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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
DIVERSIDADE GENÉTICA DE ACESSOS DE MANIÇOBA
(Manihot spp.) DE OCORRÊNCIA NATURAL NO SEMIÁRIDO DO
BRASIL
ANA PAULA GOMES DA SILVA
AREIA - PB
DEZEMBRO DE 2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
DIVERSIDADE GENÉTICA DE ACESSOS DE MANIÇOBA
(Manihot spp.) DE OCORRÊNCIA NATURAL NO SEMIÁRIDO DO
BRASIL
ANA PAULA GOMES DA SILVA
Tese apresentada ao Programa de
Doutorado Integrado em Zootecnia da
Universidade Federal da Paraíba,
Universidade Federal Rural de
Pernambuco e Universidade Federal do
Ceará como requisito parcial para
obtenção do título de Doutor em
Zootecnia.
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Phd Divan Soares da Silva – PDIZ- CCA- UFPB
Prof. Dr. Phd Mailson Monteiro do Rêgo – PPGA- CCA- UFPB
Prof. Dr.Alberício Pereira de Andrade – PDIZ- CCA- UFPB
AREIA - PB
DEZEMBRO DE 2013
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.
S586d Silva, Ana Paula Gomes da. Diversidade genética de acessos de maniçoba (Manihot
spp.) de ocorrência natural no semiárido do Brasil / Ana Paula Gomes da Silva.-- Areia, 2013.
112f. : il. Orientador: Divan Soares da Silva Tese (Doutorado) – UFPB-UFCE-UFPRP 1. Zootecnia. 2. Banco de germoplasma. 3. Composição
bromatológica. 4. Marcadores moleculares. 5. Morfologia. 6.Morfoagronomia.
UFPB/BC CDU: 636(043)
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
ANA PAULA GOMES DA SILVA, filha de José Gomes da Silva e Candida Aparecida
Oliveira da Silva.
Em março de 2008 graduou-se em Zootecnia pela Universidade Federal de
Alagoas (UFAL).
Em março de 2008, ingressou no curso de pós-graduação em Zootecnia pela
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Produção Animal com área de concentração
em Forragicultura, concluindo no ano de 2010.
No ano de 2010 ingressou no Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia da
Universidade Federal de Areia (UFPB), em Produção de Animal com área de concentração
em Forragicultura, submetendo-se à defesa de tese em 13de dezembro de 2013.
Epígrafe
1O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.
2 Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas
tranqüilas.
3 Refrigera a minha alma; guia-me nas veredas da justiça por amor do seu
nome.
4 Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum,
porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
5 Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges com
óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda.
6 Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da
minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias.
(Salmo 23)
“Não importam as circunstâncias e não importam as adversidades, por mais dificil que seja
eu vou seguir em frente e vou reunir todas as forças para que eu me transforme cada vez
mais na pessoa que eu decidir ser.”
Madre Tereza de Calcutá
Dedicatória
A Minha Família, razão pela qual enfrento todas as dificuldades, vocês são tudo para mim,
minha força, meu refúgio, minha fortaleza.
Minha mãe Cândida, Meu pai José
Meus Irmãos, Fernanda e Cristian
Minha sobrinha, Ana Clara.
Agradeço a Deus todos os dias por ter vocês e por sermos realmente uma família.
AMO VOCÊS!
A vocês dedico todo o meu esforço!
i
AGRADECIMENTOS
A Deus, razão da minha vida, quem me da forças pra lutar, ultrapassar obstáculos e
superar todas as dificuldades que encontro e ainda encontrarei;
A Universidade Federal da Paraíba, ao programa de Pós- Graduação em Zootecnia pela
oportunidade a mim concedida;
Ao CNPq, pela concessão da bolsa, contribuindo para a realização da pesquisa;
Ao meu orientador Professor Divan Soares da Silva, pelo apoio, amizade, por ter
acreditado em mim, me dado a oportunidade de conquistar mais uma etapa na minha
vida acadêmica;
Ao Professor Mailson Monteiro do Rêgo, a quem serei eternamente grata, mais que um
coorientador, um amigo, realmente um grande Mestre, por ter me acolhido ou melhor
“adotado” e assumido realmete mais que o seu papel, com sua simplicidade e paciência
ensinado tudo o que aprendi durante esse período em que estive junto a sua equipe de
trabalho;
Ao Professor Alberício Pereira de Andrade, pela amizade, e contribuição para a
construção desse trabalho;
A Professora Elizanilda Ramalho do Rêgo, pela amizade, apoio, incentivo, e sua grande
contribuição para a construção dessa pesquisa;
Ao Professor Edson Mauro e Professora Juliana, pela amizade, e que mesmo de forma
indireta, contribuíram me apoiando e incentivando para que eu conseguisse concluir
meu trabalho;
Aos Funcionários do laboratório de Nutrição Animal, Seu Costa, Antônio, Charles, José
Sales, Roberto e Marquinho; Dona Carmen e Damião (PPGZ), Seu Gabriel (Motorista),
agradeço a disponibilidade e ajuda a mim concedida;
ii
A secretária do PPGZ, Maria das Graças da Silva Cruz Medeiros, e Jacilene Cunha
Castro, pela sua amizade, atenção e disponibilidade sempre que precisei;
A minha família pela paciência, dedicação e incentivo, minha mãe Dona Cândida, meu
pai Seu José, meus irmãos Cristian e Fernanda, meus cunhados Lincon e Dore;
A Famíla Biomassa: Professor Mailson e Elizanilda. Angela e Joelson (meus
experimentos rsrsrs), Lindamara, Bruno, Priscila, Aline, Marcia, Mayana, Naysa, Laís,
Neto, Well, Jardel, Thaína, Lucas, Kaline, Maiara, Bruna, Lemerson, Marcelo, Ayron,
Michelle, Cristine, Sammara, Giovanna, Gláucia, Jorge, Júlio, espero não ter esquecido
nenhum nome rsrsr;
A Família GEF Professor Edson Mauro e Professora Juliana. Fleming, Rosângela,
Messias, Nagnaldo, Ana Paula, Ricardo, Higor, Henrique, Thiago (Timão), Tiago
(Brad), Alexandre Perazzo, Thomaz, Sansão, Marcela, Bete, Vinícius, Gildenia,
Robervânia, Danilo Marte, Danilo Linhares, João Paulo, Alberto, Douglas, Elber,
perdão se esqueci alguém rsrsrs;
As minhas companheiras de República, afinal formamos a grande família: Jussara,
Jailma, Pollyanna, Geovania, Rosana, Edvânia, Kleitiane, Anaiane, Cecília, Francinilda,
Luana, Glória, Lusiana. E as antigas companheiras de Ap: Gabriela Mafra, Renata,
Guadalupe;
À Jussara Telma dos Santos, pela grande amizade que construimos, pelo apoio,
solidariedade nos momentos alegres e nos momentos difíceis desde o início do curso até
os dias de hoje, nossa luta é grande, mas chegaremos lá com Fé em Deus.
Vocês foram grandes contribuidores para a construção desse trabalho sem vocês não
teria conseguido, estarão sempre guardados no meu coração, Deus abençoe a cada um.
A todos o meu eterno agradecimento,
Muito Obrigada!
iv
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... vi
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................. viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................................x
RESUMO GERAL ........................................................................................................12
INTRODUÇÃO GERAL ..............................................................................................14
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ...........................................................................18
CAPÍTULO I
Variabilidade Genética entre Acessos de Manihot por Meio de Marcadores RAPD
RESUMO........................................................................................................................23
ABSTRACT ...................................................................................................................24
INTRODUÇÃO .............................................................................................................25
MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................27
RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................31
CONCLUSÃO................................................................................................................38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................39
CAPÍTULO II
Caracterização morfológica e agronômica de acessos de Manihot spp. procedentes
de microrregiões do Semiárido brasileiro
RESUMO........................................................................................................................45
ABSTRACT ...................................................................................................................46
INTRODUÇÃO .............................................................................................................47
MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................49
RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................54
CONCLUSÃO................................................................................................................72
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ...........................................................................73
CAPÍTULO III
Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos de Manihot spp.
pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB
RESUMO........................................................................................................................78
ABSTRACT ...................................................................................................................79
INTRODUÇÃO .............................................................................................................80
MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................82
RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................84
v
CONCLUSÃO................................................................................................................95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................96
CONSIDERAÇÃO FINAL .........................................................................................100
APENDICE ..................................................................................................................101
ANEXOS ......................................................................................................................104
ANEXO - 1 ............................................................................................................................. 105
ANEXO - 2 ............................................................................................................................. 107
vi
LISTA DE TABELAS
Página
CAPÍTULO I: Variabilidade genética entre acessos de Manihot por meio de
marcadores RAPD
Tabela 1. Sequência dos 10 iniciadores utilizados nas reações de RAPD com
suas respectivas sequências de bases........................................................................
28
Tabela 2. Número de fragmentos amplificados, fragmentos polimórficos e
monomórficos obtidos para os 55 acessos utilizando os 10 iniciadores RAPD.......
31
Tabela 3. Matriz de dissimilaridade genética obtida do complemento aritmético
do coeficiente de dissimilaridade de Jaccard com base em marcador molecular
RAPD, entre os 55 acessos de Manihot ssp. Areia, PB............................................
33
Tabela 4. Correlação cofenética baseado nos dados moleculares (RAPD)
avaliados nos 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.).............................................
38
CAPÍTULO II: Caracterização morfológica e agronômica de acessos de
Maniçoba (Manihot spp.) procedentes de microrregiões do Semiárido
brasileiro
Tabela 1. Descrição dos caracteres morfológicos utilizados na caracterização dos
acessos de Manihot spp.........................................................................................................
50
Tabela 2. Correlação cofenética de 12 caracteres morfológicos avaliados nos 55
acessos de (Manihot spp.).........................................................................................
Tabela 3. Caracteres avaliados nas classes fenotípicas (morfologia) e frequência
de acessos em cada uma das classes........................................................................
55
58
vii
Tabela 4. Análise de variância de 18 características morfométricas avaliadas em
55 acessos de (Manihot spp.)....................................................................................
60
Tabela 5. Agrupamento de médias de 18 caracteres morfométricos avaliados em
55 acessos de (Manihot spp.)....................................................................................
63
Tabela 6. Contribuição relativa dos 18 caracteres para diversidade -
SINGH(1981) Distância Generalizada de Mahalanobis......................................
Tabela 7. Matriz de dissimilaridade genética obtida pela distância generalizada
de Mahalanobis com base nos caracteres morfométricos, entre os 55 acessos
de Manihot. Areia, PB..............................................................................................
Tabela 8. Correlação cofenética de 18 caracteres morfoagronômico avaliados nos
55 acessos (Manihot spp.).........................................................................................
65
67
70
CAPÍTULO III: Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos
de Manihot spp. pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB
Tabela 1. Análise de variância de 15 características bromatológicas (% na MS)
avaliadas em 55 genótipos de maniçoba (Manihot spp.)..........................................
84
Tabela 2. Agrupamento de médias de 15 caracteres bromatológicos (% na MS)
avaliados em 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.).............................................
88
Tabela 3. Agrupamento com base nos conteúdos de HCN (ácido cianídrico)
avaliados em 55 acessos de Maniçoba (Manihot spp.).............................................
92
viii
LISTA DE FIGURAS
Página
CAPÍTULO I - Variabilidade genética entre acessos de Manihot por meio de
marcadores RAPD
Figura 1. Dendrograma resultante da análise de agrupamento obtido pelo método
UPGMA a partir de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) baseado nos dados
da matriz de dissimilaridade genética obtidos pelo complemento aritmético dos
coeficientes de similaridade de Jaccard , utilizando-se 10 marcadores RAPD.
Valores do “bootstrap” em percentagem para 100 repetições..................................
37
CAPÍTULO II: Caracterização morfológica e agronômica de acessos de
Maniçoba (Manihot spp.) procedentes de microrregiões do Semiárido
brasileiro
Figura 1. Obtenção das medidas dos marcadores agronômicos nos 55 acessos de
maniçoba (Manihot spp.): ( a ) altura da planta (cm); ( b ) diâmetro do caule
(mm), ( c ) número total de gemas axilares; ( d ) número total de ramos por
planta; ( e ) número total de folhas; ( f ) número de flores; ( g ) número de ramos
florais; ( h ) número de frutos e ( i ) número de folhas senescentes.........................
Figura 2 - Obtenção das medidas dos marcadores agronômicos nos 55 acessos de
maniçoba (Manihot spp.): ( j ) comprimento do pecíolo da folha (cm); ( l )
diâmetro da base do pecíolo da folha (mm); ( m ) diâmetro da porção mediana do
pecíolo da folha (mm); ( n ) diâmetro proximal do pecíolo da folha (mm); ( o )
comprimento do lóbulo central (cm); ( p ) largura do lóbulo central (cm); ( q )
largura superior do lóbulo mediano (cm); ( r ) comprimento entre os lóbulos
basais da folha (cm); ( s ) comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm);
( t ) número e formato de lóbulos das folhas............................................................
Figura 3. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot
spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade
51
53
ix
genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2),
utilizando-se 12 descritores morfológicos.....................................................................
57
Figura 4. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot
spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade
genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2),
utilizando-se 18 descritores morfométricos. Valores do “bootstrap” em
percentagem para 100 repetições..............................................................................
71
CAPÍTULO III
Figura 1. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba
(Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de
dissimilaridade genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de
Mahalanobis (D2), utilizando-se 15 variáveis bromatológicas. Valores do
“bootstrap” em percentagem para 100 repetições.....................................................
91
Figura 2. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot
spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade
genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), com
base nos conteúdos de HCN. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100
repetições..................................................................................................................
94
x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AP Altura de planta
BAG Banco ativo de gemoplasma
Cm Centímetros
CCC Coeficiente de correlação cofenético
CHOT Carboidratos totais
CLC Comprimento do lóbulo central
CLBF Comprimento entre os lóbulos basais da folha
CLMF Comprimento entre os lóbulos medianos da folha
CNF Carboidratos não fibrosos
CPF Comprimento de pecíolo da folha
CT Carboidratos totais
CTAB Brometo de cetiltrimetilomônio
CV Coeficiente de variação
DBPF Diâmetro da base do pecíolo da folha
DIG. IN SITU Digestibilidade in situ
DMPF Diâmetro médio do pecíolo da folha
DMC Diâmetro médio do caule
DSPF Diâmetro superior do pecíolo da folha
EE Extrato etéreo
FDA Fibra insolúvel em detergente ácido
FDN Fibra insolúvel em detergente neutro
FDNi Fibra em detergente neutro indigestível
G Gramas
H Horas
HCN Ácido cianídrico
Kg Quilograma
LIG Lignina
LMLC Largura mediana do lóbulo central
LSLC Largura superior do lóbulo central
m2 Metros quadrados
MG Miligramas
xi
Min Minutos
Mm Milímetros
MM Matéria mineral
MO Matéria orgânica
MS Matéria seca
NIDA Nitrogênio indisponível em detergente ácido
NFS Número de folhas senescentes
NFR Número de frutos
NFolhas Número de folhas
NFlores Número de flores
NGA Número de gemas axilares
NR Número de ramos
NRF Número de ramos florais
P Probabilidade de erro
PB Proteína bruta
PIDA Proteína insolúvel em detergente ácido
RAPD Amplificação de DNA polimórfico ao acaso
Seg Segundos
UPGMA Método de agrupamento aos pares de média aritmética não
ponderada
12
SILVA, A. P. G. Diversidade genética de acessos de maniçoba (Manihot spp.) de
ocorrência natural no semiárido do Brasil. 2013. Tese (Doutorado em Zootecnia)
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Areia-PB.
RESUMO GERAL
A maniçoba desempenha importante papel no cenário nordestino, especialmente na
região semiárida, onde é utilizada para manutenção dos rebanhos de animais domésticos
por ocasião de secas prolongadas por apresentar características nutricionais favoráveis.
Porém, o Gênero Manihot, pertence ao grupo de plantas cianogênicas e apresenta em
sua composição quantidades variáveis de glicosídeos cianogênicos, podendo muitas
vezes ser consideradas tóxicas para o consumo animal, além de apresentar, geralmente,
características morfológicas e morfoagronômicas diferenciadas, torna-se necessário o
estudo do conhecimento da variabilidade indispensável para o manejo de coleções de
germoplasma. Diante disto, o presente trabalho teve como objetivo analisar
a diversidade genética entre acessos de maniçoba (Manihot spp.), de diferentes
procedências, pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade
Federal da Paraíba, por meio de marcadores moleculares e descritores
morfoagronômicos, e de qualidade nutricional e conteúdos de ácido cianídrico. Foram
avaliados cinquenta e cinco acessos pertencentes ao banco ativo de germoplasma de
maniçoba do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da UFPB
(DZO/CCA/UFPB). A divergência genética entre os 55 acessos de maniçoba foi
estimada mediante o uso de marcadores moleculares RAPD. A partir dos dados obtidos
com as reações de RAPD, foi construída a matriz de dissimilaridade utilizando o
complemento (1-C) do coeficiente de similaridade Jaccard. Com base na matriz de
dissimilaridade foi realizada análise de agrupamento método de UPGMA utilizando
programa genes. Pôde-se observar a formação de 6 grupos, demonstrando que há
diversidade genética entre os acessos avaliados. Para a caracterização morfológica e
morfométrica foram usados 12 descritores qualitativos e 18 quantitativos. A
dissimilaridade foi gerada pela matriz de distância generalizada de Manhalanobis (D²), e
a análise de agrupamento foi obtida pelo método UPGMA. Esta análise possibilitou a
formação de 8 grupos de dissimilaridade com base nos caracteres morfológicos e 5
grupos para os caracteres morfométricos, evidenciando a presença de diversidade
13
genética entre os acessos avaliados. Para as avaliações da composição bromatologica
determinou-se os porcentuais de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), material
mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), nitrogênio indisponível em detergente ácido (NIDA), teores de
lignina, celulose e hemicelulose. Os carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não
fibrosos (CNF), digestibilidade in situ e fração indigestível (FNDi) e as análises de
determinação dos conteúdos de HCN. Os resultados foram submetidos à análise de
variância. A dissimilaridade foi gerada pela matriz de distância generalizada de
Manhalanobis (D²), e a análise de agrupamento foi obtida pelo método UPGMA.
Possibilitou a formação de 5 grupos de dissimilaridade com base nos caracteres
bromatológicos e 7 grupos para os conteúdos de HCN, evidenciando a presença de
diversidade genética entre os acessos avaliados. Houve efeito significativo (P<0,05)
para todos os caracteres bromatológicos avaliados. Com base nos resultados em todos
os parâmetros avaliados os acessos de números 16 Soledade, 38 Boa Vista, 36
Pocinhos, 3 Pedra Lavrada, 2; 10 e 29 Barra de Santa Rosa, 41; 46 e 55 Juazeirinho, 7;
39 e 54 Junco, 4 e 21 Monteiro, 50 Picuí e 5 Santa Cruz, são os mais promissores,
podendo ser utilizados com genitores em programa de melhoramento dessa espécie
como forrageira.
Palavras- Chave: banco de germoplasma, composição bromatologica, marcadores
moleculares, morfologia, morfoagrônomia.
14
INTRODUÇÃO GERAL
A região semiárida destaca-se por apresentar um bioma exclusivamente brasileiro,
denominado de Caatinga, localizado na região nordeste do país. Ocupa uma área de
aproximadamente 85.500 km2, representando cerca de 10% do território nacional e se
estende por grande parte da região Nordeste e Norte de Minas Gerais (SILVA et al.,
2004).
A Caatinga é caracterizada pela vegetação do tipo "Savana estépica", vegetação
com predomínio de árvores baixas e arbustos, que, em geral, perdem as folhas no
período seco, caracterizando-as como espécies caducifólias e muitas espécies de
cactáceas (SNIF, 2012). As plantas da Caatinga têm despertado interesse dos
pesquisadores, principalmente aquelas com potencial forrageiro, uma vez que, pela sua
extensão e grande diversidade de espécies vegetais, é a principal fonte de recurso
alimentar para a maioria dos rebanhos da região semiárida nordestina (ANDRADE et
al., 2004).
O potencial forrageiro da região Nordeste vem sendo cada vez mais explorado, na
busca por alternativas para tentar solucionar o problema e escassez de forragem para os
rebanhos, principalmente durante o período seco do ano, no qual há um déficit muito
elevado, afetando diretamente a produtividade dos rebanhos (MOREIRA FILHO et al.,
2008). Almeida et al. (2006) afirmaram que a irregularidade na distribuição de chuvas,
com prolongados períodos de estiagem, reflete em baixa produtividade dos rebanhos
fazendo-se necessário a busca por alimentos alternativos de qualidade para suprir o
déficit de forragem nesses períodos.
Nesse contexto, a maniçoba (Manihot spp.) aparece como alternativa alimentar
para a produção animal da região. Trata-se de uma espécie heliófila, perene, arbustiva,
pertencente à família das Euphorbiaceae de ocorrência natural no Brasil e encontrada
nas diversas áreas que compõem o Semiárido do Nordeste (BELTRÃO et al., 2006). A
família é constituída por 290 gêneros e aproximadamente 7.500 espécies distribuídas
por toda zona tropical do globo terrestre e são originárias da America do Sul (ALVES et
al., 2007).
A maniçoba desempenha importante papel no cenário nordestino, especialmente
na região semiárida, onde é utilizada para manutenção dos rebanhos de animais
domésticos por ocasião de secas prolongadas. Pode ser considerada como uma
forrageira de alta palatabilidade, por ser bastante procurada pelos caprinos, ovinos,
15
equinos e bovinos (MARTINS et al., 2007). França et al. (2010), em estudos realizados
com a espécie, destacam a maniçoba como sendo uma das plantas encontradas na
Caatinga com mecanismos de adaptabilidade às condições semiáridas e por apresentar
elevado valor nutritivo e alta palatabilidade, podendo ser utilizada como alternativa
alimentar para a produção animal nessa região.
