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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
A DIDÁTICA E SUA IMPORTÂNCIA NA ATUAL FORMAÇÃO DO
DOCENTE
Por: Janaína Machado Dutra Ventura Paz da Silva
Orientador(a): Vilson Sergio de Carvalho
Rio de Janeiro
2014
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
A DIDÁTICA E SUA IMPORTÂNCIA NA ATUAL FORMAÇÃO DO
DOCENTE
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Orientação Educacional e
Supervisão Escolar
Por: Janaína Machado Dutra Ventura Paz da Silva
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela sua infinita sabedoria, fortaleza e misericórdia, que me encorajou nos dias de tempestade, mostrando-me que a aurora de uma nova manhã trará um sol radiante e trazendo-me a certeza de que podemos todas as coisas naquele que me fortalece. Obrigada meu esposo Josenildo Paz da Silva, por ser meu porto seguro, meu equilíbrio, minha tranqüilidade nos momentos mais turbulentos e de fazer parte desse sonho que agora realizo. A toda a minha família, pelo incentivo e apoio e por estarem sempre presentes em minha vida. As minhas colegas de trabalho que em todos os momentos me apoiaram e colaboraram para a conclusão do curso.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu avô Odalyr Dutra (in memorian), ao meu marido Josenildo em quem eu sempre me apoiei e que esteve ao meu lado, lutando contra as adversidades da vida e festejando as vitórias conquistadas.
METODOLOGIA
A presente pesquisa de cunho qualitativo se apoiará em revisão
bibliográfica de obras de autores como Libâneo(2002), Piletti(1987), Pimenta
(2011), entre outros que se dedicaram ao estudo da Didática e dos elementos
que constituem o processo de formação do professor.
Para contextualizar a teoria com a práxis, também serão utilizados
alguns indicadores qualitativos, obtidas a partir de levantamentos realizados
pelo Ministério da Educação e também pesquisa de campo entre os
profissionais que trabalham com o primeiro segmento do ensino fundamental
da escola pública e privada.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 01
CAPÍTULO I - A História da Didática no Brasil 01
CAPÍTULO II - Principais concepções de Didática 01
CAPÍTULO III – Relação da Didática e atuação do Docente 00
CAPÍTULO IV- Desenvolvimento da pesquisa 00 CONCLUSÃO 00
BIBLIOGRAFIA
ANEXOS 00
INTRODUÇÃO
Durante minha atuação como educadora observo que para desenvolver
um ensino de qualidade é necessário um conjunto de fatores, tais como
recursos didáticos, escolas bem estruturadas, apoio da equipe de gestão e
pedagógica, comprometimento familiar e um trabalho desenvolvido com
qualidade pelo profissional que atuará na sala de aula.
Essa atuação competente do professor é algo construído inicialmente na
sua formação e aperfeiçoado ao longo do tempo. No entanto se essa base
inicial for falha ou insuficiente, seu processo de aperfeiçoamento será mais
complicado e correrá o risco de influenciar negativamente o processo de ensino
e aprendizagem dos alunos.
Dentre as diversas disciplinas que compõe os cursos de Formação de
Professores e as Licenciaturas, encontramos a Didática como sendo a
disciplina que está mais diretamente relacionada como a forma de atuar e
desenvolver os diversos conteúdos na sala de aula.
A Didática orienta a ação do professor e as tendências que o nortearão.
Pode-se dizer que ela visa o desenvolvimento integral do docente no que se
refere sua postura, conhecimento de diferentes métodos, estratégias e
técnicas, estudo aprofundado dos diferentes recursos e sua forma de uso.
Além disso, a disciplina estimula que o processo faça constantemente uma
reavaliação da sua ação pedagógica.
Nesse sentido, compreende-se que a Didática exerce um grande papel
no que se refere à formação do docente, sendo necessário investigar se o
mesmo acontece na prática.
Além de verificar de que maneira a disciplina se insere nos currículos
atuais, considera-se de grande valia observar como a mesma é trabalhada e a
visão dos futuros docentes sobre a relação entre a Didática e sua atuação
quanto profissional.
Quando pensamos em elementos que contribuem para qualidade de
ensino, logo imaginamos, dentre outros, uma escola bem estruturada e com
uma variedade de recursos materiais. No entanto, a diversidade de recursos
pedagógicos é inútil se o grupo de professores que utilizará não se sentir
seguro e capacitado para manuseio.
Nesse sentido, verificamos inúmeros professores, formados no
Ensino Normal e até mesmo licenciados, se sentirem inseguros de atuarem
com alunos ou afirmarem que sua formação não os preparou para
lecionarem.
Em virtude desta realidade, observamos que é necessário repensar
sobre a educação e alguns elementos da formação docente, principalmente
no que se refere a utilização de recursos didáticos durante a realização de
atividades com os alunos, uso de métodos, técnicas e estratégias. Todos
esses elementos são abordados nos cursos de formação de professores
numa disciplina específica, Didática.
Considera-se que essa disciplina é a chave-mestra para que o
professor desenvolva um trabalho com competência e profissionalismo e
podemos perceber sua importância uma vez que a mesma se faz presente
em todos os cursos de licenciatura.
Além disso, considerando que dentro dos elementos que compõe a
formação do educador, nenhum afeta tanto sua prática como a Didática
verificamos ser essencial um estudo aprofundado sobre a disciplina e como a
mesma está inserida neste processo de formação do educador. Em razão
disso, a presente pesquisa pretende verificar a importância da Didática para no
processo de formação do educador do primeiro segmento do Ensino
Fundamental tendo em vista sua influência na práxis voltada para um ensino de
qualidade.
Em consonância ao presente objetivo, o estudo foi desenvolvido
seguindo as seguintes etapas: apresentação das principais concepções de
Didática construídas por especialistas; descrição do processo de construção
histórico da Didática na educação brasileira; contextualização da formação do
Docente apresentando sua dimensão política, filosófica e pedagógica;
identificação das possíveis demandas no processo de formação do docente no
que se refere a Didática; por fim há uma relação entre a concepção de Didática
utilizada na formação do professor e sua relação com a prática.
Cabe ressaltar que a presente pesquisa de cunho qualitativo se apoiará
em revisão bibliográfica de obras de autores como Libâneo (2002), Piletti
(1987), Pimenta (2011), entre outros que se dedicaram ao estudo da Didática e
dos elementos que constituem o processo de formação do professor e para
contextualizar a teoria com a práxis, também serão utilizados alguns
indicadores qualitativos, obtidas a partir de levantamentos realizados pelo
Ministério da Educação.
