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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
GESTÃO EMPRESARIAL
A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CONFLITOS NO
AMBIENTE CORPORATIVO
Por: Luiz Felipe Teixeira Borges
Orientadora
Profª. Alexandra Sliwowska
Rio de Janeiro
2012
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
GESTÃO EMPRESARIAL
A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CONFLITOS NO
AMBIENTE CORPORATIVO
Apresentação de monografia ao Instituto
A Vez do Mestre – Universidade Cândido
Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Gestão Empresarial.
Por: Luiz Felipe Teixeira Borges
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela vida, hoje e
sempre, e pelo auxílio em mais um projeto
de minha vida.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, José
Antonio e Vera, pelo amor, educação,
amparo e formação do meu caráter, à
minha esposa Ferluciana, pelo amor e por
estar sempre presente na minha vida, e às
minhas filhas Cecília e Laís, pelo amor e
paz que me trazem, e pelo desejo que me
dão de me tornar melhor a cada dia.
RESUMO
Divergências de pensamentos sempre existiram e muitas dessas
divergências tomam proporções maiores do que deveriam se não forem
tratadas com rapidez e qualidade, principalmente no ambiente corporativo,
onde é cada vez mais acirrada a disputa pelos melhores resultados entre os
concorrentes. Essas atitudes ou interações podem ter resultados indesejáveis,
pois dependem diretamente da maneira com que são feitas e como são
percebidas pela outra parte. Como nem sempre a troca de informações é feita
de maneira correta, torna-se evidente o surgimento de algum tipo de
divergência e essas divergências necessitam do tratamento adequado para
gerarem resultados positivos para a empresa. Assim, este estudo tem como
objetivo destacar a importância de compreender e aprender com os conflitos
gerados no ambiente corporativo, sejam eles espontâneos ou estimulados
(quando causados pelo administrador), para que a gestão desses conflitos
possa contribuir no crescimento das empresas.
METODOLOGIA
Este estudo baseou-se na pesquisa bibliográfica em livros, revistas
acadêmicas e sítios da Internet, com textos de diversos autores, dentre os
quais se destacam Chiavenato (1999) e Carvalhal (2008).
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS 11
CAPÍTULO II
TIPOS E CARACTERÍSTICAS DOS CONFLITOS 15
CAPÍTULO III
FERRAMENTAS QUE AUXILIAM NA RESOLUÇÃO DE
CONFLITOS 19
CAPÍTULO IV
ATÉ QUE PONTO OS CONFLITOS SÃO PREJUDICIAIS PARA OS
RESULTADOS? 24
CAPÍTULO V
O LÍDER COMO FATOR CRÍTICO PARA A SOLUÇÃO DOS
CONFLITOS 27
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA 40
INTRODUÇÃO
Qualquer tema abordado por nós, seres humanos, em nossos
relacionamentos interpessoais, é historicamente repleto de divergências de
idéias, sendo que, em muitas ocasiões, tais diferenças evoluem, se
transformando em argumentações, discussões e até mesmo em situações mais
próximas de um confronto físico.
Ao longo do tempo, entretanto, percebeu-se que essas diferenças
geravam perdas consideráveis ao relacionamento entre os envolvidos e
consequentemente ao meio em que viviam.
A partir da evolução tecnológica e cultural da humanidade, os conflitos
domésticos e corporativos tomaram proporções cada vez maiores, uma vez
que a quantidade de pessoas envolvidas nesses conflitos aumentou, bem
como a freqüência com que surgiam. Assim, o convívio social e o
desenvolvimento individual tornaram-se cada vez mais difíceis, com a presença
de constantes divergências.
Em um passado recente, identificava-se como principal característica de
um bom ambiente de trabalho a inexistência de conflitos. Nas organizações, os
conflitos eram vistos de maneira negativa, eram um sinal de que pessoas
indesejáveis estavam naquele ambiente e que essas pessoas eram nocivas ao
clima organizacional. Esse tipo de pensamento estava presente na maioria dos
gestores que, por não saberem como lidar com situações conflituosas,
tomavam a decisão aparentemente mais fácil e prática, que era eliminar o
gerador de conflito.
Porém, nos dias de hoje, podemos perceber que a gestão de conflitos é
fundamental para o crescimento das empresas, e saber como efetuá-la é
essencial para o gestor. Em alguns casos, inclusive, gerar conflitos é uma
ferramenta que poderá ser utilizada como um artifício para buscar novas idéias,
atingindo, assim, objetivos maiores para a empresa. Esse tipo de gestão não
se utiliza de ferramentas ou regras a serem seguidas, sendo necessário que o
gestor tenha sensibilidade para analisar cada caso e saber administrá-lo.
Finalizando esta introdução, identificaremos a seguir, de forma
resumida, os assuntos a serem abordados neste trabalho.
No capítulo I (A Identificação de Conflitos), constataremos que os
conflitos existem e sua ocorrência se dá tanto nas relações afetivas, cotidianas,
quanto nas relações profissionais. Além disto, os conflitos serão identificados e
classificados em níveis, para melhor mensuração de acordo com sua
importância e intensidade.
Em relação ao capítulo II (Tipos e Características dos Conflitos), será
verificado que os conflitos surgirão em todo e qualquer ambiente corporativo,
mas que sua complexidade está ligada diretamente ao clima organizacional da
empresa. Segmentaremos o corpo funcional em grupo e equipe, onde nos
remeteremos à qualidade da gestão de pessoas, e onde verificaremos menor
incidência nas equipes. Serão, ainda, estabelecidos critérios para avaliar se os
funcionários de uma determinada empresa compõem uma equipe ou um grupo.
Detalharemos os quatro tipos de indivíduos envolvidos em um conflito
organizacional. Tendo em vista que os conflitos são oriundos de diferenças
culturais, serão, por fim, definidos os motivos que causarão tais conflitos, a
saber: etnocentrismo, uso impróprio da prática gerencial, percepções diferentes
e comunicação errônea.
O capítulo III (Ferramentas que Auxiliam na Resolução de Conflitos) tem
como seus principais aspectos a definição das habilidades que um gestor
deverá possuir para ser mais bem sucedido na resolução de conflitos, tais
como sensibilidade, experiência, senso crítico, etc. Serão identificados os cinco
estilos que poderão ser adotados para superar os conflitos, que são
competição, colaboração, evitação, acomodação e compromisso. Serão
definidos, ainda, alguns passos que o gestor deverá seguir, conhecer e aplicar
para que sua empresa seja eficaz na resolução das divergências.
