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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - GESTÃO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO GABRIEL DIAS THOMSEN ANÁLISE PRELIMINAR DO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO DE LUMINÁRIAS PARA O PANAMÁ ESTUDO DE CASO DA BELLA LUMINÁRIAS LTDA. São José 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - GESTÃO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

GABRIEL DIAS THOMSEN

ANÁLISE PRELIMINAR DO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO

DE LUMINÁRIAS PARA O PANAMÁ ESTUDO DE CASO DA BELLA LUMINÁRIAS LTDA.

São José

2009

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GABRIEL DIAS THOMSEN

ANÁLISE PRELIMINAR DO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO

DE LUMINÁRIAS PARA O PANAMÁ ESTUDO DE CASO DA BELLA LUMINÁRIAS LTDA.

Trabalho de Conclusão de Estágio - apresentado como

requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em

Administração da Universidade do Vale do Itajaí.

Professor Orientador: Prof. MSc. Amarildo Felipe Kanitz

São José

2009

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GABRIEL DIAS THOMSEN

ANÁLISE PRELIMINAR DO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO

DE LUMINÁRIAS PARA O PANAMÁ ESTUDO DE CASO DA BELLA LUMINÁRIAS LTDA.

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma final

pela Coordenação do Curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí, em 22 de

junho de 2009.

Profª. MSc. Luciana Merlin Bervian

UNIVALI – Campus São José

Coordenador(a) do Curso

Banca Examinadora:

Prof. MSc. Amarildo Felipe Kanitz

UNIVALI – Campus São José

Professor Orientador

Profª. MSc. Evelize Mara de Souza Gomes Martins

UNIVALI – Campus São José

Membro

Prof. Dr. Rosalbo Ferreira

UNIVALI – Campus São José

Membro

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Dedico este trabalho a meus queridos pais,

exemplos maiores de força, dedicação e coragem.

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Agradeço àqueles que se fizeram presentes em mais esta

jornada, a esta instituição e à minha família.

Agradeço especialmente ao meu orientador, Amarildo Felipe

Kanitz, representante ímpar daqueles que acreditam no destino

desta Nação.

Por fim, agradeço a contribuição dos professores Evelize

Martins e Rosabalbo Ferreira, lapidadores desta obra.

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O homem não foi feito para meditar, mas para

agir.

Jean Jacques Rousseau

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RESUMO

O presente trabalho concerne à análise preliminar da viabilidade de exportação de luminárias

decorativas para a República do Panamá. A pesquisa caracteriza-se como qualitativa e

quantitativa. Nesse âmbito, para cumprir os objetivos estabelecidos, foram utilizadas diversas

fontes de pesquisa, tais como livros, Internet, entrevistas e documentação da empresa alvo de

análise e governamental. Os resultados da pesquisa referem-se a três campos: os potenciais do

mercado-alvo, análise da empresa e do produto e, por fim, apontamentos sobre possíveis

compradores. Primeiramente, aponta-se uma análise macroambiental do mercado panamenho,

bem como do setor de iluminação brasileiro, o que viabilizada a visualização do mercado

importador e a capacidade do exportador. A seguir, é descrita a empresa pesquisada,

confrontando seus produtos com o mercado panamenho, primando por especificar um nicho a

ser abordado; nesse sentido são especificados os aspectos legais e administrativos do processo

de exportação, apontadas adequações para a empresa iniciar um processo exportador, descrita

uma simulação financeira ao analisar vantagens e custos da exportação. Por fim, apontou-se

possíveis importadores panamenhos, a partir da pesquisa de mercado, embasado no nicho

escolhido. Os objetivos foram cumpridos, tendo em vista tratar-se de uma análise preliminar,

em que foram contemplados os fatores preponderantes no processo de exportação, indicando

um cenário de possibilidades para a empresa pesquisada.

Palavras-chave: Exportação. Luminárias. Panamá.

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ABSTRACT

This work concerns the preliminary analysis of the feasibility of exporting decorative lights

for the Republic of Panama. The research is characterized as qualitative and quantitative. In

this context, to fulfill the objectives established, several sources of research have been used,

such as books, Internet, interviews and documentation of the company target of analysis and

the government. The survey results refer to three fields: the potential of the target market,

analysis of company and product and, finally, notes on potential buyers. First, it suggests an

macroenvironmental analysis of the Panamanian market, and the Brazilian industry of

lighting, which enable the visualization of importer market and the exporter capacity.

Betimes, the company studied is described, comparing their products to the Panamanian

market, rule by specifying a niche to be addressed and in this sense are specified legal and

administrative aspects of the export, the company identified adjustments to become an

exporter, described a simulation to analyze financial benefits and costs of exporting. Finally,

it is possible importers showed Panamanians from the market research, based on the chosen

niche. The objectives were met, in view it is a preliminary analysis, which included the

factors predominate in the export, suggesting a scenario of possibilities for the company

studied.

Keywords: Export. Luminaires. Panama.

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Lista de ilustrações

Figura 1 – Produto selecionado para análise ............................................................................ 65

Gráfico 1 – Participação do Brasil no comércio global ........................................................... 42

Gráfico 2 – Participação no valor das exportações por porte de empresa em 2007 ................ 43

Gráfico 3 – Distribuição dos exportadores brasileiros por porte de empresa em 2007 ........... 43

Gráfico 4 – Principais grupos de produtos exportados pelas micro e pequenas empresas

brasileiras em 2007 .......................................................................................................... 44

Gráfico 5 – Principais blocos de destino das exportações de micro e pequenas empresas

brasileiras em 2007 .......................................................................................................... 45

Gráfico 6 – Área de atuação das empresas de iluminação do Brasil ....................................... 52

Gráfico 7 – Principais produtos comercializados pelo setor de iluminação brasileiro ............ 53

Gráfico 8 – Principais produtos importados – Panamá (2006) ................................................ 59

Gráfico 9 – Composição do portfólio de clientes da empresa ................................................. 63

Gráfico 10 – Distribuição geográfica de vendas da empresa .................................................. 64

Gráfico 11 – Maiores taxas médias de ocupação hoteleira por cidade (2008) ........................ 68

Quadro 1 – Variáveis que influenciam no preço de exportação ............................................... 32

Quadro 2 – Modais de transporte internacioanl........................................................................ 34

Quadro 3 – INCOTERMS 2000 ............................................................................................... 36

Quadro 4 – Principais produtos exportados por país e por ano ................................................ 53

Quadro 5 – Dificuldades encontradas no processo de exportação por porduto e país ............. 55

Quadro 6 – Países para onde a empresa exportou ................................................................... 63

Quadro 7 – Capacidade de inserção da empresa no mercado externo ..................................... 67

Quadro 8 – Aceptividade do mercado panamenho para produtos de iluminação

contemporânea ................................................................................................................. 68

Quadro 9 – Normas técnicas para iluminação residencial no Panamá .................................... 70

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Lista de abreviaturas e siglas

ABILUX – Associação Brasileira das Indústrias de Iluminação

ALADI – Associação Latino-Americana de Integração

ATP – Autoridad de Turismo Panamá

BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento, Banco Mundial

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CIF – Cost, Insurance and Freight

COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

DPC – Departamento de Promoção Comercial, órgão do Ministério das Relações Exteriores

EPP – Empresa de Pequeno Porte

FL – Flórida

FMI – Fundo Monetário Internacional

FOB – Free on Board

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

INCOTERMS – International Commercial Terms

IOF – Imposto sobre Operações Financeiras

IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados

MD - Maryland

MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

ME – Microempresa

MICI – Ministerio de Comercio e Industrias de Republica de Panamá

MIVI – Ministerio de Vivienda de Republica de Panamá

MRE – Ministério das Relações Exteriores

OMT – Organização Mundial de Turismo

PIS – Programa de Integração Social

PROEX – Programa de Financiamento às Exportações

REI – Registro de Exportadores e Importadores

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SECEX – Secretaria de Comércio Exterior

SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio Exterior

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

1.1 PROBLEMA PESQUISA .......................................................................................... 14

1.2 PERGUNTAS DE PESQUISA .................................................................................... 15

1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 16

1.3.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 16

1.3.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 16

1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 16

1.5 APRESENTAÇÃO GERAL DO TRABALHO ............................................................... 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 19

2.1 COMÉRCIO INTERNACIONAL ................................................................................ 19

2.1.1 Desenvolvimento do comércio externo .............................................................. 20

2.2 O COMÉRCIO EXTERIOR ENQUANTO OBJETO DE ESTUDO ...................................... 21

2.2.1 Comércio externo sob o prisma econômico ....................................................... 22

2.2.1.1 Teorias clássicas de comércio internacional....................................................... 22

2.2.1.1.1 Mercantilismo ..................................................................................................... 22

2.2.1.1.2 Livre-cambismo .................................................................................................. 22

2.2.1.1.3 Modelo Ricardiano ............................................................................................. 23

2.2.1.1.4 Modelo de Heckscher-Ohlin ............................................................................... 23

2.2.1.2 Desenvolvimento econômico e comércio externo ............................................. 24

2.2.2 Comércio externo sob o prisma jurídico ............................................................ 24

2.2.2.1 Direito Internacional Privado ............................................................................. 25

2.2.2.2 Lex Mercatoria ................................................................................................... 25

2.2.2.3 Arbitragem .......................................................................................................... 25

2.3 CONTEXTO DO COMÉRCIO EXTERIOR ................................................................... 26

2.3.1 Pesquisa de mercado .......................................................................................... 26

2.3.2 Sistemática de exportação .................................................................................. 28

2.3.3 Canais de venda .................................................................................................. 29

2.3.3.1 Trading Campany ............................................................................................... 29

2.3.3.2 Empresa Comercial Exportadora ........................................................................ 30

2.3.4 Formação do preço de exportação ...................................................................... 30

2.3.4.1 Análise de precificação....................................................................................... 31

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2.3.4.2 Cálculo de precificação com base no mercado interno ...................................... 32

2.3.5 SISCOMEX ....................................................................................................... 33

2.3.6 Modais de transporte ......................................................................................... 33

2.3.7 INCOTERMS .................................................................................................... 35

2.3.8 Incentivos à exportação ..................................................................................... 38

2.4 REALIDADE DO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL ................................................ 40

2.4.1 Estrutura dos exportadores brasileiros .............................................................. 41

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS 46

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ......................................................................... 46

3.2 CONTEXTO E PARTICIPANTES .............................................................................. 47

3.3 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .................................. 48

3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS .................................................................. 49

4 RESULTADOS DE PESQUISA 50

4.1 RESULTADOS DE PESQUISA MACROAMBIENTAL ................................................... 50

4.1.1 Estrutura da indústria de iluminação no Brasil .................................................. 50

4.1.1.1 Caracterização das empresas .............................................................................. 51

4.1.2 Participação do setor de iluminação no comércio exterior brasileiro ................ 53

4.1.3 Contexto econômico panamenho ....................................................................... 55

4.1.3.1 Análise econômica setorial ................................................................................. 56

4.1.3.2 Potencial em comércio exterior ......................................................................... 57

4.1.3.2.1 Promoção ao comércio exterior ........................................................................ 58

4.1.4 Relações econômicas Brasil-Panamá ................................................................ 59

4.1.5 Acesso ao mercado ............................................................................................ 59

4.1.5.1 Procedimentos burocráticos................................................................................ 60

4.1.5.2 Eventos de interesse .......................................................................................... 60

4.2 DESCRIÇÃO DA EMPRESA, CONTEXTO E ANÁLISES PRELIMINARES ....................... 61

4.2.1 Descrição da empresa ........................................................................................ 61

4.2.2 Definição do produto alvo de análise ................................................................ 64

4.2.3 Definição dos possíveis compradores ................................................................ 66

4.2.4 Análise das necessidades de adequação na empresa para exportar .................... 68

4.2.4.1 Embalagem ........................................................................................................ 68

4.2.4.2 Código de barras ................................................................................................ 69

4.2.4.3 Adequações legais ............................................................................................. 69

4.2.4.4 Adequações técnicas .......................................................................................... 70

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4.2.5 Classificação fiscal da mercadoria ..................................................................... 70

4.2.6 Análise da viabilidade financeira da exportação ............................................... 71

4.2.6.1 Análise do cenário 1 .......................................................................................... 73

4.2.6.2 Análise do cenário 2 .......................................................................................... 74

4.3 PESQUISA PARA IDENTIFICAÇÃO DE POSSÍVEIS COMPRADORES ............................ 76

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 83

REFERÊNCIAS 85

APÊNDICE A 89

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DESCARTAR ESTA FOLHA

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13

1 INTRODUÇÃO

Percebe-se a intensidade dos acréscimos nos fluxos comerciais internacionais na

atualidade, bem como o aumento da interdependência econômica internacional e a liberalização

econômica oriunda do processo de mundialização e suas conseqüentes transformações no sistema

capitalista; no que tange ao mundo financeiro e produtivo tem como conseqüências profundas

modificações nas organizações, na economia e na sociedade. É primordial analisar possíveis

benefícios de tais contingências, por meio de inovação e qualificação de gestão, no intuito de

tornar-se sujeito ativo em um mundo interdependente e dito globalizado.

Nesse sentido, a abertura de mercados, como o brasileiro, concomitantemente à alta

competitividade decorrente fortalecimento do centro produtivo mundial na Ásia e seus

conseqüentes preços altamente competitivos geraram novos desafios às empresas e aos governos.

Aliadas a isso, as facilidades logísticas propiciaram o célere crescimento de fluxos comerciais e

de uma concorrência globalizada.

O processo de intensificação da inserção brasileira do comércio exterior, aliado às taxas

de câmbio favoráveis à importação decorrente da estabilização econômica, permitiu a entrada, no

mercado brasileiro, de uma incomensurável gama de novos produtos, oriundos das mais variadas

partes do globo, em especial, chineses. Tal fato evidenciou um novo desafio às empresas

brasileiras: reestruturar sua estratégia de inserção no mercado e defender-se de produtos que

assumem o papel de predadores de seu mercado.

No mesmo contexto, revela-se um cenário de oportunidades: há, hoje, possibilidade de

inserção de pequenas empresas no mercado internacional, em virtude das facilidades logísticas

ofertadas por diversas empresas multinacionais, além das facilidades burocráticas, frutos do

incentivo do governo federal à exportação pelo pequeno produtor. O que Friedman (2007)

argumenta ser a planificação do mundo implica a reação rápida de todas as organizações que

estão inseridas em qualquer livre-mercado, seja pela força da concorrência externa ou pelas

oportunidades que surgem a partir da consolidação de um processo comercial liberalizante.

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14

As pequenas empresas brasileiras, em especial aquelas voltadas a nichos de mercado em

que a diferenciação e a exclusividade são vantagens competitivas, conforme define Porter (2004),

em Competitive Strategy, como sendo uma vantagem estratégica por meio da unicidade

observada pelo cliente, vêem seu mercado interno restringido pela variedade de players globais

que chegaram ao Brasil e, desde que possuam um produto com qualidade e design adequados,

sentem a necessidade de ocupar espaço no exterior, de forma a compensar a saturação interna.

A empresa pesquisada insere-se em um contexto em que estão presentes tais

contingências: a concorrência impede uma expansão no mercado nacional e surgem

possibilidades concretas de compradores no exterior. A empresa Bella Luminárias atua no ramo

de iluminação decorativa e diagnostica uma restrição da demanda em virtude do excessivo

volume de produtos importados presentes no mercado nacional. Diante de um cenário de

vantagem financeira no processo de importação, tal concorrência torna-se mais acirrada,

restringindo a possibilidade de crescimento no mercado doméstico.

A concorrência direta com produtos importados dá-se, paradoxalmente, no momento em

que surgem compradores internacionais dos produtos da empresa. A problemática da empresa

está na falta de visão de oportunidade para atuar no mercado externo, adequando-se técnica e

burocraticamente para realizar transações trans-fronteiriças.

1.1 Problema de pesquisa

Diante de tal quadro, busca-se analisar as oportunidades de internacionalização da

empresa Bella Luminárias, em um ambiente de alta concorrência do mercado interno,

mensurando as oportunidades de inserção em pequena escala no mercado exterior e

prognosticando as implementações necessárias a tal processo, bem como o mapeamento de

vantagens e desvantagens de sua implementação em um cenário latino-americano.

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15

Diante do contexto do mercado brasileiro, visualiza-se um potencial exportador para o

mercado panamenho, visto que este, no cenário latino-americano apresenta altos índices de

consumo, elevados indicadores econômicos e apresenta um baixo índice de produção local de

luminárias, visto sua dependência de importados.