CAPÍTULO I
A HISTÓRIA DA DIDÁTICA NO BRASIL
A escola como estabelecimento de ensino sempre teve em seu conteúdo
básico, conduzir os conhecimentos acumulados pela humanidade, a cada
mudança e avanço na sociedade, novas formas de transmitir esses
conhecimentos se fazem necessário.
Com isso, novas formas de fazê-lo e como fazê-lo, surgem em forma de
teorias que propõem novos olhares sobre a prática pedagógica. Desde o
princípio dos tempos há evidência de processos de ensino na Antiguidade
Clássica (Gregos e Romanos), estes métodos de ensino existiam nas escolas,
igrejas, universidades, entre outras instituições, mas a ação didática não estava
presente nestas formas de ensino, como afirma Libâneo (1994, p. 57) “[...]
pode-se considerar esta uma forma de ação pedagógica, embora aí não esteja
presente o “didático” como forma estruturada de ensino”.
A terminologia “didática” surge somente quando há a interferência
ostensiva e esboçada no processo de ensino-aprendizagem, deixando de ser
assim uma prática verdadeira. A escola torna-se assim, um lugar onde o
processo de ensino passa a ser esquematizado, compondo o ensino de acordo
com a idade e capacidade de cada criança.
O motivador pela “teorização” da didática será Comênio:
A formação da teoria da didática para investigar as ligações entre ensino
aprendizagem e suas leis ocorre no século XVII, quando João Amós Comênio (1592-1670),
um pastor protestante, escreve a primeira obra clássica sobre didática, a Didática Magna
(Libâneo, 1994, p. 58).
Foi o primeiro educador a elaborar ideia da divulgação dos
conhecimentos educativos a todos, criou normas e convicções de ensino,
desenvolvendo um estudo sobre a didática.
No Brasil, a análise histórica da didática segundo Veiga (2006ª, p.33)
parte do “ano de 1549”, ainda no período colonial, onde os jesuítas foram os
prevalecentes educadores de quase todo esse tempo. O dever educacional
destes religiosos estava apontado para a catequese e a instrução dos
indígenas, contudo, para a fidalguia colonial outro tipo de educação era
aplicada. A ação pedagógica dos jesuítas foi apontada pelas formas
catedráticas de pensamento e a não criticidade buscava-se a construção do
indivíduo universal, humanista e cristão.
Veiga (2006 a, p. 34) diz que “[...] dessa forma não se poderia pensar
em uma prática pedagógica, e muito menos em uma perspectiva
transformadora na educação”. O critério de ensino (didática) era percebido
apenas como um conjunto de regras e normas prescritivas que se destinam a
direção do ensino e do estudo.
Após os jesuítas não ocorreram no país grandes ações pedagógicas, a
nova organização instituída por Pombal apresentou pedagogicamente, uma
regressão no sistema educativo, pois professores leigos começaram a ser
recepcionado para lecionar “aulas-régias”, introduzidas pela reforma
pombalina.
Somente por volta de 1870 com o decurso do modelo cafeeiro para um
modelo agrário-comercial-exportador, é que começou a haver modificações
expressivas na educação brasileira. Em 1890 é aprovada a reforma Benjamin
Constant, onde se destacam os ideais burgueses, eliminam-se o ensino
religioso nas escolas públicas, passando o Estado a assumir a laicidade.
A Pedagogia Tradicional começa a ingressar no Brasil como uma linha
leiga que possui pressupostos da “pedagogia de Herbart” e seus cinco passos
formais, caráter autoritário aos conteúdos, métodos universais e o professor
como o ponto central do processo ensino-aprendizagem, o aluno é considerado
um ente passivo e receptivo, como afirma Veiga (2006ª, p.36), a atividade
docente é entendida como inteiramente autônoma em face da política,
dissociada das questões entre escola e sociedade. Uma didática que separa
teoria e prática.
Essa linha pedagógica repercutia nas disciplinas do currículo das
Escolas Normais, desde o início de sua criação em 1835. A incorporação da
disciplina “didática” nos cursos de formação de professores deu-se somente
em meados de 1930.
Neste decênio o Brasil sofre profundas variações devido à troca do
modelo sócio-econômico e a crise mundial da economia. Devido a todas estas
transformações, ocorre no Brasil à Revolução de 1930 que aponta o início de
uma nova etapa na história da República Brasileira.
Com todas as transformações sofridas, inicia-se uma nova fase na
história da República Brasileira e é constituído o Ministério da Educação.
Em decorrência das mudanças, o professor passa a perceber a didática
como um conjunto de idéias e métodos, privilegiando a dimensão técnica do
processo de ensino, não considerando os aspectos sociais, políticos e
econômicos, ou seja, o professor se transforma em um “técnico” que não
considera a realidade. Este modelo pedagógico apresentado excluía a maioria
da população.
Por força do Decreto-lei nº 1190/39, a didática foi estabelecida como
curso e disciplina com duração de um ano. Em 1941 o curso de didática é
considerado independente. A didática começa a ser percebida como disciplina
fundamental na formação do educador, mas seu foco está somente na
dimensão técnica, nos métodos.
A partir da década de 80 é que essa nova visão crítica de educação
começa a semear a criação da nova república e a constante luta da classe
operária (incluindo os professores), os ideais educacionais são novamente
retomados. Um símbolo importante dessa nova década foi o I Seminário A
Didática em Questão realizado na Universidade do Rio de Janeiro no ano de
1982, que buscava entre outras propostas, a discussão e disseminação dessa
nova proposta crítica de educação que estava confusa até o presente
momento.
Finalizando esta década e baseados em novas correntes pedagógicas,
podemos citar uma frase de Veiga 2006a que nos leva a refletir sobre a função
da didática hoje:
Nesse sentido, a didática crítica busca superar o intelectualismo formal do
enfoque tradicional, evitar os efeitos do espontaneísmo escolanovista, combater a
orientação desmobilizadora do tecnicismo e recuperar as tarefas especificamente
pedagógicas, desprestigiadas pelo discurso reprodutivista. Procura, ainda, compreender
e analisar a realidade onde está inserida a escola.
No andamento de nossa retrospectiva histórica, apreciaremos desde a
década de 90 até a presente data, que nos aponta um novo eixo em nossa
realidade educacional: “o mundo contemporâneo é marcado pela hegemonia
do projeto neoliberal, consolidando-se no contexto internacional e nacional,
dominado pelo pensamento técnico-científico” (VEIGA, 2006a, p.45).
