Hélio

250, no Cariri Paraibano, bem como: Caracterizar morfologicamente o girassol sob

adubação orgânica em condições de sequeiro; Determinar o teor de óleo da semente e a

produção de torta de girassol sob adubação orgânica; Determinar os atributos químico-

bromatológicos da torta de girassol sob adubação orgânica.

1

CAPÍTULO 1

Referencial Teórico

___________________________________________________________________

O GIRASSOL E SEUS COPRODUTOS COMO ALTERNATIVA

PARA A PRODUÇÃO ANIMAL NO SEMIÁRIDO

2

1.1. PRODUÇÃO ANIMAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

As regiões áridas e semiáridas representam 55% das terras do mundo, perfazendo

2/3 da superfície total de 150 países e abrangendo ao redor de 700 milhões de pessoas.

As regiões com características de aridez e semiaridez na América Latina e Caribe estão

localizadas na Argentina, Brasil, Chile e México. Todas estas áreas abrangem 313

milhões de hectares e compreendem 80% das áreas tropical e subtropical (Candido,

2005).

O Semiárido Brasileiro (SAB) possui uma área de 969.589 Km², cerca de 11% do

território nacional, na qual vivem 27 milhões de brasileiros, sendo que 44% destes

residem na zona rural (IBGE, 2008). No Nordeste, encontra-se o maior número de

agricultores, bem como prevalece uma maior necessidade de atenção do governo,

sobretudo em virtude da semiaridez que abrange cerca de 60% da região, onde

predomina a escassez e a má distribuição de chuvas. Nessa realidade, estão inseridos

muitos agricultores que enfrentam todo tipo de adversidade para viverem com dignidade

por meio da agricultura de subsistência. As principais atividades econômicas de fixação

da população nordestina às condições no Nordeste são a agricultura e a pecuária. Pelo

menos 80% dos estabelecimentos agrícolas nordestinos praticam a agricultura familiar,

da qual os agricultores e suas famílias dependem majoritariamente das atividades

agrícolas para seu sustento (MDA/INCRA, 2000).

O clima predominante na região semiárida nordestina é tipo BSw'h', conforme a

classificação de Köppen, ou seja, tropical seco com a evaporação excedendo à

precipitação, com ocorrência de pequenos períodos de chuvas sazonais com

precipitações escassas e mal distribuídas (Andrade et al., 2010). Do ponto de vista

climático, a Região Semiárida é aquela formada pelo conjunto de lugares contíguos,

caracterizada pelo balanço hídrico negativo, resultante de precipitações médias anuais

iguais ou inferiores a 800 mm, insolação média de 2800h/ano, temperaturas médias

anuais de 23º a 27º C, evaporação de 2.000 mm/ano e umidade relativa do ar média em

torno de 50%. Essa região é caracterizada por forte insolação, temperaturas

relativamente altas e pelo regime de chuvas marcado pela escassez, irregularidade e

concentração das precipitações num curto período, de apenas três meses (Adene, 2006).

Dessa maneira, os ambientes semiáridos são caracterizados pela limitada quantidade de

3

água, mas também, pela variação temporal e espacial das precipitações, locais e

regionais (Andrade et al., 2006).

Os tipos de solo mais comuns são os sedimentares arenosos ou de origem arqueana,

pertencentes às associações de Neossolos, Luvissolos, Arrissolos e Planossolos. Vale

salientar ainda a presença de solos Neossolos flúvicos que ocorrem ao longo das

margens dos rios, com fertilidade natural média à alta, boas características físicas e,

geralmente, aptas à agricultura irrigada (Andrade et al., 2010).

A região semiárida é caracterizada por apresentar uma extrema variabilidade

ambiental (solo, clima, vegetação e relevo) e forma um mosaico de ecossistemas únicos,

que demandam conhecimento específico para seu manejo (Menezes et al., 2005). Com

base na interação entre vegetação e solo, a região pode ser dividida nas seguintes zonas:

domínio da vegetação hiperxerófila, domínio da vegetação hipoxerófila, ilhas úmidas e

agreste e área de transição (Sá et al., 2004). Na Tabela 1.1, pode-se observar os grandes

domínios fisionômicos do semiárido e seus respectivos percentuais.

Tabela 1.1.Compartimentação ambiental do Semiárido Brasileiro

Vegetação

Hiperxerófila

Vegetação

Hipoxerófila

Ilhas

Úmidas

Agreste e área

de transição Total

Área em Km2 317.608 399.777 83.234 124.424 925.043

% Nordeste 19,09 24,04 5,00 7,48 56,61

% Semiárido 34,33 43,21 9,00 13,46 100,00

Fonte: Sá et al. (2004)

As diversidades de ambientes encontrados no grande domínio das caatingas,

segundo Ab’Sáber (1984), provêm de diferentes combinações dos componentes

abióticos, entre os quais se salientam as condições termopluviométricas seguidas de

propriedades litoestruturais, posicionamento topográfico e heranças paleoclimáticas. A

integração dessas ações condiciona os microambientes segundo os quais organizam as

formas de adaptações da vegetação.

A caatinga, vegetação caducifólia espinhosa, representa a formação florestal típica

do SAB, sendo uma mistura de estratos herbáceo, arbustivo e arbóreo de pequeno porte,

de folhas caducas e pequenas, tortuosas, espinhentas e de elevada resistência às secas

(Souto et al., 2007). Apresenta uma grande biodiversidade com espécies de portes e

arranjos fitossociológicos variados que torna este bioma bastante complexo, do qual

pouco se conhece sobre a sua dinâmica (Souto, 2006).

4

O termo Savana-Estépica foi empregado para designar a área do ―sertão árido

nordestino‖ ou ―Caatinga do Sertão Árido‖ com dupla estacionalidade. O sertão árido

nordestino apresenta frequentemente dois períodos secos anuais, um com longo déficit

hídrico seguido de chuvas intermitentes e outro com seca curta seguido de chuvas

torrenciais que podem não precipitar por muitos anos (IBGE, 1991).

A vegetação nativa da Caatinga é rica em espécies forrageiras em seus três estratos:

arbóreo, arbustivo e herbáceo - composta por espécies de plantas que são fonte potencial

de proteína. Assim, estratégias de abertura da vegetação, como o raleamento e/ou

rebaixamento, enriquecimento, associadas ao aproveitamento das plantas xerófilas,

possibilitam incrementos na produtividade animal (Andrade et al., 2010).

A irregularidade da precipitação pluviométrica, concentrada em poucas chuvas

torrenciais que caem ao longo de três ou quatro meses do ano, pouco favorece a

atividade agrícola e torna a pecuária extensiva uma opção natural para a região Nordeste

do Brasil (Bakke, 2005). Menezes e Sampaio (2000) mencionam que a variabilidade

influencia a escolha entre diferentes sistemas de uso da terra. De modo que essa

variabilidade dá um suporte às afirmações gerais sobre a ―vocação pecuária‖ do SAB e

explicam o insucesso da atividade agrícola com culturas herbáceas anuais não adaptadas

ao estresse hídrico.

No Estado do Pernambuco, Mendes et al. (2010), estudando o uso e ocupação da

terra, comprovaram essa ―vocação pecuária‖ ao encontrar cerca de 42% das terras do

semiárido ocupadas com pastagens naturais e capim ―buffel‖, sendo este último presente

em 29% do semiárido pernambucano. Araújo et al. (2010), ao caracterizarem os

sistemas de exploração da Caatinga, observaram que 79% dos produtores rurais adotam

técnicas de manejo da caatinga, com ênfase na associação do plantio de palma e queima

de espécies cactáceas (37%), seguido do plantio de palma (23%). Os autores ressaltam

ainda que apenas 2% dos produtores utilizam a técnica do raleamento/rebaixamento da

vegetação da caatinga com o intuito de aumentar a produtividade do estrato herbáceo e

o acesso dos caprinos ao estrato arbustivo-arbóreo da vegetação.

O cultivo de lavoura xerófila regular, em áreas de déficit hídrico, pode ser a opção

mais vantajosa para a agricultura do semiárido, uma vez que a caatinga possui uma

gama de espécies forrageiras, sendo parte caducifólia e anual, que podem ser cultivadas

para o consumo animal. O cultivo de espécies já adaptadas às condições do semiárido

5

certamente tem menor risco de perda da produção do que as chamadas culturas

tradicionais, tais como o milho e o feijão (Andrade et al., 2006).

Araújo Filho et al. (1995) relataram que extensas áreas da caatinga se encontram

permanentemente em estádios pioneiros de sucessão, sem perspectivas de recuperação.

A pecuária, por seu turno, praticada de maneira extensiva, tem sido responsabilizada

pela degradação, principalmente do estrato herbáceo, onde as modificações são

percebidas pelo desaparecimento de espécies de valor forrageiro, aumento das ervas

indesejáveis e ocupação das áreas por arbustos indicadores da sucessão secundária

regressiva. A substituição de bovinos por caprinos, em áreas de caatinga degradada,

pode resultar em perdas da biodiversidade do estrato lenhoso, devido à pressão do

ramoneio sobre as plântulas das espécies forrageiras e anelamento do caule das plantas

adultas.

O grande desafio da pecuária no semiárido é utilizar os recursos da caatinga,

preservando sua sustentabilidade. Várias alternativas de exploração têm sido propostas,

porém quase todas apresentam grandes limitações em decorrência da alta variabilidade

temporal e espacial da acumulação da fitomassa que está diretamente dependente das

condições da precipitação da região (Andrade et al., 2010).

No Nordeste, os criatórios de caprinos e ovinos são tradicionais e desenvolvem-se,

principalmente, nas áreas semiáridas, sendo que 50% dos efetivos dos rebanhos estão

localizados em propriedades com até 30 hectares, 29% em propriedades entre 31 e 200

hectares e apenas 21% em propriedades com mais de 200 hectares (Couto Filho, 2001).

Holanda Júnior (2006) encontraram, na Bahia, predominância dos caprinos sobre os

ovinos em áreas com domínio de caatinga e com baixa densidade demográfica. Os

ovinos, por sua vez, estão em maior número que os caprinos em áreas em que as

pastagens cultivadas predominam sobre a caatinga. Em geral, nas zonas com maior

densidade caprina há menor quantidade de bovinos; já nas zonas com maior densidade

de ovinos, o número de bovinos tende a ser maior.

Na região semiárida a produção e a qualidade da forragem da vegetação nativa são

geralmente baixas e variam ao longo das estações do ano em consequência da

periodicidade das chuvas, caracterizando-se por abundância no período chuvoso e

escassez na época seca, havendo variações em termos de produção das plantas

forrageiras, no decorrer do ano, com um período de tempo relativamente curto para a

6

produção de forrageiras e outro período muito longo sem produção, provocando

instabilidade na atividade pecuária da região (Araújo-Filho e Crispim, 2002).

As pastagens são o principal alimento dos rebanhos do Semiárido, predominando

áreas de pastagem nativa em relação às de pastagens cultivadas em todos os estados,

exceto no norte de Minas Gerais (Giulietti et al., 2004). Quando o pastejo é feito nas

primeiras semanas logo após as chuvas, as herbáceas não conseguem completar seu

ciclo de vida, não produzindo sementes, afetando a composição e estrutura do banco de

sementes (Vilar, 2006). Nesse sentido, as pastagens nativas destas áreas precisam ser

constantemente monitoradas, visto que apresentam frequentes modificações na

composição florística e botânica, sendo estas condicionadas pelos efeitos climáticos e os

advindos dos animais em pastejo em si.

Em termos quantitativos, a produção média anual das forrageiras nativas situa-se

em torno de 4,0 t de MS ha-1

, com substanciais variações advindas de diferenças nos

sítios ecológicos e flutuações anuais das características da estação de chuvas (Araújo

Filho et al., 1995). Devido à marcada estacionalidade de produção, os animais passam

longos períodos com baixíssimas ofertas de forragem por unidade de área. Em termos

qualitativos, no estrato herbáceo, Araújo Filho (1980) avaliou as flutuações na biomassa

da parte aérea, bem como, os teores de PB e de MS, durante três anos sucessivos. Nota-

se o aumento gradativo da produção de MS durante a estação chuvosa, com valor inicial

de 27% e sua estabilização em torno de 90% na seca. Já o teor de PB inicia-se com 8% e

estabiliza-se ao final da seca com aproximadamente 4%.

As pastagens nativas suportam diversos tipos de animais domésticos,

principalmente bovinos, caprinos e ovinos. Essas pastagens têm capacidade de suporte

variável, mas proporcional à disponibilidade de água, e em quase todas as propriedades,

a capacidade de suporte vem sendo ultrapassada (Giulietti et al, 2004). Segundo tais

autores, nos estados do SAB onde há maior área com pastos cultivados, a proporção de

municípios com lotação abaixo de um animal por hectare é maior. Isso acontece em

Minas Gerais, Sergipe e Bahia. Em Alagoas, que também tem uma boa proporção de

municípios com mais de 30% de cobertura por pastos cultivados, há uma grande

quantidade de municípios com lotação acima de 1,0 UA/ha. Isso é paradoxal, quando se

considera que os pastos nativos geralmente apresentam menor capacidade de suporte

que os cultivados, raramente excedendo a 1,0 UA/ha.

7

É notória a importância da caatinga, que representa 76% do SAB para este setor

econômico, já que mais de 17 milhões de cabeças, entre ovinos e caprinos, estão neste

bioma (IBGE, 2008). No entanto, o sistema de produção adotado em grande parte das

propriedades rurais é o semiextensivo ou extensivo, com fornecimento de alimento

proveniente da vegetação nativa da caatinga, apresentando maior disponibilidade na

época chuvosa (Andrade et al., 2006).

Na região semiárida do Estado da Paraíba, mais especificamente Cariri Paraibano,

em torno de 94 a 98% do uso da terra destina-se à pecuária. Os rebanhos caprinos e

ovinos são predominantemente criados em regime extensivo com o uso da vegetação

nativa (caatinga) como base para a alimentação, sendo praticada por 92 a 100% dos

produtores. Não se observa um procedimento definido de manejo alimentar para os

animais no período de seca. O sistema de produção animal praticado baseia-se em

diversas combinações entre caprinos, ovinos e bovinos, com destaque para a exploração

de caprinos e bovinos destinados à produção de leite, e ovinos para a produção de carne

(Costa et al., 2008).