Ainda, neste sentido, salienta-se a busca do governo brasileiro, por meio do MDIC, de

aproximação com o mercado panamenho, bem como da América Latina de forma genérica, e o

crescente número de missões empresariais para aquele o Panamá. Nesse sentido, destaca-se o

crescimento do volume de exportações para aquele país, em valor FOB, segundo o Relatório de

Intercâmbio Comercial Brasileiro, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior, em 2007 na ordem de 25,10%, com uma pauta de produtos bem diversificada e de

considerável valor agregado.

Perante tais considerações, define-se o problema de pesquisa como:

Como a empresa Bella Luminárias em relação aos seus produtos, está preparada

para atender o mercado latino-americano, precisamente o Panamá?

1.2 Perguntas de pesquisa

Como a empresa deverá realizar adequações legais e estruturais para exportar para o

mercado panamenho?

Quais os possíveis produtos da Bella Luminárias Ltda. poderão ser aceitos no mercado

panamenho?

Qual a perspectiva financeira da iniciar um processo de exportação na atual conjuntura

econômica nacional?

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16

1.3 Objetivos

Tendo em vista o objetivo da pesquisa, definem-se o objetivo geral e os específicos da

forma subseqüentemente descrita:

1.3.1. Objetivo geral

O estudo destina-se a analisar, preliminarmente, a viabilidade de exportação da empresa

Bella Luminárias para o mercado do Panamá.

1.3.2. Objetivos específicos

Os objetivos específicos apresentados são:

1 Analisar o mercado-alvo de exportação de luminárias;

2 Descrever a atuação da empresa no mercado brasileiro;

3 Identificar os produtos em potencial para comercialização no Panamá;

4 Identificar os possíveis compradores no mercado panamenho;

5 Apresentar a documentação e etapas para o processo exportação;

6 Apresentar a viabilidade financeira da realização da exportação.

1.4 Justificativa

A abrangência da abertura comercial brasileira entre empresas de qualquer porte amplia

possibilidades de ação, em especial das pequenas empresas que possuíam um mercado restrito.

Concomitantemente, o incremento do volume de produtos importados no mercado nacional faz

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17

urgir uma resposta quanto à atuação de tais empresas. A abertura dos mercados ao comércio

mundial é, segundo Costa (2005), veloz, constante, e praticamente inevitável na atualidade. Dessa

forma, qualquer empresa que tenha possibilidades de exportar deverá, a priori, analisar as reais

possibilidades, vantagens e desvantagens, ergo omnes de tal prática. Ademais, uma mensuração

de mercados é de suma importância, pois poderá indicar cenários em que a comercialização de

um produto será deveras vantajosa perante o cenário nacional, em virtude da menor concorrência,

legislação facilitadora, taxas cambiais favoráveis, entre outras vantagens competitivas.

Diante disso, torna-se viável e, sobremaneira necessário, um estudo para diagnosticar a

viabilidade de a empresa ofertar produtos no exterior, definir uma estratégia de atuação e

mensurar as medidas necessárias para que se implemente tal estratégia. Parte-se, ainda do

pressuposto que este é um estudo original, tendo em vista o pequeno porte da empresa e seu

produto ser diferenciado, em um mercado deveras específico.

Sendo, portanto, este um estudo de notável relevância e relativa originalidade, em virtude

do grau de aprofundamento almejado e de se tratar de estudo voltado a uma empresa de porte

pequeno, crê-se que satisfaça aos propósitos acadêmicos para o qual foi elaborado.

Justifica-se, dessa forma, o presente trabalho com a compilação de benefícios às três

partes envolvidas: ao aluno ao qual se possibilita uma oportunidade de estudo em uma área de

suma importância na atualidade, tornando-o um profissional mais bem preparado em um

ambiente extremamente competitivo; à empresa que se beneficia de um amplo estudo para que se

expanda no mercado, por meio da vanguarda do pensamento acadêmico; e à universidade que

cumpre sua função social básica de qualificação profissional, por meio da integração do estudante

com seu universo de trabalho, interagindo com o meio externo e promovendo benefícios para

com sua comunidade em que se insere.

1.5 Apresentação geral do trabalho

A constituição do trabalho dá-se por meio de uma sintética introdução, em que se busca

uma descrição do tema de estudo, bem como a delimitação do mesmo, o problema de pesquisa, o

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18

estabelecimento de objetivos e a justificativa.

A fundamentação teórica, no capítulo subseqüente, almejará relacionar fontes teóricas

com a situação-problema, buscando um conteúdo que auxilie no processo de pesquisa.

Os procedimentos metodológicos empregados, bem como a caracterização da pesquisa,

coleta e análise de resultados e descrição do contexto, participantes e forma de tratamento de

dados encontram-se no capítulo terceiro.

No capítulo quarto, apresentam-se os resultados de pesquisa referentes a três âmbitos:

primeiramente, são abordados a indústria brasileira de iluminação e o mercado panamenho. O

tomo seguinte refere-se à análise da empresa, de seus produtos e carências de adequação ao

mercado-alvo; ainda nesse contexto, identifica-se o produto-alvo de análise e apresenta-se uma

projeção financeira para detectar a viabilidade da exportação. Por fim, após definido um produto-

alvo de exportação, bem como o nicho de mercado, são apresentadas algumas empresas passíveis

de importar o produto da Bella Luminárias, de acordo com critérios pré-estabelecidos.

No capítulo quinto, encontram-se as considerações finais deste trabalho, analisando os

resultados alcançados.

Ao fim, constam as referências e apêndices.

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19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Visando a elaboração da pesquisa, faz-se necessário a apresentação de fundamentos

teóricos de autores relacionados ao tema. Desta maneira, a presente fundamentação teórica prima

por conceituar comércio internacional e descrever sua evolução ao longo da história, bem como,

posteriormente, discriminar conceitos jurídicos e econômicos em se tratando de comércio

externo, enfocando alguns estudos clássicos sobre o tema. Ainda, descreve-se o funcionamento

do comércio exterior, por meio da discrição de agentes, sistemática e ferramentas nele

empregadas, além de questões tributárias. Por fim, realiza-se uma análise das perspectivas

brasileiras e do setor brasileiro de iluminação.

É conveniente esclarecer que doravante se denomina, segundo Maia (2004), comércio

exterior como a atividade entre agentes em países distintos que negociam e realizam transação

comercial, ao passo que por comércio internacional compreende-se a prática genérica de

transações entre os países.

2.1. Comércio Internacional

O crescimento do comércio entre as nações atingiu um crescimento vertiginoso, aumento

em valores monetários, segundo Maia (2004), de aproximadamente 2200% entre 1950 e 2000.

Diante disso, cabe elucidar o conceito de comércio exterior e apontar fatos notáveis em seu

processo de evolução ao longo da história da humanidade.

Por comércio exterior entende-se

uma atividade multidisciplinar [...] evidente quando, a partir dos elementos básicos relacionados

nas Convenções de Haia e Viena, uma compra e venda internacional é conceituada como aquela em

que dois agentes econômicos negociam uma mercadoria que será entregue por meio de um

transporte internacional e pago em duas ou mais moedas. SOARES (2004, p. 14).

Soares (2004) esclarece que a Convenção de Uniforme de Haia em Matéria de Compra e

Venda Internacional, realizada em 1964, e a Convenção de Viena sobre Venda Internacional de

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20

Bens Móveis, de 1980, são as fontes básicas que conceituam o comércio externo.

A Convenção de Haia, em 1964, destaca como fatores diferenciadores das transações de

compra ou venda internacionais: o estabelecimento das partes contratantes estarem em diferentes

territórios, os atos de oferta e aceitação dão-se em países distintos, o objeto negociado é

transportado entre países. Por sua vez, a Convenção de Viena, em 1980, estabelece que uma

compra e venda internacional de bem móvel dá-se quando: independentemente de nacionalidade,

caráter civil ou comercial, as partes envolvidas estão estabelecidas em países distintos; a

legislação de um dos envolvidos seja utilizada em caso de litígio e a transação não envolva

somente mão-de-obra ou serviço. (SOARES, 2004)

Maura Costa (2005) define as questões internacionais, ou seja, estudos e as operações de

trocas entre países distintos, caracterizando-se pelo intercâmbio econômico de mercadorias,

serviços e movimentação de capitais; além de político e cultural, que é denominado comércio

internacional. Por sua vez, os termos, regras e normas nacionais das transações e estudos

realizados no comércio internacional, que chamamos comércio exterior, ou seja, é a partir deste

conceito que se analisará a realidade brasileira e se julgará a viabilidade da empresa alvo da

pesquisa tornar-se exportadora.

2.1.1 Desenvolvimento do comércio externo

O comércio internacional é, ao longo da história, reflexo da abertura social e econômica

em que se insere uma nação. Desta forma, de acordo com Guidolin (1991) ele torna uma política

estatal desde Egito, ganha força na Mesopotâmia, devido à interdependência regional e

consolida-se como forma de sobrevivência de uma nação, a partir das navegações fenícias. A

posteriori, o comércio internacional propiciou um vigoroso crescimento à Grécia e ao Império

Romano.

Com o final do fechamento econômico, em virtude do sistema feudal, no século XV a

classe bourguois se fortalece com o comércio internacional e, após consolidados os Estados

nacionais, a doutrina econômica mercantilista espalha o capitalismo ao redor do globo,

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consolidando a primeira onda de globalização da História. (MAGNOLI, 2006)

A industrialização inglesa e seu excedente de produção fizeram com que o Império

Britânico, através da prática livre-cambista, estimulasse, em todo o mundo civilizado, a abertura

comercial e o crescimento dos fluxos trans-nacionais de bens. Tal prática consolidou o acréscimo

da interdependência mundial fomentou a produção voltada à exportação. (MAGNOLI, 2006)

A globalização ganha novo aspecto sob a consolidação dos Estados Unidos como o motor

do capitalismo mundial e a crescente dependência dos demais países para como este. Com o

término da II Guerra Mundial, a hegemonia americana se cristaliza na instituição do FMI e

BIRD, por meio da regulação econômico-financeira dos países membros, baseada na estabilidade

das contas, o que estimulou a busca por superávits comerciais e exportações, gerando um modelo

de crescimento econômico vinculado ao incremento do comércio entre países. (VIEIRA, 2000)

A partir da década de 80, com o advento da informática e, posteriormente, da internet, o

comércio internacional se massificou, permitindo às pequenas e médias empresas uma célere

inserção no mesmo. Da mesma forma, as facilidades logísticas e o desenvolvimento tecnológico

diminuíram barreiras e encurtaram prazos de entrega, propiciando o crescimento do consumo de

importados na maioria dos países. (MINERVINI, 1997)

Mais recentemente, Thomas Friedman (2007) conceitua a planificação mundo, a partir da

concepção de que as facilidades tecnológicas proporcionaram o intercâmbio comercial, através de

uma imensa rede de outsourcing, em que a demanda de um produto ou serviço em uma nação

seja suprida pela produção ou prestação de serviços em outra nação, qualificada como mais

competitiva, conceito discorrido por Porter (1989) em A vantagem competitiva das nações.

2.2 O comércio exterior enquanto objeto de estudo

Após a conceituação do comércio internacional, a análise de sua trajetória história e da

relevância que ele tem hoje no ambiente social, político e empresarial, salienta-se que o mesmo,

por ser multidisciplinar, engloba variados aspectos, sobretudo econômicos e jurídicos. Nesse

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sentido, busca-se apresentar, a seguir, conceitos da prática de comércio exterior, antes de

descrever seu funcionamento.

2.2.1 Comércio externo sob o prisma econômico

Um grande número de cientistas econômicos buscou estudar os efeitos do comércio

externo na economia de cada país, nesse sentido, apresenta-se uma síntese dessas principais

correntes de pensamento.

2.2.1.1 Teorias clássicas de comércio internacional

Destacam-se, a seguir, as teorias clássicas do comércio internacional, sob ordem

cronológica, primando por esclarecer as diferentes ópticas sobre o fenômeno de transposição

geográfica comercial.

2.2.1.1.1 Mercantilismo

Em fastígio entre 1500 e 1800, de acordo com Magnoli (2006), o mercantilismo o é fruto

de uma aliança entre o Estado monárquico e a burguesia que pregava o monopólio comercial com

determinadas regiões, geradora de uma balança comercial favorável, baseado em práticas

protecionistas, possibilitando a acumulação de metais, prática denominada como metalismo.

2.2.1.1.2 Livre-cambismo

Maia (2004) identifica o estudo de Adam Smith sobre o mercantilismo, em An inquiry

into the nature and causes of the wealth of nations, como fonte das idéias que compuseram a

teoria de liberalismo econômico, ou laissez-faire.

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Baseado no conceito de produtividade, Smith concebeu o preceito, por meio da teoria das

vantagens absolutas, de que é mais vantajosa a especialização na produção de determinadas

mercadorias e a inexistência de barreiras econômicas e legais entre as nações; isso produziria

mais bem-estar social e prosperidade econômica. (LABATUT, 1990).

2.2.1.1.3 Modelo Ricardiano

Cabe salientar que a teoria desenvolvida por David Ricardo surgiu a partir da análise da

Corn Laws, uma lei protecionista mercantilista do século XVIII, que impedia a importação de

grãos de países que possuíssem maior extensão de terras férteis do que a Inglaterra. Essa lei

impedia a entrada de produtos mais baratos na Inglaterra, o que aumentava o custo de vida dos

trabalhadores e, por sua vez, diminua o poder de compra de manufaturados, em um período em

que a consolidação da indústria inglesa dependia de um mercado consumidor forte. (SOARES,

2004)

David Ricardo aprofundou a idéia de especialização econômica, concebida por Adam

Smith na teoria das vantagens absolutas; criou, para tanto, a idéia de vantagens comparativas.

Desta forma, um país em relação a outro país, possui vantagens, em virtude do seu fator de

produção: trabalho, na produção de um produto; isso o leva a produzir em excedente e vender sua

parte de sua produção a um outro país, que por sua vez o venderia um produto em que tivesse

vantagem comparativa. (LABATUT, 1990)

2.2.1.1.4 Modelo de Heckscher-Ohlin

O modelo de Heckscher-Ohlin, concebido na primeira metade do século XX, agregar um

novo fator de produção àquele concebido por Ricardo: capital, este engloba máquinas e

equipamentos utilizados na produção. Cada produto agrega um percentual de trabalho ou capital

em seu valor, podendo ser capital-intensivo, em que o percentual de capital é maior que o de

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trabalho, como a maioria dos bens industrializados; ou trabalho-intensivo, como um produto

agrícola, por exemplo. Isso cria uma relação de proporção de fatores. Desta forma, um país com

abundância de capital terá vantagens em exportar bens de capital-intensivo, ao passo que os de

trabalho intensivo exportarão bens de trabalho-intensivo. (SOARES, 2004)

2.2.1.2 Desenvolvimento econômico e comércio externo

Soares (2004) salienta a contribuição de três pensadores no que tange a desenvolvimento

econômico a partir do comércio externo. Primeiramente, David Ricardo expõe que o

protecionismo pode gerar melhorias nas vantagens comparativas de uma nação e que esta ficará

mais competitiva quando retornar ao livre comércio. Schumpeter identifica o empreendedor

como fonte do desenvolvimento econômico de uma nação, pois a sua criatividade gerará produtos

mais competitivos no mercado externo e agregarão mais valor à economia doméstica.

Por fim, o cepalino Raúl Prebisch identifica uma deterioração dos termos de troca, visto

que países subdesenvolvidos tendem a exportar bens primários e o os desenvolvidos, bens

industrializados. Entretanto, a elasticidade-preço dos produtos primários é baixa, sendo que um

aumento em sua demanda implica um aumento menor na sua renda, além de a exportação de

manufaturados gerar um mercado mais forte nos países desenvolvidos, o que os permite uma

inovação tecnológica mais célere. Prebisch fundamenta que para se eliminar a deterioração dos

termos de troca, os países em desenvolvimento devem criar uma indústria nacional capaz de

suprir seu mercado interno, em um processo desenvolvimentista, baseado na substituição de

importações. (MACHADO, 2007)

2.2.2 Comércio externo sob o prisma jurídico

Esta secção apresenta aspectos concernentes à regulação jurídica do comércio externo, no

intuito de embasar a segurança legal do processo de exportação.