Nesta nova época na educação, é discutido e questionado o papel da
ditadura sob duas visões segundo Veiga: [...] a primeira voltada para a
formação do tecnólogo de ensino; a segunda procura favorecer e aprofundar a
perspectiva crítica, voltada para a formação do professor como agente social
(2006a, p.46).
Constatamos que esta terminação de Veiga não é otimista na evolução
educacional, a didática modernizadora assentada na legislação de ensino
vigente busca formar um profissional com base em uma pedagogia por
competências e coerente à avaliação e controle de resultados. Há uma grande
união de diferentes partes de várias correntes pedagógicas e enfoques
teóricos, com cita Veiga (2006a, p.47), o “neobehavionismo”, que são impostos
e cobrados dos professores.
Nesse entendimento, a didática é separada do contexto social mais
abrangente, facilitando a formação do professor como um técnico, executor
comum de atividades habituais, determinadas, involuntárias e burocráticas.
Cria-se então, uma concepção de formação pragmatista em que, o processo de
ensino tem por fundamento a aprendizagem por competências com
reconhecimento dos métodos e técnicas, o educador acaba por fazer, mas não
conhece os fundamentos deste fazer, arruinando cada vez mais sua formação
e ação. O critério de avaliação exigido dos professores é classificatório,
autoritário e discriminatório, enfatizando a exclusão e marginalização dos
indivíduos do sistema educacional.
Encerrando, podemos concluir que nestas duas últimas décadas, o
esforço de educadores, pesquisadores e autores giram em torno da opinião
política e crítica da didática, verifica-se que há uma maior preocupação da
“ampliação do enfoque crítico” e preocupação da “educação como prática
social”, compromisso com a democratização da escola pública e qualidade de
ensino, formação consciente de nossa realidade e desenvolvimento de
pesquisas na área de didática. Busca-se então, uma re-configuração da
didática crítica, realizada na dimensão de uma visão “contextualizada e
multidimensional do processo pedagógico, não destacando ou reduzindo
nenhuma dimensão, mas sim as articulando, e tendo o ensino como prática
social concreta".
CAPÍTULO II
AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES DE DIDÁTICA
Didática é uma divisão da ciência pedagógica que tem como escopo
ensinar critérios e práticas que motivam a aprendizagem do aluno por parte do
professor ou formador. É uma disciplina prática ainda que tenha como
fundamento as teorias pedagógicas que exploram os critérios mais adequados
a utilizar-se. A didática efetiva estes métodos em condições individuais
escolhendo as melhores formas em cada caso para atingir a um determinado
objetivo.
Didática consiste comumente ensinar, explicar e instruir ao aluno com
técnicas de explicação para melhor formação do mesmo nos âmbitos de
estudos ao que se há proposto. Didática é uma ciência pedagógica
centralizada no estudo dos recursos de ensino e aprendizagem, que pesquisa
a formação e o avanço explicativo e formativo dos discentes.
O que busca a didática é repercussão e a observação do processo de
ensino e aprendizagem e do ensino como totalidade. Em conjunto com a
pedagogia, a didática procura a interpretação e o aperfeiçoamento efetivo da
instrução e dos eventos educacionais. Os dois objetivam investigar e dominar
melhor a prática educacional na que se concentra como disciplina, esta trata de
interceder sobre a realidade que se estuda.
Compreende-se Didática a partir da conceituação apresentada no
dicionário Aurélio on line que define o termo como s.f. Arte de ensinar; o
procedimento pelo qual o mundo da experiência e da cultura é transmitido pelo
educador ao educando, nas escolas ou em obras especializadas. Conjunto de
teorias e técnicas relativas à transmissão do conhecimento.
Nesse sentido, cumpre enfatizar algumas palavras específicas que
aparecem na definição. Primeiramente, o termo procedimento demonstra a
preocupação com técnicas utilizadas pelo professor durante o exercício da
profissão; em segundo lugar, quando menciona “mundo da experiência e da
cultura” quer dizer que há uma seleção de assuntos que o professor
desenvolverá com o aluno, assuntos estes construídos historicamente e
socialmente o qual se torna mais complexo a aprendizagem sem métodos e
técnicas específicas. Por fim, no final da definição, pode-se destacar “conjunto
de teorias”, que ao estar escrito no plural demonstram serem mais de uma e
essa multiplicidade se deve as múltiplas concepções que a Didática apresenta.
Historicamente apontam-se dois teóricos que possuíam princípios
diferenciados de Didática. Primeiramente Comnius, bispo protestante
considerado fundador da Didática Moderna no século XVII e autor da obra
Didática Magna; e Herbart, filósofo e psicólogo alemão que, influenciado pelo
contexto histórico da época, via no ato de ensinar e aprender uma nova forma
de conhecer mais profundamente o ser humano e o mundo em que vivemos.
Para ele, a educação tem a finalidade de descobrir, conhecer o próprio homem,
os fenômenos e o meio ambiente. O currículo de todas as escolas, em todos os
níveis de ensino, deveria visar o conhecimento da natureza e o conhecimento
da própria humanidade.
De acordo com a Didática Magna, Comnius considerava que havia
diferenças entre ensinar e aprender, que para haver aprendizagem era
necessário que o professor utilizasse métodos práticos, fáceis, voltados para a
experiência e aproveitasse elementos do cotidiano.
Prosseguindo o conceito de didática, tem-se Comênio, considerado o
“pai da didática”, é claro que outros sábios contribuíram com deduções
significativas, mas como afirma Libâneo (1994) ele foi o primeiro educador a
teorizar a didática em sua obra “Didática Magna”, a elaborar a ideia da
multiplicação dos conhecimentos a todos e criar fundamentos e regras de
ensino.
Comênio admitia poder descrever um método eficaz de ensinar tudo a
todos, ou como ele cita em sua obra “a arte de ensinar tudo a todos” e
esclarece:
A proa e a popa de nossa Didática será investigar e descobrir o método segundo o qual
os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais: nas escolas haja menos
barulho, menos enfado, menos trabalho inútil, e, ao contrário, haja mais recolhimentos, mais
atractivo e mais sólido progresso; na Cristandade, haja menos trevas, menos confusão, menos
dissídios, e mais luz, mais ordem, mais paz, mais tranqüilidade (COMÊNIO apud VEIGA,
2006a, p.18).