Ao longo do capítulo IV (Até que ponto os conflitos são prejudiciais para
os resultados?), será mostrado que os conflitos eram indesejados nos modelos
tradicionais de gestão, sendo enxergados como um tipo de arruaça, e os
envolvidos nele, eram mal vistos, tal como se fossem pessoas descontroladas.
Além disto, será detalhado como vem aumentando o número de gestores que
enxergam o lado positivo dos conflitos, que seria oxigenar a equipe,
estimulando e motivando ao atingimento dos resultados esperados pela
empresa.
Por fim, no capítulo V (O Líder como Fator Crítico para a Solução de
Conflitos), explanaremos sobre o gestor / líder. Definiremos os modos de
solução de conflitos (retirada estratégica, “panos quentes”, negociação,
colaboração e a atitude de forçar), e em que tipo de situação conflituosa cada
modo deverá ser utilizado. Serão verificados os diversos tipos de planejamento
utilizados pelo gestor na solução de problemas de relacionamento. Serão
também abordadas as competências emocionais básicas do líder, a
importância da inteligência emocional no ambiente organizacional, e como o
líder atua como gestor das emoções de sua equipe.
CAPÍTULO I
A IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS
Os ambientes, sejam eles domésticos ou corporativos, são formados por
pessoas com diversos tipos de comportamento. Neste cenário, é praticamente
impossível que não existam conflitos entre estas pessoas.
Pode se dizer, ainda, que se torna de certa maneira utópico esperar que
nestes ambientes não se observem situações conflituosas e turbulentas, onde
todos os envolvidos têm a certeza de que seus pontos de vista são os corretos
e que seus pensamentos são aqueles que devem ser seguidos.
É neste momento que inicia a responsabilidade dos gestores em
visualizar o cenário, identificar os impasses e decidir a melhor solução para o
problema criado.
Deve-se ressaltar que a melhor solução nem sempre é atrelada àquela
tomada com maior rapidez ou com a definição de que uma das partes está com
a razão. Em certos casos, a existência do conflito permite o crescimento e
desenvolvimento de idéias, assim como das partes envolvidas, o que
acarretará em melhores e maiores benefícios para as empresas. Em outros
momentos, os lados conflitantes possuem razão em determinados tópicos,
devendo-se, então, aproveitar o que de melhor cada um oferece, visando
sempre o desenvolvimento e crescimento dos funcionários individualmente,
assim como da empresa.
É vital para as empresas e seus gestores que a resolução de conflitos
não se baseie somente no melhor resultado para a empresa, mas também no
aprendizado que seus funcionários obtiveram com aquelas situações e a
maneira com que as soluções tomadas foram absorvidas por eles.
Até meados do século XX, a existência de conflitos no ambiente
corporativo era vista de forma negativa, por serem consideradas prejudiciais,
devendo, portanto, ser evitadas a todo custo.
Porém, é possível identificar que há um lado positivo a cada surgimento
de um novo conflito, onde se procura absorver o que de benéfico os entraves
têm a oferecer, seja por enxergar determinadas situações por outro ponto de
vista, seja pelas diferentes opiniões que surgem sobre um determinado tema.
Normalmente, quando se fala de conflito nas empresas, a visualização
mais comum e a de duas pessoas com opiniões distintas sobre determinado
assunto, duelando para saber qual opinião sairá como vencedora.
Na verdade, os conflitos podem acontecer entre grupos dentro de uma
corporação, ou entre um grupo e uma determinada pessoa na empresa, ou
ainda entre uma corporação e um grupo de outra empresa, dentre outros. Mas
lembrando sempre que as resoluções dessas situações conflituosas podem ter
uma fim melhor ou pior para as partes, dependendo da forma como são
conduzidas.
Segundo Dante P. Martinelli e Ana Paula de Almeida: “Outras causas
dos conflitos podem ser as diferenças de personalidade, a existência de
atividades interdependentes no trabalho, metas diferentes, recursos
compartilhados, diferenças de informação e percepção, dentre outras”
(Martinelli, 2006, p.47).
Podemos verificar que o maior causador de conflitos nas empresas são
as diferenças de personalidade entre seu corpo funcional, seguido de perto
pela interdependência de atividades. Estes são observados quando há fluxos
ou rotinas de atividades, onde uma das equipes envolvidas depende da
finalização da parte do trabalho de outra equipe. Quando os passos
combinados internamente não são seguidos ou não são claros, acabam por
gerar desentendimentos e desgastes, que deverão ser controlados.
Outro fator relevante na administração de situações conflituosas é a
magnitude que esses conflitos possuem ou que adquirem se não forem
corretamente tratados.
É importante destacar Eunice Maria Nascimento e Kassem Mohamed El
Sayed (2002, p.49), que apresentam o modelo abaixo, descrevendo diferentes
níveis de conflito, mostrando claramente como os conflitos podem evoluir:
“Níveis de Conflito:
Nível 1 Discussão – normalmente é racional, aberta e
objetiva.
Nível 2 Debate – neste estágio, as pessoas podem começar
a fazer generalizações e buscar padrões de
comportamento. Percebe-se a diminuição do grau de
objetividade.
Nível 3 Façanhas – as duas partes envolvidas demonstram
uma grande falta de confiança no caminho escolhido
pela outra parte.
Nível 4 Imagens fixas – são estabelecidas imagens
preconcebidas da outra parte. É mostrada uma
pequena objetividade e as posições começam a se
tornar fixas e rígidas.
Nível 5 “Loss of face” (“ficar com a cara no chão”) – situação
caracterizada pela atitude de “lutar até o fim, custe o
que custar”.
Nível 6 Estratégias – surgem as ameaças na comunicação,
assim como aumentam as possibilidades de
punição. O processo de comunicação, fundamental
para a resolução de conflitos, vai ficando mais
restrito.
Nível 7 Falta de humanidade – surgem os primeiros
comportamentos destrutivos. Os grupos começam a
sentir-se como se desprovidos de sentimentos.
Nível 8 Ataques de nervos – a autopreservação passa a ser
a única motivação. Neste ponto, a motivação passa
a ser a preparação dos Indivíduos ou grupos para
atacarem ou serem atacados.
Nível 9 Ataques generalizados – o conflito chega às vias de
fato, não restando outro caminho a não ser a
desistência de um dos lados, ou um lado vencendo e
o outro perdendo.