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2.2.2.1 Direito Internacional Privado

Tendo em vista que a transação comercial entre membros de países distintos pode

implicar um conflito de interesse ou uma quebra unilateral de contrato, cabe um mecanismo de

solução de controvérsias. Desta forma, muitos países inserem em sua legislação mecanismos

capazes de dirimir conflitos internacionais. No caso brasileiro, a legislação se respalda na Lei de

Introdução ao Código Civil. Muitos países ainda buscam uma uniformização de suas legislações

internas, no intuito de evitar decisões que sejam impossibilitadas de execução pela lei de outro

país, bem como um ambiente de cooperação jurídica internacional. Cabe salientar, ainda, que o

Direito Internacional Privado é parte do sistema jurídico de cada país, conectado ao dos demais

países. (BASSO, 2002)

2.2.2.2 Lex Mercatoria

A Lex Mercatoria é um sistema independente do sistema jurídico dos países, proveniente

da uniformização de práticas e costumes em comércio exterior, por meio de organizações não-

governamentais. Para Basso (2002), são exemplos dessa convenção os INCOTEMS, os créditos

documentários e a arbitragem comercial.

De acordo com Soares (2004), é indispensável salientar, no que concerne à Lex

Mercatoria, a necessidade de aplicação uniforme, boa-fé e razoabilidade na aplicação da mesma

pelos agente de comércio interno.

2.2.2.3 Arbitragem

Costa (2005) salienta a importância da arbitragem no comércio exterior, principalmente

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pela sua agilidade e independência perante os sistemas jurídicos. A arbitragem consiste no acordo

prévio das partes em instituir uma terceira como mediadora de um eventual litígio. A parte

mediadora pode ser pública ou privada, como o caso de empresas internacionais de arbitragem.

Apesar de ágil, é um sistema necessário de boa-fé, pois a indisposição de uma das partes

envolvidas pode levar à inaplicabilidade da pena; devido a isso, estimula-se, no ambiente da

arbitragem, o diálogo e a transparência de interesse das partes. (COSTA, 2005)

2.3 CONTEXTO DO COMÉRCIO EXTERIOR

O comércio exterior, segundo Torres (2000), apresenta, na atualidade, um crescimento

expressivo, que reflete o crescimento da interdependência econômica mundial, em um contexto

em que a tecnologia se sobressai e a informação, com sua velocidade, ganha grande relevância.

Diante de tal situação, carece-se da adoção de práticas uniformes que possibilitem o melhor

desempenho de cada player, ou até mesmo países. Destarte, evidencia-se, neste sub-tópico,

fatores intervenientes que devem ser considerados diante de uma pesquisa de análise de

viabilidade de exportação.

2.3.1 Pesquisa de mercado

A liberalização econômica e a détente das fronteiras nacionais, decorrentes do processo de

globalização, aliada aos baixos custos dos produtos fabricados na Ásia, geram novos desafios às

empresas e aos governos. Da mesma forma, as constantes evoluções tecnológicas, em especial a

área de TI, propiciaram uma extensão dos conglomerados logísticos internacionais a grande

maioria das empresas, indiferentemente de seu porte ou extensão. É com esse contexto

competitivo que as empresas se deparam ao prospectarem uma inserção no mercado externo

quando se vêem preparadas para exportar. Dessa forma, torna-se primordial uma pesquisa de

mercado bem formulada, com intuito de evitar maiores percalços. (MINERVINI, 2001)

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Uma pesquisa de mercado pretende, à première vue, mensurar uma extensa gama de

possibilidades, com vista a encontrar um mercado-alvo inicial. Segundo a Apex-Brasil, agência

promotora de exportações brasileiras, há seis grandes eixos de negócios que não podem escapar

de qualquer análise de um futuro exportador brasileiro: América Latina, Europa, Ásia, América

do Norte e Oriente Médio. É real a visão da agência, mas faz-se necessária, indubitavelmente,

uma análise mais criteriosa inicialmente, em especial a uma empresa iniciante no comércio

exterior. Determinar um país específico seria, desta forma, o passo inicial de uma análise de

possibilidades mercadológicas. (MINERVINI, 1997)

A pesquisa de mercado permite encontrar o caminho ideal quando se tem em vista

delimitar o espaço possível para colocação do produto, seja no âmbito interno ou internacional. É

nesse sentido que se busca mensurar em uma pesquisa de mercado, especialmente aquela voltada

ao mercado externo, para quem e onde, neste caso um país estrangeiro, vender e em que

quantidade, de que forma e com quais modificações do produto. (GARCIA, 2001).

Um passo muito importante na busca de para quem vender é contatar outra empresa

exportadora brasileira, ou buscar informações por meio de estudos realizados por entidades de

promoção de comércio exterior, como câmara bilaterais de comércio, Secretaria de Comércio

Exterior, Receita Federal, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,

Ministério das Relações Exteriores, consultoras, revistas especializadas, sites na internet, feiras

internacionais, entre outros. (GARCIA, 2001)

Após a coleta e avaliação dos dados, a empresa poderá, de acordo com os critérios pré-

definidos, caracterizar os possíveis compradores. Antes do contato com cada provável

importador, o negociador deverá realizar uma análise sucinta da empresa que contatará,

mensurando o porte, o portfólio de produtos, os possíveis interesses, exigências e restrições. Isso

é fundamental para que, durante a etapa de negociação, haja uma menor divergência entre as

partes e a probabilidade de concretização do negócio seja maior. (LUDOVICO, 2002)

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2.3.2 Sistemática de exportação

As exportações tornaram-se corriqueiras em virtude da incapacidade produtiva setorial de

muitos países ou vantagens comparativas existentes na comercialização. Tal processo de

caracteriza, segundo Maluf (2000, p. 27) pela “saída de mercadoria nacional ou nacionalizada do

território aduaneiro brasileiro. Esta saída é baseada na produção de bens para os quais tenha

maior disponibilidade de fatores produtivos, garantindo assim, excedentes exportáveis”.

O processo de exportação envolve: pesquisa de mercado, em que se prospecta o tamanho

do mercado e se determina o perfil do mercado-alvo, a concorrência e as adaptações necessárias

para iniciar uma relação comercial. Subseqüentemente, deve-se realizar o contato com o

importador, a explicitação do preço para exportação, seguindo os critérios explícitos nos

INCOTERMS, de acordo com a Câmara de Comércio de Paris. A etapa seguinte é a negociação e

o envio da fatura Pro Forma; em caso de realização da transação, inicia-se o processo de

produção ou embalagem do produto, seguido pelo registro e credenciamento junto à Aduana do

país de origem. Durante essas etapas iniciais, o exportador deverá informar-se da necessidade de

exigências ou certificados para fazer frente a diversas barreiras alfandegárias e não-tarifárias ao

comércio internacional. Subseqüentemente, realiza-se o seguro, em conformidade com o

INCOTERM e entrega-se a mercadoria e documentos à empresa de transporte internacional

contratada, antes ou após o despacho aduaneiro, dependendo do serviço contratado do agente

transportador. O processo de câmbio é realizado depois de obtida a documentação de embarque,

seguindo a modalidade negociada entre comprador e vendedor. Após o recebimento da

mercadoria são liberadas as divisas, em geral vinculadas a dois bancos standard, de acordo com a

vontade dos negociantes. (COSTA, 2005)

A empresa exportadora, bem como seu país sede, é beneficiada por esse processo em

virtude do ingresso da contrapartida financeira da exportação e geração de empregos; ademais, há

um fortalecimento da empresa exportadora devido à qualidade necessária para o mesmo, assim

como a ampliação do mercado de atuação, prolongamento do ciclo de vida do produto e

valorização da marca no exterior. (MALUF, 2000).

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A decisão de exportar deve ser sustentada por uma estratégia organizacional e estar em

consonância com as práticas empresariais. Labatut (1990, p. 698) aconselha a elaboração de um

“estudo de viabilidade de exportação”, tendo em vista qual o mercado mais aconselhável, as reais

condições da empresa, as peculiaridades fiscais, comerciais e cambiais do mercado-alvo, além de

questões sociológicas e culturais da área de atuação planejada. Da mesma forma, deve-se definir

se a exportação dar-se-á por meio de um terceiro, ou seja, um intermediário comercial no país de

origem ou diretamente.

2.3.3 Canais de venda

Após a definição de se a empresa deverá exportar, cabe a ela escolher como realizá-lo.

Para tanto, cabe analisar dois canais de venda utilizados por empresas de porte mediano e

pequeno: Trading company e empresa comercial exportadora.

2.3.3.1 Trading Company

Denomina-se trading companies empresas especializadas em comércio exterior que

comprar no mercado doméstico e revendem a mercados externos, com o diferencial de que,

segundo Soares (2004), possuem “tratamento privilegiado na exportação, concedido pelo

Decreto-lei 1.248/72, que equipara, do ponto de vista fiscal, uma venda a trading company no

mercado doméstico a uma exportação”, recebendo, portanto, os benefícios, como isenção de

impostos, por tal. Além disso, são vantagens de se autuar por meio da internacionalização indireta

com trading companies, pois possuem know-how. Como desvantagem, apresenta-se o fato de a

grande maioria dessas empresas buscarem grandes negócios e não atenderem pequenas empresas.

Ainda segundo Soares (2004), as trading companies podem ser generalistas ou

especialistas. As primeiras operam com quaisquer produtos e quaisquer mercados. No que tange

às especialistas, podem se especializar em um produto único, ou em um mercado único.

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2.3.3.2 Empresa Comercial Exportadora

Comerciais Exportadoras caracterizam-se por serem empresas sediadas no Brasil,

semelhantes às trading companies que, por não possuírem o aporte inicial fixado pelo Conselho

Monetário Nacional, em consonância com o Decreto-lei 1.248/72 ou por não serem constituídas

sob forma de sociedade por ações, não recebem incentivos fiscais, como as trading companies.

(BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO

EXTERIOR, 2009)

Tais empresas realizam um papel de fomento aos exportadores iniciantes, tendo em vista

que, segundo Basso (2002), por terem maior dificuldade em encontrar fornecedores domésticos,

atuam, em geral, também com empresas de pequeno porte para exportação.

Devido a isso, Soares (2004, p.212) salienta que:

pelo lado da empresa contratante que inicia sua internacionalização por intermédio dessas empresas

comerciais exportadoras e importadoras, a maior dificuldade é, em muitos casos lidar com outra

empresa que está se internacionalizando e que não possui, na grande maioria dos casos, o aporte

financeiro e o networking internacional das trading companies.

Ratti (2000) compõe essa linha de pensamento ao afirmar, por fim, que o processo

cambial e de carta de crédito é, por muitas vezes, complexo para algumas empresas, em especial

às pequenas, o que torna a empresa Comercial Exportadora uma importante interveniente no

mercado.

2.3.4 Formação do preço de exportação

Para fixar o preço de exportação, deverão ser compreendidas e analisadas as condições de

mercado, com intuito de viabilizar a estratégia a ser adotada, não gerando esforços desnecessários

para exportação em um cenário inoportuno. Destarte, é fundamental a avaliação das condições de

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competitividade do produto em um dado momento. (VAZQUEZ, 2002)

2.3.4.1 Análise de precificação

Conforme Ludovico (2002), o processo de determinação do preço deve considerar,

primordialmente, duas forças atuantes em sentidos opostos. O primeiro aponta no sentido de

elevar o preço, buscando satisfazer o custo de produção e atingir o lucro máximo possível; o

segundo concerne às pressões competitivas do mercado internacional, induzindo à redução do

preço. Cabe, ainda, uma definição de preço sustentável em médio prazo.

Ao avaliar a inserção no comércio exterior, como a entrada em um novo mercado, cabe-

nos uma analogia a Porter (2004), no sentido de que o entrante deverá se posicionar de acordo

com seu conhecimento em um novo mercado. No caso de um baixo conhecimento e uma

qualidade equiparada aos seus concorrentes, o preço de entrada mais indicado é o inferior ao

praticado pelos concorrentes; ao passo que preços superiores aos de seus concorrentes poderão

ser ofertados em virtude da diferenciação do produto ou de sua grande aceitação no mercado.

Ainda, sob analogia das proposições de Porter (2004), salienta-se que o acompanhamento de

novos entrantes e de produtos concorrentes, bem como alterações nos custos e na demanda no

mercado externo deverão ser monitorados pelo exportador.

Por não serem regulados ou verificados por autoridades brasileiras, mas sim pela

competição imposta pelo mercado internacional, os preços de exportação tendem a ser regidos

apenas pela estratégia, salvo quando caracterização de dumping. (MINERVINI, 1997)

Ainda, Minervini (1997) salienta que para formação do preço de exportação, é primordial

conhecer e utilizar todos os benefícios financeiros e fiscais aplicáveis à exportação, no intuito de

obter uma maior competitividade externa. Do mesmo mo, o conhecimento da estrutura de custos

internos da empresa é também imprescindível para a precificação da exportação.

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Dentre as variáveis intervenientes no processo de precificação internacional, o Sebrae-SP

formulou o seguinte síntese:

Variáveis que influenciam no preço de exportação

Competidores potenciais

Custos de produção

Esquemas de financiamento à exportação

Tratamento tributário aplicável à exportação

Despesas de exportação (embalagem para exportação, despesas portuárias, despesas com

despachantes, gastos com pessoal especializado, frete e seguro até local negociado).

Preços praticados por competidores de terceiros países

Comportamento dos consumidores

Novas tecnologias

2.3.4.2 Cálculo de precificação com base no preço do mercado interno

A gama de precificação possível tende a enquadrar-se no intervalo cujo preço máximo é

dado pelas condicionantes mercadológicas, ao passo que o mínimo é restrito pelo custo variável.

Para tanto, é conveniente elaborar um comparativo entre a estrutura de formação do preço

exercido no mercado interno e as variáveis que influenciam na precificação externa. Cabe

salientar que o valor proveniente desta análise apenas um parâmetro, sendo que a precificação

final depende do interesse e da estratégia do exportador. (VAZQUEZ, 2002)

Desta forma, para efeito de cálculo é necessária a:

exclusão dos elementos que compõem normalmente o preço do produto no

mercado interno, mas que não estarão presentes no preço de exportação;

Exemplos: ICMS, IPI, PIS, comissões.

Quadro 1: Variáveis que influenciam no preço de exportação

Fonte: Sebrae - SP (2008)

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inclusão das despesas que não integram a composição do preço interno, mas farão

parte do preço de exportação, na modalidade de INCOTERMS negociada;

exemplos: gastos com a embalagem de exportação, despesas com o transporte do

produto até o local estabelecido, comissão de agente no exterior.

equiparação cambial em dólares norte-americanos para analisar a competitividade

perante outros produtos.

2.3.5 SISCOMEX

O Sistema Integrado de Comércio Exterior, operante desde 1993, e permite monitorar o

status da exportação ou importação. Apresenta a vantagem de exercer o registro,

acompanhamento e controle governamental sob o processo aduaneiro pelos órgãos intervenientes

ou anuentes, de forma mais ágil, reduzindo o custo da burocracia para o exportador ou

importador. Para sua utilização, é necessário o cadastro no REI, Registro de Exportadores e

Importadores, da SECEX. (VAZQUEZ, 1999)

2.3.6 Modais de transporte

Para Minervini (1997), a escolha do modal de transporte deve envolver a análise do

produto, urgência do comprador, custo e a experiência do vendedor.

Em comércio exterior, os modais marítimo e aéreo são os mais significativos, englobando

a maioria das transações comerciais. Salienta-se, ainda, o modal rodoviário ou ferroviário,

utilizado entre países fronteiriços ou próximos. O modal hidroviário, sendo o marítimo neste caso

o mais comum, apresenta um custo menor, mas, em contrapartida, toma mais tempo e expõe o

produto a riscos de avarias maiores, exigindo uma embalagem mais qualificada. O modal aéreo,

por sua vez, é mais rápido, mas possui custo mais elevado, não sendo, pois, indicado para

produtos de grande volume. Os modais rodoviário e ferroviário apresentam um custo e um tempo

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de entrega intermediário, mas dependem da existência de malha terrestre de boa qualidade. É, em

geral, indicado para distâncias menores. (MINERVINI, 2001).

Corroborando com Minervini (2001), Rodrigues (2002) apresenta uma análise dos

modais, apresentada sinteticamente a seguir, em forma de quadro:

Transporte hidroviário

Sendo realizado por meio de barcos, navios ou balsas, possui uma velocidade

reduzida e limita-se a zonas navegáveis, entretanto é altamente competitivo para

produtos de baixo custo e grande volume. A mercadoria estará suscetível a vários

riscos durante o transporte.