A produção animal em sistemas extensivos é uma função da relação solo-planta-

animal e outros componentes do meio ambiente, sendo importante entender como o

pastejo afeta o solo e a superfície hidrológica, entre outros componentes (Santos e

Costa, 2002) como a quebra do equilíbrio e da diversidade da fauna edáfica (Pandolfo et

al., 2004). A degradação dos recursos vegetais pode alterar o equilíbrio da população

microbiana, comprometendo, por um longo período, todo o ecossistema (Alves et al.,

2005), uma vez que a vegetação é o mais claro indicador de alterações ambientais

causadas pelo homem, interferindo nas características da fauna, do solo, na qualidade e

quantidade da água, influindo ainda, nos processos geomorfológicos e no clima (Paes-

Silva, 2003).

A utilização da pecuária semiextensiva ou extensiva nas regiões semiáridas torna-se

um problema, sobretudo ambiental, quando a lotação de animais excede à capacidade de

suporte do ecossistema. Em médio prazo exerce forte pressão sobre a composição

florística da vegetação nativa e sobre o solo devido ao pisoteio, podendo provocar a

compactação, dependendo do conteúdo de água no solo, geralmente, na época chuvosa e

desagregação, comumente, no período seco. A longo prazo, contribui para a irreversível

degradação dos solos e da vegetação, gerando áreas susceptíveis ao processo de

desertificação (Andrade et al., 2006; Araújo, 2005).

8

A produção animal na região semiárida baseia-se, em grande parte, na utilização da

pastagem nativa, sendo marcadamente influenciada pela oferta quantitativa e qualitativa

dos recursos forrageiros disponíveis. Devido à presença de diversos sítios ecológicos no

semiárido, são propostos alguns sistemas de produção animal, tais como: manipulação

da vegetação da Caatinga (rebaixamento, raleamento e enriquecimento pela introdução

de plantas forrageiras resistentes à seca), o sistema CBL, o sistema Glória, o sistema

SIPRO, terminação de cordeiros em confinamento e a utilização de pastagens cultivadas

e irrigadas, que se aplicam com sucesso em determinadas áreas (Guimarães Filho e

Soares, 1992). Os sistemas silvi e agrossilvipastoris são outra possibilidade.

A utilização da vegetação natural de caatinga como provedora de forragem é

praticada em toda a região semiárida brasileira, devido ao valor forrageiro das espécies

que a compõem. Neste sistema prevalecem as seguintes formas de manejo: o pastejo em

campo aberto, o pastejo cercado de pastagem nativa melhorada e os dois sistemas

combinados (Lima, 1988).

Na pecuária extensiva em campo aberto, o gado é criado solto, pastejando ramas e

folhas secas de muitas espécies que compõem a caatinga. Devido às condições da

vegetação, com variação estacional na oferta de forragem durante o ano, sua capacidade

de suporte para alimentação animal é baixa, sendo necessários 15 ha para manter uma

cabeça bovina, e três para a caprina (Lima, 1988). Durante o período da seca, os

produtores fazem migrações dos animais para outras áreas mais favoráveis ou fornecem

ao gado, como alimentação suplementar, restos de cultura ou cactáceas nativas,

mandacaru (Cereus jamacaru) e o xique-xique (Pilocereus gounellei), após queimar os

espinhos, e macambira (Bromelia laciniosa) (Duque 1980).

No sistema de criação do gado cercado, em vegetação de caatinga melhorada, os

animais pastejam em áreas nas quais é deixado um determinado número de árvores, com

forrageiras tolerantes à seca como o capim buffel e/ou enriquecidas com o plantio de

espécies da Caatinga como o capim panasco (Aristida setifolia) e a grama-de-burro

(Cynodon dactylon). É comum nas extensas pastagens, tanto nas regiões dos vales

úmidos quanto nas áreas mais secas, a presença dos gêneros Acacia, Mimosa, Spondias,

Zizyphus, entre outras, as quais não são abatidas pelos agricultores devido ao valor

forrageiro. Outras espécies que o sertanejo mais preserva na Caatinga é o umbu

(Spondias tuberosa). Além de ser excelente forrageira, seus frutos são comercializados,

constituindo uma fonte adicional de renda à família (Lima, 1988).

9

Dentre as tecnologias capazes de duplicar ou até mesmo triplicar a produção de

carne e leite no Nordeste brasileiro, considerando o potencial para aproveitamento da

vegetação da Caatinga durante dois a quatro meses na época chuvosa (variável de

acordo com a região), Oliveira (1994) relaciona as seguintes: produção e conservação

de forragens, esquemas de suplementação alimentar durante épocas críticas, utilização

de subprodutos e resíduos da agroindústria, disseminação e uso de forrageiras mais

produtivas, recuperação de pastagens degradadas e sistemas alternativos de pastejo.

A diversificação dos sistemas produtivos dos agricultores familiares do Nordeste

pelo plantio de oleaginosas para atender ao mercado de biodiesel pode ser analisada

como uma estratégia para contribuir para a adaptação às mudanças climáticas.

Atualmente no Nordeste existem poucas opções de diversificação de cultivos

compatíveis com as restrições de solo e clima e com os sistemas produtivos adotados

pelos agricultores familiares. A demanda por matéria-prima para a produção de

biodiesel pode aumentar as chances de seleção e melhoramento de espécies oleaginosas

aptas ao desenvolvimento nas condições edafoclimáticas e sistemas produtivos adotados

pelos agricultores familiares (Monteiro e La Rovere, 2010).

Dentre as oleaginosas, o girassol ainda é plantado de forma marginal no Nordeste e

não possui zoneamento agrícola para a região, mas apresenta-se como opção promissora

para a diversificação do cultivo de oleaginosas para a produção de biodiesel, entre os

agricultores familiares do semiárido. Entretanto, sua importância no mercado

alimentício representa um obstáculo para a destinação dessa oleaginosa à produção de

biodiesel (Monteiro, 2007).

1.2. O CULTIVO DO GIRASSOL SOB ADUBAÇÃO ORGÂNICA

O Helianthus annuus L., dicotiledônea anual, pertence à família Compositae

(Asteraceae) e tem como centro de origem o continente Sul-americano, de origem

peruana, conforme apontado pela maioria dos autores, embora alguns o considerem

nativo da região compreendida entre o norte do México e o Estado de Nebraska, nos

Estados Unidos (Peres e Beltrão, 2006). As evidências arqueológicas indicam que a

10

utilização do girassol pelos índios americanos data de cerca de 3000 a. C. e que a sua

domesticação pode ter ocorrido antes mesmo do milho (Leite et al., 2005).

Conforme relata Porto (2006), em 1510, o girassol foi levado da América do Norte

para o jardim botânico de Madri, na Espanha e, em seguida, para a Itália e França e

outras partes do continente europeu. No século XVIII, foi introduzido na Rússia, onde

foi descoberto o seu potencial como oleaginosa. No período de 1830 a 1840 começou a

ser produzido em escala comercial, e, em 1880, já ocupava uma área de 150.000

hectares. No início do século XX, tornou-se a maior cultura da Rússia. Ocorreu então

uma intensificação do melhoramento genético, surgindo às primeiras estações

experimentais de pesquisa na Rússia entre 1910 e 1912. Em 1912, o melhoramento

genético realizado com bases científicas levou à obtenção da variedade comercial

Saratovskiy 169, que atingiu o total de um milhão de hectares semeados. O girassol foi

novamente introduzido na América do Norte, particularmente no Canadá e Estados

Unidos, a partir do século XX. O objetivo principal era a sua utilização para silagem.

Este interesse aumentou no período de 1900 a 1940, quando, em menor escala, surgiu o

interesse no esmagamento para a produção de óleo. A evolução do girassol como

oleaginosa ocorreu no período de 1930 a 1939, quando o governo canadense reconheceu

a dependência do país quanto à importação de óleo comestível e estimulou a pesquisa

com outras culturas potenciais para a produção de óleo, entre as quais o girassol. Em

1937, o Departamento de Agricultura do Canadá iniciou os primeiros programas de

melhoramento, na estação de Saskatchewan. Em 1950, o Departamento de Agricultura

dos Estados Unidos iniciou os trabalhos no Texas. Analogamente ao que ocorreu na

América do Norte, o girassol foi introduzido na América do Sul por imigrantes

europeus, no Uruguai, no Chile e principalmente na Argentina, na qual a cultura ganhou

importância a partir do final da década de 30. Nessa época, o girassol representou 66%

do total do óleo vegetal comestível produzido naquele país (Porto, 2006).

No Brasil, a pesquisa com girassol foi iniciada pelo Instituto Agronômico de

Campinas (IAC) do Estado de São Paulo, cujos primeiros registros datam de 1932

(Ungaro, 2000). No Rio Grande do Sul, as pesquisas começaram na década de 50.

Devido à demanda por fontes energéticas, em 1980, os trabalhos experimentais foram

reiniciados, respaldados pela existência de híbridos e informações de pesquisa

realizadas especialmente nos Estados do Paraná e de São Paulo. Os trabalhos foram

11

desenvolvidos basicamente nas áreas de manejo da cultura e melhoramento genético

(Leite et al., 2005).

Entretanto, o interesse e o aumento do cultivo do girassol no Brasil ocorreu,

sobretudo, em virtude das pesquisas, do desenvolvimento tecnológico no setor na

década de 90, do surgimento de indústrias e pela necessidade de agricultores em

diversificar suas lavouras. Ademais, as inúmeras formas de uso, sejam na forma de óleo

para alimentação humana, ou para a produção de biodiesel, na alimentação animal por

meio de sementes para pássaros, farelo, torta ou silagem para ruminantes e

monogástricos, têm contribuído para o aumento crescente de pesquisas e da produção,

bem como para o estabelecimento de sua cadeia produtiva nas diferentes regiões do país

(Oliveira, 2001).

É uma das culturas oleaginosas que mais cresceram nos últimos anos, tanto em área

de cultivo como em produção, sendo classificada atualmente como a segunda maior

fonte de matéria-prima para a indústria de óleo comestível do mundo (Souza et al.,

2005). Atualmente o girassol encontra-se entre as cinco maiores culturas oleaginosas

produtoras de óleo vegetal comestível do mundo e a quinta em área cultivada no mundo,

abrangendo uma área de aproximadamente 20 milhões de hectares. Durante a safra

2010/11, sua produção foi de 7% da produção mundial de oleaginosas, ficando atrás

apenas da soja, canola, algodão e amendoim, produzindo o equivalente a 12%, 52%,

72% e 87%, respectivamente destas culturas. O Brasil é o segundo maior produtor

mundial de oleaginosas, porém os maiores produtores de girassol são Ucrânia, Rússia e

Argentina (USDA, 2011).

A área de girassol colhida em todo o mundo, durante a safra de 2010/11, foi de

aproximadamente 2,24 milhões de hectares (USDA, 2011). No Brasil, a área colhida

durante a safra 2007 foi de 73,2 mil hectares, com uma produção de 104,9 mil

toneladas. Os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul

são os maiores produtores, respondendo por 93% da produção brasileira. A área

plantada de girassol no Brasil, de 1998 até 2007, cresceu de 12,4 mil ha para 73,2 mil

ha, o que representa um aumento de cerca de 590%, ou seja, quase que 100% ao ano

(IBGE, 2008).

No ―Segundo Levantamento de Intenção de Plantio‖, realizado pela Conab, no mês

de novembro/2012, estimou-se que a área do cultivo de girassol, para a safra 2012/13,

deve ser mantida. Tal área cultivada deve ficar em torno de 74,5 mil hectares, com 47,1

12

mil hectares cultivados no Mato Grosso, correspondendo a 63%. Em seguida vem o

Estado de Goiás com 13,9 mil hectares, ou 19% da área nacional semeada com girassol.

As estimativas de produção nacional de girassol, para a safra 2012/13, devem girar em

torno de 93,6 mil toneladas, ou seja, 20% inferior à safra passada. Caso esta previsão de

queda esperada na produção de girassol se configure no quadro atual, e as condições

climáticas ao longo do ciclo da cultura mantiverem-se instáveis, com certeza haverá

redução na produção (CONAB, 2012).

Na pesquisa sobre a cultura do girassol é muito importante a identificação de

genótipos que apresentam características favoráveis de rendimento de grãos, tolerância

a doenças, ciclo, teor de óleo e adaptação à colheita mecanizada (Trezzi et al. 1997). A

avaliação e a seleção de genótipos de girassol estão sendo feitas por meio de uma rede

oficial de ensaios. Esta rede conta com a participação de instituições públicas e

privadas, sendo coordenada pela Embrapa Soja. Os ensaios têm sido conduzidos em

vários locais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás,

Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Tocantins e Distrito

Federal (Porto, 2006).

Os desafios que o girassol enfrenta no Brasil são basicamente três: oferecer aos

produtores uma cultura alternativa que produza duas colheitas por ano; oferecer mais

uma matéria-prima oleaginosa às indústrias de processamento de outros grãos,

reduzindo sua ociosidade; e, finalmente, oferecer ao mercado um óleo comestível de

alto valor nutritivo (Pelegrini, 1985). Soma-se a esses desafios, a alternativa atual da

produção de energia, já que o óleo de girassol pode ser utilizado como matéria-prima

para a produção de biodiesel (Leite et al., 2005), bem como o aproveitamento de seus

resíduos agroindustriais, como por exemplo na alimentação animal, visto que o aumento

na produção de girassol no país abriu caminhos para a utilização da biomassa do

girassol, não apenas para a produção de óleo e outras utilizações usuais.

Em consequência do programa nacional de biodiesel, o cultivo do girassol para este

fim vem crescendo a cada ano no Brasil. Já a partir de 2008, o programa incluiu 3% de

biodiesel no óleo diesel, representando aproximadamente um bilhão de litros de

biodiesel por ano, que vem aumentando a produção de culturas de oleaginosas com

características desejáveis para este fim (Lima, 2011).

O girassol é uma cultura de ciclo curto, elevada qualidade e alto rendimento em óleo,

características que fazem dela uma boa opção aos produtores brasileiros (Gontijo-Neto

13

et al., 2009). Apresenta sistema radicular com raiz principal pivotante, suas folhas são

alternadas e pecioladas. A inflorescência é um capítulo, no qual se desenvolvem os

grãos, denominados aquênios. O caule e o capítulo são os componentes de maior

participação na produção de massa do girassol (Tomich et al., 2003).