Para que seja melhor verificada a importância dos níveis acima, se
classificarmos o nível 1 como o mais importante na geração de idéias com o
menor desgaste da instituição e de seus funcionários, teremos o nível 9 como o
menos importante, ou o mais complicado, já que neste haverá grande
desgaste, tanto dos envolvidos diretamente no conflito, como do gestor para
reverter a situação, podendo acarretar impacto negativo para a empresa.
Observa-se então, com o modelo acima, que não importa qual seja o
tamanho ou relevância do conflito: se este não for tratado ou se for
simplesmente deixado de lado, poderá crescer, se agravar e tomar proporções
bem maiores do que aquelas que o originou.
Encontrar-se diante de enormes problemas de relacionamento dentro da
equipe, atrelados à falta de crescimento da empresa, sem que seja percebido
como tais situações se originaram é bem mais comum do que se imagina.
Em algumas situações, o fato gerador de um grande entrave na
empresa, pode ter sido algo ridiculamente pequeno e que, na época, passou
despercebido pelos gestores, e, já que não foi tratado da maneira correta,
evoluiu e envolveu mais e mais pessoas.
E agora, como encontrar a melhor solução? Como identificar a raiz do
problema para que o conflito seja tratado da melhor maneira possível? Como
passar para a equipe tudo o que se aprendeu com a administração desse
conflito para que o mesmo não volte a atrapalhar o bom desenvolvimento das
atividades? E como reconquistar a confiança da equipe, diante da falta de
capacidade em tratar com rapidez o problema?
Certo é que, quaisquer conflitos desviarão as atenções do foco principal
da empresas (o atingimento de seus resultados) e mesmo que sejam tratados
de maneira a acrescentar algo à instituição ou ao corpo funcional, pode se
dizer que seria bem mais produtivo e menos desgastante, se esses acréscimos
fossem conseguidos de outras maneiras, mais naturais.
CAPÍTULO II
TIPOS E CARACTERÍSTICAS DOS CONFLITOS
Para que se possa explicitar quais os tipos e características dos
conflitos, faz-se necessário uma reflexão sobre, principalmente, o ambiente
corporativo existente.
Como dito anteriormente, os conflitos surgirão em qualquer ambiente de
trabalho, mas a sua complexidade e magnitude dependerão diretamente do
clima organizacional.
Assim, nas empresas onde todos estão envolvidos com as atividades
que realizam, estão focados nos objetivos das empresas e em um ambiente
que permita que todos possam atingir seus objetivos pessoais, nota-se
claramente a existência de uma equipe.
Ao contrário do cenário descrito acima, se em um ambiente corporativo
os funcionários estão preocupados apenas em autopromoção, se não há
qualquer preocupação com os objetivos e resultados da empresa e onde o
importante para o indivíduo é não fazer nada além do que possa ter sido
determinado para ele, percebe-se que não há qualquer preocupação com o
todo, e neste caso, vê-se que a empresa possui apenas um grupo heterogêneo
de funcionários, que realizam suas atividades sem qualquer comprometimento,
e onde cada um pensa apenas em si.
Diante dessas duas classificações para um conjunto de pessoas que
trabalham em uma mesma empresa (equipe e grupo) torna-se mais fácil
identificar que nas empresas que agregam seus funcionários em grupos, é
maior a incidência do surgimento de conflitos do que nas empresas onde
existem verdadeiras equipes de trabalho, atuando sinergicamente.
Trabalhando com equipes, é possível aproveitar ao máximo as aptidões,
valores e diferenças entre os indivíduos, aproveitando-se dessa
heterogeneidade de habilidades para maximizá-las e otimizá-las, visando um
crescimento maior para a empresa.
Identificados, de maneira geral, o ambiente corporativo que se pode
encontrar em uma empresa, é necessário avaliar a composição de cada grupo
ou equipe para que se possa entender quais são as características individuais
que compõem estes conjuntos de funcionários (agregados como grupos ou
equipes).
Conforme descrito por Hardinghan (2000), os fatores utilizados para
elaborar uma avaliação de um grupo ou equipe são: produtividade, empatia,
regras e objetivos, flexibilidade, objetividade, reconhecimento e moral. Abaixo,
são descritas as características desses fatores.
Produtividade: avalia se a equipe está realizando o trabalho
em quantidade e em tempo suficientes.
Empatia: os componentes da equipe apresentam
empatia uns pelos outros.
Regras e Objetivos: as pessoas seguem o princípio da direção, ou
seja, cada um dos indivíduos sabe o que se
espera dele, assim como o que deve fazer.
Flexibilidade: os integrantes da equipe possuem aptidões
variadas para diversas tarefas ou aplicações.
Objetividade: os indivíduos dizem o que pensam sobre
determinados assuntos.
Reconhecimento: os integrantes do grupo ou equipe se admiram
e valorizam o trabalho que foi feito.
Moral: onde as pessoas desejam fazer parte daquele
grupo ou equipe.”
Após determinar quais são características a serem necessárias a um
grupo ou equipe, faz-se necessário identificar quais são as principais
características comportamentais de cada um dos indivíduos envolvidos.
Segundo Guillen (2001), podem ser definidos 4 (quatro) tipos de
comportamentos, que são: agressivo, passivo, passivo/agressivo e assertivo.
Abaixo, detalharemos as características de tais fatores:
“Agressivo: é o indivíduo que anseia fervorosamente a vitória,
mesmo à custa do fracasso de outra pessoa.
Tendência a ser individualista, uma vez que está
mais interessado nos próprios desejos do que com
os dos outros. Esse comportamento apresenta voz
alta e máximo contato.
Passivo: indivíduo que procura evitar conflitos, mesmo que
sofra com isso. Em via de regra, apresenta voz
hesitante, atitude defensiva, contato visual mínimo,
demonstrando insegurança e geralmente é uma
pessoa quieta.
Passivo/Agressivo: indivíduo que apresenta um comportamento
misto. São pessoas que desejam se firmar, mas, no
entanto, não possuem estrutura para isso. Este
comportamento apresenta muita irritação, postura
fechada, geralmente em pessoas lacônicas.
Assertivo: é o indivíduo que aspira defender seus direitos,
entretanto, aceita que as outras pessoas também os
tenham. Este comportamento apresenta tom de voz
moderado e as pessoas desse tipo de
comportamento são neutras, possuindo uma postura
de prudência e de segurança.
Chegando então à análise individual de cada integrante do grupo ou
equipe na empresa, podemos constatar que esta é a principal fonte de geração
de conflitos.