Transporte aéreo

Apresenta facilidades para locomoção de mercadoria a longas distâncias, em

especial aquelas em que o tempo de transporte necessite ser célere. Todavia, possui um

custo elevado e tem limitações restritivas no que tange a volume embarcado.

Transporte rodoviário

Indicado para curtas e médias distâncias, possibilita uma grande cobertura

geográfica, tendo em vista sua adaptabilidade. Ao mesmo tempo, requer menos

cuidados com manuseio e embalagem. Possui um custo intermediário entre o transporte

aéreo e o hidroviário, mas possui uma atuação mais restrita, além de estar sujeito a

questões climáticas e tráfego. Do ponto de vista ambiental, é um dos mais poluentes.

Transporte ferroviário

Possibilita o transporte de grandes quantidades de carga, sendo que o custo é

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baixo para longas distâncias; sendo muito viável para produtos de baixo valor agregado

e volumoso, como commodities, em geral. Não está sujeito ao tráfego intenso e é pouco

poluente quando empregada tecnologia razoavelmente moderna. Deve-se destacar que

é pouco flexível quanto a horários e diferenciação de serviços e, em geral é dependente

de outro modal, geralmente rodoviário.

Modo oleoduto

É veloz, tem longa vida útil, requer manutenção baixa e adapta-se a meios

líquidos, gasosos e sólidos triturados; porém tem custo inicial elevado e é indicado para

apenas alguns produtos.

Transporte multimodal

Diz respeito ao transporte que se vale de mais de um modal desde o momento

em que ocorre a ovação até se desovar a mercadoria. Para que se considere a multi-

modalidade, o responsável pela carga deve ser o mesmo, só pode haver um

conhecimento e a carga deve estar unitizada.

2.3.7 INCOTERMS

De acordo com Costa (2005), os International Commercial Terms surgiram em 1936, no

âmbito da Câmara Internacional de Comércio, em Paris, no intuito de unificar as diversas formas

de contratação em comércio exterior. Para tanto, utilizam-se siglas de três letras que discriminam

direitos de deveres das partes contratantes em comércio exterior. Em decorrência do INCOTERM

negociado, o valor da transação se altera, em virtude das obrigações assumidas. Cabe salientar

que os INCOTERMS estão em constante aperfeiçoamento, sendo que sua versão mais recente

Quadro 2: Modais de transporte internacional

Fonte: RODRIGUES (2002)

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data de 2000.

Descreve-se, subseqüentemente em forma de quadro, cada termo de forma sintética,

buscando sempre a ótica da obrigação do exportador, conforme apresentado por Rodrigues

(2002).

EXW - Ex Works

O exportador disponibiliza a mercadoria em seu próprio estabelecimento,

acondicionada para transporte, ao importador, que se torna responsável por ela desde

então. Utilizado para qualquer modal.

FCA - Free Carrier

As obrigações do exportador cessam quando este entrega a mercadoria, desembaraçada

para exportação, ao agente de transporte internacional, em local designado pelo

importador. Utilizado para qualquer modal.

FAS - Free Alongside Ship

A responsabilidade do exportador cessa ao se depositar a mercadoria ao longo do

costado do navio, no porto de embarque da mercadoria. Utilizado para modais

aquaviários.

FOB - Free On Bord

É um dos modais mais utilizados no comércio exterior, significando que a

responsabilidade do exportador se encerra ao se transpor a amurada do navio. Utilizado

para modais aquaviários.

CFR - Cost and Freight

O vendedor assume todos os custos anteriores ao embarque internacional, bem como a

contratação do frete internacional, para transportar a mercadoria até o porto de destino

indicado, mas as responsabilidades do vendedor cessam ainda no porto de partida.

Utilizado para modais aquaviários.

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37

CIF - Cost, Insurance and Freight

As obrigações do exportador se assimilam à modalidade CFR, entretanto a elas é

adicionado o seguro internacional de transporte. Utilizado para modais aquaviários.

CPT - Carriage Paid To

O exportador deve contratar o frete pelo transporte da mercadoria até o local

designado. Os riscos de perdas e danos na mercadoria, bem como quaisquer custos

adicionais devidos a eventos ocorridos após a entrega da mercadoria ao transportador,

são transferidos pelo vendedor ao comprador, quando a mercadoria é entregue à

custódia do transportador. Utilizado para qualquer modal, exceto aquaviários.

CIP - Carriage and Insurance Paid To

As obrigações do exportadar se assimilam ao CPT e este, adicionalmente, arca com o

seguro contra riscos de perdas e danos da mercadoria durante o transporte

internacional. Utilizado para qualquer modal, exceto aquaviários.

DAF - Delivered at Frontier

As obrigações do exportador cessam quando este entrega a mercadoria, desembaraçada

para a exportação, em um ponto da fronteira indicado e definido de maneira mais

precisa possível. A entrega da mercadoria ao importador ocorre em um ponto anterior

ao posto alfandegário do país limítrofe. Utilizado para modais terrestres, em especial

rodoviário.

DES - Delivered Ex-Ship

O exportador completa suas obrigações quando a carga é entregue ao importador a

bordo do navio, não desembaraçadas para importação, no porto de descarga. O

exportador assume todos os custos e riscos durante a viagem internacional. Utilizado

para modais aquaviários.

DEQ - Delivered Ex-Quay

O exportador disponibiliza as mercadorias, desembaraçadas para exportação mas não

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desembaraçadas para importação, no caís do porto de destino nomeado. O exportador

tem obrigação de levar a mercadoria até o porto de destino e desembarcar as

mercadorias no cais. Utilizado para modais aquaviários.

DDU - Delivered Duty Unpaid

O exportador cumpre sua obrigação de entrega quando a mercadoria tiver sido posta

em disponibilidade no local designado do país de destino final, não desembaraçadas

para importação. Utilizado para qualquer modal.

DDP - Delivered Duty Paid

É o que envolve mais obrigações para o exportador, pois este somente cumpre sua

obrigação de entrega quando a mercadoria for disponibilzada no local designado do

país de destino final, desembaraçadas para importação. O vendedor assume todos os

riscos e custos, inclusive impostos, taxas e outros encargos incidentes na importação,

no país de destino. Utilizado para qualquer modal.

2.3.8 Incentivos à exportação

O fato de exportações gerarem a entrada de riquezas no país, bem como emprego de mão-

de-obra e agregação de valor, faz com que governos adotem incentivos para tal. (MALUF, 2000).

Com o objetivo de avaliar a posição brasileira perante incentivos à exportação, elenca-se

na presente fundamentação algumas posições mais conhecidas do governo e de organismos

estatais em beneficio das exportações.

Primeiramente, nota-se que, segundo Garcia (2001), no Brasil é permitida a concessão de

empréstimos, por instituições autorizadas, para exportadores financiarem a produção de

mercadorias que serão exportar. Essa prática é conhecida como Adiantamento de Contrato de

Quadro 3: INCOTERMS 2000

Fonte: RODRIGUES (2002)

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Câmbio e, além dos juros inferiores aos praticados no mercado, é isenta de IOF, Imposto sobre

Operações Financeiras.

O BNDES também pratica empréstimos a juros baixos para produção de produto

exportável, desde que o índice de nacionalização seja igual ou superior a 60%. São exemplos

dessa política, o BNDES Exim Pré-Embarque de Curto Prazo e o Especial. (GARCIA, 2001).

O Programa de Financiamento às Exportações, PROEX, foi criado pelo governo federal

no ano de 1991 e objetiva proporcionarem às exportações brasileiras uma maior competitividade no

mercado internacional, via concessão de assistência financeira em duas modalidades distintas, como

os financiamentos concedidos diretamente pela União a exportadores nacionais ou importadores

estrangeiros, com a conseqüente assunção dos riscos comerciais e políticos a eles inerentes. Há,

ainda, dentro do PROEX, a Equalização das Taxas de Juros, em que a União assume parte dos custos

de captação da rede bancária, viabilizando um mercado de crédito mais acessível aos importadores de

produtos nacionais. (BRASIL. SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2009)

A Lei complementar n° 87, de 13 de setembro de 1996, popularmente conhecida com Lei

Kandir, em referência a seu mentor, isenta as exportações de ICMS, um imposto estadual e

obriga o governo federal a ressarcir os estados membros da federação pela perda de arrecadação,

o que, na prática, gera impasses. Da mesma forma, as exportações estão isentas de impostos

federais, a saber: IPI, COFINS e PIS. (BRASIL. SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL,

2009)

Por fim, o Drawback que “consiste na importação de matéria-prima para confecção de

mercadorias que serão exportadas [...] que não paga os impostos aduaneiros devidos”. (SOARES,

2004, p. 36).

Este se trata de um regime especial de incentivo constituído de duas modalidades: a

suspensão e a isenção. A suspensão, que no caso de importação de mercadorias a serem utilizadas

no processo de industrialização de produto a ser exportado, serão suspensos os tributos federais; a

saber, Imposto sobre Produtos Industrializados e Imposto de Importação. Há, ainda, isenção de

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, segundo estabelecido pelo Convênio ICMS

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40

27/90, com alterações dos convênios 77/91 e 94/94. (BRASIL. MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA

E COMÉRCIO EXTERIOR, 2009)

Ainda segundo o MDIC, salienta-se que a isenção, por sua vez, torna os tributos federais

referentes à importação de mercadorias em qualidade e quantidade equivalentes isentos, desde

que destinada à reposição de mercadorias anteriormente importadas, utilizadas na industrialização

de produto exportado.

Há, ainda, o drawback interno, que, no caso brasileiro, segundo Soares (2004), a matéria-

prima nacional adquirida para confecção de produtos a serem exportados fica isenta de IPI,

Imposto sobre Produtos Industrializados.

2.4 REALIDADE DO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

O Brasil possui um patamar estável de exportações, mas, se comparado a outros países

emergentes, perde ou deixa de ganhar espaço no comércio internacional. Isso se deve,

principalmente ao fato de o país ter se industrializado com vista a atender seu mercado interno.

Isso, aliado às barreiras impostas às importações ao longo do século XX, fez com que a indústria

nacional não se focasse no mercado externo, ficando muitas vezes defasada ou obsoleta

tecnologicamente. (FAUSTO, 2006)

Segundo o Relatório de Intercâmbio Comercial Brasileiro de 2007, do MDIC, o Brasil

demonstra um posicionamento geograficamente abrangente do Brasil enquanto player, não sendo

dependente do consumo de uma única região ou país específico. Ou seja, o comércio exterior

brasileiro é, na atualidade, multipolar.

Em contrapartida à avaliação histórica de Fausto, tem-se, a partir da década de 90, uma

mudança na visão nacional baseada ainda em visões regionalizadas, como os teóricos do

pensamento cepalino, que ainda demonstravam um grande foco no desenvolvimento interno.

(POLETTO, 2000)

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Essa nova postura foi influenciada por pensamentos externos, como o Consenso de

Washington, que primou pelo neoliberalismo e a conseqüente abertura comercial de países com o

Brasil; é nesse sentido que Holanda (1998) redefine a postura do Brasil perante o mundo na

década de 90, como um país aberto aos fluxos de comércio e investimento.

Desde o início do século XXI, o Brasil é um país com foco no mercado externo, mas não

possui a mentalidade de ser somente exportador, sendo que os empresários nunca abrem mão do

mercado doméstico, por dois fatores: o grande mercado consumidor potencial do Brasil e a

dificuldade de competir com exportadores de outros países, posto que há sérias defasagens em

nosso sistema logístico, além de empecilhos tributários, trabalhistas, burocráticos e, ainda, em

educação de qualidade. Ludovico (2002) corrobora com esse pensamento.

Por fim, cabe salientar mudanças bem-vindas nos últimos anos, como incentivos

tributários, como desoneração e isenção de impostos, e financiamentos à exportação, além de

busca pela agilidade burocrática, como o Siscomex, ainda exemplo para muitos países.

Entretanto, reformas profundas urgem para que o Brasil seja um país realmente

internacionalmente competitivo. (TORRES, 2001)

2.4.1 Estrutura dos exportadores brasileiros

A participação brasileira nas exportações mundiais sofreu uma forte queda desde 1950,

quando representava aproximadamente 2,4% do volume mundial. Este indicador vem crescendo,

embora vagarosamente, desde 2000, período que também corresponde a um superávit na balança

comercial, e hoje corresponde a quase 1,2% das exportações globais. (CAIXETA, 2006)

No âmbito de qualificar as informações sobre os exportadores brasileiros, a Secretaria de

Comércio Exterior, subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior, procura realizar anualmente um mapeamento de exportadores, cuja edição de 2007 foi

fonte de dados desta seção do trabalho. Salienta-se ainda que as informações aqui apresentadas

buscam enfocar as empresas de porte pequeno (micro e pequenas empresas), tendo em vista os

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objetivos da pesquisa. (BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E

COMÉRCIO EXTERIOR, 2009)

A estratificação dos exportadores brasileiros, realizada pela SECEX em 2007, revela um

grande número de micro e pequenas empresas exportando na atualidade, com um incremento de

25,4% entre 2006 e 2007, em valores absolutos em dólares norte-americanos.

Gráfico 1 – Participação do Brasil no comércio global

Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2007)

Nesse mesmo contexto, a Secretaria de Comércio Exterior, por meio de seu Departamento

de Planejamento e Desenvolvimento de Comércio Exterior (DEPLA) apresenta as

Microempresas (ME) e as Empresas de Pequeno Porte (EPP) como constituindo 50,6% do

número de empresas exportadoras; em contrapartida corresponde a apenas 1,9% do valor

exportado.

Isso qualifica as exportações de empresas desse referido porte como esporádicas e

complementares ao mercado nacional.

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Pessoa Física

3,0%

Média

Empresa

24,5%

Grande

Empresa

21,9%Micro e

Pequena

Empresa

50,6%

Grande

Empresa

91,9%

Pessoa

Física

0,2%

Micro e

Pequena

Empresa

1,9%Média

Empresa

6,0%

As regiões Sul e Sudeste são as que concentram a maioria das empresas brasileiras

exportadoras e, quando se refere às MEs e EPPs, a pesquisa apontou um índice ainda maior de

concentração nessas regiões, conforme expresso no gráfico a seguir. O estado que mais concentra

pequenas de porte pequeno que exportam é São Paulo, seguido de Rio Grande do Sul, Paraná e

Santa Catarina. (BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E

COMÉRCIO EXTERIOR, 2009)

Gráfico 2 - Participação no valor das exportações por

porte de empresa em 2007

Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior (2009)

Gráfico 3 - Distribuição dos exportadores brasileiros por

porte de empresa em 2007

Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior (2009)

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Quanto aos produtos exportados, ainda segundo o MDIC, diagnostica-se que as empresas

de menor porte possuem um portfólio de exportação abrangente e com um percentual de valor

agregado muito variado, sendo que há concentração nos produtos: madeiras e obras (13,9%),

máquinas e equipamentos mecânicos (10,4%) e obras de pedra, cimento e gesso (7,4%). Da

mesma forma, destacam-se pedras semi-precisosas e joalheria, móveis e frutas.

A análise mercadológica identificou que as pequenas empresas brasileiras, seguindo os

parâmetros gerais do comércio exterior brasileiro, têm como principais mercados, em ordem: a

América Latina, instrumentalizada genericamente pela ALADI e regionalmente pelo Mercosul,

que responde por 29% da absorção dos produtos deste porte de empresas, seguida pela União

Européia, 25,6% e Estados Unidos, 19,7%. (BRASIL. MINISTÉRIO DO

DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, 2009)

Ainda destaca-se a participação asiática e o crescimento na participação africana, um

acréscimo de 59,1%, e do Oriente Médio, com um acréscimo de 60,4%.

Os principais produtos absorvidos pela ALADI, Associação Latino-Americana de

Integração, que engloba Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México,

Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, foram: máquinas e equipamentos, eletroeletrônicos,

plástico, calçados, peças para veículos, obras de ferro e aço, móveis, frutas, madeira e obras e

produtos cerâmicos.

Conforme expresso por Pereira (2000), o cenário latino-americano ocupa maior espaço na

conjuntura comercial internacional. Salienta-se que 55% das vendas realizadas no âmbito da

ALADI correspondem ao Mercosul.

A maior parte da absorção da União Européia correspode a madeira e obras, frutas, café,

perdras ornamentais, móveis, máquinas e equipamentos, pescados e calçados.

Nas importações estadunidenses de produtos de empresas brasileiras de pequeno porte

sobressaem-se pedras ornamentais, máquinas e equipamentos, calçados, móveis, café, laticínios e

pescados.