O feno das ramas da maniçoba apresenta matéria seca (MS) em torno de 87%,
fibra em detergente neutro (FDN) entre 51,1 e 53,7% (%MS), fibra em detergente ácido
(FDA) entre 39,6 e 44,5%, proteína bruta (PB) entre 10,6 e 16,8%, extrato etéreo (EE)
entre 2,0 e 3,7%, e matéria mineral (MM) entre 6,9 e 10,6% (ARAÚJO et al., 2009;
SOUZA et al., 2006). Pinto et al. (2006) avaliando a composição nutricional do feno
das ramas da maniçoba verificaram conteúdos de 18,46% de PB, 39,37% de FDN e
6,42% de MM. Moraes et al. (2007) afirmam que as folhas da maniçoba podem
apresentar até 20% de PB e 60% de nutrientes digestíveis totais (NDT).
O Gênero Manihot, pertence ao grupo de plantas cianogênicas e apresenta em sua
composição quantidades variáveis de glicosídeos cianogênicos que, por meio da
hidrólise química ou mediante a ação das principais substâncias cianogênicas a
linamarina e lotaustralina, em presença de água, entram em contato com a enzima
linamarase, dando origem ao ácido cianídrico (HCN) (CASTRO, 2004). As plantas
desenvolvem-se na maioria dos solos, tanto calcários e bem drenados, como também
naqueles pouco profundos e pedregosos, das elevações e das chapadas, mas podendo
também ser encontrada em menor densidade em outros tipos de solos (LINHARES;
SOUZA JUNIOR, 2008).
Segundo Moreira Filho et al. (2009), pouco se conhece sobre o potencial da
maniçoba como espécie forrageira e sua utilização, o seu valor nutritivo, o manejo
adequado, o que implica no seu aproveitamento como alternativa de suporte forrageiro.
Já Nassar (2006) comenta que espécies silvestres do gênero Manihot, embora pouco
estudadas, apresentam importantes reservatórios de alelos de interesse a serem
transferidos para espécies cultivadas buscando o desenvolvimento de variedades
melhoradas, que sejam mais resistentes a fatores bióticos e abióticos com possibilidade
de expressarem maior produtividade.
Uma das grandes dificuldades quanto ao o uso de espécies do gênero Manihot em
programas de melhoramento genético é a limitação por não estarem prontamente
disponíveis ou muitas delas, por se tratarem de uma espécie silvestre por apresentarem
dificuldade de estabelecimento fora do seu ambiente natural, além do pouco
16
conhecimento sobre os aspectos da biologia reprodutiva, da constituição genômica e da
relação filogenética (LEDO et al., 2010).
Estudos de diversidade genética têm sido de grande importância em programas de
melhoramento, por fornecerem informações sobre caracteres de identificação de
genitores que possibilitem grande efeito heterótico e maior segregação em
recombinantes, aumentando a probabilidade do aparecimento de genótipos superiores
nas progênies (SILVA et al., 2008).
A caracterização torna-se o ponto de partida para o conhecimento da variabilidade
sendo indispensável para o manejo de coleções de germoplasma, e por meio dela torna-
se possível obter dados para descrever, identificar e diferenciar acessos dentro de
espécies, classes ou categorias, utilizando para isso descritores adequados (VICENTE et
al., 2005). No entanto, a caracterização de plantas, com base apenas em características
morfológicas, está frequentemente sujeita a erros que resultam a partir das variações nas
condições ambientais (CARVALHO; SCHAAL, 2001; COLLARD et al., 2005). Por
isso, também são utilizadas além das características morfológicas, as agronômicas,
bioquímicas e moleculares. Nascimento et al. (2008) afirmaram que a caracterização
morfológica, agronômica e molecular consiste em fornecer uma identidade para cada
acesso, através do uso de uma série de descritores que permitam estudar sua
variabilidade genética. A associação dessas características torna-se mais detalhada e
confiável, dando suporte maior ao estudo da diversidade, reduzindo consideravelmente
o grau de dificuldade de detectar as diferenças entre indivíduos geneticamente próximos
e permitindo a identificação de acessos mantidos em bancos de germoplasma
(CHAVARRIAGA-AGUIRRE et al.,1999; KIZITO et al., 2007.; ZACHARIAS et al.,
2004; ZANNOU et al., 2009).
Vieira et al. (2010), afirma que dentre as diversas técnicas utilizando marcadores
moleculares, o polimorfismo de DNA amplificado ao acaso (RAPD) merece destaque,
pelo baixo custo, rapidez, fácil execução e pelo fato de não exigir a síntese de
iniciadores específicos.
Dentro deste contexto, o objetivo da presente pesquisa foi analisar
a diversidade genética entre acessos de maniçoba (Manihot spp.), de diferentes
procedências, pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade
Federal da Paraíba, por meio de marcadores moleculares, descritores
morfoagronômicos, qualidade nutricional e conteúdo de ácido cianídrico.
17
O trabalho está distribuído em três capítulos da seguinte forma: Capítulo I:
Variabilidade Genética entre Acessos de Manihot por Meio de Marcadores RAPD;
Capítulo II: Caracterização Morfológica e Agronômica de Acessos de Maniçoba
(Manihot spp.) procedentes de Microrregiões do Semiárido Brasileiro; Capítulo III:
Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos de Manihot spp.
pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB; e considerações finais.
18
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23
Variabilidade genética entre acessos Manihot por meio de marcadores RAPD
RESUMO
Objetivou-se analisar a diversidade genética entre acessos de Manihot spp. por meio de
marcadores moleculares. Foram avaliados cinquenta e cinco acessos pertencentes ao
banco ativo de germoplasma de maniçoba do Departamento de Zootecnia do Centro de
Ciências Agrárias da UFPB (DZO/CCA/UFPB). A divergência genética entre os 55
acessos de maniçoba foi estimada mediante o uso de marcadores moleculares RAPD.
Para a caracterização molecular foram feitas extrações de DNA genômico, PCR
utilizando marcadores RAPD, em seguida eletroforese. A partir dos dados obtidos com
as reações de RAPD, foi construída a matriz de dissimilaridade utilizando o
complemento (1-C) do coeficiente de similaridade Jaccard. Com base na matriz de
dissimilaridade foi realizada análise de agrupamento método de UPGMA utilizando
programa genes. Os 10 iniciadores RAPD testados geraram 72 fragmentos
amplificados, sendo 38 locos polimórficos e 34 locos monomórficos, sendo o iniciador
OPD1 e OPD2 os mais polimórficos, gerando 21 e 24 bandas polimórficas
respectivamente. Por outro lado, o iniciador OPD5 não revelou nenhum polimorfismo.
Pôde-se observar a formação de 6 grupos, demonstrando que há diversidade genética
entre os acessos avaliados. Os pares de acessos mais similares foram 3 x 49; 7 x 49; 17
x 49 e 29 x 49 (0,027), e o acesso mais dissimilar foi 49 x 55 (0,460). Com base nos
resultados obtidos, sugerem-se como potenciais genitores os acessos 5 Santa Cruz, 7
Junco, 46 Juazerinho, 36 Pocinhos, 55 Juazerinho, e 50 Picuí para cruzamentos futuros
no programa de melhoramento genético dessa espécie de alto potencial forrageiro.
Palavras-chave: diversidade genética, germoplasma, maniçoba, polimorfismo
24
Manihot genetic variability among accessions using RAPD marker
ABSTRACT
This study aimed to analyze the genetic diversity among accessions of Manihot spp.
using molecular markers. Fifty-five accessions belonging to active genebank manicoba
Department of Animal Science Center of Agricultural Sciences were evaluated UFPB
(DZO / CCA / UFPB) were evaluated. The genetic diversity among 55 accessions of
maniçoba was estimated by using RAPD markers. For molecular characterization of
genomic DNA extractions were made using PCR RAPD then electrophoresis. From the
data obtained with the RAPD reactions, the dissimilarity matrix was constructed using
the complement (1-C) of the Jaccard similarity coefficient. Based on the dissimilarity
matrix cluster analysis using UPGMA method program genes was performed. The 10
RAPD primers tested yielded 72 amplicons, 38 polymorphic loci and 34 monomorphic
loci, being the initiator and OPD1 OPD2 the most polymorphic, generating polymorphic
21:24 respectively. On the other hand, the initiator OPD5 revealed no polymorphism.
Could observe the formation of 6 groups, demonstrating that there is genetic diversity
among accessions. The more pairs of similar accessions were 3 x 49; 7 x 49; 17 x 49
and 29 x 49 (0,027), and most dissimilar access was 49 x 55 (0,460). Based on the
results obtained, are suggested as potential parents accesses Santa Cruz 5, 7 Reed, 46
Juazerinho, 36 Pocinhos, Juazerinho 55, and 50 Picuí for future crosses in breeding this
species of high forage potential program.
Keywords: genetic diversity, germplasm, manicoba, polymorphism
25
INTRODUÇÃO
O Semiárido brasileiro é caracterizado por apresentar um baixo regime
pluviométrico, com chuvas irregulares durante e entre os anos, com predominância de
Neossolo litólico (EMBRAPA, 2006) o que dificulta a produção de volumosos para
produção animal (LIMA, 1996). Com isso, faz-se necessário à busca por alimentos
alternativos de qualidade para suprir o déficit de forragem nos período de estiagem.
Dentre as espécies encontradas na Caatinga com suporte forrageiro para ser
explorado, destaca-se a Maniçoba (Manihot spp.), pertencente a família Euphorbiaceae.
Esta espécie de ocorrência natural no Brasil, especificamente na região da Caatinga, é
encontrada nas diversas áreas que compõem o Semiárido do Nordeste (BELTRÃO et
al., 2006). O gênero Manihot é constituído por um grande número de espécies cuja
origem se deu no Novo Mundo, de forma que no Brasil e no México elas formam
centros de diversidade distintos (NASSAR, 2000).
Segundo Nassar (2006) espécies silvestres de Manihot, embora pouco estudadas,
apresentam importantes reservatórios de alelos de interesse a serem transferidos para
espécies cultivadas buscando o desenvolvimento de variedades melhoradas que sejam
mais resistentes a fatores bióticos e abióticos com possibilidade de expressarem maior
produtividade.
Uma das grandes dificuldades quanto ao o uso de espécies de Manihot em
programas de melhoramento genético é a limitação por não estarem prontamente
disponíveis ou muitas delas, por se tratarem de espécies silvestres, apresentarem
dificuldade de estabelecimento fora do seu ambiente natural. Além do pouco
conhecimento sobre os aspectos da biologia reprodutiva, da constituição genômica e da
relação filogenética (LEDO et al., 2011).
Descritores morfológicos, agronômicos, bioquímicos e moleculares são
utilizados para caracterizar e avaliar germoplasma. Nascimento et al. (2008) afirmam
que essa caracterização, consiste em fornecer uma identidade para cada acesso por meio
do uso de uma série de descritores que permitam estudar sua variabilidade genética.
Vieira et al. (2010) afirmam que dentre as diversas técnicas utilizando
marcadores moleculares, o polimorfismo de DNA amplificado ao acaso (RAPD) merece
destaque, pelo baixo custo, pela rápida e fácil execução bem como pelo fato de não
exigir a síntese de iniciadores específicos.
26
Os avanços recentes nas técnicas de biologia molecular têm fornecido
ferramentas úteis para os estudos genéticos de diversas espécies de plantas (FALEIRO,
2007).
Rimoldi et al. (2010) estudando a diversidade genética em 14 espécies do gênero
Manihot verificaram a formação de grupos divergentes por meio da utilização de
marcadores moleculares RAPD. Costa et al. (2003) por meio destes marcadores
moleculares RAPD puderam estimar a similaridade genética entre cultivares de
mandioca-doce comprovando a eficiência de sua utilização.
A caracterização torna-se o ponto de partida para o conhecimento da
variabilidade, sendo indispensável para o manejo de coleções de germoplasma, sendo
possível obter dados para descrever, identificar e diferenciar acessos dentro de espécies,
classes ou categorias, utilizando para isso descritores adequados (QUEROL, 1988;
VICENTE et al., 2005).
Além disso, a caracterização de plantas com base apenas em características
morfológicas também pode ser frequentemente sujeitos a erros resultantes das variações
nas condições ambientais, especialmente se as cultivares em estudo é de origem
semelhante, ou se algumas características agronômicas não são específicas
(CARVALHO E SCHAAL, 2001; COLLARD et al., 2005).
O uso de marcadores moleculares pode permitir, entre outros aspectos, a
detecção de diferenças genéticas significativas entre os acessos mais próximos, quando
comparado com o uso de descritores agronômicos e morfológicos (COLLARD et al.,
2005) e a associação da caracterização molecular com as características agronômicas e
morfológicas, de acessos mantidos em bancos de germoplasma. Isso torna mais
confiável e reduz consideravelmente o grau de dificuldade de detectar as diferenças
entre indivíduos geneticamente próximos (CHAVARRIAGA-AGUIRRE et al., 1999;.
ZACHARIAS et al., 2004; KIZITO et al., 2007.; ZANNOU et al., 2009).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a diversidade genética entre e de acessos de
(Manihot spp.), pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade
Federal da Paraíba, por meio de marcadores moleculares RAPD.
27
MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliados cinquenta e cinco acessos do gênero Manihot. SP, sendo 53
provenientes de microrregiões do Cariri Paraibano e 2 de regiões do estado de
Pernambuco. No Cariri Paraibano foram coletados acessos de Soledade, Juazerinho,
Pocinhos, Boa Vista, Sumé, Monteiro, Barra de Santa Rosa, Picuí, Pedra Lavrada,
Junco do Seridó, Cubati, Barra de Santana e ao longo da BR 230 entre os municípios de
Boa Vista e Pocinhos, e no Estado de Pernambuco os acessos foram coletados nos
municípios de Taquaritinga do Norte e Santa Cruz do Capibaribe. Todos
georeferenciados com o auxílio de um aparelho GPS (Global Position System)
(Apêndice 1).
De cada acesso foram retiradas quinze estacas com no mínimo 3 gemas,
fazendo-se um corte em bisel a 0,5 cm acima da gema. Em seguida foram desinfetadas
permanecendo por 15 mim em solução de hipoclorito de sódio a 2% e água na
proporção (1:1 v/v), após a esterilização foram mergulhadas em uma solução de AIB 15
mg.L-1
, dissolvido em água destilada, por 15 min. posteriormente foram plantadas em
sacos de poliestireno contendo substrato comercial.
As mudas permaneceram em casa de vegetação por um período de 2 meses, até
total enraizamento, após o período de permanência na casa de vegetação foram
transplantadas em covas sob um espaçamento de 1x1 m entre (linha x coluna),
estabelecendo assim o banco ativo de germoplasma (BAG) do Departamento de
Zootecnia, localizado no município de Areia na microrregião do Brejo Paraibano, com
latitude 6°58‟ S e longitude 35°41‟ W, a uma altitude de 618 m e apresentando um
clima tropical úmido, com verão seco, estação chuvosa com início em janeiro ou
fevereiro e término em setembro, podendo se adiantar até outubro. A temperatura média
é de 23º C, a umidade relativa média de 80% e a precipitação média anual são de 1.400
mm (MASCARENHAS et al., 2005).
Aproximadamente 60 dias pós-estabelecimento, iniciaram-se as avaliações e
coleta de material vegetal. As análises foram realizadas no Laboratório de Biotecnologia
do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Areia (PB)
(CCA/UFPB).
O DNA genômico foi extraído a partir de folhas jovens coletadas de cada acesso
do BAG, utilizando o método do brometo de cetiltrimetilomônio (CTAB), adaptado do
protocolo descrito por Ferreira e Grattapaglia (1995) (Anexo 1).
28
Na obtenção dos marcadores RAPD, foram utilizados 10 iniciadores decâmeros
da série Operon (Operon Biotechnologies) recomendados por Beltrão (2006), conforme
descritos na (Tabela 1).
Tabela 1. Sequência dos 10 iniciadores utilizados nas reações de RAPD com suas
respectivas sequências de bases.
Iniciador
Sequencia de bases
(5‟-3‟)
OPD1 5'-ACCGCGAAGG-3'
OPD2 5'-GCACCCAACC-3'
OPD3 5'-CTCGCCGTCA-3'
OPD4 5'-TCTGGTGAGG-3'
OPD5 5'-TGAGCGGACA-3'
OPD6 5'-ACCTGAACGG-3'
OPD7 5'-TTGGCACGGG-3'
OPD8 5'-GTGTGCCCCA-3'
OPD9 5'-CTCTGGAGAC-3'
OPD10 5'-GGTCTACACC-3'
A quantificação do DNA foi realizada imediatamente após a extração, as
amostras de DNA foram submetidas à análises de concentração e pureza por meio da
leitura de absorbância em 260 nm (UV - Concentração do DNA em mg/mL =
Absx100x50 µg/mL) e em 280 nm (quantificação de proteínas) no espectrofotômetro
(Eppendorf Bio-Photometer Plus).
As reações de amplificação foram realizadas em um volume final de 25 µL,
contendo 0,2 U de enzima Taq DNA polimerase (5 U), tampão da enzima 2,5 μmol L-
1 (10x), 1,5 μmol L
-1 de MgCl2 (50 mM), 0,5 μmol L
-1 de dNTP (10 mM), 2,5 μmol L
-1
de iniciador (10 μM), 2 μL de DNA genômico (50 ng) e 15,8 μL de água ultra pura.
Na etapa de amplificação dos segmentos de DNA, foi utilizado termociclador
modelo TC-Plus Techne Bibby Scientific Ltd. O programa consistiu de desnaturação
inicial a 94ºC por 5 min, seguido por 30 ciclos de desnaturação a 94ºC por 1 min, 36°C
por 1 min, 72°C por 2 mim e extensão final a 72ºC por 5 min, posteriormente, a
temperatura foi reduzida para l0°C.
Os produtos amplificados por PCR foram separados por eletroforese em gel de
agarose a 1,5% em tampão de TAE 1X contendo como corante brometo de etídio (10
mg/mL) sendo 3 µL de brometo de etídio /200 mL de tampão TAE.
29
Após a amplificação, foram adicionadas a cada 10 µL da amostra amplificada, 2
µL 1x de DNA Loading Blue I 10x, homogeineizado e aplicados 10 µL em cada poço
do gel, utilizou-se 5µL do padrão de peso molecular de 1Kb Plus DNA Ladder - 1
µg/µL. A corrida se deu em cuba de eletroforese à 70v por aproximadamente 1h e
30min. Os géis foram visualizados e visualizados em fotodocumentador modelo Geo-
Logic 212 Pro-Carestream.
Os produtos das reações de amplificação (marcadores RAPD) foram classificados
da seguinte forma: presença (1) e ausência (0) de bandas e convertidos em uma matriz
de dados binários a partir da qual foi estimada a similaridade genética entre os acessos,
por meio do coeficiente de similaridade de Jaccard (Sj) (JACCARD, 1908).
Sj = a/(a + b + c),
onde;
a, presença da banda nos dois acessos i e j;
b, presença da banda no acesso i e ausente no acesso j; e
c, ausência no acesso i e presença no acesso j.
O ponto de corte do dendrograma e definição dos grupos foram gerados pelo
método hierárquico descrito por Mojena (1977) que sugere procedimento baseado no
tamanho relativo dos níveis de fusões (distâncias) no dendrograma. Cuja proposta é
selecionar o número de grupos no passo j que, primeiramente, satisfizer a inequação:
aj > qk
onde:
aj, valor de distância do nível de fusão correspondentes aos passo j(j=1,2,....,g-1);
qk, valor referencial de corte, dado por:
qk= a +ksa
onde:
a, média;
Sa, desvio padrão dos valores de a;
30
k, constante cujo valor a ser adotado como regra para definição dos grupos é
igual a 1,25.
Assim, tem-se que:
Ʃ1
g-1 a =
g-1
j = 1
aj
e
g-1
j = 1 ajSa = √
g-1
j = 1
1
g-1
aj-
2
/ g - 2
Com base na matriz de dissimilaridade, foi construído um dendrograma por meio
do método de agrupamento da distância média entre grupo (UPGMA). A análise de
bootstrap foi realizada para verificar e dar suporte estatístico aos nós internos dos
dendrogramas gerados por meio do método de agrupamento UPGMA. O ajuste entre a
matriz de dissimilaridade e o dendrograma foi estimado pelo coeficiente de correlação
cofenética (r), conforme SOKAL & ROHLF (1962), por meio do programa Genes
(CRUZ, 2006).
31
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos 10 iniciadores utilizados foi possível gerar um total de 72 bandas
amplificadas, onde 38 fragmentos foram polimórficos e 34 monomórficos, sendo os
primers 1, 2, 4 e 8 os que apresentaram os maiores números de amplificações (Tabela
2). Estes resultados demonstram haver diversidade genética entre os 55 acessos
avaliados.
Tabela 2. Número de fragmentos amplificados, fragmentos polimórficos e
monomórficos obtidos para os 55 acessos utilizando os 10 iniciadores RAPD.
Iniciador
(Primer)
Sequencias de bases
(5‟-3‟)
Fragmentos
amplificados
Fragmentos
polimórficos
Fragmentos
monomórficos
OPD1 5'-ACCGCGAAGG-3' 21 12 9
OPD2 5'-GCACCCAACC-3' 24 21 3
OPD3 5'-CTCGCCGTCA-3' 1 1 0
OPD4 5'-TCTGGTGAGG-3' 7 0 7
OPD5 5'-TGAGCGGACA-3' 0 0 0
OPD6 5'-ACCTGAACGG-3' 1 1 0
OPD7 5'-TTGGCACGGG-3' 5 1 4
OPD8 5'-GTGTGCCCCA-3' 9 2 7
OPD9 5'-CTCTGGAGAC-3' 1 0 1
OPD10 5'-GGTCTACACC-3' 3 0 3
72 38 34
O número de marcadores amplificados variaram de 24 (OPD-2) a 0 (OPD-5). A
ausência de produtos de amplificação para o iniciador (OPD-5) pode ser indicativo do
não “anelamento” do iniciador à fita- molde de DNA.
O número de fragmentos polimórficos variaram de 21 (OPD-2) a 0 (OPD-4,
OPD-5, OPD-9 e OPD-10). Observou-se, dentre os fragmentos amplificados, a
ocorrência de bandas específicas aos indivíduos podendo ser visualizados na Figura 2,
com tamanhos variando entre 100 a 2000 pb, número de fragmentos esperado dentro
da faixa de valores quando se utiliza marcadores do tipo RAPD. Rimoldi et al. (2010)
utilizando marcadores RAPD em Manihot esculenta encontraram perfis de bandas de
fragmentos polimórficos variando de 150 a 2000 pares de bases. Mardadores RAPD
produzem, normalmente, amplificações entre duas e dez bandas visíveis na faixa de 400
pb a 2.000 pb (Bowditch et al.,1993; Mignouma et al., 1998).