As diferenças pessoais são inesgotáveis fontes de conflitos e devem ser
acompanhadas e tratadas sempre de perto pelos gestores, para que o clima
organizacional do ambiente fique sob controle e para que eventuais conflitos
possam ser tratados de maneira rápida e eficaz.
Segundo Megginson, Mosley (1986), os motivos da geração dos
conflitos estão baseados na diversidade cultural dos indivíduos envolvidos e
podem ser classificados como etnocentrismo, uso impróprio da prática
gerencial, percepções diferentes e comunicação errônea. Visando a melhor
compreensão destes motivos, seguem as características de cada um deles:
“Etnocentrismo: ocorre quando uma pessoa, de determinada
etnia, recorre a seus próprios valores culturais
como parâmetro para resolver algum
problema em um ambiente cujos padrões
culturais sejam distintos do seu.
Uso impróprio da pratica gerencial: ocorre quando se aplica
uma determinada prática gerencial de uma
cultura em outra, levando-se em conta apenas
sua eficiência e eficácia.
Percepções diferentes: ocorre pelo fato de que cada cultura
possui um conjunto de valores distintos, assim
como pessoas de diferentes culturas
apresentam valores e entendimentos
distintos.
Comunicação errônea: existe quando diferenças culturais
como idioma, costumes e sentimentos geram
uma comunicação equivocada (“erro de
interpretação”)”.
CAPÍTULO III
FERRAMENTAS QUE AUXILIAM NA RESOLUÇÃO DE
CONFLITOS
Como podemos supor, não há uma fórmula mágica que, se aplicada no
ambiente corporativo no contexto de uma situação conflituosa, modificará o
clima, gerando harmonia e perfeição.
Situações de conflitos requerem mais que a aplicação de uma fórmula,
sendo necessária criteriosa análise para que se possa identificar o método
mais adequado para sua resolução.
Deve-se ressaltar que a sensibilidade e as experiências vividas pelos
gestores são ferramentas importantíssimas, podendo / devendo ser utilizadas
na resolução dos conflitos.
Esses métodos também não têm regras rígidas a serem seguidas, mas
possuem características marcantes que, seguramente, serão de fundamental
importância quando estiver diante de conflitos. Segundo Eunice Maria
Nascimento e Kassem Mohamed El Sayed (2002, p.55), podem ser
identificados cinco estilos que podem ser adotados para superar os conflitos,
que são: competição, colaboração, evitação, acomodação e compromisso.
Abaixo, ainda de acordo com os autores supracitados, são apresentadas
algumas das características destes estilos:
“Competição
Busca satisfação dos interesses próprios,
independentemente do impacto que isto possa causar na
outra parte envolvida;
Por imposição faz a outra parte achar que sua conclusão
está correta e a dela está equivocada, levando, ainda, a
outra parte a aceitar a culpa por um problema qualquer.
Colaboração:
Contempla os interesses das partes envolvidas no conflito;
Busca um resultado benéfico para ambas as partes
envolvidas.
Evitação
Trata-se de estilo considerado não-assertivo e não-
cooperativo;
Evita todo e qualquer envolvimento com o conflito,
chegando a negar sua existência e o contato com as
pessoas que podem vir a causá-lo.
Acomodação
Pode ser considerado como um estilo não-assertivo e
cooperativo;
A parte que utiliza este estilo tem uma tendência tão forte
com vistas a apaziguar a situação, que pode chegar a
colocar as necessidades e interesses da outra parte acima
dos seus.
Compromisso
Este estilo encontra-se no padrão médio de assertividade e
cooperação, em que uma das partes envolvidas no conflito
desiste de alguns pontos ou itens, levando a distribuir os
resultados entre ambas as partes.”
Analisando os estilos acima, podemos considerar como o mais salutar
para o ambiente corporativo a colaboração, já que minimiza o desgaste entre
as partes, possibilitando maior comprometimento, e, consequentemente, maior
possibilidade de sucesso no atingimento de resultados.
Sejam quais forem os estilos utilizados para nortear a administração de
conflitos, é importante que acima de qualquer coisa, todas as atitudes e ações
sejam baseadas na honestidade e sinceridade tanto por parte do administrador
quanto das partes envolvidas, para que o sucesso das ações seja atingido.
O processo de gerenciamento de conflitos, em outras palavras é um
processo de negociação, onde a figura do mediador se confunde com a do
responsável por gerenciar essas situações conflituosas.
Negociar a resolução de um conflito requer muita habilidade e precisão
nas atitudes, já que é necessário administrar pelo menos dois grupos com
pensamentos distintos, que imaginam ter razão e esperam que seus pontos de
vista sobreponham os outros. Uma negociação mal-conduzida ou precipitada
pode gerar conseqüências ainda piores, ou com maior dificuldade de solução,
podendo ainda interferir na auto-estima dos envolvidos nos conflitos.
Nesse processo de mediação das negociações, além de um senso
crítico bem apurado, é de suma importância saber ouvir, saber se comunicar e
saber perguntar, pois estes são requisitos essenciais para se fazer uma boa
análise, com qualidade. Além disso, com estas características, o mediador
consegue obter informações confiáveis e que subsidiarão de maneira mais
consistente a tomada de decisão.
Quando se fala que é preciso saber ouvir, significa que deve existir um
verdadeiro interesse tanto pela pessoa que fala, quanto pelo que ela fala. É
fundamental para a correta assimilação do assunto tratado, evitando a
transformação de qualquer assunto em um mal entendido.
Saber perguntar está diretamente ligado a saber ouvir, já que a melhor
audição gera melhor compreensão dos fatos, e assim, as perguntas poderão
ser melhor formuladas, atingindo os objetivos desejados, sem a existência de
ruídos desnecessários na conversação.
No entanto, não basta apenas perguntar. Por mais interado que se
esteja do assunto, e por mais que se ouça tudo o que as pessoas têm para
falar, é necessário que se tenha diálogo. Permitir que as outras partes se
expressem, que mostrem seus pontos de vista e seus possíveis
desdobramentos faz com que o problema seja observado sob vários ângulos,
permitindo ao mediador que encontre novas soluções para o caso e o mais
importante, transmitindo confiança às partes envolvidas nos conflitos, fazendo
com que recebam e aceitem com muito mais facilidade a decisão tomada, seja
ela a seu favor ou não. Todas essas características são de um moderador ou
gerenciador de conflito que sabe se comunicar.
Cabe ressaltar que a maioria dos conflitos, omissões ou qualquer outro
tipo de irritação entre grupos está diretamente ligado a uma comunicação
inadequada.
