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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA Investigação de fontes alimentares de culicídeos coletados em parques municipais de São Paulo pela técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) Gabriela Cristina de Carvalho Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública para obtenção do título de Mestra em Ciências. Área de Concentração: Epidemiologia. Orientador: Dr. Mauro Toledo Marrelli. São Paulo 2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA

Investigação de fontes alimentares de culicídeos coletados

em parques municipais de São Paulo pela técnica de

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

Gabriela Cristina de Carvalho

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação

em Saúde Pública para

obtenção do título de Mestra

em Ciências.

Área de Concentração:

Epidemiologia.

Orientador: Dr. Mauro

Toledo Marrelli.

São Paulo

2013

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Investigação de fontes alimentares de culicídeos coletados

em parques municipais de São Paulo pela técnica de

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

Gabriela Cristina de Carvalho

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação

em Saúde Pública para

obtenção do título de Mestre

em Ciências.

Área de Concentração:

Epidemiologia.

Orientador: Dr. Mauro

Toledo Marrelli.

São Paulo

2013

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É expressamente proibida a comercialização deste documento tanto na sua

forma impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é

permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na

reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da tese/

dissertação.

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DEDICATÓRIA

A meu namorado e melhor amigo

Leandro Ucela Alves por todo

apoio, carinho, atenção e amor.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por todos os momentos.

Ao Professor Dr. Mauro Toledo Marrelli pela amizade, orientação e confiança.

Aos Doutores Paulo Roberto Urbinatti e Walter Ceretti Junior, pela amizade,

companheirismo e ensinamentos tanto acadêmicos como para a vida, desde a

época da FUNDAP.

Ao Professor Délsio Natal, pelas contribuições no período de exame de

qualificação, bem como pelas excelentes aulas ministradas e a amizade

construída.

A Doutora Rosely dos Santos Malafronte e à Mestre Lícia Natal Fernandes,

pelas fundamentais contribuições para a realização desse trabalho, bem como

a paciência e amizade nascida durante as etapas de bancada no laboratório.

A Doutora Ana Maria Duarte Ribeiro, pelas excelentes contribuições á esse

trabalho, desde o período da qualificação, pré-banca e defesa.

A Doutora Marcia Bicudo de Paula, pelas contribuições dadas á esse trabalho

no período de pré-banca e defesa, além da enorme paciência em me ensinar a

identificar as fêmeas de mosquitos, assim como ao senhor Aristides

Fernandes, o meu muito obrigada!

Agradeço enormemente as contribuições do Doutor Andrey Andrade pelo

auxílio em analisar e discutir meu trabalho, incrementando-o com ideias e

críticas construtivas, assim como a amizade construída.

Aos meus amigos de aulas do departamento de Epidemiologia ingressos em

2011, pela amizade, por alegrar os momentos tensos e difíceis, em especial a

Denise Cristina Sant’Anna, Érika Flauzino, Lilian Dias Orico , Márcia Taiul,

Naiá Ortelan e Silvania Caribé Andrade, pelo companheirismo em todas as

horas e ocasiões.

Aos meus amigos de laboratório, Antônio Ralph Medeiros de Souza, Claudia

Scinachi, Daniel Pagotto Vendrami, Marcio Lage e Marco Marchi, pelas

horas de descontração, pela amizade e alegria constante, pelo auxilio,

compreensão e encorajamento sempre!

As amigas Natasha França e Fernanda Maria Braga de Mello pela amizade

construída, as divertidas histórias de bandejão e de noites do pijama!

As minhas florzinhas do Laboratório de Protozoologia IMT-USP, Karina

Sant´Anna e Lívia Rocha, pela amizade, apoio e auxilio durante as etapas de

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PCR e géis, sem contar nos inúmeros momentos divertidos e legais no

laboratório e fora dele!

A todas as pessoas da equipe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e

da equipe do Depave-03 pela colaboração nas coletas

Ressalto aqui também, meu agradecimento a Doutora Carmen Beatriz Taipe-

Lagos da Costa, que desde a época da graduação sempre me incentivou a

seguir os caminhos da Entomologia Médica, o meu imenso obrigada!

A meus pais Sandra e Wagner, e ao meu irmão Anderson pelo apoio e

presença constante em minha formação profissional e como pessoa.

A minha avó Maria Vitório da Matta, a qual é um dos meus maiores exemplos

de como ser uma grande pessoa, e a quem sempre me apoiou, vibrou e me

ilumina rumo às minhas conquistas.

Ao meu namorado e melhor amigo Leandro Ucela Alves, por sua atenção,

companheirismo, paciência, por sorrir e chorar comigo em todas as etapas,

além do encorajamento sempre!

A Faculdade de Saúde Pública e ao Instituto de Medicina Tropical,

representando todos os professores, alunos e funcionários que conviveram

comigo durante um longo período de tempo.

A CAPES e a FAPESP pela bolsa de pós-graduação e por financiarem os

recursos necessários para a pesquisa.

Enfim, a todos os mencionados ou não, que ajudaram e contribuíram para a

realização desse trabalho, seja de forma a dar ideias, a conversar sobre PCR’s,

ou nos momentos de descontração, aqui fica o meu imenso e sincero muito

obrigada !

Um beijo a todos e obrigada por tudo!

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O Mosquito Escreve

O mosquito pernilongo

trança as pernas, faz um M,

depois treme, treme, treme,

faz um O bastante oblongo,

faz um S.

O mosquito sobe e desce.

Com artes que ninguém vê,

faz um Q,

faz um U, e faz um I.

Este mosquito esquisito

cruza as patas, faz um T.

E aí,

se arredonda e faz outro O,

mais bonito.

Oh!

Já não é analfabeto,

esse inseto,

pois sabe escrever seu nome.

Mas depois vai procurar

alguém que possa picar,

pois escrever cansa,

não é, criança?

E ele está com muita fome.

Cecília Meireles. Poesias Completas. Rio de Janeiro

Editora Nova Aguillar, 1994.

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CARVALHO, G C. Investigação de fontes alimentares de culicídeos

coletados em parques municipais de São Paulo pela técnica de Reação

em Cadeia da Polimerase (PCR). São Paulo, 2013. [Dissertação de Mestrado-

Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo–FSP/USP]

RESUMO

O estudo das fontes alimentares em culicídeos possui evidentes significados ecológicos e epidemiológicos, pois auxilia na identificação de animais possivelmente envolvidos na manutenção de surtos epidêmicos das doenças transmitidas por vetores, oferecendo informações para a indicação de potenciais reservatórios de patógenos. Entre os métodos utilizados para avaliar o possível grau de atração exercido por certas fontes de alimentação em relação às fêmeas de culicídeos, a técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) se destaca como sendo uma das técnicas mais eficientes na detecção de repastos sanguíneos devido à alta sensibilidade e especificidade. O objetivo desse estudo foi descrever o perfil alimentar das fêmeas de culicídeos capturadas nos parques Alfredo Volpi, Anhanguera, Carmo, Chico Mendes, Ibirapuera, Santo Dias e Shangrilá, situados na cidade de São Paulo, investigando possíveis associações entre as espécies de mosquitos e suas respectivas fontes alimentares, analisando assim o comportamento no âmbito alimentar dessas espécies em diferentes localidades da cidade, durante os meses de Fevereiro de 2011 à Fevereiro de 2012. A identificação do repasto sanguíneo foi realizada por meio da técnica de PCR para os seguintes hospedeiros: aves, cães, gatos, humanos, primatas (não humanos) e roedores em 510 fêmeas ingurgitadas distribuídas em 14 espécies capturadas pelas técnicas de aspiração, CDC copa, CDC solo e armadilha de Shannon. Dos vertebrados, apenas o hospedeiro gato não foi encontrado como sendo fonte de repasto, as demais têm sido utilizadas como fontes de alimentação para os culicídeos nos parques estudados. Baseando-se em testes estatísticos não se encontrou nenhuma tendência de associação entre as espécies de culicídeos capturadas ingurgitadas e as fontes utilizadas para repasto, evidenciando assim, padrões aleatórios por parte dos mosquitos em se alimentarem de fontes sanguíneas mais abundantes ou mais fáceis de serem abordadas, reforçando a característica oportunista das fêmeas de culicídeos em busca das suas fontes de alimentação sanguíneas. Sendo de fundamental importância tais informações em contexto epidemiológico, afim de, identificar novos possíveis hospedeiros e reservatórios de patógeneos em cadeias de transmissão de doenças transmitidas por culicídeos.

Palavras-chave: Repasto alimentar, culicídeos, hospedeiros, PCR,

epidemiologia.

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CARVALHO, G C. Investigation of blood meal sources of mosquitoes

collected in Municipal Parks of São Paulo, by Polymerase Chain Reaction

(PCR) technique. São Paulo, 2013. [Dissertação de Mestrado- Faculdade de

Saúde Pública da Universidade de São Paulo–FSP/USP]

ABSTRACT

The study of the blood meal sources in culicids has evident ecological and

epidemiologic meanings, because assists in the identification the possible

animals involved in maintenance of epidemic outbreaks of the vector-borne

diseases, offering information to indicate the potential pathogen reservoirs.

Among the methods used to evaluate the possible degree of attraction

exercised by certain source of meals relative to culicid females, the Polymerase

Chain Reaction (PCR) stands out, because it is a more efficient technique in

blood meals detected, due to the high sensitivity and specificity. The aim of this

study was to describe the food profile of culicid females captured in the Alfredo

Volpi, Anhanguera, Carmo, Chico Mendes, Ibirapuera, Santo Dias and

Shangrilá parks, located in São Paulo city, investigating possible associations

between mosquito species and their blood meal sources, analyzing the feeding

behavior of these species in different localities of city, during the months

February 2011 and February 2012. The identification of blood meals was

realized by PCR technique for the following vertebrate hosts: avian, dogs, cats,

humans, primates (non-human) and rodents in 510 engorged females

distributed in 14 species captured by aspirator technique, cup CDC, soil CDC

and Shannon trap. Of vertebrates, only cats were not found as source of meal,

while the others have been used as blood meals for mosquitoes in the parks.

Based in statistical tests, there was no trend of association between culicid

engorged species captured and sources of meals, thus evidencing random

patterns of mosquitoes to feed on blood meal sources more abundant or easiest

to be addressed, reinforcing the opportunistic characteristic of the mosquito

females in searching blood meals. Being of fundamental importance such

information in epidemiological context, in order to identify new hosts and

pathogen reservoirs in chains of transmission of vector borne diseases.

Descriptors: Blood meals, culicids, hosts, PCR, epidemiology.

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ÍNDICE

1 Introdução 11 1.1 Culicídeos e a urbanização 12 1.1.1 Os parques municipais inseridos na cidade de São Paulo 14 1.2 Culicídeos e a investigação do hábito alimentar 17 1.3 Alimentação e metabolismo das fêmeas adultas de mosquitos 19 1.4 Idade cronológica e idade fisiológica 21 1.5 Determinação da fonte alimentar de insetos hematófagos 21

2 Objetivos 24 2.1 Objetivo Geral 24 2.2 Objetivos Específicos 24

3 Material e Métodos 25 3.1 Local de estudo 25 3.1.1 Caracterização dos parques estudados 27 3.2 Coleta de culicídeos 33 3.2.1 Técnicas de capturas e identificação morfológica dos espécimes 34 3.3 Extração de DNA em fêmeas ingurgitadas 36 3.3.1 Reação em Cadeia da Polimerase 37 3.4 Eletroforese em gel de agarose 39 3.5 Análise estatística 40 3.5.1 Teste de qui-quadrado 40 3.5.2 Análise de Cluster 41

4 Resultados 43 4.1 Parque Alfredo Volpi 44 4.2 Parque Anhanguera 46 4.3 Parque do Carmo 49 4.4 Parque Chico Mendes 51 4.5 Parque Ibirapuera 53 4.6 Parque Santo Dias 56 4.7 Parque Shangrilá 58 4.8 Todos os parques estudados 61

5 Discussão 66

6 Conclusões finais 82

7 Referencias 84

Anexos 98

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Imagem de satélite mostrando os sete fragmentos de área verde 26 Figura 2: Município de São Paulo com a indicação dos setes parques estudado 26 Figura 3: Trilha inserida na Alameda do Parque Alfredo Volpi 27 Figura 4: Área de recreação próxima à administração no Parque Anhanguera 28 Figura 5: Lago represado no Parque do Carmo 29 Figura 6: Trilha em meio à mata no Parque Chico Mendes 30 Figura 7: Alameda central no Parque Ibirapuera 31 Figura 8: Trilha inserida na mata do Parque Santo Dias 32 Figura 9: Vegetação existente no Parque Shangrilá 33 Figura 10: Técnicas utilizadas para captura dos culicídeos 35 Figura 11: Aparência externa do abdome de fêmeas ingurgitadas 36 Figura 12: Esquematização da leitura do Cluster 42 Figura 13: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de captura para o parque Alfredo Volpi

45

Figura 14: Cluster para o Parque Alfredo Volpi 45 Figura 15: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de captura para o parque Anhanguera

46

Figura 16: Cluster para o Parque Anhanguera 47 Figura 17: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de captura para o parque do Carmo

49

Figura 18: Cluster para o Parque do Carmo 50 Figura 19: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de captura para o parque Chico Mendes

51

Figura 20: Cluster para o Parque Chico Mendes 52 Figura 21: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de captura para o parque Ibirapuera

54

Figura 22: Cluster para o Parque Ibirapuera 54 Figura 23: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de captura para o parque Santo Dias

56

Figura 24: Cluster para o Parque Santo Dias 57 Figura 25: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de captura para o parque Shangrilá

58

Figura 26: Cluster para o Parque Shangrilá 59 Figura 27: Contribuição de cada parque e de cada técnica de captura em relação à quantidade de ingurgitadas

61

Figura 28: Distribuição da frequência das espécies de culicídeos durante o período de estudo

62

Figura 29: Distribuição da frequência dos hospedeiros fontes de alimentação durante o período estudado

63

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Ordem específica dos grupos de primers e espécies usadas em identificação do repasto alimentar

38

Tabela 2: Reagentes utilizados na PCR para identificação do repasto alimentar de culicídeos (25 μl).