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13,9

10,4

7,4

4,1

4,0

3,8

3,4

3,4

2,9

2,2

Madeira e Obras

Máquinas e Equipamentos Mecânicos

Obras de Pedra, Cimento e Gesso

Pedras Preciosas e Artigos de Joalheria

Móveis e Mobiliário Médico

Frutas

Calçados e Partes

Máquinas e Equipamentos Elétricos

Café, Chá e Especiarias

Partes e Peças de Veículos Automotores

29,0

16,0

13,0

25,6

19,7

10,3

5,7

1,7

0,4

ALADI

- Mercosul

- Demais

União Européia

Estados Unidos

Ásia

África

Oriente Médio

Europa Oriental

Gráfico 4 - Principais grupos de produtos exportados pelas micro e

pequenas empresas brasileiras em 2007

Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior (2009)

Gráfico 5 - Principais blocos de destino das exportações de micro e

pequenas empresas brasileiras em 2007

Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior (2009)

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46

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

A realização de uma pesquisa pressupõe o planejamento das ações a serem empreendidas ao

longo do processo para a solução do problema identificado. Severino (1986, p.149) legitima esta

proposição ao afirmar que: “todo o raciocínio desenvolvido num trabalho logicamente constituído

é uma demonstração que visa solucionar um determinado problema”.

Marconi e Lakatos (2005) identificam a pesquisa como um procedimento formal, composto

de métodos de pensamentos reflexivos, requerentes de tratamento científico e constituintes do

caminho para o conhecimento da realidade ou para a descoberta de verdades parciais.

Este capítulo é, destarte, um modo de caracterização e socialização dos métodos

empreendidos, no intuito de esclarecer a constituição dos resultados e colaborar com futuros

pesquisadores do tema.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

O presente projeto de pesquisa tem uma abordagem qualitativa e quantitativa. A pesquisa

qualitativa, segundo Godoy (1995), prima por uma análise contextual do fenômeno, baseando-se

em uma perspectiva integrada de vários pontos de vista. A pesquisa quantitativa, por sua vez,

almeja mensurar dados que permitam uma visão mais lacônica do fenômeno estudado.

A utilização de ambas as abordagens da pesquisa justifica-se pelo fato de que não visa

apenas quantificar informações ou instituir margens financeiras e sim, junto a isso, realizar um

estudo de viabilidade de a empresa tornar-se exportadora, englobando critérios como capacidade

de gestão, vantagem competitiva, análise e mensuração de mercados e procedimentos aduaneiros.

É, ademais, uma pesquisa descritiva, pois busca, de acordo com Vergara (1998), enumerar

as especificidades de um contexto singular; e um estudo de caso, tendo em vista a pequena

circunscrição abrangida e o nível de detalhamento exigido pela pesquisa, no intuito de que se

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cumpram os objetivos preestabelecidos no presente trabalho.

Quanto aos meios de investigação, caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica, de

campo e documental.

Em consonância com Vergara (1998), a pesquisa bibliográfica é um estudo baseado em

material publicado em livros, revistas, jornais, legislação, redes eletrônicas e todo aquele

disponibilizado ao público em geral. Esse material fornece um instrumental para análise para

qualquer tipo de pesquisa. Tal fonte justifica-se por ser vasta e retentora de variadas informações

e possibilidades, compiladas em materiais específicos.

A pesquisa de campo é uma “investigação empírica no local onde ocorre ou ocorreu um

fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode incluir entrevistas, aplicação de

questionários, testes e observação participante ou não”. (VERGARA, 1998, p. 47-48).

Na presente pesquisa, a busca em campo procedeu à observação de fenômenos e fatos

como ocorrem na realidade, com a posterior coleta de dados referentes aos mesmos, o que levará

à análise e interpretação desses dados, com base na fundamentação teórica.

Na visão de Godoy (1995), a pesquisa documental provém de documentos conservados

em órgãos públicos ou privados que dizem respeito a pessoas ou fatos aos quais o pesquisador

não são contemporâneos à pesquisa, permitindo ao pesquisador uma visão mais sistêmica do

universo pesquisado. É, além disso, muito importante por se tratar de uma fonte não-reativa, o

que proporciona mais realismo à pesquisa. Nesta pesquisa foram utilizados documentos

secundários provenientes dos registros da empresa; os mesmos constituíram fontes para projeções

mais realistas e profundas.

3.2 CONTEXTO E PARTICIPANTES

A pesquisa almejou analisar a possibilidade de inserção no comércio internacional, assim

sendo, mensurou, profundamente, contatos e possibilidades de transações comerciais, baseando-

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se em uma empresa específica.

Para tal, diante de uma busca apurada de informações, fez-se necessária uma pesquisa

direcional, limitando o contato com participantes entre gestores da empresa, possíveis

importadores, oriundos de pesquisa de mercado e órgãos e organismos intervenientes no

comércio exterior.

Dois gestores da empresa foram entrevistados para diagnosticar a situação da empresa em

cuja pesquisa foi embasada. A referente entrevista, datada de novembro de 2008, teve seus

aspectos mais significativos transcritos, conforme situada no Apêndice A. Durante a composição

deste trabalho, houve conversas informais que auxiliaram na focalização de um mercado de

interesse no Panamá.

Ao buscar contato com possíveis compradores, estabeleceu-se contato via correio

eletrônico com empresas tidas como possíveis importadoras do produto definido ao longo da

pesquisa. Os dados obtidos junto a estes se encontram no item 4.3 .

Os contatos com possíveis importadores, por sua vez, foram possíveis graças a contatos

estabelecidos com a Embaixada do Brasil no Panamá, o que possibilitou acesso aos dados da

Contraloría General de la República de Panamá e, conseguintemente ao Sistema de Consulta de

Estadísticas de Comércio Exterior e à Autoridad de Turismo Panamá.

Os participantes foram, portanto, pré-determinados, primando pela qualidade da

informação e não pela quantidade.

3.3 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

As informações foram coletadas por meio de entrevistas semi-estruturadas que são,

segundo Roesch (2005), parcialmente abertas, havendo questões pré-estabelecidas. Justifica-se

esta forma de coleta devido à necessidade de objetividade nas informações coletadas, entretanto,

informações adicionais foram bem-vindas.

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A utilização de dados primários, ou seja, coletados diretamente em sua fonte, como no

caso de entrevistas e contatos com possíveis importadores ocorreram com auxílio de registros

mediante anotações pontuais das informações coletadas, nos casos de contato via correio

eletrônico não se valeu de anotações. Um mapeamento dos pontos fortes da empresa e do

mercado, a partir dos contatos e entrevistas, foi realizado conforme consta no item 4.2.3 dos

Resultados de Pesquisa, o que auxiliou na escolha de um produto-alvo para análise. Da mesma

forma, os dados obtidos sobre possíveis importadores foram organizados em forma de tabela,

constante em Resultados de Pesquisa

Os dados secundários, coletados por meio de notas fiscais de saída, cadastro de clientes e

registros de exportações anteriores e custo do produto-alvo, conforme constava em notas fiscais

de entrada, oriunda dos arquivos da Bella Luminárias. A sistematização desses dados foi

possíveis com auxílio de gráficos, tabelas e planilhas.

Cabe, também, salientar a utilização de websites especializados, de livre-acesso, como

Sistema de Consulta de Estadísticas de Comércio Exterior, BrasilTrade Net, MDIC, MRE,

Autoridad de Turismo Panamá. Ambos são justificados pelo âmbito qualitativo e quantitativo

utilizados na pesquisa. (ROESCH, 2005)

3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

Os dados foram analisados em consonância com os objetivos acima estabelecidos, sendo

que sua apresentação dá-se em forma de tabelas, gráficos, planilhas de custos, textos e análise

categorial. A compilação dos dados deu-se no intuito de analisar a viabilidade da exportação,

sendo que dados de menor relevância, capazes de tangenciar os objetivos da pesquisa foram

suprimidos.

Para Cervo e Bervian (2002), a mensuração de um produto-alvo de análise, a capacidade

da empresa em exportar e a viabilidade financeira da operação estiveram em primeiro plano ao

ser realizada a análise de dados.

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50

4 RESULTADOS DE PESQUISA

Os resultados de pesquisa abrangem três âmbitos distintos: primeiramente, o item 4.1

aponta resultados que esclarecem questões macroambientais, tanto do mercado panamenho

quanto da indústria brasileira de iluminação; essa ponderação é fundamental para justificar a

possibilidade de exportação e a validar a pesquisa.

No tópico seguinte, enumerado 4.2, são caracterizados os aspectos da Bella Luminárias;

analisa-se sua estrutura quanto ao mercado nacional, seu perfil de clientes e as carências para

iniciar um processo exportador bem-sucedido. Nesse sentido, ainda, é identificado o produto-alvo

de análise, levantado seus custos e projeta-se uma simulação de custos de exportação para que

seja visualizado o valor de comercialização do produto no Panamá, o que estabelecerá, quando da

exportação, se esse é competitivo, o que caberá à empresa em seu contato efetivo.

Ao fim, no tomo enumerado 4.3, diante das possibilidades encontradas ao longo da

pesquisa, elencam-se contatos comerciais de possíveis compradores, em consonância com o

resultado encontrado sobre o setor de inserção mais atraente para a empresa, em conformidade

com os resultados encontrados na realização de 4.2 .

4.1 RESULTADOS DE PESQUISA MACROAMBIENTAL

4.1.1 Estrutura da indústria de iluminação no Brasil

A Associação Brasileira de Indústria de Iluminação, Abilux, possui em seu cadastro 604

empresas que produzem artigos voltados ao mercado de iluminação. Com o objetivo de análise

do setor brasileiro de iluminação, valeu-se, no presente trabalho, do Levantamento do Estágio

Tecnológico do Setor de Iluminação (2005) apresentado por essa associação como sendo o mais

recente, profundo e abrangente já realizado.

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Dentro dos apontamentos encontrados, serão analisados: a caracterização das empresas e

produtos e a atuação no comércio externo.

4.1.1.1 Caracterização das empresas

O setor de iluminação brasileiro encontra-se concentrado no estado de São Paulo, sendo

que 75% das empresas encontradas encontram-se nesse estado, seguido por: Rio Grande do Sul,

(5%), Rio de Janeiro (4%), Minas Gerais (4%), Paraná (4%), Santa Catarina (4%), Bahia (1%) e

Pernambuco (1%). Os demais estados não totalizam 1% do total de empresas.

Quanto à área de atuação, demonstra-se um setor extremamente diversificado, sendo bem

distribuído e possuindo uma maior abrangência nos nichos de iluminação residencial (seja ela

técnica ou decorativa), comercial e industrial, conforme expressa o gráfico:

Gráfico 6 - Área de atuação das empresas de iluminação do Brasil

Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (2005)

Da mesma forma, o nicho de produtos fabricados é muito diversificado e nenhum item se

sobressai de maneira efetiva aos demais, conforme expressa o gráfico:

Residencial23%

Comercial18%

Industrial13%

Pública8%

Luminotécnica8%

Reatores8%

Componentes6%

Outros6%

Lâmpadas4%

Cênica3%

Publicitária3%

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52

A classificação das empresas, no que tange ao faturamento, dá da seguinte forma: 48%

são micro e pequenas empresas, com faturamento de até 2,4 milhões de reais/ ano; 30% são de

porte médio, com faturamento entre 2,4 e 10 milhões de reais/ ano; e, por fim, 22% das empresas

são de grande porte, faturando mais de 10 milhões/ ano.

É importante salientar que, dentre as micro e pequenas empresas, 81% estão no estado de

São Paulo, 10% no Rio Grande do Sul, 3% em Minas Gerais, 3% em Santa Catarina e 3% em

Pernambuco.

As empresas de grande porte, sendo que 86% se encontram em São Paulo, são maioria

absoluta em segmentos de mercado como fabricação de lâmpadas, reatores e iluminação pública,

ao passo que as micro e pequenas empresas são maioria absoluta na iluminação residencial, em

especial decorativa, assim como comercial e cênica.

0%1%2%3%4%5%6%7%8%9%

Ara

nd

elas

Pen

den

tes

Pla

fon

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Série 1

Gráfico 7: Principais produtos comercializados pelo setor de iluminação brasileiro

Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (2005)

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O relatório demonstra que, devido a níveis distintos de intensidade do uso de máquinas e

tecnologia, os nichos de iluminação residencial, comercial e cênica possuem mais empregados

registrados do que os de fabricação de lâmpadas, reatores e iluminação pública.

A incidência de carga tributária distribui-se da seguinte forma no setor de iluminação:

ICMS (20%), COFINS (18%), PIS/PASEP (18%), IPI (16%), IR (15%), CSLL (10%), demais

(3%).1

Quanto à adequação com as normas técnicas, 63% encontram-se de acordo com normas

técnicas nacionais e 2% de acordo com normas de outros países.

4.1.2 Participação do setor de iluminação no comércio exterior brasileiro

Em enquete realizada pela Abilux, 34% das empresas declararam ter exportado em um

período retroativo de cinco anos e, dentre estas, 75% informaram terem realizado o processo de

forma direta, 13% de forma indireta, 9% por meio de trading companies e 3% de outras formas.

O quadro a seguir descreve os produtos exportados, bem como seus mercados e período

de ocorrência até o ano de 2005. Cabe salientar a abrangência geográfica das exportações de

luminárias residenciais e decorativas.

Produto/ Componente

Exportado

País(es) Período

Reatores,

transformadores,

ignitores e capacitores

América Latina/ África/ Argentina/ Bolívia/ Chile/

EUA/ Europa/ Paraguai/ Peru/ Portugal/ Venezuela

2000 a 2005

Luminárias residenciais

e decorativas

América Central/ América Latina/ Angola/ Argentina/

Bolívia/ Canadá/ Chile/ Equador/ Espanha/ Estados

Unidos/ Europa/ Japão/ Paraguai/ Peru/ Portugal/

Reino Unido/ Suriname/ Uruguai/ Venezuela

2000 a 2005

Luminárias Públicas América Latina/ Argentina/ Bolívia/ França/

Paraguai/ Peru

2000 a 2005

Luminárias fluorescentes Chile/ EUA 2002 a 2005

Luminárias Industriais Portugal 2004

1 Referente ao período anterior à legislação do Simples Nacional.

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Reles fotoelétricos Bolívia/ Chile/ Paraguai/ Peru/ Portugal/ Venezuela 2004 a 2005

Soquetes África/América Latina/ Europa 2003 a 2004

Vidros decorativos em

geral

Chile/ Estados Unidos/ Paraguai/ Uruguai/ Venezuela 2004 a 2005

Lâmpadas América do Sul 2000 a 2005

Ventiladores de teto Bolívia/ México/ Argentina 2003 a 2004

Visor de policarbonato Argentina 1998 a 2003

Trilhos Itália/ Paraguai 1995 a 2004

Na análise realizada, destaca-se que 18% das empresas apresentaram dificuldades no

processo de exportação, incluindo barreiras técnicas, tributárias, certificação, preço internacional

e dumping.

Por fim, apresentam-se os resultados de uma enquete, em foram identificadas as principais

barreiras à exportação.

A dificuldade de divulgação do produto é o maior empecilho para 18,5% das empresas

pesquisadas, seguido pelo conhecimento insuficiente do mercado (18%), falta de conhecimento

sobre legislação (10%), desconhecimento sobre processos aduaneiros (10%), produção

insuficiente (10%), falta de interesse (9%), alta exigência do mercado externo (9%) e preços não

competitivos (8%), conforme explicita o quadro a seguir:

Quadro 4: Principais produtos exportados por país e ano

Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (2005)

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País Produtos/ Componentes Problemas

Argentina Todas as luminárias

Luminárias fluorescentes

Barreira tributária e técnica

Burocracia no desembaraço da mercadoria pelo

importador

Estados Unidos Todas as luminárias

Diversos

Reatores

Certificação e nacionalização

Certificação

Preço internacional

Alemanha Diversos Certificação

América Latina Reatores Preço internacional

Chile Luminárias Preço não competitivo

Colômbia Luminárias Barreiras técnicas

Equador Reles e luminárias Barreiras técnicas

França Diversos Certificação

Guatemala Reles e luminárias Barreiras técnicas

Portugal Luminária pública Certificação

Venezuela Chaves, luminárias e reatores Barreira técnica

4.1.3 Contexto econômico panamenho

O Ministério das Relações Exteriores, por meio do Departamento de Promoção

Comercial, busca compilar dados geográficos, políticos, históricos e, sobretudo, econômicos

relevantes para empresários brasileiros sobre todos os países com os quais o Brasil mantém

relações diplomáticas e comerciais. Desta forma, a presente seção se baseia em dados um estudo

do MRE, pertinente a Divisão de Informação Comercial, subordinada ao DPC, denominado:

Como exportar: Panamá (2002).