32
Os resultados demonstram haver ampla variabilidade genética entre os 55 acessos
avaliados, o que concordam com os resultados de (FARIAS et al., 1997;
CHAVARRIAGA - AGUIRRE et al., 1999; ZACHARIAS et al., 2004; PERONI et al.,
2007; KIZITO et al., 2007; SIQUEIRA et al., 2009) realizados em seus estudos com
espécie do gênero Manihot utilizando marcadores moleculares os quais verificaram
ampla variabilidade, ratificando a eficiência do uso de marcardores em diferenciar os
genótipos.
A matriz de dissimilaridade genética gerada a partir de dados de RAPD encontra-
se na (Tabela 3). Os pares de acessos mais similares foram 3 x 49; 7 x 49; 17 x 49 e 29
x 49 (0,027), enquanto que o par de acesso mais dissimilar foi 49 x 55 (0,460) dentre
todas as distâncias entre os acessos, tornando–os mais indicados para ser utilizados
como genitores no programa de melhoramento de Manihot spp. Segundo Cruz e
Regazzi (1997) a distância genética entre os acessos deve ter prioridade dentre os
critérios de escolha de genitores em um programa de melhoramento, uma vez que a
variabilidade é condição fundamental para o processo de seleção.
33
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1 0 0.070 0.130 0.048 0.150 0.143 0.170 0.163 0.143 0.159 0.093 0.095 0.234 0.213 0.136 0.234 0.245 0.255 0.239 0.229 0.125 0.250 0.222 0.186 0.306 0.292 0.271 0.306
2 0 0.106 0.068 0.209 0.159 0.184 0.178 0.159 0.174 0.152 0.114 0.170 0.188 0.111 0.208 0.220 0.229 0.250 0.167 0.186 0.260 0.271 0.200 0.314 0.333 0.280 0.314
3 0 0.128 0.261 0.174 0.196 0.229 0.213 0.224 0.204 0.170 0.220 0.235 0.167 0.255 0.264 0.275 0.327 0.180 0.239 0.200 0.245 0.286 0.288 0.275 0.321 0.321
4 0 0.190 0.140 0.167 0.200 0.140 0.156 0.091 0.136 0.191 0.170 0.133 0.229 0.204 0.286 0.234 0.224 0.167 0.208 0.217 0.222 0.333 0.320 0.300 0.333
5 0 0.105 0.261 0.128 0.105 0.171 0.190 0.150 0.209 0.227 0.190 0.209 0.261 0.190 0.171 0.244 0.029 0.227 0.150 0.105 0.209 0.190 0.209 0.209
6 0 0.250 0.167 0.100 0.163 0.182 0.186 0.159 0.178 0.140 0.116 0.213 0.222 0.244 0.156 0.128 0.178 0.186 0.190 0.239 0.222 0.277 0.277
7 0 0.191 0.213 0.149 0.087 0.170 0.255 0.200 0.204 0.220 0.160 0.204 0.188 0.143 0.239 0.125 0.208 0.250 0.184 0.275 0.255 0.220
8 0 0.075 0.140 0.159 0.119 0.217 0.234 0.200 0.217 0.229 0.200 0.222 0.133 0.150 0.196 0.244 0.167 0.217 0.277 0.255 0.255
9 0 0.205 0.182 0.186 0.200 0.178 0.182 0.159 0.213 0.261 0.244 0.156 0.128 0.178 0.227 0.146 0.239 0.261 0.277 0.239
10 0 0.070 0.116 0.213 0.265 0.234 0.213 0.224 0.156 0.136 0.170 0.146 0.191 0.159 0.244 0.250 0.271 0.250 0.286
11 0 0.093 0.229 0.208 0.174 0.229 0.167 0.213 0.156 0.188 0.167 0.170 0.178 0.261 0.265 0.286 0.265 0.300
12 0 0.234 0.213 0.136 0.271 0.208 0.178 0.200 0.191 0.125 0.213 0.222 0.227 0.271 0.292 0.271 0.306
13 0 0.149 0.191 0.208 0.220 0.265 0.250 0.204 0.227 0.260 0.234 0.239 0.280 0.265 0.280 0.280
14 0 0.130 0.188 0.125 0.280 0.265 0.184 0.244 0.167 0.250 0.217 0.260 0.280 0.294 0.260
15 0 0.191 0.128 0.213 0.234 0.149 0.209 0.170 0.255 0.182 0.229 0.286 0.229 0.300
16 0 0.184 0.229 0.250 0.128 0.227 0.188 0.234 0.200 0.170 0.229 0.280 0.208
17 0 0.204 0.188 0.143 0.277 0.125 0.245 0.250 0.220 0.275 0.255 0.255
18 0 0.156 0.149 0.209 0.208 0.217 0.222 0.191 0.213 0.152 0.191
19 0 0.245 0.146 0.229 0.159 0.205 0.213 0.234 0.174 0.213
20 0 0.261 0.106 0.229 0.234 0.167 0.260 0.275 0.240
21 0 0.244 0.125 0.128 0.227 0.209 0.227 0.227
22 0 0.174 0.255 0.149 0.208 0.260 0.224
23 0 0.186 0.156 0.136 0.234 0.196
24 0 0.159 0.222 0.159 0.159
25 0 0.111 0.170 0.089
26 0 0.152 0.068
27 0 0.130
28 0
34
Continuação Tabela 3
Acesso 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55
1 0.314 0.143 0.271 0.239 0.100 0.167 0.146 0.306 0.209 0.190 0.209 0.261 0.213 0.150 0.171 0.190 0.171 0.277 0.205 0.370 0.393 0.271 0.222 0.239 0.327 0.340 0.358
2 0.288 0.200 0.314 0.286 0.163 0.182 0.163 0.346 0.261 0.244 0.261 0.306 0.188 0.209 0.227 0.244 0.227 0.320 0.255 0.404 0.424 0.280 0.271 0.286 0.364 0.375 0.364
3 0.264 0.250 0.288 0.224 0.217 0.234 0.255 0.382 0.271 0.255 0.234 0.280 0.163 0.261 0.277 0.217 0.239 0.358 0.300 0.433 0.452 0.321 0.280 0.294 0.397 0.407 0.368
4 0.275 0.182 0.300 0.271 0.143 0.205 0.186 0.333 0.205 0.186 0.205 0.255 0.208 0.190 0.209 0.227 0.209 0.306 0.239 0.393 0.414 0.300 0.255 0.271 0.352 0.364 0.382
5 0.261 0.105 0.209 0.171 0.056 0.081 0.056 0.209 0.081 0.056 0.081 0.150 0.227 0.000 0.029 0.056 0.029 0.171 0.128 0.292 0.320 0.209 0.150 0.171 0.277 0.292 0.277
6 0.250 0.190 0.239 0.163 0.150 0.125 0.150 0.277 0.171 0.150 0.171 0.227 0.136 0.105 0.128 0.150 0.128 0.244 0.209 0.346 0.370 0.277 0.227 0.244 0.333 0.346 0.333
7 0.264 0.250 0.220 0.188 0.217 0.271 0.255 0.382 0.196 0.217 0.234 0.280 0.235 0.261 0.239 0.255 0.277 0.358 0.300 0.433 0.452 0.352 0.314 0.327 0.397 0.407 0.424
8 0.333 0.167 0.255 0.182 0.125 0.190 0.171 0.292 0.146 0.171 0.190 0.244 0.196 0.128 0.150 0.171 0.150 0.261 0.227 0.358 0.382 0.255 0.244 0.261 0.346 0.358 0.314
9 0.286 0.190 0.239 0.163 0.103 0.171 0.150 0.277 0.171 0.150 0.171 0.227 0.217 0.105 0.128 0.150 0.128 0.244 0.209 0.346 0.370 0.277 0.227 0.244 0.333 0.346 0.333
10 0.294 0.163 0.250 0.217 0.167 0.227 0.209 0.320 0.143 0.167 0.186 0.239 0.152 0.171 0.146 0.209 0.190 0.292 0.222 0.382 0.404 0.250 0.239 0.255 0.340 0.352 0.340
11 0.308 0.182 0.265 0.234 0.143 0.244 0.227 0.333 0.163 0.186 0.205 0.255 0.170 0.190 0.167 0.227 0.209 0.306 0.239 0.393 0.414 0.300 0.255 0.271 0.352 0.364 0.382
12 0.346 0.143 0.271 0.277 0.100 0.209 0.190 0.306 0.167 0.190 0.209 0.261 0.174 0.150 0.171 0.190 0.171 0.277 0.205 0.370 0.393 0.234 0.222 0.239 0.327 0.340 0.327
13 0.220 0.277 0.314 0.250 0.244 0.182 0.205 0.346 0.222 0.205 0.222 0.271 0.188 0.209 0.227 0.244 0.227 0.320 0.292 0.404 0.424 0.314 0.306 0.320 0.393 0.404 0.364
14 0.235 0.292 0.260 0.265 0.222 0.200 0.222 0.327 0.239 0.222 0.239 0.286 0.240 0.227 0.244 0.261 0.244 0.333 0.306 0.414 0.433 0.358 0.320 0.333 0.404 0.414 0.404
15 0.240 0.182 0.300 0.271 0.186 0.119 0.143 0.333 0.205 0.227 0.244 0.292 0.170 0.190 0.209 0.227 0.209 0.306 0.277 0.393 0.414 0.333 0.292 0.306 0.382 0.393 0.382
16 0.220 0.277 0.208 0.133 0.244 0.182 0.205 0.346 0.261 0.244 0.261 0.306 0.188 0.209 0.186 0.244 0.227 0.320 0.292 0.404 0.424 0.346 0.306 0.320 0.393 0.404 0.393
17 0.231 0.286 0.288 0.260 0.255 0.234 0.255 0.382 0.234 0.255 0.271 0.314 0.200 0.261 0.239 0.292 0.277 0.358 0.333 0.433 0.452 0.382 0.346 0.358 0.424 0.433 0.424
18 0.204 0.222 0.191 0.234 0.227 0.205 0.186 0.333 0.205 0.227 0.244 0.292 0.208 0.190 0.167 0.227 0.209 0.306 0.277 0.393 0.414 0.300 0.292 0.306 0.382 0.393 0.352
19 0.224 0.163 0.286 0.255 0.167 0.186 0.167 0.320 0.143 0.167 0.186 0.239 0.265 0.171 0.146 0.209 0.190 0.292 0.222 0.382 0.404 0.286 0.239 0.255 0.340 0.352 0.370
20 0.250 0.271 0.240 0.170 0.239 0.217 0.239 0.370 0.255 0.277 0.292 0.333 0.146 0.244 0.222 0.277 0.261 0.346 0.320 0.424 0.443 0.340 0.333 0.346 0.414 0.424 0.386
21 0.277 0.079 0.227 0.190 0.028 0.105 0.081 0.227 0.105 0.081 0.105 0.171 0.244 0.029 0.056 0.081 0.056 0.190 0.103 0.306 0.333 0.186 0.125 0.146 0.255 0.271 0.292
22 0.200 0.255 0.188 0.152 0.222 0.239 0.261 0.358 0.159 0.182 0.200 0.250 0.204 0.227 0.205 0.222 0.244 0.333 0.306 0.414 0.433 0.358 0.320 0.333 0.404 0.414 0.404
23 0.208 0.143 0.196 0.159 0.146 0.167 0.190 0.306 0.167 0.146 0.167 0.222 0.250 0.150 0.125 0.190 0.171 0.277 0.205 0.370 0.393 0.271 0.222 0.239 0.327 0.340 0.358
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25 0.184 0.200 0.130 0.091 0.244 0.182 0.205 0.346 0.182 0.205 0.222 0.271 0.260 0.209 0.186 0.205 0.227 0.320 0.292 0.404 0.424 0.346 0.306 0.320 0.393 0.404 0.393
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28 0.146 0.239 0.089 0.133 0.244 0.222 0.205 0.346 0.222 0.205 0.222 0.271 0.327 0.209 0.186 0.205 0.227 0.320 0.292 0.404 0.424 0.346 0.306 0.320 0.393 0.404 0.393
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30 0 0.239 0.244 0.103 0.125 0.103 0.277 0.125 0.150 0.171 0.227 0.255 0.105 0.128 0.150 0.128 0.244 0.167 0.346 0.370 0.239 0.186 0.205 0.300 0.314 0.333
31 0 0.133 0.244 0.261 0.244 0.346 0.222 0.205 0.222 0.271 0.294 0.209 0.186 0.205 0.227 0.320 0.292 0.404 0.424 0.346 0.306 0.320 0.393 0.404 0.393
32 0 0.209 0.186 0.209 0.320 0.186 0.167 0.186 0.239 0.229 0.171 0.146 0.167 0.190 0.292 0.261 0.382 0.404 0.320 0.277 0.292 0.370 0.382 0.370
33 0 0.128 0.105 0.244 0.128 0.105 0.128 0.190 0.261 0.056 0.081 0.105 0.081 0.209 0.125 0.320 0.346 0.205 0.146 0.167 0.271 0.286 0.306
34 0 0.027 0.261 0.150 0.128 0.150 0.209 0.239 0.081 0.105 0.128 0.105 0.227 0.190 0.333 0.358 0.261 0.209 0.227 0.320 0.333 0.320
35 0 0.244 0.128 0.105 0.128 0.190 0.261 0.056 0.081 0.105 0.081 0.209 0.171 0.320 0.346 0.244 0.190 0.209 0.306 0.320 0.306
36 0 0.261 0.244 0.261 0.306 0.358 0.209 0.227 0.244 0.227 0.320 0.217 0.404 0.424 0.346 0.306 0.320 0.364 0.375 0.333
37 0 0.027 0.053 0.122 0.239 0.081 0.105 0.079 0.105 0.227 0.190 0.333 0.358 0.261 0.209 0.227 0.320 0.333 0.320
38 0 0.027 0.100 0.261 0.056 0.081 0.054 0.081 0.209 0.171 0.320 0.346 0.244 0.190 0.209 0.306 0.320 0.306
39 0 0.075 0.239 0.081 0.105 0.027 0.054 0.227 0.190 0.333 0.358 0.261 0.167 0.186 0.320 0.333 0.286
40 0 0.250 0.150 0.171 0.100 0.125 0.277 0.244 0.370 0.393 0.306 0.222 0.239 0.327 0.340 0.294
41 0 0.227 0.205 0.222 0.205 0.333 0.306 0.414 0.433 0.327 0.286 0.300 0.404 0.414 0.345
42 0 0.029 0.056 0.029 0.171 0.128 0.292 0.320 0.209 0.150 0.171 0.277 0.292 0.277
43 0 0.081 0.056 0.190 0.150 0.306 0.333 0.227 0.171 0.190 0.292 0.306 0.292
44 0 0.028 0.209 0.171 0.320 0.346 0.244 0.146 0.167 0.306 0.320 0.271
45 0 0.190 0.150 0.306 0.333 0.227 0.125 0.146 0.292 0.306 0.255
46 0 0.261 0.382 0.404 0.320 0.277 0.292 0.340 0.352 0.308
47 0 0.327 0.321 0.217 0.205 0.222 0.280 0.294 0.314
48 0 0.115 0.216 0.275 0.220 0.273 0.345 0.443
49 0 0.245 0.302 0.250 0.268 0.367 0.460
50 0 0.196 0.250 0.269 0.315 0.364
51 0 0.159 0.260 0.308 0.327
52 0 0.240 0.255 0.340
53 0 0.137 0.351
54 0 0.304
55 0
35
O dendrograma gerado a partir da análise de agrupamento usando o método
UPGMA e baseado na matriz de dissimilaridade genética obtida por meio do
complemento aritimético do coeficiente de similaridade de Jaccard é mostrado na
Figura 1.
Os 55 acessos de Manihot avaliados foram agrupados em seis grupos principais,
sendo o grupo VI, o que apresentou maior número de acessos (47), subdividido em dois
subgrupos. É possível observar a existência de variabilidade entre e dentro dos
subgrupos, a qual pode ser atribuída ao fato de esses acessos pertencerem a espécies
selvagens ou pouco domesticadas.
A maior distância foi obtida entre acessos 5 e 50 provenientes dos municípios de
Santa Cruz do Capiberibe (PE) e de Picuí respectivamente, indicando que estes acessos
são candidatos potenciais como fonte de variabilidade no programa de melhoramento
desta espécie, podendo os mesmo ser utilizados como possíveil genitores.
Colombo et al. (2000) utilizando marcadores RAPD em estudo com 126 genótipos
de mandioca distribuídos em quatro escalas geográficas, verificaram alta diversidade
genética, ilustrando que o uso dos marcadores RAPD pode ser útel para estudos de
diversidade genética das coleções possibilitando avaliação ou formação de uma coleção,
e especialmente, construção de um mapa genético. Podendo ainda serem considerados
válidos para identificação ou caracterização de cultivares, estabelecimento de distância
genética entre genótipos ou identificação de linhas idênticas em uma coleção de clones.
Costa et al. (2003) utilizando marcadores moleculares RAPD em acessos do
gênero Manihot confirmaram a existência de grande variabilidade genética, assim como
Mezette et al. (2013) em estudo de diversidade genética de acessos de mandioca
coletadas de diferentes regiões do Brasil, verificaram a existência de grande diversidade
genética entre os genótipos sendo a maior parte da diversidade genética distribuída no
interior das regiões devido o elevado fluxo gênico.
Os acessos Juazeirinho 55, Pocinhos 36 e Juazeirinho 46 pertencentes aos
grupos III, IV e V respectivamente, foram distintos em relação ao restante, o que os
tornam os mais divergentes entre os 55 acessos avaliados tendo o seu material genetico
diferenciado dos demais, podendo ser selecionados como possíveis genitores dentro de
um programa de melhoramento.
Lokko et al. (2006), Siqueira et al. (2009, 2010) utilizando marcadores
moleculares em mandioca verificaram uma maior variação dentro dos grupos do que
36
entre grupos. Já Mühlen (1999) em estudos comparativos entre espécies selvagens do
gênero Manihot e a espécie cultivada Manihot esculenta, observou que as espécies
selvagens contêm igual ou maior variabilidade genética que as espécies cultivadas pelo
fato de espécies selvagens se encontrarem em ambientes não controlados, se
intercruzam aumentando assim a variabilidade.
Segundo Martins & Oliveira (2009) a ampla variabilidade pode ser justificada
pelo fato de que espécies do gênero Manihot terem o sistema reprodutivo que favorece a
polinização cruzada, além de poder ser propagada vegetativamente facilitando a
dispersão dos genótipos e consequentemente, a troca de alelos.
O dendrograma gerado a partir dos dados de dissimilaridade de Jaccard
(Figura 3) apresentou valores de “bootstrap” baixos (38% e 45%). No entanto, a
dissimilaridade de 81% e 93%, proporcionaram a confiabilidade na formação dos ramos
do dendrograma. Segundo Cruz (2006), valores acima de 90% representam a junção
verdadeira significativa, inferindo na consistência e adequando o dendrograma para
representação de dissimilaridade e similaridade entre genótipos avaliados.
Figura 1. Dendrograma resultante da análise de agrupamento obtido pelo método UPGMA a partir de 55 acessos de maniçoba (Manihot
spp.) baseado nos dados da matriz de dissimilaridade genética obtidos pelo complemento aritmético dos coeficientes de similaridade de
Jaccard , utilizando-se 10 marcadores RAPD. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100 repetições.
69 %
V
IV
III
VI
II
I
81 %
45 %
93 %
38 %
A correlação cofenética obtido entre a matriz de distância de dissimilaridade e a
matriz de distância cofenética, obtido a partir do dendrograma, foi de elevada magnitude
(r=0,83**) considerada alta e adequada, evidenciando a consistência dos agrupamentos
(Tabela 4).
Tabela 4. Correlação cofenética baseado nos dados moleculares (RAPD) avaliados nos
55 acessos de maniçoba (Manihot spp.)
Correlação cofenética (CCC): 0.8332
Graus de liberdade: 1483
Valor de t: 58.0312
Probabilidade: .0 **
Distorção(%): 3.4813
Estresse (%): 18.6589
Segundo Vaz Patto et al. (2004), r > 0,56 é considerada ideal, pois indica haver
boa concordância entre a matriz de dissimilaridade e a de agrupamento.
Além disso, também foram observados porcentagens de distorções (3,48%) e de
estresse (18,65%) que segundo a escala de Kruskal (1964) são classificados como bons,
mostrando um bom ajuste entre a matriz de similaridade genética e a representação
gráfica do dendrograma.
CONCLUSÃO
O uso dos marcadores moleculares RAPD mostra ser eficiente em avaliar a
variabilidade genética entre os acessos de Manihot.
Com base nos resultados, a partir do uso de marcadores moleculares, os acessos
5 Santa Cruz, 7 Junco, 46 Juazerinho, 36 Pocinhos, 55 Juazerinho, e 50 Picuí podem
ser utilizados para tomada de decisão ao longo de um futuro programa de melhoramento
genético dessa espécie como forrageira alternativa.