39

Tabela 3: Valores observados para a coleta de culicídeos (sem a técnica de Armadilha de Shannon) e suas respectivas fontes alimentares investigadas no Parque Anhanguera

48

Tabela 4: Valores observados para a coleta de culicídeos (sem a técnica de Armadilha de Shannon) e suas respectivas fontes alimentares investigadas no Parque Chico Mendes.

53

Tabela 5: Valores observados para a coleta de culicídeos (sem a técnica de Armadilha de Shannon) e suas respectivas fontes alimentares investigadas no Parque Ibirapuera

55

Tabela 6: Valores observados para a coleta de culicídeos (sem a técnica de Armadilha de Shannon) e suas respectivas fontes alimentares investigadas no Parque Santo Dias.

58

Tabela 7: Valores observados para a coleta de culicídeos (sem a técnica de Armadilha de Shannon) e suas respectivas fontes alimentares investigadas no Parque Shangrilá.

60

Tabela 8: Valores observados para a coleta de culicídeos (sem a técnica de Armadilha de Shannon) e suas respectivas fontes alimentares investigadas nos parques estudados

64

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1 INTRODUÇÃO

Até o início do século XIX, os mosquitos foram encarados apenas como

seres desagradáveis. Porém, desde os séculos XVII e XVIII, a sua existência

mereceu atenção por ser comumente encontrada no ambiente humano. A partir

do século XIX foram levantadas as primeiras hipóteses sobre o papel desses

insetos como transmissores de doenças. Assim, o papel epidemiológico dos

culicídeos como vetores biológicos teria sua primeira comprovação com as

observações de Manson, em 1877 na China, quando descobriu o crescimento

e desenvolvimento de vermes nematóides de Wuchereria bancrofti no interior

de mosquitos fêmeas que haviam realizado repasto sanguíneo em seres

humanos infectados, caracterizando assim a filariose bancroftiana, como uma

doença a qual o patógeno é veiculado por mosquitos do gênero Culex. Com

isso, teve-se o nascimento, como ciência, da entomologia médica

(CLEMENTS,1992 ; FORATTINI, 2002).

Os culicídeos são insetos pertencentes à ordem Diptera, sub-ordem

Nematocera, família Culicidae, conhecidos também como mosquitos,

pernilongos, muriçocas ou carapanãs. Os adultos são alados, possuem pernas

e antenas longas, enquanto que as fases imaturas são aquáticas (SOUTO &

PIMENTEL, 2005).

Atualmente, reconhece-se a existência de cerca de 3600 espécies de

mosquitos, as quais se acham distribuídas por aproximadamente 40 gêneros

(SOUTO & PIMENTEL, 2005).

A ampla diversidade desse táxon sugere alta adaptabilidade das

espécies aos diferentes ambientes, desde florestas até áreas urbanizadas.

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Muitos estudos trazem fatores contribuintes ao conhecimento de mosquitos no

Brasil, um exemplo é o de FORATTINI et al. (1986a) que relacionam seus

hábitos com o desmatamento. FALAVIGNA- GUILHERME et al. (2005)

relacionam os hábitos com a formação de açudes para fins de geração de

energia. Há ainda, de acordo com estudos de TADEI et al. (1998), TADEI &

TATCHER (2000), CASTRO et al. (2006), e de VITTOR et al. (2006), relações

entre a forma de utilização do espaço pelo homem e a adaptação dos vetores,

destacando minerações, rodovias e os processos de urbanização.

1.1 Culicídeos e a urbanização

Nos últimos 50 anos, o Brasil apresentou intensas modificações em

relação ao seu estabelecimento de moradia. Como consequência da alta

migração da população de ambientes rurais para aglomerados urbanos houve

alterações no espectro de doenças, tais como a redução de endemias rurais e

o aumento da frequência de agravos das sociedades modernas. Esses

problemas incluem cardiopatias, neoplasias, problemas secundários à poluição,

acidentes e violência, podendo também destacar doenças cujos agentes

etiológicos são veiculados por vetores biológicos (CHAIMOWICZ, 1997).

A crescente urbanização devido à expansão das cidades, geralmente

com sérios problemas de planejamento e saneamento, tem gerado grande

influência sobre a domiciliação de insetos evidenciando o caráter eclético da

maior parte dos artrópodes. Eles podem adaptar-se ao ambiente urbano,

dispersando-se, tornando-se pragas, provocando incômodos ou transmitindo

agentes causadores de doença (TAIPE-LAGOS & NATAL, 2003).

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De acordo com NEVES (2005), o crescimento das áreas urbanas e a

consequente diminuição das áreas de mata preservada fortalecem a

sinantropia de diversas espécies de insetos, inclusive os culicídeos, os quais

são animais de fácil adaptação e de grande variabilidade genética, o que

auxilia na dispersão por diferentes regiões.

As alterações causadas pela ação do homem no ambiente natural tende

a gerar um ecossistema artificial, o qual pode ser enriquecido por novas

introduções, como de animais sinantrópicos, a qual possui grande proximidade

e interação com o homem (URBINATTI et al., 2001).

Destacando as doenças urbanas, tem-se a febre amarela, tendo como

agente o vírus amarílico, que circulava nas cidades até a década de 40 do

último século e refugiou-se na floresta em outros reservatórios. Seu vetor

urbano Aedes aegypti, considerado erradicado na época, voltou a se dispersar

pelas cidades passando a veicular o vírus da dengue a partir dos anos 80,

representando hoje, no Brasil, grande desafio para a Saúde Pública (MONDET

et al., 1996, MONDET, 2001, LOURENÇO-DE-OLIVEIRA et al., 2004). Outra

doença de destaque é a filariose, que traz a Wuchereria bancrofti como seu

agente etiológico, sendo esse verme veiculado pelo mosquito Culex

quinquefasciatus, o qual está associado às águas residuais poluídas por

matéria orgânica, o mesmo é referido como um fator de incômodo à população

das grandes cidades na atualidade, como no caso da cidade de São Paulo

(NATAL et al., 1991, LAPORTA et al., 2006, MORAIS et al., 2006).

Ao se refletir sobre tais situações, fica patente a importância da

Entomologia Médica Urbana. São necessárias, na atualidade, pesquisas sobre

vetores que se concentrem no ambiente urbano e focalizem espécies

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14

relacionadas à transmissão de patógenos. Ainda que possa se contar com

estudos produzidos a respeito de mosquitos exóticos como Aedes aegypti,

Aedes scapularis e Culex quinquefasciatus, pouco se conhece sobre culicídeos

urbanos autóctones no Brasil (TAIPE-LAGOS & NATAL, 2003).

1.1.1 Os parques municipais inseridos na cidade de São Paulo

A cidade de São Paulo tem atualmente a população estimada em 11,2

milhões de habitantes. Ao se considerar os municípios que compõem a Grande

São Paulo, sua população alcança a cifra de 20,5 milhões de habitantes nesta

metrópole (IBGE, 2011).

Em São Paulo há parques municipais que preservam resquícios da

vegetação original, comportam lagos e servem de abrigo para aves e

mamíferos. Esses pontos são visitados continuamente pela população como

ambientes de lazer (MEDEIROS et al., 2013). Estes parques, “ilhas verdes”,

inseridas na metrópole têm condições de manter populações de algumas

espécies de mosquitos e servem de refúgio para espécies exóticas que

infestam as áreas densamente habitadas da malha urbana como o Aedes

aegypti e o Culex quinquefasciatus (NATAL et al., 1991).

Devido à pressão cada vez mais intensa do homem sobre os ambientes

naturais, há um crescente risco de contato com agentes patogênicos

provenientes desses meios. As arboviroses estão entre os agravos que mais

ameaçam as áreas urbanas, como o ocorrido no passado com a febre amarela

urbana e com a dengue no presente (PEREIRA et al., 2001).O vírus do Nilo

Ocidental (VNO) emergiu nos Estados Unidos da América em 1999,

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15

apresentando casos em humanos em áreas densamente povoadas no Estado

de Nova Iorque. A partir daí, dispersou-se por todo o território americano e,

para o norte em direção ao Canadá e ao sul para a América Central (NATAL &

UENO, 2004). Foram registrados surtos da doença por esse vírus em cavalos

na Argentina (MORALES et al., 2006) e na Colômbia (MATTAR et al., 2005),

indicando a possibilidade do vírus se dispersar para o território brasileiro.

A preocupação com arboviroses emergentes e sua circulação em

ambiente antrópico, juntamente com o papel desempenhado por mosquitos na

veiculação destes agentes, justificam o desenvolvimento de estudos sobre a

fauna de culicídeos associada às áreas verdes utilizadas para lazer no interior

da malha urbana. Reforça-se que a Mata Atlântica brasileira, região onde está

inserida a cidade de São Paulo, é incluída entre os 25 “hotspots” do planeta,

locais que devem ser prioritariamente investigados (MYERS et al., 2000).

Apesar dos poucos estudos feitos sobre a fauna de mosquitos da cidade

de São Paulo, trabalhos em áreas periféricas indicam abundância destes em

parques (NATAL et al., 1991).

Estudos feitos no Parque Ecológico do Tietê mostram que a partir de

53.496 exemplares coletados identificou-se 25 espécies, destacando-se Aedes

scapularis, Culex quinquefasciatus e Culex declarator (TAIPE-LAGOS &

NATAL, 2003). Estudos nos contornos urbanos na Serra da Cantareira

identificaram 11 gêneros comportando 21 espécies (MONTES, 2005).

Como a problemática da proliferação do Culex quinquefasciatus nas

águas ricas em material orgânico, como as águas do Rio Pinheiros, há um

sério problema a ser enfrentado por órgãos responsáveis pelo controle (Centro

de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo-CCZ). Muitos estudos investigativos

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estão voltados a essa espécie (NATAL et al., 2004 LAPORTA et al., 2006,

MORAIS et al., 2006,).

Pesquisas da década de 1970 sobre mosquitos Culex na cidade de São

Paulo, coletados em oito pontos que representam áreas distintas do município

constataram, além de Culex quinquefasciatus, as seguintes espécies: Culex

chidesteri, Culex dolosus e Culex bidens (FORATTINI et al., 1973). Atualmente,

de acordo com dados não publicados do CCZ, nas rotinas de vigilância de

culicídeos em vários pontos da cidade, contatou-se a presença de outras

espécies, além dos conhecidos mosquitos urbanos exóticos, sendo

identificadas por esse serviço: Aedes fluviatilis, Aedes scapularis, Culex bidens,

Culex chidesteri, Culex lygrus, Coquillettidia venezuelensis, Anopheles

evansae, Mansonia spp. e Uranotaenia spp. Esses registros de serviços nunca

foram analisados sob o ponto de vista epidemiológico ou ecológico, mas

sugerem que os mosquitos tenham subsistido ao processo de urbanização na

Grande São Paulo.

Segundo o site da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, o

programa “100 Parques para São Paulo”, lançado em 2008, fez um

levantamento das áreas a serem transformadas em parques em diversas

regiões da cidade. A cidade apresentava 34 parques em 2005 (15 milhões de

m² de área protegida municipal), passando para 60 parques em 2009 (24

milhões de m²), sendo a meta chegar em 100 parques por toda a cidade de

São Paulo (50 milhões de m²), com o intuito de preservar a diversidade do

ambiente natural na cidade paulistana (PORTAL DA PREFEITURA DE SÃO

PAULO, 2012).

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1.2 Culicídeos e a investigação do hábito alimentar

Segundo LEITE (2007), uma apropriada interpretação das variáveis

ecológicas relacionadas aos culicídeos desponta como temática de suma

importância na atualidade em função do caráter antropofílico de alguns insetos,

das transformações antrópicas que modificam o ambiente, das grandes

variações climáticas e também em função do papel relevante que o estudo

deste assunto faz presente na elaboração dos Programas Nacionais de Saúde

Pública. Isso ocorre em função de alguns culicídeos serem veiculadores de

agentes patogênicos ao homem que acabam por causar grandes transtornos à

sociedade, gerando epidemias, como as que ocorrem com a dengue, endemias

de malária, filarioses e encefalites. Doenças essas, que vitimam um grande

contingente de pessoas proporcionando prejuízos pessoais e gastos

exorbitantes do ponto de vista de Saúde Pública (FORATTINI, 2002).

Considerando que as doenças podem se espalhar de um continente a

outro e que os culicídeos estão relacionados a essa difusão, evidencia-se a

importância de conhecer seus hábitos e traçar uma relação entre esses

costumes e a transmissão de agentes causadores de zoonoses. Segundo

MARASSÁ et al. (2008) é importante estudar os comportamentos alimentares

de mosquitos, pois suas refeições são parâmetros significantes para a

determinação de suas adaptações, para a avaliação da capacidade vetorial e

para a compreensão do ciclo de transmissão de parasitoses. GARCEZ-REJON

et al. (2010) e LOROSA et al. (2010), concordam com essa visão e a

complementam quando colocam que o conhecimento do hábito alimentar

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possibilita o monitoramento de vetores e o planejamento de estratégias

eficientes no seu controle.

A fonte alimentar dos culicídeos dependerá do ambiente em que se

encontram e da densidade de hospedeiros disponíveis (KELLY, 2001;

FORATTINI, 2002). Mudanças no comportamento alimentar de mosquitos

explicam-se pela pressão de seleção e a tentativa de adaptação para localizar,

discriminar e obter sucesso frente a novos hospedeiros (EDMAN, 2003).

Assim como MARASSÁ (2009a), MURIU et al. (2008) traça um paralelo

entre a alimentação e os parâmetros de adaptações. A escolha da fonte

alimentar pode ser feita de acordo com fatores ambientais, podendo variar com

as exigências nutricionais, densidade de vetores, disponibilidade de

hospedeiros e suas necessidades intrínsecas.