O Panamá situa-se no ponto mais estreito do istmo centro-americano, contando com

portos nos dois oceanos e o único canal que liga o Atlântico ao Pacífico.

É historicamente um ponto de passagem do comércio, desde quando colônia espanhola.

Outros fatos marcantes são a independência da Colômbia, em 1903, o regime de proteção

estadunidense e a construção do Canal do Panamá, inaugurado em 1914.

A movimentação do Canal do Panamá representa hoje um contingente de,

aproximadamente, 280 milhões de toneladas/ ano.

Quadro 5: Dificuldades encontradas no processo de exportação por produto e país

Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (2005)

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Destaca-se ainda como de grande importância econômica a presença, em território

panamenho, do Centro Bancário Internacional e da Zona Livre de Colón e uma extensa rede de

serviços ligados ao transporte.

A capital, Cidade do Panamá, caracteriza-se como potência de serviços, especialmente

ligados à logística e ao sistema financeiro internacional. Devido ao acentuado volume de turismo

de negócios, possui uma infra-estrutura hoteleira muito bem estruturada. O forte crescimento do

setor da construção civil, impulsionado pelo crescimento do turismo e de serviços bancários e

aduaneiros, propiciou o codinome de Dubai Latina à Cidade do Panamá.

O Ministério das Relações Exteriores, no livro Como Exportar: Panamá, identifica uma

proximidade cultural e histórica muito grande entre Brasil e Panamá, além de uma forte

complementaridade, posto que o Brasil caracteriza-se como grande produtor agrícola, mineiro e

industrial, enquanto o Panamá é um significativo pólo de distribuição e possui um mercado

consumidor muito atrativo, dentre os padrões latino-americanos.

No ano de 2006, o PIB per capita por paridade de poder de compra panamenho figurou

entre os melhores na América Latina, com aproximadamente 9.000 dólares americanos anuais.

Ao analisar o Coeficiente de Gini do país, 56.1, com base em 2003, verifica-se que esta renda

está fortemente concentrada. Da mesma forma, o IDH figura entre os mais evoluídos do

subcontinente, com aproximadamente 0,82.

4.1.3.1 Análise econômica setorial

A construção civil foi altamente incentivada na década de 90, com suporte financeiro dos

Estados Unidos, objetivando que esta fosse a base de um largo processo de substituição de

importações. Na prática, crises políticas e financeiras impediram a efetiva implementação do

plano, mas deixou como legado uma indústria de construção civil forte e moderna, com altos

índices de crescimento desde então. A construção civil voltada para o turismo ganha destaque

desde a década de 90.

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Destacam-se ainda a indústria alimentícia, plástica e de vestuário, que possuem cotas

especiais para exportarem aos Estados Unidos, em virtude da proximidade histórica dos países.

Há, na legislação panamenha, a possibilidade de implementação de Zonas Processadoras

de Exportação, que, em geral, possuem foco no mercado estadunidense, posto que a Iniciativa

para a Bacia do Caribe oferece diversas concessões ao país.

Também o setor de serviços merece destaque, sendo que 50% do PIB são oriundos da

Zona Livre de Colón e do Canal do Panamá. Há, ainda, a forte presença de bancos internacionais,

do Centro Bancário Internacional (CBI) e do turismo.

A Zona Libre de Colón possui um funcionamento semelhante à Zona Franca de Manaus,

produzindo genericamente produtos que necessitam de componentes importados, em especial de

alta tecnologia e farmacêuticos, funcionando como pólo logístico e de montagem. Entretanto, a

zona panamenha está apoiada com um centro logístico multimodal e um centro financeiro

internacional, além do Canal do Panamá e tem sido referência em investimento estrangeiro,

especialmente estadunidense, japonês e chinês (Hong Kong e Taiwan) nos últimos anos.

A Zona Libre de Colón é a maior do hemisfério ocidental e a terceira maior do mundo,

atraindo capitais, europeus, norte-americanos e asiáticos.

4.1.3.2 Potencial em comércio exterior

O Panamá representa 11% do fluxo de mercadorias da América Central, excetuando-se o

México. A balança comercial panamenha registra déficit desde a década de 1950, demonstrando

um baixo portfólio industrial e existência de um mercado doméstico forte, propenso a consumir.

A Contraloría General de la República de Panamá (2006) aponta um volume de

importações da ordem de USD 8.461 milhões em 2006; a pauta de importações está distribuída

entre diversificados produtos, conforme expressa o gráfico seguinte:

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Da mesma forma, a origem dos produtos importados pelo Panamá está assim distribuída

entre os principais parceiros econômicos: Estados Unidos (34,3%), Colômbia (5,9%), Japão

(5,4%), Venezuela (4,2%).

É relevante salientar que a Ásia, principalmente entre Japão, China, Coréia do Sul e Tigre

Asiáticos, é a origem da maior parte dos importados panamenhos, desde 1990.

4.1.3.2.1 Promoção ao comércio exterior

O comércio exterior panamenho possui acordos bilaterais com países da América Central

e acordos de alcance parcial com países de grande relevância econômica, como Estados Unidos e

México. O Panamá também participa do Sistema Geral de Preferências, priorizando o comércio

de determinados produtos com países em desenvolvimento.

Veículos automotores

9,5% Máquinas e equipamentos

mecânicos9%

Máquinas e equipamentos

elétricos9%

Outros72,5%

Gráfico 8 – Principais produtos importados – Panamá (2006)

Fonte: PANAMÁ. Contraloría General de la República de Panamá, 2009

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É de grande relevância um acordo com os Estados Unidos, a Iniciativa da Bacia do

Caribe, em que o governo estadunidense cria concessões aduaneiras para produtos produzidos no

na região caribenha, ou nela modificados substancialmente, desde que se acresça 35% ao valor

aduaneiro importado e o insumo seja em até 15% proveniente dos Estados Unidos.

4.1.4 Relações econômicas Brasil-Panamá

Devido à grande abertura econômica panamenho, por motivos histórico-geográficos, o

país oferece grandes perspectivas aos exportadores brasileiros, em especial por ser um grande

centro de distribuição para América Central, por possuir um governo que demanda muitos

produtos e, em especial para área de iluminação, por se tratar de um país em que a construção

civil encontra-se em franco desenvolvimento. A taxa média de crescimento qüinqüenal das

exportações brasileiras para aquele país, segundo o MDIC, situa-se no patamar de 12%.

4.1.5 Acesso ao mercado

A classificação aduaneira de mercadorias no Panamá rege-se pela Nomenclatura do

Sistema de Cooperação Aduaneira e possui, 21 seções, em que se distribuem 99 capítulos,

abrangendo, aproximadamente, 5 mil itens.

Toda a mercadoria que entra em território panamenho é gravada de um imposto único,

que varia de acordo com a classificação do produto. Pode ser ad valorem ou específico por

unidades de medida.

A política de importação caracteriza-se pela simplicidade, visto que há interesse

governamental nas importações, além de não existir empecilhos cambias, pois a moeda local é

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factualmente o dólar americano2. Ademais, para uma empresa panamenha importar produtos, é

somente necessária uma Licença Comercial, expedida pelo Ministério de Comércio e Indústrias.

4.1.5.1 Procedimentos burocráticos

A aduana panamenha exige, para fins de ingresso de mercadoria em seu território os

seguintes documentos: Declaração de Importação, Fatura Comercial, Fatura Consular,

Conhecimento de Embarque, Certificado de Paz y Salvo (equivalente a certificado de negativa de

débitos), lista de romaneio, licença (em casos necessários).

Previamente ao embarque, deverá ser apresentado, a um consulado panamenho no Brasil,

a documentação exigida para análise, com um custo que varia, de acordo com o valor da

mercadoria, entre USD 10.00 e USD 75.00.

Quanto às autorizações de importação, variam de acordo com a classificação da

mercadoria, sendo que abrangem principalmente questões fitossanitárias, e compreendem os

seguintes órgãos governamentais: Departamento de Farmacias, Drogas y Alimentos, Ministerio

de Salud, Ministerio de Desarrollo Agropecuario, Instituto Panameño de Comercio Exterior e

Ministerio de Comercio e Industrias.

4.1.5.2 Eventos de interesse

Entre os eventos de interesse, destaca-se a Bello Hogar, principal feira de movelaria e

decoração, com periodicidade anual, que ocorre na Cidade do Panamá, reunindo centenas de

expositores, procedentes da América, Europa e Ásia e importadores panamenhos, bem como as

grandes empresas panamenhas da construção civil e as incorporadoras de hotéis e resorts.

(BELLO HOGAR)

2 A moeda oficial, o Balboa, possui paridade cambial com dólar estadunidense, sendo que o dólar é a moeda corrente

no comércio panamenho.

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4.2 DESCRIÇÃO DA EMPRESA, CONTEXTO E ANÁLISES PRELIMINARES

4.2.1 Descrição da empresa

A Bella Luminárias é uma empresa industrial de pequeno porte, situada no município de

São José, Santa Catarina; existe há doze anos e, neste período, adotou diversas estratégias de

inserção no mercado, inicialmente de forma regionalizada e, posteriormente, no mercado

nacional.

A empresa atua no setor de iluminação decorativa contemporânea, desenvolvendo

parcerias com empresas especializadas e suprindo necessidades especiais do setor. Dentre as

diversas coleções e lançamentos, a empresa sempre primou por oferecer uma alta diferenciação,

ofertando o maior número possível de opções para cada modelo. Isso vai ao encontro de diversos

varejistas que necessitam de peças exclusivas e diferenciais para determinados projetos e clientes

específicos.

A empresa possui aproximadamente 750 itens em seu portfólio, excluindo-se possíveis

variações de cor e acabamento, e atua basicamente em três segmentos, dentro do nicho de

iluminação contemporânea, a saber:

a) lojas de iluminação decorativa, em que os produtos mais vendidos são pendentes e plafons;

b) lojas de móveis e objetos, em que os produtos mais vendidos são colunas e abajures;

c) incorporadoras e construtoras da rede hoteleira, em que se destacam os itens arandelas e

pendentes.

Como estratégias de inserção, a empresa se vale da participação em feiras específicas

voltadas para determinados nichos de mercado (móveis, objetos, iluminação, hotelaria), além de

mídia impressa e digital.

Com a variação cambial nos últimos anos, a empresa viu a necessidade de focar-se em lojas

cujo perfil é atender clientes de maior poder aquisitivo, visto que já não era possível concorrer

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com os produtos mais comuns oriundos da importação, em especial asiática. Isso alterou

profundamente a estrutura da empresa, reduzindo número de colaboradores e de clientes, ao

passo que o valor agregado em cada produto cresceu substancialmente. Para manter o

funcionamento da empresa diante de possíveis ups and downs do mercado, adotou-se uma

estratégia de terceirização.

O número de clientes, em um portfólio de 1200 empresas, com compra regular caiu de 250

para aproximadamente 80, em contrapartida, o valor de faturado por cliente teve expressivo

crescimento e, ainda, as compras se tornaram mais regulares, passando a haver uma fidelização e

independência das compras em relação à participação em feiras e eventos.

Objetivando mapear o perfil de clientes no mercado doméstico, foi classificado o perfil de

clientes, a partir do cadastro da empresa. A classificação deu-se por número de empresas, não

correlacionando o volume faturado por perfil de empresa.

Ainda concernente ao perfil de clientes da empresa, buscou-se um levantamento

geográfico das vendas por meio da análise das 500 notas fiscais mais recentes da empresa, em

fevereiro de 2009, conforme apresenta o próximo gráfico. Salienta-se que almejando a

privacidade da organização, os dados não foram correlacionados com valores faturados.

33%

49%

4%

14%Microempresas

Empresa Pequeno Porte

Grandes empresas

Rede hoteleira

Gráfico 9 – Composição do portfólio de clientes da empresa

Fonte: Bella Luminárias (2009)

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Quanto ao mercado externo, a empresa foi diversas vezes contatada em feiras e eventos

por compradores internacionais, mas tendo em vista a carência de alguém dedicado e

especializado em atender os clientes internacionais, cujo atendimento deve ser diferenciado,

somado a um mercado interno aquecido, fez com que a empresa realizasse poucas exportações.

Os países para os quais foram exportados os produtos da Bella Luminárias são: França, Espanha,

Estados Unidos, Argentina, Colômbia, Paraguai e Inglaterra, conforme expressa o quadro a

seguir. Cabe salientar que todas as exportações foram constituídas de pequenos lotes, via

terceiros ou do serviço Exporta Fácil, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.

País Localidade Ano

França Paris 1999

Espanha Barcelona 2001

Estados Unidos Miami, FL 2003

Estados Unidos Reno, NV 2004

Argentina Córdoba 2004

Colômbia Bogotá 2004

SP16%

RS23%

SC24%

PR9%

RJ3%

RN6%

BA4%

MA2%

AM1%

GO2%

DF1%

CE1%

MG3%

MT2%

MS2%

Outros1%

Gráfico 10 – Distribuição geográfica de vendas da empresa

Fonte: Bella Luminárias (2009)

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Paraguai Asunción 2005

Inglaterra East Yorkshire 2005 (2)

4.2.2 Definição do produto alvo da análise

Os dados da Secretaria de Comercio Exterior de Panamá, fornecidos pela Embajada de

Brasil en Panamá demonstram que o maior responsável pela importação de produtos de

iluminação decorativa no Panamá é a o setor hoteleiro. Nesse sentido, buscou-se apontar um

produto específico para análise de viabilidade de inserção. Desta forma, avaliou-se os seguintes

critérios: possibilidade de alavancar um preço competitivo no mercado-alvo, capacidade de

compactação do produto embalado para transporte, possibilidade de adaptação aos valores e

cultura local.

Para a definição dos produtos com potencial de serem exportadas foi analisada a

experiência da empresa, as necessidades e potenciais do mercado-alvo, além da capacidade de

reduzir o preço do produto, diante de um maior valor agregado.

As experiências passadas de exportação, embora antigas, demonstram que a melhor opção

é restringir o número de itens (a empresa possui mais de 750 itens em tabela, sendo que para cada

um há uma vasta possibilidade de cores e possíveis alterações nas medidas) e escolher peças de

menor volume.

Com base na análise do setor de hotelaria panamenho, realizado por meio de acesso aos

sites dos maiores hotéis e resorts, registrados e classificados pela ATP, definiu-se um perfil de

consumo como moderno, evitando cores vibrantes, utilizando muitos detalhes em metal cromado

e madeira. Importante salientar o vínculo gerencial constatado entre as maiores empresas

investidoras, incorporadoras e administradoras de hotéis e resorts com os Estados Unidos e

Europa, visto que grande parte dessas empresas são constituídas de capital essencialmente norte-

americano e situadas naquele país, em especial na Flórida, conforme aponta o tomo 5 deste

trabalho.

Quadro 6: Países para onde a empresa exportou

Fonte: Bella Luminárias (2009)

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Dentre o portfólio da empresa, foi analisada a capacidade de reduzir o custo do produto a

partir do preço de venda exercido no mercado interno e nas experiências de negociação com

empresas hoteleiras que exigem um valor diferenciado na aquisição de quantidades maiores de

produtos, em geral possível pela economia de escala. O critério de análise nesse aspecto

constitui-se na possibilidade de diminuição em 20% no valor de oferta produto para compras

acima de 50 unidades, sem abrir mão da lucratividade na negociação. Essa análise identificou que

a linha de pendentes, plafons e arandelas têm um potencial menor de redução do custo, sendo,

desta forma, a priori, descartada para um o objetivo deste trabalho, a definição da viabilidade da

negociação com a rede hoteleira panamenha.

Diante de tal contexto, ao analisar o portfólio de produtos mais recentes da empresa

(catálogo de lançamentos 2009), definiu-se que seria mais viável examinar o item abajur no

portfólio da empresa, por ser de volume menor, maior valor agregado, podendo ser mais

competitivo no ambiente de negociação internacional. Ainda, dentro da coleção de abajures,

Figura 1 – Produto selecionado para análise

Fonte: Bella Luminárias (2009)

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excluiu-se todos os produtos em que a fragilidade foi tida como elevada, ou seja, produtos que

utilizam, por exemplo, cristal ou cerâmica. Esta decisão foi tomada não por julgar a embalagem

da empresa inapropriada, mas sim tendo em vista a baixa experiência da empresa com transporte

internacional.

