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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FCF / FEA / FSP Programa de Pós-Graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada – PRONUT MARA ELAINE DE CASTRO SAMPAIO Empreendedores e Qualidade de Vida no Trabalho: um estudo sobre comportamento alimentar São Paulo 2010

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOFCF / FEA / FSP

Programa de Pós-Graduação Interunidadesem Nutrição Humana Aplicada – PRONUT

MARA ELAINE DE CASTRO SAMPAIO

Empreendedores e qualidade de Vida no Trabalho:

um estudo sobre comportamento alimentar

São Paulo

2010

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOFCF / FEA / FSP

Programa de Pós-Graduação Interunidadesem Nutrição Humana Aplicada – PRONUT

MARA ELAINE DE CASTRO SAMPAIO

Empreendedores e qualidade de Vida no Trabalho:

um estudo sobre comportamento alimentar

Dissertação para obtenção do grau de Mestre

Orientador: Prof. Dr. Ana Cristina Limongi-França

São Paulo

2010

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Ficha Catalográfica

Elaborada pela Divisão de Biblioteca e Documentação do Conjunto das Químicas da USP.

Sampaio , Mara Elaine de Castro S192e Empreendedores e qualidade de vida no trabalho: um estudo sobre comportamento alimentar / Mara Elaine de Castro Sampaio. -- São Paulo, 2010. 206p.

Dissertação (mest rado) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas d a Unive r s i d a d e de São P au lo . Depar tamento de Al ime n tos e Nutr ição Experimental . Orientador: Limongi-França , Ana Cr is t ina

1. Nutr ição : Adul tos : Ciência dos a l imentos 2 . Qua l idade d e v id a no t r a b a lho : Aspec tos socia is I . T . I I . Limongi- França, Ana Cr is t ina , orientador.

641.1 CDD

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MARA ELAINE DE CASTRO SAMPAIO

Empreendedores e qualidade de vida no Trabalho:

um estudo sobre comportamento alimentar

Comissão Julgadora Dissertação para obtenção do grau de Mestre

Prof. Dr. Ana Cristina Limongi-França(Orientador/Presidente)

__________________________1º Examinador

__________________________2º Examinador

São Paulo, ____ de _____________ de 2010

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A Zuzu, minha mãe, com quem aprendi a ser gente.

A Ricardo, meu marido, com quem aprendo a amar e ser feliz.

A meu pai e às minhas irmãs, que me dão o sentido de família.

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AgrAdecimentos

Este trabalho tem um importante significado em minha trajetória profissional: contribuiu muito para o resgate de alguns sonhos e minha realização pessoal. Às pessoas que, direta ou indiretamente, colaboraram para a sua elaboração, a minha estima e gratidão, em especial:

À minha Orientadora, Profa. Dra. Ana Cristina Limongi-França., por me incentivar e acreditar no meu trabalho, por ser referência de satisfação pessoal com a qvT e fonte de inspiração para minha vida profissional.

À Prof. Dra. Sonia Tucunduva Philippi, por ter me desvelado os caminhos da Nutrição e pela sabedoria e orientação.

À Prof Dra. Aparecida Constantino, por suas preciosas e fundamentais críticas e sugestões para o aperfeiçoamento deste trabalho.

À equipe de profissionais do SEBRAE-SP e das INCUBADORAS, pela oportunidade de realizar esta pesquisa, em especial: Eliane Ruiz, Marcelo Dini, Marimar Guidorzi, Plácido Morelli, e Ana Maria Basílio.

À amiga Liana Peçanha, pela ajuda durante o curso e pelo apoio sempre presente para a execução deste trabalho.

À Raquel Zedan, amiga e companheira, por seu estímulo constante e sua preciosa colaboração na pesquisa de campo e na organização e análise dos dados.

Aos amigos, Eliana Puga, Marcelo Nakagawa, Patricia Masmo, Antonio Siqueira, Maria Luiza Schimidt, Yvette Datner, Fabiane Sant’Anna, Gisela Castanho, Sandra Freire, por estarem presentes em algum momento nesta empreitada.

Ao Ricardo Galuppo, pela cumplicidade, apoio e paciência durante este trajeto; sem falar pelas revisões e edição de texto, que me tornaram confiante para a realização deste trabalho.

À equipe da Secretaria da Pós-Graduação do PRONUT, Jorge, Elaine e Majô, do Comitê de Ética, pela acolhida e apoio.

À Profa. de inglês Nivia Marcello, pelo atendimento linguístico e ao Estatístico João vinícius Carvalho, que me ajudou na tabulação.

À Profa. M. Apparecida F. Marcondes e Renata Tavares, pela preciosa ajuda na revisão e estruturação de texto.

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O valor das coisas não está no tempo que elas demoram, mas na intensidade com que elas acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas

inexplicáveis e pessoas incomparáveis.

Fernando Pessoa

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sAmpAio m. e.c. Empreendedores e Qualidade de Vida no Trabalho: Um Estudo sobre Comportamento Alimentar. 2010. Dissertação (Mestrado) -FcF/Fea/Fsp/ pronut- Universidade de São Paulo, 2010.

resumoEste trabalho apresenta a percepção de qualidade de vida no Trabalho (qvT) dos empreendedores que estão vinculados ao Programa de Incubadoras Tecnológicas do Estado de São Paulo. A principal contribuição foi a identificação da satisfação dos empreendedores com a QVT, nas dimensões biopsicossocial e organizacional, e o mapeamento do Comportamento Alimentar (CA). Para os empreendedores, a iniciativa de abrir seu próprio negócio está relacionada à busca de prazer no trabalho. A opção por empreender faz que aumente sua carga horária de trabalho, diminua as atividades de lazer e passatempo com familiares, além de deixar a atividade física e os cuidados com saúde postergados para um futuro incerto. Esse ritmo de trabalho afeta constantemente o modo de vida dos trabalhadores, inclusive a pausa para refeições. Foi realizada uma pesquisa exploratória descritiva pelos métodos quantitativo e qualitativo. Foram aplicados pessoalmente os questionários BPSO-96 para QVT e o Questionário de Hábitos Alimentares para CA. Os respondentes somam 72 empreendedores de Incubadoras de quatro municípios paulistas, uma amostra não-probabilística, sendo realizados três grupos focais. A maioria dos empreendedores da amostra são homens e estão com sobrepeso. Os resultados da Análise Fatorial não demonstram uma forte relação entre Comportamento Alimentar e qvT. Tanto os dados quantitativos quanto qualitativos mostram que os empreendedores percebem de forma positiva sua qvT. Percebem sua alimentação como saudável e estão satisfeitos com seu Comportamento Alimentar (CA). Pode-se, então, concluir que os empreendedores estão satisfeitos com sua QVT, principalmente, em sua dimensão organizacional e psicológica; atribuem à QVT um significado de realização pessoal, por estarem construindo sua empresa com sucesso. Foi identificada uma nova categoria habitabilidade como fator importante para a QVT. Não relacionam o Comportamento Alimentar à QVT. Possuem um padrão positivo de CA alinhado ao estilo de vida empresarial que possuem. Mesmo estando satisfeitos com sua alimentação, existe certa negligência com a dimensão biológica quando se trata da qvT, eles reconhecem uma não satisfação com relação às questões de promoção da saúde. Faz-se necessário investir em ações que promovam um desenvolvimento integrado das dimensões da qvT.

pAlAvrAs-chAve: Qualidade de Vida no Trabalho (QVT); qualidade de vida; empreendedores; Comportamento Alimentar (CA); alimentação saudável;

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sAmpAio m.E.C. Entrepreneurs and Quality of Work at Life: Study on Eating Behavior. São Paulo - Brasil, 2010. [Applied Human Nutrition Program – University of Sao Paulo].

AbstrAct

This work presents the perception of entrepreneurs’ quality of Work at Life (qWL) who are linked to the Technological Incubators Program of São Paulo. The main contribution was the identification of entrepreneurs satisfaction with the QWL, in the biopsychosocial and organizational dimensions, and the mapping of Eating Behavior (EB). For the entrepreneurs, the initiative of opening their own business is related to the search of pleasure at work. The entrepreneurial option increases their workload, decreases their leisure activities and pastime with relatives postponing physical activity and health care to an uncertain future. This working pace constantly affects the workers way of life, including meal breaks. An exploratory and descriptive research was carried out through quantitative and qualitative methods. Questionnaires BPSO-96 for QWL and the Eating Habits Questionnaire for EB were completed. Participants are 72 incubators from four cities in the state of São Paulo, a non-probabilistic sample, carried out in three focal groups. Most male entrepreneurs of the sample are overweight. The results of Factor Analysis do not reveal a strong relation between Food Behavior and QWL. Both quantitative and qualitative data show that the entrepreneurs notice their qWL in a positive way, and are satisfied with it. They believe their food is healthy and are satisfied with their Eating Behavior (EB). It can be concluded that the entrepreneurs are satisfied with their QWL, mainly in their organizational and psychological dimension; they regard QWL as self- fulfillment, as they are building their company successfully. It was identified a new category liveability as an important factor to QWL. The participants do not relate the Eating Behavior to the QWL. They have a positive pattern of EB adapted to their business lifestyle. Even being satisfied with their eating, there is a certain neglect with the biological dimension regarding QWL; they recognize a non-satisfaction concerning health issues promotion. It is necessary to an integrated development of the qWL dimensions.

Key words: Quality of Work at Life (QWL); life quality; entrepreneurs; Eating Behavior (EB); healthy eating;

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listA de QuAdros

quadro 1 – Cronologia do conceito de empreendedor 25quadro 2 – Sinopse de algumas definições sobre Qualidade de Vida no trabalho (QVT) 50quadro 3 – Níveis da Pirâmide de Alimentos (2.00kcal) 57quadro 4 – Índice de Massa Corporal ( IMC) 60quadro 5 – Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa 75quadro 6 – Variáveis independentes: grau de satisfação dos empreendedore 79quadro 7 – variáveis escolhidas para o estudo da percepção de qvT 80quadro 8 – variáveis qualitativas sobre o estado de tensão e expectativas de qvT 80 quadro 9 – Variáveis dependentes: Dimensões conativa;cognitiva e emocional 81quadro 10 – Classificação Internacional do IMC de adultos: baixo peso, sobrepeso, obesidade 83quadro 11 – Distribuição dos questionários por incubadora 89quadro 12 – Síntese das aproximações e afastamentos entre Análise de Conteúdo e Análise do Discurso 93quadro 13 – Matriz de correlação entre as variáveis que medem QVT e Dados Demográficos 105quadro 14 – Matriz de correlação entre variáveis que medem CA e variáveis demográficas 106quadro 15 – Matriz de correlação entre variáveis que medem qvT e CA 107quadro 16 – Descrição dos fatores com carga fatorial de cada questão 109quadro 17 – Descrição dos itens agrupados no fator 1 e suas respectivas cargas fatoriais 110quadro 18 – Descrição dos itens agrupados no fator 2 e suas respectivas cargas fatoriais 111quadro 19 – Descrição dos itens agrupados no fator 3 e suas respectivas cargas fatoriais 111quadro 20 – Descrição dos itens agrupados no fator 4 e suas respectivas cargas fatoriais 112quadro 21 – Descrição dos itens agrupados no fator 5 e suas respectivas cargas fatoriais 112quadro 22 – Descrição dos itens agrupados no fator 6 e suas respectivas cargas fatoriais 113quadro 23 – Descrição dos itens agrupados no fator 7 e suas respectivas cargas fatoriais 113quadro 24 – Descrição dos itens agrupados no fator 8 e suas respectivas cargas fatoriais 114quadro 25 – Descrição dos itens agrupados no fator 9 e suas respectivas cargas fatoriais 115quadro 26 – Descrição dos itens agrupados no fator 10 e suas respectivas cargas fatoriais 115quadro 27 – Descrição dos itens agrupados no fator 11 e suas respectivas cargas fatoriais 116quadro 28 – Descrição dos itens agrupados no fator 12 e sua respectiva carga fatorial 116quadro 29 – Descrição dos itens agrupados no fator 13 e suas respectivas cargas fatoriais 117quadro 30 – Índice de satisfação de QVT dos empreendedores por questão 117quadro 31 – Escolha das palavras significantes para QVT 136quadro 32 – Questões de comportamento alimentar relacionadas à dimensão cognitiva 139quadro 33 – Relação dos alimentos considerados saudáveis e não saudáveis 140quadro 34 – Questões de comportamento alimentar relacionadas à dimensão conativa 141quadro 35 – Questões de comportamento alimentar relacionadas à dimensão emocional 144quadro 36 – Grupo focal das incubadoras pesquisadas 149quadro 37 – Frases-chaves: categoria e manifestações 150

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listA de tAbelAs

Tabela 1 – Estimativa da População Empreendedora 34

Tabela 2 – Taxa Media Do Brasil No Período De 2001 A 2008 35

Tabela 3 – Categorias do IBGE p/ classificação do ÍMC 83

Tabela 4 – Distribuição de empreendedores por incubadora 96

Tabela 5 – Distribuição em até 3 salários mínimos de renda mensal da população brasileira de ocupados 103

Tabela 6 – Coeficiente de Confiabilidade da Escala e número de itens 104

Tabela 7 – Coeficiente de Confiabilidade da Escala e número de itens 108

Tabela 8 – Questão 1: Imagem da empresa junto aos colaboradores ou parceiros 120

Tabela 9 – Questão 2: Oportunidade de treinamento e desenvolvimento profissional 121

Tabela 10 – Questão 3:Melhorias nos processos de trabalho e novas tecnologias 121

Tabela 11 – questão 4: qualidade dos procedimentos administrativos 122

Tabela 12 – questão 5: Nível de comunicação interna 122

Tabela 13 – Atendimento do convênio médico 124

Tabela 14 – Oportunidade de realizar atividade física no trabalho 124

Tabela 15 – qualidade das Refeições 125

Tabela 16 – Estado geral de saúde dos colegas e colaboradores 125

Tabela 17 – Prevenção a doenças (Cardíaca, obesidade, diabete etc.) 126

Tabela 18 – Forma de avaliação do desempenho do seu trabalho 127

Tabela 19 – Clima de camaradagem entre as pessoas 127

Tabela 20 – Oportunidade de crescimento do negócio 128

Tabela 21 – Satisfação com a renda pessoal 128

Tabela 22 – Ausência de interferência na vida pessoal 129

Tabela 23 – Oportunidade para distração e entretenimento 130

Tabela 24 – Interação com familiares 131

Tabela 25 – Confiança no relacionamento com parceiros e colaboradores 131

Tabela 26 – Qualidade da previdência privada 132

Tabela 27 – Investimento para Qualificação - cursos externos (Graduação, Pós-Graduação) 132

Tabela 28 – Sensação de bem-estar no trabalho 134

Tabela 29 – Estado geral de tensão (estresse) pessoal 134

Tabela 30 – Satisfação com o seu modo próprio de viver o dia a dia (estilo de vida) 135

Tabela 31 – Adequação das Ações de QVT da sua empresa para as suas necessidades pessoais 135

Tabela 32 – Importância da QVT para o resultado do seu trabalho 136

Tabela 33 – Distribuição pelo tempo dedicado às refeições 145

Tabela 34 – Distribuição de indivíduos segundo gênero e IMC 146

Tabela 35 – Medidas de posição e dispersão do IMC dos elementos amostrados 147

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listA de FigurAs

FigurA 1 – O Processo Empreendedor e Definições Operacionais do GEM Fonte: Transcrito de reynolds. et al., 2005( in: passos, 2008). 34FigurA 2 – Manifestações culturais hierarquizadas - do superficial ao profundo (tomei,2008) Fonte Elaborado pela Autora com base em tomei (2008). 39FigurA 3 – Pirâmide dos Alimentos (2.000 Kcal) Fonte: Transcrito de Philippi, 2008. 57

FigurA 4 – Diagrama da pesquisa (gil,1996) 71

FigurA 5 – Desenho do problema e hipótese (Elaborada pela autora) 76

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listA de gráFicos

Gráfico 1 – Classificação por localização das Incubadoras 96

Gráfico 2 – Classificação por faixa etária 97

Gráfico 3 – Classificação por estado civil 98

Gráfico 4 – Classificação por número de dependentes 98

Gráfico 5 – Classificação por raça 99

Gráfico 6 – Classificação por escolaridade 100

Gráfico 7 – Classificação por porte da empresa 100

Gráfico 8 – Classificação por setor de atuação empresarial 101

Gráfico 9 – Classificação por tempo de existência da empresa 102

Gráfico 10 – Classificação por renda pessoal 103

Gráfico 11 – Comparação global de satisfação fator likert 119

Gráfico 12 – Dimensão Organizacional da qvT 120

Gráfico 13 – Dimensão biológica da QVT 123

Gráfico 14 – Dimensão psicológica da QVT 126

Gráfico 15 – Dimensão social da QVT 130

Gráfico 16 – Dimensão percepção pessoal da QVT 133

Gráfico 17 – Incidência em porcentagem das palavras significante para QVT 137

Gráfico 18 – Distribuição percentual de respostas para o diagnóstico de doenças crônicas

não transmissíveis – DCNT 138

Gráfico 19 – Distribuição de percentual para as diferentes ocorrências sobre saúde 138

Gráfico 20 – distribuição de respostas por locais de maior fequência no almoço 142

Gráfico 21 – Distribuição de respostas por locais de maior freqüência para o jantar 142

Gráfico 22 – Distribuição percentual de respostas afirmativas para diferentes modos de fazer as refeições 143

Gráfico 23 – Porcentagem das lembranças relacionadas à comida 145

Gráfico 24 – Distribuição da amostra por sexo e segundo faixa de IMC com valores em %. 147

Gráfico 25 – Distribuição da amostra nas faixas de IMC 148

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listA de siglAs

AF

AIDS

ANPROTEC

BNDES

CA

CECOMPI

CIETEC

CNPq

DCNT

EG

EUA

FEA/USP

GEM

GERA

IBGE

IBQP

IEBESC

IMC

OIT

OMS

PIACT

PNAD

POF

PRONUT

qvT

SEBRAE

SOFTEx

TEA

TI

USAID

UNIVAP

USDA

vIGITEL

Análise Fatorial

Acquired Immunodeficiency Syndrome

Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

Comportamento Alimentar

Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste

Centro Incubador de Empresas Tecnológicas

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Doenças Crônicas não Transmissíveis

Estratégia Global

Estados Unidos da América

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade

Global Entrepreneurship Monitor

Global Entrepreneurship Research Association

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade

Incubadora de São Bernardo do Campo

Índice de Massa Corporal

Organização Mundial do Trabalho

Organização Mundial de Saúde

Programa Internacional para Melhoramento das Condições e do Ambiente de Trabalho

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

Pesquisa de Orçamentos Familiares

Programa de Pós-graduação em Nutrição Humana Aplicada

qualidade de vida no Trabalho

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Sociedade Brasileira para Exportação de Software

Taxa de Atividade Empreendedora

Tecnologia da informção

Agência Internacional para o Desenvolvimento

Universidade do Vale do Paraiba

United States Departament Agriculture

Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas

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sumário

1 introdução 17

2 objetivos 21

2.1 Objetivo geral 21

2.2 Objetivos Específicos 21

3 Fundamentação conceitual 23

3.1 Empreendedores e Empreendedorismo 23

3.1.1 Empreendedorismo no Brasil 32

3.1.2 Cultura empreendedora 37

3.2 Qualidade de Vida no Trabalho 44

3.2.1 Significado do trabalho e bem-estar 44

3.2.2 A evolução do conceito de Qualidade de Vida no Trabalho 47

3.3 Alimentação e Nutrição 54

3.3.1 Comportamento Alimentar 61

4 procedimentos metodológicos 71

4.1 Natureza e método 72

4.1.2 Método de pesquisa 73

4.1.3 Quantitativa e Qualitativa 73

4.2 Desenho do problema 76

4.2.1 Hipóteses e pressupostos de pesquisa 76

4.3 População de estudo 77

4.3.1 Amostra 77

4.4 Definição das variáveis 78

4.4.1 As Variáveis Demográfica, Socioeconômica e Nutricional 82

4.4.2 variável da qualidade de vida no Trabalho 84

4.4.3 Variável de Comportamento Alimentar 84

4.5. Instrumentos de Mensuração 84

4.5.1 questionário 84

4.5.2 Grupo Focal 85

4.6 Pré- Teste 88

4.7 Coleta dos Dados 88

4.8 Análise dos Resultados 89

4.8.1 Análise Descritiva 89

4.8.2 Análise de Dados 92

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4.9 Aspectos Éticos 94

5 resultados e discussões 95

5.1 Caracterização da amostra 96

5.2 Apresentação e análise dos resultados 104

5.2.1 Análise da consistência interna entre as variáveis 104

5.2.2 Relações entre as respostas sobre a qvT dos indivíduos amostrados 105

5.3 Análise descritiva dos dados sobre Qualidade de Vida no Trabalho 117

5.3.1 Dimensão Organizacional 119

5.3.2 Dimensão Biológica 123

5.3.3 Dimensão Psicológica 126

5.3.4 Dimensão Social da QVT 129

5.3.5 Dimensão Percepção Pessoal da QVT 133

5.3.6 Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho 136

5.3.7 Saúde e doença 137

5.4 Comportamento Alimentar 139

5.5 Índice de Massa Corporal 146

5.6 Resultados e análise do grupo focal 149

5.6.1 Qualidade de Vida no Trabalho – QVT 151

5.6.2 Comportamento Alimentar 159

5.6.3 Opinião sobre o grupo focal 163

conclusões 165

reFerências bibliográFicas 169

apêndice 181

anexos 197

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1introdução

A idéia de qualidade de vida está presente nas atividades pessoais para o empreendedor –

e não relacionada com seu cotidiano profissional. Para muitos, a iniciativa de abrir um negócio

próprio se relaciona com a busca de prazer no trabalho, com a idéia de poder sobreviver fazendo

uma atividade prazerosa. Indica a possibilidade de livrar-se da convivência com o chefe que,

em muitos casos, é vista como negativa no ambiente profissional. A opção por empreender,

muitas vezes, faz que a pessoa aumente a carga horária de trabalho; diminua as atividades de

lazer e passatempo com a família; e deixe a atividade física e os cuidados com saúde posterga-

dos para um futuro incerto.

Recentemente têm sido produzidas pesquisas e reportagens que atribuem ao empreende-

dor a necessidade de melhorar sua qualidade de vida e seu bem-estar, principalmente, através

do equilíbrio entre vida pessoal e trabalho (baron, 2007; mello, 2006). O mundo do trabalho

atual é caracterizado pela grande competitividade entre as empresas e pela intensa pressão, den-

tro das organizações, pelo aumento da produtividade e pela redução de custos de produção.

As mudanças são rotineiras e a incerteza quanto ao futuro é frequente – e isto tem exigido

um ritmo de trabalho acelerado, especialmente, dos profissionais que ocupam postos estra-

tégicos e de comando nas organizações. O ritmo frenético de trabalho afeta o modo de vida

das pessoas. O esforço de adaptação às exigências do mercado provoca uma grande insa-

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tisfação com a qualidade de vida, além de gerar problemas graves de saúde, como estresse,

hipertensão, entre outros.

Empreendedores são, por consequência da natureza de sua atividade, trabalhadores que dispõem

de maior autonomia na definição de sua rotina diária, tanto de trabalho como na vida pessoal. Por se-

rem proprietários de seu negócio, eles podem, a princípio, estabelecer horários destinados às diversas

atividades cotidianas. Podem definir o horário das refeições, além de reservar tempo para as atividades

físicas, para as relações sociais e para todas as ações relativas a seu bem-estar como trabalhador.

Porém, as exigências, de um mercado competitivo, em funcionamento em tempo integral, fazem

que o empreendedor, como os demais trabalhadores, viva sobrecarregado e invista a maior parte de seu

tempo no trabalho, adaptando se a um estilo que, na maioria das vezes, não propicia uma vida saudável.

A qvT não é uma preocupação do homem moderno. Ela acompanha a humanidade desde o início de

sua existência e, em diferentes épocas, foi apresentada por estudiosos com outros nomes. Mas sempre

esteve voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem-estar ao trabalhador (schimidt, 2006).

Todas as dimensões da vida humana, em seus aspectos biopsicossociais, são afetadas de forma

negativa por este ritmo de vida acelerado. Uma das principais atividades cotidianas relacionada à

qvT, a pausa para refeições, foi visivelmente comprometida pelas novas exigências do mercado.

Com a intenção de adaptar-se a essa dinâmica de trabalho, as pessoas passam a dedicar menos tempo

à alimentação – e isso se traduz, também, na baixa preocupação com o valor nutritivo das refeições.

Um exemplo disso é o grande número de restaurantes “por quilo”, fast-food e delivery que prolife-

ram nas regiões de maior concentração de trabalhadores, com a intenção de atender o trabalhador no

pouco tempo de que ele dispõe para as refeições. A grande variedade de opções não só de estabele-

cimentos, mas também dos alimentos que eles oferecem proporcionam uma sensação de liberdade

de escolha que, nem sempre, corresponde à prática de uma boa alimentação.

A proposta deste estudo é investigar a percepção de qualidade de vida no Trabalho e o

Comportamento Alimentar (CA) dos empreendedores durante suas atividades empresariais. As

perguntas que servirão como ponto de partida para a investigação são:

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• Como o empreendedor percebe sua qualidade de vida?

• Que significado ele atribui à sua Qualidade de Vida no Trabalho?

• Como é o padrão de Comportamento Alimentar do empreendedor?

• quais são seus hábitos alimentares durante período de trabalho?

• Como relaciona Comportamento Alimentar à Qualidade de Vida no Trabalho?

O tema deste estudo está inserido na confluência das áreas de Nutrição, Administração de

Empresa e qualidade de vida no Trabalho (qvT). Este estudo enfoca o conhecimento relativo

desta população quanto a esses aspectos. A qvT entende a pessoa de forma sistêmica e integral

com as dimensões biopsicossociais e, por se tratar do mundo do trabalho, fundamentalmente, a

dimensão organizacional (limongi-França, 1997)

A satisfação com o bem-estar pessoal e as condições de trabalho, no âmbito organizacio-

nal, devem propiciar ao trabalhador condições positivas de desempenho de suas funções. A in-

terferência de fatores envolvidos nessa relação de equilíbrio sempre esteve presente no ambien-

te de trabalho, ora afetando a saúde física e mental das pessoas, ora afetando a produtividade

e lucratividade das empresas. O conceito de qvT atualmente passa por noções de motivação,

satisfação, saúde e segurança no trabalho e envolve recentes discussões sobre novas formas de

organização do trabalho e novas tecnologias. (schimidt, 2006)

Muitos estudos sobre a qualidade de vida do trabalhador têm sido realizados em diversas dis-

ciplinas, como, por exemplo: Administração, Saúde, Psicologia, Nutrição. A satisfação no trabalho é

considerada um dos indicadores de QVT e sua medida tem sido utilizada em estudos no Brasil e no

exterior (schimidt, 2006). São fundamentais a importância e a relevância destes estudos no acompa-

nhamento do risco para a saúde, assim como do bem-estar do trabalhador. Atualmente, existe uma

grande preocupação de pesquisadores e dirigentes de saúde pública com as Doenças Crônicas não

Transmissíveis (DCNT), principalmente com a obesidade, a hipertensão arterial e o diabetes.

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20

Os fatores que levam às DCNT estão relacionados com o comportamento alimentar – que

se caracteriza pelos aspectos nutricionais e atitudinais relacionados ao ato de se alimentar. Isso

inclui desde porções adequadas à capacidade gástrica até o ambiente onde serão realizadas as

refeições. Devem-se considerar fatores nutricionais, emocionais e sociais para a promoção de

uma qualidade de vida saudável (philippi, 2003).

Portanto, o tipo de alimento; o tempo dedicado às refeições; e a percepção da importância da

alimentação, entre as demais atividades realizadas durante o período de trabalho, são elementos fun-

damentais para compreender tanto o estilo de vida do empreendedor quanto suas ações de preserva-

ção da saúde. O conhecimento do comportamento alimentar dos empreendedores poderá contribuir

para a reeducação alimentar desses profissionais, influindo em sua qualidade de vida.

Os empreendedores, por serem proprietários e em alguns casos lideranças empresariais, têm

grande contribuição na determinação de padrão e modelo de trabalho de suas organizações e podem,

além de individualmente desenvolver atitudes de vida saudável, estimular ações de qvT e, por con-

sequência, mudanças no Comportamento Alimentar de seu grupo de influência empresarial.

Visando atender aos objetivos propostos, este estudo está estruturado apresentando: no

segundo capítulo - “Objetivos Gerais e Específicos”. No terceiro capítulo - “Fundamentação

Teórica” - apresenta-se uma revisão da literatura específica sobre as definições e a evolução

conceitual de Qualidade de Vida no Trabalho-QVT, e os significados de: Empreendedorismo e

Cultura Empreendedora; Nutrição e Comportamento Alimentar-CA. No quarto capítulo - “Pro-

cedimentos Metodológicos” - foi justificada a escolha metodológica, apresentando o desenho

do problema, a escolha das variáveis, os instrumentos utilizados para coleta dos dados. No

quinto capítulo – “Resultados e Discussão” - foram apresentados os dados obtidos, resultados

analisados e discutidos em relação ao referencial teórico. E, finalmente, no sexto capítulo –

“Conclusões”, são apresentadas as considerações finais, apontadas as limitações do estudo e as

recomendações para estudos futuros.

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2objetivos

2.1 objetivo geral

• Conhecer a percepção dos Empreendedores quanto à sua concepção de Qualidade de

Vida no Trabalho (QVT); e conhecer as possíveis relações entre a percepção de QVT

o Comportamento Alimentar (CA).

2.2 objetivos especíFicos

• Investigar as crenças e os hábitos alimentares dos Empreendedores: horários de ali-

mentação; tipo de alimento que ingere; e quantidade de porções diárias;

• Conhecer a concepção de qualidade de vida no Trabalho.

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3FundAmentAção

conceituAl

3.1 empreendedores e empreendedorismo

O empreendedor assume no mundo atual um papel econômico importante, um novo tipo

de trabalhador e gerador de novos empregos. Assim, conhecer sua qualidade de vida e os fatores

prioritários em sua relação com o trabalho, é de grande importância social.

Empreendedorismo pode ser concebido como estudo relativo ao empreendedor, seu perfil,

suas origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação. Existe uma diversidade de opinião

entre os pesquisadores sobre o assunto, tanto nas definições conceituais como nas formações acadê-

micas destes estudiosos. Hashimoto (2006) apresenta uma das formas de classificação dos estudos,

criada pela Harvard Business School, dividindo os autores em três linhas, por área de conhecimento:

• Economistas: concentram seus estudos nos resultados das ações empreendedoras.

• Psicólogos e sociólogos: abordam o empreendedor como indivíduo, suas motiva-

ções, atitudes e ambiente.

• Administradores: o foco de pesquisa está nas habilidades gerenciais, metodologias e

ferramentas para atingirem objetivos e resolver problemas.

Outra forma de explicar o empreendedorismo é através de um conjunto de três vertentes:

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• O processo de criar e gerir um negócio, que agrega métodos, instrumentos e conhe-

cimentos para abertura e gestão de novas empresas;

• A capacidade individual de empreender, ser capaz de identificar oportunidades e ter

iniciativa para buscar e implementar soluções inovadoras a problemas econômicos;

• O desenvolvimento de uma ambiência para cultura empreendedora, que engloba ações

institucionais e iniciativas governamentais, para estimular o desenvolvimento econômico.

Para Baron (2007, p.10), empreendedorismo deve ser entendido como processo com vá-

rias fases distintas. Este autor define como

Um campo de estudo que busca entender como surgem as oportunidades para criar novos produtos ou serviços, novos mercados, processos de produção, formas de organizar as tecnologias existentes ou matérias-primas e como são descobertas por pessoas especificas, que então usam vários meios para explo-rá-las e desenvolve-las.

Na mesma linha de estudo em que o empreendedorismo é mais visto como processo que um

evento único, o Entreperneuship Center da Universidade de Miami define empreendedorismo como:

Processo de identificação, desenvolvimento e captação de uma idéia para a vida. A visão pode ser uma idéia inovadora, uma oportunidade ou simples-mente a forma melhor de fazer algo. O resultado final deste processo é a cria-ção de uma nova empresa, formada em condições de risco e de incerteza con-siderável.” (sarkar,2009,p.31)

O conceito de empreendedorismo vem da palavra inglesa entrepreneurship, a qual é uma

expressão derivada da palavra francesa “entrepreneur”, com o sufixo inglês “ship”, e é geralmen-

te traduzida como “espírito empreendedor”, ou “força empreendedora”. Este termo é a principal

referência para as traduções e para a conceituação de empreendedorismo (drucker, 2005).

Qualquer indivíduo que tenha à frente uma decisão a tomar pode aprender a ser um empreendedor e comportar-se de forma empreendedora. O empreendi-mento é um comportamento e não um traço de personalidade. Suas bases são o conceito e a teoria, e não a intuição. (p. 34)

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O termo empreendedor tem origem na língua francesa e se refere à pessoa que começa

algo novo. Pelo Dicionário Michaelis (1998), como substantivo, é: (1) Aquele que empreende.

(2) Aquele que toma a seu cargo uma empresa”. Existem diferentes concepções do termo na

literatura, esta diversidade se deve ao fato do empreendedorismo ser um campo de interesse

de pesquisadores de diversas disciplinas, como a Economia, a Administração, a Sociologia e a

Psicologia, principalmente pelos profissionais de abordagem comportamentalistas.

No Dicionário de Ciências Sociais (silva, 1986, p. 395), o termo empreendedor, designa:

A pessoa que exerce total ou parcialmente as funções de: iniciar, coordenar, controlar e instituir modificações importantes numa empresa comercial e/ou arcar com os riscos de seu funcionamento, decorrente da natureza dinâ-mica da sociedade e do conhecimento imperfeito do futuro, riscos estes que não podem ser convertido em certos custos através de transferência, cálculo ou eliminação.

O Quadro 1 apresenta a evolução do conceito de empreendedor em ordem cronológica.

quadro 1 – Cronologia do conceito de empreendedorData Pesquisador Conceito de Empreendedor

1755 Richard Cantillon Compra uma mercadoria e vende a um preço incerto, auferindo um lucro inesperado.

1776 Adam Smith Reage às alterações da economia como: agentes econômicos que transformam procura em oferta.

1848 John Stuart Mill Corre riscos e toma decisões para lançamento de novos negócios.

1871 Carl Menger Transforma recursos em produtos úteis.

1803 Jean Batiste Say Transfere recursos de setores de baixa produtividade para setores de elevada produtividade e lucratividade.

1921 Knight Pessoas capazes de assumir riscos em situações de incertezas.

1942 Schumpeter Aplica uma inovação no contexto de negócio.

1972 David MacClelland Motivados pela realização e com características de comportamentos especificas.

1968 Leibenstein Agente de intermediação e de criação de redes.

1990 Peter Drucker São inovadores e exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente.

1982 Kirzner Coloca o mercado em equilíbrio, atento para oportunidades de negócio lucrativas.

continua

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26

Data Pesquisador Conceito de Empreendedor

1990 Jeffry Timmon’s Capaz de identificar, agarrar e aproveitar a oportunidade para transformá-la em negócio.

1998 Carton Hofer e Meeks Identifica oportunidade, cria e é responsável pela performance de da organização.

2000 Louis Filion Imagina e desenvolve visão.

2003 Lowrey Indivíduo com perpétuo desejo de realização.

Fonte: Elaborado pela autora a partir de Sarkas (2009); Dornelas (2001); Dolabela (1999).

As primeiras definições do termo empreendedor foram atribuídas a Cantillon (1755) e Jean-Baptis-

te Say (1803). Ambos economistas e banqueiros na França são considerados os pioneiros no uso do termo

como conceito. Eles entendem o empreendedor como aquele que cria novas empresas e as gerencia. Para

Cantillon, o empreendedor é uma pessoa com capacidade de identificar oportunidades e correr riscos nos

negócios. Mais tarde, Say o identifica como um inovador e um agente de mudanças (dornelas, 2001).

No século xx, a concepção do empreendedor como um agente inovador foi retomada por

Schumpeter (1949). Professor de economia da Harvard Scholl, ele define o empreendedor como

“aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços,

pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais”.

Schumpeter foi o primeiro economista importante a identificá-lo como um agente econômico,

provocador do desequilíbrio dinâmico. Ele considerou, ainda, que o empreendedor é a essência da

inovação no mundo, tornando obsoletas as antigas maneiras de fazer negócio. (dornelas, 2001).

O empreendedor é visto como aquele que tem a função de realizar novas combinações na

criação de um empreendimento. Para Schumpeter (1982), ela engloba cinco casos:

• Introdução de um novo bem;

• Introdução de um novo método de produção;

• Abertura de um novo mercado;

• Conquista de nova fonte de matéria-prima;

• Estabelecimento de uma nova organização.

continuação

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27

Schumpeter (1982), considera que a função econômica do empreendedor não é apenas

o veículo de contínua reorganização do sistema, mas também o veículo de mudança contínua,

da destruição pela concorrência de negócios antigos. Para ele, um empreendimento “novo não

nasce do velho, mas aparece ao lado deste e o elimina na concorrência” (1982, p. 143).

[...] a função do empresário é reformar ou revolucionar o sistema de produção através do uso de uma invenção ou de maneira mais geral, de uma nova pos-sibilidade tecnológica para a produção de uma nova mercadoria ou fabricação de uma antiga em forma moderna [...]. (schumpeter, 1961, p.166)

A definição de empreendedor de Schumpeter remonta a J. B. Say, para quem a função

do empreendedor é a combinação de fatores produtivos: “Essa função, aliás, não consiste es-

sencialmente em inventar coisa alguma ou criar condições que as empresas explorem, mas em

conseguir resultados” (1961, p. 167).

Para Peter Drucker (2005), importante estudioso e analista da administração moderna, o

empreendedor está sempre buscando a mudança e reage a ela como uma oportunidade para criar

um empreendimento. Embora o termo empreender tenha, originado na economia, para este au-

tor, o “espírito empreendedor” pode atuar em todas as áreas da atividade humana, gerando valor

econômico ou social: “O empreendedor sempre está buscando a mudança, reage a ela e a explo-

ra como sendo uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente” (2005, p.

25). Assim, o empreendedor inova e cria riquezas qualquer que seja a esfera em que atue.

Seguindo esta mesma corrente de pensamento de Schumpeter, a visão de Peter Drucker

considera os empreendedores como indivíduos inovadores. Para ele, “a inovação é o instru-

mento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma

oportunidade para um negócio ou serviço diferente” (2005, p. 25).

Alguns estudos na linha sociológica procuraram encontrar explicações para o empreen-

dedorismo nas estruturas sociais, entendendo como fenômeno grupal. Max Weber (1982) foi

pioneiro nesta abordagem descrevendo a importância dos valores e da ideologia de um grupo

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no surgimento da atitude empreendedora, em seus estudos sobre a influência do Protestantismo

no desenvolvimento do capitalismo.

Segundo Magalhães (2007), estudos inspirados na sociologia de autores, como Swedberg

(2003), a análise do empreendedorismo é feita com o auxílio da teoria das redes. Esta corrente

de pensamento procura associar recursos disponíveis através da conexão de diferentes redes,

que operam de maneira isolada ou interdependente, indicando que é a estrutura da economia

regional que tem a chave do sucesso, como, por exemplo, o Vale do Silício nos Estados Unidos.

Outra vertente estuda o papel dos sistemas produtivos locais na geração de um certo tipo de

empreendedorismo. O marco é o estudo do sociólogo italiano Arnaldo Bagnasco (1997). O ar-

gumento principal está na relação entre a distribuição espacial, o grande número de pequenas e

médias empresas, associadas a uma forte base familiar entre as unidades de produção agrícola e

urbana, em que criam um sistema integrado de produção com base na colaboração e confiança,

como a região de Emíliga-Romana na chamada Terceira Itália.

Na área da Psicologia é importante destacar a pesquisa realizada por David McClelland

na década de 1950. Pesquisador de linha comportamentalistas, foi o primeiro a associar a moti-

vação dos empreendedores à necessidade de realização – e, também, a definir as características

de comportamento próprias de quem empreende com o intuito de encontrar um perfil psicoló-

gico do empreendedor bem-sucedido. Como pesquisador de motivação humana, McClelland

em um de seus estudos demonstra como os seres humanos valorizam seus “heróis” e tendem a

repetir modelos com os quais se identificam. Dessa forma, o empreendedor de sucesso passa a

ser um modelo social que poderá influenciar na formação da identidade de outras pessoas de seu

grupo social (Filion, 1999; lenzi, 2008).

Na década de 1980, em uma pesquisa patrocinada pela Agência Internacional para o De-

senvolvimento (USAID), para identificar as características pessoais em empreendedores de di-

ferentes culturas, concluiu o trabalho com a identificação de 20 características básicas presentes

em pessoas bem-sucedidas nos negócios (honma, 2007).

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Cooley (1990), com base nas pesquisas de David McClelland (c.1950), desenvolveu

um modelo de competências com adaptações voltadas especificamente para empreendedo-

res, reduzindo para 10 características básicas que podem diferenciar empreendedores bem-

sucedidos de outros. O modelo revisado de Cooley é utilizado em programas de capacita-

ção dos empreendedores, como o EMPRETEC aplicado no Brasil pelo Serviço Brasileiro

de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Atualmente diversos estudiosos têm

utilizado o conjunto de características de comportamento empreendedor definido por ele.

São elas (honma, 2007):

• Busca de oportunidade e iniciativa;

• Persistência;

• Correr riscos calculados;

• Comprometimento;

• Busca de informações;

• Estabelecimento de metas;

• Planejamento e monitoramento;

• Persuasão e rede de contatos;

• Independência e autoconfiança

As pesquisas dos autores comportamentalistas no campo do empreendedorismo não con-

seguiram estabelecer um perfil de consenso que permita identificar empreendedores potenciais.

Timmons (1978); Hornaday (1982); Brockhaus e Horwitz (1986); e Hisrich (1986) pesquisa-

ram a literatura sobre as características comumente atribuídas aos empreendedores em diversos

autores e chegaram ao conjunto a seguir. Tais características são encontradas em profissionais

liberais e proprietários de pequenos negócios. São elas (Filion, 2000, p.3):

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• Apresentam tenacidade;

• Possuem capacidade de tolerar ambigüidades e incertezas;

• Fazem bom uso de recursos;

• Correm riscos moderados;

• São imaginativos;

• voltam-se para resultados.

As diversas pesquisas que vêm sendo realizadas com empreendedores, visando aos as-

pectos comportamentais têm produzido uma grande diversidade de conclusões e de diferentes

conjuntos de traços considerados fundamentais para caracterizar o perfil do empreendedor. Esta

divergência entre pesquisadores tem feito os estudos ampliarem o escopo, migrando o foco de

“comportamento” para outras esferas, como as atitudes e competências requeridas por uma

pessoa para atuar bem como empreendedor (Filion, 1998 e 2000).

Segundo Barini (2008), a Psicologia Cognitiva e a Psicologia da Personalidade vêm ga-

nhando espaço entre os pesquisadores de competência empreendedora. Em seu estudo sobre

este tema utiliza métodos de identificação de perfil psicológico e a importância da cognição

na formação de novas competências. Nos estudos de Man e Lau (apud mello, 2006. p.49), as

competências empreendedoras são categorizadas em seis áreas distintas de comportamento:

• Competência de oportunidade;

• Competência de relacionamento;

• Competências conceituais;

• Competências administrativas;

• Competências estratégicas; e

• Competência de comprometimento.

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Mello (2006), na sua pesquisa com empreendedores, fez a descoberta de uma nova com-

petência que denominou de Equilíbrio entre Trabalho e vida Pessoal, os dirigentes consideram

estas instâncias complementares, e não concorrentes, em termos de prioridades. Mello destaca

a busca que fazem por escapes da exaustão física e psicológica, ameaçadores de seu rendimento

nas atividades empresariais, o que repercute na tentativa de encontrar fórmulas de saídas criati-

vas e lúdicas para garantir um contínuo estado de revigoramento pessoal e profissional.

De acordo com Baron (2007, p.350), uma habilidade essencial para o desenvolvimento da

competência do empreendedor, entre outras, é lidar com o estresse. Um dos fatores de estresse

dos empreendedores é a exigência de ter que atender a vários papéis sociais, além de dirigir

a empresa. Produz efeitos negativos o período longo no trabalho, afastando-o da família, e a

responsabilidade pelos outros (seus funcionários).