39
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44
CAPÍTULO II
Caracterização morfológica e agronômica de acessos de Manihot spp.
procedentes de microrregiões do Semiárido brasileiro
45
Caracterização Morfológica e Agronômica de Acessos de Manihot spp.
procedentes do Semiárido Brasileiro
RESUMO
Para explorar a diversidade genética de espécies silvestres ou cultivadas são necessárias
a caracterização e avaliação dos acessos, auxiliando ao melhorista escolher os parentais
com potenciais a serem utilizados em programas de melhoramento genético. O objetivo
deste estudo foi realizar a caracterização morfológica e morfoagronômica de espécies
silvestres de Manihot provenientes do Semiárido brasileiro pertencentes à coleção do
Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. Para a caracterização
dos 55 acessos foram usados 12 descritores qualitativos e 18 quantitativos. A
dissimilaridade foi gerada pela matriz de distância generalizada de Manhalanobis (D²), e
a análise de agrupamento foi obtida pelo método UPGMA. Foi possível verificar a
formação de 8 grupos de dissimilaridade com base nos caracteres morfológicos e 5
grupos para os caracteres morfométricos, evidenciando a presença de diversidade
genética entre os acessos avaliados. A variável de maior contribuição relativa foi o
comprimento entre os lóbulos central (19,17%), também houve efeito significativo
(P<0,05) para praticamente todos os caracteres morfométricos avaliados. Com base na
matriz de dissimilaridade os acessos 16 x 48 foram os mais distantes geneticamente e os
acessos 47 x 49 os mais próximos. Os acessos 4 Monteiro, 16 Soledade, 38 Boa Vista,
3 Pedra Lavrada, 7 Junco, 10 Barra de Santa Rosa, 21 Monteiro e 39 Junco, são os
mais promissores, podendo ser utilizados como genitores em programa de
melhoramento dessa importante espécie forrageira.
Palavras-chave: banco de germoplasma, descritores, diversidade genética
46
Morphological and Agronomic Access Manihot spp. coming from the Brazilian
semiarid
ABSTRACT
To explore the genetic diversity of wild and cultivated species, characterization and
evaluation of accessions, helping the breeder to choose parenting with potential for use
in breeding programs are needed. The aim of this study was to perform a morphological
and morphoagronomic of wild Manihot species from the Brazilian semiarid region
belonging to the collection of the Center for Agricultural Sciences, Federal University
of Paraíba. To characterize the 55 hits 12 quantitative and 18 qualitative descriptors
were used. The dissimilarity matrix was generated by Manhalanobis generalized
distance (D²), and cluster analysis was obtained by the UPGMA method. It was possible
to verify the formation of 8 groups of dissimilarity based on morphological characters
and 5 groups for morphometric characters, indicating the presence of genetic diversity
among accessions. The variable of greatest relative contribution was the length between
the central lobe (19.17%), there was also a significant effect (P<0.05) for almost all
evaluated morphometric characters. Based on the dissimilarity matrix 16 x 48
accessions were the most genetically distant accessions and 47 x 49 nearby. 4 accesses
Monteiro, 16 Soledad, 38 Boa Vista, 3 Pedra Lavrada, 7 Junco, 10 Barra de Santa Rosa,
Monteiro 21 and 39 Junco, are the most promising and could be used as parents in
breeding program of this important forage species.
Key words: germplasm bank, describers, genetic diversity
47
INTRODUÇÃO
O gênero Manihot spp. é constituído por um grande número de espécies cuja
origem se deu no Novo Mundo, de forma que no Brasil e no México elas formam
centros de diversidade distintos (NASSAR, 2000). Essa ampla variabilidade é atribuída
ao processo de seleção natural, ocorrido durante a evolução das espécies na pré e pós-
domesticação (FUKUDA e SILVA, 2002). De acordo com Almeida et al. (1993), os
processos de propagação sexuada e assexuada e a deiscência de seus frutos no campo
são as causas principais dessa diversificação, isto se da pelo sistema de polinização
cruzada (alogamia).
A maniçoba é uma planta de ocorrência natural na Caatinga, pertencente a
família Euforbiaceae, sendo encontradas nas diversas áreas que compõem o Semiárido
nordestino. Possui grande persistência à seca, devido ao seu sistema de raízes tuberosas
bastante desenvolvidas, onde acumulam as suas reservas sólidas e água, sendo uma das
primeiras espécies da Caatinga a desenvolver sua folhagem logo após o início do
período chuvoso (CASTRO, 2004). Desempenha importante papel no cenário
nordestino, especialmente na região semiárida, onde é utilizada para manutenção dos
rebanhos de animais domésticos por ocasião de secas prolongadas. Pode ser considerada
como uma forrageira de alta palatabilidade, por ser bastante procurada pelos caprinos,
ovinos, eqüinos e bovinos (MARTINS et al., 2007).
As espécies arbóreas de Manihot ocorrem na Região Nordeste e, assim como as
espécies herbáceas do Centro-Oeste, possuem fracas barreiras de isolamento
reprodutivo o que tem levado a uma extensiva hibridação natural, dificultando a
taxonomia e delimitação dessas espécies (BELTRÃO et al., 2006).
O uso dos descritores morfométricos e morfológicos possibilita diferenciar as
características fenotípicas que permitirão a fácil identificação e diferenciação a partir de
um banco de germoplasma no campo, tendo em vista que a espécie apresenta alto grau
de diversidade. Geralmente, esses descritores têm alta herdabilidade, sugerindo que
estão expressas mesmo em ambientes diferentes (FUKUDA e GUEVARA, 1998).
Segundo Nascimento et al. (2008) a caracterização morfológica, agronômica e
molecular, consiste em fornecer uma identidade para cada acesso através do uso de
uma série de descritores que permitam estudar sua variabilidade genética. Gusmão e
Neto (2008) avaliando acessos de mandioca concluíram que a diversidade morfométrica
e morfológica constitui uma importante ferramenta para a identificação e diferenciação
48
daqueles com algumas características semelhantes e detecção de materiais duplicados
em bancos genéticos, que eventualmente recebem diferentes nomenclaturas em locais
distintos.
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a diversidade
e o potencial genético da maniçoba por meio das características morfométricas e
morfológicas, caracterizando-a e de forma a disponibilizá-la aos programas de
melhoramento da espécie em banco de germoplasma.
49
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido na área experimental pertencente ao Departamento
de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba,
Campus II – Areia, PB.
Utilizou-se para fins de caracterização, 55 acessos de maniçoba no estágio
reprodutivo maturação, compreendido entre final de floração e início de frutificação,
sendo selecionadas para avaliação 3 plantas por acesso, localizadas na linha central,
todos pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade Federal da
Paraíba. Os acessos do BAG foram oriundos do Semiárido brasileiro, especificamente
dos municípios de Soledade, Juazerinho, Pocinhos, Boa Vista, Sumé, Monteiro, Barra
de Santa Rosa, Picuí, Pedra Lavrada, Junco do Seridó, Cubati, Barra de Santana e ao
longo da BR 230 entre os municípios de Boa Vista e Pocinhos (todos no Estado da
Paraíba) e Taquaritinga do Norte e Santa Cruz do Capibaribe (no Estado de
Pernambuco), todos os acessos foram georeferenciados com o auxílio de um aparelho
GPS (Global Position System) (Apêndice, capítulo I).
Os acessos foram espaçados de 1,0 m entre linhas por 1,0 m entre plantas,
permitindo às plantas expressarem todo o potencial de desenvolvimento, evitando
competição intergenotípica, e assegurando material vegetativo para renovação, bem
como de multiplicação dos mesmos destinados à pesquisa. Utilizou-se para
caracterização, 12 descritores morfológicos, e 18 descritores agronômicos, conforme
metodologia descrita por FUKUDA et al. (2010).
Os caracteres morfológicos avaliados foram: tipo de planta, cor da folha apical,
forma do lóbulo central, cor da nervura, número de lóbulos, hábito de crescimento, cor
dos ramos terminais nas plantas adultas, níveis de ramificação, posição do pecíolo,
comprimento das estípulas, sinuosidade do lóbulo foliar e cor do pecíolo da folha verde.
As variáveis foram avaliadas por estimativas visuais, com base nos descritores da
(Tabela 1).
50
Tabela 1. Descrição dos caracteres morfológicos utilizados na caracterização dos
acessos de Manihot spp.
Caráter Classes fenotípicas
Tipo de planta 1- Compacta
2- Aberta
3- Guarda Sol
4- Cilíndrica
Cor da folha apical 1-Verde Claro
2-Verde Escuro
3-Verde Arroxeado
Forma do lóbulo central 1-Ovóide
2-Elíptica-Lanceolada
3-Obovada-Lanceolada
4-Lanceolada
Cor da nervura 1-Verde
2-Verde com vermelho em menos da metade
do lóbulo
Número de lóbulo 1-Três Lóbulos
2-Cinco Lóbulos
3-Sete Lóbulos
4-Nove Lóbulos
Hábito de crescimento 1-Reto
2-Zig-zag
Cor dos ramos terminais nas plantas adultas 1-Verde
2-Verde Arroxeado
3-Roxo
Níveis de ramificação 1-Uma
2-Duas
3-Três
4-Quatro
5-≥ Cinco
Posição do pecíolo 1-Inclinado para cima
2-Horizontal
Comprimentos das estípulas 1- Curta
2- Longa
Sinuosidade do lóbulo foliar 1-Liso
2-Sinuoso
Cor do pecíolo da folha verde 1-Verde Avermelhado
2-Vermelho
3-Roxo
51
Para as características morfométricas foram medidas, as variáveis de
crescimento: AP - altura de planta (cm) utilizando uma fita métrica, a partir da base do
solo até ápice da folha; DMC- diâmetro médio do caule (mm) com paquímetro digital a
20 cm do solo. Além destas variáveis foram realizadas contagens do NGA- número de
gemas axilares, NR- número de ramos, NF- número de folhas, NFL número de flores,
NRFL- número de ramos florais, NFR- número de Frutos, NFS – número de folhas
senescentes. (Figura 1).
Figura 1. Obtenção das medidas dos marcadores agronômicos nos 55 acessos de maniçoba (Manihot
spp.): ( a ) altura da planta (cm); ( b ) diâmetro do caule (mm), ( c ) número total de gemas axilares; ( d )
número total de ramos por planta; ( e ) número total de folhas; ( f ) número de flores; ( g ) número de
ramos florais; ( h ) número de frutos e ( i ) número de folhas senescentes.
( g ) ( h ) ( i )
( f ) ( e )
( c ) ( d )
( a ) ( b )
52
Após a planta atingir maturidade, final de floração e início de frutificação, foram
retirados de cada acesso 3 folhas completas de onde se tomou as medidas de: CPF-
comprimento de pecíolo da folha (cm), utilizando uma régua graduada, medido a partir
da inserção do pecíolo na haste principal até a inserção da folha; DBPF- diâmetro da
base do pecíolo da folha (mm); DMPF- diâmetro médio do pecíolo da folha (mm);
DSPF- diâmetro superior do pecíolo da folha (mm), com auxílio de um paquímetro
digital; CLC- comprimento do lóbulo central (cm) medido a partir da inserção do
pecíolo na haste principal até o ápice do lóbulo mediano da folha; LMLC- largura
mediana do lóbulo central (cm), LSLC- largura superior do lóbulo central (cm), CLM-
comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm) , CLBF- comprimento entre os
lóbulos basais da folha, todas realizadas com uma régua graduada (Figura 2).
Os dados quantitativos foram submetidos a ajustes de normalidade por meio da
equação: x‟= √(x+0,5). Os caracteres quantitativos obtidos foram submetidos à análise
de variância e as médias foram agrupadas por meio do teste de critério de Scott Knott
(1974), a 5% de probabilidade. Em seguida, a dissimilaridade foi gerada pela distância
generalizada de Manhalanobis (D²) e a análise de agrupamento foi obtida pelo método
UPGMA (SNEATH & SOKAL, 1973). A análise de bootstrap foi realizada para
verificar e dar suporte estatístico aos nós internos dos dendrogramas gerados por meio o
método de agrupamento UPGMA utilizando-se o programa Genes (CRUZ, 2006).
O ponto de corte do dendrograma e definição dos grupos foram gerados pelo
método hierárquico descrito por Mojena (1977) que sugere procedimento baseado no
tamanho relativo dos níveis de fusões (distâncias) no dendrograma, conforme inequação
descrita anteriormente no capítulo I.
A validação dos agrupamentos foi determinada pelo coeficiente de correlação
cofenético (Sokal e Rohlf, 1962). A quantificação da contribuição relativa das
características morfométricas na divergência genética foi estimada utilizando a
metodologia proposta por Singh (1981).
53
Figura 2 - Obtenção das medidas dos marcadores agronômicos nos 55 acessos de
maniçoba (Manihot spp.): ( j ) comprimento do pecíolo da folha (cm); ( l ) diâmetro da
base do pecíolo da folha (mm); ( m ) diâmetro da porção mediana do pecíolo da folha
(mm); ( n ) diâmetro proximal do pecíolo da folha (mm); ( o ) comprimento do lóbulo
central (cm); ( p ) largura do lóbulo central (cm); ( q ) largura superior do lóbulo
mediano (cm); ( r ) comprimento entre os lóbulos basais da folha (cm); ( s )
comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm); ( t ) número e formato de lóbulos
das folhas.
( j ) ( l ) ( m ) ( n )
( o ) ( p ) ( q )
( r ) ( s ) ( t )
54
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos evidenciaram a existência de variabilidade genética
(Figuras 3 e 4). Para os caracteres morfológicos (Figura 3), a partir do corte no
dendrograma, em aproximadamente 70%, foi observada a formação de 8 grupos de
dissimilaridade, evidenciando a presença de diversidade entre os acessos avaliados,
onde a maioria se concentraram no grupo VIII com total de 26 acessos dos 55
avaliados. O grupo VI e o grupo I apresentaram apenas um único indivíduo isolado,
sendo o acesso do grupo I o mais distante geneticamente quando comparado com os
demais. Os demais grupos, apesar de menos populosos verifica-se variabilidade entre os
acessos de um mesmo local de origem.
Vieira et al. (2007) estudando a diversidade genética de 356 genótipos de
Manihot esculenta utilizando os descritores morfológicos semelhantes aos avaliados
nesta pesquisa detectaram ampla variabilidade genética entre os acessos avaliados,
Afirmam que o uso dos descritores morfológicos é apropriado em programas de
melhoramento para expressar a variabilidade presente em um banco de germoplasma a
partir de avaliações de múltiplos caracteres.
Resultados semelhantes foram também obtidos por Campos et al. (2010)
avaliando a caracterização de 53 genótipos do gênero Manihot, utilizando análise de
agrupamento com base em características qualitativas e quantitativas, demonstraram ser
essas eficientes no estudo de diversidade servindo de suporte para trabalhos de
melhoramento.
A menor dissimilaridade encontrada foi entre os acessos Junco 7 e Barra de
Santa Rosa 10, a maior entre Junco 7 e Pedra Lavrada 3, podendo os mesmos serem
utilizados em programa de melhoramento. Essa distância genética provavelmente pode
se dar por se tratar de acessos originários de localidades opostas impossibilitando a
troca de material genético entre eles.
O coeficiente de correlação cofenético (CCC) obtido entre a matriz de distância
de dissimilaridade e a matriz de distância cofenética, foi de (r= 0,74*) com uma baixa
distorção e baixo estresse (Tabela 2), considerado alto e adequado, indicando uma boa
correlação entre as matrizes de distância e de agrupamento. Cruz e Carneiro (2006)
quanto maior o CCC menor será a distorção do agrupamento havendo a concordância
entre os valores originais de dissimilaridade e os representados pelo dendrograma,
possibilitando a confiabilidade nos dados gerados.
55
Apresentou ainda porcentagens de distorções (4,79%) e de estresse (21,90%) que,
segundo a escala de Kruskal (1964) são classificados como bons, mostrando um bom
ajuste entre a matriz de similaridade genética e a representação gráfica do dendrograma
(Tabela 3).
Tabela 2. Correlação cofenética de 12 caracteres morfológicos avaliados nos 55 acessos
de (Manihot spp.).
Correlação cofenética (CCC): 0,74
Graus de liberdade: 1483
Valor de t: 41,828
Probabilidade: 0,000 *
Distorção (%): 4,7991
Estresse (%): 21,9069
A análise dos resultados obtidos com base nas classes fenotípicas e suas
respectivas frequências podem afirmar que os acessos pertencentes ao BAG de
maniçoba, apresentam variabilidade genética, uma vez que apenas para o caráter
crescimento de estípulas não foi detectada variabilidade, todos os acessos avaliados
apresentam estípulas curtas, os demais caracteres apresentaram ampla variabilidade.
Esses resultados permitem o estabelecimento da hipótese de que esses acessos possuem
ampla base genética, o que pode ser explicada pelo fato de se tratar de espécies
consideradas selvagens (Tabela 4).
Segundo Asare et al. (2011) as características morfológicas são úteis para a
avaliação preliminar, pois oferecem uma abordagem fácil e rápida para avaliar a
extensão da diversidade.
Dentre os caracteres avaliados nas classes fenotípicas, os mais importantes para
utilização da espécie como forrageira são: tipo de planta, cor da folha, número de
lóbulos, hábito de crescimento, níveis de ramificação, conforme os resultados
apresentados na (Tabela 3).
Dentre os caracteres considerados observou-se que dos 55 acessos avaliados 28
apresentaram tipo de planta cilíndrica correspondendo a 50,91%, cor de folhas verde
escuro 90,91%, 85,45% com cinco lóbulos, 52,73% com hábito de crescimento reto,
níveis de ramificação acima de 5 sendo representado por 41,82%, esses fatores poderão
56
ser levados em consideração na escolha dos acessos em futuros programas de
melhoramento da espécies, pois proporcionarão um melhor manejo, aproveitamento
fotossintético, e uma maior produção de folhas, e consequentemente uma maior
produção de forragem.
57
Figura 3. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de
dissimilaridade genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), utilizando-se 12 descritores morfológicos.
VIII
VII
V
IV
II
I
VI
III
58
Tabela 3. Caracteres avaliados nas classes fenotípicas (morfologia) e frequência de
acessos em cada uma das classes.
Dos 18 caracteres quantitativos avaliados, pode-se observar a existência de
diferenças significativas (P<0,05) entre os acessos para 14 variáveis. Esses resultados
revelam a existência de variabilidade fenotípica entre os acessos avaliados, podendo ser
Caráter Classes fenotípicas N° de acessos Frequência de
acessos (%)
Tipo de planta 1- Compacta 1 1,82
2- Aberta 14 25,45
3- Guarda Sol 12 21,82
4- Cilindrica 28 50,91
Cor da folha apical 1-Verde Claro 4 7,27
2-Verde Escuro 50 90,91
3-Verde Arroxeado 1 1,82
Forma do lóbulo central 1-Ovóide 3 5,45
2-Elíptica-Lanceolada 3 5,45
3-Obovada-Lanceolada 46 83,64
4-Lanceolada 3 5,45
Cor da nervura 1-Verde 42 76,36
2-Verde com vermelho em
menos da metade do lóbulo 13 23,64
Número de lóbulos 1-Três Lóbulos 4 7,27
2-Cinco Lóbulos 47 85,45
3-Sete Lóbulos 3 5,45
4-Nove Lóbulos 1 1,82
Hábito de crescimento 1-Reto 29 52,73
2-Zig-zag 26 47,27
Cor dos ramos terminais nas plantas
adultas 1-Verde 28 50,91
2-Verde Arroxeado 26 47,27
3-Roxo 1 1,82
Níveis de ramificação 1-Uma 5 9,09
2-Duas 9 16,36
3-Três 6 10,91
4-Quatro 12 21,82
5-≥ Cinco 23 41,82
Posição do pecíolo 1-Inclinado para cima 29 52,73
2-Horizontal 26 47,27
Comprimentos das estípulas 1- Curta 55 100,00
2- Longa 0 0,00
Sinuosidade do lóbulo foliar 1-Liso 38 69,09
2-Sinuoso 17 30,91
Cor do pecíolo da folha verde 1-Verde Avermelhado 42 76,36
2-Vermelho 9 16,36
3-Roxo 4 7,27
59
levados em consideração para a definição de estratégias de conservação de
germoplasma, bem como o seu uso no programa de melhoramento genético de
maniçoba. Nick et al. (2010) demonstraram através dos resultados da análise de
variância, diferenças para todas as características fenotípicas avaliadas, retratando a
presença de variabilidade para os caracteres agronômicos semelhantes aos utilizados
nesse estudo, comprovando a eficiência das mesmas em estudos de diversidade.
Essa existência de ampla variabilidade fenotípica era esperada uma vez que os
genótipos avaliados foram de origens diversas (Apêndice, capítulo I). Essa divergência
genética encontrada possibilitará a tomada de decisão na escolha das características
desejáveis nos futuros genitores, visando a obtenção de uma cultivar forrageira de alta
produção de biomassa com alta qualidade de forragem e excelente palatabilidade.
Vieira et al. (2008) verificaram diferenças para todos os caracteres quantitativos
aferidos, semelhantes ao dessa pesquisa, o que revela a existência de diferenças no
potencial agronômico dos genótipos e justificaram ampla variabilidade uma vez que
foram avaliados acessos de diferentes origens.
Os valores de herdabilidade foram altos, acima de 70%, exceto para a variável
CLBF (48,72%). Os maiores valores de herdabilidade encontrados foram para as
variáveis LMLC (97,2%) e CLMF (98,02%) seguido do NR (83,86%), NFolhas
(85,74%) e AP (83,13%), características favoráveis para produção de forragem,
auxiliando na escolha dos acessos como genitores para o melhoramento da espécie
como forragerira. Valores altos de herdabilidade devem ser considerados na eficiência
do processo seletivo das características a serem melhoradas.
A relação entre o coeficiente de variação genético/coeficiente de variação
ambiental (CVg/CVe) foi maior do que 1 para todas as características, com maior ênfase
para CLMF (4,08) e LMLC (3,40), indicando a eficácia na seleção de plantas com base
nessas características, potencializando a expressão do genótipo no ambiente.
60
Tabela 4. Análise de variância de 18 características morfométricas avaliadas em 55 acessos de (Manihot spp.)