Entre outros educadores que contribuíram significativamente para a
conceituação da didática, encontra-se Rousseau, que baseava seus estudos
sobre o ensino nos interesses e necessidades imediatas da criança; Pestalozzi
que atribuía grande importância ao método intuitivo e a psicologia, consistindo
suas idéias na educação intelectual; Herbart que acreditava que o fim da
educação é a moralidade atingida através da instrução educativa e que deu
origem a proposta dos cinco passos formais na educação, sendo um grande
influenciador da Pedagogia Tradicional.
José Carlos Libâneo conceitua didática em “A ciência que investiga a
teoria e a prática da educação nos seus vínculos com a prática social e global é
a Pedagogia. Sendo a Didática uma disciplina que estuda os objetivos, os
conteúdos, os meios e as condições do processo de ensino tendo em vista
finalidades educacionais, que são sempre sociais, ela se fundamenta na
Pedagogia: é, assim, uma disciplina pedagógica. “
Paulo Freire, grande educador e criador da Pedagogia Libertadora
pensava e concebia uma didática baseada no desenvolvimento de um
processo de ensino e aprendizagem no interior dos grupos sociais.
Além dessas concepções, pode-se observar que a Didática ao longo do
tempo sofreu transformações em razão do cenário político, social, cultural e
econômico vivido pela sociedade, se dividindo em dois blocos, denominados
tendências: a liberal e progressista.
Essas duas tendências apresentam subdivisões apresentam
características bem diferencias, como é possível observam no quadro em
anexo, com relação a função da escola, conteúdos, métodos utilizados, relação
entre professor e aluno e na forma como compreende a aprendizagem. A
Tendência Liberal se subdivide em Liberal Tradicional, Liberal Renovadora
Progressiva, Liberal Renovadora Não-diretiva e Liberal Tecnicista. Já a
Tendência Progressista se subdivide em Progressista Libertadora, Progressista
Libertária e Progressista Histórico-Crítica.
É importante salientar que todas as tendências apresentam defensores
que são marco da pedagogia brasileira e muitas escolas ainda utilizam cada
uma delas.
Dois autores da modernidade, Libâneo e Saviani levantam por meio da
Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos e da Pedagogia Histórico Crítica uma
didática que vença as teorias não críticas e críticas reproducionistas, numa
escola democrática e que efetive sua finalidade coletiva e política, numa
educação que prepare a verdadeira construção cidadã, fundamentadas nas
matérias ordenadas como preparação para a vida e engajado nos encontros
sociais.
Observando o cenário histórico que a didática atravessou, compreende-
se que ela cumpriu diversos caminhos de acordo com o padrão econômico do
Estado e suas alterações, ganhos políticos e educacionais, presenças
estrangeiras, estudos e pesquisas em torno deste domínio. Na corrente
tradicional, a didática objetivava um homem apático, acrítico e devoto a
“religião”. Na corrente Nova a didática deveria criar um homem apto a aprender
independentemente, mas não a refletir e a julgar. Na corrente Tecnicista a
didática é direcionada para a construção de um “homem máquina”, que
entenda e proceda mecanicamente e de forma imparcial. Nas correntes
“críticas da educação” (Pedagogia Libertadora, Crítico-Social dos Conteúdos e
Histórico Crítica) a didática que se apresenta tende conceber um homem que
domina e usa seus direitos e deveres, mediante seu conhecimento na escola,
apreciação política e crítica ante ao fato. A formação do professor e do aluno, a
atitude política e crítica, os argumentos, a análise, em suma, todos os membros
que formam o quinhão do procedimento de instrução caminham em sintonia
com os princípios políticos, somos nós preceptores quem poderemos entender
e enfrentar para transformá-la.
Complementando, pode-se mencionar o conceito que o dicionário nos
oferece sobre a palavra didática que é “a técnica de dirigir e orientar a
aprendizagem”, de fato a técnica deve fazer parte do sistema de ensino-
aprendizagem, mas para um mestre comprometido com a educação de nível e
progressista, sabemos que há de existir muitas outras áreas deste processo e
que apenas associando–as se alcançará uma educação absoluta.
CAPÍTULO III
RELAÇÃO DA DIDÁTICA E ATUAÇÃO DO DOCENTE
De maneira geral a Didática envolve alguns elementos básicos: o
docente que fará mediação entre o aluno e o conhecimento, o próprio aluno,
centro do processo de ensino e aprendizagem, o assunto ou conteúdo a ser
desenvolvido, recursos que envolvem desde a escola até um simples lápis e os
métodos pelo o qual o professor pretende utilizar a fim de alcançar o objetivo
almejado.
Embora sejam elementos comuns, é importante destacar que a forma
como tais elementos são levados em consideração e dispostos quanto ao grau
de importância depende em suma dos princípios filosóficos e pedagógicos que
norteiam a Didática. Em sua forma mais tradicional, ela pode não considerar o
aluno como o centro do processo, mas o professor ou o conteúdo.
Nesse sentido, é importante que ao adotar uma determinada concepção
de Didática, conhecer os princípios filosóficos que a define, caso contrário, sua
prática profissional pode contradizer a postura ou ponto de vista que defende.
Além disso, mais recentemente, pra ser mais específica, a educadora
portuguesa Isabel Alarcão desenvolveu o conceito de “tríptico didático” para
apresentar as múltiplas dimensões da Didática. De acordo com a estudiosa, a
disciplina apresenta a dimensão investigativa relacionada à postura de eterno
pesquisador da realidade e suas mudanças, a dimensão curricular relacionada
a forma como a mesma se insere no currículo bem como está inserida nos
cursos de formação e aperfeiçoamento dos professores; e a dimensão
profissional relacionada a atuação docente.
De acordo com a autora, as três dimensões devem estar interligadas
continuamente. Além disso, o não reconhecimento dessas dimensões, assim
como a desvalorização da própria disciplina provocam graves consequências
para a educação e atuação do professor.
Melhorar a formação docente implica instaurar e fortalecer processos de mudança no interior das instituições formadoras, respondendo aos entraves e aos desafios apontados. Para isso, não bastam mudanças superficiais. Faz-se necessária uma revisão profunda dos diferentes aspectos que interferem na formação inicial de professores, tais como: a organização institucional, a definição e estruturação dos conteúdos para que respondam às necessidades da atuação do professor, os processos formativos que envolvem aprendizagem e desenvolvimento das competências do professor, a vinculação entre as escolas de formação inicial e os sistemas de ensino. (BRASIL, 2000, pág. 12)
O trecho acima retirado da Proposta Curricular para curso de Formação
de Professor mostra algumas orientações do que seria necessário para a
melhoria da formação docente aborda questões curriculares, a relação teoria e
prática através dos estágios e fortalecimento de vínculos entre cursos de
formação e escolas para que o futuro educador se aproxime o máximo possível
da realidade na prática, no entanto, não aborda com muito detalhe a questão
da Didática. Podemos fazer uma breve ligação no trecho relacionado a
“desenvolvimento de competências do professor”, porém uma vez que são
recomendações visando melhoria da formação, consideramos que era
necessário que os elementos didáticos fossem enfatizados mais
minunciosamente.