Por fim, ao se analisar os valores e cultura local, tomando a necessidade de especificar um

produto único para realizar uma análise mais consistente de viabilidade de exportação, foi

avaliado como mais adequado ao mercado panamenho o produto 380, na cor L7.

4.2.3 Definição de possíveis compradores

A análise de possíveis compradores deu-se por meio de pesquisa junto à Secretaria de

Comercio Exterior de Panamá, órgão governamental do Panamá, em que foram elencados as

maiores redes de resorts e hotéis panamenhos, sendo que para critério de análise valeu-se do

tamanho dos empreendimentos; a citar, área construída, número de quartos e empregados; bem

como, o perfil de hóspedes, prioritariamente o turismo de negócios e de férias familiares, além da

localização no Panamá, tendo como prioridade a Cidade do Panamá, que apresenta índices de

crescimento muito elevados, em virtude de maciços investimentos centros de férias, turismo de

negócios, serviços bancários e shoppings internacionais, sendo conhecida como Dubai Latina. O

índice de ocupação hoteleira da Cidade do Panamá é o segundo mais elevado no mundo, como

expressa o gráfico a seguir, elaborado com base na pesquisa Top Tourism Performers 2008,

divulgada pela Organização Mundial de Turismo, em sua publicação UNWTO World Tourism

Barometer em sua edição de Outubro de 2008.

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Os dados avaliados em referência aos hotéis e resorts foram obtidos junto à Autoridad de

Turismo Panamá, ATP, e encontram-se no item 4.3, Pesquisa para identificação de possíveis

compradores.

Como síntese do raciocínio empregado na avaliação da possibilidade de inserção no

mercado panamenho, os quadros abaixo identificam os pontos de maior relevância detectados,

conforme já descrito anteriormente, apresentados como pontos fortes e pontos fracos.

Bella Luminárias: capacidade de inserção no mercado externo

Pontos Fracos Pontos Fortes

Porte pequeno Versatilidade de produtos

Área comercial não preparada para

contatos com importadores

Presença geográfica significativa no

mercado nacional

Não possui website em idioma estrangeiro Abertura para investimento em

publicidade

Produção dependente de terceirização Alto valor agregado, com boas margens

para negociação

83,50% 84,00% 84,50% 85,00% 85,50% 86,00% 86,50%

Perth (Austrália)

Panamá City

Dubai

Perth (Austrália) Panamá City Dubai

Ocupação média 2008 86,10% 84,70% 84,50%

Gráfico 11 – Maiores taxas médias de ocupação hoteleira por cidade (2008)

Fonte: Tourism Barometer, OMT (2009)

Quadro 7 – Capacidade de inserção da empresa no mercado externo

Fonte: Dados de pesquisa (2009)

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Panamá: aceptividade mercadológica para produtos de iluminação

contemporânea

Pontos Fracos Pontos Fortes

Presença de similares importados Alta atratividade ao turismo de lazer e

negócios

Varejo de iluminação contemporânea de

pouca representatividade

Setor hoteleiro bem estruturado com

grandes companhias presentes

Consumo doméstico relativamente baixo

(pequena população)

Facilidade logística para importação

Apesar de crescente, relação comercial

relativamente baixa com o Brasil

Concentração geográfica na Cidade do

Panamá

4.2.4 Análise das necessidades de adequação na empresa para exportar

Na perspectivas de fazer frente a possíveis exigências dos compradores, foi realizada in

loco uma análise do produto e da estrutura da empresa, averiguando as adequações prévias para

exportação. Como referência para comparação, avaliou-se algumas peculiaridades apontadas por

Nogueira (2006) quanto a problemas enfrentados no processo de negociação de exportação.

4.2.4.1 Embalagem

A empresa possui embalagem padronizada com logomarca, mas faltam informações

técnicas (W máxima por soquete, temperatura de cor mais indicada para cada estampa, tipo de

soquete). Devido à vasta gama de informações pertinentes a cada produto, sugere-se colocar uma

etiqueta com informações, pois a variedade de itens impede a impressão na caixa.

Visando o processo de estufagem de contêiner e a cadeia de transportadores envolvidos no

processo de exportação, sugere-se que a empresa proceda a unitização da carga, por meio de

cintas, plásticos tipo stretch e pallets. No que tange à embalagem primária, a empresa já adota o

uso de plástico bolha, lacre e isopor.

4.2.4.2 Código de barras

Quadro 8 – Aceptividade do mercado panamenho para produtos de iluminação contemporânea

Fonte: Dados de pesquisa (2009)

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A empresa adquiriu recentemente uma etiquetadora e está realizando o cadastramento dos

produtos por meio de código de barra, exigência de alguns compradores. Desta forma, será

possível suprir a demanda de identificação de produtos a ser explicitada pelo importador.

4.2.4.3 Adequações legais

A empresa não está cadastrada no Siscomex, pois todas as exportações realizadas foram

por meio de terceiros. Desta forma, caberá, a partir seu registro no no RADAR (Registro e

Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros), para tanto, a documentação deverá ser

entregue na Receita Federal, na jurisdição onde a sua empresa possui matriz. A partir do registro

no Radar, a empresa poderá indicar o titular para cadastro de senha no Siscomex e sua

conseqüente utilização. Para tanto, também se faz necessária, junto à Secretaria de Comércio

Exterior (SECEX), o Registro de Exportador e Importador (REI). A partir do cadastro no

Siscomex, a empresa estará apta a processar suas exportações junto à Receita Federal e a Aduana,

procedendo às devidas declarações e despacho aduaneiro.

Cabe salientar que as exportações em valores inferiores a USD 20,000.00, podem se valer

do Registro de Exportação Simplificado e da Declaração Simplificada de Exportação. Da mesma

forma, o contrato de câmbio poderá ser mais simples, o chamado Contrato de Câmbio

Simplificado (SIMPLEX), que reduz de 16 para 5 os dados a serem fornecidos ao banco pelo

exportador.

Segundo informado pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), em sua Consolidação

das Portarias da SECEX, Título III da Portaria Secex no.36, de 22.11.2007 não há anuência

prévia para o NCM 9405.20.00, sendo que da mesma forma, este é uma considerado uma

Exportação Livre, sem suspensão ou proibição.

4.2.4.4 Adequações técnicas

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70

Os órgãos regulatórios para o setor elétrico panamenho, conforme informa o Ministerio de

Comercio e Industrias estipula as normas técnicas referente a eletricidade de baixa tensão e o

Ministerio de Vivenda estipula regras elétricas para construção civil. No quadro subseqüente

estão compilados os dados de relevância para o produto em estudo.

Norma referente a Especificação

Tensão elétrica 110V

Freqüência da corrente elétrica 60 Hertz

Modelo de soquete E-14 (americano)

Modelo de plug NEMA3 1-15 OU NEMA 5-15

Fixador de cúpula NEMA

4.2.5 Classificação fiscal da mercadoria

A Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) prevê, em seu Capítulo 94, no item 94.05,

todos os aparelhos de iluminação (incluídos os projetores) e suas partes, não especificados nem

compreendidos em outras posições; anúncios, cartazes ou tabuletas e placas indicadoras

luminosos, e artigos semelhantes, contendo uma fonte luminosa fixa permanente, e suas partes

não especificadas nem compreendidas em outras posições.

Dentre os produtos compreendidos pelo item 94.05, encontra-se a mercadoria definida

como abajures de cabeceira, de escritório e lampadários de interior, elétricos; objeto definido

neste trabalho como produto-alvo para análise de inserção no mercado panamenho, que se

encontra classificado, desta forma, pelo NCM 9405.20.00. Não há restrições à exportação deste

produto, tampouco incidência de Imposto sobre Exportação no mesmo.

3 National Electrical Manufacturers Association (NEMA) é o órgão regulador de normas técnicas para eletricidade

residencial nos Estados Unidos.

Quadro 9: Normas técnicas para iluminação residencial no Panamá

Fonte: Dados de pesquisa (2009)

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71

4.2.6 Análise da viabilidade financeira da exportação

Um dos objetivos do presente trabalho é detalhar para a empresa alvo da pesquisa se a

exportação para o mercado panamenho é vantajosa. Apesar da necessidade de contato com

possíveis importadores e análise de produtos similares no mercado panamenho, aqui foi avaliada

a rentabilidade de uma possível exportação em comparação com o preço exercido no mercado

nacional. Nesse sentido, foram analisados dois cenários, um com o preço exercido pela empresa

no mercado nacional para um venda em quantidades menores de 50 unidades e para um segundo

cenário para quantidades acima da referida.

A presente análise se baseia na dedução de custos referentes apenas ao mercado interno e

a agregação de custos que se restringem ao mercado externo e os indicadores provenientes desta

relação.

Para fins elucidativos, foram elaboradas as seguintes fórmulas, no intuito de avaliar se o

efetivo preço de exportação é competitivo ou não em relação ao exercido no mercado interno. A

primeira aponta o preço de exportação em dólares norte-americanos, aqui denominado α, a partir

da modalidade FOB. A segunda explicita a razão entre o preço de exportação e o preço exercido

no mercado interno para o qual foram elaborados parâmetros de avaliação.

Também no intuito de elucidação, apresentam-se os custos relativos ao preço CIF, com

base no programa Exporta Fácil, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT), em

parceria com o MDIC. Deve-se considerar que a empresa optante por este serviço não tem

necessidade de registro prévio no SISCOMEX e no REI; da mesma forma, a Declaração

Simplificada de Exportação e o formulário de postagem (AWB) são emitidos na agência dos

correios, durante a remessa. Os fatores restritivos são valor de exportação inferior a USD

50,000.00 e peso máximo de 30 quilogramas. Como o a EBCT restringe a remessa a cobrar e

inclui o seguro obrigatório em serviço, as remessas deverão ser cotadas como CIF.

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É conveniente salientar que, conforme elucidado das análises de cenário a seguir, o valor

de não poderá afirmar se a exportação é viável ou inviável, mas oferecerá parâmetros de

valores a ser ofertado o produto, bem como identificará se há margem para ceder no preço

durante uma eventual negociação com o importador; a viabilidade de exportar depende da

disposição dos negociantes, bem como de seus interesses, possibilidades e condições de mercado.

Outro fator passível de destaque é que o dólar norte-americano é a moeda de facto no

Panamá, auxiliando em uma possível comparação que venha a ser feita em relação a produtos

similares naquele país.

Em que:

α: Preço de exportação em dólares norte-americanos Pint: Preço exercido no mercado interno CEint: Custo exclusivo do mercado interno CEextFOB: Custo exclusivo do mercado externo na modalidade FOB

: Taxa cambial do dólar

Em que:

β: relação entre preço interno e para exportação α: Preço de exportação em dólares norte-americanos Pint: Preço exercido no mercado interno

: Taxa cambial do dólar 4

Para a segunda fórmula, a resultante é um coeficiente que segue o seguinte parâmetro de

avaliação:

β ≥ 1: preço de exportação menos competitivo ou equivalente ao exercido no mercado doméstico

β < 1: preço de exportação mais competitivo que o exercido no mercado doméstico

4.2.6.1 Análise do cenário 1 – Base no preço de venda para 1 unidade no mercado doméstico

4 Adotou-se cotação do dólar de R$ 2,10.

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O cenário 1 aponta valores referentes ao preço de venda de uma quantidade entre 1 e 49

peças, de acordo com a tabela exercida pela empresa, do produto-alvo de análise, LM 380, L7.

Quanto aos componentes do preço de venda no mercado externo foram avaliadas as

condicionantes de venda FOB e CIF. Preço de venda no mercado interno: R$ 195,00

Componentes de preço restrito ao mercado interno

Fator incidente Valor ou percentual Valor final

(-) PIS5 0,23% R$ 0,4485

(-) ICMS 2,33% R$ 4,5435

(-) COFINS 0,95% R$ 1,8525

(-) IPI 0,00% R$ 0,00

(-) Embalagem de mercado

interno

R$ 3,45 R$ 3,45

(-) Comissão de

representantes

7,00% R$ 13,65

(-) Despesas de

distribuição no mercado

interno

R$ 0,00 R$ 0,00

Subtotal a economizar R$ 23,94

Componentes de preço restrito ao mercado externo

Fator incidente Valor ou percentual Valor final

(+) Embalagem para

mercado externo

R$ 3,45 R$ 3,45

(+) Embalagem para

transporte internacional

R$ 6,50 R$ 6,50

(+) Transporte interno R$ 3,00 R$ 3,00

(+) Desembaraço

aduaneiro na exportação

R$ 0,00 R$ 0,00

(+) Despesas portuárias ou

aeroportuárias

R$ 0,00 R$ 0,00

(+) Aluguel de contêiner R$ 0,00 R$ 0,00

(+) Transporte do contêiner

ao costado do navio

R$ 0,00 R$ 0,00

(+) Carga, descarga e R$ 0,00 R$ 0,00

5 Valores de PIS, ICMS, COFINS e IPI obtidos em acordo com a categoria do Simples Nacional em que a empresa

se enquadra.

Fonte: Dados da pesquisa (2009)

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74

estadia da carga

Capatazia e taxas

portuárias

R$ 0,00 R$ 0,00

(+) Diferença de custos

para utilização do material

elétrico em conformidade

com normatização

panamenha6

R$ 3,12 R$ 3,12

Subtotal a despender na

modalidade FOB

R$16,07

(+) Frete internacional R$ 34,007 R$ 34,00

(+) Seguro internacional R$ 0,00 R$ 0,00

Subtotal a despender na

modalidade CIF

R$ 50,07

Análise:

O preço sugestivo de exportação no cenário 1, fazendo frente aos custos da empresa é e

USD 89,10. O coeficiente β é de 0,96, indicando que a exportação é mais competitiva do que a

venda do produto do mercado. Cabe considerar que o valor efetivo de exportação cabe ao

processo de negociação e análise de mercado, entretanto, tem-se uma análise positiva quanto à

viabilidade financeira em exportar.

4.2.6.2 Análise do cenário 2 – Base no preço de venda para quantidade superior a 50

unidades no mercado doméstico

O cenário 2 aponta valores referentes ao preço de venda de uma quantidade superior ou

equivalente a 50 peças, de acordo com a tabela exercida pela empresa, do produto-alvo de

análise, LM 380, L7. Quanto aos componentes do preço de venda no mercado externo foram

avaliadas as condicionantes de venda FOB e CIF. Preço de venda no mercado interno: R$ 165,00

6 Concerne ao diferencial no custo do soquete, plug e suporte de fixação da cúpula, conforme pesquisa apontado no

item 5.4.4. 7 Valor simulado no Exporta Fácil, com base em 400 g, cubagem de 11,25 Kg para entrega na Cidade do Panamá,

com seguro obrigatório incluído.

Fonte: Dados da pesquisa (2009)

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Componentes de preço restrito ao mercado interno

Fator incidente Valor ou percentual Valor final

(-) PIS 0,23% R$ 0,3795

(-) ICMS 2,33% R$ 3,8445

(-) COFINS 0,95% R$ 1,5675

(-) IPI 0,00% R$ 0,00

(-) Embalagem de mercado

interno

3,45 R$ 3,45

(-) Comissão de

representantes

7,00% R$ 11,55

(-) Despesas de

distribuição no mercado

interno

R$ 0,00 R$ 0,00

Subtotal a economizar R$ 20,79

Componentes de preço restrito ao mercado externo

Fator incidente Valor ou percentual Valor final

(+) Embalagem para

mercado externo

R$ 3,45 R$ 3,45

(+) Embalagem para

transporte internacional8

R$ 3,50 R$ 3,50

(+) Transporte interno

(+) Desembaraço

aduaneiro na exportação

R$ 0,00 R$ 0,00

(+) Despesas portuárias R$ 0,00 R$ 0,00

(+) Aluguel de contêiner R$ 0,00 R$ 0,00

(+) Transporte do contêiner

ao costado do navio

R$ 0,00 R$ 0,00

(+) Carga, descarga e

estadia do contêiner

R$ 0,00 R$ 0,00

Capatazia e taxas

portuárias

R$ 0,00 R$ 0,00

(+) Diferença de custos

para utilização do material

elétrico em conformidade

com normatização

panamenha

R$ 3,12 R$ 3,12

Subtotal a despender na R$ 10,07

8 Referente ao custo unitário de embalagem para 50 peças, em dois lotes de 25.

Fonte: Dados da pesquisa (2009)

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modalidade FOB

(+) Frete internacional9 R$ 7,90 R$ 7,90

(+) Seguro internacional R$ 0,00 R$ 0,00

Subtotal a despender na

modalidade CIF

R$ 17,97

Análise:

O preço sugestivo de exportação no cenário 2, fazendo frente aos custos da empresa é e

USD 73,46. O coeficiente β é de 0,93, indicando que a exportação é mais competitiva do que a

venda do produto do mercado. Houve um ganho de competitividade em comparação ao cenário 1,

apesar da queda do preço unitário da ordem 15% em virtude da quantidade negociada.