Quadrados médios
FV GL AP DMC(mm) NGA NR N Folhas NFL NRFL NFR NFS
Acesso 54 8.27* 0.89* 0.18* 1.95* 21.23* 1.04* 0.46* 6.4* 5.24*
Resíduo 110 1.39 0.1 0.03 0.31 3.02 0.04 0.07 1.28 0.84
Total 164
Média 10.97 4.7 3.37 2.28 7.05 0.81 0.83 2.02 1.99
CV (%) 10.75 6.82 5.15 24.56 24.67 25.32 33.11 55.74 46.13
Razão CVg/CVe 1.28 1.59 1.30 1.32 1.42 2.81 1.29 1.15 1.32
Herdabilidade (%) 83.13 88.41 83.58 83.86 85.74 95.95 83.4 80 83.91
Quadrados Médios
FV GL CPF (cm) DBPF (mm) DMPF (mm) DSPF (mm) CLC (cm) LMLC (cm) LSLC (cm) CLMF CLBF
Acesso 54 0.78* 0.15 ns
0.08 ns
0.22 ns
0.56* 1.05* 0.18* 3.21* 0.96 ns
Resíduo 110 0.09 0.03 0.01 0.01 0.08 0.02 0.03 0.06 0.49
Total 164
Média 3.71 2.2 1.96 2.17 3.78 2.87 2.37 3.56 4.09
CV (%) 8.19 8.77 6.81 6.24 7.84 5.97 7.59 7.06 17.16
Razão CVg/CVe 1.58 1.01 1.13 1.93 1.35 3.40 1.23 4.08 0.56
Herdabilidade (%) 88.2 75.36 79.27 91.76 84.45 97.2 82 98.02 48.72
AP= altura de planta; DMC= diâmetro médio do caule (mm); NGA= número de gemas axilares; NR= número de ramos; NFolhas= número de folhas; NFL= número de
flores; NRFL= número de ramos florais; NFR= número de frutos; NFS= número de folhas senescentes; CPF= comprimento de pecíolo da folha (cm); DBPF= diâmetro
da base do pecíolo da folha (mm); DMPF= diâmetro médio do pecíolo da folha (mm); DSPF= diâmetro superior do pecíolo da folha (mm); CLC= comprimento do
lóbulo central (cm); LMLC= largura mediana do lóbulo central (cm); LSLC= largura superior do lóbulo central (cm); CLMF= comprimento entre os lóbulos medianos
da folha (cm); CLBF= comprimento entre os lóbulos basais da folha. ns
- não significativo
61
Verificou-se a formação de grupos distintos com base na comparação de médias
dos caracteres quantitativos. A variável com maior número de grupos distintos foi
DMC formando seis grupos cujas médias variaram de 10,73 mm para o acesso 53 a
36,49 mm para o acesso 16 (Tabela 5). Essa característica confere a planta, capacidade
de suporte e sustentação da mesma, principalmente por se tratar de uma espécie
arbustiva-arborea.
Para as variáveis, altura de planta (AP), número de gemas axilares (NGA),
número de ramos florais (NRF), número de folhas senescentes (NFS) houve a formação
de três grupos (a, b e c) (P<0,05) pelo teste de Scott Knott.
Dos 55 acessos avaliados, para a variável altura de planta, 11 acessos ficaram
agrupados no grupo (a) sendo consideradas plantas de maior porte com valores que
variaram de 226,30 cm para o acesso 24 a 155,30 cm acesso 1; 27 acessos no grupo b
(porte mediano) variando entre 147,50 cm para o acesso 33 e 115,00 cm para o acesso
43. As de porte menores ficaram no grupo c, 17 acessos, variando entre 100,40 cm para
o acesso 34 e 58,60 cm para o acesso 53.
Segundo Rós et al. (2011) a altura da planta é uma característica importante para a
adequação do espaçamento, para a definição do potencial de competição com plantas
daninhas e para a utilização das ramas como material de propagação, plantas mais altas
e ramificadas geralmente tendem a ter um maior potencial de produção de folhagem. De
acordo com Tomich et al. (2008), a altura de plantas adultas do gênero Manihot
normalmente varia de um a dois metros, embora algumas variedades alcancem quatro
metros. Plantas altas, contudo, também são mais susceptíveis ao acamamento, o que
dificulta o processo de colheita do material, além de diminuir a atividade fotossintética
(GOMES et al., 2007).
Os menores grupos formados foram para as variáveis número de flores (NFlores),
número de frutos (NFrutos), comprimento entre os lóbulos basais da folha (CLBF),
formando apenas 2 grupos por variáveis analisadas. O número de Flores e Frutos deve
ser levado em consideração para a espécie quando se deseja realizar cruzamentos entre
os acessos e propagação dos mesmos por meio de sementes.
Para número de ramos (NR), número de folhas (NFolhas), diâmetro da base do
pecíolo da folha (DBPF), diâmetro médio do pecíolo da folha (DMPF), comprimento do
lóbulo central (CLC) e largura superior do lóbulo central (LSLC) formaram 4 grupos.
Para comprimento de pecíolo da folha (CPF), diâmetro superior do pecíolo da folha
(DSPF), comprimento entre os lóbulos medianos da folha (CLMF) foram formados 5
62
grupos. Essas características são importantes na escolha dos genitores, pois, busca-se
utilizá-la como forrageira, uma vez que as mesmas poderão proporcionar uma maior
produção de matéria seca.
Os maiores valores encontrados para comprimento entre os lóbulos mediano das
folhas foram entre os pertencentes ao grupo a, variando entre 28,30 cm para o acesso 3 e
24,15 cm para o acesso 30 podendo esses serem selecionado com possível genitor, em
se tratando da utilização da espécie como forrageira.
Ledo et al. (2011) afirmaram que a relação entre comprimento/largura do lóbulo
central, bem como a largura do lóbulo central exercem influência sobre a taxa
fotossintética e, por consequência, na produção de massa foliar.
A característica que mais divergiu pelo teste de média foi a largura mediana do
lóbulo central (LMLC) formando 8 grupos distintos com maiores valores, variando
entre 16,00 cm para o acesso 15 e 18,50 cm para o acesso 18, ambos pertencentes ao
grupo a (4 acessos), e os menores valores para os acessos 48 e 53 com 3,80 cm e 3,30
cm respectivamente, os demais se distribuíram em grupos intermediários. Barbosa
(2013) em estudo sobre a caracterização morfométrica dos clones de mandioca,
encontrou para a maioria de seus clones avaliados uma média entre 4,4 cm e 2,98 cm e
afirma que lóbulos foliares estreitos permitem menor sombreamento entre as folhas da
mesma planta, o que possibilita uma melhor distribuição e utilização dos raios solares
para a fotossíntese. Observou também no mesmo estudo que as cultivares de lóbulos
estreitos e intermediários expressam maiores produções em relação às cultivares de
lóbulos largos.
63
Tabela 5. Agrupamento de médias de 18 caracteres morfométricos avaliados em 55 acessos de (Manihot spp.)
Acesso AP
(cm)
DMC
(mm)NGA NR N Folhas NFL NRFL N frutos NFS
CPF
(cm)
DBPF
(mm)
DMPF
(mm)
DSPF
(mm)
CLC
(cm)
LMLC
(cm)
LSLC
(cm)
CLMF
(cm)
CLBF
(cm)
1 155,30a 32,37b 90b 11b 199a 2b 5b 28a 25a 17,50b 7,58a 4,78b 5,12b 18,83a 8,50e 6,60a 23,00a 21,80a
2 133,60b 26,90c 55b 11b 104b 0b 0c 0b 12a 16,20b 4,5b 3,64c 4,82c 15,66b 5,83f 3,50d 21,45b 19,30a
3 115,20b 16,81e 22b 1d 20d 0b 1c 0b 1c 17,50b 6,28a 5,89a 7,89a 19,5a 9,07d 8,60a 28,30a 27,80a
4 176,10a 35,17a 198a 16a 142a 0b 0c 22a 33a 8,50e 2,83d 2,29d 2,81e 11,5c 6,50f 4,30c 17,80c 15,65b
5 111,00b 17,65e 29b 2d 32d 0b 0c 3b 7c 17,00b 5,29b 3,55c 4,33c 14,33b 6,00f 4,80c 19,30b 17,15a
6 79,00c 16,52e 10c 1d 31d 0b 0c 1b 0c 12,30d 3,32d 2,85d 3,89d 12,23c 4,25h 4,30c 13,10d 15,65b
7 153,00a 20,66d 27a 4c 54c 0b 0c 12a 15b 17,40b 5,60a 4,26b 4,82c 17,3a 7,50e 5,30b 19,00b 17,10b
8 146,00b 20,81d 21b 5c 72b 0b 0c 1b 3c 17,60b 3,79c 3,62c 4,52c 17,83a 7,50e 5,55b 21,50b 21,40a
9 143,00b 20,82d 28c 2d 12d 0b 0c 4b 1c 14,10c 4,50b 3,38c 4,12d 13,00c 7,15e 5,60b 12,90d 20,90a
10 108,50c 24,52c 100a 8b 112b 0b 0c 18a 24a 10,10d 3,69c 4,09c 3,2e 10,50d 4,75g 3,90d 12,75d 13,95b
11 165,30a 28,54c 94b 9b 54c 0b 0c 24a 13b 13,80c 4,58b 3,61c 4,48c 14,23b 7,05e 5,90b 16,25c 20,50a
12 144,30b 25,53c 42b 11b 81b 0b 0c 7b 22a 10,10d 3,80c 3,08d 3,39d 16,33b 12,15b 5,80b 4,80e 15,65b
13 121,30b 19,55d 36b 5c 54c 0b 0c 10b 2c 10,00d 4,62b 3,5c 4,15d 13,83c 12,50b 6,20b 4,65e 10,00b
14 150,00b 28,41c 35b 6b 72b 0b 2c 20a 0c 6,50e 2,86d 2,55d 2,33e 13,00c 11,10c 5,60b 4,00e 7,60b
15 117,30b 20,64d 37b 6b 38c 0b 0c 1b 6c 15,80c 6,21a 3,80c 4,85c 19,07a 16,00a 7,05a 5,60e 20,90a
16 173,00a 36,49a 138a 23a 188a 26a 9a 0b 22a 18,00b 4,74b 3,01d 3,38d 18,83a 15,50a 5,25b 3,50e 19,25a
17 143,30b 26,73c 36b 8b 39c 0b 0c 4b 8b 12,80c 4,74b 3,83c 4,61c 19,33a 14,50a 7,00a 5,90e 21,50a
18 169,30a 25,65c 48a 10b 62c 0b 0c 5b 12b 12,30c 5,02b 3,64c 4,82c 18,50a 14,50a 7,00a 5,30e 21,00a
19 150,00b 26,47c 41b 5c 62c 0b 2c 26a 1c 12,60d 5,44a 3,69c 3,82d 12,17c 12,00b 7,00a 5,50e 21,00a
20 127,60b 21,02d 18b 1d 12d 0b 0c 8b 2c 13,30c 3,95c 3,58c 3,98d 10,33d 12,00b 6,10b 5,30e 11,55b
21 144,30b 23,44c 16b 4c 43c 0b 0c 2b 4c 16,60b 4,27c 3,79c 4,62c 17,66a 12,50b 6,65a 5,50e 16,15b
22 63,50c 19,57d 8c 1d 7d 0b 0c 1b 3c 9,00d 3,90c 2,92d 2,55e 13,66c 11,20c 5,10b 3,60e 16,00b
23 77,60c 17,84e 16c 1d 27d 0b 0c 1b 5c 10,10d 3,19d 2,89d 3,05e 12,16c 10,30c 4,50c 4,00e 14,00b
24 226,30a 29,76b 54a 11b 106b 0b 0c 7b 8b 16,00c 3,58c 3,27c 3,85d 16,33b 11,60b 6,65a 5,15e 19,30a
25 118,00b 20,87d 17b 6b 41c 0b 0c 3b 11b 10,60d 4,12c 3,08d 3,39d 12,88c 11,30c 5,50b 4,30e 16,15b
26 79,60c 18,34d 37c 4c 32c 0b 0c 1b 2c 6,80e 3,05d 2,17d 2,21e 11,1c 9,30d 4,65c 3,80e 13,65b
27 76,60c 16,19e 17c 1d 23d 0b 0c 0b 3c 13,70c 3,62c 3,73d 2,94e 15,83b 14,00b 4,80c 4,00e 15,50b
28 164,00a 25,25c 39a 9b 120b 0b 0c 2b 8b 15,10c 5,84a 3,32c 4,03d 19,83a 14,00b 5,80b 5,15e 18,50a AP= altura de planta; NGA= número de gemas axilares; DMC= diâmetro médio do caule (mm); NR= número de ramos; NFolhas= número de folhas; NFL número de flores, NRFL-
número de ramos florais; NFR= número de frutos; NFS= número de folhas senescentes; CPF= comprimento de pecíolo da folha (cm); DBPF= diâmetro da base do pecíolo da folha
(mm); DMPF= diâmetro médio do pecíolo da folha (mm); DSPF= diâmetro superior do pecíolo da folha (mm); CLC= comprimento do lóbulo central (cm); LMLC= largura mediana
do lóbulo central (cm); LSLC= largura superior do lóbulo central (cm); CLMF= comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm); CLBF= comprimento entre os lóbulos basais
da folha.
*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si do grupo genético a 5% pelo teste Scott-Knott.
64
Continuação Tabela 5
Acesso AP
(cm)
DMC
(mm)NGA NR N Folhas NFL NRFL N frutos NFS
CPF
(cm)
DBPF
(mm)
DMPF
(mm)
DSPF
(mm)
CLC
(cm)
LMLC
(cm)
LSLC
(cm)
CLMF
(cm)
CLBF
(cm)
29 142,60b 18,86d 20b 3d 37c 0b 1c 4b 2c 15,50c 4,83b 4,44c 4,13d 16,17b 12,00b 5,10b 4,80e 15,60b
30 145,30b 28,50c 22b 5c 74b 0b 0c 0b 0c 24,80a 5,42a 3,99b 9,24a 16,83b 8,40e 7,00a 24,15a 26,00a
31 178,00a 30,23b 41a 8b 72b 0b 0c 15a 3c 13,00c 4,63b 2,97c 4,27c 18,33a 12,50b 5,10b 4,80e 19,80a
32 98,60c 19,60d 6c 1d 25d 0b 0c 0b 0c 9,20d 3,99c 2,95d 5,27b 9,8d 5,00g 3,50d 13,60d 11,25b
33 147,50b 22,52d 16b 9b 52c 0b 0c 0b 0c 19,80b 3,61c 3,35d 5,10b 13,13c 5,90f 5,20b 17,85c 17,45a
34 100,40c 17,33e 7c 3c 14d 0b 0c 3b 3c 11,80d 4,22c 3,51c 3,78d 12,50c 5,70f 4,15c 13,80d 18,15a
35 168,70a 27,25c 134a 15a 163a 0b 1c 15a 9b 15,80c 6,07a 3,96c 4,01d 15,87b 6,20f 4.50c 22,00b 19,80a
36 121,30b 17,60e 35b 6b 37c 0b 0c 2b 4c 9,90d 4,89b 2,53c 4,38c 12,50c 5,30g 3,50d 16,15c 16,30b
37 77,30c 14,65e 6c 5c 44c 0b 0c 2b 3c 9,80d 4,29c 2,28d 2,73e 9,5d 5,00g 4,50c 12,80d 15,30b
38 161,80a 29,20b 86a 10b 194a 0b 0c 40a 2c 9,50d 3,99c 4,12d 2,94e 11,5c 5,50g 4,50c 14,65d 15,50b
39 136,00b 20,53d 39b 5c 57c 0b 1c 3b 2c 12,10d 5,77a 4,03c 5,68b 13,67c 6,80e 5,50b 16,30c 19,15a
40 142,00b 21,70d 31b 6b 60c 0b 0c 16a 5c 16,30b 5,54a 3,53c 4,28c 18,83a 7,30e 4,85c 24,50a 24,65a
41 126,00b 18,62d 19b 5c 49c 0b 0c 7b 2c 13,90c 4,71b 3,60c 4,10d 15,67b 5,20g 3,30d 17,50c 19,00a
42 100,50c 19,53d 7c 3c 42c 0b 0c 0b 2c 16,50b 4,55b 3,05c 4,45c 15,33b 5,00g 4,05c 22,15b 14,80b
43 115,00b 21,83d 35b 4c 24d 0b 1c 7b 1c 8,00e 3,92c 4,45d 3,43d 9,67d 3,80h 3,30d 14,15d 13,30b
44 117,30b 23,82c 31b 4c 67b 0b 0c 1b 16b 21,30a 5,46a 3,85b 4,81c 16,83b 8,20d 6,30a 26,15a 13,00b
45 134,00b 21,51d 24b 4c 73b 0b 0c 29a 1c 13,00c 5,46a 3,61c 4,89c 14,50b 5,80f 5,15b 17,30c 12,65b
46 63,40c 18,30d 8c 1d 17d 0b 0c 0b 0c 18,30b 4,09c 3,65c 6,25b 14,37b 6,20f 5,55b 21,65b 24,50a
47 88,50c 16,52e 10c 2d 38c 0b 0c 0b 0c 16,40b 4,28c 2,20c 5,78b 11,83c 5,30g 5,40b 20,30b 16,00b
48 64,00c 18,60d 8c 1d 17d 0b 0c 0b 0c 6,80e 2,68d 3,46d 3,48d 7,67d 3,50h 3,05d 10,80d 9,40b
49 88,00c 16,52e 8c 2d 41c 0b 0c 0b 0c 13,80c 3,99c 2,80c 4,82c 11,47c 6,25f 5,65b 17,23c 15,60b
50 82,30c 16,75e 8c 1d 12d 0b 0c 0b 0c 10,80d 3,05d 3,36d 3,95d 10,37d 4,10h 3,80d 16,10c 15,40b
51 112,30b 16,56e 17b 1d 19d 0b 0c 0b 0c 15,50c 3,91c 2,91c 5,28b 11,88c 5,05g 5,60b 19,50b 14,45b
52 118,00b 16,34d 24b 3c 44c 0b 0c 4b 0c 14,50c 4,22c 2,43d 5,27b 10,60d 4,60g 4,70c 14,10d 17,10a
53 58,60c 10,73f 3c 2d 25d 1b 1c 0b 0c 13,50c 2,53d 3,71d 3,60d 7,80d 3,30h 3,60d 12,60d 9,50b
54 80,60c 20,77d 4c 2d 35c 1b 1c 3b 0c 14,70c 4,56b 2,79c 5,78b 10,27d 3,60h 6,00b 19,35b 11,15b
55 84,00c 18,73d 10c 2d 45c 0b 0c 3b 1c 13,10c 4,04c 2,81d 2,99e 10,30d 5,00g 4,70c 11,20d 16,00b
AP= altura de planta; NGA= número de gemas axilares; DMC= diâmetro médio do caule (mm); NR= número de ramos; NFolhas= número de folhas; NFL número de flores, NRFL-
número de ramos florais; NFR= número de frutos; NFS= número de folhas senescentes; CPF= comprimento de pecíolo da folha (cm); DBPF= diâmetro da base do pecíolo da folha
(mm); DMPF= diâmetro médio do pecíolo da folha (mm); DSPF= diâmetro superior do pecíolo da folha (mm); CLC= comprimento do lóbulo central (cm); LMLC= largura mediana
do lóbulo central (cm); LSLC= largura superior do lóbulo central (cm); CLMF= comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm); CLBF= comprimento entre os lóbulos basais
da folha.
*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si do grupo genético a 5% pelo teste Scott-Knott.
65
Neste trabalho, pôde-se detectar diferenças de variação, sendo a variável de
maior contribuição o comprimento entre os lóbulos central representando 19,17%,
característica de grande importância em se tratando da utilização da espécie como
forrageira, pois o tamanho de folha pode inferir num maior percentual de massa foliar
(Tabela 6).
Tabela 6. Contribuição relativa dos 18 caracteres para diversidade - SINGH(1981)
Distância Generalizada de Mahalanobis
Variável S.j Valor em %
Comprimento entre os lóbulos centrais (cm) 62328.8829 19.17
Número de gemas axilares 61970.9438 19.06
Altura de Planta 54819.8265 16.86
Largura mediana do lóbulo central (cm) 43704.9942 13.44
Número de flores 28904.2794 8.89
Diâmetro superior do pecíolo da folha (mm) 12768.1688 3.93
Número de folhas 9773.5790 3.01
Diâmetro médio do caule (mm) 8148.2219 2.51
Comprimento do lóbulo mediano (cm) 7153.7547 2.20
Comprimento de pecíolo da folha (cm) 7125.7525 2.19
Número de ramos florais 6890.6698 2.12
Número de frutos 5762.5876 1.77
Número de folhas senescentes 4688.1113 1.44
Comprimento entre os lóbulos basais da folha (cm) 2635.6303 0.81
Largura superior do lóbulo central (cm) 2590.6523 0.79
Número de ramos 2224.0705 0.68
Diâmetro da base do pecíolo da folha (mm) 2146.7035 0.66
Diâmetro médio do pecíolo da folha (mm) 1435.2682 0.44
S.j.: Contribuição relativa de cada variável
Seguindo o critério de relevância, o número de gemas axilares contribuiu com
19.06%, altura de planta 16,86% e largura mediana do lóbulo central 13,44% (Tabela
7). O número de gemas produtivas tem grande importância para a ramificação e, assim,
pode contribuir para o aumento da produtividade de massa verde e seca, notadamente a
parte da planta mais utilizadas na alimentação animal.
As variáveis diâmetro da base e diâmetro médio do pecíolo da folha poderão ser
descartadas em futuros estudos de melhoramento da espécie, pois contribuíram apenas
com 0,66% e 0,44%, respectivamente, no estudo da diversidade entre os acessos.
66
A matriz de dissimilaridade genética gerada a partir de dados morfométricos
encontra-se na (Tabela 7) demonstrado a proximidade e distanciamento entre os acessos
avaliados. O par de acessos mais similar foi 47 x 49 (1,464) podendo esse ser
descartado na escolha como genitor, se for levado somente em consideração à
proximidade genética, enquanto o par de acessos mais dissimilar foi 16 x 48 (209,592),
dentre todas as distâncias entre os acessos, o que os torna os mais indicados para serem
utilizado como genitor no programa de melhoramento de Manihot spp. no mapeamento
genético de genes de interesse. Segundo Cruz e Regazzi (1997), a distância genética
entre os acessos deve ter prioridade dentre os critérios de escolha de genitores em
programa de melhoramento, uma vez que a variabilidade é condição fundamental para o
processo de seleção.
67
Tabela 7. Matriz de dissimilaridade genética obtida pela distância generalizada de Mahalanobis com base nos caracteres morfométricos,
entre os 55 acessos de Manihot ssp. Areia, PB.