Embora, todos os cursos de Licenciatura tenham na sua grade curricular
a disciplina Didática, a mesma é mais enfatizada nos cursos de Pedagogia.
Isso pode trazer consequências para a formação, principalmente a formação de
docentes que conhecem bastante o assunto que ensinarão, no entanto,
apresentam dificuldade no processo de seleção de métodos e técnicas, na
forma de explicar e de lidar com turmas heterogêneas ou com alunos que
tenham grande dificuldade de aprendizagem.
Sem a mediação da transposição didática, a aprendizagem e a aplicação de estratégias e procedimentos de ensino tornam-se abstrata. Essa aprendizagem é imprescindível para que, no futuro, o professor seja capaz de eleger as estratégias mais adequadas, considerando a diversidade dos alunos, as diferentes faixas etárias e ainda outras especificidades
(educação inclusiva, educação de jovens e adultos). (BRASIL, 2000, pág. 26)
A Didática é uma das extensões da Pedagogia. Pesquisa as teorias, as
possibilidades e os métodos de efetivar a educação por instrumento do ensino.
Sendo este uma atividade historicamente assentada, a Didática se estabelece
teoria do ensino. Não para gerar regras e métodos eficientes para qualquer
tempo e lugar, mas para alongar nosso entendimento das discussões que a
função de ensinar nos coloca, a partir dos saberes guardados sobre essa
matéria. E, quem sabe, com eles aprender encontrar respostas, criar novas
concepções de como conduzir à educação nos espaços escolares, campo mais
freqüente do trabalho profissional dos professores.
Além disso, durante o ensino da Didática, em geral é comum tratar com
os futuros professores assuntos de caráter macro, como por exemplo, métodos
e técnicas ou recursos mais apropriados para o ensino de uma determinada
disciplina, como por exemplo, Português ou Matemática, ou da postura do
professor, formas de avaliar, entre outros. No entanto, há uma carência de
especificidade, uma vez que assuntos de uma área nem sempre tem como
melhor forma de trabalhar com o aluno a mesma técnica ou o mesmo
procedimento.
Um ponto especial é a questão da relação entre a aprendizagem dos conteúdos a ensinar e a aprendizagem de suas especificidades didáticas. Ainda que se saiba que abordar de forma articulada os conteúdos e o respectivo tratamento didático é condição para o desenvolvimento de competências para ensinar, em geral, discutem-se a didática das áreas apenas em suas questões de ordem geral e, raramente, as especificidades do ensino dos diferentes conteúdos. (BRASIL, 2000, pág. 28)
É preciso que eles próprios – alunos dos cursos de formação – sejam desafiados por situações-problema que os confrontem com diferentes obstáculos, exigindo superação e que experienciem situações didáticas nas
quais possam refletir experimentar e ousar agir, a partir dos conhecimentos que possuem. (BRASIL, 2000, pág. 41)
Como pode ser visto na citação acima, a Didática não tem como função
apenas o ensino de técnicas, métodos e utilização de recursos para ensinar um
determinado conteúdo; seu objetivo principalmente consiste em promover no
professor uma reflexão sobre sua prática docente, o trabalho pedagógico, a
relação entre professor e aluno, a implicação social do que ensina e como
ensina, entre outras questões filosóficas, as quais contribuem para que o
ensino não seja reprodutor e vazio.
Ainda com relação à aprendizagem da Didática nos cursos de
Licenciatura para alunos que já vivenciaram essa experiência nos cursos de
Formação de Professores, é possível afirmar que seu ensino também se faz
essencial para aperfeiçoamento da atuação docente, uma vez que:
(...) o acesso aos conhecimentos produzidos pela investigação acadêmica nas diferentes áreas que compõem seu conhecimento profissional alimenta o seu desenvolvimento profissional e possibilita ao professor manter-se atualizado e fazer opções em relação aos conteúdos, à metodologia e à organização didática dos conteúdos que ensina. (BRASIL, 2000, pág. 46)
Por fim, reiterando que a educação como ação social é fato complexo,
histórico, situado e que expõe as variadas e conflituosas especificações das
sociedades humanas nas quais se realiza, entende-se que seu estudo não se
exauriu em uma única ciência – a Pedagogia. Mas precisa da contribuição de
outras ciências, como a Sociologia, a Filosofia, a História, e outras que também
se curvam sobre a educação. Entretanto, enquanto essas ciências debatem o
fenômeno educativo sob a dimensão dos conceitos e métodos de análise que
lhe são adequados, a Pedagogia presume o educativo propriamente dito. Seu
âmbito alcança as ações educativas e seus agentes contextualizados, tais
como:
o aluno como sujeito do processo de socialização e de aprendizagem; os agentes de
formação [entre eles as mídias, a família, os agentes de saúde, as escolas e os professores];
as situações concretas em que se dão os processos formativos [entre eles o ensino]; o saber
[como objeto de produção e constituição do humano]; o contexto social das instituições [entre
elas os sistemas de ensino, as políticas governamentais], inclusive as escolas e as salas de
aula (Libâneo, 1998, p.30).
Resumindo, o objeto do pedagógico se configura na relação entre os
elementos da prática educativa: o sujeito que se educa o educador, o saber e
os contextos em que ocorre.
CAPÍTULO IV
Desenvolvimento da pesquisa
Na esfera educacional tem sido apontado cada vez mais relevante a
dificuldade de identificar e esclarecer, com cunho científico, o caráter das
ocorrências educativas.
Isto posto, assumimos uma abordagem qualitativa, que é uma
metodologia de investigação. Semelhante abordagem inclina-se a adotar uma
incisiva tendência descritiva e esclarecedora.
Desenvolveu-se a pesquisa de campo com a intenção de juntar
elementos acerca da opinião dos professores segundo o tema Didática.
Compartilharam da pesquisa professores de duas escolas, uma pública e uma
privada.