Conforme Eunice Maria Nascimento e Kassem Mohamed El Sayed
(2002, p.54), para uma eficaz resolução de conflitos é necessário que alguns
passos sejam seguidos, conhecidos e aplicados, os quais estão descritos e
analisados a seguir:
- Criar uma atmosfera afetiva – se traduz diretamente na melhoria do
clima organizacional, que, por sua vez, diminui as barreiras na
comunicação, e consequentemente, eventuais conflitos;
- Esclarecer as percepções – se faz necessário para que se reduza a
possibilidade de mal-entendidos, que podem ser o estopim para um
conflito;
- Focalizar em necessidades individuais e compartilhadas – permite à
empresa um tratamento mais humano, assim como auxilia o
gerenciamento estratégico dos seus recursos humanos. Além disto, o
relacionamento com os funcionários poderá ser mais longo e verdadeiro;
- Construir um poder positivo e compartilhado – instrumento de
motivação para os funcionários. Geralmente eleva o grau de
conhecimento de toda a equipe, colaborando para a redução das suas
diferenças, e também da possibilidade de surgimento de conflitos;
- Olhar para o futuro e, em seguida, aprender com o passado – tal
prática faz com a incidência de erros no processo seja cada vez menor,
reduzindo, assim, a frustração, fator relevante na geração de conflitos;
- Gerar opções de ganho mútuo – quando tanto o corpo funcional quanto
os gestores percebem que não há alguém levando vantagem, aumenta
consideravelmente a possibilidade de entendimento na empresa, e todos
trabalharão sem foco na vaidade individual, e sim nos resultados como
um todo;
- Desenvolver passos para a ação a ser efetivada – tal postura pode ser
verificada normalmente em equipes mais experientes, onde a
organização não é considerada como “perda de tempo”, e sim como um
investimento que irá possibilitar maior chance de sucesso no final;
- Estabelecer acordos de benefícios mútuos – tal atitude demonstrará
confiança no corpo funcional, melhorando o ambiente de trabalho.
CAPÍTULO IV
ATÉ QUE PONTO OS CONFLITOS SÃO PREJUDICIAIS
PARA OS RESULTADOS?
Conforme já foi dito anteriormente, os conflitos fazem parte do cotidiano
de todos nós, ocorrendo tanto em nossa vida pessoal quanto em nossa vida
profissional.
Nos modelos clássicos de gestão houve uma visão de que os conflitos
deveriam ser evitados ou abafados quando fossem percebidos no ambiente
corporativo, sendo que estes modelos predominaram durante muito tempo nas
corporações (ainda podendo ser percebidos em algumas delas). A ausência de
conflitos fazia com que uma empresa fosse considerada como sinônimo de um
local com ótimo clima organizacional, ou que as pessoas tinham boas relações,
ou mesmo que os membros da equipe eram “amigos” entre si.
Havia ainda profissionais que enxergavam os conflitos como algum tipo
de arruaça, ou seja, os conflitos eram sempre oriundos de pessoas agressivas
ou descontroladas, e teriam ligação com agressões físicas ou verbais, afetando
diretamente o clima interno e os resultados da empresa.
Ainda que existam aqueles que pensam que um ambiente corporativo
que apresenta alguma situação conflituosa é indicativo de que a empresa está
fadada ao insucesso, é importante frisar que novas idéias surgem através da
exposição e discussão de pensamentos, que, por serem quase sempre
diferentes de pessoa para pessoa, são aperfeiçoadas a cada nova troca de
idéias e novas discussões.
Podemos perceber que, ainda hoje, existe em algumas empresas a
distorção do sentido de conflito, já que, muitas vezes, os conflitos de
relacionamento são confundidos com conflitos de processo.
Segundo Robbins (2002), as evidências indicam que enquanto os
conflitos de relacionamento, na maioria das vezes, são prejudiciais aos grupos
ou organizações, baixos níveis de conflito de processo (condução racional de
uma atividade) e tarefa (execução de um trabalho específico), no geral, são
benéficos.
A experiência não é adquirida somente com o passar dos anos, mas
principalmente pela troca e exploração de conhecimento, idéias e valores entre
as pessoas, assim como de diferentes pontos de vista.
Quando se busca fazer efetivamente uma troca de conhecimentos, seja
em qualquer setor ou momento da vida de cada um, é sabido que haverá um
fluxo de informações, ou seja, as informações deverão ser repassadas e
recebidas entre as partes envolvidas. É neste exato momento que os conflitos
surgem, pois nem sempre as informações e pensamentos são passados de
maneira clara e objetiva entre as partes, gerando interpretações equivocadas e,
consequentemente dúvidas, que, por sua vez se não forem bem expressas,
aumentarão o ruído na comunicação, trazendo informações distorcidas. Neste
caso, verifica-se um verdadeiro congestionamento de informações, onde não
se consegue avançar ou retroceder uma etapa para que aquela troca de
informações e experiências citada anteriormente possa fluir da maneira mais
adequada possível.
Toda essa confusão traz um problema para a empresa, já que atrasa o
desenvolvimento interpessoal das partes envolvidas, assim como do ambiente
corporativo, já que após a geração do conflito, faz-se necessário que os
gestores atuem prontamente, no sentido de entender e mediar o conflito,
aparando todas as arestas porventura existentes. Somente após o
cumprimento destas etapas, a equipe poderá retomar o rumo correto, ou seja,
a busca dos objetivos e metas da empresa.
Entretanto, há a outra face da moeda: tanto gestores quanto os
funcionários não devem temer existência de conflitos em seu ambiente de
trabalho. Ao observarmos pela ótica positiva da questão, deverá haver
primeiramente a correta percepção e conhecimento do cenário no qual a
empresa está inserida, assim como o conhecimento das características
individuais de cada membro da equipe e de seus potenciais.
Desta maneira, o estímulo de conflitos no ambiente corporativo poderá e
deverá ser utilizado pelo gestor como ferramenta de oxigenação de seu
ambiente (onde florescerão novas idéias), de aumento da produtividade de sua
equipe. Tal atitude ainda auxiliará na correção de problemas, promovendo
tanto o desenvolvimento pessoal de cada um dos envolvidos quanto da
corporação como um todo.
Entendemos que o gestor deverá se mostrar conectado a tudo que
acontece na sua empresa, mas também em sua equipe, já que deverá ser ele o
responsável por analisar o melhor momento para fomentar os conflitos no
ambiente organizacional, mas também será parte de sua avaliação para onde
estes conflitos estão levando a equipe, assim como as conseqüências de tais
conflitos. E o impacto causado nas relações, no clima interno da equipe e nos
resultados esperados pela empresa em relação a esta equipe fará parte do
parâmetro utilizado por este gestor em sua decisão.