Para este autor, os empreendedores mostram um padrão diferente quando se trata de cui-

dados consigo mesmo, em comparação com os ativos da empresa, eles se expõem a inúmeros

infortúnios: trabalham por períodos longos, comem e dormem mal e desprezam toda atividade de

prazer em detrimento da empresa. A diferença entre um trabalhador colaborador e o empreende-

dor é que este se expõe a estas situações estressoras por escolha pessoal, escolhem como meio de vida.

Para Louis Jacques Filion, (1999), o empreendedorismo é campo de estudo para diversas dis-

ciplinas, como Economia, Psicologia, Sociologia e Administração, pois ainda não se tem uma teoria

própria estabelecida no meio científico. Esta multiplicidade de visões sobre o tema tem contribuído

para o entendimento do empreendedor como um agente social influenciado pelo contexto. Para ele, as

pessoas podem ser menos ou mais empreendedoras. Esse caráter transitório do comportamento empre-

endedor, também, se encontra destacado na definição de Filion (1999, p.19), na qual empreendedor é:

[...]uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir ob-jetivos e que mantém alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios. Um empreendedor que continua a aprender a respeito de possíveis oportunidades de negócio e a to-

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mar decisões moderadamente arriscadas que objetivam a inovação, continuará a desempenhar um papel empreendedor.

O empreendedor é o agente de um “processo pelo qual se faz algo novo (algo criativo) e

algo diferente (algo inovador) com a finalidade de gerar riqueza para indivíduos e agregar valor

para a sociedade” (kao, 1995; Filion, 1998, 1999a; bruyat; julien, 2000; shane; venkatara-

man, 2000; kao, kao; kao, 2002 apud Filion, 2004, p.65).

3.1.1 empreendedorismo no brasil

A partir da década de 1960, foram criadas instâncias governamentais que dessem

assistência às pequenas e médias empresas na melhoria de sua produtividade e estrutura

financeira, como Cebrae (que em 1990 se tornou uma autarquia e passou a se denominar

SEBRAE) e o BNDES.

A década de 1990 foi muito representativa no País para o desenvolvimento do empre-

endedorismo, através de programas de fomento e capacitação, como o seminário Empretec

desenvolvido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE),

e pela ampliação de incubadoras tecnológicas pela Associação Nacional de Entidades Pro-

motoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (ANPROTEC); e pelos diversos

programas de formação de empreendedores pela FEA/USP (1992) e rede de ensino de

empreendedorismo criada pela Sociedade Brasileira para Exportação de Software (soFtex)

e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq ) em 1993 (dor-

nelas,2001).

Mais recentemente, surgiram entidades civis de apoio ao empreendedorismo como a

ENDEAvOR criada em 2000. Com intuito de desburocratizar as iniciativas de abertura de

novos negócios foi promulgada em 2006 de lei Geral da Micro e Pequena Empresa. É gran-

de o número de iniciativas de entidades públicas e privadas para fortalecer o movimento

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de fomento ao empreendedorismo, desde o ano de 1999 o Brasil participa da - Global

Entrepreneurship Monitor (GEM), que compara a taxa de atividade empreendedora no

País com outros 50 países. Na pesquisa de 2000, o País ficou em primeiro lugar entre os

países pesquisados.

A GEM é uma pesquisa internacional que visa comparar a taxa de atividade empreen-

dedora entre os países participantes. Foi criada em 1999 e tem a coordenação internacional

da Babson College (EUA); London Business School (Inglaterra) e Global Entrepreneurship

Research Association - GERA (Inglaterra). O Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade

(IBQP) com o apoio do SEBRAE coordena a equipe do Projeto GEM Brasil.

Segundo o projeto GEM, o conceito de Empreendedorismo é:

Qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou novo empreendimento, como por exemplo, uma atividade autônoma, uma nova empresa ou a expan-são de um empreendimento existente por um indivíduo, grupos de indivíduos ou por empresas já estabelecidas. (passos, 2008)

Para avaliar o nível da atividade empreendedora de cada país, são entrevistados adultos

(18 a 64 anos de idade), selecionados por meio de amostra probabilística de cada país parti-

cipante. Os empreendedores pesquisados são classificados conforme o estágio empresarial, a

motivação para empreender e as características demográficas. Em 2008, foram entrevistadas

2.000 pessoas no Brasil e 124.721 pessoas no mundo. (greco, 2009)

No Brasil, na atualidade existem aproximadamente 14,64 milhões de pessoas exercendo

uma atividade empreendedora, são 12,02 % da população, o que significa que de cada 100 bra-

sileiros 12 realizavam alguma atividade empreendedora. Estes são dados da pesquisa GEM de

2008 em que o Brasil ficou em 13º entre os 43 países que participaram da pesquisa neste ano.

A Tabela 1, a seguir, mostra os 5 países com maior estimativa de população empreendedora. O

Brasil fica em terceiro lugar atrás apenas da Índia e dos EUA.

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Tabela 1 – Estimativa da População Empreendedora

Países TEA 2008 (%)

Posição (43 Países)

Estimativa de empreendedores

maiores Estimativas

Índia 11,5 15 76.045.000

Estados Unidos 10,8 16 20.546.000

Brasil 12 13 14.644.000

méxico 13,1 11 8.412.000

Colômbia 24,5 3 6.571.000

Total do Grupo 14,4 126.218.000

Fonte: Pesquisa GEM 2008.

O estudo aborda o comportamento das pessoas relacionado à abertura e ao gerenciamento

de novos negócios. Denomina-se empreendedor:

Alguém que está apenas iniciando um empreendimento em um mercado com-petitivo pode ser considerado um empreendedor, mesmo não tendo aspirações de alto crescimento. Por outro lado, uma pessoa pode ser proprietária de um negócio estabelecido já por muitos anos e ainda manter uma visão de inova-ção, competitividade e crescimento. Esse indivíduo também é um empreende-dor. (passos, 2008, p.142)

Esta pesquisa foca o papel dos indivíduos no processo empreendedor. Este modelo ex-

plica a atividade empreendedora em três fases: instalação, iniciação e manutenção de novos

empreendimentos, e classifica o empreendedor pelas fases de criação do negócio. A Figura 2

ilustra o processo pelo qual uma pessoa é considerada empreendedora nesta pesquisa.

FigurA 1 – O Processo Empreendedor e Definições Operacionais do GEM. Fonte: Transcrito de reynolds. et al., 2005( in: passos, 2008).

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Além da concepção citada, o GEM divide os empreendedores em grupos:

• Iniciais: estão à frente de negócios com até 42 meses de vida (três anos e meio).

Esses empreendedores subdividem-se em dois tipos:

- nascentes, à frente de negócios em implantação; e

- novos, seus negócios já estão em funcionamento e pagam salário por pelo menos

três meses. Compõem uma taxa denominada TEA.

• Estabelecidos : são aqueles à frente de empreendimentos com mais de 42 meses.

A Tabela 2, a seguir, mostra a variação da TEA – Taxa de Atividade Empreendedora em

relação a media dos países participantes da pesquisa no período de 2001 a 2008. O Brasil sem-

pre manteve uma taxa superior a média dos demais países.

Tabela 2 – Taxa Média Do Brasil No Período De 2001 A 2008

PaísesAno

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Países participantes 8,65 6,49 6,98 6,47 6,39 6,07 6,82 10,48

Brasil 14,2 13,53 12,9 13,48 11,32 11,65 12,72 12,02

Fonte: GEM 2008

Outra classificação também é encontrada nesta pesquisa, os pesquisados são divididos pelo

tipo de motivação para abertura de um negócio. Os empreendedores podem ser orientados por:

• Oportunidade: é aquele que iniciou sua atividade para melhorar sua condição de vida

ao observar uma oportunidade para empreender. Buscou iniciar sua atividade para

obter maior independência, realização de sonho ou aumento de renda.

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• Necessidade: é aquele que abriu um negocio próprio para sobreviver à escassez de

emprego formal ou complementação de renda familiar. Buscou iniciar sua atividade

como alternativa de sobrevivência e não como escolha planejada.

A taxa de empreendedores por oportunidade no ano de 2008 ficou em 8,03%, com cerca

de 9,78 milhões de pessoas. A taxa de empreendedores por necessidade foi de 3,95%, com

aproximadamente 4,81 milhões de empreendedores. Dessa maneira, atinge a razão de dois em-

preendedores por oportunidade para cada empreendedor por necessidade.

Com relação à inovação, isto é, à capacidade de os empreendedores lançarem produtos

desconhecidos pelos consumidores e à utilização de tecnologias disponíveis a menos de um

ano, o Brasil ficou em 38º entre os 43 países participantes. Apenas 3,3% dos empreendedores

entrevistados se disseram capazes de desenvolver produtos com inovação tecnológica.

Na opinião dos pesquisadores o surgimento das incubadoras no Brasil ainda é muito re-

cente e ainda dispõem de capacidade de apoio a empresas de base tecnológica muito aquém das

necessidades de um país (greco,2009).

A pesquisa GEM de 2008, também, revelou os seguintes dados sobre o empreendedoris-

mo no Brasil:

• 54% dos empreendedores brasileiros são homens, a taxa de empreendedorismo das

mulheres ficou em 46%. A taxa das mulheres orientadas para oportunidade é de

48,7% entre os empreendedores iniciais.

• 25% dos empreendedores brasileiros são jovens (18 a 24 anos), 68% empreendem

por oportunidade e 32% por necessidade. Neste item o Brasil ocupa a 3ª posição no

ranking da pesquisa GEM.

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37

• O jovem empreendedor por oportunidade diferencia-se por possuir uma renda maior

(36% até 3 salários mínimos; 34% de 3 a 6 salários), e uma escolaridade maior, sendo

que 25% estão cursando ou já terminaram o nível superior.

• Quanto à escolaridade, 52,7% têm de 5 a 11 anos de estudo, o que equivale ao ensino

médio, e 16,3% possuem mais de 11 anos de estudo.

Abrir um negócio, se tornar empreendedor, passou a ser uma das alternativas de geração

e manutenção do emprego e da renda familiar encontrada por trabalhadores que sofreram o

impacto da redução do mercado de trabalho, após as constantes mudanças socioeconômicas

iniciadas na década de 1980.

Segundo Passos (2008), as mudanças decorrentes da flexibilização e da liberali-

zação da economia mundial provocam mudanças significativas na situação laboral dos

trabalhadores e empreendedores. A atividade empreendedora e a situação laboral estão

inseridas nesse movimento global; no Brasil apresentam algumas especificidades a partir

do movimento de estabilização da economia, que melhora a competitividade e estimula

a atividade empreendedora.

3.1.2 cultura empreendedora

Ainda são poucos os estudos que relacionam cultura e empreendedorismo, porém esta re-

lação existe. A ação empreendedora ocorre num contexto social que pode facilitar ou dificultar

seu sucesso. Souza (2007) define cultura como “todo um processo de criação no qual as pesso-

as, bem como os grupos sociais, estão em constante formação, incorporando valores sociais e

transformando-os em práticas que se articulam em normas sociais”.

Cultura é uma palavra de origem latina, (cultura,ae) que significa ação de cultivar, o

Dicionário Houaiss (2001, p.888) define como “conjunto de conhecimento acumulados e so-

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cialmente valorizados que constituem patrimônio da sociedade”. Uma cultura inclui sistemas

de costumes e valores em um espaço compartilhado por pessoas que adquirem hábitos,

criam normas e leis de convivência e socialização; é este contexto que define uma cultura

(sampaio, 2008).

A complexidade da sociedade atual, em que a diversidade e a multiplicidade de grupos

sociais tornaram-se características marcantes das diversas nações e sociedades, faz que o

conceito de cultura seja dinâmico e delimitado pela identificação e compartilhamento deseja-

do entre pessoas de um determinado grupo. Há uma coexistência de diversas culturas dentro

de um mesmo país, os grupos constroem sua cultura pela proximidade regional, por padrões

emocionais, por ideologias e, mais recentemente, pelas redes virtuais criadas via web. Uma

cultura se faz viva pela capacidade dos membros de uma sociedade de cuidarem e tornarem

suas normas, leis, regras de convivências, hábitos e valores sempre adequadas à contempora-

neidade (sampaio, 2008).

Um grupo de pessoas, uma comunidade ou um povo se distingue dos demais agrupa-

mentos por compartilhar os mesmos significados e símbolos em relação à forma de vida,

como organizam a relação de trabalho, as funções familiares, os modelos educacionais e os

padrões sociais. É isto que caracteriza a sua identidade cultural (sampaio, 2008). Segundo

Hofestede (1997), os grupos humanos pensam, sentem e agem de modo diferente, sendo tais

diferenças manifestações culturais. Para este autor existem distintos níveis de manifestação

de uma cultura que variam na sua profundidade e representatividade para seus membros

(souza, 2007).

A Figura 3 representa as quatros categorias de manifestações culturais hierarquizadas do

nível mais superficial ao profundo.

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valoresRituaisHeróisSimbolos

FigurA 2 – Manifestações culturais hierarquizadas - do superficial ao profundo. Fonte Elaborado pela Autora com base em tomei (2008).

Para Hofestede (1997, apud tomei, 2008), entre as manifestações culturais, os símbolos

estão na dimensão mais superficial. Eles são palavras, gestos, têm significados específicos para

pessoas que partilham a mesma cultura; os heróis, pessoas vivas ou mortas que representam

modelos de comportamento e são altamente valorizadas em determinada cultura se localizam

na dimensão em seguida; Na terceira dimensão em direção ao centro estão os rituais ou ativi-

dades coletivas, que são consideradas essenciais para atingir certos fins, como festas e comemora-

ções e, no nível mais profundo, e portanto invisível, estão os valores que são as crenças, conceitos

e sentimentos inconscientes, definidos como a tendência para se preferir um estado de coisas em

face de outro. Os três primeiros níveis formam o que o autor chama de práticas, por estarem visí-

veis ao observador externo, e os valores formam o núcleo da cultura (tomei, 2008; souza, 2007).

No que se refere à cultura empreendedora, muitos mitos e crenças são criados em torno

da figura do empreendedor. Em alguns momentos, o empreendedorismo é identificado como

“virtude” e o empreendedor como herói, o “salvador da pátria”, como se fosse a solução de todo

os males sociais. Em outras situações, o empreendedorismo adquire um significado negativo

e pejorativo, como "exploração" e os empreendedores, “espertalhões e mercenários”, como se

fossem os geradores de todos os problemas da humanidade. O professor Timmon’s (1994), em

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seus estudos sobre empreendedorismo na Babson College, e professor Dornelas (2007), em

estudo com empreendedores brasileiros, aborda a questão de mitos construídos culturalmente,

ambos destacam alguns mitos que ainda estão presentes na sociedade com o propósito de con-

tribuir na constituição de significados e símbolos e valores relacionados ao empreendedorismo,

da maneira mais próxima possível da realidade atual, a partir de evidências consistentes.

Weber (1982a) foi um dos precursores em relacionar empreendedorismo e cultura, a par-

tir da análise dos preceitos da religião protestante e o espírito do capitalismo, o autor sugere a

questão central sobre cultura contemporânea no início do século XX, que estabelece um tipo

de sociedade influente, desenhada a partir da organização racional do trabalho. Discorre sobre

esta influência no modo de vida, padrões de conduta dos empreendedores bem-sucedidos, suas

motivações para acumulação de riquezas e dedicação em tempo integral aos negócios. Seus es-

tudos buscam explicar como a mentalidade capitalista se formou a partir das condições sociais,

geográficas, influências religiosas e culturais.

O impacto da cultura no comportamento empreendedor é ressaltado por vários autores.

A cultura empreendedora é caracterizada por valores, atitudes do empreendedor na criação da

estrutura e modelo de trabalho nas suas organizações, incluindo a presença de elementos, como

a inovação, pró-atividade e propensão ao risco. De acordo com Farrell (apud tomei, 2008), três

itens são fundamentais para a criação de uma cultura empreendedora:

• Vantagem competitiva: identificar valores, atitudes e procedimentos;

• Comprometimento pessoal e exemplo dos líderes: dedicação de todos na organização

• Simplicidade: sempre presente na mente dos funcionários

Segundo Peter Drucker (2005),

[...] precisamos de uma sociedade empreendedora na qual a inovação e o em-preendimento sejam normais, estáveis e contínuos. Numa sociedade empreen-

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dedora os indivíduos enfrentam um enorme desafio, desafio este que precisam explorar como sendo oportunidades: a necessidade por aprendizado e o rea-prendizado continuo (p. 349).

A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), também aborda os aspectos socio-

culturais da ação empreendedora: “Avalia até que ponto normas culturais e sociais encorajam,

ou não, ações individuais que possam levar a novas maneiras de conduzir negócios ou ativida-

des econômicas que, por sua vez, levam a uma maior dispersão em ganhos e riquezas”(passos,

2008, p 148).

No item denominado Mentalidade Empreendedora, os pesquisadores examinam as ati-

tudes gerais da comunidade em relação ao empreendedorismo; atitudes diante do fracasso, do

risco, da criação de riqueza e sua influência no desenvolvimento do empreendedorismo; efeitos

das normas sociais no comportamento empreendedor (passos, 2008).

A família é um agente social importante na formação de identidade do empreendedor e

tem sido estudada por pesquisadores do comportamento empreendedor na perspectiva identifi-

car o grau de influência cultural na escolha do indivíduo em seguir uma carreira empresarial. O

grupo familiar transmite padrões e hábitos na sua convivência que direcionam as pessoas a um

tipo de visão e atitude em relação ao trabalho. Muitos autores afirmam que a cultura familiar

tem uma forte influência na decisão de ser empreendedor.

Conforme recente estudo realizado por Dolabela (2008), os resultados confirmam a hi-

pótes de que ter tido pais empresários influencia na decisão de ser ou não empresário. Outro

dado da mesma pesquisa é que filhos de empresários lidam melhor com a incerteza, com o locus

interno de controle, possuem um conceito de si mais definido ou uma maior necessidade de

realização, têm uma rede de informações mais ampla e possuem um maior entendimento sobre

o setor em que atuam (p. 8).

Outros estudos ganharam destaque em pesquisar a propensão ao empreendedorismo por

influência familiar. Além da aquisição de características pessoais, a educação familiar e a con-

vivência no ambiente social representam uma parcela significativa na formação de empreen-

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dedores (bohnenberger; schimidt; Freitas, 2007; salvi et al., 2006; hilário neto, 2004 apud

dolabela,2008).

Um fator cultural importante relacionado com empreendedorismo é a forma de apren-

dizagem do comportamento empreendedor, para Albert Bandura (apud vaconcelos, 2003), a

maior parte do comportamento humano é aprendida pela observação através da modelagem. A

aprendizagem é, essencialmente, uma atividade de processamento de informação, permitindo

que condutas e eventos ambientais sejam transformados em representações simbólicas que ser-

vem como guias de ação.

A Teoria Social Cognitiva, desenvolvida por Bandura, explica o aprendizado social pela

modelagem, isto é, é pela observação da ação de outras pessoas que um indivíduo percebe e

constrói novos comportamentos a serem executados. Os empreendedores aprendem na prá-

tica, com base em ações e na observação de modelos de empresários bem-sucedidos que ele

consideram significativos, este modelos podem ser pertencentes ou não a seu grupo familiar.

Segundo Allan Gibb (apud dolabela, 1999), o processo de aprendizagem de um empreendedor,

normalmente, é estruturado num ambiente sociocultural que proporcione que a pessoa vivencie

na prática situações com as seguintes oportunidades de aprender:

• Solucionando problemas;

• Agindo sob pressão;

• Interagindo com os pares e outras pessoas;

• Vivenciando trocas com o ambiente;

• Aproveitando oportunidades;

• Copiando outros empreendedores;

• Com os próprios erros;

• Pelo feedback dos clientes

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Autores que pesquisam sobre empreendedores, considerando os aspectos culturais, têm

abordado as características de comportamento e as atitudes relacionadas ao empreendedorismo.

Para Souza (2005), atitude é como uma disposição para responder com algum grau de favora-

bilidade ou desfavorabilidade a um objeto psicológico. Espera-se que as atitudes prevejam e

expliquem o comportamento humano. Esta concepção está presente nos estudos realizados por

essa autora com empreendedores brasileiros.

Assim, atitude empreendedora é concebida como a forma criativa e inovadora de agir no

ambiente, gerando valor para si e para a comunidade. Uma pessoa age dessa forma ao viabilizar

em sua empresa ganhos financeiros, resultados transformadores no modo de produção de bens

e serviços, por conseqüência, gera empregos, riquezas e muda para melhor as condições de vida

da sociedade (sampaio, 2008).

Segundo Passos (2008), a ação empreendedora deve ser compreendida no bojo das trans-

formações das relações de trabalho no contexto do mundo contemporâneo. Dessa forma, torna-

se necessário situar, concretamente, as práticas empreendedoras, os próprios empreendedores e

suas ações no contexto sociocultural e econômico.

A cultura empreendedora deve ser considerada a partir das dimensões geográficas

do território em que se desenvolve; das redes sociais que se formam; das forças políticas

locais; dos padrões de relações sociais e familiares; e do desenvolvimento econômico pro-

porcionado neste contexto. As constantes mudanças na estrutura social no mundo contem-

porâneo propiciam o surgimento de novos atores sociais que identificam, tanto na necessi-

dade, quanto na oportunidade, a motivação para construir novas identidades. Entendendo

a formação da identidade como enraizada no movimento socio-histórico da sociedade, na

cultura (passos, 2008).

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3.2 Qualidade de vida no trabalho

O movimento de qualidade de vida no Trabalho tem uma das suas origens na Escola de

Relações Humanas, por meio dos estudos de Elton Mayo que relacionava o aumento da produ-

tividade com os fenômenos grupais. Este movimento foi influenciado, também, pelas pesquisas

de Maslow e Herzberg sobre motivação humana, relacionando-a com os fatores de satisfação e

necessidades básicas no trabalho (goulart e sampaio, 1999).

Com as mudanças crescentes e intensas no processo organizacional, as quais estão baseadas

nos pilares da produtividade e competitividade, houve também uma evolução na compreensão da

qualidade de vida no Trabalho por parte das empresas. A abordagem de qualidade de vida no

Trabalho passa a considerar trabalhador como uma pessoa com diversos níveis de necessidades e

expectativas – essas dimensões devem ser consideradas para atender tanto à demanda da organi-

zação por melhoria de produtividade, quanto à saúde e bem-estar do trabalhador.

3.2.1 signiFicado do trabalho e bem-estar

Com o desaparecimento de muitos empregos no mercado contemporâneo e o surgimento

de diversas formas de trabalho, criadas pela inovação tecnológicas e diferentes modelos de

negócios, faz do momento atual um período propício para entender e reorganizar o sentido do

trabalho para o homem moderno.

De acordo com Fryer e Payne (1984, apud morin, 2001), o trabalho é uma atividade útil,

determinada por um objetivo definido além do prazer gerado por sua execução; e o emprego

refere-se à ocupação de uma pessoa, atendendo a atividades remuneradas em um sistema orga-

nizado economicamente.

O trabalho é tão importante que possui uma posição central na vida das pessoas. Pode ser

considerado uma das principais dimensões da vida do homem que interfere em sua inserção na

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sociedade, delimita espaços de mobilidade social e se destaca como um dos fatores da constru-

ção da identidade individual (lourenço, 2009).

O significado do trabalho pode ser estruturado com base em duas concepções:

• A concepção positiva que relaciona o trabalho à possibilidade de construção,

de identidade e de autorrealização. Segundo Albornoz “as razões para trabalhar

estão no próprio trabalho e não fora dele ou em qualquer de suas consequências”

(albornoz, 1994, p. 59 apud lourenço, 2009). Nessa perspectiva, o sentido do

trabalho está vinculado ao sentido da vida. Faz-se necessário ressaltar que ele

pode também, ser fonte de prazer e até mesmo provedor de saúde e desenvolver

o bem-estar.

• A concepção negativa em que o trabalho é considerado sofrimento. A própria origem

da palavra trabalho possui este sentido em duas bases do latim: I - labor, que significa

dor, sofrimento, esforço; e II - tripalium - instrumento de tortura -, associado a fardo.

Segundo Lourenço (2009), nessa perspectiva o trabalho representa punição, castigo

e um peso para quem o realiza; o homem está no mundo do trabalho para subsistir e

adota a estratégia de separação entre a vida e o trabalho, distingue sua auto-imagem

entre a parte que trabalha e a parte que vive.

Para Dejours (1987) as duas dimensões coexistem paradoxalmente no trabalho, tanto é

fonte de sofrimento como de prazer. Para este autor, a organização do trabalho exerce impacto

sobre o aparelho psíquico, podendo ser favorável ou não ao equilíbrio mental e saúde do corpo.

Este equilíbrio depende de dois fatores:

• As exigências do trabalho estão de acordo com as necessidades do trabalhador

• O conteúdo do trabalho é fonte de uma satisfação sublimatória.

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Dejours (1987, p.135), também afirma que tais condições só se encontram nas profis-

sões de artesão, profissões liberais e entre os responsáveis de alto nível: trabalho livremente

organizado ou deliberadamente escolhido. Para o autor “o comportamento livre é um padrão

comportamental que contém uma tentativa de transformar a realidade circundante, conforme os

desejos do próprio sujeito” (p.26). O tempo livre qualifica comportamento produtivo com uma

orientação para o prazer.

Nos estudos de Morin (2001) sobre o sentido do trabalho para as pessoas que o realizam,

são destacadas algumas dimensões importantes, como: uma atividade que organiza o tempo;

que coloca as pessoas em relação com as outras; uma atividade produtiva que agrega valor a

alguma coisa; dá um sentimento de segurança; e possibilita ser autônomo e independente. Para

a autora, o prazer e o sentimento de realização, que podem ser obtidos na execução de tarefas,

dão um sentido ao trabalho, sobretudo, quando se tem a possibilidade de executá-lo de acordo

com sua competência e valores pessoais.

O conceito de bem-estar, na maioria das pesquisas, está relacionado à satisfação com

a vida de uma maneira geral, sem um contexto definido. Segundo Dessen (2009), os estudos

sobre bem-estar no trabalho, em sua maior parte, têm por base o modelo de Warr (1987). Este

autor “busca avaliar o impacto de variáveis do contexto de trabalho sobre a saúde mental dos

indivíduos, considerando-a da perspectiva predominantemente positiva”; considera para este

fim cinco componentes: o bem-estar afetivo; a competência pessoal; a autonomia; a aspiração;

e o funcionamento integrado.

Paschoal (2008, p.16) relata que bem-estar no trabalho pode ser conceituado, “como a pre-

valência de emoções positivas no trabalho e a percepção do indivíduo de que, no seu trabalho,

expressa e desenvolve seus potenciais/habilidades e avança no alcance de suas metas de vida”.

Portanto, bem-estar no trabalho está relacionado à oportunidade de expressar suas capaci-

dades, superar desafios, fazer o que realmente gosta, desenvolver seus potenciais e avançar no

alcance de suas metas de vida e atingir resultados que valoriza (dessen, 2009).

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3.2.2 a evolução do conceito de Qualidade de vida no trabalho

O conceito biopsicossocial origina-se da Medicina Psicossomática, que propõe a visão

integrada e holística do ser humano, em oposição à abordagem cartesiana, que divide o ser

humano em partes. Assim, “toda pessoa é um complexo biopsicossocial, isto é, tem potenciali-

dades biológicas, psicológicas e sociais que respondem simultaneamente às condições de vida”

(limongi-França, 1996).

Limongi-França e Rodrigues (1997, p.12) afirmam que o ser humano reage às situações

de vida dentro ou fora da empresa, sempre como um todo complexo, tais reações buscam o

equilíbrio e a integração das dimensões, sendo elas:

• Dimensão biológica, que compreende “às características constitucionais herdadas

e congênitas, incluindo o funcionamento das glândulas, do metabolismo interno, as

resistências e as vulnerabilidades do corpo”;

• Dimensão psicológica, que se refere “aos processos afetivos, emocionais e intelec-

tuais, conhecidos ou inconscientes, caracterizando a personalidade, a vida mental, o

afeto e o jeito de se relacionar com as pessoas e com o mundo que as rodeia”;

• Dimensão social que engloba valores, crenças e as expectativas das pessoas perten-

centes aos grupos sociais e as “diferentes comunidades com as quais se entra em

contato durante a vida, desde o nascimento. Também inclui a influência do ambiente

físico e as características ergonômicas dos objetos utilizados”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define qualidade de vida como:

[...] a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expecta-tivas, padrões e preocupações. É um conceito de grande abrangência afetado em uma forma complexa pela saúde física das pessoas, estado psicológico, ní-

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vel de independência, relações sociais e suas interações com as características importantes do ambiente. (whoQol group, 1995, p.1405).

Limongi-França (2007, p.167) define, do ponto de vista das pessoas, qualidade de vida

como “a percepção de bem-estar, a partir das necessidades individuais, ambiente social e econô-

mico e expectativa de vida”. Nas organizações esta questão deve ser considerada do ponto de vista

da valorização das condições de trabalho, do significado do trabalho e dos valores e padrões de

relacionamento no ambiente (2007).

As diversas abordagens do tema QVT foram classificadas por Limongi-França (2008, p. 24)

em seu livro: ‘Qualidade de Vida no trabalho – conceitos e práticas nas empresas da sociedade

pós-industrial’, em três escolas:

(i) Escola Socioeconômica: Giddens (1998) destaca o surgimento da nova corrente polí-

tica “terceira via”, como a contribuição mais reveladora da atualidade no campo da

organização sociopolítica das nações. Os princípios básicos de desenvolvimento da

cidadania; responsabilidade e projetos sociais; igualdade com liberdade; preservação

do meio ambiente; desenvolvimento sustentável que se contrapõem ao conservadoris-

mo neoliberal. vale destacar que no campo da qvT novas referências e paradigmas

estão surgindo, como por exemplo, na área da saúde, em que as soluções são fruto

da construção social da saúde pública por vários atores sociais, que se tornam parte

integrante do processo de saúde e de doença das pessoas.

(ii) Escola Organizacional: A QVT envolve uma dimensão especifica que é o local onde se

dão as relações de trabalho. Walton (1975) “é o primeiro autor norte-americano que fun-

damenta um conjunto de critérios da ótica organizacional, iniciando importante linha de

pesquisa de satisfação em QVT”. Desta-se como contribuições da escola organizacional

as seguintes características: expansão dos processos de qualidade e produtividade para o

de qualidade pessoal; política de gestão de pessoas, valorização e capacitação; marketing

– imagem corporativa e comunicação interna; tempo livre – desenvolvimento cultu-

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ral/hábitos de lazer e esporte; risco e desafio como fatores de motivação e compro-

metimento.

(iii) Escola Condição Humana no Trabalho: Toda pessoa é um complexo biopsicossocial.

Esta concepção situa-se na mesma proposta conceitual da visão holística de homem.

Resgata uma visão mais ampla de saúde, como a adotada pela OMS que, em 1986,

definiu a saúde não apenas como a ausência de doença, mas também o completo bem-

estar biológico, psicológico e social. Embora não exista uma definição de qualidade

de vida nesta escola, três aspectos: a subjetividade; a multidimensionalidade, e a pre-

sença de aspectos positivos e negativos tem influenciado na construção de definições

e conceitos. (limongi-França, 2008).

Para Abreu (2009, p.146) “qualidade de vida é um conceito mais abrangente, conside-

rando o indivíduo e sua vida como um conjunto, não só no que se refere ao trabalho”. Em se

tratando de QVT, a autora considera como uma competência relativa às organizações que lida

com demandas e expectativas de bem-estar das pessoas.

Constantino (2007) considera que a Qualidade de Vida não é só o que é feito pela pessoa

em relação a saúde, alimentação, atividade física, entre outras ações, mas o que ela faz por si pró-

pria. As escolhas que o indivíduo faz para se relacionar em seu contexto, seu estilo de vida, que

é entendido pela autora como uma postura de ser e estar no mundo com objetivo de viver bem.

O estudo sobre QVT tem ênfases diferentes de acordo com a base científica adotada e o

momento histórico em que está inserida. A partir da década de 1970, a QVT passa a se carac-

terizar pela melhoria e condições de trabalho, visando maior satisfação e produtividade. Com

o lançamento do Programa Internacional para Melhoramento das Condições e do Ambiente de

Trabalho (PIACT) pela Organização Mundial do Trabalho ( OIT), em 1976, houve um grande

reflexo na década de 1980 nas empresas, buscando maior participação do trabalhador e a huma-

nização do trabalho (aurellano, 2008).

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Limongi-França (1996) e Aurellano (2008) realizaram uma revisão na bibliografia sobre o

tema, de vários autores que o estudaram em suas respectivas pesquisas, em que retratam este período

entre a década de 1970 e início do século XXI, conforme consolidado e apresentado no Quadro 2.

quadro 2 – Sinopse de algumas definições sobre Qualidade de Vida no trabalho (QVT) Autor(res) Ano Definição de QVT

Walton 1973 Atendimento de necessidades e aspirações humanas, calcado na idéia de humanização e responsabilidade social da empresa.

Boivert 1977 Conjunto de consequências benéficas do trabalho para o indivíduo, a organização e a sociedade.

Carlson 1980

É tanto um objetivo como um processo para alcançar esse objetivo. Como meta, QVT é o comprometimento da organização para o desenvolvimento do trabalho: criação de maior envolvimento, satisfação com as tarefas e ambiente de trabalho para todas as pessoas de todos os níveis da organização. Como processo, qvT realiza esforços para alcançar essa meta através do envolvimento de todos.

Nadler e Lawler 1983

Maneira de pensar sobre as pessoas, o trabalho e a organização. Seus principais elementos são: (1) a preocupação sobre o impacto do trabalho nas pessoas e na efetividade organizacional; e (2) a idéia de participação nas soluções de problemas e nas tomadas de decisões.

Kiernan e Knutson 1990

Interpretação individual de seu papel no ambiente de trabalho e desse papel com as expectativas dos outros. A qvT de cada um é individualmente determinada. Designada e avaliada. A QVT tem significados diferentes para cada um e varia com a idade, o estágio na carreira e a posição na organização.

Neri, A.M 1992 Atendimento das expectativas quanto a se pensar a respeito de pessoas, trabalho e organização, de forma simultânea e abrangente.

Kerce e Boot-kewley 1993 Maneira de pensar sobre as pessoas, o trabalho e a organização.

Dejours 1994 Como condições sociais e psicológicas do trabalho, principalmente no que se refere ao sofrimento criador e ao sofrimento patogênico

Fernandes 1996Associada à melhoria das condições físicas, programas de lazer estilo de vida, instalações, atendimento a reivindicações dos trabalhadores, ampliação do conjunto de benefícios.

Sirgy, Efraty, Siegel e Lee 2001 Satisfação do empregado com a variedade de necessidades, através de recursos,

atividades e resultados da participação dos empregados.

Limongi-França 2007 Percepção de bem-estar, a partir das necessidades individuais, ambiente social e econômico e expectativas de vida.

Fonte: Consolidado pela autora com base em ( aurellano, 2008) (limongi-França, 1996 e 2007)

De uma forma geral, observam-se conceitos de qualidade de vida no Trabalho (qvT),

com os seguintes enfoques (limongi-França, 1996):

(a) grau de satisfação da pessoa com a empresa;

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(b) condições ambientais gerais;

(c) promoção da saúde.

Aurellano (2004) conceitua qvT como a busca do equilíbrio psíquico e social do tra-

balhador, dentro do contexto organizacional. Segundo Albuquerque e Limongi-França (1998,

p.42), qualidade de vida no Trabalho é:

[...]um conjunto de ações de uma empresa que envolve diagnóstico e implan-tação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de desenvol-vimento humano para e durante a realização do trabalho.

Nas empresas brasileiras, segundo Goulart e Sampaio (1999) em sua pesquisa sobre

qvT, ainda se caminha para tornar o trabalho mais humanizado. Os autores correlacionam

a maior desumanização do trabalho na atualidade com métodos de produção em massa.

Com as recentes exigências que as organizações sofrem do mercado, também associam o

binômio produtividade e competitividade com a importância que as pessoas passam a ter no

projeto de desenvolvimento de uma organização. Estas mudanças podem ser identificadas,

por exemplo, com:

• Substituição do termo recursos humanos por pessoas;

• Envolvimento das chefias nas atividades de desenvolvimento das pessoas;

• Movimentos que se destinam a valorizar as pessoas como QVT;

• Reestruturação dos setores de recursos humanos que passam a incluir papéis mais ativos.

A associação dos dois enfoques citados está cada vez mais presente nas concepções de

QVT. A tendência de considerar os aspectos mais subjetivos por parte das pessoas na compre-

ensão da qvT, somada a estratégias da organização para manter a motivação, a produtividade

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e qualidade no ambiente de trabalho, têm sido cada vez mais frequente entre os autores que

estudam a qvT.

O mundo empresarial tem enfrentado o desafio de conciliar o ambiente competitivo de

alta produtividade com o cuidado integral das pessoas, o estímulo à autonomia, à criatividade

e ao bem-estar. Na busca de estratégias para viabilizar a existência desta condição de traba-

lho está sendo construída uma nova forma de gestão. Segundo Limongi-França (2008), estas

evidências propiciam o surgimento de competência de gestão a partir de seis fatores críticos

nas organizações

• Conceito de QVT;

• Produtividade;

• Legitimidade;

• Perfil do gestor;

• Práticas e valores;

• Competência GqvT.

Esta competência tem emergido da contribuição de diferentes ideias e de diversos mo-

delos de negócio que, atualmente, retratam o caleidoscópio do ambiente socioeconômico em

que se vive. O mundo dos negócios está cada vez mais dinâmico e complexo. As relações

de trabalho são regidas pela constante inovação organizacional e incertezas estruturais. Este

momento tem se apresentado como oportunidade para criação de novos paradigmas, novos

conceitos, novas formas de agir no ambiente de trabalho. A multiplicidade de conhecimento à

disposição contribui para identificar e criar novas referências e processos para a Qualidade de

Vida no Trabalho, buscando contemplar o bem-estar subjetivo e as necessidades empresariais

deste ambiente globalizado.

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A qualidade de vida junto com outros temas como responsabilidade social e de-

senvolvimento sustentável estão presente na agenda de diversas ciências que estudam

a condição humana no trabalho, é uma demanda da sociedade atual. Segundo Limongi-

França (2002), existem alguns desencadeadores da qvT na sociedade, que são: vínculos

e estrutura da vida pessoal, fatores socioeconômicos, metas empresariais e pressões or-

ganizacionais, que impulsionam a construção de uma competência de gestão nas orga-

nizações. O conceito de QVT “tem dois critérios fundamentais: o esforço gerencial para

condições favoráveis de vida no trabalho e a percepção das pessoas da empresas quanto

ao seu bem-estar no trabalho” (2002, p.5).

No cenário atual, as pressões sociais e econômicas cada vez mais exigem das organi-

zações processos de trabalho eficazes, tanto com relação à produtividade e à competitividade

como no atendimento das motivações e satisfação dos trabalhadores. Para Fernandes (1996),

o fato de as empresas precisarem ser competitivas faz com que se preocupem com as pessoas,

pois só através do comprometimento destas que suas metas poderão ser atingidas. Atendendo

ao cenário contemporâneo de trabalho a definição de Serey (2006, apud rethinam, 2008, p. 59)

de QVT está relacionada com o trabalho significativo e gratificante e inclui:

(i) uma oportunidade de exercitar seus talentos e capacidades, para enfrentar os desafios e situações que exigem iniciativa independente e autodirigida, (ii) uma atividade pensada para ser válida pelo indivíduos envolvidos, (iii) uma atividade na qual se compreende o papel desempenhado pelo indivíduo na realização de alguns objetivos gerais, e (iv) um sentimento de ter orgulho no que se está fazendo e, ao fazê-lo bem. (Tradução nossa)

Estes fatores, além da gestão da QVT, também produziram um novo fenômeno

no mundo empresarial neste início do século XXI – o aumento do empreendedorismo.

Muitos postos de trabalho foram eliminados pelo processo de reorganização da produ-

ção, pela fusão ou pelo fechamento de empresas. Da mesma forma, muitos trabalhadores

deixaram seus empregos por iniciativa própria; por não suportarem o estresse das con-

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dições de trabalho desmotivadoras, optam por abrirem seu próprio negócio, tornando-se

empreendedores.

Para o Ministério da Saúde, Brasil (2001 p.17) são considerados trabalhadores:

Todos os homens e mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus dependentes, qualquer que seja sua forma de intervenção no mer-cado de trabalho, nos setores formais ou informais da economia.Estão incluídos nesse grupo os indivíduos que trabalharam ou trabalham como empregados assalariados, trabalhadores domésticos, trabalhadores avul-sos, trabalhadores agrícolas, autônomos, servidores públicos, trabalhadores cooperativados e empregadores – particularmente, os proprietários de micro e pequenas unidades de produção.

Nesse novo papel, o trabalhador por iniciativa própria ou imposição do mercado, assume

ser empresário. Seu bem-estar e sua qualidade de vida e outras dimensões nas relações de trabalho

passam ser gerenciados por ele. Segundo Ogata (2005), atual presidente da Associação Brasileira

de qualidade de vida, em artigo sobre qualidade de vida do pequeno empresário, 40% das pes-

soas que são proprietários de empresas no setor de serviços apresentaram sintomas de estresse. A

pesquisa foi realizada na cidade de São Paulo pela Associação Brasileira de Stress. Não há dados

sobre as pequenas empresas no Brasil em relação à saúde e ao bem-estar dos trabalhadores. Para

este autor, surpreende a pouca atenção dedicada ao tema nas universidades: poucos estudos e pes-

quisas se referem à saúde e à qualidade de vida do pequeno empresário (2005).

3.3 alimentação e nutrição

Philippi (2004) define nutrição como a ciência que estuda os alimentos, seus nutrientes, sua

ação, interação e balanço em relação à saúde e à doença. Estuda, também, os processos pelos quais

o organismo ingere, absorve, transporta, utiliza e excreta os nutrientes. E denomina-se alimentação

o processo pelo qual os indivíduos extraem do ambiente externo os alimentos para sua dieta.

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A alimentação dos seres humanos difere de um grupo para outro, fatores econômicos,

geográficos, sociais e culturais determinam o padrão alimentar de determinada população ou de

grupos específicos dentro de uma sociedade.

[...] entende-se por padrão alimentar a composição dos alimentos que consti-tuem a dieta do individuo, seu aporte calórico, a distribuição de macro e mi-cronutrientes e a adequação as necessidades fisiológicas. Os horários, a regu-laridade e a freqüência das refeições também podem compor a caracterização do padrão alimentar. (philippi, 2004, p. 22)

A preocupação com uma alimentação segura e saudável é um fenômeno recente. Existem

diversos padrões alimentares tanto quanto a diversidade de grupos culturais; a complexidade da

sociedade moderna proporciona uma prática de dietas que, muitas vezes, podem ser inadequa-

das para a saúde e o bem-estar dos indivíduos. A adoção e manutenção de hábitos alimentares

saudáveis é um desafio não só para quem consome como também para os pesquisadores. A

formulação de guias alimentares e de recomendações nutricionais são formas de atingir grupos

específicos de uma população e até mesmo as necessidades específicas de um indivíduo ou de

grupos populacionais.

A importância da alimentação para o trabalhador está no aporte de energia necessário para

suprir o esforço de sua atividade laboral. O gasto energético é compensado pelo fornecimento

de energia dos alimentos que compõem sua dieta, e é formado pela quantidade e qualidade dos

diferentes nutrientes ingeridos. O gasto energético deve ser sempre calculado individualmente,

considerando-se variáveis como: peso, estatura, idade, gênero, atividade física, para tanto, fo-

ram criados guias alimentares com recomendações que visam promover hábitos alimentares e

a saúde das pessoas.

Segundo Philippi (2008), desde 1983 foram propostos diversos guias alimentares e no

decorrer dos anos também foram reformulados. Baseado na experiência americana, em 1974,

foi publicado no Brasil, pelo Instituo da Saúde a “roda de alimentos” uma figura representativa

dividida em seis grupos alimentares. No início de 1990, a United States Departament Agricul-

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ture (USDA) adotou como ícone o formato de pirâmide, que foi considerado uma representação

gráfica que facilitava a visualização dos alimentos. Este também foi o ícone escolhido para

representar as diretrizes brasileiras, por duas razões, que além de ser considerada uma forma

apropriada, em 1999 já tinha sido validada nos EUA e no Chile.