Ademais, o girassol é a oleaginosa com maior tolerância à seca, ao frio e ao calor,

quando comparada com a maioria das espécies cultivadas no Brasil. Esses autores

relatam ainda que o girassol se adapta bem a condições variáveis de temperatura,

considerando-se a faixa entre 18 °C e 24 °C como a melhor para o desenvolvimento da

cultura. Durante as primeiras fases do seu ciclo (0 a 40 dias), a planta apresenta

tolerância às baixas temperaturas e à seca, sendo que nas fases seguintes, o frio

excessivo e a falta de água provocam alterações nas plantas, ocasionando perda na

produção. Requer solos férteis, profundos e com boa drenagem, de preferência argilo-

arenosos, com boas provisões de nitrogênio, fósforo e potássio, para obter altos

rendimentos. No entanto, a cultura também tem a capacidade para se desenvolver em

solos menos férteis e com características físicas deficientes, desde que sejam feitas

correções mínimas necessárias (Leite et al., 2005).

A duração do ciclo vegetativo pode variar de 90 a 130 dias, dependendo dos

materiais utilizados para o cultivo, desde os mais precoces, até os mais tardios, da data

de semeadura e das condições ambientais características de cada região e ano. Porém,

não há um consenso sobre a adaptabilidade de cultivares, tampouco de períodos fixos de

semeadura para as diferentes regiões brasileiras. Assim, escolher o período de plantio

torna-se crucial para o sucesso da lavoura. No Brasil, as recomendações existentes para

as diferentes regiões apontam duas possíveis estações do ano para a semeadura, verão e

outono (Costa et al., 2000; Porto, 2006). O girassol pode ser cultivado em safra

(semeadura agosto/setembro) no Rio Grande do Sul e Paraná, e em safrinha (semeadura

fevereiro/março) em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito

Federal, Bahia e Maranhão (Porto, 2006).

De acordo com Úngaro (2000), o girassol deve ser colhido quando o teor de água

do grão estiver entre 14% e 16%, uma vez que com teores maiores de umidade os

mesmos podem manchar e adquirir odores que passam para o óleo. Neste caso, convém

proceder à secagem em terreiros ou em secador. Nos cultivares precoces, isto ocorrerá

por volta de 100 dias e nos cultivares tardios, em torno de 120 dias, após a emergência

das plantas, dependendo das condições climáticas da região.

14

Há disponibilidade de tecnologia para garantir o desenvolvimento da produção de

girassol para diferentes regiões brasileiras, em condições favoráveis, em termos de

rendimento físico por hectare. A sua inserção na cadeia produtiva também está

assegurada, considerando que utiliza a mesma estrutura disponível para a soja

(Monteiro, 2007).

O cultivo de girassol no Brasil é relativamente recente, assim, devido à interação

entre genótipo e ambiente, presente nas espécies vegetais, torna-se necessária a

avaliação contínua de genótipos de girassol (Porto, 2006). Baseado nos resultados

obtidos pela Rede de Ensaios de Avaliação de Genótipos de Girassol, coordenada pela

Embrapa Soja, observa-se que há um grande potencial para a sua produção nos Estados

de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Bahia, Maranhão e Piauí. As regiões

potenciais são bastante distintas em relação ao clima, ao solo e à estrutura fundiária,

caracterizando-se como áreas produtoras de grãos, por apresentarem infraestrutura

necessária à produção de girassol (Oliveira e Vieira, 2004).

Para o médio e grande produtor rural a cultura do girassol preenche necessidades de

opção de rotação e sucessão de culturas com vantagens sobre outras plantas. Para o

pequeno produtor, os grãos servem para a alimentação de aves e consumo humano.

Além disso, a existência de uma microusina de extração de óleo, acessível para

cooperativas, associações de produtores e mesmo agricultores de médio porte, permite a

extração do óleo a frio, que serve tanto para fins medicinais, como para uso doméstico,

na propriedade ou mercado local (Monteiro, 2007).

De acordo com Favarão et al. (2009), de uma maneira geral, a exigência do girassol

para fertilidade de solo é semelhante à da cultura da soja e do milho, mas não tolera

acidez e compactação do solo, que podem limitar o seu desenvolvimento, intensificando

os problemas nutricionais associados ao déficit hídrico e reduzindo o potencial

produtivo da cultura. Segundo os autores, o girassol promove melhoria na fertilidade do

solo pela ciclagem de nutrientes e observando-se ainda baixa exportação de nutrientes.

A temperatura ótima para o desenvolvimento da cultura de girassol situa-se ao

redor dos 27º C e o solo deve possuir pH acima de 5,2 para que seja evitada toxidez. De

acordo com Úngaro (2000), a deficiência de nitrogênio tem sido identificada como a

desordem nutricional mais frequente da planta, sendo que solos pobres em fósforo e

potássio ocasionam problemas de crescimento e quebras da haste da planta.

15

A adubação orgânica traz benefícios de ordem física, química e biológica. Quando

se trata de adubos orgânicos, estercos de animais são os mais importantes, seja pela sua

composição, disponibilidade relativa ou benefícios da aplicação (Souto et al., 2005).

Os benefícios no uso de estercos animais perpassam por melhorias nas propriedades

físicas do solo e no fornecimento de nutrientes, aumento no teor de matéria orgânica,

melhorando a infiltração da água como também aumentando a capacidade de troca

catiônica (Hoffman et al., 2001). De acordo com Oliveira et al. (2009), elevados teores

de esterco podem proporcionar desbalanço nutricional no solo e, em consequência,

redução no desenvolvimento e produção final da cultura de girassol. Para Rossi (1998),

o esterco de bovino proporciona aumentos na produção significativamente nos anos

com precipitação adequada e umidade no solo na cultura do girassol. Além disso, a

adoção de adubação orgânica com esterco bovino, entre outros, torna-se uma alternativa

viável devido à facilidade de obtenção e o custo relativamente baixo (Nobre et al.,

2010).

Dentre os nutrientes que compõe os estercos, o nitrogênio destaca-se por

desempenhar importante função no metabolismo e na nutrição da cultura do girassol, e a

sua deficiência causa a desordem nutricional, sendo que esse nutriente é o que mais

limita a sua produção, enquanto o excesso ocasiona decréscimo na porcentagem de óleo,

e doses elevadas podem aumentar a incidência de pragas e doenças, afetando a produção

de grãos (Biscaro et al., 2008).

Com relação à fertilização do girassol, tem-se observado que a cultura acumula

grandes quantidades de nutrientes, principalmente nitrogênio, fósforo e potássio. Seu

sistema radicular profundo proporciona maior exploração e auxilia no melhor

aproveitamento da fertilidade natural dos solos e das adubações dos cultivos anteriores,

absorvendo nutrientes das camadas mais profundas (Santos e Grangeiro, 2013).

Contudo, Santos et al. (2010) alerta que o boro (B) é um nutriente encontrado em baixas

concentrações na planta, sendo essencial para o desenvolvimento da planta, e sua

deficiência causa problemas nutricionais com frequência na cultura do girassol.

As recomendações de adubação nitrogenada em cobertura no girassol variam de 40

a 80 kg ha-1

de N. Como esse nutriente é extraído pela cultura em grandes quantidades e

não apresenta efeito residual direto no solo, a produtividade esperada é uma função das

dosagens de N utilizadas (Lobo et al., 2011). Resultados experimentais indicam que a

produção máxima de girassol foi alcançada com 80 a 90 kg ha-1

de N, contudo, com

16

aplicação de 40 a 50 kg ha-1

de N se obtém 90% da produção relativa máxima,

correspondendo aos níveis de adubação economicamente mais eficientes (Smiderle et

al., 2002).

1.3. USO DA TORTA DE GIRASSOL NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

O elevado conteúdo de proteína e energia das sementes de girassol potencializou a

sua utilização na formulação de raçoes para bovinos leiteiros (Carvalho et al., 2009). A

partir da extração do óleo das sementes de girassol obtêm-se dois coprodutos de grande

importância para a alimentação animal, o farelo e a torta, em que dois processos de

extração podem ser empregados e determinam o tipo de coproduto. O método que

utiliza hexano como solvente é de escala industrial e se caracteriza pela elevada

eficiência, resultando no farelo de girassol (Silva e Pinheiro, 2005). Sua qualidade

depende da forma dessa extração e se as cascas desse grão foram ou não retiradas antes

da extração (Oliveira, 2003). Quando o grão é processado ou descascado dá origem a

um farelo com maior valor nutricional (Silva e Pinheiro, 2005).

Parte considerável dos coprodutos da extração do óleo de girassol que têm sido

utilizados na alimentação animal apresenta-se em forma de farelos (Mandarino, 1992).

Mesmo sendo boa fonte proteica e tendo potencial para aplicação em formulações de

alimentos, o farelo de girassol é utilizado quase que exclusivamente na produção de

rações para animais.

A torta de girassol, outro coproduto da extração do óleo de girassol, resulta do

processo de esmagamento dos grãos, oriundo da extração parcial do óleo a frio e

resultando em aproximadamente 15% de óleo na matéria seca (Oliveira e Lew, 2002).

Segundo Santos (2008), este teor de óleo varia de acordo com a regulagem da prensa,

uma vez que a extração é apenas por esmagamento dos grãos, restando assim um maior

teor de óleo na torta quando comparada com o farelo de girassol.

Vale destacar que o girassol é a oleaginosa com a terceira maior produção de torta

do mundo, ficando atrás somente das tortas de soja e de canola, sendo que na Europa

sua produção alcança 12 milhões de toneladas por ano (Monlau et al., 2013).

17

Para se obter a torta de girassol (TG), os grãos são esmagados inteiros, com ou sem

cascas e à temperatura ambiente; esses grãos não passam por nenhum cozimento prévio,

ou outro processo para obtenção da torta (Turatti, 2000). Durante o processamento da

extração de óleo, o rendimento da torta de girassol varia de acordo com o cultivar do

girassol. Após o processo de esmagamento por prensagem a frio, pode-se extrair em

torno de 33% de óleo e 67% de torta em relação ao peso total dos grãos, e a torta poderá

apresentar teores de estrato etéreo (EE) entre 10 e 27% (Oliveira, 2003). Entretanto,

Oliveira e Cáceres (2005) obtiveram resultados com rendimento médio de 40% de óleo,

25% de casca e 35% de torta. Um dos gargalos para a produção de sementes de

oleaginosas, como girassol, soja e outras, em pequenas propriedades, é a falta de

disponibilidade de indústrias processadoras de grãos e o elevado preço do transporte.

Nesse sentido, estudos para viabilizar a extração de óleo a frio vêm sendo desenvolvidos

com uso de miniprensa por ser uma alternativa para agricultura familiar no cultivo de

grãos com alto teor de óleo, agregando valor à cultura do girassol (Oliveira e Vieira,

2004).

O rendimento da torta varia com o cultivar e normalmente, no processo da

prensagem a frio, consegue-se extrair em torno de 1/3 de óleo e 2/3 de torta (Oliveira,

2003; Silva e Pinheiro, 2005).

A torta de girassol tem características nutricionais intermediárias entre o grão e o

farelo (Tabela 1.2).

Tabela 1.2. Composição bromatológica da torta de girassol, segundo diferentes autores

MS PB EE FDN FDA

------------------------------g kg-1

*-----------------------------

Silva et al. (2002)1 924,3 220,1 239,6 - -

Oliveira (2003)1 918,0 229,0 155,0 383,0 293,0

Costa et al (2005) 924,3 221,9 221,5 - -

Neiva et al. (2007) 932,8 312,6 216,0 483,5 350,5

Santos (2008)1 919,0 229,0 155,3 383,3 293,2

Chung et al. (2009) 917,1 277,9 199,0 396,3 374,9

Goes et al. (2010) 950,5 309,3 1676 426,9 312,7

* teor na MS ou na base da matéria seca. Matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE),

fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA).

Fonte: Lima, 2011.

18

Segundo Silva et al. (2002), os valores da composição da torta gorda de girassol a

qualificam como um alimento com potencial na nutrição animal. Geralmente, a torta de

girassol é considerada como alimento concentrado proteico (>20% PB), com proteína

de alta degradabilidade ruminal (>90%), rico em lipídeos insaturados (17 ± 10% EE) e

em fibra (35 ± 5% FDN) (Silva, 2004).

O milho e a soja são os principais alimentos utilizados para suplementação de

bovinos de corte, porém o custo de produção dessas culturas tem aumentado a cada ano,

tornando inviável a utilização dos mesmos. Considerando a alimentação animal como o

elo entre a produção de biodiesel e a pecuária, a utilização da torta de girassol na

alimentação de ruminantes visa manter a produtividade a partir de uma alternativa para

o sistema de criação, especialmente para o produtor que poderia plantar o girassol e

extrair o óleo em sua propriedade. O resíduo da produção passa a ser então utilizado

para os animais, gerando renda com custo reduzido (Oliveira, 2001).

O uso destes coprodutos de girassol se torna vantajoso economicamente em

diversas situações, tendo como consequência a liberação do farelo de soja para a

exportação (Ungaro, 2000). Por essa razão, a torta de girassol também tem sido utilizada

como alternativa de substituição para esses ingredientes por apresentar um alimento

proteico e energético e isso tem despertado produtores na utilização de coprodutos do

girassol para alimentação animal (Santos, 2008; Santos et al. 2009).

É um produto rico em proteínas, cálcio e fósforo e contêm altos teores de fibra

quando a casca não é retirada antes da extração do óleo. Ao sair da prensa, o óleo

apresenta teor de vitamina E superior aos valores encontrados nos óleos extraídos por

processos convencionais industriais, com o uso de solventes (Oliveira e Vieira, 2004).

Em ensaios conduzidos por Beran et al. (2005), nos quais foram utilizados quatro

bovinos machos castrados fistulados no rúmen em pastejo e recebendo mistura mineral

ad libitum, foram avaliadas a degradação ruminal in situ da MS, PB e MO de 12

alimentos concentrados: grão de girassol integral (GI), grão de girassol parcialmente

desengordurado (GD), farelo de girassol (FG), torta de girassol com uma passagem pela

prensa (TG1x), torta de girassol com duas passagens pela prensa (TG2x), para retirada

do óleo, grão de soja comercial (SI), grão de soja comercial parcialmente

desengordurado (SD), farelo de soja (FS), caroço de algodão (CA), farelo de algodão

(FA), gérmen de milho desengordurado (GM) e um concentrado comercial com 36% de

PB (CC-36). As degradabilidades efetivas (DE) da PB a uma taxa de passagem de 5%/h

19

variaram de 62,08 a 95,93% para CC-36 e TG2x, respectivamente, e da MO de 85,28 a

48,17% para FS e CA, respectivamente. O CC e o GM apresentaram as menores DE da

PB, porém somente o CC teria maiores escapes de proteína para ser digerida nos

intestinos, pois o GM apresenta pouca PB em sua constituição.