O mecanismo aplicado para a coleta de dados foi um questionário sobre
a compreensão dos professores sobre a Didática, englobando 13 questões,
discutindo conhecimentos gerais sobre o professor como o nível de ensino e
tempo de atuação, idade, sexo, formação, quantas instituições atuam, e
específicos sobre seu conhecimento à cerca da didática, se freqüentou
disciplinas sobre didática em sua formação, seu conceito sobre didática,
ensino, aprendizagem e docência (Anexo 2).
De acordo com Lakatos e Marconi (1999) o questionário é instrumento
de coleta de dados constituído por uma série de perguntas, que devem ser
respondidas por escrito. Os autores acentuam que como em todo instrumento
de coleta de dados o questionário também contém utilidades e restrições.
Foi distribuído um total de 30 questionários, entre as duas escolas
participantes, dos quais retornaram apenas 20 respondidos e nos quais a
pesquisa de campo se baseou.
De acordo com Lakatos & Marconi, (1995) a pesquisa bibliográfica não é
apenas uma repetição do que já foi publicado sobre o tema, mas propicia uma
análise sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.
Por intermédio do assentamento teórico apontado o presente trabalho se
auxiliará e depois será confrontado com as opiniões dos professores coletadas
na pesquisa de campo sobre didática, tentando destarte indagar as diferenças
e semelhanças tanto na teoria, quanto na prática docente sobre a didática.
A espécie de pesquisa tratada foi à qualitativa, por ser vista como uma
metodologia capaz e que disponibiliza uma determinada investigação e análise
de caráter descritivo e interpretativo, o que engrandece seu apoio ao trabalho.
A pesquisa de campo foi materializada em duas grandes escolas, uma
pública e outra privada, todas no município de Belford Roxo, Rio de Janeiro. As
escolas participantes foram:
- Escola Municipal São Bento – da agrupada ao 2º segmento do Ensino
Fundamental
- Centro Educacional Líbano Brasileiro – da Educação Infantil ao Ensino
Médio.
Participaram da pesquisa professores que trabalham na Educação
Infantil até o primeiro segmento do ensino fundamental. Foi distribuído um total
de trinta questionários entre as duas escolas mencionadas, dos quais
regressaram apenas vinte respondidos, sendo estes os participantes reais e
que foram contabilizados na apuração total da pesquisa.
Os métodos foram separados em estágio de desenvolvimento para uma
melhor compreensão, as quais são:
Na primeira etapa foi elaborada uma sucinta pesquisa no tocante ao
tema do trabalho, considerando quais as incertezas que permanecem a
respeito da didática e que examinadas nesta pesquisa poderiam oferecer
algum subsídio no debate deste assunto e no desenvolvimento do trabalho.
Na segunda etapa, apoiando-se nos princípios e alegações teóricas
preparamos um questionário (anexo 2) com interrogações abrangentes e
especiais, comportando ao todo treze questões de caráter investigativo sobre o
tema do trabalho, que colaboraram significativamente com suas respostas
sobre a prática que a didática está estabelecida.
Na terceira etapa, foram visitadas as escolas e solicitadas a participarem
da pesquisa, em seguida foram distribuídos os questionários necessários a
cada instituição, tal como registrada a data de devolução dos mesmos.
Nesta última etapa foram recolhidos os questionários e contabilizados
em seu conjunto para futura alegação a observação dos aspectos alcançados.
As informações conseguidas na pesquisa foram examinadas juntamente
com a apresentação de resultados estabelecidos de acordo com as respostas
das questões.
Exibimos os resultados, bem como sua análise por meio de elementos
conseguidos na pesquisa de campo que mostraram as concepções dos
professores sobre do tema Didática, ponto central do trabalho. Desta forma a
apresentação será dividida entre as questões incluídas no questionário
investigativo apresentado aos professores participantes.
Observando os dados obtidos pertinentes ao nível de ensino que o
professor leciona, consideramos que a maioria dos professores participantes
da pesquisa leciona no primeiro segmento Ensino Fundamental.
Quanto à idade do professor, observamos que a maioria dos professores
participantes da pesquisa possui idade entre 26 e 35 anos.
Nas informações referentes à questão sobre o sexo dos professores,
observamos que a maioria dos professores participantes da pesquisa é do sexo
feminino.
Analisando os dados obtidos referentes às questões instituição de
formação e área específica, observamos que a maioria dos professores
participantes da pesquisa obteve sua formação em Institutos de Educação e
Universidades privadas, na graduação.
Em análise dos dados referentes à questão sobre o tempo de atuação
do professor, observamos que a maioria dos professores participantes da
pesquisa atua entre 3 e 20 anos como professor.
Observamos que a maioria dos professores participantes da pesquisa
atua na rede municipal e nenhum atua na rede federal.
De agora em diante encontraremos as questões de caráter específico
sobre a didática, sendo que da sétima á décima questão as respostas foram de
múltipla escolha e da décima primeira á décima terceira, dissertativas.
No que concerne à questão que falava sobre os participantes terem
cursado as disciplinas didática, prática de ensino ou outras semelhantes em
sua formação, observamos quase uma igualdade de respostas entre as
disciplinas citadas, sendo que 20 afirmaram ter cursado a disciplina Didática e
17 a disciplina Pratica de ensino em sua formação
Na questão em que os professores foram interrogados a responder
como a Didática poderia ser identificada numa tendência progressista de
educação, o resultado também atestou dúvida no conceito por uma parte
significativa dos professores.
O resultado dos professores com relação ao que seria necessário ter
sempre em mente para que a aprendizagem acontecesse no ato de planejar as
atividades escolares. Nesta questão notamos que com exceção da alternativa
(A), todas as outras incumbem a aprendizagem à capacidade e
desenvolvimento da criança, mas na verdade no processo de ensino-
aprendizagem o papel do professor é fundamental, bem como sua
responsabilidade profissional, ou seja, será ação do educador que determinará
grande parte neste processo. Sendo assim, deduzimos que o aluno está
propenso aprender, desde que motivado, pois assim manifestará seu interesse
pelos conteúdos escolares, como a maioria dos participantes da pesquisa
respondeu.
Na décima questão, perguntamos aos professores qual seria o papel do
planejamento, no processo de ensino e aprendizagem, sendo estes dois
intimamente ligados, as respostas foram:
As respostas foram bem divididas, concentrando-se em sua maioria na
alternativa “B”, no entanto, esta e as alternativas “A”, “C” e “D” acabam por
destacar apenas um ou dois componentes didáticos, quando na realidade o
importante é a relação e união entre todos articulados ao trabalho do professor,
como explicita a alternativa “E” (garantir a coerência do trabalho docente
através da interligação dos elementos do processo de ensino).