Apesar das variações ambientais negarem padrões, existem

características que podem ser destacadas. Diante de observações científicas

da fauna culicidiana, evidenciou-se que a evolução proporcionou apenas as

fêmeas a hematofagia e que algumas espécies possuem “preferências”

alimentares por determinados hospedeiros. Tal “preferência” inclui ainda

horários de alimentação e pode ser influenciada pelos hábitos dos hospedeiros

vertebrados (GUIMARÃES, 1997).

Desta forma, a identificação do repasto alimentar de insetos

hematófagos fornece informações dos hospedeiros em condições naturais. A

relação antropofílica (porcentagem de repastos realizados em humanos) é um

componente essencial para avaliar a capacidade vetorial, além de fornecer o

conhecimento de outros hospedeiros, os quais podem participar como

reservatórios de determinados patógenos (BOAKEY et al., 1999).

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Sendo assim, o estudo do comportamento do padrão do hábito alimentar

do artrópode pode mostrar a evolução entre a especificidade dos hospedeiros

vertebrados e de seus ectoparasitas, bem como a “escolha” do inseto

hematógafo pelo sangue do hospedeiro, o que influenciará diretamente na

transmissão de patógenos, além de impactos econômicos e na Saúde Pública

(WELLS & STEVENS, 2008).

1.3 Alimentação e metabolismo das fêmeas de mosquitos adultos

As fêmeas de mosquitos se alimentam de sangue pra obterem proteínas

para o desenvolvimento do ovário, porém ressalta-se que ambos os sexos

requerem o néctar vegetal como fonte de energia, sendo este a maior fonte de

alimento para os mosquitos (CLEMENTS, 1992).

O sangue ingerido pelas fêmeas de mosquitos é usado principalmente

para produção dos ovos e há evidências que esta também sirva como fonte

energética. A relação entre o desenvolvimento dos ovos e o sangue se dá

devido à função proteica do sangue. A produção de ovos não é aumentada ou

melhor viabilizada quando há apenas a adição na dieta alimentar de vitaminas,

ácidos nucleicos ou esteróis. Porém, a adição de íons de potássio e sódio pode

levar ao dobro da produção de ovos quando são incluídos na alimentação

(CLEMENTS, 1992).

Estudos indicam a necessidade de pelo menos dez aminoácidos

essenciais na dieta para que ocorra a produção normal de ovos: arginina, L-

isoleucina, leucina, lisina, fenilalanina, treonina, triptofano, valina, histidina e

metionina (CONSOLI & LOURENÇO DE OLIVEIRA, 1994).

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Segundo CLEMENTS (1992), para a espécie Aedes aegypti, o

aminoácido L-isoleucina é um fator limitante para a produção de ovos, quando

o mesmo ingere sangue de certos vertebrados, como de bovinos ou ovelhas,

pois esses hospedeiros apresentam a L-isoleucina em baixa quantidade. Para

outros mosquitos e diferentes hospedeiros vertebrados, existem outros

aminoácidos que podem ser limitantes.

Há indícios de que em algumas espécies de mosquitos o tipo de sangue

ingerido pode influenciar o tamanho da desova (CONSOLI & LOURENÇO DE

OLIVEIRA, 1994).

Muitas espécies de culicídeos se alimentam em mamíferos e aves, mas

pequena parcela regularmente faz seus repastos em répteis, anfíbios e peixes

(CLEMENTS, 1992), sendo que os gradientes de temperatura e/ou a umidade

de extrema importância para determinar o local onde o mosquito irá pousar no

hospedeiro para se alimentar (GILLOTT, 2005).

Em geral, as fêmeas de mosquitos ingerem mais sangue que o próprio

peso, podendo consumir de duas a quatro vezes o peso do próprio corpo, de

acordo com a espécie de mosquito, o que em microlitros representa valores

entre 5-9 µl (GILLOT, 2005).

Na ausência de repasto sanguíneo, geralmente ocorre uma parada no

desenvolvimento do ovaríolo (diapausa ovariana) sendo o crescimento

retomado após o repasto sanguíneo, que funciona como fator estimulante

(CONSOLI & LOURENÇO DE OLIVEIRA, 1994).

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1.4 Idade cronológica e idade fisiológica

Define-se a idade cronológica pelo intervalo de tempo, medido em dias,

vivido pelo inseto. Vários métodos, tais como as medidas de desgaste das asas

ou da escamação do corpo podem ser descritas para avaliação da sobrevida

na natureza. A idade fisiológica das fêmeas é avaliada pela pariedade das

mesmas e pela observação das características das traquéias ovarianas e dos

ovaríolos, onde se é possível observar a idade fisiológica a nível populacional,

constituindo um dado importante na determinação do potencial vetorial de uma

população de mosquitos (CONSOLI & LOURENÇO DE OLIVEIRA, 1994).

Assim, quando existe concordância gonotrófica e um intervalo de tempo

razoavelmente constante entre os repastos sanguíneos e as posturas, pode-se

calcular a idade cronológica aproximada a partir da idade fisiológica (CONSOLI

& LOURENÇO DE OLIVEIRA, 1994).

1.5 Determinação da fonte alimentar de insetos hematófagos

A habilidade para identificar o repasto sanguíneo em artrópodes

hematófagos revolucionou o entendimento da interação hospedeiro-vetor e a

ecologia das doenças infecciosas (KENT et al, 2009).

Existem várias técnicas para identificação do hábito alimentar de insetos,

dentre elas destacam-se: a reação de precipitina, a cristalização da

hemoglobina, as reações de aglutinação, o teste de hemaglutinação passiva e

o método imunohistoquímico de imunofluorescência e a reação da cadeia da

polimerase (PCR) (DEUS, 2011; BOAKEY et al., 1999).

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O teste de reação de precipitina consiste em uma reação direta do

sangue ingerido, suspenso em um diluente, com um antisoro, entretanto, é uma

técnica que oferece diversas limitações, principalmente a baixa sensibilidade e

a necessidade de grandes quantidades de amostras (TEMPELIS, 1975).

O teste imunoenzimático ELISA consiste em um ensaio heterogêneo que

detecta antígenos ou anticorpos através de uma coloração medida em

absorbância por espectrofotômetro (BEIER et a.l,1988). Tal método pode ser

realizado de duas formas: sendo o método direto, mais rápido e permite que

um grande número de amostras sejam processadas (EDRISSIAN et al.,1985) e

o método indireto, mais complexo, requerendo da utilização de um anticorpo

para cada hospedeiro testado (BEIER et al.,1988).

Técnicas moleculares, como a PCR, foram adaptadas à identificação

das possíveis fontes alimentares de insetos vetores, dentre eles, os culicídeos

(KENT & NORRIS, 2005). A PCR que utiliza marcadores de genes

mitocondriais, tais como o gene CYTB que codifica a proteína citocromo b, para

detecção de hábito alimentar de vários vetores tem a vantagem destes estarem

localizados no genoma mitocondrial (que não sofre recombinação), tendo uma

taxa de evolução lenta, além da disponibilidade de sequências completas no

“Genbank” (www.ncbi.nlm.nih.gov/genbank/), que permite uma comparação

extensa entre as espécies (CHOW et al.,1993), apontando, por vezes,

reservatórios não esperados (CHOW et al., 1993; HAOUAS et al., 2007).

Nesse sentido, a identificação de repastos sanguíneos de fêmeas

ingurgitadas pela PCR é eficiente, pois permite que os genes sejam clonados

direta e rapidamente, sem que haja a necessidade da construção de bibliotecas

de DNA. A técnica apresenta vantagens em relação à sua rapidez e

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sensibilidade, pois utiliza poucas horas para sua efetividade e pode detectar

uma única molécula de DNA em uma amostra (WALTER, 2006).

Diante do exposto, justifica-se a realização de estudo da “preferência”

alimentar da fauna urbana de culicídeos associadas às áreas protegidas

utilizadas para lazer na cidade de São Paulo, pois a identificação do sangue

ingerido por vetores hematófagos é importante no estudo da disseminação de

antropozoonoses endêmicas e emergentes. Investigando os aspectos

ecológicos e epidemiológicos de possíveis organismos envolvidos nos ciclos

das doenças transmitidas por patógenos, os quais são carreados por vetores

biológicos.

Salientando-se que os resultados obtidos poderão contribuir para as

possíveis ações de controle e monitoramento em ações epidemiológicas, uma

vez que essa pesquisa pode servir como apoio e referência para futuros

trabalhos nesta linha.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Estudar a fauna Culicidae nos parques: Alfredo Volpi, Anhanguera,

Carmo, Chico Mendes, Ibirapuera, Santo Dias e Shangrilá na cidade de São

Paulo e descrever o comportamento alimentar das espécies de culicídeos

capturadas.

2.2 Objetivos Específicos

Identificar os espécimes de culicídeos coletados;

Detectar o repasto sanguíneo em fêmeas ingurgitadas pela técnica da

PCR;

Investigar se há associação entre as espécies de mosquitos e as fontes

alimentares por meio do teste de qui-quadrado;

Agrupar as espécies de fêmeas ingurgitadas em relação ao repasto

alimentar por meio da ferramenta “cluster”;

Verificar o método de captura de fêmeas ingurgitadas mais eficiente.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Local de estudo

Foram estudados sete parques distribuídos pela cidade de São Paulo.

A seleção dos parques baseou-se em facilidade de acesso á localidade

e nos aspectos de riqueza, diversidade, abundância e dominância das espécies

de culicideos presentes no ambiente (MEDEIROS et al., 2013).

Dessa forma, os parques estudados foram: Anhanguera, Shangrilá,

Santo Dias, Alfredo Volpi, Chico Mendes, Carmo e Ibirapuera.

Tais parques estão inseridos na malha urbana da cidade de São Paulo,

com exceção do Parque Anhanguera, localizado na região rural do município.

Estes parques servem como áreas de lazer, recreação e cultura á população

(Figura 1).

Destaca-se que esses parques estão distribuídos por todas as zonas

regionais da cidade de São Paulo (Figura 2).

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Figura 1: Imagens de satélite mostrando sete fragmentos de área verde (parques) situados na cidade de São Paulo: A = Anhanguera, B = Shangrilá, C = Santo Dias, D = Alfredo Volpi, E = Chico Mendes, F = Carmo e G = Ibirapuera. Fonte: Google Earth™, 2012.

Figura 2: Município de São Paulo com indicações dos sete Parques Municipais referenciados como potenciais pontos de coleta de mosquitos. Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, 2007. (Adaptado).

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3.1.1 Caracterização dos parques estudados

Parque Alfredo Volpi: Ocupa a área de 142,4 km². Foi criado em 02 de

Abril de 1971 (CENTRO DE PESQUISAS DE HISTÓRIA NATURAL-CPNH-,

1985-88) e é um remanescente da área verde de Mata Atlântica em estágio

médio de sucessão, que preservou o capão de mata de gleba. Apresenta

relevo de declividade acentuada formando um pequeno vale, onde existem

pequenos lagos e uma nascente. Toda área é recoberta por denso bosque

implantado e áreas ajardinadas. A fauna existente no parque foi relatada em

110 espécies de vertebrados (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO-

SECRETARIA MUNICIPAL DO VERDE E DO MEIO AMBIENTE, 2007).

Na Figura 3 é possível visualizar um trecho de trilha inserida no parque,

utilizado para caminhadas pela população, local onde foram realizadas

algumas aspirações para o presente trabalho.

Figura 3: Trilha inserida nas alamedas do Parque Alfredo Volpi. Foto: Maria Helena Silva Homem de Mello, 2011.

Parque Anhanguera: Com 9.500 km² de área, situa-se entre os

quilômetros 25 e 29 da Rodovia Anhanguera, tendo como limites os municípios

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de Cajamar e Caieiras. Eucaliptos ocupam 39% da área, plantados pelo Grupo

Abdala para comercialização até 1964 (CPHN, 1985-88). Além de eucaliptos e

Pinus sp., existem espécies nativas da flora em remanescentes de vegetação

ripária, existindo o plano de recomposição que pretende substituir

gradualmente, por espécies autóctones, o eucaliptal. Atualmente, pode-se

observar que espécies nativas formaram um variado sub-bosque sob os

eucaliptos e remanescentes de Mata Atlântica ao longo do curso d’água. O

Parque encontra-se próximo a duas zonas núcleos da Reserva da Biosfera do

Cinturão Verde do Estado de São Paulo, a Serra da Cantareira, distando 5 km,

e a Serra do Japi, distando 20 km. A fauna consiste em 230 espécies de

vertebrados relatadas, das quais 146 são aves. O Parque Anhanguera abriga o

Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (PREFEITURA DO MUNICÍPIO

DE SÃO PAULO- SECRETARIA MUNICIPAL DO VERDE E DO MEIO

AMBIENTE, 2007).

Na Figura 4 é possível observar a área de recreação do parque com

quiosques para uso da comunidade, sendo essa margeada de eucaliptos.

Figura 4: Área de recreação próxima a administração do Parque Anhanguera. Foto: Paulo R. Urbinatti, 2011.

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Parque do Carmo: Inaugurado em setembro de 1976, foi instalado nas

antigas terras desapropriadas da Fazenda do Carmo, ocupando uma área de

2.388,9 km². Na área do Parque as inúmeras nascentes foram represadas,

formando um grande lago, com 15 km² de superfície. Predominam áreas

gramadas, remanescentes de Mata Atlântica e mata ciliar, campos antrópicos e

brejos, sendo que o pequeno vale na porção oeste é ocupado por

reflorestamento de eucaliptos. Sobre a fauna existente no parque foram

relatadas 135 espécies de vertebrados. (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE

SÃO PAULO- SECRETARIA MUNICIPAL DO VERDE E DO MEIO AMBIENTE,

2007).

A Figura 5 mostra parte do lago represado no Parque do Carmo, bem

como o remanescente de mata instalada no parque.

Figura 5: Lago represado no Parque do Carmo, em destaque a vegetação de mata ciliar e trecho de mata, locais onde foram realizadas aspirações. Foto: Paulo R. Urbinatti, 2011.