Segundo Góes et al. (2008), estudando a degradabilidade ruminal de diferentes

alimentos alternativos, utilizando-se a técnica ―in situ‖, em três novilhos mestiços, a

fração potencialmente degradável e a degradabilidade efetiva da MS e PB para a torta

de girassol foram, respectivamente, de 40 e 26% e 51 e 39%. A torta de soja apresentou

fração solúvel de 37 e 21%, para MS e PB, com degradabilidade de 73 e 70%, e o

bagaço de uva, de 22 e 20% para MS e PB, com taxa de degradação de 4 e 8%/h, o que

acarretou degradabilidades de 54 e 50% para MS e PB, respectivamente. Tais resultados

demonstram que a torta de girassol apresenta grande potencial de utilização em dietas

de ruminantes.

Em experimento relatado por Beran et al. (2007), foi determinada a digestibilidade

de componentes nutricionais não-degradados no rúmen de oito alimentos concentrados

descritos por Beran et al. (2005), dentre eles dois tratamentos com torta de girassol. Os

alimentos foram incubados no rúmen de bovinos por 33, 20 e 12 horas, correspondendo

a taxas de passagens de 4 e 8% h-1

, respectivamente. Nos resíduos desta incubação,

foram determinados a MS, MO e os teores de nitrogênio total. A digestibilidade

intestinal ―in vitro‖ da MS não degradada no rúmen, considerando taxa de passagem de

5% h-1

, variou de 8 a 38%. A digestibilidade da PB não-degradada no rúmen variou de

14 a 82% para mesma taxa de passagem. A digestibilidade da MO variou de 8 a 37%

para a mesma taxa de passagem. Os menores valores para a proteína digestível não

degradável no rúmen (PNDRD), em g kg-1

MS, foram obtidos nas tortas de girassol com

uma ou duas passagens, sugerindo que estes alimentos não devem ser empregados

quando se deseja maiores teores de PNDRD.

A torta de girassol é uma fonte alternativa de nutrientes, apresenta 22% de PB, 23%

de EE e digestibilidade em torno de 68% (Oliveira e Vieira, 2004); porém apresenta

extrema variação no seu conteúdo de lipídeos (6-30%), se assemelhando às

características das sementes integrais devido ao teor de lipídeos poli-insaturados. O óleo

de girassol apresenta alta relação de ácidos graxos poli-insaturados/saturados (65%/

12%). O teor de poli-insaturados é constituído, em sua quase totalidade, de ácido

20

linoleico (65%) que, por não ser sintetizado pelo organismo, é classificado como

essencial, participando das funções fisiológicas do organismo (Lima, 2011).

A PB da torta de girassol caracteriza-se por ser altamente degradável, sendo seu

teor de proteína não degradável no rúmen menor que 10% (Beran et al., 2007).

Resultados distintos foram encontrados para a torta de girassol, no que se refere

degradabilidade ruminal da PB, pela técnica in situ, enquanto Goes et al. (2008) obteve

valores com baixa degradabilidade (37%), Goes et al. (2010) obteve degradabilidade

média (50%). A variação entre estes valores pode ter ocorrido devido ao processo de

extração do óleo, ou à falta de uniformidade da torta em função da variedade utilizada,

mostrando que se necessita de uma padronização para a torta de girassol (Goes et al.,

2010).

Comparando a composição e a degradação da proteína das tortas de girassol, de

amendoim e de algodão em touros fistulados, Turki e Atcham (2011) provaram que a

torta de girassol possui maior massa molecular na concentração de aminoácidos, além

de possuir aminoácidos estáveis, assim como na torta de amendoim, enquanto a torta de

algodão possui aminoácidos instáveis.

Domingues et. al. (2006), avaliando os efeitos da substituição do farelo de algodão

por torta de girassol, para bovinos de corte, observaram que a inclusão de torta de

girassol proporcionou menor ingestão de matéria seca, porém não alterou os valores de

pH e N-NH3 do líquido ruminal e ureia plasmática.

Stein (2003), ao substituir 25 e 50% da proteína bruta do farelo de soja pela torta,

com 16% de extrato etéreo na matéria seca, em concentrados contendo o milho grão

como fonte energética, verificou efeito significativo sobre a digestibilidade in vitro da

matéria seca (DIVMS), apresentando valores de 92; 85 e 85%, para os tratamentos

controle, com 25 e com 50%, respectivamente; para a digestibilidade in vitro da

proteína bruta (DIVPB), a média foi de 68%.

Pesquisas recentes comprovam o uso da TG com gado de corte sem afetar o

desempenho animal. Matti et al. (2009), ao avaliar os efeitos de um suplemento de TG

nos parâmetros, quantidade e qualidade, de carcaças e carne de touros da raça

Marchigiana, concluíram que as performances de animais vivos e post-mortem não

foram significativamente diferente nos animais que receberam o suplemento, enquanto

que foram observadas diferenças significativas na conformação e gordura. Os

parâmetros de cor também foram influenciados pela dieta, o que resultou em uma cor

21

vermelha mais brilhante, muito apreciada pelos consumidores, ao usar a torta de

girassol.

Ainda assim as pesquisas são escassas e as informações sobre os níveis e efeitos da

inclusão da torta de girassol na dieta de bovinos de corte são limitadas (Matti et al.,

2009), informações estas fundamentais para a manipulação de dietas mais eficientes. No

entanto, o uso da torta de girassol não se restringe à suplementação de bovinos. Em se

tratando de pequenos ruminantes, avaliando o efeito da suplementação com torta de

girassol na qualidade da carne de cabra indígenas da África do Sul, Xaleza et al. (2012)

concluíram que a torta de girassol, como suplementação, melhorou significativamente

os atributos da qualidade da carne. Nagalakshmi et al. (2011) estudaram o efeito da TG

no desempenho de crescimento, utilização de nutrientes, resposta imune e características

da carcaça de cordeiros ―Nellore‖. Os autores concluíram que a TG pode ser utilizada

como única fonte de proteína sem afetar o desempenho, imunidade e características de

carcaça dos cordeiros.

O uso da TG também se estende à atividade leiteira. Pereira et al. (2011) avaliaram

o efeito da inclusão da torta de girassol nos parâmetros de produção e composição do

leite de vacas Girolanda. Os autores concluíram que o uso da torta de girassol não altera

a eficiência de síntese de proteína microbiana e o perfil de ácidos graxos do leite,

entretanto, pode consistir em alimentação alternativa para vacas de lactação, garantindo

uma produção em torno de 20 kg leite por dia com inclusões de 7 a 21% no concentrado

da dieta.

Já no trabalho desenvolvido por Santos et al. (2012), foi possível chegar a 72% de

inclusão da torta de girassol no concentrado da dieta na suplementação de vacas

lactantes sem acarretar em ônus econômico, porém os autores ressalvaram que a maior

produção foi atingida com teores de 24% de torta de girassol.

Em monogástricos, segundo Singh e Prasad (1979), as pesquisas datam desde a

década de 40, século XX, quando frangos já vinham sendo submetidos a dietas de

crescimento com uso da torta de girassol em substituição ao farelo de soja, farinha de

peixe, e outros. Conforme os autores, muitos pesquisadores aprimoraram seu uso na

alimentação de frangos, desde então. Nos anos 50, já se estudava tendências na

produção, valor nutritivo e utilização da torta de girassol na alimentação animal (Singh

e Prasad, 1979).

22

A torta de girassol poderia ser utilizada em até 100% de inclusão na dieta de

frangos de corte sem comprometer o desempenho, conforme provaram Singh e Prasad

(1979), desde que o teor de lisina não fosse afetado pelo processo de extração do óleo,

visto que estudos com o farelo de girassol demonstram que seu uso demanda pela

suplementação com lisina (Christaki et al., 1993). A questão é que o processo para a

obtenção da torta não necessita do aquecimento dos grãos a temperaturas elevadas como

ocorre na extração química do óleo, que promove a redução de lisina.

Em outro estudo, avaliando o desempenho de galinhas poedeiras, Singh et al.

(1981) encontraram, em dietas contendo 50 e 100% de torta de girassol, maior produção

de ovos, aumento no consumo, maior eficiência alimentar e ovos mais pesados. Os

mesmos autores fizeram a ressalva de que o conteúdo de óleo da torta não afetou

significativamente o peso do albúmen e a cor da gema. Ainda na alimentação de

poedeiras, Karunajeewa et al. (1989) destacaram que o uso do óleo de girassol

associado à torta não acarreta em perdas e que basta um por cento da casca do grão para

reduzir o peso dos ovos.

A torta de girassol pode ser utilizada ainda em até 15% de inclusão nas rações de

crescimento e terminação de suínos, mantendo-se os mesmos índices de desempenho e

qualidade da carcaça. A inclusão de 15% da torta de girassol foi a que apresentou o

melhor índice de eficiência econômica (Costa et al., 2005).

Dayal et al. (2011) testaram com sucesso a inclusão de torta de girassol que pode

alcançar um máximo de 5% da dieta e até 20% em substituição à farinha de peixe no

arraçoamento de camarões tigre, tanto em tanque como em tanques-rede.

A torta de girassol também pode ser utilizada na alimentação de monogástricos

herbívoros, pois suas características nutricionais permite à torta substituir o farelo de

soja na dieta de cavalos atletas. O elevado teor de proteínas da torta de girassol,

associado a um satisfatório conteúdo de energia, permitiu a Trombetta et al. (2007),

formularem duas rações experimentais e reduzirem o volume de ração, sem afetar a

exigência nutricional, com vantagens em termos do aparelho gastrointestinal do cavalo

atleta.

Uma das preocupações atuais na alimentação de ruminantes é a produção de

metano ruminal. Devido à alta concentração de EE em sua composição, a utilização da

torta de girassol pode trazer benefícios como a menor emissão de gases de efeito estufa

pelos animais, gerando créditos de carbono e atendendo ao interesse da iniciativa

23

privada. De acordo com estudos recentes na Austrália e Canadá, para cada 1% de

acréscimo de gordura na dieta de ruminantes, pode-se reduzir em até 6% a quantidade

de metano produzido por kg de matéria seca consumida. A gordura atua auxiliando na

mitigação de metano entérico, o que é valorizado atualmente. Ademais, um dos pontos

críticos da utilização das tortas e farelos na alimentação animal é a infestação pós-

colheita pelo fungo Aspergillus flavus que produz toxina de alta letalidade

(hepatotóxica, cancerígena e teratogênica), a aflatoxina, entretanto, cuidados na colheita

e armazenagem reduzem consideravelmente os problemas advindos da infestação

(Abdalla et al., 2008).

De acordo com Souza e Silva (2002), na América Latina, desde o início do século,

se produz mais de 500 mil toneladas por ano de subprodutos e resíduos agroindustriais,

sendo o Brasil responsável por mais da metade dessa produção. Por outro lado, relatam

os autores, com a política dos biocombustíveis pode-se esperar uma maior quantidade

de coprodutos para a alimentação animal; desta forma, o aproveitamento destes

cobprodutos assume um papel economicamente importante, devido ao grande volume

disponível, assim como a versatilidade de sua utilização, basicamente sob a forma de

insumos para a alimentação animal.

Segundo Matos (2005), a produção de resíduos agrícolas é variável, pois depende

da espécie cultivada, o destino da mesma, das condições climáticas e da fertilidade do

solo, entre outros. O conteúdo de nutrientes dos resíduos de culturas também pode

variar, pois as mesmas, como a produção, dependem da fertilidade do solo e tipo de

material. O aproveitamento racional dos coprodutos agrícolas e agroindustriais na

alimentação animal tem se constituído em uma alternativa de grande valia na redução

dos custos da alimentação e manutenção dos níveis de produção de carne e leite. Além

disso, a utilização destes subprodutos permite uma destinação mais apropriada aos

mesmos, tornando consequentemente menores os riscos de poluição ambiental

provocada pelo seu acúmulo, uma vez que esses produtos são possíveis de serem

utilizados na alimentação de animais domésticos, principalmente na de ruminantes.

Desta forma, a utilização de subprodutos da agroindústria em dietas de bovinos tem

importância sob o ponto de vista econômico, nutricional e ambiental.

A alimentação animal com coprodutos tipicamente na forma de resíduos de

colheitas tem sido praticada há muitos anos. Atualmente, a maioria dos coprodutos

24

utilizados na alimentação de ruminantes é resultante do processamento da indústria

alimentícia e têxtil, sendo a sua importância em regiões próximas a essas indústrias e

quando o suprimento é baixo ou de seus preços elevados (Grasser et al., 1995).

O aproveitamento de certos resíduos ou subprodutos provenientes das indústrias e

da agricultura também representa uma alternativa para maximizar a lotação de bezerros,

que, combinados de forma adequada, permitiriam não só o aumento na produção de

carne, mas também a redução significativa nos custos da alimentação (Garcia et al.,

2006).

Nesse contexto, a torta de girassol é uma excelente alternativa para a produção

animal no semiárido, pois é um coproduto ainda subutilizado e com excelentes

perspectivas para a região. Vários são os coprodutos empregados na alimentação de

ruminantes, dentre eles destacam-se também o caroço de algodão, a polpa cítrica,

bagaço hidrolisado de cana, o resíduo úmido de cervejaria e coprodutos da fabricação de

bicombustíveis entre outros. Na nutrição de ruminantes, a torta de girassol torna-se

alternativa de alimento por possuir altos teores de proteína e energia, e os efeitos da sua

adição nas dietas vêm sendo estudados por diversos autores.