Os guias são as diretrizes formuladas em políticas de alimentação e nutrição, visando promover a saúde e um melhor estado nutricional das populações de cada país. Devem respeitar os hábitos alimentares e a disponibilidade dos ali-mentos locais...” (philippi, 2008, p.9)

A Pirâmide dos Alimentos adaptada à população preconizava a quantidade de energia

diária entre 1.600 a 2.800 kcal. A ingestão calórica adequada depende de fatores como idade,

sexo, altura, nível de atividade física, além de outros fatores como alimentação fora e dentro do

domicílio. (philippi,1999).

Para compor a avaliação, foram organizados os oito grupos compostos com alimentos

semelhantes. Foi definido o número de porções diárias para cada grupo. As dietas foram elabo-

radas com alimentos típicos e do hábito alimentar do brasileiro e distribuídos em seis refeições

(café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche da noite). Estão

apresentados de forma clara, facilitando o entendimento e a aplicação (philippi,1999).

Em 2005, Philippi adaptou a Pirâmide dos Alimentos para 2.000 Kcal, adequando-a à

nova proposta de uma pirâmide alimentar americana e à legislação de rotulagem e do Guia Ali-

mentar publicado pelo Ministério da Saúde. A pirâmide, como pode ser observado no Quadro 3

e Figura 4, está dividida em níveis, a partir da base, e foi mantida a apresentação dos 8 grupos

de alimentos (philippi 2008):

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quadro 3 – Níveis da Pirâmide de Alimentos (2.00kcal) Nível Alimentos Porções

Primeiro Grupo do arroz, pão, massa, batata e mandioca Seis

SegundoGrupo dos legumes e verdurasGrupo das frutas

Três de cada

TerceiroGrupo do leite, queijo e iogurteGrupo das carnes e ovos – grupo dos feijões

Uma de cada

quarto Grupo dos óleos e gordurasGrupo dos açúcares e doces

Uma de cada

Fonte: Elaborado pela autora com base em Philippi, 2008

Para contribuir na melhoraria da qualidade de vida da população “a pirâmide alimentar

é um instrumento de orientação nutricional utilizado por profissionais com o objetivo de pro-

mover mudanças de hábito alimentares visando à saúde global do indivíduo e à prevenção de

doenças” (philippi,1999, p.66).

FigurA 3 – Pirâmide dos Alimentos (2.000 Kcal)Fonte: Transcrito de philippi, 2008.

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A partir da década de 1990 e com a implementação do Plano Real, a dieta do brasileiro

sofreu alterações (silva, 1998), principalmente, com o crescimento do fast food e o aumento da

demanda por carne bovina e de frango. As mudanças na organização do trabalho, acelerando o

ritmo, aumentando as atribuições, levaram o trabalhador brasileiro, também, a alterar seus há-

bitos alimentares. Se, de um lado, o surgimento do sistema self-service e restaurantes por quilo

facilitam o acesso à alimentação, de outro, a composição dos alimentos na refeição nem sempre

pode ser mais definida por um nutricionista em unidades de alimentação como um restaurante

empresarial.

Refeição deve ser entendida como um grupo de alimentos consumidos em um determina-

do horário, que pela constituição, forma de preparo e tipo constituem um momento caracterís-

tico do dia alimentar (philippi, 2000, p.48).

A diminuição de ingestão de alimentos in natura, que também têm sido substituído por

alimentos industrializados, como observam Aquino e Philippi (2002) em seu artigo sobre o

consumo de produtos industrializados, alertam para o fato de que:

[...] a diversidade e o aumento da oferta de alimentos industrializados podem influenciar os padrões alimentares da população, principalmente a infantil, uma vez que os primeiros anos de vida se destacam como um período muito importante para o estabelecimento de hábitos. O consumo inadequado, em excesso e muito freqüente destes alimentos, pode comprometer a saúde nesta fase e na idade adulta. Muitos alimentos industrializados são ricos em gordu-ras e carboidratos refinados, apresentando elevado valor energético.

Em estudo sobre a disponibilidade domiciliar de alimentos nas áreas metropolitanas do

País, no período 1974- 2003, foi constatado que a participação na dieta de refeições prontas e

misturas industrializadas foi três vezes maior no meio urbano do que no meio rural (levy-costa,

2005,p.535).

Levy-Costa (2005), aponta para tendências desfavoráveis do padrão alimentar, sobretudo,

do ponto de vista das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) “e outras enfermidades

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crônicas associadas a dietas com alta densidade energética, escassez de fibras e micronutrientes

e excesso de gorduras em geral e de gorduras saturadas” (p.538).

O binômio: Saúde e Alimentação são fundamentais para a QVT; em seu estudo

Cunha (2000, p.27) enfatiza a importância da Segurança Alimentar. Rodrigues (2008)

investiga a relação tipo de alimentação à incidência de doenças, como obesidade, hiper-

tensão, doenças cardiovasculares, entre outras. Estes são exemplo de pesquisas recente

que estudam esta relação.

Um adequado comportamento nutricional implica que todos os cidadãos consumam ali-

mentos seguros que satisfaçam suas necessidades nutricionais, seus hábitos e práticas alimenta-

res culturalmente construídas, desde que saudáveis e promovam sua saúde.

De acordo com Levi-Costa (2003), a qualidade da alimentação de um povo está relacio-

nada às modificações sociais ocorridas na vida urbana, como, por exemplo, a entrada da mu-

lher no mercado de trabalho, o desenvolvimento da tecnologia no processamento de alimentos

vinculados. A influência de fatores socioeconômicos, culturais propiciam diferentes padrões de

alimentação saudáveis ou não (popkin,1993).

Além da diversidade da oferta de alimentos, outros fatores importantes a serem destaca-

dos, que influenciam os hábitos alimentares são: o paladar como um critério forte de escolha na

composição dos alimentos nas refeições, e o Marketing (baretto, 2001).

Para se ter um a alimentação saudável, Philippi (2008, p.22) recomenda que ela seja:

[...] planejada com alimentos de todos os tipos, de procedência conhecida, de preferência naturais e preparados de forma a preservar o valor nutri-tivo e os aspectos sensoriais. Os alimentos devem ser consumidos em refeições, em ambientes calmos, visando a satisfação das necessidades nutricionais, emocionais e sociais, para promoção de uma qualidade de vida saudável.

A pesquisa do estado nutricional tem sido realizada em estudos que avaliam a influência

do estilo de vida saudável na determinação do desenvolvimento de DCNT. Rodrigues (2008)

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avaliou o risco cardiovascular em executivos da Região Sudeste do Brasil, submetidos à ava-

liação de saúde periódica. Os indivíduos ocupavam cargos de presidência, diretoria, superin-

tendência e gerência de empresas nacionais e multinacionais. Para determinação do estado nu-

tricional utilizou-se o Índice de Massa Corporal (IMC), dado pela relação: (peso [kg]) / (altura

[m]2) e utilizados os parâmetros da WHO (1995). Segundo a autora, a população de executivos

apresentou-se com excesso de peso (IMC médio = 26,1 kg/m2), e mais da metade (53,5%) es-

tava acima do IMC adequado (rodrigues, 2008).

quadro 4 – Índice de Massa Corporal ( IMC)

Classificação ImC (Kg/m²)

magreza severa <16,0

magreza moderada 16,0 - 16,9

magreza leve 17,0 - 18,4

Normal 18,5 - 24,9

Sobrepeso 25,0 - 29,9

Obesidade grau I 30,0 - 34,9

Obesidade grau II 35,0 - 39,9

Obesidade grau III > 40,0

Fonte: Adaptado de WHO,1995, WHO,2000 e OMS 2004

De acordo com recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), utiliza-se o

Índice de Massa Corporal ( IMC) (peso em kg dividido pelo quadrado da altura em metro) para

avaliação do perfil antropométrico-nutricional de populações de adultos (Quadro 4). Em 2003,

A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada no Brasil identificou que o excesso de

peso afetava 41,1% dos homens e 40% das mulheres. Os obesos representavam 20% do total de

homens e um terço das mulheres com excesso de peso (ibge, 2004).

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A Organização Mundial da Saúde propôs a Estratégia Global (EG) para Alimentação,

Atividade Física e Saúde, com o intuito de combater a DCNT. Consideram-se fatores de risco

ao aparecimento destas doenças: alto consumo de alimentos hipercalóricos e pouco nutritivos,

com teor elevado de gordura, açúcares e sal, associados a uma menor atividade física em casa,

na escola, no trabalho e nos deslocamentos, além do tabagismo (who, 2004).

Estão entre os objetivos da Estratégia Global:

• Reduzir os fatores de risco de DCNT associadas a uma alimentação pouco saudável e a

inatividade física, mediante medidas de promoção da saúde e prevenção da morbidade.

• Promover a consciência e o conhecimento geral sobre alimentação saudável e ativi-

dade física, assim como do potencial positivo das intervenções de prevenção;

• Fomentar o estabelecimento, o fortalecimento e a aplicação de políticas e planos de

ação mundial, regionais, nacionais e comunitários, direcionados a melhorar a alimen-

tação e aumentar a atividade física.

3.3.1 comportamento alimentar

Para Philippi (2008), o alimento não constitui apenas um combustível para o ser humano,

apesar de ser fonte de energia e nutrientes. Existe uma importante relação emocional e social

com o alimento. A autora afirma que a “relação emocional que tem início no aleitamento mater-

no ao receber alimento dos adultos, numa perpetuação da relação de bem- estar advinda do ato

de ser alimentado” (philippi, 2004, p11).

A relação social com o alimento fica evidenciada no ato de participar de refeições em

conjunto, celebrar datas em torno de uma mesa, servir alimentos para visita, de preparar refei-

ções comemorativas. A cultura também pode influenciar, pois os alimentos adquirem valores

diferenciados conforme, o país ou povo (philippi, 2004, p11).

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Os hábitos alimentares foram objeto de estudos em diversos segmentos populacionais:

funcionários de banco estatal (Fonseca, 1999); em adolescentes secundaristas em Porto Alegre

(Feijó, 1997); mulheres (gomes,2003; sobral, 2007) e de modelos adolescentes brasileiras

(Fisberg, 2002). O hábito alimentar se configura pela prática cotidiana estabelecida na dieta de

uma pessoa ou grupo.

A alimentação, como foi descrito anteriormente, tem importantes componentes emocio-

nais e sociais e o comportamento alimentar engloba, também, as atitudes do indivíduo com

relação aos alimentos e com relação à sua dieta. Atitude com relação aos alimentos varia de

acordo com a diversidade geográfica, os hábitos regionais, o prestígio social, o local onde a re-

feição é preparada e consumida (dentro ou fora do domicílio), refletindo-se também no padrão

e tamanho das porções (philippi, 2008, p. 4).

Entende-se por atitude um conjunto de percepções que proporcionam significado a situ-

ações vividas, é a forma de agir. O comportamento é a manifestação da atitude, ele expressa as

opiniões, valores, crenças, pensamentos sobre determinado fato do cotidiano de uma pessoa.

Para Maisonneuve (1977) uma atitude consiste:

[...] numa posição (mais ou menos cristalizada) de um agente relativamente a um objecto (pessoa, grupo, situação ou valor”; exprime-se mais ou menos abertamente através de diversos sintomas ou indicadores (palavras, tons , ges-tos, actos, escolhas – ou a sua ausência); exerce uma função cognitiva, ener-gética e reguladora nos comportamentos que lhe estão subjacentes.(p. 94)

Não se pode confundir atitude com comportamento. Atitude é a predisposição, o que uma

pessoa pensa, sente e deseja fazer em relação a um objeto; o comportamento é a manifestação

observável da ação que a pessoa realiza, que também é influenciada pelo que ela deve fazer

(regras e normas sociais) em relação a este objeto. No comportamento estão explicitados os

hábitos e padrões sociais.

Oppenhein (1966) definiu atitude levando em conta estes elementos:

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Atitude é uma organização duradoura de crenças e organizações em geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto definido, que predispõe a uma ação coe-rente com as cognições e afetos relativos a este objeto.

Numa atitude podemos considerar 3 dimensões:

• Cognitiva: uma atitude inclui um conjunto de crenças e julgamentos sobre um objeto; são

percepções e informação que aceitamos sobre uma situação, um acontecimento, um con-

ceito; é o que acreditamos ou avaliamos como verdadeiro para agir em relação ao objeto.

• Afetiva: são os sentimentos positivos ou negativos desenvolvidos em relação ao ob-

jeto; são os componentes emocionais, ligados ao sistema de valores da pessoa. É a

forma como o indivíduo sente ou vivencia a situação. É a sensação de safisfação, de

gostar ou não do objeto atitudinal.

• Conativa: é a ação propriamente dita, é constituída pelo conjunto de reações de um sujei-

to em face do objeto da atitude. É a maneira que a pessoa se comporta em determinada si-

tuação. Tendência para agir de forma coerente com as demais dimensões (pereira, 2001).

A combinação entre as três dimensões é que organiza o modo de agir de uma pessoa. A

atitude orienta e explica o comportamento humano ante deternimado fenômeno ou situação de

vida. O estudo sobre as atitudes são de interesse de difrentes disciplinas científicas, além da Psi-

cologia e Sociologia. Muitas definições podem ser encontradas, algumas que se complementam

e outras que conflitam entre si. Usoro (2000) aponta que atitudes em relação à tecnologia da

informação (TI), várias definições e descrições que encontrou nos seus estudos para conceito:

Um complexo de sentimentos, desejos, medos, convicções, preconceitos, ou outras tendências que têm dado um conjunto ou de prontidão para agir no sen-tido de uma pessoa por causa de experiências variadas. (chave, 1928, p 365)

Uma organização duradoura de processos motivacionais emocional, percepti-vo, cognitivo e com respeito a algum aspecto do mundo do indivíduo. (krech e crutchField, 1948, p 89)

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Uma predisposição aprendida para responder de uma maneira consistente fa-vorável ou desfavorável em relação a um determinado objeto.” (Fishbein e ajzen, 1975, p 6)

Um sistema permanente de três componentes de central sobre um único ob-jeto: as crenças sobre o objeto - o componente cognitivo, o afeto ligado com o objeto - o componente de sentimento, a disposição de tomar medidas com relação ao objeto - a componente tendência de ação. (krech et al., 1962, p 146)

Pode-se, resumidamente, caracterizar a atitude por alguns elementos, que são encontra-

dos nas descrições de diversos especialista sobre o tema (maisonneuve, 1977).

• A atitude é aprendida no processo de socialização, não é inata.

• É durável e susceptível a mudanças, de acordo com a experiência e vivência pessoal:

• É dinâmica, situa-se na relação entre sujeito e objeto, é contextualizada:

As atitudes, segundo Pereira (2001), possuem funções importantes de mediação entre o

sujeito e objeto atitudial:

• Função motivacional: ajuda o sujeito a se posicionar e expressar-se ante os outros,

posição de defesa e proteção do ego;

• Função social: ajuda o sujeito a se identificar com grupos e posicionar-se diante da

realidade social;

• Função cognitiva: construção de julgamentos e seletividade, ajuda na organização da

percepção, da aprendizagem e da memória

Estudos recentes incluem a intenção como componente da atitude. A Teoria do Compor-

tamento Planejado, de Fishbein & Ajzen, 1975, indica que na base das atitudes encontram-se

as expectativas de que a realização do comportamento em causa permite alcançar o resultado

pretendido. A intenção de realizar determinado comportamento é o mais importante para sua con-

cretização. Pode-se afirmar que, quanto mais favorável à atitude com respeito ao comportamento

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e maior a percepção de controle comportamental, mais forte deverá ser a intenção individual para

desempenhar o comportamento em questão (ajzen e Fishbein, 2000, p. 14; apud lopes,2005).

Em se tratando de alimentação, o comportamento alimentar refere-se a todas as formas de

convívio com o alimento. Pode ser compreendido por um conjunto de ações realizadas em rela-

ção ao alimento, que tem início com o momento da decisão, disponibilidade, modo de preparo,

utensílios usados, preferências e aversões (philippi , 1999. p 160-78; 2008, p.34). As dimensões

cognitivas, afetivas e conativas estão presentes também na concepção de alimentação humana.

Veja na definição de comportamento alimentar:

O comportamento alimentar inclui: o quê comemos, como e com o que come-mos, com quem comemos, onde comemos, quando comemos, por que come-mos o que comemos, em quais situações comemos, o que pensamos e senti-mos com relação ao alimento. (garcia, 1999, in philippi, 2004. p. 33)

Alvarenga (2001) em seus estudos analisou o padrão e comportamento alimentares de

pacientes com bulimia nervosa, buscando conhecimento em profundidade das atitudes em

relação à alimentação em pacientes com transtorno alimentar. Busca na sua pesquisa uma abor-

dagem mais eficiente na mudança do comportamento alimentar deste grupo.

Nos seus estudos, esta autora entende por padrão alimentar:

a constituição da dieta do indivíduo, seu aporte calórico, distribuição de nu-trientes e adequação às necessidades fisiológicas. Os horários, regularidade e freqüência das refeições também podem caracterizar o padrão alimentar. (alvarenga, 2001,p.36)

O comportamento alimentar considera aspectos comportamentais do indivíduo com rela-

ção à dieta e suas atitudes para com os alimentos. Para esta autora, o comportamento alimentar

ideal é compreendido da seguinte forma:

(...) incluiria a correta seleção dos alimentos, sem restrições aleatórias e a não utilização de produtos dietéticos sem orientação profissional. Durante as refei-

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ções, é importante comer sentado à mesa, mastigar bem os alimentos, não inge-rir grande quantidade de líquido, não assistir Tv ou ler, comer uma quantidade racional de alimentos, preparados em sua forma usual e higienizados e parar de comer quando estiver saciado. É desejável, ainda, saber como se comportar em ocasiões sociais em que o alimento se faz presente. (alvarenga, 2001, p.38)

Ramos (2000), também, relaciona hábitos e comportamento alimentar, afirma que os alimen-

tos ou tipo de alimentação que os indivíduos consomem rotineiramente e repetidamente no seu co-

tidiano caracterizam o seu hábito. Porém, outros fatores influenciam a aquisição do comportamento

alimentar. Para o autor “as escolhas alimentares, a quantidade dos alimentos, o tempo e o intervalo

para comer, enfim, as regras e normas da alimentação são estabelecidas pelo grupo social” (p.230).

Um elemento cultural importante que contribui para o desenvolvimento do comporta-

mento alimentar é o grupo familiar. A família é responsável pela transmissão da cultura alimen-

tar. Segundo Ramos (2000, p.231), “A criança aprende sobre a sensação de fome e saciedade,

e desenvolve a percepção para os sabores e as suas preferências, iniciando a formação do seu

comportamento alimentar”.

As refeições em família são consideradas, segundo Rossi (2008), um importante evento

na promoção de uma alimentação saudável. Em seus estudos identificou que o aspecto de maior

influência ambiental nas práticas alimentares para a criança é a família, estes desempenham um

papel crucial nas escolhas e preparo de alimentos, e no estabelecimento de hábitos alimentares

futuros. Jovens adultos relacionam suas práticas de alimentação às utilizadas pelos pais duran-

te suas infâncias. Na conclusão de seu estudo, a autora afirma que, embora a família seja um

importante determinante na formação dos hábitos alimentares, outros fatores como a escola, a

rede social, as condições socioeconômicas e culturais podem também influenciar no processo

de aprendizagem das preferências e hábitos alimentares da criança (rossi, 2008).

As preferências alimentares são fundamentalmente formadas pela associação de três fa-

tores: (1) percepção sensória dos alimentos, (2) consequência pela ingestão dos alimentos; e (3)

contexto social (ramos, 2000).

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Reafirmando a dimensão cultural da alimentação, Tonial (2001) aborda os significados

diversos que um mesmo alimento pode ter em diferentes grupos sociais, além das formas de

cultivo e preparo, os eventos alimentares podem estar relacionados com ritos sagrados, festivi-

dades, afeto, tabus, proibições e religiosidade. A autora identifica inúmeras variações culturais

ligadas à alimentação. Por exemplo, para os brasileiros a principal refeição é o almoço, para os

americanos é o café da manhã. O abacate é ingerido com sal no México, no Brasil é servido com

açúcar. Há diferença simbólica entre culturas no consumo de alimentos como carne de vaca, de

cobra, de cachorro, cavalo e insetos entre outros. O significado cultural destes animais em dife-

rentes povos faz com o sejam ou não considerados alimentos adequados e aceitos socialmente.

A autora também destaca o papel simbólico que assumem alguns alimentos ou prepa-

rações e que servem como elo e preservação de costumes entre gerações de membros de uma

cultura. Estas preparações adquirem um caráter de memória afetiva em relação à origem cul-

tural. Exemplos como: o uso do azeite pelas famílias de origem portuguesa; a macarronada de

domingo preparada pelos descendentes de italianos; o pão-de-queijo no lanche da tarde das famílias

mineiras. É um fator significativo na manutenção e conservadorismo dos hábitos alimentares. Con-

tudo, considera que a socialização alimentar nas sociedades urbanas não são estáticas e as pessoas

vão incorporando novas práticas de acordo com a cultura na qual está inserida (tonial, 2001)

O alimento está cheio de simbologias e carregado de diferentes significados, no plano

de comunidades, culturas, famílias e indivíduos. O ato de comer envolve muito mais do que

selecionar o que é mais saudável (...) Portanto, comer adequadamente está relacionado com um

comportamento socialmente aceitável, flexível e que traga satisfação (philippi, 2004, p.34).

A dimensão afetiva da alimentação engloba a relação com o outro, está presente nas refei-

ções familiares, momentos de encontro com amigos, de conversação e de troca de informações.

Caracteriza formas de sociabilidade bastante ricas e prazerosas do comportamento alimentar

(romanelli, 2006).

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O comportamento alimentar está ligado à nossa identidade social. Mintz (2001, p.31)

afirma que nossas atitudes em relação à comida são normalmente aprendidas cedo e bem, e

transmitidas por adultos afetivamente poderosos, o que confere ao nosso comportamento um

poder sentimental duradouro.

Mintz (2001) afirma que o ato de comer é uma atividade central na vida do homem, além

da necessidade e da frequência diária, permitem-se fazer escolhas. Para ele “os hábitos alimen-

tares podem mudar inteiramente quando crescemos, mas a memória e o peso do primeiro apren-

dizado alimentar e algumas das formas sociais aprendidas através dele permanecem, talvez para

sempre, em nossa consciência”.

Romanelli (2006) ressalta que a alimentação não é ato solitário, mas é atividade social,

sempre envolve outras pessoas na produção de alimentos, em seu preparo e, sobretudo, na

própria comensalidade. O autor pondera que, como uma atividade social, a alimentação cria

e mantém ricas formas de sociabilidades. Considera o ato de alimentar-se um processo social

complexo sempre mediado por regras dietéticas, com diversas origens e finalidades. Assim,

elaboram-se cardápios a partir do conhecimento científico, do senso comum, das religiões,

mantêm ou excluem alimentos considerados culturalmente como nocivos ou benéficos (roma-

nelli, 2006).

Este autor conclui que quanto a uma modificação de costumes alimentares, não basta ter

acesso ao saber científico para propor uma alimentação saudável, faz-se necessário considerar

que o comportamento alimentar “convive tensamente com valores simbólicos e com os praze-

res propiciados pela comida, sejam eles gustativos, psicológicos ou sociais, isto é, provenientes

das relações criadas em torno das refeições” (romanelli, 2006, p.336).

Para entender o padrão e comportamento alimentar de qualquer grupo humano, é funda-

mental considerar os elementos econômicos, históricos, sociais e culturais que configuram a

sociedade em que estão inseridos e, principalmente, ater-se às especificidades interna do grupo

social em estudo (tonial, 2001).

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Entende-se por qualidade de vida aquilo que é bom, desejável, saudável, e compensador

nas esferas pessoal, social, afetiva e profissional. Para que o indivíduo tenha uma boa qualidade

de vida, torna-se necessária a integração de todas as áreas, considerando-se a alimentação sau-

dável uma condição essencial para a promoção da saúde (philippi, 2008, p. 3).

A pesquisa sobre comportamento alimentar de empreendedores e sua percepção sobre a

QVT são relevantes, tanto para o próprio grupo de empreendedores em atuação (mais de quator-

ze milhões de pessoas no País, conforme dadas da pesquisa GEM, (2009), conhecer seu estilo

de vida, quanto pela possibilidade de multiplicação de atitude alimentar e gestão da qvT, que

podem realizar como grupo social de forte representatividade na sociedade.

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4procedimentos

metodológicos

O conhecimento científico é sempre uma busca de articulação entre uma teoria e a reali-

dade empírica; o método é o fio condutor para se formular esta articulação. Ele tem um papel

instrumental, é a “própria alma do conteúdo”, como dizia Lenin (1965) ( minayo, 1993, p.240).

Para gil (1996, p.19), a pesquisa se faz necessária quando não se tem conhecimento

suficiente para uma resposta ao problema ou quando existe uma desordem em relação aos

elementos que torna difícil relacioná-los ao problema. A pesquisa se desenvolve a partir de

conhecimentos disponíveis e utilização criteriosa de métodos e técnicas científicas. A Figura 5

descreve as fases do processo de pesquisa.

Formulaçãodo problema

Construção da Hipótese

Determinação do plano

Operaciona lização das variáveis

Elaboração dosInstrumentos

de coleta dos dados

Pré-teste dos instrumentos

Analise e Interpretação

dos dados

Seleção da amostra

Coleta dos dados

Redação do relatório

de pesquisa

FigurA 4 – Diagrama da pesquisa (gil,1996).

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Segundo André-Egg (apud marconi, 2007, p. 157), pesquisa é “um procedimento reflexivo sis-

temático, controlado e crítico que permite descobrir novos fatos ou dados, relações e leis, em qualquer

campo de conhecimento”. A pesquisa de campo é utilizada para conseguir informações sobre novos

fenômenos, um problema para o qual se quer uma resposta, ou analisar a relação entre eles (p.188).

4.1 natureza e método

Para entendemos de uma forma mais genérica, método de pesquisa significa “a escolha

de procedimentos sistemático para descrição e explicação de fenômenos”. (richardson, 1997,

p. 29). Para este autor, os métodos científicos consistem em delimitar o problema, realizar ob-

servações e interpretá-las a partir das relações encontradas, fundamentando-se, se possível, nas

teorias existentes.

Existem três tipos de estudos com finalidades diferentes: exploratórios; descritivos; e

experimental (ou causal) (malhorta, 2006; marconi, 2006; trivinos, 1987). São caracterizados

por Trivinos (1987) como:

• Exploratório: buscam maior conhecimento sobre o fenômeno, permite aumentar a

experiência do pesquisador em relação ao problema. É utilizado para encontrar ele-

mentos para obter resultado que o pesquisador deseja. Pode servir para levantar pos-

síveis problemas de pesquisa.

• Descritivo: pretende descrever com exatidão os fatos e fenômenos de uma realidade,

pode estabelecer relações entre variáveis sobre uma determinada realidade, uma co-

munidade ou um grupo específico.

• Experimentais: estabelecem as causas dos fenômenos, verificando a relação causal

entre as variáveis que atuam. “O experimento é criticado nas ciências sociais e na

educação, bem como em outros campos do saber” (trivinos, 1987, p. 112).

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Nas Ciências Sociais aplicadas, o método exploratório é bastante difundido, pois

existem casos de pesquisas em que não existe um sistema conhecimento desenvolvido

sobre o tema, sendo então um certo pioneirismo do pesquisador descrever as variáveis

que quer conhecer, bem como, a caracterização quantitativa ou qualitativa destas (koche,

1997).

Dessa forma, o presente estudo propõe como procedimento metodológico a pesquisa ex-

ploratória, cuja aplicação tem por finalidade a elaboração de instrumento de pesquisa adequado

à realidade do grupo de empreendedores a ser investigado, possibilitando no futuro a utilização

de outros tipos de pesquisa.

4.1.2 método de pesQuisa

Método de pesquisa são os procedimentos científicos escolhidos pelo pesquisador para

descrever e explicar o fenômeno estudado. Segundo Marconi (2006, p. 83), “método é o con-

junto das atividades sistemáticas e racionais que com maior segurança e economia, permite

alcançar o objetivo”. Método científico é a teoria da investigação que alcança os objetivos

propostos por meio de etapas que vão do descobrimento do problema à prova da solução

(2006, p.106).

4.1.3 Quantitativa e Qualitativa

O método deve estar apropriado ao tipo de estudo. Para Richardson (1997, p. 29), o mé-

todo científico é classificado de forma ampla em quantitativo e qualitativo, eles se diferenciam

pela forma de abordagem do problema, e é a natureza e o nível de aprofundamento do problema

que determinam sua escolha.

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74

Método quantitativo caracteriza-se pelo emprego da quantificação, tanto na coleta

de informações como no tratamento estatístico dessas. É amplamente utilizado com a in-

tenção de garantir a precisão dos resultados e é frequentemente aplicado em estudos des-

critivos que investigam a relação entre os fenômenos e suas causas (richardson, 1997,

p. 29).

A abordagem qualitativa realiza uma aproximação fundamental e de intimidade

entre sujeito e objeto, uma vez que ambos são da mesma natureza, as estruturas e as re-

lações tornam-se significativas. É exatamente esse nível mais profundo — o nível dos

significados, motivos, aspirações, atitudes, crenças e valores, que se expressa pela lin-

guagem comum e na vida cotidiana — o objeto da abordagem qualitativa (minayo,1993,

p. 245).

Do ponto de vista metodológico, não há contradição, e nem há continuidade, entre

investigação quantitativa e qualitativa. As duas são de natureza diferente. A primeira atua

em níveis da realidade, onde os dados se apresentam aos sentidos: “níveis ecológicos e

morfológicos”, na linguagem de Gurvitch (1955). A segunda trabalha com valores, cren-

ças, representações, hábitos, atitudes e opiniões (minayo, 1993, p.247).

A discussão do quantitativo versus qualitativo tem origem nas diferenças de percep-

ção da realidade social. A abordagem quantitativa traz a questão da objetividade, isto é,

os dados da realidade social seriam objetivos se produzidos por instrumentos padroniza-

dos e pela observação neutra do pesquisador (minayo, 2004, p.30). A crítica que se faz a

esta abordagem é que ela restringe a realidade social apenas ao que pode ser observado e

quantificado. Para Malhorta (2006), as pesquisas quantitativas e qualitativas podem ser

consideradas complementares e não excludentes. O quadro 5 resume as diferenças entre

as duas metodologias.

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quadro 5 – Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa Pesquisa qualitativa Pesquisa quantitativa

Objetivo Alcançar uma compreensão qualitativa das razões e motivações subjacentes

quantificar os dados e generalizar os resultados da amostra para a população alvo

Amostra Numero pequeno de casos não-representativos Grande número de casos representativos

Coleta de dados Não estruturada estruturada

Análise dos dados Não estatística Estatística

Resultados Desenvolvem uma compreensão inicial Recomendam uma linha de ação final

Fonte: Malhorta(2006).

Para Minayo (2004, p. 21), “O objeto das ciências sociais é essencialmente qualitativo”.

A questão do homem como ator social ganha força e a subjetividade passa a ser considerada

como parte integrante da singularidade do fenômeno social (minayo, 2004, p. 34). Segundo esta

autora, a saúde é um campo das Ciências Sociais, refere-se a uma realidade complexa e requer

uma demanda de conhecimentos distintos; enquanto questão humana e existencial é comparti-

lhada indistintamente por todos os segmentos sociais (minayo, 2004).

Para que o trabalho em uma pesquisa qualitativa deve-se ter uma boa aproximação

com as pessoas selecionadas pelo estudo, os grupos devem ser esclarecidos sobre o que

se pretende investigar e as possíveis repercussões futuras, a postura do pesquisador deve

facilitar a cooperação e evitar constrangimentos. Para finalizar, para se conseguir um bom

trabalho é fundamental fortalecer os laços entre investigador e população desenvolvendo

um compromisso com as pessoas investigadas, propiciado o retorno dos resultados alcan-

çados (minayo, 1994).

O tema desta pesquisa é complexo, pretende analisar a relação entre o comportamento ali-

mentar e a qualidade de vida no trabalho de empreendedores e, para tanto, optou-se por utilizar

o método quantitativo e qualitativo.

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4.2 desenho do problema

FigurA 5 – Desenho do problema e hipótese (Elaborada pela autora).

Definimos como variáveis de estudo a qualidade de vida no trabalho e comporta-

mento alimentar. O parâmetro central deste estudo é o empreendedor como trabalhador e

proprietário de empresa. Será considerada nesta pesquisa a relação que pode haver entre

a satisfação com a qualidade de vida no trabalho e a manutenção de hábitos e padrões ali-

mentares saudáveis.

4.2.1 hipóteses e pressupostos de pesQuisa

• Os empreendedores reconhecem a importância QVT na sua atividade empresarial;

• Os empreendedores se alimentam mal por causa da baixa qualidade dos alimentos

que ingerem e pelo tempo dedicado à alimentação durante o período de trabalho;

qvTDimensões:

Biológica PsicológicaSocial Organizacional

Parâmetros dos Empreendedores

(sexo, idade, tempo experiência, setor de

atuação)

Atitude e Comportamento

alimentar Dimensões: cog-nitiva; conativa e

emocional

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• Os empreendedores não percebem seu comportamento alimentar como elemento im-

portante de sua qualidade de vida no trabalho (“Não tenho tempo nem para comer”...

só deu para comer um sanduíche...).

4.3 população de estudo

População ou universo de estudo é o conjunto de seres animado ou inanimado que

apresentam pelo menos uma característica em comum (marconi, 2006, p.224). Para esta

pesquisa, o universo de pesquisa foi: empreendedores (toda pessoa que instala, inicia e

mantém um negócio, são considerados iniciantes, aqueles que têm um empreendimento de

até 42 meses de implantação; e empreendedores estabelecidos, aqueles donos de negócios

que possuem mais de 42 meses de instalação conforme definição do Global Entrepreneur-

ship Monitor - GEM (passos, 2008).

4.3.1 amostra

O conceito de amostra é uma parcela ou porção selecionada da população, é um subconjunto

(marconi, 2006). A escolha da amostra, normalmente, é utilizada em pesquisa pela impossibilidade de

se obterem informações de todos os indivíduos da população que se deseja estudar. Para resguardar

a cientificidade do estudo, a amostra deve ser representativa e, para tal, é necessário que se definam

quantos indivíduos participarão da amostra e como selecioná-los (barros, lehFeld, 1986, p. 105).

Existem basicamente dois tipos de seleção de uma amostra: probabilística, pelo qual to-

dos os indivíduos do universo têm a mesma chance de serem escolhidos; e a não probabilística,

quando é composta de forma intencional e os elementos são selecionados de forma aleatória

pelo pesquisador, neste caso, os resultados não podem ser generalizados (barros, lehFeld,1986,

p. 106; marconi, 2006,p 226).

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A amostra deste estudo é formada de empreendedores selecionados e ligados ao Programa

de Incubadora1 do Estado de São Paulo. Portanto, foi uma amostra não probabilística. São apro-

ximadamente setenta empreendedores de alto-potencial que passam por um processo seletivo cri-

terioso, no qual são avaliados pela sua iniciativa empreendedora. Estes empreendedores possuem

empresas vinculadas a um sistema de apoio realizado em parceria com entidades empresariais,

universidades e o Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa (SEBRAE-SP). Desde 1991 o

SEBRAE apoia o desenvolvimento de projetos empresarial inovadores em um ambiente físico

compartilhado, e prestação de serviços ao empreendedor denominado incubadoras.

Foram priorizados os grupos de empreendedores ligados às seguintes incubadoras:

• Centro Incubador de Empresas Tecnológicas – USP (CIETEC),2 localizado na Cida-

de Universitária em São Paulo;

• Incubadora de São Bernardo do Campo (IEBESC);3

• Incubadora Guarulhos;4

• Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste (CECOMPI) São Jose dos Campos;5

• Incubadora tecnológica UNIVAP – São José dos Campos.6

4.4 deFinição das variáveis

Entende-se como variáveis os “elementos ou valores característicos de um fato ou con-

ceito a ser estudado, tendo como base a expectativa de serem aspectos de impacto significativo

para se manipular a situação proposta” (limongi-França, 1996. p 74).

1 Atualmente estão em atividade 64 incubadoras no estado de São Paulo , atendendo a 1500 empreendedores. Dados Sebrae- SP (www.sebraesp.com.br)2 O Cietec - inaugurado em abril de 1998, em São Paulo, a partir de um convênio entre a Secretaria de Estado da Ciência, Tecno-logia e Desenvolvimento Econômico do Estado, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), a Universidade de São Paulo (USP), a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) .3 http://www.iesbec.com.br/4 http://www.incubadoraguarulhos.com.br/5 http://www.cecompi.org.br/6 http://www.incubadoraunivap.com.br/

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As variáveis de um estudo podem ser quantitativas (expressas em valores numéricos e

percentuais) ou qualitativas. As variáveis qualitativas, por sua vez, podem ser funcionais – ou

seja, uma abstração da função do objeto; ou estrutural, que é uma abstração das características

do objeto (richardson, 1997, p.25).

A qualidade de vida no Trabalho e o Comportamento Alimentar serão trabalhados,

respectivamente, como variáveis independentes e dependentes. Tendo como base a visão

biopsicossocial. A QVT será a variável independente e tem como definição operacional as

ações e a satisfação do empreendedor nas dimensões biológicas, psicológicas, sociais e

organizacionais.

As variáveis independentes referem-se ao grau de satisfação dos empreendedores quanto

à capacidade de uma gestão empresarial compatível voltadas para a performance de seu próprio

bem-estar.

quadro 6 – variáveis independentes: grau de satisfação dos empreendedoreÁrea de investigação Descrição Indicador específico

OrganizacionalSatisfação percebida com relação à política organizacional: o que a empresa faz e refle-te no empreendedor.

Imagem da empresa

valorização do produto

qualidade da comunicação interna

Social Satisfação percebida quanto ao suporte so-cial de benefícios legais e espontâneos

Envolvimento da família

Investimento em educação formal

Oportunidade de lazer

PsicológicaSatisfação percebida quanto ao atendimen-to das necessidades individuais de reconhe-cimento, auto-estima e desenvolvimento.

Renda pessoal

Avaliação de desempenho/carreira

Camaradagem

vida pessoal preservada

BiológicaSatisfação percebida quanto às ações que garantam bem-estar físico ou recuperação de doenças e manifestações clínicas.

Prevenção de doenças

Convenio médico

Atividade física

Alimentação

Fonte: Transcrito de Limongi-França (1996).

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As variáveis dependentes são complementares, uma a uma, a cada variável independente

do mesmo foco. A medida dessas variáveis está no grau de necessidade pessoal para cada fator.

quadro 7 – variáveis escolhidas para o estudo da percepção de qvTÁrea de investigação Significado de QVT

Biológica

Saúde

Segurança

Ausência de acidentes

Psicológica

Amor

Paz

Realização pessoal

Social

Confiança

Amizade

Responsabilidade

Organizacional

Investimento

Humanismo

CompetitividadeFonte: Transcrito de Limongi-França (1996)

As variáveis qualitativas, elencadas no Quadro 7, foram redistribuídas de forma aleatória

na questão para que as respostas não fossem conduzidas. A intenção foi identificar o significado

para qvT, para medir o grau de exigência de qualidade de vida do ponto de vista pessoal do

empreendedor. No Quadro 8 estão identificadas as variáveis que poderão medir o nível de ten-

são e as expectativas pessoais de qvT.

quadro 8 – variáveis escolhida para o estudo do estado de tensão e expectativas de qvTVariáveis qualitativas de autopercepção de bem-estar

Sensação de bem-estar no trabalho

Estado geral de tensão (stress) pessoal

Satisfação com o seu modo próprio de viver o dia a dia (estilo de vida)

Adequação das Ações de qvT da sua empresa para as suas necessidades pessoais

Importância da QVT para o resultado do seu trabalho

Fonte: Transcrito de Limongi-frança (BPSO96)

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A variável dependente refere-se ao comportamento alimentar que tem como definição

operacional as ações nas dimensões conativa, cognitiva e emocional: quantidade de refeições

realizadas habitualmente, o tempo gasto por refeição, alimentos consumidos e rejeitados, com-

plementos alimentares; crenças em relação a alimentos, sensação de prazer ou culpa ao alimen-

tar, percepção sobre qualidade das refeições, rituais para refeições.

quadro 9 – Variáveis dependentes: Dimensões conativa;cognitiva e emocionalAtitude

Dimensões Item

Conativa

você considera que come: rápido ou devagar

Como você costuma fazer suas refeições?

Costuma preparar refeição só para você?

quando vai a festas, você come de maneira diferente do rotineiro?

você toma algum suplemento como vitaminas, mineral ou outros?

você faz suas refeições (Almoço):

você faz suas refeições (Jantar):

você consome bastante água (media de 8 copos por dia)?

Cognitiva

você acredita que alguma combinação de alimento engorda ou faz mal a saúde?

você restringe ou evita algum alimento de sua dieta rotineira?

Você planeja um cardápio para alimentação com antecedência?

Você acredita que fazer um dia de jejum ou dieta liquida pode emagrecer?

você está satisfeito com seus hábitos alimentares atuais?

você considera sua alimentação atual comparada ao período antes de ser empresário

Emocional

você tem algum alimento predileto?

Para você COMER BEM significa: saudável ou saborosa

Algum alimento causa aversão?

você sente prazer ao comer?

você gosta de cozinhar?

As lembranças relacionadas com comida de sua infância são:

Fonte: Elaborado pela Autora com base em Pereira, 2001e Alvarenga, 2001

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4.4.1 as variáveis demográFica, socioeconômica e nutricional

As informações sobre aspectos pessoais foram levantadas por meio do questionário,

respeitando-se a autodeclaração do pesquisado. As seguintes informações foram levan-

tadas:

• Variáveisdemográficas: idade (em anos completos); cor (branca, preta, amarela in-

dígena, parda), sexo (masculino e feminino); e estado civil (casado, solteiro, viúvo,

separado e divorciado) (ibge, 2008).

• Variáveis socioeconômicas: escolaridade (ensino fundamental - 1º grau, ensino mé-

dio – 2ºgrau, superior – graduação, pós -graduação); renda pessoal (em valor calcu-

lado pelo salário mínimo); tipo de empresa (comércio, serviço e indústria); porte da

empresa (micro, pequena, média ou grande – por número de empregados) (IBGE,

2008; SEBRAE, 2009).

Variável de estado nutricional: Para a classificação do estado nutricional foi utilizado

o índice de massa corpórea (IMC), de acordo com as categorias proposta pela OMS

(1997). Os indivíduos pesquisados declararam seu peso e altura no questionário de

dados demográficos. O IMC é calculado pela divisão do valor da massa corporal em

quilogramas pelo quadrado da estatura em metros informado pelo pesquisado:

O IMC, apontado na Tabela 10, é uma medida simples e por este fator é amplamente utili-

zado na avaliação do estado nutricional. O índice ajuda na identificação de risco de patologias,

como, por exemplo, doenças cardiovasculares e grau de obesidade . vem sendo utilizado para

mensurar o nível de adiposidade em grandes estudos populacionais e como “um ponto de corte

Estatura (m²)

Peso (kg)IMC=

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fixo ao invés de um valor de distribuição populacional (por exemplo, um indivíduo com IMC >

30 apresenta um determinado risco relacionado à obesidade)” (anjos, 1998).

quadro 10 – Classificação Internacional do IMC de adultos: baixo peso, sobrepeso, obesidade Classificação ImC (Kg/m²)

magreza severa <16,0

magreza moderada 16,0 - 16,9

magreza leve 17,0 - 18,4

Normal 18,5 - 24,9

Sobrepeso 25,0 - 29,9

Obesidade grau I 30,0 - 34,9

Obesidade grau II 35,0 - 39,9

Obesidade grau III > 40,0

Fonte: Adaptado de WHO(1995; 2000) e OMS (2004).

A Tabela 3, elaborada pelo IBGE, agrupa os três níveis de magreza em: Abaixo do peso;

agrupa os graus I e II de obesidade em uma única categoria denominada Obeso, e chama de

Obeso Mórbido o grau III de obesidade da tabela da OMS 2004. Esta classificação é que será

utilizada neste estudo.