CAPÍTULO V
O LÍDER COMO FATOR CRÍTICO PARA A SOLUÇÃO
DOS CONFLITOS
De acordo com o que há de mais moderno em termos de Administração
de Empresas, os gerentes devem possuir, cada vez mais, o perfil de líderes /
gestores, e não de “chefes”. A diferença entre estas duas categorias é a de que
o gestor moderno, entre outras habilidades, é uma pessoa que entende a
importância de seus funcionários, suas qualidades e diferenças, e sabe como
trabalhar com isto. Portanto, torna-se cada vez mais visível a importância do
papel que o líder / gestor deve ter na administração de suas equipes, assim
como de seus eventuais conflitos.
Deve-se creditar toda essa relevância dada à gestão de equipes ao fato
de que as pessoas, elementos formadores dessas equipes, são também a os
recursos mais valiosos dentro das organizações, pois possuem a capacidade
de pensar, agir e controlar atividades e ações implementadas pelas empresas,
analisando todos os cenários que as cercam, viabilizando, desta forma, o
atingimento de resultados.
Imaginar que pessoas com pensamentos e personalidades distintos
sempre chegarão a um consenso sobre todos os assuntos que as envolve,
será pura ilusão. Conforme já explanado anteriormente, a essência das
individualidades de cada ser, por si só, fará com que surjam os conflitos.
Assim, o papel do gestor torna-se fundamental para as empresas, pois
devem ter a sensibilidade e poder de análise para tomar a decisão mais
adequada para os objetivos do grupo, seja através da utilização de sua
inteligência emocional, ou seja, através de sua capacidade de administrar suas
próprias emoções e também as emoções do grupo que se administra, ou
atuando como mediador entre as partes em conflito.
Quando é necessário administrar uma situação conflituosa, por menor
que pareça, é preciso que o líder tenha consciência que não se trata apenas da
resolução de mais um entrave dentro da organização, mas sim de uma busca
para não permitir que tais divergências contaminem o ambiente corporativo e,
consequentemente, o desempenho da empresa, como também de visualizar o
surgimento de uma possibilidade de crescimento de cada indivíduo participante
daquelas equipes e das atividades que desempenham, através da troca de
experiências e das constantes buscas por novas soluções e idéias para as
empresas.
A maneira com que os líderes gerenciam os conflitos e buscam seus
resultados, revelam como está ou no que irá se tornar aquele ambiente
corporativo sob sua responsabilidade.
Se mal geridos ou mal estimulados, os conflitos são potencializados,
nem sempre de imediato, mas com o passar do tempo os resíduos deixados
pela má condução do líder na resolução das relações conflituosas se
acumulará e, como uma bola de neve, crescerá gradativamente com o tempo,
ganhando cada vez mais força, saindo do controle de qualquer gestor, por mais
habilidoso ou experiente que seja.
Observa-se então como resultado dessa má gestão de conflitos, um
ambiente corporativo desconexo, sem foco e principalmente sem comando e
credibilidade. Com isso, não é difícil constatar que, para uma empresa que
busca sobreviver em um mercado tão competitivo como o que estamos
inseridos atualmente, essas são características que conduzem qualquer
organização ao insucesso.
Vislumbrar que o líder de uma equipe seja apenas uma pessoa capaz de
conduzir o bom andamento dos processos que envolvem sua equipe,
gerenciando apenas quem é mais indicado, ou em certos casos o menos
inadequado, para executar determinadas atividades faz parte do passado.
Hoje não cabe apenas ao líder observar se as rotinas estão sendo
cumpridas dentro dos padrões pré-determinados ou substituir aqueles
funcionários que não se adéquam às atividades, mas já faz algum tempo que
passou a ser uma exigência do mercado que o líder saiba, não só gerenciar
relações conflituosas objetivando o crescimento da empresa, mas também
fomentar o surgimento e desenvolvimento de novas idéias através da indução
de conflitos no grupo.
Portanto, os líderes conectados aos novos modelos de gestão praticam
a gestão emocional, devendo, para tanto, possuir competências emocionais
básicas. Por competência emocional entende-se a capacidade do indivíduo em
gerir as suas próprias emoções e também gerir as emoções da equipe
(GOLEMAN, 2001).
Segundo Goleman (2001), estas competências podem ser divididas em:
- Auto-percepção - Saber o que estamos sentindo em determinado
momento e utilizar as preferências que guiam nossa tomada de decisão;
fazer uma avaliação precisa e realista de nossas próprias capacidades e
possuir uma sensação bem fundamentada de autoconfiança.
- Auto-regulamentação - Lidar com as próprias emoções de forma que
facilitem a tarefa que temos pela frente, em vez de interferir com ela; ser
consciencioso e adiar a recompensa a fim de perseguir as metas;
recuperarmo-nos bem de aflições emocionais.
- Motivação - Utilizar nossas preferências mais profundas para
impulsionar-nos e guiar-nos na direção de nossas metas, a fim de nos
ajudar a ter iniciativa e sermos altamente eficazes, e a perseverarmos
diante de reveses e frustrações.
- Empatia - Pressentir o que as pessoas estão sentindo, ser capaz de
assumir sua perspectiva e cultivar a sintonia com ampla diversidade de
pessoas.
- Habilidades sociais - Lidar bem com as emoções nos relacionamentos
e ler com precisão situações sociais e redes; interagir com facilidade;
utilizar essas habilidades para liderar, negociar e solucionar
divergências, bem como para a cooperação e o trabalho em equipe.
Outro fator contido nas competências emocionais básicas de um líder é
a inteligência emocional (I.E.). Pela definição, inteligência envolve equilíbrio e
conhecimento de causa, fatores fortemente vinculados a capacidade de
liderança, cujos processos principais de gestão de pessoas envolvem a
capacidade de negociação, de influenciar e de cativar membros das equipes de
trabalho, utilizando-se de padrões lingüísticos, lógico e de relacionamento
interpessoal para atingir estas pessoas (Goleman, 2001). Para Daniel Goleman
(2001), inteligência emocional refere-se à capacidade de identificar nossos
próprios sentimentos e os dos outros, de motivar a nós mesmos e de gerenciar
bem as emoções dentro de nós e em nossos relacionamentos, utilizando os
sentimentos para guiar o pensamento e a ação.