Parque Chico Mendes: Foi criado em junho de 1989, em área

desapropriada em 1988, na antiga Chácara Figueira-Grande, tendo em vista a

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preservação de uma mata natural remanescente. O Parque possui 61,7 km²,

com topografia acidentada (desnível de 8%), abrigando um vale, um córrego e

um pequeno lago. Um bosque de eucaliptos, maciço de frutíferas e

ornamentais foram plantados pelos antigos proprietários. A área verde ocupa

cerca de 80% do terreno. A fauna foi relatada com 26 espécies de vertebrados,

nas quais 40 são aves (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO-

SECRETARIA MUNICIPAL DO VERDE E DO MEIO AMBIENTE, 2007).

Na Figura 6 pode-se visualizar uma trilha existente no parque em meio a

vegetação.

Figura 6: Trilha em meio a mata no Parque Chico Mendes. Foto: Paulo Roberto Urbinatti, 2011.

Parque Ibirapuera: Teve sua construção iniciada nas primeiras décadas

do século XX, nos campos alagadiços da várzea Santo Amaro.O Parque ocupa

1.584 km², e a área dos quatro lagos interligados corresponde a

aproximadamente 157 km² (CPHN, 1985-88). Apresenta diversos tipos de

vegetação, como bosque de eucaliptos, bosques plantados de espécies nativas

e exóticas, áreas gramadas e jardins. Ressalta-se que o Parque Ibirapuera é o

principal parque da cidade recebendo em média 1 milhão de visitantes por

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mês. Em relação á fauna foram relatadas 183 espécies de vertebrados no

parque (SÃO PAULO, 1998a; PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO-

SECRETARIA MUNICIPAL DO VERDE E DO MEIO AMBIENTE, 2007).

A Figura 7 ilustra uma das alamedas do Parque, local de lazer e de

práticas de esporte para a população.

Figura 7: Alameda central no Parque Ibirapuera. Foto: Paulo R. Urbinatt, 2011.

Parque Santo Dias: Foi implantado em novembro de 1992. Com área de

134 km², abriga remanescentes de mata do cinturão verde ao redor de São

Paulo. A topografia é de acentuada declividade, recoberta por mata, e uma

clareira central, com revestimento de capoeira baixa (área de 17,5 km²). O

Parque faz divisa com conjuntos habitacionais (Cohab), a Industria Superbom,

do Instituto Adventista de Ensino, e um córrego (TAKAHASHI et al., 1993).

Abrigando uma nascente em suas dependências, no Parque foram relatadas

84 espécies de vertebrados, dentre as quais 75 são aves (PREFEITURA DO

MUNICÍPIO DE SÃO PAULO- SECRETARIA MUNICIPAL DO VERDE E DO

MEIO AMBIENTE, 2007).

A Figura 8 ilustra a vegetação inserida no parque.

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Figura 8: Trilha inserida na mata existente no Parque Santo Dias. Foto: Paulo R. Urbinatti, 2011.

Parque Shangrilá: Implantado próximo a Represa Billings, o Parque fica

dentro da Área de Proteção Ambiental Bororé-Colônia. Objetivando preservar o

patrimônio ambiental da cidade a partir da aquisição de áreas verdes potenciais

e estratégicas, implantando um sistema de gestão adequado, preservando e

enriquecendo a biodiversidade da cidade e protegendo a represa, dentro da

Operação Defesa das Águas. A fauna é bastante heterogênea, composta de

109 espécies, distribuídas entre invertebrados (mosquitos, borboletas e

aranha), anuros e répteis, marsupiais e primatas e 90 espécies de aves. A

vegetação é composta por áreas ajardinadas e eucaliptal com sub-bosque

onde foi realizado plantio de mudas de árvores (PREFEITURA DO MUNICÍPIO

DE SÃO PAULO- SECRETARIA MUNICIPAL DO VERDE E DO MEIO

AMBIENTE, 2007).

Na Figura 9 se visualiza uma parte da mata existente no Parque.

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Figura 9: Vegetação existente no Parque Shangrilá (local onde foram realizadas as aspirações). Foto: Paulo R. Urbinatti, 2011.

3.2 Coleta dos culicídeos

O período estudado compreendeu coletas mensais entre Fevereiro de

2011 à Fevereiro de 2012, realizando-se 13 coletas em cada parque.

Para a realização das coletas, foi feita uma parceria entre os

pesquisadores do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde

Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), a equipe do Departamento

de Parque e Áreas Verdes-3 da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da

cidade de São Paulo (DEPAVE-3) e o Laboratório de Fauna Sinantrópica do

Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura do Município de São Paulo

(CCZ- PMSP). Este apoio técnico do DEPAVE-3 e CCZ facilitou o trabalho de

campo, como o acesso aos parques, permitindo a coleta do material biológico.

Todos os culicídeos obtidos nas coletas foram acondicionados

adequadamente, em caixas entomológicas com sílica para o transporte até o

laboratório para identificação.

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3.2.1 Técnicas de capturas e identificação morfológica dos

espécimes coletados

Mosquitos adultos foram capturados no interior dos parques, mediante o

uso de aspiradores, armadilhas automáticas do tipo CDC e armadilhas de

Shannon (BUSTAMANTE & PIRES 1951, GOMES et al., 1985), como mostra a

Figura 10.

Os culicídeos foram coletados com o auxílio de aspiradores movidos a

baterias (12 V), à luz do dia em áreas de vegetação, as quais servem de abrigo

às fêmeas de mosquitos que estão em repouso após a realização da

hematofagia (FORATTINI, 2002), perfazendo um total de três aspirações

distribuídas nos períodos matutino e vespertino, como descrito por NASCI

(1981).

As armadilhas do tipo CDC com luz, acrescidas de gelo seco como

atrativo, foram instaladas nos ecótopos: área construída, área aberta e área

com cobertura arbórea, sendo instaladas tanto em copas das árvores quanto

no solo (altura de 1 metro), compreendendo seis armadilhas instaladas. Essas

armadilhas foram acionadas no início do crepúsculo vespertino e mantidas por

três horas.

Simultaneamente à operação das armadilhas CDC, foi instalada, em

local definido, uma armadilha de Shannon com luz de lampião a gás e com três

indivíduos coletores, iniciando a captura no horário do crepúsculo vespertino e

mais duas horas pós-crepusculares. Os coletores, munidos de aspiradores

elétricos manuais (6 V) ou tubos mortíferos contendo clorofórmio, efetuaram a

captura nas superfícies da armadilha.

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Figura 10: Técnicas utilizadas para a captura de culicídeos. A: CDC luminosa na copa; B: CDC luminosa no solo, C: Aspiração e D: Armadilha de Shannon. Foto: Paulo R. Urbinatti, 2011.

A identificação e catalogação de espécies de mosquitos foram feitas no

Laboratório de Culicidologia da FSP-USP. A identificação morfológica foi feita

em microscopia esteroscópica realizada segundo FORATTINI (2002) e

CONSOLI & LOURENÇO-DE-OLIVEIRA (1994).

As espécies nesse presente trabalho identificadas como Culex (Cux.)

spp., na realidade tratam-se de espécies que formam o complexo críptico da

subespécie Culex, não sendo possível a identificação à nível de espécie

apenas com a fêmea ingurgitada.

Todas as fêmeas que continham em seu abdome vestígio parcial ou

completo de sangue, o que denotava ter realizado repasto sanguíneo, foram

identificadas com no prazo máximo de 24 horas após coleta e colocadas em

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álcool isopropílico (C3H8O), tendo suas respectivas identificações anotadas em

microtubos e banco de dados.

Sendo estabelecido o tempo, em horas, do repasto sanguíneo das

ingurgitadas por meio da quantidade de sangue contida no abdome de cada

fêmea, padronizado segundo CHRISTOPHERS (1911) (Figura 11).

Figura 11: Aparência externa do abdome de fêmea de

mosquito mostrando os diferentes estádios de desenvolvimento

dos ovos.

Fonte: Christophers, 1911.

3.3 Extração de DNA em fêmeas ingurgitada e identificação do repasto

sanguíneo

A extração do DNA genômico foi realizada com o Kit “DNeasy Blood and

Tissue Handbook” (Quiagen©), utilizando o protocolo de Purificação de DNA de

sangue ou fluídos corpóreos (Spin Protocol), seguindo recomendações do

fabricante.

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Ressalta-se que a extração foi realizada individualmente para cada

espécime de mosquito coletado, tendo no final da extração 25 μl de solução

(Buffer solution) contendo DNA diluído.

As fêmeas ingurgitadas foram processadas para determinação do

repasto sanguíneo pela técnica de PCR no Laboratório de Protozoologia do

Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP).

3.3.1 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

Para a escolha dos primers a serem utilizados no presente trabalho, foi

realizada uma pesquisa sobre a fauna de vertebrados existente em cada

parque estudado. Dessa forma a investigação para o repasto sanguíneo dos

mosquitos abrangeu os seguintes grupos de animais: aves, cão, gato, humano,

primatas e roedores (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO-

SECRETARIA MUNICIPAL DO VERDE E DO MEIO AMBIENTE, 2007).

O diagnóstico do repasto alimentar foi realizado utilizando a técnica de

PCR com primers especifícos para cada espécie estudada, os quais

amplificaram o gene CYTB (CHANG et al., 2008). Dessa forma, foi possível a

determinação de repastos sanguíneos realizados pelo mesmo mosquito em

diferentes hospedeiros.

Para a validação da amplificação do material gênico provindo do repasto

sanguíneo do mosquito, foi utilizado em cada reação um controle positivo

extraído do sangue do hospedeiro a ser investigado e um controle branco (com

água ao invés do DNA) para eliminar o viés de contaminação de reagentes.

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A Tabela 1 descreve as sequências específicas utilizadas nos primers

utilizados bem como a temperatura de hibridação envolvida e o tamanho da

amplificação do produto (pb) (CHANG et al., 2008).

Os reagentes necessários para a mistura de PCR (mix) podem ser vistos

na Tabela 2.

Os parâmetros para o termociclador (Mastercycler Gradient, Eppendorf®)

consistem nas seguintes etapas: as reações iniciaram-se com uma

desnaturação inicial de 94ºC por 02 minutos; seguidas por 35 ciclos (exceto

para a investigação de repasto em aves, que foram utilizados 30 ciclos)

constituídos de desnaturação a 94ºC por 30 seg, hibridação a 60-74ºC por 30

seg (variando de acordo com cada primer, como descritos na Tabela 1) e

extensão a 72ºC por 30 seg; seguido de extensão final a 72ºC por 10 min.

Tabela 1: Ordem específica dos grupos de primers e espécies usadas em identificação do repasto alimentar

Animal

testado

Sequência do primer

(5’ – 3’)

Temp. de

hibridação

(ºC)

Produto da

amplificação

(pb)

AVE F: CAAATATCNTTCTGAGGNGCYAC

R: GGGTGTTCDACDGGTTGGCTNCC 64 508

CÃO F: GAACTAGGTCAGCCCGGTACTT

R: CGGAGCACCAATTATTAACGGC 67 153

GATO F: TTCTCAGGATATACCCTTGACA

R: GAAAGAGCCCATTGAGGAAATC 72 180

HUMANO F: TTCGGCGCATGAGCTGGAGTCC

R: TATGCGGGGAAACGCCATATCG 70 228

PRIMATA F: AGTTGCYCACATYACCCG

R: GTRTARTAGGGRTGRAATC 72 480

ROEDOR F: CGGCCACCCAGAAGTGTACATC

R: GGCTCGGGTGTCTACATCTAGG 60 196

Fonte: CHANG et al., 2008 (adaptado).

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39

Tabela 2: Reagentes utilizados na PCR para identificação do repasto alimentar de culicídeos (25 μl).

Reagentes Quantidade (μl)

Água de injeção (estéril) 13,8

Tampão (Buffer) 10X 2,5

Cloreto de Magnésio (MgCl) à 50Mm 1,5

Dntp’s à 10mM 0,5

Iniciador (Primer foward) à 10mM 0,75

Iniciador (Primer reverse) à 10mM 0,75

Platinum Taq DNA polimerase (Invitrogen) 0,2

DNA 5

Fonte: CHANG et al., 2008 (adaptado).

Salienta-se a modificação do primer de primatas, o qual foi desenhado

para primatas do novo mundo (sequência essa descrita na Tabela 1),

substituindo a sequência de primers para primatas do velho mundo

desenhadas por CHANG et al., (2008).

Após o termino da reação de PCR, os produtos foram armazenados em

freezer -20ºC, até a sua visualização por meio de eletroforese em gel de

agarose.

3.4 Eletroforese em gel de agarose

O produto da PCR foi submetido a eletroforese em gel de agarose a 2%

preparado com tampão Tris-Borato-EDTA (TBE). O gel foi coberto com tampão

TBE e corado em brometo de etídeo. Utilizou-se de 2µl de tampão carregador

de amostra (glicerina e azul de bromofenol) para cada amostra a ser analisada.

Pipetou-se 10µl de amplicon em cada poço do gel. Utilizou-se o marcador de

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40

massa molecular 100 pb DNA Ladder (Invitrogen) e intensidade de corrente de

124 mA e tensão de 6v/cm.

Os géis foram visualizados utilizando o transiluminador em fonte de luz

ultravioleta de 302 nm. A captura da imagem foi realizada com o programa

“Alpha Imager”. As amostras que apresentaram os produtos de amplificação

mencionados na Tabela 1 foram consideradas positivas para a presença de

sangue dos respectivos hospedeiros animais.

3.5. Análise estatística

A busca por associação entre os culicídeos e a fonte alimentar foi

realizada pelos métodos de qui-quadrado (Item 3.5.1) e pela análise de cluster

(Item 3.5.2).

3.5.1 Teste Qui-quadrado (teste associativo)

Foi realizado o teste de qui-quadrado para os parques, de forma

individual e coletivamente, a nível de significância de α de 0,05, um teste não

paramétrico para dados qualitativos, sendo aplicável para análise de pequenas

amostras (n<30) onde se considerou as hipóteses: H0, como não havendo uma

“predileção” por sangue de determinado hospedeiro pelas as espécies de

mosquitos, sendo de caráter aleatório e H1; como havendo uma associação

entre determinada espécie de mosquito e sua fonte alimentar (FONSECA &

MARTINS, 2011; MARASSÁ, 2009a), utilizando-se das ferramentas do

programa EXCEL 2010.