Tabela 3 – Categorias do IBGE p/ classificação do ÍMCCategoria ImC

Abaixo do peso Abaixo de 20

Peso normal 20,0 - 24,9

Sobrepeso 25,0 - 29,9

Obeso 30,0 - 39,9

Obeso mórbido 40,0 e acima

Fonte: IBGE

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4.4.2 variável da Qualidade de vida no trabalho

Para pesquisar a qvT foi adaptado o questionário e testado em um grupo-piloto tendo

como base a ferramenta BPSO96 (limongi-França,1996) com o objetivo de adequar ao repertó-

rio de resposta da população a ser pesquisada em seu próprio contexto social. O importante nes-

ta modalidade de pesquisa é elaborar um instrumento capaz de levar o pesquisador à descoberta

de enfoques, percepções e terminologias relacionadas à realidade que se pretende conhecer.

4.4.3 variável de comportamento alimentar

variáveis de comportamento alimentar: crenças em relação a alimentos, sensação de prazer

ou repulsa com alimentos, percepção sobre quantidade e qualidade da alimentação, práticas de

alimentação em restaurante, preparo de alimentação pessoal, ritual para refeições, o tempo gasto

por refeição, alimentos consumidos e rejeitados, complementos alimentares e consumo de água.

4.5. instrumentos de mensuração

4.5.1 Questionário

Foi utilizado questionário auto-administrado, com questões subjetivas para captar a opi-

nião dos pesquisados. Freqüentemente, o uso deste instrumento possibilita ao pesquisador ter

acesso a dados de forma mais veloz e precisa, para isso, deve ser coletado de forma estruturada

por uma série de perguntas que podem ser escritas ou orais. Na forma de formulário padroni-

zado garante a compatibilidade dos dados e facilita o processamento e a análise na pesquisa

(malhorta, 2006, p. 290).

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Neste estudo foram utilizados questionários para caracterizar a população, conhecer a

percepção sobre a sua qualidade de vida no Trabalho e também Comportamento Alimentar do

empreendedor.

O primeiro questionário foi o instrumento adaptado do BPSO96 , validado na pesquisa de douto-

rado em 1996 da professora Ana Cristina Limongi-França, com a aplicação de 446 questionários em 26

empresas da grande São Paulo, cuja pesquisa buscou relacionar as dimensões biológicas, psicológicas,

sociais e organizacionais entre o esforço da empresa e a satisfação do empregado com a qvT. Foi utiliza-

do e adaptado para esse estudo o questionário de satisfação do empregado, considerando que o público-

alvo deste estudo são empreendedores e a intenção é conhecer o grau de satisfação com as próprias ações

(Apêndice 1).

O levantamento sobre o comportamento alimentar foi realizado por meio de um questio-

nário adaptado ao desenvolvido pela professora Marle dos Santos Alvarenga e validado na sua

tese de doutorado do PRONUT, em 2001. Por meio deste questionário tem-se acesso à atitude

alimentar nas suas dimensões: cognitiva, afetiva e conativa (ação), explicitada no comporta-

mento alimentar por meio das crenças, sensações e hábitos relacionados aos estilos de refei-

ções, alimentos consumidos, duração das refeições, restrições de alimentos, sentimentos em

relação à alimentação (prazer, culpa), entre outras. Apêndice 2

O terceiro instrumento foi o questionário de informações sociodemográficas e de estado

nutricional (Apêndice 3).

4.5.2 grupo Focal

A técnica de grupo focal, conforme Schwaller e Shepherd (1992) e Westphal et al. (1996),

prevê a obtenção de dados por meio de discussões dirigidas a partir de um roteiro pré-elaborado,

em que os participantes expressam suas percepções, crenças, valores, atitudes e representações

sociais sobre uma questão específica.

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Morgan (1997) define grupo focal como uma técnica que busca informações sobre um

tópico por meio da interação de um grupo de pessoas montado para este fim. Destaca a impor-

tância da presença do pesquisador como o moderador das discussões.

Um grupo focal “é uma entrevista realizada de maneira não estruturada e natural por

um moderador treinado junto a um pequeno grupo de respondentes” (malhorta, 2006, p.157).

Mesmo sendo em formato de entrevista, o resultado das discussões se dá pela integração dos

participantes e não por alternância de respostas individuais. O moderador assume o papel de facilita-

dor do processo grupal, a ênfase está na manutenção da discussão, ao propiciar que as opiniões e

insigth possam emergir da interinfluência entre os presentes. Deve garantir a inclusão de varie-

dade de tópicos relevantes sobre o tema e promover uma discussão produtiva. O moderador deve

permitir que a discussão flua, só intervindo para introduzir novas questões e manter aquecida a

discussão (morgan, 1997).

O número de participantes deve ser entre 6 e 8 participantes, a produção dos dados de

pesquisa está na transcrição da discussão ocorrida no grupo (krueger e casey, 2000). Os parti-

cipantes, geralmente, são pessoas com representatividade na comunidade ou da população-alvo

da investigação (morgan, 1997).

Os grupos focais constituem o processo mais importante da pesquisa qualitativa, seu uso

é tão intenso que, muitas vezes, é considerado como sinônimo de pesquisa qualitativa

(malhorta, 2006). A função do grupo focal é diferente quando utilizado por cientistas sociais e

por pesquisadores de mercado:

Os primeiros pretendem observar o processo através do qual, participantes especialmente selecionados respondem às questões da pesquisa para que, pos-teriormente, possam os dados ser teoricamente interpretados. A pesquisa de mercado busca propostas imediatas e custos reduzidos. Através do trabalho com grupo procura-se apreender a psicodinâmica das motivações, para ime-diata obtenção de lucro. (westphal, 1996, p.91)

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Na área de saúde, somente a partir da década de 1980 é que o grupo focal passa a ser

consistentemente utilizado; tem sido empregado para obter dados sobre diversos temas de saú-

de; sexualidade / AIDS; planejamento familiar; avaliação de serviços e profissionais de saúde;

nutrição; imunização; drogas; câncer (carlini - cotrim, 1996, p.5). Para esta autora:

O grupo focal, técnica de pesquisa qualitativa, tem sido internacionalmente usado para a estruturação de ações em saúde pública que levem em conta as inquietações aventadas acima. Relativamente simples e rápido, o grupo fo-cal parece responder a contento a nova tendência de educação para a saúde. (carlini-cotrim, 1996, p.3)

Morgan (1997) ressalta a propriedade dos grupos focais em oferecer ao pesquisador a opor-

tunidade de compreender as diferenças e similaridades entre os participantes, pois somente a

interação grupal, e não o tratamento dos indivíduos de forma isolada, pode proporcionar momentos

de compartilhar e comparar suas opiniões.

Neste estudo foram realizados três grupos focais como uma técnica de pesquisa qualita-

tiva, com o objetivo de obter uma visão do comportamento alimentar e do significado da quali-

dade de vida do grupo de empreendedores.

A constituição dos grupos foi com empreendedores que haviam respondido aos questio-

nários, o convite foi feito pela gerência da Incubadora. Considerando que a participação foi

voluntária, o local e a data foram definidos pela disponibilidade dos integrantes.

As sessões foram realizadas nas Incubadoras de Empresas, em sala preparada conforta-

velmente para este fim. A condução do grupo focal foi acompanhada por um pesquisador obser-

vador, que realizou a transcrição das frases que foram gravadas durante a realização do grupo.

Foi utilizado o seguinte roteiro para a sessão:

(i) Aquecimento: Fale sobre as lembranças de sua infância com relação à sua alimentação?

(ii) Perguntas sobre o tema de investigação:

a. Como é sua alimentação atualmente?

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b. O que é qualidade de vida no trabalho?

(iii) Encerramento: Síntese sobre os temas abordados e esclarecimentos sobre a pesquisa.

4.6 pré- teste

O pré-teste é aplicação do questionário de pesquisa em uma pequena população escolhida

com características semelhantes àquela que será alvo do estudo, o que mostrará possíveis fa-

lhas de redação: complexidade das questões, ambiguidade ou linguagem inacessível e exaustão

(marconi, 2006). Segundo Gil (2007, p.137), é considerado uma prova preliminar e pode ser

realizada com a aplicação de 10 a 20 questionários.

Foram realizados pré-testes com os três instrumentos deste estudo, considerando princi-

palmente que alguns critérios dos questionários originais se referiam a uma população diferente

da presente pesquisa.

Para este estudo, a aplicação do pré-teste se deu com um grupo de 10 empreendedores vin-

culados ao Programa de qualidade Total do sebrae-SP no escritório regional Leste da capital.

Alterações sugeridas pelos participantes do pré-testes e da banca de qualificação:

Utilizar a escala de 1 a 6 e não a de 1 a 10 presente na primeira versão do BPSO96.

4.7 coleta dos dados

A coleta dos dados se deu nos meses de julho e agosto de 2009, ocorreu em um só

momento, caracterizando um corte transversal. O contato foi realizado pessoalmente com

os gerentes das quatro Incubadoras de empresas escolhidas para a pesquisa. O critério de

escolha foi definido em conjunto com a Coordenação Estadual do Programa de Incubado-

ras do SEBRAE-SP, considerando o foco de inovação tecnológica das incubadoras e sua

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localização regional. As cidades foram: São Paulo, Guarulhos, São Bernardo do Campo e

São José dos Campos.

Foram obtidos 72 questionários respondidos presencialmente pelos empreendedores em

seu local de trabalho, durante a estadia da pesquisadora, assim distribuídos:

quadro 11 – Distribuição dos questionários por incubadoraIncubadora Nº de incubados Nº de questionários

CIETEC- USP 64 24

Guarulhos 23 18

S. B. Campo 14 13

S. J. Campos 23 17

Total 124 72

Fonte: SEBRAE-SP (08/06/2009)

4.8 análise dos resultados

Sendo esta pesquisa de natureza exploratória, com o objetivo de conhecer a qualidade de

vida no trabalho e o comportamento alimentar do empreendedor, a análise dos dados quantita-

tivos foi realizada por meio da estatística descritiva.

Programas computacionais utilizados:

R for Windows (versão 2.9.1).

SPSS for Windows (versão 17).

4.8.1 análise descritiva

A estatística descritiva, em uma ou mais dimensões, diz respeito à organização e ao

resumo de informações e sua finalidade é facilitar o entendimento do comportamento amos-

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tral, por meio de medidas-resumo e gráficos ou, então, o estabelecimento de relações entre

variáveis (morettin e bussab, 2007). A escolha deste tipo de análise deve-se à amostragem,

uma vez que a coleta de novas amostras pode fazer com que os resultados obtidos possam vir

a não coincidir com as situações aqui obtidas. Não se deve, portanto, usar os resultados para

eventuais generalizações.

A análise descritiva (seja ela uni ou multivariada), apresentada neste item, tem como prin-

cipal objetivo entender o conjunto de dados como um todo e avaliar possíveis relações entre as

variáveis do presente estudo – dados amostrais sobre relações entre a percepção da Qualidade

de vida no Trabalho do indivíduo e seu Comportamento Alimentar.

As questões sobre qualidade de vida no Trabalho (qvT) foram mensuradas por meio de

uma escala de satisfação de 6 pontos, devidamente ordenada e com o início em 1. Foi sugerido

para o respondente que selecionasse uma pontuação, que representasse o seu nível de contenta-

mento com a proposição. Medida a satisfação com a qvT, foi perguntado ao respondente sobre

seu comportamento alimentar (CA), e acordo com proposições já validadas.

Para a análise das associações entre as variáveis, optou-se pela utilização de técnicas

descritivas multivariadas para a caracterização dos indivíduos que possuem diferentes níveis de

percepção acerca do conjunto de proposições: Análise Fatorial (hair et al. 1998), acompanha-

das de Análise de Correlação de postos de Spearman (conover, 1998).

De uma maneira resumida, a Análise Fatorial (AF) é uma técnica que constrói uma

estrutura de interrelações entre um grande número de variáveis, por meio da construção de

novas variáveis (não observáveis), chamadas de “variáveis latentes” ou, simplesmente, “fa-

tores”. Ao interpretar os fatores, a descrição do conjunto de variáveis torna-se uma tarefa

muito menos complicada, uma vez que a compreensão da estrutura dos dados fica restrita em

conceitos gerais.

Hair et al. (1998) apontam para o fato de que se trata de uma ferramenta poderosa, uma

vez que tem a vantagem de identificar conjuntos de variáveis associadas, interessantes para

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entender a interdependência que pode não ser imediata, quando da análise de correlação bi-

variada. Apesar dessa vantagem, assim como em qualquer análise estatística, os resultados da

AF podem não ser totalmente estáveis, devido ao fato de esta técnica ser baseada somente nas

opiniões dos elementos que compõem a amostra, e, ao obter outra amostra, é possível obter

outros resultados.

Antes de determinar via AF quais as variáveis mais relevantes para entender a percepção

dos empreendedores sobre as dimensões propostas pelo estudo, decidiu-se verificar apenas a re-

lação linear bivariada entre as variáveis demográficas e as proposições sobre QVT e CA, todas

entre si, por meio da matriz de correlação de Spearman.

Para observar interrelação entre as respostas dos pesquisados para as questões, foi utili-

zado o coeficientedecorrelaçãodeSpearman (conover, 1998). Este coeficiente, normalmente

representado pela letra “r” assume apenas valores entre -1 e 1, de modo que:

• r = 1, significa uma associação linear perfeita positiva entre as duas variáveis (as duas

variáveis aumentam ou diminuem ao mesmo tempo);

• r = -1, significa uma associação negativa perfeita entre as duas variáveis (uma variá-

vel aumenta e a outra, diminui);

• r = 0, significa que as duas variáveis não estão linearmente associadas.

Além disso, empiricamente, diz-se, para correlações, em módulo, entre 0 e 0,3, que

a relação linear é fraca. Se a correlação, em módulo, estiver entre 0,3 e 0,6, diz-se que a

relação linear é moderada. Por fim, se o módulo da correlação for superior a 0,6, a rela-

ção linear é forte.

Dada a correlação amostral de todo o banco de dados, o desejável é encontrar algu-

ma estratificação de variáveis cujo comportamento na matriz de correlação esteja masca-

rado, mas destoe do padrão geral, como será feito na AF.

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4.8.2 análise dos dados

Por se tratar de pesquisa qualitativa, é freqüente que as fases de coleta de dados e de

análise, mesmo sendo distintas, ocorram conjuntamente. Existem alguns obstáculos que o

pesquisador deve observar. Um destes pode ser o caso de o pesquisador ter grande familia-

ridade com tema e deixar que ocorra uma simplificação dos dados, conduzindo a conclusões

superficiais. Outro se refere ao envolvimento do pesquisador com o método, a ponto de se es-

quecer dos significados dos dados. A finalidade da fase de análise é a compreensão dos dados,

confirmação ou não dos pressupostos e ampliar o conhecimento sobre o assunto pesquisado

(minayo, 1994).

Iervolino e Pelicione (2001, p. 119) indicam duas formas de análise dos dados da pes-

quisa qualitativa: (i) através do sumário etnográfico que se sustenta “nas citações textuais

dos participantes do grupo”, fazendo uma análise da narrativa de forma descritiva da fala dos

participantes; e (ii) pela codificação dos dados via análise de conteúdo. Enfatiza a “descrição

numérica de como determinadas categorias explicativas aparecem ou estão ausentes das dis-

cussões e em quais contextos isto ocorre”. Os dois métodos não são excludentes entre si, e

podem ser combinados na análise dos dados.

Chizzotti (2006, p. 116) refere-se à análise de conteúdo “como toda técnica que permita

fazer inferências, identificando objetiva e sistematicamente as características da mensagem”.

Em seguida, destaca que, nas análises qualitativas, “o pesquisador procura penetrar nas idéias,

mentalidades, valores e intenções do produtor da mensagem”, para compreendê-la. Exis-

tem duas abordagens básicas para análise dos dados obtidos nos grupos focais análise de

conteúdo e análise de discurso. Para isso, fazem-se necessárias leituras atentas do registro

dos dados.

As gravações e anotações geram dados que precisam ser posteriormente organizados.

É comum que as opiniões se misturem, ocorram muitas repetições e outros assuntos fora

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do foco da pesquisa surjam durante a sessão. Por isso, é indicado que os dados sejam orga-

nizados em categorias, isto é, um conceito ou tributo com um grau de generalidade que dê

uma unidade a um agrupamento de palavras ou frases (chizzotti, 2006, p.117).

As categorias são fundamentais para se atingir o objetivo da pesquisa. É por meio

delas que o conteúdo é classificado, ordenado e qualificado, permitindo uma descrição

objetiva das características mais relevantes do conteúdo. Quando se parte da verificação

de uma hipótese, as categorias podem ser pré-estabelecidas, como é o caso deste estudo

(chizzotti, 2006).

Análise do Discurso é [...] análise de um conjunto de idéias, um modo de pensar ou um

corpo de conhecimento expresso em uma comunicação textual ou verbal, que o pesquisador

pode identificar quando analisa um texto ou uma fala. (chizzotti, 2006, p. 120)

É uma forma de identificar o processo pelo qual as pessoas dão forma discursiva às inte-

rações sociais.

quadro 12 – Síntese das aproximações e afastamentos entre Análise de Conteúdo e Análise do Discurso

Análise de conteúdo Análise do discurso

Objetivos de pesquisa Captar um saber que está por trás da superfície textual

Analisar em que perspec-tivas a relação social de poder no plano discursivo se constrói

Eu pesquisador

Espião da ordem que se pro-põe a desvendar a subversão escondida; leitor privilegiado por dispor de “técnicas” seguras de trabalho

Agente participante de uma determinada ordem, contri-buindo para a construção de uma articulação entre linguagem e sociedade

Concepção de texto Véu que esconde o signifi-cado, a intenção do autor Materialidade do discurso

Concepção de linguagem Reprodução e disseminação de uma realidade a priori Ação no mundo

Concepção de ciência Instrumento neutro de ve-rificação de uma determi-nada realidade

Espaço de construção de olhares diversos sobre o real

Fonte: Transcrito de Rocha, D. e Deusdará, B.(2005).

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Neste estudo, os elementos encontrados no discurso dos participantes do grupo focal

estão agrupadas em categorias que foram pré-estabelecidas antes do trabalho de campo, vi-

sando à classificação dos dados encontrados (minayo, 1994). As categorias definidas foram as

mesmas categorias do questionário BPSO96, de Ana Cristina Limongi-França (1996), a saber:

biológica; psicológica; social; organizacional; e opinião pessoal, no que se refere ao tema QVT;

e o Comportamento Alimentar (CA) foi classificado em 3 categorias: imagem afetiva, crenças

alimentares e práticas alimentares. Estas categorias para CA têm como referência as dimensões

cognitivas, emocionais e conativas do conceito de atitude, conforme Pereira (2001).

A análise dos dados realiza-se pela técnica análise de conteúdo, por meio da qual podem

ser encontradas respostas para as questões formuladas e, também, descobrir o que está por trás

dos conteúdos manifestos.

O conteúdo das discussões foi transcrito da gravação e, em seguida, foi analisado, tendo

como base a análise discursiva em “o pesquisador é o co-construtor dos sentidos produzidos”

(rocha, d. e deusdará, b.2005, p. 316), que considera sua interferência no contexto e também

não dissocia a linguagem da sua interação social. A Análise do Discurso considera o resultado

de uma investigação como uma construção social, de saberes sobre o real produzido por meio

do diálogo entre os participantes e o pesquisador.

4.9 aspectos éticos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa FCF/USP: parecer CEP/

FCP/75/2009, Protocolo CEP/FCF/510 e CAAE: 0010.0.018.000-09. Todos os indivíduos assi-

naram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, atendendo às disposições da Resolução

n.196/96, referentes a pesquisas envolvendo seres humanos.

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5resultAdos e

discussões

Neste capítulo são apresentados os resultados da análise dos dados coletados, no presente

estudo, cujo propósito é o de conhecer o comportamento alimentar de Empreendedores e veri-

ficar, na sua percepção, a concepção de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). A apresentação

inicia-se pelas características gerais da amostra, as correlações decorrentes da análise fatorial e,

por último, os resultados obtidos pela satisfação com a qvT e a descrição do comportamento

alimentar dos empreendedores.

Para a realização deste estudo, foram selecionadas 4 (quatro) Incubadoras de Empresas de

Base Tecnológica, que fazem parte do Programa Estadual coordenado pelo SEBRAE-SP, loca-

lizadas em municípios próximos à capital. Nestas incubadoras, os empreendedores são identi-

ficados como incubados, em razão de suas empresas estarem instaladas no prédio administrado

pelo Programa. No Estado de São Paulo existem, atualmente, 63 incubadoras em funcionamen-

to. As unidades que participaram da pesquisa foram escolhidas por se localizarem próximas à

capital. Conforme pode ser observado na Tabela 4, são 124 empreendedores incubados e 58%

desta população responderam ao questionário da pesquisa.

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Tabela 4 – Distribuição de empreendedores por incubadora Incubadora Incubados Respondentes %

São Paulo 64 24 38%

Guarulhos 23 18 78%

S.B. campo 14 13 93%

S. J. campos 23 17 74%

Total 124 72 58%

Fonte: Sebrae-SP (08/06/2009)

5.1 caracterização da amostra

Somam-se 72 participantes, destes 33% eram do município de São Paulo, 25% de Guaru-

lhos, 24% de São Jose dos Campos e 18% dos pesquisados eram empreendedores da incubado-

ra de São Bernardo do Campo (Gráfico1).

Gráfico 1 – Classificação por localização das Incubadoras

Os empreendedores responderam ao questionário em suas empresas, localizadas no inte-

rior das Incubadoras, estatisticamente apresentam as seguintes características:

• 80,6% sexo masculino; 15,3% sexo feminino; e 4,2% não informaram o sexo.

33% São Paulo

25% Guarulhos

24% São José dos Campos

18% São Bernardo do Campo

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Este resultado é bem diferente do padrão da população brasileira encontrado pela Pes-

quisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) 2008, na divisão por gênero são: 48,8% de

homens e 51,2% de mulheres.

• 69,9% paulistas; 25,9% têm origem de outros estados do Brasil; apenas 4,2% não

informaram sua origem.

• 30,6% dos empreendedores estão na faixa etária compreendida entre 25 e 35 anos;

26,4% na faixa etária entre 35 e 45 anos; 22,2% estão na faixa entre 45 e 55 anos;

6,9% estão na faixa de 18 a 25 anos; e apenas 4,2% estão acima de 60 anos. Não in-

formaram sobre a faixa etária 4,2% dos pesquisados (Gráfi co 2).

Gráfi co 2 – Classifi cação por faixa etária

• observa-se na classifi cação por estado civil: 54,2% dos empreendedores casados;

34,7% solteiros; 4,2% se declararam separados, e apenas 2,8% divorciados; e 4,2%

não informaram seu estado civil (Gráfi co 3).

frequ

ênci

a

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Gráfi co 3 – Classifi cação por estado civil

• com relação ao número de dependentes: 45,8% não têm nenhum dependente; 18,1%

têm 3 dependentes; e 13,9% responderam que têm apenas 1; e a mesma porcentagem

(13,9) de pesquisados possuem 2 dependentes. Apenas 4,2% não informaram sobre

este item (Gráfi co 4).

Gráfi co 4 – Classifi cação por número de dependentes

frequ

ênci

a

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99

• Observ a-se no Gráfi co 5 que: 85% se declararam brancos; 7% pardos; 1% amarelo; e

7% dos respondentes não informaram.

Estes dados diferem em muito do padrão nacional encontrado pela PNAD 2008, em que

49% dos brasileiros se declaram da raça branca e 42% pardos.

Gráfi co 5 – Classifi cação por raça

• O Gráfi co 6 mostra o grau de escolaridade dos pesquisados: 55,6% têm nível de

Pós-Graduação; 27,8% possuam nível de Graduação; 12, 5% se identifi caram com

escolarização até o ensino médio.

Na PNAD 2008, o grau de escolaridade entre a população brasileira de ocupados, com

11 anos ou mais de estudo, é de 41,2%, bastante inferior ao encontrado nesta amostra de em-

preendedores.

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Gráfi co 6 – Classifi cação por escolaridade

• Porte das empresas: 88 % dos empreendimentos são microempresas com até nove

empregados; 8% dos pesquisados responderam ter uma pequena empresa que empre-

ga ente dez e noventa pessoas; e 4 % dos empreendedores não informaram sobre o

porte de sua empresa (Gráfi co 7).

Gráfi co 7 – Classifi cação por porte da empresa

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• O Gráfi co 8 demonstra: 40% das empresas são do setor de serviços; 24% indústrias;

e apenas 3% atuam no setor de comércio. Não informaram o setor de atuação de

sua empresa 33% dos respondentes. A porcentagem grande de sem informação,

33%, se deu pelo fato de os empreendedores considerarem sua empresa de vários

setores, e as dúvidas que tiveram para priorizar um deles, durante o preenchimento

do questionário.

Gráfi co 8 – Classifi cação por setor de atuação empresarial

• Com relação ao tempo de existência da empresa: 34,7% são nascentes; 30,6% têm

entre 18 e 42 meses de funcionamento; 30,6% são consideradas maduras com mais

de 42 meses de existência. Apenas 4,2% não informaram sobre o tempo de empresa.

Dessa forma temos na amostra 65,3% de empreendedores iniciantes, conforme defi -

nição da pesquisa GEM (Gráfi co 9).

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Gráfi co 9 – Classifi cação por tempo de existência da empresa

• O Gráfi co 10 mostra a distribuição na faixa de renda pessoal, considerando o salário

mínimo de 2009 (R$ 465,00): 28% estão na faixa salarial entre R$1 860,00 e R$

3.720,00 (10 a 20 salários mínimos); 26% responderam que sua renda é de até R$1

860,00 (faixa de 0 a 10 salários mínimos); 18% estão na faixa de R$ 3.720,00 a R$

5.580,00 (20 a 30 salários mínimos); e 20% acima de R$ 5.580,00; 8% não informa-

ram sobre sua renda pessoal.

A renda mensal também é superior à encontrada pelo IBGE no PNAD, cujo rendimento

médio real de trabalho das pessoas ocupadas foi de R$ 1.036,00 em 2008. Mais de 70% dos

brasileiros recebem até três salários mínimos de renda mensal (Tabela 5).

frequ

ênci

a

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103

Gráfi co 10 – Classifi cação por renda pessoal

Tabela 5 – Distribuição em até 3 salários mínimosde renda mensal da população brasileira de ocupad

Renda mensal %

Até 1salário mínimo 29,1

Mais de 1 a 2 salários mínimos 31,0

Mais de 2 a 3 salários mínimos 11,6

Fonte: IBGE, 2008.

Em resumo, os dados sociodemográfi cos encontrados indicam um perfi l diferenciado da

população pesquisada em relação aos dados da população brasileira. Os empreendedores desta

amostra são, em sua grande maioria, homens, paulistas, casados, sem dependentes. A maior par-

te é de brancos, na faixa etária entre 25 e 45 anos, alto padrão de escolaridade e renda. São em-

preendedores iniciantes (até 42 meses de existência), proprietários de microempresa. A maioria

está empreendendo no setor de serviços. O perfi l do empreendedor dessa pesquisa difere do

perfi l identifi cado do empreendedor brasileiro pela pesquisa GEM 2009, nos item relacionados

a gênero, renda e escolaridade. Essa população é um grupo selecionado de pessoas, das quais

100% empreendem por oportunidade e suas empresas são de base tecnológica. Na pesquisa

GEM são 68% dos empreendedores que iniciam suas empresas motivados pela oportunidade.

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5.2 apresentação e análise dos resultados

A apresentação e análise dos resultados realizam-se por cada dimensão da qualidade

de Vida no Trabalho (QVT), conforme indicado pelo questionário aplicado: organizacional;

biológico; psicológica e social; e, também, o estado pessoal. Com relação ao Comportamento

Alimentar (CA), as dimensões consideradas como variáveis são: cognitiva, emotiva e conativa.

5.2.1 análise da consistência interna entre as variáveis

Tabela 6 – Coeficiente de Confiabilidadeda Escala e número de itens

Alfa de Cronbach Nº de Itens0,806 68

A Tabela 6 oferece o valor do alfa de Cronbach para o conjunto de dados, bem como o

número de itens avaliados. Este coeficiente fornece um grau de consistência entre as variáveis,

e quanto mais alto o seu valor, mais os indicadores medem os construtos. Além disso, é um ín-

dice que está no intervalo [0-1] e é comum, pela empiria, considerar a escala confiável quando

este valor é superior a 0,7, apesar de poder diminuir para 0,6 em pesquisa exploratória. Neste

caso, observa-se um valor bastante superior a este patamar, tratando-se, portanto, de uma escala

bastante confiável (hair, 2005).

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5.2.2 relações entre as respostas sobre a Qvt dos indivíduos amostrados

quadro 13 – Matriz de correlação entre as variáveis que medem QVT e Dados DemográficosQ1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q11 Q12 Q13 Q14 Q15 Q16 Q17 Q18 Q19 Q20 Q21 Q22 Q23 Q24 Q25 Q26 Q27 Q28 Q29 Q30 Q31 Q32 Q33 Q34

Q1 1,00 0,42 0,52 0,35 0,47 0,33 0,14 0,19 0,40 0,28 0,41 0,44 0,30 0,30 0,23 0,27 0,34 0,60 0,27 0,22 0,41 0,24 0,26 0,37 0,32 -0,20 -0,14 -0,18 -0,07 0,10 0,05 0,17 -0,10 -0,11Q2 0,42 1,00 0,73 0,29 0,54 0,38 0,11 0,34 0,38 0,43 0,44 0,42 0,42 0,24 0,20 0,30 0,30 0,39 0,18 0,31 0,49 0,30 0,29 0,33 0,44 0,13 0,12 -0,09 -0,08 -0,07 0,06 0,06 0,05 0,02Q3 0,52 0,73 1,00 0,29 0,54 0,24 0,13 0,29 0,45 0,33 0,49 0,45 0,51 0,18 0,17 0,36 0,27 0,44 0,10 0,29 0,46 0,33 0,26 0,29 0,37 0,05 -0,06 -0,16 -0,18 -0,12 0,15 0,07 -0,05 -0,01Q4 0,35 0,29 0,29 1,00 0,33 0,19 0,11 0,17 0,27 0,24 0,34 0,39 0,31 0,05 0,25 0,31 0,31 0,53 0,25 0,26 0,44 0,37 0,34 0,37 0,17 0,05 -0,08 -0,01 -0,14 0,07 -0,09 0,14 -0,15 -0,10Q5 0,47 0,54 0,54 0,33 1,00 0,25 0,22 0,31 0,54 0,41 0,45 0,65 0,57 0,27 0,23 0,29 0,36 0,61 0,19 0,34 0,48 0,23 0,40 0,29 0,28 -0,08 0,07 0,05 0,04 -0,04 0,08 0,00 -0,12 -0,05Q6 0,33 0,38 0,24 0,19 0,25 1,00 0,41 0,43 0,30 0,64 0,51 0,21 0,24 0,36 0,32 0,23 0,16 0,17 0,48 0,16 0,34 0,24 0,34 0,39 0,28 -0,02 0,18 0,09 0,18 0,12 0,12 0,04 0,08 -0,21Q7 0,14 0,11 0,13 0,11 0,22 0,41 1,00 0,35 0,31 0,31 0,21 0,27 -0,05 0,08 0,15 0,27 0,04 0,13 0,15 0,13 0,17 0,05 0,22 0,16 0,02 0,02 -0,07 0,00 -0,01 -0,03 -0,13 -0,26 -0,20 -0,17Q8 0,19 0,34 0,29 0,17 0,31 0,43 0,35 1,00 0,47 0,46 0,23 0,34 0,22 0,18 0,52 0,30 0,17 0,28 0,29 0,19 0,36 0,27 0,35 0,30 0,34 0,01 0,01 -0,14 -0,16 -0,04 -0,05 0,04 0,01 -0,38Q9 0,40 0,38 0,45 0,27 0,54 0,30 0,31 0,47 1,00 0,36 0,54 0,47 0,41 0,30 0,24 0,29 0,36 0,46 0,16 0,24 0,60 0,25 0,39 0,42 0,28 -0,14 0,07 -0,05 -0,15 0,13 0,08 0,07 -0,14 -0,09

Q10 0,28 0,43 0,33 0,24 0,41 0,64 0,31 0,46 0,36 1,00 0,40 0,26 0,16 0,42 0,49 0,27 0,34 0,19 0,40 0,31 0,28 0,25 0,39 0,51 0,32 -0,15 0,31 -0,02 0,01 0,14 0,19 0,11 0,10 -0,11Q11 0,41 0,44 0,49 0,34 0,45 0,51 0,21 0,23 0,54 0,40 1,00 0,44 0,48 0,44 0,30 0,35 0,22 0,32 0,28 0,29 0,59 0,35 0,41 0,50 0,27 -0,16 0,09 0,02 -0,15 -0,15 0,07 0,17 -0,10 -0,14Q12 0,44 0,42 0,45 0,39 0,65 0,21 0,27 0,34 0,47 0,26 0,44 1,00 0,58 0,09 0,28 0,43 0,38 0,58 0,10 0,28 0,61 0,23 0,29 0,29 0,37 -0,09 -0,11 -0,06 -0,03 -0,05 -0,08 0,13 -0,15 -0,13Q13 0,30 0,42 0,51 0,31 0,57 0,24 -0,05 0,22 0,41 0,16 0,48 0,58 1,00 0,16 0,08 0,31 0,36 0,50 0,13 0,22 0,43 0,31 0,34 0,15 0,25 0,04 -0,15 -0,01 -0,01 -0,08 -0,06 0,07 -0,11 -0,12Q14 0,30 0,24 0,18 0,05 0,27 0,36 0,08 0,18 0,30 0,42 0,44 0,09 0,16 1,00 0,34 0,32 0,04 0,06 0,27 0,40 0,29 0,31 0,27 0,33 0,06 -0,22 0,07 0,02 -0,05 0,05 0,14 -0,05 -0,13 -0,24Q15 0,23 0,20 0,17 0,25 0,23 0,32 0,15 0,52 0,24 0,49 0,30 0,28 0,08 0,34 1,00 0,53 0,24 0,27 0,30 0,32 0,38 0,35 0,44 0,49 0,18 -0,14 0,05 0,06 0,01 0,17 0,08 0,14 -0,09 -0,24Q16 0,27 0,30 0,36 0,31 0,29 0,23 0,27 0,30 0,29 0,27 0,35 0,43 0,31 0,32 0,53 1,00 0,37 0,41 0,24 0,28 0,50 0,42 0,49 0,42 0,09 -0,12 -0,08 -0,04 -0,05 0,04 -0,15 -0,16 -0,23 -0,28Q17 0,34 0,30 0,27 0,31 0,36 0,16 0,04 0,17 0,36 0,34 0,22 0,38 0,36 0,04 0,24 0,37 1,00 0,54 0,20 0,12 0,29 0,17 0,27 0,32 0,15 -0,03 -0,06 0,11 0,04 0,05 -0,01 0,10 -0,12 -0,02Q18 0,60 0,39 0,44 0,53 0,61 0,17 0,13 0,28 0,46 0,19 0,32 0,58 0,50 0,06 0,27 0,41 0,54 1,00 0,19 0,18 0,50 0,29 0,32 0,25 0,20 -0,02 -0,14 -0,03 -0,04 -0,03 -0,08 0,10 -0,17 -0,12Q19 0,27 0,18 0,10 0,25 0,19 0,48 0,15 0,29 0,16 0,40 0,28 0,10 0,13 0,27 0,30 0,24 0,20 0,19 1,00 0,09 0,29 0,20 0,34 0,25 0,03 -0,25 0,10 0,01 0,18 0,19 -0,02 0,08 -0,02 -0,21Q20 0,22 0,31 0,29 0,26 0,34 0,16 0,13 0,19 0,24 0,31 0,29 0,28 0,22 0,40 0,32 0,28 0,12 0,18 0,09 1,00 0,18 0,06 0,24 0,22 0,12 0,11 -0,07 -0,14 -0,22 -0,03 -0,21 -0,03 -0,29 -0,19Q21 0,41 0,49 0,46 0,44 0,48 0,34 0,17 0,36 0,60 0,28 0,59 0,61 0,43 0,29 0,38 0,50 0,29 0,50 0,29 0,18 1,00 0,50 0,42 0,44 0,37 -0,11 -0,02 -0,03 -0,12 -0,03 0,01 0,12 -0,14 -0,13Q22 0,24 0,30 0,33 0,37 0,23 0,24 0,05 0,27 0,25 0,25 0,35 0,23 0,31 0,31 0,35 0,42 0,17 0,29 0,20 0,06 0,50 1,00 0,45 0,43 0,09 0,00 -0,11 -0,11 -0,15 0,05 0,09 0,10 -0,12 -0,11Q23 0,26 0,29 0,26 0,34 0,40 0,34 0,22 0,35 0,39 0,39 0,41 0,29 0,34 0,27 0,44 0,49 0,27 0,32 0,34 0,24 0,42 0,45 1,00 0,54 0,29 -0,18 0,02 -0,01 -0,01 0,18 -0,14 -0,05 -0,23 -0,31Q24 0,37 0,33 0,29 0,37 0,29 0,39 0,16 0,30 0,42 0,51 0,50 0,29 0,15 0,33 0,49 0,42 0,32 0,25 0,25 0,22 0,44 0,43 0,54 1,00 0,48 -0,28 0,21 0,09 -0,12 0,17 0,15 0,06 -0,23 -0,14Q25 0,32 0,44 0,37 0,17 0,28 0,28 0,02 0,34 0,28 0,32 0,27 0,37 0,25 0,06 0,18 0,09 0,15 0,20 0,03 0,12 0,37 0,09 0,29 0,48 1,00 0,00 0,30 0,02 -0,10 -0,02 -0,03 0,05 0,10 0,04Q26 -0,20 0,13 0,05 0,05 -0,08 -0,02 0,02 0,01 -0,14 -0,15 -0,16 -0,09 0,04 -0,22 -0,14 -0,12 -0,03 -0,02 -0,25 0,11 -0,11 0,00 -0,18 -0,28 0,00 1,00 0,02 0,26 0,18 0,16 0,08 0,02 0,20 0,22Q27 -0,14 0,12 -0,06 -0,08 0,07 0,18 -0,07 0,01 0,07 0,31 0,09 -0,11 -0,15 0,07 0,05 -0,08 -0,06 -0,14 0,10 -0,07 -0,02 -0,11 0,02 0,21 0,30 0,02 1,00 0,30 0,20 0,27 0,34 0,14 0,36 0,14Q28 -0,18 -0,09 -0,16 -0,01 0,05 0,09 0,00 -0,14 -0,05 -0,02 0,02 -0,06 -0,01 0,02 0,06 -0,04 0,11 -0,03 0,01 -0,14 -0,03 -0,11 -0,01 0,09 0,02 0,26 0,30 1,00 0,39 -0,05 0,30 0,01 0,12 0,04Q29 -0,07 -0,08 -0,18 -0,14 0,04 0,18 -0,01 -0,16 -0,15 0,01 -0,15 -0,03 -0,01 -0,05 0,01 -0,05 0,04 -0,04 0,18 -0,22 -0,12 -0,15 -0,01 -0,12 -0,10 0,18 0,20 0,39 1,00 0,37 0,25 -0,02 0,05 0,28Q30 0,10 -0,07 -0,12 0,07 -0,04 0,12 -0,03 -0,04 0,13 0,14 -0,15 -0,05 -0,08 0,05 0,17 0,04 0,05 -0,03 0,19 -0,03 -0,03 0,05 0,18 0,17 -0,02 0,16 0,27 -0,05 0,37 1,00 0,33 0,27 -0,02 0,13Q31 0,05 0,06 0,15 -0,09 0,08 0,12 -0,13 -0,05 0,08 0,19 0,07 -0,08 -0,06 0,14 0,08 -0,15 -0,01 -0,08 -0,02 -0,21 0,01 0,09 -0,14 0,15 -0,03 0,08 0,34 0,30 0,25 0,33 1,00 0,49 0,28 0,28Q32 0,17 0,06 0,07 0,14 0,00 0,04 -0,26 0,04 0,07 0,11 0,17 0,13 0,07 -0,05 0,14 -0,16 0,10 0,10 0,08 -0,03 0,12 0,10 -0,05 0,06 0,05 0,02 0,14 0,01 -0,02 0,27 0,49 1,00 0,21 0,14Q33 -0,10 0,05 -0,05 -0,15 -0,12 0,08 -0,20 0,01 -0,14 0,10 -0,10 -0,15 -0,11 -0,13 -0,09 -0,23 -0,12 -0,17 -0,02 -0,29 -0,14 -0,12 -0,23 -0,23 0,10 0,20 0,36 0,12 0,05 -0,02 0,28 0,21 1,00 0,21Q34 -0,11 0,02 -0,01 -0,10 -0,05 -0,21 -0,17 -0,38 -0,09 -0,11 -0,14 -0,13 -0,12 -0,24 -0,24 -0,28 -0,02 -0,12 -0,21 -0,19 -0,13 -0,11 -0,31 -0,14 0,04 0,22 0,14 0,04 0,28 0,13 0,28 0,14 0,21 1,00Q72 0,00 0,11 0,07 0,16 0,08 0,16 -0,09 0,24 0,17 0,10 0,12 0,13 0,22 0,28 0,04 0,19 -0,11 0,09 0,20 0,01 0,26 0,20 0,08 -0,11 0,02 -0,02 -0,07 -0,03 0,11 0,11 0,04 -0,10 0,16 -0,19Q73 -0,06 0,04 -0,07 -0,13 -0,10 0,07 -0,21 0,03 0,07 0,16 -0,01 -0,14 -0,04 0,17 -0,08 -0,17 -0,13 -0,15 0,07 -0,19 0,02 0,04 -0,02 -0,17 -0,04 -0,07 0,13 0,06 0,05 0,06 0,18 0,03 0,50 -0,08Q74 -0,16 0,06 0,11 0,03 -0,05 -0,10 0,09 -0,07 -0,07 -0,03 -0,01 -0,05 0,00 -0,17 0,00 0,00 0,11 -0,13 -0,13 0,24 -0,10 0,06 -0,04 0,14 -0,01 0,23 0,03 0,03 -0,19 -0,06 -0,07 -0,12 -0,18 0,09Q75 0,00 -0,08 0,00 0,00 -0,12 0,02 -0,02 -0,12 -0,05 0,20 -0,03 -0,11 -0,11 -0,06 -0,17 -0,21 0,10 -0,04 0,00 -0,25 0,04 0,26 -0,06 0,13 0,07 0,04 0,27 0,02 -0,13 0,07 0,33 0,22 0,22 0,10Q77 0,09 -0,03 -0,07 0,09 -0,09 0,10 -0,03 -0,15 0,01 0,19 0,03 -0,07 -0,11 -0,08 -0,12 -0,14 0,15 0,05 0,09 -0,15 0,10 0,20 -0,05 0,14 0,00 -0,01 0,06 -0,01 -0,21 0,04 0,19 0,20 0,16 0,05Q79 0,09 0,07 0,01 0,20 0,13 0,14 0,04 0,10 -0,04 0,16 -0,05 0,08 0,07 0,18 -0,04 0,11 0,00 0,08 -0,07 0,28 0,00 -0,12 0,04 0,00 0,09 0,11 -0,01 0,09 -0,06 -0,05 -0,22 -0,01 -0,12 -0,26Q80 0,08 -0,05 -0,08 0,15 0,04 0,18 0,12 0,02 0,18 0,33 0,02 0,08 -0,04 0,04 0,04 0,01 0,24 0,03 0,17 -0,05 0,07 0,12 0,11 0,19 0,19 0,03 0,18 0,04 0,00 0,17 0,08 -0,08 0,31 0,13Q81 -0,20 -0,21 -0,24 0,08 -0,08 -0,39 -0,11 -0,02 -0,02 -0,18 -0,08 -0,01 -0,29 0,00 0,07 0,08 -0,14 -0,09 -0,33 0,04 0,00 0,03 0,03 0,10 0,02 -0,11 0,21 -0,18 -0,15 0,09 -0,01 0,03 -0,23 0,01Q82 -0,18 -0,17 -0,24 -0,01 -0,20 -0,02 -0,13 0,06 -0,07 0,02 -0,20 -0,17 -0,20 0,19 0,07 0,01 0,01 -0,10 0,15 -0,01 -0,10 -0,03 0,03 -0,05 -0,08 -0,03 -0,09 -0,01 0,15 0,18 -0,13 -0,09 -0,13 -0,15Q83 -0,06 -0,07 -0,19 -0,10 -0,01 -0,08 -0,18 0,16 0,14 0,07 -0,34 -0,11 -0,15 0,19 0,00 0,08 0,18 0,06 0,06 0,09 -0,02 0,01 -0,05 -0,08 -0,01 0,12 0,15 0,06 0,03 0,22 0,07 -0,05 0,02 -0,02Q84 -0,03 -0,09 -0,13 0,01 -0,03 0,01 -0,35 -0,14 -0,16 0,16 -0,02 -0,10 -0,10 0,35 -0,02 0,04 0,02 0,00 -0,07 0,15 0,01 0,01 0,01 0,00 0,14 -0,07 0,33 -0,07 -0,11 0,05 0,06 0,06 0,15 -0,10Q85 -0,04 -0,05 -0,14 -0,24 -0,14 -0,04 -0,22 -0,14 -0,01 0,09 -0,09 -0,21 -0,18 0,05 -0,14 -0,30 -0,13 -0,22 -0,08 -0,25 -0,10 -0,02 -0,07 -0,15 -0,10 -0,09 0,17 0,08 -0,02 0,00 0,22 0,11 0,53 -0,01

Legenda:

De acordo com o Quadro 13, é possível afirmar que as proposições sobre QVT possuem

um grau moderado de correlação entre si, presumindo que há, em geral, bom nível de concor-

dância entre as opiniões. Além disso, é possível afirmar que não parece haver grande força na

relação entre as opiniões sobre QVT e variáveis demográficas.