Cabe considerar que o valor efetivo de exportação cabe ao processo de negociação e

análise de mercado, entretanto, tem-se uma análise positiva quanto à viabilidade financeira em

exportar. Ainda, salienta-se que a empresa poderá reduzir os custos de exportação; os valores

aqui apresentados são meros referenciais de mercado.

4.3 PESQUISA PARA IDENTIFICAÇÃO DE POSSÍVEIS COMPRADORES

A pesquisa realizada, com base no banco de dados da Autoridad de Turismo Panamá,

com auxílio da Embajada de Brasil en Panamá, apontou os maiores grupos de resorts

panamenhos com foco em turismo familiar, focalizado na região da Ciudad de Panamá, tendo em

vista ser o centro financeiro, comercial e de serviços do país e apontada como a segunda cidade

com maior índice de ocupação hoteleira em 2008, segundo apontamento da Organização Mundial

do Turismo, conforme apontado no item 4.2.3.

Como critério qualificador de análise, foram desconsiderados os empreendimentos

hoteleiros cujo número de quartos é inferior a 80. Não houve distinção entre grupos investidores

9 Valor unitário simulado no Exporta Fácil para dois lotes de 25 peças, pesando 27 Kg cada para entrega na Cidade

do Panamá, com seguro obrigatório incluído.

Fonte: Dados da pesquisa (2009)

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77

com capital panamenho ou estrangeiro.

Por fim, salienta-se que os dados apresentados para contato são da matriz ou da

administradora do empreendimento, tendo em vista que nem sempre se encontram no território

panamenho. Em havendo possíveis contatos com escritórios no Brasil, os mesmos foram citados.

Empresa

Starwood Vacation Ownership Inc Atividade

Incorporadora e administradora de hotéis e

resorts

Distribuição geográfica

Havaí, Caribe, América Central,

Colorado, Arizona e Nevada

Atuação no Panamá

Le Méridien, Sheraton, Four Points,

Westin

Endereço

9002 San Marco Court, Orlando, FL

32819

United States

Homepage

http/www.starwoodvacationownership.com

Telefone

+1 (407) 903-4312 Contato

Empresa

Wyndham Vacation Resorts Atividade

Incorporadora e administradora de resorts

Distribuição geográfica

Estados Unidos, Canadá, Austrália,

Caribe, América Central e Nova Zelândia

Atuação no Panamá

Bluebeard’s, Elysian, Wyndham Grand

Resort

Endereço

8427 SouthPark Circle, Suite 500

Orlando, FL 32819

United States

Homepage

https://www.wyndhamvacationresorts.com

Telefone

Contato

Empresa

Operadora Hoteles Grand S.A de C.V. Atividade

Incorporadora e administradora de hotéis

e resorts

Distribuição geográfica

América Central, Caribe e México Atuação no Panamá

Avalon

Endereço

735 SE 20th Ave

Deerfield Beach, FL 33441

United States

Homepage

http://www.avalonvacations.com/

Telefone Contato

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78

+1 954-427-6611

Empresa

Boquete Garden Inn Atividade

Hotelaria

Distribuição geográfica

Panamá Atuação no Panamá

Boquete Garden Inn

Endereço

Palo Alto s/ nº, Boquete

Republic of Panama

Homepage

http://www.boquetegardeninn.com/

Telefone

011 (507) 720-2376 Contato

[email protected]

Empresa

The Causeway Atividade

Hotelaria e empreendimentos turísticos

Distribuição geográfica

Panamá Atuação no Panamá

Amador Ocean View e The Causeway

Endereço

Isla Perico

ZIP 550555

Republica de Panamá

Homepage

http://www.amadoroceanview.com/

Telefone

(507) 314-3333/ 3314 Contato

[email protected]

Empresa

Las Vegas Hotel Suites Atividade

Hotelaria (apart-hoteis)

Distribuição geográfica

Panamá, Costa Rica Atuação no Panamá

Las Vegas Hotel

Endereço

Calle Eusebio Morales

El Cangrejo, Panamá

Republica de Panamá

Homepage

http://www.lasvegaspanama.com/

Telefone

+507 300-2020 Contato

[email protected]

[email protected]

Empresa

The Buccaneer Atividade

Administradora de resorts

Distribuição geográfica

US Virgin Islands e Panamá Atuação no Panamá

The Buccaneers Resort

Endereço

Isla Carenero, Bocas del Toro Homepage

http://www.bocasbuccaneer.com/

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79

Republica de Panamá

Telefone

507-757-9042 Contato

[email protected]

Empresa

Bay View Resort Atividade

Administradora de resorts

Distribuição geográfica

Panamá Atuação no Panamá

Bay View

Endereço

El Pamar, San Carlos

Republica de Panamá

Homepage

http://www.bayviewelpalmar.com/

Telefone

507 240 9621 Contato

[email protected]

Empresa

Coronado Atividade

Administração de resorts e campos de

golfe

Distribuição geográfica

Panamá Atuação no Panamá

Coronado Golf & Beach Resor

Endereço

Ave. Punta Prieta Coronado, Panama

Republica de Panama

Homepage

http://www.coronadoresort.com/

Telefone

(507) 264-3164

Contato

[email protected]

Empresa

InterContinental Hotels Group Atividade

Incorporadora e administradora de hotéis

e resorts

Distribuição geográfica

Canadá, Estados Unidos, Caribe, América

Latina, África, Europa, Oriente Médio,

Ásia, Austrália e Pacífico Sul (Oceania)

Atuação no Panamá

Crowne Plaza, HolidayInn,

Intercontinental e Intercontinental Resort

(Playa Bonita)

Endereço

Americas office InterContinental Hotels Group

3 Ravinia Drive

Suite 100

Atlanta, Georgia 30346-2149

United States

Homepage

http://www.ichotelsgroup.com/

http://www.ihgplc.com/ Corporativo

Telefone

+1 770 604 2000 Contato

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80

Empresa

Marriott International, Inc. Atividade

Incorporadora e administradora de hotéis,

resorts e spas

Distribuição geográfica

América do Norte, Caribe, América

Latina, África, Europa, Oriente Médio,

Ásia e Oceania

Atuação no Panamá

Marriott, Courtyard

Endereço

Marriott International, Inc.

10400 Fernwood Road

Bethesda, MD 20817

Homepage

http://www.marriott.com/

Telefone

+1 (301) 380-3000

+1 (301) 380-2340 Divisão para América

Latina e Caribe

Contato

Empresa

Plaza Paitilla Inn Atividade

Hotelaria e turismo

Distribuição geográfica

Panamá Atuação no Panamá

Plaza Paitilla Inn

Endereço

Via Italia, Punta Paitilla, Panamá

Box 0816- 06579, Zona 5

Republica de Panamá

Homepage

http://www.plazapaitillainn.com/

Telefone

507 208 0600 Contato

[email protected]

Empresa

Bristol Group Atividade

Hotelaria

Distribuição geográfica

Europa, Américas, Ásia, Oceania Atuação no Panamá

Bristol Panama, Bristol Buenaventura

Endereço

Avenida Aguilino De La Guardia

P.O. Box 835-542, Zona 10, Panamá,

Panama

Homepage

http://www.thebristol.com/

Telefone

507.265.7829 Contato

[email protected]

Empresa

Carlson Hotels Atividade

Incorporadora e administradora de hotéis

e resorts

Distribuição geográfica

Estados Unidos, Canadá, Panamá e Reino Atuação no Panamá

Country Inns & Suites by Carlson Panama

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81

Unido e Country Inns & Suites by Carlson

Panama Canal

Endereço

Blvd El Dorado Calle 23 1/2b N

Panama City, 8001

Homepage

http://www.countryinns.com/

Telefone

(507) 300-3700 Contato

Empresa

Radisson Hotels & Resorts Atividade

Incorporadora e administradora de hotéis

e resorts

Distribuição geográfica

América do Norte, Europa, Caribe e

Oceania

Atuação no Panamá

Radisson Decapolis

Endereço

Avenida Balboa-Multicentro, s/ nº

Panama City, Panama

0833-0293

Homepage

http://www.radisson.com/panamacitypan

Telefone

+507-215-5000 Contato

[email protected]

Empresa

Crystal Suites Atividade

Incorporadora e administradora de hotéis

e resorts

Distribuição geográfica

América do Norte, Europa, Caribe e

Oceania

Atuação no Panamá

Crystal Suites Hotel

Endereço

Vía Brasil y Avenida Samuel Lewis,

Panamá, Rep. de Panamá.

Homepage

http://www.crystalsuites.com/

Telefone

(507) 263-2644 Contato

[email protected]

Empresa

El Panama Atividade

Incorporadora e administradora de hotéis,

resorts e cassinos

Distribuição geográfica

Panamá Atuação no Panamá

El Panama

Endereço

Via España 111

Panama City, Panama

Homepage

http://www.summithotels.com/

Telefone

(507) 215 9000 Contato

Escritório Corporativo Brazil

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82

Av. Nações Unidas, 12551

9th and 17th Floors

Sao Paulo, SP, Brasil 04578-000

Tel: +55 11 3568 2046

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83

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente trabalho, todos os objetivos estabelecidos foram concretizados ao longo do

desenvolvimento, tendo em vista ser uma análise preliminar para exportação de luminárias

decorativas para o mercado panamenho.

Nesse sentido, foi prospectado o cenário econômico panamenho, focalizando o setor

hoteleiro como o mais receptivo ao perfil de produtos ofertados pela empresa. Descreveu-se,

ainda, o perfil comercial panamenho, de sorte que a empresa esteja apta, no que tange a

conhecimento mercadológico, a uma futura negociação de exportação.

No mesmo âmbito, foi prospectado o histórico da empresa, bem como sua inserção no

mercado brasileiro, o perfil de seus clientes. Também foi abordada a estruturação do setor de

iluminação no Brasil. Para viabilizar uma análise mais profunda, foi definido, perante critérios

classificatórios, um item do portfólio da empresa para realização de simulações financeiras de

exportação.

Cumprindo, ainda, os objetivos propostos neste trabalho, foi apresentada uma listagem

com os maiores grupos hoteleiros, selecionados criteriosamente, provenientes de pesquisa junto

ao órgão responsável pelo turismo naquele país. Para todo o grupo de investidores estrangeiros,

foi buscado, por meio de pesquisa, o contato diretamente com os headquarters, facilitando um

possível contato com as empresas.

Primando por um trabalho mais consistente, foi apresentada a documentação necessária

para a empresa exportar, bem como sugestões dos canais de exportação mais acessíveis. Um

relação das alterações técnicas necessárias para a entrada do produto no mercado panamenho foi

apresentada, bem como seus referentes custos. Por fim, a cunho de demonstração de viabilidade

financeira em exportar, apresentou-se um estudo que aponta os custos e os benefícios da

exportação, simulando que, não considerando uma análise de competitividade no mercado-alvo,

exportar é financeiramente vantajoso para a empresa em se mantendo seu markup.

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84

Houve, indubitavelmente, fatores que dificultaram os resultados desta pesquisa, cabendo

destacar a falta de informações disponibilizadas pelos órgãos representativos comerciais e

governamentais da República do Panamá no Brasil. Da mesma forma que o mercado escolhido,

apesar de próspero, é pequeno em termos populacionais, sendo difícil encontrar pesquisas

prévias que servissem de embasamento para o presente trabalho. Por fim, coube a necessidade de

um grande discernimento dos dados referentes ao Panamá, tendo em vista este ser um país de

grande importância logística, que conta com zonas exclusivas de importação para reexportação,

sendo que, em muitos casos, os dados referentes às importações daquele país não concerniam à

realidade do consumo do mercado interno.

Na crença de que todas estas dificuldades são superáveis, conseguiu-se realizar o projeto,

alcançando todos os objetivos propostos, conforme elencado anteriormente. Como resultado, a

teoria e a prática se compilam, auxiliando no processo de formação do aluno, na competitividade

da empresa pesquisada e o próprio âmbito acadêmico e sua respectiva responsabilidade social.

Tendo em vista os parâmetros de ineditismo propostos, este trabalho almeja ser referência

para estudos futuros, auxiliando pesquisadores e profissionais que objetivarem realizar uma

prospecção do mercado panamenho. Cabe a sugestão de um aprofundamento no sentido de

comparar os preços e a qualidade dos produtos no mercado-alvo, vislumbrando um cenário mais

incisivo sobre a real competitividade da exportação no Panamá. Com isso, poderá ser atingido o

objetivo maior deste trabalho, que é o aumento do fluxo comercial brasileiro para aquele país,

que demonstra grandes potencialidades.

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85

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE ILUMINAÇÃO. Levantamento do

estágio tecnológico do setor de iluminação (2005). Disponível em:

<http://www.abilux.com.br/pdf/diagnostico.pdf>. Acesso em: 27 out. 2008.

BASSO, Maristela. Contratos internacionais do comércio. 3. ed. Porto Alegre: Livraria do

Advogado, 2002.

BELLO HOGAR. Bello Hogar Exhibition 2009. Disponível em:

< http://www.bellohogarpanama.com/index.php>. Acesso em 04 jan. 2009.

BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO

EXTERIOR. Relatório de Intercâmbio Comercial Brasileiro: Panamá. Disponível em:

<http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=1190&refr=576>.

Acesso em: 06 out. 2008.

BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO

EXTERIOR. SICOMEX. Disponível em:

<http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=248>. Acesso em: 28 jun.

2008.

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APÊNDICE A

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APÊNDICE A - Roteiro de Entrevista

Entrevista realizada em 20 de novembro de 2008.

Sr. Jorge Fontanari Thomsen – gestor; sócio-proprietário

Sra. Maria Isabel Dias – gestora; sócia-proprieária

- Qual a relação da empresa com o comércio exterior?

Nossos contatos são provenientes de eventos e feiras; procuramos atender todas as

solicitações, como material de divulgação e amostras. Um problema enfrentado é que geralmente

esses contatos se dão quando a empresa tem um volume maior de encomendas e não pode atender

o contato de mercado externo com tanta dedicação quanto o desejado.

- Quantas exportações já houve? Para onde?

Houve algumas exportações para Europa, Estados Unidos e América Latina. São por meio

de terceiros ou, quando em menor escala, via o serviço Exporta Fácil dos Correios.

- Qual seria o fator que mais motivaria a empresa a exportar?

Ganho de mercado e fortalecimento da marca.

- Sob o ponto de vista do cliente, o que a Bella Luminárias tem como diferencial?

A empresa oferece uma versatilidade muito grande, com diversas opções de acabamento,

prazos de entrega baixos em relação ao mercado e uma atuação que prima pela exclusividade e

não pela saturação geográfica comercial. Oferecemos do mais rústico ao mais sofisticado em

iluminação contemporânea.

- O que mudou no mercado doméstico recentemente?

A expansão de redes do tipo home center propiciou a entrada de produtos importados

mais competitivos em grandes escalas. As empresas nacionais, em geral de porte pequeno, como

a nossa, necessitaram adaptar-se investindo em nichos mais específicos, pois concorrer em preço

com os importados é inviável.

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- Qual a relação da empresa com os clientes da hotelaria?

Os clientes de hotelaria geralmente necessitam de peças mais exclusivas, mediante

projeto, e em quantidades maiores. É um mercado muito interessante para nós e de considerável

importância. Participamos de eventos nesse segmento, como a Equipotel.

- Em havendo resultados positivos quanto à viabilidade financeira de exportar para no

Panamá, qual será a postura da empresa?

Necessitamos ver o nicho mercado apontado e definir uma postura de inserção.

Precisamos de um contato lá para iniciar um processo de apresentação comercial. É bem possível

abrirmos clientes lá, inclusive já houve contatos em feiras, mas nunca conseguimos concretizar

uma venda, possivelmente por falta de estrutura para tanto.

- Qual a possibilidade de adaptar um produto para as especificidades de um mercado

pequeno como o panamenho?

No Brasil há uma oferta bem variada de componentes de iluminação, o que nos permite

atender a normas técnicas de outros países. Quanto ao design, esse é nosso principal diferencial,

oferecer a maior variedade possível de opções para o cliente e atendendo projetos exclusivos e

diferenciados.