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41

Esse teste preconiza que para uma associação melhor fundamentada

entre suas variáveis, o ideal é que os valores inferior a 5 não totalizem menos

que 20% das caselas na tabela dos valores esperados. Ressalta-se que para

nossa análise isso não foi possível, devido que nosso n amostral não foi o

mesmo para todas as espécies coletadas (FONSECA & MARTINS, 2011).

Porém, o cálculo foi realizado para a maioria dos parques, mesmo com tais

limitações, para averiguar alguma tendência entre fonte alimentar e

determinada espécie de culicídeo.

3.5.2 Análise de Cluster

A análise de cluster foi realizada para cada parque afim de, constituir

grupos em que os elementos sejam os mais próximos entre si e entre os mais

distantes entre si, utilizando-se do programa estatístico PAST (Palaeontological

Statistics) na versão 2011, um programa de download gratuito na internet,

fornecido por HAPPER et. al (2012).

A leitura do cluster é dada de forma agrupada, sendo que na árvore

onde se encontra as fontes alimentares se tem o valor atribuído de quantas

vezes tal hospedeiro foi tido como fonte de alimentação por determinado

mosquito.

Na árvore inferior onde se há o agrupamento entre as espécies de

mosquitos, as espécies que formam o mesmo clado estão agrupadas pois

tiveram as mesmas fontes alimentares, as espécies que estão mais distantes

na árvore tiveram apenas um hospedeiro em comum ou uma fonte alimentar

diferente dos demais culicídeos (HAPPER et al., 2001).

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42

Uma maneira ilustrativa de como compreender a leitura dos clusters é

mostrada na Figura 12.

Figura 12: Esquematização de como se é realizada a leitura dos clusters.

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43

4 RESULTADOS

Os resultados da padronização do repasto alimentar dos culicídeos

capturados nos sete parques estudados compreendeu o total de 510 fêmeas

ingurgitadas de 17106 mosquitos capturados durante o estudo. Foi possível a

detecção do repasto alimentar em 447 das amostras processadas, tendo como

amostras de repasto misto (dois ou mais hospedeiros na mesma fêmea

ingurgitada) em 109 fêmeas, salientando-se que os repastos mistos variaram

entre humanos, aves, roedores e cães.

Do total de amostras processadas, 63 foram dados inconclusivos, não

havendo amplificação alguma do material genético para as fontes alimentares

estudadas, tal indicativo pode ser interpretado pelo fato das fêmeas

ingurgitadas terem sido colocadas no álcool com o tempo superior à 24 horas,

ou na realidade, o vestígio de sangue, proveio de outra fonte alimentar que não

foi abrangida nessa pesquisa.

Ressalta-se que o vertebrado “gato”, foi excluído das análises de cluster,

pois não houve nenhum resultado positivo nas amostras processadas.

Para a análise do qui-quadrado, as amostras que foram positivas,

provindas de coletas pela armadilha de Shannon, foram retiradas da análise,

na tentativa de se eliminar o viés existente de que o sangue humano

identificado não seja o sangue dos próprios capturadores durante a coleta.

Por considerar a abordagem de cluster de maneira descritiva, aqui foram

considerados os resultados positivos provindos da captura da armadilha de

Shannon.

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44

A apresentação dos resultados obtidos se encontra de forma separada

por parque e depois uma análise geral, a qual une todos os parques como

sendo um “ecótopo” único, com o intuito de se analisar as áreas de inserção de

vegetação em meio à cidade de São Paulo e a influência sobre a dinâmica dos

mosquitos e os respectivos repastos alimentares.

Ao se desconsiderar as características intrínsecas de cada parque,

salienta-se que tanto o Parque Anhanguera quanto o Parque Shangrilá,

obtiveram maiores valores em relação à variedade de fontes para repastos e

em número de fêmeas ingurgitadas por se tratarem de ambientes mais

diferenciados em questão de vegetações e presença da represa (no caso do

Shangrilá). Podendo ser locais que apresentam melhores adaptações para a

instalação e manutenção da biologia dos culicídeos, sendo áreas que

apresentam certo potencial de disponibilidade de fontes alimentares.

4.1 Parque Alfredo Volpi.

No Parque Alfredo Volpi, foram coletadas nove fêmeas ingurgitadas de

um total de 1151 mosquitos coletados. A eficiência de cada técnica de captura

utilizada pode ser vista na Figura 13.

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45

Figura 13: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de armadilha utilizada no Parque Alfredo Volpi.

É visível que a maior parte das fêmeas ingurgitadas capturadas no

Parque Alfredo Volpi foram coletadas pela técnica de Shannon, representando

90% da coleta.

Foram capturadas duas espécies de culicídeos, sendo essas distribuídas

em dois gêneros. As espécies ingurgitadas, bem como o hospedeiro utilizado

para o repasto sanguíneo são observadas na Figura 14.

Figura 14: Cluster para o Parque Alfredo Volpi, agrupando as duas espécies de culicídeos e os dois hospedeiros que foram detectados como fonte para o repasto sanguíneo.

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Aedes fluviatilis e Culex (Mel.) seção Melanoconion tiveram o humano

como fonte de alimentação, sendo que um espécime de Ae. fluviatilis realizou

repasto em cão.

Para as amostras coletadas no Parque Alfredo Volpi não foi detectado

repastos mistos e nenhum dado foi inconclusivo.

Como o número de ingurgitadas capturadas no Parque Alfredo Volpi foi

pequeno durante o período estudado e a técnica de captura mais efetiva para a

coleta foi à armadilha de Shannon, para esse parque não foi calculado valores

de qui-quadrado, de forma a não superestimar os valores reais encontrados.

4.2 Parque Anhanguera

No Parque Anhanguera foram capturadas 144 fêmeas ingurgitadas do

total de 3631 mosquitos capturados. A eficiência de cada técnica de captura

utilizada pode ser vista na Figura 15.

Figura 15: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de armadilha utilizada no Parque Anhanguera.

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É visível que a maior parte das fêmeas ingurgitadas capturadas no

Parque Anhanguera foram coletadas pela técnica de aspiração, sendo essas

capturadas em repouso no ambiente.

Foram capturadas oito espécies, distribuídas em três gêneros, de

mosquitos ingurgitadas durante o período de estudo. As espécies de

mosquitos, bem como seus hospedeiros utilizados para o repasto, podem ser

observados na Figura 16.

Figura 16: Cluster para o Parque Anhanguera, agrupando as oito espécies de culicídeos e os cinco hospedeiros que foram detectados como fonte para o repasto sanguíneo.

Dentre tais espécies, destacamos que apenas o Aedes albopictus não

se alimentou de sangue humano. Nota-se que o comportamento tanto do Culex

nigripalpus quanto do Culex quinquefasciatus tiveram o mesmo padrão,

alimentando-se de humanos, cães, aves e roedores.

Os primatas serviram como fonte alimentar para as espécies de Culex

(Cux.) spp. e de Psorophora ferox, no parque em questão, pois foram coletados

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próximos ao Centro de Reabilitação de Animal Selvagem (CRAS), no qual

existem macacos bugios (Alouatta alouatta) em recintos de reabilitação.

O hospedeiro humano serviu como fonte alimentar para praticamente

todas as espécies de mosquitos, sendo fonte alimentar exclusiva das espécies

Aedes scapularis e Culex (Cux.) gp. Coronator.

Entre as 144 fêmeas ingurgitadas, foram identificados 215 repastos

sanguíneos, dos quais 69 repastos foram mistos variando entre humanos e

roedores, humanos e cães e humanos e aves, não tendo dados inconclusivos.

Objetivando encontrar a associação entre a espécie de mosquito e sua

fonte alimentar, o uso do qui-quadrado pode ser analisado na Tabela 3.

Tabela 3: Valores observados para a coleta de culicídeos (sem a técnica de Armadilha de Shannon) e suas respectivas fontes alimentares investigadas no Parque Anhanguera.

Espécies AVE CÃO HUMANO ROEDORES PRIMATAS TOTAL

Ae. albopictus 0 1 0 0 0 1

Ae. scapularis 0 0 3 0 0 3

Ae. serratus 1 0 1 0 0 2

Cx. nigripalpus 17 15 44 11 0 87

Cx. (Cux.) spp. 5 4 26 10 4 49

Cx. quinquefasciatus 2 12 45 3 0 62

Ps. ferox 0 2 4 0 1 7

TOTAL 25 34 123 24 5 211

O qui-quadrado para as amostras capturadas no Parque Anhanguera,

teve o resultado de p=0,07875. Ao se considerar a representação de α=0,05,

podemos inferir que há aleatoriedade em relação à oferta de repasto sanguíneo

e o culicídeo ingurgitado capturado.

Como os valores de repastos em primatas foram inferiores ao número de

repastos realizados em outras fontes alimentares, e essa fonte alimentar foi

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exclusiva do Parque Anhanguera, realizou-se um qui-quadrado, excluindo o

hospedeiro primata, assim como as espécies de culicídeos, as quais tiveram

apenas um espécime capturado, afim de, encontrar algum padrão associativo

entre as espécies de mosquitos e as outras fontes alimentares. Porém

novamente não se teve nenhum padrão associativo entre os parâmetros, sendo

que o valor de p encontrado foi de 0,17871, demonstrando novamente

aleatoriedade entre mosquito e fonte de alimento (baseado em α=0,05).

4.3 Parque do Carmo

No Parque do Carmo foram capturadas 12 fêmeas ingurgitadas do total

de 837 mosquitos coletados. A eficiência de cada técnica de captura utilizada

pode ser vista na Figura 17.

Figura 17: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de armadilha utilizada no Parque do Carmo.

Assim como no Parque Alfredo Volpi, o Parque do Carmo teve a maioria

das fêmeas capturadas pela técnica de armadilha de Shannon, representando

75% das amostras coletadas.

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Foram capturadas durante o período de coletas quatro espécies,

representadas em três gêneros. A relação entre as espécies de mosquitos

fêmeas ingurgitadas e os hospedeiros, fonte do repasto sanguíneo, está

representado na Figura 18.

Figura 18: Cluster para o Parque do Carmo, agrupando as quatro espécies de culicídeos e os três hospedeiros que foram detectados como fonte para o repasto sanguíneo.

Como nos parques acima mencionados, no Parque do Carmo também é

visível à presença de sangue humano no repasto sanguíneo por parte das

espécies de culicídeos.

Culex quinquefasciatus foi a única espécie capturada tendo sua fonte

alimentar realizada em humanos somente, as demais espécies, como o Culex

(Cux.) spp. e Coquillettidia venezuelensis, foram evidenciadas de se

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alimentarem de humanos e cães. A espécie Aedes scapularis, dentre os dados

obtidos, foi à espécie com o comportamento mais eclético, realizando repastos

em humanos, cães e aves.

Das 12 espécimes de culicídeos capturadas no Parque do Carmo, não

foi detectado nenhum repasto misto, e nenhum dado inconclusivo.

Como o número de ingurgitadas capturadas no Parque do Carmo, assim

como o do Parque Alfredo Volpi, foi pequeno durante o período estudado e a

técnica de captura mais efetiva para a coleta foi à armadilha de Shannon, para

esse parque não foi calculado valores de qui-quadrado, de forma a não

superestimar os valores reais que encontramos.

4.4 Parque Chico Mendes

No Parque Chico Mendes foram capturadas 42 fêmeas ingurgitadas de

4416 mosquitos coletados. A eficiência de cada técnica de captura pode ser

vista na Figura 19.

Figura 19: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de armadilha utilizada no Parque Chico Mendes.

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É notável que no Parque Chico Mendes as armadilhas de Shannon e

aspiração tiveram quase a mesma eficiência em capturar as ingurgitadas (45%

e 50% respectivamente), tendo também a participação das CDC tanto de copa

quanto de solo nas capturas.

Um total de cinco espécies, distribuídas em três gêneros, foram

coletadas no Parque Chico Mendes. A relação entre a espécie de culicídeo

capturada e o seu referente hospedeiro pode ser vista na Figura 20.

Figura 20: Cluster para o Parque Chico Mendes, agrupando as cinco espécies de culicídeos e os três hospedeiros que foram detectados como fonte para o repasto sanguíneo.

Aedes scapularis e Culex quinquefasciatus tiveram comportamento

alimentar semelhantes, se alimentando de humanos e cães. Culex (Cux.) spp.,

foi a espécie que teve os hábitos alimentares mais ecléticos, fazendo repastos

em três hospedeiros diferentes, humanos, cães e roedores. Duas espécies

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coletadas fizeram o repasto em apenas um hospedeiro sendo o Anopheles

strodei em cães e o Aedes fluviatilis em humanos.

Dos 42 espécimes capturados, foi detectado 37 repastos alimentares,

tendo quatro repasto mistos (entre humanos e cães) e seis dados

inconclusivos.

Objetivando encontrar a associação entre a espécie de mosquito e sua

fonte alimentar, o uso do qui-quadrado pode ser analisado na Tabela 4.

Tabela 4: Valores observados para a coleta de culicídeos (sem a técnica de Armadilha de Shannon) e suas respectivas fontes alimentares investigadas no Parque Chico Mendes.

Espécies CÃO HUMANO TOTAL

Ae. scapularis 1 9 10

Cx. (Cux.) spp. 2 8 10

Cx. quinquefasciatus 1 2 3

TOTAL 4 19 23

O teste de qui-quadrado para as amostras capturadas no Parque Chico

Mendes, teve o resultado de p=0,987413. Ao se considerar a representação de

α=0,05, podemos inferir que há aleatoriedade em relação à oferta de repasto

sanguíneo e o culicídeo ingurgitado capturado.

4.5 Parque Ibirapuera

No Parque Ibirapuera foram capturadas 39 fêmeas ingurgitadas de 552

mosquitos coletados. A eficiência de cada técnica de captura utilizada pode ser

vista na Figura 21.

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Figura 21: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de armadilha utilizada no Parque Ibirapuera.