Acesso 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28
1 0 48.218 61.775 77.019 58.969 102.282 40.567 53.729 69.137 59.982 38.644 59.552 73.274 93.854 53.557 78.374 49.719 44.902 41.134 81.940 56.333 113.121 107.944 55.720 68.564 123.376 103.654 40.506
2 0 59.489 30.697 16.896 35.326 16.837 12.993 26.574 19.801 14.650 22.836 39.467 64.541 32.261 115.574 25.432 25.337 43.311 41.094 24.614 54.677 42.385 30.245 24.556 55.051 44.400 20.382
3 0 132.861 35.581 65.782 38.161 34.340 37.191 88.679 50.391 77.971 64.170 123.105 30.057 182.637 39.854 47.061 52.044 57.269 38.274 76.611 80.463 76.500 63.851 104.760 69.304 51.411
4 0 55.074 62.952 48.613 45.716 56.416 15.242 24.613 20.646 51.023 39.290 72.473 122.025 47.931 42.159 52.800 57.049 52.163 75.361 59.053 30.277 33.762 55.112 72.003 44.666
5 0 12.562 8.993 9.211 4.903 26.457 15.465 27.840 21.022 52.800 18.768 147.076 22.167 26.992 26.285 15.741 14.164 25.677 21.158 40.625 15.025 33.550 19.366 24.365
6 0 36.674 22.777 9.658 38.281 34.906 39.588 26.673 43.693 40.761 172.133 41.845 51.037 41.776 19.812 28.757 13.296 8.628 62.031 19.593 13.268 12.237 49.299
7 0 13.855 18.634 20.589 10.645 21.861 20.677 53.690 19.360 134.400 17.787 18.135 25.688 21.422 13.222 48.279 40.884 28.645 20.514 56.974 38.421 16.352
8 0 11.482 28.261 13.214 23.310 25.978 52.018 18.850 128.627 14.726 17.573 26.383 24.063 9.797 39.196 31.977 21.585 18.876 42.844 27.844 16.104
9 0 31.320 15.410 26.867 18.833 43.619 17.127 149.750 17.668 24.715 18.428 9.886 11.532 15.304 15.168 37.894 11.137 23.360 14.194 27.116
10 0 12.625 16.421 27.359 34.736 49.093 131.579 34.006 31.127 31.961 29.393 31.339 52.939 37.945 27.977 18.956 43.367 49.097 30.603
11 0 13.366 23.906 40.612 22.879 120.972 12.688 12.325 15.020 22.609 14.452 44.361 38.247 17.031 14.312 46.061 40.366 16.071
12 0 15.545 25.879 21.972 107.268 10.734 9.293 25.052 22.394 13.387 34.568 26.576 13.711 6.004 30.514 29.226 12.157
13 0 18.241 21.141 138.915 19.253 21.031 18.884 7.229 11.010 24.447 19.257 29.564 9.379 23.865 20.765 20.770
14 0 60.344 133.973 45.494 47.138 31.652 27.217 37.733 39.166 32.628 41.392 25.546 25.186 40.302 47.951
15 0 126.186 5.419 8.617 21.274 22.746 6.827 31.884 33.960 29.472 15.736 47.203 24.535 9.827
16 0 113.653 107.651 119.477 151.853 121.885 168.911 158.660 104.418 123.613 164.398 156.117 103.245
17 0 1.808 17.283 20.928 4.277 34.666 33.940 14.171 11.398 43.979 28.894 6.551
18 0 17.815 25.929 7.262 46.287 42.516 9.216 13.784 51.735 38.403 4.275
19 0 17.606 15.747 39.376 38.717 23.913 18.334 43.884 37.306 20.138
20 0 10.394 17.819 13.734 33.547 9.328 22.568 15.482 29.780
21 0 27.699 24.059 15.596 9.405 35.895 19.175 8.631
22 0 3.965 65.831 14.899 7.175 4.489 47.876
23 0 55.124 10.067 4.827 3.624 42.738
24 0 23.465 60.945 53.367 11.612
25 0 14.715 12.476 16.471
26 0 10.934 52.631
27 0 36.935
28 0
68
Continuação Tabela 7
Acesso 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55
1 61.595 53.191 44.073 102.475 67.701 81.181 24.970 67.174 98.540 65.075 43.858 37.967 61.545 68.517 89.271 45.919 50.738 87.444 79.024 154.372 81.833 115.760 84.345 74.796 142.613 75.903 87.165
2 26.610 33.639 28.193 36.106 15.409 25.142 12.982 16.835 37.739 38.911 18.009 15.074 14.526 15.601 33.013 18.246 30.263 37.502 28.403 66.749 30.472 41.624 31.165 22.366 66.153 34.386 31.001
3 45.915 20.262 53.574 70.305 50.548 51.596 66.141 50.548 80.731 114.155 26.505 32.674 49.287 42.267 82.056 35.589 54.094 29.075 33.895 123.624 40.098 73.721 40.128 50.203 109.556 43.324 67.711
4 54.771 93.596 39.852 61.314 43.553 53.087 28.559 45.569 52.196 17.149 52.584 48.938 45.668 57.370 40.734 60.165 48.803 93.550 73.744 75.070 66.129 66.814 66.398 49.491 90.861 72.073 50.716
5 10.071 33.334 27.983 16.089 12.982 5.329 27.060 7.372 16.260 43.414 7.319 10.115 5.055 3.425 17.631 12.966 14.486 13.885 6.497 42.130 7.275 16.951 7.087 6.981 37.278 12.089 10.325
6 21.285 62.427 49.252 6.332 20.344 5.172 54.281 13.738 5.928 48.242 23.507 34.053 13.247 8.887 10.296 37.851 29.856 15.146 8.256 12.335 5.145 1.553 7.464 7.342 11.717 11.949 3.107
7 14.139 32.523 18.101 35.155 21.437 21.324 18.884 16.118 39.142 42.583 10.710 9.656 14.114 16.045 32.441 7.678 10.404 36.529 23.532 73.284 25.091 43.199 22.418 21.863 69.565 26.779 30.782
8 11.933 21.346 17.593 29.430 6.163 16.582 20.614 15.727 31.143 38.174 9.385 7.320 9.405 9.653 29.265 15.742 21.903 20.943 14.510 61.149 14.608 29.355 13.950 12.192 56.098 24.005 21.439
9 9.259 35.912 23.868 14.889 13.265 3.813 35.916 10.850 14.431 42.747 9.157 14.740 9.134 8.521 15.030 23.536 19.698 11.243 7.854 35.897 5.961 13.049 6.670 6.111 36.220 12.493 7.516
10 30.060 69.788 25.586 35.047 30.128 26.142 19.790 17.285 31.858 18.352 25.126 26.564 20.299 30.707 19.579 34.791 20.576 62.834 41.632 55.544 37.394 41.655 37.127 26.970 62.792 40.938 28.888
11 18.650 33.984 9.929 36.600 17.288 20.924 11.954 18.166 33.837 22.026 12.100 9.030 15.359 22.444 26.121 20.836 14.721 37.327 28.951 66.767 27.477 41.202 27.307 19.169 71.028 30.551 26.140
12 16.940 61.670 13.236 40.907 27.456 28.080 25.550 25.396 34.054 29.048 25.280 28.166 27.349 33.223 32.280 29.798 29.100 57.219 43.125 62.646 35.751 46.849 38.184 30.630 69.998 45.269 30.555
13 9.257 57.958 19.395 22.175 25.496 20.887 39.198 19.430 25.510 35.953 17.778 31.990 23.278 24.080 22.387 25.772 14.000 44.879 25.569 44.633 19.323 32.226 20.967 19.402 48.432 23.984 20.860
14 34.515 105.773 36.709 41.265 47.554 43.553 55.614 45.328 39.097 25.448 50.067 61.116 46.422 52.143 28.573 61.670 34.406 82.312 59.443 46.437 47.164 47.742 49.557 42.122 58.393 51.391 35.341
15 10.265 30.663 16.555 45.407 27.780 27.016 36.243 28.450 42.765 63.673 15.268 19.341 27.143 26.746 49.363 21.631 32.507 30.729 28.509 82.778 26.600 50.694 30.224 29.277 79.489 36.542 34.478
16 125.589 151.176 113.197 174.830 130.867 157.124 102.676 146.970 166.168 131.509 133.289 132.577 142.946 149.795 159.505 135.871 150.804 180.233 168.141 209.592 163.548 185.287 163.938 150.931 193.606 161.071 157.154
17 11.040 32.164 6.159 44.917 22.987 26.931 28.212 26.443 44.581 47.676 15.244 16.919 25.332 28.879 42.295 23.736 30.050 38.415 34.047 79.974 30.455 50.267 31.969 28.649 83.833 40.321 35.419
18 13.884 34.117 5.160 51.891 25.186 34.187 23.068 29.975 50.581 42.763 16.953 18.549 29.065 35.543 47.324 26.694 30.592 49.906 41.559 90.621 37.900 60.353 38.830 32.524 94.420 47.794 42.143
19 15.246 45.365 10.991 43.299 30.947 29.745 27.476 30.563 39.600 28.668 17.073 21.455 27.078 36.162 33.373 37.424 19.493 45.605 36.215 73.933 31.412 49.553 34.353 26.023 75.748 36.482 29.630
20 8.354 53.818 23.106 18.314 23.056 13.477 48.735 19.779 23.154 44.742 18.603 31.667 22.255 21.585 19.135 27.386 19.699 32.340 19.001 38.260 13.929 22.100 13.466 14.586 40.936 19.649 15.059
21 3.832 28.896 8.232 31.467 14.773 19.661 30.647 21.230 35.351 44.582 11.822 16.882 18.746 18.620 33.195 16.287 21.048 29.263 21.114 63.612 18.379 36.373 18.817 17.853 62.866 26.540 24.238
22 22.181 84.676 47.898 21.167 41.573 13.651 73.068 27.498 14.608 65.512 36.398 48.250 30.312 26.244 23.548 49.377 45.502 29.202 26.699 23.528 18.303 15.917 24.616 26.241 30.141 29.663 12.381
23 17.853 79.713 43.848 14.013 32.405 10.575 62.942 20.617 10.247 53.214 31.802 44.690 23.801 20.758 16.874 42.728 38.619 29.668 21.544 16.861 13.897 10.766 19.060 18.724 20.958 25.352 8.115
24 22.477 45.336 7.523 63.487 24.555 48.159 23.467 42.862 62.727 31.258 30.621 28.238 37.454 47.360 52.840 38.783 37.420 71.618 56.386 100.027 51.460 71.060 49.705 39.039 103.914 62.401 50.713
25 8.187 56.283 17.087 22.246 20.551 11.461 31.840 14.173 15.799 32.702 16.536 24.288 17.052 20.264 18.145 27.634 23.849 35.050 24.206 39.107 17.525 24.632 20.734 15.789 43.611 27.408 12.968
26 27.788 100.590 52.014 19.279 39.298 17.697 69.008 28.343 9.466 46.750 42.466 56.141 32.027 31.809 17.038 60.821 46.534 44.644 33.956 14.115 22.873 14.962 28.759 25.063 23.212 35.403 11.230
27 13.293 71.520 40.739 21.999 31.917 13.164 63.369 25.602 16.535 61.329 32.097 39.533 23.925 20.151 27.007 39.054 40.187 25.473 21.724 30.276 15.182 16.923 20.521 21.899 29.180 29.500 12.007
28 12.036 34.648 6.739 50.545 24.450 34.990 16.502 27.656 48.454 38.887 16.426 15.848 24.058 29.808 46.581 22.078 26.677 51.372 40.115 89.982 37.286 60.635 39.991 31.680 91.569 46.705 39.149
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32 0 23.149 8.678 54.243 10.712 12.095 47.838 20.541 39.253 15.424 11.660 6.570 38.420 25.589 24.686 10.997 11.434 8.774 5.004 8.481 7.484 18.580 10.990 9.613
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40 0 8.258 15.004 32.408 19.013 16.401 28.109 23.546 76.615 25.077 41.720 25.225 19.947 74.079 32.222 28.646
41 0 4.911 11.832 23.810 13.794 22.091 12.962 39.579 13.049 17.369 12.962 7.628 39.690 19.909 12.041
42 0 15.861 14.822 18.057 12.862 4.999 34.096 6.142 12.816 6.692 6.781 30.655 9.644 10.061
43 0 43.187 21.125 36.554 20.987 14.919 16.425 9.121 15.898 10.502 24.890 19.502 8.751
44 0 19.633 31.577 20.195 74.903 22.322 45.695 22.781 26.143 67.101 21.117 32.771
45 0 39.856 22.351 55.486 21.849 36.127 21.357 16.943 56.700 19.817 23.590
46 0 6.409 46.955 9.335 19.321 12.402 16.073 38.728 14.305 20.066
47 0 33.572 1.464 11.531 2.568 5.397 26.486 4.148 10.840
48 0 26.635 8.546 29.348 27.761 10.336 30.582 16.930
49 0 8.249 2.262 4.866 22.375 4.920 6.413
50 0 8.782 10.035 10.933 14.889 6.257
51 0 4.210 25.341 5.845 10.209
52 0 27.060 8.675 6.670
53 0 26.092 17.201
54 0 12.627
55 0
69
A análise de agrupamento realizada pelo método UPGMA, submetido a um corte
de cerca de 79%, possibilitou a formação de 5 grupos distintos bem distribuídos (Figura
4). Verifica-se a divergência entre e dentre os grupos, indivíduos de uma mesma
localidade pertencentes a grupos genéticos diferentes apresentando características
diferentes, podendo então ser utilizados para futuros trabalhos de melhoramento.
Campos et al. (2010) avaliando a divergência genética entre 53 acessos do gênero
Manihot, por meio de 28 descritores morfoagronômicos verificaram a formação de dez
grupos genético e concluíram que o gênero apresenta alto grau de variabilidade, sendo,
portanto, bastante diversificado, demonstrado que essas variáveis quando analisadas nas
espécies do gênero Manihot apresenta alta variabilidade, podendo ser levadas em
consideração dentro do estudo da análise de diversidade da espécie.
Araujo et al. (2012) avaliando 10 características quantitativas e 22 qualitativas,
semelhantes as utilizadas neste estudo, em 145 acessos de duas espécies silvestres de
Manihot, verificaram o agrupamento dos genótipos pelo método de UPGMA a
formação de 3 grupos de dissimilaridade, evidenciando a presença de diversidade
genética entre os genótipos avaliados, demonstrando eficiência dos descritores
morfológicos para a caracterização e estudos relacionados à determinação da
diversidade genética.
O dendrograma gerado a partir dos dados da matriz de dissimilaridade obtidos
pela distância generalizada de Mahalanobis (Figura 4), apresentou valores de
“bootstrap” com dissimilaridade de 89% e 92%, proporcionaram a confiabilidade na
formação dos ramos do dendrograma. Segundo Cruz (2006), esses valores representam
a junção verdadeira significativa, inferindo na consistência e adequando o dendrograma
para representação de dissimilaridade entre os acessos.
O coeficiente de correlação cofenético (Tabela 8) foi de 0,85%, indicando uma
alta correlação entre as matrizes de distância e de agrupamento. Quanto maior for o
valor da correlação, menor será a distorção provocada pelo agrupamento (MANLY,
2008). As porcentagens de distorções (11,42%) e de estresse (23,80%), segundo a escala
de Kruskal (1964) são classificados como bons, mostrando um bom ajuste entre a
matriz de similaridade genética e a representação gráfica do dendrograma.
70
Tabela 8. Correlação cofenética de 18 caracteres morfoagronômico avaliados nos 55
acessos (Manihot spp.).
Correlação cofenética (CCC): 0,85
Graus de liberdade: 1483
Valor de t: 61,678
Probabilidade: 0,0 **
Distorção (%): 11,42
Estresse (%): 23,80
71
Figura 4. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade genética,
obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), utilizando-se 18 descritores morfométricos. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100
repetições.
IV
III
II
I
V
75%
53%
92% 89%
72
CONCLUSÃO
Neste trabalho, observou-se que há variabilidade genética entre os acessos
avaliados com base nas características morfológicas e morfométricas e deve ser
considerada na escolha dos genitores potenciais em programa de melhoramento
genético com fins forrageiros.
Os acessos 4 Monteiro, 16 Soledade, 38 Boa Vista, 3 Pedra Lavrada, 7 Junco, 10
Barra de Santa Rosa, 21 Monteiro e 39 Junco, são os mais promissores como genitores.
73
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77
CAPÍTULO III
Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos de Manihot
spp. pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB
78
Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos de Manihot spp.
pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB
RESUMO
O objetivo do estudo foi analisar a diversidade genética entre acessos de maniçoba
(Manihot spp.), pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade
Federal da Paraíba, por meio de sua composição bromatológica e conteúdos de ácido
cianídrico. Foram utilizados 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.). As amostras
coletadas e devidamente armazenadas foram conduzidas ao Laboratório de Análise de
Alimento da UFPB. Para as avaliações da composição bromatológica determinou-se os
percentuais de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), material mineral (MM), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
nitrogênio indisponível em detergente ácido (NIDA), teores de lignina, celulose e
hemicelulose. Os carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não fibrosos (CNF),
digestibilidade in situ, fração indigestível (FNDi). Também foram realizadas análises de
determinação dos conteúdos de HCN. Para tanto foram coletadas folhas de 3 plantas
por acesso, em estádio de maturação completa, final de floração e início de frutificação.
Os resultados foram submetidos à análise de variância. A dissimilaridade foi gerada
pela matriz de distância generalizada de Manhalanobis (D²), e a análise de agrupamento
foi obtida pelo método UPGMA. Possibilitou a formação de 5 grupos de dissimilaridade
com base nos caracteres bromatológicos e 7 grupos para os conteúdos de HCN,
evidenciando a presença de diversidade genética entre os acessos avaliados. Houve
efeito significativo (P<0,05) para todos os caracteres bromatológicos avaliados. Com
base nos resultados de composição e conteúdos de HCN, os acessos 3 Pedra Lavrada,
10 Barra de Santa Rosa, 2 Barra de Santa Rosa, 29 Barra de Santa Rosa, 41
Juazeirinho, 46 Juazeirinho, 50 Picuí, 54 Junco e 21 Monteiro, são os mais
promissores, podendo ser utilizados como genitores em programa de melhoramento
dessa importante espécie forrageira.
Palavras-chaves: composição, diversidade, forragem
79
Bromatological review and HCN content of Manihot spp. belonging to the
Germplasm Bank of UFPB
ABSTRACT
The aim of the study was to analyze the genetic diversity among accessions manicoba
(Manihot spp.), Belonging to the Active Germplasm Bank (BAG), Federal University of
Paraíba, by their chemical composition and content of hydrocyanic acid. 55 hits
manicoba (Manihot spp.) Were used to collect and properly stored samples were
conducted at the Laboratory of Food Analysis UFPB. For reviews of the chemical
composition by determining the percentage of dry matter (DM), ether extract (EE),
mineral matter (MM), crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF), acid detergent
fiber (ADF), unavailable nitrogen acid detergent (NIDA), lignin, cellulose and
hemicellulose. The total carbohydrates (CHOT) and non-fiber carbohydrates (NFC)
estimated using the formula CHOT = 100 - ( % CP + % EE + % MM ), and NFC = 100
- ( % NDF + % CP + % EE + % MM ), in situ digestibility and indigestible fraction (
FNDi). To and analyzes for determining the content of HCN analysis sheets for all 3
plants per access in stage of full maturity, late flowering and early fruiting were
collected . The results were subjected to analysis of variance the dissimilarity matrix
was generated by Manhalanobis generalized distance (D2), and cluster analysis was
obtained by the UPGMA method. Enabled the formation of groups of 5 based on
dissimilarity bromatológicos characters and 7 groups for the contents of HCN,
indicating the presence of genetic diversity among accessions. Significant effects ( P <
0.05 ) for all reviews bromatológicos characters. Based on the results of composition
and content of HCN. The accesses 3 Pedra Lavrada, 10 Barra Santa Rosa, 2 Barra Santa
Rosa, 29 Barra Santa Rosa, 41 Juazeirinho, 46 Juazeirinho, 50 Picuí , 54 Junco and 21
Monteiro, are the most promising and can be used with parents in the breeding program
of this important forage species.
Key words: composition, diversity, forage
80
INTRODUÇÃO
A maniçoba desempenha importante papel no cenário nordestino, especialmente
na região semiárida, onde é utilizada como alternativa para manutenção dos rebanhos de
animais domésticos por ocasião de secas prolongadas. Pode ser considerada como uma
forrageira de alta palatabilidade, por ser bastante procurada pelos animais caprinos,
ovinos, equinos e bovinos (MARTINS et al., 2007).
França et al. (2010), em estudos realizados com a espécie, destaca a maniçoba
como sendo uma das plantas encontradas na região da Caatinga com mecanismos de
adaptabilidade às condições semiáridas, além de apresentar elevado valor nutritivo e alta
palatabilidade, podendo ser utilizada como alternativa alimentar para a produção
animal nessa região. Desenvolvem-se na maioria dos solos, tanto calcários e bem
drenados, como também naqueles pouco profundos e pedregosos, das elevações e das
chapadas, mas podendo também ser encontrada em menor densidade em outros tipos de
solos (LINHARES; SOUZA JUNIOR, 2008).
Estudos comprovam que a maniçoba, pode ser considerada um recurso forrageiro
de boa qualidade, além de poder ser cultivada de forma sistemática para essa finalidade,
tornando-se uma realidade alimentar para caprinos e ovinos, aumentando a eficiência
produtiva dos animais (Soares & Salviano, 2000; Castro et al., 2007; Silva et al., 2007).
Souza et al. (2006) ao pesquisarem a composição bromatológica de silagens de
maniçoba, verificaram teores de 28,54%; 10,61%; 3,66%; 50,11%; 39,62% e 16,79%
respectivamente para MS, MM, EE, FDN, FDA, PB e comprovaram que a mesma pode
suprir a necessidade de nutrientes na alimentação animal.
A espécie pertence ao grupo de plantas cianogênicas e apresenta em sua
composição quantidades variáveis de glicosídeos cianogênicos que, ao hidrolisarem-se e
mediante a ação de enzima específica, dão origem ao ácido cianídrico (HCN)
(CASTRO, 2004) tornando limitante a sua utilização na forma in natura. Segundo
Radostits et al. (2000) os glicosídeos presente nas plantas cianogênicas são compostos
secundários do metabolismo das plantas e fazem parte do sistema de defesa contra
herbívoros, insetos.