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quadro 14 – Matriz de correlação entre variáveis que medem CA e variáveis demográficasQ38 Q39 Q40 Q41 Q42 Q43 Q44 Q45 Q46 Q47 Q48 Q49 Q50 Q51 Q52 Q53 Q54 Q55 Q56 Q57 Q58 Q59 Q60 Q61 Q62 Q63 Q64 Q65 Q66 Q67 Q68 Q69 Q70 Q71

Q38 1,00 -0,18 -0,16 -0,29 0,02 -0,06 -0,04 -0,03 -0,23 -0,19 -0,02 -0,17 0,27 0,25 -0,10 -0,01 -0,11 0,16 0,07 -0,04 -0,03 -0,04 -0,17 0,12 0,39 0,16 0,05 0,39 0,17 0,04 -0,11 0,39 -0,24 0,01Q39 -0,18 1,00 0,10 -0,10 -0,13 0,01 0,26 -0,05 0,17 0,15 0,06 0,09 0,10 -0,06 0,04 0,18 0,27 0,00 0,01 -0,08 -0,12 0,09 0,19 -0,04 -0,26 -0,04 0,04 -0,07 0,03 -0,14 0,01 -0,19 0,16 -0,05Q40 -0,16 0,10 1,00 0,08 0,23 0,06 -0,17 -0,06 0,03 0,15 -0,05 -0,08 0,04 -0,21 0,04 0,13 0,02 0,08 0,06 0,08 -0,06 0,04 -0,34 0,06 -0,11 0,24 0,07 0,03 0,08 0,05 -0,02 -0,01 0,13 -0,07Q41 -0,29 -0,10 0,08 1,00 0,03 0,24 -0,02 -0,07 0,13 0,06 0,02 0,18 -0,09 -0,01 0,13 0,08 0,06 0,08 0,10 0,15 0,06 -0,08 -0,17 -0,09 -0,03 0,08 -0,20 -0,16 -0,12 -0,17 0,01 -0,04 0,18 -0,12Q42 0,02 -0,13 0,23 0,03 1,00 0,23 0,02 -0,14 0,19 0,16 -0,06 0,04 0,09 -0,08 0,18 0,01 0,15 0,21 0,05 0,29 0,16 -0,16 0,19 -0,32 -0,08 -0,11 -0,02 -0,13 0,11 0,03 -0,11 0,11 -0,24 0,04Q43 -0,06 0,01 0,06 0,24 0,23 1,00 0,10 -0,15 0,06 -0,11 -0,29 0,20 0,02 -0,15 0,56 0,06 0,14 0,14 0,06 0,14 0,13 -0,01 0,10 -0,21 -0,10 -0,12 0,15 -0,02 0,03 0,00 0,05 0,16 0,15 0,17Q44 -0,04 0,26 -0,17 -0,02 0,02 0,10 1,00 -0,09 0,17 0,15 0,24 0,05 0,31 -0,01 0,06 0,18 0,13 0,09 -0,02 0,09 -0,17 0,38 0,21 -0,15 -0,03 -0,05 0,07 0,10 -0,15 0,06 0,01 -0,20 0,01 -0,15Q45 -0,03 -0,05 -0,06 -0,07 -0,14 -0,15 -0,09 1,00 0,25 0,13 0,09 0,35 0,01 0,03 -0,03 -0,16 -0,03 0,04 0,04 0,04 0,23 -0,14 0,06 0,03 0,16 0,07 -0,12 -0,06 0,18 0,03 0,03 -0,15 -0,04 -0,01Q46 -0,23 0,17 0,03 0,13 0,19 0,06 0,17 0,25 1,00 0,21 0,36 0,21 0,07 -0,09 0,04 -0,11 -0,02 0,08 0,12 0,26 -0,06 -0,09 0,16 -0,18 0,01 0,10 -0,11 -0,27 0,17 -0,05 0,11 0,04 0,09 -0,03Q47 -0,19 0,15 0,15 0,06 0,16 -0,11 0,15 0,13 0,21 1,00 0,20 0,21 0,08 -0,03 0,00 0,07 0,05 0,12 0,06 0,19 -0,17 -0,13 0,05 0,15 0,02 0,02 0,07 0,08 0,13 -0,04 0,17 -0,05 0,03 -0,06Q48 -0,02 0,06 -0,05 0,02 -0,06 -0,29 0,24 0,09 0,36 0,20 1,00 -0,12 0,44 0,29 -0,10 -0,17 0,21 -0,03 0,04 0,06 -0,01 0,19 -0,06 -0,12 0,08 0,20 0,16 0,06 -0,10 -0,05 0,04 -0,24 -0,11 -0,19Q49 -0,17 0,09 -0,08 0,18 0,04 0,20 0,05 0,35 0,21 0,21 -0,12 1,00 -0,06 -0,03 0,17 0,02 0,21 0,12 0,12 0,12 0,10 -0,27 0,17 -0,03 -0,11 -0,09 -0,36 -0,39 0,03 0,03 0,17 0,01 0,04 -0,01Q50 0,27 0,10 0,04 -0,09 0,09 0,02 0,31 0,01 0,07 0,08 0,44 -0,06 1,00 0,18 -0,13 -0,09 0,26 0,04 0,21 0,04 -0,17 0,20 0,00 -0,10 0,14 0,07 0,19 0,15 0,05 0,05 -0,06 -0,09 0,00 -0,05Q51 0,25 -0,06 -0,21 -0,01 -0,08 -0,15 -0,01 0,03 -0,09 -0,03 0,29 -0,03 0,18 1,00 -0,16 -0,12 0,14 0,20 -0,02 0,20 0,03 -0,08 0,01 0,06 0,21 0,05 -0,12 0,02 -0,09 -0,08 0,12 0,12 -0,14 0,12Q52 -0,10 0,04 0,04 0,13 0,18 0,56 0,06 -0,03 0,04 0,00 -0,10 0,17 -0,13 -0,16 1,00 0,03 0,13 0,08 -0,10 0,08 0,12 0,07 0,01 -0,03 -0,14 0,03 0,09 0,03 0,06 -0,10 0,14 0,21 0,16 0,02Q53 -0,01 0,18 0,13 0,08 0,01 0,06 0,18 -0,16 -0,11 0,07 -0,17 0,02 -0,09 -0,12 0,03 1,00 0,12 0,25 -0,10 0,03 -0,15 0,12 0,03 0,02 -0,03 0,02 -0,13 0,03 -0,02 -0,08 0,13 0,04 0,20 0,07Q54 -0,11 0,27 0,02 0,06 0,15 0,14 0,13 -0,03 -0,02 0,05 0,21 0,21 0,26 0,14 0,13 0,12 1,00 0,00 0,03 -0,07 0,25 0,15 0,13 -0,15 -0,27 -0,12 -0,16 -0,08 -0,29 -0,15 0,07 -0,11 -0,01 0,14Q55 0,16 0,00 0,08 0,08 0,21 0,14 0,09 0,04 0,08 0,12 -0,03 0,12 0,04 0,20 0,08 0,25 0,00 1,00 0,10 0,44 -0,20 0,00 0,06 -0,32 0,14 0,14 0,05 -0,04 0,20 0,28 0,05 0,25 -0,30 0,27Q56 0,07 0,01 0,06 0,10 0,05 0,06 -0,02 0,04 0,12 0,06 0,04 0,12 0,21 -0,02 -0,10 -0,10 0,03 0,10 1,00 0,02 0,17 -0,31 -0,16 -0,14 0,07 0,08 0,01 -0,26 0,27 -0,01 -0,17 -0,29 0,02 0,18Q57 -0,04 -0,08 0,08 0,15 0,29 0,14 0,09 0,04 0,26 0,19 0,06 0,12 0,04 0,20 0,08 0,03 -0,07 0,44 0,02 1,00 -0,02 -0,11 0,06 -0,25 0,20 0,21 -0,15 -0,16 -0,11 0,07 0,13 0,10 -0,10 0,21Q58 -0,03 -0,12 -0,06 0,06 0,16 0,13 -0,17 0,23 -0,06 -0,17 -0,01 0,10 -0,17 0,03 0,12 -0,15 0,25 -0,20 0,17 -0,02 1,00 -0,08 -0,01 -0,23 -0,11 -0,10 -0,01 -0,18 -0,11 -0,17 -0,06 -0,23 -0,12 0,00Q59 -0,04 0,09 0,04 -0,08 -0,16 -0,01 0,38 -0,14 -0,09 -0,13 0,19 -0,27 0,20 -0,08 0,07 0,12 0,15 0,00 -0,31 -0,11 -0,08 1,00 0,03 -0,05 -0,10 0,09 0,14 0,14 -0,33 -0,06 0,14 0,05 -0,03 -0,18Q60 -0,17 0,19 -0,34 -0,17 0,19 0,10 0,21 0,06 0,16 0,05 -0,06 0,17 0,00 0,01 0,01 0,03 0,13 0,06 -0,16 0,06 -0,01 0,03 1,00 -0,24 0,00 -0,74 0,05 -0,15 0,11 0,10 -0,02 -0,18 -0,08 -0,01Q61 0,12 -0,04 0,06 -0,09 -0,32 -0,21 -0,15 0,03 -0,18 0,15 -0,12 -0,03 -0,10 0,06 -0,03 0,02 -0,15 -0,32 -0,14 -0,25 -0,23 -0,05 -0,24 1,00 0,02 0,15 -0,08 0,33 0,14 -0,14 0,00 0,08 0,25 -0,23Q62 0,39 -0,26 -0,11 -0,03 -0,08 -0,10 -0,03 0,16 0,01 0,02 0,08 -0,11 0,14 0,21 -0,14 -0,03 -0,27 0,14 0,07 0,20 -0,11 -0,10 0,00 0,02 1,00 -0,03 -0,11 0,14 0,51 0,28 -0,07 0,09 -0,22 0,22Q63 0,16 -0,04 0,24 0,08 -0,11 -0,12 -0,05 0,07 0,10 0,02 0,20 -0,09 0,07 0,05 0,03 0,02 -0,12 0,14 0,08 0,21 -0,10 0,09 -0,74 0,15 -0,03 1,00 -0,19 0,11 -0,05 -0,01 0,29 0,18 0,02 -0,01Q64 0,05 0,04 0,07 -0,20 -0,02 0,15 0,07 -0,12 -0,11 0,07 0,16 -0,36 0,19 -0,12 0,09 -0,13 -0,16 0,05 0,01 -0,15 -0,01 0,14 0,05 -0,08 -0,11 -0,19 1,00 0,15 -0,07 -0,29 -0,17 -0,18 -0,04 -0,02Q65 0,39 -0,07 0,03 -0,16 -0,13 -0,02 0,10 -0,06 -0,27 0,08 0,06 -0,39 0,15 0,02 0,03 0,03 -0,08 -0,04 -0,26 -0,16 -0,18 0,14 -0,15 0,33 0,14 0,11 0,15 1,00 0,03 0,31 -0,04 0,15 0,01 -0,02Q66 0,17 0,03 0,08 -0,12 0,11 0,03 -0,15 0,18 0,17 0,13 -0,10 0,03 0,05 -0,09 0,06 -0,02 -0,29 0,20 0,27 -0,11 -0,11 -0,33 0,11 0,14 0,51 -0,05 -0,07 0,03 1,00 0,28 -0,14 -0,02 -0,02 0,12Q67 0,04 -0,14 0,05 -0,17 0,03 0,00 0,06 0,03 -0,05 -0,04 -0,05 0,03 0,05 -0,08 -0,10 -0,08 -0,15 0,28 -0,01 0,07 -0,17 -0,06 0,10 -0,14 0,28 -0,01 -0,29 0,31 0,28 1,00 -0,05 0,17 -0,24 0,36Q68 -0,11 0,01 -0,02 0,01 -0,11 0,05 0,01 0,03 0,11 0,17 0,04 0,17 -0,06 0,12 0,14 0,13 0,07 0,05 -0,17 0,13 -0,06 0,14 -0,02 0,00 -0,07 0,29 -0,17 -0,04 -0,14 -0,05 1,00 0,17 0,04 0,12Q69 0,39 -0,19 -0,01 -0,04 0,11 0,16 -0,20 -0,15 0,04 -0,05 -0,24 0,01 -0,09 0,12 0,21 0,04 -0,11 0,25 -0,29 0,10 -0,23 0,05 -0,18 0,08 0,09 0,18 -0,18 0,15 -0,02 0,17 0,17 1,00 -0,04 0,31Q70 -0,24 0,16 0,13 0,18 -0,24 0,15 0,01 -0,04 0,09 0,03 -0,11 0,04 0,00 -0,14 0,16 0,20 -0,01 -0,30 0,02 -0,10 -0,12 -0,03 -0,08 0,25 -0,22 0,02 -0,04 0,01 -0,02 -0,24 0,04 -0,04 1,00 -0,13Q71 0,01 -0,05 -0,07 -0,12 0,04 0,17 -0,15 -0,01 -0,03 -0,06 -0,19 -0,01 -0,05 0,12 0,02 0,07 0,14 0,27 0,18 0,21 0,00 -0,18 -0,01 -0,23 0,22 -0,01 -0,02 -0,02 0,12 0,36 0,12 0,31 -0,13 1,00Q72 -0,22 0,27 -0,03 -0,26 -0,03 0,16 0,09 -0,05 -0,03 0,10 0,03 -0,05 -0,06 -0,06 0,11 0,17 0,17 0,10 -0,13 -0,17 -0,10 0,23 0,20 0,06 -0,04 -0,09 0,21 -0,02 0,04 -0,08 0,33 -0,02 -0,11 0,14Q73 -0,34 0,27 0,06 -0,13 0,06 0,11 0,11 0,24 0,09 0,17 -0,01 0,22 -0,17 -0,18 0,18 0,32 0,21 0,08 -0,02 -0,13 0,01 0,10 0,23 0,01 -0,08 -0,17 0,17 -0,24 0,20 -0,32 0,20 -0,21 -0,06 0,03Q74 0,13 -0,10 0,03 0,25 0,01 -0,02 -0,14 -0,12 -0,09 -0,08 -0,06 -0,10 0,10 -0,06 0,08 -0,42 -0,07 -0,11 0,07 0,20 0,01 -0,09 -0,37 0,00 0,06 0,21 -0,15 -0,03 -0,08 0,15 -0,12 0,06 -0,13 -0,09Q75 0,26 -0,27 -0,03 -0,01 0,04 0,00 -0,14 0,27 -0,12 -0,16 -0,19 -0,11 -0,06 -0,03 0,00 -0,03 -0,03 -0,05 -0,03 -0,09 0,03 0,07 -0,22 0,12 0,22 0,05 -0,04 0,09 0,11 -0,37 -0,03 0,03 -0,10 -0,14Q77 0,30 -0,14 0,10 -0,10 0,03 0,10 -0,16 0,36 -0,01 -0,15 -0,24 -0,07 -0,08 -0,09 0,06 0,08 -0,22 0,12 0,02 0,00 0,04 -0,08 -0,28 0,06 0,27 0,16 -0,03 0,11 0,36 -0,10 -0,10 0,06 -0,01 -0,08Q79 0,19 0,01 -0,22 -0,08 -0,05 -0,03 -0,10 0,06 -0,08 -0,13 -0,21 0,23 -0,06 0,19 -0,14 -0,03 -0,04 0,11 0,30 0,21 0,10 -0,19 0,15 0,12 0,30 -0,03 -0,25 -0,16 0,26 0,23 0,09 -0,02 0,08 0,08Q80 0,09 -0,11 0,06 0,11 0,03 0,06 -0,13 0,21 -0,04 -0,16 -0,25 0,09 -0,12 -0,05 -0,03 0,05 -0,01 0,05 0,11 0,08 0,12 -0,17 -0,23 0,12 0,07 0,19 -0,22 -0,01 0,12 -0,21 -0,07 -0,02 -0,14 0,00Q81 -0,13 -0,22 -0,16 0,16 0,15 0,10 -0,16 -0,04 -0,19 -0,04 -0,15 0,04 -0,13 -0,19 0,05 0,04 0,09 -0,02 -0,05 0,01 0,18 0,00 0,26 -0,02 0,03 -0,44 -0,10 0,06 -0,14 0,09 -0,08 0,15 -0,26 0,16Q82 0,03 0,25 -0,17 -0,13 0,29 0,10 0,24 -0,07 0,19 0,10 0,05 0,20 0,23 0,16 0,05 0,06 0,18 0,38 0,06 0,25 -0,10 0,00 0,30 -0,17 0,02 -0,17 0,12 -0,32 0,14 0,03 -0,05 0,16 -0,15 0,18Q83 0,20 0,06 -0,03 0,00 -0,05 0,17 0,03 0,06 0,02 0,01 -0,12 0,08 0,12 -0,03 0,20 0,02 0,03 0,30 0,26 0,11 0,10 0,06 -0,03 -0,04 0,30 0,11 0,07 -0,09 0,27 -0,11 0,04 0,16 0,02 0,17Q84 -0,02 -0,02 -0,33 0,01 -0,22 0,18 0,09 0,17 0,00 -0,25 -0,20 0,09 -0,13 -0,03 0,02 0,05 -0,01 0,01 0,11 -0,10 0,13 0,01 0,25 0,03 0,24 -0,19 0,06 -0,12 0,12 -0,11 -0,01 -0,07 0,02 0,04Q85 -0,25 0,15 0,09 -0,03 0,06 0,03 0,11 0,40 0,12 0,11 0,01 0,28 -0,15 -0,21 0,16 0,36 0,14 0,03 0,04 -0,09 0,05 0,01 0,15 0,02 -0,07 -0,13 0,06 -0,28 0,21 -0,37 0,04 -0,27 0,02 -0,06

Legenda:

No Quadro 14, grande parte das informações demográficas não está associada às respos-

tas das proposições sobre CA, sugerindo fortemente que não deve haver perfis exclusivos de

opiniões acerca do assunto.

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quadro 15 – Matriz de correlação entre variáveis que medem qvT e CAQ38 Q39 Q40 Q41 Q42 Q43 Q44 Q45 Q46 Q47 Q48 Q49 Q50 Q51 Q52 Q53 Q54 Q55 Q56 Q57 Q58 Q59 Q60 Q61 Q62 Q63 Q64 Q65 Q66 Q67 Q68 Q69 Q70 Q71

Q1 0,13 -0,10 -0,13 -0,18 -0,10 -0,04 -0,24 0,00 -0,09 -0,28 -0,15 -0,21 -0,08 0,15 -0,26 -0,02 -0,15 -0,10 0,19 -0,12 0,10 -0,12 -0,05 -0,12 -0,05 -0,13 0,15 -0,08 -0,12 -0,06 -0,15 0,05 0,20 0,25Q2 -0,11 0,04 -0,12 -0,11 -0,15 -0,06 -0,14 -0,04 0,04 0,06 -0,14 -0,08 -0,14 0,06 -0,23 -0,03 -0,30 0,02 0,02 0,14 -0,16 -0,24 -0,10 0,09 0,14 0,08 -0,04 -0,12 0,17 0,11 0,08 0,07 0,08 0,37Q3 -0,05 -0,02 -0,21 -0,10 -0,30 -0,13 -0,18 -0,06 -0,02 -0,01 -0,08 -0,15 -0,15 0,19 -0,23 -0,16 -0,23 -0,06 -0,02 0,01 -0,13 -0,15 -0,03 0,15 0,01 -0,03 0,01 0,10 -0,01 -0,01 0,07 0,04 0,17 0,15Q4 0,22 -0,16 -0,11 -0,27 -0,09 -0,08 -0,23 -0,21 -0,24 -0,10 -0,21 -0,26 -0,07 0,05 -0,19 -0,06 -0,23 -0,03 0,07 0,00 -0,16 -0,15 -0,10 0,24 0,03 -0,06 -0,01 0,00 -0,16 -0,02 0,06 0,15 0,01 0,08Q5 0,01 -0,08 -0,24 0,05 -0,26 -0,07 -0,16 -0,01 0,01 -0,05 -0,10 0,00 -0,15 0,01 -0,24 0,11 -0,19 -0,13 0,18 -0,07 -0,07 -0,22 -0,12 0,11 -0,04 0,14 -0,24 -0,09 0,01 0,02 0,20 0,10 0,24 0,25Q6 0,16 -0,02 -0,01 -0,20 0,05 -0,03 -0,17 -0,04 -0,04 0,02 -0,27 -0,12 -0,24 0,06 -0,12 0,13 -0,23 0,22 -0,15 0,03 -0,03 -0,17 -0,04 -0,07 -0,08 0,11 0,01 -0,04 0,16 0,09 0,21 0,28 -0,14 0,21Q7 0,27 0,05 0,21 -0,09 0,06 -0,03 -0,18 -0,02 -0,06 0,24 -0,18 -0,02 0,03 -0,09 -0,04 0,08 0,02 -0,01 0,00 -0,10 -0,16 -0,23 -0,16 0,08 -0,15 0,03 -0,06 0,22 0,11 0,05 0,08 0,25 0,06 0,12Q8 0,13 0,05 -0,08 -0,33 0,05 -0,01 -0,08 0,05 0,02 0,07 -0,13 -0,07 -0,09 0,16 -0,05 -0,11 0,08 0,19 0,12 0,09 0,05 -0,22 0,04 -0,08 -0,07 0,09 -0,09 0,09 0,15 0,19 0,27 0,18 -0,16 0,49Q9 0,15 0,03 -0,03 -0,09 -0,08 -0,08 -0,24 -0,02 -0,05 -0,11 -0,22 -0,07 -0,13 -0,07 -0,04 -0,04 -0,17 -0,03 -0,05 -0,20 -0,11 -0,12 -0,03 0,19 -0,04 0,02 -0,14 0,07 0,25 0,09 0,15 0,33 0,02 0,13Q10 0,31 -0,05 -0,22 -0,15 -0,12 -0,04 -0,18 -0,06 -0,17 0,04 -0,21 0,02 -0,17 0,07 -0,16 0,13 -0,06 0,19 0,10 -0,04 -0,05 -0,30 -0,15 0,05 0,00 0,09 0,07 0,01 0,14 -0,02 0,21 0,17 -0,22 0,33Q11 0,09 -0,13 -0,19 -0,10 -0,07 -0,09 -0,26 -0,02 -0,09 -0,13 -0,08 -0,23 -0,28 0,02 -0,12 -0,04 -0,30 0,04 -0,22 -0,11 0,00 -0,08 -0,04 -0,09 -0,01 0,03 0,03 0,05 0,08 0,19 0,19 0,17 -0,14 0,09Q12 0,18 -0,20 -0,14 -0,19 -0,04 -0,05 -0,11 0,05 -0,09 -0,04 0,03 -0,10 -0,02 0,17 -0,17 -0,11 -0,23 -0,18 0,08 -0,07 -0,03 -0,17 -0,02 0,15 0,11 0,01 -0,11 0,21 0,00 0,33 0,06 0,12 0,00 0,28Q13 -0,09 -0,18 -0,23 -0,09 -0,13 -0,14 -0,05 -0,18 -0,05 -0,03 -0,02 -0,16 -0,25 0,10 -0,16 -0,09 -0,27 -0,15 -0,04 -0,05 -0,10 -0,09 -0,19 0,14 0,05 0,16 -0,10 0,07 -0,02 0,17 0,02 0,05 0,06 0,08Q14 0,08 0,07 -0,31 -0,10 -0,23 -0,11 -0,04 -0,06 -0,19 -0,12 -0,10 -0,04 -0,25 -0,02 -0,09 0,13 -0,06 0,12 -0,11 -0,09 -0,03 0,16 0,02 0,03 0,04 -0,01 0,28 -0,18 -0,01 -0,19 0,10 0,05 -0,13 0,20Q15 0,03 -0,06 -0,22 -0,20 -0,15 0,01 -0,22 -0,01 -0,04 -0,05 0,02 -0,09 -0,22 0,10 0,08 -0,14 0,00 -0,02 -0,06 0,06 0,10 -0,17 -0,11 -0,02 -0,37 0,12 0,12 0,05 -0,31 -0,01 0,29 0,14 -0,09 0,41Q16 0,15 -0,10 -0,10 -0,09 -0,20 0,00 -0,35 -0,02 -0,06 0,00 0,02 0,01 -0,05 0,25 0,02 -0,13 0,02 -0,06 -0,01 -0,05 -0,01 -0,17 -0,23 0,14 0,06 0,15 0,05 0,10 -0,11 0,09 0,26 0,34 -0,01 0,46Q17 0,28 -0,07 -0,15 -0,06 -0,08 -0,09 -0,14 -0,09 0,04 -0,08 -0,07 0,03 -0,07 0,21 -0,04 0,02 -0,17 0,02 0,17 -0,01 -0,02 -0,23 -0,32 0,05 0,19 0,21 -0,17 -0,06 0,02 0,00 0,00 0,36 0,04 0,25Q18 0,23 -0,20 -0,06 -0,14 -0,12 0,09 -0,29 -0,06 -0,10 -0,21 -0,24 -0,15 -0,17 0,20 -0,13 0,03 -0,24 -0,06 0,12 -0,08 -0,01 -0,24 -0,11 0,14 -0,01 0,08 -0,07 0,01 -0,11 0,02 -0,01 0,30 0,24 0,29Q19 0,10 -0,01 0,02 -0,12 -0,08 -0,03 -0,21 -0,03 0,02 0,11 0,04 -0,08 -0,14 0,15 -0,12 -0,06 -0,15 0,12 0,06 0,04 -0,05 -0,17 -0,34 -0,04 0,04 0,31 0,22 -0,17 -0,01 -0,09 0,30 0,17 -0,12 0,10Q20 0,08 0,16 -0,08 0,05 -0,23 -0,04 -0,12 -0,22 -0,23 -0,08 -0,11 -0,15 -0,06 0,00 -0,11 0,07 -0,07 -0,08 0,23 -0,03 -0,08 -0,18 -0,16 0,08 0,15 0,04 -0,02 -0,07 0,08 -0,03 -0,01 -0,17 0,06 0,10Q21 0,07 -0,07 -0,02 -0,29 -0,04 -0,18 -0,30 0,13 0,07 -0,06 0,03 -0,34 -0,13 -0,04 -0,10 -0,13 -0,33 -0,09 -0,12 -0,09 -0,12 -0,10 -0,17 0,28 0,11 0,22 0,02 0,24 0,20 0,24 0,14 0,28 0,00 0,22Q22 0,04 -0,23 0,00 -0,08 0,03 -0,09 -0,17 -0,16 -0,01 -0,07 -0,03 -0,36 -0,19 0,00 -0,04 -0,06 -0,08 0,07 -0,11 0,13 -0,05 0,12 -0,27 -0,01 -0,02 0,22 0,01 -0,12 -0,24 -0,07 0,20 0,25 -0,13 0,34Q23 -0,01 0,07 -0,16 -0,07 -0,15 -0,08 -0,25 -0,14 -0,06 -0,03 -0,12 -0,14 -0,30 0,10 -0,03 -0,01 0,06 -0,04 -0,10 -0,09 -0,09 -0,15 -0,22 0,13 -0,08 0,17 -0,14 -0,05 -0,10 0,10 0,22 0,35 -0,02 0,45Q24 0,27 -0,20 -0,21 -0,16 -0,13 -0,21 -0,29 -0,05 -0,19 -0,21 -0,18 -0,22 -0,11 0,11 -0,19 -0,03 -0,10 -0,08 -0,25 -0,04 0,06 -0,10 -0,19 0,02 0,13 0,14 -0,04 0,03 -0,09 0,02 0,25 0,31 -0,22 0,31Q25 -0,08 -0,06 -0,17 -0,08 0,04 0,07 0,05 -0,06 -0,02 -0,15 -0,18 -0,08 -0,13 0,14 -0,03 -0,10 0,03 -0,02 -0,16 0,11 0,10 -0,07 0,07 -0,04 0,10 -0,02 -0,20 0,12 0,07 0,21 0,07 0,19 0,00 0,21Q26 -0,05 0,05 0,14 0,21 0,17 0,13 0,04 0,00 0,13 0,01 0,10 -0,05 0,06 0,00 0,13 -0,01 0,09 0,25 0,03 0,40 -0,04 -0,01 -0,02 -0,16 0,13 0,09 -0,19 -0,11 0,10 -0,05 -0,10 -0,20 0,08 -0,06Q27 -0,05 -0,13 -0,12 0,13 -0,08 0,08 -0,09 0,21 -0,06 0,06 -0,16 0,17 0,00 -0,12 0,05 0,01 0,01 0,01 -0,10 0,01 0,14 0,03 0,06 0,02 0,01 -0,04 0,03 -0,04 0,01 -0,10 0,22 0,12 -0,03 -0,02Q28 0,04 0,00 0,02 0,15 -0,07 -0,12 0,09 0,18 0,08 0,26 0,14 0,11 -0,06 0,10 0,08 0,10 -0,08 0,15 -0,23 0,25 -0,11 0,20 0,00 -0,04 0,16 0,24 -0,17 0,03 -0,10 -0,05 0,34 0,09 0,00 -0,19Q29 -0,09 0,12 0,00 0,09 0,14 -0,04 0,09 -0,08 0,10 0,09 0,07 0,09 -0,09 0,09 -0,02 0,21 0,00 0,17 -0,14 0,10 -0,03 0,08 0,08 -0,07 -0,12 -0,03 0,01 -0,04 -0,20 0,02 0,15 0,00 -0,09 -0,01Q30 0,15 0,02 -0,13 -0,11 0,01 0,12 -0,13 -0,07 -0,08 -0,11 -0,02 0,05 0,13 -0,04 0,07 -0,10 0,23 -0,06 -0,08 -0,06 0,10 0,06 -0,05 0,15 -0,14 -0,10 0,06 -0,05 0,00 -0,11 -0,05 0,07 -0,07 0,09Q31 -0,05 -0,15 -0,21 0,07 -0,23 -0,01 -0,14 0,19 -0,09 0,05 0,02 -0,03 -0,11 0,03 0,07 0,05 -0,10 0,00 -0,29 -0,10 0,03 0,25 0,03 0,10 0,01 -0,06 0,04 0,04 0,10 -0,27 0,12 -0,04 0,08 -0,09Q32 0,13 -0,24 -0,12 -0,10 -0,08 0,08 -0,09 0,10 -0,06 -0,05 0,09 -0,05 -0,14 0,03 0,05 -0,10 -0,10 0,01 -0,10 0,01 0,14 0,03 -0,02 -0,04 0,17 -0,15 0,07 0,20 0,01 0,13 -0,01 0,01 0,12 -0,02Q33 -0,25 -0,02 -0,01 0,10 -0,11 0,12 0,00 0,31 0,12 0,09 0,04 0,25 -0,10 -0,17 0,07 0,01 0,02 0,13 0,14 0,13 0,21 -0,06 0,14 -0,27 0,02 -0,10 -0,01 -0,20 0,16 -0,03 -0,01 -0,24 -0,05 0,03Q34 -0,18 -0,20 0,16 0,34 0,10 0,02 -0,05 -0,14 0,07 0,01 0,04 0,01 0,02 -0,21 0,08 -0,01 -0,02 0,04 0,04 0,04 0,00 0,18 -0,14 0,10 -0,08 0,05 -0,01 0,08 -0,02 -0,12 -0,12 -0,09 0,11 -0,18

Legenda:

Os resultados seguintes foram obtidos a partir da análise fatorial que analisa quantos

constructos são necessários para explicar as covariâncias dos itens. A validade é determinada

pela grandeza das cargas fatoriais das variáveis no fator. Conforme pode se verificar na Tabe-

la 7, dentre os 20 fatores com autovalores acima de um, foram considerados para este estudo

apenas os 13 fatores com autovalores acima de dois, estes explicam 73,88% da diversidade de

opiniões. Segundo Hair et al. (1998), é desejável que se escolha uma quantidade de fatores que

explique boa parte da variância do sistema.

A partir do quadro 15, é possível perceber que não há correlações fortes entre as variáveis

que medem QVT e CA. Essa é a confirmação do que já havia sido observado na análise fatorial.

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Tabela 7 – Coeficiente de Confiabilidade da Escala e número de itens

Fator Autovalor % da Variância Explicada

% Acumulada

1 10,415 15,316 15,316

2 4,888 7,189 22,505

3 4,586 6,744 29,249

4 4,083 6,004 35,253

5 3,824 5,623 40,876

6 3,431 5,045 45,921

7 3,267 4,804 50,725

8 3,114 4,580 55,305

9 2,988 4,395 59,700

10 2,647 3,893 63,593

11 2,553 3,754 67,347

12 2,367 3,480 70,827

13 2,082 3,062 73,889

14 1,913 2,813 76,702

15 1,751 2,576 79,278

16 1,584 2,330 81,608

17 1,454 2,139 83,746

18 1,384 2,035 85,782

19 1,269 1,866 87,647

20 1,180 1,735 89,382

Com base nas informações da análise fatorial, ficou reduzido para 13 fatores o subcon-

junto definido com o propósito de simplificar a análise multivariada, porém, mantendo-se a

natureza e o caráter das variáveis originais. Foi utilizada a abordagem vARIMAx, pois esta

rotação torna os fatores criados independentes, isto é, a interpretação de um fator não influencia

na interpretação de outros. Foi medida a relação entre as variáveis, a partir da correlação de

Pearson (hair, 1998). Para a interpretação fatorial, recomenda-se que seja nomeado cada um

dos 13 fatores, como mostra o Quadro 16.

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quadro 16 – Descrição dos fatores com carga fatorial de cada questão

N Fator questão Carga Fatorial Nome da questão

1 Desenvolvimento empresarial

q2 0,75 Oportunidade de treinamento e desenvolvimento profissional

q5 0,74 Nível de comunicação interna

Q3 0,71 Melhorias nos processos de trabalho e novas tecnologias

q18 0,66 Confiança no relacionamento com parceiros e colaboradores

2 Atuação organizacional

q15 0,67 Ausência de interferência na vida pessoal

q22 0,63 Confiança no relacionamento com parceiros e colaboradores

q11 0,61 Forma de avaliação do desempenho do seu trabalho

3 qualidade da refeição

Q38 0,70 Para você COMER BEM significa

q51 0,62 Como você costuma fazer suas refeições? prestando atenção no alimento

4 Saúde - DCNT

Q32 0,90 Possui diagnóstico médico de diabete?

Q33 0,77 Possui diagnóstico médico de obesidade?

Q31 0,76 Possui diagnóstico médico de hipertensão arterial?

q27 0,68 Sofreu internação em hospital?

5 Rotina alimentarQ56 0,76 Você planeja um cardápio para alimentação com

antecedência?

q28 -0,69 Foi atendido em pronto-socorro

6 Energia e disposição

Q67 0,76 você toma algum suplemento como vitaminas, mineral ou outros?

Q23 0,68 Satisfação com o seu modo próprio de viver o dia a dia (estilo de vida)

7 Local de almoçoQ63 0,71 você faz suas refeições (Almoço): Restaurante por quilo

Q60 -0,86 você faz suas refeições (Almoço): Em casa

8 Alimentação individual

q50 0,72 Como você costuma fazer suas refeições? em silêncio

q44 0,67 Como você costuma fazer suas refeições? em pé

q48 0,63 Como você costuma fazer suas refeições? Sozinho

9 Atividade pessoalQ53 0,72 você gosta de cozinhar?

q20 0,69 Investimento para Qualificação - cursos externos (Graduação, Pós-Graduação)

10 Almoço de negócio Q49 0,75 Como você costuma fazer suas refeições? Conversando

11 SuplementaçãoAlimentar q57 0,62 você toma algum suplemento como vitaminas, mineral ou

outros?

12 Alimentação social q45 0,63 Como você costuma fazer suas refeições? Acompanhado

13 Serviço de saúdeQ30 0,79 Utilizou o serviço de saúde da empresa

Q29 0,63 Utilizou o convênio médico

Fonte: Dados da pesquisa.

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O objetivo da pesquisa é descritivo, portanto, não se pretendem explicar as correlações

de causa e efeito e sim descrever como é a percepção da qvT e sua correlação com Comporta-

mento Alimentar para os empreendedores.

FAtor 1 - Desenvolvimento empresarial

Este fator apresenta a combinação entre as variáveis da dimensão organizacional e social

da qvT. Para os empreendedores, o desenvolvimento empresarial está na combinação entre

oportunidade de treinamento, a comunicação dentro da empresa, e a melhoria dos processos e

novas tecnologias (albuQuerQue e limongi-França, 1998; drucker, 2005). Estes fatores orga-

nizacionais aliam-se à confiança que se estabelece com parceiros e colaboradores. A variável

confiança foi a que teve a menor carga pela solução fatorial.

quadro 17 – Descrição dos itens agrupados no fator 1 e suas respectivas cargas fatoriais

questão Carga Fatorial Nome da questão

q2 0,75 Oportunidade de treinamento e desenvolvimento profissional

q5 0,74 Nível de comunicação interna

Q3 0,71 Melhorias nos processos de trabalho e novas tecnologias

q18 0,66 Confiança no relacionamento com parceiros e colaboradores

Fonte: Dados da pesquisa.

FAtor 2 - Atuação Organizacional

O fator atuação organizacional está relacionado ao significado do trabalho para o empreende-

dor, envolvendo o desempenho, a confiança e a não interferência na vida pessoal. Os empreendedores,

ao serem questionados sobre qvT, relacionam a possibilidade de ter equilíbrio entre a vida pessoal e

empresarial (mello, 2006) e, também, a relacionam com realização pessoal. Eles escolhem com quem

trabalhar (confiança) e como trabalhar (desempenho) (baron,2007; dessen, 2009).

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quadro 18 – Descrição dos itens agrupados no fator 2 e suas respectivas cargas fatoriais

questão Carga Fatorial Nome da questão

q15 0,67 Ausência de interferência na vida pessoal

q22 0,63 Confiança no relacionamento com parceiros e colaboradores

q11 0,61 Forma de avaliação do desempenho do seu trabalho

Fonte: Dados da pesquisa.

FAtor 3 - qualidade da refeição

As variáveis que compõem este fator se referem ao significado de comer bem e prestar

atenção aos alimentos durante as refeições. Para a maioria dos empreendedores comer bem sig-

nifica alimentação saudável e, portanto, torna-se coerente prestar atenção ao alimento durante as

refeições. Alguns empreendedores que consideram que sua alimentação está melhor atualmente

atribuem este fato à reeducação alimentar; à orientação de nutricionistas; à melhoria na disciplina;

e qualidade dos alimentos escolhidos para se alimentar (philippi, 1999 ; barretto,2001).

quadro 19 – Descrição dos itens agrupados no fator 3 e suas respectivas cargas fatoriais

questão Carga Fatorial Nome da questão

Q38 0,7 Para você COMER BEM significa

q51 0,62 Como você costuma fazer suas refeições? prestando atenção no alimento

Fonte: Dados da pesquisa.

FAtor 4 - Saúde – DCNT

Neste conjunto de variáveis predomina o critério saúde-doença, se estão relacionadas às

doenças crônicas não transmissíveis, se possuem diagnóstico médico de diabetes, de obesida-

de, de hipertensão arterial e se sofreram internação hospitalar. A carga fatorial mais elevada foi

para o não diagnóstico médico de diabetes, seguida da ausência de diagnóstico para as demais

doenças. Neste fator, pode-se verificar que os empreendedores apresentam uma boa saúde em

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relação à DCNT. Este resultado demonstra que os respondentes não foram afetados pelos fato-

res de risco, conforme indicados na who, 2004 (levy-costa, 2005; cunha,2000).

quadro 20 – Descrição dos itens agrupados no fator 4 e suas respectivas cargas fatoriais

questãoCarga Fatorial

Nome da questão

Q32 0,9 Possui diagnóstico médico de diabete?

Q33 0,77 Possui diagnóstico médico de obesidade?

Q31 0,76 Possui diagnóstico médico de hipertensão arterial?

q27 0,68 Sofreu internação em hospital?

Fonte: Dados da pesquisa.

FAtor 5 - Rotina alimentar

Estas variáveis compõem o fator da rotina alimentar e possuem correlação oposta (cargas

com sinais diferentes). Verifica-se que quanto mais se planeja a alimentação com antecedência

menor a possibilidade de utilização de pronto-socorro. Neste planejamento, haverá a possibili-

dade de escolha adequada de alimentos, criando uma rotina de alimentação saudável, conforme

recomenda Philippi (2008). Sendo, assim, possível evitar distúrbios alimentares e a necessidade

de atendimento de emergência em pronto-socorro por este motivo.

quadro 21 – Descrição dos itens agrupados no fator 5 e suas respectivas cargas fatoriais

questão Carga Fatorial Nome da questão

Q56 0,76 Você planeja um cardápio para alimentação com antecedência?

q28 -0,69 Foi atendido em pronto-socorro

Fonte: Dados da pesquisa.

FAtor 6 - Energia e disposição

O fator energia e disposição reuniu uma variável da qvT e outra de Comportamento

Alimentar, o que indica a importância da preocupação com a energia física necessária para en-

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113

frentar o dia a dia de trabalho. Estas podem ser provenientes de suplementos, vitaminas e outros

nutrientes, de tal modo que os empreendedores podem ficar satisfeitos com seu estilo de vida

e com disposição para as atividades de trabalho. Ter um estilo de vida próprio, estar satisfeito

com seu modo de viver propicia o cuidado com a alimentação saudável e preocupação com a

ingestão de vitaminas e outros nutrientes (philippi,2004; constantino, 2007).

quadro 22 – Descrição dos itens agrupados no fator 6 e suas respectivas cargas fatoriais

questão Carga Fatorial Nome da questão

Q67 0,76 você toma algum suplemento como vitaminas, mineral ou outros?

Q23 0,68 Satisfação com o seu modo próprio de viver o dia a dia (estilo de vida)

Fonte: Dados da pesquisa.

FAtor 7 - Local de almoço

O Fator local de almoço correlaciona duas variáveis opostas que indicam que, se frequen-

temente os empreendedores almoçam em restaurantes por quilo, é porque estarão fora de casa

para esta refeição. A maioria dos empreendedores almoça fora de casa seguindo a tendência da

vida moderna das grandes cidades, de fazer suas refeições em restaurantes por quilo no horário

de trabalho, conforme apontado nos estudos de levi-costa, 2003. Se não estão a trabalho, não

se alimentam em restaurante por quilo e sim, escolhem fazer suas refeições em casa. Diferentes

grupos de pessoas estabelecem seus hábitos alimentares de acordo com suas atividades cotidia-

nas e cultural (ramos,2000; tonial,2001; mintz,2001).

quadro 23 – Descrição dos itens agrupados no fator 7 e suas respectivas cargas fatoriais

questão Carga Fatorial Nome da questão

Q63 0,71 você faz suas refeições (Almoço): Restaurante por quilo

Q60 -0,86 você faz suas refeições (Almoço): Em casa

Fonte: Dados da pesquisa.