Assim como no parque Anhanguera, o Parque Ibirapuera teve sua

maioria das fêmeas ingurgitadas capturadas pela técnica de aspiração

(perfazendo 72% das coletas).

Foram capturadas sete espécies, distribuídas em dois gêneros no

Parque Ibirapuera. A relação entre a espécie de culicídeo capturada e o seu

referente hospedeiro pode ser vista na Figura 22

Figura 22: Cluster para o Parque Ibirapuera, agrupando as sete espécies de culicídeos e os quatro hospedeiros que foram detectados como fonte para o repasto sanguíneo.

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Culex (Cux.) spp. foi a espécie que teve o padrão mais eclético em

relação ao seus repastos, se alimentando dos 4 hospedeiros encontrados,

humanos, cães, aves e roedores. As espécies Culex quinquefasciatus, Aedes

scapularis e Culex nigripalpus tiveram as mesmas fontes de alimentação sendo

elas: cães, aves e humano e as espécies Aedes scapularis, Aedes albopictus e

Culex chidesteri, tiveram apenas o humano como fonte alimentar.

Entre os 39 espécimes capturados, foi possível a detecção de 49

repastos alimentares, sendo assim, 10 repastos mistos (entre humanos e cães,

humanos e aves e humanos e roedores) e nenhum dado inconclusivo.

Assim como feito no Parque Anhanguera e Chico Mendes, o emprego do

qui-quadrado para o Parque Ibirapuera pode ser observado na Tabela 5.

Tabela 5: Valores observados para a coleta de culicídeos (sem a técnica de Armadilha de Shannon) e suas respectivas fontes alimentares investigadas no Parque Ibirapuera.

Espécies AVE CÃO HUMANO ROEDORES TOTAL

Ae. albopictus 0 0 1 0 1

Ae. fluviatils 1 0 5 0 6

Ae. scapularis 0 0 2 0 2

Cx. nigripalpus 1 1 6 0 8

Cx. (Cux.) spp. 2 2 12 2 18

Cx. quinquefasciatus 1 3 4 0 8

Cx. chidesteri 0 0 1 0 1

TOTAL 5 6 31 2 44

O qui-quadradro para as amostras capturadas no Parque Ibirapuera teve

o resultado de p=0,999582. Ao se considerar a representação de α=0,05,

podemos inferir há aleatoriedade em relação à oferta de repasto sanguíneo e o

culicídeo ingurgitado coletado.

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4.6 Parque Santo Dias

No Parque Santo Dias foram capturadas 23 fêmeas ingurgitadas do total

de 1563 mosquitos coletados. A eficiência de cada técnica de captura utilizada

pode ser vista na Figura 23.

Figura 23: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de armadilha utilizada no Parque Santo Dias.

Assim como nos Parques Anhanguera e Ibirapuera, a captura realizada

com aspiradores foi maior no Parque Santo Dias, com 74% dos espécimes

capturados no parque. Evidencia-se também a captura feita por CDC copa

registrando 13% da coleta.

No Parque Santo Dias foram capturadas quatro espécies de culicídeos,

distribuídas em dois gêneros. A relação entre a espécie de culícideo capturada

e o seu referente hospedeiro pode ser vista na Figura 24.

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Figura 24: Cluster para o Parque Santo Dias, agrupando as quatro espécies de culicídeos e os dois hospedeiros que foram detectados como fonte para o repasto sanguíneo.

Apenas duas fontes alimentares foram detectadas no Parque Santo

Dias, humanos e aves. Culex nigripalpus e Aedes scapularis realizaram seus

repastos em humanos somente, sendo que Culex (Cux.) spp. e Culex

quinquefasciatus, tiveram dois hospedeiros como fonte de alimentação:

humanos e aves.

Dos 23 espécimes coletados, conseguiu-se a identificação de 19

repastos alimentares, tendo quatro dados inconclusivos e dois repastos mistos

(entre humanos e aves).

O emprego do qui-quadrado para os valores amostrais obtidos no

Parque Santo Dias, pode ser visualizado na Tabela 6.

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Tabela 6: Valores observados para a coleta de culicídeos (sem a técnica de Armadilha de Shannon) e suas respectivas fontes alimentares investigadas no Parque Santo Dias.

Espécies AVE HUMANO TOTAL

Ae. scapularis 0 3 3

Cx. (Cux.) spp. 1 11 12

Cx. nigripalpus 0 1 1

Cx. quinquefasciatus 1 2 3

TOTAL 2 17 19

O qui-quadrado para as amostras capturadas no Parque Santo Dias,

teve o resultado de p=0,974672. Ao se considerar a representação de α=0,05,

podemos inferir que há aleatoriedade em relação à oferta de repasto sanguíneo

e o culicídeo ingurgitado capturado.

4.7 Parque Shangrilá

No Parque Shangrilá foram capturadas 241 fêmeas ingurgitadas de um

total de 4946 mosquitos coletados. A eficiência de cada técnica de captura

utilizada pode ser vista na Figura 25.

Figura 25: Frequência relativa da contribuição de cada técnica de armadilha utilizada no Parque Shangrilá.

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Praticamente todas as fêmeas coletadas na amostragem do Parque

Shangrilá provieram da técnica de aspiração, representando 96% do total de

todas as ingurgitadas coletadas no parque.

Foram coletadas dez espécies de mosquitos, compreendidas em quatro

gêneros. A relação entre a espécie de culícideo capturada e o seu referente

hospedeiro pode ser vista na Figura 26

Figura 26: Cluster para o Parque Shangrilá, agrupando as dez espécies de culicídeos e os quatro hospedeiros que foram detectados como fonte para o repasto sanguíneo.

Entre os sete parques estudados, o Parque Shangrilá foi o que teve

maior diversidade de espécies ingurgitadas coletadas. Aedes scapularis foi a

espécies que fez repasto alimentar em três hospedeiros diferentes, exceto em

aves e em primatas. Culex (Cux.) spp. e Culex nigripalpus tiveram os mesmos

padrões alimentares, utilizando de fontes como: humanos, cães, aves e

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60

roedores (sendo as espécies com as condições alimentares mais ecléticas).

Culex quinquefasciatus se aproxima ao ramo do Culex (Cux.) spp. e do Cx.

nigripalpus, por sua alimentação ser realizada em humanos e cães. Aedes

fluviatilis, Aedes albopictus, Anopheles strodei e Psorophora ferox, foram

espécies as quais fizeram repasto exclusivamente em humanos. Por fim, as

espécies Aedes crinifer e Culex chidesteri, mantiveram como fonte alimentar

humanos e aves.

Dos 241 espécimes capturados, foi possível a identificação de 188

repastos alimentares tendo 24 repastos mistos (entre humanos e cães,

humanos e aves e humanos e roedores) e 53 dados inconclusivos.

O emprego do qui-quadrado para os valores amostrais obtidos no

Parque Shangrilá, pode ser visualizado na Tabela 7.

Tabela 7: Valores observados para a coleta de culicídeos (sem a técnica de Armadilha de Shannon) e suas respectivas fontes alimentares investigadas no Parque Shangrilá.

Espécies AVE CÃO HUMANO ROEDORES TOTAL

Ae. albopictus 0 0 2 0 2

Ae. crinifer 1 0 1 0 2

Ae. fluviatilis 0 0 4 0 4

Ae. scapularis 0 1 1 1 3

An. strodei 0 0 1 0 1

Cx. (Cux.) spp. 6 15 102 2 125

Cx. chidesteri 1 0 0 0 1

Cx. nigripalpus 1 2 30 1 34

Cx. quinquefasciatus 0 2 6 0 8

Ps. ferox 0 0 1 0 1

TOTAL 9 20 148 4 181

O qui-quadrado para as amostras capturadas no Parque Shangrilá, teve

o resultado de p=0,160844. Ao se considerar a representação de α=0,05,

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podemos inferir que há aleatoriedade em relação à oferta de repasto sanguíneo

e o culicídeo ingurgitado capturado.

4.8 Todos parques estudados

No total foram capturados 510 fêmeas ingurgitadas distribuídas em sete

parques, como mostra a Figura 27 A. Em B, a representatividade de cada

técnica de captura utilizada em todos os parques.

Figura 27: Em A: a contribuição em espécimes de fêmeas ingurgitadas de cada parque estudado. Em B: a contribuição das técnicas utilizadas na captura nos parques estudados.

A

B

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62

O Parque Shangrilá foi o local onde houve a maior contribuição com as

fêmeas ingurgitadas, representando 241 fêmeas, sendo o Parque AlfredoVolpi

o local onde menos se coletou fêmeas ingurgitadas, com nove espécimes.

Em relação às técnicas para captura, ressalta-se que a técnica de

aspiração foi a mais representativa, capturando 84% das amostras.

No total, 14 espécies de culicídeos foram capturadas nos parques

espalhados pela cidade de São Paulo. A distribuição dessas espécies segundo

os 13 meses de coleta (Fevereiro de 2011 à Fevereiro de 2012) podem ser

visto na Figura 28.

Figura 28: Distribuição da frequência das espécies de mosquitos ingurgitados em relação aos meses de coleta, Fevereiro de 2011 à Fevereiro de 2012.

Em relação aos meses de coleta, é visível a presença de mosquitos nos

parques pelo ano (calendário) inteiro. Nota-se a frequência maior de espécies

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em meses como Março e Maio de 2011, bem como nos meses de Outubro de

2011a Fevereiro de 2012.

A espécie Culex (Cux.) spp. foi a mais abundante tanto em número de

espécimes coletados, estando presente em praticamente todos os meses de

coletas, seguida do Culex nigripalpus e Culex quinquefasciatus.

A relação do hospedeiro, fonte de alimentação e os meses durante a

coleta pode ser visualizada na Figura 29.

Figura 29: Distribuição da frequência dos hospedeiros,fonte de repasto sanguineo em relação aos meses de coleta, Fevereiro 2011 à Fevereiro 2012.

O hospedeiro humano foi fonte alimentar para as fêmeas ingurgitadas

nos parques em todos os meses de captura. Sendo muitas vezes fonte

exclusiva (Fevereiro e Março de 2011) ou a mais frequente (Maio, Agosto

Outubro, Dezembro de 2011 e Janeiro a Fevereiro de 2012).

Assim como feito separadamente em cada Parque, alvo de estudo, o

cálculo do qui-quadrado foi realizado para todos os parques em conjunto,

considerando um único ecótopo (parques em geral). Para realizá-lo, somou-se

as mesmas espécies coincidentes nos sete parques diferenciados, bem como

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suas respectivas fontes alimentares, sendo excluído os dados referentes às

capturas de espécimes pela técnica Shannon (Tabela 8).

Tabela 8: Valores observados para a coleta de culicídeos (sem a técnica de Armadilha de Shannon) e suas respectivas fontes alimentares investigadas nos parques estudados.

Espécies AVE CÃO HUMANO

ROEDORES PRIMATAS TOTAL

Ae. albopictus 0 1 3 0 0 4

Ae. crinifer 1 0 1 0 0 2

Ae. fluviatilis 1 0 8 0 0 9

Ae. scapularis 0 2 15 1 0 18

Ae. serratus 0 0 1 0 0 1

An. strodei 0 0 1 0 0 1

Cx. (Cux.) spp. 14 24 163 14 4 219

Cx. chidesteri 1 0 1 0 0 2

Cx. nigripalpus 17 17 74 12 0 120

Cx. quinquefasciatus 4 18 60 3 0 85

Cx. (Mel.)sç Melanoconion 0 0 1 0 0 1

Ps. ferox 0 2 5 0 1 8

TOTAL 38 64 333 30 5 470

O qui-quadrado para as amostras capturas em todos os parques, teve o

resultado de p=0,83495. Ao se considerar a representação de α=0,05,

podemos inferir a existência de aleatoriedade em relação à oferta de repasto

sanguíneo e o culicídeo ingurgitado.

Da mesma forma como feito com os dados do Parque Anhanguera,

alguns dados (menos expressivos) foram retirados da análise, afim de,

encontrar alguma associação entre a espécie de culicídeo ingurgitado e sua

fonte alimentar. Retirou-se o hospedeiro primata da análise (por só ter sido

constatado no Parque Anhanguera), além de excluir espécies de mosquitos

que não tiveram mais que 09 exemplares coletados (dessa forma, conseguiu-

se perfeitamente utilizar o que preconiza o conceito do qui-quadrado, onde no

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máximo 20% das caselas do valor esperado fiquem inferiores a 5), mas mesmo

com esses atributos descritos acima o valor foi de p=0,26178, indicando

aleatoriedade entre a oferta do repasto e o culicídeo.

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5 DISCUSSÃO

Nos últimos anos, as mudanças ecológicas produzidas por atividades

humanas são apontadas como uma das causas que contribuem para a

expansão geográfica de vetores e arboviroses (DASZAK et al., 2001;

VASCONCELOS et al., 2001; KRUSE et al., 2004; PATZ et. al., 2004;

SUTHERST, 2004; MARASSÁ, 2009a). Com base nisso, para a cidade de São

Paulo, um grande centro urbanizado, temos os parques, como locais de lazer à

população paulistana, bem como sendo um “refúgio” remanescente da flora e

da fauna local, destacando-se, os culicídeos.

Recentemente MEDEIROS et al. (2013) investigaram a diversidade de

culicídeos, que habitam essas áreas, bem como o papel epidemiológico de tais

espécies com a transmissão de patógenos. PEREIRA et al.(2001), isolaram o

arbovírus Ilhéus com potencial de infectar humanos, o qual pode ser

transmitidos por potenciais espécies de culicídeos, em área densamente

habitada, representada pelo Parque Ecológico do Tietê na cidade de São

Paulo.

A investigação das fontes alimentares dos culicídeos capturados em

parques urbanizados, como é o foco do presente estudo, se faz necessária

para o entendimento das possíveis redes de transmissão de certas doenças

que podem ser instaladas no ambiente urbano.