25

1.4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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34

CAPÍTULO 2

____________________________________________________________

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DO GIRASSOL SOB

ADUBAÇÃO ORGÂNICA E TEOR DE ÓLEO DA SEMENTE E

PRODUTIVIDADE DA TORTA

35

Caracterização morfológica do girassol sob adubação orgânica e teor de óleo da

semente e produtividade da torta

RESUMO

O girassol e seus coprodutos têm se tornado uma excelente alternativa para a composição de dietas proteicas na

alimentação animal na região semiárida. Objetivou-se realizar avaliação morfológica do girassol, sua

produtividade e teor de óleo das sementes e da torta de girassol, cv. Hélio 250, submetida a doses de adubação

orgânica em sequeiro. O experimento foi conduzido na Estação Experimental Lagoa Bonita do Instituto

Nacional do Semiárido, solo Neossolo Quartzarênico Órtico típico. Corrigiu-se o solo segundo a análise

química do solo, realizando a correção do pH por meio de calagem, 60 dias antes da semeadura. O esterco

bovino foi aplicado manualmente em covas concomitante com a semeadura. O espaçamento entre linhas foi

de 80,0 cm e de 50,0 cm entre plantas, sendo a semeadura realizada no dia 28 de fevereiro, a primeira coleta de

dados no dia 06 de abril e a colheita no dia 10 maio de 2011. O delineamento foi em blocos casualizados, com

seis tratamentos, quatro blocos e nove observações. Os tratamentos consistiram de doses de esterco bovino: T1

– testemunha, sem adição de esterco; T2 – 7,5 t ha-1; T3 – 15 t ha

-1; T4 – 22,5 t ha

-1; T5 – 30 t ha

-1; T6 – 37,5 t

ha-1. Para a avaliação morfológica foram anotados o diâmetro do capítulo (DC), a altura da planta (AP) e o

número de folhas (NF). A produtividade de aquênios foi estimada a partir do peso de 100 aquênios, enquanto

que a produtividade do óleo e da torta foram estimadas a partir da produção de sementes. O teor de óleo da

torta foi determinado por Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e da torta por extrativo etéreo. O nível de

inclusão de esterco mais promissor foi o de 22,5 t ha-1. O número de folhas do girassol não está associado

(P>0,05) à dosagem de esterco bovino. Entretanto, a altura das plantas e o diâmetro dos capítulos do girassol,

cv. Hélio 250, foram influenciados positivamente (P<0,05) pela dosagem de esterco bovino em comparação

ao tratamento sem adição de esterco. A correlação entre as produtividades estimadas de óleo e da torta com a

adubação apresentaram significância, em que as curvas foram lineares e crescentes, conforme o aumento da

dose de esterco bovino. A adubação com esterco bovino promoveu aumento na produtividade, em 500 kg ha-

1, do girassol, sendo a média do tratamento T3 (22,5 t ha

-1 de esterco de bovino) a que apresentou o maior

resultado dentre todas as produtividades avaliadas, especialmente na produção de grãos (951,7 kg ha-1). A

entrada de N no sistema produtivo significou maior incremento na produção de grãos, o que refletiu

diretamente na produção de óleo e de torta. A interação entre o teor de óleo e a adubação orgânica não foi

significativa.

Palavras-chave: coproduto, ecofisiologia vegetal, esterco bovino, morfogênese, resíduo

agroindustrial.

36

Morphological characterization of Sunflower under organic fertilization and seed

oil content and yield cake

ABSTRACT

Sunflower and its byproducts have become a great alternative to compose proteic diets in animal feed in the

semiarid region. This study aimed to evaluate the morphology of sunflower productivity and oil content of the

seeds and sunflower cake, cv. Helium 250, subjected to doses of organic manure on dryland. The experiment

was conducted at the Experimental Station Lagoa Bonita of the National Institute Semiarid, soil Neossolo

Quartzarênico Órtico típico. The soil corrections were according to soil chemical analysis, performing the

correction of pH by liming, 60 days before sowing. The manure was applied manually in pits concomitant

seeding. The spacing between lines was 80.0 cm and 50.0 cm between plants and sowing held on February

28, the first data collection in April 06 and harvest on May 10, 2011. The experimental design was a

randomized block design with six treatments and four blocks and nine observations. Treatments consisted of

cattle manure: T1 - control, without addition of manure, T2 - 7.5 t ha-1, T3 - 15 t ha

-1, T4 - 22.5 t ha

-1, T5 - 30 t

ha-1, T6 - 37.5 t ha

-1. For morphological evaluation were noted inflorescence diameter (DC), plant height (PH)

and the number of leaves (NL). The achenes yield was estimated from the weight of 100 seeds, whereas the

productivity of oil and cake were obtained by seed production. The cake oil content was determined by nuclear

magnetic resonance (NMR) and pie by ether extraction. The inclusion level of manure was the most

promising of 22.5 t ha-1. The number of leaves of the sunflower is not associated (P> 0.05) to the dosage of

manure. However, plant height and head diameter of sunflower, cv. Helium 250, were positively influenced (P

<0.05) by the dose of manure compared to treatment without manure. The correlation between the estimated

productivity of oil and pie with fertilization were significant in that the curves were linear and increasing, with

increasing dose of manure. The cattle manure increased the productivity of 500 kg ha-1, sunflower, and the

average treatment T3 (22.5 t ha-1 of cattle manure) that had the highest result among all productivity evaluated

especially in grain yield (951.7 kg ha-1). The N input in the production system meant greater increase in grain

production, which directly reflected in the production of oil and cake. The interaction between the oil content

and organic fertilization was not significant.

Key-words: byproduct, plant physiological ecology, manure, morphogenesis,

agroindustrial residue.

37

2.1. INTRODUÇÃO

A região Nordeste do Brasil, sobretudo as áreas semiáridas, é caracterizada pela

irregularidade da precipitação pluviométrica, que se concentra em poucas chuvas

torrenciais, chovendo ao longo de três ou quatro meses no ano, desfavorecendo a

atividade agrícola e tornando a pecuária extensiva uma opção natural (Bakke, 2005).

Nesse contexto, a torta de girassol é uma excelente alternativa atender a demanda da

produção animal no semiárido, pois é um coproduto ainda subutilizado e com

excelentes perspectivas para a região, por representar um alimento proteico e energético

de baixo custo. Assim, os animais provenientes de um sistema planejado com a visão da

―ecopecuária‖ poderão ter maiores valores agregados em seus produtos, além desta

prática contribuir para a exploração sustentável do semiárido brasileiro.

A subtração da caatinga, vegetação nativa nas regiões semiáridas do Nordeste,

aliada a longos períodos de estiagem, provocou acentuada degradação física, química e

biológica. Nesse contexto, é importante que a qualidade do solo deste ambiente

antropogeneizado seja restaurada (Souto et al., 2005). Uma das alternativas mais viáveis

para se reestabelecer a qualidade do solo, devido à facilidade de obtenção e o custo

relativamente baixo é a adoção de adubação orgânica (Nobre et al., 2010). Além disso, o

encarecimento da adubação mineral, fez com que o agricultor buscasse a adubação

orgânica, sendo a utilização de estercos, normalmente, descartados na propriedade, sua

solução como agente modificador das condições físicas e químicas do solo e elevando o

nível de fertilidade, visto que, em se tratando de adubos orgânicos, o esterco animal é o

mais importante, seja pela sua composição, disponibilidade relativa ou benefícios da

aplicação (Souto et al., 2005). Este resíduo orgânico sólido gerado pelos animais e

acumulado pode se tornar em alternativa para o aumento da produtividade e qualidade

das forrageiras (Araújo et al., 2011).

Os benefícios no uso de estercos animais vão além das melhorias nas propriedades

físicas do solo, melhorando sua textura, e no fornecimento de nutrientes, aumento no

teor de matéria orgânica, promovendo a microbiota do solo, pois melhoram a infiltração

e retenção da água, bem como aumentam a capacidade de troca catiônica (Costa, 1983,

Hoffman et al., 2001).

38

Dessa maneira, a adubação orgânica com esterco é uma opção viável para manter

tanto os níveis de fertilidade, reduzir os custos, aumentar a produtividade, melhorar as

propriedades químicas e físicas do solo, bem como diminuir a poluição e aumentar a

eficiência de uso e qualidade nutricional nos sistemas de produção. O potencial de

utilização do material orgânico como adubo para as plantações é atribuído a sua

composição química e sua relação C/N. A mineralização do esterco bovino ocorre de

forma acentuada nas primeiras semanas após a aplicação com formação de NH4+ no

solo. Em um período de 120 dias, essa presença de NH4+ decresce para 50% do NH4

+

inicial, e o nitrato liberado ao solo nos primeiros dias sofre imobilização, mas a

mineralização permanece contínua ao longo do tempo com mais liberação de nitrato

(Araujo et al., 2011).

Para Rossi (1998), o esterco de bovino proporciona aumentos significativos na

produção em anos com precipitação e umidade adequadas no solo para a cultura do

girassol. Entretanto, de acordo com Oliveira et al. (2009), elevados teores de esterco

podem proporcionar desbalanço nutricional no solo e, em consequência, redução no

desenvolvimento e produção final da cultura de girassol.

Com relação à fertilização do girassol, tem-se observado que a cultura acumula

grandes quantidades de nutrientes, principalmente nitrogênio, fósforo e potássio (Santos

e Grangeiro, 2013). Dentre os nutrientes que compõe os estercos, o nitrogênio destaca-

se por desempenhar importante função no metabolismo e na nutrição da cultura do

girassol, e a sua deficiência causa a desordem nutricional, sendo que esse nutriente é o

que mais limita a sua produção, enquanto o excesso ocasiona decréscimo na

porcentagem de óleo, e doses elevadas podem aumentar a incidência de pragas e

doenças, afetando a produção de grãos (Biscaro et al., 2008). O girassol possui sistema

radicular profundo, o que lhe proporciona maior exploração e auxilia no melhor

aproveitamento da fertilidade natural dos solos e das adubações dos cultivos anteriores,

absorvendo nutrientes das camadas mais profundas (Santos e Grangeiro, 2013).

Contudo, Santos et al. (2010) alerta que o boro é um nutriente encontrado em baixas

concentrações na planta, sendo essencial para o desenvolvimento da planta, e sua

deficiência causa problemas nutricionais com frequência na cultura do girassol. Vale

destacar que a exigência nutricional da cultura de girassol varia em função da fase de

desenvolvimento em que se encontra (Villalba, 2008).

39

O Nitrogenio (N) é um dos elementos minerais requeridos em maior quantidade

pelas plantas e o que mais limita o crescimento. Ele faz parte de proteínas, ácidos

nucléicos e muitos outros importantes constituintes celulares, incluindo membrana e

diversos hormônios vegetais (Lobo et al., 2011). Para a cultura do girassol, o nitrogênio é

o segundo nutriente mais requerido, o qual absorve 41 kg de N por 1000 kg de grãos

produzidos, podendo ser tanto a partir da adubação quanto através de restos culturais,

exportando 56 % do total absorvido (Castro e Oliveira, 2005).

Segundo Lobo et al. (2011), as recomendações de adubação nitrogenada em cobertura

no girassol variam de 40 a 80 kg ha-1. De acordo com os autores, esse nutriente é extraído

pela cultura em grandes quantidades e não apresenta efeito residual direto no solo, a

produtividade esperada é um componente importante para a definição de suas doses.

Avaliações experimentais indicam que a produção máxima de girassol é alcançada com 80 a

90 kg ha-1 de N, contudo, com aplicação de 40 a 50 kg ha-1 de N se obtém 90% da produção

relativa máxima, correspondendo à quantidade do nutriente economicamente mais eficiente

(Smiderle et al., 2002).

O nitrogênio, constituinte das proteínas acumuladas nos aquênios, tem

aproximadamente a metade do seu total extraído do solo e exportada para os aquênios, e

possui interação negativa com a deposição de óleo, então doses elevadas de nitrogênio

diminuem o teor de óleo nos aquênios (Calarota e Carvalho, 1984; Zagonel e

Mundstock, 1991). Para cada tonelada de grãos de girassol, são produzidos 400 kg de

óleo, 250 kg de casca e 350 kg de torta (Heckler, 2002 Observa-se que o girassol

acumula um total de 41 kg de N; 17,1 kg de P2O5 e 171 kg de K2O para produzir uma

tonelada de grãos. Finalmente, o período que se estende até o final do enchimento de

aquênios, é caracterizado por translocação intensa, principalmente de nitrogênio e

fósforo dos órgãos vegetativos para os reprodutivos, demonstrando uma alta exportação,

a qual é de aproximadamente 56 a 70 % do total acumulado (Castro e Oliveira, 2005).

O girassol apresenta ampla variação de suas características fenotípicas, sendo

observadas plantas com alturas que variam de 50 a 400 cm, caules de 15 a 90 mm de

diâmetro, folhas de 8 a 50 cm de comprimento e de 8 a 70 folhas por caule, capítulos

com diâmetros de 6 a 50 cm, que contêm de 100 a 8.000 flores. As características da

planta, como altura, tamanho do capítulo e circunferência do caule, variam segundo o

genótipo e as condições edafoclimáticas (Castiglioni et al., 1994).

40

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adubação orgânica, com diferentes

dosagens de aplicação de esterco bovino, em condições de sequeiro, sobre o

crescimento do girassol, bem como analisar a influência da dosagem de esterco bovino

sobre o teor e produtividade de óleo da semente e da torta de girassol, cultivar Hélio

250, no Cariri Paraibano.

2.2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Estação Experimental Lagoa Bonita do Instituto

Nacional do Semiárido (INSA), localizada no Município de Campina Grande (PB), a 16

Km da cidade de Campina Grande, adentrando no Cariri Paraibano, na parte oriental do

Planalto da Borborema, a uma altitude média de 547,56 metros acima do nível do mar,

com coordenadas geográficas 7º22’45’’S e 36º31’47’’W (Figura 2.1).

Figura 1.1. Estação Experimental Fazenda Lagoa Bonita, Campina Grande – PB

A área do município abrange 599,6 km² e dista cerca de 125 km de João Pessoa,

capital do estado paraibano. O município está incluído na área geográfica de

abrangência do semiárido brasileiro, mas apresenta clima tropical de altitude. As

temperaturas máximas durante o ano ficam em torno de 30ºC, no verão e 18ºC, no

41

inverno; e as mínimas entre 20ºC no verão e 13ºC no inverno. O período chuvoso tem

início em maio e término em agosto. A média anual da série pluvial (1911 a 2009), de

Campina Grande, PB, foi de 768,8 mm com um desvio padrão de 215,2 mm, ou seja,

uma dispersão de 28,0% da média. Sua localização, entre o Litoral e o Sertão,

proporciona um clima menos árido do que o predominante no interior do estado (clima

equatorial semiárido). A altitude também influi no clima, pois garante temperaturas

mais amenas durante todo o ano, com umidade relativa do ar entre 75 a 82 %.