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114

FAtor 8 - Alimentação individual

As três variáveis que compõem este fator explicam o tipo de refeição feita, principalmen-

te, na pausa do almoço durante o período de trabalho, o que demonstra a falta de tempo e a ne-

cessidade de comer rapidamente para voltar às atividades de trabalho. Comer sozinho, em pé e

em silêncio caracteriza a refeição rápida no balcão de uma lanchonete. Os empreendedores pro-

curam otimizar o tempo que estão dedicando à sua empresa, se a pausa é exclusivamente para

se alimentar e repor energia, então é feita desta maneira, para ocupar o tempo com o trabalho

em seguida. Este resultado contrapõe ao que é considerado alimentação ideal (alvarenga,2001;

ramos, 2000; levi-costa,2003).

quadro 24 – Descrição dos itens agrupados no fator 8 e suas respectivas cargas fatoriais

questão Carga Fatorial Nome da questão

q50 0,72 Como você costuma fazer suas refeições? Em silêncio

q44 0,67 Como você costuma fazer suas refeições? Em pé

q48 0,63 Como você costuma fazer suas refeições? Sozinho

Fonte: Dados da pesquisa.

FAtor 9 - Atividade Pessoal

O Fator 9, atividade pessoal, é composto pelas variáveis gostar de cozinhar e investir na

qualificação. A maior carga é para a variável gostar de cozinhar. Provavelmente, o investimento

em qualificação tem um significado de ampliação de seu desenvolvimento como pessoa e não

apenas como trabalhador. Conciliar nas suas atividades pessoais, cursos externos que ampliem

sua bagagem intelectual, com atividades manuais que proporcionem relaxamento, como a gas-

tronomia por lazer e prazer (mintz,2001; romanelli,2006). a escolha do tipo de trabalho pelo

empreendedor proporciona-lhe um comportamento livre na busca de atividades complementa-

res que tenham um significado prazeroso (dejour, 1987).

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115

quadro 25 – Descrição dos itens agrupados no fator 9 e suas respectivas cargas fatoriais

questão Carga Fatorial Nome da questão

Q53 0,72 você gosta de cozinhar?

q20 0,69 Investimento para Qualificação – cursos externos (Graduação, Pós-Graduação)

Fonte: Dados da pesquisa.

FAtor 10 - Almoço de negócio

O Fator almoço de negócio explica-se por apenas uma variável, que é fazer as refeições

conversando. Para muitos empreendedores, a hora da refeição pode ser conciliada com reuniões

para discutir e tomar decisões sobre sua empresa. Já é um hábito reconhecido na nossa cultura

o chamado almoço de negócio. Muitas decisões estratégicas, novas parcerias e negociações

empresariais são definidas conversando durante a refeição. Esta forma de fazer as refeições

expandiu-se entre colaboradores que exercem funções gerenciais nas empresas, tais como, os

executivos (romanelli,2006).

quadro 26 – Descrição dos itens agrupados no fator 10 e suas respectivas cargas fatoriais

questão Carga Fatorial Nome da questão

Q49 0,75 Como você costuma fazer suas refeições? Conversando

Fonte: Dados da pesquisa.

FAtor 11 - Suplementação Alimentar

O Fator 11 suplementação alimentar é caracterizado por apenas uma variável. O consu-

mo de suplemento alimentar que, também, compõe o Fator 6 – energia e disposição. O pro-

pósito de tomar algum suplemento é para tornar a dieta mais saudável. No caso deste estudo,

os empreendedores consideram sua alimentação saudável e estão satisfeitos com sua forma de

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116

se alimentar, isto pode ter contribuído para a decisão da maioria dos empreendedores em não

consumir suplementos, como foi identificado.

quadro 27 – Descrição dos itens agrupados no fator 11 e suas respectivas cargas fatoriais

questão Carga Fatorial Nome da questão

q57 0,62 você toma algum suplemento como vitaminas, mineral ou outros?

Fonte: Dados da pesquisa.

FAtor 12 - Alimentação Social

A variável “fazer as refeições acompanhadas de alguém” aparece como única para o fator

Alimentação Social. Culturalmente o comportamento alimentar do brasileiro é caracterizado

por fazer as refeições em companhia de outras pessoas, como familiares, amigos ou colegas de

trabalho. Comer é também momento de convivência social, conforme visto também em Alva-

renga (2001)e Romanelli (2006).

quadro 28 – Descrição dos itens agrupados no fator 12 e sua respectiva carga fatorial

questão Carga Fatorial Nome da questão

q45 0,63 Como você costuma fazer suas refeições? Acompanhado

Fonte: Dados da pesquisa.

FAtor 13 - Serviços de saúde

O Fator serviço de saúde é composto pelas variáveis: utilização do convênio médico e

ambulatório. O serviço de saúde da empresa teve a carga mais elevada entre as duas variáveis.

As empresas destes empreendedores estão, em sua maioria, na fase de consolidação e, portanto,

os benéficos e serviços ligados à saúde dentro da empresa ou prestado por terceiros, como os

convênios, ainda não são realidade para eles.

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117

quadro 29 – Descrição dos itens agrupados no fator 13 e suas respectivas cargas fatoriais

questãoCarga Fatorial

Nome da questão

Q30 0,79 Utilizou o serviço de saúde da empresa

Q29 0,63 Utilizou o convênio médico

Fonte: Dados da pesquisa.

5.3 análise descritiva dos dados sobre Qualidade de vida no trabalho

Os resultados serão apresentados de acordo com as seguintes dimensões: organizacionais,

biológicas, psicológicas, sociais e percepção pessoal da QVT, conforme Quadro 30. O grau

de satisfação dos empreendedores em relação à QVT foi medido por meio da escala Likert.

O cálculo do índice Likert é feito somando-se o total de pessoas satisfeitas em cada questão e

dividindo pelo total de pesquisados. A leitura se dá pelo intervalo de 0- 1, quanto mais satisfei-

to, próximo do algarismo 1 estará o índice. Nesta pesquisa foram consideradas as escolhas nas

opções 4,5 e 6 na escala do questionário para identificar a pessoa satisfeita.

quadro 30 – Índice de satisfação de QVT dos empreendedores por questão Dimensão questão Likert

Organizacional

q1 90,0%

q2 90,3%

Q3 88,6%

q4 72,2%

q5 82,6%

Biológica

Q6 47,1%

q7 20,0%

q8 71,8%

Q9 91,4%

q10 50,7%

continua

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118

Dimensão questão Likert

Psicológica

q11 81,7%

q12 97,2%

Q13 90,3%

q14 47,9%

q15 48,5%

Social

Q16 55,6%

q17 66,7%

q18 93,1%

Q19 40,8%

q20 68,1%

Estado Pessoal

q21 88,9%

q22 54,2%

Q23 73,6%

q24 70,8%

q25 88,9%

Fonte: Dados da pesquisa.

É possível observar no Gráfico 11 que a maioria das médias está acima de 50%, os

empreendedores estão satisfeitos na maior parte dos aspectos que compõem sua qvT. A

maior média foi 97,2% na questão 12 (clima de camaradagem entre as pessoas), acima

de 90% foram 5 questões. Da mesma forma, houve 5 questões cujo grau de satisfação é

inferior a 50%.

• Questão 6: Cconvênio médico – a satisfação com o atendimento (47,1%).

• Questão 7: Atividade física – é alta insatisfação (20%) entre os empreendedores que

possuem uma rotina no trabalho mais sedentária.

• Questão 14: Renda pessoal – satisfação baixa (47,9%), são empreendedores, na

maioria, em início de processo empresarial; estão na fase de estruturação do negócio,

portanto, com baixa lucratividade.

continuação

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119

Questão 15: Interferência na vida pessoal – uma grande porcentagem considera que

seu trabalho interfere em sua vida pessoal (48,5%). A dedicação de muito tempo à

empresa e pouca às suas atividades pessoais.

• Questão 19: Previdência privada – os empreendedores não estão muito satisfeitos com a

sua qualidade (40,8%). Os investimentos estão focados na viabilidade atual da empresa.

Gráfi co 11 – Comparação global de satisfação fator likert

A seguir, apresentam-se os dados de satisfação pelas dimensões da abordagem biopsicossocial.

5.3.1 dimensão organizacional

Esta dimensão está relacionada ao signifi cado do trabalho na própria empresa, com as

implicações de imagem, burocracia, processos e tecnologias e desenvolvimento profi ssional.

No conjunto das cinco questões houve um alto grau de satisfação com pequena variação entre

as médias de cada item. A menor incidência, 72,2%, foi na questão 4, que se refere aos proce-

dimentos administrativos (Gráfi co 12).

frequ

ênci

a

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120

Gráfi co 12 – Dimensão Organizacional da qvT

Observou-se que os respondentes em sua maioria estão satisfeitos com a imagem de sua

empresa, 70,9%, cujo grau de satisfação é moderado e alto; e 16,7% dos empreendedores estão

totalmente satisfeitos com este item.

Os resultados mostram que, na questão imagem da empresa junto aos colaboradores e

parceiros, a maioria dos respondentes está satisfeita, 40,3% escolheram o grau 5, em seguida,

30,6% escolheram o grau 4 de satisfação moderada (Tabela 8).

Tabela 8 – Questão 1: Imagem da empresa junto aos colaboradores ou parceirosGrau Frequência Percentual

2 1 1,4

3 6 8,3

4 22 30,6

5 29 40,3

6 12 16,7

Sem Informação 2 2,8

Total 72 100,0

frequ

ênci

a

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121

O fato de suas empresas estarem ligadas a uma incubadora que, por sua vez, está vinculada a

uma universidade, pode influenciar positivamente na resposta. Entre os respondentes, 90,3% estão

satisfeitos com sua oportunidade de desenvolvimento profissional: 34,7% no grau 5; 29,2 % com

satisfação moderada no grau 4; e 26,4% escolheram o grau 6, estão totalmente satisfeitos (Tabela 9).

Tabela 9 – Questão 2: Oportunidade de treinamento e desenvolvimento profissionalGrau Frequência Percentual

2 1 1,43 6 8,34 21 29,25 25 34,76 19 26,4

Total 72 100,0

A maior incidência − 30,6% dos empreendedores− se posicionou no grau quatro de satis-

fação; sendo seguido decrescentemente por 29,2% no grau cinco, com alta satisfação; e 26,4%

no grau seis, satisfação total. Fica evidente que, mesmo estando satisfeitos com o estágio atual

em que se encontram os processos e a tecnologia nas suas empresas, a busca de melhoria con-

tínua é uma característica forte nos empreendedores, e aceitável um nível de insatisfação para

estimular o processo constante de melhoria na empresa (Tabela 10).

Tabela 10 – Questão 3:Melhorias nos processos de trabalho e novas tecnologiasGrau Frequência Percentual

2 2 2,83 6 8,34 22 30,65 21 29,26 19 26,4

Sem Informação 2 2,8Total 72 100,0

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122

Na questão 4, mesmo que a maioria tenha respondido que está satisfeita com a qualidade

dos procedimentos burocráticos de sua empresa, foi a questão entre as cinco da dimensão orga-

nizacional que obteve a menor porcentagem de satisfação (72,2%). A maior concentração dos

respondentes está entre os fatores 4 (25%) de satisfação moderada e 5 de satisfação alta (33,3%)

(Tabela 11). Para os empreendedores, a burocracia atrapalha e retarda o processo decisório na

fase inicial da empresa, buscam sempre eliminá-la ou minimizá-la, para que a empresa seja

mais ágil na sua produção e resposta ao mercado.

Tabela 11 – questão 4: qualidade dos procedimentos administrativos Grau Frequência Percentual

2 9 12,5

3 11 15,3

4 18 25,0

5 24 33,3

6 10 13,9

Total 72 100,0

No grau 5 de satisfação estão concentrados 40% dos respondentes, seguidos de 22,2% no grau 6

– satisfação total. Considerando que a maioria dos empreendedores é proprietária de microempresas e

mantém uma relação direta com pequeno grupo de colaboradores e parceiros, a comunicação interna se

torna um elemento de fácil gerenciamento, portanto, trazendo satisfação ao empreendedor (Tabela 12).

Tabela 12 – questão 5: Nível de comunicação internaGrau Frequência Percentual

1 1 1,42 3 4,23 8 11,14 12 16,75 29 40,36 16 22,2

Sem Informação 3 4,2Total 72 100,0

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123

5.3.2 dimensão biológica

A dimen são biológica, que se refere às características constitucionais herdadas e congê-

nitas, inclui o metabolismo, as resistências e as vulnerabilidades do corpo. Está relacionada aos

aspectos de saúde, como alimentação, atividade física, convênio médico.

Nesta dimensão houve uma alta oscilação entre as médias de cada questão. Em relação às

demais dimensões biopsicossociais, é nessa que se encontram os menores graus de satisfação

em relação à QVT. Foi verifi cado o mais baixo grau de satisfação (20%) na questão relativa à

atividade física (Gráfi co 13).

Gráfi co 13 - Dimensão biológica da QVT

Apenas 47,1% dos respondentes estão satisfeitos com o quesito convênio médico e

50,7% da amostra manifestam satisfação com a prevenção de DCNT (Tabela 13).

Para esta questão houve uma concentração de 27,8% no grau 1, signifi cando que os res-

pondentes estão totalmente insatisfeitos com o atendimento do convênio médico. Em posição

oposta, 15,3% dos respondentes estão totalmente satisfeitos.

frequ

ênci

a

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124

Tabela 13 – Atendimento do convênio médico Grau Frequência Percentual

1 20 27,8

2 9 12,5

3 8 11,1

4 12 16,7

5 10 13,9

6 11 15,3

Sem Informação 2 2,8

Total 72 100,0

Os resultados mostram que 40,3% dos respondentes estão totalmente insatisfeitos com

sua oportunidade de realizar atividade física no trabalho; em seguida, 19,45% se posicionaram

com satisfação moderada (grau 3); e 18,1% com alta insatisfação (grau 2) (Tabela 14).

Tabela 14 – Oportunidade de realizar atividade física no trabalho Grau Frequência Percentual

1 29 40,3

2 13 18,1

3 14 19,4

4 6 8,3

5 4 5,6

6 4 5,6

Sem Informação 2 2,8

Total 72 100,0

Os empreendedores, em sua maioria, estão satisfeitos com a qualidade de suas refeições.

No grau 4, satisfação moderada, estão 29,2%, a mesma porcentagem (29,2%) se considera alta-

mente satisfeita. E estão totalmente satisfeitos 12,5% no grau 6 (Tabela 15).

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125

Tabela 15 – qualidade das Refeições Grau Frequência Percentual

1 4 5,6

2 7 9,7

3 9 12,5

4 21 29,2

5 21 29,2

6 9 12,5

Sem Informação 1 1,4

Total 72 100,0

Nesta questão, 50% dos respondentes se consideram altamente satisfeitos com o estado

geral de saúde de seus colegas e colaboradores; 22,2% estão moderadamente satisfeitos (grau 4);

e 16,7% estão totalmente satisfeitos (grau 6) (Tabela 16).

Tabela 16 – Estado geral de saúde dos colegas e colaboradoresGrau Frequência Percentual

2 1 1,4

3 5 6,9

4 16 22,2

5 36 50,0

6 12 16,7

Sem Informação 2 2,8

Total 72 100,0

Pode-se observar na Tabela 17 uma oscilação entre as respostas, 26,4 % dos empreende-

dores estão altamente satisfeitos com a prevenção à DCNT, e 20,8% estão totalmente insatisfei-

to com a questão. A mesma porcentagem, isto é, 15,3% dos empreendedores estão, respectiva-

mente, altamente insatisfeitos (grau 2) e moderadamente satisfeitos (grau 4).

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126

Tabela 17 – Prevenção a doenças (Cardíaca, obesidade, diabete etc.)Grau Frequência Percentual

1 15 20,8

2 11 15,3

3 9 12,5

4 11 15,3

5 19 26,4

6 6 8,3

Sem Informação 1 1,4

Total 72 100,0

5.3.3 dimensão psicológica

Esta dimensão corresponde aos processos afetivos, intelectuais, conscientes ou incons-

cientes, caracterizando a personalidade, a vida mental e o jeito de se ver e se relacionar no

mundo. Os critérios de avaliação do desempenho, da sua renda, da vida pessoal e sua relação

com o negócio e com os colaboradores compõem esta dimensão. O fator de maior satisfação

(97,2%) é com a oportunidade de crescimento do negócio, e o de maior insatisfação é com a

renda pessoal (48,5%) (Gráfi co 14).

Gráfi co 14 – Dimensão psicológica da QVT

frequ

ênci

a

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127

Entre os empreendedores, 29,9% estão altamente satisfeitos com a forma de avaliação de

seu desempenho no trabalho; 36,1% estão moderadamente satisfeito; e 15,3 estão moderada-

mente insatisfeitos (Tabela 18).

Tabela 18 – Forma de avaliação do desempenho do seu trabalho

Grau Frequência Percentual

2 2 2,8

3 11 15,3

4 26 36,1

5 21 29,2

6 11 15,3

Sem Informação 1 1,4

Total 72 100,0

Na questão clima de camaradagem entre as pessoas, 47,2% dos empreendedores estão

totalmente satisfeitos (grau 6); 36,1% escolheram o grau 5 de alta satisfação em relação a este

critério. Apenas 2,8% consideram-se moderadamente insatisfeitos, este foi o grau mais baixo

escolhido para esta questão (Tabela 19).

Tabela 19 – Clima de camaradagem entre as pessoas Grau Frequência Percentual

3 2 2,8

4 9 12,5

5 26 36,1

6 34 47,2

Sem Informação 1 1,4

Total 72 100,0

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128

Para 48,6% dos empreendedores, a oportunidade de crescimento do negócio atinge satis-

fação total (grau 6) e satisfação moderada no grau 5, e atende a 26,4%. Os totalmente insatisfei-

tos com esta questão representam apenas 1,4% dos respondentes (Tabela 20).

Tabela 20 – Oportunidade de crescimento do negócio

Grau Frequência Percentual

1 1 1,4

2 2 2,8

3 4 5,6

4 11 15,3

5 19 26,4

6 35 48,6

Total 72 100,0

Verifica-se nesta questão que houve um equilíbrio de escolhas entre o grau 2 – alta insatis-

fação com 25%; o grau 3 – insatisfação moderada com 22,2%; e o grau 4 – satisfação moderada

com 25% dos respondentes. O índice de satisfação total com 1,4% no grau 1. Este resultado

reflete o estágio de empreendedores iniciantes da maioria da amostra, pelo fato de a empresa

ainda estar na fase de investimento e de pouca ou nenhuma lucratividade (Tabela 21).

Tabela 21 – Satisfação com a renda pessoal

Grau Frequência Percentual

1 3 4,2

2 18 25,0

3 16 22,2

4 18 25,0

5 14 19,4

6 2 2,8

Sem Informação 1 1,4

Total 72 100,0

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129

quanto a esta questão, 27% dos pesquisados estão moderadamente insatisfeitos com a

ausência de interferência na vida pessoal; 22,2% se posicionaram no grau 4, moderadamente

satisfeitos; e 16,7% estão altamente satisfeitos (grau 5). No início de funcionamento de uma

empresa existe uma concentração de trabalho centralizada no empreendedor. quantidade de

atividades e tempo dedicado à empresa no início da implantação extrapolam o horário, fazendo

que, muitas vezes, o empreendedor trabalhe em casa e nos finais de semana intensamente, redu-

zindo sua disponibilidade para atividades da vida pessoal (Tabela 22).

Tabela 22 – Ausência de interferência na vida pessoal Grau Frequência Percentual

1 7 9,7

2 8 11,1

3 20 27,8

4 16 22,2

5 12 16,7

6 5 6,9

Sem Informação 4 5,6

Total 72 100,0

5.3.4 dimensão social da Qvt

Esta dimensão está relacionada à incorporação e às influências dos valores e das expec-

tativas das pessoas com as quais se convive. Dos aspectos da interação com os grupos sociais e

com diferentes comunidades, tem-se contato para diversas atividades da vida. Também incluí-

das as relações na perspectiva de diversão e lazer, vida familiar, relacionamento no trabalho e

prospecção para o futuro. A melhor média neste conjunto é a satisfação com o relacionamento

com parceiros e colaboradores (93,1%). A única questão com que não estão satisfeitos é da pre-

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130

vidência privada, com a média de 40,8%. Com baixo grau de satisfação, 55,6%, está a questão

relacionada a entretenimento e diversão (Gráfi co 15).

Gráfi co 15 – Dimensão social da qvT

Nesta questão, 29,2% estão moderamente satisfeitos (grau 4) e 22,2% se enquadram no

grau 3, moderadamente insatisfeitos, em seguida estão os altamente insatisfeitos (grau 2), com

18,1%. Apenas 9,7% dos empreendedores estão totalmente satisfeitos com sua oportunidade

para distração e entretenimento (Tabela 23).

Tabela 23 – Oportunidade para distração e entretenimento Grau Frequência Percentual

1 3 4,2

2 13 18,1

3 16 22,2

4 21 29,2

5 12 16,7

6 7 9,7

Total 72 100,0

frequ

ênci

a

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131

Observa-se que os respondentes estão, em sua maioria, satisfeitos com a interação fami-

liar. Ficando 20,8% moderadamente satisfeitos (grau 4); 30,6% altamente satisfeitos; e 15,3%

totalmente satisfeitos (Tabela 24).

Tabela 24 – Interação com familiares Grau Frequência Percentual

1 2 2,8

2 10 13,9

3 12 16,7

4 15 20,8

5 22 30,6

6 11 15,3

Total 72 100,0

Quanto à confiança no relacionamento com parceiros e colaboradores, 44,4% dos empre-

endedores estão altamente satisfeitos e 25% estão totalmente satisfeitos. Esta é a variável de

maior índice de satisfação na dimensão social (Tabela 25).

Tabela 25 – Confiança no relacionamento com parceiros e colaboradoresGrau Frequência Percentual

2 3 4,2

3 2 2,8

4 17 23,6

5 32 44,4

6 18 25,0

Total 72 100,0

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132

O grau de satisfação com a qualidade da previdência privada é baixo entre os empreen-

dedores: 26,4% estão totalmente insatisfeitos; 15, 3% têm alta insatisfação (grau 3); e 16,7%

escolheram o grau 4 de satisfação moderada (Tabela 26).

Tabela 26 – qualidade da previdência privada Grau Frequência Percentual

1 19 26,4

2 11 15,3

3 12 16,7

4 16 22,2

5 9 12,5

6 4 5,6

Sem Informação 1 1,4

Total 72 100,0

Nesta questão, 26,4% dos empreendedores estão altamente satisfeitos com o investimen-

to para qualificação (grau 5); 25% estão moderadamente satisfeitos (grau 4); e 16,7% estão

totalmente satisfeitos (grau 6) (Tabela 27).

Tabela 27 – Investimento para Qualificação - cursos externos (Graduação, Pós-Graduação)Grau Frequência Percentual

1 7 9,7

2 7 9,7

3 9 12,5

4 18 25,0

5 19 26,4

6 12 16,7

Total 72 100,0

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133

5.3.5 dimensão percepção pessoal da Qvt

Nesta dimensão estão reunidos elementos para conhecer a percepção pessoal de qualida-

de de vida no Trabalho e captar a sensação de bem-estar e estilo de vida do respondente. Tam-

bém compõem este foco os estados de tensão, adequação das ações de qvT, conforme bloco do

modelo original BPSO96. De uma maneira geral, os empreendedores estão satisfeitos com sua

atual condição de qualidade de vida no Trabalho. A questão relacionada ao estado geral de ten-

são pessoal é que teve a média mais baixa de satisfação (54,2%), e a mais alta está realcionada

ao resultado da empresa (Gráfi co 16).

Gráfi co 16 – Dimensão percepção pessoal da qvT

Para a variável sensação de bem-estar no trabalho (Tabela 28), 43,1% dos empreendedo-

res se manifestaram como altamente satisfeitos (grau 5), e 31,9% estão com total satisfação

em relação à sensação de bem-estar no trabalho.

frequ

ênci

a

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134

Tabela 28 – Sensação de bem-estar no trabalho Grau Frequência Percentual

2 1 1,4

3 7 9,7

4 10 13,9

5 31 43,1

6 23 31,9

Total 72 100,0

Fonte: Calculado pela Autora.

As respostas a esta questão concentram 52,8% dos empreendedores nos graus 3 e 4, sen-

do, respectivamente, 27,8% com moderada insatisfação e 25% com moderada satisfação, em

relação ao estado geral de tensão pessoal no trabalho; 18,1% estão altamente satisfeitos (grau 5) e

11,1% estão totalmente satisfeitos (grau 6) (Tabela 29).

Tabela 29 – Estado geral de tensão (estresse) pessoal Grau Frequência Percentual

1 2 2,8

2 11 15,3

3 20 27,8

4 18 25,0

5 13 18,1

6 8 11,1

Total 72 100,0

A percepção dos empreendedores com seu estilo de vida é moderadamente satisfatória

para 29,2%; e altamente satisfatória para 26,4% deles. Escolheram o grau 6 de total satisfação

18,1% dos respondentes (Tabela 30).

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135

Tabela 30 – Satisfação com o seu modo próprio de viver o dia a dia (estilo de vida) Grau Frequência Percentual

1 1 1,4

2 7 9,7

3 11 15,3

4 21 29,2

5 19 26,4

6 13 18,1

Total 72 100,0

Nesta questão, 38,9% dos respondentes escolheram o grau 4 de satisfação moderada; 25%

escolheram o grau 5 de alta satisfação. Estão com insatisfação moderada 16,7% (Tabela 31).

Tabela 31 – Adequação das Ações de qvT da sua empresa para as suas necessidades pessoaisGrau Frequência Percentual

1 2 2,8

2 7 9,7

3 12 16,7

4 28 38,9

5 18 25,0

6 5 6,9

Total 72 100,0

Verifica-se na Tabela 32 que 37,5% dos pesquisados estão altamente satisfeitos (grau 5)

e 26,4 estão totalmente satisfeitos com a importância da QVT para o resultado de seu trabalho.

Para o empreendedor, o resultado de seu trabalho está diretamente vinculado à sua realização

pessoal com o crescimento da empresa.

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136

Tabela 32 – Importância da QVT para o resultado do seu trabalhoGrau Frequência Percentual

1 1 1,4

2 2 2,8

3 5 6,9

4 18 25,0

5 27 37,5

6 19 26,4

Total 72 100,0

5.3.6 conceito de Qualidade de vida no trabalho

Na questão 35 do questionário, o bloco Qualidade de Vida no Trabalho, os empreendedo-

res deveriam escolher por ordem de importância três palavras que expressassem a sua opinião

sobre qvT. As palavras-chave apresentadas seguiram os critérios da abordagem biopsicos-

social e estavam distribuídas de forma aleatória. O Quadro 31, a seguir, mostra que, entre as

respostas válidas, 53% escolheram a realização pessoal que se enquadra na dimensão psicoló-

gica, este é um dado relevante, pois este é um aspecto importante na vida dos empreendedores,

quando optam por abrir seu próprio negócio.

quadro 31 – Escolha das palavras significantes para QVTDimensão Palavras Incidência %Psicológico Realização Pessoal 21 53%Biológico Saúde 5 13%Social Confiança 4 10%Social Responsabilidade 2 5%Organizacional Humanismo 2 5%Social Paz 2 5%Social Amizade 2 5%Biológico Segurança 1 3%Organizacional Investimento 1 3% Total válido 40 100%

Fonte: Dados da pesquisa.

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137

A escolha principal foi direcionada para dimensão psicológica, seguida das palavras saú-

de com 13% de escolhas na dimensão biológica e confi ança (10%), na dimensão social. Estes

dados revelam que a visão sobre qvT é diversa da tradicional que normalmente vincula qvT

a palavras da dimensão biológica, principalmente a saúde (Gráfi co 17).

Gráfi co 17 – Incidência em porcentagem das palavras signifi cante para QVT

5.3.7 saúde e doença

Ao serem questionados se possuem diagnóstico de algumas das doenças crônicas não

transmissíveis, 84,7% afi rmam que não possuem hipertensão; 93,1% não têm diabetes; 86,1%

não possuem diagnóstico de obesidade; e 80,6% não possuem nenhum tipo de DCNT, confor-

me pode ser verifi cado no Gráfi co 18, a seguir.

frequ

ênci

a

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138

15,3

84,7

6,9

93,1

13,9

86,1

19,4

80,6

,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

diagnós tic o de

hipertens ãoarterial

diagnós tic ode diabete

diagnós tic o ode obes idade

diagnós tic o de outradoenç ac rônic a

s im não

Gráfico 18 – Distribuição percentual de respostas para o diagnóstico de doenças crônicas não transmissíveis – DCNT

O uso dos recursos de saúde pode identificar sinais de estresse e de exposição a condições ad-

versas de trabalho, no Gráfico 19 pode-se verificar que houve uma baixa utilização em geral. O recur-

so mais utilizado foi o convênio médico, com 43,1%; em seguida, a utilização de remédios para dores

específicas, com 36,1%. Pode-se afirmar que estes empreendedores estão se encontrar em condições

de trabalho e estresse satisfatório, considerando que são os dirigentes das empresas.

36,1

63,9

6,9

93,1

18,1

80,6

43,155,6

12,5

84,7

,0

50,0

100,0

remédiospara dores

internaç ãoem

hos pital

pronto-s oc orro

c onvêniomédic o

s erviç o daempres a

s im não

Gráfico 19 – Distribuição de percentual para as diferentes ocorrências sobre saúde

frequ

ênci

afre

quên

cia

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139

5.4 comportamento alimentar

A apresentação dos resultados sobre comportamento alimentar agrupa os itens do questio-

nário nas dimensões cognitivas, conativas e emocionais do conceito de atitude (maisonneuve,1977).

Nem todos os itens alcançaram o total de 100%, o que é atribuído ao fato de determinados res-

pondentes terem deixado em branco algumas questões.

Na dimensão cognitiva estão agrupadas questões que se referem a crenças informativas e

de julgamento sobre a alimentação. Esta dimensão mostra o pensamento dos respondentes em

relação a alguns elementos de seu comportamento alimentar (Quadro 32).

quadro 32 – Questões de comportamento alimentar relacionadas à dimensão cognitivaAtitude

Dimensões questão Item

Cognitiva

42 você restringe ou evita algum alimento de sua dieta rotineira?

55 Você planeja um cardápio para alimentação com antecedência?

58 você acredita que alguma combinação de alimento engorda ou faz mal a saúde?

59 Você acredita que fazer um dia de jejum ou dieta liquida pode emagrecer?

69 você está satisfeito com seus hábitos alimentares atuais?

71 você considera sua alimentação atual comparada ao período antes de ser empresário

Fonte: Dados da pesquisa.

Observa-se que 58% dos empreendedores estão satisfeitos com seus hábitos alimentares atuais.

Entre os empreendedores desta amostra, 81,9% não planejam sua refeição com antecedência.

quando solicitados para indicar alimentos que consideram saudáveis, a maioria escolhe

alimentos in natura e destaca a salada e o assado como a forma de preparo considerada sau-

dável. Como não saudáveis, as citações mais frequente são as formas de preparo do que pro-

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140

priamente o alimento (frituras e conservas, industrializados), a carne foi o único alimento que

apareceu nas duas categorizações (philippi, 2008). Os alimentos mais citados como saudáveis e

não saudáveis estão apresentados no Quadro 33, a seguir.

quadro 33 – Relação dos alimentos considerados saudáveis e não saudáveisAlimentos

Saudáveis Não saudáveis

Frutas Açúcar

Legumes Ovo

Mel Café

Cereais Carne

Peixe Chocolate

Leite Bolacha

Frango Fritura

Carne Conservas

Saladas Refrigerantes

Assados Doces

Fonte: Dados da pesquisa.

Acreditam na possibilidade de que algumas combinações entre os alimentos engordam ou

fazem mal a saúde 77,8%; dos empreendedores, 81,9% acreditam que um dia de jejum ou dieta

líquida pode emagrecer; 54,2% dos respondentes evitam algum tipo de alimento na sua dieta

rotineira (tonial, 2001; romanelli,2006).

Na comparação entre o período anterior a ser empreendedor, 43,3% dos pesquisados

consideram que sua alimentação está igual; 30,6% consideram que melhorou; e 25% respon-

deram que consideram que sua alimentação piorou. O fato de torna-se empreendedores não

altera o padrão alimentar dos respondentes e, em caso de alteração de hábitos em conseqüên-

cia da mudança de papel social, está se dá de forma positiva, melhorando a dieta. Passam a

comer de forma adequada a seu grupo social, de forma flexível e que traga satisfação (philippi,

2004; ramos, 2000).

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141

Na dimensão conativa estão agrupadas as questões que demonstram o comportamento, a for-

ma que praticam sua alimentação. Conforme Perreira (2001) esta dimensão explicita a ação propria-

mente dita. Os hábitos e procedimentos que estabelecem nas refeições no cotidiano (perreira, 2001).

quadro 34 – Questões de comportamento alimentar relacionadas à dimensão conativaAtitude

Dimensões questão Item

Conativa

39 você considera que come: rápido ou devagar

43 Como você costuma fazer suas refeições?

54 Costuma preparar refeição só para você?

56 quando vai a festas, você come de maneira diferente do rotineiro?

57 você toma algum suplemento como vitaminas, mineral ou outros?

60 você faz suas refeições (Almoço):

64 você faz suas refeições (Jantar):

68 você consome bastante água (media de 8 copos por dia)?

Fonte: Dados da pesquisa.

Responderam que consideram que comem rápido 61% dos pesquisados, entre os que comem

devagar estão 37,5%; 1,5% não responderam sobre este elemento; A maioria, 61% não preparam comi-

da só para si. Quando vão a festas, 75% dos empreendedores comem de maneira diferente da rotineira.

No seu dia-a-dia, 81,9% não tomam suplemento ou qualquer tipo de vitaminas; 58,3% afirmam que

tomam 8 copos de água por dia, conforme recomendado na Pirâmide de Alimentos por Philippi (2008).

Os empreendedores, em sua maioria, costumam fazer seu almoço frequentemente fora

de casa: 30 respondentes escolheram restaurantes por quilo (63%); quatro optaram por res-

taurantes a La carte; e três por fast-food. Dez empreendedores responderam que almoçam em

casa. O Gráfico 20, a seguir, indica o número de empreendedores que optaram pela categoria

freqüentemente para responder onde almoçam; não foram consideradas as escolhas raramente e

eventualmente. Este resultado confirma outros estudos que indicam o declínio das refeições nos

domicílios (levi-costa, 2003; silva, 2008).

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142

10

4 3

30

0

5

10

15

20

25

30

em c as a la c arte fas t-food quilo

A lmoç o

Gráfico 20 – Distribuição de respostas por locais de maior fequência no almoço

Com relação ao jantar, da mesma forma, no Gráfico 21 só foram consideradas as respostas

para a alternativa local escolhido frequentemente pelos empreendedores. Entre eles, 66,1% res-

ponderam que, frequentemente, jantam em casa; 5,6% jantam em restaurante por quilo; e 4,2%,

em restaurantes fast-food. Apenas 2,8% jantam em restaurante a La carte As refeições noturnas

são momentos de convivência familiar e são preservadas como manutenção da memória cultu-

ral e da afetividade da refeição familiar (romanelli, 2006; mintiz, 2001).

68,1

2,8 4,2 5,6,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

em c as a la c arte fas t-food quilo

jantar

Gráfico 21 – Distribuição de respostas por locais de maior freqüência para o jantar

frequ

ênci

a

frequ

ênci

a

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143

Pode-se observar no Gráfico 22, a seguir, as respostas para os diferentes modos de fazer as

refeições. Há uma grande incidência (90,3%) da resposta para comer sentado e apenas 9,7% para

comer em pé. As respostas comer assistindo à televisão (48,6%) podem estar relacionadas ao jantar

e as respostas para comer conversando (48,6%) podem estar relacionadas ao almoço, considerando

que esta refeição é feita durante o período de atividade de trabalho e o empreendedor utiliza a pausa

da refeição, provavelmente para conversar sobre seu negócio (alvarenga, 2001; romanelli,2006 ).

90,3

9,7

41,7

4,2

48,6

25,0

48,6

19,4 15,3

,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

S E NTADO A M

ES A

EM P

É

AC OMPANHADO

LENDO

AS S IST IN

DO TV

S OZ INHO

C ONV ER S ANDO

EM S

ILÊNC IO

AT ENÇ ÃO A

O AL IM

ENTO

Gráfico 22 – Distribuição percentual de respostas afirmativas para diferentes

modos de fazer as refeições

Com relação ao tempo de duração das principais refeições, 73% responderam que gastam

menos de quinze minutos no café da manhã. Com relação ao almoço, 50% responderam que gas-

tam entre 15 e 30 minutos; e 50% responderam que gastam mais de 30 minutos nesta refeição. No

jantar, 54% dos empreendedores gastam entre 15 e 30 minutos; e 35% gastam mais de 30 minutos;

apenas 11% fazem esta refeição em menos de 15 minutos. Na Tabela 33, a seguir, pode-se obser-

var esta distribuição de tempo gasto com as refeições. Alvarenga (2001) em seus estudos enfatiza

a importância da pausa para refeição como um dos fatores para uma alimentação saudável.

frequ

ênci

a

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144

Tabela 33 – Distribuição pelo tempo dedicado às refeições

Tempo Café da manhã % Almoço % Jantar %

Menos de 15’ 45 73% 0 - 8 11%

Entre 15 e 30’ 16 26% 36 50% 39 54%

Mais de 30’ 1 2% 36 50% 25 35%

Total 62 72 72

Na dimensão emocional apresentada no quadro 35 estão agrupadas questões que demons-

tram a sensação de prazer, sentimentos positivos ou negativos, a relação afetiva e com outros no

comportamento alimentar (pereira, 2001; romanelli,2006).

quadro 35 – Questões de comportamento alimentar relacionadas à dimensão emocionalAtitude

Dimensões questão Item

Emocional

38 Para você, COMER BEM significa: saudável ou saborosa

40 você tem algum alimento predileto?

41 Algum alimento causa aversão?

52 você sente prazer ao comer?

53 você gosta de cozinhar?

70 As lembranças relacionadas com comida de sua infância são:

Fonte: Dados da pesquisa.

Os empreendedores, em sua maioria, consideram que COMER BEM significa comida saudá-

vel (63,9%); 19,4% consideram que significa saborosa; e 16,7% dos respondentes não atribuíram um

significado pessoal; 58,3% gostam de cozinhar e 41,7% responderam não a esta questão. Entre os pes-

quisados, 59,7% respondem que têm um alimento predileto; 61,1% não sentem aversão por nenhum

alimento; 97,2% dos empreendedores sentem prazer em se alimentar (philippi, 1999; ramos, 2000).

Verifica-se que 83% dos pesquisados consideram positivas as lembranças relacionadas a

comidas de sua infância remonta à relação bem-estar em ser alimentado (philippi, 2004), entre

estas lembranças foram citadas situações sociais ressaltando a importância da família (rossi,

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145

2008): “reunião de família”, “união entre familiares”, “comida da minha avó”; alimentos: e

também foram lembrados os aspectos culturais na forma de preparo (tonial, 2001): “macarro-

nada da mama”, “strogonoff”, “lasanha”, “pão com manteiga quentinho”; e outras como “pegar

fruta no pé”, “almoço de domingo”, “fartura” e “comer de tudo”. As lembranças negativas estão

relacionadas a comer legumes, muita fritura, viver de regime ou faltar alimentos, como afi rmam

15 % dos respondentes (mintz, 2001) (Gráfi co 23).

Gráfi co 23 – Porcentagem das lembranças relacionadas à comida

Em síntese, o Comportamento Alimentar destes empreendedores caracteriza-se pelas

crenças avaliativas de que sua alimentação atual é igual ou melhorou depois que abriu sua em-

presa. Acreditam que alguns tipos de alimentos, se combinados, podem fazer mal ou engordar,

e que jejum pode ajudar a emagrecer. Estão satisfeitos com seus hábitos, mas não planejam suas

refeições com antecedência (tonial, 2001; philippi,2004;alvarenga,2001).

Costumam comer rapidamente, gastam menos de 15 minutos no café da manhã; no almoço,

metade dos respondentes gasta entre 15 e 30 minutos e outra metade, mais de meia hora, geralmente

almoçam sentados e conversando com alguém, freqüentemente, num restaurante por quilo. No jantar

preferem comer sentado à frente da TV ou conversando. Tomam, em média, oito copos de água por dia

e não consomem nenhum tipo de suplemento alimentar (philippi,2008; silva, 1998; romanelli,2006).

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146

Gostam de cozinhar, mas não preparam comida só para eles. Sentem prazer em se alimen-

tar e têm lembranças positivas da alimentação na infância (mintz, 2001). Atualmente possuem

uma alimentação flexível com preferências e aversões de alguns alimentos. Para eles, comer

bem significa alimentação saudável. Possuem uma dieta adequada ao estilo de vida do grupo

social a que pertencem como trabalhadores de grandes centros urbanos, envolvidos na compe-

titividade e a produtividade empresarial (rossi, 2008; ramos, 2000).

5.5 índice de massa corporal

Na presente pesquisa, para medir o estado nutricional foi utilizado o Índice de Massa Corpo-

ral – IMC, que é um indicador sugerido para adultos e é uma técnica não invasiva. As informações

antropométricas foram autodeclaradas pelos participantes do estudo. Para a classificação dos índices

foram utilizadas as recomendações da WHO 2004.

Na Tabela 34, a seguir, pode ser observado que na faixa de normalidade (20-25 Kg/m²)

estão 38% dos pesquisados; 40% estão na faixa de pré-obesos; 11% estão obesos; e apenas 3%

estão na faixa de magreza (>20 Kg/m²).

Tabela 34 – Distribuição de indivíduos segundo gênero e IMC ImC masculino Feminino NR Total

(Kg/m²) a % a % a %

NR – – – – 3 3 4%

< 20 1 2% 1 9% – 2 3%

20 - 25 19 33% 8 73% – 27 38%

25 - 30 27 47% 2 18% – 29 40%

30 -40 8 14% – – – 8 11%

> 40 3 5% – – – 3 4%

Total 58 100% 11 100% 3 72 100%

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147

A incidência de obesidade é maior entre os homens (65%), apenas 18% das mulheres es-

tão na faixa de pré-obesidade. As mulheres, em sua maioria (73%), estão com IMC normal. Na

faixa da magreza foram identificados 2% entre os homens e 8% entre as mulheres. Conforme

pode ser observado no Gráfico 24, a seguir:

2%9%

33%

73%

47%

18% 19%

0%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

magreza normal sobrepeso obesidade

Homens Mulheres

Gráfico 24 – Distribuição da amostra por sexo e segundo faixa de IMC com valores em %.

A média do IMC da amostra é de 26,88 Kg/m², o que coloca os empreendedores pesqui-

sados acima da faixa para peso normal. Há evidências epidemiológicas de que a incidência de

várias doenças crônicas, incluindo em particular doenças cardiovasculares e diabetes, aumenta

significativamente com o IMC a partir de 25,0 kg/m2 (POF 2002-2003).

Tabela 35 – Medidas de posição e dispersão do

IMC dos elementos amostradosImC

Média 26,88

Desvio-Padrão 5,09

Máximo 44,57

Mínimo 18,78

Mediana 25,74

Sem Informação 3

frequ

ênci

a

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148

No Gráfico 25 apresenta-se a distribuição em porcentagem dos empreendedores da amos-

tra nas faixas de IMC: 55% dos empreendedores estão acima do peso normal recomendado pela

OMS, na faixa de pré-obesos, obesos e obesos mórbidos; e 38% estão na faixa normal.

4% 3%

38%40%

15%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

NR magreza normal sobrepeso obesidade

Gráfico 25 – Distribuição da amostra nas faixas de IMC

A partir da POF de 2002-2003, estimou-se que cerca de 40% dos indivíduos adultos do

País apresentam excesso de peso, ou seja, IMC igual ou maior que 25 kg/m2, não havendo di-

ferença substancial entre homens e mulheres. A obesidade, caracterizada por IMC igual ou

superior a 30 kg/m2, afeta 8,9% dos homens adultos e 13,1% das mulheres adultas do País

(POF 2002-2003).