A detecção de repastos sanguíneos em artrópodes hematófagos pode

ser desenvolvida por várias técnicas laboratoriais. Uma delas, que já foi

realizada com sucesso no passado, é a técnica de reação de complementos,

uma reação imunológica que consiste na determinação da presença ou na

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quantidade de antígenos ou anticorpos, quando um dos elementos seja

conhecido (CANDEIAS et al., 1980, STAAK et al., 1981). Outra técnica

bastante usual nos laboratórios é a técnica imunoenzimatica ELISA indireta, na

qual consiste em detectar o sangue contido no abdome de fêmeas

ingurgitadas, por meio de anticorpos específicos produzidos pelo sistema

imunológico do animal picado pelo mosquito. No método, os anticorpos ligam-

se aos anticorpos adsorvidos à placa do teste e, após essa fase, anti-

imunoglobulinas marcadas com enzima ligam-se aos anticorpos específicos. A

reação da enzima degrada o substrato e realça a cor, que indica reação

positiva (CHOW et al., 1993; DEUS, 2011).

Muitos trabalhos de investigação de repastos alimentares de insetos

hematófagos foram realizados baseados no princípio da técnica ELISA indireta,

como a dissertação de LAPORTA em 2007, que estudou as fontes alimentares

de mosquitos Culex quinquefasciatus e Culex nigripalpus coletados no Parque

Ecológico do Tietê (região metropolitana da cidade de São Paulo), como um

dos parâmetros investigativos da ecologia dessas espécies em ambientes

antropizados, MARASSÁ em 2009a, padronizou e identificou os repastos

alimentares por técnicas de ELISA de algumas espécies dos gêneros Aedes,

Culex, Sabethes e Haemagogus coletados em área de epizootia de febre

amarela na região do Rio Grande do Sul. SEI em 2009, padronizou a técnica

para o encontro de 4 fontes alimentares distintas para averiguar os repastos de

espécies de flebotomíneos capturados nas regiões da Serra da Cantareira, no

município de Cotia e de Iporanga no Estado de São Paulo. Assim como DEUS

(2011) investigou o hábito alimentar das espécies Aedes aegypti e Culex

quinquefasciatus na região de Marília (interior do Estado de São Paulo).

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Entretanto, HUNTER & BAYLY (1991) e BOAKEY et al., em 1999,

salientam que o métodos imunoenzimáticos requerem a preparação de um

soro estéril contra o sangue de cada espécie hospedeira em potencial, o que

pode ser uma dificuldade no processo laboratorial. Além, das etapas pré-

adsorção serem necessárias para a tentativa de se eliminar reações cruzada.

Assim, análises baseadas no DNA de espécies hospedeiras podem

fornecer maiores especificidades na abordagem da identificação do repasto

alimentar feita pelo culicídeo (GOKOOL et al., 1993; BOAKEY et al., 1999).

Para a realização desse presente estudo, os primers foram desenhados

segundo CHANG et al. (2008), com exceção do primer de primatas, o qual foi

modificado para primatas do novo mundo.

Em 13 meses de monitoramento em sete parques selecionados na

cidade de São Paulo, foram capturadas 14 espécies de fêmeas de culicídeos

ingurgitadas. Sendo a aspiração a técnica mais efetiva para as fêmeas de

mosquitos ingurgitadas, onde consistiu em capturar as mesmas na vegetação,

local de repouso do culicídeo após o repasto sanguíneo, corroborando a

mesma técnica de capturada feita por FORATTINI et al., em 1981 e em

FORATTINI et al. em 1989, no estudo de hábito alimentar de mosquitos

capturados no Vale do Ribeira.

Ao se tratar os dados descritivamente (uma vez que, o nosso n amostral

se diferencia para cada espécie de mosquito coletada nos parques) a espécie

Aedes albopictus, apareceu em três dos sete parques estudados, sendo que no

Parque Anhanguera e Shangrilá, a espécie realizou repasto alimentar em cães

e no Parque Ibirapuera em humanos. MARQUES & GOMES (1997) mostraram

certa atratividade da espécie por sangue humano em um estudo realizado na

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região do Vale do Paraíba em São Paulo, sendo que, SULLIVAN et al. (1971) e

SAVAGE et al. (1993) demonstraram que no caso da alimentação a espécie

tende a ser eclética com características oportunistas, salientando a importância

da investigação do perfil biológico e ecológico do Aedes albopictus, uma vez

que essa espécie é o vetor principal do vírus da dengue na região asiática,

tendo sido registrado o primeiro encontro nas Américas do Aedes albopictus

naturalmente infectado com o vírus da dengue, durante um surto da doença no

México (IBANEZ–BERNAL et al., 1997; TAIUL, 2001). GOMES et al. (2008)

salientam a presença dessa espécie em regiões no sul do país, onde foram

registrados casos de febre amarela, elucidando a possível participação dessa

espécie como vetora.

A espécie Aedes crinifer, por sua vez, foi encontrada ingurgitada apenas

no Parque Shangrilá, tendo realizado seu repasto alimentar em humanos e

aves. SILVA & LOVEZEI (1998) em um estudo em Curitiba, Paraná, utilizando-

se de isca humana, verificou que Aedes crinifer foi à quarta espécie a

apresentar alta antropofilia. MARASSÁ et al. (2009b) descreveram repastos

sanguíneos nas fontes humanas, em aves e primatas em área de epizootia de

febre amarela na região sul do Brasil. LOPES & LOVEZEI (1995) e GOMES et

al. (2009) discutem sobre a pouca adaptação que essa espécie tem em

colonizar ambientes altamente antropizados, fato que colabora o encontro

dessa espécie apenas em um dos parques estudados.

Aedes fluviatilis foi capturada em 4 parques: Alfredo Volpi, Chico

Mendes, Ibirapuera e Shangrilá, sendo que em todos os parques, o sangue de

humano serviu de fonte de repasto, detectando no Parque Alfredo Volpi a fonte

de sangue de cães e no Ibirapuera detectou-se além de humanos, o sangue de

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70

cães e aves. LOPES & LOVEZEI (1996) em um estudo utilizando iscas

humanas, discutem um baixo grau de antropofilismo por parte da espécie,

estudo esse realizado em uma área preservada de Londrina, Paraná. Tal

resultado se configura de forma antagônica com os nossos resultados, uma vez

que os humanos foram fontes exclusivas de alimentação em 2 parques

estudados e estiveram presentes em todos os parques onde tal espécie de

culicídeo foi capturada ingurgitada, isso talvez possa ser compreendido

baseando-se no aspecto oportunista por parte do culicideo em se alimentar das

fontes mais disponíveis no local, visto que, em todos os parques onde a

captura da espécie Aedes fluviatilis ocorreu, os mesmos estão inseridos em

uma área densamente habitada diferentemente do trabalho citado que ocorreu

em área menos povoada. Em relação à epidemiologia, existe a hipótese não

confirmada da atuação do Aedes fluviatilis na transmissão do vírus da febre

amarela na natureza (FORATTINI, 2002; PECOR et al, 2002; DIBO et al,

2011), uma vez que a capacidade vetorial do mesmo já foi comprovada em

laboratório (DEGALLIER et al., 2001), tendo eficácia pequena na transmissão

da dirofilariose canina e podendo infectar-se com plamódios aviários em

laboratório (DEGALLIER et al., 2001).

A espécie Aedes scapularis, nos parques Anhanguera, Ibirapuera e

Santo Dias apresentou perfil de se alimentar exclusivamente em humanos

(antropofílicos) tal como foi descrito por FORATTINI et al em 1989 sobre a

tendência em que o Aedes scapularis se alimenta de mamíferos de médio

porte, entre eles, a espécie humana. Já nos parques Chico Mendes, Shangrilá

e Carmo, além de repastos sanguíneos realizados em humanos, tal espécie foi

evidenciada se alimentando em cães, roedores e aves. Em contexto

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epidemiológico, tal fato deve ser levado em consideração, uma vez que, a

presente espécie tem a competência em vincular e transmitir diversas

arboviroses (MITCHAEL & FORATTINI, 1984) e algumas filarioses

(LABARTHE et al., 1998), posto que, LOURENÇO DE OLIVEIRA & DEANE

(1995) encontraram larvas de Dirofilaria immitis, nos túbulos de Malpighi de Ae.

scapularis, sugerindo que tal mosquito seja o vetor primário da dirofilariose em

cães, na região litorânea do Rio de Janeiro. Em relação aos repastos em aves

e roedores, VICENTIN, em 2007, registrou tais hospedeiros em baixa

quantidade, no Parque Ecológico do Tietê. Além de reafirmar o indicativo que

TAIPE-LAGOS & NATAL em 2003, presenciaram no Parque Ecológico do

Tietê, sobre a adaptação dessa espécie em ambientes com impactos

antrópicos, desprovidos de vegetação arbórea primitiva (FORATTINI et al.,

1986b; FORATTINI et al., 1995). EDMAN (1985) considera tal espécie

oportunista, pois faz repastos alimentares em diversos animais domésticos,

além do homem.

A espécie Aedes serratus, foi capturada apenas no Parque Anhanguera,

onde foi possível a identificação de duas fontes alimentares, sendo essa em

aves e humanos. Fato que GUIMARÃES et al, descreveram em 1987 no

Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Estado do Rio de Janeiro, repastos

provindos de aves, como também foi encontrado por FORATTINI et al, em

1989, no Vale do Ribeira, os repastos em aves e humanos. O papel

epidemiológico do Aedes serratus ainda é pouco conhecido (CARDOSO et al.,

2010), porém, alguns encontros de infecção natural sugerem a competência

vetora dessa espécie para transmitir alguns arbovírus (VASCONCELLOS et al.,

1991). E há registros em condições naturais, o Aedes serratus infectado com o

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vírus causador da encefalite de São Luis e Oropouche na Amazônia brasileira

(VASCONCELLOS et al., 1998).

Anopheles strodei foi a única espécie da subfamília Anophelinae

coletada ingurgitada, sendo a mesma capturada em dois parques: Chico

Mendes e Shangrilá, tendo sido encontrados os repastos em cães e humanos,

respectivamente. LOPES & LOVEZEI (1996) identificaram repastos em

humanos, provindos de coletas em iscas humanas e RACHOU (1958)

descreveu que Anopheles strodei é uma espécie não-domiciliada e embora,

zoófila, pode fazer repastos em humanos e pode ser encontrada

intradomiciliarmente. Em relação ao impacto epidemiológico dessa espécie em

ambiente urbano, como em cidades do Sudeste brasileiro, FORATTINI (2002) e

REZENDE et al.(2009) salientam o fato dessa espécie ser um vetor secundário

na transmissão de plasmódios causadores de malária.

A espécie Coquillettidia venezuelensis, foi capturada ingurgitada apenas

no Parque do Carmo, é interessante ressaltar que tal espécie possui

modificações estruturais esclerotizadas em seu sifão respiratório quando em

fase imatura (larva), o que permite a fixação da mesma no sistema respiratório

de plantas aquáticas, utilizando assim, o ar provindo dos parênquimas da

vegetação (CONSOLI & LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 1994) sugerindo assim,

que os lagos existentes no Parque do Carmo, possam servir de abrigo para

essa espécie de culicídeo. A fonte alimentar identificada na análise do repasto

sanguíneo foram em cães e humanos. Estudos de FORATTINI et al. (1987)

averiguaram os mesmos repastos alimentares realizados pela espécie,

encontrando também repastos mistos realizados em humanos e aves. Sob

contexto epidemiológico, no ano de 1955, o vírus Oropouche foi isolado em um

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pool macerado de Coquillettidia venezuelensis, porém o papel como vetor

silvestre da espécie não foi esclarecido (ANDERSON et al., 1961; HENRIQUE;

2008), FORATTINI (2002) salienta que muitas espécies do gênero

Coquillettidia já foram encontradas infectadas por diversos arbovírus, entre os

quais, o da Encefalite Equina Venezuelana, do Oeste e do Leste. Tendo as

fêmeas, comportamento hematófago agressivo, o que auxilia as espécies

serem vetores competentes.

Dentre o gênero Culex, a espécie Culex chidesteri foi capturada

ingurgitada tanto no Parque Ibirapuera quanto no Parque Shangrilá, sendo

detectado o repasto alimentar em humanos para o Ibirapuera, enquanto que,

para o parque Shangrilá, as fontes hospedeiras de repasto foram humanos e

aves. ALMIRÓN & BREWER (1995) em um estudo de investigação alimentar

em culicídeos na cidade de Córdoba, Argentina, utilizando-se de iscas animais,

verificou certa relação de “preferência” entre as fontes alimentares

representadas por coelhos e galinhas por parte dos espécimes de Culex

chidesteri coletados, indicando que tal espécie se alimenta de aves e de

espécies de mamíferos, dentre os quais a espécie humana. GOMES &

FORATTINI (1990) descreveram que tal espécie é altamente adaptada em

ambientes urbanos. AHID & LOURENÇO-DE-OLIVEIRA (1999) em um estudo

no Maranhão, detectaram, nos poucos espécimes de Culex chidesteri

capturados, repastos sanguíneos feitos apenas em humanos.

A espécie Culex (Cux.) grupo Coronator assim como o Ae.serratus foi

capturada apenas no Parque Anhanguera, onde tal espécie se alimentou

exclusivamente de fonte humana, contrapondo os estudos de FORATTINI et al

(1986 a, 1986 b, 1987) na região do Vale do Ribeira, GOMES et al (1987)

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também na região do Vale do Ribeira e LOPES & LOZOVEI (1995) na região

urbana de Londrina, no Paraná, onde a espécie apresentou padrões de

ornitofilia. Fato que merece atenção uma vez que, há espécies pertencentes ao

complexo do grupo coronator, responsáveis pela transmissão de algumas

arborviroses como o Vírus da Encefalite de São Luis e o Vírus da Encefalite

Equina Venezuelana (DIBO et al., 2011).