O ensaio de campo teve início em 06 de abril e concluiu-se em 04 de maio de 2011,

durante a estação chuvosa, conforme o quadro de precipitação pluvial (Figura 2.2).

Figura 2.2. Precipitação pluvial diária medida durante o período experimental, Campina Grande – PB,

em 2011

O tipo de solo da área de estudo é Neossolo Quartzarênico Órtico típico, segundo a

nova classificação da Embrapa (2006). As análises química e física do solo (Tabelas 2.1

e 2.2) foram realizadas no Laboratório de Solos e Água (LASAG) da Universidade

Federal de Campina Grande, Campina Grande. As correções do solo foram feitas

seguindo a análise química e física do solo, realizando a correção do pH por meio de

calagem (Lira et al., 2009) em toda área experimental.

0

20

40

60

80

100

120

140

01/f

ev

08/f

ev

15/f

ev

22/f

ev

01/m

ar

08/m

ar

15/m

ar

22/m

ar

29/m

ar

05/a

br

12/a

br

19/a

br

26/a

br

03/m

ai

10/m

ai

17/m

ai

24/m

ai

31/m

ai

Pre

cip

itaçã

o p

luvia

l (m

m)

2011

Semeadura 1ª coleta

2ª coleta 3ª coleta

colheita

42

Tabela 2Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento..1. Características

químicas do solo da área experimental para o plantio de girassol, Campina Grande – PB

pH MO P Ca Mg K Na H+Al T V

CaCl2

0,01M

g cm-3

μg cm-3

----------------------------cmolc dm-3

--------------------------

4,5 4,4 15,3 1,7 0,9 0,2 0,8 2,0 5,6 64,1

Tabela 2.2. Características físicas do solo da área experimental para o plantio de girassol, Campina

Grande – PB

GRANULOMETRIA CLASSE

TEXTURAL C.C.* P.M.P** DENSIDADE

g kg-1

% % g cm-3

AREIA SILTE ARGILA Areia Franca 19,7 8,9

Global Partícula

820 80 100 1,4 2,5

*Capacidade de campo

** Ponto de murcha permanente

A análise química do esterco bovino (Tabela 2.3) foi realizada no Laboratório de

Química e Fertilidade do Solo do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal

da Paraíba (CCA/UFPB). O teor de nitrogênio (N) encontrado no esterco bovino foi de

9,4 g kg-1

na matéria orgânica. O esterco bovino foi aplicado manualmente em covas

durante a semeadura.

Tabela 2.3. Características químicas do esterco bovino

N C. ORG. M. ORG.

---------------------------------------g kg-1

---------------------------------------

9,4 122,6 211,4

A semeadura do girassol (Helianthus annus), cultivar Hélio 250 (Helianthus do

Brasil), foi realizada em 28 de fevereiro de 2010, efetuada manualmente em parcelas de

10 m2. Cada parcela possuía cinco linhas com espaçamento entre plantas de 50 cm e

entrelinhas de 80 cm. As plantas daninhas foram controladas mediante capinas manuais.

O preparo da área foi convencional. A semeadura seguiu o delineamento de blocos ao

acaso (DBC), constando de seis tratamentos e quatro blocos, perfazendo um total de 24

parcelas. Em cada parcela amostrou-se nove plantas, sendo 216 plantas amostradas, em

que os tratamentos consistiram de seis doses de esterco bovino como adubo orgânico:

43

T1 – testemunha, sem adição de esterco; T2 – 7,5 t ha-1

; T3 – 15 t ha-1

; T4 – 22,5 t ha-1

;

T5 – 30 t ha-1

; T6 – 37,5 t ha-1

.

O crescimento do girassol, segundo cada tratamento, foi avaliado pelo número de

folhas (NF), altura da planta (AP) e diâmetro do capítulo (DC) aos 20, 40 e 50 dias após

a emergência (DAE). Em geral, sabe-se que o girassol apresenta maior crescimento da

sexta até a nona semana (Junco et al., 2006). O girassol foi colhido manualmente aos 55

DAE.

A avalição do teor de óleo da semente e da torta de girassol (Helianthus annus), cv.

Hélio 250 foi realizado em duas etapas, nas quais os procedimentos o teor de óleo das

sementes foram realizados no Laboratório de Tecnologia (LATEC) da Embrapa

Algodão, enquanto que teor de óleo da torta, extrato etéreo, foi determinado no

Laboratório de Nutrição Animal (LANA) do Centro de Ciências Agrárias da

Universidade Federal da Paraíba. A avaliação seguiu os tratamentos propostos com três

repetições. O teor de óleo das sementes foi determinado por Ressonância Magnética

Nuclear (RMN) com o espectrômetro Oxford MQA7005 – OXFORD Instruments.

Previamente fez-se a curva de calibração do instrumento com material padrão. Após a

calibração, pesou-se 35 g de sementes, com três repetições de cada tratamento, e por fim

fez-se a leitura do teor de óleo. A extração do óleo foi feita por prensagem a frio. Para

tanto, utilizou-se um macaco hidráulico, tipo garrafa, com capacidade de 5 t, da marca

Vonder. A extração seguiu a seguinte marcha: pesagem de 180 g de sementes para

secagem a 60ºC por 10 min, seguido de prensagem para extração do óleo e

armazenagem em câmara fria.

Os dados foram submetidos aos seguintes testes estatísticos: Análise de Regressão,

representada pela equação de regressão (curva de tendência) e pelo coeficiente de

determinação (R2); e Análise de variância (ANOVA).

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em regime de sequeiro, a adubação com esterco bovino no girassol não afetou (P>0,05)

o número de folhas por planta (Figura 2.3). Por outro lado, a adubação orgânica

promoveu aumento no porte das plantas, resultando em incrementos na altura da planta

(AP) e no diâmetro capitular (DC), como pode ser observado nas figuras 2.4 e 2.5.

44

Considerando-se que não houve limitações de disponibilidade hídrica, sobretudo na fase

reprodutiva, quando as precipitações foram acima da média para o período, pode-se

afirmar que o tamanho das folhas deve estar associado à adubação com esterco bovino.

As folhas, como se sabe, têm importância fundamental nos processos fisiológicos que

definem o crescimento da planta, pois é onde se dá a assimilação de fotoassimilados

(Jácome et al., 2003).

Aos 20 DAE, percebe-se um incremento gradativo no NF, conforme demonstra a

equação da reta na figura 2.3, corroborando com os resultados de Costa et al. (2010),

que encontrou o mesmo efeito ao aumentar as doses de N. Possivelmente, esta resposta

se relaciona ao proposto por Villalba (2008), que explica que até os 30 DAE o girassol

assimila poucos nutrientes do solo e mantem um crescimento mais lento. Enquanto

Castro e Oliveira (2005), explicam que a maior absorção de nutrientes e água e,

consequentemente, maior desenvolvimento ocorre a partir desse momento até o

florescimento pleno, fase R5. Dos 28 aos 56 dias DAE, considera-se o período de maior

exigência nutricional do girassol. O que pode explicar porque o número de folhas

máximo se deu aos 40 dias após a emergência (DAE) em todos os tratamentos,

refletindo no crescimento mais acelerado da planta (Figura 2.4) durante esta fase.

Porém, aos 50 DAE observou-se que já havia iniciado a abscisão foliar, implicando em

redução no NF. Ainda assim, o NF observado aos 50 DAE foi semelhante aos valores

máximos encontrados por Wanderley et al. (2012) aos 30 dias após a semeadura (DAS)

com doses entre 25 e 50 t ha-1

de esterco bovino. Esta fase (50 DAE) foi marcada pela

conclusão do ciclo reprodutivo do material utilizado, demonstrando certa precocidade já

que, entre os 56 e 84 dias, representaria as fases de florescimento e início do

enchimento de aquênios (R5, R6 e R7), ocorrendo uma diminuição gradativa na

velocidade de absorção de nutrientes quando se alcança o nível máximo de acúmulo em

quantidades variáveis para cada nutriente (Castro e Oliveira, 2005).

No tratamento T4 (22,5 t ha de esterco bovino), equivalente a 211,5 kg ha-1

de N,

obteve-se a maior média de folhas (32), com observações alcançando 50 folhas. Com

relação a influencia de N no numero de folhas (NF), Costa et al. (2010) encontraram

que doses crescente de N proporcionam aumento no NF, sendo que a dose de 64,2 kg

ha-1

proporcionou maior resposta no NF (14), enquanto que Biscaro et al. (2008)

45

Figura 2.3. Efeito da dosagem de esterco sobre o número de folhas por planta da cultura do Girassol,

cultivar Hélio 250, aos 20 (A) e 40 (B) dias após a emergência e o número médio de folhas

(C). As barras verticais representam o desvio padrão da média

y = 0,1635x + 19,896

R² = 0,838

0

10

20

30

40

50

60

0 5 10 15 20 25 30 35 40

de

folh

as p

or

pla

nta

Dose de esterco bovino (t ha-1)

y = -0,0168x2 + 0,8285x + 21,073

R² = 0,5224

0

10

20

30

40

50

60

0 5 10 15 20 25 30 35 40

de

folh

as p

or

pla

nta

Dose de esterco bovino (t ha-1)

y = -0,0169x2 + 0,594x + 23,043

R² = 0,5324

0

10

20

30

40

50

60

0 5 10 15 20 25 30 35 40

de

folh

as p

or

pla

nta

Dose de esterco bovino (t ha-1)

46

obtiveram a média de 29,2 folhas com 80,0 kg ha-1

de N.No que se refere ao aspecto de

crescimento da planta de girassol, expressada pela altura da planta (AP), observa-se que

o mesmo na menor dose de esterco bovino já foi suficiente para promover uma resposta

significativa na planta aos 20, 40 e 50 dias após a emergência (Figura 2.4). Observou-se

efeito linear positivo entre as doses de esterco e altura da planta, verificando-se uma

altura máxima de 117,4 cm aos 50 DAE com 37,5 t ha-1

de esterco bovino.

Contudo, Favarão et al. (2009) observaram que doses de nitrogênio mineral

superiores a 30 kg ha-1

não promoveram incremento na altura da planta de girassol, o

que leva a crer que outros nutrientes contidos no adubo orgânico foram responsáveis

pelo ligeiro incremento. Vale destacar, ainda, que Wanderley et al. (2012) utilizaram

doses de esterco superiores a 50 t ha-1

e concluíram não haver influência da adubação

orgânica na AP.

É importante destacar que da emergência aos 30 dias (aparecimento do botão

floral), o crescimento, segundo Castro et al. (1997), é lento, consumindo pouca água e

nutrientes, com suscetibilidade à concorrência de plantas daninhas. Afirmam, também,

que a partir desse período até o final do florescimento, o crescimento é rápido,

aumentando o consumo de água e de nutrientes.

Para Dias et al. (2007), a adição de nitrogênio pela aplicação do resíduo,

provavelmente, favorece o crescimento da planta. Nesse contexto, levando em conta que

o atual experimento possui uma quantidade de N quatro vezes superior ao do lodo

industrial utilizado por Dias et al. (2007), deduz-se que a menor dose de esterco bovino

é suficiente para promover um aumento significativo na altura das plantas de girassol

(Figura 2.4).

Avaliando o efeito de doses de esterco bovino sobre o crescimento vegetativo de

milho, Paiva et al. (2011) encontraram que a utilização de 30 t ha-1

de esterco bovino

proporcionou um melhor crescimento vegetativo em relação aos demais tratamentos. No

entanto, Santos e Grangeiro (2013) encontraram o crescimento máximo do girassol

(altura da planta = 138 cm) em dose inferior de esterco bovino (8,69 t ha-1

). Estes

resultados conflitantes permitem inferir que a adubação orgânica e mineral depende da

disponibilidade de água no solo, ou seja, o efeito da adubação sobre a cultura depende

das condições hídricas do meio. Vale ressaltar que, possivelmente, em virtude da

semeadura ter ocorrido no momento da incorporação do adubo orgânico, o que não

permitiu a completa mineralização dos nutrientes, as plantas não alcançaram alturas

compatíveis com os padrões do cultivar.

47

Figura 2.4. Efeito da dosagem de esterco sobre a altura da planta da cultura do Girassol, cultivar Hélio

250, aos 20 (A), 40 (B) e 50 (C) dias após a emergência. As barras verticais representam o

desvio padrão da média

y = 0,7504x + 23,717

R² = 0,9165

10

30

50

70

90

110

130

150

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Alt

ura

da

pla

nta

(cm

)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

y = 0,8174x + 62,731

R² = 0,8093

10

30

50

70

90

110

130

150

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Alt

ura

da

pla

nta

(cm

)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

y = 0,7897x + 70,349

R² = 0,7002

10

30

50

70

90

110

130

150

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Alt

ura

da

pla

nta

(cm

)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

48

Independente da dose de esterco utilizada, a altura média do girassol aos 50 DAE

foi de 89,96 cm contra a média de 61,12 cm do tratamento sem adição do adubo

orgânico. Smirdele e Lima (2009), avaliando a produção de diferentes cultivares de

girassol, encontraram uma resposta para a altura de planta bem acima do encontrado

neste experimento, alcançando uma média de 148,3 cm. Resende et al. (2009)

encontraram para o Hélio 250 altura de 165 cm, entretanto, em trabalho anterior,

Resende et al. (2008) observaram para a mesma cultivar altura de 168 cm, indicando

certa estabilidade do crescimento.

Com relação ao diâmetro do capítulo (DC), verificou-se que não houve diferença

significativa (P>0,05) entre as doses de esterco utilizadas, mas todos os tratamentos

foram superiores à testemunha, com médias de 17,2 e 11,5 cm de DC, respectivamente

para adubados e sem adubação (Figura 2.5).

O diâmetro do capítulo aumentou linearmente com a elevação da dosagem de

esterco nas de 20 e 50 DAE. Aos 40 DAE observou-se uma tendência de efeito

quadrático para essa variável. A média obtida para os tratamentos com adubação

superaram os 15 cm de DC encontrado por Resende et al. (2009), enquanto Santos e

Grangeiro (2013) já encontraram DC máximo com adubação de 9 t ha-1

de esterco

bovino. Embora se conclua que o esterco bovino influi positivamente no DC, os

resultados encontrados variam com a variedade estudada e com a umidade do solo.