O líder - gestor de pessoas definido nos parágrafos anteriores é cada vez mais
importante na administração de emoções no ambiente corporativo. Esta
importância está associada ao fato de que pessoas são os recursos mais
importantes dentro de um sistema produtivo, pois pensam, agem e monitoram
seus procedimentos levando em consideração o ambiente em que vivem. O
líder atua em uma organização, tal qual em uma família. É designado gestor e
precisa conscientizar-se da sua importância à medida que executa ações que
são aceitas por todos os membros (Goleman, 1999). A idéia da evolução da
liderança como gestor das emoções, criando o gerente emocional é defendida
por Pescosolido. Como argumento desta premissa, o autor explica que esta
forma emergente de liderança requer que o gestor ajude a equipe a resolver
seus problemas, com bom senso, administrando suas reações em cada
situação Pescosolido (2002).
Diversas teorias de conflito têm nos mostrado diferentes tipos de componentes
neste processo, como o comportamento do indivíduo, características das
equipes com relação a seus líderes e a forma pela qual estes gerenciam as
emoções dos membros destas equipes. Pelo fato das teorias de liderança
estarem, historicamente, focadas em resultado e tarefas, as modernas práticas
de gestão de pessoas, relacionam os estados afetivos associados a estas
variáveis como fatores condicionantes para avaliação do desempenho
organizacional e da liderança (Pescosolido, 2002).
Os eventos afetivos são avaliados levando-se em consideração a
relevância e a importância de um evento para o bem-estar do indivíduo.
“Pesquisas sobre comportamento, reconheceram as reações, baseadas em
emoções, como um componente fundamental para o sucesso organizacional”
(KIDA et al 2001). Para os mesmos autores, como reações emocionais
envolvem, por exemplo, raiva, frustração e alegria, a percepção da liderança na
administração destes processos se faz de grande importância para a
performance das equipes e dos indivíduos.
Para Pirola-Merlo (2002) “o gerenciamento das emoções é um
importante elemento da liderança efetiva, uma vez que a afetividade é um
importante mecanismo pelo qual a liderança inspiradora pode afetar a
performance de uma equipe de trabalho”.
A capacidade emocional do líder assim como sua capacidade de
administrar conflitos, objeto deste estudo, é determinada por suas habilidades
individuais e capacidade de influenciar os membros de sua equipe de trabalho.
Por inteligência emocional especificamente aplicada ao trabalho, entende-se a
capacidade primordial de saber se relacionar, em contraponto a exclusividade
premissa de conhecer bem o que se faz (Goleman, 2001).
Segundo Quinn (2003), as responsabilidades gerenciais dependem do
nível de hierarquia organizacional em que se situam, pois à medida que vão
sendo promovidos de um escalão organizacional para outro, os gerentes têm
que identificar quais comportamentos precisam ser aprendidos e quais terão
que ser remodelados uma vez que compreender as similaridades e diferenças
entre os cargos dos vários patamares hierárquicos pode servir de ponto de
apoio para que os indivíduos cresçam e se desenvolvam por ocasião dessas
transições. Para o mesmo autor, sem o aprendizado do que envolve a
complexidade comportamental, as virtudes do profissional podem tornar-se
justamente as causas de seu fracasso.
Havendo a necessidade de intervenção por parte do gestor, faz-se
necessário planejamento como solução do conflito. Os tipos de
planejamento poderão divergir entre si, conforme definiremos a seguir:
- Planejamento preventivo - Aqui a idéia é de provocar conflitos
“benéficos” na ocasião oportuna. O planejamento leva a um programa de
“manutenção preventiva”. É a chave para manter o conflito em níveis
administráveis.
- Planejamento técnico - Programações, prioridades e recursos de mão-
de-obra são fontes comuns de conflito nas empresas. Portanto, se as
funções de planejamento e programação forem executados da forma
correta, aumentará a probabilidade de cumprir metas e
consequentemente haverá diminuição dos níveis de conflito.
- Planejamento de integração - O comportamento humano é grande
fonte de conflito; estes conflitos também podem ser administrados por
meio de planejamento. Um “plano de integração” bem implantado
aumenta substancialmente a capacidade das equipes de trabalho lidar
com o conflito.
- Processo do planejamento - Ao administrar conflito, o “processo” de
planejamento é tão importante quanto o próprio plano, pois obtém-se
assim o comprometimento pessoal através do envolvimento dos
participantes no plano. Esta abordagem de consenso resulta num plano
unificado que resulta em implementação com menos conflito. O nível
mais baixo de conflito existe porque prováveis diferenças são eliminadas
durante o planejamento, quando os recursos ainda não estão totalmente
comprometidos.
Por fim, podemos citar as técnicas gerais de solução de conflitos de
Blake e Mouton, apresentadas na obra “The Managerial Grid”, já que oferecem
uma base para analisar situações conflitantes. Esses modos de solução de
conflito se resumem conforme segue:
- Retirada estratégica - significa evitar o problema, fugir ou desistir. Pode
ser utilizada como tática em curto prazo para ganhar tempo ou como
abordagem estratégica para períodos mais prolongados. A retirada é
uma maneira passiva de tratar do conflito e geralmente não consegue
resolver o problema. É antes uma solução temporária.
- “Panos Quentes” - poderia também ser chamado de abordagem de
apaziguamento. Inclui a busca de pontos comuns para acordo e ao
mesmo tempo foge dos pontos de desacordo. A técnica de “panos
quentes” pretende manter a paz e evitar situações de conflito aberto.
Como tem natureza apenas provisória, também não proporciona uma
solução duradoura.
- Negociação – pode ser entendida como barganha. O objetivo é atingir
um acordo aceitável. Mesmo quando o acordo está aquém da solução
ideal para cada uma das partes, presume-se que representa o melhor
entendimento que se pode atingir. São discussões baseadas no princípio
“toma-lá-dá-cá”. Quando se chega a um acordo aceitável pelas partes, a
negociação proporciona soluções definitivas para situações de conflito.
- Colaboração ou confronto - esta abordagem é a de “solução objetiva de
problemas” para resolver conflitos. Aqui, a filosofia que predomina é:
delinear o problema e resolvê-lo de maneira objetiva. O confronto requer
diálogo aberto entre os participantes, que devem ser competentes do
ponto de vista técnico e administrativo. O confronto proporciona
soluções definitivas para situações de conflito e, em última análise,
resolve o problema em questão.