A maniçoba apresenta, na planta verde em início de brotação, teor médio de HCN
de 1.000 mg/kg de MS. Portanto, se o animal consumir grande quantidade, pode sofrer
intoxicação em poucos instantes. Araújo et al. (2001) avaliando as espécies silvestres de
Manihot existentes na região de Caatinga, verificaram a intoxicação em bovinos e em
81
outros ruminantes na Região Nordeste do Brasil. Por outro lado, quando triturada e seca
(fenada), o teor de HCN reduz para menos de 300 mg/kg de MS, quantidade
insuficiente para provocar qualquer sintoma de intoxicação em animais, mesmo que
consumida em grande quantidade e por muito tempo (Araújo & Cavalcanti, 2002).
O objetivo desta pesquisa foi analisar a diversidade genética entre acessos de
maniçoba (Manihot spp.), pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da
Universidade Federal da Paraíba, apartir de sua composição bromatológica e conteúdos
de ácido cianídrico.
82
MATERIAL E MÉTODOS
Para determinação da composição bromatológica foram utilizados 55 acessos de
Manihot spp. pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma do CCA/UFPB. Foram
coletadas três amostras de cada acesso contendo aproximadamente 500g de matéria
verde, retiradas do terço médio da planta, sendo composta por folhas e ramos ≤ 1 cm de
diâmetro, as quais foram conduzidas ao Laboratório de Análise de Alimentos
pertencente ao CCA/UFPB, colocado em estufa de circulação forçada de ar a 65°C, até
atingir peso constante, para determinar a matéria pré-seca segundo a metodologia de
Silva e Queiroz (2006).
Após a pré-secagem as amostras foram moídas em moinhos tipo Willey em
peneira de 2mm de diâmetro e acondicionadas em recipiente devidamente identificados
para realização das análises químicas.
Determinou-se a porcentagem de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), material
mineral (MM) pela metodologia de Weende (1890), proteína bruta (PB) pelo método
Kjedahl (1883), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
nitrogênio indisponível em detergente ácido (NIDA) seguindo as metodologias descritas
por Silva e Queiroz (2002), teores de lignina, celulose e hemicelulose pelo método de
Van Soest (1994). A estimativa dos carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não
fibrosos (CNF) pelas fórmulas CHOT = 100 – (%PB + %EE + %MM) e CNF = 100 –
(%FDN + %PB + %EE + %MM), respectivamente, segundo descrição encontrada em
(BERCHIELLI et al., 2006).
A digestibilidade e fração indigestível (FNDi) foi realizada segundo protocolo
de avaliação in situ descrito por CASALI et al. (2008).
Para as análises de determinação dos conteúdos de HCN, foram coletadas folhas
de três plantas por acesso, em estádio de maturação completa, final de floração e início
de frutificação. Imediatamente após a colheita, as folhas foram imersas em nitrogênio
líquido paralisando a atividade e evitando perdas por volatilização, em seguida o
material foi levado ao Laboratório de Análise de Alimentos pertencente ao Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba - CCA/UFPB, para a
quantificação dos conteúdos de HCN conforme metodologia descrita por Ades &
Hernandes (1986) com modificações (ANEXO 2).
Os dados foram submetidos à análise de variância e posteriormente o teste de
média (Scott-Knott) ao nível de 5% de probabilidade. Este procedimento gerou um
83
arquivo de médias e a matriz de variâncias e covariâncias foram usadas para obtenção
da matriz de dissimilaridade, estabelecido pelo matriz de distância generalizada de
Mahalanobis (1936). Os agrupamentos foram obtidos pelo método UPGMA (SNEATH
& SOKAL, 1973) utilizando-se o programa Genes (CRUZ, 2006).
O ponto de corte do dendrograma e definição dos grupos foram gerados pelo
método hierárquico descrito por Mojena (1977) que sugere procedimento baseado no
tamanho relativo dos níveis de fusões (distâncias) no dendrograma, conforme inequação
descrita no capítulo I.
84
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as 15 variáveis analisadas, houve efeito significativo (P<0,05) para todos
os caracteres avaliados, indicando que há variabilidade genética entre os 55 acessos
(Tabela 1).
Tabela 1. Análise de variância de 15 características bromatológicas (% na MS) avaliadas em 55
genótipos de maniçoba (Manihot spp.)
Quadrados Médios
FV GL PB MO MM MS EE FDA NIDA FDN
Genótipo 54 34.58* 2.59* 2.59* 45,3* 2,92* 30,17* 0,19* 162,37*
Resíduo 55 0.35 0,03 0,03 0,06 0,42 0,36 0 22,66
Total 109
Média 15.71 92.82 7.17 26,71 5,47 27,04 1,13 42,7
CV (%) 3,81 0,18 2,35 0,97 11,84 2,23 5,27 11,14
Razão CVg/CVe 6.91 6,71 6.71 18,18 1,72 6,38 5,2 1,75
Herdabilidade (%) 98.96 98,9 98.90 99,84 85,61 98,78 98,18 86.04
Quadrados Médios
FV GL FDNi DIG IN
SITU LIG CELULOSE HEMICELULOSE CHOT CNF
Genótipo 54 59,06* 173,93* 15,77* 17,6* 65,54* 32,97* 216,57*
Resíduo 55 1,06 2,4 1,15 1,11 1,81 0,79 23,83
Total 109
Média 38,31 56,27 8,18 9,25 11,53 71,62 28,92
CV (%) 2,69 2,4 13,11 11,42 11,67 0,39 16,87
Razão CVg/CVe 5,22 5,97 2,51 2,71 4,19 4,48 2,01
Herdabilidade (%) 98,2 98,61 92,69 93,64 97,23 97,57 88,99
MS- matéria seca; MO- matéria orgânica; MM- matéria mineral; PB- proteína bruta; EE-extrato etéreo;
FDA- fibra em detergente ácido; NIDA- nitrogênio indisponível em detergente ácido; FDN- fibra em
detergente neutro; FDNi- fibra indisponível em detergente neutro; DIG. IN SITU- digestibilidade in situ;
LIG- lignina; CELULOSE; HEMICELULOSE; CHOT- carboidratos totais; CNF- carboidratos
nãofibrosos.
Os valores de herdabilidade foram altos, acima de 80%, para todas as variáveis
favoráveis para produção de forragem de qualidade, Valores altos de herdabilidade
influenciam possivelmente na eficiência do processo seletivo das características a serem
melhoradas, essa alta herdabilidade sobre a variação genotípica proporciona efeito do
genótipo sobre o fenótipo, o que poderá aumentar o efeito sobre o fenótipo auxiliando
na escolha dos acessos num processo de escolha de genitores para o melhoramento da
85
espécie. Barreto e Resendes (2010) relatam a importância de altos valores de
herdabilidade, afirmando que os ganhos genéticos são de alta magnitude e indicam uma
situação muito favorável para a seleção.
A relação entre o coeficiente de variação genético/coeficiente de variação
ambiental (CVg/CVe) foi maior do que 1 para todas as características, com maior ênfase
para PB (6,91) e MS (18,18), indicando a eficácia na seleção de plantas com base nessas
características, potencializando a expressão do genótipo no ambiente.
Verificou-se a formação de grupos distintos com base na comparação de médias
dos caracteres bromatológicos (Tabela 2), a variável com maior número de grupos
distintos foi MS formando quinze grupos cujas médias variaram de 37,22% para o
acesso 13 a 21,31% para os acessos 49 e 51. Almeida et al. (2006) afirmam que quanto
maior o teor de MS, maior aporte de nutrientes e o material se apresenta mais indicado
para consumo in natura, produção de fenos e silagens de boa qualidade, valores entre
30 a 40%, dependendo do período de maturação da planta, são indicados como
alimentos de boa qualidade, não comprometendo a composição dos demais nutrientes.
Ferreira et al. (2009) avaliando o valor nutritivo através das análises da
composição bromatológica da parte aérea de maniçoba encontraram percentuais de
34,66% MS, 6,80% MM, 19,14% PB, valores correspondentes aos encontrados entre os
acessos avaliados, o que torna a espécie com características nutritivas adequadas para
ser utilizada na alimentação animal.
Para as variáveis EE, FDN, CNF, houve a formação de dois grupos, obtendo
valores máximo de 7,4% para o acesso 36; 63,03% acesso 6 e 45,48% acesso 46
respectivamente e valores mínimos de 3,41% acesso 29, 25,05% acesso 50 e 8,26%
acesso 4. Os teores de CNF foram inferiores aos recomendados por Valadares Filho et
al. (2002) onde a digestibilidade da FDN e dos CNF, adequadas, em geral, devem se
encontrar próximos a 50% e 90%”, respectivamente.
A maioria dos teores de FDN encontrados nos acessos está de acordo com a
literatura, e vem sendo utilizado na dieta animal. Segundo Cardoso et al. (2000), a
quantidade ideal de FDN na dieta não está definida e pode variar de acordo com o nível
de produção animal e do tipo de forragem utilizada, para tanto, o teor de FDN da ração
não deve ser inferior a 25% de MS e 70% a 75% do teor de MS deve ser proveniente do
volumoso. A FDN é positivamente correlacionada à ruminação e ao tempo de
mastigação, promovendo adequado pH ruminal, e inversamente relacionada à ingestão
de MS. Segundo Mertens (1992), a redução drástica nos níveis de fibra em dietas para
86
ruminantes pode ser prejudicial para a digestibilidade total dos alimentos, uma vez que a
fibra é fundamental para manutenção das condições ótimas do rúmen. Animais
ruminantes consomem não apenas para atingir máxima eficiência, mas para manter
suficiente ingestão de fibras e garantir adequada função ruminal (Forbes, 1995).
Os teores de PB, NIDA, DIG. in situ, HEMICELULOSE e CHOT possibilitaram
a formação de 8 grupos, sendo encontrado valores para PB entre 24,70% para o acesso 7
e 9,44% acesso 47, apesar do alto teor protéico do acesso 7, o percentual de NIDA foi
de 1,49% indisponibilizando parte do nitrogênio responsável por melhorar a
digestibilidade e o consumo estimulando o crescimento microbiano, favorecendo a
atividade celulolítica e consequentemente disponibilizando mais energia para o animal
na forma de ácidos graxos voláteis (LANA, 2007).
Os acessos podem ser considerados com altos percentuais de PB do ponto de
vista nutricional, uma vez que os ruminantes precisam de 7,0% de PB para que possam
atingir níveis de consumo e digestibilidade suficientes para sua manutenção (VAN
SOEST, 1994). Costa et al. (2007) citam a maniçoba como boa forrageira para o
Semiárido, com níveis de proteína bruta de 18,03%.
A digestibilidade in situ variou de 74,91% para o acesso 50 a 37,43% acesso 6.
Lana (2007) relata que a capacidade máxima de consumo de alimentos pelos animais
encontra-se na interseção entre os fatores físicos que atuam pela distensão do aparelho
digestor causado pelo consumo de fibra e por fatores fisiológicos (metabólicos) pela
detecção de ácidos graxos voláteis no epitélio ruminal, sendo estes produzidos,
principalmente pela fermentação ruminal, ou seja, dietas com digestibilidade entre 65%
e 70% da matéria seca. Os valores encontrados nesta pesquisa estão dentro das
exigências mínimas requeridas. Araújo et al. (1996) encontraram valores, 9,46% PB,
digestibilidade de MS e PB de 66,8% e 54,57%, respectivamente, para o feno de
maniçoba, valores próximos aos encontrados nessa pesquisa podendo a espécie ser
considerada com um bom valor nutritivo.
Os valores de FDA possibilitaram a formação de 9 grupos, variando entre
36,94% acesso 24 e 19,75% acesso 46. Segundo Van Soest (1994) a FDA indica a
quantidade de fibra que não é digestível sendo, portanto, um dos indicadores
qualitativos da forragem é composta basicamente de celulose e lignina que são os
carboidratos estruturais menos digestíveis para os ruminantes, quanto menor o seu
valor, maior o valor energético do alimento, na média, um bom teor de FDA na
forragem fica ao redor de 30%. Moreira Filho et al. (2009) avaliando a composição
87
química das folhas de maniçoba verificaram um percentual de 20% FDA, 44,9% FDN,
24,5% CNF, 78% CHOT, 11% PB.
Trabalhos realizados com objetivo de verificar a composição bromatológica da
maniçoba tem sido realizados e os valores se aproximam dos encontrados nessa
pesquisa, confirmando seu potencial de utilização como forrageira. Sousa et al. (2006)
ao pesquisarem a composição bromatológica de silagem de maniçoba verificaram teores
de 28,54% MS, 10,61% MM, 16,79% PB, 3,66% EE, 50,11% FDN e 39,62% de FDA.
Medina et al. (2009) avaliando a composição bromatológica da maniçoba para ser
ofertada em dietas de caprinos, verificaram 26,66% MS, 91,23% MO, 8,77% MM,
20,42% PB, 3,27% EE, 62,65% FDN, 53,09% FDA, 10,80% LIG, 67,54% CHOT e
4,84% de CNF.
Barros et al. (1990) estudando a composição química e o valor nutritivo do feno
de maniçoba encontraram valores 12,0% de PB, 58,6% de FDN, 17,1% de lignina,
coeficientes de digestibilidade de MS e PB de 47,4 e 46,4%, respectivamente.
Araújo et al. (2004), avaliando o desempenho de ovinos submetidos a dietas
contendo diferentes níveis de feno de maniçoba, encontraram teores próximos ao desta
pesquisa, para cinzas (7%) e inferiores para PB (11%). Essa diferença pode estar
relacionada ao período de colheita, estádio de maturação, e tipo de material coletado o
que pode ter comprometido a composição. Santana et al. (2009), avaliando o valor
nutritivo do feno da maniçoba, obtiveram teores para PB e cinzas de 22,26 e 6,8%,
respectivamente.
88
Tabela 2. Agrupamento de médias de 15 caracteres bromatológicos (% na MS) avaliados em 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) CELU
LOSE
1 26,49j 91,76i 8,23c 14,61f 5,69a 27,71f 0,86g 47,59a 33,53f 53,37e 6,65e 7,42d 5,82d 71,45d 23,86b
2 25,90k 91,41j 8,58b 24,35a 3,64b 25,39g 1,77a 49,41a 41,90c 48,57f 5,92e 8,61c 16,50c 63,42h 14,01b
3 18,89s 92,48g 7,51e 13,73f 3,63b 21,27i 1,55c 51,96a 33,05f 49,49f 7,97d 8,56c 11,76e 75,10b 23,14b
4 31,22e 92,41g 7,58e 23,10b 4,73b 24,77g 1,37d 56,31a 41,02c 44,66g 5,51e 7,86d 16,24c 64,57g 8,26b
5 27,24i 96,63a 3,36k 22,55b 4,42b 25,12g 1,44c 53,87a 36,33e 46,09g 6,39e 8,75c 11,20e 69,66e 15,78b
6 22,52n 92,40g 7,59e 10,69h 3,38b 32,29c 1,23e 63,03a 24,85i 37,43h 9,23d 11,42c 7,43f 78,32a 15,29b
7 30,61f 91,82i 8,17c 24,70a 4,75b 26,98f 1,49c 51,25a 41,33c 48,72f 14,31b 16,57a 14,35d 62.37 11,11b
8 29,27g 93,31f 6,68f 11,57g 5,37b 26,58f 0,77h 55,01a 37,87e 42,95g 6,37e 6,36d 11,28e 76,36a 21,35b
9 34,68b 92,71g 7,28e 22,25b 3,7b 25,74g 1,22e 51,71a 43,09c 50,75e 13,49b 14,63b 17,34c 66,76f 15,05b
10 30,26f 92,62g 7,37e 21,42c 3,50b 27,00f 1,49c 56,46a 40,98c 45,99g 18,45a 19,78a 13,98d 67,69f 11,22b
11 27,53i 91,39j 8,60b 12,92g 6,56a 25,59g 0,53i 39,55b 35,73e 52,62e 5,52e 7,54d 10,14e 71,90d 32,35a
12 34,33b 91,69i 5,08c 11,70g 6,11a 28,40e 1,06f 40,34b 37,19e 59,63d 8,05d 9,09c 8,19f 73,87c 33,53a
13 35,27a 92,65g 7,34e 10,70h 6,82a 28,71e 0,84g 42,00b 37,47e 52,96e 8,65d 10,41c 8,76f 75,12b 33,12a
14 29,45g 91,27j 8,72b 12,73g 8,42a 25,69e 1,25d 43,91b 34,83f 56,07d 5,19e 10,54c 9,43f 70,11d 26,20a
15 28,56h 91,17j 8,82b 15,05e 7,58a 26,49f 1,56c 37,03b 35,70e 62,93c 9,78c 10,21c 9,21f 68,54e 31,50a
16 29,17g 94,26d 5,73h 11,54g 5,96a 28,66e 0,90g 49,22a 41,83c 45,75g 12,23c 12,57d 13,17d 76,75a 27,53a
17 21,86o 93,13f 6,68f 24,35a 5,42b 39,69b 1,52c 31,17b 44,19b 53,80e 10,43c 12,56d 2,25c 64,56g 33,38a
18 28,72h 92,89f 7,10f 13,48f 4,02b 27,27f 0,60i 39,69b 41,67c 58,27d 6,87e 7,10d 14,10d 75,78b 35,89a
19 32,36d 93,70e 6,29g 22,15b 5,63a 39,00e 1,62b 36,46b 39,99d 53,50e 7,88d 9,94c 10,98e 65,90g 29,44a
20 31,44e 92,04h 7,95d 12,50g 4,44b 25,30g 1,11f 36,52b 33,24f 59,94d 6,61e 6,62d 7,93f 75,10b 38,57a
21 24,58l 92,46g 7,53e 13,72f 4,98b 25,52g 0,87g 36,12b 34,84f 58,84d 5,44e 6,80d 9,31f 73,75c 37,61a
22 19,33r 92,16h 7,83d 14,51f 4,62b 23,80h 0,77h 31,74b 46,13b 68,23b 7,47d 8,60c 22,32a 73,02c 41,28a
23 26,64j 94,82c 5,17i 20,16c 5,110b 27,17f 1,41c 35,07b 46,90b 64,90c 10,54c 12,37d 19,71b 69,55e 34,48a
24 19,52r 92,09h 7,90d 12,31g 4,68b 36,94a 0,71h 43,77b 36,72e 56,20d 5,42e 6,67d 0,21h 75,08b 21,21a
25 23,27m 94,15d 5,84h 12,17g 5,16b 24,86g 0,81h 42,83b 44,55b 57,13d 9,17d 10,02c 19,68b 76,81a 33,98a
26 23,28m 93,36e 6,63g 10,65h 6,65a 34,78b 0,94g 47,97a 42,00c 47,49f 10,74c 11,47c 7,21f 76,06b 28,08a
27 31,46e 93,26e 6,73f 21,01c 7,15a 36,21a 1,47c 47,10a 45,54b 50,86e 9,57c 11,26c 9,33f 65,10g 17,99b
28 25,66k 91,35j 8,64b 20,83c 4,46b 24,94g 1,28d 45,33a 39,39d 54,63e 7,51d 9,15c 14,45d 66,05g 20,71b
29 30,29f 93,25f 6,74f 11,00g 3,41b 30,83d 1,14e 56,92a 40,15d 40,05h 6,45e 8,84c 9,31f 77,83a 20,91b
30 22,55n 92,95f 7,04f 13,77f 6,01a 30,95d 0,90g 62,83a 42,03c 27,13i 10,07c 10,81c 11,07f 73,16c 10,32b
Acesso MS MO MM FDN FDNi
DIG. IN
SITU LIGPB EE FDA NIDA
HEMI
CELULOSE CHOT CNF
MS- matéria seca; MO- matéria orgânica; MM- matéria mineral; PB- proteína bruta; EE-extrato etéreo; FDA- fibra em detergente ácido; NIDA- nitrogênio indisponível em
detergente ácido; FDN- fibra em detergente neutro; FDNi- fibra indisponível em detergente neutro; DIG. IN SITU- digestibilidade in situ; LIG- lignina; CHOT- carboidratos totais;
CNF- carboidratos nãofibrosos.