O resultado encontrado para DC no T2 foi compatível ao apresentado por Smirdele

e Lima (2009). Pereira et al. (2008), ao comparar o efeito de doses de esterco bovino e

adubação mineral no DC, encontraram que a dose de 20 t ha-1

de esterco proporciona

maiores capítulos no girassol. Os resultados obtidos para diâmetro do capítulo provam

mais uma vez que esta variável é uma das características morfológicas mais afetadas

pela adição de nitrogênio, conforme divulgaram Biscaro et al. (2008), que encontraram

aumentos mesmo com doses pequenas de N (25 kg ha-1

), porém, esse aumento não foi

contínuo com o incremento do N.

A produtividade de grãos foi significativa para a inclusão de esterco bovino, não

ocorrendo diferença entre as doses praticadas (Figura 2.6). Pode-se atribuir a mesma

afirmativa para as produtividades estimadas de torta e de óleo, apesar da figura 2.6

apresentar um efeito visual crescente pela inclusão gradativa de esterco bovino no solo.

O mesmo coeficiente foi encontrado para as produtividades devido ao fato de a

produção de grãos e o rendimento de torta e óleo serem diretamente proporcionais.

49

Figura 2.5. Efeito da dosagem de esterco sobre o diâmetro do capítulo da cultura do Girassol, cultivar

Hélio 250, aos 20 (A), 40 (B) e 50 (C) dias após a emergência e a taxa de distensão capitular

(D). As barras verticais representam o desvio padrão da média

y = 0,1667x + 9,5949

R² = 0,8679

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Diâ

met

ro d

o c

apít

ulo

(cm

)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

y = -0,013x2 + 0,5982x + 11,711

R² = 0,7904

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Diâ

met

ro d

o c

apít

ulo

(cm

)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

y = 0,1642x + 17,694

R² = 0,7251

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Diâ

met

ro d

o c

apít

ulo

(cm

)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

50

O efeito do aumento da produtividade não foi tão promissor, no entanto com a

menor dose de esterco bovino foi possível alcançar valores superiores à média nacional

e compatíveis com a média dos Estados que possuem os maiores índices de produção

(Conab, 2013). Apesar disso, estudos recentes alcançaram valores ainda maiores com os

cultivares Hélio 250 e Hélio 251 (Lobo et al., 2007; Andrade et al., 2009; Smirdele e

Lima, 2009), haja visto que Resende et al. (2008) alcançaram uma produtividade em

torno de 3 t ha-1

contra as 2 toneladas alcançadas pelos melhores acessos deste estudo.

O número de aquênios por capítulo é um reflexo da ação do nitrogênio na fase

crítica da diferenciação floral, que ocorre nos primeiros estágios do desenvolvimento do

girassol e o número potencial de flores é determinado muito cedo e afeta o número de

aquênios, por decorrência afeta também o diâmetro do capítulo (Zagonel & Mundstock

1991). Os padrões de crescimento podem ajudar a comparar o desenvolvimento da

planta com o de outras regiões, permitindo adequar épocas de plantio, expectativa de

colheita e outras informações (Junco et al., 2006).

Mesmo assim, o resultado aqui apresentado ainda foi deveras positivo. Em outro

estudo sobre o efeito da dose de esterco bovino na produtividade do girassol, Pereira et

al. (2008) obtiveram resultados abaixo de 1,0 t ha-1

em todos os tratamentos, que

variaram de 15 a 30 t ha-1

. Uma possível explicação ao baixo desempenho produtivo do

girassol neste trabalho pode ter sido em virtude do consórcio com o feijão.

Em se tratando da produtividade da torta de girassol, os resultados se equivaleram

ao encontrado por Andrade et al. (2009) que consideraram a quantidade de torta

produzida uma excelente opção para alimentação animal como complementação da

alimentação no período da seca.

Não se constatou efeito (p>0,05) da dose de esterco bovino sobre o teor de óleo da

semente, consequentemente sobre o teor na torta de girassol (Figura 2.7), resultados

também encontrados por Carvalho e Pissaia (2002). Entretanto, há uma tendência para a

redução do teor de óleo dos aquênios ao elevar a dose de nitrogênio em cobertura até

100 kg de N ha-1

(Calarota e Carvalho, 1984; Zagonel e Mundstock, 1991).

De modo geral, a média encontrada para o teor de óleo dos grãos foi semelhante ao

apresentado por Andrade et al. (2009) e Ungaro et al. (2000). Entretanto, os mesmos

autores, ao estimarem o teor de óleo na torta, não levaram em conta que na mesma ainda

fica uma quantidade de óleo residual, que neste trabalho alcançou uma média de 25%

(Figura 2.7). O resultado apresentado na Figura 2.7 demonstra que, com o processo de

51

Figura 2.6. Efeito da dosagem de esterco sobre a produtividade de grãos (A), produtividade estimada de

torta (B) e de óleo (C) da cultura do Girassol, cultivar Hélio 250. As barras verticais

representam o desvio padrão da média

y = 0,0192x + 0,8424

R² = 0,7402

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Pro

duti

vid

ade

de

grã

os

(t h

a-1)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

y = 0,0168x + 0,7351

R² = 0,7402

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

0 5 10 15 20 25 30 35 40Pro

duti

vid

ade

esti

mad

a de

tort

a

(t h

a-1)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

y = 2,4516x + 107,3

R² = 0,7402

0

50

100

150

200

250

300

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Pro

duti

vid

ade

esti

mad

a de

óle

o (

kg h

a-1)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

52

extração mecânica, foi possível obter a média de 127,37 kg ha-1

em massa de óleo bruto

para o girassol cultivar Hélio 250. Este resultado é bem inferior ao alcançado por

Andrade et al. (2009), que obtiveram a média de 750 kg ha-1

com o mesmo cultivar.

Sobre a eficiência do lodo de esgoto como fonte de nitrogênio na cultura do girassol

cv. Hélio 250, Lobo et al. (2005) concluíram que a inclusão de nitrogênio não influencia

no teor de óleo dos aquênios, mas, segundo os autores, tem correlação significativa com

o número de aquênios, o que significa que afeta diretamente na produtividade da planta.

Figura 2.7. Efeito da dosagem de esterco sobre teor de óleo da semente e da torta de Girassol, cultivar

Hélio 250

2.4. CONCLUSÕES

Em sequeiro, o número de folhas do girassol, cv. Hélio 250, não está associado

(p>0,05) à dosagem de esterco bovino.

Em comparação com o tratamento sem esterco, a altura e o diâmetro dos capítulos

do girassol, cv. Hélio 250 aumenta (p<0,05) com a dosagem de esterco bovino;

A adição de esterco bovino no cultivo de girassol, cv. Hélio 250 aumenta a

produtividade das sementes, sem observar efeito de dosagens, desde que não haja

limitações de água no solo.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Teo

r de

óle

o (

%)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

Semente

Torta

53

A adubação com esterco bovino não tem efeito sobre o teor de óleo das sementes e

nem da torta obtida, mas proporcionou aumento na produtividade do óleo e

consequentemente da torta.

54

2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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57

CAPÍTULO 3

____________________________________________________________

ATRIBUTOS BROMATOLÓGICOS DA TORTA DE GIRASSOL

SOB ADUBAÇÃO ORGÂNICA

58

Atributos bromatológicos da torta de girassol sob adubação orgânica

RESUMO

A composição química e a digestibilidade são medidas do valor nutritivo da forragem.

Portanto, a avaliação dos alimentos e seus nutrientes disponíveis é uma maneira

eficiente de melhorar a dieta. A torta de girassol tem se apresentado como excelente

alternativa para compor dietas proteicas na alimentação animal. Objetivou-se avaliar o

efeito da dose de esterco bovino na composição bromatológica e na digestibilidade

ruminal in vitro da matéria seca (DIVMS) da torta de girassol. Realizou-se a avaliação

em seis tratamentos com duas repetições. Os tratamentos consistiram de uma

testemunha e cinco doses de esterco bovino: T1 – testemunha, sem adição de esterco;

T2 – 7,5 t ha-1

; T3 – 15 t ha-1

; T4 – 22,5 t ha-1

; T5 – 30 t ha-1

; T6 – 37,5 t ha-1

. As

variáveis bromatológicas analisadas foram matéria seca, matéria mineral, matéria

orgânica, proteína bruta, extrato etéreo, fibra em detergentes neutro e ácido. A adubação

com esterco bovino em sequeiro não influencia nos teores de matéria seca, matéria

mineral e matéria orgânica (P>0,05). Contudo, o esterco bovino proporciona uma

melhor composição química da torta de girassol. A inclusão do adubo orgânico aumenta

o teor de proteína bruta e reduz a fibrosidade da torta de girassol (P<0,05). O teor de

energia não sofre alteração (P>0,05). A adubação orgânica também interfere

positivamente na digestibilidade in vitro da matéria seca. O nível de inclusão de esterco

mais promissor foi o de 22,5 t ha-1

, entretanto, para fins de recomendação de adubação

orgânica, doses de esterco bovino entre 13 e 23 t ha-1

proporcionam melhores resultados

por apresentarem maiores teores de proteína bruta, menor fibrosidade e elevada

digestibilidade in vitro da torta de girassol. A torta de girassol, subproduto da extração

do óleo, é uma excelente alternativa para a composição de dietas proteicas na

alimentação animal.

Palavras-chave: composição bromatológica, coproduto, esterco bovino, resíduo

agroindustrial, valor nutritivo

59

Bromatologic attributes of sunflower cake under organic fertilizer

ABSTRACT

The chemical composition and digestibility are measures of the nutritional value of the

forage. Therefore, the evaluation of foods and their nutrients available is an efficient

way to improve the diet. The sunflower cake has emerged as an excellent alternative to

compose diets protein in animal feed. This study aimed to evaluate the effect of cattle

manure on chemical composition and in vitro ruminal digestibility of dry matter

(IVDMD) of sunflower cake. We conducted the evaluation in six treatments with two

replications. Treatments consisted of a control and five doses of cattle manure: T1 - 7.5

t ha-1

, T2 - 15 t ha-1

, T3 - 22.5 t ha-1

; T4 - 30 t ha-1

, T5 - 37.5 t ha-1

. The bromatologic

variables analyzed were dry matter, mineral matter, organic matter, crude protein, ether

extract, neutral detergent fiber and acid. The cattle manure in rainfed does not influence

dry matter, mineral matter and organic matter (P>0.05). However, the manure provides

better chemical composition of sunflower cake. The inclusion of organic fertilizer

increases the protein content and reduces fibrousness of sunflower cake (P<0.05). The

energy content is not changed (P>0.05). The organic fertilization also interferes

positively in vitro digestibility of dry matter. The inclusion level of manure was the

most promising of 22.5 t ha-1

, however, for purposes of recommending organic manure,

cattle manure between 13 and 23 t ha-1

provide better results because they have higher

levels of protein gross, lower fibrousness and high in vitro digestibility of sunflower

cake. The sunflower cake, a byproduct of oil extraction, is an excellent alternative to the

composition of diets protein in animal feed.

Key-words: chemical composition, byproduct, manure, agro-industrial residue,

nutritional value

60

3.1. INTRODUÇÃO

O valor nutritivo de um alimento é determinado, sobretudo, por sua composição

química e digestibilidade, fator determinante relacionado com a produção animal e

constitui um dos principais parâmetros. A composição química é uma medida do valor

nutritivo da forragem (Maurício et al., 2009).

Bromatologia ou química bromatológica é a ciência que estuda os alimentos, sendo

que a nutrição animal e alimentação animal são duas expressões corretamente usadas

para significar o mesmo, mas em verdade não se superpõem exatamente (Rodrigues,

2010). A avaliação dos alimentos e seus nutrientes disponíveis é uma maneira eficiente

de melhorar a dieta e, assim, permitir a expressão do potencial genético dos animais

(Santos et al., 2009).

A torta de girassol possui características bromatológicas importantes, apresentando

elevados princípios nutricionais para alimentação animal (Oliveira & Cáceres, 2005),

suas características podem ser tanto energéticas como proteicas. Ao comparar a torta de

girassol com as tortas de amendoim, mamona e nabo forrageiro, Evangelista et al.

(2005) verificaram que a composição bromatológica da torta de girassol é mais

balanceada dentre as testadas, visto que é uma das menos fibrosas e gordurosas, além de

apresentar teores elevados de proteína.

Carvalho et al. (2009) determinaram os teores de matéria seca (MS), proteína bruta

(PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido

(FDA), hemicelulose (HEM), matéria orgânica (MO) e matéria mineral (MM) das tortas

do algodão, girassol, nabo forrageiro e pinhão manso, visando à sua utilização na

alimentação de ruminantes. Segundo os autores, a alta concentração de matéria seca das

tortas analisadas está relacionada ao processo de extração de óleo, não sendo necessário

passar por nenhum processo de secagem após a obtenção da torta, e o alto valor de

proteína bruta encontrado na torta de girassol, como o das demais tortas, sugere que

estes subprodutos podem ser utilizados como fonte proteica para os animais,

substituindo fontes de alimentos tradicionais. Os teores de extrato etéreo da torta de

girassol foram elevados, indicando que se deve tomar cuidado com a quantidade a ser

ministrada para ruminantes, devido ao teor elevado de óleo, uma vez que a adição de

lipídios na ração em níveis superiores a 7% da matéria seca pode prejudicar a

degradação do alimento.

61

Conforme relatado por Oliveira et al. (2007), pode-se substituir até 50% do farelo

de soja pela torta de girassol, sobretudo devido ao teor elevado de extrato etéreo da torta

de girassol e, portanto, de dietas cuja fonte proteica seja exclusivamente a torta, a fim de

evitar queda na digestibilidade e na ingestão, sobretudo no desempenho animal. Em se

tratando de consumo de MS, Pereira et al. (2012) apontam que a torta de girassol pode

alcançar 21% de substituição do concentrado na dieta sem afetar também a

digestibilidade da MO, carboidratos totais e não fibrosos. Nesse nível de inclusão é

possível ter uma produção em torno de 20 kg leite ao dia em vacas Girolanda (Pereira et

al., 2011).

O teor de fibra em detergente neutro (FDN) está relacionado com o espaço ocupado

pelo alimento no rúmen por ser a fração mais lentamente digerida. Uma tendência atual

é expressar a capacidade de enchimento diária do rúmen em unidades de FDN. Sugere-

se o uso do teor de FDN do alimento (ou da dieta) para se estimar o consumo dos

ruminantes, quando forragens longas ou picadas grosseiramente são utilizadas (Borges

et al., 2009).