- “Forçar” - significa o recurso ao poder para resolver um conflito. O
resultado desta abordagem é a situação de “vencedor/vencido” em que
uma das partes supera claramente a outra. A força, normalmente, requer
menos tempo do que o confronto e a negociação, mas tem o efeito não
desejado de deixar sentimentos feridos. Assim, o conflito resolvido à
força pode voltar em forma de sombra posterior. A despeito deste
aspecto, a força é uma maneira de resolver muitos conflitos em caráter
definitivo.
Tendo em vista as exposições anteriormente efetuadas neste último
capítulo, podemos então perceber que o líder / gestor atual é muito mais do
que meramente um “chefe”, como costumavam ser retratados até as décadas
de 70 e 80 do século XX, e sim, membros atuantes de uma equipe,
responsáveis pela manutenção da sinergia de sua equipe, pelo melhor
entendimento de cada individualidade para assim obter o melhor rendimento de
cada um e, consequentemente, alcançar os resultados definidos pela gestão
estratégica da empresa.
Há ainda a necessidade de este gestor ter a sensibilidade e a
inteligência emocional, fundamentais para sua melhor interação junto aos seus
funcionários, percebendo a existência de conflitos e utilizando sua habilidade
para resolvê-los.
Considerando que os líderes supracitados têm sido cada vez mais
procurados e valorizados pelas empresas, podemos entender que esta será
uma mudança sem volta para as corporações, desde que estas desejem se
manter no mercado cada vez mais competitivo de hoje.
CONCLUSÃO
Todos os indivíduos, em algum momento de suas vidas já passaram por
um momento delicado, onde suas idéias e pensamentos não foram
compreendidos da maneira que imaginavam ou não tiveram sequer a
oportunidade de explicá-los.
Seja pela falta de compreensão ou simplesmente com o intuito de
explicarem suas idéias, começam a surgir divergências. Essas divergências,
muitas vezes, não são tratadas logo quando surgem e aquilo que era uma
simples divergência pode se transformar num grande conflito, envolvendo não
só duas pessoas, mas todo um grupo de funcionários dentro de uma empresa.
É sabido que nos dias de hoje as empresas fazem parte de um cenário
cada vez mais competitivo, onde a concorrência é cada vez mais acirrada.
Desta maneira, torna-se importante saber como agir diante dos conflitos, para
que esses conflitos não gerem quaisquer desvantagens para as empresas
diante de seus concorrentes.
Conhecer e entender o corpo de funcionários da empresa, identificar
suas particularidades e aproveitar o que cada um tem de melhor para construir
um resultado melhor para a empresa é fundamental.
No entanto, é inevitável em um ambiente corporativo, onde existam
pessoas com personalidades, temperamentos e idéias diferentes, o surgimento
constante de conflitos e divergências de pensamentos.
Por isso, torna-se cada vez mais importante saber como agir diante de
um conflito e saber como aproveitá-lo no crescimento da empresa.
Identificar uma fórmula única de agir diante de diversas situações
conflituosas é impossível, pois cada conflito, cada divergência tem
características distintas, assim como os atores presentes nessas situações, o
que torna cada relação conflituosa diferente da outra.
No entanto, é possível identificar alguns padrões e alguns métodos a
serem seguidos pelas empresas e principalmente, pelo mediador desses
conflitos.
Torna-se então, importante ressaltar o papel do mediador de conflitos. O
mediador ou administrador ou ainda gerenciador de conflitos, deve possuir
habilidades para conduzir o processo de mediação.
Seja ele o gerente da área de Recursos Humanos da empresa, ou o
gerente da área envolvida no conflito, ou ainda uma comissão formada
exclusivamente para solucionar esses entraves, é de extrema importância que
essas pessoas saibam ouvir as partes envolvidas para que possam extrair
todas as informações de todos os envolvidos no processo, recolhendo todos os
subsídios necessários para auxiliá-los na melhor e mais adequada solução
para a empresa.
Saber perguntar é outra habilidade que o mediador tem que possuir, pois
nem sempre todas as informações e justificativas foram passadas pelos grupos
envolvidos no conflito. Extrair as informações que estavam somente no
pensamento de cada um é extremamente importante para compreender melhor
o pensamento de todos os envolvidos.
Outra habilidade crucial para realizar uma administração de conflitos é
saber se comunicar. Após ouvir e extrair mais informações dos envolvidos no
conflito, saber se comunicar é fundamental. Saber transmitir às partes tudo o
que foi compreendido e todas as questões que originaram o conflito, assim
como saber repassar de maneira clara e objetiva todas as conclusões e os
desdobramentos provenientes da gestão dos conflitos é de suma importância
não só para o desenvolvimento da empresa, como também para o
desenvolvimento dos funcionários, que aprendem com os acontecimentos e
enriquecem seus pensamentos quando se tem o correto entendimento do fator
gerador de uma situação conflituosa e sues desdobramentos.
Verifica-se então que o papel desempenhado pelo gerenciador de
conflitos não se resume apenas a intermediar uma relação ou situação de
divergência. Esse gerenciador tem grande responsabilidade no crescimento e
desenvolvimento dos envolvidos nos conflitos, pois não basta dizer apenas que
um lado está certo e o outro errado e quais serão as medidas tomadas pela
empresa. As justificativas para a tomada de decisão são fundamentais para
que a credibilidade do mediador e da própria empresa seja mantida ou até
melhorada, não perdendo assim, o foco da empresa nos seus resultados e
desempenhos.
Diferentemente do que se pensava em meados do século passado, os
conflitos não são uma indicação de um ambiente corporativo ruim, ou que
determinada empresa não está tão bem diante da concorrência ou de seu
mercado.
Hoje em dia os conflitos não são vistos como algo de ruim, mas sim
como uma possibilidade de crescimento, se bem administrados.
Em determinados momentos, em situações onde a empresa necessita
de novas idéias e de alcançar novos patamares de crescimento, mas, no
entanto, encontra-se de alguma forma estagnada, estimular o surgimento de
conflitos pode ser uma boa opção para retirar a empresa dessa inércia e de
maneira forçada, aguçar e atiçar seu corpo funcional a produzir novas ideias e
soluções para o desenvolvimento corporativo diante da concorrência.
Podemos concluir então que os conflitos possuem papel importantíssimo
dentro das empresas atualmente, fornecendo ferramentas para o
desenvolvimento do corpo de funcionários, mas também para o crescimento e
desenvolvimento das empresas, já que obriga a ambos a lidar constantemente
com questões de grupo, buscando sempre a superação, dando-lhes maior
experiência e conhecimento, fatores essenciais para o fortalecimento e
consequente sucesso das organizações.
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