* Médias seguidas da mesma letra nas colunas pertencem ao mesmo grupos genético a 5% pelo teste Scott-Knott
89
Continuação Tabela 2
CELU
LOSE
31 26,57j 91,63i 8,36c 24,75a 5,16b 25,88g 1,50c 53,18a 42,18c 49,28f 7,70d 9,99c 16,29c 61,71h 8,52b
32 26,28j 93,25f 6,74f 18,31d 5,68a 30,12d 1,61b 43,00b 53,84a 56,96d 16,19a 17,91a 23,71a 69,25e 26,25a
33 32,61d 93,09f 6,90f 21,98b 4,45b 22,25h 1,26d 51,42a 47,62b 53,54e 8,03d 9,86c 25,37a 66,66f 15,23b
34 23,35m 92,57g 7,46e 14,85f 6,03a 32,05h 1,46c 43,68b 33,53f 56,28d 9,86c 10,38c 1,47h 71,67d 27,98a
35 32,27d 92,20h 7,79d 14,54f 6,81a 25,13g 1,55c 37,74b 38,60d 62,22c 9,87c 10,01c 13,46d 70,85d 33,10a
36 31,16e 92,34g 7,65e 14,28f 7,40a 32,51c 0,72h 41,15b 33,23f 59,32d 6,29e 8,45c 0,71h 70,65d 29,50a
37 24,61l 93,55e 6,61g 12,64g 7,30a 27,51f 1,33d 35,46b 40,45d 63,00c 10,15c 11,17c 12,93d 73,60c 38,14a
38 28,62h 91,39j 8,62b 16,02e 3,55b 22,96h 0,88g 36,43b 35,02f 63,54c 6,49e 7,08d 12,05e 71,80d 35,37a
39 34,24b 94,46d 5,53h 16,16e 6,58a 25,80g 0,95g 35,36b 31,51g 64,60c 6,49e 8,27d 5,71g 71,71d 36,34a
40 26,38j 94,13d 5,86h 14,33f 6,69a 27,31f 0,89g 36,20b 40,02d 62,76c 7,22d 8,61c 12,71d 73,10c 36,90a
41 27,24i 94,15d 5,84h 13,48f 6,89a 33,35b 0,95g 36,56b 38,88d 63,40c 8,17d 8,98c 5,35g 73,77c 37,10a
42 33,28c 92,62d 7,40e 12,07g 6,25a 24,94g 0,80h 33,34b 45,92b 66,62c 7,00d 7,77d 20,97b 75,25b 40,91a
43 30,19f 93,16f 6,63f 13,88f 6,38a 24,65g 1,33d 36,64b 39,54d 64,32c 7,98d 7,94d 14,89d 72,89c 36,25a
44 32,51d 93,17f 6,82f 15,30e 6,59a 23,42h 0,87g 34,89b 39,55d 63,08c 6,41e 6,99d 16,13c 71,27d 36,38a
45 20,22q 93,38e 6,61g 14,56f 6,19a 24,63g 0,65i 29,52b 31,85g 69,44b 3,59e 4,67d 6,48g 72,62c 43,09a
46 17,14t 93,60e 6,39g 16,44e 5,52a 19,75i 1,15e 26,14b 32,85f 73,82a 3,85e 5,21d 13,09d 71,63d 45,48a
47 18,54s 93,24f 6,75f 9,44c 5,48a 21,74h 0,78h 35,59b 27,56h 64,37c 4,85e 4,81d 5,81g 73,21c 37,61a
48 22,35n 93,19f 6,89f 13,62f 5,77a 23,01h 1,00f 32,12b 31,56g 67,85b 5,66e 5,69d 8,55f 72,69c 41,57a
49 21,31o 90,56k 9,43a 13,54f 4,62b 31,94c 0,85g 35,18b 37,42e 63,49c 8,20d 8,23d 5,47g 72,62c 36,92a
50 22,52n 91,80i 8,10c 10,35h 4,42b 20,30i 1,22e 25,05b 42,74c 74,91a 7,66d 7,70d 22,43a 77,11a 52,05a
51 21,31o 93,67e 6,32g 14,10f 5,00b 26,67f 1,35d 35,92a 29,02g 69,05b 7,94d 7,98d 2,35h 74,57b 38,65a
52 22,27n 91,27j 8,72b 14,31f 5,23b 27,52f 1,44c 45,85a 33,08f 57,11d 9,20d 9,23c 5,55g 71,71d 25,86a
53 22,62m 95,47b 4,52j 15,75e 4,52b 27,37f 0,86g 45,13a 35,23f 54,83e 8,95d 8,98c 7,86f 75,19b 30,06a
54 27,07i 92,92f 7,07f 15,52e 6,81a 25,35g 1,27d 54,79a 37,88e 45,17g 6,98d 7,01d 12,52d 70,59d 15,79b
55 22,31n 92,53g 4,38d 12,86e 5,80a 22,16h 1,13e 45,51a 33,95f 56,95d 7,32d 7,36d 11,78d 73,86c 28,34a
Acesso MS MO MM PB EE FDA LIG
HEMI
CELULOSE CHOT CNFNIDA FDN FDNi
DIG. IN
SITU
MS- matéria seca; MO- matéria orgânica; MM- matéria mineral; PB- proteína bruta; EE-extrato etéreo; FDA- fibra em detergente ácido; NIDA- nitrogênio
indisponível em detergente ácido; FDN- fibra em detergente neutro; FDNi- fibra indisponível em detergente neutro; DIG. IN SITU- digestibilidade in situ; LIG-
lignina; CHOT- carboidratos totais; CNF- carboidratos nãofibrosos.
* Médias seguidas da mesma letra nas colunas pertencem ao mesmo grupos genético a 5% pelo teste Scott-Knott
90
A análise de agrupamento realizada com pelo método UPGMA, submetido a um
corte de cerca de 78%, possibilitou a formação de 5 grupos distintos, bem distribuídos
(Figura 1). Verificou-se a divergência entre indivíduos de uma mesma localidade
pertencente a grupos genéticos diferentes, podendo então ser utilizados para futuros
trabalhos de melhoramento.
De acordo com o dendrograma gerado a partir dos dados da matriz de
dissimilaridade obtidos pela distância generalizada de Mahalanobis (Figura 1), pode-se
inferir que os acessos 29 Barra de Santa Rosa e 10 Barra de Santa Rosa foram os mais
distantes geneticamente, podendo esses serem utilizados como possíveis genitores na
escolha dentro de um processo de seleção para melhoramento da espécie. Além de
“bootstrap” de 63%, 74%, 81% e 93%, esses valores de dissimilaridade proporcionaram
a confiabilidade na formação dos ramos do dendrograma. Segundo Cruz (2006),
representam a junção verdadeira significativa, inferindo na consistência e adequando o
dendrograma para representação de dissimilaridade entre os acessos.
91
Figura 1. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade genética,
obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), utilizando-se 15 variáveis bromatológicas. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100
repetições.
IV
I
V
II
III
63%
74%
81%
91%
92
Foi possível verificar agrupamento de médias pelo teste Scott-Knott (Tabela 3),
a formação de 16 grupos distintos com base no conteúdo de HCN dos 55 acessos do
gênero Manihot avaliados, com diferenças significativas (p<0,05) entre os acessos.
A diferença entre o acesso 11 com o maior concentração de HCN 241,2 mg/kg e
o acesso 20 com menor concentração 34,2 mg/kg, possibilita a utilização dos mesmos
como possíveis genitores dentro de um programa de melhoramento. Silva et al. (2009)
avaliando 29 acessos do gênero Manihot verificaram que os mesmos apresentaram
valores variando de 97,2 mg/Kg MS a 324,0 mg/Kg MS.
Valle et al. (2004) avaliando o cruzamento entre genótipos recombinantes
mostraram uma variação do potencial cianogênico bastante ampla, de 31,2 a 645,3
mgHCN/kg. Os autores reduziram o potencial cianogênico a valores inferior a 100 mg
HCN/kg, comprovando a eficiência no processo de seleção.
Tabela 3. Agrupamento com base nos conteúdos de HCN (ácido cianídrico) avaliados
em 55 acessos de Maniçoba (Manihot spp.)
Acesso mg/kg MS Acesso mg/kg MS Acesso mg/kg MS
11 241,2 a 33 151,2 g 19 111,6 j
28 219,6 b 44 147,6 h 42 113,4 j
9 217,8 b 39 145,8 h 5 109,8 j
7 207 c 2 140,4 h 8 106,2 k
10 201,6 c 51 138,6 h 16 104,4 k
4 201,6 c 45 136,8 h 48 104,4 k
41 185,4 d 54 136,8 h 6 97,2 k
1 180 e 12 133,2 i 25 90 l
13 180 e 22 133,2 i 3 86,4 l
29 178,2 e 18 131,4 i 47 77,4 m
26 169,2 f 55 129,6 i 31 64,8 n
43 165,6 f 14 126 i 32 68,4 n
23 158,4 g 24 126 i 37 68,4 n
30 158,4 g 38 122,4 i 40 63 n
34 158,4 g 50 120,6 i 17 54 o
49 158,4 g 36 117 j 35 54 o
21 156,6 g 46 117 j 20 34,2 p
15 154,8 g 27 115,2 j
53 154,8 g 52 115,2 j
* Médias seguidas da mesma letra nas colunas pertencem ao mesmo grupos genético a 5% pelo teste
Scott-Knott
93
Os resultados encontrados demonstraram elevada quantidade de HCN
considerados como alto grau de intoxicação. Segundo Araújo et al., (2004) o consumo
acima de 2,4 mg de HCN/Kg de peso corporal, pode causar intoxicação e até morte do
animal. Esse critério deve ser levado em consideração na escolha dos genitores, não só a
relação animal, mas também os fatores relacionados com a planta, pois o mesmo serve
como mecanismo de defesa para as plantas.
Com o dendrograma gerado a partir dos dados da matriz de dissimilaridade
obtidos pela distância generalizada de Mahalanobis (Figura 2), foi possível separar os
acessos em 7 grupos distintos, sendo o acesso 54 Junco e 2 Barra de Santa Rosa os mais
divergentes. Os valores de “bootstrap” foram de 62%, 72%, 84%, 875, 89% e 97% em
sua maioria proporcionaram a confiabilidade na formação dos ramos do dendrograma.
Segundo Cruz (2006), valores acima de 90% representam a junção verdadeira
significativa, inferindo na consistência adequando o dendrograma para representação de
dissimilaridade e similaridade entre genótipos avaliados.
94
Figura 2. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade genética,
obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), com base nos conteúdos de HCN. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100 repetições.
VI
V
IV
I
II
III
VII
97%
72%
87%
62%
84%
89%
95
CONCLUSÃO
A composição bromatológica e os conteúdos de HCN demonstra ampla
variabilidade genética entre os 55 acessos analisados.
Os acessos 3 Pedra Lavrada, 10 Barra de Santa Rosa, 2 Barra de Santa Rosa, 21
Monteiro, 29 Barra de Santa Rosa, 41 Juazeirinho, 46 Juazeirinho, 50 Picuí, e 54 Junco,
21 Monteiro, são os mais promissores, podendo ser utilizados com genitores em
programa de melhoramento dessa importante espécie forrageira.
96
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2004.
100
CONSIDERAÇÃO FINAL
Os dados revelados pela análise de RAPD, associados aos resultados das
análises quantitativa e qualitativa, fornecerão subsídios para a criação e o
desenvolvimento de novos acessos. Assim, o potencial genético da espécie poderá ser
otimizado a partir da variabilidade genética disponível, vislumbrando a produção de
genótipos com alto potencial forrageiro.
102
Tabela 1. Coordenadas Geográficas dos acessos de Manihot spp. do banco de germoplasma do CCA/UPFB, coletados nos Estados da Paraíba e Pernambuco.
Acesso Locais de Coleta Km Espécie Grau de
Domesticação Estado Altitude (m) Latitude Longitude Amostragem
46 Juazerinho 221 Manihot spp. Silvestre PB 554 S 07° 04‟ 04‟‟ W 36° 34‟ 40‟‟ Estaquia
47 Juazerinho 221 Manihot spp. Silvestre PB 554 S 07° 04‟ 04‟‟ W 36° 34‟ 40‟‟ Estaquia
1 Juazeirinho 226 Manihot spp. Silvestre PB 554 S 07° 04‟ 04‟‟ W 36°34‟ 40‟‟ Estaquia
30 Juazeirinho 227 Manihot spp. Silvestre PB 554 S 07° 04‟ 04‟‟ W 36° 34‟ 40‟‟ Estaquia
41 Juazeirinho 232 Manihot spp. Silvestre PB 554 S 07° 04‟ 04‟‟ W 36° 34‟ 40‟‟ Estaquia
55 Juazeirinho 238 Manihot spp. Silvestre PB 554 S 07° 04‟ 04‟‟ W 36° 34‟ 40‟‟ Estaquia
26 Monteiro 128 Manihot spp. Silvestre PB 577 S 07°47‟10.5” W 37°00‟41.9” Estaquia
21 Monteiro 128 Manihot spp. Silvestre PB 577 S 07°47‟10.5” W 37°00‟41.9” Estaquia
13 Monteiro 136 Manihot spp. Silvestre PB 577 S 07° 10' 5‟‟ W 37° 41' 9‟‟ Estaquia
4 Monteiro 140 Manihot spp. Silvestre PB 608 S 07° 10' 6‟‟ W 37° 41' 9‟‟ Estaquia
51 Sumé 104 Manihot spp. Silvestre PB 562 S 07° 38‟ 13.3” W 36° 51‟ 43.1” Estaquia
20 Sumé 104 Manihot spp. Silvestre PB 565 S 07°44‟18.1” W 36°57‟52.7” Estaquia
40 Sumé 123 Manihot spp. Silvestre PB 563 S 07° 41‟ 48.8” W 36° 54‟ 43.0” Estaquia
19 Sumé 123 Manihot spp. Silvestre PB 562 S 07° 40′ 19″ W 36° 52′ 48″ Estaquia
7 Junco 256 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia
9 Junco 256 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟ 49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia
28 Junco 256 Manihot spp. Silvestre PB 631 S 06° 56‟ 02‟‟ W 36° 24‟ 07‟‟ Estaquia
39 Junco 256 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟ 49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia
44 Junco 256 Manihot spp. Silvestre PB 631 S 06° 56‟ 02‟‟ W 36° 24‟ 07‟‟ Estaquia
42 Junco 259 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟ 49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia
52 Junco 259 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟ 49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia
54 Junco 259 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟ 49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia
12 Junco 260 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟ 49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia
27 Picuí 8 Manihot spp. Silvestre PB 439 S 06° 36‟ 35.4” W 36° 12‟ 44.2” Estaquia
50 Picuí 360 Manihot spp. Silvestre PB 537 S 06° 36‟ 35.3” W 36° 12‟ 44.7” Estaquia
24 Pedra Lavrada 35 Manihot spp. Silvestre PB 578 S 06° 49‟ 57.9‟‟ W 36° 24‟ 24.1‟‟ Estaquia
3 Pedra Lavrada 40 Manihot spp. Silvestre PB 596 S 06° 42' 1‟‟ W 36° 59' 6‟‟ Estaquia
14 Pedra Lavrada 42 Manihot spp. Silvestre PB 596 S 06° 42' 1‟‟ W 36° 59' 6‟‟ Estaquia
103
Continuação Tabela 1
Acessos Locais de Coleta Km Espécie Grau de
Domesticação Estado Altitude (m) Latitude Longitude Amostragem
18
6
Cubatí
BR 230
8
181
Manihot spp.
Manihot spp.
Silvestre
Silvestre
PB
PB
475
593
S 06°52‟ 04‟‟
S 07° 20' 0‟‟
W 36° 21‟ 06‟‟
W 36° 58' 6‟‟
W 36° 40' 0‟‟
Estaquia
Estaquia
25 BR 230 181 Manihot spp. Silvestre PB 603 S 07° 10' 2‟‟ Estaquia
31 BR 230 181 Manihot spp. Silvestre PB 603 S 07° 10' 2‟‟ W 36° 40' 0‟‟ Estaquia
38 Boa Vista 6 Manihot spp. Silvestre PB 581 S 36° 35‟ 35.8” W 36° 14‟ 14.0” Estaquia
35 Boa Vista 7 Manihot spp. Silvestre PB 544 S 07° 24.5‟‟ W 036° 35.8‟‟ Estaquia
16 Soledade 222 Manihot spp. Silvestre PB 456 S 07° 58' 0‟‟ W 36° 27' 9‟‟ Estaquia
34 Soledade 222 Manihot spp. Silvestre PB 603 S 07° 02‟ 10.2‟‟ W 36° 27‟ 40” Estaquia
11 Pocinhos 20 Manihot spp. Silvestre PB 675 S 07°58' 6‟‟ W 36° 28' 6‟‟ Estaquia
22 Pocinhos 20 Manihot spp. Silvestre PB 456 S 07° 58' 0‟‟ W 36° 27' 9‟‟ Estaquia
15 Pocinhos 20 Manihot spp. Silvestre PB 456 S 07° 58' 0‟‟ W 36° 27' 9‟‟ Estaquia
17 Pocinhos 20 Manihot spp. Silvestre PB 607 S 07° 02‟ 10.3‟‟ W 36° 27‟ 40‟‟ Estaquia
36 Pocinhos 20 Manihot spp. Silvestre PB 456 S 07° 04‟ 58.0” W 36° 03‟ 27.9” Estaquia
32 Barra de Santa Rosa 23 Manihot spp. Silvestre PB 474 S 6° 46′ 58″ W 35° 49′ 15 Estaquia
23 Barra de Santa Rosa 33 Manihot spp. Silvestre PB 473 S 06° 12' 6‟‟ W 36° 41' 0‟‟ Estaquia
33 Barra de Santa Rosa 34 Manihot spp. Silvestre PB 473 S 06° 40‟ 12.6” W 36° 05‟ 41.0” Estaquia
49 Barra de Santa Rosa 35 Manihot spp. Silvestre PB 532 S 06° 36‟ 35.4” W 36° 12‟ 44.2” Estaquia
29 Barra de Santa Rosa 37 Manihot spp. Silvestre PB 473 S 06° 40‟ 12.6” W 36° 05‟ 41.0” Estaquia
45 Barra de Santa Rosa 37 Manihot spp. Silvestre PB 473 S 06° 40‟ 12.6” W 36° 05‟ 41.0” Estaquia
53 Barra de Santa Rosa 37 Manihot spp. Silvestre PB 474 S 06° 46′ 58″ W 35° 49′ 15'' Estaquia
10 Barra de Santa Rosa 40 Manihot spp. Silvestre PB 473 S 06° 12' 6‟‟ W 36° 41' 0‟‟ Estaquia
48 Barra de Santa Rosa 50 Manihot spp. Silvestre PB 513 S 06° 58‟ 30.3” W 35° 43‟ 17.0” Estaquia
2 Barra de Santana 187 Manihot spp. Silvestre PB 381 S 07° 42' 6‟‟ W 36° 57' 2‟‟ Estaquia
37 Taquaritinga do Norte 3 Manihot spp. Silvestre PE 425 S 07° 54‟ 31.6” W 36° 06‟ 58.2” Estaquia
43 Taquaritinga do Norte 3 Manihot spp. Silvestre PE 433 S 07° 55‟ 31.4” W 36° 06‟ 59.8” Estaquia
8 Taquaritinga do Norte 13 Manihot spp. Silvestre PE 425 S 07° 31' 6‟‟ W 36° 58' 2‟‟ Estaquia
5 Santa Cruz 5 Manihot spp. Silvestre PE 433 S 07° 31' 4‟‟ W 36° 59' 8‟‟ Estaquia
105
ANEXO - 1
Extração DNA de Plantas
Protocolo detergente CTAB (Grattapaglia e Ferreira, 1998), adaptado
1. Pesar 180-200 mg de tecido vegetal jovem;
2. Adicionar N2 líquido e emacerar em almofariz;
3. Transferir o pó para microtubos eppendorf de 1,5 mL;
4. Adicionar 700 µL de tampão de extração CTAB 2% (c/β-mercaptoetanol);
5. Agitar por 1‟;
6. Incubar em Banho Maria 65°C por 30‟ (homogeneizar a cada 10‟);
7. Retirar do Banho Maria e deixar esfriar a temperatura ambiente;
8. Adicionar 600µL de CIA (Clorofórmio:álcool isoamílico 24:1(vv));
9. Agitar por 1‟;
10. Centrifugar a 13400rpm por 10‟;
11. Transferir a fase superior (600 µL) para um novo microtubo;
12. Adicionar 600 µL de CIA e agitar bem;
13. Centrifugar a 13400 rpm por 5‟;
14. Transferir a fase superior (400 µL) para um novo microtubo;
15. Adicionar 40 µL do volume do Tampão de Lavagem;
16. Homogeneizar por inversão durante 5‟;
17. Adicionar 500 µL de CIA e agitar bem;
18. Centrifugar a 13400 rpm por 5‟;
19. Transferir a fase superior (280 µL) para um novo microtubo;
20. Adicionar 185µL de isopropanol ou (álcool isopropílico) frio;
21. Misturar levemente;
22. Centrifugar a 13400 rpm por 5‟;
23. Descartar o sobrenadante;
24. Secar o pellet;
25. Adicionar 1mL de etanol 70%;
26. Centrifugar a 13400 rpm por 2‟;
27. Descartar o volume de álcool deixar sobre a bancada por 10‟;
28. Adicionar 1mL de etanol absoluto;
29. Centrifugar a 13400 rpm por 2‟;
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30. Descartar o excesso de etanol e deixar o pellet secar;
31. Ressuspender o pellet com 50 µL de TE.
Eliminação do RNA
1. Adicionar 150 µL de TE contendo RNAse na concentração final de 40 µg/mL;
2. Incubar em Banho Maria a 37°C por 30‟. Todo o DNA deve estar ressuspenso ao
final desse passo, caso ainda não esteja, colocar a 65°C por 10‟ e agitar
levemente;
3. Deixar atingir a temperatura ambiente;
4. Adicionar NaCl 5M (ver anexo item 6) na proporção de 1:10 (NaCl:DNA
ressuspenso) ,ou seja, (20 µL NaCl 5M/ 200 µL DNA);
5. Adicionar 2/3 (146 µL de isopropanol gelado) para precipitar novamente;
6. Incubar na geladeira a 4°C durante a noite ou -20°C por 3 horas.
7. Centrifugar por a 14000 rpm por 10‟;
8. Remover o sobrenadante, lavar o precipitado 1 ou 2 vezes com etanol 70%;
9. Centrifugar por a 14000 rpm por 2‟;
10. Descartar o excesso de etanol, adicionar etanol 95%;
11. Centrifugar por a 14000 rpm por 2‟;
12. Descartar o excesso de etanol;
13. Secar o pellet a temperatura ambiente por 15‟;
14. Ressuspender o pellet com 200 µL de TE;
15. Armazenar as amostra no congelador a -20°C.
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ANEXO - 2
Extração HCN
Protocolo Extração de HCN (Ades & Hernandes, 1986) , adaptado.
1. Coletar amostras de tecido vegetal imergir imediatamente em nitrogênio líquido;
2. Acondicionar e caixa de isopor com gelo;
3. Pesar 20g de tecido vegetal;
4. Adicionar N2 líquido e emacerar em almofariz;
5. Transferir o pó para tubos de ensaio de 50 mL (mesmo utilizado no digestor de
proteína, Kjedahl);
6. Adicionar 50 mL de água ultra pura fecha os frascos com papel alumínio;
7. Agitar por 1‟;
8. Incubar em à 70°C por 4 hs (homogeneizar a cada 30‟);
9. Após incubação retirar do bloco digestor;
10. Adicionar 150 mL de água a 70°C homogeneizar e coar;
11. Fracionar 50 mL em três tubos de ensaio de 50 mL;
12. Adicionar 7 mL de NaOH (0,5 g em 20 mL) em cada tubo;
13. Levar para o destilador;
14. Coletar 100 mL do destilado em erlenmeyer contendo 8 mL de NH4OH (2N) + 2
mL de KI a 5%;
15. Titular com AgNO3 á 0,02 N.
Conversão: 1 mL de AgNO3 á 0,02 N = 1,08 mg HCN (1Ag equivale a 2CN)