Segundo a pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde VIGITEL – Vigilância de Fatores

de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (2008), no conjunto da po-

pulação adulta das 27 cidades, pesquisadas a frequência do excesso de peso foi de 43,3%, sendo

maior entre homens (47,3%) do que entre mulheres (39,5%). Em ambos os sexos, a frequência

dessa condição tende a aumentar com a idade, declinando apenas a partir dos 65 anos. Nessa

pesquisa, as informações específicas sobre a cidade de São Paulo revelam que 53% das pessoas

estão com excesso de peso. Os resultados desse estudo com empreendedores são equivalentes

frequ

ênci

a

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149

aos resultados da vIGTEL-2008 para a cidade de São Paulo, tendo-se, também, encontrado a

mesma porcentagem que Rodrigues (2008) em seu estudo com executivos da Região Sudeste

do Brasil. Segundo esta autora, a população de executivos apresentou-se com excesso de peso

(IMC médio = 26,1 kg/m²), sendo que mais da metade (53,5%) estava acima do IMC adequado.

5.6 resultados e análise do grupo Focal

O grupo focal foi conduzido, conforme as referências de Carlini-Cotrim (1996), por dois

moderadores, a pesquisadora atuou como moderadora na condução das perguntas e dinamiza-

ção do grupo e a assistente participou registrando suas impressões e informações dos partici-

pantes, bem como, atendendo a situações de uso de filmadora para gravação e organização da

chegada dos participantes. No encerramento, a pesquisadora fez uma síntese dos pontos prin-

cipais de cada pergunta e eventualmente esclareceu algumas dúvidas técnicas dos participantes

sobre a pesquisa.

Os encontros foram realizados nas próprias íncubadoras de empresa, locais convenientes

para os participantes. No total de 72 empreendedores consultados, 21 aceitaram o convite para

integrar o grupo. Os três grupos focais foram constituídos por 6 a 8 pessoas (morgan, 1997)

(krueger e casey, 2000). Participaram do estudo 17 homens e 4 mulheres.

quadro 36 – Grupo focal das incubadoras pesquisadasINCUBADORA Nº de participantes Local Duração

S. J. CAMPOS 6 Sala da incubadora 50 minutos

S. B. CAMPOS 8 Sala da incubadora 1H30M

GUARULHOS 7 Sala da incubadora 1 Hora

Fonte: Dados da pesquisa.

Com o propósito de estabelecer uma conexão entre os dados mais significativos da análise

com a qvT e Comportamento Alimentar, foi utilizado como foco a abordagem biopsicossocial

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150

e a concepção de atitude, para compreender a percepção dos empreendedores sobre estes as-

pectos de sua vida.

Os resultados foram agrupados por tema de investigação:

• Qualidade de vida no trabalho, classificado com as seguintes categorias: biológica;

psicológica; social; organizacional; e opinião pessoal.

• Comportamento Alimentar, classificado com as seguintes categorias: imagem afeti-

va; crenças alimentares; e práticas alimentares.

Nesta fase de análise dos dados foram destacadas frases-chaves dos temas abordados no

grupo focal sobre QVT e CA , as mesmas foram classificadas pelo modelo proposto para esta

pesquisa. O Quadro 37 mostra a quantidade de manifestações das frases-chaves destacadas nas

categorias de análise.

quadro 37 – Frases-chaves: categoria e manifestações

Categorias Número de manifestações

qvT

biológica 6

psicológica 11

social 16

organizacional 14

Opinião pessoal 16

Outra habitabilidade 21

CA

Crenças alimentares 19

Imagem afetiva 24

Práticas alimentares 24

Fonte: Dados da pesquisa.

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151

5.6.1 Qualidade de vida no trabalho – Qvt

5.6.1.1 Qvt: Biológica

No que se refere à categoria biológica foram avaliados os aspectos sobre satisfação com

ações relacionadas ao bem-estar físico ou recuperação de doenças, em destaque os seguintes

indicadores: alimentação, prevenção de doenças e atividade física. Manifestam preocupação

com sua condição física atual, podem ser identificados os esforços que estão fazendo para

incluir ações de promoção a saúde na sua agenda. Verifica-se no relato dos empreendedores

estas iniciativas:

... Eu tenho um tempo agora que eu não tinha antes. Por coincidência, eu montei escritório próximo à residência e muitas vezes eu abro mão de ir de carro e vou a pé, ando 5- 6 km a pé ...

... eu comecei a fazer um balanço de um tempo pra cá. Depois que eu me desliguei daempresaeufiqueimenosdoente.Onormalera,pelomenosumavezporano,ter uma amidalite forte, febre... Eu brinco com a minha esposa porque ela fala “agora você está trabalhando demais” daí eu respondo, então, “agora não sobra tempoparaeuficardoente”.

..., de uma maneira geral eu consegui abrir meu espaço e respeito meu horário de almoçoemeuhoráriodetrabalho.Lógicoquetemdiasqueagenteficaumpoucomais, mas eu consigo trabalhar das 8h às 18h.

Este aspecto foi pouco discutido nos grupos. Nos discursos citados, pode-se constatar que

a dimensão biológica não está entre as prioridades de ação cotidiana dos empreendedores. Mes-

mo assim é considerado importante, o fato de se tornarem dono da empresa estimula a busca

de alternativas para cuidar da alimentação, da atividade física. Outro fator relevante importante

encontrado nos relatos trata da relação positiva que fazem entre o fato de terem escolhido ser

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empreendedor e a melhoria da saúde física. Indo ao encontro dos estudos de Dejours (1987),

para eles, trabalhar com prazer diminui a manifestação de doenças do corpo.

5.6.1.2 Qvt – Psicológica

No que se refere à categoria psicológica, foi avaliada a satisfação percebida quanto ao aten-

dimento das necessidades individuais de reconhecimento; autoestima e desenvolvimento; foram

considerados os seguintes indicadores: renda pessoal; camaradagem; e vida pessoal preservada.

...Acho que qualidade de vida é conseguir falar: “agora parou!” Esse “conseguir

parar” que é um medidor de qualidade de vida pra mim.

... a gente particularmente valoriza muito é estar com pessoas muito boas que te

pressionam a crescer e se superar. Felizmente nós entramos num círculo virtuoso

que eu considero muito importante.

Àsvezesvocêestálá,pertodeatingiroseusucessoprofissional,masnãotem

estrutura psíquica para alimentar ou sustentar tudo isso. Acho que tem que tentar

pelo menos balancear um pouco. Não que você vá priorizar sua vida pessoal, mas

você tem que dar certa atenção a tudo isso, porque a gente é ser humano...

...O primeiro passo para essa liberdade que a gente procura é ganhar grana, a

grana que dá tranqüilidade. Eu falo sempre pra eles, eu tive a chance de fechar

uns contratinhos, que tem me dado tranquilidade de pagar as minhas contas e

continuar trabalhando.

Nos discursos citados, ao comentarem sobre os aspectos psicológicos, fica evidente a

imagem de qvT como equilíbrio entre a vida pessoal de trabalho. Estes relatos demonstram o

esforço que os empreendedores estão fazendo, a fim de estabelecer novos paradigmas pessoais

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de relacionamento neste novo papel. A transição do modo de vida de funcionário para o de

empreendedor provoca reflexões sobre a necessidade de construir novas referências sobre sua

autoimagem e suas necessidades pessoais. Conforme estudos anteriores (constantino, 2007;

limongi-França, 2007) a percepção de bem-estar comtempla suas necessidade individuais den-

tro de um ambiente competitivo (mello, 2006).

5.6.1.3 Qvt – social

No que se refere à categoria social, foram avaliados os seguintes aspectos: envolvimento

com a família; investimento na qualificação; e oportunidade de lazer:

...todossãoapaixonadospeloquefazem,então,temosquedefinirregrasquesãoum

pouco difíceis de seguir. Eu tenho certo prazo, tenho 27 anos e só me sujeitarei a fazer

issoatéos30.Esseéumprazodefinidopramim.Esegundo,éoimpactonasminhas

relações familiares; hoje eu já não consigo frequentar nenhuma festa familiar mais.

...O que é importante é planejar o tempo, ou seja, por exemplo, os domingos eu

separo para mim. Acordo cedo e assisto a Pequenas Empresas Grandes Negócios,

corrida de carros...

...Eu acho que você ter qualidade de vida é você fazer alguma coisa diferente da

sua rotina e que te dê prazer. Eu, por exemplo, acho que é poder trabalhar, dentro

de certo limite, ter folga para depois fazer algo diferente: ir ao teatro, ao cinema,

andar de bicicleta...

...Domingo passado, por exemplo, eu trouxe a família toda. Para os pequenininhos,

eutrouxeabicicleta,ficaramaínocorredorcorrendopracimaeprabaixo,foi

maravilhoso para os moleques. Quando chegamos em casa, eles perguntaram:

“pai, quando nós vamos fazer aquilo de novo?”

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154

Os aspectos mais presentes nos discursos dos empreendedores, com relação à dimensão, são

relacionados à família e ao lazer. Como vivem intensamente a vida da empresa e estão satisfeitos

com esta dedicação, procuram uma forma de aproximar a família da empresa, para serem melhor

compreendidos, e o lazer, na maioria das vezes, está relacionado ao foco da empresa ou à vida

de empreendedor. O importante é que a maioria acredita que a disciplina e o estabelecimento de

metas ajudarão a ampliar e manter suas relações sociais (dolabela, 2008) (passos, 2008).

5.6.1.4 Qvt – organizacional

No que se refere à categoria organizacional, foi avaliada a satisfação com a estrutura do negó-

cio criado; a política organizacional; as relações internas e externas da empresa e como refletem no

empreendedor, foram destacados os seguintes aspectos: imagem da empresa; comunicação interna;

resultado; e administração do tempo, como pode ser observado nos discursos destes empreendedores:

... Quando eu passei a ter o meu negócio, a qualidade de vida pra mim melhorou,

atéporquetemessaspossibilidadesdevocêrealmenteterumaflexibilidademaior.

... Para conseguirmos recrutar os melhores, com propostas financeiramente

maiores, caso de ir para o exterior, morar fora, a gente precisa ter um ambiente

com qualidade de vida...

... Todos aqui são empreendedores, estão na incubadora, acho que muitos estão

aqui pelo que gostam, pela vontade de fazer, todos aprendem a ter planejamento,

ter metas, isto também contribui para a qualidade de vida.

...Então, hoje, é diferente, eu não trabalho por tempo, eu trabalho por resultado.

Eu tenho um funcionário que não veio a semana passada inteira, estava em

semanadeprova,estavacomdificuldade,entãoeufaleiquenãoprecisavavir.

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... Eu melhorei muito a minha qualidade de vida como empreendedor, é óbvio que

você tem essas preocupações, é óbvio que você tem uma preocupação maior, mas

quando se faz o que se gosta você consegue superar essas coisas.

Como pode se apreender nos discursos dos participantes, esta dimensão é a mais impor-

tante na composição de sua QVT, pois o próprio papel de empreendedor é determinante para a

satisfação com a QVT. A empresa é a concretização desta representação. A autonomia na defini-

ção de metas, resultados e forma de atrair colaboradores contribuem para fortalecer a percepção

de que ser empreendedor promove uma melhoria na qvT.

5.6.1.5 Qvt – oPinião Pessoal

No que se refere à categoria opinião pessoal, foram avaliados os seguintes aspec-

tos: sensação de bem estar; estado de tensão; estilo de vida; e importância do resultado

de trabalho.

... Eu acho que no fundo, quando eu converso com o pessoal, se pudesse escolher

uma palavra, pra resumir o sentimento de tudo, aquilo que leva a pessoa pra

frente, eu acho que essa palavra é liberdade.

... Você tem os seus prazos a cumprir, tem suas tarefas, os trabalhos para entregar

para o seu cliente, mas você vai cumprir aquilo dentro do seu horário. Se você

trabalha bem da meia noite às seis da manhã...

... é que quando você faz o que gosta, mesmo não tendo dinheiro, mesmo

trabalhando mais...

...Mas acho que o fator que diferencia a todos os funcionários é você ser o dono

do seu tempo. Para mim é um diferencial de qualidade de vida.

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156

...é muito melhor você dar valor à sua família, amigos, do que bens materiais.

AchoquefoinaInternetquevi,umapessoadefinindostatus como “uma coisa

que você não precisa, que você compra com o dinheiro que você não tem e pra

mostrar pra alguém que não gosta”. E muitas pessoas passam a vida inteira atrás

desses valores que não agregam nada.

Nos discursos citados pode-se apreender que, para os empreendedores, o volume de tra-

balho e a quantidade de horas trabalhadas não são indicadores de satisfação, o critério mais

importante é ter prazer com o trabalho, fazer o que gosta. Ter autonomia, poder escolher quando

e como fazem seu trabalho, porém com a responsabilidade de entregar o resultado nos prazos

acordados. O estado de tensão é considerado positivo na atividade empreendedora, faz parte do

estilo de vida e é percebido como condição adequada para lidar com desafios e complexidade

da implantação de uma empresa de base tecnológica; não houve nenhuma manifestação im-

portante se referindo a este aspecto de forma negativa. Dejours (1987) aborda a contaminação

do tempo no trabalho e fora do trabalho e também o comportamento livre do trabalhador que

escolhe sua atividade laboral como importante fator para sua satisfação.

5.6.1.6 Qvt - HaBitaBilidade : uma nova categoria

Além dos discursos presentes que puderam ser agrupados nas 5 categorias analisadas nas

falas dos participantes, emergiu um tema relevante que não foi possível agrupar nas categorias pré-

definidas. Por diversas vezes, os discursos manifestaram inquietações com a infraestrutura da cidade

e da localidade em que a empresa está inserida. Uma vez que esta inquietação persistiu, buscou-se na

literatura, estudo que correlacionasse QVT à localização da empresa. Foram encontradas pesquisas

internacionais em que o tema habitabilidade tem sido considerado como fator importante na decisão

de empreendedores quanto à instalação de sua empresa, pela preocupação com a qualidade de vida,

a possibilidade de crescimento da empresa e a capacidade de atrair bons profissionais.

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157

O Economist Intelligence Unit (EIU) realiza anualmente um ranking mundial com as

cidades mais habitáveis. O termo em inglês liveability é descrito no relatório deste instituto de

forma simples, englobando cinco categorias, a saber: Estabilidade social (segurança; crimes

e conflitos); saúde (pública e privada); educação (pública e privada); cultura e meio ambiente

(clima, alimentação, entretenimento), infraestrutura (transporte, habitação, telecomunicações).

A pesquisa tem o propósito de subsidiar os empresários na escolha para instalações e mudanças

de seus negócios. Estes aspectos apareceram nos discursos dos participantes.

...A gente não consegue ter esse padrão, um padrão ao menos digno para se viver

bem.Problemasdemiséria,deviolência,vocênãotemondeserefugiar.Eufico

me perguntando se tem pra onde eu fugir?

...Sevocêvaiaoteatro,vocêficapreocupadocomocarro,porquesedeixarna

rua, você é roubado, se para no farol, corre o risco de ser assaltado e morto.

Então, não há possibilidade de ninguém ter qualidade de vida em São Paulo; seja

empresário ou trabalhador... empresário também é trabalhador...

...o brasileiro praticamente não tem qualidade de vida. Não essa (QV) de você

poder andar tranquilamente, de poder dormir tranquilamente, de chegar do

trabalho,abrirocadeadotranqüilamente,semficarcommedoquealguémvai

te assaltar...

...Os países que conseguiram funcionar para a qualidade de vida coletiva, foram

países que passaram por guerras, o Japão, os Estados Unidos...

Brandão (2007) explica habitabilidade como: [...] a produção de um espaço vivido, apro-

priado, familiar, dotado de uma ordem e de um sentido em que somos capazes de nos reconhe-

cer, desenvolver nossas potencialidades e estar bem conosco, com nossos semelhantes e com o

mundo que nos cerca.

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158

Para este autor, esta categoria envolve o uso, o atendimento de necessidades e desejos,

por parte do espaço projetado e construído, pois não existe cidade sem o sujeito que a habita.

Cohen (2007) no seu estudo “Habitabilidade e ambiência: estratégias para a promoção

da saúde” considera o “ambiente como determinante da saúde, a habitação se constitui em um

espaço de construção e consolidação do desenvolvimento da saúde”. A autora recupera, em seu

artigo, eventos importantes desse movimento no Brasil. O conceito de habitabilidade deve ser

entendido de forma “mais abrangente e sistêmico, no sentido de pertencimento, de usufruto e

de direito à cidade. O desafio da contemporaneidade é “construir uma cidade que seja solidária,

democrática, justa e inclusiva”.

...como os americanos fazem, eu não sei se alguém teve oportunidade de viajar

para lá... É incrível como os caras conseguem fazer as cidades funcionar, você vai

para um bairro, a calçada tem passo, eles pensaram no problema das chuvas, é

um pedacinho concretado e no meio é grama, lá é tudo arborizado, eu falo, isso

que é vida..

.. Eu acho a minha qualidade de vida atual péssima, porque a gente estava

falando de bairro, não dá pra fazer caminhada na rua, tem que fazer caminhada

na academia, a academia você chega, tem que pegar senha para fazer esteira, e

dependendodahora,talvez,nemdêparavocêfazer,entãovocêficaestressado.

O professor Wladawsky-Berger da Universidade Estadual de Nova York, em artigo pu-

blicado em seu site (2009), aborda a multidimensionalidade do conceito habitabilidade como

qualidade do ambiente em que se vive, da localidade. Para uma cidade se tornar atraente para

se viver, deve possuir uma vitalidade econômica e social, considerar a dimensão humana, para

que as pessoas se sintam integradas na sua vida diária e ajudem a cidade a se desenvolver. Para

ele, habitabilidade também deve incluir um ambiente com conforto e programas destinados a

reunir e conectar as empresas e os trabalhadores qualificados.

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...Então a sua produtividade é muito pequena. Sem contar o estresse que

este trânsito te causa. Você chega no seu serviço, cansado do trânsito, com

medo de assalto... é muito complicado você ter que conviver com este tipo

de ambiente.

... Uma cadeira confortável, um ambiente confortável, uma boa iluminação,

poder olhar o verde lá fora, quando você olha lá fora e vê um verdinho é

totalmente diferente de um ambiente de fábrica. Isso para mim é qualidade

de vida.

...Então onde você tem possibilidade de fazer uma coisa, falta outra. E não há o

respeito também. As pessoas não se respeitam.

...é poder trabalhar, dentro de certo limite, ter folga para depois fazer algo

diferente: ir ao teatro, ao cinema, andar de bicicleta... Só que em São Paulo, você

não tem nenhuma possibilidade de ter qualidade de vida...

... minha empresa é legal porque a gente tem toda parte de campo e tem cento e

trinta e seis alqueires de campo, é bem grande, às vezes, você está aqui e você

pode ir lá... Nós dois temos essa qualidade de vida (...) a gente tem aqui umas

bicicletas para ir ao campo...

A habitabilidade pode ser compreendida como categoria de qvT, considerando-se os

seguintes aspectos que estiveram presentes nos discursos dos participantes: cordialidade; meio

ambiente; segurança; transporte; e ambiente de negócio.

5.6.2 comportamento alimentar

No início das sessões de grupo focal, foi solicitado aos participantes que relatassem suas

marcas da memória com relação à alimentação na infância, com intuito da aquecer o grupo para

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a discussão. O material resultante desta etapa foi bastante rico e importante para compreender

o aspecto afetivo do comportamento alimentar deste grupo de pessoas.

5.6.2.1 imagem aFetiva

São os componentes emocionais ligados ao sistema de valores da pessoa. É a sensação de

gostar ou não de uma situação, neste caso da alimentação. O papel da família aparece como o

principal elemento da construção de uma referência positiva e prazerosa da alimentação. Este

aspecto abordado nos estudo de Tonial (2001) e pode ser identificado nos discursos :

...Eu sou de uma geração que teve oportunidade de comer comida de forno

e fogão à lenha, que era tudo incorporado, “cheiros” são muito marcantes,

horários..., tinha o horário do café da manhã, almoço, café da tarde, jantar...

... Não tinha televisão junto com comida, não é... Minha mãe nunca deixou

comer na frente da TV,“horário de comer é na mesa”, família toda reunida,

conversando, até hoje a gente faz isso.

... O fato de todo mundo sentar em volta da mesa, era hora de todo mundo

sentar e conversar...

Os elementos que estão presentes no discurso dos empreendedores se referem à memória

afetiva, é o aroma do alimento na hora do preparo e, também, a convivência com pessoas que

possuem laços afetivos. Vale destacar a importância dos pais em estabelecer as normas e regras

para uma alimentação saudável. É na infância que o processo de consolidação da atitude ali-

mentar se instala e torna duradouros alguns aprendizados positivos nesta fase (philippi, 2008).

Como podemos observar, há em relação ao cheiro, ao aroma, aspectos simbólicos importantes

na promoção de uma alimentação saudável, como identifica Tonial (2001), na dimensão cultural

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da alimentação. Ramos (2000) observa também que a percepção para os sabores desenvolve-se

na infância.

Philippi (2004, p.34) enfatiza a importância no ato de comer do comportamento social

aceitável e que traga satisfação. Estar junto com outras pessoas conversando em volta da mesa,

esta é uma imagem positiva que trazem da infância com a família, do momento de refeições e

que buscam praticar e transmitir para seus filhos.

5.6.2.2 crenças alimentares

Esta categoria está relacionada aos aspectos cognitivos, pensamentos e informações, que

são aceitos como verdadeiros sobre a alimentação, e passam a direcionar a as escolhas de ali-

mentos e forma de comer.

... É 100% trabalho de computador, o principal problema com a equipe é a

insatisfação estética. O pessoal começa a engordar, engordar... e mesmo homem,

o pessoal é bem vaidoso, então acaba achando muito ruim.

...Na minha empresa é uma preocupação nossa, e o que estamos tentando fazer

é da nossa geladeira um stand de café da manhã, porque hoje nós não comemos

frutas, verduras, leite... Como todo mundo mora sozinho, ninguém consegue

manter porque estraga muito rápido. Se você compartilha isso, é melhor.

... Eu acho que com o passar dos anos, a própria forma de você, hoje, ganhar a

vida fez com que as mulheres também passassem a trabalhar e algumas até não

gostavam mesmo da cozinha... Mas tem muitas que gostam, mas hoje não tem

tempoparaficarlá,temquetrabalharparaajudarnosustentodolar.

...Eunãoseificarnacozinhafazendoaminhacomida,aminhafilhaMarcela

também não, então ela provavelmente vai ser adepta ao fast food.

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Nos discursos dos participantes destacados, podem-se extrair vários relatos sobre as mu-

danças pessoais e sociais que interferem na alimentação. Acreditam que a entrada da mulher no

mercado de trabalho foi determinante nas mudanças de local de alimentação, do domicílio para

restaurantes indo ao encontro dos estudos de Popkin (1993) e Levi-Costa (2003). Crêem que

este movimento será contínuo, pois já atingiu as novas gerações. Outro aspecto relevante, apre-

endido na discussão sobre o tema, foi a avaliação dos participantes do seu papel, como dono da

empresa, deverão proporcionar alternativas de alimentação de acordo com a especificidade de

trabalho da própria empresa, e adequada ao estilo de vida dos colaboradores.

5.6.2.3 práticas alimentares

Nesta categoria está agrupado o conjunto de reações que os participantes têm ante a ali-

mentação nos aspectos de hábitos, horários de refeições, escolhas de alimentos.

... eu tive que mudar toda a parte de hábito alimentar, hoje eu como bem melhor,

não como fritura, eu evito um monte de coisa que com o tempo, a gente vai

aprendendo que não é bom para o organismo. Mas eu tive que passar por todo

esse “sofrimento”, por toda essa fase de transição.

...chegaumahoraquevocêcomeçaaacharmaisfáciliraoquilo,pegarafila,

sentar, comer, pagar e ir embora.

... quando a gente começou aqui na empresa, era “paulera”, almoçava em

quinze minutos, revezava, porque nós somos dois sócios, mas chega uma hora

que o próprio organismo não aguenta mais.

...No almoço eu tenho um padrão, como a gente é empresário, não consegue seguir tudo

direitinhotodososdias,anãoserquevocêsejaumempresárioqueficanoescritório,

aí você tem uma geladeirazinha, um frigobar que você pode ter suas coisas.

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Para finalizar, destaca-se o relato de um dos participantes para ilustrar a imagem que está

sendo construída atualmente pelas informações e mensagem da mídia, que instiga a dicotomia

entre o saudável e o prazeroso, como se fossem opostos inconciliáveis.

...Normalmente, o que é gostoso não é saudável. É inversamente proporcional.

Tem uma propaganda, ótima, que mostra bem isso, que é um menininho brigando

com a mãe, chorando, porque quer comer chicória... a gente não come coisa

saudável porque é gostosa, come porque é saudável.

Conforme Philippi (2008), a qualidade de vida se dá pela integração de diversas esferas, como

a pessoal, social, afetiva e profissional. O comportamento alimentar é mais que a escolha de alimentos

saudáveis. As emoções e crenças que, também, embasam o que comer, como comer, são fundamentais

na construção de uma atitude alimentar. E é a atitude favorável em relação à forma como se pensa, sen-

te, age, em relação ao alimento em si e sua forma de preparo, que subsidiará a predisposição e a escolha

por uma alimentação que integre o saudável e o prazeroso (ajzen e Fishbein, 2000; apud lopes 2005).

5.6.3 opinião sobre o grupo Focal

No final das sessões houve manifestações espontâneas dos integrantes do grupo focal

com relação à oportunidade de falar sobre sua qualidade de vida e conhecer a opinião de outros

empreendedores. Consideraram positiva e enriquecedora a troca entre eles, principalmente a

descoberta de similaridades nos valores e no modo de agir em relação ao tema. Sugerem a con-

tinuidade dos encontros no formato desta pesquisa.

...querendo ou não, a gente acaba fazendo uma terapia aqui, conheci vários pontos

deles que eu não conhecia, que não tinha conversado, você vê o lado mais humano...

...Você não vai ter que fazer isso mais vezes?

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... Um pouquinho que conversa, você acaba melhorando a qualidade da vida da

pessoa, só pela troca de experiência...

... Por essa medida, eu percebo que a gente inverte a importância das coisas...

Destacaram a importância de abrirem um espaço na agenda para atividades deste tipo, em

que refletem sobre QVT e sobre a construção seu estilo de gestão empresarial saudável. Consta-

taram que, como os empreendedores são solitários, têm poucas oportunidades de conviver com

seus pares e que o período em que ficarão na Incubadora pode contribuir para o desenvolvimen-

to de uma rede de relacionamento entre eles, com vista a compartilhar questões relacionadas ao

autoconhecimento e à melhoria da qualidade de vida.

...O que seria legal para a incubadora, é pegar quem está incubado aqui, ou quem

já foi incubado, e fazer um churrasco, vir, conversar, para passar a experiência

deles para quem está aqui.

...a incubadora tem que cumprir o papel dela, mas nada impede de ter uma

política humana, da pessoas trocando idéias... Eu acho que a gente deveria ter

um pouco dessa “perda de tempo” pra trocar idéias, ajudar, esse é o sentimento

que deveria estar sempre aqui.

...Sevocêofereceajuda,ooutroficamaisavontade.

Com todas as observações e análise feitas com o resultado do grupo focal foi possível mostrar

com os dados encontrados que, para o empreendedor, a satisfação com a qvT está na autonomia que

ser dono da empresa proporciona. Ter flexibilidade e liberdade na administração das tarefas e fazer o

que gosta. Para o empreendedor, o trabalho tem um significado de realização pessoal, mesmo sendo

intensa a realização atividades diárias decorrente das escolhas que fizeram. O grupo focal fortaleceu

o resultado da pesquisa, pois estes dados se repetem nos diferentes instrumentos utilizados.

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6conclusões

A partir da análise dos resultados, é possível tecer algumas considerações finais sobre este

estudo. Tendo como objetivo, inicialmente proposto − conhecer a percepção dos Empreendedo-

res quanto à sua concepção de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT); e verificar seu Compor-

tamento Alimentar (CA) −, utilizando a abordagem do instrumento BPSO-96 e do questionário

de Hábitos Alimentares e grupo focal, com empreendedores vinculados a Incubadoras de Em-

presas de Base Tecnológica de São Paulo, procede-se às seguintes conclusões:

(i) De acordo com a análise do primeiro fator – Desenvolvimento Empresarial – que

pode ser considerado como o de maior representatividade entre os resultados da pesquisa , os

empreendedores estão satisfeitos com a qvT e a percebem em maior grau por meio de fatores

relacionados à dimensão organizacional e social. Para eles, QVT tem significado de realização

pessoal e está diretamente vinculada aos resultados conquistados no desenvolvimento da em-

presa e, também, à relação de confiança que estabelecem com os parceiros e colaboradores que

escolheram para viabilizar seu empreendimento.

(ii) Percebe-se, porém, uma aparente negligência com a dimensão biológica quando se

trata da QVT, eles reconhecem que, ante uma não satisfação com relação às questões de pro-

moção da saúde, se faz necessário investir em ações que incluam a alimentação, atividade física

e convênio médico, para que tenham um desenvolvimento integrado das dimensões da qvT.

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166

Conforme Limongui-França (2007), é necessário que as dimensões biopsicossociais se mani-

festem de forma equilibrada na qvT.

(iii) O estudo mostrou que os empreendedores relacionam a qvT de forma positiva com

todos os aspectos pessoais dentro do contexto organizacional. Mostrou, também, que é alto o

grau de satisfação com o estilo de vida que escolheram. Eles demonstraram que possuem sen-

sação de bem-estar no trabalho e estão satisfeitos com o grau de tensão e atendimento de suas

necessidades pessoais promovido pela empresa.

(iv) Empreendedores são automotivados e se sentem confortáveis com grandes desafios.

As condições de déficit de recursos, (financeiros, estrutura física ou sobrecarga de funções) são

elementos considerados desafiadores para serem superados e atingirem os resultados projeta-

dos. Nesse sentido, os fatores psicológicos, como clima positivo entre as pessoas e uma boa

avaliação de seu desempenho, contribuem para o alto grau de satisfação com a qvT.

(v) A primeira hipótese de pesquisa abordava o fato de os empreendedores se alimenta-

rem mal, em razão da baixa qualidade dos alimentos que ingerem e do tempo reduzido dedica-

do à alimentação, durante o período de trabalho, não foi comprovada por este estudo, pois foi

possível identificar que os empreendedores estão satisfeitos com sua alimentação, consideram

que sua dieta é boa ou está melhor agora que atua como empresário.

(vi) Assumem que comem rápido. Porém, equilibram o tempo gasto com escolha de ali-

mentos saudáveis e buscam manter uma disciplina adequada no período de trabalho e estilo de

vida. Pelo IMC declarado, os empreendedores pesquisados estão com sobrepeso e identificam que

a falta de atividade física pode ser um dos fatores que contribuem para este estado trabalham mui-

tas horas sentados em frente de computadores e nas horas que não estão trabalhando priorizam,

por exemplo, a convivência com a família e não a atividade física. Foi alto o grau de insatisfação

evidenciado por eles no item oportunidade de realizar atividade física.

(vii) Com relação à segunda hipótese de pesquisa, os Empreendedores não reconhecem

a importância de os bons hábitos de alimentação serem parte da QVT. Não houve uma correla-

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167

ção significativa entre os dois fatores. A prioridade para identificar QVT está mais nos fatores

relacionados aos aspectos organizacionais e sociais do ambiente empresarial. Ficou evidente

que esta população percebe a importância de um comportamento alimentar saudável, mas sem

necessariamente vincular à sua percepção de QVT.

(viii) Por outro lado, a habitabilidade é fator relevante para os empreendedores na sua

percepção de qvT, a satisfação com a convivência social na cidade e localidade onde a empre-

sa está inserida, considerando a infraestrutura ambiental, de segurança, de cultura e ambiência

para os negócios. Este foi um elemento identificado por esta pesquisa que ainda não foi encon-

trado em nenhum estudo anterior relacionado à QVT.

(ix) Pode-se concluir que a atividade empreendedora interfere de forma positiva no com-

portamento alimentar, pois a maioria dos pesquisados está satisfeita com seu padrão de ali-

mentação e declaram que: ou não ocorreram mudanças, ou estas foram positivas, isto é, sua

alimentação está melhor atualmente do que a profissional anterior.

****

(x) Com base nestes resultados, recomenda-se que programas de apoio e fomento ao

empreendedorismo, como Incubadoras de Empresas, podem investir em ações relacionadas à

promoção da saúde, como, por exemplo, convênio médico, educação nutricional e oportunida-

des de realização de práticas corporais.

(xi) Este estudo vem contribuir para a introdução do empreendedor como categoria de tra-

balhadores, importante no contexto social para as pesquisas de qvT e comportamento alimentar.

(xii) Outra contribuição acadêmica percebida, para o estudo do comportamento ali-

mentar, está na escolha do conceito de atitude, com base em autores como Krech et al.

1962 apud Usoro (2000); Pereira (2001); e Maisonneuve (1977), cuja origem se encontra

na Psicologia Social. Destacando-se três dimensões − cognitiva, conativa e emocional−,

para a análise do questionário e compreensão mais detalhada da forma de agir com relação

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168

à alimentação. A identificação de crenças, sentimentos e práticas, que compõem a atitude

alimentar, pôde facilitar a percepção de uma predisposição para mudanças mais efetivas no

comportamento alimentar e na reeducação nutricional.

(xiii) Sugere-se, ainda: a correlação da qvT com os fatores produtividade, competitivi-

dade, inovação e escolha do tipo de negócio em que atuam os empreendedores; além da amplia-

ção deste estudo para empreendedores de outras localidades e diferentes etapas de maturidade

empresarial.

(xiv) Outro enfoque de pesquisa importante é abordagem da correlação entre a percepção

do empreendedor de sua qvT e seu Comportamento Alimentar com a cultura empresarial que

está sendo formada em sua empresa.

(xv) Considerando o tema habitabilidade que emergiu durante o grupo focal, recomen-

da-se que este item seja contemplado nos instrumentos de futuras pesquisas de QVT para

empreendedores.

****

(xvi) Não se deixou de perceber, no entanto, que este estudo apresenta algumas limita-

ções, além daquelas relacionadas à natureza dos métodos e das técnicas, mencionados anterior-

mente, que indicam a aplicação ou generalização indevida de seus resultados. Entre elas está a

ausência de publicações sobre a qualidade de vida no Trabalho de empreendedores, o que não

possibilitou estabelecer parâmetros para a comparação com estudos anteriores.

(xvii) Outro fator relevante para esta limitação é que as informações e percepções sobre o

tema deste estudo estão restritas a este grupo de empreendedores e ao local e fase de desenvol-

vimento em que se encontram no processo de implantação de suas empresas.

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Apêndice

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182

APÊNDICE 1. Questionário QVT - BPSO96

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FCF/FEA/FSP

Programa de Pós-graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada - PRONUT

1

SATISFAÇÃO EM QVT (qUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO) 1 Responda francamente, mas não demore muito em um item.

2. Todas as questões devem ser assinaladas.

Assinale notas de 0 a 6 que expresse a sua SATISFAÇÃO, com a sua qualidade de vida no Trabalho como

empreendedor:

INSATISFAÇÃO TOTAL SATISFAÇÃO TOTAL

1 2 3 4 5 6

ASPECTOS ORGANIZACIONAIS 1 2 3 4 5 6Imagem da empresa junto aos colaboradores ou parceiros Oportunidade de treinamento e desenvolvimento profissional Melhorias nos processos de trabalho e novas tecnologias qualidade dos procedimentos administrativos (ausência de burocracia) Nível de comunicação interna

ASPECTOS BIOLÓGICOS 1 2 3 4 5 6Atendimento do convênio médico Oportunidade de realizar atividade física no trabalho qualidade das Refeições Estado geral de saúde dos colegas e colaboradores Prevenção a doenças (Cardíaca, obesidade, diabete ect..)

ASPECTOS PSICOLÓGICOS 1 2 3 4 5 6Forma de avaliação do desempenho do seu trabalho Clima de camaradagem entre as pessoas Oportunidade decrescimento do negocio Satisfação com a renda pessoal Ausência de interferência na vida pessoal

ASPECTOS SOCIAIS 1 2 3 4 5 6Oportunidade para distração e entretenimento Interação com familiares Confiança no relacionamento com parceiros e colaboradores qualidade da previdência privada Investimento para Qualificação - cursos externos (graduação, pós-graduação)

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FCF/FEA/FSP

Programa de Pós-graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada - PRONUT

2

Assinale notas de 0 a 6 que expresse a sua SATISFAÇÃO, com a sua qualidade de vida no Trabalho como

empreendedor:

INSATISFAÇÃO TOTAL SATISFAÇÃO TOTAL

1 2 3 4 5 6

ESTADO PESSOAL DE qVT OPINIÃO PESSOAL 1 2 3 4 5 6

Sensação de bem-estar no trabalho

Estado geral de tensão (stress) pessoal

Satisfação com o seu modo próprio de viver o dia a dia (estilo de vida)

Adequação das Ações de qvT da sua empresa para as suas necessidades pessoais

Importância da QVT para o resultado do seu trabalho

Ocorrências Utilizou remédios para dores específicas? ( ) NÃO ( ) SIM Sofreu internação em hospital? ( ) NÃO ( ) SIM Foi atendido em pronto-socorro ( ) NÃO ( ) SIM Utilizou o convênio médico ( ) NÃO ( ) SIM Utilizou o serviço de saúde da empresa ( ) NÃO ( ) SIM Possui diagnóstico médico de hipertensão arterial? ( ) NÃO ( ) SIM Faz tratamento? ( ) NÃO ( ) SIM Possui diagnóstico médico de diabete? ( ) NÃO ( ) SIM Faz tratamento? ( ) NÃO ( ) SIM Possui diagnóstico médico de obesidade? ( ) NÃO ( ) SIM Faz tratamento? ( ) NÃO ( ) SIM Possui diagnóstico médico de outra doença

crônica? ( ) NÃO ( ) SIM

qual?

qUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Neste bloco queremos saber sua opinião sobre o que significa qualidade de vida no Trabalho para você. Indique por ordem de importância APENAS TRÊS PALAVRAS que expressem qualidade de vida no trabalho de acordo com a LEGENDA:

1= mais importante 2= segunda mais 3= terceira mais

confiança segurança paz investimentohumanismo saúde Competitividade

pessoal Ausência de

acidentes amor Realização pessoal amizade responsabilidade

Outra: _________________________________

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FCF/FEA/FSP

Programa de Pós-graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada - PRONUT

3

COMPORTAMENTO ALIMENTAR

Leia cuidadosamente, responda francamente, mas não demore muito em um item.

1. Para você COMER BEM significa: ( ) REFEIÇÃO SABOROSA ( ) REFEIÇÃO SAUDÁVEL ( ) OUTRO: _ 2. Se você faz as seguintes refeições, escreva o horário e os alimentos consumidos·····.Horário aproximado

Refeição Alimentos consumidos Menos de 15 minutos

15 a 30 minutos

Mais de 30 minutos

Não sei informar

Café da manhã

Lanche da manhã

Almoço

Lanche da tarde

Jantar

Lanche da

noite

3. você considera que come: ( ) rápido ( ) devagar 4. você tem algum alimento predileto? ( ) não ( ) sim. qual?_______________________ 5. Algum alimento causa aversão? ( ) não ( ) sim. qual?_______________________ 6. Você restringe ou evita algum alimento de sua dieta rotineira? ( ) não ( ) sim . Qual?_______________________

7. Quais alimentos você considera mais saudáveis? ( citar 3) 1______________ 2______________ 3______________ 8. Quais alimentos você considera menos saudáveis? ( citar 3) 1______________ 2______________ 3______________

APÊNDICE 2. questionário de comportamento alimentar.

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Programa de Pós-graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada - PRONUT

4

9. Como você costuma fazer suas refeições? Assinale até três alternativas.

( ) sentado à mesa ( ) lendo ( ) conversando ( ) outro ( ) em pé ( ) assistindo Tv ( ) em silencio ( ) acompanhado ( ) sozinho ( ) prestando atenção no alimento

10. você sente prazer ao comer? ( ) não ( ) sim 11. você gosta de cozinhar? ( ) não ( ) sim 12. Costuma preparar refeição só para você? ( ) não ( ) sim 13. Você planeja um cardápio para alimentação com antecedência? ( ) não ( ) sim: ( ) por dia ( ) semanalmente ( ) mensalmente 14. quando vai a festas, você come de maneira diferente do rotineiro? ( ) não ( ) sim 15. você toma algum suplemento como vitaminas, mineral ou outros? ( ) não ( ) sim qual _________ 16. Você acredita que alguma combinação de alimento engorda ou faz mal a saúde? ( ) não ( ) sim qual _________ 17. Você acredita que fazer um dia de jejum ou dieta liquida pode emagrecer? ( ) não ( ) sim 18. você faz suas refeições: marque (1) freqüentemente (2) eventualmente (3) raramente:

Almoço Jantar Em casa Restaurante a la carte fast-food Restaurante por quilo

19. Você consome bastante água (media de 8 copos por dia)? ( ) não ( ) sim 20. você está satisfeito com seus hábitos alimentares atuais? ( ) não ( ) sim 21. As lembranças relacionadas com comida de sua infância são: ( ) POSITIvAS ( ) NEGATIvAS CITE A PRINCIPAL_____________ 22. você considera sua alimentação atual comparada ao período antes de ser empresário

Igual ( ) pior ( ) melhor ( ) Em que? ___________________________________________________________________________________________

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Programa de Pós-graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada - PRONUT

5

qUESTIONÁRIO DEmOGRÁFICO

ALTURA: _________ PESO ATUAL: _______ SEXO: ( )FEm. ( )mASC.

1. Para quem desejar receber o resultado da pesquisa.

E-mail: _____________________________________________________ Nome:

2. Idade: ( ) 18 a 25 ( ) 25 a 35 ( ) 35 a 45

( ) 45 a 55 ( ) 55 a 60 ( ) Acima de 60

3. Local de nascimento: Cidade:_______________________ Estado:___________________ País:________

4. Estado civil:

( ) casado ( ) solteiro ( ) viúvo

( ) separado ( ) divorciado

5. COR: ( ) branca ( ) parda ( ) Preta ( ) amarela ( ) indígena

6. Escolaridade:

( ) nenhuma ( ) até 1º grau- fundamental ( ) pós-graduação

( ) graduação ( ) até 2º grau – ensino médio

7. Número de dependentes:

( )nenhum ( )um ( )dois ( )três ( )quatro ( ) mais de quatro

Sobre a empresa

8. Setor: ( ) Comércio ( ) Indústria ( ) Serviço

9. Porte : ( ) Micro Empresa: 0 a 9 empregados ( ) Média Empresa: 100 a 499 empregados

( ) Pequena Empresa: 10 a 99 empregados ( ) Grande Empresa: 500 e mais empregados

10. Tempo de existência: ( ) ate 18 meses ( ) 18 a 42 meses ( ) mais de 42 meses

11. Renda pessoal mensal:

( ) até R$ 1860.00 (*) ( ) de R$ 3720,00 a R$ 5580,00

( ) de R$ 1860.00 a R$ 3720,00 ( ) de R$ 5580,00 a R$ 7440,00 ( ) acima de R$ 7440,00

APÊNDICE 3. Questionário demográfico.

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APÊNDICE 4. Transcrição do Grupo Focal

CATEGORIAS FRASES CHAVES SOBRE qVTBiológica “... Saúde do corpo e da alma...”

“... Eu tenho um tempo agora que eu não tinha antes. Por coincidência, eu montei escritório próximo a residência e muitas vezes eu abro mão de ir de carro e vou a pé, ando 5- 6 km à pé ...”

“...eucomeceiafazerumbalançodeumtempopracá.Depoisqueeumedesligueidaempresaeufiqueimenos doente. O normal era, pelo menos uma vez por ano, ter uma amidalite forte, febre... Eu brinco com a minha esposa porque ela fala “agora você está trabalhando demais” daí eu respondo, então, “agoranãosobratempoparaeuficardoente”.

“... eu vejo em outros empresários aqueles que já chegaram naquele patamar que nós queremos, ele transfere esse tipo de qualidade de vida ruim para o empregado dele. Eu, meio dia, eu vou pra casa almoçarcomaminhaesposa,comomeufilho,masoempregadoestátrabalhando...” “..., de uma maneira geral eu consegui abrir meu espaço e respeito meu horário de almoço e meu horáriodetrabalho.Lógicoquetemdiasqueagenteficaumpoucomais,maseuconsigotrabalhardas 8h às 18h.