Constatamos que o planejamento no processo de ensino-aprendizagem
deve descrever uma etapa de união entre todos os componentes didáticos,
traduzindo-se nas atividades do educador e na abrangência dos objetivos
educacionais, e não apenas em seus métodos, concepções teóricas,
experiência e preferências pessoais.
A exposição e apreciação das questões a seguir se darão em forma de
quadros. A próxima questão perguntava o entendimento de ensino que cada
professor possui. A partir das respostas foram criadas as seguintes categorias:
Categorias 11 – Para você o que é ensino? Nº de respostas
N º 1 Transmissão de conhecimento 11
Nº 2 Metodologia adequada 04
Nº 3 Construção do conhecimento 05
Nº 4 Prática dialética 00
A décima segunda questão aos professores os questionava sobre a
aprendizagem, o que seria para cada um deles, veja a seguir o quadro com as
categorias e respectivas respostas:
Categorias 12- O que é aprendizagem? Nº de Respostas
Nº 1 Assimilação de Conteúdos 09
Nº 2 Conhecimentos significativos para a vida 08
Nº 3 Troca de conhecimentos entre professor e aluno 03
A décima terceira questão questionava os docentes sobre o que seria
considerado importante para a docência, vejamos a seguir o quadro com as
categorias eleitas:
Categorias 13 – O que você considera importante para a docência? Nº
de respostas
Nº 1 Valorização profissional 09
Nº 2 Qualificação 05
Nº 3 Formação continuada 03
Nº 4 Ética 01
Nº 5 Originalidade 01
Nº 6 Amor à profissão 01
CONCLUSÃO
Após detalhada análise, foi possível perceber a importância da Didática
durante o processo de formação, capacitação e qualificação dos professores,
uma vez que a mesma orientará aos futuros docentes com relação à postura,
materiais utilizados, formas de avaliação, entre outros elementos.
No entanto, cabe ressaltar que a base da Didática segue princípios
filosóficos que servirão como critérios de seleção dos conteúdos da disciplina.
Embora alguns autores considerem a Didática como um modelo pré-
definido do que o professor deve fazer em sala, é possível observar claramente
o caráter ético essencial para a prática docente implícito no planejamento e
desenvolvimento da disciplina com os futuros docentes.
O presente trabalho levantou esclarecer a influência da didática desde
suas primeiras interrogações com Comênio no século XVII entre outros teóricos
que colaboraram em seu aumento, passando por sua evolução prolongada e
as posturas que a didática adquiriu e chegando a modernidade com suas
novas presenças e reprodução na realidade pedagógica do professor, tanto
das visões passadas quanto das recentes.
As finalidades essenciais deste trabalho foram elaborar uma
investigação abstrata sobre a didática, apoiando a atuação docente, analisar a
respeito da preparação de professores sobre a didática e por fim compará-las
com a ideia de mostrar semelhanças ou desacordos encontrados que
pudessem colaborar para o ensino.
Aproveitando-se da orientação teórica proposta inicialmente composta
por grandes autores como Libâneo, Veiga, Pimenta, entre outros se orientou o
crescimento do trabalho na parte histórica, conceituação, discussão, pesquisa
de campo e análise dos dados adquiridos onde, as metas foram alcançadas
com êxito.
Explicitou-se a análise teórica sobre o tema em questão no corpo do
trabalho, buscou-se saber através da pesquisa de campo qual a concepção
que os professores atuantes possuíam a respeito do tema baseados em sua
formação e suas vivencias e demonstramos que a teoria e a prática da didática
se distinguem bastante e que a didática ainda não é explorada da melhor forma
possível, seja na formação ou na atuação do professor. É claro que devemos
considerar que a didática está percorrendo um longo caminho onde seu
crescimento é fato, e sua essência pode sim contribuir beneficamente para a
atuação do professor e o processo de ensino-aprendizagem.
Concluindo, percebe-se que por meio do trabalho a didática contribui
para melhoria do sistema educacional, no sentido em que melhora a qualidade
do ensino e conseqüentemente da aprendizagem e que a boa formação dos
futuros professores é fundamental nesse processo, pois será a base de quem
atuará futuramente e sua didática reflexo dela. Com o desenvolvimento deste
trabalho, tanto na parte teórica, em que conheci e explorei novas leituras,
quanto na parte prática, por meio da pesquisa de campo, foi possível refletir
sobre como se chega à construção de conceitos teóricos a partir da realidade
encontrada.
Este estudo sem dúvida tem as limitações que um trabalho de conclusão
de curso não consegue superar, porém fica como contribuição à possibilidade
de que outras pesquisas na área retomem esta discussão com outras
populações de educadores, bem como a possibilidade de que os cursos de
formação de professores repensem a articulação entre teoria e prática em seus
cursos.
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http://www.inep.gov.br/superior/provao/cursos/pedagogia.2001. Acessado em
20 de mar de 2006.
SOBRENOME, Nome. Título do material consultado. Disponível em
<http://insira.o.link.do.material.consultado.com.br>. Acessado em 01/01/2001.
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Tendências Pedagógicas
Anexo 2 >> Questionário investigativo
ANEXO 1
Tendências Pedagógicas
Nome da Tendência Pedagógica
Papel da escola
Conteúdo Método Professor X
Aluno
Aprendizagem Manifestações
Pedagogia Liberal
Tradicional.
Preparação intelectual e moral dos alunos para assumir seu papel na sociedade.
São conhecimento e valores sociais
acumulados através dos tempos e repassados aos alunos
como verdades absolutas.
Exposição e demonstração
verbal da matéria e / ou por meios de modelos.
Autoridade do professor que exige atitude receptiva do
aluno.
A aprendizagem é receptiva e mecânica,
sem se considerar
as características próprias de
cada idade.
Nas escolas que
adotam filosofias
humanistas clássicas ou científicas.
Tendência Liberal
Renovadora Progressiva.
A escola deve adequar as necessidades individuais ao meio social.
Os conteúdos são
estabelecidos a partir das experiências vividas pelos alunos frente às situações problemas.
Por meio de experiências, pesquisas e método de solução de problemas.
O professor é auxiliador no
desenvolvimento livre da criança.
É baseada na motivação e
na estimulação
de problemas.
Montessori Decroly Dewey Piaget Lauro de oliveira Lima
Tendência Liberal
Renovadora não-diretiva (Escola Nova)
Formação de atitudes.
Baseia-se na busca dos
conhecimentos pelos próprios
alunos.
Método baseado na facilitação da aprendizagem.