A torta de girassol apresenta características nutricionais tanto energéticas como

proteicas, dessa maneira este trabalho se propôs a estudar diferentes doses de adubação

orgânica com esterco bovino para garantir, além de teores elevados de proteína bruta,

como verificar a resposta das demais variáveis da composição química do alimento.

3.2. MATERIAIS E MÉTODOS

A determinação dos atributos químico-bromatológicos da torta do girassol foi

realizada no Laboratório de Análises de Alimentos e Nutrição Animal (LANA) do

Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba (CCA/UFPB), após a

obtenção da torta de girassol por prensagem a frio no Laboratório de Tecnologia

(LATEC) da Embrapa Algodão.

O experimento constou de seis tratamentos e duas repetições, sendo os tratamentos

uma testemunha e cinco níveis de inclusão de esterco bovino como adubo orgânico: T1

– testemunha, sem adição de esterco; T2 – 7,5 t ha-1

; T3 – 15 t ha-1

; T4 – 22,5 t ha-1

; T5

– 30 t ha-1

; T6 – 37,5 t ha-1

. O teor de nitrogênio (N) encontrado na análise química do

esterco bovino foi de 9,4 g kg-1

na matéria orgânica.

62

A torta foi moída, para cada tratamento, e pré-secada em estufa a 60ºC por 24 h,

para então realizar-se as determinações dos teores de matéria seca (MS), matéria

mineral (MM), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) nos

alimentos, de acordo com metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Para a

determinação da fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA),

utilizou-se metodologia recomendada pelo fabricante do aparelho ANKON, da Ankon

Technology Corporation com modificação, utilizando-se sacos de TNT gramatura 100

mm, confeccionados no Laboratório de Análises de Alimentos e Nutrição Animal.

Para a determinação da digestibilidade in vitro, realizou-se a moagem e pré-

secagem em estufa (60ºC por 24 h) das amostras no Laboratório de Análises de

Alimentos e Nutrição Animal do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal

da Paraíba (UFPB). Foram utilizados dois garrotes como doadores de conteúdo ruminal.

Os animais foram alimentados com dieta à base de capim elefante var. Napier e farelo

de soja com torta de algodão, 70% de volumoso e 30% de concentrado. O delineamento

utilizado para o ensaio de digestibilidade foi inteiramente casualizado, em que as

amostras, no total de 18, consistiram de três repetições de cada tratamento da torta de

girassol (6x3) que foram pesadas (0,5 g) e seladas em saquinhos de fermentação

confeccionados com tecido não tecido (TNT) para serem incubadas segundo a

metodologia de Tilley e Terry (1963).

O conteúdo ruminal foi coletado no sexto dia após o fornecimento da primeira

refeição do dia. O material colhido manualmente foi filtrado em camada dupla de gaze e

acondicionado em garrafa térmica pré-aquecida com água quente a 40ºC, para manter a

temperatura e anaerobiose. Em seguida, o conteúdo foi encaminhado para inoculação

das amostras nos jarros do fermentador ruminal Daisy II da ANKOM.

Os dados foram submetidos aos seguintes testes estatísticos: Análise de Regressão,

representada pela equação de regressão (curva de tendência) e pelo coeficiente de

determinação (R2); e Análise de variância (ANOVA). Para fins de comparação de

médias utilizou-se o teste de Tukey a 1% de significância (Genesis).

63

3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A variável que não apresentou diferença significativa foi matéria seca (MS),

enquanto as demais variáveis da composição química da torta apresentaram

significância nos testes comparativos de médias. Porém, vale destacar que a maioria das

médias dos tratamentos foram equivalentes, ocorrendo em quase todos os casos a

diferença entre um dos tratamentos e a testemunha, exceto para fibra em detergente

ácido (FDA).

No que se refere à matéria seca e extrato etéreo, a torta de girassol não apresentou

diferença significativa entre os tratamentos pelo teste Tukey (P < 0,05), sendo os

valores das médias representativos do material analisado, os quais foram 968,17 g kg-1

e

244,07 g kg-1

, respectivamente. Segundo Carvalho et al. (2009), a alta concentração de

MS das tortas está relacionada ao processo de extração de óleo.

Com relação ao extrato etéreo (EE), o único tratamento que diferiu dos demais foi o

com 15 t ha-1

(215,37 g kg-1

). Apesar de Lobo et al (2006) relatarem uma tendência que

explicaria o ocorrido com este tratamento, em que ao se elevar a dose de N da adubação

ocorre um aumento no teor de PB, enquanto o teor de óleo tenderia a diminuir, os

demais tratamentos não apresentaram a mesma tendência, já que não houve diferença

significativa entre as outras doses de esterco bovino. Santos (2008) explica que o teor de

EE varia muito em função do processo de extração de óleo da semente para obtenção da

torta, afetando também a degradabilidade no rúmen. Os teores de EE da torta de girassol

foram elevados, indicando que se deve tomar cuidado com a quantidade a ser ministrada

para ruminantes, uma vez que a adição de lipídios na ração em níveis superiores a 70 g

kg-1

da matéria seca pode prejudicar a degradação do alimento.

A matéria orgânica (MO) e a matéria mineral (MM) apresentaram correlações

inversas para a testemunha e para a dose de 30 t ha-1

, enquanto a MO da testemunha

(958,50 g kg-1

) foi superior e do deste tratamento (926,72 g kg-1

) foi inferior aos demais

tratamentos. Na figura 3.1, percebe-se o padrão linear estabelecido entre os tratamentos

e a MO, sendo crescente a resposta da MO em função da dose de esterco. Já com a MM

ocorreu o inverso (Figura 3.1), apesar do padrão ser também linear, a concentração da

MM reduziu com a dose de esterco. A dose de 30 t ha-1

(73,27 g kg-1

) superou os

demais tratamentos e a testemunha (41,49 g kg-1

), a qual obteve o menor percentual de

MM.

64

Em se tratando de proteína bruta (PB), houve diferença apenas entre o tratamento

com 22,5 t ha-1

(238,83 g kg-1

) e a testemunha (198,69 g kg-1

), enquanto os demais

tratamentos não diferiram entre si. Vale destacar que as doses de esterco com 15 e 22,5 t

65

Figura 3.1. Efeito da dosagem de esterco sobre os atributos químico-bromatológicos, matéria orgânica

(A), matéria mineral (B) e proteína bruta (C), da torta de Girassol, cultivar Hélio 250. As

barras verticais representam o desvio padrão da média

y = -0,5211x + 951,79

R² = 0,4985

850

880

910

940

970

1000

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Mat

éria

org

ânic

a (g

kg

-1 M

S)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

A

y = 5,211x + 482,15

R² = 0,4985

400

450

500

550

600

650

700

750

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Mat

éria

min

eral

(g k

g-1

MS

)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

B

y = -0,0584x2 + 2,9628x + 198,35

R² = 0,8015

150

170

190

210

230

250

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Pro

teín

a bru

ta (

g k

g-1

MS

)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

C

66

ha-1

(Figura 3.1), com maior teor de PB, possivelmente obtiveram este resultado devido

ao fato de disponibilizarem uma concentração de nitrogênio (N), respectivamente 141 e

218,5 kg ha-1

, próxima da exigência nutricional da cultura que é algo em torno de 150

kg ha-1

, conforme apresentado por Zobiole et al. (2010). A figura 3.1 destaca a relação

quadrática entre a PB e a dose de esterco, onde o ponto de deflexão, ou valor máximo

de PB, é alcançado na dose de 25,45 t ha-1

de esterco bovino, conforme a equação

encontrada. O alto valor de proteína bruta encontrado na torta de girassol sugere que

este subproduto pode ser utilizado como fonte proteica para os animais, substituindo

fontes de alimentos tradicionais (Carvalho et al., 2009).

Assim como ocorreu com a PB, para a fibra em detergente neutro (FDN), o

tratamento com 22,5 t ha-1

(443,13 g kg-1

) apresentou diferença significativa com a

testemunha (500,02 g kg-1

), porém a curva não se ajustou para esta variável. O mesmo

padrão foi confirmado também para a fibra em detergente ácido (FDA), no qual o

tratamento com 22,5 t ha-1

(382,37 g kg-1

) foi significativamente menos fibroso que a

testemunha (442,65 g kg-1

). Entretanto, o tratamento com maio teor de celulose e

lignina foi o com adubação de 37,5 t ha-1

com 454,0 g kg-1

de FDA, mas sem diferença

significativa com a testemunha. Na Figura 3.2 destaca-se o padrão quadrático da curva

da equação, onde o valor mínimo de fibra foi encontrado na dosagem de 21,18 t ha-1

de

esterco bovino.

O coeficiente de correlação entre a digestibilidade in vitro da matéria seca

(DIVMS) e a dosagem de esterco bovino (DEB) foi de 0,65 com média de 58,17 ± 2,30

(%). Na figura 3.2, pode-se perceber a sensível resposta da DIVMS ao se elevar a DEB

de 7,5 para 15 t/ha. A estabilização da DIVMS após este nível serve de indicativo para

determinar-se a dosagem de esterco (DEB = 24,56 t ha-1

) para se obter a DIVMS

máxima (58,72%). Entretanto, Beran et al. (2007) encontraram uma taxa superior ao

avaliar a DIVMS em bovinos (66,83%). Uma explicação plausível para esta diferença

pode ser resultada de uma composição química distinta das tortas avaliadas. O teor de

fibra da torta deste trabalho é maior que o de Beran et al. (2007).

Santos e Figueiredo-Nunes (1984) forneceram a vinte vacas leiteiras, durante nove

semanas, silagem de milho com concentrado contendo 74% de milho e 22% de farelo de

soja (Grupo 1) ou 47% de milho e 49% de farelo de girassol (Grupo 2). A ingestão

diária de MS da silagem foi em média de 8,5 e 9,6 kg dia-1

, a ingestão de MS do

concentrado foi de 6,5 e 5,9 kg dia-1

e a produção de leite foi de 22,0 e 22,5 kg dia-1

,

com 2,35% e 2,69% de gordura, respectivamente, para os grupos 1 e 2. As diferenças

67

Figura 3.2. Efeito da dosagem de esterco sobre a fibra em detergente neutro (A), fibra em detergente

ácido (B) e a digestibilidade in vitro da matéria seca (C), da torta de Girassol, cultivar Hélio

250. As barras verticais representam o desvio padrão da média

y = 0,0718x2 - 3,596x + 491,95

R² = 0,7561

350

400

450

500

550

0 5 10 15 20 25 30 35 40Fib

ra e

m d

eter

gen

te n

eutr

o (

g k

g-

1 d

e M

S)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

y = 0,1268x2 - 5,3716x + 452,71

R² = 0,7622

350

400

450

500

550

0 5 10 15 20 25 30 35 40Fib

ra e

m d

eter

gen

te á

cido

(g k

g-1

MS

)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

y = -0,0959x2 + 4,7161x + 542,75

R² = 0,8536

450

500

550

600

650

0 5 10 15 20 25 30 35 40Dig

esti

bil

idad

e in

vit

ro (

g k

g-1

MS

)

Dose de esterco bovino (t ha-1)

68

não foram significativas. A digestibilidade in vitro da MS dos concentrados contendo

farelo de soja ou farelo de girassol foi de 90,4% e 77,0%, respectivamente.

A importância desse resultado reside no fato de que, segundo Borges et al. (2009),

os alimentos de baixa digestibilidade são os que exercem as maiores restrições à

ingestão de MS devido à sua lenta passagem através do rúmen e do sistema digestivo.

Alguns autores sugerem o limite de 66,7% de digestibilidade entre a regulação

dominada pelos fatores de distensão do trato digestivo e os fatores quimiostáticos

(Borges et al., 2009). Portanto, a torta de girassol é um alimento que não reduz a taxa de

ingestão de MS.

É possível notar também na figura 3.2 que a partir da dose de 30 t ha-1

a DIVMS

apresentou uma tendência a reduzir sua eficiência. Outro contraponto para doses de

esterco bovino superiores a 30 t ha-1

é perda qualitativa da torta de girassol, no que se

refere à redução do teor de PB (Figura 3.1) e elevação da fibrosidade (Figura 3.2) deste

alimento. Porém, mais estudos precisam ser realizados para que esta e outras afirmativas

levantadas neste trabalho possam ser validadas.

O nível de inclusão de esterco mais promissor foi o de 22,5 t ha-1

, entretanto, para

fins de recomendação de adubação orgânica, doses de esterco bovino entre 13 e 23 t ha-1

proporcionam melhores resultados por apresentarem maiores teores de proteína bruta,

menor fibrosidade e elevada digestibilidade in vitro da torta de girassol.

3.4. CONCLUSÕES

A adubação do girassol, cv Helio 250, com esterco bovino em sequeiro, não

influencia os teores de matéria seca, matéria mineral e matéria orgânica, contudo

proporcionou aumento no teor de proteína bruta e reduz a fibrosidade da torta.

A digestibilidade in vitro da matéria seca da torta de girassol aumenta (p<0,05) com

a adubação com esterco bovino.

69

3.5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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70

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71

CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES

A torta de girassol, coproduto da extração do óleo, pode ser uma alternativa viável

para compor as dietas proteicas e energéticas na região do semiárido brasileiro, desde

que este ingrediente seja disponível, bem como se utilizado respeitando os níveis de

inclusão sem afetar o consumo animal.

É importante salientar que a prática da adubação orgânica com esterco animal é

uma excelente prática para recomposição das características biológicas, físicas e

químicas dos solos da região semiárida, devido a sua condição, em geral de baixa

fertilidade do solo da maior parte dessa região. Salienta-se que a adubação não é pratica

comum no Semiárido. Assim, o uso de esterco animal, ao mesmo tempo em que

propicia o produtor utilizar um insumo da sua propriedade, oportuniza a recomposição

da qualidade do solo de forma econômica pela sua ampla disponibilidade na região

Nordeste.

Nesse contexto, para fins de recomendação de adubação orgânica para a cultura do

girassol, doses de esterco bovino entre 13 e 23 t ha-1

proporcionam uma torta de melhor

qualidade nutraceica, devido a maiores teores de proteína bruta, menor fibrosidade e

elevada digestibilidade in vitro. Por outro lado, o uso da adubação orgânica possibilita a

inserção de práticas agrícolas no enfoque da sustentabilidade ambiental e produção de

alimentos no contexto de saúde.