Espécimes de Culex nigripalpus apresentaram quatro fontes para

alimentação no Parque Anhanguera e Shangrilá: roedores, aves, cães e

humanos, sendo que no Parque Ibirapuera, apenas o roedor não foi

identificado e no Parque Santo Dias, apenas o hospedeiro humano foi

encontrado. GUIMARÃES et al.(1987) constataram a presença de sangue de

aves e humanos nos repastos realizados pela espécie e LAPORTA (2007) em

um estudo no Parque Ecológico do Tietê, detectou o repasto da espécie Culex

nigripalpus em roedores e cães, similar aos resultados encontrados por nosso

grupo no Parque Anhanguera. Segundo LAPORTA et al. (2008), os roedores

são reservatórios potenciais de arbovírus como o Mucambo e São Luis o que

pode sustentar uma transmissão de arbovírus entre humanos e roedores, tendo

como vetor o Culex nigripalpus.

Com as mesmas fontes hospedeiras para repasto alimentar, o Culex

quinquefasciatus apresentou perfil alimentar idêntico ao Culex nigripalpus para

o Parque Anhanguera, se alimentando de quatro fontes hospedeiras (aves,

cães, humanos e roedores), sendo que no Parque Ibirapuera foram

identificadas três fontes alimentares (aves, cães e humanos), nos Parque Chico

Mendes e Shangrilá as fontes alimentares provindas de cães e humanos foram

detectadas e no Parque do Carmo apenas repastos em humanos Em 1987,

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FORATTINI et al. detectaram as mesmas fontes alimentares para a referida

espécie de mosquito, ressaltando assim como MUTURI et al. (2008) um grau

de antropofilia pela espécie. ALMIRÓN & BREWER (1995) defendem que essa

espécie possui grande valência para se alimentar de diversas fontes

alimentares. Essa informação é válida, uma vez que, na cidade de São Paulo,

esta espécie tem grande sinantropia em ambientes urbanos, sendo fator de

incomodo à população (TAIPE-LAGOS & NATAL, 2003; MORAIS et al., 2007).

Espécimes que foram identificadas como Culex (Cux.) spp. estiveram

presente em praticamente todos os parques estudados (exceto no Parque

Alfredo Volpi) e foram os mosquitos que tiveram a maior abrangência nas

fontes de repasto sanguíneo, realizando-os nas seis fontes alimentares

identificadas nos parques (incluindo repastos sanguíneos em primatas no

Parque Anhanguera), assim como demonstra FORATTINI et al., em 1987, que

encontrou mosquitos fêmeas de Culex (Cux.) spp. ingurgitadas com sangue de

aves, humanos, cães e roedores, sendo que MARASSÁ em 2009a, verificou

repastos sanguíneos realizados em primatas. Epidemiologicamente, o grupo de

espécies de Culex (Cux.) spp. é um grupo de mosquitos o qual abrange

diversas espécies potenciais vetoras de arbovírus. Em geral, podem ter

padrões alimentares mais ornitofílicos, os quais podem veicular agentes virais

entre hospedeiros aviários e humanos. Existindo diferenças importantes, entre

a biologia do mosquito vetor e as condições ambientais, o que influencia

diretamente no papel transmissor do mosquito (FORATTINI et al., 1995).

A espécie Culex (Melanoconion) seção Melanoconion, foi encontrada

apenas no Parque Alfredo Volpi, sendo capturado apenas um espécime, tido o

respasto sanguíneo feito em humanos. FORATTINI et al, em 1991, descrevem

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as observações de domiciliação de espécies desse complexo em áreas que

sofreram o impacto de alterações antrópicas, uma vez que tal espécie possui

associações em ambientes não–antropizados e preservados. Na região do

Vale do Ribeira, FORATTINI et al, em 1989, verificaram também repastos

dessas espécies realizadas em fontes humanas, assim como o nosso achado

no Parque Alfredo Volpi. A implicação epidemiológica desse achado, se dá pois

MITCHELL et al (1985; 1987) verificaram que algumas espécies pertencentes a

esse complexo, podem desempenhar possíveis papéis como vetores na

veiculação enzoótica de alguns arbovírus, entre os quais o vírus causador da

Encefalite Equina Venezuelana.

Psorophora ferox foi capturada nos Parques Anhanguera e Shangrilá,

sendo encontrado repastos em humanos nos dois parques e em cães e

primatas no Parque Anhanguera, dados que corroboram ao achado de

FORATTINI et al (1987), que descrevem a predileção de sangue de mamíferos

por parte dessa espécie. Atenção a isso deve ser dada uma vez que GOMES

et al. (2010) salientaram o registro das espécies Psorophora ferox e Aedes

scapularis infectados com vírus da Febre Amarela Silvestre, em áreas onde

ocorreram eventos epizoóticos, sem nenhuma investigação posterior dessas

espécies nos focos de Febre Amarela, tendo sido isolado também o vírus

Roccio em Psorophora ferox na Região do Vale do Ribeira (LOPES et al.,

1981) em época de surto dessa doença.

Dessa forma, é visível que as fontes alimentares encontradas em nossa

investigação nos sete parques espalhados pela cidade de São Paulo, já foram

constatadas na literatura como sendo fontes hospedeiras de repastos para tais

espécies de mosquitos mencionados.

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Levando em consideração que a abordagem feita de forma descritiva

dos resultados foi de forma pontual e que o número de espécimes de cada

espécie não é igual ou não foram capturadas em todos os parques de forma

homogênea, foi realizado o teste estatístico de associação de Qui-quadrado,

afim de, tentar averiguar alguma associação estatística da “preferência” entre

as espécies de culicídeos e as fontes alimentares (hipótese 1 descrita no

subitem 3.5.1 dos Materiais e Métodos) ou se o fato do encontro das fontes

alimentares e o repasto sanguíneo são ao acaso, fortalecendo os princípios de

que as espécies de insetos hematófagos são ecléticas e oportunistas

(FORATTINI, 2002; DIAS-SVERSUTTI et al., 2007; ALENCAR et al., 2005).

Assim como já mencionado nos Resultados (tópico 4 desse trabalho),

para o cálculo de qui-quadrado foram estabelecidos critérios em relação a

técnica de captura do espécime ingurgitado (eliminando-se assim, dados

provindos de coletas da Shannon, onde o sangue dos capturadores podem

gerar um viés de amostragem em relação aos repastos em humanos) e foi

descartado os parques com um n amostral em que a maioria das capturas foi

realizada pela técnica de Shannon, motivo o qual tanto o Parque Alfredo Volpi

quanto o Parque do Carmo não possuem tal análise estatística.

Considerando o valor de α=0,05, o parque que mais se aproximou da

hipótese H1, foi o Parque Anhanguera com valor de p=0,07 quando analisamos

todas as fontes alimentares e as suas respectivas espécies de culicídeos, fato

o qual, pode ser explicado pela variável de repasto em primatas não humanos

que foi observada apenas nesse parque e por apenas duas espécies de

culicídeos, identificando cinco repastos, dos quais quatro foram de espécimes

de Culex (Cul.) spp. Porém mesmo assim, tal valor de “p” nos informa

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aleatoriedade entre os repastos realizados pelas espécies e suas fontes,

entretanto, tal valor de “p” nos sugere que pode haver uma tendência

associativa entre Culex (Culex) spp. e primatas, mas é necessário coletar mais

espécimes para evidenciar alguma relação. Quando excluímos a variável fonte

de repasto primatas da análise, a mesma obtém o valor de p= 0,17, o que nos

reforça novamente aleatoriedade entre culicídeos e suas fontes de

alimentação.

O fato de 80% dos repastos feitos em primatas sejam da espécie Culex

(Cux.) spp., talvez seja explicada por esses macacos estarem presos em

recintos, sendo fontes mais fáceis de serem encontradas.

O Parque Shangrilá, o qual apresentou o maior número de fêmeas

ingurgitadas coletadas e além de ser o parque com maior número em espécies,

apresentou um valor de p= 0,16 mostrando também aleatoriedade entre o

repasto alimentar e a espécie de culicídeo, sendo o segundo valor mais baixo

encontrado entre os qui-quadrado.

Os Parques Chico Mendes, Ibirapuera e Santo Dias apresentaram os

valores de p=0,98, p=0,99 e p= 0,97, respectivamente, evidenciando a

aleatoriedade entre as espécies de mosquitos e as fontes alimentares, fatos

que corroboram com FORATTINI (1996) que salienta a condição oportunista

por partes de inúmeras espécies de mosquitos, baseando-se nos perfis

ecléticos do próprio culicídeo, entre eles, o horário da hematofagia, o tipo de

voo e a agressividade no ato do repasto.

Tendo o cálculo do qui-quadrado para todos os parques, considerando

os parques como sendo um ecótopo único, apresentou um valor de p=0,83,

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mostrando que em tal ecótopo não há associação entre a fonte alimentar e a

espécie de culicídeo.

Os repastos mistos encontrados em nosso estudo foram identificados

entre humanos e aves, humanos e cães e humanos e roedores, o que EDMAN

& SCOTT (1987) e BRIGEL & HORLER (1993) consideram que os repastos

mistos podem ser resultantes do comportamento defensivo do hospedeiro e ou

do estado nutricional dos mosquitos. No que diz respeito ao comportamento

das fontes hospedeiras, as aves e roedores são mais propensos à frequentes

interrupções durante o repasto (FORATTINI et al., 1987).

A essas observações, de mais de uma fonte alimentar no trato

digestivo do mosquito, cabe indicar que ou essas espécies não apresentaram

concordância gonotrófica, ou que a ingestão de sangue foi interrompida por

reação defensiva provocada pela fonte alimentar. Ressalta-se que em todos

os repastos mistos foi obtido com a presença de sangue humano, o que

segundo FORATTINI et al. (1987) vêm demonstrar a importância desse

comportamento em estudos epidemiológicos. Tais resultados, também

corroboram com os achados de MARASSÁ (2009a).

É visível que, entre os culicídeos mais frequentes, a fauna na cidade de

São Paulo é homogênea, onde os parques servem de abrigo para as mesmas

espécies de mosquitos.

Em relação aos 13 meses de captura, é visível que em todos os meses

do ano há a presença de culicídeos em parques, tendo uma diminuição da

quantidade nos meses de Junho a Setembro de 2011, voltando a ter valores

mais altos nos meses que compreendem as estações mais quentes, tal fator é

referido às condições ambientais nos meses que compreendem o inverno,

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onde baixas temperaturas, menor número de possíveis criadouros para as

larvas estão diretamente relacionados às condições da biologia do

desenvolvimento e a ecologia dos mosquitos (BARNES & RUPERT,1996;

CONSOLI & LOURENÇO–DE-OLIVEIRA,1994; FORATTINI, 2002; GILLOT,

2005).

Alguns picos em relação à quantidade de mosquitos capturados

ingurgitados foram notados em meses como Março, Maio e em Outubro de

2011,assim como um aumento gradual em Novembro de 2011 à Fevereiro de

2012 em algumas espécies de mosquitos, tais picos nos evidenciam

parâmetros ambientais propícios ao desenvolvimento e ao encontro de fontes

alimentares por parte dos culicídeos, uma vez que, ao se observar as fontes

alimentares em relação aos meses, os picos são coincidentes, sendo em

humanos a maioria dos repastos, fato explicado, pois em dias mais quentes a

quantidade de humanos utilizando os parques como locais de lazer é maior, o

que auxilia na oferta de alimentos por parte das fêmeas.

O Parque Anhanguera, localizado na região Norte da cidade de São

Paulo, entre os parques estudados, foi o que apresentou espécies de

mosquitos que fizeram seu repasto alimentar em seis fontes hospedeiras das

sete estudadas. Isso talvez possa ser entendido, pelo fato da localização do

parque ficar em área mais periurbana, não havendo tanta influência de casas e

presença de humanos no local, pois os demais parques estão inseridos em

áreas densamente urbanizadas, o que justifica em muitos meses ter sido

detectado apenas sangue provindo de humanos nos repastos analisados.

Segundo FORATTINI (2002), o raio de voo de um mosquito pode chegar a 01

quilometro de distância, o que nos sugere que os mosquitos podem estar

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utilizando-se de hospedeiros que estão nas casas ao entorno do parque como

fontes de repasto e indo realizar a digestão e oviposição em abrigos e

criadouros existentes nos parques.

Desse modo, afirmamos que as espécies de culicídeos coletadas

durante os 13 meses de capturas realizadas nos parques Alfredo Volpi,

Anhanguera, Carmo, Chico Mendes, Ibirapuera, Santo Dias e Shangrilá são

espécies oportunistas em relação a sua fonte de alimentação, não havendo

nenhuma tendência em relação à “preferência” por hospedeiros fonte, fato que

merece atenção pois, mudanças na dinâmica de transmissão das doenças

transmitidas por mosquitos vetores podem ser desencadeadas com a

introdução de novos hospedeiros e reservatórios de patógenos na cidade de

São Paulo.

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6 CONCLUSÕES FINAIS

1 Foram identificadas 14 espécies de culicídeos ingurgitadas nos 7 parques

estudados, mostrando um caráter homogêneo da distribuição das espécies

de mosquitos nas áreas verdes da cidade de São Paulo.

2 Em relação aos hospedeiros utilizados como fontes de alimentação,

destaca-se os humanos como sendo a principal fonte de alimentação dos

culicídeos durante o período estudado.

3 Entre a associação das espécies de culicídeos e suas respectivas fontes

alimentares, denotou-se aleatoriedade em todos os parques estudados,

não sendo encontrada nenhuma tendência em relação espécie de culicídeo

e a origem da fonte de repasto, demonstrando comportamento oportunista.

4 Espécies de gêneros diferentes de mosquitos possuem o mesmo perfil

alimentar entre si , assim como as mesmas espécies coletadas em parques

diferentes, tiveram como fonte alimentar hospedeiros semelhantes.

5 Dentre as técnicas de captura utilizada em parques, a nível individual ou

considerando os 7 parques como um ecótopo único, a mais efetiva em

capturar as fêmeas ingurgitadas foi a técnica de aspiração.

6 O estudo da investigação do perfil alimentar dos culicídeos em parques da

cidade de São Paulo pode auxiliar na compreensão e na detecção de

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possíveis implicações epidemiológicas que podem ser instaladas em

ambiente urbano, bem como auxiliar em ações de práticas e manejos para

controle de vetores e de insetos causadores de incomodo a população.

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ANEXOS

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