“...Então eu não sei cozinhar, aí hoje, eu estou pensando um pouco na minha vida, porque o corpo começaaresmungar,porqueeujánãotenhometabolismodevinteanos,entãonãodápraficarcomendo as mesmas bobagens, agora eu estou começando a ir à academia“... é saúde física e mental. Acho que é isso, resumindo.”

CATEGORIAS FRASES CHAVES SOBRE qVT

Psicológica“Acho que quando você tem a sua empresa, que está se adequando a realidade, até mesmo de noite, você deixa sempre um bloquinho do lado da cama para anotar uma idéia que aparece. E você vicia, entãosevocênãosepoliciar,nasextafeira,finaldeexpediente,vocêcontinuatrabalhandosábado,domingo e feriado.” “Acho que a pior coisa que tem, eu já passei por isso, é você estar fazendo uma atividade que você não quer fazer, mas você está fazendo porque tira o seu sustento dali. Isso é horrível! Você tem potencial para ir além e naquela atividade, não consegue ir além.”“Na nossa atividade, é muito difícil você colocar esse divisor... Por exemplo, agora eu vou dormir, mas se tenho uma idéia, eu sou capaz de levantar e fazer um e-mail.”“Eu acho que é você criar um espaço para si próprio.” “... Eu acho que qualidade de vida é segurança, é comida, é, por exemplo, hoje eu tenho uma qualidade devidamelhordoquequandoeueraempregado.Apesardetrabalharmais,tenhomaisflexibilidade.”“Acho que qualidade de vida é conseguir falar: “agora parou!”. Esse “conseguir parar” que é um medidor de qualidade de vida pra mim.”O que é difícil pra gente colocar em prática é buscar a felicidade dentro daquela condição, porque a felicidade tem de estar dentro da pessoa, dentro daquela rotina da pessoa, porque se ela não é feliz, não encontra felicidade daquela forma, quando ela tiver dinheiro ela também não vai encontrar. Isso eu tenho falado muito isso...“... Eu só acho que tem que por um pouco na balança, porque até quando você agüenta nesse ritmo? Àsvezesvocêestálá,pertodeatingiroseusucessoprofissional,masnãotemestruturapsíquicaparaalimentar ou sustentar tudo isso. Acho que tem que tentar pelo menos balancear um pouco. Não que você vá priorizar sua vida pessoal, mas você tem que dar certa atenção a tudo isso, porque nós somos humanos, chega uma hora que...“...Quandooclimaégostoso,...Automaticamentetudoflui.“...Um bom relacionamento eu acho muito importante, mesmo por conta do próprio rendimento da empresa. Colaboradores que sentem bem em trabalhar com você ou os que vão só por obrigação. Eu já tive esses dois extremos na minha empresa e realmente, o relacionamento é fantástico nos resultados.“... a gente particularmente valoriza muito é estar com pessoas muito boas que te pressionam a crescer e se superar. Felizmente nós entramos num círculo virtuoso que eu considero muito importante. Um dos sócios foi considerado o melhor aluno do ITA no ano dele. O nosso estagiário o melhor “zero um” como eles chamam, do ITA, do próximo ano. Estar trabalhando com gente muito boa nos obriga, quando dá aquela preguiça de estudar, de ir além, de correr um pouco mais...”

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CATEGORIAS FRASES CHAVES SOBRE qVT

Organizacionais “... Infelizmente, para eles, qualidade de vida é ter um vídeo game,... vai ter vídeo game! Fazer o quê? O que está mais complicado, o modelo estrangeiro do Google para cá, é essa preocupação com alimentos não calóricos.”

““... Quando eu passei a ter o meu negócio, a qualidade de vida pra mim melhorou, até porque tem essaspossibilidadesdevocêrealmenteterumaflexibilidademaior...

“... Eu melhorei muito a minha qualidade de vida como empreendedor, é óbvio que você tem essas preocupações, é óbvio que você tem uma preocupação maior, mas quando se faz o que se gosta você consegue superar essas coisas.”

“... Todos aqui são empreendedores, estão na incubadora, acho que muitos estão aqui pelo que gosta, pela vontade de fazer, todos aprendem a ter planejamento, ter metas, isto também contribui para a qualidade de vida. Eu quando era funcionária, trabalhava e chegava em casa nove e meia da noite. Hojeeupossoflexibilizaromeuhorário,muitasvezeseuvoutrabalharatéduasdamanhã,masestoutranqüila, porque estou fazendo o que gosto.”

“... Então hoje sou diferente, eu não trabalho por tempo, eu trabalho por resultado. Eu tenho um funcionárioquenãoveioasemanapassadainteira,estavaemsemanadeprova,estavacomdificuldade,então eu falei que não precisava vir.”

“... Você tem que deixar claro o que tem que ser atingido e quando tem que ser atingido. E aí você vai monitorando, se a coisa não está andando, você vai vendo se é esta pessoa ou então uma falta de estímulo. Tem duas pessoas que trabalham comigo, são químicos, os dois tem a mesma formação, mas sãoperfisdiferentes,umémaiscientíficoeooutromaisparaexecução.Entãohojeeujáseioqueeuposso pedir para um e isso para aquele.”

“Sabe como eu consegui fazer isso com o pessoal que trabalha comigo? Eu dou prêmio. Eu trabalho com internet, com site, antigamente para fazer um CSS, que é transformar aquela imagem que o cliente aprovaparacomputador,levavaumasemana.Umdiaeudesafieiapessoahálevarquatrodiasúteis.Hoje em dia, leva menos de um dia útil.”

“Quando você tem uma empresa pequena, como é o nosso caso, você acaba tendo um acúmulo de funções. Se precisar limpar, passar um fax..., você faz tudo. Você acaba sendo um coringa da empresa. Agora, para criar um pouco de qualidade de vida, eu acho que o melhor é não ter internet, não ter telefone e não ter televisão em casa.”

“... no meu consciente penso “é qualidade física e mental”, mas, de maneira nenhuma, eu deixaria de iremumareuniãoparaalmoçar;ouseja,aminhacarreiraprofissionaléaminhaprioridademoremdetrimento de qualquer coisa da qualidade da minha vida”.

“Nós temos mais biólogos para desenvolver a parte de produto. Então nós conseguimos respirar um pouco para poder visualizar essa parte de qualidade de vida, que é se alimentar melhor... Nós temos horáriocomercialnaempresa,masacabamosficandoumpoucomais,estamosnosadequandoconformeao próprio mercado vai exigindo da gente”.

“... Eu já consegui ter colaboradores aqui que conseguiam trabalhar muito pouco em quantidades de horas e que conseguiam produzir muito. Eram pessoas muito focadas, muito objetivas. E é isso que a gente se preocupa... Eu sou contra a remuneração por hora, que é mais fácil, em detrimento da remuneração por resultado, mas o objetivo nosso é a entrega. Se ele fez na metade do tempo que eu tinha estimado, ótimo.”

“... E quanto mais rápido, mais alta a produtividade, melhor para mim. Eu costumo premiar, como uma atividade extra.”

““...Paraconseguirmosrecrutarosmelhores,compropostasfinanceiramentemaiores,casodeirpara o exterior, morar fora, a gente precisa ter um ambiente com qualidade de vida

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Social

“O que importa é que eu não vou conseguir me divertir sabendo que tenho alguma coisa do trabalho para fazer, assim como eu não vou conseguir trabalhar se estiver preocupado com a minha família. Você tem uma coluna vertebral, você pega aquela coluna e “sai e volta”. Tem um caminho, mas tem que sair e voltar constantemente.”.

“...todossãoapaixonadospeloquefazem,então,temosquedefinirregrasquesãoumpoucodifíceisdeseguir.Eutenhocertoprazo,tenho27anosesómesujeitareiafazerissoatéos30.Esseéumprazodefinidopra mim. E segundo é o impacto nas minhas relações familiares; hoje eu já não consigo freqüentar nenhuma festa familiar mais.”

“... A felicidade, como você falou, é fundamental, aí tem dois tipos, se você conseguir ser feliz fazendo seu desafio, você tem que ter uma estrutura familiar, porque você estar sozinho, sendo massacrado por trás,écomplicado.Comadificuldade,mastendoumaestrutura familiar boa, você acaba conseguindo ir pra frente”

“... é muito melhor você dar valor à sua família, amigos, do que bens materiais. Acho que foi na internet que vi,umapessoadefinindostatuscomo“umacoisaquevocênãoprecisa,quevocêcompracomodinheiroque você não tem e pra mostrar pra alguém que não gosta”. E muitas pessoas passam a vida inteira atrás desses valores que não agregam nada.”

“... eu acho que quando você consegue montar uma equipe que toma decisões como você toma, eu acho que você atinge o ápice em matéria de realização.”

“... eu tenho um funcionário que o negócio dele é trabalhar com pesquisa e desenvolvimento. Nós pegamos uma consultoria com outro incubado, não fazia a mínima idéia de como fazer o negócio, cheguei pra ele eperguntei“dáprafazerassim?Eledisse,“olha,talvez...”“entãosevira!”Eujogueiaqueledesafio,apessoa se transformou, ele levava para casa, que ele tem um mini laboratório na casa dele, ele levava, chagavadefinaldesemana“compratalcomponentequeeuprecisolevar”Elenãoviaahoradeveraquilopronto, então, isso começa a fazer a pessoa se sentir feliz, se sentir melhor.”

“...Qualidadedevida?Ótimo.Terdinheironobancoparapoderviajarnofinaldesemana,paraircomernum bom restaurante, isso é o que a gente, infelizmente, tem priorizado, pelo menos é o que eu vejo na minha casa e com as pessoas que estão próximas de mim.”

“...Domingo passado, por exemplo, eu trouxe a família toda. “Vamos fazer piquenique na incubadora”, foi maravilhoso para os moleques. Quando chegamos em casa eles perguntaram “pai, quando nós vamos fazer aquilo de novo?”

“Eu acho que você ter qualidade de vida é você fazer alguma coisa diferente da sua rotina e que te dê prazer. Eu, por exemplo, acho que é poder trabalhar, dentro de certo limite, ter folga para depois fazer algo diferente: ir ao teatro, ao cinema, andar de bicicleta...”

“... Hoje eu sinto que eu tenho qualidade de vida. Trabalhei vinte anos na Embraer, como funcionário, horáriodeentrada,horáriodesaída,mastambémchegavafimdesemana,nãotinhamaisnadaprafazer,estava tranqüilo... A grande diferença que eu sinto agora são 24 horas, não tem sábado, domingo ou feriado. Mas também eu posso chegar aqui às 9h e trabalhar até as nove dez horas da noite. Fim de semana eu viajo...”

“Hoje, eu mais calma, saindo cada dia um horário, dependendo do momento, mas tendo tempo para curtir, viajar, os resultados são maiores. A equipe cresce, as pessoas crescem, e a gente ganha mais em termos financeirosederealizações.”

“... sempre tem alguém à meia noite, uma hora, trabalhando. Então, a qualidade de vida, dos relacionamentos comomundoexternoacabasendoprejudicada.Achoquehoráriospré-definidospermitemquenóstodostenhamos a possibilidade de freqüentar uma academia, sair com os amigos, namorar..., sem problemas.

“... depois que eu saí dessa multinacional e parti para o negócio próprio, eu acho que a minha qualidade de vida melhorou. A minha mulher acha que não. No conceito dela, ela não tinha que esquentar a cabeça com planomédico,sevaipoderirparaalgumlugardefimdesemanaporqueeuvouestaraqui.”

“...essa parte de qualidade de vida está bem mais presente do que era há dois, três anos, com certeza.”

“...eu tenho conversado muito com o meu irmão, ele trabalha como empregado e vive reclamando “pôxa, a qualidade de vida dentro da empresa piorou demais, estou extremamente infeliz”.

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Opinião pessoal“... Eu acho que no fundo, quando eu converso com o pessoal, se pudesse escolher uma palavra, pra resumir o sentimento de tudo, aquilo que leva a pessoa pra frente, eu acho que essa palavra é liberdade. Nós precisamos de liberdade em vários níveis, quando a gente fala de segurança, quando fala de alimentação, quando fala de respeito, quando a gente fala de propósito, é evidente que quando o cara e empreendedor”

“Pra mim, qualidade de vida eu resumo como “você fazer o que gosta e com vontade”.

“... Você tem os seus prazos a cumprir, tem suas tarefas, os trabalhos para entregar para o seu cliente, mas você vai cumprir aquilo dentro do seu horário. Se você trabalha bem da meia noite às seis da manhã...”

“Pra mim qualidade de vida, na verdade, é você fazer o que gosta. Fazer com vontade, sem ser obrigado a fazer. Se eu tiver que trabalhar, mas tiver com vontade, não tem problema algum.”

“... é a gente estar bem com a gente mesmo em todos os sentidos: físico, emocional, espiritual,... Quando você consegue estar bem em todos esses sentidos, você está completo, com qualidade de vida.”

“... é que quando você faz o que gosta, mesmo não tendo dinheiro, mesmo trabalhando mais...

“... com o tempo, a gente aprende a buscar mais realização e dedicação dividindo o tempo, isso só o tempo ensina. Realmente no começo eu não tinha essa noção. Eu trabalhei na Embraer, saí em 1976, então, eu sou dona de negócio próprio desde 76. Faz trinta e três anos que eu trabalho por conta, no começo a gente leva essa vida atabalhoada, não fazmuitosentido,querficarricaderepente,ecomotempoagenteaprendequenãoéporaí.”

“... é um trabalho muito intenso, mas você tem essas opções. Como geralmente é o que você gosta, tem interesse que vá para frente e cresça, acaba não sendo tão maçante ...você trabalha muito mais contente.”

“Agentetemumaflexibilidadedetempobastantegrande,oquehojeeujácomeçoareavaliarporqueeupensoqueaflexibilidade de horário parece com aquela academia que você pode malhar qualquer horário e que você deixa para ir noúltimomomento.Então,ohoráriobemdefinido,éalgobacanaparavocêchegar,trabalhar,sairepensar:euestoufazendo a minha parte.”

“...Eu acho que o tempo é um fator importante porque ele é o denominador da divisão. O que você produziu versus o tempo que você dedicou para aquilo. Então se você está produzindo bastante, só que para aquilo você tem que dedicar doze, treze horas diárias, você tem uma produtividade muito baixa. No nosso caso, a gente não está preocupada com o tempo, mas com a questão da produtividade.”

“... pragmaticamente hoje eu estouorientadopara resultadosprofissionais e eupensoque com isso eu estou tendoprejuízos na minha saúde e que isso não pode se prolongar por mais de cinco anos. Infelizmente é uma visão não sei quão errada mas, penso que para conseguir atingir objetivos bastante ambiciosos você tem que perder algumas coisas com relação a sua qualidade de vida. Acho que isso é normal para um empresário, para um empreendedor, para o atleta de alto nível...

“Sabe o que eu descobri? Que quando a gente está bem com a gente, consegue mais resultados. Mesmo na época que eu estavaaquidentronaincubadora,agenteàsvezestrabalhavasábado,domingo,eufiqueitrêsanosaquidentro...Erauma vida muito doida mesmo.”

“... A melhor decisão que se toma para qualquer segmento, para qualquer coisa na vida, não é a decisão racional é a decisão do coração. Quando o coração decide por você, nunca está errado. Porque aí entra nesse campo de você gostar ou não, de estar empenhado em fazer, você pode trabalhar três dias diretos naquilo lá, com amor, com o coração que eu tenho certeza que você não vai se sentir cansado, você não vai se sentir limitado, até em um campo de conhecimento que você não conhece, você vai conseguir superar.”

“... Para nós, a qualidade de vida está mais relacionada ao aspecto tempo, do que à alimentação. A parte de alimentação continua como era, às vezes almoça aqui ou em outro lugar. Mas acho que o fator que diferencia a todos os funcionários é você ser o dono do seu tempo. Para mim é um diferencial de qualidade de vida.

“Eu admiro as pessoas que mesmo não tendo obrigação de cumprir horário, chegam as oito e saem às cinco.”

Mas acho que o fator que diferencia a todos os funcionários é você ser o dono do seu tempo. Para mim é um diferencial de qualidade de vida.

Qualidadedevida?Ótimo.Terdinheironobancoparapoderviajarnofinaldesemana,paraircomernumbomrestaurante, isso é o que a gente, infelizmente, tem priorizado, pelo menos é o que eu vejo na minha casa e com as pessoas que estão próximas de mim.

“O que é importante é planejar o tempo, ou seja, por exemplo, os domingos eu separo para mim. Acordo cedo e assisto Pequenas Empresas Grandes Negócios, corrida de carros... Ou se eu quero acordar tarde, também acordo... Agora, de segunda à sexta é trabalho e estudo. Sábado eu trabalho pela manhã e à tarde eu faço o que não deu tempo durante a semana. Mas de sábado à noite eu não trabalho.”

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Crenças alimentares

“... não quero entrar no mérito do produto se tem agrotóxico ou não, mas sim, com quem você está comendo, se está todo mundo reunido, eu acho que isso acaba pesando muito mais...” “...E uma boa parte da socialização está no preparo, não é nem ali na hora de comer. É na hora que está chegando a carne do churrasco, no tempero, ali é como se fosse uma cola social. Até mesmo o “layout”, antigamente, em todas as casas a mesa era na cozinha...”“... eu não sei cozinhar, aí hoje, eu estou pensando um pouco na minha vida, porque o corpo começa aresmungar,porqueeu jánão tenhometabolismodevinteanos,entãonãodápraficarcomendoasmesmas bobagens, agora eu estou começando a ir à academia”“ E hoje, você vai à feira e você não consegue encontrar uma fruta saborosa. Você consegue comprar uma manga sem gosto, sem cheiro. O que faz com que, talvez, a gente inclua esse problema que você falou sobre as crianças não sentirem prazer em comer, culpa da gente porque a gente não oferece também, oferece de vez em quando.”“... o fast food, a propaganda é imensa. Anda por aqui, você vê a propaganda do Mc Donalds, as crianças de hoje nem tem nem acesso às comidas naturais. A não ser que a pessoa está com trinta, quarentaanosquefirmanaacademiaevaicomprarosalimentosnaturais“...Tem duas coisas que eu achava que são extremamente importantes: a primeira quem disse foi o Ney Matogrosso,numaentrevista,ocaraperguntou:“comoéquevocê fazparaficarem forma?”aíelefalou,”ésimples,eusaiodamesaantesdeficarsatisfeito”.Vaifazerissopravercomoédifícil.Segunda:“se tem várias qualidades de alimento na mesa, eu como um só e basta”, que é outra coisa muito difícil. Então eu cheguei à conclusão que você pode comer qualquer coisa, desde que você controle.”“ Se a gente for ver, tem sempre aquelas imagens que mostram em televisão das frutas, verduras, legumes...Mas eu tenho impressão que dentro da casa de muitos brasileiros, muitos têm preguiça de cozinhar. “ normalmente, o que é gostoso não é saudável. É inversamente proporcional. Tem uma propaganda, ótima, que mostra bem isso, que é um menininho brigando com a mãe, chorando, porque quer comer chicória... ...a gente não come coisa saudável porque é gostosa, come porque é saudável.”“ Esse negócio de alimentação balanceada é para animal! (risos) Eu como carne gorda mesmo, adoro carnesangrando,comomandaofigurino.Seforparaeumorrereumorrofeliz.Eucomodetudo,nãomeprivo de nada, eu me farto. Eu não me privo de nada. Minha mulher faz doces maravilhosos, como de tudo.”“... É 100% trabalho de computador, o principal problema com a equipe é a insatisfação estética. O pessoal começa a engordar, engordar... e mesmo homem, o pessoal é bem vaidoso, então acaba achando muito ruim.”“...E nós temos uma comparação com outras empresas de tecnologia que tem aquela geladeira carregada e que você pode pegar coisa toda hora. Isso foi trazido pelo Google, pela localweb e na prática, o que a gente via? Que este excesso de alimentos não era visto como benefício.” “...quando uma empresa grande, multinacional, farmacêutica que mudou o VR para a melhor linha da ACCORefoiumainsatisfaçãogeral,todasasmulheresficaramgordaseelaspreferiamacomidaruimantes porque elas comiam menos.”“.. A única mudança alimentar que funcionou lá em casa foi quando uma nutricionista, contratada para mudar o hábito alimentar da família inteira. Desde a minha mãe de criação, que trabalha lá, minha mãe, meu pai, meu irmão e pesava todo mundo, toda semana. Dieta de todo mundo. Funcionou. Penso em viabilizar isto na empresa, está um momento crítico, está todo mundo com quase cinco quilos de sobrepeso, então queremos investir em uma mudança nesse sentido para as pessoas se sentirem melhor.“...Eunãoseificarnacozinhafazendoaminhacomida,aminhafilhaMarcelatambémnão,entãoelaprovavelmente vai ser adepta ao fast food.”“ Dentro da cultura da minha família, eu me considero muito feliz porque temos tido o hábito de alimentos muito naturais, feitos em casa e, por sorte, eu sou casado com uma pessoa que tem uma mãe maravilhosa, que tem esse conceito de vida também.” “... a nossa geração viveu bem isso, a mulher quando saiu da posição dela da família que depois de alguns anos ela começou a ver como um trabalho escravo, e realmente é um trabalho pesado, então esse deslocamentodamulherinfluencioumuitooaspectodafamília.Nãotemaqueleelementoquetrazaspessoas, junta a turma, que dá o motivo pra gente voltar pra casa.” “... Eu acho que com o passar dos anos, a própria forma de você hoje ganhar a vida, fez com que as mulheres também passassem a trabalhar e algumas até não gostavam mesmo da cozinha... Mas tem muitas quegostam,mashojenãotemtempoparaficarlá,temquetrabalharparaajudarnosustentodolar.” “... Tem um aspecto muito interessante, a função da mulher dentro da família. Porque a mãe, o pai, existe pelafamíliaÉumafunção,sevocêforolharpeloladoprofissional,damulher,esposa,mãe,dentrodecasa,éumadasprofissõesmaiseficientesqueseconhece.Nuncafaltanada,estátudofuncionando,imaginasó,nós perdemos uma função dentro da sociedade, extremamente importante, e hoje ninguém faz.”“... Eu não sei fazer um arroz, minha mãe nunca me ensinou, minha mãe educou a gente, eu e a minha irmãparatrabalhar,eladizia,vocêsnãovãoficarnacozinha.“Eunãoquerofilhaminhacasandocedo”.

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Memória Afetiva“ minha infância eu tenho referência só de comida, porque a minha avó, é aquela cozinheira de mão cheia..., lembro aquelas tardes minha mãe cozinhando... A minha mãe já teve restaurante então ela adora cozinhar... “

“ Eu sou de uma geração que teve oportunidade de comer comida de forno e fogão à lenha, que era tudo incorporado, “cheiros” são muito marcantes, horários..., tinha o horário do café da manhã, almoço, café da tarde, jantar...”

“ Não tinha televisão junto com comida, não é... Minha mãe nunca deixou comer na frente da TV, “horário de comer é na mesa”, família toda reunida, conversando, até hoje a gente faz isso.”

“... não existiam tantos produtos industrializados. A minha avó, por exemplo, cozinhava com banha, fritava e usava banha com muita freqüência.

“ O meu pai, chegava em casa, ele queria uma mesa farta, verdura, carne, laranja, sobremesa..., e a gente aprendeu a comer tudo isso. E mesmo que a gente não quisesse tinha que comer, ”se não comer não vai crescer!”.

“ Tudo, tudo, na minha família está relacionado à comida, é muito forte para mim... De sentir um cheiro e lembrar determinada época ou alguma festa de família..., é absurdamente bom”

“... na minha infância eu comia muita fruta no pé, a gente sabia achar. Eu cresci aqui na região de vinhedo, e era um grandedescampado,tinhaumcampoqueagentejogavafuteboleagenteaprendiaaidentificaralgumasfrutasnomatoe comer aquelas frutas. Amora, goiaba, juá, que é uma frutinha sem graça..., a goiaba era muito disputada, quando tinha um pé de goiaba, todo mundo sabia e era difícil achar uma goiaba lá, cana, a gente tinha loucura em pegar cana e chupar a cana então essa é uma lembrança que quando alguém toca no assunto a gente lembra...”

“... Você ia buscar água na bica para tomar, você enchia a garrafa de água e levava para casa. Hoje não, você usa aquelefiltroBrastempoucompraaquelegalão,mesmocontaminada,masvocêcompra,entãohojeficoumuitomaiscaro se alimentar e aí cria uma roda que você tem que trabalhar para sustentar essa coisa econômica.”

“Eu me lembro que no passado, na minha infância, tinha um terreno baldio ao lado, meus avós plantavam milho, aí quando chegava a colheita, fazia bolo, pamonha e a gente até costurava, usava aquela máquina de costura, era gostoso demais... “

“...Meu pai era carteiro na cidade também, então 11h30 apitava a fábrica meu pai saía para almoçar, ele ia para o almoço todo dia, e eu ia buscar pão, que lá não era padaria, era empório, que ele come com pão até hoje. Então você tinha todo dia a família reunida no mesmo horário. Única coisa que eu consegui trazer pra minha família é que a gente tem lá em casa o costume de antes de dormir comer alguma coisa, uma bolacha, um pão, e com isso a gente troca muita idéia.”

“... O fato de todo mundo sentar em volta da mesa, era hora de todo mundo sentar e conversar...

“... as minhas lembranças da infância e da adolescência foram extremamente relacionadas à parte alimentar. Uma coisa que me marca muito, é que na escola tinha merenda, mesmo nas férias fazia questão de ir lá porque iam as criançaseagenteficavabrincandolá.Vocêchegavademanhãtinhaumbelocafé,umafruta”

“ Na minha casa reunião é na cozinha. Sofá e sala são ignorados, tudo quanto é reunião é na cozinha”

“Naminhavida,eusempretiveinfluênciadaminhafamília.Eufuicriadodemanhãcomcafécomleiteepão,dentreoutras coisas, mas era basicamente isso. Às vezes era o leite e o pão, jogava lá em um prato com leite, açúcar e canela, chamava de pochá.”

“... Bom, eu sou de família mineira, muita comida, muita carne pesada, pernil no meio do pão...”

“ A família do meu pai gostava muito de comer massa, descendentes de italiano. E a família da minha mãe o que era sagrado era o café da tarde, com bolo, rosca; inclusive hoje a minha mãe ainda faz pão toda tarde, só que não dá pra gente viver nisso... Ainda sinto aquele cheiro do pão passando a manteiga... Muito gotoso.”

“ Eu sou boliviana, minha mãe nunca gostou de cozinhar, aprendeu a cozinhar com o meu pai. Mas tudo que ela fazia era uma bênção, tenho saudades...”

“...na minha infância, adolescência, a comida era muito feita em casa e hoje nunca dá tempo, é tudo industrializado, pré-pronto, congelado, restaurante... Acho que a principal diferença é essa.

“ Lá em casa tinha uma diferença, eu sou goiano, a principal questão é que a gente tinha pessoas, uma logística para preparar a refeição. Café da manhã, a gente acordava já estava pronto. Almoço era religiosamente ao meio dia e era modificadoacadadia.Eojantareratambémnomesmohoráriosempre.

“Equandoeueramoleque,jogavabola,sempretinhaumaárvorecomfruta;qualquertipo.Nuncaficavasemumafrutano quintal, então a gente sempre comia alguma coisa, eu gostava muito do pé de amora.

“ A parte da infância eu vivia na casa da minha avó, sempre esse costume do mesmo horário, café da manhã, jantar, e aí quando chega na parte da adolescência, você começa a criar um pouco mais de independência e aí é fast food. Inclusive eu passei por um período de ganho de peso por conta disso. “

“um dia desses estava até pensando, vou comprar uma cafeteira porque eu sempre achei mais importante o cheiro do café do que o próprio café. O cheiro é que te levava àquele momento de parada para você tomar o café, pra você fazer outra coisa, sair daquilo que você estava fazendo.”

“...Oqueeutive:comidasvariadas,gostosasnamesa,minhasfilhasnãotem.”

“ eu tenho trinta anos, quando eu era criança, a minha avó fazia a massa do macarrão, até hoje, não existe molho industrializado, nada disso, é tudo em casa, minha mãe faz um pouco. Aí eu penso assim, nessa época de criança, as pessoastinhammaistempodeficarcozinhando,eagorajátemmudado,hojeagentenãotemmaistempo,euvejoqueninguémtemmaistempo,paciência,deficarfazendoessascoisas.”

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CATEGORIAS FRASES CHAVES SOBRE COmPORTAmENTO ALImENTARPráticas

alimentares “... eu estou tentando mudar, a partir de agora, não é fácil. Tem até iogurte hoje no café da manhã... “... Quando eu cheguei aos Estados Unidos, eu tive esse choque. Eles fazem uma química pra ver o que nosso corpo aceita melhor, eles tinham um frango, que eles fazem não sei como, você começava a comer aquilo e não parava mais... E aquilo é química pura.“... eu tive que mudar toda a parte de hábito alimentar, hoje eu como bem melhor, não como fritura, eu evito um monte de coisa que com o tempo, a gente vai aprendendo que não é bom para o organismo. Mas eu tive que passar por todo esse “sofrimento”, por toda essa fase de transição.”“... uma medida que a gente tem lá em casa como proteção é geladeira vazia! Geladeira se tornou inimigo público...”“ há dois anos, quando eu conheci uma garota que tinha ido a uma naturóloga, nem sabia que o termo existia, ela falou para eu ir também. Eu fui e essa naturóloga me deu uma receita padrão para eu começar a utilizar. Eu estava oito quilos mais gordo, só na região da cintura”“O que antes eu aprendi como se fosse “sustância”, eu coloco como complemento hoje.” E eu não janto mais. Só quandoestouindonumjantardenegócios,ounofinaldesemana,quandoeuvounumachurrascaria, que eu vou também. Mas em dia de semana é raríssimo, no máximo o que eu como é uma sopa. Eu sei que com isso, eu emagreci seis quilos.”“ no dia dia, eu tenho uma alimentação bem mais saudável. A minha esposa prefere salada, legumes... Agora eu realmente não aprecio é uma picanha”“ eu como picanha, gosto muito, mas eu tiro a gordura. Agora, tem pessoas que me falam que eu estou tirando o mais gostoso...”“... fui estudar em São Paulo, morar sozinho, aí acabou, depois 100% da minha alimentação é só em restaurante. A minha geladeira só tem água e gelo.“... Na minha empresa é uma preocupação nossa, e o que estamos tentando fazer nossa geladeira um stand de café da manhã, porque hoje nós não comemos frutas, verduras, leite... Como todo mundo mora sozinho, ninguém consegue manter porque estraga muito rápido. Se você compartilha isso, é melhor.”

“No meu caso como muito intercalado, entre o café e o almoço, e entre o almoço e o jantar. Aprendi isso depois que eufizumadietaquetinhaquecomerdetrêsemtrêshoras.”“ O maior problema eu acho que é uma alimentação baseada em produtos mais naturais. Em casa você vai ao supermercado uma vez a cada quinze dias, enche o carrinho com lasanha da Sadia, e agora, frutas, para eu comprar, eu teria que me deslocar ao supermercado duas, três vezes, no mínimo uma vez por semana.

“Eu não consigo adquirir esse hábito de comprar frutas. A gente vai tentar ver isso para e a empresa, porque muitos são como eu, moram sozinhos e não gostam de ir ao supermercado.”

“ Essa parte de comer de três em três horas eu acho super importante. O tempo é que atrapalha de fazer isso. Eu comecei a buscar coisas mais práticas, barra de cereal, pão integral, coisas mais rápidas...”

“...No almoço a gente come nesses restaurantes que a gente chama de “cincão” ...Hoje a maior parte só almoça e janta, geralmente depois das nove da noite e é nosso maior problema.”“... eu falei que a minha mãe não sabe cozinhar, eu não sei nem fritar ovo. Então, eu como todo dia comida por quilo. Trezentas gramas é o que eu almoço, de manhã um café da manhã, de noite, um chá, um leite com açúcar mascavo e pronto.”“Eusoudotipoquesempregostoudecomerbem;medouessedireitosónofimdesemanaqueeutiroumsoninhodepois do almoço. Dia de semana, durante o trabalho eu procuro comer um pouco menos, normal: um arroz, feijão, uma carne, verdura, uma saladinha bem pouco porque eu não gosto.”“... quando a gente começou aqui na empresa, era “paulera”, almoçava em quinze minutos, revezava, porque nós somos dois sócios (para ter gente na empresa), mas chega uma hora que o próprio organismo não agüenta mais. Apesar de a gente comer bastante pólen, que dá uma energia boa, chega uma hora que o organismo começa a reclamar. ““No almoço eu tenho um padrão, que como a gente é empresário, não consegue seguir tudo direitinho todos os dias, anãoserquevocêsejaumempresárioqueficanoescritório,aívocêtemumageladeirazinha,umfrigobarquevocêpode ter suas coisas.“...chegaumahoraquevocêcomeçaaacharmaisfácilirnoquilo,pegarafila,sentar,comer,pagareirembora.Então você perde ali...

“... são comidas que não dão prazer..., a gente come em fast food, às vezes em casa não tem paciência de fazer comida e a comida não cheira, não te chama... Então você acaba perdendo o hábito.”“Por mim, eu comeria um belo churrasco, torresmo, um belo lombo de porco, pizza..., eu comeria todo dia se eu pudesse. O problema é que em casa quem controla é a minha esposa. Ela tem uma alimentação mais saudável, mas é uma alimentação que não me dá muito prazer de comer.”

“... Na minha infância, até quatorze anos, a minha mãe era do lar, então a gente almoçava junto, mas quando ela começou a trabalhar com o meu pai aí acabou. E aí também cada um chega em um horário... Aí cada um se vira.”

“Eutenhoumfilhoqueporcausadadietaestácomtriglicéridesalto,comtrezeanos.Porquê?Porqueelenãotemo hábito de comer o que eu como. O negócio dele é massa, pão, então eu acho muito importante isto. E eu não soube passar isto para eles, e me arrependo. O meu pai me obrigava, era uma ditadura, mas eu aprendi a gostar de tudo.”

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qUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO - HABITABILIDADE

O local onde reside e onde esta instalada a empresa é o fator mais importante. Leva-se em conta a disponibilidade de infra-estrutura publica e privada da cidade; a saúde econômica; segurança; recursos ambientais, culturais e educacionais; cordialidade das pessoas. Um ambiente com conforto e programas destinados a reunir e conectar as empresas e os trabalhadores qualificados (Mercer’s Quality of Living Survey) - Economist Intelligence Unit (EIU)

“... Eu acho que o nosso país de uma forma geral não tem um aspecto administrativo que se preocupe com a qualidade de vida. Tem um aspecto que eu acho interessante, construíram uma ponte lindíssima lá na marginal pinheiros, E não tinha um só lugar para as pessoas. Decimadapontevocênãotemumavisãolegalquedápravocêtirarumaidéia.Poxa,oscarasfizeramissosemcolocarummirante,sem pensar em colocar um restaurante lá em cima... Não existe essa preocupação com qualidade de vida.”

“...A gente não consegue ter esse padrão, um padrão ao menos digno para se viver bem. Problemas de miséria, de violência, você não temondeserefugiar.Euficomeperguntandosetempraondeeufugir?

“...eu acho a qualidade de vida péssima, não digo em São Paulo, no Brasil todo, o brasileiro praticamente não tem qualidade de vida. Não essa de você poder andar tranquilamente, de poder dormir tranquilamente, de chegar do trabalho, abrir o cadeado tranquilamente semficarcommedoquealguémvaiteassaltar...”

“...como os americanos fazem, eu não sei se alguém teve oportunidade de viajar para lá... É incrível como os caras conseguem fazer as cidades funcionar, você vai para um bairro, a calçada tem passo, eles pensaram no problema das chuvas, é um pedacinho concretado e no meio é grama, lá é tudo arborizado, eu falo, isso que é vida...

“... Os países que conseguiram funcionar para a qualidade de vida coletiva, foram países que passaram por guerras, o Japão, os Estados Unidos,

“... a nossa qualidade de vida é assim, hoje, os valores são outros, então, a gente não tem o valor de curtir a nossa casa”

“... Eu acho a minha qualidade de vida atual péssima porque a gente estava falando de bairro, não dá pra fazer caminhada na rua, tem que fazer caminhada na academia, a academia você chega, tem que pegar senha para fazer esteira, e dependendo da hora talvez nem dê paravocêfazer,entãovocêficaestressadoporqueestápagandoenemsabesevaipoderusufruir

Só que em São Paulo, você não tem nenhuma possibilidade de ter qualidade de vida, no Brasil em Geral; não tem como você ter uma qualidade de vida minimamente aceitável.

“Em SP não há possibilidade de ninguém ter qualidade de vida; seja empresário ou trabalhador... - empresário também é trabalhador (risos).”

“Eu estive em João Pessoa. Lindíssimo o lugar, só que você não encontra teatro, não encontra cinema... Então onde você tem possibilidade de fazer uma coisa, falta outra.”

“Uma cadeira confortável, um ambiente confortável, uma boa iluminação, poder olhar o verde lá fora, quando você olha lá fora e vê um verdinho é totalmente diferente de um ambiente de fábrica. Isso para mim é qualidade de vida.”

“... Minha empresa é legal porque a gente tem toda parte de campo e tem cento e trinta e seis alqueires de campo, é bem grande, às vezes você está aqui e você pode ir lá... Nós dois temos essa qualidade de vida porque nós somos biólogos, mato e abelha. E a gente tem aqui umas bicicletas que usamos para ir ao campo, só quando temos que levar muita coisa é que vamos de carro.”

“Éterumavidadeboaqualidade,nãoseiexatamenteoquesignifica...Agentemuitasvezestemumaqualidadepéssimadevida.Aquantidade de horas que se gasta no trânsito.”.

“... é poder trabalhar, dentro de certo limite, ter folga para depois fazer algo diferente: ir ao teatro, ao cinema, andar de bicicleta... Só que em São Paulo, você não tem nenhuma possibilidade de ter qualidade de vida”

“Sevocêvaiaoteatro,vocêficapreocupadocomocarro,porquesedeixarnarua,vocêéroubado,sepáranofarol,correoriscodeser assaltado e morto.”

“Então onde você tem possibilidade de fazer uma coisa, falta outra. E não há o respeito também”.

“Então a sua produtividade é muito pequena. Sem contar o estresse que este trânsito te causa. Você chega no seu serviço, cansado do trânsito, com medo de assalto..., é muito complicado você ter que conviver com este tipo de ambiente”.

“Eu acho a minha qualidade de vida atual péssima porque a gente estava falando de bairro, não dá pra fazer caminhada na rua, tem que fazer caminhada na academia, a academia você chega, tem que pegar senha para fazer esteira, e dependendo da hora talvez nem dêparavocêfazer,entãovocêficaestressado”

“O brasileiro praticamente não tem qualidade de vida. Não essa de você poder andar tranquilamente, de poder dormir tranquilamente, dechegardotrabalho,abrirocadeadotranquilamentesemficarcommedoquealguémvaiteassaltar...”

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ImPORTÂNCIA DA EXPERIENCIA COm O GRUPO FOCAL

“...querendo ou não, a gente acaba fazendo uma terapia aqui, conheci vários pontos deles que eu não conhecia, que não tinha conversado, você vê o lado mais humano...

“...Você não vai ter que fazer isso mais vezes?

“... Um pouquinho que conversa você acaba melhorando a qualidade da vida da pessoa, só pela troca de experiência...

“... Por essa medida, eu percebo que a gente inverte a importância das coisas...

“O que seria legal para a incubadora, é pegar quem está incubado aqui, ou quem já foi incubado, e fazer um churrasco, vir, conversar, para passar a experiência deles para quem está aqui.

“...a incubadora tem que cumprir o papel dela, mas nada impede de ter uma política humana, da pessoas trocando idéias... Eu acho que a gente deveria ter um pouco essa “perda de tempo” pra trocar idéias, ajudar, esse é o sentimento que deveria estar sempre aqui.

“Sevocêofereceajuda,ooutroficamaisavontade.

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Anexos

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Universidade de São Paulo Faculdade de Ciências Farmacêuticas

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU LEGAL RESPONSÁVEL

1. Nome do Participante:....................................................................................................................

Documento de Identidade Nº :......................................................... Sexo: ( ) M ( ) F

Data de Nascimento:............/............/...........

Endereço:.........................................................................................Nº:....................Apto:....................

Bairro:..............................................................Cidade:..........................................................................

CEP:...................................................Telefone:....................................................................................

II – DADOS SOBRE A PESQUISA

Título do Protocolo de Pesquisa: Empreendedores e hábitos alimentares: comportamento alimentar como fator de qualidade de vida no trabalho

1. Pesquisador: MARA ELAINE DE CASTRO SAMPAIO Cargo/Função: MESTRANDA Inscrição Conselho Regional de Psicologia Nº:20976

Departamento da FCF/USP:.PRONUT

2. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA

Risco Mínimo ( X ) Risco Médio ( ) Risco Baixo ( ) Risco Maior ( )

3. Duração da Pesquisa: seis meses (janeiro 2010)

III – REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, CONSIGNANDO:

Prezado(a) senhor(a), esta pesquisa tem como objetivo identificar a percepção sobre qualidade de vida no trabalho e conhecer os hábitos alimentares de empreendedores – aqui compreendidos como proprietários de empresas. Ela também se propõe a investigar como esses dois fatores (a qualidade de vida no trabalho e os hábitos alimentares dos empreendedores) se correlacionam. Para muitos trabalhadores desse grupo (ou seja, empreendedores e/ou donos de empresas), o esforço de adaptação às atuais exigências do ritmo de trabalho provoca uma grande insatisfação com a sua qualidade de vida. Isto pode trazer problemas graves de saúde – que podem ter relação com a baixa qualidade de alimentação. Hoje em dia são muitas as alternativas de alimentação durante o período de trabalho, como o restaurante da empresa ou vale-refeições. Tais facilidades, no entanto, não necessariamente garantem bons hábitos de alimentação. Para este estudo serão utilizados questionários de autopreenchimento e formados grupos de discussão sobre o tema: comportamento alimentar e qualidade de vida no trabalho. A pesquisa não causará nenhuma espécie de risco à integridade física e moral do participante – e muito menos lhe trará qualquer desconforto. As informações obtidas neste estudo terão utilidade científica e contribuirão para a área de pesquisa em Consumo Alimentar e Qualidade de Vida no Trabalho, sobretudo nos aspectos que dizem respeito ao entendimento dos hábitos alimentares no período de trabalho. Seus resultados servirão para posterior orientação dos empreendedores sobre alimentação saudável e bem-estar no trabalho.

ANEXO 1. Termo de consentimento livre e esclarecido

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IV – ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA

A qualquer tempo o senhor (a) terá acesso às informações sobre procedimentos. Esta é uma pesquisa que se caracteriza por risco mínimo e produzirá benefícios relacionados à orientação e educação nutricional para empreendedores visando contribuir para a qualidade de vida no ambiente de trabalho. A pesquisadora estará disponível a todo tempo para dirimir eventuais dúvidas. A qualquer momento o senhor(a) terá a liberdade de retirar seu consentimento e deixar de participar do estudo. Temos o compromisso de garantir e preservar a confidencialidade, sigilo e privacidade das informações referentes aos dados da pesquisa.

V – INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS RESPONSÁVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E REAÇÕES ADVERSAS.

MARA ELAINE DE CASTRO SAMPAIO: ALAMEDA JAU,605/152 – CEP 01420-000 SÃO PAULO, TELEFONE 11-32886252 ORIENTADORA: ANA CRISTINA LIMONGI-FRANÇA:

VI– CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa.

São Paulo, __________ de ________________________ de ___________.

_________________________________ __________________________________ Assinatura do sujeito de pesquisa Assinatura do pesquisador ou responsável legal (carimbo ou nome legível)

Para qualquer questão, dúvida, esclarecimento ou reclamação sobre aspectos éticos dessa pesquisa, favor entrar em contato com: Comitê de Ética em Pesquisas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo – Av Prof Lineu Prestes, 580 - Bloco 13A – Butantã – São Paulo – CEP 05508-900, Telefone 3091-3677 – e-mail: [email protected]

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ANEXO 2. Comite de ética

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ANEXO 3. questionário de hábitos alimentares - Alvarenga 2001

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