Educação centralizada no
aluno e o professor é
quem garantirá um
relacionamento de respeito.
Aprender é modificar as percepções
da realidade.
Carl Rogers, "Sumermerhill" escola de A.
Neill.
Tendência Liberal
Tecnicista.
É modeladora do
comportamento humano através de técnicas
específicas.
São informações ordenadas numa
seqüência lógica e
psicológica.
Procedimentos e
técnicas para a
transmissão e recepção de informações.
Relação objetiva onde o professor
transmite informações e o aluno vai fixá-
las.
Aprendizagem baseada no desempenho.
Leis 5.540/68 e
5.692/71.
Tendência Progressista Libertadora
Não atua em escolas,
porém visa levar
professores e alunos
a atingir um
Temas geradores.
Grupos de discussão.
A relação é de igual para igual, horizontalmente.
Resolução da
situação problema.
Paulo Freire.
nível de consciência da realidade em
que vivem na busca
da
transformação social
Tendência Progressista Libertadora
Não atua em escolas,
porém visa levar
professores e alunos
a atingir um nível de
consciência da realidade em
que vivem na busca
da transformação
social
Temas geradores.
Grupos de discussão.
A relação é de igual para igual, horizontalmente.
Resolução da
situação problema.
Paulo Freire.
Tendência Progressista Libertária.
Transformação da
personalidade num
sentido libertário e
autogestionário.
As matérias
são colocadas mas não exigidas.
Vivência grupal
na forma de auto-gestão.
É não diretiva, o professor é
orientador e os alunos livres.
Aprendizagem informal, via
grupo.
C. Freinet Miguel
Gonzales Arroyo.
Tendência Progressista
"crítico social dos
conteúdos ou
"histórico-crítica"
Difusão dos conteúdos.
Conteúdos culturais universais
que são
incorporados pela
humanidade frente à realidade social
O método parte de uma relação direta da
experiência do
aluno confrontada
com o saber
sistematizado.
Papel do aluno como
participador e do professor como mediador entre o saber e
o aluno.
Baseadas nas estruturas cognitivas já estruturadas nos alunos.
Makarenko B. Charlot Suchodoski Manacorda G. Snyders Demerval Saviani.
Extraído do Site do Professor (http://www.aol.com.br/professor/) A
Didática orienta a ação do professor e as tendências que o nortearão. Pode-se
dizer que ela visa o desenvolvimento integral do docente no que se refere sua
postura, conhecimento de diferentes métodos, estratégias e técnicas, estudo
aprofundado dos diferentes recursos e sua forma de uso. Além disso, a
disciplina estimula que o processo faça constantemente uma reavaliação da
sua ação pedagógica.
Nesse sentido, compreende-se que a Didática exerce um grande papel
no que se refere a formação do docente, sendo necessário investigar se o
mesmo acontece na prática.
ANEXO 2
Este questionário é componente de meu Trabalho de Conclusão de
Curso que está sendo efetivado sob a orientação do Profº. Vilsom Sergio de
Carvalho e tem como escopo juntar aspectos a respeito da formação dos
professores e o tema Didática.
QUESTIONÁRIO INVESTIGATIVO
1-Professor de qual grau de instrução?
( ) Educação Infantil
( ) Ensino Fundamental ( 1º-5º ano de escolaridade)
( ) Ensino Fundamental ( 6º-9º ano de escolaridade)
( ) Ensino Médio
( ) Ensino Superior
( ) Mais de um nível de Ensino
2- Qual sua idade?
( ) entre 18 -25 anos
( ) entre 26 -35 anos
( ) entre 36- 45 anos
( ) entre 46- 55 anos
( ) mais de 56 anos
3- Sexo?
( ) Masculino
( ) Feminino
4-Em qual instituição cursou Formação de Professor?
Em que curso?
( ) Magistério nível médio
( ) Pedagogia
( ) Licenciatura em----------------------
( ) Outros
5-Há quanto tempo atua na área?
( ) 1 a 2 anos
( ) 3 a 8 anos
( ) 9 a 15 anos
( ) 16 a 25 anos
( ) mais que 26 anos
6-Em quais instituições leciona?
( ) Pública Municipal
( ) Pública Estadual
( ) Pública Federal
( ) Privada
( ) Filantrópica
( ) Outros ---------------------------
7-Frequentou alguma das disciplinas abaixo durante sua formação?
Didática ( )Sim ( ) Não
Prática de Ensino ( )Sim ( ) Não
Alguma outra similar: ------------------------------------------------
8- A compreensão de Didática variou com a presença das diferentes
tendências pedagógicas. Seguindo determinação da tendência progressista, a
Didática pode ser reconhecida como:
(A) domínio de estudo que procura a eficácia do processo ensino-
aprendizagem.
(B) códigos e preceitos bem seguros para dirigir a aprendizagem.
(C) composto de metodologias para regular e aprimorar o ensino.
(D) área de pesquisa com vistas a estudar a eficácia do ensino.
(E) intervenção entre o fazer pedagógico e o contexto sócio-político-cultural.
9- Ao programar as atividades escolares é preciso ter sempre em mente que a
aprendizagem só ocorrerá quando:
(A) a motivação estiver aplicada.
(B) a afetividade for amadurecida.
(C) a cognição puder formar-se.
(D) a memória manipular os dados.
(E) a socialização se integralizar.
10 - Aprender e ensinar são processos intimamente associados, nos quais a
elaboração de um projeto tem um papel primordial, que é:
(A) apontar o aumento cognitivo e afetivo do aluno.
(B) conduzir a triagem de conteúdos que defendam o abrangência dos
objetivos definidos pelo (a) professor(a).
(C) traduzir na prática as diferentes correntes teóricas relativas ao processo
ensino- aprendizagem.
(D) favorecer a qualidade do trabalho docente a fim de que o aluno desenvolva
sua capacidade intelectual.
(E) garantir a coerência e a unidade do trabalho docente através da interligação
dos elementos do processo de ensino.
11- O que é ensino, em seu entendimento?
12- Como você compreende aprendizagem?
13- O que você considera importante para a docência?
Grata pela colaboração.
Janaína Machado Dutra Ventura Paz da Silva
AUTORIZAÇÃO
Autorizo a utilização das respostas contidas neste questionário para fins de
pesquisa acadêmica, referentes à monografia exigida no Curso de especialista
em Orientação Educacional e Supervisão Escolar, pela AVM Faculdade
Integrada – Universidade Candido Mendes, e tenho conhecimento de que
minha identidade será preservada.
Assinatura do Professor
_______________________________________________________________